Encontrodeixa avancose alqumas pistãsambíentais
€ 4,50 N"48 R$ 13,90 PoRTUGAL
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Agricultura da pré-históriainiciouo aquecimento Os limitespara a vida em um rnundoem desequilíbrio
Épossívelalimentaro mundo semdestruiro planeta? Mudançasà beira-mar devemestimular migraçõesinédÌtas
CriseeconômÍca concentra preocupaçoes em políticasde curto prazo
para Preparativos enfrentara crisemundial de águapotável Estratégias(discutíveis) parasalvaro mar Morto
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Oásiscósmico
JorgeCaneiro,Luiz FernandoPedÌoso,LuìaVieira, CidinhaCabÌaìe Ana CarolinaTlilnin Dt RIDAÇA0 DIRÊTOR JanirHoÌluda
[email protected] EDIÌ0R-CFFFÉ: lllissesCapozzoÌi i,rlÌ0iA DEÀRTL SimoneOliveiraVieiÌa e AnaSalles dis ÍilT5 Dl ARÌtrJoãoMarceloSimões )$!r. 5ArC0N0GRÀtlCAr cabrieìaFarcetta :5! Íiri: Df RlDAqo:EÌenaReginaPucinelli Tha}ndaMeáxio(alÌe); dossantos(redação); ::-r-a{AD0REs Débora Queiroz (batamentodeimagem) Luj?Robertotr{alta(rcüsão);PauloCéstrSa.Ì8ado r: r Vieira :-: DenireMartinse Isabella D RirCìAC0NIERClÂL Cìdinha Cabral ddiih@hEl@duett€ditorial.com.br r,l, : !ôÀDE p blir]ì
[email protected],br I: ,:j l: SandÌaGarcia ''iRClDoPUBLICIïARIo: Robson deSouza - -': ; l:\.iaa: ti PtlBtÌCIDADET ì !pÌÊ5tN]ANÌ85 C0MÊRClÁlS :-:.:rè.3Àt d PtRrAI'18UC0/SÊRGIP!: Pedrc-{milmte - (79)3246-41391 9918'8962 r . ri - ÀiSoniaBrandão- (61)33214304 8846-44931 9715-7586 3062-19531 .; . ri sÂNlolDídimoEffceú Qn 3229-19861 !R0JtÌ05ESPECIÂ15 - FaRMA(ru ao :':irÌ v0 DÊN[GÓC105: WalterPinheirc !1ARKEÌING DEilARKlTlNGr a;RÉÌiTE CláudioRúal 0[ MARKETING: Íta6 Pacheco a00RDENADoRA ÂNAtÍA DfMARKÊTiNG: TiagoPortugal úÌAGIAR105: RafaelCoutoe RodrigoBezeüa À5SINÀÍURAS NUCIEO MUTTIMIDIÂI DIR[T0RA: MarianaMonné REDAïORA D05lTFr Femanda Figreiredo WiBD[5l6NF* RafaelGushiken WIB:MicheleLrma DlViNDAS C00RDËNADoRA ADMiNISTRÀTlvA: A55l9IËNTË ElieneSiÌva 0t ÀlSINATURAS: AlexJardim GIRINTE DEVENDAS PESSOA|SI AntonioCarlosdeÂbreu CO0RDINADOR DËVENDAST CüN5ULïOR RodrigodeSouza DEVENDAST Viüme Cavalcante IXÈCUTI\n üt P0NT0 ÀNAtl5ÍA 0! PR0Cr5505: CÌeideOrlatrdoni 0pÊRAçÕEs Trannin DlRiI0RÁ Dt0PtRÀç0t5 AnaCarolina
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Quandopubìicouo primeiro artigo científlcodemonstrandoo efeito estufade Sases comoo dióxido de carbono(C02)e vapor d'águ4 em 1859,o fisico irlandêsJohn TVnseguramentenão sedeucontada controvérsiaqueiniciavadalì (1820-1893) Parasermaisexato,aindaque sejareconhecidocomoo primeiro autor de um trabatho científlconessaá.re4TyrÌdaÌlapenasdescobriuo que,antes,delehaúa apontaJosephFourier(1768-1830). do o fisicoftancêsJean-Baptiste Num estágioda história em que apenasseiniciavao processode substitui@ode múscuìoshumanos e animais peÌa força bruta das máquinas a vapor, mesmo as mentesmais arejadastenderiam a encarar,como cenáriode hard scícrcert,ctinn,a ideiadeque,numa épocanadadistante,essesgasesaqueceriarna atmosferado planet4 iniciandoum processode mudançasclimáticas. AÌguém pode sempre argumentar que o aquecimentogÌobaÌ não é real e, menosainda,atribuíveÌa açõeshumanas. Climatologia,de fato, é um assuntocompÌexomesmopara climatoìogista,s. Mas as evidênciasde aquecimentosão cadavez mais consistentes,a partir de dadosquevão da paleoclimatologiaà observaçãodo comportamentodo geloem cumesmontanhosose nascalotaspolaresda Têrra. Nessesentido,as evidênciasapontadaspor Fourier e TVndalÌsãoirrefutáveis. Sea concentraçãodessesgasesaumentoua partir da RevoluçãoIndustriaÌ é, no mínimo, razoâvelconsiderarque desempenhemna Naturezao comportamento que demonstramem Ìaboratório. Assim,de um ponto de vista ético,faz todo sentidoconsiderara possibiÌidadede paxaiunenizaressapressãosobreo origemantrópicae tomar asmedidasnecessárias ambientenaturaÌ.Negaressarealidade,semaseúdênciasinequívocasde queelaé de origemnatural e irreversÍvel,é uma aütudeanücientíflca. Nessesentido,na primeira semanada cúpuÌaRio+20,que em junho passado discutiu o aquecimentoglobale a mudançacÌimáticano Rio de Janeiro,500 pesquisadorespartilharam a convicçãode que o planetaenfrentaaÌteraçõesinduzidas pela açãohumana. E, como registra SérgioAbranches,no primeiro artiSo destaedição,"náo}l,âmais diüsão entre cientistasque negame que aflrmam a realidade da mudança climática'i Os que negam, observou ele, "não têm Não existe e suasopiniõesnão sebaseiamem eüdênciasou pesquisas". expressão maistempo ou espaçopara opiniõesvencidas,mas,em lugar disso,"há um vasto consenso,maduro depoisde anosde pesquisa,discussãoe reüsão cútica I Legitimada a posiçãode mudança cÌimática por efeito antrópico,é preciso sensibilizara sociedadehumanapara açõesque não podemmais sernegligenciadase postergadassob ajustiflcativa de pretensasdúüdas. O objetivodestaediçãoé, a partir dos resuÌtadosobtidosna Rio+20,oferecer uma ideia de processo,ou seja,a noçãode comoascoisasocorreramdesdea fundaçãoda agricultura,há uns 12miÌ anos,até o momentopresentee o que é possÍvel projetar para o futuro próximo. Para fazerisso repubÌicamosum coniunto de artigos que já saíramnas ediçõesmensaisde ScientiffcAmericanBrasil, com a diferençade que agora,republicadasem conjunto e interaçãoentre si, fornecema intelig;ibilidadeimpossíveÌ de obter com ediçõesseparadas. Evidentementeque cada um dessesartigos foi deüdamente atuaÌizado,de forma a compor um conjunto de referênciaspara permitir um juízo crítico para a adoçáode uma série de comportamentosdesejáveistanto do ponto de vista ambiental quanto de uma êïícacapazde demonstrar que, neste pálido ponto azul entre osbilhões de estrelasda Galaxia,ainda somosum oásisde üda e não cósmica. uma desoÌação
IMPRt55ÃO: EDIGfu{FICA DishibuiçãonrcionaÌDIMP SA. Ediçao48' AMBIENTE, ISSN16?9-5229. 1678. RuaDoutorKenkitiShimomoto, I\A
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O Insustentável Minimalismo Encontros Globais
dos
Resultadoscontrovertidosda cúpuÌa internacional Rio+20 para enfrentar o maior desafloambiental da história da ciülização. Por SérgioAbranches Âi; Éi f i"i 1-.1ü tï"..*1
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A Açã,o llumana
no Clima
Uma úipóteseousadasugereque práticas agrícoìasde nossosancestraisiniciaram o aquecimentoglobal miiharesde anosantesde começarmosa queimar carvãoe utilizar automÓvel. PorWilliamF. Ruddiman .âN :}t{}r* L{ }* l Á
22
A Vida em uma Nova Terra
8()
É Possível Alimentar I)estruir o Planeta?
A humanidadealterou profundamenteo planeta' Mas novasideiase açõespodemimpedir a nossa autodestruição. Por JonathanA. FoleY 13 I '*i ifÂi) [ 5 tJSï Ëlü"ì-.4
o Mundo sem
Um pìano gìobaÌde cinco itens pode dobrar a produçãode alimentos atê2O5Oe, ao mesmotempo, reduzir consideraveÌmenteos danosambientais. Por JonathanA. FoleA
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AM BIEN TE ESPEC IAL
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Vítimas da Mudança Climática AÌterações nos padrões de precipitaçào e mudanças nas linhas costeiras contribuirão para migrações em massa em escaìainédita. Por Alen de Sherbinín, Koko Warner e Charles Ehrhart Ë X ! 'Ë F q I i ü [ N T Ü Ë
44 Mudança Climática em Laboratório Natural
Paraantevero futuro, cientistasmanipuÌampradariase florestas,verificandocomoaÌteraçõesnosníveisde chuvas,monóxidode carbonoe temperaturaafetama biosfera. Por Stun D. Wullschlegere Maga Strahl Mi) cü f+5!.J
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Efeito Estufa dos Hambúrgueres A produção de carne bovina tem custo ambientaÌ negligenciado: libera enormes quantidades de gases que contribuem para o aquecimento atmosférico. Por Nathan Fiala ! - -t ti l r i ü L {f ü ì A
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Preparando-se Para Enfrentar Crise da Agrra
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À medida que crescea demanda hídrica, reservas pìanetárias se tornam impreüsíveis. As tecnologias disponíveis poderiam evitar uma crise globaÌ, mas precisam ser implantadas Ìogo. Por Peter Rogers R i l *Ì . iË 5 t l i Ë 5 ï R . Â . T I Gi e L ] 5
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-igua para o Futuro numa Põrspèctiva Global Reìatórios do Paineì Intergovernamental sobre Mudanças Cìimáticas (IPCC) apresentam inúmeros probÌemas referentes à quantidade e quaÌidade hídricas, resultado de mudanças gÌobais. Por José Galizia Tundísi I i"i ir/till'{}5 ÂÀ4* ! [ l'ìTÀì 5
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Mudanças Climáticas e suas Conseqirências no Brasil Café pode desaparecer do suÌ de Minas e frutas tropicais poderão ser cuÌtivadas no sul do paÍs. Por Jurandir Zullo Junior, Edaardo Delgado Assad e Hilton Si,laeira Pinto Ü L : T Â h ] *ü F ì Â Ë I A
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O Mar Morto Conseguirá sobreviver? A irrigaçáo e a mineração estáo levando o lago salgado u t."ú, mas juntos, Israel, Jordânia e Palestina podem mudar essa situaçáo. Por Eitan Haddok
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escr'rtor ecomenta' Sergio Abranches, sociólogo, autordeCodaCBNsobre ecopolitica, étambém rìsta penhague antes Brasìleìra,2009. edepor's, Civilizaço
ffi$M$WSKffiMreW E$$M#MKE#ffiM ENCONTROS DOS GLOBAIS Resultadoscontrovertidos da cúpula internacional Rio+2o para enfrentar o maior desafioambiental da história da civílizaçáo Por SergaoAbrancltes
da Rio+20 nrtrmõnspnnpenerónras uEMACoMpANHouAs chegouao Rio de Janeirosabendoque não serepetiria o sucessode 20 anosatrásem que da Cúpulada Terra saÍram três convençõesque marcaram a acidentada estradada buscade uma nova relaçãoentre a humanidadee o planeta:a da mudançaclimática,da biodiAquelafoi arversidadee do combateà desertificação. que estavambem amadureciticulada para ser o flm de negociações das;a de agorafoi a aberturade uma nova etapaem que os conceitos ainda estãosobcontrovérsia.
AMERICANBRASIL7 SCIENTIFIC
Apesardisso,mesmoespecialistas se juntaram ao coro dos descontentesquando o documentofoi postosobre a mesa.Um balanço do que houve na Rio+20 deve partir do sentimento que uniu cientistas e ambientalistas.Qualquerreuniãodessa dimensãocomeçaenvolta em grandes expectativas, mesmo diante das eüdênciasem contrário. Os impassesoréúos na discussãodo "DraflZero", a propostainiciaì do documentode resoluçõesda conferência,mostravamque os resultadosseriam minimaìistas. Mas ê danatureza humana acreditar que as chancessão aproveitadase que seresracionaissãocoerentesquandoameaçassériascercama üda no pÌaneta. O documentofinaì deixousobrea mesapequenosavançose boaspistas.Não suflcientes,mas reÌevantes.O ProgramadasNaçõesUnidas para o Meio Ambiente não virou uma agênciada ONU, mas vai flcar mais robusto.Terá mais recursos,meios e membros.As águasinternacionaisdosoceanosnão foram protegidas,mas entraramno mapacomotema incontornávelpara as reuniõesda Convençãodo Mar. Não há númerose prazos,mas formular Objetivosde DesenvoÌümentoSustentáveìpassoua ser compromissodos países.Não há metasde emissãode gasesde efeitoestufapara os paísesalém daquelasregistradasem Copenhague,em 2009 - atéporqueissonem estavana agenda-, mas osprefeitosde54,grandescidadesdo pÌanetasecomprometeram a reduzir suasemissõesem 1,3bilhão de toneladasde carbono equivalente,atê203O.Essesprefeitosjuntos administramuma economiado porte dos EstadosUnidos e suascidadesrespondempor 14%dasemissõesglobaisde gasesestufa. Thdo somadoé poucopara conciliar doistempos:o doscientistas e o dospoìíticos.O erro originaÌ da Rio+20foi tentâÍ contomar essadiferençadosdoistempos.A diplomaciaexisteparaÌidar com conflitosintratáveis.Seelacontomaro conflito o acordosairáfraco. Os diplomatasacharamque garantiriam o sucessodo encontrose reduzissemo foco ambientaÌda Rio+20.Ela er4 expÌicaraminsisuma reunião sobredesenvolvimento tentementeos negociadores, sustenúvelparaunir ospiÌareseconômico,sociale ambientai. Esqueceramdois detaÌhesrelevantes.O primeiro: parafazer issoserianecessáriochamarquem mandana economia.Os ministros das flnanças flzeramum eventoparalelo,mas não entracom a criEstavame estãomaispreocupados ram na negociação. seda díüda soberanana Europa.O FMI canceÌoua ünda da sua chefepor faÌtado que discutir.O segundo:dostrês pilares,o que econômicose sociais estáruindo é o ambiental.HouveavanÇos
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nesses20 anosentre a Rio 92 e a Rio+20.Em aÌgunspaíses, gressos notáveis. O último estágio desse avanço acontece ago naÁfrica. onde vários oaísescrescem a ritmo maior que a dos paísesasiáticos, que cresceram fortemente desde os anos Houve muito progresso sociaÌ, no BrasiÌ e em todo o mundo. mesmo temDo. os eventos cÌimáticos flcaram mais extremos
frequentes,conflrmando o alerta dos cientistas.Dessa uma agenda negociada para deixar temas cmciais de fora e red zir o foco ambiental conseguiu o que queria: contornou o que
humanidadeprecisaencararantesque"O futuro queq setorne impossível,por sertarde demais. c Mesmoassim,um grandeencontrode ambientaÌistas, tas, diplomatas,empresários,ativistas,jovens,veteranos, tas,curiosos,povosde todasas partesdo pìanetaproduz efe para além do que é possívelregistrarnum primeiro momen Ele se propagano tempo. Ou, como diria a velhatese abandonada por mau uso: produz mudanças quantitativas podem Ìevar a um salto qualitativo. Enquanto no Riocentro os dipÌomatas tiravam paÌawas
texto Daracontornar as diversências.índios brasiÌeiros ram para a Cúpula dos Povosseu encontro anuaÌ realizado pre naAmazônia.Em torno deles,pelaprimeiravez,os tantesde "flrst nations"de outrosoaíses.membrosde tos sociais urbanos e a coleÇãodos novos artefatos de comun
O queisso comojamaisseriapossíveÌ. ção.Conectaram-se zirá é difícil saber.Mas é inevitáveÌ constatar que, para aÌém para as espetácuÌoüsual que produz fotos estereotipadas nas dos jornais, os indígenasconseguiramque suas rese quando bem demarcadas,seiam uma forma eflciente de da biodiversidade da floresta amazõnica. No mundo não
namental,um recursoestratégicoestevepresenteagoraque existia em 1992: a tecnoÌogia da comunicação. E eÌa é uma incontroÌável na formação de redes e coalizões. CONSENSOCIENTíFICO
Na orimeira semanado encontro.500 cientistasmerzulharam suasdúúdas. debates.controvérsiasnum imDortanteencontro Pontificia Universidade Catóìica do Rio, o "Fórum sobre
Tecnologiae tnovaçã.opara o DesenvolvimentoSustenúvel'i essasdúvidasnã.oestáa de que o mundo passapor mudanças máücasinduzidaspeìa açãohumana.Não há mais diúsão cientistas que negam e que aflrmam a realidade damudança
tica. Os que negam nã.otêm expressão,suasopiniõesnão se seiamem evidênciasou pesquisasoriginais para influenciar evento dessa natvreza. Quando falam entre seus pares os
podem até entrax em atalhos,por preciosismo,mas não tempo com discussõesvencidas.Há um viìsto consenso, depoisde anosde pesquis4discussãoe revisãocútica Porque essaconcordânciaentre os cientistasem pon não setransformaem documentosrobustos?Porquea
*Ì 3 3 g * \ ; 'ã '$ 1 S X { pequenosmmprotegidas, masentmÍam nomapacomotemainfinal da Rio+20produziu O documento paraas reuniões masrelevantes.mntornável da Conven$o do Mar. Nãosufrcientes, avanços e boaspistas. e pnzos,masformular parao MeioAmbien- Nãohánúmeros Objetivos de O Prognma dasNações Unidas passou Sustentável aserumcompromasfrcou Desenvolvimento nãosetraníormou emagência, te (PNUMA) Nãohámetas nãoío- misso. deemissão deqases deefeitoesinternacionais maisrobusto. Aságuas oceânicas
AMERICANBRASIL 8 SCIENTIFIC
bm200?mas tufa,alémdasfrxadas emCopenhagui secomproprefeitos de54grandes cidades doplaneta detonemeteram a reduzir suas emissões em1,3bilhao Juntos, elesadladas decarbono equivalente, até2030. Unidos. doportedosEstados ministmm umaeconomia
AM BIE ESPEC IAL
dabiodiversidadee do climajá grandeperda de biodiversidade,a ideia de integraçãodostrês pidasconvenções com asnegociaçoes grandes que em queasdecisõesexi- lares faz pouco sentido.Entre 1992e 2012,o quadro ambiental e assembleias, essas demonslrou gemunanìmidade.nãolevama decisõesambiciosas.Um grandein- cÌimáücopiorou muito, em parte deüdo ao desenvolümentoecoteiechralbrasileiro.quefaria 100anosesteanosefosseüvo, Nelson nômico e sociatglobal.ïvemos espantosaperda de biodiversidaRodigus. düia que"toda unanimidadeé burra'i Mais queisso,eÌa de.A poluiçãoatmosféricamatou,e continua a matar,milharesde anualmente,em todo o mundo por doençasrespiratÓrias e::gec-ie todossecontentemcom o mínimo, quandoo maisrazoá- pessotrs, '.'=-e rr:-*:aro mâximo.O mínimo é o maisinsustentáveìdospropó- e cardiovasculares.Esse agxavamentodo quadro ambiental e cÌimáticoestáaumentandoosgastoscom saúde,reduzindoa proÒanteda dimensãodo queameaçaahumanidade. stÌL-Ë. que, du@o da agricultura gÌobaÌ, gerando insegurançaalimentar e de resultados conjunto hoje com um terminou Rior20 -\ ÌevadosadiantenosprÓximosmesese anos,oferecea provocandobiìhões de dóìaresde prejuízoseconômicos.A crise reaLmente -oportunidadepara cataÌisaxcaminhosrumo a um século21 mais ambientaÌprovocapobrezae fome.Afeta a economiados desensustentáveìl'AssimAchim Steiner,diretor executivodo Programa volvidose dosmais pobrese minaos outros avanços. dasNaçõesUnidaspara o Meio Ambiente(PNIIMA) definiu a conSOBPRESSÃO O PLANETA cÌusãoda Rio+20.Anotou que é uma promess4não um resultado patpáreÌ.'Vamosem passosincrementaisl'O problemadessepasso Não existem, na verdade, três pilares separados.Há três a pa-i,rcdas decisõesglobais é que a crise ambientaÌ e climática dimensõesinterligadas do desenvolvimentoe uma delas, a e aumentamos riscosefeüvosde ruptu- ambiental, além de não contabilizada, ê pré-requisito para avançaem a.Ìtavelocidade principalmente à mudançaclimática. consolidar o progressodas outras duas e paümentar o camiasassociadas rasecoÌógicas, e desil-o mundo oficial, decidiu-sepor um processode negocia4ões, nho para novosavanços.Sãograndesos descompassos semgaranüasde queterá bons resultados.Ele tem prazo deflnido guaìdadesentre as dimensõeseconômica,social e ambiental para chegaraosresultadosindicados,maso mandatoaosnegocia- do desenvolümento.A econômicadominou a social e a amdoresé amploe difusodemais.Nãogararrtequeo produtoflnal cor- bientat desdea RevoluçãoIndustriaÌ. As décadasflnais do século passado,e a primeira décadadeste século,promoveram responderáàsaspiraçõesenunciadasnosdiscursosoficiais. Sefoi o ambientalque pagoupor todo esseprogressosocioeco- aceleraçãodos ganhossociaisderivadosdo progressoeconônômico soba forma de mais poluição,mais degrada4ãodos ecos- mico e melhora relativa de sua apropriaçãopelos diferentes e paísese gruposdentro de cadapaís.Osavançosambientaisfomais emissõesde gases-estufa sistemas,mais desmatamento,
I.ISTA ÂÉn,EA mostra cenário desalentador deixado por secaintensa que afetou a Amazônia em 2O1O:alternância de extremos climáticos com impacto social caracteriza alterações produzidas pelo aquecimento global.
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ambientais; seguram poucos. A degradação no; mudança cÌimática e outras mudanças urbano e bem ambiente hídrica; segurança aìimentar; foi maior. Tiata-sede rePen- rança conhecimene biodiversidade; ecossistemas de serúços estar; sar a ideia de desenvolüeconomiaverde' e energia desastres; to indígena; mento ou Progresso,Para que obedeçaaos ìimites do NOVA PERCEPçÃO pìaneta,enquanto se reduadquirida nas últi fenômenos, desses compreensão zem desigualdadese carên- A nova o sistemado pÌanesobre pesquisas e estudos de décadas mas cias, para eliminar a Pobreta Terra,permite maior Bercepçãodas responsabiÌidadesdas za extrema. procedimento exige Na Rio+20não se conse- nações na governançapìanetária. Esse global de forma a para a sustentabilidade guiu consensosobreo míni- objetivosvoltados universal' sustentável o desenvolvimento que se alcance mo necessárioPara comeinsistiram em cientistas Rio no como Londres em Tanto çarmos essacaminhada rucom o reconhecimo à sustentabilidade.Che- um novo contrato entre ciênciae sociedade, para a formulação gou-seao comPromissoPos- mento de que a ciência deve ser uma base e mais sensatas mais permitir decisões políticas de modo a sível.Mas não é assimque funciona com o clima e o ambiente' de e necessicondições a atender deve que inovação a ágeìse de A natureza do desaflomudou. No século 20, o compromisso dadeslocais diversas. segurança de políticas e questões eram porque as possível, era Um dos temas tratados pelos cientistasno Rio foi o papel militar. No século21,as forçasque nos ameaçamnão admitem crucial da urbanizaçãona sustentabilidade'O crescimentourcompromissos,nem atraso.Não se pode pedir que as mudanpode ser a prazosà humanidade' A bano tem impacto ambiental signiflcativo, mas çasclimáticas recuem e deem novos O processo escala' em soÌuções para encontrar oportunidade Naturezaé tema, mas não sesentaà mesade negociações' e atê 2O5Oa décadas últimas nas acelerou se urbanização Uma reunião científlca realizadaem Londres,no Íìnal de de em cidaconcentrada estará população humana da maioria março desteano,"Planetasob Pressão2012",dedicou-sea ofefuturo o des.As cidadesdeterminarão,em larga medida, recerfundamentocientíflcoàs discussõesda Rio+20' apresensustentabilidadee do bem-estarhumano. resdar poderiam que undo uma agendaconcreta de ações Seos dipÌomatasquisessemusar as concÌusõesdos cient 21' sécuìo do climático e postasefetivasao desafloambientaì tas para flrmar um acordocom um conjunto de resoluções Ao flnaÌ desseencontro, que reuniu mais de 3 mil cientisque aler- levantes,concretase implementáveispara a Rio+2O,basta tas, foi divulgadaa decÌaração"O Estadodo Planeta"' A usar o consensode Londres,contido no relatório "O Estado climáticas' ta para a aceleraçãodas mudançasambientaise e as recomendaçõesdos painéis do Fórum sob pesquisademonstraque o funcionamentocontinuado do sis- Planeta' Ciência,Tecnologiae Inovaçãopara o Desenvolvrmento t"*á t".t"ttte provendo o bem-estar da ciülização humana tentável. Até nas questõesem que os cientistasse dMdi nos séculosrecentes está em risco de colapso, aflrmam os proú- como a da substituiçãodo PIB para medir o progressohu cientistas.Semaçãourgente,podemosver ameaçadaa no, encontrariam boas soÌuções:complementá-locom são de água e aÌimentos, a biodiversidadee outros recursos das de desenvolümentohumano e de contabilizaçío do as crises críticos. Essasameaçascriam o risco de intensiflcar para uma mônio natural Ìíquido. econômica,ecolÓgicae sociaÌ,gerando o potencial O "Índice de RiquezaInclusiva",por exemplo,uma inici global' escala emergênciahumanitária em UniversidadedasNaçõesUnidas,do PNUMA e do A compreensãocientíflca da deterioração ambiental se va da o Capital Natural, serviu para iÌustrar esseponto' to sobre aprofundou desdea Rio 92, mas a sociedadenão conseguiu proble- sa medida,que ainda demandareflnamento,avaÌiamudar dãr respostasà degradaçãoambiental na escalaque os na base produtiva de um país ao longo do tempo, incluindo mas requerem, diz o documento' EÌe salienta que a Rio+20 capitais econômico,humano e natural' Um país como a ocorreu em um momento de muita turbulência na economia PIB cresceu422o/oerfi,re1990 e 2008, teve um it gÌobalizada,incerteza sobre as consequênciasda crise flnan- na, culo sua "riqueza inclusiva" de 45o/o,porque pe em mento e ceira,desdobramentospolíticos em muitas partes do mundo enorme quantidade de capital natural, embora tenha exp capacidadeda comunidadeinternacional paralidar com esses dido fortemente sua base econômica e melhorado relati conflitos. Mas alerta que não se pode permitir que essasdiflperigospos- menteseucapital humano. O PIB brasileiro cresceu,nesse culdadesse sobreponhamao enfrentamentodos ríodo. 37o/o,mas sua "riqueza inclusiva" aumentou tos pelas açõeshumanas ambientalmentedestrutivas'Aflrma os ganhos sociais e descontadas as perdas que embora algum progressotenha sido feito no trato das 13%, somados patrimônio naturaì. questõesambientaisglobais,reduçãoda pobrezae segurança " A agendada Rio+20 teve dois grandestemas como foco: alimentar.hídrica e humana, a escaladessasaçõesnão foi cosusten economiaverde no contexto do desenvolvimento mensurávelcom a escalados problemas''As questõesem depara e da erradicaçãoda pobreza''e "o quadro institucional mas anos' 20 há identiflcadas bate na Rio+20 são as mesmas governança' ou sustentável", desenvolvimento agoraêaindamais urgente que sejamenfrentadas'" No primeiro caso,o documento não foi além de a sobre debruçaram-se PUC-RIO na reunidos Os cientistas genéricas.Diz, por exemplo,considerar"a aflrmações qual deveria temas relativos à agenda de questõessobre a mia verde em um contexto de desenvolümentosustentável também versar o documentode resoluçõesda cúpula de dirida pobrezacomo um dos instrumentos t gentesmundiais: dinâmica populacional e bem-estarhuma- erradicação
ANAS IL IF IC R ICBR í O SC IÊN T AME
ESPEC IAL
tes paÌ'a iìlaallr-iìr o ciesenvoÌvinleÌlt.l ì'-.::a:ìt:lreìe que eÌa Popara a fofCe:-:,.- .:..::t- ,ìpCÒeS ' . ,ÌÍtìca s .m as não : . r : -:. -.llÌ CoÌljunto rígido :riatizamos que eÌa -'.,- .. - :rtribuir para erradi.: .' . lc-Ziì.tanto qüant0 PaIa . . :: - :rÌento econômico sus.:. ,:-i . incrementando a incÌu-.. : ,.iaÌ. meÌhorando o bem'::,,r: Ìlunlano e criando oportu....l.ÌcÌesde emprego e trabaÌho ...-.-:-rtepara todos, ao mesmo ' .tu e man lém o f unc iona'-. siìudável dos ecossiste-
un. or g/s i,tes/ri o2 O.un.or g/Jile s/aconf.216-5 english.pdf), nem nas 163 páginas do reÌatório da 19" Sessãoda Comissão de DesenvoÌvimento Sustentável, do quaÌ consta a aprovação do "Quadro de Referências DecenaÌ para Programas de Consumo e Produção Sustentáveis" (que pode ser obtído no endereço: http ://wwu.un. org/e scr/ dsd/csd/c sd p dÍs/c sd-t 9/rep ort-
-csDl9.pdf).
