Técnicas Psicoterapêuticas
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Ocupação ROTEIRO 1-Introdução e Conceitos Básicos T eóricos. 2-O Tratamento com Psicoterapia Breve. 3-Como trabalha o Psicanalista. 4-Como trabalha o Psicanalista Breve. 5-Uma sessão de Psicoterapia Analítica. 6-Uma sessão de Psicoterapia Breve Analítica. 7-Atendimento Grupal em Psicoterapia Breve Analítica. 8-Tipos de Intervenção Verbal do Terapeuta. 9-Traços Gerais de Contribuições do Terapeuta em Psicoterapia Breve. 10-Bibliografia. 1-INTRODUÇÃO E CONCEITOS BÁSICOS TEÓRICOS. Psicoterapia é o tratamento, por meio psicológicos, de problemas de natureza emocional, no qual uma pessoa treinada deliberadamente estabelece um relacionamento profissional com o paciente, com o objetivo de remover, modificar ou retardar sintomas existentes, interferir em padrões perturbados de comportamento, promover o desenvolvimento e crescimento positivo da personalidade. A Psicoterapia Breve é um tratamento de natureza psicológica, de inspiração psicanalítica, cuja duração é limitada, buscam obter uma melhora da qualidade de vida em curto prazo, escolhendo um determinado problema mais premente e focando os esforços na sua resolução. Dentre essas técnicas focais, uma que traz grandes benefícios em um prazo muito breve é o processamento de situações traumáticas por estímulos bilaterais (EMDR). Há três reações possíveis a uma situação de perigo. Lutar, fugir ou paralisar-se. A paralisia é um último recurso para manter-se vivo, como um animal acuado que se finge de morto. Mas, ao contrário do lutar ou fugir, ela impede o processamento da experiência produzindo um trauma. Uma experiência traumática não adquire um significado aceitável. Ela envolve uma intensidade de energia emocional, maior do que o organismo foi capaz de descarregar. Esse excesso de carga fica provocando o sofrimento. As técnicas mais modernas permitem verificar que pessoas traumatizadas têm uma atividade cerebral muito maior de um lado do cérebro do que do outro. A EMDR é um tratamento através de estímulos (visuais, auditivos, táteis) que facilitam o restabelecimento da comunicação entre os dois hemisférios cerebrais; vão se produzindo pequenas descargas suportáveis que possibilitam o processamento da situação e o alívio do sofrimento por uma re-significação da situação. Vítimas de situações catastróficas ou de abuso físico, sexual ou emocional, e pessoas com sintomas de fobia ou pânico, rapidamente se restabelecem com a EMDR. Há também as situações dos pequenos abusos de situações opressivas ao longo de anos a fio que podem ser beneficiadas por este tratamento. Mas percebe-se também que todos nós temos "trauminhas", situações difíceis ao longo de nossas vidas que não encontraram uma saída satisfatória, e que podem ser processadas desta forma para nos propiciar uma sensível melhora em nossa disposição. Essas situações podem produzir sintomas como depressão, estresse, a nsiedade, pânico, fobia, desamparo e amnésia, como uma determinada época da vida que não deixou lembranças. A psicoterapia, em seu sentido genérico, como prática que se propõe a ajudar pessoas com sofrimentos psicológicos, mesmo que com distúrbios orgânicos (psicoterapia de pacientes com câncer, de coronarianos, ou mesmo de doentes mentais de causa orgânica ou bioquímica) se adaptará às novas ordens científicas, culturais e econômicas. Entre elas existe a tendência de comprovação científica (matemática) de resultados, mesmo que para isto se empreguem somente os critérios das ciências físicas ou biológicas e não, também, os das ciências humanas, onde as psicoterapias estão igualmente inseridas. Esta é uma pressão que, apesar dos protestos em contrário, implantará na psicoterapia do século XXI uma política de resultados. Outro fator de pressão para "resultados" situa-se na tendência do mundo ocidental especialmente do primeiro mundo, de submeter o atendimento médico aos seguros-saúde. Desta forma, as psicoterapias ficarão atreladas às companhias de seguro, privadas ou públicas, que exigirão psicoterapias breves, resultados objetivos e pouco dispendiosos. A Psicoterapia Breve Integrada coloca em dúvida o conceito de que para ajudar de modo eficaz um paciente seja sempre necessário um tempo prolongado. Através de uma abordagem psicoterapêutica mais dinâmica e flexível, essencialmente distinta da técnica psicanalítica tradicional, a Técnica Focal da P.B.I. possibilita que os objetivos terapêuticos sejam atingidos
em prazo mais curto, através de um mecanismo denominado "Efeito Carambola", em que as mudanças em uma determinada área podem conduzir a alterações em outras áreas do comportamento do paciente. Baseia-se no modelo de abordagem integrada biopsicossocial e privilegia a visão psicodinâmica dos conflitos, permitindo a integração de diversas técnicas de diferentes abordagens psicoterapêuticas, além da utilização conjugada do tratamento psicofarmacológico. O termo "Psicoterapia Breve" teve origem na intenção de S. Ferenczi e O. Rank (discípulos de S. Freud), que em 1924 tentaram diminuir o tempo dos tratamentos psicanalíticos. Posteriormente, outros psicanalistas também fizeram importantes "transgressões" à técnica psicanalítica, sedimentando as características atuais da técnica de P.B. Atualmente enfatiza-se a perspectiva teórica psicodinâmica da Teoria dos Afetos. A denominação "breve" deve-se ao fato de que as características específicas de sua Técnica Focal permitem abreviar a duração do tratamento e também reduzir o número de sessões. A Técnica Focal da Psicoterapia Breve Integrada tem como objetivo ajudar o indivíduo na busca de soluções mais adaptativas aos seus problemas, dentro do tempo mais breve possível. É orientada para objetivos claramente delimitados e para mudanças legítimas nas vidas das pessoas e não somente para autoconhecimento e apoio. 1.1- TÉCNICA FOCAL O objetivo da Técnica Focal não é atingir todos os aspectos de mudanças e struturais, mas sim, dar início ao processo e deixar o paciente suficientemente estabilizado de forma que possa dar continuidade a esse processo de crescimento através de outros relacionamentos em sua vida. O papel do terapeuta será o de catalisador nesse processo de facilitação de mudanças proporcionando Experiências Emocionais Corretivas. A Técnica Focal tem se p rovado extremamente eficaz em alguns t ranstornos mentais tais como: - Transtornos depressivos - Transtornos ansiosos - Transtornos de comportamento - Transtornos alimentares - Reações de ajustamento - Transtorno de estresses pós-traumático A técnica da P.B.I., baseia-se no princípio da flexibilidade, que permite a integração de diversas técnicas de diferentes abordagens terapêuticas, além dos recursos da psicofarmacologia. Tem objetivo delimitado e enfatiza a realidade objetiva. Utiliza-se dos Triângulos de Interpretação para a compreensão do psicodinamismo do paciente e também dos conceitos de Experiência Emocional Corretiva (E.E.C.) e de Efeito Carambola para a explicação dos mecanismos terapêuticos. Além disso, a técnica de P.B.I. se sustenta no que foi denominado em 1984 por Vera Lemgruber, de "Tríade da P.B".: Atividade do terapeuta, que se opõe à Regra de Abstinência, já que a atenção seletiva do terapeuta em P.B.I. contrapõe-se à atenção flutuante do psicanalista e evita-se o estabelecimento da Neurose de Transferência também através de interpretações que valorizem o vértice da realidade atual no Triângulo do Insight e do emprego de focalização através de interpretação, atenção e negligenciar seletivos em relação ao foco de trabalho previamente estabelecido e discutido pelo terapeuta com o paciente. Planejamento das estratégias terapêuticas a serem utilizadas e dos objetivos a serem atingidos, a partir da avaliação inicial e indicação terapêutica. É necessária uma avaliação prévia das condições internas e estrutura de personalidade do paciente, através de um diagnóstico nosológico (CID-10 e /ou D.S.M. IV) e de um diagnóstico psi codinâmico (com base no esquema dos Triângulos de Interpretação), pois nem todo paciente tem indicação para este tipo de técnica. Foco estabelecido através da compreensão do psicodinamismo do problema do paciente, obtida pela avaliação do Triângulo do Conflito, com base na Teoria dos Afetos. É importante para o terapeuta, na P.B.I., uma adequada avaliação das dificuldades do paciente e da gênese de seus problemas, para uma melhor compreensão dos conflitos psicodinâmicos. Dessa forma, apoiado numa sólida teoria de desenvolvimento psicológico, ele busca aumentar a probabilidade de propiciar Experiências Emocionais Corretivas. A Focalização impede a Regra Fundamental da Associação Livre da Psicanálise, mantendo o problema principal como o foco central do processo terapêutico. O paciente é levado a identificar e correlacionar seus problemas e dificuldades, com as situações de sua vida diária nas quais eles aparecem. Essas características essenciais distinguem a técnica da P.B.I. da técnica psicanalítica clássica, por se oporem às principais bases dessa. 1.2- EFEITO CARAMBOLA Carambola é a expressão usada para identificar uma jogada de bilhar ou sinuca em que uma determinada bola ao ser impulsionada por um taco, gera movimento em outras bolas que não haviam sido atingidas diretamente mas que passam a mover-se impulsionadas pelo movimento gerado pela primeira bola. Por analogia à carambola do bilhar, o termo Efeito Carambola foi utilizado por Vera Lemgruber para expressar o mecanismo interno de potencialização dos benefíci os terapêuticos obtidos através da técnica focal, com i sso identificando a característica da técnica focal, na qual, ao se resolver o conflito focal circunscrito a uma determinada área da vida do paciente, outras modificações em diversos aspectos do i ndivíduo podem ocorrer, como reflexo d e repercussões positivas da reformulação desse aspecto específico que foi focalizado e trabalhado durante a terapia. O Efeito Carambola encontra-se fundamentado nas neurociências. A partir das Experi ências Emocionais Corretivas (E.E.C.) é possível uma formatação biológica do domínio psicológico da ordenação e construção da experiência. Com isso propicia-se o estabelecimento de novas redes de conexões neuronais. No processo psicoterapêutico, com o objetivo de promover essas experiências de reaprendizado que levam às modificações internas no modo como o indivíduo vê a si próprio e aos outros, um i mportante elemento da facilitação de mudanças é a E.E.C. "Efeito Carambola significa tornar um círculo vicioso em círculo virtuoso". (Comentário de um paciente após alta do tratamento de um episódio depressivo). 1.3- TEORIA DOS AFETOS Essa espécie de "kit-básico de sobrevivência" tem vantagens adaptativas para o ser humano e pode ser classificado em 3 grupos: - Afetos inibidores: restringem ou limitam reações. - Afetos ativadores-reguladores: regulam experiência de separação e estabelecimento de limites e da intimidade. - Afetos ativadores-geradores de prazer: promovem interesse, conforto ou desejo sexual. O neurocientista A. Damásio ("Os Mistérios da consciência", 2000), ressalta a visão de Darwi n sobre a evolução das emoções nos seres humanos, dizendo que, "do ponto de vista ev olutivo, o problema de vida e sobrevida é fundamental e influenciou a forma de organização do cérebro humano, levando aos trilhões de sinapses cerebrais e redes nervosas que configuram a complexidade da mente humana". Para ele, o fato de o ser humano ter emoções é o que leva à criação do estado mental da consciência e permite ao ser humano ter pensamento, memória, imagem do self e comunicação. Porque os afetos são mais dinâmicos e menos fixos que os instintos e porque sua expressão é passível de modificação pela aprendizagem, a Experiência Emocional Corretiva (EEC) leva à possibilidade de mudança durante a psicoterapia pela reaprendizagem inerente ao processo psicoterapêutico. 1.4- TIPOS DE PSICOTERAPIA BREVE Assim, o primeiro ponto a ser determinado é o tipo de Psicoterapia Breve, pode ser classificada em três tipos básicos: a) Psicoterapia breve mobilizadora. Trata-se de um processo que tem como objetivo a evidenciação da ansiedade contida em processes mórbidos apresentados pelo paciente, mas que, devido a diversos fatores, ainda não se encontra apto (ou mobilizado) para se submeter a um processo psicoterápico. b) Psicoterapia breve de apoio.
em prazo mais curto, através de um mecanismo denominado "Efeito Carambola", em que as mudanças em uma determinada área podem conduzir a alterações em outras áreas do comportamento do paciente. Baseia-se no modelo de abordagem integrada biopsicossocial e privilegia a visão psicodinâmica dos conflitos, permitindo a integração de diversas técnicas de diferentes abordagens psicoterapêuticas, além da utilização conjugada do tratamento psicofarmacológico. O termo "Psicoterapia Breve" teve origem na intenção de S. Ferenczi e O. Rank (discípulos de S. Freud), que em 1924 tentaram diminuir o tempo dos tratamentos psicanalíticos. Posteriormente, outros psicanalistas também fizeram importantes "transgressões" à técnica psicanalítica, sedimentando as características atuais da técnica de P.B. Atualmente enfatiza-se a perspectiva teórica psicodinâmica da Teoria dos Afetos. A denominação "breve" deve-se ao fato de que as características específicas de sua Técnica Focal permitem abreviar a duração do tratamento e também reduzir o número de sessões. A Técnica Focal da Psicoterapia Breve Integrada tem como objetivo ajudar o indivíduo na busca de soluções mais adaptativas aos seus problemas, dentro do tempo mais breve possível. É orientada para objetivos claramente delimitados e para mudanças legítimas nas vidas das pessoas e não somente para autoconhecimento e apoio. 1.1- TÉCNICA FOCAL O objetivo da Técnica Focal não é atingir todos os aspectos de mudanças e struturais, mas sim, dar início ao processo e deixar o paciente suficientemente estabilizado de forma que possa dar continuidade a esse processo de crescimento através de outros relacionamentos em sua vida. O papel do terapeuta será o de catalisador nesse processo de facilitação de mudanças proporcionando Experiências Emocionais Corretivas. A Técnica Focal tem se p rovado extremamente eficaz em alguns t ranstornos mentais tais como: - Transtornos depressivos - Transtornos ansiosos - Transtornos de comportamento - Transtornos alimentares - Reações de ajustamento - Transtorno de estresses pós-traumático A técnica da P.B.I., baseia-se no princípio da flexibilidade, que permite a integração de diversas técnicas de diferentes abordagens terapêuticas, além dos recursos da psicofarmacologia. Tem objetivo delimitado e enfatiza a realidade objetiva. Utiliza-se dos Triângulos de Interpretação para a compreensão do psicodinamismo do paciente e também dos conceitos de Experiência Emocional Corretiva (E.E.C.) e de Efeito Carambola para a explicação dos mecanismos terapêuticos. Além disso, a técnica de P.B.I. se sustenta no que foi denominado em 1984 por Vera Lemgruber, de "Tríade da P.B".: Atividade do terapeuta, que se opõe à Regra de Abstinência, já que a atenção seletiva do terapeuta em P.B.I. contrapõe-se à atenção flutuante do psicanalista e evita-se o estabelecimento da Neurose de Transferência também através de interpretações que valorizem o vértice da realidade atual no Triângulo do Insight e do emprego de focalização através de interpretação, atenção e negligenciar seletivos em relação ao foco de trabalho previamente estabelecido e discutido pelo terapeuta com o paciente. Planejamento das estratégias terapêuticas a serem utilizadas e dos objetivos a serem atingidos, a partir da avaliação inicial e indicação terapêutica. É necessária uma avaliação prévia das condições internas e estrutura de personalidade do paciente, através de um diagnóstico nosológico (CID-10 e /ou D.S.M. IV) e de um diagnóstico psi codinâmico (com base no esquema dos Triângulos de Interpretação), pois nem todo paciente tem indicação para este tipo de técnica. Foco estabelecido através da compreensão do psicodinamismo do problema do paciente, obtida pela avaliação do Triângulo do Conflito, com base na Teoria dos Afetos. É importante para o terapeuta, na P.B.I., uma adequada avaliação das dificuldades do paciente e da gênese de seus problemas, para uma melhor compreensão dos conflitos psicodinâmicos. Dessa forma, apoiado numa sólida teoria de desenvolvimento psicológico, ele busca aumentar a probabilidade de propiciar Experiências Emocionais Corretivas. A Focalização impede a Regra Fundamental da Associação Livre da Psicanálise, mantendo o problema principal como o foco central do processo terapêutico. O paciente é levado a identificar e correlacionar seus problemas e dificuldades, com as situações de sua vida diária nas quais eles aparecem. Essas características essenciais distinguem a técnica da P.B.I. da técnica psicanalítica clássica, por se oporem às principais bases dessa. 1.2- EFEITO CARAMBOLA Carambola é a expressão usada para identificar uma jogada de bilhar ou sinuca em que uma determinada bola ao ser impulsionada por um taco, gera movimento em outras bolas que não haviam sido atingidas diretamente mas que passam a mover-se impulsionadas pelo movimento gerado pela primeira bola. Por analogia à carambola do bilhar, o termo Efeito Carambola foi utilizado por Vera Lemgruber para expressar o mecanismo interno de potencialização dos benefíci os terapêuticos obtidos através da técnica focal, com i sso identificando a característica da técnica focal, na qual, ao se resolver o conflito focal circunscrito a uma determinada área da vida do paciente, outras modificações em diversos aspectos do i ndivíduo podem ocorrer, como reflexo d e repercussões positivas da reformulação desse aspecto específico que foi focalizado e trabalhado durante a terapia. O Efeito Carambola encontra-se fundamentado nas neurociências. A partir das Experi ências Emocionais Corretivas (E.E.C.) é possível uma formatação biológica do domínio psicológico da ordenação e construção da experiência. Com isso propicia-se o estabelecimento de novas redes de conexões neuronais. No processo psicoterapêutico, com o objetivo de promover essas experiências de reaprendizado que levam às modificações internas no modo como o indivíduo vê a si próprio e aos outros, um i mportante elemento da facilitação de mudanças é a E.E.C. "Efeito Carambola significa tornar um círculo vicioso em círculo virtuoso". (Comentário de um paciente após alta do tratamento de um episódio depressivo). 1.3- TEORIA DOS AFETOS Essa espécie de "kit-básico de sobrevivência" tem vantagens adaptativas para o ser humano e pode ser classificado em 3 grupos: - Afetos inibidores: restringem ou limitam reações. - Afetos ativadores-reguladores: regulam experiência de separação e estabelecimento de limites e da intimidade. - Afetos ativadores-geradores de prazer: promovem interesse, conforto ou desejo sexual. O neurocientista A. Damásio ("Os Mistérios da consciência", 2000), ressalta a visão de Darwi n sobre a evolução das emoções nos seres humanos, dizendo que, "do ponto de vista ev olutivo, o problema de vida e sobrevida é fundamental e influenciou a forma de organização do cérebro humano, levando aos trilhões de sinapses cerebrais e redes nervosas que configuram a complexidade da mente humana". Para ele, o fato de o ser humano ter emoções é o que leva à criação do estado mental da consciência e permite ao ser humano ter pensamento, memória, imagem do self e comunicação. Porque os afetos são mais dinâmicos e menos fixos que os instintos e porque sua expressão é passível de modificação pela aprendizagem, a Experiência Emocional Corretiva (EEC) leva à possibilidade de mudança durante a psicoterapia pela reaprendizagem inerente ao processo psicoterapêutico. 1.4- TIPOS DE PSICOTERAPIA BREVE Assim, o primeiro ponto a ser determinado é o tipo de Psicoterapia Breve, pode ser classificada em três tipos básicos: a) Psicoterapia breve mobilizadora. Trata-se de um processo que tem como objetivo a evidenciação da ansiedade contida em processes mórbidos apresentados pelo paciente, mas que, devido a diversos fatores, ainda não se encontra apto (ou mobilizado) para se submeter a um processo psicoterápico. b) Psicoterapia breve de apoio.
