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Guia Saúde Saúd e e Bem-estar Bem-estar Texto: Texto: Cláudio Domênico e Flávia Milhorance Mil horance Coorden Coordenaçã ação: o: Cláudio Cláud io Domênico Projeto gráfico: Maurício Tussi Ilustrações: Andre Mello Revisão: Paulo Thiago de Mello — Copyright Copyrigh t © Infoglobo Inf oglobo Comunicação e Participações S.A. ISBN: 978-85-98888-90-3 Rio de Janeiro, 2014 Todos os os direitos dir eitos reservados. Nenhu Nenhuma ma parte desta edição pode ser ser utilizada util izada ou reproduzida, em qualquer meio ou forma, nem apropriada ou estocada em sistema de banco de dados sem a expressa expr essa autorização autorização da editora.
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Apresentação Parte 1 Para que ter hábitos saudáveis Parte 2 Dormir bem é a fonte da juventude Parte 3 O passado não muda, mas as memórias, sim Parte 4 Remédio para todos os males Parte 5 O dilema da reposição hormonal Parte 6 Onde encontro minha poção mágica para a pele? Parte 7 Doutor, as costas doem Parte 8 Diabetes é preocupação nacional Parte 9 O seu coração está em risco? Parte 10 Em busca do autocontrole Parte 11 Tristeza é diferente de depressão Parte 12 O desafio do século XXI Especialistas Notas
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Nunca o ditado “prevenir é melhor do que remediar” foi tão verdadeiro. A chamada medicina preventiva avançou significativamente nos últimos anos e hoje é possível evitar, com atitudes simples, muitos casos de infarto, acidente vascular cerebral e câncer, para citar apenas as três principais causas de morte no Brasil e no mundo. Na era da medicina preventiva, informação faz toda a diferença e, literalmente, salva vidas. Informação de vanguarda sobre medicina é o foco da série Encontros O GLOBO Saúde e Bem-estar, que em 2014 entra em seu terceiro ano. E também o deste guia, que traz os pontos mais importantes dos 20 eventos realizados até agora na Casa do Saber O GLOBO. Com coordenação científica e curadoria do doutor em cardiologia pela UFRJ Claudio Domênico, autor do livro “Te cuida!” (Ed. Casa da Palavra), os Encontros O GLOBO Saúde e Bem-estar recebem alguns dos maiores especialistas do Brasil para discutir com o público os avanços mais recentes da medicina. O objetivo visa à melhora da qualidade de vida e a oferecer informações simples, que podem ser levadas para o dia a dia sem dificuldades. Este guia traz conselhos sobre 12 grandes temas: exercícios físicos, sono, memória, sexo, reposição hormonal, cuidados com a pele, dores nas costas, diabetes, doenças cardíacas, tabagismo, depressão e câncer. Cada capítulo está dividido em dez tópicos, que podem ser lidos em qualquer ordem. Curador deste guia, Claudio Domênico diz que a influência do estilo de vida na prevenção de doenças sempre foi importante, mas se tornou 5
crucial em nossa época, pressionada por estresse, poluição, sedentarismo e índices alarmantes de obesidade. “Esses fatores de risco, chamados não tradicionais, cada vez mais são relacionados às doenças cardiovasculares. Hoje, morar em lugar poluído, solidão, hostilidade, mau humor, ausência de recreação, falta de espiritualidade e/ou religiosidade, sono ruim, dentre outros, são fatores que devem ser questionados pelos médicos quando entrevistam seus pacientes”, frisa o cardiologista. O estresse chegou a níveis tão alarmantes que os japoneses descreveram no ano 2000 uma nova doença chamada Tako Tsubo, denominada atualmente de cardiopatia adrenérgica, mais comum em mulheres. Ela acomete pessoas que vivenciam um período de estresse intenso, como, por exemplo, assistir a um noticiário sobre uma tragédia com mortes. Esses indivíduos dão entrada nos hospitais com um quadro de infarto do miocárdio e, ao serem levados para a mesa de cateterismo, apresentam artérias normais. O que aconteceu foi um espasmo decorrente de estresse. Domênico destaca que praticar medicina preventiva não é solicitar exames. “Isso configura o que nós, médicos, chamamos de diagnóstico precoce e, para exemplificar, podemos comentar a rotina de solicitar exame dos intestinos (colonoscopia) para quem tem mais de 50 anos. Isso não é prevenção, e sim diagnóstico precoce, prevenção é orientar desde cedo as pessoas a comerem mais frutas, legumes e verduras (fibras), fazer exercícios, se hidratar bem, não engordar e não fumar. Isso, sim, é prevenção". Neste guia, Domênico salienta que todos devem programar uma vez por ano uma consulta para avaliar pressão arterial, peso, exames de laboratório e, dependendo da idade do paciente e de suas queixas, mais 6
testes podem ser solicitados. Algumas condições clínicas muitas vezes são silenciosas, não causam sintomas, como a hipertensão arterial, o diabetes e o aumento das taxas de gorduras no sangue. “A medicina preventiva não pode ser um pacote pré-programado, como uma receita de bolo, em que todos fazem os mesmos exames, mas sim uma abordagem individualizada e cuidadosa. A partir da história e do exame físico do paciente é que os exames serão solicitados. Esperamos que este guia contribua para orientar as pessoas a cuidarem melhor da própria saúde”, diz Domênico.
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Previne contra câncer, depressão, ansiedade, obesidade, diabetes, osteoporose, doenças cardiovasculares, estresse, dores das costas, melhora a pele, traz bem-estar, praticamente não tem contraindicações nem efeitos colaterais e ainda é gratuito: a pílula milagrosa não está no mercado e depende de uma dose de dedicação, mas as vantagens do exercício físico são incontáveis e é indicado por dez entre dez especialistas, principalmente porque eles vêm notando os índices de parte desses problemas aumentando. O pacote, no entanto, não estaria completo se aí não estivesse também uma dieta balanceada, quer dizer, com muitas frutas, verduras, legumes e fibras; pouca carne vermelha e carboidratos. Ou seja, é pelos hábitos que temos que definimos a nossa qualidade de vida. A genética importa, é verdade. Mas ela não age sozinha. A maioria das doenças que mais matam hoje podem ser evitadas por meio de exercícios e alimentação equilibrada. 1. Quanto, afinal, eu devo me exercitar A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que uma pessoa faça, no mínimo, 150 minutos de atividade física moderada por semana. Mas afinal, o que é atividade moderada? E como estas atividades devem ser divididas? O ideal é primeiro dividir o tempo mínimo em três vezes por semana. É claro que a intensidade da atividade vai depender do preparo físico de cada um, só que existe um parâmetro que ajuda a nos orientar: uma atividade considerada leve pode ser uma caminhada devagar, ficar em pé cozinhando ou lavando pratos, pescar, tocar um instrumento ou até ficar sentado na frente do computador. É possível queimar (poucas) calorias ficando parado, sim. Já a atividade moderada, que é o que buscamos, pode ser uma caminhada rápida (a 6,5 quilômetros por hora), uma limpeza pesada na casa ou uma corrida de 9
bicicleta (a 16 quilômetros por hora). Corridas na esteira geralmente entram para a lista de atividades vigorosas ou intensas. [1] 2. Nunca é tarde para começar Quando a pessoa passa dos 50 anos e é sedentária, geralmente pensa: “Se não comecei até agora a me exercitar, não adianta mais”. Isso não tem fundamento na ciência. Pelo contrário. A maioria das pesquisas mostra que no momento em que você decide se tornar fisicamente ativo, o seu corpo só tem a ganhar. Um estudo de 2013, publicado no "British Journal of Sports Medicine"[2], acompanhou 3.500 pessoas saudáveis por volta dos 60 anos e mostrou que aqueles que se exercitavam três vezes por semana tinham mais chances de continuar saudáveis nos oito anos subsequentes e que o exercício ainda reduzia os riscos de ataque cardíaco, derrame, diabetes e mal de Alzheimer. É importante apenas que os mais velhos tomem alguns cuidados com o corpo, já que as chances de se machucar são maiores, assim como são menores as capacidades pulmonar e física. 3. O coração aguenta A atividade física é importantíssima para a saúde do coração. Assim como músculos, o coração fica mais forte com o exercício, então ele pode bombear mais sangue pelo corpo a cada batida e continuar funcionando com plena força. Ele ainda melhora a circulação e ajuda o corpo a usar mais oxigênio, controla a pressão arterial e reduz a gordura que é prejudicial para o coração. Como ele acelera os batimentos cardíacos, uma dúvida comum é se pessoas com doenças cardiovasculares podem praticar exercícios regularmente. Podem e devem. Claro que desde que tenham algum acompanhamento médico. A 10
intensidade da atividade aeróbica pode ser monitorada pela frequência cardíaca e pela sensação de cansaço. Cada faixa etária tem uma capacidade específica, e uma frequência alta é sinal de coração forte. O indivíduo finalmente resolve sair do sedentarismo, usa os minutos programados para andar calmamente na vizinhança e volta para casa convencido de que fez a coisa certa! Acontece que, para ser eficiente, a atividade tem que deixar a pessoa suada, ofegante, cansada e focada. E à medida que ela se exercita, o corpo se adapta e se torna mais eficiente naquela atividade. Isso significa que, ao longo do tempo, a malhação de 30 minutos, que era desafiadora, passa a não garantir os mesmos resultados. Para avançar e manter os benefícios, é preciso sair constantemente da zona de conforto, aumentando a frequência, intensidade ou duração da atividade. 5. Sem peladas de fim de semana O sujeito sedentário, em pleno churrasco, é chamado para jogar aquela pelada. Situação ideal para se machucar. Como o corpo não está acostumado à atividade, ele fica mais propenso a ter luxação, contusão, distensão muscular e até fraturas. Além de não se beneficiar das potencialidades do exercício. A prática, para funcionar, precisa ser regular. Além disso, é depois de um mês do início da atividade que ela começa a ter mais resultados. Se você para no meio, boa parte dos benefícios adquiridos podem ser perdidos. 6. Até pouco exercício faz bem Aquela velha desculpa de que é preciso uma atividade física intensa para notar alguma melhora na saúde não se sustenta mais. Um amplo 11
estudo da revista "Plos Medicine" [3] reuniu dados de 650 mil pessoas de diferentes países e apontou que apenas 75 minutos semanais de caminhada são o suficiente para aumentar a expectativa de vida daqueles com mais de 40 anos. A OMS recomenda um mínimo de 150 minutos semanais de atividade moderada, mas este estudo vem mostrar que metade disto já significa um ganho de 1,8 ano na expectativa, se comparado ao indivíduo inativo. Adotando a orientação da OMS, a vantagem pode ser de até 4,5 anos. 7. Dietas mais flexíveis dão mais certo Novas dietas não param de surgir, mas especialistas estão cada vez mais convencidos de que a flexibilidade é o melhor caminho para a reeducação alimentar. De nada adianta ficar uma semana tomando líquidos e na semana seguinte partir para o rodízio de pizza. As dietas radicais são um convite à recaída. Ser flexível (e ter bom senso) é a melhor maneira de mantê-la por mais tempo. Assim, em vez de dieta, torná-la a sua alimentação padrão. E sem culpas por comer um bombom após o almoço. 8. O poder da dieta mediterrânea Ela está em alta. Nunca se falou tanto dos benefícios da dieta mediterrânea, principalmente associada à longevidade. Afinal, a dieta não serve apenas para perder peso, mas para manter a saúde. E a dieta mediterrânea é a que tem sido objeto mais frequente de estudos científicos e a mais festejada entre especialistas, principalmente pela sua flexibilidade. Tem este nome porque é inspirada na forma como os habitantes da costa do mar em questão se alimentam e é reconhecida por reduzir os riscos de doenças cardiovasculares. Tem pouca gordura 12
saturada, já que a fonte de proteína está nos peixes. Outros ingredientes são os legumes, o azeite extravirgem e as castanhas. O vinho também tem benefícios comprovados ao coração, desde que em medidas controladas. 9. Alimentos por trás do rótulo Até a boa alimentação às vezes guarda pegadinha, por isso é importante ficar de olho nos rótulos. Um exemplo é o das barrinhas de cereais. A maioria tem como ingrediente principal o xarope de glicose, em vez de cereais de fato. Uma dica, portanto, é prestar atenção no primeiro ingrediente da lista descrita no rótulo, pois este representa o principal do produto. Além disso, os light e os diet podem ter menos calorias, mas conterem muita gordura. E os industrializados são repletos de sódio, que é prejudicial para a hipertensão arterial. Embutidos, como presuntos, idem. 10. Comida como droga Fome e prazer são coisas diferentes. A Sociedade Americana de Medicina do Vício aponta que o efeito da comida no cérebro é de fato parecido com o de drogas para algumas pessoas. A comida libera dopamina (responsável pela sensação de prazer). No caso de compulsivos, ao longo do tempo, o cérebro produz menos dopamina com a mesma comida, e é preciso buscar cada vez mais dela para manter a sensação. Uma pesquisa da Universidade de Yale [4] mostrou que, só de olhar um milkshake, eles ativavam a mesma região do cérebro que a de dependentes de cocaína. Quando se trata de compulsão, não basta apenas uma dose de boa vontade para emagrecer, e sim acompanhamento médico. 13
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Dormir é tão importante para a saúde quanto comer e beber. Uma noite bem-dormida é a verdadeira fonte da juventude, porque além de prevenir doenças, também aumenta a longevidade e, claro, melhora a aparência física. Para o corpo, o sono recupera as energias e ajuda a controlar o peso. Para a mente, processa informações e as mantém na memória. Curiosamente, até a década de 1920, cientistas acreditavam que o cérebro ficava inativo enquanto dormíamos. Segundo a Divisão da Medicina do Sono da Universidade de Harvard, era como se o cérebro simplesmente desligasse durante o sono e reiniciasse quando a manhã surgia. Foi com a ajuda do encefalograma que se notou que o cérebro é bastante ativo neste período. É também quando as demandas fisiológicas, como, por exemplo, os níveis de oxigênio e funcionamento dos órgãos, são reduzidas, enquanto que a temperatura e a pressão sanguínea caem. Ou seja, há uma segunda vida, um tanto agitada, quando estamos dormindo. E, se mal vivida, pode atrapalhar bastante o tempo em que se está acordado. 1. A ditadura das oito horas Não é para sentir culpa se não é possível ter o privilégio de dormir oito horas a cada noite. A ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, por exemplo, era conhecida pelo hábito de dormir apenas quatro horas. É verdade que ela integrava uma mínima parcela da população que não passa de 3% e que tem um tipo de variação genética para dormir menos, segundo um estudo de 2009 da Universidade da Califórnia-São Francisco[5]. E de acordo com este mesmo estudo, mais de 90% dos que pensavam não precisar dormir muitas horas, na realidade, sofriam de privação do sono e suas consequências eram notadas a longo prazo. E aí vem uma série de possíveis problemas, 15
desde perda de memória à diminuição da imunidade. Entre adultos, estudos e cientistas hoje concordam que a quantidade de sono pode ir de seis a nove horas. Mas, ao longo da vida, saiba que a quantidade de sono necessária é bem variável. Veja só: recém-nascidos dormem entre 16 e 20 horas por dia. Entre 1 e 4 anos, a média diária cai para 11 ou 12 horas. Adolescentes precisam de cerca de nove horas. Além disso, eles passam por alterações hormonais que fazem com que o seu ciclo de sono-vigília fique alterado. Com frequência eles sentem sono de manhã e ficam mais alertas a partir da tarde. Por outro lado, é um equívoco comum dizer que a quantidade necessária de sono diminui com a idade. Ela se mantém a partir da fase adulta. Acontece que são os idosos os que têm maior propensão aos distúrbios do sono. 2. Quem dorme bem vive mais Quem dorme bem sem interrupções tem menos propensão a obesidade, depressão, ansiedade, sonolência excessiva, entre outros fatores que têm elevada mortalidade. Estudos epidemiológicos são unânimes em afirmar que dormir cinco horas e meia ou menos por noite traz 230% mais riscos de desenvolver diabetes, 180% mais chances de hipertensão arterial e 200% de problemas renais. Mas a relação entre sono e longevidade vai além. Um estudo de 2010 publicado na revista “Sleep” [6] foi um dos primeiros a avaliar os padrões de sono num grande número de idosos. Os pesquisadores da Universidade do Estado de Portland analisaram 2.800 pessoas com 100 anos ou mais. E notaram que 65% deles afirmaram dormir “bem” ou “muito bem”, com uma média diária de 7,5 horas, incluindo os cochilos.
