Será a natureza normativa? Será a ética natural? Estará o nosso comportamento inscrito nos genes? Haverá genes éticos? Qual a amplitude de liberdade que a biologia nos dá? O que comandará as decisõ...Full description
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Sobre a clinica e a escola
Charles Baudelaire
Um dos mais importantes cientistas da atualidade afirma, com todas as letras, que a possibilidade de vida após a morte e da reencarnação é uma ideia não apenas lógica, mas cientificamente pl…Full description
Descripción: Vida Religiosa en la antigua Roma
Descrição: Wittgenstein
Sociologia
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A Consciência e a Vida - BergsonDescrição completa
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Descrição: Sociologia
Estudo acadêmico sobre a cultura social da Primeira República.
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Fichamento: TÍTULO: História da Vida Privada no Brasil: Cotidiano e vida privada na América port!esa" AUTO# $or!"%: Lara de &ello e 'o(a" CAPÍTULO F)CHA*O: Cotidiano e viv+ncia reli!iosa: entre a capela e o calnd" AUTO# *O CAPÍTULO: Li( &ott" P,-).A' *O CAPÍTULO: /001223 4*)56O: /7 VOLU&4: / 4*)TO#A: Companhia das Letras 8 'P A.O *4 PUBL)CA56O: /99" CAPÍTULO': ; PALAV#A CHAV4: Brasil< história< per=odo colonial< sos e costmes" T)PO *4 OB#A: Livro $>i>lioteca%" &OTT< &OTT< Li(" Cotidiano e viv+ncia reli!iosa: entre a capela e o calnd" In: 'OU?A< Lara de &ello e" $or!"%" História da Vida Privada no Brasil: cotidiano e vida privada na América" Vol" /" '@o Palo: Companhia das Letras< /99"
COTIDIANO E VIVÊNCIA RELIGIOSA: ENTRE A CAPELA E O CALUNDU. RELIGIÃO PÚBLICA E PRIVADA Herdeiro da tradi@o daica< o cristianismo sempre ensino a ses iéis m caminho de das m@os para se conse!ir a perei@o espirital t@o almeado !alard@o no #eino dos Cés: Cés: de m lado< o eDerc=cio eDerc=cio individal individal e privado privado de atos de piedade piedade e comnica comnica@o @o m=stica direta da criatra com *es .osso 'enhorE do otro< a prtica pG>lica e comnitria dos sacramentos e cerimnias sacras" 4Demplo dessa >ipolaridade espirital parti do próprio ndador do cristianismo: Iess aparece nos 4van!elhos como o splicante por eDcel+ncia" 4le re(a reJentemente: recita as oraKes daicas ordinrias como a >+n@o hora da comida< re(a antes das aKes e decisKes mais importantes< splica ao Pai na solid@o da noite< a( ora@o comnitria na Gltima ceia em companhia de ses disc=plos< depreca de oelhos sando san!e no horto das Oliveiras véspera de sa paiD@o" 4m>ora reJentasse o templo e se!isse os ritais reli!iosos da Lei de &oisés< Cristo ops1se a m dos modismos da reli!i@o de se tempo ao condenar o ritalismo oco da seita dos arises" Assim ensino a ses disc=plos: MNando orardes< n@o aais como os hipócritas< Je !ostam de orar em pé nas sina!o!as e nas esJinas das ras< para serem vistos pelos homens" Nando orardes< entra no te Jarto< echa a porta e ora ao te Pai em se!redo" 'acrali(o destarte a ora@o individal< o colóJio m=stico direto da alma com o Criador" A despeito de enaltecer a reli!iosidade privada< clarividente Janto importncia da ora@o ora@o comni comnitr tria ia na con consol solida ida@ @oo da socied sociedade ade eclesi eclesial< al< Iess Iess con coneri eri prece prece comnitria stats