Obrigações de Ori (Religião Yuruba Yuruba Ketu) Bori -Yaos – Eked – Ogns Candomblé Centro de Orientação !ro-Brasileiro e Culto aos Ori"as Babala#o $bualama rnaldo (%el&''*+*,*'.) Ketu é o nome de um antigo reino da África, na região agora ocupada pela República Popular Popular do Benin e pela Nigéria. Seu rei tem o nome de alaketu, de onde vem o obrenome da con!ecida "#alori$% &lga de 'laketo. (ambém indica o nome do povo dea região, )ue veio como ecravo para o Brail. *m termo de identidade cultural, forma uma ubdivião da cultura iorubana. *m geral, membro de origem ketu ão repon%vei por boa parte do terreiro mai tradicionai da Ba!ia. + a maior e mai popular naão do -andomblé, e a diferena da outra nae et% no idioma utili/ado, no cao o 0orub%, 0orub%, no to)ue do eu ataba)ue, na core e 1mbolo do &ri$%, e na cantiga2 & fundamento ão paado oralmente por acerdote de &ri$% )ue ão c!amado de Babalori$% 3maculino4 0alori$% 0alori$% 3feminino4. & rituai mai con!ecido ão5 Pad6, Sacrif1cio, &ferenda, lavar conta, &é, 7ir6, &luba8é, Água de &$al%, "peté de &$um, fogueira de 'ir%, '$e$6, etc. 9ma outra grande diferena é em relaão ao culto do *gun2 e$ite um acerdote preparado para ete ritual epecifico c!amado &8é ou Baba &8é, )ue fa/ o uo de um i$ãn para dominar o *gun2 conforme informae de um antigo acerdote de Ketu, c!amado Balbino de 7ang:, )uem lida com &ri$% não lida com *gun2 ;% no Rio
Os /argos 0rin/i0ais na nação Ketu -Babala#o - Babalori"1 - Yalori"1& Yalori"1& autoridades m1"imas no Candomblé - $2akeker3& mãe 0e4uena
- Babakeker3& 0ai 0e4ueno - Yala"é& mul5er 4ue /uida dos ob6e/tos ritual7 - Babala"é& 5omem 4ue /uida dos ob6etos ritual7 - 6ibonã ou 68bonan& mãe90ai /riadeira (o) su0er:isiona e a6uda na ini/iação7 - Egbomi& 0essoa 4ue 61 /um0riu sete anos de obrigação7 - $2abass3& mul5er res0ons1:el 0ela 0re0aração das /omidas de santo7 - $2a#o& !il5a (o) de santo (4ue 61 in/or0ora Ori"1)7 - bian& no:ato7 - "ogun& res0ons1:el 0elo sa/ri!8/io de animais7 - lagb3& res0ons1:el 0elos ataba4ues e 0elos to4ues7 - Ogan& to/adores de ataba4ues7 - 6oi3 ou Ekedi& /amareira de Ori"17 & &ri$% cultuado na naão Ketu ão5 *$u, &gun, &$oi, >ogun *dé, 7ang:, &baluai#6, &$umaré, &ain, % , &$un, 0eman8%, Nanã, *?a, &ba, &$al%, "be8i, 3"r:co &ae4, &runmila. Na naão Ketu, e$itente principalmente na Ba!ia, predominam o &ri$% de origem 0orub%, e o terreiro mai con!ecido ão5 a -aa Branca do *ngen!o @el!o, o "l6 '$é &p: 'fon8%, o
auro de Areita2 'é &$umar6. & -andomblé de origem ketu 8% e epal!ou por todo o grande centro urbano do Brail e também para o e$terior, e notae um movimento de recuperaão de ra1/e africana, )ue re8eita o incretimo cat=lico, procurando reaprender o #orub% como l1ngua original e tenta reprodu/ir o rituai )ue etavam perdido ao longo do tempo, !% cao em )ue muito acerdote procuram via8ar até África para decobrir mai obre a cultura do &ri$%.
