O C Â N O N BÍ BLI CO +
A O ri gem da List a do s Livros S agr ado s Prof. Alessandro Lima
Prof. Alessandro Lima
O CÂNON BÍBLICO A O ri gem da List a do s L ivro s Sag rado s
Brasília, 2007
© Copyright by Alessandro Ricardo Lima, 2007 Contato com o autor: arlima® gmail . com
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ou
Revisão: Carlos Martins Nabeto e Solange Maria Corrêa Brant de Sá.
LIMA, Alessandro Ricardo. 1975 O Cânon Bíbli co: A Origem da Lista dos Livros Sagr Brasília, DF: 2007.
ados.
(Ia. edição, 125 páginas) Bibliografia. Registrado na Fu ndação Biblioteca Nacional sob o n 392.227, Livro 729, íls. 387.
o.
1. Cristia nism o; 2.Bíblia; 3.H istória da Igreja; 4. Patrística . I. Título. CDD - 220.95
índices pa ra Catálogo Sist emáti co: 1. Bíblia: Eventos, História 220.95 2. Antiguida de B íbli ca 220.93 3. Bíblia: Introdução 220.07 4. Histó ria da Igreja 281. 1 5. Patrística 281.1
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(ai I igos 102. 103 parágrafo único, 104. 105, 106 e 107 itens 1. 2 e 3. da Lei n” 9.610. de 10.00 .1998 (Lei dos Dir eitos Autorais]).
“M uit os em preenderam
com por uma hist óri a dos aconteci
m en-
tos que se reali zaram e ntre nó s, com o nol os tr ansm it ir am aq uele s que for a m desde o princí pio test em unhas ocul ares e qu e se tor naram m ini st ro s da pal avr a. Tam bém a m im me pa receu bem, d epois de hav er dili gen temen te i nves ti gad o tudo de sd e o p rin cíp io , es cre vê lo s p a ra ti se g u n d o a o rd e m ” (Lc 1,1-3).
S UM ÁR I O
Sobre o autor .............................................................................................. 7 Apresentação.............................................................................................. 9 Introdução................................................................................................. 11 Capítulo 1. Qual é o conjunto do s Livros Canô nicos? .....................................13 Capítulo 2. A Septuaginta ou Versão dos Setenta (LXX)...................................17 Capítulo 3, As Escrit uras Sagradas tuilizadas n o tempo de Jesus ....................21 Capítulo 4. O Cânon de Jâmnia..................................................................27 Capitulo 5. Quais foramos livros considerados canônicos pelos primeiros cristãos?.................................................................................................. .'39 Capítulo 6. Cânon das Escrituras Sagradas começa a se estabel ecer na Igreja. .. 79 Capítulo 7. A Reforma, o Concilio de Trento e as Igrejas Or todoxas ..................91 Capítulo 8. Por que um Cânon Bíblico paraos cristãos? .................................97 Capítulo 9. Uma Análise Sobre os Deuterocanônicos doAT ............................101 Conclusão............................................................................................... 107 APÊNDICE I - Infl uências dos livros Deu terocanônicos do AT no NT ...............111
Referências Bibliográficas ..........................................................................119
S obre
A
o
A utor
lessandro R. Lima, casado e pai, nasceu em Brasília/DF. Vindo de uma família de classe média de quatro filhos, o pai
(falecido) funcionário público e mãe dona de casa. Formado em Tecnologia em Processamento de Dados pela União Educacional de Brasília (UNEB/DF) e pós-graduado em Ge rência de Projetos em Engenharia de Software pela Universidade Estácio de Sá/RJ. Trabalha como Professor Universitário e Consul tor de Engenharia de Software. Desde 1999 dedica-se ao estudo da Fé Cristã dos primeiros séculos; pelo qual foi levado a deixar o protestantismo e ingressar na Igreja Católica, no final de 2000. Em 2002, juntamente com Carlos Martins Nabeto fundou o apostolado católico
Veritat is Splendo r (http: / /www.veritatis.com.br
- considerado um dos maiores sítios católicos em língua portugue sa - onde desde então, além das suas atribuições familiares e secu lares, dedica-se à publicação de artigos referentes
ao Cristianismo
primitivo e à defesa da Fé Católica nas questões mais difíceis.
)
7
I ntrodução
A
palavra “cãnon” vem do grego kanóni e significa “régua” ou “cana [de m edir]”. A cana era usada pelo s antigos como ins trumen to de medição. D esta forma, os cânones em sentido religioso são as réguas que devem ser usadas para medir a vida, isto é, guiar o fiel em sua vida religiosa.
O Cãnon Bíblico é a lista dos livros sagrados que compõe a Bíblia Cristã. Esta lista também é chamada de lista canônica ou lista dos livros canônicos (=livros autorizados). A Palavra “Bíblia” vem do grego “biblos" que significa bibliote ca. Assim, a Bíbli a é uma “bibliote ca” , porque é compo sta por um conjunto de livros que os cristãos crêem serem inspirados por Deus. A redação dos livros sagrados começou por volta do séc. XV a.C. e somente se encerrou no final do séc. I d.C. Ao contrário do que muitos pensam, a Bíblia Cristã organiza da como um único livro, não foi assim entregue pelos Apóstolos. Antes que fosse possível reunir os livros sagrados em um úni co volume, foi necessário saber quais eram esses livros. A Sagrada Escritura em nenhum lugar define a sua lista de livros sagrados; o índice por si mesmo também não é um “rol” ins pirado, mas uma criação humana visando facilitar a localização dos diversos livros sagrados existentes nessa “biblioteca” chamada Bíblia. Embora, alguns pesquisadores defendam a existência de um cãnon bíblico judeu , já fixado depois do tempo do profeta Esdra s, não havia nos primeiros séculos da Era cristã um consenso sobre quais livros de tradição hebraica deveriam ser considerados canônicos (A T1) . A m esm a dú vida pairou sobre alguns livros da lite ratura cristã (NT2). Desta forma, nos primeiros séculos, alguns livros eram acei tos por toda a Igreja, enquanto outros tinham sua inspiração con-
11
(estada ou posta em dúvida. Por esta razão, alguns livros que hoje se encontram na Bíblia, só foram considerados canônicos mais tar de. Considerando tudo isto, os livros canônicos que compõe a Sa grada Escritura Cristã são classificados quanto ao reconhecimento de sua canonicidade como: protocanônicos e deuterocanônicos. Os protocanônicos (proto=primeiro, canônicos=autorizados) são aqueles que jamais tiveram sua canonicidade contestada, isto é, são aqueles que sem pre foram con siderados inspirados por De us. Os deuterocanônicos (deut.ero=depois, canônicos=autorizados) são aqueles que foram considerados canônicos mais tarde, pelo fato de ter havido inicialmente alguma dúvida quanto à sua inspiração e conseqüente canonicidade. Há ainda aqueles que inicialmente fo ram considerados canônicos e posteriormente não, incrementando assim o conjunto dos livros “apócrifos”3. Existem livros protocanônicos e deuterocanônicos tanto para o AT quanto para o NT. Normalmente são relacionados como deuterocanônicos do AT: Tobias, Judite, Sabedoria, Sabedoria de Sirac (ou Sirácida) ou Ecles iástic o, B aruc (ou Ba ruq ue ), 1 e 2 Macabeu s. Como veremos mais adi ante, a i nclusão do livro d e Baruc neste conjunto parece ser equivocada, da mesma como é também equivocada a não inclusão do livro de Ester. Tam bém são deu terocanônicos do A T os acréscim os no livro de Ester (10,4 a 16,24) e no livro de Daniel (“O Cântico dos três jo ven s” correspondendo aos versículos 24 a 90 do cap ítulo 3; “H is tória de Susana” e "Bel e o Dragão” correspondendo respectiva mente os capítulos 13 e 14). Do NT são de uterocan ônicos: 2 Pedro , 2 e 3 João, Tiago, Judas, Hebreus e o Apocalipse. Não é escopo deste trabalho um estudo detalhado acerca das traduções e manuscritos bíblicos. No entanto este assunto será abordado na devida proporção no que concerne ao estabelecimento do Cânon Bíblico Cristão. 1 AT =A nti goT estam ento. Conjunt odosli vroscanôni cosquef oram escri tosantesde Cri sto. 2
NT=NovoT estame nto.C onju ntodos liv ros canôni cosquefor am escri tosdepois de Cri sto.
3 São os livros cuja ins pir açãodivi na não foiconfirmada confiável.
oucujocon teúdo doutrinári onão é
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CAPÍTULO 1
Qual é o conjunto dos Livros Canônicos?
A
lgumas pessoas acreditam que é possível saber o conjunto dos livros canônicos, simplesmente porque a sua inspiração divi na é evidente. Este conceito além de ser bastante subjetivo, depen de também de concei tos e cri térios de verificação aind a mais su bje tivos. Por exemplo: quais atributos definem se um livro é inspirado ou não? Quais são os critérios de avaliação e verificação destes mesmos atributos? As opiniões seriam tão múltiplas quanto são as
estrelas do céu. De fato, nenhum autor dos livros do NT diz ter escrito sob o impulso do Espírito Santo, exceto São João, ao escrever o Apoca lipse. Ademais, ainda que cada livro da Bíblia começasse com a fra se: “Este livro é inspira do por Deu s” , seme lhante frase não prov aria nada. Ora, o Alco rão diz ser inspirado , assim co mo o Livro do Mór mo n e vários livros de religiões orientais. Ainda, os livros de Mary Baker Eddy (a fundadora da Ciência CristãJ e de Ellen G. White (fundado ra do Adventismo do Sétimo Dia) se proclamam inspirados e muilos cristãos os rejeitam como tal. Pode-se concluir então, que o fato de um escrito atribuir a si qualidades de inspiração divina não quer dizer que assim o seja na realidade. Diante destes argumentos, alguns recuam e afirmam que “o Espíri to Santo nos d iz claramente que a Bíblia é ins pira da ”, uma noção bastan te subjetiv a, que também p ode ser usa da po r um hindu, mulçumano ou espírita, para afirmar que os Deuses, Alah ou os Espíritos, respectivamente lhes convencem que sua escritura é di vina. Este mesmo exemplo se aplica ainda àqueles que afirmam que a inspiração divina de um livro pode ser veri ficada pela insp ira
ção que causa no crente. Argumento conhecido como “É inspirado 13
porq ue in spir a” . Ora, note que há muitos escritos religiosos antigos que certamente são muito mais “inspirativos” ou “emotivos” do que muitos textos e até livros inteiros do AT. Veja, por exemplo, o livro de Números no AT. Será que com este critério é possível afirmar que o livro de Números é inspirado? No entanto, ele está presente em todas as Bíblias Cristãs. Portanto, a fixação de um cânon bíblico, não está sujeita às opiniões alheias, fundamentadas em conceitos e métodos de verifi cação totalmente subjetivos e duvidosos. Alguns ainda acreditam que através dos livros consensualmente considerados canônicos (protocanônicos) é pos sível identificar dos demai s. Esta proposta pod e nos fornecer pistas importantes, mas infelizmente não é suficiente. Por exemplo, em Lucas 24,27.47 e João 10,34, aparecem as expressões “Moisés e os Profetas”, “Lei e os Profetas”, “Lei, Profetas e Salmos”, todas elas relacionadas ao conceito de Escritura Sagrada. A expressão “Profetas” abrangeria quais livros? Datados da mesma época dos profetas existe uma infinidade de outros livros cuja autoria é atribuída aos antigos profetas do AT, no entanto, hoje não são considerados canônicos. Assim como existem outros cuja autoria profética ainda é duvidosa e são considerados canônicos por todos os cristãos. O mesmo se aplica aos Salmos. Existe um escrito chamado Salm o 151, considerad o canônico apenas p ela Igreja Ortodoxa. O que dizer de livros como Provérbios, Eclesiastes, Ester, Rute, 1 e 2 Sam uel, 1 e 2 Reis e Jo su é? Fa riam p art e de qual gru po? Lei, Profetas ou Salmos? Ou estariam em um outro grupo cuja men ção não se encontra em qualquer um dos li vros protocan ônicos? Ainda, o A T faz r eferência a pelo menos 21 livros que hoje são considerados apócrifos (HAMMER, 2006). O mesmo acontece com o NT que menciona o “Ascensão de Moisés" (cf. Jd 1,9) e "O Livro de Henoc” (cf. Jd 1,14). Pelas questões já aqui apresentadas e pelo fato da Bíblia não definir o seu conjunto de livr os sagrados, o discernim ento do Cânon Bíblico depende de algo que é exterior aos livros sagrados. Isto sig nifica que a B íblia não se forma por si mesm a e nem se autor iza por si própria. A sua legitimidade depende de algo que lhe é exterior.
Por exemplo, o Pentateuco4 sempre foi considerado canônico pelos 14
judeus, não por si mesmos, mas porque tinham origem na Tradi ção5 ju da ica e em M oisés que tinha au toridade de se u legítim o M a gistério (cf. Ex 18,13-14; Mt 19,7-8). Um outro exemplo são os es critos dos profetas. A autoridade destes livros não tinha srcem em si mesmos, mas no anúncio dos profetas (Tradição), ou porque sua autoria é atribuída a homens que eram legitimamente autorizados por Deus (Magistério). Desta forma, atribuição de autoridade divina a um livro, isto é, a definição de sua canonicidade sempre dependeu da autoridade de algo que é exterior ao livro: a Tradição que lhe deu srcem (e que por tanto lhe é anterior) e o Magistério legitimamente estabelecido por Deus, reconhecido como seu legítimo guardião e difusor. Esta antiga e divina relação não se aplica somente ao Cãnon Bíblico. Alguns dos livros bíblicos não trazem o nome do autor (por exem plo, o Pentateuco e os 4 Evangelhos). A atribuição da autoria de muit os livr os canônicos também dependeu da Tradição e do Ma gis tério divinos. Vejamos como o Senhor se utilizou destes dois instrumentos para nos comunicar o que hoje conhecemos como a Bíblia.
4 OsCincoprimeiros
livrosd a Bíblia cujaautori a éatribuí daa Moisés: Gênesi s, Êxodo ,
Levítico,NúmeroseDeuteronômio. 4 Tradição com "T " maiúsc ulo, nãosig nif icaoco njuntode costumesdesenvolvi deumconceitoreligiosoouconjuntodoutrinário,masaprópriaRevelaçãoDivina
dosa par tir
transmitidaeconservadadeformaoralouescrita.
15
CAPÍTULO 2
A Septuaginta ou Versão dos Setenta (L X X ) urante o reinado de Nabucodonosor6, as Escrituras Sagradas hebraica s foram perdidas, por ocasião do cativeiro i mp osto ao povo judeu, que em aproximadamente 587 a.C. foi deportado de Jeru salém para a Babilônia. As Escrituras foram novam ente cons tituídas no tempo do Profeta Esdras, durante o r einado de Artaxe rxes (cf. Esd 9,38-41). O conjunto de manuscritos hebraicos mais antigos que che garam até nosso tempo , é conhecido como Texto Massorético. Nes ta compilação das Escrituras, o texto foi transcrito com a omissão das vogais. C om srcem no séc. VI, o Tex to Ma ssoré tico possui este nom e por ter sid o desenvolvido por um grupo de jud eu s conhecidos como Massoretas; que deste então se tornaram os responsáveis em con servar e transmitir o texto bíblico hebraico. Bem anterior ao Texto Massorético, se conservou até nosso tempo, a versão Grega das Escrituras Hebraicas conhecida como Septu aginta ou Versão dos Setenta (LX X). Vertid a, aproximad amente no séc. III a.C. para grego a partir dos mais antigos manuscritos hebraicos (hoje não mais disponíveis), o valor histórico da Septu aginta é i nestimável e de profunda importância para a identi ficação do Cânon Bíblico Cristão.
Origem da Septuaginta Ptolomeu II Filadelfo (287-247 a.C.), rei do Egito, encomen dou espec ialmen te para sua Biblioteca em Ale xan dria 7, um a tradu 6 Foi Rei daBabil ôni anoséc. VI a.C.
7
FundadaporAl exan dre ,oGran de tor nou- seogran decentrocul tural ecomercial doi mpério helênico. 17
ção grega das escrituras sagradas dos judeus. Esta foi a primeira tradução fei ta do s livro s h ebrai cos para u ma outra lí ngua. A tradu ção do hebraico para o grego, segundo a tradição, foi feita por 72 escribas durante 72 dias, por isso possui o nome Septuaginta que significa “Tradução dos Setenta”. A primeira menção ã ver são da Septuaginta encontra-se em um escrito cham ado “C arta d e A risté ias ” . Segu nd o esta car ta, Ptolomeu II Filadelfo tinha estabelecido recentemente uma valiosa biblioteca em Alexand ria. Ele foi persuadido por Demétrio de Fálaro (responsável pela biblioteca) a enriquecê-la com uma cópia dos li vros sagrados dos judeus. Para conquistar as boas graças deste povo, Ptolomeu, por conselho de Aristéias (oficial da guarda real, egípcio de nascimento e pa gão por rel igi ão) emancipou 100 mil es cravos, de diversas regiões de seu reino. Então, enviou represen tantes (entre os quais Aristéias) a Jerusalém e pediu a Eliazar (o Sum o Sa cerdote do s judeu s) para que fornecesse uma cópia da Le i e judeus capazes de traduzi-la para o grego. A embaixada obteve sucesso: um a cópia da Lei r icamente ornam entada foi enviada para o Egito, acompanhada por 72 peritos no hebraico e no grego (seis de cad a Tr ibo 8) para atend er o desejo do re i. Estes foram recebidos com grande honra e durante sete dias surpreenderam a todos pela sabedoria que possuíam, demonstrada em respostas que deram a 72 questões: então, eles foram levados para a isolada ilha de Faros e ali iniciaram os seus trabalhos, traduzindo a Lei, ajudando uns aos outros e comparando as traduções conforme iam terminando. Ao final de 72 dias, a taref a estava concluída. A tradu ção foi li da na presença de sacerdotes judeus, príncipes e povo, reunidos em Alexandria; a tradução foi reconhecida por todos e declarada em perfeita conformidade com o srcinal hebraico. O rei ficou profun dam ente satisfei to com a obra e a deposit ou n a sua biblio teca. Comumente se acredita, que a Carta de Aristéias foi escrita por volta de 200 a.C., 50 anos após a morte do Rei Filadelfo. Não há ainda entre os estudiosos um consenso sobre a ori gem e autenticidade desta carta. Embora a grande maioria consi8- Porordem div inaopovo de Israel foiclas sificadoem 12Tr ibos ,ca da umatendo srcem em
dosfilhosdoPatriarcaJacó(cf.Gn49). 18
dere seu conteúdo fantasioso e lendário, questiona-se se não há algum fundamento histórico disfarçado sob os detalhes lendários. Por exemplo, hoje se sabe com certeza que o Pentateuco foi mesmo traduzido em Alexandria.
Difusão e revisões Pelo fato de serem pouquíssimos os Judeus que ainda possu íam conhecimento da língua hebraica, principalmente após o domí koiné (grego popu nio helenista (entre os séculos IV e I a.C.) onde o lar) era o idioma falado, a Septuaginta foi bem acolhida, principal mente pelos judeus alexandrinos que foram os seus principais difusores, pelas nações onde o grego era falado. A Septuaginta foi usada por diferentes escritores e suplantou os manuscritos hebra icos na vid a religios a (JAEGER, 1991). Em razão de sua grande difusão no mundo helênico (tanto entre judeus, filósofos gregos e cristãos), as cópias da Septuaginta passaram a se multiplicar, dando srcem a variações contextuais. Orígen es9, mo tivado pela necessid ade de restaurar o texto à sua condição srcinal, dá srcem à sua revisão que ficou registrada em sua famosa obra, conhecida como Hexápla10. Luciano, sacerdote de Antioquia e mártir, no início tal do séc. IV publicou uma edição corrigida de acordo com o hebraico; edição reteve o nome de koiné, edição vulgar, e, às vezes, é chamada de Loukianos, após o nome de seu autor. Finalmente, Hesíquio, um bispo egípcio, publicou, quase que ao mesmo tempo, uma nova revisão, difundida principalmente no Egito.
Os Manuscritos Os três manuscritos mais conhecidos da Septuaginta são: o Vaticano (Codex Vaticanus ), do séc. IV; o Alexandrino (Codex Alexandrínus), do séc. V, atualmente no Museu Britânico de Lon ''
Há umabre vebio grafia nocap itulo 5.
111 Receb e estenom e pordisp ordotexto do ATem 6colunasdisti
ntas, cada uma conforme
uma tradução (hebrai co,a LXX, versão deÁquila, versãode Símaco, versão deTeodocião, eoutra dem enui import ância) . Foi perd ida restandoem nossos dias som ente alguns
fragmentos. 19
dres; e o do Monte Sinai (Codex Sinaiti cus), do séc. IV, descoberto por Tis ch en do rf no convento de Santa Catari na, no M onte Sinai , em 1844 e 1849, sendo que parte se encontra em Leipzig e parte em São Petersburgo. Todos foram escritos em u ncia is 11. O Codex Vatícanus
é con
siderado o mais fiel dos três; é geralmente tido como o texto mais antigo, embora o Codex Alex andrinus carregue consigo o texto da Hexa pla e tenha sido alt erado segun do o Texto Massorético. O Codex Vatícanus é referido pela letra B; o Codex Alexandrinus, pela letra A; e o Codex Sinaiticus, pela primeira letra do alfabeto hebraico [Aleph] ou S.
Os livros que estão presentes na Septuaginta Os livros presentes na Septuaginta, conforme a ordem srci nal: Gênesis, Êxodo, Levitico, Números, Deuteronômio, Josué, Juizes, Rute, 1 Samuel (1 Reis), 2 Samuel (2 Reis), 1 Reis (3 Reis), 2 Re is ( 4 Re is), 1 C rôn icas (1 P ar alip ôm en os ), 2 C rôn ica s (2 Pa ralip ôm eno s), 1 Esdra s, 2 Esd ras (Esdras e Ne em ias), Ester , Judite, Tobias, 1 Macabeus, 2 Macabeus, 3 M acabeu s, 4 M acabeus, Salmos, Odes, Provérbios, Eclesiastes, Cântico dos Cânticos, Job, Sabedoria, Eclesiástico (Sirac), Salmos de Salomão, Oséias, Amós, Miquéias, Joel, Obadias, Jo nas, Naum, Hab acuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias, Isaí as, Jeremias, Lamentações, Baruque, E pís tola de Jerem ias, E zequiel, Suza na12, Daniel, B el e o Dra gão (SO CI EDADE BÍBLICA DO BRASIL, 2003, Xii-Xiii). É importante notar que o conjunto de livros da Septuaginta é bem maior do que qualquer versão do AT disponível nas Bíblias Católica, Ortodoxa e Protestante. O que isto necessariamente signi fica? Será que o catálogo da LXX corresponderia a um cânon bíbli co conhecido e utilizado pelos antigos Judeus? Jesus e os Apósto los utilizaram este catálogo mais amplo de Escrituras Sagradas?
11 Let ras maiúscul as. 12 "História de Suzana " queconsta cornoapêndi cenolivr ode Dan iel nas Bíb liasCatóli case
Ortodoxas. 20
CAPÍTULO 3
As Escrituras Sagradas utilizadas no tempo de Jesus omum ente é veiculada a informação (principal mente em síti os na Internet e livros, ambos de srcem protestante) de que desus e os Ap óstolos não utilizaram a versão grega da Septuaginta, mas que manusearam as Escrituras do AT em manuscritos dispo níveis em h e b ra ic o 13. Isto se dev e bas ica m en te, ao f ato da Septuaginta possuir livros que são considerados apócrifos pelas confissões protestantes. Desta forma, a tese propõe que Jesus e os Apóstolos não manusearam esta versão grega das Escrituras. Os cristãos crêem que Jesus foi concebido pelo Esp írito Santo 11 0 ventre da Virgem Mari a. A refer ência mais conh ecida à doutrina
C
da concepção virginal de Maria Mateus concebeu 1,18-23. por obra Mateus, após relatar que a está Mãe em do Senhor do Esp írito Santo, an tes de coabita r com José, e que então, um anjo do Senhor apareceu a José em sonhos para informar que este não deveria recusá-la como sua esposa, pois o filho que ela concebeu era obra do Espírito Santo (cf. versículos 18 a 21), nos versículos 2/2 e 23, escreve:
“Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor falou p elo profeta. Eis que a Virgem co nceberá e dará à luz um filho, que se chamará Emanuel, que significa: Deus conosco". Mateus transcreve aqui Isaías 7,14. Conforme podemos ob servar, a tradução em língua portuguesa apresenta a expressão “eis que uma virgem conceberá".
0Protestantismodeformageraicrêqueocânonhebreujáestavadefinidoantesde
Cristoe q ueco rresponde àatua l BíbliaHebrai ca. Est eassun toseráabordado 21
noCapítul o4.
Alguns cristãos defendem a tese de que Mateus citava Isaías 7,14 conforme a versã o da Septuaginta. Como defes a, af irmam que na versão em hebraico, o adjetivo aplicado àquela que conceberá é almah, que significa jovem, pois o adjetivo mais apropriado para virgem seri a b’tulah; enquan to que na Septuaginta, o versicu lo ap re senta o adjetivo grego parthenos, que significa virgem. Embora seja possível, o adjetivo almah significar “virg em ” , enquanto que b’tulah também pode significar "mulher casada” (cf. Joel 1:8). Por exemplo, “alm ah” aparece pelo menos sete vezes no AT: Gn 24,43; Ex 2,8; SI 68,25; Pv 30,19; Ct 1,3; 6,8 e Is 7:14. Em todas as primeiras seis referências tem o sentido de virgem ou mulher solteira (que era virgem). Aliás, em Ct 6,8, o sentido de virgem é bastante claro: fala sobre 3 classes de mulheres: as rai nhas, as concub inas e as donzelas (“alm ot” , plural de “ alm ah ”). A me sm a Rebe ca, que é c hamada “b ’tulah [ virgem em hebraico ] a quem varão não havia conh ecido” em Gênesis 24, 16, é chamad a no mes mo capítulo de almah.
Há citações da Septuaginta no NT? Vários estudos atestam que os Apóstolos e Evangelistas
“pois, como se sabe, muitas citações (e alusões) do Antigo Testamento no Novo Testamento procedem diretamente da clássica versão grega" (SOCIEDADE BÍBLICA DO
usaram a Septuaginta,
BRASIL, 2003, i). Das 350 citações que o NT faz do AT, pelo m enos 300 provêm da vers ão grega (BÍB LIA, 197 4, i ii; BIBLEREARCH, 2006). Tem os provas de que o Senhor Jesus usou a Septuagin ta. Em Sua resposta ao diabo em Mt 4,4 Ele disse:
“Es tá escrito: Nã o só de pã o vive o h omem, mas de toda p a lavra que procede da boca de Deus". O Senhor referiu-se a Deuteronômio 8,3, onde na versão hebraica a expressão usada é “da boca do Senhor" enquanto a Septuaginta traz “da boca de Deus". Nos capítulos 6 e 7 do Livro dos Atos dos Apóstolos, lemos que Es tevão foi levad o ao Sin éd rio14 pela m ultidão (cf. A t 6,12). Dirigindo-se a seus acusadores, conta-lhes como Jacó trouxe
seus 75 descendentes para o Egito (cf. At 7,14-15). 22
Porém os textos hebraicos dizem que Jacó trouxe 70 descen dentes para o Egito (cf. Gn 46,26-27; Dt 10,22 e Ex 1,5). O Sinédrio conhecia bem a proibição divina de acrescentar ou retirar algo dos livros sagrados (cf. Dt 4,2; 12,32; SI 12,6-7 e Prov 30,6), mas não ousou acusar Estevão de estar pervertendo as Escrituras, orde nando matá-lo porque foi contraditado na defesa de Cristo. A s olução deste caso é muito simpl es. Es tevão citava Gn 46,2627 a partir da Septuaginta, que possui cinco nomes a mais que o Texto Massorético hebraico. Os cinco nomes que faltam na versão hebraica foram preservados na Septuaginta em Gn 46, 20, onde Makir, filho de Manasses, e Makir, filho de Galaad (=Gilead, no hebraico), são apontados, posteriormente, como os dois filhos de Kfraim, Taam (=Tahan, no hebraico) e Sufalaam (=Shufhelah, no hebraico) e seu filho Edon (=Eran, no hebraico). Outro e xemp lo é o nome de um deus pagão citado por Estevão cm At 7,43. Estevão citou-o como Renlão. Esta citação é de Aniõs 3,26. No texto hebraico o nome do deus é Quijum. Estevão citou a versã o da Septu aginta que traz Renfã e não Quijum do texto hebrai co. Isto significa que o uso da versão da Septuaginta era também comum entre o s Judeu s da Pal estina, contrariando aqueles que afir mam que somente os judeus de Alexandria aceitavam esta versão. Pelo fato da Septuaginta ter sido amplamente usada pelos Apóstolos e presbíteros da primitiva Igre ja, a Trad ição Cristã con fe riu-lhe lugar especial (SOCIEDADE BÍBLICA DO BRASIL, 2003, v).