i!almente paradi!mal< ao pontiicar: MNando dois de vós se nirem so>re a terra para pedir< sea o Je or< conse!i1lo1@o de me Pai Je est nos cés" PorJe onde dois o tr+s est@o renidos em me nome< a= esto e no meio deles" A primitiva )!rea crist@< tal Jal podemos vislm>ra nos Atos dos Apóstolos< desde ses primórdios< reni essas das postras na prtica reli!iosa: a contemplatio< o a ora@o ora@o pessoa pessoal< l< priva privada< da< e a liturgia< Je no latim eclesistico medieval eJivalia a Mclto pG>lico e oicial instit=do por ma i!rea" 1
Como sa>iamente saliento *rQheim no clssico Formas elementares da vida reli!iosa< as cerimnias e ritais pG>licos sempre tiveram ma n@o catalisadora do etos comnitrio< ncionando i!almente como eiciente mecanismo de controle social e manten@o da r=!ida hierarJia da igreja militante" Assim< a missa o>ri!atória aos domin!os e dias santos !arda 8 m total de 9; eriadosR 8< a o>ri!a@o da deso>ri!a pascal $atestado assinado pelo vi!rio Je o freguês conesso1se e comn!o ao menos ma ve( por ocasi@o da Pascoa da #essrrei@o%< a indispensa>ilidade da reJ+ncia aos sacramentos< s@o al!mas das prticas reli!iosas amal!amadoras do corpo m=stico no Brasil de antanho< m contrapeso sociali(ador si!niicativo para compensar a dispers@o espacial e isolamento social dos colonos na dimens@o da América port!esa $&OTT< /99: /0S1/09%" Católico Je honrasse o nome n@o se limitava a cmprir a o>ri!a@o pascal e os mandamentos da 'anta &adre )!rea: convinha alimentar sa vida espirital privada e comnitria" MNalJer alma Je Jiser se!ir a vida do esp=rito< conesse1se e comn!e poco mais o menos todos os oito dias e nos de especial estividade e indl!+ncia< ensinava rei Francisco da Concei@o< m dos teólo!os ranciscanos mito em vo!a no Brasil setecentista" Faa cada dia ma hora de ora@o mental dividida em das ve(es< parte de manh@< parte noite" Oa missa todos os dias podendo< e n@o podendo< a medite espiritalmente" #e(e a cada dia a Coroa de .ossa 'enhora meditada o #osrio o Tero dele com devo@o< a .ovena das Almas< a 4sta@o do 'ant=ssimo 'acramento" Visite devotamente a Via 'acra todos os dias Je pder< mas ao menos nos dias 'antos e 'eDtas1eiras" Faa todos os dias mitos atos de amor a *es e mitas ervorosas aclatórias< e se lhe n@o lem>rar otra< repita esta mitas ve(es: M'enhor< tende misericórdia de mim" Faa m dia de retiro cada m+s e dos de oito o de( dias ma ve( no ano< podendo" Iee nas seDtas e s>ados cil=cio nas teras< Jintas e s>ados por tempo de ma o das horas" noite aa eDame de consci+ncia poco antes de se deitar< considerando Je pode n@o se levantar sen@o para sepltra" Além de todos esses eDerc=cios pios individais< aconselhava1se a toda !ente participar das cerimnias e devoKes pG>licas< mas dentro< otras ora dos templos< tais como as cele>raKes da 'emana 'anta< as reJentes procissKes< >+n@os do 'ant=ssimo< tre(enas< novenas e tr=dos dedicados aos mGltiplos ora!os de sa re!esia< as romarias e santas missKes $&OTT< /99: /091/S3%"
