Equações Diferenciais Volume Volume 2 - Módulos 2 e 3 2ª edição
Apoio:
Pedro do Nascimento Nobrega
Fundação Cecierj / Consórcio Cederj Rua Visconde de Niterói, 1364 – Mangueira – Rio de Janeiro, RJ – CEP 20943-001 Tel.: (21) 2334-1569 Fax: (21) 2568-0725
Presidente Masako Oya Masuda
Vice-presidente Mirian Crapez
Coordenação do Curso de Matemática UFF - Regina Moreth UNIRIO - Luiz Pedro San Gil Jutuca
Material Didático Material Didático Departamento de Produção
ELABORAÇÃO DE CONTEÚDO Pedro do Nascimento Nobrega COORDENAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO INSTRUCIONAL Cristine Costa Barreto DESENVOLVIMENTO INSTRUCIONAL E REVISÃO Anna Maria Osborne Ana Tereza de Andrade Jane Castellani Leonardo Villela Nilce P. Rangel Del Rio
EDITORA Tereza Queiroz
CAPA Morvan de Araujo Neto
REVISÃO TIPOGRÁFICA Equipe Cederj
PRODUÇÃO GRÁFICA Oséias Ferraz Patricia Seabra
COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO Jorge Moura PROGRAMAÇÃO VISUAL Marcelo Freitas
COORDENAÇÃO DE AVALIAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO Débora Barreiros AVALIAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO Letícia Calhau
Copyright © 2005, Fundação Cecierj / Consórcio Cederj Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Fundação.
N754e Nobrega, Pedro do Nascimento. Equações Diferenciais. v. 2 - 2. ed. / Pedro do Nascimento Nobrega. – Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2010. 281p.; 21 x 29,7 cm. ISBN: 978-85-7648-670-1 1. Equações diferenciais lineares. 2. Sistemas de equações diferenciais. 3. Sistemas autônomos. I. Título.
2010/1
CDD: 515.35 Referências Bibliográficas e catalogação na fonte, de acordo com as normas da ABNT e AACR2.
Governo do Estado do Rio de Janeiro Governador Sérgio Cabral Filho
Secretário de Estado de Ciência e Tecnologia Alexandre Cardoso
Universidades Consorciadas UENF - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO
UFRJ - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
Reitor: Almy Junior Cordeiro de Carvalho
Reitor: Aloísio Teixeira
UERJ - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
UFRRJ - UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
Reitor: Ricardo Vieiralves
Reitor: Ricardo Motta Miranda
UFF - UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
UNIRIO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Reitor: Roberto de Souza Salles
Reitora: Malvina Tania Tuttman
Equações Diferenciais SUMÁRIO
Volume 2 - Módulos 2 e 3
Aula 11 – Equações diferenciais lineares de ordem superior _______________125 Aula 12 – Soluções de equações diferenciais lineares de ordem superior ______ 143 Aula 13 – Equações diferenciais lineares homogêneas de segunda ordem _____ 167 Aula 14 – Equações não-homogêneas de segunda ordem_________________ 181 Aula 15 – Aplicação de equações diferenciais lineares de segunda ordem _____ 195 Aula 16 – Sistemas de equações diferenciais lineares de primeira ordem. Autovalores reias distintos_________________________________211 Aula 17 – Representação geométrica de sistemas autônomos. Sistemas com autovalores complexos ________________________235 Aula 18 – Sistemas com autovalores reias repetidos _____________________ 253 Aula 19 – Sistemas não-homogêneos ________________________________271
´ M ODULO 2 -
AULA 11
Equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
Aula 11 – Equa¸ c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
Objetivos Depois de estudar esta aula vocˆe ser´ a capaz de 1. Definir os espa¸cos vetorias de fun¸co˜es n -vezes continuamente diferenci´aveis em intervalos I da reta. 2. Definir as equa¸ co˜es diferenciais lineares por meio de operadores lineares entre espa¸cos n (I )
C
S 1
sen[(5π/2)x]
−3S 1 + 2S 2
S 2
−2cos[(7π/2)(2x − 1)]
−3sen[(5π/2)x] − 4cos[(7π/2)(2x − 1)] 125
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
Introdu¸ c˜ ao
Nota Hist´ orica
O s´eculo XVIII foi uma era de intenso desenvolvimento da teoria de equa¸co˜es diferenciais. Praticamente todos os matem´ aticos de destaque testaram suas habilidades em integrar (i.´e resolver) equa¸c˜oes diferenciais. Um grande n´ u mero dos m´ etodos elementares de integra¸c˜ao de equa¸c˜oes diferenciais, que constituem a parte inicial de todos os cursos universit´ a rios sobre o assunto (de que, ali´ as, nosso curso n˜ a o foi exce¸c˜a o) foi estabelecido pelos matem´ aticos do s´eculo XVIII. Classes inteiras de equa¸co˜ es e m´etodos de resolu¸ca˜o foram estudados pelos maiores matem´aticos de ent˜ao: Clairaut, D’Alembert, Laplace, Monge, Lagrange, e, naturalmente, Euler. Em particular, grandes sucessos foram alcan¸c ados no estudo de equa¸co˜ es lineares, que tem merecido aten¸c˜ao especial desde aquele tempo devido `a sua grande ocorrˆ encia nas aplica¸c˜oes. O trabalho do matem´ atico francˆes Augustin Cauchy, no in´ıcio do s´eculo XIX, inaugurou uma nova etapa na teoria de equa¸c˜oes diferenciais. O conceito central da L.A.Cauchy teoria, antes de Cauchy, era o de solu¸c˜ ao geral de uma dada equa¸c˜ao.
Uma vez obtida uma solu¸ca˜ o geral, as diversas solu¸co˜es particulares eram obtidas pela atribui¸ca˜o de valores espec´ıficos `as constantes. Nessa linha, o problema b´ a sico era o de achar a solu¸ca˜ o geral de uma dada equa¸c˜a o. Procurava-se, via de regra, uma solu¸ca˜o por quadraturas, isto ´e , uma solu¸ca˜ o dada por uma f´ ormula contendo somente fun¸co˜es elementares (polinˆomios, trigonom´etricas, exponencial, e suas inversas) numa combina¸ca˜o finita, constru´ıda por meio de opera¸co˜es alg´ebricas e integra¸c˜oes. Cauchy inverteu essa perspectiva completamente, determinando uma nova dire¸ c˜ao principal de desenvolvimento da teoria de equa¸co˜es da forma dy/dx = f (x, y). Para ele, o conceito b´ asico era o de solu¸c˜ao particular de uma tal equa¸c˜a o, a qual assumia um valor prescrito num ponto pr´e-fixado . O conhecimento de uma tal solu¸ca˜o particular nos possibilita obter a solu¸ca˜ o geral. A quest˜a o mais importante passava a ser a da existˆencia de uma solu¸ca˜o particular; o que ficou conhecido como problema de Cauchy.
Uma de nossas metas a partir de agora ´e entender claramente essa “invers˜ao de dire¸ca˜o” do Cauchy, ou seja como construir uma no¸ca˜o de solu¸c˜ ao geral de uma equa¸ca ˜o diferencial partindo do conhecimento de solu¸co˜es particulares. S´ o que a partir de agora agora estaremos restritos a`s equa¸co˜es lineares. CEDERJ
126
´ M ODULO 2 -
AULA 11
Equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
Os fenˆomenos lineares s˜ ao t˜ao importantes que merecem uma discuss˜ ao mais demorada. Eles v˜ a o ocupar todo o restante do nosso curso. Para adquirir adquirir um pouco mais de familiaridade com a no¸ca˜o de linearidade,comecemos examinando o princ´ıpio de superposi¸c˜ ao de fenˆ omenos f´ısicos. A no¸c˜ao matem´ a tica de linearidade, de certa forma, emerge de um princ´ıpio de superposi¸ca˜o de causas e efeitos, que governa o relacionamento de diversos sinais e sistemas do mundo f´ısico.
Sinais e Sistemas Sinais fazem parte de nossa vida cotidiana de uma maneira indispens´ avel. Para dar um exemplo, a forma mais b´asica de comunica¸c˜ao humana se desenvolve atrav´es do uso de sinais de fala. Seja por conversa¸ca˜o cara a cara, por telefone, ou via computador. Outra forma de intera¸c˜ao entre pessoas, ou do homem com o mundo ´e por meio de sinais visuais, imagens de pessoas ou objetos. O correio eletrˆonico e a Internet s˜ao poderosos transportadores de sinais de um ponto a outro. Ao ouvir os batimentos card´ıacos de um paciente, ou examinar visualmente um eletrocardiograma, o m´edico interpreta sinais de som, sinais gr´aficos, que lhe transmitem informa¸co˜es sobre o estado de sa´ ude do paciente. E os exemplos se multiplicam. As ilustra¸ c˜oes desta p´agina mostram dois sistemas de comunica¸c˜oes altamente sofisticados.
Um sat´elite artificial pode medir, por exemplo, temperatura e radia¸ca ˜ o - os sinais de entrada-,e codificar esta informa¸c˜ a o em um sinal de r´ a dio de alta freq¨ uˆ encia (a sa´ıda)
Um sinal , como o pr´oprio nome indica, ´e um conjunto de informa¸c˜oes ou dados. Do ponto de vista matem´atico, um sinal ´e uma fun¸c˜ao que representa uma quantidade ou vari´avel f´ısica e cont´em informa¸c˜oes sobre o comportamento ou natureza de um fenˆ omeno. Os sinais sonoros, por exemplo, s˜ ao traduzidos em ondas que se propagam atrav´es de um meio, emitidas por uma fonte e recebidas por um sistema capaz de extrair informa¸co˜es dessas ondas. As ondas sonoras s˜ao fun¸co˜es matem´aticas da posi¸c˜a o e do tempo. H´ a sempre um sistema associado `a gera¸ca˜o de cada sinal, e outro associado `a extra¸c˜ao da informa¸c˜ao transmitida pelo sinal. Na comunica¸c˜ao por telefone, por exemplo, uma fonte sonora emite os sinais de fala, que se propagam na forma de ondas de press˜ao no ar. Essas ondas s˜ao convertidas por meio de um sistema razoavelmente complexo, em sinais el´etricos, que s˜ao transmitidos por uma rede de telefonia at´e o sistema receptor, que os reconverte sinais de press˜ao no ar, identific´aveis pelo ouvinte, que ali´as os processa as recorrendo a um outro sistema, o auditivo, que traduz as vibra¸c˜oes que as ondas recebidas provocam nos t´ımpanos em informa¸co˜es (sinais) el´etricos, que s˜ao levados pela rede neurol´ogica a uma regi˜ao bem espec´ıfica do c´erebro, que as reprocessa e permite ao receptor tomar atitudes, decis˜oes. Um sistema pode ser formalmente definido como uma entidade que manipula um
127
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
ou mais sinais para realizar uma fun¸ca˜o, produzindo assim novos sinais. Matematicamente um sistema ´e um modelo de um processo f´ısico que recebe um sinal de entrada (um excita¸c˜ao), modifica-o, ou extrai dele alguma informa¸ca˜o, e produz um sinal de sa´ıda (uma resposta). Um sistema ´e ent˜ ao como que uma “m´aquina” que transforma um sinal de entrada (fun¸ca˜o) “X ” numa resposta (fun¸ca˜o)“Y ”.
Causa, excita¸c˜ao ou sinal de entrada
−→
X
−→
SISTEMA
−→ Efeito,resposta ou sinal de sa´ıda
SISTEMA
Y
−→
Figura 11.1
Vamos nos limitar aos sistemas que satisfazem `a seguinte condi¸ca˜o de regularidade: sempre que ele ´e alimentado por uma excita¸c˜ao de tipo X , ele produz uma resposta Y , que pode ser do mesmo tipo de X ou n˜ ao.
Sistemas Lineares Suponha que temos uma entrada X 1 , para a qual um sistema produz uma sa´ıda Y 1
X 1
−→
SISTEMA
Y 1
−→
Figura 11.2
Suponha tamb´ em que o sistema produz a resposta Y 2 a uma outra entrada X 2
CEDERJ
128
´ M ODULO 2 -
AULA 11
Equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
Agora vamos continuar nossa explora¸c˜ao e alimentar nossa m´aquina (o Sistema) simultˆ aneamente com as entradas X 1 e X 2 ; supondo que podemos representar essa entrada simultˆ anea pela soma das entradas individuais, ou seja, agora a entrada do sistema ´e X 1 + X 2 :
X 1
X 2
−→ + −→
SISTEMA
Figura 11.4
Se a resposta do sistema a esta entrada combinada (“superposta”) X 1 +, X 2 ´e exatamente a soma das resposta individuais a X 1 e a X 2 , i.´e, Y 1 + Y 2 , diremos que o sistema ´e aditivo. A representa¸ca˜o simb´ olica da sa´ıda ´e
SISTEMA
Y 1
Y 2
−→ + −→
Figura 11.5 Admitamos finalmente que podemos alimentar nossa m´aquina com uma entrada α X , ( α sendo um n´ umero real qualquer),
·
α·X
−→
SISTEMA
Figura 11.6 e que a resposta a α X seja precisamente igual a α vezes a resposta individual a X , α Y
·
·
129
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Equa¸c˜ c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
` superposi¸ superposi¸c˜ cao a˜o de “entradas” o sistema responde com a superposi¸c˜ c˜aaoo Em resumo: A das respectivas respe ctivas “sa´ıdas”. ıdas”. A seq¨ uˆ uencia eˆncia de diagramas, diagramas, das figuras 11.2 a 11.7, fornece fornece o esquema esquema b´asico asico do princ´ pri nc´ıpio ıpi o superp sup erposi osi¸¸c˜ cao. ˜ao. Por mais que pare¸ca ca um modelo simplificado demais, literalmente in´ umeros umeros “sistemas” “sistem as” concretos con cretos do d o mundo f´ısico ısico tˆem em exatamente exata mente este comportamento compo rtamento.. Bem verdade que um grande n´umero umero de modelos “concretos” “concretos” envolve envolve superposi¸c˜ coes o˜ es de um n´ umero umero infinito infinit o de d e entradas e ntradas e/ou sa´ sa´ıdas. Mas o princ´ıpio ıpio de lineari l inearidade dade se mant´ m ant´em. em.
co da aula mostra um sistema que processa os sinais Uma observa¸ c˜ ao: A figura da come¸co representados pelas fun¸c˜ coes o˜es sen[(5 sen[(5π/ π/2) 2)x x] e 2cos[(7 cos[(7π/ π/2)(2 2)(2x x 1)]. A terceira figura ´e o sinal representado pela fun¸c˜ c˜aaoo 3sen[(5 sen[(5π/ π/2) 2)x x] 4cos 4 cos[(7 [(7π/ π/2)(2 2)(2x x 1)], superposi¸c˜ c˜ao a o de menos trˆes es vezes o primeiro sinal com duas vezes o segundo sinal.
−
−
−
−
−
Nota: Repare que os sinais, em si, n˜ao ao s˜ ao ao lineares,s˜ao ao fun¸c˜ c˜oes oes n˜ ao-lineares. ao-lineares. Quem tem
um procedimento linear ´e o sistema.
Se Y representa representa a resposta de um sistema sistema a uma entrada gen´ erica erica X , ent˜ao ao podemos representar o sistema como sendo umatransforma¸c˜ c˜ ao de T, um operador que leva X em Y . . X Aten¸c˜ cao! a ˜o! N˜ ao afirmamos que ao todo sistema linear ´e representado por um operador diferencial. Existem sistemas para os quais vale o princ´ıpio ıpio de superposi¸c˜ cao a ˜o que utilizam outras representa¸c˜ coes o ˜es matem´aticas, aticas, mas neste curso estaremos interessados somente nos sistemas represent´aveis aveis por equa¸c˜ coes o ˜es diferenciais
T
→ Y ,
ou Y . T X = Y.
·
fa to curioso cur ioso ´e que as “m´aquinas aquina s lineares”, linea res”, isto i sto ´e os agentes ag entes transforma tran sforma-Coment´ ario ario: Um fato dores de sinais, tantas vezes s˜ao ao representados (modelados) por operadores diferenciais (ou integrais) lineares,conforme defini¸c˜ cao a˜o mais abaixo, cujas entradas e respostas s˜ao ao fun¸c˜ coes o˜es definidas em intervalos especificados que alguns autores chegam a caracterizar um sistema como sendo linear quando ´e poss´ıvel ıvel model m odel´´a-lo a-lo por um (diferencia (diferencial/in l/integral tegral)) linear. linear. 1 Exageros `a parte , isso ilustra uma certa tendˆ encia encia de identifica identificarr um objeto com uma representa¸c˜ c˜ao ao dele. N˜ ao ao vamos mais al´ em em do que j´ a fomos nessas areias movedi¸cas cas filos´ofica o ficas. s. DaDaqui em diant diante, e, e at´ e o final final do curso, curso, estare estaremos mos lidando lidando com equa¸ equa¸c˜ coes ˜oes diferenciais lineares, neares, que ser˜ao ao caracterizadas caracterizadas por meio de operadores operadores diferenciais diferenciais lineares, os quais podem ser pensados como sistemas que admitem como entradas fun¸c˜ coes o˜es de uma certa cole¸c˜ c˜ao, ao, transformando-as segundo procedimentos lineares, e produzindo como resposta outras fun¸c˜ coes. o˜es. 1 todos
CEDERJ
130
conhecemos exemplos de sistemas representados por alg´ebricas ebricas lineares
´ ULO M ODUL OD O 2 -
AULA ULA 11
Equa¸c˜ c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
Nossa agenda de trabalho ´e a seguinte: coes o˜es que contˆem em as entradas entrada s • caracterizar e estudar os conjuntos de fun¸c˜ e respostas dos sistemas lineares (os quais ser˜ao ao sempre representados por operadores diferenciais lineares)
cao a˜o diferencial linear • definir rigorosamente uma equa¸c˜ coes o˜es de equa¸c˜ coes o˜es lineares (ser˜ao ao as entradas entradas que s˜ ao ao trans• definir as solu¸c˜
formadas, pelo sistema, em uma fun¸c˜ cao a˜o pr´e-determinada), e-determinada), estudar as id´eias eia s de d e Cauchy C auchy sobre sob re a existˆ e xistˆencia enc ia de solu¸ sol u¸c˜ coes o˜es gerais de equa¸c˜ coes o˜es diferenciais lineares e aprender os m´etodos etodos b´ asicos asicos de obten¸c˜ cao a˜o de solu¸c˜ coes o˜es
princ´ıpio de superposi¸ superp osi¸c˜ cao a˜o de causas e efeitos • finalmente,exemplificar o princ´
com alguns modelos dados por equa¸c˜ coes o˜es diferenciais, de fenˆomenos omenos do mundo“f´ısico”, ısico” , resgatand resga tandoo a identifica¸ identific a¸c˜ cao a˜o entre os fenˆ omenos omenos lineares e as equa¸c˜ c˜oes oes diferenciais diferenciais lineares. lineares.
Os espa¸ cos cos
C k (I )
Os espa¸cos cos k (I ) s˜ ao ao os conjuntos conju ntos que contˆem em as entradas entrada s e as sa´ sa´ıdas dos sistemas que s˜ao ao associados a equa¸c˜ coes o˜es diferenciais lineares.
C
Considere um intervalo I R qualquer qualquer.. Este interv intervalo alo pode ser limitado, (a, b); limitado s´o por um lado, (a, + ); ou mesmo a reta toda, que sempre pode ser pensada como o intervalo ( , + ).
⊂ ⊂
∞ −∞ ∞
Obs: Como regra geral, vamos trabalhar s´o com intervalos abertos.
- Uma fun¸c˜ cao a˜o f : I classe 1 no intervalo I se
continuame nte diferenciavel difer enciavel em I , ou de −→ R ´e continuamente −→
C
1) f ´e der de riv´ iv avel a´vel em todos os pontos de I 2) A fun¸c˜ cao a˜o derivada f ′ ´e cont´ınua nu a em I Exemplo 11.1
Exemplos triviais s˜ao a o as fun¸c˜ coes o˜es constantes , a fun¸c˜ cao a˜o identidade, as fun¸c˜ c˜oes oes polinomiais (em quaisquer intervalos). Atividade 11.1
Assinale verdadeiro ou falso no espa¸co co indicado: i)
x2 sen
0,
1
x
, se x = 0
se x = 0
´e de classe cla sse
C
1
em
R
V() F()
131
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Equa¸c˜ c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
ii) sen x
| | x x
´e de clas cl asse se
C
1
em
V() F()
R
- Uma fun¸c˜ cao a˜o ´e duas dua s vezes continuamente continuame nte diferenci´ difere nci´ avel avel em I se s e ´e duas du as vezes deriv´avel avel em todos os pontos de I e a fun¸c˜ cao a˜o segunda derivada , f ′′ , ´e cont´ co nt´ınua ınu a em I - De maneira geral, uma fun¸c˜ ca˜o ´e m vezes continuamente deriv´ avel avel em I , ou de classe m em I se se ´e m vezes deriv´avel avel em I e a fun¸c˜ c˜ao ao derivada de ordem m ´e cont´ınua nu a em I .
C
- Uma fun¸c˜ cao a˜o de classe
C
0
em I ´e uma um a fun¸ fu n¸c˜ cao a˜o apenas ape nas cont´ cont´ınua em I .
- Representamos o conjunto das fun¸c˜ coes o˜es de classe p eloo s´ımbol ımb oloo k (I ), ), ou k (I , R) I pel
C
Intuitivamente, o Teorema Intuitivamente, 11.1 assegura que o conjunto de fun¸c˜ coes o ˜es que podem alimentar os sistemas lineares ,i.´e,os e,os conjuntos k C (I ), ), n˜ a o s˜ ao ao vazios, e que ao se f e g s˜ ao fun¸c˜ ao coes o ˜es de um desses conjuntos, ent˜ao ao f + + g e α · f t tamb´ amb´em est est˜ a ao ˜o em C k (I ), ), e portanto podem alimentar o sistema. Matematicamente trata-se apenas de um caso particular de um fato bem conhecido do nosso curso de ´ Algebra Linear: qualquer subconjunto n˜ ao-vazio W de ao-vazio um espa¸co co vetorial ( no caso V - o espa¸co co vetorial de todas as fun¸c˜ coes o ˜es de I em R-) que ´e fechado com rela¸c˜ cao a ˜o a ` adi¸c˜ cao a ˜o de elementos de V , e com rela¸c˜ cao a ˜o a ` multiplica¸c˜ cao a ˜o de elementos de V por n´ umeros, ´e -ele umeros, - ele mesmo m esmo - um espa¸co co vetorial contido em V , o que significa que adicionando elementos de W , n˜ ao sa´ımos ao ımos de W .O mesmo ocorre com a multiplica¸c˜ cao a ˜o de um elemento de W por um n´ umero real. Podemos umero ignorar (se nos for conveniente) o espa¸co co maior V .
C
C
k
em um intervalo
Teorema 11.1
Para cada k
≥ 0,
cao a˜o nula θ definida por θ(x) = 0 para todo x ∈ I pertence a • a fun¸c˜ C (I ).). s˜ao ao fun fu nc˜ c¸oes o˜es de C (I ) ent˜ao ao f + g definida em cada ponto • se f e g s˜ k
k
de I por (f + + g )(x) = f (x) + g (x)
cao a˜o αf definida em cada ponto de I por • para todo α ∈ R a fun¸c˜ (αf )(x) = α · f (x) tamb´em em ´e fun¸ fu n¸c˜ cao a˜o de C (I ). ). k
Aplicando este resultado ao nosso contexto, conclu con clu´´ımos que: os conjuntos k (I , R) s˜ao ao subespa¸cos cos vetoriais dos espa¸cos cos vetorias (I , R) de todas as fun¸c˜ coes o˜es de I em R.
C
F
Em particular, para todo k , cada vetorial vetorial real.
C
elementos tos desses desses espa¸ espa¸cos cos Lembrete: Os elemen
k
(I ) ´e - ele mesmo - um espa¸ espa¸co co k
ao fun¸c˜ c˜ oes (n˜ ao a o mais C (I , R) s˜ao
obrigatoriamente n-uplas de n´ umeros reais, ou setas desenhadas num plano, umeros ou matrizes )
·· · · ·
Atividade 11.2
Toda fun¸c˜ cao a˜o da classe
k
auto maticamente amente da classe C C (I ) ´e automatic
k−1
(I ). ).
Dizendo de maneira mais precisa,
C CEDERJ
132
“Para cada k k−1 (I )” )”
fun c˜ c¸ao a˜ o de C ≥ 1, se f ´e uma fun¸
k
(I ) ent˜ao ao f pertence a
´ M ODULO 2 -
AULA 11
Equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
Verifique esta afirma¸ca˜o para a fun¸ca˜o f (x) =
x3 sen
1
se x = 0
x
0
no espa¸co
1
C (R).
,
se x = 0
Isto ´e:
i ) Mostre que f ´e deriv´ avel em todo ii ) Mostre que f ′ ´e cont´ınua em
R
R
As equa¸ co ˜es diferenciais lineares
As equa¸co˜es diferenciais lineares ser˜ ao definidas a partir de um operador (sistema) b´ asico, o operador D : Defini¸c˜ao 11.1
Para cada k
≥ 1,
D :
k
C (I ) −→ C
k −1
(I )
´e definido por D(f ) =
d (f ) = f ′ dx
Assim Exemplo 11.2
D(x) = 1,
D (eax ) = ae ax , etc
D (sen x) = cos x,
ao, ele produz uma fun¸ca˜o de classe Obs: Cada vez que o operador D atua sobre uma fun¸c˜ menor ou igual `a da fun¸c˜ao original.
A seguir, definimos as potˆencias do operador D. Para cada n D n =: D o
≥ 0
·· · oD
n vezes
Por defini¸ca˜o
D0
≡ I d.
e a fun¸ca˜o identidade: Id(x) = x para todo x Id ´
∈ I 133
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
Simbolicamente, para cada n
n
≥ 1, D ≡
dn dxn
o pode se aplicar a fun¸co˜es que sejam no m´ınimo n Anote: O operador D n s´ vezes deriv´aveis. Entretanto, para podermos explorar as equa¸ co˜es lineares de modo conveniente, vamos exigir que a fun¸ca˜o Dn (f ) seja cont´ınua. Ou seja, exigiremos que Dn seja um operador definido em n (I ) , e que seu contradom´ınio seja 0 (I ), o conjunto das fun¸c˜oes cont´ınuas em I .
C
C
Exemplo 11.3
D2 (sen x) =
D n (xex ) = ne x + xex , etc
−sen x,
Opera¸ co ˜es com os operadores D
Definimos agora opera¸co˜es envolvendo os operadores Dn : a adi¸c˜ ao de operadores e a multiplica¸cao ˜ de operadores por fun¸c˜ oes de classe k , k 0:
C
≥
Defini¸c˜ao 11.2
Dados dois operadores D n e D m , o operador soma D n + D m atua sobre m as fun¸co˜es de n (I ) (I ) da seguinte maneira
C
∩C
def
(Dn + D m )(f ) = Dn (f ) + D m (f ) ou, dizendo de outro modo,
∀x∈
dn f dm f I , (D + D )(f )(x) = D (f )(x)+ D (f )(x) = (x)+ m (x) dxn dx n
Para cada n
m
n
≥ 0, f · D
n
M
´e definido por def
(f Dn )(g )(x) = f (x)
·
para todo x
dn g (x), dxn
∈ I
e comum escrever f (x)D n (g ) ou Anote tamb´ em: Em vez de (f D n )(g ) ´
·
ent˜ao f (x)g (n) Exemplo 11.4
3
2
(x D )(y ) = x
CEDERJ
134
3d
2
y = x 3 y ′′ 2 dx
´ M ODULO 2 -
AULA 11
Equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
Defini¸c˜ao 11.3
Um operador diferencial linear canˆ onico de ordem n sobre o intervalo I ´e um operador definido por L
≡ a
n
(x)Dn + an−1(x)D n−1 +
· · · + a (x)D + a (x)Id 1
0
Um operador canˆ onico de ordem n pode ser visto como o modelo de um sistema que admite com entradas fun¸ co˜es de n (I ) e as transforma, de acordo com as opera¸c˜oes de adi¸c˜ao de operadores Dk e multiplica¸ca˜o de operadores Dk por fun¸co ˜es em respostas que s˜ao fun¸co˜es de (I ).
C
C
Exemplo 11.5
Escreva as express˜oes abaixo na forma L y, sendo L um operador diferencial canˆonico. Indique a ordem de L:
·
(a) xy (iv) (b) 7xy
′′′
− sen(x)y − πx18 y
′′
+
√ xy − y 4
(c) y (5)
′
− sen(x) y
Solu¸c˜ ao:
(a) [xD4
− sen(x)D2 + √ xD − 1] .y;
ordem quatro
(b) [7xD3
4
L
− πx18 D] .y;
−
ordem trˆ es
L
(c) [D5
sen(x)] .y;
ordem cinco
L
ca˜o identidade e a fun¸c˜ao Obs: Nos itens (a) e (c) substitu´ımos respectivamente a fun¸ Id.sen(x) pelo n´ umero 1 e por sen(x) apenas. Esta ´e uma pr´ atica comum, mas devemos 2 exercˆe-la com cuidado. Por exemplo, o operador L xD 4D + 7 ´e a mesma coisa que xD2 4D + 7Id.
≡
−
−
Assim
L y = xy
·
′′
− 4y
′
+ 7y
e n˜ao L y = xy
·
′′
− 4y
′
+ 7.
Construindo novos operadores canˆ onicos a partir de operadores conhecidos:
Podemos estender as opera¸co˜ es de adi¸ca˜o de operadores D k , multiplica¸ca˜o de operadores Dk por fun¸c˜oes; e composi¸ca˜o de operadores Dn aos elementos do espa¸co de todos os operadores lineares canˆ onicos sobre I . 135
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
Por exemplo, Se L1 = a n (x)D n + an−1 (x)Dn−1 +
· · ·+ a (x)D +a (x)Id o 1
n
que escrevemos abreviadamente como L1 =
m
ak (x)D k e se L2 =
k=0
definimos L1 + L2 por
0
bk (x)D k
k=0
r
(L1 + L2 ) =
[ak (x) + bk (x)]Dk
k=0
umeros n e m. Se necess´ario, completamos os coeficientes Obs: r representa o maior dos n´ do operador de menor ordem com a fun¸ca˜o nula,como fazemos com a adi¸ca˜o de polinˆomios.
n
- Definamos agora f (x) L = f (x)
·
·
n
ak (x)Dk
k =0
def
[f (x).ak (x)]D k
=
k=0
- Por fim, se definimos, da maneira o´bvia, a composi¸ca˜o de operadores f (x)Dn e g (x)D p
dn d p y n p [f (x)D ] o [g (x)D ](y ) = f (x) n g (x) p dx dx def
esta opera¸ca˜o se estende a` composi¸ca˜o de operadores L 1 o L2 ( tamb´em denotada simplesmente por L1 L2 ). e o operador que atua sobre elementos y L1 o L2 ´ maneira
∈ C
n
(I ) da seguinte
def
(L1 o L2 )(y ) = L1 [L2 (y )] a percebeu a analogia que existe entre os operadores diferenAlerta!! Vocˆe com certeza j´ ciais canˆonicos e os polinˆomios. Por exemplo, no caso da opera¸ca˜o de adi¸c˜ao:
Operador Diferencial Linear
Polinˆomio
n
L1 =
n
ak (x)Dk
p(x) =
k=0 m
L2 =
bk (x)Dk
[ak (x) + bk (x)]Dk
k=0
ak xk
k=0 m
q (x) =
k=0 r
(L1 + L2 ) =
bk xk
k=0 r
p(x) + q (x) =
[ak + bk ]xk
k=0
Mas ´e preciso tomar cuidado, pois os coeficientes de um operador linear canˆonico podem ser fun¸co˜es, enquanto os coeficientes de um polinˆomio s˜ao sempre constantes. Quando os coeficientes de um operador linear canˆonico n˜ao s˜ao fun¸co˜es constantes, a associa¸ca˜o da multiplica¸c˜ao (composi¸ca˜o) de operadores com multiplica¸c˜ao de polinˆomios pode conduzir a erros.
CEDERJ
136
´ M ODULO 2 -
AULA 11
Equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
Exemplo 11.6
Se L 1 = xD
− 1 e L2 = xD + 1 temos L1 L2 (y) = (xD − 1)[(xD + 1).y] = (xD − 1)(xy + y) = = xD(xy + y) − (xy + y) = x(y + xy + y ) − (xy + y) = x 2 y + xy − y = = [x2 D2 + xD − 1] · y ′
′
′
′
′′
′
′
′′
′
Portanto L1 L2 = x 2 D2 + xD
− 1.
Se tiv´essemos efetuado a multiplica¸ca˜o (i.´e, a composi¸ca˜o) de xD multiplica¸c˜ao de polinˆomios ter´ıamos obtido como resposta L1 L2 = x 2 D2
− 1 por xD + 1 como a
− 1,
que ´e uma resposta errada.
Atividade 11.3
(i) - Calcule L1 + L2 e L2L1 sendo L1 = xD − 3x2 e L2 = 2sen xD3 + 1 Resposta: L1 + L2 =
L2 L1 =
(ii) - Mostre atrav´es de um exemplo, que, em geral, L 1 L2 = L 2 L1
Solu¸c˜ ao: Equa¸ co ˜es Diferenciais lineares de ordem n, finalmente
Defini¸c˜ao 11.4
Uma equa¸c˜ ao diferencial linear de ordem n, num intervalo I ´e uma equa¸ca˜o da forma an (x)Dn y + an−1 (x)D n−1 y +
· · · + a (x)Dy + a (x)y = h(x), (11.1) 1
0
onde as fun¸co˜es ai , chamadas de fun¸c˜ oes coeficientes ,e a fun¸c˜ ao h, chamada de termo independente ou segundo membro da equa¸ ca˜o, s˜ao pelo menos cont´ınuas em I .
137
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
Na linguagem de operadores lineares canˆ onicos ,a equa¸ca˜o diferencial (11.1) ´e escrita simplesmente como L(y ) = h, (ou L y = h, ou mesmo Ly = h ), sendo - ´e claro -
·
def
L(y ) = an (x)Dn y + an−1 (x)D n−1 y +
· · · + a (x)Dy + a (x)y 1
0
ao (11.1) ´e linear porque o operador L ´e linear. Isto ´e Obs: Dizemos que a equa¸c˜
∀y1, y2 ∈ C
n
(I ),
L(y1 + y2 ) = L(y1 ) + L(y2 )
e
∀y ∈ C
n
(I ), c
L(cy) = c L(y)
∀ ∈ R
Alguns conceitos e nomenclaturas usuais:
• A ordem da equa¸ca˜o diferencial linear L(y) = h(x) ´e por defini¸ca˜o igual ao maior expoente n dos operadores Dk que ocorrem na equa¸ca˜o.
• A equa¸ca˜o ´e homogˆenea se o segundo membro h ´e a fun¸ca˜o θ, identicamente nula sobre o intervalo I
• A equa¸c˜ao ´e de coeficientes constantes se ∀ i, a ´e uma fun¸ca˜o constante, i
em cujo caso escrevemos
an D ny + an−1 Dn−1 y +
· · · + a Dy + a y = h(x) 1
0
Um operador diferencial linear de ordem n pode ser visto esquematicamente como um sistema L(y )
y
−→
L ≡ a n (x)D n + an−1 (x)Dn−1 + · · · + a 1 (x)D + a0 (x)Id
−→
Figura 11.8 Nessa representa¸ca˜o, uma solu¸c˜ ao da equa¸ca ˜o Ly = h ´e uma fun¸ca˜o do conjunto de entradas que ´e transformada por L na fun¸ca˜o h . 2 Mas o estudo das solu¸co˜es de uma equa¸ca˜o diferencial linear fica para a pr´oxima aula . 2 L ´ e
CEDERJ
138
um operador constante sobre o conjunto das entradas que s˜ ao solu¸co˜es
´ M ODULO 2 -
AULA 11
Equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
Exerc´ıcios Exerc´ ıcio 11.1
Consdiere I = R. Mostre que a fun¸ca˜o f (x) = ´e de classe
x2 , 0,
se x > 0 se x 0
≤
C 1.
Solu¸c˜ ao: Devemos mostrar que f ´e deriv´avel em todo o
em
R e
que sua derivada ´e cont´ınua
R.
Para mostrar q ue f (0) existe, precisamos calcular f + (0) e f (0) e mostrar que ambos s˜ ao iguais.Nos outros pontos n˜ ao h´a problemas. ′
′
′
−
Para mostrar que f ´e cont´ınua em 0, precisamos mostrar que ′
′
′
′
lim− f (x) = lim+ f (x) = f (0)
x→0
x→0
Exerc´ ıcio 11.2
Calcule as seguintes express˜oes: a) (D2 + D)ex c) [xD2 (sen x)D + 4](cos x)
b) (D 7)sen x d) (ex D x)(x3 sen x)
−
−
Obs: D − 7 ´e o operador D − 7Id ,
Respostas:
a) 2ex c) sen 2 x + (4
−
(ex D − x) ´e o operador (ex D − xId )
b) cos x 7sen x d) (3x2 ex x4 ) sen x + x3 ex cos x
−
− x) cos x
− −
Exerc´ ıcio 11.3
Escreva o operador D2 (xD 1) na forma canˆ onica an (x)Dn +an a0 (x)Id
−
1 (x)D
−
n−1
+
· · ·+a1(x)D+
Sugest˜ ao : Aplique o operador dado em uma fun¸ca ˜o y arbitr´ aria.
Resposta: D2 (xD
− 1) = xD3 + D2
Exerc´ ıcio 11.4
Calcule a soma L1 + L2 e o “produto” L1 o L2 de cada uma dos seguintes pares de operadores diferenciais lineares sobre R a) L1 = D 2 + D b) L 1 = e x D2 D + 4
L2 = D 7ex L2 = e x D2 + D
−
−
−
Respostas:
a) L1 + L2 = D 2 + 2D 7ex b) L 1 + L2 = (ex + e x )D2 + 4 −
−
L1 L2 = D 3 + (1 7ex ) L1 L2 = D 4 + (ex e x
− −
−
X
x
− 21e d − 14e − 2)D3 + (x + 4)e
−x
D2 + 4
139
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
Exerc´ıcio 11.5
Mostre que (aDm )(bDn ) = abD m+n sempre que a e b s˜ao constantes Sugest˜ ao : Escreva o operador aD m )(bDn ) na forma canˆ onica (aplicando-o a uma fun¸c˜ao
arbitr´aria y).
Exerc´ıcio 11.6
Calcule (xD)2 (sen x) e compare com x2 D2 (sen x). Respostas: (xD)2 (sen x) = x cos x
− x2 sen x;
x2 D2 (sen x) =
−x2 sen x
Conclus˜ ao Imp ortante: Se os coeficientes n˜ ao s˜ ao constantes n˜ ao podemos compor operadores lineares
em estrita analogia com a multiplica¸ca ˜o de polinˆ omios. Isto ´e (a(x)Dn ) o ( b(x)Dm ) = a (x)b(x) Dm+n
Exerc´ ıcio 11.7
Decomponha o operador D 2
− 3D + 2 em um produto de dois operadores de ordem um.
Solu¸c˜ ao: Quando os coeficientes de um operador s˜ao todos constantes, o exerc´ıcio 16.5
mostra que podemos tratar esse operador como se fosse um polinˆomio na “vari´avel” D. Associamos a D 2
− 3D + 2 o polinˆomio x2 − 3x + 2 A fatora¸c˜ao deste u ´ltimo ´e (x − 1)(x − 2) Por analogia, D 2 − 3D + 2 = (D − 1)(D − 2)
Vocˆe est´a convidado a verificar a igualdade de operadores, mostrando que a forma canˆonica de (D 1)(D 2) ´e D 2 3D + 2
−
−
−
Exerc´ ıcio 11.8
Decomponha os operadores D 4 1 e D 3 3D2 +4 como produtos de operadores de menor ordem, cada um dos quais n˜ao pode ser “fatorado” como produto de operadores de ordem ainda menor
−
−
ecnica do exerc´ıcio anterior (fatorando completamente os poRespostas: Aplicando a t´ linˆomios associados aos operadores): D4
− 1 = (D − 1)(D + 1)(D2 + 1);
D3
− 3D2 + 4 = (D + 1)(D − 2)2
Exerc´ ıcio 11.9
Determine os coeficientes e calcule a ordem da equa¸c˜ao diferencial linear (D + 1) 3 y = 0 no intervalo I = (0, 1) ao Respostas: A ordem ´e 3, e os coeficientes(segundo as “potˆencias decrescentes” de D s˜ a3 = 1, a2 = 3, a3 = 3, a4 = 1
CEDERJ
140
´ M ODULO 2 -
AULA 11
Equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
Exerc´ ıcio 11.10
Determine a ordem de cada uma das seguintes equa¸c˜oes diferenciais lineares nos intervalos indicados a) (x + x )y y = cos x em ( 1, 1); em (0, + b) xy 2y + (sen x) y = ln x em (1, + )
√ | −|
′′′
′′
′
−
′
−
∞
∞)
Respostas:
a) A equa¸c˜ao ´e de ordem trˆes em ( 1, 0), e de ordem um em (0,1)
−
b) A equa¸c˜ao ´e de ordem 2 em (1, + )
∞
Resumo
Nesta aula, com a ajuda do conceito de sistema entrada
→ sistema → sa´ıda,
introduzimos a id´eia de linearidade, associando-a a um princ´ıpio de superposi¸ca˜o. Tornamos o estudo mais preciso introduzindo os espa¸ cos vetoriais de fun¸co˜es n vezes continuamente diferenci´ aveis em um intervalo e estudando os operadores diferenciais lineares como transforma¸ co˜es definidas naqueles espa¸cos vetoriais. Esses s˜ ao os elementos necess´ a rios para o tratamento dos sistemas lineares, ou melhor de sistemas cujas representa¸ co˜es matem´aticas s˜ao equa¸co˜es diferenciais lineares. A aula terminou com a defini¸ca˜o de equa¸ca˜o diferencial linear de ordem n. Avalia¸ c˜ ao
Convidamos vocˆe a reler o que foi escrito logo ap´ os a nota hist´orica do come¸c o desta aula. Dissemos l´a que o nosso ideal era o de determinar as solu¸co˜es gerais de equa¸c˜oes diferenciais ordin´ arias. Infelizmente quase nunca d´a para cumprir este programa de obten¸ca˜o de solu¸co˜es gerais. Nem mesmo para equa¸co˜es de ordem um. H´a exemplos de equa¸co˜es para as quais n˜ao se consegue uma express˜ ao (envolvendo constantes arbitr´ arias) contendo todas as solu¸co˜es. Todavia na categoria das equa¸co˜es diferenciais lineares,e n˜ao s´o de primeira ordem, ´e poss´ıvel garantir a existˆencia de solu¸co˜es gerais. Melhor ainda, essas equa¸co˜es diferenciais lineares ocorrem em muitos modelos matem´ aticos, ou como partes de modelos matem´aticos, de diversos sistemas do mundo f´ısico. 141
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
Nesta aula, procuramos apresentar alguns dos elementos necess´ arios para compreender intuitivamente e definir rigorosamente as equa¸co˜es diferenciais lineares. Nas pr´oximas aulas vamos definir suas solu¸c˜oes e aprender m´etodos efetivos para calcul´ a-las em muitas situa¸c˜oes importantes.
