PORTUGUÊS – 10º ANO AULA N.º 1
QUESTÃO DE
Nome: ________________________ ____________ _______________________ ___________ Turma: ___ Cla!"#a$%o: Cla!"#a$ %o: ___________ Leia o texto seguinte. Em caso de necessidade, consulte o glossário apresentado a seguir ao texto.
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Acabo de sofrer uma das maiores humilha!es da minha "ida. Ainda por cima a#ui no meu bairro, bairro, as pessoas pessoas a olharem olharem para mim com a#uele a#uele sorriso de meia boca, g$nero %coitadinha, n&o liguem'. (a eu, muito paci)camente pela rua acima, deitar umas cartas no marco do correio, #uando oio estalar uma gargalhada a acompanhar o "o*eir&o do meu amigo +ernando, #ue ali, em altos berros, para toda a gente ou"ir, me redu*ia insigni)c-ncia de ainda precisar de usar um obeto t&o obsoleto e anacr/nico a express&o, ob"iamente, $ dele. lhei em roda procura do tal obeto, #ue eu n&o descobria em parte nenhuma, mas ele n&o para"a de falar e de rir, #ue há n&o sei #uanto tempo n&o "ia uma pessoa ser"irse da#uilo, #ue se ti"esse ali uma má#uina fotográ)ca at$ regista"a o momento, se eu n&o sabia #ue ha"ia uma coisa chamada comp co mput utad ador or e outr outra a co cois isa a chama chamada da e-mail, e ria, e ria, e as pessoas passa"am, olha"am, e riam com ele, e eu ali, )nalmente a perceber #ue era do pobre marco do correio #ue ele fala"a. Lembreime, ent&o, de outra "e* em #ue uma coisa semelhante se tinha passado comigo, embora n&o t&o ostensi"amente humilhante, coisa bem mais pacata e silenciosa. silenciosa. Esta"a eu nessa altura de f$rias no Luso, Luso, a tentar escre"er alguma coisa mesa do caf$. +altoume a tinta e rapo de um tinteiro pe#ueno #ue tinha acabado de comprar e, logo ali, encho a caneta. 4 ent&o #ue uma das empregadas se especa minha frente, m&os espalmadas na barriga, e murmura %6asus7 8esde o tempo da minha escola primária #ue eu n&o "ia uma pessoa fa*er isso7' 9ois $. Eu escre"o cartas. : m&o. ;om caneta. ;om tinta. E < o #ue ainda torna tudo muito pior < gosto muito. E tenho muita pena de #ue esse pra*er se estea a perder. :s "e*es penso #ue o progresso e os a"anos tecnol/gicos e n&o s/ est&o a fa*er desaparecer alguns dos grandes pra*eres da nossa "ida. 9ara á, a enorme loucura da pressa com #ue sempre andamos fe*nos perder o pra*er de ter tempo para perder tempo. ;omese em p$ no balc&o da es#uina, e a correr, por#ue atrás de n/s est&o mais dois ou tr=s espera do lugar. lugar. >?@ E depois depois há o tele telem/" m/"el el para para reso resol"e l"erm rmos os neg/ neg/ci cios os en#u en#uan anto to estamos a atra"essar o passeio, para n&o perdermos alguns minutos, e #uando nos en)amos no comboio nem se#uer olhamos para a paisagem, por# por#ue ue liga ligamo moss imed imedia iata tame ment nte e o noss nosso o 9; port portát átil il e fa*e fa*emo moss da carruagem a extens&o do nosso escrit/rio, perdendo todo o pra*er da "iagem. E escre"er cartas. pra*er de tocar no papel, de sentir o aparo desl desli* i*ar ar,, de sabo sabore rear ar as pala pala"ra "rass #ue #ue se "&o alin alinha hand ndo, o, o pra*er pra*er de escre"er cartas de amor ridculas, cartas de adeus desesperadas, cartas banais da pe#uena intriga familiar. ;artas enormes como as #ue escre"amos na nossa adolesc=ncia, #uando os amigos nos fa*iam tanta falta e os dias eram desmesuradamente grandes. E olho para as prateleiras da estante, com a#ueles "olumes de
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correspond=ncia de escritores, #ue sabe t&o bem ler, e penso #ue tudo isso "ai acabar tamb$mC e as cartas, e os selos, e os bilhetes postais, e os marcosdecorreiodeportinhaaocentro, e as canetas e os tinteiros "&o transformarse muito rapidamente em peas de museu para mostrarmos aos netos di*endo %a a"/ ainda usou isto', e eles a olharem para n/s e a n&o acreditarem. Alice Dieira, %9eas de useu', Pezinhos de Coentrada, 1.F ed., ;ru* Guebrada, ;asa das LetrasHEditorial Iotcias, 200J
GLOSS&R'O: obsoleto l. K < desusado, ultrapassado. anacrónico l. K < fora dos usos e costumes de certa $poca. ostensivamente l. 15 < intencionalmente, de modo a ser notado. pacata l. 15 < tran#uila, sossegada. se especa linha 1 < )ca parada. desmesuradamente l. 3J < exageradamente. aparo l. 32 < pea metálica, )xada na extremidade de uma caneta, ou aplicá"el nas antigas canetas de madeira, com a #ual se escre"e.