Tais cerimônias e ri!ais "#$%ic&s 'a(iam "are ine)rane *a c!%!ra re%i)i&sa em P&r!)a% *es*e a +"&ca *&s *esc&$rimen&s. ,!ase &*a semana em P&r!)a% seiscenisa &s 'i+is *e-iam "assar &ras se)!i*as re!ni*&s nas i)re/as0 ca"e%as &! ermi*as0 re(an*&0 canan*&0 &!-in*& serm1es &! assisin*& a re"resena21es re%i)i&sas0 c&m& "res+"i&s0 a!&s3*e3'+0 %a!s"erenes0 -ias3sacras ec.0 n4& a"enas em s!a "r5"ria -i%a &! ci*a*e mas am$+m nas 6erras7 circ!n-i(inas. N& Brasi%0 c&m& &s cenr&s !r$an&s eram rar&s e c&m *+$i% ra*i24& ass&ciai-a0 as r!as in5s"ias "e%a m!ia "&eira n& -er4& e %ama na esa24& c!-&sa0 as "ra2as amea2a*&ras "e%a "resen2a ines"era*a *e animais se%-a)ens0 8n*i&s e ne)r&s in*ômi&s0 m!ias *as ce%e$ra21es re%i)i&sas 9!e n& Ve%& !n*& inam %!)ar a& ar %i-re0 na Am+rica "&r!)!esa &! '&ram a$an*&na*as &! i-eram *e se rans'erir "ara *enr& *&s em"%&s &!0 ain*a0 'icar resria ; ce%e$ra24& *&m+sica. <...=. Os mais esn&$es e e%iisas0 c&m& -erem&s a*iane0 c&nsr!8am se!s "r5"ri&s %&cais *e c!%& > ca"e%as0 ermi*as e a+ i)re/as0 n& ineri&r &! ane?as ;s s!as m&ra*ias0 2
e-ian*& assim & in*ese/a*& c&n-8-i& c&m &s 'i+is *e &!ras ra2as &! *e esra&s in'eri&res $&OTT< /99: /S31/S/%" C&men@ri&s: )ntrod(indo se teDto< &ott inicia ma eDposi@o so>re a dpla concentra@o crist@ na reli!iosidade eDpressa nos am>ientes pG>licos e privados" .isto coloca ma >ipolaridade presente na devo@o individal e pG>lica criada por Cristo" 4m se!ida< o ator adentra na eDposi@o da reli!iosidade doméstica e de como ela nasce e se desenvolve no Brasil colnia" 'eria a partir da insici+ncia de i!reas e< conseJentemente< da necessidade dos crist@os em praticar ses cltos< Je os altares reli!iosos comeariam a sr!irE porém< m detalhe marca a arJitetra das casas1!randes e casarKes< o mesmo das casas1no>res< em Je as elites para n@o comn!ar com os novos convertidos< no caso ind=!enas e ne!ros< considerados como selva!ens e ineriores< ediicavam em sas resid+ncias altares< i!reinhas< capelas< etc"< para praticarem sas devoKes"
COTIDIANO E VIVÊNCIA RELIGIOSA 6Vi)iai e &rai0 "ara n4& cair*es em ena24&7: '&i & ensinamen& *ei?a*& "e%& Cris& a se!s *isc8"!%&s. E se)!n*& rec&men*a a e&%&)ia m8sica n!m man!a% "&r!)!s c&rrene n& Brasi% c&%&nia%0 6a &ra24& + & "4& 9!&i*ian& *&s /!s&s0 sem & 9!a% n4& "&*em *ar "ass& na -ir!*e. P&r iss&0 anes 9!e a a%ma se "&na a camin& *as -ias es"iri!ais0 /!s& + 9!e ena "re-eni*& & se! s!sen&0 c&m 9!e ne%a se @ *e a%imenar. A &ra24& + !m a& *e -ir!*e *a re%i)i4&0 !m ra& re-erene c&m De!s0 c&m a 9!e a cria!ra rec&rre a e%e "ara rem+*i& *e s!as necessi*a*es7. Se)!in*& a% c&nse%&0 'ra*es e 'reiras re!ni*&s em c&m!ni*a*e e &s cris4&s mais 'er-&r&s&s0 n&a*amene 9!an*& "erenciam a irman*a*es e c&n'rarias0 *i-i*iram *es*e a I*a*e +*ia as "rinci"ais &ras *& *ia e *a n&ie em horas canônicas0 &casi1es es"eciais *e c&m!nica24& *a a%ma c&m & Cria*&r. S&$re!*& n&s m&seir&s e c&n-en&s *e esria &$ser-ncia0 & *ia esa-a *i-i*i*& em &i& m&men&s <...=. Em$&ra a"enas n&s c&n-en&s e m&seir&s mais a!ser&s *& Brasi% se c!m"risse &r@ri& 4& asc+ic&0 9!an*& men&s as rs "rinci"ais &ras %i#r)icas c&s!ma-am ser marca*as "&r $a*a%a*as es"eciais *&s sin&s *as i)re/as e casas "ias0 &$ri)an*&0 n&s m&men&s *e mai&r si)ni'ica*& sim$5%ic& *& *ia0 &s m&ra*&res *as -i(inan2as a %em$rarem3se *e re(ar: ;s seis *a man4 > &ra *& ângelus >0 a& mei&3*ia > a hora que o diabo está solto > e ;s seis *a ar*e0 &ra *as a-e3marias $&OTT< /99: /S1/S%" WWW C&men@ri&s: .este trecho< &ott levanta a Jest@o do Mtempo Je tam>ém seria levantada posteriormente na Jarta edi@o de História da vida privada no Brasil por &aria Lcia &ontes< Je de orma semelhante conere ao