CEDERJ
142
´ M ODULO 2 -
AULA 12
Solu¸coes ˜ de equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
Aula 12 – Solu¸c˜ oes de equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
Objetivos Ao terminar de estudar esta aula, vocˆe estar´a apto a 1) Conceituar solu¸ca˜o de uma equa¸ca˜o diferencial linear de ordem n qualquer 2) Definir fun¸co˜es linearmente dependentes e linearmente independentes sobre um intervalo 3) Definir e calcular o determinate wronskiano de n fun¸co˜es (n − 1)-vezes continuamente diferenci´ aveis em um intervalo I , utiliz´a-lo no estudo de solu¸co˜es de equa¸co˜es diferenciais lineares em I . 4) Caracterizar o conjunto de solu¸ co˜es de uma equa¸ca˜o diferencial linear de ordem n, homogˆenea, como subespa¸co vetorial de dimens˜ ao n,do espa¸co C n (I ) Solu¸ c˜ oes de equa¸c˜ oes lineares de ordem n
Defini¸c˜ao 12.1
Dizemos que uma fun¸ca˜o ϕ ´e uma solu¸ca˜o de Ly = h(x) se ϕ ∈ C n (I ) e ∀ x ∈ I , L(ϕ(x)) = an (t)Dn ϕ(x) + an−1 (t)Dn−1 ϕ(x) + · · · + a1 (t)Dϕ(x) + a0 (t)ϕ(x) = h(x)
Exemplo 12.1
- A fun¸ca˜o ϕ(x) = e2x ´e solu¸ca˜o da equa¸ca˜o diferencial linear de primeira ordem y ′ − 2y = 0 em I = R, pois ´e de classe C ∞ (R) e ∀ x ∈ R, ′ (e2x ) − 2e2x = 0. 143
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Solu¸coes ˜ de equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
2 sen x ´e solu¸c˜ao da equa¸ca˜o linear de segunda ordem πx 4x2 y ′′ + 4xy ′ + (4x2 − 1) y = 0 no intervalo (0, +∞) - A fun¸ca˜o y =
Atividade 12.1 Verifique se fun¸ca˜o f (x) = sen 3 x ´e solu¸c˜ao da equa¸ca˜o [D2 + (tg x)D − 6 cotg 2x] y = 0 π π no intervalo − , . 2 2
Resposta: Coment´ ario: Usando a visualiza¸ca˜o de equa¸c˜oes diferenciais lineares como sistemas que produzem respostas a entradas que lhes s˜ ao fornecidas, y
−→
L ≡ a n (x)D n + an−1 (x)Dn−1 + · · · + a1 (x)D + a0 (x)Id
L(y )
−→
Figura 12.1
temos o seguinte: dada uma fun¸ca˜o h(x) em C 0 (I ), resolver a equa¸ca˜o linear L · y = h(x) ´e calcular as entradas y que s˜ao levadas, por L, exatamente sobre a fun¸ca˜o h. Ent˜ao o conjunto das solu¸co˜es ´e um subconjunto do conjunto de entra´ o conjunto imagem inversa de h, por L: das. E L−1 {h} ⊂ C n (I ) Naturalmente o problema de determinar todas as solu¸ c˜o es de uma equa¸ca˜o diferencial linear ´e o problema de descrever L−1 {h(x)}. O Teorema de Existˆ encia e Unicidade de Solu¸c˜ oes Para caracterizar o conjunto de todas as solu¸ co˜es de uma equa¸ca˜o diferencial linear, utilizaremos uma vers˜ ao de um resultado fundamental, demonstrado pela primeira vez por Cauchy,( n˜ao somente para equa¸ c˜oes diferenciais lineares, mas para equa¸co˜es n˜ao lineares satisfazendo certas condi¸co˜es, as quais s˜ao sempre verificadas pelas equa¸co˜es lineares) CEDERJ
144
´ M ODULO 2 -
AULA 12
Solu¸coes ˜ de equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
Trata-se do famoso Teorema de Existˆencia e Unicidade de Solu¸ c˜oes de problemas de valor inicial, o qual exige - por raz˜ oes t´ecnicas - que as equa¸co˜es sejam normais no sentido da seguinte defini¸ca˜o. Defini¸c˜ao 12.2
Uma equa¸ca˜o diferencial linear dn y dn−1y dy an (x) n + an−1(x) n−1 + · · · + a1 (x) + a0 (x)y = h(x) dx dx dx ´e normal no intervalo I se
=0 ∀ x ∈ I, an (x)
Um Problema de Valor Inicial (PVI) envolvendo uma equa¸c˜ao diferencial linear de ordem n, normal, Ly = h(x), definida num intervalo I , consiste em calcular uma solu¸ca˜o ϕ(x) da equa¸ca˜o, definida em todo o intervalo e tal que ϕ(x0 ) = y 0 , · · · , ϕ(n−1) (x0 ) = y n−1, onde x0 ∈ I ´e um ponto qualquer (escolhido e fixado), e y0, · · · , yn−1 s˜ao n n´umeros reais escolhidos arbitrariamente. Para resolver um problema de valor inicial, devemos n˜ ao somente achar uma solu¸ca˜o de Ly = h(x), como tamb´em achar a solu¸ca˜o tal que seu valor e de suas derivadas sucessivas at´e a de ordem n − 1 em um ponto escolhido arbitrariamente no intervalo I sejam n´ umeros escolhidos (tamb´em de maneira completamente livre). ´ muito comum representar um problema de valor inicial da seNota¸ c˜ ao: E guinte maneira concisa
L·y y(x0) y ′ (x0 ) .. .
= h(x) = y 0 = y 1 ...
y (n−1)(x0 ) = y n−1
Onde L, como sempre, designa o operador linear dn dn−1 d L ≡ an (x) n + an−1 (x) n−1 + · · · + a1(x) + a0 (x) = dx dx dx = a n (x)Dn + an−1(x)D n−1 + · · · + a1 (x)D + a0 (x), 145
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Solu¸coes ˜ de equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
s´o que agora suposto ser normal (n˜ ao esque¸ca) Um resultado que parece improv´ avel, mas que, ao contr´ario, pode ser rigorosamente provado, ´e que todo problema de valor inicial envolvendo equa¸co˜es lineares normais num intervalo possui uma solu¸ca˜o; e essa solu¸ca˜o ´e u ´nica. Mais precisamente
Teorema 12.1
(Existˆ encia e Unicidade de Solu¸c˜ oes de Equa¸c˜ oes Lineares) Seja L · y = h(x) uma equa¸c˜ao diferencial linear de ordem n, normal , definida num intervalo I , e seja x 0 um ponto qualquer de I . Ent˜ao, para y 0, y1 , · · · , yn−1 n´umeros reais escolhidos arbitrariamente, existe uma, e somente uma, solu¸ca˜o ϕ(x) da equa¸ca˜o acima, com a propriedade de que ϕ(x0) = y 0, ϕ′ (x0 ) = y 1, · · · , ϕ(n−1) (x0 ) = y n−1 .
Coment´ ario: A demonstra¸ca˜o do Teorema de Existˆencia e Unicidade (T.E.U) est´a al´em dos m´etodos que temos ao nosso dispor. Algumas atividades e exemplos nos ajudar˜ao a compreender melhor o Teorema de Existˆencia e Unicidade (T.E.U.) Atividade 12.2 As fun¸c˜oes ϕ1(x) = −2 e ϕ2(x) = x − 2 ambas s˜ao solu¸co˜es da equa¸c˜ao diferencial linear de primeira ordem xy ′ − y = 2, a qual ´e normal no intervalo (0, +∞). Mas seus gr´ aficos n˜ ao podem ter nenhum ponto em comum no intervalo (0, +∞). Caso existisse um ponto x0 de (0, +∞) com ϕ1 (x0 ) = ϕ 2 (x0 ) = y 0 , ent˜ao ter´ıamos duas solu¸co˜s diferentes para o PVI
CEDERJ
146
xy ′ − y = 2 y(x0 ) = y 0
o que ´e proibido pelo T.E.U..
´ M ODULO 2 -
AULA 12
Solu¸coes ˜ de equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
Desenhe, no espa¸co ao lado, os gr´aficos das fun¸co˜es ϕ1 (x) e ϕ2 (x) do exemplo (12.2). Observe que esses gr´ aficos n˜a o se cortam em nenhum ponto do intervalo aberto onde a equa¸c˜ao ´e normal. Coment´ ario: Uma constata¸ca˜o trivial, mas importante, que podemos fazer a partir do teorema de existˆencia e unicidade ´e que o conjunto-solu¸ c˜ao de uma equa¸ca˜o diferencial linear normal n˜ ao ´e vazio. Isso pode at´e parecer um detalhe de menor importˆ ancia, mas - ao contr´ario - nos d´a uma enorme garantia de que, quando estivermos tentando resolver uma equa¸ca˜o linear, n˜ao estaremos trabalhando em v˜ ao. Exemplo 12.2
As fun¸co˜es f (x) = sen x e g(x) = cos x n˜ao podem ser solu¸co˜es de uma mesma equa¸ca˜o diferencial linear de primeira ordem no intervalo (0, π), pois seus gr´aficos se cortam num ponto deste intervalo, e isso ´e proibido pelo Teorema de existˆencia e Unicidade. Atividade 12.3 Assinale V para as afirmativas que vocˆe considera corretas e F para as retas: - 1) As fun¸c˜oes seno e cosseno podem ser solu¸ co˜es de equa¸co˜es de primeira ordem no intervalo (0, π) ( - 2) As fun¸c˜oes seno e cosseno podem ser solu¸ co˜es de um mesmo PVI envolvendo uma equa¸ca˜o linear de segunda ordem no intervalo (0, π) ( - 3) As fun¸c˜oes f (x) = x 2 e g(x) = −x2 n˜ao podem ser solu¸co˜es de um mesmo PVI envolvendo uma equa¸ca˜o linear de segunda ordem no intervalo (−π, π) (
incor-
)
)
)
Equa¸ co ˜es Diferenciais Lineares Homogˆ eneas ´ Come¸caremos agora a tirar partido da Algebra Linear que estudamos anteriormente. Sabemos por exemplo que o n´ ucleo de um operador linear ´e sempre um subespa¸co do espa¸co dom´ınio. Portanto · · · 147
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Solu¸coes ˜ de equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
· · · quando h = 0, a fun¸ca˜o constante nula, e a equa¸c˜ao ´e normal, o conjunto de solu¸co˜es, L−1{0}, ´e um subespa¸co vetorial de C n (I )3. ´ por a´ı que vamos iniciar o trabalho de obten¸ E c˜a o de solu¸co˜ es de equa¸co˜es lineares normais. Em determinado momento, o resultado fundamental, Teorema de Existˆencia e Unicidade de solu¸co˜es, de Cauchy, intervir´a de modo decisivo. As no¸ c˜ oes de dependˆ encia/ independˆ encia lineares de solu¸co ˜es de equa¸ co ˜es diferenciais lineares homogˆ eneas Nossa meta, at´e o final da aula 13, ´e mostrar que o conjunto de solu¸ co˜es de uma equa¸ca˜o diferencial linear homogˆenea normal de ordem n ´e subespa¸co vetorial de dimens˜ao n de C n (I ). O que significa isso? Significa que o conjunto L−1 {0} possui bases com n elementos - digamos ϕ1 , ϕ2, · · · , ϕn - de tal modo que todo elemento de L−1 {0}, isto ´e toda solu¸ca˜o da equa¸ca˜o homogˆenea, se escreve como combina¸ c˜ao linear y(x) = c 1ϕ1(x) + c2ϕ2 (x) + · · · + cn ϕn (x).
(12.1)
Ora, a equa¸ca˜o (12.1) nada mais ´e do que a solu¸ c˜ao geral da equa¸ca˜o homogˆenea normal, no sentido pleno da express˜ ao; isto ´e, (12.1) ´e uma f´ormula contendo todas as solu¸co˜es poss´ıveis da equa¸ca˜o diferencial linear homogˆenea normal. O interessante ´e que para provar isso, vamos apelar para o Teorema de Existˆencia e Unicidade de Solu¸ co˜es, que ´e um teorema que garante a existˆencia de solu¸co˜es particulares. ´ isso que chamamos antes de “virada de mesa” de Cauchy. E Para chegar l´ a , vamos por partes. Quando se fala em base, est´ a-se falando de vetores linearmente independentes. Conv´em formular a no¸ c˜ao de ´ o que passamos a fazer. independˆencia linear para fun¸co˜es. E Dig ress˜ ao geom´ etrica
Para fixar id´eias, considere inicialmente o espa¸co vetorial V = R2 cujos elementos podem ser representados graficamente por setas (segmentos orientados) Se dois vetores v 1 e v 2 s˜ ao paralelos, ent˜ ao existe uma reta passando pela origem sobre a qual podemos considerar c´ opias dos vetores, obtidas por transla¸ ca ˜o paralela 3
Adotaremos a pr´atica comum de denotar a fun¸c˜ao constante nula simplesmente pelo s´ımbolo 0, e o subespa¸co trivial contendo somente a fun¸ca˜o nula por { 0}
CEDERJ
148
´ M ODULO 2 -
AULA 12
Solu¸coes ˜ de equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
Obs: Continuamos a denotar os vetores transladados por v 1 e v 2 . Em seguida, fazemos novas transla¸co ˜es, de modo que os dois segmentos que representam os vetores, tenham suas origens no ponto (0, 0). Finalmente, multiplicando esses vetores ( que continuamos sempre chamando de v 1 e v 2 )por constantes convenientes c 1 e c 2 n˜ao nulas podemos tornar os seus comprimentos iguais e, se j´ a n˜ ao for o caso, trocar o sentido de um deles para que tenham sentidos opostos. Toda essa gin´ astica mostra que ´e poss´ıvel caracterizar por meio de uma equa¸ ca ˜o o fato de dois vetores serem paralelos, ou poderem ser deslocados paralelamente, de modo a pertencer a uma mesma reta, i.´ e, serem dependentes de uma mesma reta. Que reta pode ser essa? Certamente uma reta paralela aos vetores v 1 e v 2 .
O vetor nulo ´ e sempre um ponto de qualquer reta passando pela origem, seja qual for a dire¸ca ˜o da reta.
O problema ´e que existe um n´ umero infinito de retas paralelas a v 1 e v 2 .Para determinar de maneira u ´ nica uma reta paralela a v 1 e v 2 , escolhemos a que passa pela origem. Dado um vetor n˜ a o nulo qualquer, existe uma e uma ´ unica reta paralela a esse vetor passando pela origem. Usando a reta passando pela origem podemos traduzir algebricamente o fato de v 1 e v 2 serem paralelos. Tomando as suas c´ opias sobre aquela reta, multiplicamos cada vetor por um coeficiente de ajuste de modo que sua soma venha a ser exatamente o vetor nulo. c1 v1 + c 2 v2 = 0
(12.2)
Observa¸ co ˜es:
- Vocˆ e deve se convencer de que, para que a equa¸ca ˜o alg´ ebrica (12.2) traduza o fato de v 1 e v 2 serem paralelos, n˜ ao podemos ter c1 e c2 simultaneamente nulos. Se c1 e c2 pudessem ser ambos nulos ent˜ao quaisquer vetores (paralelos ou n˜ ao) satisfariam uma equa¸ca ˜o da forma acima. - Portanto a equa¸ca ˜o (12.2) n˜ ao serviria para caracterizar paralelismo. - Dados dois vetores v 1 e v 2 de um espa¸co vetorial qualquer, uma express˜ ao da forma c1 v1 + c 2 v2 ao linear dos vetores v 1 e v 2 . Os n´ ´e chamada de combina¸c˜ umeros c 1 , c2 s˜ao os coeficientes da combina¸c˜ ao linear.
- Podemos considerar a condi¸ca ˜o expressa pela equa¸ca ˜o (12.2) como uma esp´ ecie de tradu¸ca ˜o, sem figuras, do fato de os vetores serem paralelos (dependerem de uma mesma reta). Assim, Os vetores v 1 e v 2 dependem de uma mesma reta se existir uma combina¸c˜ ao linear nula deles, onde nem todos os coeficientes s˜ ao nulos.
Vocˆe deve observar que ´e impor tante que os coeficientes c1 e c 2 n˜ ao sejam simultaneamente nulos. Se n˜ ao fizermos esta exigˆencia, quaisquer dois vetores w 1 e w 2 , paralelos ou n˜ ao, podem ser multiplicados pela constante c = 0, i.´e, fazemos c1 = c2 = 0 na combina¸ca ˜o linear da equa¸ca ˜o (12.2) e ent˜ ao c1 w 1 + c2 w 2 = 0 Tente imaginar como seria mostrar, por meio de um diagrama, fazendo transla¸co ˜es e multiplica¸co ˜es por constantes,que duas matrizes, ou duas fun¸co ˜es, s˜ ao dois vetores paralelos, ou linearmente dependentes. Inimagin´ avel, n˜ ao ´e? - Dois vetores s˜ao linearmente independentes se n˜a o s˜ ao paralelos, i.´ e, se n˜ ao podem ser transladados e ajustados convenientemente de modo a que somem o vetor nulo. Em termos puramente alg´ebricos v 1 e v 2 v1 + c 2 v2 = 0 ´ s˜ ao linearmente independentes se a ´unica maneira de termos c1 e quando c1 = c 2 = 0. Ou ainda; v 1 e v 2 s˜ ao linearmente independentes se a ´unica combina¸ca ˜o linear nula de v 1 e v 2 ´e a que tem todos os coeficientes iguais a zero. - As caracteriza¸co ˜es alg´ebricas de dependˆencia e independˆencia lineares se estendem de modo imediato a um n´ umero finito de vetores de qualquer natureza. Vamos nos apoiar nesta constru¸ c˜ a o que n˜ ao envolve n I apelo a figuras para determinar se um conjunto de fun¸co ˜es de C ( ) ´e formado por fun¸co ˜es linearmente dependentes ou n˜ao.
149
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Solu¸coes ˜ de equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
Defini¸c˜ao 12.3
- Um conjunto ϕ1 , ϕ2 , · · · , ϕk de fun¸co˜es pertencentes ao C ( I ) ´e linearmente dependente se existem constantes c1 , · · · , ck n˜a o simultˆ aneamente nulas, tais que c1ϕ1 (x) + c2 ϕ2(x) + · · · + ck ϕk (x) = 0
∀ x ∈ I
- ϕ 1 , ϕ2 , · · · , ϕk ´e um conjunto linearmente independente se c1 ϕ1 (x)+c2 ϕ2(x)+· · ·+ck ϕk (x) = 0 ∀ x ∈ I =⇒ c1 = c 2 = · · · = ck = 0 P Anote a´ı: Na combina¸ca˜o linear c1 ϕ1 (x) + c2 ϕ2 (x) + · · · + ck ϕk (x) usada para decidir a dependˆencia ou independˆencia linear de um conjunto de fun¸ c˜oes, n˜ao podemos ficar trocando os valores das constantes de acordo com a vari´ avel x. Examine o exemplo a seguir: Exemplo 12.3
Consideremos as fun¸co˜es sen x e cos x do espa¸co C ∞ (R). Queremos saber se elas s˜ao linearmente dependentes ou linearmente independentes (ou nenhuma das duas coisas). Formamos a express˜ ao c1 cos x + c2 sen x = 0
(12.3)
e investigamos se as constantes tˆem de ser ambas nulas , ou se existem constantes n˜ ao simultaneamente nulas que tornam esta rela¸ca˜o verdadeira para todos os valores de x ∈ R. Vejamos Se escolhermos x = 0 na equa¸ca˜o (12.3) ficamos com a igualdade c1 cos 0 + c2 sen 0 = 0 de onde conclu´ımos que c1 = 0 Ent˜ao devemos ter c1 = 0 sempre. Pois 0 ´e o u´nico valor que torna a equa¸ca˜o (12.3) verdadeira para x = 0. E a rela¸ca˜o tem de ser verdadeira para todos os valores de x, em particular para x = 0 Escolhendo agora x = π/2 na equa¸ca˜o (12.3) obtemos c1 cos π/2 + c2 sen π/2 = 0 de onde conclu´ımos que c2 = 0 De acordo com o mesmo racioc´ınio, devemos ter c2 sempre. CEDERJ
150
´ M ODULO 2 -
AULA 12
Solu¸coes ˜ de equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
Assim c1 cos x + c2 sen x = 0 ∀ x ∈ R =⇒ c1 = c 2 = 0 Portanto sen x e cos x s˜a o fun¸co˜es linearmente independentes em C ∞ (R). Vejamos mais um exemplo Exemplo 12.4
Sejam as fun¸c˜oes e x , e−x e cosh x no mesmo espa¸co C ∞(R) Formemos a combina¸c˜ao linear nula c1 ex + c2 e−x + c3 cosh x = 0 ex + e−x Como, por defini¸ca˜o cosh x = , ent˜ ao 2 ex + e−x c1 ex + c2 e−x + c3 cosh x = 0 ⇔ c1 ex + c2 e−x + c3 =0 2 c3 c3 ⇔ c1 ex + c2 e−x + e x + e −x = 0 2 2 c 3 x c3 −x c1 + e + c2 + e =0 ⇔ 2 2
Observe agora que n˜ao precisamos ter todos os coeficientes iguais a zero. c3 Acontece que c 1 = c 2 = − . Ent˜ ao podemos escolher qualquer valor para c 3 , por 2 1 exemplo c 3 = 1 e tomarmos c 1 = c 2 = − . Existe a combina¸c˜ao linear nula 2 1 1 (− )ex + (− )e−x + 1 cosh x = 0 2 2 onde nem todos os coeficientes s˜ao nulos. Portanto o conjunto { ex , e−x , cosh x} ´e linearmente dependente em C ∞(R).
Fun¸ c˜ oes Linearmente Independentes - continua¸c˜ ao Teorema 12.2
Sejam y1 (x), y2 (x), · · · , yn (x) fun¸c˜oes (n − 1)-vezes continuamente deriv´aveis no intervalo aberto I . Suponha que existe um ponto x 0 ∈ I tal que os vetores
y1 (x0 ) y1′ (x0 ) .. . (n−1) y1 (x0 )
,
y2 (x0 ) y2′ (x0 ) .. . (n−1) y2 (x0 )
, · · · · · · ,
yn (x0 ) yn′ (x0 ) .. . (n−1) yn (x0 )
sejam linearmente independentes em Rn . Ent˜ao as fun¸c˜oes y 1 (x), y2 (x), · · · , yn (x) s˜ ao linearmente independentes no espa¸co C n−1 (I )
151
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Solu¸coes ˜ de equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
Demonstra¸ c˜ ao:
Formemos a combina¸c˜ ao linear nula c1 y1 (x) + c 2 y2 (x) + · · · + c n yn (x) = 0
(12.4)
Precisamos mostrar que c 1 = c 2 = c 3 = · · · = c n = 0. Derivando (n − 1)-vezes a equa¸ca ˜o (12.4), obtemos o sistema
8 > > > < > > > :
c1 y1 (x) + c 2 y2 (x) + · · · + c n yn (x) = 0 ′ c1 y1′ (x) + c 2 y2′ (x) + · · · + c n yn (x) = 0
.. . (n−1)
c1 y1
(n−1)
(x) + c2 y2
(n−1)
(x) + · · · + cn yn
(x) = 0
Agora substitu´ımos x por x0 e reescrevemos o sistema na forma de uma equa¸ca ˜o vetorial:
c1
0 BB BB B@
y1 (x0 ) y1′ (x0 )
.. . (n−1)
y1
(x0 )
1 0 CC BB CC + c2 BB CA B@
y2 (x0 ) y2′ (x0 )
.. . (n−1)
y2
(x0 )
1 CC CC + · · · · · · + c CA
n
0 BB BB B@
yn (x0 ) ′ yn (x0 )
.. . (n−1)
yn
(x0 )
1 0 CC BB CC = BB CA @
Como os vetores desta combina¸ca ˜o linear s˜ ao, por hip´ otese, linearmente independentes em
0 0 . .. 0
1 CC CC A
n R
ent˜ ao
c1 = c 2 = c 3 = · · · = c n = 0.
Ou seja, se temos uma combina¸ca ˜o linear nula em C n (I ) como na equa¸ca ˜o 15.7, ent˜ a o todos os coeficientes s˜ao nulos.
C
n−1
Isso significa que as fun¸co ˜es y1 (x), y2 (x), · · · , yn (x) s˜ ao linearmente independentes no espa¸co (I )
O teorema (12.2) transforma o problema de verificar se um conjunto de fun¸co˜es ´e linearmente independente no problema de verificar se um conjunto de n vetores em Rn ´e linearmente independente. E para saber se um con junto de vetores em Rn ´e linearmente independente basta efetuar uma conta: calcular o determinante da matriz cujas colunas s˜ ao os vetores. Assim, nas condi¸co˜es do teorema (12.2), se o determinante
det
y1 (x0) y1′ (x0) .. . (n−1)
y1
y2(x0) y2′ (x0) ... (n−1)
(x0 ) y2
··· ···
yn (x0 ) yn′ (x0 ) ... (n−1)
(x0) · · · yn
(x0 )
for diferente de zero em algum ponto x0 ∈ I ent˜ao as fun¸co˜es y1(x), · · · · · · , yn(x) s˜ao linearmente independentes em C n (I ). Para referˆencia e uso futuro registramos a seguinte defini¸ ca˜o: CEDERJ
152
´ M ODULO 2 -
AULA 12
Solu¸coes ˜ de equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
Defini¸c˜ao 12.4
Sejam y1 (x), y2 (x), · · · , yn (x) fun¸co˜ es (n − 1)-vezes continuamente deriv´aveis no intervalo aberto I . O determinante
W [y1 (x0 ), · · · · · · , yn (x0 )] = det
y1 (x0 ) y2 (x0 ) ··· y1′ (x0 ) y2′ (x0 ) ··· .. .. . . (n−1) (n−1) y1 (x0 ) y2 (x0 ) · · ·
yn (x0 ) yn′ (x0 ) .. . (n−1) yn (x0 )
´e chamado de determinante Wronskiano das fun¸co˜es yi (x), 1 ≤ i ≤ n, no ponto x0 Atividade 12.4 Diga se a frase abaixo ´e verdadeira ou falsa: “As fun¸co˜es y1 (x) = sen x, y2 (x) = ex , y3 (x) = tg x s˜ao linearmente independentes no intervalo (−1/2, 1/2), pois seu determinante wronskiano em x0 = 0 ´e diferente de zero.” Resposta:
Explorando o determinante wronskiano Abordaremos a quest˜ ao da obten¸ca˜o de solu¸ co˜es de equa¸co˜es lineares a partir da pr´ oxima aula. Agora vamos estudar um resultado relativo ao determinante wronskiano,que vai nos facilitar a tarefa de decidir se um conjunto de solu¸ c˜o es de uma equa¸ca˜o ´e linearmente dependente ou independente.
Exemplo 12.5
Mostre que as fun¸co˜es f 1 (x) = xe x e f 2 (x) = |x|ex s˜ao linearmente independentes sobre (−∞, 0), mas W [f 1(x), f 2 (x)] = 0 153
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Solu¸coes ˜ de equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
Solu¸c˜ ao: Por uma lado a combina¸ca˜o linear nula c1 xex + c2 (|x|ex) = 0 nos d´a como u ´nica possibilidade c1 = c 2 = 0 (Fazendo x = −1 obtemos a equa¸ca˜o −c1 /e + c2 /e = 0. Fazendo x = 1 obtemos c1 e + c2 e = 0. O u ´ nico jeito de termos a equa¸ca˜o verificada tanto para x = 1 quanto para x = −1 ´e c1 = = c 2 = 0. Ent˜ao devemos ter c1 = c 2 = 0 para todos os valores de x Portanto f 1 e f 2 s˜ao linearmente independentes
|x|ex
xex
Por outro lado, um c´ alculo simples nos fornece W [xex , |x|ex ] = det
x
x
xe −xe ex + xex −ex − xex
= −x2 ex − xe2x + xe2x + x2ex = 0
=
Aten¸c˜ ao!!! N˜ao h´a nada de errado com o exemplo anterior. Revendo com cuidado o in´ıcio desta aula, vocˆe vai perceber que o que n´ os fizemos foi mostrar que se o wronskiano era diferente de zero (bastava em um ponto) ent˜ao as fun¸co˜es eram linearmente independentes. O exemplo acima mostra que a rec´ıproca n˜ ao vale, em geral. Atividade 12.5 Verifique que as fun¸co˜es x 3 e |x|3 s˜ao linearmente independentes em C +∞(R) e no entanto seu determinante wronskiano ´e identicamente nulo. Sugest˜ ao: Calcule separadamente W [x3 , |x|3 ] para valores de x ≥ 0 e valores de x < 0
Mas o resultado rec´ıproco n˜ ao est´ a totalmente perdido: se f 1 , f 2 , · · · , f n forem solu¸co˜es de uma mesma equa¸c˜ ao diferencial linear homogˆenea normal de ordem n, ent˜ao 4 f 1 , · · · , f n s˜ao l.i. =⇒ W [f 1 (x), · · · , f n (x)] =0 4
CEDERJ
154
E esta ´e a situa¸c˜ao que nos interessa, afinal
´ M ODULO 2 -
AULA 12
Solu¸coes ˜ de equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
Vocˆe est´ a convidado a demonstrar esta rec´ıproca junto conosco. Vamos l´a? Vamos demonstrar apenas o caso n = 2. A situa¸ca˜o geral ´e an´aloga. Queremos mostrar que se y1 e y 2 s˜ao fun¸co˜es linearmente independentes em um intervalo I e ambas s˜ao solu¸co˜es de uma equa¸ca˜o diferencial linear de d2 y dy segunda ordem normal a 2 (x) 2 + a1(x) + a0 (x)y = 0 ent˜ ao dx dx W [y1(x), y2(x)] = 0. Obs: Provar o resultado acima ´e a mesma coisa que provar que se y1 e y2 s˜ ao solu¸c˜ oes de uma equa¸c˜ ao diferencial linear de segunda ordem normal d2 y dy a2(x) 2 + a1 (x) + a0 (x)y = 0 e W [y1(x), y2 (x)] = 0 dx dx ent˜ ao y1 e y2 s˜ ao linearmente dependentes. ´ este segundo enunciado que vamos provar E Atividade 12.6
Complete as hip´oteses: a) Hip´ otese 1: y1 e y 2 s˜ao solu¸c˜oes da equa¸c˜ao b) Hip´ otese 2: o determinante
´e nulo no intervalo I
Escolha um ponto x0 qualquer de I e forme o sistema de equa¸c˜oes
c1 y1 (x0 ) + c2 y2 (x0 ) = 0 c1 y1′ (x0 ) + c2 y2′ (x0 ) = 0
As inc´ognitas do sistema (12.5) s˜ ao
(12.5)
e
O determinante principal do sistema(12.5) ´e precisamente Usando a hip´ o tese
podemos garantir que o sistema ´e indeterminado.
Logo c 1 = 0, c2 = 0 n˜ao ´e a u ´ nica solu¸c˜ao. Seja (c1 , c2 ) uma solu¸c˜ao diferente de (0, 0) Assinale a alternativa correta: A fun¸c˜ao y(x) = c 1 y1(x) + c2 y2 (x) ´e (
) / n˜ ao ´e (
(12.6)
) uma solu¸ca˜o da equa¸ca˜o diferencial a2 (x)
d2 y dy + a1 (x) + a0 (x)y = 0 2 dx dx 155
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Solu¸coes ˜ de equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
Al´em disso a fun¸ca˜o (12.6) satisfaz `as condi¸c˜oes y(x0 ) = 0
e
y ′ (x0 ) = 0.
Mas a fun¸ca˜o nula tamb´em ´e uma solu¸ca˜o da mesma equa¸c˜ao e satisfaz `as mesmas condi¸co˜es iniciais. Ent˜ao o Teorema de mas de valor inicial obriga que as fun¸c˜oes todos os pontos do intervalo I .
de solu¸c˜oes de problesejam iguais em
e
Podemos ent˜ao escrever a igualdade c1 y1 (x) + c2 y2 (x) = 0
para todo x ∈ I
Observando que pelo menos um dos coeficientes c1 , c2 ´e diferente de zero, temos uma combina¸ca˜o linear nula das fun¸c˜oes y 1 , y2 onde nem todos os coeficientes s˜ao iguais a zero. Isso quer dizer que as fun¸c˜oes conclui a demonstra¸c˜ao.
s˜ao
em I , o que
Provamos que se valem as hip´oteses (a) e (b) ent˜ao y 1 e y2 s˜ao linearmente dependentes.
Repetindo para n˜ ao esquecer:
• Se W [y1 (x0 ), y2 (x0 )] = 0 em algum ponto x0 ∈ I ent˜ao y1 (x) e y2 (x) s˜ao linearmente independentes sempre • Podemos ter y1 (x) e y2 (x) linearmente independentes e W [y1 (x), y2 (x)] = 0 em todos os pontos de I . Mas neste caso y1 (x) e y2 (x) n˜ao podem ser solu¸co˜es de uma mesma equa¸ca˜o linear homogˆenea normal de segunda ordem • Se y1 (x) e y2 (x) s˜ao solu¸co˜es de uma equa¸ca˜o diferencial linear homogˆenea normal de segunda ordem ent˜ao y1 e y2 s˜ao linearmente independentes ⇐⇒ W [y1 (x0 ), y2 (x0 )] =0 em algum x 0 ∈ I .
Coment´ ario: Agora fica mais cˆomodo testar se um conjuntos de solu¸ c˜oes de uma mesma equa¸ca˜o ´e linearmente independente ou n˜ ao. Basta calcular o seu determinante wronskiano e checar se ele ´e diferente de zero em algum ponto. Exemplo 12.6
a) ϕ 1 (x) = sen x, ϕ2 (x) = cos x e ϕ 3 (x) = e x s˜ao solu¸c˜oes da equa¸c˜ao (D3 − D2 + D − 1)y = 0, no intervalo I = (−π/2, π/2)
CEDERJ
156
´ M ODULO 2 -
AULA 12
Solu¸coes ˜ de equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
b) Calcule W [ϕ1 (0), ϕ2 (0), ϕ3 (0)] c) Determine a solu¸c˜ao geral de y ′′′ − y ′′ + y ′ − y = 0 Solu¸ c˜ ao:
a)Verifiquemos apenas para a fun¸c˜ao seno. As demais verifica¸co˜es s˜ao semelhantes. Temos ϕ1 (x) = sen x, ϕ′1 (x) = cos x, ϕ′′1 (x) = −sen x, ϕ′′′ 1 (x) = −cos x Substituindo na equa¸ c˜ao: (−cos x) − (−sen x) + (cos x) − (sen x) = 0
para todo x ∈ (−π/2, π/2)
Portanto ϕ 1 (x) = sen x ´e solu¸ca˜o da equa¸c˜ao.// b)
W [ϕ1 (0), ϕ2 (0), ϕ3 (0)] = det
= det
0 1 1 0 0 −1
1 1 1
sen x cos x −sen x
cos x ex −sen x ex −cos x ex
= x=0
= −2
c)Como W [ϕ1 (0), ϕ2 (0), ϕ3 (0)] = 0, o conjunto {sen x, cos x, ex } constitui uma base para o espa¸co das solu¸c˜oes de y ′′′ − y ′′ + y ′ − y = 0. A solu¸c˜ao geral ´e y(x) = c1 sen x + c2 cos x + c3 sen x, onde c1 , c2 e c3 s˜ao constantes arbitr´arias. Atividade 12.7
( A f´ ormula de Abel e Ostrogradskii para o Wronskiano ) Considere a equa¸c˜ao diferencial linear de segunda ordem, homogˆenea, normal em um intervalo I : a2 (x)y ′′ + a1 (x)y ′ + a0 (x)y = 0
(12.7)
Podemos dividir todos os coeficientes por a 2 (x) obtendo uma equa¸c˜ao da forma y ′′ + p(x)y ′ + q (x)y = 0
(12.8)
onde p(x) = a 1 (x)/a2 (x) e q (x) = a 0 (x)/a2 (x). Sejam y 1 (x) e y 2 (x) duas solu¸c˜oes da equa¸c˜ao (15.15). a) Mostre que d W [y1 (x), y2 (x)] = y 1 y2′′ − y2 y1′′ dx b) Como y 1 e y 2 s˜ao solu¸co˜es da equa¸c˜ao (15.15), temos
(12.9)
y1′′ + p(x)y1′ + q (x)y1 = 0 e y2′′ + p(x)y2′ + q (x)y2 = 0
157
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Solu¸coes ˜ de equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
Agora, tirando os valores de y1′′ e y2′′ respectivamente nestas duas u ´ ltimas equa¸co˜ es, e substituindo na f´ ormula (15.16), mostre que d W [y1(x), y2 (x)] = − p(x)y1 y2′ + p(x)y2 y1′ = − p(x)(y1 y2′ − y2 y1′ ) dx c) A u ´ ltima rela¸ca˜o nos mostra que W [y1 (x), y2 (x)] ´e solu¸c˜ao da equa¸c˜ao diferencial de primeira ordem, homogˆenea z ′ + p(x)z = 0. Escreva a express˜ao geral da solu¸c˜ao desta linear homogˆenea de primeira ordem e obtenha a f´ ormula de Abel/Ostrogradskii para o wronskiano de duas solu¸c˜oes da equa¸c˜ao (15.15): W [y1 (x), y2 (x)] = C e−
R
p (x) dx
= C e−
R
[a1 (x)/a2 (x)] dx
Esta u ´ ltima express˜ao ´e conhecida como f´ormula de Abel para o Wronskiano de duas solu¸co˜es da equa¸ca˜o (12.7) (ou equa¸c˜ao (15.15), ´e claro). Exemplo 12.7
Calcule uma express˜ao para o wronskiano de um par de solu¸co˜es da equa¸ca˜o x 2 y ′′ + xy ′ + (x2 + 1)y = 0 no intervalo (0, +∞). ao solu¸c˜oes da equa¸c˜ao Solu¸ c˜ ao: De acordo com a f´ormula de Abel, se y 1 e y 2 s˜ x2 y ′′ + xy ′ + (x2 + 1)y = 0 no intervalo (0, +∞), ent˜ ao [W [y1 (x), y2 (x)] = C e− onde, neste caso p(x) =
R
p (x) dx
,
x . Assim, x2 W [y1 (x), y2 (x)] = C e−
R
1 /x dx
=
C x
ao devemos concluir que o wronskiano ´e independente do par de solu¸co˜ es. A Obs: N˜ N.H.Abel
1802-1829
Apesar de sua curta vida, Abel deixou um legado matem´atico muito ´ dele a importante. E demonstra¸ c˜ ao de que ´ e imposs´ıvel resolver uma equa¸ ca ˜o do quinto grau por meio de radicais
constante C varia de acordo com as solu¸c˜oes consideradas.Para cada par de solu¸co˜es temos uma constante particular. Por exemplo, calculemos o wronskiano das duas solu¸c˜ oes y 1 e y 2 da equa¸ca˜o x 2 y ′′ + xy ′ + (x2 + 1)y = 0 que satisfazem `as condi¸c˜oes y 1 (1) = 0, y1′ (1) = 1, y2 (1) = y 2′ (1) = 1: J´a sabemos que a forma geral do wronskiano de qualquer par de solu¸c˜oes da equa¸c˜ao acima ´e C W [y1 (x), y2 (x)] = x No ponto x = 1, W [y1 (1), y2 (1)] = C/1 = C . Por outro lado W [y1 (1), y2 (1)] = det
y1 (1) y2 (1) y1′ (1) y2′ (1)
= det
0 1
1 1
= −1
Portanto C = −1. Conclu´ımos ent˜ao que o Wronskiano das solu¸c˜oes y 1 e y 2 da equa¸ca˜o + xy ′ + (x2 + 1)y = 0 que satisfazem `as condi¸c˜oes y1 (1) = 0, y1′ (1) = 1, y2 (1) = y2′ (1) = 1 ´e 1 W [y1 (x), y2 (x)] = − x x2 y ′′
CEDERJ
158
´ M ODULO 2 -
AULA 12
Solu¸coes ˜ de equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
A dimens˜ ao do espa¸ co das solu¸c˜ oes Tendo explorado um pouco uma das caracter´ısticas que os vetores de uma base do espa¸co vetorial das solu¸co˜es, L −1 (0), devem possuir: a de serem linearmente independentes, chegou a vez de falar sobre a outra caracter´ıstica dos vetores de uma base de um espa¸co vetorial: Eles devem gerar todos os vetores do espa¸co. Ser´ a o coroamento dos nossos esfor¸cos te´oricos, e vai dar a dire¸c˜ao segundo a qual prosseguiremos as atividades.
