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Índice 1. Introdução 2. A ornamentação ornamentação desde desde a origem origem humana 3. A joalharia moderna 4. A Metalurgia e o homem 5. Propriedades dos metais 6. As ligas 7. A fundição 8. O recozimento recozimento e a decapagem 9. Os cuidados básicos com com o metal e a sua recuperação 10. As técnicas básicas da Joalharia 11. Preparação de perfis variados 12. Limar e esmerilhar 13. Calar e perfurar 14. Soldadura 15. Tipos variados de uniões 16. Discos, cilindros cili ndros e suas conformações 17. A Forja 18. As articulações 19. Os fechos e argolas 20. As superfícies 21. Gravura com ácido 22. Combinações de metais 23. Granulação 24. Obtendo texturas 25. Os acabamentos dos metais 26. Colorações 27. Cinzeladura 28. Laca Japonesa - (Urushi) 29. Esmaltes 30. Engastes 31. Micro-fusão e modelação 32. Passo a passo 33. Informações extras 34. Glossário 35. Links úteis e interessantes 36. Links de vídeos
Pesquisa e elaboração
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1 - Introdução Nas últimas décadas do final do século XX, questionaram-se muitos valores da nossa cultura, entre os quais se encontram os valores tradicionais do ofício de Joalheiro. Tal fato não deveria implicar a supressão das tradicionais técnicas, mas o contrário: a sua ampliação e adaptação as atuais necessidades, ainda que insistindo mais no uso e na aplicação desta técnica. A joalharia contemporânea trabalhava com valores como a expressividade, a provocação, a relação simbólica com o objeto, etc. Valores inerentes à arte contemporânea e que comportam a necessidade de procurar uma técnica cada vez mais interdisciplinar e imediata, capaz de se adaptar às necessidades atuais. Contudo, esta liberdade técnica e de materiais deve conjugar um suficiente valor artístico sem dar a impressão de que vale tudo, uma idéia que não tem necessariamente de coincidir com o “tecnicamente correto”. Na joalharia moderna já não se define, como antigamente, pelo tipo de metal com o qual se trabalha. Hoje em dia, não existe uniformidade de estilos, mas sim uma união e grande variedade de materiais e de conceitos. Podem-se confeccionar jóias e objetos com qualquer materiais diferenciados e sugestivos, capazes de serem transformados para atingir uma qualidade bastante expressiva. Essa realidade supõe que se entendam como técnicas t écnicas de joalharia o trabalho em papel, a união com colas, o poliéster e os rebites, entre muitas muit as outras. Ao mesmo tempo, recuperam-se antigos procedimentos como a granulação ou o Mokume, retomados com força, mas a partir de uma nova noção. O progresso tecnológico, aplicado ao âmbito da joalharia, dá uma maior liberdade ao artista e constitui uma base para poder conseguir critérios estéticos. Porém, ao mesmo tempo, pode ser usado para impor critérios formais e estabelecer normas estéticas. O ofício deve adaptar-se às necessidades expressivas da pessoa e não ser esta a sentir-se limitada pelos critérios tradicionais do ofício. Por este motivo é muito importante a maneira como se ensina, assim como o papel que desempenham as escolas de joalharia e respectivos docentes. Neste material, tenta-se deixar ao leitor uma margem de liberdade de decisão e realização. Serão abordadas diferentes técnicas que poderão ser adaptadas de forma ágil e imediata, misturando e alterando, dando lugar à expressão e ao simbolismo. Apresentamos uma grande variedade de técnicas e processos de trabalho, reflexo do que representa a tarefa de ensinar uma velha arte como a joalharia, bem como do futuro do seu ensino enquanto âmbito de participação honesta. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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O ensino da técnica da joalharia, sobretudo numa escola de arte, costuma-se a parte mais árdua, aparecendo em muitas ocasiões contrapostas a todo tipo de criatividade. Se for verdade que a joalharia contemporânea prescinde, em parte, do ofício tradicional em virtude da contribuição de novos materiais e da introdução de novos conceitos, também é verdade que excessivo virtuosismo e o afã de incidir sobre os materiais, com a vontade de decorá-los em demasia, conduziu à potenciação da imagem atual desta técnica. A joalharia, tal como entendemos atualmente, existe graças ao esforço de todo um coletivo humano, que confere a esta forma de manifestação artística necessária expressão e o suficiente conteúdo, sendo capaz de sentir e se identificar com todo o contexto social que emana da sua criação. Neste curso, reúne a arte de diversos profissionais do setor bem como, iniciantes nesta arte. Da mesma maneira, fabricantes de maquinários e profissionais de galerias de arte, professores de joalharia, seus alunos, artistas de outras áreas, fabricantes industriais, profissionais do que poderíamos chamar de trabalho clássico e juntamente com estes, das últimas tendências em joalharia contemporânea, trabalhos de requintada precisão e outros que, pela sua simplicidade, não requerem qualquer tipo de preparação prévia. Em resumo, a joalharia é uma atividade apaixonante, permitindo a todos aprenderem, compreenderem e compartilhar a atração que esse humilde ofício exerce, assim como a vantagem que tem t em sobre muitos outros. Entender o que significa sentir a necessidade de se expressar e de saber gerar um mundo pessoal e próprio num pequeno espaço, reduzido, por vezes minúsculo, capaz de caber na palma da mão. O trabalho manual e, afinal, o processo criativo permitem que, numa sociedade racional e exigente, onde tem cada vez menos sentido a relação entre a atividade desenvolvida e o seu resultado, se possa construir um pequeno objeto em liberdade e, depois, ser capaz de o mostrar, de o usar ou de o oferecer, enfim, de refletir o seu criador e conseguir conhecer-se um pouco melhor.
2 - A ornamentação desde a origem humana Desde os tempos antigos e com diferentes intenções, o homem sempre sentiu a necessidade de adornar seu corpo. Falar das origens da ornamentação é falar da própria origem do ser humano. O estudo da história da ornamentação humana constitui um valioso instrumento para reconstituir a própria história do homem, através dos seus costumes, das suas tradições e crenças, dos seus conhecimentos tecnológicos e dos seus gostos estéticos. Os adornos, ou ornamentos, são sinais que comunicam, são instrumentos com uma função em si mesmos e possuindo um determinado fim.
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Cada jóia é um fragmento, uma pequena crônica da grande história da humanidade No Paleolítico, a representação pictórica perseguia um efeito mais mágico do que estético, tinha por objetivo a mera encenação do acontecimento, de um feito que inevitavelmente iria, inevitavelmente, acontecer. O artista dessa época era caçador e para ele, a arte era uma técnica mágica de caça. Não fazia distinção entre realidade e ficção, entre caçar e pintar, sendo a sua única intenção garantir a continuidade da sua subsistência diária. O conhecimento humano tende a classificar e a agrupar os efeitos e as causas em conceitos de semelhança, a transformar situações e provocar efeitos pela via mimética da representação. Não é de estranhar, pois, que os objetivos utilizados pelo artista paleolítico para se adornar possuíssem um caráter mágico e estivessem relacionados com suas funções. Deste modo, as conchas, por exemplo, pela sua relação simbólica com o feminino e a fertilidade eram objetos utilizados para assegurar a gestação e preservar a continuidade da espécie. Outros objetos, como dentes e plumas, eram utilizados para conferir força e energia ao seu portador. Só a partir da certeza da sua função se pode entender que fosse atribuído a esses objetos um determinado valor, inclusive de intercâmbio, outorgando-lhes a categoria de objetos muito estimados, de objetos preciosos. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Já na era Neolítica, com o domínio da agricultura e da pastorícia, verificase os primeiros assentamentos humanos, os excedentes, a troca de produtos e o comércio. A partir de então, passa a ser possível dedicar algum templo a outras tarefas que não as da própria sobrevivência diária. Com o aparecimento dos primeiros indícios de sociedade de sociedade e inter-relação entre os diferentes grupos, estabelece-se uma especialização da produção, bem como certa hierarquização da atividade, em especial a organização do trabalho.
Faca imperial do século XII - Peru Aparecem as classes sociais e também os ofícios, entre os quais a primeira joalharia. A organização social deixa entrever certas necessidades, que antes não tinham sido contempladas, como os aspectos psicológicos e morais, a confrontação do indivíduo com a coletividade ou o correspondente a própria intimidade. A organização e a socialização provocam uma mudança de valores em relação ao Paleolítico. Os ritos e os cultos substituem a magia espontânea. O caçador do Paleolítico não concebia a sua existência fora do cotidiano. Pelo Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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contrário, o agricultor, pastor, ou produtor do Neolítico sente múltiplas possibilidades quanto ao seu destino e acredita que este depende de forças inteligentes e superiores. Aparece o culto do sol e da lua, surge a idéia do desconhecido e do sobrenatural. É tempo de animismo e da crença numa alma imortal. Durante o Neolítico, estabelecem-se as bases técnicas, sócio-econômicas e religiosas daquilo que conhecemos como época histórica. Abarcando desde as primeiras civilizações até a nossa contemporaneidade. As jóias constituem um testemunho de exceção deste período de tempo t empo marcado pela evolução e pelas mudanças permanentes.
Broche feito por Xavier Domenech, 1993
3 - A joalharia moderna O impacto da Revolução Revolução Industrial sobre a sociedade européia da segunda metade do século XIX constitui o contexto em que surgiram déias como as de Jonh Ruskin e de William Morris. Estes homens denunciavam a máquina e a divisão do trabalho como fatores que impediam uma relação autêntica entre o operário e o produto resultante das suas mãos. Numa mistura entre as novas idéias sociais e uma visão romântica da tradição medieval, proclamavam o valor do trabalho artesanal e da arte na vida diária. Estas propostas, que constituíam o ideal do movimento Inglês Arts and Crafts, exerceram uma influência capital na evolução da joalharia das artes aplicadas e do desenho industrial ao longo de todo o século XX. Todas essas idéias renovadoras cristalizaram no último decênio de oitocentos, em um novo estilo internacional que teria uma grande implantação social e que transformaria de forma radical o mundo da arte, desde a Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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arquitetura. Art Nouveau, Modern Style, Modernismo, Jungendstil, Sezession e Liberty constituem diferentes expressões nacionais de uma mudança que se estendeu por toda a Europa. Perante o Academismo que imperava, apareceu um mundo m undo de ornamentação naturalista repleto de cor, de formas lineares e sinuosas, em que prevaleciam os motivos florais e vegetais, de insetos e pássaros e onde a figura feminina era habitualmente o centro. Pela primeira vez na joalharia, valorizaram-se mais a criatividade e a imaginação do que os materiais utilizados. Esse fato permitiu aos joalheiros uma grande liberdade de criação e contribuiu que algumas das suas obras adquirissem a categoria de verdadeiras obras de arte.
Em 1985, abre em Paris a galeria Maison de L’Art Nouveau, na qual são expostos objetos desenhados neste novo estilo, denotando uma grande influência da arte oriental. Na exposição de 1990, René Lalique converte Paris na capital da joalharia, com o retumbante êxito da sua nova coleção de jóias. Na imagem, pregador em forma de libélula, de René Lalique Aproximando-se mais da idéias de W. Morris, e em contraposição ao luxo de Paris, o Sezession e o Jugendstil estenderam-se por todo o centro da Europa preconizando um estilo muito mais sóbrio e austero, em que prevaleciam os critérios de racionalidade, funcionalidade e clareza, realizandose desenhos em que predominava a abstração e as linhas geométricas e simples. O s artistas escandinavos escandinavos e em particular, Georg Jensen, na Dinamarca, introduziram no novo estilo uma aparência muita mais fria e moderna, com trabalhos que teriam plena vigência até os nossos dias. Os arquitetos Joseph Hoffmann, que trabalhava com o Wiener Werktatten, centro de artes e ofícios de Viena, e o belga Henry Van de Velde, que considerava uma obrigação moral a criação de jóias, que para uma elite mas para um público em geral, produziram as suas jóias com processos industriais de fabrico. Conceberam Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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desenhos que não só anunciavam o advento da Art Déco, como também prefiguravam aquilo que iria ser o desenho na joalharia a partir da década de 60. A partir de 1925, a Art Déco converteu-se no segundo grande movimento internacional das artes industriais, do qual participaria a joalharia no século XX. Depois dele, nenhum outro estilo vanguardista se implantaria de forma generalizada. Elaboraram-se jóias em que voltava a predominar o valor dos materiais, mas também produziu-se joalharia industrializada que utilizava os novos materiais sintetizados pela indústria: galatite, baquelite e metais industriais como o níquel, o crômio e o alumínio, que de modo algum pretendiam imitar a joalharia preciosa. Com o eclodir da segunda guerra mundial, interrompeu-se um processo que só seria retomado a partir de meados dos anos 50. O pós-guerra significou um retrocesso generalizado do espírito de vanguarda, bem como uma separação entre a evolução da joalharia e o resto das artes. Entre as grandes firmas generalizou-se a idéia de a verdadeira jóia ser aquela que apresenta as formas tradicionais e constituir um investimento em materiais de valor. Um conceito que levaria várias décadas a ser superado pela evolução dos hábitos sociais e econômicos. A jóia enquanto arte começou a desenvolver-se em meados dos anos 50, como uma via de expressão pessoal tanto para o criador como para o portador da jóia, retomando o espírito renovador de princípios do século, e à qual teriam acesso apenas umas minorias. Entre 1950 e 1960, destacou-se um grupo de joalheiros escandinavos, em cujos trabalhos predominavam o emprego de pedras, com a utilização de formas simples, de grande pureza de linhas, e as superfícies polidas, especialmente em prata. Falamos de Georg Jensen, na Dinamarca, de Sigurd Persson e de Olle Ohlsson, na Suécia. A firma finlandesa f inlandesa Lapponia Jewelery, Jewelery, com desenhos de Bjorn Weckstron, foi pioneira ao demonstrar que um bom desenho não é incompatível com a produção industrial nem com um rendimento econômico. O segundo grupo mais numeroso foi as escola alemã, que apesar da sua designação, inclui criadores de diversas sensibilidades e nacionalidades. Nesta, sobressai às formas geométricas e as estruturas complexas, o emprego de materiais não preciosos e o desejo claro de expressar a sua individualidade por meio da peça única. Esse fato permitiria o desenvolvimento da nova joalharia à margem da indústria. De destacar ainda, os nomes de Bruno Martinazzi e de Francesco Pavan, na Itália; dos eslovacos Anton Cepka e Peter Skubic, na Áustria; na Alemanha, os de Gerb Rohman, Rudiger Lorenzen, Claus Pury e Manfred Bischof; na Suíça, os de Max Frolich e Otto Kunzli; do holandês Onno Boeckout; dos catalães Aureli Bisbe, Joaquim Capdevila e Ramon Puig Cuyàs, principalmente, assim como muitos mais que tornariam esta lista interminável.
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O desenvolvimento industrial e econômico dos anos 60 provocou a democratização dos bens de consumo e a implantação generalizada da sociedade do bem estar, iniciando-se a partir de então uma redefinição da função social da jóia. Nesta renovação, as escolas de arte e desenho tiveram um papel determinante. Desaparecida definitivamente a figura do aprendiz das oficinas, of icinas, seriam as escolas de formação profissional especializadas e as escolas de arte as responsáveis por formar os novos joalheiros. Desse modo, as escolas permitem um campo de trabalho e de experimentação mais aberto às novas influências perante o conservadorismo tradicional das oficinas profissionais. Neste contexto, e sob a influência de algumas das idéias de W. Morris, acerca do valor do ofício e do artesanato, assim como da Bauhaus, sobre a integração do desenho na indústria, apareceu aquilo que tem sido designado como nova joalharia, joalharia de arte ou jóia de desenho. Uma das escolas a desempenhar um papel decisivo no desenvolvimento da joalharia, nos anos 60 e 70, foi a escola de artes e ofícios de Pforzheim, dirigida por Karl Schollmayer e contando com professores como Klaus Ullrich ou Reinhold Reiling, que defendiam a integração da joalharia na correntes artísticas contemporâneas e a renovação das técnicas tradicionais. Em outras escolas apareciam propostas de renovação semelhantes, de que são exemplos a escola técnica superior de Dusseldorf e em concreto, Friedrich Beker, conhecido por suas jóias simétricas; a academia de Munique, com Hermann Junger, e a escola Massana de Barcelona, com Manel Capdevila como diretor. A estas se somaram posteriormente, outras escolas da Europa, dos Estados Unidos e do Japão. Por conseguinte, a nova joalharia deixa de ser um fenômeno novo e excepcional surgindo novos artistas saídos dos numerosos departamentos de joalharia das escolas de arte de todo o mundo. mundo. Surgem as diferenças entre entre as várias escolas e forja-se um estilo cada vez mais internacional. Entre 1980 e final dos anos 90 a joalharia convencional perde as conotações de ostentação e riqueza, generalizando-se o gosto pelas jóias de ouro e pedras preciosas de desenhos simples, porém elegantes. Paralelamente, a joalharia de criação divide-se em duas tendências distintas, que marcarão este final de século. Por um lado, as jóias de desenho orientadas para o mundo da moda e do desenho industrial e que tem como objetivo agradar a demanda do mercado. Por outro lado, a joalharia empenhada em expressar-se através dos valores universais da arte como forma de expressão pessoal e que procura uma cumplicidade com o usuário. Esta última é uma joalharia criada mais pelo puro prazer estético que por interesses comerciais. Uma joalharia que tenta adequar os valores simbólicos e espirituais, que desde suas origens, caracterizaram a joalharia a uma sociedade tecnológica que se defronta com o desafio de um novo milênio.
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Pulseira de prata cromada, realizada por Naum Slutzky, 1931
Broche de prata, malaquite, opala e coral, de Joseph Hoffman, 1903-1905
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A Art Déco exprimiu-se num estiilo geométrico, claro e preciso, dando preferências as formas puras, amplas e simplificadas, sem elementos figurativos e com uma técnica rigorosa. Broche de autor desconhecido, feito de platina, cristal de rocha ónix e diamantes.
Broche de ouro e diamantes, realizado por Reinhold Reiling, 1970
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Peça para o pescoço, de Hermann Junger, 1979
Broche de Bruno Martinazzi, 1972
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Nos Estados Unidos prevalece um estilo mais eclético, afastado das linhas puras e geométricas predominantes na Europa, que se exprime por uma linguagem mais figurativa e narrativa, matizado com formas e símbolos, dando preferencia ao uso da colagem. Stanley Lechzin e William Harper são dois artistas destacados. Broche de William Harper, 1992
4 - A Metalurgia e o homem Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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O progresso das civilizações está intimamente ligado ao progresso da metalurgia. Atualmente os vestígios das civilizações antigas são estudados a partir dos metais entre eles encontrados. Em virtude da sua cor amarela e da sua durabilidade, o ouro terá sido utilizado em quase todas as culturas conhecidas. O ouro, do latim, aurum , que significa aurora brilhante, recordam-nos como algumas civilizações pensavam que esse metal fazia parte do sol e lhe atribuíam propriedades mágicas. Os egípcios amortalharam com ele os faraós, de modo a garantir a sua chegada ao outro mundo. Na Idade Média, os alquimistas e filósofos tentaram isolar os princípios capazes de converter um metal comum em ouro. Posteriormente, foram-lhe conferidos poderes curativos, que se descartariam com o passar dos anos.
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Este metal precioso sempre deslumbrou o Homem. Por sua causa se desencadearam guerras e levantaram cidades. O seu valor enquanto sinal de ostentação e poder foi desde sempre ansiado pela maioria dos povos a das culturas. Atualmente, o poder do ouro continua vigente.