Trata-se, por sua vez, de um processo de ação terapêutica que tem como objetivo diminuir a ansiedade de um paciente que sofra de dificuldades emocionais, sejam elas de que origem for. Notadamente eficiente no acompanhamento de pacientes da área hospitalar cuja principal dificuldade está em lidar adequadamente com algum distúrbio somático que o levou ao hospital, seja clínico ou cirúrgico. c) Psicoterapia breve resolutiva. Destina-se a procurar a origem intrapsíquica que originou a situação de crise vivida pelo paciente com o objetivo de efetivamente resolver o quadro apresentado, com a resolução do problema. É o tipo de Psicoterapia Breve que tem em sua determinação o principal objetivo de uma psicoterapia que é óbvio ao meu ver, ser terapêutico, isto é, efetivamente tratar. Tendo então delimitado o campo em que se pretende trabalhar, isto é, o terapêutico, salientam-se algumas questões básicas como: as indicações dessa modalidade de tratamento, o problema da "focalização", a duração do processo, o prognóstico esperado e, destacadamente, a metodologia adequada a este tipo de processo. A prática da psicoterapia psicodramática clínica converteu-se, influenciada principalmente por modelos psicanalíticos, em um processo cada vez mais longo e mais amplo, do que inicialmente idealizara Moreno. Para Moreno, que sem assim o definir foi um grande defensor da Psicoterapia Breve, a psicoterapia psicodramática tem como meta a cura, a possibilidade de atingir o retorno do pa ciente às suas condições psíquicas anteriores ao transtorno apresentado, em um tempo mínimo, em que se consiga ajudar à pessoa a: a) Aceitar a realidade de seu ser-no-mundo, isto é, como a pessoa é e quais são as suas reais possibilidades de ser e agir; b) Penetrar no psiquismo da pessoa e ajudá-la na realização de si mesma, a continuar seguindo o caminho de sua vida que foi interrompido pelo estabelecimento de uma situação especial de "doença" (uma crise, por exemplo) e permitir que ela tenha domínio sobre suas próprias variáveis individuais. c) O objetivo deve ser reintegrar o "doente" na cultura a que pe rtence, ajudando-o a manifestar todo o seu potencial possível, restabelecendo seu potencial criativo e sua espontaneidade. Nos processes terapêuticos, o conto do "Patinho Feio", não importa ser "pato" ou "cisne", mas o importante é conscientizarse que se está no "lugar errado" e que se quer ser "pato" quando se é "cisne" e vice-versa, muitas vezes perdendo a oportunidade de ser um "bom pato, se é pato" ou um "b om cisne, se é cisne". E assim se concentra a idéia de uma psicoterapia breve, isto é, a de procurar, ao lado do ser que sofre, encontrar a solução para a sua aflição, pesquisando no campo do "mundo externo", primeiramente, e a seguir no seu "mundo interno", as origens de seu sofrimento, sem se estender em longos caminhos de modificação. Portanto, o processo de psicoterapia breve envolve a criação de um vinculo transitório entre terapeuta e cliente, baseado na relação dialógica, estruturado na empatia, com um nível mínimo de consolidação para que se possa desenvolver, tanto no contexto dramático, quanto no relacional, uma certa experiência emocional de correção ("Experiência Emocional Corretiva", aqui empregada num sentido mais amplo do que o proposto por Alexander, pois envolve não apenas a experiência relacional, mas tamb6m a revivência psicodramática corretiva), possibilitando a emergência de aspectos inconscientes transferencialmente agregados à situação vivida no presente pelo paciente, permitindo o reconhecimento destes aspectos profundos (insight) e a liberação de cargas emocionais bloqueadas ligadas a eles (catarse de integração). Um outro elemento que se apresenta para a conceituação de psicoterapia breve é a questão da determinação dos objetivos a serem alcançados pelo processo. E o objetivo, primordialmente, não é outro senão o de se atingir aquele equilíbrio existente anteriormente A crise, com a resolução destes aspectos transferenciais agregados. Isto traz à tona outra questão: a da focalização, que merecerá um item destacado mais á frente ainda neste capitulo. Mas, desde já é importante afirmar a necessidade da sua correta identificação por parte do terapeuta, pois disto depende o êxito do processo. Quanto a questão do termo breve, que indica um fator especifico nesta modalidade de psicoterapia, trata-se efetivamente da limitação do tempo de duração do tratamento, determinado desde o inicio do trabalho. Tem como fundamentação não somente as questões sócio-econômicas institucionais ou particulares, mas também a observação de que uma situação de crise é limitada no seu tempo de duração. Há também, em sua argumentação, a proposição colocada por Malan de que o período predeterminado para a duração do processo desencadeia uma "ansiedade positiva", algo como no principio existencialista de que o "reconhecimento da morte possibilita a vida!" Finalmente, neste item quero deixar ressaltado que os meios de alcançar o objetivo terapêutico envolvem vários níveis de ação, que vão desde mostrar ao paciente o que esta realmente acontecendo e de que forma ele está reagindo (clareamento), passando por uma etapa pedagógica, em que lhe são oferecidas algumas alternativas de solução (esclarecimento) até atingir a fase mais importante do processo que é a abordagem psicodramática direta dos conteúdos do mundo interno que impedem o seu livre desempenho (resolução). Assim, neste sentido, a Psicoterapia Breve tem a finalidade de uma "experiência emocional corretiva", em que se oferece ao paciente a oportunidade de vivenciar uma situação especial em um contexto relacional de aceitação e segurança, onde ele possa chegar a uma formulação interna do conflito e reestruturar a sua vivência de ansiedade frente a uma situação emocional antes insuportável. Reunindo todos estes elementos apresentados é possível chegar a uma conceituação de Psicoterapia Breve: Uma forma de tratamento de distúrbios de natureza emocional, fundamentada no referencial teórico do Psicodrama, que se utiliza alguns elementos técnicos e até mesmo teóricos de outras linhas de psicoterapia; de objetivos terapêuticos determinados, na medida em que se restringe a abordar certas áreas de conflito previamente limitadas em um foco; caracterizada por se desenvolver em um tempo limitado de duração, fixado ao início do processo; praticada por um terapeuta previamente treinado que adote uma atitude bastante ativa, de verdadeiro "ego-auxiliar" baseando seu trabalho na relação empática; dando especial ênfase ao "atual ". sem deixar de se preocupar com os conflitos internos no que tenham de interligação com os atuais, na expectativa de que, através do insight e da catarse de integração, posse ser restabelecido o equilíbrio psíquico anteriormente presente. 1.5 - CRITÉRIOS DE INDICAÇÃO Vários autores têm apresentado em suas publicações uma gama bastante variável de indicações para Psicoterapia Breve, que vão de indicações bastante restritas, como as de Sifneos (1977) para as muito amplas e flexíveis de Davanloo (1977), que incluem até traços graves de caráter. É indiscutível que nem todos os pacientes podem se beneficiar de um processo de psicoterapia breve, levando-se em conta sua modalidade resolutiva, devendo a seleção basear-se não apenas em critérios clínicos, que são fundamentais porém não suficientes, mas também em hipóteses psicodinâmicas e sociodinâmicas. Alguns quesitos são fundamentais para o sucesso do processo breve de psicoterapia como, por exemplo, a chamada "força de ego" do paciente, isto é, sua capacidade egóica, sua percepção do ambiente, sua avaliação de valores e seus sentimentos devem estar equalizados e presentes; reconhecer-se em um estado alterado de seu psiquismo e querer sair dele é condição "sine qua non" não só para o desenrolar da terapia como para sua própria indicação. Usando uma linguagem estritamente psicodramática, pode-se auferir o grau de maturidade e liberdade egóica de uma pessoa pela sua maior ou menor oferta de papéis ao longo da vida: pessoas com pouco relacionamento interpessoal, com poucos papeis sociais e poucas capacidades de abstração psicodramática são mais difíceis de se trabalhar em qualquer psicoterapia. De maneira geral, a indicação de Psicoterapia Breve se ampara em um tripé assim estabelecido: a) "Quadro clínico" - indicação para pacientes de quadros agudos, de origem imediata ou muito recente, caracterizando situações de crise. b) "Quadro Social" - disponibilidade econômica e/ou de pessoal, tanto da parte do paciente quanto do agente terapêutico. c) "Quadro de Expectativa" - avaliação do nível intelectivo-cultural, levando-se em conta o nível de expectativa frente ao processo terapêutico apresentado pelo paciente. Observe que, de maneira geral, está-se falando em psicoterapia breve resolutiva, sendo que para as modalidades mobilizadora e de apoio não há tantas exigências. Contra-indicações Pouco eficaz, ou mesmo contra-indicada é a Psicoterapia Breve, segundo vári os autores, de acordo com dois aspectos básicos:
a) Diagnóstico clínico: psicoses, doenças psicossomáticas (que, de a cordo com certas interpretações têm sido consideradas como as "psicoses no corpo"), personalidades psicopáticas, droga -dicção, homossexualidade, obsessões graves, tentativas potencialmente eficientes de suicídio, agitação psicomotora com agressividade. b) diagnóstico psicodinâmico: quando há grandes debilidades egóicas, com dependências simbióticas intensas, ambivalência, tendência ao acting-out, escassa motivação para o tratamento, dificuldade para se estabelecer um foco, devido ao entrelaçamento de situações dinâmicas múltiplas. 1.6- FOCALIZAÇÃO. Um outro ponto importante a ser abordado na delimitação teórica da Psicoterapia Breve é o conceito de foco. Lemgruber (1984) define como foco: o material consciente e inconsciente do paciente, delimitado como uma área a ser trabalhada no processo terapêutico atrav6s de avaliação e planejamento prévios. Fiorini (1978) faz uma excelente apresentação deste conceito em seu livro, descrevendo-o como uma organização complexa da qual fazem parte formulações que enfatizam aspectos sintomáticos (como, por exempl o, o próprio motivo da consulta), aspectos interacionais (o conflito interpessoal que desencadeou a crise), aspectos caracterológicos ("uma zona problemática do indivíduo"), além de aspectos próprios da díade terapeuta-cliente e o desenvolvimento da técnica. Partindo-se da premissa que tem sua base teórica na formulação gestáltica de que o mundo fenomenal é organizado pelas necessidades do indivíduo, que energizam e organizam o comportamento, vemos que estas observações de Fiorinni seguem como que "um rio canalizado", abrangendo diferentes níveis de um mesmo foco. Isto porque o indivíduo, ainda segundo este pensamento, executa as atividades que levam à satisfação das necessidades seguindo um esquema hierárquico em que desenvolve e organiza as figuras de experiência segundo um certo grau de complexidade. A medida que as enfrenta, há sua resolução e conseqüente desaparecimento, podendo o indi víduo continuar no caminho de sua meta. Ora, em uma situação terapêutica, temos como um único foco em seus diversos níveis - a situação trazida por um paciente em que a "porta de entrada" seja realmente uma série de sintomas somáticos (taquicardia, palpitações, falta-de-ar, tonturas), desencadeados num segundo nível pela ansiedade ou angústia frente a uma situação especifica (da qual, em muitos casos, a pessoa nem se deu conta). Deve -se ter em conta que a a ngústia é o sentimento natural que se apresenta em um indivíduo perante uma situação de conflito. Portanto, como delimitação do foco, tem-se a sintomatologia apresentada, a ansiedade que Ihe deu origem e o conflito atual que gerou essa ansiedade. 0 conjunto atual é a situação vivida pelo sujeito, que encontra dificuldades para resolver um problema (obstáculo) que a vida lhe ofereça. Este conflito atual, uma perturbação na relação eu-tu ou eu-isso que o i ndivíduo apresente, pode ser "curto-circuitado" com uma situação emocionalmente semelhante vivida em seu passado e mal elaborada por ele em seu desenvolvimento. Esta situação pretérita constitui outro elemento do f oco, já agora mergulhando no mundo interno, inconsciente, projetado no presente pelo mecanismo da transferência. Por aqui, chega-se ao conflito nuclear, muito provavelmente alguma situação ou momento da vivência com figuras parentais em que altas cargas de emoção foram bloqueadas, gerando o que comumente é chamado de "núcleos transferenciais". Nas palavras de Fiorini de que "a focalização da terapia breve é a sua condição essencial de eficácia" compreendemos o sentido primordial do trabalho terapêutico breve, abandonando, pelo menos no momento, a sugestão apresentada por Malan de se trabalhar com mais de um foco em terapia breve, pois vejo nisto o risco de se perder a essência do processo breve e de se criar uma outra forma alternativa de abordagem - que poderia ser aplicada em processos psicoterapêuticos de duração limitada (como o trabalho realizado por residentes em Hospital de Ensino ou o de Estudantes de Psicologia na Clínica-Escola) - mas que, a meu ver, foge em precisão do termo "Psicoterapia Breve" em sua conceituação anteriormente explicitada. Com esta perspectiva de avaliação e ação sobre o foco, contraria-se a opinião de muitos psicoterapeutas (principalmente psicanalistas) que afirmam ser o trabalho de Psicoterapia Breve muito superficial, visando apenas a remoção de sintomas. Ora pois, ao se abordar em um mesmo foco diferentes níveis de profundidade de um conflito, espera-se atingir o "conflito nuclear", obtendo a sua resolução no seu mais profundo nível, ainda que - ligados a este ponto conflitivo - existam outros pontos, outros focos a serem abordados. Esta "ramificação" d e conflitos profundos compõe toda a estrutura psíqui ca da pessoa e sua abordagem completa realmente é apanágio das psicoterapias prolongadas. Assim, creio ser importante distinguir-se entre profundidade e amplitude em Psicoterapia Breve, visto que é possível ser atingida uma profundidade nuclear nesta forma de terapia, sem que, no entanto, se tenha uma grande "amplitude" de campo de ação terapêutica, No entanto, é preciso estar atento para que não se trabalhe realmente apenas no sentido de suprimir os sintomas, como pode ocorrer em outras formas de abordagem (principalmente a medicamentosa). Neste sentido é interessante observar a colocação de Jurandir Freire (1978): Um sintoma é a manifestação visível e sensível de uma estrutura e a estrutura é ela mesma. Mais ainda, um sintoma sintetiza um conflito presente e uma história conflitual passada, ele é um resumo, um instantâneo da vida do sujeito... Se a Psicoterapia Breve consegue fazer com que o sintoma desapareça no ato da cura ou sua estratégia foi bem-sucedida, o sintoma foi suprimido e com ele o funcionamento patológico que lhe deu origem, ou sua estratégia foi malsucedida, o sintoma pode desaparecer, mas deu lugar a uma "sintomatização" do ego ou do caráter, problemas psicopatológicos bem mais graves. No primeiro caso, quer queira, quer não, o terapeuta agiu sobre a estrutura. Neste sentido, a psicoterapia obteve um efeito pleno... 1.7- DURAÇÃO E PROGNÓSTICO " Se, durante nossa própria vida, assistimos a uma deterioração corporal irreversível, a brevidade de nossa existência só faz torná-la mais excitante. Uma flor conhece apenas por uma noite sua plena floração, mas nem por isso sua eclosão nos parece menos suntuosa". (Sigmund Freud, "O efêmero", 1920). Se assim o é na vida, assim o pode ser na nossa Psicoterapia, principalmente em se tratando da sua brevidade de duração. Se, para os autores que trabalham com o referencial psicanalitico, torna-se muitas vezes paradoxal e até mesmo impraticável o trabalho de curta duração, para o Psicodrama este problema parece não aparecer, pois a teoria na qual se apoia é fundamentalmente existencialista e reconhece as suas proposições, além de ter sido criado por Moreno com este mesmo objetivo de praticidade e curta duração.. Como trabalham com a transferência, e não com a relação télica (ou empática), os autores psicanalistas ficam perdidos em contradições e acabam por impor, arbitrariamente, um tempo qualquer para a evolução de, um processo que chamam de Psicoterapia Breve. Para citar alguns autores e mostrar a variedade de posições neste campo, vale fazer uma varredura bibliográfica. Assim, Perez-Sanchez e Cols (1987) falam em um mínimo de um ano de tratamento; Sifneos (citado por Gillieron, 1983) diz ao paciente que o tratamento será interrompido, mas sem dizer-se quando; J. Mann (também citado por Gillieron, 1983) dispõe de 12 horas para realizar a psicoterapia, distribuindo estas 12 horas conforme a natureza da problemática do paciente em 12 sessões de uma hora, 24 sessões de meia hora ou 48 sessões de 15 minutos; Malan (1963) em seu primei ro trabalho sobre Psicoterapia Bre ve não explicitava ao paciente a limitação do tempo no inicio do processo. Reconheceu posteriormente que isto foi motivo de dificuldades ao se planejar o término da terapia, vindo posteriormente a determinar a data de término do processo e não o número de sessões; Bellak e Small (1980) determinam precisamente o número de seis sessões para seus tratamentos de emergência; Knobel (1986) questiona muito estas questões, preferi ndo deixar em aberto o tempo de cada sessão, sua freqüência e sua duração. Por outro lado, tendo o Psicodrama e o existencialismo na retaguarda e um correto diagnóstico de uma situação de crise autolimitada vivida pelo paciente, torna-se relativamente simples delimitar o número de sessões para o processo de uma psicoterapia breve resolutiva. Em minha experiência clínica, passei,a adotar o critério de sempre definir com o paciente a data do término depois de uma, duas, ou mesmo três sessões iniciais em que me detive na apreciação da problemática apresentada para estabelecer um diagnóstico preciso de quadro reativo, ou mesmo, de quadro agudo em um processo crônico que não procurarei atingir. Assim, nos casos em que o paciente efetivamente apresentava uma situação de crise, intensamente motivado para a psicoterapia, com estruturação de ego satisfatória (avaliada pelo seu costumeiro desempenho de papéis), o trabalho não ultrapassou dez semanas de evolução, levando-se em conta, ainda, um pequeno período para elaboração do ocorrido e planejamento de novas atitudes perante a vida. Portanto, em minha proposta de psicoterapia breve, sempre procuro avaliar de inicio a possibilidade de sua aplicação (indicação) e só assim me sinto à vontade para estipular o tempo limitado de dez semanas para a duração do processo,
deixando em aberto a possibilidade da realização de um novo "bloco" de mais dez sessões, ou então a indicação de psicoterapia prolongada (o que na minha prática acabou por se restringir, em casos de terapia individual, à indicação de um trabalho grupal). Quanto ao prognóstico, respeitando-se - repito - os critérios rigorosos de indicação, são extrem amente favoráveis, sendo recomendável, apenas, a realização de entrevistas periódicas de reavaliação. 1.8- SISTEMATIZAÇÃO DO PROCESSO DE PSICOTERAPIA BREVE (PROPOSTA DE UM MODELO DE AÇÃO TERAPÊUTICA) Fugindo da proposição de muitos autores de que o Psicodrama é apenas "um ótimo recurso de técnica" na terapia breve, minha proposta se baseia em que, de "método auxiliar", passe o Psicodrama a ocupar o espaço que lhe atribuíra Moreno, qual seja o de técnica, teoria e filosofia de compreensão e tratamento do ser humano, neste caso envolvido em uma situação tão comum, ainda que especial, que se traduz por um quadro de crise ou descompensação psicológica. Pretendo apresentar aqui não uma série de "receitinhas" de como se fazer Psicoterapia Breve, mas, apenas, esboçar um plano geral de atendimento nesta forma de abordagem que leve em consideração os principais pontos de apoio em que pode se basear o terapeuta psicodramatista que se proponha a utilizar este recurso, seja na clinica privada ou em ambiente institucional. Inicialmente, procurarei apresentar uma idéia do psicoterapeuta psicodramatista trabalhando na função de "ego auxiliar" de uma pessoa em crise. Encontra-se em Moreno (1978) a afirmação que delimita esta postura, quando ele diz: A situação de ego auxiliar consiste, pois, em atingir a unidade com uma pessoa, absorver os desejos e necessidades do paciente e agir em seu interesse sem ser, contudo, idêntico a ele. Para tanto, é preciso que, desde o iní cio, o terapeuta se despoje de algumas posturas que tomam corpo em nosso trabalho cotidiano devido aos vícios de se realizar uma psicoterapia prolongada, onde sempre se tem tempo para deixar que o próprio cliente dirija o processo terapêutico para uma exaustiva e profunda compreensão e elaboração de sua vida. Na Psicoterapia Breve, o papel do terapeuta é muito mais amplo, muito mais ativo, participativo e, por isso mesmo, muito mais responsável. Exige-se alguma experiência e muito mais disposição para exercer ativamente o papel de terapeuta que se exige em processos prolongados. Isto porque, se na terapia prolongada assumimos o papel de ser, aquele que apenas carrega uma lanterna ao lado do paciente para iluminar os seus próprios passos" (como nos ensina a experiência dos mais antigos), na Psicoterapia Breve temos o dever de - ainda que por breve período de tempo - iluminar todo o momento de vida do paciente. Assim, recebemos o indivíduo imerso em uma situação em termos comparada à vivência da Matriz de Identidade Indiferenciada, ainda que em devido à uma situação existencial especial. Portanto, cabe-nos assumir a função de ego auxiliar (em seu sentido mais amplo), favorecendo a momentânea formação de um vínculo sólido e, através das técnicas de treinamento da espontaneidade e reconhecimento do eu, reconduzirmos o indivíduo para o seu pr6prio e livre caminho. Este processo exige muito do terapeuta, pois além de simplesmente observar o paciente em sua "viagem através de si mesmo", devemos viajar junto com ele, cedendo-lhe a nossa "parte sadia". Moffatt diz que "com nossos núcleos histéricos nos introduzimos no mundo do paciente representando e transmitindo emoções e com nossos núcleos esquizóides ,evitamos que no final do processo sejamos dois no fundo do poço em lugar de um só", através da dissolução i nstrumental que permite que uma parte nossa acompanhe o paciente em sua viagem, enquanto a outra permanece testemunhando o que está acontecendo e possa conduzir o processo terapêutico a termo. Disponibilidade e experiência são, portanto, dois pré-requisitos fundamentais para o psicodramatista que se proponha a realizar a Psicoterapia Breve. Por outro lado, deve-se exigir do paciente que ele tamb6m tenha "muita vontade" de se tratar e que esta situação em que se encontra seja um quadro reativo, sem grande comprometimento da personalidade. Na Psicoterapia Breve, cliente e psicoterapeuta formam uma dupla baseada na relação Eu-Tu, devendo o terapeuta abandonar a postura de "agente catalisador" para apresentar um papel muito mais intenso e atuante no trabalho, o de "agente participante". Terapeuta e cliente embarcando juntos nesta experiência, impedindo a cronificação do quadro, pois se o paciente tiver de conduzi-la sozinho, recorrera mais facilmente a mecanismos de defesa cada vez elaborada,estruturada e m ais subjetiva, vinda, eventualmente, a desenvolver quadros neur óticos severos e até psicóticos. É de fundamental importância salientar que, neste tipo de trabalho, o papel ativo do terapeuta terá muitos efeitos sobre o paciente. Portanto, é preciso estar sempre atento para que os fatores i ntervenientes de cura, como o efeito placebo, não se traduz na prática em um efeito nocebo. A profundidade que se alcançará em um processo de terapia breve dependerá da "força do ego" do cliente e da habilidade do terapeuta em aprofundar a pesquisa da Psicodinâmica verticalmente, em um único foco. Logo, é mais do que importante que o terapeuta tenha em mente a necessidade de, sempre que possível, fornecer dados e elementos para o fortalecimento da parte sadia do cliente, pois esta será a sua grande aliada na jornada pela recuperação do paciente. Um trabalho amplo de Psicoterapia Breve, principalmente em nível institucional, requer uma combinação de procedimentos oriundos das diversas especialidades que atuam em saúde mental, notadamente dos serviços de enfermagem, terapia ocupacional e assistência social. Ressalto aqui, como já o fiz repetidas vezes, a importância da capacidade empática do terapeuta, aliada ao seu conhecimento técnico e teórico e a sua espontaneidade em caminhar ao lado do paciente, para que não se perca em elaborações c explicações que, por mais sedutoras que sejam, possam implicar o desvio do objetivo determinado. E, finalmente, reafirmo que é fundamental manter-se atento para que o ecletismo de técnicas e teorias não sancione uma terapia desregrada, mas que contenham coerência e harmonia entre si. 1.9- ESQUEMA TÉCNICO GERAL O desenvolvimento de um processo de Psicoterapia Breve implica na estruturação de um esquema técnico geral, que pode ser seguido em todos os casos em que se proponha realizá-lo. Tal esquema pode partir do diagnóstico realizado por ocasião da entrevista inicial com o paciente, em que se encontre predominância de ansiedade devida a uma história reativa recente, sem antecedentes que façam pensar em um processo psicótico, desenvolvimento de quadro neurótico crônico ou distúrbio caracterológico formal. Isto não quer dizer que a Psicoterapia Breve não possa ser aplicada a neuróticos crônicos ou a pacientes psicóticos. Apenas que, nestes casos, deve-se ter como expectativa não a resolução do processo de base, mas apenas da situação de crise que se instalou sobre ele. 0 prognóstico portanto é mais reservado e a indicação mais restrita, sendo conveniente sua utilização apenas como um processo de mobilização para uma psicoterapia prolongada. Com expectativas de bons resultados em Psicoterapia Breve são aqueles pacientes que apresentam quadros agudos de crise ou descompensação psicológica de inicio recente. Bons resultados são também alcançados em pacientes em situações potencialmente criticas, como adolescência, vestibular, casamento, gra duação, descasamento, viuvez, aposentadoria, rompimento amoroso, etc. Segundo Lemgruber (1984), é fundamental para o sucesso terapêutico que já na fase de diagnóstico averigúe-se a capacidade de o paciente formar uma "aliança terapêutica". Nas suas palavras: Este potencial se relaciona com a identificação do paciente com os objetivos do tratamento, com a sua motivação para a mudança, com seu nível de frustração e com a existência de uma "confiança básica" (capacidade de o indivíduo reagir às vicissitudes da vida por meio de uma atitude positiva frente ao mundo). O segundo passo no esquema técnico geral é o enquadramento, em que são estabelecidas as regras gerais que norteiam todo o processo. Tais regras, que devem ter a plasticidade exigida para cada caso, incluem limitar o número de sessões ou de semanas a serem realizadas, sendo considerados o limite de tempo, a freqüência das sessões, previsão de paralisações e retornos periódicos de reavaliação. O número de sessões, a meu ver, deve ser calculado a partir da entrevista inicial com o cliente, em que se levará em conta a gravidade da queixa apresentada. Como um ―número mágico‖ pode pensar em dez semanas como referência básica, aumentando ou diminuindo o número de sessões semanais (3, 2 ,1 ou, mesmo, nenhuma) de acordo com a e volução do processo. 0 principio que indica a delimitação precisa do número de semanas baseia-se na idéia de um "sistema fechado" que impede derivações de foco e alimenta uma ansiedade positiva (como uma "panela de pressão") que impulsiona o processo terapêutico em uma só direção, com a rapidez necessária para satisfazer as exigências sociais, econômicas e pessoais. Como um exemplo, pode-se propor um "bloco" de, digamos, dez semanas de terapia, com uma freqüência variável de sessões semanais (de acordo com a ansiedade do paciente) e nas últimas serão discutidas as seguintes alternativas, de
acordo com a evolução do processo: a. Alta do paciente, propondo-se que sejam feitas reavaliações periódicas, com um intervalo de inicio mensal e, posteriormente, semestral até a alta definitiva. b. Prolongamento da Psicoterapia Breve, com um recontrato para mais um bloco de sessões (que poderão até ter um número menor de semanas). c. Indicação de um processo de psicoterapia prolongada. Todas estas informações devem ser forneci das ao paciente, assim como as normas bá sicas do contrato terapêutico e, principalmente, a chamada "devolução de dados" em que lhe são transmitidas, com a suficiente clareza de linguagem, a compreensão de seu quadro atual (ainda que panorâmica e parcial). Ressalto que se deve deixar bem esclarecido que ele foi entendido globalmente e que nos propomos a ajudá-lo a "sair desta"! 1.10- ESQUEMA TÉCNICO ESPECIFICO O esquema de trabalho será dividido didaticamente em três etapas, procurando-se ordenar o processo terapêutico, sem, no entanto, perdermos a noção de que tais etapas podem acontecer simultaneamente, sobrepondo-se umas às outras no desenrolar do processo. As três etapas, nomeadas pela sua característica principal, são as seguintes: acolhimento, resolução e (Re)projetação . 1.11- ACOLHIMENTO (O INICIO DO PROCESSO TERAPÊUTICO) Esta primeira etapa é de extrema importância, pois o êxito do processo terapêutico dependerá substancialmente do sucesso de sua concretização. Aqui deverá o terapeuta dirigir seus esforços no sentido de organizar uma estrutura de sustentação na qual o paciente se instalará, criando uma verdadeira "placenta terapêutica". Ainda com o objetivo didático, esta primeira etapa pode ser subdividida em duas fases, assim denominadas: vinculação e ansiolitica. a) Fase de vinculação Pichon-Riviére, citado por Moffatt, diz da "necessidade do paciente, em estado de crise, de que alguém lhe segure o medo". Neder (1984) cita as experiências do psiquiatra norte-americano Eric Wright, que acompanhou pacientes em estado grave (de origem clinica ou acidental) no transporte de ambulância desde o local em que foi encontrado até o hospital. No trajeto, Wright mantinha-se próximo ao paciente e, segurando-lhe a mão, informava-lhe brandamente: "Você não está sozinho, não se preocupe, eu estou aqui com você. Está tudo sob controle; você já foi medicado e está tudo organizado. Não há com o que se preocupar. Descanse! ". Segundo o seu relato, isto era feito mesmo com o paciente inconsciente e os resultados revelaram uma diminuição no número de pacientes que faleciam antes de chegar ao hospital, mesmo tendo o mesmo nível de apoio clinico. Portanto, já a partir da primeira sessão de Psicoterapia Breve, o terapeuta deve estabelecer uma comunicação com seu paciente em que se tenha e m mente o processo da "confirmação da existência" da pessoa. Laing (1978), citando Buber e William James, faz a importantíssima afirmação: "O mais ligeiro sinal de reconhecimento do outro confirma pelo menos a presença da pessoa em seu mundo". 0 objetivo d esta fase é, pois, despertar no cliente a sensação de que não está sozinho neste mundo e que será compreendido e ajudado exatamente no que precisa. Para tanto, é necessário que o terapeuta esteja familiarizado com os principais concertos da teoria da comunicação desenvolvidos por Watzlawicki, Beavin & Jackson (1973). b) Fase ansiolítica . Esta é a fase em que será abordada a simultaneidade da ação músculo-emoção. Tal simultaneidade de ação parte de um principio fisiológico que coloca o animal em posição de "briga" ou de "fuga" frente a uma situação de perigo, mobilizando todo o seu esquema muscular. 0 relaxamento muscular pode ser considerado como a mais antiga técnica de acolhimento, pois é "nada mais, nada menos, do que o abraço e as caricias da mãe ante o pânico infantil, abraço que é simultaneamente contenção, encontro e relaxamento" (Moffatt, 1982). É no jogo, no entanto, que encontramos a expressão psicodramá tica máxima. Monteiro (1979) diz que o jogo permite ao homem reencontrar sua liberdade, através não só de respostas a seus problemas, mas também na procura de formas novas para os novos desafios da vida, liberando sua espontaneidade criativa. Bustos (1979) cita Moreno para dizer que "ele adorava o jogo, porque ai se encontra a liberdade". Nas psicoterapias de grupo, os mais variados jogos podem ser propostos, sempre tendo cm mente que, nesta situação especial, cm que o indivíduo não esta trabalhando diretamente o seu conflito, o nível de ansiedade se tornará cada vez menor, facilitando cm muito as demais etapas do tratamento. Nas psicoterapias bipessoais, devem ser estimulados os jogos com objetos intermediá rios, como bonecos, fantoches, tintas, "jogos de armar", etc. 1.12- RESOLUÇÃO. Esta etapa é a "espinha dorsal" de todo o tratamento. Trata-se do momento em que se irá abordar dramaticamente o "foco" da situação critica apresentada pelo paciente. Deve, então, o terapeuta trabalhar mantendo um "foco" de ação, termo que se refere As dramatizações centrais que derivam diretamente da "queixa" do paciente. O paciente deve ser sempre encaminhado para este foco, desprezando-se possíveis derivações que eventualmente surjam durante a dramatização. Aqui novamente é solicitada a experiência do terapeuta, pois de suas "hipóteses" dependerão a manutenção do "foco" em evidência. Na situação de crise, a pessoa não se apercebe da presença de barreiras secundárias (pertencentes ao seu mundo interno) que a limitam e se lança em campo em busca da resolução de sua meta, at6 a qual só vê um caminho, sem se dar conta destas barreiras que, obviamente, tornam árdua e desastrosa a caminhada, com evidente rebaixamento das funções egóicas. Portanto, o caminho para a meta é desviado pelas barreiras secundárias, levando o indivíduo a direções refratárias, chegando a distanciar-se tanto de sua meta que, por fim, se vê confuso, perdido e só, característico da crise. Cabe ao processo de Psicoterapia Breve manter o indivíduo no caminho de sua meta, parando a cada barreira, tentando solucioná-la. Ou, se isto não for possível devido à sua amplitude e ramificação, deve-se ao menos contorná-la, sem perder o rumo da solução. Em termos de "operação dramática", isto eqüivale a realização de sucessivos "atos terapêuticos", em que cada obstáculo secundário é abordado isoladamente, tendo-se a obrigatoriedade de encerrar a sessão sempre retomando o rumo da resolução do foco primário. 1.13- (RE)PROJETAÇÃO. Esta é a última e certamente a mais delicada etapa do processo de Psicoterapia Breve. Delicada sim, pois se as duas etapas propostas anteriormente exigiam experiência e talento do terapeuta, esta exige - além disto - sua capacidade télica. Aqui novamente é requerida a "capacidade empática" do terapeuta, pois é preciso "trocar de papel" com o cliente e, como no poema de Moreno, "vê-lo com seus própri os olhos", pois é nesta fase final do processo terapêutico que será el aborado e encaminhado um novo projeto de vida do paciente. Massaro (1984), ao discutir o conceito de temporalidade em Berg-son diz: Para criar o futuro, é preciso que algo lhe seja preparado no presente, e como a preparação só pode ser feita utilizando-se o que já foi, a vida se empenha desde o começo em conservar o passado e ante cipar o futuro; numa duração em que o presente, o passado e o futuro penetram um no outro e formam uma continuidade indivisa. Assim, esta etapa ocorre em um ―continuum‖ com a anterior, pois o papel social potencialmente mobilizado na fase de Resolução será aqui solicitado a demonstrar seu desenvolvimento e "lapidado" em suas arestas. Isto significa que, na elaboração de um novo projeto, 6 fundamental a analise critica e o questionamento sucessivo, a fim de se assegurar da solidez das soluções propostas. 1.14- CONSIDERAÇÕES FINAIS. Não nos cabe discutir neste trabalho a validade ou não da psicoterapia Breve, em seu sentido mais amplo. Isto porque as inúmeras publicações a respeito trazem informações irrefutáveis de sua utilização e eficácia a curto, médio e até longo prazos. Mesmo em relação às criticas de psicoterapeutas mais radicais e ortodoxos, nas quais se observa a preocupação
enfática dada aos conteúdos mais profundos da personalidade, o trabalho - ainda que focal e de curta duração - responde com resultados que revelam alterações significativas no comportamento das pessoas que dele se serviram, desenvolvendo uma nova realidade existencial, com mais clareza e menos sofrimento. As teorias de comportamento e técnicas de psicoterapia que têm surgido nos últimos anos, cada uma dando ênfase a uma parte do psiquismo, a uma parte da pessoa, não se importam em ver a pessoa como um todo em um dado momento de sua vida, inserida em seu ambiente social e antropológico, em que novas regras e solicitações existem e são construídas a cada momento, tornando pelo menos desatualizadas certas posturas mais ortodoxas. Ou seja, habituamo-nos a ver o Homem em "cortes longitudinais", esquecendo de vê-lo em sucessivos "cortes transversais" que compõem o seu cotidiano. Assim, como o próprio Moreno cita: "Deve haver uma seleção do veiculo e também do sistema de termos e interpretações que o paciente requer". Isto é, o "foco" da atuação terapêutica deve estar no paciente e não na teoria. E, pensando assim, vemos que há um enorme contingente de pessoas que sofrem de ansied ade pura ou somatizada, atingindo já níveis que se poderia considerar endêmicos em alguns centros como São Paulo. E, paradoxalmente, nada ou muito pouco se faz por estas pessoas, devi do a uma somatória intermi nável de fatores, em que pesam argumentos tanto do lado do paciente quando do agente terapêutico. Alega-se pouca verba para ampliação de instituições, ou porque se tem pouco profissional treinado na custosa área de Saúde Mental, ou porque nossos esquemas teóricos não são tão abrangentes como se supõe, ou ainda porque não se compreende a linguagem simples, concreta e superficial do homem comum. Enfim, muitos são os motivos alegados para que não se realize um trabalho mais voltado para a necessidade emergente da população, restringindo-se o trabalho terapêutico a uma elite cada vez mais selecionada. A Psicoterapia Breve, assim como foi apresentada neste trabalho, é, no entanto, apenas mais um dos recursos do qual se pode valer uma instituição no sentido de ampliar seu campo de ação para a comunidade que dela se serve. Em seu livro, Kesselman (1971) fala de "processos corretores de duração e objetivos limi tados", desenvolvendo um amplo programa de saúde mental, incluindo o trabalho de vários profissionais na área de saúde, em que a Psicoterapia Breve ocupa apenas um dos níveis de atendimento, ao lado do social, familiar, ocupacional, etc. Neste sentido é que se torna importante a elaboração de um plano de atendimento que beneficie a todos que dele se servem, como, por exemplo, no trabalho realizado por estagiários junto a departamentos de Psicoterapia, trabalho que teria, a meu ver, muito mais sentido (tanto no referente á própria aprendizagem quanto no assistencial) se fosse projetado com vistas aos objetivos e tempo limitados, porque na prática é assim que acontece. Tendo-se sempre em mente a noção de foco, é perfeitamente possível realizar-se um trabalho de psicoterapia em que em cada "bloco" de atendimento seja abordado apenas um foco crítico apresentado pelo paciente. Há, no entanto, que se ressaltar que a Psicoterapia Breve não um inovador instrumento milagroso que irá resolver todos os problemas apresentados por todos os pacientes. Para tanto, é preciso que se firme o trabalho terapêutico em uma indicação precisa em que, contrariando algumas das mais modernas tendências, é preciso partir-se de um diagnóstico previamente elaborado, antes de se indicar o tratamento adequado. Com isto, será possível distinguir um grande contingente de pacientes que, apresentando quadros reativos ou mesmo neuróticos de origem recente, podem ter seu sofrimento aliviado em pouco tempo, não apenas pela eficácia do processo terapêutico, mas também pela eliminação da cansativa "fila de espera" para estes casos, possivelmente evitando-se, assim, a sua cronificação. Portanto, se bem orientada e indicada, a Psicoterapia Breve pode contribuir decisivamente para: a) Diminuição da ansiedade e conseqüente relaxamento de campo, permitindo a real avaliação dos obstáculos. b) Identificação da noção de "campo de liberdade" e responsabilidade, desenvolvendo na pessoa a noção de que é livre dentro dos limites de seu campo de liberdade e impedindo que se esmague no centro dele, impotencializando sua ação. c) Chamar a atenção da pessoa para a sua própria vida e o sentido dela, contribuindo para um enriquecimento pessoal, como o desenvolvimento de papéis at é então desconhecidos ou pouco desenvolvidos. d) Maior ajustamento nas relações interpessoais: trabalho em muito facilitado na psicoterapia de grupo, mas que também pode ser desenvolvido em trabalhos bipessoais na medida em que se dá noções de uma comunicação clara e sadia. e) Avaliação das perspectives pessoais, com a reorganização de um plano de vida, em que se inclua suas percepções e reposicionamento durante o processo terapêutico. Enfim, se não produz um ser humano novo, espontâneo e criativo, conhecedor intimo das profundezas de seu ser, a Psicoterapia Breve pelo menos se propõe a acompanhar este mesmo ser humano em um momento especial de sua vida, em que prevalecem a dor e o sofrimento, ajudando-o a encontrar a melhor maneira de enfrentar e vencer um obstáculo (real e/ou fantasioso) que se interpôs no caminho de uma meta de sua vida. E, seja qual for o enfoque teórico dado ao procedimento técnico, todos aqueles que trabalham em saúde mental e, notadamente, em Psicoterapia Breve, têm muito clara a noção da necessidade de exercer esta profissão de ajuda com a dedicação que a situação exige. 2-O TRATAMENTO COM PSICOTERAPIA BREVE · Etapas iniciais de e ntrevistas, diagnóstico, contrato terapêutico e planejamento. · ―Rapport‖ : proximidade afetiva entre paciente e o terapeuta (aliança terapêutica). · O terapeuta deve transmitir confiabilidade e interesse pelos problemas do paciente. · Manter equilíbrio entre gratificações e privações do paciente. · Permitir gratificações moderadas de necessidades emocionais (ex.: responder perguntas). · Manter a posição frente-a-frente (usar a cadeira). · Participar dando sugestões, em algumas ocasiões, nos problemas atuais do paciente. · O terapeuta poderá buscar interpretar, lembrar causas, ajudando o paciente. 3-COMO TRABALHA O PSICANALISTA. · Tornar conhecido ao paciente aquilo que há de estranho dentro dele. · Saber fazer com que o paciente abra um diálogo, falando seus problemas. · Ser flexível, tolerante, empático, paciente buscando um ―relacionamento amigável‖. · Buscar conhecer o paciente. 4-COMO TRABALHA O PSICANALISTA BREVE. · Desencorajar a neurose de transferência e a regressão. · Buscar estimular um vínculo mais realista e definido. · Manter uma proximidade mais afetiva do paciente. · Fomentar uma rápida aliança terapêutica. · Oferecer uma imagem confiável. · Demonstrar interesse pelos problemas do paciente. · Permitir certo grau de gratificações de necessidades emocionais, respondendo perguntas formuladas pelo paciente. · Usar cadeira no lugar do divã. · Se posicionar frente-a-frente. · Ter uma função mais ativa, na busca de resultados. · Evitar o prolongamento excessivo do silêncio para evitar a ansiedade, regressão e perda de tempo. 5-UMA SESSÃO DE PSICOTERAPIA ANALÍTICA. · Já fez as entrevistas iniciais e contato verbal. · Recebe o paciente com cortesia. · Permite ao paciente se adapte ao ambiente. · Fala: ―muito bem, agora podemos começar o tratamento‖. · O paciente e o terapeuta devem sentar em poltronas. · O consultório deve possuir : mesa de centro, escrivaninha, armário com livros e um divã. · O terapeuta deve fazer uma avaliação com relato resumido das sessões anteriores. · O terapeuta deve oferecer o divã para o paciente deitar. Caso o paciente se recuse pode deixa-lo na posição ou lugar que lhe agradar.