A s descobertas do M a r M or to Partes da Septuaginta foram encontradas na Judéia, entre os manuscritos do Mar Morto, descobertos em Qumran, sendo anteri ores ao ano 70 d.C. Alguns exemplares foram encontrados na ca verna 4 ( 1 19 L X X L ev .; 1 2 0 p ap L X X L ev .; 121 LX XN um .; 122LXX Deu t.), um texto não i dentificado da Septua ginta grega en contrado na caverna 9 (Q9), e existe um fragmento de papiro, escri to em grego, encontrad o na caverna 7 (LXXExod.). A cav erna 7 produ 11 Conselho naci onal que notem po deJesus tinha autoridadee ntreosjude us parajul gar cas osreli giososou civis .Jesus condenadoprimeiram
ente pel oSinédri oe depoi s levado a
PôncioPilatos. 23
ziu ainda muitos pequenos fragmentos em grego (da Septuaginta), cujas identifi cações pe rmane cem e m discussão ou sem classi ficação. O Dr. Emanuel Tov sugere as seguintes identificações para al guns destes fragmentos gregos do primeiro século antes de Cristo: 7Q4. Números 14,23-24; 7Q5. Êxodo 36,10-11; Números 22,38; 7Q6. 1 Salm o 34,28; Prové rbios 7,12-13; 7Q6. 2 Isaías 18,2 7Q8. Zacarias 8,8; Isaias 1,29-30; Salmo 18,14-15; Daniel 2,43; Eclesiastes 6,3. Entre estes fragmentos constam ainda trechos dos livros deuterocanônicos do AT: ■ Em grego foram encontrados fragm entos d e: 4Q 478 [Tobi as], 4Q383, 7QLXXEpJer. [Epístola de Jeremias]; ■ Em hebraico foram encontrados: uma cópia do livro do Ec le siástico [manuscrito 2QSir.], “A História de Suzana” (corres pon dente ao capítu lo 13 do livro de Daniel ) [man uscrito 4Q551] e fragmentos do livro de Tobias [manuscrito 4Q200]. ■ Em aramaico f oi encontrado um fragm ento do livro de Tobias [manuscrito 4Q196-9], Uma cópia do livro do Eclesiástico, em hebraico, foi encontra da nas ruínas de Mas ada e é datada como do início do século I a.C. Estas evidências mostram que o s livr os d euterocanônicos eram conhecidos e manuseados pelos Judeus da Palestina. Alguém poderia objetar afirmando que tais descobertas correspon dem à literatura usada pel os Ebionitas (sei ta de Q um ran ), um grupo estranho ao ramo principal do Judaísmo. Não é desta forma que pensam os especialistas:
“Tanto no jud aís m o m oderno quanto no cris tianismo, uma 'seita ’ é, geralmente, um ramo de um tronco religioso maior e é freqüente mente vista como excêntrica ou desviada nas suas crenças. Ma s os pesqu isadores e leigos deveriam reco rdar que durante todo o período de existência de Qumran, os faris eus e os saduceus eram ‘seitas’, assim como eram os essênios! Foi apenas a partir do século II d. C. que pass ou a se fo rm a r um tipo de jud aís m o ‘ aquele dos fariseus, dos rabis ‘ que veio a se tornar padrão para o povo ju d eu
24
como um todo. Tais matérias são de menor importância se comparadas com os manuscritos bíblicos. Primeiro, porque toclos os pesquisadores concordam que nenhum dos textos bíblicos (tais como Gênese ou Isaías ) Joi com posto e m Qum ran; ao contr ário, todos eles se srcinaram antes do período de Qumran. Também é aceito que muitos ou a maioria desses m anuscritos f oram traz idos de for a pa ra Q umra n e. depois, aí reproduzidos. Isto significa que o valor da maioria dos man uscrit os bíblic os enganam, não em estabelecer prec isam ente onde foram escritos ou copiados, mas especifica men te quanto ao estudo das formas textuais que encerram ” 15 (ABEG G, 1999). Não é possível afirmar que todo conjunto de livros da Septuaginta foi considerado sagrado pelos judeus alexandrinos, judeus palestinen ses ou por Jesus e seus Apóstolos. Só podem os afirmar que era conhecido por todos eles por constar na versão bíblica por eles usada. O tempo levará a sinagoga e a Igreja a escolherem alguns li vros da Septuaginta como canônicos e a rejeitarem outros. Nesta decisão a sinagoga saiu na frente. Vejamos no próximo capítulo como isto aconteceu.
ir’ FragmentotraduzidoporCarl
os Martins Nabeto .
25
CAPÍTULO 4
O Cânon de Jâmnia
N
o tempo do Imperador Romano Nero, desencadeou-se a primei ra revolta aberta dos jud eus da Palestina contra Roma (66-70). Tilo, na prim avera de 70, sitiou Jerusa lém, a cidade in teira foi saqueada, arrasada e o Templo foi destruído no dia 10 do mês de acosto do mesmo ano. Os fariseus de Je rus além 16 se transferiram para a cidade de Jâmnia, onde formaram próspera escola rabíni ca. Aproximadamente no ano 90, este grupo de rabinos define uma lista dos livros que deveriam ser considerados sagrados pelos Judeus. O Cân on de Jâmnia (como ficou conhecida esta lista) deu srcem à atual Bíblia Hebraica. O Cânon de Jâmnia excluiu os sete livros deuterocanônicos [do AT] e os acréscimos de Daniel e Ester.
U m cânon sagrado p ré-existente? Alguns afirmam que o Cânon dc Jâmnia foi a confirmação ilc um Cãnon Sagrado anterior e definido pela autêntica Tradi ção judaica. Segundo esta tese, o fato de Jesus e os Apóstolos se referirem as Escrituras Sagradas disponíveis em seu tempo de forma geral ("Escrituras”), mostra que eles tinham em mente uma quantidade precisa de livros que estavam incluídos sob aqueles títulos gerais. Apresenta-se como prova o registro do Evangelista Lucas ao
11 Alguns autoresidentifi
cam a Escola Rab ínicaem Jâmnia como oanti go Sinédr io
(BERARDI NO, 2002, ver b. Jerusal ém, p, 750 ). Entretant o hácontrovérsi as entreos especial ist as,já queo Sinédr ioer apred om inantem ente formad oporSaduceus , que neste
tempoforamdesimados. 27
diálogo entre Jesus e os discípulos na estrada de Emaús: ‘E come çando por Moisés e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras.”(Lc 24,27). A expressão “todas as Escr ituras” dem onstraria que já no temp o de Cri sto, um a lis ta de livros canônicos já estava fixada. Cita-se ainda João 5,39, quando Jesus manda os Fariseus, que eram os legítimos intérpretes da Lei (cf. Mt 23,1), verificarem que Nele se cumpriram todas as profecias messiânicas. Jesus ao utilizar a expressão “Escritu ras” est aria se referindo a um conjunto de livros bem conhecido, tanto por Ele quanto pelos Fariseus. Chama-se ainda a atenção à expressão “Moisés e os Profetas” (cf. Lc 24,27). “Moisés e os Profetas” ou “A Lei e os Profetas” seria a estrutura de como este cânon judeu estaria organizado, sendo que na seção “L ei”, estariam contidos tam bém os Salmos (cf. Jo ão 10:34). Assim, se quer defender a existência de um cânon bíblico, organi zado em uma tríplice estrutura: a Lei, os Profetas e os Salmos. Tam bém se costuma fazer referencia a Lc 24,44, onde Jesus ao apare “(...) era necessário que se cer aos apóstolos e discípulos lhes disse:
cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos proje ta s e nos Salm os”. Estes argum entos são bastante frágei s, pois em todas as refe rências apresentadas, Jesus está tentando demonstrar que Nele se cumprem todas as profecias messiânicas. E onde estão estas profe cias? Estão justamente nos livros de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. Desta forma, dentro do contexto em questão, é bem mais certo que Jesus esteja referenciando esta triplica estrutura, porque nela se encontram as profecias messiânicas, do que Ele esteja fa zendo referência a um cânon sagrado existente em seu tempo. Há também quem apresente como prova do suposto cânon, então confirmado pelo Cânon de Jâmnia, os testemunhos históri cos de Flãvio Josefo e Áquila (o qual criou uma nova versão grega das Escrituras hebraicas, que leva o seu nome). O testemunho de Áquila é reconhecidamente posterior ao Cânon de Jâmnia, e por isso, também não pode ser aceito como prova: muito pelo contrário...
28
Por outro lado, reproduziremos abaixo o texto de Josefo, conlorme consta em sua obra “Contra Apion’’:
“38. É, pois natural ou melhor dizendo, necessário, que não i xis ta en tre nós u ma m ultiplicidade de livros em contradiçã o en tre si, senão somente vinte e dois17 que contém os registros de toda história e que com toda ju stiça são dignos de conf iança . 39. Dele s, existem cinco de Moisés, os quais con têm as leis e a tradição desd e a criação tio homem até a morte de Moisés. Compreende, inais ou menos, um geríodo de três m il anos. 40. De sde a morte de Moisés até Ar ta xe rx es 18, ■.ncessor de X erx es19 como rei dos persas, aos pro feta s poste rior es a Moisés fo ra m deixados os feito s do seu tempo em treze livr os, os i/iiatro restantes contém hinos a Deus e conselhos morais aos homens. 41. Também desde Artaxerxes [tempo do Profeta Esdras] até nossos dias cada acontecimento tem sido registrado; embora estes nr to seja m dign os da mesm a con fiança dos a nterio res, p orqu e não havi a uma sucessão rigor osa de profet as. 42. Os fei tos prov am com claridade como nós nos acercamos das nossas próprias escrituras: have ndo j á transcor rido tanto temp o, ninguém se atreveu a adicionar. tirar ou trocar nada nelas “ (JOSEFO, 2006, p. 21-22). Não é possível precisar se o testemunho de Josefo é anterior ou posterior ao Cânon de Jâmnia, devido à incerteza entre as datas do Cânon e seu testemunho. Costuma-se dizer que “Contra Apion” foi terminada pelo ano 'i |; e o Cânon de Jâm nia, norm alm ente é referido pelos espec ialistas i oi no send o do ano 90. Entretanto, ne nhu ma destas datas é conc lu siva; sabemos apenas que ambos são os últimos anos do séc I d.C. Com efeito, não é possível precisar se o testemu nho de Josefo i .mterior ou não ao Cânon de Jâm nia, devid o à inc ertez a entre a s il.itas do Cânon e seu testemunho. Esta incerteza compromete por i iimpleto o testem un ho de Josefo, pois nã o se sabe com certeza se o mesmo foi influenciado ou não pelo Cânon de Jâmnia. Porém, há indícios que sim. ( is judeusorg ani zava m suas Escr ituras conforme onúm erodeletr as de se u alfabeto. Il.itiaduçãoori ginal est áArtajerj es ("j" no lugar do" x "),oquedifer edousoc om um em ,, 1111astraduções.Pormotivodeunidadetextualmantiveconformeousocomum. Mesmarazãodanotaanterior.
29
Josefo era fariseu e os rabinos de Jâm nia também, assim pos sivelmente ele esteja simplesmente defendendo a posição de sua facção religiosa. O prólogo da tradução Grega do Eclesiástico (ou Sabe doria de Sirac), livro escrito por vo lta de 130 a.C., po rtanto an terio r ao teste munho de Josefo, parece contradizê-lo. Nele lemos:
“Pela Lei , pe los Profetas e p or outros escritores que os s deram, recebemos inúmeros ensinamentos importantes (...) Foi assim que após entregarse particularmente ao estudo atento da Lei, dos Profetas e dos outros Escritos, transmitidos por nossos antepassados [...]".
uce -
Enquanto o test emun ho de Josefo procu ra restri ngir o Cânon Sagrado ao tempo de Esdras, “ porq ue [d epois de Esdras] não houve uma sucessão precisa de profetas", o Eclesiástico parece ser mais “por outros escritores que os amplo e fiel à História ao afirmar que
sucederam [os profetas], recebemos inúmeros ensinamentos importantes". O testemunho do Eclesiástico refere-se a livros posteriores ao tempo dos Profetas. Veja o que estudioso protestante Leonard Rost tem a dizer sobre isso:
“Vê se, pelo prólogo de Sirac [Eclesiástico ou Sab edoria de Sira c], que, além dos escritos assumidos no Cãnon hebraico, traduziramse também out ros que parecem ter gozado de bast ente est ima como obras religiosas de edificação, em círculos mais ou menos amplos, até o fin a l do século I d.C" (ROST, 1980, p. 19). Há ainda em Josefo um trecho bem polêmico, vejamos:
“havendo já transcor rido tanto t empo , ninguém se atreveu a adicionar, tirar ou trocar nada nelas [nas Escrituras/’. Alguns entendem que neste trecho Josefo confirma que os livros escritos depois do tempo de Esdras não estavam dispostos num mesmo volume com os livros que foram escritos antes deste mesmo período (protocanônicos), pois isto configuraria um acrésci mo nos primeiros. Ora, ele está dizendo que nada f oi alterado nos textos pre sen tes nestes liv ros, nenh um a sílaba a mai s, nen hum a a menos. Jos efo não está se referindo à adição ou retirada de livros a um conjunto pré-estabelecido de outros livros. 30
A tese do Cânon pré-existente apresenta sérios problemas. Primeiro , se este suposto câ non corres pondia ao Câno n de Jâm nia, por que er a com umente usada a S eptuagint a com um catálogo bem maior, conforme é comprovado pel o testemun ho do NT e as desco bertas do Mar Morto e Massada? Segundo, se este suposto cânon correspondesse aos livros da Septuaginta, logo não seria perm itida a def inição de qua lquer outro cânon bíblico; então por que foi estabelecido o Cânon de Jâmnia? Terceiro, os judeus alexandrinos e etíopes recusaram o C ânon de Jâmnia e até hoje guardam como sagrados os livros da «Septuaginta. Se realmente este suposto cânon bíblico existisse, não haveria disputas entre os judeus sobre este tema; todos adotariam o mesmo conjunto de livros sagrados definidos pela Tradição Ju daica. Fílon de Alexandria, historiador e filósofo judeu, viveu entre OS ano s d e 20 a 50 d.C. Em su a ob ra “Expos ições sobre a Lei", onde íaz comentários sobre a doutrina da Torah20, as referências ao Pentateuco são todas da Septuaginta, que possuía os livros deuterocanônicos e as partes deuterocanônicas de Daniel e Ester, não aceitas posteriormente pelos Judeus de Jâmnia. Um dos especialistas sobre a vida de Fílon de Alexandria, o Prof. Ritter, quanto ao uso da Septuaginta pelo filósofo escreve:
“A princípio o texto que ele [Fílon] comenta é o da tradução gre i/a dos Setenta; algumas diferenças que se assinalou com razão entre seu texto e aquele que possuímos atualmente dos Setenta se explicam de uma maneira satisfatória não pela leitura do texto hebraico, mas pelo fa to de que nossa rece nsão é d e srcem posterior à da que ele usava!’ (RITTER, 1979). Antes que al guém objet e afirmando que a Tradição dos ju deus palestinenses era diferente da Tradição dos judeus alexandrinos, devo lembrá-los que ambos os grupos manuseavam a versão grega da Septuaginta, portanto, possuíam a mesma Tradi ção Judaica. A correspondência entre a Tradição Judaica Alexandrina e a Palestina é atestada pelo estudioso Wolfson: ÉcomoosJudeuschamamaLeideMoisés
31
“O jud aís m o alexandr ino, no tempo d e Fílon, era do mesmo tronco do jud aís m o farisaico, que então prosperava na Pal estina, ambos tendo brotad o daquele juda ísm o macabeu [ c. 165 a .C j que fo ra mol(WOLFSON, 1982). dado pelas atividades dos escribas" Ainda segundo o estudioso Werner Jaeger: “O greg o era fa la do nas syna gogai21 po r todo o Mediterrâneo,
como se torna evidente pelo exemplo de Fílon de Alexandria, que não escreveu o seu grego literário para um público de gentios, mas para os seus compatriotas jud eu s altamente educados" (JAEGER, 1991). Fílon de Alexandria, falava grego como era costume em seu tempo e utilizava as escrituras hebraicas através da Septuaginta. Isto era muito comum até entre os judeus da Palestina. Josefo de fende os jude us de Alexa nd ria de di versas calúni as, m ostrando ha ver identidade entre eles e os judeus da palestina (JOSEFO, 2006, p. 96-102). Se o cânon das Escrituras Hebraicas já estivesse fechado no tempo de Jesus, todos os judeus hoje (palestinos ou alexandrinos) observariam o mesmo conjunto de livros sagrados, e os fariseus de Jâmnia não precisariam se preocupar com isto no final do séc. I d.C. Interessante é a constatação do estudioso Fedeli Pasquero:
"N a real idad e, seguram ente os ju d eu s alexa ndrino n o séc. I d.C. reconheciam como sagrados os livros deuterocanônicos [do AT]; não obst ante a isso, eles estavam em plena comunhão de f é com os j u deus da Palestina, coisa que não teria sido possível se houvesse divergências em relação aos livros sagrados. Com efeito, os doutores hebreus fa zia m uso de pelo menos alguns dos livr os deuteroc anônicos [do AT ]; de m odo espe cial , encontramos frequ en tem en te citados Baru c, o Sirácida [Sabedoria de Siarc ou Ec
lesi ástico ], To bia s ” (PASQUERO, 1986). Sobre a possibilidade de um cânon de Escrituras hebraicas pré-definido, assim se manifesta Rost: “[...] não havia u m cãnon ofic ial, ou, como diz a Mixn á Y addyim IV 6, não ha via Ktby qd s’, Escrituras sagradas, como grupo fecha do. 21 Sinagog as, onde osj udeus se reuniam para o estudo dasSagr adas Escr itura s.
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Mesmo na épo ca em que se fix o u a Mixná, po r volta de 100 d.C., ina va am pla discussão entre os erudit os a respeit o de sabe r se o ( 'ãntico dos C ânti co ou o Eclesi astes de Salomão (Qoh elet ) fa zia m ou não pa rte d o grupo , discussão esta que Joi a plainada p or uma sen tença arbitrai em fa v o r da incl usão destes livros entre os escrit os 11
•■agrados (Mixná Yadvim III5 cd). A s descobertas dos manuscritos do Mar Morto, provenientes do período que vai de 150 antes de Cristo até 70 da era cri stã, em pa rticular o s que fo ra m encontrados nas cavernas de Qumran, mostramnos claramente que naquela época ainda não havia uma distinção rigorosa entre Escritura sagrada e men os sagrada Mas o fa lo d e um fragm ento bast ante ext enso do Cirac hebraico, copiad o em escrita esti cométrica, vale dizer , execu ta
novo da Escritura. Houve, entre estes rabinos, quem não quisesse gue ele fo ss e incl uído na Escritura” (BIBLIA, 1974, Introduções Aos l.ivros Históricos, verb. Ester, xxiii). Ainda conforme o Prof. Sandmel, a tradição rabínica quase excluiu do Canon das E scritura H ebraicas, o livro do Profeta Ezequiel: “O livro de Ezequiel fo i julgad o d esapropriado pa ra o cãnon
gorque regulações dos capít ulos 40 48 pa recem contrad izer •gu lações s imilare s do Pentateuco. Com o o sábio rabínico Ha nan ias 11
hen Ezequias fo i capaz de resolv er est as contr adições com uma apu inda interpr etação, o livro sal vouse de se r abandonad o jun ta m en te com outros livr os que não pod iam circular publicamente" (Ibid.; Intro iluções Aos Livros Proféticos, xliii). Além destes, também foram inicialmente contestados pelos rabino s, Jó (Ibi d,, xvii), Provérbios, Cân tico dos Cân ticos e Ecle siaste s (lbid., xxxi), concordando assim com o parecer de Rost.
Prof. deBíbl iae Literat ura Heíenística na He bre w U nionCo llege, Cincinnat i, Ohio- EUA. 33
Tudo isto mostra que realm ente houve em Jâm nia um acordo entre os fariseus sobre os livros que deveriam ser considerados canôn icos pelos jude us. Note o leitor q ue alguns livr os do A T co nsi derados canônicos por todos os cristãos, quase ficaram fora do Cânon Hebreu; livros estes que foram amplamente usados pelos antigos jude us. E se ti vessem sido excluidos do Cânon Hebreu, isto significaria que jamais foram considerados canônicos antes? E os livros que os fariseus rejeitaram, será mesmo que não eram canônicos? Mas ainda resta a pergunta: por quê os rabinos da palestina adotaram um Cânon Bíblico mais restrito que o conjunto de livros da Septuagint a, se est e era amp lamente util izado pelo s jud eu s tan to alexandrinos quanto palestinenses?
Objetivos protecionistas Tudo indica que a definição do Cân on de Jâm nia deveu -se a razões protecionistas. Goodnough afirma o seguinte:
“ju d eu s que tinham sido mai s helenizados to maram se cr istãos, como fo i dito, enquanto que o rest ante retom ou ao ju daís m o normativo do qual se separaram, quando muito, apenas superficialmente" (GOODENOUGH, 1988). Fatos como a destruição do Tempo de Jerusalém em 70 d.C., a Septuaginta utilizada amplamente pelos Judeus (tanto na Pales tina com em Alexandria), poucos judeus com conhecimento do hebraico , o grego comu mente utili zado na vida religiosa dos judeu s, o aparecimento das primeiras escrituras cristãs, as conversões de ju deus ao Cristianismo e etc; todo este conjunto de eventos levou os judeus da Palestina a se protegerem da extinção total de sua cultura e religião. Como isso poderia ser feito, sem que fosse necessário restau rar o hebraico na vida comum e religiosa dos judeus, resgatar da identidade ju da ica e estabel ecer pol íticas que impe dissem o conta to com as Escrituras cristãs? Não é no mínimo curioso que no final do primeiro século da Era cristã, os líderes judeus da Palestina, se reúnam para definir um conjunto de livros como sagrados, onde todos estes foram es
critos em hebraico e no território de Israel? Não são estes critérios 34
nacionalis tas demais , já que o povo jud eu viveu tanto temp o em Icrra estrangeira, produzindo lá tantos escritos, escritos estes que lambém constavam em uma versão bíblica comumente usada por iodos os judeus, inclusive na Palestina? E claro que o restabelecimento do hebraico na vida religiosa dos jud eu s nã o poderia se dar de uma hora para outra, m as m edi das de curto prazo loram tomadas para dificultar a pregação da mensagem cristã jun to aos jude us. Novas versões gregas das sa gradas escrituras judaicas foram produzidas, nas quais as mais conhecidas são as de Áquila, Símaco e Teodocião. O leitor lembra de Isaías 7,14, que comentamos no capítulo ,interior? Em todas estas versões, no referido versículo, a palavra grega “parthenos” que significa “virgem”, foi trocada por “neanis”, que significa “jovem”. Por que esta alteração? Os cristãos usavam Is 7,14 para provar que o Messias viria ao mundo através de um nascimento virginal, o que atestaria sua srcem divina; a alteração posterior feita pelos judeus propiciaria as pessoas a entenderem isto de forma totalmente diferente. Esta atitude dos judeus palestinenses por causa do Evange lho é confirmada pelo conceituado estudioso judeu, o Prof. Aage Bentzen:
“Contra a Igrej a [cr istãj os ju d eu s sustentavam que Isaías 7,14 não fa la de uma ‘virgem’ (partheno s), mas de um a 'mulher jo v e m ’ (neanis). Os cristãos respondiam acertadamente que a tradução parthenos provém de tradutores ju deus" (BENTZEN, 1968). Os judeus da palestina do séc. I d.C. estabeleceram funda mentos que permanecem até hoje. Basta observar o protecionismo vigente atuais comu pelos nidades judaicas. A próp ria palavra “almah”,nashoje é usada judeus não com o significado dehebra “vir ica gem”, mas como “jovem moça” ou “senhorita”. As traduções de Is 7,14 oriundas d as versões hebraicas traduzem “almah” como “j o vem” e não como “virgem”. Pelo fato de nunca ter havido disputas doutrinárias entre ju deus alexandrinos e palestinos, antes do Cânon de Jâmnia, a exis tência de testemunhos anteriores a Josefo (prólogo do Eclesiástico
e Fílon de Alexandria), que atestam o uso de um conjunto de livros canônicos mais amplo do que àquele definido em Jâmnia (evidênci 35
as estas corroboradas tanto pelas descobertas do Mar Morto e Massada quanto pelo NT), torna-se mais que óbvio quão arbitrária foi a definição do Cânon de Jâmnia. Ainda sob a estreita de Rost:
“Não dispomos de informações para dizer quando esta versão grega deixou de se r usada na comunid ade judaica, pois faltam nos testemunhos em tal sentido. Como quer que seja, por volta do ano 100 d.C., segundo o que se lê na Mixná, só os textos escritos em hebraico gozaram normativamente do caráter sagrado e, por conseguint e, só ele s podia m ser usados no cu lto. É impossível sab er quando e de que modo esta norma se impô s. S eja com fo r, a comunidade cristã de srcem grega, utilizava a coletânea grega mais extensa dos livros sagrados, tal como encontramos nos unciais23 mais antigos B e A, em vez da coletânea he braica, fix a d a através de m edidas restri tivas" (ROST, 1980, p.20-21). Alguns cristãos dos primeiros séculos viajaram para a Pales tina a fim de verificar qual era a lista dos livros sagrados do AT. Seus testemunhos24 nos mostram que o Cânon de Jâmnia não foi aceito de imediato na Palestina. Tudo isto é mera coin cidên cia ou estratégia deliberada?
Que implicações o Cânon de Jâmnia trouxe à Igreja Cristã? O leitor se lembra do testemunho de Josefo a respeito das Escrituras Hebraicas? Neste momento quero chamar sua atenção para dois pontos importantes deste testemunho. Primeiramente vejamos o seguinte trecho:
“D e Artaxerxes à nossa épo ca, todos os eventos fo ra m anota mas não são co ns i de r ados di g no s de ig ual cr édi to ao r esdos, tante por que não h ouve uma s uce ss ão pr eci s a de pr ofetas
(grifos meus). Os livros que foram escritos depois de Artaxerxes (depois do tempo do Profeta Esdras), Josefo não os menciona como livros con “não são considerados trários à Tradição Judaica, apenas diz que
”
73
Manuscri tosem letra smaiú scu las.
24 Estes te stem un ho s sãot ranscritos no capít ulo5. Veri ficarM elitãodeSardese 36
Orígenes.
dignos de igual crédito ao
restante" . Para ele, este conjunto
de livros possuía uma certa dignidade, embora fosse em grau menor que os livros escritos antes do tempo de Esdras. Note o leitor que a distinção que Josefo faz destes livros em relação aos protocanônicos, não é doutrinária, mas canônica. Ele não afirma que os livros depois do tempo de Esdras não são canônicos porque continham algo alheio à doutrina que Deus conllou aos judeus, ele não associa esses livros a conteúdo herético. Já que para ele depois do tempo de Esdras “não houve uma suce ssão prec isa de profe tas", o mesmo entende que não há garantla de que os livros escritos depois deste período, tenham sido es critos sob inspiração divina. Por isso afirma que estes livros “não ■■rio considera dos dignos de igual crédito ao restante porq ue não houve
uma sucessão precisa de profetas”. Josefo não tinha plena certez a se a Revelação de Deus havia cessado após o tempo de Esdras, mas nós cristãos sabemos que não, ou não acreditaríam os hoje nos li vros do N T e nem n o M inistéi Io dos A pós tolo s. Alguém poderia objetar dizendo que o testemunho de Josefo Ncrve apenas p ara o AT. O próprio Cristo afirmou que a An tiga A li ança durou até o Ministé rio de Jo ão B atis ta (cf. Mt 11,13; Lc 16,16). Knquanto Josefo encerra a Revelação do AT ao tempo do Profeta Esdras, o Nosso Senhor afirma que durou até o tempo de João I ia lista. O Cris tão deve ficar com o tes tem un ho de Flávio J os efo ou iIo Senhor Jesus? Portanto, as palavras de Jesu s anu lam o critéri o de Josefo em iIcte rminar quan do a Revelação da An tiga Aliança cessou. Fica bem clara a possibilidade de haver livros canônicos, referentes ao AT, posteriores ao tempo do Profeta Esdras. Tendo visto que até meados do séc. I d.C., o cãnon das Escril nras Hebraicas ainda estava em aberto, a qu em pertence a Autori.I.ide para definir tal lista? Ao s jud eu s que já não eram Povo de I icus, ou à Igreja Cristã, en tão he rdeira da Nova e Etern a Aliança? Como os cristãos dos primeiros séculos entendiam esta quesl.i<>? É o qu e .ver em os no próx im o cap ítulo .
37
CAPÍTULO 5
Quais foram os livros considerados canônicos pelos primeiros cristãos?
rande era o material literário disponível para primeiros cris tãos, no que respeita à manutenção da Fé. Pelo fato de Jesus c os Após tolos utiliz arem a versão grega da Septuagi nta, esta tam bém passou a ser de uso da nascente Igreja Apostólica (KELLY, 1978; SOCIEDADE BÍBLICA DO BRASIL, 2003, v). No i nício do pri m eiro século já estavam disponíveis as ep ís tol as pa ulina s e outras ca rtas entã o cham adas “c at ólic a s”25 como: as primeiras epístolas universais de Pedro e João. Na segunda metade deste mesmo século, ficaram disponíveis os 4 Kvangelhos, a epístola universal de Tiago, as segundas epísto las de Pedro e João, a terceira de João, a carta aos Hebreus e o livro do Apocalipse. Com a definição do Cânon de Jâmnia (no llnal do s éc. I), l evan tou-se na Igreja nascente um a dú vida quan to .i canonicidade dos livros do AT que não encontravam corres pondência em tal cânon. Por conseqüência esta dúvida se estcndeu aos livros cristãos que a eles faziam referência. O questionamento a estes livros da literatura cristã, produzidos
G
cm período apostólico (séc. I), deu margem para que outros li vros do mesmo período também fossem questionados pelas ra zoes mais diversas. Esta motivação se deu principalmente pelo surgim ento do s prim eiros gr u pos sec tários, com o o s ludaizantes26 e gnósticos27, onde estes últimos produziam sua própria literatura. E com oeram chamadaspelos
cri stãosprimit ivosas Epíst olasdePedr o, Joã o, Judase
Iiago. Ve remo sissonos capítulos5e6.
39
A questão dos livros canônicos foi ainda mais agravada pelo fato de que os Apóstolos não deixaram para a Igreja tal definição; e na verdade nem poderiam tê-lo feito. Em At 12,1-19 lemos que Tiago (irmão de João) foi morto à espada por Herodes. Sua morte se deu antes mesmo da conversão de Paulo, e são as epístolas paulinas as escrituras mais antigas do NT. Portanto, Tiago nem sequer conheceu qualquer escritura do NT. Paulo e Pedr o morrem em Roma, sob o reinado de Nero, apro xi madamente em 45 d.C. Neste tempo não estavam disponíveis ain da nenhu m do s 4 evangelhos. Os demais Ap ósto los foram evang elizar nos lugares mais longínquos da Terra (por exemplo, Mateus na Etiópia, Tomé na índia, etc). Até o séc. III, os cristãos das regiões bárbaras ignoraram a existência de qualquer um dos livros do NT (IRENEU, 1995, p. 252-254). Com a morte de todos os Apóstolos, já no início do segun do século, seus discípulos assumem seu Ministério, confirman do toda a Igreja na Doutrina Apostólica que receberam pessoal mente de seus mentores. Neste período começaram a aparecer seus próprios escritos. Dentre eles se destacam a Primeira Car ta de Clemente aos Coríntios, as sete Cartas de Inácio de An tioqu ia, as Cartas de Policarpo de Esmirna, as cartas de Pápias de Hierápolis e etc. Muitas destas cartas eram recebidas como canônicas pelos fiéis28. Como se vê, o conjunto de livros que deveriam ser considera dos canônicos, pela Igreja Cristã, ainda era uma grande interroga ção nos primeiros séculos. A literatura oriunda dos grupos herét icos com eçou a conlundir o s pri me iros crist ãos, porqu e estas l hes eram a presentada s como escrituras oriundas dos Apóstolos (ex: o Evan gelho de Tomé, o Evan gelho de Filipe, etc.); e aos poucos foram tomando lugar nos estu dos catequéticos e nas celebrações de culto. 26
Cris tãosquecontinuavam
aobservara Leide Mo isés. É porc aus adelesque osapóstol os
sereúnem em Jerusal ém cf.At ,15. 21
Cris tãosseguidoresda
here sia gnóst ica ouGnose , queensi nava quea matéri a é rui m e
queporissoomundofoicriadoporumdeusdecaído. 28 Conform eap resentadonocapítul
o5.