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Segundo a Divisão de Medicina do Sono da Universidade de Harvard, não é surpreendente que um sono pobre esteja associado a uma menor expectativa de vida. Dados de três estudos epidemiológicos, aponta o grupo, revelam que dormir cinco horas ou menos aumenta o risco de morte em 15%. 3. Cansado e com quilos a mais Dormir mal e ainda engordar. É por aí mesmo. Vários estudos relacionam a falta de sono com o ganho de peso. Por isso o sono é visto como um potencial fator de risco para a obesidade (aliado a outros fatores: genética, sedentarismo e alimentação excessivamente calórica). Durante o sono, nosso corpo secreta hormônios que ajudam a controlar o apetite, o metabolismo de energia e o processamento da glicose. Há uma diminuição da produção de leptina, hormônio que alerta o cérebro quando estamos satisfeitos, além do aumento a grelina, que estimula o apetite. Resultado: desejo por comida. E não é só isso: o corpo fica cansado para queimar as calorias extras, que são acumuladas em forma de gordura. Além disso, mais tempo desperto leva a um aumento da fome e a maiores chances de comer. Adolescentes e crianças são os mais afetados. 4. Aprenda dormindo Quem pratica ou praticou alguma atividade como tocar um instrumento, já teve a sensação de treinar, treinar exaustivamente durante um dia, mas não conseguir aprender uma música. É comum que essa pessoa, depois da frustração, volte no dia seguinte para tocá-la e logo na primeira tentativa consiga executá-la sem grande dificuldade. Isso acontece porque o cérebro continua trabalhando nessas memórias 17
enquanto dormimos. A habilidade que a pessoa aprende durante o dia é aperfeiçoada durante o sono. Boa parte dos estudos relacionados ao sono tentam desvendar como ele influencia a memória, pois são muitas as possibilidades. Por um lado, a privação de sono leva à perda de atenção durante o dia, o que dificulta o aprendizado. Por outro, o sono em si tem um papel na consolidação da memória. Novos estudos, como o da Universidade de Tübingen, na Alemanha[7], vêm mostrando inclusive que música durante o sono pode melhorar a memória. Dados, por enquanto, recentes e inconclusivos, mas curiosos e que vêm chamando a atenção. 5. Uma taça de vinho para dormir bem? Chegar em casa depois de um dia cansativo de trabalho, encher uma taça de vinho ou um copo de uísque e relaxar, preparando-se para dormir. O hábito é comum e, de fato, o álcool pode fazer dormir. Mas apesar de ter o potencial de um leve sedativo, ele contribui para um sono de má qualidade. Estudos têm mostrado que esta qualidade sedativa é temporária. Ele tende a fragmentar o sono e levar a um estado de vigília horas depois. Ainda aumenta o risco de distúrbios do sono, como apneia, pernas inquietas e insônia crônica. E mais: a privação do sono aumenta os efeitos do álcool no corpo, então uma pessoa cansada que bebe será mais prejudicada. A ressaca, aliás, será maior. Além disso, o hábito de beber para dormir pode condicionar a mente: se não tiver álcool, a dificuldade para dormir só aumenta. 6. Por uma noite com menos luz artificial Ler antes de dormir é uma das melhores pílulas do sono, porque é 18
uma forma de relaxar o corpo. Mas isso só funciona se o bom e velho livro é de papel. Não é preconceito com a tecnologia. Um estudo do Instituto Politécnico de Rensselaer, em Nova York [8], mostra que a exposição à luz de equipamentos eletrônicos, como o tablet , diminuem em 22% a produção de melatonina, o hormônio do sono. Outras pesquisas com estudantes universitários que usavam o computador durante a noite também apontaram para a redução de melatonina. Com a chegada da luz elétrica, no século XIX, o homem foi exposto a mais luz do que jamais tinha sido durante a evolução, o que alterou os padrões de sono, levando-o a dormir menos e mais tarde. A luz artificial nos afeta diretamente, tornando mais difícil cair no sono, e indiretamente, ao influenciar nosso relógio biológico. Uma lição é respeitar o corpo, que é regulado para funcionar de dia e descansar à noite. Dar aos olhos a consciência da luz durante o dia e a falta dela ao crepúsculo ajudam na produção regular da melatonina. 7. Sono da beleza Olhos avermelhados, olheiras, pele sem vitalidade. Qualquer um percebe que fica menos atraente após horas de sono perdidas. Acontece que além destas características superficiais, o sono interfere na aparência física também de forma mais profunda. Quando dormimos, há um processo de regeneração celular, por exemplo, da pele. Sem isso, o resultado é flacidez, envelhecimento precoce e até cabelo debilitado. Aliás, um estudo do Instituto Karolinska, de Estocolmo, publicado na revista “Sleep”[9], mostrou que não somos apenas nós que vemos os sinais da nossa perda de sono. Dez voluntários foram mantidos acordados por 31 horas e, depois disto, suas fotos foram entregues a 40 observadores, que notaram as pálpebras inchadas e as rodelas negras nos 19
olhos. Pessoas com privação de sono são percebidas como mais cansadas, menos atraentes, mais tristes e menos saudáveis do que as demais, concluíram os pesquisadores. 8. Elas são insones, eles roncam As mulheres são mais propensas a ter dificuldade para dormir e experimentar sonolência diurna. A causa principal é a variação de hormônios a cada mês, o que piora durante a gravidez e a menopausa. Elas têm 10% mais insônia do que homens, problema que aumenta o risco de doenças cardiovasculares. Enquanto isto, entre 30% a 60% dos homens acima de 45 anos roncam, e parte dos que roncam tem apneia. 9. Cochilo não é sinônimo de preguiça Para o brasileiro é um luxo, mas algumas culturas ainda mantêm a sesta (e o cochilo) como parte da rotina. E é verdade que ele é capaz de melhorar a memória, o raciocínio e o poder de concentração. Um estudo da Nasa[10], agência espacial americana, mostrou que quem cochila aumenta em cerca de 30% a capacidade de raciocínio e memória, e em 50% a habilidade de tomar decisões certas. Entretanto, para os que têm dificuldade de dormir à noite, o cochilo da tarde pode ser um dos culpados. Então se for cochilar, que seja antes das 17h e por um curto período: o ideal gira em torno de meia hora. 10. Prepare-se para o grande momento Dormir pode parecer para alguns um sonho impossível (com o perdão do trocadilho). Mas há uma série de hábitos que garantem a “higiene do sono” e preparam o corpo e a mente para este momento essencial. Evite 20
estimulantes, como cafeína (de quatro a seis horas antes de dormir), nicotina e álcool. Mantenha o quarto um ambiente silencioso, escuro e fresco. Colchão e travesseiros confortáveis também ajudam. Diminua o ritmo das atividades e procure as que forem mais relaxantes antes de dormir, como um bom banho. Tenha rotina: hora para dormir e horas de sono. E inclusive quando acordado: mantenha o ritmo das atividades diárias, como trabalho, exercício físico e lazer. Praticar exercícios ajuda, caso seja pelo menos três horas antes do horário de dormir ou de manhã. Alimentos pesados à noite são a receita da insônia. Enquanto isto, balancear a quantidade de líquido evita que você acorde com sede ou para urinar durante a noite. Nada disso pode adiantar se você tiver um distúrbio do sono. A partir daí, a ajuda precisa ser a de um especialista.