· O terapeuta deve explicar que fará anotações. · O paciente não deve esconder nada , relatando o que pensa, sem ordem, importância e não deve se preocupar com coisas lógicas. · O terapeuta deve informar ao paciente que a hora da terapia deve ser utilizada da forma que ele quiser. · O terapeuta pode relembrar fatos e solicitar pormenores ou permanecer calado enquanto o paciente fala. · Após 3 meses deve ser realizado um balanço se a terapia deve continuar da mesma maneira. · O paciente deve contar sonhos, o terapeuta deve escutar e comentar caso necessário. · Os resultados são impreci sos ( a cura pode ou não acontecer). 6-UMA SESSÃO DE PSICOTERAPIA BREVE ANALÍTICA. · É o mesmo de uma sessão de psicoterapia analítica, observando as diferenças técnicas. · Motivar a aliança terapêutica. · Participar ativamente e diretamente. · Se posicionar frente-a-frente. · Usar cadeira no lugar do divã. · Valorizar o foco conflitivo do paciente. · Cumprir um planejamento prévio. · Elaborar critérios de alta do paciente. · Elaborar relatórios: anamnese, diagnósticos e evolução clínica. · Dar a sua visão no início e no final do tratamento. 7-ATENDIMENTO GRUPAL EM PSICOTERAPIA BREVE ANALÍTICA. · Alcoólicos, Toxicômanos e Neuróticos Anônimos. Pais de excepcionais e grupos de soropositivos de HIV. · Grupos homogêneos (com as mesmas questões), em busca de apoio, consolo e alívio. · A conivência com pessoas do grupo cria laços emocionais que contribuem para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas. · As pessoas aprendem a avaliar seus padrões de comportamento através da ajuda de seus pares, podendo experimentar mudanças internas e externas em suas relações. · Abaixo seguem 10 fatores curativos propostos por Vera Lemgruber: · Coesão grupal: atração do grupo para os seus membros e seus problemas que possibilita a ocorrência de fatores curativos. · Instalação de esperança: acompanhamento da evolução de cada membro do grupo, crédito na própria dinâmica, no potencial de cada um e na existência de soluções viáveis para suas questões. · Compartilhamento de informações: são as questões introduzidas pelos terapeutas ou pelos membros do grupo que depois de discutidas são incorporadas. As experiências novas, fruto dos debates, podem gerar a reestruturação de novas atitudes em alguns membros do grupo. · Universalidade: cada membro do grupo constata que não está só, nem é o único a enfrentar tal problema. · Altruísmo: oportunidade de ajudar o companheiro, sair de si mesmo para compreender o problema do outro e encontrar soluções, partilhando sua dúvidas e celebrando suas conquistas. · Desenvolvimento de técnicas socializantes: atividade que se torna possível devido ao convívio do grupo, que pressiona a cada um a deixar-se ajudar a contribuir para a melhora dos outros, a reagir a provocações, a se defender, a se divertir, a reformular padrões de reação, a entrosar-se e a respeitar a si próprio e aos outros. · Comportamento imitativo: utilizar como modelos às relações estabelecidas entre o terapeuta e o grupo, bem como dos membros do grupo entre si. É fundamental que as relações sejam de boa qualidade para que a imitação seja de efeito positivo. · Ventilação e catarse: intercâmbio de sentimentos gerados por experiências compartilhadas, que por sua vez provocam a liberação de emoções que incomodam por seu acúmulo. · Recapitulação corretiva do grupo familiar primário: repetir no grupo terapêutico o padrão relacional estabelecido com a família durante a infância. Em cima deste modelo o paciente pautará o seu relacionamento com outros membros do grupo, substituindo pessoas significativas da sua vida. Isto facilita a elaboração de conflitos reais ou imaginários que serão resolvidos através do ―feedback‖ oferecido pelo grupo e pelas interpretações do terapeuta. · Aprendizado Interpessoal: fato curativo que se sustenta na importância das relações interpessoais. Cada indivíduo cria no grupo o universo interpessoal que é adaptativo no sentido evolutivo e cultural. 8-TIPOS DE INTERVENÇÃO VERBAL DO TERAPEUTA. · Interrogar : pedir ao paciente, dados precisos, explorar em detalhe as suas respostas. · Proporcionar informações: o terapeuta é também um docente, dentro de uma perspectiva mais profunda e abrangente de certos fatos humanos, como por exemplo, na interpretação d e um sonho. · Confirmar ou retificar os conceitos do paciente sobre a sua situação. · Clarificar: reformular o relato do paciente de modo que certos conteúdos e revelações do mesmo adquiram maior relevo. · Recapitular: resumir pontos essenciais sugeri dos no processo exploratório de cada sessão e do conjunto do tratamento. · Assimilar: relações entre dados, seqüências, constelações significativas, capacidades manifestas e latentes do paciente. · Interpretar o significado dos comportamentos, motivações e finalidades latentes, em particular os conflitos. · Sugerir atitudes e determinadas mudanças a título de experiência. · Indicar: especificamente a realização de certos comportamentos com caráter de prescrição (intervenções diretas). · Dar enquadramento à ta refa: local das sessões, duração e fre qüência das sessões, ausências e honorários. · Meta intervenções: comentar ou aclarar o significado de haver recorrido a qualquer das intervenções anteriores. · Outras intervenções: anunciar interrupções, variações ocasionais nos horários, etc. 9-TRAÇOS GERAIS DE CONTRIBUIÇÕES DO TERAPEUTA EM PSICOTERAPIA BREVE. · O terapeuta deve manter uma postura solene. · O paciente deve ter um a sensação de conforto e segurança com o terapeuta e o ambiente. · O terapeuta deve ser se manifestar empaticamente utilizando -se da linguagem (sim..., compreendo..., e então?...). · O terapeuta deve transmitir ―calor humano‖, não ser indiferente, frio ou calculista com o paciente. 10-BIBLIOGRAFIA. BRITANNICA, ENCYCLOPAEDIA DO BRASIL Publicações Ltda. ENCARTA, ENCICLOPÉDIA - 1993-1999 Microsoft Corporation. NETO, FRANCISCO BATISTA, Psicoterapia Breve, SPOB, RJ.2000 NUNES, PORTELLA, Psiquiatria e Saúde Mental, Atheneu, SP- 2000 LAPLANCHE E PONTALIS, Vocabulário da Psicanálise – Martins Fontes, SP-2000 INTERNET - http://www.orgonizando.psc.br/zeg/breve.htm INTERNET - http://www.ferreira-santos.med.br/ppb.html Eduardo Ferreira-Santos INTERNET - http://www.ipi.med.br/pbi.htm
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Ocupação SUMÁRIO 1-Introdução. 2-Alguns mitos sobre hipnose. 3-Alguns conceitos sobre hipnose. 4-Uma breve biografia de Franz Anton Mesmer. 5-Uma breve biografia de Milton H. Erickson e o seu método. 6-A ficha clínica, a sua importância na prática do consultório. 6.1-Ficha de anamnese. 6.2- A importância da anamnese. 6.3- A utilização da hipnose clínica pode ser aplicada nos seguintes grupos. 6.4-Técnicas Psicoterapêuticas sob hipnose. 7-Por que Freud abandonou a hipnose? 8-a importância do ―rapport‖ para a hipnose? 9-os outros fenômenos hipnóticos. 10-O que é terapia mente-corpo? 10.1-Por quê o corpo sofre? 10.2-Qual a ação neurofisiológica da hi pnose em um estressado? 11-O que é treinamento autógeno? 11.1-Conceito segundo J. H. Schultz. 11.2-O curso normal do processo de Treinam ento Autógeno. 11.3-A respiração. 11.4- Exercícios práticos -Técnicas do Relaxamento progressivo de Shultz. 12-Viés e fragmentos da hipnose nas obras de Freud. 13-Bibliografia. 1-INTRODUÇÃO. Nos achados da Antigüidade, existem textos, com mais de 4.500 a.C., nos relatando como os sacerdotes da Mesopotâmia, usavam o Transe - "um estado diferenciado da consciência usual" - para realizar diagnóstico objetivando curas. Os Antigos egípcios a 2000 a.C., já utilizavam empiricamente encantame ntos, amuletos, imposição de mãos, sem se darem conta da imaginação e sugestão envolvidas nesses procedimentos. Historicamente, os primeiros registros de práticas hipnóticas, remontam a 2400 a.C., na Índia e na Caldéia. Podemos identificá-las, também, na Pérsia, Babilônia, Assíria, Suméria, Egito, Grécia, Roma, nos antigos Hebreus, nos Deltas. Nesses povos, magia, religião e medicina se confundiam. O termo hipnos-gnose derivado do grego (hypnos = sono), foi cunhado (1784-1860) pelo médico James Brai d, que escreveu o livro Neurohipnologia, e tem a ver com o estudo dos f enômenos do sono. O nome escolhido advém de Hypnos - deus grego do sono - e foi escolhido de vido a semelhança do estado de transe com o estado de sonolência. Vemos assim, que desde seu surgimento, a hipnose sempre esteve vinculada à busca da cura e é neste sentido que a ciência médica atual pesquisa não só a extensão que se pode obter, com o seu emprego, e também as respostas de como e porque o cérebro processa o estado hi pnótico. Com uma grande variedade de nomes, a hipnose é utilizada por milênios como uma forma de atuar no comportamento humano. Jean Martin Charcot (1825-1893) notabilizou-se pel as curas hipnóticas da histeria . O que levou ao início do estudo científico da hipnose. Em 1885, Josef Breuer publicou, juntamente com Freud, o famoso caso Anna O. como "Estudo sobre a histeria". A partir daí, Freud iniciou a prática da hipnose. O interesse pela hipnose teve seu recrudescimento durante a Primeira e Segunda Guerra Mundial como forma de tratamento das neuroses traumáticas de guerra. A hipnose tem recebido dentro da terapêutica uma série de nomes. Chegou-se até a criar-se uma ciência: hipnologia. Hoje se define hipnose, ou transe hipnótico, como um estado modificado da consciência, mais próximo da vigília do que do sono, caracterizado pela dominância das freqüências alfa e teta no eletroencefalograma. Atualmente, com outros nomes, há uma profusão de t écnicas que, na realidade, são hipnose: PNL, Controle Mental, Parto Sem Dor, Regressão de Idade, Regressão a Vidas Passadas, Regressão de Memória, Hipnose Light. A hipnose é um estado de passividade cerebral, no qual há inibição da consciência periférica. Distingue-se do sono fisiológico, visto que a hipnose não ativ a o sistema hipnogênico do tronco cerebral. Estudos realizados em sujeitos hipnotizados acusam EEG semelhante ao da vigília relaxada. Os reflexos neurológicos encontrados no sono fisiológico não são encontrados no sujeito hipnotizado. No estado hipnótico, contudo, são encontrados: dissociação, sugestionabilidade e hipermnésia, facilitando o acesso à vida interior do indivíduo (subjetividade). Esse estado, que é passageiro, ocorre, diariamente, em algum grau de profundidade, em todos os cérebros normais. Durante o transe hipnótico, a mente e stá por um tempo dissociado, porém com a atenção e a concentração hiperfocalizadas num ponto. Nesse momento, a fisiologia das funções corporais se modifica, e sabe-se que durante o transe modificam-se também a memória, a aprendizagem, o comportamento e o humor, o que favorece o auto conhecimento, a compreensão e a mudança emocional. Outra forma de hipnose, normalm ente observada em alguns cultos afros, exorcismo, movim entos de massas, seitas e religiões de forte apelação emocional é obtida através da excitação supramaximal, por estímulo sensorial ou forte emoção. Nesse estado, onde há predominância do sistema simpático, há descargas vegetativas violentas que, entretanto, funcionam como auto-regulação. São freqüentemente observados nessa forma de hipnose, fenômenos tais como amnésia, anestesia, catalepsia, alu cinações, etc. Os fenômenos mais conhecidos são representados, inicialmente, por bradicardia e bradipnéia, vasodilatação periférica, relaxamento muscular, ou rigidez muscular, imobilidade ou agitação psicomotora temporárias, analgesia e anestesia superficial, amnésia parcial temporária, hipermnésia focal, distorção do tempo, regressão na idade, pseudo-orientação do tem po no futuro, progressão na idade, alucinações positivas e /ou negativas, escrita automática, anestesia profunda, amnésia profunda e sugestão pós-hipnótica, além de outros fenômenos, alguns deles semelhantes ao sonho. A hipnose é dividida didaticamente, em hipnose direta ou convencional e hipnose indireta, natural ou Ericksoniana. A hipnose direta compreende as técnicas diretas como o relaxamento progressivo de Schutz, a do pestanejamento sincronizado comandado, etc. E se caracteriza pelo estímulo dinâmico e o tra nse estático ocorre pela fadiga dos centros sensoriais. A fenomenologia hipnótica expressa pelo paciente é especialmente útil para o hipnoterapeuta, que aproveita esse rico momento de mudança interior para realizar a ressignificação de crenças e comportamentos, tratando problemas físicos e ou emocionais emergentes através da hipnoanálise e da hipnoterapia. O método de hipnose criado por Milton H. Erickson consiste em fazer um tipo exclusivo de transe para cada cliente. Mesmo que seguindo uma forma de indução padronizada, fazendo-o ficar ao molde do seu cliente, de acordo com um critério de avaliação de como cada pessoa é, como cria seu sintoma, como é sua resistência, e assim por diante. As técnicas Ericksonianas ou naturalistas, usa-se muitas histórias, metáforas, anedotas, pois consiste em aprender junto ao cliente sobre a melhor forma de induzi-lo ao tanse hipnótico. O transe hipnótico favorece os diálogos mente, corpo, consciência – inconsciente; hemisfério cerebral direito – hemisfério cerebral
esquerdo, favorecendo os processos de auto - regulação e autocura. Deve-se ter em mente que a hipnose, não substitui os procedimentos médicos ou terapêuticos. HIPNOSE NÃO É PSICANÁLISE. É absolutamente ilícita, a prática da hipnose como pura experiência, como coisa interessante, como passatempo de desocupados, como meio de vida de curandeiros e charlatães e, sobretudo, como espetáculos ou festivais de palco. Segundo Freud, a hipnose é censurável por ocultar a resistência e por ter assim impedido ao médico o conhecimento do jogo das forças psíquicas. E não elimina a resistência; apenas a evade, com o que fornece tãosomente dados incompletos e resultados passageiros. Parece-me que a prática da hipnose não deveria sair dos limites dos Institutos Universitários de Psicologia/Psicanálise e das clínicas médicas. 2-ALGUNS MITOS SOBRE HIPNOSE. A hipnose é terapia ou psicanálise ? Falso A hipnose é mais uma ferramenta que pode ser utilizada em uma terapia. A psicanálise utiliza o método da livre associação. Existe hipnose sem permissão? Falso É preciso a concordância do sujeito que v ai ser hipnotizado para que o efeito hipnótico aconteça. Não há hipnose sem a anuência do sujeito. Não há perda do livre arbítrio em estado hipnótico. Não há perda de consciência na hipnose. Existe um estado de atenção concentrada. Existe um aprofundamento dos conceitos e valores. Durante a hipnose se perde a lucidez? Falso Caracterizada por um estado de profundo relaxamento onde o paciente mantém a lucidez e se mostra altamente responsivo às sugestões, se pode observar que e xiste um aumento da capacidade de concentração. Esta concentração pode ser direcionada a execução de determinadas atividades orgânicas internas a nível até mesmo celular. Aumentando e melhorando o trabalho destas células, glândulas, órgãos ou sistemas a favor de uma recuperação mais rápida e mais eficiente. E diminuindo os fatores que intensificariam esta doença. Este mesmo recurso é conseguido a noite ao dormir ou quando a pessoa esta em repouso (convalescente). A atividade orgânica esta diminuída e mais energia fica disponível para a recuperação e reposição de substâncias e estruturas ao corpo, maior concentração no trabalho e na atividade celular. A diferença é que na hipnose este recurso pode ser conduzido. Como definir o estado hipnótico? Dá-se este nome, escreve Jolivet, a uma espécie de sono anormal cuja profundeza é variável, e durante o qual o sujeito se levanta, escreve ou fala, i sto é, realiza o seu sonho. Distinguem-se os sonambulismos naturais ou espontâneos, estados patológico que em geral se desenvolve no curso do sono, e os sonambulismos artificiais ou provocados, que é uma forma do estado hipnótico, caracterizado pelo fato de se poder conversar com o sujeito, que, de seu lado, pode apresentar, para um observador inadvertido, a aparência de uma pessoa normal e perfeitamente acordada. Os estados da consciência são: a)Vigília: são ondas cerebrais do tipo beta. b)Estado alterado da consciência: estágio intermediário entre a vigília e o sono. São ondas do tipo alfa. c)Sono: são ondas cerebrais do tipo delta e teta. Fase REM do sono (fase de movimentos oculare s rápidos), é o momento onde geralmente ocorrem os sonhos. Fase NREM do sono. Todas as pessoas são hipnotizáveis? Falso. Somente 10% da população não é hipnotizável, ao contrário do que se acreditava. Pessoas alcoolizadas ou com deficiência mental estão nesse grupo. Crianças de pouca idade são hipnotizadas, mas com maior dificuldade. Existem três estágios de profundidade hipnótica: leve, médio e profundo. O estágio mais profundo só é percebido numa pequena parte da população. Daí a conclusão errada que somente 10% da população era hipnotizável A hipnose é causada pelo poder do hipnotizador? Falso Esta idéia vem desde os tempos de Mesmer, que vinculou o transe ao poder do magnetismo animal. Porém a hipnose não acontece apenas pelo poder do hipnotizador, mas pela aceitação e interação da pessoa que entra em transe e deseja experimentar aquilo que se pede. A hipnose só acontece quando existe a empatia (interação e confiança) entre o hipnotizado e o hip notizador. O hipnotizador controla o desejo do paciente? Falso O sujeito é protegido pelo inconsciente de fazer aquilo que não deseja. Caso ele faça é porque julgou inofensivo, ou por acreditar que aquilo possa ajudar. A pessoa pode não voltar do transe, ficar presa nele? Falso O máximo que acontece é a pessoa adormecer, que seria o passo seguinte ao transe profundo. Sabe-se que o transe é um estado entre a vigília e o sono. Se você aprofunda, dorme e pode ser acordado. A hipnose é sono? Falso A hipnose é um estágio a nterior. Às vezes, confunde-se o estado da pessoa em t ranse profundo, pensando que adormeceu. Mas mentalmente a pessoa é capaz de estar concentrada e com certo grau de consciência e responder aos seus comandos, ou seja, a pessoa está relaxada de forma alerta. Toda hipnose tem regressão? Falso Para haver regressão é necessário um transe médio ou profundo na hipermnésia e nem toda pessoa regride. A regressão não é hipnose. Na regressão as memórias podem ser construídas. O que vale é a realidade psíquica para o trabalho na psicanálise. Há perigos na hipnose? Verdadeiro. Os riscos existem quando o paciente se presta a participar de shows e demonstrações sem finalidades terapêuticas que normalmente são conduzidas por pessoas que se intitulam hipnotizadores, sem formação profissional adequada, podendo este leigo prejudicar o paciente. É uma técnica que trabal ha com o desconhecido, a mente inconsciente do ser humano. Ela pode ser uma ferramenta de trabalho para o psicoterapeuta, entretanto se torna uma arma perigosa se aplicada indevidamente por pessoas não qualificadas ou mal intencionadas.
