UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS CENTRO DE ENGENHARIA E COMPUTAÇÃO
ESTUDO DE CASO
BRUNA GONZAGA DA SILVA FERREIRA PAULO VÍTOR RAFAELA
ESTUDO DE CASO: EXPLOSÃO NA P-36
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS CENTRO DE ENGENHARIA E COMPUTAÇÃO
ESTUDO DE CASO
EXPLOSÃO NA P-36
Bruna Gonzaga da Silva Ferreira – 07200015 Paulo Vitor – Rafaela –
Petrópolis 2012 2
ESTUDO DE CASO: EXPLOSÃO NA P-36
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS CENTRO DE ENGENHARIA E COMPUTAÇÃO
ESTUDO DE CASO
EXPLOSÃO NA P-36
Trabalho acadêmico apresentado à UCP como requisito parcial para obtenção da aprovação na disciplina Ética Profissional.
Bruna Gonzaga da Silva Ferreira Paulo Vitor Rafaela Autores do Trabalho
Tepedino Professor
Petrópolis 2012 3
ESTUDO DE CASO: EXPLOSÃO NA P-36
Índice 1. O ACIDENTE ................................................................................................................................................ 5 1.1. Bomba Flutuante ...................................................................................................................................... 5 1.2. Perda Estrondosa...................................................................................................................................... 6 1.3. O Local ...................................................................................................................................................... 7 1.4. O Acidente ................................................................................................................................................ 8 1.5. A Plataforma ............................................................................................................................................ 8
1.5.1 Como é feita a produção na plataforma .............................................................................................. 9 2. ANÁLISE DAS POSSÍVEIS CAUSAS DO ACIDENTE .............................................................................. 9 2.1. Panela de Pressão .................................................................................................................................... 9 2.2. Metas de Produção Elevadas................................................................................................................. 10 2.3. Erros de Projeto, Manutenção e Operação ........................................................................................... 10 2.4. Treinamento para Emergências Deficiente ........................................................................................... 10 2.4. Conclusão............................................................................................................................................... 10
2.4.1 Laudo Final - Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) .................................... 11 2.4.2 Laudo Final - Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado do Rio de Janeiro (Crea-RJ) ....................................................................................................................................... 11 3. ENCERRAMENTO DO CASO .................................................................................................................... 12 3.1. Multa ..................................................................................................................................................... 12 3.2. Indenização das Famílias ....................................................................................................................... 12
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EXPLOSÃO NA P-36 1. O ACIDENTE 1.1. Bomba Flutuante Passavam vinte minutos da meia-noite de quinta-feira quando os 175 petroleiros embarcados na P-36 foram sacudidos por uma violenta explosão. A maioria já dormia e, embora acordar ao som de um estrondo seja uma situação assustadora, principalmente quando se está em cima de uma bomba flutuante, não houve pânico. Havia razões para a relativa tranqüilidade. O primeiro alarme sonoro indicava situação sob controle. Naquele momento, cinco homens da bem treinada brigada de incêndio da estatal já corriam para tentar debelar o fogo que ardia em um dos pilares de sustentação da plataforma pelos quais passam os tubos de gás e óleo. Ainda assim, como rezam as normas de segurança, todos os embarcados deixaram as cabines e seguiram para as salas de segurança. Meia hora depois, porém, eles estariam vivendo num inferno. Faltando dez minutos para 1 hora da madrugada, nova explosão. Foi tão intensa que derrubou tetos, deformou os camarotes e levantou até o piso do convés. A partir daí, seguiram-se cenas de terror. Uma segunda equipe de incêndio desceu para ajudar o primeiro grupo e encontrou os companheiros mortos. Mas, ao tentar fazer o salvamento, foi também dizimada por uma terceira detonação. Num ato de extrema coragem, uma outra equipe de socorro desceu para o local do incêndio. O que esses homens viram foi pavoroso. Os dez petroleiros das brigadas de incêndio estavam mortos. Seus corpos, estraçalhados. Descobriu-se, naquele momento, que não havia mais nada a fazer. Nem a equipe de incêndio, que havia vinte anos não perdia um homem em acidentes nas plataformas, teria condições de enfrentar a situação.