etos reli!ioso no processo histórico do Brasil< ma Msacrali(a@o do tempo Je or!ani(a e sistemati(a o cotidiano dos crentes" Assim< &ott eDpKe sitaKes Je or!ani(avam e sistemati(avam o tempo através do etos reli!ioso< dando horas precisas para as re(as< comnhKes< devoKes< para manter m v=nclo com o Criador" Com estas consideraKes dos historiadores temos em>asamento para evidenciar em nossa pesJisa na cidade de Bor o mesmo enmeno $com sas particlaridades%< isto é< o Ma!endamento Je as pessoas prod(em para se haver com sa reli!iosidade< desde o adiantamento dos aa(eres domésticos até os momentos Je envolvem relaKes sociais para Je possam prestar sas devoKes"
A casa *e m&ra*ia + & locus "ri-i%e)ia*& "ara & e?erc8ci& *a re%i)i&si*a*e "ri-a*a *&s ca5%ic&s. Nas casas mais a$asa*as0 & %an2amen& *a "e*ra '!n*amena% *a c&nsr!24& c&na-a sem"re c&m a "resen2a *e !m sacer*&e encarre)a*& *e as"er)ir @)!a $ena n& a%icerce0 )aranin*&3se assim & $&m '!!r& re%i)i&s& *& n&-& *&mic8%i&. Em m!ias casas !r$anas *& Brasi% ani)&0 c&n'&rme 'i?&! a ra*i24& &ra%0 "&*ia3se -er !ma cr!(ina *e ma*eira "re)a*a ; "&ra *a enra*a 3
nas (&nas r!rais0 !m masr&0 c&m a $an*eira *e !m san&0 re-e%a-a a&s -isianes a "re'erncia *a *e-&24& 'ami%iar. Denr& *a casa0 !ma s+rie *e ima)ens 9!a*r&s e am!%e&s sina%i(a-am a "resen2a *& sa)ra*& n& es"a2& "ri-a*& *& %ar $&OTT< /99: /S%" WWW C&men@ri&s: .este trecho o ator demonstra como a casa oi constit=da como o locs privile!iado para o eDerc=cio da reli!iosidade na sociedade >rasileira" 4ste ponto nos interessa principalmente pelas relaKes Je a Mcasa apresenta como a!ltinador de m=sticas relativas a prosperidade< ortale(a< ao sa!rado< a >+n@os etc"< demonstrando assim ma rela@o com a eDposi@o de -il>erto FreXre so>re o h>ito dos senhores de en!enho em matar m ne!ro escravo e mandar enterra1lo so> o solo em Je seria constr=da a casa1!rande< como demonstra@o de ora e poder" *o mesmo modo< comparamos essa Msacrali(a@o da casa com o h>ito evan!élico contemporneo de convidar a m pastor para n!ir a casa nova como m s=m>olo de consa!ra@o do local Je ser ha>itado" 4ssas releDKes nos levam a ma discss@o so>re o sim>olismo m=tico Je a sociedade >rasileira aere através da reli!iosidade para a moradia"
N& Brasi% c&%&nia%0 se)!in*& & c&s!me "&r!)!s0 *es*e & *es"erar & cris4& se -ia r&*ea*& *e %em$ran2as *& Rein& *&s C+!s. Na "are*e c&n8)!a ; cama0 a-ia sem"re a%)!m s8m$&%& -is8-e% *a '+ cris4: !m 9!a*rin& &! cai?i%& c&m )ra-!ra *& san& an/& *a )!ar*a &! *& san& &n&m@sic& !ma "e9!ena c&nca c&m @)!a $ena & r&s@ri& *e"en*!ra*& na "r5"ria ca$eceira *a cama. Anes *e %e-anar3se *a cama0 *e eseira &! *a re*e0 &*& cris4& *eia 'a(er ime*iaamene & sina%3*a3 cr!( c&m"%e&0 recian*& a /ac!%a5ria: 6Pe%& sina% *a sana cr!(0 %i-rai3n&s De!s n&ss& Sen&r0 *&s n&ss& inimi)&s. Em n&me *& Pa*re0 *& i%& e *& Es"iri& San&0 am+m7. Os mais *e-&&s0 a/&e%a*&s n& c4&0 recia-am 9!an*& men&s & $3@3$@ *& *e-&ci&n@ri& "&"!%ar: a a-e3maria0 & "ai3n&ss&0 & cre*& e a sa%-e3raina OTT0 FH: FJK. C&men@ri&s: 4ste trecho complementa o anterior" &as< podemos ilstrar a eDplana@o de &ott pelo ilme MLavora Arcaica< onde o persona!em André cresce nma comnidade daico tradicional $de orte inl+ncia católica% envolto pelos adereos reli!iosos e as prticas citadas pelo ator"