Uma pessoa hipnotizada revela seus segredos involuntariamente? Falso A pessoa só falará, se assim o desejar, porque pode ocorrer a hipermnésia, a lembrança vívida de um fato esquecido. 3-ALGUNS CONCEITOS SOBRE HIPNOSE. Entre os conceitos já aceitos, está o de um ―estado natural de consciência, diferente do estado de vigília‖. Segundo o Aurélio, ―estado mental semelhante ao sono, provocado artificialmente, e no qual o indivíduo continua capaz de obedecer às sugestões feitas pelo hipnotizador‖. Segundo Milton Erickson, ―suscetibilidade ampliada para a sugestão, tendo como efeito uma alteração das capacidades sensoriais e motoras para iniciar um comportamento apropriado‖. O transe é um estado de sugestibilidade intensificado artificialmente e semelhante mas não igual ao sono, no qual parece ocorrer uma dissociação dos elementos conscientes e inconscientes do psiquismo. A sugestão e a auto-sugestão fazem parte do transe. A sugestão seria uma comunicação associada a uma influência que assim provocaria a absorção da mente consciente, que fica focalizada em algum tipo de absorção sensorial e ideativa. Desta maneira, ocorre à oportunidade da mente inconsciente se manifestar, em diversos níveis, através dos fenômenos hipnóticos. As experiências com a hipnose existem desde a mais remota antigüidade. Na Caldéia, Índia e Egito faziam parte de uma ciência experimental, considerada secreta, à qual só tinham acesso, castas privilegiadas. Com o passar do tempo, os fenômenos psí quicos, que eram considerados sobrenaturais, passaram a ser visto sob a luz da razão, e estudados como poderes exercidos pelo próprio homem. No entanto, hoje em dia, parece que voltamos atrás, e muitos consideram a hipnose como algo mágico, até se surpreendendo pela forma como é realizada ou julgando que não foram "realmente" hipnotizados. Isso porque, atualmente, não é tão comum utilizar-se a hipnose inconsciente, ou seja, a pessoa parece que adormece e não recorda o que aconteceu ao voltar ao seu estado normal. Hoje, a hipnose é realizada com a pessoa totalmente consciente, sabendo tudo que está acontecendo ao seu redor. Na hipnose tradicional, observa-se que existem pessoas hipnotizáveis e outras que não conseguem entrar em transe, por mais que o hipnotizador se esforce. Isto se dá porque as pessoas não gostam de se sentir controladas. Geralmente, elas preferem sentir que não estão sendo forçados a nada ou que tem várias opções a escolher. Muitos psicólogos e psiquiatras, estudaram os métodos de Erickson a fim de tentar descobrir um padrão que pudesse lançar alguma luz as suas curas aparentemente milagrosas. Quando se perguntava a ele sobre sua técnica terapêutica, ele geralmente respondia que não sabia explicar. Apenas se preocupava em observar o cliente e segui-lo, fazendo-o que não se desviasse do caminho. Foi a partir da observação de seu trabalho, que se pôde descobrir muita coisa de seu modo de fazer terapia. A partir dessa observação, John Bandler e Richard Grinder , Gregory Bateson, William H. O'Hanlon, Ernest Rossi e outros, desenvolveram a Programação Neuro Lingüística que é considerada uma entre as diversas tentativas de sistematização dos métodos de Erickson. O termo Hipnose "abrange qualquer procedimento que venha causar, por meio de sugestões, mudanças no estado físico e mental", podendo produzi r alterações na percepção, nas sensações, no comportamento, nos sentimentos, nos pensamento e na memória. Uma das críticas que se fez é de que a hipnose aumenta a erotização. No entanto ela aumenta qualquer coisa que seja policiada. A hipnose é um processo que se torna perigoso na medida da contra – transferência, isto é do envolvimento dos conteúdos inconscientes do terapeuta. Neste ponto ela é tão perigosa quanto qualquer processo terapêuti co no qual a contra – transferência desempenhe um papel. O aspecto fisiológico mais importante da hipnose é a inibição cortical e o aspecto psicodinâmico mais importante é a regressão, que se dá em todos os sentidos: neurofisiológico (de estruturas mais evoluídas a menos evoluídas), psicodinâmico (de um estado superior de raciocínio a um estágio inferior). No que diz respeito ao aspecto psicanalítico puro pode-se dizer que há diluição do ego, que é formado a partir do id, em contato com a realidade consciente. A regressão é positiva na medida que é interpretada. O que acontece é que a hipnose quebra a resistência que defende o indivíduo da regressão! O indivíduo resiste à hipnose por que tem medo de regredir! Esse fator é de extrema importância. A diluição do ego se processa em qualquer processo terapêutico, mas na hipnose é mais rápido, inclusive no sentido neurofisiológico de esquema corporal (vide as sensações sinestésicas quando o corpo não é sentido).Assim, a resistência à hipnose é grande, por parte do paciente. O ego está intimamente relacionado ao esquema corporal. Este conceito não pode ser abandonado. O espírito existe em função do organismo que o suporta, não podemos esquecer disso. Desaparecendo o ego psíquico, desapa rece o ego somático. Disto o indivíduo se de fende com unhas e dentes. Não se deve esquecer também que a resistência é um fenômeno inconsciente. Caso o paciente fique angustiado durante o processo de relaxamento, percebendo angustia é de bom senso que o operador converse e tranqüilize o cliente. Como há muita resistência do paciente à hipnose, podemos chamá-la de relaxamento...mas, se mesmo assim houver resistência é melhor abandonar o método. Não t emos direito de forçar alguém a qualquer coisa. Um perigo muito comum na hipnose é a natureza humana do terapeuta. Uma das falhas é a onipotência, outra é a displicência. Grande parte dos i nsucessos na hipnose deve-se ao fato do operador desconhecer os processos dinâmicos. A hipnose não é um processo sugestivo mas neurofisiológico, embora seja verdade que a sugestionabilidade aumenta, nem bem a censura diminui.. A passagem da hipnose ao sono é um mecanismo de defesa. A hipnose é uma condição ou estado alterado de consciência, como o sono ou a vigíl ia (estado acordado), caracterizado por um marcante aumento de receptividade à sugestão, de capacidade para modificação de percepção e memória e o potencial para o controle sistemático de uma variedade de funções fisiológicas usualmente involuntárias. 4-UMA BREVE BIOGRAFIA DE FRANZ ANTON MESMER. Mesmer criou a chamada cuba mesmérica, enorme banheira com uma alça de ferro: a pessoa entrava na banheira, Mesmer tocava na alça e a pessoa entrava em hipnose. Os médicos daquela época achavam que Mesmer estava fazendo concorrência desleal. Foi denunciado e organizou-se uma comissão para julgá-lo, da qual Lavoisier fazia parte. Para que haja o processo hipnótico, o fator de maior importância reside no paciente, cabendo ao hipnotizador despertar essas faculdades latentes. A inobservância dessa condição foi uma das causas da condenação de Mesmer, porque os membros do júri não tinham a intenção de serem hipnotizados. Foi condenado por suas práticas e teve que deixar o país. Vamos ver um pouco mais da sua biografia. Mesmer nasceu na Alemanha em 1734 e foi o precursor do ―magnetismo animal‖, onde buscou na leitura das obras de Paracelso. Todavia, alguns autores afirmam que ela provém da surpresa que causou a Mesmer umas curas milagrosas, operadas por certo nobres estrangeiro, em sua esposa, por meio de um ímã encomendado ao astrônomo Maximiliano Hell, segundo Van Pelt. Mesmer foi o delineador dos princípios básicos do moderno hipnotismo, que alteraram os fundamentos da Medicina ortodoxa, até nossos dias. Franz Anton Mesmer admitindo, como pedra angular, a hipnose de Paracelso, convenceu-se posteriormente, de que o organismo humano pode sofrer a influência magnética de outro indivíduo. Este conceito, que atribuía ao organismo humano qualidades até então insuspeitas, exacerbou as iras dos mais ilustres cânones da Medicina Oficial, criando-lhe o mai s duro calvário até hoje sofrido por um médico. Mesmer, contudo, suportou-o com inabalável fé em suas idéias, dentro da mais estrita ética profissional e com edificante dignidade.
Seus adversários, que o tachavam de charlatão, toleraram-no enquanto ele acreditava na influência do ímã, suspenso às árvores do seu belo jardi m de Landstrasse, ou colocado defronte a espelhos, enfim, sob todas as condições experimentais, inclusive Ana sua célebre cuba de água. Até aí, nada mais fazia do que parodiar e prestigiar o famoso Paracelso. Entretanto o furor dos espíritos conservadores o arrastou ao pelourinho, quando ele passou a desprezar o ímã, afirmando, com insólita coragem, a existência de um princípio novo na terapêutica, isto é, que, das mãos de um operador treinado, partiam fluidos desconhecidos, capazes de curar as mais rebeldes enfermidades. Estava estabelecido o princípio do magnetismo animal. Por outro lado, é mister reconhecer que a nova teoria, não suscitou somente adversários. Além da numerosa clientela, que granjeou em Viena e Munich, e, posteriormente, em Paris, teve seus méritos reconhecidos por autoridades do porte de Van Swieten. O Eleitor da Baviera chamou-o para seu serviço e o Conselheiro da Academia de Augsburgo declarou: ―O que Franz Anton Mesmer conseguiu aqui, em várias enfermidades, faz supor que arrebatou à natureza um dos seus mais misteriosos segredos‖. A campanha difamatória, porém, prosseguia impiedosa, obrigando-o a retirar-se da Alemanha e buscar refúgio em Paris. Aí montou seu consultório, onde adquiriu rapidamente fama extraordinária, chegando a perceber uma pensão anual do Rei. É possível que, além do acicate de opiniões arcaicas, interesses pessoais e mesquinhos alimentassem o fogo dessa campanha demolidora contra Mesmer. Não faltou, por fim, quem convencesse o rei Luiz XVI de que Mesmer deveria ser submetido a testes, que comprovassem ou desmascarassem a veracidade de suas afirmações. Sob a pressão dos seus detratores, a Academia de Ciências de Paris foi compelida a dar seu ―veredicto‖ sobre o caso. Luiz XVI, que, pessoalmente, fugia a qualquer responsabilidade, apressou-se em nomear uma comissão, composta, aliás, das maiores sumidades da época. Como membros desse memorável júri, figuravam: Lavoisier, o criador da Química Moderna; Benjamin Franklin, o inventor do pára-raios; Bailly, astrônomo de renome; Jussieu, notável botânico e um certo doutor Guillotin, que inventaria mais tarde uma máquina que provocou o estado hipnótico ―ad perpetuam‖ em seus ex-colegas de comissão, os doutores Bailly e Lavoisier e ao próprio Luiz XVI. Jussieu negou-se a assinar o relatório, alegando que algo havia de positivo nas demonstrações mesmérica. Entretanto, vence a maioria, ainda que cega. Para se compreender, o absurdo da época, que só dava crédito a fenômenos materialmente evidentes. Embora declarando, a certa altura do relatório, que ―não há nada mais estranho do que o espetáculo dessas convulsões‖, que ―quem não viu, não pode sequer imaginá -las‖, e que ―Mesmer, com sua força magnética, os conserva subjugados‖ etc. encerrando a questão decidindo pela nulidade do magnetismo. Não negavam os fato, porém arrasavam Mesmer. Os componentes da comissão, após assistirem às d emonstrações, constataram fenômenos extraordinários; pelo fato, porém de não terem experimentado sensação alguma, ao introduzirem as mãos na cuba de água magnetizada e de não haverem caído em transe, quando submetidos à experiências, concluíram pela inexistência de fluido, dando assim, um golpe de morte na reputação do mestre. Não compreenderam que, mesmo não existindo o fluido, seria impossível negar a positividade das experiências. Acusado de charlatão, Mesmer caiu no ostracismo; obrigado a retirar-se da França, voltou à sua terra, onde, quarenta e cinco anos mais tarde, recebeu a notícia de que a Academia de Medicina da Cidade Luz o convidada a retornar a Paris, depois de apurar a veracidade do hipnotismo. Era, todavia, demasiado tarde. Mesmer, já velho e cansado de lutar, declinou da honraria e preferiu passar o resto de seus dias, como o cientista probo que sempre fora, porém, simples médico de aldeia, aliviando de seus males os pobres camponeses, Põe mei o da ciência cujo véu levantara. Mesmer teve, contudo, a satisfação de ver, em vida, as suas idéi as propagadas por todos os cantos do mundo. Suas teorias receberam o nome de ―Mesmerismo‖ e subdividiram-se em várias escolas, que atingiram grande esplendor. 5-UMA BREVE BIOGRAFIA DE MILTON H. ERICKSON E O SEU MÉTODO. Milton Erickson é considerado o maior hipnotizador de todos os tempos e tinha a fama de conseguir hipnotizar qualquer pessoa. Realmente, todos os que o viram trabalhar, puderam observar a veracidade disto. Ele tinha muitas técnicas que adaptava a cada paciente. Não haviam para ele técnicas padronizadas que servissem para todos os casos. Erickson quando tinha 17 anos, contraiu paralisia infantil, sendo obrigado a permanecer quase toda sua vida em uma cadeira de rodas. Filho de fazendeiros, quando teve poliomielite, à beira da morte, foi diagnosticado pelo médico que disse à sua mãe e ele pôde ouvir que ―este menino não verá o dia amanhecer, morrerá antes disso‖. Raivoso e indignado pensou: ―Se eu vir o sol nascer, por certo não morrerei‖. Aos primeiros raios de sol, percebeu que não morreria, se entregou e entrou em coma profundo, vindo a despertar uns dias depois, já refeitos do pior, a morte. Mais tarde, constatou o primeiro ideodinâmico. Aquele que diz que uma idéia (um pensamento) é um ato em estado ―nascendi‖, como disse Freud. Algo que vem de dentro. Uma pessoa que experimenta a motivação como força básica motivadora desenvolveu isto junto à hipnose: força de dentro. Uma resposta interior. Terminou seus estudos em psiquiatria e psicologia em 1929. Logo concluiu que os métodos então u sados para tratar os pacientes, eram m uito lentos e, no seu entender, pouco eficientes. Ainda não havia o arsenal de medicamentos hoje usados em psiquiatria e ele interessou-se logo pela hipnose começando a desenvolver seus próprios métodos e técnicas. Ele dei xou poucos escritos, pois se preocupava com as pessoas que tentavam banalizar suas abordagens terapêuticas, temendo que assim pudessem ser deturpadas e mal aplicadas. Na abordagem hipnótica Ericksoniana, procura-se não introduzir qualquer conteúdo na indução, de modo que o próprio sujeito tenha a liberdade de escolher o tipo de experiência que quer ter. Desse modo, o hipnólogo, não corre o risco de introduzir sugestões que possam atrapalhar o aprofundamento do transe e elimina qualquer possibilidade de resistência, já que o paciente não se obriga a aceitar as sugestões. Na hipnose tradicional, geralmente é sugerido muito conteúdo que as vezes pode se chocar com as opiniões e fobias do sujeito. Como exemplo, com um cliente que tenha fobia por água, quando você sugere que ele está mergulhando em um lago, ele pode entrar em fobia e sair do transe. De acordo com Erickson os pacientes já têm em seu inconsciente todos os recursos necessários para resolver seus problemas e o tera peuta tem apenas que fazer com que eles entrem em contato com estes recursos. Erickson também procurava não entrar em choque com as crenças e opiniões do paciente. Ao contrário, usava qualquer coisa trazida pelo cliente para induzi-lo ao transe. Preocupava-se também em deixar opções ao paciente, para que ele não se sentisse forçado a nada, o que é a maior causa de resistência. Por isto, usava palavras de permissão como, você pode e talvez. Ao invés de se dizer: você está vendo um lago, usa-se você pode estar vendo algum l ugar muito relaxante. Desse modo, o sujeito não se sente pressionado a adaptar sua experiência à sugestão de um lago, mas pode estar se vendo em um ambiente que para ele em especial é muito relaxante. A hipnose Ericksoniana exige do hipnólogo um grande treino na observação das chamadas ―Pistas não verbais‖, como pequenos movimentos dos olhos, posturas corporais, expressões faciais, etc. El e pode assim, adaptar sua linguagem, seus gestos e expressões, ao modo particular do cliente, preferindo sempre usar palavras do canal sensorial preferencial dele (Visual, Auditivo ou Somático) e até imitar seus gestos e posturas de modo sutil para que não seja interpretado como uma grosseria. A isto se denomina acompanhamento e espelhamento. Pode-se também acompanhar o ritmo respiratório do cliente, falando quando ele inspira e intervalando a fala quando ele expira. O hipnólogo permanece o tempo todo sin tonizado no cliente, acompanhando suas reações, validando qualquer experiência que esteja percebendo, e reforçando tudo que observa. Dá apenas sugestões que tenha a certeza de que não entrarão em choque com a vivência do sujeito. Assim, só se fala em aprofundar o transe, quando é possível perceber sinais não verbais de que ele está entrando nele. As principais estratégias usadas por ele relataremos abaixo, baseadas no livro de William H. O'Hanlon - Hipnose centrada na solução de problemas. Elementos da Indução a) Permissão, validação, observação, utilização : qualquer reação, comportamento e experiência são validadas pelo terapeuta. Isto consiste em Aceita r o cliente como se apresenta e usar seus próprios sintomas, crenças e até
sua resistência à hipnose para fazê-lo entrar em transe. Permissão significa dar opções ao paciente, usando as palavras pode e talvez, ao invés de previsão – "acontecerá". Observação e incorporação das reações - di zendo simplesmente o que observa e utilizando para sugerir que isto tudo pode levá-lo ao transe. b). Evocação ao invés da sugestão : fa zer comparações entre hipnose e outros estados que o paciente já experimentou antes ou lembrá-lo de recursos que o terapeuta sabe que ele tem. c) Pressuposições, implicações, dicas contextuais : P ressuposições verbais: Ilusão de alternativas como você pode ser hipnotizado de olhos abertos ou fechado, dando a ilusão de que o cliente pode escolher, mas na verdade pressupõe-se que ele será hipnotizado. d) Dicas contextuais: são palavras colocadas no texto da conversa que sugerem o transe, como conforto, relaxado, etc. e) Sincronização: não verbal, ritmo, posturas, qualidade da voz, ritmo respiratório, observação do comportamento, são respostas de espelho. Começa-se a i ndução copiando ou "espelhando" o cliente em todos seus gestos, posturas, ritmo respiratório, etc. e depoi s, aos poucos vamos modificando nosso comportamento e observando se o paciente nos acompanha. Quando i sto começa a acontecer, é um sinal d e que ele esta entrando em transe. f) Descrição: para ganhar credibilidade, descrevemos a cena que vemos, mas tomando o cuidado de não tentar adivinhar a experiência do cliente. Assim, só afirmamos o que temos certeza. Por exemplo, podemos descrever: enquanto você permanece aí sentado nesta cadeira, com a perna direita cruzada sobre a esquerda, ouvindo minha voz, com os olhos fechados e respirando tranqüilamente, você sente o peso de seu corpo sobre a cadeira, você coça o queixo ... g) Palavras de permissão e de transferência de poder : em continuação as descrições explicadas acima, podem incluir alguma coisa que não estamos observando, mas que tem grande possibilidade de estar acontecendo. Para não correr riscos, devemos ser vagos, evitando colocar conteúdo no que falamos, abusando das alternativas. Podemos falar, por exemplo, em continuação ao que falamos acima: e você parece estar se sentindo muito confortável, não está? Esta é uma ótima palavra porque cada pessoa tem o seu conceito de conforto e pode imaginar o que quiser. A palavra parece, nos livra da possibilidade do cliente achar que estamos invadindo a experiência dele e a negação no final, deixa-o livre para sentir-se ou não "confortável". h) Divisão: consciente/inconsciente; aqui/lá; presente/futuro; dentro/fora. Pode ser também não verbal, utilizando-se de gestos com as mãos ou com a cabeça enquanto falamos. Quando estamos sugerind o ao paciente que ele tem um lado consciente e outro inconsciente, podemos virar a cabeça para a esquerda ao falar consciente e para a direita quando falar inconsciente. Ao fazer isto, toda vez que tombarmos a cabeça para um lado, o paciente saberá com qual de suas partes estamos falando. Isto se chama ancoragem. Este gesto de cabeça era um modo muito utilizado por Erickson que economizava muito seus gestos, talvez até devido à sua deficiência física, mas tornou-se um procedimento de ancoragem visual muito difundido entre seus discípulos. h)Ligação: artifício de linguagem que liga duas coisas que não estavam ligadas. Quando ligamos duas frases que necessariamente não tem relação de causa e efeito isto soa verdadeiro. Podem-se também fazer várias afirmações verdadeiras e no final, ligá-las a outra coisa que não tem relação com o que foi dito e mesmo assim, o cliente aceita como verdade. Na ligação verbal, podemos falar: Você está sentado nesta cadeira e pode entrar em transe. É claro que o fato de estar sentado na cadeira não tem ligação com entrar em transe mas, colocado no contesto da indução, soa como verdade. Pode-se falar também: "Quanto mais seu consciente se distrair com os sons desta sala, tanto mais facilmente você entrará em transe...‖. i)Intercalar: Esta é uma técnica poderosa porque fala diretamente ao inconsciente e pode-se induzir um transe até sem que a pessoa perceba. Consiste de elaborar uma conversa informal e intercalar sugestões na frase, dando ênfase às palav ras que interessam com mudanças na entonação, ritm o, volume etc. de nossa voz. No interior de uma mensagem maior existe outra mensagem, um subtexto. Como exemplo, vejamos uma frase de William O'Hanlon: "Lembra-se daquele tempo quando nem tudo estava pesando em suas costas" e você podia relaxar? Ou se sentir mais confortável? Mas, tenho certeza de q ue, no passado você já tentou aliviar o "pe so das suas costas" com o relaxamento. Você já se sentiu relaxado e confortável." Costas, relaxar, confortável, costas, relaxamento, relaxado e confortável. Esta é a mensagem embutida no texto que entrará direto no inconsciente, fazendo com que o paciente relaxe suas costas. j)Por último, vamos falar sobre o termo "Ancoragem" : uma âncora, é qualquer estímulo que percebemos com nossos sentidos e que nos faz recordar com todos os detalhes de algo do passado. A ancoragem é natural no ser humano. Como exemplo, quando ao ouvir uma determinada música que em nossas lembranças, foi ouvida em uma ocasião marcante do pa ssado, parece que retornamos ao fato e revivemos todas as emoções e sensações daquele momento. Os casais costumam ter a "nossa música" que ao ser ouvido, o fã l embrar da juventude, quando estavam muito apaixonados. As âncoras podem referir-se a uma imagem, sendo chamada de imaginativa ou a qualquer canal sensorial: visual, auditivo, somático, tátil e olfativo. Assim, temos âncoras verbais e não verbai s. As vezes, um perfume pode remeter-nos direto a um fato do passado. O terapeuta pode se utilizar desse conhecimento e criar âncoras no paciente com a finalidade de ter acesso a um recurso útil para ajudá-lo em seus problemas. A Terapia da Regressão utiliza-se muito das âncoras para acessar o inconsciente e recuperar fatos da memória. Quando perguntamos ao pa ciente sobre seu sentimento, onde ele sente este sentimento em seu corpo e pedim os para ele ampli ar estas sensações, estamos usando âncoras. A âncora é conhecida pelos hipnólogos tradicionais como signo sinal. Pode ser usada pelo paciente para ajudá-lo a ter acesso a um recurso interno, no momento em que ele precisar. 6-A FICHA CLÍNICA E A SUA IMPORTÂNCIA NA PRÁTICA DO CONSULTÓRIO. 6.1-FICHA DE ANAMNESE. 01 Nome: Data nascimento 02 Endereço: Telefone: Celular: E-mail: Fax: 03 Filiação Pai: Mãe: 04 Profissão: Estado civil: 05 Religião: Escolaridade: 06 Possui irmãos: Quantos: Qual a sua relação entre eles : Boa: Ruim: 07 Usa bebidas alcoólicas: Sim: Não: Usa drogas? Sim: Não: É fumante ? Sim: Não: 08 Está grávida ? Sim: Não: Está no período menstrual ? Sim: Não: 09 Está em tratamento médi co? Sim: Não: 10 Tem ou já teve alguma enfermidade importante ? Úlceras digestivas ou gastrites Sim: Não: Doenças cardíacas Sim: Não: Tuberculose Sim: Não: Asma Sim: Não: Sinusite Sim: Não: Sofreu alguma fratura Sim: Não: Doença renal Sim: Não:
Diabetes Sim: Não: Cefaléias Sim: Não: Insônia Sim: Não: Tonturas Sim: Não: Desmaios Sim: Não: 11 Qual é sua a queixa principal? 12 Qual é a quantidade de amigos que você tem? 13 Qual é o seu passa tempo preferido: 14 Tem medo de alguma coisa? De que ? Sim: Não: 15 Já fez relaxamento hipnótico anteriormente? Assinatura do paciente concordando com o tratamento Data 6.2- A IMPORTÂNCIA DA ANAMNESE. Em psicanálise, anamnese é o primeiro ou segundo contato. É a ocasião em que o paciente chega ou é trazido, e neste caso já temos uma forte contra-indicação para a análise. O ideal é que o paciente venha de livre e espontânea vontade. Se bem que às vezes necessite de apoio, do encorajamento de alguém, da família ou não. Na anamnese primeiramente ouvimos as razões de nossa procura, e em certos casos já podemos refugar um paciente neste estágio, se constatarmos tratar-se de psicótico ou alguém que conhecemos. De posse dessas informações , o psicanalista terá uma visão da analisabilidade, das possibilidades de formação do par analítico, do ―rapport‖ ou empatia, das condições sócio-econômicas que darão sustentação ao processo. Na anamnese o psicanalista não deve prometer nada, além de sua boa vontade para com o caso. 6.3- A UTILIZAÇÃO DA HIPNOSE CLÍNICA PODE SER APLICADA NOS SEGUINTES GRUPOS: a) Como uma técnica que promove saúde e exercícios profiláticos em indi víduos sujeitos ao estresse: b) Como um método através d o qual o indivíduo pode controlar funções autônomas e, deste modo, superar sintomas desagradáveis ou perturbações autônomas; c) Como um tratamento para uma ampla variedade de condições psicossomáticas; d) Como um subsidiário ou ferramenta da psicoterapia, liberando memória reprimida e sensações, especialmente produzindo catarse em pacientes que sofrem de sintomas histéricos; e) Como um método quer alivia dor e induz anestesia. 6.4-TÉCNICAS PSICOTERÁPICAS SOB HIPNOSE. Numa diretriz organizada não podemos separar teorias neurofisiológicas de teorias dinâmicas. Rosen diz que a hipnose não é um processo terapêutico. Através dela se consegue alguma coisa, inclusive uma terapia. Morais Passos denomina as técnicas psicoterápicas sob hipnose de técnicas hipnoterápicas. Torres Norry tem uma escala de profundidade para designar a escala ou grau hipnótico atingido: ETAPA SIM NÃO Hipnoidal 95% 5% Leve 75% 25% Média 65% 35% Profunda 25% 75% Sonambúlica 10% 90% Para certo tipo de terapêutica, a sugestão direta ou benefício reparador da hipnose (como o sono), basta a etapa hipnoidal. A remoção de sintomas por bloqueio é desaconselhável pois ele sempre reverbera. Ex.: fez sugestão póshipnótica para que uma moça deixasse de chupar o dedo. Esta começou, então, a fumar. Sugestionou-se que largasse de fumar. P assou a beber. Sugestionou-se, novamente: viciou-se em tóxicos. Diante d e nova sugestão a paciente suicidou-se. O que se pode é remover certo tipo de sintoma. (Ex. a hemérese gravídica), mas, depois, fazer terapêutica. Na fase leve, a hipnose é usada como tranqüilizante relaxante muscular. De fato se obtém relaxamento muscular obtém-se também tranqüilidade. Mas a hipnose precisaria ser reforçada sempre, pois, se existe intranqüilidade, há uma dinâmica por detrás, que seria resolvida pela psicoterapia. De qualquer forma, a hipnose é sempre valiosa: ou como anestésico ou como introdução à psicoterapia, ou como quebra da resistência. Mas, na hipnose a ética não permite que se sugestione o paciente a fazer psicoterapia. Ele a fará se sua resistência estiver quebrada! Mas vai dele a decisão. Nas psicoterapias a hipnose é auxiliar de alguns fenômenos: a hipermnésia e a discutida regressão de idade. A hipnoanálise trabalha com o que chamamos signo–sinal que é um sinal através do qual o sujeito entra imediatamente em hipnose. Quando conseguimos hipnose profunda, fornecemos uma palavra chave com a qual, em vigília, o paciente entrará em hipnose. Isso mostra a grande responsabilidade ética do terapeuta Bernstein era um comerciante que, como divertimento, em casa de amigos utilizava a hipnose. Hipnotizando uma moça, esta, espontaneamente, começou a regredir. Bernstei n incentivou, e quando chegou a idade zero a moça voltou para 1875, dizendo chamar-se Bridey Murphey. Contou que morava na Irlanda, de onde descreveu pessoas e uma igreja de lá. Muito impressionado Bernstein publicou livros e fez um verdadeiro comércio do fato. Jornalistas começaram a investigar e encontraram a igreja descrita na Irlanda. Mas não se lembraram de perguntar quando tinha sido construída. Mas os cientistas se lembraram, e verificaram que havia sido construída em 1891. Averiguou-se que a moça tinha tido uma ama irlandesa, que lhe descrevera a igreja. Era uma hipermnésia que se verificara e a moça fantasiara uma regressão de idade, a qual, se existe mesmo, ficará para investigações futuras. 7-POR QUE FREUD ABANDONOU A HIPNOSE? Freud, que trabalhava com Charcot se incumbiu de promover o segundo enterro da hipnose. Não se sabe bem o por quê. Freud passou a trabalhar com Breuer e junto dele fez várias experiências, inclusive o caso de Ana O. Freud teria achado que a hipnose não era suficiente e que se a pessoa podia ter uma ab-reação, esta poderia ser provocada em estado consciente, o que seri a muito melhor. As catarses mai s profundas não se movimentam sob hipnose, mas podem se movimentar sob livre associação, dizia ele. Assim Freud criou a psicanálise e sepultou a hipnose, como método psicoterápico ou via de administração. Vamos estudar um pouco mais e ver o histórico de Freud na hipnose. Depois de concluir o curso de Medicina, Freud conclui que nada de novo poderia aprender em uma Universidade Alemã, depois de haver usufruído o ensino direto e indireto, em Viena, dos Professores Theador Meynert (18411905). Candidatou-se ao prêmio da Bolsa de Estudo do Fundo do Jubileu Universitário, referente ao ano 18851886, e foi selecionado para continuar seus estudos de Neuropatologia no Hospice de la Salpêtriére, em Paris. A Escola Francesa de Neuropatologia, dirigida na ocasião pelo Professor Jean Martin Charcot (18951893).Despertava o interesse e a curiosidade científica do jovem médico recém diplomado, novo ar do saber médico. No Salpêtriére, o trabalho de Freud fugiu do seu planejamento inicial, que era o estudo das doenças anatômicas, tinha escolhido o estudo da atrofi a e degenerações secundárias que se seguem às afecções do cérebro em crianças. Freud viu um laboratório sem condições de trabalho para um pesquisador, devido a falta de recursos e qualquer organização. Freud desistiu do e studo de anatomia e teve que se contentar com o estudo dos núcleos da coluna posterior da medula oblongata. Abandonando o laboratório foi Freud trabalhar na Clínica, que apresentava, em contraste com o laboratório