40
É neste contexto, que a literatura cristã pós-apostólica cres ceu de forma expon encial, pois vários textos em defesa da antiga Fé Apostólica foram produzidos contra os grupos heréticos. Nesta dis puta, um tema que não poderia faltar, é claro são os livros que deveriam ser considerados canônicos. Através dos escritos antigos que se conservaram até nosso lempo, vejamos qual foi o testemunho dos primeiros cristãos sobre 0 conjunto dos livros sagrados.
Testem unhos do séc II I. Melitão de Sardes O testemu nho individu al mais antigo que se t em notícia sobre as Escrituras é o de Melitão, Bispo de Sardes. Conforme uma cita ção de uma c arta de Polícrates ao Papa Vitor, M elitão é “continente, vivendo todo no Espirito”. Sabe-se que endereçou uma apologia em favor dos cristãos ao Imperador Marco Aurélio. Visitou os lugares santos para estudar o cânon do AT. Seus escritos se perderam com o tempo. No entanto, seu tes temunho sobre as Escrituras Sagradas foi preservado por Eusébio de Cesaréia em sua “História Eclesiástica”. Segundo Eusébio, no Início do prefácio da obra “Éclogas”, desta forma Melitão relaciona os livros canônicos do AT:
“Melitão a Onésimo, seu irmão. Saudações, Visto que muitas veze s m anijestaste o dese jo, inspi rado pelo zelo relativamente à d outrina, de poss uir extr atos da Le i e dos profetas sobre o Sa lvado r e o conj unto de nossa fé , e ainda quisest e conhecer com exatidão o número dos antigos livros e a ordem que seguem, dediqueime a tal tarefa, uma vez que conheço teu zelo pela f é e tua aplicação ao estu do da doutri na. O Am or de Deus sobretudo fa z com que o apreci es, enquanto lutas tendo em mira a salvação eterna. Tendo ido, portanto, ao Oriente e tendo estado até mesmo no lugar onde a Escritura fo i anunciad a e cumprida, tive exato conhe cimento acerca dos livros do antigo Testamento. Levantei uma lista,
1'aralipômenos [I e II Crônicas]; Salmos de Davi, Provérbios ou Sabe41
doria de Salomão; Eclesiastes, Cântico dos Cânticos, Jó; projetas: Isaías, Je rem ias29 e os Doz e nu m só livro; Daniel, Eze quiel, Es dra s30. Destas obras extraí alguns trechos, que distribuí por seis livros “(EUSEBIO, 2000, p. 214-215). Dos livros que loram recusados pelos judeus da Palestina, Melitão menciona apenas Sabedoria. A R eferência ao título geral “ Jer em ias” conform e a Septu aginta estavam organizados os livros de Jeremias, Baruc, as Lamentações e a Epístola de Jeremias. Pela expressão “os Doze num só livro” ele refere-se aos doze profetas menores, a saber, Oséias, Amós, Miquéias, Joel, Obadias, Jonas, Naum , Hab acu que, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaqu ias. M elitão não relac iona o l ivro de Ester entre o s livros canôn icos. 2. São Just ino de R om a
Justino viveu entre os an os 100 e 165, na cidade de Roma. Tra balh ava dirigindo uma escola de filosofia. É considerado o m aior defensor da Fé Cristã do séc. II contra as perseguições promovidas pelo Imperador. De sua primeira obra escrita ao Imperador é que encontramos seu testemunho sobre os livros sagrados:
“31. Entre os jud eu s, houve profetas de Deu s, através d os quais o Espírit o proféti co anunciou antecipadamente os acontec imentos f u turos, e os rei s, que segun do os tempos se suce deram entre os j u deus, apropriandose de tais profecias, guardaramnas cuidadosamente tal como for a m ditas e tal como os próprios profetas as con signara m em seus liv ros, escritos em sua própria língua hebrai ca. Quan do Ptol omeu, rei do Egi to, se preocupou em form a r um a bibli otec a e nela reunir os escritos de todo o mundo, tendo tido notícia dessas profecias, mandou uma embaixada a Herodes, que en tão era rei dos ju deus, pedin dolhe que mandasse os livros deles. O rei Herodes mandou os livros, como dissemos, em sua língua hebraica. Todavia, 29 Conforme veremos nestem esm o capítulo, sobo tít ulogera l"Je rem ias" estav am organi zadoso Liv rode Jeremias, as Lam entações deJeremias, Bar uc ea Epís tolade Jeremias. Ist oporqueos Sep tuagintaeque
cri stãosadotarama
mesm a org ani zaç ãopresentena
figuramnas Bíblias Cat ólica e Ortodox a.
30 Corresponde ao2 Esdr asda Septuagint a, istoéEsdra se Neemias.
42
como seu conteúdo não podia s er entendi do pelos egípci os, Ptolomeu pediu, p or meio de uma nova em baixada, que Herodes envia sse homens para os verter para a língua grega. Depois disso, os livros permaneceram entr e os egípci os até o presente e os jud eu s os usam no mundo inteiro. Estes, porém, ao lêlos, não entendem o que está escrito, mas considerandonos inimigos e adversários, matamnos, como vós o fazeis, e atormentam no s sempre que pod em fazê lo, como podeis fa cilm ente verificar. Com efeito, na guerra dos ju d eu s agora terminada. Bar Kókeba, o cabeça da rebelião, mandava submeter a terrí veis torturas somen te os cristãos, caso estes não ne gas sem e blas /emassem Jesus Cristo" (JUSTINO, 1995). Como podemos ver, Justino não apresenta uma relação de livros, apenas referencia a versão da Septuaginta. Quanto ao NT, não encontrei nas obras de Justino qualquer referência.
3. Santo Ireneu de Lião Santo Ireneu viveu provavelmente entre os anos 150 e 202. boi discípulo pessoal do Bispo de Esmirna (atual Istambul na Tur quia), Policarpo; e este, por sua vez, discípulo direto de São João Apóstolo e Evangelista. Em seu tempo, combateu ferozmente a he resia gnóstica, dedicando a este trabalho um conjunto de cinco li vros, que foi intitulad o “Co ntra as Here sia s” (IRENEU, 1995). É desta obra que Eusébio transcreve o pensam quanto aos livros canônicos:
ento de Ireneu
“An tes que os romanos tivessem estabelecido o i mpério, e qua ndo os macedônios ainda dominavam a Ásia, Ptolomeu, filho de La i/os, muito desejoso de enriquecer com os melhores escritos dos homens a biblioteca que instit uíra em Al exandria, p ediu aos habitantes ile Jerusalém suas Escrituras traduzidas para a língua grega. Estes, naquela época ainda sujeitos aos macedônios, enviaram a llolomeu setenta anciãos, dos mais peritos nas Escrituras e no conhecimento das duas línguas e realizouse desta form a o plano d e Deus. Ptolomeu, querendo provar particularmente a perícia de cada um, e a fi m de evitar q ue, p or confront o entre s i, eles fals ea ss em na tradução a verdade contida nas Escrituras, separouos uns dos outros e ordenoulhes que todos escreve ssem a tradução do mesm o texto; assim fe z relati vamente a todos os livros. 43
Mas, ao se reunirem no mesm o lugar co m Ptol om eu, e con fe rin d o as tradu ções, D eu s f o i g lo rifica d o e as E s critu ra s f o ram reconhecidas como realmente divinas, pois todos haviam expressado idéias idênticas com idênticas palavras, idênticos nomes , do começo ao fim . Desta form a, até os pagã os pres en tes reconheceram terem sido as Escrituras traduzidas sob insp ira çã o de Deus. Nã o é de adm irar tenha Deus agido desta maneir a. Efeti vamente, p e rd id a s as E s critu ra s p o r oca siã o do ca tiv e iro do povo sob Nabucodonosor , e tendo os ju deu s após setenta anos regress ado a seu país, mais adiante, no tempo de Artaxerxes, rei dos persas, ele pró prio inspirou o sacerdote Esdras da tribo de Levi [cf. Esd 9,3841] relativamente à reconstituição das palavras dos profetas anteriores e à restauração entre o povo da legislação promulgada por Moisés"
(EUSEBIO, 2000, p. 245-246). Ainda: “ Mateus, no entanto, publicou entre os hebreus em sua própria
língua um Evangelho escr ito, enquanto Pedr o e Paulo an unciavam a boa nova em Rom a e lançavam os fund am entos da Igreja. Mas, após a mo rte deles , Ma rcos, d iscípu lo e intérprete de Pedro, transmitiunos por escrito igualmente o que Pedro pregara. Lucas, porém, companheiro de Paulo, deixou num livro o Evangelho pre gado po r este últi mo. Enfim, João, o discípulo que reclinou sobre o peito do Senhor [cf. Jo 13,25. 21,20}, publicou também ele um evangelho, enquanto residia em Éfeso, na Ásia". (Ibid.) Ainda nos parágrafos 5 a 8, Eusébio afirma que no quinto livro de “Contra as Heresias", Ireneu faz menção do Apocalipse de Joã o, da prim eira c arta de Pedro, o Pa stor de H erm as 31 e do livro Sa bed oria de Salom ão ( Ibid. , p. 244-24 5). Ain da segundo Eusébio, Ireneu na obra “Exposições diversas ” “relembra a cart a
aos Hebreus e a Sabedoria dita de Salomão, incluindo trecho de ambas” (Ibid ., p. 273 ). Com toda clareza podemos observar que ainda no séc. II não ha via cons enso na Igreja Cri stã, sobre quais eram os l ivros canônicos do AT e NT.
31 Obr a da lit eratura crist ã pós-apostóli ca doséc. II (HERMAS, 1995).
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Testemunhos do séc III I . São Clem ente de Alex an dria
Tito Flávio Clemen te viveu entre os an os 150 e 215. Nascido provavelmente em Aten as (cf. Stromata 1,1,11). d epois de vive r pela Europa, estabeleceu-se finalmente em Alexandria. Nesta cidade abriu uma escola de filosofia e também se dedicou à catequese. Segundo o historiador Eusébio, Clemente de Alexandria em
Stromata: “emprega também prouas extraídas de Escrituras não aceitas de modo geral; cita, por exemplo, a Sabedoria dita de Salomão, a de Jesus Jilho de Sira c [Eclesiás ticol , a carta aos Hebreus, as ca rtas de Barn abé32, de C lemen te'33 [de R om aj e de Ju das ” (Ibid., pg. 297-
298).
Ainda:
“Em Hy ptyposes ele [Clementel faz , em suma, exposições resumidas dos Testamentos de toda a Escri tura, sem om itir as pa rtes co ntrovertidas, isto é, a Carta de Judas e as outras cartas católicas, e a carta de Barnabé e o Apocalipse, dito de Pedro. Acrescenta ser da autoria de Paulo a carta aos Hebreus, escrita para os hebreus em língua h ebraica , mas que Lucas, depois de traduzila cuidadosa me nte, divulgoua entre os greg os. E ste é o motivo porqu e se assem elham a tradução desta carta e o s Atos” (Ibid., p. 298-299). Como se pode observar, ainda no séc. III existiam escritos cristãos cuja canonicidade ainda era controversa. Entre eles estão a Carta aos Hebreus e a Carta de Judas, que em nosso tempo são consensualmente aceitas. Encontramos aqui os primeiros livros deuterocanônicos do NT. São Clemente de Alexandria considera canônicas a Carta de Barnabé e o Apocalipse de Pedro, ambos considerados apócrifos em nossos dias. Clemente ainda fala sobre os Evangelhos de Mateus e Marcos, que segundo ele foram escritos primeiro (Ibid., p.299-300).
32 Obr a daliter aturacrist ã pós-apost óli ca doséc. II cuja aut ori a foi atri buída a Bar nab é, colabora dordeSãoPaul o(BAR NABÉ, 1995), 33 Refer e-se à Pri meir a Car tade Clemente aosC orínti os(CLEMENTE,
1995).
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2. Orígenes de Cesaréia Orígenes nasceu em Alexa nd ria po r volta de 190. Em Cesaréia é ordenado sacerdote em 231 pelo Bispo Alexandre. É considerado o criador da Ciência Bíblica. Deixou-nos muitíssimas obras, das quais algumas se perderam e outras foram conservadas por escri tores posteriores. Ele relacionou os livros canônicos da seguinte forma: “ ‘Obse rvese que os livr os do An tigo Testamento, segund o a tra-
dição hebraica, são vinte e dois, número das letras de seu alfabeto’. (...) Os vinte e dois livros, conforme os hebreus, são os seguintes: O livro que damos o título de Gênesis, entre os hebreus traz inscrito, de acordo com as palavras iniciais: Bresith, que significam “No começo”; Êxodo, Ouellesmoth, isto é, “Eis os nomes”, Levítico, Ouicra, isto ê, “Ele me chamou"; Números, Ammesphecodeim; Deuteronômio, Elle addebareirr v “Estas são as pala vra s”; Jesus, filh o de Na vé [Josué ], Iosouebennoun; Juizes, Ru te, entr e eles for m a m u m só livro, Sopht eim; Reis primeiro e segundo livros, entre eles um só, Samuel: “O eleito de Deus"; Reis, terceiro e quarto livros, em um só, Ouammelch David, isto é: “Reino de Davi”; Paralipômenos [Crônicas], primeiro e segundo livr os, em u m só, Dabreiam ein, isto é, “Pa lavra dos d ias ”; Esdras, primeiro e segundo livros34, em um só, Ezra, isto é, “A uxilia r”; Livro dos Salmos, Spharthelleim; Provérbios de Salomão, Meloth; Eclesiastes, Koeleth; C ântico dos Cânticos e não como alguns ju lgam, Cântico dos Cânticos , Sirassereim ; Isaías, Iessia; Jeremias, com as Lamentações e a Carta em um só livro35, Iéremia; Daniel, Daniel; Ezequiel, Ezechiel; Jó, Job; Ester, Esther. Além destes, os Macabeus, intitulados Sarbethsabanaiel'" (Ibid., p. 312). Curiosamente Orígenes não cita os 12 profetas. Os judeus normalmente organizavam seus livros sagrados em 22 volumes, conforme o número de letras do alfabeto hebraico36. Como os livros 34 Esd rase Neemias . 35 Aqui háum detalhamento
maior sobr eosli vro sorgan izado spel otí tuloger al "Jerem ias"
con form e a Septuagi nta. Nestaorgan izaç ãocit adapor Orígenes, o Liv rode Baru c não é mencionadopel
ofatod eque norm almente eraco nsider adoum apêndi cedoLiv rod e
Jeremias. 36 Osalgunsjudeus
alexandr inosorgan izav amas'Escrituras
em 24li vros, confo rme onú mero
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sagrados são mais que 22 alguns livros eram agrupados como um único volume. A omissão dos 12 Profetas se deve provavelmente por estarem agrupados a outros livros, provavelmente Isaías, con forme verem os em outras coleções m ais adian te37. A om issão de Baruc ê o mesmo caso, pois normalmente figurava como apêndice do livro de Jeremias. Isto se atesta ainda mais pelo fato de que a Epístola de Jerem ias foi mencionada, e os doi s livr os sem pre estive ram ju n to s38. Dos deuterocanônicos do AT faz referência apenas aos livros dos Macabeus. Outros escritos de Orígenes mostram que a Igreja considera va outros livros canônicos além dos livros supracitados: “5. [...] Nós [crist ãos] procura mos não ignorar quais são as Es cri-
turas do s jud eu s a fi m de que, ao disputar mos com ele s, não cit emos as que não se encontram nos exemplares d eles, mas sim aquelas de que eles se servem f../’39 (ORIGINES, 2004). E ste trecho é de sua C arta a Júlio African o40, onde Orígene s defende a canon icidade dos acréscimo s ao Livro de Daniel, que mais (arde serão defendidos também por São Jerônimo. Os judeus de Jâ m nia recusara m estes acréscim os em seu Cânon. Quanto ao NT escreve:
“Conforme aprendi da tradição sobre os quatro Evangelhos, os únicos também indiscutíveis na Igreja de Deus que há sob os céus, fo i escrito em prim eiro luga r o evangelho segu ndo Mateus; este anteo riormente fora publicano e depois Apóstolo de Jesus Cristo. Ele edit ou pa ra os fié is vindo s do juda ísm o, redi gind oo em heb raico. O Segundo é o Evangelho segundo Marcos, que escreveu conforme as narrações de Pe dro, o qual o nomeia seu filh o [segu ndo o espírito] na carta católica, nesses termos: 'A que está em Bab ilônia [R oma] , eleit a como v ós, vos saúd a, com o também Marcos, o meu f il h o ’ [c f lP d !>, 13]. E o terceiro é o Eva nge lho segun do Lucas, elogiad o p or Pau lo :/ Namaioriada slistascanôni cas, Isaíasera m encionado logodepoisdos Nas Bib liasCatól ica e Ortodoxa , a Epís toladeJeremias
12 Prof etas .
é apêndi ce de Bar uc, man tendo
assimaorganizaçãosrcinalconformeconstanaSeptuaginta. 111 Fra gm ent o trad uzid o pelo autor. 111 Escritorcristão
doséc. III. Nascido em Jerusalém ,viveu em Romaee m Alexandri a,
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[cf. 2C or 8,1819; 2Tm 2,8; Cl 4,14] e composto pa ra os fié is p roven ientes da gentilídade. Enfim, o Evangelho segundo João" (Ibid., p. 313). Pelo testemunho de Orígenes os 4 Evangelhos são reconheci dos como canônicos em toda Igreja (“os únicos também indiscutíveis Estas palavras testemu na Igreja de Deus que há sob os céus"). nham haver ainda outros evangelhos, no entanto não consensualmente aceitos. Ainda sob a estreita de Eusébio:
“No quinto livro dos Comentários ao Evangelho segundo João, o mesm o Orígenes declara o segui nte acerca das Epístolas dos a póstolos: ‘Paulo, digno ministro do Novo Testamento, não segundo a letra, mas segundo o espírito, depois de ter anunciado o evangelho desde Jerusalém e suas cercanias até o Ilírico [cf. Rm 15,19], não escreveu a todas as Igrejas que ele havia instruído; mesmo àquelas (Ibid. p. 313). que escreveu, enviou apenas poucas linhas" Aqui Orígenes reconhece como canônicas as cartas paulinas, em bora não cite quais são. Quan to à controversa carta aos Hebreus, registrou Eusébio:
“Fina lment e, extem ase da seguinte m aneira sobre a Carta aos Hebreus, nas Homilias proferidas a respeito desta última; ‘O estilo da epístola intitulada Aos Hebreus carece da marca de simplicidade de composição do Apóstolo, que confessa ele próprio ser imperito no fa la r, isto é, no fraseado [cf. 2Cor 11,6]; no entanto, a carta é grego do melhor estilo, e qualquer perito em diferenças de redação o reconheceria. Efetivamente, os conceitos da Epístola são admiráveis e em nada inferiores aos das genuínas cartas apostólicas. Há de concorda r quem ouvir at entamente a leitu ra das cartas do Ap ós tolo ’. Mas adiante [diz Eusébio], [Orígenes] adita essas afirmações: ‘Mas, para exprimir meu próprio ponto de vista, diria que os pensamentos são do Apóstolo, enquanto o esti lo e a composição srcinamse de alguém que tem presente a doutrina do Apóstolo, e por assim dizer, de um redator que escreve as preleções de um mestre. Se, portanto, uma Igreja tem po r certo que a carta prov ém do Após tolo [Paul o], felicitoa, pois não será sem fu ndam ento que os antigos a transm itiram como sendo da autoria de Paulo . Entretant o, quem escreveu a c arta? Deus o sabe. A tradição nos transmitiu o parecer de alguns de ter sido
redigi da po r Clem ente, bispo de Rom a [e discípulo de Pedro e Paulo ], outr os o pinam ter sido Lucas, o autor do Evangelho e dos A tos ”' (Ibid., p. 314). Como p odemos ver , embora seja controversa a autori a da Carta aos Hebreus, Orígenes não só a. considerava canônica, como afirma que este é o mesmo parecer dos presbíteros que o antecederam. Observem que quanto ao livro dos Atos dos Apóstolos, Orígenes apenas mostra que o conhece, mas não emitiu seu parecer quanto ã canonicidade do livro. Ainda sob a pena de Eusébio, sobre os outros livros afirma Orígenes:
“Pedro, sobre quem está edijicada a Igreja de Cristo, contra a qual não prevalecerão as portas do inferno [cf. Mt 16,18], deixou apenas uma carta incontestada, e talvez ainda outra, porém controvertida” (Ibid., p. 313). Orígenes não só reconhece a canonicidade da primeira epís tola de São Pedro, como declara que o mesmo é o parecer comum da Igreja em seu tempo. E quanto à segunda Epístola que hoje se encontra em nosso cânon, ele afirma que não é aceita por todos. Identificamos então o terceiro livro deuterocanônico do NT. Orígenes continua:
“Que dizer de João, que reclinou sobre o peito de Jesus [cf Jo 13,2 5; 21,20 ], d eixou um evangelho, as segurou serlhe po ssív el com por mais livros do que poderia o mundo con ter [cf. 21,25], e escreveu o Apocalipse, mas recebeu a ordem de se calar e não escrever as mensagens das vozes das sete trombetas [cf. Ap 10,4]?’ (Ibid., p. 313-314). Aparece aqui afirmar a canonicidade do Apocalipse de João. Ainda: “Legounos também uma Carta de muito poucas linhas e talvez
outra e ainda terceira, pois nem todos admitem que estas sejam autênt icas; al iás, as duas ju nta s não abrang em cem linha s" (Ibid., p. 314). Qua nto às cartas de Sã o João Apóstolo e Evangeli sta, O rígenes diz que comumente era reconhecida como canônica som ente a pri meira carta. Ainda não havia na Igreja antiga um parecer comum quanto à canonicidade das outras duas. Identificamos aqui mais
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dois l ivros deu terocan ônicos do NT: a segund a e tercei ra epístola de São João.
3. D ion ísio de Alexandri a Antes de sua eleição como Bispo de Alexandria em 248, sua vida é um mistério. No início de seu Ministério, o Império Romano empreendeu uma grande perseguição aos cristãos, e em 249 sob o Im pera dor Décio foi obrigado a fugir par a do deserto da Líbi a. M or reu enfermo e com idade avançada em 265. Segund o Eusébio, Dionísio reconhecia como canônicos o Evan gelho de João e a primeira carta (Ibid., p. 373-374). Dionísio dá testemunho que alguns de seus predecessores não recebiam como canônico o livro do Apocalipse:
“Alguns dos nossos predecessores rejeitaram e repeliram inteiramente este livro. Criticaramno capítulo por capítulo, declarandoo inint eligível , ilóg ico e fals am en te inti tulado. Afirmam , de fa to, não provir de João, nem ser uma revelação, porque completamente oculta sob o véu espesso do incognoscível" (Ibid.). Os antigos presbíteros de Alexandria duvidavam até que o livro fosse de autoria de São João, atribuindo-lhe ao hereg e Cerinto a autoria do livro:
“[...] o autor não seria um dos apóstolos, nem mesmo um dos santos ou mem bros da Igr eja, e sim Ceri nto, o fun d ad or da heresia cer int ian a, nome d eri vado do se u, o qual procurou d ar sua produção um nom e d igno de crédi to" (Ibid., p. 374). No entanto, Dionísio prefere não duvidar da canonicidade do livro:
“No entanto, não ouso rejeitar este livro que muitos irmãos aprec iam, mas julga n do que suas conce pções ultrapassam meu entendimento, suponho ter cada passagem, de certo modo, signific a d o ocu lto e m aravilhoso. D e fa to , se n ão o com preendo, ao menos suspeito existir sob as palavras um sentido mais profundo. Não meço, nem aprecio segundo meus próprios raciocínios; mas, a tri buind o prioridad e à fé, pen so tratarse de reali dad es elevadas demais para serem aprendidas por mim e não rejeito o que não compreendo, mas admiroo tanto mais quanto não o contemplei" (Ibid.).
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Dionísio duvidava apenas que o Apocalipse fosse de autoria do Santo Apóstolo João:
"P or conseguinte, que ele [o autor do l ivro1se cha me João e este escrito se ori gine de João, não direi o contrário e concedo que se trata de hom em santo e inspirado po r Deus. Mas, não concordo fa cilm en te que seja o após tolo, filh o de Zebedeu, irmão de Ti ago, de qu em são o Evangelho intitulado Segundo João e a carta católica [a primeira cartaI' (Ibid., p. 375). Não conseguimos colher outros testemunhos relacionados ao período do sé c. III . De qu alquer forma, é claro notar que aind a ne s te período o cânon bíblico cristão não estava definido, e a dúvida acerca da canonicidade de alguns livros ainda permanecia.
Testemunhos do séc. IV 1. Eusébio de Cesaréia Eusébio nasceu entre 260 e 264, provavelmente em Cesaréia na Palestina. Dedicou-se em cuidar da biblioteca de Cesaréia, fun dada por Orígenes, bem como aos estudos bíblicos, motivo pelo qual empreendeu várias viagens a Antioquia, Cesaréia de Filipe e Jeru sa lém. Sofreu a perseguição do Im perador Diocleciano, ob ri gando-se a fugir para Tiro e Tebaída no Egito. Depois do Edito do Im pera dor Teod ós io41 em 314, voltou ã igreja de Cesaré ia on de foi nomeado Bispo. Participou do Concilio de Nicéia e foi um dos Pa dres da Igreja que muito lutou para que a fé de Nicéia fosse aceita em toda a Igreja contra a heresia ari ana. Foi também conselh eiro e confidente do Imperador Constantino durante todo seu mandato, e após a morte d este escrev eu a sua biogr afia. Além de grande d efen sor da legítima Fé Cristã, também se destacou como historiador da Igreja, cuja obra “História Eclesiástica” até hoje é usada como refe rência para se colher dados sobre os acontecim entos dos primeiros séculos da Igreja. Morreu não muito depois de Constantino, por volta de 340 (DROBNER, 2003, p.231-233). Em sua “ História Eclesiástica", o Bispo Eusébio de Cesaréia, além de colher informações dos presbíteros que lhe foram contem porâneos, reproduz fragmentos de obras mais antigas. Obras estas 11 Que deu liberdad e decult oaosCrist ãoseproi biua sua perseguiç ão
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que na grande maioria não chegaram até o nosso tempo, e as que chegaram, só existem hoje em fragmentos. Eus ébio cita t rechos do historiador jud eu Filón de Alexandria, em que este por admirar o modo de vida cristão, começa a relatar como os cristãos viviam e como eram suas assembléias. Depois “De fato, Eusébio comenta que todas as coisas de que escreveu Filón relatam os Ato s dos Apóstolos, liuro tido por autêntico “ (Ibid., p. 94). Segundo Eusébio, Fílon, em sua obra “A Vida contemplativa' ou “Os orantes", sobre as Escrituras Cristãs, escreve:
“Possuem também escritos dos antigos, primeiros guias de sua seita, que deixaram numerosos monumentos de sua doutrina sob fo rm a alegórica. Utilizam n as co mo modelos de com portam ento a imitar” (Ibid., p. 95). E conti nua:
“Talvez os livros que ele aponta como sendo entre eles [os cristãos] os livros dos antigos sejam os evangelhos, e os escritos dos apóstolos e provavelmente algumas interpretações dos antigos profeta s, tais os contidos na carta aos Hebreus e numerosas cartas de Paulo” (Ibid.). Uma importante contribuição no registro de Eusébio são as cartas dos apóstolos, então con hecidas como “cartas cat ólica s” . Vejamos quais delas que no séc. IV eram reconhecidas canônicas pela Igreja e quais tinham sua canonicidade posta em dúvida. Sobre os escritos de São Pedro
Sobre os escritos de São Pedro ele registrou:
“Com efeito, de Pedro, apenas uma carta, classificada como prim eira, é reconhecida p or autêntica e os próprios antigos presbíteros utilizaramna, citandoa em seus escrit os como genuína. Qu anto àq uele enumerad a como segunda, tivemos notíci a de que não é testamen tária, todavia muit os a con sideram útil e fo i tomada em consideração com as demais Escrituras" (Ibid., p. 114). Ainda sobre São Pedro: "... as palavras de Pedro indicam também em que províncias
ele próprio anunciou Cristo e transmitiu a doutrina do Novo Testamento aos circuncisos. Esclareceo igualmente a carta que afirmamos s er tida p or au têntica [ a pri meira carta], diri gida aos hebreus da
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Dispersão do Ponto, da Galácia, da Capadócia, da Ásia e da Bilínia [cf. IPd 1,1!'. (Ibid., p. 115). “Relativamente aos Atos que trazem seu nome [portanto, Atos de Pedro1, ao Eva nge lho d ito segund o Pedro, ao Ke ryg ma e ao sup osto Ap ocalipse de Pedro , sabemos que não fo ra m de modo algum transmitidos entre os escritos católicos e que nenhum escritor eclesiástico, nem dentre os antigos, nem dos atuais, utilizou testemunhos tirados destas ob ras ” (Ibid., p. 114). P or fim , Eusébio dá seu pa rec er fin a l quanto aos escritos de Pedro: “Dos escritos atríbuídos a Pedro, conheç o apenas um a carta reconhecida pelos antigos presbíteros como autêntica. E é só” (Ibid.). Sobre os escritos de São Paulo
“No tocante a Paulo evidentemente dele provêm as catorze carieis. Não seria ju s to deixa r de recon hecer que alguns, no enta nto, rejeitam a carta aos Hebreus, assegurando não ser recebida pela Igre ja de Ro ma, po r não se r da autoria de Paulo . [.. j De outro lad o, os Atos que trazem seu nome [portanto. Atos de Paulo], não os aceito entre os livros autênticos” (Ibid., p. 114-115). Eusébio testemunha que muitos dos antigos não recebiam como canônica a Carta aos Hebreus:
“Caio de Roma, homem muito eloqüente, que vivia em Roma no tempo de Zeferino [bispo de Roma], num Diálogo contra Proclo, que ilisputava em fa vor da heresi a cat afrigía. Nesta obr a, Caio refr eia a temeridade e audácia dos adversários de comporem novas Escritu ms: menciona somente treze cartas do santo Apóstolo [Paulo], não i ■numerando entre as demais a carta aos Hebreus, visto que, ainda hoje, em Ro ma pensa m a lgun s não ser da autoria do Apó stolo" (Ibid., 1>. 308).
