E S C O L A S E C U N D Á R I A
DE
E R M E S I N D E
F ILOSOFIA 11º A NO T URMA URMA D FICHA DE TRABALHO BASEADA BASEADA EM QUESTÕES DE EXAME 11º ANO
A BRIL DE 2012 Grupo I Para cada um dos itens, selecione a alternativa correta 1. Todos os argumentos argumentos são compostos compostos por: 7. Um orador incorre num falso dilema se, ao A. Três proposições. argumentar, … B. Uma proposição complexa. A. Fingir que hesita entre opções possíveis apesar de C. Uma conclusão e um conjunto de premissas. não se sentir hesitante. D. Duas premissas e uma conclusão. B. Reduzir as opções possíveis apenas a duas, ignorando 2. Se um argumento é dedutivamente inválido, então… alternativas. A. Pode ter conclusão falsa e as premissas verdadeiras. C. Apresentar várias opções, defendendo que todas são B. Tem a conclusão e as premissas falsas. possíveis. C. Não pode ter premissas e conclusão todas as D. Reduzir as opções, mostrando que outras alternativas verdadeiras. são impossíveis. D. Tem a conclusão falsa e as premissas verdadeiras. verdadeiras. 8. Tens de reconhecer que a tese empirista é verdadeira, 3 Há quem diga que a astrologia é uma ciência e há quem porque todo o conhecimento provém da da experiência. diga que não. A verdade é que a astrologia não é uma Qual é a falácia informal em que incorre o orador que apresenta este argumento? ciência, porque, se fosse uma ciência, as teorias dos A. Apelo à força porque é obrigatório aceitar a astrólogos seriam submetidas a testes. Mas as teorias dos conclusão. astrólogos não são submetidas a testes. Qual é a conclusão deste argumento? B. Petição de princípio, pois a premissa é uma A. Há quem diga que a astrologia é uma ciência e há explicitação da conclusão. quem diga que não. C. Apelo à ignorância, porque a conclusão é mais B. A astrologia não é uma ciência. informativa do que a premissa. C. As teorias dos astrólogos não são submetidas a testes. D. Causa falsa, porque está a atribuir uma relação D. Se a astrologia fosse uma ciência, as teorias dos causa-efeito onde ela não existe. astrólogos seriam submetidas a testes. 9. Um argumento da autoridade é aceitável apenas se a 4. Um argumento é dedutivamente válido em virtude… autoridade invocada for… A. Da sua forma lógica. A. Imparcial e qualificada a respeito da matéria. B. Do seu conteúdo. B. Pessoalmente inatacável C. De a conclusão ser particular. C. Uma figura pública respeitada. D. De a conclusão ser verdadeira. D. Alguém que se opõe a outros especialistas na 5. Ou aceitas o racionalismo ou negas as verdades da matéria. matemática. Ora, se não negas as verdades da matemática, resta-te aceitar o racionalismo.
Qual é a falácia informal em que incorre o orador que apresenta este argumento? A. Falso dilema, porque o orador aceita alternativas falsas. B. Falso dilema, porque o orador ignora alternativas. C. Apelo à força, porque o orador ameaça o interlocutor. D. Apelo à força, porque o orador apela ao poder da matemática. 6. Nietzsche enlouqueceu. Portanto, penso que não deveríamos estudar as ideias dele nas aulas de Filosofia. O orador que apresenta este argumento incorre numa falácia informal, porque… A. A loucura de Nietzsche contribuiu para a projeção da sua filosofia. B. A premissa apresentada não pode ser comprovada. C. Desvaloriza as ideias de Nietzsche, com base em dados da sua vida. D. Não é verdade que Nietzsche tenha enlouquecido.
10. Um orador incorre numa petição de princípio se, ao argumentar,… A. Propuser como premissa um princípio que o auditório pode rejeitar. B. Propuser como premissa um princípio que o auditório não pode rejeitar. C. Numa premissa admitir como provado aquilo que pretende provar. D. Em nenhuma premissa considerar provado aquilo que pretende provar. 11. Como se distingue a persuasão racional da manipulação? A. A manipulação tem em consideração as caraterísticas do auditório, mas a persuasão racional não. B. A manipulação nem sempre é eficaz, mas a persuasão racional é. C. A persuasão racional tem em consideração as emoções das pessoas, mas a manipulação não. D. A persuasão racional tem em vista a verdade, mas a manipulação não. 12. Um argumento dedutivamente válido não pode ter… A. A conclusão falsa e todas as premissas verdadeiras. B. A conclusão falsa. C. Todas as premissas falsas e a conclusão verdadeira. D. Todas as premissas e a conclusão falsas.
