METODOLOGIAS DO PROJETO: Esquemas tipológicos usados na arquitetura residencial contemporânea contemporânea brasileira – redesenho de arquitetura residencial Amanda Monteiro dos Santos¹ (IC), Wilton de Araújo Medeiros² ¹Discente do curso de Arquitetura e Urbanismo, BIC/UEG, Campus Ciências Exatas e Tecnológicas – Tecnológicas – Henrique Henrique Santillo,
[email protected] ²Docente do curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Estadual de Goiás, Anápolis/GO
INTRODUÇÃO Em 2010, a revista AU – Arquitetura Arquitetura e Urbanismo (Editora PINI) publicou uma lista identificando 25 arquitetos ou escritórios do Brasil, eleitos como a “nova geração de arquitetos
brasileiros”. brasileiros”. Reconhecendo
a
relevância
desta
proposta
da
pesquisa
interinstitucional é investigar tais escritórios, afim de descobrir e desvendar suas formas de projetação, com as quais vieram a se destacar d estacar no cenário nacional, a ponto de se enquadrarem nesta nova categoria de profissionais que foram surgindo. O projeto de pesquisa “Metodologias do projeto: esquemas tipológicos usados na arquitetura residencial contemporânea brasileira”, surge com a associação do grupo de pesquisa CIMOP (Cidade, Morfologia e Projeto) com a pesquisa interinstitucional em rede da UFRGS “A Casa Contemporânea Brasileira: regra e transgressão tipológica no espaço doméstico” doméstico” que é realizada
em
parceria
com
outras
instituições
de
ensino
superior
(UFRGS/UFPB/UFPEL/UCS/UEG). O estudo se divide em três etapas, pesquisa bibliográficas, pesquisa documental e análises. Durante a pesquisa bibliográfica, pudemos construir um embasamento teórico sobre os conceitos e métodos projetuais, configurações formais e espaciais, assim fundamentando as análises a serem realizadas. No decorrer da segunda etapa, referente ao levantamento de material de pesquisa coletado junto ao escritório e a obras a ser analisada, fomos organizando um banco de dados. Já na terceira etapa, baseados na produção de redesenho, geramos modelos bidimensionais e tridimensionais, seguidos de análise funcional/espacial, notando quais regras e configurações foram adotados no projeto.
OBJETIVOS
Investigar sobre as morfologias e tipologias empregados nos projetos de casa contemporânea no Brasil, e assim contribuir para a pesquisa interinstitucional supracitada, delineando conjuntamente os traços gerais tipo-morfológicos da casa contemporânea, suas permanências e rupturas com o passado, bem como as possibilidades futuras. Construir uma metodologia que nos propicie o estudo e investigação dos escritórios escolhidos pela revista AU-Arquitetura e Urbanismo. Identificar, digitalizar e redesenhar documentos sobre os projetos residenciais de um dos escritórios eleitos, neste caso, nosso objeto de trabalho é o escritório SIAA - http://www.siaa.arq.br/. Foram acrescentados juntamente aos objetos de estudos o seguinte escritório: MGS Arquitetura. Posteriormente fazer um mapeamento inicial sobre arquitetura contemporânea residencial em Goiás, abordando as mudanças contextuais e morfológicas adquiridas ao longo do tempo.
METODOLOGIA Para a elaboração e desenvolvimento do projeto de pesquisa, foram utilizados materiais base disponibilizados pelos escritórios nos sites www.siaa.arq.br, e www.mgs.arq.br/ onde foram retirados desenhos bidimensionais, como plantas, cortes e fachadas; fotos e imagens da residência em estudo. Após o levantamento documental, desenvolvemos redesenho e análise, sendo produzidos desenhos bidimensionais como plantas e cortes a partir do material levantado, modelos tridimensionais como maquetes eletrônicas representativas da obra, e por fim análise espaço-funcional, onde são empregados os conceitos e métodos de projetos debatidos pelos autores aqui embasados na bibliografia. Todo material elaborado na etapa redesenho e análise, foram produzidos em softwares como Audesk Autocad versão 2014, Sketchup versão 2015, Adobe Photshop CS6, e pacote Office com algumas restrições, utilizando Notbook HP, com processador Intel CORE i3. Este projeto de pesquisa considera que aprofundar o estudo da projetualidade, sistematizandoo como conhecimento, a partir de problemas paradigmáticos, possibilita a transmissão, a transformação e o crescimento do pensamento arquitetônico (SILVA 1986; OLIVEIRA, 1986). Mahfuz contribui com esta abordagem, ao identificar no redesenho o procedimento metodológico adequado para o trato do objeto privilegiado da arquitetura, o edifício. Mahfuz segue a linha de Piñon: “abordar a arquitetura a partir dos edifícios − e não desde os programas − tem a vantagem de mostrar a relevância da dimensão visual da comparação com o hábito de fazer referência a conceitos legitimadores” (2009).