Não se trata de uma poÌítica, ou um pìano. com metas. açõese cronograma de implementação. Esse é um quadro de referências, ì' I T- - - ^ que contém um conjunto de direr Lt r lld. ,. patses. segundo o docutrizes gerais e voÌuntárias e uma "plataforma" onde os países por::r:ir chrÌÌlìado de "O Futuro dem registrar programas de de. L.rtlr Ir lì1OS . Ve ema eCO nO m ì a -.::.re conlo um meio para atingir senvolümento sustentável junto às Nações Unidas. É muito pouco rÌesenlolúmento sustentáveÌ, prováveÌ que conduza os países -,-ìedeïe continuar a ser o objeti.'',1ÌÌlaior. Eies reconhecem que rumo a padrões sustentáveis de produção e consumo. :,il deve proteger e valorizar a ba.t clc recursos naturais, aumenO Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente foi de-rf a eÍìciência no uso de recursignado como secretaria desse : rs, promover padrões sustentáprocesso, com a atribuição de coMUDANÇÂ DE CENÁRIO: Turbinas eólicas \ eÌs de produção e consumo e laborar com as outras instâncias destacam-seno cenário costeiro próximo a Aracati, 15O Ir10\,ero mundo rumo ao desenda ONU para desenvoìveraçòes km de Fortaleza,no Cearâ.Fontes limpas de energia r oÌr,imento de baixo carbono. de acordo com suas diretrizes, são alternativa para aliviar pressãoambiental apoiar os estados membros nos representada pelo uso de combustíveis fósseis. PADRÕESSUSTENTÁVEIS seus respectivos programas e faO embaixador André Correia do zer reÌatórios quinquenais. AtriLago, unl dos negociadores principais do BrasiÌ na Rio+20, considerou um grande avanço buições que fazem do PNUNIA uma espécie de órgáo gestor que se tenha conseguido incÌuir a mençáo a padrões sustentá- dessemarco para programas de sustentabilidade. Essafunçáo r-eis de produçáo e consumo no documento ÍìnaÌ. JustiÍrca do PNUMA, somada a suas outras atribuições, acresce a importância do seu fortalecimento como instrumento de goverque essa menção fará com que a mudança econômica tenha que para nança ambiental gÌobal na hierarquia da ONU. se chede ser considerada nas futuras negociações Os países decidiram, também, iniciar negociaçõespara esgue a metas de desenvoÌúmento sustentável. O governo brasileÌro considerou como um dos pontos aÌtos do documento a tabelecer objetivos de desenvolvimento sustentáveÌ,sob a responsabiÌidade da AssembÌeia GeraÌ da ONU. Na abertura de decisão de adotar o "Quadro de Referências Decenal para sua 67asessão,em setembro próximo, a Assembleia GeraÌ deProgramas de Consumo e Produção Sustentáveis'l países verá criar um grupo de trabaÌho para submeter, ainda durante "adotam o Quadro de RefeDiz o documento que os que termìna no flnal do ano, uma proposta de obesta sessão, para Suse Produção de Consumo Programas rências DecenaÌ tentáveis","subÌinham que os programas incÌuídos no Quadro jetivos de desenvolvimento sustentáveÌpara consideraçãodos Decenal de Referências são voÌuntários" e pedem à Assem- estados-membrose adoção das açõesapropriadas. bÌeia Geral para designar uma de suas agênciasou programas GOVERNANçAAMBIENTAL com participação de todos os estados membros para "adotar Se essesobjetivos forem deflnidos, com metas, prazos e mecatodos os passosnecessáriosà plena operacionalizaçãodo quanismos de avaliação periódica, é claro que seu acompanhamendro de referências". Em tom que denotava irritação, a ministra IzabeÌÌa Teixei- to caberá, em grande medida, ao PNIIMA, adicionando mais rara, do Meio Ambiente, na entrevista coletiva flnaÌ, respondeu zões para a reúsão de seu status no organograma da ONU. A Europa e alguns paísesda África apoiavam a transformaao questionamento da mídia sobre a faÌta de resultados concretos dizendo que essecompromisso era um resultado objetição do PNUMA em agência especializadadas Nações Unidas, pronto não é o como a Organização MundiaÌ da Saúde - OMS. Essapromoção pois pÌano "está Mas e acabado". vo imediato, o que se conclui da Ìeitura das nove páginas do anexo citado na the daria poderes para adotar resoÌuçõesque estabelecessem parâmetros de desempenho ambientai pelos países,com efeiresoÌução da Rio+20 (que pode ser obtido aqui: https://rio2o.
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AMERICAN BRASIL11 SCIENTIFIC
to similar às recomendaçõescontidas nas resoÌuçõesda OMS, em relação à saúde pública e a pandemias, por exempÌo. O que decidiram os negociadores na Rio+20 sobre governança, ou sobre o quadro institucionaÌ para o desenvoÌvimento sustentáveÌ? Primeiro, apenas reaflrmar o fortalecimento do Conselho Econômico e Sociaì da ONU - ECOSOC- na reúsão de poÌíticas e recomendaÇõessobre desenvoÌümento econômico e social, acompanhamento dos Objetivos de Desenvolvimento do MiÌênio e como mecanismo central de coordenação interna das Nações Unidas. Segundo, criar um fórum intergovernamental universaì, isto é, com participação de todos os estados membros da ONU, em substituição à Comissão para o Desenvolvimento SustentáveÌ - CSD para acompanhar a implementação do desenvolümento sustentáveÌ. Essefórum poderia ter uma série de funçõespoìíticas,cooperação e diálogo, coordenar a reúsão de pesquisase avaliaçõessobre o desenvoÌúmento sustentável, com o obietivo de "fortalecer a reÌação entre ciência e formulação de poÌíticas'l Os países decidiram ìançar um processo de negociação "aberto, transparente e inclusivo'', no contexto daAssembÌeia GeraÌ das Nações Unidas, para deflnir o formato e aspectos organizacionais do fórum de aÌto níveÌ, de modo que eìe possa se reunir peìa primeira vez no começo da 684 sessãoda AssembleiaGeraÌ, que terá início em setembro de 2013. Terceiro, os países se comprometem a fortalecer o PNUMA como a autoridade principd para formular a agenda ambiental gÌobal. Esse fortaìecimento implicaria dar composi$o universal ao progxama,que hoje abriga apenas53 paísescomo membros. Auniversalização da composição permitiri4 por exemplo, que o PNUMA convocasse reuniões de níveì ministeriaÌ, coisa que nã.o pode fazer atualmente. Os países se comprometem também a reforçar as verbas do PNIIMA com recursos do orçamento da ONU e contribuições voluntárias. Finalmente, "dar mais voz" arsprogrâma
para poder liderar as estratégias ambientais no sistema da ONU.
Parecepouco para um organismoque terá responsâbiÌi des crescentes na consoìidação de estratégias multi para enfrentar o desaflo da sustentabilidade.
Quandoseexaminamem seuconjuntoaspeçasque ram essemegaevento,o que flca cÌaro é que tiveram muito sucessoasiniciativas queimplicavam açõesvoluntáriasque las que envolúam comprometimento poÌítico mais forie e que
deriam evoìuirpaxacompromissosde naturezamais O compromisso voÌuntário de cidades, mencionado acim4
é um exempÌo. reduzir as emissõesurbanasde gases-estufa é a"Nuvemde Compromissos'l exempÌointeressante pelo "ConselhoNacional para Defesados RecursosNaturais'l dos Estados Unidos (estd no endereço ht@://cloudafco com/).Elatempor objetivo agxegaros compromissos voÌu de pelo menos oito distintas iniciativas globais, entre eÌas a que ìançada peÌo Secretário-Geral da ONU Ban Ki-moon, " Sustentáveì para Todos'i Esse agregador de compromissos de rias plataformas e eventos que convergiram para a Rio+20 antever as insuflciências do documento que seria adotado. objetivos estavam voltados, explicitamente, para "além do negociado a ser adotado pelos governos nacionais'l Pretende gar o resuÌtado de "centenas de coalizões, redes, parcerias e iniciativas" para adoção de açõesrelativas a "energia, águ4 e outros desaÍìos-chaveda sustentabiÌidade'i DIFICULDADESMU LTILATERAIS É mesmo difícit adotar decisões de poÌíticas púbÌìcas, mente as de natureza compulsória ou legaÌ, no pìano muìtiì rat. Há diflculdades inerentes ao próprio muÌtilateralismo,
uma ordem muÌtipolar emergentee ainda muito desequili da. Formar consenso em uma assembleia desiguaÌ de
CULTURAS DE CÂCAU, matéria-prima para a produção do chocolate, cresceem terras recuperadas, em Medicilândia, na Transmazônica.
em torno de comPromissosque mudanças no padrão econômico e ene tico e regulação do desemPenho dos
é muito difíciÌ. o mâximo que se obtém um raso mínimo denominador Como a regra é a unanimidade, qua país tem poder de veto. Como cada
tem peÌo menos uma área de i que considera inegociáveis, a probabil de de que vetos cruzados eliminem a vância de todas as decisões é enorme. A diversidade é grande e os inter começam a se diferenciar de forma mui mais acentuada com as mudanças
As áreasde conflito se ampliam mais damenLeque as áreas de cooperação., clivagens já não são apenas entre o "N te" rico e o "Sul" em desenvolümento. Em numerosos lemas. Por exemPìo. não há possibiÌidade de formar co
entre os mais de 100paísesque integram GTTlChina.Os interessesdos paísesm oobres da África. Ásia e América Latina Caribe já não coincidem mais com os in resses das economias emergentes de de porte, como China, Índia e BrasiÌ' N pontos em que não são mais capazesde
BRASI L AM Í2 SCI ENTI FI CERI CAN
AM ESPEC IAL
?-?:
fOnfmçÁO IIUMANA compõe frases de protesto contra deterioração da Natureza produzida pelo aquecimento global com mudanças climáticas, durante realização da Rio+2o, na praia do Flamengo, no Rio de Janeiro.
mar consenso preferem adiar sua discussão ou caminhar para o veto. Na Rio+20, a opção preferencial foi por adiar decisões. As potências emergentes que sáo parte do G20, hoje o fórum centraÌ de decisão econômica multiÌateral das principais economias do mundo, ainda se abrigam no G77 por mera conveniência das partes. Nas reuniões de natureza ambiental, por exempÌo, muitas vezes usam o princípio das "responsabilidades comuns, porém diferenciadas'] que é importante para os países mais pobres do G77,para se eximirem de responsabilidades já inescapáveis diante do voÌume de suas emissões e da magnitude do impacto ambientaÌ de seu crescimento econômico. PoÌiticamente, a ênfase é sempre na qualiflcação "diferenciadas" associada às responsabilidades comuns, e a cláusula ÍìnaÌ do princípio raramente é mencionada: "de acordo com as respectivascapacidades".É claro que as capacidadesdessas potências intermédias são maiores, do mesmo modo que suas responsabiÌidades,especialmente quando se analisa a projeção de suas emissõese sua pegada ambientaÌ atê2050. Aos países mais pobres ainda interessa a parceria com esses países maiores, porque eles dão mais sólida cobertura poÌítica a suas reiündicações por acessoa fundos muÌtilaterais e transferência de tecnologia, fundamentais para seu desenvoÌümento e sua adaptação às mudanças cìimáticas. Não se pode esperar,portanto, dessesmegaeventosmultilaterais decisões proporcionais ao seu poÌte e representatividade. Pode-sedizer que são "macroeventos" que produzem "minidecisÕes'iMas eÌessão importantes por três razõesfundamentais. Primeiro, nessesencontros muìtiÌaterais faz-se o aprendizado poÌítico da conüvência gÌobaÌ democrática. Isso vale para países e para os moümentos sociais. A globalização vai de-
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mandar cadavez mais mecanismos de governança gÌobaÌ, sem o risco de um "governo global". O desenvolümento dessa governança passa por esse aprendizado de chegar a mínimos denominadores comuns, antes de se pensar em "maximizar" essasdecisões coletivas globais. Segundo, eÌes vão criando "pisos" de referência para vários aspectos da economia, da sociedade e do ambiente que constituem desaflos crÍticos gÌobais da primeira metade do sécuÌo 21. Terceiro, dada sua magnitude, essasreuniões chamam cadavez mais a atenção da mídia global, o que aumenta a üsibilidade das questões de que tratam e faciìita a mobiÌização da opinião púbÌica. Essa mobilização é um ingrediente essencial para mudanças no âmbito dos países, que podem ser posteriormente consoÌidadas em acordos ou tratados muÌtiÌaterais mais expressivos e compulsórios, ou üncuÌantes, como são conhecidos no jargão diplomático. As grandes cidadesderam umalição aosgovernosnacionais na Rio+20: a soÌuçãojamais úrá dos processos"de cima para baixo'': primeiro acordos compuÌsórios muÌtilaterais, depois mudanças domésticas.Ela úrá "de baixo para cima'': primeiro mudanças domésticas, depois sua consoÌidação em tratados muÌtilaterais. M P A R AC O N H E C EM RAIS Copenhague - Antese depois. Sérgio Abranches. Civilização Brasileira. 2009. , Terra (prefrágil- 0 queestáacontecendo planeta? como nosso Fiennes 5rrRanulp .rr' íácio). Editora Senac.2009. ,'. Laboratório Terra- 0 jogoplanetário quenãopodemos nosdaraoluxodeperder. '1998. , Stephen H.Schneider. EdÌtora Rocco. -' Rio92- Cinco anosdepois. Umberto Giuseppe Cordani,Jacques Marcovitch e Eneas (organìzadores). :. Salati Academia Bmsileira deCiências. 1997. '1987. . Gaia- Umnovoolharsobre avidanaTerra. J.E.Lovelock. Edições 70(Lisboa).
SCIENTIF AIM CE R I C ABNR ASIL I3
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marinho égeóloso eproWilliamF.Ruddiman ambìentais daUniversity Íessoremér'rto deciências of Virginia. Eleingresounocorpodocentedaìn*ltuìpo de1993a em1991 e atuoucomocheÍededepartamento a estudar regìstros demu199ó. Ruddiman começou oceânicos comoaluno dança clìmática emsedìmentos oÍ Columbla, ondecondaUniversity depós-gmduaçao Então, trabalhou comocientslacluiuseudouLorado. (sênior) Navalde no Escritórìo e oceanógraÍo dosEUAemMaryland. Oceanografra
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NOCLIMA A@ffiffiffi#MEM -p
Uma hipóteseousadasugereque práticas agrícolasde nossos ancestraisiniciaram o aquecimentoglobal milharesde anos antesde começarmosa queimar carváoe utilizar automóvel Por William F. Ruddiman
coNSENSo cIENTÍFIco DE QUE AS ATIvIDADES
HUMANAS DEFI-AGARAMO AUMENTO DA
temperaturada Terra durante o último séculoagoraintegra também a percepção pública. Com fábricase usinastermelétricasmoüdas a carvãomineraÌ, as industriaispassarama liberar na atmosferadióxido de carbono(C0r) sociedades Mais tarde,veícuÌosa motor deramsuacontribuiçãopara e outrosgases-estufa. Nessecenário,as pessoasque viveram na era industriaì sãoresessasemissões. ponsáveisnão só pelo acúmuìode gasesna atmosfera,mas também por pelo menos parte da tendência ao aquecimento que o acompanha. Agora, no entanto, percebe-seque nossosancestrais agricultores podem ter começado a lançar essesgasesmiÌênios atrás, alterando o clima do planeta muito antes que se imaginava. Novas evidências sugerem que as concentrações de CO, começaram a aumentar há cerca de 8 miÌ anos, mesmo que tendências naturais indicassem que elas devessem esta( caindo. Cerca de 3 miÌ anos mais tardê a mesma coisa aconteceu com o metano, outro gás
que aprisiona na atmosfera o caÌor inadiado pela Terra. As consequências desses aumentos surpreendentes têm sido profundas. Sem eìes, as temperaturas atuais de partes da América do Norte e Europa seriam de 3 a 4 graus Celsius mais baixas - o bastante pa.ra
AIM 15 SCIENTIF CE R I C ABNRASIL
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tomar a agricultura dificiÌ. Aìém disso,uma era gÌacialinYt:,, er'"-\l r*. cipiente- marcadaPeìaaPari; j L {d # t @odepequenascaÌotasdegelo - provavelmenteteria começado milhares de anos atrás em partesdo nordestedo Canadá Mas,em vez disso,o cÌima tem se mantido reìativamente quente e esúvel ao ìongo dos últimos milênios. Até recentemente,essasreversõesanômaÌasnas tendências de concentraçãodos gases de efeitoestufatinham escapado à aten$.o.Mas,aPóster estudado o probÌemaPor aÌgum tempo, dei-me conta de que, cerca de 8 miÌ anos atrás, as tendênciasdessesgasesPararam de acompanharo Padrã.o que seria preúsíveì Por um comDorfamentode longo Prazono passado,marcadopor cicìosregulares.ConcÌuíqueatividades humanasligadasà agricuìtura- primariamenteo desmatamentoe aírngaÊãfide lavouras- devemterjogado CO,e metanoextrasna atmosfera.Essasatiúda.desexplicamtanto a reversãona tendência de concentraçãoquantoo aumentoconstanteatéo início da eraindustrial.A partir de entã.o,inovaçõestecnoìógicasprovocaxamaunosníveisde gasesestufa' mentosaindamaisaceÌerados que atiúdadeshumanasvêm alterandoo Minha proposiçãode provocadorae controvertida'Outros é planeta miÌênios há clima do proposta com uma mistura de entusiasa essa reagiram cienüstas mo e ceticismo,o queé típico quandonovasideiassãoÌançadas'
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menteparahumanosanatomicamentemodernos.No flm do peúo degeloquehaviammberto o nordo glaciaÌmaisrecente,ascalota,s te da Europae aAméricado Norte duranteos100miì anosanterio há cercade 6 mil anos.Logoapós resencoÌheram,desaparecendo nossosancestraisconstruíramcidades,inventarama escritae fundaram religiões. Muitos cientistas creditamboaparte
do
humano a esseintervaÌo naturalmentequenteentre as
VISÃOATUAL Essaideiasebaseiaem décadasde avançosno conhecimentodas mudançasclimáticasde longo prazo.Oscientistassabem,desde a décadade 70,que três variaçõesprevisíveisna órbita da Terra em voÌta do Sottêm afetadoo clima gÌobaÌa longo prazo por milhões de anos.Como consequênciadessesciclos orbitais (que operama cada100mit, 4,1mil e 22 mil anos),a quantidadede radiação soÌar que chegaa diferentes partes cloglobo numa dada estaçáodo ano pode diferir em mais de 1O%.Ao longo dos úItimos 3 milhões de anosessasmudançasregularesna quantidade de radiaçãosolarque incidesobreo pÌanetatêmproduzidouma série de erasglaciais(durante as quais vastasporçõesdos continentesno hemisférionorte foram cobertaspor gelo),separadas por períodosintergÌaciaiscurtose quentes. Dezenasde sequênciasclimáticasdesseüpo se manifestaram duranteosmilhõesde anosem queoshominídeosevoluíramlenta-
mas. a meu ver, essaversão está Ìonge de ser a história completa'
NosúÌtimos anos,testemunhosde geloobüdosem nas calotas polares daAntártida e da Groenlândia fomeceram
tas vaÌiosassobrecomoera o clima daTerra no passado,i mudanças nas concentrações de gasesde efeito estufa' Uma
tra de 2 km de profundidadeextraídanos anos90 da estação tok naAntártida, continhaboÌhas de ar antigo aprisionadas no lo que revelaram a composi$o da atmosfera na época em que
camadasseformaram.O geÌodo Vostokconflrmou que as traçõesde CO,e metanosubiram e desceramsegundoum regularduranteosúltimos 400 miÌ anos. Um fato particularmente notável é que essesaumentos quedas nos níveis de gases-estufaocorreram nos mesmos lnte vaìos das variações de intensidade da radiação soÌar e da
de metano,por exe sãodascapasde geìo.As concentrações 22 mil anosde um ciclo de principalmente no ritmo flutuam bital chamado precessão.À medida que a Terra gira em de seu eixo, eìa bamboÌeia como um pião, desÌocando
mente o hemisfério norte para mais próximo do SoÌ, afastando-se. Quandoessebamboleioexpõeos continentes para maisperto do Soldurante o verão,a at tentrionais recebeuma grandeinjeçãode metanode suafonte natural mária: a decomposição de matériavegetal nas áreas alagadas'
Depoisque a vegetaçãode pântanose charcosfloresce,no do verã.o,eìa morre, decompõe-se e emite carbono na forma de tano. PerÍodos de aquecimento máximo noverão aumentam a du@o de metano de duas formas básicas: no sul da Ási4 o traz do oceano Índico para o continente quantidades adicionais
ar úmido, movimentandofortes monçõestropicais que regiõesaté secas.No extremo norte da Ásia e da Europa quentesderretemáreasboreaisaÌagadaspor períodosmais do ano.Ambos os processospermitem que maisvegetaçao se decomponha e emita metano a cada22 mil anos. Quando o
misférionorte seexpõemenosaoSo1,asemissõesde metano mais Ìarde çam a decÌinar. EÌas chegam a.omínimo 11mil anos a recebem norte que hemisfério ponto do ciclo em os verões do solar. quantidade radia@o de nor Examinando de perto os registros do testemunho de gelo Vostok percebi algo estranho na pafte mais recente do registro' concentrações de metano nos períodos intergìaciais préúos
(ppbì çavamtipicamenteum pico de quase700partespor biÌhão para máximo' o soÌar precessão aradiação que Íazia a medida mesma coisa havia acontecido 11mil anos atrás, bem no começo período interglaciaÌ atuaÌ. Ainda em concordância com os
ê!ïe'r'rr:srì ÊÌ.9Ë de a noçãoconvencionaì desafia Umanovahipótese humaporatividades liberados queosgases-estufa climadaTero delicado a perturbar nassópassaram rahá200anos.
BRASI L AM Ió SCI ENTI FI CERI CAN
ancesque,naverdade, nossos sugerem indícios Novos de signifrcativas a lançrquantidades tnis comegmm desdeanosatrás, naatmoíenmilhares gases-estufu decultivo. campos eirrigando matandoflorestas
o plamantiveram humanos osseres Comoresultado, doqueeleseriasemainfluênnetamuitomaisquente o evitaram atémesmo - e possivelmente ciahumana iníciodeumanovaglaciaçã0.
AM BIE ESPEC IAL
DI NÂM I C A
ATMOSFERICA
pré\'ios a concentraçãode metano, então, decÌinou em 100 ppb à que a luz solar do verão foi diminuindo. Se a tendência rer.r.redida cente ti\esse continuado a imitar intergÌaciais anteriores, e1ateria caído para um valor próximo de 4,50 ppb durante o atuaÌ aquecimento mínimo de verão. Em vez disso.no entanto, essatendência trocou de direção há cercade 5 mil anos e chegougraduaÌmente de voÌta a 700 ppb pouco antes do começo da era industriaÌ. Em resumo, as concentrações de metano subiram quando deveriam ter caído, e terminaram até 250 ppb mais altas do que seu ponto equivaÌenteem cicÌospassados. Como o metano o CO, se compoÌtou de maneira inesperada ao Ìor.rgodos úÌtimos miÌhares de anos. Embora uma combinação compÌexa dos três cicÌos orbitais afete as variações no CO2,as tendênciasdurante os peÍodos intergÌaciais anteriores eram todas pa-
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recidas.As concentraçõesdessegás atingiam seu pico em 275 ou 300 partes por miÌhão (ppm) no começo de cada período quente, mesmo antesde os úÌtimos remanescentesdas grandescapasde ge1oterminarem de derreter. Então, os níveis de CO, caíram durante os 15 miÌ anos seguintespara uma média de cerca de 245 ppm. Durante o intergÌacial atual, as concentraçõesde CO, aÌcançaramo pico esperadocerca de 10.500anos atrás, e, então, começaram a decÌinar. Mas em vez cÌecontinuarem caindo até os tempos modcrnos, a tendência reverteu-sehá 8 miÌ anos.No começo da era industrial a concentraçãohaüa subido para 285 ppm - 40 ppm a mais do que seesperavAa julgar peÌo comporlamento anterior. O que poderia expÌicar essasreversõesinesperadasna concentração do metano e do COr?AÌguns pesquisadorcssugeriram que a rcsposta tivessereÌaçãocom fatores naturais. O aumento no meta-
SCIENTIF AIM CE R I C ABNRASIL 17
no foi atribuído à expansão das áreas aÌagadasno Árbico, e o do COr, a perdas de vegetação rica em carbono nos continentes e a mudanças na química do oceano. Mesmo assim, essasexplicações me pareciam frágeis, por uma razão simpÌes. Durante os quatro peúodos interglaciais anteriores, os principais fatores a influenciar as concentrações de gases-estufa na atmosfera erarn quase os mesmos que nos milênios recentes. As calotas de gelo do norte haviam derretido e as florestas haüam retomado as terras descobertas peÌo geÌo, a água produzida pelo degelo elevou o níveÌ do mar, e a incidência de radia4ã.osoìar determinada pela órbita da Terra haüa crescido e, depois disso, diminuído da mesma maneira. Por que então as concentrações de gases-estufateriam caído nos quatro períodos interglaciais anteriores para subir só neste? Concluí queum elemento novo deveriater entrado em opera$o naTerranos últimos milhares de anos. CULTI VO I RR I G A D O O "fator novo" mais plausíveÌ a operar no sistema climático durante o interglacial atual é a agricuìtura. Alinha do tempo básica das inovações agrícolas é bem conhecida. A agricultura se originou na região do Crescente Fértil, a Ìeste da bacia do Mediterrâneo, há cerca de 11miÌ anos. Logo depois apareceu no norte da China e poucos miÌênios mais tarde, nas Américas. Ao Ìongo dos miÌênios posteriores, espalhou-se para outras regiões e se soflsticou. Há cerca de 2 mil anos todos os alimentos conhecidos hoje já eram cultivados em alguma regiã.odo mundo. Várias atiüdades agropecuárias liberam metano. Terraços de arroz alagados geram metano pelas mesmas razões que os pântanos - avegetaçã.ose decompõe na água parada. O gás também é Ìi-
I N FLU Ê N C I A
í8 SCI ENTI FI AM CERI CAN BRASI I
berado quando lawadores queimam vegetação de campos atrair animais de caça e promover o crescimento de arbustos feros. AÌém disso, homens e animais domésticos emitem pelas fezes e gases intestinais. Todos essesfatores contribuíram para o aumento gradual nos nÍveis dessegás to as popuÌações humanas cresciam ìentamente. Mas um
pareceter sido o responsávelpela forma abrupta como reversão na tendência de concentraçã.o do metano - do contÍnuo a um aumento súbito -, há 5 mil anos: o início da tura irrigada no sul da Ásia. Nessa époc4 agricultores do sul da China começaram a in terras baixas junto aos rios para plantar variedades de arroz tadas ao charco. Com extensasplanícies aJagáveisao redor de
desrios, faz sentidoquevastasporçõesde terra pudessemter alagadastão logo a técnicafossedescoberta,o que explicariaa da rápidana curvado metano. Registroshistóricostambém indicam uma expansãosi mática no cuìtivo de arroz irrigado enquanto os níveis de no subiam. Há 3 miÌ anos, a técnica já haüa se espalhado sul, na Indochina, e para o oeste, no vaÌe do rio Ganges, na
dia, aumentandoasemissõesdo gás.Após2 mil anosos torespassarama construirterraçosde arroz nasencostas padasdo Sudeste asiático. Pesquisas futuraspoderãofornecerestimativasda de de terras irrieadas e de metano oroduzido nesse i 5 miÌ anos. Mas. provaveÌmente será difícil obter esses
porque a repetidairrigação dessasmesmasáreasdeveter turbado grande parte das eüdências anteriores. Por minha argumentação se apoia sobretudo no fato básico de
ANTRÓPICA
ESPEC IAL
a curva do metano úrou na "contramão", e que os agricultores começaram a criar áreas aÌagadas por meio de irrigação no tempo exato para expÌicar essamudança. Outra prática comum ligada à agricuìtura - o desmatamento - fornece uma e4)licação pÌausível para o início da anomaÌia na curva do COr. O cultivo em áreas naturaÌmente florestadas exige a derrubada de árvores, e os agricultores começaram a eliminar florestas com esseobjetivo na China e na Europa há cerca de 8 mil anos, primeiro com machados de pedra, depois com instrumentos de bronze e flnalmente de ferro' As árvores, tanto queimadas quanto caídas, deixadas para apodrecer liberaram carbo-
a-_
aú
no na atmosfera na forma de COr. Os cientistas têm eüdências datadas de que nessa época os europeus começaram o cuÌüvo de plarrtas não nativas como trigo, ceva.da e ervilha- Restos dessas culturas, iniciaÌmente praticadas no Oriente Médio, fazem sua primeira aparição em sedimentos lacustres no sudeste europeu e, então, espalham-se para o oeste e o norte durante os milhares de anos seguintes. Nesseintervalo, areia e argila provenientes de coÌinas desmatadas começaran a se depositar nos rios em quantid.ades cada vez maiores, como testemunhas do
desflorestamento vigente. A evidência mais inequívoca do desmatamento extensivo está {= em um documento histÓrico único - o DoomsdnA Óook (Liwo do -< së flm do mundo). Essapanorâmica da Inglaterr4 encomendada por Guilherme, o Conquistador, reÌata que 907o das florestas naturais de ie em terras baixas agricultáveis haüam sido eÌiminadas até o ano milhão dehabitantes na Ingìaterainda1,5 contou Apesquisa 1086. =€ ra naquela époc4 indicando que uma densidade popuÌacional de dez pessoaspor quiÌômetro quadrado bastaria para eìiminar as flo>d
J}
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restas.Comoasciúlizaçõesavançadasdosvalesdosprincipaisrios da Índia e da China haviam aÌcançadodensidadedemográflca maior milhares de anos antes,muitos ecologistashistóricos conhá 2 cluíram que essasregiõesforam ampÌamentedesflorestadas foram da Ásia e suÌ Europa miÌ ou mesmo3 miÌ anos.Em resumo, desmatadosmuito antesdo início da era industriaÌ e esseprocesso estavaem andamentoà épocado aumentoanormaìde COr. ERAGLACIALEVITADA? por anomaÌiastão granSeos agricuÌtoresforam responsáveis ppb gases-estufa no metanoe 4'0ppm de 250 desnos níveisde no CO, até o sécuìo18 -, o efeito de suaspráticasno clima da Terra teria sido substancial.Com basena sensibilidademédia de uma diversidadede modeÌosctimáticos,o efeito combinado dessasanomaliasteria sido um aumentomédio nastemperaturas globaisde 0,8"Cpoucoantesda era industrial. Essenúmero é mais aìto que o aquecimentode 0,6oCmedidono último século - o que implicaria que o efeito da agriculturano clima rivaÌizacomasmudançascombinadasregistradasduranteo período de industriaÌizaçáorâpida,ou até â excede. Como um efeito tã.odramáüco de aquecimentopassoutanto O principaÌ moüvodissoé o fato de ele tempo semserreconhecido? ter sido masciÌradopor mudançasclimáticasnaturais na direSo oposta.Os ciclos orbitais da Terra estavamproduzindo uma tendência simultâneaa um resfriamentonatural, especiaÌmentenas aÌtaslatitudesdo norte.A mudançalíquida na temperaturafoi um resfriamentograduaÌduranteo verãoquedurou atéo século19. tivessemcontinuadoa tendêncianaturaÌ Seos gases-estufa de declínio,o resfriamentoresultanteteria sido ampÌiflcadope-
I9 AIM SCIENTIF CE R I C ABNRASIL
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TÌIIPACTO AMBIENTAL
lo resfriamento provocado peÌa queda na radiação soÌar no verão, e a Terra teria se tornado consideravelmentemais fria que é hoje. Para expÌorar essapossibilidade. eu me uni a Stephen J. Vavrus e JoÌrn E. Kutzbach, da Universit-v of Wisconsin, Madison, para usar um modelo climático a Íìm de prever as temperaturas atuais na ausência de todos os gasescle efeito estufa gerados por atiüdades humanas. O modelo simuÌa o estado médio do cÌima na Terra, incluindo temperatura e precipitação, em respostaa dìferentes condiçõesiniciais. Em nosso erperimento reduzimos os níveis de gases-estufana trtÉ -,ll,-r.'. ti'.leteriam aÌcançadohoìe sem a agricultu-tr;wslçi-ì -.ra primitiva ou as emissões industriais. A simulação resuÌtante mostrou que a 1èrra seria quase2oCmais fria que é hoje - uma difèrença signiÍìcativa. Só para comparação,a média global na última máxima glacial, há 20 miÌ anns, era apenas 5oC a 6oC mais bai-xa que hoje. Como consequência,as temperaturas atuais estariam no
2 0 SCIENTIFI AM CERI CAN BRASI L
caminho das glaciaistípicas não fossem as contribuições de gasesestufa da agricultura prlmitiva e da posterior industriaÌização. Eu também havia proposto inicialmcnte que novas calotas glaciais poderiam ter começado a se formar no cxtrcmo noÌte caso essa tendência natural ao resfriamento houvesse persistido. Outros pesquisadores mostraram preúamente que partes do nordeste canadense poderiam estar coberlas c1egeÌo hoje se o mundo Íbsseapenas1,5oCmais frio - o mesmo resfrianrentoque, segundonossosexperimentos,fora compensadopeÌasanomaÌias nos níveis de gases-estufa.Um esforço de modelagem, em parceria com coÌegasde Wisconsin, mostrou que duas áreas do Canadá teriam neve até o flm do verão: a iÌha Bafhn, junto à costa leste. e o Labrador. mais ao suÌ. Uma vez que a neve que sobrevive ao verão acaba se acumuìando em camadas maìs espessasano após ano até sc transÍbrmar em geìo, essesresultados sugerem que uma nova Idade d,
E S P EC IAL AM BIEN TE
normaldeerasglaciais acimadoalcance Temperaturas interglaciais maisaltasdeperíodos Temperaturas
Efeitoestufainduzido humanas ooratividades primitiva Agricultura .,.;,. rápida Industrializa$o Atividades futuras
picosglaciais durante maisbaixas Temperaturas Anosatrás O EFEITO ESTUILI induzido por atividades humanas adiou uma glaciação que, de outra forma, teria se iniciado 5 mil anos atrás. resAtividades agrícolas primitivas produziram gases-estufaem quantidade suficiente para compensar a maior parte da tendência ao antigo aquecimento Esse efeito de o,8'C. em cerca de o planeta (amarela), esquentando pré-industrial friamento durante o período comrivaliza com o aquecimento de o,6"C medido no último século de industrialização râ,pida (laranja). Depois que a maior parte dos sua tenbustíveis fósseisfor esgotada e o aumento da temperatura provocado pelos gases-estufachegar ao pico, a Terra vai retomar dência ao resfriamento até a próxima glaciação que, agora, já terá sido adiada por milhares de anos.