5 - Propriedade dos metais Tudo o que nos rodeia tem uma composição molecular, mistura de 103 elementos primários conhecidos que formam a tabela periódica. Entre estes elementos figuram o ouro, a prata, a platina, o cobre, o cádmio, o estanho e o chumbo. Os elementos da tabela periódica, cada um designado pelo seu respectivo símbolo, caracterizam-se por possuírem uma determinada estrutura, um peso e um número atômico. Quando estes metais se misturam entre si, as suas características variam, endurecendo ou amolecendo, mudando de cor, aumentando ou diminuído seu ponto de fusão. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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O ouro, a prata e a platina são os principais metais das ligas a serem tratadas neste curso. Estes são os aplicados em maior proporção numa liga de metal precioso. Os restantes parecem numa proporção menor, embora sejam estes os responsáveis pelas mudanças das propriedades dos anteriores quando se fundem entre si. Para dar dureza ou maleabilidade ao metal, dever-se-á conhecer o comportamento da sua estrutura interna quando submetido a diferentes mudanças de temperatura e pressão. À temperatura ambiente, o metal é formado por uma série de estruturas regulares dispostas numa ordem, às quais chamamos cristais. A estrutura do metal pode ser comparada a um favo de abelhas, formado a partir de hexágonos de cera sobrepostos para formar uma estrutura maior. Existem sete sistemas de cristais e catorze configurações de enredados. Alguns cristais possuem formas cúbicas e outros formas hexagonais. Os metais com que se trabalha em joalharia (ouro, prata, cobre, níquel, chumbo, alumínio) possuem todos a mesma estrutura cúbica cristalina. Ao ser fundido, o metal deixa de ser sólido para se converterem líquido, substituindo-se a sua estrutura geométrica inicial por uma estrutura menos geométrica e ordenada. Quando o metal arrefece, começa a recuperar a sua estrutura, mas de modo desordenado, formando uma espécie de racimos, todos com a mesma ordem, mas não necessariamente com a mesma orientação. À medida que o metal arrefece, formam-se mais e mais racimos, até chocarem entre si, formando-se também umas linhas ou fissuras onde confluem os racimos. Quanto menores e mais juntas estas linhas estiverem, mais dura se tornará o metal. Os cristais, nos limites, não podem mover-se. mover-se. Quando se trabalha trabalha um metal pelo processo laminado, forjado, estirado ou de outro tipo qualquer, estes grupos ou racimos ficam cada vez mais compridos, de modo a criar mais limites, reduzindo os espaços espaços livres e ganhando ganhando cada vez mais dureza. Ao ser aquecido até a temperatura de recozido o metal recupera uma estrutura cristalina próxima da inicial. Quer dizer, volta a um enredado mais ordenado e torna-se, por isso, novamente mais dúctil e apto para ser trabalhado. Com a aplicação do calor, acelera-se o movimento m ovimento dos átomos e a subseqüente nova cristalização. A este processo chama-se recozimento, estado em que o metal possui pequenas deslocações ou vácuos que permitem um maior movimento dos cristais, razão pela qual fica mais maleável. É também muito importante a maneira como o metal como o metal arrefece, até atingir a temperatura ambiente. Se arrefecer de imediato com água, interrompe-se o processo de ordenação. Há casos em que é necessário arrefecer o metal subitamente para conservar a estrutura dos cristais e outros casos em que não é aconselhável fazê-lo, dependendo, pois, do metal utilizado e da temperatura alcançada no recozimento.
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Os metais em estado fino costumam ser fornecidos em forma de granalha ou pranchas laminadas
O arrefecimento de um lingote de prata de forma súbita revela-se útil na realização de um trabalho de forja ou de trefilagem Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Balança de precisão é um instrumento imprescindível para preparação de diferentes ligas
Desde a antiguidade que os fabricantes contrastavam as peças com punções identificadoras do artesão. Graças a estas marcas, pode-se hoje em dia catalogar e conhecer a sua origem. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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6 – As ligas O ouro é um dos metais mais maleáveis que existem, embora sem ligarse torne demasiado brando. Para lhe conferir dureza e, assim, permitir realizar trabalhos de joalharia, é necessário ligá-lo, isto é, misturá-lo com cobre prata ou paládio, de forma que possamos conseguir uma maior resistência, ou variar a sua cor até se obter o matiz desejado de ouro amarelo, ouro palha, ouro branco, etc. O título do metal e os seus cálculos Uma vez limpo de impurezas, o ouro pode ser denominado de ouro fino ou empregando a terminologia profissional, ouro 1000 milésimas ou ouro 24 quilates. O título do metal indica a sua pureza, que pode ser expressa em quilates ou milésimas. Estes dois ttermos ermos constituem unidades de medida que indicam o título do metal. O título 18 quilates indica que de 24 partes, 18 são de ouro fino e as 6 restantes, são de liga. Estes 18 quilates podem ser expressos em milésimas, unidade de medida muito mais precisa e profissional: o ouro 18 quilates é ouro 750 milésimas, pois contém 750 partes de ouro fino e 250 partes de liga.
Um quilate equivale a 41,6 milésimas:
Por conseguinte, se desejamos saber quantos quilates tem um metal de 750 milésimas só teremos de dividir a lei do metal que queremos conhecer por 41,6 quilates.
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Existe, em cada país, uma lei de metais preciosos que impõe referenciais mínimos de qualidade e que deve ser respeitada. Numa oficina, é habitual haver peças para fundir de diferentes procedências e por isso, é importante conhecer essas leis. Nesses casos, o mais recomendável será levar uma pequena amostra a um laboratório especializado, cuja análise dará um resultado mais exato, expresso em milésimas. O passo seguinte consistira em aumentar ou diminuir o título destas ligas. Se o título que temos estiver abaixo daquele que se pretende, deve-se aumentar acrescentando ouro fino. No caso oposto, isto é, se tiver-mos um título mais alto, por exemplo, ouro de 916 milésimas (22 quilates), deverá diminuir o título acrescentando liga ao lingote inicial. Para isso, utilizaremos as fórmulas a seguir enumeradas. Como aumentar com ouro fino um título mais baixo. A seguinte fórmula é muito útil para quando desejar converter uma lei baixa em outra alta, acrescentando ouro fino. Deve-se em mente que 1000 milésimas correspondem à lei de ouro fino e que, neste caso, a lei mais alta é sempre a desejada. Fórmula 1
Por exemplo, se você desejar aumentar um lingote de 20 gramas de 500 milésimas (lei baixa) para 750 milésimas (lei alta), terá de acrescentar 20 gramas de ouro fino, tal como se pode comprovar ao desenvolver a fórmula: Exemplo A
Assim sendo, ao acrescentar 20 gramas de ouro fino aos 20 de 500 milésimas que já no início, você irá obter um lingote de 40 gramas de liga 18 quilates (750 milésimas). Como conhecer a quantidade de ouro fino que uma determinada liga contém. Outra fórmula muito útil e que permite conhecer a quantidade de ouro fino contida numa determinada liga, consiste em multiplicar o peso da liga que
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temos pelo título da referida liga e dividir o resultado por 1000. Assim, teremos a quantidade de ouro fino que contém, sendo a liga a diferença. Fórmula 2
Se for aplicada a fórmula ao exemplo anterior (um lingote de 40gramas de 750 milésimas), o resultado será: Exemplo B
Por conseguinte, o lingote de 40 gramas de liga de 18 quilates (750 milésimas) contém 30 gramas de ouro fino. Caso se retome o exemplo A e se calcule quanto ouro fino contém a liga inicial de 500 milésimas, pode-se verificar que efetivamente o lingote de 40 gramas de liga de 18 quilates contém 30 gramas de ouro fino. Primeiro tem de calcular quanto ouro fino contém a liga de 20 gramas de 500 milésimas. Exemplo C
O resultado é 10 gramas de ouro fino. Deste modo, somando-se estes 10 gramas de ouro fino contidos na liga de 500 milésimas aos 20 gramas de gramas de ouro fino que se acrescentaram no exemplo A, obteremos 30 gramas de ouro fino no total. Isto é, o mesmo resultado que se obteve ao desenvolver o exemplo B. Como diminuir uma liga com um título mais alto A seguinte fórmula permite baixar uma lei alta acrescentando liga ao metal. Neste caso, a lei pretendida é a baixa. Fórmula 3
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Por exemplo, se for necessário passar 25 gramas de ouro 22 quilates (ou 916 milésimas) para 18 quilates (750 milésimas), deverá ser aplicada a fórmula anterior da seguinte maneira: Exemplo D
Assim sendo, se aos 25 gramas de ouro 22 quilates forem acrescentados 5,53 gramas de liga, teremos um lingote de 30,5 gramas de 18 quilates. De lembrar também que um quilate refere-se à liga nada tem t em que ver com a medida quilate utilizada nas pedras preciosas, que é uma unidade de peso igual a 0,2 gramas.
Como conhecer o quilate de uma liga Numa oficina, o método mais utilizado é o da “pedra de toque”. De fácil realização, é usado com freqüência para determinar o quilate do ouro. Contudo, não é tão preciso quanto uma análise química efetuada por um especialista, que indica com maior exatidão o título do metal em milésimas. O método consiste em riscar a pedra de toque com uma amostra do metal cuja lei desejamos conhecer, juntamente com outro risco da liga conhecida. Aplicamos ácido de toque aos dois riscos para observar se o brilho cai sobre o risco ou não. Se o brilho dos dois riscos se mantiverem mais próximos a esta lei esta a amostra. Por exemplo, se desejamos saber se um anel é de ouro 18 quilates, devemos primeiramente limar a peça para eliminar um possível banho. Em seguida, é necessário riscar com esta parte que foi limada na pedra de toque, ao lado do outro risco feito com um pedaço de ouro 18 quilates. Feito isso, pinga-se uma gota de ácido de toque 18 quilates nas duas amostras. A queda do brilho indica que o ouro é inferior a 18 quilates. Caso o brilho seja mantido, indica que o quilate é igual ou superior a 18 quilates, mas não indica o quilate exato. O ácido de toque aplicado a uma amostra indica com alguma imprecisão que o metal é superior ao quilate do Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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ácido utilizado. Para se saber se o ouro é de 22 quilates, teremos de repetir a operação com o ácido de toque para 22 quilates, no caso de a amostra manter o brilho em apenas 18 quilates. Se o brilho em 18 quilates cair, teremos de repetir o processo com ácido de toque para 14 quilates e assim sucessivamente até o brilho se fixar em algum quilate. Para comprovar se uma peça é de prata existem ácidos de toques específicos, mas se decida analisar com ácido de toque de 18 quilates utilizado para o ouro, o risco ficará azul-claro, pois terá reagido em cloreto de prata.
Ácidos utilizados na identifação dos quilates
Para comprovar o quilate de uma liga, esfrega-se a peça numa pedra de toque e aplica-se o ácido do mesmo quilate. Neste caso, esfregou-se um pouco de
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prata e um pouco de ouro 18 quilates. A prata é identificada pelo tom azul e o ouro pelo brilho que possui. Prata A prata é um metal muito maleável e assim como o ouro, é muito mole em estado puro. Na sua liga com o cobre, adquire uma maior dureza e resistência, mas também se torna mais oxidável. A prata é freqüentemente ligada com cobre, numa proporção de 925 milésimas como primeira lei, isto é, 925 partes de prata prat a fina 75 partes de cobre. É a liga mais freqüente, embora em alguns casos, por exemplo, para embutir ou para tornear, possa ser acrescentada pequena proporção de cádmio (2,5 milésimas). Este deve ser vertido para o crisol envolto em papel papel de fumar, sempre e quando o cobre e a prata estiverem já fundidos f undidos pois caso contrário, será perdida as propriedades na liga uma vez que, o cádmio oxida rapidamente e é muito volátil.
Pingente de prata. Obra de Xavier Domenech
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7 - Fundição Antes de se proceder a fundição f undição propriamente dita, é imprescindível conhecer várias operações básicas. A mais importante consiste na preparação da liga de ouro e da prata para se ajustar ao título ou lei. Em joalharia, a liga mais utilizada para o ouro é a de 750 milésimas ou 18 quilates. É habitual multiplicar por 0,33 a quantidade de ouro fino que se possui para encontrar a liga necessária e acrescentá-la ao ouro fino que temos. Por exemplo, se temos 75 gramas de ouro fino, quanta liga é necessária para se obter peso total? O resultado é 24,75 gramas de liga: 75 g X 0,33 = 24,75 g de liga a acrescentar ao ouro fino. O peso total será 75 + 24,75 = 99,75 g de ouro 18 quilates. A atitude correta será ligar os 33,33% pois ajusta-se perfeitamente às 750 milésimas que marca a lei. Muitos fundidores e fabricantes f abricantes acrescentam apenas 32%, estabelecendo-se uma lei mais alta, sobretudo quando se pretende fundir com centrífuga.
A prata, o cobre e o fundente f undente são os três elementos essenciais para preparar as ligas Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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O metal pode ser fundido em diferentes tipos de fornos. Aqui usaou-se um forno a gás com turbina elétrica, que contém um crisol (cadinho) de grafite em seu interior.
Uma vêz fundido o metal, deve-se vazar para uma rilheira, no caso de se desejar obter uma prancha. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Se o objetivo for obter uma barra para preparar fio, o metal deve ser vazado para uma lingoteira. É importante que as lingoteiras estejam quentes no momento de vazar o metal pis caso contrário, este pode ser “cuspido” devido ao choque térmico.
Depois do metal ter sido vazado e ter arrefecido dentro das diferentes lingoteiras, obtem-se o lingote inicial. Este deve ser decapado antes de se começar a laminá-lo. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Ouro amarelo O ouro amarelo de 18 quilates costuma ser ligado como uma liga composta por um metal de cobre e outra de prata. De acordo com as proporções à utilizar, obteremos uma cor uma dureza diferentes. Na tabela abaixo pode-se ver as ligas mais a freqüentes para realizar uma liga de ouro amarelo.
Quanto mais cobre tiver a liga, mais vermelho e mais duro será o metal e quanto mais prata, mais amarelo e mais brando. Existem também ligas preparadas para fundir diretamente, as quais uma vez ligadas com ouro fino conferem ao ouro de lei diferentes características e cores.
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Ouro Branco Tal como acontece nas diferentes ligas de ouro amarelo (ouro verde, ouro palha e ouro vermelho), o ouro branco é obtido variando 250 milésimas de liga com diferentes proporções de paládio, prata e níquel. O ouro branco possui um tom amarelo muito pálido e por isso habitualmente é dado um banho eletrolítico de ródio depois de ter sido polido. As ligas mais aconselháveis aconselháveis para trabalhar são as realizadas com paládio e prata (ver tabela abaixo)
O ouro totalmente paladiado fica muito mole, pelo que pode revelar-se útil para trabalhos como o forjado, mas tem um inconveniente quando se pretende construir garras de fio para galerias ou para trabalhos que requerem um metal um metal mais resistente. Para fundir as ligas com paládio é preciso uma temperatura mais alta. Por conseguinte, é aconselhável utilizar oxigênio.
Brincos de ouro branco, realizados por Giampaolo Babetto Fundentes e purificadores Quando se funde metal é conveniente utilizar produtos que o limpem e protejam da oxidação. O produto mais conhecido é o bórax, que se aplicado no momento de fundir eliminará a oxidação superficial e irá elevar ligeiramente o ponto de fusão.
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Outros fundentes tradicionalmente empregados são o sal comum, o nitrato de sódio, nitrato de potássio ou sal nitro, que dá um excelente resultado como limpador da fundição. Da mesma maneira, o bicarbonato de sódio é usado sobretudo para fundir limalha.
8 - Recozimento e decapagem O recozimento e a decapagem são dois processos muito utilizados na joalharia. Um não existe sem o outro e é habitual a realizá-los realizá-los várias vezes, especialmente em trabalhos de forja ou trefilagem. O trabalho do metal por meio mecânico tem subjacente um endurecimento do mesmo, o que implica um recozimento. Este, por sua vez, gera uma oxidação superficial , que deve ser eliminada com uma decapagem.
O recozimento geralmente é feito com soldador, procurando aplicar-se o calor de forma uniforme para recozer todo o metal por igual Recozimento Ao serem trabalhados, os metais endurecem paulatinamente, até chegar a um momento em que se continuar a trabalhando irão partir-se. Nessa altura procede-se ao recozimento. O processo consiste em aquecer o metal até atingir um ponto chamado de recozido. Então o metal volta a recuperar uma ordenação cristalina muito próxima da inicial, voltando também a ser dúctil e apto para se continuar o trabalho. Se não fosse recozido, o metal começaria a gretar e a partir. É importante que a temperatura de recozimento não seja demasiada, pois irá produzir uns cristais excessivamente grandes. Pelo contrário, sendo a temperatura baixa os cristais não atingirão o tamanho desejado. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Nem todos os metais são recozidos à mesma temperatura nem no mesmo momento. O ouro fino quase não precisa ser recozido, mas quando ligado a 18 quilates necessitará de um primeiro recozimento ao atingir a redução de 75% do seu volume inicial. É aconselhável recozer sobre um bloco de carvão vegetal, pois reduz a oxidação e permite ver melhor m elhor a cor avermelhada do recozimento. Deve-se mantê-lo avermelhado durante alguns segundos para depois o deixar arrefecer. arref ecer. Cada metal tem uma temperatura e um tempo certo de recozimento. O processo requer certa prática na observação observação da cor parda avermelhada que que o metal adquire ao ser recozido.
O carvão vegetal e fogo indireto no recozimento do fio permitem repartir melhor e de forma mais uniforme o calor Também pode recozer em um forno f orno com boa regulação de temperatura. Mantendo o metal em seu interior durante certo tempo, podem-se conseguir recozimentos perfeitos. No caso do ouro palha (que contém 750 milésimas de ouro fino, 125 milésimas de prata e 125 milésimas de cobre), uma vez reduzido a 75% de seu volume, o ideal será um recozimento durante 30 minutos a 550º C. Contudo, nem sempre é possível trabalhar com forno nas oficinas artesanais e quando o é, em certas ocasiões pode ser inconveniente por que durante o processo de trabalho tem de recozer a peça muitas vezes. Por isso, é mais prático e rápido fazê-lo diretamente com o maçarico na bancada. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Quando o metal arrefece, interrompe-se de imediato a ordem dos cristais. Este efeito é bom em alguns casos, mas não em todos. Exemplificando, quando se trabalha uma peça ou uma prancha, visto que a mudança brusca de temperatura pode deformá-las. Para arrefecer rapidamente o metal, deve-se fazê-lo em água. Também pode ser utilizado ácido, mas isso produz vapores tóxicos e salpicos que esburacam a roupa e pode provocar queimaduras na pele. Recomendamos recozer os lingotes de prata de lei a uma temperatura suficiente (760ºC) e logo a seguir arrefecê-los com água fria para torná-los t orná-los mais maleáveis. A prata em forma de peça ou prancha deve ser recozida, mas sem aquecer tanto quanto o lingote, para posteriormente ser decapada, quando sua temperatura tiver descido abaixo dos 500ºC. Deste modo, será evitado deformações. No caso do ouro, não é possível possível generalizar por que as suas ligas variam variam em função dos metais metais e das quantidades quantidades utilizadas nas ligas. No entanto, arrefecer de imediato permite, por vezes, amolecer mais o ouro do que o deixar arrefecer lentamente. Recomendações Quando tiver de recozer bastante fio de ouro ou prata muito fino, é muito fácil de estes fundirem-se durante o processo. Para impedir isto, pode-se agarra numa lata velha, colocar dentro desta o fio molhado num antioxidante juntamente com pedaços de carvão carvão vegetal e com o soldador, aplicar fogo à lata. Deste modo, o calor será repartido por igual sem que o fio se parta. Outro método consiste em encher uma caixa de cobre com carvão vegetal. Dispõe-se o fio no seu interior, procurando não tocar nas paredes do recipiente. Aquece-se o forno à temperatura de recozimento e assim que atingir a temperatura coloca-se a caixa em seu interior.