anatômico, um material novo e abundante, sob a batuta do Professor J.Martin Charcot. Nesta ocasião não perdi a oportunidade, dizia Freud em seu relatório, de adquirir um conhecimento pessoal dos fenômenos do hipnotismo, que são surpreendentes e aos quais se dá tão pouco crédito, e em especial, ao grande hipnotismo descrito por Charcot. Com surpresa, verifiquei que nessa área determinadas coisas aconteciam abertamente diante de nossos olhos e que era quase impossível duvidar deles, assim mesmo, eram tão estranhos que não se podia acreditar neles, e menos que delas se tivesse uma experiência pessoal. Charcot considerava o hipnotismo uma área de fenômenos que eles submetia à descrição científica, tal como fizera, muitos anos antes, com a esclerose múltipla e com a atrofia muscular. Seguramente esse entusiasmo inicial de Freud pela Hipnose, que buscava conhecimentos de Neurologia, foi o marco inicial, para a criação da Psicanálise. Para Charcot, o interesse pela hipnose era inseparável do método anátomo-clínico, da identificação das alterações anatômicas passíveis de explicar ás doenças nervosas. Era uma perspectiva mais experimental do que terapêutica. Freqüentemente, eram necessários anos d e espera paciente antes que nessas afe cções crônicas que não levam diretamente à morte, chegasse a prova da alteração orgânica, e somente um asilo com Salpêtriére podia permitir o acompanhamento e manutenção dos pacientes por períodos tão longos. A primeira demonstração de esse gênero as ser feita por Charcot, aliás, ocorreu antes que ele dispusesse de um serviço. Para Charcot e seus al unos, do fenômeno só devem ser preservadas suas dim ensões somáticas. Ao contrário, a Escola rival, a de Bernheim, em Nancy, usava a sugestão como ―uma idéia concebida pelo operador ou hipnólogo, captada pelo hipnotizado e aceita por seu cérebro‖. Quanto a Bernheim, ele fora aluno daquele que se pretendia não um médico, mas um curandeiro: Liébeault. Sobre a estada de Freud em Paris, muito já se disse, mas existe a possibilidade, que se o destino do jovem médico fosse Nancy, e não Paris, talvez a história fosse outra, e Freu d não se achasse um mau hipnotizador e não a abandonasse. Pelo menos a forma convencional de hipnose que se praticava à época, mas, dentro da conceituação Ericksoniana moderna de hipnose, que leva em consideração uma forma bem indireta de transe hipnótico, é possível que Freud nunca tivesse abandonado totalmente a hipnose. Freud não adotou o método hipnótico já em seu retorno a Viena, e não consegiu fazer com que seus colegas aceitassem às conclusões de Charcot a propósito d a histeria. Por outro lado, quando em 1887, tornou-se ―praticante‖ da hipnose, não foi do método catártico que ele se valeu inicialmente, mas da sugestão hipnótica, a maneira de Bernheim. Em 1890, num artigo dedicado ―a sugestão hipnótica, Freud sublinhou que‖ a hipnose confere ao médico uma autoridade de tal ordem que é provável que nenhum padre ou tramaturgo jamais a tenha possuído, pelo fato de ela concentrar todo o interesse psíq uico do hipnotizado na pessoa do médi co ―. E não hesitou em recomendar a todos os médicos de família, essa forma de terapia, que deveria ser situada no mesmo plano dos demais procedimentos terapêuticos e não ser considerada um recurso último‖. A sugestão era aplicada aos sintomas que poderia ser assemelhada a uma ―substância‖, como tal destacável de um e ―aplicável‖ ao outro, implicava que sua verdade coincidisse com a maneira como era posta em cena, como puro instrumento de ação, como relação de forças unilateral que ―imprimia‖ uma ―idéia-substância‖ estranha no cérebro do paciente. Essa representação abstraía aquilo que levava o paciente a obedecer ou, ao contrário, a resistir às ordens. Tal observação não constitui uma crítica em si. Antes, põe em evidência a originalidade da orientação freudiana: O cuidado com aquilo que uma técnica implica e pressupõe. Freud descreveu a sugestão como um técnico, no sentido de a utilização de um instrumento compromete aquele que a utiliza, situa-o em relação àquilo sobre que ele age. A sugestão, portanto, não levantava problemas como tal, e cabia-nos menos compreender seus efeitos do que aprender em que medida esses efeitos faziam dela um instrumento terapêutico eficaz. Foi também como técnico que Freud criticou, nesse mesmo artigo, a sugestão. A onipotência que ela parecia conferir ao hipnotizador era meramente ilusória: ―Renunciei em pouco tempo à técnica da sugestão e, com ela, à hipnose, pois perdi a esperança de tornar os efeitos da sugestão suficientemente eficazes e duradouros para levar a uma cura definitiva... Em todos os casos graves, via a sugestão que lhes fora aplicada reduzir-se a zero, e ressurgir o mesmo problema ou algum outro‖. Para responder a esta pergunta, cabe distinguir às razões pela quais Freud abandonou a sugestão hipnótica direta, das razões por que abandonou a hipnose propriamente dita, ou seja, evitar a confusão entre hipnose e sugestão, que ele mesmo estimulou. Essa é uma questão importante, já que, em 1893, foi a eficácia do processo hipnótico, e não da sugestão, que funcionou como prova de nova ordem de causalidade psíquica que Freud se empenhou em instituir. Certamente podemos invocar, em primeiro lugar, o motivo aparentemente racional e técnico proposto por Freud: ―Quando constatei que, apesar de todos os meus esforços, só conseguia colocar em estado de hipnose uma pequena parcela de meus doentes, decidi abandonar esse método‖. Também podemos formular explicações hipotéticas de ordem social e profissional. O próprio Freud falaria mais tarde, da satisfação que tirava de sua técnica: ―O trabalho com a hipnose exercia um efeito real de sedução. Tínhamos superado, pela primeira vez, o sentido de nossa própria impotência, a reputação de taumaturgo era muito lisonjeira‖. Em seus ―Estudos sobre histeria‖, Cecilie que era a baronesa Anna von Lieben, uma das mulheres mais ricas de Viena, e Freud a teria tratado desde 1888 até 1893, chegando a vê-la duas vezes por dia. Uma de suas pacientes, ao despertar do estad o de hipnose, passou-lhe os braços em volta do pescoço, através do processo que foi denominado de transferência. Vejamos o que Freud falou do incidente: ―Mantive a cabeça fria, para não atribuir a esse incidente a um encanto pessoal irresistível, e julguei ter captado a natureza do elemento misterioso, que estava em ação por trás da hipnose. Para colocá-lo fora do circuito, ou, pelo menos, para isolá-lo, era preciso abandonar a hipnose‖. Posteriormente Freud desenvolveu o método da pressão e depois a Associação Livre. O conjunto dos elementos que haviam norteado Freud até então mudou de sentido. Com a noção de verdade, foi também a de cura que teve de ser modificada. Primeiro por ser perigosa, já que suscitava uma transferência afetiva descontrolada para a pessoa do analista. E segundo, porque a própria significação da cena terapêutica e da rememoração se havia modificado: ―uma lembrança, por mais antiga e por mais carregada de afeto que fosse, podia ser uma‖ mentira ―. A análise já não podia ter como finalidade reavivar a lembrança de um acontecimento real, a fim de esvaziá-la de sua carga afetiva, mas levar a uma conscientização dos conflitos psíquicos que explicavam, sobretudo, a possibilidade dessas lembranças. A lembrança era apenas o caminho para uma verdade cuja produção não podia efetuar, uma verdade que somente a análise dos conflitos psíquicos que investissem a cena analítica, tal como investiam toda a vida do paciente, poderia advir‖. No final da sua vida Freud falou da possibilidade de juntar o ouro da psicanálise ao bronze da sugestão hipnótica. O tanse sonambúlico, que provocava amnésia, e a vontade crescente do descobrimento dos caminhos do inconsciente fizeram Freud abandonar a hipnose e partir para a Livre Associação. 8-A IMPORTÂNCIA DO ―RAPPORT‖ PARA A HIPNOSE? O primeiro contato entre o hipnotizador e candidato é conhecido como ―Rapport‖ ou ―Empatia‖. Existem diversas maneiras de se conduzir a Rapport, como por exemplo: a)Pedir ao paciente para fechar a mão, e relaxar em seguida, mostrando de modo simples e prático, o bem estar de um relaxamento. b)Explicar que o fechamento dos olhos facilita o relaxamento e que o indutor irá relacionando a diversas partes do corpo a serem relaxadas, sucessivamente, de maneira sempre bastante agradável. Na realidade a hipnose é um processo de auto-sugestão, pois não há hipnose sem a permissão, interação e confiança da pessoa a ser hipnotizada com o hipnotizador. Após a permissão, a pessoa conscientemente se deixa levar pelas instruções do hipnotizador. O hipnotizador age na consciência do hipnotizado, dá ordens e a pessoa segue, mas sempre de acordo com seus desejos e vontades. Assim, é um mito quando se diz que a pessoa hi pnotizada aceita tudo inconscientemente e que o hipnotizador tem poder sobre ela. Mesmo no Estado Alfa mais profundo, permanece o que chamamos Censor Crítico ou Ponto Vigil.
9-OS OUTROS FENÔMENOS HIPNÓTICOS. Os fenômenos hipnóticos são: ―rapport‖, catalepsia, amnésia, anestesia, analgesia, regressão, progressão, alucinações positivas, alucinações negativas. Há uma série de teorias para explicá-la, mas a mais interessante é a eclética, que considera a hipnose como um fenômeno neurofisiológico e dinâmico. Fenômeno neurofisiológico, sem dúvida é, já que a hipnose é um estado de diminuição da atividade cortical, passível de ser induzido em qualquer pessoa mediante estimulação de tipo neurofisiológica. É também dinâmico, pois durante a hipnose o psiquismo se manifesta. Se o fenômeno dinâmico não se verifica, o neurofisiológico também não. Por exemplo: indivíduo ansioso dificilmente coloca alguém em hipnose, e de outro lado se um fenômeno de transferência negativa se verifica o indivíduo não aceita determinado operador. A técnica neurofisiológica é a pavloviana, pura reflexologia. Assim, a estimulação de um determinado centro provoca uma onda de defesa por parte do cérebro. De fato, se assim não fosse, com os estímulos que bombardeiam cérebro constantemente estaríamos em estado perene de violenta excitação. Diante do estímul o rítmico, monótono e persistente, ou através de um choque violento (hipnoestimulação), o cérebro abafa a estimulação. Apaga uma célula, logo outra, até o sono hipnótico. No caso do choque ser violento, o cérebro pára, simplesmente. A hipnose pode ser induzida através de estímulos tácteis, auditivos, visuais e olfativos. Várias teorias foram e são apresentadas, mas nenhuma foi considerada exata, ou totalmente aceita. E se entende a razão, estamos tentando definir um fenômeno do cérebro, este órgão sobre o qual conhecemos tão pouco e do qual utilizamos somente uma parte mínima. Mas sabemos como utilizar esta energia e como fazer para acessar. Existem variadas técnicas para se alterar o estado normal da consciência e obter-se o nível ideal de transe. A mais utilizada é o relaxamento profundo e a concentração da mente. Muitos se assustam com certos termos empregados como "transe", "concentração", mas quem está sempre no comando é o próprio indi víduo. Ninguém, por melhor que seja, consegue hipnotizar quem não deseja ou não se permite ser hipnotizado. Na verdade, o hipnotizador apenas orienta o trabalho que é realizado pela própria pessoa. A hipnose, nada mais é do que um estado de consentimento. E aí, entramos num outro ponto de dúvida, para muitas pessoas - quem pode ser hipnotizado? Qualquer um, que realmente o quiser. A convicção de que aquilo vai lhe fazer bem, tem um papel importante no resultado da terapia. E a experiência e preparo do hipnoterapeuta ajudarão na aplicação da técnica mais adequada para atingir os estados ideais, dependendo do tipo de personalidade de cada paciente, bem como a análise do momento que está atravessando e seu estado emocional. Utiliza-se a hipnose na medicina, para aliviar dores, curar doenças de fundo emocional, atenuar efeitos colaterais de medicamentos ou tratamentos, e até como anestésico, em alguns casos, de pacientes que, por al guma razão, não podem utilizar anestesia. Em tratamentos odontológicos, tem- se mostrado muito eficaz, relaxando, tirando a tensão e, em muitas vezes, abolindo a necessidade de anestesias. Para estudantes, é excelente na memorização de conteúdos, aumento da capacidade de concentração e alívio do nervosismo na hora de provas. Em casos de distúrbios psicológicos como fobias, pânico, depressão, mania s, compulsões (inclusive por comida), traumas, as respostas são surpreendentes. Auxilia muito em pe ríodos de transição como menopausa, maternidade, adolescência, separações, enfim, mudanças de vida. Está sendo usada cada vez mais para casos de vícios, sejam eles por drogas, fumo, jogo, comida, bebida ou qualquer outro. 10-O QUE É TERAPIA MENTE-CORPO? A medicina mente-corpo inclui uma variedade de tratamento e abordagens, indo da meditação e da prática do relaxamento ou hipnose até grupos de apoio social, que buscam incluir a mente no desenvolvimento do bem estar emocional e da saúde física. Hoje, um número cada vez maior de pesquisas apóia a utilização dessas técnicas. No entanto, essas práticas, ainda vêm sendo utilizadas por apenas uma parte das pessoas que poderiam se beneficiar delas. 10.1-POR QUÊ O CORPO SOFRE? Sob estresse crônico, as pessoas liberam mais os hormônios adrenalina e noradrenalina, o que desencadeia uma revolução hormonal que afetará todo o organismo. Estas substâncias também contraem os vasos sanguíneos, diminuindo a passagem do sangue e causando mudanças que dependerão da vulnerabilidade de cada órgão. Exemplo: a)Há redução do nível de seratonina, substância envolvida em vários processos cerebrais. As alterações podem levar a depressão, ansiedade e distúrbios alimentares. b)É liberado o hormônio aldosterona, que elevará a pressão arterial, facilita a dor no peito e a falta de ar. Como já há um estreitamento dos vasos sanguíneos pode ocorrer um infarto. c)Há redução no nível do fluxo de células de defesa do organismo, pela diminuição da produção de linfócitos ―T‖ e ―B‖, favorecendo a manifestação de doenças infecciosas como gripe, herpes, pneumonia, etc… d)Ocorre uma maior secreção de ácido clorídrico na região do estômago, que leva a uma gastrite e posteriormente a uma úlcera digestiva. e)Como a pessoa tensa tende a contrair a musculatura, podem ser desencadeadas dores musculares e cefaléias. f)O cortisol, hormônio produzido pelas supra-renais, faz subir o nível da glicose, elevando o risco de diabetes em quem tem predisposição genética para a doença. O psicanalista pode ajudar o paciente estressado a identificar as causas desse desgaste emocional, com um planejamento de tratamento em que deve incluir exercícios de relaxamento ou auto-hipnose. 10.2-QUAL A AÇÃO NEUROFISIOLÓGICA DA HIPNOSE EM UM ESTRESSADO? Quando a pessoa está tensa tende a contrair a musculatura. A técnica de relaxamento, hipnose ou auto-hipnose age justamente no sentido inverso, relaxando a musculatura pela produção de serotoninas e endorfinas, produzindo tranqüilidade, sensação de paz e harmonia. Serotoninas: Este é o principal neurotransmissor do ―bem estar‖. O outro neurotransmissor que também é importante para todas as funções do cérebro é a acetilcolina. A droga PROZAC funciona aumentando quimicamente a quantidade de serotonina disponível no cérebro. Os exercícios de auto-hipnose ou exercícios mente-corpo funcionam aumentando naturalmente, sem criar efeitos colaterais, comuns a qualquer fármaco, a quantidade de serotonina no cérebro. A grande popularidade desse remédio nos Estados Unidos nos mostra como a deficiência da serotonina é comum na população atual. A serotonina também ajuda a estimular o sono e a controlar a dor. Endorfinas: essas substâncias químicas cerebrais nã o são tecnicamente um neurotransmissor, mas seus efeitos são similares. As endorfinas são liberadas em resposta a praticamente qualquer tipo de estresse físico ou emocional. Muito comumente, alivia a dor e a ansiedade. A hipnose produz endorfinas, assim como a acupuntura; na medicina oriental, a acupuntura é usada com muita eficácia como um procedimento anestésico durante as cirurgias. Freud, usou a hipno acupuntura, onde os autores clássicos citam a digitopressão, isto nada mai s é do que a combinação da hipnose com a acupuntura. Acetilcolina: esse é o neurotransmissor ―cinco estrel as‖ da memória e do pensamento. Se você tem uma memória fraca, mas não é velho o suficiente para estar sofrendo de debilitação da memória associada à idade, há grandes chances de você estar com um simples déficit de acetilcolina. Outro sintoma de carência de acetilcolina é a incapacidade de se concentrar. Muitos milhões de pessoas poderiam melhorar imediatamente sua concentração apenas ingerindo quantidades apropriadas de nutrientes que favorecessem a produção de acetilcoli na. Esses nutrientes são: a lecitina, as vitami nas B, vitaminas C e outros minerais. A Lecitina é a mais importante. A acetilcolina está concentrada no hipocampo, centro da memória do cérebro. Porém, a acetilcolina também
ajuda a executar muitas funções fora do cérebro. Por exemplo, ela a juda as células nervosas nos músculos a ativar a ação muscular. A acetilcolina é produzida nos neurônios através de um processo químico que requer oxigênio e colina (que é o principal ingrediente da lecitina). Os exercícios de Hipnose ou relaxamento parecem ser muito úteis para enviar o oxigênio e a glicose para o cérebro e desse modo, auxiliar a produção de acetilcolina. 11-O QUE É TREINAMENTO AUTÓGENO? 11.1-CONCEITO SEGUNDO J. H. SCHULTZ. Este método consiste em promover a modificação da personalidade de quem a pratica, através de determinados exercícios fisiológicos racionais. Por exemplo: Na circulação sanguínea, mediante diminuição da freqüência e intensidade dos batimentos cardíacos, alteração da temperatura do corpo, para um corpo agradavelmente aquecido; em contraste com a temperatura do corpo, a temperatura da testa vai ficando confortavelmente fria. 11.2-O CURSO NORMAL DO PROCESSO DE TREINAMENTO AUTÓGENO. Trataremos do curso normal do processo. Por ―normal‖ deve-se entender o desenvolvimento sem incidentes do processo de treinamento em indivíduos livres de manifestações patológicas. Também poderíamos falar em experiências com ―pessoas normais‖, porém, essa denominação nos obrigaria a entrar numa discussão sobre o conceito de normalidade, o desviaria demais do assunto. Os cursos ministrados por Schultz i mpunham como condição que os participantes fossem pessoas responsáveis e independentes. No início de cada turma, comunicava-se que se tratava de um método de treinamento, uma espécie de ginástica para o íntimo, mas de maneira alguma de um processo curativo. Solicitava-se que as candidatas mencionassem se sofriam de perturbações nervosas e de que tipo. E só se concedia a eles permissão para participar dos trabalhos de tais perturbações não existissem. Da mesma forma, exigia-se um nível médio de saúde física. O material humano se constituía de homens de classe média e alta, estáveis em suas profissões e interessados no próprio aproveitamento. No curso normal, instituímos os sujeitos para praticarem duas, no máximo três vezes por dia o exercício autógeno. Recomenda-se que o faça após as refei ções do meio dia e a da noite, bem como antes de dormi r. É importante insistir com os sujeitos, que os exercícios devem ser muito curtos, para evitar a interferência de tensões voluntárias capazes de anular a vivência de relaxação. O psicanalista ou o profissional que está fazendo a orientação deve recomendar que cada exercício tenha de 5 a 15 minutos de duração, mantendo a concentração apenas o necessário para que surja a experiência orgânico-eufórica de relaxação e tranqüilidade. Os melhores resultados são obtidos com exercícios curtos, praticados com regularidade durante semanas, enquanto que um exercício tenso, longo demais num só dia é pouco eficaz. O estabelecimento de uma vivência de calor, primeiro local, depois generalizada, pode ser considerado, em vista dos fatos fisiológicos e psicológicos estabelecidos, como uma medida ativa de efei to tranquilizador, como o sono. O estabelecimento do treinamento autógeno sob um duplo aspecto, de um lado, é uma comutação de sistemas corporais, adquirida por exercícios, as mudanças de função por ele proporcionadas influem favoravelmente no estado geral. De outro lado, pode ser considerado uma inversão de lei de expressão, as funções que habitualmente se alteram pela influência de estímulos emocionais sofrem mudança por si mesmas, exercendo uma influência retroativa. Alé m dos músculos esqueléticos, e do sistema vascular, o coração é o órgão mais indicado para confirmar esta intra-relação. 11.3-A RESPIRAÇÃO São bastante conhecidas as profundas alterações da mudança voluntária da atividade respiratória, tanto na apnéia forçada quanto no outro extremo, a hiperventilação. O treinamento respiratório deve ser anterior ao do coração. 11.4- EXERCÍCIOS PRÁTICOS -TÉCNICAS DO RELAXAMENTO PROGRESSIVO DE SHUL TZ. 1- É necessário fazer a anamnese antes de iniciar: perguntas sobre doenças, operação, hábitos, Etc. Veja ficha no item seis. 2- É necessário que haja a empatia ou ―Rapport‖. 3-O ambiente deve ter luz indireta fraca, poucos ruídos. Não deve haver nada que possa dispersar a atenção. 4-Coloque uma música, preferencialmente de sons da natureza. 5-Utilize voz calma e monótona. 6-O paciente deve ficar deitado ou sentado em posição confortável, com os olhos fechados. Se quiser pode tirar seus sapatos, afrouxar cintos e roupas, mantendo-se porém aquecido, principalmente os pés. ―A partir deste instante também pode ser realizado a auto-hipnose‖ 7- Sinta e visualize seu corpo, onde se encontra sentado confortavelmente, dos pontos de contato entre seu corpo ou a cadeira ou poltrona, os pontos de contato da cabeça, das costas, dos braços e das pernas… 8- Se concentre na sua respiração: à medida que inspira seu abdômen se eleva, e quando expira; o abdômen abaixa suavemente... de forma que a expiração seja um pouco mais longa que a inspiração, vamos lá... inspire... expire... novamente repita: inspire... expire... 9- ANCORA DE AUTO-HIPNOSE: Continue com o seu corpo todo rel axado, enquanto concentra sua atenção em sua mão direita…feche a mão, muito forte, tão forte o quanto p ossa…perceba o que sente quando os músculos da mão e antebraço estão tensos…concentre-se neste sentimento de tensão e mal e star que você está experimentando... 10- Abra a sua mão completamente e deixe-a cair sobre suas pernas de uma só vez… 11- Sinta e visualize como a tensão e o incômodo desapareceram de sua mão e antebraço. Sinta as sensações deste relaxamento…de prazer…paz…tranqüilidade que você tem agora. Continue relaxando os músculos, agradavelmente…suavemente… 12- Todo o relaxamento vai se tornando mais ag radável…, os músculos se tornem muito, muito rel axados... deixe-se levar....... continue concentrando-se nesses sentimentos e deixe que este músculos se soltem mais e mais... quando está relaxado seus músculos estão mui to soltos, leves, muito longos, muito calmos... deixe que se soltem mais e mais... 13- Agora focalize sua atenção mais acima, no seu antebraço direito... à medida que concentra sua atenção nestes músculos vai deixando-os mais e m ais leves, ...relaxados... muito soltos... muito calmos... muito tranqüilos...deixe-se levar mais e mais profundamente. Se notar que sua atenção divaga, volte a concentrá-la nesses músculos...deixe que estes músculos se tornem mais e m ais longos, calmos, tranqüilamente, suavemente... deixe-se levar pelo sentimento profundo de relaxamento, somente deixe-se levar... 14- Enquanto continua com todo seu braço, antebraço e m ão direita profundamente relaxa da, concentre-se agora em sua mão esquerda... 15- Sinta e visualize sua mão esquerda e concentre-se nos músculos da sua mão esquerda... pode vê-los... deixando-os soltos, mais e mais soltos... deixe que estes músculos se tornem muito relaxados, muito, muito leves, ...calmos... muito tranqüilos... deixe-se levar... continue concentrando-se nesses sentimentos e deixe que este músculos se soltem mais e m ais... quando está relaxado seus músculos estão muito soltos, muito longos, muito leves... deixe que se soltem mais e mais… 16- Relaxe profundamente, calmamente, sentindo e relaxando naturalmente, agradavelmente…,focalize sua atenção mais acima, no seu antebraço esquerdo... à medida que concentra sua ate nção nestes músculos vai deixando-os mais e mais relaxados... muito soltos... muito calmos... muito tranqüilos...deixe-se levar mais e mais profundamente...se notar que sua atenção divaga, volte a concentrá-la nesses m úsculos...deixe que estes músculos se tornem mais e mai s longos, calmos, tranqüilamente, suavemente... se deixe levar pelo sentimento