Sobre os escritos de João
“E agora, assinalemos os escritos provindos incontestavelmen 1<■deste apóst olo. E m prim eiro luga r, sem dúvi da, há de ser recebido
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“Dos escri tos de João além do Evangel ho, a primeira das cartas não sofre contest ação n em da parte de nossos contemporâneos, nem dos antigos. A s duas outras são conte stadas. Quanto ao Apocalipse, sua autenticidade é ainda discutível para muitos. De novo há de ser ponderada, a seu tempo, segundo o testem unho dos antigos" (Ibid., p. 147). Sobre o Evangelho de Lucas e os Atos dos Apóstolos
“Lucas, porém de srcem antioquena, e médico de profissão, viveu por longo tempo em companhia de Paulo e no restante conviveu, não de passagem, com os outros Apóstolos. Deles aprendeu a cura das almas, conforme comprovou nos dois livros inspirados por Deus, o Eva ngelho qu e ele atesta ter comp osto conforme lhe transm itiram os q ue fo ra m desde o iníc io testemunhas oculares e m inist ros da pa lavra e aos quais seguiu desde o começo [c f. Lc 1,2 3] e os Atos dos Apóstolos, que não redigiu de acordo com o que ouviu, mas ao invés com o que viu com os próprios olhos” (Ibid., p. 116). Resumo dos livros canônicos e apócrifos do período neotestamentário
“Visto que o mesm o apóstolo [ Paul o], nas saudações fin a is da carta aos Romanos entre outros, menciona Hermas [cf. Rm 16,14], a quem se atribui o livro intitulado Pastor42, ê bom saber que também este é contestado por alguns que não o colocam entre as obras recebidas, enquanto outros julg am n o muito út il, principalm ente pa ra os necessitados de iniciação elementar. Estamos cientes de que é lido publicamente nas Igrejas e verifiquei ter sido em prega do por alguns (Ibid., p. 115). dos autores mais antigos" “A esta altura, parecenos oportuno recapitular os escritos do Novo Testamento a que nos referimos. Sem dúvida, importa pôr em prim eiro lugar o sagrado quatern ário dos Evangelhos, seguido do livro d os Atos dos Apóst olos. Em seguida, sejam mencionadas as Cartas de Paulò, na continuação das quais seja sancionada a primeira a João e igualmente a prim eira carta de Pedro. No prosseguim ento destas obras, colocarse á, se conveniente, o Apocalipse de João [...] Tais são os livros recebi-
-42
0 Past ord eHermas(HE RMAS, 1995). 54
dos. Entre os contestados mas apesar disso recebidos pela maioria, exis te a carta atribuída a Ti ago, a de Judas, a segunda ca rta de Pedro e as cartas enumeradas como segunda e a terceira de João, que seja m do Evangelista ou do outro, co m idêntico nome" (Ibid., p. 147148).
“En tre os apócrif os, ponh am se o livr o dos Atos de Paul o, a obra intitulada O Pastor, o Apocalipse de Pedro, e além disso a Carta atribuída a Barnabé, o escrito chamado A doutrina dos Apóstolos IDidaqué4 3], depois com o j á disse, o Apo calips e de Jo ão, se pa rece r I>em Alguns, conforme já declarei, o reje itam, mas outros o inserem entre os livros recebidos. Entre esses livros alguns ainda puseram o Evangelho se (jundo os Hebr eus, que agrada sobretudo aos hebreus que ad eriram a Cristo. Todos esses livros estão no número dos escritos
Santo Atanásio nasceu em Alexandria por volta do ano 300. 1'articipou do Prim eiro Con cilio de Nicéia (325) com o Diáco no, a co m panhando o então Bispo de Alexandria, Alexandre. Este em 17 de abril de 328 falece; em seu leito de morte designa como seu suces sor Atanásio. Foi um dos grandes expoentes da Igreja contra os mais diversos grupos sectários, o que o levou ao exílio diversas 1: Obraescrit ano primeiroséculocu
ja aut ori aédesconhecida.
catecism o crist ão (DI DAQUE, 1995).
Éconsider ada oprimeiro
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vezes p elos Imperadores. Assim como Euséb io de Ce saréia, foi ativ o defensor da fé nicena contra os arianos. Finalmente sobre o Impe rador Valente, foi autorizado a retornar ã Alexandria. De volta à terra natal, viveu os últimos sete anos de sua vida, vindo a falecer em 2 de maio de 373, aos 78 anos de idade (DROBNER, 2003, p. 255-256). Em 367, por ocasião da Festa da Páscoa, Atanásio escreve uma carta dirigida aos cristãos alexandrinos (Epístola 39). Nesta epístola, ele relacionou os livros que eram considerados canônicos:
“Há, portanto, 22 Livros do Antig o Testamen to, núm ero qu e, pe lo que ouv i, nos fo ra m transmit idos, sendo este o núm ero cit ado nas cartas entre os Hebr eus, sendo sua ordem e nomes respectivamente, com o se segue: Primeir o, o Gênesi s. Depois, o Êxodo. D epois, o Levítico. E m seguida, N úm eros e , po r fim , o Deuteronômio. A pós esses, Josué, o fil h o de Nun. Depois, os Juizes e Rute. Em segui da, os qua tro L ivros dos Rei s, sendo o prim eiro e o segundo list ados com o um livro, o terceiro e o quarto também, como um só livro. Em seguida, o primeiro e o segundo Livros das Crônicas, listados como um só livro. Depois, Esdras, sendo o primeiro e o segundo igualmente listados num só livro44. Depois desses, há o Livro dos Salmos, os Provérbios, o Eclesia stes e o C ântico dos Cânti cos. O Livro de Jó. Os d oze Profet as são como um livro.e Depois um livro. num Depois, com listados Baruc, Lamentações a CartaIsaías, [de Jeremiasl, só Jeremias livro45. Ezequiel e Daniel, um livro cada. Assim se constitui o Antigo Testamento. [...] Mas, para uma maior exatidão, acrescento também, escrevendo pa ra não me omiti r, que há outros liv ros, além desses , de fa to não incluídos no Cãnon, indi cados pelos Padres para leitura po r aqueles recémadmitidos entre nós e que desejam receber instrução sobre a Palav ra de Deus: a Sabedoria de Salo mão, a Sabedori a de Sirac [Eclesiástico], Ester e Judite, Tobias, bem como aqueles chamados Ensinamento dos Apóstolos [Didaqué] e o Pastor. Quanto aos primei44
Correspondeao2
Esd rasda Septuagi nta, queé Esdras e Neemias. .
45 SantoAtanási om ostr a com detal hesos livros organi zadoscom otí tul o qeial de "Jere m ias"em bora não uti lizeestetít ulo,apenasd izqueestão"n
um sólivro','Maisuma
am ostr a de quea Igrejaorga nizav aestes livro sco nforme const avam na Sepluagi nta.
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ros, meus irmãos, fo ra m incl uídos no Canon; mas os últi mos sã o pa ra leitura, não havendo em lugar nenhum menção a eles como sendo escritos apócrifos. [...] Não é tedioso repetir os [livros] do Novo Testamento. São os quatro Evangelhos, segundo Mateus, Marcos, Lucas e João. Em segui da, o Atos dos Apóstolos e as set e Epí stolas, ou seja: de Tiago, uma; de Pedro, duas; de João, três; de Judas, uma. Em adição , vêm as 14 Cartas de P aulo, escritas nessa ordem : a primeira, aos Romanos, as duas aos Coríntios, uma aos Gálatas, uma aos Efésios, uma aos Filipenses, uma aos Colossenses, duas aos Tessalonicenses, uma aos Hebreus, duas a Timóteo, uma a Tito e, por último, uma a Filemon. Além disso, o Livro da Revelação de João [Apocalipsef 46 (ATANASIO, 2005). É nesta cart a de Atanásio que a lista do NT é menciona da pela primeira vez de forma completa. Os livros da Sabedoria, Eclesiástico, Judite, Tobias, Ester, a Didaque e o Pastor de Hermas, embora não lossem contados entre os livros sagrados, não eram considerados espúrios “não havendo em lugar nenhum menção a eles como sendo escritos apócrifos", ao
“ind ica dos pelos Padres para leitura po r aqu eles rec émadm itidos entre nós e que desejam receber instrução sobre a Palavra de Deus".
contrário, pois eram
Os li vros dos Macabeu s não são men cionados, ao contrário do que afirmara Orígenes. 3. São C iril o de Jerusal ém
São Cirilo nasceu po r volta de 315 , em Jerusalém. Nesta c ida de desempenhou as funções de sacerdote e em 348 foi ordenado Bispo por Acácio (Bispo de Cesaréia) e Patrófilo (Bispo de Citópolis). Participou do Concilio de Constantinopla (realizado em 381, é o Terc eiro Concilio Ecumênico). Além de sua obra mais conhecida, intitulada “Catequeses Mistagógicas”, chegou até nós 24 cartas catequéticas. Em uma de las São Cirilo menciona a lista dos livros considerados canônicos em seu tempo na Palestina: “35. Destes leia os vinte e doi s liv ros, mas não fa ç a nada co m 4fi Fragment otraduzi do por Carlos MartinsNabeto.
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os escritos apócrifos. Estude seriamente somente estes que nós le mos abertam ente na Ig reja. M uito mais sábios e piedos os que tu eram os Apóstolos, os bispos do tempo passado e os líderes da Igreja que nos transmitiram estes livros. Sendo conseqüentemente ainda uma criança da Igre ja, não se fun da m en to nos teus pr óprios julgam entos . E do Antigo Testamento, como nós dissemos, estude dos vinte e dois livros , os quai s, se você f o r d esejoso por aprender, se esforce por lem brar pelo nome, como eu os recito. Sobre a Lei os li vros de Moises são os cinco prim eiros, Gênesis, Êxodo s, Levítico, Núm eros e Deu teronômio. Depois, Jos ué o fil h o de Navé , e o livro dos Juizes, incluindo Rute, contado como sétimo. E dos outros livros históricos, o prim eiro e segundo livros dos Reis são entre os Hebreus um livro; também o terceiro e quarto em um livro. E da mesma, o primeiro e segun do das Crônicas são com eles um só li vro, e o prim eiro e segu ndo Esdra s47 são contad os com o um. Es ter é o décimo s egun do livro; e estes são os escritos Históricos. Mas aqueles que são escritos em versos são cinco, Jó, e o livr o dos Salmos, e Provérbios, e Eclesiastes, e o Cântico dos Cânticos, o qual é o décimosétimo livro. E depois destes vem os 5 livros Proféticos: dos Doze Profetas em um livro, de Isaías em u m de Jeremias em um , inc luindo B aruc, Lamen tações e a Epístola48; então Ezequiel, e o Livro de Daniel, o vigésimosegundo do An tigo Test ament o. 36. En tão do Novo Testamento há os quatro Evangelhos some pelo resto temse fals os títulos e são perversos. Os Maniqueus49 também escreveram um Evangelho segundo Tomé, que sendo divulgado com afragrãncia do título evangélico corrompe a alma dos simples. Ace ite tam bém os Atos dos Doze Apóstolos; e em acréscimo a estes as sete Epístolas Católic as de Tiago , Ped ro [duasj , Jo ão [três] e Jud as; e como um selo sobre todas elas, o último trabalho dos discípulos, as quatorze Epístolas de Paulo. Mas deixe todo o resto de lado num nível secundário. E qualquer outro livro não lido nas Igrejas, estes 47 Correspondeao2Esdra
sda Septuagin ta, que é Esdr ase Neemias.
48 Organ iza çãodeJeremiasc 49 Seguidoresde
onform e a Septuag int a.
Mani, fundadorumafilosof
ia rel igi osasincr étic a edualíst ica com binando
zoroatrismo,cristianismoegnosticismo.SantoAgostinhapertenciaaumgrupode maniqueusantesdesertornarcatólico.
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nao leiam mesmo por iniciativa própria, como você tem me escutado dizer''50 (CIRILO, 2005). Ciril o é mais um que confirma a organiz ação: Jerem ias + Baruc + Epísto la de Jerem ias + Lamentações. Não há qualque r outra refe rência aos deuterocanônicos cio AT. Todos os deuterocanônicos do NT são citados, com exceção do Apocalipse. 4. Ru fino de Co ncó rdia CAquiléia) Rufino (Tyraminnus Rufinus) nasceu aproximadamente em 345, na cidade de Concórdia (a oeste de Aquiléia, na Alta Itália). Entre 358-368, recebeu em Roma formação em gramática e retóri ca, tendo como companheiro São Jerônimo. Mais tarde retornou à Aquiléia, onde lhe foi despertado o interesse pela vida monástica; seguiu para Alexandria e depois Jerusalém, onde em 381, no Mon te das Oliveiras fundou um mosteiro masculino. Por ali, durante 16 anos viveu em íntimo contato com os Bispos de Jerusalém. Em aproximadamente 390 foi ordenado sacerdote pelo Bispo João; a partir de 393 ingressou em uma série de disputas com seu amigo São Jerônimo acerca da doutrina de Orígenes que só se encerrará em 401, por sua desistência. Então em Aquiléia, fugiu para Roma, Terracina, por ca usa invasão da Itália pelos Gõdos. Faleceu em Messina (Sicília) após a conquista de Roma em 410 (DROBNER, 2003, p. 348-350). Em seu “Comentário ao Credo dos Apóstolos ’’ encontramos uma relação dos livros canônicos:
“[...} Este é então o Espírito Santo, que no Antigo Testamento inspirou a Lei e os Pr ofet as, e no Novo os Eva ngelh os e as Epísto las. De onde o Ap óstolo também diz , ‘toda Escritura da da pela inspiração de Deus é útil pa ra a inst rução . ’ E conseqü enteme nte pa rece apro priado enumerar aqui, como nós aprendemos da tradição dos Pais, os livros do Novo e do An tigo Testamento, que, de acordo com a tradição de nossos antepassados, acreditamos terem sido inspirados pelo Espíri to Sant o, e têm si do transmitidos pelas gerações nas Igrejas de Cristo.
!" Fragment otraduz idopelo autor.
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37. Do Antigo Testamento, conseqüentemente, primeiro de todos n o s jo i transmitidos ci nco liv ros de Moises , Gênesi s, Êxodos, Levít ic o, Números, D eutero nômio; Então Jesus N avé (J osué o f i lho de Num), o Livro dos Ju izes ju n to com Rute; então 4 livr os dos Reis (Reinos), os quais os Hebreus contam dois; o Livro das Omissões, o qual é intitulado o Livro dos Dias (Crônicas), e dois livros de Esdras51, os quais os Hebreus contam como um, e Ester; dos Profetas, Isaías, Jeremias52, Ezequiel, e Daniel, além destes os doze Profetas (menores), em um livro; Jó também e os Salmos de Davi, um livro cada um. Salomão deu três livros às Igrejas, Provérbios, Eclesiastes e Cânticos. Estes compreendem os livros do Antigo Testamento. Do Novo existem 4 Evangelhos, Mateus, Marcos, Lucas e João; os Atos dos Apóstolos, escrito por Lucas; quatorze Epístolas do Apóstolo Paulo, duas do Apóstolo Pedro, um a de Ti ago, irmão do S enh or e Apóstolo, uma de Judas, três de João, a Revelação de João. Estes são os livros dos quais os Pais consideraram dentro do Cãnon, e dos quais eles nos transmitiram provas da nossa fé. 38. Mas, ê necessário saber que existem também outros livros que nossos pais não chamam 'Canônicos’ mas ‘Eclesiásticos’: a saber. Sabedoria de Salomão, e uma outra Sabedoria, chamada a Sabedoria do Filho de Sirac, no qual ultimamente os Latinos chamam pelo título gera l de Eclesiástico, design ando não o autor do livro, mas o cará ler da es crita. Na mesm a classe se incluem o Livro de Tob ias, e o Livro de Judite, e os Livros dos Macabeus. No Novo Testamento, o pequeno livro que é ch amado o Livro do Pasto r de Hermas, que é chamado Os Dois Caminhos, ou o Julgamento de Pedro; todos eles têm sido lidos nas Igrejas, mas não são usados para a confirmação da doutri na. Outros escrit os são chamad os ‘Ap ócr ifos ’. Es tes nã o são lidos nas Igrejas. Estas são as tradições que os Pais nos transmitiram, as quais, como eu disse, achei oportuno registrar aqui para a instrução daqueles a quem estão sendo ensinados os primeiros elementos da Fé da 51 Correspondeao2Esdr
asda Septuagint a, queé Esdras e Neemias. .
52 Refe re-s eaoLivrodeJeremias Septuaginta.
, Lamentações,
Bar uc eaCar ta deJeremias conform e a
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Igreja, que podem conhecer de quai s fon tes da Palavra de Deu s seus esforços devem ser tirados”53 (RUFINO, 2005). O Canon Bíblico apresentado por Rufino é praticamente o mesmo de Atanásio, exceto pelo fato de Atanásio relacionar Ester entre os livros não canônicos. Os livr os da Sabedoria, Eclesiást ico, Judit e, Tobias, E sterce o Pastor de Hermas não são considerados canônicos ou apócrifos, mas “Eclesiásticos". Rufino testemunha que estes livros eram lidos na Igreja junto com aqueles considerados canônicos. Pela falta de menção à Didaque presume-se que era contada entre os apócrifos. Entretanto, não podemos afirmar o mesmo a respeito do livro dos Macabeus, pois como veremos pelo testemu nho de São Jerônimo, algumas Igrejas palestinenses os utilizavam.
5. São Jerônimo São Jerônimo (Sophronius Eusebius Hieronymus) nasceu aproximadamente em 347 em Stridon (perto de Emona, hoje Ljublj ana/Laibach na Esl ovêni a). Tend o Rufino como com pan hei ro, estudou retórica e gramática em Roma. Depois de seguir carrei ra como funcionário público na resi dência im perial na ci dade de Trier (Gália), em 370 dedicou-se a uma vida monástica em Aqu iléi a, passand o por An tioqu ia e Con stantinopla. Em 382, São Jerônimo se estabeleceu em Roma onde trabalhou como secretário do Papa Dâmaso (cf. Epístola 123,9). Após a morte deste (em 11 de dezembro de 384) foi morar em Belém (Palesti na), onde fundou dois mosteiros: um masculino e outro femini no. Veio a falecer em 30 de setembro de 420 (DROBNER, 2003, p. 351-355). São Jerônimo é considerado um dos maiores lingüistas da Antiguidade Cristã, pois foi profundo conhecedor das línguas bíblicas: Hebraico, Aramaico e Grego. Foi responsável por uma das mais conceituadas traduções bíblicas existentes, a Vulgata54. Os livros do A T foram traduzidos diretamen te do heb raico para o la tim.
1,3 Fragm ento traduz ido peloautor. 1,1 Recebeue ste nom e porquefoi traduz idapar aa línguavul gar, populard aépoca:o lati m.
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Esta versão das Sagradas Escrituras foi encomendada pelo Bispo Dâmaso no tempo em que São Jerônimo era seu secretário. São Jerônimo não considerava canônicos os seguintes livros: Tob ias, Sab ed oria, Eclesiástico, 1 e 2 Macab eu s. Muitos acre ditam que sua opinião teve forte influência dos rabinos de Jerusalém, de quem Jerônimo aprendeu o hebraico. Entretanto, esta tese parece ser d esm entida pelo fato dele aceitar com o canônicos livros qu e -os ju deu s palestinenses re cusara m (Judite, Baruc, Carta de Jerem ias, Bel e o Dragão, História de Suzana, onde estes dois últimos cons tam como acréscimos do Livro de Daniel). De qualquer forma, São Jerônimo não excluiu estes livros da sua Vulgata. Outros especulam dizendo que ele foi persuadido pelo Papa Dâ ma so para assim proc eder. Is to seri a simplesmente im pos sível, já que o mencionado Papa morreu antes de Jerônimo come çar as traduções. Suas próprias palavras na Vulgata testemunham que o moti vo devia-se pelo fato da Igreja usar amplamente estes livros:
“Este prefácio para as Escrit uras (Samuel e Reisl po de m servi r como um ‘elmo’ introdutório para todos os livros os quais nós agora transc revemos do Hebreu para o Lat im, de modo que nós possam os ter certeza de que os aqueles que não são encontrados em nossa lista devem ser colocados entre os escritos Apócrifos. Sabedoria, o livro de Sirac, e Judite, e Tobias e o Pastor não são canônicos55. O prim eiro livro dos Macabeus eu encontrei em hebraico, o segundo em grego, como pod e ser d em onstrado de alto estilo'' 56 (JERONIMO, 2006a, p. 778).
“Nó s temos o autêntico liv ro de Jesus, filh o d e Sirac [Sabed oria de Sirac], e um outro trabalho pseudoepígrafo, intitulado Sabedoria de Salomão. E u en contrei o prim eiro no hebraico, co m o título, ‘P ará bolas’, não Eclesiástico, como nas versões Latinas [...] O Segundo de form a alguma se encontra nos textos hebraicos, e seu estilo aproximase da eloqüência grega: um número de escritores antigos afirma 55 Note queSão Jerônim onãocol ocana list a Baruc eaCar ta deJer emias. Ist oporque com o já foi exposto , er am consid era do s ca nô nicos ju n ta m e n te com o Livr o de Jere m ia s e as Lamentações. 56 Fragm ento traduzidopeloauto
r.
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que é um trabalho do Judeu Fílon. Conseqüentemente, apenas como a Igreja lê Judíte, Tobias, e os livros dos Macabeus, mas não são admitidos no cãnon das Escrituras57; a Igreja permite que estes dois volumes sejam lidos, para a edific ação das p essoas, não pa ra da rem (Ibid. , p. 782). suporte à autoridade das doutrinas eclesiásticas"58 Aqu i se con stat a mais um a vez que a Igrej a na Palest ina, não considerava os deuterocanônicos do AT contrários à Fé, pois neste caso não serviriam “ para a edificação das pessoas". Mas pelo fato de não serem considerados canônicos, não eram usados para ex trair provas da fé ou “para darem suporte à autoridade das doutri-
nas eclesiásticas". Escritos posteriores atestam que São Jerônimo mudou sua opinião quanto ao livro de Judite, que no prefácio aos livros de Samuel e Reis, ele relaciona entre os aprócrifos. No prefácio a este livro, traduzido depois dos Livros de Samuel' e Reis, São Jerônimo acaba por reconhecer sua canonicidade:
“En tre os Judeus, o livr o de Judite é considerad o apócrifo; /.../. Al ém disso, desde que fo i escrito na língua Cal déia , é contado entre os livros históri cos. Mas, desde o Co ncilio de Nicê ia é contado ju n to ao número das Escrituras Sagradas, eu tenho me submetido à sua decisão (ou deveria dizer obri gação!]: e , meu outro trabalho o desprezou 59, pelo qual eu estav a forço sa m ente entr etido, p or ter trabalhado à noite, traduzindo de acordo com o sentimento do que literalmente.
[...] Fiz sa ber no La tim somente o que eu enco ntrara expresso coere ntemente nas pala vras e m Cald eu. Rece ba a viúva Judit e, exem plo de castidade, e com elogio triunfante aclamála com eterna celebração pública. Não somente pelas mulheres, mas também pelo s homens, ela fo i dada como um m odel o por quem ret ribui u sua casti dade, quem atribuiulhe tal virtude que ela conquistou o inconquistável no seio da humanidade, e superou o insuperável” (JERONIMO, 2004). Importante dizer também que os acréscimos de Daniel, que foram r ecusados pelos r abinos em Jâmnia, tinham sua can onicidade !,/ Maisuma vez Barucea Car ta deJeremias nãoconfiguram
na lista dosliv ros quenão são
canônicos. ;,s Fragmento traduzidopeloaut
or.
^ Provavel menteS. Jerônim oestejaseref
eri ndoaosprefáci 63
osdos Livros deSamuel e Reis.
reconhecida na Igreja da Palestina. É o que se verifica pelas pala vras de São Jerõnimo em sua carta endereçada a Ruf ino, intit ulada "Apologia contra Rufino”:
“33. Em relação a Daniel [o livro], minha resposta será: eu não disse que ele não era um profeta: ao contrário, eu confessei logo ao início do prefácio que ele era um profeta. No entanto, eu quis mostrar qual era a opini ão sustent ada pel os jud eu s e quai s eram os a rgumentos em que confiavam para provar isto. Eu disse também ao leitor que a versão lida nas igrejas cristãs não era aquela dos tradutores da Septuaginta, mas a de Teodocião. É verdade que eu disse que a versão da Septuaginta deste livro [de Daniel] era muito difer ente do srcinal e que fo i con denad a pelo corret o julg am en to das igrej as de Cristo; mas a culpa não fo i minha pois somente mencionei o fa to , mas daqueles que leram a referida versão. Nós temos quatro versões para escolher: a de Áquila, a de Símaco, a dos Setenta, e a de Teodocião. As igrejas optaram por ler Daniel na versão de Teodocião. Que pecad o eu cometi ao seguir o julga m en to das igrejas? Mas quando eu repit o o que os jud eu s dizem con tra a históri a de Susana, o cântico dos três jov en s e a estória de Be l e o Dragão, os quais não se encontram na Bíblia hebr aica, o homem que fa z disto um empreendimento em meu desfavor prova a si mesmo ser o meu próp rio pensam ento , mas o que eles [os ju d e u s ] geralm ente diz em contra nós. Eu não refutei a opini ão deles [os ju d eu s] no prefácio porque pro curei ser breve e temia que parecesse estar escrevendo não um Prefácio, mas um livro. Eu disse, entretanto, que ‘a respeito disto não é agora o momento para se entrar nessa discussão’. um tolo e um psícopata, uma vez que eu explanei não
Por outro lado, eu relatei que Porfirio disse muitas coisas contra este profeta, e chamei, como testemunhas disto, Metódio, Eusébio, e Apolinário, que refutaram sua estupidez em muitos milhares de linhas, isto estará em seu pod er para acusar me po r não excluir o escrito em meu Prefácio contra os livros de Porfirio. Se hou ver alguém que preste atenção a coisas tola s com o esta, devo dizerlhe em alto tom e sem culpa que ninguém está obrigado a ler o que não deseja; eu escrevi para aqueles que me perguntaram,
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não para aqueles que me desprezariam; para os agradecidos, não para os ingratos: para os sérios, não para os indiferentes. Ademais, fico estupefato por ver como um homem [talvez seja Rufin o] pod eria ler a versão de Teodo cião , o herege e juda izan te, e desprez ar o qu e provém de um cristão [ Jerônimo/, emb ora poss a este ser simples e pecad or “(JERONIMO, 2005).60
Como se vê, a discussão é sobre as partes deuterocanõnicas do livro de Daniel , q ue não for am aceitas pelos ju d eu s da Pa lestina. São Jerônimo declara que as críticas feitas a elas, não são “uma vez que suas, mas um registro do que os Judeus pensavam: eu explanei não o meu próprio pensamento, mas o que eles [osju deus/ geralmente dizem contra nós" . A exp ress ão “contra n ó s” é muito
significante, pois mostra que os judeus tinham um pensamento divergente do pensamento comum da Igreja antiga. O trecho mostra também que São Jerônimo não partilhava do “Eu não pensamento dos judeus sobre os acréscimos de Daniel: refut ei a opini ão del es [os ju d eu s] no prefáci o porque procurei ser breve [.../ Eu disse, entretanto, que 'a respeito dislo não é agora o momento para se entrar nessa discussão’”.
Em sua carta a Paulino, Bispo de Nola, encontramos sua lista dos livros para o Novo Testamento: “9. [.../ O Novo Testamento eu tratarei momentaneamente de Mateus, Marcos, Lucas, e João são ao todo quatro, o verdadeiro querubim (o qual significa "abundância de conhecimento”), [...] O apóstolo Paulo escreve a sete igrejas (para a oitava tal carta, aquela aos Hebre us, ê colocada fo ra do número das cartas paulinas pela a maioria); instrui o Timóteo e o Tito; intercede com o Filemon por seu escravo fugitivo . A respei to de Paulo eu prefiro perm anec er quieto do que escrev er somen te pouca s coi sas. Os At os dos Apóstolos parece relacionarse a uma história revelada e descrever a infância da Igrej a nascente; mas se nós soubemos que seu es critor fo i Luca s o méd ico, “cujo o elogi o está no Eva ngelh o" nós observaremos do mesmo mod o que todas suas palavras são m edicina para a alm a doente . Os apóstolos Tiago, Pedro, João e Judas produziram sete epístolas místicas e conci sas, cu rtas e long as, isto é, curtas nas pa lavr as m as lonU1 Fragme ntotraduzidopeloautoreCarl
os M artins Nabeto.
65
gas no pensamento de modo que houvesse poucos que não se impre ssionassem profu ndamente ao lêlas. O Apoca lipse de João tem tanto s mistéri os quanto tem palavr as. E u disse dem asiado po uco em comp aração co m o que o livro merec e; todo o el ogio a ele é i nad equa do, para cada uma de suas palavras múltiplos significados mentirosos se escondem. Eu imploro a você, caro irmão, viva entre estes livros, medite em cima deles, para conhecer nada mais, para procurar nada mais Í...J’61 (JERONIMO, 2006a, p.195-196). Em um escrito seu posterior, uma carta escrita a Darnado, prefeito da Gália, São Jerônimo comenta a canonicidade da Carta aos Hebreus e do Apocalipse:
“Isto deve ser dito a nosso povo, que aquela epístola que é intitul ada 'aos H ebre us ’ é aceita como do apóstolo Paulo não som
en-
te pelas do lestes mas todos escritores de em lín- para gua gregaigrejas dos tempo maispor remo tos,osembora muitdaosigreja a ju lgu ser de Bamabé ou de Clemente. Agora não é importante quem é o auto r, desde é trabalho de um hom em da igreja e r ecebido reconhecidamente dia a dia na leitura pública das igrejas. Se o costume dos Latinos não o recebe entre os escrituras canônicas, de outro modo, p ela mes ma liberdade, fa z em as igrejas dos gre gos p o r aceitam o Apocalipse de João. Contudo nós aceitamolos ambos, não seguindo o costume do tempo atual mas o precedente, dos escritores antigos, que geralmente fizer am uso liv rement e dos teste munhos de ambos os trabalhos. E isto eles fizera m , não querendo na ocasião citar escritos apó crif os, como fiz er a m ao usar exemplos da literatura pagã, mas tratand oos como trabalhos ca nônicos e eclesiás ticos’’62 (JERONIMO, 2006b). Percebemos nas palavras de São Jerônimo que ainda no sé culo IV havia divergências quanto à canonicidade da carta aos Hebreus e o Apocalipse.
