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Noções Básicas de Primeiros Socorros 2
Princípios Gerais de Primeiros Socorros 01. Definição Primeiros socorros ou socorros de urgência são as primeiras providências aplicadas à vítima, fora do ambiente hospitalar, executada por qualquer pessoa, para garantir a vida do doente e evitar o agravamento das lesões existentes, até que receba assistência médica qualificada.
02. Princípios Básicos dos Primeiros Socorros
A aprendizagem de primeiros socorros deve ajudar o socorrista a: Prevenir acidentes Fazer o que deve ser feito no momento certo a fim de: Salvar uma vida Prevenir danos maiores necessár io Obter ajuda qualificada quando necessário Ter segurança em face das emergências
Em toda situação de acidente se faz necessário que o socorrista tenha em mente que a situação exige: 1. Calma perante o acontecimento 2. Noções básicas de anatomia e fisiologia 3. Senso de organização e prioridades 4. Seqüência de ação rápida, mas sem precipitação 5. Presteza e segurança nos atos 6. Responsabilidade e ética
03. Etapas Básicas de Primeiros Socorros
Embora cada acidente tenha suas circunstâncias peculiares, algumas medidas devem ser tomadas pelo socorrista em todas as situações. Um bom socorrista está sempre consciente das limitações de sua formação e capacitação - os primeiros socorros são somente uma assistência temporária: as medidas necessárias para salvar a vida, para prevenir lesões maiores ou para aliviar o sofrimento até que se obtenha assistência de pessoa qualificada. O melhor socorrista não pode substituir uma pessoa qualificada e, portanto, é muito importante que tome todas as providências apropriadas tão rápido quanto possível. 1. Dirigir-se imediatamente ao local 2. Observar o que aconteceu 3. Procurar obter informações corretas para pedir socorro: a) qual o tipo de acidente ou emergência e número de vítimas; b) local exato da ocorrência; c) quais os tipos de ferimentos ou lesões (quando isto for possível). possível).
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04. Primeiras Medidas a) Assumir a situação 1. TOME providências para que o acidente não origine outros e afaste perigos que poderiam complicar a situação (sinalize o local; corte a energia que alimenta o circuito; tente apagar o fogo ou afaste a vítima dele). 2. PEÇA OU MANDE alguém imediatamente em busca de socorro médico e comunique às autoridades policiais locais (SAMU-192, Corpo de Bombeiros-193, Patrulha Rodoviária) 3. AFASTE do local, as crianças e os curiosos que não se disponham a ajudar e as pessoas que demonstrem medo ou ansiedade. b) Proteger o acidentado 1. Conversar com a vítima procurando tranqüilizá-la. 2. Manter a vítima deitada de costas sempre que for possível até que seja examinada e se saiba quais os danos sofridos. Em regra, a vítima deve ser atendida no local do acidente, evitando ao máximo tira-la de sua posição até que se tenha idéia exata das partes do corpo feridas ou até a chegada do socorro qualificado .
3. Só retirar a vítima do local do acidente se isso for absolutamente necessário, para livrá-lo de perigo maior (risco de desabamento, explosão, de envenenamento por gás, entre outros) e nos casos em que levar imediatamente a vítima ao hospital é o único meio de salvar-lhe a vida. Nestes casos, o socorrista deverá saber identificar a extensão do perigo tanto para a vítima como para si mesmo, bem como ser capaz de resolver o problema, evitando expor-se, inutilmente, a riscos .
4. Se for obrigado a mover a vítima, siga criteriosamente às instruções relativas a transporte de acidentados, com especial atenção às suspeitas de lesões na coluna vertebral. 5. Suspeitar de lesão de coluna e da possibilidade de traumatismo raquimedular (TRM) em casos de acidente automobilístico grave, atropelamento, desmoronamento, explosões, queda de altura, acidente de mergulho, etc. 6. Se a vítima estiver inconsciente, admitir que exista uma lesão séria do pescoço ou da medula espinhal, até prova em contrário. 7. Obter a colaboração de outras pessoas para ajudá-lo; distribua as ordens de modo a atender aos feridos com mais rapidez e eficiência. e ficiência. 4. Se houver mais de uma vítima, socorra-as por ordem de PRIORIDADES: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9.
PRIMEIRA PRIORIDADE Obstrução das vias respiratórias Parada cardíaca e/ ou respiratória Hemorragias descontroladas Traumatismos de crânio e da coluna vertebral Envenenamentos Complicações diabéticas Problemas cardíacos Ferimentos abertos no peito ou barriga Estado de choque
SEGUNDA PRIORIDADE 1. Queimaduras 2. Fraturas múltiplas TERCEIRA PRIORIDADE 1. Fraturas simples 2. Ferimentos de menor importância 3. Óbitos
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04. Primeiras Medidas a) Assumir a situação 1. TOME providências para que o acidente não origine outros e afaste perigos que poderiam complicar a situação (sinalize o local; corte a energia que alimenta o circuito; tente apagar o fogo ou afaste a vítima dele). 2. PEÇA OU MANDE alguém imediatamente em busca de socorro médico e comunique às autoridades policiais locais (SAMU-192, Corpo de Bombeiros-193, Patrulha Rodoviária) 3. AFASTE do local, as crianças e os curiosos que não se disponham a ajudar e as pessoas que demonstrem medo ou ansiedade. b) Proteger o acidentado 1. Conversar com a vítima procurando tranqüilizá-la. 2. Manter a vítima deitada de costas sempre que for possível até que seja examinada e se saiba quais os danos sofridos. Em regra, a vítima deve ser atendida no local do acidente, evitando ao máximo tira-la de sua posição até que se tenha idéia exata das partes do corpo feridas ou até a chegada do socorro qualificado .
3. Só retirar a vítima do local do acidente se isso for absolutamente necessário, para livrá-lo de perigo maior (risco de desabamento, explosão, de envenenamento por gás, entre outros) e nos casos em que levar imediatamente a vítima ao hospital é o único meio de salvar-lhe a vida. Nestes casos, o socorrista deverá saber identificar a extensão do perigo tanto para a vítima como para si mesmo, bem como ser capaz de resolver o problema, evitando expor-se, inutilmente, a riscos .
4. Se for obrigado a mover a vítima, siga criteriosamente às instruções relativas a transporte de acidentados, com especial atenção às suspeitas de lesões na coluna vertebral. 5. Suspeitar de lesão de coluna e da possibilidade de traumatismo raquimedular (TRM) em casos de acidente automobilístico grave, atropelamento, desmoronamento, explosões, queda de altura, acidente de mergulho, etc. 6. Se a vítima estiver inconsciente, admitir que exista uma lesão séria do pescoço ou da medula espinhal, até prova em contrário. 7. Obter a colaboração de outras pessoas para ajudá-lo; distribua as ordens de modo a atender aos feridos com mais rapidez e eficiência. e ficiência. 4. Se houver mais de uma vítima, socorra-as por ordem de PRIORIDADES: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9.
PRIMEIRA PRIORIDADE Obstrução das vias respiratórias Parada cardíaca e/ ou respiratória Hemorragias descontroladas Traumatismos de crânio e da coluna vertebral Envenenamentos Complicações diabéticas Problemas cardíacos Ferimentos abertos no peito ou barriga Estado de choque
SEGUNDA PRIORIDADE 1. Queimaduras 2. Fraturas múltiplas TERCEIRA PRIORIDADE 1. Fraturas simples 2. Ferimentos de menor importância 3. Óbitos
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c) Examinar o acidentado 1. Verificar os danos sofridos para saber o que fazer, examinando rápida e sistematicamente e observando se a vítima: vít ima: Está consciente? Tocar, perguntar pelo nome, falar e responder de modo amistoso explicando cada procedimento que está sendo realizado; Tratar a vítima inconsciente como se ela estivesse consciente – não fazer comentários negativos acerca das suas condições, evitando expressões tais como: só Deus, coitadinho, tão jovem, já era ; Respira? Se não respira fazer duas ventilações boca-a-boca e verificar se tem pulso (no pescoço). Se não tem pulso, fazer RCR – duas ventilações boca-a-boca e 15 compressões no peito da vítima, repetindo este ciclo quatro vezes em um minuto. Se respirar, continuar junto da vítima e verificar se; Sangra muito? Se tiver sangramento, estancar com compressão direta no ferimento, usando um pano limpo. Não reponha vísceras expostas nem remova objetos encravados. Está envenenada? Veja se a vítima tem sinais de envenenamento ou se há drogas por perto. 2. Verificar se há outros ferimentos ou fraturas, tendo o cuidado de não movimentar muito a vítima. 3. Atuar de maneira tranqüila e hábil, evitando o pânico da vítima e das pessoas em volta. d) Solicitar auxílio de pessoas qualificadas 1. Manter a vítima deitada de costas e com a cabeça de lado, mesmo que ela tenha voltado a si, até o socorro qualificado chegar. 2. Transmitir à equipe de socorro qualificado as observações sobre os sinais apresentados pela vítima enquanto era socorrida. e) Transportar o acidentado O transporte de uma vítima de acidente requer um cuidado especial, pois muitas lesões são pioradas e outras produzidas durante uma manipulação precipitada e uma remoção mal conduzida. Antes de transportar a. Restaurar e manter as funções respiratórias b. Restaurar a circulação com controle de hemorragias para prevenir o estado de choque c. Imobilizar pontos suspeitos de fraturas d. Avaliar o nível de consciência Durante o transporte a. Manter a cabeça da vítima inconsciente para trás ou de lado para favorecer a ventilação e a saída de saliva ou o u vômito. b. Transportar a vítima em decúbito dorsal sobre superfície plana e rígida, na suspeita de lesão de coluna. c. Fazer proteção da cabeça e pescoço em suspeita de lesão cervical (alinhamento e fixação manual, com colarinho de toalha, etc.). d. Manter conversa com a vítima durante o socorro e não deixá-la sozinha em momento algum, até a chegada do socorro qualificado
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05. Cuidados Essenciais na Prestação de Primeiros Socorros: 1. Só retire a vítima do local do acidente se isso for absolutamente necessário, para livrálo de perigo maior (risco de explosão, de envenenamento por gás, desabamento) e nos casos em que levar imediatamente a vitima ao hospital é o único meio de salvar-lhe a vida. 2. Se for obrigado a mover a vítima, siga criteriosamente às instruções relativas a transporte de acidentados, com especial atenção às suspeitas de lesões na coluna vertebral. 3. Nunca dê líquidos as pessoas inconscientes ou semi-conscientes. 4. Evite o pânico da vítima, das pessoas em volta e o seu próprio. 5. Mantenha a vítima deitada de costas e com a cabeça de lado, mesmo que ela tenha voltado a si, até o socorro médico chegar. 6. Transmita a equipe de socorro médico suas observações sobre os sinais apresentados pela vítima enquanto você a socorria. 7. Mesmo que a vítima aparentemente esteja em boas condições de saúde, obrigue-a a receber tratamento médico.
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Noções de Anatomia e Fisiologia Aplicadas em Primeiros Socorros 01. Considerações Gerais
A anatomia estuda a estrutura do corpo e as relações entre estas estruturas. A fisiologia estuda as funções das partes do corpo, isto é, como elas trabalham. O corpo humano é formado de maneira altamente organizada. A unidade básica é a célula. As células são organizadas em tecidos. Os tecidos são organizados em órgãos. Os órgãos são organizados em um sistema. Cada componente tem uma função para executar, que contribui para as estruturas e funções do organismo. Serão abordados para melhor entendimento de primeiros socorros os sistemas esquelético, muscular, tegumentar, vascular, respiratório, nervoso e órgãos do sentido e o sistema digestório.
Sistema Esquelético
Conjunto de partes duras (órgãos passivos de movimentos) que formam o arcabouço de sustentação e de conformação geral do corpo. Compreendem os ossos, cartilagens e suas uniões às articulações. Os ossos são peças rijas de forma variada (longos, curtos, planos e laminares pneumáticos) em número de 206 em um indivíduo adulto. Os ossos estabelecem conexões entre si por intermédio das articulações que lhe dão mobilidade.
Sistema Muscular
É constituído pelo tecido muscular com cerca de 40 a 50% do peso corporal total e é composto de células altamente especializadas. Os músculos compreendem: Ventre: porção carnosa de cor vermelha-escuro, contrátil (ativa). Tendões: porção essencialmente passiva, de cor branca, brilhante e constituído por tecido denso. São resistentes e praticamente inextensíveis. Servem para a fixação dos músculos nos ossos ou em outros órgãos. Funções do músculo 1. Produzir o movimento do corpo 2. Mover substâncias dentro do corpo 3. Fornecer estabilização 4. Gerar calor
Sistema Tegumentar
Complexa túnica que reveste toda a superfície do corpo compreende a pele e seus anexos (pêlos, unhas e glândulas) e o tecido subcutâneo. Funções: Proteger o corpo e regula sua temperatura. Constituir barreira contra infecções.
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Sintetizar vitamina D pela exposição aos raios ultravioleta. Eliminar e absorve substâncias. Possuir terminações nervosas para o tato, temperatura e pressão.
Sistema Vascular
Conjunto de órgãos encarregados da circulação sangüínea e linfática. Abrange o coração, as artérias, as veias, os capilares sangüíneos, os vasos e formações linfáticas e baço. Neste sistema considera-se a grande circulação e a pequena circulação que se continuam por intermédio das cavidades do coração. A grande circulação distribui o sangue, através da artéria aorta, rico em oxigênio, e elementos nutritivos a todo o organismo e traz de volta ao coração, através da veia cava superior e inferior, desembocando no átrio direito, depois para o ventrículo direito, carregado de gás carbônico e elementos residuais. A pequena circulação carrega o sangue do ventrículo direito, através da artéria pulmonar para os pulmões onde ocorrerá a hematose. O sangue retorna ao coração pelas veias pulmonares, já oxigenados, para o átrio esquerdo, desse desemboca no ventrículo esquerdo, onde será novamente levado para o corpo. Na avaliação inicial da vítima acidentada, as informações da circulação são obtidas através do pulso, da cor da pele e do tempo de enchimento capilar. O pulso é sentido quando o dedo indicador e médio do socorrista é colocado sobre a artéria, comprimindo-a contra o osso. Nunca palpe os pulsos com o polegar, pois esse tem pulso próprio. Nos adultos, a pulso normal oscila entre 60 a 80 batimentos cardíacos por minuto. Nas crianças entre 80 e 120. A pulsação pode ser sentida na artéria radial e se esta está presente, a pressão sistólica deverá estar acima de 80 mmHg. Se apenas o pulso femoral ou carotídeo são palpáveis, a pressão sistólica deverá estar entre 60 e 70 mmHg. O tempo de enchimento capilar dá a idéia de perfusão tecidual – comprimindo o polegar ou a palma da mão do indivíduo normal, a cor da pele deve retornar em dois segundos.
Sistema Respiratório
Compreende o conjunto de órgãos tubulares e alveolares, situados na cabeça, pescoço e cavidade torácica, responsável pela respiração.