Teorema 12.3
Seja L ≡ an (x)Dn + an−1 (x)Dn−1 + · · · +a1 (x)D +a0 (x) um operador linear normal de ordem n em um intervalo I . O espa¸co das solu¸c˜oes da equa¸c˜ao homogˆenea L · y = 0 tem dimens˜ao finita e essa dimens˜ ao ´e precisamente n (a ordem da equa¸ca˜o)
Demonstra¸c˜ ao. 5 Observe que nada do que fizemos at´e agora nos garantia que a dimens˜ ao do espa¸co das solu¸co ˜es era finita.
Esta demonstra¸ca ˜o evidencia a importˆ a ncia do Teorema de Existˆ encia e Unicidade de Solu¸ co ˜es no estudo de equa¸co ˜es diferenciais.
Demonstraremos o teorema, exibindo explicitamente um conjunto gerador do espa¸co das solu¸co ˜es, formado por n fun¸c˜ oes linearmente independentes. Escolha um ponto x0 ∈ I Consideremos os n problemas com valores iniciais abaixo. Os vetores de valores iniciais s˜ ao distintos, mas a equa¸ca ˜o diferencial linear de ordem n, homogˆenea e normal, ´e a mesma para todos.
8 > > > > > < > > > > > :
L · y = 0 y (x0 ) = 1 y ′ (x0 ) = 0 y ′ (x0 ) = 0
.. . y (n−1) (x0 ) = 0
8 > > > > > < > > > > > :
L · y = 0 y (x0 ) = 0 y ′ (x0 ) = 1 y ′ (x0 ) = 0
.. . y (n−1) (x0 ) = 0
8 > > > > > < ······ > > > > > :
L · y = 0 y (x0 ) = 0 y ′ (x0 ) = 0 y ′ (x0 ) = 0
.. . y(n−1) (x0 ) = 1
Sejam ϕ1 , · · · , ϕn as respectivas solu¸co ˜es desses PVI’s. Observando que W [ϕ1 (x0 ), ϕ2 (x0 ), · · · , ϕn (x0 )] = det I d(n×n) = 1, podemos usar o teorema 14.2 para concluir que ϕ1 , · · · , ϕn s˜ ao fun¸co ˜es linearmente independentes. Afirmamos agora que as fun¸co ˜es ϕ1 , · · · , ϕn geram o espa¸co das solu¸co ˜es Ker (L). Para mostrar isto , devemos mostrar que toda solu¸ca ˜o ψ de L · y = 0 se escreve como combina¸ca ˜o linear das fun¸co ˜es ϕ 1 , · · · , ϕn . Isto ´e, devemos mostrar que , para cada ψ ∈ K er(L), existem constantes c1 , c2 , · · · , cn
tais que ψ(x) = c 1 ϕ(x) + c 2 ϕ2 (x) + · · · + c n ϕn (x)
para todo x ∈ I . Podemos escolher ψ = a que ϕ1 , · · · , ϕn ∈ Ker (L). E ent˜ a o o vetor de θ, pois K er(L) = {0}, j´ condi¸ co ˜es iniciais (ψ (x0 ), ψ ′ (x0 ), · · · , ψ(n−1) (x0 )) = (0 , 0, · · · , 0) 5
Vocˆ e pode pular esta demonstra¸ca˜o num primeiro estudo
159
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Solu¸coes ˜ de equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
pois se (ψ(x0 ), ψ′ (x0 ), · · · , ψ(n−1) (x0 )) fosse o vetor nulo ent˜ ao o Teorema de Existˆencia e Unicidade de solu¸co ˜es acarretaria que ψ = θ , j´ a que o vetor de condi¸co ˜es iniciais da solu¸ ca ˜o constante nula 0 tamb´em ´e 6 (0, 0, · · · , 0). Consideremos a fun¸ca ˜o η(x) = ψ (x) − c 1 ϕ1 (x) − c 2 ϕ2 (x) − c 3 ϕ3 (x) − ·· · − c n ϕn (x)
(12.10)
onde escolhemos c1 = ψ (x0 ), c2 = ψ ′ (x0 ), · · · , cn = ψ (n−1) (x0 ) Como L ´ e um operador linear, ent˜ ao L(η(x)) = L (ψ(x)) − c 1 L(ϕ1 (x)) − c 2 L(ϕ2 (x)) − ··· − c n L(ϕn (x))
Para cada termo individual vale L(ψ (x)) = 0,
L(ϕ1 (x)) = 0,
L(ϕ2 (x)) = 0, · · · , L(ϕn (x)) = 0
j´ a cada uma das fun¸co ˜es ´e uma solu¸ca ˜o da equa¸ca ˜o L · y = 0, ent˜ ao L(η(x)) = 0
Para cada j = 1, 2, · · · n − 1, calculando a derivada de ordem j das fun¸co ˜es na equa¸ca ˜o (12.10), temos (j)
(j)
(j)
η(j) (x0 ) = ψ (j) (x0 ) − c1 ϕ1 (x0 ) − c 2 ϕ2 (x0 ) − ·· · − c n ϕn (x0 )
Assim η(x0 ) = ψ (x0 ) − c 1 · 1 − c 2 · 0 − ··· − c n · 0 = 0
(lembre que ψ(x0 ) = c 1 , ϕ1 (x0 ) = 1, e todos os demais ϕk (x0 ) = 0 ,
k = 2, 3, · · · , n − 1)
Da mesma forma η′ (x0 ) = ψ ′ (x0 ) − c 1 · 0 − c 2 · 1 − ··· − c n · 0 = 0
(lembre que ψ′ (x0 ) = c 2 , ϕ′2 (x0 ) = 1, e todos os demais ϕ′k (x0 ) = 0,
k = 1, 3, · · · , n − 1)
Portanto
∀ j = 1, 2, · · · , n − 1
η(j) (x0 ) = 0
E isso diz que η(x) ´e solu¸ca ˜o do PVI L · y = 0, y (x0 ) = 0, y ′ (x0 ) = 0, · · · , y (n−1) (x0 ) = 0
Novamente apelando para o Teorema de existˆ encia e unicidade, conclui-se que η = θ , de onde ψ(x) = c 1 ϕ(x) + c 2 ϕ2 (x) + · · · + c n ϕn (x)
como quer´ıamos demonstrar
Encaminhamento O teorema ( 14.3) fornece a estrat´ egia para obter todas as solu¸ c˜oes (i.´e, a solu¸ca˜o geral , no melhor sentido do termo) de uma equa¸c˜ao diferencial linear de ordem n, homogˆenea e normal em um intervalo I 6
E se ψ = 0, sempre poderemos escolher c 1 = c 2 = · · · = c n = 0, n˜ao restando nada a demonstrar
CEDERJ
160
´ M ODULO 2 -
AULA 12
Solu¸coes ˜ de equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
• Encontre/calcule n solu¸co˜es y1, · · · , yn da equa¸ca˜o • prove que essas solu¸co˜es s˜ao linearmente independentes e · · · · · · e pronto! A solu¸c˜ao geral da equa¸c˜ao ´e y(x) = c 1 y1(x) + c2 y2(x) + · · · + cn yn(x) Exerc´ıcios Exerc´ıcio 12.1 Verifique se y(x) = e x sen x ´e solu¸ca˜o de y ′′ − 2y ′ + 2y = 0. Exerc´ıcio 12.2 Repita o exerc´ıcio precedente para a fun¸ ca˜o y(x) = x ln(−x) e a equa¸ca˜o x2 y ′′ − xy ′ + y = 0 no intervalo (−∞, 0) Exerc´ıcio 12.3 Mostre que y = 1/x ´e solu¸ca˜o da equa¸ca˜o y ′ + y 2 = 0. Mostre tamb´em que, se C = 0, 1 ent˜ao y = C/x n˜ao ´e solu¸ca˜o. Existe alguma contradi¸ca˜o deste fato com o T.E.U. apresentado na aula? Exerc´ıcio 12.4 Determine quais dos pares de fun¸co˜es abaixo s˜ao linearmente independentes, e quais s˜ao linearmente dependentes na reta: a) f (x) = π b) f (x) = x 3 c) f (x) = 1 + x d) f (x) = xe x e) f (x) = sen 2 x
g(x) = cos 2 x + sen2 x g(x) = x2 |x| g(x) = 1 + |x| g(x) = |x|ex g(x) = 1 − cos 2x
Respostas: a) L.D., b) L.I., c) L.I., d) L.I., e) L.D. Exerc´ıcio 12.5 Diga se ´e verdadeiro ou falso, justificando sua resposta Sempre que um conjunto de fun¸c˜ oes y1, y2, · · · , ym ´e linearmente dependente (em um intervalo I ), ent˜ ao ´e poss´ıvel escrever (pelo menos) uma delas como combina¸c˜ ao linear das demais. 161
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Solu¸coes ˜ de equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
ao linear nula das fun¸co˜es yi . O coeficiente de pelo Sugest˜ ao: Escreva uma combina¸c˜ menos uma das fun¸c˜oes ´e diferente de zero. Verifique se ´e poss´ıvel tirar o valor dessa fun¸ca˜o em termos das demais.
Exerc´ıcio 12.6 Mostre que uma equa¸ca˜o linear de 2a ordem, a2(x)y ′′ + a1 (x)y ′ + a0(x)y = 0 pode ser substitu´ıda por um par de equa¸co˜es simultˆaneas de 1a odem. Adote o seguinte procedimento: Fa¸ca sucessivamente y1 = y y2 = y1′ Repare que y2′ = (y1′ )′ = y ′′ e tire o valor de y ′′ na equa¸ca˜o de segunda ordem, o que d´ a a1 (x) ′ a0 (x) y2′ = − y − y. a2 (x) a2 (x) Temos ent˜ ao um sistema de dus equa¸c˜oes para as inc´ognitas y 1′ e y 2′ . - Mostre que o sistema acima pode ser escrito em forma mtricial como
y1′ y2′
=
0
1
− aa02 ((xx)) − aa12 ((xx))
y1 y2
Exerc´ıcio 12.7 Demonstre que toda equa¸ca˜o de Riccati dy = a 2 (x)y 2 + a1(x)y + a0 (x) dx num intervalo I pode ser convertida numa equa¸ca˜o linear de segunda ordem v por meio da mudan¸ca de vari´aveis y = . (a2 · v) Exerc´ıcio 12.8 Mostre que a mudan¸ca de vari´ aveis v = y ′ /y reduz a equa¸ca˜o diferencial linear normal de 2a ordem y ′′ + a1 (x)y ′ + a0(x)y = 0 `a equa¸ca˜o de Riccati v ′ + v 2 + a1(x)v + a0 (x) = 0, CEDERJ
162
´ M ODULO 2 -
AULA 12
Solu¸coes ˜ de equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
e conclua ent˜ ao que resolver a equa¸ca˜o de segunda ordem acima equivale a resolver o par de equa¸co˜es simultˆanea de primeira ordem
dy/dx = vy dv/dx = −v 2 − a1 (x)v − a0 (x)
(eq. de Riccati associada )
Solu¸c˜ao: Exerc´ıcio 12.9 Desenhe numa mesma figura os gr´ aficos das fun¸co˜es f (x) = cos x e g(x) = 1 − x2 /2, para x ∈ (−π/2, π/2). Agora, utilizando o T.E.U., responda a`s seguintes quest˜ oes: a) f (x) e g(x) podem ser solu¸ca˜o de um problema de valor inicial, com uma equa¸ca˜o diferencial linear homogˆenea de primeira ordem no intervalo considerado? b)f (x) e g(x) podem ser solu¸ca˜o de um problema de valor inicial, com uma equa¸ca˜o diferencial linear homogˆenea de segunda ordem no intervalo considerado? c)f (x) e g(x) podem ser solu¸ca˜o de um problema de valor inicial, com uma equa¸ca˜o diferencial linear homogˆenea de terceira ordem no intervalo considerado? Exerc´ıcio 12.10 Calcule o determinante wronskiano dos seguintes conjuntos de fun¸co˜es: a) { cos 2x, sen 2x, 1} em R b) {cos 2x, sen 2x, sen2 x, 1} em R x−1 c) ln , 1 em (−∞, −1) x + 1
Respostas: a) 8, b) 0, c) −2/(x2 − 1) Exerc´ıcio 12.11 a) Mostre que as fun¸co˜es e −x , senh x − 12 ex , 2e2x , 1 s˜ao solu¸co˜es da equa¸ca˜o y ′′′ − y ′′ − 2y ′ = 0 b) Escolha trˆes dentre as fun¸co˜es do item anterior que formem uma base para o espa¸co das solu¸co˜es da equa¸ca˜o (D3 − D2 − 2D)y = 0 Exerc´ıcio 12.12 Resolva o problema de valor inicial
163
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Solu¸coes ˜ de equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
y ′′′ − y ′′ − 2y ′ = 0 y(0) = 0 y ′ (0) = 1 y ′′ (0) = 1
Sugest˜ ao : Utilize o resultado do exerc´ıcio precedente
Exerc´ıcio 12.13 1 1 Encontre, entre as fun¸co˜es x + , x + x ln(x), + x ln(1/x), x(1 − ln(x)), x x uma base para o espa¸co das solu¸co˜es da equa¸ca˜o x3 y ′′′ + 2x2 y ′′ − xy ′ + y = 0 Calcule o wronskiano Exerc´ıcio 12.14 Calcule o wronskiano das duas solu¸co˜es y 1 (x) e y 2(x) da equa¸ca˜o (1 − x2 )y ′′ − 2xy ′ + n(n + 1)y = 0, n inteiro positivo, que satisfazem `as condi¸co˜es iniciais y1(0) = y 1′ (0) = 2, y2 (0) = 1, y2′ (0) = −1 Resposta: −4/(1 − x2 ) Exerc´ıcio 12.15 Desafio: Seja f uma fun¸ca˜o ´ımpar em C 1 (−a, a) [isto ´e, f (−x) = −f (x) para todos os x em (−a, a)]. Suponha que
• f (0) = f ′ (0) = 0 • f n˜ao ´e a fun¸ca˜o identicamente nula Mostre que W [f (x), |f (x)|] = 0 para todo x ∈ (−a, a), mas f e |f | s˜ao linearmente independentes em C 1 (−a, a). Resumo Os t´opicos que abordamos nesta aula foram
• A defini¸ca˜ o de solu¸ca˜ o de uma equa¸ca˜o diferencial linear de ordem qualquer • a caracteriza¸ca˜o do conjunto de solu¸co˜es de uma equa¸ca˜o linear homogˆenea normal como sendo um espa¸co vetorial CEDERJ
164
´ M ODULO 2 -
AULA 12
Solu¸coes ˜ de equa¸c˜ oes diferenciais lineares de ordem superior
c˜oes • uma apresenta¸c˜ao do Teorema de Existˆencia e Unicidade de solu¸ de equa¸c˜oes diferenciais lineares normais
• a defini¸ca˜o de dependˆencia e independˆencia lineares em conjuntos de fun¸coes de C k (I ) • a defini¸ca˜o do determinante wronskiano, sua utiliza¸ca˜o na determina¸ca˜o da dimens˜ao do espa¸co de solu¸co˜es de uma equa¸ca˜o diferencial linear homogˆenea normal Avalia¸ c˜ ao A aula foi de car´ ater mais conceitual. Tivemos de “encarar” algumas especula¸co˜es e examinar conceitos que n˜ao s˜ao triviais, mas que s˜ ao extremamente importantes para o prosseguimento da mat´eria. Procure refletir sobre o Teorema de Existˆencia e Unicidade e n˜ ao deixe de fazer os exerc´ıcios correspondentes. Os exerc´ıcios relacionando as equa¸co˜es de Riccati com as lineares de segunda ordem homogˆeneas tˆem um grande apelo hist´ orico, mas n˜ao ser˜ ao utilizados no restante do curso.
165
CEDERJ
´ M ODULO 2 -
AULA 13
Equa¸c˜ oes diferenciais lineares homogˆ eneas de segunda ordem
Aula 13 – Equa¸ c˜ oes diferenciais lineares homogˆ eneas de segunda ordem
Objetivos
Ao terminar de estudar esta aula vocˆe ser´ a capaz de 1) - obter solu¸co˜es de equa¸c˜oes diferenciais lineares de segunda ordem, homogˆeneas, normais, de coeficientes cont´ınuos, desde que se conhe¸ ca previamente uma solu¸ca˜o. 2) - obter solu¸co˜es gerais de quaisquer equa¸co˜es diferenciais lineares de segunda ordem, homogˆeneas, e de coeficientes constantes. Introdu¸ c˜ ao
Vimos na aula anterior que, para calcular a solu¸ ca˜ o geral de uma equa¸ca˜o diferencial linear de segunda ordem, homogˆenea, normal em um intervalo I a2 (x)y + a1 (x)y + a0(x)y = 0 (13.1) ′′
′
´e preciso obter duas solu¸co˜es linearmente independentes da equa¸ca˜o. Para equa¸co˜es de coeficientes cont´ınuos existem basicamente duas situa¸ c˜oes em que se consegue construir uma solu¸ca˜o geral da equa¸c˜ao (13.1):
• quando conhecemos previamente uma solu¸ca˜o • quando a equa¸ca˜o tem coeficientes constantes M´ etodo da Redu¸ c˜ ao da Ordem
Suponhamos que, por inspe¸ca˜o/experimenta¸ca˜o, ou - usando t´ecnicas mais avan¸cadas, como a utiliza¸ca˜o de s´eries de potˆencias (quando os coeficientes s˜ao mais do que cont´ınuos, s˜ ao anal´ıticos em I , o que significa intuitivamente que eles podem ser substitu´ıdos localmente por s´eries de Taylor), . . . enfim, de alguma maneira, se conhece uma solu¸ca˜o de (15.7). O m´etodo da redu¸ca˜o de ordem permite - em tese - descobrir uma segunda solu¸ca˜o y2(x), linearmente independente de y1 (x). Passemos ao laborat´ orio. Vamos fazer algumas experiˆencias 167
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Equa¸c˜ oes diferenciais lineares homogˆ eneas de segunda ordem
Dividindo a equa¸ca˜o (13.1) por a2 (x), vamos trabalh´ a -la sob a forma normalizada ′′
′
y + p(x)y + q (x)y = 0,
(13.2)
onde p(x) = a 1 (x)/a2 (x) e q (x) = a 0 (x)/a2 (x) s˜ao fun¸c˜oes cont´ınuas em I . Uma primeira observa¸ca˜o ´e que para cada constante c, a fun¸ca˜o c y1(x) tamb´em ´e uma solu¸c˜ao da equa¸ca˜o (13.2). Acontece que c y1(x) ´e linearmente dependente de y 1 (x). Portanto n˜ ao nos serve. Mas repare s´ o o que acontece quando substitu´ımos a constante c pela fun¸ca˜o identidade: em lugar de c y1 (x) ponhamos x y1(x). Calculando o wronskiano de y 1 (x) e xy 1 (x), W [y1(x), xy1 (x)] = det
y1 (x) xy1(x) y1 (x) y1 (x) + xy1(x) ′
′
= [y1(x)]2 .
Vemos que se y1 (x) = 0 em todos os pontos de I ent˜ao y2(x) = xy1 (x) ´e linearmente independente de y1 (x).
Agora, s´o a condic˜ao y1(x) = 0 em todo I , (que implica em W [y1 (x), y2(x)] = 0), n˜ao ´e suficiente para garantir que y 2(x) = x y1(x) seja solu¸ca˜o da equa¸ca˜o (13.2).
Vejamos dois exemplos. No primeiro [y1 (x)]2 = 0 em todos os pontos de I e xy1(x) ´e solu¸ca˜o da equa¸ca˜o. No segundo, apesar de [y1(x)]2 = 0 em todos os pontos de I , xy1(x) n˜ao ´e solu¸ca˜o da equa¸ca˜o.
Exemplo 13.1 Considere a equa¸ca˜o y ′′ 2y ′ + y = 0. ´ bem f´acil verificar que y 1 (x) = e x ´e uma solu¸ca˜o desta equa¸c˜ao. E
−
Mais ainda, y 2 (x) = xex tamb´em ´e solu¸ca˜o da equa¸ca˜o. E como W [y1 (x), xy1 (x)] = y 1 (x)2 = e 2x as duas solu¸co˜es s˜ao linearmente independentes, e a solu¸ca˜o geral da equa¸c˜ao ´e y(x) = c 1 ex + c2 xex Exemplo 13.2 Tomemos agora a equa¸c˜ao y ′′ + 4y = 0 no intervalo y1 (x) = cos 2x ´e solu¸c˜ao desta equa¸ca˜o.
π π , . 2 2
−
Considerando y 2 (x) = x cos 2x, ´e claro que W [y1 (x), y2 (x)] = cos2 2x π π Assim cos 2x e x cos 2x s˜ao linearmente independentes em , 2 2 Todavia y 2 (x) = x cos 2x n˜ao ´e solu¸c˜ao da equa¸c˜ao y ′′ + 4y = 0
−
CEDERJ
168
´ M ODULO 2 -
AULA 13
Equa¸c˜ oes diferenciais lineares homogˆ eneas de segunda ordem
( De fato, se y = x cos 2x ent˜ ao y ′′ + y =
−2sen x)
ca˜o por x `as vezes produz uma nova solu¸ca˜o Conclus˜ ao : Multiplicar uma solu¸ linearmente independente da primeira, a`s vezes n˜ ao. O m´etodo da redu¸c˜ao de ordem consiste numa generaliza¸ca˜o do procedimento acima: queremos obter solu¸co˜es da forma y2(x) = u(x)y1 (x), onde u(x) n˜ao precisa mais ser a fun¸c˜ao identidade. Isto ´e, dada uma equa¸ ca˜ o do tipo (13.2), da qual conhecemos uma solu¸ ca˜o y1(x),queremos determinar uma fun¸ca˜o u(x)de tal modo que y2 (x) = u(x)y1 (x) seja uma solu¸ca˜o de (13.2) e seja linearmente independente com y1(x). Para descobrir se uma tal fun¸ca˜o existe, vamos fazer um racioc´ınio de tr´as para a frente. Suponhamos que existe uma solu¸ c˜ao da forma u(x)y1(x) e tratemos de descobrir como ´e a u(x). Temos (omitindo temporariamente o argumento x, para n˜ao sobrecarregar a nota¸ca˜o) y2 = uy 1 y2 = u y1 + uy1 y2 = u y1 + u y1 + u y1 + uy1 ′
′
′′
′′
Jean d’Alembert (1717-1783) Matem´ atico francˆes, contemporˆ a neo de Euler, a quem se atribui a descoberta do m´etodo de redu¸ca ˜o de ordem
′
′
′
′
′
′′
Substituindo y2 e suas derivadas na equa¸ca˜o (13.2), ′′
′
′
′
′
′′
′
′
u y1 + u y1 + u y1 + uy1 + p(u y1 + uy1) + q (uy1) = 0;
′′
qy 2
′
y2
py2
podemos reescrever a u´ltima equa¸ca˜o como ′′
′
′′
′
′
′
(uy1 + puy1 + quy 1) + (u y1 + 2u y1 + pu y1 ) = 0
(13.3)
Fatorando u na express˜ ao do primeiro parˆentese obtemos u(y1 + py1 + ′′
′
qy 1 ). E como y1 ´e solu¸ca˜o de (13.2), ent˜ao y1 + py1 + qy 1 = 0, de modo que (13.3) se reduz a u y1 + 2u y1 + pu y1 = 0 ′′
′′
′
′
′
′
e chamando u de v, obtemos a equa¸ca˜o ′
y (x) v + p(x) + 2 1 v = 0, y1 (x) ′
que ´e uma linear de primeira ordem.
′
(13.4)
Da´ı ´e que vem o nome redu¸ cao ˜ de ordem . Para resolver a equa¸ca ˜o (15.11), de segunda ordem, precisamos resolver a equa¸ca ˜o, que ´ e de primeira ordem. O problema passou a ser o de calcular uma solu¸ca ˜o de uma equa¸ca ˜o de ordem reduzida de uma unidade.
169
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Equa¸c˜ oes diferenciais lineares homogˆ eneas de segunda ordem
Resolvendo a equa¸c˜ao (13.4) pelos m´etodos da Aula 3, obtemos
c v(x) = e [y1(x)]2
·
−
p(x)dx
,
c = constante
Como v = u temos ′
u(x) = c
1 e [y1 (x)]2
·
p(x)dx
−
dx.
Estamos precisando descobrir uma fun¸ca˜o u(x) adequada a nossos prop´ ositos. Na verdade conseguimos toda uma fam´ılia de fun¸ co˜es. Para cada escolha de c temos uma fun¸ca˜o u(x). Ent˜ao basta escolher um valor para c. ao podemos escolher c = 0, pois isso daria u(x) = 0 Mas aten¸ c˜ ao! N˜ e conseq¨ uentemente y2(x) = 0, o que n˜ a o nos serve porque a fun¸ca˜o nula ´e linearmente dependente com qualquer outra fun¸ ca˜o, e portanto n˜ a o pode fazer parte de uma base para o espa¸co das solu¸co˜es de (13.2). Podemos escolher qualquer c = 0 Escolhendo c = 1,
u(x) =
1 e [y1(x)]2
·
p(x)dx
−
dx
e temos para segunda solu¸ca˜o da equa¸ca˜o (13.2)
y2(x) = y 1 (x)
·
1 e [y1 (x)]2
·
−
p(x)dx
dx
Para completar a tarefa, precisamos mostrar que y1(x) e y2(x) s˜ ao linearmente independentes. Mas isso decorre imediatamente da f´ ormula de Abel:
−
W [y1(x), y2 (x)] = e
p(x)dx
Portanto alcan¸camos nosso objetivo.
CEDERJ
170
= 0
para todo x.
´ M ODULO 2 -
AULA 13
Equa¸c˜ oes diferenciais lineares homogˆ eneas de segunda ordem
Atividade 13.1 Repetindo para n˜ ao esquecer :
Conhecida uma solu¸ca˜o y1 (x), da equa¸ca˜o diferencial linear, homogˆ enea, normal ; para obter uma segunda solu¸ ca˜o y2 (x) da forma y2(x) = u(x)y1(x) linearmente independente da primeira, usando o m´etodo da redu¸ca˜o de ordem, basta:
Exemplo 13.3
− p(x)dx Comprove diretamente que W [y1 (x), y2 (x)] = e , quando y1 e y2 s˜ao duas solu¸c˜oes da equa¸c˜ao (13.4), sendo y 2 obtida a parti de y 1 por redu¸c˜ao de ordem. Solu¸ cao: ˜
0 BB y (x) B W [y (x), y (x)] = det B B@ y (x)
−
1
1
1
= y 1 (x)y1′ (x)
·
2
1
′
y1 (x) ·
Z
1 [y1 (x)]2
·
−
−
·
1
·
[y1 (x)]2
·
· · · · ·
− 1 e [y1 (x)]2
−y1(x)y1′ (x) Assim,
·
1
2
′
1 Z 1 “ Z p(x)dx” CC y (x) e dx [y (x)] “ Z p(x)dx” “ Z p(x)dx” CCC = A 1 e dx + y (x) e
p(x)dx
dx + [y1 (x)]2
p(x)dx
− 1 e [y1 (x)]2
p(x)dx
dx
−
dx.
p(x)dx
−
W [y1 (x), y2 (x)] = e
− 1 e [y1 (x)]2
Exemplo 13.4
Calcule a solu¸c˜a o geral de 2x2y + 3xy y1(x) = 1/x ´e uma solu¸ca˜o da mesma. ′′
′
−y
= 0,
x > 0, sabendo que
Solu¸c˜ ao: Usaremos a f´ ormula desenvolvida na t´ecnica de redu¸ca˜o de ordem. Escrevendo a equa¸ca˜o na forma normalizada ′′
y + 3/2xy
′
2
− 1/2x y = 0
vemos que a fun¸ca˜o coeficiente de y ´e p(x) = 3/2x Ent˜ao ′
y2(x) = (1/x)
·
e
−
R 3/2x dx
(1/x)2
dx
171
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Equa¸c˜ oes diferenciais lineares homogˆ eneas de segunda ordem
´e uma segunda solu¸ca˜o, linearmente independente de y1(x) = 1/x Calculando as integrais temos y2 (x) = 1/x
·
Sendo assim, a solu¸ca˜o geral de 2x2 y + 3xy ′′
2 3/2 x 3 ′
= 32 x1/2 .
− y = 0 ´e
1 + c2 x1/2 x
y(x) = c 1
aria , c2. Observa¸ c˜ ao: o fator 32 foi englobado na segunda constante arbitr´ Atividade 13.2
Considere a equa¸c˜ ao de Legendre com parˆ ametro igual a um: (1
2
′′
′
− x )y − 2xy + 2y = 0,
−1 < x < 1.
Mostre que a fun¸ca˜o ϕ 1(x) = x ´e uma solu¸ca˜o. Determine a solu¸ca˜o geral da equa¸ca˜o de Legendre . Resposta: Equa¸ co ˜es de coeficientes constantes
A segunda situa¸ca˜o geral em que ´e poss´ıvel calcular uma solu¸ca˜o geral para a equa¸c˜ao linear de segunda ordem homogˆenea (13.1),extremamente comum nas aplica¸co˜es, ´e quando as fun¸co˜es coeficientes s˜ ao constantes. Trabalhando com a equa¸ca˜o na forma normalizada , a equa¸ca˜o (13.2) toma a forma ′′
′
y + py + qy = 0
(13.5)
Teorema 13.1
- A equa¸ca˜o y + py + qy = 0 tem sempre uma solu¸ca˜o da forma ′′
′
ϕ(x) = e ax onde a ´e uma constante. - a ´e uma raiz (real ou complexa) da equa¸ ca˜o alg´ebrica r 2 + pr + q = 0, chamada de equa¸c˜ ao caracter´ıstica da equa¸ca˜o y + py + qy = 0 ′′
CEDERJ
172
′
´ M ODULO 2 -
AULA 13
Equa¸c˜ oes diferenciais lineares homogˆ eneas de segunda ordem
ao Demonstra¸ c˜ ao: Seja ϕ(x) = e ax , a = constante . Ent˜ ϕ (x) + pϕ (x) + qϕ(x) = a 2 eax + apeax + qe ax. Portanto ′′
′
′′
′
ϕ (x) + pϕ (x) + qϕ(x) = 0
⇐⇒ e
ax
[a2 + ap + q ] = 0.
Como eax nunca se anula ϕ(x) = eax ´e solu¸ca˜o de y + py + qy = 0 a2 + ap + q = 0 a ´e uma raiz da equa¸ca˜o caracter´ıstica. ′′
′
⇐⇒
⇐⇒
E j´a que toda equa¸ca˜o do segundo grau tem sempre uma raiz (real ou complexa) a, ent˜ao a equa¸ca˜o y + py + qy = 0 tem sempre uma solu¸ca˜o da forma eax ′′
′
Este teorema d´ a a pista para encontrar a solu¸c˜ao geral de qualquer equa¸ca˜o homogˆenea de 2a ordem com coeficientes constantes. A primeira coisa a fazer ´e calcular as ra´ızes da equa¸ c˜ao auxiliar r 2 + pr + q = 0, mais conhecida como equa¸c˜ ao caracter´ıstica . Temos alguns casos a considerar: 10 caso:
A equa¸ca˜o caracter´ıstica tem duas ra´ızes reais, distintas: r1 e r2 . Ent˜ao podemos formar duas solu¸co˜es da equa¸ca˜o diferencial y + py + qy = 0, a saber: ′′
′
er
1
x
e er
2
x
Um exerc´ıcio simples mostra que
∀ x ∈ R
W [er x , er x ] = (r2 1
2
(r1 +r2 )x
− r )e 1
= 0.
Sendo assim, a solu¸ca˜o geral da equa¸ca˜o ´e y(x) = c 1er
1
x
+ c2 er
2
x
20 caso:
A equa¸ca˜o caracter´ıstica r2 + pr + q = 0 tem duas ra´ızes reais iguais: r1 = r 2 = r. Em princ´ıpio, temos apenas uma solu¸ca˜o ϕ1(x) = e rx 173
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Equa¸c˜ oes diferenciais lineares homogˆ eneas de segunda ordem
Precisamos encontrar uma outra solu¸ca˜o ϕ2 (x), que seja linearmente independente de ϕ1. Podemos aplicar diretamente a f´ ormula desenvolvida na se¸ca˜o anterior e calcular diretamente ϕ2 (x) = xerx como uma segunda solu¸ca˜o. Mas, vamos repetir uma parte do racioc´ınio, para fixar: Procurando uma segunda solu¸ca˜o da forma ϕ2 (x) = u(x)erx , sabemos que v = u deve satisfazer ′
′
′
ϕ1 v + (2ϕ1 + pϕ1)v = 0 ou seja erx v + (2re rx + perx )v = 0 ′
Como r = p/2 ent˜ ao p =
−
−2r e a express˜ao entre parˆenteses se reduz a 2re + (−2r)e = 0 rx
rx
Portanto a equa¸ca˜ o de 1a ordem para v fica ′
v =0 De onde v = cte. Escolhendo a constante como sendo 1 Assim u = v = 1. De modo que ′
u(x) = x Ent˜ao u(x) = x de modo que ϕ2(x) = xerx
A solu¸ca˜o geral da equa¸ca˜o (13.5) ´e y(x) = (c1 + xc2 )erx Resta ainda a examinar o 30 caso: CEDERJ
174
´ M ODULO 2 -
AULA 13
Equa¸c˜ oes diferenciais lineares homogˆ eneas de segunda ordem
A equa¸ca˜o caracter´ıstica r 2 + pr + q = 0 tem duas ra´ızes complexas conjugadas r1 = a + bi, r2 = a bi, sendo b = 0.
−
Nestas condi¸co˜es ´e poss´ıvel mostrar 7 que a equa¸ca˜o caracter´ıstica pode ser reescrita como r 2 2ar + (a2 + b2 ) = 0.
−
Afirmamos que as fun¸co˜es ϕ1(x) = e axcos bx e ϕ2 (x) = e ax sen bx s˜ao solu¸co˜es linearmente independentes da equa¸ca˜o y
′′
2
′
− 2ay + (a
+ b2 )y = 0,
b=0
Provemos apenas que ϕ 1 ´e solu¸ca˜o. A verifica¸ca˜o de que ϕ 2 ´e solu¸ca˜o ´e completamente an´ aloga.Tem-se: ϕ1 (x) = a eax cos bx ′
ϕ1 (x) = a2 eax cos bx ′′
− ab e
ax
ax
− b e sen bx sen bx − ab e sen bx − b e ax
2 ax
cos bx
Substituindo na equa¸ca˜o, a2 eax cos bx
− ab e
ax
ax
sen bx
+2ab eax
2 ax
2 ax
− ab e sen bx − b e cos bx − 2a e sen bx − (a + b )e cos bx = 0 2
2
cos bx+
ax
o que mostra que ϕ 1 ´e solu¸ca˜o. Para mostrar que ϕ1 e ϕ2 s˜ao linearmente independentes observamos que W [ϕ1 (x), ϕ2 (x)] =
−be
ax
que ´e diferente de zero, j´ a que b = 0.
Portanto a solu¸ca˜o geral de y
′′
2
− 2ay + (a ′
+ b2)y = 0,
b = 0 ´e
y(x) = c 1eax cos bx + c2 eax sen bx. Resumo Geral Para resolver a equa¸cao ˜ diferencial linear homogˆenea de segunda ordem ′′
′
y + py + qy = 0,
p, q, constantes
7 Seja f (x)
∈ R[x] um polinˆomio de grau ≥ 1, e seja β ∈ C − R (i.´e β = β ). Ent˜ao p(β ) = 0 ⇐⇒ x 2 − (β + β )x + ββ ∈ R[x] divide f (x). Se gr[f (x)] = 2 ent˜ao f (x) = x 2 − (β + β )x + ββ . 175
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Equa¸c˜ oes diferenciais lineares homogˆ eneas de segunda ordem
primeiro encontramos as ra´ızes r 1 , r2 da equa¸c˜ ao auxiliar (ou caracter´ıstica) r 2 + pr + q = 0. A seguir, a solu¸c˜ ao geral da equa¸c˜ ao dada pode ser expressa em termos de r1 e r2 como se segue: r1, r2
Solu¸c˜ ao Geral
Reais , r1 = r 2
y(x) = c 1 er x + c2 er
Reais , r1 = r 2 = r
y(x) = (c1 + c2x) erx
1
Complexos , r1 = a + bi r2 = a bi
2
x
y(x) = e ax (c1 cos bx + c2 sen bx)
−
Exemplo 13.5 Encontre uma equa¸c˜ao diferencial linear com coeficientes constantes cuja solu¸c˜ao geral seja c1 sen 3x + c2 cos 3x ˜o procurada. Solu¸ cao: ˜ Seja y ′′ + py ′ + qy = 0 a equa¸ca sen 3x ´e solu¸ca˜o
⇐⇒ −9 sen 3x + p3 cos 3x + q sen 3x = 0 ⇐⇒ (q − 9) sen 3x + 3 p cos 3x = 0
A equa¸ca˜o (q 9) sen 3x + 3 p cos 3x = 0 ´e uma combina¸c˜ao linear nula de duas solu¸co˜es linearmente independentes.
−
Devemos ter q
− 9 = 0 e 3 p = 0
Da´ı p = 0, q = 9 e a equa¸c˜ao procurada ´e y ′′ + 9y = 0 Exemplo 13.6 Encontre uma equa¸c˜ao diferencial linear com coeficientes constantes cuja solu¸c˜ao geral seja c1 + c2 xex ˜o procurada. Solu¸ cao: ˜ Seja y ′′ + py ′ + qy = 0 a equa¸ca ex ´e solu¸c˜ao
⇐⇒ ⇐⇒
ex + pex + qe x = 0 ( p + q + 1)ex = 0
Da´ı podemos concluir apenas que p + q + 1 = 0.
CEDERJ
176
´ M ODULO 2 -
AULA 13
Equa¸c˜ oes diferenciais lineares homogˆ eneas de segunda ordem
Usando a outra solu¸ca˜o xe x temos: xex ´e solu¸c˜ao
⇐⇒ ⇐⇒
2ex + xex + pex + pxex + qxe x = 0 = 0 (1 + p + q )xex + (2 + p)ex = 0
A equa¸ca˜o (1 + p + q )xex + (2 + p)ex = 0 ´e uma combina¸ca˜o linear nula de duas solu¸co˜es linearmente independentes. Devemos ter 1 + p + q = 0 e 2 + p = 0 Da´ı p =
−2 e q = 1 e a equa¸c˜ao procurada ´e
y ′′
− 2y′ + y = 0
Exerc´ıcios Exerc´ıcio 13.1 Encontre a solu¸ca˜o geral de cada uma das equa¸c˜oes, sendo dada uma solu¸c˜ao: 1) y ′′ + x1 y ′ = 0;
y1 (x) = 1
− (x + 2)y′ + 2y = 0;
2)xy ′′
− y′ = 0;
3) xy ′′
y1 (x) = e x
y1 (x) = 1
4)xy ′′ + (x + 2)y ′ + y = 0;
y1 (x) = 1/x
5) 4x2 y ′′
y1 (x) = x 3/2
− 8xy′ + 9y = 0;
6)xy ′′ + (x
− 1)y′ − y = 0;
y1 (x) = e −x
Respostas: 1) (y(x) = c 1 + c2 ln x; 2)y(x) = c 1 ex + c2 (x2 + 2x + 2) 3) c 1 + c2 x2 /2; 4) y (x) = c 1 /x + c2 e−x /x; 5) c 1 x3/2 + c2 ln(x)x3/2 ; 6) y (x) = c 1 e−x + c2 (x
− 1).
Exerc´ıcio 13.2 Encontre a solu¸ca˜o geral de cada uma das seguintes equa¸c˜oes diferenciais: 1.) y ′′ + y ′ 4.) y ′′
− 2y = 0
− 2y′ = 0
7.) y ′′ + 4y ′ + 8y = 0
2.) 3y ′′
− 5y′ + 2y = 0
5.) y ′′ + 2y = 0
− 15y = 0
6.) 3y ′′ + 2y = 0
− 2y′ + 2y = 0 √ 11.) y ′′ + 2y ′ + 4y = 0 12.) 2y ′′ − 2 2y ′ + y = 0 8.) 4y ′′
− 4y′ + 3y = 0
3.) 8y ′′ + 14y ′
9.) y ′′
− 12y′ + 4y = 0 √ 13.) 2y ′′ − 5 3y ′ + 6y = 0 14.) 9y ′′ + 6y ′ + y = 0 15.) 64y ′′ − 48y ′ + 17y = 0. 10.) 9y ′′
Respostas: 1.) y(x) = c 1 e−2x + c2 ex ; 2.) y(x) = c 1 e(2/3)x + c2 ex ; 3.)y(x) = c1 e(−5/2)x + c2 e(3/4)x
177
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Equa¸c˜ oes diferenciais lineares homogˆ eneas de segunda ordem
√
√
√ √
4.) y(x) = c 1 + c2e2x ; 5.) y(x) = c 1 sen( 2 x) + c2 cos( 2x); 6.) y(x) = c 1 sen( 6/3)x + c2 cos( 6/3)x; 7.) y(x) = c1 e−2x sen(2x) + c 2 cos(2x); 8.) y(x) = c1 ex/2sen( 2/2)x + (2x/3) ; 11.)y(x) = c2 ex/2 cos( 2/2x); 9.) y(x) = c 1 ex sen(x) + c2 ex cos(x); 10.)(c √ √ 1 + c2 x)e √ x /2x c1 e−√ sen( 3x)+c2 e−x cos( 3x); 12.)y(x) = c 1 e 2/2x +c2 xe 2/2x√ ; 13.) y(x) = c1 e 3√ + c2 e2 3x ; 14.)y(x) = c 1 e−1/3x +c2 xe−1/3x 15.)y(x) = c 1 e(3/8)x sen( 42 x)+c2 e(3/8)x cos( 42 x)
√
√ √
√
Exerc´ıcio 13.3 Encontre as solu¸co˜es dos problemas de valor inicial dados: 16.) 2y ′′
− y′ − 3y = 0; y(0) = 2, y′(0) = − 72
− 8y′ + 16y = 0; y(0) = 12 , y′(0) = − 13 .
