Introdução
Primeiramente obrigado por seu interesse em baixar este documento. Ele faz parte do curso Psicólogo Empreendedor, e seu objetivo é apresentar a psicologia como um negócio inteligente, ético, e que pode ser altamente lucrativo. Se você por acaso decidir fazer o curso após a leitura, este módulo módulo já já terá oferecido a introdução necessária para um melhor aproveitamento. Mas mesmo que você não queira fazer o curso, o conhecimento aqui presente, sem dúvidas, será de grande utilidade e modificará a maneira como você enxerga sua profissão. Neste módulo introdutório, costumo dizer brincando que eu não vou ensinar nada. Nada mesmo.
Não vou te dizer aqui como fazer anúncios, montar seu consultório, escolher uma área de especialização, criar seus serviços, fazer postagens no Facebook ou sequer conquistar clientes/pacientes.
Ainda assim, aqui você obterá conhecimentos essenciais para que possa conduzir sua carreira de psicólogo de maneira muito mais bem sucedida. Meu convite agora é para trabalharmos o aspecto mais importante de toda a sua jornada rumo ao sucesso como psicólogo: Mind‐set é uma palavra da língua inglesa que poderia ser traduzida como “estado mental” ou estado de espírito, se preferir. Tem a ver com a forma como você percebe o mundo e se posiciona em relação aos acontecimentos ao seu redor. Neste caso específico, quando falo em mind‐set, me refiro à sua forma de enxergar a realidade contemporânea do mercado, percebendo a psicologia dentro dela e ampliando seu campo de visão.
Meu objetivo neste primeiro momento é bem claro: Apresentar à você a psicologia como um negócio. Mas não um negócio qualquer. E sim um negócio DO BEM, com estratégias claras, possibilidades maravilhosas, e claro, totalmente ético. A maneira como enxergo a psicologia ‐ e que vou compartilhar com você ao longo desta leitura, é como sendo uma profissão eminentemente voltada para o BEM‐ESTAR e o desenvolvimento das pessoas. E prego com veemência que a melhor forma de a psicologia promover este bem‐estar no mundo, é se formatando como um negócio arrojado e inteligente. Atenção para o que eu disse: Não é apenas um negócio. É necessariamente um negócio . Especialmente se você decidir fazer o curso, fundamental, pela seguinte razão:
é
Você precisa se sentir muito à vontade em mostrar seu trabalho para conseguir empreender de maneira efetiva e ter sucesso. Precisa sentir que está fazendo algo totalmente ético, honesto e justo. O tempo todo, a sensação tem que ser a de que você está agregando valor à vida das pessoas, e não forçando a barra para vender algo que elas não querem ou de que não precisem.
Nas próximas páginas, vou preparar seu estado mental para que você comece a pensar desde já desde já como um “empreendedor do conhecimento” e – principalmente ‐ para que você fique confortável com isso. Mas existe também um segundo motivo para começarmos o curso de maneira tão reflexiva, falando de mind‐set:
Acredite, mesmo depois de ter feito o curso, quando você você já já tiver entendido muito bem que a psicologia pode e DEVE ser um negócio, você enfrentará desafios ‐ com o perdão do trocadilho ‐ “psicológicos”.
É que em sua jornada pelo empreendedorismo e na construção de sua imagem, muitos colegas vão aparecer para criticar suas ações e iniciativas. Alguns serão mais educados, outros vão apenas fazer cara feia, mas haverá até quem te chame de mercenário. Outro dia, eu estava conversando com um psicólogo recém graduado que me disse estar sendo chamado de “prostituto” da psicologia, pelo simples fato de pregar abertamente que devemos divulgar nosso trabalho.
Nossa profissão, infelizmente, carrega até hoje um forte ranço de assistencialismo misturado com filantropia, que embora faça sentido em um contexto isolado, nos prejudica muito como profissionais. Por isso é tão importante começarmos com estas reflexões.
Neste módulo você vai não apenas reforçar suas convicções sobre os benefícios de se divulgar constantemente (e de cobrar por seus trabalhos), como também irá obter fundamentos para responder a quaisquer críticas que eventualmente venha a sofrer. A verdade é que poucas profissões sofrem tanto preconceito quanto a nossa. E o mais triste é que, por incrível que pareça, grande parte dele vem dos próprios psicólogos. Acabar com estes preconceitos e apresentar uma forma completamente nova de enxergar a psicologia, estão entre os objetivos desta primeira parte. Agora vejamos os tópicos dos quais trataremos nas próximas páginas:
Se estiver pronto, vamos começar agora mesmo!
1.1 A formação dos psicólogos e suas falhas Você já sentiu isso? Aquela sensação de saber muita coisa e, mesmo assim, não saber ao certo por onde começar a agir? Você não sabe exatamente o quê, mas sente que falta alguma coisa. Sente que existe alguma desconexão, alguma lacuna que não foi preenchida. Apenas não consegue identificar aonde está o problema. Você sente que tem conhecimento o suficiente para mudar a vida das pessoas, de comunidades inteiras, talvez até mesmo do mundo.
Foram anos fazendo faculdade de psicologia. Você estudou sobre como os seres humanos vivem, interagem e pensam. Teorias diversas e práticas orientadas fizeram parte de sua realidade. Você até chegou a ajudar pessoas com seu conhecimento em alguns momentos nos atendimentos supervisionados. Conseguiu inclusive entender e vislumbrar de que forma poderia contribuir para melhorar as organizações e empresas através do trabalho com as pessoas. Você se dedicou, se aprofundou, tornou‐se um cientista do comportamento humano, conhecedor dos complexos mecanismos por trás da forma como as pessoas sentem e agem. Mas mesmo assim, neste exato momento, é bem possível que VOCÊ não saiba como se comportar para fazer as coisas acontecerem. Aí você pensa: •
Então você começa a se sentir mal. Começa a pensar que talvez possa fazer um concurso público para ter "estabilidade”, mesmo que isso nunca tenha sido um sonho seu. Pergunta‐se de que forma começaram aqueles que conseguiram se dar bem. Sente o peito apertar e é tomado por um misto de insegurança e esperança.