O termo “respiração” significa trocas gasosas que se efetuam entre o organismo e o meio
ambiente. O homem absorve oxigênio e elimina gás carbônico, graças aos movimentos de inspiração e de expiração que permitem a circulação do ar através das vias aéreas (cavidade nasal, faringe, laringe, traquéia e brônquios) a fim de intercomunicar o meio ambiente com os pulmões. Durante a inspiração o ar é forçado a entrar nos pulmões devido à dilatação da caixa torácica pela elevação das costelas, decorrente da contração dos músculos intercostais e abaixamento do diafragma, fazendo com que o ar seja aspirado para os pulmões - ali se efetua trocas gasosas, hematose, oxigênio do ar com o gás carbônico do sangue. Após a inspiração, as costelas e o diafragma voltam à posição inicial, fazendo com que passivamente, o ar saia dos pulmões. O mecanismo da inspiração e expiração é controlado pelo sistema nervoso. Normalmente um adulto respira 16 a 20 vezes por minuto num ritmo calmo e sem esforço excessivo.
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Na criança o ritmo respiratório varia de 20 a 50 (de acordo com a idade). Na verificação da respiração deve-se observar os movimentos de subida e descida do tórax e a característica: - Respiração rápida e superficial - pode indicar estado de choque. - Respiração profunda e penosa - pode significar obstrução de vias aéreas ou doença cardíaca. - Respiração com eliminação de sangue pela boca ou nariz e tosse - podem indicar dano nos pulmões por fraturas de costelas; - Se não há movimento torácico pode significar parada respiratória.
Sistema Nervoso
Recebem e associam os impulsos nervosos desencadeados por estímulos externos e internos. O sistema nervoso, coordenador de todas as atividades orgânicas, integra sensações e idéias, conjuga fenômenos de consciência e adapta o organismo às condições do momento. É formado por elementos altamente diferenciados, as células nervosas (neurônios) e compreende órgãos centrais e periféricos e formações anexas dos órgãos dos sentidos. Divide-se em duas partes principais: encéfalo e medula espinhal. O encéfalo compreende: O cérebro – responsável pela ligação entre o sistema nervoso e as glândulas de secreção interna. O cerebelo – produz a manutenção do equilíbrio corporal e atividade de diversos grupos musculares. O bulbo – centro nervoso que regula a respiração e a circulação. O tronco cerebral – une as partes do encéfalo à medula espinhal. A medula espinhal Prolongamento caudal do encéfalo e tem a forma aproximadamente cilíndrica, preenche parcialmente o canal vertebral e é envolta por membranas protetoras, as meninges. Nos acidentes é importante dar especial atenção à possibilidade de uma fratura de coluna vertebral. Deve-se evitar movimentos excessivos da vítima – uma fratura sem lesão neurológica pode converter-se em deslocamento da fratura com comprometimentos neurológicos.
Sistema Digestório
Compreende os órgãos responsáveis pela mastigação, ingestão e absorção dos alimentos, e eliminação de partes dos resíduos. Constituído por longo tubo músculo-membranáceo e seus derivados, tem início na cabeça, no orifício bucal, percorre sucessivamente o pescoço, o tórax, o abdome e termina no orifício anal. O tubo digestivo é dividido em vários segmentos principais: boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso. São seus derivados: os dentes, as glândulas salivares, o fígado e o pâncreas.
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QUADRO GERAL DOS SISTEMAS DO ORGANISMO Sistema Circulatório
Endócrino
Gastrintestinal
Tegumentar
Músculoesquelético Nervoso
Função Transporta substâncias ao longo do organismo. Transporta oxigênio e nutrientes às células e retira produtos residuais. Produz hormônios que regulam as funções do organismo.
Digere, transporta alimentos, absorvem nutrientes e elimina resíduos. Protege o organismo contra infecções, regula a temperatura corporal, elimina alguns resíduos. Sustenta e protege partes do organismo; permite que o corpo se movimente. Coordena as funções do organismo.
Respiratório
Urinário
Reprodutor
Órgão Coração, artérias, capilares, veias, baço, linfonodos, vasos linfáticos, sangue, linfa. Glândula pituitária, glândula paratireóide, timo, glândula adrenal, testículos, ovários, corpo pineal, ilhotas de Langerhans no pâncreas. Boca, esôfago, faringe, estômago, intestino delgado, intestino grosso, glândulas salivares, dentes, língua, vesícula biliar, pâncreas. Pele, pêlos, unhas, glândulas sudoríparas e sebáceas. Músculos, ossos, ligamentos, tendões.
Cérebro,
articulações,
medula espinhal, nervos espinhais, nervos cranianos, órgãos especiais de sentido como os olhos e orelhas. Traz oxigênio e elimina Seios da face, nariz, faringe, laringe, dióxido de carbono. traquéia, brônquios, pulmões. Controla os fluídos e Rins, ureteres, bexiga, uretra. eletrólitos do organismo, elimina resíduos líquidos. Reproduz a espécie, satisfaz Masculino: testículos, epidídimo, as necessidades sexuais, vesículas seminais, duto espermático, desenvolve identidade próstata, glândulas bulbo-uretrais, pênis, sexual. cordão espermático. mamas, ovários, tubas Feminino: uterinas, útero, vagina, glândulas de Bartholin, vulva.
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Avaliação Geral do Acidentado
01. Considerações Gerais
A vítima deve ser examinada de forma metódica e as prioridades no atendimento devem ser estabelecidas imediatamente, com base nas lesões sofridas e na estabilização de seus sinais vitais. O atendimento inicial à vítima deve consistir numa avaliação primária rápida e na recuperação das funções vitais, seguida por uma segunda avaliação mais detalhada e, finalmente, pelos cuidados definitivos. Durante a avaliação inicial, as condições que põem em risco a vida são identificadas e as correções simultaneamente em obediência às seguintes etapas:
02. Exame Primário
a) Avaliação do nível de consciência
Observe a vítima 1. Está acordada. 2. Responde a estímulo verbal. 3. Responde a toque 4. Responde ao estímulo doloroso (leve/profundo)
1. Fale suavemente com a vítima durante o exame, identifique-se, diga o que vai fazer, pergunte como ela está. 2. Verifique os fatores que podem causar mais lesões na vítima. b) Avaliação visual da 3. Observe a posição da vítima. NÃO vire, a menos que as vias vítima aéreas estejam em perigo. 4. Se virar – procure imobilizar e proteger a coluna vertebral.
c) Avaliação da permeabilidade das vias aéreas e da respiração (com controle da coluna cervical)
1. Coloque a vítima em decúbito dorsal e alinhada, se possível. 2. Afrouxe a roupa, gravata, colarinho, cinto da vítima. 3. Manipule cuidadosamente o pescoço da vítima, elevando o queixo ou a mandíbula (evite a hiperextensão ou a flexão da cabeça e pescoço da vítima até certificar-se de que não há lesão de coluna cervical). 4. Ouça, sinta a respiração colocando seu ouvido sobre a boca e nariz da vítima. 5. Observe se há elevação e descida do tórax da vítima. 6. Se a vítima não respira – verifique a presença de corpo estranho. 7. Desobstruídas as vias aéreas – aplique (duas) ventilações (siga orientações da RCR).
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d) Avaliação da circulação (com controle do pulso carotídeo da vítima)
e) Avaliação das hemorragias
1. Palpe a traquéia usando 2 a 3 dedos, deslizando em sua direção ao espaço entre a traquéia e o músculo esternocleidomastóideo. 2. Cheque o pulso por não menos 5 e não mais de 10 segundos. 3. Se não tiver pulso - inicie RCP conforme orientação. 4. Se o pulso está presente – verifique freqüência e qualidade (PA pelo menos com 60 de sistólica). 5. Cheque o pulso radial (se presente, PA ao menos com 80 de sistólica) – ATENÇÃO: observe a pele enquanto palpa o pulso radial (cor, temperatura, umidade). 6. Cheque enchimento capilar 1. Procure por sangramentos externos ao redor da vítima, manchas
úmidas nas roupas. 2. Na presença de sangramentos, corte ou rasgue as roupas, exponha o local do ferimento e contenha a hemorragia (veja orientação).
Tente fazer o exame primário rapidamente – dentro de 1 minuto 03. Exame Secundário 1. Procure por trauma, descoloração, deformidade e dores no couro cabeludo. 2. Observe o rosto da vítima procurando por expressão de dor, sangue nos olhos, nariz e ouvidos. 3. Procure por “umidade” debaixo da vítima, olhe suas mãos procurando por sinais sangramento e tente sentir “umidade”.
a) Avaliação da cabeça e coluna cervical
4. Observe os olhos da vítima e procure por lacerações, corpos estranhos, objetos encravados, no caso de objetos encravados, não tente retira-los. 5. Cheque as pupilas (iguais e reage à luz, centralizada, dilatada, contraída?). 6. Procure por deformidades no nariz, presença de sangue, corpos estranhos? 7. Procure na boca por vômitos, corpos estranhos, dentaduras, dentes quebrados, sangue ou qualquer obstrução de VAS em potencial. 8. Sinta o hálito da vítima – cheiro de acetona (indica coma diabético) – cheiro de urina (indica coma urêmico) – cheiro de álcool (embriaguez) 9. Palpe, com cuidado, a coluna cervical procurando por deformidade ou espasmo. 10. Faça a proteção da coluna cervical (imobilização manual) se suspeitar de qualquer trauma.
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b) Avaliação do pescoço
c) Avaliação do tórax e abdome
d) Avaliação da pélvis e região genital
e) Avaliação das extremidades inferiores
f) Avaliação das extremidades superiores
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1. Palpe a traquéia e procure por ferimentos, desvios, distensão de veia jugular. 2. Imobilize o pescoço com colar cervical em suspeita de fratura da coluna cervical. 3. Não mobilize o pescoço da vitima antes de imobilizá-lo. 1. Inicie pela palpação das clavículas, arcabouço torácico e rebordos costais. 2. Observe ferimentos, arranhões, sangramentos, contusões, fraturas e objeto encravado, caso positivo, não tente retirá-lo. 3. Observe instabilidade e movimentos respiratórios. 4. Palpe todos os quadrantes do abdome observando se há rigidez e distensão (não cutuque). 5. Observe a expressão de dor durante o exame. 1. Inicie a palpação da cintura pélvica no sentido ântero-posterior e anterolateral. 2. Procure por ferimentos, sangramentos, arranhões, contusões e fraturas. 3. Observe o posicionamento ou encurtamento da perna (pode indicar fratura da pélvis ou quadris). 4. Observe instabilidade – empurre para cima uma vez e empurre para baixo uma vez com movimento suave. 5. Observe expressão de dor durante o exame. 6. Observe priapismo (elevação do pênis que indica lesão neurológica) 1. Palpe o pulso femural de um lado, a coxa e o fêmur, procurando por deformidades, lacerações, arranhões, contusões e fraturas. 2. Palpe a patela, a tíbia, a fíbula e o pé, checando como acima. 3. Avalie o outro membro da mesma forma. 4. Avalie os pulsos distais (tibial posterior e pedioso) e enchimento capilar nos dedões de ambos os pés ao mesmo tempo. 5. Avalie a sensibilidade e movimentos dos dedos de ambos os pés. 1. Palpe o ombro, procure por deformidades, dores e por lesões dos tecidos moles. 2. Palpe o úmero, cotovelo, rádio, ulna, punho e mãos como acima. 3. Avalie o enchimento capilar, sensibilidade e movimentos. 4. Palpe os pulsos braquiais e radiais. 5. Avalie o outro membro da mesma forma. 6. Avalie a apreensão de ambas as mãos juntas.
Durante o exame secundário – na evidência de contusões, luxações, entorses e fraturas – siga as orienta ões de rimeiros socorros nestas situa ões.
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Corpos Estranhos nos Olhos, Ouvidos, Nariz e Garganta 01. Considerações Gerais
São chamados de corpos estranhos as partículas de poeira, carvão, estilhaços (madeira, vidro ou metal), grãos de semente ou pequenos insetos que penetram nos olhos, nariz, ouvido ou garganta, podendo produzir dor, obstrução e destruição tecidual, criando uma situação de desconforto à vítima, tornando sua remoção muito difícil. Estes corpos estranhos não caracterizam emergência a não ser nos casos de parada respiratória. A extração desses objetos, quando indevida, criará situações piores que a causa inicial. É de fundamental importância conhecer técnicas apropriadas para cada caso e agir de acordo com elas.
02. Corpos Estranhos nos Olhos Os olhos são muito delicados e os corpos estranhos que mais freqüentemente os atingem são grãos de areia ou poeira, cílios ou pequenos insetos. Podem sofrer irritação, inflamações e ferimentos mais sérios e até perda de visão. A irritação causada pelo corpo estranho produz abundante lacrimejamento, que em geral arrasta para fora o corpo estranho em poucos instantes. Conduta: 1. Lave cuidadosamente as mãos antes de atender a vítima. 2. Derrame sobre o olho água fervida e fria, abrindo e fechando o mesmo (não esfregue o olho). 3. Puxe para baixo a pálpebra inferior e verifique a localização do corpo estranho 4. Se você puder ver o objeto na pálpebra ou no branco do olho – suspenda-o com uma pequena poção de algodão umedecido (cotonete) ou com o canto dobrado de um lenço limpo, de tecido ou papel. 5. Se o corpo estranho estiver cravado ou muito aderido ao olho – NÃO tente removê-lo – Leve a vítima ao médico. 6. Nos casos de inflamação após a extração do corpo estranho – leve a vítima ao especialista Outros tipos de corpos estranhos nos olhos Além de corpos estranhos, os olhos podem sofrer queimaduras causadas por irradiações, fachos de luz de luminosidade intensa, luz artificial ou luz produzida por solda elétrica. Esta luminosidade intensa afeta o olho, podendo levar a vítima à cegueira. Esse tipo de queimadura se manifesta somente através da ardência e sensação de irritação (como se fosse areia nos olhos). Também pode ocorrer acidente ocasionado por brinquedos pontiagudos ou de projéteis (espingardas de chumbinho, atiradeiras, arco e flecha, etc.).
