opa'iç· Úµ'iv fü: 1mt tcôv KCXKWV a\ àvaypacpat yEyÓvacrt õpá~taTa Kat tfuv ôpaµát(l)V oi \.moxpltal. l'tu~tnõlaç l~Eáµata. A'A'Aà yà.p tà µrv ôpáµata Kat wuç Ã.nvci\ÇovTaç Jtot ntáç. tÉÀEov iíõn Jtapotvouvtaç, Ktttqrnou àvaõncravn:ç, à.cppaívovmç EKtÓJtWÇ tf.À.ETU ~CXKXtKft. autotç cran)potç KCXl t'.hácrcp µmvÓÀTI, cruv Kat tép aÀÀq:> ôm~LÓVWV xopép. 'EÀtKOOVt KO:l Kn'tmpfuvt KO'.TO:KÀEÍcrwµEv yEynpaKÓcrtv, Katáywµev OE avrofü:v f.Ç, üUpavfuv àf...nl}Eta.V aµa V fü:ou, OUK f.Ç EjY'/Ct>V tÔlV EV ÔlKmocrúvn, E:notn > KtÔÓ:pa füà rnv áp~lOVÍav, auÀOÇ Õtà !O JtVruµa. vaOç 8tà tOV ÀÍJyov. '{v' ~ µEv KpÉiqi, to ÔE EPJtVÉTl, oÔE X(J)P~crn tOV KÚptOV. 4. Ncxi µ~v ó ~apl.ô ó ~acrtÀEÚç, ó 1nltap1crrnç. ou µ1Kpc{) rrpóm~rv iµvJÍm}T)µrv, npo~rprnEv Ô>ç t~v àÀ.nitEtav, ànÉtprnr fü: eiôwÀ.(J)v, noÀ.À.ou yr fÔEl ÚµvEtV autov LOUÇ ôaiµovaç Õ:ÀT)~El npoç autou 0t(J)KOµÉvouç µoucrn..i\. tOU LCXOUÀ. EVEpyouµÉvo\J EKEl voe; ~ôrov µÓvov autov iácmto. KaÀ.ov ó cipwç Õpyavov EµJtvouv tov ã.vltp(J)Jtov f:ÇEtpyácrato Kat' EtKÓva t~v Éaurou· àµÉÀEl KO.l autoç opyavóv f()tl tOU ~EOU JtavapµÓvwv, f:µµEÀEÇ Kal aytov, Ô>V nPoJrf.JITllOt nrot lAAHNAl ro, "eóç 'tE Ka\ ãv"p{l)1tOÇ, ánávtwv iiµ'iv cxt'.noç àya"&v· nap' oÚ E-0 Çftv EKÔ1Õao'KÓµEvo1 dç àiõwv ÇmDv napaneµnÓµe"ª· 2. Katà. yà.p tOV ôrnnfowv EKElVOV .tou KUpÍOu ànócrwÀ.ov «Íl xáptÇ ~ tOU ÔEOU crrotf\pt0ç 7tÔ. EpE tov .,laKxov to cpcôç· f.rrí tpE\vov ànoKpÚllfat tíl vuKtt tà ~lll Ícp "HpaKÀrt Kat flupnép ô[ autoUÇ µcrà tfuv lXp ç qmÀ.aKpoç Êv ·Ápyn, nµcopàç õ€ ÜÀÀ.oç Êv KÚ7tpq> tEt͵nallov: Oüx1 ô( Aq>poôi 1D rcEpt~o:cro1 µEv Apye'iot, É.ta ip~ ô€ À ttriva 'lot Kal KaÀ.À.tm'.rycp ôl>oucnv LupaKoÚaawt. ~v NÍKavôpoç ó rcon1rnç «Kaf.ÀÍyÀoutÓv» 1tOU KÉKÀT\KEV; vupov n'lç x<ópaç aurfov l)~toÍrnç ixttúv. f l l '/f ~1ilv "H paxÀEOITOM m l ixvrÚ~tOV v 1.i~ilv Aiytin:TÍ(1lv n:rwp1'}]ivo: 1 !3nmÀFt. (;ç tdpt~> Tpuzopfvot)ç nlitoiiç Ú7t', AlytJitH)\t prnrnqt\jfe yr 0ou fiKoucrov cp1i.ocróqiou. to1:1 ·E Àt Ô-cp Kat ÇúJ...cp KCXl XPU v toÚto>v Kctl 1fov àyu.ÀµÚ.tú>V 1i:Â.Eov Õvt{J)V KCO púvri ÔE ÓrtT)vÍKa ~v'ÔEl Ti f:-raipo. Ti E>rcrma.K~, oi. Çooypá.cpo1 rrávTEÇ x:Ó))..oç anEµ lµOUV'tü 01ç rq> ÜÀ.~) KÚK/\.cp. rrávrnv Ktvac:n.;.'' 5. ÀTCÓXPll Kal ràfü Et.; ÊrcÍ Y\'CúO"l \' l~fOD fITlITVOlCf- ÔfOU rcpoç aUtWV µEV ávayrypaµ~1Éva. rrpoç ô€ h~1fov ÊÇE1t1.EyµÉva r0 yE KCY.t 0~t1KpC)V Õwt~póv 1 ç ciç npourrrov v Úym~úw cr1!yKnµivn 7tCHÔLWV' tCJ.Ú1:' fo·n 'tct «n:pom'rtoKU. tÍ.C fVCrnoyE/paµpÉVf.( fV OUpUVOlÇ» Kat -rocral>tmç «~tuptá<:nv ànrÃo>v» ouµ1wvrrrupiÇov1:0: V wuç MaKEÕÓvaç ÉpµrivE'1ç yivnm tf\ç ltcíaç ç Õ.Jto µavim; Kal tou tptcra'ÔÂ.Íou i:oÚ1ou e'Ôouç eµtcri\ÔT\ h 'ÔeocrÉ~EH yàp ʵ tcr~'ÔT\ 7tOtE ~ ànf\yopEÚ'ÔT\ àya'Ôov i:ocrou1ov, ou µEtÇov ouõi EK ÔEOU ÕeÕ<.ÓpT\tai mo til i:&v àvôpw7tffiV "{EvÉcrn, d µ~ cruvapna.ÇÓµEv téi> EÔn, d ta µÉvtot cl7to~Úcravteç tà é1to. i)µ'iv. oiov 'fo7tot crKÂT\paÚXE\J
1. 'Eµol. µtv Ot>V ÕOKOUO'\V ó epç.KlOÇ E)CElVOÇ bpq>EUÇ Kat ó 0rif3a.'loç KCXt ó Mnth>µva'loç, ãvõpEç 'ttvi:ç; ouK ãvõpeç, àno:r11Ào\ yeyovÉvm, npocrx~µatt µoumKJ1ç Àuµ11váµEVot 'tOV J3iov, evtéxvcp 'tlVt YOT\'tEÍ<;l õmµovfuvtEÇ eiç 1 Õmq>Ôopáç, ÜJ}pw; opyuiÇov'tEÇ, nÉv1'T\ eKÔEtáÇov'tEÇ, rouç c:Xvt'>pwnouç E7tt '
l
OPOTPfOrJKOl 11PIJE EAAlt!. . t
1 14 1
l
-
CAPITULO
l
-
1. Cc)111c) pLrdestes crer em mitos vazios e supor que a música encanta animais selvagens? I)or c)utr<) ladc), a face única e resplandecente da verdade, como me parece, apresent<1-se, (liante de vossos olhos, carregada de desconfiança. Com efeito, () Citéron, () Hélic<)n, os montes de ()drissa e da Trácia, telestérios 1 e mistérios da errância, foram sacralizados pelos mistérios e cantados em hinos. 2. Eu mesm<), apesar de serem mitos, mal SL1porto ver tantas desgraças tomadas como assunt<) de tragédias; mas, para vós, os registros de desgraças tornaram-se peças de teatro, e os atores, espetáculo de satisfação. Mas, em verdade, os espetáculos teatrais e os poetas dos concursos das Lineias, já completamente embriagados, quandc> coroadc)s de hera e estra11hamente enlouquecidos pela iniciação báquica, encerremo-los, juntamente com os sátiros, o tíaso das Mênades 2 e o resto do core> dos demônic>s, n(> Hélicon e no Citéron do passado; façamos descer do alto dos céus, sobre a santa montanha de Deus, a verdade com a luminosíssima sabedoria e o santo coro dos profetas. 3. Que esta verdade faça resplandecer ao mais longe possível sua luz brilhante, ilumine de todas as partes aqueles que estão mergulhados nas trevas, que liberte os homens do erro, estendendo sua mão direita toda poderosa - o entendimento para a salvação deles; os que se irão livrar e levantar a cabeça abandonarão o Hélicon e o Citéron para habitar Sião: ''Pois de Sião sairá a Lei, e de Jerusalém o Logos do Senhor'' ,3 Logos celeste, o verdadeiro vencedor coroado no teatro do mundo. 4. Mas o meu Eunômio canta não no modo de Terpandro, nem no de Cépion, nem no modo frígio, nem no lídio, nem no dório; ele canta segundo o modo eterno da nova harmonia, a que traz o nome de Deus, o cântico novo, o cântico dos Levitas, ''que dissipa a angústia, suaviza a cólera e faz esquecer todos os males'':• um remédio doce, verdadeiro e persuasivo, temperado pelo canto.
[3J 1. Aquele trácio - Orfeu, mais o tebano e o metimnense parecem-me homens que não são homens, por serem enganadores, sob o pretexto da música ultrajaram a vida e, possessos por uma artística magia que conduz à perda - celebrando os mistérios da violência e divinizando o luto -, foram os primeiros a conduzir os homens JXOllTAÇÃO AOS GRIG05
1aJ 1
,,.
tà
K
1
tJ1
_,
·'
,
1
(!
~
,
':1
µ1'1v ÀÍ1}01ç 1mt ÇÚÀou;. TOUTfcr'tlV àyÚÀ~lCl.
VO:l
Kü.l ffü~lOCXlÇ fCTXÚtll ÕouÀEÍf(- Kate1.ÇrúÇavn:ç. 2. A/..!..: oü totÓCJÔf ó ci)OOÇ ó ʵoç ouõ' flÇ ~LU.Kp
1. Móvoç youv tfuv rrwrro-ce tr1. àpyrtÀi:cómm t}ripía.. touç àvllpómouç.
E:n {lÓ.CJfUEV. rr1-r1và µEv rnuç KO{Hpouç autfov. f:prrnà ÔE TOUÇ ànan:fovaç. K(1l ÀÉovw.; µEv rnuç tfo~LlKOÚÇ. crúaç ÕE TOUÇ ~ÕOVlKOÚÇ, ÀÚKOUÇ OE !ouç àpnm.:nKoi.'Jç. Aíllo1 õi: Kal. ÇúÀa oí. Ü
n
a
fH'OlP'UllHtOI flJ>ltI l\.\if'tl\I
1,_..,1
l 1
j
1
11 _J
....·CArf·ruL(>
1-
à idolatria. Sim, com pedras e madeira, isto é, com estátuas e pinturas, foram eles os prin1eir<)S a i11stituir o mais torpe dos costumes, constrangendo esta bela liberdade dos cidadà<)S da terra à m:1is ínfima servidão, através de cânticos e encantamentos. 2. De t<1I natureza não é absolutamente o meu cantor, pois ele vem para abolir a gra11de e am<1rga escravidão dos demônios tirânicos e, transportando-nos sob o jt1go doce e humano da piedade, exorta aos céus aqueles que se haviam precipitado sobre a terra.
1. Apenas pela verdade ele abrandou os mais difíceis animais como nunca existiram - os homens: aves como os frívolos, serpentes como os embusteiros, leões como os violentos, porcos como os voluptuosos, lobos como os ladrões. Pedras e madeira, os insensatos; mais insensível que as pedras é o homem mergulhado na ignorância. 2. Que a voz dos profetas venha testemunhar por nós, em harmonia com a verdade, piedosa para com aqueles qt1e foram consumidos pela ignorância e pela insensatez. ''Deus é capaz de suscitar destas pedras filhos a Abraão."' Ele, tendo misericórdia da grande ignorância e do endurecimento da alma daqueles que se tornaram pedras em relação à verdade, fez germinar uma semente de piedade, sensível à virtude, entre as nações oriundas das pedras e que puseram sua fé em pedras. 3. Aliás, a certos homens peçonhentos e inconstantes, hipócritas e embargadores da justiça, Ele os chamou de ''raça de víboras''; mas se alguma dentre essas víboras vier a arrepender-se, acolhendo o Logos, torna-se ''um homen1 de Deus''. 6 '
Ele chama os outros de ''lobos'' recobertos com pele de ovelhas, referindo-se, metaforicamente, àqueles que, sob a forma de homens, não são senão impostores. Pois a todos esses [animais] violentíssimos e a essas espécies de ''pedras'', este cântico novo pôde transformá-los em homens civilizados. 4. ''Pois, de fato, éramos outrora insensatos, indóceis, errantes, escra"·izados pelos prazeres e pelas paixões, vivendo no mal e na inveja, execrados, odiando uns aos outros'', como diz a carta do Apóstolo:''( ... ) mas quando a bondade e o amor de Deus, Nosso Senhor, aparecer, Ele nos salvará, não por nossas obras de justiça~ mas segundo sua misericórdia'' .1 Vede quão poderoso é o cântico novo: de pedras ele fez homens; de animais selvagens também fez homens. Aqueles que, de cena RXOl.TAÇÃO AO§ GREGO$
1&7 1
•
f\. r (" ., ' '
1
o
N
.\
....
ôr
Kal. à\'l~pl;mouç E-11: ô1wirnv nrnoÍY)11:fv. Oí. tr)váÀÀrnç vf11:pol, oi tfiç ovtcoç o\Jm1..; à~1rwxot Ç{l)fiç. àKpoccrat µÚvov yEvÓµEvu1 tou '!crµatoç àvrpírnao:v.
[51
1. Toutó tOl l<:at to nâv fKOCT~lr)CTEV f~l~!EÀÔ>ç 1\al rfov O"tOlXfl(l)\I tnv ÔlC((p(l)VlO.V ElÇ rá~l\' E\'f!ElVE m.Jµ
o
0.lJtíiv. yfiv 8' (µrraÀl\' ECTtEpÉrncrEV
crno
n
o
n
O'O
Ú1tEpKOOµlOÇ. OUpÚVtOÇ À.Óyoç.
(6)
1.
Tí õi\ e>Uv
to Õpyavov, ó tov ôeou À.Óyoç, ó KÚpwç, Kal. to ~oµa. to
Katvov j3oÚÃé:tm; bcpôaÀ.µo-bç civaJtetciom tu
1 18 1
-
CAPITULO
l
-
forma, estavam mortos, que não faziam parte da essência da vida, tão somente escutararn este cântico e tornaram-se redivivos.
[5] •
l. Além disso, Ele ordenou todo o universo harmoniosamente, submeteu adissonância dos elementos a uma ordenação harmoniosa, para que o universo inteiro se tornasse uma sinfonia. Se Ele deixou o mar desencadeado, proibiu-o de invadir a terra; e a terra, por sua vez, Ele a privou de movimento e fez dela limite em face do mar. Também abrandou o ímpeto do fogo com o ar, como quem mistura a harmonia lídia com a dórica; Ele domesticou a frigidíssima rudeza do ar com a intercessão do fogo; misturou, por fin1, de maneira não dissonante, os sons mais novos do universo. 2. E este cântico puro, que se difunde do centro até às extremidades e das extremidades ao centro, sustenta a harmonia do universo e ajustou esse conjunto não de acordo com a melodia trácia, semelhante àquela de Jubal, mas segundo a vontade paternal de Deus, aquela que David procurará com ardor. 3. Entretanto, esse descendente de David já existia antes de David, o Logos de Deus, que, desprezando a lira e a cítara, instrumentos sem alma, harmonizou, pelo Espírito Santo, o cosmo e esse microcosmo - o homem, alma e corpo do Logos; e o Logos salmodia a Deus através desse instrumento polifônico e canta em sintonia com esse mesmo instrumento: o homem. ''Tu és, pois, para mim, uma cítara, uma flauta e um templo'': 8 cítara pela harmonia, flauta por teu sopro, templo por tua razão; de modo que uma vibra, a outra respira e o último abriga o Senhor. 4. Sim, o rei Davi, o citarista, de quem falamos um pouco acima, exortou-nos à verdade, desviando-nos dos ídolos; muito longe de louvar os demônios, ele os afugentava de si com sua música de verdade: Quando Saul esteve possesso, ele apenas cantou e o curou. O Senhor soprou nesse belo instrumento que é o homem, plasmou-o segundo sua própria imagem; ele é também um instrumento harmoniosíssimo de Deus, afinado e santo, sabedoria suprauniversal, Logos celeste.
[6] 1. O que quer, então, esse instrumento, o Logos de qeus, o Senhor, e seu cânti· co novo? Abrir os olhos dos cegos e os ouvidos dos surdos, conduzir os paralítiçm IXOllTAÇÃO AOS 011.CO·I
1 19 1
.,.
1\
1. lf:i .-\
\
·\ 1 CJ ;o..
A
..
1w.l. crKá.Çovraç t(O rróõe i1 rrÀC{VC1)~1Évouç eiç õum.10cnÍvT)v xr1paycoyfiam. -ôrov àvl}pcórrotç cX(j)p<:xivoumv Fmõc'iÇm. rra.uam qn}opáv. v1Kficrm t}ávawv. uíouç àrret l'1-E1ç Ôta.ÀÀÚÇ.m rratpi.
2.
o
µno.À.á~1!3avt. Kai µou To &aµa To aw-r~pwv µfi 1mlVov oÜtwç ÚrroÀá~nç cúç
crKeuoç ~ Ct)Ç oiKÍav· «rtpo ÉrncrcpÓpou» yà.p ~v. Kal «Ev àpxfi ~v oÀ.Óyoç Kal. Ó À.Óyoç ~V npoç TO\' "ÔEOV Kat l>eoç ~V ó ÀÓyoç». 4. no.t...mà ÔE Ti rrÀáv11. KatVOV ÕE Ti àÀ~"ÔEta
on
[7]
1. Atnoç youv ó À.Óyoç, ó Xp1crtóç, Kcx\ wu dvm náÀ.m iiµâç (nv yà.p ev '-'Eé!>}, Ka\ wu E-ti dvm (vuv ÕD e7tr
to
OPOTPUIT1K.01 0PO% fAAJlNAI
1 JO 1
l 1
--
CArfTuLo
I
-
ou os errantes à justiça, mostrar Deus aos homens insensatos, fazer cessar a corrupção, vencer a morte, reconciliar com o Pai os filhos desobedientes. 2. Esse instrumento de Deus ama os homens: o Senhor apieda-se, instruí, exorta, adverte, salva, protege, promete-nos uma recompensa por nosso aprendizado da esperança de salvação: o reino dos céus. Tudo isso com a única intenção de nos salvar. O mal se nutre da perda dos homens; a verdade, por seu turno, como a abelha, não prejudica nada do que existe, apenas se alegra por sua salvação. 3. Tendes, pois, a promessa, tendes a filantropia. Tomai parte desta graça. E quanto ao meu cântico salvífico, não o concebais como novo, como móveis ou como uma casa, pois ele já existia "antes da aurora'', e "no início havia o Logos, e o Logos estava em Deus, e Deus era o Logos" .9 A errância, porém, é antiga, enquanto a verdade parece algo novo. 4. Se, pois, cabras lendárias ensinaram os antigos frígios, se poetas escreveram sobre os arcádios antelunares ou se a terra dos egípcios, como querem os sonhadores, foi a primeira a produzir deuses e homens, não houve, entretanto, nenhum deles sequer que houvera existido antes do mundo; mas antes da criação do mundo, nós, que devíamos ~xistir nele, fomos anteriormente gerados por Deus, nós, criaturas racionais do Logos-Deus, por meio do qual existimos desde o início, porque "no início havia o Logos". 5. Como o Logos existe desde o início, ele era e é o princípio divino de todas as coisas; mas como agora recebe o nome outrora consagrado e que é digno de sua força - Cristo -, eu o chamo de Cântico Novo.
1. Com efeito, o Logos, o Cristo, é a causa de nós existirmos por todo o sempre (pois ele estava em Deus) e da nossa boa existência (porque agora ele aparece aos homens); este próprio Logos, dualidade una, Deus e homem, causa de todos os nossos bens: com ele aprendemos a bem viver para sermos conduzidos à vida eterna. 2. Segundo o maravilhoso apóstolo do Senhor, "a graça de Deus, a salvação, apareceu a todos os homens e ensina-nos a renunciar à impiedade e às pai· xões do mundo, a vivermos no século presente com temperança, justiça e piedade, l\XORTAÇÃO A05 GlllGOS
1J
1
1
.- · 1\
I· ~ \ ,\ 1\ I O :-.,
~laKapÍav EÀrrÍÕa. KCXl fm
.-\
~
rnu µEyáÀou ÔfOlJ KCXl O"OHftpoç
3. Toutó E
ql
To àd Çl)v ÜcrTEpov wç t}Eoç XºPllY~ªll· 4. 'b ÕE ou vúv yf rrpêotov qlKTEtpEv iwâç tilç rrÀáv11ç. àÀÀ' ãvrnÔEv àpxf\ltEv. vuv õE:: ~õ11 àrroÀ.ÀWLÉvouç E:m
[8] 1.
' eÇoucria.ç 'tOU àépoç. toU ltVEÚµatoç toU vuv fVEpyouvtoç EV toí:ç uí.oí:ç 'tllÇ cl1tEl t)EÍa.ç», 1ml tép OW'tf\pt t0 KUpÍq> 7tpocrõpáµwµEv' oç Ka.t vuv KO.l àd 7tpoÜ-tpE1tEV Eiç
nrot
j 3i J
EAAHNAt
l .l
esperando a bem-aventurada promessa e aparição da glória do Grande Deus e Nosso Salvador, .Jesus Cristo" . 10 3. Este é o Cântico Novo, que agora vem brilhar em nós, aparição do Logos que estava no início e que pré-existia, pois apareceu agora aquele que pré-existia como Salvador; ele apareceu, aquele que, no Ser, era mestre, pois "o Logos estava em Deus"; e ele apareceu, aquele por quem tudo foi criado. Como demiurgo, ele deu a vida no início, ao mesmo tempo em que criava; depois, como mestre, ele ensinou a bem viver, para que procurássemos, mais tarde, como Deus, a vida eterna. 4. Mas não é, pois, agora, a primeira vez que ele se apieda de nossos erros, mas desde o princípio, desde o começo; porém, hoje, já perdidos, ele apareceu para nos salvar. Pois o réptil perverso, por charlatanismo, parece-me, ainda escraviza e maltrata os homens, torturando-os como aqueles bárbaros que atavam - dizem - seus prisioneiros a cadáveres, para que, amarrados, ambos tombassem em decomposição. 5. Esse dragão, tirano perverso, fez-se mestre daqueles a quem, desde o nascimento, amarrou com o liame miserável da superstição; a pedras, a carcaças de madeira; a imagens ou ídolos do mesmo gênero fez, como dizem, oferendas vivas em honra dos mortos e os encerrou, destarte, em tumbas, até que eles apodrecessem com os já mortos. 6. De modo semelhante, também é única a charlatã que desencadeou a morte desde as origens - Eva - e ainda continua arruinando muitos homens. Nós não temos, para isso, senão um único protetor, um só auxílio, o Senhor, que, primitivamente, nos advertiu de maneira profética e que, agora, nos exorta claramente à salvação.
[8] 1. Fujamos, pois, obedientes à instrução do Apóstolo, "do chefe da potência do ar, do espírito que agora se apodera dos filhos da desobediência "; 11 corramos ao Salvador, ao Senhor, que agora e sempre nos exorta à salvação: no Egito, por meio de sinais e prodígios; no deserto, através da sarça ardente e da nuvem, onde sua misericórdia acompanhou os hebreus como a lealdade de uma serva. 2. Ele estimulava seus corações endurecidos através do medo; antes, também, já o havia feito por meio do sapientíssimo Moisés e de Isaías, o amigo da verdade, e por todo o coro dos profetas; Ele convertera ao Logos, de maneira muito racional, aqueles que possuíam ouvidos: ora Ele injuria, ora ameaça; por outro lado, lamen· ta por alguns; canta para outros, assim como um excelente médico que, dentre os RXORTAÇÃO AOS GUGOS
1 )J 1
?
1\.
f
1J1
'
.\
\
1
()
~
\
·'
Õr
Ko:I ôp11vcí: -rfov rxvl~pc;mwv· ~í.8n 8f:· ÜÀÀoiç. Ko:ôá.rcrp iccrp<'Jç úycn~oç Ht)\' \'O
õr
ãvt1prorroç; yÉv11rm ôróç;.
t. Eh' ouK Õ.rnrrov, c1 cpÍÀot, tov µEv Ôcov à.d rrpoTpÉJtetv hµâç f:It' àpní,v, hµâç; ÔE àvaõúrnl}m tf)v c;)
yàp ou;ó KCt.l 'Icoávvriç Eltl (J(t)"Cf]ptav napaKO'.Àft KUl TO nâv yivnm
rtPOlPUITIKlJl
nrot
1 \4 1
LAAH,,.Al.
-CAPITULO
t-
corpos doentes, cobre uns com cataplasmas, limpa e banha outros, intervém com o ferro, cauteriza aqui e ali, noutro lugar amputa alguns pela serra, quando ainda é possível curar o homem como um todo ou apenas um de seus membros. 3. O Salvador é polifônico e engenhoso a respeito da salvação dos homens: ameaçando, adverte; injuriando, converte; lamentando, apieda-se; salmodiando, exorta; fala através da sarça ardente (os hebreus tinham necessidade de sinais e prodígios) e intimida os homens com o fogo, fazendo sair chamas da coluna, sinal de graça e de medo, a um só tempo: caso se obedeça, tem-se a luz; caso se desobedeça, tem-se o fogo. E como a carne [do homem] é mais valiosa que uma coluna e uma sarça, são os profetas que, depois disso, se fazem ouvir; é Ele, o Senhor, que fala pela boca de Isaías, de Elias e dos profetas. 4. Mas se tu não crês nos profetas e aceitas, ao contrário, mitos, charlatães e o fogo, Ele, o Senhor, a ti te falará como "aquele que é semelhante a Deus, mas que não usufrui deste privilégio, fazendo-se inútil a si próprio" .12 Esse Deus compassivo deseja ardentemente salvar os homens; é Ele, agora, o Logos, que te fala claramente, desmascarando a tua incredulidade; sim, eu digo, o Logos de Deus tornado homem, a fim de que tu ainda aprendas, por meio de outro homem, como um homem pode vir a ser Deus.
1. Não é estranho, ó amigos, Deus sempre nos exortar à virtude, e nós nos esquivarmos de seu auxílio, desprezando a salvação? Não era verdade, também, que João nos exortava à salvação e se tornou, por inteiro, a voz que exorta? Perguntemos, pois, a ele: Quem és tu dentre os homens? Ele não dirá ser Elias e negará ser o Cristo; mas confirmará que é a voz que clama no deserto. Mas quem é João?
A guisa de exemplo, permito-me dizer que é a voz do Logos exortativo que clama no deserto. O que clamas, ó voz? Di-lo também a nós! "Tornai retos os caminhos do Senhor." 13 2. João é o precursor, e sua voz é a precursora do Logos, voz que encoraja, voz preparadora da salvação, voz que exorta à herança dos céus. Por meio desta voz, a estéril e solitária não mais ficarão sem descendentes. A voz do anjo me profetizou essa gravidez; essa voz também era precursora do Senhor, mensageira da boa-nova à estéril, assim como João o fora à solidão do deserto. !XOllTAÇÃO AO& GREGOS
IHI
'fll
Kl<.t>-\\\IP~
.\
_,..
3. ü1à taÚtT)V t0Ívuv toú À
on
Slltilcrm TOV avôpa. 5. Etç yàp Kat ó aüroç o-íJroç, ó rilç crtdpaç àvfip, ó t~ç Epfiµou yEmpyÓç, Ó TTtÇ l'.>ríaç ʵrrÀficraç ôuváµrwç Kat T~v crtfÍpav Kal. t~v Ep1iµov. 'Errd yàp JtOÀ)..à tà tÉKVf.i. tftç EÜyEVOUÇ, ãrtmç ÔE ~V ôtà àrtEÍ ltEtaV ~ rroÀÚrrmç àvÉKaltEv ·E~paía yuvfi, ~
[rnJ 1. b µ€v 'Iwávv11ç, ó KflpuÇ tou ÀÓyou, mú1n rtn rrapEKÚÀr1 Éw͵ouç yívrnltm Eiç l}rnu tou XptCHOU rrapoucriav, KCXl toUtO ~V ô nvícrcrno ~ Zaxapíou crtrorrfi, àvaµÉvoucra tov rtpÓÕpoµov tou Xp1crwu Kaprróv, 'íva -rftç cú.. ril}Eiaç
to
2. LU OE El rrol}ElÇ iÕEtV ÓlÇ ctÀT)1'roç tOV ÔEÓV, Kaltapcrt
Ôtu
111\1
!
.í..
-
CAPITULO
1 -
3. Com efeito, através dessa voz do Logos, a estéril, feliz, concebe, e o deserto produz frutos. Essas duas vozes precursoras do Senhor, a do anjo e a de João, dizem-nos enigmaticamente que a salvação está oculta nelas, como se, após a epifania do Logos, colhêssemos o fruto da salvação: a vida eterna. 4. Ambas as vozes, por certo, convergem para uma só, e as Escrituras explicam claramente todo o pensamento: "Que escute aquela que é estéril; que ela faça retumbar a sua voz, sem sentir as dores do parto, porque a prole da solitária será maior do que a da que tem marido" . 14 O anjo nos anunciou a boa-nova; João nos exorta a pensar no lavrador, isto é, a procurar o marido. 5. O marido da mulher estéril e o lavrador do deserto são um único e um mesmo ser: aquele que saciou a força divina - a estéril e o deserto. De fato, muitos são os filhos da mulher de boa raça; por outro lado, a mulher hebreia, que desde o início tivera muitos filhos, agora se encontra sem nenhum, por causa de sua incredulidade; a estéril, por sua vez, recebe um marido, e o deserto um lavrador; em seguida, o deserto dá frutos; a estéril, fiéis; ambos fecundados pelo Logos. Não obstante, ainda hoje sobrevivem a estéril e o deserto: são os infiéis.
[10)
1. Quanto a João, o arauto do Logos, este exortava [os homens] a manterem-se preparados para a vinda de Deus, de Cristo, e isto era o que dizia metaforicamenre o silêncio de Zacarias, esperando o fruto precursor de Cristo, a fim de que a luz da verdade, o Logos, pusesse fim ao silêncio nústico dos enigmas proféticos, uma vez tomado boa-nova. 2. Mas se tu desejas verdadeiramente ver Deus, toma parte nas cerimônias purificadoras dignas de Deus, não com folhas de loureiro e cintas bordadas de lã e de púrpura, 15 mas coroado de justiça e com a tua fronte cingida de folhas de temperança, ocupando-te piedosamente de Cristo; "pois eu sou a porta'', 16 disse ele em alguma passagem; portanto, aqueles que desejam conhecer a Deus precisam aprender a maneira como ele abrirá, diante de nós, todas as outras portas dos céus. 3. As portas do Logos são razoáveis, abrem-se com a chave da fé: "Ninguém conhece Deus, senão o Filho e aquele a quem o Filho revelou". 17 Eu bem sei que essa porta, que se manteve fechada até agora, aquele que a abre revela, em seguida, o que há no interior e mostra o que não se podia conhecer antes, senão quando se houvesse passado pelo Cristo, o único, por meio do qual Deus se revela. IXOllTAÇÃO AOS 0111001
l 17 1
KEAAA ION
B
lr r 1 1. 'Aõuta roivuv ãi'.h:cc µ!, ttoÀuttpa.1µovEl:tE µi1oi: ~a.páttpwv
n
n
2. Llt~yT]
3. Mr.tVtKà tavta Ó>ç à/..111~foç àviJpcónrov r.mtcrtrov
flfOTPCllHKOi !IVOI (AAllNllI
I 3H 1
CAPÍTULO ~
II
A demolição dos mistérios e dos mitos gregos ~
(II] 1. Não vos ocupeis, pois, com santuários ímpios, nem com fendas crônicas plenas de histórias inverossímeis, nem com o caldeirão de Tesprócia, nem com a trípode de Cirra, nem com o bronze de Dodona. Abandonai aos velhos mitos um velho tronco de carvalho, venerado pelas areias do deserto, e o oráculo que ali mesmo se deteriora juntamente com esta própria árvore. Por certo também silenciaram a fonte de Castália e a outra, a de Colofônio, igualmente feneceram os mananciais proféticos, desprovidos de vapores subterrâneos, como se demonstrou posteriormente, desapareceram com seus próprios mitos. 2. Narram-nos, ainda, a respeito de outros oráculos, ou melhor, de lugares de delírios, oráculos inúteis, [como] o de Claros, o de Píton, o de Dídimo, o de Anfiareu, o de Apolo, o de Anfíloco; mas se desejais, interrogai, ao pé destes oráculos, aqueles que observam e interpretam prodígios, os que interpretam o voo e o canto das aves, e os que interpretam os sonhos. Levai para colocar perto do Píton, a um só tempo, todos esses adivinhos que usam farinha de trigo em seus vaticínios, os que usam cevada, e os ventríloquos, ainda hoje venerados pelas multidões. Que se abandonem, pois, às trevas os telestérios egípcios e a necromancia dos tirrenos! 3. Loucura, tudo isso, como verdadeiramente são os sofismas dos homens incrédulos e as casas de jogos de pura ilusão. Companheiras dessas fascinações enganosas são as cabras adestradas à adivinhação e os corvos amestrados por homens, para proferir oráculos a outros homens! IXORTAÇÃó AOS GRBGOS
1 '"' 1
~
l.
Ti õ' ft cro1
K ,.
1J1
,
,,
r ,, ,
,
B ..,.
Ka.taÀryo1~n Tà µucníw1u; oÚK d;opx~cropm µúv, iúarrfp
ÀÀx1~1á8riv ÀÉyuumv, cxrroyuµ\'(;)(J(I}
fü·
EU µàÀu. àvà tov t~.; ÚÀ.ll\~EÍ
r~v yo11tfiav r11v ÊyHKpw1µiv11v aúrn'lç Ka.t
\iµ(ov tfroúç. (~lV ai. TFÀnal ~tucHtKa.Í, ol'ov Ên:1 crK11vi)ç
wu fHm.i
w'iç r~ç
à/...ril}eio:.; ÊyKUKÀlÍ
2. il1Óvucrov µmvÓÀqv opy1áÇoucr1 BáK;(Ol (O~tocpayÍ
ÕacruvÓµEVOV Épµ11vcÚcrm oqnç 11 l}~ÀElrL" tll)O) Õe KCXl Kóp11 Õpâµa ~õri Êy~vÉcrl}nv µucrttKÓv. Kal. r~v nÀáv1w Ko:t 1~v áprmy~v Kat to nÉvl}oç aÜto:'iv 'EÀrncrl.ç õq.õouxc'i.