pelo homem foi GeÌoteria começadono nordestedo Canadáaiguns miÌênios lhou porque o aquecimento globaÌ induzido anterior ao que se imaginava - bem antes da era industrial. atrás,ao menosem pequenaescaÌa. Na discussão ambiental que ciência e poìíticas públicas se é marcadamentediferentedaüsão tradicional, Essaconclusã.o proresultados científicos são frequentemente usados para tocam, de que a civiliza4ãofloresceunum peúodo de aquecimento opostos. Céticos sobre aquecimento gìobal poderiam citar flns ponto teria vista, de üdenciadopelaNatureza-ANaturez4 do meu como eüdência de que os gases-estufa gerados meu trabaÌho maÍÌüveram o planeta nossos ancestrais mas resfriadoo cìima do por humanas tiveram papel benéflco durante milhaatiüdades pela agricuÌtura. da ação elevado
res de anos, mantendo o cìima da Terra mais hospitaleiro do que teria sido não fosse por influência dessesagentes químicos. FUTURAS IMPLICAçÕES gÌobal Outros poderiam argumentar que, se tão poucos humanos com intere Concluir que os humanosevitarÍun o resfriarnento relativamente primitivas já foram capazes de aitetecnologias sono debate gÌacia4ão implicações tem romperamo início deuma curso do clima de forma tão signiflcativa, então temos rarar o próximo. motivo Parte do futuro que no o cÌima reserva nos bre o peÌoqual ostomadoresde decisãotiveram diflcuÌdadeem conside- zões de sobra para nos preocupar com a escaÌada atuaì dos garar as previsõesiniciais de aquecimentoglobal nos anosB0 é que ses-estufapara níveis e veÌocidade sem precedentes' Thlvez o aquecimento rápido dos úÌtimos séculos esteja muitos cientistashaúam passadoa décadaanterior dizendoexataa durar pelo menos 200 anos, até os combustÍveis destinado a caminho. estava menteo oposto:queuma novaIdadedo Geìo acessíveis se tornarem escassos. economicamente fósseis o controlam que orbitais varia@es de Combasenaconflrma@o da Terra deve começar a resfriar que o cìima isso ocorrer, esgelo cienüstas alguns Quando capas de das retraçã.o e a crescimento tudavamessasmudançasem longa escalaconcluíram,com razã.o, de forma progressiva, à medida que o oceano absorva o CO, que a próxima eraglaciaÌestariaa poucascentenasou no máximo em excesso produzido pelas atiüdades humanas. Se o cìima gÌobal vai resfriar o bastante a ponto de produzir a glaciação poucosmilharesde anosde ocorrer. muito adiada ou se vai se manter quente o suflciente para há pesquisadores descobriram Nos anosseguintes,no entanto, cresciarapidamentee que o adiála mais ainda, é impossível prever nessemomento. M que a concentraçãode Sases-estufa
clima caminhavapara temperaturasmais elevadas.Isso convenceua maioria dos cientistasde que o futuro relativamente próximo (o próximo séculoou o seguinte)seriadominadopeÌo aquecimento. Essa previsão, baseada num melhor entendimento do sistemacÌimático, levou alguns formuladoresde poÌíticaspúblicasa descartartoda e qualquerpreüsão - fosse eÌade aquecimento,ou de glaciaçãoiminente -, considerando-asindignasde crédito. Minhas descobertasacrescentamum novo desdobramento a cada um dessescenários.As previsõessobreuma glaciação calotasgÌaciais "iminente'] sepecaram,foi por modéstia:.novas teriam começadoa crescerhá milênios.O gelo só não se espâ-
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P A R AC O N H E C EM RAIS
F.RudWilliam oÍclimate. tookcontrol howhumans plagues andpetroleum: ... Plows, 'r,: diman. Pres,2005. Princeton University .,', ïheanthropogenicerabeganthousandsofyearsago.WilliamF.Ruddiman,emC ó1,ne3,págs.2ó1-293,2003. ' mateChange,vol. UniveniMichael A.Williams. crisis. toglobal fromPrehistory :.' Deforesting theEarth: . ty ofChicago Press,2003. W H.Freeman,2001. William F.Ruddiman. ,..,,Earth's climate: oastandfuture. germes Record,2001. M.Oiamond. eaç0.Jared ,.. Armas, 1979. Enslow .,1'.lceages: Palmer lmbrie. e Katherine Johnlmbrie solving themystery. Doubleday, 197ó. people. McNeil. William Plagues and '
21 AIM SCIENTIF CE R ì C ABNR ASIL
Humanidade alterou profundamente o planeta. Mas noYasideias e açõespodem
impedir nossaautodestruiçáo SQ{jË,ÇAOS BANCOSE A INDUSTRIAAUTOMOTTVA.A TERRA E O UNICO SISTE-
ma verdadeiramente"grande demais para fuacassar".Durante séculos os homens consumiram os recursosdo planeta, cobriram-no de lixo e simplesmenteseguiram adiante quando um mânancial secava ou um ponto remoto da propriedade ficava poluído. Mas ago-
sociaise o público gloessaestratégia.Cientistas,pensadores ra esgotamos quea humanidadetransformouo planetanatural bal estãocompreendendo precisamosfazer em um mundo industrializadoe, sequisermossobreviver, uma novatransição:paraa sustentabilidade. O primeiro passoé determinar o quanto o Qual é o plano de salvação? O cientistaambientalJonathanFoley mundo estáperto de um "colapso'1 apresentaos resultadosde um grandetrabalho de coÌaboraçãointernacionaì que calculou limites segprospara processosambientaisbásicos, comoa mudançaclimáticae a acidiflcaçãodosoceanos,capazesde minar a sustentabilidadese não forem controlados.Essasfronteirasnuméricas podem precisarde uma aferiçãocuidadosa,mas saberquais são os processosmais importantesiá nos indica onde procurar soiuções.Nesteartipropõemmedidascorretivasespecíflcas. go,oito especialistas Essassugestõespodem amenizara degradaçãoambiental,mas talvez O viìão,de acordocom Bill McKibnão soÌucionemas causassubjacentes. ben, acadêmicovisitante da Middlebury Coliege,é precisamenteo propulsor da sociedademoderna: a buscaincessantede crescimentoeconômico. Em um trecho exclusivode seu novo livro, McKibben argumenta que temos de abrir mão do crescimentoe nos reorganizarcom baseem uma manutençãointeiigentedos recursos.Críticosaflrmam que a ideia é irreaìista.O editor Mark Fischetiio desaflaa uma resposta. - Osed:ítores
I
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23 S C I Ê N T I FAIM CE R I C ABNR ASIL
JonathanA. Foleyédireror dolnsriruto do MeioAmbiente dã Universìty oí Minnesota. ComÍormaçãoemciências atmosféricas, princieletrabalha palmente como vínculoentreo usodaterm,a global. agricultura e o meioambiente
LIMIÏES PARA UM Cientistasestabeleceramvalorespara processosambientaisbásicos eue, seultrapassados,podem ameaçara sustentabilidadeda Terra. Lamentavelmente,três delesjá foram excedidos Por JonathanÁ.Foley
T.IRANTE os pruuór.orosDAcrvrlzAÇÃo r oo HorocENo -, euAsl 10 vn ANos- DEsDE so mundo foi inimaginavelmentegrande.Vastidõesde terras e oceanosofereciamre cursos infinitos. Os humanos podiam poluir à vontade e evitavam repercussõeslocai simplesmenteao se mudar para outro lugar. Povos consúuíram impérios e si econômicos alicerçadosem sua capacidadede explorar o que presumiam ser riq inexauríveis. E jamais sederam conta de que esseprivilégio teria fim. Entretanto,gïaçasa.osavançosna saúdepública à RevoÌuS.o Industrial e, mais tarde, à RevoÌu@oVerde,a populaçãomundial saltoude cercade 1 bilhão de pessoas,em 1800,para mais de 7 bithõeshoje.Sónosúlümos50 anos,nossonúmeromaisquedobrou. Alimentadapelanquez4 auttl:za,çãnde recursosatingiu níveisassustadores. Em meio século,o consumoglobalde alimentose água docetriplicou e o de combustíveisfósseisquadruplicou.Agor4 cooptamosentre3oo/o e 5Oo/o deïndaa fotossínteseno pìaneta. Essecrescimentoarbitrário fez com que a poluiçãopassasse de um problemalocal para uma dimensãoglobal.A reduçãodo ozônioestratosféricoe as concentrações dos gasesde efeito estufa sãocompÌicaçõesóbüas, mas muitos outros efeitosnefastos estãosemanifestando. A súbita aceleraçãodo crescimentopopulacional,o consumo de recursose os danosambientaismudaramaface daTerra.
Passamosa viver em um pìaneta "ìotado'] com recursosì
dos e poucacapacidadepara absorvero ìixo. As regxaspaxa ver em um mundo desses tambémsàodiferentes.Mais tante,porém.é que precisamostomar medidaspara garanti nosso funcionamento dentro do "espaçooperacionaìseguro"
nossosecossistemas. Senão reúsarmosnossasatitudes,provo caremosmudançascatastróflcas,com possíveis dramáticaspara a humanidade. O que poderia gerar essasmudanças?E como eütá-las? equipe internacional de cientistas - liderada por Johan trom, do Centro de Resiliênciade Estocolmo,juntamente com coÌegasda Europ4 dos EstadosUnidos (inclusiveeu) e daAustrália - procurou respostaspara essasperguntaspor meio de uma questão relacionad4 mas mais abrangente: estamosnos aproximando de "pontos críticos" pÌanetários,que lançariam o
d- 111 48 t'á
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Embora a mudança sejafoco excedem os limitesseguros emgraus sos.Adotarimediatamente climática fontesde cionaraspráticas agrícolas sãomediparatornara vidahumade grande atenção, a perdadebiodi- mais acentuados. Outrosprocessosenergia de baixaemissão decarbono, dasdecisivas versidade pornitrogênÌoambientais rumamparaníveisperigo- restringiro desmatamento e a poluição e revolu- nanaTermmaissustentável.
SCIENTIFIC AMERICANBRASIL
ESPEC IAL AM BIEN TE
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EËq=+ Ê 5S k= novo' diferente meio ambiente globaÌ em um perigoso território humana? de tudo o que já foi üsto na história de sisteApós examinar numerosos estudos interdisciplinares amprocessos que nove determinamos mas fisicos e bioÌógicos, do planeta de capacidade a amlinar de potencial o têm bientais para eÌessustentarüdahumana. Em seguida,estipulamoslimites sezuranem pode operar uma faixa dentro da quaÌ a humanidade cientiflpreciso' definido Ìimite um ça. Sete processos apresentam certa contém (que obviamente número único camente por um acidiflcaa cìimátic4 a mudança deÌes Tfês incerteza). margem áe estratosférico - são pontos críti@o ãceânica e a redução do ozônio irreversícos; outros quatro apontam o início de uma degradação por aerospolui@o atmosférica a veÌ. Os dois processos restantes extã'o por estudos passaram gÌobaÌ não química sóis e a poluição deflnidos' foram não ainda ìimites tensivos e seus já seus Nossa anáÌise mostra que três processos excederam nitrogênio poluição de patamares: a perda de biodiversidade, a Todos os outros estão se encaminhando e a *udança S "ìiroáti.u' 6 aosseuslimites.oslimitesindiüd.uaispodemestarperfeitano futuro' mas mente ajustados e outros poderão ser acrescidos
m.br m.co w ww.scia
iõúuìtã
é um sumário de "primeira ordem" das condições
estrutura ambientais mais perigosas do mundo e propõe uma ameaças' gerenciar essas como pensar para sobre básica A compreensão das causas de nossos probÌemas mais urgentes - mudança fomece indícios de como soÌucionálos' Em dois casos que conhemais é responsáveÌ o climática e acidiflcação oceânica dióxido de que Ìançam fósseis, combustíveis de cido: a utilização (COr) atmosfera. na carbono por um Mudanc.a ctimÍitfua - F'mbora a Terra já tenha passado exceÌtamente e peÌo homem, signiflcativo aquecimento induzido e formulacientistâs temperatura, perimentará novas elevaçõesde mais àores de poÌÍticas buscam meios para evitar as consequências geÌo poÌares' o de plataformas perda das a incìusive devastadoras cÌicoÌapso dos estoques de água doce e o d'esequilíbrio de sistemas (a ppm já 387 em máticos regionais. A concentração de CO, está de de emissão níveis os medidausual, porvolume), e o debate sobre gases de efeito estufa capazes de provocar mudanças drásticas pror."go.. Os valores aceitáveis sugeridos variam entre 350 e 550 ppm de COr.Em nossaanálise propomos uma meta conservadora' distante ãe longo prazo, de 350 ppm, para manter o pianeta bem
BRASIL25 AMERICAN SCIENTITIC
Em Busca de Saídas podetergraves limites certos excedam queprocessos ambientais Permitir (Para mantê-los' conseguem decisivas ações masalgumas implicações, apaftìrdapág'58). pamameaçs ambientais'i maís,ver"Soluções saber
soLUçÕEs PROCESSOS CONSEQUENCIASDA AMBTENTATSTRANSPoSIÇÃO POSSíVEIS eo dodesmatamento Redução Ecossistemasterrestres de Perda pagar deterras; desenvolvimento biodiversidadeeoceânicoscolapsam porserviços deecossistemas Gclodo nhrogênio
deÍertiliantes; Rdugo dautilizago Zonasmortasoceánicas animais; dedejetos pÍocessamento edeáguadoce híbridos adopode\ei:ulos oçanoem-se
Gdodofósforo Gdeiasalimentares são oceânicas intenompidas
Rduço dautilizaçodefertilizantes; anìmais; dedejetos pocessamento derefugos efrciente processamento humanos
Mudang climática
de ecombustÍveis GeleiraseçloPolar AdoSodeenergia das denetem;mudançs hixo teordecarfono;taxa$o decaôono emissões regionaís climáücas
Usodaterra
meurbana; daexpansão Emsistemashlham; Lim'naço pagaagrícola; daefrciência lhomria decarbono dióxido deecosìstemas mentoporservìços escapa
Acidifrcago oceânica
de ecombustíveis deenergia Adoção Microrganismosecorais do de baixoteordecaròono;eduçao monem; PreciPita$o Idefertiliants superftcia escoamenio diminui carbono
Utilizaçãode iágua doce
dainigação; daefrciência aquáticos Melhoria Ecossistemas debaìxo dedispositivos instalação colapsam;suprímentoa deáguadesaprecem fluxodeá9ua
luorcarbodoshidrodorof prejudica seres Eliminaço Radiago Redução denoras deefeitos nos(HCFG);teste animais e hunnnos, doozônio químicas substâncias estr:atosÍérico plantas
de pontos críticos climáticos. Mas, para atingir essameta, o mundo precisa agir imediatamente para estabiÌizar as emissões e' nas prÓximas décadas, reduzilas substancialmente . Acídífiraçãn oceânica -Esseêo primo menos conhecido damudança cÌimática. À medida que as concentrações atmosféricas de CO2aumentâm, a quantidade de dióxido de carbono que se dissolve na água em forma de acido carbônico cresce,deixando a superfície oceânica mais ácida. Os oceanos são naturaÌmente neutros, com um pH de aproximadamente 8,2, mas os dados mostraÍn que esse vaÌor já caiu para quase 8 e continua baixando. A mensuração que utiÌizamos para quantiflcar essamudança é o níveÌ decrescente de aragonita (uma forma de carbonato de cálcio) que se forma na água superflcial. Muitas criaturas - de corais a uma inflnidade de fltopÌânctons, que formam a base da cadeia aÌimentar oceânica - dependem da aragonita para construir seus esqueletos, conchas e carapaças. A acidez crescente pode enfraquecer severamente os ecossistemas oceânicos e as teias alimentares, constituindo outro motivo contundentepaxa que nações caminhem paraum futuro energéüco mais pobre em carbono. A IMPLICAçÃODA PRODUçÃODEALIMENTOS A humanidade já utiÌiza 35% da superfície terrestre para cuÌtivar alimentos e cria@o de pastagens, e a expansão agrícoÌa é a principaÌ motivação para abrir novas áreas de plantio e, com isso, destruir
BRASI L AM 2 ó SCI ENTI FI CERI CAN
ecossistemas naturais. Vários Ìimites pÌanetários coÍrem risco de ser transpostos por práticas de utilização da tera. Perdn de biodiztersidade - A e>'pansãoterritorial é responsávepor uma das maiores ondas de extinções da história do planeta. L' tamos perdendo espéciescem a miÌ vezesmais rápido que as taxa-' naturais passadas,obsewadas no registro geológico. Esseíndice É constatado em ecossistemastanto tenestres como marinhos e pa de minar processosecoÌógicosem escalaregionaÌ e globaÌ' Os esforços para conservar abiodiversidade, particularmente nas sensíveis florestas tropicais, exigem muito mais atenção. Poluição por nitrogênio eÍósforo - Aamplamente difundidauüÌização de fertiÌizantes industriais desestabilizou a química do planeta. A aplicação de adubos sintéticos mais que dobrou os fluxos de nitrogênio e fósforo no meio ambiente, àrazãa de 133 milhõe-' de toneÌadas de nitrogênio e 10 miÌhões de toneladas de fósforo por ano. As duas substâncias Ìevam a intensa poÌuição da água degradam numerosos lagos e rios e afetam áreas oceânicasÌitorâneas ac' criar extensas"zonas mortas" hipóxicas. Sãonecessáriasnovas práticas agrícoÌas que aÌrmentem a produção de alimentos e sustentem o meio ambiente. Esgotnmento defontes de d,gta doce- Ao redor do gÌobo, retiramos anuaÌmente assombrosos2.600 km3 de água de rios, Ìagos e aquíferos para a irrigação (70%),a indústria (20%) e o uso doméstico (10%).Em consequência,muitos rios caudaÌosostiveram seu fluxo reduzido; outros estão secandopor compìeto. Exemplos disso incÌuem o rio Colorado, que não deságuamais no oceaÍÌo,e o mar de AraÌ, na Ásia central, agora em gtrandeparte desertiflcado A demanda futura pode ser fenomenal. Melhoras drásticas na eflciência gÌobaÌ do consumo de ágrra,particuÌarmente para a irrigação, ajudariam a eútar perdas mais sérias ainda. FIQUEMBEMLONGE A publicação inicial de nosso estudo narevista Natwe, há aÌguns meses, suscitou um saudável debate científlco. De modo geral, o trabaÌho foi bem recebido e ústo como o que pretendeu ser: um experimento compìexo para tentaÍ deflnir perigosas linhas "intransponíveis" para o mundo. Entretanto, fomos abertamente criticados por aÌguns cientistas peÌo simples fato de termos tentado flxarlimites; outros não concordam com os números que estipuÌamos. Thlvez o comentário mais importante seja que, ao determinar Ìimites, podemos estar encorajando as pessoasa pensar que a destruição ambiental é aceitáveÌ,desdeque mantida dentro dessasdetimitações. Para que fique claro, nã.oé isso o que propomosl A sociedade não deve permitir que o mundo se encaminhe para um limite antes de agir. Um avanço de 3o% a 60% rumo a qualquer fronteira de segurançatambém produzirá danos severos.EstimuÌamos as pessoasa serem suflcientemente abertas e altruístas (em reÌação a gerações futuras) e flcarem o mais Ìonge possíveÌ dos Iimites, porque todos elesrepresentam uma crise ambientaÌ' A maioria das críücas tem sido razoável, e previmos muitas deÌas. Sabíamos que a noção de timites exigiria mais estudos - até mesmo para aprimorar os números. Mas sentimos que o conceito era poderoso e ajudaria a estruturar um pensamento coìetivo sobre Ìimites ambientais para a existência humana. E esperávamos que os resultados estimuÌassem discussõesna comunidade científlca. PONTO DE PARTIDA. Pareceque essedesejo se concretizou. À medida que o mundo se empenha em atender às exigências econômicas, sociais e ambien-
AM BIEN TE ESPEC IAL
tais para a sustentabilidade gÌobal é preciso respeitar um ampÌo conjunto de limites pìaneúrios. A sociedadejá começou a enftentar aÌguns desaflos, mas apenas de uma forma incipiente e parcial, tomando cada limite isoladamente. Entretanto, as deÌimitações estão interÌigadas. Quando um limiar é transposto, exerce pressão sobre outros, aumentando o risco de excedêìos. lJÌtrapassar a barreira da segurançâ climáüca pode impuÌsionar os índices de extinçã.o. Da mesmaform4 apolui@o por nitrogênio e fósforotem o potencial de minar a capacidade de recuperação de ecossistemasaquáticos, acelerando a perda de biodiversidade. hrdependentemente de quarÌto as nossassoluçõestêm sido bem-intencionadas, a tentativa de resolver um fator de cada vez fracassará com grande probabiÌidade. Nesse momento crÍtico, não basta que os cientistas apenas deflnam os probÌemas e cruzem os braços. É necessáriopropor soluçoes.Aqui estãoaìgumasideias iniciais: . Fazer a transi@o para um sistema energético eflciente, de baixo teor de carbono. As prementes questões da mudança climática e acidiflcação oceânica exigem que estabiÌizemos as concentrações atmosféricas de CO, o quanto antes e preferiveÌmente abaixo de 350 ppm. Essa mudança implicará gran-
DESAFIOS
INÉDITOS
Como Enfrentar Ameaças Ambientais Especialistas apontamaçõesque manterãoos processos sobcontrole PERDA DE BIODIVERSIDADE Gretchen C.Daily,professom decíência ambienul,Stanford Universtty
des aprimoramentos da eflciência energética e uma subsequente oferta proporcional de fontes aÌternativas de energia debaixo carbono. . Reduzir drasticamente o desmatamento, sobretudo nos trópicos, e a degradação das terras. Muitos limites pÌanetários, particularmente a perda de biodiversidade, estão comprometidos emrazáo da incessante expansão de assentamentos humanos. . Investir em práticas agrícolas revoÌucionárias. Vários Ìimites, inclusive os Ìigados à poÌuição de nitrogênio e ao consumo de água são afetados por nossos sistemas agrícoÌas industrializados. Abordagens inovadoras são possíveis, entre eÌas o desenvolvimento de novas variedades de plantas e técnicas de agricultura eflcientes, aÌém da utilização mais racional de água e ferliÌizantes. A medida que implantatmos soluções devemos reconhecer que não existe um manual de regtas para aÌcançar um futuro mais sustentá\-eÌ. Ao avançarnos, desenvoÌveremos novos princípios operaclonais para nossos sistemas econômicos, instituições poÌíücas e açõessociais, mantendo-nos rigorosamente atentos à nossa Ìimitada compreensão dos processos humanos e ambientais. Quaisquer padrões de referência ou práticas inovadoras devem nos petmitir reagir a alterações nos indicadores da saúde ambiental e necessidades sociais. Isso nos ajudaria a melhorar a resiÌiência de sistemas naturais e humanos, para que eles se tornem mais robustos e menos mÌneráveis a choques inesperados com muita probabilidade de ocorrer. Para maximizar essacapacidade rápida de recupera@o, teremos de fazer o meÌhor possíveÌ para üver dentro dos limites de um pianeta que seencoÌhe. M
norade enfrentara durarealidadede que as abordagens tradif l- cÌonaisde conservação de espéciesespecíficas estãodefasadas. As reseryasnaturaisexistentes sãopequenasdemais,pouconumerosas,muito isoladase excessivamente sujeitasa mudançs para sustentarmaisque apenasuma dimìnutafraçãoda biodiversidade da Terra.O desafroé tornar a conseryaçãoatraente- sob perspectivaseconômicas e culturais.Não oodemoscontinuartmtandoa Naturezacomo um buíêde consumoilimitado. Dependemos delaparaa nossasegumnçalimentar; águalimpa,estabilidadeclimática,peixese írutosdo maçmadeime outrosserviçosbiológicose físicos.Pammanteressesbeneíícios, não necessitamos apenas remotas,masde muitasáreasprotegidas de reservas e amplamenteespalhadas - como'êstações deserviçosdeecossistemas'l Algunspioneiros estãointegrando a conservaÉoe o desenvolvimento humano.O govemo.daCostaRica,porexemplq remunemproprietáriosde terraspelosserviçosdosecossistemas deflorestas tropicais, inclusivea compensa$ode caròongprodu$o de energiahidrelétrica, conserva@o de biodiversidade e belezacênica.A ChinainvestreUS$100 bilhõesem "ecocompensaSo'lque incluipolíticasinovadoras e mecanisparcìrecompensara mosfrnanceiros conservaÉoe a restauraSo.Além dissqo paísestácriando"áreasde conserva$ocomÍun$o ecossistêmica'lquecompõem18%de suaáreatenestre.A Colômbiae a Áfricado Sultambémadotammdrásticas mudanças ambientais. de polÍticas ïrês medidasdevanguardaajudaÍama ampliaressesmodelosde Primeirc:novascìências sucesso. e fermmentas oaravalorizare contabilizaro cap'nal natuml em termos biofísicos, econômicos e outros.O ProjePAR ACO NHECER M AI S to CapitalNatuml,porexemplqcriouo soíwarelnVESl,queintegma vol.4ó1, Rockstrõm etal, emNature, A safeoperating space for humanity. Johan valorizaSo de serviçosecossistêmicos e trocasque govemose coÍpor?ìpágs.472-475,24 desetembro de2009. da utiliza$odetenase recurplanetary boundaries. Nature Reports Clinate Change,vol.3,págs. çõespodemempregarno planejamento Commentaries: '11211? outubrode 2009. http://blogs.nature.com/climatefeedbacW2009l09l sose no desevolvimento de infraestrutum. Segundo:demonstmções planetary_boundaries.html convincentesdessasfenamentasem polÍticasde recursos.Terceiro: cooJohan the safeoperating spacefor humanity. Planetary boundaries: exploring pem$o entregovemos,organìzações de desenvolvimento, corponções www.stockholRockstrom eta/.,em Ecology andSociety, vol.14,no2,artigo32,2009. paraajudarnaçõesa construíreconomiasmaisduráveis, e comunidades mresilience.org/planetary-boundaries conservando simuhaneamente serviçosecossistêmicos vitais.
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SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL27
CICLO DO NITROGENIO RobertHowarth,p rofessor deecologia ebiologia ambiental, Cornell Uníversíty ;f atividadehumanaalterouo fluxode nitroAgênio ao redordo globo.O maiorcontribuinteisoladodesseefeitosãoosfertilizantes. Entretanto,a queimadecombustíveis fósseis dominao problemaem algumasregiões, comono nordestedosEstados Unidos.Nessecaso,a soluenergiae utiliã-la com maisefi$o é conservar ciência. Veículos híbridossãoumaexcelente oode nitrogêniodelessãoinferio$o: asemissões porqueos resàsde modelostradicionais, motoresdesligamo veículoestacionário. (Asemissões deveículostmdicionais aumentam com o motorem marchalenta.)Asemissões de usinaselétricas dos Estados Unidostambémpoderiamsermuitoreduzidas que seasinstalações tmnsgÍdema LeidoAr Puroe suasemendas fossemobrigadas a respeiú-las. Proporcionalmentgessasusinaspoluemmuitomaìsquea quantidadede eletricidade queproduzem. Na agricultum, muitosêzendeirospoderiam utilizarmenosÍertilizantes e,aindaassim,asquedasde produtividade seriammínimasou Ìne
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rimmque,seasmetasdeetanolestipuladas pelosEstados Unidosforemalcançadas, a quantidade de nitrogênioquedesceráo rio Mississippipan alimentaraszonasmortasno Golfo do Méxicopodemaumentarde30%a 40%.A melhoraltemativaseriaabrirmãoda produ$o deetanolde milho.Seo paísquerdependerde biocombustíveis seriamelhorcultivargmmíneas e árvorespamqueÍmá-las e geriarcalor e eletricÈ dade.A poluigo de nitrogênioe asemissões de gasesde efeitoestuËseriammuito inferiores.