Obrigações 0ara ini/iação de Yaos
;ar/erdo/io7 $2a#o São o novo iniciado de &ri$% da -aa de -andomblé, durante o per1odo de ete ano, e erão ubordinado pela peoa de -argoCPoto da caa. * deve obedi6ncia ao eu mai vel!o. * deverão concluir ua obrigae de D, E e F ano. Ser "#a?o, além de outro preceito, é permanecer recol!ido por um per1odo de GD dia, paando por doutrina e fundamento, para conceber a fora do &ri$%. Saem da vida material e nacem na vida epiritual com um novo nome orHnkI. & JI=can e o elLgún ão o comprovante e o diploma do iniciado.
Obrigação do Ori de um ano (Odueta) ou 3od< K8n8 4 + M obrigae muito importante é coniderada como fim do reguardo do "#a?o ap= ua iniciaão. Somente eta obrigaão dar% ao iniciado M liberdade de viver materialmente em retrie na ociedade e no eu conv1vio familiar e peoal. 'té fa/er um ano de feitura ou pagar ua obrigaão de um ano 3od< K8n8 4, ainda ter% alguma retrie 3e?o tempor%rio. como cortar cabelo, tomar ban!o de mar e outro. Ser% feita na obrigaão de um ano de feitura, uma nova feta para comemorar a data onde erão oferecido comida ritual, fruta e flore.
Obrigação de tr3s anos
(Oduet1) *ta obrigaão é coniderada a confirmaão da continuidade do iniciado no '$é, e 8% et% autori/ado a conceber o eu a8unt=, e a comear er liberado e graduado pelo eu babalori$%, a uar fio com Segui e BrM8M dependendo do &ri$%, e poder% dei$ar de uar JI=can e elLgún. 3conforme orientaão do babalori$%4 &utra obrigaão é feita ao tr6 ano de feitura 3odú kétM4, alguma caa ou nae fa/em também uma de cinco ano, ma no candomblé ketu coniderae um ano, tr6 e ete ano. *le ou ela permanecer% como "a: até completar o ete ano de feitura e fa/er a obrigaão de ete ano 3odu e8é4.
Obrigação de sete anos
(Odui6é) ou Odu e6é 3a pronúncia do acento é fec!ada4 + uma da maiore obrigae de uma caa de -andomblé, )ue todo o iniciado erão obrigado a tomar em e$ceão. -om ea obrigaão o iniciado poder% receber poto, cargo, titulo e direito de independ6ncia do eu babalori$%. ;= 4uando !i>er a obrigação de sete anos Odu e6é é 4ue ser1 /onsiderado um Egbomi7
' obrigaão de ete ano é tão grande e importante )uanto a feitura, nea obrigaão é )ue er% definido e o *gbomi ir% abrir uma caa ou não. ' "#alori$% entregar% para o *gbomi no ato da feta eu pertence 3 8ogo de bú/io, pemba, fava, emente, teoura, naval!a, tudo )ue vai preciar para iniciar "a:4 no Ketu é c!amdo &du "86 com , em outra nae é c!amado de ek%, Peneira, -uia, etc. -ao o &ri$% da peoa não )ueira abrir uma caa e )ueira continuar na roa da "#alori$%, o &ri$% depoitar% o ob8eto recebido no pé da "#alori$% e ua fil!a não abrir% uma caa, continuar% na roa onde normalmente receber% um poto para a8udar a "#alori$%. uando o &ri$% aceita a *gbomi receber% toda a !omenagen do preente poi et% endo conagrada como uma nova "#alori$% e for !omem Babalori$%. Nee cao ter% )ue providenciar uma caa para onde er% levado eu &ri$% e iniciar um novo "le a$é. &"0* uer di/er titulo independ6ncia, ão peoa )ue 8% tomaram eu ete ano e neceitam de um ("(9>& dado pelo eu babalori$%, para er independente e Oelador 3a4 de &ri$%, acerd=cio. *e &i#e pode er também um cargo na caa do babalori$% onde fe/ a obrigaão. *K' é autori/aão 3direito4 de condu/ir a ua pr=pria caa de -andomblé, atendimento de eu adepto e conulente, 8ogar bú/io, tirar eb= e iniciar peoa no &ri$%, ou @odum dependendo da naão etc.. Na naão ;e8e receber% um ún8Lbé é o (itulo de acerd=cioe$cluivo da naão ;e8e e um amuleto do *gbInme, é o diploma dado pelo @oduno para dar continuidade do aprendi/ado do fundamento do @odun.
Ori é o ?eus 0ortador da indi:idualidade de /ada ser 5umano .