[I 3] l. Kaí µ01 ÕüKEl rà opyw KCX.l tà. µucrt~pw õc'iv ÊtuµoÀoyc'iv, 1à µEv cXJtO
opyilç tTJÇ i1T')OUÇ t~Ç rrpoç '1Ía )'E)'EVf\µÉVT\Ç. tà ÕE àJto WU µÚcrouç toÚ cruµpE~T\KÓwç rrEpl. 1ov il1Óvucrov· Ei fü: Kal. àno Muoúvróç nvoç À.HtKOÚ, ov Êv KUVT\YÍpuymv toUÇ àvorito1á.touç. ·EÀÃ.~vwv rouç Õncr1õaiµovaç. 3. 'b.À.otto ODV ó t~O'ÔE apÇaç 1-flç àrt<Í'tllÇ àvôpcórtotç, El"CE ó ~á.põavoç. ó Mlltpoç \}Effiv KataÕEiÇaç tà µucr1~pw., e1-re 'Hniwv, ó 1à r~µol}ppuÇ EKE'ivoç ó Míõaç, ó Jtapà wu bôplicrou µm,Ó>V, f7tft 1a õwõo-Üç to'iç únotnayµÉvo1ç evtExvov àJtátriv. 4. ot, yáp µe ó K linptoç ó v11mcó111ç K tv'Üpac; rtapcrndcrm not' ãv, tà m:pl riiv Àcppoôíu1v µazM'wta Õpyw. vuKtoç fiµÉp~ rrapaõo\ivm toÂ.µ~cra.ç, cptÂ.onµoúµevoç fü:tá.crm 7tÓpv11v noÀÍttôa. tÍ)Ç
ex
1 40 1
j
-
CAPITULO
li
-
[12] 1. Que tal se eu te enumerasse os mistérios? Não parodiarei, pois, como di-
zem de Alcibíades, mas revelarei clara e belamente, segundo o discurso da verdade, aquela charlatanice escondida neles, e aqueles que são chamados, por vós, de deuses, com suas iniciações místicas; tal como sobre o palco da vida, eu os farei aparecer aos espectadores da verdade. 2. A Dioniso enlouquecido celebram os bacantes com a homofagia, 18 arrebatados pelo delírio sagrado, fazem a partilha ritual da carne das vítimas sacrificiais, coroados de serpentes, euforicamente gritando o nome de Eva, esta mesma Evá [Evoé] que introduziu o erro; e o sinal das orgias báquicas é uma serpente sagrada. Agora, ou seja, segundo a precisão da língua dos hebreus, o nome Hévia, aspirado, significa "serpente fêmea". Deo e Core tornaram-se assunto de drama místico, e Elêusis celebra com tochas, em memória delas, a errância, o rapto e o luto.
[13] 1. Parece-me ser conveniente, também, estabelecer a etimologia das palavras órgia e mystérion, uma é proveniente da cólera de Deméter [Deo] contra Zeus; a ou-
tra é oriunda do crime abominável cometido contra Dioniso; ou, ainda, de um certo Mius, natural da Ática, o qual, dizApolodoro, morreu caçando (quanto a esse detalhe eu não me oponho); em verdade, vossos mistérios se glorificam de honras fúnebres. 2. Mas tu podes conceber ainda de outra maneira, a saber: os mistérios como tradições míticas - pela correspondência das letras -, pois essas espécies de mitos, embora haja outras tantas, aprisionam os mais bárbaros dos trácios, os mais insensatos dos frígios e, dentre os gregos, os supersticiosos. 3. Maldito seja, portanto, o primeiro que implantou esse embuste entre os homens: quer tenha sido Dárdano, o que introduziu os mistérios da mãe dos deuses; quer Eécio, aquele que estabeleceu as orgias 19 e as iniciações dos deuses de Samotrácia; ou aquele frígio, Midas, que aprendeu junto ao Odrisso20 e difundiu, entre seus súditos, a artificiosa charlatanice. 4. De modo algum o cipriota Ciniras, aquele insular, me persuadiria! Ele, qut teve a audácia de transladar as orgias indecentes de Afrodite, desejoso por divini· zar uma prostituta sua conterrânea. UORTAÇÃO AOS CRIGOS
14r 1
.~·
5. l'vtrÀáµrroõo:
-rn
fü:
~ 1 ('' _, '
t t1 ."I
'
B
...
TOV Aµut'}Úovoç ÜÀ.Àut cpacrh·
rs Aiy{irnou µFrnKupÍcmt
'EÀÀá81 Tl~.; .1110uç ~'.OpTá.ç. rrrv(}oç 1iµvoúprvov. Toúrnui:; i:ywy' &v
àpxr"7ál\ouç cp1ícrmp1 pút'}(1>v àt'}É
1. "'Hôq ÕÉ.
1\at
yà.p KatpÓç. aurà. Úµcôv tà opyta rÇrÃÉyÇw àrrárr1ç
K
n:patfÍa.; E~lTCÀEa. Kat fl ~LEµÚqcrt'}f, emyrÀácn:m'}f µfrÀÀov TOÍ:Ç µÚltotç úµfov rolito1.; to'i.; n~1rnµÉvo1ç. À. yopEÚ(I)
fü: àvacpavôov tà KEKpuµµÉva, ouK
a
aiõoúµevoç ÀÉynv 7tpü0Kl>VflV OUK aioxúvecrltE. 2. ·H ~1€v ouv «àcppoyEv1Íç» tE Kat «Kun:poyEVllÇ», Acppoôin1v ÀÉyrn. t~V «qHÀ0µ11ÕÉa.
h Ktvúpq.
cpÍÀll (t~v
on µ118Éwv EÇrcpaáv(}1p> µ118Éwv fKclV(l)V
t&v à.rroKEKoµµÉvrnv OUpavou. tcôv f....áyvcov. t&v µnà t~v wµ~v to Kuµa ~rPwcrµÉvwv ). éoç Õ:crfÀyfov
uµ lV µopíwv
ãÇwç [À.cppoõí tT] I yÍ VEtat Kap7tÓÇ,
f.v míç tEÀncâ.; ta-Gt11ç t~ç JtÚ.ayÍaç ~8ov~ç tEKµ~ptov t~ç yov~ç áf...wv :;(ÓVÔpoç 1
l. ~T)ouç
OE
µucr-r~pm Kal. L\1oç Jtpoç µ11tÉpa L\~µ11-rpa à.cppo8icr101
cruµ7tÂ.oKa1. Kal. µfiv1ç (o\iK oio'
on & Àornov µT)tpoç ~ yuvmKÓç) -r~ç L\11ouç,
nç õ~ xáptv Bp1µ0> 7tpoaayopeu1'flvm ÀÉynm, lKE'tT]pÍm L\toç K
OE Ó><; Üpa àrtoaJtáaaç ó ZEuç wu Kptou touç ÕlÕÚµouç
q>Ép(J)V EV µÉao1ç cppl'lfE to'iç KÓÀ.rtOlÇ tÍ)ç L\r\QUÇ, nµcopiav 'lfEUÕf\ tT\ç ~míaç auµ7tÂ.oKÍ)ç EKnvvli(J)v, Ó><; Éautov ofi1'ev f.K-rrµcóv. 3. Tà crÚµ~oÀ.a tÍ)ç µviícrrn>ç taÚtT)Ç EK rtEpwucríaç rrapateÔÉvta otô' Õtt Ktvi\cre1 yfA.rota Kal. µ~ yrÀ.acrríoucr1v Úµ\v Õlà tol>ç i:."A.Éyxouç· «'EK tuµJtávou eqmyov· EK KUµ~ó'.J•.ou cmov· EKtpVO<{>Ópflcra· ÚJto tOV nacrtov ÚrtÉÕuv .» Tauta oúx Ü~ptç tà crúµ~oÀ.c.t: OU xA.eúri
tu µucrtÍ\pta;
fJPOfPEUTIK.'11
nrot ft.
1 4i 1
\ll'lil.\I
-
CAPITULO
li -
5. Já outros dizem que foi Melampo, filho de Amitaão, quem teria transportado do Egito para a Grécia as festas de Deméter, a celebração do luto. Eu diria mesmo que todos estes foram a causa primeira do mal, pais de mitos ímpios e de uma superstição
funesta, semente do vício e da corrupção - estes mistérios -, implantados na vida.
1. Mas, agora, já que a ocasião se apresenta, eu provarei como pululam, em vossas orgias, fraudes e inverossimilhanças. Se fôsseis também iniciados, vós riríeis muito mais de vossos mitos, destes mitos venerandos! Eu proclamo publicamente o que está escondido, sem medo de dizer aquilo que vós não vos envergonhais de adorar. 2. Assim, aquela que "nasceu da espuma", a que "nasceu em Chipre", a amiga de Ciniras (eu falo de Afrodite, a "Filomédea, porque nasceu das genitálias", isto é, dos testículos amputados de Urano, daqueles órgãos libidinosos que, mesmo após a mutilação, violentaram as ondas do mar): Eis como dos membros impudicos surgiu um fruto digno de vós. Nos mistérios de iniciação desta divindade marinha da volúpia oferecem, em memória de seu nascimento, um grão de sal e um bolo em forma dum falo aos iniciados na arte do adultério; os iniciados, por sua vez, levam-lhe uma moeda, como amantes a uma cortesã.
[r 5] 1. Os mistérios de Deo não são outra coisa senão a união amorosa de Zeus com sua mãe Deméter, e a ira (eu não sei o que dizer: sua mãe ou sua mulher?), digamos, de Deo, a quem se atribui o nome de Brimo, pelas súplicas de Zeus, a taça de fel, a extração do coração e a ação abominável. Os frígios realizam esses ritos em honra de Átis, de Cibele e dos Coribantes. 2. Divulgaram, à meia-voz, como Zeus, após ter amputado os testículos de um carneiro, levou-os e os lançou no âmago do seio de Deméter, punindo-se a si mesmo, de maneira mentirosa, por sua união violenta e impudica, como se ele houvesse castrado a si próprio. 3. É supérfluo apresentar os símbolos dessa iniciação. Eu sei que eles leva~vos-ão ao riso, através de suas representações, mesmo se não sentirdes vontade de rir: "Eu comi sobre o tímpano; do címbalo bebi; levei os vasos sagrados, precipitei-me no leito nupcial". Esses símbolos não são verdadeiros atos de violência? Os mistérios não sio uma chalaça? l!XOaTAÇÃO AOS GlllGOS
IHI
"'
K
E' ,,, A
1 ,\
Jl
1 1) \
~
lr6I 1. Tí
o, El Kal tà ÊrrÍÂ.01 rm rrpocn'.}E í11v; KUEl ~LEV í1 L'.1u11í n1 p. cxvrnpÉ
t
OE i1 Kóp11, µÍyvmm 8' authç ó '(fVVlWaÇ OlJtuCTl Zr\.>ç -rn CJ)fpE
TOtÇ
tou
µUOWLÉVOlÇ Ó ÔlcX KÓÂ.JtOU KÓÀrrou twv tEÀouµÉv(J)v,
EÀEYX,OÇ àKpacriaç L'.tÓç. 3. KuE'i Kal. í1
naTf\p ôpá.Kovto.; mi nm~p múpou õpá.Kwv, (v ÜpEt
to KpÚqllOV. ~OUKÓÀ.oç. 1:0 KÉvtpov.
f3ouKoÀucóv, oiµm. KÉvtpov -ràv vápl}f1Ka E7tlKaÀwv, Ôv õn O:vacrtÉcpoumv
oi
f3áqm.
l. BoÚÀEt Kal. tà.
KÚÀ.a\}ov KO.l t~V áprrayi,v -cnv \mà À.tOCOVÉCOÇ KUl 'tO crxÍcrµa tTJÇ )'TJÇ KCXl tàç tç 1àç Euf3ouÀÉcoç tà.ç ouyKcnarrO'ÔEÍcraç ta.\v l}Ea\v. ôt' ~v aitíav f.v "t'OlÇ 8Ecrµocpopiotç µqapÍÇovtEÇ xoipouç eµf3áÀ.À.oumv; Ta{>tflV tliv µu1'oÀoyíav aí yuva.tKEÇ JtOtKÍÀ(l)Ç Ka-tà rtÓÀ.tv ÉoptáÇoum. 8EcrµocpÓpta, Inpo
en
Ó 0pcl-KtOÇ' llP
nro!
1 44 1
f.AAll~4I
-
CAPITULO
li
-
[I 6) l. Que tal se eu continuasse o relato? Deméter, por seu turno, dá à luz; Core
cresce; Zeus une-se, novamente e, desta vez, com Feréfata, "a engendrada por ele"', sua própria filha, depois de ter feito o mesmo com sua mãe Deméter, esquecido do primeiro crime; Zeus, pai e corruptor da menina, uniu-se a ela transformado em dragão, dando demonstração do que ele era. 2. Por isso o passe simbólico para os iniciados nos mistérios de Sabásio é a expressão "o deus que perpassa o seio"; é essa tal serpente que se faz penetrar no seio dos iniciados, testemunho da debilidade de Zeus. 3. Feréfata também dá à luz um filho tauriforme, como, acertadamente, diz um poeta dos ídolos: (... )o touro
é o pai do dragão, e o pai do touro é o dragão, na montanha, boiadeiro, o teu aguilhão secreto,( ... )
O que eles chamam "aguilhão do boiadeiro", eu suponho, é a férula que os bacantes usam como coroa.
1. Tu queres que eu discorra também sobre a colheita [de flores} de Feréfata,
sua cesta de flores, o rapto por Hades, as fendas do solo e os porcos de Eubuleu tragados com as duas deusas? É por isso que nasTesmofórias jogam-se leitões nos mégara? 21 As mulheres festejam esse mito de maneiras diversas, segundo as cidades: Thesmophória, Skirophória, Arretophoría;22 todas teatralizam em tragédia, com algumas alterações, o rapto de Perséfone. 2. Os mistérios de iniciação de Dioniso, em verdade, são desumanos: era ele uma criança ainda e foi cercado pelos curetas, numa dança de armas, quando os titãs se aproximaram dele, dissimuladamente, e o enganaram com jogos infantis; os mesmos titãs, então, o esquartejaram, estando Dioniso ainda em tenra idade, como diz Orfeu, o trácio, o poeta dessa iniciação: llXORTAÇÃO AOI OHCOS
1 .. s 1
...
K
l
fJ•
\
\
.\ 1
li
N
B
..
1'il1vu.; twi f1l;ftl)o; ..:ai 1mÍ~N111 ..:nprru1Íyu1a. fl~ÀO: TE XrÚcrrn 1'UÀÚ IT((p • °EmtFptÚCt)\' Àl '{ll
1. Kcxl. tilcrôr Úµ"iv tilç
ffÀH~Ç tà àxpóa crú,u(3oÀo: om: àxpE'iov dç
Kotáyv(l)cnv rrapo:ltÉm}m· à.crtpáyaÀ.oç. crcpaí'pa. crtpó(31Àoç. µilÀ.a, póp(3oç. rcrorrtpov. rrÓKOç. Altqvâ µf:v ouv t~v 1rn.põiav tou L\wvúcrou ÚcprÀoµÉvri naÀ.À.(.1.ç à toU mxÀ.À.El V ú1v 1rnpõíav rrpocrT]YüpEtnlrr oi õf: Tt tâvrç, Ol KO'.l 8wcrnáaavm; ctu-róv. ÀÉ(3qtá ttwt tpÍn:oo1 Emfü~vtEÇ 1m1. wu L\1ovúcrou Ê~l~Ct.À.ÓVtEÇ 1à µÉÀ.11, KaÔ-~ljlOUV rrpÓn:pov· f1tEtta o(3EÀ.l0'1COlÇ 7tEpl1tEtpavt1::ç «l.!TCEÍpqov ·H
l.
Ei 'ÔÉÀ.nç õ' E7torrtEucrm Kat Kopu(3ávtrov Õpyia, tov 1píwv àÕEÀ.cpov
à1toKtEÍvav-reç ouw1 tnv KecpaÀ.nv wu vEKpou cpo1viKífü errEKaÀ.u\j/átriv Kai KamcrtÉ\j/UVtE E'ÔCt.\j/cX'tllV' cpÉpovtEÇ E1tl xaÀ.K"Í]ç àcrníõoç Úrro 1àç Ú7twpdaç wu bÀÚµnou (Kal. taut' fon tà. µucr-r~pm, cruvEÀ.Óvn cpávm, cpÓvo1 Kal tá
õe
•
I
powç. HV
-
CAPITULO
II -
Um fruto de pinho, um pião; bonecas articuladas, belas maçãs de ouro das Hespérides de bela voz. 23
[18] 1. Também não é inútil apresentar-vos, para vossa condenação, os símbolos inúteis dessa cerimônia de iniciação: um pequeno osso, uma esfera, um pião, maçãs, uma roda, um espelho, um floco de lã. Atena, por sua vez, por haver retirado o coração de Dioniso, mereceu o epíteto de Palas, devido às batidas deste coração; os titãs, que o haviam dilacerado, puseram um caldeirão sobre um tripé e aí jogaram os membros de Dioniso; primeiro ferveram as carnes, depois as traspassaram com espeto e "as puseram sobre Hefesto". 2. Mas Zeus depois aparece (se ele fosse deus, prontamente, de algum lugar, teria sentido o cheiro das carnes assadas, meio pelo qual os vossos deuses reconhecem "receber homenagens") e fere os titãs com seu raio e entrega a Apolo, seu filho, os membros de Dioniso, para enterrar. Apolo, por sua vez, desobedecendo a Zeus, leva para o Parnaso o corpo mutilado de Dioniso e lá o enterra.
1. Se queres, revelo-te, também, as orgias dos Coribantes que, tendo matado um terceiro irmão, cobriram a cabeça do cadáver com um manto púrpura e a coroaram, em seguida puseram-na sobre um escudo de bronze e a enterraram ao pé do monte Olimpo (e são estes os mistérios, para dizer resumidamente: assassinatos e funerais). 2. Entretanto, seus sacerdotes, que os interessados nomeiam anactotélestl!S, acrescentam circunstâncias prodigiosas a esse acontecimento; proíbem pôr sobre a mesa aipo com sua raiz, pois acreditam que é do sangue derramado do corpo do coribante que este legume brotou! 3. Da mesma maneira, sem nenhuma dúvida, as mulheres que celebram as Tesmofórias resguardam-se de comer os grãos da romã: elas acreditam que os coágulos que caíram por terra, oriundos do sangue de Dioniso, fizeram germinar as romãs. 8XOR'fAÇÃO AOS Gk!IGOS
1 41 1
•·
K
1
,
,
\ 1 ti ~
B
-~
4. Ka~dpouç oi: TOUÇ Kop\)f:3avraç KaÀOUVtfÇ Kal tEÀnnv Kaíinp1Kiiv KtxtayyÉÀÀO\Jcnv· aÚrÚ) y(xp ô~ rnÚ1üJ T(;J àorÀ.cpoinóvco rT,v 1dcrniv àvrÀoµÉvm, EV TO TOl> L.itovúcrou uiouíov àrrÉKfttO, flÇ Tuppqvíav Kaníyrtyov. fUKÀEODÇ rµrcopot (j)OptÍ01i· KcXVHXDÔa Ôlrrpt~Étqv. c.puyÓ'.ÔE Õvtr. r~v rroÀuríµriwv rÚcrcPdu.ç 81õa.crKaÀÍo.v 1 ntÕota Kal KÍcnqv l}p11aKEÚEt v rcapm'}qtÉ:vm Tuppqvoíç. D.t' i1v ai riav . ouK àrrnKÓtrnç ràv '11Óvucróv nvrç 'Antv rcpocrayoprúc:cnfo:t t%Àoucrtv,
n
niõoíwv ecrtrpT)µÉ:vov.
1. Knl. ri l}auµacrrov
Ei Tuppqvol. oi. ~áp~apot aicrxpoíç oÜnoç
tEÀlCTKOVtal 1m\}~~Lacnv' orrou YE À,'}rivaiotç lWl tfl ãÀÀD 'EÀÀÚÕt, aioouµm KO.l ÀÉynv. aicrxúvriç €µrrÀEwç i1 nEpt tT,v Li11ffi µu\}oÀoyia: ÀÀ.wµÉvri yàp Íl .iT)O) 1wtà Ç~TT)CTlV t~Ç \}uyatpoç rnç Kópriç m:pt rl,v 'EÀ.EUCTtVa (-cnç ÀtnKfiç ÕÉ ecrn toUTO TO xwpiov) à.rroKáµvEt lCCll c.ppÉan E1ttKm'.HÇEl À.unouµÉv11. Tofrto to'iç µuouµÉvo1ç ànayopEÚEtm EicrÉ:n vuv, '{va µn ÕoKotEv oi. tê!EÀEcrµÉ:vot µtµóoôm rl,v oõupoµÉvnv. 2. OtlCOUV ÕE tT)VlKÚÔE rnv 'EÀcucr'iva oí. YllYEVclÇ" ovóµara autotÇ Ba.u~ro Kat õucra-ÚÀT)ç Kal. T prnrÓÀEµoç, en fü: EܵoÀ.nÓç "TE Kal. Eu~ouÀEÚÇ' ~ouKÓÀoç ó TprntÓÀEµoç ~v, rrmµT,v OE ó EܵoÀnoç, cru[3ffi1riç o€ ó Euf3ouÀEÚç· àq>' éhv ro Euµol..mõcüv Kal. to KnpúKwv to icpo
[21}
1. Taut' fon tà KpÚ
'
I
\
I
llPUTPF.llillflt
nrot
[AAHIOAt
-
C
A P
f
T U, L O
[ {
-
4. Ao chamarem de Cabiros os Coribantes, denunciam, destarte, a iniciação cabíria, pois esses dois fratricidas, em verdade, carregando o cesto no qual se en-
contrava o membro viril de Dioniso, fugiram para a Tirrênia, levando com eles essa gloriosa mercadoria. Aí eles permaneceram como refugiados, expondo à veneração dos tirrênios, como uma preciosa lição de piedade, as genitálias de Dioniso e o cesto que as guarda. Por este motivo, não de todo inverossímil, alguns invocam Dioniso Átis, por ter sido este deus castrado.
[20] 1. Mas o que há de surpreendente no fato de os bárbaros tirrênios se fazerem iniciar, assim, numa vergonhosa paixão, quando os atenienses, por sua vez, e oresto da Hélade - eu me envergonho de dizer - preservam uma tradição mitológica a respeito de Deméter? Errante, pois, à procura de sua filha Core, em tomo de Elêusis (um subúrbio da Ática), ela perde o ânimo e, desesperada, senta-se perto de um poço. Ainda hoje é proibido aos iniciantes este gesto, para que eles não pareçam imitar a desolação de Deméter. 2. Os habitantes de Elêusis, nesta época, eram autóctones; eram chamados de Baubos, Dísaules, Triptólemos e ainda Eumolpos e Eubuleus; Triptólemo era boiadeiro; Eumolpo, pastor de ovelhas; Euboleu, porqueiro. Destes habitantes descendem as famílias que floresceram em Atenas e de onde saíam os hierofantes,24 como os Eumólpidas e os Céricos. 3. Então (pois eu não cessarei de falar), Baubo, que acolhe Deméter, oferece-lhe o cíceon, 25 mas a deusa desdenha da taça e não deseja beber o líquido (pois está desolada); Baubo, a partir de então, fica aflita, como que se sentindo menosprezada, e, levantando suas vestes, mostra à deusa suas partes pudicas. Com essa cena, Deméter se alegra e, encantada com o espetáculo, não com pouco esforço, enfim, aceita a bebida.
[:z.r] 1. São estes, pois, os mistérios secretos dos atenienses! Orfeu vos descreve tudo isso. E eu vos citarei os próprios versos do Cantor da Trácia, para que renhais o mistagogo 26 como testemunha dessa indecência: ll(Ol\Tl.ÇÃO A.OS OHGOS
l 49 I
K
·'lf':
F lJl
,\ ,\ 1
\
(,).; ri1w1'1o
t)
\:
B
~
8r rrávm
m;;pcnu.:; o\1õi· rrpl-rrovr
xr1pÍ ré fll\' iiírrmrn:r '{EÂ.lÜ\' BmJl)Oí:J.; Í>J\tl i;ÓÃ.1w1ç·
i1
o·
t~1trl
11\"· 1trí811or tlrtí.. prí6110· ivl
õfÇcmi ô'
11.i1)Ã.uv
ií.no.;. iv
~)
K\IHCO\'
1~uw'9.
fVFKTlro.
2. KixcrTl to crlivt'hwa 'EÀEUCTlVlCúV ~rncrn1pt(J)V' «EVllCJiTUCTa, EJtlOV tov KUKEfovo.. rÀ.n~ov Ê'K KÍcrt11c;. Ê'pyacrápêvoc; tX7tEdÊ~u1v Fie; KáÀo:0ov Kal. EK 1mt-.áôou riç KÍcrtqv.>) Ka.Àá yr tà t'}Eá~1a-w Kat t'}fq. npÉrrovta.
t.
AÇw µE:v ouv vuKtoç tà tEÀÉowxm Kal. nupoc; Kat tou «~teyaÀ~wpoç>\
µâÀÀov ÔE µamtÓ
.
'
~
avtEpúXHt µuouvtal.~> 3. NÓµoç ouv KO'.l unÓÀTJ'lflÇ KEV~ KO'.t toU ÔpcXKOVtOÇ tà µucrt~pw: àrrátn tÍç Ecrnv ôpnmcrnoµÉ\·11, tàç àµu~touç ÕvtúlÇ µu~crnç Kat tàç àvopy1ácrwuç n:ÀEtCtÇ EÜcrE~Eict vóôcp npocrtprnoµÉv(J)v. 4. Otm o[ KO:t ai. KtcHm µucrnKai· Õêl yàp ànoyuµv&crm tà ãyw. O'.UtWV KO.l tà ÜppTJtO. EÇEl1tflV. 0U IJT)Cmµat tCXUtO'. KCXt 7tUpaµtÔEÇ K
õe
o
tà ná.ôri Õt~Õouxoúµevov. nPOTPEllH~Ot.
OPOI. Ei\AffHAJ.
---
CAPITULO
li -
Tendo assim falado, [Baubo] levantou o seu peplo e mostrou, de seu corpo, toda a parte que não convinha [mostrar]; o menino Íaco, que lá estava, rindo, precipita a mão sob as partes íntimas de Baubo; a deusa, então, prontamente sorriu, sorriu em seu coração; ela aceitou a taça colorida, na qual se achava o cíceon.2 7
2. Eis as palavras do passe, o sinal secreto, dos mistérios de Elêusis: "Eu jejuei, bebi o cíceon, retirei de dentro da corbelha, após tê-lo manipulado, repus no vaso, e do vaso para a corbelha ".Belo espetáculo, pois, e conveniente a uma deusa!
[22] 1. Ritos, em verdade, dignos da noite, do fogo e do povo "magnânimo", ou melhor ainda, da raça frívola dos Erecteidas, e também do resto dos helenos: estes, após a morte, desejam um destino especial. 2. Para quem, então, profetiza Heráclito de Éfeso? "Para os noctívagos: magos, homens e mulheres bacantes, iniciados", a estes tipos, ele ameaça com o post-mortem; a estes o fogo prenuncia: "em verdade, fazem-se iniciar impiamente em ritos, considerados, pelos homens, como mistérios". 3. Um costume, uma vã conjectura, uma fraude, esses mistérios do dragão, observados como prática religiosa; recorre-se, com uma piedade falsa, a iniciações verdadeiramente profanas e a cerimônias não orgiásticas. 4. Tais são as corbelhas místicas! É preciso, pois, desmascarar a "sacralidade" dessas coisas e proclamar as coisas secretas. Há outras coisas além de bolos de sésamo, mel e farinha; bolos em forma de pirâmide e com pequenas bolas, grãos de sal e uma serpente, símbolo-ritual de Dioniso Bássaro? 28 Há outras coisas além de grãos de romã, ramos de figueira, pães de férula, hera, bolos e pastéis redondos? Estes são os objetos sagrados deles! 5. Existem ainda os símbolos secretos de Têmis: orégano, uma lamparina, uma espada e um pente feminino: um eufemismo e uma maneira mística de referir-se às partes pudentes da mulher. 6. Ó impudicícia declarada! Antigamente, a noite silenciosa era o véu da volúpia para os homens sensatos; agora, a noite é reveladora das prátü::as de intemperança dos iniciados, e o fogo das tochas revela as paixões. IXOllTi\ÇÃO AOS GllBGOI
Ip 1
7. Àn:Ócr~rnov. (0 tEpo
1. Tauta TCÔv àl1Éwv 1à µucrt{ipw· à1~fouç fü: Ei.KÓtooç ànoKaÀ&
toÚtou.:;. o'l. róv ~t€v Õvtü)Ç Õvta ôc:ov ~yvof\Kacrtv. nmõiov õ€ Úno Trnivwv 8mcrnwµEvov Ka\ yúvmov rrEvÔouv Kat µÓpw &pprrm cúç àA.11ôroç 1.m' aicrxúv11ç àvmcrxúvrwç crÉ~oucrlv, Õutfl Êvt:crxtwÉvOl tfl àôEÓt11n, npotÉp~ µÉv. Krtô' T\v àyvoouat tOV ÔEÓV. tOV ovta OVtú)Ç µ~ yvwpiÇovtEÇ ôc:Óv, ÉtÉp~ 8€ Ka1 ÕEutÉpç: tm'.nn nÀ.ávn wuç ouK Õvtaç cúç ÕvTaç voµÍÇovtEÇ Ka\ ôrnuç tOÚ'tOUÇ ovoµáÇovtEÇ tOUÇ OUK Ovtú)Ç Õvtaç, µâÀ.À.ov OE oufü: Õvtaç, µÓvou ÕE tOU ovÓµatoç tET'l>XTJKÓT
1. OoÀÀ.à Kàyaôà yÉvotto t0 tcôv 1:Kut}fuv PacrtÀEl, ocrrn; rroú: ~V
[Aváxapmç]. Oirrnç tov noÀí-rriv tov Éautou, t~v napà KuÇlKT}vo'iç Mrrrpoç tfuv ÔE<Ôv TEÀ.et~v ànoµtµ.oÚµEvov napà LKÚÔmç -rÚµmxvóv 'tE E7tlKtunouvw K
µn
nrmPEnflll)\ llPOL
lpl
UAH!<~l
-
CAPITULO
li -
7. Apaga, ó hierofante, essa chama! Respeita esse fogo, tu que carregas os archotes! Essa luz denuncia o teu Íaco; 29 confia os mistérios às sombras da noite! Que as orgias sejam reverenciadas pelas trevas! O fogo não dissimula, ele recebe a ordem de acusar e de castigar.
(23] 1. São esses os mistérios dos ateus. Eu chamo, com razão, de ateus aqueles
que, de fato, ignoram o verdadeiro Deus, que veneram despudoradamente uma criança despedaçada pelos titãs, uma mulher desesperada e as partes verdadeiramente proibidas, pelo pudor, de ser mencionadas; possessos por uma dupla impiedade: a primeira é a que os faz ignorar Deus, não reconhecendo como Deus aquele que verdadeiramente o é; a outra, a segunda, é este erro de atribuir existência àqueles que não a têm, chamando de deuses aqueles que, em realidade, não o são, ou mesmo nunca existiram, pois tão somente obtiveram um nome! 2. Por isso o Apóstolo, em verdade, nos explicava dizendo: "Vós éreis forasteiros a respeito dos pactos da promessa, sem esperança e sem Deus no mundo".
1. Muitas graças advieram ao rei dos Citas (um certo Anácarsis). Tendo este um
súdito que reproduzira na Cítia os mistérios de Cízico, em honra da mãe dos deuses, batendo nos tambores, fazendo retinir os címbalos e trazendo atadas ao pescoço certas insígnias dos sacerdotes de Deméter, crivou-o de flechas, por ele ter-se tomado efeminado entre os gregos e por ter ensinado aos citas essa moléstia. 2. Por causa dessas coisas (de modo algum ocultarei a verdade), chega a espantar-me a maneira como trataram de ateus a Evêmero de Agrigento, Nicanor de Chipre, Diágoras e Hípon de Meios e, com eles, aquele famoso cireneu (Teodoro era o seu nome) e tantos outros afora, por terem levado uma vida sábia e por terem tido uma visão mais penetrante do que o restante dos homens, ao verem os erros concernentes a esses deuses, foram chamados de ateus; se eles não conceberam a própria verdade, ao menos pressentiram o erro; é uma semente não pequena pron· ta para germinar aquele que, se voltando para a verdade, mantém acesa a chama
da inteligência. IXOllTAÇÃO AOS GUGOS
1"
1
J.
Õr
~yr\mh· El\Tll fü:oúç".
4.
n
o b. li pcn:À.Éo'. EK ÇDÀ.ou t1.ít.~cÚv KTHrnnuacr~trvov (rrnzr ÔE E\VffiV
OlKlll.
ola ftKÓç)· "Eto.
ÕÍ).
(0 l!p&Kl.nç". drrn'" .. VU\I CTOI 11õ11 KO'.lpÓç,
(1')CT1tEp Eupucrurí. Õ.Hxp oh l\:\.(l Í1,LllV Úrcoupyí1crm Tl)V TPICTK0.1Õr1mtov toUtov alJÀov l\fY.l litccyÓpq. tüD\jfOV rraracrn11ácrm", ''Kc~t· rt.Útov ElÇ to n:\ip rvÉu11KEv ioç ÇúÀov"'.
1. AKpÓn11rç ã.pa àµm'Haç àuEÓn1ç Kat On
crJtouôamfov. oüx Óp~.; tov ÍEpocpávtqv tí1ç cXÀ.flÔEÍaç MwcrÉa n:pocrnxttovw uÀaôiav Kat àn:oKEKoµµÉvov ~th fKKÀ11cnáÇEtv, Kat n:pocrÉtt 10\1 EK 7tÓpv11ç; 2. Aivittnm ÔE füà µEv tfov n:potÉpwv tov ãucov tpÓn:ov 1ov 1í1ç fü:íaç Kat yoviµou õwét.~LEwç ÊcrtEp11µÉvov, Õlà OE 10u À.ornou 10u tpÍ10u tov 7toÀÀ.ouç i:mypwpóµn:ov \jfEtlÔowÚµouç ucouç àv11. 10u µÓvou Õvt0ç urnu, éócr7trp ÓÊK t~ç nópvriç touç JtoÀ.Àoliç Êmypácpnm 7tmÉ.paç àyvoiq. 10u 7tpoç à/..~uEtav 7tatpÓç. 3. ~Hv ÔÉ nç rµcpu10ç àpxaía 7tpOÇ oupavov àvup<Ón:otç KOtVO)\lta. à.yvoÍÇl µEv ÊcrKoncrµÉvri, ãcpv(I) OÉ Jtou ÔlEKupcbcrKoucra 1ou crKÓ10uç Kal àvaÀáµn:oucra, o\ov ô!1 ÊKÓvo À.ÉÀ.EK1aí nvt to ó~.; tov úvo\1 tóvõ' U.nnpov a.iMpa.
1m\ yi\v 1tÉp1Ç exovô' Úypa.'ii; EV àyKáÀmç;
Ka\ -co
<1 yi\ç õx11µa. Kà1t\ yi\ç rxo>V rõpa.v .. OotlÇ ltO't'
ICClt
tÍ o\J. Õ\>OtÓJt
ooa Õ.Â.À.a 'tOtaU'ta 1tülfl'tWV ~Ôoucn n:atÔEÇ.
4. "Evvo1m fü: l)µo.p-criµÉvm Ka.\ 1tUpfli'µÉvm -cfiç EUÔEÍaç, oÂ.ÉÔptat ÓJÇ à.Ã.ri-ôéôç, -co «oup&vwv q>u-ców, -cov ã.vôpron:ov, olipavíou (ÇÉ-cpE\jfav ÕtaÍtflÇ Ka\ iÇuá.vooav (n\ yi)ç, yrf\vo1ç npooa.véx,nv àvo:JtEÍoaom JtÂ.Ó:oµmnv.
1 HI
1
-
CAPÍTULO
II -
3. Um desses filósofos recomendou aos egípcios o seguinte: "Se vós acreditais nos deuses, não os lamenteis, nem batei em vosso peito por causa deles; mas se os chorais, não acreditais serem eles deuses". 4. Outro, recorrendo a uma estátua de Hérades, de madeira, disse (ele cozinhava alguma coisa em sua casa, com certeza): "Vamos, então, ó Héracles, agora se te apresenta o momento oportuno, como a Euristeu, de, sem embargo, concluir para nós o teu décimo terceiro trabalho e preparar para Diágoras a refeição". Tendo dito isso, pôs a estátua sobre o fogo, como lenha.
1. Existem dois extremos na ignorância: a impiedade e a superstição, fora das quais é conveniente se manter. Não vês o hierofante da verdade, Moisés, proibir de tomar parte na assembleia o eunuco de nascença, o emasculado e o filho da prostituta? 2. Ele faz alusão, por meio dos dois primeiros vocábulos, à conduta do ateu, privado da força fecunda de Deus; através do último, ou seja, do terceiro, ele se refere àquele que imputa numerosos deuses falsos contra o único e verdadeiro Deus, como o filho da prostituta se queixa a vários pais, na ignorância de seu verdadeito genitor. 3. Havia, desde os tempos priscos, certa aliança natural entre os homens e o céu, perdida nas trevas da ignorância; mas, subitamente, de alguma parte, ela se lança, resplandecente, para fora destas trevas. Dela alguém falou o seguinte: · Vedes, nas alturas, este éter ilimitado que envolve a terr11 com seus braços úmidos? 30
E ainda isso: Ó suporte terrena!, tu que tens teu trono sobre a terra, o que quer
que sejas, é-nos difícil contemplar-te.' 1
E tantas outras coisas mais cantam os filhos dos poetas. 4. Porém concepções erradas, desviadas do caminho cerro, e verdadeiramente funestas, afastaram "a planta celeste", o homem, de uma conduta celeste e o subjugaram sobre a terra, persuadindo-o a se prender às criaturas terrestres. BXORTAÇÃO AOS Gll&OOS
1u1
.....