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Para evitar a oxidação, pode-se utilizar um antioxidante, visto que assim se forma uma película de sais que evita a oxidação do metal em contato direto com o fogo. Decapagem Na superfície do metal, depois de recozido e fundido, forma-se, em contato com o oxigênio do ar, uma capa de óxido, resultante, basicamente, do cobre da liga. Juntamente com este óxido, encontram-se também restos de fundentes procedentes do líquido de soldar ou do bórax utilizado para fundir. Este óxido deve ser eliminado. Se trabalhar com ele, estragam-se as limas e o metal será difícil de soldar. Para tanto, deve-se utilizar uma dissolução chamada branqueamento. Para decapar ouro e a prata, o mais comum é usar uma solução de água com 20% de ácido sulfúrico. A dissolução deve ser aquecida para ser mais eficaz. Se desejar trabalhar com esta solução, fria, demora-se mais tempo para decapar a peça. Normas de segurança O ácido sulfúrico deve ser sempre acrescentado à água e não o contrário, pois isso irá gerar uma reação química muito perigosa. Os vapores do ácido sulfúricos são prejudiciais e por isto deve ser manipulado em lugar ventilado e seguro. Deve-se evitar os salpicos do ácido já pois passam pela roupa facilmente f acilmente fazendo buracos e queimam a pele. Outras dissoluções para decapar Para a prata, o cobre e o latão, uma dissolução de 10% de ácido sulfúrico em água oferece um ótimo resultado. Para o bronze, deve-se utilizar uma dissolução que tenha ácido nítrico e água, em partes iguais. Porém, durante poucos instantes, para arrancar a primeira oxidação uma vez que, o ácido nítrico ataca o bronze. Para uma decapagem contínua, pode-se preparar uma dissolução de 20% de ácido sulfúrico em água. Para o ouro, também se usa uma dissolução com uma parte de ácido nítrico e dezenove partes de água. A dissolução de sulfúreo é a mais utilizada em joalharia, mas gera vapores tóxicos, pelo que se deve ter em conta as seguintes sugestões: Pode-se realizar uma dissolução que contenha cerca de 10 a 20% de alúmen potássico dissolvido em água, que, quando quente, dá bons resultados. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Outra dica, que até gera um cheiro agradável, consiste em verter para dentro de uma cubeta de cobre o sumo de um limão juntamente com sal marinho sem iodar. Mantida a ferver no mínimo, esta dissolução elimina o óxido. Existem outras dissoluções menos agressivas do que o ácido sulfúrico para decapar o metal, especialmente aconselháveis aconselháveis se a oficina não dispuser de uma ventilação adequada. Os fabricantes de produtos químicos para joalharias comercializam algumas que, dissolvidas dissolvidas em água, dão excelentes excelentes resultados. Nas dissoluções de ácido, não se deve introduzir nem ferro nem aço. As pinças a utilizar devem ser de plástico, cobre ou então, pinças antiácido. Depois da decapagem, deve-se sempre enxaguar a peça em água e em seguida, secá-la para poder continuar a ser trabalhada. NOTA: Os sais neutralizam os ácidos. Para eliminar uma boa parte do ácido do interior de uma peça oca ou de uma peça com muitos cantos, deve-se utilizar uma dissolução de bicarbonato de sódio. Depois de tirar a peça do ácido, é aconselhável fazer um primeiro e pequeno enxágüe numa rápida dissolução de bicarbonato.
Decapagem de vários lingotes em ácido sulfúrico.Os contentores de chumbo são utilizados com muita frequência na decapagem pois não se partem e podem ser aquecidos 9 - Os cuidados básicos com o metal e a sua recuperação Para não ter problemas posteriormente, você deve certificar-se que os metais utilizados na fundição sejam os mais os mais puros possíveis. Para tal, deve-se evitar usar cobre em pré-laminados, preferindo sempre o cobre eletrolítico e prata fina. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Também devemos ser cuidadoso com o metal e os crisóis que serão utilizados. Quando se funde pela primeira vez num crisol novo, este tem de ser previamente preparado. Deve-se então, fundir bórax ou fundente f undente para metal no seu interior e fazê-lo deslizar deslizar por todas as partes partes do crisol para que que assim, fique protegido e o metal, ao ser vazado, flua muito melhor.
Deve-se mover o crisol para que o fundente penetre em todo o refratário Quando se fundem desperdícios que estão na gaveta, deve-se ter muito cuidado, pois podem ter caído nestes, restos de todo tipo. Primeiro, deve-se separar os restos que estejam limpos de soldaduras, depois a limalha e por fim, os restos de metal que tenham soldaduras. Os restos limpos podem ser fundidos diretamente, ainda que devam ser previamente passados pelo imã para retirar eventuais restos de ferro. No caso de a limalha estar muito suja e os restos das peças estarem cheias de soldaduras ou apresentarem partículas de estanho ou chumbo, o mais adequado será afiná-los numa oficina especializada. Não fica f ica muito caro e evitam-se problemas com as leis dos metais. Se decidir fundir a limalha, esta deverá ser calcinada num frigideira ou em qualquer outro utensílio apropriado apropriado para isso, passando-lhe passando-lhe depois um imã para eliminar os pequenos restos de ferro. Se a limalha for de ouro, deverá ser colocada numa água-forte de ácido nítrico que eliminará o cobre, a prata e o latão. Terminada a ação do ácido, que pode durar várias horas, filtra-se a limalha ou decanta-se lavando com água destilada. Em seguida, pode-se fundir utilizando uma mistura de bórax e bicarbonato a 50%. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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A forma de fundir a limalha é importante, devendo ser misturada em suficiente quantidade com o borax e o bicarbonato, de forma que, quando estiver fundida, produza uma escória líquida e fluída, permitindo que as pequenas partículas de metal se depositem no fundo do crisol e não fiquem em suspensão. Enquanto é fundido, deve-se agitar o metal com uma varinha de material refratário. Finalizada a fundição é aconselhável pegar uma amostra e analisá-la para conhecer exatamente as milésimas de ouro fino f ino que contém. Como se trabalha com metais muito caros, é importante evitar alguns metais e materiais nocivos que podem estragar a nova liga quando misturados no crisol. Os joalheiros evitam, dentro do possível, o contato direto com metais como o chumbo, o estanho, o alumínio com o ouro ou a prata. Um só grama de chumbo poderia fazer com que se se agregasse até um quilograma de ouro e que neste caso, implicaria de ter que recuperar todo o metal e suportar algumas perdas de peso no resultado final. Sendo assim, corresponde a perda de metal precioso. Ao trabalhar na estilheira, deve-se evitar deixar cair qualquer dos metais citados logo acima. Em muitos m uitos casos, isso acontece de modo despercebido, uma vez que se pode ter fundido uma peça com um pouco pouco de estanho e não se ter reparado neste, oculto debaixo de um banho de ouro. Quando se tiver fundido o metal e começado a laminar, podem-se observar umas pequenas fissuras no mesmo sentido, isto por que o metal está gretado e não pode ser trabalhado. A este estado chama-se vulgarmente “agro” e constitui um dos problemas mais graves que pode ocorrer.
O crisol está pronto para fundir Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Reação que o ácido nítrico produa quando ataca metais como o cobre ou a prata.
Dentro da gavetada mesa costumam ficar pedaços de ferro procedentes de serras e fresas partidas, bem como, pequenos restos metálicos deixados pelas limas. Para extrair estes restos utiliza-se um imã. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Quarteio É o método mais fácil e econômico, realizado desde sempre nas pequenas oficinas. Aplica-se para limpar o ouro da sua liga e eliminar os metais que a ele estão agregados. O processo consiste em fundir cada parte de ouro que se queira afinar juntamente com quatro partes de cobre.Uma cobre.Uma vez fundido o metal, deve-se deve-se laminar aproximadamente a umas três décimas de milímetro e cortá-las em pedaços de mais ou menos um centímetro. Em seguida, mergulha-se a liga em ácido nítrico e água, em partes iguais, para tanto quanto possível, evitar os salpicos. A dada altura, ao deitar o ácido no metal este deixa de ferver, f erver, pelo que já não vale à pena deitar mais por que a reação terminou. Na seqüência, procede-se a eliminação do ácido por decantação, acrescentando água destilada na cubeta. Assim que o ouro estiver filtrado e seco, pode ser fundido. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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O quarteio é eficaz em muitos casos, mas pode não eliminar completamente o chumbo e outros metais. Além disso, não deixa o ouro em 1000 milésimas, mas próximo a elas. Uma vez terminado o processo, será preciso analisar o seu título, efetuando-se para tanto, uma análise. Não é recomendável ligar a 33,33% de ligam, pois o título cairá abaixo de 750 milésimas. No caso de se ter de ligá-lo novamente, será mais correto empregar 32% de liga. Se o ouro estiver muito contaminado, ou se tiver muita quantidade de limalha, é aconselhável dirigir-se a uma pequena empresa especializada em afinamento de metais preciosos, a qual afinará o ouro com poucas perdas. Normas de segurança Ao ferver, o ácido emana vapores nitrosos que não devem ser inalados em nenhuma hipótese. Da mesma maneira, deve-se evitar qualquer contato com o ácido sobre a pele. Esta operação deve ser realizada em lugar ventilado, fazendo uso de uma máscara de proteção com filtro antiácido e com luvas especiais. As garrafas de ácido devem ser guardadas em local seguro, fora do alcance de crianças. O ideal é que seja em um armário fechado com chaves. Em caso de acidente é preciso lavar a parte afetada com água em abundancia e ir rapidamente consultar-se com um médico.
Para o quarteio, é imprescindível a utilização de uma máscara com filtro anti - ácido e luvas especiais. O quarteio deve ser sempre efetuado em um lugar bem ventilado.
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Perdas No processo de elaboração de uma peça, gera-se sempre pequenas perdas de metal como conseqüência da sua manipulação. Muitas destas são produzidas na altura da fundição. f undição. O metal perde-se por meio de pequenos salpicos gerados pelo fogo demasiadamente forte ou de pequenas bolas de metal que ficam agarradas à superfície do crisol, embora este metal seja facilmente recuperável.
Um bom equipamento de aspiração com cabine, evita que o pó abrasivo, bastante nocivo, seja inalado. Também se pode poupar bastante dinheiro levando do aspirador para a recuperação A oxidação também gera pequenas perdas. Quando se funde f unde ou quando se recoze, produz-se um óxido que costuma derivar do cobre da liga. Uma vez eliminado no branqueamento, você terá produzido uma pequena perda de peso. Quando se recoze, é aconselhável usar um antioxidante, evitando assim muitas perdas. A peça peça chegará à polidora polidora com a superfície superfície em um bom estado, sem que se tenha produzido aquilo a que se chama, pele de limão. Outras fontes de perda são a limadura, a serragem e a esmerilhagem. Origina-se uma dispersão geral de pó que que contém metal e que nunca nunca se consegue recuperar na sua totalidade. Por isso, convém esmerilhar com o motor dentro de uma pequena cabine e ter a gaveta limpa, lim pa, procurando escovar as ferramentas e os braços ao finalizar cada tarefa. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Talvez a maior parte das perdas seja gerada pela polidora. Neste caso, a única solução é adquirir um equipamento com aspiração para, posteriormente, recuperar os restos de pasta de polir. Também os líquidos provenientes da lavagem das mãos, dos banhos eletrolíticos ou ultra-sons devem ser guardados para recuperar. Existem no mercado lava-louças especiais com filtro que recuperam o metal.
As mesas de joalheiro têm um formato especial que permite recolher o material limado numa gaveta disposta sob a estilheira Lixos O mais aconselhável aconselhável será confiar o lixo a uma empresa especializada especializada em recuperação. É a solução mais rentável por que numa pequena oficina é muito complicado tratar certos metais e efetuar determinados processos que requerem instalações de segurança apropriadas. Para facilitar os trabalhos, deve-se manter um alto grau de limpeza e selecionar devidamente os lixos da oficina. É importante dispor de vários recipientes para ir selecionando os diferentes tipos de lixo ou escovilha. Num recipiente deve-se ir acumulando os esmeris ou todo o material que tenha entrado em contato com o metal: esmeris, camurças, varreduras, etc. Em outro recipiente, colocam-se as escovilhas da polidora e tudo aquilo que relacionado a ela. Por fim, em outro recipiente coloca-se os crisóis de fundição e o material refratário. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Quando se trata de uma oficina muito pequena, em que a quantidade de metal trabalhado é reduzida, será suficiente ter um único recipiente com o lixo sólido e separar apenas os líquidos: de um lado, todo o líquido proveniente da limpeza, mãos, ultra-sons, etc. e do outro lado, os líquidos de banhos eletrolíticos. Para reduzir o volume da escovilha ou lixo, este pode ser queimado num lugar ventilado, procurando que não se disperse. Com esta operação, consegue-se reduzir consideravelmente o custo de recuperação.
10 - As As técnicas básicas da Joalharia
Uma vez conhecidos os princípios elementares da metalurgia e da fundição, é necessário tratar de uma série de processos que permitem avançar a técnica e mais concretamente nos processos que constituem o trabalho com metais. O joalheiro tem de laminar e trefilar t refilar fio, calar pranchas, forjar uma pequena pala ou soldar qualquer elemento de construção. São processos essenciais que nem sempre são executadas conforme descrito neste material.
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Entretanto, é imprescindível conhecer suas técnicas já quê representa a base fundamental deste ofício. Alguns destes processos parecem simples e elementares, como limar de forma adequada, mas sua correta execução influi definitivamente no resultado de uma peça e merecem a mesma atenção que a mais sofisticada das técnicas. Cada capítulo está organizado com a intenção de proporcionar uma evolução fácil e ordenada. Uma vez assimilados os primeiros capítulos, de conteúdo mais genérico, os três últimos, referentes a articulações, fechos e argolas, constituem processos básicos que permitem avançar de forma mais específica na construção de peças.
11- Preparação de perfis variados Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Preparação de perfis diferentes Antes de começar qualquer tipo de trabalho de joalharia é indispensável conformar um lingote fundido no que se designa perfil. Os perfis que serão aqui tratados são os mais elementares: a prancha, o fio e o tubo. Uma vez preparados, inicia-se com estes diferentes processos como a serragem, soldagem ou a forja, para dar forma aos vários projetos. Durante o processo de preparação dos diferentes perfis, o metal é submetido a grandes pressões, devendo ser consideravelmente deformado até se conseguir o perfil desejado, o que supõe uma variação na sua estrutura interna. O metal deverá ser recozido quando atingir uma redução de pelo menos 50% do seu volume inicial. Se o metal não for recozido, acabará por perder sua ductilidade, produzindo gretas e por fim, partindo-se. Após o recozimento é gerado no metal uma oxidação superficial, que deverá ser eliminada com uma decapagem com ácido. Após haver eliminado a oxidação deve-se enxaguar bem a peça em água corrente ou acrescentar-lhe um pouco de bicarbonato. Desta forma, os restos de ácido serão eliminados totalmente. Depois de secar o metal, pode-se continuar a laminar ou trefilar para a obtenção de fios. Laminagem Para preparar os diferentes perfis, deve-se usar o laminador, máquina essencial neste processo. O laminador conforma dois tipos de perfil: a prancha e o pré-perfil quadrado, constituído esse último um passo prévio e imprescindível para trefilar o fio. A prancha é um dos perfis básicos de trabalho, podendo ser adquirida já fabricada e com espessura desejada em um fornecedor de metais preciosos. Será muito útil saber preparar a prancha e o fio, já que, muitas vezes, não podem ser comprados. Além disso, existe o problema dos desperdícios que, por serem pedaços pequenos, não podem ser utilizados novamente. Por isso é aconselhável saber reutilizá-los como prancha nova, aplicando as técnicas de fundição e laminagem. Fecha-se o laminador dando sensivelmente meia volta com a manivela cada vez que passar o metal pela máquina. Deve-se ter sempre presente que no decurso deste processo é necessário recozer e decapar o metal várias vezes, de modo que garanta a sua necessária ductilidade até o final do perfil.
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A foto da esquerda mostra o simples funcionamento do laminador. Cada vez que se passa para um perfil menor deve-se abrir uma manivela superior de um quarto de meia volta, consoante a máquina utilizada. Introduz-se a barra em um dos canais do laminador e depois de passá-lo, vai fechando a manivela a quartos de volta até o laminador não fechar mais. Repete-se este processo todas as vezes que se diminuir de friso. Já a foto da direita, mostra que o perfil quadrado deve ser preparado reduzindo progressivamente a barra a um friso de menor tamanho. Desta forma, o seu diâmetro irá diminuído cada vez mais até atingir uma medida que posteriormente, permitirá estirar a barra obtida na máquina de trefilar e preparar o tipo de fio desejado.
Uma vez fundido nos diferentes perfis da lingoteira e depois depois de decapado, limpo e seco, deve-se compactar o metal. Para isso, lamina-se até atingir uma redução superior à metade do seu volume inicial. Quando isso conseguir, recoze-se o metal para deste modo, obter-se um metal com uma consistência adequada e apta a continuar o processo de trabalho. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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O funcionamento de um laminador de prancha é ainda mais simples. Consiste em ir fechando a manivela superior e assim, reduzir a espessura da prancha enquanto é arrastada pela rotação dos rolos.
Durante a laminagem (ilustração a esquerda) não se pode mudar o sentido em que se estar a laminar, pois caso contrário, o metal irá partir-se. Se desejar mudar o sentido para obter maior largura da prancha, é imprescindível efetuar um prévio recozimento. Durante o processo da laminagem tira-se a medida (foto à direita) usando um paquímetro para conhecer em cada momento a redução realizada e conseqüentemente, a espessura desejada. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Trefilagem de fios Pode ser obtida através do laminador uma barra de ouro ou prata, a partir da qual se faz um perfil de fio. f io. Para tanto, deve-se estirar o fio com uma máquina de trefilar através de uns perfis de aço chamados fieiras, que cortam e dão forma final ao fio. Caso tenha de comprar uma fieira, assegure-se que a qualidade do aço é a melhor possível pois com o uso constante, os buracos dilatam-se e perdem o seu perfil original. Da mesma forma, ao comprar uma fieira deve-se procurar que não exista grande diferença de tamanho entre os buracos, pois o fio passaria com muita dificuldade entre um e outro buraco, podendo ocorrer a quebra do fio. O fio também deverá ser recozido após a passagem entre 5 ou 6 buracos para continuar maleável até o fim. Também é aconselhável aplicar um pouco de cera para que se trefile mais fácil.
No mercado existe uma grande quantidade de perfis de fieiras, com as mais variadas formas.
Para começar a trefilar, são estes quatro os modelos de perfis básicos de fieiras (são os mais utilizados): perfil redondo, o quadrado, meia cana e o retangular. Das quatro acima mostradas, a redonda é talvez a mais utilizada sendo aconselhável adquirir uma com furos de até 1,5 ou 2 mm e outra maior que atinja 6 ou 7 mm de diâmetro.
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Uma vez obtido o fio com o perfil do laminador, deve-se fazer uma ponta devidamente fina numa das extremidades, de modo que atravesse o buraco maior da fieira. Só deve passar a ponta e não o resto do fio. Para isso use uma lima de grana grossa ou se for o caso, achatando-a em sucessivos perfis cada vez menores do próprio laminador. A ponta é imprescindível para passar o fio através da fieira para em seguida agarrá-la e puxá-la com a tenaz.