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Conduta: 1. Procurar um especialista. Produtos químicos nos olhos Os acidentes são causados por ácidos, cal, gasolina, etc. Conduta: 1. Lave cuidadosamente as mãos antes de atender a vítima 2. Lave o olho imediatamente com água corrente por 15 minutos. 3. Segure a cabeça da vítima de um lado e deixe a água corrente dentro do olho a partir do seu canto inferior (cuidado para não afetar o outro olho). 4. Mantenha as pálpebras abertas ou piscar rapidamente para garantir que a água atinja todas as partes do olho e pálpebras, sem atingir o outro olho. 4. Depois da remoção de todos os vestígios do produto químico – encaminhe a vítima ao médico. 5. NÃO coloque bandagem sobre o olho da vítima. 03. Corpos Estranhos no Ouvido Os casos mais comuns de obstrução do ouvido são insetos e acúmulo de cera. A presença de um corpo estranho no ouvido, geralmente, não se constitui num problema de urgência, e, por isso, não há necessidade de afobação ou desespero. Insetos Se o corpo estranho é um inseto, o ruído que provoca pode gerar um estado de irritabilidade ou inquietação e deve-se agir de imediato para aliviar a vítima. Conduta: 1. Lave cuidadosamente as mãos antes de atender a vítima. 2. Coloque no ouvido azeite comestível ou óleo de máquina caseira por alguns minutos (para matar o inseto). 3. Em seguida - lave o ouvido com uma seringa contendo água morna (geralmente a água arrasta o inseto junto com o azeite ou óleo). 4. Se o inseto não sair com este procedimento – procure o médico. 5. Se o inseto acabou de entrar no ouvido – coloque a vítima em lugar escuro, acenda uma luz forte ou vela e coloque-a próximo do pavilhão auricular (geralmente o inseto sai para a luz). 6. NUNCA tente pegar o inseto com pinça (pode escapar e se aprofundar mais no conduto auditivo). Corpos estranhos de outra natureza Caso o objeto introduzido esteja obstruindo totalmente o ouvido, a vítima sentirá um pequeno mal-estar por ouvir menos. Conduta: 1. Verifique a natureza do corpo estranho introduzido. 2. Se o corpo estranho for pesado (pedra) – incline a cabeça da vítima para o lado afetado no plano horizontal, puxe o pavilhão suavemente para cima e para trás deixando o conduto auditivo reto - nessa posição tente retirar o corpo estranho. 3. Se o corpo estranho não absorver umidade (pedra, botão) – faça a lavagem do ouvido (geralmente permite a saída).
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4. Quando se tratar de semente (milho, feijão...) – evite lavar o ouvido com água (a semente pode aumentar de tamanho dificultando sua extração). 5. Se a semente permanece vários dias e não é possível levar logo ao especialista – coloque no ouvido gotas de álcool absoluto ou glicerina anidra (substância ávida de água) – a semente diminuirá de tamanho (além de desinfetar ou diminuir a inflamação no ouvido). 6. NUNCA introduza no ouvido pinça ou gancho para extrair o corpo estranho (poderá lesar o conduto e ainda introduzir mais o corpo estranho, além de provocar surdez).
04. Corpos Estranhos no Nariz Os casos de obstrução das narinas são muito comuns em crianças, quando por brincadeiras ou simples curiosidade introduzem na narina: grão de feijão, milho, etc. Conduta: 1. Se o corpo estranho acaba de ser introduzido – faça com que a vítima assoe o nariz, tapando a narina do lado não afetado. Se a vítima for criança e não souber assoar o nariz sozinha – (o socorrista deverá colocar a própria boca sobre o nariz da criança e tentar aspirar o corpo estranho) – se não houver resultado – conduzir a criança imediatamente ao pronto-socorro. 2. Caso não saia – olhe no interior do nariz com luz forte e tente tirar suavemente com uma pinça (depilação). 3. NUNCA devemos introduzir instrumento na narina atingida (pode provocar outras complicações). 4. Faça lavagem nasal introduzindo algumas gotas de água fervida fria e proceda como na primeira conduta – contra-indicado em grãos. 5. NÃO faça lavagem nasal – se houver supuração (a água pode arrastar germes para o ouvido). 6. Se não conseguir retirar o corpo estranho após essas manobras – leve a vítima ao especialista.
05. Corpos Estranhos na Garganta Os corpos estranhos na garganta podem provocar lesões e/ou asfixia, por impedir a entrada de ar nos pulmões. Moedas, dentes postiços, espinhas de peixe, pedaços de balão de borracha (bexiga), etc. Conduta: 1. Quando se engasga com alimentos ou bebidas – o simples reflexo da tosse pode eliminar o corpo estranho que esteja impossibilitando a passagem do ar. 2. Quando acontece com criança – é mais difícil (nem sempre ela consegue livrar-se do objeto) – nesse caso, deve-se colocar a criança de cabeça para baixo ou com o corpo curvado para frente e, em seguida, aplicar palmadas secas em suas costas. 3. Suspeitar de asfixia quando a pessoa está comendo ou uma criança está brincando com objetos pequenos e, de repente sofre um colapso, aperta a garganta, tosse ou seu tórax chia. Se a pessoa parece estar sufocando, mas consegue respirar e tossir com força – a tosse é eficaz para resolver a situação. Se a pessoa não tosse com força, e não consegue falar – agir imediatamente: 1. Fique em pé por trás da vítima 2. Curve a vítima no espaldar de uma cadeira 3. Coloque uma das mãos debaixo do seu corpo firmando a barriga
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4. Dê palmada entre as escapulas da vítima com a outra mão 5. Caso o objeto não saia – tente a manobra de Heimilich 6. Caso não tenha sucesso – a vítima ainda respira – leve-a imediatamente ao hospital 7. Se a vítima não respira e se a obstrução for total – tente retirar o objeto colocando os dedos indicador e médio na garganta da vítima 8. NUNCA tente introduzir os dedos na garganta da vítima se a obstrução não for total (esse é um recurso extremo – pode empurrar ainda mais o objeto piorando a situação). 4. Caso o corpo estranho seja uma espinha de peixe e esteja encravada – não devemos tentar retira-la (risco de ferir ainda mais a garganta, provocando inchaço e obstrução das vias respiratórias) – Levar ao médico imediatamente. 5. Ao transportar a vítima, - ter cuidado para manter sua cabeça mais baixa do que o restante do corpo (evita a descida do objeto para os pulmões). Crianças A asfixia é uma emergência comum na infância. Conduta: Crianças com menos de um ano 1. Deite-a de bruços em seu antebraço – segure-a pelo peito e apóie o pescoço e a cabeça na mão mantendo a cabeça mais baixa que o corpo 2. Dê cinco tapas nas costas do bebê com a palma da mão livre 3. Vire o bebê e verifique a boca removendo objetos visíveis 4. Se não resolver – vire o bebê com as costas apoiadas em seu antebraço e a cabeça inclinada, ponha dois dedos onde as costelas se encontram no peito e dê cinco rápidos apertões para provocar uma tosse artificial. 5. Verifique a boca e remova objetos visíveis 6. Se a crise continuar e o bebê parar de respirar – faça respiração boca-a-boca e procure o médico imediatamente. Crianças de um a nove anos 1. Sente-se e deite a criança de bruços em seu colo. 2. Dê cinco pancadas secas e sucessivas nas costas da criança usando a palma da mão, sem usar muita força. 3. Encoraje a criança a tossir. 4. Se não resolver – deite a criança de costas sobre suas coxas e dê cinco apertões sucessivos no final das costelas com a palma da mão. 5. Verifique a boca e remova objetos visíveis. 6. Se o bloqueio continuar – repita todo o procedimento recomeçando com os tapas nas costas. 7. Se a criança parar de respirar – faça respiração boca-a-boca e procure o médico imediatamente.
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Parada Cardiorrespiratória e Reanimação Cardiopulmonar 01. Definições Parada respiratória - situação em que não são perceptíveis movimentos no tórax (elevação e descida), podendo ser acompanhada ou não de parada cardíaca. Sinais de parada respiratória:
Inconsciência Peito imóvel Ausência de saída de ar pelas vias aéreas Unhas e lábios azulados
Parada cardíaca – é a parada repentina dos batimentos do coração. Sinais de parada cardíaca:
Inconsciência Ausência de pulsação (pulsos femurais ou carotídeos) Ausência de escuta de batimentos cardíacos Pupilas dilatadas (midríase)
Parada cardiorrespiratória - é a parada repentina dos batimentos do coração e dos movimentos respiratórios. Causas: acidente sério, obstrução das vias aéreas, afogamento, estrangulamento ou sufocação, aspiração excessiva de gases venenosos ou vapores químicos, intoxicação medicamentosa, ausência de fluxo sangüíneo para o cérebro, soterramento, presença de corpos estranhos na garganta, choque elétrico, etc.
02. Medidas de Primeiros Socorros 1. Verifique a respiração e a freqüência cardíaca
Colocar o ouvido próximo ao nariz e a boca do paciente, afim de ouvir os ruídos respiratórios. Observar os movimentos do peito ou da parte superior do abdome Verificar o pulso (carótida e/ou femural) Se a vítima estiver inconsciente e não respirar normalmente, verifique se há bloqueio à passagem do ar (corpo estranho) Tentar visualizar o objeto Conseguindo – introduza o dedo indicador (protegido) pela lateral do objeto na boca da vítima para alcançar o objeto e trazê-lo para fora Se não conseguir:
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Posicionar as mãos sobre o umbigo da vitima e realizar cinco compressões no abdome, para dentro e para cima, tentando expulsar o corpo estranho. Logo após a quinta compressão, abrir a boca da vitima e tentar visualizar o corpo estranho. Se conseguir vê-lo, procurar retira-lo, passando o dedo indicador (protegido) pela lateral do objeto. Retirando o objeto, fazer duas respirações artificiais (ventilação boca-boca), não esquecendo o dispositivo de barreira. Se o tórax se expandir, é sinal de que houve a desobstrução. Se o tórax não se expandir, é sinal de que ainda existe parte do corpo estranho obstruindo as vias aéreas. Nesse caso, será necessário reiniciar as compressões abdominais. Mesmo após a expulsão do corpo estranho, a vitima pode continuar inconsciente. Nesse caso, o socorrista deve verificar o pulso carotídeo para identificar se ela em parada cardiorrespiratória. Se a vítima tiver vomitado (sangue ou não) – deve-se passar um pano para limpar sua cavidade oral. No caso de parada respiratória causada por mal súbito – verifique o posicionamento da cabeça (a língua pode obstruir as vias aéreas) Basta colocar a vítima de costas com a cabeça inclinada para trás.
2. Inicie imediatamente a Reanimação Cardiopulmonar (RCP) ao constatar parada cardiorrespiratória.
3. Etapas da Reanimação Cardiopulmonar A - Abrir as vias aéreas
B – Boca a boca (respiração artificial - boca a boca; boca a nariz, sempre com dispositivo de proteção) C - Circulação – massagem cardíaca externa (MCE)
A - Abrir as vias aéreas 1. Deite a pessoa de costas sobre uma superfície firme (cabeça e pescoço alinhados) e afrouxe quaisquer roupas apertadas em torno do pescoço e na região do peito. 2. Certifique-se que as vias respiratórias estão livres – incline a cabeça para trás com uma das mãos, levante o pescoço com a outra mão e puxe o maxilar para frente com o pescoço estirado nessa posição, a língua não cai para trás, bloqueando a garganta.
Se a vítima tiver sofrido traumatismo, com suspeita de lesão da coluna cervical, não se pode forçar a cabeça para trás (essa manobra pode provocar a secção da medula, com lesão irreversível . 3. Se a respiração não se reiniciar, vire a cabeça para um dos lados – curve o dedo indicar e passe-o rapidamente pelo interior da boca para remover quaisquer obstruções (vômito, dentaduras ou dentes quebrados) – Não perca tempo procurando obstruções que não sejam imediatamente óbvias. 4. Mantenha a vítima deitada, mobilizando a cabeça e o pescoço com cautela. 5. Tracione o queixo para cima. 6. Mantenha a cabeça e o pescoço alinhados e fixos, evitando a hiperextensão ou flexão (principalmente na suspeita de fratura da coluna cervical).
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SEJA RÁPIDO! UM MINUTO PERDIDO PODE SIGNIFICAR SÉRIOS PROBLEMAS.
4. Seqüência da conduta: 1. Abertura de vias aereas
3. Respiração boca-a-boca
5. Localização do local da massagem cardiaca externa
2. Avaliação da respiração
4. Localização do pulso carotideo
6. Técnica da compressão toracica
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B - Respiração artificial Método que consiste em ventilar para dentro dos pulmões da vítima o ar que ela necessita. Essa respiração pode ser praticada boca a boca (método normal), ou boca a nariz (crianças). Depois de ter aberto as vias respiratórias e removido da boca quaisquer obstruções – verifique se há sinais de respiração. Se a vítima ainda não estiver respirando – inicie imediatamente a respiração boca a boca, sempre utilizando um dispositivo de barreira. 1) Boca a boca 1. Coloque uma das mãos sobre a testa da vitima e com a outra feche bem as narinas (esse procedimento impede o ar de escapar pelo nariz durante o procedimento) 2. Respire fundo e cubra a boca da vítima com a sua – sopre suficientemente forte para dentro da boca da vítima até que o tórax da vitima se eleve. Se a vítima for uma criança – colocar sua boca sobre a boca e o nariz dela 3. Afaste a boca e solte as narinas da vítima (para que o pulmão se esvazie naturalmente).
Pratique as primeiras quatro respirações completas sem aguardar o esvaziamento total do peito Se o peito não se movimentar – as vias respiratórias ainda devem estar bloqueadas
4. Após as primeiras quatro respirações, verifique a
pulso carotídeo e certifique-se de
ue o cora ão este a batendo. 5. Verifique o pulso a cada cinco respirações. 6. Quando a pessoa estiver respirando normalmente coloque-a na posição de recuperação, pois em caso de vômito, a vítima poderá broncoaspirar. 7. Se o coração não estiver batendo, inicie imediatamente massagem cardíaca externa. Inicie a MCE + respiração artificial
2) Boca a nariz 1. Em crianças pequenas, você deve acoplar sua boca sobre a boca e o nariz da vitima. 2. Este recurso também pode ser usado quando, em adultos, a respiração artificial pela boca não tiver erado resultados.
Conduta 1. Desobstrua o nariz da vítima com o dedo, um pedaço de pano ou lenço de papel. 2. Mantenha a boca fechada com o polegar e sopre pelo nariz da vítima. 3. Abra a boca para permitir a expiração de cada entrada de ar, enquanto você respira novamente, como no método de respiração boca a boca. Obs: Repetir o procedimento de 16 a 18 vezes por minuto. Não desista nem interrompa caso a respiração não se normalize imediatamente.
C- Circulação - Massagem cardíaca externa (MCE)
A massagem cardíaca é um método usado para restabelecer a circulação sangüínea pela compressão do coração de encontro à coluna.
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É importante certificar-se de que o coração tenha parado de bater antes de iniciar a massagem cardíaca, pois exercer pressão sobre o coração em funcionamento pode causar danos. Você deve agir rapidamente, pois apenas 4 minutos após a parada cardíaca, o cérebro, privado de sangue e conseqüentemente de oxigênio, começa a sofrer danos.
