GEOGRAFIA HUMANÍSTICA Yi-Fu Tuan
Transcrito dos Annals of the Association of American American Geographers, 66: (2), junho 1976 T!tulo do original: "umanistic Geograph# Geograph# Tradu$%o de &aria "elena 'ueir
1. Hu Hum man aniism smo o 2. Per Perspe specti ctiva va Hum Humaní anísti stica ca 3. Te Tema mass da Geografi Geografiaa Humaní Humanísti stica ca 3.1-conhecimento Geográfico 3.2-Território e Lugar 3.3-g!omera"#o humana e privacidade 3.$-%odo de vida e &conomia 3.'-(e!igi#o $. Hi Hist stór óric ico o e (egi (egion ona! a! '. (is (iscos cos e )po )portu rtunid nidade adess '.1-Propósitos do pro*eto '.2-+nte!ecto e ,omportamento '.3-+niciativas . (e! (e!a" a"es es para para com a ,i/n ,i/ncia cia 0. Trei eina nam men ento to . ti!idade p/ndice 4i!he!m 5on Hum6o!dt
A Geografia Humanística Humanística reflete sobre sobre os fenômenos fenômenos geográficos geográficos com o propósito de alcançar melhor entendimento do homem e de sua condição. A Geografia Humanística não é, desse modo, uma cincia da terra em seu ob!eti"o final. #la se entrosa com as Humanidades e $incias %ociais no sentido de &ue todas compartilham a esperança de pro"er uma "isão precisa do mundo humano. 'ual é a nature(a do mundo humano) As Humanidades ganham maior esclarecimento desta nature(a por focali(arem*se sobre o &ue o homem fa( supremamente bem nas artes e no pensamento lógico. As $incias %ociais ad&uirem conhecimento do mundo humano pelo e+ame das instituiçes sociais, as &uais podem ser "istas tanto como e+emplos da criati"idade humana e como forças limitadoras da ati"idade li"re dos indi"íduos. A Geografia Humanística procura um entendimento do mundo humano atra"és do estudodas relaçes das pessoas com a nature(a, do seu comportamento geográfico bem como dos seus sentimentos e idéias a respeito do espaço e do lugar. As relaçes com a nature(a e o comportamento geográfico são, contudo, também
do interesse de outros geógrafos. or e+emplo, um geógrafo físico e+amina as relaçes do homem com o meio ambiente e um analista regional estuda as /leis da interação espacial/. $om o &ue pode o geógrafo humanístico contribuir) A &uestão pressupe &ue saibamos o significado do humanismo e da perspecti"a humanística. 1. HUMANISMO 0 humanismo parece ter diferentes significados. #rasmo 12344*25647 foi um humanista, mas também o (oólogo %ir 8ulian Hu+le9 12::;*2<;57 o foi. 0 &ue um pensador da =enascença e um cientista moderno tm em comum) Ambos procuraram alargar o conceito do indi"íduo humano. 0s pensadores da =enascença "oltaram*se aos estudos clássicos, aos ideais gregos e > cincia em reação contra as estreitas doutrinas estabelecidas pelo clero. #rasmo, um padre ordenado pela igre!a romana, deplora"a a intoler?ncia religiosa do seu tempo- sua toler?ncia e "asto conhecimento foram e"idncia do seu dese!o de e+pandir o conceito do homem além dos ensinamentos da sua igre!a. @sto pode parecer estranho, mas mesmo no %éculo , um humanista*cientista como 8ulian Hu+le9 "iu uma necessidade de lutar contra as restriçes impostas pelos dogmas religiosos. Besmo agora, em algumas escolas, o Gnesis tem maior peso do &ue a teoria da e"olução biológica. 0 uso histórico, então, permite*nos definir o humanismo como uma "isão ampla do &ue a pessoa humana é e do &ue ela pode fa(er. Cma "isão restriti"a ainda e+iste. Das uni"ersidades é a cincia dogmática ao in"és da religião &ue agora tende a circunscre"er a linguagem apropriada das dissertaçes concernentes ao homem. 0s humanistas surpreendem*se com esta in"ersão dos fatos, onde, o antes liberador torna*se agora censor. 0 humanismo luta por uma "isão mais abrangente. 0s pensadores da =enascença, como #rasmo e %ir Ehomas Bore, não nega"am a doutrina religiosa- eles a acha"am insuficiente. 0 humanista ho!e não nega as perspecti"as cientificas sobre o homem- trabalha sobre elas. 2. PERSPECTIVA HUMANÍSTICA 'ual é a perspecti"a humanística) Fe &ue maneira a concepção humanística do homem é mais compreensi"a do &ue a da cincia) Cma resposta é sugerida "erificando as disciplinas acadmicas &ue agora estão no cerne das humanidades. Eais disciplinas são História, iteratura, Artes e ilosofia. Eodas focali(am sobre pensamentos e atos &ue são unicamente humanos. Do coração da História, por e+emplo, estão os e"entos. 0s e"entos humanos diferem em caráter e finalidade, mas são similares &uando mostram a capacidade humana de iniciar, isto é, de começar no"amente. %e é admitido &ue o po"o pode "erdadeiramente iniciar, então e"entos tais como a ascensão
meteórica do @slão, a =e"olução rancesa, a descoberta da América ou o materialismo dialético, são largamente impredi(í"eis. Além da História, a iteratura e as Artes são as áreas padres do ?mbito humanista. Das obras de arte, as e+perincias pessoais sobre a "ida e sobre o mundo são "i"amente ob!etificadas. Eodos os animais são capa(es de e+primirem*se e os chimpan(és podem ser ensinados a pintar, mas a iteratura e as Artes são especificamente ati"idades humanas. A própria $incia é uma manifestação Inica da capacidade humana e a nature(a da $incia é de "ital interesse para os humanistas. a(er ilosofia tal"e( se!a a ati"idade humana por e+celncia, por&ue sua característica básica é a refle+ão. 0 hábito da refle+ão filosófica é raro entre criaturas não humanas. As pessoas não somente dançam, falam e pensam, como outros animais também podem fa(er, más elas são capa(es de refletir sobre seus atos e a"aliá*los criticamente. ela perspecti"a científica, muitos temas na %ociologia e na Geografia Humana * tanto o casamento, a territorialidade, ou a ar&uitetura * são geralmente redu(ísseis >&ueles da etologia animal. A perspecti"a humanista focali(a*se sobre as ati"idades e os seus produtos &ue são distinti"os das espécies humanas. 