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O vazamento de gás era grande demais. O controle do fogo exigiria a utilização de navios de combate a incêndio no mar, que levariam tempo para chegar ao local. Foi então acionada a sirene contínua e estridente chamada de shut down 4 no jargão técnico dos petroleiros, que significa a ordem de abandonar a plataforma. Enquanto parte da equipe fechava os dutos e bombas para evitar novos focos de incêndio e vazamento de óleo no mar, outro grupo tratava de evacuar os embarcados. Vinte minutos depois, os petroleiros começaram a ser transferidos de navio para a P-47, uma plataforma a 12 quilômetros dali. O operador de produção Sergio Santos Barbosa, com 98% do corpo queimado, foi transportado de helicóptero para um hospital no Rio de Janeiro. Acordado com a notícia no início da madrugada de quinta-feira, o presidente da Petrobras, Henri Philippe Reichstul, seguiu, na mesma hora, com a direção da estatal para Macaé, no norte fluminense, junto à Bacia de Campos.
A plataforma P-36 inclinada em 30 graus e afundando na bacia de Campos
Foi o pior acidente em plataforma de petróleo no país desde 1984, quando uma explosão na plataforma de Enchova, também na Bacia de Campos, deixou o trágico saldo de 37 mortos.
Agosto de 1984: vazamento de gás na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro
1.2. Perda Estrondosa No momento, a única coisa que resta à Petrobras é acionar o seguro da plataforma, avaliada em 500 milhões de dólares. Mas não há contrato que cubra o prejuízo com a paralisação da produção. A direção da companhia tenta minimizar as perdas. "Os 50 milhões de dólares mensais que deixarão de entrar na empresa representam relativamente pouco quando se consideram os 27 bilhões de dólares do nosso faturamento anual", diz o diretor financeiro da estatal, Ronnie Vaz Moreira. Se, no entanto, para o caixa da Petrobras a quantia parece não fazer tanta diferença assim, para o país é uma perda estrondosa. Logo que foram anunciados o acidente e a extensão do estrago, 6
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as ações da companhia nas bolsas de valores despencaram no Brasil e em Nova York. O dólar, que já vinha pressionado pela crise argentina e pelo temor de recessão nas principais economias do mundo, teve uma nova alta. Isso obrigou o Banco Central a intervir. Vendeu dólares de suas reservas, para tentar conter a subida. Além disso, perder produção num momento em que os preços do petróleo voltam a subir no mercado internacional é um prejuízo que o país não podia dar-se ao luxo de sofrer. O acidente na P-36 também chamou a atenção para uma questão que vem sendo insistentemente discutida pelos funcionários, depois de tantos acidentes: a segurança. Na briga entrou até o Ministério Público do Trabalho, que acusa a Petrobras de negligenciar o controle da contratação de mão-de-obra terceirizada. Desde 1995, a companhia iniciou um processo de incentivo a aposentadorias e demissões, passando a contratar mão-de-obra terceirizada para várias funções. O presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras, Fernando Siqueira, aponta como o maior problema a baixa qualificação das empreiteiras que trabalham com a companhia. "Nos Estados Unidos, eles trabalham com terceirizados de empresas de ponta. Aqui, a contratação é aberta para qualquer empresinha de fundo de quintal", protesta. A própria Petrobras reconhece que precisa dar melhor treinamento ao pessoal terceirizado. E a Agência Nacional de Petróleo (ANP), uma semana antes do acidente com a P-36, já tinha dado um puxão de orelhas na empresa nesse sentido. Mas no caso específico da explosão na Bacia de Campos não há indícios de que problemas de treinamento de terceirizados tenham provocado a tragédia. O engenheiro Segen Estefen, diretor da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro, levanta a hipótese de erro no projeto da plataforma. A P-36 foi encomendada na gestão de Joel Rennó, que comandou a Petrobras entre 1992 e 1999, e sempre esteve envolta em polêmica e acusações de favorecimento. O empresário que ganhou a licitação contratou a obra num estaleiro italiano que faliu. O projeto foi transferido para o Canadá e modificado por outro estaleiro. Desde 1980, quando uma plataforma da Noruega afundou no Mar do Norte, as plataformas têm de obedecer a especificações para evitar que explosões resultem em afundamento. Suspeita-se que a P-36 não esteja dentro dessas normas. Só as investigações vão dizer o que realmente aconteceu na madrugada de quinta-feira passada. Por isso, a Petrobras recusa-se a se manifestar sobre possíveis causas da tragédia. O que não se pode esquecer é que controles mais rigorosos podem ajudar a evitar desastres. "Para cada acidente grave, existem dez de menor relevância", afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Engenharia de Segurança, Reynaldo Barros. Só no ano passado, três plataformas tiveram incêndios debelados. O erro da Petrobras pode ter sido não tirar desses incidentes as lições necessárias para evitar uma grande tragédia.