Você sabe que seu conhecimento é algo que pode ter enorme valor para as pessoas. E sente que, de alguma forma, encontrará o caminho para que tudo flua. Afinal, se muitos conseguiram, por que LOGO VOCÊ não iria conseguir? Mas será mesmo? Será que tantos assim conseguiram? Então você pensa na maioria dos psicólogos que conhece, e se pergunta: Eles estão realmente tendo sucesso em suas carreiras? Estão todos felizes com o caminho que escolheram? Estão conseguindo viver bem, financeiramente, com a escolha profissional que fizeram?
A descrição acima talvez não bata muito com sua realidade. Mas sem dúvidas bate com a realidade de muitos psicólogos, e ilustra muito bem o que eu senti quando me graduei em psicologia, no ano de 2003.
Na verdade, nem precisei me graduar para sentir este medo e insegurança. Nos últimos anos como estudante eu já me inquietava com a coisa toda. Você sabe como é. Depois da colação de grau você não está mais de férias. Está desempregado. (Apesar de que, como você vai ver, minha preferência é mesmo por não ter um emprego).
A questão toda é que, trocando em miúdos e sendo bem claro: A maioria dos psicólogos que atua por conta própria vive mal financeiramente, e grande parte abandona a profissão precocemente por não conseguir sequer sobreviver com ela.
Passamos um bom tempo estudando grandes homens e mulheres; pessoas inteligentíssimas que contribuíram com o avanço do conhecimento sobre “as dores de existir”, que decifraram alguns dos complexos enigmas do comportamento e até interpretaram sonhos para chegar aos mistérios do inconsciente. Então, milhares de nós se formam espelhando‐se nestas pessoas, e o máximo que conseguem – dando graças aos céus ‐ é uma vaga no programa de assistência social da prefeitura para ganhar pouco mais de três salários mínimos.
Passei cinco anos em uma faculdade de psicologia, e neste tempo todo não me foi dito uma única vez, que se eu quisesse realmente ter sucesso, precisaria desenvolver uma série de competências que vão MUITO ALÉM do meu conhecimento em psicologia. E estou falando de sucesso no sentido mais amplo da palavra. Não só me sentir realizado, mas também poder ter com a receita gerada pela profissão. Nunca tive uma matéria que fosse, sobre como organizar e vender os diversos serviços que eu poderia oferecer. Nem mesmo alguma dica sobre como montar um simples consultório, caso quisesse atuar na clínica.
Confesso que, mesmo depois de formado, eu ainda não entendia a gravidade da situação em que me encontrava. Só me dei conta do quanto a coisa é feia quando fui ao shopping comprar uma calça jeans nova, e uma das vendedoras que me atendeu era uma colega da faculdade que havia se formado antes de mim. O que ela disse? “Ah, desisti da profissão, talvez eu volte um dia”. Não me julgue mal.
Acredito que TODO trabalho é digno. Ser vendedor em um shopping é um trabalho que exige habilidades bem claras e distintas. A questão não é esta. A questão é que muitos psicólogos abandonam profissão por falta de habilidades empreendedoras, e não porque desejaram. Não porque sonharam com outra carreira! Ora, a psicologia é uma ciência – embora haja quem discorde disso – e é também uma profissão. A maioria das pessoas que se graduou em psicologia PAGOU para receber um tipo conhecimento, que supostamente seria usado para estabelecer uma carreira de sucesso. Claro que existem aqueles que fizeram o curso só por curiosidade ou por que tem dinheiro e tempo sobrando. Mas estes são exceções. A maior parte quer uma carreira. E uma carreira de sucesso. Ninguém faz faculdade pensando que vai ser um fracasso ou apenas “mais um” na multidão. Ah, e se você estudou – ou estuda ‐ em universidade pública, sem pagar mensalidade, parabéns. Seu curso foi pago por mim, por você mesmo e por todas as pessoas que você consegue ver agora ao seu redor. Somos chamados de contribuintes.
A não ser que você tenha feito o curso, como eu disse acima, por curiosidade científica, para se divertir, ou por que não tinha mais nada para fazer mesmo, suponho que você deseja viver da psicologia.
Só que para conseguir viver bem com a psicologia ‐ sem depender de um concurso ou de um emprego ‐ é preciso entender de muito mais do que apenas psicologia. Objetivamente falando, você precisa saber como transformá‐la em um negócio. E é aqui que está a maior falha na formação dos psicólogos. Uma falha que se reflete mais fortemente na realidade daqueles que querem abrir suas clínicas e consultorias, ao invés de fazer concurso ou vender sua capacidade de trabalho para os outros. Não existem matérias que preparem os alunos para fazerem negócios com o conhecimento que obtiveram. Absolutamente nada que os mostre como se articular no mercado e conquistar clientes.
Então, o que ocorre é uma espécie de ruptura. Uma falta de encaixe. A pessoa se forma com muito conhecimento na cabeça, mas sem saber exatamente o que fazer com aquilo. A psicologia é ensinada na maioria das faculdades praticamente como se fosse uma "ciência pura", sem que sejam considerados os aspectos contextuais de mercado no qual ela se insere como profissão.
A grade curricular de nossos cursos de formação deveria contemplar pelo menos algumas matérias voltadas ao aspecto mercadológico da profissão.