~ 1
111
.,
,
,
1
o"
B
...
1. 01 ~tf.v yà.p f\n~i'.·úlç á.µqi! r~v oúpavou MO'.v rurm<;')µfvo1 Ka! Õ~irt µóvn rrrn1cnrnKt)ffÇ nüv Ô.CiÚpwv nxç K1v1í0nç im1~rÓlµrvo1 i:·ôuúwrnáv ' U: Krtl rÇn~flfl.
rn
1
AvmÕEÍaç Àô1ív11cn v àvcrnt~cro.ç pwµoúç· 5. o't fü: f:Ç aürcôv Ópµc;)µEvot tfuv npayµánov EKÔEOUVtat w\ç àvôpc.ónotç Kal cH.oµawçfuç àvarrÀátwvmt . .1ÍKT] ttç Kat KÀ.wôw Kat AÓ.xêc:nç Ka.1. Atporroç KUl EiµapµÉvT). AuÇ,ro tE KUl 8aÀÀ.ro, ai AHlKCXÍ. 6. ·•EKtoÇ ecrtlv ElCJT)'(llttKOÇ tpÓ7tOÇ ÚitÚtT)Ç, ÔEfuv 7tEpl1tülY\'ttKÓÇ. Km'}' OV àpn~µoum ôrnuç w\Jç ÔroÕEKa· wv Kal. ôrnyovíav 'Hcrioôoç ~ÕEt tnv aútou, 1m1. ooa ÔrnÀ.oye'i "Dµripoç. 7. TeÀ.rnmíoç of: ÚnoÀ.EÍitEtm (Éittà yàp oí. anav'têÇ o{rrot 1pÓitot) ó àno tilç fü:taç e\iepyrniaç 1ftç Eiç i:ouç à.vôpómouç Kcnay1voµÉvl)ç Ópµroµevoç. Tov ' yàp e\iepynouvm µ~ ouvtÉvtEÇ ÔEov à.vÉ7tÀ.acráv n vaç CJüHT)paç i'.ltocrKoÚpouç l((lt 'HpaKÀia à4Çi1mKOV KUl ÀCJKÀ.fl1tlOV icnpóv.
1. AÚtm µ(v aí OÀ.tCJÔl)paÍ 'tE KUl em(31..alkiç napEKl3áonç 'tTtÇ àÀ.T)ÔEÍaç. 1m\}ÉÀ.1muom oÜpavÓ\}ev tov ãvôpmnov Kal. eiç (3ápaôpov m:pttpÉnouom. 'Et}ÉÃ.ro fü: Úµív EV XPéil tOUÇ ÔEOUÇ airtouç emôEiÇm Ónoíoí 'tlVEÇ K
-
CAPÍTULO
II -
[26] 1. Uns, em verdade, convencidos por todos os lados, na sua contemplação do céu, e acreditando apenas no que seus olhos veem, apressam-se em perseguir, extasiados, os movimentos dos astros e a divinizá-los; estes chamam os astros de theós (deus), da palavra thein (divinizar), e adoram o sol, como os indianos, e a
lua, como os frígios. 2. Os outros, que colhem, dentre as plantas nascidas da terra, os frutos cultivados, denominam o trigo Deo, como os atenienses; a uva, Dioniso, como os tebanos. 3. Outros, tendo observado as recompensas dos vícios, divinizam o retorno da sorte, adorando inclusive as desgraças. Daí os poetas terem imaginado [no palco] as Erínias e as Eumênides - divindades da vingança, da justiça e da punição. 4. E agora, alguns dentre os filósofos, seguindo os passos dos poetas, transformam em ídolos suas próprias paixões: personificam o Medo, o Amor, a Alegria e a Esperança, assim como o velho Epimênides edificou altares, em Atenas, à Arrogância e à Impudicícia. 5. Outras ideias, movidas pelas mesmas circunstâncias, são deificadas pelos homens e ganham aparência antropomórfica tais como: Dice, Cloro, Láquesis, Átropos, Himármene, Auxo e Talo, as divindades áticas. 6. Há uma sexta maneira de introduzir a charlatanice criadora de deuses: é aquela que consiste em enumerar os doze deuses, dos quais Hesíodo canta o nascimento, em sua Teogonia, e Homero, por seu turno, narra suas histórias. 7. Resta, porém, ainda, um último procedimento (em verdade, eles são sete, ao todo): aquele que resulta da benevolência divina para com os homens. De fato, por não serem capazes de compreender a beneficência divina, eles conceberam Dióscuros salvadores, um Héracles e um Asclépio médico.
1. Essas vias da verdade, escorregadias e perigosas, fazem o homem tombar. afastar-se do céu e voltar-se para o abismo. Eu gostaria, entretanto, de mostrar--vos esses deuses em pessoa, tais como são, se existem, para que, de uma vez por todas, vós vos aparteis do erro e, novamente, corrais em direção ao céu. llXOllTAÇÃO AOS GllllOOS
1n1
,.-
K
1- •I•
\
\
\ 1
t>
1'
fl
-
2. «'"Hprv yú1) 1wu Kf(t íwrl.; r{l\vn t)pyí"],;. ,;>e; Kui oí }"ornoí· t> õi:· l~Eoç rrÀuÍ>010.; 1:)\' t:,. i)1.ú-1. ()H/
t';vw-;
iío11
«/(,),· y(~p
n1v rro.itAi1v Úy1(rrqv c1,\1w\i, í)v 11y1Í..rrqCTrv íwilç,
\'fKpou.; rol.; rrctpwrr<;>,llUCTt\' m)vrÇoinrruÍq0rv r-í!.> -'
\1 ÀÚ/o.;'' !\·ui m1vrmrrL; Xpt
11r
0
ro1yÚprot z1(),rnfiCil\' àÀl•lJ\'Tr~ o\;
IHHE
l\'(1.1\lltf]O'l\'
OftÀnÍrn\' ,·t.zf(I)\' ÀuHpTÍCTFtf t'hipÓv.
4. Tà µrv õ11 rrÀElcHu ~1rµú~rnrm Krxt rrÉrtÀacrrn:1 rrFpt l~EÔN lJ~L'iv· tà õ( Kat Üaa yryn·~
õr ÃáPrmk
5. Taum ~µ\v ~ npoq:nynKl) 1tU.pE)"(Uq.
ÕE
KO.l
1t0\Tl'tlKll rípuÀÀa· TtíXpEY'(Uí/-
Kal. ~ rtÀ~Ôna. '(\Jµvulitm rfuv KffternÀ.f1K'ttKfov i:ourú>Vt Kal. EKTtÀTlKrndõv
1tpooúmElOJV tOV OXÀ.OV tfuv \~Efuv. CTUV(l}VUµÍmç ttGl tàç ÕoÇortot Íaç ÔtEÀ.ÉYXOUCJa.
l 281 l. A\rtiKa 1ouv ncn v ot i:pE'iç touç ZTivaç ÚvCY."ypácpo\Jcn v, tov ~tEV Aiôfpoç Êv ApKa.õiq., tc'i} ÕE À0t1t(~) Kpóvou mxlõf, -w1'totv tOV µl::v fV Kp~·q1, ôátEpov OE i:v ApK<:t.õiq. rtÓ.Àlv. 2. Eia\ fü: oi 1tÉVtE Al>11vfo; l>noti ÔEVtCt.l. t~V µ[v 'Htpatcrtou. 1i)v i\ ltflVO.iav· tl,v õE. NEÍÀ.ou, t~v Aiyurttiav· tpitnv w\i KpÓv0\.1, i:~v no/...r~tou EupÉ'1w· "tEtÓ'.p'trlv Ti)v ~tÓÇ, ~v Meoo~vtot Kopuqmo\av à.rto tfiç µlltpoç E7ttKcKÀ.~tcaa1v·
rnu
i
1
1 1
l'
\ \ -\
'1
flPt>'íPl.11TtK01 IJPOZ. f. .ll• .\H"A1
1 ~H 1
-
CAPITULO
([
-
2. "Nós éramos, pois, de certa maneira, filhos da ira, juntamente com os demais; Deus, porém, que é rico em misericórdia, por causa do grande amor que nos consigna, fez-nos reviver com o Cristo, quando já estávamos mortos por nossos erros." Pois o "Logos vivo" e sepultado com Cristo elevou-se a Deus. Porém os que ainda permanecem incrédulos, chamam-se "filhos da ira", alimentados pela cólera. Por outro lado, nós não somos mais frutos da cólera; uma vez afastados do erro, celebramos agora a verdade. 3. Por isso, seguramente, nós, então filhos da ilegalidade, tornamo-nos, pela filantropia do Logos, filhos de Deus. Mas, a vós, também, o vosso poeta Empédocles de Agrigento fez alusão: Portanto, atormentados por duras provações, nunca aliviareis vosso peito de tristes aflições. 32
4. Quase tudo que se diz de vossos deuses é narrado em forma de mito e ficção; e tudo quanto se supõe ter acontecido, tudo isso foi averbado por homens imorais e concupiscentes: Vós andais na vaidade e no delírio e, tendo abandonado o caminho frequentado e retíssimo, partistes por entre espinhos e aguilhões. Por que errais, ó mortais? Parai, vaidosos! Abandonai as trevas da noite! Abraçai a luz! 33
5. Essas coisas nos recomenda a Sibila - poeta e profetisa. Eis, também, o que a verdade nos ordena, quando retira a máscara da turba dos deuses, essas máscaras horríveis e aterradoras, convencendo, por sinonímias, esses produtos da imaginação.
[28] 1. Há ainda, segundo certos autores, três Zeus: um .filho de Éter, na Arcádia, e os dois outros filhos de Cronos - um nascido em Creta e o outro ainda na Arcádia. 2. Há outros que admitem cinco Atenas: uma filha de Hefesto, a de Atenas; uma de Nilo, a egípcia; uma terceira, filha de Cronos, a inventora da guerra; a quarta é filha de Zeus, a qual os messênios chamavam Corifásia, por causa do nome de sua IXOITAÇÃO AOS GRIGOI
1S91
~·
K
f
.\ A .\ 1 t) '
B
·~
i·1r\ n:O.crt d1v ílCÍ.ÀÀavwç KcÚ Tt mvíõoç t~ç hKrnvou. ~ tt)V
n:a Úp
Kam1%cm:cra ter rmtp<Í)(r KfKÓcrµqtm ÕÉrpcm é1'.>crm.:p Kcpõíq). J. Nat µ~v Àn:ÓÀ.Àrnv
õe
1. Ti õ' ri' 001 10uc; rtoÀÀouç efaot~lt ÀcrKÀYJn:wuç 11 wuç 'Epµâç touç àpul)µouµÉvouç i) 10uç ll
àvôpc;mouç yqovómç ÕleÀÉnoucrtv. 2. 'í\pqç youv ó Kat napà 10'iç n:ourcatç, Ú)ç o'lóv te, 1enµ1wévoç. ÂpEç. ÀpEç. ~potoÀoryÉ. µlCwpÓVE, 'tEl;(EOIJtÀT\m.
ó ·•àM.onpÓaa.ÀÀoç" oÚtoç Ket.t "àvápcrwç", wç µf:v 'EníxapµÓç cpTJ
õe
tÃ.Ti µrv Àp11;. otr µ1v lltoç KpatEpÓÇ 1' ºEnui!-:n1;.
Jtaíôr; AÀ(J)TJOÇ. Õficmv Kpo.'tTJP Évt Õrnµ~>" X
Ev KEp<͵q>
ÕÉÕEto tpiCJK
4. noU..à Kà.ya~à Kâpeç axo\EV, o'i Kata.ÔÚOU
Kcxl. Ka.Â.À͵cxxoç,
nrúTtEn JllOl "'"1
1"º1
f HllNH
-
CAPITULO
li
-
mãe; a quinta é filha de Palas e da oceânida Titânis, que, após ter imolado impiedosamente o pai, adornou-se com a pele deste, como se fosse um tosão de ovelha. 3. Quanto a Apolo, Aristóteles nomeia um primeiro como sendo filho de Hefesto e de Atena (nesse caso Atena não era mais virgem?!); um segundo nasceu em Creta e era filho de Cirbas; um terceiro, filho de Zeus; e o quarto era natural da Arcádia, filho de Sileno, cognominado Nômio, pelos arcádios; além desses, ele enumera um Apolo Líbio, filho de Amon; e o gramático Dídimo acrescenta a isso tudo um sexto: o filho de Magoes. 4. Mas, agora, quantos Apoios existem? Inumeráveis mortais, homens perecíveis, chamados pelo mesmo nome que aqueles acima citados.
1. Que tal se eu contasse dos vários Asclépios, ou dos inumeráveis Hermes,
ou dos legendários Hefestos? Eu não gostaria de ultrapassar a medida, inundando vossos ouvidos com essa multidão de nomes. Mas que, ao menos, suas pátrias, suas profissões e suas vidas e ainda seus túmulos vos convençam de que eles foram homens. 2. Ares, por exemplo, foi honrado, pelos poetas, tanto quanto possível, Ares, Ares, funesto aos mortais, sanguinário, assaltador de muralhas,J.4
este "inconstante" e "hostil" era, como diz Eficarmo, espartano; mas Sófocles o acreditava da Trácia; outros,. da Arcádia. 3. Homero diz ter sido Ares prisioneiro durante treze meses: Ares também sofreu quando Oto e o poderoso Epialtes, filhos de Aloeu, o acorrentaram em sólida cadeia; e num cárcere de bronze esteve metido por treze meses. JS
4. Muitas honras aos cários, que lhe sacrificam seus cães. Os citas, por sua vez, não cessam de imolar seus asnos, como diz Apolodoro~ e também Calímaco: Febo se levanta com os sacrifícios de asnos dos hipcrbóreos •.16 IXORTAÇÃO AOS GlllGOS
1 61 1
~
l\r'"'''i"'
5. "Htpmcrtoç Õr. Ôv rppt\j/fV
f\'
B
•
ÊS bÀ:Úµrrou ZEDÇ «fh1Àou cxm) l'}f
A~µ vcp Katarrrnc~w EXcXÀKEUE, nripon'}EtÇ tà) nÓÔE, «t>TCÔ õf:: Kvfi~tm pcúovto
' apa1a1.»
[30}
1. ''Exnç 1\"Ul impóv. ouxl. xaÀKÉa µÓvov EV ~Eo'iç· ó õi:: iatpoç qnÀ.Ú.pyupoç i)v, ÀcrKÀT]rrtoç Õvoµa autcp. Kaí crm tov crov rrapm'}~croµm rronrrí1v, tov BoHÚtlOV nívóapov· ftpcme l(cll(El\'OV àyúvop1 ~llO~(!) xpuooç EV XfPOl
o· ãpa Kpovíwv pí1vu.; 8t' à.µ
cim~w.;.
ui'ôcov ÕE KEpauvoç
rm.111Vf µópov.
2. Kal. Eupmíõriç· ZEu.; yU.p 1camKtàç 1miõa tov Eµov ai'noç ÀoKÀflmÓv. otépvo101\' ʵpaÀ.wv
oUtoç µf.v ouv Kettm KEpauvroôel.ç ev totç Kuvocroupiõoç ópiotç. 3.
ic:á.tt)'.EV
qruo(Çooç ala
ev Amceooíµov1 ut~1. q>ÍÃ:o iv natpífü yaín.
llPOJPElll!JOt OPQ[
1 6i l
EAAHNA~
--
-
CArfTULO
II -
O mesmo diz em outra parte: Gordurosas asnofagias alegram Febo. 37
5. Hefesro, por sua vez, o qual Zeus precipita do Olimpo, "do divino umbral", tendo caído em Lemnos, aí se tomou ferreiro, aleijado dos pés, "a coxear, afanoso, sobre as pernas recurvadas e inseguras" .Js
1. Vós tendes também, entre vossos deuses, um médico, não apenas um ferreiro; mas este médico era amante do dinheiro: Asclépio era o seu nome. Eu porei,
agora, diante de ti o teu poeta, o beócio Píndaro: Ele também foi seduzido pelo esplêndido salário, ouro a reluzir em suas mãos; de suas mãos, pois, o Cronida lançou, contra os dois (o raio), privando-lhes do peito o alento, e o raio reluzente precipitou-lhes o destino. 39
2. E também Eurípides: Zeus é o culpado da morte de meu filho Asclépio, atirando em seu peito uma 1lama. 40
A vítima jaz, então, fulminada pelo raio, nas fronteiras de Cinósuris. 3. Filócoro diz que Poseidão é venerado como médico, e que Cronos repousa na Sicília, pois lá está sepultado. 4. Pátroclo de Túrio e Sófocles, o Jovem, contam, em três tragédias, a história dos dois Dióscuros: estes Dióscuros foram homens mortais, caso se leve em rotai crédito o relato de Homero a respeito deles: Estes, em verdade, a terra fecunda os cobrira, na Lacedemônia, lá mesmo, em sua pátria querida. 41
5. E eis ainda o que diz o autor dos Poemas Cíprios: UXORTAÇÃO AOS GRIG0$
1 "J 1
._.,
K
1, '" .\
KÓ:crt(l)p ~11'v 1~v11rliç. l~avrí.rnu õé oi
.\
\
r l1 N
B ·.-
uicm 1tfn:pwrn1 ·
aüráp í.í y' à1~ávtxroç rluÀu8r1i"q;. üÇoç /\pqoç.
6. ToutO µ~·v Jtütr)tlK(t)Ç E\jffÚ
l. Tàç fü: Moúcmç. Üç À.ÀKµàv ~1oç Kal. Mv1iµocrúvriç yEvEaÀoyêt Kat oi À.OutOl TtOlT)tal KCXt cruyypa
1. AKOÚEtE õl) o~v tfuv na.p' uµ'iv ~Efuv touç eprotaç KCY.l tàç na.paôóÇouç tftç CtKpa.cría.ç µuÔoÀoyÍaç Ka.t tpa.Úµata m'.l1:fuv Kat ôrnµà Kat yÉÀ.omxç KCXl µáxaç ÔotJÀEÍa.ç tE ifn Ka.1 crtJµnócrm cruµnÂ.oKáç t' a.ti Ka.1 ÔÚKpua. Ka.I. miÔ'TI Kat µcxxÃ.cOOaç ~õováç.
1 64 1
-
CAPITULO
li
-
Castor era mortal, o quinhão da morte foi-lhe destinado; enquanto Pólux (Polideuce) era imortal, rebento de Ares.42
6. Isso nada mais são que mentiras poéticas; Homero é 0 mais digno de fé, ao falar dos dois Dióscuros, e quando diz que Héracles também é apenas um ídolo; um ser humano, Héracles, o autor de grandes trabalhos! 7. Homero sabe que Héracles é um homem mortal; Jerônimo, o filósofo, também nos pinta o seu retrato: pequeno, cabelos eriçados, vigoroso; Dicéarco, porém, o faz rijo como um toro de madeira, robusto e nervoso, escuro, nariz adunco, olhos brilhantes. Esse Héracles viveu 52 anos e terminou sua vida com honras fúnebres numa pira no monte Eta.
[31] 1. As Musas, que Álcman fez nascer de Zeus e Mnemósine, os outros poetas e
escritores as veem e veneram como deusas, as quais, agora, também cidades inteiras honram com seus "museus". Essas tais Musas eram servas mísias, compradas por Megaclo, filha de Mácar. 2. Esse tal Mácar era rei dos lésbios e estava sempre em desavença com sua mulher. Megaclo, por seu turno, indignava-se por causa de sua mãe: o que poderia fazer para mudar as coisas? Ela compra, então, para si própria, essas servas oriundas da Mísia, cujo número é sabido de todos, e as chama de Moísai, segundo o dialeto eólio. 3. Ela as ensina a celebrar, harmoniosamente, pelo canto, acompanhado pela cítara, os feitos heroicos do passado. Sua música contínua e apaziguadora e a própria beleza de seus cânticos encantam Mácar e põem fim à sua cólera. 4. A própria Megaclo, por causa disso, e agradecida por sua mãe, mandou cunhar a efígie das Musas em bronze e ordenou que elas fossem honradas em todos os templos. Essas eram as Musas, segundo a história contada por Mirsilo de Lesbos.
[3 2.] 1. Agora escutai, pois, os amores de vossos deuses, os estranhos mitos de suas fraquezas, suas feridas, suas prisões, seus risos, suas batalhas, suas sujeições, seus banquetes, seus amplexos, suas lágrimas e paixões, seus prazeres carnais. IXORTAÇÃO AOS GlllCOI
1 11 5 1
,...
KF·~l.\,\111~;
B -
2. KÚÀEt µol tO\' flocrnôw Kal tOV xopuv tCoV ÕtE(pl}rtp~lfVCl)V í.m' atrtoli, ti)v Àµqn tpi tqv. 1!1v À~rn~tcÓvqv. t11v ÀÀÓrri1v, t11v MrÀavírm11v. thv ÀÀ.Kuóvriv,
t~v 'trrrrol}Úriv. t~V XtÓVll\', tCl.Ç aÀÀaç tàç ~Lupím;· Êv alç õl1 Kat toCTaÚta1ç
oÜcrmç Ett rnu ílocrnôc7woç ú~uüv Êcrn:voxrnpfrro tr1. rcú1'Jri. 3. KÚÀn µot Kc"tt ràv ÀrrÓJ,Àco·
n
n
ilÚ<.pvfl yà.p ÊÇécpuyE ~tÓv111w1 rov ~1ávnv Ka1 rhv
o
ÊKn:À11poliv 81: Eiç rrácraç t~v Êrrn'JuµÍav. 'Evrn͵rcÀato youv yuvmKÓW oux ~ttov ~ aiycí'Jv
1.
o8µomtfov tpáyoç.
Kcú crou, <1 'bµripE. tEt'JaúµaKa tà 1t0t~µc..cta· ~.
Kal
Ktlf1\'fnmv
f7t
0
oqipÚcrt VfDO"E: Kpovíwv·
aµ~pÓcrto.l Ô' Üp(J, ;(CtÍ"Wl E1tEppÓim.tVto UVCX!CtoÇ
!(puto; cxn" àõavé.crow· ~lf'(Ct\'
()'
rÀÉÀt:;fv 'bf.uµnov.
2. l:Eµvov â.vcmÀ.ánrn;, 'bµript:. tov ~ia Kal. vE'l>µa n:EptárrtEtÇ aurcr tEnµ11µÉvov. ÀÀ.A' E:àv ÊmÕEiÇnç µÓvov, avl}pú)JtE, tOV KECT'tÓv, ÊÇú.ÉyxEtm 1w.I. ó ZEuç Ka1 ~ KÓµri KatmoxúvEtm. 3. Eiç ooov ÔlrÀJÍÀaKEv â.crEÀrEÍaç ó ZEuç EKE'ivoç ó µEt' ÀÀKµJÍvriç toaaútaç ~ÕuJtaônoaç vÚKtaç; oliõf: yàp aí. vÚKtEÇ a.Í. ÊvvÉa t0 ÜKoÂ.Úotq> µaKpai (ÜJtaç õl: E'.µJtaÀ.tv ó ~Íoç àKpaoi~ ~p
-
CAPITULO
li -
2. Façam-me vir Poseidão e o coro das que foram seduzidas por ele: Anfitrite, Amímone, Álope, Melânipe, Alcíone, Hipótoe, Quione e uma multidão de outras. Com tantas outras quantas eram, o vosso Poseidão ainda andava em apuros por causa de suas paixões. 3. Chamem-me também Apolo: este que é o Febo, o sagrado adivinho e nobilíssimo conselheiro. Mas não é isso o que dizem dele Estérope Etussa Arsínoe ' ' ' Zêuxipe, Prótoe, Marpessa, tampouco Hipsópile; apenas Dafne, de fato, escapou do adivinho e da desonra. 4. E venha agora, antes de tudo, o próprio Zeus, o "pai dos homens e dos deuses", segundo vós próprios! Este se entrega prodigamente aos prazeres afrodisíacos, desejando todas e com todas saciando seu desejo. Não obstante, o bode de Tmuite se satisfaz muito mais com as suas cabras do que Zeus com todas as suas mulheres.
[33] 1. E teus poemas, Homero, me causam admiração: Tendo dito, o Cronida, com suas negras sobrancelhas, aquiesceu; as madeixas divinas do Senhor agitaram-se sobre a fronte imortal; e o grande Olimpo estremeceu. 43
2. Tu nos plasmas, ó Homero, um Zeus soberano e lhe outorgas um sirial de cabeça imponente. Porém, ó amigo, se lhe mostrares apenas um cinto bordado, esse Zeus se revela e sua cabeleira perde a compostura. 3. Até que ponto esse Zeus não se excedeu em fornicação, ele que passou tantas noites dissolutas com Akmena? Também não coube a esse libertino nove grandes noites (uma vida inteira fora curta para a sua intemperança!) para engendrar as deusas que afugentam os males? 4. Héracles, filho de Zeus, verdadeiramente tal qual o pai (Zeus), nasceu de uma longa noite, sofreu desgraçadamente por muito tempo, para consumar os doze trabalhos, mas uma só noite foi-lhe suficiente para violentar as cinquenta filhas de Téstio e tornar-se, ao mesmo tempo, corruptor e noivo de tantas virgens. Não é, portanto, sem razão, que os poetas o chamam de "cruel" e "celerado". Seria, pois, cansativo narrar seus inúmeros adultérios e corrupção de jovens rapazes. ltXORTAÇÃO AOS GltlGOS
1671
-· K
t
B -
yàp oú8i: 1w. iõmv cY..rrÉcrxovrn oi rrap · up t v fü:oí. o ~tÉv nç "YÀa, o OE 'YaKlV\lOt>, (_) óf: IlÉÀorroç, () Õt: XpllCTÍrrrrou, o Õr ravu~tí18ouç
.5.
Ouõr
Ep<.1)\'1TÇ.
6. Toútou.; l>W-;>V cú ytiva.1 KfÇ rrpocrKuvoÚvt(t)V ro\ic; 1~rnúç. rnwúrouç 8€ EUXÉCHl
7. ÀÀÀ' Ol ~lf.V ã.ppfVfÇ UUtolÇ 10JV lJr<ÔV
lcrúlÇ
~LÓVül ~Hül>
tà
àcppoôícrw:
µEµOl;(Ell~lE\'llV.
8.
A'i OE àKOÀa
€rr\ Tu~rovc.[>. l:rÃ.nv11 <(5' rrrl.> ·Evôu~Lirovt, N11p11'1.'ç; Êrrt AiaKqJ Kal. Êrrl. ílrift..fl 0Énç. Ên:l. 8€ 'IacrÍoJV\ ~1wnnw Kat Êrrl. À.ÕÓwt8t
rn
1. '1\}1 õ~ Ka\ i:ouç àywvm; Êv ~paxE'i n:eptoÕEÚcrroµEv Kai ràç Énin>µj3iouç rawmcr\ 1tavT\yÚpEtÇ Ka-raÀ.Úcrú>µev, "Icrl>µ1á i:E Ka.1. Nɵw K(lt nú\ha K
I l\H 1
-
CAPÍTULO
II -
5 · Com efeito, vossos deuses não poupam sequer os meninos: um foi amante de um certo Hilas, outro de Jacinto, outro de Pélops, mais outro de Crísipo, e Zeus de Ganimedes. 6. Eis os deuses que vossas mulheres devem adorar! Que elas lhes implorem para que seus maridos sejam tais quais essas divindades: saudáveis de espírito, para que possam rivalizar com esses deuses! Vossos filhos devem habituar-se a venerá-los, a fim de tornarem-se homens, recebendo, como herança, os vossos deuses, a imagem diáfana da devassidão. 7. Porém, dentre os deuses, apenas os machos usufruem da isotimia da concupiscência? "Mas as deusas, estas permanecem, por pudor, cada uma em sua morada", 44
diz Homero; as deusas se indignam, em sua majestade, ao verem Afrodite após ter cometido adultério. 8. Pois, de fato, elas se entregam ao adultério, mas com muito mais ardor, quando proibidas de cometer adultério: Eos com Titono, Selene com Endimíone, Nereis com Eaco, Peleu com Tétis, Jasião com Deméter, e Adônis com Feréfata. 9. Afrodite, uma vez possuída por Ares, passou a Ciniras, depois se casou com Anquises, em seguida arma uma emboscada para Faetonte, ama Adônis, disputa com "a deusa de olhos bovinos", e, depois de se despojarem de suas vestimentas, por uma maçã, as deusas se apresentam nuas a um pastor que deve julgar a beleza delas.
[34] 1. Vamos, pois, percorrer rapidamente os certames e façamos cessar esses panegíricos junto a certos túmulos: os Jogos Ístmicos, os Nemeus, os Píticos e, sobremaneira, os Olímpicos. Em Delfos, cultua-se o dragão pítico, e a festa desta serpente é divulgada com o nome de Jogos Píticos; no Istmo (de Corinto), por seu turno, o mar lançou para a terra um cadáver, e os Jogos Ístmicos choram por Melícerte; em Nemeia, prestam-se honras fúnebres a outra criança, Arquémoro, e os jogos fúnebres em honra deste menino se chamam (Jogos) Nemeus; para vós, ó pan-helênicos, Pisa é o túmulo de um auriga frígio, e as libações em memória de Pélops, denominadas Olimpíadas, o Zeus de Fídias se apropriou delas. Assim, como os mistérios, eram gxoRTAÇÃO .\05 GRl!GOS
1t.91
1
,..
cOÇ fOlKfV. Ol
Kt
R
~~
ciyfovrç f7rl \'fKpülÇ ÔW.l~ÀOÚ~LEVO!, é(>crrrrp lW.t HÍ. ÀÓytn, KCxl
fü·õiwruvtm ã~t
3. .:11Óvucroç yàp KCHfÀt}f\v riç A18ou yÀtzÓprvo,; iiyvún r11v ó8óv. Úmcr;(\'ÓTO'.l 3· íYllHtJ 1ppÚcrnv. llptÍcruµvoç rnuvopct.. oÚK àµ1m}[· Ó 8[ ~llü~OÇ
ou
KaÀÓ;. IXÀÀÍJ. ~10\'ÚCH!) KO.À1)ç· KCl.l àtppo81mo; ~\' í1 xé1.p1ç. ó ~ll
ov
ÚTEÍ:rn ~1Óvucruç· ~3ouÀoµÉ\'qJ fü· t0 ôn~ yÉyovEv ~ ai'n1mç. KO'.t 811 \m1crxvt:ím1 rrapÉÇnv u\.11~). Ei à.vaÇn'.iÇm. (ÍpKC~) rncrrco0áµrvo; t~v 1mÓ
....
......
,...
,...
fKTEÀWV n~ \'fKpcµ. 5. "Yrróµv1iµc.x
rnu
rrÓ'.l}ou; wúrou µu
àvÍ
ÕE ·Á1õric; im\
~1Óvucroç, OTH(l ~taivovtm Kal. À11va·íçoumv''. oli Ütà. r~v
µÉ'ÔTJV rn-\J
fYO) otµm, TO
ÔHX T~V ErrovEÍÕlCTtoV T~Ç
à.crEÀ.ydaç t€pocpav tiav.
l. EiKÓ'tWÇ apa oí. tototÕE Úµfov l}rnl. 801.iÀ.01 rral}côv yEyovón:c;, à./..).à. Kat rtpo TÔlv EÍ.À.Ónwv 1mÀouµÉV(l)V Tfov rrapà. Aanõmµovio1ç ÕoÚÀ.nov Úrtncrf1À.l}Ev Çuyov ArrÓÀ.À.o)v À.ÕµT\Hp Êv
1 70 1
l.hAll~A1
-
CAPITULO
li
-
também fúnebres esses jogos atléticos - como me parece - e os oráculos, e tanto estes quanto aqueles se tornaram instituições públicas. 2. Os mistérios de Agra e de Halimonte da Ática restam circunscritos a Atenas, mas os certames, assim como as faloforias em honra de Dioniso, uma vergonha universal, infestaram ignominiosamente a vida. 3. Dioniso, por sua vez, desejando descer ao Hades, ignorava, pois, o caminho; um certo tipo, de nome Prósimno, promete-lho indicar mas não sem um preço: um salário nada interessante, mas que pareceu interessantíssimo a Dioniso. A recompensa - o salário - era entregar-se aos prazeres do amor, o que muito alegrou Dioniso; o acordo deixa o deus excitado e este promete cumprir a promessa, se volta~ e, todo fervoroso, sela o pacto com um juramento. 4. Uma vez informado, ele se vai; volta depois e não encontra Prósimno (pois este havia morrido); ansioso por cumprir o voto feito, Dioniso vai até ao túmulo do amante e aí se deixa dominar pela libido: corta, a esmo, um galho de figueira, dá-lhe a forma do membro viril e em cima disso se senta para consumar a promessa feita ao morto. 5. Como recordação mística deste sofrimento, nas cidades dedicam-se falos a Dioniso: "se não fosse para Dioniso que se faz o cortejo e se canta um hino às partes pudibundas, excluir-se-ia um ato de extrema falta de vergonha", diz Heráclito, "é preciso, por conseguinte, identificar Hades e Dioniso, para que se celebrem as Bacanais e as Lineias", não tanto pela embriaguez do corpo, creio eu, como pela ignominiosa iniciação na concupiscência.
1. Está bem claro que esses vossos deuses eram não apenas escravo.s de suas próprias paixões, mas também carregavam o próprio jugo da escravidão, antes mesmo daqueles a quem os lacedemônios chamavam de hilotas: Apolo, na casa de Adrneto, em Feres; Héracles, em Sardes, na casa de Ônfale; Laomedonte teve, corno empregados, Poseidão e Apolo, este último como servo inábil, sequer capaz de obter a liberdade junto ao seu primeiro senhor; com isso, os dois erigiram as muralhas de Úion, em benefício dos frígios. 2. Homero não se envergonha de dizer que Atena acompanhava Odisseu, tal qual "uma lâmpada de ouro em suas mãos"; sobre Afrodite, nós lemos que, semelhante a uma servazinha libertina, ela andava carregando Helena numa pequena liteira e a colocava diante de seu sedutor, como que para provocar o amplexo dos dois. l!.XORTAÇÃO AOS GRl!GOS
1 71 1
,,.,. K r
3. CTavÚa
<1>
~
B
1 ,, 1 ,, ~
~
tolltolÇ K
À.cupEt>crm Ôrnuç Ícrrnpr\ o>ÔÉ rrrnç ypá
rl-i1 81' KÀ.'l.Jto.;
A~ur1yuí1r1ç.
rÀ.fi fü: ílocrniSCÍ.rnv. tÀ.11 8 · ci.pyupórnÇ,oç .\m'.1ÀÀ.(l)V avÕpt n:CTpà l~VTJt(ó ô11rrurµrv riç l'\'llll>TLW' tÀíi
8 · ô~p1µút~wwç Ap11.; í.mü n:mpoç ci.váyK11.;.
Ka1 t:à Ertt wúrntç.
I. ToÚrntç o~v EÍKÓtwç ÍÍrrnm rnuç EpcunKouç úµ&v Kat rrm'hynKouç toúrnuç ÔEouç àv0pwrrorra0E1Ç EK rravtoç EicráyEtv tpÓrrou. «Kal. yáp ÔT\V KEÍvotç ôvrp:oç xpc;l<.;». TEKµT]pto'i õi:'. 'b~1npoç µCÍ.Àa ciKpt~&ç. À
'Ápll Úrro tOU ~toµ~Õouç Katà toU KEVEÔ>VOÇ outacrµÉvov ÕuiyoÚµEVOÇ.
2. CToÀɵwv 8€ Kat t~v À011vâ.v \mo bpvúwu tpwô11vm ÀÉyff vai µ~v Kat t:Üv A18wvÉa úrro 'HpaKÀÉouç rnÇrnô11vm 'bµ11poç ÀÉyn Kat tov "HÀwv [AuyÉav] navúacrcrtç Ícrtopá ''Hõn ÔE Kal t~V ''Hpav t~V Çuyiav Í.cnopó Úrro tOU aut:OU ºHpaKÀÉouç
lcooi~toç
fü:
ó fflHOÇ
OUt:OÇ navúacrcnç «EV nú/..cp 1iµaÔÓEVtl>>.