17.) y ′′
− 12y′ + 9y = 0; y(0) = 1, y′(0) = 72 . √ 19.) y ′′ + 2y = 0; y(0) = 2, y ′ (0) = 2 2 18.) 4y ′′
20.) 4y ′′
− 4y′ + 5y = 0; y(0) = 12 , y′(0) = 1.
Respostas:
− 57 e(3/2)x+ 57 e−x; 17.)y(x) = 12 e4x− 73 xe4x; 18.)y(x) = e4x− 12 xe4x; 19.)y(x) = √ √ 2sen( 2x) + 2cos( 2x); 20.)y(x) = 3 ex/2 sen(x) + 1 ex/2 cos(x) 16.)y(x) =
4
2
Exerc´ıcio 13.4 Encontre uma equa¸ca˜o diferencial linear com coeficientes constantes cuja solu¸ca˜o geral seja: (a) (c1 + c2 x)e−3x (b) c 1 ex sen 2x + c2 ex cos 2x (c) (c1 + c2 x)e−2x (d) c 1 e−x + c2 e−3x
Respostas: (a)y ′′ + 6y ′ + 9y = 0; (b)y ′′
− 2y′ + 5y = 0; (c)y′′ + 4y′ = 4y = 0; (d)y′′ = 4y′ + 3y = 0
Resumo
Nesta aula
• aprendemos como construir a solu¸ca˜o geral de uma equa¸ca˜o diferencial CEDERJ
178
´ M ODULO 2 -
AULA 13
Equa¸c˜ oes diferenciais lineares homogˆ eneas de segunda ordem
linear de segunda ordem, normal , com coeficientes cont´ınuos, pelo m´etodo de redu¸c˜ao de ordem , desde que fosse conhecida previamente uma solu¸ca˜o
• aprendemos a construir a solu¸ca˜o geral de qualquer equa¸ca˜o diferencial de segunda ordem, homogˆenea, com coeficientes constantes.
Avalia¸ c˜ ao
Nesta aula utilizamos todo o aparato te´ orico constru´ıdo nas duas u ´ ltimas aulas anteriores , e resolvemos efetivamente a quest˜ ao de obter solu¸co˜es de equa¸co˜es diferenciais lineares, normais, homogˆeneas, em dois casos muito freq¨ uentes tanto nas aplica¸co˜es quanto na teoria de equa¸co˜es de segunda ordem. Na pr´ oxima aula, vamos continuar na mesma linha de aplica¸ca˜o dos resultados te´ oricos vistos nas aulas 12 e 13, ampliando nosso “arsenal” de t´ecnicas de obten¸ca˜o de solu¸c˜oes de modo a poder resolver equa¸ca˜o diferenciais de segunda ordem normais n˜ ao-homogˆeneas. At´e l´ a!
179
CEDERJ
´ M ODULO 2 -
AULA 14
Equa¸coes ˜ n˜ ao-homogˆeneas de segunda ordem
Aula 14 – Equa¸co ˜es n˜ ao-homogˆ eneas de segunda ordem
Objetivo Ao terminar de estudar esta aula, vocˆe estar´ a apto a obter solu¸co˜es de equa¸co˜es diferenciais lineares de segunda ordem, normais, n˜ao-homogˆeneas, em duas situa¸co˜es importantes: 1) - quando ´e conhecida a solu¸ca˜o geral de uma equa¸ca˜o homogˆenea deduzida da equa¸ca˜o n˜ao-homogˆenea, utilizando o m´etodo da varia¸ ca˜o dos parˆametros 2) - quando a equa¸ca˜o n˜ao-homogˆenea tem coeficientes constantes, utilizando o m´etodo dos coeficientes a determinar (` as vezes chamado de m´etodo da tentativa criteriosa)
Equa¸ c˜ oes n˜ ao-homogˆeneas Nesta aula estudaremos as equa¸co˜es diferenciais lineares de ordem dois n˜ao-homogˆeneas ′′
′
a2 (x)y + a1 (x)y + a0 (x)y = g(x),
(14.1)
Na linguagem de operadores, a equa¸ca˜o se escreve a2 (x)D2 y + a1(x)Dy + a0(x)y = g(x) Lembramos que os coeficientes a i (x), 0 ≤ i ≤ 2 e a fun¸ca˜o g(x) s˜ao fun¸co˜es cont´ınuas definidas em um intervalo I , e que a2 (x) = 0 em todos os pontos de I . Iniciamos esta aula com algumas observa¸co˜es/defini¸co˜es simples: • Uma solu¸ca˜o da equa¸ca˜o n˜ao-homogˆenea (14.1) ´e uma fun¸ca˜o ϕ pertencente ao espa¸co C 2 (I ) tal que para todo x ∈ I , a2 (x)ϕ (x) + a1 (x)ϕ (x) + a0 (x)ϕ(x) = g(x). ′′
′
ao ´e mais um subespa¸co • O conjunto das solu¸co˜es da equa¸ca˜o (14.1) n˜ vetorial de C 2 (I ) 181
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Equa¸coes ˜ n˜ ao-homogˆeneas de segunda ordem
• A equa¸ca˜o (14.1) ´e equivalente a` equa¸ca˜o ′′
′
y + p(x)y + q (x)y = h(x),
(14.2)
chamada de forma normalizada da equa¸ca˜o (14.1). Aqui, evidentemente, ( p(x) = a 1 (x)/a2 (x), q (x) = a 0 (x)/a2 (x), h(x) = g(x)/a2(x)
ao homogˆ enea associada a` equa¸ca˜o (14.2) como sendo • A equa¸c˜ ′′
′
y + p(x)y + q (x)y = 0.
(14.3)
Teorema 14.1
Suponha que ϕ1(x) e ϕ2(x) s˜ao duas solu¸co˜es da equa¸ca˜o (14.2). Ent˜ao ϕ1(x) − ϕ2 (x) ´e solu¸ca˜o da equa¸c˜ao (14.3) Demonstra¸c˜ ao.
ϕ1 ´e solu¸ca˜o de(14.2)
⇐⇒ ϕ′′1 (x) + p(x)ϕ′1 (x) + q (x)ϕ1 (x) = h(x)
ϕ2 ´e solu¸ca˜o de (14.2) ⇐⇒ ϕ′′2 (x) + p(x)ϕ′2 (x) + q (x)ϕ2 (x) = h(x)
Subtraindo membro a membro, e usando da linearidade da derivada, podemos escrever (ϕ1 − ϕ2 )′′ (x) + p(x)(ϕ1 − ϕ2 )′ (x) + q (x)(ϕ1 − ϕ2 )(x) = h(x) − h(x) = 0, o que mostra que ϕ1 − ϕ2 ´e solu¸ca˜o da equa¸ca˜o (14.3).
Segue imediatamente do resultado acima que, se conhecermos uma solu¸ca˜o particular ϕ1 (x) da equa¸ca˜ o n˜ao homogˆenea, ent˜ ao para qualquer outra solu¸c˜ao y(x) da n˜ao homogˆenea vale que y(x) − ϕ 1 (x) ´e solu¸ca˜ o da homogˆenea associada. Ora, se a solu¸c˜ ao geral da homogˆenea associada ´e yh(x) = c 1 y1 (x) + c2 y2 (x) podemos garantir que, existir˜ ao constantes α1 e α2 tais que y(x) − ϕ1(x) = α 1 y1 (x) + α2 y2 (x) ou ainda CEDERJ
182
´ M ODULO 2 -
AULA 14
Equa¸coes ˜ n˜ ao-homogˆeneas de segunda ordem
y(x) = ϕ 1 (x) + α1 y1 (x) + α2 y2 (x) Agora veja, a solu¸ca˜o y(x) considerada acima, foi absolutamente gen´erica. A conclus˜ ao vale para qualquer solu¸ca˜o y(x), o que pode mudar s˜ao as constantes , que denotaremos por c1 e c2. Ora, quem d´ a conta de todas as express˜oes c1 y1 (x)+c2y2(x) quando c1 e c2 variam arbitrariamente ´e justamente a solu¸ca˜o geral da equa¸c˜ao homogˆenea associada. Conclu´ımos da´ı que A solu¸c˜ ao geral da equa¸c˜ ao n˜ ao- homogˆenea ′′
′
y + p(x)y + q (x)y = h(x). ´e obtida adicionando-se uma solu¸c˜ ao particular, ϕ1(x), dela a` solu¸c˜ ao geral da sua equa¸c˜ ao homogˆenea associada P Registre: A f´ormula y(x) = c 1 y1 (x) + c2 y2 (x) + ϕ1 (x)
(14.4)
expressa a solu¸c˜ ao geral da equa¸c˜ ao n˜ ao- homogˆenea (14.2) Exemplo 14.1 O objetivo deste exemplo ´e mostrar que a afirma¸ c˜a o de que a solu¸cao ˜ geral da n˜ aohomogˆenea ´e igual `a soma da solu¸c˜ ao geral da homogˆ enea associada com uma solu¸cao ˜ particular da n˜ ao-homogˆenea , j´ a era verdadeira para as equa¸co˜es lineares de primeira 8 ordem . i) A fun¸ c˜ao y p (x) = e
− p(x) dx p(x) dx e
q (x) dx
(I )
´e uma solu¸cao ˜ particular da equa¸c˜ao n˜ao homogˆenea.de 1a ordem y ′ + p(x)y = q (x). Demonstra¸c˜ ao. : De fato,
y p′ (x)
= =
− p(x) dx p(x) dx − p(x) · e · e q (x) dx + q (x) − p(x)y p + q (x).
ii) A fun¸ c˜ao
− p(x) dx
yh = C e
(II )
´e a solu¸ca˜o geral da homogˆenea associada: y ′ + p(x)y = 0. 8 e,
como vocˆe j´a deve estar desconfiado(a), vale para equa¸co˜es de ordem n qualquer
183
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Equa¸coes ˜ n˜ ao-homogˆeneas de segunda ordem
Atividade 14.1 Demonstre a afirma¸ca˜o do item (ii) iii) Mostremos agora que y h (x) + y p (x) ´e solu¸ca˜o geral da equa¸c˜ao linear n˜ao -homogˆenea:
yh (x) + y p (x)
=
=
− p(x) dx − p(x) dx p(x) dx Ce + e · e q (x) dx − p(x) dx p(x) dx e · e q (x) dx + C
Portanto y h (x) + y p (x) coincide com a solu¸c˜ao geral que conhecemos, desde a Aula 3, para a equa¸ca˜o linear de primeira ordem n˜ao-homogˆenea. Dizendo de outro modo, a solu¸c˜ao geral da equa¸c˜ao linear de primeira ordem n˜aohomogˆenea ´e da forma yh (x) + y p (x), como quer´ıamos demonstrar
Encaminhamento: A f´ormula (14.4) indica o caminho para determinar a solu¸ca˜o geral de uma equa¸ca˜o diferencial linear de segunda ordem, n˜ aohomogˆenea . Precisamos resolver dois problemas: 10 ) - calcular a solu¸ca˜o geral da equa¸ca˜o homogˆenea associada 20 ) - obter uma solu¸ca˜o particular da equa¸ca˜o n˜ao -homogˆenea A obten¸ca˜o de solu¸co˜es gerais de homogˆeneas foi abordada na aula anterior. Veremos a seguir dois m´etodos de construir solu¸ c˜oes particulares de equa¸co˜es n˜ao-homogˆeneas. O primeiro m´etodo, e o mais geral, ´e o da varia¸ ca˜o dos parˆ ametros, que se aplica a equa¸co˜es de coeficientes cont´ınuos. O outro m´etodo ´e o dos coeficientes a determinar, que entretanto se aplica somente a equa¸ c˜oes de coeficientes constantes e cujos segundos membros s˜ ao fun¸co˜es de formas bem especiais 9.
9 se
CEDERJ
184
bem que muito freq¨uentes nas aplica¸c˜oes
´ ULO M ODUL OD O 2 -
AULA ULA 14
Equa¸c˜ coes ˜ n˜ ao-hom ao- homogˆ ogˆeneas enea s de segund seg unda a ordem orde m
O m´ eto et o do da Varia¸c˜ c˜ ao ao dos do s Parˆametro ame tross (Lagr (L agrang ange) e)
Nota Hist´ orica orica O m´ etodo, etodo, que descre descreve verem remos os log logoo abaixo, lembra o da redu¸c˜ c˜ao ao de ordem, mas a motiva¸c˜ cao a˜o de Lagrange foi totalmente outra (e acabou roubando o nome de m´etodo etod o da varia¸c˜ cao ˜ao das constantes). A inspira¸ inspira¸c˜ cao a˜o de Lag Lagrang rangee prove proveio io iniinicialme cialment ntee do estudo estudo das equa¸ equa¸c˜ c˜oes oes das trajet´ orias de planetas em torno do Sol. orias Um problema que surgiu logo ap´os os a demonstra¸c˜ cao a˜ o de que as ´orbitas orbitas dos planetas eram elipses, tendo o Sol em um dos focos, foi o da estabilidade secular do eixo maior das ´orbitas orbitas planet´ planetarias: a´rias: Ser´ a que , com com o passar dos s´ eculos, eculos, o eixo maior das ´ orbitas el´ıpticas ıpticas n˜ ao iria ficando progressivamente maior, de modo que ap´ os algum tempo (um longo tempo talvez) os planetas viessem a se desgarrar da atra¸c˜ cao ˜ solar? Ao solar? Ao abordar este problema, Lagrange levou em considera¸c˜ c˜ao ao as influˆencias enci as
que um planet planetaa sofre sofre n˜ao ao somente do Sol, mas tamb´ em em dos outros planetas. E a´ı ele introduziu introd uziu o m´etodo etod o da d a varia¸ varia c˜ c¸ao ˜ao das constantes (que determinavam a posi¸c˜ c˜ao ao de um planeta em sua ´orbita) orbita) permitindo coeficientes vari´aveis aveis nas equa¸c˜ c˜oes oes do movimento dos planetas. Lagrange n˜ao ao resolveu completamente a quest˜ao ao (ningu´em em resolveu at´e hoje), ho je), mas inventou um bocado de matem´atica atica nova que veio a ser muito empregada em outros contextos. Mais tarde ele generalizou o m´etodo etodo de varia¸c˜ cao a˜o das constante constantess as a`s equa¸c˜ coes o˜es diferenciais ordin´arias arias lineares lineares quaisque quaisquer. r. Lagrange foi um dos maiores matem´aticos aticos do s´eculo eculo XVIII, XVII I, tendo contribu´ıdo ıdo de maneira maneir a profun profunda da em v´ arios arios ramos ramos da matem´ matem´ atica: atica: ´ Teori eoriaa dos dos N´ umeros, umeros, Geometria, Geometria, Algebra, Mecˆanic a nicaa e An´ An´alis a lise. e. Algu Alguns ns dize dizem m que que o u unico ´ nico que rivalizava com ele em capacidade matem´ atica, atica, naquela ´epoca, epoca, era Euler. Bem . . . Gauss j´a estava bem ativo muitos anos antes de Lagrange falecer.
O m´etodo etodo da varia¸c˜ c˜ao ao dos parˆametros ametros (que, em textos mais antigos, era chamado de m´etodo etodo da varia¸c˜ cao a˜o das constantes) em uma apresenta¸c˜ c˜ao ao moderna e elementar,no contexto de equa¸c˜ coes o˜es diferenciais lineares, consiste em buscar uma solu¸c˜ cao a˜o particular da equa¸c˜ cao a˜o n˜ao-homogˆ ao-homogˆenea enea (14.2) a partir da solu¸c˜ cao a˜o geral de sua equa¸c˜ c˜ao ao homogˆ hom ogˆenea enea assoass ociada (14.3). Se a solu¸c˜ cao a˜o geral ger al (14.3) (14 .3) ´e yh (x) = c1 y1 (x)+c )+ c2 y2 (x) busca-se uma solu¸c˜ cao ˜ao particular de (14.2) da forma y p (x) = c 1 (x)y1 (x) + c + c2 (x)y2 (x)
J.L. Lagrange 1736-1813
Um grande matem´ atico atico do s´ eculo ecul o XVI II. Fez contribui¸ c˜ coes o ˜es importantes em v´ arios arios campos da Matem´ atica. atica.
sendo c sendo c 1 (x) e c2 (x) fun¸c˜ coes o˜es a determinar. Substituindo y Substituindo y p e suas derivadas na equa¸c˜ cao a˜o (14.2), e agrupando
10 :
c1 (a2 y1′′ + a1 y1′ + a + a0 y1 ) + c + c2 (a2 y2′′ + a1 y2′ + a + a0 y2 ) + (c ( c′1 y1 + c + c′2 y2 )′ + +a1 (c′1 y1 + c + c′2 y2) + (c ( c′1 y1′ + c + c′2 y2′ ) = h. 10 omitindo
a vari´avel x avel x,, para simplificar.
185
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Equa¸c˜ coes ˜ n˜ ao-hom ao- homogˆ ogˆeneas enea s de segund seg unda a ordem orde m
Como y1 e y2 s˜ ao ao solu¸c˜ c˜oes oes da equa¸c˜ cao a˜o homogˆenea, enea, os dois primeiros primeir os parˆenteses enteses do lado esquerdo da igualdade acima s˜ao ao nulos, e ficamos com: (c′1 y1 + c + c′2 y2 )′ + a + a1 (c′1 y1 + c + c′2 y2 ) + (c ( c′1 y1′ + c + c′2 y2′ ) = h. Esta identidade ser´a satisfeita se c se c 1 e c 2 puderem ser escolhidos de tal forma que c′1 (x)y1 (x) + c + c′2 (x)y2 (x) = c′1 (x)y1′ (x) + c + c′2 (x)y2′ (x)
0,
= h(x).
(14.5)
(14.6)
para todo x todo x.. Para cada x cada x,, (14.5 - 14.6) formam um sistema de equa¸c˜ c˜oes oes (alg´ebricas) ebricas ) lineares li neares nas ′ ′ inc´ ognitas c ognitas c 1 (x) e c2 (x). O determinante dos coeficientes desse sistema ´e o determinante da matriz y1 (x) y2 (x)
y1′ (x)
y2′ (x)
que reconhecemos como o Wronskiano, W [ W [y1 (x), y2 (x)], das solu¸c˜ coes ˜oes linearmente independentes y1 (x) e y 2 (x), da equa¸c˜ cao a˜o homogˆenea enea associada asso ciada (14.3). Esse determinante ´e diferente de zero, e utilizando a regra de Cramer : c′1 (x) = −
h(x)y2 (x) , W [ W [y1 (x), y2 (x)]
c′2 (x) =
h(x)y1 (x) . W [ W [y1 (x), y2 (x)]
c2 (x) =
Da´ı , por po r integ i ntegra¸ ra¸c˜ c˜ao, ao, c1 (x) = −
h(x)y2 (x) dx, W [ W [y1 (x), y2 (x)]
h(x)y1 (x) dx W [ W [y1 (x), y2 (x)]
Agora substitui-se c1 (x) e c 2 (x) na express˜ao ao da solu¸c˜ cao a˜o particular y p (x) = c 1 (x)y1 (x) + c + c2 (x)y2 (x).
Exemplo 14.2 Achar a a solu¸c˜ c˜ao ao geral de y ′′ + y + y = = tg tg x Solu¸c˜ c˜ ao: A solu¸c˜ cao ˜ao geral da equa¸c˜ cao a˜o homo ho mogˆ gˆenea en ea asso as socia ciada da ´e yh (x) = c 1 sen x + x + c c2 cos x. Temos ent˜aao W o W [[sen sen x, cos cos x] x ] = −1, − 1, e a solu¸c˜ cao a˜o particu par ticular lar ´e y p (x) = c 1 (x) sen x + x + c c2 (x) cos x, onde c1 (x) = −
CEDERJ
186
tg x cos x −1
dx = dx = − −cos cos x,
´ ULO M ODUL OD O 2 -
AULA ULA 14
Equa¸c˜ coes ˜ n˜ ao-hom ao- homogˆ ogˆeneas enea s de segund seg unda a ordem orde m
c2 (x) =
tg x sen x
dx = dx = sen sen x − ln( ln(sec x + x + tg tg x)
−1
Assim, y p (x) = −cos − cos x sen x + x + [sen [sen x − ln( ln(sec x + x + tg tg x)] cos )] cos x = x = − −cos cos x ln
1 + sen + sen x cos x
A solu¸c˜ cao a˜o geral de y de y ′′ + y + y = = tg tg x ´e y (x) = c 1 sen x + x + c c2 cos x − cos x ln
1 + sen + sen x cos x
Exemplo 14.3 Achar a a solu¸c˜ c˜ao ao geral de y ′′ − 5y ′ + 6y 6 y = e = e x Solu¸c˜ c˜ ao: A solu¸c˜ cao ˜ao geral da equa¸c˜ cao a˜o homo ho mogˆ gˆenea en ea asso as socia ciada da ´e yh (x) = c 1 e2x + c2 e3x . Temos ent˜ao W ao W [( [(ee2x , e3x ] = e 5x , e a solu¸c˜ c˜ao ao partic par ticula ularr ´e y p (x) = c 1 (x) e2x + c2 (x) e 3x , onde
x 3x
c1 (x) = −
e e
e5x
x 2x
c2 (x) =
e e
e5x
dx = dx = e e −x ,
1 dx = dx = − − e−2x ) 2
Assim,
1 1 y p (x) = e −x e2x − e−2x e3x = ex 2 2 ′′ ′ x E a solu¸c˜ c˜ao ao geral de y de y − 5y + 6y 6 y = e = e ´e 1 y (x) = c 1 e2x + c2 e3x + ex 2
O m´ etodo etodo dos coeficientes a determinar Este m´etodo etodo permite determinar uma solu¸ c˜ cao a˜o particular da equa¸c˜ cao a˜o de coeficientes constantes ′′
′
y + py + q = h = h((x),
p, q constantes, constantes ,
(14.7)
para certos tipos particulares de fun¸c˜ c˜oes oes h(x). Co ment Come nt´ ´ ario ar io:: Apesar Apesa r de restrito, restri to, o m´etodo etod o ´e aplic´avel avel em um grande n´ umero umero de problemas concretos, e por essa raz˜ao ao vamos apresent´a-lo a-lo aqui. Observa¸c˜ ao: As demonstra¸c˜ coes ˜oes das proposi¸c˜ coes o˜es que seguem s˜ao ao em termos das propriedades dos operadores operadores diferenciais diferenciais de coeficientes coeficientes constantes, constantes, e ser˜ ao ao omitidas.
Resumimos a seguir os principais casos em que o m´etodo etodo ´e utilizado: 187
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Equa¸coes ˜ n˜ ao-homogˆeneas de segunda ordem
Teorema 14.2
Se, na equa¸ca˜o (14.7) h(x) = a0 + a1 x + · · · + an xn, ent˜ao existe uma solu¸ca˜o particular da forma y p(x) = b0 + b1 x + · · · + bn xn , de mesmo grau que h(x) sendo b0 , b1 , · · · , bn coeficientes a determinar.
Exemplo 14.4 Determine uma solu¸ca˜o particular de y ′′ − 3y ′ + 2y = 2x + 1 Solu¸c˜ ao: Usando o teorema (14.2) procuramos uma solu¸c˜ao particular da forma y p (x) = ax + b, polinˆ omio do mesmo grau que 2x + 1. ′ Ent˜ao y p (x) = a e y p′′ = 0. Substituindo na equa¸ c˜ao obtemos 0 − 3a + 2(ax + b) = 2x + 1, isto ´e 2ax + 2b − 3a = 2x + 1. Igualando os coeficientes das potˆencias de x, calcula-se a = 1 e b = 2 Portanto a solu¸c˜ao particular ´e y p (x) = x + 2
onio que ocorre como termo independente no Obs: Mesmo quando o polinˆ lado direito de (15.15) n˜ ao cont´em todas as potˆencias de x,devemos procurar uma solu¸ca˜o particular da forma y p (x) = b 0 + b1 x + · · · + bn xn . Os c´alculos indicar˜ao se algum(uns) coeficiente(s) bi s devem ser nulos. Quando o lado direito ´e uma constante, devemos procurar uma solu¸ ca˜o particular constante ′
Exemplo 14.5 Determine uma solu¸ca˜o particular para y ′′ + 7y = x 2 Solu¸c˜ ao: Procuramos uma solu¸c˜ao particular da forma y p (x) = ax 2 + bx + c, um polinˆ omio do segundo grau com todos os coeficientes, em princ´ıpio. Tem-se y p′ (x) = 2ax + b e y p′′ (x) = 2a. Substituindo na equa¸ ca˜o chega-se a 2a + 7 (ax2 + bx + c) = x 2 Igualando os coeficientes das potˆencias de x dos dois lados, vem que 7a = 1, 7b = 0 e 2a + 7c = 0. Da´ı a = 1/7, b = 0 e c = −2/49 A solu¸ca˜o particular ´e y p (x) = 1/7x2 − 2/49.
CEDERJ
188
´ M ODULO 2 -
AULA 14
Equa¸coes ˜ n˜ ao-homogˆeneas de segunda ordem
Teorema 14.3
Se, na equa¸ca˜o (14.7) h(x) = e αx , ent˜ao existe uma solu¸ca˜o particular da forma y p(x) = b eαx sendo
b um coeficiente a determinar.
Exemplo 14.6 Calcule uma solu¸ca˜o particular para y ′′ + y ′ + y = e −2x Solu¸c˜ ao: Aplicando diretamente o teorema (14.3), procuramos uma solu¸ c˜ao particular da − x 2 forma y p (x) = ae . Calculando as derivadas de y p (x) at´e a segunda ordem e substituindo na equa¸c˜ao, obtemos 4ae−2x − 2ae−2x + ae−2x = e −2x Da´ı 3a = 1 e a solu¸c˜ao particular ´e y p (x) =
1 −2x e 3
Teorema 14.4
Se, na equa¸ca˜o (14.7) h(x) = cos β x ou h(x) = sen βx, ent˜ao existe uma solu¸ca˜o particular da forma y p (x) = b 1 cos βx + b2 sen βx sendo
b1 e b2 um coeficientes a determinar.
189
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Equa¸coes ˜ n˜ ao-homogˆeneas de segunda ordem
Atividade 14.2 Calcule uma solu¸ca˜o particular da equa¸ca˜o 3y − y = 2 cos x ′′
Resposta: y p (x) = c˜ao (15.15) n˜ ao precisa conter obriObs.: Note que o lado direito da equa¸ gatoriamente as duas parcelas cos βx e sen βx. Basta a ocorrˆencia de uma delas para que procuremos uma solu¸ca˜o particular da forma y p (x) = b1 cos βx + b2 sen βx Teorema 14.5
Se, na equa¸ca˜o (14.7) h(x) = (a0 + a 1 x + · · · + a n xn)eαx cos β x ou g(x) = (a0 + a 1 x + · · · + a n xn)eαx sen βx, ent˜ao existe uma solu¸ca˜o particular da forma y p(x) = (b0 + b1 x + · · · + bn xn )eαx cos β x + + (c0 + c1 x + · · · + cn xn )eαx sen β x sendo
b0 , · · · , bn , c0 , · · · , cn coeficientes a determinar.
Exemplo 14.7 A forma de uma solu¸ca˜o particular de 2y ′′ − y ′ + 5y = x e2x sen x ´e y p (x) = (b0 + b1 x) e 2x cos x + (c0 + c1 x) e2x sen x onde b 0 , b1 , c0 , c1 s˜ao coeficientes a determinar.
Aten¸c˜ ao !!!: Se algum termo na express˜ ao de y p (x) for solu¸ca˜o da homogˆenea associada , prop˜oe-se xy p (x) para solu¸ca˜o particular. Caso algum termo de xy p (x) seja solu¸ca˜o da homogˆenea associada ent˜ ao a solu¸ca˜o particular bus2 cada ´e x y p(x). Exemplo 14.8 Calcule a solu¸c˜ao geral de (D2 − 4)y = −e2x Solu¸c˜ ao: Aplicando o teorema (14.3), procuramos uma solu¸c˜ao particular da forma y p (x) = ae 2x Calculando as derivadas desta y p e substituindo na equa¸ca˜o diferencial, chega-se a 4ae2x − 4ae2x = −e2x , de onde se conclui que 0 = -1, o que ´e um absurdo. Isso aconteceu porque −e2x ´e solu¸ca˜o da homogˆenea associada `a equa¸ca˜o (D2 −4)y = −e2x .
CEDERJ
190
´ M ODULO 2 -
AULA 14
Equa¸coes ˜ n˜ ao-homogˆeneas de segunda ordem
Experimentamos ent˜ao y p (x) = xae 2x . Neste caso y p′ (x) = ae2x + 2axe2x e y p′′ (x) = 4ae2x + 4axe2x . Substituindo na equa¸ca˜o: 4ae2x + 4axe2x − 4axe2x = −e2x , e portanto a = −1/4. A solu¸ca˜o particular ´e y p (x) = −1/4 x e2x
Atividade 14.3 Calcule uma solu¸ca˜o particular das equa¸co˜es abaixo pelo m´etodo dos coeficientes a determinar: a) y = 1
b)y + 3y = 1
′
′
Aten¸c˜ao !!!: Outros tipos de fun¸c˜oes h(x) aos quais o m´etodo se aplica podem ser obtidos como conseq¨ uˆencia do seguinte fato: “ Se y p (x) e y˜ p (x) s˜ao solu¸co˜es respectivamente das equa¸co˜es ′′
′
y + py + qy = g 1 (x)
′′
′
e y + py + qy = g 2 (x)
ent˜ao c1 y p (x) + c2 y˜ p(x) ´e solu¸ca˜o particular de ′′
′
y + py + qy = c 1g1(x) + c2g2(x). Exemplo 14.9 A equa¸ca˜o diferencial y ′′ + y ′ − 2y = e x − x cos x tem uma solu¸ca˜o particular da forma y p (x) = ke x + (b0 + b1 x) cos x + (c0 + c1 x) sen x, pois y ′′ + y ′ − 2y = e x
tem uma solu¸c˜ao particular da forma
kex
e y ′′ + y ′ − 2y = −x cos x tem uma solu¸ c˜ao particular da forma (b0 + b1 x) cos x + (c0 + c1 x) sen x Exemplo 14.10 Encontre uma equa¸c˜ao diferencial linear com coeficientes constantes cuja solu¸c˜ao geral seja (c1 + c2 x)e−3x + x Solu¸c˜ ao: Sabemos que a solu¸c˜ao geral de uma equa¸ca˜o diferencial linear n˜ao-homogˆenea ´e a soma da solu¸ca˜o geral da equa¸c˜ao diferencial linear homogˆenea associada com uma solu¸c˜ao particular da pr´opria equa¸c˜ao n˜ao-homogˆenea. Examinando a forma da solu¸ca˜o geral proposta: (c1 + c2 x)e−3x + x, somos levados a dividir o problema em duas partes: 1 - Determinar uma equa¸ca˜o diferencial linear homogˆenea - digamos L(y) = 0 - cuja solu¸c˜ao geral seja (c1 + c2 x)e−3x .
191
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Equa¸coes ˜ n˜ ao-homogˆeneas de segunda ordem
2 - Calcular uma fun¸ca˜o h(x) de tal modo que a f (x) = x seja uma solu¸ca˜o particular de L(y) = h(x). Vejamos como funciona: Na aula anterior, aprendemos a calcular equa¸c˜oes diferenciais lineares homogˆeneas normais, de coeficientes constantes, a partir de suas solu¸c˜ oes gerais: Seja y ′′ + py ′ + qy = 0 a equa¸c˜ao procurada. A fun¸c˜ao y2 (x) = xe−3x ´e solu¸ca˜o desta equa¸c˜ao. Logo −6e−3x + 9 x e−3x + p (e−3x − 3x e−3x ) + q x e−3x = 0 ou seja (−9 + p)e−3x + (9 − 3 p + q )x e−3x = 0; e como e−3x e x e−3x s˜ao fun¸c˜oes linearmente independentes, os coeficientes da combina¸c˜ao linear nula acima devem ser todos iguais a zero. Ent˜ao p − 9 = 0 e q − 3 p + 9 = 0. Isto ´e p = 9 e q = 18 e a equa¸c˜ao homogˆenea cuja solu¸c˜ao geral ´e (c1 + c2 x)e−3x ´e y ′′ + 9y ′ + 18y = 0 Agora a segunda etapa: determinar uma fun¸c˜ao h(x) tal que y p (x) = x seja solu¸c˜ao particular de y ′′ + 9y ′ + 18y = h(x). Substituindo x e suas derivadas na equa¸ca˜o acima, ficamos com 0 + 9 + 18 x = h(x) Assim h(x) = 18x + 9 e a solu¸ca˜o do problema ´e y ′′ + 9y ′ + 18y = 18x + 9.
Aten¸c˜ ao !!! S´o aplique o m´etodo dos coeficientes a determinar nos casos em que ele ´e aplic´avel (Teoremas (14.2) a (14.7)), ou em casos que possam ser reduzidos a eles, como no Exemplo 15.10. O m´etodo n˜ao se aplica, por exemplo, a` equa¸c˜ao L · y = ln(x), ou `a equa¸ca˜o L · y = 1/x
Exerc´ıcios Exerc´ıcio 14.1 Ache a solu¸ca˜o geral de cada uma das seguintes equa¸c˜oes diferenciais: 2) y − y − 2y = e
3) 4y + 4y + y = xe2x
4) y + 3y − 4y = x 2 ex
′′
′′
′′
192
′′
′
5) y + 4y + 4y = xe CEDERJ
x
1) y + y = 1/cos x
′
x/2
−
′′
′
′
6) y + 4y = e 2x /2 ′′
−
sen x.
´ M ODULO 2 -
AULA 14
Equa¸coes ˜ n˜ ao-homogˆeneas de segunda ordem
Respostas: 1) y(x) = c 1 cos(x) + c2 sen(x) + x sen(x)ln[cos(x)]cos(x) 3) y(x) = c 1 e−x/2 + c2 x e−x/2 + 5) y(x) = c 1 e−2x + c2 x e−2x +
1 (−4 + 5x)e2x 53
1 (−16 + 12x)e−x/2 27
2) y (x) = c 1 e2x + c2 e−x +
1 [3 cos(x) 10
4)y(x) = c1 ex + c2 e−4x +
1 [25x3 375
6) y (x) = c 1 cos(2x) + c2 sen(2x) +
− sen(x)]e−x
− 15x2 + 6x]ex 1 2x e 16
Exerc´ıcio 14.2 Para cada uma das equa¸co˜es abaixo, comprove que a express˜ ao dada ´e a solu¸ca˜o geral da equa¸ca˜o homogˆenea associada e, a seguir, encontre uma solu¸ca˜o particular da equa¸ca˜o: Obs: As equa¸co˜es s˜ao de coeficientes vari´aveis. Portanto o m´etodo dos coeficientes a determinar n˜ ao se aplica . 1) x 2 y ′′ − 2xy ′ + 2y = x 3 ln x,x > 0
yh = c 1 x + c2 x2
2) x 2 y ′′ − xy′ + y = x(x + 1)
yh = (c1 + c2 ln |x|)x
2
3) xy ′′ − (1 + 2x2 )y ′ = x 5 ex
yh = c 1 + c2 ex
4) (1 − x2 )y ′′ − 2xy ′ = 2x
yh = c 1 + c2 ln
Respostas: 1) y p (x) = 14 x3 [2 ln(x) − 3] 3) y p (x) = e
x2
x4 8
−
x2 4
+
1 4
2
1 + x 1−x
2) y p (x) = x 2 + 12 x ln2 (x)
4) y (x) = −x = log x+1 x−1
p
Exerc´ıcio 14.3 Use o m´ etodo dos coeficientes a determinar, para encontrar uma solu¸ c˜ao particular para cada uma das seguintes equa¸ co˜es. Em seguida determine a solu¸ca˜o geral da equa¸ca˜o: 1) y + y = 3ex 2) y + 2y = 2x + 3ex 3) y − y = sen x 4) y + y = 3 cos x 5) y + 4y + 2y = xe 2x 6) y + y − 6y = 6(x + 1) ′′
′
′′
′′
′
′
′′
′′
′′
′
−
′
Respostas: 1) y p (x) = 32 ex , y(x) = c 1 + c2 e−x + 32 ex 2) y p (x) = 12 x2 − 12 x , y(x) = c 1 + c2 e−2x + 12 (x2 − x) 3) y p (x) = − se n(x) 12 cos(x) , y (x) = c 1 + c2 ex − se n(x) 12 cos(x) 4) y p (x) = 32 cos(x) + 32 x sen(x) , y(x) = c1 cos(x) + c2 sen(x) + 32 cos(x) + 32 x sen(x)
√
5) y p (x) = − 12 e−2x , y (x) = c 1 e−(2+
2)x
√
+ c2 e(−2+
2)x
− 12 e−2x
193
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
2) y p (x) = −x −
Equa¸coes ˜ n˜ ao-homogˆeneas de segunda ordem
7 6
, y (x) = c 1 e2x + c2 e−3x − x −
7 6
Resumo Nesta aula aprendemos a calcular solu¸co˜es gerais de equa¸c˜oes diferenciais lineares de segunda ordem normais segundo dois m´etodos • O m´etodo da varia¸ca˜o dos parˆ ametros • O m´etodo dos coeficientes a determinar - O primeiro m´etodo pressup˜ o e que a solu¸ca˜o geral da equa¸ca˜o homogˆenea associada seja conhecida - O segundo m´etodo s´ o se aplica a equa¸c˜oes de coeficientes constantes, e quando as fun¸co˜es no segundo membro da equa¸ca˜o diferencial s˜ ao de alguns tipos especiais.
Avalia¸c˜ ao Esta foi mais uma aula em que exploramos os resultados apresentados nas aulas de n´ umeros 11 a 13. O m´etodo da varia¸c˜ao dos parˆ ametros ´e mais geral do que o dos coeficientes a determinar. Uma desvantagem desse m´etodo ´e que n˜ao dispomos de um procedimento geral para calcular a solu¸ca˜o geral da equa¸ca˜o homogˆenea associada quando os coeficientes s˜ ao fun¸c˜oes apenas cont´ınuas, ou mesmo de classe C k . J´a com rela¸ca˜o `as equa¸co˜es de segunda ordem com coeficientes constantes, sabemos como calcular a solu¸c˜ao geral da homogˆenea associada em qualquer caso. Mas a fun¸ca˜o que ocorre no segundo membro tem de pertencer a um grupo bem seleto. Apesar disso, um grande de modelos matem´ aticos recai em equa¸co˜es com coeficientes constantes a`s quais o m´etodo de coeficientes a determinar se aplica.
CEDERJ
194
´ M ODULO 2 -
AULA 15
Aplica¸c˜ oes de equa¸coes ˜ diferenciais lineares de segunda ordem
Aula 15 – Aplica¸ c˜ oes de equa¸ c˜ oes diferenciais lineares de segunda ordem
Objetivo
Ao final desta aula, vocˆe ter´ a estudado alguns modelos matem´ aticos de fenˆomenos f´ısicos importantes, envolvendo equa¸co˜es diferenciais lineares de segunda ordem. Introdu¸ c˜ ao - As Leis do Movimento de Newton
Boa parte desta aula ´e relacionada com as leis de movimento de Newton. Vocˆe conhece estas leis desde a escola de segundo grau, e as reviu e estudou com mais profundidade nos cursos de F´ısica. Vamos record´ a-las: Primeira Lei de Newton Um corpo permanece em repouso ou com velocidade
constante (acelera¸ca˜o zero) quando n˜ ao est´ a submetido a` a¸ca˜o de for¸cas externas, isto ´e,
−→a = 0
quando
→ −F = 0
Segunda Lei de Newton A resultante das for¸cas que atuam sobre um corpo ´e
igual ao produto da massa do corpo pela sua acelera¸ca˜o, isto ´e,
−→F = M −→a
Sir Isaac Newton 1643-1727
Um dos maiores de todos os tempos. Um dos “pais” do C´ alculo. Suas obras em Matem´ atica e F´ısica se tornaram verdadeiras pedras angulares, influenciando profundamente os desenvolvimentos posteriores nesses campos.
−→ −→ o primeiro corpo exerce sobre o segundo ´e igual e oposta a` for¸ca F que o
Terceira Lei de Newton Sempre que dois corpos interagem, a for¸ca F 12 que 21
segundo corpo exerce sobre o primeiro, isto ´e, co˜es inerentes `a validade das Leis de Newton. Coment´ ario : Existem limita¸
As duas primeiras leis valem somente quando observadas em sistemas de referˆencia inerciais (n˜ao acelerados). A terceira lei, em certos fenˆomenos de escala atˆomica, nem sempre ´e uma boa aproxima¸ca˜ o. N˜ ao vamos trabalhar com essas situa¸c˜oes cr´ıticas, e vamos supor que as trˆes leis s˜ao v´alidas.
195
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Aplica¸c˜ oes de equa¸coes ˜ diferenciais lineares de segunda ordem
Observe que a equa¸ca˜o que exprime a segunda lei de Newton ´e uma equa¸c˜ao diferencial de segunda ordem. Na forma geral, como enunciada acima, ´e uma equa¸ca˜o vetorial. Introduzindo eixos coordenados, poderemos substitu´ı-la por um sistema de trˆes equa¸c˜oes diferenciais ordin´arias de segunda ordem, n˜ao necessariamente lineares.
F x = M ax F y = M ay F z = M az
(15.1)
−→
onde F x , F y , F z representam as componentes, segundo os eixos x,y,z, da resultante F das for¸cas que atuam sobre a massa . Semelhantemente, a x , ay , ax s˜ao as componentes da acelera¸c˜ao a , segundo os eixos coordenados.