• Como definir seu posicionamento no mercado: Fundamental para você conseguir se diferenciar. Criar um posicionamento é definir a forma como você será visto pelos outros, deixando claro o valor que você oferece. • Como construir uma imagem sólida através de marketing: Sua ciência é a psicologia, mas se quiser sobreviver como profissional liberal, entenda que você está no negócio de marketing. Como é possível que você passe cinco anos em um curso e não tenha ao menos uma matéria sobre como vender seus serviços? É filantropia? • Como constituir uma empresa de consultoria com outros colegas: Custa levar um contador para dar UMA aula pro pessoal sobre como abrir uma empresa? Custa explicar alguns aspectos legais básicos, que vão facilitar MUITO sua vida? Custa fazer e distribuir um manual com orientações básicas? • Como captar e fidelizar clientes SEM SER antiético: Na cultura que transmitem na faculdade, a expressão "captar clientes" parece algo quase demoníaco. Não se fala em mercado consumidor para os serviços, não se discute estratégias, possibilidades, modelos de negócio. • Como fazer a gestão financeira de sua vida profissional: Pode parecer algo bobo, mas não é. No Brasil, não temos uma cultura de educação financeira, e se
graduar e começar a atuar profissionalmente sem esta noção é algo que atrasa muito nossas vidas. Estes são apenas alguns pontos importantes, mas que fariam muita diferença na capacidade dos psicólogos se estabelecerem e terem sucesso.
Sim. É de psicologia. Mas não só como uma ciência. O curso é ensinado como uma profissão. E como tal, deveria ter uma conexão CLARA com o mercado de trabalho. Saber tudo sobre psicologia, sem conhecer coisa alguma sobre negócios, não vai te ajudar muito se quiser atuar por conta própria. Você até pode tentar engrenar. Mas vai dar trancos, fazer manobras imprecisas, bater pelo meio do caminho e talvez, quem sabe ‐ como muitos fazem ‐ desistir. O mais irônico, é que o ensino do tipo de conhecimento mostrado acima poderia ser feito com UMA MATÉRIA por semestre ao longo do curso. E nem precisaria ser uma matéria com carga horária pesada. Diante da complexidade dos fenômenos que estudamos no curso de psicologia, são conceitos simples de serem apreendidos e colocados em prática. Acredite em mim, é preciso muito mais energia e raciocínio para entender meia página de Lacan, Freud, Rogers ou Skinner, do que para aprender como fazer um bom marketing de seu trabalho. Ainda assim, as pessoas não só NÃO APRENDEM isto na faculdade de psicologia, como também não fazem ideia de que isto é determinante para suas carreiras. Algumas, para meu horror, acham que fazer marketing é antiético. O resultado?
Mas ao mesmo tempo, há boas notícias.
Diante das dificuldades que têm enfrentado, os próprios psicólogos já estão tomando consciência da lacuna que existe e começando a fazer questionamentos pertinentes, do tipo: • Como atrair os primeiros clientes? • Como me tornar conhecido? • Como faço para abrir uma consultoria? • Devo criar um site? Se sim, como faço isso? • Por que não estou conseguindo atrair clientela? • O mercado está saturado? Este tipo de pergunta é totalmente pertinente. Ainda assim, não se encontra respostas objetivas para elas dentro de muitas universidades ou mesmo nos conselhos regionais. É como se te dessem o conhecimento e te soltassem no mundo. Você que se vire para descobrir como construir sua reputação e vender seus serviços. Um destino injusto, não acha?
Como? Dedicando‐se ao máximo durante este curso, que foi preparado justamente para preencher as lacunas deixadas pela faculdade. O que será compartilhado com você ao longo dos próximos módulos é um conjunto amplo de conhecimentos, habilidades e atitudes que podem modificar completamente seu futuro profissional. Você vai aprender a se posicionar no mercado, a escrever artigos para se tornar conhecido, a estabelecer seu nome como uma autoridade em sua área de conhecimento e a gerir sua carreira de forma segura e independente. Vai finalmente parar de se sentir perdido e enxergar um caminho claro para colocar em prática todo o conhecimento que obteve na faculdade.
Então ficamos assim. Neste primeiro tópico espero que você tenha compreendido um pouco melhor a razão de tantos psicólogos enfrentarem dificuldades absurdas no mercado. Entender isso pode parecer desnecessário do ponto de vista funcional, mas acredite em mim, é uma contextualização importante para que você compreenda a realidade na qual está inserido. Agora vamos para o segundo tópico, aprofundar um pouco aquela ideia da qual falei lá em cima:
1.2 A Psicologia como um negócio No fim dos anos 1990, a APA (American Psychological Association), órgão de classe máximo da psicologia na América do Norte, fez uma pesquisa interessante que tinha como objetivo descobrir se os norte‐americanos sabiam o que os psicólogos realmente faziam. Como resultado, descobriram o que já parecia previsível: O nome da matéria: “A mensagem da Psicologia está sendo ouvida: Campanhas de marketing social tornam os norte‐americanos conscientes sobre as muitas maneiras como a psicologia pode melhorar suas vidas”. Pois bem. A partir desta descoberta, a APA organizou‐se em um grande programa chamado “Expandindo o papel dos psicólogos: Influência e valor através do marketing social”. Na prática, começaram a promover uma contínua campanha de educação e marketing por todo o país com o objetivo de mostrar às pessoas o que um psicólogo pode trazer de benefício para a vida delas. E o mais interessante: nada de imagens de pessoas angustiadas, doentes ou sofrendo. (Como é comum vermos em relação à psicologia). Igualmente, nada de referência exagerada à doenças, ansiedades, patologias e etc. Tudo feito em clima de bem‐estar, com muito bom humor e com no foco no que as pessoas poderiam melhorar em suas vidas a partir do uso dos serviços dos psicólogos.
Não encontrei pesquisas do tipo por aqui, mas minha vivência e convivência com outros psicólogos ‐ e minha observação de campo ‐ me dizem que nossa situação não é muito diferente da norte americana no fim dos anos 1990.
