Educação Liberal
Palestra de Olavo de Carvalho Rio de Janeiro, 18 de Outubro de 2001 Transcrição: Fernando nt!nio de ra"#o Carneiro Revisão: Patr$cia Carlos de ndrade %e& revisão do 'ro(essor )radeço co&ovido as 'alavras do de'utado Carlos *ias e da &inha +uerida a&i)a ina %ein(eld 1- ., ali/s, essa não so&ente u&a o'ortunidade 'ara ela (alar a &eu res'eito, &as 'ara contar ta&b& al)u&as coisas a res'eito dela- 'ro(essora 'ro(essora ina est/ envolvida nu&a luta +ue 'aralela &inha, onde encontra condiçes &uito 'arecidas- 34s dois esta&os envolvidos na luta contra as dro)as, a'enas a es'cie de dro)a +ue &uda: sobre as dro)as de +ue ela trata, ainda h/ a discussão de se serão liberadas ou não, ao 'asso +ue as dro)as de +ue (alo, não a'enas estão liberadas, co&o são obri)at4rias- di(erença &ais ou &enos esta- as, neste es(orço &onu&ental e &erit4rio da 'ro(essora ina, ela encontra a &es&a resist5ncia +ue encontro na &inha /rea, 'or+ue todos estão contra: os dro)ados, os tra(icantes, os +ue t5& interesse 'ol$tico na coisa, os indi(erentes e todos a+ueles +ue +uere& 'arecer bon6inhos 7 todos os 'olitica&ente corretos- ., de (ato, +uando voc5 vai 'ara u& debate eata&ente co&o ela descreveu: são trinta 'essoas 'ara (alar a (avor e u&a contra e de'ois, na transcrição, ainda corta& u&as (rases do +ue a 'essoa (alou e (ica& l/ so&ente tr5s linhas, 'ara 'rovar +ue o debate (oi bastante de&ocr/tico- 9sto 'ior do +ue não ter debate nenhu&, u&a (alsi(icação)radeço &uito a &eus alunos essa iniciativa- idia (oi inteira&ente deles, +ue t5& u& )rande &rito e& (a6er isto, abrir a outras 'essoas a &es&a o'ortunidade- 3osso curso a+ui no Rio te& sido +uase +ue con(idencial- Creio +ue eiste a+ui h/ de6oito anos e nunca (oi anunciado ne& avisado continua eistindo, não sei co&o- .& %ão Paulo h/ toda u&a in(ra7estrutura &ontada, o n"&ero n"&ero de alunos be& )rande, )rande, e no Paran/ Paran/ são cento cento e cin+;enta cin+;enta alunosalunos- < u& 'ouco estranho estranho +ue a+ui no Rio de Janeiro, +ue ainda a ca'ital cultural do =rasil, nosso curso se#a tão secreto assi&- 3ão &e inco&odo se dou aula 'ara u&, dois ou ce& alunos: o 'roble&a eata&ente o &es&o- de&ais, esse ti'o de ensino re+uer &uito te&'o 'ara dar (rutos- Calculo &ais ou &enos dois anos, 'ara a 'essoa co&eçar a 'erceber o +ue est/ &udando e& sua vida, no seu en(o+ue eistencial)ora, o te&a de ho#e, +ue a educação liberal, &ais abran)ente do +ue a 'ro'osta do &eu curso o curso u&a das &odalidades, u& dos ca'$tulos do +ue cha&ar$a&os de educação liberal- >iberal não se con(unde co& o liberalis&o 'ol$tico, a ideolo)ia de da& %&ith, ?erbert %'encer e outros, ne& co& o sentido da 'alavra liberal nos .stados @nidos +ue +uer di6er es+uerdista, &as te& a ver co& a noção, ho#e e& dia 'ura&ente no&inal, de 'ro(isses liberais- Pro(isses liberais, co&o o 'r4'rio no&e di6, se o'e& s 'ro(isses servis, +ue são eercidas e& troca de u&a re&uneraçãoPro(isses liberais são eercidas nu& ato de liberalidade do indiv$duo ou se#a, o 'ro(issional liberal est/ de al)u& &odo obri)ado a eercer a sua tare(a so&ente 'or u& &anda&ento interno, so&ente 'or u& dever interno, e ele te& +ue eercer a+uilo co& ou se& re&uneração, ou at &es&o 'a)ando 'ara eerc57laeerc57la- .sse o sentido ori)in/rio- Por ee&'lo, o &dico na tica da idade &dia não 'oderia #a&ais recusar u& 'aciente +ue não tivesse dinheiro 'ara 'a)/7lo o advo)ado a &es&a coisa- ., 'or isso &es&o, +uando havia u&a re&uneração, esta se cha&ava honor/rio- ?onor/rio al)o +ue da&os ao indiv$duo indiv$duo não 'ela tare(a tare(a +ue ele dese&'e dese&'enhou nhou,, &as e& reconheci&e reconheci&ento nto da honra de sua 'osição na sociedade ou do &rito de seu saber- Tanto (a6 dar cin+;enta centavos ou cin+;enta &il, 'or+ue o +ue vale a intenção-
?o#e e& dia, não &ais assi&- Auando consulta&os u& advo)ado a 'ri&eira coisa +ue ele (a6 'uar u&a tabela de honor/rios- e'ressão tabela de honor/rios u&a contradição de ter&os, 'ois se são honor/rios, não h/ tabela- Tabelas são de sal/rios ou de 'reços, tabela de honor/rios não 'oss$vel 3a idade &dia, a (or&ação 'ara as 'ro(isses liberais co&eçava co& a absorção do +ue se cha&ava as artes liberais- .ra& u& con#unto de disci'linas, das +uais tr5s tratava& essencial&ente da lin)ua)e& e do 'ensa&ento e +uatro tratava& dos n"&eros, entendidos nu& sentido &uito &ais a&'lo do +ue ho#e esta&os acostu&ados a desi)nar 'or este no&e, e das 'ro'orçes- O n"&ero seria o sentido )eral da (or&a e da 'ro'orção- s +uatro disci'linas +ue lidava& co& o n"&ero era& a arit&tica, a )eo&etria, a &"sica e a astrono&ia ou astrolo)ia- astrolo)ia veio a se dividir e& duas /reas: a astrolo)ia es(rica, +ue era o estudo da es(era celeste, e a astrolo)ia #udici/ria, +ue era o +ue ho#e cha&a&os de astrolo)ia 7 u&a es'eculação, se#a cient$(ica ou outra coisa, sobre as coincid5ncias te&'orais entre o +ue se 'assa no &ovi&ento dos astros e os aconteci&entos terrestres- Tudo isso era considerado 'arte das &ate&/ticas, ou se#a, a &ate&/tica era, de &odo )eral, a ci5ncia da &edida e da 'ro'orção- s outras tr5s disci'linas era& a )ra&/tica, a l4)ica ou dialtica, e a ret4rica.sta (or&ação b/sica, +ue )eral&ente co&eçava be& &ais tarde do +ue ho#e, aos +uator6e anos, visava a trans&itir ao indiv$duo, 'or u& lado, o senso das 'ro'orçes, o senso da (or&a do &undo e, 'or outro lado, os &eios de co&'reensão, e'ressão e 'artici'ação na cultura hu&ana 2O +ue ho#e cha&a&os de educação liberal u&a ada'tação das artes liberais anti)as, (eita sobretudo 'or dois educadores, Robert ?utchins e orti&er dler B, no co&eço de sculo - 3esta ada'tação, as artes liberais deia& de se distin)uir das artes servis e co&eça& a se distin)uir do ensino 'ro(issional- Todas as /reas de ensino visa& a trans&itir deter&inadas habilidades 'ro(issionais as artes liberais, e& contra7'artida, visa& a (or&ar o cidadão e& )eral, o cidadão não es'eciali6ado- ais es'eci(ica&ente co& a 5n(ase na idia de cidadão da de&ocracia, subentendendo7se de&ocracia 'elo siste&a onde vale a 'ena discutir, onde 'oss$vel haver u&a discussão e onde h/ u&a 'ossibilidade de +ue as +uestes se#a& arbitradas 'or &eio da ra6ão e não de &otivos desconhecidos +ue u&a autoridade 'ossa ter 'ara decidir assi& ou assado discussão evidente&ente inerente 'r4'ria idia de de&ocracia- as, 'or outro lado, a discussão 'er(eita&ente in"til se não h/ nenhu& critrio racional 'ara arbitra)e& das discusses%e não h/ nenhu& &eio de os lados e& dis'uta 'rovare& as suas ra6es, ou se#a, se todas as ra6es se e+uivale&, então a discussão evidente&ente não vai dar e& nada e a coisa no (i& ser/ resolvida 'elo &eio da (orça- Pode ser a (orça ($sica ou a (orça e&ocional, o a'elo e&ocional da 'ro'a)andadler e ?utchins era& 'essoas +ue 'ensava& 'olitica&ente de &aneira &uito di(erente entre si: dler era &ais conservador e ?utchins era de(initiva&ente es+uerdista- as, sabendo +ue h/ u& co&'ro&isso inerente entre a idia de de&ocracia e a idia de ra6ão, achava& +ue 'odia& or)ani6ar u& novo siste&a de ensino não a'enas baseado na tradição das artes liberais, &as na e'eri5ncia acu&ulada do ensino das elites a&ericanas- 3os .stados @nidos, antes &es&o da inde'end5ncia, se (or&ara& v/rios col)ios 'ara a educação da elite +ue, +uase instintiva&ente, adotara& co&o &ecanis&o b/sico de ensino, a leitura e a absorção do le)ado dos cl/ssicos.ntende&os 'or cl/ssico, u&a obra +ue te& valor e interesse 'er&anente, +ue tenha dado al)u&a contribuição +ue 'er&anece e(ica6 ao lon)o dos te&'os a+uela obra +ue, a des'eito do te&'o +ue 'assou de'ois +ue ela (oi escrita, ainda te& al)o a nos ensinar- Particular&ente, e &ais 'recisa&ente, se desi)na& co&o cl/ssicas obras +ue estabelecera& certas noçes ou trans&itira& certos ensina&entos, +ue vão (or&ando 'ata&ares sucessivos de consci5ncia hu&ana, de tal &odo