6. São Gregório de N azian zen o São Gregório teve como pai Gregório Sênior, este Bispo de Nazian zo (sudeste da Capadócia). Foi amigo pessoal de Basíli o Mag61 Fragme ntotraduzido pel oauto r. 62 Ibid. 66
à
no e de Gregório Nisseno, formando com eles o grupo que então ficaria conhecido com o “Os Três C apa dócios ”. Foi ordenad o sace r dote em 361 pelo próprio pai e com a morte deste assumiu por pouco tempo a Igreja de Nanzianzo. Por sua iniciativa reúne-se em 381 o Concilio de Constantinopla 63 e durante sua realização, São Gregório Nanzianzeno torna-se Bispo de Constantinopla, Seu Episcopado 64 na nova capital do Império é repentino e volta a viver em Nanzianzo como Bispo. Dois anos mais tarde entrega o Episcopado a s eu primo Eu lál io e vive seus últi m os dias em A rian zo (BERARDINO, 2002, verb. Gregório Nanzianzeno, p. 653). Sobre os livros sagrados se expressou desta forma:
“Nã o perm ita que outros liv ros seduzam sua mente: pois muitos escrít os m alignos fo ra m dissemi nados. Os livr os h istór icos no núm ero de são doze conforme são contados entre os Hebreus. De Moises são os cinco primeiros, Gênesis, Êxodos, Levítico, Números e Deu teronômio. D epois , J osué o filh o de Nav e, sexto, e o livr o dos Juizes e Rute, contado como sétimo. E dos outros livros históricos, o primeiro e segundo livros dos Reis são entre os Hebreus um livro; também o terceiro e quarto em um livro. E da mesma, o primeiro e segun do das Crônicas são com eles u m só l ivro, e o prim eiro e segu ndo Esdras 65 são contados como um. Estes são os escritos Históricos. Mas aqueles que são escritos em versos são cinco, Jó, e o livro dos Salmos, e Provérbios, e Eclesiastes, e o Cântico dos Cânticos, o qual é o décimosétimo livro. E depois destes vem os 5 livros Proféticos: dos Doze Profetas em um livro, de Isaías em um, de Jeremias 66 em um, incluind o Lam enta ções e a Ep ístola; então Ezequiel, e o Livro de Daniel, o vigésimosegundo do Antigo Testamento. Mas, agora contemos tam bém os liv ros do Novo M ist ério: Mateus de fa to escreveu para os Hebreus os milagres de Cristo, e Marcus para a Itália, Lucas para a Gréc ia, João , o m aravilhoso preg ad or pa ra todos, a nda ndo no céu. Então os Atos dos apóstolos, e as quatorze epístolas de Paulo, e sete epístolas católicas, as quais Tiago uma, duas de Pedro, três de João G3 Contadocomo oSegundoConci 04 MinistériodoBi
lio Ecumêni co.
spo
05 Correspondeao 2 Esd rasda Sept uagmt a, ist oé Esd rase Neemias . 66 JeremiaseBaruc
conforme a Septuag int a. 67
l
i
tumhém. K a sétima ó a de Judas. Você tem tudo. Se houve outros além destes, não estão entre os livros genuínos"67 (NANZIANZENO, 2006). Dos deuterocanônicos do AT, São Gregório Nanzianzeno rela ciona a Epístola de Jeremias. Conforme a organização da Septuaginta, é bem p rovável que Baruc esti vesse contado ju n to com o livro de Jeremias. Não há qualquer menção ao livro de Ester.
7. Anfilóq uio de Icônio Anfilóq uio de Icônio foi sobrinh o de São Gregório Nanzianzeno, filho de sua irmã Gorgônia (Ibid.). Foi Bispo de Icônio na Gália. Sobre os Escritos Sagrados registrou: “A/osdevemos saber que não todo livro que é chamado Escritura deve ser recebido corno uma guia seguro. Para algum são tolerados e
outros são m ais do que duvi dosos. Conseqüentem ente os livr os os quais a inspira ção de Deus fo i atribuída, eu irei enumerar. Os livros de Moises são os cinco primeiros, Gênesis, Êxodos, Levítico, Números e Deuteronômio. Depois, Josu é o Jilho de Navé, e o livro dos J uizes, incluindo Rute, contado como sétimo. E dos outros livros históricos, o primeiro e segundo livros dos Reis são entre os Hebreus um livro; também o tercei ro e quarto em u m livro. E da mesma, o primeiro e segu ndo das Crônicas são com eles u m só liv ro, e o prime iro e segund o Esdra s68 são contados como um. Ester é o décimo segundo livro; e estes são os escritos Históricos. Os escritos em versos são cinco, Jó, e o livro dos Salmos, e Provérbios, e Eclesiastes, e o Cântico dos Cânticos, o qual é o décimosétimo livro. Cinco livros Proféticos: dos Doze Profetas em um livro, de Isaías em um, de Jerem ias69, Lam entaçõe s e a Epístol a, um só livro; então Ezequiel, e o Livro de Daniel, o vigésimosegundo do Antigo Testamento. É apropriado aqui fa la r sobre o s livros do Novo T estamento. Receba somente quatro evangelistas: Mateus, então Marcos, a quem tenha adicionado Lucas como terceiro, contando João como o quarto no tempo, mas o primeiro pela grandeza de seus ensinos, que 67 Fragmentotraduzido
pel oauto r.
68 Cf. nota 65. 69 Cf.nota 59. 68
me fa z chamálo com todo direi to de u m filh o do trovão, anunciando maravilhosamente a palavra de Deus. E receba também o segundo livro de Lucas, aquele dos Atos católicos dos apóstolos. Adicionar em seguida ao elenco escolhido, o arauto dos Gentios, apóstolo Paulo, que escreveu com sabedoria às igrejas duas vezes sete epístolas: aos Romanos uma, a qual devese adicionar duas aos Coríntios, aos Gálatas, e aos Efésios, depois aos Filipenses, depois aos Colossenses, duas aos Tessalonicenses, duas a Timóteo, e a Tito, a Fílemon, uma cada, e uma aos Hebreus. Mas alguns dizem que essa carta aos Hebreus é espúria, não fal an do bem del a, porque a graça é genuína. Bem, quais restam? Das epístolas católicas, alguns dizem que nós devemos receber sete, mas outros dizem que somente três devem ser recebidas que são Tiago, uma, uma de Pedro, e aquela de João, uma. Alguns recebem três de João, e além des tas, de duas de Pe dro, e a quela de Jud as como sétima. E outra vez a Revelação de João, é aprovad a p or alguns, mas a maioria a considera apócrfa. Este é talvez seja o cãnon mais coTiflável das divinas Escrituras inspiradas"70 (ANFILOQUIO, 2006). Do AT, a lista de Anfilóqu io é bem semelhan te à de São Gregório Nanzianzeno, onde o primeiro relaciona Ester entre os canônicos e o segundo não. Anfilóquio nos faz perceber que ainda em seu tempo perma necem as controvérsias sobre os deuterocanônicos do NT.
8. São Epifânio de Salamina Epifânío nasceu entre 310 e 320 em Eleuterópolis, no sul da Palesti na. Passou a juv en tu de em bu sca de f orm ação cr istã nos mosteiros do Egito. Foi Bispo de Constância, antiga Salamina, hoje Fag usta na costa o riental da ilha do Chi pre. Foi o iniciador da con trovérsia srcenista na Palestina, quando ao visitar Jerusalém em 393, por ocasião de uma festa local, prega contra os ensinamentos de Origines, entrando em conflito com João71, Bispo de Jerusalém e favorável ao srcenismo72. Faleceu aproximadamente em 12 de maio de 403. (DROB NER , 2003, p. 316-317). 70 Traduzi dop eloaut or. 71 SucessordeSãoCir
ilocornoBispo deJerusal ém.
72 Nesta controvérsiaseenvolver
ãomaistarde
Rufi noe SãoJerônimo. 69
Em sua obra “Panarion” constam os livros que considerou sagrados: “Os livros do Antigo Testamento são Gênesis, Êxodos, Levíiico, Nú-
meros, Deuteronômio, Jo sué Jilho de Num, Juizes, Rute, Job, Salmos, Pr ovérbios, Eclesiastes, Cântico dos Cânticos, Primeiro Reis, Segundo Reis, Terceiro Reis, Quarto Reis, Um das Crônicas, Segundo Crônicas, os Doze Profetas, Isaías, Jeremias com as Lamentações, a Epístola e Baruc73, um; Eze quiel Daniel; Esdras, primeiro e segundo e Ester. Estes são os vinte e dois livros dados po r Deus aos Judeu s. Foram contados como vinte e dois, o número das letras hebraicas, desde então dez livros estão repetidos e contados como cinco [...] Há também outros dois livros próximo a eles na substância, a Sabedoria de Sirac e a Sabedoria de Salomão, além de alguns outros livros apócrifos. Todos estes livros sagrados ensinaram também ao Judaísm o as coisas mantid as pe la lei até a vinda de Nosso Senho r Jesus Cristo"™ (EPIFANIO, 2006). Quanto aos livros deuterocanônicos do AT, Santo Epifânio re laciona Baruc e a Epístola de Jeremias. M enciona as Sabedorias de Sirac e de Salomão como próximos aos livros demais em substân cia. Isso mostra que ele não considerava os ensinamentos destes livros contrários à fé, “além de alguns outros livros aprócrifos", pro vavelm ente se referindo aTo b ias , Judit e, 1 e 2 Macabeus. Ele conta o livro de Ester entre os canônicos. Sobre o NT as sim se referiu:
“Se você fo i tomado pelo Espírito Santo e instruído nos profetas e nos apóstolos, você deve ter começado do início da Gênes is do mun do até que os tempos de Ester e m vinte e dois livro s do Antigo Test amento, que estão numerados também como vinte e dois, também nos quatro Evangelhos sagrados, e em quatorze epístolas do santo apóstolo Paulo, e nos escritos que vieram antes de stes, incluindo os Atos dos Apóstolos e m suas épocas e as epístolas católica s de Tiago, de Pedro, de João e de Judas, e na Rev elação de João, e nos livros da Sabe doria eu conside ro aquelas de Salomão e do Jilho de Sirac [Sabedoria de Sirácida o u Eclesiástico[ em resumo, todas os escritos divinos f.../’75 (Ibid.). 73 Cf.a organizaçãodaSe ptuaginta 74 Fragmentotraduzidopeloa
uto r.
75 Fragmentotraduzi do pelo aut or. 70
Quanto ao NT, Santo Epifânio considera canônicos os mes mos livros que normalmente hoje são. Recomenda a Sabedoria de Sirac e de Salomão para a instrução dos fiéis.
9. Santo Hilá rio de Poitie rs Santo H ilário prova velmen te nasceu em Pictaví s, hoje Poitier s, no início do séc. IV . Recebeu o batismo n a vida adulta por volta de 350. Apro ximad am ente em 355 tornou-se Bispo de Poi tiers. Jun ta mente com Santo Atanásio, foi um dos principais defensores da Fé nicen a contra os arianos; e por esta razão sofreu o exíli o por d iver sas vezes. Faleceu em 367 (DROBNER, 2003, p. 265-266). Em seus escrito s só encontramos menç ão à lista dos livro s do AT;
“Há vint e e dois livros do Antigo Testamento porqu e este número corresponde ao número de suas letras [hebraicas]. São contados ass im de acord o com a antiga tradição: os livr os de Moisés são ci nco, Jos ué Jilho de Nu m o sexto, Juizes e Ru th o sétimo, prim eiro e segundo reis os oitavos, os terceiro e os quarto [reis] os nonos, os dois das Crônicas for m am dez. Esdras o décimo pr imeir o, o livr o dos Sa lmos o décimo segundo: de Salomão os Provérbios, o Eclesiastes, e o Cân tico dos Cânticos são o décimo tercei ro, d écimo quarto , e o décimo quinto, os doze Profetas décimo sexto; então Isaías e Jeremias (com as Lamentações e a Epístola); e Daniel; e Ezequiel; e Jô; e Ester terminam o número dos form livrosanem estes adicionam Tobias e Judite do vinte vint e ee dois. quatroA liv ros, alguns de acordo com o número das letras gregas, que é a língua usada entre He breus e gregos recolhidos em Roma76". (HILÁRIO, 2006). Como vimos, Santo Hilário de Poitiers, dos deuterocanônicos do AT, pessoalmente reconhece a Epístola de Jeremias e provavel mente Baruc, que sempre a acompanhava segundo a organização da Septuaginta. Mostra que alguns reconheciam também como canônicos Tobias e Judite.
76 Fragmentotraduzido
pel oauto r. 71
Testemunhos do séc V
1. Pana Inocêncio Aos 20 de f evereiro de 405, o Papa Inocên cio I ( 401-417) en via a carta “ Consulenti tibi” a Exupério, Bispo de Tolosa, onde enume rou os livros que eram considerados canônicos em Roma:
“Quais os livros aceitos no cãnon das Escrituras, o breve apêndice o mostra. Cinco livros de Moisés, isto é, Gênesis, Êxodo, Levítico, Números , Deuter onômio, um livro de Josué filh o de Nu n, um livro dos Juizes, q uatro livr os dos Reinos e R ute. Dezess eis livros dos Profe ta s 77, cinco livros de Salomão, o Saltério, Livros históricos: um livro de Jó, um de Tobias , um de E ster, u m de Judite, dois dos Macabeus, dois de Esdras, dois dos Paralipômenos. Do Novo Testamento: quatro livros dos Evangelhos, quatorze epístolas do Apóstolo Paulo, três de João, duas de Pedro, uma de Judas, uma de Tiago, os Atos dos Apóstolos, o Apocalipse de João" (BETTENCOURT, 2001, p.56). Este é o primeiro pronunciamento de um Papa a respeito do Canon Bíblico.
2. Santo Agostinho Santo Agostinho nasceu em Tagaste (Numídia) em 13 de No vembro de 354, filho de Patrício e Mônica. O Pai pequeno proprietá rio de terra e conselheiro municipal, a mãe piedosíssima cristã. Foi professor de retórica em Roma e Milão, amplo conhecedor da lín gua e cultura latinas. Tornou-se fervoroso anticatólico professando a doutrina dos maniqueus, até que aos 32 anos após ouvir a prega ção do Bispo de Milão, Santo Ambrósio, decide tomar-se católico. Rece beu o batismo no dia 25 de abri l, num sábado, dura nte a f esta da Páscoa em 387. Em 391 na cidade de Hipona (África) é sagrado sacerdot e. Nes ta época f unda um mostei ro. To m a-s e Bispo de Hipona em Durante altiveznaasa 28 heresias dos 397. maniqu eus e seu dos Ministério pelagianos.combate M orreucom em Hipo de agosto de 430 durante a invasão dos bárbaros.
77 Esteslivrossáom
elhores detalhadosnalist
a de S.Agostinho, logo' a segu ir. 72
Em su a obra “ A doutrina C ristã” , que é um tratado de exegese bíblica, o então Bispo de Hipona relatou quais os livros que na Áfri ca 79 eram considerados canônicos: “O Cãnon completo das Sagradas Escrituras, ao qual se refe-
78
rem as considerações precedentes, compreende os seguintes livros: cinco de Moisés, a saber: o Gênesis, o Exodo, o Levítico, os Números e o Deuteronômio: um livro de Jes us, Jilho de Nave [Josué] e um dos Juizes; um livrinho i ntitul ado Rut e, o qual pare ce perte nce r ao começo da história dos Reis; seguemse os quatro dos Reinos e dois dos Paralipômenos que são a sua seqüência, mas por assim dizer uma complementação. Todos esses livros são narração histórica que contém o desenvolvimento das épocas■e a ordem dos acontecimentos. Há outras históri as de tipo difer ente que não poss uem conexão com a ordem dos acontecimentos anteriores, nem se relacionam entre si, como os livros de Jó, d e Tobi as, de Ester, de Judite, os do is livros dos Macabeus, e os dois de Esdras80. Estes parecem seguir antes aquela história que ficara suspensa com os livros dos Reis e dos Paralipômenos. Depois seguem os Profetas, entre os quais se encontra um livro de Davi, os Salmos, três de Salomão: os Provérbios, o Cântico dos Cânticos e o Eclesiastes. Outros dois dos quais um é a Sabedoria e o outro, o Eclesiástico, são atribuídos a Salomão por certa semelhança com os predecessores, mas comumente se assegura que quem escr eveu f o i Jes us, filh o de Sir ac. E, como mereceram ser recebidos com autoridade, devem ser contados entre os livros proféticos. Os livros restantes são os propriamente chamados dos Profetas. Doze são esses livros, correspondendo cada qual a um profeta. Como estão conexos e nunca foram separados, são contados como um só livro. Eis os nomes dos profetas: Oséias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias. Em segu ida, os quatro livros dos grand es profetas: Isaía s, Jeremias82, Daniel e Ezequiel. 78 Estudopa ra entender as Sag radas Escr itura s 79 Est aobrade S.Agos tinhofoi escritadep oisdareali zação de vári osC oncíliosAfri canos, quedefiniramparaocontinenteoslivroscanônicos,comoveremosnopróximocapítulo. 80 Esd ras e Neemias. 81 Jeremias,L am entaçõesdeJeremias
e Bar ucconform e a Septuagi nta. 73
Estes quarenta e quatro livros possuem autoridade no Antigo Testamento. Quanto ao Novo Testamento, compreende os quatro livros do Evangelho segundo são Mateus, são Marcos, são Lucas e são João; as quatorze cartas de são Paulo: uma aos Romanos, duas aos Coríntios, uma aos Gaiatas, uma aos EJésios, wna aos Filipenses, duas aaos aos Timóteo, uma Tito,Tessalonicenses, uma a Filêmon uma e uma aosColossenses, Hebreus82; duas as a duas de são Pedro, as três de são João; o livro único dos Atos dos Apóstolos e outro único de são João intitulado Apocalipse" (AGOSTINHO, 2002, pg. 96-97). O Canon relatado por Santo Agostinho é o mesmo que figura nas Bíblias Católicas.
Testemunho do séc V II I São João Damasceno São João Damasceno pertence à família árabe-cristã dos Mansur. Nasceu por volta de 650 em Damasco. Cresceu próximo ao califa Yazid e exerceu importantes cargos na corte. No tempo do califa Abd al Malink (685- 705), por causa de sua discriminaç ão aos cristãos, São João é obrigado a deixar o cargo. Por volta de 706 é ordenado sacerdote por João, Bispo de Jerusalém. Em 722 ingres sa no mosteiro de São Sabas, perto de Jerusalém, onde viveu o restante de sua vida, vindo a falecer em aproximadamente 750. Envolve-se na questão iconoclasta a favor das imagens e ícones sacros . Segund o a Tradição, o Segund o Concilio de Nicéia 83 apoiouse em seus escritos para condenar a heresia iconoclasta. Seus es critos encerram o período dos Santos Padres gregos. Sua lista de livros canônicos vem de sua obra “ Exposição da Fé Ortodoxa" (Livro IV, capítulo XVIII):
“Observe, mais adiante, que há vinte e dois livros do Antigo Testamento, um para cada letra do alfabeto hebraico. Portanto são
82 Emnotadaediçãoem
línguaport uguesa pelaed.Paul us,observa -sequeoscríti
cos
agost ini anos apur aramquea part irde409,data posterior a est e escritode A gostinho, o mesmonãomaiscilaessaepístolacomosendodePaulo. 83 Contadocom ooSétimo Conci lioEcumênico. 74
vinte e duas letras das quais cinco estão em do bro, e então to mam se vinte e sete. Para as letras Caph, Mere, Nun, Pe, Sade é dobro. E assim o número dos livros desta fo rm a sã o vinte e d ois, mas são encontrados em vinte e sete por causa cinco letras estão em dobro. Rute está ju n to aos Juiz es, e os Hebreus contamnos com o um livro; primeiro e segu nd o livros dos Reis são contados um; e sã o ass im os terceiro e quarto livros dos Reis: e também o primeiro e segundo de Paralipômenos; e o primeiro e segundo de Esdras. Desta maneira, então, os livr os estão organizados ju n to s em quatro Pentateucos e dois outros, formam assim os livros canônicos. Cinco deles são da Lei, Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio. Isto o qual é o código da Lei, constitui o primeiro Pentateuco. Vêm então um outro Pentateuco, então chamado o Grapheia, ou enquanto é chamado por alguns, o Hagiógr afo, que são os seguintes: Jesus o filh o do Nav e, Juizes junto com Rute, primeiro e segundo Reis, que são um livro, terceiro e quarto Reis, que são um livro, e os dois livros dos Paralipômenos que são um livro. Este é o segundo Pentateuco. O terceiro Pentateuco são os livros em verso, a saber, Jó, Salmos, Provérbios de Salomão, Eclesia stes de Salom ão e o Cântico dos Cânticos de Salomão. O quarto Pentateuco são os livros Proféticos, a saber os doze profe tas constituindo um liv ro, Isaias, Jeremias, E zequiel, Daniel. Vêm en tão os dois li vros de Esdras como um úni co, e Est er. H á também o Panareto, que é a Sabedoria de Salomão, e a Sabedoria de Jes us (filho de Sirac] , que fo i pub licado no Hebreu pelo p a i cie Sirac, e traduzido mais tarde no grego por seu neto, Jesus, filho de Sirac. Estes são virtuosos e nobres, mas não são contados nem eram colocaram na arc a. O Novo Testam ento contém quatro evangel hos, segund o Mateu s, segundo Marcos, segundo Lucas, segundo João; os Atos dos Santos Apóstolos por Lucas o Evangelista; sete epítolas católicas, a saber; uma de Tiago, duas de Pedro, três de João, uma de Judas: quatorze cartas do Apóstolo Paulo; a Revelação de João o Evangelista: os Cânon es dos Santos Apostólos, po r Clemente" (DAMASCENO, 1955). Dos deute rocan ônicos do AT, as Sabedo rias de Sirac e Salomão
“são virtuosos e nobres”.
A Epístola de Jeremias e Baruc estão con tidos no título geral “ Je rem ias” , onde tam bém consta vam o livro d e Jerem ias e as Lamentações, conform e a Septuaginta. 75
Ao N T ele adiciona “os Cânones dos Santos Ap ósto los” , prov a velmente fazendo referência a um conjunto de escritos antigos intitulados “Constituições Apostólicas” ou “Constituições dos 12 Apóstolos”84.
Testem unho do séc X I I
Hugo de São Vitor Hugo de São Vitor nasceu na Saxônia (um dos 16 estados da Alemanha, situado no leste do país) no ano de 1096. Movido pela vocação reli giosa, ainda m uito jovem , ingressou no M osteiro de São Vitor (Paris), onde residiu até sua morte em 1141. É considerado um grande pedagogo, e muitos trabalhos em Pedagogia fazem men ção às suas obras. Esta é a sua relação dos livros canônicos: “4. Divisão das Sagradas Escrituras em dois Te stamentos , cada
um dividido em três ordens. Toda a S agrada Escritura está co ntida em dois Test amentos, o Antigo e o Novo Testamento. Em cada testamento podem ser distinguidas três or dens . O Antigo Testam ento contém a Le i, os Proje tas e os Hagiógrafos. O Novo Testamento contém o Evangelho, os Apóstolos e os Padres. 5. Elen co dos Livros das três ordens do Vel ho Testam ento. A primeira ordem do Velho Testamento é a Lei, que os jud eu s cham am d e Torá. A Le i é form ad a pelos cinco li vros de Moisés, chamados, em seu conjunto, de Pentateuco. O primeiro destes livros é o Gênesis, o segun do o Êxodo, o terceiro o Levíti co, o quarto o Livro dos Números, o quinto o Deuteronômio. A segun da ordem do Velho Test amento é a dos profet as, que contém oito volumes. O primeiro voluirte é o livro de Josué; o segundo, o livro de Juizes; o terceiro o Livro de Samuel, também chamado de Primeiro e Segundo Livro dos Reis; o quinto é o livro de Isaías; o sexto, o livro de aJerem ias85; odos sétimo, livroetas de Ezequie l; e o oita vo é o livro que contém s profecias dozeoprof (menores). Final mente, a terceir a ordem do Velho Testamen to po ssu i nove livros. O prim eiro é o livro de Jó; o segundo é o livro de Da vi [Ve r nota 84 Est aobra é mencionada no próximo cap ítulo. 85 Cf. nota48. 76
2] ; o terceiro é o livro dos Provérbios de Salomão; o quarto é o Eclesiastes; o quinto ê o Cântico dos Cânticos; o sexto ê o livro de Daniel; o sétimo ê o livro dos Paralipômenos; o oitavo é o livro de Esdras; o nono é o livro de Ester. Todos estes livros são em número de vinte e dois. Há, ademais, outros livros, como o livro da Sabedoria de Salomão, o livro de Jesus Jilho de Sira c [Eclesi ástico], o livro de Judit e, o livro de Tobias e os livros dos Macabeus que são lidos mas não se incluem no Cãnon. 6. Elenco dos livros das três ordens do Novo Testamento. A primeira ordem do Novo Testamento contém os livr os dos quatro Evangelhos, aqueles escritos segundo Mateus, Marcos, Lucas e João. A segunda ordem, semelhantemente, contém também quatro lif
vros: as Epístolas de São Paulo, em número de quatorze, reunidas em um só livro, as demais Epístolas Canônicas reunidas em outro livro, o Apocalipse e os Atos dos Apóstolos. Quanto à terceira ordem, o primeiro lugar corresponde aos Decretais da Igreja, aos quais também chamamos de cânones ou regras; depois deles vêm os escritos dos santos padres e dos doutores da Igreja, como os de S. Jerônimo, S. Agostinho, S. Gregório, S. Ambrósio, S. Isidoro, Orígenes, S. Beda e muitos outros escritores ortodo xos,tão os quais sãonúmero tão inf init os que não po de m sehom quer ens ser contados. Seu gran de mostra o Jervo r destes na Jé, por causa da qu al deixaram aos seus pósteros tantas e tão memorá veis obras. Diante deles nossa preguiça se toma evidente, pois sequer conseguimos ler aquilo que eles puderam escrever “(HUGO, 2006
).
Nos mosteiros, além das atividades da colheita, da produção de vinho, cerveja e perfumes, os monges também trabalhavam em tradu zir o s escri tos bíblicos para a lí ngu a local (ou ver ná cu lo). Para este trabalho espelhavam-se em São Jerônimo (considerado o Mes tre dos tradutores), e utilizavam a sua Vulgata como referência. Com efeito, influenciavam-se não somente pelo método do Mestre, mas também por suas idéias. Hugo de São Vítor embora não tenha reconhecido pessoal me nte a canonicidade dos livros d e Tobias, Judite, S abedoria, Ec le 77
siástico, 1 e 2 Macab eus (seguind o a opinião de São Jerô nim o), testemunha que estes mesmos livros eram comum ente usados pela Igreja. No cânon do NT ele também recebia os decretos da Igreja e a literatura dos Santos Padres.
Sobre os tes temunhos prim itivos
Iniciat ivas, tanto católi cas quanto protestantes têm vincu lado (principalmente em síti os na Intern et) alguns dos testemunho s p ri mitivos que aqui foram transcritos, procurando “provar” qual era a lista de livros canônicos estabelecida na Igreja dos primeiros sécu los. Nenhum destes relatos pode ser utilizado com este intuito, pois o próprio conjunto mostra a incerteza que pairava na Igreja sobre este tema; e porque dentre eles não há o mais importante ou fiel. Tod as as li stas canôn icas aqui transcritas não vieram de hereges ou de grupos sectários, mas de homens comumente muito con siderados pela Igreja primitiva e medieval, dos quais muitos sofre ram o martirio ou o exílio por amor à Cristo. Mas, a partir deles devemos observar algumas coisas: 1. A Igreja dos prime iros tempos não a dotou para o A T o Cânon Hebraico. Livros como Baruc, a Carta de Jeremias, Suzana e o livro Bel e o Dragão (os dois últimos como apêndices do Livro de Daniel) que constavam na Septuaginta foram consensualmente recebidos como canônicos; 2. Em bora os pri meiros cristãos seguindo o exemplo dos Ap ós tolos usassem a versão da Septuaginta, nem todos os seus livros eram utilizados para a leitura nas Igrejas. Foram consensualmente recus ado s: 1 Esdras, 3 e 4 Ma cabeu s, O des e Salm os de Salomão; 3. Os livros de Tob ias, Jud ite, S abe doria , Ecles iástic o, 1 e 2 Macabeus eram consensualmente utilizados. Em algumas regiões, recebidos com o “canôn icos” , em outras como “eclesiásticos” . 4. O livro de Ester não foi recebido como canôn ico por todos. O Cân on B íbli co só com eçou a se estabelecer na Igrej a, dep ois que a lista de livros sagrados começou a figurar nas decisões Con ciliares. É deste assunto que trataremos no próximo capítulo.
78
CAPÍTULO 6
Cânon das Escrituras Sagradas começa a se estabelecer na Igreja.
A
s exortações individuais dos grandes Padres e Escritores da Igreja sobre os livros que por Tradição haviam sido recebidos como canôn icos, não foram sufici entes para m inar a introd uçã o de
livros apócrifos na vida religiosa. Principalmente porque estas ini ciativas eram isoladas, e os livros apócrifos surgiam como de auto ria dos antigos Apóstolos. Era necessário que remédios de maior abrangência e cons tância fossem utilizados contra o avanço da literatura dos grupos sectários e heréticos. É neste contexto que a questão do Cânon Bíblico começou a ser assunto dos Concílios Provinciai s, Regionais e Ecumên icos. Qu ais foram as determinações que estes Concílios tomaram em relação a tão importante assunto?