Repreenta o mai 1ntimo de cada um, o inconciente, o pr=prio opro de vida em ua particulari/aão para cada peoa. &ri mora dentro da cabea !umana, tornando cada um a)uilo )ue é. -omo ao morrer, a cabea de uma peoa não é eparada para o enterro, &ri é con!ecido como a)uele )ue pode fa/er a grande viagem em retorno, poi o outro ori$%, memo )uando morrem eu fil!o, ão libertado da cabea 3&ri4 e retornam ao &run 3céu, ou mundo e$terior4. Q cerim=nia de e)uil1brio do &ri d%e o nome de Bori 3bo oferenda, ori cabea dar oferenda para a cabea, fortalecela4. Não e deve no entanto confundir Bori com "niciaão. & Bori pode er feito em )ual)uer momento e não implica )ual)uer v1nculo com o &ri$% ou com
a caa. urante o proceo inici%tico a primeira entidade a er e)uilibrada é 8utamente o &ri, a individualidade peoal, para )ue a peoa não e tranforme num mero epel!o do ori$%. 9m do mito obre &ri di/ )ue ele pode depoi de enterrado voltar ao &rum, levado por Nanã ou *?%. i/ ete mito )ue um dia &ri percebeu )ue era o momento de nacer outra ve/ e foi falar com &lorum, o 9nivero, olicitando permião para nacer na mema fam1lia em )ue !avia nacido ante. &lorum permitiu, com a condião de )ue apena ele, &lorum, pudee con!ecer o dia de ua morte, em )ue &ri pudee opinar obre eta )uetão e )ue o detino de &ri = pudee er mudado )uando "f% foe conultado. *te ori$% não tem caracter1tica etética poi não incorpora. 'pena é cultuado 8untamente com o ori$%, pouindo um número no 8ogo de bú/io onde TfalaU.
4ui>ila de Ori é a mentira7 @BAK Suceivo aborto numa mema mul!er, parto eguido da morte da criana recém nacida, morte de criana ou 8oven, repentina e aociada a et%gio ignificativo de vida, tai como mudana na fae de crecimento, aniver%rio, caamento ou nacimento do primeiro fil!o, ão identificado como acontecimento ligado ao Qb1kú.
O 4ue é @b8k
e do culto ao ancetral )ue dei$a decendente )ue recontarão ua !it=ria ao longo do tempo, garantindo ua Tobreviv6nciaU na comunidade. No &rún vive um grupo de criana c!amada *mere ou *legbe e ete grupo contitui o *gbe &rún Qb1kú, ou e8a, ociedade da criana )ue nacem para morrer. -ontam o mito )ue a primeira ve/ )ue o Qb1kú vieram para a terra foi em '?ai#e e contitu1am um grupo de du/ento e oitenta, tra/ido por 'la?ai#e, c!efe dele no &rún. Na encru/il!ada )ue une o &rún ao 'i#é, ikorita meta, todo pararam e v%rio pacto foram feito, definindo o momento particular do retorno de cada um ao &rún. 'lgun voltariam )uando viem pela primeira ve/ o roto da mãe, outro )uando caaem, um terceiro grupo voltaria )uando completaem determinado tempo de vida, um )uarto grupo voltaria )uando tiveem o primeiro fil!o, e aim por diante. * o carin!o do pai, o amor )ue recebeem ou o preente não eriam capa/e de ret6lo no 'i#é. 'lgun aumiram o compromio de )ue nem naceriam. *e pacto deveria er cumprido e o eu compan!eiro no &rún mantereme preente na ua vida, interagindo no eu dia a dia, para )ue não o e)ueceem e retornaem ao &rún tão logo o momento pactuado ocorree. -omo c!ega a ocorrer o nacimento ou a manifetaão de um Qb1kú em uma gravide/W & "oruba acredita )ue a acão do Qb1kú ocorre por determinaão do detino da mãe, ou por fora de magiaCfeitiaria, ou por condie acidentai. & Prof. Sikiru Salami e a Profa. ra. "#akemi Ribeiro, na ua monografia T'#edungbe5 a terra é doce para nela e viver V rito na luta contra a morte de Qb1kúU, definem ea condie acidentai como Ta)uiião inadvertida de um Qb1kú por uma mul!er gr%vida )ue não ten!a tomado o nece%rio cuidado para evitar ioU. *$ite a crena de )ue uma mul!er gr%vida, ao paar por determinado locai em )ue o Qb1kú e etabelecem, e não etiver devidamente protegida, pode vere invadida por ete Tep1ritoU e tornare u8eita M gravide/ de um Qb1kú. Por io cuidado epeciai ão tomado pela mul!ere tão logo ten!am conci6ncia do etado de gravide/. Não é raro )ue mul!ere gr%vida carreguem 8unto a barriga um TotaU, devidamente preparado, para evitar ea TinvaãoU por parte de um *legbe. Sacrif1cio, oferenda e re/a ão feita também com o ob8ectivo de evitar )ue uma mul!er ten!a fil!o Qb1kú ou )ue, gr%vida, ven!a a er TinvadidaU por um dele.