+ue a discussão de deter&inados assuntos não tenha &ais o direito de descer abaio da+uele 'ata&arPor ee&'lo, a 'artir do &o&ento e& +ue rist4teles (or&ula a ci5ncia da l4)ica não &ais 'oss$vel discutire&7se le)iti&a&ente as coisas, co&o os so(istas e %4crates discutia&, utili6ando u&a l4)ica rudi&entar, onde os 'rocedi&entos de 'rova se con(undia& 'rovisoria&ente a 'rocedi&entos destinados a i&'ressionar o ouvinte- O 'r4'rio %4crates, +ue u& cr$tico dos so(istas, incorre (re+;ente&ente nesse ti'o de ar)u&entação- 3ão 'or &aldade evidente&ente, &as si&'les&ente 'or+ue os dois ti'os de ar)u&entação, a +ue visa a i&'ressionar e a +ue visa a 'rovar, não havia& ainda se distin)uido 'er(eita&ente- .ssa distinção s4 veio &es&o co& rist4teles- . a 'artir do &o&ento e& +ue essa distinção (ica estabelecida, cria7se u&a es'cie de 'ata&ar de consci5ncia: não te&os &ais o direito de i)norar a eist5ncia dessa distinção tcnica da discussão e da 'rova (oi elevada a n$vel de re+uinte +uase ini&a)in/vel, &ais tarde, 'elos (il4so(os escol/sticos, +ue ta&b& (ia& u& novo 'ata&ar de ei)5ncia- *e'ois sur)e& os 'rocessos de investi)ação e 'rova aceitos nas ci5ncias naturais e isto vai se acu&ulando co&o u&a srie de 'ata&ares de ei)5ncia de &odo +ue, teorica&ente, não ter$a&os o direito de entrar na discussão de u& assunto i)norando esses 'ata&ares #/ con+uistados*ei o ee&'lo de 'ata&ares con+uistados e& (iloso(ia, &as te&os o &es&o 'rocesso e& cada u&a das ci5ncias e sobretudo nas artes- Por ee&'lo, o +ue vai distin)uir a escrita liter/ria da escrita vul)ar, nas artes liter/rias, 'recisa&ente a consci5ncia de u&a evolução dos &eios e'ressivos da arte, +ue a 'ri&eira tra6 dentro de si- escrita liter/ria cheia de re(er5ncias aos antecessores re(er5ncias a toda u&a evolução anterior- < 'ratica&ente i&'oss$vel encontrar u& "nico verso da literatura &oderna +ue não tenha dentro de si v/rias ca&adas de si)ni(icado +ue (ora& sendo acu&uladas 'ela evolução da 'oesia ao lon)o dos te&'os- < evidente +ue, 'ara o leitor 'erceber isso, 'reciso +ue ele 'r4'rio tenha noção dessa evolução anterior, de &odo +ue na &edida +ue vai absorvendo esta consci5ncia da evolução da arte liter/ria, a leitura +ue (a6 de u& 'oeta &oderno seria i&ensa&ente &ais rica do +ue a +ue 'oderia ser (eita 'elo su#eito +ue che)asse l/ se& ter o conheci&ento das re(er5ncias- Ou se#a, essa evolução vai sedi&entando novas lin)ua)ens e novos c4di)os, cu#o conheci&ento a condição 'ara +ue se 'ossa 'artici'ar, de u&a &aneira consciente, do &undo cultural, do &undo das discusses, do &undo da co&unicação trans&issão a u& estudante ou a u& #ove& da consci5ncia desses 'ata&ares +ue seria 'recisa&ente a educação liberalO siste&a 'ol$tico &oderno enor&e&ente co&'leo- %e co&'arar&os +ual+uer 'a$s ho#e 7 =rasil, @ru)uai ou Para)uai 7 co& a Re'"blica Ro&ana, vere&os +ue sua or)ani6ação 'ol$tica i&ensa&ente &ais co&'lea- Para discutir&os u& 'roble&a +ual+uer da econo&ia ou da 'ol$tica 'ara)uaias, 'recisar$a&os ter u& hori6onte de consci5ncia &uito &ais vasto +ue o +ue o cidadão ro&ano ou o cidadão da de&ocracia )re)a teria& +ue ter 'ara co&'reender seus 'roble&as locais acu&ulação desses 'ata&ares de consci5ncia, 'ortanto, (or&a a srie de condiçes +ue, nu& dado &o&ento da evolução hist4rica, o ser hu&ano 'recisa cu&'rir 'ara entender o +ue est/ acontecendo e& torno dele- .ntender o +ue est/ acontecendo não não u& dever e não atribuição de u&a 'ro(issão es'eciali6ada, &as , de certo &odo, u&a 'ossibilidade aberta a todos os cidadãos- 3ão 'ode&os tornar isso obri)at4rio 'or+ue a a+uisição desse 'atri&!nio de'ende de u&a ca'acidade 'essoal e de u&a dis'osição u&a vocação 'essoal- Torn/7lo obri)at4rio , 'ortanto, ut4'ico.u não acredito e& educação universal obri)at4ria, de #eito nenhu&- 3ão acredito e& educação de +ue& não +ueira se educar- credito e& o'ortunidade universal de educação- brir 'ara todos, si&, &as tornar obri)at4rio absoluta&ente in4cuo-
a+uisição da consci5ncia desses sucessivos 'ata&ares u&a 'ossibilidade +ue est/ aberta aos cidadãos +ue dese#e& co&'reender o &undo e& +ue estão- Por+ue o &undo atual não sur)iu do nada, não (oi inventado onte&, resulta de &ilhes de decises e açes hu&anas +ue (ora& se encaiando u&as s outras e +ue 'rodu6ira& resultados +ue não estava& sob o controle de nin)u&- O c4di)o civil de +ual+uer 'a$s do ocidente e, de (ato, toda a le)islação &oderna, 'or ee&'lo, certa&ente so(re& a in(lu5ncia do c4di)o de 3a'oleão- 3a'oleão cha&ou u&a co&issão de #uristas +ue escrevia de u& &odo e ele riscava e di6ia +ue não era da+uele #eito, &as de outroOu se#a, o c4di)o saiu da cabeça dele e, a 'artir desse &o&ento, o i&'acto (oi (or&id/vel- as se não te&os consci5ncia do &odus raciocinandi, das ra6es +ue 3a'oleão teve 'ara (a6er isto desta &aneira e não de outra, so(re&os o i&'acto de novas le)islaçes cu#as ra6es 'ro(undas não conhece&os- Ou se#a, não esta&os ca'acitados 'ara discutir a+uilo?o#e e& dia todo &undo acredita +ue eiste o direito liberdade de e'ressão e o direito liberdade de o'inião- .u não acredito 'or+ue, 'ara haver liberdade de o'inião 'reciso, e& 'ri&eiro lu)ar, haver u&a o'inião- as a &aioria das 'essoas +ue eerce& a liberdade de o'inião não te& o'inião- Para ter u&a o'inião, 'reciso ter 'restado atenção e& al)o- Fre+;ente&ente ve&os 'essoas +ue (ala& durante de6 &inutos sobre assuntos nos +uais não 'restara& atenção ne& 'or dois &inutos- .ntão não 'osso cha&ar isso de o'inião: isto u&a e(usão i&'rovisada de 'alavras +ue brota& no &o&ento da 'essoa, &as se& nenhu&a relação co& o ob#eto do +ual ela est/ (alando- .ntão se acredita&os no direito universal e'ressão das o'inies, +ue ele u& dado 'ri&eiro e incondicional, si)ni(ica +ue todos t5& o direito de (alar 'elo te&'o +ue +uisere& e todos t5& a obri)ação de ouvir- .ntão lhes 'er)unto: o +ue o direito liberdade de o'inião se& a contra7 'artida +ue o direito de não ouvi7la, o direito de ir e&boraD Por ee&'lo, nenhu& de voc5s est/ obri)ado a (icar sentado a$- Eoc5s estão 'or+ue +uere&, &as t5& o direito de ir e&bora a +ual+uer &o&ento 'r4'ria idia de direito liberdade de e'ressão, liberdade de o'inião est/ condicionada ao &rito da o'inião, ao valor da o'inião- . esse valor condicionado, no &$ni&o, 'elo interesse +ue o 'r4'rio o'inante te& no assunto- 9&a)ina +ue o su#eito não se interessou 'elo assunto o su(iciente 'ara se in(or&ar a res'eito dele 'or cinco &inutos +ue se#a&- Por +ue ele teria o direito de (alar sobre o assunto durante seis &inutos e ter$a&os +ue escut/7loD con+uista de u&a o'inião, 'ortanto, o 'ri&eiro 'asso 'ara o eerc$cio e(etivo da liberdade de o'inião- < evidente +ue +uando o indiv$duo e'ressa sua o'inião nu&a asse&blia, ele est/ de certa &aneira se 'ersoni(icando est/ di6endo: este sou eu, sou o ca&arada +ue 'ensa assi& e assado- *ali e& diante, ele ser/ encarado co&o re'resentante da+uela o'inião- as, se o su#eito d/ u&a o'inião +ue 'ensou na hora e da +ual não vai se le&brar nos 'r4i&os de6 &inutos, ele 'ersoni(ica o +u5D < s4 re'arar u& 'ouco nas discusses '"blicas +ue acontece& no =rasil e 'ercebe&os u& (en!&eno es+uisito- %abe&os +ue as 'essoas l5e& 'ouco os #ornais de )rande tira)e& vende& ho#e cerca de u& &ilhão de ee&'lares, sendo +ue vendia& o &es&o na dcada de cin+;enta- Ou se#a, a 'o'ulação cresceu (or&idavel&ente, o n"&ero de escolas cresceu &ais ainda, e as 'essoas continua& lendo a +uantidade de #ornais +ue lia& na dcada de cin+;enta- Auanto aos livros, não tenho c/lculos &ais atuali6ados, &as na dcada de noventa havia &enos livrarias no =rasil do +ue na dcada de cin+;enta- 'esar dessa total (alta de interesse e& saber das coisas, as 'essoas se&'re t5& interesse e& o'inar- *i(icil&ente ve&os u& re'4rter 'er)untar a u&a 'essoa na rua o +ue ela acha disso ou da+uilo e receber co&o res'osta: não sei, estou 'or (ora do assunto- 3unca vi isso- s 'essoas consultadas se&'re t5& o'inião sobre +ual+uer coisaEendo isso ao lon)o dos te&'os, vi +ue esse u& traço antro'ol4)ico &uito estranho: u&a sociedade onde as 'essoas não se interessa& 'elo assunto, &as t5& u& interesse brutal e& o'inar a res'eito dele- 3ão estranha&os isso a'enas 'or+ue #/ nos acostu&a&os, &as essa u&a conduta anor&al- < u&a ano&alia +ue, re'etida ao lon)o do te&'o, acaba&os achando +ue nor&al-