Muito simples: As pessoas por aqui não sabem o que fazemos. Algumas certamente tem ideias bizarras a respeito de nosso papel.
Segundo minha teoria, existem pelo menos dois grandes problemas com a psicologia no Brasil hoje. O primeiro deles está relacionado à falta de habilidades de mercado, ocasionada por uma formação alienada e incompleta, como abordei no tópico anterior. O segundo, e talvez o mais difícil de ser corrigido, é a forma como o trabalho do psicólogo em geral é percebido, e que defino aqui a partir da expressão “posicionamento de mercado da profissão”. Atenção, não estou falando neste momento de nicho de mercado e posicionamento individual, que são conceitos a serem tratados mais à frente no curso. Estou falando da forma como as pessoas lá fora enxergam a “profissão psicologia”. Afinal, por que as pessoas têm tanta resistência ao nosso trabalho?
Vamos entender isso melhor: Você sabe o que os nobres do século de 18 e as latas de lixo de sua casa tem em comum?
Por mais absurdo que pareça, tomar banho há cerca de duzentos anos era um evento considerado, digamos, especial. O palácio de Versalhes na França, aquela obra prima da arquitetura, fedia. Como não tinham banheiro ou sequer a noção de limpeza que temos hoje, as “necessidades” de sua majestade e da corte eram feitas nos jardins e corredores. Por mais bizarro que isto pareça na atualidade, o palácio foi projetado sem banheiros ou qualquer coisa parecida.
A nojeira era tanta que nas cidades o sujeito fazia xixi no penico, se achegava à janela e gritava “vai água”, para avisar à quem estivesse passando embaixo de que lá ia a água, mesmo que amarelada.
Você pode alegar que é por que não havia a estrutura que temos hoje. Atualmente basta abrir o chuveiro ou dar a descarga que a coisa se resolve. Mas não. Não era exatamente por isso. A imundície não era a consequência da falta de estrutura. Pelo contrário. A cultura da imundície é que fazia com que as pessoas não procurassem meios para facilitar sua limpeza. As pessoas não haviam atentado para a importância do asseio. Ser daquele jeito era natural, assim como já foi natural andar pelado no meio da selva. (No sul do Brasil isso voltou a ficar normal de uns tempos pra cá.)
Com o avanço das ciências, da educação, e com um melhor entendimento sobre várias doenças, as pessoas começaram a perceber que o cheirinho bom não é o único benefício da limpeza. O maior deles, na verdade, é a saúde. Enfim o que este caso todo tem a ver com a forma como a psicologia é vista hoje? Tudo. Deixa eu te fazer uma pergunta: Você já visitou seu dentista este ano? E seu médico? Já foi? Se você é mulher e passou dos 40 anos, está fazendo a mamografia? Como vai a próstata meu amigo? Mensagens sobre os cuidados com a saúde física são absurdamente comuns hoje na TV, no rádio e em diversos meios de mídia. Existe até o que se chama de indústria do bem‐estar, conhecida mundialmente como Wellness, que movimenta bilhões através da venda de produtos e serviços que trazem bem‐estar às pessoas.
Ande pelas ruas e você verá imagens de pessoas saudáveis e sorridentes nos outdoors e panfletos. As academias cheias, as praças lotadas, o povo malhando. O quadro é simples: Hoje em dia um monte de gente leva a sério a saúde do corpo. E é ótimo que as pessoas se comportem assim. Mas e a saúde emocional? Por que as pessoas não cuidam dela? Você não tem visto as inúmeras propagandas feitas pelos psicoterapeutas e conselhos de psicologia, informando os benefícios de se cuidar de sua saúde emocional?
E o motivo de não existirem é a crença ABSURDA de que psicólogo é coisa pra gente doente e em sofrimento. É interessante pensar como a indústria do bem‐estar jamais chegou a atingir a psicologia. Como eu disse, basta andar pelas ruas e você verá outdoors, panfletos, cartazes e uma enorme quantidade de informações dizendo pra você cuidar do seu corpo. E sobre sua psiquê, suas emoções, seu comportamento. O motivo? Cultura. A maneira como a psicologia é percebida hoje, pela sociedade e pelos próprios psicólogos, é algo que faz lembrar o que pensavam dos banhos no século 18. Para fazer o sujeito entrar dentro d’água e se higienizar, era preciso que a coisa ficasse preta, literalmente. Somente quando o corpo quase começava a apodrecer é que se recomendava um banho. Alguma semelhança com as pessoas que só procuram um terapeuta quando a situação já saiu do controle, a cobra já fumou e a vaca já foi pro brejo? A principal barreira para que os psicólogos ganhem mercado é exatamente a maneira como a psicologia é vista pela população. A percepção que se tem é de que um terapeuta só deve ser procurado quando alguém vai de mal a pior. Para entender melhor, vamos tomar o exemplo de um profissional de educação física, que também trabalha com saúde.
Qualquer egresso do curso de educação física pode escolher atuar como personal trainer e ostensivamente fazer publicidade disso. Ele pode criar um site, fazer cartões, parceria com academias, e falar ABERTAMENTE sobre os benefícios de seu trabalho.
É uma constatação simples. A sociedade hoje ENTENDE que cuidar da saúde do corpo é essencial. Assim como entendeu, há um bom tempo, que o banho e demais práticas sanitárias são aspectos fundamentais para a vida. Mas voltemos ao raciocínio: Quando o educador físico tenta para os enormes benefícios de se cuidar da saúde física, ninguém, em hipótese alguma, julga que ele está tentando fazer algo antiético.