5. Como fazer 1. Deite a vítima de costas sobre uma superfície firme. Ajoelhe-se ao seu lado, ligue ou peça para alguém ligar para o serviço móvel de urgência (192). 2. Cheque o nível de consciência da vitima. 3. Cheque pulso e respiração. 4. Caso ausentes localize o local das compressões torácicas, mantendo os dedos e a palma da mão afastados do tórax e exerça pressão apenas com a parte posterior das mãos (região hipotênar). 5. Comprima o tórax da vitima para baixo – conserve os braços esticados, quando realizar as compressões no tórax da vitima o esterno deverá afundar cerca de 5 cm. 6. Pare de comprimir o tórax da vitima, deixando-o voltar à posição inicial sem retirar suas mãos da posição inicial. 7. Re ita esse movimento 30:2 ventila ões. 8. Volte à cabeça da vítima, reabra a via respirat ória e pratique duas ventilações artificiais. 8. Sinta o pulso carotídeo após a cada 5 ciclos completos de compressões + ventilações (assim que puder senti-la, pare a compressão do peito mas continue com a respiração artificial). 9. Quando a vítima estiver respirando novamente: Coloque-a na posição de recuperação. Continue a verificar o pulso e da respiração da vitima. Observe com cuidado até que a pessoa esteja completamente consciente 10. A vítima deve ser levada ao hospital, pois quando a respiração e o coração cessaram, ela estava clinicamente morta, e necessita ser examinada com cuidado por uma equipe especializada.
AS 5 REGRAS DOS 5 1. Inicie a RCP, antes de 5 minutos de parada cardíaca 2. Mantenha as vias aéreas abertas e ventile a cada 5 segundos 3. Depois de 5 ventilações verifique o pulso e as pupilas 4. Ventile a cada 5 ciclos de compressão - ventilação 5. Nunca interrompa por mais de 5 segundos a RCR
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D. Seqüência da massagem cardíaca externa no bebê e na criança A. A massagem cardíaca externa em bebês é feita envolvendo-se o tórax com as mãos e exercendo pressão com os polegares. B. A massagem poderá ser realizada com costas do bebê apoiada uma superfície rígida, utilizando o dedo indicador e médio. C. Em crianças até 10 anos, as compressões devem ser feitas com uma das mãos.
A.
B.
C.
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Choque Elétrico
01. Considerações Gerais As lesões causadas por acidentes com eletricidade podem levar a vítima a uma parada cardíaca, parada respiratória por contração dos músculos responsáveis pela mesma e ocasionar queimaduras locais de limites bem definidos ou de grande extensão. A queimadura geralmente lesa todas as camadas da pele com comprometimento de tecidos mais profundos, podendo até atingir o grau de carbonização da parte afetada. ACIDENTE COM ELETRICIDADE OFERECE PERIGO TAMBÉM PARA O SOCORRISTA 02.
Conduta para Interrupção da Corrente Elétrica
1. Antes de tocar na vítima o socorrista deve desligar a corrente elétrica.
2. Caso isso não seja possível, separe a vítima do contato utilizando qualquer material que seja mal condutor de eletricidade (ANTES, PORÉM, VERIFIQUE SE OS SEUS PÉS ESTÃO SECOS E SE VOCÊ NÃO ESTÁ PISANDO EM CHÃO MOLHADO ) utilize: a) Um pedaço de madeira seca b) Um cinto de couro c) Um pedaço de tecido forte d) Borracha grossa e) Luvas de borracha
ATENÇÃO:
Não use objetos molhados nem de metal Não toque no acidentado antes de ter isolado a corrente
3. As correntes de alta tensão passam pelos cabos elétricos que vemos nas ruas e avenidas. Quando ocorre choque em fios de alta tensão, na rua, só a central elétrica pode desligá-los. Nestes casos, procure um telefone e chame a central elétrica, os bombeiros ou a polícia. Indique o local exato em que está ocorrendo o acidente. Procedendo desta maneira você poderá evitar novos acidentes. 4. Enquanto a corrente não for desligada, mantenha-se afastado da vítima, a uma distância mínima de 4 metros. Não deixe que ninguém se aproxime ou tente ajudá-la.
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Somente após a corrente de alta tensão ter sido desligada você deverá socorrer a vítima.
3. Conduta de Socorro a Vitima
Após o procedimento de interrupção da corrente elétrica, inicie imediatamente o socorro à vítima. 1. Deite a vítima e verifique se ela está respirando 2. Para que a língua não obstrua a passagem de ar, flexione a cabeça para trás, de modo a facilitar a respiração. 3. Se você constatar Parada cardiorrespiratória, aja imediatamente, aplicando massagem cardíaca e respiração artificial. a) Se a pessoa estiver consciente, mantenha-a deitada de costas. Eleve suas penas cerca de 20 a 30 cm; b) Se a vítima estiver inconsciente, coloque-a de lado, com a cabeça apoiada no braço ou em um travesseiro. Dobre o joelho da perna de cima para evitar que a pessoa role. c) Cubra a vítima com um cobertor leve ou um casaco. Se estiver sobre uma superfície fria, coloque um cobertor por baixo também.
4. Após certificar-se de que a vítima está respirando normalmente e com batimentos cardíacos, verifique se ocorreu alguma queimadura. A - Cuide das queimaduras de acordo com o grau de extensão que elas tenham atingido (proteja com gaze esterilizada) 5. Suspeitando de fraturas, imobilize a região. 6. Depois de prestar os primeiros socorros, providencie assistência médica imediata.
COMO PREVENIR ACIDENTES COM ELETRICIDADE 1. Tenha o máximo cuidado quando trabalhar perto de rede ou de chaves elétricas de alta tensão. 2. Mantenha os equipamentos em condições adequadas de funcionamento. 3. Chame o eletricista sempre que necessário. 4. Ao trabalhar com eletricidade, use ferramentas apropriadas e materiais de proteção adequados, ou, então, observe se a chave geral esteja desligada. 5. Nunca improvise em eletricidade. Só use material de boa qualidade. 6. Ligue sempre o fio terra em todo e qualquer equipamento elétrico portátil ou fixo. 7. Jamais faça ligações de emergência. 8. Não toque em aparelhos elétricos se estiver com os pés ou a roupa molhada. 9. Os aparelhos elétricos devem ficar fora do alcance das crianças. 10. Use somente fusíveis recomendados. 11. Ao trocar os fusíveis, use lanterna ou velas para iluminar. 12. Proteja as tomadas que estiverem ao alcance das crianças. 13. Oriente as crianças para que não soltem pipas ou papagaios junto a fios de eletricidade. 14. Jamais mexa em fio elétrico que se encontre caído no solo ainda preso à rede. 15. Mantenha a instalação elétrica de sua casa em bom estado. Mande revisá-la periodicamente por pessoal especializado. Agindo assim, estará impedindo acidentes para si mesmo e seus familiares.
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Insolação Intermação
01. Insolação Definição É uma perturbação, provocada pela exposição prolongada do indivíduo à ação direta dos raios solares. Ocorre principalmente nas praias e nas estações de veraneio, onde as pessoas não habituadas ao sol se expõem de maneira excessiva e sem qualquer tipo de proteção, podendo vir a ocasionar um distúrbio no equilíbrio térmico corporal da vítima. Sinais e sintomas A insolação pode manifestar-se de diversas maneiras: subitamente, quando a pessoa cai desacordada, mantendo a pulsação e a respiração; ou após o aparecimento de sinais e sintomas, como: Tontura, Náuseas Dor de cabeça Pele seca e quente Rosto avermelhado Febre alta Pulso rápido Respiração difícil Esses sinais e sintomas nem sempre aparecem ao mesmo tempo (normalmente podemos verificar apenas alguns). Condutas 1. Remover a vítima para um lugar fresco e arejado 2. Soltar ou retirar suas roupas 3. Mantê-la deitada, com a cabeça mais baixa que o corpo. 4. Aplicar panos molhados em diversas partes do corpo, para restabelecer a temperatura. 5. Se a vítima estiver consciente, dê-lhe água para beber. 6. Encaminhar a vítima ao médico o mais rápido possível, após o atendimento inicial.
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02. Intermação Definição
Ocorre devido à ação do calor em lugares fechados e não arejados (fundições, padarias, caldeiras, etc).
Sinais e sintomas A intermação se caracteriza por sinais e sintomas: Palidez ou tonalidade azulada no rosto Temperatura corporal elevada Pele úmida e fria Diminuição da pressão arterial Cansaço Dor de cabeça Calafrios Respiração superficial e irregular Náuseas Suor intenso Tontura e inconsciência Condutas 1. Retirar a vítima do ambiente e encaminhá-la para um local mais fresco e arejado. 2. Deitar a vítima com a cabeça mais baixa que o resto do corpo. 3. Afrouxar as vestes da vítima. 4. Envolver a vítima em lençol úmido. 5. Se estiver consciente, oferecer água fresca em pequena quantidade a intervalos curtos. 6. Encaminhar imediatamente ao atendimento médico.
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Queimadura 1. Definição Denomina-se queimadura toda e qualquer lesão ocasionada no corpo humano pela ação, curta ou prolongada, de temperaturas extremas. As queimaduras podem ser superficiais ou profundas e classifica-se de acordo com sua gravidade, medida pela relação entre a extensão da área atingida e o grau da lesão. São consideradas grandes queimaduras aquelas que atingem mais de 15% do corpo, no caso de adultos, e mais de 10% do corpo, no caso de crianças de até 10 anos. A figura e a tabela a seguir, que se refere à extensão da área lesada, ajuda o socorrista a avaliar a gravidade de uma queimadura:
ÁREA ATINGIDA CABEÇA PERINEO OU PESCOÇO TÓRAX E ABDOME COSTAS E REGIÃO LOMBAR CADA BRAÇO CADA PERNA
EXTENSÃO 9% 1% 18% 18% 9% 18%
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Quanto ao grau da lesão, as queimaduras classificam-se em: Primeiro Grau É a mais comum e, de um modo geral, deixa a pele avermelhada, alem de provocar ardor e ressecamento. Trata-se de um tipo de queimadura causada quase sempre por exposição prolongada à luz solar ou por contato breve com líquido ferventes. Segundo Grau Mais grave do que a de primeiro grau, essa queimadura é aquela que atinge as camadas um pouco mais profundas da pele. Caracteriza-se pelo surgimento de bolhas, desprendimento das camadas superficiais da pele com formação de feridas avermelhadas e muito dolorosas. É provocada por contato com líquidos ferventes ou objetos muito quentes “chamuscamento” por
explosões (álcool, gasolina, gás) e também por contato por substanciais causticas (ácidos, removedores, detergentes, tintas etc.).
Terceiro Grau É aquela em que todas as camadas da pele são atingidas, podendo ainda alcançar músculos e ossos. Essas queimaduras apresentam-se secam, esbranquiçadas ou de aspecto carbonizado, fazendo com que a pele se assemelhe ao couro, diferentemente do que acontece nas queimaduras de primeiro e segundo graus. Esse tipo de queimadura não produz dor intensa, pois provoca a destruição de terminações nervosas que transmitem a sensação de dor. Em geral, a queimadura de terceiro grau é causada por contato direto com chamas, líquidos inflamáveis e eletricidade. É grave e representa sérios riscos para a vitima, sobretudo se atingir grande extensão do corpo. Para socorrer vitimas de queimaduras, seja de primeiro, segundo ou terceiro graus, devese resfriar o local com água e protegê-lo com um pano limpo, enquanto se providencia atendimento médico. Esse atendimento médico pode ser dispensado apenas no caso de queimaduras de primeiro grau em que a área lesada não seja muito extensa.
2. Queimaduras provocadas por substanciais químicas Se a substancia for liquida (acido, removedores, tinta, etc.), o socorrista deve lavar o local com bastante água, para retirar todo e qualquer resíduo do produto. Só então irá proteger as feridas com gaze ou um pano limpo. Se a substancia for sólida (geralmente em pó), antes de lavar o local onde ocorreu a queimadura e protegê-lo, é preciso retirar com um pano, todo e qualquer resíduo do produto.
3. Queimaduras nos olhos Se os olhos da vitima tiver sido atingido por substâncias químicas (ácidos, cal, gasolina, etc.), o socorrista deve lavá-lo de imediato; do contrario a visão poderá ser seriamente afetada. O ideal é fazer a lavagem direta na torneira. Caso não seja possível, usa-se então um garrafa, mangueira etc. . Se apenas um olho for atingi-lo é preciso tomar cuidado para não prejudicar o outro olho. Depois da lavagem, o socorrista deve cobrir o local afetado com um curativo de gaze ou um pano limpo e encaminhar rapidamente a vitima para atendimento médico. Existem ainda queimaduras em que os olhos sofrem queimaduras causadas por irradiações, fachos de luz intensos ou luz artificial. Essa lesão ocorre, por exemplo, com que trabalha com solda elétrica e não usa equipamento de proteção. Apesar de ser uma queimadura que se manifesta somente pela ardência e irritação dos olhos (como se eles contivessem graus de areia), trata-se de um caso sério, pois pode até levar à cegueira. A providência mais indicada, portanto, é encaminhar a vitima a um especialista.
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Estado de Choque 01. Considerações Gerais
É através do sistema circulatório (coração e vasos sangüíneos) que o sangue se distribui por todo o corpo, transportando oxigênio e nutrientes para todas as partes do corpo e, em especial, para o cérebro. Qualquer interrupção séria no circuito, isto é, na provisão contínua do oxigênio a este importante órgão, pode ocasionar a morte. Uma das causas mais comuns dessas interrupções, que põe a vida em perigo, é o estado de choque. É uma condição na qual o suprimento de O2 é insuficiente para atender as necessidades metabólicas do paciente, gerando disfunção orgânica progressiva que pode evoluir rapidamente para irreversibilidade
02. Por que acontece o estado de choque?
O sangue é o responsável pelo transporte de oxigênio para as diversas partes do organismo, inclusive para o cérebro. O oxigênio é essencial à vida de cada uma dessas partes. Se houver diminuição na quantidade de sangue transportado para o cérebro haverá, também, diminuição no fornecimento de oxigênio e, consequentemente, risco de vida.
03. O que pode provocar o estado de choque?
O choque pode surgir em situações de emoções fortes, terror e principalmente nos casos de: Hemorragias graves internas ou externas Acidente de automóvel Esmagamento de membros Queimaduras graves, ferimentos graves ou extensos e fraturas Afogamento Acidentes por choque elétrico Ataque cardíaco e dor intensa de qualquer origem Envenenamento por produtos químicos Intoxicação por alimentos Exposição a extremos de calor e frio Picada de cobra Queda Infecção
Sinais e sintomas O estado de choque pode manifestar-se de diferentes formas. A vítima pode apresentar diversos sintomas ou apenas alguns deles, dependendo de cada caso. Pele fria, pálida, úmida e pegajosa; A vítima queixa-se de sensação de frio podendo ter tremores; Sudorese intensa; Respiração curta, rápida e irregular;
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Pulso rápido e fraco; Queda da pressão arterial; Alteração do nível de consciência (agitação, ansiedade, torpor, coma).
04. O que fazer?
Inspecione a vítima rapidamente. Se possível, combata, evite ou contorne a causa do estado de choque (por exemplo: controlando a hemorragia). Conserve a vítima deitada, afrouxando a roupa em torno do pescoço, peito e cintura. Verificar a presença de próteses dentárias, objetos e alimentos na boca da vítima e retirálos. Mantenha a respiração da vítima, se a respiração parar, aplique a respiração artificial imediatamente.