Ora, se tenta&os convencer as 'essoas de +ue eiste u& ne)4cio cha&ado cidadania e +ue esta inclui o direito de o'inar sobre +uestes '"blicas 7 e todos estão 'ersuadidos disso 7 e ao &es&o te&'o não cria a 'erce'ção de +ue 'ara ter u&a o'inião necess/rio ter 'restado atenção no assunto, o +ue esta&os (a6endo co& essa cidadaniaD est/ trans(or&ando nu&a es'cie de bolha de sabão, nu&a (antasia, nu&a &entira e nu&a 'ar4dia de si &es&a- noção de cidadania e de eerc$cio da cidadania (a6 sentido a 'artir do &o&ento e& +ue as 'essoas t5& real&ente o'inies, não con(undindo a o'inião co& u&a e(usão +ual+uer de 'alavras +ue brota do inconsciente ou +ue (oi ouvida nu& an"ncio de r/dio anteonte& e o su#eito re'ete- .sse ti'o de (alat4rio a de)radação da liberdade de o'inião, ele não a 'r4'ria liberdade de o'inião- %obretudo 'or+ue se es'era +ue o eerc$cio da liberdade de o'inião contenha dentro de si a 'ossibilidade de u&a re'etição, de u&a reiteração e de u&a luta 'ela 'r4'ria o'inião- %u'e7se +ue a o'inião de u& indiv$duo valha al)o 'ara ele e, 'or isso, ele luta 'or ela- as se o su#eito não 'recisou 'ensar no assunto, se a o'inião não lhe custou nada, +uanto ela vale 'ara eleD . a 'er)unta (at$dica: 'or +ue devo 'restar atenção sua o'inião 'or &ais te&'o +ue voc5 levou 'ara (or&ul/7laD %e voc5 levou dois &inutos 'ensando no assunto, 'or +ue devo ouvi7lo durante tr5sD Auando +uere&os +ue os outros (aça& o +ue não +uise&os (a6er, +ue se#a& o +ue não so&os, entra&os direta&ente no culto Pa'ai 3oel- . cha&ar isso de (or&ação da cidadania achar +ue 'uerili6ar as 'essoas torn/7las cidadãos- @& ho&e& +ue acha +ue os outros t5& obri)ação de ouvi7lo s4 'or+ue ele bonitinho eata&ente co&o a+uela criança +ue, +uando ve& visita e& casa, co&eça a (a6er 'alhaçada e todos t5& +ue achar bonito e 'assar a &ão e& sua cabeça- Aual+uer cidadão +ue se atreva a (alar e& '"bico co& essa e'ectativa est/ se aviltando, est/ 'er&itindo +ue a situação lison#eie seus dese#os 'ueris.vidente&ente não esse ti'o de (or&ação do cidadão a +ue visa&os.ducar o cidadão e& 'ri&eiro lu)ar não educ/7lo 'ara (alar, &as educ/7lo 'ara saber, +uer ele (ale ou não- (a&osa 'artici'ação a'enas u& eerc$cio de u&a (orça interior, de u& 'oder +ue o indiv$duo te&- educação liberal consiste e& dar a ele este 'oder, esta (orça interior e não e& lhe dar os &eios e as o'ortunidades de eerc57losEoc5 #/ conheceu al)u&a 'essoa +ue não tivesse nenhu&a o'inião sobre a sociedade e& +ue vive&osD cho +ue a &inha av4 não tinha &as ela (oi a "lti&a 'essoa- %e 'er)untasse isso 'ara a &inha av4 ela 'er)untaria: do +ue est/ (alandoD .la nunca achou +ue eistia essa 'ossibilidade de ter u&a o'inião )eral sobre a sociedade e& +ue estava- as a 'artir da &inha )eração, ou talve6 a de &eus 'ais, todo &undo (oi educado 'ara ter u&a o'inião sobre a sociedade, ou se#a, eercer u&a coisa +ue se cha&a a cr$tica social- Aual sua real 'ossibilidade de ter u&a visão cr$tica da sua sociedadeD .& 'ri&eiro lu)ar, 'ara isso voc5 'recisaria ter u&a idia do (unciona&ento da sociedade- 9sso leva al)u& te&'o u& 'ouco trabalhoso- as &es&o +ue tivesse a visão )eral, voc5 acredita real&ente +ue o &e&bro de u&a sociedade conse)ue colocar a cabeça 'ara (ora dela, aci&a dela, e #ul)/7la desde ci&aD %e todos so&os de certo &odo 'rodutos da sociedade e& +ue esta&os, nossas o'inies, incluindo as ne)ativas +ue sobre a 'r4'ria sociedade, são criaçes dela &es&a e (a6e& 'arte do &es&o &al +ue denuncia&- "nica 'ossibilidade de haver u&a cr$tica social le)$ti&a, +ue (uncione, a de +ue o indiv$duo hu&ano de al)u& &odo se colo+ue aci&a da sociedade e consi)a ver nela al)o +ue ela &es&a não v5- < necess/rio +ue a consci5ncia dele este#a aci&a do n$vel de consci5ncia +ue a'arece nas 'r4'rias discusses '"blicas- Para criticar &inha sociedade co&o u& con#unto, 'reciso &e colocar nu&a 'ers'ectiva +ue &e 'er&ita v57la co&o ob#eto, e da$ #/ não sou &ais u& 'ersona)e& ou u& 'artici'ante da coisa, &as u& observador su'erior conse)ui u&a 'osição aci&a da con(usão, de onde 'osso ver o +ue est/ acontecendo e #ul)ar o sentido )eral das coisas- ssi& co&o 'ara o'inar nu&a bri)a entre &arido e &ulher 'reciso +ue voc5 não se#a nenhu& deles- Auando u& casal co& u& 'roble&a vai 'rocurar u& conselheiro &atri&onial ou u& 'sic4lo)o, est/ su'ondo +ue ele te& u& 'onto de vista su'erior a cada u& deles-
3o +ue consiste esse 'onto de vista su'eriorD Consiste e& +ue se tenha u& critrio de #ul)a&ento +ue se sobre'e s 'aies e interesses e& #o)o na+uele &o&ento- %u'e7se, 'ortanto, +ue voc5 tenha u& conheci&ento +ue o restante da sociedade não te&- *ito de outro &odo, voc5 #ul)a a situação real lu6 de u&a nor&a, &as esta nor&a s4 ser/ v/lida se não tiver sido criada 'ela 'r4'ria situação- Ea&os voltar ao ee&'lo do &arido e &ulher: a &ulher est/ acusando o su#eito de não tra6er dinheiro su(iciente 'ara casa e ele a est/ acusando de não dese&'enhar as tare(as do&sticas a contento- Aual a nor&a +ue vai servir 'ara #ul)arD Pode ser a o'inião de u& ou a o'inião do outroD 3ão, a nor&a te& +ue ser u&a terceira coisa +ue sirva 'ara arbitrar as duas ao &es&o te&'oOu se#a, voc5 te& +ue ter u&a &edida do #usto e do in#usto e esta &edida não 'ode ter sido criada ne& 'ela o'inião de u&, ne& 'ela o'inião do outro- 3o caso, trata7se de u&a 'ro'orção entre direitos e deveres- < s4 o conheci&ento dessa nor&a ou dessa 'ro'orção +ue lhe 'er&itiria #ul)ar a situação e ver +ual a cota de ra6ão e de desra6ão +ue haveria nessa discussão- O 'roble&a : de onde va&os tirar essa nor&a- %e ela (oi criada 'ela 'r4'ria situação, a'enas e'ressa u& dos lados e& con(lito- .ntão ela te& +ue ser transcendente situação- ssi& co&o no #ul)a&ento de u& 'rocesso cri&inal, o su#eito &atou outro, roubou outro, a'licou estelionato: o tribunal vai #ul)ar a+uela situação lu6 de u&a lei +ue transcende a situação%e 'e)ar&os nossa sociedade co&o u& todo ou a 'arcela da hist4ria +ue conhece&os, todos te&os o'inião a res'eito, &as rara&ente nos 'reocu'a&os co& o 'roble&a da nor&a- %e di)o +ue a sociedade in#usta, in#usta e& (ace de +ue nor&aD Aual a nor&a co& +ue estou #ul)andoD Ou tenho u&a nor&a +ue se#a e(etiva&ente su'erior ao hori6onte de consci5ncia da discussão '"blica, ou não 'osso #ul)ar- Ou, então, estou to&ando 'artido dentro de u& con(lito e e& se)uida sou eu &es&o u& &e&bro desse con(lito- .stou raciocinando, 'ortanto, e& circuito (echado, co&o u& cachorro +ue 'erse)ue o 'r4'rio rabo.iste& situaçes, no entanto, onde a'arece u& su#eito +ue te& u& conheci&ento +ue a sociedade não te&- hist4ria de oiss na =$blia, 'or ee&'lo: oiss (a6 u&a cr$tica da situação, a situação do cativeiro dos #udeus no .)ito- .le acha +ue a situação est/ rui& 'or isso, 'or isso e 'or isso- . se lhe dissesse& +ue a situação assi& desde +ue o &undo &undoD +ue se&'re (oi assi& e se&'re ser/ assi&D Aue sentido (a6 voc5 criticar u&a coisa +ue não te& re&dio de &aneira al)u&aD cr$tica estaria anulada- as oiss 'odia criticar, 'or+ue ele tinha conheci&ento do +ue veio antes e do +ue viria de'ois 7 o conheci&ento 'ro(tico- Tinha conheci&ento de +ue seu 'ovo 'odia ser retirado dali e ir 'ara u& outro lu)ar onde teria u&a vida &elhor- . de (ato (e6 isto- Co&o sabe&os +ue oiss sabia al)o +ue os e)$'cios não sabia&D Por+ue 'rovou +ue sabia- Co& a travessia do ar Eer&elho, ele 'rovou +ue ener)ava a situação dos #udeus no .)ito desde u& 'onto de vista su'erior ao da situação real- %abia +ue 'odia (a6er e co&o (a6er e, de certo &odo, conhecia o (uturo.sse (uturo era invis$vel 'ara os 'artici'antes da situação- .ra invis$vel tanto 'ara os e)$'cios +uanto 'ara os #udeus- .les de&orara& +uarenta anos 'ara ouvir o +ue a+uele ho&e& tinha a di6er.sse o 'rot4ti'o da cr$tica social v/lidaOutra cr$tica social v/lida ta&b& (eita 'or %4crates- %4crates critica u&a situação estabelecida +ual ele não se considera su'erior- Auando %4crates condenado 'or u& tribunal ateniense, se diri)e a esse tribunal do 'onto de vista de u& ho&e& +ue #/ &orreu- .le 'ratica&ente se considera &orto e di6: olha, real&ente não sei se voc5s ao &e condenare& &e (i6era& u& &ale($cio ou u& bene($cio, 'or+ue não sei eata&ente o +ue a &orte tenho a i&'ressão de +ue talve6 se#a &elhor de'ois, +ue talve6 voc5s tenha& &e (eito u& bene($cio- consci5ncia do desconheci&ento da &orte u&a nor&a v/lida 'ara o #ul)a&ento de +ual+uer situação hu&ana- Todos sabe&os +ue va&os &orrer e todos sabe&os +ue não sabe&os 'recisa&ente o +ue a &orte, o +ue se desenrola nela e de'ois dela- 9sto nos d/ u&a base (ir&e 'ara #ul)ar todas as situaçes hu&anase le&bro de u&a con(er5ncia brilhante +ue o (il4so(o es'anhol Julian ar$as (e6 no =rasil, na 'oca e& +ue a #unta &ilitar havia institu$do a 'ena de &orte- *urante a con(er5ncia lhe
