TEORIAS TRADICIONAIS DE CURRÍCULO Origem do campo do currículo EUA Fim do século XIX, início do século XX início dos estudos sobre currículo. Preocupação com a racionalização, sistematização e controle da e scola e da sociedade Propósito: Planejar cientificamente as atividades pedagógicas e controla-las de modo a impedir que o pensamento e o comportamento dos alunos e alunas se desviassem dos padrões e metas pré-estabelecidas.
O contexto americano na virada do século: Intensificação do processo de industrialização e de urbanização da sociedade americana após a guerra civil impossibilitava a preservação do tipo de vida e da homogeneidade da comunidade rural. A presença dos imigrantes nas grandes metrópoles, com seus costumes e condutas, acabou por ameaçar a cultura e os valores da classe média americana: branca, protestante, habitante da cidade pequena. Urgia, portanto, consolidar um projeto nacional comum, de modo a restaurar a homogeneidade em desaparecimento e ensinar às crianças e jovens dos imigrantes as crenças e comportamentos dignos de serem adotados. A escola é então chamada para desempenhar um papel de relevo no cumprimento de tais funções e também no sentido de facilitar a adaptação das novas gerações às transformações econômicas, sociais e culturais que assegurariam o controle social que se pretendia estabelecer. Viu-se como indispensável organizar o currículo escolar e conferir-lhe características de ordem, racionalidade e eficiência. Daí os esforços de educadores e teóricos e o surgimento de um novo campo de estudos.
As primeiras tendências: Criticavam ao currículo humanista clássico então vigente, cujo objetivo era o de introduzir os estudantes ao repertório das grandes obras literárias e artísticas das heranças grega e latina, incluindo o domínio das respectivas línguas línguas educação da classe dominante. Final do do século XIX industrialização necessidade de educação de massas.
1. Modelo Pr Progressista Voltado para a elaboração de um currículo que valorizasse os interesses dos alunos e alunas e que ensinasse as crianças a viver no mundo em que se encontram. obra de John Dewey, “A criança e o currículo”, publicada em 1902. Marco: A obra O currículo escolar segundo Dewey deveria partir das necessidades e experiências dos
alunos, dando prioridade a elas em contraposição ao que pressupõe que os adultos devem saber e, portanto, ao que a segunda tendência, encabeçada por Franklin Bobbitt defendia. Seu foco é o preparo das crianças e jovens para viver numa sociedade democrática.
John Dewey - Democracia como vida e escola como laboratório Filosofo e pedagogo, John Dewey (1859-1952) considerava a filosofia um meio de ajuste social, um método para descobrir e, ao mesmo tempo, um instrumento para inter pretar os conflitos sociais e a educação como um laboratório de comprovação das hipóteses de vida que a filosofia vai traçando. Para ele o objetivo da educação é ensinar a criança a viver no mundo em que se encontra. Trata-se, pois, de partir das suas necessidades e experiências, dando prioridade a elas em contraposição ao que se pressupõe que os adultos devem saber e, portanto, ao que tradicionalmente é ensinado nas escolas.
A escola deve cumprir duas missões: Ajudar o desenvolvimento dos alunos criando neles um desejo de crescimento permanente, de continuar aprendendo; Possibilitar a todos o encontro de sua felicidade na melhoria das condições dos outros. §
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“A educação não é um lugar de preparação para a vida futura, mas é, em si mesma, um lugar de vida que será preciso projetar a fim de que se manifestem as experiências que os alunos já têm e se possibilitam outras outras novas”. p.54. p.54. O ponto de partida é a experiência de que dispõe previamente a criança, que não chega a escola em branco, posto que já é intensamente ativa. O método de ensino deve ser indireto, isto é, pela descoberta, reflexivo refle xivo e experimental. As matérias de estudo não são consideradas segundo o conceito tradicional, visto que um método centrado nos problemas é incompatível com a rigidez da divisão disciplinar. Para o desenvolvimento do caráter democrático na escola, Dewey confiava tanto nas capacidades espontâneas das crianças como na habilidade dos professores, criando um clima que exercesse uma mediação entre essas capacidades e os hábitos de inteligência e responsabilidade social almejados. Desse modo, era necessário que o trabalho dos professores na escola e scola seguisse os mesmos princípios que o trabalho com os alunos, ou seja, a organização social cooperativa, a associação e o intercâmbio de de idéias deveriam substituir a formação técnica e a supervisão. p.55. “A construção da democracia só pode ser conseguida a partir da educação, desse modo, é necessário que os sistemas educacionais sejam também democráticos. E para que a educação possa formar democratas e ser crítica perante a sociedade, a práxis educativa terá de se fundamentar na razão e nos métodos científicos”. p.51.