Verificar o pulso; (artérias radial, cubital, temporal, carótida, femural, poplítea e tibiais).
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Em caso da vítima inconsciente, desmaiada ou adormecida, com vômitos, sangrando pela boca ou nariz, deite-a na posição lateral de segurança para evitar a morte por asfixia ou afogamento com sangue, vômitos ou outras secreções.
Mantenha a vítima agasalhada, utilizando cobertores, mantas. Caso não haja fraturas, levante as pernas da vítima e se possível, mantenha sua cabeça mais baixa que o tronco.
Se a vítima estiver consciente, com dificuldade para respirar ou ferimentos na cabeça ou no peito - nesses casos, a cabeça e os ombros devem ficam em posição elevada.
Tranqüilizar a vítima.
É contra-indicado movimentar a cabeça da vítima, quando há suspeita de fratura de pescoço ou crânio.
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1. Não dê bebidas alcoólicas em hipótese alguma (o álcool reduz a resistência do organismo). 2. Não dê líquidos se a vítima estiver inconsciente ou semiconsciente ou em casos de suspeita de lesão abdominal. 3. Solicitar assistência médica com urgência - não esquecer que este é apenas um atendimento provisório.
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Hemorragias
01. Definição
É a perda de sangue devido ao rompimento de um vaso sangüíneo (veia, artéria ou capilar), provocado por: cortes, queimaduras profundas, amputações, esmagamentos, fraturas, úlceras, tumores, etc.
Obs:
Toda hemorragia deve ser controlada imediatamente. A hemorragia abundante e não controlada pode causar a morte em 3 a 5 minutos.
02. Classificação a) Do ponto de vista anatômico: Hemorragia arterial – sangue vermelho-vivo, saindo em jato. Hemorragia venosa – sangue vermelho-escuro, escorrendo contínua e lentamente. Hemorragia capilar – gotejamento de sangue que flui constantemente do tecido lesado. b) Do ponto de vista clínico: Hemorragia interna (invisíveis) – o sangue se acumula dentro de cavidades do corpo. Elas se originam de ferimentos no fígado, baço, pulmão, cérebro, etc. Obs: Estes casos só podem ser atendidos por um médico. Hemorragia externa (visíveis) – o sangue se perde para o meio externo. É o caso dos cortes ou esmagamentos, ou então quando o sangue sai através de orifícios naturais (nariz, ouvido, boca, ânus, uretra). Obs: nestes casos, o socorro imediato é quase sempre possível - estas hemorragias devem ser estancadas. Sinais e sintomas Dependendo da gravidade da hemorragia, a vítima pode apresentar: Palidez intensa Mucosa descorada Pulso rápido e fino Respiração rápida e superficial Vertigens Náuseas e vômitos Sudorese fria Sensação de sede Desmaio
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04. Medidas de Primeiros Socorros Hemorragia interna
A hemorragia interna é resultante de um ferimento profundo com lesão de órgãos internos; o sangue não aparece. Suspeita-se de hemorragia interna se quaisquer dos seguintes sinais surgirem após um acidente: Tosse com expectoração espumosa e sanguinolenta Vômitos com material vermelho ou em “borra de café “ Fezes com material vermelhos ou cor de piche
Urina avermelhada ou marrom Rigidez ou espasmos dos músculos abdominais Sangramento pelas genitálias Além desses sinais, a vítima apresenta: Diminuição da pressão arterial Pulso fraco e acelerado Pele e extremidades frias ( mãos e pés) Suor abundante Palidez intensa e mucosas descoradas Sede intensa Tontura, podendo estar inconsciente (estado de choque) Conduta: 1. Manter a vítima deitada com a cabeça lateralizada e mais baixa que o corpo; Exceto quando haja suspeita de fratura de crânio ou de derrame cerebral, a cabeça deve ser mantida levantada . 2. Afrouxar a roupa apertada (no pescoço, peito e na cintura). 3. Retirar da boca (dentadura ou goma de mascar). 4. Manter a vítima agasalhada, usando roupas, mantas, cobertor, etc. 5. Observar a respiração e os batimentos cardíacos e, se for necessário, providenciar a reanimação ou respiração artificial. 6. Controlar as Hemorragias; 7. Procurar socorro médico imediatamente.
Hemorragia externa Conduta: 1. 2. 3. 4.
Pressão direta sobre o ferimento Elevação do membro Curativo compressivo Pontos de pressão
a) Hemorragias nos braços ou pernas São acidentes que podem acontecer a qualquer momento quando lidamos com materiais cortantes ou mesmo quando uma criança leva um tombo e há sangramento na ferida. 1. Nesses casos, deite a vítima imediatamente. 2. Levante o braço ou perna feridos e deixeo assim o maior tempo possível.
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3. Coloque sobre a ferida gaze ou um pano limpo, dobrado. 4. Pressione este curativo sobre a ferida para o sangue parar de sair. Isso ajuda a diminuir o fluxo sangüíneo para o local da ferida. 5. Coloque um pano ou uma atadura sobre o curativo e amarre-o em torno do braço ou perna feridos. 6. Tenha cuidado para não apertar com muita força.
Se notar que a hemorragia não diminuiu, NÃO retire o curativo.
Pressione com as duas mãos o braço ou a perna da vítima, nos locais indicados pela ilustração.
Essas regiões passam vasos muito importantes – artérias (se pressioná-las, irá diminuir a quantidade de sangue que chega ao local ferido.
Mantenha a vítima deitada. NÃO deixe que ela se movimente. Qualquer movimento poderia fazer voltar a hemorragia. Procure imediatamente auxílio médico.
Faça pressão sobre um destes pontos, até que a hemorragia estanque. O curativo não deve ser retirado. Deixe-o no local para não haver o perigo de infecção.
Condutas: 1. Deite a vítima 2. Levante a perna ou braço feridos 3. Coloque sobre a ferida um curativo de gaze ou pano limpo e pressione 4. Amarre um pano ou atadura por cima do curativo 5. Se necessário, faça pressão com as duas mãos na parte anterior do quadril ou na região interna do braço 6. Mantenha a vítima deitada 7. Procure auxílio médico Casos em que não se deve fazer pressão sobre o curativo
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1. Quando há algum corpo estranho entranhado na ferida, como uma pedra, um pedaço de pau, etc. (poderá criar novos problemas). 2. Quando a ferida é muito extensa (ex: descolamento de pele), a pressão sobre o curativo não é tão eficiente.
Aplicação de torniquete Os torniquetes são usados como um último recurso no caso de falharem todos os recursos empregados no controle da hemorragia de um dos membros (braços e pernas amputação). A aplicação dos torniquetes exige uma série de cuidados, sem os quais revela-se ineficaz ou mesmo perigosa. A utilização do torniquete restringe-se a ambiente pré-hospitalar; o seu uso limita-se a situações de risco de morte, com o cuidado de existir a perda de tecido por compressão e redução da vascularização. Como aplicar um torniquete 1. Utilize um pedaço de pano com pelo menos 5 cm de largura (um cachecol, um pedaço de lençol, etc...). Nunca utilize como torniquete uma faixa estreita de pano, um cinto, uma corda ou arame O pedaço de pano deve ser comprido o suficiente para envolver o membro três vezes Aplicar o torniquete acima do ferimento, mas não o toque Caso haja uma articulação ou uma fratura logo acima do ferimento, aplique o torniquete acima desta Mantenha o pano liso e apertado e enrole-o duas vezes em torno do membro. 2. Amarre as pontas do pano. 3. Coloque um bastão de madeira, semelhante a um lápis, caneta, etc. 4. A seguir, dê um nó duplo sobre o bastão. 5. Troça o bastão até o sangramento estancar e pare. Prenda bem o bastão com as pontas soltas do torniquete ou com um segundo pedaço de pano. 6. Em um pedaço de papel ou pano escreva “torniquete” e a hora de sua aplicação, prendendo -o na roupa da pessoa. 7. Desapertar o torniquete apenas ao chegar em um serviço hospitalar. 8. Observar a presença de alteração de perfusão nas extremidades, quando notarmos que as extremidades dos dedos estão arroxeados ou frias deve-se reduzir a compressão do torniquete.
b) Hemorragias no tronco ou na cabeça O tronco e a cabeça são regiões muito delicadas. Hemorragias nestes locais colocam a vida em perigo. OBS: você não pode fazer muito nesses casos. Preste socorro imediato e procure auxílio médico com a maior urgência. Enquanto você espera a chegada de socorro médico, não deixe que a vítima se movimente. Qualquer esforço pode fazer voltar a hemorragia.
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c) Hemorragia nasal - epistaxe De todas as hemorragias que podem acontecer, a hemorragia nasal é a mais comum em crianças ou adultos. É causada pelo rompimento dos vasos sangüíneos do nariz devido a qualquer esforço maior. As hemorragias nasais são geralmente casos sem maior gravidade (exigem atendimento imediato para que não se tornem mais sérias). Caso a hemorragia não ceda, coloque um tampão de gaze dentro da narina e compressa fria sobre o nariz. Se possível, use gelo. Se a hemorragia continuar, leve a vítima imediatamente ao hospital. Recomendações: 1. NÃO deixe que a vítima assoe o nariz (pode causar uma hemorragia ainda mais forte). 2. NUNCA aperte as narinas da pessoa que estiver com hemorragia nasal. 3. DEIXE que sua cabeça permaneça inclinada e use o pano molhado para que a hemorragia não reinicie. 4. Isto será o bastante para estancar uma hemorragia comum. d) Hemorragia dos pulmões - hemoptise. Após um acesso de tosse o sangue sai pela boca em golfadas e é vermelho rutilante. Conduta: 1. Coloque a vítima em repouso no leito com a cabeça mais baixa que o corpo. 2. Não deixe falar, mantendo-a calma. 3. Encaminhe ao serviço de Pronto-Socorro. e) Hemorragia de estômago - hematêmese. A vítima geralmente apresenta antes da perda de sangue: - enjôo, náuseas e ao vomitar, vem sangue como se fosse borra de café. Conduta: 1. Colocar a vítima deitada sem travesseiro, com a cabeça virada de lado. 2. Impedir a ingestão de líquidos. 3. Tentar evitar que a vítima entre em estado de choque – elevar as pernas. 4. Providenciar socorro médico imediatamente. f) Hemorragia por via vaginal Consiste na perda anormal de sangue pela vagina, fora dos períodos menstruais (metrorragia). Causas:
Abortamento Gravidez nas trompas (ectópica) Estupro (violência sexual) Acidentes Tumores Retenção de membranas placentárias no parto Ruptura uterina no parto Traumatismo vaginal no parto
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Conduta: 1. Manter a vítima em repouso. 2. Providenciar socorro médico imediatamente.
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Ferimentos 01. Definição É toda lesão da pele (corte, perfuração, dilaceração) produzida por traumatismo em qualquer tipo de acidente.
02. Classificação b) De acordo com o agente causador: Contusões Escoriações Incisões Perfurações
Contusões – são lesões produzidas por golpes, pancadas ou tombos, que não ocasionam corte de pele ou músculo (desde que não haja fratura ou lesão de um órgão importante, embora dolorosas, as feridas contusas são de fácil tratamento). Conduta: 1. Colocar em repouso a parte contundida 2. Aplicar compressas frias ou saco de gelo até que a dor melhore e a inchação se estabilize 3. Elevar a parte afetada
Escoriações ou abrasões – são ferimentos superficiais, porém extensos e comprometendo unicamente a pele (dolorosos, especialmente quando envolvem grandes porções de pele (esfoladura).
Conduta: 1. Fazer limpeza cuidadosa da área com água e sabão (principalmente se o ferimento estiver em contato com terra) 2. Cobrir a área com gaze ou pano limpo (prender com esparadrapo ou atadura) 3. Evitar tocar o ferimento com os dedos ou material sujo 4. Trocar o curativo tantas vezes quanto for necessário para mantê-lo limpo e seco.
Incisões – são aquelas causadas por instrumentos de corte (facas, canivetes, navalhas e giletes),
possuem bordas regulares e podem ser superficiais ou profundos. Conduta: 1. Lavar as mãos com água e sabão (retirar a sujeira e diminuir a possibilidade de infecção no local ferido) 2. Lavar a ferida com água e sabão (para não infeccionar) 3. Verificar se existe algum vaso sangrando 4. Comprimir o local até cessar o sangramento 5. Proteger o local com uma compressa de gaze ou um curativo pronto (fixando com um esparadrapo – sem apertar o ferimento) 6. Manter o curativo limpo e seco. 7. Encaminhar a vítima ao serviço médico
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Perfurações – são causadas por objetos pontiagudos (pregos, espinhos, lascas de madeira) – nelas não se observam hemorragias externas.
Conduta: 1. Lavar as mãos com água e sabão (retirar a sujeira e diminuir a possibilidade de infecção no local ferido) 2. Lavar a ferida com água e sabão (para não infeccionar) 3. Retire o objeto causador do ferimento (alojado no ferimento) 4. Não remova objeto empalado (muito aderido) 5. Espremer o ferimento de modo a provocar uma pequena sangria (expulsar o corpo estranho introduzido) 6. Verificar se existe algum vaso sangrando 7. Comprimir o local até cessar o sangramento 8. Proteger o local com uma compressa de gaze ou um curativo pronto (fixando com um esparadrapo – sem apertar o ferimento) 9. Manter o curativo limpo e seco. 8. Encaminhar a vítima ao serviço médico
Obs: Ao fazer um curativo – NUNCA usar algodão ou lenço de papel (ficam presos às feridas e são difíceis de retirar, além de provocar dores e dificultar o tratamento)
Amputação (dedos ou membros) Conduta: 1. Estancar a hemorragia o mais rapidamente possível 2. Enrolar a parte amputada (em gazes ou pano limpo umedecido) e colocar em um saco plástico 3. Colocar o saco plástico em um recipiente ou em outro saco plástico cheio de gelo e/ou água gelada e levar ao hospital junto com a vítima (reimplante) Obs: Em casos de ferimentos que pareçam sem importância – uma pequena contusão pode indicar a presença de lesões internas graves, com rompimento de vísceras, sangramento invisível e choque. b) De acordo com a extensão ou profundidade: Ferimentos leves ou superficiais Ferimentos extensos ou profundos Ferimentos leves ou superficiais Conduta: 1. Fazer limpeza cuidadosa da área com água e sabão (principalmente se o ferimento estiver em contato com terra) 2. Cobrir a área com gaze ou pano limpo (prender com esparadrapo ou atadura) 3. Evitar tocar o ferimento com os dedos ou material sujo 4. Trocar o curativo tantas vezes quanto for necessário para mantê-lo limpo e seco. Ferimentos extensos e profundos
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Tórax Os ferimentos podem ser muito graves, principalmente se os pulmões forem atingidos. O agente causa um orifício maior na parede do tórax – o socorrista pode ouvir o ar saindo por ele ou pode ver o sangue que sai borbulhando por esse mesmo orifício. Conduta: 1. Cobrir o ferimento (pano limpo, plástico, gaze, ou a própria mão no final da expiração para evitar penetração de ar no tórax), para vedá-lo totalmente. 2. Segurar a compressa no lugar e pressionar com firmeza 3. Observar a respiração da vítima (se houver piora da respiração – cobrir parcialmente a ferida) 4. Manter a vítima agasalhada 5. Encaminhar ao hospital imediatamente
A ferida só deve ser totalmente coberta no momento exato em que terminou uma expiração (saída do ar). Abdome Os ferimentos no abdome costumam ser perigosos porque algum órgão interno pode ter sido atingido. Devido a perfuração da parede, parte de algum órgão pode vir para o exterior (evisceração), ex: intestinos. Conduta: 1. Manter no lugar os órgãos que estejam expostos – NÃO tentar recolocálos para dentro da cavidade. 2. Cobrir as partes expostas com panos limpos, umedecidos com água (mantê-los constantemente úmidos) Não se deve cobrir os órgãos expostos com materiais aderentes (papel toalha, papel higiênico, algodão) – deixam resíduos e levam muito tempo para serem removidos 3. Prender a compressa firmemente com ataduras, sem apertar. 4. Encaminhar imediatamente para o hospital.