Deve-se passar apenas a ponta do fio pelo primeiro buraco
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Prendendo a ponta do fio com o grampo da trefiladora e acionando a manivela que esta a máquina possui na traseira, estira-se a barra. Esta, ao passar através de sucessivos buracos irá reduzindo o fio até atingir o perfil desejado.
O fio é trefilado pelo perfil desejado. Ao reduzir o número do buraco do perfil, este será cada vez menor. Com a ajuda de uma craveira, tira-se a medida de fio e controla-se a sua redução.
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Diferentes fases da redução, desde uma barra de prata fundida até se chegar a um fio redondo (à esquerda). À direita, broches de fio realizados por Christoph Contius. Fabricação de tubos O tubo constitui outro dos perfis principais. O seu uso abrange todo tipo de construção, sendo um elemento essencial para o fabrico de bocas e ou charneiras. O tubo é obtido a partir de uma prancha, devendo por isso, ser soldado, motivo pelo qual é conveniente conhecer as técnicas sobre soldagens. É um processo simples que requer um “Taís” de frisos e um martelo de joalheiro, ao qual, previamente, se terá arredondado arredondado as arestas para lhe proporcionar um aspecto muito usado. Este não deve ter arestas vivas por que quando se golpeia as pranchas pode ocorrer de provocar marcas que seriam muito difíceis de eliminar. Fórmulas para cortar a prancha Como se parte uma prancha retangular é importante saber qual a largura de corte para se obter um determinado diâmetro, podendo-se para isso, utilizar as seguintes fórmulas: Caso só dispuser do diâmetro exterior desejado e da grossura do metal, deve ser feito: Diâmetro exterior – Grossura da prancha x 3,14 = = Largura da prancha para cortar Se pelo contrário, se tiver de ajustar um tubo dentro de um fio redondo, quer dizer, se só tiver o diâmetro interior, int erior, deve ser feito: Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Diâmetro interior – Grossura da prancha x 3,14 = = Largura de prancha para cortar
Fechar os tubos Uma vez recozidas a prancha, golpeia-se, pelo lado direito do martelo, todo o seu interior dentro de um “táis” de frisos. Os golpes têm de ser uniformes, segurando o martelo por uma extremidade e golpeando por todo o comprimento da prancha, de forma a ser dobrada paulatinamente para o interior e adquirir a forma de U. A forma desgastada do martelo é importante, mas também o é a largura do seu lado plano. O outro lado do martelo tem de ser um pouco abaulado e sem arestas vivas. Deste modo, ficará polido para que ao golpear, seu brilho passe para o metal. Quando se golpeia um metal com o martelo em mau estado de conservação transmite-se esse estado para o metal. Uma vez fechado o tubo, passa-se por um buraco ou dois da fieira redonda para lhe imprimir uma melhor perfiladura. Previamente, deve-se recozer o tubo para evitar que se abra quando for soldado. Esse passo é imprescindível em tubos grandes já que, o metal adquire certa tensão ao ser golpeado. Pode acontecer que o tubo se abra um pouco com o recozimento e se assim for, deve-se golpear com o martelo pelo lado exterior para acabar de fechar o tubo antes de soldá-lo. Depois de soldar eliminam-se os restos de solda com uma lima e trefila-se como se fosse um fio.
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Para fabricar um tubo, deve-se primeiramente partir de uma prancha plana na qual se fez uma ponta triangular com as tesouras para metal. Em seguida, a prancha tem de ser fechada paulatinamente sobre si mesma no tais de frisos. O golpe passa do interior para o exterior, mudando a cabeça do martelo, agora pelo seu lado mais largo, de forma que o tubo fique redondo e as extremidades da prancha o mais afrontadas possível já que é por aí que deverá ser soldada posteriormente.
É freqüente a utilização de tais de frisos feitos de madeira. Da mesma forma, confeccionados de Nylon (à esquerda) usando brocas variadas para furar a superfície e em seguida cortando-o ao meio dos buracos. À direita na foto superior, diversos tipos de martelos usados em joalharia.
As etapas da evolução na fabricação de um tubo (à esquerda) e diferentes tamanhos de tubos redondos (à direita)
Anel de tubos dobrado Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Em muitos casos é preciso dobrar o tubo. Se este não tiver uma alma ou preenchimento interior irá deformar-se durante o processo. Pode-se utilizar vários metais de preenchimento como plásticos ou pastas especiais, desde que resistentes. No caso da prata pode ser usado alumínio, mas a sua eliminação torna-se perigosa. Já o ouro emprega-se uma alma de cobre, facilmente eliminada com ácido nítrico, mas tomando as devidas precauções. Para maior compreensão do assunto, apresenta-se de seguida um anel de ouro oco. É preciso uma prancha de ouro de 0,6 mm mm e de um fio de cobre quadrado, ambos recozidos e decapados. .
Prepara-se uma prancha de ouro e um fio quadrado de cobre, tal como se explicou anteriormente. A prancha foi conformada como tubo no tais de frisos e trefilou-se o tubo em alguns buracos, de forma que o quadrado possa ser introduzido folgadamente em seu interior. Quando o fio de cobre estiver no interior, podem-se soldar as extremidades ou esperar que fique mais trefilado. Com o cobre dentro do tubo, soldam-se as extremidades do tubo procurando que a união da soldadura fique numa das arestas do fio quadrado (foto abaixo).
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Em seguida, estira-se o conjunto pela fieira quadrada de maneira que a união da soldadura fique numa quina do perfil da fieira. Tem de se conseguir que a alma de cobre e o perfil fiquem bem unidos.
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Assim faz-se o perfil em forma de anel. Neste caso, realiza-se em um dobrador, embora possa ser feito numa superfície apropriada para anéis. Em seguida, pode-se golpear o tubo de forma suave, pois a alma de cobre interior impedirá sua deformação.
Uma vez dobrado o anel e posto na medida desejada, fixa-se a peça nem um objeto de mão e corta-se com a serra, procurando que o corte fique o mais rápido possível. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Prende-se o anel com dois alicates planos, de fecho paralelo, numa ferramenta muito prática que ao fechar, permite segurar a peça em toda a sua superfície sem deformá-la. Com muito cuidado, devemos fazer coincidir as duas extremidades do anel e uma vez fechado, volta a ser passado pela união com a serra para deixá-la limpa e poder ser soldada.
Em seguida (foto acima), solda-se o anel atado com fio de aço para evitar que se abra ao ser-lhe aplicado calor e provoque uma solda em falso. Isto acontece por que aos dar-lhe a forma redonda, este adquire certa tensão. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Uma vez soldado e nivelado, lima-se dois encaixes para os dedos nas laterais do anel. Neste caso, lima-se o ouro e o cobre interior ao mesmo tempo.
Antes de soldar as duas tampas de ouro, tem de se eliminar o cobre do interior mergulhando o anel em um banho de ácido nítrico. Desta forma, será eliminado o cobre sem danificar o ouro. Em seguida, prepara-se duas pranchas de ouro convenientemente bem curvadas no tais de frisos para servirem de tampa. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Para segurar as tampas, é muito prático fazer uma laçada com um fio de aço para poder soldar. As tampas deverão ser atadas, mas sem pressionar excessivamente, pois poderiam deformar o anel.
Será útil aplicar um produto isolante nas soldaduras anteriores para evitar que se desfaçam com o fogo. Pode-se utilizar almagra misturado com água ou então, outro produto específico. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Aplica-se ao fogo, mas como a solda deve abranger todo o perfil da tampa é aconselhável usar um soldador a gás e palhões em vez de um soldador oxídrico.
Uma vez decapado, lima-se e esmerila-se todo o anel, reduzindo progressivamente a numeração do papel de esmeril (lixa) até deixar por igual toda a superfície. Construção de uma montagem a partir de perfis Saber como se faz os perfis e a respectiva combinação é a base da joalharia. Até agora, mostrou-se perfis de certo tamanho, tamanho, mas na realização de uma montagem pequena pequena também se usa usa os mesmos elementos mencionados anteriormente: a prancha, o fio e o tubo. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Terminou-se um anel oco e completamente fechado. Se for aplicado calor a um corpo corpo fechado, fechado, o ar ao expandir-se expandir-se sairá pela parte mais frágil, fazendo com que a peça arrebente-se. Para evitar isso, efetua-se um pequeno buraco no anel, posteriormente fechado com uma placa com a assinatura do autor.
O anel é cortado em forma de V pelo lado da montagem e por isso, ao ficar aberto não há perigo de arrebentar com o calor. Do outro lado é feito um pequeno buraco. Em seguida, faz uma prancha dobrada e soldada em forma de V com ouro amarelo e paralelamente, um fio quadrado de platina que será soldado a uma pequena prancha.
O fio quadrado é limado, dobrado e soldado para obter este perfil, capaz de segurar a pedra.
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Em seguida, devem-se unir os dois corpos da montagem, sendo bastante prático aplicar uma pasta especial que segura as peças delicadamente para soldar. Aplica-se a soldadura forte em pasta e então é feito a solda.
A montagem já está completa. A seguir, deve-se ajustar o anel. Quando os dois elementos, montagem e anel, estiverem na posição correta, amarra-se com um fio de aço para não se moverem enquanto o fogo estiver sendo aplicado para concluir a solda. Neste caso, se antes foi aplicado uma soldadura forte, agora deverá ser aplicada uma soldadura média. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Para que a pedra não caia, coloca-se um fio de ouro. Este fio será fechado molhando em fundente cada extremo e aplicando-lhe fogo, de forma rápida, com soldador oxídrico. Desta forma, irá formar-se uma bolinha nas extremidades que posteriormente, será aperfeiçoada com uma fresa côncava.
Este é o resultado final. Obra de Charles Codina. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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12- Limar e esmerilar Tanto a limar como esmerilhar constituem processos constantemente aplicados no decorrer de um trabalho. Podem parecer trabalhos de fácil execução, mas são as tarefas mais difíceis de serem realizadas. Sua aprendizagem requer tempo tempo e a sua correta correta aplicação influi definitivamente na melhor execução da peça. A função de limar e de esmerilhar consiste em corrigir imperfeições e reduzi-las ao mínimo. Normalmente, lima-se primeiro e esmerila-se depois, de uma forma gradual, até deixar a peça pronta para ser polida ou para lhe ser aplicada qualquer acabamento, como jato de areia, por exemplo.
Limar As limas costumam ter três tipos de picado na sua superfície. Quanto maior este for, mais metal é capaz de cortar, mas em contrapartida, maior é o risco de deixado na na superfície e mais trabalhosa se torna a sua posterior eliminação com o papel de esmeril (lixas). Deve-se ter em conta que as limas de aço só limam quando impulsionadas para frente, altura em que se deve fazer pressão. Exercer força em seu no seu retrocesso desgasta a lima sem conseguir qualquer corte sobre o metal. As limas de diamante é outro tipo utilizado em joalharia; cortam de forma form a muito mais uniforme e não deixam riscos profundos como as limas de aço. Por conseqüência, o trabalho posterior de esmerilagem torna-se menos difícil. dif ícil. Cuidados e limpeza das limas As limas requerem certos cuidados para serem conservadas em perfeito estado. Será uma boa idéia guardá-las separadamente das outras ferramentas da oficina, pois assim, evitará que fiquem roçando entre si e se desgastem. É preferível não utilizar limas de qualidade com metais brandos, como o cobre, uma vez que estas se obstruem com facilidade. Da mesma maneira, é aconselhável ter limas específicas para trabalhar o ouro, que deverão serem guardadas à parte e em seu próprio estojo. Se limar metais brandos e contaminados, como o chumbo, dentro do picado da lima ficará f icará retido pequenos pedaços de metal que podem, posteriormente, aparecer na peça em forma de picadas ou agreado do metal quando este for novamente recozido. Para limpar as limas utiliza-se uma carda especial ou então, lava-se com gasolina. Nunca se deve aplicar óleo e deve-se evitar excesso de calor caso decida colocar-lhes cabos. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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As rachaduras produzidas na superfície também se tornam t ornam interessantes como acabamentos finais numa peça. Obra de Charles Codina.
Existem diversos perfis de limas, podendo ver acima os modelos mais usuais. Para quem está iniciando no ramo de joalharia, é imprescindível possuir um bom jogo de limas.
Para começar a trabalhar, é preciso dois tamanhos de limas de diversas formas e com um picado médio. Serão também necessárias várias limas pequenas com picado médio e fino. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Para limar uma peça, esta tem de ficar bem bem presa e ser limada para frente. Quando não se tem muita experiência, uma das incorreções mais freqüentes consiste em arredondar as arestas em virtude de certa inclinação natural do domínio da lima. Limar uma peça de joalharia não é um exercício mecânico, deve-se “limar com a cabeça”, isto é, tem de aprender a controlar a lima. li ma.
Para esquadrejar uma prancha em ângulo reto usa-se o esquadro. Primeiro, lima-se um lado e quando este estiver plano apóia-se em um dos braços do esquadro metálico. Colocando uma luz por trás, observam-se eventuais falhas e então se passa a limar o metal nos pontos onde são necessários fazer os ajustes até que fique totalmente rente a perna do esquadro. Repete-se este procedimento para todos os lados
Esmerilar O processo consiste em reduzir os riscos produzidos pela lima, utilizando-se, para o efeito, diferentes tipos de lixas (papéis de esmeril). Para esmerilar de forma correta, deve-se ir reduzindo progressivamente a grana das lixas, até chegar a uma lixa de grana mais fina possível. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Exemplificando, numa numeração de lixas que vá de 150 até 1200, só será necessário três tipos de lixas. A primeira pode estar entre 150 e 350, a segunda entre 350 e 650 e a terceira entre 1000 e 1200. Uma boa correspondência seria acabar com uma lima de grana fina, aplicar esmeril de 350 ou 400, depois um esmeril entre 650 ou 700 e finalmente, outro entre 1000 ou 1200. Sempre que se reduzir uma numeração, deve desaparecer do objeto o riscado da lixa anterior, não sendo aconselhável passar para uma numeração inferior se não tiver certeza de ter eliminado elimi nado na totalidade o risco anterior. É freqüente cometer o erro de limar e em seguida, esmerilar no mesmo sentido que se limou. Assim, o único resultado que irá obter é dilatar dilat ar o risco e chegar à polidora com uma superfície inapta para um bom acabamento. O processo consiste em cruzar constantemente o sentido do esmerilamento. Normalmente, a lixa final costuma ser 1200 e depois de aplicada não se detecta um único risco.
Para se obter bons resultados, as lixas devem ser de boa qualidade. Se forem bem cortadas e devidamente bem aproveitadas, dura bastante tempo. t empo. No mercado existem diversos tipos de granas.
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Para esmerilhar com precisão e não desperdiçar lixas, varetas de madeira são utilizadas para que as lixas sejam nelas coladas. Faz-se isso para diversos tipos de granas das lixas. Embora serem compradas prontas, é um utilitário muito fácil de ser feito
Para fazer, corta-se a folha de lixa e aplica-se cola branca de marceneiro, procurando que as arestas da lixa se ajustem perfeitamente na aresta da ripa de madeira. Será útil a ajuda da ponta de tesouras para marcar marcar o papel de modo que fique corretamente dobrado.
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Também se pode esmerilar fazendo uso de motor. Para prepará-lo, corta-se tiras de esmeril de aproximadamente 1 cm de largura e ata-se com aço de soldar na extremidade de um mandril apropriado para esta função. O esmeril com motor é útil para interiores de anéis e uma infinidade infinidade de outros trabalhos. Se não tiver prática na sua utilização, deve-se tomar cuidado para não deixar marcas, sobretudo em superfícies planas.
Na utilização do motor motor para esmerilar assim como, nos trabalhos de perfuração e fresa, é aconselhável o uso de óculos de proteção. Outra opção é o uso de cabines apropriadas para esse tipo de trabalho pois além de proteger o joalheiro, facilita a recuperação de partículas do metal.
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13- Calar e perfurar Se tivéssemos de escolher uma ferramenta que representasse o trabalho de joalheiro, ela seria, sem sombra de dúvidas, a serra de calar. A sua origem é muito antiga, pois já no período Neolítico, se elaboravam serras de pedra. Na Roma antiga, desenvolveu-se a serra de arco igual as serras que conhecemos atualmente. Calar e perfurar constitui dois processos intimamente ligados. De fato, não se pode calar o interior de uma prancha (placa) ou de uma peça se antes elas não forem perfuradas.
Peitoral de ouro pré-colombiano, pertencente à cultura tolima (Colômbia), no qual se pode apreciar o fino trabalho de perfuração e calagem, assim como a simplicidade formal na representação da figura humana.
Calagem A calagem consiste em cortar e eliminar uma pequena parte do material do interior de uma peça, no intuito de decorar ou ajustar algum outro material em seu interior. Para calar, utiliza-se a serra de joalheiro, que permite serrar a maioria dos metais e materiais usados em joalharia. É composta de dois elementos: um arco de aço regulável e os fios de serra que se montam através das extremidades do arco. O fio de serra é o elemento que especificamente produz o corte. Pode-se encontrar o fio de serra em várias grossuras e identifica-se por uma numeração estabelecida pelos fabricantes. A escolha da numeração depende da grossura do metal que deseja cortar. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Podem-se fazer peças cortando o metal rebitando as diferentes partes entre si. Brincos desenhados por Stephane Landureau (foto da esquerda). A ação de calar consiste em eliminar uma parte do interior de uma lâmina de metal, implicando uma perfuração de um tamanho com que se possa introduzir o fio da serra para começar começar a calar. Broche feito por Aureli Bisbe (foto a direita).
Corte Normalmente, a serra é utilizada para cortar e calar todo tipo de metal, mas também tem outras utilidades. Pode seu usada para limar cantos inacessíveis ou para decorar peças a partir de pequenos cortes na superfície. A escolha do tamanho do fio de serra é muito importante, dependendo da espessura do metal que deseja cortar. Não é aconselhável cortar uma prancha fina com um fio grosso. Quando a distância entre os dentes é maior do que a espessura da prancha que se vai cortar, é muito provável que o fio encalhe e parta. Para facilitar o corte, pode-se aplicar um pouco de cera no fio f io de serra (existem no mercado, ceras que se utiliza nas serras e em todos os tipos de ferramentas de corte). Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Para montar o fio de arco é preciso apoiar a parte exterior deste na mesma estilheira ou na mesa de trabalho e fixar o fio f io no grampo inferior, de modo que os dentes do fio fiquem na direção da pessoa que está fazendo à montá-lo. Com o ombro, pressiona-se suavemente para comprimir um pouco o arco. Nessa altura, deve-se colocar a outra extremidade do fio e apertar o grampo superior. Se assim for feito, quando deixar-mos de pressionar pressionar arco o fio terá a tensão suficiente para cortar.
O movimento de serrar deve ser perpendicular à peça, exercendo força ao baixar o arco, altura em que se produz o corte, devido a orientação descendente dos dentes da serra (foto acima, à esquerda). Para mudar a direção do corte, devemos chegar ao ponto de girar a direção do fio no eixo serrando duas ou três vezes o mesmo ponto até liberar um pouco a serra, mudando-se, assim, a direção do corte com comodidade e sem quebrar o fio de corte (foto da direita). Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Para calar um desenho interior, primeiro é feito um buraco com uma broca e introduz-se o fio através dele.
Para transferir qualquer desenho sobre papel para uma prancha de metal, é necessária uma folha de papel químico e pintura plástica para pintar a superfície metálica.