Kat tov 'HpaKÀÉa npoç t&v 'IrrnoKowvnô&v Kat:à tl1ç XElpoç
outac:n}11vm 'Af.yn.
3. Ei õ~ t:paúµata, Kat a'íµata· oí. yàp ixropEç oí. rro111nKot EtÔEX0ÉcrtEpot Kat t:Ô>v a͵Ó.trov, CTll'lflÇ yàp ciíµawç ixcúp voótm. ÀváyKT] toivuv ÔEpmtEÍaç KCXl tpo
O)V
dcnv f.võn:'iç.
4. ~10 t:pÓ.nEÇm Kat µÉôm Kat yéÀwtEÇ Kat cruvoucria t, OUK â.v àq>po8tcrimç xpo>µÉvo>V àvôpw7ttVOlÇ OUÔE 7to.tÕ01tot0UµÉvwv OUOE µ~v Ú7tVO)
ei
à.ôávato\ Kat à.vEvÕEEÍÇ Kat àyÍ)pcp únílpxov.
5. MnÉAf.tfkv õh:a\ tpaJtÉÇT\çàvôpcm~ÍvT\Ç1tapà to'içAh%o'lflv,àmxv0pómou
õE Ka1 àôfoµou uutCx; ó Zruç napà J\'>Káovl t:q> ApKáfü É
tép ~tÍ. llPOTPEOllKOI
ll~Ot
1 71 1
EAAHNAl
-
CAPITULO
li -
3. Paníasis, além desses relatos, narra muitos outros a respeito de deuses que serviram aos homens; eis como ele discorre: Deméter sofre resignada; sofre também o ilustre coxo (Hefesto); sofre Poseidão; Apolo do arco de ouro se submete a trabalhar assalariadarnente, por um ano, junto a um simples mortal; Ares, o de coração violento, experimenta o constrangimento paterno; 4 s
e assim por diante.
1. Depois disso, cabe mostrar-vos, sem circunlóquios, quão dissolutos e passionais são os vossos deuses, conduzidos levianamente pela condição humana. "Também eles, em verdade, possuem um corpo mortal." Homero testemunha perfeitamente, quando põe em cena Afrodite lançando terríveis e agudos gritos por causa da ferida, e quando nos descreve o belicosíssimo Ares ferido no flanco por Diomedes. 2. Pólemon, por sua vez, também diz que Atena fora ferida por Ómito; e conta ainda que Hades fora ferido por uma flecha de Héracles. Homero e Paníasis relatam algo semelhante a respeito de Hélio (o Brilhante). Este mesmo Paníasis diz, em seguida, que Hera, a que preside os casamentos, fora ferida por Héracles "na arenosa Pilos". Sosíbio, por outro lado, assevera que Héracles teve a mão ferida por Hipocoôntides. 3. Se há ferida, há sangue! E o ícor, esse líquido que os poetas associam ao sangue, é mais repugnante que o sangue comum, pois íkhor significa putrefação do sangue. É mister, portanto, conceder aos deuses cuidados e alimento, já que .têm necessidade de tais coisas. 4. Por isso há banquetes, embriaguez, riso e uniões. Praticariam eles os prazeres carnais próprios dos humanos, procriariam e cochilariam, se fossem imortais, sem carência de coisa alguma e possuidores da agerasia? 5. O próprio Zeus tomou parte num banquete humano junto aos etíopes, e, na casa de Licaão, na Arcádia, serviram-lhe uma comida desumana e criminosa: ele se serviu, espontaneamente, de carne humana. O deus ignorava, pois, que o ar· cádio Licaão, seu anfitrião, havia esquartejado o próprio filho (de nome Níct\mo) e lhe servido cozido como alimento. llXOllTAÇÃO AOS Gll!
' 73 '
•
K r
.\
\
t1> ,,
1
o :--.
B ._
1 :;7J
s~:vwç. ó íx-rmo.;. í_) µnÀÍXtoÇ, o rrpo<:Hporra'loç· pâÀÀov fü:
1. KaÀÓç yr Ó ZrtJÇ ó µavtn:ó.;.
(i
o
ou
ou
<.plÀfÍ. oú ~tá.Çi:-:tm, 1rcx18rpa0rrl. EpoHtKÓç· ot'1x 'fotO'.tat 1}n'>ç. KaÍwt rroÀ.ÀCl.t KCl.t K"aÀ.cxi KO'.t vuv h1 yuvo:ÍKEÇ KU.t A1í8m; E-lmprnfotEpO'.I Ólpmón:pa Kat rroÀtnKl;HEpu tou Kat Iq1ÉÀriç àq1mótcpm. µnpÓ:Kto:
ôr
3.
flou
\'U\' EKElVOÇ
ó ànóç;
nou 81::
ó
KllKVOÇ;
nou
fü:
auroç ó ZEÚç;
fqiípa.KE ~tEtà. roú rrrcpol» oü yc'xp Õ~rrou µnavoó wíç epconKoÍç ouÕE
ÕÀÀà r~v y~v rroÀurrpantóvn.
4. 'ü Kp~; crot õu1y{1crnm, rro:p· c"P Kal. -rÉ\Jarrtm· KaÀÀ͵axoç f.v ܵvo1;· 1mi
yàp
!cllj>O\'.
ro ãvu., O"EÍO Kp~rn; f!EK!~V(tV!ü.
TÉlJvT}KE yà.p Ó Zt:l>ç (µ~ Ôt>mpópn) ÓlÇ A~8o:, éoç KÚKvoç. éoç ànóç. éoç ãvt'}pwnoç f.pwnKÓç.
W; ôpáK(t)V.
1. ''Hôri fü: 1((.(t O:UtOl
'
,
k'fll 7tEtpat.
llP0f'21111Kflt
ff~(I~ (A~H~At
1741
-
CAPITULO
II -
[37] 1. Nobre personagem, esse Zeus profético, protetor dos hóspedes e dos suplicantes, pleno de mansuetude, fonte de todos os oráculos, vingador de crimes! É muito antes o oposto: o injusto, o criminoso, o imoral, o sacrílego, o misantropo, o violento, o corruptor, o adúltero, o libertino! Ainda bem que esse Zeus só existiu enquanto realmente existiu como homem; agora, até os vossos mitos - segundo me parecem - também já envelheceram. 2. Zeus não é mais serpente, nem cisne, nem águia, nem homem ardente de amor; não é mais um deus volátil, nem pederasta, nem apaixonado, nem usa mais da violênci~ e, no entanto, ainda existem muitas mulheres belas e mais graciosas do que Leda; mais esbeltas do que Sêmele; adolescentes mais belos e educados do que o boiadeiro frígio. 3. Onde está agora aquela famigerada águia? Onde está o cisne? Onde está Zeus, ele mesmo? Envelheceu junto com suas asas; com certeza não é porque se haja arrependido de suas aventuras eróticas, tampouco porque tenha aprendido os ensinamentos da prudência e da temperança. Nós vos desvelamos o mito: Leda morreu, morreu o cisne, morreu a águia ... Procuras o teu Zeus? Então não te ocupes do céu, mas sim da terra. 4. Os cretenses falar-te-ão dele, junto aos quais ele está sepultado, como diz Calímaco em seus hinos: "Pois os cretenses, ó Senhor, construíram o teu túmulo." 46
Portanto (não te irrites), Zeus morreu, assim como Leda, como o cisne, como a águia, como os homens sedutores, como o dragão.
[3 8] 1. Agora, os próprios supersticiosos parecem compreender, mesmo a contragosto, seus erros a respeito dos deuses: Pois estes não são nascidos nem de um carvalho antigo e célebre, nem de um rochedo - eles são filhos de homens; 47
mas, em pouquíssimo tempo, serão transformados em madeira e pedra. l!XORTAÇÃO AOS GR!GOS
1 7J 1
-
Kr·~1"11os
li
-
2. Àya~1f-µvova youv nva !lia rv In:áp1n npâ.m~m IrÓ.
õr
rv
qn1m Iwcrípwç.
4. CT0Àr~tc1)\' õi: Kr;u1vówç rráÀ.n• ~\rrói\.l.. wvoç i.Í.ÀÀo f.v ~t1 \}Úoua1v l!Àelo1'Pülµaiot Kal
.
,
qypmpoucr 1. 5. 'Efo õi:
ÀrrÓÀÀwvoç olõcv CX(uÀµa. KO'.l Ó\j/o
<1m! AáKü)vaç>· À
l. olEt rrot~Ev rrapÉyypa.rrta Taurá aot Koµ iÇecr\}m
tà Ú
7tapat1ÔfµEva: Oüfü: 'tOUÇ aouç yvcoptÇEtv EOlKO:Ç cruyypa
3. ~1Óvucrov ô( TlÔT\ cncorrfu 'tOV XotPO\VáÀ.av· LtKuCÚvwt toutov 7tpomruvol>mv E7tl tÔ>v yuvmKEÍCJ>v 'táÇavtEÇ tov ~tÓvuaov µopt(J)V, E
1 71. 1
-
CAPITULO
li
-
2. Um certo Zeus Agamêmnon, conforme narra Estáfilo, é venerado em Esparta; Fânocles, em seu livro Os Amores ou os Belos Rapazes, mostra Agamêmnon, o rei dos helenos, erigindo um templo à Afrodite Argina, por causa de seu amado Argino. 3. Quanto aos arcádios, estes invocam uma Ártemis denominada "afogada", como diz Calímaco, em Origens. Em Métimne venera-se outra Ártemis, a Condilítis. Existe também, na Lacônia, um santuário de outra Ártemis, a Podagras, como nos diz Sosíbio. 4. Pólemon conhece uma estátua de Apolo Boquiaberto e outra de Apolo Glutão venerada na Hélida. Os helidenses também oferecem sacrifícios a um Zeus "Caça-moscas", assim como os romanos o fazem a um Héracles "Espanta-moscas", juntamente com a Febre e o Medo, os quais eles inseriram no círculo dos companheiros de Héracles. 5. Permito-me, ainda, falar dos argivos e dos lacônios: estes rendem culto a uma Afrodite "Profanadora de túmulos"; os espartanos, por sua vez, veneram uma Ártemis "que tosse e escarra", pois eles empregam o vocábulo kheryttein para a ação de tossir.
[39] 1. Tu acreditas que esses fatos que te expomos são tirados de textos fraudulentos? Não reconheces, pois, teus próprios escritores, os quais eu trago aqui como testemunhas de tua incredulidade, vós, ó infortunados, que preenchestes toda a vossa vida com objetos ridículos e ímpios, tornando-a deveras impossível de suportar? 2. Não se venera, em Argos, um Zeus Careca, e em Chipre outro Zeus Vingador? Os argivos não fazem oblações a uma Afrodite Períbaso; os atenienses a uma Afrodite Cortesã; os siracusanos a uma Afrodite Calípige, a qual o poeta Nicandro imputa o epíteto de "a de belas nádegas"? 3. Agora eu silencio a respeito de Dioniso Khoiropsálas, o libertino. Os habitantes de Sícion o adoram como protetor das mulheres enlouquecidas pelo furor erótico, iniciador ignominioso, que se tornou o guardião venerável das partes vergonhosas. Tais são os deuses que zombam dos deuses; mais ainda, zombam deles próprios e se ultrajam a si próprios. 4. E, por acaso, são os gregos - que adoram esses deuses - melhores que os egípcios que adoram, nas aldeias e nas cidades, animais irracionais? Os animais irracionais, ao menos, não são adúlteros, nem concupiscentes, tampouco buscam llXORTAÇÃO AOS CREGOS
1771
..... K r 1r. " .\ ·\
1 t~ ~
B -.
l~flpEÚF.1 hôov~v ou8l: l~V. Cil õ( ÓJ!Olül. rí Kat XP~ ÀfyEtV
rn,
àrroxpwvnoç
autcôv ÔlêÀllÀfY~lfV(l)V: 5. ÀÀÀ. ODv yF Aiyúrrno1, J)V vuv õi1 f-µv~m~1w, Kffcà. tizç '~PllCTKFÍo:ç TÍ1.ç mpfuv fCiKÉÔavi:m· mH3oum fü· c1.lii:wv Itiriv'itm
on
ou
1. EtEV õ~· Ê1tnÕ~ ôrni, oÜç ôpnanÚE'tE, ai°>'l'hç ÊmaKÉ'JfacrôaÍ µot ÕOKÓ ei Õvtcl)ç eiev õaiµovEç, õrn-rÉp~ taútn, wç úµE\ç
1 7H 1
-
CAPITULO
li
-
prazeres contra a sua natureza. Mas será ainda necessário dizer alguma coisa a respeito dos gregos, quando já foram suficientemente desmascarados? 5. Em verdade, os egípcios - de quem eu me lembrei agora - possuem uma grande variedade de cultos, entre eles, os sienitas veneram o fagro, um peixe; os habitantes de Elefantina, o maiote (outro peixe); os de Oxírinco, o peixe que leva o mesmo nome que o da terra deles; os heracleopolitanos, o icneuno; os saítas e os tebanos, a ovelha; os licopolitanos, o lobo; os cinopolitanos, o cão; os habitantes de Mênfis, Ápis; os de Mendes, o bode. 6. E vós, que em tudo sois melhores do que os egípcios (eu hesito em dizer: piores), não cessais de rir diariamente deles. Quais são, pois, as vossas posturas a respeito dos animais irracionais? Entre vós, os tessalonicenses honram as cegonhas, em obediência a uma tradição; os tebanos, o peixe-gato, por causa do nascimento de Héracles. E o que dizem, ainda, os tessálios? Estes veneram as formigas dizem - porque aprenderam que Zeus se havia metamorfoseado em formiga para se unir à filha de Clétor - Eurimedusa - e engendrar Mirmidão. 7. Pólemon narra que os habitantes das cercanias da Trôade cultuam os ratos de sua região, os quais eles chamam de "esmíntios", porque roem as cordas dos arcos de seus inimigos; e de Esmíntio, palavra que alude a esses ratos, eles sobrenomeiam Apolo. 8. Heráclides, em seu livro Fundações dos Santuários em Torno de Acarnânia, diz que lá, onde se encontram o promontório Áctio e o templo de Apolo Áctio, imolava-se um boi às moscas. 9. Também não olvidarei os sâmios (que, como diz Euforião, veneram uma ovelha), nem os sírios da Fenícia, dentre os quais uns cultuam as pombas, outros os peixes, e com tanta magnificência quanto os eleenses, em relação a Zeus.
1. Pois bem, uma vez que não são deuses esses seres a quem vós rendeis culto, parece-me, portanto, conveniente examinar se eles não seriam demônios engaja* dos, como vós dizeis, numa segunda categoria. Se, de fato, são demônios, são, por conseguinte, companheiros da gula e da luxúria. 2. Encontram-se, pois, assim, livre e indiscriminadamente, nas cidades, esses demônios regionais, reverenciados como objetos de culto: Menédeme, entre os citnienses; Calistágoras, entre os tenienses; Ânio, entre os délios; Astrábaco, entre 8XORTAÇÃO AO~ GRl!GOS
1791
1 ÔÉ t\Ç 1\at
K('(l
ÔT)püKpà:tfl
!Wl
KuKÀ
IWL
AEtJK{l)Vt 'tOOV
MriÕlKCÜV àK~taÇóvnov àycúvrnv.
l. º'Ecrn KCtl aÀÀouç rraµn:ÓÀÀouç cruv1Ôttv ÔaÍpova.; TCp yf 1mt cr~ttKpov
õwôpE'lv ouvtl.~u'.v~· rpi.; ·rcip µupwí rimv rnl xllovl nouÀul3oTfípn õaipovEç àllúvmm. qiÚÀ.anç ~lfpcmwv àv1~p(Únwv.
2. Tívrç i:icrl.v o\
(O
BotO:rttE, µ!1 cp0ovÉcrnç ÀÉ.ynv. ''H 8~Àov
ffiç OU!Ol IC(ll oi toÚrrnv €mnµÓnpo1. Ol ~tqáÀot oaíµoVEÇ, ó ArrÓÀÀcov. i, Aptrµtç, h AT)HÚ. ~ ~qµ1í111p. ~ Kópri. ó CTÀo{no)V, ó 'HpaKÀ~ç. a.uroç Ó Zrúç. A/..)..' ouK àito8pâvm hµâç qrnÀánoucrtv, AcrKpo.'lc., µn áµaprávE1v oi:: 'lcrcoç. oi. áµapn&v õ~1a ou rrrnEtpaµÉvot. 'Ev1au0a 'to rrap01µuüôt:ç
õn
(mq>ÔÉyÇacrôc:u ápµÓnEt
3. Ei 8' Õ.pa Kat Eicrl. q>ÚÀanç o{rrot, ouK ruvoí~ 1:TI rrpoç Úµâç m:pmal}óç, tfiç ÔE ÚµEÔaJt~Ç à.n:rnÀEÍaç hóµrvot, KoÀÚKrnv 8i KT)V EYXP͵inovrm tcp j3iq>. ÔE:Â.EaÇóµtvm Ka1tvcp. Au1:0i 1t0\) (ÇoµoÀoyol>V'Tat oi. õaíµoVEÇ rnv yaotptµapyiav t~v aÚtfov, A.o1f»i.; u icvÍITT\Ç tE"
to yàp Ã.áxoµrv yÉpaç ~µr.lç,
Ãi'yovu:ç. 4.Tiva ô' âv
ei
q>wvnv A.áj3mrv Aiyurr1íwv t~eoí. ofo
atÂ..oupot 1ca.I. yaÀ.cii, rrpo~crov1m
Ti
"t~v 'üµripudw te. Kal. no11111K~v.
1'VÍOT\Ç tE Kal o\jlaptunicfiç
Ol
ÔEOt KO.t
El 'tlVEÇ ~µÍ'ÔEOl 00o1tEp
1:E õaíµovt:Ç
"Í"\µÍovot KÉKÂ..T\VW.l" oufü: yàp ouÔE
ÕVoµát
1!lo1
o'í.
"tílç
1
1
-
CAPITULO
li
-
os lacônios. Em Fa lero, honra-se também um certo "herói da poupa", e a Pítia admoestava os plateenses a sacrificarem a Andrócrates, a Demócrates, a Cicleu e a Lêucon, como se eles estivessem no auge da luta contra os medo-persas.
1. Existe ainda um sem-número de outros demônios, caso se queira, por mais simples que seja, fazer um exame: Em verdade, há três miríades, sobre a terra nutridora de muitos seres, de demônios imortais, guardiões de homens mortais. 48
2. Quem são esses guardiões, ó Beócio? Não te intimides de dizer-nos. É evidente que os grandes demônios são mais venerados que aqueles demônios secundários. Dentre os grandes demônios estão: Apolo, Ártemis, Leto, Deméter, Perséfone, Hades, Héracles e o próprio Zeus. Mas não é por medo de que nos afastemos deles que eles nos guardam, ó Ascreu; é, talvez, para que nós não cometamos erros; eles que, evidentemente, jamais os cometeram. Aqui, sem dúvida, vale a pena citar o seguinte provérbio: Um pai que não permite ser repreendido repreende o filho. 49
3. Se esses são, pois, vossos guardiões, não o são pela benevolência que sentem por vós, mas presos à vossa ruína; como aduladores, eles perseguem o que lhes mantém a vida, atraídos pela fumaça (dos sacrifícios). Esses mesmos demônios, de alguma maneira, reconhecem a sua gula: Libações e a fumaça odorífica das vítimas são o que nós temos como recompensa,'°
dizem eles. 4. Que outra linguagem teriam - se pudessem ter uma - os deuses do Egito, por exemplo, os gatos e as doninhas, senão a de Homero e dos poetas, amiga do odor dos sacrifícios e da gastronomia? Eis o que são, para vós, os demônios, os vossos deuses, e também todos aqueles a quem chamais de semideuses, como se dissesse semiasno: pois, de fato, vós não tendes carência de nomes para essas criaturas compostas de impiedade. IXOllTAÇÃO AO& GlllGOI
I Rt 1
r
KE
f42] 1.
tfuv àvllpómcov. rrpoç ÕE Kat avllpcorronoviaç ànoÀaÚovtEÇ' VUVl µEv tàç f.v crtaõio1ç E:vórrÀouç cp1ÀovtKÍaç. vuvl. ÕE tàç f.v noÀÉ~tolÇ àvo:p(l}µou;
on
qnÀonµiaç à<.popµàç mpímv ~Õov~ç rroptÇÓµEVOt, 07tCúÇ µÓ:Àtcrta EXOlEV àv{)pcom:ÍúlV àvÉOllV Eµ
1 K2 1
CAPÍT ULO
l l l
~ Os sacrifícios humanos e os templos dos deuses ~
1. Continuemos, então, e acrescentemos o fato de como os vossos deuses são demônios misantrópicos: não apenas se regozijam com a demência dos homens, mas também com assassinatos. Eles se dão ao prazer de agenciar ora lutas armadas, pelo simples desejo de vitória; ora guerras em que uma ardente emulação conduz os soldados a inumeráveis combates, instigados pela ambição. Destarte, eles se saciam, de modo superlativo, com mortes humanas; e caindo sobre cidades e povos, como epidemias, exigem libações atrozes. 2. Aristómenes da Messênia, a saber, degolou trezentos homens a Zeus Itometeu, acreditando oferecer um sacrifício tão grande quanto agradável; nesta tríplice hecatombe estava incluído Teopompo, rei dos lacedemônios, nobre vítima sacrifical. 3. O povo táurio, que habita as cercanias do Quersoneso táurio, imola imediatamente à Ártemis da Táurída todos os náufragos estrangeiros que eles capturam. Eurípides põe em cena em sua tragédia esses vossos sacrifícios. 4. Mônimo narra, em sua Seleta das Maravilhas, que em Pela da Tessália se imola um homem aqueu a Peleu e a Quirão. 5. Antíclides, em seus Retornos, mostra os líctios (um povo natural de Creta) degolando homens em honra de Zeus; Dósidas diz, a respeito dos lesbienses, que eles oferecem este mesmo sacrifício a Dioniso. 6. Dos fócios, por sua vez (e não gostaria de omiti-los), Pítodes narra, cm seu terceiro livro Da Concórdia, que eles oferecem um homem em holocausto a Ártemis Taurópolis. l!XOltTAÇÃO AOS GltlGOS
1 8} 1
-- K ,
4> "
, ,\ 1 .,
l>,j
r ..
7. 'Eprxl~Euç OE-· ó ÀtnKoç Kat Máp1uç ó 'Prnpcúoç dxç uiHfov f.l>uoán1v ôuyatÉpaç· wv ü prv t~ (l>rprcpá.nn. <;)Ç !.\1wàparnç iv rrpwtn TpaycµÕtJ\Jµrvrnv. (_) fü· rn'lç .t..rrotpon:aÍotç. Í.> MÚptoç. (.)ç ê1rnpl>l~fUÇ f.v tfi trtáptn hcú.1 K<Ôv ícrrnpfi.
oux
8.
o'1 Oi· crnn11pírJ.v o.irn{iµEvOt
rmpà HÚv irr1~0ÚÀc•l\' crcotqpÍaç. Kct.ÀÀtEpEtv
youv to7tctSO\'tfÇ CY.lJtOlÇ CHpaç aUtoUÇ ÀEÀ1Íl~CHHV cXTCOCT
9. Ou ytÍ.p ODV rtapà tO\' tÓn:uv tEpftOV yÍvnat ci AptÉ~ttÕÍ nç qHÀapyupÍ~c
J(().l
ÜÀÀ.utç
ó cpÓvoç, ouõ'
j1l_ fV irpcp Õ~th:v xwpíq) ~tâ.ÀÀ.ov 11 opyft Ka\ ÓµuÍotç
àrrompánot tov ãvltpcon:ov.
8aípocrt\',
Ên:t
~w~1o'lç
11 Êv óõo'iç
l ÍEpov J Í.EpEtov Êrc1qnw Ícrcxç, à'AJ...à. q>Óvoç
Éc:n\ Kat àvõpoKtacría ~ totaÚtT\ ltucría.
[43J l. Tí õ~ ouv.
ro
croq>WtCHOl tWV aÀÀOlV ScPOlV ãvl}pülTCOI.
\)T\pta TCEplq>EÚyoµEV tà avflµEpa, Kãv TCOU 7t:EptTÚXOlµEV CXpKC!)
fl
tà.
µev
ÀÉoV'tl,
fKtprnÓµn'}a. Õiç
o· O'tE tí; tE ÕpÓ.KO\'ta iôc;>V rraÀ.Ívopcmç àrrÉcm1
uÜpro.; fV ~~cmnç. VITÓ tf tpÓµoç fÀ).a~r Y\Jla.
ã111 t'
2. Ti õ' Üv KCll à.Ã.T\ÔEÚCTCllEV Ol KCXKOl, ~tiva av Wq>EÀ~crmcv; AÜtÍKCX yoüv Exffi crot ~EÀ.'tÍova, tfuv ÚµEÕarrfuv toÚtmv ÔEwv, tfuv ÕmµÓvwv. (môE'iÇm tov Üvllpffinov, wü À1tÓÀÀmvoç wü µavnKou tov Kupov Kat tov l:ÓÀ.(J}VCl. 3.
n poi.)ôcoKf.
tOV
Kpo'iaov 'tOV q>ÍÀ.ov KCll 'tOÜ µ1aôoü EKMxllÓµEVOÇ ( oÜtro qnÂ.ÓÂ.oÇoç nv) OP•1iPEUTl~Ot
rlPfJl. f.\1\lfNAl
-
CAPITULO
Ili -
7. Erecteu da Ática e Mário de Roma sacrificaram suas próprias filhas; o primeiro à Feréfata, de acordo com Demárates em seu primeiro livro Sobre as
Tragédias; e o segundo, aos deuses tutelares, conforme narra Doroteu, no quarto livro de suas Itálicas. 8. Tudo isso torna evidente que, de fato, os demônios são filantrópicos! Como, pois, não são analogamente santos aqueles que temem esses deuses? Estes são celebrados como salvadores; aqueles como suplicantes da salvação, ao pé dos que conspiram contra a salvação. Certamente, imaginando oferecerem belos sacrifícios aos deuses, eles não se dão conta de que degolam seres humanos. 9. Com efeito, não é o lugar que transforma um homem assassinado em oferenda sacrificial, tampouco se este homem foi degolado em honra de Ártemis ou de Zeus, num lugar sagrado, em vez de fazê-lo movidos pela cólera ou pela luxúria, demônios da mesma legião; sobre os altares, ou mesmo nos grandes caminhos, pode-se muito bem degolar um homem e proclamá-lo oblação aos deuses, entretanto esse tipo de sacrifício não deixa de ser um homicídio, um assassínio.
[43] 1. Que estultícia, ó homens, vós que sois os mais sábios dos animais! Nós fugimos dos animais selvagens! Se, por acaso, nos deparamos com um urso ou um leão, nós nos desviamos deles, como quem, vendo uma serpente na garganta de uma montanha, rápido recua; um tremor domina-lhe os membros, e ele capitula. 51
Mas, quando houverdes pressentido e compreendido que eles são demônios funestos, criminosos, insidiosos, misantrópicos e corruptos, não vos desviais deles? Não vos voltais contra eles? 2. Que verdade poderiam vos dizer esses seres maléficos, ou a quem seriam úteis? De imediato eu posso vos mostrar que muito melhor que os vossos deuses e os vossos demônios é o homem; que Ciro e Sólon são melhores que Apolo, o adivinho. 3. Vosso Febo ama os presentes mas não os homens. Ele traiu Creso, seu amigo, e, esquecendo as oferendas recebidas (como era desastrado!), conduziu-o l!XORTAÇÃO 1\05 GRl!GOS
1 "f 1
..
.
K r
l~
\
\
"'
1
ÍI
~
r .. ,.
'
avrlYUYE tov Kpo'icrov 81à wu °ÀÀ.uoç rrr1 1l1v rrtJpáv. OÜwl
AÀÀ.:. (0 lp1Àavt'}pc1mc)Tf Pf
o\
Kí!l àÀqúfo1rpE tol> ArdlÀÀrnvoç av1~pcmte,
~1Év.
rov
f1tt
TÍlÇ rrl1pâç oi'KTFtpov ôu)r~1Évov,
KTlt CTlJ
rrpocrKuvi::lç. Àa.µ~Ô.Vfl TtlV ~llCTÔÓv KCl.l µnà TO xpu0Íov \VfllÔFWl n:á11v. <
1. 'b\kv Errncrí ~tot 0aw1áÇnv Úm rroú. tpavTa.aimç à.naxMvn~ç oí rrpfu101 rrrnÀavnµÉv01 ÔEtcrtômµoviav àvúpcúnotç Ka:níyynÀav, Õa͵ovaç ÜÀHllPÍouç voµoúnouvtEÇ crÉ~EtV. El'n:
-
CAPÍTULO
III -
através do Hális até a fogueira. É assim que esses demônios que amam os homens guiam-nos em direção ao fogo. 4. Tu, porém, ó homem, mais solidário e mais sincero que Apolo, tem piedade daquele que está atado à pira; tu, Sólon, vaticina a verdade; e tu, Ciro, apaga essa fogueira! Por certo, mesmo no momento extremo, tu te tornaste sábio, ó Creso, tendo aprendido com o sofrimento: é um ingrato aquele que veneras. Ele se apodera do salário e, de posse do ouro, volta a mentir. "Considera o termo": não é o demônio, mas sim o homem que te fala. Sólon não profere oráculos ambíguos, em suas palavras há apenas a verdade, ó bárbaro; disso, em cima da pira, tiveste a prova.
1. Eu me interrogo, com espanto, por quais fantasias e em que ocasião esses
primeiros homens errantes difundiram a superstição e estabeleceram cultuar demônios criminosos; se foi o famigerado Foroneu, ou Mérops, ou algum outro dentre aqueles que edificaram templos e altares, foram, também, segundo os relatos, os primeiros a oferecer sacrifícios a esses demônios. 2. Em verdade, séculos depois, ainda se esculpem deuses para adorar. Seguramente, esse tal Eros, que se considerava o mais velho dos deuses, ninguém o honrava antes de Carmos que, tendo conquistado um adolescente, construiu um altar na Academia, em ação de graças pela realização de seu desejo, e chamou de Eros a violência impudica desse mal, divinizando um desejo obsceno. 3. Os atenienses ignora~am Pã, não sabiam sequer quem ele era, antes de Filípides lhes dizer. De fato, desde o início e de algum lugar qualquer, a superstição logrou tornar-se fonte de vícios estúpidos e, não tendo sido impedida, progrediu bastante e se difundiu, tornando-se engendradora de urna multidão de demônios, sacrificando hecatombes, celebrando panegíricos, levantando estátuas e construindo templos. 4. Quanto a esses templos, não silenciarei e os refutarei. Por eufemismo, são eles chamados de templos, pois foram, antes, tão somente túmulos. Porém, ao menos agora, vós esqueceis a superstição, envergonhados de venerar túmulos. !!ltORTAÇÃO AOS GRl!GOS
1 87 1
...
K
f
., "
.\ A ,
o ,
r ..
1451
rn
l. 'Ev te!> Vfc)> tíiç Àt~11vêtç fV Aa:pÍCT!l f\' àKpon:tiÀFl t
õc
·E/... flJ(il\'l TfHXq:JCt.!0'.1; 2. Tí cro1 rcccmÀ.h(!) th;
Yrrfp~opÉwv yuvcáx:a.ç: ·Yn:q1('>x11
KÉKÀ.11crt~ov. Êv n!> Aprq11críqi Êv ~~À.cp KfKÍ1õrncrttov.
r..:al AaoÕÍ101
to fü- f\' r
wu
...\11À.Ím> icrtl.v Íf p
r0
3. ·Evratn~a rfiç ArnKocpp\Jvriç to µvriµóov ouK ãÇwv 7tapeÀ.1Mv Énoµrvouç Zí1vwv1 Hf> Muvõícp. r0 ÍEpcp rflç ÀprÉ~ttôoç €v Mayvricríc;t l(fJ(tlÔClHat, ODOE µ~v rov E\' TfA~ltcJCT0 ~(l)~lOV TOU Àn:ÓÀÀ.wvoç· µv~µa dvat K'a 1. rourov TEÀp l(JO"f(l)Ç roú µávtHúÇ lCHOpOU(Jl V.
nrv
-t íltot.. fµa1oç ô€ ó wu .'.\y11crápxou i:v tcp a' tcôv n:Ept rov
5. À.À.À.à yàp EmÓvn
ÚµÔ'.Ç
µ01
touç 7tpocrKuvouµÉvouç Úµ\v t
Of: tl µJi l>1tfl0EPXftO:Í tlÇ atCTXÚVT) tCÔV toÀµwµÉvrov, VEKpOl apa tfÀ.fOV
ovrEç VfKpo'iç Õvtroç rrrnt
rJP(df'fflTlkOI HPOl
1
xH
1
EJ\,\tf~Al
-
CAPITULO
111 -
1. No templo de Atena, na acrópole de Larissa, encontra-se o túmulo de
Acrísio; e na acrópole de Atenas, o de Cécrops, como diz Antíoco, no nono livro de suas Histórias. E o que dizer de Erictônio? Não recebeu ele honras fúnebres no templo de Atena Políade? E Imárado, filho de Eumolpo e Daira, nos outões do Eleusino, ao pé da acrópole? As filhas de Celeu, também, não foram sepultadas em Elêusis? 2. Que tal mencionar as mulheres da estirpe dos hiperbóreos? Elas se chamavam Hipéroque e Laódice e receberam as honras fúnebres no Artemísio, em Delos, que faz parte do santuário de Apolo Délio. Leândrio diz que Cléoco está sepultado em Mileto, no Didímio. 3. Aqui, nesse catálogo, não se pode olvidar o túmulo de Leucofrine que, segundo Zenão de Mindos, recebeu honras fúnebres no santuário de Ártemis, em Magnésia; nem o altar de Apolo em Telmeso: este altar é, pelo que narram, o túmulo do adivinho Telmiseu. 4. Ptolomeu, filho de Agésarco, diz, no livro primeiro de sua História de Fi-
lopátor, que, em Pafos, Ciniras e seus descendentes estão sepultados no santuário de Afrodite. 5. Mas se eu quisesse, de fato, passar em revista todos os túmulos venerados por vós, todo o tempo possível não seria suficiente. 52
Quanto a vós, se não vos resta nenhum laivo de vergonha de tais audácias,
é porque, enfim, não sois senão cadáveres que, de fato, depositaram sua fé em cadáveres: Ah, infelizes! De que mal padeceis? A noite cobriu vossas cabeças. 53
BXORTAÇÃO AOS Gil!GOS
1 851 1
K
E cf> A A
A 1 O N
1. Ei õ. [n rrpoç wúrntç
Tà à:yá.ÀµaHx a-lirà l:mcrKorrEÍv
à.\qôc0.; À.npov Eup~crEn: Tnv cruví1\}r1o:v. «rpyo. XElpwv àvôp(:mo>v)) à.v0'.tcrô11m rrpocrTprnÓ,uEvot.
rrapaôEí11v. l:móvrrç
ii)..;
2. íláÀcn ~Lf\' oliv oi LKtnk1.t rôv àKtVÓ'.KflV. o·t 'f\pc1.~EÇ TOV À.ÍÔov, oi ílÉpcrm TO\' rromw)\· rrpom.'KllVO\)\', K(f.l TO)\' aÀÀmv à.vôpómwv oi Út Jtc~ÀatÓn:pot sÚÀ.ct. iôpúono rrEptl(lCt.VTt Ka.1 Klovn.; 'ícrTúJV EK ÀÍ l}wv· & õ~ Kal ;óava. rrpocnryopEÚno 8tá To à.rrrÇÉcrltm rltç ÜÀ11ç. 3. A~tf À.El f\' ., KápqnltçAprrp t8oç TOcÍ.yetÀ.µc1.ÇÚÀ.ov ~V ODK ripyucrµÉvov. Kal tltç Kn}atpül\'lU.Ç "'llpn.; EV 8rnrrELÇf. rrpɵvov EKKEKO~tµÉvov· KC(l TO TTtÇ 1'.clµÍaç "H paç. i.óç !pl(O"l V i\él} ).wç. rrpt>Tf pov µf.v ~V cravíç. ÜcrTEpov 8f. Errl npoKÀ.fouç
Ü.pxono.; àvôp1c,cvroE\ÔfÇ i:yÉVEro. "Errrl. õf. àvltpómo1.; à.rrnKovíÇrnl}m Tà l;óu.vc.( ~p~ctro. ~pÉT11 Tll\' fK ~poTÜw fltCl)VuµÍuv EKuprcc;mcno. -l. "Ev 'pú)µn fü: TCl rrrú.wov ÕÓpu q:nicrl. yEyovÉvm wu Aprcui; To Çóavov Oi.Jáppwv ó crunpmjH::Úç. 01°JÔl:7t(t) Tfov Tf.XVlTÔJV fITl TYJV FUrrpÓ
1471 1. 'nç µi:v oZ,v w-1.iç l.. íi.}m;ç KCÚ tf1. Ç{i}..c1, ÜÀ.rtv ciyÚ.Àµcrcu.