1. 9ara responder a cada um dos itens 1.1. a 1.3., selecione a Mnica op&o #ue permite obter uma a)rma&o correta. Escre"a, na folha de respostas, o nMmero de cada item e a letra #ue identi)ca a op&o escolhida. 1.1. Ia frase N? eu n&o sabia #ue ha"ia uma coisa chamada computador ?O, ll. 10 11, a express&o sublinhada $ A uma ora&o subordinada ad"erbial consecuti"a. P uma ora&o subordinada adeti"a relati"a explicati"a. ; uma ora&o subordinada adeti"a relati"a restriti"a. 8 uma ora&o subordinada substanti"a completi"a. 1.2. A express&o Nsaborear as pala"rasO ll. 3233 cont$m uma A metáfora. P hip$rbole. ; personi)ca&o. 8 perfrase. 1.3. conector NemboraO l. 15 introdu* uma ideia de A adi&o. P causa. ; concess&o. 8 compara&o. 1.B. ;om o uso das aspas nas linhas 1Q e 20, pretende assinalarse A o incio e o )nal de uma cita&o. P o uso ir/nico de certas pala"ras. ; o recurso a pala"ras in"ulgares. 8 o discurso direto.
1.5. Ia express&o N? o progresso e os a"anos tecnol/gicos e n&o s/ est&o a fa*er desaparecer alguns dos grandes pra*eres da nossa "ida.O ll. 232B, a a&o $ perspeti"ada como A progressi"a. P pontual. ; habitual. 8 acabada.
1.J. Ia express&o NLembreime, ent&o, de outra "e* em #ue uma coisa semelhante se tinha passado comigoO ll. 151J, a forma "erbal NlembreimeO corresponde, em rela&o forma "erbal Ntinha ou"idoO a um tempo A anterior. P posterior. ; inacabado. 8 simult-neo. 1.K. As express!es Nmarco do correioO, NcartasO, Ncorrespond=nciaO, NselosO, Nbilhetes postaisO contribuem para assegurar a coes&o A frásica. P lexical. ; referencial. 8 interfrásica. 1.. Ia express&o N? ligamos imediatamente o nosso 9; portátil l. 30, NnossoO $ um A determinante #ue funciona como detico temporal. P pronome #ue funciona como detico pessoal. ; determinante #ue funciona como detico pessoal. 8 pronome #ue funciona como detico espacial. 1.Q. Ia express&o N;artas enormes como as #ue escre"amos na nossa adolesc=ncia ?O l. 35, os "ocábulos Nas #ueO s&o um processo de coes&o A referencial atra"$s de uma catáfora. P referencial atra"$s de uma elipse. ; referencial atra"$s de uma anáfora. 8 frásica. 1.10. A rela&o sem-ntica existente entre os termos NobsoletoO e Nanacr/nicoO l. K $ de
A semelhana. P oposi&o. ; hierar#uia. 8 nenhuma das anteriores.
1.11. ;om o uso do tra"ess&o duplo nas linhas 21 e 22, a autora A assinala o discurso direto. P introdu* uma conclus&o. ; destaca uma cita&o. 8 destaca uma explica&o. 1.12. Ia express&o Nse tinha passado comigoO l. 1B15, o "erbo encontrase no A pret$rito imperfeito do conunti"o. P pret$rito mais#ue perfeito composto do indicati"o. ; pret$rito imperfeito do indicati"o. 8 pret$rito perfeito composto do indicati"o. 2. Responda de forma correta aos itens apresentados. 2.1. (ndi#ue a subclasse e o "alor do adeti"o presente na express&o a Npobre marco do correioO. b Nintriga familiarO.
2.2. ;lassi)#ue a ora&o N? para n&o perdermos alguns minutos ?O l.2Q.
2.3. ;lassi)#ue o sueito da frase N;omese em p$ no balc&o da es#uina ?O l. 2J.
2.B. (ndi#ue o processo de forma&o das seguintes pala"ras a e-mail. b telem/"el.
2.5.
Aponte
a
fun&o
sintática
desempenhada
sublinhados a Sma grande humilha&o foi sofrida pela autora. b Npara mostrarmos aos netosO ll.B0B1.
pelos
constituintes