Tenho um conhecido que é terapeuta clínico. Não vai lá muito bem com seu consultório, mas NEGA‐SE terminantemente a fazer propaganda e marketing. Se disser a ele que deve prospectar clientes, fica quase ofendido. A razão? “É uma questão de ética, o que eu ofereço é uma coisa muito séria”! Concordo. E por isso mesmo ele deveria se certificar de mostrar o serviço para o maior número de pessoas possível. É um cara brilhante, que tem o poder de mudar a vida das pessoas para melhor, mas que por alguma razão misteriosa acha que seria algo ANTIÉTICO mostrar isto a elas. É o fim da picada. Enquanto tivermos profissionais pensando desta forma, será muito complicado mudar o quadro geral de nossa profissão e transformar a maneira como a sociedade nos vê. A psicologia precisa perder a pecha de ciência voltada para gente doente e se posicionar como uma alternativa de crescimento. Mais objetivamente falando, como:
Escrevo esta parte com muito cuidado, pois o objetivo deste curso não é pregar a disseminação de qualquer abordagem específica na psicologia. No entanto, considero relevante dizer que um movimento mais recente dentro dela tem se prestado a desenvolver instrumentos bastante adequados à sua popularização entre pessoas que não sofram de qualquer patologia ou problema psicológico. Aliás, você já parou para se perguntar a razão de a psicologia se focar tanto em patologias ou estados considerados “não normais’? Talvez você nem tenha pensado sobre isso, de tão natural que a coisa se tornou. Mas segundo , um dos criadores da chamada psicologia positiva, durante muito tempo nossa ciência teve três focos principais: 1 ‐ Curar as doenças mentais 2 ‐ Tornar a vida das pessoas mais produtiva e com mais sentido 3 ‐ Identificar e desenvolver grandes talentos Assim foi até o fim da segunda guerra mundial, quando a atenção começou a se voltar fortemente para os diversos transtornos causados em milhares de pessoas que presenciaram os horrores do campo de batalha. Nesta época, com o propósito de ajudar a estas pessoas e suas famílias, a psicologia passou a se voltar quase que totalmente para o objetivo número um. Sob vários aspectos isto foi benéfico. Em função das pesquisas e tratamentos, houve um enorme avanço no que diz respeito ao campo das doenças mentais. Ainda segundo Seligman, devido a este foco excessivo nas patologias, pelo menos 14 distúrbios mentais até então considerados intratáveis, foram adequadamente identificados nos últimos anos e contam hoje com tratamentos que, em alguns casos, conduzem a um quadro de cura.
O problema todo é que os outros dois objetivos da psicologia foram quase totalmente esquecidos depois dos anos 1950, e infelizmente permanecem assim até hoje.
Apenas no meio dos anos 1990, psicólogos como Seligman e Bandura começaram novamente a chamar a atenção para o fato de que a psicologia é uma ciência – e uma prática – que deve proporcionar, obrigatoriamente, o desenvolvimento humano. Não apenas a prevenção e tratamento de problemas psíquicos. E sim a potencialização dos aspectos positivos de cada ser humano. É uma visão da psicologia que busca resgatar sua antiga missão de trabalhar com o que há de melhor no ser humano, e não apenas com suas mazelas. Claro que o viés do tratamento de patologias e inadequações é válido e necessário. Mas este viés não pode dominar o cenário por completo, se não acontece o que vemos hoje, a psicologia associada fortemente à loucura e demência.
Estou fazendo referência à ela para reforçar um ponto central de todo o meu discurso: Nós trabalhamos com saúde psíquica e emocional. Tenha você a abordagem que tiver, é possível se focar em trabalhar e desenvolver os aspectos positivos das pessoas. De certa forma, isto já é o que fazemos, mas geralmente partindo do pressuposto de que algum desajuste precisa estar presente.
Para que a psicologia possa se estabelecer verdadeiramente como um negócio, devemos entender que as pessoas não precisam estar mal para nos procurar. Tudo que elas precisam é de um desejo legítimo de desenvolver o que há de melhor em si mesmas. Estou falando aqui de saúde da maneira mais positiva possível. Não dá simples ausência de doenças ou tratamento de angustias e ansiedades. Minha visão é de que, num futuro próximo, as pessoas vão consumir os serviços de psicólogos como “consomem” hoje vários serviços da área da saúde. Eu vou muito bem, obrigado. Mas quero contratar um psicólogo para melhorar a forma como lido com minhas emoções. Para melhorar meu relacionamento com
minha esposa/esposo. Para conhecer mais sobre minha saúde emocional e me cuidar de maneira mais inteligente.
Na falta de uma analogia melhor, coloco desta forma:
Este é o caminho para que possamos fazer negócios, é também o caminho para uma sociedade mais saudável emocionalmente, e é esta visão que convido você a conhecer. A psicologia como um negócio pressupõe que todos os psicólogos devem buscar oferecer serviços que levem ao desenvolvimento da sociedade e abraçar a responsabilidade de educar as pessoas para cuidarem de suas emoções. E se você pensar bem, a tarefa nem é tão árdua. Saúde está na moda! Todo mundo já compra saúde de diversas formas hoje, através de várias práticas profissionais. As academias estão cheias, os dermatologistas não têm horários, as aulas de yoga estão lotadas, até os acupunturistas veem suas agendas preenchidas. Aí fica a pergunta: Quando é que a psicologia vai entrar neste circuito? Em minha opinião, quando entendermos que levar saúde às pessoas é uma obrigação moral de nossa profissão.