KC.Ú
àvôpd Kff..,
011Ko
ci.A~Ônu.v. iíõ11 µi·v cz1iTÚlJcv Õ~À.ov·
ànofü:i~wx; rroo~; €mõwµévou 10\1 TÓ1cou oú rru.p(Y.tTJltfOV. llt''lft'f,llll•.'11 llt'í•L f,\,'H'~'
J
9t)
!
01·,
µhv Ú.ÀÃ.à
KC:tt
CAPÍTULO i' 1 ;
~
IV
A natureza dos deuses gregos
~
1. Se eu ainda expuser, acrescentando ao que já foi dito, essas vossas estátuas
de deuses, para que as examineis, ireis considerar uma verdadeira estultícia esse costume de suplicar a coisas insensíveis, "a obras de mãos humanas". 2. Antigamente, os citas adoravam o alfanje, os árabes a pedra, os persas o rio, e, entre outros povos, ainda mais antigos, assentavam-se pedaços de madeira, visível a todos, e erigiam-se colunas de pedras; a isso deram o nome de xoana, por causa do polimento dado à madeira. 3. Seguramente, em Ícaros, a estátua de Ártemis era um pedaço de madeira não talhada, e a de Hera Citerônia, em Téspias, era um tronco cortado; a de Hera Sâmia, como diz Étlio, fora, primeiramente, um toro de madeira, depois, sobre o arcontado de Procles, adquiriu forma de figura humana. Quando se puseram a dar às xoanas forma humana, retiraram do epíteto brotoí (mortais) o nome brétas. 5• 4. Em Roma, uma antiga lança veio a ser a xoana de Ares, segundo o escritor Varrão, numa época em que os artistas ainda não se haviam dedicado a essa preciosa fraude. Depois que esta arte floresceu, o erro se expandiu.
1. Tanto em pedras quanto em pedaços de madeira, vê-se claramente a matéria com que as estátuas de figura humana foram feitas, para as quais fingis pieda-
de, caluniando a verdade; isso já está claro per si, mesmo que essa demonstração necessite de raciocínio lógico, não se deve fazê-lo. EXORTl\ÇÃO 1\05 GRl!GOS
1 91 1
~
...
f·
ifl
\
\
.\ 1
!•
\
..\
~
2. Ttw ~lf\' Ol)\' ()À,,~míucn Liío: i-:cxl. ·â1v i\,11í,·11m f10À.táõr1. i·"· xpu0ou Ka[ fÀt:~(pnvrnç lúH(í'.CT1'nià0w EtÓÍuv rrr1,vrí n:mi cru.
J. J\111 ot>\' f.~µ
o.uw:ív· 10wp\)t1nn ~:;((!) 001 íloÀrµ@·u 8ni-..-vúvm i:v rfl n-nxprn rfov 11 pi\; T͵mw 4. µ11úi: trt. [v lkrnxpu1.; t~:; AllKÍm; à/1Àµuru .'11(1..; Kat Am'1/,A.covoç
Tüll
At'}qvcxiou.
(i')ç <.pl]CTt
àyáÀ~w.m Êvvw.rt~Xll rJ00FtÔfuvoç ~ai Aµl(Jtrpí·n1ç .c\ruti'1rptoç yr1.p
dcr!v
f\' T1ívcp npo0Kuvoúµc:va .
i:v fü:utÉpq.i rfov ÀpyoÀtK(Ô\' tou rv Típuvô1 tílç ''Hpaç Çoávou
Kat "CllV Í.ÍÀ.qv ()nv11v Kat tÓv rro111't'~v Àpyov cf.vo.ypÓ:cprt .
. 6. IloÀÀot õ' àv ráxa rrou t}o.u~tácrnav, Fi µát}otc.v to IlaÀÀÓ:Õwv "Co Õton:nrç 1mÀoÚ~LEvov.
o~\U~t 1í811ç
KCJ.t
bõu00F.UÇ i.cnopolivrm ~tfv ÚcpEÀÉcrÔm
àn:(J 'I/,íou. napa.KaWÔÊcrôm 8€ tlTjµo<.pfovn.
EK
tcÔV
nD.on:oç O
Ka"CE
7. ÀrrFÀÀâç 8€ E\' tolç ~fJ.cpurnlç 8úo cpll
8' ún:' àvôpcÚm1)V ÕEÔT]µtoupftlcrôm. AU.' 01t(t)Ç µriôdç ÚrroÀá~n µe àyvoÍÇt JtapEtKÉvm, n:apm1~cro~tm At'hívrim yqovÉvm lÍKCJ>VOÇ
wu
K(Xl
murá
Mopúxou ~wvúcro1J "CO ãyaÀµa
µEV EK wu tpEÀÀÓ.Ta KaÀouµÉvou ÀÍ\}ou, rpyov ÔE dvm
wu EuJtnÀÚµoD. (0ç
8. 'Eyc:vÉ
KCXt
to til:; Mm.ivuxíuç ÀptɵtÕoç Çóavov f.v ltKDÔlvt.
1. Kal.
ti
nc:pl. iaum Õtatpí~(I). E:Çov aDtov tov µqaÀo8aíµova úµ'iv
Émoe'iÇm Ü
!
t)L
f
-
CAPITULO
IV -
2. Todo mundo sabe que o Zeus de Olímpia e a Políade de Atenas, de ouro e marfim, foram obras de Fídias; a xoana de Hera, em Samos, foi feita por Esmílis, filho de Euclides, conforme escreveu Olímpico, em sua obra Sâmios. 3. Não duvideis de que duas das denominadas Venerandas, em Atenas, Escopas as plasmou na pedra chamada lychneús, sendo, a do meio, obra de Calo; eu posso citar-te Pólemon, que narra isso no quarto livro do A Timeu. 4. O mesmo se dá em Pá tara da Lícia, onde as estátuas de Zeus e Apolo foram esculpidas ainda por Fídias, assim como os leões a eles consagrados; acredita, pois. Se, como dizem alguns, a obra era de Briáxis, isso não importa, este também foi um escultor; atribui-a a qualquer um dos dois, como quiseres. 5. Também são obras de Telésias de Atenas, como diz Filócoro, as estátuas, de nove braças, de Poseidão e Anfitrite, veneradas em Tenos. Demétrio, no segundo livro de suas Argólicas, registra que a xoana de Hera, em Tirinto, era de madeira de peral, e que seu autor fora Argos. 6. Muitos, prontamente, espantar-se-iam se soubessem que o Paládio, considerado caído do céu (procedente de Zeus), o qual Diomedes e Odisseu haviam- dizem saqueado em Ílion e confiado a Demofonte, fora construído com os ossos de Pélops, assim como o Zeus de Olímpia o fora com os ossos de uma besta oriunda da Índia. Eu ponho à vossa disposição o historiador Dionísio, na quinta parte de seus Ciclos. 7. Mas Apeles, em suas Délficas, diz que houve dois Palládia, ambos feitos por mãos humanas. Entretanto, para que nenhuma me pareça omitida por ignorância, eu citarei a estátua de Dioniso Mórico, em Atenas, esculpida num mármore chamado phellátas, obra de Sícon, filho de Eupálamo, como diz Pólemon, em uma carta. 8. Existiram também dois outros escultores - suponho que cretenses -, Escílis e Dípinos, que esculpiram as estátuas dos dois Dióscuros, em Argos, a estátua de Héracles, em Tirinto, e a xoana de Ártemis Muníquia, em Sícion.
1. De que coisa me ocupei! quando, em verdade, posso mostrar-vos o que era esse grande demônio, Sarápis, o egípcio, que, por excelência, era considerado dizem - digno da veneração de todos, e que ousaram dizer cuja imagem não foi feita por mãos humanas. l!XORTAÇÃO AO§ GREGOS
1 9.l 1
...,,
1\
1-. (l>
·\ .\
\ 1 t1 ~
;\
....
2. (i\ ~ll'.Y yàp ft.lH~)\' '10topllUCTIV xa.p10n'ip10v t>1!tl 2:1vrnm'.
yc:1w1(x fü· w!ç rlirroi; Ttl /:(•lpÍov. BÀ.1mÍ;(llv Oi:· 1l1v mxÀÀ.m.-iôu n-tcF\>'C{immav
rv Kü\'Ú)0C'.l prnr;o.yc;J\' ~, flrnÀ.qtrúo; i0rniffv Í.1rr.) Tl)V ITJ)OÔd)11Àw~1l-vov
i\vt1nxi.:ic7 TO a.ycú.pct. ,LIHCl.Xl't~vo.l À.Í::yri. f\I
CTl toôríq.
KCl.l CY.ÚTWV
yn·oµévwv KCZl \nt~) ílrnÀf,Llfltnu ów.rpa
ci; Ai'yurrrov
En:aycxyém~m tExvíw.ç ÍKcxvoúç·
5. rov ouv 'bcnpi v ràv rrpomxrnpa ràv a1.noíJ Õo:t8aA0~vo:t EKÉÀfD
aurà.; rro).urd.üi;. KCHCXCJKEi.JáÇn
õf: CXl.ltOV BpúaÇtç ó Õ-qµlODpyÓç, oúx ó
At~rivaí:o.;. aÀ.Ào.; ÕÉ n; ÓW;JVUµoç EKElVCp 1<ÍJ BpuúÇ181· oç ÜAn lWTUKfxPll'tCXl
ElÇ ÕT)plülJpyÍav µunn Kat ITOtKÍÀn. ºPív1iµa yà.p XPUCTOD ~V au1ép KCXl àpyúpou XUÀKOU TE Kú.l O"lÔ~püll KCY.l ~lüÀt~OOU. n:poç ÔE KC.Ú KCY.
ou KO'.l to-Üvoµa aiví n-nm ri1v KOl V(t)VÍav r~ç KflÔEÍaç Ka.I. 1iiv EK ti\ç wcpijç ÕliµtOtJpyiav, oúv1~rtov àn:ó -cr bcrip1ôoç Kat 'Ámoç yEvÓµEvov bcrípamç.
l. Kmvov
fü: ÜÀÃ.ov f.v Aiyúrrn:p, oÀÍyou oêlv Kat 7tap' "EÀÀ.T]
ó ~c1.cnÃ.ruç ó 'PmµCJ.t(l)V tov Ep{;lµEvov Ólpmótmov mpÓÕpa yt:vÓµEvov, Àv-cívoov. OV ÚvtÉpúJ(Jf,V º'~"tü)Ç Ú>ç ravuµ~õriv ó ZEÚÇ"
ou yàp
KWÀÚE'tat pCfÕÍo:>ç rmôuµia.
rn.:or
llPfJI [:,\,\lfSA.t
l
2. Uns contam que ela foi enviada, como dádiva de gratidão, pelos sinopeus a Ptolomeu Filadelfo, rei do Egito; este os cativou quando, consumidos pela fome, conseguiram trigo do Egito; esta xoana era uma estátua de Plutão. Ptolomeu, tendo-a recebido, assentou-a sobre a acrópole que, naquela época, era denominada Racótis, lá onde também se venera o santuário de Sarápis, nos limites de seus domínios. Ptolomeu, por sua vez, mandou transportar e sepultar, nesse mesmo lugar, Bléstique, sua concubina, que morrera em Canope. 3. Outros dizem, porém, que Sarápis era um ídolo do Ponto, que foi transportado para Alexandria, com honras magníficas. Apenas Isidoro diz que a estátua foi levada de Selêucia, perto de Antioquia, cujos habitantes se achavam na penúria e que foram saciados por Ptolomeu. 4. Aliás, Atenodoro, filho de Sándon, querendo atribuir a Sarápis uma antiga tradição - não sei como -, cai em contradição, argumentando que essa estátua era simplesmente bem-acabada; ele diz que Sesóstris, rei do Egito, depois de ter subjugado a maior parte dos povos da Hélade, retornou ao Egito, levando consigo artistas habilidosos.
S. O próprio Sesóstris lhes encomendou uma estátua, suntuosa e finamente trabalhada, de Osíris, seu ancestral, que foi esculpida pelo artista Briáxis, não o ateniense, mas por outro, homônimo, que usou, em seu trabalho, diversas matérias misturadas. Havia, de fato, limalha de ouro, de prata, de bronze, de ferro, de chumbo e também de estanho; nenhuma das pedras preciosas do Egito lhe faltava: fragmentos de safira, de hematita, de esmeralda e, enfim, de topázio. 6. Tendo polido a estátua inteira e a mesclado, tingiu-a de azul, motivo pelo qual a estátua tornou-se mais negra. Com as drogas que restaram do embalsamamento de Osíris e Ápis, esse artista modelou o seu Sarápis, cujo nome faz alusão ao fato de ter em comum honras e objetos fúnebres, tornando-se Osirápis, síntese de Osíris e Ápis.
1. O imperador romano entronizou piedosamente outro novo deus no Egito (e pouco se precisa para que isso também aconteça na Grécia): o seu charmo· síssimo amado Antínoo, consagrando-o, assim como Zeus fez com Ganimedes, pois não se freia facilmente um sentimento que não conhece o medo; agora os BXORTAÇÃO AOS GREGOS
19 5 1
·•·
K
1: q, _,
,
,
tà..; À.vnvóou npocrK1woumv ãv-ôpwrro1 cn>vaypurc\'~cr<:~ç f pmrní.;. , T'l
.:...
~lül
'
À,
~'\
1 ,, :-..
'
~
. ' T)mcmno o o:wxpaç
., Vl>V.
I
I
I
lrfOV K(HO. f'/l:'IÇ TOV rropVEIÇX TFT1µ1uu:vov; Tl
t'}privf'lcn'}m rc~)ü
~\
oi:'
\
KO'.l
~
f\
O>Ç UlOV
õr Kal. tÓ KÚÀÀoç aúw\1 ô1qyfl; uicrxpóv E
tl) KÚÀÀoç \J~prt µr~wpaµ~1Évov. M~ tupo:vv1ícrnç. ãv1~prnrrr. rn\J KcXÂ.À.ouç
~lT)Ôf fV\>~picrn..; àvl>ouvn tq> vÉqr tÍlPTJCTOV CXDTtl Km'}upóv. 'íva BamÀEDÇ
tol>
nrnÀ.Óv.
KÚÀÀovç yrvul'i. ~1i1 tÚpavvoç· fÀE{n~Epov µrtvl~nu· tÓtE CJOU
yvmpimo to KáÀÀoç. (ín: Ka.Ôo.pàv tfllÍPllKCtÇ t~V
ftKÓVCX"
tÓTF 7tpOO"K\JV~(J(l)
to KÚÀÀoc. Ütr r.tÀrii'hvov àpxrnmóv ian tfov KaÀfov . .3. 'Hõ11 õr tácpoç E-atl. wu EpwµÉvou, vECÓç rm1v Avnvóou Kat 7tÓÀ.1ç· x:a-ôám:p ÕÉ. o'íµm.
µmicrwÀna
KO'.l
oi vaoí. oÜtrn ôr Kat oi 1á
Àapúptvlfol. aÀÀot vao\ TWV VEKpÔN, wç fKElVOl tÓ:
[50]
ou ljlE\JÔol>-; oij3ou XPfl
Üvôpwito\ \~EU\" Elltu\'. fltfljlEÚ
à.Uu \}rnü µEyÓAow. tov ou XÉPEÇ eitAcmav àvôpcôv ftÔCÓÀ.01; uÀÓ:Àot.:; }.1 ôoÇfotO\
2. AÜtTl µÉvt01 rpEÍma touç vE.roç rrpocrayopE.Ún, tov µf.v t-ílç 'Ecprniaç
ÀptɵtÕoç «xácrµacn Kal. crncrµoí:ç» Katarrol}~crE.crl}m rrpoµ11vúoucra oünoç, Ü1mu ô· oiµ~n ··Eqirno; KÂ.rtíouou nap · õxômç K
VllOV sT\toU
3. tov õf. "Imõoç Kal. lapó:mõoç f:v A iyÚrttcp KCXTEVEXl}ficrEcr\'}a\ q>TJO"t 1w.1.
f:µrtp11crôitcrEcr1'm· "lcn. ÔEÕ. tp1tÚJ. O\Va, µÉvnç
f1tl xrúµcna NEÍÀ.ou
µoÚvl), µmvO.; uvauõo; f1tl ljl
OPOlPEllllkOt Jl,.01 lAAHlllAt
1 .,,, l
-
CAPITULO
IV -
homens celebram essas noites sagradas de Antínoo, de cujo dissolutismo o amante, insone, compartilhava. 2. Por que me apresentas um deus honrado pela prostituição? Por que me proibir de pranteá-lo como a um filho morto? Por que discorrer sobre sua beleza? É uma vergonha o belo consumido pela soberba. Não te conduzas, ó homem, como um tirano, diante da beleza; tampouco insultes a juventude em sua eflorescência; guarda-a pura para que ela seja bela! Torna-te rei da beleza e não seu tirano; que ela permaneça livre; reconhecerei a beleza em ti quando terás guardado pura a sua imagem; adorarei a beleza quando ela se tornar o verdadeiro arquétipo das coisas belas. 3. Existe, agora, um túmulo do ser amado; em verdade há um templo e uma cidade de Antínoo; uma veneração semelhante, penso eu, àquela que envolve os templos, assim como os túmulos realizadores de prodígios, as pirâmides, os mausoléus e os labirintos, todos templos de mortos, como o são aqueles túmulos de deuses.
[50] 1. Como vosso mestre, citarei, por conseguinte, a Sibila profetisa: não do falso Febo, a quem os homens fúteis chamam de deus e, falsamente, qualificaram-no de adivinho, mas do grande Deus que não se plasmou por mãos humanas, à semelhança dos ídolos mudos, em pedra talhada e polida (... )55
2. Esta, de fato, prevê a destruição dos templos, dizendo que o de Ártemis Efésia será tragado por fendas ctônicas e abalos sísmicos, a saber: Em escombros, Éfeso se lamentará, chorando sobre suas praias escarpadas, procurando seu templo não mais habitado; 56
3. o de fsis e Sarápis, no Egito - diz ela-, será destruído e incendiado: fsis, deusa três vezes infeliz, tu permaneces sobre as águas correntes do Nilo, solitária, errante, muda sobre as areias do Aqueronte. BXORTAÇÃO AOS CRIGOS
1971
~
K
E-
1ti ·' .\ .\ 1
o
i...
d.
;..-
1w\ crú. ~1~pmri ÀÍ1~ou:; Úpyoii.; flllKFÍWVf m>ÀÀ0Í1.;.
Kfic:m1 1n(,·1~1ct µéymrnv E\' Aiyímtr~) rp1wÀ<1.ívn.
4. ~l> 8€ àÀÀ · ri ~Lll rr~1o
Õr
toÚtouç Ícrtâm ôupwpoúç:
1. ·p(l}µa\018€ -cà ~u~ytcrw. 1mrnpôcóµam tfl Túxn àvan1~Évtrç Kat múr11v µryÍan\v oióµrvot ôróv.
õn
ónouv µÉÀn, oü Kvím1ç. oux a·Í~tm:oç, ou Kaitvou. cp nµÓl~1c.vo1 Kat tu
µutxn, tà àyáAµani. fU''11PF.ntH(f>L llPOl
! 'I K 1
E.\.Hl~A[
r -
CAPITULO
IV -
Em seguida, diz mais adiante: E tu, Sarápis, recoberto de inúmeras pedras reluzentes, jazes, como um imenso cadáver, no Egito três vezes infeliz.s7
4. Mas, se tu não dás ouvido à Profetisa, escuta, ao menos, aquele filósofo, Heráclito de Éfeso, quando insulta a insensibilidade das estátuas: "E a essas estátuas se lhes imploram, como se conversassem com casas" _ss 5. Com efeito, não são prodigiosos aqueles que suplicam às pedras e, depois, colocando-as, também, diante de suas portas, como se elas pudessem fazer alguma coisa? Eles adoram Hermes como deus e guardião das portas, veneram a estátua do "Protetor dos caminhos". Se, realmente, eles os ultrajam como seres insensíveis, porque, então, adoram-nos como deuses? E se acreditam que eles são dotados de sentimentos, porque fazem deles seus porteiros?
[51] 1. Os Romanos, que atribuem à Fortuna os seus maiores êxitos e concebem-na como uma grande deusa, carregaram-na em uma cloaca e aí a instalaram, outorgando a essa deusa suas latrinas, como templos verdadeiramente dignos dela. 2. A bem da verdade, tudo é indiferente a uma pedra insensível, a um pedaço de madeira, ao ouro precioso; seja o odor das vítimas, seja o sangue vivo a escorrer nos altares, ou a fumaça que os deixam enegrecidos, nem mesmo a honra ou a desonra. Essas estátuas são menos dignas de veneração do que qualquer animal. 3. Corno foi possível divinizar objetos insensíveis! A mim, é-me difícil compreender e sentir compaixão da loucura desses homens perdidos e, por conseguinte, infelizes; é certo que alguns animais não têm todos os sentidos, assim como os vermes e as lagartas e todos aqueles que, desde o primeiro momento de sua criação, surgiram deficientes, como a toupeira e o musaranho que, segundo Nicandro, é cego e causa pavor. 4. Contudo, valem mais do que essas xoanas e essas estátuas destituídas de sensibilidade; aqueles seres, ao menos, têm um dos sentidos, por exemplo, a audição, ou o tato, ou alguma coisa análoga ao olfato e ao paladar; enquanto as estátuas não possuem a menor sensibilidade. l!XORTAÇÃO AOS GRICOS
1991
__.
Kt.<1>\1110~
é\"
5. noÀÀcx õf fCH\ tW\' Ç(i)(l)V. i..)<:m oufü· ()pacnv EXEl o\ín: flKohv oÜtE µ~v
rrptEtm. rrFpt~Éno:t, yÀÚ
1. Ka\
811 [µrraÀtv Êv aÜtatç rrou w.lç rrEptcrtácrEmv oi. 8nm8aíµovEç, oi
tfov J..rnwv rrpo
to
rov
n
EX<Í>VEU
1
'ºº 1
"'""".4t
-
CAPITULO
IV -
5. Há vários animais que não possuem nem visão, nem audição, nem voz, como é o caso da espécie das ostras; entretanto elas vivem, crescem e sofrem as influências da lua; por outro lado, as estátuas rudes são inúteis, inertes, insensíveis, são fixadas, cravadas, fundidas, lixadas, polidas, esculpidas. 6. Os fabricantes de estátuas "aviltam a argila'', 59 constrangendo a própria natureza da terra e persuadindo seus semelhantes à idolatria por meio da arte; esses "fabricantes de deuses" adoram não deuses e demônios, mas a argila e a arte, que são, de fato, essas suas estátuas. Uma estátua nada mais é que matéria morta plasmada pelas mãos de um artista; para nós, ao contrário, a estátua da divindade é uma concepção do espírito, não um objeto sensível, feito de matéria sensível. Espiritual e não sensível é o único e verdadeiro Deus.
1. Por contradição, nessas tais conjunturas, esses supersticiosos, que adoram as pedras, aprendem pela experiência a não venerar a matéria insensível. Deixando-se vencer pela própria necessidade, sucumbem pela própria superstição, pois, de igual maneira, eles desprezam as estátuas, mesmo não o querendo demonstrar abertamente; os próprios deuses menosprezam as estátuas a eles consagradas. 2. O tirano Dionísio, o Jovem, que mandou fazer um manto de ouro em volta da estátua de Zeus, na Sicília, determinou, à sua revelia, que substituíssem aquele por outro de lã, dizendo, com certa urbanidade, que este era melhor que o de ouro, porquanto mais leve no verão e mais quente no inverno. 3. Antíoco de Cízico, não tendo dinheiro, tomou a iniciativa de fundir a estátua de ouro de Zeus, de quinze braças de altura, e consagrou, de novo, ao deus, outra estátua semelhante àquela, porém de uma matéria menos preciosa, apenas recoberta com folhas de ouro. 4. As andorinhas e a maior parte dos outros pássaros voam sobre essas está· tuas e aí defecam, sem se preocuparem com Zeus Olímpico, Asdépio de Epidauro, Atena Políade ou Sarápis do Egito. Entretanto, nem mesmo com esses animais vós compreendeis a insensibilidade das estátuas. 5. Por outro lado, há certos malfeitores ou inimigos que se prendem a elas: são aqueles que, ávidos de luxúria, devastam os santuários e roubam as oferendas, ou mesmo derretem as estátuas. l!XORTAÇ~O AOS CUGOS
1 101 1
~
1\
1 •I•
\
\
·\ I O ~
.\
~
6. Kal. fl Krxp(3ÚCTl)Ç nç i1 M(pEtOÇ 11 ixÀÀoç prttv(>prvoç romurn O.na rrrqcip11crFv Krxt Et rciv Aiyúrrrt<'w nç àrrÉKfftvrv /\rrtv. yrÀfo pi·v (ín Ú>v Ôfov cX1téKtf\\'f\I OÚt
l.n 1 1. ·EK(;)V ouv i·KÀ1Ícrnµo:Í 11 tÍlCTÓF rílc; KrtKU\lfY{Írn;. rrÀrnvrÇtfY.Ç iipya. o\ix't 8i: c/.8pavi:l
re1. àyáÀµu.ro:. '
'
uu
µâÀÀov
i1
rit.c; 'Vticp'lõa.; ro.; rrnpà w1ç aiywÂoíç
,
Kllµrt.rcc 2. o18a i:yc;) 7tl>p Ef.fYKTlK()\' nú 8ncr18mµovícxç iattKÓv· El ~oÚÂn rraúcrwn1m rílc; Úvoiu.;.
Io:pámõo.; Ír poli. 3. Aô~vrim yàp rnú ~1ovúcrou tou ·EÀEuÔEpÉú)Ç 1mt~pEl\j!E -rov vEC;J\'. Ka\ t()v Êv ~fÀ
au
to
to
lfPOTPf.llílllf)t llP(JI.
1
'02
1
l.\1'.lt~Al
-
CAPITULO
IV -
6. E se foi um Cambises ou um Dario ou outro louco qualquer que cometeu tais atentados, e se alguém matou o Ápis do Egito, eu acho graça porque esse alguém matou o seu próprio deus, e me indigno do que a luxúria é capaz de realizar.
[5 3] 1. Deliberadamente cessarei de falar sobre tais malfeitorias esses atos não ' de heroísmo mas de arrogância da parte dos ídolos. De modo algum, o fogo e os terremotos, que agem por si próprios, se amedrontam, nem se intimidam diante
desses demônios e dessas estátuas, não mais que as ondas diante dos seixos amontoados sobre as praias. 2. Eu bem sei, por mim mesmo, que o fogo é um bom argumento e um remédio para a superstição; se queres por fim à insensatez, o fogo te conduzirá à luz. Esse fogo também consumiu o templo de Argos, com a sacerdotisa Crísis; em Éfeso, o templo de Ártemis, o segundo depois do templo das Amazonas; em Roma, várias vezes, sorveu o Capitólio, tampouco respeitou, na cidade de Alexandria, o santuário de Sarápis.
3. Em Atenas, derrubou o templo de Dioniso Eleutério, e o de Apolo, em Delfos, que, primeiramente, foi devastado por um furacão e, depois, varrido pelo fogo inteligente. Essas coisas mostram-te o proêmio daquilo que o fogo se encarrega de fazer. 4. Os fabricantes de estátuas parece confundirem aqueles que, dentre vós, são sensatos e desprezam tais obras: Fídias de Atenas escreveu sobre o dedo de seu Zeus Olímpico: "Pantarces é belo"; com efeito, não era Zeus que lhe parecia belo, mas sim seu amado. 5. Praxíteles, por sua vez, como mostra claramente Posidipo, em seu livro sobre Cnido, ao esculpir a estátua de Afrodite Cnídia, deu-lhe a mesma fisionomia de Cratina, sua amante, para que os infelizes tivessem de adorar a amante
de Praxíteles. 6. Quando Frine, cortesã de Téspias, estava na flor de sua juventude e beleza, todos os pintores reproduziam seus belos traços nas estátuas de Afrodite, assim como, em Atenas, os escultores das estátuas de Hermes tomavam Alcibíades por modelo. Deixa-se a teu critério o trabalho de discernir, se queres também adorar as hetaírai. !XORTAÇÃO A05 CR!GOS
1 10\ 1
"#-"•
t\.
I· •il
\
\
\
l •i
'\
__\
.,
l_ql 1. ·EvTr1it~f\'. ulpm. 1-.:1\·11t1rvrr.; oi jkttítt1.rl.; uí rrnÀnwí. K
or
(.i ti-rr1.pw.; .:'1tl'w11e>oç 1'.:j(uÀrl'w· icu.1 i\111~p1ÕÚtTJ.;
ó Appwvoç uí.oç
ffo\'ttt-:l).; .:'11(1v1>CTOS KU.t (YlJH 1.;· d3titJtd'to iSi.· J(ít.t AAf!:~o:\'opn.; dvm ÔOJ(ftv i.:c1.! HpumpÓfm.; <~\·u.rc/u'nrun~m rrpà; tc71\' à:ynÀ~wtorwtcôv, to i.:o:Àuv tf\'~P(;)ltl)U rrpÓCHOITO\' lJl)pÍCíltl CTITfl>Ô(t)\' Kfpcxn. 3. Kctl. oün yi: ~umh1; pt>Vo\'. Õ.ÀÀÚ Knt i81wrm t~dmç npocrqyopÍcn; crtpfr.; cxlirov.; ~·crÉ,L1vu\·ov, ú).; Mf\'fKpó.rri.; ó icxrpóç. Zr\iç outo.; Ên:n:n).qµÉvoç. Ti µr õrí: Kato:À.Éyctv AÀÉÇ,npxov (ypCY.~tµet.ttKOÇ lCT'tOpfl ~!\p1cnoç ó IaÀ.a~tÍvioç. et.ÚtOV outo; Tll\' f7tlCTT~µ11v YfYO\'CDÇ. KUtfCTXT]~tÚ.ttÇEv ri..; "'HÀ.tov): 4. Ti ÔE:l KlXl N lKCt.yÓpoll µqtv~cn~m (Zt:Àd TllÇ TO yÉvoç ~V Katà rnuç ~\ÀfÇcivõpou YfYOVlk, xpóvc.rn.;· "Epµ ~ç rrpocrriyopêDETO ú Nl Kayópo.ç KCXl tft crtoÀft roú 'Epµoú Ú:Éxpriro. c1Jç aliroç µaprnpcí:), 5. orrou YE KCXt oÀu El~\'ll KCXl rtÓÀElÇ O'.U'tCXVÕpül. KOÀ.an:iav imoÕuÓµEVC1l. rÇEUtEÀÍÇoucrtv TOUÇ µÚll-ouç to-Uç 7tEpl tfuv ll-Efuv. icroltfouç ãvôpomot KatacrxrwccríÇovn:ç Emnot'.iç. uno õóÇ11ç rtE
w.;
oç
tou
µn
haípaç crx~µata.
JIPIJlPf;flfll(Ot IJJ'ltI l~l\Htil"I
1
104
1
-
CAPITULO
IV -
1. A partir disso, creio eu, os antigos reis, que desprezavam todos esses mi-
tos, eles próprios se proclamavam, deliberadamente, deuses, pois não havia nada a temer da parte dos homens; com isso, eles ensinam que também aqueles - os deuses - foram proclamados imortais graças à sua glória. Ceix, filho de Aiolo, foi nomeado Zeus, por sua mulher Akíone, e esta, por sua vez, foi chamada Hera, por seu marido. 2. Ptolomeu IV foi chamado de Dioniso; o mesmo fez Mitrídate do Ponto, autodenominando-se Dioniso; Alexandre, por seu turno, queria passar por filho de Amon e ser representado com cornos pelos escultores de estátuas, apressado que estava em ultrajar a beleza do rosto humano. 3. Os reis não foram, de fato, os únicos, particulares também adornaram-se a si próprios com apelidos divinos, como é o caso do médico Menécrates, apelidado de Zeus. É necessário ainda que eu cite Alexarco, sábio gramático que, segundo Aristo de Salamina, representava a si próprio como Hélio? 4. E preciso mencionar Nicágoras? Este pertencia a uma família natural de Zeleia e viveu no tempo de Alexandre. Fazendo-se passar por Hermes, tomou emprestado para si as vestes do deus, como ele próprio o testemunha. 5. Mas, que necessidade há desses exemplos, quando povos inteiros e cidades habitadas, insinuando-se na adulação, depreciam os mitos que dizem respeito aos deuses, atribuindo a si próprios - simples homens - a condição de ser semelhante aos deuses, imbuídos de glória e pondo à votação, entre eles próprios, honras desmesuradas? Então, o macedônio de Pela, Filipe, filho de Amintas, que decretou ser adorado em Cinosargo, ele que, "com a clavícula quebrada e a perna estropiada", teve ainda um olho amputado. 6. Depois é a vez de Demétrio, que também se proclama deus; lá onde desceu do cavalo, quando entrou em Atenas, há um santuário de Demétrio Kataibátes e altares por toda parte; inclusive os atenienses lhe engendraram um casamento com Atena, mas ele desdenhou da deusa, por não poder desposar uma estátua; ele subiu, então, a acrópole levando consigo a cortesã Lâmia e lá, na "alcova" de Atena, une-se à hetaíra, mostrando à vetusta virgem as posturas obscenas jovem cortesã. EXORTAÇÃO AOS GRll.GOS
1 IOf 1
da
..,,.-.
t\. r
1t> ·' .\ _, 1
o "'
:\
'9:,
[ 5 51
1. OU Vf~lf
"ln;ml)V
OlHOÇ
ÊmypO'.
fO'.UtoU
róõi::
'to ÊÀ.rye\ov· "lmt<•l\'o.;
róõr CTÍ͵
lO'O\' f7Wl'lCTf\'
1\fotp(( KfHtt.tpÔÍ~lf\'O\'.
Eu yE. 'hrr(l)V, ÊmÕnKvÚEtÇ íwiv rhv
Õ:vt~prnrrívqv rrAó:v11v.