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As nossas lembranças mudam a cada momento. É normal esquecermos umas, criarmos outras… Isto faz parte do aprendizado e é importante para a saúde mental. Além disso, a capacidade de aprendizado na infância é maior do que na idade adulta, assim como é mais comum o idoso ter queixas de perda de memória do que o jovem. Mas uma série de pesquisas lança otimismo em relação ao envelhecimento do cérebro e aponta que é possível manter a memória se ela for estimulada, por exemplo, com alimentação saudável e hábito de leitura. Quando o caso não é simplesmente a falta de treinamento do cérebro, é preciso investigar que outros fatores podem estar influenciando a memória. O mal de Alzheimer e outros tipos de demência são doenças degenerativas que afetam os neurônios. Há um número crescente delas no mundo: segundo a Associação Internacional da Doença de Alzheimer (ADI), são esperados 65,7 milhões de doentes em 2030, e 115,4 milhões em 2050. É o principal tipo de demência, mas há outros, como a vascular (devido a acidentes vasculares cerebrais) e a de corpos de Lewy (estrutura anormais de proteínas em certas partes do cérebro). Já a Esclerose Múltipla, as doenças de Huntington (disfunção cerebral hereditária), de Pick (neurodegenerativa rara) e de Parkinson também podem levar à demência. 1. Treine a memória com leitura O melhor remédio para a memória é, em vez de medicamentos, adquirir o hábito de ler. Assim como músculos, o cérebro se beneficia de uma boa malhação. E ler demanda mais neurobiologicamente do que apenas processar sons e imagens, como da TV. Ao ler estimulamos diferentes tipos de memória, seja a de curto ou longo prazos, a visual e a verbal. Tudo isso em milissegundos. Ler bastante inclusive retarda os 23
sintomas do mal de Alzheimer, segundo estudos publicados na “Proceedings of the National Academy of Sciences” (Pnas) [11]. Não quer dizer que só a leitura previna a doença, mas existe, sim, uma correlação entre atividades intelectuais e sua prevenção. 2. Atenção é o segredo da memória Quem acha que consegue estudar, assistir à televisão e ainda preparar o almoço ao mesmo tempo, está se enganando. O cérebro só consegue prestar atenção em uma coisa de cada vez. Dos jovens aos mais velhos, é raro encontrar alguém que não reclame de esquecer coisas importantes, seja um livro recente, uma palestra, um compromisso ou um comunicado. A tendência é achar que há problemas de memória. A boa notícia é que, na maioria dos casos, não há nenhuma deficiência no funcionamento do cérebro. O indivíduo só precisa estar mais atento, focar em suas atividades. 3. Esquecer faz parte do aprendizado A maioria das informações que vão para a memória somem pouco depois. Isto não é ruim. Geralmente é apenas um mecanismo de limpeza que otimiza o trabalho do cérebro. Esquecer é parte do processo de memorização e, portanto, do aprendizado. Se armazenássemos tudo, o cérebro precisaria ser enorme. Isso porque a memória é um processo físico, que envolve mudanças nas conexões (sinapses) dos neurônios. Até a década de 1950, acreditava-se que o indivíduo já nascia com um número estabelecido de sinapses. Hoje se sabe que novas sinapses são criadas e outras, perdidas ao longo da vida. Uma parte importante do aprendizado é de remoção daquilo que não serve. Mas ao mesmo tempo, aquelas sinapses que servem para alguma coisa são fortalecidas. 24
4. Pílula do esquecimento A nossa memória é mais misteriosa do que imaginamos, e seus estudos podem levantar vários debates éticos. Como na ficção, é realmente possível manipular memórias que preferiríamos esquecer. Quem se habilitaria? Na prática, seria como ocorre no filme “Brilho eterno de uma mente sem lembranças”, em que Clementine (Kate Winslet) apagou da mente o seu relacionamento doloroso com Joel (Jim Carrey). Uma pesquisa publicada na revista “Neuropharmacology”, da Universidade Western (Canadá) [12], conseguiu inibir em camundongos um evento traumático. Esta não foi a única. A PUC-RS publicou um estudo na “Pnas” [13], no qual, mesmo sem um medicamento, foi possível reformular memórias traumáticas. Especialistas defendem que isto só valeria a pena para pessoas que sofrem transtornos, como o póstraumático. Lembrar momentos ruins é importante até para a proteção, evitando que determinada situação se repita. 5. Mais atenção aos males A perda de memória pode ser um sintoma do mal de Alzheimer ou de algum outro tipo de demência. É caracterizada pela perda de neurônios e sinapses em regiões do cérebro, como o córtex, resultando numa atrofia destas áreas. Ocorre pelo acúmulo de placas de proteína (beta-amiloide) entre os neurônios. O diagnóstico é clínico e pode ser confundido, portanto fique atento aos sinais nos idosos. Em geral, além da perda de memória, os doentes têm dificuldade de resolver problemas e se planejar; fazem confusão com a passagem do tempo e com lugares; têm problemas de comunicação, mudanças bruscas de humor e de 25
personalidade. 6. Relaxe: sua mente e sua pele agradecem O estresse pode tornar a sua pele mais sensível à acne e a outros problemas, como psoríase ou rosácea. Ele ainda provoca unhas quebradiças, leva à perda de cabelo e induz à transpiração excessiva. A mente e a pele estão conectadas em vários níveis. As terminações nervosas, por exemplo, estão ligadas à pele. No caso da acne, o corpo libera hormônios do estresse, como o cortisol, que aumentam a produção de óleo, desencadeando o processo inflamatório das espinhas. Para manter uma pele saudável — e uma mente também saudável, claro — tente controlar o estresse. 7. Ondas de calor e de perda de memória Durante o período da menopausa, as mulheres costumam reclamar da dificuldade de concentração e perda de memória. Estudos mais recentes confirmam esta relação: em 2013, pesquisadores Universidade de Rochester[14] analisaram 117 mulheres e garantem que isso ocorre principalmente um ano após o fim do período menstrual. Além disso, mulheres que se submetem à cirurgia para a remoção de útero e ovários antes do período natural da menopausa também podem ser afetadas, segundo uma pesquisa[15] apresentada em 2013 no encontro da Academia Americana de Neurologia e que contou com dados de 1.837 mulheres. As razões não estão totalmente claras, mas alguns suspeitam que seja pela flutuação hormonal deste período. Sabendo que essa possibilidade existe, não demore para começar a exercitar o seu cérebro antes de aparecerem os sintomas!
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8. O efeito prejudicial de drogas Todos conhecem e alguns já até tiveram a experiência de beber demais e no dia seguinte não lembrar de nada. O álcool dificulta a comunicação entre os neurônios e prejudica o processo de retenção de memória. Mas a verdade é que além do famoso blackout , a toxicidade do álcool destrói as células cerebrais a longo prazo. Portanto, quem costuma beber em excesso tem grandes chances de ter lapsos de memória. Estudos apontam para este efeito também na maconha. E, acredite, até o cigarro! Pois fumo reduz a quantidade de oxigênio que chega até o cérebro. Uma série de medicamentos também está na lista dos destruidores de memória, entre eles os antidepressivos, antihistamínicos, relaxantes musculares e tranquilizantes. 9. Menos estresse, mais lembranças O dia a dia corrido, com problemas para serem resolvidos e que acabam afetando o sono. Tudo isso tem um efeito cumulativo sobre o cérebro, especialmente em sua capacidade de lembrar e aprender. O estresse crônico leva à liberação de hormônios (como o cortisol), que seriam destinados apenas para situações de emergência, mas acabam sendo liberados para fins menores. Acumulam-se e danificam as células cerebrais, prejudicando assim a retenção de memórias. O estresse também dificulta a atenção. Quando você está tenso ou distraído, sua habilidade de memorizar diminui. 10. Alimente o seu cérebro Ir para a aula sem café da manhã e não conseguir lembrar de uma palavra sequer que o professor disse. Além de risco de problemas um 27
pouco mais sérios, a alimentação inadequada afeta a retenção de memórias. O que você mais precisa é de uma alimentação balanceada para nutrir o corpo e o cérebro, e isso inclui ômega 3 (peixes e castanhas), frutas e vegetais e redução de gorduras saturadas. Enquanto isto, atenção para deficiências de vitaminas B1 e B 12.
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As listas dos livros mais vendidos deixam evidente que nunca se falou tanto sobre um remédio capaz de melhorar a ansiedade, a depressão, tonificar músculos, reduzir colesterol e, de sobra, ainda queimar calorias e deixar a pele e cabelos mais vistosos: o sexo. Alcançar esse nirvana de benefícios e prazer, no entanto, não é tão simples quanto parece. Problemas físicos, psicológicos e culturais são recorrentes. A medicina ajuda na saúde sexual tanto do homem, com pílulas contra a disfunção erétil, quanto da mulher, com a reposição hormonal. Mas não são as únicas formas. Pelo contrário, para combater problemas que afetam a vida sexual (como o estresse e a falta de libido), o primeiro indicado é o próprio sexo! Conheça os motivos a seguir. 1. Aumente a libido, faça sexo A diminuição da libido pode estar relacionada a vários fatores, como a variação hormonal (em especial na menopausa), o estresse, as doenças… Mas saiba o que pode entrar no topo da lista de prioridades: faça mais sexo. Só isso já aumenta a produção de testosterona, importante para manter o desejo sexual para ambos. E para mulheres, o sexo melhora a lubrificação vaginal, o fluxo sanguíneo e a elasticidade, que melhorarão a prática e aumentarão o desejo. 2. Combate o sedentarismo A prática sexual é uma forma de atividade física. E não são poucos os estudos que investigam as suas potencialidades. Sabe-se que o sexo, ao estimular o corpo, pode tonificar músculos, reduzir colesterol, melhorar a saúde cardiovascular e, de sobra, ainda queimar calorias. Em média, queima-se de 50 a 100 calorias em meia hora de sexo. Não é nenhuma maratona, então especialistas ressaltam que o sexo não deveria ser o 30
substituto de uma atividade física regular. Até porque, para praticá-lo, é preciso ter um mínimo de preparo. Isto significa que o sexo é perigoso para o coração? Não é bem assim… Segundo a Universidade de Harvard, o sexo leva a uma excitação tanto física quanto mental. Em teoria, isso aumenta a adrenalina e pode até levar a ataques cardíacos e arritmias. Mas é raro. 3. Por uma noite melhor… de sono Enquanto a boa noite de sono pode aumentar a sua disposição sexual, uma boa noite de sexo também traz benefícios para o sono. Além do relaxamento e do cansaço físico, o sexo libera substâncias, como a oxitocina, que ajudam a dormir. Para alguns pode não funcionar logo em seguida. Já parte das mulheres reclama do que os franceses chamam de “petit mort” (pequena morte), ou seja, seus parceiros caem no sono depois do orgasmo. O efeito nas mulheres pode ser o oposto, então, neste caso, é recomendável “programar” o sexo para algumas horas antes do momento de dormir. E só por curiosidade: 80% das mulheres preferem dormir a fazer sexo, segundo pesquisa do instituto “Better Sleep Council”[16]. Um dos motivos é que elas dormem menos do que gostariam e precisariam… 4. Combata resfriados e infecções Sexo aumenta a imunidade. Uma pesquisa da Universidade de Wilkes[17], nos EUA, descobriu que estudantes que faziam sexo uma ou duas vezes por semana tinham maiores níveis de certos anticorpos, como de Imunoglobulina A (IgA), portanto, estavam mais protegidos contra bactérias e vírus. 31
5. Analgésico sem efeitos colaterais Além de relaxante muscular, o sexo libera o hormônio da endorfina, conhecido por causar sensação de prazer. Não à toa, pesquisadores investigaram os benefícios da prática para quem sofre de enxaqueca e tiveram bons resultados. Segundo a Universidade de Münster, na Alemanha[18], um terço dos pacientes com o problema afirmou ter melhora dos sintomas com a prática rotineira. 6. E ainda aumenta a inteligência Se não há motivos o suficiente para praticar sexo, aí vai mais um: ele, de certa forma, aumenta a inteligência. O sexo tem o poder de estimular o crescimento de células cerebrais e melhorar funções cognitivas. Também ajuda na irrigação de sangue no cérebro. Um estudo da Universidade de Princeton, nos EUA, conclui que o sexo estimulou o crescimento de células no hipocampo de camundongos[19]. Assim como nos humanos, o hipocampo é parte responsável pela memória e pelo aprendizado. Segundo os pesquisadores, fatores como estresse e depressão ajudam no encolhimento desta região. Outro estudo, da Universidade de Maryland, também apontou para o aumento de neurônios no hipocampo [20]. Mas quando a atividade sexual é interrompida, segundo o estudo, as melhorias são perdidas… 7. Sexo e estresse: problema e cura O estresse é um dos principais exterminadores da libido, é verdade. Mas por outro lado, o sexo pode ser um aliviador do estresse. Primeiro porque a prática libera endorfina, que traz a sensação de prazer. E um estudo da Universidade do Estado do Arizona apontou que o humor de 32
fato melhora em pessoas que praticam sexo[21]. Além disso, quem faz sexo regularmente tende a ter melhor fluxo sanguíneo, o que leva a uma menor pressão arterial. E esse controle se reflete também em situações de maior tensão. 8. Sexo não pode ser doloroso Quando a atividade sexual traz dor, alguma coisa está errada. É possível que seja apenas emocional, ou seja, um novo parceiro ou o início da vida sexual podem despertar certa tensão. Mas em geral, é sinal de problemas. Entre eles, estão as doenças sexualmente transmissíveis. São comuns, mas não deveriam ser, afinal, todos sabem que podem ser evitadas com a proteção de preservativos. O papilomavírus humano (HPV) é uma destas doenças e se manifesta geralmente por verrugas genitais. Uma forma de combatê-lo é por meio da vacinação, direcionada principalmente a crianças e adolescentes que não iniciaram a vida sexual. O governo federal atualmente disponibiliza esta vacina gratuitamente. Procure saber. Além de incômodo, o vírus pode levar ao desenvolvimento do câncer de colo do útero, que é o terceiro mais incidente entre as mulheres brasileiras e pode atingir 15.590 casos este ano, segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca). 9. Diferenças de gênero ou estereótipos Costuma-se dizer que homens e mulheres têm abordagens diferentes com relação ao amor, ao relacionamento e ao sexo. O Programa de Estudos em Sexualidade da USP aponta que, ao contrário do homem, o desejo sexual feminino está relacionado a uma enorme variedade de fatores. Segundo o estudo, para ter interesse em sexo, a mulher tem que estar física e emocionalmente saudável; ter inserção socioeconômica; 33
quanto mais instruída, menos tabus; e ela ainda precisa de uma sensação de compromisso do seu parceiro. Além disso, a biologia também influencia. É natural que homens consigam manter o nível de testosterona por praticamente toda a vida. Já as mulheres passam pela menopausa e deixam de produzir o hormônio sexual feminino na quantidade de antes. Mesmo com estímulo, este desejo vai se manifestar mais dificilmente do que na juventude Mas nem todos concordam com essas diferenças. Uma série de outros estudos, como da Universidade de McGill (Canadá) [22], acreditam que existem muitos estereótipos sobre o tema. Mulheres não estão apenas interessadas em relacionamentos seguros e monogâmicos, enquanto homens em sexo. Eles também mostram que ambos têm estímulos e motivações similares. O tema segue levantando dúvidas, e enquanto isso, nada melhor do que a prática para descobrir como o seu desejo é estimulado. 10. A nova revolução sexual Se na década de 60 surgiu a pílula anticoncepcional e jovens buscaram maior liberdade sexual, a revolução das últimas décadas ocorreu em outra faixa etária. Melhor qualidade de vida e o surgimento de medicamentos marcaram o prolongamento da vida sexual em idades mais avançadas. No caso do homem, a disfunção erétil ganhou a ajuda de uma pílula criada em 1998, o famoso Viagra (lembrando que cardíacos não podem fazer uso dela). Quanto às mulheres, a menopausa traz redução da libido, secura vaginal e mudanças no aspecto físico, como aumento da flacidez e deposição de gordura, que podem afetar a autoestima. A reposição hormonal e o uso de cremes vaginais diminui esse desconforto. 34
Mas, embora haja maiores possibilidades e até apelo para a continuidade da prática sexual na terceira idade, o padrão da juventude não precisa ser imitado. A queda no interesse sexual ao longo da vida, desde que não cause incômodo, é tida como normal. Uma pesquisa da Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUC-RS mostra que o interesse por sexo é modesto na velhice: foi considerado “muito importante” por apenas 16,6% dos homens e 7% das mulheres; e “pouco importante” por 30,3% dos homens e 47,9% das mulheres. Além disso, 41,9% dos idosos manifestaram preferência por carinhos e toques como uma forma de demonstração da sexualidade.