1.3 A Ética na venda de serviços de Psicologia Em dezembro de 2014, fiz um Google Hangout (Uma palestra online) sobre o tema empreendedorismo para psicólogos, e ao final da apresentação, no momento das perguntas, uma das pessoas me questionou se eu não tinha do CRP cassar meu registro. Esta pergunta – que até então não me havia ocorrido ‐ me fez refletir sobre um ponto que eu não estava levando em conta ao falar de empreendedorismo e marketing para meus colegas de profissão. O ponto é o seguinte:
Confesso que depois que ouvi aquela pergunta, conversei com alguns colegas mais próximos e realmente verifiquei que a coisa é séria. Existe uma cultura muito disseminada entre os psicólogos de que o CRP está ali, quase que à espreita, só esperando você dar um passinho que seja, fora da linha, para cair em cima e aplicar uma bela de uma sanção. Bem, se considerarmos que o órgão existe primordialmente para fiscalizar a atuação dos psicólogos, é natural que ele tenha também um papel punitivo. Mas sinceramente, não entendo o quase pânico de alguns. Particularmente, nunca vi qualquer CRP fazendo terrorismo. Pelo contrário. Nas poucas vezes em que precisei de algo, fui razoavelmente orientado. Claro que você não vai encontrar lá muita ajuda para empreender e criar seus negócios. As pessoas que estão nos conselhos não costumam ter este tipo de perfil, e algumas estão mais preocupadas em preconizar o fim do capitalismo do que em desenvolver qualquer tipo de iniciativa voltada ao mercado. Mas tirando estas limitações, acho que fazem um trabalho ético e bem intencionado, e desconfio que este terror todo seja mais “coisa” da cabeça de alguns psicólogos do que um receio pautado em evidências reais.
O , por exemplo, é muito claro sobre os limites de nossa atuação, inclusive na questão da publicidade. E isto é ótimo. Quando as fronteiras são claras, podemos planejar melhor nossa prática. Ainda assim, vejo psicólogos apavorados dizendo não poder divulgar seus serviços por questões éticas. Só que quando peço a estas pessoas para serem mais específicas sobre “de que forma o conselho atrapalha” muitas não conseguem explicar. Então, voltando à pergunta que me foi feita por uma psicóloga, a resposta é NÃO. Eu não tenho medo do CRP fazer qualquer coisa contra mim.
Se você entrar agora no site não vai encontrar lá absolutamente nada que vá contra o exercício ético da profissão. Todas as minhas sugestões de publicidade e divulgação estão estritamente dentro dos limites. Na verdade, creio é preciso mais esforço para sair dos limites impostos pelo conselho do que para ficar dentro deles. Eu critico sim, a atuação dos CRP’s em alguns artigos. Mas não vejo por que isto seria um problema para eles. Creio que, pelo contrário, devem ficar satisfeitos em ver pontos de vista diferentes contribuindo para nossa atuação. Pelo contrário, tive meu trabalho apoiado por ninguém menos que a presidente do Conselho Federal de Psicologia, Dra. Marisa Monteiro Borges, durante uma entrevista feita na pela web em Março de 2015. Mas sigamos em frente: Neste breve tópico, pretendo discutir com você uma visão atual sobre o conceito de ética na venda de serviços psicológicos, e também te mostrar que este pavor todo que muitos têm quando pensam em divulgação, é infundado. Da maneira como coloco a situação, garanto à você que é impossível, até para o mais conservador dos conservadores, se opor ao marketing de nossos serviços.
Aliás, você verá ao longo do curso que existem INFINITAS maneiras criativas e inteligentes de se divulgar muito bem sem ferir qualquer princípio ético. De fato, como já sinalizei antes, eu não somente acredito que divulgar massivamente os serviços de psicologia é ético, como também penso que Por que?
No meio de 2014, li na web um artigo em que uma psicóloga, que escreve muito bem por sinal, acha um absurdo chamar pacientes de “clientes”. Ela tece todo um discurso valorativo e filosófico para afirmar que, ao usarmos o termo cliente, a coisa toda fica uma relação comercial. Como assim “parecendo”? Até onde sei, a relação de um psicólogo com seu paciente, no contexto do mercado e da profissão, É uma relação comercial.
Algumas pessoas – muitas no ambiente da psicologia – costumam associar a ideia de comércio a bens ou serviços que sejam fúteis, ou que apenas preencham uma necessidade do tipo conforto, segurança, transportes, estética, lazer e outras coisas, digamos assim, menos nobres do que a psicologia. Existe quase uma repulsa a se formatar o conhecimento da psicologia sob a forma de “produtos e serviços” e a se comercializá‐los de maneira aberta, utilizando estratégias que são aplicadas a diversos outros negócios. Mas afinal, qual a explicação para tanta resistência? A nobreza do serviço? Se for, não se sustenta. Nada é mais nobre que educação. Ainda assim se vende, e muito. E ainda bem que se vende, ainda bem que fazem propaganda, ainda bem que nos lembram o tempo todo o quanto é importante.
É verdade que não é todo mundo que “precisa” de um psicólogo. Mas praticamente todo mundo poderia se beneficiar muito de um processo terapêutico como forma de desenvolvimento pessoal.
Eu não preciso contratar um personaltrainer , mas posso escolher contratar um para cuidar de minha saúde. Você “não precisa” ir ao salão de beleza, ‐ ou precisa? ‐ mas escolhe ir para se sentir bem. Embora as pessoas não precisem ir ao psicólogo, poderiam muito bem ir a um deles para cuidar de sua saúde emocional. Só que, para fazer esta escolha, as pessoas têm que ser sobre a relevância deste serviço. Sabe quando você descobre alguma coisa muito útil em sua vida e fica surpreso com o quanto não fazia ideia de que aquilo existia e poderia te fazer bem? Para mim a psicologia tem este potencial. As pessoas só não procuram mais por que não sabem exatamente do que se trata, e associam terapia a algum tipo de debilidade mental ou emocional. Durante a faculdade, tive uma excelente professora, chamada Solange, que entre várias disciplinas ministrou uma que se chamava “Saúde Mental”. As aulas eram fantásticas, os exemplos riquíssimos e a didática perfeita. Ao fim da disciplina, ao nos despedirmos, disse que havia gostado muito de todo o conteúdo, e que de minha parte faria apenas uma pequena mudança.