A análise tipológica pode se desenvolver a partir da abordagem de diversas categorias projetuais. Para o desenvolvimento da análise, recorremos ao método de observação e ao método comparativo. Os critérios eleitos para a análise tipológica que são: Partido formal/
implantação, Confi guração das alas, E ixos de acesso e circulação, E spacialidade. Conforme orientação da pesquisa em rede disponível em Dropbox, o roteiro de análise é o seguinte:
FONTE: COSTA (2014)
RESULTADO E DISCUSSÃO Com a elaboração do material para a pesquisa, têm-se como produto final, a análise que contempla todos os métodos utilizados e aplicados diante a investigação projetual da Residência Brooklin (SIAA ARQUITETOS) e da Casa da Copaíba (MGS ARQUITETURA), como são apresentados a seguir:
Implantação e Partido formal Ao se realizar as análises das duas obras observamos ao compará-las que existem diferenças espaciais, mas algumas semelhanças projetuais. A residência Brooklin (SIAA-2004) localizase no bairro Cidade Monções da cidade de São Paulo-SP. Já a Casa da Copaíba (MGS-2010)
localiza-se na cidade de Brasília - DF, em um condomínio situado a cerca de 15 Km a leste do Plano Piloto. As duas implantas em terrenos profundos, mas uma profundo e estreito, e sendo a outra em profundo e alongado. Os partidos formais encontrados nas duas obras são classificados como volume compacto de dois pavimentos e adições de volumes em um ponto centralizado.
Figura 1: Implantação e volumetria. Residência Brooklin – SP 2004. SIAA, Casa da Copaíba – DF, 2010 - 2012. MGS Fonte: (b) SANTOS, Amanda Monteiro dos, 2015 e 2016 ; http://fabianosobreira.arq.br/ e http://www.siaa.arq.br/
Na residência Brooklin (2004-SIAA) podemos ver que o volume compact o de base retangular sofre operações de subtração que não comprometem visualmente a sua integridade original. Nas duas fachadas transversais, um pequeno recuo é proposto entre os dois pavimentos, sendo arrematado pela platibanda contínua. No segundo pavimento, o recuo é novamente preenchido por dois pequenos volumes. Já na Casa da Copaíba (2010-MGS) O volume aditivado, que se transforma em grande bloco em forma de “L”, recebe um bloco retangular sobre sua cobertura, configurando assim um pátio de acesso sombreado que porta como um espaço de transição entre o interno e externo.
Figura 2: Tratamento das fachadas frontal e posterior. Casa Brooklin – SP, 2004 – 2005. SIAA e Casa da Copaíba -DF, 2010. MGS Fonte: SANTOS, Amanda Monteiro dos, 2015 – 2016
Configuração Funcional Na residência Brooklin casa obedece a um zoneamento por níveis. No térreo, encontram-se os setores sociais e de serviços e, no piso superior, o setor íntimo, nos dois pavimentos, a casa é
organizada em duas faixas longitudinais que guardam a proporção de 2:1. Na faixa menor, voltada para o recuo lateral, estão dispostos os elementos irregulares de composição, como banheiros e serviços, o que garante a fluidez da planta na faixa maior, orientada no sentido frente-fundos. Por outro lado, a casa da Copaíba também é regida por um zoneamento estabelecido em alas. Em uma das alas, encontra se o setor de serviços; no ponto central, o setor social e em outra ala o setor íntimo; e ainda no pavimento superior, um ambiente privado de estudo. As duas alas térreas se tocam em modo perpendicular, e nota-se proporção entre ela, onde a ala privada se apresenta com o dobro de largura da ala direcionada aos serviços.
elementos de composição irregulares
parâmetros de proporção
Figura 3: Elementos de composição irregulares e parâmetros de proporção. Residência Brooklin – SP, 2004. SIAA, e Casa da Copaíba - DF, 2010 – 2012 . MGS Fonte: SANTOS, Amanda Monteiro dos, 2015 - 2016
Observamos na residência Brooklin que os ambientes conectam entre si, bem como o recuo frontal e o pátio posterior, eixos de circulação longitudinais. Internamente, na faixa maior, a circulação é sugerida na periferia da planta, conectando diretamente o recuo frontal e o pátio posterior e fazendo a ligação com a escada que conduz ao pavimento superior. Já na Copaíba A circulação é gerada a partir de um ponto central que se erradia segundo as alas, contendo eixos bem demarcados, obtendo assim uma circulação sugerida. Na ala de serviços a
circulação se configura periférica, já na ala privada ela se delimita entre os quartos e as áreas irregulares, no pavimento superior, é onde encontramos circulação livre, onde o que a lhe norteará será o posicionamento dos mobiliários ali inseridos.