CICLODOFÓSFORO DavidA"t/acri,díerordeEnçnlnriaCwil,hnbiental e 0eânia,Swenslnstt' uteú Tdtnolory
mais /\ demandapor Íóíoro estácrescendo Arápido quea população gnçasà melhoria dascondiçõesde vida.De acordocom os índices de consumoatuaisasreservas disponÍveis dumrão menosde um seculo.Portantqnossosdois objetivossãoconservaro fósforocomo um recursoe rcduzirseuescoamentodaslavoums,o que danificaecossistemas msteiros. O fluxodefósforomaissustenúvelno meio ambienteseriao natuml:7 milhõesdetoneladas / ano.Pamatingiressemarcoe aindaassimatenderà nossademanda,de22 milhõesde toneladas/anqteríamosde reciclarou reutilizarT2% do produtqe um aumentodo consumoimplicaria umareciclagem maisintensiva. Épossível reduzirofluxocomtecnologias disponíveis. Técnicas agrícolas deconsena$o como plantiodiretoe termceamentgpoderiam limitara quantidade defósíonrqueentranosrios, à razãode 7,2milhõesdetoneladas/a no.A maior parteestiácontidaem dejetosde animaisde Ëzendasaindanão reciclados- cercade 5,5milhõesdetoneladas/ano acabamnosma€s * e poderiasereliminadanotransportedo estrume paraseraplicado atéáreasagrícolas comoadubo. No casodosresíduos humanos, astecnologias podemaumentara recupera€oentre50%e 85%,economizando'l milhãodetoneladas/ano. Combaseno queé pnticável,em vezdo que e necessariopan ev'rtarcenáriosperigosos,essas açõessãoperfeitamenteviáveis. Ereduziriam o desperdícioem viasaquáticas de22 milhões pam8,25milhõesdetoneladas/ano - nãomuíto acimado fluxonatural.
moíérica queestabilizeosgasesdo efeitoestufu e
USODATDRRI\ profesordeskemastenestres, EricF.Lambin, Stanford University e Unìversidade delnuvain
p aracontrolaro impactoproduzidopelouso I datena precisamos focalizara distríbui$o globaldaslavoums. Umaagricultura intensiva deveriaseconcentÍarem terrasouetêm o melhorpotencialdegemrlavoumsde ahaprodutividade Mas umafra$o signifrcativa dessesolode e
E S P EC IAL AM BIEN TE
da sediminuirmoso desperdício ao longoda masmarinhos terãodeseadaptanPodemos auUsinaselétricas convencionais podempassardo cadeiade distribui$oalimentaçenmrajarmos mentarsuaschances desucesso ao restringirmos reíriamento a águaparcìum resfriamentoa seco, um crescimento populacional maiscomedido, outrasagressões, comoa polui$o daáguae a e maísenergiapodesergemdaporfontesque garantiÍïnos umadistribuifo maisjustadealisobrepesca, tomando-osmaiscapazesde resistir utilizamnenhumaou bem poucaágua,como mentosno mundoe limitarmoso consumode a certaacidificaÉqenquantonosafustamos de célulasfotovoltaicas e eneçia ólica. Nasresicameem paísesricos. umaeconomiabaseada em combustíveis fósseìs. dências, milhõesde pessoas podemsubstituir ïambém sepodempouparmaisteÍïasparzìa disposÌtivos inefrcientes por outrosmaisfuncioNaturczaao converterem Ieisrigorosas políticas nais,particularmente máquinasde lavar;instalaUTILIZAÇÃODEÁGUADOCE (UE).Alde"resena'lcomofeza UniãoEuropeia e chuveiros. çõessanitarias gunspaíses (China,Vìetnã, PeterH.Gfeick,p,rrid"rt do Pirif,, tnrtitut em desenvolvimento Cosu Rica)conseguiram fuzera tmnsiso do DEGR"{DAÇÃODOOZÔNIO desmatamentopardo reflorestamento. lsso racionais negama nepoucos observadores DavidW. Fahey, físico,AdministngoNacional ocoÍreugÊìçasa um melhorgerenciamento amI cessidade deesubelecerlimitesparao conOceânica e Atmosfértca bientale a umafortedeterminacão oaÊìmodersumode águadoce Maisconünverso é defrninizaro usodaterm. -losou determinarquemedidasdeverãoser tomadasparaque nosrestrinjamosa eles. o Protocolode ;t\ o longo de duasdécadas, Outra maneimde descreveressarestriÉo é AMontreal, nostermosda Convençãode ACIDIFICAÇÃO OCEÂNICA o conceitode"picod'água"(quandoo índicede Vienapam a Proteçãoda Camadade Ozônlo, ScottC.Doney,cientistasênionlnstituto demandaé maiorqueo do reabastecimento do reduziuem 95% a utilizaçãode substâncìas 0 ceanog ráficoWoodsHole suprimento).Três idelasdiferentes sãoúteis.Limi- que afetamo ozônio- especialmente os clotesde"picosrenováveis" (CFG)e os halogênicos. constituemo total de rofluorcarbonos A oceanosestãofrcandomaisácidosdevijaneirode 2010,suaprodução fluxo renovávelde um desaguadouro, ou partir bacia de 1o de /^\s ì:-rzdo àsemissões mundiaisdedióxidode car- hidrográfrca. Muitosdosprincipais riosdaïerrajá foi suspensanas195naçõesslgnatárias do globais,regionais seaproximamdesselimite- quandoa eraporabono,porémexistemsoluções protocolo.Como resultadodisso,a degradae locaisviáveispamisso.Emtermosglobais,preo reabastecimento ção do ozônio estratosféricoreverterá,em $o e o consumoultmpassam cisamossuspender o lançmento de CQ naatnatuEìlpor meioda pr"ecipita€o grandeparte,até 2100.Essaconquistadeou de outms moíem e,talvez,em algummomento,fuzerrefontes.Limitesde pico"nãorenováveis"se pendeu,em parte,de substitutosìntermediáaplitrccedersuaconcentraÉoa níveispré-industriais. camondeo consumode águapor humanosexrios,notadamenteos hidroclorofluorcarboAs principais tiíticassãomelhorara eficiência cedeem muito os índicesde reabastecimento nos (HCFCs)e a crescenteutilizaçãode energética, adotarenergiarenovável e nucleaç natuel,comonasbaciasfósseis de águassubter- compostosque não provocamdegradação, protegerflorestas pamo e e
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do A. Foleyédiretor Jonathan of Ambientaì daUniversity Instituto éprofessor Minnesota, ondetambém global. titulardesustentabìlidade
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EPOSSIVELALIMEN SEM OMUNDO ffiffiffi@Mffif ffiffiffiffiffiwffi tlm plano global de cinco itens pode dobrar a produçáo de alimentos atê 2o5oe, ao mesmotempo, os danosambientais reduzir considerayelmente Por JonatltanA. Foley
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3I AIM SCIENTIF CE R I C ABNRASIL
Urn[Drer É slacIENTE PARAALISÃOVÍrmas DAFOME.e rnoouçÃo DAAGRTCWTURA Bruúo DEPESSOAS
Mesmoçluefossem,muitos mentá-las,mas os produtosnão sã,odistribuídosadequadamente. nãoteriam condiçõesdecomprar,e ospreçosnão paramde subir.
duzir mais aìimentosampÌiando as áreascultiváveise melhoMas um novo desaflodesPonta. produtiúdade agrícola - a quantidade de aìimento Vários estudosmostram que por volta de 2o5o a população rando a por hectare. produzido mundial terá aumentadoem 2 bilhões ou 3 bilhões, o que provajá cuÌtiva aproximadamente38o/odo solo, exA sociedade veìmentedobraráa demandade alimentos.E esseaumentoocore a Antártida. A agricultura é de Ìonge que a GroenÌândia cìuindo sigo rerá porqueo poderaquisitivodaspessoasserámaior, Suaabrangêncianão seequiparaa humana. atividade a maior crescente uso O carne' niflca que comerãomais, principalmente E a maior parte desses38% ocupa as terras de terras férteis para a produção de biocombustÍveisìevará a nenhuma outra. produtivas. O que sobrasãoáreasformadaspor desertos, uma demanda ainda maior de produtos agrícoÌas'Assim' para mais gelo, concentraçõesurbanas, parques e tundra, montanhas, resolveros probìemasatuaisde pobrezae acessoà aÌimentação para o cultivo. As poucasáreasremaimpróprias áreas outras mais uma tarefa desafladora- deveremosproduzir duasvezes principalmente florestastropicais e savanasou são global' nescentes escala em paraassegurara ofertaadequadade alimentos cerrados,vitais para a estabilidade do planeta, em especiaÌ E issonão é tudo. carbono e de biodiversidade.Expandir a Ao desmatarflorestastropicais,cultivar terrasimprodutivas como reservasde para áreasnão é uma boa ideia, emboranos essas e intensiflcara agriculturaindustrial em áreasfrágeise de ma- agricuÌtura sido criados de 5 milhões a 10 mitenham 20 anos princiúltimos nanciais,ahumanidadeacaboufazendoda agricuìturaa cultiváveispor ano, com uma proterras de já de hectares lhões ocupa paÌ ameaçaambientaldo pìaneta.A atiüdade agrícoÌa porçãosigniflcativadessemontante nos trópicos.Mas a incoruma grandeporçãoda Terrae estádestruindohábitats,consuporaçãodessasterras aumentoua áreaefetivamentecultivada mindo águadoce,poÌuindo rios e oceanose emitindo gasesdo devido às perdasde áreascuÌtiváveisprovocaefeito estufa com mais intensidade que qualquer outra ativida- em apenas3%, urbano e outros fatores. peÌo desenvolümento de.Paragarantir a saúded.elongo prazoao pÌaneta,precisamos das pareceanimador'Mas nosso produção também a Aumentar reduzir drasticamenteos impactosadversosda agricultura' que a produção agrícolaglobaÌ pesquisa descobriu grupo de desafios três O sistema de aÌimentos do mundo enfrenta nos úìtimos 20 anos - muito 2O%o poderosose interligados.Precisagarantir que os 7 bilhões de cresceu,em média,cercade crescimentoé signiflcativo, O que relatado. costumaser p"rrou, que vivem hoje estejamadequadamentealimentadas; menos da produçãoaté permitir a duplicação de longe está é necessáriodupÌicar a produção de aÌimentos nos próximos mas a taxa a produção lavouras algumas em Enquanto do século. meados 4,0anos;e essasduasmetasdevemser perseguidasao mesmo redução' ou modesto aumento houve outras em subiu, tempo e em condiçõesambientalmentesustentáveis' Alimentar mais pessoasseria mais fácil se todo o alimento Essasmetaspodemseratingidassimultaneamente?Um grupo baseou-se produzido fosseconsumidoapenaspor humanos'Mas sÓ60% internacionais,sobminha coordenação, de especialistas produção mundial é destinadaàs pessoas:principaìmente em cinco itens, que, searticuladosem conjunto,poderãoaumen- da grãos, seguidosde leguminosas(feijõese ìentilha),pÌantasoÌeatar em maisde 100%a disponibiìidadede alimentosparaconsumo ginosas, frutas e verduras'Outros 35%osáousadospara produemisas humano e,ao mesmotempo,diminuir signiflcativamente po- zir forragempara a criaçãode animaise 5o/osáodestinadosaos sõesde gasesdo efeitoestufa perdasdebiodiversidadee uso e e outrosprodutosindustriais.A carneé o item ìuição da ágrra.Enfrentar esseconjunto de desafrosseráuma das biocombustíveis maisimportante.Normalmente,para criar gadoàbasede grãos provasmais importantesque a humanidadejá enfrentou' 30 kg dessesalimentospara 1 kS de carne sem Num primeiro momento, a questão de como alimentar sãonecessários para pronta consumohumano.Frangose suínossãomais proosso, mais pessoasimplica uma respostaaparentementeóbvia:
*ì 3& $À€-&3'gÌ:,{g:l daprodu$o trêsproblemas resolver O mundoprecisa ducomafome, acabar simultaneamente: dealimentos dmstie reduzir até2050 dealimentos produ$o plicara aoampelaagriçultura provocados osdanos camente entresi,permitirão searticuladas Gncosoluções, biente.
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decertifiUmsistema dosalimentos' mntinue ço e distribuipo quea agricukum impedir metas: essas atingir de enagarantia nutricìonal nacapacidade aprodutivida- ca$obaseado melhonr tropicais, sobretenas avançndo de custos e na contenção alimento de cada procedência a efrciêncìa produtivas, aumentar menos dedefazendas a escopoderia a populago ajudar e sociais o consu- ambientais diminuir edefertìlizantes, glohldousodaágua sustenúvel' mais a agrìcuhura produtos quetomem lher produna per o desperdício e reduzir decame mo capita
ESPECIALAMBIENTT
SI TUA Ç Ã O
DA TERRÂ
A Agricultura Atingiu a Parede, mas não o Teto A humanidadecultivaatualmente33%do solonão congeladodo planeta,Aslavourasocupamum terço dessaárea;o restoé ocupadopor pastagense capinzaisparacriaçãode animais.Existepoucoespaçoparaexpansãoporquea maior parte da árearestanteé formadapor deem muitasdasáreasêxistentespoderiamser maisprodutivas(inserções). sertos,montanhas,tundra ou cidades.Mesmoassim,Íazendas
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eflcientes nessa conversão e a carne produzida por engorda em pasto converte material impróprio para alimento em proteína. Outro fator que inibe a oferta de alimentos é o dano ambiental, quejá é consideráveÌ.Apenas o consumo de energia com seus profundos impactos no cÌima e na acidiflcação dos oceanos - se compara à magnitude absoÌuta dos impactos ambientais da agricuÌtura. Nosso grupo de pesquisa estima que a agricuÌtura já devastou ou transformou radicalmenteTO% das pastagens pré-históricas do mundo, 5oo/odas savanas e cerrados, 45%odas florestas temperadas com renovação anuaÌ de foÌhas e 25% das florestas tropicais. Desde a última idade do gelo, nada destruiu mais os ecossistemas.A pegada ambiental da agricuitura é cerca de 60 vezes maior que a produzida por todas as ediflcaçõese pavimentação do mundo. Água doce é outra preocupação. Os sereshumanos gastam 4 mil kms de água por ano, basicamente retirada de rios e aquíferos. A irrigação é responsáveÌ por 7Oo/o desse voÌume. Se considerarmos apenas a água de consumo - que não retorna aos reservatórios - a irrigação sobe para 80% à90% do total. Como resultado, muitos dos grandes rios do mundo tiveram seu fluxo reduzido, outros acabaram secando, e em vários Ìocais houve rápido decÌÍnio dos Ìençóis freáticos, incluindo paÍsescomo os Estados Unidos e a Índia. A água não está só desaparecendo. Tâmbém está sendo contaminada. Fertilizantes, herbicidas e pesticidas estão se espaÌhando em quantidades crescentese são detectados em praticamente todos os ecossistemas.A quantidade de nitrogênio e fósforo encontrada no ambiente aumentou em mais de 100%
ww w.scia m.co b rm.
llelhores celeiros plantarmuitomaisalimentos Omundopoderia seaprodutividade das âzendas maispobres aumentasse atésuacapacidade máxima, mnsideradas ascondições específrcas declimaesolo.Aproduço demilhq porexemplo poderia drcnapá9.aolado), aumentar íverqua signifrcativamente emúriaspartes doMéxicqoestedaÁfiicaelesteda Europa sesementes, irrÍgaçã0, fertilizantes emercados íossem aprimondos.
desde os anos 60, provocando poluição da água em grande escalae o aparecimento de enormes "zonas mortas" por hipóxia (faÌta de oxigênio) na foz de muitos rios importantes. Ironicamente, os fertiÌizantes que escoam peÌo soÌo - em nome da produção de mais aÌimentos - comprometem outra fonte crucial de aÌimentos: áreas de pesca costeira. A agricuìtura também é a maior fonte de emissõesde gases do efeito estufa. Coletivamente é responsável por cerca de 35o/odo dióxido de carbono, metano e óxido nítrico antrópico. Isso representa mais que as emissões de todos os meios de transpofte do mundo (carros, caminhões e aüões) ou de toda a geração de eÌetricidade. A energia utiÌizada para produzir, processar e transportar aÌimentos é outra preocupação, mas a grande maioria das emissõesprovém do desflorestamento tropicaÌ, metano liberado por animais e alagadiçosde arrozais, e do óxido nítrico de soÌos fertiÌizados em excesso.
ctNco soLUçÕEs positiva A agricuÌturamoderrra temsidoumaforçaincrivelmente no mundo, mas não podemos mais ignorar sua capacidadede expansã.oou o prejuízo ambientaÌ crescente que eÌa impõe. Abordagens anteriores para resoÌver probÌemas ambientais e de produção de alimentos geralmente foram esporádicas. Podemos ampliar rapidamente a produção de aÌimentos desmatando mais áreaspara plantio ou usando mais água e mais defensivos agrÍcolas, mas com um custo ambientaÌ muito aÌto, ou podemos recuperar ecossistemassem invadir mais soÌos férteis, mas apenas reduzindo a produção de aÌimentos. Essapolítica de
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"ou um ou outro" jânáo ê aceitáveÌ' Precisamos de soluçõesverdadeiramente integradas' Após muitos meses de pesquisa e debates - com base em análises de dados ambientais e agrícoÌas recentes - nossa equipe deflniu um plano de cinco itens para enfrentar os desafios ambientais e de produção de aÌimentos. a expansão da agticultura. Interromper primeira recomendação é diminuir e ÍiNossa nalmente interromper completamente a expansão da agricuÌtura, principaÌmente em Ílorestas tropicais e em savanas e cerrados. A perda desses ecossistemas provoca impactos com graves consequências ao ambiente, pafiicuìarmente deüdo à perda de biodiversidade e aumento nas emissões de dióxido de carbono (por queimadas para desmatamento do solo). Um desflorestamento mais lento reduziria drasticamente os danos ambientais, com restrição mínima na oferta global de alimentos. Muitas propostas foram apresentadas para reduzir o desflorestamento. Uma das mais promissoras é um programa chamado Reduzindo Emissões do Desflorestamento e Degradação (REDD, na sigÌa em ingìês)' Sob a égide do REDD, países ricos compram dos paÍses tropicais créditos de carbono para proteger suas florestas. Outros mecanismos incluem o desenvolúmento de padrões de certi flcação de produtos agrícolas de modo que as cadeiasde suprimentospossamgarantir que
ESTRATÉGIA
Expansáo da Produçáo com
Menos Dano Ambiental Paraalimentaro mundosemafetaro ambientea agricuhurateráde produzirmaisalimentos(azul)e encon(vermelho),e formasdedistribuÊlos trar melhores ao mesmotempo reduzirosdanosRaatmos: fem,hábitatse água(amarelo).
Acesso ao alimento de dos7bilhões MaisdeÍ bilhão defome doplaneta sofrerá habitantes eescassez de fobreza crônica. pam doremsersuperadas alimentos prover atodos. necessárias ascalorim
os aÌimentos não foram cultivados em soìo desflorestado. Além disso, uma poÌítica mais adequada para os biocombustíveis, priüÌegiando Ìavouras não comprometidas com a produção de aÌimentos, como capim, poderia promover a reútalização de solo fértiÌ. da produção" as "lacunas Preencher mundial. Para dobrar a produção gÌobaÌ de aÌimentos sem aumentar os avanços da agricuìtura é preciso meÌhorar a produtiüdade das terras cuÌtiváveis atuais. Existem duas opçoes: meÌhorar o rendimento das fazendas mais produtivas - aumentando seu "timite de produção" por meio de avanços no manejo e na genética dos cultivares. Ou ampÌiar o rendimento das fazendas menos produtivas - preenchendo a lacuna entre a produopção ção atuaì da fazenda e seu potencial mais aÌto. A segunda principaÌmente imediato ganho e mais maior um apresenta
em regioesonde a fome é mais acentuada. Nosso grupo anaÌisou padrões globais de produção agrícoÌa e descobriu que boa parte do mundo produz safras signiflcativas' Em particuìar, a produção poderia aumentar substancialmente em muitas partes daÁfrica, América Central e Leste europeu' Reduzir as lacunas de produção em terras cultiváveis menos produtivas pode aumentar muitas vezes a demanda de água e aplicação adicional de fertiÌizantes. É preciso tomar cuidado para evitar o uso desenfreado de irrigação e de defensivos agrí colas. Várias outras técnicas podem melhorar a produção' Técnicas de pÌantio de "cultivo reduzido" afetam menos o solo, eütando a erosão. Lavoura de desenvoÌvimento rápido entremea-
BRASI L AM 3 4 SCIENTI FI CERI CAN
Produção de alirnentos toal Porvolude2050a população de2 teráaumentado doplaneta e umaproporção a3 bilhõeq bilhões terárendamais maiordepessoas percaPita alta;porissoo consumo rurais Osprodutores serámaior. terãodedobnra produ$oatual.
!&xac,{s}}Ìbiellf{!l a aoambbnte p"f tuos ruraJ-rÀ m 4ricrlurn dere&ter oararç sobre de floresus topkais,melhoaraprodr.rtividde (oquepoderia suhrtilizadas tenzsagricuhiíreis e@%),usar apÍduÉo enue507o aumentrr deíornumuitoma's aguaefutilizantes eeviaradEnd@ dosolo eÊciente
da com culturas de estação reduz a proÌiferação de ervas daninhas e adiciona nutrientes e nitrogênio ao solo durante a aragem. Experiências em sistemas orgânicos e agroecológicos também podem ser aproveitadas, como abandono de restos da colheita no campo para que se decomponham em nutrientes. Para preencher as Ìacunas de produção agrícoÌa mundiaì preci samos ainda superar sérios desafios econômicos e sociais, incÌuindo melhor distribuiÇão de fertiÌizantes e de variedades de sementes para agricultores de regiões mais pobres e meÌhor acessode muitas regiões aos mercados globais. Para reduzirem os imUülizarosrecursosommaiseficiência. pactos ambientais da agricuÌtura, regiões de baixa e alta produção devem agir da mesmaform4 embusca de uma agricultura eflciente: maior produçã.o por unidade de aeua fertilizantes e energia. Em média, para produzir uma caÌoria de aÌimento é preciso gastar cerca de 1 ìitro de água de irrigação. Embora em vários Ìocais muito mais água seja utiÌizada, nossa análise mostrou que os agricultores podem controìar signiflcativamente o uso da água sem comprometer muito a produção de aÌimentos, principalmente em locais de cÌima seco' Com os fertilizantes enfrentamos um problema semelhante
AM BIEN TE E S PEC IAL
ao da "zonade habitabilidadedospìanetas'iEm algunsÌocaiso solo é muito pobre em nutrientese por isso a produçãoé reduzida, enquantoem outros há nutrientes demais,o que resuÌta em poÌuição.Praticamenteninguém utiliza fertilizantescom o devido critério. Nossaanáliseidentiflcou hotspotsno pÌanetaprincipalmente na China, norte da Índia, centro dos Estados Unidos e oesteda Europa - onde os agricultorespoderiam reduzir substancialmenteo uso de fertilizantes com pouco ou nenhum impacto na produção de alimentos.Surpreendentemente, apenas10%das terras férteis do mundo produzem de da poÌuiçãopor fertiÌizantes' a$Oo/o 3oo/o Entre as açõesque podem mitigar esseproblema estãoincentivoseconômicose de políticas públicas como remunerar os fazendeirospeìa administraçãoe proteçãode mananciais; reduzir o uso abusivode fertiÌizantes; aprimorar o manejo de adubos;sequestraro excessode nutrientes por meio de reciclagem;e aplicar outras técnicasde preservação. Aqui, novamente,o cultivo reduzido pode ajudar a nutrir o solo da mesmaforma que a agricultura de precisão(apÌicação de fertilizantes e água apenasquando e onde forem necessários e mais eflcientes)e técnicasde produçãoorgânica. Marrter a caxne bovinalonge da mesa. Podemosaumentar signiflcativamentea disponibiÌidade gÌobal de alimentos e a sustentabiÌidadeambiental usandoas safrasprioritariamente para alimentar as populaçõesem vez de engordar animais de criação. GlobaÌmente,as pessoaspoderiam dispor de até 3 quatrilhões de calorias a mais todos os anos - aumento de de nossosuprimento atual - apenascom alimentaçãoba5oo/o seadaem vegetais.NaturaÌmente,nossaalimentaçãoatual e o uso das safrasresuìtamem váriosbenefícioseconômicose sociais,e é poucoprováveÌque nossaspreferênciasmudem radicalmente. E mais: mesmo pequenasmudançasnos hábitos alimentares,como substituiçãoda carne de vaca alimentada com grãospor carne suÍna,de avesou de vacacriada em pastagens,podem ser aÌtamentecompensadoras. Reduzir o desperdício de alimentos. Uma recomendação flnal óbvia,mas geraìmentedesrespeitada,é a reduçãode desperdício no sistemade produção de aÌimentos.Aproximadamente 30% do alimento produzido no planeta é descartado' perdido, desperdiçadoou consumidopor insetos' Em paísesricos, boa parte do desperdícioé do consumidor flnal da cadeiaprodutiv4 em restaurantese latasde ìixo. Mudançassimplesno padrã.ode consumodiário - reduzindoo tamanho dasporções,a quantidadede aÌimentosjogadosno lixo e o número de refeiçõesem restaurantesou levadasprontaspaJacasa- poderiam diminuir signiflcaüvamenteo desperdícioe até as medidas da nossacintura. Em paísesmais pobres,asperdassã.ode mesma magnitude,mas ocoÍrem aÍÌtes,na produ@o,na forma de safras dizimadas,estoquesdestruídospor pragasou aÌimentosnuncaentreguespor falta de infraestruturae de mercado. Emboraeliminar compÌetamenteo desperdÍciodo trator ao garfopossanão serrealístico,pequenospassospodemserbenéficos. Esforçosconcentrados- principaìmentena reduçãodo desperdíciode alimentos que requerem mais recursoscomo carnee laticínios- poderiamfazeruma grandediferença. EMREDE DEALIMENTAçÃO SISTEMA Em princípio,.nossaestratégiade cinco itens irá ajudar a solucionarváriosprobìemasambientaise de produçãode alimentos.
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Juntos, essesitens poderão aumentar a oferta de alimentos do mundo de 100% a 180% e, ao mesmo tempo, promover redução signiflcativa nas emissões de gases do efeito estufa, nas perdas de biodiversidade e no uso e poluição da água. É importante enfatizar que os cinco pontos (e talvez mais) devem ser traba.lhados em conjunto. Nenhuma estratégia isolada é suficiente para resoÌver os desaflos. Pense em chumbo espalhado, não em uma única baÌa. Obtivemos um sucesso enofine baseado na revolução verde e na agricuìtura em escala industriaÌ juntamente com inovações em cultivares orgânicos e sistemas locais de alimentos. Vamos aproveitar as melhores ideias e incorporáìas numa nova abordagem - um sistema sustentável de aÌimentos com foco nos benefícios nutricionais, sociais e ambientais, piìra colocar aprodução de alimentos num nível mais elevado. Podemos conflgurar essesistema de próxima geraçãocomo uma rede de sistemas de agricultura ìocal sensÍveis ao cÌima, recursos hídricos, ecossistemas e cuÌtura regional e que também estejam conectados por diferentes meios de transporte e de comércio gìobal. Esse sistema pode ser flexível e oferecer aos produtores verbas para sua manutenção. Um dispositivo que ajudaria a impuÌsionar esse novo sistema de alimentação seria o equivalente ao programa de Liderança em Energia e Projeto Ambiental (LEED, na sigla em inglês), atuaÌmente usado na construção de novos edifícios comerciais sustentáveis. O programa LEED privilegia níveis cada vez mais aÌtos de certiflcação baseada em pontos que são acumulados pela incorporação de quaÌquer uma das inúmeras opções verdes que variam de energia soÌar e iÌuminação eflciente a materiais de construção recicÌáveis, com redução de desperdício. Para práticas agrÍcolas sustentáveis, os alimentos receberiam pontos de acordo com seu potenciaÌ nutricional, garantia de procedência e outros benefícios públicos, j á deduzidos os custos sociais e ambientais. Essa certiflcação nos ajudaria a ir aÌém das etiquetas atuais que identificam os alimentos como "ÌocaÌ" e "orgânico'i que realmente não informam muito sobre o que estamos consumindo. Considere estas possibiìidades: laranjas sustentáveis e café dos trópicos, ou cereais sustentáveis da zonatemperad4 acompanhados de verduras e ìegumes produzidos locaÌmente, todos cultivados segundo padrões de transpaxência e qualidade. Use seu smartphone e o último apÌicativo para alimentos sustenláveis e saberá de onde eles provêm, quem os cultiva e como são produzidos. Os princípios e práticas dos diferentes sistemas agrícoìas - dos comerciais em Ìarga escala até os ìocais e orgânicos - fornecem as bases para atender às necessidades ambientais e garantir a produção de aÌimentos do mundo. Alimentar 9 biÌhões de pessoas de forma reaÌmente sustentáveì será um dos grandes desaflos que nossa ciülização deverá enfrentar. Essa tarefa demandará imagina4ão, determinação e muito trabalho de muitas pessoas no mundo todo. E para isso não há tempo a perder. il P A R AC O N H E C EM RAIS voì.478,20de planet. etaL,emNature, Jonathan A.Foley , Solutions fora cultivated I outubro de2011. e Scott Thurow .,.' Enough: Roger poorest in anageof plenty. starve whytheworld's r' Kilman. Public Affairs,2010. etaL, H.Charles J.GodÍray 9 billionpeople. ., Food offeeding security: thechallenge . gmScience, deÍevereiro de2010. vol.327,págs.B12-818,12 ' Global vol'309'págs' etaL,emScience, A.Foley Jonathan consequences oÍlanduse. de2005. ,' 570-574,22dejuìho
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Alex deSherbinin é pesquÌsadorsêniordo lnstitutodaTerra,daColumbia University, evìce-diretor doCentro deDados 5o(Sedac, cioeconômicos eAplicações daNasa nasìgla eminglê9. KokoWarner pesquisa mudanças ciimátÌcas, adaptações e mÌgrações peloclÌma induzidas nolnstÌtuto pamMeìo Ambiente (UNU). Humana eSegurança daUnited NatÌons Univenity CharlesEhrhartcoordena resposras globais a mudanças clìmátìcas naCare InternatÌonal, umaorganizacão semfinslucrativos dedicada aalìviar a pobreza mundial.
VIIMASDA #ffi&&w#ffi& Alteraçõesnos padrõesde precipitaçãoe mudançasnas linhas costeirascontribuirão para migrações em massa em escalainédita Por Aler deSherbin'in,Kolto Warner e CharlesEhrlrart ESDE O rNÍCrO DOS REGTSTROS HrSTóRrCOS,MIGRAçõES rOnçaOaS
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pelo cÌima afetaram a ciwlizaçáo. Há 4, miÌ anos, uma prolongada estiageme a fome que veio em seguidaa Canaãlevaram Jacó e seus fllhos a migrar para o Egito, preparando o palco para o famoso Êxodo comandado por Moisés.Três miÌênios depois, um longo período de seca e a falta de pastagem expuÌsaram os exércitosmongóis da Ásia Central rumo ao oeste,até a Europa, onde muitos se estabeÌeceram.E, no sécuìo20, o fenômeno conhecido como "American Dust Bowl'] catástrofeecológicade tempestades de areia precipitada por secae associadaa poÌíticas desfavoráveisde manejo de terras,desaÌojou3,5 milhões de pessoasdo Meio-Oesteamericano.
por Examinamos Mudançasclimáticascausadas trêsregiões ao redordo globalaíetarão aquecimento a subsis- globoquejá começaram a sofreros têncìade milhoes de pessoas e muitas efeitos dessas alterações, levando muiabandonarão suaterranatal. tosa migrar.
3ó SCI ENÏ I FI AM C ERI CAN BRASI I
Preverexatamente quemse mudaráe paraondeé impossível, maslíderes podemadotar políticas paraajudar a alìviar o sofrimento inevitável.
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Hoje, essahistória tem um novo enfoque. Estamosentrando em uma era marcadapor rápidasmudançasclimáticasdecorrentesde emissõesde gasesde efeito estufa produzidospelo homem. As alteraçõespreústas incÌuem variabilidade mais acentuadana.sprecipitações,maior frequência de fenômenos extremos(comoestiagense enchentes), elevaçãodo níveÌ dos mares,acidiflcaçãooceânicae mudançasdeÌongoprazo nas temperaturas.QuaÌquerum desses eventospode perturbar profundamenque suprem nossas te os ecossistemas necessidades básicas.Em nossomundo mais densamentepovoado a,spessoas podem ser forçadasa abandonarsuas casasem númerosjamaisüstos. Grandeparte da atençãotem seconcentrado no diÌema de naçõesinsulapeÌoaumentodo resbaixas,ameaçadas nÍvel dos mares.Em determinadoscenários, muitos dos 38 pequenosEstados insuÌaresdo mundo poderiam desapareceraté o flm do sécuÌo.Entretanto, o probÌemaenfrentadopor seus habitantes é apenas a ponta do iceberg. Só na Índia, 40 miìhões de pessoasserãodesalojadas seo nível do mar subir 1 metro. Infelizmente,essainundaçãocosteiraestáÌongede ser o único desafloligadoao clima no sul da Ásia. Modelos desenvolüdospor Arthur M. Greene e Andrew Robertson,da Columbia University,sugeremum aumento do volume totaÌ das chuvas de monções,mas uma reduçãona frequência das precipitações.Isso implica chuvas mais intensas em menos dias. Alteraçõesna sazonaÌidadedosfluxosfluüais (à medida que o manto de neve invernal diminui e asgeleirasencoÌhem)afetariam a subsistênciaagrÍcoÌade centenas de milhões de camponesese os suprimentos alimentaresde um número iguaÌ de habitantesurbanosasiáticos. Embora possa Ìevar décadaspara que se entendam plenamente os impactos do degelo de geleirase da elevaçãodos níveis marÍtimos, a intensi-
flcação das catástrofes reìacionadas ao cÌima já é um fato. A frequência de desastres naturais aumentou 42o/odesde os anos 80, e a porcentagem de calamidades ünculadas ao clima saìtou de 5Oo/opara B2o/o.O Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários e o Centro de Monitoramento de Deslocados Internos (IDMC. na sigla em inglês) estimam que, em 2OO8, catástrofes cÌimáticas levaràm 20 miÌhões de pessoasa abandonar suas casas - mais de quatro vezes o número de desalojados por conflitos vioÌentos. Portanto, migrações forçadas e desÌocamentos provocados por alterações cÌimáticas estão destinados a se tornar os desafios humanitários deflnidores e potencialmente esmagadores - para a comunidade internacional nas próximas décadas. Neste artigo, procuramos dar uma impressão do que o futuro nos reserïa ao anaÌisarmos os fatores que já começaram a instigar essesmovimentos humanos emtrês regiões do mundo. Primeiro, consideramos Moçambique, onde uma combinação de enchentes catastróflcas e secas periódicas colocou a população rural diante de um dilema. Em seguida, examinamos o deÌta do rio Mekong, onde as inundações fazem parte do ritmo de vida local há muito tempo, mas em anos recentes suas proporções suplantaram todos os precedentes históricos, e o Vietnã está diante de calamitosas perdas de terras produtivas em vista do projetado aumento do nÍvel do mar. Encerramos com o México e a América Centraì, onde tempestades tropicais e furacões têm desaìojado miìhares de pessoas,e a seca se mosLra um perigo constante. M Gostaríamos de agradecer a Susono Adamo e Tlicia Chai-Onn, do Ci,esin, e aos dutores dos estudos de casos do Each-FOR Mark Stdl, Olivi,a Dun e StefanAlscher.