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A terapia de reposição hormonal foi rejeitada em massa uma década atrás, depois que um amplo estudo a colocou na berlinda. No ano 2002, foi lançada a pesquisa Iniciativa da Saúde na Mulher (WHI, na sigla em inglês), que fez com que uma legião de mulheres jogasse fora seus remédios. Acompanhando por cinco anos mais de 160 mil mulheres após a menopausa, com idades entre 50 e 79 anos, foram apontados diversos prejuízos do seu uso: trombose, AVC, infarto agudo do miocárdio e até câncer de mama. Alguns riscos existem, mas há quem possa se beneficiar da terapia, garantem especialistas. Enquanto isto, alguns estudos estimam que 30% dos homens com idades entre 40 e 79 anos têm deficiência de testosterona, a chamada andropausa, mas apenas uma pequena percentagem realmente desenvolve sintomas. E uma menor ainda busca tratamento. 1. Dá câncer, doutor? A dúvida está entre as mais comuns dos consultórios médicos. Mas segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), o medo é injustificado. A reposição não dá câncer, só que ela não é indicada para pessoas com histórico de câncer de mama ou endométrio. É por isso que manter o controle é importante: a cada seis meses, vale reavaliar a prescrição; também é aconselhado usar as menores doses possíveis capazes de minimizar os sintomas. 2. Em busca do desejo perdido Com, pelo menos, um terço de sua vida à frente, mas sem os hormônios que um dia fizeram parte de uma plena vida sexual, mulheres pós-menopausa acabam tendo redução do desejo, dificuldade para atingir o orgasmo ou dor durante a relação sexual por causa do 37
ressecamento na vagina. Nem sempre esta situação tem a ver com hormônios: algumas mulheres de meia-idade tendem a se considerar menos atraentes e isso afeta também o próprio desejo. Mas quando não é o caso, as mudanças hormonais são o primeiro fator a interferir na satisfação sexual. 3. A família dos fitoestrogênios Os fitoestrogênios são plantas que têm uma composição semelhante à do hormônio estrogênio, mas numa forma menos intensa. Estão divididos em quatro classes, entre elas, as isoflavonas, substâncias encontradas na soja e em seus derivados. São usadas no tratamento de sintomas da menopausa, principalmente das ondas de calor. Podem ser uma alternativa aos hormônios em pílulas. 4. Como fica o coração Há quem diga que a terapia aumente o risco ao coração, enquanto que outros garantam que ela tem efeitos até protetores. À medida que envelhecem, e seus níveis de estrogênio caem, o risco de problemas cardiovasculares em mulheres naturalmente aumenta. Por isso, avaliar caso a caso é o ideal. Entre 1980 e 1990, especialistas orientavam mulheres a tomar estrogênio e outros hormônios para manter o coração saudável. Mas, depois de acompanharem as voluntárias por um tempo e reverem estes estudos, cientistas viram que os benefícios não atingiram um grande número de mulheres, mas também não aumentavam muito o risco. 5. Uma terapia para cada mulher
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Está decidida a tomar a terapia hormonal? Pois bem, a decisão não acaba por aí. Há mais de 60 formulações para repor o estrogênio e a progesterona que deixam de ser produzidos em quantidade suficiente por volta dos 50 anos. Veja só: – A combinação dos combinação dos dois hormônios é indicada a mulheres após a menopausa, de preferê p referência ncia antes de um ano do fim do ciclo ci clo menstrual. enstrual. – A terapia terapia hormon hormonal al cíclica, cíclica , que administra estrogênio e progesterona em períodos separados, é para aquelas que ainda não pararam para ram totalmen totalmente te de menstruar; menstruar; ela pode ser mensal ou o u trimestral trimestral.. – Mu Mulheres que que tiveram que que passar por cirurg ci rurgia ia de remoção remoção de útero útero e ovários podem tomar o estrogênio sozinho. estrogênio sozinho. Não há necessidade da progesterona porque, sem o útero, não há risco de câncer endometrial. 6. E vai caindo… A maioria dos homens tem dificuldade de ouvir isso, mas o pico da testosterona no corpo ocorre aos 17 anos e se mantém apenas até por volta dos 30. Depois disto, a curva é descendente… A queda média é de 1% ao ano, e quando ele chega aos 80, seu nível de testosterona será similar a quando ele era menino. É normal, mas em alguns homens pode se manifestar com mais força. Ou seja, ao contrário da menopausa, a chamada andropausa não acomete todos os homens, nem ocorre sempre na meia-idade. 7. Pouco cuidado com os homens Só nos últimos 15 anos passou-se a dar mais atenção à andropausa. Pouca atenção de médicos, cientistas e, portanto, de homens. Uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Urologia com cinco mil homens 39
acima de 40 anos de nove capitais brasileiras constatou que 66% dos entrevistados não sabiam o que era andropausa. Além disso, 64% nunca tinham tinham feito feito um exame exame para pa ra medir os níveis nívei s de testosterona e 38% 38 % não costumavam ir ao médico com frequência. 8. Testosterona para quê Redução da libido, disfunção erétil, perda de massa muscular e aumento da gordura corporal (e portanto maior risco cardiovascular). Sintomas básicos dos baixos níveis de testosterona e que podem ser confundidos com o simples envelhecimento. E deixados de lado. Por outro outro lado, l ado, é por isso que que a reposição r eposição de testosteron testosteronaa enche enche os olhos de vários homens de meia-idade interessados em se sentir mais ovens. Um amplo estudo publicado em 2013 na “Jama Internal Medicine” descobriu que homens recebiam a prescrição do hormônio sem necessidade, triplicando o seu uso desde 2001 nos EUA. Foram rastreados 11 milhões de homens, e, destes, só metade tinha andropausa. Outros 40% tinham disfunção erétil, 30% apenas cansaço e 25% nem chegaram a fazer um exame de sangue, necessário neste caso [23]. 9. Não há pílula de testosterona A testosterona não é ingerida na forma de pílula, porque pode ser tóxica para o fígado. Fórmulas assim são contraindicadas. Ela é mais facilmente absorvida pela pele, portanto podem ser vendidas em injeções, adesivos ou gel. No Brasil, a venda de testosterona é controlada, entre outros fatores, porque há quem as utilize de forma errada para impulsionar o crescimento de massa muscular. O risco da irresponsabilidade é de doenças cardiovasculares, infertilidade e 40
impotência. 10. O risco de câncer para eles O medo medo de câncer câ ncer de próstata prós tata é um dos fatores que afasta homens homens do tratament tratamentoo de reposição repos ição hormonal. hormonal. A maioria maiori a dos estudos não conseguiu conseguiu comprovar esta relação. Na verdade, alguns cientistas acreditam que em homens com níveis naturalmente mais altos de testosterona, ela age como um inibidor do câncer de próstata. Por outro lado, quando o câncer já existe, o hormônio pode ser um combustível para as células cancerosas, inclusive aquelas que estão escondidas. Na revista “Harvard Men's Health Watch” de fevereiro, a orientação é que quem optar pela reposição deve ficar de olho nos sintomas e manter em dia os exames preventivos [24].
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Cremes que vão das maravilhas do morango até a menos glamourosa aca, dos sais escondidos do Mar Morto a areias medicinais; de hormônios, vitaminas, colágeno e uma dezena de outras substâncias. A saúde da pele representa um grande negócio e há uma enorme variedade de produtos no mercado. Mas existem alguns cuidados básicos que já garantem senão todo, pelo menos metade do caminho. Neste capítulo, mostramos os benefícios de cuidar da pele como uma rotina diária. E se existem fórmulas mágicas, aqui vão duas: filtro solar e água. Outra dica é não deixar para cuidar da pele apenas quando ela apresentar sinais de problemas. 1. Antes de tudo, proteja-se do sol Proteger-se do sol é uma das certezas que se têm sobre a saúde da pele (e do organismo). O filtro solar, do qual há poucas décadas nem se falava, tornou-se fundamental. É bem verdade que a absorção de vitamina D traz vários benefícios, e a única coisa que você precisa fazer é pegar um pouco de sol: meia hora, sem filtro solar, antes das 10h ou depois das 16h é o suficiente. E chega! Fora isso, o creminho é indispensável. O ideal é buscar os filtros com fator de proteção solar (FPS) de 30 ou mais. Coloque o protetor 30 minutos antes da exposição e reaplique-o a cada duas horas. O FPS protege contra os raios ultravioletas B (UVB), que causam vermelhidão e queimadura. Agora, os novos filtros solares também precisam apresentar no rótulo o nível de proteção dos raios UVA, estes, sim, responsáveis pelo envelhecimento e pelo câncer de pele. Deve ter um terço do valor do FPS. Fique de olho! 2. Água, sempre ela Uma pele saudável é um dos principais indicadores de uma boa 43
hidratação. A pele seca tem é mais propensa a rugas. A água ajuda a aumentar sua elasticidade, além de reabastecer as células: a renovação celular da pele diminui drasticamente quando há pouca água, e ela não responde bem a tratamentos contra acne ou hidratantes. O ideal você já deve saber: pelo menos dois litros por dia ou oito copos médios. 3. O câncer mais comum do mundo Um em cada três cânceres diagnosticados no mundo é o de pele, de acordo com a OMS. Todas as estatísticas mundiais têm o câncer de pele não melanoma no topo da lista dos mais comuns. Só para 2014, o Inca estima 182 mil novos casos deste câncer no Brasil, cerca de 30% de um total de 580 mil. Apesar de ser muito incidente, esse tipo raramente leva à morte. Causa feridas que não cicatrizam, que coçam, ardem, descamam, sangram ou mudam de cor. Em geral, são removidos por cirurgia, radioterapia ou até um medicamento. E podem deixar lesões profundas. Enquanto isto, o câncer de pele melanoma é menos incidente (4% da população brasileira), porém é mais perigoso e leva à morte. Os mais afetados são principalmente os de pele clara. 4. Largue o cigarro! Fumar deixa a pele com uma aparência mais envelhecida e contribui para o surgimento de rugas. O cigarro reduz ainda mais os já minúsculos vasos sanguíneos da pele, o que diminui o seu fluxo. O resultado é menos oxigênio e nutrientes na pele, importantes para a sua saúde. O hábito também acaba com o colágeno e a elastina — fibras que dão força e elasticidade. E se estes argumentos não forem o bastante, tem mais um: as expressões faciais que a pessoa costuma fazer quando fuma — como franzir os lábios ao inalar a fumaça — aumentam ainda mais as chances 44
de rugas. 5. Um prato de nutrientes para a pele No início pode nem fazer diferença. Mas prive a sua pele de nutrientes por um longo período e você notará que ela ficará sem vitalidade e envelhecida. Maior órgão do corpo e assim como qualquer outro, a pele precisa ser alimentada com opções saudáveis, como frutas, vegetais, grãos e proteínas magras. Além disso, saiba que há alguns alimentos que são especialmente benéficos para quem procura uma pele mais saudável. Presente em frutas e vegetais amarelos, abóbora, espinafre e queijo, a vitamina A ajuda no controle da acne e na regeneração celular. Em frutas cítricas e tomate, a vitamina C ativa a produção de colágeno e diminui os prejuízos do sol. Em castanhas e na soja, a vitamina E melhora a textura da pele e previne contra rugas. Os antioxidantes — do chá verde, blueberry e morango — têm propriedades anti-inflamatórias e protegem as membranas das células epiteliais. Outras substâncias benéficas são: biotina, niacina, selênio, cobre, zinco e ácidos graxos. 6. Relaxe: sua mente e sua pele agradecem O estresse pode tornar a sua pele mais sensível à acne e a outros problemas, como psoríase ou rosácea. Ele ainda provoca unhas quebradiças, leva à perda de cabelo e induz à transpiração excessiva. A mente e a pele estão conectadas em vários níveis. As terminações nervosas, por exemplo, estão ligadas à pele. No caso da acne, o corpo libera hormônios do estresse, como o cortisol, que aumentam a produção de óleo, desencadeando o processo inflamatório das espinhas. Para manter uma pele saudável — e uma mente também saudável, claro — 45
tente controlar o estresse. 7. Fios que valem bilhões No filme “Duplicidade”, Julia Roberts e Clive Owen são dois espiões que têm como meta roubar uma fórmula que faz crescer cabelo. Ela renderia altíssimos lucros no filme e, também, na realidade. Porque, embora uma série de estudos estejam avançando para fazer o cabelo voltar a crescer, cientistas ainda estão perdendo esta batalha para a genética. Além dela, os hormônios masculinos (como a testosterona) provocam a atrofia dos bulbos capilares, impedindo o crescimento de cabelo. Uma série de métodos vêm sendo desenvolvidos, e os que têm chamado mais atenção são os com as células-tronco. Enquanto isto, até é possível retardar a queda, mas desconfie de fórmulas milagrosas. O que você pode fazer é regular o seu estilo de vida, já que fatores externos podem acelerar o processo: fumo, álcool em excesso, estresse, alimentação inadequada e sono de má qualidade são alguns deles. 8. Mova-se e ganhe uma limpeza de pele Exercício físico mantém a saúde da pele. Indiretamente ele alivia o estresse, o que já sabemos ser prejudicial para a aparência. Só que, além disso, ele aumenta o fluxo sanguíneo, melhorando o abastecimento das células com oxigênio e nutrientes e mantendo um brilho saudável. Ele ainda ajuda a eliminar os restos celulares. É como se ganhássemos uma limpeza de pele. 9. Limpeza é bom, mas não irrite sua pele Não abuse da sua pele. A limpeza diária é essencial, mas vá com 46
calma. O banho demorado e com água quente remove os óleos naturais da pele, ressecando-a. O mesmo acontece com sabonetes e detergentes, então o melhor é escolher os produtos mais suaves e que agridam menos. Ao se barbear, use creme e loção pós-barba. Durante o dia, prefira produtos com antioxidantes porque eles também protegem contra o sol (além do protetor, é claro). E, à noite, os que contêm retinoides ou péptidos são ideais por suas propriedades de reparação. 10. Em vez de plástica, sexo Sexo regular pode rejuvenescer a pele, segundo vários estudos. Em ulho de 2013, ex-chefe da Psicologia do Envelhecimento no Royal Edinburgh Hospital, David Weeks, apresentou sua pesquisa num congresso[25], mostrando que, em média, homens e mulheres que praticavam sexo três vezes por semana pareciam de cinco a sete anos mais jovens. De maneira geral, o sexo melhora a circulação sanguínea, que ajuda a oxigenar a pele e dar-lhe um brilho saudável. Também libera substâncias anti-inflamatórias, como a oxitocina, que aceleram o processo de cicatrização. O suor ajuda a limpar os poros. Ele ainda aumenta os níveis de estrogênio, que melhoram a elasticidade e diminuem o ressecamento vaginal típico da menopausa.