−→
−→
−→
Como sabemos, a ´e a derivada de segunda ordem do vetor posi¸c˜ao r com rela¸c˜ao ao tempo, isto ´e, d2 r . a = dt2
−→
Em termos de suas componentes o vetor
−→
d2 r = dt2
−→
−→
d2 r se escreve dt2
d2 rx d 2 ry d 2 rz , , dt2 dt2 dt2
,
−→
sendo, ´e claro, rx , ry e rz as componentes do vetor posi¸c˜ao r , com rela¸c˜ao aos eixos coordenados. Assim, o sistema (15.1) se reescreve como
d2 rx 2 dt 2 d rx F y = M dt2 d2 rx F z = M dt2
F x = M
(15.2)
Na pr´oxima aula come¸caremos a estudar os sistemas de equa¸c˜oes diferenciais. Mas s´o os lineares . Nesta aula, veremos alguns exemplos de movimentos unidimensionais envolvendo a segunda lei de Newton onde a express˜ao matem´ atica da segunda lei se reduz a F = M d2 r/dt2
(15.3)
onde estamos designando pela letra r a medida da posi¸ca˜o (relativamente a uma origem) do corpo de massa M , a for¸ca F ´e uma fun¸ca˜o de r. ao de movimento (15.3) precisamos conheUma observa¸ c˜ ao final : para resolver a equa¸c˜ cer (ou deduzir) a express˜ao da for¸ca F e “integrar” a equa¸c˜ao (15.3), que ´e uma equa¸c˜ao diferencial ordin´aria de segunda ordem. oes que ATENC ¸ ˜ AO!!! Neste curso, todos os modelos que vamos estudar envolvem equa¸c˜ s˜ao lineares.
Oscilador Harmˆ onico Simples
Vamos estudar alguns exemplos de objetos em movimento, que permanecem numa regi˜ ao restrita do espa¸co, oscilando (ou vibrando, sob a a¸ca˜o CEDERJ
196
´ M ODULO 2 -
AULA 15
Aplica¸c˜ oes de equa¸coes ˜ diferenciais lineares de segunda ordem
de uma for¸ca restauradora , em torno de uma posi¸c˜ao m´edia (ou de equil´ıbrio). O modelo matem´atico para o movimento unidimensional de part´ıculas su jeitas a for¸cas restauradoras lineares ´e o oscilador harmˆ onico. Suponha que a posi¸ca˜o da part´ıcula no instante t ´e dada pela fun¸ca˜o x : R
→ R;
t
→ x(t)
e que a part´ıcula (de massa m) est´a sujeita a uma for¸ca que a atrai para uma posi¸ca˜o de equil´ıbrio (que vamos admitir que ´e a origem) com uma magnitude proporcional a` distˆancia at´e essa posi¸ca˜o de equil´ıbrio,com constante de proporcionalidade k > 0, temos o seguinte esquema:
−→ F = −kx1
−→ F = −kx0
0
x1
x0
A segunda lei de Newton nos diz ent˜ ao que m¨ x = que ´e a equa¸ca˜o
11
−kx
do movimento do oscilador harmˆ onico simples (ou livre ).
Existem alguns tipos de movimento oscilat´ orio cujos modelos matem´aticos s˜ao obtidos fazendo pequenas modifica¸co˜es no modelo do oscilador simples: Exemplo 15.1
Se o oscilador estiver submetido a uma for¸ca resistiva proporcional a` sua velocidade (p. ex. uma for¸ca de atrito) a resultante das for¸cas na equa¸ca˜o do movimento deve incluir a parcela referente a` for¸ca resistiva: m¨ x =
−kx − µx˙
que ´e a equa¸ca˜o do oscilador harmˆ onico amortecido. µ ´e a constante de atrito do meio em que a massa est´ a oscilando 11 Quando
se est´a derivando uma fun¸c˜ao em rela¸ca˜o ao tempo muitas vezes a nota¸c˜ao de derivada utiliza pontos sobre a fun¸c˜ao.O n´ umero de pontos deve ser igual `a ordem de deriva¸c˜ao. De fato esta nota¸c˜ao ´e empregada para derivadas de ordem baixa
197
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Aplica¸c˜ oes de equa¸coes ˜ diferenciais lineares de segunda ordem
Exemplo 15.2
Quando,al´em da for¸ca restauradora, a part´ıcula est´ a submetida a uma for¸ca externa, (que vamos supor para simplificar s´ o depende do tempo), F = F (t), a equa¸ca˜o do movimento se escreve m¨ x =
−kx + F (t)
chamada de equa¸ca˜o do oscilador harmˆ onico for¸cado
Solu¸ c˜ ao da equa¸ c˜ ao diferencial do oscilador harmˆ onico simples
Escrevemos a equa¸ca˜o do oscilador sob a forma x ¨ + ω 2 x = 0 onde ω 2 = k/m. A solu¸ca˜o geral desta equa¸ca˜o ´e x(t) = c1 cos ωt+c2 sen ωt, onde c1 e c2 s˜ao constantes que podem ser determinadas sabendo-se a posi¸ca˜o inicial x(0) = x 0 e a velocidade inicial x(0) ˙ = v 0 . A solu¸ca˜o do PVI
´e
x¨ + ω 2 x = 0 x(0) = x 0 x(0) ˙ = v 0
x(t) = x0 cos ωt +
v0 sen ωt ω
Atividade 15.1
1. Fa¸ca os c´alculos e obtenha a solu¸ca˜o (15.4) 2. Escreva a solu¸ ca˜o x(t) sob a forma x(t) = A cos (ωt
− φ)
sendo A e φ constantes apropriadas. Sugest˜ ao : Multiplique e divida a express˜ao de x(t) por Solu¸c˜ ao:
CEDERJ
198
x20 +
v0 ω
2
.
(15.4)
´ M ODULO 2 -
AULA 15
Aplica¸c˜ oes de equa¸coes ˜ diferenciais lineares de segunda ordem
˜o oscilador ´e bastante cˆomoda e u ´ til. Nota: Esta maneira de representar a solu¸ca A ´e chamado de amplitude do movimento. O per´ıodo da fun¸c˜ao cosseno na express˜ao acima, T = 2π/ω ´e o per´ıodo do movimento , que representa o tempo necess´ario para uˆ encia do movimento , uma oscila¸ca˜o completa. O inverso do per´ıodo ´e chamado de freq¨ f = 1/T = ω/2π. A freq¨ uˆencia mede o n´umero de oscila¸c˜oes por unidade de tempo. Finalmente, o ˆangulo φ ´e chamado de ˆ angulo de fase . Exemplo 15.3
Um modelo de oscilador harmˆonico simples: O Pˆendulo Simples Um pˆendulo simples consiste de uma part´ıcula de massa m (constante) fixada a` extremidade de uma haste sem peso (ou de um fio inextes´ıvel), sendo a outra extremidade presa a um ponto fixo. Consideremos apenas os movimentos do pˆendulo nos quais o sistema se move num plano vertical definido. B
θ
T P
mg
O
Na figura acima B ´e o ponto fixo e P ´e a part´ıcula, afastada de sua posi¸ca˜o de equil´ıbrio O. P se move sob a influˆencia de duas for¸cas: (1) o peso mg, e (2) a tens˜ao T no fio. Sejam P B = l,
OBP = θ;
ent˜ao , o deslocamento da part´ıcula, medido ao longo do per´ımetro do arco circular de sua trajet´ oria, ´e s = lθ (lei “zero” da Trigonometria). A velocidade tangencial instantˆ anea correspondente ´e ldθ/dt . E a acelera¸ ca˜o tangencial correspondente ´e ld2 θ/dt2 .A for¸ca de retorno( que puxa a part´ıcula para a posi¸ca˜o de equil´ıbrio) ´e a componente tangencial da resultante das for¸cas que atuam na massa. A proje¸ c˜ao da tens˜ao na tangente ´e nula. A proje¸ca˜o do peso na dire¸ca˜o da tangente ´e mgsen θ.
−
199
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Aplica¸c˜ oes de equa¸coes ˜ diferenciais lineares de segunda ordem
De acordo com a 2a lei de Newton temos mld2 θ = dt2
−mgsen θ(t)
Usamos agora o desenvolvimento em s´erie de McLaurin sen θ = θ
−
θ 3 θ5 + 3 5
− · · ·
e observamos que , se nos restringimos a valores de θ suficientemente pequenos, senθ θ, de maneira que podemos desprezar os temos correspondenes `as potˆencias de θ maiores do que 1.
∼
Se consideramos s´ o o primeiro termo do desenvolvimento de sen θ, ent˜ao a equa¸ca˜o de movimento toma a forma ml ou ainda
d2 θ = dt2
d2 θ = dt2 2
−ω θ,
−mg θ(t) g ω2 = . l
Exemplo 15.4
O aˆngulo que mede o afastamento da posi¸ca˜o de equil´ıbrio de uma massa m 2 ¨ kg presa a um fio de comprimento l metros satisfaz a` equa¸ca˜o θ + ω θ = 0. Calcule l, sabendo que ω 2 = 4. Calcule tamb´ em o per´ıodo do movimento. Considere g = 10m/s2 Solu¸c˜ ao: Como vimos ao estudar o modelo do pˆ endulo simples, ω = g/l, de modo que 4 = 10/l, de onde imediatamente l = 2, 5 metros.
E como o per´ıodo T ´e igual a 2π/ω, obtemos T = 2π/2 = π segundos. Estudo do Oscilador Harmˆ onico For¸ cado
Consideremos o problema das oscila¸c˜oes de uma massa m presa a uma mola de constante k. Abandonado a si mesmo, o sistema massa-mola ficaria em equil´ıbrio numa posi¸ca˜o y0 unidades abaixo do comprimento da mola relaxada , conforme figura abaixo. Essa posi¸ca˜o de equil´ıbrio ser´a adotada como a posi¸ca˜o inicial y = 0. Nessa posi¸ca˜o ocorre o equil´ıbrio de for¸ cas mg = ky 0 .
−
Em seguida, desloca-se a massa verticalmente para uma posi¸c˜ao diferente de y = 0 (sem velocidade inicial) e aplica-se uma for¸ca externa h(t) vertical, de cima para baixo. Queremos estudar a evolu¸ca˜o do sistema com o tempo. CEDERJ
200
´ M ODULO 2 -
AULA 15
Aplica¸c˜ oes de equa¸coes ˜ diferenciais lineares de segunda ordem
k(y + y0) y0 mg
m h(t)
y = 0
Acompanhando pela figura, podemos montar o problema de valor inicial que traduz a situa¸ca˜o. Temos: d2 m 2 (y + y0 ) = dt
−k(y + y ) + mg + h(t) 0
Al´em disso, y(0) = y 0,
y0′ = 0
Como na posi¸ca˜o de equil´ıbrio temos mg ky 0 = 0 ent˜ a o a equa¸c˜ao do movimento se simplifica e podemos escrever que o problema de Cauchy correspondente a` situa¸c˜ao f´ısica proposta ´e
−
m y ′′ + ky = h(t) y(0) = y 0 y ′ (0) = 0
Calculemos a solu¸ca˜o deste problema para uma “for¸ca externa” h(t) peri´ odica. Tomamos o modelo acima e aplica-se, no instante inicial uma for¸ca h(t) = A sen (ωt). O problema de Cauchy se torna
m y ′′ + ky = A sen (ωt) y(0) = y 0 y ′ (0) = 0
Fazendo k/m = ω 02, a equa¸ca˜o diferencial homogˆenea associada m y ′′ + ky = 0, se reescreve como y ′′ + ω02y = 0, a qual tem para solu¸c˜ao geral yH (t) = C 1 cos (ω0 t) + C 2 sen (ω0t). 201
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Aplica¸c˜ oes de equa¸coes ˜ diferenciais lineares de segunda ordem
Usando agora o m´ etodo dos coeficientes a determinar, procuramos uma solu¸ca˜o particular da forma B cos(ωt)+C sen(ωt). Substituindo na equa¸ca˜o, calculamos A sen(ωt) yP (t) = , ω02 ω 2
−
supondo naturalmente que ω0 = ω. Assim, a solu¸ca˜o geral da equa¸ca˜ o do movimento ´e
y(t) = y H (t) + yP (t) = C 1 cos (ω0 t) + C 2 sen (ω0 t) +
A sen(ωt) ω02 ω 2
−
Impondo as condi¸co˜es iniciais, calculamos C 1 = y 0
e C 2 =
− ω (ωAω− ω ) . 0
2 0
2
Portanto a solu¸ca˜o do problema ´e y(t) = y 0 cos (ω0 t)
− ω (ωAω− ω ) sen (ω t) + Aωsen(ωt) −ω , 0
2 0
2
0
2 0
2
(15.5)
desde que ω0 = ω.
Se escolhermos, por exemplo, y 0 = solu¸ca˜o ´e
−1, A = 2, ω = 2, ω = 1.5, o gr´afico da 0
Observe que, apesar de bem complicado, o gr´afico mostra que a solu¸ca˜o ´e peri´ odica, como era de se esperar, com uma amplitude bem definida. Para completar a an´ alise do modelo resta estudar como s˜ ao as solu¸co˜es no caso ω0 = ω, caso existam. ´ razo´ E avel adotar como solu¸ca˜ o, no caso ω0 = ω, o limite quando ω
→ ω das solu¸co˜es y (t) definidas por (15.5).Usaremos a regrade L’Hˆopital.
CEDERJ
202
0
´ M ODULO 2 -
AULA 15
Aplica¸c˜ oes de equa¸coes ˜ diferenciais lineares de segunda ordem
Temos: y(t) = y 0 cos (ω0 t) +
A ω0(ω02
− ω ) [−ωsen (ω t) + ω 0
2
0
sen(ωt)]
Da´ı
d [ ωsen (ω0 t) + ω0 sen(ωt)] dω lim y(t) = y 0 cos(ω0 t) + A lim . d ω →ω ω →ω 2 2 [ω0(ω0 ω )] dω
−
0
0
−
Isto ´e, lim y(t) = y 0 cos(ω0 t) + A lim ω →ω ω →ω 0
0
−sen ω t + ω t cos ωt , −2ω ω 0
0
0
o que nos d´ a, finalmente, y(t) = y 0 cos(ω0 t) + A
−sen ω t + ω t cos ω t −2ω 0
0 2 0
0
(15.6)
Obs: Intuitivamente, a solu¸c˜ao (15.6), pode ser interpretada como a solu¸ca˜o obtida quando sintonizamos a freq¨ uˆencia ω da for¸ca aplicada com a freq¨uˆencia ω 0 interna de vibra¸c˜ao do sistema (i.´e, aquela freq¨ uˆencia com que o sistema massa-mola vibraria, depois de deslocado da posi¸c˜ao de equil´ıbrio, se n˜ao tivesse sido aplicada nenhuma for¸ca externa).
Vejamos como seria o gr´ afico da solu¸c˜ao corrrespondente a` escolha de parˆametros y0 = 1, A = 2, ω0 = ω = 2:
−
A amplitude da solu¸ca˜o vai aumentando a` medida que o tempo passa. Eventualmente a amplitude alcan¸ca um valor t˜ao grande que a mola n˜ ao tem mais como fazer o sistema retornar, ocorrendo uma ruptura. 203
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Aplica¸c˜ oes de equa¸coes ˜ diferenciais lineares de segunda ordem
Este ´e um exemplo do fenˆ omeno da ressonˆ a ncia, que faz com que os engenheiros, ao projetar um sistema que possua vibra¸co˜es internas, (uma ponte por exemplo), o fa¸cam de tal modo que as eventuais freq¨ uˆencias de for¸cas externas (imagine uma coluna de soldados marchando sobre a ponte) nunca entrem em sintonia de ressonˆ ancia. Seria um desastre! E por falar em desastre . . . Atividade 15.2
O caso da ponte do estreito de Tacoma: Em julho de 1940, a Ponte de Tacoma, no Estado de Washington, rompeu-se ao entrar em ressonˆ ancia com rajadas do vento que soprava periodicamente na regi˜ ao. Aqui, a for¸ca externa foi a for¸ca do vento. Atuando periodicamente sobre a ponte, com uma determinada freq¨ uˆencia. Essa freq¨uˆencia entrou em sintonia cm a freq¨ uˆencia interna da ponte. Que freq¨ uˆencia interna ´e essa? Fa¸ca uma pesquisa na Internet e procure mais informa¸c˜oes sobre a ponte de Tacoma. Sugest˜ ao : Procure links em portuguˆ es. Existem `as dezenas.
Circuitos el´ etricos
O fluxo de corrente em uma rede el´ etrica constitu´ıda de um n´ umero finito de circuitos fechados ´e governado pelas seguintes leis, conhecidas como leis de Kirchhoff 1a Lei de Kirchhoff A soma alg´ebrica das correntes que entram e saem de
um n´o qualquer da rede ´e zero. 2 a Lei de Kirchhoff A soma alg´ ebrica daos aumentos(ganhos) e das dimi-
nui¸co˜es (quedas) de tens˜ ao nos v´arios componentes el´etricos de qualquer circuito fechado da rede ´e zero. Vamos nos limitar `as redes constitu´ıdas de um u´nico circuito formado por uma fonte de tens˜ ao V , uma resistˆencia R, um capacitor de capacitˆ ancia C e uma indutˆ ancia L. As f´ormulas que relacionam o fluxo de corrente i com a varia¸ca˜ o da tens˜ao atrav´es de cada um destes componentes s˜ ao: V R = iR CEDERJ
204
para resistˆencia,
´ M ODULO 2 -
AULA 15
Aplica¸c˜ oes de equa¸coes ˜ diferenciais lineares de segunda ordem
di dt dV C i = C dt
V L = L
para indutˆ ancia, para a capacitˆ ancia.
Consideremos um circuito RLC simples ao qual se aplica uma tens˜ ao senoidal. Queremos determinar a intensidade da corrente el´etrica que percorre o circuito em cada instante t. ao V (t) ´e senoidal,, se tem a seguinte forma Tens˜ oes senoidais Dizemos que a tens˜ V (t) = E cos(ωt + φ), sendo E , ω e φ n´ umeros reais. ametros E , ω e φ: Observa¸ c˜ ao Significados dos parˆ Conforme aprendemos no curso de C´alculo I, E ´e um fator que mede o valor m´aximo de V (t) .
|
|
Significado f´ısico de E
E ´e a amplitude m´ axima da tens˜ ao V (t)
Chamemos de T o per´ıodo da tens˜ ao, isto ´e o tempo m´ınimo necess´ario para a forma V (t) se repetir. Tem-se: V (t + T ) = V (t)
(15.7)
uˆ encia f da voltagem ´e o n´ A freq¨ umero de vezes que a forma V (t) se repete em cada unidade de tempo. A rela¸c˜ao entre o per´ıodo e a freq¨uˆencia ´e dada por
No de repeti¸c˜oes 1 f Da´ı
1/f = T /1,
−→ −→
tempo T 1
e portanto f = 1/T.
Usando a equa¸ca˜o (15.7), podemos entender o significado f´ısico de ω . Tem-se V (t + T ) = V (t)
⇐⇒ ⇐⇒ ⇐⇒
E cos [ω(t + T ) + φ] = E cos (ωt + φ) E cos (ωt + ωT + φ) = E cos (ωt + φ) ωT = 2kπ
k
∈ Z.
Como o per´ıodo T ´e o menor n´umero positivo, tal que a forma de onda se repete ap´os um tempo T , devemos escolher k = 1. Dessa forma T =
2π ω
e
2πf = ω.
E vemos que ω ´e uma medida da freq¨ ueˆncia com que a voltagem oscila (se repete)
Significado
φ ´e um parˆametro que d´a a medida do quanto a tens˜ao no instante t = 0 ´e diferente da tens˜ ao m´ axima E .
parˆ ametros ω e φ
f´ısico
Passemos ent˜ ao ao problema de determinar a corrente que percorre o circuito RLC quando aplicamos a tens˜ ao senoidal V (t) = E cos (ω + φ). 205
CEDERJ
dos
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Aplica¸c˜ oes de equa¸coes ˜ diferenciais lineares de segunda ordem
R
V (t)
i(t)
L
C
Usando a segunda lei de Kirchhoff, temos que a soma das quedas de di tens˜ao na resistˆencia (E R = iR), na indutˆancia (E L = L ) e no capacitor dt (E C = i dt) ´e igual ao aumento de voltagem fornecido pela bateria (V = E cos(ωt + φ). Assim, a equa¸ca˜o integro-diferencial (i.´e, equa¸c˜ao envolvendo derivadas e primitivas de uma fun¸ca˜o desconhecida) ´e
1 di L + Ri + dt C
i dt = E cos(ωt + φ)
Derivando uma vez com respeito ao tempo obtemos a equa¸ c˜ao (puramente) diferencial do modelo matem´ atico para o circuito: d2 i di i dV L 2 + R + = dt dt C dt Ou seja,
d2 i di i L 2 + R + = dt dt C
−Eω sen (ω
+ φ)
(15.8)
Sabemos que a solu¸ca˜o geral da equa¸ca˜o acima ´e formada pela soma da solu¸ca˜o geral da equa¸ca˜o homogˆenea associada d2 i di i =0 L 2 + R + dt dt C
(15.9)
Atividade 15.3 O Objetivo desta atividade ´e fazer parte da demonstra¸ca˜ o de que a solu¸c˜a o geral da equa¸ca˜o (15.9) sempre tende a zero quando t + , independente das condi¸co˜es iniciais.
→ ∞
(a) Calcule a equa¸ca˜o caracter´ıstica de (15.9) e suas ra´ızes: Solu¸c˜ ao:
(b) Sabemos que a solu¸ca˜o geral i h (t) de ( 15.9) assume diferentes formas de acordo com o sinal do n´ umero α = CEDERJ
206
R 2L
2
−
1 . LC
´ M ODULO 2 -
AULA 15
Aplica¸c˜ oes de equa¸coes ˜ diferenciais lineares de segunda ordem
Suponha α > 0. Observando que a solu¸ca˜o geral correspondente a este caso ´e R (− 2L −
ih (t) = c 1 e
√ α)
√ α)
R (− 2L +
+ c2 e
,
(15.10)
explique porque a primeira parcela de (15.10) sempre tende a zero quando t +
→ ∞
Solu¸c˜ ao:
−1
R2
< 0. Adicionando Prosseguindo, j´ a que L > 0, C > 0 ent˜ao aos LC 4L2 dois lados, conclu´ımos que α < 2RL . Portanto 2RL + α < 0.
−
t
√
Vocˆe conclui ent˜ ao que a segunda parcela de (15.10) + .
quando
→ ∞
Conclus˜ ao geral
Se α > 0 ent˜ao lim ih (t) = t→+∞
.
Nota: As demonstra¸c˜oes de que ih (t) ficam como exerc´ıcio para vocˆe fazer.
→ 0 quando t → + ∞ para os casos α = 0 e α < 0
ao geral da equa¸ca˜o homogˆenea associada (15.9) ´e chamada de Coment´ ario : A solu¸c˜ solu¸ c˜ ao transit´ oria , e a corrente que persiste ao longo do tempo, ´e uma solu¸ca ˜o particular
da equa¸c˜ao n˜ao-homogˆenea (15.8): L
d2 i di i +R + = 2 dt dt C
−Eω sen (ω
+ φ),
que ´e chamada `as vezes de solu¸c˜ ao de estado permanente .
Passemos a calcular a solu¸ca˜o em estado permanente. Segundo o m´etodo de coeficientes a determinar, como o termo independente ´e Eω sen (ω + φ), procuramos uma solu¸c˜ao particular da forma
−
i(t) = A cos (ωt + φ) + B sen (ωt + φ) onde A e B s˜ao constantes a determinar.
207
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Aplica¸c˜ oes de equa¸coes ˜ diferenciais lineares de segunda ordem
Substituindo na equa¸ca˜o, obtemos L[ ω 2 A cos (ωt + φ1 )
−
ω 2 B sen (ωt + φ1)]
−
+ R [ ωA sen (ωt + φ1) + ωB cos (ωt + φ1 )] 1 + [A cos (ωt + φ1) + B sen (ωt + φ1)] C = Eω sen (ω + φ1 ).
−
−
Igualando os coeficientes correspondentes, obtemos
−ω LA + ωRB + C 1 A = 0 2
−ω LB − ωRA + C 1 B = −ωE 2
Resolvendo estas equa¸c˜oes, obtemos A =
RE ; R2 + (ωL 1/ωC )2
(ωL 1/ωC )E R2 + (ωL 1/ωC )2
−
B=
−
−
de maneira que i(t) =
E [R cos (ωt + φ1 ) + (ωL R2 + (ωL 1/ωC )2
−
− 1/ωC )sen (ωt + φ )] 1
Observa¸ c˜ ao: A corrente i(t), em estado permanente, ´e dada por uma express˜ao da forma
A cos α + B sen α Multiplicando e dividindo (15.11) por
A2 + B 2
E como
A cos α + A2 + B 2
A A2 + B 2
(15.11)
√ A2 + B2 ,obtemos :
√
√
2
B sen α A2 + B 2
√
B A2 + B 2
√ +
(15.12)
2
=1
podemos garantir que existe um ˆangulo θ tal que
√ A2A+ B 2 = cos θ
e
√ A2B+ B2 = sen θ
(15.13)
Das rela¸c˜oes (15.13) deduz-se imediatamente que θ = arctg
B A
(15.14)
Substituindo as rela¸c˜oes (15.13) em (15.12) chegamos a:
A2 + B 2 (cos θcos α + sen θsen α) = ( A2 + B 2 ) cos (α
CEDERJ
208
− θ)
(15.15)
´ M ODULO 2 -
AULA 15
Aplica¸c˜ oes de equa¸coes ˜ diferenciais lineares de segunda ordem
sendo, obviamente θ = arctg
B . A
Podemos ent˜ ao reescrever i(t) sob a forma
i(t) =
E
R2 + ωL
1 − ωC
2
cos ωt + φ
− arctg
ωL
− 1/ωC R
(15.16)
que ´e da forma i(t) = Icos(ωt + ψ). Conclus˜ ao : A corrente (em estado permanente) correspondente a uma vol-
tagem senoidal ´e uma fun¸ca˜o senoidal, ou um sinal de Corrente Alternada (CA), de mesma freq¨ uˆencia que a da tens˜ao alimentadora, embora a amplitude e a fase inicial sejam diferentes. A corrente el´etrica ´e uma fun¸ c˜ao peri´odica. Ela se repete. Ela oscila. Exerc´ıcios Exerc´ ıcio 15.1
Uma massa presa a uma mola, ´e deslocada de 1 cm abaixo da posi¸ca˜o de equil´ıbrio, num meio com coeficiente de atrito µ = 5, de onde ´e abandonada com velocidade inicial 1 cm/seg. Determine o problema de valor inicial que governa o movimento harmˆonico amortecido da massa. A seguir, resolva o PVI. Respostas: y ′′ +5y ′ +4y = 0
y(0) = 1,
y ′ (0) = 1;
y(t) = (5/3)e−t (2/3)e−4t
−
Exerc´ ıcio 15.2
Complete a demonstra¸c˜ao da atividade (11.3), mostrando que se α = ent˜ao lim ih (t) = 0
2
− R 2L
1 LC
≤ 0
t→+∞
Obs: Analise separadamente os casos α = 0 e α < 0 (pois as solu¸c˜ oes s˜ao de formas
diferentes nos dois casos) Sugest˜ ao : No caso α = 0 use a Regra de L’Hˆo pital. No outro caso, lembre que se
f (t) 0, quando t + e g(t) ´e limitada numa vizinhan¸ca de + , i.´e, g(t) < M para todo t N , onde M > 0 e N > 0 s˜ ao constantes, ent˜ ao f (t)g(t) 0 quando t + .
→ ≥
→ ∞
∞ →
| |
→ ∞
Exerc´ ıcio 15.3
Um circuito RL ´e um circuito formado por uma fonte de tens˜ao V (t), uma resistˆencia R e uma indutˆ ancia L. Suponha R e L constantes.
209
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Aplica¸c˜ oes de equa¸coes ˜ diferenciais lineares de segunda ordem
ao diferencial que a corrente i(t) que percorre a) Usando as leis de Kirchhoff, deduza a equa¸c˜ o circuito satisfaz ao senoidal amortecida b) Calcule a corrente quando o circuito ´e submetido a uma tens˜
V (t) = E 0 e−at sen(bt), E 0 , a , b constantes, a > 0. [Suponha que, no instante t = 0, i(0) = i 0 ] Respostas:
di + Ri = V (t) dt bE 0 L −(R/L)t E 0 −at (b) i(t) = i 0 + e + e sen(bt β ), Y 2 Y onde Y = (R aL)2 + b2 L2 , R aL = Y cosβ, (a) L
−
−
−
bL = Y senβ,
0 <β <π
Resumo
Nesta aula estudamos dois tipos de aplica¸co˜es importantes do material referente a equa¸co˜es lineares de coeficientes constantes, ambos relacionados com oscila¸c˜oes: - modelos mecˆ anicos envolvendo o oscilador harmˆ onico (simples ou com amortecimento) - modelos de oscila¸co˜es el´etricas. Avalia¸ c˜ ao
O processo de construir(projetar) modelos e analisar suas respostas ´e, em geral, longo e, a`s vezes, cansativo. Mas ´e um trabalho compensador e essencial a` nossa forma¸ca˜o profissional. Procuramos nos restringir a um m´ınimo de aplica¸co˜es; e de tipos semelhantes. Ainda assim, sugiro que numa primeira leitura, vocˆe se detenha em um modelo procurando entendˆe-lo, interpret´a-lo, refazˆe-lo e complet´ a-lo. Posteriormente,volte e estude os outros modelos, e procure modelos de outros tipos de problemas na literatura e na Internet.
CEDERJ
210
´ M ODULO 3 -
AULA 16
Sistemas de equa¸c˜ oes diferenciais lineares de primeira ordem. Autovalores reais distintos
Aula 16 – Sistemas de equa¸c˜ oes diferenciais lineares de primeira ordem. Autovalores reais distintos
Objetivos 1) - Construir um sistema de duas equa¸co˜es diferenciais de primeira ordem em duas inc´ ognitas (sendo que cada equa¸ca˜o cont´em a derivada de primeira ordem de apenas uma das inc´ ognitas) equivalente a uma equa¸ca˜o diferencial linear de segunda ordem, normal num intervalo. 2) - Generalizar os sistemas de equa¸ co˜es diferenciais de primeira ordem do item (1), incluindo os que n˜ao s˜ao provenientes de equa¸co˜es diferenciais lineares de segunda ordem normais. 3) - Escrever um sistema de duas equa¸co˜es lineares de primeira ordem em forma vetorial, definindo uma matriz de fun¸c˜oes, um vetor de fun¸co˜es inc´ognitas, e um vetor de termos independentes. 4) - Calcular a solu¸ca˜o geral de sistemas cujas matrizes s˜ao formadas por fun¸c˜oes constantes, possuindo autovalores reais distintos e sem vetores de termos independentes.
Sistemas de equa¸c˜ oes diferenciais lineares de primeira ordem Consideremos uma equa¸ca˜o diferencial linear de segunda ordem, normal num intervalo I ′′
′
y + p(x)y + q (x)y = h (x)
(16.1)
Vamos construir um sistema de duas equa¸co˜es de primeira ordem equivalente a` equa¸ca˜o (16.1), cujas inc´ ognitas s˜ao duas fun¸co˜es y1(x) e y2 (x), da seguinte maneira: - Em primeiro lugar, introduzimos as duas novas inc´ oginitas: def
y1 (x) = y (x) def
′
y2 (x) = y1 (x)
(16.2) (16.3) 211
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Sistemas de equa¸ c˜ oes diferenciais lineares de primeira ordem. Autovalores reais distintos
P Anote: As fun¸co˜es y1 e y2 s˜ao sempre definidas pelas rela¸co˜es (16.2) e (16.3), independentemente dos coeficientes da equa¸ c˜ao de segunda ordem (16.1) . A fun¸cao ˜ y1 ´e sempre igual ` a fun¸cao ˜ inc´ ognita y da equa¸ cao ˜ de segunda ordem, e y2 ´e sempre igual ` a derivada de y . Agora vamos construir um sistema de duas equa¸co˜es de primeira ordem com as fun¸co˜es y1 e y2 : Repare que a equa¸ca˜o (16.3) j´ a ´e uma das equa¸co˜es diferenciais que queremos: y1 = y 2 ′
Queremos agora uma equa¸ca˜o para y2 : ′
′
y2 = ?
Isolando y no lado esquerdo da equa¸ca˜o (16.1): ′′
′′
′
y = − q (x) y − p(x)y + h(x)
(16.4)
Acontece que y = y 1 (conforme a equa¸ca˜o (16.2)), conseq¨ uentemente y = y 1. Mas (ver equa¸ca˜o(16.3)) y1 = y 2 ′
′
′
Substituindo y e y no lado direito de (16.4) respectivamente por y1 e ′
y2 : ′′
y = −q (x) y1 − p(x)y2 + h(x).
(16.5)
Por outro lado, derivando os dois lados da equa¸ca˜o (16.3): ′
′′
y2 = y 1 ,
que por sua vez ´e igual a
y
′′
Assim, substituindo y por y2 no lado esquerdo de (16.5) temos finalmente ′′
′
′
y2 = − q (x) y1 − p(x)y2 + h(x).
(16.6)
As equa¸co˜es (16.3) e (16.6) formam um sistema de duas equa¸co˜es provenientes da equa¸ca˜o de segunda ordem (16.1). Em resumo:
′′
′
y + p(x)y +q (x)y = h (x)
CEDERJ
212
e
y1 = y y2 = y 1 ′
y1 = y 2 ′
y2 = − q (x) y1 − p(x)y2 + h(x) ′
´ M ODULO 3 -
AULA 16
Sistemas de equa¸c˜ oes diferenciais lineares de primeira ordem. Autovalores reais distintos
Vejamos alguns exemplos: Exemplo 16.1 Determine um sistema de equa¸c˜oes diferenciais de primeira ordem equivalente `a equa¸c˜ao xy − 2x2 y + 7y = ln (x). ′′
′
Indique o(s) intervalo(s) onde vale a equivalˆencia. Solu¸c˜ ao:
Devido `a presen¸ca da fun¸c˜ao log (x) no segundo membro, a equa¸c˜ao s´o ´e bem definida no intervalo (0, +∞). E ela ´e normal nesse intervalo. Escrevendo a equa¸ca˜o em forma normalizada temos ′′
′
y − 2xy +
7 x
y =
log (x) x
(16.7)
Fazendo y1 = y e y 2 = y 1 , j´ a temos a primeira equa¸ca˜o do sistema, a saber: ′
′
y1 = y 2 .
Precisamos calcular uma equa¸c˜ao para y 2 . ′
Agora, ′
′
′
y2 = (y1 ) = y
′′
E da equa¸ca˜o (16.7) tiramos o valor de y = 2xy − ′′
′
′
′
y2 = 2xy −
7 x
y +
7 x
y +
log (x) x
Assim
log (x) x ′
Finalmente, substitu´ımos no lado direito desta u ´ ltima equa¸c˜ao y por y 1 e y por y 2 , ficando com 7 log (x) y2 = 2xy2 − y1 + , ′
x
x
que ´e a equa¸ca˜o para y 2 . ′
O sistema equivalente a xy − 2x2 y + 7y = ln (x), em (0, +∞) ´e ′′
′
y1 = y 2 ′
y2 = − x7 y1 + 2 xy2 + ′
log (x) x
Exemplo 16.2 Foi dito que o sistema constru´ıdo a partir de uma equa¸c˜ao diferencial linear de segunda ordem normal ´e equivalente `a equa¸c˜ao. Mostremos que os conjuntos de solu¸c˜oes da equa¸c˜ao de segunda ordem e do sistema constru´ıdo a partir dela s˜ ao iguais, e portanto a equa¸c˜ao e o sistema realmente equivalem (tˆem os mesmos conjuntos de solu¸co˜es). Solu¸c˜ ao:
Seja ent˜ ao ′′
′
y + p(x)y + q (x)y = h (x)
uma equa¸c˜ao linear de segunda ordem normal num intervalo I e seja
y1 = y 2 ′
y2 = − q (x) y1 − p(x)y2 + h(x) ′
213
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Sistemas de equa¸ c˜ oes diferenciais lineares de primeira ordem. Autovalores reais distintos
o sistema correspondente. Ao resolver a equa¸c˜ao de segunda ordem, calcula-se sua solu¸c˜ao y (x). Mas y (x) = a temos a primeira solu¸ca˜o do sistema. Derivando a solu¸c˜ao y (x), calcuy1 (x). Portanto j´ lamos y (x), que ´e igual a y1 (x), a qual por sua vez ´e igual a y2 (x). ′
′
Ou seja, partindo da solu¸ca˜o y (x) da equa¸c˜ao de segunda ordem, obtemos as solu¸co˜es y1 (x) e y 2 (s) do sistema a ela associado. Toda solu¸cao ˜ da equa¸cao ˜ de segunda ordem normal d´ a origem a um par de solu¸c˜ oes do sistema a ela associado.
Reciprocamente, suponha que conhecemos solu¸c˜oes y 1 e y2 do sistema de equa¸co˜es
y1 = y 2 ′
y2 = − q (x) y1 − p(x)y2 + h(x) ′
´ claro que (derivando a primeira equa¸c˜ao) obtemos y = y , e substituindo y2 por y e E 2 1 1 ao ficamos com y2 por y1 na segunda equa¸c˜ ′
′
′′
′
′′
′′
′
y1 = − q (x) y 1 − p(x) y1 + h(x),
o que diz que y1 ´e solu¸c˜ao da equa¸c˜ao de segunda ordem y + p(x)y + q (x)y = h (x). ′′
′
Como estamos partindo da hip´ otese de que conhecemos y1 , ent˜ ao podemos dizer que conhecemos uma solu¸c˜ao da equa¸c˜ao de segunda ordem. Todo par de solu¸coes ˜ do sistema ´e relacionado a uma solu¸c˜ ao da equa¸cao ˜ de segunda ordem normal associada a ele
E era exatamente isso que quer´ıamos provar: Existe uma correspondˆencia bijetiva entre as solu¸coes ˜ de equa¸cao ˜ linear normal de segunda ordem e os pares de solu¸c˜ oes do sistema de equa¸coes ˜ de primeira ordem associado a ela.
Desafio:Como vocˆe faria para generalizar o procedimento dos exemplos anteriores e construir um sistema de n equa¸co˜es de primeira ordem equivalente a uma equa¸c˜ao diferenial linear normal de ordem n ? Observa¸c˜ ao: At´e o final do curso, s´ o vamos estudar sistemas de duas equa¸co˜es lineares de primeira ordem. Os sistemas equivalentes a equa¸co˜es lineares normais de segunda ordem s˜ao casos particulares de sistema mais gerais, da forma
y1 = a 11 (x)y1 + a12(x)y2 + h1 (x) ′
y2 = a 21 (x)y1 + a22(x)y2 + h2 (x) ′
Registre: Sistemas de equa¸c˜oes diferenciais lineares de primeira ordem da forma geral acima s˜ao muito comuns, ocorrendo em diversos modelos matem´aticos de problemas de outras ciˆencias e tamb´em em problemas te´oricos da pr´opria Matem´atica. Como exemplo, vejamos um modelo matem´atico de um sistema “concreto”, que n˜ao ´e constru´ıdo a partir de uma equa¸c˜ao diferencial normal de segunda ordem.
CEDERJ
214
´ M ODULO 3 -
AULA 16
Sistemas de equa¸c˜ oes diferenciais lineares de primeira ordem. Autovalores reais distintos
Vocˆe n˜ao precisa se preocupar com os detalhes t´ecnicos. Numa primeira leitura, procure apenas acompanhar um processo modelagem matem´atica.
Solu¸ co ˜es salinas em tanques interligados
1,5 ℓ/min
1 ℓ/min
1 kg/ℓ
3 kg/ℓ
3 ℓ/min 1,5 ℓ/min
2,5 ℓ/min
Tanque 1 (30 ℓ )
Figura 16.1
Consideremos os dois tanques interligados como na figura 16.1. O tanque 1 cont´ em inicialmente 30 litros de a ´gua e 25 kg de sal, enquanto o tanque 2 cont´ em inicialmente 20 litros de ´ agua e 15 kg de sal. Uma solu¸ ca ˜ o de 1 kg/ℓ de sal entra no tanque 1 com uma vaz˜ a o de 1,5 ℓ/min. A mistura formada passa do tanque 1 para o tanque 2 com uma vaz˜ a o de 3 ℓ /min. Simultaneamente, entra no tanque 2 uma solu¸ ca ˜ o de 3 kg/ℓ de a ´gua salgada (vinda de fora) com uma vaz˜ a o de 1 ℓ/min. Parte da solu¸ c˜ ao formada no tanque 2 ´ e expelida com uma vaz˜ a o de 4 ℓ/min; uma parte indo para o tanque 1 com uma vaz˜ ao de 1,5 ℓ/min, enquanto o resto deixa o sistema. Determinar as quantidades de sal Q 1 (t) e Q 2 (t) em cada um dos tanques, num instante t qualquer . Solu¸ c˜ ao: Consideremos o primeiro tanque: a quantidade de sal num instante t ´ e igual a ` quantidade de sal original, mais a que entrou no tempo t menos a que saiu no tempo t. A mesma coisa vale para o segundo tanque (uma equa¸ ca ˜o de balan¸ co). Logo, a taxa de varia¸ ca ˜o da quantidade sal em um tanque ´ e i gual ` a taxa de varia¸ ca ˜o da quantidade de sal que entra, menos a taxa de varia¸ ca ˜o da quantidade de sal que sai. Uma outra observa¸ c˜ ao importante ´ e que os volumes das solu¸ co ˜es nos dois tanques sempre s˜ ao constantes. Assim,p or exemplo, seja qual for a quantidade de sal Q1 (t) no tanque 1 no instante t, podemos garantir que a quantidade de sal por litro na solu¸ ca ˜o do tanque 1 ´e
Q1 (t)/30 kg/ℓ. E a quantidade de sal por litro na solu¸ ca ˜o do tanque 2 ´ e Q2 (t)/20 kg/ℓ Portanto, a taxa de varia¸ ca ˜o da quantidade de sal no tanque 1 ser´ a:(taxa que entra de fora) + (taxa que entra do tanque 2)-(taxa do que sai do pr´ oprio tanque 1), ou seja dQ1
= 1, 5 +
dt
1, 5 20
Q2 (t) −
3 20
Q1 (t)
(i).