Ei yàp Ka\
ÀaÀoúvri cro1 µh rrEmcrtEÚKacr1. vrKpol'> yt:vrcrl}fficrav pal}11ml. Xp11crµoç o{YrÓç Êcrnv "Irrmovoç· v01ícr{t)µEv autl)\!. 2. ol rrpocrKuvoÚµEvo1 rrap · tlµiv. ãv1}pC07tol yEvÓµrvoí rrotE. Eira µÉvrot tfl}vâcnv· tHl~lllKEV ÕÊ a.DtoUÇ ó µúl}oç Kat ó xpóvoç.
wµ01 fyÓ>. OTf µm rapitriôóvo:
4. KEKpátT\tm to M./..11µa wu L\1oç Kal. ó Ztuç úµ'iv 8là Iaprrriõóvo: oiµci>Çtl vEVtKT\µÉvoç. Ei'.Õ(J)À.a youv riKÓ't(J)Ç auwuç 1m1. õaíµovaç úµE:lç au'!Ol KEKÀ.~KatE, E1tEl Kal. t~V AÔT\VÔ.V aut~V Kal '!OUÇ ÜÀ.À.ouç l}EQUÇ KaKÍ~ nµ~cmç 'Oµf\poç õaiµovaç 7tpocnrrópEucrEv· Íl ô' OUÀ.uµitóvôe ~f~~Kfl ÕÓ>µm' f:ç ai·ru)xo10 ~1ÔÇ µnà ôr.tíµovaç
5. nroç o.\\v ftl 'ÔEot tà ElÕCoÀ.a Kat oi õaiµovEç, ~ÔEÀ:upà OV't(J)Ç Kat 1tVEÚµata. Õ:Káôapta., 1tpoç rtávt(J)V ÓµoÀ.oyoÚµEva. rft1va Kri\ õncmÀ.Éa, Kátro llP'OJPF.llTIKOI Tlf'Ol: [;\.\Hl"At
1 r o~ 1
-
CAPITULO
IV -
[5 5] 1. Que não haja, de modo algum, indignação, ao verdes Hípon querer imortalizar sua própria morte; este tal Hípon mandou gravar em seu próprio túmulo este dístico elegíaco: Este túmulo é de Hípon, que o Destino fez, após sua morte, semelhante aos imortais. 60
Tu nos manifestas bem, Hípon, o erro humano! Se, quando falavas, eles não acreditavam em ti, que se tornem agora, depois de estares morto, teus discípulos! 2. Eis o oráculo de Hípon. Meditemos, pois, sobre ele: aqueles que são adorados entre vós e que, na vida real, outrora foram homens, morreram depois; mas o mito e o tempo cobriram-nos de honras. Portanto, é de praxe menosprezar, de algum modo, o presente, porque se convive com ele. Enquanto o passado, que imediatamente se distancia das provas e se põe à parte, na obscuridade do tempo, é coberto de glória pela ficção; por um lado, desconfiam do presente; por outro, enchem-se de admiração pelo passado. 3. Assim, certamente, os antigos mortos, enaltecidos e venerados pela autoridade que o tempo consigna ao erro, são considerados deuses por seus sucessores. Prova disso são os vossos mistérios, os vossos panegíricos, os liames, as feridas e as lágrimas dos vossos deuses: Ai de mim, porque o destino quer que Sarpédon, que me é o mais caro dentre os homens, seja morto por Pátroclo, filho de Menécio! 61
4. A vontade de Zeus é dominada, e o vosso Zeus, vencido, lamenta-se por causa de Sarpédon. De fato, tendes razão em chamar, vós mesmos, os vossos deuses de ídolos e demônios, pois Homero, por maldade, honrava a própria Atena e os outros deuses chamando-os de demônios: Ela havia retornado ao Olimpo, residência de Zeus portador da égide, para junto dos outros demônios. 62
5. Como, pois, ainda são tidos como deuses, ídolos e demônios, esses espíritos verdadeiramente infames e concupiscentes, reconhecidos por todos como terrestres e l!XOll.TAÇÃO AOS Gll.!GOS
1 107 1
...-
K
t.
ti',, , ·\
1 tJ \;
~
....
pp\t~O\'TU, <
1\11.t
1. Tauô · Í.iµfov ti t l~E"ol n'x i::i'8(1)À(x. ai 0Kml K(t.t rrp(1; w\1w1ç «X(•>Àut» rKrí:vm 1m\ «puon\. rro.pcx~À(Í)n:r; Ó
s·
ouv. m
rn.:;.
rov Ún:Epoupáv wv ~Àa
l57l 1. ltÉov oúv Ó>ç EVl µál.tcrta ryy1rtáno TWV àyaAµÓ:TO>V, Ó>ç
oi KEtCX h
nÂ.ÚVY\ KclK rfi:; rrpoaÓ~E(l)Ç rÀÉ(..(Y\'tu.1· (vcmoµÉµaxtm yàp mÍv\1 õl1 cracpfuç tà t!õri tfuv àyo.ÀµÚto>v tl\v 8tát'1rn1v tfuv ÕutµÓvo>V. llPOTt'fllllkOI IJP
1
108
1
-
IV -
CAPITULO
impuros, que tendem à ignomínia, "que rondam os túmulos e os monumentos fúne-bres" e, errantes, deixam-se entrever indistintamente como "fantasmas de sombra"?
1. Eis os vossos deuses: ídolos, sombras e, com eles, essas criaturas "coxas, enrugadas e caolhas", as Suplicantes, filhas de Tersites, e não de Zeus; a mim me parece muito engraçado o que diz Bíon a esse respeito: "Como poderia ser correto os homens implorarem belos filhos a Zeus, quando nem a si próprio ele pode conceder tal coisa?". 2. Que impiedade! Enterrastes a substância absoluta, o quanto pudestes; aquilo que é puro e santo sepultastes nos túmulos, depois de terdes despojado o divino de sua verdadeira e real substância. 3. Por que, então, atribuístes honras divinas àqueles que não são deuses? Por que, tendo abandonado o céu, venerastes a terra? Que outra coisa é o ouro, a prata, o aço, o ferro, o cobre, o marfim, as pedras preciosas senão terra e produtos oriundos da terra? Não são, por acaso, filhos da mesma mãe, a terra, todas essas coisas que vedes? 4. Por que, então, ó homens vãos e frívolos (e eu ainda repetirei mais vezes), após haverdes blasfemado contra o "lugar supraceleste", fostes contra a piedade do solo, plasmando deuses terrestres e indo em busca dessas criaturas, em vez de vos endereçardes ao Deus incriado, caindo, por conseguinte, nas profundezas das trevas? 5. O mármore de Paros é belo, mas ele ainda não é Poseidão; belo é o marfim, mas ainda não é Zeus Olímpico; a matéria sempre carece da arte, enquanto Deus não necessita da arte. A arte se apresentou, e a matéria ganhou forma; e se a riqueza da substância faz disso um objeto de que se pode tirar lucros, é unicamente a forma que a torna digna de veneração. 6. As vossas estátuas são de ouro, madeira, pedra e, se remontardes aos primórdios, de terracota; seja do que for, recebeu do artista a forma. Eu, por minha vez, ocupo-me de andar sobre a terra e não de adorá-la; pois não me é concedido, em momento algum, depositar as esperanças de minh'alma em coisas inanimadas.
1. Aproximai-vos, pois, ao máximo, das estátuas, para que vos habitueis a acusar o erro apenas com um simples olhar; a aparência de vossas estátuas claramente impressa a predisposição interior de vossos demônios. llXORTAÇÃO AOS GltiGOS
1
109
1
traz
' ' . ' \ ... "'-....) E" -l youv nç HY.Ç ypacpo:ç Km rn. <~yft.Àpcuo: rrrp1vocnfov ôr~)w. yvú)p1el Úµcüv 7W.pmittl\O. tOlJÇ \~FOl>Ç fK HDV i·rrovr10Í
~
to
1. Toaoutov otatpov ai ti.xvm KCxKO'tEXvoucrm tol.ç àvoinotç €vrnoincmv. AÀÀ.à. touç µ€.v môi\Ko\Jç oi. 10Útrov 1po
on
nl'otPP.OTIK.Ot flJ'Ot EA \HNAI
1
110
1
-
CAPITULO
IV -
2. Se se percorrerem, pois, essas pinturas e estátuas, a fim de observá-las, reconhecer-se-ão imediatamente vossos deuses, a partir de suas atitudes e posturas injuriosas: Dioniso, por sua indumentária; Hefesto, por sua arte; Deméter, por sua infelicidade; Ino, por seu véu; Poseidão, por seu tridente; Zeus, por seu cisne; a pira designa Hérades; e, quando se vê a pintura de uma mulher nua, pensa-se logo na Afrodite "dourada". 3. Foi assim que aquele tal Pigmalião de Chipre se apaixonou por uma estátua de marfim, era a estátua de Afrodite e ela estava nua; subjugado pela beleza da estátua, o cipriota se uniu a ela, conforme narra Filostéfano. Em Cnido havia outra Afrodite, esta era de mármore e também era bela, e outro se apaixonou por ela e fornicou com o mármore; quem relata isso é Posidipo (o primeiro caso está em seu livro sobre Chipre e o segundo se acha no livro sobre Cnido ). Tamanha é a força que a arte tem para seduzir, tornando-se a sedutora de homens apaixonados, a ponto de levá-los ao abismo! 4. A força criadora dos artistas é poderosa, mas não é capaz de enganar urna pessoa que raciocina, nem aquelas que vivem segundo o Logos; são corno pombos que, por causa de uma pintura representando uma pomba, voam para perto dessa tal representação; são cavalos que relincham em direção a éguas belamente desenhadas. Fala-se de uma jovem que se apaixonou por um retrato, e houve também um belo rapaz que se apaixonou por uma estátua, em Cnido; mas os olhos de quantos contemplam essas obras são ludibriados pela arte. 5. Ninguém, pois, em sã consciência, se uniria à estátua de uma deusa, nem se sepultaria com um cadáver, nem se apaixonada por um demônio ou uma estátua de pedra. Mas a vós, a arte vos enganou por meio de outro embuste, suscitando, se não o amor, ao menos o respeito e a veneração pelas estátuas e pela pintura. 6. Com efeito, a pintura é verossímil! Que se louve a arte, mas que ela não engane o homem, passando-se por verdade. O cavalo parou de andar por causa da tranquilidade; a pomba está imóvel, sua asa em repouso; a vaca de Dédalo, feita de madeira, excitou um touro selvagem; a arte que fez o touro se excitar, lançou-o também sobre uma mulher apaixonada por ele, violentando-a.
[58] 1. As artes, por sua habilidade perversa, provocam esses arrebatamentos nos seres irracionais. Não obstante, aqueles que cuidam e alimentam os macacos constataram, com espanto, que estes não se deixam enganar com figuras e bonecas de EXORTAÇÃO AOS GREGOS
1 111 1
~
IC
1
•f1
\
\
1
li
\
:'\
-,,.
àmH toDtol>; o\J(){v· i>pFtÇ i)f- apa Kfl.l n:1111íl\"(I)\' ÀlM\'lllÇ Ketl Çu)._Í\'01;; Ket.t ' y ~)('Hpro..; rr fl omx \'F ~
xríp
YfV1Í(if
x11ucrf.01; Kctt i·Àf
xo v tr;.
2. TO(Íl)l>HO\' \,piv oí õ1w1oupyol r11111ppÚrow ('i/. . n1píwv oi )c1110Çóo1
ui àvôp10.vro1ro1ol ;pmprl; tr nli ...-ui t~'KHl\'fÇ
Kat
n:uÀÚv nvO'. 1wl
KU; rw1qmÍ.
to1<.Ylitov (~xAov n:upr1mxyovtr;. Kc:n:· ci.ypoii; ~1t·v L:ur{ipol!ç "·ui 11&.vw;. àvà ~' ' ··1 N·11plj)
'
I
•
,...
'
'
•
...
I
'
rrqil. n'x '-"8ura i-:ul rrrpl rouç n:ompui;ç KUl n'x.; mn
'
•
l\:(t.t
rrFpt t~v
1~Ú.Aarwv tÚ.; NqpfÍ.Õcc;.
3. ~frxyo1fü:1íúri Úcrrjkía; tl1; mpcôv ccÜtfov Úrrqphaç ôuípovuç rxuxoucrtv, oiKÉ'WÇ CtDtoU; fUUTOt.; Kff!ft'{pfnj!U\'tr<;. H>l>Ç KTHqvu.yKaCí~lf\'01.JÇ ÕoÚÀOUÇ to.lÇ EITCWtÕCTtÇ ITf7tülllKÚm;. fÚpOl !f o1'iv Út KUl ITi.Y.IÓOITOllcl.l l(C(l ÀüXElf.(1 ~t:fov µvqµovfl>C1pn·u.1 Kett µ0tXEtC1.l (!õóµrvcn K
4. IKrtV~V 7tf7tül~KCX'tf '"COV oupa\'OV
Kat
TO aytO\' 7tpocrrnrrEÍotç õm~tovímv
l((tl
to l}fí:ov Úµí:v Õpâµa yqÉv1rcm
KfK(r)~L<:pÔftlW.TE, t~V
àArittn
ttfü
ônmõmµovict cranipicravtf.Ç.
1. A\rtàp
o
~(JOV i,µ\v, ·0µ11pc. t~V qlú)\l~V t~V 1mÀÍJv, àµqi' Ap€<•}.; q>tÀÓtllTOÇ Elicrtrqiávou t" i\q>poÔÍtllÇ
ro; tri itpúrra µÍY!'l
0
Hq>uÍcrrnw ÕÓµot
ÀCÍ.l~Pff JtoÀ/<.ft. Õ' EÔúlKf. Aixoç ô' ncr;('tiVf KO.t fUV~V 0
H
2. Katána\>
-
CAPITULO
lV -
cera ou de argila; sereis vós, então, piores que os macacos, cultuando quadros e míseras estatuetas de pedra, de madeira, de ouro e de marfim? 2. Os artesãos, que vos fazem esses jogos funestos, são os escultores, criadores de estátuas, os pintores, os artistas e os poetas que introduziram a multidão de coisas dessa espécie: nos campos, os Sátiros e os Pãs; nas florestas, as Ninfas Orêiades e Hamadríades e, ainda, perto das águas, dos rios e das fontes, as Náiades; perto do mar, as Nereidas. 3. Aliás, as Magas, por sua vez, se vangloriavam de ter, a serviço de sua impiedade, demônios como serviçais, atuando como domésticos, e que foram reduzidos à escravidão por força da magia. Há, ainda, a memória dos casamentos, das procriações, dos adultérios e fornicações de vossos deuses, tudo isso cantado pelos poetas, assim como seus banquetes e seu riso descomedido na embriaguez do vinho são postos nas comédias; todas essas coisas me estimulam a lançar um esgar, quando, em verdade, gostaria de calar-me. Ai de mim, que impiedade! 4. Fizestes do céu uma cena; o divino tornou-se, para vós, uma peça de teatro; representastes em comédia o que é santo, com máscaras de demônio; pela superstição, transformastes em dramas satíricos a verdadeira piedade divina.
1. Agora, o tocador de cítara começa a cantar um belo canto; canta-nos, Homero, com tua bela voz, os amores de Ares e de sua Afrodite de diadema, seu primeiro encontro secreto na casa de Hefesto, e todos os dons de Ares, e o tálamo ultrajado do senhor Hefesto. 63
2. Cessa teu canto, ó Homero! Ele não é belo, ele ensina o adultério; nós e nossos ouvidos repudiamos o adultério, pois nós somos - nós - os portadores da imagem de Deus, e nessa estátua viva e animada, que é o homem, há uma imagem que habita conosco, que nos aconselha, que nos faz companhia, que vive junto a nós, que tem misericórdia de nós e sofre mais do que nós. Nós somos oblações feitas a Deus por Cristo. IXOllTAÇÃO AOS GRIGOS
1 11 3 1
..,,,
to
K
1 tP, ·\ .\ ,\ 1 () ~
L\
...
To
3. <~hµr'tç yÉvoç rt> fKÀfKtÓv. PcrnÍÀnov ÍEpÓ'.tEuµa, f\~voç Üy1ov, À.aoç 7tf pwúmoç. o'i rroÚ'. ÀaÓç. vüv õ[ Àuoç wü (}ro1h» oí Ko.-rà tov 'J(t)ávv11v oÚK ovtf.; «fK núv KÚttr>», rrapc/. ()[ to\> ãvrnl~EV rÀ1~Óvwç 1(> Jtéiv ~trµm~1p:Órcç. 0'1 Thv oix:ovoµÍnv roü 1~rou KaH'.(VfvoqK(nrç. oí «EV Katvónrn Ç(1)~Ç Tt:fpl7tCHflV» µrµEÀETllKÓtfÇ.
ou
j6oj
1. ÀÀÀ,' ou ·m\rm
[61] l. Tau1a Úµwv til.; ~Õurra~Etaç tà àpxÉnnm, autm tilç Ü~pECOÇ ai
ÔEOÀ.oyÍm. UU'tCll tfuv cruµn:opVH>ÓVt(l)V Úµtv ÔEWV aÍ. ÔlÔa
-
CAPITULO
IV -
3. "Nós, a raça escolhida, o real sacerdócio, nação santa, povo eleito, que outrora não era um povo, mas que agora é o povo de Deus";64 nós que, segundo - somos "d as pro f un dezas ,, ,65 mas apren demas com aqueles que vieram - nao Joao, do alto, aqueles que meditaram a economia divina, aqueles que nos exercitaram "a andar segundo uma nova maneira de vida" .66
(60] 1. Mas não são essas as ideias da maioria dos homens; rejeitando o pudor e o medo, suas casas representam a impudicícia dos demônios. Eles ornamentam suas alcovas com certas pequenas pinturas, penduradas no alto das paredes, como se fossem quadros votivos, acreditando ser a concupiscência um ato de piedade. 2. Deitados em seus leitos, unidos pelo amplexo, olham para aquela Afrodite nua, submissa ao amante; também mandam pintar, em suas alcovas, a ave apaixonada pela feminilidade, voando em torno de Leda, e concebem a gravura como um signo da libertinagem de Zeus.
[61] 1. Esses são os arquétipos de vossa sensualidade; essa é a teologia da arrogância; essas são as lições dos vossos deuses, que praticam convosco a concupiscência. "Aquilo que se deseja, nisso se crê", diz o orador ateniense. Vós tendes ainda outras imagens semelhantes: pequenos deuses Pãs, jovens nuas, sátiros embriagados, falos em ereção, que vossas pinturas exibem abertamente, mesmo condenados pela intemperança. 2. Hoje, não vos envergonhais de contemplar, com a população inteira, as pinturas que representam as posturas mais indecorosas; ainda bem que as guardais como ex-voto, como naturalmente o fazeis com as imagens de vossos deuses; consagrais, portanto, em vossas casas, estelas impudicas, representando tanto as posturas de Filênis, quanto os trabalhos de Héracles. 3. Nós denunciamos vossa indulgência a todas essas coisas indecentes, condenando não apenas a prática, mas também o ato de vê-las e ouvi-las. Vossos ouvidos se prostituíram, vossos olhos cometeram adultério, e o mais estranho ainda: vosso olhar cometeu adultério antes mesmo dos amplexos libidinosos. llXOIHAÇÃO AOS Gl\i!GOS
11
rs
1
f~ma~µFvo1 tov Úvl~pcorrov K<Ú to ~'.vl}rnv rnü rrÀ
12
4.
"
I
t:
I
~
....,
t;
~
f
\
f
\
1. ,«bt..~101» µÓvm toivuv, c'oç Erro.; EtrtElv. L)~lül}uµm%v ÊKEtvo1 návtEÇ KC1tà rl1v Ií~uÀ.À.o.v o'i \'aOtlÇ mÍ.vtaç àmxpl'~CTuvmi ióéivtfÇ K!Xl 1311J~lllÚÇ. EllC(xl(t ÀÍÚ(I)\' iOpÚ~lllW 1'(1)qJ(ÔV,
1
Kni Jucrímcr1
n:rpnrri'1b(I)\'. 81mí8wv. rrrr1vlüv J'llpfuv rr qJÓvo1mv.
2. KC1t yàp õ~ Kn1 àrrrnópEutm ~µ'iv àvmpavõov àrrcnf1Àov ÊpyáÇrnôm n'.xvnv. «OU yàp rro1~crE1ç.» cpncrl.v ó rrpocpnn1ç;. «rtavroç óµoiwµa, ocra f:v te!>
OUpavcp UV(J) Kal 0(jf1. f\' tfl yfl KcXtW.>> 3. "'H rroú { av Etl tll\' OpuÇttÉÀouç Linµntpa Ka.l Kópnv Kal tOV ''Iaqov tOV µoonKov ltrnuç ÚrroÀ.á~otµEv ~ tàç /\. ucrin:rtou tÉxva.ç ~ tàç XElpaç tà.ç An:EÀÀ.1Káç. ai õ~ rii; ltrn&Çia.; to crx~µa. tfl ÜÀ.n 7tEpl tEltEtK()'.(jtV; AÀÀ' Úµóç µEv 07t(J)Ç n:otE ó àvopià.; Otl µáÀt
l. n'Aav<.ÓµEVO\ youv tlVEÇ €vn:ul>EV OUK oiõ' 07t(J)Ç fü:iav µE:v tÉXVTJV, nÃ.i)v à).).: ou ÔEov npocrruvoucrtv ~Â.1Óv u Kal. crEÀ.~vnv Kctt tov ÜÀ.À.ov tfuv
àcrtÉprov xopÓv, JtapaÀÓ-(coç toÚtouç ôrnuç \moÀ.aµl}ávovtEÇ, tà opyava toU nroTPlllllKOt 11VOI. E ,,\fl~Al
-
IV -
CAPITULO
4. Ó vós que cometeis violência para com o homem, arrancando-lhe bru~ talmente a inspiração divina, vós não credes em nada para estareis vivamente apaixonados: vós credes em vossos ídolos, ciumentos que sois da libertinagem deles, mas não credes em Deus, porque não suportais a temperança; vós odiastes o melhor e venerastes o pior, tornando-vos não espectadores da virtude, mas atores do vício.
1. Segundo a Sibila, apenas são, por assim dizer, realmente "felizes" aqueles que, ao olhar, desviar-se-ão de todos esses templos e altares, vulgares construções de pedra bruta, de xoanas de pedra e de estátuas feitas por mãos humanas, manchadas de sangue vivo e de sacrifícios de quadrúpedes, bípedes, de assassinatos de animais alados. 67
2. Com efeito, é-nos claramente proibido produzir uma arte leviana. "Não farás imagens" - diz o profeta - "de tudo quanto existe no alto dos céus, nem de tudo quanto existe cá embaixo, sobre a terra" .68 3. Acaso conceberíamos como deuses a Deméter de Praxíteles, sua Core e seu místico Íaco, assim como as obras de Lisipo e aquelas de Apeles, cuja estrutura de madeira é revestida de aparência da glória divina? Vós insistis em fazer a estátua tão bela quanto possível, mas não insistis - por insensibilidade - em vos tornardes, vós próprios, semelhantes às vossas estátuas, disso não vos ocupais! 4. Em todo caso, a palavra do profeta, numa linguagem clara e concisa, censura essa atitude, quando diz: "Todos os deuses das nações são ídolos de demônios; mas Deus fez os céus" 69 e as coisas que nele estão.
1. Alguns chegam a cometer o erro - eu não sei como - de adorar não a Deus, mas a obra divina: o sol, a lua e todo o coro dos astros; de maneira irracional, eles os consideram como sendo deuses, esses instrumentos do tempo. BXOllTAÇÃO AOS GlllCOS
1
I 17
f
_.,
~ t.
IJ>
\
\
·\
J
{I
~i
:\
~
XPÓ\'OU. «T~l yàp f,Óyc9 aÚtOU f<ítTprÚn}Jl
a\1w\J rrâcra i1 8{1vfl'.µ1.; UlJTfov." 2. AÀÀ. i1 Pf\' Ú\•Ôprnrrrín n'·xv11 OlKÍcx.; Tf l\Ul vnu.; KCÚ rrÓÀFl.; mi ypmpàç õm11ov~1yfl. t'lfo.; bÉ rr&l.; i:(v rl'1ro1µ1 ;_;CTu rrotrl: ÜÀov i'8r ÚJ\' ;.:(~npov. fK-rívou Epyov f(Hl\'' !Wl olipo.vi.l.; 1".Cl.l i)tdo.; l\'U.l rryyr/w1 K{J.l ixv1~p(l)JW\ '·l'.pya rfov ÔaKTÚÀc1w atnoti:· ·om1 yr i1 8úvuµ 1.; wl> füu1). 3. !Viúvo\' o."Ü1ou Tt:> [3oliÀqpu 1\llCTporro1 Ía: p(ivo.; ycf.p (i t}fllÇ E:rruíiiacv, Êrrfl nà ~LÓvo.; l;\'T(t)Ç E'CTTl ôró.;· \µ\À(~ ffoÚÀf
ro
nr
TIPfJTPE.rl flJ.Ot fl,CJI
EA.'\U~AI
-
CAPfTULO
IV -
"Por seu Logos, foram eles solidamente estabelecidos, e, pelo sopro de sua boca, fez-se toda a força deles." 7º 2. A arte, por seu turno, produz casas, navios, cidades, retratos; mas, quanto a Deus, como poderíamos dizer tudo quanto Ele fez? Olhai o universo inteiro,
é obra sua: o céu, o sol, os anjos, os homens são "obras de seus dedos". 71 Quão grande é o poder de Deus! 3. Apenas por sua vontade Ele criou o mundo, pois só Deus o criou, uma vez que só Ele é realmente Deus; por sua simples vontade, Ele cria e apenas por meio dela, fez surgir tudo quanto existe. 4. Nisso o coro dos filósofos desafina, reconhecendo que verdadeiramente o homem foi feito para a contemplação do céu, mas adoram eles os fenômenos celestes e o que seus olhos apreendem. Se, de fato, as obras que estão no céu não são obras humanas, foram, no mínimo, criadas por homens. 5. Que algum dentre vós não adore o sol, mas que direcione seus desejos ao criador do sol; que ele não divinize o universo, mas que procure o criador do mundo! Existe, pois, como se pode ver, apenas um refúgio para aquele que deseja chegar às portas da salvação: é a sabedoria divina; lá, como num asilo sagrado, o homem não mais será tentado por nenhum dos demônios e rapidamente andará rumo à salvação.
l!XOllTAÇÃO AOS CllBCOS
1 lllJ 1
K Ect>AAA
l. 'ErrtôpÓ'.µcoµEv
ÔÉ.
ft
O N
f~ot1Àn. Ko.1 tfov q:nÀocrÓ
8óÇaç,
Ücraç a úxo\:1m m::pt tfov ô HÜv. ri' Jt(l)Ç Ko. t
ó M 1ÀÍ10wç
to üõ(l)p 1w1 Aw,~1µÉvq.; ó Kat alitoç Mt/,~c:noç tov àÉpa, cp ó10yf.vriç Ücrn:pov ó ÀrroÀÀrnv1át11.; KCHllKOÀoÚô11crEV. napµEvíõ11::; OE ó 'EÀEát11ç ÔEOUÇ Etcn1y~cro:t0rrup1ml. yilv. ôátrpov ÔE Cf.lHOlV ~tÓvov, !O rrup, ÔEO\' lmElÀlÍ
ó AKpo.ynn'ivoç EtÇ n:Àfiôoç
Ê~rnrnüw rrpoç to'lç !ÉHapm cri:mxcio1ç toÚtotÇ
VEtKOÇ KCÚ
!
1J.0
l
CAPÍTUL O
V
~ As ideias sobre deus segundo a filosofia grega ~
1. Percorramos, pois, se queres, também as opiniões que os filósofos se vangloriam de ter a respeito dos deuses; e, de alguma maneira, descobriremos que a própria filosofia teve a presunção de criar ídolos de matéria, divinizou também fenômenos celestes, o que nos sugere que ela teve imagens oníricas da verdade. 2. Assim, de acordo com as teorias preliminares que alguns nos deixaram, os elementos seriam os próprios princípios do universo: Tales de Mileto celebrou a água, Anaxímenes, também milésio, celebrou o ar; este último foi seguido por Diógenes de Apolônia. Parmênides de Eleia propôs, como deuses, o fogo e a terra; mas um só dentre esses elementos, o fogo, foi admitido como deus, por Hípaso do Metaponto e Heráclito de Éfeso; Empédocles de Agrigento, chegando ao sistema da pluralidade, enumera, com esses quatro elementos, a discórdia e a amizade. 3. Esses são ainda ateus, pois, por meio de uma sabedoria louca, foram adoradores da matéria e da pedra; se eles não honraram pedra e pedaços de madeira, ao menos divinizaram a terra, mãe de todas essas coisas; e se não plasmaram Poseidão, ao menos foram suplicantes da própria água. 4. O que é, de fato, Poseidão senão uma substância úmida cujo nome se origina da ação de beber (pósis)? Do mesmo modo o beligerante Ares é assim chamado pelo fato de destruir e aniquilar (ársis e anaíresis). 5. Parece-me, por isso, que muitos, apenas ao fixarem a espada na terra, oferecem sacrifícios como se fosse a Ares; isto é próprio dos citas, segundo diz Eudóxio, no seu segundo livro Giro da Terra. Os sauromatas da Cítia, como diz lquésio, no seu livro Sobre os Mistérios, veneram um alfanje. l!.XOllTAÇÃO AOS GRllGOS
1UI1
,,..,.
K 1
~
·\ \ \ 1
(I
....
E
.--:,
Toürn ro1 1..-al oi Úp
1. II r pmliv fü· oí l'vláyo1 ttrnup rrn~11í KUCTt 1m1 rfov r1'1v A0í1xv Ku:rn1 KOÚVtúlV rroÀÀoÍ. rrp~1ç fü: Kul Mc~Kr()Óvrç. ((K,
rv
to
.,,
\'Op l~O\'W.Ç.
2. OUK àrrt:KfH>IVÚP l)\' oúõi: r1'1v toÚnov ÍÍ.:yvo1 a.v. Ei yàp l(CJ.t -rà µCÍ.Àtcna CT7tO
rou japFÍou rnú l2xou eimw1icrn~1Évou. oç rrpfornc; r~ç À.cppoõín1ç Àva'1nõoç te) ÜyaÀµu. cl\'U.crti\cmç E\' Bc1~uÀÓ)\'l Kal Ioúcrmç KCÚ 'EK~cnó:.vo1ç ílÉpcrmç Ka\ BÓ:.Ktpo1ç Kat ~ctµu.crK0 Kat Iápõrntv ÚrrÉÕttÇE crÉ~nv. 4. "üµoÀ.uyoÚvto)V rnívuv o1
ll
~
«(jtúlXflCJ.»
'
7tpocrtpETCO~lf.VOl.
l66l Tiúv
õr
ã/.). .olv
!
1 LL
f
-
CAPITULO
V -
6. O mesmo acontece com os seguidores de Heráclito, que veneram fervorosamente o fogo como princípio criador; este mesmo fogo é chamado, por outros, de Hefesto.
l. Os magos da Pérsia veneravam o fogo, assim como muitos habitantes da Ásia; os macedônios também, como narra Diógenes, no primeiro livro de suas Pérsicas. O que ainda me falta enumerar? Que os sauromatas, segundo narra Ninfodoro, em seus Costumes Bárbaros, veneram o fogo, ou os persas, os medas e seus magos ... ? Dino narra que estes sacrificam a céu aberto, por considerarem apenas
como imagens dos deuses o fogo e a água. 2. Não quero ocultar a ignorância deles. Se eles acreditam, pois, afastarem-se do erro, deixam-se cair em outra ilusão; não admitem, como os gregos, estátuas dos deuses talhadas na madeira nem na pedra, tampouco íbis e icneumos (mangostas), como os egípcios, mas o fogo e a água, como os filósofos. 3. Por isso, muitos ciclos de anos mais tarde, Beroso, no terceiro livro de suas
Caldaicas, representa o fogo e a água sendo venerados como estátuas de figuras humanas; depois disso, Artaxerxes, filho de Dario Oco, introduziu tal costume, sendo ele o primeiro a erigir uma estátua de Afrodite Anáitis, na Babilônia, em Susa, em Ecbátana, induzindo os persas, os bactrianos, os damascenos e os habitantes de Sardes a venerar essa deusa. 4. Que os filósofos reconheçam, pois, seus mestres nos persas, nos sauroma. tas ou nos magos, junto aos quais aprenderam a doutrina ateia desses princípios que eles veneram; eles ignoram o poder do criador de todas as coisas e do autor desses mesmos princípios, o Deus eterno; eles direcionam suas preces a esses pobres e fracos elementos, como diz o Apóstolo, que foram criados para o serviço dos homens.
[66] 1. Entre os outros filósofos que, tendo ido além dos elementos, pesquisaram
algo mais elevado e mais importante, alguns celebram o infinito, como Anaximandro (que era de Mileto), Anaxágoras de Clazômena e o ateniense Arquelau. F..st'es dois últimos puseram a inteligência acima do infinito; por outro lado, o milésio EXORTAÇÃO AOS GRBGOS
1n31
àm'.tpiq., ó
õr M1Àll
K((t c1.\m~) <~pxàç àrrFÀtrrÉtqv tà rrÀfiprç t-:ul
tl) Hvc'iv·
Õr
2. 7t~)()
tf\ç àn~LOHxn1ç 10 ÔE'iov õ11íKrtv
ÀÉyovto:ç. o'1 K
qnÀocru
o
oç
flPOTP!OTlkOI ílPOI EA.\HN.\t
1 '~4 1
-
CAPITULO
V
-
Leucipo e Metródoro de Quios deixaram, ao que parece, a teoria de um duplo princípio - o pleno e o vazio. 2. Demócrito de Abdera acatou as ideias destes últimos e acrescentou as imagens (ídolos). Alcmeão de Crotona, com efeito, acreditava que os astros eram deuses, por serem dotados de movimento. Não silenciarei a respeito da impudência deles: Xenócrates (o de Calcedônia) dá a entender que os sete planetas são deuses e que o mundo, constituído de todas as coisas fixas, é o oitavo. 3. Também não deixarei de lado aqueles do Pórtico, que dizem que o divino se estende por toda matéria, mesmo a mais desprezível; eles simplesmente desonram a filosofia. 4. Eu creio que, tendo chegado até aqui, não é difícil lembrar aqueles do Perípato; o pai da seita mesmo, não tendo concebido o pai do universo, acreditava que aquele a quem chamava de "supremo" é a alma do universo; ora, concebendo como deus a alma do mundo, ele se contradiz. Pois aquele que estende a providência até à própria lua e, em seguida, acredita ser o mundo deus, põe por terra a sua própria teoria, sustentando a opinião de que aquilo que não faz parte de deus é deus. 5. Aquele tal Teofrasto de Ereso, célebre discípulo de Aristóteles, supõe ser deus tanto o céu quanto o ar. Epicuro é o único que, adrede, deixarei no esquecimento; ele crê que nada interessa a Deus; ele é completamente impiedoso. E Heráclito do Ponto? Ele não arrasta para si as imagens de Demócrito?
l!XORTAÇÃO AOS GUGO!i
1UJ1
K E A A A I O N
Z
[67J
1. Kc'-1. rroÀli.; ~lül rmppEÍ TOlOUTOÇ oxÀoç. o'tovi:l. ~topµc;) nvo: Ómµovioov rro:pncráyrnv ÇÉV(I)\' cf.rnrrov crKw.ypmpÍav. µtn'toÀoycov ÜltÀcp ypo:ú:qr rroÀÀou yE ÔEt àvõ~)émn· ErtHf)fJtEl\' àKpoâ.crôm
TOtoDtúJ\'
ÀÓycov, oiç µrifü: rnuç mxíóo:ç wuç
ÉmHÔ>v. 'tütrto 81, tcl Àt:yÓµi:vuv. KÀo:ult~rnp1Ço~1Évouç ÊÚÍÇoµEv rro:p11yopócr~m µul}\Çovi:cç. c)pprnôouvn:ç cruvm•atpÉcpEt v o:trtoi; à1'}Eón1to: tl,v rrpoç twv ÓoKJÍcm
ón
crocpfov w{rroJv KfHff'r{EÀÀoµÉvriv, µ 118Év n v11rrirnv µâÀÀov tàÀriltrç Eióótrov. 2. Ti yáp. <·,) n:~)o.:; t~ç àÀ11ôi:Íaç. touç crot rtEmcrtEUKÓtaç ÔEtKvÚnç púcm Kal. cpopêf õivmç tf citéonot.; Ürto~E~ÀllµÉvouç; Ti ÕÉ µ01 ÚÕCÓÀ.rnv àvcrnÍ~mÀT]ç
n n
n
tOV ~lü\'. Úvɵouç tE ~ cXÉpa. ~ n:up yljv ÀÍ l}ouç ll ÇiJf..o: crtÔllPOV. KÓcrµov tÓvÓE l'twuç cx\·cmÀánoucro:. 1'}rnuç 8f: 1ml. wuç Ô:crtÉpo:ç wuç rrÀo:viímç.
totç Õvtú)Ç nrnÀav11µÉv01ç tcôv à.vôpómrnv Õtà tTiç rroÀultpuÂ.~tü'll wÚtT]Ç
"ª
àcrtpoÀoyÍaç, OlJK àcrtpovoµ Ío:ç. µf'tEú)poÀoyoíJcra 1 àõoÀEcrxoucra; Tov KÚp1ov tÔ>V 1tVEUµCÍ.tú)V rro\'}fu. tOV KÚplOV toíJ n:upóç, tOV KÓcrµov õriµwupyóv, tOV ~ÀÍOu
qlú)t0:)'(J)yóv· ÔEOV rmÇritw, ou tà Epya tOU ltwu.
r68 I 1. Tiva ô~ ÀÚ~v E:Çt:;(VE'\JtÉov tOV fü:óv. éiJ CTÃ.átow; «Tov ·1úp rtatÉpa Kal 7totT)t~v touÔE toú rtavtoç E:ÚpEtV tE €pyov KCY.t E'ÍlpÓvw. ElÇ Ünavtrt.Ç f-Çn7tÓV cxÔÚvatov.» ~l
nn õn
flPOTP[flTll.01
1
1
uror ih
1
ll'\AH!'itAI.