O Cânon de Mu ratori No séc . XVIII , o sacerdote italiano Ludo vico An tonio Muratori, descobriu um manuscrito datado do mesmo período, que correspondia à cópia do srcinal, que muitos estudiosos acreditam ser do ano 150. É a referência mais an tiga que se t em so bre o cânon bíblico do NT. Esta descoberta ficou conhecida como Cãnon de Muratori, levando o nome de seu descobridor. Alguns crêem que este documento provavelmente trazia tam bém um cânon do AT, pois o início do documento foi perdido, res tando apenas um fragmento que corresponderia a uma segundaparte, que então traz o cânon do NT. Vejamos então o conteúdo deste documento: 79
“[...] aos quais esteve pres ente e a ssim o fez . O tercei ro li vro do Evangelho é o de Luc as. Este Lu cas médico que depois d a ascensão de Crist o fo i lev ado p or Paulo em suas viagen s escreveu sob seu nome as coisas que ou viu, uma vez que não chegou a conh ecer o Sen hor pesso alm ente, e ass im, a medida que tomava conheciment o, começo u sua narrativa a partir do nascimento de João. O quarto Evan gelho é o de João, um dos dis cípul os. Qu estiona do p or seus con discípulos e bi spos, disse: ‘A nda i com igo durante um de nós conte aos demais três dias a partir de hoje e que cada aquilo que lhe fo r revelado’ . Naquela mesma noi te fo i revel ado a André, um dos apóstolos, que, de conformidade com todos, João escrevera em seu nome. Assim, ainda que pareça que ensine m coisas dis tintos Evang elh os, a f é dos fié is não di fere, j á que odistintas mesmo nestes Es pírito inspira para que todos se contentem sobre o nascimento, paixão e ressurrei ção [de Cristo], assim como s permanên cia com os discípulos e sob re suas duas vindas depreciada e humilde na primeira (que j á ocor reu} e glori osa, com mag nífi co poder, na segun da (que ainda ocorrerá). Portanto, o que há de estranho que João freqüente m ente afirme cada coisa em suas epístolas dizendo: ‘O que uimos com nossos olhos e ouuimos com nossos ouuidos e nossas mãos tocaram, isto o escrevemos’? Com isso, professa ser testemunha, não apenas do que viu e ouviu, mas também escritor de todas as maravilhas do Senhor. Os Atos fo ra m escritos em um só livro. Lucas narra ao bom Teójil o aquil o que se sucedeu em sua pres ença, ainda que fa le bem por alto da paixão de Ped ro e da víágem que Paulo realizou de Roma até a Espanha. Quanto às epístolas de Paulo, por causa do lugar ou pela oca-
sião em que fo ra m escri tas elas mesmas o dizem àqueles que qu erem entender: em primeiro lugar, a dos Coríntios, proibirido a heresia do cisma; depois, a dos Gálatas, que trata da circuncisão; aos Romanos escreveu mais extensamente, demonstrando que as Escrituras têm como princíp io o próp rio Cristo. Não preci samos disc uti r sobr e cada uma dela s, j á que o mesmo bemaventurado apóstolo Paulo escreveu somente a sete igre jas, como 80
fizera o seu predecessor João, nesta ordem: a prim eira, aos Coríntíos; a segunda, aos Efésios; a terceira, aos Filipenses; a quarta, aos Colossenses; a quinta, aos Gálatas; a sexta, aos Tessalonicenses; e a sétima, aos Romanos. E, ainda que escre va duas vezes aos Corintios e aos Tessalonicenses, para sua correção, reconhecese que existe apen as uma Igreja difundida por toda a ter ra, p ois d a mesma for m a João, no Apocalipse, ainda que e screva a sete igr ejas, está fala nd o para todas. Alé m disso, são tidas como sagradas u ma [epístola] a Filemon, uma a TXto e duas a Timóteo: ainda qu e sejam filh as de um afeto e amor pessoal, servem à honra da Igreja católica e à ordenação da disciplina eclesiástica. Correm também uma carta aos Laodicenses e outra aos Alexandrinos, atribuí das [falsamente] a Paul o, mas que serve m pa ra favorecer a heresia de Marcião, e muitos outros escritos que não p odem ser recebidos pela Igreja católica porque não convém misturar o fe l com o mel. Entre os escritos católicos, se contam uma epístola de Judas e duas do referido João, além da Sabedoria escriia por amigos de Salomão em honra do mesmo. Quan to aos apoc alipses, recebemos doi s: o de João e o de Pe dro ; mas, quanto a este último, alguns dos nossos não querem que seja lido na Igreja. Recentemente, em nossos dias, Hermas escreveu em Roma ‘O Pastor’, sendo que o seu irmão, Pio, ocupa a cátedra de bispo da Igreja de Roma. É. então, conveniente que seja lido, ainda que não publicamente ao povo da Igreja, nem aos Profetas cujo número já está completo nem aos Apó stolos po r ter terminado o seu tempo. De Arsênio, V alentino e Melcíades não recebemos abs olutam ente nada: estes também escreveram um novo livro de Salmos para Marcião, juntamente co mB asíledes da Ásia [...]“8 6 (MURATORI, 2006). No tocante ao AT, o fragmento do Cânon de Muratori só men ciona como canônico a Sabedoria de Salomão. Para o NT são men cionados: Os 4 evangelhos (embora haja menção a Mateus e MarH,i Tra duçãodeCarl os Ma rti ns Nabeto. 81
cos, se deduz que eram aceitos pelo fragmento mencionar Lucas como o terceiro Evangelho.), Atos, 13 cartas de Paulo (1 Coríntios, Efésios, Filipenses, Colossenses, Gálatas, Tessalonicenses, Roma nos, 2 Coríntios, 2 Tes salon icens es, Filem on, Tit o, 1 Tim óteo, 2 T i móteo) , Judas, 1 e 2 João, Apo calipse de João. O f ragmento do Cânon de Muratori não faz qualquer menção às cartas de Pedro, à terceira carta de João, à de Judas e à carta aos H ebreus, que não é relacion ada com as demais cartas pauli nas. E sta exclusão da Carta aos Hebreus às demais cartas paulinas, deve-se pelo fato de que ainda era controversa, ou a autoria de Paulo ainda era duvidosa.
O Cânon d e Laodicéia No tempo do Imperador Teodósio o Grande (347-395), foi con voca do um Conc ilio Regional na ci dade de Laodicéia na Fri gia, mais ou men os em 360. Os cânones deste Concilio são 59 na coleção dos 50 títulos de João Escolástico e na de Dionísio o Pequeno (BERARD1NO, 2002. Verb. Laodicéia, p. 809). Algum as cópias posteriores das atas concil iares trazem o cânon 60, cuja autenticidade é muito questionada entre os especialistas, principalmente por não constar nas cópias mais antigas. O Cânon 60 traz determinações quanto aos livros canônicos, por isso achei importante transcrever para o leitor o seu conteúdo:
"Cãn on 60. Es tes são todos os livros do Antigo Testamento indicados pa ra leitura: Gênesis do Mundo, O Êxodo do Egito, Levítico, Números, DeiLteronômio, Josué filho de Num, Juizes, Rute, Ester; Dos Reis, Primeiro e Segundo; Dos Reis, Terceiro e Quarto; Crônicas, Primeiro e Segundo; O Livro dos Salmos; Os Provérbios de Saloinão; Eclesiastes; Cântico dos Cânticos, Jó, Os Doze Profetas; Isaías; Jerenrias, e Baruc, a s Lamenta ções e a Epístola87; Ezequiel; Daniel, E estes são os livros do No vo Testamento : Os Quatro Evangelhos, segundo Mateus, Marcos, Lucas e João; Os Atos dos Apóstolos; Sete Epístolas Católicas , uma de Tiago, duas de Pedro, três de João e um a de Judas; Quatorze Epístolas de Paulo, uma aos Romanos, duas ao s Coríntios, u ma aos Gálatas, uma aos Efésios, uma aos Filipenses, uma aos Colossenses, duas aos Tessalonicenses, uma aos Hebreus, duas a Timóteo, uma a Tito e uma a Filemorí' (LAODICÉIA, 2005). 87 Cf. a Septuagint a. 82
Consti tui ções Apo stólicas As Constituições Apostólicas foram o resultado da coletânea dos antigos cânones da Igreja, compilada em 8 volumes no final do séc. IV na Síria. O Cânon 85 trata da relação dos livros que deveriam ser con siderados canônicos. Segundo alguns especialistas, esta lista foi adicionada provavelmente no final do séc. IV. Quanto aos livros canônicos assim se expressa:
“Cãnon 85. Que seja permitido que os seguintes livros sejam apreciados como estimáveis e sagrados por todos vocês, clérigos e leigos. Do Antigo Testamento: os cinco livros de Mçisés, Gênesis, Éxodo, Levítí co, Número s, e Deuteronômio; um de Josué o filh o do Num; um dos Juizes; um de Rute; quatro dos Reis; dois das Crô nicas; dois de Esdras; um de Ester; um de Judit; três dos Macabeus; um de Jó; cento e ci nqüen ta Salmos; três li vros de Salomão: Pr ovér bios, Eclesiastes, Cântico dos Cânticos; dezesseis dos Profetas; cuide para que os iniciantes seja m instruídos com a Sabedoria do Sirac. E os nossos, isto é, do Novo Testamento, são os quatro Evangelhos, Mateus, Marcas, Lucas e João; os quatorze epístolas de Paulo; duas epístolas de Pedro; três de João; uma de Tiago; um de Judas; duas epístolas de Clemente; e as Constituições dedicadas à vocês, bispos, a mim, Clemente, em oito livros, os quais não são apropriados torna remse públicos antes de tudo, por causa dos mistérios contidos neles; e os Atos de nós, Apóstolos “ (CONSTITUIÇÕES APOS TÓLICAS, 2006).
O Cânon d e Dâm aso Em 382 foi realizado um Concilio Regional em Roma. Neste concilio a questão dos livros que deveriam ser considerados canônicos também foi abordada. Pelo fato deste Concilio ter se rea lizado duran te o Ministério do Bi spo Rom ano D âmaso (366-384 d.C.), este Cãnon Bíblico é conhecido como “C ânon de Dâm aso ” ou “Cânon Da m asce no ”. Vejamo s a relação dos livros menciona dos:
"Tratemos agora sobre o que sente a Igreja Católica universal, bem como o que se dever ter como Sagradas Escrituras: um livro do Gênese, um livro do Êxodo, um livro do Levítico, um livro dos números, um livro do Deuteronôm io; u m livro de Josué, um livro dos Jui zes, 83
um livro de Rute; quatro livros dos Reis, dois dos Paralipômenos; um livro do Saltério; três livros de Salomão: um dos Provérbios, um do Eclesiasles e um do Cântico dos Cânticos; outros: um da Sabedoria, um do Eclesi ástico. Um de Isaí as, um de Jerem ias com um de Baru c88 e mais suas Lamentações, um de ,,zequiel, um de Daniel; um de Joel, u m de Abdias, um de Osé ias, um de Amós, um de Miquéias, um de Jonas, um de Naum, um de Habacuc, um de Sofonias, um de Ageu, um de Zacarias, um de Malaquias. Um de Jó, um de Tobias, um de Judite, um de Ester, dois de Esdras, dois dos Macabeus. Um evangelho segundo Mateu s, um segundo Mar cos, um segundo Lu cas, um segundo João. [Epístolas:] a dos Romanos, uma; a dos Coríntios, duas; a dos Efésios, uma; a dos Tessalonicenses, duas; a dos Gálat as, uma; a dos Filipenses, u ma; a dos Colossences, uma; a Timóteo, duas; a Tito, uma; a Filemon, uma; aos Hebreus, uma. Apocalipse de João apóstolo; um, Atos dos Apóstolos, um. [Outras epístolas:] de Pedro apóstolo, duas; de Tiago apóstolo, uma; de João apóstolo, uma; do “(NABETO, outro João presbítero, duas89; de Judas, o zelota, uma
2006). Cânones de Hipona , Cartago e Trul los
Em 8 de outubro de 393 é realizado o primeiro concilio plená rio das províncias africanas (Proconsular, Numída, Bizacena, Mauritânia , Tripol itâ nia) , onde San to Agostinho, que fo ra ordenado sacerdote dois anos ante s, foi convidado a faz er o discurso de aber tura (BERARDINO, 2002, verb. Hipona. II. Concílios, p. 683). O cânon 36 deste concilio define o cânone das Sagradas Es crituras: “Parecenos bom qu e, fora das Escri turas canônicas,
nada deva ser lido na Igreja sob o nome ‘Divinas Escrituras’. E as Escrituras canônicas são as seguintes: Gênese, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juizes, Rute, quatro livros dos Reinos90, dois 88
Baruce a Epí sto la deJeremiascom
oapênd ice.
89 Na IgrejaAn tigaco m um ente secri aqueas dua s últi mas epístol as nãoeram deJoão Apóstolos,masdeumpresbíterodemesmonome. 90 1Trata-sedos doi s livros de Samuel( 1 Reise2Rei s)eosdoislivrosdeRei Reis)segundoaSeptuaginta. 84
s(3 Reis e4
livros dos Paralipômenos91, Jó, Saltério de Davi92, cinco livros de Salomão93, doze livros dos Profetas94, Isaías, Jeremias95, Daniel, Ezequiel, Tobias, Judite, Ester, dois livros de Esdras96 e dois [livrosj dos Macabeus. E do Novo Testamento: quatro livros dos Evangelhos, um [livro de] Atos dos Apóstolos, treze epístolas de Paulo, uma do mesmo aos Hebreus, duas de Pedro, três de João, uma de Tiago, uma de Judas e o Apocalipse de João. Sobre a confirmação deste cãnon se consultará a Igreja do outro lado do ma r. É tamb ém per m itida a leitura das Paixões dos mártires na celebração de seus respectivos aniversários97". (BETTENCOURT, 2001, p.55). Note o leitor que este cânon embora mencione a Carta aos Hebreus como de Paulo, isto se dá fora do conjunto das outras 13 cartas, onde a autoria paulina é inconteste. O Cânon de Hipona parece deixar registrado o pensam ento antigo de que embora a dou trina da Carta aos Hebreus seja paulina, não é certeza de que sua autoria fosse mesmo do Apóstolo Paulo. Curioso é o seguinte trecho deste cânon: “Sobre a confirma ção deste cânon se consultará a Igreja do outro lado do mar”. A “Igreja do outro lado do mar” é a Igreja de Roma (Ibid.). Aqui a confi rmação do Cânon de Hipona dependerá do parecer desta Igre ja. Alguns enxerga m aqui um a prova do Prim ado 98 da Igreja Roma na sobre as dem ais Igrej as (tese catól ica) . O utros en xergam apenas um Primado de Honra e não de Jurisdição (tese ortodoxa). As decisões deste Concilio foram confirmadas por todos os Concílios posteriores também realizados em Hipona, onde o último 1)1 Os dois livros dasCrônicas. 'Y?
Os Sa lmo s
i)3 Provérb ios, Eclesi astes, Cânti codos Cânti cos, Sabed ori a e Eclesi ásti co, segund oa Septuaginta. ÍM Oséias , Joel ,Am ós, Obadi as, Jona s, Miquéias, Naum, Habac uc,Sofonia s,Ageu, Zacarias eMalaquias. 5,5 IncluindoasLam m
entações, Baru c ea Carta deJeremias, segundo a Septuaginta.
Livro de Esd rase oli vrode Neemias.segundoa
í)7 Alusão às fest as em honradossantos
Sept uagi nta.
márti res, costume mantidoaté hoj e nas Igrej as
CatólicaeOrtodoxa. 1)8 Lide rança ouautoridade sobreas demais Igreja s Cri stãs . 85
da série se realizou 34 anos após o primeiro, em 24 d e sete m bro d< 427. (BERARDINO, 2002, verb. Hipona, p. 682). Em 397 foi realizado o terceiro Concilio de Cartago, o qual tinha jurisdição em toda a Igreja da África. Na época de sua realização, Santo Agostinh o participa já como Bispo de Hipon a (BERARDINO, 2002. verb. Cartago, p. 263); São Cipriano era Bispo de Cartago. Este Concilio confirmou o mesm o conjunto de l ivros canônicos definidos em Hipona. Em suas atas, o cânon 47, aprovado em 28 de agosto, transcreveu o cânon 36 de Hipona (Ibid.; Ibid., p. 683; BETTENCOURT, 2001, p. 55). Uma nova confirmação foi dada em 419, pelo cãnon 24 (27 nos manuscritos gregos) do quarto Concilio de Cart ago, também com jurisd ição em t oda Igreja afri cana (CARTAGO, 2005). O Conc ilio R egional de Trullo (692) , no seu cânon 2 (TRULLO, 2006), confirmou a fé professada em diversos Concílios anteriores (ecumênicos e regionais), inclusive os Concílios realizados em Cartago e Hipona, por isso pode-se dizer que a Fé de Trullo adotou os livros sagrados conforme o Cânon Bíblico de Cartago e Hipona.
O Cânon Gelasiano Muito se discut e sobre a autoria do documento
conhecido com o
“Dec reto Gelasiano ” . Par a alguns, seria docum ento srcinal do Pap a Dâmaso, já que seu conteúdo se identifica perfeitamente com os dados existentes sobre seu temperamento, pensamento e relacio namento interno e externo. Para outros, teria sido redigido pelo Bispo Rom ano Gelásio (492-496 d.C) , em razão da nota acr esc enta da no i nicio do cap. III, existente em u ma m anu scrito m ais recent e. A opinião mais aceita entre os estudiosos é de que o documento é oriundo do tempo de Gelási o. E ste docum ento é f onte de estudo do cristianismo primitivo nos ma is variado s temas (por exemplo, o Pri mado de Jurisdição do Bispo Romano, a Santíssima Trindade, os livros não canônicos cuja leitura era aceita na Igreja, etc). Para este livro é de particular importância o capítulo II deste decreto, que faz menção aos livros canônicos:
"Devemos agora tratar das Escrituras Divinas. Vejamos o que a Igreja Católica universalment e aceita e o que deve ser evitado: Começa a orde m do An tigo Testamento: um livro da Gênese , um do Êxodo, um 86
do Leví tico, um dos Números , um do Deuter onômio, um de Josu é [fil ho de Nun), um dos Juizes, um de Rute, quatro livros dos Reis, dois dos Paralipômenos, um livro de 150 Salmos, três livros de Salomão (um dos Provérbio s, um do Ecle siastes, e u m do Cântico dos C ânticos], A in da um livro da Sabedoria e um do Eclesiástico. A ordem dos Profetas: um livro de Isaías, um de Jeremias com Cinoth (isto é, as suas Lamentações), um livro de Ezequiel, um de Daniel, um de Oséias, um deAmós, um de Miquéias, um deJoe l, u md eAbdias, um deJ onas, um deNaum , um de Habac uc, um deS ofonias , urndeAgeu, um de Zacari as e um de Malaquias. A ordem dos livros históricos: um de Jó, um de Tobias, d ois de Esdras, um de Ester , um de Judite e dois dos Macabeus. A ordem das escrituras do Novo Testamento, que a Santa e Católica Igreja Romana aceita e venera são: quatro livros dos Evangelhos (um segundo segundo M arcos, um segundo e um segundo João).Mate Aindaus,umum livro dos Atos dos Apóstolos. As Lucas 14 epístolas de Pau lo Apóstolo: uma aos Romanos, dua s aos Corínt ios, uma aos Ef ésios, duas aos Tessalonicenses, uma aos Gálatas, uma aos FUípenses, uma aos Colossenses, duas a Timóteo, uma a Tito, uma a Filemon e uma aos Hebre us. Aind a um livr o do Apocalipse de João. Aind a sete epístolas canônicas: duas do Apó stolo Pedro , uma do Ap óstolo Tiago , uma de Joã o Apóstolo, duas epístolas do outro Joã o (presbít ero) e u ma de Jud as Apóstolo (o zelota)” (BETTENCOURT, 2001, p. 57-58). Como se vê, o Canon Bíblico mencionado pelo Decreto Gelasiano, observa todos outros anteriores.
Cânon es bíblicos fictí cios Esta seção é dedicada especialmente aos cânones bíblicos fic tícios, isto é , aqueles que embo ra jam ais tenh am existi do, têm su a existência vinculada principalmente em sítios na Internet. Vejamos quais são eles:
1. Cân one s de Nicéia : O Primeiro Con cili o Ecum ênico de Nicéia (325) em nenhum de seus 20 cânones (NICEIA, 2006) tratou de quais livros deveriam ou não ser considerados sagrados. Entretan to, São Jerônimo no prefácio ao livro de Judite em sua Vulgata, parece referir-se a um cânon bíblico determinado em Nicéia. O fato é que tal lista, se realmente existiu, jamais chegou até nós e não foi transcrita por qualquer um dos cristãos primitivos. 87
2. O Segundo Concilio de Nicéia (787), que tratou da heresia iconoclasta", também não abordou o tema (NICEIA, 2005). 3. Cãnon de Trullo: Não existe em qualquer um dos 102 cânones do Concilio Regional de Trullo, uma definição quanto os livros canônicos. No Cânon 2, ele apenas confirma os cânones bí blicos de Cartago e Hipona (TRULLO, 2006).
O Cân on do I o. C on cilio de Florença Conforme percebemos pelos cânones dos Concílios Provinci ais e Regi onais , que trataram da questão do Cânon Bíbl ico, o NT já se encontrava bem definido e estabelecido. As cartas de Clemente (CLEMENTE, 1995) e Ba m ab é (BARNABE, 1995), a obra de Hermas (HERMAS, 1995), os pseu do-eva ngelhos de To mé e Pedro, assim como o A pocalipse de Pedro, foram totalm ente banidos da lista de livros que deveriam ser considerados sagrados. Em contra partida, as epístolas 2 Pedro, 2 e 3 João, Tiago, Judas e o Livro do Apocalipse já eram comumente aceitos. A realização dos Concílios Regionais de Carta go (III e IV) deram à Igreja Africana uma grande estabilidade quanto ao Cânon Bíblico, que era sempre acordad o com a Igreja Latina, que por sua vez o confirmava através de Concílios Locais (Cânon de D âmaso) ou decretos Pap ais (Cânon Gelasiano). Na Igreja Oriental, o mesmo Cânon Bíblico foi observado, assim como na Palestina onde inicialmente foi negada a canonicidade dos livros de Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, 1 e 2 Macabeus, que eram considerados apenas eclesiásticos. Foi desta forma que o Cânon Bíblico foi se estabelecendo em toda a Igreja, sem que fosse necessário um decreto dogmático de algum Concilio Ecumênico. Por este motivo também encontramos ainda no séc. XII opiniões divergentes, como é o caso de Hugo de São Vítor, o que dificilmente ocorreria se o Cânon Bíblico tivesse sido proclamado como dogma. Entretanto, isso iria mudar no séc. XV. Por volta de 1438, a Igreja con voco u o 172. Con cilio Ecu mê nico de síia História. O C on cilio de Florença m arcou u ma fase importante da História da Igrej a, pois tratou-se de uma retomada no diálogo entre a Igreja Católica e 99 Est a heresi a eracontra ousode imagens eícones sagr adosnas Igrejas.
as Igrejas Ortodoxas100, onde destas participaram pelo menos 700 pessoas (ALBERIGO, 1995, p. 298). “Cantate Em 4 de f evereiro de 1442, o Concilio publicou a Bula Domino”, que sobre os livros canônicos assim se expressou: “O Sacrossanto Concilio professa que um e o mesmo Deus é o
au tor do An tigo e d o No vo Test amen to, isto é, da Le i, dos Profetas e do Evangel ho, pois os Sant os de ambos os Testamentos fa la ra m sob a inspiração do mesmo Espírito Santo. Este Concilio aceita e venera os seus livros que vem indicados pelos títulos seguintes: Cinco livros de Moisés, isto é, Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juizes, Rute, quatro livros dos Reis, dois dos Paralipômenos, Esdras, Neemias, Tobias, Judite, Ester, Jó, o Saltério de Davi, as Parábolas (Provérbios), Eclesiastes, Cântico dos Cânticos, Sabedoria, Eclesiástico, Isaí as, Jeremias, B aruque, Ezequiel, Daniel, os doze profetas menores, isto é, Oséias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias, dois livros dos Macabeus. Quatro Evangelhos (Mat eus, Marcos, Lucas, Joã o) quatorze ep ístolas de Paulo (aos Romanos, duas aos Coríntios, uma aos Gálatas, uma aos Efésios, uma aos Filipenses, uma aos Colossenses, duas aos Tessalonicenses, duas a Timóteo, uma a Tito, uma a Filemon, uma aos Hebreus), duas epístolas de Pedro, três de João, uma de Tiago, uma de J udas, os Atos dos Apó stolos e o Apocalipse de João “(BETTENCOURT, 2001, p. 58). Os legados da Igreja Católica Romana e das Igrejas Ortodoxas toma ram decisões em um pleno espíri to de comunhão, espírito es te que infelizmente não foi levado ã frente por algumas Igrejas por estes representados (ALBERIGO, 1995, p. 308-309). O Cism a entre as I grejas Católica e Ortodoxa, que foi som ente minimizado pelo Concilio de Florença, mais tarde colaborará para uma grande ruptura dentro da Igreja Católica, e um novo Concilio Ecum ênico será real izado para reafirmar o Cânon Bíb lico. Tra tare mos deste assunto no próximo capítulo. 100A s duasIgrej as rompe ram odiálogo a part irde 1054.Até esta data foram rea lizados os7 primeiros Concíl ios Ecumênicos: ospo sterioresnãosãorecon Ortodoxas. 89
hecidos pel as Igreja s
(
CAPÍTULO 7
A Ref orma, o C oncil io de Trento e as Igrejas Ortodoxas
E
m aproximadamente 1510 o monge agostiniano Martinho Lutero, iniciou um movimento que ficou conhecido historica
mente como Reforma Protestante. Lutero questionou a autoridade da Igreja Católica Romana e de todos os Concílios realizados desde então, por entender que seus ensinamentos não condiziam com o ensinamento das Sagradas Escrituras. Suas controvérsias com a Igreja Católica levaram-no à excomunhão pelo Papa Leão X em dezembro de 1520, através da Bu la “Exurge Dom ine” ; docum ento que f oi queima do por Luter o. Para ele a Igreja deveria basear suas doutrinas somente na Bíblia. Este princípio ficou conhecido como “Sola Scriptura” ou “Somente as Esc ritura s”. Entretanto, nem mesm o a Bíbl ia foi pou pad a de sua Reforma. Lutero questionou fortemente o ensinamento dos seguintes livros: Tobias, Baruc, Judite, Sabedoria de Salomão, Sabedoria de Sirac, 1 e 2 Ma cabeu s (para o AT); e as epíst olas de Tiago, aos Hebreus e o Livro do Apocalipse (para o NT). Nas traduções da Bíblia empr eendidas por Lutero, os livros por ele rejeitados foram colocados em um apêndice sem numeração de página . Aq ueles referentes ao NT, vo ltaram para o conjunto principal , em traduções feitas por outros prote stantes, mas os deuterocan ônicos do AT continuaram como apêndice, até serem finalmente eliminados em 1827 pela Sociedade B íblica Britânica e Estr angeira, m otivo pelo qual estes livros não se encontram em absoluto nas Bíblias protes tantes contemporâneas, enquanto figuraram em apêndices e em tra duções protestantes clássicas como a Versão King James (KJV). 91
Por este motivo, os cristãos de tradiçao protestante conside ram até hoje estes livros como apócrifos.