3. TEMAS DA GEOGRAFIA HUMANÍSTICA As abordagens científicas para o estudo do homem tendem á minimi(ar o papel da conscienti(ação e do conhecimento humano. A Geografia Humanística, em contraste, tenta especificamente entender como as ati"idades e os fenômenos geográficos re"elam a &ualidade da conscienti(ação humana. Csarei o modelo etológico na $incia para pro"er o ponto de partida para o e+ame da perspecti"a humanista. 0utros modelos científicos redu(idos do homem * homem econômico *, por e+emplo, podem também ser"ir como ponto de partida, mas para e"itar sobreposição e confusão não os tenho usado. A sobreposição e+iste por&ue todos os modelos científicos do homem simplificam a capacidade humana de saber, criar e ofuscar. ode a Geografia Humanística oferecer um no"o modo de en+ergar os fenômenos geográficos) ara dar uma resposta tenho &ue bre"emente e+plorar cinco temas de interesse geral para os geógrafosJ conhecimento geográfico- território e lugar, aglomeração humana e pri"acidade, modo de "ida e economia, e religião. 3.1. Conhecimento eo!"#ico %e a singularidade do homem está na sua capacidade especial de pensar e refletir, então segue*se &ue a tarefa primária da Geografia Humanística é o estudo das idéias geográficas articuladas. Dos campos da humanística, o tempo é "erdadeiramente pródigo em grandes pensadores e escritores, desde latão até Killiam 8ames. or analogia, a Geografia Humanística pode ser confinada ao estudo dos trabalhos de geógrafos meritórios. $onhecer a história
do pensamento geográfico tem sido uma parte do treinamento de estudantes, na pós*graduação, por algum tempo. A Geografia Humanística, neste sentido limitado, é um subcampo aceito na disciplina. #la é também um tanto fraca. 0 pensamento de #strabão peca pela falta de profundidade e de sutile(a do de latão e não re&uer e+plicação sistemática. $om e+ceção dos especialistas, o traçado detalhado das idéias de um geógrafo a outro pode ser mais obscuro e pro"incial, como a longa e+posição de um ancestral intelectual de um pe&ueno no"elista em uma aula de ingls. A Geografia Humanística tem, como uma de suas tarefas, o estudo do conhecimento geográfico, mas o &ue é o conhecimento geográfico) $oncebido de maneira ampla, o conhecimento da Geografia é necessário > sobre"i"ncia biológica. Eodos os animais de"em t*lo. Dós falamos de lobos &ue tm um /mapa mental/ e de a"es migratórias como supremas /na"egadoras/. 0 conhecimento da Geografia, neste sentido, é um instinto animal, desen"ol"ido em "ários graus de acuidade nas diferentes espécies. #m contraste, o conhecimento geográfico culti"ado no ?mbito dos departamentos acadmicos é altamente cônscio e especiali(ado. #ntre estes e+tremos fica uma larga fai+a de idéias a respeito de espaço, locali(ação, lugar e recurso. Eodos os grupos humanos possuem tais idéias, embora seu grau de articulação "arie amplamente de grupo para grupo. Algumas pessoas tem falta de um senso formali(ado de espaço e lugar- elas podem achar seu caminho no seu mundo, mas esta habilidade não é transformada em conhecimento &ue possa ser passado adiante "erbalmente ou em mapas e diagramas. 0utras pessoas podem ser e+celentes na"egadoras, &ue "ele!am com confiança sobre todo o largo oceano e cu!os conhecimentos geográficos são formalmente organi(ados, de maneira &ue possam ser ensinados, ainda &ue deficientemente desen"ol"idos em conceitos de hierar&uias e sistemas espaciais. Cm terceiro grupo pode ter elaborado um cosmos no &ual as hierar&uias espaciais se!am um maior componente, ainda &ue seus membros se!am indiferentes geógrafos aplicados. %abemos pouco sobre por &ue as culturas "ariam muito em desen"ol"er habilidades espaciais e em pro"idenciar conhecimento geográfico. or &ue há alguns po"os primiti"os &ue são hábeis cartógrafos en&uanto outros, materialmente mais a"ançados, não conhecem o conceito de mapeamento) 'ual é a relação entre habilidade espacial e conhecimento espacial)/ Eais &uestes, de import?ncia central para os humanistas, raramente foram le"antadas na profissão geográfica. #mbora possamos saber muito acerca do conhecimento especiali(ado de geógrafos acadmicos, falhamos em locali(á* los no espectro total da conscincia geográfica. #ste espectro se estende desde o /mapa mental/ das a"es migradoras até o nosso próprio /mapa mental/, &uando dirigimos num estado de transe- do conhecimento implícito ao
conhecimento e+plícito como o encapsulado em mapas de na"egação da olinésia, desde as idéias simples da estrutura do espaço até as intrincadas hierar&uias espaciais de Fogon. 3.2. Te!!it$!io e %&'! 0s etologistas2 mostraram como os animais "i"em em seus nichos ecológicos. Algumas espécies defendem seu espaço "ital contra os intrusos. #las se comportam como pensam a respeito de certas áreas delimitadas como sua propriedade- parecem ter um sentido de território. 0s cientistas e escritores populares tm e+trapolado seus dados do mundo animal para o mundo humano. As atitudes humanas &uanto ao território e lugar tem uma clara semelhança com as dos outros animais. 0 humanista, contudo, de"e ir além da analogia e perguntar como a territorialidade humana e a ligação ao lugar diferem da&uelas das criaturas menos carregadas com a emoção e pensamento simbólico./ Há, por e+emplo, o problema de conceituação. Eodos os animais, incluindo os seres humanos, ocupam e usam espaço, mas a área como unidade limitada de espaço é também um conceito. Cma área de certo tamanho, característica do território de um animal, pode raramente ser percebida como um todo. 0 pássaro cantor é reputado por ter um forte senso de território, mas o pássaro cantor está empoleirado alto em uma ár"ore e é capa( de "igiar a área toda &ue toma como sendo sua. 0s mamíferos &ue "i"em perto do chão não conseguem "igiar toda a sua área. %eu território real não é um espaço limitado, mas uma rede de caminhos e lugares. As pessoas são capa(es de manter o território como um conceito, contemplar mentalmente o seu formato, incluindo a&uelas partes &ue não podem correntemente perceber. A necessidade de fa(er isso, contudo, pode não aparecer. or e+emplo, os caçadores e coletores migradores tm poucas ocasies em &ue necessitam di"isar a fronteira do seu território. 