2011/2012
13. Os filósofos querem ser justos, pois são pessoas bondosas, e todas as pessoas bondosas querem ser justas.
O argumento anterior é válido porque… A. As premissas são verdadeiras. B. A conclusão é verificável. C. A verdade das premissas implica a verdade da conclusão. D. É verdade que os filósofos querem ser justos. 14. Qual das seguintes opções é um argumento por analogia? A. Conservar a saúde é importante. Ora, o controlo do peso é indispensável para conservar a saúde. Além disso, é falso que “a gordura é formosura”. B. Conservar a saúde é importante. Como o controlo do peso é indispensável para conservar a saúde, deves controlar o teu peso. C. Um edifício tem de ser conservado pelos seus proprietários. Como o teu corpo é um edifício, tu és o proprietário do teu corpo. D Um edifício, para não cair na ruína, tem de ser conservado pelos seus proprietários. O teu corpo é como um edifício. Por isso, se não o conservares, ele arruinarse-á. 15. El Baradei, diretor da Agência Internacional de Energia Atómica, agraciado em 2005 com o Prémio Nóbel da Paz, afirmou que, em 2005, existiam 27mil ogivas nucleares no planeta. Logo, em 2005, existiam 27 mil ogivas nucleares no planeta.
Este argumento é… A. Aceitável, porque a autoridade invocada é uma autoridade qualificada. B. Inaceitável, porque El Baradei está a fazer afirmações tendenciosas. C. Inaceitável, porque, em 2005, existiam 27 mil ogivas nucleares no planeta. D. Inaceitável, porque incorre numa petição de princípio. 16.Como é que as mulheres conquistaram os direitos que têm? Sem dúvida que foi através da luta ativa, pois foi através da luta ativa que conquistaram o direito de voto, foi através da luta ativa que conquistaram o direito à igualdade de oportunidades no emprego, e também foi através da luta ativa que conquistaram o direito de frequentar o ensino superior. Qual é a conclusão deste argumento? A. Foi através da luta ativa que as mulheres conquistaram o direito de voto. B. Foi através da luta ativa que as mulheres conquistaram o direito à igualdade. C. Foi através da luta ativa que as mulheres conquistaram o direito de frequentar o ensino. D. Foi através da luta ativa que as mulheres conquistaram os direitos que têm.
17. Os filósofos querem saber se o conhecimento é possível, porque procuram o conhecimento, e quem procura o conhecimento quer saber se o conhecimento é possível. O argumento anterior é… A. Válido, porque as premissas são verificáveis. B. Inválido porque a conclusão não é uma consequência das premissas. C. Inválido, porque as premissas não são verificáveis. D. Válido, porque a conclusão é uma consequência das premissas. 18. Um argumento é indutivamente forte quando… A. É impossível as premissas serem verdadeiras e a conclusão falsa. B. Parte do particular para o geral. C. A verdade das premissas torna muito provável a verdade da conclusão. D. Parte do geral para o particular. 19. Algumas estratégias de persuasão não são formas de manipulação. A afirmação anterior é… A. Verdadeira, porque não há persuasão sem manipulação. B. Falsa, porque não há manipulação sem persuasão. C. Verdadeira, porque há estratégias racionais de persuasão. D. Falsa, porque a persuasão visa o controlo emocional dos interlocutores. 20. Em termos gerais, o ceticismo pode ser caraterizado como a perspetiva segundo a qual…
A. O conhecimento não precisa de justificação. B. É impossível ter a certeza seja do que for. C. Somos enganados pelos sentidos. D. Todas as nossas crenças são falsas.
Grupo II 1. Apresente o argumento seguinte na forma silogística (forma-padrão do silogismo), enunciando na forma canónica as proposições que o compõem.
Não há filósofos dogmáticos, visto que qualquer filósofo é crítico. Mas nenhum dogmático é crítico. 2. Verifique se é ou não válido o silogismo seguinte, aplicando as regras de validade silogística.
Todas as boas pessoas são simpáticas. Nenhum egoísta é boa pessoa. Logo, nenhum egoísta é simpático. 3. Identifique os termos maior, menor e médio do silogismo seguinte.
Nenhum ser intolerante é pacífico. Alguns seres humanos são intolerantes. Logo, alguns seres humanos não são pacíficos. 4. Construa um silogismo válido com as premissas seguintes.
Premissa maior: alguns cientistas são relativistas. Premissa menor: todos os cientistas são seres racionais.
2011/2012
5. Apresente o argumento seguinte na forma silogística (forma-padrão do silogismo), enunciando na
forma canónica as proposições que o compõem. Há
filósofos mediterrânicos, pois certos filósofos são gregos, e os gregos são mediterrâneos.