'er)untara& se era a (avor ou contra a 'ena de &orte e ele disse: sou contra 'or u& si&'les &otivo: não sei o +ue a &orte e não tenho o direito de condenar u& su#eito a u&a coisa +ue eu não sei o +ue sei o +ue 'risão, trabalhos (orçados, &as &orte, eu não sei o +ue e esses senhores ta&b& não- .ntão, na hora e& +ue o indiv$duo e&ite este #ul)a&ento, coloca7se não a'enas aci&a da discussão '"blica, &as +uase +ue in(inita&ente aci&a dela, 'or+ue a discussão '"blica (eita e& ter&os de 'osiçes relativas, de 'osiçes +ue 'ode& ter sua validade &aior ou &enor nu&a ou noutra situação- as, de re'ente, che)a o (il4so(o e di6 al)o +ue inde'ende de toda a discussão- 3o &eio das relatividades, ele entra co& o absoluto- O absoluto este: não sei o +ue &orte e voc5s ta&b& não sabe&, e 'onto (inal- 3enhu& de n4s &orreu 'ara contar co&o - 9sto o senso da &edida- .& certos &o&entos, 'ortanto, a consci5ncia 'ode se colocar in(inita&ente aci&a das +uestes '"blicas e encar/7las desde u&a &edida su'eiror +ue lhe 'er&ite u& #ul)a&ento #usto9n(eli6&ente isso não acontece se&'re- Fre+;ente&ente nos debate&os e& +uestes onde nos (alta a &edida e não a encontra&os- "nica coisa +ue sabe&os +ue esse senso da &edida universal 'ode ser desenvolvido nas 'essoas 'ela consci5ncia da di&ensão hist4rica, 'ela consci5ncia dos sucessivos 'ata&ares de consci5ncia alcançados ao lon)o do te&'o- Por&, o indiv$duo +ue não recebeu a in(or&ação sobre este caso de oiss, ou si&'les&ente não &editou sobre o assunto, si&'les&ente não te& idia de +ue u&a certa situação 'ode ser #ul)ada e& (ace de u&a 'ossibilidade concreta de &ud/7la- 3ote be&, não u& dese#o de &ud/7la, &as u&a 'ossibilidade concreta conhecida de ante&ão- 3o caso, oiss sabia 'or+ue *eus contou 'ara ele- Podia ter sabido de outra &aneira- as ele não achava +ue a situação dos #udeus na 'oca era rui& a'enas 'or+ue si&, &as era rui& e& (ace de u& 'oder do +ual *eus tinha investido esse 'ovo antes e e& (ace de u&a 'ro&essa +ue .le tinha (eito 'ara o (uturo- .ntão, encaiando a+uela situação nu&a sucessão hist4rica 'er(eita&ente conhecida, 'ode&os di6er +ue oiss 'odia #ul)ar +ue a+uela 'risão era rui&, 'or+ue ele sabia onde estava a 'orta)ora, se estudar&os a hist4ria do sculo GG, vere&os u&a in(inidade de revoluçes, )ol'es de estado, &udanças 'ol$ticas (eitas 'or 'essoas +ue criticava& a situação e +ue di6ia& 'oder &ud/7la 'ara &elhor e +ue 'rodu6ira& situaçes in(inita&ente 'iores- 3a dcada de oitenta, 'or ee&'lo, u& cidadão sovitico consu&ia &enos carne do +ue u& s"dito do c6ar e& 1H1B- 9sto si)ni(ica o se)uinte: >enin e TrotsI não sabia& onde estava a 'orta 'ro'usera& u&a &udança não 'or+ue tinha& 'er(eito conheci&ento da 'ossibilidade concreta de reali6/7la, &as a'enas 'or+ue +ueria&< o caso de a )ente di6er +ue este ti'o de cr$tica social não le)$ti&a: voc5 est/ criticando u&a situação &as não &elhor do +ue a situação, a'enas u& co&'onente dela ou se#a, a sua cr$tica não u&a cr$tica, a'enas u&a +ueia, u& sinto&a da 'r4'ria situação, e 'ortanto não 'ode&os con(iar e& voc5 'ara resolver a situação- 3a hora e& +ue voc5 'assa 'or u& so(ri&ento e di6 KaiK, o KaiK não u&a cr$tica v/lida da situação, a'enas u&a e'ressão dela- Tanto +ue di6er KaiK não vai curar voc5 de &aneira al)u&ao lon)o de todo o sculo GG, ve&os +ue a cr$tica social, e& sua +uase totalidade, nunca 'assou de e'ressão ou de sinto&a da situação- Rara&ente se viu u& e&'reendi&ento vitorioso de trans(or&ação da sociedade co& base na cr$tica, +ue 'rodu6isse eata&ente o resultado 'ro&etido9sto si)ni(ica +ue, desde o te&'o de oiss ou %4crates, a nossa ca'acidade de cr$tica social di&inui (or&idavel&ente- %i&'les&ente não entende&os a sociedade, não )osta&os da sociedade )ostar$a&os de &ud/7la, &as não che)a&os a 'erceber +ue nossa revolta e nosso 'r4'rio dese#o de &udar são a'enas sinto&as da 'r4'ria situação social e, 'ortanto, i&'otentes não so&ente 'ara &ud/7la, &as at 'ara (a6er u&a cr$tica ob#etiva&ente #usta%ão essas constataçes +ue nos coloca& a necessidade de con+uista de u& 'ata&ar ou de u&a &edida #usta e universal, e& (unção da +ual a cr$tica 'ossa ser (eita- Todo ser hu&ano te& essa 'ossibilidade e, de certo &odo, te& esse direito 'or+ue e&bora se#a, sob &uitos as'ectos, u&
'roduto, u& e(eito ou u&a criação de sua sociedade, h/ al)o nele +ue transcende a sociedade- ?/ no &$ni&o a estrutura biol4)ica- 3ão houve nenhu&a sociedade +ue &udasse substancial&ente a estrutura anato&o7(isiol4)ica do ser hu&ano- .sta u&a constante- Portanto cada u& de n4s 'ode di6er +ue (ruto da sociedade brasileiraD =o&, sou (ruto da sociedade brasileira, &as sou &e&bro da es'cie hu&ana e, co&o &e&bro da es'cie hu&ana, eiste& e& &i& (atores estruturais constantes +ue #/ eistia& antes de o =rasil eistir e +ue vão continuar eistindo de'ois +ue o =rasil acabar- Portanto, co&o &e&bro dessa es'cie ani&al cha&ada es'cie hu&ana, tenho e& &eu 'r4'rio cor'o u& dado +ue transcende a situação hist4rica e& +ue vivo- < claro +ue não s4 a estrutura anato&o7(isiol4)ica do ho&e& +ue transcende a situação hist4rica, eiste& &uitos outros as'ectoso lon)o da hist4ria hu&ana, &uitos desses ele&entos estruturais, constantes e universais (ora& se revelando nossa consci5ncia- . (ora& re)istrados e& obras, de'oi&entos e atos desses seres hu&anos- a+uisição desse le)ado o +ue 'ro'ria&ente o +ue cha&ar$a&os ho#e de educação liberal, +ue, nesse sentido, a (or&ação do cidadão consciente e 'ortanto ca'a6 de #ul)ar não s4 (atos da sociedade, &as a 'r4'ria sociedade co&o u& todoFor&ar u& ho&e& desses não (/cil- s situaçes vão se tornando cada ve6 &ais co&'leas e, de re'ente, v5e&7se e&er)ir no cen/rio da hist4ria situaçes absoluta&ente novas +ue, a'esar de todos os dados +ue acu&ulou e& toda a sua educação, voc5 não ca'a6 de co&'reender- %ur)e, 'or ee&'lo, u& (en!&eno co&o o totalitaris&o &oderno, co&o na6is&o, (ascis&o e co&unis&o 7 (en!&enos su're&a&ente es+uisitos, +ue tudo o +ue a hu&anidade ocidental sabia at o sculo G9G não bastava 'ara e'licar idia de +ue tratados internacionais (osse& (eitos não 'ara ser cu&'ridos, &as a'enas 'ara ser usados co&o ar&adilhas 'ara os ini&i)os: isso (oi u&a novidade na hist4ria- t o sculo G9G todo &undo acreditava +ue tratados era& 'ara ser cu&'ridos- *e re'ente a'arece u& estado, a @nião %ovitica, +ue acha +ue não be& assi&, +ue não i&'ortante cu&'rir os tratados, &as si& a'enas assin/7los- *e u& &o&ento 'ara outro, os tratados se trans(or&a& e& instru&entos não 'ara li&itar a ação dos contratantes &as, ao contr/rio, 'ara dar &ais 'ossibilidades de ação contra os de&ais contratantes- ?itler levou essa idia a u& n$vel alucinante: cada co&'ro&isso +ue ?itler assinou (oi assinado co& a (inalidade es'ec$(ica de não ser cu&'rido- 3os acostu&a&os tanto co& isso +ue ho#e acha&os naturalCertas 'ossibilidades de uso de viol5ncia assassina contra 'a$ses ini&i)os não entrara& na cabeça hu&ana antes do sculo GG- )uerra se& declaração de )uerra u& ee&'lo: voc5 est/ e& )uerra co& outro 'a$s &as não sabe de re'ente solta& u&a bo&ba no seu territ4rio- 9sso (oi &ais u&a novidade do sculo GG- Outro ee&'lo o ata+ue siste&/tico s 'o'ulaçes civis: não eiste &ais a noção de ca&'o de batalha- O +ue ca&'o de batalhaD < o lu)ar onde voc5 vai 'ara (a6er a )uerra- 3o sculo GG isso desa'areceu- 3ão h/ &ais ca&'o de batalha, h/ )uerra onde voc5 estiverAuando co&eçara& a suceder, esses (atos deiara& as 'essoas desorientadas não havia co&o e'licar- Ee&os, 'ortanto, o avanço do totalitaris&o no sculo GG e a i&'ot5ncia da inteli)5ncia hu&ana 'ara e'licar esse (en!&eno na 'oca, #/ +ue so&ente ho#e te&os u&a co&'reensão &ais ade+uada do (en!&eno totalit/rio- 3ota&os, então, +ue s ve6es acontece& coisas novas e +ue &es&o a acu&ulação de todo o le)ado desses de'4sitos de consci5ncia ad+uiridos ao lon)o dos sculos não su(iciente 'ara nos situar- %eria necess/ria u&a outra aborda)e& e as 'ri&eiras tentativas de dia)n4stico (alha&, 'or+ue estão co&'ro&etidas de certo &odo, inconsciente&ente, co& o &es&o circuito 'rodutor de idias +ue )erara& o (en!&eno- Eoc5 tenta investi)ar o (en!&eno, &as (a6 'arte dele tenta dia)nosticar a doença, &as ta&b& est/ doente- @& ee&'lo caracter$stico o livro da ?annah rendt sobre o totalitaris&o- .la investi)a, investi)a e 'e)a a 'ista certa: di6 +ue os (en!&enos totalit/rios não +uere& criar u&a nova sociedade, +uere&