1.3. O Local
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1.4. O Acidente 0h20 Um vazamento de gás na coluna de sustentação provoca uma explosão seguida de incêndio. A primeira brigada de incêndio é acionada. 0h50 A brigada é surpreendida por uma segunda explosão. Os cinco integrantes morrem. A segunda brigada entra em ação. Uma terceira explosão acontece em seguida e mata os outros cinco encarregados de debelar o fogo. Uma brigada de socorristas é acionada. Resgata o corpo de um dos membros da brigada de incêndio e retira do local do acidente o operador Sergio Santos Barbosa. Um helicóptero-ambulância leva Barbosa para o hospital da Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro. Simultaneamente, tem início a operação de retirada da tripulação da plataforma P-36 dentro de cestas carregadas por guindastes e transportados para a plataforma P-47, a 12 quilômetros da P-36, em navios-sonda e rebocadores. Permanecem na plataforma 24 homens em funções de controle. Concluída a operação, é realizada uma chamada. Dez homens não respondem e são considerados desaparecidos. Doze navios são deslocados para apagar o fogo. 7h A P-36 começa a adernar, mostrando problemas de sustentação. Os últimos homens que permanecem na plataforma são resgatados para a P-47. 20h A empresa interrompe as buscas aos desaparecidos até a manhã do dia seguinte.
1.5. A Plataforma A P-36 era a maior plataforma de petróleo do mundo em capacidade de produção. Com 112 metros de comprimento e 95 de largura, tem o tamanho de um campo de futebol. Seus 119 metros de altura equivalem a três estátuas do Cristo Redentor. Produzia 80 000 barris de petróleo por dia , 6% da produção brasileira e 1,3 milhão de metros cúbicos de gás natural por dia,quase a quantidade diária consumida no Estado do Rio de Janeiro.
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1.5.1 Como é feita a produção na plataforma Flutuando no oceano numa área com profundidade de 1 360 metros, a plataforma P-36 fica ancorada. Através de tubulações, recebe petróleo e gás natural dos 21 poços submersos. Depois de processado e tratado, o petróleo é transferido para um reservatório flutuante, a P-47, que armazena os combustíveis e os repassa aos transportadores.
2. ANÁLISE DAS POSSÍVEIS CAUSAS DO ACIDENTE 2.1. Panela de Pressão Em 12 de março, três dias antes da explosão da P-36, um boletim relata problema no abafador de chamas, peça que impede que o gás retorne para a tubulação: "Estamos com pressurização no sistema de vent (sic) da plataforma. Provável causa é o entupimento do abafador de chamas. Estamos providenciando-o para compra. Será necessário parada de produção para substituição"
Existe uma hierarquia muita clara na Petrobras: se os gerentes da plataforma deram o alerta, a informação deveria ter alcançado o comando da empresa. Se isso não ocorreu, houve insubordinação da gerência ou leniência da direção. Somente na manhã de quinta-feira Reichstul foi avisado do que se sucedera. Tantas trapalhadas podem ser parcialmente explicadas pelo clima beligerante que impera na diretoria da Petrobras. Vários diretores não se falam e dividem-se em grupos, boa parte deles conspirando contra o próprio Reichstul – que, reservadamente, afirma possuir apenas três diretores de sua inteira confiança na estatal. Nos dias 12 e 13 – portanto, poucos dias antes da tragédia –, o petroleiro Hélio Galvão chamou a atenção para um problema de "pressurização no vent da plataforma". Em linguagem leiga, isso significa que estava ocorrendo um aumento da pressão interna nos vasos de uma das colunas de sustentação da plataforma. Ou seja, aumento de pressão num setor por onde passam gases. No dia 14, véspera das explosões, o supervisor Paulo Vianna alertava para a mesma situação. O problema da 9
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plataforma seria semelhante ao de uma panela de pressão com defeito na válvula – no caso, o abafador de chamas, o tal equipamento que teria de ser trocado. Sem ter por onde expelir vapor, a panela explodiria.