Grupo III 1. Descartes sustenta que os céticos falham na demonstração da impossibilidade do conhecimento. Explique as razões de Descartes. 2. A experiência é o fundamento de todo o conhecimento. Concorda com esta afirmação? Justifique a
sua resposta. - enquadre a sua resposta no âmbito de uma teoria estudada; - apresente inequivocamente a sua posição; - argumete a favor da sua posição. 3. Agora que resolvi dedicar-me apenas à descoberta da verdade, pensei que era necessário rejeitar
como completamente falso tudo o que pudesse suscitar a menor dúvida, para ver se, depois disso, algo permaneceria nas minhas opiniões que fosse inteiramente indubitável. Assim, porque os nossos sentidos nos enganam algumas vezes, decidi supor que nos enganam sempre. E, porque há pessoas que se enganam ao raciocinar, até nos temas mais simples de geometria, fazendo raciocínios incorretos, rejeitei como falsas, visto estar sujeito a enganar-me, como qualquer outra pessoa, todas as razões que até então me pareceram aceitáveis. Finalmente, considerando que os pensamentos que temos quando acordados nos podem ocorrer também quando dormimos, sem que, neste caso, qualquer deles seja verdadeiro, resolvi supor que tudo o que até então tinha encontrado acolhimento na minha mente não era mais verdadeiro do que as ilusões dos meus sonhos. Mas, logo em seguida, notei que, enquanto queria pensar que tudo era falso, eu, que assim o pensava, necessariamente era alguma coisa. E, notando que esta verdade , eu penso, logo existo , era tão firme e tão certa que todas as extravagantes suposições dos céticos seriam impotentes para a abalar, julguei que a poderia aceitar, sem escrúpulo, para primeiro princípio da filosofia que procurava. Descartes, Discurso do Método, IV, trad. port., Lisboa, Liv. Sá da Costa, 1988,pp. 27-28 (adaptado) 1. considere o texto. 3.1. Qual é a posição acerca da possibilidade do conhecimento defendida no texto? 3.2. Exponha as razões que levaram Descartes a rejeitar as crenças baseadas nos nossos sentidos. 3.3. Explique porque razão “todas as extravagantes suposições dos céticos seriam impotentes” para abalar
a certeza da nossa existência como seres pensantes. 4. Qual é a posição de David Hume acerca da possibilidade do conhecimento? Justifique a sua resposta. 5. «Nenhum homem, tendo visto unicamente um corpo mover-se depois de ser impelido por outro,
poderia inferir que todos os outros corpos se moverão após um impulso semelhante. Por conseguinte, todas as inferências (…) a partir da experiência são efeito do costume, não do raciocínio. (…) Toda a crença acerca de uma questão de facto ou de uma existência real é derivada unicamente de algum objeto presente à memória ou aos sentidos e de uma conjunção habitual entre ele e algum objeto. David Hume, “Investigação sobre o Entendimento Humano” 5.1.Esclareça os elementos, fonte do conhecimento em Hume, distinguindo-os dos de Descartes. 5.2. Partindo de dados do texto, mostre a perspetiva crítica de David Hume ao princípio da causalidade,
no âmbito da indução. 5.3. Justifique a posição de Hume em relação à possibilidade do conhecimento.
FIM 2011/2012
CORREÇÃO DA FICHA DE TRABALHO DE FILOSOFIA 11º ANO E e I (baseada em questões de exame) Abril de 2012 Grupo I Para cada um dos itens, selecione a alternativa correta 1. C; 2. A; 3. B; 4. A; 5. B; 6. C; 7. B; 8. B.; 9. A.; 10. C. 11. D.; 12. A.; 13. C.; 14. D.;15. A.; 16. D.; 17. D. 18. C.; 19. C.; 20. B.
Grupo II 1. Nenhum dogmático é crítico.
Todos os filósofos são críticos. Logo, nenhum filósofo é dogmático. 2. O silogismo é inválido, porque o termo maior (simpático) está distribuído na conclusão, mas não está
distribuído na premissa maior (todas as boas pessoas são simpáticas). 3. Termo médio: (ser) intolerante; termo maior: (ser) pacífico; termo menor: (ser) humano.
(…) 4. Conclusão: Logo, alguns seres racionais são relativistas. 5. Todos os gregos são mediterrânicos.
Alguns filósofos são gregos. Logo, alguns filósofos são mediterrânicos. Grupo III 1. Há pelo menos um conhecimento que resiste a todas as dúvidas, mesmo às mais radicais. Esse conhecimento, ou seja, o conhecimento da verdade “penso logo existo”, é justificado pelo próprio ato de duvidar: - quando duvidamos, estamos a pensar e, se pensamos, somos necessariamente alguma coisa (somos, pelo menos, alguma coisa que pensa); - assim, é indubitável que somos uma coisa que pensa, e este é um conhecimento que nenhum cético pode abalar; - demonstra-se assim, que o conhecimento é possível, pelo que os céticos falham na demonstração da impossibilidade do conhecimento. 2. A resolução depende do percurso de cada aluno. Apresentam-se exemplos de percursos possíveis.
