Manual de Detecção de Patologias em Revestimentos Re vestimentos Cerâmicos em Áreas Internas e Externas
Definição
Congênitas Construtivas Adquiridas Acidentais Destacamentos Fissuras Trincas Gretamento Manchas Deterioração de Juntas
A patologia das construções é uma ciência que se propõe ao estudo dos problemas que prejudicam o desempenho das edificações e de obras especiais, como pontes, barragens e estradas. As edificações possuem características, relacionadas ao seu uso, que devem se manter ao longo do tempo para que possam continuar em serviço.
As patologias dos revestimentos cerâmicos apresentam-se de diversas formas, todas elas resultando na impossibilidade de cumprimento das finalidades para as quais foram concebidos, notadamente nos aspectos estéticos, de proteção e de isolamento. O conhecimento da origem das patologias é importante ferramenta para diagnosticar as causas das falhas destes revestimentos. Conforme dados do CCB (Centro Cerâmico do Brasil), cerca de 75% dos problemas ocorrem por desrespeito ou desconhecimento das normas técnicas. A tabela a seguir exemplifica a necessidade de utilização de projetos para diminuição de patologias, apesar de abranger de forma global todos os setores da execução de uma obra.
ORIGENS DAS PATOLOGIAS INDICE PERCENTUAL Projetos ----------- 60% Construção ------- 26,4% Equipamentos ---- 2,1% Outros------------- 11,5%
São aquelas originarias da fase de projeto, em função da não observância das normas técnicas, ou de erros e omissões dos profissionais, que resultam em falhas no detalhamento e concepção inadequada dos revestimentos. Causam em torno de 40% das avarias registradas em edificações. Quando o projetista deixa de observar requisitos básicos relativos ao funcionamento e qualidade global da obra, interações entre as partes da construção e de construtibilidade, e frequente o aparecimento das patologias congênitas. Sua origem esta relacionada a fase de execução da obra, resultante do emprego de mão de obra despreparada, produtos não certificados e ausência de metodologia para assentamento das pecas, o que, segundo pesquisas mundiais, são responsáveis por 25% das anomalias em edificações. O treinamento das equipes de mão de obra, a padronização de procedimentos e a verificação de conformidade podem minimizar as patologias.
Ocorrem durante a vida útil dos revestimentos, sendo resultado da exposição ao meio em que se inserem, podendo ser naturais, decorrentes de agressividade do meio, ou decorrentes da ação humana, em função de manutenção inadequada ou realização de interferência incorreta nos revestimentos, danificando as camadas e desencadeando um processo patológico. Como exemplo, citamos a maresia, em regiões marítimas e os ataques químicos em regiões industriais. São caracterizadas pela ocorrência de algum fenômeno atípico, resultado de uma solicitação incomum, como a ação da chuva com ventos de intensidade anormal, recalques estruturais e incêndios, dentre outros. Sua ação provoca esforços de natureza imprevisível, especialmente na camada de base e sobre os rejuntes. Podem também atingir as placas cerâmicas, provocando movimentações que irão desencadear processos patológicos em cadeia.
Os destacamentos são caracterizados pela perda de aderência das placas cerâmicas do substrato, ou da argamassa colante, quando as tensões surgidas no revestimento cerâmico ultrapassam a capacidade de aderência das ligações entre a placa cerâmica e argamassa colante e/ou emboco. Devido a probabilidade de acidentes envolvendo os usuários e os custos para seu reparo, esta patologia e considerada a mais seria. As situações mais comuns de descolamento costumam ocorrer por volta de cinco anos após a conclusão da obra. A ocorrência cíclica das solicitações, somadas as perdas naturais de aderência dos materiais de fixação, em situações de subdimensionamento do sistema, caracterizam as falhas que costumam resultar em problemas de quedas. O primeiro sinal desta patologia é a ocorrência de um som cavo (oco) nas placas cerâmicas (quando percutidas), ou ainda nas áreas em que se observa o estufamento da camada de acabamento (placas cerâmicas e rejuntes), seguido do destacamento destas áreas que pode ser imediato ou não.
