O ENUMA ELISH, POEMA BABILÔNICO DA CRIAÇÃO DO MUNDO por Waldísio Araújo
Uma das sete tábuas, em escrita cuneiforme, do Enuma Elish, o poema poema babilônico da da criação do mundo.
Inserimos aqui uma tradução e adaptação basta stante livre e em prosa do poema babilônico babilônico da criação do mundo, o Enuma Elish. A versão encontrada na biblioteca de Assurbanípal do sculo !I a."., mas sua elab elabor oraç ação ão deve deve#s #see prov provav avel elme ment ntee a sculos antes. Aqui tradu$imos com base sobretudo na versão de W. %. &ambert, de '()), disponível no site E*A+A Electronic *ools and Ancient +ear East Archiv Archives-, es-, que compara comparamos mos com outras outras traduçes em in/l0s, 1ranc0s, portu/u0s e espanhol-. +osso prop2sito aqui não o de simplesmente tradu$ir a tradução in/lesa ao p da letra, mas proporcionar ao leitor brasileiro mdio uma 13cil compreensão do te4t te4too e uma uma evoc evocaç ação ão ra$o ra$oav avel elme ment ntee e4pressiva do conte4to cultural em que os anti/os babilônios o conceberam. 5olicito aos aos leit leitore oress mais mais 1amil 1amilia iari$ ri$ad ados os com com a cultura do anti/o 6riente 7r24imo reportar# nos qualquer impropriedade lin/uística ou hist2rica.
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O universo primordi! e o sur"imen#o dos deuses Antes de sur/irem o cu e a terra, havia apenas as 3/uas doces do 1rtil Apsu e as 3/uas sal/adas da oce9nica *iamat, que se misturavam indistintamente num único corpo abissal. +ada absolutamente havia aparecido, nem o p9ntano, nem o caniço, nem mesmo os deuses, nada havia /anho nome ou destino determinado. :oi dessa massa líquida in1orme que os deuses começaram a ser 1ormados e por seus nomes chamados; &ahmu e &ahamu, e em breve Anshar a linha de hori$onte do cu- e sua ima/em, ima/em, entre outros, o poderoso e s3bio Ea. "ontud "ontudo, o, em seus seus movimen movimentos tos incessa incessantes ntes,, ruidos ruidosos os e arbitr3 arbitr3rio rioss os deuses deuses pertur perturbav bavam am as
entranhas de sua nutri$ *iamat e irritavam a seu pai Apsu, o qual com ajuda de seu 1ilho e ministro ?ummu- tentou em vão convencer a mãe a e4tin/uirem sua prole. Indi/nada com a proposta, *iamat su/eriu relevarem pacientemente as atitudes dos deuses, mas Apsu pre1eriu dar ouvidos aos conselhos de ?ummu 1avor3veis ao e4termínio. 6s deuses emudeceram ao saber o que contra eles se tramava, mas o s3bio Ea concebeu e e4ecutou um estrata/ema; elaborou, recitou e lançou um 1eitiço que, disseminando#se no abismo, adormeceu pro1undamente Apsu e imobili$ou ?ummu. Então, despindo Apsu de sua aura protetora, matou#o, construindo sobre o corpo abissal sua pr2pria morada sa/rada e dei4ando aprisionando ?ummu. Ali habitando com sua esposa @amina, Ea com esta en/endrou o poderoso e s3bio ?ardu, senhor das tempestades e detentor dos raios, o mais belo, poderoso e altivo dos deuses.
A ir de $im# %on#r os deuses 6 torvelinho do poderoso qu3druplo vento = que Anu criou e com o qual presenteou a ?ardu = molestava a *iamat, assim como a tempestade atormentava os deuses, que recorreram > mãe de todos; = B, *iamat, mataram Apsu, teu esposo sem que tu o ajudassesC a/ora criaram o qu3druplo vento que incomoda teus 2r/ãos e nos tira o repouso. Decorda#te do que 1i$eram a teu esposo e ao vencido ?ummu, de como 1ostes dei4ada so$inha !in/a#te, para que repousemos Então *iamat 1e$ terríveis criaturas para lutarem contra os deuses e encarre/ou Fubur = a que d3 1orma a todas as coisas = de arm3#las terrivelmente com monstruosas serpentes venenosas e dra/es que paralisam de medo a quem os v0. Assim 1oram criados a !íbora, o @ra/ão, a Es1in/e, o &eão %i/ante, o "ão &ouco, o Fomem#Escorpião, os @emônios#&ees, o @ra/ão de Asas e o "entauro. E convocou Assembleia para e4i/ir união de todos a ela e para estabelecer comandante supremo a seu 1ilho e4ist0ncia seja inalter3vel, não possa ser renomeado nem alterado
O %om&#e en#re Mrdu' e $im# Enviado a Anshar, este convenceu#se dos mritos de ?ardu e ordenou a seu ministro %a/a ir buscar o apoio dos ancestrais &ahmu e &ahamu e dos demais deuses para, em Assembleia, instituírem ?ardu como seu vin/ador. *emerosos, compareceram todos diante de Anshar e no Gbshuinna con1raterni$aram e solenemente aceitaram 1a$er de ?ardu seu comandante,
reconhecendo#o como soberano dos deuses e do universo, seus decretos instituídos como inalter3veis. 7ara pôr > prova sua palavra de comando, 1oram colocadas diante dele umas vestes, e ele venceu o desa1io de 1a$0#las desaparecer e novamente reaparecer, con1irmando#se assim a e1ic3cia de seus decretos. 7roclamado e coroado rei, ?ardu 1oi armado e a ele os deuses con1iaram sua salvação; = !ai e mata *iamat Hue os ventos espalhem seu san/ue pelos mais ocultos recantos do universo ?ardu 1e$ para si um arco para lançar suas 1lechas e armou#se da maça, do raio e de uma rede de cujos cantos encarre/ou os ventos 5ul, +orte, &este e 6este. E criou Imhullu a !entania +e1asta-, o *urbilhão, o :uracão, o Hu3druplo !ento, o 5tuplo !ento, o "iclone e o !ento Incompar3vel, reservando#os para envi3#los >s entranhas de *iamat. :inalmente er/ueu a inundação torrencial, e > *empestade sua mais poderosa arma- atrelou quatro mortí1eros e destruidores animais, pondo ainda, de cada lado de sua carrua/em, os terríveis %olpeador e "ombatente.