- Se a resposta for positiva, o examinando poderá defender uma das formas de empirismo: radical ou moderado. O empirismo radical sustenta que todo o conhecimento tem como fundamento as impressões dos sentidos, procurando mostrar que sem elas nada poderiamos saber. O empirismo moderado admite que há conhecimentos que não têm como fundamento os sentidos, procurando mostrar que esses conhecimentos não têm um caráter substancial (são meramente explicativos, ou formais). - Se a resposta for negativa, o examinando pode defender o racionalismo, procurando mostrar que há conhecimentos que não têm origem nos sentidos e que são o fundamento do nosso conhecimento da realidade. 3.1. No texto é defendida a posição segundo a qual o conhecimento é possível. 3.2. – Para decidirmos quais as crenças que podemos aceitar como verdadeiras, temos de rejeitar como
falso tudo o que não seja indubitável. - Se os nossos sentidos nos enganam algumas vezes, não é inconcebível que nos enganem sempre. - Verificamos que os nossos sentidos nos enganam algumas vezes.
- Logo, as crenças baseadas nos sentidos devem ser todas rejeitadas. 3.3. -Há um conhecimento que resiste a todas as dúvidas, mesmo às mais radicais.
- Esse conhecimento, ou seja, o conhecimento, ou seja, o conhecimento da verdade “penso logo existo”,é
justificado pelo próprio ato de duvidar: - Ao duvidarmos, estamos a pensar e, se pensamos, somos necessariamente alguma coisa (somos, pelo menos, alguma coisa que pensa); - Assim, é indubitável que somos alguma coisa, e este é um conhecimento que nenhum cético consegue abalar. 4. David Hume defende uma forma de ceticismo moderado.
Por um lado, argumenta que a vivacidade das impressões sensíveis (as quais são anteriores ao uso da razão) nos impede de rejeitar a nossa crença natural no mundo exterior, demarcando-se de um tipo de ceticismo extremo. Por outro lado, argumenta que a análise racional das nossas crenças mostra que muitas delas são injustificadas (por exemplo, a crença de que as impressões dos sentidos são causadas por objetos exteriores não está justificada, pois a nossa mente “não tem maneira de conseguir qualquer experiência da conexão das impressões com os objetos”), pelo que o nosso conhecimento é muito mais limitado do que habitualmente supomos. Assim, Hume é cético quanto à possibilidade de encontrarmos um fundamento para o conhecimento que esteja ao abrigo de toda a dúvida, mas o seu ceticismo não é universal. 5.1. Referir que todo o conhecimento deriva da experiência - empirismo, sendo os elementos do
conhecimento em Hume: as impressões (sensações, emoções) e as ideias. As primeiras com maior vivacidade e força que as segundas (recordações deixadas pelas impressões). As ideias são cópias das impressões. Em Descartes há ideias inatas, claras e distintas puramente racionais, independentes da experiência – racionalismo. Essas ideias inatas, o cogito, o mundo e deus, legitimam todo o conhecimento. 5.2. Hume critica a visão indutivista do princípio da causalidade que considera haver uma conexão necessária entre
causa e efeito, sendo esta a priori, que prevê os acontecimentos futuros “todos os corpos se moverão após um impulso semelhante”. Mas para Hume não possuímos nenhuma impressão do futuro, tal como não temos a impressão da relação necessária entre causa-efeito. Não observamos nenhuma relação causal entre os fenómenos. O que se forma em nós é o hábito ou costume (fundamento psicológico) de vermos a contiguidade (proximidade, sequência) -“conjunção habitual”- no espaço e no tempo, entre objetos ou eventos – “todas as inferências (…) são efeito do costume, não do raciocínio”. 5.3. Hume acaba por cair numa posição cética sobre o conhecimento. – Estamos limitados pela experiência, e por consequência tudo aquilo que não possa ser observado, não
existe. O conhecimento da natureza deve fundar-se exclusivamente em impressões que dela temos. Desta premissa decorre o seu ceticismo moderado . O Homem só conhece as suas próprias impressões ou ideias e as relações que estabelece entre elas por hábito. Tudo o que se sabe, por discurso racional, acerca do universo se deve única e exclusivamente à crença, que é um sentimento não racional. A razão está limitada no seu poder. - Questiona o princípio da causalidade em que se baseiam as ciências da natureza, pois não passa de uma crença. - Questiona também os fundamentos lógicos da indução , ao afirmar que pelo facto de algo ter acontecido muitas vezes no passado, não significa que venha a acontecer no futuro. O futuro não existe e como tal não é do domínio do conhecimento. Não temos impressões do eu pensante, nem da realidade exterior nem de Deus (ideias inatas para Descartes), portanto a priori. Não se pode afirmar a existência de qualquer fundamento metafísico – ceticismo metafísico.
FIM