profundo de relaxamento, somente deixe-se levar... 17- Todo o relaxamento vai se tornando mai s agradável…, se concentre agora nos seus braços.... todo o seu braço esquerdo e dir eito....sinta os músculos relaxar pode senti-los... deixando-os soltos, mais e mai s soltos...deixe que estes músculos se tornem muito, muito rel axados: muito, muito calmos; muito tranqüilos... deixe-se levar... continue concentrando-se nesses sentimentos e deixe que este músculos se soltem mais e mais... quando está relaxado seus músculos estão mui to soltos, muito longos, muito calmos... deixe que se soltem mais e mai s...suavemente... calmamente... 18- Relaxe profundamente, calmamente, sentindo e relaxando naturalmente, agradavelmente…, com calma…, tranqüilidade…, concentre-se agora em seu rosto.... todo o seu rosto....sinta os músculos da face rela xar pode senti-los... deixando-os soltos, mais e mais soltos... deixe que estes músculos se t ornem muito, muito relaxados: muito, muito calmos; muito tranqüilos... deixe-se l evar...calmamente... suavemente... continue concentrando-se nesses sentimentos e deixe que este músculos se soltem mais e mais... quando está rel axado seus músculos estão muito soltos, muito longos, muito calmos... deixe que se soltem mais e mais...usufruindo dessa sensação de leveza... 19- Relaxar…, sentir…, visualizar…,descontraindo e relaxando o seu pescoço e concentre-se nos músculos do pescoço... pode senti-los... deixando-os soltos,leves... mais e mais soltos... deixe que estes músculos se tornem muito, muito relaxados: muito, muito calmos; muito tra nqüilos... suavemente... calmamente...deixe-se levar... continue concentrando-se nesses sentimentos e deixe que este músculos do pescoço se soltem mais e mais... quando está relaxado seus músculos estão mui to soltos, muito longos, muito calmos... deixe que se soltem... levemente... suavemente... mais e mais... 20- Relaxe profundamente, calmamente, sentindo, relaxa ndo os seus braços....sua mão direita... esquerda... antebraços... seu rosto e pescoço.... calmamente... suavemente... relaxados... deixando-se levar por essa sensação de bem estar... de tranqüilidade.. deixem que soltem mais e mais... calmamente... tranqüilamente...em paz.... 21- Sinta e visualize os seus músculos dos seus braços.. mão direita e esquerda.. ante braço...rosto... pescoço relaxados suavemente... tranqüilos... concentre-se agora em nos seus ombros... nos músculos dos seus ombros... deixe-se levar, sinta-os relaxar, pode senti-los... deixando-os soltos, mais e mais soltos...deixe que estes músculos se tornem muito, muito relaxados: m uito, muito calmos; muito tranqüilos... deixe-se levar...calmamente... suavemente... continue concentrando-se nesses sentimentos e deixe que este músculos dos seus ombros fiquem leves... relaxados... suavemente... que se soltem m ais e mais... seus músculos dos ombros estão muito soltos, muito longos, muito calmos... leves...deixe que se soltem m ais e mais...suavemente...deixe esta sensação chegar até as suas costas... suas costas ficam relaxadas... soltas....os músculos de suas costas...vão se soltando.... você pode sentir isso...tranqüilamente...note como eles se soltam mais e mais...deixe-se levar por essa sensação de tranqüilidade...calmamente... suavemente...levemente... em paz... 22- O relaxamento estende-se agora por todo os seus braços....sua mão direita... esquerda... antebraços... seu rosto... seu pescoço.... seus ombros...suas costas.....calmamente... suavemente... relaxados... deixando-se l evar por essa sensação de bem estar... de tranqüilidade.. deixem que soltem mais e mais...mais e mais... usufrua dessa sensação de tranqüilidade... com todos esses músculos relaxados... leves.. soltos... calmamente... suavemente...levemente....em paz.... 23- Enquanto continua com todo os seus braços.. mão direit a e esquerda.. antebraço...rosto... pescoço... ombros.. costas... relaxados suavemente... tranqüilos... calmamente ... concentre-se agora em nos seu pé direito... nos músculos dos seu pé direito... focalize sua atenção em seus dedos, no pé direito.... e concentre -se nos músculos do seu pé direito... pode vê -los...pode senti-los... deixando-os soltos, mais e mais soltos... Deixe que estes músculos se tornem muito, muito rel axados: muito, muito calmos; muito tranqüilos... deixe -se levar... continue concentrando-se nesses sentimentos e deixe que este músculos se soltem m ais e mais... quando está relaxado seus músculos estão muito soltos, muito longos, muito calmos... deixe que se soltem mais e mais...deixe-se levar... calmamente... suavemente... leves... relaxados... note como eles se soltam... deixe -se levar por essa sensação de tranqüilidade...paz... 24- O relaxamento estende-se agora por todo os seus braços....sua mão direita... esquerda... antebraços... seu rosto... seu pescoço.... seus ombros... suas costas... seus pé direito....sua perna direita...calmamente... suavemente... relaxados... deixando-se levar por essa sensação de bem estar... de tranqüilidade.. deixem que soltem mais e mai s...mais e mais... usufrua dessa sensação de tranqüilidade... com todos esses músculos relaxados... leves.. soltos... calmamente... suavemente... 25- Sinta e visualize o seu pé esquerdo...e concentre-se nos músculos do pé esquerdo... perna esquerda...um por um dos seus dedos.... pode senti-los... deixando-os soltos, mais e m ais soltos... Deixe que estes músculos se tornem muito, muito relaxados: muito, m uito calmos; muito tranqüilos... suavemente... calmamente...deixe-se levar...por esta sensação... continue concentrando-se nesses sentimentos e deixe que este músculos do pé esquerdo e da perna esquerda, todos os seus músculos se soltem mais e mais... seus músculos estão muito soltos...muito leves... muito longos, muito calmos... deixe que se soltem mais e mais... calmamente... suavemente...tranquilamente... 26- Relaxar…, sentir…, visualizar…,descontraindo e relaxando o seu pé esquerdo, sua perna esquerda f ique leve... suavemente... tranqüilamente....deixe-se levar, sinta-os relaxar, pode senti-los... deixando-os soltos, mais e mais soltos...deixe que estes músculos se tornem muito, muito rel axados: muito, muito calmos; muito tranqüilos... deixe-se levar...calmamente... suavemente... continue concentrando-se nesses sentimentos e deixe que este músculos dos seus pés direito e esquerdo, das pernas esquerda e direita fiquem leves... relaxados... suavemente... que se soltem mais e mai s... seus músculos dos pés e das pernas estão muito soltos, muito longos, muito calmos... leves...deixe que se soltem mais e mais...suavemente... tranqüilamente...note como eles se soltam mais e mais...deixe-se levar por essa sensação de tranqüilidade...calmamente... suavemente... 27- Relaxe profundamente, calmamente, sentindo e relaxando naturalmente, agradavelmente…,o relaxamento estende-se agora por todo os seus braços....sua mão di reita... esquerda... antebraços... seu rosto... seu pescoço.... seus ombros... suas costas... seus pé direito... seu pé esquerdo....sua perna esquerda...sua perna direita....calmamente... suavemente... relaxados... deixando-se levar por essa sensação de bem estar... de tranqüilidade.. deixem que soltem mais e mais...mais e mais... usufrua dessa sensação de tranqüilidade... com todos esses músculos relaxa dos... leves.. soltos... calmamente... suavemente... 28- Sinta e visualize a s suas coxas... primeiro a direita.... depois a esquerda.... concentre-se nos músculos da coxa direita.... sinta-os relaxar.... suavemente ....você pode sentir el a relaxando....a coxa direita.... pode sentila... os seus músculos...deixando-os soltos, mais e mais soltos...deixe que estes músculos se tornem mui to, muito relaxados: muito, muito calmos; mui to tranqüilos... suavemente... calmamente...deixe-se levar...por esta sensação... continue concentrando-se nesses sentimentos e deixe que este músculos da coxa di reita, todos os seus músculos se soltem mais e mai s... seus músculos estão muito soltos, muito longos, muito calmos... deixe que se soltem mais e m ais... calmamente... suavemente... 29- Relaxar…, sentir…, visualizar…,descontraindo e rel axando suas coxa esquerda... concentre-se nos músculos da coxa esquerda.... sinta-os relaxar.... suavemente ....você pode sentir ela relaxando....a coxa esquerda.... pode senti-la... os seus músculos...deixando-os soltos, mais e mais soltos...deixe que estes músculos se tornem muito, muito relaxados: muito, muito calmos; muito tra nqüilos... suavemente... calmamente...deixe-se levar...por esta sensação... continue concentrando-se nesses sentimentos e deixe que este músculos da coxa esquerda, todos os seus músculos se relaxem.... sinta-os leves...calmamente....suavemente.... deixe-se invadir por esta sensação de leveza e tranqüilidade.....de paz.... 30- Relaxe profundamente, calmamente, sentindo e relaxando naturalmente, agradavelmente…, já que você tem todo o braços, rosto, face, pescoço... ombros.... pés...pernas...coxas.... relaxados... deixe que a sensação de relaxamento chegue até seu abdômen, concentre-se nele... suavemente.. calmamente.. permita que ele relaxe....sinta os músculos de seu abdômen rel axando.. suavemente... deixa que estes músculos do abdômen se soltem mais e mai s...eles estão ficando soltos... muito soltos... os músculos do seu abdômen estão muito soltos e calmos... leves... deixe que eles se soltem m ais e mais... suavemente...calmamente... note como eles estão
relaxados....soltos... usufrua dessa sensação.... 31- O relaxamento agora se estende agora por todo os seus braços...mão direita... esquerda... antebraços...esquerdo e direito, rosto... pescoço.... seus ombros.. seus pés...suas pernas...suas coxas..... seu abdômen....calmamente... suavemente... relaxados... deixando-se levar por e ssa sensação de bem estar... de tranqüilidade.. deixem que soltem mais e mais...mais e mais... usufrua dessa sensação de tranqüilidade... com todos esses músculos relaxados... leves.. soltos... calmamente... suavemente...sinta esse relaxamento de todos esses músculos...tranquilamente... 32- Sinta e visualize o seu tórax e concentre-se nos músculos do tórax... pode senti-los... deixando-os soltos, mais e mais soltos...deixe que e stes músculos se tornem muito, muito relaxados: muito, muito calmos; muito tranqüilos... suavemente... calmamente...deixe-se levar... continue concentrando-se nesses sentimentos e deixe que este músculos do tórax se soltem mai s e mais... quando está relaxado seus músculos e stão muito soltos, muito longos, muito calmos... deixe que se soltem mais e mais...com suavidade... suavemente... calmame nte... sinta a sensação de leveza de todos os seus músculos do tórax...tranquilamente.... 33- Todo o relaxamento vai se tornando mais agradável…, todas as partes do corpo inclusive as que não foram mencionadas…, sentindo uma sensação de bem estar…, calma…, tranqüilidade…,sem ansiedade, uma profunda sensação de bem estar… 34- Relaxe profundamente, calmamente, sentindo e relaxando naturalmente, agradavelmente…, você está completamente relaxado... todo o seu corpo.... seus braços.. seus pés... suas coxas....seu abdômen... seu tórax.... seus ombros.... suas costas.... seu pescoço.. seu rosto... todos os músculos do seu corpo relaxam agora.... tranqüilamente.. suavemente... deixe-se levar por este sentimento de relaxamento... sinta-se aquecido... suavemente aquecido... seu pés aquecidos... mãos.... suavemente... tranqüilamente... usufrua dessa sensação... numa temperatura que você gosta....um calor suave...deixe que este calor suave o invada.. que este sentimento o invada..... isto é um sinal de que seus músculos estão relaxando mais e mais...Note como estão relaxando mais e mai s.. suavemente aquecidos... usufrua dessa sensação... suavemente... calmamente...tranquilamente... 35- Relaxar…, sentir…, visualizar…,descontraindo e relaxando, deixe todo o seu ser muito....muito relaxado.... muito, muito tranqüil o....deixe seus pés... suas pernas...suas coxas...seu estômago... seu peito.... suas costas....seus ombros..... seus braços....seu pescoço.... seu rosto.... muito... muito....muito relaxado. Seus músculos estão muito, muito soltos.... muito tranqüilos...deixe que sua respiração si ga seu próprio ritmo monótono, tranqüilo, deixe-se levar... deixe-se levar pelo estado profundo de relaxamento.... 36- ( TREINAMENTO AUTÓGENO ) Ouça os batimentos cardí acos.... sinta a temperatura do seu corpo... agradavelmente aquecida….sua testa... agradavelmente fria.... uma agradável sensação de bem estar…paz… 37- Sinta que você está em um lugar muito tranqüilo, calmo, ….. 38- Todas as partes dos seu corpo estão agora relaxadas, muito relaxadas, aquecidas.. suavemente aquecidas.... deixe-se levar...deixe que sua respiração siga seu próprio ritmo, monótono, pesado, tranqüilo. Deixe levar...mais e mais profundamente.... pelo relaxam ento...usufrua essa sensação.... de paz... de serenidade....de tranqüilidade... que pode ficar com você até depois que sair do relaxamento... 39- Agora vamos contar.... até "cinco"... calmamente.... tranqüilamente.... e no seu tempo certo... você irá calmamente.... tranqüilamente.... saindo do relaxamen to....e saindo em paz... tranqüilo.. sentindo mesmo depois de sair...uma sensação de calma....de tranqüili dade...ficará com você, mesmo depois ... tranqüilidade....suavidade...serenidade e a paz....que sente agora ..... 40- Contamos "um" e você calmamente...irá sai ndo do relaxamento...começando a perceber os ruídos à sua volta...a ouvir os ruídos externos... suavemente...calmamente...tranqüilamente...vai sentindo a sua mão... o seu antebraço..... no seu tempo certo... você vai percebendo suas mãos.... direi ta.... esquerda.... antebraço direito, esquerdo... suavemente....tranquilamente... 41- Contamos "dois".... e você no seu tempo certo... calmamente....tranqüilamente.. vai sentindo de volta seus pés... suas pernas... suas coxas.... calmament e.... suavemente....tranqüilamente.... 42- Contamos "três"..... e tranqüilamente, no seu devido tempo.... no seu tempo certo.... você calmamente.. sente seu tórax.. seu abdômen..... suas costas......tranqüilamente....suavemente... no seu tem po certo você vai retornando.... saindo calmamente tranqüilamente.... do rel axamento.... 43- Contamos "quatro" e suavemente... devagar.... no seu tempo devido... você suavemente... sente seu pescoço.... seu rosto.....seu corpo....seu corpo todo vai saindo calmamente... suavemente do r elaxamento... no seu tempo certo.... suavemente....tranqüilamente.... 44- Contamos "cinco" e suavemente... tranqüilamente....você começa a ouvir a perceber os ruídos externos...a seu ambiente....no seu tempo certo... calmamente.... você abrirá seus olhos...e sairá do relaxamento.... calmamente.... suavemente....tranqüilamente....e em paz. 45- No seu tempo certo, se quiser... pode se espreguiçar ... bocejar... abrir seus olhos.... e usufruir da sensação que agora ficou com você...de serenidade... de tranqüilidade...de paz.... 12-VIÉIS E FRAGMENTOS DA HIPNOSE NAS OBRAS D E FREUD Publicações pré-psicanalíticas e esboços inéditos hipnose, volume I (1886-99)- Seria um equívoco pensar que é muito fácil praticar a hipnose com fins terapêuticos. Depois, como hipnotizador experiente, haverá de abordar o assunto com toda a seriedade e firmeza que nascem da consciência de estar empreendendo algo útil e, a rigor, em algumas circunstâncias, necessário. Em geral, podemos partir da presunção de que qualquer pessoa é hipnotizável; porém, todo médico encontrará determinado número de pessoas que, dentro das condições de suas experiências, não conseguirá hipnotizar e, muitas vezes, será incapaz de dizer de onde se originou seu fracasso. Até os dias atuais, não se conseguiu relacionar a acessibilidade à hipnose com qualquer outro atributo de uma pessoa. O que se sabe de verdadeiro é que os portadores de doença mental e os degenerados, na sua maior parte, não são hipnotizáveis, e os neurastênicos somente o são com grande dificuldade. Não é verdade que os pacientes histéricos não se adaptem à hipnose. Em geral, evitaremos aplicar o tratamento hipnótico em sintomas que tenham origem orgânica. A melhor maneira de realizar a hipnose é colocar o paciente numa cadeira confortável, pedir que se mantenha cuidadosamente atento e que não fale mais, pois falar lhe impediria o adormecer. Remove-se-lhe qualquer roupa apertada e pede-se a quaisquer outras pessoas presentes que se mantenham numa parte da sala onde não possam ser vistas pelo paciente. Escurece-se a sala, mantém-se o silêncio. Após esses preparativos, sentamonos em frente ao paciente e pedimo-lhe que fixe os olhos em dois dedos da mão direita do médico e, ao mesmo tempo, observe atentamente as sensações que passará a sentir. Depois de curto espaço de tempo, um minuto, talvez, começamos a persuadir o paciente a sentir as sensações do adormecer. O verdadeiro valor terapêutico da hipnose está nas sugestões feitas durante a mesma. Essas sugestões consistem numa enérgica negação dos males de que o paciente se queixou, ou num asseguramento de que ele pode fazer algo, ou numa ordem para que o execute. Tudo que se tem dito e escrito a respeito dos grandes perigos da hipnose pertence ao reino da fantasia. Se colocarmos de lado o mau uso da hipnose com fins ilegítimos — possibilidade esta que exi ste em todos os outros métodos terapêuticos eficazes. (4)Estados de hipnóides - Estudos sobre a histeria Josef Breuer e Sigmund F reud volume II. (1893-1895)- A base da histeria é a existência de estados hipnóides. Moebius já dissera exatamente a mesma coisa em 1890. ―A condição necessária para a atuação (patogênica) das idéias é, por um lado, uma predisposição inata — isto é, uma disposição histérica — e, por outro, um peculiar estado mental. Podemos apenas formar uma idéia imprecisa desse estado mental. Deve assemelhar-se a um estado de hipnose; deve corresponder a alguma espécie de vazio da consciência em que uma idéia emergente não depara com qualquer resistência por parte de outra — no qual, por assim dizer, o campo está livre para a primeira idéia que vier. Sabemos que esse tipo de estado pode ser acarretado não somente pelo hi pnotismo, como também pelo choque emocional (susto, cólera, etc.) e por fatores que esgotam as forças (priva ção do sono, fome, etc.)‖ |Moebius, 1894, 17|. Os fenômenos assim surgidos só emergem na consciência lúcida quando a divisão da mente, que examinarei
depois, já foi concluída, e quando a alternância entre os estados de vigília e hipnose foi substituída por uma coexistência entre os complexos representativos normais e os hipnóides. Charcot - Primeiras publicações psicanalíticas volume II (1893-1899)- Não era Charcot um homem dado a reflexões excessivas, um pensador: tinha, antes, a natureza de um artista — era, como ele mesmo dizia, um ―visuel‖, um homem que vê. Eis o que nos falou sobre seu método de trabalho. Costumava olhar repetidamente as coisas que não compreendia, para aprofundar sua impressão delas dia-a-dia, até que subitamente a compreensão raiava nele. O interesse de Charcot pelos f enômenos hipnóticos nos pacientes histéricos levou a enormes avanços nessa importante área de fatos até então negligenciados e desprezados, pois o peso de seu nome pôs fim de uma vez por todas a qualquer dúvida sobre a realidade das manifestações hipnóticas. Mas a abordagem exclusivamente nosográfica adotada na escola do Salpêtrière não foi suficiente para um assunto puramente psicológico. A limitação do estudo da hipnose aos pacientes histéricos, a diferenciação entre grande e pequeno hipnotismo, a hipótese sobre os três estágios da ―grande hipnose‖ e a caracterização de sses estágios por fenômenos somáticos — tudo isso declinou no conceito dos contemporâneos de Charcot, quando Bernheim, discípulo de Liébeault, passou a elaborar a teoria do hipnotismo a partir de fundamentos psicológicos mais abrangentes e a fazer da sugestão o ponto central da hipnose. Os opositores do hipnotismo, satisfeitos em poder ocultar sua falta de experiência pessoal por trás de um apelo à autoridade, são os únicos que ainda se prendem às asserções de Charcot e gostam de tirar proveito de uma declaração feita por ele em seus últimos anos, na qual negava à hipnose qualquer valor como método terapêutico. O método psicanalítico de Freud, três ensaios sobre a teoria da sexualidade e outros trabalhos volume VII (19011905)- O singular método psicoterápico que Freud pratica e designa de psicanálise é proveniente do chamado procedimento catártico, sobre o qual ele forneceu as devidas informações nos Estudos sobre a Histeria, de 1895, escritos em colaboração com Joseph Breuer. A terapia catártica foi uma descoberta de Breuer, que, cerca de dez anos antes, curara com sua ajuda um a paciente histérica e obtivera, nesse processo, uma compreensão da patogênese de seus sintomas. Graças a uma sugestão pessoal de Breuer, Freud retomou o procedimento e o pôs à prova num número maior de enfermos. O procedimento catártico pressupunha que o paciente fosse hipnotizável e se baseava na ampliação da consciência que ocorre na hipnose. Tinha por alvo a eliminação dos sintomas patológicos e chegava a isso levando o paciente a retroceder ao estado psíquico em que o sintoma surgira pela primeira vez. Feito isso, emergiam no doente hipnotizado lembranças, pensamentos e impulsos até então excluídos de sua consciência; e mal ele comunicava ao médico esses seus processos anímicos, em meio a in tensas expressões afetivas, o sintoma era superado e se impedia seu retorno. Os dois aut ores, em seu trabalho conjunto, explicaram essa experiência regularmente repetida, afirmando que o sintoma toma o lugar de processos psíquicos suprimidos que não chegam à consciência, ou seja, que ele representa uma transformação (―conversão‖) de tais processos. A eficácia terapêutica de seu procedimento foi explicada em função da descarga do afeto, até ali como que ―estrangulado‖, preso às ações anímicas suprimidas (―ab-reação‖). Mas esse esquema simples da intervenção terapêutica complicava-se em quase todos os casos, pois viu-se que participavam da gênese do sintoma, não uma única impressão (―traumática‖), porém, na maioria dos casos, uma série delas, difícil de abarcar. Assim, a principal característica do método catártico, em contraste com todos os outros procedi mentos da psicoterapia, reside em que, nele, a eficácia terapêutica não se transfere para uma proibição médica veiculada por sugestão. Espera-se, antes, que os sintomas desapareçam por si, tão logo a intervenção, baseada em certas premissas sobre o mecanismo psíquico, tenha êxito em fazer com que os processos anímicos passem para um curso diferente do que até então desembocava na formação do sintoma. As alterações que Freud introduziu no metódo catártico de Breuer foram, a princípio, mudanças da técnica; estas, porém, levaram a novos resultados e, em seguida, exigiram uma concepção diferente do trabalho terapêutico, embora não contraditória à anterior. O método catártico já havia renunciado à sugestão, e Freud deu o passo seguinte, abandonando também a hipnose. Atualmente, trata seus enfermos da seguinte maneira: sem exercer nenhum outro tipo de influência, convida-os a se deitarem de costas num sofá, comodamente, enquanto ele próprio senta-se numa cadeira por trás deles, fora de seu campo visual. Tampouco exige que fe chem os olhos e evita qualquer contato, bem como qualquer outro procedimento que possa fazer lembrar a hipnose. Assim a sessão prossegue como uma conversa entre duas pessoas igualmente despertas, uma das quais é poupada de qualquer esforço muscular e de qualquer impressão sensorial passível de distraí-la e de perturbar-lhe a concentração da atenção em sua própria atividade anímica. Como a hipnotizabilidade, por mais habilidoso que seja o médico, reside sabidamente no arbítrio do paciente, e como um grande número de pessoas neuróticas não pode ser colocado em estado de hipnose através de procedimento algum, ficou assegurada, através da renúncia à hipnose, a aplicabilidade do método a um número irrestrito de enfermos. Por outro lado, perdeu-se a ampliação da consciência que proporcionava ao médico justamente o material psíquico de lembranças e representações com a ajuda do qual se podia reali zar a transformação dos sintomas e a li beração dos afetos. Caso não fosse encontrado nenhum substituto para essa perda, seria impossível falar em alguma influência terapêutica. Freud encontrou um substituto dessa ordem, plename nte satisfatório, nas associações dos enfermos, ou seja, nos pensamentos involuntários — quase sempre sentidos como perturbadores e por isso comumente postos de lado — que costumam cruzar a trama da exposição intencional. Para apoderar-se dessas idéias incidentes, ele exorta os pacientes a se deixarem levar em suas comunicações, ―mais ou menos como se faz numa conversa a esmo, passando de um assunto a outro‖. Antes de exortá-los a um relato pormenorizado de sua história clínica, ele os instiga a dizerem tudo o que lhes passar pela cabeça, mesmo o que julgarem sem importância, ou irrelevante, ou disparatado. Ao contrário, pede com especial insistência que não excluam de suas comunicações nenhum pensamento ou i déia pelo fato de serem embaraçosos ou penosos. No empenho de compilar esse material costumeiramente desdenhado, Freud fez as observações que se tornaram decisivas para toda a sua concepção. Já no relato da história clínica surgem lacunas na memória do doente, ou seja, esquecem-se acontecimentos reais, confundem-se as relações de tempo ou se rompem as conexões causais, daí resultando efeitos incompreensíveis. Não há nenhuma história clínica de neurose sem algum tipo de amnésia. Quando o paciente é instado a preencher essas lacunas de sua memória através de um trabalho redobrado de atenção, verifica-se que as idéias que lhe ocorrem a esse respeito são repelidas por ele com todos os recursos da crítica, até que ele sente um franco mal-estar quando a lembrança realmente se instala. Dessa experiência Freud concluiu que as amnésias são o resultado de um processo ao qual ele chama recalcamento e cuja motivação é identificada no sentido de desprazer. As forças psíquicas que deram origem a esse recalcamento estariam, segundo ele, na resistência que se opõe à restauração [das lembranças]. O fator da resistência tornou-se um dos fundamentos de sua teoria. Quanto às idéi as postas de lado sob toda sorte de pretextos (como as enumeradas na fórmula acima), Freud as encara como derivados das formações psíquicas recalcadas (pensamentos e moções), como deturpações delas provocadas pela resistência a sua reprodução. Quanto maior a resistência, mais profusa é essa distorção. O valor das idéias inintencionais para a técnica terapêutica reside nessa relação delas com o material psíquico recalcado. Quando se dispõe de um procedimento que permite avançar das associações até o recalcado, das distorções até o distorcido, pode-se também tornar acessível à consciência o que era antes inconsciente na vida anímica, mesmo sem a hipnose. Com base nisso, Freud desenvolveu uma arte de interpretação à qual compete a tarefa, por assim dizer, de extrair do minério bruto das associações inintencionais o metal puro dos pensamentos recalcados. São objeto desse trabalho interpretativo não apenas as idéias que ocorrem ao doente, mas também seus sonhos, que abrem a via de acesso mais direta para o conhecimento do inconsciente, suas ações inintencionais e desprovidas de planos (atos sintomáticos), e os erros que ele comete na vida cotidiana (lapsos da fala, equívocos na ação etc.). Os detalhes dessa técnica de interpretação ou tradução, segundo suas indicações, trata-se de uma série de regras empiricamente adquiridas para construir o material inconsciente a partir das ocorrências de idéias, de instituições sobre como é preciso entender a situação em que deixam de ocorrer idéias ao paciente, e de
experiências sobre as resistências típicas mais importantes que surgem no decorrer desses tratamentos. Um volumoso livro sobre A Interpreta ção dos Sonhos, publicado por Freud em 1900, deve ser visto como o precursor de tal introdução à técnica. Dessas indicações sobre a técnica do método psicanalítico poder-se-ia concluir que seu inventor deu-se um trabalho desnecessário e fez mal em abandonar o procedimento hipnótico, menos complicado. De um lado, porém, a técnica da psicanálise, uma vez aprendida, é muito mais fácil de praticar do que indicaria qualquer descrição dela, e de outro, nenhum caminho alternativo leva à meta desejada, donde o caminho trabalhoso é ainda o mais curto. A hipnose é censurável por ocultar a resistência e por ter assim impedido ao médico o conhecimento do jogo das forças psíquicas. E não elimina a resistência; apenas a evade, com o que fornece tãosomente dados incompletos e resultados passageiros. 13-BIBLIOGRAFIA FREUD, SIGMUND Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, Imago, RJ. 1986 DA SILVA, Dr. GELSON CRESPO Manual de Hipnose Médica. ISBN Spob RJ. 2000 DA SILVA, Dr. HEITOR ANTONIO Fund. da Técnica Psicanalítica. ISBN Spob RJ.2000 INTERNET - http://www.spob.com.br INTERNET - http://www.psicanalise.virtual.nom.br/relaxamento.htm Técnicas de Relaxamento. INTERNET - http://hipnosis.hpg.com.br/ Hipnose e Saúde INTERNET - http://www.idph.com.br/ahipno.htm Hipnose Aplicada à Educação/ Arquitetura de Aprendizado INTERNET - http://www.sulbraserickson.com.br/oquehip.htm O que é Hipnose ? INTERNET - http://www.compuland.com.br/hipnose/auto-hipnose.html INTERNET - http://www.navedapalavra.com.br/resenhas/hipnose.htm INTERNET - http://www.sunnet.com.br/~robsonflima/hipnose_ericksoniana.htm Hipnose Ericksoniana INTERNET - http://www.servivo.com.br/banco/..\banco\hipnose.htm Hipnose e suas aplicações INTERNET - http://cleliaromano.com/psi06.htm INTERNET - http://www.saudefoz.com.br/artigo005.htm Hipnose: o que é, como funciona, riscos e indicações INTERNET - http://eumat.vila.bol.com.br/tortura.htm Ações Violentas sobre o Psiquismo Humano INTERNET - http://www.sbhipnose.com.br/sobre1.htm Sobre a Hipnose
O que é a Psicoterapia Breve? É uma técnica utilizada em Psicoterapia que foi desenvolvida nas últimas décadas nos Estados Unidos e na Europa em resposta às demandas dos Planos de Saúde que pressionavam as seguradoras por atendimentos psicoterápicos menos longos que os até então utilizados pela psicoterapia tradicional existente. Por essa razão vários estudos foram desenvolvidos e se acabou criando uma nova técnica - a Psicoterapia Breve - que permite resultados tão eficazes ou até mais que os métodos anteriores. QUAL A EFICÁCIA DA PSICOTERAPIA BREVE? É uma técnica, como já dissemos, que apresenta resultados terapêuticos bastante eficazes num limite de tempo bem menor e com apenas um atendimento semanal, podendo-se observar melhoras significativas já nos primeiros meses de tratamento. EM QUE CONSISTE O TRATAMENTO?