De modo an´ alogo,a taxa de varia¸ ca ˜o da quantidade de sal no tanque 2 ser´ a: (taxa que entra de fora) + (taxa que entra do tanque 1) -( taxa do que sai do pr´oprio tanque 2) Ent˜ ao, dQ2 dt
= 3, 0 +
3 30
Q1 (t) −
4 20
Q2 (t)
(ii)
E asim as equa¸ co ˜es que governam as quantidades Q1 (t) e Q 2 (t) s˜ ao
Atividade 16.1 Escreva na linha abaixo as fun¸co˜es aij (x), hk (x), 1 ≤ k ≤ 2, para as quais o sistema
Tanque 2 (20 ℓ )
8 > > < > > :
dQ1 dt dQ2 dt
= 1, 5 +
= 3, 0 +
1, 5 20 3 30
Q2 (t) −
Q1 (t) −
3 20 4
20
Q1 (t)
Q2 (t)
1 ≤ i, j ≤ 2, e as fun¸co˜es
y1 = a 11 (x)y1 + a12 (x)y2 + h1 (x) ′
y2 = a 21 (x)y1 + a22 (x)y2 + h2 (x) ′
´e equivalente a` equa¸c˜ao y + p(x)y + q (x)y = g (x). ′′
′
215
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Sistemas de equa¸ c˜ oes diferenciais lineares de primeira ordem. Autovalores reais distintos
Resposta:
Nota: Nossa meta ´e, at´e o final do curso, efetuar um estudo sistemas gerais de equa¸c˜oes diferenciais de primeira ordem (n˜ a o s´o dos equivalentes a equa¸co˜es lineares normais de segunda ordem). Come¸caremos com uma s´ erie de conceitos e resultados que, tal como no caso de equa¸co˜es diferenciais lineares de ordem superior a um, servir˜ ao de guia para o estudo a ser efetuado.
Defini¸co ˜es e propriedades gerais dos sistemas de equa¸c˜ oes diferenciais lineares Na se¸ca˜o anterior, vimos dois exemplos interessantes de sistemas de equa¸co˜es lineares de primeira ordem normais. Um de natureza te´ orica, o sistema equivalente a uma equa¸c˜ao diferencial linear de segunda ordem normal, e um modelo concreto, o sistema que d´ a as concentra¸co˜es de sal em cada um de dois tanques interligados entre si.
Defini¸c˜ao 16.1
Seja I ⊂ R um intervalo aberto. Um sistema normal de duas equa¸co˜es diferenciais de primeira ordem, em I , para as fun¸co˜es inc´ognitas y1 e y2 ´e um sistema da forma
y1 = a 11 (x)y1 + a12(x)y2 + h1 (x) ′
y2 = a 21 (x)y1 + a22(x)y2 + h2 (x) ′
(16.8)
onde aij : I −→ R
e hk : I −→ R
s˜ao fun¸co˜es cont´ınuas, para 1 ≦ i,j,k ≤ 2. As fun¸co˜es aij (x) s˜ao chamadas de coeficientes do sistema (16.8). As fun¸co˜es hk s˜a o os termos independentes do sistema (16.8)
Recorda¸ c˜ ao: Uma fun¸c˜ao vetorial
→ −
F : x
CEDERJ
216
−→ →
R
2
→ − F (x) =
f 1 (x)
f 2 (x)
´ M ODULO 3 -
AULA 16
Sistemas de equa¸c˜ oes diferenciais lineares de primeira ordem. Autovalores reais distintos
´e cont´ınua (respectivamente deriv´avel) em x0 ∈ I , ou continuamente deriv´avel em I ) se e oes componentes f 1 e f 2 s˜ s´o se as fun¸c˜ ao cont´ınuas (respectivamente deriv´aveis) em x0 , ou continuamente deriv´aveis em I . Observe que as fun¸c˜oes componentes s˜ao fun¸co˜es de I com valores em R. − → → − No caso de F ser deriv´avel em x0 , o vetor derivada de F em x0 ´e o vetor
→ −
def
′
F (x0 ) =
f 1 (x0 ) ′
f 2 (x0 ) ′
.
Voltando ao sistema da defini¸ca˜o (16.1), introduzamos os seguintes elementos:
• o vetor das inc´ ognitas → def − Y =
y1
y2
.
(que supomos ser uma fun¸ca˜o continuamente deriv´ avel em I );
• o o vetor de termos independentes → −
def
H (x) =
h1 (x)
h2 (x)
.
(que ´e uma fun¸ca˜o vetorial cont´ınua em I );
• e finalmente introduzamos a matriz dos coeficientes do sistema (16.8): def
A(x) =
a11 (x) a12 (x) a21 (x) a22 (x)
.
A forma vetorial (ou matricial ) do sistema (16.8) ´e
′
y1 ′
y2
=
a11 (x) a12 (x) a21 (x) a22 (x)
·
y1
y2
+
h1 (x) h2 (x)
(16.9)
onde o ponto representa multiplica¸ca˜o de matrizes . Usando uma nota¸ca˜o mais simples ainda, costuma-se denotar o sistema (16.8), ou (16.9), por → − → − → a11 (x) a12 (x) − (16.10) Y = Y + H (x) a21 (x) a22 (x) ′
ou mesmo
→ −
′
→ −
→ −
Y = A (x) Y + H (x)
(16.11)
Diremos que (16.8) ´e a forma expandida (ou expl´ıcita) de (16.11). 217
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Sistemas de equa¸ c˜ oes diferenciais lineares de primeira ordem. Autovalores reais distintos
Exemplo 16.3 Escreva na forma vetorial o sistema de equa¸c˜oes de primeira ordem equivalente `a equa¸c˜ao diferencial linear de segunda ordem normal ′′
′
y + p(x)y + q (x)y = g (x) Solu¸c˜ ao:
Como j´a vimos anteriormente, a forma expandida do sistema de equa¸co˜es de primeira ordem equivalente a y + p(x)y + q (x)y = g (x) ´e ′′
′
′
y1 = y 2 y2 = − q (x) y 1 − p(x)y2 + g (x) ′
A forma vetorial deste ´ultimo sistema ´e
→ −
′
Y =
0 1 −q (x) − p(x)
→ −
0 h(x)
Y +
Exemplo 16.4 Escreva o sistema linear abaixo na forma matricial
dx dt dy dt
= 3x − 5y = 4x + 8 y
Solu¸c˜ ao: Neste exemplo, estamos considerando fun¸co ˜es x(t) e y (t) em vez de y 1 (x) e y 2 (x),
o que obviamente n˜ao modifica nada.
→ − Definindo X (t) =
x(t) y (t)
→ −
′
vem que a forma matricial do sistema linear acima ´e
X (t) =
3 −5 4 8
→ − X (t)
Atividade 16.2 Escreva o sistema abaixo em forma expandida → −
′
X =
Resposta:
4 −5 7 −1
→ −
X +
dx dt
=
+
dy dt
=
+
−1 1
et
Prosseguimos com os fatos gerais sobre sistemas normais de equa¸co˜es de primeira ordem em duas vari´aveis apresentando a defini¸ca˜o de solu¸ca˜o de um tal sistema CEDERJ
218
´ M ODULO 3 -
AULA 16
Sistemas de equa¸c˜ oes diferenciais lineares de primeira ordem. Autovalores reais distintos
Defini¸c˜ao 16.2
Uma solu¸cao c˜ao vetorial continuamente ˜ do sistema (16.11) ´e uma fun¸ deriv´avel → − Φ : I −→ R tal que
→ − → − → − ∀ x ∈ I , Φ (x) = A (x) Φ (x) + H (x). ′
Equivalentemente, uma solu¸ca˜o do sistema (16.8) ´e um par de fun¸ co˜es (ϕ1 (x), ϕ2 (x)), definidas no intervalo I tais que ∀ x ∈ I ,
ϕ1 (x) = a 11 (x)ϕ1 (x) + a12 (x)ϕ2 (x) + h1 (x) ′
ϕ2 (x) = a 21 (x)ϕ1 (x) + a22 (x)ϕ2 (x) + h2 (x) ′
→ − Obs: Naturalmente para todo x ∈ I , Φ (x) = (ϕ1(x), ϕ2 (x))
Um problema de valor inicial (PVI) para um sistema (16.11) consiste em, dado um par → − (x0 , Y 0 ),
− →
→ − 2 ´ e um vetor qualquer de R , obter uma solu¸ c a ˜ o Φ, b → − − → de (16.11), tal que Φ (x0 ) = Y 0 . onde x0 ∈ I e Y 0 =
a
O Teorema de Existˆencia e Unicidade. Sistemas homogˆ eneos
Sugest˜ ao : Procure ler e en-
tender bem os enunciados e resultados desta se¸ ca ˜ o, sem se preocupar com demonstra¸co ˜es. Utilize-os como referˆencia e . . . v´a em frente.
Nesta se¸ca˜o, apresentaremos os resultados te´ oricos que fundamentam o estudo dos sistemas de equa¸co˜es. O primeiro resultado, e o mais b´asico de todos, ´e o Teorema de Existˆencia e Unicidade de solu¸co˜es de problemas de valores iniciais para sistemas.
Teorema 16.1
Teorema de Existˆ encia e Unicidade de solu¸c˜ oes de PVI’s → − → − Para cada par (x0 , Y 0 ) ∈ I × R2 existe uma u ´ nica solu¸ca˜o Φ do sistema → − − → (16.11), definida em todo o I , e tal que Φ (x0 ) = Y 0
219
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Sistemas de equa¸ c˜ oes diferenciais lineares de primeira ordem. Autovalores reais distintos
Um sistema (16.11) para o qual o vetor de termos independentes ´e nulo, isto ´e, um sistema da forma → − − → (16.12) Y = A (x) Y ′
´e chamado de sistema linear homogˆeneo. Exemplo 16.5
A forma expl´ıcita do sistema homogˆeneo (16.12) ´e
y1 = a 11 (x)y1 + a12 (x)y2 ′
y2 = a 21 (x)y1 + a22 (x)y2 ′
e a forma matricial ´e
→ −
′
Y =
a11 (x) a12 (x) a21 (x) a22 (x)
→ − Y
Considere o conjunto C (I, R2 ) das fun¸co˜es vetoriais continuamente deriv´aveis definidas no intervalo aberto I , com valores em R2 . C (I, R2 ) ´e um espa¸co vetorial com as opera¸co˜es de somas de fun¸c˜oes e produto de fun¸co˜es por constantes reais. Vale o seguinte resultado:
Proposi¸c˜ao 16.1
Sejam Ψ1 e Ψ2 solu¸c˜oes do sistema linear homogˆeneo (16.12). Se a e b s˜ao constantes reais arbitr´ arias, ent˜ao a Ψ1 + b Ψ2 tamb´em ´e solu¸ca˜o de (16.12)
ao Demonstra¸cao. ˜ Seja Γ(x) = a Ψ 1 (x) + b Ψ2 (x). Ent˜ dΓ(x) d Ψ1 (x) dΨ2 (x) = a + b dx dx dx = a A(x) Ψ1 (x) + b A(x) Ψ2 (x)
= A(x)[a Ψ1 (x) + b Ψ2(x)] = A(x) Γ(x) o que mostra que Γ(x) ´e solu¸ca˜o de (16.12)
Obs: A proposi¸ca˜o que acabamos de provar mostra que o conjunto das solu¸co˜es do sistema homogˆeneo (16.12) ´e um subespa¸ co vetorial real de C (I, R2 ). CEDERJ
220
´ M ODULO 3 -
AULA 16
Sistemas de equa¸c˜ oes diferenciais lineares de primeira ordem. Autovalores reais distintos
No espa¸co C (I, R2), duas fun¸co˜es Φ1 e Φ2 s˜ao linearmente independentes se as u ´ nicas constantes c1 e c2 tais que c1 Φ1 (x) + c2 Φ2 (x) = 0
para todo x ∈ I , s˜ao c1 = c 2 = 0. Equivalentemente, duas fun¸co˜es Φ1 =
ϕ11
ϕ21
e Φ2 =
ϕ12
ϕ22
de C (I, R2 ) s˜ao linearmente independentes se ∀ x ∈ I , os vetores
ϕ11 (x) ϕ21 (x)
e
ϕ12 (x) ϕ22 (x)
s˜ao linearmente independentes em R2 − → − → ´ Sabemos l´a do curso de Algebra Linear, que dois vetores K 1 e K 2 em − → 2 R s˜ ao linearmente independentes se e s´ o se a matriz cujas colunas s˜ao K 1 e − → K 2 possui determinante diferente de zero. − → −→ Representaremos a matriz cujas colunas s˜ ao K 1 e K 2 por
− → − → col[K 1 , K 2 ] Atividade 16.3 → − → − Vamos tomar um sistema homogˆeneo Y = A (x) Y associado a (ou proveniente de) uma equa¸ca˜o diferencial linear de segunda ordem homogˆenea normal y + p(x)y + q (x)y = 0. ′
′′
′
• A matriz do sistema homogˆeneo ´e A(x) =
→ −
• Se Y 1 =
y1
y12
→ −
e Y 2 =
y2
y22
→ − → − s˜ao duas solu¸co˜es do sistema Y = A (x) Y ent˜ao podemos dizer que ′
y12 =
[ A´ı vai uma cola:
e y22 =
y12 = y 1′ . Por que? Veja a equa¸ca ˜o (16.3) ]
• Portanto → − − → col[Y 1 , Y 2 ] =
221
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Sistemas de equa¸ c˜ oes diferenciais lineares de primeira ordem. Autovalores reais distintos
• Complete com o s´ımbolo = ou com o s´ımbolo = → − − →
det col [Y 1 , Y 2 ]
W [y1 (x), y2 (x)]
• Complete com a palavra verdadeira ou a palavra falsa : → − → − (1) - Para um sistema linear homogˆeneo Y = A(x) Y associado a uma equa¸ca˜o diferencial linear de segunda ordem normal y + p(x)y + → − → − y1 y2 e s˜ao duas solu¸co˜es do q (x)y = 0, se Y 1 = Y 2 = y12 y22 sistema , ent˜ao y1 e y2 s˜ao duas solu¸co˜es da equa¸ca˜o y + p(x)y +q (x)y = 0. ′
′′
′′
′
′
A frase (1) ´ e → −
→ − y y (2) - Testar se duas solu¸co˜es Y 1 = y 1 e Y 2 = y 2 de um sistema 12 22 → − → − linear homogˆeneo Y = A(x) Y , proveniente uma equa¸ca˜o diferencial linear de segunda ordem normal y + p(x)y + q (x)y = 0 s˜ao linearmente independentes , isto ´e, verificar se ′
′′
′
→ − − →
det col [Y 1 , Y 2 ]
´e diferente de zero, ´e equivalente a verificar se o determinante wronskiano W [y1(x), y2 (x)] ´e diferente de zero.
A frase (2) ´ e Coment´ ario: A atividade que vocˆe acaba de realizar mostra que a teoria de sistemas de equa¸co˜es de primeira ordem (16.8) n˜ao ´e contradit´oria com o estudo anterior de equa¸co˜es diferenciais de segunda ordem normais
Para finalizar,apresentamos um teorema que nos d´ a, como conseq¨ uˆencia, a estrat´egia de obten¸ca˜o de solu¸co˜es de sistemas homogˆeneos (16.12)
Teorema 16.2
O conjunto das solu¸co˜es da equa¸c˜ao linear homogˆenea (16.12) ´e um subespa¸co vetorial de dimens˜ ao dois de C (I, R2 )
Obs: A demonstra¸ca˜o (que vamos omitir) ´e an´ aloga a` que fizemos na Aula 13 para provar que a dimens˜ ao do espa¸co das solu¸co˜es de uma equa¸ca˜o diferencial linear homogˆenea de ordem n era exatamente igual a n. Aqui tamb´ em, um ingrediente essencial para a demonstra¸ ca˜o ´e o Teorema de Existˆencia e Unicidade de solu¸ co˜es de problemas de valores iniciais. CEDERJ
222
´ M ODULO 3 -
AULA 16
Sistemas de equa¸c˜ oes diferenciais lineares de primeira ordem. Autovalores reais distintos
Anote ent˜ ao o que devemos fazer para obter todas as solu¸ co˜es de um sistema linear homogˆeneo (16.12). Devemos
→ − → − 1. calcular duas solu¸co˜es Y 1 (x) e Y 2 (x) 2. mostrar que essas solu¸co˜es s˜ao linearmente independentes ( e que por→ − − → tanto {Y 1 , Y 2 } ´e uma base para o espa¸co das solu¸co˜es 3. escrever a solu¸ca˜o geral
−−→ − → − → Y (x) = c 1 Y 1 (x) + c2 Y 2 (x) Os itens n´ umeros dois e trˆes s˜ a o f´aceis de executar. Como antes, a dificuldade maior fica por conta do c´ alculo de duas solu¸co˜es do sistema linear. Iniciaremos agora o estudo de sistemas de coeficients constantes, para os quais sempre podemos calcular duas solu¸co˜es linearmente independentes. Este estudo ser´ a completado nas duas pr´ oximas aulas.
Sistemas Homogˆ eneos de coeficientes constantes ( o m´ etodo dos autovalores e autovetores) Um sistema (16.11) para o qual a matriz A dos coeficientes ´e formada por (fun¸co˜es ) constantes, isto ´e um sistema da forma
→ −
′
Y =
a11 a12 a21 a22
→ −
h1 (x)
Y +
h2 (x)
(16.13)
´e chamado de sistema linear de coeficientes constantes . Um sistema homogˆeneo de coeficientes constantes ´e um sistema (16.13) cujo vetor de termos independentes ´e nulo:
→ −
′
Y =
a11 a12 a21 a22
→ − Y
(16.14)
Sistemas homogˆeneos de coeficientes constantes s˜ ao chamados tamb´em de sistemas homogˆeneos autˆ avel x n˜ao aparece explicitamente onomos (a vari´ nas equa¸co˜es do sistema) 223
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Sistemas de equa¸ c˜ oes diferenciais lineares de primeira ordem. Autovalores reais distintos
Observa¸c˜ ao: A equa¸ca˜o (16.14) ´e uma generaliza¸ca˜o das equa¸co˜es diferenciais lineares homogˆeneas de primeira ordem (de coeficientes constantes): ′
y + py = 0,
′
ou
y = a 11 y
(a11 = − p),
que pode ser chamado de caso unidimensional de sistema linear homogˆeneo de coeficientes constantes. Obten¸ cao ˜ de Solu¸ c˜ oes de Equa¸ coes ˜ Autˆ onomas.
Come¸camos por um exemplo: Exemplo 16.6
Consideremos o sistema
y1 = y 1 + 2 y2 ′
y2 = 8y1 + y2 ′
isto ´e,
→ −
′
Y =
1 2 8 1
→ −
Y .
oes linearmente independentes do Solu¸cao: ˜ Precisamos encontrar duas solu¸c˜ sistema. A solu¸ca˜o da equa¸ca˜o homogˆenea unidimensional ′
y = a 11 y
´e y (x) = C ea11 x
Para calcular uma solu¸ca˜o do sistema de duas equa¸ca˜oes, uma id´eia ´e - motivados pelo caso unidimensional - procurarmos uma solu¸ca˜o que seja uma generaliza¸ca˜o da solu¸ca˜o do caso unidimensional. Experimentaremos uma solu¸ca˜o da forma → − v1 Y (x) = eλt
v2
sendo λ um escalar (i.´e, um n´umero real ou complexo) e
→ −
K =
v1
v2
um vetor, ambos a serem determinados.
CEDERJ
224
´ M ODULO 3 -
AULA 16
Sistemas de equa¸c˜ oes diferenciais lineares de primeira ordem. Autovalores reais distintos
ca˜o unidimensional, substiObserva¸c˜ ao: Estamos generalizando a solu¸ → − tuindo a constante C por um vetor constante K . Substituindo no sistema:
λt
(v1 e ) (v2 eλt ) ′
′
′
=
1 2 8 1
v1 eλx
·
v2 eλx
ou seja v1 λeλx = v1 eλx + 2 v2 eλx v2 λeλx = 8v1 eλx + v2 eλx
Simplificando o fator exponencial: λv1 = v1 + 2 v2 λv2 = 8v1 + v2
ou ainda A
v1
v2
= λ
v1
v2
;
o que nos mostra que λ tem de ser um autovalor da matriz A, e autovetor de A associado, ou pertencente , ao autovalor λ.
v1
v2
um
´ Neste ponto, recordamos as seguintes defini¸co˜es do curso de Algebra Linear Defini¸c˜ao 16.3
A equa¸ca˜o polinomial det (A − λI d) = 0 ´e chamada de equa¸cao ˜ de autovalores ou de equa¸cao ˜ caracter´ıstica da matriz A. O polinˆomio det ( A − λId) ´e chamado de polinˆ omio caracter´ıstico de A
Retornando ao exemplo que est´ avamos estudando, temos: det
1−λ 2 8 1−λ
=0
ou seja (λ − 1)2 − 16 = 0 225
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Sistemas de equa¸ c˜ oes diferenciais lineares de primeira ordem. Autovalores reais distintos
λ2 = − 3.
de onde tiramos λ1 = 5,
Precisamos calcular autovetores para cada um dos autovalores. Para λ1 = 5, resolvemos a equa¸ca˜o vetorial
→ −
→ −
A K = 5 K
isto ´e, ou ainda
→ − − → (A − 5Id) K = 0
−4 2 8 −4
v1
.
0 0
=
v2
Da´ı tiramos a rela¸ca˜o 4v1 − 2v2 = 0
− → de modo que K pode ser qualquer vetor n˜ ao-nulo (v1 , v2 ) cujas componentes verificam a rela¸ca˜o v2 = 2v1 . Por exemplo, escolhendo v1 = 1 tiramos v2 = 2. → −
K =
Assim
→ −
1 2
1 2
Y 1 (x) = e 5x
´e uma solu¸c˜ao do sistema dado. Procedemos de modo an´ alogo com λ2 = − 3:
→ −
→ −
A K = −3 K
→ − − → (A + 3 Id) K = 0
4 2 8 4
v1
v2
=
0 0
De onde v2 = −v1
→ − Agora podemos tomar para K qualquer vetor (v1 , v2 ) tal que v2 = −2v1 . Podemos escolher, por exemplo, CEDERJ
226
´ M ODULO 3 -
AULA 16
Sistemas de equa¸c˜ oes diferenciais lineares de primeira ordem. Autovalores reais distintos
→ −
1 −2
K =
ent˜ao
→ −
Y 2 (x) = e
1 −2
3x
−
´e uma segunda solu¸ca˜o do sistema. ´ evidente que E 1 e 2
s˜ao vetores l.i. em
2 R .
1 −2
Portanto
e5x
1 2
tamb´em o s˜ao, para todo x ∈ independentes.
e
R,
3x
−
e
1 −2
pois s˜a o m´ ultiplos de vetores linearmente
´ Esse ´e um fato geral da Algebra Linear, que recordamos na proposi¸c˜ao abaixo: Proposi¸c˜ao 16.2
Autovetores associados a autovalores distintos (de uma mesma matriz) s˜ao linearmente independentes. Assim o conjunto
→ − → − {Y 1 (x), Y 2 (x)}
´e uma base do espa¸co das solu¸co˜es de
y1 = y 1 + 2 y2 ′
y2 = 8y1 + y2 ′
E ent˜ ao a solu¸ca˜o geral do sistema acima ´e
→ −
Y (x) = c 1 e5x
1 2
3t
−
+ c2 e
1 −2
ou ainda y1 (x) = c 1 e5x + c2 e
3x
−
y2 (x) = 2c1 e5x − 2c2 e
3x
−
.
227
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Sistemas de equa¸ c˜ oes diferenciais lineares de primeira ordem. Autovalores reais distintos
Resumindo onomo em Dado um sistema autˆ
2 R
→ −
→ −
′
Y = A Y
cuja equa¸ca˜o caracter´ıstica det(A − λI ) = 0
tem duas ra´ızes reais distintas e λ2,
λ1
a sua solu¸ca˜o geral ´e
→ −
− →
− →
Y (x) = c 1 K 1 eλ1 x + c2 K 2 eλ2 x
− → − → sendo K 1 e K 2 autovetores associados respectivamente a λ1 e λ2
Exemplo 16.7 Calcule a equa¸ca˜o caracter´ıstica do sistema
→ −
′
Y =
1 1 0 2
→ − Y
˜o caracter´ıstica do sistema ´e Solu¸c˜ ao: A equa¸ca det(A − λI ) = 0
ou seja det
1−λ 1 0 2−λ
=0
o que nos d´a λ2 − 3λ + 2 = 0
Exemplo 16.8 Calcule a solu˜ao geral do sistem
→ −
′
Y =
3 −2 0 2
→ − Y
- Descreva o comportamento das solu¸c˜oes quando x −→ ∞
CEDERJ
228
´ M ODULO 3 -
AULA 16
Sistemas de equa¸c˜ oes diferenciais lineares de primeira ordem. Autovalores reais distintos
Solu¸c˜ ao: A primeira coisa a fazer ´e calcular os autovalores da matriz do sistema, resolvendo
a equa¸ca˜o det (A − λI ) = 0, sendo A a matriz do sistema. Temos det(A − λI ) = 0 ⇐⇒ det
3 − λ −2 0 2−λ
= 0 ⇐⇒ (3 − λ)(2 − λ) = 0
Os autovalores s˜ao λ1 = 2
e λ2 = 3
O pr´oximo passo ´e calcular um autovetor associado (ou pertencente ) a cada autov1 − → valor. Para isso devemos calcular um vetor V = tal que
v2
→ −
→ −
A · V = λ V
O que equivale a resolver a equa¸ca˜o vetorial
→ − − → (A − λI ) V = 0 Para calcular um autovetor de λ1 = 2 precisamos resolver
Isto ´e
3 − λ1 0
−2 2 − λ1
1 −2 0 0
v1
v2
=
0 0
v1
v2
0 0
=
A u ´ nica rela¸c˜ao que conseguimos obter da equa¸c˜ao matricial acima ´e v1 − 2 v2 = 0. A − → outra rela¸ca˜o se reduz a 0 = 0, o que n˜ao informa nada sobre o vetor V Mas a rela¸ca˜o v1 − 2v2 = 0 mostra que todos os autovetores associados ao autovalor em a segunda coordenada igual ao dobro da primeira. λ1 = 2 tˆ − → Podemos escolher qualquer vetor diferente de 0 com esta caracter´ıstica. Por exemplo, podemos escolher 1 −→ K 1 = 2
Da´ı ent˜ao
− → −→ Y 1 (x) = K 1 e2x =
1 2
e2x
´e uma solu¸c˜ao do sistema. Procedemos de maneira an´aloga com rela¸ca˜o a λ 2 = 3. Para calcular um autovetor de λ 2 = 3 precisamos resolver
Isto ´e
3 − λ2 0
−2 2 − λ2
0 −2 0 −1
v1
v2
=
0 0
v1
v2
=
0 0
229
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Sistemas de equa¸ c˜ oes diferenciais lineares de primeira ordem. Autovalores reais distintos
Agora as rela¸c˜oes que obtemos ao resolver a equa¸c˜ao matricial s˜ao − 2v2 = 0 e − v2 = 0, o que nos indica que podemos escolher qualquer autovetor da forma
v1
0
Por exmplo
1 0
−→ K 2 = Portanto
− → −→ Y 2 (x) = K 2e3x =
1 0
e3x
´e uma segunda solu¸ca˜o do sistema. −→ −→ Como K 1 e K 2 pertencem a autovalores distintos, eles s˜ao linearmente independen − → − → tes. Conseq¨ uentemente Y 1 (t) e Y 2 (t) s˜ ao solu¸c˜oes linearmente independentes. A solu¸ca˜o geral do sistema proposto ´e
− → − → − → Y ( t) = c 1 Y 1 (t) + c2 Y 2 (t) i.´e,
− → Y ( t) = c 1
1 2
e2x + c2
1 0
e3x
Exerc´ıcios Exerc´ıcio 16.1 a) Escreva um sistema de duas equa¸co˜es diferenciais de primeira ordem equivalente a` equa¸ca˜o y − 3y + 2y = 0. ′′
′
b) Resolva o sistema pelo m´etodo de autovalores e autovetores. c) Comprove que a primeira componente do vetor solu¸ca˜o geral ´e exatamente a solu¸ca˜o geral da equa¸c˜ao y − y = 0 ′′
d) Isso foi uma coincidˆencia, ou trata-se de um fato que sempre vai acontecer? c˜ao e) E o que vocˆe pode afirmar sobre a segunda componente do vetor solu¸ geral? Respostas: 0 1 − ex e2x − → → − → a) Y = b) Y t = c 1 + c) A primeira comY c 2 2e2x ex −2 3 − → ponente do vetor Y ( t) ´e c 1 ex + c2 e2x d) Quando o sistema prov´em de uma equa¸c˜ao normal de segunda ordem isso sempre vai acontecer e) A segunda componente ´e sempre a derivada da solu¸c˜ao geral da equa¸ca˜o linear de segunda ordem normal.
′
Exerc´ıcio 16.2 Escreva os sistemas abaixo em forma matricial (1)
CEDERJ
230
x = 4x − 7y ′
y = 5x ′
(2)
x = − 3x + 4 y + sen(t) ′
y = 6x − y + t ′
´ M ODULO 3 -
AULA 16
Sistemas de equa¸c˜ oes diferenciais lineares de primeira ordem. Autovalores reais distintos
Respostas: 4 −7 − → (1) X = 5 0 ′
→ −
− →
X (2) X = ′
−3 4 6 −1
→ −
X +
sen(t) t
Exerc´ıcio 16.3 a) Determine, no modelo dos tanques interligados, os valores de Q1 e Q2 para os quais o sistema est´a em equil´ıbrio, isto ´e, n˜ao varia com o tempo. b) Sejam Qε1 e Qε2 os valores de equil´ıbrio. Qual dos tanques chega mais rapidamente ao estado de equil´ıbrio? c) Fa¸ca x1(t) = Q 1 (t) − Qε1 e x2 (t) = Q 2 (t) − Qε2. Determine o problema de valor inicial para x1 e x2 . Exerc´ıcio 16.4 1 e K 2 os autovetores associados respectivamente aos autovalores λ 1 Sejam K e λ2 no exemplo (16.6). 1 K 2 ] a) Construa a matriz P = col [K
b) Mostre que P 1 A P = diag (λ1 λ2), onde P 1 designa a matriz inversa de P e diag (λ1 λ2 ) ´e a matriz ´diagonal formada pelos elementso λ1 e λ2 −
−
1 (t) e Z 2 (t) do sistema Z = diag (λ1 λ2 ) Z c) Calcule solu¸co˜es Z ′
1 (t) = P 2 (t) = P d) Mostre que Y ao solu¸co˜es do sistema Z 1(t) e Y Z 2 (t) s˜ = A · Y Y . ′
Exerc´ıcio 16.5 → − → − Escreva a forma expl´ıcita de Y = A (x) Y sendo ′
A(x) =
Resposta:
x
2x e sen(x) −1
y1 = 2x y1 + ex y2 ′ ′
y2 = sen (x) y 1 − y2
Exerc´ıcio 16.6 Mostre que a equa¸ca˜o dos autovalores (equa¸ca˜o caracter´ıstica) do sistema → −
′
Y =
a11 a12
a21 a22
→ − Y
A
231
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Sistemas de equa¸ c˜ oes diferenciais lineares de primeira ordem. Autovalores reais distintos
´e λ2 − tr(A) λ + det(A) = 0, def
onde
tr(A) = a11 + a22
def
det(A) = a11 a22 − a12 a21
e
Exerc´ıcio 16.7 Calcule a solu¸ca˜o geral de → −
Y = ′
10 −5 8 −12
→ − Resposta: Y ( t) = c 1
→ − Y
5 2
e8x + c2
1 4
e
10x
−
Exerc´ıcio 16.8 Resolva o problema de valor inicial → −
Y = ′
1 2
0 1 − 12
− → Resposta: Y ( t) = 3
→ − Y ;
1 1
→ − Y (0) =
ex/2 + 2
3 5
0 1
e
x/2
−
Resumo Nesta aula vocˆe vez o primeiro contato com os sistemas de duas equa¸ c˜oes diferenciais de primeira ordem normais; e aprendeu a classific´a-los como homogˆeneos e n˜ao-homogˆeneos. Vocˆe viu que toda equa¸ca˜o diferencial linear normal de segunda ordem est´a associada a um sistema de equa¸c˜oes diferenciais lineares normais de primeira ordem, mas que existem sistemas que n˜ ao s˜ao associados a equa¸co˜es diferenciais lineares normais de segunda ordem. Depois de reformular vetorialmente qualquer sistema de equa¸co˜es diferenciais normais de primeira ordem,vocˆ e viu como - no caso dos sistemas homogˆeneos de coeficientes constantes, cujo conjunto de solu¸ c˜oes ´e um espa¸co vetorial real de duas dimens˜ oes - aplicar o m´etodo dos autovalores e autovetores para produzir um par de solu¸co˜es (quando a equa¸ca˜o caracter´ıstica do sistema tem duas ra´ızes reais distintas).
Avalia¸c˜ ao Foi uma aula comprida. Mas, num certo sentido, boa parte das defini¸co˜es e resultados fundamentais estudados j´ a tinha tido uma formula¸ca˜o CEDERJ
232
´ M ODULO 3 -
AULA 16
Sistemas de equa¸c˜ oes diferenciais lineares de primeira ordem. Autovalores reais distintos
an´aloga no contexto de equa¸co˜es lineares de ordem superior a um, estudadas em aulas anteriores. N˜ao se impressione com o modelo dos tanques. Inclusive, numa primeira leitura, vocˆe n˜ao precisa se preocupar em entender os detalhes. Trata-se de um modelo importante, como todo engenheiro qu´ımico sabe muito bem, e que (com as simplifica¸co˜es feitas) se ap´oia numa matem´atica simples. (Os modelos “reais” s˜ ao muito mais complexos). De vez em quando ´e conveniente fazer contato com modelos interessantes. Procure compreender bem a t´ecnica de autovalores e autovetores, sem esquecer de que ela s´o se aplica a sistemas homogˆeneos de co eficientes constantes. Mas ´e uma classe muito importante de sistemas, e merece o estudo que dedicamos a ela. Ah sim, procure lembrar que, ao utilizar a t´ecnica de autovalores e autovetores, sempre se chega num ponto onde devemos escolher um autovetor associado a um dado autovalor. Portanto podem existir v´ arias solu¸co˜es igualmente v´alidas. Quer dizer: nem sempre a resposta de um quest˜ ao, oferecida pelo professor, coincide com a que a gente obteve. Isso n˜ ao quer dizer que sua solu¸ca˜o, ou a do professor, est´ a errada.
233
CEDERJ
´ M ODULO 3 -
AULA 17
Representa¸ c˜ ao geom´etrica de sistemas autˆ onomos . Sistemas com autovalores complexos
Aula 17 – Representa¸ c˜ ao geom´ etrica de sistemas autˆ onomos . Sistemas com autovalores complexos
Objetivos Ao terminar de estudar esta aula vocˆe estar´ a capacitado a 1. representar geometricamente sistemas autˆ onomos de equa¸co˜es diferenciais 2. obter solu¸co˜es de sistemas de equa¸co˜es autˆ onomos cuja equa¸ca˜o caracter´ıstica possui autovalores complexos
Introdu¸c˜ ao Interpreta¸co ˜es geom´ etricas dos sistemas de equa¸c˜ oes diferenciais autˆ onomos Considere um sistema autˆ onomo de equa¸co˜es diferenciais de primeira ordem
x′ = f (x, y )
(17.1)
y ′ = g (x, y )
onde f e g s˜ao duas fun¸co˜es diferenci´ aveis definidas num conjunto aberto de 2 R , com valores em R. Observa¸co ˜es: 1) - Recorde que o sistema (17.1) ´e autˆ avel independente,t, n˜ ao apaonomo quando a vari´ rece explicitamente nas equa¸co˜es.
− → 2) - Estamos escrevendo Y =
! x y
−Y = em vez de →
! y1
y2
.
A interpreta¸ca˜o geom´etrica do sistema (17.1) ´e o seguinte. Em cada 2 ponto (x, y ) da regi˜ao Ω R o par ordenado (f (x, y ), g (x, y )) define um vetor que ´e tangente a` curva imagem da solu¸ca˜o Φ (t) = (x(t), y (t)) que passa por aquele ponto.
⊂
→ −
As curvas imagens de solu¸co˜es do sistema s˜ao chamadas de curvas integrais ou de linhas de fluxo do sistema de equa¸co ˜es. 235
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Representa¸c˜ ao geom´etrica de sistemas autˆ onomos . Sistemas com autovalores complexos
Observa¸c˜ ao : As equa¸co ˜es autˆ onomas s˜ao muito interessantes. Sabe por quˆe?
Porque podemos obter informa¸co˜es a respeito de suas solu¸co˜es, sem precisar resolvˆ e-las previamente . Exemplo 17.1 Consideremos duas esp´ecies, A (predadores) e B (presas), que convivem numa regi˜ ao fechada. Os predadores se alimentam exclusivamente das presas, enquanto estas se alimentam de uma outra fonte, presente no ambiente. Sejam respectivamente x(t) e y(t) as popula¸c˜oes das esp´ecies B e A num instante t. Fazemos as seguintes hip´oteses: A. Lotka 1880-1949
Qu´ımico,dem´ografo, ecologista e matem´ atico. Nasceu em Lviv, agora parte da Ucrˆ ania. Foi para os ´ Estados Unidos em 1902. E bem conhecido pelo modelo predador-presa, proposto por ele em 1925 e pouco depois por Volterra. O modelo de Lotka-Volterra est´ a na base de muitos modelos usados na an´ alise da dinˆ amica de popula¸co ˜es
I) Se n˜ ao houvesse predadores, a popula¸ca˜o de presas cresceria de acordo com a lei malthusiana: dy/dt = cy, c > 0 (Sup˜ oe-se tamb´em que a fonte de alimentos da esp´ecie B ´e inesgot´avel) II) Se n˜ ao houvesse presas, a popula¸c˜ao de predadores decresceria de acordo com a lei dx/dt = ax, a > 0
−
III) Levando-se em conta a presen¸ ca simultˆ anea das duas esp´ecies, sup˜oe-se que a taxa de mortalidade da popula¸c˜ao de presas e a taxa de prolifera¸ca˜o da popula¸ca˜o de predadores s˜ao ambas proporcionais ao n´umero de encontros entre ind´ıviduos das duas esp´ecies. Substitu´ımos ent˜ao as equa¸c˜oes das taxas de varia¸c˜a o do n´ umeros de indiv´ıduos de cada esp´ecie por
dy = cy dt
− dxy,
c, d > 0
dx = ax + bxy, dt
a, b > 0
(17.2)
Podemos justificar a introdu¸c˜ ao dos termos − dxy e +bxy nas equa¸co ˜es de crescimento das popula¸co ˜es B e A do seguinte modo. O n´ umero de encontros entre indiv´ıduos das duas esp´ ecies num intervalo unit´ ario de tempo ´e proporcional a xy . Introduzindo um fator de proporcionalidade α , podemos dizer que o n´ umero de encontros ´e igual a αxy . Esses encontros resultam negativos para as presas; digamos que a popula¸ca ˜o y diminui de β 1 membros para cada n encontros. Logo, a popula¸ ca ˜o y diminui de β 1 n Vito Volterra 1860-1940
O trabalho matem´ atico mais famoso de Volterra ´e o relacionado a equa¸ c˜ oes integrais.Em 1896 ele publicou artigos sobre o tema agora conhecido como Equa¸ co ˜es Integrais de Volterra. Seus trabalhos sobre a equa¸ca ˜o predador-presa s˜ ao independentes dos de Lotka
CEDERJ
236
αxy
≡ dxy
membros por unidade de tempo. De modo an´ alogo, esses encontros r esultam ben´eficos para os predadores; digamos que a popula¸ca ˜o x aumenta de β 2 membros para cada n encontros. Logo, a popula¸c˜ ao x aumenta de β 2 n
αxy
≡ bxy
membros por unidade de tempo. O coeficiente d mede a susceptibilidade da esp´ ecie B `as a¸co ˜es predat´ orias, e o coeficiente b mede a habilidade predat´oria da esp´ecie A.
As equa¸c˜oes (17.2) s˜ ao conhecidas como equa¸ co ˜es de Lotka -Volterra . Foram propostas por Lotka, em 1925, e por Volterra, um ano depois. Elas se aplicam a uma grande variedade de problemas.