A escola deve consistir em um ambiente organizado organizado no qual se fortaleçam as experiências valiosas e tornem-se possíveis, ao mesmo tempo, a continuidade de experiências dos alunos e sua contribuição para a sociedade. Para isso o programa escolar deveria basea rse em dois eixos básicos:
1.A
escola deve constituir um ambiente particular no qual possam ser realizadas experiências exemplares de vida social;
2.
A formação democrática requer o confronto do indivíduo com alguns conteúdos específicos.
Nessa perspectiva, a vida vida social na escola terá como base o intercâmbio de de experiências mediante a comunicação entre os indivíduos, pois a compreensão do mundo que emerge da experiência adquire significado através da linguagem. p.51.
A educação escolar deve compreender três etapas: 1.As matérias de ensino manifestam-se na familiaridade e no trato com aquilo que as crianças já trazem consigo;
2. 3.
Essa base material será ampliada e aprofundada mediante o saber transmitido; Integrar o que se ampliou em um conjunto conjunto ordenado de forma lógica e racional. p.51.
Dewey pondera, contudo, que estas três fases satisfazem apenas as necessidades individuais, e não as sociais, e o plano de estudo deve ser elaborado com a intenção de corrigir a vida social. Assim, deve ser incluído em primeiro lugar no programa escolar o que está relacionado às experiências das quais participam os grupos sociais mais numerosos deixando para depois os detalhes. “O que legitima o currículo não é o que representa a tradição nem a realidade social vigente, e sim sua crítica”. p.52.
Escola laboratório: Um lugar de vida e trabalho, uma pequena comunidade na qual s e reduz e se simplifica s implifica o meio social; sem carteiras, salas ou classes graduadas; sem horários segmentados para abordar as diferentes matérias; o centro da jornada escolar é o jogo livre, no qual as crianças se dividem em 11 grupos segundo as suas idades. Cada um desses grupos enfrenta uma situação problema que os professores tem de preparar previamente, de modo modo que os alunos possam abordá-la a partir de experiências de primeira mão. As crianças vão à escola para fazer: cozinhar, costurar, trabalhar com madeiras, etc., atividades que reproduzem as que são fundamentais na vida, com as quais estão mais em contato, e que devem reproduzir de modo conjunto e ordenado, até conhecerem gradualmente os modos de operar da comunidade. p.56. Com as atividades domésticas como ponto de partida, os conhecimentos resultam c omo
produtos necessários das formas básicas de ação social. Desse modo, não há ensino direto da história, geografia ou ciências, mas um processo de descoberta, indagação e experimentação, associado às relações produtivas e de troca que contribuem para a vida da coletividade. p.56. A ocupação é o núcleo do currículo, trata-se de uma atividade “que re produz ou é paralela a algum trabalho que tem lugar na vida social”. p.57. Exames, notas e pontuações não existem, assim como são evitadas as proibições e as ordens.As crianças participam do planejamento e desenvolvimento dos projetos num trabalho em que as funções são atribuídas rotativamente a todos, de acordo com o pressuposto de que o desenvolvimento mental é um processo social, de participação. p.57.
2.