ei$ando de lado condie acidentai ou efeito de magiaCfeitiaria, temo obervado )ue a ocorr6ncia de Qb1kú numa mãe invariavelmente repete uma !it=ria familiar )ue podemo recon!ecer procurando o eu antecedente. &u e8a, podemo procurar no antecedente familiare da mãe para contatar, invariavelmente, )ue ete Qb1kú vem e fa/endo preente na fam1lia, geraão ap= geraão, em lin!a directa ou não. &utra )uetão intereante é )ue podemo afirmar com grande precião )ue algun &dú de nacimento predipem a ocorr6ncia de *legbe. 'im, temo )ue mul!ere regida pelo &dú &gundabede 3&gunda X &gbe4 ão naturalmente predipota a gerarem fil!o Qb1kú e, identificada, )uando ainda não ão mãe, certa oferenda ão reali/ada e alimento ãol!e dado para prevenir a ocorr6ncia. *b= igualmente é feito na ituae em )ue 8% geraram fil!o ou plane8am gerar V um pre% é colocado acima da porta de entrada da caa e um pei$e acima da porta de tr%, para proteger o moradore da viita do *legbe )ue ali v6m em buca de eu compan!eiro. Nete cao, dei$am de ter aceo ao interior da caa e levarão, no lugar da peoa )ue vieram bucar, o pre% e o pei$e. 9m &rin *gbe , cantiga dedicada a 'ragbo ou *re "gbo, &ri$% protector da criana Qb1kú, falano dee *b=. *ntendemo, aim, )ue *gbe é cultuado e louvado com a finalidade de defender a criana da morte prematura e oferenda l!e ão feita para )ue TdeitamU de levar o Qb1kú de volta para o &rún, endo um de eu ob8ectivo a )uetão da manutenão dea criana no 'i#é. Segundo o Prof. Sikiru Salami e a Profa. ra. "#akemi Ribeiro, na obra 8% citada, TY *tabelecee aim um 8ogo de fora entre 'ragbo e a comunidade de Qb1kú )ue dee8a levar eu membro do 'i#é, mundo f1ico, para o &rún, mundo do morto, mundo epiritual. -ulto e oferenda ão reali/ado tanto para )ue a comunidade de Qb1kú abra mão de lev%lo de volta, como para )ue *re igbo o prote8a de erem recondu/ido M terra epiritual.U (oda a peoa nacida dentro do &dú &gundabede, !omen e mul!ere, devem cultuar *gbe. *ntendee também )ue )uem o cultua evoca a ua b6não em benef1cio da criana do núcleo familiar. 'li%, o culto de *gbe e ua feta tra/em muita emel!ana com a feta e o culto )ue e fa/em para T-ome e amiãoU e )ue ão, muita ve/e, confundida com o culto do Zr[M "be8i. *te Zr[M e *gbe 3ou 'ragbo4 ão de ditinta
nature/a, 8utificam abordagen e tratamento diferenciado, t6m forma particulare de erem louvado, ão cultuado por diferente ra/e e neceidade, e o eu culto não podem er confundido ob pena de incorrermo em erro de fundamento. Por último, doi apecto ão importante de erem nomeado5 o primeiro, di/ repeito ao )ue podemo c!amar de comportamento peculiar da criana Qb1kú. São, certamente, criana )ue e ditinguem por ete apecto. Segundo, a reit6ncia, na noa cultura, )ue o pai t6m em aceitar o facto de terem um fil!o Qb1kú e a dificuldade cone)uente em lidar com eta criana e toda a neceidade decorrente da luta pela ua perman6ncia no 'i#é. -abe a1 um importante papel para o acerdote )ue pode a8ud%lo a compreender a )uetão, darl!e orientaão e acompan!amento durante todo o proceo.