Em uma sessão semanal com duração de 45 minutos. De um modo geral todo o tratamento pode durar cerca de 20 sessões , dependendo do caso ( aproximadamente 5 meses). Entretanto, também há possibilidade de alta com menor número de atendimentos. QUAL O PAPEL DO TERAPEUTA NA TERAPIA BREVE? Diferentemente de outras abordagens, o terapeuta tem um papel bastante ativo durante as sessões, atuando de maneira direta e participativa em todo o processo terapêutico. EM QUE CASOS HÁ INDICAÇÃO PARA PSICOTERAPIA BREVE? As pessoas que melhor resultado podem obter com a Psicoterapia Breve são aquelas que apresentam um alto grau de motivação para a terapia, para entender a si próprios e para mudar. Também são fatores que favorecem o sucesso dessa técnica: a presença de um problema específico; a capacidade de expressar sentimentos e interagir flexivelmente com o terapeuta; disposição em participar ativamente da avaliação do seu problema; capacidade de reconhecer que seus sintomas são de origem psicológica; curiosidade a respeito de si próprio; a bertura a novas idéias expectativas realistas em relação aos resultados do tratamento e disposição de fazer um sacrifício razoável, seja de tempo, dinheiro ou disponibilidade interna para lidar com questões muitas vezes desagradáveis. Em termos de enfermidades podemos dizer que essa técnica tem indicação específica para o tratamento de Transtorno Depressivo Leve. Distimia, Fobia Social ( medo de encontrar pessoas novas, de assinar cheques, comer ou falar em público,etc), Transtorno de Ansiedade Generalizada,Síndrome do Pânico, Disturbios de Ajustamento ( separação, mudanças importantes de trabalho, cidade. etc), Reação a Estresse Grave e alguns Transtornos de Personalidade. Também tem indicação relativa ( prognóstico menos favorável, mas com possibilidade de grande melhoria) para os seguintes casos: Transtorno Depressivo Moderado,Fobias específicas, TOC, Transtornos Alimentares ( bulimia, anorexia, comer compulsivo) e outros Transtornos de Personalidade. É contra indicada para o tratamento de Síndromes Orgânicas, Esquizofrenia, Transtorno Bipolar, Transtorno de Personalidade Anti-Social, Retardo Mental e Autismo.
Nanci Rodrigues Pacheco
Psicoterapia Breve: Uma Abordagem Eclética :: Flávio Gikovate ::
(Psicoterapia 1.
Introdução
breve e
sem
apresentação
escola) dos
objetivos
Minha avaliação, ao fazer um retrospecto do que aconteceu com a psicologia e, em particular, com a psicanálise, ao longo do século XX, é de que as três primeiras décadas podem ser consideradas como a dos anos dourados. Os extraordinários avanços representados pela psicanálise jamais deveriam ser subestimados mesmo por aqueles que, como eu, sempre tiveram muitas dúvidas acerca do rigor e veracidade de suas conclusões. Às contribuições geniais de Freud se agregaram várias outras de seus discípulos mais dotados e que talvez por isso mesmo se
tornaram dissidentes - a cega obediência dificilmente pode conviver com um espírito criativo e inovador. Jung, Adler, Ferenczi, Rank estão entre os muitos que participaram dessa época invejável, quando se trocavam experiências e os dogmas ainda não existiam, quando se estava na oposição e não no governo e todos - a maioria ainda jovem -, foram amigos e analistas uns dos outros. Ao mesmo tempo, na Rússia, e não na Áustria e arredores, estudos de fisiologia animal conduzidos por Pavlov introduziam interessantíssimos elementos ao processo de aprendizado, os chamados reflexos condicionados. Tais reflexos, uma vez estabelecidos, eram difíceis de serem desfeitos e, na prática, atuavam como os reflexos incondicionados, aqueles com os quais nascemos e que nos protegem contra animais perigosos, o escuro, ruídos fortes, entre outros. As reações neurofisiológicas relacionadas com a luta e a fuga e que são a essência dos processos orgânicos relacionados com o stress, também foram estabelecidos por volta dessa época. A partir dos anos „30 a psicanálise passou a ter crescente
credibilidade e as sociedades psicanalíticas se estenderam para quase todas as partes do mundo. O assim chamado movimento psicanalítico foi, cada vez mais, sendo conduzido por discípulos e não por Freud pessoalmente. As formas de treinamento de novos profissionais e as técnicas de trabalho foram sendo padronizadas de forma cada vez mais consistente, especialmente depois da morte do fundador (1939) e sobretudo na Inglaterra, para onde migrou o centro de poder do movimento. Surgiram, de modo mais evidente, as disputas pelo poder. Todos queriam suceder ao mestre, inclusive sua filha Ana e Melanie Klein. Não há interesse em descrever detalhes assim humanos observados entre aqueles que se propunham ser criaturas mais equilibradas e bem analisadas. Não é o caso aqui de aprofundar a descrição do que acontece quando uma doutrina se transforma em uma instituição e o que isso possa significar para o avanço ou retrocesso de uma ciência. De forma genérica, penso que o processo passa a ser governado pelas regras usuais nas instituições, qualquer que seja a doutrina envolvida. O fato é que foi dessa forma que a psicanálise se estabeleceu e se disseminou, gerando núcleos autoritários em todos os continentes. Encontrou grande oposição na França, talvez em virtude das históricas rivalidades européias. Como costuma acontecer em outros setores da atividade humana, é claro que grupos críticos também se constituíram em toda a parte, defendendo pontos de vista antagônicos aos da psicanálise, ou seja, de que o essencial para o entendimento da
nossa condição tem que ser procurado nos meandros do nosso cérebro, na química e nos mecanismos recém descobertos relacionados aos reflexos condicionados. Entre esses opositores, o mais radical e vibrante talvez tenha sido Eisenck, professor na Universidade de Londres, e que fazia guerra aberta à sede central da psicanálise, localizada a poucos quarteirões de distância de sua sala. Outros autores atuavam no desenvolvimento de processos relativos aos mecanismos reflexos, de modo que começaram a pipocar trabalhos mostrando a utilidade de propostas terapêuticas derivadas dessa matriz. Surgiram, nos EUA, os textos de Skinner, propondo técnicas específicas para o tratamento de crianças deficientes e também para outras condições. Autores de formação médica, especialmente Wolpe e Lazarus, desenvolveram os primeiros tipos de terapias comportamentais para aplicação em casos de fobias. Outros autores também se dedicaram a essa tarefa, especialmente em Londres
a
partir
dos
anos
„60.
A França só passou a se interessar pela psicanálise quando ficaram conhecidos os trabalhos de Lacan, uma espécie de reescritura dos textos originais de Freud em uma visão talvez ao mesmo tempo revolucionária e adaptada ao modo de pensar dos franceses. De todo o modo, para a psicanálise de linhagem inglesa, que vinha vivenciando ao mesmo tempo grande reconhecimento internacional e severo processo de cristalização - entendido como empobrecimento de suas possibilidades de renovação e perda total de criatividade -, a entrada em cena de Lacan e das sociedades que se constituíram em seu nome significou grave cisão interna e polarização de posições no seio do movimento. Além de uma vertente Junguiana, sempre presente, mas pouco influente, havia agora os Lacanianos que se opunham aos tradicionais psicanalistas da escola freudiana inglesa. Entre os comportamentalistas, também havia divisões: os discípulos de Skinner eram os mais radicais e negavam qualquer utilidade a algo que não fossem os trabalhos de condicionamento operante. Os de mente um pouco mais aberta aceitavam os empenhos de tratar pessoas por meio de processos de dessensibilização sistemática e até mesmo técnicas mais radicais tipo implosion - exposição de um fóbico, por exemplo, à mais adversa condição para buscar um resultado mais rápido - e que foram usadas com algum sucesso pelo grupo do Maudsley Hospital de Londres chefiado por I.M.Marks. Surgiu, também nos EUA, o termo terapia cognitiva, cunhado por A. Beck e também desenvolvido por A. Ellis, e que implicava
em tratamentos envolvendo contatos verbais de caráter não dinâmico, ou seja, conversas que pretendiam entender os equívocos cometidos durante o processo de compreensão de uma dada situação geradora de sintomas e buscar fórmulas terapêuticas, muitas vezes semelhantes às desenvolvidas pelos comportamentalistas. Da reunião delas surgiram as terapias cognitivo-comportamentais, hoje tão bem aceitas. Dentre os psicanalistas que, antes da segunda guerra mundial, migraram para os EUA, cabe o registro especial para Franz Alexander. Trabalhando em casos de medicina psicossomática, tratou de tentar adequar os conhecimentos psicodinâmicos estabelecidos pela psicanálise a formas de tratamento mais adequadas à cultura norte-americana. O senso prático, as questões até mesmo de caráter material próprios desse povo para quem os resultados contam mais do que as doutrinas - até porque não costumavam ser grandes produtores de teorias criaram as condições ótimas para o surgimento das primeiras reflexões efetivas acerca da necessidade de revisão da técnica psicanalítica, no sentido de torná-la mais adequada à prática médica. Surgiram, ao longo dos anos „50, os trabalhos iniciais de
psicoterapia analítica breve sistematizados no livro, escrito por Alexander junto com T. French, chamado Terapêutica Psicanalítica, marco básico para o surgimento das técnicas psicoterapeuticas hoje mais usadas em todo o mundo. Otto Rank, que também havia emigrado e se preparava para viver uma nova etapa, talvez a mais produtiva de sua vida, inclusive com interferência nas questões técnicas, morreu prematuramente logo após a guerra. Não se pode deixar de registrar que na Inglaterra do pós-guerra também aconteceram importantes contribuições que influenciaram a maneira de pensar de muitos psicoterapeutas em todo o mundo. Talvez o mais influente, junto com Winnicott, tenha sido Bowby, que tratou particularmente dos vínculos, dos elos que unem crianças às suas mães e de como eles podem influir no modo de vivenciar relacionamentos em fases posteriores da vida. O trágico é que os profissionais mais ortodoxos e radicais, defensores de cada uma dessas doutrinas, têm tanta certeza de que estão de posse da verdade absoluta, que sequer se dão ao trabalho de ler o que pensam seus colegas pertencentes a outros grupos. Aliás, a simples existência de tais grupos já é dramática, pois não é assim que se faz ciência. Ciência depende da observação de fatos, de resultados. Ciência depende de debates, de confronto entre pontos de vista e resultados, e não da formação de “escolas” que se isolam e não que rem contato com oponentes. Não existe teoria física que se sustente se os
fatos não a comprovarem. Em psicologia isso existe! Ainda hoje existem, e são em maioria, os defensores desse ou daquele grupo teórico. Na prática, porém, todos tem tido a necessidade de trabalhar de forma mais homogênea. Hoje vivemos divergências teóricas enormes e práticas terapêuticas mais afinadas. A grande maioria dos terapeutas não tem tido resultados brilhantes e a conseqüência disso tem sido o forte declínio da procura por psicoterapias e uma diminuição do respeito pelos profissionais que as praticam. Surgiram medicamentos novos, razoavelmente eficientes, e muitos são os que preferem se submeter a tratamentos farmacológicos ao invés de psicoterapias. Outros preferem relaxamentos, Yoga ou práticas de meditação. Outros ainda aderem a alguns dos inúmeros tipos de charlatanice que sempre se renovam. Muitos preferem ler livros que parecem lhes dar a fórmula da salvação. Aqueles profissionais que trabalham com melhores resultados são os que têm uma visão mais global, mais ampla das questões humanas, além de se sentirem menos comprometidos com qualquer tipo específico de teoria psicológica ou técnica psicoterapêutica. É claro que todos temos nossas preferências, mas o que se segue, e que constitui a base do que hoje se chama de psicoterapia breve sem escola, tem por finalidade o bem-estar do paciente. Trata-se de um trabalho personalizado, onde se busca essencialmente uma forma de encaminhar e, se possível, solucionar os dilemas e dramas de uma dada pessoa. Não se trata de defender essa ou aquela teoria ou técnica terapêutica. Trata-se de ajudar o indivíduo que nos procurou a sair do desconforto em que está mergulhado.
Psicoterapia Breve: Uma Abordagem Eclética - Parte 2 :: Flávio Gikovate :: 2.
Um
referencial
teórico,
ainda
que
genéric
Quando se fala em "psicoterapia breve sem escola" não se está pensando em ausência de qualquer tipo de fundamento teórico e sim numa visão eclética, onde todos os pontos de vista são levados em conta. O ideal seria que o terapeuta estivesse familiarizado com as diversas correntes que têm se digladiado, que evitasse o conflito e buscasse extrair o que de melhor elas têm para o tratamento de seus pacientes. Uma psicoterapia focada no paciente implica em domínio da prática sobre a teoria: o terapeuta observa a realidade com cautela e a maior
objetividade possível e tenta encontrar o melhor caminho de ajudar seu paciente. Trata-se, comparando com a moda, de um trabalho de "alta costura" e não o "pret a porter", uma técnica e um procedimento que terão que servir para todos. Cada caso é um caso. Acho que a expressão que pode definir um posicionamento teórico eclético e de utilidade operacional é a de que "o homem é um ser bio-psico-social", o que ouço desde os tempos em que era estudante de medicina e que só muito recentemente entendi exatamente o que significa - ou acho que entendi! Que tenhamos nascido com uma máquina bastante interessante e potente, constituída de 100 bilhões de neurônios, é fato que não desperta mais nem espanto e nem dúvidas. Apesar de possuí-la, vivemos quase como os macacos superiores por cerca de 100 mil anos antes de termos podido iniciar a constituição de uma vida típica da nossa espécie. As eventuais conquistas, feitas por pequenos grupos de humanos, não se perpetuavam, não passavam de uma geração à outra. Não havia forma de registrar tais aquisições, de modo que cada novo grupo humano tinha que iniciar tudo do zero. Nosso cérebro só começou a ser usado de modo mais efetivo quando fomos capazes de construir nossa principal e mais fascinante conquista: a linguagem. Ao associarmos símbolos aos objetos, situações e ações, ao usarmos fonemas para descrever tais símbolos, fomos capazes de construir seqüências deles - e seus sons - que descreviam acontecimentos e também indicavam o que se passava na mente da pessoa que falava e que agora passava a ser inteligível aos outros membros daquele grupo, uma vez que todos aceitavam os mesmos símbolos como indicativos das mesmas coisas. Desta forma, tornou-se possível a transmissão de informações também de uma geração à outra, iniciando um processo de acumulação de conhecimento que desembocou nos avanços que temos acompanhado ao longo dos últimos séculos e, principalmente, das últimas décadas. A construção da linguagem criou condições para que as correlações entre os símbolos (agora chamadas de palavras) pudessem se dar das formas as mais variadas e mesmo sem conexão direta com o mundo material. Surgem hipóteses, idéias a respeito de condições que não existem, surge a capacidade de ulgar, de avaliar a conduta dos semelhantes, surgem as possibilidades de constituição de grupos cada vez maiores através da constituição de certa ordenação e também da racionalização do trabalho; e assim por diante. Surge também a mentira! Ou seja, a capacidade de uma pessoa falar que sente o que não sente, que assistiu o que não ocorreu, que fez o que
não fez. A memória passa a ser usada de forma mais eficaz, uma vez que armazena mais e com mais facilidade graças ao uso das palavras. Surgem também os lapsos de memória. Mesmo que compreendamos que o nosso sistema de pensamento deriva da atividade cerebral, a verdade é que não temos a menor idéia de como aquelas células são capazes de produzir pensamentos. E muito menos como estes pensamentos se correlacionam entre si, como se comunicam e interagem com outros humanos, como eles geram novos pensamentos que poderão se transformar em novos fatos que irão, através da ciência e seus avanços, gerar um habitat cada vez mais modificado em relação àquele que o homem primitivo encontrou. Assim, o pensamento é parte de um fenômeno que percebemos como autônomo, independente da função cerebral. Vivemos nossa subjetividade como constituída por algo imaterial, um universo de idéias, emoções e correlações que não tem mais nada a ver com a atividade cerebral e que só irá depender dela nos casos em que ali vierem a existir problemas ou danos físicos efetivos. O fato é que vivenciamos nossa subjetividade como desvinculada do cérebro. Talvez daí se tenha extraído a idéia tradicional de que ao nosso corpo se incorporava uma Alma termo com o qual simpatizo muito e que proponho seja reintroduzido em substitição a Mente, que tem uma conotação um tanto material e científica que nos induziria a pensar que temos mais conhecimento sobre o assunto do que efetivamente temos. Alma implica em algo quase mágico, capaz de produzir a música, as obras de arte, os poemas, e tantas outras coisas boas e más. Ao usar o termo "alma" estou pensando que ela é uma parte imaterial que se formou a partir da atividade cerebral, mas que ganhou vida própria, na qual os pensamentos se interrelacionam de uma forma livre, aleatória e independente do corpo - do qual só volta a depender, insisto, em casos de danos na parte física que a sustenta. Assim, existem os problemas derivados de danos na atividade cerebral. Existem também problemas e sofrimentos derivados de equívocos que surgem no seio das atividades próprias da alma. Correspondem a dois domínios independentes, mas que interagem permanentemente. Na metáfora de informática, útil já que este setor da atividade sempre tenta imitar o que acontece conosco, o cérebro é o hardware enquanto que a alma corresponde ao software. A complexidade própria da nossa condição não para por aí. Por força de vários elementos, alguns de natureza instintiva e outros ligados ao estilo de vida que fomos construindo, vivemos em grupos cada vez maiores, definidos por interesses territoriais,
divisão do trabalho e dos seus frutos, língua única e estilos de vida definidos que se constituíram ao longo da vida das gerações que nos antecederam. Elas construíram também um conjunto de normas de valor e de pontos de vista com os quais nos familiarizamos desde pequenos e que constituem nossas crenças. Assim, o homem, em virtude de suas características biológicas e principalmente do modo como funciona sua alma, se constitui e se organiza em grupos sociais peculiares. Nascemos com o cérebro praticamente formado. A alma inexiste, e terá que ser moldada a cada geração - ontogênese. Isso acontece de modo mais fácil do que no início da nossa história como espécie - filogênese - justamente porque o grupo onde hoje nascemos já estava composto e acumulou informações práticas e crenças. Cada nova criatura abastece, ao menos inicialmente, sua alma incorporando os usos e costumes do seu grupo, de modo a melhor fazer parte dele. Nossa constituição sofre, pois, brutal influência do grupo onde crescemos e das crenças que o regem. Cada geração fará avanços justamente ao colocar em dúvida as crenças adquiridas sem reflexão e propondo novos conceitos práticos ou de estilo de vida. Assim, nossa alma irá primeiro se constituir a partir das normas do grupo social em que nascemos e depois irá ser o fator de modificação dessas mesmas normas. Nunca será demais ressaltar a importância das primeiras e fundamentais relações afetivas entre cada bebê e seus pais, especialmente sua mãe, na formação de cada novo adulto, uma vez que elas exercem papel essencial na maneira como as normas e crenças da cultura são transferidas em cada contexto familiar específico. Mesmo não sendo o caso aqui de discutir em profundidade como se constituem nossas sociedades e as regras práticas que as regem, fica claro o quanto somos os criadores delas e como somos influenciados por elas. Aliás, tudo o que se passa conosco como espécie é assim: o cérebro "produz" a alma que ganha vida própria e pode mesmo influir sobre o corpo. O homem, agora possuidor de alma, se constitui em sociedade e depois ela irá influir sobre as almas que as constituíram e sobre as gerações que vierem. Ou seja, o corpo gera a alma e essa a sociedade. A sociedade influencia sobre a alma e o corpo, enquanto que a alma influencia o corpo e a sociedade, sendo verdade que nada disso existiria sem a atividade cerebral. Fica muito difícil, pois, pensarmos em nós como possuidores de uma "natureza humana" fixa, algo similar ao que acontece com os outros animais, inclusive com os mamíferos superiores com os quais muitos autores insistem, equivocadamente a meu ver, em nos comparar. Costumamos chamar de nossa natureza aquilo
que nossos antepassados formaram como hábitos, ou seja, a mistura de algumas propriedades biológicas com um conjunto de crenças. Porém, tais crenças - e mesmo o que é biológico constituem apenas uma das possibilidades, uma das quase infinitas possibilidades. Nossa "natureza" se modifica em cada época, pois temos que nos adaptar àquilo que nós mesmos criamos em termos de meio externo, estrutura social e até mesmo convicções intelectuais. Somos seres incrivelmente mutáveis, de modo que me soam um tanto simplistas afirmações, por exemplo, de neurobiologistas influenciados pelas teorias darwinianas de que estamos apenas a serviço da perpetuação da espécie. Prefiro o ponto de vista de Ortega y Gasset, de que o homem não tem natureza; o homem, segundo ele, tem história! Este caráter "plástico" que nos caracteriza explica inclusive certas variações que se passam no domínio da psicopatologia. Minha geração viu desaparecer as manifestações de histeria de conversão, aqueles quadros que correspondiam às primeiras pacientes de Freud. Ainda vi muitos casos de paralisia e cegueira histérica nos meus tempos de médico residente, isso nos anos de 1966-7. Todos sabemos que a freqüência de homossexualidade cresce e decresce conforme as normas de cada época e sociedade. Hoje assistimos uma epidemia de casos de bulimia e anorexia, fenômenos que eu desconhecia 30 anos atrás. E assim por diante. É sempre bom estar atento a mudanças tanto no plano dos distúrbios psíquicos como mesmo das doenças físicas. No meu caso, tive o desprazer de acompanhar alguns dos primeiros casos de AIDS que surgiram no Brasil, trazidos por homossexuais viajantes e que freqüentavam boates e bares em Nova York e Paris. A perplexidade era enorme, pois ainda não se tinha idéia do que estava acontecendo. Isso se deu por volta de 1980. De uma forma bem geral e apenas com finalidade operacional tentarei relatar quais as principais peculiaridades de cada um destes três segmentos que nos constituem no que diz respeito aos distúrbios psíquicos que nos interessa tratar por meio das técnicas breves de psicoterapia. Elas serão apenas mencionadas aqui e algumas delas serão melhor explicadas ao descrever alguns casos típicos de propostas terapêuticas, o que farei adiante. No que diz respeito ao cérebro, dependemos dele basicamente nas seguintes condições:
a) Quando se estabelecem reflexos condicionados envolvendo principalmente situações de medo ou ansiedade. Tais reflexos são fáceis de serem estabelecidos e por vezes difíceis de serem
desfeitos. São mecanismos importantes nas fobias de todo o tipo, em distúrbios obsessivos e participam da constituição de vários outros distúrbios. b) Quando existem experiências traumáticas graves se constitui uma síndrome cada vez mais bem conhecida que se chama Síndrome do Stress Pós Traumático. c) Quando surgem quadros depressivos relacionados com alterações de concentração de Serotonina nas sinapses cerebrais. d) Nos casos de dependência química de drogas psicoativas, onde parece haver a interferência de outras aminas cerebrais, especialmente a dopamina. Quando pensamos naqueles distúrbios que dependem essencialmente da alma, de falhas derivadas do processo de pensar, sentir e avaliar situações e pessoas, podemos enumerar principalmente as seguintes:
a) Erros de avaliação de si mesmo, comprometendo a autoestima. Isso em diversas fases da vida, dependendo de peculiaridades físicas, forma como somos tratados por pais e irmãos, de resultados que obtemos em tarefas a que nos propomos. b) O quanto fomos capazes de superar os obstáculos que fazem parte de nossa história de vida, de modo a termos ou não completado nosso amadurecimento emocional e também a plena evolução moral. c) Os dramas e dilemas que derivam do fato de que temos muitas escolhas fundamentais a fazer ao longo da vida: escolha de parceiros sentimentais, escolhas profissionais e também de estilo de vida. d) As angústias que podem derivar das grandes questões de nossa existência e que a alma pode detectar: o sentido da vida, o medo da morte, possíveis condições posteriores ao fim dessa vida etc. Por fim, e apenas esboçando questões extremamente complexas, dependemos do modo como as normas de uma dada sociedade influem sobre nós, propondo valores consistentes ou não, exigindo desempenhos possíveis ou não. Vejamos alguns exemplos capazes de desestabilizar nossa subjetividade:
a) Nos desequilibramos quando a moda nos propõe padrões estéticos que não fazem parte de nossa biologia e não são fáceis de serem atingidos por nós, como é o caso de um peso ideal muito baixo. Isso implica em aumento grande dos casos de bulimia e anorexia, além de enorme número de pessoas que passam a depender de substâncias químicas anorexígenas, sem falar da epidemia de cirurgias estéticas de resultados
duvidosos.b) As pressõ es de desempenho sexual só têm crescido. Sempre foram grandes sobre os homens, o que é importante fator nos distúrbios sexuais masculinos. Têm se tornado muito grandes também sobre as mulheres, levando muitas delas a problemas e a fingir orgasmos que inexistem. c) Temos sofrido pressões enormes no sentido da socialização, especialmente os jovens, em especial no trato com o sexo oposto, o que gera timidez. Os meninos sofrem pressões enormes no sentido de estarem de acordo com os padrões agressivos tidos como típicos da virilidade; quando não conseguem, ficam predispostos ao desenvolvimento homossexual. As meninas sofrem pressões estéticas e de sucesso com o sexo oposto o que também gera condições facilitadoras da homossexualidade feminina. d) Posturas de rejeição da sociedade sobre determinados grupos minoritários gerando frustração, humilhação, ressentimentos e reações emocionais indevidas. São vítimas os negros, índios, minorias étnicas em geral, divorciados ou solteiros em determinadas sociedades, homossexuais etc. e) Pressões no sentido de padronização da vida afetiva, das pessoas todas se casarem e com parceiros complementares. Preconceitos contra aqueles que decidem viver sozinhos, ou, mesmo casados, que não querem ter filhos. Pressões para o casamento precoce podem determinar erros na escolha de parceiros, gerando dilemas emocionais de monta em momentos futuros. É claro que esses poucos exemplos não cobrem toda a gama de questões relativas aos dilemas da vida emocional e dos distúrbios psíquicos. Fazem parte, porém, dos principais ingredientes com os quais temos que lidar na prática clínica quotidiana, pois dizem respeito à grande maioria dos nossos pacientes, especialmente aqueles que podem ser tratados pelas técnicas breves de psicoterapia.