0 território, para eles, é portanto uma área não circunscrita- é essencialmente uma rede de caminhos e lugares permeá"eis com os caminhos de outros caçadores. #m comparação, as comunidades das fa(endas tendem a ter um forte senso de propriedade e de espaço delimitado. 'ual é o papel da emoção e do pensamento na ligação ao lugar) $onsiderem o animal como mo"endo*se ao longo de um caminho, parando de tempo em tempo. 0 animal pára por uma ra(ão, usualmente para satisfa(er uma necessidade biológica importante * a necessidade de descansar, beber, comer ou acasalar. A locali(ação da parada torna*se para o animal um lugar, um centro de signific?ncia &ue ele pode defender contra intrusos. #ste modelo de comportamento animal e sentimento de lugar é prontamente aplicá"el aos seres humanos. Dós paramos para atender a e+igncias biológicas- cada pausa estabelece uma locali(ação como sendo significati"a, transformando*a em lugar. 0 humanista reconhece a analogia, mas no"amente está disposto a
perguntar como a &ualidade da emoção é do pensamento humano dão ao lugar uma gama de significação humana inconcebí"el no mundo animal. Cm caso &ue esclarece a peculiaridade humana é a import?ncia &ue as pessoas dão aos e"entos biológicos do nascimento e da morte. 0s animais não tm nenhuma preocupação sobre isso. As locali(açes pragmáticas dos animais tm "alor por&ue satisfa(em suas necessidades "itais correntes. Cm chimpan(é não tem preocupaçes sentimentais sobre o seu passado, sobre sua terra natal, mas ele antecipa o futuro e teme a sua própria mortalidade. %antuários dedicados ao nascimento e > morte são unicamente lugares humanos. 0s lugares humanos "ariam grandemente em tamanho. Cma poltrona perto da @areira é um lugar, mas também o é um estado*nação. e&uenos lugares podem ser conhecidos atra"és da e+perincia direta incluindo o sentido íntimo de cheirar e tocar. Cma grande região, tal como a do estado*nação, está além da e+perincia direta da maioria das pessoas, mas pode ser transformada em lugar * uma locali(ação de lealdade apai+onada * atra"és do meio simbólico da arte, da educação e da política. $omo um mero espaço se torna um lugar intensamente humano é uma tarefa para o geógrafo humanista- para tanto, ele apela a interesses distintamente humanísticos, como a nature(a da e+perincia, a &ualidade da ligação emocional aos ob!etos físicos, as funçes dos conceitos e símbolos na criação da identidade do lugar. 3.3. A%ome!'()o h&m'n' e *!i+'ci,',e 0 impacto da alta densidade de população na &ualidade de "ida urbana tem chamado a atenção dos cientistas e plane!adores sociais. ode a aglomeração produ(ir tenses, le"ando a doenças e comportamentos anti*sociais) 0bser"açes dos animais em situaçes de aglomeração mostraram &ue eles também sofrem e tendem a se enga!arem em atos anormais e autodestruti"os. 0s seres humanos, sem dI"ida, também e+perimentam tenses físicas e psicológicas &uando su!eitos > aglomeração. #+ceto sob e+tremas condiçes, contudo, raramente pode ser demonstrado &ue as patologias sociais eLou indi"iduais são causadas pela alta densidade de população mais do &ue pelo mau funcionamento das forças econômicas e sociais. A cultura é medianeira entre a densidade e o comportamento. As pessoas da aglomerada Hong*Mong não são mais propensas ao crime do &ue a&uelas "i"endo nas relati"amente espaçosas cidades americanas. Das planuras abertas do deserto de Malahari, os bos&uímanos Mung se aglomeram por escolha, e os indicadores biológicos de tenses estão ausentes a despeito da alta densidade. 0 modo de como a cultura é medianeira entre a densidade da população e o comportamento é um desafio tanto para o cientista social como para o humanista. 0 enfo&ue humanista distinti"o está em descre"er a &ualidade da emoção e+perimentada em casos específicos. or e+emplo, escritores e+istencialistas notaram &uanto até mesmo uma só pessoa a mais em um &uarto pode criar uma sensação de
constrangimento espacial. Cm homem toca piano so(inho em um grande salãoalguém entra para obser"á*lo. @mediatamente a atmosfera muda para o pianista. Fei+ando de ser o Inico su!eito em comando sobre o espaço, torna*se um ob!eto entre muitos, todos sob o olhar fi+o de outro su!eito. %entir &ue o lugar ficou aglomerado é uma espécie de mal, le"antando da subconscincia a conscienti(ação de &ue agora há duas perspecti"as, as &uais são diferentes e portanto conflitantes, "igiando o mesmo campo ob!eti"o. A pri"acidade é abalada. A pri"acidade, neste e+emplo, é a necessidade de estar consigo próprio nos seus atos e pensamentos, não perturbados por a&ueles de um estranho. Da solidão uma pessoa cria seu próprio mundo- a sal"o do olhar de outros, parece suster a e+istncia de tudo o &ue ". Eodas as pessoas necessitam de pri"acidadeJ o grau e a nature(a podem "ariar. As condiçes de aglomeração tornam difícil escapar da atenção dos outros e, portanto, de um sentido desen"ol"ido de si mesmo. Aglomeração e pri"acidade tm um termo físicoJ são afetadas pelo espaço físico e pelo nImero de pessoas. #las tm um termo biológicoJ além de certa densidade, sob condiçes específicas, aparecem os indicadores biológicos de tensão. #las tm um pronunciado termo humano, &ue re&uer o entendimento da cultura, mas &ue não é e+aurido pela idéia da cultura- sem le"ar em conta a cultura, o homem pode ocasionalmente sentir*se amargamente só no meio de sua própria espécie e uma plenitude de ser na solidão. 0 &ue significa /aglomeração/) 0nde as pessoas raramente tm &uarto para ficar, podem ainda abrir seus espaços intelectuais e afeti"os para outras, de tal modo &ue o epíteto /aglomeradoN é inapropriado. or outro lado, a hostilidade cria um senso de sufocação, um estreitamento do mundo &ue o espaço físico pode fa(er muito pouco para ali"iar./ 3.