Do latim esse fenômeno se caracteriza pelo aparecimento de formações salinas sobre algumas superfícies, podendo ter caráter pulverulento ou ter forma de crostas duras e insolúveis em água. Na grande maioria dos casos, o fenômeno é visível e de aspecto desagradável, mas em alguns casos específicos pode ocorrer no interior dos corpos, imediatamente abaixo da superfície. O fenômeno resulta da dissolução dos sais presentes na argamassa, ou nos componentes cerâmicos ou provenientes de contaminações externas e seu posterior transporte pela água através dos materiais porosos. Se, durante esse transporte, a concentração dos sais na solução aumentar (por perda de água ou aumento da quantidade de sais), eles poderão entrar em processo de cristalização e dar origem ao fenômeno. Ocorrendo superficialmente, essa cristalização da origem a eflorescência mais amplamente encontrada e visível; se ocorrer internamente ao material, da origem a cripto-eflorescencia, muitas vezes de difícil identificação. O local de seu aparecimento não necessariamente indica seu local de origem, pois os sais podem ser transportados pela água a partir de locais afastados do ponto de ocorrência do problema. Assim, é necessário compreender o comportamento dos sais dissolvidos, sua possível fonte e também a origem da água. A simples intervenção localizada e sintomática pode ser totalmente ineficaz e até danosa. ,
Para que a eflorescência se manifeste, os seguintes fatores são necessários e suficientes: – água: atua como um solvente que possibilita a dissolução dos sais que dão origem ao fenômeno. Ela pode ter origem em vários pontos, a saber: – água de chuva: tem grande chance de penetrar através das juntas, em particular se forem mal executadas; – água de condensação: resulta das trocas de vapor de água entre o interior e o exterior através de meios porosos; – água proveniente da etapa de construção: a água de amassamento, o uso de proteções deficientes contra a chuva ou qualquer outro fato que possibilite a concentração de umidade podem ocasionar problemas em obras recém entregues. Paredes saturadas de água podem demandar semanas ou meses para que a secagem ocorra; blocos em contato com o solo, alem de absorver umidade, podem ser contaminados por sais ou elementos estranhos; – sais: se movimentam dissolvidos na água e efetivamente dão origem aofenomeno; – gradiente hidráulico: possibilita a movimentação da água e o transporte dos sais do interior para a superfície dos corpos afetados
TIPO5
Formas deDEmanifestação eflorescênciaREPAROS LOCAIS CAUSASda PROVÁVEIS FORMACÂO
Pó branco pulverulento solúvel em água.
• superfícies de concreto aparente; • superfícies de alvenaria revestida; • juntas de pisos cerâmicos ou azulejos; • regiões próximas a caixilhos mal vedados; • superfícies de ladrilhos não esmaltados.
• sais solúveis presentes nos materiais: água de amassamento, agregados ou aglomerantes; • sais solúveis presentes nos materiais cerâmicos; • sais solúveis presentes no solo; • reação atmosférica; • reação entre compostos do cimento e da cerâmica.
• eliminação da fonte de umidade; • em superfície externa, aguardas a eliminação dos sais pela ação da chuva; • lavagem com água; • escovamento; • limpeza com acido clorídrico a 10%.
Deposito branco com aspecto de escorrimento, muito aderente e pouco solúvel em água.
• juntas das alvenarias assentadas com argamassa; • superfície de concreto ou revestimento com argamassa; • superfícies de componentes próximos a elementos de alvenaria ou concreto.
• carbonatacão da cal liberada na hidratação do cimento; • carbonatacao da cal constituinte da argamassa
• eliminação da percolação de água; • lavagem com acido clorídrico a 10%; • escovamento mecânico se necessário.
Deposito branco, solúvel em água, com efeito de expansão.
• em fissuras Eventualmente presentes nas juntas das alvenarias; • nas juntas de argamassa das alvenarias; • em regiões da alvenaria muito expostas a ação da
• expansão devido a hidratação do sulfato de cálcio existente no tijolo ou reação dos compostos do tijolo e do cimento; • formação do sal expansivo por ação do sulfato do meio.