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Sofrer pelo menos uma vez na vida com dor nas costas é algo quase impossível de evitar. A OMS estima que 80% da população mundial teve ou terá o problema. Mas a dor prolongada pode ser um sinal de danos em outros órgãos, como rins e pulmão. E dor nas costas associada à perda de peso também pode ser sinal de uma doença maligna, como um câncer espalhado por órgãos, a metástase. Ou ainda ser um sintoma de aneurisma de aorta ou cálculo renal. Dores nas costas que não passam após cerca de 15 dias devem ser investigadas. Mas, antes de se assustar, saiba que metade das pessoas com dor aguda nas costas, não importa se cervical, dorsal ou lombar, consegue eliminar o problema com exercício de reeducação postural — em que uma de suas versões é conhecido como RPG —, além de controle do peso e do estresse. 1. Cortando o mal pela raiz Para prevenir o início das dores, a fórmula é antiga e eficiente: controle de peso, exercícios físicos e cuidados com a postura. A melhor maneira de evitar a dor nas costas é fazer exercícios regularmente, e o mínimo desejável é de 150 minutos por semana. Pode ser qualquer atividade que mantenha o corpo ativo, mas há alternativas que são especialmente recomendadas para a coluna. Manter-se flexível com alongamento e fortalecer o centro do corpo, com atividades específicas e abdominais, estão entre elas. 2. Eles fazem bem para a coluna Qualquer atividade que mantenha o corpo ativo é boa, mas há alternativas que são especialmente recomendadas para a coluna. – A ioga promove a flexibilidade e o fortalecimento dos músculos 49
das costas. Mas se houver lesões, há determinadas posturas que são desaconselhadas. – Já a natação é uma ótima forma de reduzir o impacto do treinamento aeróbico. Ao contrário de correr ou praticar outros exercícios, ela é praticamente livre de impacto na estrutura da coluna. A água segura o corpo, aliviando o estresse nas articulações. – O pilates foca nos músculos posturais primários (abdômen e costas), mas alguns movimentos podem ser muito intensos para quem tem dor nas costas. A prática melhora força, flexibilidade e elasticidade dos músculos do quadril e da cintura. – E o Tai chi, técnica milenar chinesa de movimentos lentos e controlados, proporciona força, flexibilidade e equilíbrio. Alguns o chamam de meditação em movimento. Treina o corpo a evita a má postura. 3. Excesso de tratamento Pesquisadores da Universidade de Harvard mostraram que, em vez de receitar analgésicos e atividades leves para tratar a dor nas costas, os que têm furado a fila nos consultórios médicos são exames avançados de imagem, narcóticos e cirurgias — medidas que deveriam ser recomendadas só em casos de dor persistente. Os pesquisadores analisaram 23.918 visitas ao médico de pacientes que se queixavam de dor nas costas entre 1999 e 2010 nos Estados Unidos. Eles mostraram que o uso de analgésicos caiu 50%, mas o de opiáceos para dores de rotina cresceu 51%; além disso, tomografias computadorizadas e ressonâncias magnéticas aumentaram 57%, e o encaminhamento a outros médicos subiu 106%, o que, segundo os autores, é um provável 50
contribuinte para o aumento de cirurgias [26]. 4. Se o problema for na coluna… Existem algumas categorias principais de dores nas costas, quando provocadas de fato por problemas na coluna: – As dores mecânicas, que quase todos já tiveram em algum momento, são aquelas que variam de acordo com a posição da pessoa — melhoram quando deitado, por exemplo, ou pioram com a atividade física. – As inflamatórias, por sua vez, são piores pela manhã e melhoram durante o dia, causam enrijecimento e podem envolver outras articulações além da coluna. – As tumorais doem à noite e não melhoram em situações de repouso ou movimento. – Há ainda as traumáticas, estas bem fáceis de identificar, pois o início fica marcado pelo momento da queda ou acidente que provocou o problema. 5. Uma dor para cada fase Para cada fase da vida há tipos de dores de coluna mais frequentes: – Nas crianças e nos adolescentes, as dores em decorrência de tumores, infecções e doenças do desenvolvimento são mais comuns. – Os jovens adultos começam a apresentar os sintomas reumáticos e estão mais expostos ao trauma, seja pela prática de esportes ou situações de risco, como andar de moto.
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– Já adultos a partir dos 30 anos apresentam o desgaste discal, dos chamados “amortecedores da coluna”, que podem levar às hérnias e são a causa de dor mais frequente nesta fase da vida. – Os idosos passam a precisar de mais atenção e, em geral, voltam aos cuidados comuns às crianças, já que as dores causadas por infecções e tumores tornam a ser o motivo de dor nas costas, acompanhadas das dores decorrentes de fraturas causadas pela osteoporose. 6. Ai, aí dói! Quem nunca procurou uma massagista de preço camarada indicada pelo amigo ou ofereceu sua solidariedade para uma massagem nas costas de alguém? Há vários tipos diferentes de massagem e, para cada, uma indicação. Uma massagem malfeita pode aumentar as contraturas e causar mais dor. Se houver alguma doença, há áreas que nem podem ser estimuladas, como no caso de tumores ou inflamações. 7. Na hora de dormir A maioria das pessoas sabe que a postura é importante, mas ela não se aplica apenas para sentar-se ou ficar de pé. Os músculos e ligamentos das costas relaxam e se curam quando estamos dormindo. Independentemente da posição do sono, tente manter orelhas, ombros e quadris alinhados. O travesseiro deve apoiar a cabeça, além de manter a curva natural de pescoço e ombros. Dormir de lado é a melhor forma de evitar tensionar a coluna. E um travesseiro firme entre os joelhos vai prevenir que sua coxa deixe a coluna desalinhada e diminuir o estresse sobre quadris e lombar. Puxe os joelhos ligeiramente em direção ao 52
peito para dar apoio à coluna. Quando se virar na cama, lembre-se de não torcer ou dobrar a cintura, e sim mover o corpo inteiro. 8. Colchão e travesseiro: saiba como escolher A menos que você tenha uma condição que necessite de determinado tipo de colchão, você deveria escolher o que lhe dê mais suporte para as curvas naturais da sua coluna vertebral e que seja confortável. Muito macio ou muito duro não são os melhores. Ficar num meio termo é mais confiável. Considere trocar o colchão a cada dez anos. Já os travesseiros não servem apenas para a cabeça e o pescoço. Dependendo da posição do sono, travesseiros adicionais podem ajudar a coluna a ficar devidamente alinhada. O travesseiro para sua cabeça deve manter a curvatura natural do seu pescoço e ser confortável. Um muito alto pode colocar seu pescoço numa posição que cause estiramento dos músculos de costas, pescoço e ombro. É recomendável substituí-los a cada ano. 9. Quando se está sentado Boa parte dos trabalhadores e estudantes passa várias horas do seu dia sentado, seja na frente de um computador ou de um livro. Manter a postura é a melhor forma de evitar problemas. Por isso, note se a cabeça está muito inclinada, o que provoca tensão e dores no pescoço. Além disso, com o punho pressionado pela borda da mesa, você pode ter dormência nos dedos da mão. O recomendável é que a cadeira tenha rodinhas e apoio para os cotovelos. O monitor deve ficar pouco abaixo dos olhos, ideal para leitura. A coluna e os braços precisam estar alinhados. 53
10. Ao se agachar Pegar crianças do chão para o colo ou fazer uma mudança podem nos deixar com aquela dorzinha nas costas. Saiba que, ao se agachar, é importante manter os joelhos semiflexionados, os pés afastados e o abdômen contraído. Do contrário, ao abaixar os braços com as pernas esticadas, pode haver uma sobrecarga na coluna. Além disso, evite levantar móveis e objetos pesados sozinho.