PARACO NHEC EM RAIS Insearúofshelten mapping theeftctsoÍdinntednngeonhumanmigration anddisplacemern Koko Wamer etal D'sponível nositewwwciesin.olumbia.edu/dmrmentv0imMigr-rptjune09.pdÍ Erwironmental úangeandforcedmigntionsemriosprojectEstudos decasos e relatório frnaldisponíveis nosite wwweach-for.eu Gntenwww.careclimatechangeorg CARE InremaüonalClimate Change Iníormation lowelenation dataandmap:htp/Sedacciesin.olumbiaedrL/gp#/leczjsp @a$dzone
38 SCIENTIFI AM CERI CAN BRASI L
Moçambiquelocaliza-sena costa leste da ÁÍrica,entrc a Tanzânia,ao norte, e a África do Sul, ao sul. O paístem um históricode migraçõese reassentamentos patrocinadospelo governq que remontam ao seu passadosocialistae a umaguerïacivilde 1óanos,encerrada em 1992.Dumnte esseperíodo5 milhõesde pessoas fommforçadasa abandonarsuas casas.Nos quatroanosseguintesao frm do conflito, maisde 1,7milhãode moçambicanos retornaram do MalauídeZimbábue,da Suazilândia, de Zâmbia,da Africa do Sule daTanzânia. Emboraa gueÌracivil tenha acabado, umanovacriseafligeo país.Em2000,200'l e 2002enchentes desastrcsas na baciados riosZambezi e Limpopodesalojaram centenasde milharesde pessoas. Só as inundaçõesde 2007deslocaram maisde 100 mil, metadetmnsferidaoara'tentros de acomoda$o" temporários.No mesmo anq depoisqueaságuasdecheiasanteriorcs recuaÌam,o ciclone"Favio"fez o rio Zambezitmnsbordarnoraamente. DuËnte perdeesseepisódiqmilharesde pessoas Eìmsuascasase lavoumsde subsistência, alémdo acessoa instalações médicas, saneamentobásicoe água potávelsegura. Golpesduplose triplosdessegêneroprejudicamimensamente a capacidade de recupem$odascomunidades, umavezque os limhadosbensde muitasoessoas fomm literalmente levadospelaságuas. Nos anosseguintesàs inundações de 200'1, o govemoencomjouos moradores a permanentemente se reassentarem longe planícies dasperigosas aluviaise lhesforneceuincentivos, como infraestrutura, em um progrËìma do tipo'tnbalho por assistência'lEmtrocada fubricagode tijolos,o govemoprometeupagarporoutrosmateriaisdeconstruSoe fomecerajudatécnica de construSo.Ementrevistas conduzidas por MakStal,do Each-FOR, pessoas desa-
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lojadas,instaladas em centrosde reassentamentg indicaram que antes da última pedécadaas comunidades abandonavam riodicamente asplanícies pamevitar aluviais as masnãohaviamconsidemdo a "' - "'enchentes, "' ' ideiade mudardefinitivamente.
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ZOOl,quando, r"giãosulsofreu umaestiagemenquanto o Zambezi, maisao norte, tmnsbordava. Modelos climáticos sugerem --' qr" os índices de precipitago podemau-
mentarno norte,masdiminuirno sul.Um elementofundamental de influência na extensãodo problemaseráo espaçamento e a intensidade dasprecipitações; umaintensifrcagoqurçrvr Jrrwlqv adicional ror dpçr apenas rq) ts)ut@rd resultará naLUt ild conttinli.la.l^ tinuidade.lo. das ^^^L^^+^. enchentes^^+^-+-Aç,^^catastrófrcas re-^ correntesno deconerdestadécada.Infeliz.---.-,,,: . , .;.;;;r"-l-"r"r,"-_ mente,climatologistas projetamumavariabilidadeaindamaisacentuada nesteséculo, com umaoscilaÉoentreextremosde secas =: ã e inundações, o que deixarápaísescomo ==ë ;?Ê Mocambioueà mercêde padrõesclimáti==6 :€ ?19 .t=É i =g ;< S=õE = rì € -; .ì ï :a3 ; ì: =: ã
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Poçode esperança:umamulher recorreà coletadetodaa ríguaresta.nte queconsegue tirardeumpoçoquâsesecoemMila.nge,umaríreaassoladapelasecaemMoçarnbique. As pessoas que se reassentarcìm perrna- Peritos e entrevistados sugeremquesemasnecem foftementedependentesde ajuda sistência humanitária extemaas pess*s pogovemamental e intemacional. A norma derão ser obrigadasa migrar distâncias
aindaé o frequente fracasso dascolheitas. maiores oucruzarfronteiras.
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EmMoçambique, o climaestácadavez maisinclemente. Periodicamente, enchentes afetamfuzendas e cidades aos rios LimpopoeZambezi. Paralelamente, assecas têm setomadomaiscomuns.As mudançsclimáti\ Próximas submetendo a populago localà pressão de migmn | casdeverãoagravaressastendências,
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A Maldição , dasÁguas Dumnte passada, a década a população rural deMoçambique lutoucontra fenômenos deenchentes vezmais cada Írequentes; algumas rógìões foram pormúltiplos aÍótadas episódios.
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tantesdo delta. NessenÍvel,até algumas oartesda cidadede Ho Chi Minh frcariam (Devemosnotar que, embora submersas. uma eleva$o de 2 metros neste século estejaalém do considemdoprovávelem geml,uma mudançaclimática abruptapoderiacriar"pontosde ruptum'iou desequilÊ brio;por exemplo,se as geleimsda Groenlândiaou da Antártidadenetessemmuito mais rápido que o estimadoatualmente. Nessecaso,uma eleva$o marÍlimade 2 metrospoderiaoconeraté2100.) Há tempos as inundaçõesdesempee nhamum papelimporuntena economia cultumdaárea.Emtodaa regiãodo deltado até o interiordo A poÇo vietnamita do delta do rio Mekong,estendendo-se aspessoas conviveme dependem Mekong é ocupada por 18 milhões de Camboja, pessoas, ou 2% da populaçãodo Vietnã. de seusciclos,masdentrode certoslimites. de ter- Por exemplo,cheiasde meio metro até 3 Elaconesponde a 40%da superfície do paíse a maisde 25%do metros são consideradasparte do ciclo ms cultiváveis deSeushabitantes cultivammais normalde águas,do qualos lavmdores PIBnacional. que vivemali, de 50%do anoz,fomecem60%do estoque pendem.Paraos vietnam'rtas "enchentes boas,ou de peixese camarõese colhem80%dassa- essassãoas chamadas Volumesmaioresdesaframsua agmdáveis'l frasdefruus do Vietnã. Tudo isso está ameaçado.De acordo caoacidadede lidar com o Íenômenoe com o mapeamentorealizadopelo Centro muitasvezestêm efeitostenÍveisnosmeios locais. paraa Redede InformaçãoIntemacional de subsistência Nas últimasdáadas tanto a frequência Universiem Ciências daTerm,da Columbia de 1 metrono nÍveldo mar como a magnitudede inundaçõessupety,umaelevação de mais rioresà marcados4 metrostêm aumentado. poderiaresultarno deslocamento entrevistoumida região;um Olivia Dun.do Each-FOR, de 7 milhõesde moradores aumento de 2 metros duplicariaesse gmntesdo deltaem PhnomPenh,no Camnúmeropara14milhões- ou77/"doshabi- boja. Um deles comentou:"Às vezes,as INUNDAÇÕES
enchentes ameaçavamnossavida.Porisso viemosparacá, a fim de encontraroutro "MinhafumÊ meiode vida'lOutrodeclarou: liatinhaplanuções,masnosúltimosanosas inundações ocoÍreramcom muitafrequênciae a safranãoemestável". Porüantq climáticas combiasmudanças nadasaos perigosnaturaise ao estresse exercidosobreo meioambientepelarápida industrializaSono Vetnã e nos paísesrio acima colocaramseusrecursosnatumise aquelesque dependemdelesem situago precaria. que vivemno deltado As pessoas Mekongse adapum de diversasmaneiras aos estressores ambientais. Os que os enfrentammao migrar gemlmentepreferem mudar-sepamascidades. O governodo Vietnã,por suavez,tem um progrcìmaconhecidocomo "vivendo que que incluiagências com asenchentes'; encorajamos rizicultoresa mudar paraa aquicultun- a cria$o de Írutosdo mar como camarõese pequenospeixesem viveiroscercados. Ao longodo leitoprincipal do Mekong,na provínciade An Giang,esse programaprevê a remoSo das pessoas quevivemàs margens do rio.Quase20 mil sem-terrae Íamíliaspobresda província até2020.Emgeral, devemserreassentados as pessoasdestinadasa uma recolocaSo não dispõemde temas,nãotêm paraonde ir se as casasdesabarempor causade enchentes ou deslizamentos.
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populacional Densidade (habitantes porkm'?) a25-249 a 250-999 | 1.000+
Cidade de HoChiMinh
w do suA regiãodo deltado Mekongproduzum volumesignifrcativo têm primentode alimentosdo Vietnã.Há séculos,os rizicultores paramanterseusarrozaisirriperiódicas as enchentes aproveitado gados.Mas,nasúltimasdécadas, inundações extremastêm ameaAlém disso,a regiãodo as áreas de cultivo. crescentemente çado Um aumentode à elevação do níveloceânico. Mekongé suscetível de suascasas. maisde 7 milhõesde pessoas 1 metrodeslocaria
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RiodaVida populacional aolongo Adensidade é maior justamente a dasmargens dorioMekong, a inundações emrazão áreamaispropensa doexcesso dechuvas.
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..i*ã;;@*"' ,íguas elevadas: Estâcasa, como outras4oo mil, foiassoladapelas piores enchentes do rio Mekongem quatro décadas.
Áreacultivada at é25% ': 25o/o-50% * 50%-75v" a7s%-100% ,ili::l semdados
Áreaprojetada deinundago pelaelevação do níveldo mar I 1metrodeelevação 2 metros deelevação
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Economia emExpansão éo segundo maior 0 Vietnã exportador (atrás deanozdomundo daTailândia) e pormaisde o Mekong é responsável produção. 80%dessa
Pertodo litoral parte Grande doMekong situa-se emáreas baixas, a aoenas 1ou2 metros acima donÊ veldomar.Seo derretimento degeleiras para contribuir a elevação dosmares, milhões depessoas serão forçadas a migrar.
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México e América Centralabrigam quase í0 milhõesde lavradores,e muitôsdeles mal conseguematender às suas necessidadesbásicascom o cultivo de alimentos tradicionais (milho, feijão e abóboras)em íngrcmesencostasde colinas.Comoem qualquer outrolugaçdependemde chuvasmoderadas. Seessasprecipitações são insufrcientes, as plantasmure cham e morïem;mas se são excessivas caemde umasóvez,asenxurradas levamo solo arrastandoconsigoas plantase colocandoem riscoo sustentodoscamponeses. As vezes,secase tempestadesocorrem no mesmoano.Emjulhode2001,porexemplo, Hondumssofreu uma estiagemque afetou 250 mil pessoas.Alguns meses depois,umatempestadetropicalinundouo interiordo país. já concluíramque Muitos lavr:adores seus meios de subsÌstência são precários demaise rumaramparao norte;a maioria dos migrantesque vão parcìos Estados Unidos vem de áreas rurais pobres do México e da América Central.O esgotamentodo solo,o desmatamento e o desempregoestãoentreos futoresque impulsio- juntamentecom a atraFo nammigrações
Úttima gota: Açude de água salobra no vale de Tehuacán. Outrora utilizadas por animais, agora são os aldeões que dependem dessasfontes dãgua.
de salários maisaltosem "El Norte"- mas elementosclimáticostambémse acrescentam aosinfortúnios.EmTlaxcala,na região centmldo México,SteÍanAlscher;do Each-FOR,constatou quea libenlizagodo mercadonosanos90 e o declíniodo índicede precipitaçfus resultar:am em lucrosagrícolas mais baixos,levandoalguns lavradoresa abandonaro campo. Em entrevista,um a migra$o comoúltimoredelesdescreveu curso:"Meuavô,meupaie eu tmbalhamos nessas terïas.Mas os temposmudaram... A chuvaestáchegandomaistarde agora,de modoqueproduzimos menos. A únicasoluSo é ir embora[pan os EstadosUnidos], pelomenosporalgumtempo': As projeçõesde mudançasclimáticas antecipamuma redu$o entre10%e 20% do escoamentosuperfrcial em deconência de chuvasem Tlaxcala.Em compara$o como restanteda região,issopoderáatéser maiorparteda inigaçãoregiosuportável.A nal ocone nas planíciescosteims,como as de Jaliscoe Sinaloa- ìmportantesestados agrícolasque produzem,coletivamente, quase'18% do PIBagrícolado país.Masde
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acordocom dadosdo PainelIntergovema(IPCC, mentalsobreMudançasClimáticas na siglaem inglês),essespaísespoderãoexperimentarum declíniode 25%a 50% na disponibilidade de águaaté2080- umaaltemSo que poderiaamrinara produtividade da região. A estiagemnão é a únicapreocupa$o da região.Climatólogosantecipamque a AméricaCentmle o Méxicosofrerãocom maiorfrequênciaintensastempestades tropicaisno século?2. Experiências passadas fomecem uma ideia do que esperar.Em 1998,o furacãoMitch,a tempestademais rnortíferado Atlânticoem 200 anos,matou cercade 11mil oessoasem Hondurase na Nicarágua, e provocouprejuÍzosde bilhões de dólares.Em 2007,a tempesbdetropical Noelinundouaté80%do estadode Tabasco,deixandocercade 500 mil pessoas desapobrigadas.No passado, o deslocamento pulacionalprovocadopor desastres natumis geralmenteen localizadoe de curto prazo; porémfenômenosextremosmaisfrequentes podem levaras pessoasa desistire a mudardeÍnitivamente.
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SOLUçÕES POLÍTICÂS
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0 que é PossívelFarnr? Migraçõesforçadaspor mudançasclimáticaspodemtornar-se são o maior desafrohumanodo século21.Quandopessoas tem de compelidasa se mudara comunidadeinternacional implantarmeiosde proteçãoparagarantirqueos movimentos que os direitoshumigratóriossejamordenadose pacífrcos; manossejamrespeitados; e que os afetadostenhamuma voz a coloa comunidade intemacional ativano futuro.Exortamos car em práticaas seguintessugestões: . Reduzirasemissões de gasesdo eÍeitoestuâa nÍveisseguros.
42 SCIENTIFIC AMERICANBRASIL
. lnvestirno gerenciamento de riscode desastm,o que já provoureduzira probabilidade de migrações em gnndeescala. . Reconhecer que algumasmigmçõesserãoinevitáveis e desenvolver estrat{7ias deadaptaSonacionais e intemacionais. . Estabelecer compncmissos obrigatóriospacìgarcntirque os ë, fundosdeadapta$ocheguemàspessoas maisnecess'rtadas. s . Fortalecer paraprotegerosdireitos instituições intemacionais õ daspessoas por mudanças deslocadas climáticas. P -AS..KW.eC.E. tr
E S P EC IAL AM BIEN TE
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No México e na América Centml,milhõesde lavmdoresculti_ vam lavourasque dependemde chuvasregulares. Nasúltimas décadas,porém,secascadavez maisfreqúentesameaçamos meios de vida e levam as pessoasa migrar paraas cidadese paraos EstadosUnidos,na norte.
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Densidade Populacional VidaRunl (mondores porkm2) Grande partedapopulação mericanaestiáespalhada pelaregiãocen1_4 tro-suldopaís, ondeselocaliza o € 5-24 cinturãoagrítcola danação. a 2s-249
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Região Gntnldo México Terras inigadas sãoescassas e gmndepartedasármsagrícolas doMéxicoe daAmérica Gntraldependem exclusilamente dechuvas.
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MenosPrecipitações Emanosrecentes, grandeparteda regiãosofreuestiagens rigorosas.
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PrwisãodeMudangs O futurcSeco noEcoamento Modelos deprojeções climáticas anSuperfrcial tecipamque,até208Qgrandeparte umasignifrcatila O 5%-24%nais doMéxicosoÍrená dwidoaos # 5oA-24%menosredu$onasprecipitações efeitos dasmudanç:s climáticas. Em algumas áreas, o índice oluviométricopoderia serreduzido à metade.
SCIENTIFIC AMERICANBRASIL43
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su-1 D.\{yllschleger e biórogo especiarizado emmudanças crimátÌcas e ríderdo Grupo deBiologia desistemas dePlantas, doLaboratório Nacional, emoakRidge, noTennesee. Eie conduziu experimentos parainvestigar osefeitos doenriquecimento porìióxido decarbono, aquecimento eseca emílorestas naturais, plantações elavouras antigas. Atualmente desenvolve etesta. umatecnologia deaquecimento para atundm árticâ eflorestas boreais. Maya strahl e bíóloga york,eexparricipante doLaboratório ColdSpring Harboç emNova doprograma Experiências depesquisa deFormação Superior em0akRidqe.
Mffiffi@MffiffiewMff EMLABORATORIO NAIURAL Para anteYero futuro, cientistasmanipulam pradarias e florestas, verificandocomo alteraçõesnos níveisde chuvas,monóxidode carbonoe temperatura afetam a biosfera Por Stan D. WullsclrlegereMaya Strah,l Á 30 eNos, CHARLES F.BAEs,;R.,qúutco Do LABoRATónro NecroNALDEoAKRTDGE, Do Departamento de Energia dos EstadosUnidos, escreveuque a Terra estavapassando por um grande e "descontrolado experimento" que logo revelaria as áonsequênciasglobais das crescentesconcentraçõesde gasesde efeito estufa.Hoje os cientistassabem que o desmatamento,a mâ utilização de terras . a qrr.i-" de combustíveisfósseisaquecemo planeta. Mas não temos tanta certezade como mudanças climáticas afetarão florestas e pradarias, assim como bens e servicos proporcionados por essesecossistemas à sociedade. Grande parte das notícias sobre aÌteraçõescÌimáticas veicuÌadaspeÌamídia não provémde experimentos,mas de observações' os cientistasmonitoram o gelo marinho poìar, as geleirase fenômenosnaturais'como a épocade brotaçãode foÌhas,e informam o púbÌicosobrequaÌqueranor-
malidade.Manter o registro constantedessesdadosé importante, mas, em vez de esperarempara ver como uma mudançaclimática modiflcalentamente a biosfera,biólogos especiaÌizados reaÌizamexperimentosde campo,muitas vezesem grandeescala.
r i3 ë }i x 5 , $ '$ . ; s g , : Fesquisadores estão altemndo a temperatura, osníveis çõesdeCQ resultam emcrescimento maisintenso de dedióxido decarbono e precipitago emlotesdeflores- folhasou em produtividade maior,masesesfrtores tas,pndarias e lavoums pamverifrcarcomoa ílomreage. ambémpodem estimular a iníesta$o porinsetos eenEmgenl,temperaturas elevadas e maiores concentra-fraquecer a capacidade dasplantas derehterpragas e
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doengs.Rrturoserperimentos decampo,capazes de manipular simultaneamente astrêscondições, produzirãomodelos maisprecisos demmomudanças climát! casemlongopnzoafetarão osecossistemas mundìais.
S C I E N T I F I C A M E RBI C RA N SIL 45
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Precipitaçáo: Tempo é Tudo Questão: Emboma tempemtume os nÍveisde CQ venhama subirgepreveem neralizadamente em todo o mundq os modelosclìmáticos de um dosíndicespluviométricos umavaria$o muitomaisacentuada lugarpamoutronaspróximasdá=das. Experirnento: Cientistasconstruíramdiversasestruturaspararedude águaquechegaàs plantasem pmzir ou aumentara quantidade darias,florestase lavouras,bem como na regiãoda tundrasetentrional,desprovidade árvores.Emgeml,Íomm utilizadostoldos abobadadosou calhas.A águapode serdesviadade um localou redistribuídaem outra áreapróximapam simulare testaro efeitode ou níveismaioresde precipiu$o. Algunsabrigossão deslocaveis retráteis.Baneimsou valetaspodem sercriadasno solo paraimpedir que a águade superfíciepenetrenos lotesestudadose as mzes dasplantastenhamacessoa fontesde águaexternas. Projetoscomo o Experimentode Deslocamentode Precipita$o (fDE, em inglês),pertode Oak Ridge,noTennessee, utilizamelabondos de umaflorestaparacriarconsistemas de calhase valetasnasuperfície 19 mil calhaspodem diçõesde solosecoe molhado(fotoeíustnfo).Até tamanho de campos de futebol.Modelos áreas do serdistribuídas em podemserinstalados entreárvoresmaisespaçdas,como semelhantes do NovoMéxicqondeNathanMcDoasfloreslasdejuníperos-piõon well,do LabomtórioNacionalde LosAlamos,investigao papelda secae dosinsetosnamortalidadedasárvores. ResultadosrNa pmdariade Konza,estudadapelalGnsasSute Univerque de precipitação tolemmmelhoraltemções siry,algumasgmmíneas a competi$o entreplantaspor Emum mundoem aquecimento, outrias. águapodeaumentar. por PaulHansonem seu Emflorestas tempemdas, comoa analisada
projetoTDE,de 13anosde dura$o,árvom maduras, com mÊesmaisprofundas, resistiram reitemdamente a pluviométricas. reduções Porémmuitasmudase árvoresjovens,menosenmizadas,morremm.Esseexperimentotambémrevelou queasárvoressãomais prejudicadas por intervalos excessivamente secosdumntecertasestações. A reduzidaprecipitagodumnte a expansão ativado troncq no iníio da prÍmavera, atrasouo quea redu$o de águadachuvaem crescimento maisdmsticamente outrasépocas.Esiagensnofrnaldaesta$q depoisqueasárvoresparamm de crescer, tiverampoucasconsequências, desdequeo suprimento deáguano solofosseplenamenterepostoantesda próximaestaÉode expansão. Comparativamente, algumasárvoresde grandeporteda FlorestaAmazônicabrasileira monemmdunnte o quanoanode estiagem criadapor pesquisadores do Centrode Pesquisa WoodsHole,em Massachusetts. Entretantqmudase árvoresjovens,mm diâmetrosreduzidos,fonm menosafetadas. O bloqueiodeó0%da precipitagoressecou solosprofundos, masnasuperfície a termpermaneceu relativamente úmida- o contráriodosresultados doïDE. Ficouclaroqueé preciso compreenderasinteraçõescomplexasantesque modelospossamrepresentar quaisquerefeitosde mudançs climáticas. frdedignamente
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Con:Maior Crescimento para Alguns Questão: Cientistasestimamque oso@anose osecossistemas tenes_ tresabsorvampelomenos50%do Ce libemdo pelaqueimadecom_ bustíveisfósseis.As plantasfuzemissoao utilizar gás o paraproduzircar_ boidmtosdurantea fotossíntese. Mas essaconvenãocontinuara medianteconcentra@esmaioÍesde Ce? E elasalterariamosaçúcaru, carboidratose compostosprotetoresem plantas, ayudandoou arrapalhandoinsetose patógenos? Ëxperimentolo experimento de Enriquecimento de co" aoAr Livre (Faceem inglês)já funcionahá maisde umadáada no LaiomtórioNa_ cionalde Oak Ridgesoba dire€o de Richard Norty. Eleconsisteem quatroáreasde estudoscercadaspor canos de escapecom espiráculos, suspensos detorres(fotoe iluxnso),gue libenm Ce de tal modoque todasasárvorêsrecebemdeterminadaquantidade do gás.Experimentos semelhantes funcionamem quase35 outrosecossistemas natumise ma_ nejadosao redordo mundg desderotesde 1 metro de diâmetroem charcosa tavoumscircularesde23 metrose áreas de reflorestamentode 30 metrosde diâmetro. Resultado::Os dadosconfirmamquenÍveis aumentados de Ce esti_ mulama fotossíntese, que incorpommaiscarbonono tecido dasplantas. EssaproduFo pímárialíquida(Npge6 ;nn16r; semantémdumntevá_ riasestaçõesde crescimento. A Npp em experimentosflorestaisnosesta_
dosde Wisconsin,Carolinado Nor[ee ïennessee, nos EstadosUnidos,e na ltáliaaumenbu 23Toao a
am biente, de 388 p..;ilHfi::ffi ffi,*1ïf :ffi:,iïï," poderaoconer em 100anosseasnações
do mundo nadaÍzerem pam controlarasemissões.Resultados de modelosrecentessugeremque as plantasrcsponderãopositivamentea concentraçõesmaià OeCO^. embomosganhospossamseramenizados ondeos_tor.ontê_q,íun_ tidadesinsufrcientes de nutrientescomonitnrgênio. O aumento da Npp mostrou_seconsistente em todos os lotes de experimentosFaceao redor do mundo. Mas ele só indicaa quantidadede carbonoacrescidaa uma planta,sem refletirseu destinoem longo pmzo.Nasflorestas pinustaeda,no de conÍfer,:as eÍado da Carolinado Norte, o carbono adicionalfoi armazenado principalmente em troncose galhos,ondeé capazde persistirdu_ rante décadas.Mas nasflorestasde liquidâmba r (Liquìaamnar sgrnciflua),no ïennessee,ele se manifestou particularmenteem raizesnovase pequenas,que são vantajosas mas só vivem de pou_ cassemanasa um ano. Nessecaso,a maior parte do carbonoretor_ na à atmosferaà medida que elassão decompostas por micróbios. Os cientistasestãotentando entender o que levao carbonoa um ou outro localna planta.