Empunhando os raios, o deus da tempestade Marduk investe contra os inimigos da ordem cósmica. !olori"ado ilustração contida na obra Monuments of #ineveh, de $usten %enr& 'a&ard, de ()*+. ispon-vel na ikipedia/
!estindo sua armadura de terror e portando sua aura temível, ?ardu pôs#se a caminho para en1rentar a 1ace indom3vel de *iamat. 5eus l3bios pro1eriam um 1eitiço, e veneno ele levava em suas mãos, enquanto os deuses, seus pais, des1eriam /olpes em volta dele. ?ardu apro4imou#se para observar as entranhas de *iamat e a estrat/ia de
*iamat então lançou aos /ritos um terrível desa1io, e ?ardu, levantando a tempestade do @ilúvio, bradou#lhe; = 7orque teu coração e4altado suscitou con1litosC porque os 1ilhos rejeitaram seus pais enquanto tu não mais os amasC porque desposastes a merc0 de sua ira assim como as on$e criaturas que *iamat tinha enchido com o terror e seu comandante
retomada a *3bua dos @estinos. :inalmente, ?ardu esma/ou com sua maça o cr9neo de *iamat e cortou suas artrias, e o !ento +orte espalhou seu san/ue para os lu/ares mais remotos.
A %ri()o do Cosmos por Mrdu' 6bservando o cad3ver de *iamat, ?ardu viu que poderia com dele reali$ar inteli/entemente /randes obras. Então como a um molusco ele o dividiu em dois, com a metade superior cobrindo o cu e pu4ando as bordas para bai4o a 1im de não permitir que as 3/uas escapassem. +o cu, mediu e delimitou o Apsu, morada de Ea, e estabeleceu o Esharra, a /rande morada celeste na qual destinou as re/ies de Anu, de Enlil e de Ea = demarcando com as estrelas do odíaco as estaçes dos /randes deuses, determinando assim o ano e suas divises, com tr0s constelaçes para cada um dos do$e meses. E tendo de1inido os dias do ano mediante 1i/uras celestes, 1undou a estação de +ebiru, a Estrela 7olar, a 1im de que os astros em movimento não se e4traviassem. E nas e4tremidades das estaçes dos /randes deuses abriu portes com 1ortes 1errolhos, estabelecendo o $0nite no ponto mais alto do ventre de *iamat. "riou a &ua brilhante para encarre/ar#se da noite e demarcar os dias do m0s de acordo com o aspecto de sua coroa, que doravante apareceria nos seis primeiros dias de cada m0s como um par de chi1re luminoso a elevar#se sobre a terra, crescendo a coroa at a metade no stimo dia e se/uindo# se um período de quin$e dias em que a outra metade estar3 iluminada, passando a perder a lu$ quando o 5ol dela se apro4ima na base do cu de onde vão juntos e4ercer jul/amentos-, antes de no tri/simo dia novamente se oporem. E criou o 5ol, ao qual destinou a lu$ do dia, per1a$endo assim a separação das noites e dos dias. Em se/uida tomou ?ardu da saliva de *iamat para 1ormar as nuvens, que ele encheu de 3/ua, e distribuiu os ventos, a chuva, o 1rio e o nevoeiro, tudo planejado e criado por ele. ?odelando a cabeça de *iamat 1e$ os montes, nos quais abriu lu/ares para o 1lu4o das 3/uas das pro1unde$as, 1a$endo jorrar de suas 2rbitas o *i/re e o Eu1rates, mas estancando o 1lu4o de suas narinasC e dos seios 1e$ as altas montanhas, nas quais per1urou poços para conter 3/ua. E assim tudo 1oi estabelecido sobre o Apsu. @estarte, 1oram cobertos os cus e estabili$ada a terra, e se lhes impuseram limites e re/ras, e então ?ardu 1undou os lu/ares sa/rados e deles encarre/ou Ea, e devolveu a Anu a *3bua dos @estinos retomada de presença dos deuses, seus pais, e as das on$e criaturas suscitadas por *iamat 1e$ est3tuas e as postou no portão do Apsu, para lembrança eterna. 6s deuses se ale/raram imensamente e lhe trou4eram presentes, e a Gsmi, que lhe trou4e o1erendas da parte de sua mãe @amina, ele concedeu a chancelaria do Apsu e a administração dos santu3rios. *odos lhe rendem homena/em e o conclamam Dei, nomeando#o &u/aldimmerania. Então ?ardu anunciou que entre o Apsu e o celeste Esharra, na terra, construiria para si uma rica morada, Jabilônia, com um /rande templo em que haveria aposentos para hospedar os deuses quando em tr9nsito para Assembleia, ou dela retornando.
