FICHAMENTO DOS TEXTOS: GÊNEROS TEXTUAIS: DEFINIÇÃO E FUNCIONALIDADE E GÊNEROS TEXTUAIS: CONFIGURAÇÃO, CONFIGURAÇÃO, DINAMICIDADE E CIRCULAÇÃO AMBOS DE LUIZ ANTÔNIO MARCUSCHI
NATÁLIA PRISCILA JERÔNIMO DOS SANTOS
GÊNEROS TEXTUAIS: DEFINIÇÃO E FUNCIONALIDADE Inicia Inicialme lmente nte Marcus Marcuschi chi define define os gêner gêneros os textu textuais ais como como prática práticass sócio-históricas, pois, quanto maior a necessidade de comunicação, maior a criação de novos gêneros, o que explica, segundo ele, o número maior de gêneros textuais hoje em relação há tempos atrás. Explica também que após a invenção da escrita alfabética, assim como os avanços tecnológicos e a intensidades do uso das novas tecnologias, multiplicaram as possibilidades de novos gêneros e frisa, citando Bakhtin, que muitos dos novos gêneros na verdade são apenas “transmutações” dos gêneros antigos, ou seja, um é a inovação do outro, assim, a carta gerou o email, o diário gerou o blog, etc. A linguagem dos novos gêneros, também sofre alterações, fazendo com que a escrita utilizada neles neles se torne cada vez mais próxima próxima da oralidade. Salienta que: “(...) embora os gêneros textuais não se caracterizem nem se defi defina nam m por por asp aspecto ectoss for formai mais, sej sejam eles eles estr estru utura turais is ou lingüísticos, e sim por aspectos sócio-comunicativos e funcionais, isso não quer dizer que estejamos desprezando a forma. Pois é evidente, como se verá, que em muitos casos são as formas que dete determ rmin inam am o gêne gênero ro e, em outr outros os tant tantos os serão serão as funç funçõe ões. s. Cont Co ntud udo, o, have haverá rá caso casoss em que que será será o próp própri rio o supo suport rte e ou o ambiente em que os textos aparecem que determinam o gênero presente.”
O que quer dizer que muitos textos, embora sendo o mesmo texto, caso divulgado em suportes diferentes, serão classificados de acordo com o suporte em que estão sendo expostos. Daí a necessidade de conhecer bem as formas e funções para determinar e identificar um gênero. Parti artind ndo o do pres pressu supo post sto o de que que é impo imposs ssív ível el nos nos co comu muni nica carm rmos os verbalmente a não ser por um gênero que se propaga em um texto, Marcuschi, contextualiza que a língua é tida como uma forma de ação social e histórica, que diz e constitui o mundo de alguma forma. E para nossa maior compreensão e produção textuais é necessário saber diferenciar gêneros e tipos textuais. De acordo com o autor o tipo textual está relacionado com a estrutura, aspectos lexicais, semânticos e sequencias linguísticas lógicas do texto. Possuem Possuem apenas a narr narraç ação ão,, a argu argume ment ntaç ação ão,, a expos exposiç ição ão,, a desc descri riçã ção o e a inju injunç nção ão co como mo cate ca tegor goria iass mais mais co conh nhec ecid idas as.. Enqu Enquan anto to os gêne gênero ross text textua uais is sã são o os text textos os materializados que observamos no nosso dia-a-dia e que possuem diversas características e inúmeros exemplos como: telefonema, sermão, carta comercial, carta carta pessoal, pessoal, romance, romance, bilhete, bilhete, reporta reportagem gem jornalís jornalística tica,, aula expositiv expositiva, a, reunião reunião de condomínio, notícia jornalística, horóscopo, receita culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio de restaurante, instruções de uso, outdoor, outdoor, inquérito policial, resenha, edital de concurso, piada, conversação espontânea, conferência, carta eletrônica, bate papo por computador, aulas virtuais e assim por diante. Mais à frente, Marcuschi
especifica uma expressão que, segundo ele, vinha sendo usada vagamente. Trata-se Trata-se da expressão expressão “domínio discursivo”, que são as esferas que propiciam o surgimento de gêneros específicos das suas práticas discursivas. E mais uma vez faz uma diferenciação, sendo desta vez entre texto e discurso: “(...) “(...) pode-s pode-se e dizer dizer que texto é uma entidade concreta realizada materialmente e corporificada em algum gênero textual. Discurso é
aquilo que um texto produz ao se manifestar em alguma instância discursiva. Assim, o discurso se realiza nos textos.”
Ao analisar uma carta pessoal, nota a variedade de sequencias dentro dela, em que predominam descrições e exposições e aproveita para frisar que em todos os gêneros existe essa heterogeneidade tipológica e que quan quando do se nome nomeia ia ce cert rto o text texto o co como mo "nar "narra rati tivo vo", ", "des "descr crit itiv ivo" o" ou "argumentativo", não se está nomeando o gênero e sim o predomínio de um tipo de seqüência de base. Mais um ponto importante, sobre gêneros text textua uais is,, dest destac acad ados os pelo pelo auto autorr é a ques questã tão o da inte intert rte extua xtuali lida dade de intergêneros que consiste em um gênero assumir a função do outro, como no exemplo dado no texto em que um artigo de opinião é escrito em formato de poema. Quanto aos gêneros e o ensino, Marcuschi afirma, dentro de um dos vetores dos Parâmetros Curriculares Nacionais, que e em sala de aula de modo particular, pode-se tratar dos gêneros utilizando perspectivas que levem os alunos a produzirem ou analisarem eventos lingüístico lingüísticoss os mais diversos, diversos, tanto escritos escritos como orais, e identific identificarem arem as características de gênero em cada um. E que apresentar e explicar os diversos gêneros para os alunos é um exercício que, além de instrutivo, também permite praticar a produção e a análise textual que por mais simples que seja já é um grande avanço para o aluno. E Marcuschi conclui seu artigo deixando claro que sempre haverá dificuldades com o ensino dos gêneros, até porque não é fácil para os alunos lidarem com os gêneros mais formais, mas que cabe aos responsáveis pelo ensino, escolherem gêneros textuais mais apropriados ao ensino da língua.