CAPÍTULO ~
V l
Alguns fi.lósofos sentiram-se inspirados pela verdade ~
1. Uma grande turba me vem à mente, como espectros, apresentando-se como hóspedes divinos, de silhueta insólita, narrando seus mitos com a fantasia de mulher velha; é preciso, pois, recomendar muito aos homens que escutem tais discursos, com os quais, nem às nossas crianças, quando estão a chorar, temos por hábito acalmá-las. Como se diz, temos medo de fazer crescer, juntamente com as crianças, a impiedade declarada por esses pretensos sábios, que nada mais sabem sobre o verdadeiro do que um bebê. 2. Por que, em nome da verdade, mostrais, tragados pela onda que se desfaz em turbilhões desordenados, aqueles que acreditam na vossa filosofia? Por que encher a minha vida de imagens vãs que representam, como deuses, os ventos e o ar, o fogo e a terra, as pedras, a madeira ou o ferro, o mundo cá embaixo e também os astros errantes? Realmente, aos homens que caíram no erro, por meio dessa famigerada astrologia - não digo ser astronomia -, ela fala dos fenômenos celestes e os ludibria. Eu aspiro ao mestre dos ventos, ao mestre do fogo, ao criador do mundo, ao iluminador do sol, não às obras de Deus.
[68] 1. Quereis que eu apresente, de vossa parte, um colaborador para essa inves-
tigação? Não perdemos, pois, completamente a esperança em vós. Platão, se tu o queres. - Como, pois, ó Platão, Deus foi descoberto? - "É um grande feito descobrir o pai e o criador deste mundo e, uma vez tendo-o achado, é impossível explicá-lo a todos." - Qual a razão do nome d'Ele? - "Ele é absolutamente inefável." 1!.XORTAÇÃO AO~ GREGOS
1 117 1
·r
f\
1 lf•
\
\
\ 1 C) '
/
""""'
.2. Eu yr. cú fV.<Ínrn". Ê1HHfH)'.cru1 rq.; á.À1p~l·Í<1..;· ÚÀÀ
o\, óh xcí.pn· i.:ni
3.
prv l),llOÀoyo;:,mv i\·u
OK(}\'ff.;
ff
fl\!Cf.l
11:ui á.yé,·qrtw wuruv. Ú\'CrJ mrn ITFpt T
àvcÚÀrt'}1)Ln'
i8Í KO:t
1~n'iv
T~1\'
l~fÓv. FV
tfi
ór n:niov r irré µot 1·rn1 rúiv:
Jl(l\'lr
llf)t~Jl'W KUD!UI'
olix Of)(;}~lf\'OV.
E\ipmÍôq.; /,Éyn .
.+.
llrnÀ(.t\'~
ó M{vcwõpóç µ01
ÕoKTt. ifvt}o:
c:rr 1·i-tp ÓEÍ npomnn·rí v npcôrov t~n!.iv.
Ôl. ()v t~f(l)Pfll' EtHI
rou;
é(~.Àou; l~l.'OÚ;·
oufü: yàp ~ÀlOÇ f7tl0EÍÇn 7t0T. âv TOV (}fQV TOV cú.ril}fl,
ó OE À.Óyoç ó ÚytÍJç,
oç E
to Õµµa·
rnu vou
5. º"EV ODK àJtElKÓnoç ó LlflµÓKplTOÇ «TO)V Àoyíwv àvôpcórrwv oÀ.Íyouç» q>f1CJÍV «àvaTEÍvavtaç ràç xópaç EVTau(}a ov VDV nÉpa KaÀ.foµev oi "EÀÂ.T)VEÇ. Jtávra ~ta µul>Et
KO:l
ÔlÕüt K
àq>mpet'tat, Kat PmnÀEDÇ o.firoç TÔ>V JtcXVTWV». Ta{rrn rrn Kat OÀátwv õwvoo-l>µevoç tov l>eov aivírrnm «7tEpt rov rránwv pacrtÀ.Éa Jtá.vr' icní, KÜKE'ivo al'nov émávrwv KaÀÔ>v.»
1. Tíç oí'.>v
ó
~amÀxuç tfuv nÓ.vtwv: 0eoç tf\ç rcôv Õvtwv àÀ.ril>Eiaç ro
µÉtpov. ·nanep oi>v rcp µÉrpcp KataÀ.rinrà tà µEtpoÚµEva, oútwcrt
fü:
Kat tép
vof\crm tov ÔEov µnpe'itm Kat KaraÀ.aµ[3ávnm ~ àÃ.~l}na.
2. n fü: ÍEpoç OVtO>Ç Mofü
ouôE:
EO'tat EV tfl OlKl~
r1rorPF.OTIKOI UPOI. lAAfl-.:At
1
1
.t8 l
O'OU
CJOU
µÉrpov
-
CAPITULO
VI -
2. É bom, pois, que Platão profira a verdade; mas não te desanimes: lança-te comigo em busca do bem, pois a todos os homens em geral, principalmente àqueles que passam seu tempo dedicando-se aos estudos, foram concedidos alguns eflúvios divinos. 3. Graças a isso, mesmo a contragosto, eles reconhecem que Deus é uno, imperecível e eterno, que Ele está no alto, em torno da abóbada celeste, em seu observatório próprio e particular. Que ideia é preciso fazer a respeito de Deus? É aquele que vê tudo, sem que ele próprio seja visto,
diz Eurípides. 72 4. Parece-me que Menandro, de fato, errou quando disse aqui: Sol, é a ti que se deve adorar como o primeiro dentre os deuses, é por meio de ti que se veem os outros deuses. 73
Pois o sol não mostraria jamais quem é o verdadeiro Deus, mas sim o Logos salutar que é o sol da alma, e que só ele, saindo das profundezas da mente, ilumina o olhar; 74 5. daí Demócrito dizer, não sem razão, que "alguns, dentre os homens sensatos, elevam suas mãos e chamam de Zeus tudo o que agora, nós, os gregos,. chamamos de ar; este sabe tudo, dá e separa tudo, ele é o rei de tudo" .75 Por este mesmo motivo, Platão, também pensando em Deus, fala enigmaticamente: "Todas as coisas existem em torno do rei do universo, e isso é a causa de tudo o que é belo". 76
1. Quem é, então, o rei do universo? - Deus, que é a medida da verdade de todos os seres. Assim como as coisas mensuráveis são concebidas pela medida, de igual modo também a verdade é medida e concebida pela faculdade de pensar a Deus . . 2. Moisés, verdadeiramente consagrado "Àquele que é", disse: "Em tua sacola não terás um peso e outro peso, um grande e um pequeno; tampouco terás em tua casa EXORTAÇÃO li.OS GRIGOS
1 u9 I
~t€ya i1 ~llKpÓ\', àÀÀ · ~ crrát~µtov àl..111~1vtl\' Ka.t ÕÍKntov i:
o
rtávra X"CÚ GtO:Ô~LaTCJ.t.
OlU\'rl
tp1.HcXV!1 Tfl
ÔtKO'.lUCTl!V\l
rnv n0v oÀrnV àpprnfuç
TCE p1/..cx~t~kt_\'(1)\I KU l àvÉXOJV tpÚm \'.
õn
4. «OµE:v ôt:óç. éócrrri::p Kat Oi(ClÀati):; ÀÓyoç. úpxí1v Kal H"Àrun'iv K
nt..á-cwv. cXÀ~ÔEWV aivínn; flÓt~EV í1 TWV ÀÓy(l}V ãcpôovoç xop11yia ôrncrÉpnav µet.vtt:Únm: Io
(0
1. Jlól}t:v.
rnv
2.
OltlVfÇ
ODK cinú:q1cn
J(f\'fl.ÍÇ.
oufü: Epya àv1~pl;Jlt(J)V
;(pÚc>W KUl )'.ctÀxW. KC1l ri.pyt•pou ~o· KUt Çu).Ívwv ÀtÔt\'(IW tr l~potii>v
nµÓxnv.
ooa ltfp
tf
ÉÀ.Éqmvrnç
ri'8c1iÀ.a: ôr1.vóvw>v
pporn\ l(f\'fClljlpovt
PouÀ.fr
ú/..Ã.à ·1àp ulpo11m npÜ; o1ipuvov c;>À.i.vaç úyvúc,. Üp\'.}pwt f.Ç f.uví;;. fffl xpóu Ú.yvíÇovw;
1)õum. 1w\ ttµiúm µÓvov tov úd µdiiuvm ÚÔCÍWJ. tO\'.
[7 1 J 1. Kaí µ01 µ~ µÓvov,
éh q>tÃ.ocroq>Ía, €va wuwv OÀ.át(J)va, noÀÀouç oE: Kat
Õ).. Ào'llç nupacn:ficrm crno'ÜÕu.crov. 1ov fVU ov'tü>Ç µÓvov ôeov àvwp,~ryyoµÉvouç
ôeov K"c.tt' enínvo1uv
ffU'tOÜ,
ei' nou tilç; à.À111~eÍc.t:ç i:môpáÇcnvto.
-
CAPITULO
VI -
uma medida grande e uma medida pequena; terás, portanto, um peso verdadeiro e jus77 to para ti"; ele apenas concebia Deus como o peso, a medida e o número do universo, 3. pois as imagens da injustiça e da iniquidade foram representadas pela casa, pelo saco e, por assim dizer, pelas imundícies da alma; mas a única medida justa, o único e verdadeiro Deus, que é sempre igual a Ele mesmo, mede e pesa tudo, uma vez que detém e mantém firmemente, por sua justiça, como numa balança, a natureza do universo. 4. "Deus, segundo um antigo relato, que contém o começo, o fim e o meio de todas as coisas, vai direto ao seu objetivo, fazendo as coisas acontecerem segundo sua natureza; a justiça, vingadora daqueles que abandonaram a lei divina, é sempre acompanhada por Deus." 78
1. Donde vem, Platão, essa alusão à verdade? Donde te vêm subsídios para essa abundância de discursos em que vaticinas sobre religião? - Das raças mais sábias dentre os bárbaros - diz ele. Eu conheço, pois, teus mestres, embora dese-
jasses ocultá-los: a geometria aprendeste ao pé dos egípcios, a astronomia junto aos babilônios, dos trácios recebeste os sábios cânticos encantatórios, os assírios também te ensinaram muitas coisas, mas para as Leis, ao menos aquelas que são verdades também para a glória de Deus, os próprios hebreus [te] ajudaram, 2. aqueles que, nem por vãs ilusões, honraram as obras dos homens; que sejam elas de ouro, bronze, prata ou marfim, nem den· tre aquelas de madeira ou pedra, imagens de efêmeros mortais, como fazem os homens, na frivolidade de seu querer; mas que, ao contrário, elevam ao céu as mãos puras, tendo, desde a manhã, deixado o leito e sempre purificando na água o seu corpo; eles veneram apenas o deus imortal que sempre os protege de tudo."'
1. Não te detenhas, ó Filosofia, apenas nesse único Platão, mas apressa-te em me apresentar muitos outros que, em realidade, proclamam, em alta voz, o único Deus, sob inspiração divina, quando, de alguma maneira, eles se apoderaram da verdade. BXOllTAÇÃO AOS GlllGOS
1 t) 1 1
---
Krtt•.-\.\
''ºN
Z ....
õr
Ütf
2. Avncn'h~.\'l1Ç ~1f::v yàp ou Kuv11cov 611 wurn rvt:vó1111Fv, IrnKpárnuç yvroptµoç «l'tfoV OUÔfVl fottcÉvm» qnicriv· «OtÓrrfp fXÚt(w ouõrtç flqtmMv
eÇ ElKÓVtlÇ ÔVVO'.tal». 3. :::i::vo
av
KO'.l O.UtOÇ rrfpt t~ç cXÀ.f\l~etaç t~qpá
ouôr
àvmõcô,; autov ltró.crritm. rlw ol(ft\' àqimpütat.» 4. nóltcv apa ó tou r pÚÀÀou crocpíÇnm ~ ÕflÀcx811 rrapà tilç n:pocp~ttôoç ti\ç 'E~paíwv itEcrmÇoúcrri.; O)Of rrrnç; Ti.; yàp cràps õúvanx1 i:1)v àoupúvwv 1wl àÀriôíl o~ltaÀµo\ç iõEiv ÔEO\' ii~tBpm:ov, oç n:ÓÂ.ov OtKEi:
ÀÀÀ. OUÔ Ô:KtlVWV KUU\'CXYtÍOV ~EÀÍoto 0
ãvltpomot crtfivm õuvmoí. ôvrirol yqacôm;.
õf: ó Dl1ÕacrEÚç, ó àrco tilç Itoâç cp1ÀÓcrocpoç, ou ltrnyovíav rrotTjtuc~v, itrnÀoyfa.v 8€ à/...11füv~v rvÕEÍKV1.rrm. OUK ànEKpÚl(fa.to tou fü:ou l. KÀ.távl}llç
rr€p1 Õ ti rrEp dxEv cppovfuv· 2. tàyaôov (pon~ç µ' o\óv Éot'; °ÀKouE õ~·
* * *]
EVK'À.t:Éç. ãtu
l rpl
-
CAPITULO
VI -
2. Antístenes não pensou como um cínico, mas sim como um célebre discípulo de Sócrates, quando disse que "Deus não parece com nada, e que ninguém o pode conhecer a partir de uma imagem" .80 3. Xenofonte de Atenas, por sua vez, teria escrito, em termos precisos, a respeito da verdade, testemunhando-a como Sócrates, se ele não tivesse tido medo do veneno de Sócrates; mas ele não fez nenhuma alusão a isso. Ele disse: "Aquele que abala e acalma todas as coisas, que se manifesta como um ser grande e poderoso, quem é ele em sua forma? - invisível; o sol, que parece ser todo brilhante, não parece permitir também que o vejam, mas se alguém o contemplar, ele o priva da visão" .81 4. De que fonte advém a sabedoria do filho de Grilo? É evidente que da parte da profetisa dos hebreus, quando ela emite este oráculo: Que criatura carnal pode ver, com seus olhos, o Deus supraceleste, verdadeiro e imortal, que habita o polo? Os homens não são capazes de ficar diante dos raios do sol, posto que nasceram mortais. 82
1. Cleante de Pédaso, filósofo estoico, expõe não uma teogonia poética, mas sim uma verdadeira teologia. Ele não ocultou o conhecimento que tinha a respeito de Deus: 2. Tu me perguntas o que é o bem? Escuta, pois: Ele é ordenado, justo, santo, piedoso, senhor de si mesmo, útil, belo, decente, austero, franco, sempre utilitário, intimorato, alegre, vantajoso, indolor, misericordioso, prazeroso, seguro, amigo, honorável, reconhecido
r· ••••• •J,
83
glorioso, modesto, atencioso, dócil, forte, longevo, irreprovável, sempre persistente. Não é de todo livre aquele que olha em direção à opinião, como se dela quisesst: obter algum bem.'4
&XORTAÇÃO AOS GllGOS
1JH1
..,.
"
f: ·i>
\ \
\ 1 u ~
'/.
...
3. 'Evraut~
áÃ.~~nav Õ1JVaµÉvq.J.
l rql
-
CAPITULO
VI -
3. Este trecho nos ensina claramente - penso - o que é Deus, e como o senso comum e o hábito tornam escravos aqueles que os seguem sem procurar por Deus. 4. Também não dissimularei em torno dos seguidores de Pitágoras, que dizem: "Deus é único, ele não está, como alguns supõem, fora da organização do universo, mas nela própria, todo inteiro, no ciclo inteiro, observando todo o porvir, misturando tudo nele, existindo eternamente, obreiro de suas próprias atividades e forças, iluminador de todos os corpos celestes e pai de tudo, inteligência e animação do ciclo inteiro, movimento de todas as coisas" .85 5. Tudo isso que eles escreveram, também por inspiração divina - e que nós explicamos -, é suficiente para levar ao conhecimento de Deus aqueles que, mesmo com pouca capacidade, são capazes de considerar a verdade.
BXORTAÇÃO AOS GUGOI
1 13' 1
K E
A A A
O N
H
1. "hw <5€ hµlv (ou yct.p mnupKE'i µÓvov í1 cpt/1.ocro
h rrrp\
to
'jffUÔo...; tcf. rrávta llCTXOÀ.riµrvri. µÓÀtÇ
~ÕTl Õ:À1Íthwv µapn>p1ícrolJcra. µÓ.ÀÂ.ov
tli v
fü:
7tOtE
ÊÇoµoÀoyou~tÉvri te~ ~E0
µ lJ l1ú)õ ri rra pÉ K~acr 1v · rr a p í tco 811 ocrnç Ka t ~oú Ànm rro t 11tnç
rrprnrn;. 2. :~p
ouv 81à n:ávnov tnv õúvaµtv rnli l1rnú ÕtJÍKEtv voEI.
Õljlp. fµrtEÕa ltÓ.Vto q>Úú>\'tat. t(ll µ1v
U.E't 1tpÔHÚ\' tr
mi \ícrtaW\' í/....árn:ovwt·
;tr1Ípr. rtátcp. µÉya 1'rtliµa. µÉy' àv1'pómotcrt\' ovrwp.
3. Taútn
1:01
Ka\ ó À.crKpa'loç aivíttnm ºHcríoõoç tov fü:óv·
aÜtÜÇ yàp návmv ~a
ounç i:p~ptcrtm KpÚtoç ÜÂ.Â.oç.
[74] 1. "Ho11 OE Kat E7tl tfiç
o
7tapayuµvoúm tnv àÀ:JÍ\}emv· µE:v Kal tov oupavov à.va~À.É~aç «tÓvOe ~you ÔeÓV»,
tOV aiôÉpa Kat ElÇ Eupt7tiô11ç· 2. ó OE toú Io
€lÇ
flPO'f Pl:rlTlk(Jl flP01 f AAHN"t
1 116 f
CAPÍTULO
V 1 l
~ Os poetas também testemunharam a verdade ~
[73] 1. Que venha também a nós (já que a Filosofia só não é suficiente) a própria poesia que emprega todo o seu tempo em torno da ficção; ela virá, a duras penas, testemunhar, ao menos uma vez, a verdade, ou mais ainda: confessar a Deus a transgressão de seus mitos. Que compareça o primeiro poeta, qualquer um que se queira.
2. Arato, por sua vez, pensa que o poder divino perpassa todas as coisas: Para que todas as coisas se produzam constantemente, é a ele que se louva sempre em primeiro e em último lugar: salve, pai, grande prodígio, grande socorro para os homens. 86
3. Eis como também Hesíodo de Ascra alude obscuramente a Deus: Ele é rei e soberano de todas as coisas: dentre os imortais nenhuma outra força pode rivalizar com ele. 87
1. Mas, já em cena aberta, também se nos desnuda a verdade; um deles, ao elevar os olhos para o éter e para o céu, diz: "Considera isso como sendo Deus•: Eurípides. 88
2. Outro é Sófocles, filho de Sófilos: IXORTAÇÃO AOS GRBGOS
l tH 1
,,.
1\
d.:; tctl.; liÀ111)ri111cr11•. ri'.:; t:ml.v
l
it·
\
,\
\ 1
(1
'.;
li
·~
1'lr1'1.;.
().:; ot1~1o:v1)v r' úrué,r l\O:l y1úuv ~10l\~1i1v rr(n·rn'\J Tf Xºf'07ttn• o\o.uo: l\Ut 1ivr~l!ll\' f~Íctç·
ôv11rnl 81:· n:ot,Àut "·a.pBÍt,t n:Àc.tvt;1µn·u1 ÍÕp1iaà~1rcn)u nl]pÚrwv n:npm;1uxi1v
i:" ÀÍt'l[t)v. i1 xuÀl\F<•JI' xp11a,1rrÚl\row i1 i·ÀnpuvrÍ\'[I)\' rúrrm,.;·
1'ln~\' àyàÀµm:· ~
1'luaíu.:;
H'
·rn{,rn1.; l\f1t
l\f\'C1..;
n:nvriyúpn.;
\'f µovtrç. oÜtülÇ fVCTff3cÍV voµ Í Ço~tEI'.
Olirncr1 ~lfV ~811 Kat rrapo:KEK1v8uvrnµÉvw; irri. 1~ç
o· fnÍ1'lrnôE ~é~riÀot
ou 8· ctKO\Jf. cpmocpópou iiKyovE M ~v11.:;.
Mouanic. El;rpÉ[t) yÚp út..ril}fo. µ!]ÔÉ Of rà rrpl.v E:v or~1'rnm
IPUVf\'ta.
Eiç ô( ÀÓyov
l}EÍo\' ~À.Éljla; roÚ
cpÍÀ11.; CtÍÔwo; à,uÉp0n.
iÕÚVWV KpUÔÍT]; \'OEpOV KÚto.:;· f~ 0' EJl'.l~atVE
CttpUn:ltOU. µo\ivov 0' fOÓpa KÓcrµoto ÍÍVaKW.
àôó.vawv.
5. Ehcx imoJ3àç Õlcxpp~811v brnpÉptl" ft.; ecrt', UUtO'(fV~Ç. É:VOÇ fKYOVU JtclVta tf'CUlCtal' EV
ô' aut0i.; autOç 1tEptvÍcr
El
()Üi;roç µfV
Õn bpq>f.UÇ XPÓV
6. A.)..)Ji ouµ~ µÉÀÀ.ó>v, ~pote nounÂ.ÓµT]tt. ~púõuvr. o).)J.1. JtaÀ͵xÃ.ayuoç otprljfaç
ôrov ÍÀÚmcow.
rlPhTVF.ltTIKüI OPOl E -\AHNA1
-
CAPITULO
VII -
Único em verdade, único é Deus, que criou o céu e a imensa terra, e as ondas brilhantes do mar e a violência dos ventos; e muitos mortais errantes de coração, edificamos aos deuses, como consolação para os nossos males, estátuas, ídolos de pedra, de bronze, de ouro ou de marfim; nós lhes oferecemos sacrifícios e vãos panegíricos, acreditando, destarte, praticarmos atos de piedade. 89
Foi assim que o poeta, audaciosamente, apresentou, já em cena, a verdade aos espectadores. 3. O hierofante e, ao mesmo tempo, poeta, Orfeu, o trácio, filho de Eagro, depois de ter revelado os mistérios orgiásticos e proferido a teologia dos ídolos, entoou a palinódia da verdade; embora tarde, cantou, no mesmo modo, a palavra verdadeiramente santa: 4. Eu anunciarei àqueles a quem é permitido ouvir; profanos, fechai as portas diante de vós, todos igualmente; mas tu, Museu, filho da lua brilhante, escuta, pois, vou revelar-te a verdade; que nada do que se manifestou outrora, em teu peito, te prive de uma vida longa e feliz. Olha em direção à palavra divina e sê vigilante para com ela, conduzindo o invólucro inteligente de teu coração; anda retamente pelo caminho, observa em direção do único rei imortal do universo.
5. Em seguida, mais abaixo, ele acrescenta em termos precisos: Ele é único, nascido dele próprio, desse único ser todo as coisas surgiram; nelas ele circula; nenhum dentre os mortais o vê, mas ele próprio tudo vê. 90
Orfeu chegou, portanto, a entender, com o tempo, que ele andou a errar: 6. Mas não hesites, mortal astucioso, nem demores mais; mesmo errante, tenta apaziguar-te com Deus. 91 EXORTAÇÃO AOS GRllGOS
1 q9 I
,....
7. Ei
l\.t
li
..
tc'x ~Ll1À10rcx rvcxúcrµarú
nva TOll ÀÓyü\) 101> \)fÍou Àaf3óvn:ç "EÀÀt)Vrç l)ÀÍyo. ãnu rf)ç ÚÀq1)fÍuç r
175 l
l. "'H811 yàp Ol~lO'.l rcm·1í rcp ÕfjÀov yfyovl:vm (~)Ç rfov xo)ptç rou À.Óyou t~ç Õ:Àqt'lfÍw; fVEpyoÚ\'T(t)V tt ~ 1\(Y.l (f>ÔfyyüpfV(tl\' Ú~LOlW\' ÜVWW tolÇ xrnplÇ ~cXCTEúlÇ ~O:ÕtÇElV ~taÇo~Lf\'OtÇ. tllJCHLlTCUÚVHt)\' Of CTE ElÇ CTü)!llPlCX.V 1':0'.l Ol m:pt TOUÇ l}EOUÇ uµfov fÀty):'.Ot. OlJÇ Õtà rhv (}f1.,fJl)f\Q\' EKf~tnÇÓµEVOI KCLlpcpÔOUCTt 7t011lTCXÍ. 2. MÉvav8poç youv ó KwptKci-; €v 'Hv1óxcp lrv 'Yrro~oÀ1wxícpl rc{) õpó:µan OUÔfÍÇ µ· ô:pfo1'fl
(l(lllO"l)
7tEpmatW\'
rÇoi
l~fClÇ
µnà. ypaó.:;. miõ' ri; oii;:in;; nupnmwv Êrti TOU
O"U\'lÕÍOIJ
'
.-..
\
•
I
µrrtpayupt11ç· tot0uto1 ycxp 01 µ11tpayuprm. 3. 'bllfv d KÓtüK,; ó Àvnm'}Év11ç EÀEyfY aurn'iç µnm tOUCTl y· «OU tpÉq>w tnv µf\tÉpa tfuv l}Efov. t1v oí ôrn\ tpÉcpwow». 4. nál..tv ÕE ó aÜtoç KwµcpÕt01tülOÇ EV 'IEpEÍq. ti{> õpáµan xaÀrnat\1(1)\1 rtpo; t~v cruv~l}Ew.v ÔLEÂ.Éyxnv TtEtpâtm tov ãôrnv t~ç nÀáv11ç tuq>ov, ETtt
rhn tov 1'fov
toi.; l(\1µj3ú>.ot.:; Üv1'prnrro; Ei; Ü [}oÚÀ.nm.
ó toÜto rro1ôiv
f
µr\Çow toli ôrn\i·
àD.: fott tÓÀµTJ; Kat j3Í<.t.; ta\it' i)pyava êUPT\µÉv' ÜvÔpÓ>rtOt
1. Kcxl. JC
ãl..À.01
ouxl µÓvoç ó MÉvavôpoç, à'A.Ãà Kal 'bµnpoç crnxvoi 1totntcxl ÕtrÂ.ÉyxotHnv úµfov OP
1
1 4'>
1
l((lt
Eup1ni8nç
-rouç ~wuç Kal
-
CAPITULO
VII -
7. Se, de fato, os gregos entreviram, melhor que os outros, alguns sinais do Logos divino e entenderam certos laivos da verdade, confirmaram, pois, com seu testemunho, que a força da verdade não estava oculta, entretanto eles próprios se acusam de fraqueza, por não terem chegado ao fim.
[75]
1. Agora eu creio que parece claro a todos que, fazer ou dizer alguma coisa sem o Logos da verdade, é algo completamente semelhante a andar sem ter pés. Mesmo com tantas provas, estais confundidos, em relação à salvação e a respeito de vossos deuses, os quais são ridicularizados pelos poetas, em suas comédias, por meio da verdade.
2. Assim, Menandro, o comediógrafo, na peça O Cocheiro, escreve: Não me agrada um deus - diz ele - que perambula em companhia de uma velha, nem que entra numa casa apoiado numa muleta, 92
tal qual os sacerdotes de Cibele. 3. Eis por que, com razão, Antístenes, quando eles lhe pediam esmola~ dizia: "Não alimento a mãe dos deuses, que os deuses a alimentem!". 93
4. O mesmo comediógrafo, em sua peça A Sacerdotisa, mais uma vez se indigna com esse costume e tenta confundir a vaidade desse erro, declarando sabiamente que se um homem, com seus címbalos, leva violentamente Deus a fazer o que ele deseja, este homem · que faz isso é maior que Deus; mas essas coisas são instrumentos de audácia e de violência, inventados pelos homens. 94
1. Não apenas Menandro, mas também Homero, Eurípides e outros tantoS
poetas confundem vossos deuses e não temem em insultá-los o quanto podem. l!XO&TAÇÃO AOS Cl!GOS
1 14 t 1
(.; E ·~ .\ .\ ·\ 1 11 ~
...,
li
--
À.otÕopEtO'l~at ou 8rõío.CTt\' ouõi' Kcn~· óm')CTUV n11rní:ç. AuttK(J. t~v Al~11vüv «KU\'Ó.µuwv>> 11:n1.
À
tov
.,Hqmtcrruv «àwp1yú11v•> Ka.Àolicriv.
til õl:
i_;; ;rorr ~wtvoµÉvolll :i.w1vlicwto TI 1°}~va.:; (JfÚE imt' 1iyúi'.lcov NlJCJ~!OV'
ai()'
êfµa ltClCTCY.\
Lhicn1).a XPW'-l i.:mÉzrwtv ÍJrr' ô.võpo(púvoio ;\ui.:oúpyou.
3. A.Çwç ÔJç à.Anôfoç IcoKp(HtKTlÇ Õtm:pt~Tiç ó Eupmiõqç Eiç -rhv àA~~Ewv àmôwv 1ml. wuç, ÔEatàç ÚrrEptfüóv, rroú: µE:v tov ArrÓÀÀcova, Ôç µrnoµ!pÚÀou; EÕpw;
va.in ~potoÍCJt cnÓµa vɵwv crmpÉcrtma,
Õtú.érxrov, 4. KEÍvcp 7tEn~Óµrvoç r~v trKoucrav EKtavov. EKrívov ~yríoi'.I' àvóowv EKrtvoç ~µapt'. ouK
àµai'.lfotrpoç
rn\
K'tfÍVEtr·
eyw.
wv wu 1mÀou Ka\ tliç ÕÍKTJç.
ô' f.µµavíl dcráy(l)v 'HpaKÀ.Éa Ka1 µEÔÚov-ta à/.../...axóôt Ka\ Ü7tÀ.Tlcrtov· 1t<Ôç yàp OUXt; ''üç ÉcrttÓJµEVOÇ totÇ KpÉacrt 5. totE
XÂ.ú>pà ouK' E1t~cri'.11rv iiµO\Ja' ÚÂ.o.Ktfuv ÍOOtr lkzp~Úp
6. "Hõrt fü: Ev "Irovi téi> õpáµa.n yuµvft til KE
1
141.
1
-
CAPITULO
Vil -
Por exemplo, Atena é "mosca de cachorro" ,95 Hefesto é o "aleijado das duas per-. nas" 96 e Helena diz a Afrodite: Que tu não tornes a pôr os teus pés no Olimpo!97
2. Sobre Dioniso, Homero escreve abertamente: [Licurgo], certa vez, perseguia as amas de Dioniso Menômeno, 98 sobre o sagrado Nisa; e todas, ao mesmo tempo, lançaram por terra suas insígnias, constrangidas pelo assassino Licurgo. 99
3. Eurípides, como verdadeiramente digno da escola de Sócrates, olhando de longe a verdade e desdenhando os espectadores, um dia confundiu Apolo, que, tendo sua morada no umbigo da terra, distribui seus oráculos aos mortais com palavras claríssimas,
contestando: 4. foi para obedecer a ele que matei minha mãe, tomai-o por criminoso e matai-o; foi ele quem cometeu o erro, não eu, por ser ele muito ignorante do bem e da justiça.
5. Em outro momento, ele nos apresenta Héracles furioso, inclusive bêbedo e insaciável; 100 como denominá-lo de outra maneira? "Devorador de carne": ele comia ainda figos verdes, lançando gritos que discordavam até da educação dos bárbaros.'º'
6. Já na peça Íon, ele apresenta aos espectadores os deuses com a face descoberta: BXOllTAÇÃO AOS ORl!GOS
1 IH 1
-
itfoç
Oll\'
ÓÍKlllOV
WlJÇ
K r
q,
\'(.lpPllÇ \11tá;
1 .1
1 "
,
·'
li
[3porolç
YPt'(1v11.vtuç n11wt1.; 1(61,.;-ln.; ,·Hr;\.10,.;-1Í\Tt\':
Ei ô'. uú Yl~f) i'o:wi. úi...-n-: [huíwv
nr ÀÚyrn ó!· XPIÍCTOf!UL
s,;l0ft' àvú1'Üllw1.; yúpuJ\',
a1J Kf(l ll110r1oillv Zr11.; ()'. i.'1.; ui1 1w\•ui:1 Kpuni. \'f(lllJ.;
tÍ\'O\'tl'Ç à61KÍUÇ Kf\'(0Cfftf.
OPOTPf.fJTfKOl
nrot
11441
EAAH'iAt
-
CAPITULO
VII -
Como é justo que vós, que haveis fixado aos mortais suas leis, acusei-nos de injustiça? Se - é evidente que isso não acontecerá, eu apenas teço uma hipótese - os homens um dia vos punirem por vossas uniões amorosas, tu, Apolo, assim como Poseidão e Zeus, o senhor do céu, para pagar vossas iniquidades, será preciso esvaziar os vossos templos. 1º2
IXORTAÇÃO AOS ORIGOI
l IH 1
K E
O N
e
[77j
l. llpa TOÍvuv rcôv ãUcov iw'lv
rn ráÇn rrpoõu1vucrµÉvwv E1tl nxç rrpO
tÉVat ypa
ro
outoç iõou ná.vt' E
Vl
ôli Kll11' EV rÇayopEÚ<»;
OVpavoú irrótm, yaÍTJ; Kpatf"i. aliroç únúpxei.
3. ev\Jfox; mpÓÕpa 't~V µev cirrá.tllV àrreucÓ:Çü\JCJa fql
CAPÍTUL O ~
V I I I
Os profetas dos hebreus são os guardiões da verdade divina
"@llJ
[77] 1. É hora, já que tratamos sucessivamente do restante do assunto, de irmos aos textos proféticos: seus oráculos, que nos abrem os caminhos da piedade, são os fundamentos da verdade; as escrituras, a um só tempo, divinas, sociais e prudentes, são os caminhos da salvação; elas se apresentam despojadas de pretensões de estilo, fora da eufonia, da eloquência e da lisonja, elas reerguem o homem subjugado pelo vício, elas impedem a queda na vida mundana, por uma única e mesma palavra; elas nos prestam muitos serviços, desviando-nos do engano funesto, exortando-nos visivelmente à salvação certa: 2. Que nos cante, pois, agora, a Sibila, a primeira profetisa, o cântico da salvação: Vede este que, como um astro fixo, é completamente visível; vinde, não perseguis, sem cessar, as trevas e a obscuridade. Vede, com doce olhar, a luz do sol, ela brilha plenamente. Conhecei-o, depois de terdes posto a sabedoria em vosso peito. Ele é o deus único, que envia as chuvas, os ventos, os terremotos, os relâmpa· gos, a fome, as epidemias, os tristes funerais, a neve, o gelo: mas por que enumerar todas estas coisas? Ele governa o céu, coman· da a terra, existe por si próprio. 1º3
3. É absolutamente por inspiração divina que ela compara o erro às trevas, o conhecimento de Deus ao sol e à luz; aproximando, metaforicamentc, esses dois 2XOltTAÇÃO A05 GRIGO$
11,.,. 1
..,
K
f
"' A .\ .\ 1 (\ ~
(-)
~
Õ\ÕlÍcrKfl · t() yà.p 'Vfl)Õoç oú 'l'tÀfl til 7tcxpm}Écrn HxÀqt~oúç ÔW
1. 'lfpf~tÍaç Ôf Ó rrpu<Ç~TT)Ç Ó mÍvcro
au
Toutuv 7tpO
ôe
1. Tí fü: oTav JtÚÀtv Éautov ÕEtKVÚvm ó l}Eoç ~ouÀ.ril}fl õià MüJucrÉroç; «"Jfü:tf. tÕnE on [ycó dµ11m1. ouK Ecrtt ltEoç ETEpoç n:À~v E:µou. 'Ey(o àJtoKtEv& Kal Çfiv rrot~crcu· mnáÇro Kàyw iácroµm, Kat ouK ecrnv oç E:ÇEÀEl'tat EK rfuv xnpmv µou.» 2. ÀÀÀà Kat ÉtÉpo'U E1tCXKOUO"at \}ÉÀ.nç. xpricrµcpõou; "Exnç tOV xopov mxvta tOV rrpocpl)'tlKÓv, tOUÇ cruv\hacróncxç tou MwucrfoJç. Tí cpTJO"lV autolÇ to 7tvEuµa to éiywv Õtà ~2cr11É: OUK oKv~crú> À.Éynv «iõoú, ryoJ cnepE&v ~povtnv x:a'i. KtÍÇrov Jtveuµa», ai xE'ipeç t~v crtpanàv wu O.Upavoü E:l}eµf.À.Íwcrav.
ou
11POTPUITIKOt UP01 fAJ\.HN"Al
1 148 1
-
CAPITULO
VIII -
termos, ela ensina como proceder na escolha; pois a mentira não se distingue da verdade pela simples comparação, mas pelo emprego da verdade é que ela é expulsa e posta em fuga.