Onilé a Frimeira ?i:indade da %erra7 & antigo povo )ue deram origem ao atuai iorub% ou nag:, de cu8a tradie e moldaram o candomblé no Brail, cultuavam uma entidade da (erra, a (erraJãe, )ue recebeu muita denominae em diferente aldeia e cidade )ue formam o comple$o cultural iorub% e eu entorno principai, entre o )uai o 8e8e ma!i e daomeano e o tapa ou nupe e o ibo. *ta antiga divindade é até !o8e cultuada e recebe o nome de &nilé, a ona da (erra, a Sen!ora do planeta em )ue vivemo. &utro nome da (erraJãe ão5 'i6, "lé, "alé, também "8e, 'le, 'la, 'n%, &ger6, e memo Buku e Buruku. *ntre o 8e8e do Jaran!ão e da Ba!ia é c!amada 'iã. -reio )ue grande parte do eguidore do candomblé nunca ouviu falar ou teve apena vaga refer6ncia obre &nilé, ma em certo candomblé de naão Keto, )ue preervam ou recontituem tradie )ue em grande parte e perderam na di%pora iorubana, praticae um culto dicreto, ma ignificativo a (erraJãe, para a )ual e canta, ou no in1cio do Sir6 ou no final da c!amada roda de SIngo, a cantiga )ue di/ TJo8ub%, ori%C ib%, ori%C ib% &niléU, )ue pode er tradu/ido como T*u aúdo o ori%C Saúdo &niléC Salve a Sen!ora da (erraU. &nilé é uma divindade feminina relacionada ao apecto eenciai da nature/a, e originalmente e$ercia eu patronato obre tudo )ue e relaciona M apropriaão da nature/a pelo !omem, o )ue inclui a agricultura, a caa e a peca e a pr=pria fertilidade. -om a tranformae da ociedade
iorub% numa ociedade patriarcal ou patrilinear, )ue implicou a contituião de lin!agen e clã familiare fundado e c!efiado por antepaado maculino, a mul!ere perderam o antigo poder )ue tiveram numa primeira etapa 3um mito relata )ue, numa diputa entre % e &gum, o !omen teriam arrebatado o poder )ue era ante de dom1nio da mul!ere4. & antepaado divini/ado tomaram o lugar da divindade primordiai e !ouve uma redivião de trabal!o entre o ori%. ' divindade feminina antiga tiveram então eu culto reorgani/ado em torno de entidade feminina genérica, a 0i% Ji &orong%, coniderada bru$a maléfica pelo fato de repreentarem empre um perigo para o poderio maculino, e v%rio ori% tiveram dividido entre i a atribuie de /elar pela (erra, agora dividida em diferente governo5 o ubolo ficou para &mulu&balua#e e para &gum, o olo para ori%&ko e &gum, a vegetaão e a caa para o &de e &on#in e aim por diante. ' fertilidade da mul!ere foi o atributo )ue retou M divindade feminina, 8% )ue é a mul!er )ue pari )ue reprodu/ e d% continuidade M vida. -ontituireiam ela então em ori% do rio, repreentando a pr=pria %gua, )ue fertili/a a terra e permite a vida5 ão a 0iagb% 0emon8%, Zun, &b%, %, 0e?% e outra e também Nanã, )ue como antiga divindade da terra, repreenta a lama do fundo do rio, imboli/ando a fertili/aão da terra pela %gua. &nilé teve eu culto preervado na África, ma perdendo muita da antiga atribuie. o8e ela repreenta noa ligaão elemental com o planeta em )ue vivemo, noa origem primal. + a bae de utentaão da vida, é o noo mundo material. *mbora ua import\ncia e8a crucial do ponto de vita da concepão religioa de univero, o devoto a ela pouco recorrem, poi eu culto não trata de apecto particulare do mundo e da vida cotidiana, preferindo cada um dirigire ao ori% )ue cuidam dee apecto epec1fico. No Brail, como aconteceu com outro ori%, eu culto )uae deapareceu. -ertamente um fator )ue contribuiu para o e)uecimento de &nilé no Brail é o fato de )ue ete ori% não e manifeta atravé do trane ritual, não incorpora, não dana. &utro ori% importante na África e )ue também não e manifetam no corpo de iniciado foram igualmente meno coniderado nete Pa1 )ue, por influ6ncia do Kardecimo, atribui um valor muito epecial ao trane. Aoi o )ue aconteceu com &runmil%, &du?du?a, &ri%&ko, '8al%, além da 0i% Ji &orong%. + intereante lembrar )ue o culto de &on#in ofreu no Brail grande mudana, paando o ori% da fol!a a e manifetar no trane, o )ue o livrou certamente do e)uecimento.