Na "are*e *a sa%a *e m!ias casas c&%&niais0 sain*& *& 9!ar&0 %@ esa-am "ara ser -enera*&s e sa!*a*&s &s 9!a*r&s 6re)isr&s7 *&s san&s *e mai&r *e-&24& *&s *&n&s *a m&ra*a0 ;s -e(es en*& a se! %a*& c&"& &! i)e%a c&m 5%e& *e mam&na &n*e !ma %am"arina -&i-a 9!eima-a *i!!rnamene0 *an*& !m "&!c& *e c%ari*a*e ; esc!ri*4& *a n&ie a& mesm& em"& 9!e "resa-a &mena)em a&s *i&s &ra)&s OTT0 FH: FK. As 'am8%ias !m "&!c& mais a$asa*as "&ss!8am !m 9!ar& es"ecia%0 & 9!ar& *&s san&s. Se! aman& -aria-a0 e ;s -e(es era a"enas !ma 6nes)a *e es"a2& *e$ai?& *e esca*a 9!e c&n*!(ia a& s54& &! a"&sen& "ara c!s5*ia *e ima)ens7. N4& eram "&!c&s &s 9!e c&nser-a-am as ima)ens em se!s "r5"ri&s a"&sen&s. 6T&*as as a%e)rias e rise(as eram re%aa*as enre "reces a&s $en&s sim!%acr&s $em )!ar*a*&s em !m nic& *e ma*eira '&re0 &rnea*& e en-erni(a*&0 c&m rs 'aces *e -i*r&7 OTT0 FH: FK. Ta% era a ra*i24& *& &ra5ri& n& N&r*ese $rasi%eir&. Nas inas Gerais0 a%+m *esses )ran*es &ra5ri&s0 *esen-&%-e!3se en&rmemene a in*#sria *e "e9!enin&s &ra5ri&s0 *e !m a *&is "a%m&s *e a%!ra0 9!e re"r&*!(ia0 em minia!ras *e "e*ra3 sa$4&0 errac&a 6"a!%isinas7K &! ma*eira0 a mesma esr!!ra *&s a%ares *as i)re/as $arr&cas0 en*& sem"re n& &"& a cena *a cr!ci'ica24&0 c&m a Vir)em *as 4
D&res0 s4& &4& e aria a*a%ena a& "+ *a cr!(0 %a*ea*&s *&s san&s *a "re*i%e24& *& "r&"rie@ri& *a casa. Em *i-ers&s m!se!s *e inas Gerais *e Are Sacra *a Baia @ ricas c&%e21es *esses &ra5ri&s0 "&"!%armene cama*&s *e 6ma9!ineas7 OTT0 FH: F3FHK. O &ra5ri& '!nci&na-a c&m& !ma es"+cie *e re%ic@ri&0 &n*e eram c&nser-a*&s0 a%+m *e e-en!ais re%89!ias 6-er*a*eiras7 *& San& Len&0 *a c&%!na &n*e Cris& '&i a2&ia*&0 "e*acin&s *e &ss&s *e a%)!m san&0 e e-en!a%mene a+ !m $&ca*in& *& %eie em "5 *e N&ssa Sen&raM Nesse mesm& es"a2& )!ar*a-am3se a%)!ns 6a%ism4s7 acei&s &! &%era*&s "e%a I)re/a0 a sa$er0 a r&sa3*e3/eric50 9!e0 "&sa c&nra8*a seca n!m c&"& *@)!a0 na inen24& *e a%)!ma "ar!riene0 se a$risse ra"i*amene0 si)ni'ica-a $&m s!cess&0 si)ni'ican*&0 n& cas& c&nr@ri&0 m&re cera. O! ain*a a "a%a $ena *& D&min)& *e Ram&s0 c&nser-a*a c&m& "&*er&s& an8*&& c&nra ri&s0 c&risc&s e em"esa*es. Em cai?as &! cesin&s0 *enr& &! a& %a*& *& &ra5ri&0 )!ar*a-am3se as mi%a)r&sas me*a%inas *as 'esas *as An)#sias0 Sen&r *a Cr!(0 N&ssa Sen&ra *as Can*eias0 Sen&r *& B&n'im0 sem 'a%ar n&s esca"!%@ri&s0 $enin&s e %i-rin&s *e &ra21es e %a*ainas0 & caecism& ri*enin& ec. OTT0 FH: FHK. Apesar de os oratórios e santos de casa serem >entos e a>enoados pelo vi!rio o missionrio em sas visitas residenciais< nem sempre a rela@o dos moradores com tais simlacros se!ia as normas permitidas pela ortodoDia católica" .o &aranh@o< em /0< a escrava L=sa tinha o costme de< antes de dormir< separar Iess Crciicado da ima!em da Vir!em &aria< di(endo< !alhoeira< Je Massim procedia para Je Iess n@o >eiasse .ossa 'enhora e n@o tivessem ilhos" 4m #ecie< em /S2< na 4sJina do &ro da Penha< &aria Carvalha era dennciada ao comissrio do 'anto O=cio de ter dentro da casa m altar com oratório onde sas das ilhas de de( anos cele>ravam missa com as mesmas cerimnias da )!rea" .o &aranh@o< pelo ano de /S< Thoms BecQman< irm@o do l=der da M#evolta de BeJim@o< oi acsado de vestir traes sacerdotais e encenas na capela de se en!enho a cele>ra@o de m missa< só Je so cachaa em l!ar de vinho" Um sacrilé!ioR $&OTT< /99: /S1/S;%"