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O número de pessoas diabéticas não para de crescer no Brasil, e os índices já se igualam aos dos Estados Unidos, onda há uma das piores epidemias de obesidade do mundo. Os dois países já têm 9,2% da população com diabetes — em 2010 o Brasil tinha 6,4%. Os dados de novembro de 2013 estão no relatório da Federação Internacional de Diabetes (IDF, na sigla em inglês), ligada à OMS. O diabetes é causado por um defeito na produção de insulina, o que aumenta o nível de açúcar no sangue e pode levar a várias complicações, como problemas na vista (catarata, retinopatia diabética), na pele e nos pés (pequenas feridas ou rachaduras, que podem se tornar úlceras), no coração (risco de ataque cardíaco, hipertensão, colesterol alto e derrame), além de dormências, problemas no estômago, no intestino e até nos rins. 1. Quem pode desenvolver diabetes tipo 2 A obesidade é o principal fator de risco para o diabetes tipo 2. Outros são: sedentarismo, pressão alta, histórico familiar ou etnia de maior risco (afrodescendentes, latino-americanos e asiáticos). Mulheres que tiveram filhos com mais de 4,5 kg ou desenvolveram diabetes gestacional também devem ficar mais atentas. 2. Doença silenciosa Sede excessiva, vontade constante de urinar, cansaço, fome, emagrecimento e visão turva. Os sintomas do diabetes, além de muitas vezes demorarem a aparecer, são facilmente confundidos com outras enfermidades. E uma das preocupações dos médicos é exatamente se tratar de uma doença silenciosa. Os sinais mais conhecidos, como o de 56
urinar muito, ocorrem quando a glicose está acima de 180 mg/dl, enquanto que em 126mg/dl já é considerado diabetes. Estima-se que no Brasil 2,8 milhões de pessoas têm a doença sem saber, segundo a IDF. E a única forma de ter certeza é por meio de exames. 3. O tipo menos comum e mais grave Pelo menos 80% dos casos de diabetes são do tipo 2, o que está intimamente relacionado com a obesidade e o estilo de vida. O tipo 1 é uma doença autoimune e exige que o indivíduo receba doses diárias de insulina. Hoje há uma incidência de 10,4 por 100 mil habitantes de 0 a 14 anos no Brasil. Geralmente acomete os mais jovens, e o risco é maior entre pessoas com histórico na família ou que desenvolvem outras doenças autoimunes. Além disso, há ainda o tipo Lada (diabetes autoimune latente do adulto), uma forma tardia do diabetes tipo 1. Quanto mais tarde este tipo autoimune aparece, menos agressiva a destruição do pâncreas, o que, no passado, levou especialistas a confundirem este com o tipo 2, só que em magros. 4. Cada vez mais jovens O Brasil não tem dados específicos, mas especialistas garantem que o diabetes está atingindo cada vez mais adolescentes. Eles se baseiam na prática diária e em alguns estudos sobre a população dos Estados Unidos, como do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), órgão do governo federal que mostrou que 23% das crianças em 2008 tinham pré-diabetes e diabetes tipo 2, contra 9% no ano 2000 [27]. Com o crescimento da obesidade, aumenta também o diabetes tipo 2. E como a nossa população vem assumindo cada vez mais padrões similares aos da cultura americana, incorporamos também os males. 57
5. Risco alto também no Rio Um levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do Rio (Sbem) com 600 pessoas, em 2012, mostrou que cariocas de fato precisam se cuidar mais: 45% dos examinados têm risco elevado de ter diabetes. Riscos moderado e discretamente elevado somaram 40%. E baixo risco, apenas 18% do total. As pessoas não chegaram a ser diagnosticadas, mas apresentavam fatores de risco fortes — como nível de gordura, circunferência do abdômen, hereditariedade, entre outros — para desenvolver a doença. 6. Diabetes gestacional Também ligado à obesidade, o diabetes gestacional é outro tipo desconhecido de muitos. Assim como a obesidade e a diabetes tipo 2, essa outra forma da doença também vem se espalhando, embora não haja dados específicos sobre isso. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, ela ocorre quando há elevação da glicose durante a gravidez. É possível que os níveis se normalizem depois do parto, mas essas mulheres têm maior risco de, depois disso, desenvolver a diabetes tipo 2. E o mesmo pode ocorrer com o bebê. O conselho de especialistas é que mulheres interessadas em engravidar façam exames antes. 7. O importante é se movimentar (e controlar o açúcar) Não há dúvidas dos benefícios da atividade física para quem tem risco ou já foi diagnosticado com diabetes. Mas é importante controlar os índices glicêmicos, principalmente no tipo 1. Se os níveis de glicose estão baixos (menor que 100 mg/dL) antes do treino, coma um pouco de carboidrato, como uma fruta ou biscoitos. Se estão entre 100 e 250 58
mg/dL, estão nos níveis ideais para a prática. Acima de 250 mg/dL, é a zona de cuidado. Melhor conversar com um especialista antes. 8. O mito do açúcar Existem alguns mitos que envolvem o diabetes. O principal deles é que para preveni-lo basta evitar o açúcar. As pessoas esquecem, entretanto, que uma porção de batata frita tem mais açúcar que duas colheres cheias de chocolate. Aliás, ao contrário do que muitos pensam, a alimentação do diabético não deve cortar totalmente doces. Tudo bem que ele precisa se cuidar mais, porém a sua alimentação não deve ser muito diferente de pessoas sem o problema. Ou seja, equilíbrio entre proteínas, carboidratos e consumo de vegetais e frutas. O mais importante é que seja adequada em qualidade e quantidade e que as refeições não sejam feitas com longos períodos de intervalo entre elas. 9. Nada de cortar o pão integral Antigamente era recomendado que os diabéticos cortassem da dieta também os carboidratos, pois são convertidos em glicose em um tempo que pode variar de 15 minutos a uma hora, de acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes. Mas hoje, os estudos mostram que não é preciso, nem prático, eliminar o pãozinho integral. Isso porque os grãos integrais são até benéficos, já que têm menos açúcar, matam a fome e reduzem o colesterol. Com a ajuda de um nutricionista, você conseguirá controlar a quantidade de carboidratos e tornar a dieta menos penosa. 10. Não é bom beber de estômago vazio (muito menos para o diabético)
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Pode parecer estranho, mas os diabéticos também podem ter episódios de hipoglicemia, ou seja, quando há pouco açúcar no sangue. Isto geralmente ocorre quando a pessoa usa insulina, algum medicamento que tenha este efeito ou até mesmo quando o diabético está começando a tentar equilibrar a sua taxa de açúcar. O álcool leva à hipoglicemia quando está associado a remédios. Não quer dizer que o diabético não possa beber, apenas que ele beba de barriga cheia.
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Com o avanço do conhecimento sobre as causas das doenças cardiovasculares, poderíamos pensar que temos mais armas hoje do que há décadas para controlá-las. Na teoria até faz sentido, mas, na prática, elas vêm vitimando cada vez mais pessoas. Segundo a OMS, 17,3 milhões morreram em decorrência dessas doenças em 2008. Em 2030, são esperadas, segundo o órgão, 23,3 milhões de mortes. Inclusive, é principal causa de mortes no mundo, quase 30% do total. Isso ocorre, em parte, porque embora tenhamos mais ferramentas, atitudes básicas no dia a dia não são levadas em conta. A sociedade moderna nos trouxe mais sedentarismo, estresse, alimentação desequilibrada, o que certamente confere um maior risco cardiovascular do que nossos antepassados tinham. Os alimentos industrializados têm quantidades exageradas de açúcares, sal e gorduras ruins. Estamos permitindo que nossas crianças troquem brincadeiras ativas por atividades em computadores e videogames. Dedicamos cada vez menos momentos de refeições em família ou com amigos; tendemos a comer depressa para retornarmos mais rapidamente às crescentes demanda de trabalho que um mundo em movimento contínuo nos impõe. Não nos faltam estímulos para maus hábitos. A prevenção ainda é o melhor remédio para os males do coração. 1. Os sete principais vilões Há sete fatores de risco – os principais vilões – para o aparecimento de doenças cardiovasculares: diabetes, tabagismo, pressão alta, sedentarismo, história familiar, colesterol alto e envelhecimento. Alguns desses fatores, como a idade e a genética, não podem ser mudados, mas os outros podem ser controlados ou revertidos com mudanças do estilo de vida e, em alguns casos, uso de medicamentos. Ou seja, são 62
principalmente as nossas escolhas que aumentam ou diminuem os riscos de adquirir essas doenças. Fazer mais exercícios físicos e ter alimentação equilibrada estão entre as principais recomendações de cardiologistas. 2. Álcool pode fazer bem e mal O álcool, se consumido em excesso, também poderia estar na lista de vilões da saúde cardiovascular. Ele, por exemplo, aumenta o risco de infarto e insuficiência cardíaca. Por ser tóxico, prejudica a atividade do músculo do coração, além de elevar a pressão arterial e aumentar a incidência de acidente vascular cerebral. Por isso, é contraindicado para quem já está doente. Mas não é uma taça de vinho que vai elevar os riscos de pessoas saudáveis. Já foi provado que o vinho tem polifenóis, considerados protetores do coração. O importante é ficar de olho nos limites diários. O “European Guidelines” aponta que o ideal é consumir até 20g de álcool por dia, no caso dos homens, o equivalente a 150 mililitros (ml) ou uma taça; e 10g para mulheres, o mesmo que 75 ml. Mas, enquanto isto, o Ministério da Saúde aponta que 18,9% da população brasileira exageram na bebida. E o “National Health Interview Survey – um banco de dados do governo americano – mostra que somente 25% dos homens que bebem mais de três doses por dia têm a percepção de que passam do limite. 3. Use uma fita métrica O abdômen é um indicador de que a saúde do coração pode não estar das melhores. O acúmulo de gordura nesta região aumenta em cerca de duas vezes o risco cardíaco, mesmo quando a pessoa está com o peso normal. Portanto, use uma fita métrica. É fácil, bastante útil e 63
recomendado por médicos. A medida do quadril deve ser maior do que a do abdômen. Se esta relação estiver invertida, trata-se da perigosa gordura visceral ou central, fator de risco para a síndrome metabólica, que leva a uma série de alterações no metabolismo do nosso corpo e que está intimamente relacionada às doenças cardiovasculares. 4. Diminua o sal O prato chega à mesa de um restaurante, e sem nem provar já vamos adicionando sal à comida. A prática é comum, mas o problema é que o consumo de sal em excesso leva à pressão alta, que prejudica a flexibilidade das artérias e ataca os vasos sanguíneos e o coração. Para se ter ideia do quanto exageramos, hoje o brasileiro consome em média 12 gramas de sal por dia, o dobro do recomendado pela OMS. Na prática, cada pessoa deveria ingerir, no máximo, três colheres rasas de café por dia. Tente apenas imaginar o quanto a mais está ingerindo… Acrescente a esta conta a quantidade de sal dos produtos industrializados, que não é pequena. Inclusive por isso, o governo vem firmando acordos com as indústrias para a redução de sal desses produtos. 5. Respire melhor Em vez de medicamentos para controlar a hipertensão, tente antes técnicas de respiração lenta, como ioga, meditação e tai chi. A própria Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda essas práticas em suas diretrizes no tratamento inicial da pressão alta. Não é a única. A Associação Americana do Coração, uma das principais do mundo, diz que tirar poucos minutos do dia para relaxar com a meditação diminui esse risco. Ela alivia o estresse, um alarme natural do corpo, 64
responsável por liberar hormônios como a adrenalina, que aumenta a pressão sanguínea e o batimento cardíaco. Existem inúmeras técnicas de meditação. O mais importante é respirar profundamente e tentar se concentrar, seja num som ou numa cenário relaxante. 6. Sinais de risco silenciosos Nem sempre é fácil notar os sinais de que a saúde do coração pode estar comprometida. Alguns dos fatores de risco para as doenças cardiovasculares são silenciosos, não apresentam sintomas. Como vimos no capítulo anterior, o diabetes está entre eles. Mas também entram na lista, o aumento das taxas de gordura no sangue e a pressão alta. Essa última, por exemplo, pode ser assintomática, quase 50% da população não têm sintomas comuns, como dores de cabeça, zumbido no ouvido, sangramento no nariz e palpitações. É aconselhável, por isso, uma visita ao médico pelo menos uma vez por ano para avaliações de pressão arterial, peso, entre outras. 7. Ataque do coração e derrame também podem ser discretos É comum pensar que um ataque do coração jamais passaria desapercebido, já que a dor no peito seria bastante evidente. Mas isso é um mito. Embora seja comum ter dor no peito ou desconforto, o ataque cardíaco pode ter sintomas sutis, que incluem certa dificuldade de respirar, náusea e dores em braços, pescoço ou costas. O mesmo acontece com o acidente vascular cerebral, ou derrame. Os sintomas muitas vezes não são reconhecidos: paralisia de um dos lados do corpo, diminuição da força, alteração da fala e dor de cabeça intensa. Portanto, fique atento, já que as chances de recuperação e até sobrevivência são maiores quanto mais rápidos for o diagnóstico e o tratamento. 65
8. Um problema pesado Estar acima do peso não é apenas uma questão estética. O sobrepeso aumenta consideravelmente o risco de vários problemas, como colesterol, pressão alta e resistência à insulina (precursor da diabetes tipo 2), fatores que aumentam o risco das doenças cardiovasculares. E os brasileiros estão progressivamente engordando. Mais da metade da população (51%) com mais de 18 anos tem sobrepeso e 17% são obesos, um a cada seis indivíduos. De 2006 para cá, o aumento foi de 6%. Dietas da moda e suplementos não são a resposta. Controlar a ingestão de calorias e praticar atividade física são as melhores formas de manter o peso normal. Fique de olho no seu índice de massa corporal (IMC). Ela é calculado a partir da divisão do peso em quilogramas pelo quadrado da altura em metros (kg/m2). Acima de 25 kg/m2 significa excesso de peso. E quando o valor ultrapassa os 30 kg/m2, já é considerada obesidade. 9. Atenção especial para a mulher Sociedades cardiológicas em todo o mundo vêm dando mais atenção ao coração da mulher. Com múltiplas tarefas, seja como mães, esposas ou no trabalho, elas têm sido vítimas cada vez mais frequentes de doenças cardiovasculares. Segundo a Federação Mundial do Coração, estas doenças matam 8,6 milhões de mulheres por ano. Em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, elas têm mais chances de morrer. No Brasil, por exemplo, a proporção de mortes por estas doenças em mulheres com idades entre 35 e 59 anos é 75% maior do que nos Estados Unidos, segundo a federação. 10. Jovens também sofrem do coração 66
Com o avanço da idade, aumenta-se o risco de doenças cardiovasculares. Mas elas também acometem os mais jovens. Cerca de 10% dos ataques cardíacos ocorrem entre homens com menos de 45 anos. Um amplo estudo com cinco mil jovens americanos, com idades entre 18 e 30 anos, monitorados por 15 anos, chegou a algumas conclusões interessantes: fumar dez cigarros por dia aumenta a chance de doença arterial coronariana em 50%; cada elevação de 30 mg/dL no LDL (o mau colesterol) também provoca aumento do risco em 50%; e finalmente, cada 10 mm Hg a mais na pressão arterial eleva o risco em 30%. Além desses fatores já conhecidos, o uso de anabolizantes também afeta o coração dos mais jovens. E até mesmo os famosos energéticos, se consumidos em excesso, podem levar a arritmias e outras complicações, segundo alguns novos estudos.