&odi(icar a nature6a hu&ana- 'ista eata&ente esta- %4 +ue, &ais adiante, escorre)a e di6 +ue acredita na 'ossibilidade de &udar a nature6a hu&ana, a'enas não 'or &eios violentos- . co& isso a$ a descoberta in(luencia a visão de +ue& descobriu, 'or+ue se 'oss$vel 'ara o .stado &udar a nature6a hu&ana 'or &eios não7violentos então, 'reste& be& atenção, a di(erença es'ec$(ica do totalitaris&o deia de ser o 'ro#eto de &udar a nature6a hu&ana e 'assa a ser a'enas o e&'re)o da viol5ncia- es'eci(icidade do (en!&eno, 'ortanto, se 'erdeu- ssi&, rendt não conse)ue levar o dia)n4stico at o (i&- as ela escreveu o livro no calor do &o&ento e não 'odia ener)ar a situação co& toda a clare6a (oi u& dos 'ri&eiros dia)n4sticos abran)entes +ue se tentou- %e investi)asse &ais u& 'ouco veria +ue, ao lon)o dos sculos, não sur)iu nenhu&a idia ou doutrina 'ol$tica +ue visasse a &udar a nature6a hu&ana- Todas to&ava& a nature6a hu&ana, (osse +ual (osse, co&o 'ressu'osto- Considerava&7na (en!&eno de orde& natural, c4s&ica, biol4)ica, no +ual a sociedade não 'ode &eerFoi s4 no sculo GG +ue se acreditou +ue, atravs da (or&ação de u& certo .stado, leis, burocracia, se 'oderia &eer na 'r4'ria nature6a hu&ana- < a di(erença +ue eiste entre voc5 ser u& criador de ani&ais, co&o vacas e )alinhas, ou voc5 trans(or&/7los e& outra coisa: a idia de trans(or&/7los e& outra coisa ri)orosa&ente nunca tinha a'arecido na &ente hu&ana at o sculo GG?o#e, 'assados ce& anos, te&os u&a co&'reensão u& 'ouco &aior do (en!&eno totalit/rio, &as 'ara isso (oi necess/rio re&ane#ar todo o le)ado de conheci&entos e re'ensar a coisa sob &il as'ectos- .&bora não se#a se&'re in(al$vel, esse 'rocesso de recu'eração do le)ado a "nica es'erança +ue te&os de entender a nossa situação eistencial- 3ão eiste nenhu& outro &eio- li/s, eiste u& outro &eio eiste o +ue a =$blia cha&a de sabedoria in(usa: *eus e os an#os in(unde& e& voc5, se& +ue saiba- Eai dor&ir se& saber e acorda sabendo- Tirando esta hi'4tese, a "nica outra hi'4tese +ue eiste a da acu&ulação do le)ado da consci5ncia hu&ana ao lon)o dos sculos (inalidade da educação liberal eata&ente esta- . isto si&'les: consiste na a+uisição dos docu&entos necess/rios, no estudo desses docu&entos e na revivesc5ncia das e'eri5ncias co)nitivas e eistenciais +ue estão re)istradas nesses docu&entos- Ou se#a, voc5 vai ler a =$blia, Platão ou rist4teles, não no sentido a'enas de ad+uirir in(or&ação, &as no sentido de tornar suas as e'eri5ncias co)nitivas +ue se re)istrara& nesses docu&entosPor ee&'lo, rist4teles insiste &uito nu&a coisa +ue cha&a &aturidade- aturidade não no sentido (isiol4)ico, &as no sentido intelectual- O ho&e& &aduro o ho&e& +ue teve certas e'eri5ncias e a'rendeu co& elas- @&a dessas e'eri5ncias a 'lena e'eri5ncia da nor&a, da eist5ncia da nor&a- &aior 'arte das 'essoas si&'les&ente não teve isso v5 as coisas acontecere& e as o'inies se entrechocare&, &as nunca che)ou a e'erienciar as (a&osas leis não7 escritas de +ue (ala a tra)dia )re)a- Por ee&'lo, e& Os su'licantes de %4(ocles, dois #ovens )re)os (o)e& do .)ito, onde o rei +ueria obri)/7los a u& casa&ento +ue não dese#ava&, e vão 'arar nu&a ilha- 3esta ilha 'ede& asilo ao rei local- O rei (ica nu& dile&a 'or+ue, 'or u& lado, havia u&a tradição de dar asilo a +ue& 'ede e, 'or outro, dando asilo ele se arriscava a u&a )uerra contra o .)ito- .le i&ediata&ente ar)u&enta 'ara os #ovens: na le)islação e)$'cia não h/ nada +ue i&'eça o rei de obri)/7los a casar co& +ue& voc5s não +uere&, 'ortanto o rei do .)ito não co&eteu nenhu&a ile)alidade - . eles res'onde&: , &as aci&a das leis do .)ito h/ as leis não7 escritas, h/ as leis divinas- lei divina di6 +ue nin)u& 'ode ser obri)ado a casar contra sua vontade- O rei se toca co& a+uilo e, e& se)uida, te& outro 'roble&a: o re)i&e na ilha era constitucional e ele não era &onarca absoluto- Te&, 'ortanto, +ue levar o 'roble&a asse&bliaRe"ne, então, a asse&blia e, 'or &eio de u& lon)o e tocante discurso, conse)ue 'ersuadir a asse&blia a aceitar o risco da )uerra, 'ara não in(rin)ir as leis não7escritas tra)dia )re)a era u& aconteci&ento c$vico, não a'enas u& es'et/culo teatral- .ra u& e&'reendi&ento 'ro&ovido 'elo )overno 'ara a educação dos cidadãos- 3essa tra)dia e e& &uitas outras, +ual a &ensa)e& trans&itidaD idia de +ue u& 'a$s obri)ado s ve6es a se
colocar e& risco 'ara não in(rin)ir as leis não7escritas- Ou se#a, esse )overno ar)u&entava contra si &es&o, contra seu interesse, e educava as 'essoas assi&- < claro +ue o &o&ento da hist4ria e& +ue a'arece a tra)dia )re)a u& &o&ento ece'cional&ente lu&inoso na hist4ria da consci5ncia hu&ana- ?/ in"&eras tra)dias )re)as onde se concede ra6ão ao ini&i)o da '/tria, o troiano- Toda a educação recebida na escola, os discursos 'ol$ticos etc-, indu6ia& as 'essoas ao 'atriotis&o e a tra)dia entrava co&o ele&ento co&'ensador, 'ara +ue as 'essoas não to&asse& e& sentido absoluto os valores do 'atriotis&o, 'or+ue esses valores era& relativi6ados 'or valores &ais altos.ntão, +uando eiste u&a co&unidade 'ol$tica ca'a6 desse n$vel de consci5ncia, evidente&ente u& &o&ento lu&inoso da hist4ria- . o &ila)re )re)o de +ue (ala&os não 'ode, evidente&ente, ser encarado a'enas e& ter&os de reali6açes estticas ou cient$(icas, &as sobretudo co&o u& &o&ento cul&inante na hist4ria da consci5ncia hu&ana.iste& &uitos outros &o&entos de consci5ncia ee&'lar na hist4ria- @& a hist4ria +ue se 'assa co& o )enro de ao&, li- @& ecelente orador, cu#os discursos estão entre os &ais belos da literatura universal, li (oi u& (racasso total co&o 'ol$tico, &as u& )rande )uerreiro- Conta7se +ue, nu&a das batalhas, ele encurralou u& ini&i)o, conse)uiu desar&/7lo e encostou a es'ada e& sua )ar)anta- O ini&i)o então o in)ou ele (icou 'er'leo, colocou a es'ada na bainha e (oi e&bora.& se)uida, o ini&i)o di6: voc5 est/ co& a es'ada na &inha )ar)anta, &e derrotou, e s4 'or+ue o in)o--- venci voc5 co& u& in)a&entoD .le di6: não, não isso, +ue (i+uei co& raiva de voc5, e se o &atasse, eu não seria &ais u& )uerreiro, seria u& assassino, 'or+ue o teria &atado 'or raiva 'essoal e não tenho nada contra voc5- 9sso a+ui )uerra-- .sta tica )uerreira durou sculos- t o sculo G9G ainda havia a&ostras de u& es'$rito de luta cavalheiresco +ue 'redo&inava na )uerra?/ outro e'is4dio (a&oso +ue se 'assa entre 'r$nci'es &uçul&anos e es'anh4is- @&a batalha estava 'restes a ocorrer e& deter&inado lu)ar e os &uçul&anos errara& o ca&inho- .