Em m!ias "r&"rie*a*es r!rais mais a$asa*as0 "r5?im& ;s casas3)ran*es *&s en)en&s *e a2#car0 era c&m!m a c&nsr!24& *e !ma ca"e%a &! ermi*a0 &n*e !m sacer*&e resi*ene &! *e '&ra "resa-a assisncia re%i)i&sa a&s sen&res e ; escra-aria e a)re)a*&s. ,!es4& *e sa!s e c!m"rimen& *as &$ri)a21es re%i)i&sas. Se)!n*& & %e-anamen& rea%i(a*& "e%& Insi!& *e Parimôni& Ar8sic& e C!%!ra% *a Baia IPACK0 *e !m &a% *e rina "r&"rie*a*es c&%&niais *& Recônca-&0 enre en)en&s0 'a(en*as e casar1es0 c&na-am c&m ca"e%a0 a mai&ria *e%as si!a*as n& ineri&r *a casa3)ran*e0 se/a c&n8)!a ; -aran*a0 %&)& na enra*a *& im5-e%0 se/a na "are cenra% *a mesma. A%)!ns en)en&s mais a$asa*&s c&nsr!8am s!as ca"e%as n& a%& *e !m m&rr& "r5?im& ; m&ra*ia0 '!nci&nan*&0 *e 'a&0 9!ase c&m& mari( *e 're)!esia. A ca"e%a0 a%+m *e '!n21es re%i)i&sas0 era "&n& *e re!ni4& s&cia%. A%i se ce%e$ra-am casamen&s0 $ai(a*&s0 "rimeira c&m!n1es. C&m 're9!ncia ser-iam *e cemi+ri& a&s mem$r&s *a 'am8%ia. Na mai&ria *&s cas&s 'ica-am se"ara*as *as resi*ncias0 mas @ e?em"%&s *e ca"e%as e*i'ica*as c&ni)!amene ;s casas3)ran*es0 c&m& as *&is En)en&s re)!esia0 S4& &s+ e P&!c& P&n&. As ca"e%as *& s+c!%& QVIII e QIQ enam c&m"eir c&m as mari(es e inc&r"&ram0 *esas0 )a%erias e c&rre*&res %aerais0 s!"er"&s&s "&r ri$!nas. Um e%emen& 8"ic& *as ca"e%as *e en)en& *& Recônca-& *a Baia + a sa%a %aera% ; ca"e%a3m&r0 %i)a*a ; mesma "&r !m /ane%4&. 5
Dese camarim0 )era%mene sim+ric& ; sacrisia0 assisiam ; missa0 sem serem -is&s0 a%)!ns mem$r&s *a 'am8%ia )ran*e0 es"ecia%mene m!%eres $&OTT< /99: /S;1/S9%" C&men@ri&: .este trecho encontramos al!mas o>servaKes so>re a disposi@o da capela de en!enho" AJi encontramos m paralelo com a disserta@o do arJiteto &anoel Hm>erto 'ilva 'antos em sa anlise so>re O espaço de rezar nos casarKes e casas1!randes do #ecncavo Baiano"
PIEGUISO BARROCO Nando da desco>erta da Terra de 'anta Cr(< a vida reli!iosa em Port!al era prondamente marcada pelo ascetismo< estimlando1se aos iéis< por meio da ora@o mental< o contato m=stico com o Onipotente< incitando1se macera@o do corpo e dos deseos terrenos e prtica de m sem1nGmero de eDerc=cios espiritais" Como vimos< a ora@o era considerada o alicerce da vida espirital $&OTT< /99: /31//%" Ao estdar os primórdios da reli!iosidade colonial< L=s Palacin lem>ra Je< entre as principais eDteriori(aKes de nosso catolicismo poplar< destacava1se em primeiro l!ar o !osto de penit+ncia< praticada n@o só no m>ito privado mas ainda em locais pG>licos< imodéstia estimlada pelos reli!iosos n@o como eDi>icionismo personalista< e sim para servir de emla@o aos silv=colas e s almas mais r=!idas $&OTT< /99: /2%" Y"""Z Anchieta re!istra Je m homem casado< irm@o de otro es=ta< aoito1se t@o ortemente Je da= a pocos dias morre lanando mito san!e pela >oca< parecendo Je tinha pisado o =!ado" O provincial dos es=tas Pedro #odri!es teve de moderar< por meio de pra!mtica< o deseo e so de penit+ncia< pois até mlheres e crmins nas aldeias entre!avam1se com reJ+ncia atola!ela@o $&OTT< /99: /2%" A partir do panorama reli!ioso reconstr=do até a!ora< podemos a!rpar os colonos do Brasil nm !radiente Je vai dos mais at+nticos e ervorosos aos indierentes e até hostis reli!i@o oicial< a sa>er: católicos praticante autênticos< Je aceitavam convictamente os do!mas e ensinamentos impostos pela hierarJia