Olhos Os olhos são partes do corpo extremamente sensíveis. Quando feridos somente um especialista dispõe de recursos para tratá-los. Conduta: 1. Adotar cuidados para não ferir ainda mais o olho que estiver sendo tratado. 2. NUNCA tente retirar um corpo estranho do olho se ele estiver entranhado ou encravado. 3. Cobrir o olho lesado com curativo úmido. 4. Prenda o curativo com duas tiras de esparadrapo (evita que o olho fique ainda mais irritado). 5. Cobrir também o olho não acidentado (evita, ao máximo, a movimentação do olho atingido) – exceto quando a vítima precise do olho sadio para se salvar.
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Cabeça Pequenos ferimentos externos podem ser muito graves enquanto extensas lesões do couro cabeludo com hemorragia podem não ter maior significado. Conduta: 1. Verificar se a vítima perdeu os sentidos no momento do acidente (nível de consciência normal ou comprometido) 2. Colocar gaze sobre o ferimento e não apertar 3. Conduzir a vítima ao hospital
Ferimento com presença de objeto encravado Quando o objeto estiver encravado, NUNCA retire (pode ocorrer hemorragia grave ou lesão de nervos e músculos próximos à região afetada). Conduta:
1. 2. 3. 4.
Manter o objeto no lugar Fazer um curativo volumoso para estabilizar o objeto Se houver hemorragia – estancar através de compressão arterial Conduzir a vítima ao hospital
No caso de ferimentos por arma de fogo, é necessário localizar as lesões provocadas pela entrada e pela saída da bala (NUNCA retirar a bala mesmo que ela esteja localizada superficialmente ou em local de fácil acesso).
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Luxações Distensão Muscular e Entorses 01. Luxação ou deslocamento É o desalinhamento das extremidades ósseas de uma articulação, fazendo com que as superfícies articulares percam o contato entre si.
Causas Ocorrem em resultado de quedas cujo maior impacto atue diretamente sobre as articulações. Sintomas Dor forte na região lesada Edema Perda da função natural Posição anormal da articulação afetada Conduta 1. 2. 3. 4.
Imobilizar a articulação luxada Não tentar colocar no lugar Aplicar compressas frias no local Encaminhar a vítima ao especialista
Não fazer aplicação quente nem massagem no lugar afetado
02. Distensão Muscular São acidentes que atingem um músculo ou um grupo de músculos, modificando sua relação natural com os ossos ou ligamentos aos quais estão presos. Causas São causadas por movimentos violentos ou esforços exagerados, como escorregadelas e levantamento de peso excessivo em má posição. Sintomas
Dor e edema (inchaço) localizados no músculo afetado Reflexos espasmódicos em outros músculos
Tipos de distensão a)
distensão dos músculos das costas Deve-se quase sempre a um esforço exagerado no levantamento de um objeto pesado, principalmente adotando uma postura incorreta.
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Conduta 1. Orientar o indivíduo a tomar uma posição de conforto 2. Providenciar bolsa de gelo e aplicar na região afetada 3. Massagear delicadamente a região auxiliando a circulação, sem, contudo fazer pressão direta sobre os músculos atingidos. 4. Aplicar bolsa de água quente após 24 horas b) Distensão do músculo da perna Acidente comum nos esportes que demandam velocidade nos membros inferiores podendo resultar de escorregões, tombos e qualquer outro esforço excessivo que se exerça sobre os músculos das pernas. Conduta
c)
Massagear suavemente a área afetada. Proceder ao enfaixamento que permita o repouso da região afetada
Distensão dos músculos da região do pescoço Caracteriza-se por uma torção da cabeça com inclinação para o lado oposto. É o chamado “torcicolo” e deve-se à posição viciosa e dolorosa dos músculos que movimentam o pescoço, resultante da má posição adotada para dormir ou em utilizar travesseiros muitos altos. Conduta 1. 2. 3. 4.
Manter a vítima em repouso Massagear suavemente a região afetada Aplicar compressas frias Em casos de torcicolos freqüentes – orientar a vítima a procurar o médico
Entorse São acidentes que atinge os ligamentos das articulações, determinando-lhes freqüentemente a ruptura (estiramento) - Os casos mais graves podem ser confundidos com fraturas. Causas
Movimentos violentos Quedas Escorregadelas
Sintomas Dor intensa acompanhada de edema (inchaço) Impossibilidade de movimentar a articulação atingida Rompimento de pequenos vasos com discreta hemorragia dispersa nos tecidos vizinhos causando o enegrecimento da articulação. Se aparecer mancha escura 24 ou 48 horas após o acidente, pode ter havido fratura.
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Conduta 1. Repouso absoluto do membro afetado em posição mais elevada que o resto do corpo. 2. Aplicar bolsa de gelo (protegendo a pele com toalha) ou compressa fria 3. Imobilizar a articulação afetada 4. Usar atadura ou lenços tão justa quanto permita o edema, sem desconforto para a vítima. 5. Após regressão do edema, fazer o enfaixamento do local para permitir o repouso e a recuperação da função normal. 6. Não permitir que a vítima utilize a art iculação machucada. 7. Continuar a aplicação de gelo nos dias seguintes. 8. Os casos mais graves devem ser vistos pelo médico.
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Fraturas
01. Conceito
É a ruptura total ou parcial de um osso, com ou sem desvio dos fragmentos.
Tipos
Fechada – quando não há rompimento da pele. Aberta – quando a fratura é exposta, o osso perfura a pele. Causas 1. Acidentes graves, pancadas ou quedas 2. Esforços exagerados, feito de maneira incorreta 3. Doenças ósseas Sinais e sintomas 1. Exposição de uma ponta de osso 2. Dor intensa que aumenta com o toque ou movimento 3. Deformação do local afetado (comparando com a parte normal do corpo) 4. Incapacidade ou limitação de movimentos 5. Edema (inchaço) no local (poderá ter cor arroxeada (hematoma) 6. Crepitação (sensação que se tem ao tocar o local afetado, percebe-se um atrito entre as partes fraturadas do osso)
Fratura fechada Conduta 1. Só uma radiografia pode constatar esse tipo de fratura 2. Na suspeita de fratura - aja como se fosse uma 3. Manter o membro numa posição o mais natural possível, sem causar desconforto para a vítima 4. Aplicar gelo no local (20 a 30 minutos – para aliviar a dor e retardar a evolução do edema) 5. Fazer a imobilização com talas, de modo a não permitir a movimentação da região afetada 6. Usar talas com o comprimento suficiente para ultrapassar a articulação acima e abaixo da fratura, deixando sempre os dedos livres. 7. Proceder a imobilização de acordo com a região afetada, utilizando qualquer material suficientemente rígido como papelão, tábua fina, galhos de árvore, jornais dobrados para a confecção de tala 8. Fixar com tiras de pano ou ataduras – NÃO amarre no local da fratura Não tente mover o local fraturado (ou sob suspeita - pode causar dores, feridas ou até rompimento de veias e nervos). 9. Se não puder fazer a imobilização, cobrir e aquecer a vítima e aguardar que a imobilização seja feita por médico ou pessoa competente 10. Evitar dar álcool ou estimulante 11. Só transportar a vítima após a imobilização do membro fraturado (a tentativa precipitada de transportar a vítima, existe a possibilidade de uma fratura fechada tornar-se exposta, com conseqüências muito piores).
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Fratura aberta (exposta) Conduta 1. 2. 3. 4.
Proteger o ferimento com gaze ou pano limpo (evitar infecção) Imobilizar o membro Não colocar o osso no lugar Conduzir a vítima ao hospital
Fraturas especiais (graves): Crânio; Coluna; Costelas; Bacia e Fêmur É muito importante que o socorrista saiba identificar os sintomas e os sinais prováveis de cada uma dessas fraturas
Fratura de crânio Sinais e sintomas: dor local; vômito; inconsciência; parada respiratória, hemorragia pelo nariz, boca ou ouvido.
Fratura de coluna Sinais e sintomas: dor; perda de sensibilidade; formigamento e perda de movimento dos membros (braços e/ou pernas)
Fratura de costelas Sinais e sintomas: respiração difícil; dor a cada movimento respiratório, afundamento no tórax
Fratura de bacia ou fêmur Sinais e sintomas: dor no local; dificuldade de movimentar-se e de ficar em pé. Conduta 1. Manter a vítima imóvel e agasalhada 2. Não mexer nem permitir que alguém mexa na posição da vítima até a chegada de pessoal habilitado 3. Se não for possível contar com pessoal habilitado, transportar a vítima sem curvá-la, erguendo-a horizontalmente com a ajuda de três pessoas 4. Colocar a vítima deitada de costas sobre uma superfície dura (maca, porta, tábua, etc). 5. Observar a respiração e verificar o pulso (se necessário, fazer RCR) 6. Se suspeitar de lesão na coluna cervical (pescoço) – muito cuidado para não movimentar a cabeça da vítima – imobilizar o pescoço 7. Providenciar transporte adequado 8. Evitar freadas ou buracos (evitar agravar o estado da vítima) 9. Conduzir a vítima ao hospital
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Afogamento
01. Definição
Consiste no acidente causado por sufocação devido à submersão em um líquido - em água doce (hipotônica); em água salgada (hipertônica). As vias respiratórias são obstruídas tanto por fechamento da glote (reflexo laringoespástico) como por inundação das vias aéreas, privando as células do corpo de oxigênio.
02. Conduta
Se a vítima estiver se afogando 1. Atire à vítima um objeto flutuante (bóia, tábua), de preferência amarrado a uma corda; 2. Chame o salva vidas ou ligue para o corpo de bombeiros (193); 3. Mantenha-se também ligado por uma corda presa ou segura por alguém na margem;
Se possível, alcance a pessoa da margem com sua mão, um bastão, uma toalha ou uma corda. Toque-a com o objeto, pois no seu pânico a pessoa pode não ver.
Se você não puder alcançar a pessoa da margem, aproxime-se dela. Mantenha uma tábua, uma bóia ou outro objeto flutuante entre você e a pessoa, de modo que esta não lhe agarre.
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Use um barco, se houver um. Faça a pessoa segurá-lo, se possível, enquanto você rema de volta à margem, ou segure-a enquanto outra pessoa rema. Coloque a pessoa no barco apenas em último caso.
Se houver algum objeto flutuante, jogue-o para a pessoa. Não jogue um objeto pesado ou duro, pois pode acertar na pessoa.
Se você tiver que nadar até a pessoa, assegure-se de levar uma tábua ou uma toalha para a pessoa segurar. Não deixe se agarrar em você.
ATENÇÃO
Se a vítima estiver inconsciente, retire-a da água segurando a sua cabeça: uma das mãos segurará a parte posterior do pescoço e a outra, a testa; Se a vítima não respira, aplique respiração artificial ainda dentro da água, com insuflação boca a boca
Após a retirada da vítima da água: 1. Coloque a vítima em decúbito dorsal, com a cabeça mais baixa que o corpo. 2. Limpe a boca da vítima de objetivo estranhos (dentaduras, secreções e outros materiais). 3. Observe a respiração (veja se o tórax se eleva). 4. Faça a respiração boca a boca se a respiração da vítima estiver fraca ou ausente. 5. Faça a massagem cardíaca se o pulso carotídeo estiver ausente.
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6. Se a vítima voltar a respirar, deite-a de lado com a coluna reta mantendo a cabeça mais baixa que o corpo. 7. Se a vítima começar a vomitar, dê-lhe golpes secos nas costas, para evitar a aspiração de vômito. 8. Procure remover a maior quantidade possível de roupas molhadas da vítima e mantenha-a aquecida (lençóis, casacos, jornais), enquanto aguarda sua remoção para o hospital. 9. Se a vítima foi retirada da água e o tempo de submersão não for conhecido, considere como menos de uma hora e inicie imediatamente a reanimação cárdio-respiratória (RCR). 10. Continue a prática da RCR, mesmo que a vítima esteja aparentemente morta, e não a interrompa mesmo durante o transporte até o hospital.
ATENÇÃO
O único e mais importante socorro imediato de todas as vítimas de afogamento é o estabelecimento de uma ventilação eficaz. Portanto, não perca tempo com manobras de retirada da água aspirada, se a vítima encontra-se em parada cardiorrespiratória. Garanta a permeabilidade das vias aéreas da vítima e comece a RCR, assim que possível.
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Males Súbitos 01. Definição
Considera-se males súbitos, uma série de afecções, caracterizadas pela perda dos sentidos, acompanhadas por diferentes sintomas e de resultados diversos.
02. Considerações Gerais
Variando de uma simples vertigem até o coma profundo - o tratamento muda de acordo com os sintomas verificados. A pessoa que socorre a vítima deve: 1. Levar em conta seu aspecto físico 2. Verificar-lhe a respiração e a pulsação 3. Prestar os cuidados necessários de acordo com a causa do ataque
03. Aspecto Físico
Cor do rosto Palidez intensa (quase sempre indica estado de choque) Vermelhidão (sintoma de afecções devido à elevação da pressão sangüínea) Pele azulada (podem indicar obstrução respiratória em caso de engasgos, gases tóxicos) Pele
Quente e seca Quente e úmida Fria e seca Fria e úmida
Veias do pescoço - quase sempre se mostram volumosas
04. Tipos de Males Súbitos VERTIGEM
É a sensação de mal-estar em que a vítima tem a impressão de girar em torno dos objetos ou de que os objetos que a cercam é que giram em torno dela, sempre em plano horizontal. Causas: Alturas elevadas, mudança brusca de pressão atmosférica Ambientes abafados, movimentos giratórios rápidos Mudança brusca de posição Excitação mental, choque emocional, medo Calor excessivo Estados anêmicos Início de certas doenças contagiosas Fome (pessoas que saem de casa em jejum e ficam várias horas sem alimentação)
Sintomas Fraqueza acompanhada de tontura e palidez Zumbido nos ouvidos até surdez momentânea Náuseas Suores frios
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Pulso e respiração fracos Dificilmente perde os sentidos
O que fazer? Colocar a vítima deitada em decúbito dorsal em ambiente escuro e silencioso Manter a cabeça baixa, sem travesseiro.