A Ver são KJ V e o Argum ento de Geneva Algu ns protestantes adm iradores da Versão do Rei Tiago (KJV ), tentam neg ar a presença dos li vros deuterocanônicos do AT na ve r são srcinal de 1611. Eles afirmam que os tradutores não conside ravam estes livros como Escrituras e para provar este ponto de vista fazem referência à Bíblia de Geneva de 1560. Entretanto, a Bíblia de Geneva foi rejeitada pela Igreja da In glaterra, responsável pela tradução da KJV. Os tradutores anglicanos, no prefácio, também atacaram e abertamente denunci aram esta outra tradução protestante, por abandonar as palavras eclesiásticas tradicionalmente aceitas: “Infelizmente, tivemos que evitar a escrupolosidade dos puritanos, que abandonaram as antigas palavras eclesiásticas, e se entregaram a outras, como quando usam ‘lavagem’ ao invés de ‘batismo’ e ‘congregação’ ao invés de ‘Igreja’” (cf. o prefácio original da KJV de 1611, p. 11, ch am ad o “Ao Leitor”). Por esta razão o Rei Tiago da Inglaterra, em pessoa, declarou que a versão de Geneva era, para ele, “a pior coisa que já aparece ra” (cf. English Versions ofThe Bible, 1952, p. 229). Em 1615, o arcebispo George Abbott, membro da Corte de Alta Comissão e um dos tradutores srcinais da versão da KJV de 1611, “proibiu a qualquer um que publicasse uma Bíblia sem os
Apócrifos [deuterocanônicos do AT], sob pena de um ano de prisão" (cf. Moorman, Foreve r Settled , p. 183). Esta ordem mirava princi palmente os possuidores da Bíblia de Geneva que, em 1599, fora impressa sem os deuterocanônicos. Aliás, uma das razões da criação da tradução da KJV foi com petir e lutar contra a versão de Genev a, ao ponto que a po s se de uma destas Bíblias puritanas “de Geneva” na Inglaterra Anglicana significava, quase sempre, naquela época, morte cer ta. Portanto, a existência ou não de uma “nota de renúncia” na Bíblia puritana de Geneva, não significava, absolutamente, que os tradutores da KJV assim faziam ou pensavam quanto aos livros deuterocanônicos do AT. 92
Vejamos qual foi o pensamento do Rei Tiago quanto aos livros deuterocanônicos do AT:
“Quanto às Escrituras, nenhum homem duvide: crerei nelas; p ara os Apócrifo s [deuteroca nôn icos do AT], fa re i o mes mo que os anti gos fize ra m : conti nuarão a ser impressos e obrigatór ios em nossas Bíblias, serão lidos publicamente em nossas Igrejas; eu os reverencio c omo escrituras prov inda s de homen s bons e santos, ma s como não eram encontrados no cãnon, temos deles lição secundária (secundae lectionis) ou ordinis ”101 (FULLER, 1845). Nova arbitrariedade sobre o conjunto dos livros canônicos Como podemos ver, o Rei embora não considerasse os livros deuterocanônicos do AT como canônicos, não os considerava con trários ã Fé, seguindo a mesma linha de São Cirilo de Jerusalém, São Jerômino, Rufino e Hugo de São Vitor. Mas, depois de sua morte, os li vros deu terocanôn icos do A T finalmen te foram retirados da KJV. O que se percebe é que a mesma arbitrariedade dos Judeus da Palestina do séc. I se repetiu entre os cristãos protestantes do séc XVII. Da mesma forma que os Rabinos de Jâmnia abandona ram a Tradição dos judeus, para com bater a I gre ja, o mesm o m oti vo levou os protest antes a abandonarem a Tradi ção C ris tã. Os pri meiros abandonaram os livros que os antigos de sua religião manu searam, e os últimos fizeram o mesmo. No entanto, os últimos foram piores que os primeiros, pois além de mutilarem a Bíblia que diziam respeitar, imputaram aos deuterocanônicos do AT o fardo de serem livros contrários à Fé, divergindo de forma brutal da opinião da Igreja dos primeiros sécu los e medieval (ver capítulos 5 e 6 ). As semelhanças entre os Rabinos de Jâmnia e os Protestan tes não param por aí. Os dois grupos arbitraram sobre o Cânon Bíbli co, f azen do uso de um a autoridade que não possuíam . Que autoridade os rabinos de Jâmnia tinham em plena Era Cristã para definirem quais Escrituras eram sagradas? Esta autoridade era da 101 Frag m ento tra du zido peloautor. 93
Sinagoga ou da Igreja? Se era da Igreja, quê autoridade possuíam os Pai s da R eforma para arbitr arem sobre o Canon Bíbli co, um a vez que tinham abandonado a Igreja srcinal? E foi nesta “encruzilhada” que o Canon Bíblico Protestante surg iu: recorreu-se à “autoridade” da Sinagoga de Jâm nia para os livros do AT e à contest ada Autoridade da Igrej a para o NT. As in co erências não param por aí. Ironicamente, os adeptos da “Sola Scriptura” lançaram mão deste princípio primordial da Reforma, para definirem sua Bíblia. Por causa da Reforma, em 8 de abril de 1546, o Concilio de Tre nto (19-, Concilio Geral) co nfirm ando a antiga Tradição Cristã sobre o Cânon Bíblico, emitiu o seguinte Decreto:
“EsteT loncílio houve p or bem acrescentar ao presen te Decreto o catálogo dos livros sagr ados , a Jim de que ne nhuma dúvida possa haver a respeito de quais sejam os escritos que o Concilio reconhece. São os seguintes: Do Antigo Testamento: Cinco livros de Moisés, isto é, Gênesis, Êxodo, Levítico, Números; Deuteronômio, Josué, Juizes, Rute, quatro livros dos Reis, dois dos Paralipômenos, o primeiro e o segundo de Esdras (este segundo também dito de Neemias), Tobias, Judite, Ester, Jó. O saltério de Davi com cento e cinqüenta Salmos, Parábolas (ou Provérbios), Eclesiastes, Cântico dos Cânticos, SabeEclesiástico, doria, Isaías, comAmós, Baruque, Ezequiel, doze Profetas menores, isto é,Jeremias Oséias, Joel Abdias, Jonas,Daniel, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias, primeiro e segundo dos Macabeus. Do Novo Testamento: os quatro Evangelhos (segundo Mateus, Marcos, Lucas, João), Atos dos Apóstolos redigidos pelo evangelista Lucas, quatorze epístolas do Apóstolo Paido (uma aos Romanos, duas aos Coríntios, uma aos Gaiatas, uma aos Efésios, uma aos Fitipenses, uma aos Colossenses, duas aos Tessalonicenses, duas a Timóteo, uma a Tito, uma a FYÍemon, uma aos Hebreus), duas do apóstolo
Pedro, três do Apósto lo João, uma do Apóstolo Tiago, uma do Após tolo Judas e o Apocalipse de João Apóstol o" (BETTENCOURT, 2001, p.60). Por causa deste decreto, alguns meios de comunicação pro testantes têm veiculado que a Igreja Católica para dar suporte às doutrinas con testadas por Lutero, incluiu os livros deutero canô nicos do AT em sua Bíblia, quando na verdade foi Lutero que deliberadamente os rejeitou. 94
Os deuterocanônicos do A T já figuravam no Cânon Bíbli co na maioria das Igrejas desde o final do séc. IV (assim como os deuterocanônicos do NT), confirmados por diversos Concílios Lo cais e Regionais. Um exemplo desta aceitação são os códices 102 da Vetus Latina (LA primeira versão latina das Sagradas Escrituras, a TINA, 2006); além do Códice Claromontano ou CodexClaromontanus, uma das mais antigas e principais coletâneas das Escrituras Sa gradas do AT e NT (CLAROMONTANUS, 2006). O Concilio Ecumênico de Florença, que é anterior à Reforma, os confirmou, ratificando a antiga Tradição Cristã. Além disto, to das versões b íbli cas an teriores à Reforma, incluíam estes li vros, até mesmo as primeiras versões da Bíblia Protestante KJV. A primeira Bíblia impressa da história, criação de Joseph Gu tenb erg (inventor da imprensa), em 1454, que já continha todos esses mesmos livros, ou seja, 50 anos antes da Reforma Protestan te (GUTENBERG, 2006). Felizmente alguns estudiosos protestantes em contato com os testemunhos dos primeiros cristãos têm constatado a verdade. É o caso do historiador J.N.D. Kelly:
“Deveria ser observado que o Antigo Testamento admitido como autoridade na Igreja era alg o maior e mais compreensivo que o Antigo Testa menío protestante {...] ela sempre incluiu, com alguns graus de reconheci mento, os chamados apócrifos ou deuterocanônicos. A razão para isso é que o Antigo Testamento que passou ern primeira instância nas mãos dos cristãos era... a uersão grega conhecida como Septuaginta.. a maioria das citações nas Escrituras encontradas no Novo Testamento são baseadas nelas preferencialmente do que a uersão hebraica... nos primeiros dois séculos... a Igreja parece ter aceitado a todos, ou a maioria destes liuros adicionais, como inspirados e tratarcunnos sem dúvida como Escritura Sagrada. Citações de Sabedoria, por exemplo, ocorrem em 1 Clemente e Bamabé... Policarpo cila Tobias, e o Didache cita Eclesiástico. Irineu se refere a Sabedoria, a história de Susana, Bel e o dragão (livro de Daniel), e Baruc. O uso dos deuterocanônicos por Tertuliano, Hipólito, Cipriano e Clemente de Alexandria é tão freqüente que referências detalhadas são necessárias" (KELLY, 1978). 102 Maneira com oos antigosreuniam
seusesc ritos, são os precursores dos livros . 95
Um p arecer semelhante é do também p
rotestante Leonard Rost :
“Algum as dessas obras [o s deuterocanônicos do AT I fo ra m acolhidas nas coletâneas de livros sagrados que, de acordo com o testemunho dos grandes unciais103 gregos do século VI, foram adotados pela Igreja cristã em solo egípico; mas por certo não o teriam sido, se j á não fizessem parte de um a coletânea ju daica. Só assim é que se explic a o motivo pelo qual esses escrit os encontraram a colhi da e g o zaram do mesmo prestígio que o Cãnon hebraico que, por razões de ordem lingüística, quanto mais tempo se passava, menos acessível se torva aos cristãos na língua srcinal" (ROST , 1980, p. 19-20), Infelizmente as alterações no Cânon Bíblico não ficaram so men te por conta dos Protesta ntes. A Igre ja Ortodoxa R ussa a partir do séc. XVII também retirou os livros deuterocanônicos do AT de suas Bíblias. Os livros 3 Esdras e 3 Macabeus foram declarados canôn icos nos Concílios Ortodoxos de Jas sy na Rom ênia (16 42) e Jerusalém (1672). A Igre ja Ortodoxa Copta de Etiópia tem 81 livros ao todo n a Bíbl ia, contendo a m ais no NT "Atos de Pau lo” , “ 1 Cle m ente ” , “Pastor de Hermas", etc. No A T da Igreja Etíope é adicion a do o “Livro dos Ju bileu s” , o “Livro de En oq ue ” , além de 2 Esdras , etc. A Peshitta (Bíblia da Igreja Ortodoxa Siriaca) exclui 2 Pedro, 2 e 3 João, Judas e Apocalipse.
103 0 a utor desi gnaos códices gregos doAT, escritos com caracteresditos maiúsculos, 96
unci ais, isto é
CAPÍTULO 8
Por que um Cânon Bíblico para os cristãos?
O
discernimento do Cânon Bíblico foi um processo longo, que começou através de i niciativas individuais dos Sa ntos Padres, e depois foi ganha ndo luga r nos Concíli os R egionais até serem alvo
dos Concílios Gerais. Quan do a Igreja se preocupo u em de finir um Cãn on Bíblico, o principal propósito era estabelecer uma lista de livros autorizados, para proteger os fiéis dos livros espúrios que reivindicavam autoria apostólica, mas que eram na verdade, trabalhos de hereges. Os grupos heréticos não conseguiam basear seus ensinamentos na Tradição dos Apóstolos, pois seus en sinamentos eram criados fora da Igr eja, então a única ma neira que possu íam para a utorizar suas heresias era distorcendo o significado dos livros sagrados, além de forjar novos livros, sob o nome de alguma figura venerável da Igre ja. A Igreja sempre se defendeu contra a doutrina dos heréticos trazendo à luz a Tradição dos Apóstolos, isto é o conjunto de ensinamentos que eles transmitiram seja por escrito, seja por lorma oral (cf. 2 Ts 2,16). Contra os livros espúrios e heréticos, Ela foi estabelecendo uma lista autorizada de Livros Sagrados tanto para o A T qua nto para o NT . Estabelecen do a lista canônica da Bíblia Sagrada, a Igreja não pretendia insinuar que toda a Fé Cristã e t oda a informação nece s sária à regra da Igreja estivesse contida apenas na Bíblia. A preo cupação da Igreja era anunciar o Evangelho, e os Apóstolos o lizeram de viva voz. Somente em circunstâncias especiais é que se viam obrigados a colocar algo por escrito. Mas de forma alguma se preoc upa ram em c olocar tudo por escri to (cf. Jo 21,25; IC or 11,12; 2Jo 1,12; 3; 3Jo 1,13-14).
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Este também é o testemunho de Eusébio, historiador da Igre ja Antiga :
“[Os Apóstolos] Anunciaram o reino d&s céus a todo orbe habitado, sem a m enor preocup ação de escrever li vros. A ssim proce diam porque lhes cabia prestar um serviço maior e sobrehumano. Até Paulo, o m ais poten te de todos na prepa ração dos discurso s, o mais dotado relativamente aos conceitos, só transmitiu por escrito breves cartas, apesar de ter realidades inúmeras e inefáveis a contar [...] Outros seguidores de nosso Salvador, os primeiros apóstolos, os setenta discípulos e mil outros mais não eram inexperientes das mesmas realidades. Entretanto, dentre eles todos, somente Mateus e João deixaram memória dos entretenimentos do Salvador. E a Tradição refere que estes escreveram forç ad os p ela necess idade. [...] Quan to a João [o Ap óstolo], dizse que semp re util izava o anúncio or al. P or f im também ele pôs se a escre ver pe lo seguinte moti vo. Quan do os três eva ngelho s precedentes j á se haviam propagado entr e todos os fié is e chegaram até ele, recebeuos, atestando sua veracidade. Somente careciam da história das primeiras ações de Cristo e do anúncio primordial da palavra. E trata se de verdadeiro m otivo” (EUSE BIO, 2000, p. 144-145). Tra dição Apostó lica e o en sino Oficial da Igreja (cf. 2 Ts 2,15; At 16,1-4) sempre foram para Cristianismo antigo a Regra da Fé {Regula Fidei ): “ 2,2 Quan do são [os gnósticos] venci dos pelos argumentos tira-
dos das Escrituras retorcem a acusação contra as próprias Escrituras, [...] E q uando, po r nossa vez , os levam os à Tradição qu e vem dos apóstolos e que é conservada nas várias igrejas, pela sucessão dos presbíteros, então se op õem à tradição" (IRENEU, 1995, p. 248). “25. [...] Meta comum de todos os adversários, inimigos da sã dout rina, é abalar o fund am ento da f é em Cristo, arrasa ndo , faze nd o desaparecer a Tradição apostólica. Por isso, eles, aparentando ser detentores de bons sentimentos, recorrem a provas extraídas das Escritur as, e lançam pa ra bem longe, como se fo ss em objet os vis, os testemunhos orais dos Padres ]...f ' (BASILIO, 1998, p. 118). “66. Entre as verdades conservadas e anunciadas na Igreja, umas nós as recebemos por escrito e out ras nos fo ra m transmit idas nos misté rios, pela Tradiç ão apostólica. Am bas as form as são igual-
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men te válidas relati vamente à piedade. Ning uém que tiv er, p or po uco que seja, experiência das instituições eclesiásticas, há de contradizer. De fa to, se tentássem os rejeitar os costumes não escri tos, como desprovidos de maior valor, prejudicaríamos imperceptivelmente o evangelho, em questões essen ciais. Ant es, transformaríamos o anún cio em palavras oca s [...[’ (BASILIO, 1998, p. 168). Não é escopo deste trabalho expor de forma detalhada essa questão, entretanto o leitor poderá obter maiores informações em outros trabalhos meus (LIMA, 2000; LIMA 2005) que tratam disto de forma mais completa. A Igreja na formação da Bíblia, não colaborou somente no discernimento do Cânon Bíblico, mas também deu à esta “bibliote ca” de livros sagrados o nome “Bíblia”; criou a divisão em capítulos e versículos, os primeiros dicionários bíblicos, as primeiras tradu ções para as línguas nacionais, as primeiras obras críticas e etc (HAMMER, 2004).
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CAPÍTULO 9
Uma Análise Sobre os Deuterocanônicos do AT
M
uitos protestantes através de livros, folhetos e sítios na Inter net, procu ram defen der sua posição contra os li vros de u terocanônicos do AT, afirmando que estes livros contêm heresias. Segundo eles, estes livros (que eles chamam de apócrifos) não são livros canônicos porque ensinam as seguintes heresias: 1. perdão do pecado m ediante esmolas: Dizem que To bias 12,9; 4,10; Eclesiástico 3,33 e 2 Macabeus 43-47 ensinam que as esmolas apagam os pecados, negando então a redenção do sacrifício de Cristo e por isso não podem ser considerados canônicos. Prim eiro esta s referências são do AT, p ortanto não podem ter qualquer rel ação com o sacrifício de Cristo . Segu n do, elas estão em plena conformidade com o AT, que ensina que o bem feito ao próxi mo ser á considerado em nosso ju lga mento. Este é o princípio das esmolas. E esta m esm a dou trina se enco ntra em Pro v 10, 12, por exemplo. Serã que o Livro dos Provérbios não é canônico também? Em terceiro lugar, esta mes ma doutrina é confirmada no NT, basta verificar Mc 9,41; Lc 11,41. Jesu s con firma até mesmo o valo r da esm ola ju n ta men te com outras formas de piedade (c f. Mt 6,2- 18), veja tam bé m 1 Pd 4,8; At 10,3-4; 10,31. 2. a vingança e a prática do ódio contra os inimigos: Dizem que isto está em Eclo 12,6 e Jud ite 9,4 e contradiz f erozme nte Mt 5,44-48. M ais um a vez Eclo diz respeito ao AT, onde va lia a lei do retalião. Se o Livro do Eclesiástico não é canônico por esta razão, também não são Êxodo, Deuteronômio e Levítico, veja Ex 21,24; Lv 24,20; Dt 19,19-21. 3. prática do suicídio: Dizem que o ensino sobre a prática do suicido está em 2 Macabeus 14,41-42. Entretanto em Jz
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16,28 .30 Sansão se suicida e sua morte é tida como grandio sa pelo autor do Livro de Juizes. A Bíblia possui diversos ca sos de suicídio - principalmente entre guerreiros -basta ver: Jz 9,54; 16,28-29; IS m 31,4-5; 2S m 17,23; lR s 16,18. 4. ensino de artes mágicas: Dizem que Tobias 6,8-9 favorece a prática de arte s mágicas. Ora, em Tob ias 8,3 vemos que não é Tobias quem expulsa o demônio, mas sim o Anjo Rafael. O interesse era ocultar a ação do Anjo para Tobias. Em Jo 9,6 vem os que Jesus reconstituiu os olhos de um cego com sali va e logo em Tg 5,14 há instruções para usar óleo na cura de enfermos; será que por isso estes livros também deixaram de ser canônicos? 5. prática da mentira: Dizem que Judite 11,13-17 e Tob 5,1519 favorecem a prática de mentiras. Abrão d isse ao rei Abim elec que Sara era sua irmã, e na verd ade era sua espo sa (Gn 20, 2). Jacó, au xiliado pela mãe, mente ao pai cego, dizendo que era o filho m ais velh o e no entan to era o mais novo (cf. Gn 27,19), além de também enganar o sogro (cf. Gn 31,20). Será que o livro de Gênesis também não é canônico? 6 . erros históricos e cronológicos: Dizem ainda que os livros de Baruc e Judite são cheios de contradições em relação aos protocanônicos do AT. Devemos nos lembrar que a Sagrada Escritura não é um livro histórico ou geográfico, nela Deus através das limitações humanas comunicou seus desígnios. Veja que II Reis 8,26 se contradiz com II Cro 22,2; II Reis 23,8 também se contradiz com I Cro 11,11. Isto também faz deles livros não canônicos?
H á cit açõ es do s deut ero canô nico s do A T no N T ? Um grande motivo de disputa entre católicos e protestantes em relação ao Cãnon Bíblico diz respeito a um conjunto de sete livros disponíveis na Septuaginta, além de acréscimos nos Livros de Daniel e Ester; e que se encontram no AT católico e ortodoxo e não no protestante. Estes livros são considerados apócrifos pelas confissões protestantes e deuterocanônicos pelas confissões católi ca e ortodoxa. São eles: Judite, Baruc, Sabedoria de Sirac, Eclesi ástico, I o. Ma cabe us, 2 o. Maca beu s e Tob ias.
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As confissões protestantes acreditam que este conjunto de livros apresenta erros doutrinários e até mesmo heresias; por isso seriam contrár ios à Fé C rist ã104. Porém, o fato do NT po ssu ir tantas referências à versão d a Septuagint a, que continha esses li vros, pode ser um indício de que nem os judeus de Alexandria, nem os da Palestina, nem Jesus e nem os Apóstolos, tiveram qualquer restri ção a esses livros, ou então por que usariam uma versão bíblica que continham livros heréticos? Há aind a objeções que af irmam que nem Jesus e os Apó stolos citaram os deuterocanônicos. Ora, se este fosse um critério verda deiro para determinar a conformidade de um livro com a Fé Cristã, estariam em não conformidade pelo menos os livros Juizes, Crôni cas, Ester, Cântico dos Cânticos, que também não são citados por eles. Entretanto, não é verdade que falta no NT referências aos deuterocanônicos do AT. Por exemplo, em Hebreus 11, somos animados a imitar os heróis do AT, “as mulheres /que/receberam a seus mortos pela res-
surre ição. A lguns for am tortur ados, recusando a ceitar ser libert ados, para poder levantarse novamente a uma vida melh or” (Hb 11,35). Nos protocanônicos do AT (que corresponderia ao AT Protestante), encontramos vários exemplos de mulheres recebendo a seus mor tos mediante Encontraremos Elias trarem ressuscitando o ces filho da viú varessurreição. de Sare pta em 1 Reis 17, encon os seu su sor Eliseu ressuscitando o filho da mulher sunamita em 2 Reis 4. Mas jamais encontraremos (desde Gênesis atê Malaquias) algum exem plo de alguém sendo torturado e recusando a ceitar ser l iber to, por cau sa de um a melhor ressurrei ção. A história, cuja referência é feita em Hebreus, se encontra em um dos livros deuterocanônicos, a saber, no em 2 Macabeus. Vejamos:
“[dur ante a perseg uição dos Macabeus] T ambé m fo ra m deti dos sete irmão s, ju n to com sua mãe . O rei, flage lan do os com açoit es e feix es de couro de boi, tratou de obrigálos a comer carne de porco, proibida pela Lei. [.. j Os outros irmãos e a mãe se anim avam mutuamente a m orrer com genero sidade, dizendo : ‘o Senh or Deus está nos vendo e tem compaixão de nós ...’ Uma vez que o prim eiro morreu [... ] 104 Estea ssun to ser áabordado com mais detalhes nocapítulo7 . 103
levaram o suplício ao segundo [...] também ele sofreu a mesma tortura que o primeiro. E quando estava por dar o último suspiro, disse: Tu, malvado, nos privas da vida presente, mas o Rei do universo nos ressusci tará a um a vida etema, se morrermos por fidelida de às suas leis”’ (2 Mac 7,1.5-9) Um após outro os filhos morrem, proclamando que serão re cuperados na ressurreição. Vejamos ainda:
“Incomparavelmente admirável e digna da mais gloriosa lembrança f o i aq uela mãe que , vendo morrer a seus sete filho s em um só dia, s uportou tudo valoros amente, graças à espera nça que tinha p os to no Senhor. Exortava a cada um deles, [dizendo] Eu não sei como voc ês apareceram em minha s entranhas ; não f u i eu que lhes de i o espír ito e a vida nem fu i eu que ordenou harmoniosamente os m emé o Criador do universo, o que bros de seu corpo. Por conseguinte, form ou o homem em seu nascimento e determinou a origem de todas as coisas, quem lhes devolverá misericordiosamente o espírito e a vida, j á que voc ês se esquece m agora de si m esmos por am or à suas leis’, dizendo ao último: 'Não temas a este verdugo: mostrate digno de seus irmãos e aceita a mort e, par a que eu volt e a encontrálo com eles no tempo da misericórdia’” (2 Mac 7,20-23.29). Perceba o leitor que em Hb 11,35, o escritor sagrado, ao ensi nar um artigo de Fé refere-se a um exemplo de testemun ho, que se encontra somente em um dos livros deuterocanônicos. Ora, se por isto o livro dos Macabeus contivesse alguma doutrina estranha à fé, com tod a certeza o autor da Carta aos Hebreus, evitaria mencionálo em sua pregação. Esta informação possui mais um detalhe muito importante: a Ca r ta aos Hebreus foi escrita para os judeus da Palestina, demonstrando mais uma vez que a versão da Septuaginta foi também aceita por eles: caso contrário, não faria sentido o escritor sagrado fazer referência a uma história que não era conhecida por seus destinatários. Um estudo mais completo apresenta um rico conjunto de influências no NT dos livros deuterocanônicos (RAMALHETE, 2000 ) 105.
105V erificaro Ap ênd ice I 10 4
T am b ém é im p o rta n te sab er que em algu n s dos li vros deuterocanônicos do AT, há revelações divinas confirmadas no NT. Por exemplo:
“Quando tu oravas com lágrimas e enterravas os mortos, quando a sepultálos tua ref eição e ia s ocultar s mortos em tua esentav casa du raneu apr a as te odeixavas dia, para quando viesse ao noite, tuas or açõe s ao Senho r . Mas porqu e eras agradável ao Senhor , fo i pre ciso que a tentação te provasse. Agora o Senhor envioum e para curarte e livrar do demônio Sar a, mulher de teu filho. Eu so u o anjo Rafael, um do s sete que ass i sti mos na pr es en ça do S enh or’ ’ (Tobias 12,12-15) (grifos meus). Em nenhum lugar nos livros protocanônicos do AT, há algu ma revelação dos 7 anjos que assistem na presença do Senhor e que Lhe entregam as orações dos justos. Esta revelação é confirm a da no livr o do Apocal ipse: “Eu vi os s et e A n j os qu e a s s i s t em d i a n t e d e D eu s . Foram
Ihes dadas sete trombe tas. Ad iantouse outro anjo e põsse ju n to ao altar, com u m turíbul o de ouro na mão . F oramlhe dados muitos perfu m es, para que os oferecesse com as orações de todos os santos no altar de ou ro, que est á adi ante do t rono. A fum aç a dos perfumes subiu da mão do anjo com as orações dos santos, diante de Depois disso, o anjo tomou o turíbulo, encheuo de brasas do altar e lançouo po r terra; e houve tr ovões, vozes, relâm pagos e terremotos” (Ap 8,2-5) (grifos meus). “Ele se gab a de conhecer a Deus , e se cham a a si mesm o filh o do Senhor! Sua existência é uma censura às nossas idéias; basta sua vista para nos importunar. Sua vida, com efeito, não se parece com as outras, e os seus caminhos são muito diferentes. Ele nos tem p or uma moeda de mau quilate, e afastase de nossos caminhos como de mancha s. J ulga fe liz a morte do jus to, e gloriase de ter Deus por pai. Vejamos, pois, se suas palavras são verdadeiras, e experimentemos o que acontecerá quando da su a mort e, porque, se o ju s to é filh o de Deus, Deu s o defenderá, e o tirará das mãos dos seus adversários. Provemolo por ultrajes e torturas, a fi m de con hecer a sua doçura e estarmos cientes de sua paciência. Condenemolo a uma (Sabedoria morte infame. Porque, conforme ele, Deus deve intervir" Deus.
2,13-21).
105
A profecia acima se refere ao escárni o promo vido pelo Sinédrio contra o Senhor Jesus. Veja o testemunho do NT sobre o cumpri mento da profecia acima:
“A multidão conservavase lá e observava. Os príncipes dos sacerdotes escarneciam Jesus, dizendo: Salvou a outros, queo se salve a si próprio, se é ode Cristo, o escolhido de Deus! [...] Se és rei dos jud eu s, salvate a ti mes mo, [ . . j Um dos malfe itores, ali c rucificados, blasfema va contra ele: Se és o Cri sto, salvate a ti mesmo e sal vanos a nós!” (Lc, 23,35.37.39). “Ma s Jesus se calava e nad a respondia. O sumo sa cerdote tornou a pergunta rlhe: És tu o Cr isto, o Fil ho de De us bendito? [ ...] A lguns começaram a cuspir nele, a taparlhe o rosto, a darlhe socos e a dizerlhe: Adivinha! Os servos igualmente davamlhe bofetadas” (Mc 14,61.65)
“Querendo Pilatos satisfazer o povo, soltoulhes Barrabás e entregou Jesus, depoi s d e açoit ado, pa ra que fo ss e cruci ficado. (...) Davamlhe na cabeça com uma vara, cuspiam nele e punhamse de jo elh os como para homenageálo. Depois de terem esca rnecido dele, tiraramlhe a púrpura, deramlhe de novo as vestes e conduziramno fo ra para o crucificar” (Mc 15,15.19-20). “salvate a ti mesmo! Desce da c niz! De sta manei ra, escarne ciam dele também os sumos sacerdotes e os escribas, dizendo uns para os outros: Salvou a outros e a si mesm o não pod e salvar! Que o Cris to, rei de Israel, desça agora da cru z, par a que vejamos e creiamos! Tam bém os que haviam sido crucificados com ele o insultavam!’ (Mc 15,30-31). E importante d izer que nos protocanõn icos do AT, h á regist ro de coisas muito reprováveis, como as filhas de Lot engravidaram dele, depois de o embebedar (Gn 19,30-36). O Rei Saul consultou uma espírita (I Reis 28,8), Abraão arrumou um filho fora de seu casa me nto (Gn 16), e o Patriarca Jacó vários (Gn 30,4-5.7.9-1 0.12 ). Davi planejou a morte de um de seus soldados para ficar com sua esposa (cf. 2 Sm 11). Alguém poderia dizer ainda que o Livro de Gênesis promove a poligamia (cf. Gn 29,28-30) e todos os cristãos sobre a terra ainda o consideram canônico apesar disso. Porta nto, se não é o juízo subjetivo e pessoal que coloca ou retira livros no Cânon Bíblico, o que é? Qual foi o juízo adotado pelos primeiros cristãos para receber ou não um livro como canônico?
106
C
ONCLUSÃO
E
mbora os vários testemunhos acerca do Cânon Bíblico, colhi dos do séc. I ao XII, sejam das opiniões mais variadas, pode m os identificar nele s algo em comum no critéri o usado para se ava liar a canonicidade de um livro: a Tradição da Igreja. Neste impor tante trabalho, sempre foram consideradas as informações conser vadas e transmitidas pelos antigos presbíteros. Isso é fortemente atestado nas expressões como “Conforme aprendi da tradição” (Origenes), “indicados pelos Padres” (Atanásio de Alexandria), “juízo das Igrejas” (São Jerônimo), “os bispos do tempo passado e os líde res da Igreja que nos transmitiram estes livros” (Cirilo de Jerusa lém), “com o nós apren dem os da tradição dos Pais” , “de acordo com a tradição de nossos antepassados” e “Estas são as tradições que os Pais nos transmitiram” (estas últimas de Rufino). Santo Agostinho deixou-nos bem registrado essa norma dos antigos cristãos:
“Quanto às Escrituras canônicas, siga a autoridade da maioria das igrejas católicas, entre as quais, sem dúvida, se contam as que merecera m ser sede dos apóstolos e receber car tas dele s. E is o m étodo que se há de observar no discernimento das Escrituras canônicas: os livros que são aceitos por todas as igrejas católicas se anteponham aos algumas que não igrejas são aceitos por algumas. Por outro entre os livros que não admitem, prejiramse oslado, que são aceitos pelas igrejas mais numerosas e importantes aos que são unicamente aceitos pelas igrejas menos numerosas e de menor autoridade. Enjim, no caso de alguns livros serem aceitos por muitas igrejas e outros pelas igrejas nrais autorizadas, ainda que isso seja dijicil, “(AGOSTI eu opino que se atribuam a ambas a mesma autoridade NHO, 2002, p. 96).
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Isto testifica o princípio pelo qual se define o Cãnon Bíblico para os cri stãos: o ju ízo da Igreja Católica e Apo stólica, n ão da sin a goga ou dos grupos “cristãos” sectários. Se somente através da Tra dição e do Magistério da Igreja Católica podemos identificar quais são os livros canônicos, o que dizer dos demais artigos de fé? A própria Bíblia ensina que: “A Igreja é a Coluna e o Fundamento da Ve rda de” ( ci. lT m 3,14). Ora , se Luter o errou em s eu julgam ento sobre os livros que deveriam estar na Bíblia, será que não se equi vocou também em relação a outras doutrinas da Igreja? Infelizmente alguns cristãos não percebem que o Cristianis mo foi fundado por Jesus há quase 2 0 0 0 anos e não por hom ens de épocas longínquas. Se há dúvidas sobre a autenticidade dos ensinamentos atuais da Igreja Católica, o modelo de referência não deve ser interpretações bíblicas pessoais e subjetivas, mas a fé dos primeiros séculos. A História mostra que embora outros tenham tomado empréstimo dos princípios de Lutero (“Sola Scriptura” e “Sola Fide”), o mesmo não ocorreu com a sua doutrina. Lutero vi veu o bastante para atestar isso, segundo verificamos pelas suas próprias palavras: “Es te não que r o balis mo, aquele nega os sacram entos; há quem
adm ita outr o mundo entre este e o ju íz o final, quem ensina que Cristo não é Deus; uns dizem isto, outros aquilo, em breve serão tantas as seitas e tantas as religiões quantas são as cabeças" (LUTHERS, 1919). A própria História da formação do Cânon Bíblico nos é uma luz para os tempos vindouros, pois nos mostra que não se constrói um futuro segur o ignorando o passado.Talvez um estud o m ais pro fundo das srcens da Fé e da Memória Cristã possa ajudar os cris tãos de hoje a superarem os preconceitos impostos pela indústria da desinformação e pelas barreiras históricas que se instauraram no seio da Cristandade; e possamos finalmente atender ao pedido do Senhor: “Que todos sejam um" (cf. Jo 17,11). O Senhor Jesus orou ao Pai, pedindo para que Pedro confir masse seus irmãos [os outros apóstolos] na fé (cf. Lc 22,32), e é isto que a Igreja Católica Apostólica Romana - detentora do Ministério Petrino - fez ao semp re reafirmar quais são os li vros canôn icos. Os seus papéis de Mãe e Mestra (c f. 1 Tm 3,14), a Igreja sem pre de sempenhou com tamanho amor, que sua fidelidade à doutrina dos ío s
Apóstolos sempre foi reconhecida pelos primeiros cristãos, especi almente pelos discípulos dos Apóstolos:
“2,3. Portanto, a tradição do s apóstol os, que fo i m anifestada no mundo inteiro, pode ser descoberta e toda igreja por todos os que queiram ver a verdade. Poderíamos enumerar aqui os bispos que fora m estabelecidos nas igrejas pelos apóstolos e seus sucessores até nós; e eles nunca ensi naram nem conheceram nada que se pa recesse com o que essa gente [os hereges] vai del irando. [... ] Mas visto que seria coisa bastante longa elencar numa obrar como esta, as sucessões de todas as igrejas, limitarnosemos à maior e mais antiga e conhecida po r todos, à igreja fu nd ad a e constit uída em Roma , pelos dois gloriosíssim os apóstolos, Pedro e Paulo, e, indicando a sua tradi ção recebi da dos apósto los e a fé anunciada aos homens, que chegou até nós pelas sucessões dos bispos, refutaremos todos os que de algum a form a, quer po r enfatuação ou vangl oria, que por cegueira ou por doutrina errada, se reúnem prescindindo de qualquer legitimidade. Com efeito, deve necessariamente estar de acordo com ela, po r causa da su a srcem mais excel ente, toda a ig reja, isto é, os fié is de todos os lugares, po rque nela sempre fo i conserv ada, de maneira especial, a tradição que deriva dos apóstolos" (IRENEU, 1995, p. 249-250).