& ve6 de 'arar no lu)ar da batalha, (ora& 'arar no castelo do 'r$nci'e es'anhol +ue iria co&bat57los- %4 +ue o castelo estava va6io, s4 estava& l/ a rainha e suas aias, &uca&as e crianças- Conta7se +ue a rainha saiu do castelo e 'assou7lhes u& sabão: não t5& ver)onha de encurralar &ulheres e crianças assi&D .les 'edira& descul'as e (ora& e&bora%e co&'ara&os isso co& o 'anora&a do sculo GG, onde ve&os, não &assas de 'o'ulação, &as elites intelectuais ca'a6es de se (echare& co&'leta&ente &etade da realidade, 'ara encarar so&ente a &etade +ue lhes interessa, então, de (ato, nossa co&unidade 'ol$tica est/ in(inita&ente abaio do n$vel de consci5ncia da+uelas co&unidades9&a)ine& o +ue aconteceria ho#e e& +ual+uer 'a$s do &undo- O +ue aconteceria co& o su#eito +ue dissesse +ue não ocu'ou a cidade 'or+ue s4 havia &ulheres e criançasD 9ria 'ara a corte &arcial%eu dever &ilitar se sobre'e ostensiva&ente s nor&as não7escritas, as +uais não são se+uer levadas e& consideração- .las si&'les&ente não eiste& &ais- O +ue h/ ho#e, não s4 u& (en!&eno de i&oralidade, &as u& (en!&eno de baio n$vel de consci5ncia, 'or+ue o indiv$duo acredita +ue a+uele interesse &ilitar i&ediato real e +ue a nor&a não7escrita irreal- .le in(rin)e a nor&a não7escrita, 'or+ue acredita +ue ela não eiste, +ue a'enas invenção, 'roduto cultural, crença- %4 conhece a nor&a não7escrita, 'or re(er5ncia escrita ou oral, ouviu (alar +ue eiste, &as não te& e'eri5ncia 'essoal dela- 3ão h/ ne& a situação do indiv$duo +ue, atravs da educação, che)ou a 'erceber +ue essas nor&as não7escritas e(etiva&ente eiste&*iIe a idia )re)a #ustiça c4s&ica u&a e'eri5ncia +ue se 'ode (a6er, não u&a invenção cultural u&a e'eri5ncia +ue re+uer certo n$vel de &aturidade- .ntão, +uando rist4teles en(ati6a +ue so&ente o ho&e& &aduro 'ode )uiar a co&unidade, est/ se re(erindo aos ho&ens +ue conse)uira& absorver u& certo n"&ero de e'eri5ncias decisivas, +ue coloca& a sua al&a u& 'ou+uinho aci&a do n$vel de consci5ncia de sua co&unidade- 3ão +uer di6er +ue 'recise& ser santos ou 'ro(etas ou her4is, &as são si&'les&ente 'essoas +ue t5& u&a a&'litude an$&ica u&
'ouco &ais vasta, 'or+ue che)ara& a ter certas viv5ncias- Auando não te&os isso e, não obstante, te&os u&a (or&ação universit/ria, u& di'lo&a, e as #ul)a&os as situaçes evidente&ente 'elas e'eri5ncias +ue te&os- 3o co&eço do sculo GG, houve u&a srie de antro'4lo)os +ue sa$ra& 'elo &undo (a6endo recensea&entos dos usos e costu&es dos v/rios lu)ares- Auando notara& +ue a+uilo +ue era 'roibido nu& lu)ar era obri)at4rio no outro, tirara& a conclusão de +ue todas as nor&as era& cultural&ente relativas- 9sto (oi es'ecial&ente divul)ado no &undo 'or ar)areth ead e Jules =enedict- .les (i6era& u& sucesso tão )rande +ue, ho#e e& dia, essa convicção do relativis&o antro'ol4)ico tida co&o u& do)&a: todas as &orais são cultural&ente relativas- < no &$ni&o curioso +ue nunca nin)u& tenha (eito a se)uinte 'er)unta: &e a'onte u&a sociedade onde o ho&ic$dio se#a le)$ti&oD Ou, &e a'onte u&a sociedade onde o casa&ento se#a 'roibido- Ou, &e a'onte u&a sociedade onde +ual+uer (or&a de conheci&ento se#a 'roibido- %i&'les&ente não eiste& tais sociedades- 9sso +uer di6er +ue, 'or baio da variação acidental de nor&as a+ui ou ali, eiste u&a in(inidade de nor&as universais +ue nunca (ora& contestadas 'or civili6ação ou cultura al)u&a- lista das re)ras e nor&as 'er&anente in(inita&ente &aior do +ue a das nor&as vari/veis- .ntão isso +uer di6er +ue esses antro'4lo)os, baseados e& sua 'e+uena e'eri5ncia acidental de ter conhecido u&a ou duas co&unidades, )enerali6ara& 'ara a es'cie hu&ana, de &odo +ue a visão total da hu&anidade (ica redu6ida ao ta&anhinho da a&'litude de consci5ncia de dois ou tr5s antro'4lo)os, +ue vira& &eia d"6ia de coisas- 3as ci5ncias hu&anas, isso se tornou nor&a no sculo GG: o indiv$duo 'rocla&a +ue tudo o +ue ele não viu não eiste e tudo o +ue est/ (ora de seu c$rculo de e'eri5ncia s4 'ode eistir co&o invenção, co&o crença ou co&o criação cultural e 'ortanto não te& i&'ortLncia nenhu&a@&a educação baseada nisso seria u&a deseducação, 'or+ue ela est/ de cara blo+ueando a 'ossibilidade de certas e'eri5ncias hu&anidade toda deiou docu&entos de 'essoas +ue conversara& co& *eus- .les não eistira&D %ão &ilhes e &ilhes de docu&entos, (alei co& *eus e obtive tal res'osta- Falar co& *eus e obter tal res'osta u&a e'eri5ncia- < al)o +ue acontece ou não acontece- 3ão u&a teoria evidente&ente, u& (ato, ou ele (ict$cio ou ele real- l)u& antro'4lo)o de al)u&a universidade #/ convidou al)u& 'ara (a6er essa e'eri5ncia e ver o +ue aconteceD l)u& ensinou a voc5: 'ara (alar co& *eus assi& e assado, a coisa te& u&a l4)ica, re+uer u& certo te&'o, te& u& vai7e7 ve&, te& u& (eedbacID 3ão, 'or+ue eles ta&b& não sabe&- *i6e& +ue houve 'essoas +ue acreditara& e& *eus, *eus u&a crença e nada sabe&os a res'eito- Co&o nada sabe&os a res'eitoD . esses de'oi&entos todosD Ea&os (a6er de conta +ue nada disso eistiuD Toda essa )ente estava no &undo da lua e voc5 (oi o 'ri&eiro +ue descobriu a realidadeD Constru$ra&7se civili6açes, le)islaçes, sociedades, vidas hu&anas, tudo e& ci&a disso, e era (icçãoD Pre(iro a'ostar na hi'4tese contr/ria de +ue esse 'essoal todo sabia do +ue estava (alando- Ou se#a, al)o nos aconteceu e se não te&os o &$ni&o acesso a esse ti'o de viv5ncia então nada sabe&os a res'eito, e não u&a atitude cient$(ica rotular de crença o +ue voc5 não sabe o +ue *urante +uanto te&'o voc5 ca'a6 de &anter u& (io de racioc$nio dentro de si, se& se dis'ersar co&'leta&enteD Ea&os cha&ar de racioc$nio, o encadea&ento de silo)is&os 7 're&issa &aior, 're&issa &enor, conclusão- Auantos silo)is&os e& linha voc5 ca'a6 de (a6er dentro de si, se& se dis'ersar e 'erder o (io da &eadaD @&, dois e olhe l/- 9sto +uer di6er +ue a dis'ersão o seu estado habitual- Co&'are7se, 'or ee&'lo, a u& 'raticante de u&a &$stica asctica +ual+uer, +ue a'rende a se concentrar nu&a 'alavra ou u& no&e +ue desi)na u&a +ualidade divina durante, di)a&os, de6esseis horas se)uidas +ue a'rende a a(astar +ual+uer outro 'ensa&ento de sua &ente- Eoc5 acha real&ente +ue a visão +ue o ho&e& dis'erso te& 'ode ser id5ntica do ho&e& concentradoD < claro +ue não- 9sto +uer di6er +ue, e& outras 'ocas, houve ho&ens &uito concentrados, ca'a6es de li&'ide6 de 'ensa&ento, de auto7consci5ncia 7 e lo)o e'lico o +ue +uero di6er co& essa auto7 consci5ncia 7 e +ue tivera& acesso a certas e'eri5ncias e deiara& teste&unhos delas, e esses docu&entos são 'reciosos- ais tarde, a'arece u& su#eito se& concentração nenhu&a, u&a al&a
total&ente dis'ersa, total&ente (ra)&entada, co& auto7conheci&ento 'recar$ssi&o, di6endo +ue tudo são crenças- Ora, (aça7&e o (avorM, isto a anti7educação- %e +uere&os entender esses docu&entos, te&os +ue criar a condição 'sicol4)ica 'ara re(a6er as e'eri5ncias +ue estão subentendidas nelesl)u& #/ ouviu (alar da 'rece 'er'tuaD < u&a tcnica da i)re#a ortodoa- .iste u& livro etraordin/rio sobre isso cha&ado Relatos de u& 'ere)rino russo 7 u&a abreviatura de &ilhares de escritos dos &$sticos ortodoos ao lon)o do te&'o- O 'ere)rino russo u& ho&e& si&'les +ue u& dia ouve na &issa o 'adre di6er a sentença de Jesus: orai se& cessar- .le di6: co&o orai se& cessarD 3in)u& 'ode orar se& cessar, a )ente re6a e de'ois vai (a6er outra coisa- %ai então 'rocurando, 'er)unta 'ara u&, 'er)unta 'ara outro, at +ue encontra u& &on)e +ue di6: voc5 vai re6ar #unto co& o rit&o de sua res'iração, vai di6er %enhor Jesus Cristo, tende 'iedade de &i& e vai di6er isso co& 'lena intenção voc5 s4 +uer u&a coisa na vida: +ue Jesus tenha 'ena de voc5Eai es+uecer todo o resto e vai (a6er isso, vinte e +uatro horas 'or dia, 'elo resto de sua vida- Talve6, se conse)uir 'restar atenção na 'iedade divina, co& u& 'ouco dessa concentração, acabe 'ercebendo +ue ela eiste- )ora, 'elo si&'les (ato de ter lido sobre esse ne)4cio de 'iedade divina, voc5 di6 +ue isso crençaD as, co&oD Eoc5 conhece a coisa, sabe do (en!