Referência: Gêneros os Textua extuais is e Ensino. 2ªed Rio de DIONISIO, A. P. et al (org). Gêner Janeiro: Lucerna, 2002.
GÊNEROS TEXTUAIS: CONFIGURAÇÃO, CONFIGURAÇÃO, DINAMICIDADE E CIRCULAÇÃO Gênero como categoria fluida Marcuschi ressalta em sua introdução que é inegável que os estudos sobre gêner gêneros os textu textuais ais são mais mais que relev relevant antes, es, são necess necessári ários, os, pois pois são tão antigos quanto à própria linguagem, mas que entram em crise a partir do roma romant ntis ismo mo.. Cita Cita Bakh Bakhti tin n para para defi defini nirr que que gêne gênero ross sã são o co cons nsti titu tuíd ídos os por por enunciados relativamente estáveis de natureza histórica, sócio-interacional e ideológica, Bazerman para reforçar que gêneros são rotinas sociais de nosso dia-a-dia, que não são estanques nem estruturas rígidas, mas formas culturais e cognitivas de ação social. E Bhatia para confirmar que gêneros são formas ação táti tática ca”, ou se de “ação seja ja,, deve devemo moss se semp mprre es esco colh lher er as ferr ferram amen enta tass adequadas para lidar com eles. Atualmente: toda produção textual pertence a um gênero. Os gêneros são entidades dinâmicas poderosas que: • • •
•
condicionam nossas escolhas; limitam nossa ação na escrita; impõem restrições e padronizações; convidam também a escolhas, estilos, criatividade e variações. Assim como a língua varia, também os gêneros:
• • •
•
variam; adaptam-se; renovam-se; multiplicam-se.
Todo gênero se realiza em textos Todas Todas as nossas manifestações verbais mediante a língua se dão como textos e não como elementos lingüísticos isolados.Toda manifestação lingüística se dá como discurso (língua em uso).
Esfera privada: discurso da vida cotidiana (ideologia do cotidiano): gêneros primários. Usos menos marcados pelas instituições: • • •
conversa no telefone e-mail pedido de informação.
Esfera pública : discurso das instituições (sistemas ideológicos constituídos): gêneros secundários. Usos mais marcados pelas instituições: • • • •
documentos formulários estatutos legislação.
Os gêneros proli oliferam para dar conta da varie riedad dade de ati atividad dades desenvolvidas no dia-a-dia. Os gêneros são fatos sociais e não apenas fatos lingüísticos • • • • • • •
•
desenvolvem-se de maneira dinâmica; desmembram-se para dar origem a novos gêneros; configuram-se de maneira plástica; são multimodais; circulam das mais variadas maneiras; circulam nos mais variados suportes; exercem exercem funções sócio-cognitivas; permitem lidar de maneira mais estável com as relações humanas em que entra a linguagem.
Circulação dos gêneros textuais e práticas de escrita
Os gêne gênerros pode podem m ser estud studad ados os como omo a manif anife estaç stação ão visí isível vel do funcionamento social. Exemplo de gêneros presentes p resentes em um evento religioso: • • • • •
leilão (a fala do leiloeiro) reza benditos canto lista de prendas
Nas soc socied iedade adess letrada letradas, s, é fundam fundament ental al o conhec conhecime imento nto dos gêner gêneros os da escrita. Exem Exemplo ploss de gêner gêneros os da esc escrita rita (mini (minimal malist istas) as) facilm facilment ente e utiliz utilizado adoss por indivíduos com baixo grau de letramento: • • • • • • • • • •
lista de compras lista de materiais endereços cartas avisos rótulos cartazes receitas culinárias folhetos volantes
Gêneros que exigem maior grau de letramento: • • • • •
editoriais artigos de divulgação científica resenhas relatórios tratados
Gêneros que proporcionam prazer estético (domínio literário): • • • • •
crônicas contos novelas romances poemas
As posições defendidas por Marcuschi a respeito de gêneros •
•
•
•
•
•
•
Classificação: não é prioridade Análise da forma e da estrutura: não é prioridade pr ioridade Estudo da organização, das ações sociais envolvidas e dos atos retóricos: prioridade Alguns gêneros são mais estáveis que outros Os gêneros mais estáveis são em geral formulaicos O estabelecimento do estatuto genérico de um texto é estabelecido pelo seu funcionamento A gramática organiza as formas fo rmas lingüísticas
•
•
•
•
Os gêneros organizam nossa fala e escrita Os gêneros são um tipo de gramática social (gramática da enunciação) Os gêne gênerros não não sã são o para paradi digm gmas as no se sent ntid ido o de enti entida dade dess a se serrem reproduzidas ou imitadas Como ponto de partida, o ensino com base em gêneros, deve orientar-se a partir da realidade do aluno.
Referência: KARWOSKI, A. M.; GAYDECZKA, B.; BRITO, K. S. (Orgs.). Gêneros textuais: reflexões e ensino. 2ª ed. revisada e ampliada. Rio de Janeiro: Lucerna, 2006.