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SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL47
CALOR
Temperatura: Altas e Baixas Questão: O futuro aquecimentovai variarde acordocom a localização geográfica.Em2100,a Américado Norte serámaisquente:de 3,8'Ca 59"C a maisno invernoe de 2,8'C e 3,3oCno verão.Essas mudançasafetarãoo metabolismoda flora,a disponibilidadede águae nutrientesno solq a competiFo entre plantase a vomcidade de herbÍvoros,insetose patógenos. tentarampor váriosmeiosaquecerlotes Ëxperimento: Fesquisadores frtas muito pequenos.hra isso,utilizammlâmpadasde luz infravermelha, de aquecimentoelétricono soloe câmarasdestampadas- estrutumscÈ equipadascom sopradores lÍndricasenvoltaspor plásticotnansparente, de ar quente Essas abordagensprcvaramserúteis,mastambÉmapresentaramdesrantagens. A maioriaó aqueceuma áreamuito pequena,e frtastérmicascriam muitasdelasú aqueem partesdo ecossistema.As pontosquents não naturaisno solo,enquantoascâmamsaquecidas passiwmentedependemda honado dia e da estaçãqalémde influírem de dirersasmaneimsna precipitaÉq no vento e na luz solaço quecomplicaa interpraaSo dos resultados. Resuhadss:Ecossiíemasárticose asregiõesbormis imediatamenteao sulsãoparticularmentevulneráveisa mudançasde temperatum.O b
tara energiaabsorvida pelasuperfírrietenesre, em comparaÉocom a refletidadevoltaao espaço,aumentandoainda maisa tempemtura global.Experimentos realizados em outmslatitudesfomeaemindíciosde o
deopoahrto Gnrara
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AM ERI CAN BRASI L 4 8 SCIENTIFIC
E S P E CIAL AM BIEN TE
Nessesestudos,verificam @mo os ecossistemas respondema Smit[ da University of Nevad4 em l^as Vegas, no deserto de índicesvariáveisde precipitação,às crescentesconcenhaçõesde Mojave. Smithconstatou que, em anos com índices pÌuüom6 dióxido de carbono(CO) e a temperaturasmais eÌevadas.Dados tricos incomumente altos, eÌeva.dasconcentrações de CO. fa_ experimentaissãofundamentaisparadeterminzÌrse,e em queme_ voreceram o aÌastramento do capim-ceva.diÌha(Bromtts tncto_ did4 os ecossistemas serãoafetadospor mudançascÌimatológicas ra'Ìn), qtae reduziu a biodiversidade de plantas, modiflcou a em 10,50 ou lOOanos e como poderãoÌevar a mais transforma_ cadeia aÌimentar e aumentou o potencial de incêndios. ções.Osresultadospodemajudar a separarfatosde flcçãono emo_ Embora a invasão de pÌantas Ìenhosas nas pradarias do üvo debatecÌimático. mundo, nos úìtimos 2O0 anos, tenha resuÌta.do principal_ Há anospesqüsadoresinvestigamcomo plantas isoladas_ ti_ mente dapastagem excessiva e da supressão de queimadas, picamentecuÌtivadasdurante vários mesesem câmarascom arn_ as crescentes concentrações de CO" podem estar contribuinbientescontrolados- respondema condi@esdiversas.É necessá_ do para a proliferação de árvores ó arbustos na região oeste rio compreenderos mecanismosnessaescal4mastambém preci_ dos Estados Unidos. samosestudara flora no próprio contexto,ou sej4 em seusverda_ Os fuhrros níveis de Ce afetarão a flora de um modo capaz de deiros ecossistemas. Grandeparüedo púbtico desconheceque há impactar a saúde pública. O aumento da produ@o de pólen, mais de uma décadaestãosendoreaÌizadosvários experimentos por exempÌq pode agravar o aparecimento de aìergias e esti_ de dimensõesconsideráveisao ar liwg envolvendoI,ariaçõesde mular a proliferação e a toxicidade da hera venen osa(Tbrico_ precipita4ão,concentrações de CO"e temperatuÍa-Essestestesin_ dendrnnradfuans) e de outras espéciesinvasivas. cluem os descritosem destaquenas práginasseguintes.Até o mo. mento,já secolheramdadossuficientespara aperfeiçoaros mode_ QUESTÕES COMPTEXAS ÌosquepreveemaÌteraçõesde cÌimaevegetação,numretrato mais Os resultados de grandes experimentos ao arÌiwe são reveÌadores, precisodaspossíveismudançasem florestas,pradariase ìavouras mas amaioria das investigações concentrou_se em áreas de Ìatituem um mundo eadavezmais quente,sujeito a diferentespadrões des médias e particuìarmente nos Esta.dos Unidos e na Europadeprecipita4ãoe envoltoem mais Ce. Novas pesquisas, em faixas de ìaütude mais ampÌas, são necessá_ rias para prever claramente a reação de pÌantas e ecossistemas bo_ reais, tropicais e das regiões de tundra- O preparo de experimentos desse gênero consumirá vários anos, já que provaveÌmente serão cientiflcamente complicados e ìocalizados em regiões remotas. Exigirão considerável trabalho de engenhariaparagarantir que as condições alteradas sejam impostas de modo uniforme e a infraes_ trutura seja suflcientemente robusta para durar anos. Além disso, os biólogos terão de construir instaÌaçõesque não modiflquem apenas os padrões de concentração de Ce, tempe_ ratura e precipitação, mas também os três fatores em conjunto. Até agor4 só investigamos supeúciaÌmente. Um novo trabalho científlco, em Cheyenne, Wyoming, está avaÌiando como a Ílora de uma pradaria nórdica mista se comportará diante de mudan_ ças simuÌtâneas de temperatura e concentrações de CO^.No pri_ meiro ano do Experimento de Aquecimento da praaaú e Bnri_ quecimento de CQ, JackMorgan, do Serviço de pesquisaAgríco_ Ìa do Departamento da AgricuÌtura dos Estados Unidos, encon_ trou indícios de que nas Grandes pÌanícies pode ocorrer maior abundância de gramíneas tÍpicas das estações mais quentes, em detrimento dos capins das épocas fias. Como manipular meìhor múltiplos fatores e explicar essas combinações e seus possíveis efeitos posteriores em modeÌos são questões complexas. Se quisermos ajudar a sociedade a antecipar, planejar e se adaptar a um cÌima que já está mudando rapidamen_ te, necessitaremos de dados experimentais muito embreye. M
coNsrATAçÕESAOREDOR DO GLOBO Experimentosrealizadosemváriaspartesdo mundo mosrramque pìantase ecossistemas têm uma notávelcapacidadede seajustaÍ a
[email protected] oscienüstassuspeitamquehaja timites além dos quais ocorrerãorea{oessigrriflcaüvase potenciarmentecatas_ tróficas.À medida que invesügarmosessasdelimitaç:oes, teremos surpresas.Mas os dadosobtidosem testesde campojá nospermi_ üemtirar algumasconclusões: . Concentra4ões maiselevadasde Ce têm o potencialdeaumen_ tar a produtiüdadesde commodiüeicomotrigo, arroz,cevad4 sojae aÌgodão.Masum simuÌtâneoaquecimentoe,em aìgumas poluiçãodeozôniopoderiamreduzirou anuìaro efeitode iáreas, "ferttllzaúa por CQ'l MudançascÌimáticastambém iníuirão nainteraçãoentreplantaç:oes, ervasdaninhas,patógenose inse. tos.E,na maioriadasvezes,aspragasprevaìecerão. . No Ìestedos EstadosUnidos as florestasdecíduas_ que per_ dem suasfoÌhas sazonalmente- são reÌativamenteinsensí_ veis a secas.As camadasde solo mais profundâs contêm abundante umidade para sustenta.ro crescimentode árvo_ resde grandeporte durante a maior parte do ano.Mas osso_ los supeúciais retêm pouca águae seresseciìmrapidamen_ te, o que leva a aÌtosíndicesde perda de mudas e plaÍìtasjo_ vens- asflorestasdo futuro. , Em uma atmosferaenriquecidade Ce, o crescimentomais dinâmico de raízespoderia proporcionar mais nutrientes e ' melhorar a produtiüdade de florestasem desenvoÌümento. Uma radicaçãomaior e mais profunda também beneflciaria . P A R AC O N H E C EM RAIS plantas em ecossistemas áridos ou secosao ampìiar o acesso change, andpublicheahh: exploring thelink to plantbiology. à águaretida no soÌo. , , lltìln,9O-l:lirate LewlsH.liskaet al.,emEnvíronmental perspectives, Heahh vol.lll, n; Z, pags.tíí_ O aquecimentoglobale crescentesconcentrações de Ce esü_ :ri, 158,Íevereiro de2009. mulam a proìifera$n de muitas ervasdaninhasinvasivas,in_ genention of elerated whhcrops:a criticar [Cor]experiments investment l''lext ÌorÌeedfng thetutureworld.Elizabeth cÌusiveo cardo-das-vinhas A.Ainsworth (Circisium amense),o que reduz a eta/.,emplant,Cell andEnviron-1324,2008. produtiúdade ou exigeuma apÌicaçãomais intensivade her_ 1L ment,vol.31,págs.1317 ::'f consequences of moreextremeprecipitation regimes for terrestrialecosystems. bicidas.Espéciesexóticastambém podem ser um problem4 ,;: AlanKKnappetal.,emBioScience,vol.'SA,r*S,paós.S11-g21,outubrode200g. como revelaramrecentesexperimentosrealizadospor Stan
www.sciam.com. br
S C I E N Ï I FAÍ C M E R I C ABNR A S I4L9
,{ @ [ *'rr$ffi&$-xÇe ü*-$&*xxre-q 3 €. S Alemão dePesquisa Econômica, de en aluno Nathan Fiala,doInstÌtuto quando pós-gnduação daUniversity ofGlifomia emlrvine emeconomia deste artigo.Eleumbémfrzaralìações deprojetos aversão original escreveu pamoWorldBank emWashington, D.C.Noseutempo dedesenvolvimento independentes evelejar. Seuestudo doimpacto deasistirafrlmes livregosta é baseado foipublicado daprodução decame emqueesteartigo ambienal na[cologícal Emnomía. originalmente
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HAMBURGUERE DOS A produção de carne bovina tem custo ambiental neghgenciado:libera enorrnesquantidadesde gasesque contribuem para o aquecimentoglobal Por NathanFiala MAroRrA DAs pESsoAsEsrÁ cTENTEDE etre cARRos, BNERcIAnúrnrce
GERADAAcARVÃoE
até fábricasde cimento afetam negativamenteo meio ambiente.Entretanto, até recentementeo alimento que consumimosnão entravana discussão.De acordocom um relatório de 2006 da OrganizaçãodasNaçõesUnidaspara aAgricultura e aAlia carne mentação(EAO),no entanto,nossoshábitosalimentares,e especiflcamente da nossadieta,têm geradomais gasesdo efeito estufa- dióxido de carbono(COr), metano,óxido nitroso, e outros - lançadosna atmosferaque o transporteou a indústria.Osgasesdo efeitoestufaaprisionama energiasolar,e assimaquecema superfícieda Terra. Devidoao fato de cadagásdo efeitoestufavariarde potência,sãocomumenteexpressoscomouma quantidadede CO,com o mesmopotencialde aquecimentoglobal. O relatóriodaFAOindicaque os atuaisníveisdeproduçãode e 22o/odos36bicarnecontribuem com um percentualentre 14Q/o ìhõesde toneladasde "COr-equivalente"de gasesdo efeito estufa produzidos anualmente no mundo. Isso signiflca que produzir cercade 200 gramasde hambúrguer para um Ìanche,uma porção de carne com a espessurade 1 cm, ìibera tanto gásde efeito estufa na atmosferaquanto dirigir um carro de 1.360kg por aproximadamente16km. Na verdade,a produ@o de cadaalimento que seconsome,in-
incorreemcustosambientaisdissimulacÌuindovegetaisefrutas, dos:transporte,refrigeraçãoe combustÍvelpara o culüvo, alémde emissõesde metano de plantas e animais.Tirdo contribui para o acúmulo de gasesatmosféricosde efeito estufa.Considereo aspaxgo:em um relatório preparadopara a cidadede Seattle,DanieÌ J. Morgan, da University of Washington, e seus colaboradores apontaramquecultivarcercadeO,5kgdessevegetaÌnoPerulibera o equivalentea 75gramasde COr,resultanteda apÌicaçãode inseticidae fertilizante,bombeamentode aguae utiÌizaçãode equi-
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pamento agrÍcoÌa pesado com aÌto consumo de combustíveÌ. para refrigerar e transpoÌ1ar os vegetais até a mesa dos amencanos, são gerados outros 125 gramas de gases estufa, totaÌizando 200 gramas de COr-equivaÌente. Mas isso não é nada comparado à carne. Em 1g99, Susan Su_ ba\ economista ecológica da Universif of East AngÌia, na Ingla_ rerra, constatou que, dependendo do método de produção, o gado emite entre 156e 2gS gramas de metano por quilograma de carne produzida. Devido ao fato de o metano ter 23 vezesmats capacida_ de de aprisionar caÌor que o COr, essasemissões são equivaÌentes à Ìiberação na atmosfera de aÌgo entre 8,6 kg e 6,7kg de CO, para 1 kg de carne produzida. A criação de animais também exige uma grande quantidade de aÌimento por unidade de peso corporaÌ. Em 2003, Lucas Reijn_ ders, da University of Amsterdam, e Sam Soret, da Loma Linda Ltniversifi estimaram que a produção de I kg de proteína de car_ ne exige mais de 10 kg de proteína vegetaÌ,com todas as emissões de gasesdo efeito estufa que a produção de grãos acarreta. Além ,.1isso, fazendasde criação de animais produzem resíduos que dão rrigem a gasesdo efeito estufa. Levando em conta todos essesfatores, Susan caÌcuÌou que pro_ -luzir I kg de carne boüna em conflnamento ou em um sistema de -ìlimentaçãoanimal concentrada (Cafo),gera o equivaÌentea 6,7kg ie COr. Isso signiflca que a carne Ìibera 86 vezes mais gás_estufa --Or-equlvaÌenteque o emitido peÌaprodução de aspargos.Mesmo ,utros tipos comuns de carne não iguaiam o impacto da carne bo_ ,'ina: caÌcuÌo que a produção de I kg de carne suína gera o equiva_ ente a 1,7kg de COr.e 1 kg de carne de frango gera apenas0,55 kg :e COr. O sistema economtcamente eflciente de aÌimentacão em
conflnamento, embora ceftamente não seja o método de produ@o mais limpo em termos de emissão de gases COr_equivaÌente,é muito melhor que a maioria: os dados da FAO já citaOossugerem que a média mundiaÌ de emissõespara produção a de I kg de carne boüna, nos moÌdes tradicionais de criação, é muitas vezes maior que a da criação confinada. soLUçÕES DO PROBLEMA O que pode ser feito? MeÌhorar o manejo de resíduos e os méto_ dos de criação certamente rèduzirá as ,,pegadas de carbono,,da produção de carne. Sistemas de captura de metano podem per_ mitir que esterco do gado seja utiÌizado na produção de energia eÌétrica, mas essesprocessos ainda são caros para serem comercialmente viáveis. As pessoastambém podem reduzir os efeitos da produção de aÌimentos no clima do pÌaneta.Aflnal, até certo ponto nossadieta é uma questão de escolha. Ao optarmos por meÌhores aÌternativas, podemos fazer diferença. Consumir alimentos produzidos na re_ gião, por exempÌo, reduz a necessidade de transporte, embora ali_ mentos transportados de fazendas próximas, por caminhões, em pequenas quantidades, possam surpreender por economizarem pouco em emìssõesde gasesdo efeito estufa.AÌém drsso,nos Esta_ dos Unidos, como nos demais paÍsesdesenvoiüdos, as pessoaspoderiam comer menos carne, especiaÌmenteboüna. Os gráflcos nas páginas seguintes quantificam as conexÕes entre a produção de carne boüna e gasesdo efeito estuÍa em de_ taÌhes preocupantes. A Ìição é cÌara: devemos pensar cuidadosamente sobre como a nossa aÌimentação está contribuindo para aumentar a emissão de gasesdo efeito estufa. M
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Hambúrgueres ou Tofu? O consumopercapitaanualdecamebwina wria de 54 kg naArgentÍnae Unidosa quasemeioquilonaMoldávia,pequeno maisde41kg nosEstados paísdo Lesteeuopeu; a médiaé de cercade 10kg por pessoapor ano'As coresdos paísese asdistorçõesde suasformasusuaisrefletema raria$o do
consumodecamebwina percapitaem relaSoà mália mundial.O consumo naÁsia, percapitaanualde camebovinaestáaumentandqparticularmente têm maioresrendicpmoaspessoas econômico: de,/doaodesenvolvimento tone FAo . maisapetecíveis mentos,compramalimentosqueconsideram
GnsumodeGme (f.gporp6s poÍarc)
âI 0-í,3ks l,'ï... kg !l 1,3ó-4,0 ffi 4,0-ó,8ks ks ó,8-í8,1 18,14-22,6kg ffi 22,ó8-31,7 Acimade3í,7k9 I . Sem dados
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comer e Dirigir, [Jma Comparação Atmosférica da prcdu$o de de gasesdo efeitoestufu,provenientes As emissões váriosalimentos,podemsercompamdascom asde um canode pasestimadas km por litnr.As emissões a gasolinaquefuz'l'1,5 sageiros que1kgde dìóxidode carparaa produçãode alimentospressupõem bonopor hecurepor anoteriasidoabsorvidopor florestase outros decs;-eqirivalent*) 3ü,2mió5t tiposde vegeuçãosea terÍanãotivessesidoroçadapamo plantiode cuhums.Os gasesdo eÍeitoestufu- dióxidode carbono(COr)e meu354ím{?5sde{o?*squivetc}ìt€}no,por exemplo- aprisionama energiasolare aquecema superfície daïerra. As quantidadesde gasesdo eÍeitoestufusãofrcquentemente comoa quantidadede CQ queteriaa mesmacapacidade exprcssas crtel m1s9 478'5 t neco''ec;u''* de aquecimentoglobal,chamadaCOr-equivalente'
oriundas deC02'equivalente Emissões alimentos... demeioquilodesses daprodução dedirigir.'. sãoiguaisàsemissões
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O Alto Custo (em Gasesdo Efeito Estufa) da Carne A pnrdu$o mundialde cameemite maisgasesatmosféricosdo efeitoestuÊ quetodasasformasde tmnsporteou processosindustriaisdo globo.Com baseem dadosda OrganizagodasNaçõesUnidaspama AgricukumeAliAtmoíérimenta$o (FAO)e da Basede Dadosde Emissãopam Pesquisa caGlobal,o autorestimaqueos níveisatuaisde produSode camelançm naatmoíem aproximadamente ó5 bilhõesdetoneladasde CQ-equíralentede gasesdo efeitoestufr a cadaano: perto de 18%da emissãoanual globalde3ó bilhõesdetoneladas. Apenasa produSo deeneçia geramais gasesdo eÍeitoestufr quea cria$o de gado paraalimentação.knaFla,2ooó
Apetite Consumo de carne bovina nosktados Unidos
Producão deeneúia Pecuária (bovinos, suínos, aves)
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Transporte
12%
Extração de combustível Íóssill
=EF Indústda Usodosolo Descartee trïrtamento de resíduos
C0;quivalenteConsumo CO;qulvalente degase doefuhomundialde degases doeÍeito estufrdaprodu- carne bovina estufrprorcniengodecamebotedaprodução ünanosEstados mundialde Unidos camebon'na
2ü?ü ç*-eÇâc) i*ri{:i.-q,:ç:*l Acumulado -:r- -::: (2009-2030)
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1.800
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Quantidades em milhões de mneladas aredondadas paÊ dois dígt6
7%
4% 3% O total é maior que 100%devido ao aredondamento
signifiativos
A produçãomundialde camebovinacrescea umataxade cercade1%ao ano,em parteporcausado aumentoda popula$Omastambémpelacresoente demandaper capita.Análiseseconômicasmostmmque setoda a produ$o de camebwina ocorresseno sistemadeconínamento- ou opem$o de alimenta$oanimalconcentrada (Cafo),que gem menosemissõesde gasesdo efuitoestufuque muitosoutrossistemas tradicionais de criaSo de gadq a produSode camebovinaem 2030aindaliberiaria 1,3bilhãode toneladasde COr- equivalentede gasesdo efeitoestufr.Seas projeções atuaisde consumode camebcrrrina estiveremconetas,mesmoem sistemade pn:duem confrnamento o acúmulo de COr-equiralentede gasesdo efeitoestufucheSo gariaa 2ó bilhõesde toneladasnospróximos21anos.FoNrriFAo; uscENSUs BURTAU
Carne Bovina e Gasesdo Efeito Estufa A maior parte do efeitoestufr proveniente da produÇode cameborinavem da oerdade árvorese da coberturade gmmase outmsplantaspeÍenes queabsorvemo CQ em terras ondecultumsde alimenu$o e colhidas.Em sãosemeadas segundolugarestao metano libemdopelosdejetosanimais e pelosprópriosanimaisconformedigerema comida. Aanálisefoi efetuadapela economistaecologicaSusan Subakda Universigiof East AngÍia,na Inglaterra.
PARA MAISl CONHECER Meeting thedemand: An estimation oÍ potentialfuture greenhouse gasemissions from meatproduction. Fiala, Nathan emEmlogícalEconomi cs,vol.67, n"3,págs.412419, 2008. Livestock's longshadow: environmental issues andoptions, H.Steinfeld, P.Gerber, T.Wassenaar,V. Castel, M.Rosales eC. deHaan. Organização dasNaparaa Agricultura çõesUnidas e a Alimentago, 200ó.Disponívelem www.Íao.org/docrep/010/a0701e/a0701e00.htm Globalenvironmental costsof beefproduction. Susan Subak, Err,nanrb, vol.30, emEcologíal n,1,págs.79-91,1999.
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e ambiental deengenharia hter Rogen eprofessor UnivenÌty, eregional daHarvard urbnno depìanejamento da sênio Rogers émnsultor em19óó. seuPh.D. ondeobtere àmelhodedicada organizaço Partnership, GloMlWater ebeneírciário globais deáguas degestão rìadaspratìcas Gmuryfund. eTwentieth Guggenheim dasbolsas
PARA PREPARANDO.SE
ffi$strffiÁÁG wffireffireffi& À medida que crescea demandapor âguu,reserYasplanetáriasse tornam imprevisíveis.As tecnologiasdisponíveispoderiam evitar uma criseglobal,mas precisamser implantadaslogo Por PeterRogers
RIM AMIC,oMEUw\,.E EM uM BATRRoDEcrAssE uÉorl' on Nove DÉu, utvn oas cIDADESMAIS
casda Índia. Apesarde receberumaboa quantidadede chuva acadaano,eleacorda de ágUaestapelamanhãao somde um megafoneanunciandoque o abastecimento rá disponívelapenaspelapróximahora.Ele correparaenchera banheirae outrosreendêmicade águade NovaDéli deve-se, cipientespara o consumodiário.A escassez em grandeparte,aofato de osgestoresterem decidido,há algunsanos,desviargrandesquantidadesde águada correntedosrios e reservatóriosparairrigaçãoagrícola.
que a aguada irrigação fossedewiada Meu fllho, queüve na áridaPhoenix,acordaaoruído dosirriga- políücosde Ìá permitirarn para ascidadese subúrbios,possibiìitando, agrÍcolas doresqueregamosgramadossuburbanosverdejantese oscaÍnpos dasoperações recicladaparajardinageme outras de água o uso tempo, mesmo ao de Sode golfe.Apesarde Phoenixestarsituadano meio do deserbo potáveis. nã.o Os aplicações de água iìimitada nora, desfrutade uma reservaúrtualmente t,11 3tïl a e Para produ$odealimentos globaisdeáguadocees- mento, Osrecursos clia mudança isso, Enquanto da de- indústria. peloaumento tãoameaçadas parasecas' Os em máticadevecontribuir Populações áreas. demuitas manda deterde políticasprecisam de cadavez gestores necessitam crescimento águasemdegrasanea- minarcomoíornecer maiságuapoúvelparahigiene,
BRASIL AMERICAN 54 SCIENTIFIC
lì\l: da para dessalinização quea fornecem' melhorados dar os ecossistemas em todasas esÍeras dis- água.Governos de baixatecnologia Àbordagens polítia es- devemcomegrjá a estabelecer podemajudara prevenir poníveis eminÍrainvestimentos deaumen- case a realizar comoíormas assim cassez, paftìconservação daágua. tar as reservas,como métodos estrutura
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Uma grande redução na oferta mundial de água ocorre à medida que as populações incham e a renda aumenta.
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A STTUAÇÃO ATUAL
Ág,ra Disponível, mas de Forma Irregular perto de 110km3caem do céu na porçãosólidado planeta,a cadaano.EssaimensaquantidadeseriasuftcientepamatenderÍacilmenteas Mas gmndepartedela não podesercaptumdae o humanas,sea águachegasseondee quandoas pessoasnecessitassem. necessidades de formadesigual. restanteé distríbuído
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pelosoloeplantas,então liberada daprecipitação total*): absorvida Àgua".erde(ó1í7o pra recolhimento nãodisponíveì devoltaàatmosÍera, eáguas áreas alagadiçs deprecip'rtaçãototal*): coleta emrios,lagos, êq,,* **,,Ì (g8,8% paracaptaçãoantes deevaporarou chegarao oceano. disponível subtenâneas;
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Evaporada águaexposta
'Somapodenàochegara 100o1 porcarsadoarredondanento
As reservas atuais de água edonorteda Grande oanedasAméricas dereservas abundantes desfrutam Eurásia sofrem com deágua. Masoutrasregiões "ÍÊ grausmaiores deescassez oumenores a dispoexcede a demanda sica"- quando entreelas Outrds áreas, nibilidade local. inpartes dosubcontinente Áfricacentral, esasiático, enfrentam dianoeo Sudeste "econômica" deágua, ondea carêncassez governos ruins técnico, ciadetreinamento apesar fracas limitam o acesso, ouÍnanças sufrcientes. dereservas dadisponibilidade
pelas pessoas diretamente 1,5% é usada Apenas
Águasufrciente físicadeágua Riscodeescassez Esossezfísicadeágua deágua econômica Escassez Nãoestimado
ComoemNovaDéli e Phoenix,osgestoresdepoìíticasdetodo o mundo têm grandepoder sobrea administraçãodos recursos de água.O usointeÌigentedessacondiçãoserácadavezmaisimportanteà medidaqueos anospassam,porquea demandamundiaì por águaestásuperandoa pronta ofertaem muitoslugares, e estasituaçãonão dá sinaisde quediminuirá' O fato de o problema ser bem conhecidonão o torna menosperturbador:atuaÌo quesigniflcamaisde 1bilhão,se mente,uma entreseispessoas, ressentede acessoinadequadoa águapotáveÌ.Atê2025,segundo dasNaçõesUnidas(ON[I),os dadosdiluÌgadospeÌaOrganização recursosde águadocesofrerãoestresse- por exempÌo,quando pessoasexigiremuma demandamaior que a disponível- ou esAté a metadedo século,pelo menos757oda populaçãodo cassez. de água. planetapoderáenfrentarescassez setornará mais comum em parte porque a poE a escassez puÌaçãodo mundo estáaumentando.Uma parcelaestáflcando mais rica - aumentandoassima d,emanda- sem contar que a mudançacÌimática gÌobal ampÌia a atideze reduz as reservas
ER ICBR A NAS IL 5ó S CI E NT A I FMIC
achuva? Paraondevai quecaiemterMaisdameudedaprecipiação parausoouarmazenan nunca estádisponÍvel pelas porqueffapon ouétnnspirada mento deáguaverde planus;essa fra$oéchamada Íonécanalizado 0 restante oaraaschamadas eaquilagos, alagadiços tesdeágua azul- rios, explonrdiretamente.A feros- quesepodem deÍluapartirdesses corpos iniga$oagrícola individualde xolivreéo maiorusohumano consomem cidades eindústrias águadocaAs dototal derequantidades mìnúsculas apeflas demanda cunosdeáguadoce,masaintensa asÍeesgota localquecriamÍrequentemente nosanedom. senasdisooníveis
è = ;Ë em muitas regiões.Além disso,muitas fontesestãoameaçadas ì= por dejetos,despejode poluentesindustriais, escoamentode fertilizantese afluxoscosteirosde águasaÌgadaem aquÍferos,à õÉ medida que as águassubterrâneasestãosendoesgotadas.Co- z 3 >â mo a faÌta de acessoà águapodelevar à fome,doença,instabili- ú: dade poìÍtica e até mesmoconflito armado,a demoraem agir -? 9> ameaçacom amplase gravesconsequências. õô >Felizmente,sãoconhecidasastecnologiase instrumentospoÌíti- < ã paxaconservara águadocedisponívele assegurar iz cosnecessários maisdeìa.Discuüreiessesitensqueparecempaúicularmenteeflca- =:l zes.O queé preciso,nestemomento, ê.aúD.Governose autoridades ã< emtodasasesferasdevemformuÌare executarplanosobjeüvospara ã= capaimpÌantaçãode medidaspoÌÍücas,econômicase tecnoÌógicas, ü3 zesdeassegurara ofertada águaagorae naspróximasdécadas' =^>1 FONTASDE ESCASSEZ A sotuçã.odos problemasmundiais de agua exige,para começaÌ, uma avaliaçãode quanta águadocecadapessoanecessita,junta-
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mente eom o conheeimentodos fatoresque afetam a oferfa e aumentam a demandaem diferentesregiões.MaÌin FaÌkenmarhdo Instituto Internacionaìde Água de Estocolmo,e outros especialistas estimamque,em médi4 cadapessoanecessita,no mínimo, mil m3- 1milhão deÌitros - de aguapor ano,equivaÌentea doisquintos do volume de uma piscinaoÌímpica- parabeber, higienee cuÌtivo de aÌimentospara sustento.Seaspessoasterã,oo suflciente,depende em grandeparte de ondevivem,porqueadistribuiÉo dosrecursosgìobaisde águavariaenormemente. Forneceráguaadequadaao consumoé um desafloem especial em paísesmais secos,subdesenvolüdose em desenvolvimento com grandespopulações,porque a demanda nessas áreasé eÌevada,contrapondo-sea uma oferta baixa. Rios como o Nilo, Jordão,YangTsée Gangesnão estãoapenassobrecarregadosmas, agora,regularmentepermanecemesgotados por longos períodosdurante o ano. E os níveis dos aquíferos subterrâneossob Nova Déli, Pequime muitas outras áreasurbanasem crescimentoestãobaixos. A escassez de águadocetambémestásetomandocadavezmais comumem paÍsesdesenvolvidos. SecasseverasnosEstadosUnidos, por exempÌo,deixaramrecentement€muitas cidadesno norte da Geórgiae grandestrechosdo Sudoestecomescassez de água-RepresentativosdesseprobÌemasãooslagosartiflciaisMeade Powell,ambosalimentadospelascheiasdo rio CoÌorado.AcadaanoosÌagosregistramseudeclÍnioconslantecom sucessivas marcasesbranquiçadasde suaeÌevaçãomáximaanterior nasparedesdos desfiladeiros queoscercam. RE G RA DO OURO A locaÌização,é claro, não determina totaÌmentea disponibitidade de água em determinadolugar: a capacidadede pagar exerceum papeÌ signiflcativo.As pessoasno Oesteamericano têm um veÌho ditado: 'A águageralmentedescea montanha, mas sempresobea montanhaatrásdo dinheiro".Em outraspaÌawas,quando as reservassãodeflcientesos detentoresdo poder geralmenteas destinama atiüdadesgeradorasde maiores Iucrosà custadaquelasde menor receita.Issoquer dizer que os que têm dinheiro recebemâgaa,ao contrário dospobres. Essesarranjos frequentementedeixam os pobres e consumidores não humanos - a flora e fauna dos ecossistemas adjacentes- com alocações insuflcientes.E até mesmoas melhoresintençõespodemserdistorcidaspelasrealidadeseconômicasdescritaspor aqueleditado do Oeste. Um exemploocorreuem uma dasbaciashidrográficas- ou represas- mais bem administradasdo mundo, a bacia do rio Murray-Darling, no sudeste da Austrália. Décadasatrás os produtores rurais e o governo de lá diúdiram as águasentre os usuárioshumanos - produtoresde uva,trigo e criadoresde oveÌhas- de uma forma soflsticada,baseadaem equidade e aspectoseconômicos.O acordoregional de planejamentopermitia aos participantes negociarágua e direitos de água.Até mesmoreservouuma parte signiflcativados recursoshídricos para os ecossistemasassociadose seus habitantes naturais, usuários fundamentais, que frequentementesão ignorados, apesarde suasaúdeem grandeparte sustentaro bem-estarde sua região inteira. Plantas aquáticase vegetaçãopantanosa, tanto macro quanto micro, têm grande importância na remoçãodos dejetosde origem humana das águasque passampelo ecossistema ondeüvem.
www.scÌa m.com. br
Ainda assim,o volume destinadoao sustentodo ambiente local inadequados- o que flcou eúdente duranreas secas periódicas- em particular a que tem provocadocaosna área nos últimos anos.O território ao redor da áreada baciaMur-tay-Darling secou e acabou afetado por grandes incêndios florestaisnos úÌtimos anos. Todosos agenteseconômicosreceberamsuaparcelarazoável; elesapenasnão consideraramasnecessidades do ambiente natural, que sofreu enormementequando seu suprimento acaboureduzido a níveis críticos peÌa seca.Os membros da Comissãoda BaciaMurray-DarÌing agoraestãotentando seliwar dos resultadosdesastrososde seuerro de cálculoem relação à distribuição equilibrada de recursoshÍdricos. Dadasas diflculdadesde diüdir sensivelmenteas reservas hídricas dentro de um único país, imagine as compìexidades de fazer isso em bacias de rios internacionais como a do rio Jordão,que atravessaLíbano,SÍria,Israel,os territórios palestinos e a Jordânia,todos fazendouso da reservacompartilhada, porém limitada, em uma regiãoextremamenteseca.Abusca por água doce contribui para disputas ciüs e militares na U MA C R IS E QU E S E A P R OX IMA
Pressãodo Clima e do CrescimentoPopulacional Modelosquee
climática
influenciará
a escassez ...