-. Mo,o ,e +i,' e economi' As ati"idades de um animal podem ser "istas como tendendo > preser"ação da espécie. %uas relaçes com outros organismos e seus comportamentos no meio ambiente são funcionais, como são funcionais as partes anatômicas e os processos fisiológicos dentro de um organismo indi"idual. As "idas das criaturas são &uase e+clusi"amente econômicas. Dem a dança de certos pássaros nem a re"oada das térmitasO são !eu+ dPesprit inIteis- são atos instinti"os a ser"iço da "ida biológica. #ste modelo animal largamente aceito >s "e(es foi estendido ao mundo humano. e"ando a analogia ao e+tremo, todas as ati"idades humanas parecem ser econômicas e funcionais, no sentido de &ue suportam o sistema social, sem o &ual as pessoas não poderiam "i"er. 'uer se!a a "eneração da "aca sagrada ou o ritual dos sacrifícios humanos, tais atos podem estar mostrando ter importantes conse&Qncias econômicas e, por isso, não estão fora do racional econômico. A perspecti"a humanística sobre a "ida econômica pode ser apresentada como resposta para duas &uestesJ
1. O que significam os termos "atividades de sustentação da vida" e "modo de vida"? Do mundo animal, pressupe*se &ue todas as ati"idades se!am engrenadas para a sustentação da "ida. Do mundo humano, contudo, as necessidades de sobre"i"ncia biológica consomem somente uma parte da energia humana, mesmo no mais ad"erso dos meios ambientes naturais. 0 modo de "ida no conte+to humano não significa meramente ati"idades &ue mantém uma "ida biológica da comunidade. 0 termo modo de "ida é usado principalmente para os seres humanos e por uma boa ra(ãoJ até mesmo entre os po"os mais primiti"os, o ganhar a "ida é colorido por ob!eti"os e "alores não (oológicos. Das sociedades a"ançadas, a nature(a não (oológica de muitas ati"idades econômicas é e"idente. A produção de armamento, por e+emplo, é um empreendimento econômico &ue proporciona meio de "ida para muitos operários, mas está em dI"ida a sua contribuição para a sobre"i"ncia da espécie. %ob o ponto de "ista do aumento biológico, a fabricação de armamento é um dos entusiasmos menos práticos da Humanidade. 0s entusiasmos inIteis, &ue afetam com intensidade diferente todos os compartimentos da "ida, são grãos para o moinho do humanista. 2. Até que ponto as pessoas distinguem as atividades econômicas das não-econômicas? A capacidade para se fa(er tal distinção implica uma atitude secular e pragmática para com a "ida. 0 homem moderno é pragmático, mas não está so(inho em sua concentração sobre as recompensas tangí"eis. As culturas tribais percorrem a gama do ceticismo, do materialismo e do fer"or espiritual. A nitide( com a &ual um compartimento de "ida é identificado como econômico, de"otado > produção e ao interc?mbio de bens materiais, "aria amplamente de sociedade para sociedade e dentro de cada sociedade. As forças econômicas operam se as pessoas as reconhecem como tais ou não. #ntretanto, a conscienti(ação tem um impacto sobre os tipos de decises tomadas e, por isso, sobre o funcionamento do sistema econômico. odemos perguntarJ os comerciantes dos mercados periódicos africanos sabem como funciona a economia) %em dI"ida alguma, alguns sabem mais &ue outros. $omo este conhecimento parcial e diferencial afeta a geografia de mercado) As pessoas agem com base na informação &ue tem. #sta informação pode ser uma sabedoria herdada ou, no outro e+tremo da escolha deliberada, ela é um produto de análise econômica calculada. Eodas as pessoas fa(em planos. 0s plane!adores profissionais diferem das pessoas comuns em &ue tem * ou rei"indicam ter * o corpo mais articulado de conhecimentos > sua disposição. Até &ue ponto os plane!adores, os profissionais ou não, fa(em uso da teoria e dos fatos econômicos para alcançarem as decises) 'uão bons são os resultados) Eais indagaçes podem ser formuladas sobre o plane!amento em todas as escalas, desde o lar e do centro de compra até a nação. Do geral, o
problema de como o conhecimento, real ou ilusório, afeta o comportamento é central para o empreendimento humanístico. 3.. Re%ii)o A religião está presente em "ários graus em todas as culturas. arece ser um traço humano uni"ersal. Da religião, os seres humanos são claramente diferenciados dos outros animais. Fe &ue maneira pode uma perspecti"a humanística contribuir para a geografia da religião) 0 campo não está ordenado por falta de uma definição coerente do fenômeno &ue procura compreender. A pes&uisa sobre tipos de celeiros e de casas é geografia cultural, mas a pes&uisa sobre igre!as e templos parece pertencer é geografia da religião. or &ue não é a feng*shui uma técnica para a locali(ação de sepulturas e de casas, tratada como um ramo da geografia aplicada, ou mesmo de um le"antamento) R considerada religiosa por&ue algumas práticas na geomancia6 parecem sobrenaturais ou mágicas para o erudito ocidental) Cm campo tão carente de focali(ação e tão arbitrário em sua seleção de temas não pode esperar alcançar a maturidade intelectual. Cm geógrafo humanista preocupado com a religião começa perguntandoJ &ual é o significado da religião) $onsiderando &ue a religião é um tipo especial de conscienti(ação, de &ue modo difere dos outros tipos de conscienti(ação) A pala"ra religião é deri"ada do latim religare, &ue significa ligar*se no"amente, isto é, ligar*se fortemente a um con!unto de crenças, a uma fé ou a uma ética. alando de modo mais amplo, a pessoa religiosa é a&uela &ue busca coerncia e significado em seu mundo, e uma cultura religiosa é a&uela &ue tem uma "isão do mundo claramente estruturada. 0 impulso religioso é para reunir as coisas. ara &u) 0 /&u/ é a preocupação final sobre a &ual falam os teólogos, e ela difere de pessoa para pessoa. A preocupação final é a e+pressão carregada de emoção para a orientação de um sistema de crenças ou do princípio central, &ue liga os componentes de uma "isão do mundo. 0 princípio central pode ser Feus, a crença de &ue /Feus não !oga dados/, uma ética ecológica ou social, ou um conceito de !ustiça ou de desen"ol"imento histórico. Deste ponto de "ista o Sudismo é tanto uma religião &uanto o cristianismo e o comunismo ateu não é menos religião do &ue o confucionismo agnóstico. Ao ní"el indi"idual, Aibert #instein era tão religioso &uanto %ão Eomás de A&uino- as suas orientaçes diferiam, mas não as suas pai+es por um cosmos significati"o. Eodos os seres humanos são religiosos se a religião é amplamente definida como um impulso por coerncia e significação. A força do impulso "aria enormemente de cultura para cultura e de pessoa para pessoa. Cma cultura ou pessoa não religiosa é descrita como secular. 0 &ue significa secular) %ignifica o impulso religioso redu(ido ao mínimo. Cma pessoa secular é uma pessoa