Figura 4: Eixos de c irculação. Residência Brooklin – SP, 2004. SIAA e Casa da Copaíba - DF, 2010 – 2012 . MGS Fonte: SANTOS, Amanda Monteiro dos,2015 - 2016
Espacialidade Pela ausência de hall na casa Brooklin, há um pequeno recuo da fachada frontal funciona como o espaço de transição entre o interior e o exterior. Dali, a grande pele de vidro antecipa a experiência espacial a ser vivenciada na sala e até no pátio, aos fundos do lote. Na casa da copaíba, encontramos também a ausência de hall para recepção na residência, se nota um recuo da mesma que funciona como espaço de transição arborizado entre o exterior e o interior. Logo a frente, nos deparamos com a garagem, uma grande parede envidraçada e outra fachada com revestimento em madeira que forma um gradeado.
Figura 5: Espacialidade no espaço de transição. Residência Brooklin – SO, 2004. SIAA e Casa da Copaíba - DF, 2010 – 2012 . MGS Fonte: SANTOS, Amanda Monteiro dos, 2015 - 2016
O ingresso na sala revela um espaço dinâmico. As duas superfícies translúcidas transversais e a amplitude vertical do mezanino definem diferentes pontos focais, consolidando assim uma tensão multidirecional. Na casa da Copaíba, com o ingresso na sala logo nos deparamos com os fundos do lote, o mezanino criado entre a sala e o escritório de trabalho, integrando assim os ambientes, e o longo corredor de acessos aos quartos e áreas irregulares, notando-se que fica claro os eixos direcionais.
Figura 6: Espacialidade da sala. Residência Brooklin - SP, 2004. SIAA e Casa da Copaíba - DF, 2010 – 2012 MGS Fonte: SANTOS, Amanda Monteiro dos,2015 - 2016 (d) http://fabianosobreira.arq.br/
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após as etapas de redesenho de análises sobre as duas residências notamos regras e transgressões que se evidenciam nos projetos, a forma na qual a espacialidade e a funcionalidade são trabalhadas nos demonstram muito da atual vida contemporânea da população atual, notamos que mesmo sendo projetos diferentes, implantados em locais adversos, notamos algumas correlações, como a forma de se organizar as áreas de serviços e áreas irregulares (banheiros), os locando sempre em alas periféricas da residência. O tratamento dado à sala de estar, como local máximo do encontro social, é notório, sendo este, sempre integralizado com o exterior, criando uma relação intrínseca com ambiente além daquele espaço. Identifica-se um rompimento com o mimetismo classicista dos séculos anteriores, a partir do qual os princípios que regeram a arquitetura moderna passam a influenciar os projetos, com grande responsabilidade no caráter prático e do ensino da arquitetura. Os objetivos foram alcançados como, desvendar as regras utilizadas por essa nova geração de arquitetos, pois observamos uma grande preocupação de gerar espaços funcional, mas com grande qualidade espacial, afim de gerar relações entre o morador e a sua casa.
AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus por me conceder a graça da sabedoria e conhecimento. Agradeço a Universidade Estadual de Goiás, à Pró-Reitoria de Pesquisa, ao professor orientador Wilton de Araújo Medeiros, e todos componentes do grupo de pesquisa CIMOP (Cidade, Morfologia e Cidade) que contribuíram de alguma forma para a elaboração deste trabalho, afim de concluir os objetivos, obtendo bons resultados que se refletem na trajetória acadêmica e futura vida profissional, principalmente à Francielly Alves Gonçalves de Freitas, amiga e companheira acadêmica na qual pude contar em vários momentos, me auxiliando nas dificuldades e estando presente também nos momentos de conquistas durante o trabalho. Agradeço ao apoio recebido pela Central de Bolsa UEG, que pôde contribuir com a fomentação da elaboração de pesquisa e produção de material.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRUAND, Yves.
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Ensaio sobre a razão compositiva . Viçosa: UFV; Belo
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Novas formas de habitar. A experiência do tempo na arquitetura
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SEGAWA, H.
Arquiteturas no Brasil 1900-1990 . São Paulo: EDUSP, 1997.
TRAMONTANO, M.
Habitação contemporânea: riscos preliminares . São Carlos: EESC-
USP, 1995. COSTA, A. E.
O Gosto pelo Sutil: confluências entre as casas-pátio de Daniele Calabi e
Rino Levi. Porto Alegre: UFRGS, 2011 (Tese de Doutorado).