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O primeiro trago ocorre geralmente entre os 13 e os 18 anos. No início, é comum vir o nojo, a tosse e, às vezes, o vômito. Mas em vez de cessar a experiência malsucedida ali, o indivíduo busca de novo o objeto que por décadas foi sinônimo de glamour ou de anarquia. Dali para frente, sua história de vida acaba por se confundir com a do cigarro: a vontade de fumar aumenta, principalmente com o consumo bebida alcoólica; os primeiros maços são comprados nas bancas. O cigarro é atraente nos momentos felizes, mas também nos estressantes. Em pouco tempo, se torna indispensável em todos os momentos. Às vezes, até durante a noite, entre as horas de sono. Para a OMS, o uso do tabaco é uma das principais ameaças à saúde pública. Pois, segundo o órgão, há mais de um bilhão de fumantes no mundo, e ele mata 5,4 milhões de pessoas anualmente, uma média de uma a cada seis segundos. No século XX, cem milhões morreram em decorrência do tabaco. Se esta tendência continuar, será um bilhão no século XXI. Parar não é nada fácil, pois o vício da nicotina atinge nove entre dez pessoas que a experimentam. Mas há estratégias que podem ajudá-lo. 1. Uma tragada de substâncias tóxicas A cada tragada, a fumaça do cigarro é inalada para os pulmões, levando cerca de 4.700 substâncias tóxicas ao organismo. A principal delas é a nicotina, considerada pela OMS uma droga psicoativa que causa dependência. A nicotina chega em nove segundos ao cérebro e age no sistema nervoso central, liberando dopamina, substância que dá a sensação de prazer. O efeito dura de 30 minutos a duas horas, por isso o fumante recorre a vários cigarros durante o dia. Outra substância é o monóxido de carbono (CO): o mesmo que sai do cano de escapamento 69
dos carros e que é responsável por reduzir a oxigenação sanguínea no corpo. Além disso, o alcatrão, um composto de mais de 40 substâncias cancerígenas, entre elas o arsênio e resíduos de agrotóxicos. 2. Um vício do qual é difícil fugir A nicotina do cigarro é inalada e libera mais dopamina do que o sexo e a comida. O fumante então se condiciona a ela e se torna dependente. Novos estudos, inclusive, vêm mostrando que os cigarros hoje estão mais viciantes[28]. Embora as organizações tenham fixado limites de nicotina e outras substâncias no cigarro, as indústrias têm encontrado formas de maximizar a quantidade inalada. Há 20 anos, passou a ser acrescentada a amônia, substância que potencializa a nicotina. Atualmente, a estratégia é manipular o design do cigarro. As táticas incluem projetar filtros mais eficientes, selecionar papéis e adicionar produtos químicos para tornar o fumo menos pesado e mais fácil de inalar. 3. O vício vai além da química Há três tipos de dependência do cigarro: física (da nicotina), psicológica e comportamental. No caso da psicológica, o cigarro está associado às emoções. São bengalas para lidar com a solidão e o estresse, por exemplo. Já a comportamental se refere aos hábitos associados a fumar: depois das refeições, junto com o café ou com o álcool. Não há dose segura para controlar o vício, costumam dizer especialistas. Portanto, não há dose segura para não se tornar dependente, nem para voltar a fumar com menos intensidade. Um cigarro 70
para o reincidente pode ser suficiente para reavivar o vício. 4. O que ele causa O hábito é responsável por 90% das mortes por câncer de pulmão, 25% por doença coronariana, 85% por doença pulmonar obstrutiva crônica e 25% por doença cerebrovascular. No mundo, o tabagismo é a principal causa de morte evitável, segundo a OMS. Outras doenças comuns causadas pelo cigarro são aneurisma arterial, trombose vascular, úlcera do aparelho digestivo, infecções respiratórias e impotência sexual. 5. O narguillé só parece inofensivo De origem oriental e usado pelo menos desde o século XVII, o narguillé é visto como menos nocivo à saúde. Mas a verdade é que ele pode valer por cem cigarros, já que o processo dura mais do que apenas um cigarro. Assim como o tradicional, ele causa câncer, doenças respiratórias e dependência. E o risco não está relacionado só ao fumo. O narguillé é um utensílio que geralmente é compartilhado, então existe também o risco de doenças infectocontagiosas. Compartilhar o bocal pode resultar na transmissão de herpes, hepatite C e tuberculose. 6. Dinheiro queimado O tabagismo gera uma perda mundial de US$ 500 bilhões por ano. Este valor é o resultado do tratamento das doenças, mortes de cidadãos em idade produtiva, aposentadorias precoces, aumento no índice de faltas ao trabalho e menor produtividade. Isto representa entre 6% e 15% do setor de saúde de países desenvolvidos. No Brasil, ainda não há 71
dados conclusivos, mas estima-se que o custo esteja em torno de 7% de todas as internações e procedimentos de quimioterapia pagos pelo SUS. Além de queimar o dinheiro público, queima também o do fumante, que poderia investi-lo em coisas mais úteis. 7. Decidi parar! O mais importante é escolher uma data para ser o primeiro dia sem cigarro. Este dia não precisa ser um dia de sofrimento. É possível fazer dele uma ocasião especial e é aconselhável programar algo que dê prazer para se distrair e relaxar. Há duas formas de largar o cigarro: a parada imediata, recomendada pelos órgãos de saúde; ou a parada gradual, ou seja, a redução gradual do número de cigarros. Este segundo processo não deve levar mais do que duas semanas. 8. O que pode dar errado Síndrome de abstinência, medo de fracassar, dificuldade de lidar com a ansiedade e com o estresse são algumas das principais barreiras para parar de fumar. Entre as mulheres, o ganho de peso é um temor constante e atinge cerca de 50% das fumantes. O periódico “British Medical Journal” apontou que o receio realmente tem fundamento: fumantes engordam, em média, entre quatro e cinco quilos no primeiro ano sem cigarro[29]. Mas controlar a ansiedade e fazer exercícios podem quebrar esse paradigma. Medicamentos e ajuda profissional também controlam a crise. 9. Distraia o vício Chupar gelo, escovar os dentes a toda hora, beber água gelada ou 72
comer uma fruta distraem quem tem vontade de fumar. Manter as mãos ocupadas com um elástico ou pedaço de papel também. A vontade de fumar não dura mais do que alguns minutos. Outra dica é guardar o dinheiro que se gastaria com o cigarro e utilizá-lo em presentes para si próprio ou colocá-lo na poupança. 10. Por que vale a pena Parar de fumar pode trazer benefícios imediatos ao organismo. De acordo com o Ministério da Saúde, em 20 minutos, a pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal; após duas horas, não há mais nicotina no sangue; após oito horas, o nível de oxigênio no sangue se normaliza; após dois dias, o olfato e o paladar ganham sensibilidade; após três semanas, a respiração fica mais fácil e a circulação sanguínea melhora; após dez anos, o risco de sofrer infarto do coração será igual ao de quem nunca fumou, e o risco de desenvolver câncer de pulmão cai à metade.
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A sociedade tolera pouco a tristeza. Ela é inconveniente, desagradável, especialmente hoje que temos drogas para tudo. Há uma pressão para ser feliz o tempo todo. Mas todo mundo fica triste por uma desilusão, uma perda, um problema. É uma emoção humana e dizem até que é bom ficar triste de vez em quando, pois é o que nos move para mudar. É o que mostra que alguém é de fato importante para nós. Entretanto, a tristeza não é constante, ao contrário da depressão. Esta, sim, é uma doença difícil de controlar e que precisa de tratamento. Uma em cada cinco pessoas no mundo terá depressão em algum momento da vida. É um dos problemas mais comuns do globo terrestre, com cerca de 350 milhões de pessoas afetadas, segundo a OMS. No Brasil, há 17 milhões de doentes, mas muitas vezes a doença não é diagnosticada ou tratada. As teorias sugerem que importantes neurotransmissores (serotonina, dopamina e noradrenalina) ficam desequilibrados na depressão. Geralmente a pessoa deprimida sente ansiedade, angústia, incapacidade de sentir prazer em atividades que antes eram agradáveis, pessimismo, dificuldade de concentração, perda ou aumento do apetite, insônia, entre outros. 1. A influência da genética A depressão é causada por uma combinação de fatores genéticos, psicológicos e ambientais. Em 2011, um estudo da King’s College London isolou um gene (3p25-26) que estava presente em mais de 800 famílias com histórico de depressão. A pesquisa mostrou que aqueles com pais ou irmãos depressivos são até três vezes mais propensos a ter o problema[30]. Mesmo assim, cientistas afirmam que apenas 40% dos que têm depressão são por traços genéticos. A maioria (60%) fica doente 75
por outros fatores do ambiente. 2. Mulheres têm mais depressão Do momento que uma menina atinge a puberdade até por volta dos 50 anos, quando chega à menopausa, ela tem duas vezes mais chances de ter depressão ou ansiedade do que o homem. Isso ocorre principalmente porque a mulher passa por várias transformações hormonais que podem afetar a sua saúde mental. Depois desse período, a tendência é igualar a incidência de depressão entre homens e mulheres. 3. Tomar ou não tomar remédio, eis a questão Na maioria dos casos, a depressão é tratada por meio de medicamentos e terapia. Existem mais de 30 antidepressivos disponíveis. Entretanto, eles não são eficientes para todos os doentes, e também é preciso fazer mudanças no estilo de vida para ter melhores resultados. Um estudo de 2006 do governo americano mostrou que menos da metade das pessoas ficava livre dos sintomas com antidepressivos, mesmo depois de tentar medicamentos diferentes [31]. Atualmente, há uma série de estudos para tratar a depressão, e uma das frentes consideradas promissoras é a neuromodulação, ou seja, o uso de eletrodos no cérebro para modificar funções cerebrais, controlando, assim, a tristeza profunda. 4. Depressão pós-parto é mais comum do que se imagina Estatísticas mundiais apontam que 13% das mulheres grávidas ou novas mães têm depressão. Mas um estudo da USP mostrou que no Brasil este índice pode chegar a 28%, mais de o dobro [32]. Ou seja, é uma 76
condição relativamente comum. As variações hormonais da gravidez deixam-nas mais suscetíveis à depressão. Nas primeiras 24 horas do nascimento do bebê, por exemplo, os níveis hormonais, antes elevados, rapidamente voltam ao normal. Além disso, uma série de expectativas, dúvidas, angústias pode surgir neste período tão importante e mágico da vida. Há ainda uma diferença entre uma certa tristeza, que costuma durar até uma semana após o parto, e a depressão de fato, que compromete a saúde da mulher e pode trazer riscos até para a criança. 5. Cuide também da saúde do coração A depressão não afeta apenas o seu cérebro, mas todo o corpo. A doença cardiovascular pode levar à depressão e vice-versa, segundo a OMS. Há uma porcentagem de pessoas que depois de um ataque cardíaco desenvolve depressão, assim como pessoas deprimidas que podem ter essas doenças. Segundo um estudo do Hospital Pró-Cardíaco, a prevalência da depressão é de 6%, enquanto que em pacientes pósinfarto ou com doença arterial coronariana este índice chega a 20% e em doenças cardíacas mais graves, a 50%. O motivo dessa relação não está totalmente desvendado por cientistas, mas uma coisa é certa: é preciso tratar todo o corpo para se ver livre dos sintomas ou mesmo evitar que eles apareçam. 6. Mexa-se. Vale a pena o esforço Quando a pessoa está deprimida, a última coisa que ela quer é se levantar para praticar qualquer exercício. Mas os benefícios valem o esforço. O exercício aumenta a ação das endorfinas, substâncias que melhoram a imunidade, reduzem a sensação de dor e melhoram o humor. Ele ainda reduz a pressão arterial, protegendo-o contra doenças 77
cardiovasculares (como vimos, depressão e coração estão intimamente ligados). Outro motivo é que, com o exercício, você fica mais bonito, e isso também melhora a sua autoestima. 7. Quem faz o bem é mais feliz O conselho é antigo, mas a fundamentação da ciência hoje comprova essa crença. Um estudo do neurocientista da UFRJ Jorge Moll Neto revelou que o chamado sistema de recompensa mesolímbico do cérebro, onde se manifestam as sensações de prazer, é ativado pelo indivíduo que escolhe fazer o bem[33]. Nos experimentos, ele mostrou que quando doamos dinheiro para uma instituição de caridade, ativamos o nosso sistema cerebral de prazer mais intensamente, se comparado a quando recebemos dinheiro. Isso significa que temos um sistema biológico programado que nos dá mais prazer fisiológico ao doar do que ao receber algo. 8. Fé mantém pessoas mais saudáveis Em 1988, a OMS mudou a definição de bem-estar físico e mental. Deixou de ser apenas o fato de não ter doença para ser o bem-estar biológico, psicológico, sociológico e — vejam só — espiritual. Independentemente da religião ou crença, estudos têm mostrado que pessoas com motivação espiritual são mais saudáveis e conseguem se curar mais facilmente de doenças. A força mental associada à fé dá mais chances de sucesso em qualquer tratamento médico, de acordo com uma série de pesquisas do psicólogo Harold Koenig, especialista nos efeitos da religiosidade na medicina, por exemplo [34].
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9. A ajuda da meditação A meditação beneficia o cérebro de várias formas. E ultimamente cientistas têm mostrado que ela também pode ajudar em casos de depressão moderada. Um estudo publicado na revista “Jama Internal Medicine” diz que o estado de atenção plena da meditação é uma arma na luta contra a depressão e pode funcionar tão bem quanto antidepressivos no alívio dos sintomas [35]. Que tal tentar? 10. Álcool e depressão: mistura perigosa Estar triste e beber para aliviar a ansiedade é um hábito comum. O caminho inverso também ocorre, ou seja, o álcool afeta a bioquímica do cérebro, aumentando o risco de depressão. Aliás, as ressacas podem criar um ciclo vicioso em que você já acorda se sentindo mal, ansioso, nervoso ou culpado. Mais dois motivos para evitar o álcool nessas condições: antidepressivos não podem ser ingeridos com bebida, além disso, alcoolismo e depressão são fatores de risco para o suicídio. Mais de 90% das pessoas que se suicidam têm depressão ou outro transtorno mental.