DESMAIOS
O desmaio ou síncope é a perda súbita ou temporária de consciência. É considerado uma forma leve de choque.
Causas: Emoções súbitas violentas Nervosismo intenso Fome Fraqueza Ferimentos etc. Sinais e sintomas Palidez intensa Suor abundante (sudorese) Pulso fraco e acelerado Respiração fraca e curta Tontura, náusea e escurecimento da visão O que fazer? a) Quando a pessoa parece prestes a desmaiar : 1. Aja rapidamente para evitar uma queda; 2. Deixe a vítima deitada de costas e eleve suas pernas cerca de 20 a 30 cm (no estado de choque)
3. Se a pessoa vomitar, vire a cabeça de lado para manter desobstruídas suas vias aéreas;
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4. Areje o ambiente, desaperte as roupas da vítima e recoste-a ou deite-a sobre algo macio; 5. Evite aglomerações em torno da vítima; 6. Se houver água fria, molhe um pedaço de pano e passe na testa e no rosto da vítima 7. Em alguns minutos, a vítima pode sair dessa crise e procurar um médico para o devido tratamento, se necessário. b) Se a vítima não perder a consciência: 1. Fazer a vítima sentar-se com os joelhos ligeiramente afastados e a cabeça entre os mesmo, se possível mais baixa;
2. Orientá-la para que respire profundamente, e para que force a elevação da cabeça enquanto o socorrista a pressiona levemente para baixo; 3. Manter a vítima com a cabeça a nível baixo (posição anterior ou deitada) pelo tempo necessário ao desaparecimento dos sintomas, impedindo a posição de pé e a deambulação neste período; 4. Uma vez recobrada a consciência, oferecer à vítima café forte e adocicado. Nunca oferecer bebida alcoólica.
Se o desmaio durar mais de dois minutos, agasalhe a vítima e encaminhe-a um local onde possa receber assistência adequada.
ESTADO DE INCONSCIÊNCIA
Há vários estágios ou níveis de reação pelos quais alguém passa quando está perdendo a consciência. A pessoa reage normalmente a perguntas e conversas, depois responde: Apenas a perguntas diretas; Vagarosamente a perguntas; Obedece às ordens; Apenas reage à dor e por fim não apresenta mais reação alguma.
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O que fazer? 1. Mantenha a pessoa acordada durante os dois ou até três diálogos. 2. Coloque a pessoa em posição de recuperação, desde que não haja sinais de fraturas na coluna vertebral (quando os dois últimos estágios forem atingidos). 3. Identifique a causa da inconsciência (drogas, álcool, sinais de queda, pulseira indicando que a pessoa é diabética ou epiléptica). 4. Permaneça com a pessoa inconsciente, se possível, peça a alguém para buscar ajuda.
CONVULSÃO É uma contração violenta, ou série de contrações dos músculos voluntários, com ou sem a perda da consciência.
Considerações gerais Crise epiléptica do tipo grande mal - a pessoa primeiro perde a consciência e depois cai ao chão com uma respiração estertorosa - a convulsão dura de 30 a 90 segundos; Crises de ausência ou pequeno mal - a pessoa perde a consciência por 30 a 60 segundos, ou as convulsões focais, nas quais uma parte do corpo se move de forma espasmódica e a pessoa não percebe. Nenhum atendimento de primeiros socorros consegue interromper uma convulsão, mas você pode evitar complicação garantindo que a pessoa não se machuque nem se asfixie. Causas: Febre muito alta, intoxicações, epilepsia, traumatismos cranianos, choque elétrico, picada de animais peçonhentos, uso de medicamentos, lesões no cérebro, etc.
Sinais de convulsão Queda, salivação ou espuma saindo pela boca Enrijecimento, movimentos espasmódicos ou contrações de alguns músculos ou de todo o corpo Perda temporária da respiração com um rosto azulado ou avermelhado, seguida de respirações ruidosas Perda do controle esfincteriano (vesical ou anal) O que fazer durante uma convulsão? 1. Não impedir os movimentos convulsivos da vítima 2. Pegue a pessoa, se for possível, quando esta cair e deite-a. A pessoa epiléptica pode saber quando a convulsão está começando e pedir socorro.
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3. Retire qualquer mobília e todos os objetos (próteses dentárias, óculos, colares) duros ou pontiagudos que possam machucar a vítima. vít ima.
4. Afrouxe roupas apertadas em torno do pescoço e da cintura. 5. Colocar um lenço enrolado ou outro objeto entre os dentes para impedir que a vítima morda a língua e se asfixie (caso a vítima já ter cerrado os dentes, não tente abri-lhe a boca).
6. Terminada a convulsão, vire a pessoa de lado para evitar que ela sufoque com a saliva, o sangue proveniente de uma língua mordida ou vômito.
7. Certificar-se de que a vítima está respirando bem. 8. Não dê à vítima nenhuma medicação ou líquido pela boca, pois ela poderá sufocar. 9. Encaminhá-la para receber assistência especializada.
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Mobilização e Transporte de Acidentados
01. Considerações Gerais
A remoção e o transporte da vítima de acidente ou mal súbito requer do socorrista o máximo cuidado e desempenho correto a fim de não complicar o estado da mesma com o agravamento das lesões existentes. Em regra, a vítima deve ser deixada no local do acidente até a chegada do médico, mas há casos em que a remoção é necessária (ex: acidente ocorrido numa avenida movimentada, ou dentro de um compartimento repleto r epleto de tóxicos). A manipulação precipitada de um acidentado pode ser prejudicial; deve-se evitar ao máximo tirá-lo de sua posição até que se tenha uma idéia exata das partes do corpo feridas. Obs: Se por força da circunstância, tivermos que levantar o acidentado antes de examiná-lo, seu corpo deve ser mantido em linha linha reta. Nunca deverá ser puxado pelos lados e sim, no sentido da cabeça ou dos pés.
02. Mobilização Manipulação justificada de um paciente a fim de evitar mal maior.
03. Princípios Gerais do Transporte 1. Nunca sente ou coloque em pé uma vítima ferida. Evite movimentos, mantenha o dorso reto. 2. Vítima inconsciente – ponha a cabeça para trás ou para o lado para favorecer a ventilação, previna a aspiração. 3. Em suspeita de lesão cervical – coloque colarinho de toalha. 4. Transporte à vítima deitada – evite compressão torácica – Movimento só em bloco. 5. Faça movimentos firmes e coordenados. 6. Previna complicações e aparecimento de novas lesões. 7. Se necessário puxar, faça-o pelas pernas ou cabeça. 8. Em caso de atropelamento, queda, acidente grave, considere sempre a possibilidade de fratura, parada cardiorrespiratória. 9. Se há mais de uma pessoa atendendo, at endendo, um coordenará coordenará as atividades. at ividades. 10. O socorrista só deve providenciar a remoção depois da vítima ser atendida do local. 11. Nunca se deve remover a vítima com suspeita de fratura sem antes fazer a imobilização provisória.
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Antes de remover a vítima, o socorrista deve ter providenciado: 1. 2. 3. 4.
Restauração ou manutenção da função respiratória Verificação da existência e extensão das lesões Controle de hemorragia Prevenção ou controle do estado de choque 5. Imobilização dos pontos suspeitos de fratura
04. Tipos de Transporte
Maca Ambulância Helicóptero Avião Recursos improvisados
Auxílio de pessoas Padiola Cadeira Tábua Porta Cobertor, lona ou outro material semelhante Caminhão, Kombi, utilitários rurais, barcos e outros
05. Orientações Básicas para o Transporte da Vítima de Acidentes Ao remover a vítima siga as orientações:
1. Tranqüilize-a e tente permanecer calmo ca lmo 2. Demonstre serenidade para que ela sinta que a situação está sob controle – sua calma diminuirá o temor e o pânico 3. Apóie cada parte do seu corpo, ao levantá-la 4. Tome os devidos cuidados em caso de suspeita de lesão de coluna
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Recomendações para o transporte de vítima no local do acidente: 1. Usar veículos grandes (ambulância, caminhão, Kombi e outros). 2. Assistir a vítima durante o transporte, mantendo a função respiratória, vigiando seu estado de consciência e pulso 3. Evitar freadas bruscas e balanços desnecessários que poderão agravar o estado geral da vítima 4. Dirigir o veículo moderadamente. O excesso de velocidade poderá causar novas vítimas
06. Como Improvisar uma Maca ou Padiola
É importante, na prestação dos primeiros socorros a vítimas de qualquer acidente, que os mesmos sejam prestados no próprio local. O que ocorre, no entanto, é que, como muitos acidentes são imprevisíveis, geralmente os recursos materiais disponíveis no local (instrumental e equipamentos para este tipo de assistência) ou são precários ou até mesmo inexistentes. A emergência requer atuação imediata dos socorristas, pois um minuto perdido muitas vezes pode ser fatal para a vítima. Por isso, constitui um fator negativo ter de aguardar a chegada do material apropriado ao local para iniciar o atendimento. Se o acidente ocorrer em lugares carentes de recursos, o socorrista terá de remover a vítima e transportá-la utilizando apenas os meios que estiverem ao seu alcance. A capacidade de improvisação constitui elemento importantíssimo nas atribuições do socorrista.
Material que pode ser utilizado para improvisar uma maca Cabos de vassoura Galhos resistentes de árvores Canos, portas, tábuas largas, cobertores, paletós, camisas, lençóis, lonas, tiras de pano, sacos de pano, cordas, barbantes e cipós
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Intoxicações ou Envenenamento
01. Considerações Gerais O envenenamento ou a intoxicação pode resultar em doença grave ou morte em poucas horas, se a vítima não for socorrida em tempo útil (em geral as quatro primeiras horas após o acidente). As pessoas às vezes nem percebem que estão rodeadas, diariamente, de substâncias altamente tóxicas. Normalmente você tem produtos de limpeza, desinfetantes, inseticidas, tintas, amoníaco, sabão em pó, lustradores de móveis, água sanitária; e ainda remédios de diversos tipos – Todas essas substâncias e produtos podem causar intoxicação ou envenenamento. Grande número das intoxicações acidentais ocorrem no interior das residências, tendo as crianças como as principais vítimas. Definição Considera-se envenenamento ou intoxicação aguda quando o indivíduo entra em contato ou ingere substâncias químicas (inclusive medicamentos em doses elevadas) ou naturais que possam causar distúrbios funcionais ou sintomáticos graves. Tóxico ou veneno – é uma substância que causa alterações no organismo, lesões ou morte por mecanismos químicos.
02. Vias de Penetração Boca – ingestão de qualquer tipo de substância tóxica, química ou natural. Pele – contato direto com plantas ou substâncias químicas tóxicas. Vias respiratórias – aspiração de vapores ou gases emanados de substâncias tóxicas. Ex:gás de cozinha, gases industriais, etc. Sinais e Sintomas de Envenenamento Deve-se suspeitar de envenenamento quando estiverem presentes alguns dos seguintes sinais e sintomas: Sinais evidentes na boca ou na pele de que a vítima tenha mastigado, engolido, aspirado ou estado em contato com substâncias tóxicas, químicas ou naturais (medicamentos, plantas, etc.). Hálito com odor estranho. Modificação na coloração dos lábios e interior da boca, dependendo do tipo de substância. Dor, sensação de queimação na boca, garganta ou estômago. Sonolência, confusão mental, torpor ou outras alterações da consciência. Estado de coma alterado com período de alucinações e delírios. Lesões cutâneas, queimadura intensa com limites bem definidos ou bolhas. Depressão da função respiratória.
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Oligúria ou anúria (diminuição ou ausência do fluxo urinário) Convulsões. Distúrbios hemorrágicos manifestados por hematêmese, melena ou hematúria. Queda da temperatura, permanecendo abaixo do normal.
A vítima corre perigo de entrar em estado de choque Como fazer o reconhecimento do veneno (primeiro passo)
Por informação direta da vítima ou de seus familiares. Pela observação dos sintomas (dor no estômago, náuseas, vômitos, micção e evacuação involuntários, asfixia). Pelas queimaduras produzidas (soda cáustica, ácido sulfúrico). Pelo cheiro da substância ingerida (querosene, gasolina).
Dados importantes que devem ser lembrados em casos de envenenamento e intoxicação
Nome do veneno ou tóxico Via de absorção e quantidade ingerida Tempo decorrido até o aparecimento dos sinais e sintomas Investigar possível associação com álcool (pode mascarar ou potencializar os efeitos de várias drogas, especialmente aquelas que têm ação no sistema nervoso central).
Gravidade do envenenamento Depende da: Idade Susceptibilidade do indivíduo (característica que torna um indivíduo passível (suscetível) de contrair uma doença, quando exposto a seu agente causal). Quantidade Tipo Toxicidade da substância ingerida ou aspirada Tempo de exposição à droga Via de penetração
O Que Fazer em Caso de Intoxicação a) Intoxicação por contato (pele) Lavar abundantemente o local afetado com água corrente No caso dos olhos serem afetados, lavar com água corrente durante 15 minutos e encaminhar a um especialista.
Afrouxar as roupas, e caso estejam contaminadas, retirá-las, cortando-as
b) Intoxicação por inalação Remover a vítima para o ar fresco Manter a função respiratória
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Repouso absoluto
c) Intoxicação por ingestão
Provocar vômito após administração de água morna, usando xarope de ipeca (uma colher) ou estimular a garganta com o dedo.
Não induzir o vômito se a vítima: Estiver inconsciente Tiver convulsões Tiver ingerido substância corrosiva que possa causar queimaduras de mucosas (ácidos, amônia, cáusticos, cupinicidas, limpadores de forno, produtos de piscinas, preservativos de madeira, desinfetante, tintura para cabelo, entre outros). Tiver ingerido um derivado de petróleo (chamar CEATOX)
Como Prevenir o Risco de Envenenamento ou Intoxicação
Guarde as substâncias tóxicas ou corrosivas, juntas, em armários seguros de acordo com a recomendação do fabricante. Assegure-se de que todos os recipientes estejam rotulados correta e claramente. Siga sempre as instruções de uso das substâncias tóxicas fornecidas pelo fabricante. Evite colocar líquidos tóxicos em garrafas de bebidas comuns. Evite deixar produtos tóxicos perto de gêneros alimentícios. Dispense todas as substâncias tóxicas ou remédios desnecessários ou vencidos de acordo com as instruções para esse fim. Deixe todas as substâncias tóxicas ou remédios longe do alcance de crianças, alertando-as sobre os perigos de ingestão de qualquer substância desconhecida (inclusive plantas e frutos).