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Deve-se segurar a prancha com firmeza, efetuando com a serra um movimento vertical firme e contínuo. Neste caso, a serra de calar não só serviu para cortar literalmente o desenho, como também se pôde limar o calado nos lugares mais inacessíveis. Isto se consegue deslizando a ponta do fio de serra e exercendo uma ligeira pressão lateral.
Transferir um desenho É freqüente ter de transferir um determinado desenho sobre o metal para depois cortá-lo. Um método simples e rápido consiste em pintar a superfície do metal com pintura plástica de cor branca. Uma vez seca, põe-se uma folha de papel químico e, sobre esta, coloca-se o papel com o desenho que se deseja copiar. Quando se passar pela segunda vez o desenho original, este ficará impresso sobre a pintura plástica. Se o desenho ficou bem definido sobre a pintura plástica, pode-se calar diretamente. Porém, se desejar que o risco fique sobre o metal, com um punção muito fino marca-se novamente o desenho impresso sobre a pintura, a prancha fica riscada e, quando eliminada elim inada a pintura com água, pode-se cortá-la.
Fabricação de um broche Em certas ocasiões, como se verá em seguida, pode-se utilizar a calagem para deixar entrever e dar a devida importância a outros materiais. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Aureli Bisbi efetua diferentes estruturas caladas numa estrutura em forma de caixa, de modo a, uma vez encaixadas na sua respectiva base, servirem de suporte e permitirem entrever um material que não é possível soldar, neste caso, “Color Core”.
Estas são as estruturas que depois de acabadas, serão utilizadas como suporte do “Color Core”.
Parte-se o “Color Core” de forma irregular para deixar entrever a qualidade da fratura do material. Em seguida, seguida, corta-se com a serra de calar e lima-se lima-se para ajustar dentro da moldura. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Broches de “Color Core”, realizados por Aureli Bisbe.
Perfurar e fresar Perfurar e fresar constitui duas formas diferentes de cortar e eliminar metal, sendo ambos os processos essenciais na joalharia e, em especial, no engaste de pedras preciosas, embora também em muitas ocasiões, a perfuração possa constituir em si mesma um elemento decorativo. Neste processo insere-se o uso dos micro-motores e dos flexíveis, uma das ferramentas mais freqüentes utilizadas na joalharia. Micro-motores e flexíveis Tanto para perfurar como para fresar, utiliza-se uma série de ferramentas chamadas micro-motores e flexíveis. Embora com funções semelhantes, o rendimento, a versatilidade e a comodidade variam consideravelmente. O micro-motor tem um pequeno motor situado na mesma peça de mão, enquanto o flexível tem o motor separado da peça de mão, transmitindo t ransmitindo a rotação por meio de um braço flexível. Qualquer das duas ferramentas é essencial numa oficina, of icina, já que, como se verá mais adiante, também são muito utilizadas para polir e para engastar pedras. Tanto a pinça pinça como as diversas fresas e brocas têm têm a mesma medida de passagem ou diâmetro, que é de 2,35 mm, o que permite fixar uma um a grande quantidade de fresas e brocas. A diferença entre um fresa e uma broca é substancial: uma broca só corta em sentido vertical, enquanto a fresa pode cortar lateralmente, em função, claro está, do seu desenho. Antes de começar a tradear, é aconselhável marcar com um punção o lugar exato onde se deseja esburacar para se ter um ponto de apoio e não errar ao começar a perfurar o buraco. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Existe uma grande quantidade de fresa de corte, tanto, tanto em aço como em diamante. Na ilustração acima é mostrada as mais comuns.
A imagem acima mostra os cortes que produzem uma broca e uma fresa. Enquanto a primeira apenas perfura, a segunda permite eliminar material em todos os sentidos, pelo que a sua utilização não será a mesma.
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O flexível constitui a ferramenta a ferramenta mais utilizada para perfurar. Ao contrário do micromotor, o flexível tem o motor separado da mão de trabalho por um braço flexível que transmite a rotação à peça de mão.
14– Soldaduras
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A partir de diversos elementos e com um bom domínio da técnica da soldadura, podem-se realizar realizar peças como este bracelete de ouro, oriundo da Indonésia. Indonésia. A soldadura (do latim Solidare , que significa tornar sólido) proporciona uma forma de união sólida e invisível entre os diferentes elementos metálicos que intervêm na construção de uma peça. Contudo, para unir peças de metal entre si ou com outros materiais, desde milhares de anos que se tem utilizado várias técnicas: ataduras com cordas, rebites, colas, etc. Neste tópico serão abordadas essas formas de união, atualmente retomadas com força pela joalharia contemporânea A soldadura constitui o processo mais utilizado para unir o metal entre si, a partir de uma interação das suas estruturas. Como se viu no capítulo dedicado a metalurgia, ao fundir o metal sua estrutura interna demorona-se, partindo-se as diferentes uniões entre cristais e provocando a perda da forma original do metal. Tal como acontece com o recozimento, ao soldar, os grupos de cristais, denominados grãos, separam-se causando deslocações ou espaços microscópicos dentro da estrutura. Ao ser aplicada, a soldadura penetra no interior do metal proporcionando uma união muito resistente, ao que se chama soldadura forte.
A soldadura constitui o processo básico na construção de estruturas com metal, como demonstra este broche realizado por Ramon Puig Cuyas.
O processo No processo de soldar intervêm dois elementos: a soldadura e o calor. O primeiro consiste numa liga do mesmo metal que se pretende unir, mas que possui um ponto de fusão mais baixo. Com o calor do fogo que o soldador proporciona, consegue-se fundir a soldadura em vez do metal m etal que se quer soldar. Uma vez fundidada, a soldadura flui pela superfície da união como se Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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tratasse de água atraída por capilaridade. Deste modo, consegue-se encher a união e unir as diferentes partes de uma peça. É costume comprar a soldadura já preparada ou o próprio joalheiro efetuá-la. Para soldar peças de joalharia de certa complexidade, deve-se ter no mínimo de três a quatro soldaduras, cada uma destas com um ponto de fusão diferente. As soldaduras costumam ser numeradas, sendo habitual denominar a que tem o ponto de fusão mais alto como soldadura forte, a que tem o ponto de fusão médio como soldadura média e a que tem o ponto de fusão mais baixo como soldadura branda. Pode-se prepará-la com diferentes apresentações. Cada formato tem um modo de aplicação certo. Duas das formas mais usuais de preparar a soldadura são os palhões cortados a partir de uma prancha de soldadura e o fio de soldadura. Atualmente, é cada vez mais freqüente usar soldadura em forma de pasta, forma muito útil de quando se usa um soldador oxídrico e que não requer a aplicação prévia de líquido de soldar.
Soldadura em forma de pequenos palhões e soldadura em forma de pasta, sendo esta última aplicada com um dosador que proporciona a quantidade necessária para cada união.
Para aplicar fogo na peça, é preciso colocá-la sobre um suporte apropriado Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Elementos para soldar A soldadura pode ser adquirida em qualquer loja especializada, mas saber escolher o material indicado para soldar cada metal já se torna mais complicado. Há diversos elementos que é necessário conhecer e saber utilizar adequadamente.
Ladrilhos e suportes para soldar
Existem diversos tipos e formas de suporte onde aplicar o fogo para soldar. Podem-se encontrar placas planas de fibra; placas de ladrilho refratário mole, que permitem escavar ou esburacar a superfície e são particularmente úteis para efetuar soldaduras precisas; malhas de aço rígidas; plataformas giratórias de diferentes materiais; carvão mineral triturado, que proporciona um leito brando capaz de fixar peças que requerem uma determinada posição para soldar. A malha de arame (ou peruca) permite a passagem do fogo pelo entramado de ferro, sendo utilizada para aplicar um fogo uniforme e envolvente. Este suporte é ideal para realizar uniões em que as soldaduras devem fluir ao longo da peça para soldar e, por isso, requerem uma temperatura homogênea em toda a peça. O ladrilho de carvão vegetal é muito útil, não oxida tanto a peça, repartindo e mantendo uniformemente o calor na mesma. Muitos dos exercícios deste curso são realizados sobre este tipo de ladrilho.
Líquidos para soldar
A sua utilização desempenha um papel muito importante, já que ao soldar se forma uma oxidação superficial impedindo que a soldadura flua com facilidade. Para evitar, aplica-se um fundente líquido que impede a formação de óxido e facilita a operação. O fundente mais comum é o bórax, que se aplica misturado com água, embora também possa ser misturado com ácido bórico, aumentando assim o seu ponto de fusão. A utilização do bórax tem um inconveniente: ao ser aquecido, forma-se uma ligeira espuma que desloca os palhões da soldadura de sua posição. O bórax deve deve ser aplicado com pincel em ambos os lados da peça, depois de limpa do óxido.
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Estas são duas apresentações clássicas: O líquido para soldar e o bórax em barra, que uma vez diluído em um pouco de água, facilita a soldadura, sobretudo em prata.
O anti-oxidante é outro produto que pode ser utilizado antes da soldadura. Este forma uma película, como a da imagem acima, que evita o aparecimento de óxido e protege o polimento quando se aplicar calor na peça.
Soldadores
Com o soldador obtém-se o calor necessário para poder soldar as diferentes partes de uma jóia. É também a ferramenta utilizada para recozer as peças, as barras e as pranchas. Os soldadores utilizados em joalharia costumas ser à gás, sendo a pressão do ar obtida por meio de fole, um compressor ou então soprando com a boca. Em alguns casos, a pressão do ar pode ser substituída pela pressão que o próprio gás da bomba proporciona ou, então, por oxigênio ou outro gás que permita atingir uma maior potência. A escolha dependerá do tipo de gás escolhido. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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O soldador de bomba azul é muito utilizado em pequenas oficinas artesanais. A pressão é exercida pelo ar proporcionado por um fole, acionado pelo pé, ou então, por um pequeno compressor. Existem ainda modelos em que a pressão procede da própria bomba azul sem necessidade de se usar o fole. Este tipo de soldador tem uma pressão mais uniforme, embora não permita tanta regulação. O soldador oxídrico é muito útil em trabalhos de joalharia, pois só projeta o calor para a zona desejada, fato que permite trabalhar com menos tipos de soldaduras. Com este soldador pode-se montar peças com mais precisão, menor oxidação e maior rapidez. O oxídrico não se revela muito útil quando usado diretamente sobre palhões de soldadura, pois a força f orça da chama faz com que estes se desloquem. No entanto, é muito adequado para soldar com fio e pasta de soldadura. É especialmente com esta última que se consegue o seu máximo rendimento, já que não é preciso aplicar líquido de soldar, o que pressupõe uma grande comodidade e rapidez.
O soldador oxídrico é muito utilizado. Decompõe a água destilada em oxigênio e hidrogênio. A potência da chama é regulada pela sucessiva mudança de agulhas do maçarico.
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A chama do oxídrico, com sua característica cor verde, é capaz de atingir mais de 3000º C. É uma chama muito potente e, ao mesmo tempo, muito precisa, o que permite montar peças com grande rapidez e exatidão.
Pode-se regular, nos soldadores, a quantidade de ar e de gás que se vai misturar, controlando a intensidade do fogo. Assim, obtém-se um fogo redutor e envolvente para recozer ou soldar as peças de maneira uniforme, ou um fogo oxidante com maior maior intensidade de ar e mais preciso, ainda ainda que mais oxidante oxidante (Foto acima e abaixo)
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Aplicação Ao efetuar-se uma soldadura, é imprescindível que o metal esteja limpo de óxido e gordura. Para isso, é necessário necessário uma decapagem decapagem prévia com ácido ou qualquer outro produto que o substitua assim como, uma boa enxaguadela posterior em água contendo um pouco de bicarbonato de sódio para eliminar possíveis restos de ácido. Numa união correta, deve-se evitar que a soldadura preencha em demasia. Para tanto, as peças que serão unidas devem ajustar-se perfeitamente. Soldar corretamente requer certa prática, mas há alguns conselhos que não devem ser esquecidos. Ao fluir, a soldadura vai sempre para a parte mais quente, sendo necessário, por isso, aquecer primeiro toda a peça suavemente e com fogo geral. Se a soldadura aquecer antes da peça ira fundir-se e formará uma bola que não irá penetrar na união. Quando se solda dois elementos entre si, eles devem ter a mesma temperatura: se um lado da união estiver mais aquecido que o outro, a soldadura ficará retida nesse lado. Normalmente, os joalheiros trabalham com três tipos de soldaduras com diferentes pontos de fusão, estando cada um classificado em função destes. Primeiro, aplica-se a quê possua um ponto de fusão mais elevado e, deste modo, ao aplicar uma segunda soldadura com um ponto de fusão inferior, a primeira não será afetada, permitindo um trabalho de soldadura mais fácil e preciso.
A união perfeita parte de uma peça devidamente ajustada. Neste caso, a união obtida não será correta, pois o anel não se ajusta (foto à esquerda). O corte do anel é agora um corte limpo, faltando apenas ser ajustado e atado com fio de aço antes de se passar a soldar. A união, agora, será correta.
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Aplica-se primeiro o fundente e em seguida, com o mesmo pincel ou com pinças coloca-se o palhão se soldadura sobre a união. É aconselhável aquecer um pouco a peça com o fundente para fixar o palhão em seu lugar. Se desejar soldar com pasta de soldadura, aquece-se ligeiramente a peça e aplica-se a pasta de soldar. Quando esta penetrar no interior, aplica-se calor. Se for utilizado fio de soldadura, este deve ser previamente molhado no fundente. (foto à esquerda). Os palhões são colocados a certa distância uns dos outros, tendo presente a quantidade de soldadura trazida para a nova união. Deve ser exata, pois um excesso de soldadura seria difícil de eliminar num perfil como o da imagem (foto à direita)
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Aquece-se a peça e quando esta adquirir uma cor escura concentra-se o maçarico na união até ganhar um tom avermelhado-cereja. Nesse momento, a soldadura fluirá e ficará visível, em forma de linha brilhante. Em seguida, reduz- se ou apaga-se o fogo e uma vez arrefecida a soldadura, a união terá sido feita (foto acima, à esquerda). Ao soldar peças delicadas, poderá ocorrer que diferentes dif erentes componentes se movam. Para evitar isso, deve-se atar os elementos com fio de aço para soldar, que pode ser comprados em diversas espessuras e utilizados ut ilizados para esta finalidade. Antes de introduzir as peças no ácido devemos retirar os fios (foto acima, à direita).
A pasta de calor frio é um produto muito utilizado para segurar os diversos elementos na posição correta, sendo também usada para proteger as pedras do fogo. É de grande utilidade quando é preciso consertar peças que não admitem fogo.
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Podem-se proteger as soldaduras com almagre dissolvido em água ou comprar um produto específico para isso. Para evitar que o calor seja facilmente transmitido para as pedras, também pode-se usar produtos com consistência em pasta.
Dobrar e soldar
Dar volume a uma peça é um objetivo a conseguir por meio da cinzeladura ou, então, embutindo discos, embora também se obtenha construindo o referido volume a partir de diversos perfis de fio sobre os quais se solda diferentes pranchas.
Este tipo de construção requer um perfil retangular efetuado a partir de diferentes biseis e de sucessivas pregas feitas com alicates. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Uma vez soldada a prancha, lima-se e esmerila-se todo o perfil exterior até terminar a estrutura.
Peça construída a partir de diversos módulos executando com fio retangular de prata e prancha de cobre. Obra de Xavier Ines. SEGURANÇA: Todos os soldadores funcionam com um determinado gás. É muito importante que o fornecedor do equipamento proporcione um soldador homologado com as suas respectivas borrachas. Estas deverão ser mudadas se for observado algum defeito ou quando houver recomendação do fabricante. Da mesma forma, é importante i mportante que o soldador tenha os filtros, válvulas anti-retrocesso e demais elementos de segurança. Não devemos esquecer que, em função do gás utilizado, o local de trabalho deve dispor de saídas de ar. Quanto ao ladrilho l adrilho de soldar, deve-se evitar qualquer contato com derivados de amianto (material altamente nocivo e proibido em muitos países).
Eliminação de óxido Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Quando a peça estiver fria, teremos produzido uma oxidação superficial, que deverá ser eliminada com o branqueamento para se poder continuar trabalhando. No capítulo sobre metalurgia, explicamos as diferentes formas de eliminar este óxido. Deve-se destacar que esta oxidação pode ser minimizada utilizando-se antioxidantes apropriados e, sempre que se decape com ácido, deverá enxaguar a peça em água com um pouco de bicarbonato. Uma vez limpa a peça, deve-se secar para não estragar as limas e outros utensílios da oficina, especialmente antes de laminar. O ácido velho O ácido velho, já utilizado, acaba por se tornar uma solução de banho de cobre, pois se converte em ácido saturado com um excesso de íons livres na sua dissolução. Ao introduzir uma peça metálica, estaremos introduzindo uma carga elétrica que faz com que os íons venham aderir na superfície. Observase claramente o processo quando se coloca no ácido velho um bocado de aço para soldar ou mais pinças metálicas: o aço provoca a troca de cargas elétricas. É muito importante ver o efeito provocado pelo ácido velho quando se utiliza para meter cobre nos processos de granulação ou, até, antes de um banho de ouro ou prata. O ácido já utilizado não pode ser despejado diretamente no lava-louças, mas deve ser neutralizado com bicarbonato ou carbonato de cálcio.
15 - Tipos variados de uniões A soldadura foi e continua sendo o tipo de união mais freqüente na construção de um objeto de um objeto de metal. Sem dúvida alguma, a joalharia contemporânea tem contribuído para a investigação e a utilização dos mais variados materiais, muitos dos quais não se podem soldar normalmente, sendo assim necessário recorrer a sistemas de união à frio que permitam a sua fixação sem afetar a forma e a qualidade expressiva do material. Por isso, é freqüente encontrar tipos de união diferentes e novos, especialmente em peças de joalharia contemporânea.
Roscas As roscas, tal como os rebites, permitem a união à frio f rio de diferentes tipos de materiais, como os plásticos ou as madeiras. O seu uso é cada vez mais freqüente, já que constitui um método limpo e preciso. Para realizar roscas, é imprescindível im prescindível duas ferramentas: os jogos de fieiras de enroscar e os machos correspondentes. Estas ferramentas são de aço e estão concebidas para cortar o metal de uma dureza inferior. Nem sempre é possível enroscar sobre materiais de uma dureza similar ou superior. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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No exemplo acima, é feito um fio de prata recozido no diâmetro indicado pelo fabricante da fieira. Em seguida, introduz-se dentro da ferramenta para realizar a rosca e gira-se no sentido horário. Com a rotação, produz-se o corte exterior em forma de rosca.
Agora deverá ser feita a rosca interior em um tubo de prata, cujo diâmetro interior será umas décimas menor que o diâmetro exterior do fio. Normalmente, jogos de “machos” para enroscar enroscar compõem-se de três unidades com com corte Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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progressivo. Estes se colocam por ordem na ferramenta para enroscar e com um movimento contínuo de rotação, vão cortando o interior do tubo.
Tanto a fieira de enroscar como os machos têm de coincidir. Isto é, devem ter o mesmo número de passagem da rosca, que é a distância entre dentes. De outro modo, será impossível enroscar as duas partes
Aqui, fez-se um corte com a serra no fio f io de ouro para poder colocar a chave de fendas e enroscar com comodidade. Broche de Carles Codina.
O uso de adesivos plásticos é cada vez mais freqüente em virtude da utilização de diversos materiais em joalharia. Broche elaborado por Carles Codina
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Rebites O rebite não oferece novidades: a sua origem é anterior à própria soldadura e baseia-se na idéia de maleabilidade e da deformação do metal à frio. Consiste em colocar um elemento recozido, normalmente um fio, através de um orifício ajustado e forjá-lo até se conseguir uma adaptação que impeça sua fuga.