pragmática, &ue não atua a partir de um con!unto de princípios firmes- seus atos são ad hoc, baseados nas necessidades e nas condiçes do momento. Dão sente nenhum impulso para integrar sua e+perincia e seu conhecimento com um sistema mais amplo. #la tem muitos pro!etos a curto pra(o, porém nenhum interesse final. A moderna sociedade tecnológica é secular por&ue suas orientaçes são grandemente pragmáticas- seus membros não subscre"em &ual&uer "isão do mundo autoritária. $ontudo, é um erro igualar a sociedade industrial moderna com a perspecti"a secular. Alguns po"os iletrados são muito pragmáticos. odem praticar a magia, porém a mágica é principalmente uma técnica para alcançar fins limitados e não está integrada com &ual&uer sistema de pensamento religioso. Cma abordagem humanística > religião iria re&uerer &ue ti"éssemos conscincia das diferenças no dese!o humano por coerncia, e &ue notássemos como essas diferenças estão manifestas na organi(ação do espaço e do tempo e nas atitudes para com a nature(a. -. HIST/RICO E REGIONA0 As tarefas na Geografia Humanística assim esboçadas são todas passí"eis de um tratamento sistemático- na "erdade, con"idam a uma abordagem sistemática, conceitual e comparati"a. 'ual é o lugar da Geografia Histórica e =egional no empreendimento humanístico) %e a História é um pilar das humanidades, então a Geografia Histórica de"eria ser um pilar da Geografia Humanística. 0 paralelo é, contudo, enganador, pois /históricoN não é simplesmente uma forma ad!eti"al de /história/. As duas pala"ras diferem no significado. A História está preocupada com os e"entossem e"entos não há História. 0 histórico, por outro lado, refere*se a um tempo passado- é um conceito estático. A Geografia Histórica pode ser geografia do po"oamento e do uso da terra de uma área no passado, ou ela pode re"er uma sucessão de tais passados. 0s próprios e"entos são importantes, "isto &ue afetam direta ou claramente a superfície da terra. $onsiderando esse critério, uma Geografia Histórica da $alifórnia de"e incluir a $orrida do 0uro. #ntretanto, uma Geografia Histórica da #uropa não necessita mencionar a =e"olução rancesa, mesmo &ue se!a um e"ento maior por &ual&uer padrão histórico, além do seu impacto imediato sobre os padres de campo. Csar a mudança física na paisagem como medida da import?ncia do e"ento humano é tomar a Geografia ísica como modelo. A Geografia Histórica pode estar muito distante dos interesses humanísticos. ara o geógrafo parece como se a História e a Geografia se associassem somente no estudo das migraçes em grande escala. 0s mo"imentos maciços de pessoas, tais como o po"oamento do Do"o Bundo, são acontecimentos maiores e os geógrafos os estudam, mas desde &ue a Eerra ha!a sido ocupada perdem interesse nas iniciati"as humanas diferentes da&uelas &ue "isi"elmente alterem a paisagem. A Guerra $i"il é um
di"isor na história dos #stados Cnidos, toda"ia os geógrafos históricos pouca atenção deram a ela. 0 elemento humanístico na Geografia Histórica é fre&Qentemente mínimo. #ntretanto, a Geografia Humanística claramente re&uer o conhecimento da História e da Geografia Histórica. 0s po"os tm história- as outras criaturas não. A História não é somente a passagem dos acontecimentos, mas a sua reconstrução consciente na memória do grupo para as finalidades correntes. Assim definida, a História e+erce um papel essencial no sentido humano de territorialidade e lugar. $onsideremos 'uebec e o 0este americano. 0 passado fe( de 'uebec o &ue ela é ho!e em dia- deu > pro"íncia sua paisagem e cultura distintas. 0 humanista de"e conhecer o passado factual da pro"íncia, mas o passado não determina a atual identidade de 'uebec. %ua atual identidade está sendo criada pelos &uebe&uenses atra"és do uso seleti"o do seu passado. 0 passado, neste sentido de história reconstituída, é um arsenal para a formação de uma conscincia e de uma ideologia nacionais. A história reconstituída não necessita ser real- precisa somente se assemelhar > realidade. 0 0este americano lembra*nos de &uão pouco a imagem popular de um lugar depende de um escrupuloso conhecimento histórico. A Geografia =egional, &ue tem +ito em capturar a essncia de lugar, é um trabalho de arte. A retratação de uma região tem a mesma espécie de dificuldade &ue a retratação de uma pessoa, porém multiplicada "árias "e(es. Cma pessoa é sua biologia, seu meio ambiente, seu passado, suas influncias acidentais, a maneira como " o mundo e a maneira pela &ual deliberadamente prepara a imagem pIblica. A identidade de um lugar é a sua característica física, sua história e como as pessoas fa(em uso de seu passado para promo"er a conscincia nacional. A arte atende >s minIcias- é altamente especifica e, toda"ia, dá a impressão de uni"ersalidade. Cma aldeia pode parecer um microcosmo. A "ida em uma cidade da ensil"?nia é todos os e"entos detalhados de um lugar específico e contada com genialidade ela parece lançar lu( sobre a nature(a humana e sobre a condição humana. A descrição "í"ida de uma região é tal"e( a mais alta con&uista da Geografia humanística, porém o sucesso artístico não é um programa &ue possa ser seguido. A Geografia humanística seria um plano de perfeição se restrita > criação de trabalhos de arte. 0s temas a&ui sugeridos para a Geografia Humanística não e+igem a "isão unificada ou um talento para síntese da mais alta ordem. %eu mérito é &ue podem ser sistematicamente e+plorados. . RISCOS E OPORTUNIDADES A Geografia Humanística, com sua focali(ação sobre a conscienti(ação e o saber, corre certos riscos. #stes incluem "er propósitos e deliberação onde nada e+iste, presumindo concord?ncia entre o intelecto e o comportamento,