1. Jeremias, o profeta pleno de sabedoria, ou melhor, em Jeremias, o Espírito Santo nos mostra Deus. "Eu sou o Deus próximo", diz ele, "e não o Deus distante. Se um homem fizer qualquer coisa em segredo, eu não o verei? Eu não sacio o céu e a terra? Diz o Senhor". 104 2. E o Espírito Santo ainda por meio de Isaías: "Quem medirá", diz ele, "o céu, com seu palmo, e, com seu punho, toda a terra?" .105 Vede a grandeza de Deus e sereis tomado pelo temor. Adoremos aquele de quem o profeta diz: "Em face de ti as montanhas se dissolvem, como em face do fogo a cera se derrete". "Deus", diz ele, "é aquele cujo trono é o céu e que tem, como escabelo, a terra; se ele abrir o céu, serás tomado por tremores". 106 3. Quereis ouvir também o que diz esse profeta a respeito dos ídolos? "Eles serão expostos ao opróbrio diante do sol, e seus cadáveres serão o pasto das aves do céu e dos animais da terra e apodrecerão sob o sol e a lua; esses corpos inertes que eles amaram e aos quais se escravizaram; e a cidade deles será incendiada." 167 4. Ele diz que também os elementos e o universo, junto com eles, perecerão: "A terra", diz ele, "envelhecerá, e o céu passará", 108 "mas a palavra do Senhor permanecerá pelos séculos afora". 109
[79] 1. E quando Deus quis, outra vez, se manifestar por meio de Moisés? "Vede, vede que eu sou Deus e que não há outro além de mim. Sou eu o que
matará e o que fará viver; eu golpearei e curarei, e ninguém escapará às minhas mãos."110 2. Mas queres ouvir outro oráculo? Tens todo o coro dos profetas, os com· panheiros de tíaso de Moisés. O que diz a eles o Espírito Santo através de Oseias? Não temerei em dizer: "Vede, sou eu quem dá forças ao trovão e que cria o vcnto",111 eu, cujas mãos estabeleceram o exército do céu. 112 IXOll.TAÇÃO AOS l'ORBGOS
1 149 1
...,..
K
1
1r1
,
,
,
1 ,, ~
H
"
.3. ''En 8r KUt 81à 'Hcm'to1J (Kut mún1v c1.rroµvri~to\Tl10rn mn t11v 1prnv~v)· «fy<.;) fl~ll. fYC;) riµL». tpq0Ív. «Ó Kl!p!OÇ ó À(Y.Àfov ÔtKmonÚVllV K(/.l cl.VCY.:'('(fÀÀrnv CXÀlÍl~nnv· CTU\'ÚX 1}11 tf K(l. l í1 t-:ftf' ~01!Àfl!CTO'.(íl~f éY.p(f.. oi (;(~)Ç()µrvot téõv El~VW\'. ÜDK k:"(\'(l)(J(I.\' oí ui'povn:ç tÔ sÚÀu\' yf..{1µ~m CY.Úttt)\'. l((fl rrpoCTFUXÓ~tfVOl l~fütÇ o'\ ot• CíC;)CTOl>CTl v ct.trroúç." 4. Ett~· Úrro~áç «Êyc;J». q>110ív. (•t) t'lróç, KCl.t OllK rcn1 rrÀ~v Eµou õi...-moç. Ku\ m1HllP ODK rcnt n:ÚpfÇ rµol:l- i.:·m
cmo
I
[8ol
1.
Ti crot cro
µucrt~pw 1mt plÍcrEtÇ ÊK 1w.18oç 'Eppaíou
4. Kal. aÜ'tll 7tpCÓ'tll -rol> naparttCÓµa"COÇ àvácr1amç· o1'EV àno1pÉmov EiÕCOÃ.oÀ.a1pdoo; ámícrriç Ó ôrnrtÉmoç rta"(KÚ.À.wç àvaKÉKpayE Mo>l!crilç' «AKotJE 'Iopafll.: K'Úpwç ó ÔEÓÇ cmu. K'Úpwç dç €crtt», Kal. «K'Úptov tov ôt:óv crou 7tp001('UVJÍ
1 r 50 1
-
CAPITULO
Vil! -
3. E agora, por intermédio de Isaías (eu quero vos lembrar também essas palavras): "Eu sou, eu sou", diz ele, "o Senhor que anuncia a justiça e fala a verdade; reuni-vos e vinde; deliberai juntos, vós que, dentre as nações, estais salvos. Não têm nenhum conhecimento aqueles que, dentre vós, se dirigem a uma escultura de madeira e adoram os deuses que não os salvarão". 4. Logo depois, abaixo, ele diz: "Eu sou Deus e, além de mim, não há justo nem salvador; volvei a mim e sereis salvos, vós que vindes dos confins da terra. Eu sou Deus, e não há outro; eu juro sobre mim mesmo". 113 5. Indignado com os idólatras, ele diz: "Que coisa fizestes para retratar o Senhor? Ou melhor, que aparência destes a Ele? Não é uma imagem que um artesão fez? Um ourives não derreteu o ouro para dourá-la?". 114 E assim por diante. 6. Não sois, ainda, idólatras? Mas, agora, tomai cuidado com as ameaças; as estátuas e as obras feitas por mãos humanas lançarão gritos agudos, ou seja, aqueles que depositaram nelas sua confiança, pois a matéria é insensível. Ainda diz [Isaías]: "O Senhor abalará as cidades habitadas e tomará em suas mãos, como um ninho, a terra inteira" .11 5
[80) 1. É preciso mencionar-te os mistérios e as palavras de sabedoria, de acordo com uma criança hebreia, maravilhosamente instruída por esta sabedoria? "O Senhor me estabeleceu no início de seus caminhos, para as suas obras", 116 e "o Senhor dá a sabedoria, e de sua face vem o conhecimento e a inteligência" .117 2. "Até quando, homem indolente, permanecerás adormecido? Quando despertarás de teu sono? Se és diligente, virá a ti a tua messe, como uma fonte", 118 o Logos do Pai, a lâmpada do bem, o Senhor que leva consigo a luz, a fé e a salvação para todos. 3. "Pois o Senhor, que fez o céu e a terra com sua força", diz Jeremias, "enveredou o mundo na sua sabedoria" . 119 Como estávamos caídos sobre os ídolos, a sabedoria, que é o seu Logos, ergueu-nos diante da verdade. 4. Essa é a primeira ressurreição depois da queda, por isso, dissuadindo-nos de toda idolatria, o prodigioso Moisés claramente escreveu: "Escuta, Israel, o Sc-nhor é teu Deus, o único Senhor" , 120 e "tu adorarás o teu Deus como Senhor e não servirás senão a Ele". llXORTAÇÃO AOS GREGOS
l 151 1
\
l
. ,. .
K r
11·
,
,
\
1 1) .\
<->
...
5. \'ll\' ô11 o\1v CiÚ\'fTf, (~ (í.vJpCt)f(OI, !\UH\ tO\' puKápto\' lllfJ'.Âf!C!lfü)V ÊKrtvov tt>v Linj3íô· "õpc1Çncn1r rro.18rín,.;. pi'1 rrorr lipy1cnJfi Klipto-.;. i-:u\ Úrru.Àrlaôe f:Ç óõo\i Ô!KoÍrt.;, í.)wv EKt-.:mn1~ t:v ràxn l.1 i1upt».; n\•Tol>. i\'lu."·á.pwt rrÓ.vti:ç oi rrrno1 l}(nT.; i::rr'
n\mp."
ol: lirrcpo1Kn:Ípwv iwft..; ó K{,pw:; tll
to
àyarriác ~trtw1ónrra l\"
o
3. Kal. ~l~V YE ÔEOÇ ouwç, oç «EV àpxfl EITOlfl
fü: tOV µh·
\}E()\' ou voóç. 10\.' ÔE oupavàv rcpocrKUVElÇ, K()'.l rrfuç OUK àm:PElç:
4. AKoUE rráÀ1v rcpoq>fitoll ÀÉyovroç «EKÀEl'JIEl µEv ó ~Àtoç Kat ó oupavoç OK01l
11POJP[llTlkOI 0,.0l. f "AHSAt
l 1pl
-
CAPITULO
VIII -
5. Agora compreendeis, ó homens, ouvindo o bem-aventurado salmista, Davi: "Guardai a lição; que jamais o Senhor se encolerize, e que vós não pereçais fora do caminho da justiça, quando, de súbito, sua cólera se acenderá. Felizes são todos aqueles que depositam Nele a sua confiança" .121
[81] 1. Mas, agora, tendo grande compaixão de nós, o Senhor entoa o cântico da salvação, semelhante a um ritmo de guerra: "Filhos dos homens, até quando tereis o coração pesado? Por que amais as coisas vãs e procurais a mentira?" .122 2. O santo Apóstolo do Senhor, censurando os gregos, explicar-nos-á: "Quando se tornaram conhecedores de Deus, eles não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, mas se tornaram vazios em seus pensamentos e trocaram a glória de Deus por uma imagem que representa o homem corruptível, e serviram a criatura, em vez do criador" .123 3. Destarte, Deus é aquele que, "no começo, fez o céu e a terra" , 124 mas tu, com efeito, não pensas em Deus, adoras o céu; e como não és ímpio? 4. Escuta mais uma vez o profeta, quando diz: "O sol se eclipsará e o céu escurecerá, mas o Todo-Poderoso brilhará pela eternidade, e as potências dos céus serão abaladas, e os céus girarão, despregar-se-ão e se contrairão como uma pele" (estas são, pois, as palavras dos profetas), "e a terra desaparecerá da face do Senhor" .125
EXORTAÇÃO AOS GklOOS
1•o1
1
l
i
K E
I
l. Ka.1 µupía.:; r}v fxütpÍ ()Ol ypmpàç n:apmpÉpt:tv. (~V ouõi: «KEpaia
n:api:/~cú0nm µÍa.». ~Lrl oúx\ €rrrrEÀl,.; ycvo~1Év1r «1:0 yr1.p cr-ró~ta Kupíou».
ro
aytü\' IT\'flJ~lCl. «EÀÚÀllCífV to:UlCI.. » «Ml, roívuv µT\KÉn.» qnwív. «uÍ.É µou. OÀtyÓlpEt n:m8cict.ç Kupíou. ~111õ' EKÀÚou 1.m:' aurnu €1.ryxóµEvoç.» 2. ·n rljç imcp0aÀÀoúcr11:;
wç
1 '14 !
CAPÍTUL O ~
l X
Deus nos exorta por meio de seu Logos
~
1. Eu ainda poderia citar-te inúmeros textos das Escrituras, em que "nenhum sinal passará" 126 sem que seja cumprido, "pois é a boca do Senhor", o Espírito Santo, "que as proferiu" . 127 "Não negligencies, portanto, ó meu filho, os ensinamentos do Senhor, nem te sintas desencorajado por suas reprimendas." 128 2. Ó grandioso amor pela humanidade! Não é como um professor que repreende seus discípulos, nem como um senhor se dirigindo a seus servos, ou como um deus aos homens, mas sim "como um pai benévolo" 129 que repreende seus filhos. 3. Em seguida, Moisés confessa ficar "assombrado e tremendo", ao ouvir falar do Logos. E tu, que escutas o próprio Logos divino, não temes? Não te inquietas? Tu não usas da prudência, ao mesmo tempo em que te apressas em te instruíres, isto é, não te apressas rumo à salvação, amedrontado com a ira, tendo acolhido a graça e procurando a esperança, a fim de evitares o julgamento? 4. Vinde, vinde, meus jovens (amigos), "pois se não voltardes a ser como crianças e se não renascerdes", como dizem as Escrituras, jamais vereis aquele que realmente é vosso Pai, "nem jamais entrareis no reino do céu". uo Como, pois, se dá plena liberdade de entrada a um estrangeiro? 5. Mas, quando - penso eu-, uma vez inscrito, tornado cidadão e recebido um pai, vier a tomar posse "dos bens paternos"JJ 1 e for considerado digno dessa herança, o Pai, então, dividirá o seu reino com o próprio filho "bem-amado".' u 6. Essa é a igreja dos primogênitos, aquela que é constituída por muitos de seus bons filhos; "são esses os primogênitos inscritos nos céus" e que celebram suas festas com tantas "miríades de anjos";lll BXORTAÇÃO AOS Gll!GOS
l1HI
f\
-
\ .\ J
\
1 •Jl
li
~
1 ..
7. )"(~){l)tÓTOKOI 8€ TtUlÔc.; ÍUtEt<; oi tpÓ
HUV
TOÜ
«7tpü>totÓJ\O'\)))
cxÀ.À.crn• cZVl~p(;l][(I)\' tOV l~fC)\' VEVOllKÓtfç, oí
rrpünot rfo,· t~µet.ptHÔ\' àrrfCTTtaCTµrvo1. oí rrpcôrn1 roü
Õr
1. Nln't o ll}fl)Ç'
rncrm'.mp Tl\'fÇ ft
o µE\' yàp EK ÔoÚÀ.wv viot>ç
ui.oi. yn·Écnko ÜrrcpTJ
''n
h~tâç yrvÉaúm f3oÚÀETm. o'l.
fü: imt
ril.; cúovoíaç rílç rroÀÀ.ílç- -rov KÚpwv
Errma;.(ÓVEal1E.
2. 'EÀrnltr pÍav ErrayyÉÀÀ.nm. Úµüç 8€ t:iç 8ouÀ.riav àrro818pácrKETE. L(t)'tT]pÍC.t\' xapÍsnm. Úµt:l'ç
ÕE
ElÇ avtJp(l)1tOV D7to
a\c;)\'\OV, ÚµElÇ ÔE T~V KÓÀ.amv àvaµÉVETL Kat hrntpaO'E\' Ó KÚptoÇ
3. ~tà rolirn
«'TO
rrup» 8f: rrpü
Hp Ôto:~ÓÀ.cp Kat tOlÇ àyyÉÀ.OlÇ auTOU.»
ó
µaKápwç àrrócrrnÀoç «µap1Úpoµm EV Kupícp,» cp11criv,
«PllKÉn Úµâç rrt:p1mnE'lv. Km~cüç Kat -rà. l:'.ltv11 rrt:pman:! EV µarmór11n vooç aurfov. EO'KO'tl
«O
wu
Çwilç
lJEOU. füà t~V ayvotav t~V oucrav fV auro'i:;. 8tà t~V rrropwcnv 'tllÇ KapÕÍaç
aurfov· oÚtVEÇ Éaurouç rrapÉ8rnKaV ànriÀYf\KÓn:ç Tft àcrt:À.yEÍçc ElÇ Epyacriav à.Kal}o.pcría.; nácrric; Kal. rrÀ.rnvEÇ,iaç.»
l. TotoÚ10\J µáprnpoç f."A.f-novrnç -r~v nôv àv1'promov ã.v01av Kat 1'cov
ti 8~ E'tt:pov ÚrroÀt:Írrnm rn'iç àrrícr10tç ~ KpÍcrtç Kat Ka'taÕÍKll; OU Káµvn ÕE ó KÚp1oç mxpmvéúv, EK
Kat tOU CTKÓTOUÇ aU'tOU toUÇ 1tE1tÀO.VT\µÉvouç ÔtaVÍCJ'tllCHV' 2. ··i:ynpE," q>Ttoiv, "Ó KaÔt:ÚÕwv Kat àvácr1a EK r&v vt:Kpfuv, Kat
à.qrnrrvÍÇEt yf_
TOl
imcpcxÚcrEl CTOl ó XplCT"tOÇ ~pwç," ó 'tllÇ àvacrtácrt:wç nÃ.wç, ó "rrpo ÉwcrcpÓpou" YEVVWµEVOÇ.
ó Çwi)v xcxp1cráµt:voç cXK"tt
iôimç.
3. Mi) oi>v 7tEp1q>povEÍ'tw nç 1ol> "'A.óyou, µi) Ãát}n Ka-ra.q>pov&v Éamou. ' ' , , ,.... ,.... ' ' "' ' ~ ' , AqE1 yC1.p rrou T\ ypaqnr crT1µEpov Ea.v "tT\Ç
.
-
CJKÀT\pÚVT\"tE wu Kcxpõíaç ÚµÔ>v CÍ>ç f.v têp rrapa7ttKpacrµép Ka.'tà. 1T,v ~µÉpav toü rrnpacrµou E.v 1ft f.pi\µcp, ot EJtEipacra.v oi. rra1ÉpEç ÚµÔ>v ev ÕoKtµaoiçc" RPOTPUITIKOI RPOI E HllNAt
1
1 ~
6 1
T -
CAPITULO
IX -
7. nós somos os primogênitos, nós, os nutridos de Deus, os amigos do Primogênito, os primeiros que, dentre todos os homens, conhecemos Deus, os primeiros que fomos arrastados do erro, os primeiros separados do diabo.
1. Entretanto, quanto mais ímpios são alguns, mais filantrópico Deus se mostra a estes; ele quer, de fato, que, em vez de escravos, nós nos tornemos filhos; mas muitos desdenham de tornarem-se filhos. Ó tamanha insensatez! Vós vos envergonhais do Senhor! 2. Ele promete a liberdade, e vós ireis vos refugiar na servidão. Ele oferece a salvação, e vós vos precipitais na condição humana. Ele nos presenteia com a vida eterna, e vós esperais pacientemente o castigo, vós vislumbrais primeiramente "o fogo que o senhor preparou para o diabo e seus anjos". 134 3. Por isso, diz o bem-aventurado Apóstolo: "Eu venho testemunhar o Senhor: Não erreis como erram os gentios, na vaidade do espírito; eles têm a inteligência obscurecida e são estrangeiros na vida de Deus, pela ignorância existente neles e pelo endurecimento de seus corações; tornaram-se insensíveis pelo escárnio, eles próprios se dão a todas as espécies de práticas de impureza e cupidez". 135
1. Quando um semelhante testemunho acusa a loucura dos homens como caminho para chegar a Deus, o que mais resta aos incrédulos senão o julgamento e a condenação? Mas o Senhor não deixa de aconselhar, de amedrontar, de exortar, de instigar e de repreender; ele desperta e ergue, da própria escuridão, aqueles que se desgarraram. 2. "Desperta", diz ele, "levanta-te dentre os mortos, e o Senhor Cristo te ilu· minará", 136 ele, o sol da ressurreição, o que foi gerado antes de Lúcifer, o que deu a vida por seus raios. 3. Que ninguém despreze o Logos, por medo de se desprezar a si próprio in· conscientemente. Pois as Escrituras dizem, em alguma parte: "Hoje, se vós escutais a voz do Senhor, não endureceis vossos corações, como na exasperação daquele dia da tentação no deserto, onde vossos pais me puseram à prova". lllOllTAÇÃO AOI GlltOOS
l 1571
"1!'--
f\
I <11 ,\
4. 'H Õt' ÔOKtµcmÍ
\
fl
\
l IJ ~
1
•
l~ÚÀ.FIÇ ~w.1}El V, TÓ ay1Úv
rÇll)'lÍ<'l"f!O: 1. "KU l flÔOV T
~
•
l
•
tllJK
f'fVW
óonúç ~lUll, (;)Ç c1Ípl1CT(1. f\' Tfi llPYll ~[O\)' El FlCTEÀfl>(íOVTIJ.I riç TDV j((fT(f.JW'.UCTÍV µou." 5. Opêhr r11v àrrr1Àr1\.. opênr rl1v rrporpurrí1"· opênr ri1v n~1íiv· ti 8~ Oll\' ftl n'1v ;(Úpt\' ri.; Õpy1'1v µnnÀÀÚcrcroµFv KUt tiÚXl CXVCXJIFrrmµrvmç 'W.tç CTKoa'iç Kaworxóµn•tit tÓv ÀÓyov [v Úyvrú.ç ;rvoôoxo\:iprv nú.; \11uxcx'lç tov l~fL)\': MqáÀq y(xp rftç [rrayyrÀÍaç CXllTOll í1 xá.ptç. ràv (j'~w·.pov tftç cpcov~ç ninou àKotHJ(1)µE\" rà 81: críwrpov Kmr áácrniv lo:t1to1J] o.-UÇum t~v ~µÉpav, >-" t:crr av 11 crqµepov ovoµo:1:,1irm. 6. ivthpt ôf: cruvtEÀEÍcxç i.:o:l. íi cníµrpov Kal í1 µÚ1}qcnç 8wµÉvff KCXt tÓtE 11 onrn:; cr~µFpov í1àvEÀÀutDÇ10\J l1rn11 ~~tÉpo: to1ç ut
,.
''
a
,
,
I
o
18 51 1. Ell<Ótcoç apa Jtl
E--(VmKÓow. aç euôdaç JTOlElV Kal. EUtprnÍÇElV rrap~yynÀ.EV 'Iwávvriç. toÚtolÇ O~ 7tpOCTC;JXÔtCTfV Ó lJEOÇ Kat cXTtftÀ.Et' 2. Ko.1ô~1ca'i to tÉÀoç t~ç ànE1À~ç aiv1yµatm8ffiç ànnÀ.~cpacnv oi rraÀ.mol. tffiv 'E~po.Íwv 7tÂ.avl1-rm · ou yà.p EtaeÀ.tJÓv EtÇ t~v Katá7tm.Jcrtv ÀÉyovtm füà. t~V àmcniav, 7tplv ~ ocpâç autouç KO'.TCl.KOÀ.oul>~cravtaç tcp MwvcrÉwç õw.õóxcp Ó\j/É 1tOtE Epycp µm~óv. OUK &v Õ:.À.Àmç owiJ11vat, µ~ ouxl. roç 'Incrouç 7tE7tlCTtEUKOtaç. 3. cf>lMlVÔpol7tOÇ fü: OOV Ó KÚplOÇ 7tÚVtO'.Ç clVÔpÓl1tOUÇ "etç f7tÍyYWCHV t~Ç àÃ.riôeiaç'" 7tapCJxaAó, ó tov rro:pÚKÀT\'tOV ànoon:ÀÀ.o>v. Tíç oiiv h ÊnÍyvwmç; 0rncrÉj3no:· "-ôeooÉ~eta Ôf. npoç mívw. OJq>ÉÀtµoç" K0:1"à. tov nauÀ.ov, "f.7ta'('(EÀÍav [xoucra Çwi1ç tl)ç vuv Kal. tl)ç µEÀÀ.oÚOT\Ç-" 4. OÓCJou, ÓµoÀoyrÍcran:. 00 ÜvÔpúl7tOl, El f7tl7tpÚO'KE'tO O'OHT\PlO: cltÔlOÇ, rovÍ\craoÔf. ãv; OUõf.~ ei tov OaKtroÂ.Óv nç oÂ.ov, tou XPUCJloU to pEuµa µuÔtKÓV, cl7tOµetpÍ\crm, clVtÓ.Ç,t0v
to
llPOTPElllllCfJt liPOl EAAHNl\I
1
1 ~
H
1
-
CAPÍTULO
IX -
4. Se quereis aprender qual é esta prova, o Espírito Santo vos explicará:"( ... ) e eles viram as minhas obras", diz ele, "durante quarenta anos; por isso eu me irritei contra essa geração e disse: eles sempre cometem erro, em seus corações; eles não reconheceram os meus caminhos, como jurei em minha ira; jamais eles entrarão no meu remanso". i J 7 5. Vede a ameaça! Vede a exortação! Vede o castigo! Por que ainda transformamos a graça em ira e não recebemos o Logos, com os ouvidos bem abertos, e damos hospitalidade a Deus em nossas almas puras? Grande é, em verdade, a graça de sua promessa, se, hoje, escutarmos a sua voz; e esse "hoje" se estende a cada novo dia, de maneira que se dirá por longo tempo: hoje. 138 6. Até o final dos tempos durarão o hoje e a possibilidade de aprender; e nessa consumação, o verdadeiro dia, o dia contínuo de Deus, faz-se igual à eternidade. Obedeçamos sempre a voz do divino Logos, pois esse hoje é infinito, é a imagem da eternidade; o dia é o símbolo da luz, e o Logos é a luz dos homens, com a qual somos iluminados por Deus.
[8 5] 1. É natural que a graça seja abundante para aqueles que creram e que obedeceram, mas aos incrédulos e errantes de coração, que não reconhecem os caminhos do Senhor, os quais joão recomendava fazer retos e preparar, que contra eles Deus se irritou e os ameaça. 2. É a realização mesmo da ameaça que sobreveio, enigmaticamente, aos antigos hebreus errantes: dizem que eles não entraram no lugar do descanso por causa de sua falta de fé, antes de se submeterem, deliberadamente, ao sucessor de Moisés, e antes de terem aprendido, por uma experiência tardia, que não podiam ser salvos senão pela fé em jesus. 3. Por ser filantrópico, o Senhor convida todos os homens "para o conhecimento da verdade", 139 ele, o que enviou o Paráclito. Em que consiste, pois, esse conhecimento? É a piedade, "a piedade que serve para tudo", segundo São Paulo, "porque tem a promessa da vida presente e da vida futura" .140 4. Ó homens, por quanto compraríeis a salvação eterna, se esta estivesse à venda? Nem o Pactolo 141 inteiro, o mítico rio de ouro, pagaria o preço equivalente à salvação. l!XORTAÇÃO AOS Glll!GOS
11$1J1
•
"
•.
•fl
\
\ :\ 1 () •,
1 ,.,
1. l\'h1 l)lJ\' Úrr0Ká~u1rr· ~'.~~-cHtv t>piv. i1v fl~rÀqH", t:Çow1ímxcn~cn r~v rroÀ.ut͵1iro\' crrnn1pím· otKfÍ(!) ú11cr1nip<~. à.yrY.n:n KO:l n:Ícrrr1. Ç(l)~Ç icmv àÇ1ÓÀ.oyo.; p1m'.h'.iç. Tm'.>tqv í1ó~·cu-; tll\' npl]\' ll i.hóç Aupj)Úvrt. Kl)tfç r() KllGp(9. lltCX tpUKÍo: nv
oç
1. Taún1v
ó àrrócrroÀoç
t~v 8uSacrKo:ÀÍav ÔEÍav ov-ro>i; f:mcrtáµEvoç «cru
ÔÉ, c1T1µÓÔrE.»
tà 8uváµEvá crE
crocpicrm Eiç
n
0
OEOµÉvq>. OPOft~lllf~Ol
1
nrof.
rf>o
1
t.\:\HNAZ.
-
CAPITULO
IX -
[86] 1. Não vos desencorajeis; vós podeis, se quiserdes, comprar a preciosíssima salvação, com um tesouro pessoal, a caridade e a fé, que é o preço digno da vida. Essa compensação Deus recebe com prazer. "Nós esperamos, pois, no Deus viven-
te, que é o salvador de todos os homens, principalmente dos que creem."'142 2. Os outros, porém, fortemente presos ao mundo, como algas aos rochedos do mar, 143 desdenham da imortalidade, e, tal qual o ancião de Ítaca, desejam não a verdade, nem a pátria celeste, nem a luz verdadeira e real, mas sim a fumaça. Mas, a piedade, segundo seu poder, faz o homem assemelhar-se a Deus, assegurando-lhe um mestre apropriado: Deus, que só pode imprimir no homem, conforme seu mérito, a semelhança divina.
1. O Apóstolo, que tinha um conhecimento efetivo desse ensinamento divino, escreve a Timóteo: "Tu, ó Timóteo, tu conheces, desde a mais tenra infância, as santas letras, aquelas que te podem tornar sábio e te levar à salvação pela fé
em Cristo" . 144 Com efeito, são verdadeiramente sagrados os textos que santificam e divinizam; 2. são suas letras e suas sílabas santas que compõem os escritos, as obras que o mesmo apóstolo, na mesma passagem, chama de "inspiradas", porque elas servem para a aprendizagem, para a persuasão, para a correção, para a formação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e preso a toda obra boa. 145 3. Ninguém conseguiria ser persuadido por exortações de outros santos como por essas do próprio Senhor, aquele que ama a humanidade; pois ele não tem outra tarefa senão salvar o homem. Ele grita, apressando os homens rumo à salvação: "o reino dos céus está próximo" . 146 Ele tenta converter os homens que se aproximam dele pelo medo.
4. Assim, também, o Apóstolo do Senhor; convidando os macedônios, tomou« o intérprete da voz divina: "O Senhor está próximo", diz ele, "guardai-vos para que não sejais surpreendidos vazios!". Entretanto, vós não temeis, ou melhor, vós sois incrédulos, pois não credes nem no Senhor, nem em Paulo, principalmente quando es~ vos roga em nome do Cristo. IXOltAÇÃO AOI GllGOI
1 1 fit 1
--
KEt1.o ..\ \
\ION
1 ....
1881 1. <(f t:ÚCT
ó ÔEÓÇ.» ·H rricntç FicráÇn, í1 nrlpa
(ú rfK\'O'..»
Àt:ym>CTO'.. «ftKOÚCTcm: ~lO'lJ,
q>Ó~ov l\"\.Jptol> 61óú.Çc•> t1p(1.ç.» EtTCJ. c;JÇ iíõri rrrm0Tr11K(,m crnvróµ(l)ç ÊmÀÉyn «TÍÇ f(HI\' CT\'l'}pomoç Ll l'}fÀ(•)\' Çcmív. à.yum7w -íwrra.; iorív cxym~Ó.ç»: 'H~irlç f-crµEv. cp~crnwv. oi. rr1.ycxôou rrpocrKuv11w.L oi. rfov c!.yr1.úfov Ç11Àrnmí.
2 . .~ KOÚ
ó À.Óyoç- cpfoç fCTTl Küt\'Ó\'.
frrtÀÓ.~l7tEl n:âmv àv1'}pc;mo1.;· ouôrl.:; KtµµÉptoç êv
ÀÓ·tqr 0rri:Úm.·>~lE\' i:iç morripím·. E-rrl. r11v mxÀ1yyn'E0Íav· ElÇ µÍo:v à:yám1v CT\.J\'CQ.Ô~vm oi. rroÀÀot KCHà rhv T~Ç µovo:Ôtl\"~Ç oúcríaç EVO>CTtV crrrrúcrwµrv.
Ayat'tot:pyoúµn·m à.vo.ÀÓyrnç rvon\ta ÔtÓ>Kú)µfv. tlW àyal}hv fKÇ11wuvtrç µovàôa. 3. ·H
fü:
ÊK rro/1.Àc'Dv iivrncrtç ÊK rroÀucpmvíaç 1ml. Õtacmopô:ç Ó:p~wvíav
Àa~oúao. l}fl'x~v ~tÍa yÍvnm CTWtcprnvÍa. fvt xopT)yq> 1mt Ôu)acrKÓ.À.cp
1ip
À.ÓyqJ ÉrroµÉVT\. Êrr· aür~v rhv r1.À~Ônav àvarrauo~1Évri, «À~~â>> ÀÉyoucra «Ó 7tr.t.r~p>). nxt>TT)\' ó ÔEoç thv cp(l)vhv thv à.À.riô1vhv àcrrráÇEto.l rrapà 1ÜJv airrou rratÔú)V rrpÚHl')V KaprroD~lEVOÇ.
1fP()fPl·nr1kt1I llPOI f.\AJl"'il\t
1 t
f,.
1
-
CAPITULO
IX -
[881
1. "Provai e vede como o Senhor é bom!" A fé vos introduzirá, a experiência vos ensinará, as Escrituras, como um pedagogo, vos guiarão: "Aqui, ó meus filhos", dizem elas, escutai-nos, nós vos ensinaremos a temer o Senhor". Em seguida, como se se voltassem já a seus fiéis, elas acrescentam concisamente: "Quem é o homem que quer a vida, que deseja ver os belos dias?". Somos nós, diremos, os adoradores do bem, os êmulos dos bons. 2. Escutai, pois, "vós que estais longe", escutai, "vós que estais perto"; 147 o Logos não se furta a ninguém, é uma luz comum, ele brilha para todos os homens; não há cimérios, em relação ao Logos; apressemo-nos em direção à salvação, em direção ao renascimento; apressemo-nos, nós, os muitos, em nos reunir em um só amor, segundo a unidade da essência monádica. Posto que ela nos faz o bem, proporcionalmente persigamos a unidade e busquemos a boa mônada. 3. A união de muitas vozes, quando sua dissonância e sua dispersão tiverem sido submetidas a uma harmonia divina, tornar-se-á uma única sinfonia, regida por um único corega e instrutor, o Logos, e sobre a própria verdade, ele encontra seu repouso, quando diz: "Abba, Pai"; esta voz, a verdadeira voz, Deus a acolhe como o primeiro fruto recolhido de seus filhos.
llXQl\TAÇÃO AOS GRIGOS
1 163 l
K E
K
1. AÀÀ · fK narÉpmv,
CfUVEÍlhcrav iwâç EK YEVE"CllÇ ai tin~m: Ti ÕE au~ávoµEv ~ µElOUµEV i:~v 7tatpqmv ODCflUV, KUt OUXl "C~V lcrllV, túÇ n:apElÀi\
ou
av
U
õe toi>ç Kp11µvouç tílç à7tcoÀtÍaç Ú7to tf)ç àvoiaç
ÚttoÂ.a.µ~ávtte tou ÔEou Àir(ov. nrornnt11rn1 nPOt EAAHNA!
1
164
1
CAPÍTULO
X
~ Todos os homens devem ouvir e acatar a voz da verdade @111$
1. Vós dizeis: - Mas não é digno de consideração, pois, contestar um hábito transmitido por nossos ancestrais. Por que, então, não nos servimos mais do nosso primeiro alimento, o leite, a que nossas nutrizes nos habituaram, a partir do nosso nascimento? Por que aumentar ou diminuir a herança paterna, e não mantê-la tal como é, tal como a recebemos? Por que não mais pular nos braços dos pais, ou não fazer ainda todos aqueles gestos pelos quais os bebês alimentados por suas mães nos provocam riso? Mas por que nós nos corrigimos, mesmo se não somos bons pedagogos?· 2. Depois, quando andamos, os desvios dos caminhos retos, apesar de serem essencialmente perigosos e funestos, ainda assim, são eles, de certo modo, prazerosos, entretanto, não podemos, durante a nossa vida, após termos abandonado um hábito pernicioso e ímpio, mesmo que nossos pais se irritem com isso, nos inclinar para a verdade e ir em busca daquele que é o nosso verdadeiro pai, como se rechaçássemos um veneno pernicioso, o costume? 3. Esse é, em verdade, o mais belo dos empreendimentos: mostrar-vos como a piedade é inimiga da loucura e desse costume três vezes maldito; jamais, com efeito, o ódio nem as interdições teriam recebido um bem tão grande, tal qual recebeu a raça humana dádiva mais considerável oriunda de Deus, se não fôsseis prisioneiros do hábito. Mais ainda: vossos ouvidos estão obstruídos, quais cavalos indóceis, de cerviz entesada, mordendo os freios, fugis dos nossos discursos, desejosos de nos lançar ao chão, nós, os ginetes de vossa vida; levados por vossa loucura, em direção aos precipícios da perdição, concebeis como algo maldito a santa palavra de Deus. IXO•TAÇÃO AOS GllGOI
1 16, 1
l. "Errnm ro1yct.poüv Ú~t!v 1mrct. rov Io
K
(uç rrm•t<\; µâÀÀov
TOUTO
i:nixnpu r~ç EKÀoy~ç,
ci.Àr]l~fÇ. on (xp
oi
µt'V
à.yo:ôol
ÔêO(Jf~flÇ àym~~; T~Ç à.µ01~~; TfÚÇO\'T(l.t Tàym%v tFnµqKllTfÇ. oí
Kat
(fr fK rcôv
rvm·ricr)\' ITl)\'llPOt r~.; 1mnxÀÀi'1Àou nµrnpÍaç. K
l 9 I] 1. 'I8É1w nç Úµcúv wuç 1mpà to!;; ri8(ÓÀ01ç Àa1pEÚov1aç, KÓµn purrcúvraç. Ecrôfrn mvapÇt Kat KaTEppwyui<;x Ko.ltu~p10µÉvouç. À.ourpcúv ~LEV rmvránamv àrrnpáwuç. -ra\ç 8€ tÔlV ôvúxwv àKµa\ç ÊKTEltTJptwµÉvouç, noÀÀ.ouç fü: Kat rêov ai8oiwv â