Para se aplicar um rebite, molha-se a extremidade de um fio redondo em líquido de soldadura. Se segura verticalmente com uma pinça de mola e aplica- se fogo intenso na extremidade inferior até fundir o fio e convertê-lo numa pequena bola.
Depois de decapado, coloca-se no lado inverso de um buraco de fieira no qual se ajuste perfeitamente. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Golpeia-se com um martelo em todos os sentidos até se nivelar a cabeça.
Com a lima ou uma fresa côncava, acaba-se de dar uma forma desejada à cabeça. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Esquema do processo de rebitagem.
Uma das diversas possibilidades consiste em colocar o rebite na peça e rebitar com o martelo pelo lado contrário.
Adesivos Muitos dos resultados observáveis nas peças da joalharia atual não seriam atingidos sem a utilização de adesivos. Existem muitos tipos de adesivos de grande qualidade e que possuem um formidável poder de união. Dentre a ampla gama de adesivos existentes no mercado, deve-se escolher o mais apropriado para o tipo de união e do material. A união nunca deve ser mais forte que o material, tendo as superfícies de estarem bem limpas e de preferência, um pouco ásperas. Por isso, é aconselhável limar ou esmerilar previamente os lados de contato e limpá-los muito bem. Existem adesivos elásticos, normalmente formados por dois componentes (Araldite), que são mais indicados para uniões que necessitam de preenchimento ou, então, para peças que irão sofre ligeiras vibrações ou Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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movimentos. Estes adesivos são também indicados para materiais porosos, à exceção dos cianocrilatos (super glue), que costumam serem mais rígidos e mais adequados para unir superfícies lisas de diversos materiais.
Broche de “Color Core” (por Aureli Bisbe) Partindo uma estrutura de prata formada pela união de dois arcos concêntricos de fio retangular, soldados sobre uma prancha de prata, Aureli Bisbe elabora um bonito broche, obtido do corte com uma fresa de sucessivas capas de “Color Core”, sobrepostas em modo laminado. O “Color Core” é um tipo de material utilizado como revestimento de móveis.
O primeiro trabalho consiste em cortar diversos círculos de “Color Core”, de forma que possam ser encaixados no interior do broche de prata. Para isto, marca-se com o compasso as diferentes lâminas escolhidas.
Em seguida, corta-se com a serra de calar pelo lado exterior da linha marcada e com uma lima plana, deixa-se o material perfeitamente concêntrico e perfilado. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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As três capas do material escolhido devem ajustar-se perfeitamente no interior do espaço onde serão inseridos. Depois de ajustadas, procede-se a colagem do “Color Core”
Para a união, utilizou-se utili zou-se um adesivo viscoso e um pouco elástico, de secagem rápida, ideal para estes tipos de uniões. Uma vez limpa a superfície e totalmente desengordurada, aplica-se uma capa de adesivo e em seguida coloca-se a primeira argola. Sem esperar que seque, volta-se a aplicar adesivo e coloca-se a segunda argola. Por fim, repete-se o mesmo processo com a terceira e última argola. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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O conjunto é fixado em três grampos para que a pressão minimize a capa de adesivo e possamos obter uma união forte (foto à esquerda). Quando o conjunto estiver totalmente seco, com uma fresa de bola grande corta-se o material a partir do exterior até o centro da peça, de modo a apresentarem as sucessivas capas.
Efetua-se o corte sempre em direção ao interior, com a peça bem apoiada. O rebordo de prata também é trabalhado com a fresa, do mesmo modo que o “Color Core”
O resultado final depois de fresar toda a peça. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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16 - Discos, cilindros e suas conformações Grande parte dos trabalhos realizados em joalharia costuma ser iniciadas a partir de uma prancha ou um fio. Com o cinzelado e o repuxado obtêm-se volumes partindo de pranchas planas. Entretanto, em muitas ocasiões só é preciso um pouco de volume para ocultar um fecho, construir uma esfera ou realçar um plano. Nessa altura, devem-se utilizar os diversos embutidores.
Embutir um disco Para a construção de elementos como fechos, esferas ou casquinhas para pérola, é freqüente ter de se cortar e embutir um disco. Da mesma maneira, sua utilização como mero elemento formal resulta, por si só, interessante. É importante conhecer o peso do metal desejado, sobretudo quando se pensa realizar a peça em ouro. Para isso, pode-se utilizar a seguinte fórmula que proporciona o peso final do disco:
Raio ² x 3,14 x Espessura x x Peso específico = Peso do disco 1000 em gramas Por exemplo, quanto pesará um disco de ouro de 14 mm de diâmetro, realizado numa prancha de 1 mm de espessura? (7 x 7 ) x 3,14 x 1 x 15,5 1000
= 2,3 gramas de ouro
A forma de embutir é muito importante. Quando se coloca um disco de ouro ou prata entre o aço de “táis” e do embutidor, o golpe provoca uma dilatação e, conseqüentemente, uma diminuição da espessura na área golpeada. Por isso, é aconselhável utilizar um embutidor de madeira de buxo, que não dilata tanto o metal como o de aço. É igualmente importante a forma de golpear o metal. Assim, quando o martelo golpeia o embutidor, este deve ser movido ligeiramente como se fosse f osse um brunidor, evitando golpes bruscos sobre a prancha e procurando que estes sejam resvaladiços em toda a sua superfície. Deste modo, irá conseguir uma espessura uniforme em todo o disco.
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As ferramentas básicas para conformar discos e cilindros são a embutideira, que pode ser de bronze ou aço, o taís de frisos, que permite realizar reali zar formas cilíndricas, e os embutidores, que de acordo com a sua utilização podem desempenhar diferentes funções.
Uma vez marcado com o compasso, o disco pode ser cortado com a serra de calar, mas existem ferramentas apropriadas para tal, t al, como os embutidores, com vários diâmetros de corte Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Introduz-se o metal previamente recozido no embutidor e golpeia-se de forma seca e concisa. Assim obtém-se o corte perfeito do metal no diâmetro desejado (foto da esquerda). Para embutir, deve-se colocar o disco de metal em um dos perfis da embutideira de forma que seu diâmetro fique no interior. Deve-se começar com um embutidor de maior diâmetro no buraco indicado (foto do centro). O disco já terá adquirido a forma de cúpula. Em seguida, reduz-se progressivamente o diâmetro do buraco da embutideira e do embutidor. Tal como se observa na foto à direita, a cúpula inclina-se ligeiramente. Deve-se golpear por todo seu rebordo interior para conseguir uma correta forma esférica.
Não se pode esquecer que, à medida que a cúpula é embutida, vai-se produzindo um endurecimento do metal, que deve ser controlado recozendo a peça com regularidade.
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Para saber se a forma é esférica, tira-se a medida com a craveira. Quando a altura medir metade de seu diâmetro, teremos uma semi-esfera e por isso, soldando duas semi-esferas teremos uma bola.
Pingente produzido a partir de diversas pranchas embutidas em prata. Obra de Xavier Domenech
Colar realizado a partir de discos embutidos de prata oxidante e papel. Obra de Ana Pavicevik. Na foto à esquerda, veja os detalhes do colar. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Realização de fechos De seguida, veremos dois dos conceitos abordados neste capítulo aplicados à realização de casquinhas para fecho de colar. Neste caso, corresponde ao fecho de um colar de argolas apresentado no passo a passo da página 320 (corrente de argolas).
Preparam-se dois discos discos e dois pedaços cilíndricos da da forma descrita anteriormente e de maneira a que os seus diâmetros exteriores encaixem perfeitamente.
Aplica-se a soldadura para unir a cúpula ao cilindro e soldam-se as duas peças entre si. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Depois de limar e esmerilar o conjunto solda-se uma argola grossa na parte superior e faz-se um buraco transversal pelo qual se introduz um Dio de ouro de forma a atravessar o cordão e aparecer no outro lado. Em seguida, soldam- se as duas extremidades do fio à casquinha e elimina-se o fio que sobra.
Eis o resultado final depois de polido.
Conformar um cilindro O cilindro é uma forma muito utilizada na construção de diversos elementos. É obtido golpeando-se no taís de frisos com os cabos dos embutidores ou, então, com barras de aço adequadas aos diâmetros dos taís.
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Para preparar um cilindro, deve-se cortar uma prancha retangular e recozê-la. Começa-se a embutir no taís de frisos, procurando que as suas arestas não marquem a prancha, o que seria um grave inconveniente. Paulatinamente, vai-se reduzindo o diâmetro do braço do embutidor e o do friso do taís onde se golpeia. Quando tiver a forma de U, poderá ser golpeado pelo exterior até conseguir unir as duas extremidades da prancha.
Antes de soldar, o cilindro será atado com fio de aço para evitar que se abra com o calor, devido às tensões acumuladas durante a conformação.
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Quando se decapa o cilindro em ácido nítrico, acaba-se de lhe dar forma colocando o embutidor no interior e golpeando com um martelo plástico pelo exterior. Quando a forma cilíndrica estiver boa, esmerila-se
17 - A Forja A forja constitui um dos procedimentos mais antigos que o homem tem trabalhado o metal. Golpeando o metal, com diferentes martelos, sobre diversas bigornas de bancada, controla-se a sua forma e alargamento, conseguindo-se uma transição harmoniosa entre as partes grossas e finas de uma peça. Deste modo, pode-se realizar desde trabalhos de grande formato até trabalhos menores e mais delicados. Tal como na laminagem, a forja melhora a estrutura interna do metal. Ao refinar-se o tamanho do grão, consegue-se um metal mais resistente que o metal fundido. De igual modo, como resultado dos sucessivos golpes, se obtêm superfícies com texturas muito interessantes. Na sua essência, a forjadura consiste no domínio do metal a partir de golpes efetuados com um maço também de metal, que costuma ter uma extremidade plana e quadrada e outra em forma de cunha. Quando se golpeia por este, sobre um lingote, o metal é impulsionado no sentido longitudinal sobre seu eixo, provocando o seu alargamento. Para dilatar um lingote ou uma determinada forma inicial, é preciso utilizar o lado plano do maço, procurando golpear em toda a superfície do metal para que este possa dilatar-se. O golpeamento do metal com o maço é executado sobre uma bigorna ou diferentes bigornas de bancada, em função do tamanho e forma que se pretende obter. É essencial que as superfícies de aço sejam as mais estáveis e lisas possíveis. Da mesma maneira, a extremidade extremidade do martelo tem de de estar Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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bem polida, já que, com este golpe, tende a conferir o seu brilho ao metal que esta sendo trabalhado.
O tipo de martelo utilizado e o modo de golpear constituem fatores que determinam a forma final da forjadura. O ouro, a prata e o cobre admitem muito bem a forjadura, pois são alguns dos metais mais maleáveis e brandos que existem. O latão é um metal pouco adequado para ser forjado. A medida que se avança na forjadura, o metal endurece e, por conseqüência, é necessário fazer sucessivos recozimentos. É interessante rever os capítulos anteriores para (capítulos 5, 6, 7, 8 e 9) verificar o recozimento e o arrefecimento específicos de cada liga, os quais devolvem a correta maleabilidade ao metal.
Golpear com o lado martelo em forma de cunha provoca um alargamento longitudinal do lingote, enquanto que um golpe com o lado esférico origina uma dilatação em todos os sentidos. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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O metal deve ser sempre batido sobre diferentes bigornas de aço para que se dilate ao ser golpeado. A foto acima mostra diferentes bigornas de bancada, úteis para realizar as forjaduras reduzidas, rebites e texturas.
Brincos oriundos do Mali. Forjados com diferentes tipos de martelos e bigornas de bancadas, partindo de um lingote fundido.
Pulseira forjada
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Para fabricar a seguinte pulseira, Jaime Díaz utiliza um lingote de prata, forjado com um martelo e uma maça de plástico sobre diferentes bigornas de bancada.
O lingote inicial pesa 80 gramas e tem uma espessura de 3,5 mm. Neste caso (foto à direita), bateu-se sobre uma bigorna pequena, concebida para este fim s partir da modificação de um martelo velho. Assim, ao golpear a prata, esta será moldada para o interior, adquirindo uma forma mais côncava.
Coloca-se a pulseira numa bigorna de bancada ampla e ligeiramente curva, obtida de uma peça mecânica. Em seguida, dão-se uns golpes no lado exterior para dilatar o diâmetro externo e conseguir uma textura exterior martelada (foto à esquerda). Nesta altura (foto à direita), a pulseira pode ser batida bat ida até se obter espessuras muito finas, sempre que o recozimento seja feito de forma correta. Por ser de prata, deve-se recozer acima dos 750ºC e arrefecer de imediato em água. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Colocando a peça numa lastra para pulseira e golpeando com um martelo de nylon ou madeira, pode-se obter uma melhor adaptação do perfil interior que, neste caso, é oval.
Em seguida, volta-se para a primeira das bigornas e golpeia-se pela parte exterior, para se obter um rebordo mais fino e desta maneira, um acabamento definitivo. Foram realizadas duas peças iguais e em seguida estas serão unidas com soldadura. O interior foi oxidado e a superfície exterior foi esfregada suavemente, com um estropalho mole para respeitar a qualidade da textura obtida com o martelo. Obra de Jaime Diaz.
18 - As articulações Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Muitas peças de joalharia, sobretudo as pulseiras e os colares, são formados por diferentes elementos que serão articulados art iculados entre si para obtenção de movimento e de uma boa adaptação à parte do corpo para a qual foram concebidas. É impossível descrever a infinidade de movimentos passíveis de realizar, mas podem-se mostrar três movimentos m ovimentos essenciais que são de muita utilidade: a articulação com garra de fio, a articulação de tubo e a articulação cega. A articulação nem sempre deve ser de metal, nem sequer é um elemento que se tenha de dissimular. Em muitas ocasiões, a sua simples visão visão produz resultados muito interessantes.
Pulseira de plástico pintado, obtida a partir de diversos perfis cunhados que encaixam entre si. Neste caso, o atrativo desta peça reside no desenho da própria articulação e no movimento que esta produz. Obra de Svenja Jonh
Articulação com garra de fio Esta articulação tem muitas variantes e pode ser aplicada de diversas maneiras. Normalmente, costuma-se utilizar para articular galerias entre si, de modo a formar riviéres, ou então, para articular pulseiras ou outros elementos. Uma dessas possibilidades é descrita no tópico “passo a passo”, “pulseira articulada” (a partir da página 303). Para realizar o seguinte pendente, preparou-se um fio retangular com o correspondente perfil de fieira. Com este efetuou-se argolas de diversos diâmetros que, por sua vez, foram f oram soldadas e devidamente esmeriladas.
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Na ponta de uma das peças é feito dois buracos paralelos, deixando uma separação entre estes não superior a 1,5 mm (foro à esquerda).Na outra das peças também são feitos dois buracos iguais ao mostrado na foto ao lado, com a diferença de, neste lado, ter de eliminar o metal existente entre ambos com a ajuda de uma fresa cilíndrica. Com outra fresa cilíndrica, mais delgada que a anterior, executa-se um fresado transversal para encaixar um fio fino que, seguidamente, será soldado.
Prepara-se um fio redondo de 0,6 mm em forma de U que se introduz pelo segundo aro. Em seguida, passa-se as duas extremidades do fio pelos dois buracos do primeiro aro, soldando-se no interior deste último (foto a esquerda). O procedimento para obter um movimento adequado é o seguinte: Introduzem- se todos os fios em forma de U, de maneira a sobressaírem generosamente, generosamente, arranca-se e solda somente apenas umas das partes. Em seguida. Força-se o conjunto efetuando um ligeiro movimento das partes, para que a peça tenha uma boa queda, e solda-se todas as outras partes Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Por meio de um pequeno buraco feito na estrutura, une-se com fio de ouro previamente recozido uma pérola de rio e um pedaço de coral. Colar de Carles Codina.
Articulação de tubo São aplicadas, com freqüência, para o movimento de várias peças, sobretudo, em pulseiras, caixas e outros elementos de construção. Podem-se realizar diversas variações a partir da estrutura e ajustar as medidas à dimensão da peça que se deseja fabricar. f abricar. Para o exemplo descrito a seguir, prepararam-se um tubo redondo em prancha de 0,5 mm e dois quadrados a partir de fio quadrado de 2,5 mm, soldados com soldadura forte.
Em primeiro lugar, deve-se ajustar o tubo entre os dois elementos. Para isso, junta-se e cola-se os dois quadrados quadrados sobre uma prancha e com uma uma lima redonda, lima-se as duas arestas dos quadrados até conseguir que o tubo se ajuste no interior. Em um dos tubos é feito uma uma dobradiça com a serra de calar, como mostra a imagem à direita, de modo que, ao soldar, as duas extremidades elas fiquem bem alinhadas. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Com a ajuda das agulhas de aço que servem de suporte, solda-se de forma que a dobradiça fique afastada da soldadura. Usou-se soldadura média (foto a esquerda). Uma vez soldada, corta-se o resto da dobradiça e um pedaço de tubo que se ajuste ao espaço por este deixado. Terminada a soldadura, deve- se encaixar com exatidão uma peça dentro da outra.
Prepara-se um fio recozido que se ajuste no interior do tubo, a ser cortado de modo a sobrar 0,5 mm de metal por cada extremidade. Estas décimas serão necessárias para efetuar o rebite que irá unir as duas peças.
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Este bracelete de ouro foi feito com articulação de tubo, seguindo o processo acima descrito. Obra de Carles Codina.
Articulação cega Este tipo de articulação é tradicionalmente utilizado em fechos de pulseiras rígidas, também denominadas escravas, pelo que é importante que o movimento fique completamente escondido. Para realizar a articulação cega, devem-se sobre-dimensionar as espessuras de modo a ajustar a articulação ao corpo da peça onde será encaixada. Isto implica que se devem medir muito bem as dimensões da peça, assim como as espessuras dos diversos elementos de metal que irão intervir no movimento. Para a proposta que se segue, preparou-se um anel a ser articulado pela metade e poder aceder a um compartimento secreto que tem a antiga função de contentor de sais.
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Primeiro deve-se começar cortando com a serra. Em seguida dilata-se o espaço do corte com diversas limas e depois com uma fresa cilíndrica, tal como se observa na foto à esquerda. Em seguida, preparam-se dois tubos de modo a se ajustarem perfeitamente um dentro do outro (figura da direita). Importante frisar que o tubo externo é bem mais grosso, pois posteriormente, terá de ser limado na parte que restar. Nesse caso, para a união do tubo usa-se uma soldadura forte.
Corta-se o tubo grande no sentido longitudinal, enquanto no pequeno se faz um encaixe com serra em forma de dobradiça, tal como mostra a imagem. Essa concavidade serve de guia para que, ao soldar este pedaço no interior do tubo grande, as suas duas extremidades fiquem alinhadas.
Com a soldadura média, solda-se o tubo pequeno com a dobradiça, dentro do grande, procurando que ela fique totalmente de fora. Uma vez soldado, corta- se com a serra a pequena dobradiça de metal para que as duas extremidades fiquem perfeitamente alinhadas. Finalizadas esta parte da articulação, no outro lado solda-se, também com soldadura média, um pedaço pequeno de tubo que encaixe dentro da primeira parte (foto a esquerda). Na foto da direita, como se pode ver, as duas peças ajustam-se perfeitamente entre ent re si e ao mesmo tempo, o exterior do conjunto ajusta-se dentro do encaixe feito no anel. Deve-se impregnar o interior da articulação com protetor para soldadura. Da mesma Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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forma, também é preciso proteger os pontos de soldaduras que sejam mais delicados.