2.2. Metas de Produção Elevadas Os sindicalistas, acusaram a companhia de estar abrindo mão da segurança para atingir metas de produção muito elevadas. Esse risco está exposto em um dos boletins descobertos. Ele mostra, por exemplo, que o petroleiro Hélio Galvão respondeu tanto pela coordenação da plataforma quanto pela supervisão da produção no dia 11, quatro dias antes das explosões. Nos dias seguintes, eram dois petroleiros se ocupando dessas funções. Fica claro que há algo errado. A ANP, órgão fiscalizador das empresas de petróleo e energia, ficou muito tímida na exigência de explicações da companhia sobre o ocorrido. Certamente a história do afundamento da P-36 ganhou um ingrediente que a torna ainda mais revoltante, principalmente para as famílias dos mortos: o fato de que a tragédia poderia ter sido evitada.
2.3. Erros de Projeto, Manutenção e Operação Segundo a ANP, a principal causa da explosão foi um problema no fechamento de uma válvula. Entre as deficiências do projeto, estão até a classificação da área onde se localizava o tanque que explodiu, que não era considerada como área de risco. De acordo com o relatório, deveriam ser utilizados dispositivos de detecção e contenção de gás e ainda equipamentos resistentes a explosões. Outra deficiência no projeto é a ligação do tanque de emergência a um equipamento chamado "manifolde de produção", onde ficam armazenados óleo e gás. Segundo o superintendente de Desenvolvimento e Produção da ANP, Oswaldo Pedrosa, só havia uma válvula isolando o tanque desse equipamento. O correto seria a existência de mais válvulas, para garantir o isolamento entre o tanque e os combustíveis.
2.4. Treinamento para Emergências Deficiente O treinamento da Petrobras para situações de emergência é deficiente. Essa é uma das conclusões da comissão que apurou as causas do acidente com a plataforma P-36 da Petrobras, ocorrido no dia 15 de março. Segundo o presidente da comissão elaborada para apurar as causas do acidente, Carlos Heleno Barbosa, além do treinamento dos funcionários ser deficiente, há acumulo de funções por parte dos trabalhadores. A comissão recomenda à Petrobras que refaça o treinamento de seus funcionários e que trabalhe com equipes completas, evitando o acúmulo de funções.
2.4. Conclusão O acidente com a plataforma P-36 da Petrobras foi causado por uma conjunção de fatores. O presidente da comissão elaborada para apurar as causas do acidente, Carlos Heleno Barbosa, disse
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que o afundamento da plataforma impede a exatidão das conclusões, mas que em um acidente desse porte não há uma única causa. A exemplo do que foi divulgado em abril, o relatório apontou sete prováveis causas, entre elas problemas no equipamento dos alinhamentos das tubulações e procedimento de treinamento deficiente para situações de emergência. A comissão vai recomendar à Petrobras que não utilize mais tanques ou vaso no interior das colunas das plataformas, pois essa foi a principal causa do acidente. Isso mudou todos os futuros projetos da empresa para plataformas.