eclesistica< reletindo< em sas variadas prticas eDteriores de piedade< os sentimentos mais prondos de sa é na revela@o crist@E católicos praticantes superficiais< Je cmpriam apenas os ritais e deveres reli!iosos o>ri!atórios< mais como encena@o social do Je com convic@o interiorE católicos displicentes< Je evitavam os sacramentos e demais cerimnias sacras n@o por convic@o ideoló!ica< mas por se cotidiano Msincretismos heterodoDosE pseudocatólicos: >oa parte dos crist@os1novos< animistas< li>ertinos e ates< Je apenas por conveni+ncia e camla!em< para evitar a repress@o inJisitorial< reJentavam os ritais impostos e controlados pela hierarJia eclesistica mas Je mantinham secretamente crenas heterodoDas o sincréticas" 4m todos esses casos< dos mais pie!as papa1hóstias ao mais irreverente li>ertino1 a!nóstico< cristali(avam1se dierentes tipos de viv+ncia e prticas tendo a reli!i@o como centro $&OTT< /99: /0%" C&men@ri&: .o trecho a cima< &ott ela>ora Jatro classiicaKes dos tipos católicos eDistentes no per=odo colonial" 4stas cate!orias partem dos católicos mais ervorosos< os Jais ele denomina de católicos praticantes at+nticos< passando por católicos praticantes spericiais< Je se enJadram no Je podemos denominar $na lin!a!em atal% de católicos n@o praticantes $Je tam>ém podem ser compreendidos como aJeles Je >scavam m stats social por meio da vincla@o reli!iosa com o catolicismo%< e tam>ém católicos displicentes e psedocatólicos< Je seriam aJeles Je se proessavam católicos $em prticas o ver>almente% por motivos sociais e pol=ticos do per=odo< mas n@o tinham o 6
catolicismo eclesistico como reli!i@o particlar< estes omentavam prticas sincréticas e diver!entes da reli!i@o oicial do pa=s"
Otros católicos dedicavam1se de corpo e alma vida m=stica pelo próprio pra(er Je tais eDerc=cios pios costmam provocar em certas almas mais melancólicas e predispostas atola!ela@o =sica o espirital" 4m>ora o medo do )nerno e da severidade do I=(o Final devesse pesar na op@o pela aspere(a da vida reli!iosa< para este se!ndo !rpo de devotos< a severidade e estrita o>servncia com Je viviam no recndito de sas casas e coraKes tinha como principal móvel o pra(er interior Je aeriam desse virtoso estilo de vida" Tal Jal o masoJista seDal< mitos penitentes com certe(a che!avam ao or!asmo m=stico Jando maceravam a carne como disciplinas e cil=cios< o aceitavam hmildemente reprimendas e casti!os mesmo Jando eram inocentes das clpas de Je lhes acsava" M'er perse!ido sem clpa< é >ocado sem osso< é a mDima do padre Balta(ar Alvares incl=da no citado Director instruído< de /;9< demonstrando Je o aniJilamento da vontade e do or!lho era precondi@o para caminhar na trilha da perei@o crist@ $&OTT< /99: /1/;%"
DONELAS RECOLIDAS Tardiamente ndados os conventos e mosteiros emininos no Brasil< mito mais raros e dispersos do Je os encontrados no Per o &éDico< inGmeras don(elas< católicas ervorosas< n@o encontrando institiKes reli!iosas onde pdessem se consa!rar de corpo e alma ao *ivino 4sposo< i(eram de sas próprias casas ma espécie de clastro o recolhimento Y"""Z [ d" *omin!os Loreto Coto< na sa o>ra eDtraordinria Desagravos do Brasil e glórias de Pernamuco < Jem melhor descreve essa orma eDtremada de reli!iosidade privada no Brasil colonial< cas adeptas oram mito mais nmerosas do Je a