Depois de colocada a articulação em seu devido lugar, ata-se com fio de aço para soldar e solda-se o anel com uma soldadura média (foto esquerda). Depois de limpar e decapar, lima-se a articulação seguindo o contorno do anel. Com o limado, retifica-se o tubo, tanto interiormente como exteriormente, sem chegar a limar o fio interior. Caso o fio interior seja limado, a articulação irá partir-se.
Introduz-se um fio redondo, recozido, que se ajuste no interior e rebita-se em cima de uma bigorna de bancada, procurando que, ao golpear pela parte superior com o martelo, o fio também t ambém ceda do seu lado inferior em contato com a bigorna.
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Cortou-se o anel pela part partee superior e soldaram-se neste, diversas lâminas, formando duas câmaras independentes e capazes de conter pó ou líquido. lí quido. O motivo superior é um cacto fundido com uma técnica muito específica. Tem uma rosca na sua parte inferior e serve de tampão
“Anel para morrer” – Espécies protegidas nº 3 – Obra de Carles Codina.
Obs.: Esquema da articulação
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19 - Os fechos e argolas
Diferentes tipos de fechos que se pode adquirir em lojas especializadas.
Fechos É no corpo humano que uma jóia se mostra plenamente, pois as peças são concebidas para que as pessoas que as usam exibam e os outros as contemplem. Isto significa que a peça deve ter um mecanismo de suporte. Em muitas ocasiões, a própria forma da peça serve de apoio, mas há casos que requerem a realização de um fecho que permita segurar pulseiras, colares, brincos, broches ou qualquer outro elemento. Atualmente, é possível adquirir todo tipo de fechos pré-fabricados, em lojas especializadas em ferramentas e peças para joalheiros ou mesmo, através de catálogos. O fecho combina o perno, que atravessa o lóbulo da orelha, com outro fio que pressiona o lóbulo da orelha contra o brinco. Devido à sua forma, a este último chama-se “ômega”.
Fecho ômega Talvez um dos melhores fechos até hoje fabricados seja este tipo de fecho, cuja forma permite boa posição do brinco. O fecho combina o perno que atravessa o lóbulo da orelha contra o brinco. Devido à sua forma, este último chama-se ômega. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Este fecho consta de um talão ou suporte em que o ômega está montado e de um perno que deve estar soldado a uma distância aproximada de 7 ou 9 mm do talão. Primeiro solda-se o talão e depois o perno. Uma vez concluídas todas as soldaduras, instala-se o ômega (foto a esquerda). A peça em forma de ômega não deve ser recozida, pois tem a tensão que lhe proporciona o fio ômega. Esta questão terá de estar igualmente presente na altura das reparações: O ômega deve ser desmontado antes de se soldar a peça. Para efetuar o rebite, introduz-se o pequeno fio recozido através do talão e do ômega e rebita-se com um martelo percutor de maneira que o golpe salte sobre uma bigorna de de bancada em aço colocada na parte inferior.
Fecho de pressão A base deste fecho é constituída por um perno, ou fio de prata ou ouro, com uma grossura de 0,7 mm que deverá ser firmemente soldado à peça, tal como mostra o desenho. A peça pode ser comprada já fabricada, mas caso se decidir efetuá-la, não se deve esquecer que o metal para este tipo de de fecho deve possuir uma certa têmpera. Por isso, não pode ser feito com a prancha acabada de recozer.
Para que a soldadura do perno no brinco seja resistente e duradoura, com uma fresa deverá ser feito um pequeno encaixe para o perno e em seguida, solda- se o fio em seu interior.
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Com uma lima de corte, na respectiva aresta, lima-se um pequeno encaixe de segurança, para evitar que a pressão se solte com facilidade (foto a esquerda). Na ilustração à direita, o esquema de encaixe de segurança feito no perno perno do brinco.
Podem-se comprar as pressões (tarraxas) já feitas, devendo-se saber apenas saber escolher os seus tamanhos de acordo com as dimensões do brinco.
Fecho para broche Este fecho adapta-se a qualquer superfície plana e proporciona um bom suporte. É possível ser executado de várias maneiras, constituindo aquela aqui descrita um método fácil de elaborá-lo em ouro.
Prepara-se um tubo de ouro com prancha de 0,5 mm e outra prancha também de 0,5 mm, à qual se faz um bisel com uma lima li ma triangular ou quadrada. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Um vez dobrada e soldado, o bisel é unido ao tubo, tal como mostrado na foto à esquerda. Por outro lado, foi feito um fio retangular que também foi biselado, dobrado e soldado do modo que também observamos na foto da esquerda. Para se obter um bom ajuste da agulha (foto da direita), faz-se, de ambos os lados, um primeiro fresado com uma fresa cônica invertida, conforme se observa na foto.
É necessário fazer um segundo fresado com uma fresa cilíndrica, de modo a efetuar um pequeno assento para a agulha.
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Terminados os dois elementos, estes deverão ser soldados de forma paralela e alinhada o mais separados possível (foto da esquerda). Em seguida, introduz- se um fio de ouro sem recozer e dobra-se, como mostrado na imagem da direita.
A agulha deve ter este alinhamento para que os extremos fiquem abertos e as agulhas ao serem introduzidas dentro do fecho, exerçam força para o exterior pressionado assim, o seu interior.
Fecho de palheta O fecho de palheta tem inumeráveis variantes sobre uma estrutura como a mostrada abaixo. Na pulseira descrita no final deste curso, indica-se de forma pormenorizada, a simples adaptação de um fecho palheta. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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A ilustração acima mostra uma das formas de efetuar um fecho de palheta.
Fecho de tubo para pulseira Este fecho é geralmente utilizado para fechar pulseiras, sendo de fácil execução e admitindo muitas possibilidades. Faz-se um tubo e cortam-se em três pedaços, dois dos quais são soldados a uma parte da peça e o pedaço central a outra parte. Pelo seu interior, passa um fio f io duplo de meia cana, em forma de alfinete, que libera o tubo central permitindo a abertura da pulseira. Para que o alfinete não fuja, solda-se o fio pequeno na extremidade superior de um dos tubos.
Esquema da montagem de um fecho de tubo para pulseira.
Fecho de rosca Como já se viu em capítulo anterior, dedicado as uniões, é muito fácil realizar um fecho de rosca com a ferramenta apropriada. Neste caso, a adaptação a um fecho apresenta-se simples, sendo possível fazê-la de diversas formas. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Esta pode ser uma possibilidade na aplicação de um fecho de rosca
Fecho tipo mosquetão Há também muitas formas de fazer este fecho, geralmente utilizado para fechar colares e pulseiras. O único conselho será ter cuidado com a grossura e a têmpera do fio, já que um fio f io muito fino e acabado de recozer pode ser insuficiente para resistir ao uso e ao peso de determinadas det erminadas peças.
Fechos tipo mosquetão
Argolas Tradicionalmente, as argolas têm constituído um dos elementos essenciais da joalharia, sendo utilizadas para união móvel de diferentes elementos ou, então, para a confecção de correntes múltiplas. O processo consiste em enrolar diferentes perfis metálicos, denominados dobradores. Uma vez realizada a espiral, procede-se ao corte das argolas e a união entre si ou a um corpo de uma peça. Iremos abordar a argola mais simples e a mais utilizada: a argola redonda. Será usada para a pulseira que apresentaremos em seguida, mas podem ser feitas outras formas, f ormas, precisando somente de confeccionar um dobrador com o perfil desejado.
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Embora existam no mercado ferramentas específicas para efetuar e, até, cortar argolas, o sistema que se descreve a seguir é econômico e fácil. Para tal, é preciso de um trado manual bem como, diferentes perfis de aço com vários diâmetros, chamados dobradores.
Primeiro monta-se a barra dentro da ponta do trado manual e fixa-se f ixa-se com força este conjunto a um torno t orno de bancada. Em seguida, introduz-se uma extremidade do fio no interior da ponta do trado de forma que fique bem seguro na barra. Feito isto, procurando tender um pouco o fio começa-se a girar a manivela de forma suave e constante. Pode-se fazer a espiral diretamente sobre a varinha de aço ou, então protegê-la com um papel antes de enroscar o fio.
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Terminada a espiral, é preciso recozer o conjunto, posto que, ao dobrar o fio de metal, este irá adquirindo certa tensão, que, se não for eliminada, ao soldar fará com que as argolas se abram ligeiramente e a união com a soldadura soldadura não seja eficaz. Uma vez recozido o conjunto, este será cortado com a serra pois o corte com tesoura não é correto e a soldadura teria de preencher o espaço deixado pelo corte, derivando assim uma união mais frágil.
Pulseira de argolas Esta pulseira é de realização muito simples e de uma beleza surpreendente, sobretudo se dedicada mais atenção ao seu acabamento. Neste caso, fez-se um acabamento mate nada ortodoxo e montou-se um fecho muito simples, dos denominados de travinca. Para fazer a peça será necessário um fio recozido de ouro, com uma espessura de 0,7 mm e um só grau de soldadura, que pode ser média.
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Este tipo de corrente de argolas tem sido feito desde sempre por muitas culturas, conforme revelam estes ornamentos berberes procedentes de Tunes
O primeiro trabalho consiste em realizar argolas no dobrador ou na varinha redonda. Uma vez conformadas, recoze-se e faz a decapagem para posteriormente, serem cortadas e fechadas com a ajuda de dois alicates.
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Coloca-se as argolas de forma ordenada sobre o ladrilho de carvão vegetal para se proceder a sua soldadura. Antes Antes de aplicar fogo, é necessário aquecê- aquecê- las ligeiramente, para que ao aplicar a soldadura em pasta, esta penetre muito melhor (foto acima)
Depois de soldar e decapar as argolas, golpeia-se com o martelo de joalheiro ou com um martelo pequeno que termine em forma de bola. Quando estiverem forjadas, pega-se em cerca de metade das argolas e corta-se pela soldadura com a serra.À direita, mostramos a construção da corrente. É feita colocando duas argolas fechadas dentro de uma argola aberta. para depois ser soldada e, assim, formar grupos de três argolas. Estes grupos são unidos entre si com outra argola aberta formando grupos de sete argolas.
Deve-se continuar assim até atingir um tamanho de 18 cm, comprimento habitual de uma pulseira. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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O fecho utilizado é dos denominados de travinca, de fácil realização. Solda-se a última argola da pulseira, deixando-a fixa, e realiza-se uma pequena corrente de argolas redondas soldadas a um pedaço de fio quadrado. Este tem de passar exatamente pela argola, para que não fuja quando a pulseira for fechada.
Como resultado, obtém-se uma corrente clássica, embora o forjado e o acabamento com ácidos lhe confiram outro aspecto.
20 - As superfícies
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A superfície do metal pode ser tratada de diversas maneiras, de modo a obter a sua aparência definitiva. Para conseguir, será necessário conhecer não só as diferentes possibilidades do acabamento final de uma peça como também, a forma e o modo em que, previamente, se deve preparar o metal para se atingir o objetivo pretendido.
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Abordaremos a seguir as diferentes possibilidades e os distintos tratamentos superficiais que se pode dar a uma peça. Algumas técnicas implicam a preparação prévia de várias ligas para se conseguir a cor final e outras consistem na criação de interessantes texturas superficiais. Por último, mostraremos diferentes técnicas de acabamento superficial do metal.
21- Gravura com ácido
Broche gravado a ácido e depois cinzelado. Obra de Judith McCaig Esta forma de gravar o metal tem muitos usos em joalharia. Torna-se muito útil, por exemplo, na aplicação aplicação de nigela, esmaltes, resinas resinas ou até, em posteriores incrustações de metal. Pode-se realizar desde finos f inos trabalhos de gravura até interessantes texturas que depois serão utilizadas ut ilizadas para a construção de peças. Com a gravura a ácido não se perde o traço gestual do Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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desenho, permitindo trabalhos sobre o metal característicos de desenhos realizados sobre o papel. O princípio é simples: de um lado estão os ácidos que, como sabemos, atacam o metal e aos quais, já preparados na sua justa proporção, chamaremos de mordentes. De igual modo, existe toda uma série de lacas e vernizes que evitam o contato do ácido com o metal. Por conseguinte, a superfície exposta ao mordente é atacada e escurecida, produzindo uma gravura à priori, interessante.
Preparação do metal Os metais devem ser bem esmerilados, esfregados com pó de pedrapomes ou, então, com um cepilho de fibra de vidro e água. Posteriormente, devem ser muito bem limpos e secos antes de serem aplicados os diferentes vernizes. Caso contrário, o verniz em contato com o ácido pode levantar-se e estragar o trabalho previsto.
Marcação do desenho Existem várias formas de marcar o desenho sobre o metal, em função da dificuldade que este possa apresentar. Um sistema para passar desenhos complexos consiste em pintar a superfície do metal com tinta plástica branca, de forma a ficar totalmente coberta. Por cima, coloca-se um papel químico e, sobre este, o papel com o desenho, que, uma vez traçado de novo, irá ficar impresso na pintura. Em seguida, com um ponteiro, segue-se o contorno do desenho e procede-se a limpeza perfeita da superfície.
O metal que será gravado não deve ter gordura. Depois de limpo não deve ser tocado, pois a gordura das mãos pode impedir que o verniz seja fixado corretamente. Aqui, colou-se uma fita adesiva na parte posterior da gravura e nas arestas. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Produtos resistentes ao ácido Há muitos produtos resistentes ao ácido, de acordo com trabalho que se pretenda realizar. Podem-se obter resultados muito interessantes usando diversos tipos de produtos para proteger as superfícies: colas, misturas de alcatrão, ceras, fitas adesivas, etc. O s efeitos são surpreendentes. Também como proteção contra o ácido pode ser utilizado cera de abelha aquecida ou então, goma laca, embora a sua aplicação não seja tão precisa. Para trabalhos delicados, pode-se empregar um tipo de verniz negro acetinado, que se vende nas lojas especializadas em artigos art igos de artesanato. Este verniz é brando ao traçar as curvas e as zonas complexas, não se parte tanto como o betume-de-judeia, que costuma ser muito útil para outros tipos de trabalhos. Para eliminar a cera, bastará ferver a peça e suprimir os restos com água e detergente. A capa de verniz deve ser fina e muito uniforme. Depois de aplicada, deve-se deixar secar.
Pode-se aplicar cera quente com um pincel ou por meio de banho. Se aplicar cera quente de abelha, por meio de banho, atente para que a capa que será formada não fique muito grossa. Para isso, o metal deverá estar um pouco quente.
Eis a superfície pronta para ser gravada com um buril ou com punção Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Para melhor definir as linhas ou então para às fazer finas, deve-se usar um punção de aço com uma ponta apropriada para levantar o verniz. A zona que ficar livre de verniz será atacada pelo ácido e por isso, escurecida
Mordentes Os ácidos de uso mais comum são o ácido clorídrico (HCI), o ácido nítrico (HNO3) e o ácido sulfúrico (H 2SO4). A sua vantagem sobre os outros deriva de todos estes se dissolverem em água. Como ponto de partida para realizar gravuras precisas, as proporções serão as seguintes: Metal Ouro Prata Cobre
Ácido Nítrico 1 parte 1 parte 1 parte
Ácido Clorídrico Água destilada 3 partes 40 partes_ 3 a 4 partes_ 1 a 2 partes_
A dissolução de uma parte de ácido nítrico com três de clorídrico denomina-se água régia. O ácido é mais pesado que a água. Por isso, a mistura deverá ser suavemente agitada de modo a ficar f icar homogênea e morder por igual.
Ataque A gravura a ácido é o resultado de três fatores: a concentração de ácido, o tempo e a temperatura. Todos estes influem no resultado final de uma boa gravura. Devem-se empregar ácidos de boa qualidade com baixo teor de impurezas. Uma alta concentração de ácido em água reduzirá o tempo de execução da gravura, produzindo linhas mais descontroladas, mas ao mesmo tempo, muito interessantes. Se não prestar suficiente atenção, esta alta proporção de ácido pode levantar o verniz. Se desejar linhas mais definidas, Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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melhor usar uma baixa concentração de ácido, obtendo-se assim mordeduras definidas e precisas. A temperatura constitui um fator importante: não é o mesmo fazer f azer uma gravura no inverno e em pleno sol no verão. O tempo para se efetuar uma gravura é influenciado pela temperatura de dissolução, pelo que quanto mais elevada esta for, menos será o tempo, pois quanto mais tempo o mordente estiver em contato com o metal, mais profunda será a gravura. Como realizar a gravura O ataque do ácido deve ser realizado num recipiente de vidro resistente ao calor, visto que a mistura de ácido e água gera calor ou por que se pode aquecer o recipiente para acelerar o processo. Para por a peça no banho, utiliza-se pinças de plástico ou madeira. Já para assentar no fundo, podem-se utilizar os fios de algodão. A profundidade da gravura pode ser testada colocando uma prova de metal juntamente com a peça que será gravada. Depois de obtida a gravura, o verniz pode ser eliminado com ajuda de um cepilho de e de dissolvente.
Uma gravura lenta, numa proporção baixa de ácido, dá um resultado como este. (Sabine Meinke)
Controlando estes três aspectos: quantidade de ácido, tempo e temperatura, pode-se conseguir uma boa gravura, pois é possível compensar a debilidade do ácido aumentando o tempo de gravação ou a temperatura. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Essa imagem mostra o resultado dos diferentes ataques de ácidos. As linhas que estão escritas suavemente passaram pouco tempo no ácido. Já o desenho maior permaneceu por mais tempo sobre o ataque do ácido.
Esta peça foi efetuada sobre prata com muito ácido forte. O resultado consistiu em um traço menos definido, mas eficaz para que se pretendia. Obra de Carles Codina.
Também se pode realizar texturas ou gravar peças volumétricas. Neste caso, pode-se aquecer um pouco a peça e polvilhar goma-laca com um tamis, que se funde ao entrar em contato com a superfície, passando-se em seguida para a gravação. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Introduz-se a prancha no banho de ácido, tal como se descreveu anteriormente, e obtém-se um resultado como da foto acima.
Segurança Os ácidos são perigosos. Se inalá-los pode afetar as mucosas nasais e o seu contato com a pele gera sérias queimaduras. Por isso, deve-se trabalhar com luvas especiais e com máscaras com filtro anti-ácido. Também é aconselhável o uso de óculos de proteção para evitar possíveis “salpicos” nos olhos. O ambiente de trabalho deve ser muito bem ventilado e os ácidos deverão ser guardados em local seguro.
22 - Combinações de metais Os metais preciosos são unidos aplicando-lhes soldaduras, mas também é possível fazê-los por difusão, já que estes metais, quando submetidos a uma alta temperatura e numa atmosfera redutora à pressão, fundem-se ligeiramente, unindo-se sem necessidade da soldadura. Apresentaremos em seguida, duas técnicas para combinar metais, sendo cada uma destas um tipo distinto de união. gane unido por difusão e em Em primeiro lugar, veremos o mokume gane unido seguida, um torcido simples unido com soldadura.