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... mas o crescimento populacional somado à mudança climática pode ser devastador
porágua' Demanda (percentual deágua disponível localmente) ! MenosdeS0 I I 8Èí9 I 120oumais
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AS RETIR:II)AS DE ÁGUA do rio Colorado para irrigar o verde em localidades desérticaspróximas como Las Yegas(ao lado) se intensificaram tanto que ma"nchasbrancas minerais marcam o nível das águasnas paredesdo desfiladeiro que cerca o lago Mead (abaiuo),o maior lago artiflcial e reservatório nos Estados Unidos.
cas especiaispara restringir a demanda. Essa exigência cadavez maìor intensiflcaria enormemente a pressão sobre as reservas de águ4 um resuÌtado que concorda com as preüsões feitas peio InternationaÌ Water Management Institute (IWMI) quando considerou um cenário "negócioscomo de costume'l ou "não faça nada diferente'l no estudo de 2007Water for Food, Water for Ìife.
região. Apenas contÍnuas negociações e acordos mantêm a situação tensa sob controÌe. DETERM I NANDOA DEM ANDA Como a oferta, o consumo de aguavaria de um lugar para outro. A demanda não apenas aumenta com o tamanho da população e sua taxa de crescimento, mas támbém tende a subir com o nível de renda: grupos mais ricos geraÌmente consomem mais águ4 especiaÌmente em áreas urbanas e industriais. Os mais ricos também insistem em serviços como tratamento de esgoto e irrigação agrícoÌa intensiva. Em muitas cidades, em particular nos territóúos mais densamente povoados dafuia e ÁÍrica, o consumo de água está aumentando rapidamente. Além dos níveis de rendA os preços da água ajudam a estabelecer o volume da demanda. Por exemplo, nos anos 90, quando meus coÌegas e eu simuìamos o uso global de água de 2000 a 2050, descobrimos que a necessidademundial aumentaria de 3.350km3 para 4.900 km3 se a renda e os preços perÍnanecessemos mesmos de 1998. Um quilômetro cúbico - km3 - de ágrra equivaÌe ao volume de 400 miì piscinas olímpicas. Mas a demanda aumentaria quase três vezes - para 9.25Okm3 - se a renda dos países mais pobres continuasse subindo até nÍveis equivaJentes à dos atuais países de renda média e se os governos dessespaísesnão adotassempoÌíti-
58 SCIENTIFI AM CERI CAN BRASI L
F O R M A SD E L I M I T A R O D E S P E R DíC IO Considerando a importância dos aspectos econômicos e da renda nos assuntos envoÌvendo água, está claro que poÌíticas de preço razoáveis, que promovam maior conseruação por parte dos usuários domésticos e industriais, merecem ser adotadas. No passado, o custo da água potáveÌ nos Estados Unidos e outras potências econômicas era baixo demais para encorajar usuários a economizar: como frequentemente acontece quando as pessoasexploram um recurso naturaÌ, poucas entre eÌas se preocupam com o desperdício se o bem for barato a ponto de parecer quase gratuito. EstabeÌecer preços mais aÌtos para a água onde for possíveÌ está, portanto, quase no topo da minha Ìista de prescrições. EÌa faz mais sentido em países desenvolüdos, particuÌarmente em grandes cidades e em áreas industriais, e também nos países em desenvolümento. Preços mais altos podem, por exemplo, promover a adoção de medidas como a utiÌização sistemática de água de reúso - também chamada de água cinza - para aplicações náo potáveis. Tâmbém podem encorajar agências de água a construir sistemas de recuperação e recicÌageÌÌÌ. Os preços mais altos também convenceram as municipalidades e outras instâncias a reduzir perdas, meÌhorando a manutenção dos sistemas de distribuição. Uma das principais consequências do preço muito baixo da água é que fundos insuflcientes são gerados para futuro desenvolümento e manutenção preventiva. En2OO2, o US GovemmentAccountabilifiz Office - órgão de auditoria do governo americano informou que muitas empresas de água e saneamento domésticas adiavam a manutenção da infraestrutura para que pudessem se manter dentro de seus orçamentos operacionais Ìimitados. Em vez de eútar grandes probÌemas detectando vazamentos desde cedo, eles geraìmente esperavam até o rompimento dos dutos para então consertá-Ios. O custo para reparar e modernizar a infraestrÌÌtura de água dos Estados Unidos e Canadá para reduzir perdas e assegurar a operação contÍnua, entretanto, será eÌevado.A empresa de consuÌtoria Booz AÌÌen HamiÌton projetou que os dois países precisarão gastar perto de USg 3,6 trilhões em seus sistemas de água atê2o33. Quando a meta é economizar água, outra estratégia-chave é voÌtar a atenção para os maiores consumidores. Essa abordagem coloca a agricuÌtura irrigada como aÌvo central: em comparação com quaÌquer outra atiüdâde individual a consenação na irrigação economizaria signiÍìcativamente a água doce. Para atender a necessidade mundiaÌ de alimentos em 2050 sem quaìquer avanço tecnológico nos métodos agrícoÌas
E S P E C IAL AM BIEN TE
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:iiillil Ìrrrgados os produtores rurais precisarão de um aumento também ajudaria a reduzir Ài" substancial na oferta de água para irrigação _ Âq ïf;r*h;ít! rìr^r dos 2.700 km3 }L,} , üLiHLJL{JIJÍI{} a demanda de água para em 2008 para 4,miÌ kmr _, segundo o estudo do ItrMI. irrigação. Investimentos Até mesmo um aumento modesto de l0% na eflciência da irri_ em novas variedades de t \,1r, gação economizaria mais água que a utiÌizada por todos os outros culturas capazes de toÌe_ usuários. Essa meta pode ser obtida inibindoìazamentos na in_ rar níveis menores de fra-estrutura de abastecimento de água e implementando arma_ água e secas, assim como zenamento de baixa perda de águ4 assim como uma aplicação água salobra e l-"rtrlt írrnrntn até mesmo mais eficiente nas plantações. rLJt{ í ãLU} saÌgada, também pode_ Um acordo entre fornecedores municipais de água no sul da riam reduzir a demanda CaÌifórnia e irrigadores próximos, no ImperiaÌ Irrigation District, hídrica para irrigação. iÌustra um esforço criativo de conservaçãà. grupo O municipaÌ pa_ Dado o aumento da de_ gou para revestir os canais de irrigação que vazâvrun com matemanda por produl.osagríco_ riais à prova d'âgua, e a água economizada é utilizada para as ne_ Ìas à medida que crescem as cessidadesmunicipais. popuÌações e a rend4 é im_ Uma abordagem adicionaÌ para poupar a água de irrigação en_ provável que os gestores de volve canaÌizar o volume necessárioposteriorÃente para as plan_ recursos hídricos possam tações em um reservatório subterrâneo durante o período sem reduzir signifi cativamente a pÌantio. Em grande parte do mundo o acúmuÌo de neve e precipi_ quantidade de água atualtações - e escoamentopara os rios _ atinge pico o nos perÍodos do mente voÌtada para irriga_ ano de não plantio, quando a demanda paraìrrigação é menor. A agrícoÌa. Mas melhorias ção tarefa fundamentaÌ para os gestores é transferirãgua do peúodo na eflciência desse sistema, de aÌtas reservas para a época de alta demanAa qïanoo os agri_ como no rendimento das cultores irrigam as plantaçoes. coÌheitas, podem ajudar a A soÌução mais comum é manter a água da superfície em re_ manter os aumentos em ní_ presas até o período de pÌantio, mas essaexposiçãoevapora gran_ veis razoáveis. de parte dessearmazenamento. O estoque subjerrâneo Ìimitaria a perda por evaporação.para essearmaìZenamento ser viáveÌ, os M A I S M E D I D A SA engenheiros precisam primeiro encontrar grandes reservatórios S E RT O M A D A S abaixo da superfÍcie, capazes de ser prontãmente recarregados Conter a demanda hídrica para irrigação em áreas áridas e semi por reseÌvas da superfÍcie e que possam devoÌver pronamente áridas, atendendo ao mesmo tempo as futuras necessidadesali_ seu conteúdo quando necessário. Esses ,,bancos de água,, estão mentares do mundo, é uma conquista que pode ser obtida com em operação no Arizon4 CaÌifórnia e outros o Ìocais. fornecimento de ,,águaürtual,, a esses Ìugares. O termo está rela_ Um uso mais extenso de sistemas de irrigação por goteja_ cionado à quantidade de mento, que minimiza o consumo ao permitir que a água se in_ Íìltre mais lentamente no solo, ou diretamente na área d.araiz. regiãosec4
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P O S SÍVEIS
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Cobrar Mais pela Ág,ro A águadocenos EstadosUnidose ouras oo_ tênciaseconômicas tradicionalmente tem valor tão baixogueosusuáriosdemonstËmpou@ incentivopameconomizar. poucaspessoas dão atenÉoa consen€rum bemqueparecequase gratuito- independentementeda importância quetenha.Preços mais altosestimulariam a conserva$oassim comoinvestimentoem infraestrutura hídrica quedesperdioe menos.
Consen-açãoda Agoa de Irrigação A irrigaçãoagrícolaconsomeimensasquan_ tidadesde água;uma reduçãode 10%nesses volumeseconomizaria maisdo queé usado por todosos demaisconsumidores. Eliminar os vazamentosno sistemade entregada âguaparairrigação,armazenaráguasubter_ râneaparalimitara evaporação, aplicarmé_ todosde irrigaçãopor gotejamentoe substi_ tuir as variedades de produtosplantadospor culturasque tolerammenorumidadepode_ ria resolveras difrculdades. Ao lado,a água do rio Coloradoflui em canalabertode irri_ gaçãonasfamosasplantaçõesdo lmperial Valleyda Califórnia.
À n r '/ . s C i a m . C O m . br
S C I E N T I F I C A M E RBI C RA AN S I5L9
s o L U Ç Õ E S P O S SÍv ErS
Conservação:Gota a Gota hzer pequenascoisasdeÍormaconsistenteao longodo tempo - se um númerosúcientedepessoas - podeajudararesolver participar os problemas globais.Aqui estãoalgumaspoucassugestões. . Adoteuma pilhadecomposugemem vezde usarumaunidade deeliminago de HXO napia. . Usesuamáquinade lavarroupaou lava.louçdealt.aefrciênciaem consumodeenergiaapenasquandoestiveremcheias. . lnsaledescaçadeduplofluxo(dualflux)novasosanitiário queusamenoságuapamresiduoslíquidosou um vasosaniüíriode baixofluxoe um sistemade reciclagem. . Usechuveirode baixofluxoe recuperea águado banho pararegarplantas. . Regueseugramadoao amanhecerou à noite,paraevitar perdaspor evapomção.
toque para produzi-Ios. PoÌtanto, os itens representam uma transferência de água ao local de destino, que passa a receber a chamada águavirtuaÌ. Anoção de águaúrrual pode iniciaÌmente soar como mero artifícìo contábiÌ, mas o fornecimento de produtos - e o conteúdo de água virtual dessesprodutos - está ajudando muitos paÍsessecosa evitar o uso de suas próprias reservas de água para cuÌtivo de produtos agrícolas, Ìiberando assim grandes quantidades para outras aplicações.O conceitode águaürtual e o comércio expandido também levaram à soÌução de muitas disputas internacionais provocadas pela escassez.A ìmportação de água virtuaÌ em produtos por parte da Jordânia reduziu a chancede um conflito com seuüzinho IsraeÌ. A magnitude do comércio gÌobal anual de água ürtuaÌ uÌtrapassa 800 biÌhões de m3 por ano, o equivaÌente ao voÌume de 10 rios Nilo. A liberaÌização do comércio de produtos agrÍ-
Envio de 'Agua Virtual"
i fdoção de Sanitários cle i Bairo Consumo de Água
Aáguavirtualé o volumenecessário paÊìpnoi duziralimentos ou outrcsbens,quedessaforma . estabasicamente inserida noshens.Um quìlode I trigg porexemplqexigecercademil litrosde i águaparaserproduzidqdeforma ! quecadaquilo'tontém"esse ' 3, volume.Aexporta$o de trigopar:a um paisárido âz comqueseushabitantenãotenhamde gastarágua produzindotrigq o quereduz .,ìl , a pressãosobre resenaslocais. '{:r i::;:*ii.:.+
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coias e a redução das barreiras tarifárias que atuaÌmente impedem o fluxo de aÌimentos signiflcariam um maior volume gÌobal de água virtuaÌ. Um verdadeiro livre-comércio agrícoÌa, por exempÌo, dobraria a atual entrega totaÌ anuaÌ de água ürtuaÌ para mais de 1,7trilhão de m3. Sejam quais forem os beneficios que o mundo possaobter com as transferências de ágrra úrtual, as populações das cidades em crescimento necessitamde água reaÌ para beber, assim como paxa higiene e saneamento. A demanda crescente por serviços urbanos de saneamentobaseadosem água pode ser reduzida com a adod.o de dispositivos secos ou de bai-xo uso de águ4 como sanitários ecológicos secos com sistemas de separação da urina. Essas tecnoÌogias desviam a urina para reúso na agricuÌtura e convertem os dejetos restantes no Ìocal em um composto orgãnico capaz de enriquecer o soÌo. Funcionando basicamente como piÌhas de compostagemdejardim essasunidadesempregam microrganismos aeróbicos para decompor as fezes humanas em uma substância não tóxica e rica em nutrientes. Os agricultores podem elplorar a matéria orgânica resuÌtante como fertilizante agrícola. Essas técnicaspodem ser usadasde forma segur4 mesmo em ambientes urbanos razoaveÌmente densos, como exempliflcado peÌas instaÌações do Projeto HabitacionaÌ Gebers, em um subúrbio de EstocoÌmo,e muitos outros projetos-piloto. Basicamente, engenheiros ciús podem empregar essa tecnologia para dissociar as reservas de água dos sistemas de saneamento, medida capaz de economizar quantidades signiflcativas de água doce caso seja mais amplamente adotada. AÌém disso, os dejetos recicÌados poderiam reduzir o uso de 3 fertilizantes derivados de combustíveis fósseis. E Além de conter a demanda por água doce, a abordagem oposta, de aumentar a oferta, será um componente crÍtico para a soÌução da escassezde água. Cerca de 3% de toda a água do pÌaneta é doce.A restante é salgada.Mas instrumentos de des- = E saÌinização podem expÌorar essaimensa fonte de água saÌgada. Uma recente redução substanciaÌ nos custos da tecnoÌogia de = dessaÌinizaçãomais eflciente em energia - sistemasde membra- =
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Serviçosde saneamentourbanoe suburòanoutilizammuitaágua, cercade 100km3emtodo mundo.Toaletesde baixousode águapodem ajudar.Os moradoresdo projetoHabitacionalGebers,no subúrbio de Estocolmqutilizamum sistemaque funcionacomo compostador de resíduosoçânicos.O sistemasepamo excrementoda urina, usadacomo fertilizanteagrícolaliquido,e o restanteé recicladoem fertilizantepor microrganismos em um caixade compostagem.Essatecnologiapodesersegura,mesmoem cidadese subúrbioscom elevada densidadeoooulacional. Urinatratada é usada comoíertilizante naagricultura. cheias, Quando ascaixas deexcremento sãotransportadas para locais decompostagem.
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na de osmose reversa - signiflca que muitas cidades costeiras podem agora dispor de novas fontes de água potável. Durante a osmose reversa a âgua salgada flui para a primeira de duas câmaras, que são separadas por uma membrana semipermeável. A segunda câmara contém água doce. Então, uma quantidade substanciaì de pressão é aplicada na câmara com a solução salina. Com o tempo, a pressão força as molécuÌas de água a atravessar a membrana para o lado de água doce. Os engenheiros conseguiram reduzir signiflcativamente os custos nessesprocessosaplicando uma série de melhorias incluindo membranas melhores para flltrar a água e que exigem menos pressão e, portanto, energia - e moduÌârização do sistema, o que faciÌita sua construção. Usinas de dessalinização de grande escala, usando a nova tecnologia mais econômica, foram construídas em Cingapura e em Thmpa Bay, Flórida. Cienüstas trabaÌham em flÌtros de osmose reversa compostos por nanotubos de carbono que oferecem maior eflciência na separaS.o e no potencial de reduzir o custo da dessalinizaúo em\Oo/o aücionais. Essatecnologiajá demonstrada em protóüpos, esú se aproximando rapidamente do uso comercial. Mas, apesar das melhorias na eflciência de energi4 a aplicabiìidade da osmose reversa é até certo ponto limitada peÌo fato de a tecnoÌogia ainda ser intensiva em energi4 de forma que a disponibiÌidade de energi4 a preço acessível, é importante para expandir signiflcativamente sua apÌicação.
1,5%do ProdutoInterno Bruto mundial anuaÌ,ou cercade USg 120per capit4 gastoaparentementerealizâvel InfeÌizmente,o investimento em infraestrutura hídrica como percentuaìdo produto interno bruto caiu pela metadena maioria dos paísesdesdeo flnaì dos anos 90. Se ocorrer uma crise de abastecimentono futuro proóximo não serápor falta de lcnou-how;eÌa ocorrerápor faÌta de üsão e pela não disposiçãode gastaro dinheiro necessário. Há, entretanto,pelo menos um motivo para otimismo: os paísesmais popuìososdo mundo e com as maioresnecessidadesde infraestruturahídrica Índia e China - sãoprecisamente aqueÌesque estãotendo um rápido crescimentoeconômico.A parte do globo que provavelmentecontinuará sofrendo com acessoinadequadoà âgta - aÁfrica com seu1 bilhão de habitantes - é a que menosgastaem infraestrutura hídrica e não podegastarmuito; é crucial,portanto,que os paÍsesmais ricos forneçammais fundospara auxiìiar o esforço. A comunidade internacionaì pode reduzir as chancesde uma crise globaÌ de água se dedicar sua mente coletiva ao desaflo.Não precisamosinventar novastecnologias;temos apenas de acelerara adoçãodas técnicasexistentespara conservar e ampliar as reservasde água. Resolvero problema da águanão seráfácil, mas podemoster sucessose começarmos imediatamentee nosmantivermosfocadosnisso.Casocontrário, grandeparte do mundo sofrerácom a sede. M
RETORNOPARA O I NVESTI M ENTO Sem nenhuma surpresa, impedir futura escassezde água signifi,ca, agora, gastar dinheiro - muito dinheiro. AnaÌistas da Booz AìÌen Hamilton estimaram que para fornecer a água necessária para todos os usos aIê 2030, o mundo precisaria investir até US$ 1 triìhão por ano na aplicação das tecnoÌogias disponíveis para conservação de água, em manutenção e substituição da infraestrutura e na construção de sistemas de saneamento. Este é certamente um número intimidante, mas talvez não tão grande quando coÌocado em perspectiva. A soma equivale a cerca de
,., WaterÍorfood,waterforlife:acomprehensiveassessmentofwatermanagementinagri,...cuhure (Londres) porDavid Ediado Molden. Earthscan e Intemational WaterManage(Glombo),2007. DisponÍvel emwwwiwmicAiar.org/Asesment .,;.:mentInstiMe r'. Theworldlwater200ó-2002 thebienniâl reportonfreshwater resources. PeterH. r , Gleick etal.lsland Press.200ó. .;r'r: Watercrisis: mythor reality? Editado porPeterP.Rogers, M.Ramón Llamas e Luis ,':,.Martinez-Cortina.Taylor & Fmncis,200ó. ,,' Balancing waterforhumans andnature: thenewapproach in ecohydrology. Malin ,,r.Falkenmark eiohanRoclctrõm. Earthscan Publications,2004.
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PARA C ON H E C E MA R IS
Exploraçáo de Tecnologia Avançada de Ilessalinização que977"daáguado mundoé salgada, Considerando novasusinas de dessaniliza$omaisbarataspoderiamexpandiras reservasde águadoceparaos centrospopulacionais costeiros.Basicamente, pressãoé aplicadaà águasalgada(esquerda) paraqueasmoléculas
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de águaatftìvessemuma menbranaseletiva,produzindoáguadoce do outro lado (direita). Apesarde o processode filtragemser intensivo em energia,membranasde novageração,técnicasde recupera$ode energiae outrasinovaçõespoderiamajudara economizarenergia.
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JoséGaliziaTundisiépresidente honorário epesquisador doInstituto Internacional deEcologia, deSão Grlos,SaoPaulo. Êcoordenador deprojeto mundial pamformação hídrìcos degerentes derecursos apoiado (lAP). peloInterAcademy Panel Éprofessor convidado -USP-São doInstituto deEstudos Avanpdos Carlos. publicados Tem300tr:abalhos eescreveu 25livros. E (ABO. membro titular daAcademia Brasileira deCiências
ÁGUAPARAO FUïURO INUMA *]t" i$*',t!,', ffiffiffiSffiffiffiffiW
Relatóriosdo PainelIntergoverÍìamentalsobreMudançasClimáticas (IPCC) apresentaminúmerosproblemasreferentesà quantidadee qualidadehídricas,resultadode mudançasglobais Por JoséGalizi,a Tundisi
ÁçueÉe BASE IARAAvIDANATERRA. Mantéma biodiversidade, impulsionae regulaosciclosbiogeoquímicos e é fundamentalpara o desenvolvimento e crescimentosustentaprocessos reÌativosà âSpaestãointerrelacionado dasatividadeshumanas.Todosos dose sãocomplexos,dinâmicose demandamconhecimentoe açõesmulti e interdiscipÌinares.A físic4 a química e a biologia das águas estão envolúdas de forma permanentee complexa;âgtJade baixa qualidadecomprometea saúdehumana e o desenvolvimento econômicoe social.Doençasde veiculaçãohídrica ainda sãocausa de morte de milhõesde pessoasacadaano;alémdisso,há perdaseconômicasresultantesde internacom doençasde origemem águacontaminadae de má quaÌidade. çõese hospitalizações
f ì 3ç Sâ 3 'ã 'ë i : $ ã ì A águaé fundamental parao desenvolvimento eco- Asmudanças climáticas devemalteraroscicloshinômico, problemas provocando e osprincipais dogerenciamentodrológicos, escassez deáguaouinundadosrecursos hídricos estãorelacionados à produção ções,.além de ameaçar a qualidade da água,com agrícola e energética. possível dedoenças deveiculação hídrica. aumento
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A aproximação daciência como gerenciamento da águae o aumento daconsistência dedados sobre os podem recursos hídricos imoulsionar ummonitoramentomaiscompleto daságuas.
SCIENTIF AIM CE R I C ABNR A S I6L3
Perdae fragmentação do hábÌtat mudanças
DAÁGUA DEINTERACÕES FTUXO
HÍDRICOS DO5RECURSOS INTERACÃO
apenas nãodepende natural Ëiiuãniã f À *ttentàbilid.ded. águacomorecurso ea com00 (llm,a naturals, masdeoutroscomponentes dasfonteshídricas, produção alimentos de a como homem, do à ativìdàde é rálacionados UËìivóiiiaaAã,
(alimento, dosecossistemas bens eserviços entievários Esouema 2.Lioacôes (mudanças deÍorça íunções produtos florestais) eouiras áqüa, biodiverídãde, climáticas)
O cicìohidrológico e a permanentecirculaçãoda águaentre a atmosfera,águade superficiee águassubterrâneas,sãocompletamenteinterligadose interdependentes. A águaé ütal para o desenvoìümentoeconômicode países, regiõese municípios.O quadrol resumeasprincipaisinterações dos recursoshídricos com outros componentesfundamentais paxaa sustentabilidade.E o quadro 2 caracleiza o fluxo de interaçõesque dependemfundamentaÌmenteda á8uapara sua dinâmica e funcionamento. Adistribuiçãodesigualdosvolumeshídricosde precipitaçãoe da evaporaçãoprovocabalançoshídricos diferenciadospor continente, em muitos casosgerandodesiguaÌdadesdeüdo à disponibilidade de águacom consequênciasna economiae na saúdeda população.A tabela abaixo mostra o baÌançohÍdrico por continente com asdiferençasde precipitação,evaporaçãoe drenagem'
onde pelo menos 50% da energia é de fonte hÍdrica, mas paÍses como os Estados Unidos, Rússia e muitos daÁfrica dependem de hidroeletricidade. As compÌexidades da produção hidroelétrica são já bem conhecidas; entretanto, a hidroeletricidade é ainda uma das formas "limpas" dessaprodução e, portanto, o gerenciamento da construção e implantação de hidroeÌétricas demanda novas tecnoÌogias e soÌuções criativas baseadas na interação de engenheiros, ecólogos,economistas,sociólogose pÌanejadores.
cLoBAls Ácul r MUDANçAS O relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) de 2007 apresentainúmeros problemas referentesà quantidade e qualidade da água como resultado das mudanças globais. Grandes alteraçõesno ciclo das
águas são esperadascom o aumento dos extremos hidrológicos e impactos nos processosecológicos, e ciclos biogeoquímicos, resultando em escassezde água em certas regiões, aumentando o NA ECONOMIA IMPACTOS passou de oito Um dosproblemasfundamentaisreferentesao melhorgerenciamen- número de desastrese inundações. Essafrequência hídricosestáligadoà importânciada âgtanaseco- eventospor ano entre 1900 e1"989 pata4O por ano enÏte7990
to dosrecursos
nomias de continentes, regiões e municípios. A, âgua virtual, ou seja, a âg:ua utllizada na produção, especialmente na agrícola, movimenta-seno planeta de tal forma que é alocada em diferentesregiõesdaquela onde estão as plantações, com um permanente fluxo dessevolume. Países com grande produção agrícola como Argentina, Brasil e Estados Unidos têm vantagens competitivas nessaprodução enquanto os recursos hídricos estiverem disponíveis. Com o 'aumento da população e do consumo per caplta e a necessidadede maior produção de alimentos, essâsvantagens competitivas podem ser efetivadasrapidamente. A agua é fundamental em muitos paÍses paxa a produção de energia. O clássico exempÌo de exploração hidroenergética é o Brasil, BRASI L AM ó 4 SCIENTIFI CERI CAN
ÁguassuperÍiciais- por continente Evaporação Precipitação (kms/ano} {kmi/anô} 5.320 8.290
Continente Europa
D-renSgem-* (kmr/ano} 2.970
32.200
r 8.100
14.100
África
22.300
17JA0
4.600
Américado Norte
18.300
10.r00
8.180
Américado Sul
28.400
16.200
12.200
7.080
4s7A
2. s10
2.310
0
2. 310
'r18.880
71.990
Ásia
Austrália/Oceania Antártida Área total em km2 dos
46.870
1993. Fonte:Shiklomanov, * Drcnagemínclui fluxospqro a ógua subterânea, bdcias continentaíse fluxosde gelo no Antáttida'
AM BIEN ÏE E S PEC IAL
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e 1998 nas Américas, provocando inúmeros impactos socioeconômicos com bilhões de dólares de prejuízo e milhares de mortes. Além dos impactos e instabilidades no ciclo hidroÌógico, há riscos à quaÌidade da águ4 p ossível aumento de doenças de veiculação hídrica e consequências para a saúde humana com perspectiva de rápido aumento de doenças como dengue e mâÌária em algumas regiões.
PoÌuição,contaminaçãoe eutroflzação(fenômenoprovocado por excessode nutrientes,compostosricos em fósforo ou nitrogênio, que estimuÌam a proliferaçãode microrganismos)de águas superflciaise subterrâneassãoresultadode inúmeras atividades humanas,especialmente despejode resíduosdomésticos, nãotratados, resíduosindustriais e agúcolase contaminaçãode águas atmosféricas.O conjunto de fontes pontuais e não pontuais em todas as regiõesdo planeta é enormee complexo:nitrogênio, fós-
DESI G U A L D A D E S
Problemas em Escala Global Os problemasrcferentesaosrecursoshídricosem escalaglobalpodemsersintetizadosno conjuntode situaçõesrcsultantesdo crescimento populacional,intensaurbanizaçãoe contaminaçãodos recursoshídricossuperfrciais e subterrâneos. Abaixoestãoas principaisdifrculdades:
. Aumentoda populaçãoe urbanização com intensapressão de usosmúltiplosdos recursoshídricose impactosna qualidadee quantidadede águassuperfrciais e subterrâneas. Com o aumento dosvolumesde águautilizadosocorreutambéma diversificação dos usosmúltiplosampliandoos impactose suasconsequências. . Aumentoda escassez qualidadedede águaem certasregiões, crescente da água,aumentoda polui$o eutrofrza$oe conumina$o. . lnÍraestrutum de baixaqualidadeou incompletaresultando em distribui@oinefrciente de águatmtada,aumentonoscustosdo tratamentoe perdasde até 40% na águatratada. . Riscos devidosàsmudançsglobais, afetandoqualidade e quantidadede águacom escassez e estresse de águaaumentandoem certas regiõese comprometendoo desenvolvimento e a saúdehumana. . É necessário ampliarem escalaglobala mobilizaçãopública no processode decisãoe desenvolver capacidade de informação objetiva,efrcienteparamelhomra educaçãosobrea água . A governançados recursoshídricosdeveser melhoradae o gerenciamento necessita de abordagenssistêmicas e novasperspectivas.
O gerenciamento da água,a ciênciadaságuase a polÍticadas águasestãocompletamenteseparados em muitospaísese regiões.O ciclohidrológico, queé indissociável, é gerenciadopor compartimentos:águasatmosféricas, águassuperfrciais e águassubtenâneas são administr:adas de Íormaindependente e,em muitoscasos,há diferenqueatendema essescompartimentos. tes legislações A abordagem necessária é a de Gerenciamento Integmdode Recursos Hídricos.
*s,c$5*{-sç**s Exemplos práticose bamtoscom rcla$o à contaminaSoda água: . Cientistas descobrimmqueo vibriãoda cólemsedesenvorve no tubo digestivode organismos do zooplâncton.Autilizaçãode umasimplesredede plânctonpanacobriro vasode coletade águautilizadopelasmulheresem Bangladesh reduziuemg5%oaincidência da cólem. . Da mesmaforma,uma doençaterrívele epidêmicaem muitos paísesda África, a Onchocerchiasg foi reduzidaem 90% utilizando-sea mesmasoluçãobaratae prática:redesparafiltrara águautilizada,o que eliminaas cercáriasque se desenvotvemna águade lagose riosdo continenteaÍricano. Muitasdessas soluções sãode baixocustoe aplica$oimediataetêm enormeimpactonasaúdehumanae naseconomias regionais e locais.