emprestando atenção e+cessi"a aos inícios &uando ob!eti"os conscienciosamente mantidos guiam a ação. .1. P!o*$ito ,o *!oeto $onsideremos a construção de um edifício. Cm geógrafo humanista " os operários enga!ados em suas tarefas separadas nos andaimes de um edifício &ue se ergue. A cada semana um no"o andar é acrescentado ao edifício e, e"entualmente, é completado. 0 humanista é tentado a considerar a estrutura final como um pro!eto na cabeça de alguém, &ue foi totalmente e+ecutado. or e+emploJ os operários agem como se soubessem e+atamente o &ue estão fa(endo- contudo, é mais pro"á"el &ue cada operário saiba somente o seu próprio papel e os dos colegas mais pró+imos. Denhum deles tem o plano completo em sua mente, nem mesmo o capata( ou o ar&uiteto chefe. 0 conhecimento é, em todas as partes, parcial, porém o edifício é construído. #+iste como uma unidade integrada e funcionando na sua totalidade. $onsideremos um sistema urbano simples, formado de uma cidade central cercada por um anel de po"oaçes menores. Cm humanista olhando o sistema pode "*lo como um pro!eto &ue se situa"a originalmente na cabeça do plane!ador principal, e &ue então foi fielmente e+ecutado. Fe fato, muito embora se!a possí"el plane!ar um tal sistema para a Iltima estrada lateral, a maior parte das redes urbanas surgiu como resultado de decises indi"iduais não integradas. %eu pro!eto global é produ(ido pela operação de forças econômicas amplamente impessoais. Cm cientista tende a "er os padres humanos emergindo sem o benefício da "ontade humana- ao contrário, o humanista está inclinado a perceber a intenção onde somente operam as forças ob!eti"as. Cm e+emplo e+tremo seria descre"er o modelo de um floco de ne"e como tendo sido pro!etado, uma maneira de falar para a &ual os cientistas * em seus momentos de desligamento * estão também inclinados. A oportunidade, para o humanista, repousa no reconhecimento do risco e com este risco e m mente perguntar a e+tensão na &ual a conscincia e o pro!eto entram na criação dos meios ambientes humanos em escalas diferentes. .2. Inte%ecto e com*o!t'mento Eanto o cientista como o humanista estão de acordo em pressupor uma concord?ncia entre o intelecto e o comportamento, entre o &ue uma pessoa di( e o &ue ela fa(, entre as crenças e os trabalhos. ressupondo essa concord?ncia, um cientista liberta*se da necessidade de estudar as atitudes "erbali(adas desde &ue ele pode inferir, se necessário, a atitude a partir da ação obser"á"el. Cm humanista literário, por sua "e(, tende a considerar as atitudes "erbali(adas, particularmente a&uelas canoni(adas na literatura, como e"idncia suficiente da&uilo &ue as pessoas realmente fa(em. 'uando o cientista social enceta pes&uisar as atitudes com &uestionários também
pressupe &ue as opinies enunciadas são boas orientaçes para a ação. A crença e o comportamento e+pressos fre&Qentemente estão em concord?ncia, porém algumas "e(es não. A oportunidade, para o humanista, reside na tentati"a de entender em profundidade a nature(a das crenças, atitudes e conceitos- a força com a &ual são mantidos- suas ambi"alncias e contradiçes inerentes- e seus efeitos, tanto diretos como indiretos, sobre as açes. .3. Inici'ti+' 0 plane!amento ati"o é necessário &uando uma pessoa encontra no"os desafios, tais como entrando para um no"o trabalho ou tendo uma no"a "i(inhança. #la tem &ue decidir onde morar, onde ir >s compras, e de &uanto tempo pode dispor para gastar no deslocamento para o trabalho. #m uma grande escala, a migração de um po"o, de um país para outro, e+ige pensamento deliberati"o tanto antes da "iagem como ao final dela, &uando os migrantes tm de adaptar*se a um no"o país. 0 humanista corre o risco de dar e+cessi"a atenção >s iniciati"as &uando a conscincia do ob!eti"o e o plane!amento e+ercem um grande papel no comportamento. R pro"á"el &ue ele es&ueça &ue o hábito go"erna a "ida das pessoas, e uma "e( &ue um modelo satisfatório de deslocamento se!a estabelecido, este tende a permanecer. %ob um ponto de "ista ob!eti"o, o modelo de deslocamento pode parecer complicado e altamente deliberati"o- de fato, é e+ecutado com um mínimo de pausas para tomadas de decisão./ 0 hábito é biologicamente adaptati"o. As tarefas, uma "e( aprendidas, podem ser desempenhadas inconscientemente de forma &ue o pensamento é liberado para e+plorar e para reagir a no"os desafios. Cm humanista &ue reconhece a força do hábito em todas as esferas da ati"idade humana está mais bem capacitado para a"aliar a import?ncia da iniciati"a, da habilidade para romper os modos habituais sob a orientação de um pensamento consciencioso. . RE0A45ES PARA COM A CI6NCIA A Geografia Humanística constrói, de modo crítico, sobre o conhecimento científico. As regras e leis formuladas na $incia são percebidas como funcionando como destinos no drama humano. As pessoas obedecem >s leis econômicas e físicas, reconheçam*nas como tais ou não- as pessoas também são os !oguetes da oportunidade. 0 geógrafo humanista de"e estar agudamente ciente dos empecilhos sobre a liberdade humana. A menos &ue conheça o comportamento animal espacial, não pode diferenciar as açes humanas &ue são biologicamente condicionadas da&uelas &ue dependem da mente deliberadora e liberadora- a menos &ue saiba como os animais reagem a uma densa aglomeração, não pode saber como os seres humanos singularmente respondem a essa aglomeração- a menos &ue conheça as forças impessoais de uma economia, não pode a"aliar até &ue ponto as crenças e as "enturas estão baseadas na ilusão.