• esperar a estabilização antes de efetuar reparos; • reparar com uso de cimento isento
Manchas e bolor O termo bolor ou mofo é entendido como a colonização por diversas populações de fungos filamentosos sobre vários tipos de substrato, citandose, inclusive, as argamassas inorgânicas. O termo emboloramento, constitui-se numa “alteração observável macroscopicamente na superfície de diferentes materiais, sendo uma consequência do desenvolvimento de microorganismos pertencentes ao grupo dos fungos”. O desenvolvimento de fungos em revestimentos internos ou de fachadas causa alteração estética de tetos e paredes, formando manchas escuras indesejáveis em tonalidades preta, marrom e verde, ou ocasionalmente, manchas claras esbranquiçadas ou amareladas. Normalmente são provocadas por infiltrações de água e frequentemente estão associados aos descolamentos e desagregação dos revestimentos.
Trincas e fissuras As trincas são rupturas no corpo da placa cerâmica provocadas por esforços mecânicos (ex.: tração axial, compressão axial ou excêntrica, flexão, cisalhamento ou torção), que causam a separação das placas em partes, com aberturas superiores a 1 mm. As fissuras são rompimentos nas placas cerâmicas, com aberturas inferiores a 1mm e que não causam a ruptura total das placas. Variações de temperatura também podem provocar o aparecimento de fissuras nos revestimentos, devidas as movimentações diferenciais que ocorrem entre esses e as bases.
Trincas e fissuras Fissuras e trincas também podem estar relacionadas ao corrimento insuficiente da estrutura de concreto. A oxidação do aço gera o aumento de volume e as tensões são transmitidas ao revestimento final. Estas patologias ocorrem normalmente nos primeiros e últimos andares do edifício, geralmente pela falta de especificação de juntas de movimentação e detalhes construtivos adequados. A inclusão destes elementos no projeto de revestimento e o uso de argamassas bem dosadas ou colantes podem evitar o aparecimento de fissuras. As fissuras podem aparecer, também, entre o rejunte e a placa cerâmica. Os principais fatores que desencadeiam esta ocorrência são: cura debilitada por condições ambientais agressivas. retração excessiva da argamassa. aplicação do rejunte em juntas com restos de argamassa e/ou sujidades e poeira. utilização de rejunte para junta fina em junta larga e vice-versa. excesso de água de amassamento. movimentação excessiva do substrato. fadiga do rejunte por ciclos higrotérmicos.
Gretamento O gretamento constitui-se de uma serie de aberturas inferiores a 1 mm e que ocorrem na superfície esmaltada das placas, dando a ela uma aparência de teia de aranha. A expansão por umidade pode ser responsável pelo gretamento das placas cerâmicas para revestimento, quando provoca aumento nas dimensões da sua base, forçando a dilatação do esmalte, material que e menos flexível. Sem absorver a variação de tamanho da placa cerâmica provocada pela expansão por umidade, a camada esmaltada sofre tensões progressivas de tração, originando as fissuras capilares características do gretamento.
Deterioração das juntas Este problema, apesar de afetar diretamente as argamassas de preenchimento das juntas de assentamento (rejuntes) e de movimentação, compromete o desempenho dos revestimentos cerâmicos como um todo, já que estes componentes são responsáveis pela estanqueidade do revestimento cerâmico e pela capacidade de absorver deformações. Os sinais de que esta ocorrendo uma deterioração das juntas são: perda de estanqueidade da junta e envelhecimento do material de preenchimento. A perda da estanqueidade pode iniciar-se logo após a sua execução, através de procedimentos de limpeza inadequados. Estes procedimentos de limpeza podem causar deterioração de parte do material aplicado (uso de ácidos e bases concentrados), que, somados a ataques de agentes atmosféricos agressivos e/ou solicitações mecânicas por movimentações estruturais, podem causar fissuração (ou mesmo trincas), bem como infiltração de água, levando o revestimento ao colapso (desplacamento/descolamento). Pode acontecer, também, que a junta esteja preenchida apenas superficialmente, formando uma capa frágil que pode desagregar-se após alguns meses da entrega da obra. Esta situação pode acontecer em casos onde a junta e muito estreita (ex.: porcelanatos) ou quando o rejunte perde trabalhabilidade rapidamente devido a temperatura ambiente