&eno +ue est/ sendo (alado, ou sabe so&ente as 'alavrasD ssi& co&o esta 'r/tica eiste& &ilhares no &undo 7 budistas, #udaicas, islL&icas, hindu$stas e outras- Tudo isto total&ente desconhecido do ensino &oderno- O ensino se tornou u&a arte de (alar sobre coisas +ue se desconhece co&'leta&ente- 3ão estou &e re(erindo ao ensino reli)ioso- %e 'edir ao 'adre, ao rabino, ou ao aiatol/, ele vai ensinar a voc5 al)u&as coisas da reli)ião dele, o (or&ul/rio de crenças dele, e vai di6er +ue todas as outras não interessa&- .le ta&b& #/ não est/ (alando de e'eri5ncias, est/ (alando de u&a crença deter&inada- 3ão disso +ue estou (alando.stou (alando de realidades e não de (or&ul/rios de do)&as +ue di6e& +ue isso est/ certo e a+uilo est/ errado- *o &es&o &odo, as e'eri5ncias sub#acentes (iloso(ia de Platão ou (iloso(ia de rist4teles ta&b& são condiçes indis'ens/veis 'ara +ue voc5 as co&'reenda- Auando Platão (alava na cade&ia, ou rist4teles no >iceu, era& literal&ente ho&ens &aduros (alando co& outros ho&ens &aduros- 3ão era u&a discussão entre al&as dis'ersasTodos a+ui #/ sentira&, 'or ee&'lo, acessos de triste6a ou de deses'ero +ue não sabia& de onde viera&- Todo &undo #/ teve isso- Ora, se eiste al)o na sua 'r4'ria al&a +ue voc5 não sabe de onde veio, eiste u& conte"do +ue estranho a voc5- Ou se#a, a sua al&a tão conhecida sua, +uanto u&a cidade onde acaba de dese&barcar 'ela 'ri&eira ve6 voc5 est/ 'erdido dentro de voc5- %ua al&a o instru&ento 'elo +ual voc5 conhece o &undo, &as se ela 'r4'ria tão desconhecida assi&, +uantos &etros es'era avançar no ca&inho do conheci&ento, antes de ter li&'ado as lentes co& +ue vai olhar este &undoD @&a certa li&'ide6 da al&a, 'ortanto, u& certo conheci&ento do indiv$duo 'or ele &es&o, de &odo +ue ele saiba de onde v5& suas e&oçes, de onde v5& seus dese#os e o +ue o co&'e e(etiva&ente 'or dentro, são condiçes sine +ua non da verdadeira educação- 3ão eiste a educação se& o e(etivo auto7conheci&ento- as, se nu& curso de (iloso(ia universit/rio, voc5 levantar este 'roble&a, dirão: se +uer auto7conheci&ento, +ue v/ 'rocurar u& 'adre ou u& 'sicanalista, +ue n4s esta&os a+ui 'ara estudar (iloso(ia- Aue raio de (iloso(ia esta +ue não se 'reocu'a ne& e& saber se a al&a do su#eito est/ habilitada 'ara a+uiloD Aue raio de ensino este +ue não cu&'re a condição da &aturidade +ue o 'r4'rio rist4teles e o 'r4'rio Platão coloca& co&o condição b/sica 'ara o estudo da (iloso(iaD 9sto +uer di6er +ue, ao lon)o dos te&'os, a noção de educação (oi sendo 'erdida- .la conservada a'enas e& n"cleos &uito li&itados h/ )ru'os de 'essoas +ue sabe& e continua& cultivando a+uilo, co&o se&'re- as o ensino de &assas, '"blico e 'rivado, não est/ dando s 'essoas senão u& )rosseiro si&ulacro de educação 3ão cabe a &i& #ul)/7lo ou &odi(ic/7lo não sou &inistro da educação, ne& +uero ser- %e &e 'edisse& u& 'ro#eto de educação nacional, &e esconderia debaio da ca&a e 'edir socorro &inha
&ãe- .sse 'roble&a est/ aci&a da &inha ca'acidade, co&o est/ aci&a da ca'acidade do &inistro da educação ou de +ual+uer outro +ue ocu'e o lu)ar dele educação re+uer sobretudo essa situação: h/ o 'ro(essor e os alunos- Auere& u& 'lano de educação 'ara voc5sD .sse, eu sou ca'a6 de inventar, dentro de u& universo o'eracional abarc/velO 'ro(essor conhece seus alunos, sabe at onde 'ode lev/7los e sabe o +ue 'ode (a6er, isto o &/i&o- idia de u& 'lano de educação +ue abar+ue toda u&a nação, isto 'ara não (alar e& toda a hu&anidade, co&o (a6 a O3@ ho#e, evidente&ente si&ulacro, não eiste- Os 'lanos atuais de educação +ue estão sendo i&'ostos no &undo inteiro 'ela O3@, +ue 'ara a (or&ação do cidadão6inho 'er(eito da 3ova Orde& undial, (ora& inventados na dcada de cin+;enta 'or u& su#eito cha&ado Robert uller, +ue era disc$'ulo de u&a 'seudo7esoterista cha&ada lice =aile, u&a &ulher co&'leta&ente &aluca, da doutrina dos raios c4s&icos, +ue conversava co& etra7 terrestres esse cara 'e)a as obras de lice =aile, ada'ta 'ara a (or&ação de u& 'lano educacional &undial e este 'lano est/ sendo i&'lantado- .vidente&ente isto u&a caricatura )rotesca- Auando (alo dessas coisas, estou (alando de &$stica verdadeira, coisas +ue (ora& acu&uladas ao lon)o de cinco &il anos de #uda$s&o, dois &il anos de cristianis&o, &il e +uinhentos anos de isla&is&o, +uase de6 &il anos de hindu$s&o, não de u&a doida a&ericana +ue conversou co& etra7terrestres.ntão, o su#eito +ue a'rendeu co& esta vision/ria de etra7terrestres 'ode (a6er u& 'lano 'ara educar o &undo e eu, +ue a'rendi coisa &elhor, s4 tenho u& 'lano 'ara educar voc5s- < 'or+ue sei o +ue educação e esse su#eito evidente&ente não sabe- %ei +uanto co&'lea a educação, o +uanto ela re+uer de contato direto e co&'ro&eti&ento total do 'ro(essor co& seus alunos, 'or+ue se trata não a'enas de trans&itir certos conheci&entos, &as de elevar o indiv$duo 'ara a 'ossibilidade de certas e'eri5ncias interiores, +ue darão 'oder sua inteli)5ncia e 'oder sua ca'acidade co)nitiva- .ducar trans&itir u& 'oder- . esse 'oder, não 'osso in#etar e& voc5 'osso di6er &ais ou &enos onde ele est/ e voc5 'ode 'rocurar, 'osso di6er co&o voc5 'ode abrir a caia e 'e)ar o +ue seu- < a 'artir desse enri+ueci&ento da e'eri5ncia interior e a 'artir da idia de concentração, de continuidade da consci5ncia, +ue o indiv$duo se abre 'ossibilidade de co&'reensão desses docu&entos deiados ao lon)o das eras- 9n(or&ar si&'les&ente a eist5ncia disso #/ (a6er al)u&a coisa- as, al& de in(or&ar, 'ode&os de ve6 e& +uando dar al)u&a dica de co&o o indiv$duo se torna ca'acitado 'ara 'e)ar esse le)ado*urante &uito te&'o, o ensino ocidental esteve consciente disso- %e le&os os escritos dos )randes educadores da idade &dia co&o ?u)o de %ão Eitor, %anto lberto a)no, ve&os +ue o co&eço das universidades 'reservou ainda a consci5ncia disso a+ui- Por volta do sculo GE, &ais ou &enos, a universidade se torna ob#eto de dis'uta entre Eaticano e estados nacionais- 'artir da$, as universidades vão se tornando, cada ve6 &ais, &eios 'ara (ins +ue não são os de seus estudantesinda 'ertenço escola anti)a: acredito +ue a (inalidade da educação o estudante, o indiv$duo hu&ano, u& cara real- O +ue ele vai (a6er co& isso de'ois si&'les&ente não da &inha contacho u& assinte a 'ro&essa de educação 'ara o desenvolvi&ento, 'or+ue estar/ 'ressu'osto +ue se vai educar o su#eito 'ara (a6er deter&inada coisa, e +ue essa coisa vai ter u& resultado )lobal - Ou se#a, 'ro)ra&a7se a vida inteira do cara- .ducação 'ara a 'a6, educação 'ara o desenvolvi&ento, educação 'ara a cidadania, tudo isto, no (i& das contas, educar o indiv$duo 'ara u&a (inalidade +ue não necessaria&ente a dele- .ntão isto não educação, 'ro)ra&ação- (inalidade da educação, tal co&o entendo e tal co&o (oi entendida ao lon)o de todos os te&'os, a &aturidadeO +ue o ho&e& &aduro vai (a6er co& o +ue ensinei 'roble&a eclusiva&ente dele, ele vai eercer a &aturidade dele, não a &inha- Auando ele tiver u& 'roble&a na &ão a situação ser/ outra, os dados serão outros e não eiste nenhu&a 'ossibilidade de u& 'ro(essor antever tudo isso9sso si)ni(ica +ue, u&a ve6 con+uistada a &aturidade, a (inalidade da educação est/ ter&inada, acabou, seu educador te& +ue ir e&bora 'ara casa- . voc5 se trans(or&a nu& educador, se +uiser, ou vai (a6er outra coisa, 'ois não s4 na educação +ue ho&ens &aduros são necess/rios-
as essa total desatenção ao (en!&eno da &aturidade, aliada a u&a atenção ecessiva aos usos +ue a 'essoa su'osta&ente vai (a6er da educação, (a6 co& +ue 'ratica&ente toda a educação do sculo GG (aça do aluno u& &eio e nunca a (inalidade- Ou se#a, a educação se torna serva da 'ol$tica, serva da econo&ia, serva da )uerra, serva de +ual+uer outra coisa e o aluno 'or sua ve6 se torna servo desse 'rocesso- cho isso u&a i&oralidade- 3ão )ostaria de 'raticar isso- 'ossibilidade de u&a educação +ue não se encaie nisso evidente&ente aberta, dentro do 'r4'rio siste&a de&ocr/tico, 'ela 'ossibilidade da educação livre- < claro +ue a de&ocracia, co&o +ual+uer outro re)i&e, ta&b& 'ro)ra&a as 'essoas 'ara sere& servas de u& 'lano #/ dado de ante&ão, &as ela te& u&a vanta)e&: não cerca o indiv$duo 'or todos os lados, deia aberta al)u&as 'ossibilidades de&ocracia indu6 o indiv$duo, &as não o obri)a co&'leta&ente- O 'roble&a +ue )eral&ente as 'essoas não sabe& das 'ossibilidades +ue a de&ocracia deia e& aberto- Ou não sabe&, ou as des're6a&- s 'ossibilidades de auto7educação e de educação livre são coisas 'reciosas +ue eiste& no re)i&e de&ocr/tico, das +uais te&os +ue tirar 'roveito de al)u& &odo idia &es&a de +ue essa 'ro'osta educacional se encaiasse de al)u& &odo dentro do es+ue&a educacional vi)ente contradit4ria, a(inal de contas o siste&a educacional vi)ente te& a sua (inalidade ta&b&, a (or&ação 'ro(issional e o adestra&ento das 'essoas 'ara a &ecLnica da de&ocracia- as claro +ue a educação de &assas 7 '"blica ou 'rivada 7 visa a (or&ar &assas e não indiv$duos, o +ue +uer di6er +ue se trocar&os todos os alunos, não (a6 di(erença al)u&a- as na educação verdadeira, cada indiv$duo 'recioso- ., at 'or isso, 'ode eistir na educação e(etiva o (en!