A Geografia Humanística tem um outro elo mais direto com a cincia. 0 subcampo, temos "isto, está centralmente preocupado com a &ualidade da conscienti(ação humana e com o aprendi(ado. Fe &ue maneira as pessoas ad&uirem habilidades e conhecimentos espaciais) Fe &ue maneira as pessoas se tornam emocionalmente en"ol"idas com um lugar) Eais indagaçes mostram &ue o geógrafo humanista compartilha da preocupação do psicólogo do desen"ol"imento. %uas indagaçes são semelhantes, embora endereçadas aos fenômenos de diferentes comple+idade e escala. Até mesmo suas técnicas de campo tm em comum a obser"ação detalhada do comportamento indi"idual na "ida real. As obras de 8ean iaget, por e+emplo, contm muitos relatos detalhados de crianças brincando na casa e no pátio, &ue tem a solide( e a comple+idade da arte de um no"elista. A contribuição da Geografia Humanística para a $incia está na re"elação de materiais dos &uais o cientista, confinado em sua própria estrutura conceitual, pode não estar consciente. 0 material inclui a nature(a e a gama da e+perincia e pensamentos humanos, a &ualidade e a intensidade de uma emoção, a ambi"alncia e a ambigQidade dos "alores e atitudes, a nature(a e o poder do símbolo e as características dos e"entos, das intençes e das aspiraçes humanas. Cm cientista social pro"a"elmente pode beneficiar*se da leitura de biografias, de histórias, poemas e no"elas, como documentos humanos, mas fre&Qentemente são demasiado específicos e de uma te+tura demasiado densa para sugerirem possí"eis linhas de pes&uisa. Cm dos papéis do geógrafo humanista é o de um agente intelectual- toma essas pepitas de e+perincia como capturadas na arte e decompe*nas em temas mais simples &ue podem ser sistematicamente ordenados. Cma "e( &ue a e+perincia se!a simplificada e dada uma estrutura e+plícita, seus componentes podem produ(ir uma e+planação científica. 7. TREINAMENTO 0 treinamento básico de um climatólogo pode ser especificado com clare(a e lógica. 'ual é a educação ideal para um geógrafo humanista) Cm conhecimento básico da Geografia ísica, da etologia animal e dos conceitos nas $incias %ociais, é Itil. 0s fatos pro"enientes desses campos são, para ele, um ponto de partida e uma lembrança das muitas restriçes &ue as forças impessoais colocam sobre o homem. A partir da etologia, além do mais, aprende as técnicas de obser"ação. 0 geógrafo humanista de"e ob"iamente ter habilidades lingQisticas e não somente no sentido de escre"er bem- de"e estar ciente das nuanças de linguagem, do significado ambíguo de pala"ras*cha"e como nature(a e natural, fa(er e conhecer, e&uilíbrio e desen"ol"imento, a &ualidade de "ida- de"e desen"ol"er uma sensibilidade para com a linguagem de modo &ue possa ler, por assim di(er, as entrelinhas de um te+to e ou"ir o
&ue não foi dito em uma con"ersação. Fe"eria ser bem "ersado na História e na literatura imaginati"a. Cm climatólogo não precisa ser bem "ersado na filosofia científica para ser competente em seu trabalho científico. Ao contrário, um geógrafo humanista de"e ter um interesse penetrante na ilosofia, pois esta le"anta &uestes fundamentais de epistemologia3 para ás &uais podemos buscar e+emplificaçes no mundo real. A ilosofia proporciona também um ponto de "ista unificado a partir do &ual toda uma gama de fenômenos humanos pode ser sistematicamente a"aliada. 0 cientista não tem necessidade de ad&uirir deliberadamente um ponto de "ista ou uma estrutura filosófica. A metodologia científica é uma tal perspecti"a e estrutura- é uni"ersalmente aceita e tem amplamente demonstrado sua utilidade no domínio dos ob!etos materiais e dos relacionamentos abstratos. Ao contrário, o humanista de"e procurar uma ilosofia ade&uada ao seu ob!eti"o. %em um ponto de "ista fundamental, seu trabalho tende a tornar*se uma esotérica desarticulada. Eer um tal ponto de "ista é confessar as limitaçes, mais do &ue as tendncias. #stas ocorrem &uando ignoramos as nossas pressuposiçes filosóficas ou &uando insistimos &ue uma perspecti"a é um sistema totalmente inclusi"o. 8. UTI0IDADE A Geografia proporciona um conhecimento Itil. #la /ser"e >s necessidades dos #stados/, proclamou #strabão. 0s tipos de informação &ue os geógrafos coletam e mapeiam podem, na "erdade, ter ser"ido >s grandes organi(açes senão a partir da época de #strabão, então a partir das grandes e+ploraçes européias e da fundação de impérios. 'ual&uer grande organi(ação de"e indagar do /&uantoN e do /ondeN. 0s go"ernos estabelecem departamentos com a finalidade e+pressa de coleta e ar&ui"amento de dados. 0s geógrafos, &uando mapeiam o uso da terra e a população, contribuem para esta "asta tarefa sisífica. 0 &ue é utilidade) Cm critério é ser pagoJ por definição, um trabalho é Itil se é remunerado. Cm outro, é o efeito discerní"el sobre a "ida das pessoas e sobre a terra. Cm terceiro critério é o ob!eti"o humanoJ um trabalho é Itil se contribui para o bem*estar da sociedade. 'ual é o uso da Geografia Humanística) Cm geógrafo humanista raramente é pago, e+ceto em uma faculdade de artes liberais, pelo &ue ele fa(. Dão tem &ual&uer papel assegurado em uma burocracia tradicional, por&ue o processamento de maciço material estatístico não é uma de suas especialidades. 'ue efeito tem um humanista sobre o mundo real) Daturalmente, os estudantes são uma parte do mundo real e o ensino dedicado pode abrir as mentes. Fe fato, pelo critério do efeito sobre os outros, um humanista em sua sala de aula pode ser !ulgado mais Itil &ue seu colega pro"ido de mente prática em um escritório de plane!amento. 0 acImulo