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Os números de câncer crescem progressivamente. Estimam-se 27 milhões de novos casos em 2030, contra 12 milhões em 2008, segundo a OMS. Mas a boa notícia é que numa velocidade talvez até maior, também avançam as terapias contra a doença, cada vez mais precisas para atingir só os tumores. Como resultado, menos efeitos colaterais e maior eficácia. Além disso, nações como Estados Unidos e Reino Unido são exemplos de que políticas públicas ajudam no controle do câncer, e nesses lugares o número de mortes está diminuindo (embora o de casos ainda esteja aumentando). Infelizmente não é o caso do Brasil. Entre 1979 e 2011, houve um aumento de cerca de 15% da taxa de mortalidade para mulheres (de 55 para 62,99 por 100 mil) e de 20%, para homens (de 73,16 para 87,75 por 100 mil). Mas saiba que a prevenção não está nas mãos só do governo. Há muito o que você pode fazer para reduzir os riscos de desenvolver a doença, que atinge principalmente os mais velhos. 1. Uma doença da terceira idade É verdade que o câncer atinge pessoas de todas as idades, mas é uma doença que está muito mais presente nos idosos. A idade é, portanto, o maior fator de risco para o câncer — quanto mais velho, mais provável desenvolvê-lo. Isso porque quanto mais tempo vivemos, mais falhas se acumulam no nosso DNA. Mais de um terço dos cânceres são diagnosticados em pessoas acima de 75 anos, para se ter ideia. E nove entre dez ocorrem nos acima de 50 anos. Mas este não é o único fator: genética e estilo de vida também têm peso. 2. Você gostaria de saber o seu risco? 81
Os testes de risco genético ganharam popularidade no início de 2013, quando soubemos que a atriz Angelina Jolie decidiu fazer uma cirurgia para a retirada das mamas. Ela não tinha câncer. Mas tinha feito o teste que indicava uma alta probabilidade de desenvolver a doença. Depois, os testes se multiplicaram no mercado, principalmente nos Estados Unidos. E, no mesmo ano, o governo brasileiro anunciou que o SUS pagará por testes genéticos da população. Ele não mostra apenas o risco de câncer, mas de várias outras doenças que têm componentes genéticos. O tema provoca debate: alguns especialistas veem a possibilidade de prevenir danos maiores, outros pedem cautela, já que o risco não indica que a pessoa terá de fato a doença. Fatores ambientais têm grande influência em prevenir ou provocar tumores. E você, gostaria de saber se pode ou não ter câncer? 3. O câncer é curável Sendo uma doença que avança e mata cada vez mais pessoas próximas de nós, o medo do câncer é até justificável. Mas ao contrário do que alguns pensem, todos os tipos de câncer são curáveis se diagnosticados cedo. Neste período, eles tendem a ser menores e são mais fáceis de ser removidos cirurgicamente ou de responder à quimioterapia e à radioterapia. Mesmo aqueles que são diagnosticados mais tarde podem ser curados. Mas em vez da cura, nestes casos, alguns especialistas já preferem entender o câncer como uma doença crônica, ou seja, a pessoa viverá com ela por um longo período. Enquanto uma terapia não seja capaz de curá-lo, ela pode ampliar a expectativa de vida até que um tratamento mais promissor esteja disponível. 4. Diagnóstico precoce é a melhor forma de combater o câncer 82
Quanto mais cedo diagnosticado o câncer, maiores as chances de cura. Por isso, fique atento aos sinais: nódulos, febre contínua, feridas que não cicatrizam, indigestão constante e rouquidão crônica. Além disso, o Brasil tem programas de rastreamento: – Recomenda-se fazer a mamografia a cada dois anos em mulheres entre 50 e 69 anos, contra o câncer de mama. – O exame preventivo (o papanicolau) precisa ser feito periodicamente para evitar o câncer de colo do útero (causado pela infecção de HPV). – Já o câncer de cólon e reto pode ser rastreado através da pesquisa de sangue oculto nas fezes e pessoas com mais de 50 anos devem fazer o exame de colonoscopia. – Para o câncer de próstata, o exame de PSA é o mais indicado, mas ele tem gerado calorosos debates. O Inca não recomenda o PSA como exame periódico da população, já que a prática não tem reduzido mortes. Mas muitos médicos o consideram importante. Há consenso de que a consulta a um urologista a partir dos 45 anos é fundamental. 5. Respirar causa câncer Esperávamos o momento na História em que a afirmação, aparentemente absurda, de fato seria uma verdade. A cada momento, descobrimos um pouco mais sobre esta doença que avança rapidamente no mundo e tem motivos diversos, muitos dos quais ainda a serem desvendados. Pois a poluição é também um fator cancerígeno, segundo a OMS. O que não significa, obviamente, que todos os que vivem nas grandes cidades e respiram diariamente o ar poluído terão câncer. Mas é, sim, um motivo de preocupação e que deve servir como mais um 83
argumento para o controle das emissões de CO2. Em 2010, 223 mil pessoas morreram por câncer de pulmão causado pela poluição atmosférica e por um conjunto de poluentes, como poeira e fumaça, conhecido como material particulado. Por enquanto, a maior parte dos casos se concentra em países recentemente industrializados, como a China e a Índia. 6. Fumar não causa apenas câncer de pulmão O cigarro representa pelo menos 30% de todas as mortes por câncer. Só de pulmão, ele é responsável por 87% delas. Mas, ao contrário do que muitos pensam, o fumo não provoca apenas câncer no pulmão. A Sociedade Americana de Câncer lista os seguintes tipos relacionados ao tabaco: pulmão, laringe, boca, língua, lábios, nariz, garganta, esôfago, estômago, pâncreas, colo do útero, rim, bexiga, ovário, cólon e reto, além de leucemia mieloide aguda. Isso porque o tabaco tem mais de 4.700 substâncias químicas, das quais 43 são cancerígenas. Em contato constante com o corpo, elas agridem as células, levando-as a mutações, o início do câncer. 7. Cuidado com o abuso de álcool Além de vários problemas associados ao consumo intenso de álcool, existe mais um para a lista: ele aumenta o risco de cânceres da cavidade oral, como garganta, esôfago, além de fígado, mama, cólon e reto. Esse risco é proporcional à quantidade de álcool que uma pessoa bebe. Segundo o Instituto Nacional do Câncer dos EUA, quando é metabolizado, o álcool é quebrado em várias substâncias tóxicas que podem danificar o DNA, além de conter uma variedade de contaminantes cancerígenos introduzidos durante sua produção, como nitrosaminas, 84
fibras de amianto, fenóis e hidrocarbonetos. Hoje, o consumo seguro é definido como uma taça de vinho por dia para o homem e meia, para a mulher. 8. Corra do câncer Ser fisicamente ativo reduz o risco de câncer. E existem algumas teorias do motivo disso. Uma delas é que, quando praticamos uma atividade, há uma variação hormonal. Por exemplo, no caso da mulher, há uma redução do estrogênio, um dos combustíveis para o câncer de mama. Ela também reduz a insulina no sangue, que é uma espécie de informante para que as células se multipliquem, e o câncer é exatamente resultado desta multiplicação descontrolada de células. A atividade ainda pode reduzir as inflamações no intestino, que também podem levar ao descontrole da multiplicação celular. 9. Prato livre de câncer A alimentação influencia no risco de vários tipos de câncer, incluindo intestino, estômago, boca e mama. A dieta para reduzir essas chances é simples: muita fibra, frutas e vegetais e pouca carne vermelha, processados e sal. Alimentos antioxidantes também parecem ajudar, como uva, maçã, brotos de feijão e alfafa, cebola, feijão e berinjela. 10. Na mira de novas terapias Antes, o câncer era tratado como se fosse uma única doença. Hoje, sabe-se que ele é um conjunto de enfermidades e que se manifestam das formas mais variadas em cada pessoa. Por isso, cientistas vêm tentando criar terapias cada vez mais personalizadas. Em 2013, as revistas 85
“Nature” e “Science” deram destaque para uma que é considerada a aposta dos próximos anos: a imunoterapia, o estímulo do próprio sistema imunológico para combater os tumores. Enquanto isto, os tratamentos tradicionais também avançam. A quimioterapia atacava células que se multiplicassem rapidamente (aliás, é por isso que o cabelo cai). Agora, no diagnóstico molecular, é possível identificar os pacientes que vão aderir melhor a determinadas drogas. O mesmo para a radioterapia: pacientes recebiam altas doses de radiação em grandes partes do corpo, o que trazia efeitos adversos. Ela diminuiu sua toxicidade e a área a receber a radiação. O próximo passo precisa ser o barateamento dessas tecnologias, já que estão disponíveis apenas para um pequeno grupo da população.
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Especialistas que participaram dos eventos Encontros O GLOBO Saúde e Bem-Estar sobre temas citados no livro de Alexandre Pinto Cardoso, pneumologista e coordenador do serviço de pneumologia do Hospital da UFRJ: – Amanda Athayde, diretora do Departamento de Endocrinologia Feminina e Andrologia da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem) – Analice Gigliotti, psiquiatra e chefe do setor de Dependências Químicas da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro – Aristarco Siqueira Filho, cardiologista e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Cardiologia da UFRJ – Carla Tocquer, neurologista, mestre e doutora em Neuropsicologia pela Universidade Claude-Bernard (França) – Carlos Alberto de Barros Franco, pneumologista e professor de Pneumologia da Escola Médica de Pós-Graduação da PUC-Rio – Carlos Gil Ferreira, oncologista do Instituto Nacional do Câncer (Inca) – Carmita Abdo, psiquiatra e coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade da Universidade de São Paulo (USP) – Cláudio Gil de Araújo, especializada em medicina do esporte e diretor médico da Clinimex – Dalva Poyares, especialista em neurociência e Professora Afiliada do Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo – Daniela Faertes, psicóloga e especialista em mudança de 87
comportamentos prejudiciais e supervisora do serviço de tabagismo da Santa Casa de Misericórdia do Rio – Denilson Albuquerque, cardiologista e chefe do Serviço de Cardiologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto (UERJ) – Lucia Novaes, psicóloga, doutora em fisiologia do estresse e hipertensão e professora da UFRJ – Dom Antonio Dias Duarte, bispo da Arquidiocese do Rio, médico formado na Universidade de São Paulo e doutor em teologia – Haline Dalsgaard, nutricionista e mestre em Nutrição Humana pela UFRJ – João Ascenso, psicólogo e mestre em neurociência pela Universidade de Londres – Leão Zagury, endocrinologista, editor da Revista Diabetes da Sociedade Brasileira de Diabetes, titular da Academia de Medicina do Rio de Janeiro e Fellow do American college of Physicians – Lisa Morikawa, oncologista e especialista em radioterapia – Luísa de Castro Costa, psicóloga e pesquisadora do Centro Anna Freud, em Londres – Luiz Cláudio Schettino, ortopedista, especialista do Instituto de Traumatologia e Ortopedia (Into) e da UFRJ – Luiz Felipe Guimarães, fisiatra e fisioterapeuta da Clínica São Vicente e do Hospital Samaritano – Marcelo Cabral, professor de educação física e especialista em treinamento esportivo – Regina Navarro Lins, psicanalista e escritora – Ricardo Lopes da Cruz, cirurgião e coordenador do Centro de Atenção Especializada em Cirurgia Craniofacial do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into) – Ricardo Meirelles, diretor do Instituto Estadual de Diabetes e 88
Endocrinologia Luiz Capriglione (Iede) – Roberto Campos, urologista do Hospital dos Servidores do Estado – Suzana Herculano-Houzel, neurocientista e professora-associada da UFRJ – Virgínia Nascimento, a nutricionista clínica, vice-presidente da Associação Brasileira de Nutrição e professora da UFRJ – Walmir Coutinho, presidente da Associação internacional de Estudos da Obesidade e professor titular de Endocrinologia da PUCRJ Especialistas citados nas reportagens complementares aos dos eventos Anna Karla Smith, neurologista do Instituto do Sono: – Gleison Guimarães, médico coordenador do Laboratório do Sono do Hospital da UFRJ e diretor da Clínica de Pneumologia e Medicina do Sono – Isabela Bussade, endocrinologista e pesquisadora do grupo de obesidade e transtornos alimentares do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologista do Rio – José Maria Soares Júnior, professor-associado de Ginecologia do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – Marcus Leitão, doutor em Endocrinologia pela UFRJ e médico do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia (Iede) – Vivian Ellinger, diretora da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (RJ) e professora de pós-graduação de Endocrinologia da PUC-Rio Repórteres que participaram da cobertura dos eventos e da produção de reportagens – Maria Clara Serra 89
– Duilo Victor
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ORGANIZAÇÕES GLOBO Presidente Roberto Roberto Irineu Marinho Marin ho Vice-presidentes oão Roberto Marinho – José Roberto Marinho
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