&eno do aborto 'eda)4)ico- .u &es&o #/ tive u&a boa coleção de abortos 'eda)4)icos, e& +ue vi +ue, nu& deter&inado &o&ento, o (loresci&ento da consci5ncia total&ente obstaculi6ado 'elo &eio- O &eio coloca no indiv$duo certos con(litos +ue, ou o 'aralisa&, ou o (a6e& at recuarO &eio social no +ual esta&os trabalhando não inteira&ente hostil educação: deia u&a certa &ar)e& e& aberto- as a ca'acidade de desest$&ulo +ue o &eio brasileiro te& 'ara a educação absoluta&ente (ant/stica- curiosidade desesti&ulada e o si&'les (ato de o su#eito +uerer saber al)u&a coisa não considerado nor&al Outro dia estava conversando co& &eu ir&ão sobre co&o, +uando 'e+ueno, ele )ostava de (a6er r/dios de 'ilha- Nostava de eletrotcnica- 9nventou isso so6inho, da cabeça dele, (oi tentar (a6er e a'rendeu- . todas as 'essoas e& torno achava& a+uilo &uito es+uisito e di6ia&: 'or +ue voc5 est/ &eendo co& issoD Te& +ue se 're'arar 'ara )anhar dinheiro-.& &uitos &eios, não necessaria&ente nos &ais 'obres, assi& at ho#eEa&os 'ensar na idia de +ue o &/i&o de realis&o +ue se 'ode ter na vida 'ensar a'enas e& )anhar dinheiro- ti&o, voc5 se dedica a al)o a'enas 'ara )anhar dinheiro- Ea&os su'or +ue voc5 (abri+ue co'os, &as não 'or+ue )oste e si& 'ara )anhar dinheiro- 3o dia se)uinte 'e)a o dinheiro +ue )anhou co& os co'os e vai co&'rar /)ua &ineral- as acontece +ue o su#eito +ue abriu a &ina e en)arra(ou a /)ua ta&b& (e6 'ara )anhar dinheiro- . co& o +ue )anhou, ta&b& vai co&'rar u&a outra coisa +ue s4 (oi (eita 'ara dar dinheiro- .ntão se voc5 co&'ra u& sa'ato, este (oi (eito 'ara +u5D 3ão 'ara (a6er sa'ato, &as 'ara )anhar dinheiro, o sa'ato não (inalidade, a (inalidade o dinheiro- .n(i&, todas as açes do 'rocesso 'rodutivo são eclusiva&ente &eios, e não h/ u&a "nica coisa +ue se 'ossa co&'rar, +ue valha a 'ena ser co&'rada- 3in)u& (e6 nada 'ara +ue a+uilo valesse- idia de +ue a atitude realista e &adura na vida 'ensar a'enas no dinheiro es+uece +ue necess/rio +ue eista al)o +ue se 'ossa co&'rar co& o dinheiro- Aue se este al)o nunca a (inalidade, se&'re secund/rio, se&'re sacri(icado ao dinheiro- %e eu (i6er u& ob#eto ou outro, de u& #eito ou de outro, e )anhar a &es&a coisa +ue se (i6esse u& deter&inado be& (eito, então 'ara +ue (a6er este be& (eitoD Eoc5 (a6 o seu 'roduto &al (eito, )anha seu dinheiro e vai todo contente co&'rar outro 'roduto +ue ta&b& &al (eito- 9sto u&a radical inco&'reensão do 'rocesso econ!&ico- as isso u&a coisa +ue se v5 no =rasil- Eia#ando 'elo &undo, não ve&os as 'essoas a)indo assi&-
visão ne)ativa +ue te&os do 'rocesso ca'italista (a6 co& +ue o 'rati+ue&os de &aneira ne)ativa 3ão )osta&os dele e 'or isso o corro&'e&os- %e (osse socialis&o, (ar$a&os eata&ente a &es&a coisa.sse rebaia&ento )eral das e'ectativas, dos valores da vida, u& dado constante na sociedade brasileira e u& tre&endo desest$&ulo- Fa6 co& +ue ha#a no 'rocesso educacional &uitos (en!&enos de aborto, de indiv$duos +ue vão se desenvolvendo at certo 'onto e de re'ente t5& u&a crise, u& 'Lnico- @&a crise &uito co&u& a do indiv$duo +ue 'ercebe +ue, +uando est/ 'ercebendo al)o, sabendo al)o +ue os outros não sabe& ou não 'ercebe&, cria7se u&a di(iculdade de co&unicação- Por ee&'lo, se voc5 &uito a'e)ado a seu )ru'o de a&i)os de #uventude, não 'ode se educar, 'or+ue ou voc5 os educa a todos #untos ou vai a&adurecer &ais do +ue eles e eles vão se tornar uns chatos 'ara voc5 e não vão )ostar &ais de voc5- educação te& esse 'reço, a+uele +ue sabe não (acil&ente co&'reendido 'elo +ue não sabe- uitas 'essoas, +uando constata& isso, recua& ou cae& no seu 'rocesso educacional e se castra& es'iritual&ente, 'ara não 'erder a&i6ades ou a'oio (a&iliar, +ue evidente&ente não vale& a 'enaas essencial entender, 'ara encerrar, +ue a de(inição de educação liberal a 're'aração da al&a 'ara a &aturidade- O ho&e& &aduro o "nico +ue est/ ca'acitado a (a6er o be& 'ara o &eio e& +ue est/- Por+ue o be& ta&b& te& +ue ser conhecido- O discerni&ento entre o be& e o &al não ve& 'ronto não adianta ter u& (or&ul/rio, os de6 &anda&entos ou ter o c4di)o civil e 'enal- 9sto não resolve &uito- O be& e o &al são u&a +uestão de 'erce'ção, +ue te& +ue ser a(inada 'ara cada nova situação +ue voc5 vive, 'or+ue costu&a& a'arecer &esclados- Jesus disse: na verdade a&ais o +ue dever$eis odiar, e odiais o +ue dever$eis a&ar- .ste todo o 'roble&a da educação, desenvolver no indiv$duo, &ediante e'eri5ncias culturais acu&uladas, a ca'acidade de discerni&ento 'ara +ue ele saiba e& cada &o&ento o +ue deve a&ar e o +ue deve odiar- 3in)u& 'ode dar essa (4r&ula de ante&ão, &as a 'ossibilidade do conheci&ento eiste e est/ consolidada e& &ilhes de docu&entos- @&a educação be& condu6ida 'ode levar o indiv$duo &aturidade do verdadeiro #ul)a&ento aut!no&o 3otas 1- *iretora do 'ro)ra&a *ru) atch 9nternational- Qvoltar 2- li/s, a idia corrente, abundante&ente re'etida 'or #ornalistas e intelectuais brasileiros, de +ue o ensino na 'oca (osse li&itado aos nobres, talve6 a &ais idiota +ue al)u& #/ &eteu na cabeça, 'or+ue o caracter$stico da nobre6a durante toda a idade &dia era 'recisa&ente não estudarO estudo era considerado u&a ocu'ação i&'r4'ria 'ara os nobres e s4 'r4'ria a dois ti'os de 'essoas: a+ueles +ue se diri)ia& ao clero e as &ulheres- Portanto as &ulheres era& 'rivile)iadas no ensino &edieval- 'roi&ada&ente S0 ou U0 do '"blico escolar era& co&'ostos de &ulheres.ste u& detalhe +ue +ual+uer estudioso da idade &dia sabe, &as +ue voc5 nunca v5 &encionado e& 'arte al)u&a- < co&o se houvesse u& escoto&a, u& 'onto 'reto +ue i&'ede as 'essoas de sabere& disso- .sse detalhe 'or si basta 'ara derrubar toda u&a visão da hist4ria, +ue a+uela visão de +ue a hist4ria transcorre de u& estado de escravidão, do&inação e autoritaris&o 'ara u& estado de &aior liberdade e de&ocracia- .sta visão est/ subentendida e& 'ratica&ente tudo o +ue se discute nesse 'a$s e e& &etade do &undo- . evidente +ue basta u& 'ou+uinho de estudo e(etivo da hist4ria 'ara ver +ue as coisas real&ente nunca se 'assara& assi&- 3a verdade, idias co&o as &odernas ditaduras e os &odernos autoritaris&os são coisas +ue, na anti)uidade e na idade &dia, ne& 'assaria& 'ela cabeça de u& )overnante- hi'4tese, 'or ee&'lo, de haver u& cadastro eletr!nico onde estão todos re)istrados, onde se 'ode aco&'anhar a conduta de cada u&, saber +uanto o su#eito )astou, onde ele esteve e, e& caso de d"vida, 'oder usar tudo contra ele, u&a idia +ue se (osse dada a Nen)is Vahn, ele acharia &onstruosa- Ou se#a, Nen)is Vahn não
'retendia ter tanto 'oder assi&, 'oder +ue ho#e e& dia +ual+uer )overnante ditatorial, e at de&ocr/tico, te& sobre as 'essoas ?ist4ria, 'ortanto, ao contr/rio do +ue di6 o (a&oso clich5, te& se)uido no sentido de u& cresci&ento da autoridade- autoridade vai con+uistando &eios de ação sobre os indiv$duos de +ue nunca antes dis'!s e, ao &es&o te&'o, sur)e& &ecanis&os co&'ensadores co&o a liberdade de i&'rensa e o ensino universal- as, elas 'or elas, o autoritaris&o te& )anhado a corrida- Qvoltar B- orti&er dler autor do livro Co&o ler u& livro W'e)ar re(er5nciasX- Qvoltar - Ora, não ter&os o direito de (a6er al)u&a coisa não si)ni(ica +ue não a (aça&os- 3a 'r/tica, a &istura de 'rocedi&entos le)$ti&os e ile)$ti&os u& (ato do nosso dia7a7dia- &aneira &ais 'r/tica e (/cil de (a6er 'revalecer sua tese, (a6er co&o (i6era& no debate &encionado 'or ina %ein(eld, e& +ue voc5 desa'arece co& a tese do advers/rio e a sua, 'or ser a "nica eistente, acaba 'revalecendo-