de dados não é garantia de uso. Eoneladas de mapas de uso da terra, de relatórios sobre par&ues e recreação, de planos de cidades e #stados !amais "m > lu( do dia. 0s sonhos &ue começam em uma prancheta de desenho, demasiado fre&Qentemente fa(em uma curta "iagem para o ar&ui"o onde permanentemente são guardados. Fe &ue maneira um geógrafo humanista contribui para o bem*estar humano como, por e+emplo, no pro!eto de um meio ambiente físico melhor) %eu colega científico pode sugerir um sistema de transporte mais eficiente, ou locali(açes ideais para no"as indIstrias ou para as estaçes de esgoto. 0 &ue pode fa(er o humanista) alando de maneira geral, a competncia de um humanista repousa na interpretação da e+perincia humana em sua ambigQidade, ambi"alncia e comple+idade. %ua principal função como geógrafo é esclarecer o significado dos conceitos, dos símbolos e das aspiraçes, > medida &ue di(em respeito ao espaço e ao lugar. #is uma sugestão específica de como ele pode ser"ir. A reação das pessoas ao cenário físico é mediada pela cultura, &ue é tanto parte da "ida do dia*a*dia &ue raramente pode ser "ista pelos próprios habitantes. Cma das funçes do humanista é tornar e+plícitos as "irtudes e os defeitos de uma cultura. Fe"e ser capa( de sugerir ao plane!ador &ue em algumas culturas as pessoas preferem "i"er bem pró+imas- por outro lado, de"e ser capa( de lembrar >s pessoas &ue a pro+imidade, muito embora aconselhá"el, é alcançada >s custas de certos outros "alores humanos. 0 humanista mostrará como o lugar é um conceito e um sentimento compartilhados tanto &uanto uma locali(ação e um meio ambiente físico. ode sugerir meios pelos &uais um sentido de lugar possa ser enfati(ado. A despeito desses possí"eis ser"iços, a abordagem do humanista !amais será realmente popular. A ra(ão não é simplesmente por&ue ele pareça muito menos eficiente do &ue a manipulação direta do meio ambiente físico. Cma ra(ão mais básica é &ue poucas pessoas cuidam de auto*analisar*se profundamente. 0 autoconhecimento, a recompensa primeira do empreendimento humanístico, sempre foi suspeito na cultura ocidental.P/ $onsideremos o problema de criar um sentido de lugar ou de identidade nacional. #m tal tarefa ele a!uda a dramati(ar as con&uistas de uma "i(inhança ou de uma nação- a!uda a salientar a imagem de um lugar pelas técnicas da publicidade. A um ní"el mais profundo, a!uda a despertar nas pessoas uma conscincia de seu próprio passado, por meios tais como os concursos históricos e li"ros descriti"os. 0nde se pára neste problema de e+perincia) $omo o passado de um indi"íduo está cheio de es&ueletos enterrados, assim e ainda mais é na história de um po"o. Cm humanista &ue começa bem ao di(er a uma "i(inhança como adornar sua imagem, perde seu cliente > medida &ue pe a nu seu passado comple+o e nem sempre agradá"el.
AP6NDICE9 :I0HE0M VON HUM;O0DT A Geografia Humanística é crítica e refleti"a. 0 mundo dos fatos geográficos inclui não somente o clima, as propriedades agrícolas, os po"oamentos e as naçes*estados, mas também os sentimentos, os conceitos e as teorias geográficas. Cm humanista olha esse mundo de fatos e perguntaJ o &ue ele significa) 0 &ue ele di( a respeito de nós) $omo um grupo profissional, os geógrafos não são notados pela introspecção. $omo nosso grande ancestral, Ale+andre "on Humboldt, nós somos e+tro"ertidos. Dosso traço cati"ante, e nosso defeito, é a tendncia para sair >s pressas e fa(er as coisas sem ponderar por &u. Cm apndice a!ustá"eis a este ensaio é o comentário de Kilhelm "on Humboldt sobre seu irmão mais !o"em, Ale+andre. 0s comentários são in!ustos, como um humanista ou cientista dedicado pode fre&Qentemente ser in!usto aos entusiasmos alheios aos próprios, mas até o ponto em &ue sacodem nossa complacncia eles tm uma mensagem para nós.
"Voc con!ece os pontos de vista de Ae#andre. $es %amais podem ser iguais aos nossos& por mais que o ame. ' e#tremamente engraçado quando ee e eu estamos %untos. (empre dei#o-o faar ) sua maneira& pois de que adianta contrariar quando as *ases iniciais de todos os nossos princ+pios são totamente diferentes. Ae#andre não tem unicamente um aprendi,ado singuar e pontos de vista verdadeiramente compreensivos& mas um carter incomumente *eo. aoroso& prestativo& auto-sacrificante e atru+sta. O que fata a ee é uma satisfação sossegada em si mesmo e em pensamento. /sto é porque ee não compreende nem as pessoas& em*ora ee sempre viva em estreita associação com aguém e até mesmo& por preferncia& se preocupe com os sentimentos a!eios& nem a arte& muito em*ora ee prontamente compreenda todos os seus aspectos técnicos e& ee pr0prio& se%a um pintor *astante *om& nem - e isto é uma coisa ousada e assustadora de di,er a seu respeito - entenda a nature,a& em*ora todos os dias faça importantes desco*ertas na cincia natura". equeno gossrio 1 $toogista : 1 - Tratado dos costumes, usos e caracteres humanos. 2 Estudo dos hábitos dos animais e da sua acomodação às condições do ambiente. 3 – Parte da ot!nica "ue estuda as ada#tações obser$adas nos $e%etais. 2 3érmitas : &esi%nação comum ao insetos da ordem dos is'#teros. (u#im.
3 4eomancia : )di$inhação "ue se *a+ deitando #' de terra sobre a mesa e eaminando as *i%uras "ue se *ormam. $pistemoogia : Estudo crtico dos #rinc#ios, hi#'teses e resu/tados da (i0ncias á constitudas, e "ue $isa a determinar os *undamentos /'%icos, o $a/or e o a/cance obeti$o de/as teoria das ci0ncias. htt#:sites.uo/.com.bri$airr - 4u/52