2.4.1 Laudo Final - Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) A terceirização da mão-de-obra foi a principal causa do acidente na Plataforma P-36 da Petrobras, segundo relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito aberta na Assembléia Legislativa para investigar o desastre na Bacia de Campos. O documento, aprovado na sessão plenária em 13 de novembro de 2001 da Alerj, sugere que a Petrobras seja responsabilizada criminalmente por negligência e imprudência, que acabaram causando a explosão. A CPI apontou ainda a Marítima, que executou o projeto de conversão da P-36 de plataforma de perfuração para produção, como coresponsável. O relatório foi enviado ao Ministério Público, ao Tribunal de Contas da União, à Agência Nacional de Petróleo, à Marítima, à Petrobras e à Polícia Federal de Macaé.
2.4.2 Laudo Final - Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado do Rio de Janeiro (Crea-RJ) Falhas técnicas e de gestão da Petrobras e no gerenciamento operacional da plataforma P-36. Estas foram, segundo o relatório final da Comissão Especial do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado do Rio de Janeiro (Crea-RJ) as principais causas das explosões e do afundamento da P-36. Segundo o presidente do Crea-RJ, José Chacon de Assis, a construção da plataforma foi mal feita e posta em operação antecipada indevidamente. "O grande erro de gestão foi o fato da antecipação do tempo de montagem, da transformação da plataforma de perfuração para plataforma de produção, que foi feita no Estaleiro Davie, em Quebec, no Canadá. A aceleração dessa montagem pode ter trazido alguns problemas", comentou. Além disso, ele informou que houve também erro de projeto, "profundo e claro, quando foi colocado um tanque de drenagem de emergência dentro de uma das colunas de toda a plataforma, fazendo com que, quando ocorreu a explosão, realmente ela ficasse sem sustentação", afirmou Chacon. O relatório do Crea-RJ foi encaminhado ao Ministério Público, ao Ministério do Meio Ambiente, à Agência Nacional de Petróleo (ANP), à Marinha do Brasil, à Assembléia Legislativa do Estado (Alerj) e ao Congresso, com pedido de instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para responsabilizar os envolvidos no acidente. A Comissão Especial solicitou, ainda, que a CPI investigue também os contratos de serviços feitos pela Petrobras, a qualidade e a origem dos equipamentos adquiridos por ela, a qualificação da mão-de-obra, a política de certificação de suas unidades operacionais e a causa dos elevados números de acidentes com funcionários da estatal e de empresas terceirizadas. Segundo técnicos do Crea-RJ e líderes sindicais do setor petrolífero, só nos últimos três anos, 97 trabalhadores morreram em diversas áreas da empresa. A perda total da P-36 gerou prejuízo estimado em R$ 1 bilhão e a Petrobras deixou de produzir 80 mil barris/dia e 1,3 milhão de metros cúbicos de gás diariamente, segundo o relatório.
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3. ENCERRAMENTO DO CASO 3.1. Multa A Petrobras vai pagar R$ 450 milhões ao Governo do Estado do Rio de Janeiro pelo acidente com a plataforma de exploração de petróleo P-36, que afundou há nove anos. A maior parte da indenização, R$ 350 milhões, será paga em dinheiro, e o restante, R$ 100 milhões, na forma de precatórios. O dinheiro será pago a título de indenização pelo afundamento da plataforma. O cálculo foi feito com base a uma parte de impostos que deixaram de ser recolhidos ao Governo.
3.2. Indenização das Famílias Em 2003, as famílias das vítimas do acidente na plataforma P-36 da Petrobras receberam sua indenização. A estatal assinou um acordo com as viúvas e dependentes de dez empregados que morreram no acidente, Apenas uma das viúvas não aceitou o acordo. A Petrobras decidiu pagar a indenização em uma única parcela. O valor total do acordo não foi informado, a pedido das viúvas. A estatal disse apenas que o valor não afeta o balanço da empresa. As famílias dos petroleiros haviam entrado na Justiça com pedidos de indenização por danos morais e materiais de R$ 500 milhões, para cada uma delas. A companhia disse apenas que propôs pagar 500 salários mínimos (R$ 100 mil) a título de danos morais, além da indenização por danos materiais.
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