Psicoterapia Breve: Uma Abordagem Eclética - Parte 3 :: Flávio Gikovate :: 3. Propriedades de um bom psicoterapeuta.
Nas revistas de psiquiatria surgem periodicamente estudos completos (meta-análises) de revisão de eficácia dos diversos tipos de psicoterapia. Os resultados são, quase sempre, similares - hoje com certa vantagem para as técnicas cognitivo-
comportamentais especialmente nos casos específicos onde o medo ou a ansiedade está em jogo. Além de resultados bastante semelhantes, lembro-me de um estudo que li há cerca de 30 anos (cuja referência me escapa) que mostrava que ao invés de seguidores de uma das diversas técnicas, os terapeutas podiam ser classificados em bons e maus. E mais, que os bons terapeutas trabalhavam, na prática, de modo muito similar independentemente da corrente teórica à qual se filiavam. Ou seja, na realidade, eram terapeutas ecléticos, que atuavam de acordo com procedimentos que transbordavam os limites das doutrinas nas quais haviam sido formados. Fiquei profundamente impressionado por esse estudo, que era norte-americano, onde a prática parecia ser mais importante que a teoria. Talvez seja pretensão, mas o que gostaria de descrever aqui são as propriedades que considero fundamentais para aqueles que quiserem ser parte do grupo dos bons terapeutas. E a primeira deriva do que já foi escrito: que a vontade de ajudar o paciente, de entender o que se passa com ele seja maior do que o desejo de encaixá-lo dentro das normas de qualquer teoria.
Esse desejo de entender e de verdadeiramente se entender com o outro é o elemento essencial daquilo que se chama de empatia. Não se trata de processo fácil e não é, para a maioria de nós, um fenômeno espontâneo. Trata-se inicialmente de compreendermos a dificuldade que existe na comunicação entre os humanos, mesmo entre aqueles que falam a mesma língua e cresceram numa mesma cultura. Cada software é único, já que a partir dos 2-3 anos de idade cada um começa a correlacionar as informações que recolheu por meio das palavras, sendo que esse processo se torna cada vez mais complexo e ímpar, pois o modo como se arranjam os pensamentos não é igual nem mesmo nos gêmeos univitelinos - cujas diferenças, tanto em temperamento quanto em relação a condutas patológicas, têm sido registradas com freqüência crescente nas publicações técnicas. Assim, cada um de nós é uma espécie de ilha isolada e a consciência desse caráter único nos dá a idéia de como é difícil tentarmos penetrar na alma do outro. Cada um de nós, por sermos únicos, está condenado, no essencial, a uma radical solidão (Ortega y Gasset). A consciência dessa dificuldade na comunicação entre nós e nossos pacientes não deve estar a serviço de desanimarmos. Deve nos alertar para o fato de que empatia não implica em nos colocarmos no lugar do outro levando nossa alma para o corpo dele. Temos que tentar entender como funciona a alma do outro. Temos, como hackers, que entrar no software do paciente para entender como ele opera para melhor detectar deficiências
e falhas no sistema dele. Depois temos que sair de dentro dele e, de fora, tratar de contar a ele o que é que vimos enquanto estivemos nele. A verdadeira empatia se baseia na aceitação das diferenças e na tentativa de superação das dificuldades de entendimento entre diferentes. O que acontece quando conseguimos êxito nesse tipo de procedimento é que o paciente se sente aconchegado, entendido. Se sente menos sozinho! Já estamos diante de uma relação especial que, bem usada, poderá ter grande eficácia terapêutica. Aliás, esse mesmo trabalho, cuja referência perdi, falava muito da importância dos fatores inespecíficos na eficácia das psicoterapias. Os fatores específicos seriam aqueles derivados da teoria e técnica particular que porventura esteja sendo praticada. Os fatores inespecíficos dependem mais que tudo da postura empática do terapeuta e de outras peculiaridades próprias de sua personalidade. Tudo leva a crer que os fatores inespecíficos estão longe de serem irrelevantes quando se trata de avaliar resultados. Assim, além de se familiarizar com uma determinada teoria psicológica - que idealmente deverá ser eclética e aberta a todo o tipo de inovações - e de conhecer procedimentos psicoterapeuticos específicos, o bom terapeuta tem que se preocupar consigo mesmo, com sua evolução como pessoa, com o seu papel, com o que ele vai representar para seus pacientes. Em verdade estou me referindo a duas questões diferentes: a do chamado efeito placebo e a das propriedades psicológicas do bom terapeuta. Algumas breves palavras a respeito do efeito placebo são indispensáveis, uma vez que a atitude positiva do paciente diante da eficácia de qualquer tipo de medicação, fármaco ou qualquer outro tipo de tratamento, parece aumentar muito a eficácia do dado tratamento. Lembro-me, há 30 anos, de um cardiologista querido - falecido precocemente - que veio me contar, impressionado, como o propanolol parecia muito mais eficaz quando ministrado por ele do que por seus colegas que não eram tão entusiastas em relação ao terapêutico dos chamados beta-bloqueadores que estavam nascendo por aqueles anos. Era como se fossem dois remédios diferentes, dizia ele: o que ele administrava parecia de melhor qualidade do que o de seus colegas! Os estudos a respeito de hipnóticos exigem, mais que tudo, controles sofisticados com drogas neutras - os placebos - uma vez que um terço dos pacientes adormecem com pílulas de talco, enquanto que o melhor dos hipnóticos adormece dois terços dos insones. Há tendências nos USA de iniciar todo o tipo de tratamento farmacológico para insônia com placebo, uma vez
que se resolveria uma boa parte dos casos sem necessidade de medicação eficaz. Ora, se isso é válido para a medicina em geral, que dizer de sua eficácia nos tratamentos essencialmente psicológicos? É possível que todos os tipos de terapias alternativas, sem base teórica alguma, tenham sua eficácia apenas fundada no otimismo e nas belas palavras proferidas por quem ministra tal tipo de tratamento. É provável também que o efeito placebo não tenha eficácia no longo prazo e jamais deveria ser visto como procedimento terapêutico por si. Porém, serve muito bem para o início de um relacionamento psicológico, para que se estabeleça um bom clima, um clima de confiança e otimismo que, sem dúvida alguma, aumenta muito as chances de se chegar a um bom resultado, especialmente quando a esse efeito se associa um procedimento terapêutico efetivo e eficaz. O preparo intelectual e emocional do psicoterapeuta me parece cada vez mais fundamental. Não que eu seja favorável a procedimentos obrigatórios como o da “análise didática” imposta
pelas sociedades de psicanálise; mas a realidade é que um bom terapeuta é portador de determinadas propriedades que deveriam ser a meta daqueles que se dedicam a esse ofício. Acho complicado um indivíduo muito pouco consciente de suas peculiaridades emocionais ser um bom terapeuta. Acho improvável que um drogado seja bom terapeuta, assim como um obsessivo-compulsivo ou um portador de distúrbios da personalidade e precária formação moral. A confiança que um paciente tem que desenvolver em relação ao terapeuta para se sentir à vontade e confidenciar emoções e vivências desagradáveis, não vai de acordo com tais características. O bom terapeuta tem que ser pessoa sincera e espontânea. Tem que se comportar como é. Ou seja, não existe um tipo de terapeuta, um modo de ser terapeuta. O bom terapeuta é aquele que é ele mesmo! Acontece que para uma pessoa poder ser ela mesma tem que estar razoavelmente bem em sua própria pele. Isso não se consegue por decreto. Depende de o indivíduo estar em conformidade com seus próprios valores. Ou seja, o terapeuta com boa auto-estima tem que ter, antes de tudo, um conjunto de valores aos quais se refere. Depois, tem que agir e viver em concordância com esses mesmos valores. Creio que esses são os ingredientes fundamentais do que se pode chamar de maturidade emocional e moral, condição indispensável para que o terapeuta não se perca em nenhuma das situações complexas e, por vezes constrangedoras, que envolvem o trato com pessoas nem sempre tão bem consigo mesmas e muito menos em paz com seus companheiros, inclusive com quem está tentando ajudá-las.
O processo da empatia e eventuais outros mecanismos psíquicos que chamamos de intuitivos deverão, ao menos idealmente, se transformar em fórmulas racionais na alma do terapeuta. Isso para que ele esteja em ótimas condições de dar o melhor encaminhamento a cada situação. Não se trata de possuir fórmulas prontas. Tudo tem que ser resolvido ali e agora também pelo terapeuta. É preciso ousadia. É preciso que não se tenha medo de errar. É claro que ninguém procura o erro e nem se alegra com ele. Acontece que muitas vezes o erro é muito eficiente para o processo terapêutico: falo algo ao meu paciente que o deixa inquieto e insatisfeito - se falei aquilo é porque achei que estava ajudando e dando o encaminhamento adequado à situação; na consulta seguinte ele volta dizendo que não passou bem e começa de novo a relatar a situação que deu origem à minha má interpretação. Na própria forma de recontar sua história o paciente irá me dar a indicação de onde errei, de modo que poderei retomar uma rota adequada e produtiva, o que será imediatamente reconhecida por ele como tal, já que provocará sensação de alívio e bem estar. O paciente não se incomoda com nosso erro a menos que queiramos defendê-lo até à morte, tratando sua discordância como “resistência”, o
que, na maioria das vezes, é absurdo e óbvia manifestação de prepotência do profissional. O bom terapeuta é pessoa serena, amadurecida emocional e moralmente, o que significa na prática que tolera bem frustrações e dores, que tem controle sobre suas emoções, especialmente as de natureza agressiva, que é capaz de ousar, errar, reconhecer o erro e aprender com ele, que tem princípios éticos e vive de acordo com eles. Sendo assim, passará a sensação de ser pessoa confiável, elemento indispensável para o bom andamento de uma relação assim íntima e complexa como é a relação terapêutica. Todo aquele que pretenda se aprimorar como psicoterapeuta terá que ter como meta seu próprio desenvolvimento emocional. Costumo dizer que eu sou o meu cliente favorito! Sempre é bom lembrar que um bom terapeuta é pessoa séria e estudiosa, preocupado em expandir sua formação intelectual, sua base teórica. Terá que ser portador de um cérebro “poroso”,
o que significa uma capacidade permanente de reciclagem de estar sempre disposto a mudar de idéia se novos fatos - ou mesmo novas idéias - parecerem interessantes e eficientes. Não deve ser um mestre e sim um aprendiz. Deve colocar-se diante de cada paciente como se pudesse esquecer tudo o que sabe de psicologia e estivesse ali para aprender. É o oposto do que fazem quase todos, ou seja, tratar de rapidamente enquadrar o
paciente em um dos seus rótulos e compartimentos. O bom terapeuta é bom ouvinte e está permanentemente aprendendo com todos aqueles com quem conversa. Essa é a razão pela qual a profissão pode ser fascinante por longo prazo. Muitas vezes me perguntaram como é que eu agüento trabalhar tantas horas e por tantos anos. Não estaria eu enjoado de ouvir sempre as mesmas histórias? Claro que não, porque minha postura é a da permanente renovação. Não estou atrás do que aquela dada história tem em comum com tantas outras que já ouvi. Estou atrás do que ela tem de original, de própria, de única. E sempre é possível encontrar algo de novo e fascinante mesmo no mais comum dos relatos.
Psicoterapia Breve: Uma Abordagem Eclética - Parte 4 :: Flávio Gikovate :: 4. Psicoterapia breve: as primeiras consultas
A primeira consulta em nossa especialidade é a mais importante de todas. Inicialmente temos que nos fazer conhecer sem que isso implique em qualquer procedimento exibicionista. Temos que ser como somos e ver como aquele dado paciente reage ao nosso jeito. É claro que quando somos pessoas sinceras e razoáveis acontecerão mais simpatias do que antipatias. Ainda assim, poderão ocorrer desacertos, o que provavelmente irá se manifestar em seguida, uma vez que o paciente não retornará. Temos que nos fazer confiáveis, dignos das confidências que ouviremos. Isso, como disse, se faz automaticamente. Faz-se facilmente confiável quem é, de fato, confiável! Ouvir uma história de forma tranqüila, sem deixar de se emocionar, mas ao mesmo tempo sem se surpreender demais é uma arte. A impessoalidade do terapeuta não é minha postura e nisso estou de pleno acordo com a psiquiatra norte-americana J. Halpern que escreveu um interessante livro sobre empatia. É preciso ter domínio sobre as próprias emoções, pois se emocionar implica em viver a história que se está ouvindo, exatamente como nos acontece quando vamos ao cinema. Porém, é preciso vez por outra sair da situação de empatia para um momento racional de reflexão e ponderação, comunicada ou não para o paciente conforme consideremos necessário e oportuno. Jamais devemos agir de modo a fazer julgamento de valores. O bom terapeuta não é um juiz, apesar de ter seus valores. Tem que respeitar o modo de ser do paciente.
É preciso cuidado para não fazer observações precipitadas, ainda que muito apropriadas, agudas e corretas. Muitos pacientes eu perdi por ter sido eficiente demais na primeira entrevista, falando coisas que os surpreenderam a tal ponto que jamais voltaram. Quando revejo, com calma, esses meus procedimentos, eles estiveram a serviço da minha vaidade, de querer mostrar como eu era competente e rápido. Rápido demais para o gosto de determinados clientes. Rápido e ineficiente, já que o paciente foi embora. É preciso serenidade e paciência para falar as coisas de forma adequada e na hora oportuna. É evidente que não existe a menor possibilidade de jamais errarmos. Só não erra quem não faz. Aliás, os críticos da empatia como processo através do qual o terapeuta se envolve e se emociona dizem que tal procedimento aumenta o número de erros devidos a um eventual envolvimento excessivo do profissional. Talvez seja verdade. Porém, penso que erra mais aquele que, acovardado, prefere o distanciamento que impede o pleno contato com a alma do paciente. De todo o modo, a primeira consulta serve para o mútuo conhecimento e também para que se construa um projeto de trabalho. Para o melhor andamento desse encontro fundamental o interessante seria podermos dispor de um tempo variável e não fixado em 45-50 minutos. O ideal é que a primeira consulta termine depois que se tenha construído o plano de tratamento. Se isso não for possível, o faremos no próximo encontro que, de fato, será a continuação do primeiro. O projeto deverá ser construído em comum acordo. Quando se pensa em psicoterapia breve pensamos em algo como 25-30 consultas, em geral semanais. Ou seja, algo como seis meses de tratamento. Um projeto definido de trabalho se torna indispensável, uma vez que a tendência de um trabalho amplo e aberto como um leque é de durar por muito mais tempo. O terapeuta coloca os aspectos que lhe pareceram mais relevantes do que foi conversado e propõe que se siga um determinado caminho. Deverá ouvir o que o paciente tem a dizer, se ele considera adequadas as observações que ouviu, se acha mesmo que a problemática levantada pelo terapeuta é a que mais o incomoda. É preciso sempre estar disponível para ouvir o paciente de igual para igual e não da forma autoritária que costuma ser a postura de tantos maus terapeutas. Não se trata da imitação da relação pai-filho e sim de algo mais nivelado, onde a única diferença consiste no fato do terapeuta ter mais conhecimento e experiência para lidar com os temas em questão. O autoritarismo do terapeuta tem a ver com a arrogância intelectual que muitos têm por se acharem parte de
um grupo de eleitos, os membros dessa ou daquela seita. Nada é mais deprimente do que presenciar a altivez de quem parece que não tem, não teve e jamais terá problemas semelhantes aos dos seus pacientes. Muitas são as vezes em que o relato do paciente mostra a existência de mais de um problema. Por exemplo, um homem pode ter uma disfunção sexual e também problemas no relacionamento amoroso com sua esposa. Pode ter a disfunção sexual, ser solteiro e ter problemas de ordem profissional, econômica, estar frustrado em outros aspectos da vida social etc. Pode ser tímido ou agressivo com as mulheres. E assim por diante. Se temos que escolher um tema para trabalhar, penso que o mais razoável é tratar da disfunção sexual, uma vez que é possível que muitos dos outros problemas tenham direta ou indireta relação com esse. E mais, que a solução desse problema venha acompanhada de progressos espontâneos em outras áreas. Assim, conversa-se claramente com o paciente sobre o fato de existir mais de uma dificuldade, de que se tem que fechar o leque e focar em um só aspecto como sendo o fundamental porque senão o tempo de duração da terapia poderá ser longo demais - e ainda por cima isso pode implicar em perda de eficiência e menor chance de obter algum resultado em qualquer das áreas de conflito e mesmo em um trabalho de mais longo prazo. Nem sempre a resolução daquele problema específico implica no fim da terapia. Aliás, o termo terapia breve significa mais do que tudo a disposição prática de se buscar resultados. Não é obrigatório que termine com a resolução do problema principal que trouxe o paciente para o trabalho psicoterapeutico. Muitos ficam tão encantados com o procedimento terapêutico que se dispõem a práticas mais longas. Estaríamos diante de um falso dilema, qual seja o da análise terminável ou interminável. Penso que é dever do terapeuta avisar o paciente que os principais objetivos propostos no início foram atingidos e que, dali para adiante, se está passando da fase de trabalho que havia sido programada para outra mais genérica. Cabe ao paciente decidir se quer continuar a trocar vivências com seu terapeuta ou se prefere continuar sem esse tipo de troca. Cada caso é um caso e não cabe a nós decidir o destino da outra pessoa. Afinal de contas, somos meros consultores e não temos nenhum tipo de poder ou autoridade. Não quero me alongar aqui na descrição do processo de construção de projetos terapêuticos porque eles dependem de cada problema e também de cada tipo de paciente. Alguns são mais verbais e gostam de reflexões psicológicas e filosóficas
amplas. Outros são mais diretos e práticos e querem ir atrás de resultados da forma mais objetiva. É importante respeitar o modo de ser do paciente e não impor a eles sempre o mesmo procedimento. Ao menos em parte, é preciso dançar conforme a música. Talvez alguns aspectos do que escrevi até aqui fiquem mais claros à medida que exemplifiquemos por meio de alguns casos clínicos ainda que genéricos. Isso significa que não irei falar desse ou daquele paciente em particular, mas de tipos genéricos construídos com base em minha experiência com milhares de pessoas.
Psicoterapia Breve: Uma Abordagem Eclética - Parte 5 :: Flávio Gikovate :: 5. Exemplos de estratégias de tratamento a) problemas relacionados mais ao corpo
Neste grupo de dificuldades as mais comuns são as fobias. Algumas são extremamente simples, como é o caso da fobia de baratas, presente em talvez 40% das mulheres e também em muitos homens. A barata, apesar de inofensiva, é capaz de provocar reações de pavor em várias dessas mulheres a ponto de subirem em móveis, saírem correndo de quartos de hotel etc. Provavelmente se estabelecem por imitação: meninas pequenas, dependentes de suas mães, assistem às manifestações de pavor delas diante das baratas e associam medo àquele animal que, diga-se de passagem, não é mesmo muito simpático. Os meninos assistem seus pais salvando as mães e, apesar da antipatia, aprendem que o animal não desperta medo igual nos homens. Fobias simples se estabelecem apenas por meio de reflexos condicionados. As tentativas psicanalíticas de interpretação sexual de situações desse tipo estão em total desuso até mesmo pelos psicanalistas. Foram objeto de ironias porque eram mesmo um tanto ridículas: associavam o medo de baratas a situações sexuais envolvendo a genitália feminina! A psicanálise não explica as fobias simples e não dispõe de meios para tratá-las. As únicas técnicas eficientes são as de natureza comportamental. Não há nada a entender em situações como fobias relacionadas com outros animais, aversão relacionada com situações nas quais se passou mal alguma vez no passado restaurantes, locais públicos muito freqüentados, situações de
trânsito caótico etc. Os tratamentos consistem em procedimentos de dessensibilização sistemática: sessões de relaxamento muscular profundo, acompanhadas depois de exposição em fantasia às situações fóbicas. Quando a pessoa é capaz de imaginar a situação fóbica com menos medo, passa-se para a prática, onde se usa processo de aproximação sucessiva e gradual ou a plena exposição brusca e mais radical. Tais tratamentos são desagradáveis e dependem da boa vontade dos pacientes, que só se dispõem a se tratar se tiverem suas vidas práticas muito prejudicadas. Outras fobias comuns são um tanto mais complexas, envolvem explicações além dos reflexos condicionados. São sempre difíceis de serem tratadas, uma vez que as pessoas preferem evitar as situações ao invés de se livrarem do medo. É o caso, por exemplo, do medo de altura: a pessoa teme se aproximar do beiral de um terraço alto porque tem a impressão de que algo dentro de si desejará se jogar; teme perder o controle sobre si mesma, de modo que este algo predomine e o indesejado venha a ocorrer. Não se trata de desejo de se matar e sim de medo de ter desejo de se jogar. Nunca tratei pessoas com fobia desse tipo, pois isso perturba pouco suas vidas práticas. As que se associam a espaços fechados e cuja saída pode ser difícil em caso de pane, como é o caso de pavor de andar em elevadores, envolvem um enorme medo de se encontrar em situações nas quais ela não poderá sair se for essa sua vontade. Tais medos implicam em experiências traumáticas prévias e o tratamento passa por técnicas comportamentais ou o uso de medicações anti-depressivas, que são tranqüilizantes do medo, associadas a sessões de terapia interpretativa nas quais se discute a dificuldade da pessoa de aceitar com docilidade condições nas quais somos impotentes. As agorafobias correspondem a medo de se locomover pelas ruas de uma cidade grande e eventualmente de freqüentar locais muito cheios, como campos de futebol ou um show de música pop. Quase sempre se estabeleceram em virtude do indivíduo ter passado mal em alguma situação na qual não pôde contar com socorro fácil. Ou então, passou algum constrangimento muito desagradável. Lembro-me de um rapaz que fazia roteiros em seus traslados de carro pela cidade tomando por base locais onde poderia ir a um banheiro; sua vivência traumática foi não ter sido capaz de se controlar e ter evacuado na roupa porque não teve acesso em tempo a um banheiro. Outros fazem roteiro dos hospitais porque tiveram algum mal estar que os traumatizou. Os tratamentos são do mesmo tipo que os descritos acima.
Um exemplo de fobia mais complexa é o medo de voar. O pânico se estabelece ao longo da vida, não obrigatoriamente associado a alguma experiência traumática. Pode existir mesmo em pessoas que jamais entraram em um avião. Certo medo existe em grande número de pessoas, apesar dos dados indicarem que os riscos que corremos são iguais aos que vivenciamos quando estamos em terra. Talvez isso se deva ao fato de que o avião, ao levantar vôo, nos faz lembrar nossa condição de simples mortais, fato que nos passa desapercebido na maior parte do tempo que estamos em terra vivendo e nos atendo aos problemas do cotidiano. O mais comum é que surja justamente em um momento positivo da vida de uma pessoa: por exemplo, quando um homem de origem humilde progride profissionalmente a ponto de poder viajar em férias para longe de casa. Ele pode, de repente, decidir que voar é muito perigoso, que ele irá morrer e que por isso não irá mais entrar no avião. É importante registrar que ele, como regra, não passou por nenhuma experiência dolorosa em algum vôo prévio. Tudo leva a crer que se trata de mecanismo essencialmente psicodinâmico, associado à sensação de que ele corre mais perigo agora que está mais feliz e realizado. É como se a felicidade aumentasse o risco efetivo de tragédia e, assim, o medo estaria justificado. O tratamento é feito por meio de terapias cognitivas - explicações acerca dos baixos riscos relacionados com o voar, associadas a visitas a cabines de comando e outras práticas comuns em alguns centros que existem para tratar dessa fobia - e/ou terapias dinâmicas. O fato é que a pessoa terá, em algum momento, que entrar no avião e enfrentar a situação de medo; nessa hora convém associar medicação anti-depressiva, pois a experiência será menos desagradável e que, nas repetições sucessivas, em um dado momento deverá ser suprimida. Na Síndrome do Stress Pós Traumático o que acontece é que uma experiência realmente dramática - seqüestro, assalto com estupro, atos terroristas etc. - se grava de forma muito viva na memória, de modo a ser rememorada periodicamente com o mesmo vigor e igual sofrimento. Trata-se de uma forma de condicionamento tão intenso que o sofrimento volta mesmo sem que tenha havido situação objetiva similar. É como se fosse uma fobia que independa de novos fatos para se reabastecer, já que isso acontece por si só. O tratamento ideal é o de acompanharmos a pessoa logo após a vivência traumática, deixando-a falar bastante sobre o assunto, descarregando ao máximo sua dor. Medicação anti-depressiva ajuda a “amolecer” a memória, de modo a que ela aconteça de forma mais suave e tenda a voltar menos vezes e de forma mais suave. Quando atendemos a pessoa muito tempo depois, quando o processo de
rememorações já se estabeleceu, a conduta é a de uma terapia interpretativa mais longa com a finalidade de fortalecer a razão delas de modo a serem capazes de lidar melhor com a lembrança que deverá voltar outras vezes, além de eventual medicação sintomática. Um exemplo interessante de problema relacionado com a função cerebral desencadeado por processos que nascem na sociedade e na alma, é o das drogadições . Vou me referir apenas à mais comum, que é o tabagismo. Inicialmente depende de questões sociais: nossa sociedade vinha atribuindo ao cigarro uma simbologia toda especial, relacionada com glamour, sucesso com o sexo oposto, irreverência e tantos outros aspectos eróticos capazes de seduzir facilmente a juventude. Trata-se de um processo de sedução induzido pela propaganda - hoje em dia, graças a conhecimento maior que temos a respeito dos malefícios do fumo, toda a sociedade está mobilizada contra esses procedimentos. Acontece que o cigarro encontra terreno fértil em nossa alma, uma vez que é algo que se coloca na boca, algo que, de certa forma, substitui a chupeta. A boca é uma região especialmente sensível desde o início de nossa existência. Ela é responsável por sensações de aconchego e, quando há frustração, desamparo e dor. Assim, alimentos, gomas de mascar, balas e depois o cigarro encontram eco em nossa subjetividade e passam a fazer parte de nossa história amorosa. A sociedade atiça nossa vaidade e nos induz ao consumo do cigarro. Nossa alma se sensibiliza com sua chegada e se apega profundamente a ele, o que determina forte dependência psicológica. A nicotina é substância capaz de provocar dependência química, de modo que sua ausência determina sensações desagradáveis, que podem ser intensas, em todo o corpo. Está composto um triângulo infernal, dificílimo de ser resolvido. Explica-se, pois, porque pessoas doentes e plenamente conscientes da necessidade de abandonar o cigarro não o conseguem. O tratamento jamais deveria subestimar qualquer dessas variáveis. A compreensão dos processos sociais e também dos malefícios à saúde ajuda e é tarefa fácil de ser feita nos dias de hoje. A dependência química, em hora oportuna, pode ser amenizada com o uso de gomas de mascar com nicotina - prefiro a goma de mascar aos adesivos justamente porque a boca se entretém um pouco, o que ajuda muito a esquecer o cigarro. Remédios como o Zyban, recentemente introduzidos, ajudam certo número de fumantes. Do ponto de vista psicológico, tratar de mostrar as complexas relações entre o cigarro e os fenômenos amorosos ajuda muito e pode dar ânimo e coragem para a pessoa se dispor a passar pela