´ ULO M ODUL OD O 3 -
AULA ULA 17
Representa¸c˜ c˜ ao ao geom´ geo m´etrica etr ica de sistem sis temas as autˆ aut ˆ onomos . Sistemas Sistemas com autovalore autovaloress complexos
Um exemplo exempl o espec esp ec´ ´ıfico: Imaginemos que x(t) representa o n´umero umero de raposas (em centenas) e y e y (t) o n´ umero de coelhos (em milhares), isolados numa ilha, em determinado umero instante de tempo t tempo t.Uma .Uma equipe de bi´ologos, ologos, ap´os os um paciente estudo, obteve os seguintes dados para o modelo predador - presa: a =
0 .8, − 0.
b = 0.7,
c = 0.9 e d =
0 .6, − 0.
de modo que as equa¸c˜ coes o˜es de Lotka-Volterra s˜aaoo
x = .8 x + x + . .77 xy y = .9 . 9 y .6 xy ′
′
−
−
(17.3)
Posteriormente, Posterio rmente, trˆes es expedi¸ expedi ¸c˜ c˜oes oes `a ilha, em ocasi˜oes oes distintas, distintas, estudaram estudaram as popula¸ c˜ coes o˜es de raposas e coelhos para as diferentes “configura¸c˜ c˜oes” oes” especificadas abaixo, no instante em que chegaram: (t0 , x0 , y0 ) = (0, (0, 2, 5), 5), (t0 , x0 , y0 ) = (0, (0, 2, 1), 1), (t0 , x0 , y0 ) = (0, (0, 2, 3). 3). A figura (17.1) representa o campo de vetores e (no destaque) um peda¸co de uma das curvas curvas integrais integrais associados ao sistema sistema autˆ onomo onomo (17.3) y (t) 6
5
4 y
3
2
1
0
1
2
3
4
5
6
7
x(t)
x
Figura 17.1
Atividade 17.1 - Identifique a ´orbita orbita correspondente a cada um dos dados iniciais. - Interprete o comportamemto do n´ umero ume ro de indiv ind iv´´ıduos ıduo s em cada cad a esp´ecie, eci e, em cada um dos casos acima. Qual ´e, e, aproximadamente, o maior valor de x (t), e qual o correspondente correspondente valor de y (t)?em que intervalos a on´ umero umero de raposass est´a crescend crescendo? o? O que est´a acontece acontecendo ndo com o n´ umero de coelhos nesses mesmos intervalos? Resposta:
237
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Representa¸c˜ c˜ ao ao geom´ geo m´etrica etr ica de sistem sis temas as autˆ aut ˆ onomos . Sistemas Sistemas com autovalore autovaloress complexos
- Para quais valores de x(t) e y (t) temos uma situa¸c˜ cao a˜o de equil equ il´´ıbrio ıbr io ecol´ eco l´ ogico ogico (onde as duas esp´ecies ecies tˆem, em, cada uma, um n´ umero aproximadamente consumero tante tant e de indiv indi v´ıduos) ıdu os)??
Resposta:
Defini¸c˜ c˜ao 17.1 7. 1
O plano xy no qual desenhamos os vetores v = (f (x, y ), g (x, y )), cada plano o de fase fase, da com origem no respectivo ponto (x, y ) Ω ´e o plan equa¸c˜ cao a˜o (17.1). Quando especificamos condi¸c˜ c˜oes oes iniciais x(t0 ) = a e y (t0 ) = b , a solu¸c˜ cao a˜o o ´rbita da equa¸c˜ particular que passa por (a, b) quando t = t0 ´e a orbita cao a˜o (17.1por (17.1por (a, b). O conjunto das orbitas o´rbitas de um sistema autˆonomo ono mo ´e chamado chama do de retrato de fase do sistema.
∈
Note: Como vocˆ e deve ter notado, os conceitos de plano de fase, retrato de fase, ´orbita, orbita, etc. etc. podem ser definidos definidos para sistemas sistemas de equa¸ equa¸c˜ coes ˜oes de primeira primeira ordem quaisquer. quaisquer. Mas, neste curso, vamos nos restringir aos ao s sistemas homogˆeneos eneos de equa¸c˜ coes ˜ lineares Vejamos outro exemplo exemplo (agora um exemplo exemplo linear): linear): Exemplo 17.2 Esp´ecies eci es em competi comp eti¸ c ¸˜ ao Suponhamos que duas esp´ecies ecies diferentes de animais, A e B , ocupam o mesmo ecossistema, e competem uma com a outra pelos mesmos recursos vitais (espa¸co, alimentos) do sistema. sistema. Design Designemo emoss por x(t) e y (t) as quantidades respectivas de animais de cada esp´ecie ecie no tempo t. Na ausˆencia encia de uma das esp´ecies, ecies, vamos supor que o crescimento populaciona popu lacionall da outra esp´ecie ecie ´e malthusiano: malthusi ano: dx = ax dt
dy = cy. cy . dt
As duas esp´ecies ecies convivendo simultˆaneamente aneamente no mesmo espa¸co, co, interferem uma sobre o crescimento da outra, simplesmente por “roubar” uma parte dos recursos vitais.
CEDERJ
238
´ ULO M ODUL OD O 3 -
AULA ULA 17
Representa¸c˜ c˜ ao ao geom´ geo m´etrica etr ica de sistem sis temas as autˆ aut ˆ onomos . Sistemas Sistemas com autovalore autovaloress complexos
Se a taxa de consumo de cada indiv´ indiv´ıduo da esp´ecie ecie B ´e supos s uposta ta constante, consta nte, digamos b, ent˜ ao ao a popula¸c˜ c˜aaoo y consome recursos a uma taxa yb.Constr yb .Constru u´ımos um modelo model o para o crescimento da popula¸c˜ cao a˜o da esp´ecie ecie A, considerando a presen¸ca ca da esp´ecie ecie B , simplesmente subtraindo da taxa de crescimento de A a taxa de consumo de B , i.´e, yb. yb. Obtemos: dx = ax by dt Analog Ana logament amente, e, se s e cada ca da indi i ndiv v´ıduo ıdu o da esp´ecie eci e A consome A consome recursos a uma taxa de d unidades d unidades por unidade de tempo, a taxa de crescimento da esp´ecie ecie B levando em conta a presen¸ca ca de x de x ind i ndiv´ iv´ıduo ıd uoss da esp´ esp ´ecie ec ie A A ´e tomada como sendo
−
dy = cy dt
− dx
Assim, o crescimento cres cimento das duas esp´ecies ecies conjuntam c onjuntamente, ente, ´e governado govern ado pela p ela equa¸c˜ c˜ao ao diferencial vetorial: dx = ax by dt
−
dy = cy dt Obs: a, b, c, d s˜ao ao constantes positivas.
− dx
Exemplo 17.3 Considere o seguinte modelo para duas esp´ecies ecies em competi¸c˜ c˜ao: ao:
x = 5x 3y y = x 4y ′
− −
′
a) A a) A equa¸c˜ cao a˜o dos autovalores do sistema sistem a ´e λ2 cujas solu¸c˜ c˜oes oes s˜ao ao λ1 =
O vetor
1+
√
69
2 1
1+
− λ − 17 = 0
√
69
2
,
λ2 =
1
−
√
69
2
´e um autovetor associado asso ciado ao autovalor a utovalor λ vetor λ 1 , e o vetor
1−
√
69
2 1
´e um autovetor associado asso ciado ao autovalor λ autovalor λ2 , de modo que uma solu¸c˜ cao ˜ao geral do sistema acim ac imaa ´e
0 x(t) 1 BB CC @ y(t) A
= c 1
0 B@
1+
√
69
2 1
1 24 CA e
1+
√ 3 69
2
t
5
+ c 2
0 B@
1−
√
69
2 1
1 24 − √ 35 CA 1
e
69
2
t
(17.4)
A solu¸c˜ c˜ao ao acima n˜ao ao nos d´a diretamente muitas informa¸c˜ coes o˜es a respeito do comportamento de x de x((t) e y (t). A representa¸c˜ cao a˜o geom´etrica etrica do sistema si stema ´e bem mais vanta josa do d o ponto p onto de d e vista vist a qualitat qu alitativo ivo (i.´e. e. ela n˜ao ao cont´em em inform inf orma¸ a¸c˜ coes o˜es num´ ericas ericas precisas, mas somente informa¸c˜ coes o˜es qualitatiqualitativas).
239
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Representa¸c˜ ao geom´etrica de sistemas autˆ onomos . Sistemas com autovalores complexos
Vejamos: b) O plano de fase deste modelo ´e
Figura 17.2
c) As o´rbitas correspondentes aos valores iniciais
x(0) = 1 y(0) = 3
!
e
x(0) = 2 y(0) = 3
!
s˜ ao
Figura 17.3
A atividade seguinte explora como podemos extrair informa¸co˜es geom´etricas do desenho de algumas o´rbitas, completando assim as informa¸c˜oes num´ericas obtidas a partir da f´ormula (17.4)
Atividade 17.2 - Identifique qual ´orbita corresponde a qual conjunto de valores iniciais. - Para as ´orbitas acima especificadas, quando x (t) = 1, qual ´e a tendˆencia de varia¸ca˜o de y (t) a` medida que t aumenta? E de x(t)? CEDERJ
240
´ M ODULO 3 -
AULA 17
Representa¸ c˜ ao geom´etrica de sistemas autˆ onomos . Sistemas com autovalores complexos
Resposta:
- Para as o´rbitas especificadas pelas condi¸co˜es iniciais acima, existe alguma situa¸c˜ao de equil´ıbrio (ou seja, existe alguma valor de x(t) e de y (t) para os quais as duas popula¸co˜es podem conviver, sem que uma delas tenha de se sacrificar para que a outra consiga alimenta¸ca˜o? Resposta:
Encaminhamento : Prosseguimos com os m´etodos de obten¸ca˜o de solu¸c˜oes de sistemas autˆ onomos, abordando o caso em que a equa¸ca˜o dos autovalores possui ra´ızes complexas 1 Sistemas autˆ onomos com autovalores complexos onoma Problema: Calcular a solu¸ca˜o geral da equa¸c˜ao vetorial autˆ
−→ −→ Y ′ = A Y sendo que a matriz A, com coeficientes reais constantes, tem autovalores complexos. Sejam λ1 = a + bi e λ2 = a det(λI A) = 0.
−
− bi as ra´ızes da equa¸ca˜o caracter´ıstica
Escolhamos uma das ra´ızes, por exemplo λ1. Exatamente como no caso em que os autovalores eram reais, calculamos um autovetor C = K
z 1 z 2
1 lembre
que se um n´ umero complexo ´e uma raiz de uma equa¸ca˜o cujos coeficientes s˜ao constantes reais, ent˜ao o seu conjugado tamb´em ´e raiz da mesma equa¸c˜ao
241
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Representa¸c˜ ao geom´etrica de sistemas autˆ onomos . Sistemas com autovalores complexos
associado ao autovalor a + bi, por meio da equa¸ca˜o [(a + bi)I
− A]
z 1
=
z 2
0 0
.
−→
Neste caso, em geral, K C ´e um vetor cujas coordenadas s˜ a o n´ umeros complexos u1 + v1 i K C = u2 + v2 i
−→
Continuando a analogia com o caso real, formamos a solu¸ c˜ao complexa
−Y → = e( +
L. Euler 1707-1783
Um gˆenio da Matem´ atica. Euler fez contribui¸co ˜es pioneiras e decisivas em todos os ramos da Matem´ atica da ´epo ca. Formulou e resolveu quest˜ oes de Teoria dos N´ umeros, ´ Algebra, Geometria, Equa¸ co ˜es Diferenciais,. . .. A seu respeito, Laplace, um outro grande matem´ atico contemporˆ aneo de Euler disse: “Estudem os trabalhos de Euler. Leiam Euler. Ele ´e o mestre de todos n´ os”
a bi)t
C
u1 + v1 i u2 + v2 i
.
−→
E para calcular as partes real e imagin´aria de Y C , utilizamos a f´ ormula de Euler:
e(a+bi)t = e at (cos bt + i sen bt)
Assim,
−Y → = e C
= Portanto,
−Y → = C
at
(cos bt + i sen bt)
u1 + v1 i u2 + v2 i
eat (cos bt + i sen bt)(u1 + v1 i) eat (cos bt + i sen bt)(u2 + v2 i)
(u1 eat cos bt
− v1 e
(u2 eat cos bt
− v2 e
=
at
sen bt) + i(u1 eat sen bt + v1 eat cos bt)
at
sen bt) + i(u2 eat sen bt + v2 eat cos bt)
Ou ainda,
−Y →(t) = C
CEDERJ
242
at
(u1 e cos bt
at
− v1 e
sen bt)
(u2 eat cos bt v2 eat sen bt) − → X (t)
−
1
at
at
(u1 e sen bt + v1 e cos bt)
+i
(u2 eat sen bt + v2 eat cos bt)
2 (t) X
´ M ODULO 3 -
AULA 17
Representa¸ c˜ ao geom´etrica de sistemas autˆ onomos . Sistemas com autovalores complexos
Ent˜ao
−Y → = −X →(t) + i −X →(t). 1
C
2
Proposi¸c˜ao 17.1
− → −→ −→ −→ −→ −→ → y (t) = X 1 (t) + i X 2 (t), ent˜ uma solu¸ca˜o complexa − ao X 1 (t) e X 2 (t), → y (t) respectivamente as partes real e imagin´ aria da solu¸ca˜o complexa −
Se a matriz do sistema Y ′ = A Y tem coeficientes reais e o sistema tem C
C
s˜ao duas solu¸c˜oes reais , linearmente independentes, da equa¸ca˜o original . Y ′ = A Y
−→
Demonstra¸cao. ˜
−−−−−−−→ −−−−−−−−−→ −→ −→ Y ′ = A Y ⇐⇒ [X 1 + i X 2 ]′ (t) = A · [X 1 (t) + i X 2 ] −X →′(t) + i −X →′ (t) ⇐⇒ A · −X →(t) + i A · −X →(t) 1 2 1 2 Igualando as partes real e imagin´ aria dos dois lados
−→ −→ −→ −→ Y ′ = A Y ⇐⇒ X ′ (t) = A · X (t) 1
−→
e
−X →′(t) = A · −X →(t). 2
−→
1
2
Portanto X 1 (t) e X 2 (t) s˜ ao duas solu¸co˜es reais e linearmente indepen ′ = A Y . dentes da equa¸ca˜o Y Assim, a solu¸c˜ao geral (real) dessa equa¸c˜ao ´e
−→ −→ −→ Y (t) = c X (t) + c X (t). 1
1
2
2
OBSERVAC ¸ ˜ AO : Se tiv´essemos escolhido o outro autovalor, λ2 = a bi, ir´ıamos obter a mesma solu¸ca˜o geral.
−
243
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Representa¸c˜ ao geom´etrica de sistemas autˆ onomos . Sistemas com autovalores complexos
Resumindo: Dada uma equa¸c˜ ao vetorial autˆ onoma em
2 R
−→ −→ Y ′ = A Y cuja equa¸ca˜o caracter´ıstica det(λI
− A) = 0
tem ra´ızes complexas λ1 = a + bi,
λ2 = a
− bi,
escolhemos um autovalor (p.ex. a + bi) e calculamos um autovetor (complexo) K C associado a ele. A solu¸ca˜o complexa correspondente ´e Y C(t) = e (a+bi)t K C . A partir da´ı, usando a f´ ormula de Euler, calculamos a solu¸c˜ao geral real Y (t) = c 1 X 1 (t) + c2 X 2 (t),
−→
−→
−→
−→
−→
−→
−→
−→
−→
sendo X 1 (t) e X 2(t) as partes real e imagin´aria de Y C (t). Exemplo 17.4 Calcule a solu¸c˜ao geral de
−→ Y
′
=
−
1/2 1
−
−
1 1/2
−→ Y
Solu¸ cao: ˜
Vocˆe est´a convidado a refazer todas as contas e conferir os resultados. Pra calcular os autovalores da matriz do sistema devemos resolver a equa¸c˜ao det(A
− λId) = 0
isto ´e, λ2 + λ +
5 = 0, 4
que tem como ra´ızes λ1 =
−1/2 + i,
e
− 1/2 − i.
Escolhendo o autovalor λ1 = 1/2 + i, calculamos os autovetores complexos associados (ou pertencentes ) a λ 1 resolvendo a equa¸c˜ao vetorial (A λ1 Id) V = 0 , isto ´e
−
− CEDERJ
244
1/2
· −→ −→
−
− (−1/2 + i) 1 −1 −1/2 − (−1/2 + i) ·
v1 v2
=
0 0
´ M ODULO 3 -
AULA 17
Representa¸ c˜ ao geom´etrica de sistemas autˆ onomos . Sistemas com autovalores complexos
Da´ı extra´ımos a rela¸c˜ao v2 = i v1 . Escolhendo, por exemplo v1 = Ent˜ao
− i 1
−1 teremos v 2 = 1.
´e um autovetor complexo pertencente ao autovalor complexo
−1/2 + i.
Temos ent˜ao a solu¸c˜ao complexa
−Y →(t) = −i C
isto ´e
−
−Y →(t) = −i C
1
1
[e(
(1/2)t
−
−
cos(t) + i e(
,
1/2)t
−
i e (1/2)t cos(t) + e (1/2)t sen(t) e (1/2)t cos(t) + i e (1/2)t sen(t) −
=
1/2+i)t
e(
−
−
−
− e( e
1/2)t
sen(t) (1/2)t cos(t)
−
−
−
− →
− →
X1 (t)
X2 (t)
Ent˜ao a solu¸c˜ao geral ´e
−→ Y (t) = c
1
e( e
1/2)t
−
sen(t) (1/2)t cos(t)
−
e( 1/2)t cos(t) e (1/2)t sen(t) −
+i
sen(t)] =
− + c2
=
e( 1/2)t cos(t) e (1/2)t sen(t) −
−
Coment´ ario: Certamente obtivemos uma solu¸ca˜o para o sistema autˆonomo dado. Entretanto n˜ ao podemos negar uma certa frustra¸ca˜o quando queremos entender um pouco mais como se comportam as trajet´orias (solu¸c˜oes assumindo valores iniciais pr´e-estabelecidos). Neste momento os planos de fase e desenhos de ´orbitas s˜ao auxiliares poderosos. Primeiramente, vamos desenhar o plano de fase do sistema acima:
Figura 17.4 245
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Representa¸c˜ ao geom´etrica de sistemas autˆ onomos . Sistemas com autovalores complexos
Vejamos os desenhos das ´orbitas que passam pelos pontos (x(0) = 0, y(0) = 2) e (x(0) = 1, y(0) = 4)
−
Figura 17.5
Percebemos ent˜ao que as ´orbitas descrevem espirais tendendo `a origem.
O pˆ endulo simples outra vez Vocˆe lembra do estudo que fizemos do movimento harmˆonico simples de uma massa oscilando presa a um fio? Foi na aula 15. Repetimos ao lado a figura em que nos baseamos para deduzir uma equa¸c˜ao diferencial, modelando o sistema Ap´ os algumas manipula¸co˜es com as s´series de Maclaurin obtivemos a equa¸c˜ao do modelo: d2 θ g = ω 2 θ, ω 2 = . (17.5) 2 dt l
−
Vamos analisar o caso particular correspondente a (ω 2 = 4) A solu¸ca˜o geral da equa¸c˜ao (17.5) ´e θ(t) = c 1 cos(2t) + c2 sen(2t) Se especificamos as condi¸c˜oes iniciais θ(0) = 1
′
θ (0) =
−1
a solu¸ca˜o correspondente ´e θ(t) =
1 sen(2t) 2
O gr´afico desta solu¸ca˜o tem o seguinte aspecto
CEDERJ
246
− cos(2t).
´ M ODULO 3 -
AULA 17
Representa¸ c˜ ao geom´etrica de sistemas autˆ onomos . Sistemas com autovalores complexos
Figura 17.8
Podemos pesquisar informa¸c˜oes adicionais sobre a solu¸c˜ao, construindo o sistema autˆ onomo equivalente `a equa¸c˜ao θ(t) = 12 sen(2t) cos(2t). e desenhando o seu plano de fase junto com a o´rbita que cont´ em o ponto correspondente `as condi¸c˜oes iniciais θ(0) = 1 θ (0) = 1.
−
′
−
O sistema autˆonomo equivalente `a equa¸c˜ao (17.5) ´e
′
y1 = y 2 y2 = 4y1 ′
(17.6)
−
′
onde y1 (t) = θ(t) e, naturalmente, y 2 (t) = θ (t). Nos exerc´ıcios, vocˆe est´a convidado a calcular a solu¸c˜ao geral do sistema (17.6) e tamb´em a o´rbita que passa por (1, 1)
−
O desenho do plano de fase contendo a ´orbita que passa por (1, 1) ´e
−
y2 (t) = θ ′ (t)
y1 (t) = θ (t)
Figura 17.9 247
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Representa¸c˜ ao geom´etrica de sistemas autˆ onomos . Sistemas com autovalores complexos
Observa¸c˜ ao A o´rbita ´e uma curva fechada, que indica que, se n˜ ao houvesse atrito no ponto de v´ınculo e n˜ao houvesse resistˆencia do ar, o movimento do pˆendulo se repetiria para sempre, com a massa passando pela mesma posi¸c˜ao, com a mesma velocidade, um n´ umero infinito de vezes.
Exerc´ıcios Exerc´ıcio 17.1 Calcule a equa¸ca˜o dos autovalores do sistema autˆ onomo (17.6). Determine em seguida sua solu¸c˜ao geral e obtenha a solu¸ca˜o particular correspondente ao vetor de condi¸co˜es iniciais
1 −1
Exerc´ıcio 17.2 Analise a ´orbita desenhada na figura (17.9) e determine os pontos de m´ aximo e m´ınimo de θ, os intervalos onde θ ´e crescente e os em que ela ´e decrescente. Fa¸ca o mesmo para dθ/dt Exerc´ıcio 17.3 Fa¸ca um esbo¸co do plano de fases do sistema
x = y y = x ′
−
′
Sugest˜ ao:Desenhe v´arios vetores do campo (x, y) ( y, x) correspondentes a pontos do eixo OX , pontos do eixo OY , pontos sobre a as retas y = x, com suas origens nos respectivos pontos (x, y). Construa uma tabela.
→ −
Exerc´ıcio 17.4 Calcule a solu¸c˜ao geral de = Y ′
a b
−b a
±
Y
Sugest˜ oes: a) Mostre que os autovalores da matriz A do sistema s˜ao a + bi b)Mostre que
e a
− bi
i 1
´e um autovetor pertencente ao autovalor a + bi c) Conclua (usando o autovalor a + bi) que
−→ − eat senbt Y (t) = 2
eat cos bt
e
−→ Y (t) = 1
eat cos bt eat senbt
s˜ao duas solu¸c˜oes linearmente independentes do sistema proposto.
CEDERJ
248
´ M ODULO 3 -
AULA 17
Representa¸ c˜ ao geom´etrica de sistemas autˆ onomos . Sistemas com autovalores complexos
Exerc´ıcio 17.5 (a) - Determine a solu¸ca˜o do PVI
y ′′ + 4y ′ + 8 = 0 y (0) = 1 y ′ (0) = 1
onomo equivalente ao PVI dado, e resolva(b) Agora, obtenha um sistema autˆ o pelo m´etodo dos autovalores. Compare sua solu¸ca˜ o com a solu¸ca˜o da linear de segunda ordem do item (a)
Exerc´ıcio 17.6 Dois modelos populacionais predador-presa (x1 , x2 = presas, y1, y2 = predadores),
dx = 2x dt dy = dt
− 3xy
−y + 21 xy
tem planos de fases respectivamente y1 (t)
dx = x dt dy = dt
− 4xy
−2y + 3xy
y2 (t)
6
Sistema I
x1 (t)
6
x2 (t)
Sistema II
Em cada plano de fase est´ a desenhada a o´rbita correspondente ao dado inicial (x(0), y (0)) = (2, 2) (Um casal de predadores e um casal de presas). Assuma que as escalas s˜ao iguais nos dois sistemas.
a) Em qual sistema o predador se reproduz mais rapidamente? b) Em qual deles o predador ´e mais bem-sucedido em pegar a presa?
249
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Representa¸c˜ ao geom´etrica de sistemas autˆ onomos . Sistemas com autovalores complexos
Respostas: a) No sistema I, pois y 1 (t) come¸ca a crescer mais rapidamente no sistema I. b)No sistema II, pois o n´ umero m´aximo de predadores ´e maior no sistema II, significando que os predadores conseguiram se alimentar de mais presas.
Exerc´ıcio 17.7 Determine as solu¸c˜oes gerais de
−→ a) Y
′
=
Respostas:
−→ a) Y (t) = c
1
−→
b) Y (t) = c1
−→ c) Y (t) = c
1
6 5
−1 −→ Y 2
−→ b) Y
′
=
e4t + c2
5 cos(3t) 4 cos(3t) + 3 sen(3t) cos(t) cos(t) sen(t)
−→ Y ′ =
1 1
− → − 5 3
−
Resposta: cos(t) 3 sen(t) Y (t) = cos(t) sen(t)
−→
→ −Y (0) =
Y,
− −
e
sen(t) 2 sen(t) cos(t)
+ c2
e4t + c2
−
Exerc´ıcio 17.8 Resolva o problema de valor inicial
=
−5 −→ −4 Y
cos(t) 2 cos(t) + sen(t)
−
4 5
−→ c) Y
′
−
5 1 2 3
−
−
sen(t) sen(t) + cos(t)
Y
e4t
5 sen(3t) 4 sen(3t) 3 cos(3t)
−
−→
e4t
1 1
t
−
Resumo Nesta aula aprendemos a representar graficamente sistemas autˆonomos de equa¸co˜es de primeira ordem. Em continua¸c˜ao ao estudo iniciado na aula 16, aprendemos a obter solu¸c˜ oes de sistemas autˆ onomos Y A Y quando a matriz A tem coeficientes reais e autovalores complexos.
−→ −→ ′
Avalia¸c˜ ao Os m´etodos gr´aficos constituem auxiliares importantes na obten¸c˜ao de informa¸c˜oes a respeito das solu¸c˜oes de sistemas autˆonomos de equa¸c˜oes lineares. Na verdade, eles se aplicam tamb´em a`s equa¸c˜oes n˜ao-lineares. Muitas informa¸co˜es relevantes podem ser obtidas pela an´alise de representa¸co˜es gr´aficas, sem que precisemos explicitamente as equa¸co˜es. Alguns exemplos envolvendo o modelo de Lotka -Volterra ilustram essa afirma¸ca˜ o. Os exemmplos e exerc´ıcios “n˜ao-lineares” podem ser considerados como informa¸c˜oes extras. O nosso objeto de estudo, neste curso, s˜ao as equa¸c˜oes e sistemas de equa¸c˜oes lineares, o
CEDERJ
250
´ ULO M ODUL OD O 3 -
AULA ULA 17
Representa¸c˜ c˜ ao ao geom´ geo m´etrica etr ica de sistem sis temas as autˆ aut ˆ onomos . Sistemas Sistemas com autovalore autovaloress complexos
qual voltar´ voltar´ a a dominar a cena na pr´oxima oxima aula, quando veremos como obter solu¸c˜ coes o˜es de sistemas autˆ onomos onomos Y A Y Y quando a matriz A matriz A tem autovalores reais repetidos.
−→ −→ ′
251
CEDERJ
´ ULO M ODUL OD O 3 -
AULA ULA 18
Sistemas Sistemas com autovalore autovaloress reais repetidos
Aula 18 – Sistemas com autovalores reais repetidos
Objetivo Ao termina t erminarr esta est a aula au la vocˆ vo cˆe estar´ est ar´ a apto a calcular as solu¸c˜ coes o˜es de sistemas autˆonomos onomos cujas matrizes matrizes possuem autovalores autovalores reais repetidos. repetidos. Como conseq¨ uˆ uˆenci en ciaa dis d isso so,, vocˆ vo cˆe est e star ar´ a´ equipado para resolver qualquer resolver qualquer sistema sistema autˆonomo onomo de duas equa¸c˜ coes o˜es lineares de primeira ordem. coes o˜es de sisComent me nt´ ´ ari ar io: o trabalho anterior mostrou que, para obter as solu¸c˜ temas autˆ onomos, devemos come¸car onomos, car pelo c´ alculo dos autovalores das equa¸c˜ alculo coes o˜es caracter´ cara cter´ısticas ıstica s associada asso ciadas. s. J´a vimos como obter solu¸c˜ c˜oes oes de sistemas cujos autovalores s˜ ao ao distint tintos os,, reais reais ou compl complex exos os.. Aborda Abordarem remos os agora agora o caso caso das equa¸ equac˜ ¸oes o es com autovalores repetidos. Seja ent˜ ao ao a equa¸c˜ cao a˜o
− → − → Y = A Y ′
tal que det (λI − ıze s λ1 = λ 2 (= λ (= λ). ). − A) = 0 tem ra´ızes Diz-se que λ ´e um autovalor de multiplicidade dois da dois da matriz A. Exemplo 18.1 Determine a solu¸c˜ cao ˜ao geral do sistema
− →′ Y =
−1 0 0 −1
− → Y
Solu¸c˜ c˜ ao: Procedendo como de h´ abito, calculamos primeiramente os autovalores da matriz abito, do sistema sistema det (λI (λI − λ = − 1 − A) = 0 ⇐⇒ (λ + 1)2 = 0 ⇐⇒ ⇐⇒ λ = λ = − 1 ´e um u m autovalor aut ovalor de A de A de multiplicidade dois. Para determinar determinar autoveto autovetores res de A associados associados a λ = −1 precis precisamo amoss resolv resolver er a equa¸c˜ cao a˜o matricial matricial λ + 1 0 − → − → V = 0 0 λ + 1
Isto Is to ´e, e,
0 0 0 0
(λ=−1)
− → − → V = 0
(18.1)
253
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Sistemas com autovalores reais repetidos
→ − Ora qualquer vetor V de
2 R
torna a equa¸ca˜o (18.1) verdadeira. − → Dizendo de outro modo, todo vetor (diferente de 0 ) ´e autovetor da matriz A associado ao autovalor λ = − 1. → −
E como, para calcular uma solu¸c˜ao geral do sistema Y = ′
1 0
−
0 −1
!
→ −
Y , precisamos
de dois autovetores de A linearmente independentes, podemos escolher quaisquer dois vetores linearmente independentes em R2 . Por exemplo
−→ K 1 =
−→ e K 2 =
1 0
1 1
Da´ı constru´ımos as solu¸c˜oes
− → Y 1 (t) =
1 0
→ −
Portanto uma solu¸c˜ao geral de Y = ′
− → Y (t) = c 1
− → e Y 2 (t) =
e−t 1 0
0 −1
−
1 0
!
1 1
e−t
→ −
e Y , ´
e−t + c2
1 1
e−t .
Observa¸c˜ ao: Apesar de A possuir apenas um autovalor λ, foi poss´ıvel determinar dois autovetores linearmente independentes associados a ele. Neste exemplo, procedemos normalmente como no caso dos autovalores reais distintos.
− → Mas tamb´em pode ocorrer de termos apenas um autovetor K associado a λ e conseq¨ uentemente, apenas uma solu¸ca˜o − → − → Y 1 (t) = Keλt . Veja o seguinte exemplo Exemplo 18.2
−′ → → − Y = A Y onde A =
3 1
−1 1
Deixamos a seu cargo verificar que a equa¸c˜ao dos autovalores deste sistema ´e (λ − 2)2 = 0, e portanto A possui somente um autovalor de multiplicidade 2. Quando calculamos os autovetores associados a λ = 2, isto ´e quando resolvemos a equa¸ca˜o matricial λ−3 1 v1 0 = v2 0 −1 λ − 1
CEDERJ
254
(λ=2)
´ M ODULO 3 -
AULA 18
Sistemas com autovalores reais repetidos
obtemos o seguinte sistema
−v1 + v2 = 0 −v1 + v2 = 0
.
Vemos que os autovetores de A devem ser da forma
! v1 v1
. Por
exemplo
! 1 1
.
Ent˜ao temos uma solu¸ca˜o
− → Y 1 (t) =
1 1
e2t .
O problema ´e que qualquer outro autovetor de A ´e linearmente dependente de
! 1 1
e conseq¨uentemente n˜ ao temos como calcular dois autovetores linearmente independentes associados ao autovalor λ = 2. N˜ ao podemos proceder como no exemplo anterior. Entretanto vocˆe sabe que o conjunto das solu¸c˜oes de qualquer sistema homogˆeneo ´e um espa¸co vetorial de duas dimens˜oes. Portanto sempre existem duas solu¸co˜es linearmente independentes. − → Precisamos conseguir uma segunda solu¸c˜ao linearmente independente de Y 1 (t). Como fazˆe-lo?
Inspirados no m´etodo de redu¸ca˜o de ordem usado no caso de equa¸co˜es de segunda ordem normais quando apenas uma solu¸c˜ao era conhecida, vamos procurar uma segunda solu¸ca˜o da forma
− → Y 2 (t) =
k1(t) k2(t)
eλt
(18.2)
onde estamos supondo que k1 (t) e k2 (t) s˜ ao deriv´aveis em todos os pontos 1, em particular s˜ao deriv´aveis em t = 0. Mas dizer que k1(t) e k2(t) s˜ao deriv´aveis em t = 0 significa dizer que, numa vizinhan¸ca do ponto t = 0, podemos aproxim´ a-las pelas retas tangentes aos seus gr´aficos. (Quer dizer, podemos substituir k1 (t) e k2(t) pelas suas − → n˜ ao ´e pedir muito. Afinal de contas a primeira solu¸ca˜o Y 1 (t) ´e deriv´avel em todos os pontos 1 Isto
255
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Sistemas com autovalores reais repetidos
retas tangentes em t = 0, numa vizinhan¸c a de 0)
k(t)
′
r(t) = k(0) + t k (0)
Figura 18.1
As equa¸co˜es dessas retas tangentes s˜ ao r1 (t) = k 1(0) + k1 (0)t r2 (t) = k 2(0) + k2 (0)t ′
′
Assim, em vez de procurar uma segunda solu¸ c˜ao da forma (18.2), procuramos uma da forma
− → Y 2 (t) =
k1(0) + t k1 (0) k2(0) + t k2 (0) ′
′
eλt
ou ainda
k1(0) k2(0)
− → Y 2 (t) = Fa¸camos
k1(0) k2(0)
− → = V 1 e
k1(0) k2(0) ′
+ t
′
k1(0) k2(0) ′
′
eλt
− → = V 2
→ − de modo que a segunda solu¸c˜ao Y 2 (t) que procuramos tem a forma − → → − → − Y 2 (t) = [ V 1 + t V 2 ] eλt
(18.3)
A quest˜ao pode ser reformulada da seguinte maneira:
→ − → − Encontre vetores V 1 e V 2 tais que (18.3) seja uma segunda solu¸c˜a o de − → − → → − − → Y = A Y , linearmente independente de Y 1 (t) = K eλt ′
CEDERJ
256
´ M ODULO 3 -
AULA 18
Sistemas com autovalores reais repetidos
→ − → − Substituindo (18.3) na equa¸ca˜o Y = A Y : ′
− λt → → − → − → − → − V 2 e + [ V 1 + tV 2 ]λeλt = A ([ V 1 + t V 2 ]eλt ) o que pode ser reescrito como ∗∗
∗∗
− → → − → − → − → − t eλt λ V 2 + eλt (V 2 + λ V 1 ) = t eλt AV 2 + eλt AV 1
∗
∗
Se igualarmos as parcelas assinaladas com (*) dos dois lados, e tamb´em as parcelas marcadas com (**) em ambos os lados, ent˜ ao (18.3) ser´ a solu¸ca˜o → − → − de Y = A Y . → − → − Ou seja, se V 1 e V 2 satisfizerem a`s equa¸co˜es ′
Isto ´e,
→ − → − − → AV 1 = λ V 1 + V 2 → − → − λV 2 = A V 2
→ − − → (A − λ I ) V 2 = 0 → − − → (A − λI ) V 1 = V 2
(18.4)
(18.5)
→ − → − ent˜ao (18.3) ser´ a solu¸ca˜o de Y = A Y . ′
→ − A equa¸c˜ao (18.4) nos diz que o vetor V 2 tem de ser um autovetor de A associado ao autovalor λ. → − A equa¸ca˜o (18.4) nos diz que, uma vez determinado V 2 , para calcular → − V 1 devemos resolver a equa¸ca˜o vetorial → − − → (A − λI ) V 1 = V 2 257
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Sistemas com autovalores reais repetidos
Resumindo: → − → − Considere um sistema autˆ onomo Y = A Y cuja equa¸c˜ao caracter´ıstica ′
det(λI − A) = 0 possui uma raiz de multiplicidade dois λ1 = λ 2 = λ. Ent˜a o, se A tiver dois autovetores linearmente independentes, − → − → K 1 e K 2 associados a λ, a solu¸c˜ao geral ´e
− → − → − → Y (t) = c 1 K 1 eλt + c2K 2 eλt . → − No caso de A possuir apenas um autovetor V 2 ,(a menos de m´ultiplos), associado a λ, a solu¸ca˜o geral ´e − → → − → − − → Y (t) = c 1 V 2 eλt + c2 [t V 2 + V 1 ]eλt , → − onde V 1 ´e um autovetor generalizado de peso 2, de A, determi→ − nado a partir de V 2 por meio da equa¸ca˜o matricial − → − → (A − λI ) V 1 = V 2 − → Coment´ario: As justificativas para existˆencia da segunda solu¸c˜ao Y 2 (t) ser˜ao apresentadas na pr´oxima se¸c˜ao. Antes de estud´a-las, vamos completar a solu¸ca˜o do exemplo 18.2, assumindo os resultados do resumo. Exemplo 18.3 Quer´ıamos calcular uma solu¸ca˜o geral de
−′ → Y =
3 −1 1 1
− → Y
e obtivemos a equa¸ca˜o caracter´ıstica (λ − 2)2 = 0, sendo portanto λ = 2 o u ´ nico autovalor → −
de A, com multiplicidade dois. Associado a λ = 2 obtivemos o autovetor K = − →
nos deu uma primeira solu¸ca˜o Y 1 (t) =
! 1 1
e2t .
− → Uma segunda solu¸ca˜o, linearmente independente de Y 1 (t) ´e − → → − − → Y 2 (t) = (t K + V 1 )e2t ,
CEDERJ
258
! 1 1
, que
´ M ODULO 3 -
AULA 18
Sistemas com autovalores reais repetidos
− →
onde V 1 =
! w1 w2
− → − → ´e solu¸c˜ao da equa¸c˜ao matricial (2I − A)V 1 = K , isto ´e
−1 1 −1 1
w1 w2
=
1 1
.
Desta u ´ ltima equa¸ ca˜o obtemos a rela¸c˜ao
−w1 + w2 = 1.
! w1 w2
Podemos escolher para V 1 qualquer vetor
−w1 + w2 = 1. Por exemplo V 1 =
! 0 1
.
− → Portanto Y 2 (t) = t
1 1
→ −
E uma solu¸c˜ao geral de Y = ′
− → Y (t) = c1
0 1
+
1 1
3 1
cujas coordenadas satisfa¸cam `a rela¸c˜ao
1 1
−
e2t + c2
e2t .
!
→ −
Y
´e
t
1 1
+
0 1
e2t ,
ou ainda
− → Y (t) = c 1
1 1
e2t + c2
t 1 + t
e2t .
Resultados te´ oricos - (para saber um pouco mais) Esta se¸ca˜o apresenta defini¸co˜es e resultados que garantem que as equa¸co˜es (18.4) e (18.5) sempre tˆem solu¸c˜oes. Vocˆe pode fazer uma primeira leitura sem se preocupar demasiadamente com as demonstra¸c˜oes. Procure entender os porquˆ es das defini¸co˜ es e resultados. Posteriormente, j´ a os tendo utilizado v´ arias vezes, vocˆe pode voltar para “degust´ a-los” com toda a clama.
Defini¸c˜ao 18.1
• Um autovetor generalizado de peso 2, da matriz A, associado ao autovalor λ ´e − → um vetor V tal que − → (A − λI ) V = 0 − → − → (A − λI )2 V = 0 • Um autovetor generalizado de peso 1, de A, associado ao autovalor λ ´e um autovetor usual de A
259
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Sistemas com autovalores reais repetidos
Observa¸c˜ ao: − → − → - Se V 1 e V 2 satisfazem `as equa¸c˜oes (18.4) e (18.5),
− → − → (A − λI )2 V 1 = (A − λI )[(A − λI )V 1 ] − → = (A − λI )V 2 → − = 0 − → − → Ou seja, V 1 e V 2 s˜ao autovetores generalizados de A
Proposi¸c˜ao 18.1
− → − → − → − → Suponha que V 1 e V 2 ∈ R2 s˜ao tais V 2 = 0 e − → − → (A − λ I ) V 2 = 0 − → − → (A − λI ) V 1 = V 2 .
− → − → Ent˜ao { V 1 , V 2 } ´ e um conjunto linearmente independente em
R
2
Demonstra¸c˜ ao.
Sejam α e β ∈
R tais
que
− → − → − → α V 1 + β V 2 = 0 Ent˜ao
(18.6)
− → − → → − − → (A − λId)[α V 1 + β V 2 ] = (A − λId) 0 = 0
isto ´e,
− → − → − → α (A − λId)V 1 + β (A − λId)V 2 = 0 . − → − → − → − → Mas (A − λId)V 1 = V 2 e (A − λId)V 2 = 0 , de maneira que a equa¸c˜ao (18.6) se reduz a − → − → αV 2 = 0 − → − − → → E como V 2 = 0 ,( na verdade V 2 ´e um autovetor de A), ent˜ ao α = 0. − → − → Da´ı ent˜ao (18.6) se reduz a β V 2 = 0 . Novamente, isto implica que β = 0. C.Jordan 1838-1922 A forma canˆ onica de Jordan foi publicada em 1870 no Tratado sobre substitui¸ c˜ oes e equa¸ c˜ oes alg´ ebricas Este
tratado foi de grande influˆencia na divulga¸c˜ ao das id´ eias de Galois, e no desenvolvimento e aplica¸c˜ oes da Teoria dos Grupos.
CEDERJ
260
Assim
− → − → − → α V 1 + β V 2 = 0 =⇒ α = β = 0,
− → − → o que prova que V 1 e V 2 s˜ao linearmente independentes. E isso conclui a demonstra¸c˜ao. − → − → − → − → Conclus˜ao Se V 1 e V 2 satisfazem `as equa¸c˜oes (18.4) e (18.5) ent˜ao { V 1 ,V 2 } ´e uma base de R2 .