& culto da %rvore "roko também e preervou entre n=, ainda )ue raramente, )uando gan!ou fil!o e e manifetou em trane, orte )ue não teve 'paok%. Na Nigéria mantéme viva a idéia de )ue &nilé é M bae de toda a vida, tanto )ue, )uando e fa/ um 8uramento, 8urae por &nilé. Nea ocaie, é ainda cotume p:r na boca algun grão de terra, M ve/e diolvida na %gua )ue e bebe para elar a 8ura, para lembrar )ue tudo comea com &nilé, a (erraJãe, tanto na vida como na morte. 9m mito )ue 8% tive o pra/er de contar em outra ocaie enina )ual ão a atribuião principal de &nilé, como ela et% aociada ao c!ão )ue piamo e obre o )ual vivemo n= e todo o ere vivo )ue formam o noo !abitat, noo mundo material. 'im conta o mito5 &nilé era a fil!a mai recatada e dicreta de &lodumare. @ivia trancada em caa do pai e )uae ninguém a via. uae nem e abia de ua e$it6ncia. uando o ori% eu irmão e reuniam no pal%cio do grande pai para a grande audi6ncia em )ue &lodumare comunicava ua decie, &nilé fa/ia um buraco no c!ão e e econdia, poi abia )ue a reunie empre terminavam em feta, com muita múica e dana ao ritmo do ataba)ue. &nilé não e entia bem no meio do outro. 9m dia o grande deu mandou o eu arauto aviarem5 !averia uma grande reunião no pal%cio e o ori% deviam comparecer ricamente vetido, poi ele iria ditribuir entre o fil!o a ri)ue/a do mundo e depoi !averia muita comida, múica e dana. Por todo o lugare o menageiro gritaram eta ordem e todo e prepararam com emero para o grande acontecimento. uando c!egou por fim o grande dia, cada ori% dirigiue ao pal%cio na maior otentaão, cada um mai belamente vetido )ue o outro, poi ete era o dee8o de &lodumare. 0emon8% c!egou vetida com a epuma do mar, o brao ornado de puleira de alga marin!a, a cabea cingida por um diadema de corai e pérola, o pecoo emoldurado por uma cacata de madrepérola. &I=i ecol!eu uma túnica de ramo macio, enfeitada de pele e pluma do mai e$=tico animai. &on#in vetiue com um manto de fol!a perfumada. &gum preferiu uma couraa de ao bril!ante, enfeitada com tenra fol!a de palmeira. Zun ecol!eu cobrire de ouro, tra/endo no cabelo a %gua verde do rio. ' roupa de &umarL motravam toda a core, tra/endo na mão o pingo freco da c!uva. % ecol!eu para vetire um ibilante vento e adornou o cabelo com raio )ue col!eu da tempetade. SIngo não fe/ por meno e cobriue com o trovão. ]IM%l% tra/ia o corpo envolto em fibra alv1ima de algodão e a teta otentando uma nobre pena
vermel!a de papagaio. * aim por diante. Não !ouve )uem não uae toda a criatividade para apreentare ao grande pai com a roupa mai bonita. Nunca e vira ante tanta otentaão, tanta bele/a, tanto lu$o. -ada ori% )ue c!egava ao pal%cio de &lodumare provocava um clamor de admiraão, )ue e ouvia por toda a terra e$itente. & ori% encantaram o mundo com ua vete. Jeno &nilé. &nilé não e preocupou em vetire bem. &nilé não e intereou por nada. &nilé não e motrou para ninguém. &nilé recol!eue a uma funda cova )ue cavou no c!