Modelo Tecnocrático
Voltado para a construção científica de um currículo que desenvolvesse os aspectos da personalidade adulta considerados válidos/legítimos para o capitalismo americano. e m 1918. Marco Aobra de Franklin Bobbitt, “The Curriculum”, publicada em O currículo escolar, segundo Bobbitt, deveria ajustar as crianças e os jovens à sociedade capitalista americana. A escola deveria preparar trabalhadores, funcionando como uma indústria, especificando precisamente quê resultados pretendia alcançar, estabelecendo metodologias para obtêlos e formas de mensuração que permitissem saber com precisão s e eles foram realmente alcançados. Estabelecimento de padrões, tal como na indústria. Exemplo: Realização de adições pelas crianças: um grupo faz 35 combinações em um um minuto e outro 105 105 padrão 65 por minuto. minuto. Objetivos mensuráveis, baseados no exame das habilidades consideradas necessárias para exercer com eficiência as ocupações profissionais da vida adulta. Modelo voltado para a economia, nos princípios da administração científica de F. Taylor Taylor Palavra-chave: eficiência Questão central : organização Educação Processo de moldagem
Currículo é uma questão eminentemente técnica o que é preciso pesquisar e mapear quais eram as habilidades necessárias para as diversas ocupações do mundo do trabalho Consolidação do modelo de Bobbitt Obra de Ralph Tyler, Tyler, publicada em 1949: 1949: “Princípios de currículo”, na qual é dada ênfase à organização e desenvolvimento do currículo. Os objetivos deveriam ser formulados em termos de comportamento mensuráveis. Preocupação de Tyler: Tyler: quê objetivos, quê experiências educacionais, como organizá-las e como avaliá-las. Objetivos comportamentais
Radicalização na década de 1960 tecnicismo Livro de Robert Mager: Análise de objetivos
Filme: The Wall - Another brick in the wall “Nós não precisamos de educação Nós não precisamos de controle de pensamento Sem sarcasmo sombrio na sala de aula Professores,deixem as crianças em paz”.
TEORIAS CRÍTICAS DE CURRÍCULO Estes modelos serão criticados a partir dos anos 1970 em vários países, inclusive inclusive no Brasil, com a obra “Pedagogia do Oprimido”, de autoria de Paulo Freire, dando origem as chamadas teorias críticas de currículo.
1. Os crítico-reprodutivistas: crítico-reprodutivistas: Reprodução” 1970 Bourdieu e Passeron “A Reprodução” Capital cultural Escola reprodução cultural a cultura funciona como como uma uma economia economia Capital cultural de forma introjetada, internalizada, incorporada conceito de habitus Dupla violência simbólica “a cultura” Códigos indecifráveis às classes populares ciclo de reprodução reprodução cultural. es tado” 1970 Louis Althusser “Ideologia e aparelhos ideológicos do estado” A instituição escolar transmite a ideologia oficial do Estado através de seu currículo, direta ou indiretamente. Processos seletivos manutenção do status quo via conteúdos escolares veiculados pelo currículo Baudelot e Establet “ A escola capitalista na França” - 1970.
Desenvolvem a tese de Althusser sobre ideologia. Bowles e Gentis “A escola capitalista na América” 1976.
A escola transmite a ideologia oficial não apenas através de conteúdos, mas da vivência das relações sociais na escola, das atitudes necessárias para ser um bom trabalhador capitalista. Dois tipos de escolas: uma para formar formar trabalhadores subordinados, subordinados, outra para formar trabalhadores superiores: dois tipos de currículo.
2. Os reconceptualistas americanos 2.1. A crítica neomarxista de Michael Apple Relação entre economia economia e educação, economia e cultura reprodução cultural e reprodução social. Organização da economia economia organização do currículo Ideologia e Currículo 1979 Conceito de de hegemonia hegemonia consentimento ideológico para manter a dominação dominação
hegemonia cultural As estruturas econômicas não são suficientes para garantir a consciência ela precisa ser conquistada em seu próprio campo. Qual conhecimento é considerado verdadeiro. Por quê? Trata-se do conhecimento de quem? Papel do currículo no processo de reprodução cultural e social; papel do currículo oculto e do currículo oficial. Papel da escola na distribuição do conhecimento oficial, a escola também produz conhecimento Currículo e poder e currículo como campo de resistência como se formam resistências e oposições ao currículo oficial?
2.2. O currículo como política cultural Henry Giroux Escola de Frankfurt Frankfurt caráter histórico, ético e político do conhecimento Bourdieu e Passeron peso excessivo à dominação dominação cultural e social da classe dominante em detrimento das culturas dominadas e dos processos de resistência Conceito de resistência foco pedagogia da possibilidade Influência de Paul Willis: “Aprendendo a ser trabalhador'. Influência de Paulo Freire: currículo emancipação e libertação e noção noção e ação cultural Conceitos centrais da concepção emancipadora do currículo: Esfera pública: (Habermas) escola espaço de discussão e participação, de questionamento; Intelectual transformador: (Gramsci conceito de intelectual orgânico) Professores são vistos como intelectuais transformadores Voz: Dar voz aos alunos papel ativo a sua participação na escola Política cultural o currículo envolve a construção de significados e valores culturais; campo da pedagogia e campo da cultura: o que está em jogo em ambos é uma política cultural. Hoje a preocupação de Giroux é com a cultura popular; cinema, TV, TV, música.