Claro que eu estava fazendo uma brincadeira. Mas com o claro objetivo de levantar a questão tratada no último tópico, e que reforço aqui: Consultório de psicologia não é lugar apenas pra gente doente das emoções. É lugar pra gente que “não quer” adoecer emocionalmente. É lugar para gente que quer ser melhor. Melhor com a família, melhor consigo mesmo, melhor com a vida. A ideia de associar a palavra “venda” e a palavra “cliente” a relações comerciais supérfluas, é apenas um ponto de vista. “Ah sabe, parece que é uma relação comercial”.
Parece não. Psicologia é uma profissão. “Eu vendo carros, vendo roupas, vendo tangerina importada, mas não vendo terapia?”. Porque não? As pessoas por acaso precisam mais de carros e de roupas bacanas do que de terapia? Vender não é induzir alguém a comprar algo de que não precise. Vender é ter um produto, ou no nosso caso, um serviço, e falar do quanto ele pode fazer bem às pessoas. Compra quem quiser. O fato de eu anunciar e vender um serviço de psicologia não significa que estou dando a ele menos seriedade. (Você faz ideia de quanto custa um transplante de coração?). Eu não serei um profissional menos atencioso, menos sério e menos profundo na minha prática pelo fato de eu ostensivamente buscar pessoas para meus serviços. Pois são pessoas que podem melhorar muito suas vidas com o que eu tenho a oferecer, mas não sabem disso. A proposta deste curso, eu insisto, é a de que você passe a enxergar a psicologia, suas diversas práticas e inclusive o processo terapêutico, também como ferramentas de desenvolvimento humano. Até o mais equilibrado dos seres humanos teria certamente muita coisa para tratar numa sessão com um bom psicólogo.
Câncer é uma doença seríssima. Tão séria que vemos constantemente propagandas na televisão incentivando as pessoas, em especial mulheres, a se auto avaliarem e procurarem um médico. Você já viu alguma campanha ou iniciativa que proponha um teste ou uma ferramenta simples através da qual as pessoas possam avaliar sua saúde emocional e, se for o caso, procurar um psicólogo?
Agora me responda: Depressão é menos sério que câncer? Aliás, não se sabe hoje que de emoções negativas podem surgir manifestações orgânicas, e que o câncer é uma delas?
Achar que uma pessoa deve espontaneamente procurar um psicólogo somente quando estiver mal, é a mesma coisa que achar que um doente só deve procurar um médico quando, por si mesmo, constatar uma doença. Os males físicos são muito mais evidentes que os males emocionais e de comportamento, ainda assim ensinamos as pessoas a identificar e buscar ajuda para lidar com eles. “Ah, mas no caso das emoções não!”. Não podemos influenciar. Não podemos vender. Não devemos comercializar. Isto seria banalizar uma coisa tão séria.
É preciso educar sim. Se déssemos mais atenção à educação emocional em nossas vidas o mundo estaria bem melhor e os consultórios de psicologia clínica muito mais cheios. (Isso sem falar nas dezenas de outros serviços que o psicólogo pode oferecer!). Se mostrássemos às pessoas, de forma pragmática e clara, como podemos ajudá‐las a viver melhor, não haveriam tantos de nós lutando para sobreviver profissionalmente. Vender, mostrar, comercializar, falar aos quatro cantos dos serviços que temos e dos resultados que podemos produzir, não é uma opção. É um dever.
Deixemos de demagogia barata e mostremos ao mundo o quanto podemos contribuir para uma sociedade melhor. Esta não é só nossa ciência e nossa paixão. É também nossa profissão, e é dela que vamos tirar nosso sustento e nossa prosperidade. Agora vamos para o próximo tópico, por que minha pressão já está subindo com este aqui.
1.4 Caridade, dinheiro e tabu: Psicologia não é Sacerdócio Durante a faculdade tive uma amiga, graduada dois anos antes de mim, que demonstrava verdadeiro asco pelo lado negocial e comercial que eu propunha para a psicologia. Naquela época, embora eu não fizesse a menor ideia de como realmente criar um negócio com meu conhecimento, as perguntas rodavam em minha cabeça e eu já achava o curso meio sem eira nem beira neste sentido. Lembro‐me bem de que ela dizia ter escolhido a psicologia para ajudar pessoas aflitas e as minorias sociais, e que fazer disso um negócio, ia contra os princípios éticos dela.
Enfim, esta amiga, que acabou se afastando ao sair da faculdade, depois que se graduou abriu um consultório com outras duas colegas – igualmente conservadoras neste sentido – fez alguns cartões de visita, distribuiu, e começou paralelamente a atender pessoas carentes sem cobrar a consulta. Quando eu estava prestes a me formar tive notícias de que ela estava no Cersam ( serviço de saúde mental da prefeitura) pelo menos três vezes por semana, fazendo trabalho voluntário com adictos em recuperação. Eu sinceramente acho que este tipo de atitude extremamente positivo, e considero que a caridade é uma das maiores virtudes que o ser humano pode ter.
Passei anos sem ver esta amiga. E um belo dia, visitando minha cidade natal, encontrei‐a no shopping enquanto comprava roupas. Quando nos vimos foi uma grata surpresa, e ao conversarmos por menos de cinco minutos, quando me referi à enorme coincidência de encontrá‐la no shopping, ouvi:
_ Ah, eu trabalho aqui. Na área de vendas! _ Que ótimo, mas e a psicologia? – perguntei. _ Ah não deu, estava muito complicado, não tinha pacientes direito, eu engravidei, tenho um filho pra criar, e tive que arranjar algo que me desse um dinheiro certo. _ Que legal, mas e os trabalhos voluntários? _ Infelizmente quase não faço mais. Horário de shopping é puxado, e quando tenho folga quero ficar com meu filho. Sofro muito por não poder ajudar. Mas... É a vida! Sinceramente?