A %ri()o do *omem 6s deuses suplicaram que se encarre/asse Ea de or/ani$ar esse domicílio dos deuses na terra, a 1im de que não lhes 1altassem jamais suprimentos e que, assim, todos pudessem e4ercer suas tare1as no
universo. :oi então que ?ardu concebeu a ideia de um ser, o homem, a ser criado com san/ue e ossos e a quem se encarre/aria de servir aos deuses, liberando#os de seus trabalhos para que melhor administrassem o cu e a terra. !isando a ameni$ar o plano concebido ?ardu, Ea su/eriu; = Escolhe um dos deuses derrotados e poupa os outros Hue se jul/ue diante da Assembleia o mais culpado pela revolta de *iamat, e que pereça para que dele seja 1eito o homem ?ardu então convocou os deuses e ordenou que lhe dissessem, sob juramento, quem concebeu a revolta e levou *iamat a desejar a /uerra. E eles denunciaram a
A mord dos deuses "omo mostra de /ratidão pelos bene1ícios de que passariam a des1rutar, os deuses o1ereceram#se para construir o santu3rio de ?ardu em Jabilônia, o Esa/ila, destinado ao repouso dos deuses. 7ara tanto, durante um ano inteiro moldaram tijolos e no se/undo ano o elevaram > altura do Apsu, acrescentando#lhe uma torre de de/raus tão alta quanto este, alm de moradas para os /randes deuses = das quais se contemplava a pr2pria base do celeste Esharra. "oncluído o Esa/ila, os deuses nele banquetearam#se e nele 1oram 1i4ados os ritos e as normas e repartidas as estaçes do cu e da terra = tre$entos deuses para cada, se/undo a decisão dos cinquenta /randes deuses e dos sete deuses do destino. @iante dos deuses, então, Enlil er/ueu seu arco, que Anu adotou e ao qual deu nomes, destinando#o a brilhar no cu. 6s deuses, prostrados, e4altaram o destino de ?ardu e solenemente juraram empenhar suas vidas por sua soberania.
Os %in+uen# nomes de Mrdu' :inalmente, Anshar começou a proclamar os cinquenta nomes de ?ardu; = Deverenciemos seu nome $sarluhi, e que suas declaraçes sejam determinaçes supremas tanto em cima como embai4o Hue condu$a como um pastor suas criaturas Hue seja o sustento de seus pais Hue se lhes assemelhem na terra os caminhos que ele determinou no cu Hue se proclamem os seus cinquenta nomes Anshar, &ahmu e &ahamu proclamam cada um, a se/uir, mais tr0s dos nomes divinos, que = da mesma 1orma que o primeiro = evocam os atributos e 1açanhas do deus; Marduk , Marukka, Marutukku0 1arashakushu , 'ugaldimmerankia, #ari# 'ugaldimmerankia0 $saruludu, #amtillaku e #amru. :oi então solicitado aos outros deuses proclam3#los tambm. E eles, com e1eito, sentaram#se e puseram#se a determinar destinos, pronunciando os nomes no santu3rio; $saru, $sarualim, $sarualimnunna, 2utu, 3iukkinna, 3iku, $gaku, 2uku, 4ha"u, 3isi, 4uhrim , 4uhgurim , 3ahrim, 3ahgurim, Embilulu, Epadun, Enbilulugugal, %egal, 4irsir, Malah, 5il, 5ilma, $gilma, 3ulum, Mummu, 5ishnumunab, 'ugalabdubur, 6agualguenna , 'ugaldurmah, $ranunna, umuduku, 'ugallanna, 'ugalugga, 7rkingu, 8inma, Esi"kur, 5ibil, $ddu, $sharu e #ebiru. E porque ?ardu 1ormou a terra 1irme, Enlil o chamou 4enhor das 2erras . E Ea, reconhecendo no 1ilho sua pr2pria nature$a, chamou#o Ea, pois estava destinado a administrar e reali$ar os ritos e as instruçes do pai.
A narração de seus 1eitos 1oi posta por escrito pelo pr2prio ?ardu, para lembrança e instrução eterna, a 1im de que se preserve para sempre em sua habitação o relato de como venceu a *iamat e conquistou a soberania o deus cujas palavras de comando devem sempre impor#se para que o universo persista prospere.
7or Waldísio Araújo KKK.Kaldisio.com