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SCIENTIFIC AMERICANBRASIL65
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foro, metaispesados,arsênico,substânciasorgânicascomo hormônios,antibióticos e pesticidas,aÌémde substânciastóxicasproduzidaspor cianobactérias,acumulam-sena água,sob forma dissolúda, particulad4 no sedimentoou ainda nos organismosatravés da rede alimentar e, portanto, atingem os sereshumanos e provocamdanosà saúde. Essesprocessosde interaçãodos contaminantescom a saúde humanaestãosendopesquisados, mas ainda há inúmerasquestões a responderreferentesa efeitoscrônicose agudos.Estudos epidemiológicosem grande profundidade e escalasão necessários para ampÌiar o conhecimentonessaárea.Não há dúüda, entretanto, de que contaminação,poÌuiçãoe eutroflzaçãosãotodas consequênciasdas atividadeshumanas e têm como resultado a deterioraçãoda quaìidadeda água em todos os continentes.Os custosdo tratamento de águapara produzir ágrrapotáveltêm aumentado consideravelmentedeüdo à complexidadee intensidade da contaminação.O aprofundamentoda pesquisacientíflca nessaárea é necessáriopara promover capacidadetecnológicae IIADOS CONSISTENTDSpAÌ.{ A PRESERVAÇÃO: Mais estudos e preditiva na soÌuçãodessesproblemas. informações sobre ecossistemasaquáticos e marinhos Comojá foi enfatizado,o gerenciamentode recursoshÍdricos é impulsionam políticas públicas de monitoramento da água. compartimentaÌizado,tornando-sepoucoeflciente.Durantetodo o século20 o gerenciamentoambienÌal e de recursoshídricos foi Esforços para ampliar a capacitação de gerentes vêm sendo local, setorial e de respostaa crises.Atendência atuaÌ é aumentax desenvolüdos por muitas instituições, mas especialmente a inia capacidadepreditiv4 promovero gerenciamentointegradodos ciativa do InterAcademy PaneÌ (IAP), que representa 100 acadeusosmúltiplos e do cicÌohidroÌógicoe atuar em nível de ecossiste- mias de ciências,é uma das importantes e novas ações. m4 no cÍÌsoa bacia hidrográflca.Essaé uma tendênciamundial Por outro lado, as questões de contaminação, impactos das que leva à descentraÌização na administraçãodos recursoshídri- mudanças gìobais e o papel da âgua na economia perrnanecem cos,aumentandoa capacidadede intervençõespositivase de par- como zonas de fronteira em que a pesquisa e o gerenciamento deticipaçãodosusuários,público, indústria, agricultorese poder pú- vem ser incentivados. Uma mudança na abordagem do problema bÌico (municipalidadese distritos). está em curso, ainda lenta, mas os esforços são positivos. SobretuEsseaumento de governabiÌidadetem resuìtadoem a4ôespo- do, não se deve considerar o probÌema global da água como uma sitivase de envergadurana gestãodos recursoshídricos em nÍvel Ìimitação para esta geração ou para este início de século. Água semundial, especiaÌmentena gestãodasbaciashidrográflcas,recu- gura em quanüdade suflciente piìra as futuras gerações dará conperaçãode rios e matas-galeriae tratamento de esgotos.Tâmbém dições de sustentabilidade com melhor quatidade de üda para a facilita o flnanciamentode projetos em microbaciase estimula a popula4ão humana e com menor risco. participaçãopopular nessesprojetos. ESTOQUES ESTRATÉGICOS
soLUçÕESPOSSíVE|S As estimativas da disponibilid adede âguadoce no Brasil oscilam As questõesglobaisreferentesà quantidadee qualidadeda âgua entre 12"/" e 16"/" dos estoques hídricos do planeta Terra. Isso estãorelativamentebem delineadase âtualmente- além dos inclui águassuperficiaise subterrâneas.Em duas grandesunidades inúmerosproblemas- há soluçõesa camiúo. A descentralização hidrográficas do Brasil - bacia Amazônica e do São Francisco da gestãodas águase o aumentodas informaçõessobrebacias concentra-se80% da produção hídrica total. Aqui, a inreração hidrográficastêm aumentado,e a sofisticaçãotecnológicacom equi- entre a variabilidade climática e a distribuição espacial e rempopamentosavançadose sondasmultiparamétricaspromoveinÍorma- ral da precipitação dependem de interações entre processos e consistentes. regionais e continentâis. çõesmaisdinâLrnicas A cobrançapelo uso da âgta e o princípio do poluidor-pagaNo Brasil, a concentração e atiúdades da população humana dor vêm apresentandoresultadossatisfatóriosem muitospaÍses. são desiguais. Enquanto na região amazônica cada habitante tem Osprogramasconjuntosde monitoramentoda ágrrana comuni- disponível 700 mil m3 por ano, no Sudeste essa oferta se reduz dade econômicaeuropei4 por exemplo,têm tido grandereper- para 2 miÌ me/ano. Essadistribuição desigual da disponibiÌidade cussãomundiaì na gestãoe na governabilidade.As tentativas e hídric4 da população humana e das atividades industriais, copropostásde aproximaçãoda ciênciadas águascom o gerencia- merciais e agrícolas, aÌém da urbanização crescente e em muitos mento e o aumentoda consistênciadosdadossobrecontamina- casosdesordenad4 tem produzido impactos econômicos, sociais aquáticose organismosprodu- e na saúdehumana. çãoe respostasdos ecossistemas zem efeitopositivona gestão,o que é.completadocom a particiÁgua é essencialpara o desenvolúmento econômico e para a paçãodo público,que tem impulsionadopoÌíticaspúbìicasem qualidade de üda da população. Água de boa qualidade tem efeimuitos países. tos importantes na saúde humana, diminui dramaticamente a óó S CI E NT A I FMER I C ICBARNA SIL
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aMAzôNra: região abriga uma das grandes bacias hidrogriíficas do Brasil; a outra fica na região do rio são Francisco. Juntas, concentram Bo% da produção hídrica total do país mortalidade infantil e os índices de internações e aumenur pro_ a dutMdade das pessoas no trabaÌho e no estudo. Assim, águas do_ ces superflciais e subterrâneas no BrasiÌ são recursos estratégicos de alta reÌevância com impactos econômicos, sociais e no desenvolümento nacionaÌ. Agestão dessesrecursos hídricos deve avan_ çar pua integïar a ciência das aguas, com a gestão integrada e a poìítica das águas, dando oportunidade para avanços conceituais e gerenciais de grande aìcance para a sociedade brasiÌeira e para o desenvolümento sustentável do país. As estratégias para a conservação e recuperação dos recursos hídricos no Brasil devem levar em conta a faÌta de água atuaÌ e fu_ tura em algumas regiões como o Nordeste; a escassezde água que caracteriza um desequilíbrio no abastecimento e na demanda; eo estresse que consiste em um conflito sobre usos competitivos. Ao considerar as estratégias para a conservação e recuperação de re_ . cursos hídricos, devem-se Ìevar em conta os problemas funda_ mentais referentes à disponibilidade/demanda/impactos: o desempenho daeconomi4 o aumento e aurbanização dapopulação humaÍÌa; a diversificação da demanda por usos múìtiplos e a ne_ cessidade urgente de suprir toda a popuÌação com água disponí_ vel e de boa quaÌidade, aÌém de saneamento básico. CARÊNCA DE INFRAESTRUTURA A Íalta de tratamento de esgotos no Brasil ainda é um dos grandes problemas que afetam a população de áreas urbanas e rurais. As populações periurbanas dos grandes centros metropolitanos sofrem de escassez, têm acessoreduzido e recebemágua de baixa qualidade e, além disso, pagam um preço maior por esseabastecimento. A água ürtuaÌ, aqueÌa utilizada especialmente na produção de alimentos no Brasil, tem importância estratégica atuaÌ e futu_ ra. Argentin4 BrasiÌ e Estados Unidos dispõem de grande vanta_ gem competitiva na produçã.o de alimentos deüdo à disponibiÌi_ dade de água. Em 2025 essavafitagem se acentuará deüdo à re_ dução da disponibilidade hídrica em algumas regiões do planet4 como em grande parte do continente africano. O Brasil tem van_ tâgem estratégica nesse sentido, e a conservação da água para www.sciam.com. br
produção agrícolacom tecnologiasadequa.das, menor consumo e tratamento de resíduoseficiente,com recupera4ãode bacias hidrográflcase mananciais,pode ser um fator decisivo na produçã.oagrÍcolado futuro. O invesümentode recursoseconômicosna recuperaçãode ba_ ciashidrográficase de mananciais,na reütalizaçãode represas e da redehídrica é essenciale estratégico,pois promovenovas alter_ nativaseconômicase sociaisem diferentesregiões,gerando traba_ lho e rendaa partir de benefÍciosresuÌtantesda águade boa quati_ dadecom sistemasaquáticoscontinentaisliwes de grandes dese_ quilíbrios e impactos.EssesinvestimentossãovuÌtosos, masessen_ ciaise urgentes.O volumede recursosnecessários impõea questão referenteao flnanciamentopúblico/privadodosinvestimentos eo acessoda popula4ãoa águade boaquaìidade.d : PARA C ON H E C E R IS MA penpeaives. J.G.Tundisi, nasessão conjunta da . Lonrerencra !!?:ly"ïl::y,..r:probtems.and rAp/tAL, Academia deciências daHoranda,30 dejaneiro de20bg. - coupling
surfaceand groundwaterresearch: a new stepÍorwardtowardswater . maTS.em,e.nt International Gnten íor innolation,reseaich, development .. andcapacitybuildingin,warermanagement. J.G.Tundisi, em lnteginiÁgrcienceandtechtn:o devetopment policies:an international perspective, capítulo15,págs. l?!oS!
163-170,OECD,2007. Expfonso dopotencialhidrelétrico daAmazônia J.G.Ìundisi, emRevrlç tade EstudosAvanpdos,USp, vot.Z1,n059,págs.109_117,2007. impacts,rdaptation andvutnerabitiry. tpCC 2002Grupode !I:f :|.* ?007: para o Painel Intergovemamentalde Mudanps cÍimáticas. ,Tl1lt]j:l9lt''luição uuartoretatóno. 5umário paraLegisladores. '.ti:,:l WaÍergovernance, watersecurity p.p.Rogen, andwatersustainability emWater ui_ s!s:yrlth,orrealìA, P P. R. Llamas e L. MartiíerCortúa (editores). Fun_ !og.en,f1. dación Marcelino Botín, Taylor & Francis,200ó. I AguasjocesnoBnsil:capitalecológim,usoeconservago.A.R.Rebougs,B.Braga Escrituras,200ó. 2:: eJ.G.Tundisi. rt Água noséculo2í: enÍrentando aescassez. J.G.Tundisi. RIMA/| 1E,2003. ?,,: Ecology:international^ecoslrstem assessment. E.Ayensu e outros,emScience, vol. ' 286,págs.685686,1999. :a:, :lt wor.l!freshwaÌerresources r.A shikromanov emwaterin cisis:a guide to the p.H.Gleick(edtor).pacifrc worllsfreshwater resources, ústituiefor Developmeni I ..:a:t, andSecuúly, 1993. L,:.4:;.lla:La.,::l/l:a::;at /1,r.".a.;/a:::.:,.,:.,; l::t/.::/.;att:.:1Zit:.::1;t:/::1;.:;.a:.//...r.,/.,.:,:
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agronegÓciobrasileiro gerou R$ 942 biÌhões em 2011,engÌo;:rrr:i!lti,. produção agropecuá. . bando desdea oferÌa de insumos para a ria ate a industializaúo e distribuição de bens produzidos,o que corresponde a22,74%doProduto Interno Bmto (PIB) nacional' O saldo da baiança comerciaÌ do agronegócio, ou seia, a diferença entre as e>,poftaçõese importações do setor foi de US$ 7251bilhões. O Brasil é o primeiro produtor mundiaÌ de açúcar, café e suco de Ìaranja; o segundo de soja, carne boüna e Ìaranja; e o segundo produtor mundial de soja e carne de frango; somos o terceiro produtor mundiaÌ de carne suína e o quafio cle miÌho e pufi-utas, segundo dados do Ministério da Fazenda e do USDA dos empregos no blicados em abriÌ deste ano. AÌém disso, 37ozo país estão diretamente associadosao agronegócio, segmento ütaÌ para a economia e sociedade.Problemas de desempenho no campo afetam diretamente outras atividades como indústria, serviços e comércio com impactos negativos nas áreas urbanas como desabastecimentoe elevaçãodos preços dos aÌimentos e insumos, além do agravamento de probÌemas sociais com impacto negativo na segurança,habitação e desemprego,entre outros'
Dentre os vários fatores responsáveispeÌo bom desempenho do agronegócio, condições cÌimáticas adequadas são fundamentais. As outras variáveis, como solo e tecnologia adotada, entre outras, podem ser pouco reÌevantes se os riscos cÌimáticos forem elevados.E essacaracterística é particularmente importante no Brasil, considerando a diversidade de cÌimas existentes, a quantidade de culturas adaptadas às condições ambientais e o fato de grande parte da produção nacionaÌ ser feita sob condições pouco controÌadas, com base na disponibilidade dos recursos naturais Ìocais. Um aspecto típico dos fenômenos meteoroÌógicos e cÌimáticos adversos no setor agropecuário, como secas,veranicos, chuvas intensas e geadas, é que eìes podem atingir áreas extensas, abrangendo mais de um estado, e comprometer desde a produção familiar até as atividades de grande pofte. Isso faz com que os prejuízos flnanceiros não apenas sejam elevados mas também impactem, como já ressaltamos,outros segmentos econômico-sociais.Em função disso há uma preocupação constante no campo, envolvendo variações mais drásticas de
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processos naturais como precipitações e temperaturas. Dependendo da intensidade e abrangência dos fenômenos meteorológicos e cÌimáticos os impactos podem comprometer profundamente a produção agropecuária, o que já aconteceu algumas vezesno Brasil. Por esseconjunto de fatores os cenários das mudanças cÌimáticas divuÌgados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigia em inglês) preocupam pafticuÌarmente o setor agrícola nacionaÌ. O Ìevantamento da.r,uÌnerabiÌidade da agropecuária nacionaÌ às mudanças climáticas é estratégico parâ permitir pÌanejamento voltado para os próximos anos. Sem esseconhecimento poderáhaver desencontros e perdas com enorrnes efeitos negativos, inclusive em escaÌaplanetári4 se for levado em conta o princípio de vasos comunicantes que carafieriza o mercado internacional de commodities no qual, neste momento, os aÌimentos mostram preços historicamente mais elevados e com tendência de alta no futuro imediato. c
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REFORMUL AçÃO DA CAFEI CULTURA A cuÌtura do café no BrasiÌ é um exempÌo clássico da graüdade dos impactos de um fenômeno meteoroÌógico adverso na economia de uma região: trata-se da geada severíssima ocorrida em 1975 na região SuÌ que reduziu a participação do estado do Paranâ na produção nacional de café de 4ïo/o, em 1975 (10,2 miÌhões de sacas), para insigniflcante 0,1%, em 1976 (3,8 mil sacas). A geada de 1975 no Paraná provocou um prejuízo estimado
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de USg 1bilhão - considerando o vaÌor de USg 100 por saca - associadoà perda de 500 miÌhões de pés de café, reduzindo o orçamento do estado em 2oo/o.Esse evento modiflcou profundamente a economia agrícola do Paraná, com a substituição da cafeicultura por Ìavouras mecanizadas de grãos e pastagens. Considerando que o Brasil tem uma participação de 30% na produção e exportação de café e é líder mundial nesse segmento, a situação da cafeicuÌtura nacional nos próximos anos é de enorme interesse não apenas nacional mas também internacional. As condições climáticas adequadas para o desenvoÌvimento cafeeiro a pleno soìjá foram identificadas e são bem conhecidas no Brasil. Os parâmetros ambientais utiìizados para deflnir se o clima de determinada regiã.oé de aÌto ou baixo risco para a produÉ.o do café sãa a temperatura média anual - média das temperaturas registradas durante um ano -, o risco de geadas - correspondendo à probabilidade de que a menor temperatura do ano seja igual ou inferior a 1oCno abrigo meteoroÌógico - e a deflciência hÍdrica anuaì. A existência de séries de dados históricos desses parâmetros am-
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Mapas de RiscoConsiderandoo Aumento da Temperúura Influência do clima na produção de café arábicano estado de MinasGerais Aolu.rn docaÉ noBnsilé umoemolo dásicoda gravidade fenômenos dosimpactos dos me,teorologicoe
Influência do climana produçã.o de milho noBrasil Risco climático alto Risco climático médio Risco climático baixo
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bientais,com pelo menos30 anosde dura4ão,para um número de localidadesbem dishibúdas espacialmenteem determinadaregião,tem üabilizado a elaboraçãode mapasde risco climático para o desenvolúmentodo setor cafeeironas principais regiõesprodutoras.Essesmapastêm sido uüÌizados no planejamentoagrícolae em progËunasoflciais de flnanciamentodo pÌantio e cultivo do café. A metodoÌogiapara deflnir o risco climático atual pode ser empregadapara simular essasituaçáo no futuro casoas temperaturase a quantidade de chuvassejammodiflcadasconformeas preüsõescontidasnos relatóriosdo IPCC.Outra hipótese consideradaé que as plantas de café, não se adaptem naturalmente às novas condiGEÁDAS E OUTR,OS FENÔMENOS meteorológicos e climríticos adversos çõescÌimáticas,ou sej4 consideram-seas mesmasplantasde caféexistentesatualmente.Simuagravadospelo aquecimento global ameaçam com prejuízos o segmento laçõescomo essasão de grande utilidade na deagropecurírio, área estratégica para a economia narional. terminação da mìnerabilidade da cafeicultura nacional a modiflcaçõesdo clima atual visando temperaturas elevadas. Aumentos da ordem de 3oC nas temorientar a pesquisaagrícolano setor naspróximasdécadas. peraturas médias eÌevam substancialmente o risco cÌimático Osmapasda pírytrna72apresentamo riscocÌimáücoparaa pro- para a produção do café arábica na metade suÌ de Minas Gedu$o do caféemMinas Gerais,considerandoo clima atuale eleva- rais, mas üabilizam a produção da espécie robusta. Situação çõesdatemperaturae da quantidadede chuvas.Assimulaçõescon- semelhante ocorre no estado de São Pauìo. siderarama tecnologiade produS.oe asplarrtasde caféatuais.ObEnquanto o café é uma cuÌtura tradicional e de grande imporserva-seque o risco climático crescesubstancialmenteem Minas tância econômica e social para as regiões situadas desde o norte Geraisà medidaque astemperaturasseelevamacimade loC,com do Paraná até Minas Gerais e Goiás, as fmtas de climatemperado redu@odotamanho dasáreasdebaixoriscoe migra4ãodelaspara como maç4 per4 ameixa e nectarina são reìevantespara a região regiõesde maior altitude no estado.No Paran4registra-seuma si- SuÌ do país. Um Ìevantamento semelhante ao feito para o café tua4ã.odiferente,com redu@odasáreascom risco de geadase au- constatou que o tamanho das áreas de aÌto risco climático para a mento das áreasde baixo risco,principalmentepara eleva4ões de produção das frutas de clima temperado (emtora aoermplhad,os 3oCdastemperaturas.Em todososcasossimuÌadossenotao desÌo- rn mnpa da pá,9. 74) poderít aumentar sensivelmente no sul do camentoda.sáÌ'easdebaixoriscoem direÉo àsregiõesquesãoatu- país com a elevação das temperaturas. A produção de frutas de aÌmentemais fi:iase de maior risco climático para a cafeicuÌtura- cÌimatropicaÌ, como mang4 banana e abacaxi, entretanto, podeNo Rio Grandedo Sul o alto riscocümáticoatual,deúdo à eÌevada rá tornar-se viáveÌ com a elevação das temperaturas. Nesse caso, probabilidadede ocorrênciade geadas,poderádecrescercom a eÌe- haveria uma condição favoráveÌ para a substituição da produção va$.o dastemperaturasemtomo de 3oCeüabüzar a produçã.odo de frutas mais adaptadas a regiões mais frias por ourras que se café na metadesuÌ do estado,nas fronteiras (pag. 74,ilustraçãn) desenvolvem bem em regiões mais quentes. com Uruguaie norte daArgentinaOutrapreocupa@o do agronegócio nacional em relaçã.oàs muDESLOCAMENTO DECULTURAS A eìevaçãodo risco climático nas áreasprodutorasde café,deúdo à elevaçãodas temperaturas,poderá ser contrabalanceada, ainda que parcialmente,peÌa reduçãodesserisco em áreas não produtoras. Isso se deve,principalmente, à variedadede condiçõesambientaisexistentesno Brasil.Mesmoassimé importante ressaltarque o deslocamentode áreas de plantio é uma situaçãocompÌexaquando se considerauma cultura como o café,devido à necessidadede um tempo maior de flxação no campo e de estabilidadedas condiçõesde produção para que o retorno econômicosejafavoráveÌ. A especiaÌizaçãodos agricultores e a infraestrutura existente nos Ìocaisde produçãotradicionais sãodiflculdadesadi: ç= cionais para a migraçãodo cultivo econômicode uma cuìtura perene.Uma alternativa que deve ser analisadaé a substituição dasculturas com maior risco climático por outras mais re3 sistentesa condiçõesambientais extremas,como temperaturas mais elevadas.No casodo café,a opçãopoderá ser a subs2 tituição da espécie arâbica peÌa robusta, mais resistente a e
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danças climáticas é com a produção de grã.os,pois a principal safra brasiÌeira é cultivada durante a estação chuvosa que dur4 normaÌmente, de outubro a m.Ìrço, na região Centro-Sul do país. O sucesso dessa safra depende diretamente da reguìaridade e quantidade de chuvas registradas nas regiões produtoras, como apontamos num levarÌtamento, feito apedido do Ministério dafuricuÌtur4 pecuária e Abastecimento (Mapa), que identiflcou os dois fatores responsáveis por 90% das perdas agrícolas elevadasregistradas até a primeira metade da década de 90: falta de chuva em fasescríticas das culturas - especialmente durarÌte a floração e o enchimento dos grãos - e excessode chuvas na coÌheitaOs mapas à direita da página 72 apresentam o risco climático para a produ@o de miìho elaborado a partir de condições médias de soÌo, tamanho de cicÌo e datade plantio utilizadas no Brasil. Observa-seredu@o das áreas commenor risco cÌimático àmedidaque as temperatwas aumentam, embora a situa4ão não seja tão críüca como a da soja (oer ScientiffcAmericanBrasil na 41, ozthtbro de 2OO5),qre ê o produto líder do agronegócio nacionaÌ. É importante ressaltar a existência de áreas com baixo risco climático na vizinhança da região Norte do país, indicando que pode ser grande a
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FRUTI CULTUR A
Mapas de RiscoConsiderandoo Aumento da Temperatura Influência do clima na produção de frutas na região sul do Brasil
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ediminuisodo detemperaturas doaumento nosulemíun@o ampliar-se entreoutras- deverá abacaxi, banana - manga, DECLIMATROpICAL DEFRUTAs A pRODUçAO doestadq porção meridional mais produção na de café pode a viabilizar no entanto, até 3"c, de temperaturas Ebú$o na região. ,ir.o a. g.àd.,queaindasãoÍrequentes e nortedaArgentina. comUruguai nasÍronteiras
raturas na produtividade das cuÌturas, e a avaliaçã.o de outras cuÌturas. O detalhamento das considerações discutidas neste artigo sã.o exempÌos de pesquisas que permitirão gerar informações estratégicas para orientar o desenvolümento do agronegócio nacional nos próximos anos. A incorporação de pesquisadores para atuar especiflcamenna área de mudanças cìimáticas, como vem sendo feita por te coNTRlBUIçÃo ot BIocoMBUSTíVEIS pesquis4 e a existência de recursos flAs atividades agropecuáriassão responsáveispor uma parcela aìgumas instituições de para essas necessidades são signiflcaüvada emissã.onacional dos gasesde efeito estufa'Mas nanceiros vo-Ìtados especialmente do agronegócio nacionaÌ que importância a mostram podem compensaxessasituação contribuindo para a redução reflexos de baÌança comertermos em tanto internacional, no contexto transdas emissõespeìa oferta de biocombustíveisno setor de parte do Brasil' por geopolítica crescente por importância cial como responsável é portes, por exemplo. O estado de São Pauto esconhecimentos de a obtenção pesquisas com acenam Essas produção mundial 25% da e etanol 60%da produçãonacional de recomene com nessaárea.Levantamentosindicam que acréscimosda ordem de tratégicos na identiflcação da wlnerabiìidade para a redução de impactos negativos e até 3oCmanterãoboa parte do estadocom baixo risco cìimático dações de adaptações para de condições favoráveis também ofereaproveitamento o para a cuÌtura de cana-de-a4úcar. a partir do aquecimento global. pela cÌimática mudança cidas estão aqui, Outras avaÌiaçõesde impactos,além das descritas do setor agrÍcola às mudanças climáde a.dapta@o Umaforma aprofunvisando pesquisadores brasiÌeiros sendorealizadaspor plantas resistentes a temperaturas de desenvolümento ticas é o nacioagrÍcoìa setor do vulnerabilidade da dar o conhecimento assim o impacto neganal a mudançascÌimáticas.É o caso,por exemplo,da incorpora- mais eÌevadas que as de hoje, minimizando peìa e migração das áreas provocado redução que pode ser desenvolümentotecnológico tivo
possibiÌidadede elaapresentarcondiçõespromissoras,mesmoem detemperatura.Issoaumentaainda maisa preocasode eÌeva4ões arnbientalnessaáreadevidoà manuconservação cupaçãocom a tenéo da pressãopara a expansãoda produçã.ode grãosa partir dela mesmocom a eÌevaçãodastemperaturas.
ção de projeçõessobre o futuro do da agricultura nacional com base na evoluçãoregistrada até o momento; utitização de preüsões de mudançasclimáücasmais detalhadasno espaçoe aolongo do tempo; cruzamentodoscenários de impactos com dados oflciais de produção e impacto do aumento das temperaturase da umidade na ocorrênciade pragas e doenças.Além disso, é preciso considerar o efeito do aumento da concentraçãodo dióxido de carbono(COr)e dastempe-
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atuais de baixo risco climáüco. P O T E N C I A LD A B I O D I V E R SDI A D E A biodiversidade brasiÌeira desempenha um papeÌ estratégico nesse caso, deüdo à enorme quantidade de materiais genéticos adaptados às diversas condições ambientais existentes no país que poderão ser utilizados para adequar as plantas atuais a um
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sas realizadas não estará perdido. Ao contrário, eìas serão úteis e aproveitáveis deüdo à variedade de condições ambientais brasileiras. Plantas resistentes a temperaturas elevadas, por exemplo, poderão ser de grande utilidade para ampìiar as opções de cuìtivo nas regiões que @acréscimo de5,8"Cna temperatura
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atuaÌmente apresentam risco cÌimático eÌevado deúdo à inexistência de determinado tipo de ma.ill::l .l.llit teriaÌ genético. t:::,t.ìi:.: O setor agrícoÌa é vuÌnei.at: li]l::l,l':l:] ráveì Èrsalteraçõesclimál.il:l]|ll]ill cas. Entretanto, a diversi::::i dade de cuÌturas adaptadas .'l::l:lt ambientais condições as :ti:i:':i: * existenl"es,sua biodiversi_. - ." - :È* ''.1|!i _,!" 1#, l ." -.:].-:i ---3:n ' dade e a quaÌidade da pesl:iì']i quisa agrícoÌa nacional se; . ' : s ' ' : ' ì . -L ' Ë ã q :::]:llil: rão fundamentais no de::l::,lì senvolvimento de técnicas .:,r: I,. .iI.. r:.:.r: ',',,:,l,,ril t:, :rìr:,..ì::::lll::.. de adaptação a essasaìterações ambientais. A área de pesquisa também pode colaborar para a redução da emissão dos gasesdo efeito estufa pela produção de biocombustíveis. Para concluìr esse conjunto de consideraçõesvale a pena ressaltar que, apesar das l'ulnerabiÌidades consideradas, a agricultura é uma das áreas que aparentam ter a maior e mais rápida capacidade de adaptação às mudanças cÌimáticas, em comparação a outros segmentos da economia. Para isso, no entanto, é indispensáveÌ que haia pÌanejamento e preparação adequados. Um setor estratégico como a agropecuária não pode ser surpreendido por situações adversas, sob pena do comprometimento de interessesütais para o país. M
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novo cÌima. Isso signiflca que a conservação dos recursos naturais será fundamentaÌ para assegurar o futuro da agricultura. Essetipo de tecnoÌogia de adaptação poderá ser de grande utilidade prática para reduzir os impactos negativos das mudanças climáticas, mas necessitará de um período de mais de uma década de investimentos e trabalhos ininterruptos para gerar resultados capazes de serem efetivamente utiÌizados no campo. Por essarazão há necessidade de um conhecimento consistente da r,rrÌnerabiÌidade do setor agrícola às mudanças cÌimáticas para que os investimentos e as ações a ser tomadas possam ser planejados deüdamente e permitam obter os resuÌtados preüstos no tempo adequado. As preúsões de mudanças cÌimáticas apresentadas peìo IPCC indicam que deverão manifestar-se gradativamente, ao ìongo das próximas décadas. Com isso os riscos inerentes à atiüdade agrícola também deverão ser intensiflcados ao Ìongo do tempo e poderão, dessa forma, diflcuÌtar a manutenção dos agropecuaristas em suas atividades. Um modo de eütar que isso venha a ocorrer é o apoio de um programa efetivo de seguro rural, que üabiÌize a continuidade da atividade produtiva do agricuìtor, mesmo após o insucesso de alguma safra provocado por um evento meteorológico ou cìimático extremo. A permanência dos agricultores no campo será útal para viabiÌizar a impìementação efetiva das técnicas de adaptação e a mitigação das mudanças climáticas desenvoÌvidas ao Ìongo do tempo. É conveniente acrescentar que, caso o clima não mude nos moÌdes preüstos pelo IPCC e se mantenha semelhante ao atuaÌ peìas próximas décadas, o conhecimento gerado pelas pesqui-
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MARMoRToÉrnaalrsrnt.l-rc MrsrrRroso:a regiãomaisbaixada Terra supostalocaliza$ode Sodomae Gomorr4prováveÌfontede águas curativase, apesarde seunome,um tesouroraro devida microbiana diversa.Masseudestinoé uma incerteza.Apósséculosde estabilidade- devidoaumdelicadoequiÌíbrioentreo suprimentodeágua docefornecidapelo rio Jordãoe a evaporaçãosobo sol impÌacáveÌ do OrienteMédio- o lagoestádesaparecendo.
Jordanianos a Ìeste, israeienses a oeste e sírios e Ìibaneses ao norte vêm ertraindo tantã. água doce da bacia hidrográflca do rio Jordão que quase nada mais alcança o mar. Israel e Jordânia também reüram com sião a agua do lago para expÌorar minerais vaÌiosos, acelerando seu declínio. MiÌhares de perfuraçòes se formaraJTÌno raslro desserecuo do mar. reduzindoo turismo e o desenvolümento ao longo das margens, porque ninguém pode prever onde o próximo sumidourc repentinamente se abrirá, com potenciaÌ para engolir prédios.esfradase pessoas. Preocupados com a perda de um vaÌÌoso recurso natural e culturaÌ, equipes de Israel, Jordânia e PaÌestina propuseram um enorme sistema de transporte
I O marMorto,a424metros abaixo donÍveldo mar,vem baixando seunível àmzão de1metro porano,poisaságuas queo abasteciam estão sendo paninigaço.Além usadas disso.a água
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que reabasteceria constantemente o mar Morto com água do mar Vermelho, ÌocaÌizado ao sul. Cientistas anaìisam como a misturâ dessaságuas pode afetar a química e a biologia do Ìago ou se o fluxo poderia tornarvermeìho o que hoje é turquesa. Políticos estudam se alguma das nações deseja flnanciar essa possibilidade de salvação de USg 10 bilhões, já que ambientaÌistas se opõem a esseprojeto faraônico. E os governos que têm o domÍnio de outros corpos salinos, incluindo o mar de AraÌ, o mar Cáspio e o Grande Lago SaÌgado,de Utah, se interessam por Ìições que possam apÌicar a seu próprio desenvoìümento futuro. Faça um passeio peÌo mar moribundo e conheça os esforçospara trazêìo de voÌta à úda.
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Rnsstrnn,ErçÃorossÍvnl o uen relrnÉu I'EMBATXANDo porque as empresas Dead SeaWorks de Israel e a Arab potash Company da Jordânia retiram água do norte por um canalvoltado para o sul; lá ela verte em enormeslagoasartiflciais em cascataonde costumava ser a parte stlJ(1, azul, e 2, aista mais próuima). A evaporaçãoconcentra minerais comobromo,magnésioe potássio,além de sais (3), extraídos pelas empresas.O ar acima da vasta região do lago contém alguns dos mais altos níveis de mercúrio oxidado no planeta, deüdo à aÌta concentraçãode bromo. Nas condiçõesatuais, o mar Morto poderá afundar a -550 metros até 220O. Esse recuo pode ser evitadopor 180km de canaise tubulações que transportariam água do mar Vermelho para o mar Morto. Com isso,fábricasdessalinizadoras ao Ìongo da tubulaçãoproduziriam 900 milhões de metros cúbicos de água doce por ano, a maior parte direcionada para o rio Jordão.Os restantes1,1miÌhão de metros cúbicos de água saÌobra seriam injetados no mar Morto. As usinashidrelétricaspoderiam expÌorar a queda de eìevaçãopelo caminho. Um estudo de viabilidade inicialmente estimado em USg 17milhõespelo BancoMundial estáem discussãocom resistênciade ambientalistas. Se construído,o transportador poderia estabiÌizar o níveÌdo mar em-4101-420 metrosatê2OSO. A saìmourada dessalinizaçáonáo seria um substitutoadequadoparaaâgtado rio Jordão. Essasalmourae a âg:uasalgadado mar podem se estratiflcar em camadas.Com a intervenção, pode haver crescimento de algas e bactérias, mudando a cor do mar de turquesa para avermelhado.Experimentosconduzidospor microbióÌogosem tanques sugeremque proliferação de algas é uma ameaçareal (4), mas os testes ainda não sãoconclusivosnem foram repetidos de forma independente. Salvaro mar Morto podecompensarpor diferentesrazões.BióÌogosdescobriramrecentemente uma novaforma de metabolismode certosmicrorganismosnas suaságuas.Cientistastambém transplantaram genesde um fungo Ìocal singular em uma cepa de leveduraque, posteriormente, mostrouforte resistênciaao estresse salino,assim comoao calore ao estresseoxidativo.O genetem potenciaÌpara ajudarpÌantaçõesa cresceremem solossalinoshojeimprópriosparao cultivo,o que poderia trazer segurançaaÌimentar milhões de pessoasque ocupam áreasde terras salgadasdo mundo inteiro. M
PARA C ON H E C E R IS MA Informações sobre o projeto dotransportador domarVermelho-marMorto podemser encontradas em www.íoeme.org e www.worldbank.org
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