Mokume gane Esta técnica foi utilizada há 300 anos na criação de bainhas e punhos de Mokume significa lista de madeira e gane metal. gane metal. espada. Em Japonês, Mokume significa O nome deve-se à sua semelhança com os laminados de madeira. O Mokume gane consiste gane consiste na união de diversas lâminas de metal entre si, em Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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forma de bloco laminado. Estas podem ser unidas com soldadura ou por difusão. No exemplo que iremos apresentar, escolhemos a segunda técnica que embora sendo mais complicada, permite obter resultados superiores, pois ao não ter soldadura, o trabalho posterior é muito mais versátil. Preparação do bloco Em primeiro lugar, deve-se formar um bloco, quer dizer, submeter o metal a muito calor numa atmosfera redutora e a uma ligeira pressão, a qual fará com que os metais se unam entre si, sem necessidade de acrescentar soldadura. Para isso, prepara-se uns laminados especiais cujo segredo esta no seu teor de em cobre. A proximidade proximidade do seu ponto de fusão e o fato de possuir uma maleabilidade parecida faz com que, uma vez terminado o bloco, este se comporte como se de uma unidade tratasse e, por conseguinte, posteriormente possa ser forjado e trabalhado corretamente. A tabela A mostra as diferentes ligas que podem ser utilizadas: Tabela A: A: Ligas ________________ Ouro ________________ Ouro fino Shakudo 4,8% 2,5% Shibuichi Shiro-shibuich -
Prata 40% 30% 60%
Cobre 95,2% 97,5% 60,0% 70,0% 40,0%
As várias ligas podem ser combinadas entre si, em diferentes proporções. Por exemplo, se combinar Shakudo e Shibuich nas proporções indicadas na tabela B, obtêm-se a denominada Kuro-Shubuichi. Tabela B : Como obter a liga Kuro-Shibuichi Shakudo + Shibuich 83,30 % + 16,70 % 71,40 % + 28,60 % 58,58 % + 41,20 % As ligas são selecionadas e alternadas pelo seu tom contrastando, sem esquecer que as lâminas de alto teor em cobre se patinam melhor. No bloco mostrado a seguir foi deixada uma capa exterior de ouro fino e uma capa de cobre mais grossa como capa inferior.
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As pranchas mostradas devem ficar planas e esmeriladas, sem qualquer irregularidade na superfície. Depois de preparadas devem ser limpas com água, bicarbonato e por último, álcool. As superfícies não devem ser tocas com as mãos após serem limpas.
Embora se tenha formado uma casquinha, é também necessário pintar os lados das placas de ferro que irão entrar em contato com as lâminas, utilizando utili zando almagre ou qualquer produto protetor de soldaduras. Em seguida, colocam-se as placas no interior e impregna-se com um pouco de bórax muito bem diluído
Agora se dispõe a caixa conforme a foto mostrada acima e ata-se muito apertado com fio grosso de aço. As duas lâminas de ferro são importantes, já que o conjunto será submetido a uma pressão que deve ser uniforme em todo o bloco de laminagem. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Submete-se o conjunto a um fogo reduzido. Pode-se utilizar uma forja de ferreiro ou um forno com ladrilhos de carvão. Quando a caixa com o bloco obtiver uma cor vermelho-alaranjada pressiona-se o conjunto com um martelo velho ou pinças de fundir. Observar-se-á um resultado brilhante entre as diferentes lâminas de metal, indicando que a união foi conseguida.
Existem muitas possibilidades para cominar metal. Neste caso, Judith McCaig grava primeiramente o metal e posteriormente, o cinzela para depois combinar com lâminas de ouro sobre prata. O título da obra é “Dark dead Grass steps for tomorrow” Laminagem Depois de obtido o bloco é preferível forjá-lo na bigorna com um maço de ferro para compactar bem o metal antes de se efetuar a laminagem.
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Quando o bloco estiver decapado e limpo, deve ficar parecido com o mostrado na foto à esquerda. Note as diferentes capas de metal e a inexistência de soldadura. Este conjunto deve estar como um bloco compacto. Em seguida, o bloco será forjado para depois ser laminado até metade da espessura inicial.
Corta-se o laminado pela metade, aplaina-se e volta-se a colocar dentro da caixa onde os dois blocos deverão ser unidos da mesma maneira que a explicada anteriormente. Depois de unidos os dois blocos, o bloco formado terá agora 12 capas, o dobro de quando se iniciou este trabalho. Este processo de laminar e unir deve ser repetido tende em mente que cada vez que for efetuado, se obtém o dobro das capas (6-12, 12-24, 24-48). É um processo semelhante a fabricação de aço damasco Formas de trabalhar o bloco Existem várias maneiras de trabalhar este bloco: pode ser esburacado com diferentes brocas antes da laminagem ou então, trabalhado depois de laminado. Para a proposta que se segue, foi escolhido um processo que consiste em limar amplas listras transversais.
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Enquanto se escava o bloco, pode-se observar a largura e a penetração das listras. Com estas variações, irão se formar, posteriormente, diferentes efeitos de lâmina (foto da esquerda). Uma vez limadas as várias listas, deve-se proceder então a forja e a laminagem. Quando se tiver reduzido a grossura do bloco, pode-se voltar a limar a mesma lista para torná-la mais profunda (foto da direita).
Lima-se o bloco até conseguir obter uma prancha fina. Neste caso, o resultado é um esbatimento de franjas transversais.
Se em vez de se fazer cortes transversais, no mesmo sentido, também se fizer em modo de quadrícula, obtém-se este interessante resultado (foto da Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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esquerda). N ilustração da direita pode-se observar o esquema dos diversos tipos de trabalho no bloco e seu posterior resultado.
Caso não seja feito qualquer corte no bloco e este for laminado, teremos uma prancha que poderá ser trabalhada de diversas maneiras.
Torcido Este processo consiste em obter fios e pranchas a partir da união de diferentes fios de ouro, prata, ou qualquer liga das utilizadas no Mokume gane. É uma técnica com muitas possibilidades de criação. O seu processo de trabalho admite tantas variedades que seria impossível descrevê-las neste capítulo. Executar uma prancha A partir da torcedura de diferentes fios e depois de laminar, é possível obter diversas Lâminas que proporcionam uma gama cromática muito interessante.
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Com a ajuda de um trado manual, torce-se um fio de ouro e outro de prata. Previamente, pode-se soldar uma das pontas e introduzi-la no trado. A outra ponta deve ser estirada com umas tenazes t enazes para então ser rodada a manivela com a mão até que o fio fique torcido (figura da esquerda).
Aqui, prepararam-se diversos fios de ouro e prata, previamente recozidos e decapados. Na verdade, pode-se realizar com qualquer liga das explicadas no “mokume gane” ou, então, com combinação de ouro de cores variadas.
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Há diversas formas de preparar o fio. Neste caso, fez cinco cinco torcidos de dois fios finos e introduziu-se um fio no centro da soldadura. O conjunto deve ser atado com aço, sendo-lhe aplicado líquido de soldar antes da aplicação do calor (foto da esquerda). Outra forma de preparação (veja na página anterior, a imagem da foto no círculo) consiste em atar os fios de diferentes com fio de aço e soldar todo o conjunto com abundante soldadura, aplicado em forma de fio. É importante que os fios estejam muito apertados para que a soldadura preencha o mínimo de espaço possível e assim, reduzir o inconveniente que implica o aparecimento de zonas mais amarelas por efeito da soldadura nas pranchas.
Podem-se realizar anéis torcendo o conjunto em si mesmo para em seguida, trefilá-lo no banco de estirar e dar-lhe um perfil redondo ou quadrado e depois, uma forma de anel. Neste caso, fez-se um fio quadrado com a laminagem e soldou-se entre si para preparar uma prancha Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Lima-se os lados do bloco obtido com uma lima grossa para eliminar o excesso de soldadura que tenha ficado sobre a superfície. Para obter uma prancha, lamina-se o bloco até que este alcance um grossura de 0,6 mm. Em seguida, é dado um maior contraste oxidando com óxido de prata (veja a foto da direita). Deve-se ser cauteloso na preparação da prancha e usar uma soldadura com um ponto de fusão elevado, caso a intenção for efetuar novas soldaduras para continuar o trabalho.
Na foto da esquerda, broche e brincos realizados por Francesco Pavan. Ao seu lado, pulseira elaborada por Stefano Marchetti.
Um anel simples Partindo de três fios e com apenas uma soldadura é muito fácil realizar o anel apresentado abaixo.
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Segurando dois ou três fios por uma extremidade em um pequeno torno de bancada e retorcendo a outra extremidade, pode-se obter um fio como o mostrado na imagem da esquerda. Basta conformar o fio na lastra de anéis e soldá-lo. Se colocar o conjunto em um banho de óxido de prata, prat a, consegue-se um escurecer apenas a prata e não o ouro, pois o óxido de prata não o afeta.
Corrente com elos forjados Esta corrente, que já tinha sido mostrada em capitulo dedicado as argolas, parte da mesma concepção de realização, mas com a particularidade do fio com que foi elaborado ser composta por dois metais bastante diferentes, como o ouro e a prata.
Preparam-se dois fios de secção retangulares retangulares soldados com soldadura forte e lamina-se um pouco para se voltar a trefilá-los pela mesma fieira quadrada, como se de um mesmo fio se tratasse (foto da esquerda). Uma vez recozido o fio, elabora-se diversas argolas redondas, da mesma forma que as apresentadas no tópico sobre argolas. Em seguida, ao soldar, lamina-se e forja-se, golpeando-as com martelo. Posteriormente, são unidas entre si.
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Pode-se deixar a pulseira como a da foto acima; onde a oxidação da prata perante o ouro faz com que aumente o contraste.
Anel de prata e ouro com soldadura Aproveitando a propriedade que os metais tem de se unirem entre si sem o emprego de soldadura é muito fácil realizar um anel como o abaixo.
Prepara-se uma lâmina de prata e deixa-se completamente plana e esmerilada. Sobre esta se coloca coloca diversos palhões de ouro fino previamente molhados em líquido de soldar. Em seguida, devemos aquecer o conjunto com fogo envolvente até se obter a fusão do ouro e da prata.
Em seguida, lamina-se até se obter uma grossura de 0,8 mm e esmerila-se. Depois a placa é conformada em forma de anel na lastra para anéis. Feito isso, solda-se pelas lextremidades. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Depois de oxidado, este é o resultado.
23 - Granulação A granulação consiste na união de diminutas bolas de prata ou ouro entre si, ou então, sobre uma superfície de metal sem utilizar soldadura externa. Com efeito, podem-se formar grânulos tão diminutos que pareçam cotão. Um bom exemplo constitui os trabalhos realizados pelos Etruscos, nos séculos VI e V a.C.
Grânulos de metal O grânulo é um elemento essencial. Pode-se realizar a granulação com grânulos de ouro de 18 quilates ou de prata de 925 milésimas, mas se obtém os melhores resultados com bolas de ouro fino ou prata fina, já que o seu ponto de fusão é mais elevado e a temperatura pode ser controlada mais facilmente. Concluído o processo, a superfície adquire uma aparência mais leve, por ser menor a zona de união. O fato de se trabalhar com metais sem ligar supõe que se deve juntar o cobre à união por meio de uma pasta granular. Ao fundir-se, um metal tende a ocupar um espaço mínimo. Por isso, quando um pedaço de metal se funde acaba por se converter numa esfera. Podem-se realizar esferas de metal a partir de pedaços de fio, argolas ou pequenos palhões, mas para se obter uma boa granulação o grânulo deve ser completamente esférico. O primeiro passo consiste em preparar o metal para posteriormente lhe dar a forma de bola. Existem diversos sistemas para produzir bolas ou grânulos, dos quais explicaremos três deles.
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Anéis granulados realizados por Carles Codina
Preparação do metal Para preparar o metal do qual precisa obter grânulos, corta-se pequenos e coloca-se sobre um bloco de carvão vegetal para fundi-los. Esse sistema é muito interessante, pois permite obter os grânulos rapidamente, sempre que se tratar de uma boa quantidade não muito grande.
Corta-se uma lâmina de metal delgada, de forma a ficarem pequenos pedaços com várias medidas. Obtém-se assim, diferentes tamanhos e pode-se pode-se conseguir grânulos muito pequenos. Outro método para conseguir bolas de igual peso e tamanho é fazer argolas com fio e depois cortá-las. Ao converterem-se em bolas, estas ficarão exatamente iguais.
Realização de grânulos Uma vez preparado o metal e seguindo qualquer um dos métodos explicados, prepara-se um ladrilho de carvão vegetal no qual previamente e com uma fresa de bola, se faz pequenos orifícios côncavos de forma a Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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servirem de assento para que as futuras bolas não se movam ao serem fundidas e fiquem esféricas. Depois de aplicar fogo, o metal adquire forma esférica; agora falta deixar arrefecer, decapar e secar. Se o processo for efetuado sobre um bloco refratário ou fibra, a bola não ficará totalmente t otalmente redonda, principalmente no lado que está em contato com o refratário. Por isso é importante o uso de carvão vegetal: este ladrilho reparte o calor de forma f orma mais uniforme e o mantém mais tempo que um ladrilho refratário de outro tipo.
Neste caso, realizam-se argolas de fio de prata colocando-se uma em cada buraco do bloco de carvão. As argolas tem a grande vantagem de uma vez cortadas, terem todas o mesmo peso, de modo que, ao serem fundidas, f undidas, formarem esferas de idêntico tamanho. t amanho. Outro método que permite fazer uma grande quantidade de grânulos consiste em colocar sobre uma placa refratária um cilindro de aço refratário, dos quais são habitualmente usados na micro-fusão e fechar a união entre ambos com barro, também refratário. No seu interior, coloca-se uma primeira capa do carvão mais grosso e sobre esta, outra capa de carvão com uma tamisação (granulação muito fina). O objetivo desta operação consiste em evitar que depois de fundidas as bolas possam cair através do carvão e unir-se a outras bolas vizinhas. Sobre a segunda capa, depositam-se pequenos pedaços de metal ou as argolas, procurando que não toquem umas nas outras. Repete-se este processo até acabar todo o metal ou então, até encher o cilindro. Seguidamente, mete-se o conjunto no forno a uma temperatura superior a do ponto de fusão do metal com que se pensa realizar a granulação. O tempo de permanência no mesmo dependerá do tipo de metal utilizado e do tamanho do cilindro que é empregado. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Em um almofariz, tritura-se carvão vegetal em abundancia e tamisa-se em duas consistências: uma muito fina e outra mais espessa.
Ma mesma maneira, pode-se aplicar calor diretamente na nos pequenos pedaços colocados sobre o ladrilho de carvão vegetal sem buracos. Com o calor, tornam-se esféricos e rodam até caírem na água quando ainda estiverem quentes, pois pode deformar-se com o choque térmico. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Também se podem formar grânulos cortando pequenos pedaços de metal fino f ino e colocá-los uma a um no nos pequenos buracos do bloco de carvão. Em seguida, aplica-se fogo com o soldador até se conseguir a sua fusão. Quando o metal adquirir a forma a forma esférica, deixa-se arrefecer e decapa-se o óxido em ácido.
Pasta de granular Na granulação, gera-se uma pequena fusão superficial que implica numa interpenetração estrutural. Para conseguir, é necessário elevar a temperatura no ponto de contato das superfícies, já que, com o calor, se produz uma agitação térmica que consegue partir os grupos de cristais denominados grãos. Este é o momento em que intervém o cobre, que dá a pasta de granular: o cobre penetra em ambas as estruturas e gera uma liga pontual com um ponto de fusão mais baixo que do interior da bola e a superfície sobre a qual se está a aplicar as bolas, provocando a união. Podem-se preparar muitos tipos de pastas para granular, mas há dois elementos que devem ser utilizados obrigatoriamente: o cobre e o carvão. Como cobre, pode-se usar qualquer sal de cobre ou cobre sólido: hidróxido de cobre, cloreto de cobre, acetato de cobre, óxido de cobre negro ou óxido de cobre vermelho. Se desejar produzir cobre vermelho, mergulham-se os grânulos em ácido velho juntamente com fio de aço para que as bolas adquiram um tom ligeiramente rosado. Também poderá colocar as bolinhas num forno a cerca de 460º C e retirá-las para que oxidem.
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O carvão é agregado à união pela cola, que tem de ser um colóide, cola de origem orgânica, pois deve liberar carvão quando queimada. Poderá ser usada a cola de pez, a alcatira, goma arábica ou até, colas brancas usadas para trabalhos manuais, mas devem conter componentes orgânicos.
Há várias fórmulas para realizar as pastas. Algumas destas complexas e trabalhosas de preparar, mas de excelentes resultados. Esta pasta de cor verde é a que normalmente é utilizada.
Processo prático para um anel de prancha As bolas são selecionadas pelo seu tamanho. É possível unir bolas de diferentes tamanhos, mas quanto mais esféricas forem e um tamanho igual tiver, melhor será o resultado. Existem igualmente diversas formas de aplicação: pode-se por pasta na superfície e na bola ao mesmo tempo ou só na bola. Atente que, tal como excesso de cobre, um excesso de pasta revela-se prejudicial a união. Para aplicar os grânulos, podem-se utilizar pinças, espátulas de madeira ou mesmo, um pincel. Para efetuar a união, aplica-se um fogo redutor, evitando ao máximo a entrada de oxigênio nessa altura. Deve-se trabalhar o mais depressa possível, sem afastar o fogo da peça um único momento. Efetuando a união sobre carvão, consegue-se equilibrar o fornecimento de calor essencial para esse processo.
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Para se selecionar o tamanho t amanho das bolinhas, estas devem ser tamisadas por meio de diferentes tamises (foto da esquerda). Neste caso, preparou-se um jogo de tamises a partir de um filtro de máquina de café, café, o que permitiu uma economia considerável. A pasta é preparada (foto da direita) com óxido de cobre negro e goma-arábica, à qual se pode acrescentar um pouco de sal bórico até se obter a consistência indicada.
Coloca-se um pouco de pasta em outro contentor e depois de bem impregnados todos os grânulos, vão sendo colocados nos respectivos lugares (foto da esquerda). A secagem é uma das fases mais importantes na granulação, devendo ser realizada para que possa ser possível continuar a colocar as bolinhas nas laterais. É essencial eliminar toda a água antes de se aplicar calor, para evitar que, com o fogo, os grânulos se desloquem.
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O calor pode ser aplicado por meio de um forno ou mesmo com o soldador. Com o calor produz-se a reação de união durante um breve período de tempo, pelo que é necessário estar com muita atenção e controlar bem o calor para evitar que a peça se funda. Uma vez unidos os grânulos, deve-se decapar com ácido para eliminar a oxidação gerada. Na foto à direita, o resultado final do processo de granulação. Obra realizada por Carles Codina
Acabada a granulação, pode-se soldar ou efetuar qualquer outro processo. Anéis realizados por Carles Codina
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Quando a granulação estiver terminada, pode-se golpear com um martelo ou então, limar para se conseguir outra aparência. Broche realizado por Harold O’Connor
Aplicação sem base A granulação pode ser efetuada unindo os diferentes grânulos entre si, sem necessidade de uma prancha. Para a realização do anel que mostraremos abaixo, Verônica Andrade usou grânulos grossos de prata fina, f ina, preparando a pasta de modo descrito anteriormente, mas deixando um pouco mais espessa devido ao tamanho da bola.
Preparam-se bolas com um tamanho de 1,5 mm e impregna-se com pasta de granular da forma como abordada anteriormente. Colocam-se cada uma das bolinhas sobre um pedaço de mica, para impedir que os grânulos venham aderir na base. Armam-se quatro laterais às quais quando estiverem secas, é aplicado calor para realizar a união sem que as bolas se desloquem. Pegasus – Cursos, e-books, apostilas, manuais e tutoriais on-line WWW.CURSOSPEGASUS.COM.BR
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Quando terminadas, montam-se as laterais formando um retângulo. Neste caso, utilizou-se soldadura
Finalizando o retângulo, prepara-se um anel de ouro para soldar em seu interior. Os dois elementos devem encaixar perfeitamente um dentro do outro. Realizada a união, procede-se a oxidação com óxido de prata para enegrecer a prata. Anel granulado de ouro e prata, realizado por Verônica Andrade.
Peça granulada de prata, realizada por David Huycke
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