ão. uando todo o ori% !aviam c!egado, &lodumare mandou )ue foem acomodado confortavelmente, entado em eteira dipota ao redor do trono. *le die então M aembléia )ue todo eram bemvindo. ue todo o fil!o !aviam cumprido eu dee8o e )ue etava tão bonito )ue ele não aberia ecol!er entre ele )ual eria o mai vitoo e belo. (in!a toda a ri)ue/a do mundo para dar a ele, ma nem abia como comear a ditribuião. *ntão die &lodumare )ue o pr=prio fil!o, ao ecol!erem o )ue ac!avam o mel!or da nature/a, para com a)uela ri)ue/a e apreentar perante o pai, ele memo 8% tin!am feito a divião do mundo. *ntão 0emon8% ficava com o mar, Zun com o ouro e o rio. ' &I=i com a mata e todo o eu bic!o, reervando a fol!a para &on#in. eu a % o raio e a SIngo o trovão. Ae/ ]IM%l% dono de tudo )ue é branco e puro, de tudo )ue é o princ1pio, deul!e a criaão. etinou a &umarL o arco1ri e a c!uva. ' &gum deu o ferro e tudo o )ue e fa/ com ele, incluive a guerra. * aim por diante. eu a cada ori% um pedao do mundo, uma parte da nature/a, um governo particular. ividiu de acordo com o goto de cada um. * die )ue a partir de então cada um eria o dono e governador da)uela parte da nature/a. 'im, empre )ue um !umano tivee alguma neceidade relacionada com uma da)uela parte da nature/a, deveria pagar uma prenda ao ori% )ue a pou1e. Pagaria em oferenda de comida, bebida ou outra coia )ue foe da predileão do ori%. & ori%, )ue tudo ouviram em il6ncio, comearam a gritar e a danar de alegria, fa/endo um grande alarido na corte. &lodumare pediu il6ncio, ainda não !avia terminado. ie )ue faltava ainda a mai importante da atribuie. ue era precio dar a um do fil!o o governo da (erra, o mundo no )ual o !umano viviam e onde produ/iam a comida, bebida e tudo o mai )ue deveriam ofertar ao ori%. ie )ue dava a (erra a )uem e vetia da pr=pria (erra. uem eriaW Perguntavame todoW T&niléU, repondeu &lodumare. T&niléWU todo e epantaram. -omo, e ela nem e)uer viera M
grande reuniãoW Nen!um do preente a vira até então. Nen!um e)uer notara ua au6ncia. TPoi &nilé et% entre n=U, die &lodumare e mandou )ue todo ol!aem no fundo da cova, onde e abrigava vetida de terra, a dicreta e recatada fil!a. 'li etava &nilé, em ua roupa de terra. &nilé, a )ue também foi c!amada de "l6, a caa, o planeta. &lodumare die )ue cada um )ue !abitava a (erra pagae tributo a &nilé, poi ela era a mãe de todo, o abrigo, a caa. ' !umanidade não obreviveria em &nilé. 'final, onde ficava cada uma da ri)ue/a )ue &lodumare partil!ara com fil!o ori%W T(udo et% na (erraU, die &lodumare. T& mar e o rio, o ferro e o ouro, & animai e a planta, tudoU, continuou. T'té memo o ar e o vento, a c!uva e o arco1ri, tudo e$ite por)ue a (erra e$ite, aim como a coia criada para controlar o !omen e o outro ere vivo )ue !abitam o planeta, como a vida, a aúde, a doena e memo a morteU. Poi então, )ue cada um pagae tributo a &nilé, foi M entena final de &lodumare. &nilé, ori% da (erra, receberia mai preente )ue o outro, poi deveria ter oferenda do vivo e do morto, poi na (erra também repouam o corpo do )ue 8% não vivem. &nilé, também c!amada 'i6, a (erra, deveria er propiciada empre, para )ue o mundo do !umano nunca foe detru1do. (odo o preente aplaudiram a palavra de &lodumare. (odo o ori% aclamaram &nilé. (odo o !umano propiciaram a mãe (erra. * então &lodumare retiroue do mundo para empre e dei$ou o governo de tudo por conta de eu fil!o ori%D. * aim ete mito, de modo did%tico e com muita bele/a, itua o papel de &nilé no panteão do deue iorub%. -omo é etrutural no mito, o tempo da narrativa não é !it=rico, dando a impreão )ue o culto do diferente ori% foram intitu1do a um = tempo, num = ato do upremo deu. ' narrativa enfati/a, contudo, a concepão b%ica da religião do ori%, ito é, )ue cada ori% é um apecto da nature/a, uma dimenão particular do mundo em )ue vivemo. *le ão o pr=prio mundo, com ua fora, elemento, energia e propriedade, mundo )ue tem por bae &nilé, a (erra, o planeta )ue !abitamo o noo lar no univero.