Esta profissional se colocou numa posição tão desfavorável mercadologicamente que não conseguiu cuidar de si mesma nem das pessoas que ela queria ajudar. O resultado? Abandonou a profissão. Não adianta você ter as melhores intenções do mundo se não agir de maneira estruturada e objetiva. É preciso sonhar sim, e querer fazer um mundo melhor, mas tudo isso com os dois pés bem firmes no chão. E é por isso que eu quero que você conheça Qualquer pessoa que já viajou de avião sabe que, antes da decolagem, os comissários de bordo passam instruções muito claras para a eventualidade uma emergência. Entre as diversas orientações, existe uma que diz: “em caso de despressurização da cabine, máscaras de oxigênio cairão automaticamente do teto. Para colocá‐las basta puxar o cordão e blá blá blá. E atenção: Caso haja alguém mais vulnerável a seu lado, certifique‐se , para somente depois ajudar a pessoa. A razão desta orientação é óbvia: Se estiver morto, você não vai poder ajudar ninguém.
Acredite em mim, se você fez psicologia para salvar o mundo e socorrer os aflitos, a melhor maneira de fazer isto é cuidando de você mesmo em primeiro lugar. É totalmente positivo que os psicólogos se preocupem com a área do assistencialismo. Trata‐se de uma iniciativa nobre e humanitária. Só que em nome disso, muitos esquecem de cuidar de suas próprias carreiras. Alguns até se sentem mal cobrando por seus serviços, como se estivessem sendo egoístas com seu conhecimento. Tudo isto é uma grande bobagem. Somos profissionais da saúde, não sacerdotes numa cruzada para salvar o mundo a qualquer custo.
Quer ajudar o outro? Cuide de si mesmo para estar em condições de fazer isto. Divulgue‐se, planeje‐se, VENDA para quem pode pagar, e se quiser DÊ de graça à quem não pode. Se você for estratégico, vai ganhar muito bem trabalhando 3 dias por semana, e pode doar outros 4 pra quem quiser. Ironicamente, parece que tem mais psicólogos por aí precisando de assistência do que em condições de oferecê‐la. Ser caridoso é uma coisa, ser irresponsável consigo mesmo, é outra COMPLETAMENTE diferente.
Palavras Finais A psicologia, esta profissão maravilhosa, é também uma das mais complicadas e mal compreendidas do mercado. Estamos inseridos numa sociedade que não sabe o que fazemos, ocupando um lugar desvalorizado, e a maioria de nós fazendo das tripas coração para sobreviver com alguma dignidade. Precisamos vender nossos serviços mas não sabemos como. E para piorar, existe entre muitos psicólogos o grande MEDO de se fazer marketing e, sem querer ferir o código de ética do CRP. Este curso nasceu como uma forma de ajudar a mudar tudo isso. Uma luz para os psicólogos que entram no mercado conhecendo teorias sobre o comportamento humano, mas sem fazer a mínima ideia de como começar a atuar.
Ele teve o objetivo de começar a despertar seu olhar para uma nova maneira de exercer sua profissão, um novo jeito de contribuir para a sociedade, ao mesmo tempo em que contribui também consigo mesmo. A partir do próximo módulo, o conhecimento passado será mais técnico, mais objetivo, e organizado na forma de um método que te permita, de forma lógica e funcional, dar os passos necessários para transformar sua visão em realidade. Veja abaixo, de forma resumida, o que você vai aprender quando fizer o curso:
No primeiro módulo vamos direto ao ponto. Você vai entender o conceito de posicionamento de mercado e como ele se aplica à realidade de um psicólogo. É aqui que você vai aprender a identificar seu nicho, que é o segmento específico do mercado que você vai atender. Vai aprender também a construir o que eu chamo de “proposta de valor”, e a evidenciar claramente para as pessoas os reais benefícios de seu trabalho.
Depois de escolher seu nicho e ter sua proposta de valor muito clara, é hora de começar a se preparar e estruturar seus produtos e serviços. Neste segundo módulo vamos falar de como se tornar extremamente competente em seu nicho de atuação, e principalmente, de como decompor seu conhecimento sobre psicologia em ofertas de valor que as pessoas queiram comprar. É aqui que você começa a construir as bases do que virá pela frente.
Muita gente, incluindo os psicólogos, acredita que psicologia é sinônimo de psicoterapia, e não é. Existem diversos serviços e produtos que você pode criar com seu conhecimento para ajudar as pessoas de seu público alvo. E estes produtos, além de aumentarem sua credibilidade, ainda oferecem às pessoas diversas formas de fazer negócios com você. Aqui você vai aprender a decompor seu conhecimento em ofertas de valor variadas, e a organizá‐las em um sistema lógico que permite a todos se beneficiarem de seu trabalho
Depois de definir seu nicho, tornar‐se muito competente, e criar seus produtos e serviços, vamos nos aprofundar em algumas estratégias essenciais para que sua popularidade continue crescendo.
Aqui você vai conhecer o que os melhores profissionais de serviços do mundo fazem para atrair e manter seus clientes/pacientes sempre interessados em seus serviços. Vai aprender também a usar a internet como uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento de seu negócio, fazendo que sua mensagem chegue ao maior número de pessoas possível.
Este é o último módulo, e também o momento no qual vamos juntar tudo que você aprendeu em um plano de ação organizado para que você comece a trabalhar na prática. Utilizaremos uma ferramenta que será construída com sua ajuda, levando em conta suas metas e todas as ideias que você teve durante o curso. Quando este plano estiver pronto, você terá em suas mãos um instrumento pragmático e totalmente funcional para transformar sua carreira e se estabelecer definitivamente como profissional liberal.