“Inácio, também chamado Teoforo, à Igreja que preside na região dos romanos, digna de Deus, digna de honra, digna de ser chamada feliz’, digna de louvor, digna de sucesso, digna de pureza, que preside ao amor, que porta a lei de Cri sto, que po rta o nome do Pai, eu a saúdo em nome de Jesus Cristo, o Filho do Pai” (INACIO, 1995, p. 103). Por iss o mesmo, ainda hoje na Igreja Católica Roman ser ecoadas as palavras de São Paulo aos Romanos:
a podem
dou graças a meu Deus, por meionizada de Jesus Cristo,“Primeiramente, po r todos vós, porqu e em todo o mundo é preco a vossa fé. [...] A vossa obediência se tom ou notória em toda parte, razão por que eu me alegro a vosso respeito. [...] O Deus da paz em breve não tardará a esma gar Sat anás d ebaixo dos vossos pés. A g raça de nosso Senhor Jesus Cristo esteja convosco!” (Rm 1,8; 16,1920).
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APÊNDICE I
Influências dos livros Deut erocanô nicos do A T no N T
1.
Ordenaçã o pelos livros do N o v o Testamento
Evangelho segundo Mateus Mt 4,4 = Sb 16,26; Mt 4,15 = lMc 5,15; Mt 5,18 = Br 4,1; Mt 5,28 = Eclo 9,8; Mt 5,2-4 = Eclo 25,7-12; Mt-5,4 = Eclo 48,24; Mt 6,7 = Eclo 7,14; M t 6,9 = Eclo 23, 1.4; M t 6,10 = 1 M c 3,60; Mt 6,12 = Eclo 28,2; Mt 6,13 = Eclo 33,1; Mt 6,20 = Eclo 29,10-11; Mt 6,23 = Eclo 14,10; Mt 6,33 = Sb 7,11; Mt 7,12 = Tb 4,15 / Eclo 31,15; Mt 7,16 = Eclo 27,6; Mt 8,11 = Br 4,37; Mt 8,21 = Tb 4,3; Mt 9,36 = Jdt 11,19; M t 9,38 = lM c 12,17; Mt 10,16 = Ec lo 13,17; Mt 11,14 = Eclo 48,10; Mt 11,22 = Jdt 16,17; Mt 11,25 = Tb 7,17 / Eclo 51,1; Mt 11,28 = Eclo 24,19 / Eclo 51,23; Mt 11,29 = Eclo 6,24-25 / Eclo 6,28-29 / Eclo 51,26-27; Mt 12,4 = 2Mc 10,3 ; Mt 12,5 = Eclo 40,15; Mt 13,44 = Eclo 20,30-31; Mt 16,18 = Sb 16,13; Mt 16,22 = lM c 2,21; M t 16,27 = Eclo 35,22; M t 17,1 = Eclo 48,10; Mt 18,10 = Tb 12,15; Mt 20,2 = Tb 5,15; Mt 22,13 = Sb 17,2; Mt 23,38 = Tb 14,4; Mt 24,15 = lM c 1,54 / 2Mc 8,17; Mt 24,16 = lM c 2,28; Mt 25,35 = Tb 4,17; Mt 25,36 = Eclo 7,32-35; Mt 26-38 = Eclo 37,2; Mt 27,24 = Dn 13,46; Mt 27,43 = Sb 2,13 / Sb 18-20.
Evangelho segundo Marcos Mc 1,15 = Tb 14,5; Mc 4,5 = Eclo 40,15; Mc 4,11 = Sb 2,22; Mc 5,34 = Jdt 8,35; Mc 6,49 = Sb 17,15; Mc 8,37 = Eclo 26,14; Mc 9,31 = Eclo 2,18; Mc 9,48 = Jdt 16,17; Mc 10,18 = Eclo 4,1; Mc 14,34 = Eclo 37^2; Mc 15,29 = Sb 2,17.
111
Evangelho segundo Lucas Lc 1,17 = Eclo 48,10; Lc 1,19 = Tb 12,15; Lc, 1,19 = Tb 12,15; Lc 1,42 = Jdt 13,18; Lc 1,52 = Eclo 10,14; Lc 2,29 = Tb 11,9; Lc 2,37 = Jdt 8 ,6 ; Lc 6,35 = Sb 15,1; Lc 7,22 = Eclo 48,5; Lc 9,8 = Eclo 48,10; Lc 10,17 = Tb 7,17; Lc 10,19 = Eclo 11,19; Lc 10,21 = Eclo 51,1; Lc 12,19 = Tb- 7,10; Lc 12,20 = Sb 15,8; Lc 13,25 = Tb 14,4; Lc 13,27 = lM c 3,6; Lc 13,29 = Br 4,37; Lc 14,13 = Tb 2,2; Lc 15,12 = lM c 10,29[30] / Tb 3,17; L c 18,7 = Eclo 35,22; Lc 19,44 = Sb 3,7; Lc 21,24 = Tb 14,5; Lc 21,24 = Eclo 28,18; Lc 21,25 = Sb 5,22; Lc 24,4 = 2M c 3,26; Lc 24,31 = 2Mc 3,34; Lc 24 ,50 = Eclo 50,20 -21; Lc 24,53 = Eclo 50,22-23. Evangelho segundo João Jo 1,3 = Sb 9,1; Jo 3,8 = Eclo 16,21; Jo 3,12 = Sb 9,16 / Sb 18,1516; Jo 3,13 = Br 3,29; Jo 3 ,28 = lM c 9,39; Jo 3 ,32 = Tb 4,6; Jo 4,9 = Eclo 50,25-26; Jo 4 ,48 = Sb 8 ,8 ; Jo 5,18 = Sb 2,16; Jo 6,35 = Eclo 24,21; Jo 7,38 = Eclo 24,40 / Eclo 43,30-31; Jo 8,44 = Sb 2,24; Jo 8,53 = Eclo 44,19; Jo 10,20 = Sb 5,4; Jo 10,22 = lM c 4,59; Jo 14,15 = Sb 6,18; Jo 15,9-10 = Sb 3,9; Jo 17,3 = Sb 15,3; Jo 20,2 2 = Sb 15,11. Atos dos Apóstolos At 1,10 = 2Mc 3,26; At 1,18 = Sb 4,19; A t 2,4 = Eclo 48,12 ; A t 2,1 1 = Eclo 36,7; At 2,39 = Eclo 24,32; At 4,24 = Jdt 9,12; At 5,2 = 2Mc 4,32; At 5,12 = lM c 12,6; At 5,21 = 2Mc 1,10; A t 5,39 = 2M c 7,19; At 9,1-29 = 2Mc 3,24-40; At 9,2 = lMc 15,21; At 9,7 = Sb 18,1; At 10,2= Tb 12,8; At 10,22= lMc 10,25/ lMc 11,30.33 etc.; At 10,26 = Sb 7,1; At 10,30 = 2Mc 11,8; At 10,34 = Eclo 35,12-13; At 10,36 = Sb 6,7 / Sb 8,3 etc.; At 11,18 = Sb 12,19; At 12,5 = Jdt 4,9; At 12,10 = Ecl o 19,26; At 12,23 = Jd t 16,17; At 12,23 = Ec lo 48,21 / lM c 7,41 / 2Mc 9,9; At 13,10 = Eclo 1,30; At 13,17 = Sb 19,10; At 14.14 = Jdt 14,16-17; At 14,15 = Sb 7,3; At 15,4 = Jdt 8,26; At 16.14 = 2Mc 1,4; At 17,23 = Sb 14,20 / Sb 15,17; At 17,24 = Tb 7,17 / Sb 9,9; At 1 7,24-2 5 = Sb 9,1; At 17,26 = Sb 7,18; A t 17,27 = Sb 13,6; At 17,29 = Sb 13,10; At 17,30 = Eclo 28,7; At 19,7 = Sb 3,17; At 19,28 = Dn 14,18.41; At 20,26 = Dn 13,46; At 20,32 = Sb 5,5; At 20,35 = Eclo 4,3 1; At 21,26 = lM c 3,49; At 22,9 = Sb 18,1; At 24,2 = 2Mc 4,6; At 26,18 = Sb 5,5; At 26,25 = Jdt 10,13.
112
Epístola aos Romanos Rm 1,19-32 = Sb 13-15; Rm 1,21 = Sb 13,1; Rm 1,23 = Sb 11,15 / Sb 12,24; Rm 1,28 = 2Mc 6,4; Rm 2,4 = Sb 11,23; Rm 2,11 = Eclo 35,12-13; Rm 2,15 = Sb 17,11; Rm 4,13 = Eclo 44,21; Rm 4,17 = Eclo 44,19; Rm 5,5 = Eclo 18,11; Rm 5,12 = Sb 2,24; Rm 9,4 = Eclo 44,1 2 / 2M c 6,23; Rm 9,19 = Sb 12,12; Rm 9,21 = Sb 15,7; Rm 9,31 = Eclo 27,8 / Sb 2,11; Rm 10,7 = Sb 16,13; Rm 10,6 = Br 3,29; Rm 11,4 = 2Mc 2,4; Rm 11,15 = Eclo 10,20-21; Rm 11,33 = Sb 17,1; Rm 12,15 = Eclo 7,34; Rm 13,1 = Eclo 4,27; Rm 13,1 = Sb 6,3-4; Rm 13,10 = Sb 6,18; Rm 15,4 = lM c 12,9; Rm 15,8 = Eclo 36,20.
Epístola aos Coríntios ICor 1,24 = Sb 7,24-25; ICor 2,9 = Eclo 1,10; ICor 2,16 = Sb 9,13; IC or 4, 13 = T b 5,19; lC or 4 ,1 4 = Sb 11, 10; IC or 6, 2 = Sb 3,8; ICo r 6 ,1 2 = E clo 37, 28; IC or 6,13 = Eclo 36,18; IC or 6,18 = Eclo 23, 17; IC or 7,19 = Eclo 32, 23; IC or 9,19 = Eclo 6,1 9; IC o r 9,25 = Sb 4,2; ICor 10,1 = Sb 19,7-8; ICor 10,20 = Br 4,7; ICor 10,23 = Eclo 37,28; ICor 11,7 = Eclo 17,3 / Sb 2,23; ICor 11,24 = Sb 16,6; ICor 15,29 = 2Mc 12,43-44; ICor 15,32 = Sb 2,5-6; ICor 15,34 = Sb 13,1.
Epístola aos Coríntios 2Cor 5,1.4 = Sb 9,15; 2Cor 12,12 = Sb 10,16.
Epístola aos Gálatas G1 2,6 = Eclo 35,13; G1 4,4 = Tb 14,5; G1 6,1 = Sb 17,17.
Epístola aos Efésios E f 1,6 = Eclo 45, 1 / Ec lo 46,13; E f 1,17 = Sb 7,7; E f 4,14 = Eclo 5,9; E f 4,24 = Sb 9,3 ; E f 6,12 = Sb 5,1 7; E f 6,14 = Sb 5,18; E f 6,16 = Sb 5,19.21.
Epístola aos Filipenses F1 4,5 = Sb 2,19; F1 4,13 = Sb 7,23; F1 4,18 = Eclo 35,6.
Epístola aos Colossenses Cl 2,3 = Eclo 1,24-25.
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Ia Epístola aos Tessalonicenses lTs 3 ,11 = Jd t 12,8 ; lT s 4,6 = Ecl o 5,3; lTs 4 ,13 = Sb 3,18; 1 = Sb 8,8; lTs 5,2 = Sb 18,14-15; lTs 5,3 = Sb 17,14; lTs 5,8 = Sb 5,18.
Ts
5, 1
2a Epístola aos Tessalonicenses 2Ts 2,1 = 2Mc 2,7. Ia Epístola a Timóteo lTm 1,17 = Tb 13,7.11; lTm 2,2 = 2Mc 3,11 / Br 1,11-12; lTm 6,1 5 = Ecl o 46 ,5 / 2Mc 12,15 / 2Mc 13,4. 2a Epístola a Timóteo 2Tm Eclo= 17,26 / Eclo 23,10 (vl) / Eclo 35,3; 2Tm 4,8 = Sb 5,16; 2,19 2Tm=4,17 lMc 2,60. Epístola a Tito
Tt 2,11 = 2Mc 3,30; Tt 3,4 = Sb 1,6. Epístola aos Hebreus Hb 1,3 = Sb 7,25-26; Hb 2,5 = Eclo 17,17; Hb 4,12 = Sb 18,15-16 / Sb 7 ,2 2 -3 0 ; Hb 5 ,6 = lM c 1 4, 41 ; Hb 7 ,2 2 = Ec lo 2 9 ,1 4 - 1 6 ; Hb 11,5 44 ,16 11,62 /= Ecl Sbo 10,17; Sb o Mcb 2,5 13 ,1 =/ 2Ecl Mco 4,1; Hb/ 1Sb 1 ,14,10; 7= 1 H 44,20; Hb Hb 11,1 1 1,270 == Ecl 2,2; Hb 11,28 = Sb 18,25; Hb 11,35 = 2Mc 6,18-7,42; Hb 12,4 = 2Mc 13,14; Hb 12,9 = 2Mc 3,24; Hb 12,12 = Eclo 25,23; Hb 12,17 = Sb 12,10; H b 12,21 = lM c 13,2; Hb 13 ,7 = Eclo 3 3, 1 9 / Sb 2,1 7. Epístola de Tiago
Tg 1,1 = 2 Mc 1,27; Tg 1,2 = Eclo 2,1 / Sb 3,4 -5; Tg 1,1 3 = Eclo 15,11-20; Tg 1,19 = Eclo 5,11; Tg 1,21 = Eclo 3,17; Tg 2,13 = Tb 4,10; Tg 2,23 = Sb 7,27; Tg 3,2 = Eclo 14,1; Tg 3,6 = Eclo 5,13; Tg 3,9 = Eclo 23,1.4; Tg 3,10 = Eclo 5,13 / Eclo 28,12; Tg 3,13 = Eclo 3,17; Tg 4,2 = lMc 8,16; Tg 4,11 = Sb 1,11; Tg 5,3 = Jdt 16,17 / Ecl o 29,10; T g 5, 4 = Tb 4,14; Tg 5,6 = Sb 2,1 0 / Sb 2,12 / Sb 2,19. I a Epístola de Pedro
lPd 1,3 = Eclo 16,12; lPd 1,7 = Eclo 2,5; lPd 2,25 = Sb 1,6; lPd 4,19 = 2Mc 1,24 etc.; lPd 5,7 = Sb 12,13.
114
2a Epístola de Pedro 2Pd 2,2 = Sb 5,6; 2Pd2,7 = Sb 10,6; 2Pd 3,9 = Eclo 35,19; 2Pd 3,18 = Eclo 18,10. I a Epístola de João lJo 5,21 = Br 5,72. Epístola de Judas Jd 1,13 = Sb 14,1. Livro do Apocalipse Ap 1,18 = Eclo 18,1; Ap 2,10 = 2Mc 13,14; Ap 2,12 = Sb 18,16[15]; Ap 2,17 = 2Mc 2,4-8; Ap 4,11 = Eclo 18,1 / Sb 1,14; Ap 5,7 = Eclo 1,8; Ap 7,9 = 2Mc 10,7; Ap 8,1 = Sb 18,14; Ap 8,2 = Tb 12,15; Ap 8,3 = Tb 12,12; Ap 8,7 = Eclo 39,2 9 / Sb 16,22; Ap 9,3 = Sb 16,9; Ap 9,4 = Eclo 44,18 etc.; Ap 11,19 = 2Mc 2,4-8; Ap 17,14 = 2Mc 13,4; Ap 18,2 = Br 4,35; Ap 19,1 = Tb 13,18; Ap 19,11 = 2Mc 3,25 / 2Mc 11,8; Ap 19,16 = 2Mc 13,4; Ap 20,12-13 = Eclo 16,12; Ap 21,19-20 = Tb 13,17.
2.
Ordena ção pelos livros Deu terocanônicos
do A T
Acréscimos de Daniel Dn 13,46 = Mt 27,24 / At 20,26; Dn 14,18.41 = At 19,28. Profeta Baruc Br 1,11-12 = lTm 2,2; Br 3,29 = J o 3,13 / Rm 10,6; Br 4,1 = Mt 5,18; Br 4,7 = ICor 10,20; Br 4,35 = Ap 18,2; Br 4,37 = Mt 8,11 / Lc 13,29; Br 5,72 = lJo 5,21. Eclesiástico (ou Sirácida! Eclo 1,8 = Ap 5,7; Eclo 1,10 = ICor 2,9; Eclo 1,24-25 = Cl 2,3; Eclo 1,30 = A t 13,10; Eclo 2 ,1 = Tg 1,2; Ec lo 2,2 = Hb 11,27; Eclo 2,5 = lPd 1,7; Eclo 2,18 = Mc 9,31; Eclo 3,17 = Tg 1,21 / Tg 3,13; Eclo 4,1 = Mc 10,18; Eclo 4,27 = Rm 13,1; Eclo 4,31 =At 20,35; Eclo 5,3 = lT s 4,6; Eclo 5,9 = E f 4,14; Eclo 5, 11 = T g 1,19; Eclo 5,13 = T g 3,6 / Tg 3,10; Eclo 6,19 = ICor 9,19; Eclo 6,24-25 = Mt 11,29; Eclo
115
6,28-29 = Mt 11,29; Eclo 7,14 = Mt 6,7; Eclo 7,32-35 = Mt 25,36; Eclo 7,34 = Rm 12,15; Eclo 9,8 = Mt 5,28; Eclo 10,14 = Lc 1,52; Eclo 10,20-21 = Rm 11,15; Eclo 11,19 = Lc 10,19; Eclo 13,17 = Mt 10,16; Eclo 14,1 =Tg 3.2; Eclo 14,10 = Mt 6,23; Eclo 15,11-20 =Tg 1,13; Eclo 16,12 = lPd 1,3; Eclo 16,12 = Ap 20,12-13; Eclo 16,21 = Jo 3,8; Eclo 17,3 = IC o r 11,7; Eclo 17,17 = Hb 2,5; Eclo 17,26 = 2Tm 2,19; Eclo 18,1 = Ap 1,18 / Ap 4,11; Eclo 18,10 = 2Pd 3,18; Eclo 18,11 = Rm 5,5; Eclo 19,26 = At 12,10; Eclo 20,30-31 = Mt 13,44; Eclo 23,1.4 = Mt 6,9 / Tg 3,9; Eclo 23,10 (vl) = 2Tm 2,19; Eclo 23,17 = ICor 6,18; Eclo 24,19 = Mt 11,28; Eclo 24,21 = Jo 6,35; Eclo 24,32 = At 2,39; Eclo 24,40; 43,30-31 = Jo 7,38; Eclo 25,7-12 = Mt 5,2-4; Eclo 25,23 = Hb 12,12; Eclo 26,14 = Mc 8,37; Eclo 27,6 = Mt 7,16; Eclo 27,8 = Rm 9,31; Eclo 28,2 = Mt 6,12; Eclo 28.7 = At 17,30; Eclo 28,12 = Tg 3,10; Eclo 28,18 = Lc 21,24; Eclo 29.10 = Tg 5,3; Eclo 29,10-11 = Mt 6,20; Eclo 29,14-16 = Hb 7,22; Eclo 31,15 = ML 7,12; Eclo 32,23 = ICor 7,19; Eclo 33,1 = Mt 6,13; Eclo 33,19 = Hb 13,7; Eclo 35,3 = 2Tm 2,19; Eclo 35,6 = F1 4,18; Eclo 35,12-13 = At 10,34; Eclo 35,12-13 = Rm 2,11; Eclo 35,13 = G1 2,6; Eclo 35,19 = 2Pd 3,9; Eclo 35,22 = Mt 16,27 / Lc 18,7; Eclo 36.7 = At 2,11; Eclo 36,18 = ICor 6,13; Eclo 36,20 = Rm 15,8; Eclo 37,2 = Mt 26,38; Eclo 37,2 = Mc 14,34; Eclo 37 ,28 = I C o r 6,12 / ICor 10,23; Eclo 39,29 = Ap 8,7; Eclo 40,15 = Mt 12,5 / Mc 4,5; Eclo 44,12 = Rm 9,4; Eclo 44,16 = Hb 11,5; Eclo 44,18 etc. = Ap 9,4; Eclo 44,19 = Jo 8,53 / Rm 4,17; Eclo 44,20 = Hb 11,17; Eclo 44,21 = Rm 4,13; Eclo 45, 1 = E f 1,6; Eclo 46,5 = lT m 6,15; Eclo 46,13 = Ef 1,6; Eclo 48,5 = Lc 7,22; Eclo 48,10 = Mt 11,14 / Mt 17.11 / Lc 1,17 / Lc 9,8; Eclo 48,12 = At 2,4; Eclo 48,21 = At 12,23; Eclo 48,24 = Mt 5,4; Eclo 50,20-21 = Lc 24,50; Eclo 50,22 = Lc 24,53; Eclo 50,25-26 = Jo 4,9; Eclo 51,1 = Mt 11,25 / Lc 10,21; Eclo 51,23 = Mt 11,28; Eclo 51,26-27 = Mt 11,29.
Livro da Sabedoria Sb 1,6 = T t 3,4 / lP d 2,25; S b 1,11 = Tg 4,11; Sb 1,14 = Ap 4,11 ; Sb 2,5-6 = ICor 15,32; Sb 2,10 = Tg 5,6; Sb 2,11 = Rm 9,31; Sb 2,12 = Tg 5,6; Sb 2 ,13 = Mt 27,43; Sb 2,16 = Jo 5,18; Sb 2,1 7 = Hb 13,7; Sb 17-18 = Mc 15,29; Sb 2,18-20 = Mt 27,43; Sb 2,19 = F1 4,5 / Tg 5,6; Sb 2,22 = Mc 4,11; Sb 2,23 = ICor 11,7; Sb 2,24 = Jo 8,44 /
116
Rm 5,12; Sb 3,4-5 = Tg 1,2; Sb 3,7 = Lc 19,44; Sb 3,8 = ICor 6,2; Sb 3,9 = Jo 15,9-10; Sb 3,17 = At 19,27; Sb3,18= lTs 4,13; Sb 4,2 = ICor 9,25; Sb 4,10 = Hb' 11,5; Sb 4,19 = At 1,18; Sb 5,4 = Jo 10,20; Sb 5,5 = At 20,32 / At 26,18; Sb 5,6 = 2Pd 2,2; Sb 5,16 = 2Tm 4,8; Sb 5,17 = Ef 6,12; Sb 5,18 = Ef 6,14; Sb 5,18 = lTs 5,8; Sb 5,19.21 = Ef 6,16; Sb 5,22 = Lc 21,25; Sb 6,3-4 = Rm 13,1; Sb 6,7 = A t 10,36; Sb 6,18 = Jo 14,15 / Rm 13,10; Sb 7,1 = At 10,26; Sb 7,3 = A t 14,15; Sb 7,7 = E f 1,17; Sb 7,11 = M t 6,33; Sb 7,18 = At 17,26; Sb 7,22-30 = Hb 4,12; Sb 7,23 = F1 4,13; Sb 7,24-25 = ICor 1,24; Sb 7,25-26 = Hb 1,3; Sb 7,27 = Tg 2,23; Sb 8,3 etc. = At 10,36; Sb 8 , 8 = Jo 4,48 / lTs 5,1; Sb 9,1 = Jo 1,3 / At 17,24-25; Sb 9,3 = E f 4,24; Sb 9, 9 = A t 17,24; Sb 9, 13 = I C o r 2,16; Sb 9,15 = 2Cor 5,1.4; Sb 9,16 = Jo 3,12; Sb 10,6 = 2Pd 2,7; Sb 10,16 = 2Cor 12,12; Sb 10,17 = Hb 11,6; Sb 11,10 = ICor 4,14; Sb 11,15 = Rm 1,23; Sb 11,23 = Rm 2,4; Sb 12,10 = Hb 12,17; Sb 12,12 =Rm 9,19; Sb 12,13 = lP d 5,7; Sb 12,19 = A t 11,18; Sb 12,24 =Rm 1,23; Sb 13-15 = Rm 1,19-32; Sb 13,1 = Rm 1,21 / ICor 15,34 / Hb 11,10; Sb 13,6 = At 17,27; Sb 13,10 = At 17,29; Sb 14,1 = Jd 1,13; Sb 14,20 = At 17,23; Sb 15,1 = Lc 6,35; Sb 15,3 = Jo 17,3; Sb 15,6 = Rm 9,21; Sb 15,8 = Lc 12,20; Sb 15, 11 = Jo 20,2 2; Sb 1 5,17 = At 17,23; Sb 16,6 = ICor 11,24; Sb 16,9 = Ap 9,3; Sb 16,13 = Mt 16,18 / Rm 10,7; Sb 16,22 = Ap 8,7; Sb 16,26 = Mt 4,4; Sb 17,1 = Rm 11,33; Sb 17,2=Mt 22,13; Sb 17,11 =Rm2,15; Sb 17,14= lTs 5,3; Sb 17,15 = Mc 6,49; Sb 17,17 = G1 6,1; Sb 18,1 = At 9,7 / At 22,9; Sb 18,14 = Ap 8,1; Sb 18,14-15 = lTs 5,2; Sb 18,15-16 = Jo 3,12 / Hb 4,12; Sb 18 ,16[15] = Ap 2,12; Sb 18,25 = Hb 11,28; Sb 19,7-8 = ICor 10,1; Sb 19,10 = At 13,17.
Tobias Tb 2,2 = Lc 14,13; Tb 3,17 = Lc 15,12; T b 4,3 = M t 8,21; Tb 4,6 = Jo 3,32; Tb 4,10 = Tg 2,13; Tb 4,14 = Tg 5,4; Tb 4,15 = Mt 7,12; Tb 4,17 = Mt 25, 35; Tb 5,15 = Mt 20,2; Tb 5,19 = IC o r 4,13; Tb 7 ,10 = Lc 12,19; Tb 7,17 = Mt 11,25 / Lc 10,17 / At 17,24; Tb 11,9 = Lc 2,29; Tb 12,8 = At 10,2; Tb 12,12 = Ap 8,3; Tb 12,15 = Mt 18,10 / Lc 1,19 / A p 8,2; Tb 13,7.11 = lT m 1,17; Tb 13,17 = Ap 21,1 9-20 ; Tb 13,18 = Ap 19,1; Tb 14,4 = Mt 23 ,38 / Lc 13,25; Tb 14,5 = Mc 1,15 / Lc 21 ,24 / G1 4,4.
11 7
Judite
Jdt 4,9 = At 12,5; Jdt 8,6 = Lc 2,37; Jdt 8,26 = At 15,4; Jdt 8,35 = Mc 5,34; Jd 9,12 = At 4,24; Jdt 10,13 = At 26,25; Jdt 11,19 = Mt 9,36; Jdt 12,8 = lTs 3,11; Jdt 13,18 = Lc 1,42; Jdt 14,16-17 = At 14,14; Jdt 16,17 = Mt 11,22 / Mc 9,48 / At 12,23 / Tg 5,3.
1° Livro dos Macabeus
4,2; lMc 9,39 = Jo 3,28; lMc 10,25 = At 10,22; lMc 10,29[30] = Lc 15,12; lMc 11,30.33 etc. = At 10,22; lMc 12,6 = At 5,12; lMc 12,9 = Rm 15,4; lMc 12,17 = Mt 9,38; lMc 13,2 = Hb 12,21; lMc 14,41 = Hb 5,6; lMc 15,21 = At 9,2. 2° Livro dos Macabeus
2Mc 1,4 = At 16,14; 2Mc 1,10 = At 5,21; 2Mc 1,24 etc. = lPd 4,19; 2Mc 1,27 = Tg 1 ,1; 2Mc 2 ,4 = Rm 11,4; 2Mc 2,4 -8 = Ap 2 ,1 7 / Ap 11,19; 2Mc 2,7 = 2Ts 2,1; 2Mc 3,11 = lTm 2,2; 2Mc 3,24 = Hb 12,9; 2Mc 3,24-40 = At 9,1-29; 2Mc 3,25 = Ap 19,11; 2Mc 3,26 = Lc 24,4; 2Mc 3,26 = At 1,10; 2Mc 3,30 = Tt 2,11; 2Mc 3,34 = Lc 24,31; 2Mc 4,1 = Hb 11,10; 2Mc 4,6 = At 24,2; 2Mc 4,32 = At 5,2; 2Mc 6,4 = Rm 1,28; 2Mc 6,18-7,42 = Hb 11,35; 2Mc 6,23 = Rm 9,4; 2Mc 7,19 = At 5,39; 2Mc 8,17 = Mt 24,15; 2Mc 9,9 = At 12,23; 2Mc 10.3 = Mt 12,4; 2Mc 1 0,7 = Ap 7, 9; 2Mc 11 ,8 = At 10 ,3 0 / Ap 19,11; 2Mc 12,15 = lTm 6,15; 2Mc 12,43-44 = ICor 15,29; 2Mc 13.4 = lTm 6,15 / Ap 17,14 / Ap 19,16; 2Mc 13,14 = Hb 12,4 / Ap 2 , 10 .
Este estudo é de autoria do Prof. Carlos Ramalhete (RAMALHETE, 2000 ).
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