Gito de Onilé7 Na África iorub%, &nilé ocupa lugar central no culto da ociedade maculina ecreta &gboni. ' ecultura em bron/e a)ui motrada, provavelmente do éculo 7@""", é origin%ria dea ociedade tem o ol!o em emic1rculo, )ue tudo obervam em il6ncio, e a mão
fec!ada e alin!ada, uma obre a outra, na altura do umbigo, num geto )ue imboli/a o con!ecimento ancetral, conforme o 1mbolo &gboni, ociedade )ue, até o éculo 7"7, cuidava da 8utia, 8ulgava criminoo e feiticeiro e e$ecutava o condenado M morte. >ouvar &nilé é celebrar a origen. Por io, )uando aparecem 8unto ao !umano, o antepaado egungun aúdam &nilé, lembrandono )ue ela é anterior a tudo o mai, memo M lin!agen mai antiga da !umanidade. &nilé é aentada num mont1culo de terra vermel!a, )ue repreenta o coraão da (erra, podendo também er montado com terra de cupin/eiro, )ue é tra/ida de dentro do olo pelo ineto trabal!adore, e )ue é vermel!a. entro do mont1culo fi$ae uma )uartin!a com %gua, poi não !% vida na terra deprovida de %gua. ' )uartin!a dentro da terra imboli/a )ue a %gua vem de dentro da (erra e )ue é aim a primeira d%diva de &nilé. ' %gua )ue 8orra do olo forma o regato, rio, lago e o pr=prio mar, de onde obe para a nuven e e precipita em c!uva, voltando ao olo e ubolo, num ciclo permanente de propiciaão da vida. & aentamento é coberto com moeda ou bú/io, )ue entre o antigo iorubano era din!eiro, repreentando toda a ri)ue/a e properidade )ue et% na (erra, )ue dela e$tra1mo e na )ual vivemo. @ermel!o e marrom, core da terra, ão a core apropriada para colare de conta )ue !omenageiam &nilé. Na África, o acrif1cio feito a &nilé incluem carac=i, ave f6mea e tartaruga 3'bimbola, D^FF5 DDD4. No Brail a legilaão pune como crime inafian%vel o acrif1cio de animai ameaado de e$tinão e aim a tartaruga é ubtitu1da pela cabra. 'li%, matar um animal em e$tinão eria uma ofena imperdo%vel a &nilé, )ue é a pr=pria nature/a, a grande mãe da ecologia. 'lém dee animai, d%e para &nilé tudo o )ue a terra produ/ e )ue o !omem tranforma5 obi, orob: e toda a demai fruta, in!ame e outro tubérculo, fei8e, mil!o, fava, mel, dend6, al, vin!o e tudo mai )ue vem da terra pela mão do !omem. -ultuada dicretamente em terreiro antigo da Ba!ia e em candomblé africani/ado, a Jãe (erra tem depertado recentemente curioidade e interee entre o eguidore do ori%, obretudo entre a)uele )ue compem o eguimento mai intelectuali/ado da religião. &nilé, ito é, a (erra, tem muito inimigo )ue a e$ploram e
podem detru1la. Para muito eguidore da religião do ori%, intereado em recuperar a relaão ori%nature/a, o culto de &nilé repreentaria, aim, a preocupaão com a preervaão da pr=pria !umanidade e de tudo )ue !% em eu mundo. Poi é &nilé )uem guarda o planeta e tudo )ue !% obre ele, protegendo o mundo em )ue vivemo e poibilitando a pr=pria vida de tudo )ue vive obre a (erra, a planta, o bic!o e a !umanidade.