Para terminar, temos de responder `a pergunta fundamental: As equa¸c˜ oes (18.4) e (18.5) sempre tˆem solu¸coes? ˜ ´ Um dos teoremas importantes de Algebra Linear, o Teorema de Forma Canˆ onica de Jordan , assegura que , dada uma matriz de ordem dois, A, tal que A possui apenas um
´ M ODULO 3 -
AULA 18
Sistemas com autovalores reais repetidos
autovalor λ, de multiplicidade dois, ent˜ ao existe uma base de R2 formada por autovetores generalizados de A,associados a λ. Mais ainda, − → − → - Se A possui dois autovetores, V 1 e V 2 , linearmente independentes, associados a λ, ent˜ ao − → − → a matriz de A na base β = { V 1 , V 2 } ´e [A]β =
λ 0 0 λ
− → - Se A possui apenas um autovetor V 2 associado a λ, ent˜ ao existe um autovetor generalizado − → − → − → V 1 , de peso dois, associado a λ, tal que β = { V 2 , V 1 } ´e uma base de R2 e [A]β =
λ 1 0 λ
− → Conseq¨ uˆencias: Suponha que A tem apenas um autovetor V 2 associado a λ.Isto ´e − → − → AV 2 = λ V 2 , mostrando que a equa¸c˜ao (18.4) tem sempre pelo menos uma solu¸c˜ao. Segue do teorema de Jordan que
− → − → − → AV 1 = A[0 · V 2 + 1 · V 1 ] = Isto ´e,
λ 0
1 λ
0 1
1 λ
=
− → − → − → − → = 1 · V 2 + λV 1 = λ V 1 + V 2
− → − → (A − λI )V 1 = V 2 − → Assim fica assegurado que a equa¸ca˜o (18.5) tem sempre uma solu¸ca˜o V 1 . Aten¸ c˜ ao!: N˜ ao foi dito que em qualquer base de autovetores generalizados associ-
ados a λ a matriz A assume uma das formas
λ 0
0 λ
! ou
λ 0
1 λ
!
. Foi
dito apenas que
existem bases de autovetores generalizados com essa propriedade. O que fizemos foi nos valer de que tais bases existem para garantir que as equa¸c˜ oes − → − → (18.4) e (18.5) sempre possuem solu¸co˜es V 2 e V 1 . Observa¸c˜ ao Vocˆe pode perguntar, com toda raz˜ao:
− → − → Se eu n˜ ao souber calcular exatamente a (ou uma) base {V 2 , V 1 } especificada no teorema de Jordan, como ´e que eu vou construir a solu¸cao ˜ geral da equa¸c˜ ao? ´ uma pergunta interessante, e merece que nos alonguemos ainda um pouco, para E respondˆe-la. Vejamos o caso em que a matriz A possui apenas um (a menos de m´ ultiplos) autovetor V 2 associado ao autovalor λ de multiplicidade dois. − → − → − → Na pr´ atica, podemos sempre substituir o autovetor V 2 que ocorre na base {V 2 , V 1 } → − do teorema de Jordan por um autovetor qualquer K de A, e substituir o autovetor gene − → − → ralizado V 1 determinado a partir de V 2 por um autovetor generalizado determinado a partir → − de K .
261
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Sistemas com autovalores reais repetidos
− → − → Isto se deve ao fato de K e V 2 serem linearmente dependentes. Ent˜ ao existe r ∈ R − → − → (necessariamente r = 0) tal que K = r V 2 → − − → Claramente { K , V 1 } ´e base de R2 formada por autovetores generalizados de A. − → → − − → Note que qualquer vetor W = α K + rV 1 , com α = 0 ´e autovetor generalizado de A, − → de peso 2, associado a λ, determinado por K . − → Com efeito, para cada tal W , − → (A − λI )W = = = =
→ − − → (A − λI )(α K + rV 1 ) → − − → α(A − λI ) K + r(A − λI )V 1 − → → − α · 0 + r · V 2 → − K
− → → A conta que acabamos de efetuar mostra que a equa¸c˜ao (A − λI )− u = K tem um n´ umero infinito de solu¸c˜oes. − → → (Dizendo de outro modo, o sistema (A − λI )− u = K ´e poss´ıvel e indeterminado) −→ Escolhamos uma solu¸ca˜o W 0 . −→ −→ − → −→ − → Temos A W 0 = λ W 0 + K pois (A − λI )W 0 = K − → → −→ − → − → − Afirmamos agora que Y 2 (t) = [t K + W 0 ]eλt ´e uma segunda solu¸ca˜o de Y ′ = A Y , − → − → linearmente independente da primeira solu¸c˜ao Y 1 (t) = K eλt − → − → → −→ − Temos, por um lado, Y 2 ′ = K eλt + (t K + W 0 )λeλt = − λt → → − −→ K e + tλeλt K + λeλt W 0
(18.7)
− → → − −→ Por outro lado A Y 2 = A[t K eλt + W 0 eλt ] = → − → − −→ teλt λK + eλt [ K + λW 0 ]
A igualdade das express˜oes (18.7) e (18.8) conclui a prova da afirma¸ca˜o.
(18.8)
Conclus˜ao N˜ ao precisamos ficar amarrados estritamente aos autovetores generalizados cuja existˆencia ´e garantida pelo Teorema de Jordan.
→ − − → Mas tem uma coisa: A matriz de A na base { K , W } j´a n˜ ao ´e mais necessariamente
λ 0
1 λ
!
.
Essa a´ı corresponde `a base do Teorema de Jordan.
CEDERJ
262
´ M ODULO 3 -
AULA 18
Sistemas com autovalores reais repetidos
Tome nota, para n˜ ao esquecer:
→ − Se A possuir apenas um autovetor K ,(a menos de m´ultiplos), associado a λ, a → − → − solu¸c˜ao geral de Y ′ = A Y ´e
− λt − → − → (t) = c1 → Y K e + c2 [W + t K ]eλt − → → − onde W ´e um autovetor generalizado de peso 2, de A, determinado a partir de K por meio da equa¸c˜ao matricial − → − → (A − λI ) W = K
Atividades e Exemplos Atividade 18.1 Consideremos a equa¸ca˜o diferencial linear homogˆenea normal de segunda ordem e de coeficientes constantes ′′
′
y + py + qy = 0 Suponha que a equa¸ca˜o caracter´ıstica associada tem uma raiz real dupla r1 = r 2 = r. Naturalmente r = − p/2. (a) Escreva no espa¸co abaixo, a matriz A do sistema autˆonomo equivalente `a equa¸ca˜o acima. Resposta:
A =
(b) Determine a equa¸ca˜o dos autovalores de do A, e compare com a equa¸ca˜o caracter´ıstica associada a y + py + q = 0 ′′
′
Resposta:
(c)Fa¸ca um c´ırculo em redor da op¸ca˜o que torna a frase abaixo verdadeira: Os autovalores de A s˜ ao (=)/ ( =) a`s ra´ızes da equa¸c˜ ao caracter´ıstica da equa¸c˜ ao y + py + q = 0 . ′′
′
(d) Sabemos que, para obter a solu¸ ca˜o geral do sistema autˆ onomo pelo m´etodo dos autovalores e autovetores, a primeira coisa a fazer ´e calcular → − um autovetor K associado ao autovalor λ = r = − p/2. Lembrando das rela¸co˜es de Girard: r1 + r 2 = − p/2, r1.r2 = q ; e tamb´em que r1 = r 2 = r, mostre que a equa¸ca˜o matricial para o c´alculo dos 263
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Sistemas com autovalores reais repetidos
autovetores de A ´e
r −1 r2 −r
v1 v2
0 0
=
(e) Diga se ´e verdadeiro ou falso: → −
O vetor K = Resposta:
! 1 r
´e um autovetor de A associado ao autovalor r.
(f) Complete: (f 1 ):Utilizando o autovetor do item anterior, uma primeira solu¸ca˜o do → − → − − → sistema Y = A Y ´e Y 1 (t) = ′
→ − (f 2 ): Uma segunda solu¸ca˜o ´e Y 2 (t) = t onde
w1 w2
+
ert
! w1 w2
´e uma solu¸ca˜o da equa¸c˜ao matricial
r −1 r 2 −r
w1 w2
=
(g) Resolvendo a equa¸ca˜o matricial do item (f 2 ), descobrimos que w1 e w2 est˜ao relacionados pela express˜ao rw 1 − w2 = 1. Da´ı ent˜ ao podemos afirmar que a escolha para w1 correspondente w1 = 0 ´e
! w2
0 B@
1 CA
→ − → − (h) Escreva no espa¸co abaixo a solu¸ca˜o geral de Y = A Y correspondente aos dados obtidos nos itens anteriores ′
A solu¸ca˜o geral ´e
− → Y (t) = c 1
ert + c2
ert
(18.9)
(i) Compare a primeira linha do vetor solu¸ca˜o geral (18.9 )com a solu¸ca˜o geral da equa¸ca˜o y + py + qy = 0 obtida na Aula 14. O que vocˆe descobriu? ′′
Resposta:
CEDERJ
264
′
´ M ODULO 3 -
AULA 18
Sistemas com autovalores reais repetidos
Exemplo 18.4 a) Resolva o problema de valor inicial
x′ = 3x − 4y y ′ = x − y
,
x(0) = 1, y(0) = − 1
b) Fa¸ca um esbo¸co plano de fase do sistema do item (a), juntamente com a ´orbita que cont´em o vetor de dados iniciais. Solu¸c˜ ao: a) A forma matricial do sistema ´e
−′ → Y =
3 −4 1 −1
− → Y,
→ − com Y (t) =
x(t) y(t)
A equa¸ca˜o dos autovalores deste sistema ´e det(λI − A) = 0, i.´e λ2 − 2λ + 1 = 0, cuja solu¸c˜ao ´e o autovalor λ = 1, de multiplicidade dois. Ao calcularmos autovetores da matriz do sistema associados a λ = 1, i.´e, ao resolvermos a equa¸c˜ao matricial
λ−3 4 −1 λ + 1
v1 v2
(λ=1)
0 0
=
obtemos que v1 e v2 devem satisfazer `a rela¸c˜ao −v1 + 2v2 = 0. Podemos escolher, por exemplo, o autovetor
! 2 1
, o que nos d´ a a primeira solu¸c˜ao
− → Y 1 (t) =
2 1
et .
Uma segunda solu¸c˜ao ´e da forma
− → Y 2 (t) = t
onde
! w1 w2
w1 w2
+
et ,
´e solu¸ca˜o da equa¸ca˜o matricial
isto ´e,
2 1
λ−3 −1
4 λ + 1
−2 4 −1 2
w1 w2
(λ=1)
2 1
=
,
w1 w2
(λ=1)
=
2 1
Ao resolver esta ´ultima equa¸ ca˜o encontramos que w1 e w2 devem satisfazer `a rela¸c˜ao −w1 + 2w2 = 1. Escolhemos, por exemplo, o vetor
− → Y 2 (t) =
! 1 0
−
e temos,como segunda solu¸c˜ao
2t − 1 t
et .
265
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Sistemas com autovalores reais repetidos
Ent˜ao a solu¸ca˜o geral ´e
− → Y (t) = c 1
2 1
et + c2
1 1
Impondo agora as condi¸c˜oes iniciais Y (0) =
−
= c 1
2 1
et .
2.0 − 1 0
2t − 1 t
!
→ −
1 −1
e0 + c2
obtemos
e0 .
de onde calculamos c1 = −1 e c2 = −3. Sendo assim, a solu¸ca˜o do problema de valor inicial proposto ´e
− → Y (t) =
1 − 6t −1 − 3t
et ,
ou ainda
x(t) = (1 − 6t)et y(t) = (−1 − 3t)et
b) Um desenho do plano de fases dos sistema do item anterior, contendo a ´orbita que passa por (1,-1) no instante t = 0 (feito com a ajuda de um sistema de computa¸c˜ao alg´ebrica) ´e
(1, − 1)
Figura 18.2
Coment´ ario: Observemos o comportamento da ´orbita que passa por (1, −1) quando t = 0 para valores muito grandes, ou muito pequenos de t. Analisando a figura (18.2) as ´orbitas parecem “sair” do ponto (0, 0), seguindo uma dire¸c˜ao pr´oxima da dire¸ca˜o da reta y = x, no sentido dos valores decrescentes de x (e y ). Ap´ os um certo tempo ela d´a meia volta e os valores de x e y come¸cam a crescer sem parar, passando por (1, −1) quando t = 0, com x(t) e y(t) disparando para +∞ a` medida que t tende a +∞.
CEDERJ
266
´ M ODULO 3 -
AULA 18
Sistemas com autovalores reais repetidos
De fato, um c´alculo com a regra de l’Hˆopital nos mostra que lim x(t)
t→−∞
=
lim (1 − 6t)et
t→−∞
=
1 − 6t t→−∞ 1/et −6 lim t→−∞ −1/et lim 6et
=
0
= =
lim
t→−∞
O c´ alculo acima nos mostra que quanto menor t mais pr´oximo de 0 se encontra x(t). C´ alculos an´ alogos nos mostram que lim y(t) = lim −(1 + 3t)et = 0
t→−∞
t→−∞
e tamb´em que lim (1 − 6t)et = +∞ = lim −(1 + 3t)et
t→+∞
t→+∞
Os limites em −∞ s˜ao interpretados dizendo-se que as solu¸c˜oes x(t) e y (t) estavam na origem, de onde sa´ıram para percorrer a ´orbita desenhada na figura (18.2), seguindo rumo “ao infinito e al´em”. Atividade 18.2 (a) Calcule a solu¸c˜ao do sistema do do exemplo (18.4) que passa por (−1, 2) quando t = 0. Estude o comportamento de x(t) e y(t) quando t → −∞ e quando t → + ∞ Resposta:
(b): Qual das o´rbitas abaixo corresponde `a solu¸ca˜o do item (a)?
(1, − 1)
Figura 18.3 267
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Sistemas com autovalores reais repetidos
Resposta:
Exerc´ıcios Exerc´ıcio 18.1 Determine a solu¸c˜ao geral de
−′ → Y =
1 0 0 1
− → Y
Desenhe o plano de fases deste sistema e as trajet´orias que poassam respectivamente pelos pontos (1, 1), (−1, 2), (−4, −3), e (2, −4), quando t = 0. Resposta :
c1 et , e as ´orbitas pelos pontos indicados s˜ao as semi-retas c2 partindo da orgime, que contˆ em aqueles pontos.
− → A solu¸c˜ao geral ´e Y (t) =
Exerc´ıcio 18.2 Determine as solu¸c˜oes gerais de
→ − (a) Y ′ =
−3 5/2 −5/2 2
→ − (b) Y ′ =
4 −2 8 −4
− → Y.
− → Y
Em cada caso, descreva como as trajet´orias que passam por (−1, 1) quando t = 0 se comportam quando t → ±∞.
Respostas: → − (a) Y (t) = c 1
− → (b) Y (t) = c 1
1 1
e−t/2 + c2 t
2 1
e−t + c2 t
1 1
2 1
0 2/5
+
+
0 2
e−t/2
e−t
Exerc´ıcio 18.3 Resolva o problema de valor inicial e desenhe o gr´afico da componente y1 (t) do vetor → −
solu¸c˜ao Y (t) = → −
′
(a) Y =
→ −
′
(b) Y =
CEDERJ
268
y1 (t) y2 (t)
4 −7
!
1 4
2 −3/2
−
!
→ −
→ −
Y,
3/2 −1
!
Y (0) =
→ −
Y,
→ −
! 3 2
Y (0) =
! 3 −2
´ M ODULO 3 -
AULA 18
Sistemas com autovalores reais repetidos
(c)
8> < >:
dx = 2x + 4y dt dy = dt
x(0) = −1,
y(0) = 6
x + 6y
−
Respostas: → − (a) Y (t) =
− → (b) Y (t) =
3 + 4t 2 + 4t 3 −2
e−t
et/2 + 3/2t
(c)x(t) = (26t − 1)e4t ,
1 −1
et/2
y(t) = (13t + 6)e4t
Resumo Nesta aula vocˆe aprendeu a calcular as solu¸c˜oes de sistemas homogˆeneos de coeficientes constantes, cujas matrizes possuem autovalores de multiplicidade dois, que podem ser de dois tipos distintos:
− → −→ −→ −→ −→ - Y (t) = c 1 K 1 eλt + c2 K 2 eλt , no caso de existirem dois autovetores K 1 e K 2 , linearmente independentes, associados ao autovalor λ.
− → − → → − − → − → - Y (t) = c 1 K eλt + c2 t K + W eλt , a matriz do sistema possui apenas um autovetor K − → (a menos de m´ ultiplos) associado ao autovalor λ. Neste caso W ´e um autovetor generalizado, de A, de peso dois, que pode ser calculado resolvendo-se a equa¸c˜ ao matricial − → − → (A − λI )W = K
Avalia¸c˜ ao Apesar de um certo grau de sofistica¸ca˜o introduzido na se¸c˜ao de justificativas, esta aula foi de natureza complemetar; introduzindo uma t´ecnica para calcular solu¸co˜es de sistemas homogˆeneos de equa¸c˜os lineares de primeira ordem, cm coeficientes constantes, no caso que faltava ser analisado, a saber: quando a matriz A possui apenas um autovalor real, com multiplicidade dois. Revendo os exemplos e exerc´ıcios, observe mais uma vez como n˜ao ´e suficiente ´ importante analis´a-las, obter apenas as express˜oes alg´ebrico/anal´ıticas das solu¸c˜oes. E seja com a ajuda de sistemas gr´aficos, seja estudando, com os recursos do C´alculo, o comportamento das solu¸co˜es, ou usando os dois recursos combinados. Em se tratando de ´ assim mesmo. sistemas, o processo ´e sempre um tanto trabalhoso. N˜ ao se deixe abater. E Na pr´oxima aula vamos estudar o m´etodo de varia¸ca˜o de parˆametros para sistemas n˜ ao-homogˆeneos de duas equa¸c˜oes lineares de coeficientes constantes, encerrando o ciclo de c´alculos expl´ıcitos de solu¸co˜es de sistemas de duas equa¸co˜es lineares de primeira ordem com coeficientes constantes. A partir deste ponto, v´arios caminhos se abrem para n´os. Podemos explorar as generaliza¸c˜oes dos resultados vistos aos sistemas de trˆes ou mais equa¸co˜es, ou investigar
269
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Sistemas com autovalores reais repetidos
como as solu¸c˜oes se modificam quando modificamos os coeficientes das matrizes, ou ainda os sistemas de coeficientes vari´aveis,ateoria qualitativa das equa¸c˜oes, e muitos outros temas interessantes e atuais. Lamentavelmente, estes assuntos n˜ao fazem parte deste nosso primeiro contato com as equa¸c˜oes diferenciais. Pelo menos j´a come¸camos a aplainar o terreno.
CEDERJ
270
´ M ODULO 3 -
AULA 19
Sistemas n˜ao-homogˆeneos
Aula 19 – Sistemas n˜ ao-homogˆ eneos
Objetivos
Ao final desta aula vocˆe estar´ a apto a calcular solu¸co˜es de sistemas n˜ao-homogˆeneos → − → − → − Y = A(t) Y + H (t), ′
− →
onde H (t) ´e o vetor de termos independentes. Varia¸ c˜ ao dos Parˆ ametros
Desejamos calcular a solu¸ca˜o geral de →′ −
→ −
→ −
Y = A(t) Y + H (t)
(19.1)
− →
h1 (t)
onde H (t) ´e um vetor de termos independentes h (t) , hi : I −→ R e as fun¸co˜es componentes da matriz A(t) s˜ ao cont´ınuas em um intervalo I . 2
Consideremos o sistema homogˆeneo associado → −
→ −
Y = A(t) Y
Atividade 19.1 → −
→ −
→ −
(19.2) → −
Mostre que se Y (t) e Z (t) s˜ao solu¸co˜es de (19.1) ent˜ ao Y (t) − Z (t) ´e solu¸ca˜o de (19.2) Solu¸c˜ao:
Repetindo o argumento usado no estudo de equa¸ co˜es lineares, normais, n˜ao-homogˆeneas, de ordem n (veja a Aula 15), vocˆe pode concluir que se calcularmos uma solu¸ca˜o particular de (19.1) e tamb´em a solu¸ c˜ao geral de (19.2) ent˜ ao a solu¸ca˜o geral de (19.1) ser´ a a soma das duas. Tamb´ em no contexto dos sistemas de equa¸co˜es lineares gerais, o m´etodo de varia¸ca˜ o dos parˆ ametros ´e um m´etodo que permite calcular uma solu¸ c˜ao particular de (19.1) a partir da solu¸ca˜o geral de ( 19.2). 271
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Sistemas n˜ao-homogˆeneos
Comecemos determinando uma solu¸c˜ao geral de (19.2): − →
− →
Seja t0 um ponto arbitr´ ario de I , e sejam Y 1 (t) e Y 2 (t) duas solu¸co˜es linearmente independentes de (19.2) − →
→ −
Uma solu¸ca˜o geral de Y = A(t) Y ´e ′
− → H
→ −
→ −
Y (t) = c 1 Y 1 (t) + c2 Y 2 (t)
(19.3)
Procuramos uma solu¸ca˜o particular da forma − → P
− →
− →
Y (t) = u(t) Y 1 (t) + v(t) Y 2 (t)
(19.4)
onde fazemos a exigˆencia de que − → P
− →
Y (t0 ) = Y H (t0 ).
− → P
− →
− →
Y (t0) = u(t0 ) Y 1 (t0) + v(t0 ) Y 2 (t0 ) e
− → H
→ −
→ −
Y (t0 ) = c 1 Y 1 (t0 ) + c2 Y 2 (t0) De onde − →
→ −
− →
− →
− →
0 = Y P (t0 ) − Y H (t0) = [u(t0 ) − c1 ] Y 1 (t0 ) + [v(t0) − c2] Y 2 (t0 )
Da´ı, por independˆencia linear u(t0) = c1
v(t0 ) = c 2
e
(19.5)
− →
Agora, como Y H (t) ´e solu¸ca˜o de (19.2) ent˜ ao, no ponto t = t 0, →′ −
→′ −
→ −
→ −
c1 Y 1 (t0 ) + c2 Y 2 (t0 ) = c 1 A(t)Y 1 (t0 ) + c2 A(t)Y 2 (t0 ) − →
− →
(19.6)
− →
Como queremos que Y P (t) = u(t) Y 1 (t) + v(t) Y 2 (t) seja solu¸ca˜ o de (19.1) devemos ter
′
→ −
→′ −
′
→ −
→′ −
→ −
→ −
→ −
u (t) Y 1 (t)+u(t) Y 1 (t)+v (t) Y 2 (t)+v(t) Y 2 (t) = u(t) A(t)Y 1 (t)+v(t) A(t)Y 2 (t)+ H (t) Calculando em t = t 0
′
− →
− →′
′
− →
− →′
u (t0) Y 1 (t0 ) + u(t0) Y 1 (t0 ) + v (t0 ) Y 2 (t0 ) + v(t0 ) Y 2 (t0 ) = CEDERJ
272
´ M ODULO 3 -
AULA 19
Sistemas n˜ao-homogˆeneos
→ −
→ −
→ −
= u(t0) A(t0 )Y 1 (t0 ) + v(t0) A(t0 )Y 2 (t0 ) + H (t0) Usando (19.5) podemos substituir u(t0 ) por c 1 e v(t0 ) por c 2 , o que nos d´a
→ −
′
→′ −
→ −
′
→′ −
→ −
→ −
→ −
→ −
→ −
→ −
→ −
u (t0 ) Y 1 (t0)+c1 Y 1 (t0 )+v (t0) Y 2 (t0 )+c2 Y 2 (t0 ) = c 1 A(t0)Y 1 (t0 )+c2 ) A(t0 )Y 2 (t0)+ H (t0 ) ou ainda
→′ −
→′ −
→ −
′
′
c1 Y 1 (t0 )+c2 Y 2 (t0 )+u (t0 ) Y 1 (t0)+v (t0 ) Y 2 (t0 ) = c 1 A(t0)Y 1 (t0 )+c2 ) A(t0 )Y 2 (t0)+ H (t0 ) Usando (19.6) esta u ´ ltima igualdade se simplifica, restando apenas − →
′
− →
′
→ −
u (t0 ) Y 1 (t0 ) + v (t0) Y 2 (t0 ) = H (t0 )
(19.7)
Para concluir, observe que (19.7) ´e um sistema de duas equa¸ c˜oes nas inc´ognitas u (t0 ) e v (t0 ). ′
′
− →
− →
Com efeito, se escrevemos as componentes de Y 1 (t0 ) e Y 2 (t0) obtemos → −
Y 1 (t0 ) =
y11 (t0 ) y21 (t0 )
e
− →
Y 2 (t0) =
y12(t0 ) y22(t0 )
Ent˜ao (19.7) se reescreve como
y11 (t0 ) u (t0 ) + y12 (t0) v (t0) = h 1(t0 ) y21 (t0 ) u (t0) + y22 (t0) v (t0) = h 2(t0 ) ′
′
′
′
(19.8)
umeros y 11 (t0 ), y12 (t0 ), y21(t0 ), y22(t0 ), h1(t0 )h2 (t0 ) s˜ao Aten¸ c˜ ao!!! Os n´ conhecidos. As inc´ognitas s˜ao u (t0 ) e v (t0 ). ′
′
Al´em disso, o determinante principal do sistema (19.8 ) ´e → −
→ −
det col[Y 1 (t0)Y 2 (t0 )], − →
− →
que ´e diferente de zero, j´ a que Y 1 (t) e Y 2 (t) s˜ ao solu¸co˜es linearmente independentes de (19.2) Resolvendo o sistema (19.8) pela regra de Cramer, obtemos 273
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Sistemas n˜ao-homogˆeneos
det ′
u (t0 ) = det
h1(t0 ) y12(t0 ) h2(t0 ) y22(t0 ) y11(t0 ) y12 (t0 ) y21(t0 ) y22 (t0 )
e det ′
v (t0 ) = det
y11(t0 ) h1 (t0 ) y21(t0 ) h2 (t0 ) y11(t0 ) y12(t0 ) y21(t0 ) y22(t0 )
O ponto t 0 foi escolhido de modo completamente arbitr´ ario no intervalo I . Ent˜ao podemos dizer que para todo t
det ′
u (t) = det
∈
I ,
h1 (t) y12 (t) h2 (t) y22 (t)
y11 (t0) y12 (t0) y21 (t0) y22 (t0)
(19.9)
e det ′
v (t) = det
y11(t) h1 (t) y21(t) h2 (t) y11(t) y12 (t) y21(t) y22 (t)
(19.10)
Integrando as equa¸co˜es diferenciais (19.9) e (19.10) calcula-se as fun¸co˜es u e v. Coment´ ario :
Analisando com cuidado a dedu¸c˜ a o da f´ ormula de varia¸c˜ao dos parˆ ametros,vocˆe percebe que existem alguns pontos que merecem ser esclarecidos. Por exemplo - e isso foi importante na dedu¸ca ˜o − → − → da f´ ormula - por que raz˜ ao exigimos que Y P (t0 ) fosse igual a Y H (t0 )? Ser´ a que foi apenas uma escolha feliz, feita de modo que “tudo funcionasse direitinho”? Ou ser´ a que existe uma explica¸ca ˜o mais concreta para isso? Ali´ as, porque raz˜ ao procurar uma solu¸ca ˜o particular substituindo as constantes c1 e c 2 da solu¸c˜ ao geral de (19.2) por fun¸ c˜ oes u(t) e v(t)? As respostas a essas quest˜ oes est˜ ao nos trabalhos originais de Lagrange. Existem boas raz˜ oes para essas escolhas. Infelizmente reproduzi-las aqui seria um desvio muito longo, e vamos omiti-las. A nota hist´ orica a seguir, nos d´ a uma indica¸c˜ ao do contexto em que o m´ etodo da varia¸ ca ˜o dos parˆ ametros foi desenvolvido
CEDERJ
274
´ M ODULO 3 -
AULA 19
Sistemas n˜ao-homogˆeneos
Nota Hist´ orica
Na segunda metade do s´ eculo XVIII, Laplace tinha apresentado uma demonstra¸ca˜ o de que um planeta ao se movimentar ao redor do Sol, numa trajet´oria el´ıptica, n˜ao corria o risco de ter os eixos da sua o´rbita irem ficando cada vez maiores, de modo que pudesse eventualmente desgarrar do sistema solar, ou ent˜ao que os eixos fossem ficando cada vez menores e o planeta fosse espiralando em dire¸ca˜o ao Sol. Em ambos os casos as conseq¨uˆencias seriam desastrosas. Laplace pretendeu mostrar que o semi-eixo maior da ´orbita de um planeta atra´ıdo pelo sol, de acordo com a lei da gravita¸c˜ao universal de Newton permanecia est´avel (poderia at´e sofrer varia¸c˜oes, mas permanecerias sempre dentro de uma faixa de seguran¸ca que o impediria de desgarrar-se do sistema ou vir a colidir com o centro de atra¸c˜ao. A demonstra¸c˜ao de Laplace n˜ao foi considerada satisfat´ oria por muitos matem´ aticos e f´ısicos. Uma das raz˜oes ´e que a trajet´ oria real de um planeta sofre a influˆencia de outros planetas e corpos celestes, os quais n˜ao podem ser ignorados. Este famoso problema tem o nome de “Problema da Estabilidade Secular do Semi-eixo maior das Trajet´o rias”. Na verdade ele n˜ao foi resolvido satisfatoriamente at´e hoje. Mas um dos primeiros a tentar corrigir a demonstra¸ca˜o de Laplace foi Lagrange. Apesar de sua demonstra¸ca˜o tamb´em vir a ser considerada incompleta, no decurso de suas investiga¸c˜oes a respeito do tema, Lagrange introduziu os primeiros elementos do que viria a ser, no s´eculo XX, uma nova geometria, a Geometria Simpl´etica.
Daqueles trabalhos surgiram tamb´ em o m´etodo da varia¸c˜ao dos parˆametros. No dia 22 de agosto de 1808, Lagrange submeteu ao Institut de France (uma esp´ecie de Academia de Ciˆencias Francesa) uma trabalho intitulado M´emoire sur la th´ eorie des variations des ´ el´ ements des plan`etes . Era um trabalho sobre as-
tronomia, e nele Lagrange se propunha a calcular a trajet´o ria de um planeta atra´ıdo n˜a o s´o pelo Sol, mas perturbado pela atra¸c˜ao de v´arios outros corpos celestes (planetas, sat´elites dos planetas, etc.). Se um planeta sofresse apenas a atra¸c˜ao de um centro fixado, sua trajet´oria seria uma curva cˆ onica determinada por seis constantes. Ao estudar o movimento real do planeta, submetido `as atra¸c˜oes de outros corpos Lagrange se ocupou em determinar a equa¸ca˜o da trajet´ oria, e eventualmente extrair informa¸c˜oes sobre a mesma. O trabalho supracitado foi seguido de um outro Sur la th´eorie g´en´erale de la variation des constantes arbitraires , apresentado em 13 de mar¸co de 1809, onde ele generalizou o m´etodo de varia¸c˜ao das constantes usado no trabalho anterior a todas os problemas de mecˆanica (i.´e, a todos os movimentos de part´ıculas,os quais, como sabemos,s˜ao governados por equa¸c˜oes diferenciais de segunda ordem, quer sejam de planetas no sistema solar, ou objetos na superf´ıcie da Terra, ou em outras gal´axias). Posteriormente, em 19 de fevereiro de 1810, ele apresentou ainda uma nova vers˜ ao, bastante simplificada e definitiva de seu m´etodo de varia¸ca˜o das constantes (ou parˆ ametros).
Retomemos nossos c´ a lculos. O pr´ oximo quadro resume o m´etodo de varia¸ca˜o dos parˆ ametros para sistemas:
275
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Sistemas n˜ao-homogˆeneos
O M´ etodo de Varia¸ c˜ ao dos Parˆ ametros:
Para calcular uma solu¸ca˜o particular de →′ −
→ −
→ −
− →
Y = A(t) Y + H (t),
H (t) =
h1 (t) h2 (t)
pelo m´etodo de varia¸ ca˜ o dos parˆ ametros, precisamos conhecer/ calcular a solu¸ca˜o geral da equa¸ca˜o homogˆenea associada, →′ −
→ −
Y = A(t) Y
que ´e da forma
− → H
→ −
→ −
Y (t) = c 1 Y 1 (t) + c2 Y 2 (t), sendo
→ −
Y 1 (t) =
y11 (t)
e
y21 (t)
− →
Y 2
(t) =
y12 (t) y22 (t)
.
Ent˜ao uma solu¸ca˜o particular ´e obtida atrav´es da f´ ormula
det
− → P
Y (t) =
det
h1 (t)
y12 (t)
h2 (t)
y22 (t)
y11 (t)
y12 (t)
y21 (t)
y22 (t)
→ −
det
→ −
dt
− →
Y 1 (t) +
det
y11 (t)
h1 (t)
y21 (t)
h2 (t)
y11 (t)
y12 (t)
y21 (t)
y22 (t)
→ −
dt
Y 2 (t)
→ −
e a solu¸ca˜o geral de Y = A(t) Y + H (t) ´e ′
→ −
− →
− →
Y (t) = Y H (t) + Y P (t)
Exemplo 19.1
Determine a solu¸c˜ao geral do sistema n˜ao-homogˆeneo →′ −
Y =
2 1
−
1 −2
→ −
Y +
2e t 3t −
Solu¸c˜ ao: O sistema ´e de coeficientes constantes. Portanto sabemos calcular a solu¸c˜ao geral do sistema homogˆeneo associado. Deixamos a seu cargo verificar que os autovalores da matriz do sistema s˜ao λ1 = λ2 =
a λ 1 =
CEDERJ
276
1 e que, por exemplo,
−
3 e λ 2 =
−
1.
−
1 1
−
e
1 1
3e
−
s˜ao autovetores associados respectivamente
´ M ODULO 3 -
AULA 19
Sistemas n˜ao-homogˆeneos
Portanto a solu¸c˜ao geral do sistema homogˆeneo associado ´e
e 3t 3t −e
e e
−
− →
Y H (t) = c 1
+c2
−
− →
t
−
t
−
− →
Y 1 (t)
Y 2 (t)
− →
− →
O determinante da matriz cujas colunas s˜ao Y 1 (t) e Y 2 (t) ´e − →
e 3t 3t −e −
− →
det ( col[Y 1 (t)Y 2 (t)] ) = det
−
t
−
e e
= 2e
t
−
4t
−
As f´ormulas (19.9) e (19.10) nos d˜ao diretamente det ′
u (t) = Isto ´e
2e 3t
t
e e
−
t
−
t
−
det ′
e v (t) =
4t
2e
−
3 u (t) = e 2t − te3t 2 ′
e −e
3t
−
2e 3t
t
−
3t
−
4t
2e
−
′
e
v (t) = 1 =
3 t te 2
Portanto 1 1 1 u(t) = e2t − te3t + e3t 2 2 6
3 3 e v(t) = t + tet − et , 2 2
e uma solu¸c˜ao particular do sistema dado ´e − →
Y P (t)
1 1 1 3 3 − − → → = ( e2t − te3t + e3t )Y 1 (t) + (t + tet − et )Y 2 (t) 2 2 6 2 2 =
(t + 12 )e t + t − 43 (t − 2)e t + 2t − 53 −
−
Finalmente, a solu¸c˜ao geral do sistema n˜ao-homogˆeneo ´e → −
Y (t) = c 1
1 −1
e
3t
−
+ c2
1 1
e
t
−
+
(t + 12 )e t + t − 43 (t − 2)e t + 2t − 53 −
−
Atividade 19.2
Sistemas n˜ao homogˆeneos provenientes de equa¸co˜es normais de segunda ordem, n˜ao-homogˆeneas. Considere uma equa¸ca˜o diferencial linear de segunda ordem, normal, n˜ao-homogˆenea y + p(t)y + q (t)y = h(t), (19.11) ′′
′
com coeficientes e termo independente h(t) cont´ınuos em um intervalo. Complete as lacunas, formando o sistema de duas equa¸co˜es de primeira ordem equivalente a (19.11)
y1 = ′
+ (19.12)
y2 = ′
+ 277
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Sistemas n˜ao-homogˆeneos
A forma matricial do sistema (19.12) ´e
→′ −
Y =
− →
y1
Sejam Y 1 (t) = y associado a (19.13). ′
1
0 h(t)
→ −
Y +
(19.13)
→ −
H (t)
− →
e Y 2 (t) =
y2 y2′
as solu¸co˜es do sistema homogˆeneo
Complete: Para calcular uma solu¸ca˜o particular de (19.13) pelo m´etodo da varia¸ca˜o dos parˆ ametros precisamos determinar u(t) e v(t) pelas f´ormulas det ′
u (t) =
det
y2 y2
det
′
y1 y2 y1 y2 ′
′
′
e v (t) =
y1 y1
det
′
y1 y2 y1 y2 ′
′
y1
y2
Observe que det y y = W [y1 (t), y2 (t)], o wronskiano das solu¸co˜es y 1(t) e y2(t) da equa¸c˜ao homogˆenea associada a (19.11). ′
1
′
2
Para terminar, escreva abaixo as express˜ oes de u(t) e v(t)
u(t) = −
W [y1 (t), y2(t)]
dt e v(t) =
W [y1 (t), y2 (t)]
dt
Escreva agora a solu¸ca˜o particular do sistema (19.13) − → P (t) =
! y1
Y
′
y1
+
! y2 y2′
(19.14)
Observe que a primeira linha da solu¸ca˜o vetorial (19.14) (do sistema n˜ao-homogˆeneo (19.13)) coincide com a solu¸ c˜ao particular da equa¸ca˜ o de segunda ordem (19.11) como foi calculada na Aula 15. Exemplo 19.2
Exemplo 19.3
O M´ etodo dos Coeficientes a Determinar
Algumas vezes, quando a matriz do sistema n˜ao-homogˆeneo →′ −
→ −
→ −
Y = A Y + H (t),
CEDERJ
278
´ M ODULO 3 -
AULA 19
Sistemas n˜ao-homogˆeneos
− →
´e constante e os elementos do vetor de termos independentes H (t) s˜ao constantes, ou polinˆ omios, fun¸co˜es exponenciais, cossenos ou senos, ou combina¸c˜oes lineares dessas fun¸c˜oes, ´e poss´ıvel encontrar uma solu¸ca˜o particular pelo m´ etodo dos coeficientes a determinar . Trata-se da generaliza¸ca˜o do m´etodo que aplicamos a`s equa¸co˜es de segunda ordem, na aula 14. Vejamos um par de exemplos: Exemplo 19.4
→′ −
Y =
2 −1
3 −2
7 5
→ −
−
Y +
Solu¸c˜ ao: − →
− →
Os coeficientes de H (t) s˜ ao constantes. Procuremos um solu¸c˜ao particular Y p =
a1 a2
, a 1 e a 2 constantes. Substituindo na equa¸c˜ao, temos
− →′
Y p =
0 0
=
2 −1
3 −2
a1 a2
7 5
−
+
,
o que nos d´a o sistema de duas equa¸c˜oes
2a1 + 3a2 = −7 −a1 − 2a2 = 5
As solu¸co˜es deste sistema s˜ao a 1 = 1 e a2 = − →
Y p =
3. Portanto
−
1 −3
.
Exemplo 19.5
→′ −
Y =
6 1 4 3
→ −
Y +
6t −10t + 4
Solu¸c˜ ao: − →
Os coeficientes de H (t) s˜ ao polinˆomios de primeiro grau . Procuremos um solu¸c˜ao − → a1 t + b1 particular Y p = . Substituindo na equa¸c˜ao, a2 t + b2
− →′
Y p = Da´ı deduzimos
a1 a2
=
6 1 4 3
a1 t + b1 a2 t + b2
+
6t −10t + 4
.
6(a1 t + b1 ) + a2 t + b2 + 6t = a 1 4(a1 t + b1 ) + 3(a2 t + b2 ) − 10t + 4 = a 2
279
CEDERJ
EQUAC ¸ ˜ OES DIFERENCIAIS
Sistemas n˜ao-homogˆeneos
Efetuando os c´ alculos do lado esquerdo do sinal “=” em cada linha, e igualando os coeficientes das potˆencias de t nas express˜oes obtidas aos respectivos coeficientes das potˆencias a1 de t nas linhas do vetor , obtemos o sistema a2
Ou ainda
6a1 + a2 + 6 = 0 6b1 + b2 = a 1 4a1 + 3a2 + 10 = 0 4b1 + 3b2 + 4 = a 2
6a1 + a2 = −6 −a1 + 6b1 + b2 = 0 4a1 + 3a2 = −10 −a2 + 4b1 + 3b2 = −4
As solu¸c˜oes deste sistema s˜ ao a1 = −130/49. Assim, − → p
Y =
4/7 , a2 =
18/7 ,b1 = 17/49 e b2 =
−
−
(−4/7)t + 17/49 (−18/7)t − 130/49
.
Exerc´ıcios Exerc´ ıcio 19.1
Use o m´etodo de varia¸c˜ao de parˆametros para obter as solu¸co˜es gerais dos sistemas − →
1. Y = ′
− →
2. Y = ′
− →
3. Y = ′
− →
5. Y = ′
− →
7. Y = ′
3 3/4 2 4
−
1 2
0 −1
2 3
0 −1
2 3
1 1
5 −1 −
8 −1
et/2 t/2 −e
→ −
Y +
→ −
Y +
→ −
Y +
e2t sen(2t) 2e2t cos(2t) et t −e
4. Y =
2
6. Y =
→ −
Y +
→ −
Y +
e
− →
′
− →
′
3t
−
12t 12t
− →
8. Y = ′
3 −2
2 −1
1 1
−
1 1
0 1
−
1 0
→ −
Y +
→ −
Y +
→ −
Y +
1 1
et cos(t) et sen(t) sec(t) 0
Exerc´ ıcio 19.2
Resolva os sistemas, obtendo uma solu¸c˜ao particular pelo m´etodo dos coeficientes a determinar − →
′
1. Y =
CEDERJ
280
4 1/3 9 6
→ −
Y +
3et 10et
−
´ M ODULO 3 -
AULA 19
Sistemas n˜ao-homogˆeneos
− →
′
2. Y =
1 5 1 −1
−
→ −
Y +
sen(t) −2cos(t)
Resumo Avalia¸ c˜ ao
281
CEDERJ