Como utilizar o centro de informação toxicológica 1. Em várias secretarias de saúde e na Fundação Oswaldo Cruz do Ministério da Saúde funcionam centros de informações tóxico-farmacológicas, também conhecidos como centros de envenenamento, e que constituem o Sistema Nacional de Informações TóxicoFarmacológicas. 2. Estes centros estão capacitados a fornecer, por telefone, instruções específicas sobre cada caso de envenenamento incluindo a composição química do veneno, antídotos e procedimentos de primeiros socorros. 3. Devem ser mantidos em local de fácil acesso e visibilidade os números de telefone dos centros de informações tóxico-farmacológicas existentes no Estado ou região. 4. É igualmente útil a manutenção, em local visível, de cartaz com indicação de rotinas de tratamento de emergência em envenenamentos. OBS: CEATOX - Centro de Assistência Toxicológica do Hospital Universitário Lauro Wanderley está à disposição de todos, apto a prestar esclarecimentos sobre substâncias químicas, podendo ser consultado a qualquer momento, pessoalmente, ou através do telefone 3224.6688 ou 3216.7007 (Toxicologia).
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Picadas de Animais Peçonhentos
01. Considerações Gerais
Animais peçonhentos são aqueles que injetam no organismo humano substâncias tóxicas. São eles: serpentes (cobras venenosas), escorpiões, aranhas, etc. Esses animais são encontrados em quase toda parte, em terra, nos mares e nos rios. São mais numerosos nos climas quentes, mas também se encontram nos climas temperados e frios. No Brasil, os animais venenosos são encontrados em todas as regiões, variando apenas as suas espécies. Todo acidente com animais peçonhentos é um perigo em potencial, mesmo havendo recursos disponíveis para o tratamento imediato da vítima. Certos fatores, como hipersensibilidade, local da picada (muito próximo do coração ou do sistema nervoso central, quantidade de veneno inoculado, idade (crianças e pessoas idosas) e outros, podem interferir negativamente na neutralização do veneno circulante.
02. Picadas de Cobra (Acidente Ofídico)
Ofidismo é o acidente por picada de cobra. É um acidente agudo e de evolução rápida. Quase todas as picadas de cobras são produzidas por cobras venenosas. Trate todas as picadas sem distinção, como sendo potencialmente perigosas para a vítima.
Como diferenciar a cobra Características Cauda
Cabeça
Atitude
Dentição
Fosseta lacrimal
Venenosa Curta e grossa, com afinamento brusco. Destaca-se bem do corpo; forma triangular; escamas semelhantes às do corpo. Pescoço grosso que quase não se diferencia do corpo. Na presença de outro animal se torna agressiva, ficando em posição de bote. 1 par de dentes em forma de agulha (presas); presença de bolsa para veneno. Marca da picada – 1 ou 2 pontos ou riscos (às vezes dilaceradas ou rasgadas); deixa a marca de uma ou duas presas, mas raramente aparecem pontinhos de outros dentes. Localizada entre os olhos e a narina
Não-venenosa Fina, com afinamento progressivo. Continuidade do corpo; forma ovalada; escamas mais alargadas e diferentes das do corpo. Pescoço fino. Na presença de outro animal se torna medrosa e foge. Dentes de tamanhos iguais e regulares. Marca da picada – duas fileiras de marcas de dentes serrilhadas.
Não há.
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Principais serpentes venenosas no Brasil Jararaca (Bothrops) – responsável por 90% dos acidentes, encontra-se geralmente em locais úmidos. Extremidade da causa com escamas lisas e cor geralmente parda. Pode alcançar mais de 1 metro de comprimento. Cascavel (Crotalus) – responsável por 9% dos acidentes, encontra-se geralmente em lugares secos. Extremidade da causa com guiso ou chocalho. Cor amarelada. Pode alcançar mais de 1 metro de comprimento. Surucucu (Lachesis) – encontrada em regiões das florestas tropicais (Amazônia e Zona da Mata). Extremidade da cauda com escamas eriçadas. Cor alaranjada com desenhos pretos no dorso. Representam as maiores serpentes venenosas, podendo alcançar mais de 4 metros de comprimento. Coral verdadeira (Micrurus) – responsável por 1% dos acidentes, são encontradas em tocas, hábitos subterrâneos (encontrada em todo o Brasil). Geralmente apresenta de 70 a 80 cm de comprimento São agressivas quando se sentem ameaçadas Possui fosseta lacrimal Sinais e sintomas As primeiras reações que aparecem são: dor local, edema, coloração arroxeada e dilaceração da pele. Os sintomas mais freqüentes depois de uma picada de cobra são: Diminuição gradativa da visão, torpor, náuseas, suores frios, dores de cabeça, dores no peito e no estômago, distúrbios hemorrágicos, etc. Choque (pode estar presente porque as picadas de cobra geralmente causam pânico na vítima, o que tende a aumentar a possibilidade de desencadeamento do choque neurogênico).
O que fazer?
O principal objetivo da aplicação correta dos primeiros socorros é retardar ao máximo a absorção do veneno e seus efeitos e prevenir o choque. Lave o local da picada com água corrente e sabão. Coloque a vítima deitada, em repouso, a sombra – procure mantê-la o mais calma possível. Mantenha o membro lesado acima do nível do coração (para que o veneno inoculado e já circulante na corrente sanguínea tenha seu processo de difusão retardado, enquanto são tomadas medidas adequadas para neutralizá-lo). Afrouxe a roupa da vítima e retire calçados, anéis, relógios ou jóias (prevenindo assim complicações decorrentes de edemas que, freqüentemente, ocorrem em casos de picadas de cobras). Tranqüilize a vítima e imobilize o membro afetado. Não se deve amarrar ou fazer torniquete (o garrote impede a circulação do sangue, podendo produzir necrose ou gangrena). Não se deve colocar na picada folhas, pó de café, terra, fezes (podem provocar infecção). Se necessário – aplique a respiração artificial. Mesmo que a vítima peça, não dê nada para beber.
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Se a vítima estiver inconsciente: coloque em posição lateral de segurança; acompanhe-a a um local onde possa receber assistência qualificada; mantenha-a deitada durante o trajeto. Caso tenha sido possível matar o réptil – envie-o juntamente com a vítima, para identificação e aplicação do soro específico. Caso contrário, colha o máximo de informações sobre as características do animal. No Brasil, a maioria das cobras tem peçonha virulenta capaz de ocasionar gangrena na parte ofendida, daí ser contra-indicada a aplicação de torniquete. O soro antiofídico é eficaz somente quando aplicado convenientemente, de acordo com os seguintes itens: soro específico, dentro do menor tempo possível e em quantidade suficiente.
Medidas preventivas 1. Não andar descalço. O uso de bota pode evitar grande número de acidentes (segundo pesquisa do Instituto Butantã em São Paulo, 72% dos acidentes são no pé). 2. Não introduzir a mão em buracos no chão, como tocas de tatu e capinzeiros nem em montes de pedras. Todos esses lugares são habitações comuns de cobras. 3. Olhar com muita atenção o chão por onde caminha e os locais onde esteja pequenos animais. 4. Ter cuidado especial com os matagais e montes de folhas mais ou menos secas, que podem ser depósitos de cobras e suas ninhadas. Lembrar sempre que a presença de muitos roedores em áreas cultivadas pode indicar um número apreciável de cobras venenosas nessas regiões. 5. Evite o manuseio de cobras, vivas ou mortas.
02. Picadas de Escorpiões Os mais perigosos encontrados no Brasil são os amarelos e os de coloração vermelhoescura, quase pretos. Encontram-se principalmente, em Minas Gerais, Goiás e Bahia. Vivem em casas velhas, sob montes de lenhas, de telhas e pedras, madeiras velhas e úmidas. Os escorpiões são pouco agressivos, picando apenas para se defender. O escorpião inocula o veneno na pele do indivíduo através do aguilhão da cauda, que ele geralmente traz curvada para frente, sobre o corpo. Os principais escorpiões venenosos do Brasil são: Preto (Tityus bahiensis) Amarelo (Tityus serrulatus) Sinais e sintomas A vítima queixa-se de dor intensa no local da picada, o qual fica logo edemaciado e avermelhado. A dor aparece imediatamente após a picada e se difunde rapidamente para as regiões vizinhas. Podem aparecer sintomas imediatos como vômitos, diarréias, dor no estômago, polaciúria (vontade de urinar a todo instante) e outros. É comum a vítima apresentar palidez e sudorese intensa. As manifestações neurológicas aparecem rapidamente após a picada: mal-estar geral, dor de cabeça, agitação ou depressão e vertigens.
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Quanto maior for o número de ferroadas, tanto maior e mais grave será o envenenamento. Há risco de vida nas primeiras 24 horas, especialmente em crianças.
O que fazer? 1. Lavar o local com água e sabão. 1. Colocar a vítima deitada. 2. Colocar compressas frias ou bolsa de gelo imediatamente após a picada, sobre o local afetado (para retardar a disseminação do veneno na corrente sanguínea). 3. Transportar a vítima, com urgência, para o local onde possa receber assistência qualificada. A picada de escorpião, não sendo tratada em tempo hábil, pode levar a vítima à morte.
4. Tratando-se de crianças e caso não haja soro específico disponível, aplicar soro antiaracnídeo (também atua contra o veneno do escorpião). Aplicar o mesmo soro também no adulto, caso a picada tenha sido localizada na parte superior do corpo ou na cabeça.
03. Picadas de Aranhas
Entre as aranhas que vivem no chão, estão as que possuem peçonha potencialmente perigosa para o homem. O veneno é geralmente mais perigoso para as crianças do que para os adultos sadios. Principais aranhas venenosas no Brasil: Armadeiras (Phonutria) – responsáveis pela maioria dos acidentes com aranhas. São muito agressivas; tem hábitos vespertinos e noturnos e são encontradas em bananeiras, outras folhagens e no interior de residências. Não faz teia. Marrons (Loxoceles) – acidentes pouco freqüentes. São pouco agressivas, tem hábitos noturnos e são encontradas em pilhas de tijolos, telhas, beiras de barrancos e também nas residências.Teia irregular. Tarântula (Lycosa) – acidentes freqüentes. Pouco agressiva, tem hábitos diurnos e são encontradas em beira de barrancos, gramados e nas residências. Não faz teia. Caranguejeiras – acidentes pouco freqüentes. Algumas são muito agressivas, possuem ferrões grandes, responsáveis por ferroadas dolorosas e atingem grandes dimensões.
Sinais e sintomas Dor intensa, edema, vermelhidão, calor, prurido e sensação de grande queimação. Os sinais gerais são: câimbras generalizadas pelo corpo, aumento da secreção salivar, sudorese, palidez, pulso rápido e podem ocorrer lipotímias, vômitos e diarréias.
O que fazer?
Adotar os mesmos procedimentos indicados para os acidentes com escorpiões. Aplicar o mesmo soro também no adulto, caso a picada tenha sido localizada na parte superior do corpo ou na cabeça.
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04. Acidentes com Centopéias
As lacraias ou centopéias vivem no solo, em buracos, montes de pedras, tijolos, telhas ou casas velhas.
Sinais e sintomas As picadas causam apenas reações locais com dor de intensidade variável, edema e vermelhidão e podem provocar dores de cabeça, tonturas e vômitos. Somente as lacraias maiores de 5 cm de comprimento são lesivas ao homem. No local da picada podem aparecer flictemas (bolhas como as que surgem depois de queimaduras).
O que fazer? 1. Lavar o local da picada com água fria corrente, secar e protegê-lo com uma bandagem (este cuidado, além de aliviar a dor, protege o local do ferimento contra possíveis complicações). 2. Em casos de acidentes provocados por lacraias grandes (maiores de 5 cm) – encaminhar a vítima com urgência, para local onde possa receber assistência qualificada (caso contrário, o acidente pode resultar em distúrbios graves ou mesmo morte).
Medidas preventivas
1. Além dos cuidados especiais com sapatos, roupas, etc, a maneira de evitar acidentes é combater os escorpiões, aranhas e centopéias. 2. Manter os jardins e quintais bem limpos, com a grama aparada e sem restos de materiais de construção (tijolos, telhas, madeiras). 3. Não plantar bananeiras ou folhagens perto das residências. 4. Terrenos abandonados nos arredores de sua casa (limpeza dos mesmos). 5. As aranhas podem subir em paredes ásperas e costumam penetrar nas casas ao entardecer. 6. Colocar pequenos sacos de areia na soleira das portas e fechar as janelas, no fim da tarde. 7. Os inseticidas somente agem quando aplicados diretamente sobre as aranhas. Não servem como medida de prevenção.
06. Picadas de Insetos
Embora não sejam considerados peçonhentos, há certos insetos cuja picada pode provocar reações mais graves: é o caso do maribondo, abelha, formiga, mosquito, pulga, piolho, percevejo, borrachudo e barbeiro (este último pode transmitir a doença de Chagas). O problema mais sério que pode resultar da picada desses insetos é uma reação alérgica generalizada que se desenvolve rapidamente. Crianças pequenas são particularmente sensíveis.
Sinais e sintomas As reações podem ser: dor intensa, inchaço na região, náuseas, vômitos, tontura, transpiração, rigidez dos músculos, dificuldade de respiração. Aparecimento na pele de manchas avermelhadas salientes de formato irregular, coceira no local, convulsões e coma (qualquer destes sinais pode indicar complicação séria).
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O que fazer? Aplicar compressa gelada na área picada e procurar assistência médica CEATOX - Centro de Assistência Toxicológica do Hospital Universitário Lauro Wanderley está à disposição de todos, apto a prestar esclarecimentos sobre substâncias químicas, e acidentes com animais peçonhentos, podendo ser consultado a qualquer momento, pessoalmente, ou através do telefone 3224.6688 ou 3216.7007 (Toxicologia).
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Referência Bibliográfica ATLAS VISUAIS . O corpo humano . São Paulo: Ática, 2000. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Coordenação de Emergência e Trauma. Manual para instrutores de socorristas . 3. ed. Brasília, 1994. 195p. BRASIL, Ministério da Justiça. SENASP. Curso Emergencista Pré-Hospitalar – Modulo 1. Fabrica de Concursos. 2007 CEZARMIM, J. L. B. et al. Trauma pré-hospitalar e hospitalar . Adulto e criança. Rio de Janeiro: Medsi, 1997. FORTES, J. I. Enfermagem em emergência. São Paulo: EPU, 1996. 79p. LAMBERT, E. G. Guia prático de primeiros socorros. São Paulo: Rideel, 1995.25p. LOMBA, Marcos. Emergências Pré Hospitalares e Segurança do Trabalho. Grupo Universo, Saúde Total, vol. 5, 2006 PEREIRA, M. A. et al. Primeiros socorros. João Pessoa: Almeida Gráfica e Editora, 1996. 88p. SENAC. DN. Primeiros Socorros. 2.ed. Rio de Janeiro: SENAC/DN/DEP, 1991. SENAC. DN. Primeiros Socorros. Rio de Janeiro: SENAC/DN/DEP, 2009.