historio!raia oicial costmava revelar" M*e 22 don(elas< Je por alta de conventos< onde vivessem em perpéta clasra o é t=tlo do cap=tlo em Je o reerido ator trata desse particlar $&OTT< /99: /;1/9%" .a comarca das Ala!oas< por eDemplo< nos in=cios do 'etecentos< as don(elas &aria de Castro e Beatri( da Costa viveram em perpéta clasra dentro de casa de ses pais< e Mse condenaram inocentes a m crcere de Je n@o sa=ram sen@o para o crcere da sepltra< de>ilitando o corpo com os ri!ores de m perpéto em< >anhando o corpo com ri!orosos aoites< sando penetrantes espinhos em l!ar de cil=cios< passavam os dias e noites em cont=nas oraKes" .o #ecie< mesma época< viveram as sete irm@s< ilha de Francisco &endes de Oliveira e Leonor de Almeida< pessoas no>res e ricas" M&ortos ses pais< se conservaram na própria casa com os res!ardos de m mosteiro o>servante" A sa ordinria ha>ita@o era em m oratório Je havia na mesma casa< nele perseveraram mitas horas de oelhos< orando mental e vocalmente< derramando neste eDerc=cio mitas e copiosas l!rimas" *e sa casa as irm@s sa=am somente para ovir missa< conessar e comn!ar na i!rea dos Padres Con!re!ados de '" Felipe .erX< Je lhes icava mais vi(inha< e vinham t@o modestamente co>ertas< Je n@o se acha Je lhes visse os rostos $&OTT< /99: /;3%" Y"""Z Um dos casos mais antsticos dessa maneira pecliar de reli!iosidade privada envolve seis irm@s da vila de &ri>eca< no termo de #ecie< pertencentes tradicional am=lia #odri!es da Fonseca" Chamavam1se elas Ana< L(ia< Beatri(< &ar!arida< Li(a e &aria< Mnidas pela ainidade do san!e como conormes pela ni@o das vontades de servir a *es" Viviam no meio de ma mata< nm l!ar solitrio chamado &ac!e< Mretiro mais apto para a ora@o e contempla@o dos divinos mistérios" Tam>ém 7
desamparadas pela orandade< essas Mseis cndidas pom>as i(eram de sa casa ma inviolvel clasra< n@o admitindo pessoa al!ma em se recolhimento" *e todas< so>ressa=a &aria< Je com sas próprias m@os ormo de >arro e ramas ma casinha t@o estreita Je mal podia estender se corpo dormindo so>re ma t>a de Jatro palmos de comprido por m e meio de lar!o" M4 para n@o !astar tempo nas perversKes e preparos para o se sstento< ma laraneira Je dava os rtos a(edos< plantada ao pé da cainha< era a ministra da sa comida e >e>ida e com o smo Je eDprimia de ma larana< passa dois o tr+s dias" 4ra &aria >astante inventiva em sempre desco>rir novas penit+ncias para a!radar ao *ivino 4sposo: MTodas as noites vinha sa cova ma irm@ e com ma !rossa corda prendia de pés e m@os< e se retirava< deiDando1a amortalhada so>re a terra na" .o meio da casinha< tinham as ormi!as a>ricado o se aposento e eram elas de certa casta Je t+m os dentes t@o venenosos< Je a parte picada por elas incha e casa !rande dor" Assim atada de pés e m@os< se entre!ava s inmerveis ormi!as Je saindo de sas covas< investiam contra o corpo da serva de *es Je com inaltervel paci+ncia e sem al!m movimento soria sas mordedras $&OTT< /99: /;3%"
Se "ara m!ias a%mas cris4s rec&%er3se *& m!n*& e *e*icar3se a &*a s&re *e sacri'8ci&s e m&ri'ica21es ina c&m& ins"ira24& a $!sca *a -er*a*eira "er'ei24& m8sica0 "ara &!r& an& *e $ea&s e rec&%i*as0 e s&$re!*& "ara s!a "arene%a &! a)re)a*&s0 er san&0 "eniene &! $ea& *enr& *e casa era )arania *e "res8)i&0 -isia in'in*@-e% *e *e-&&s e rece$imen& *e "&%"!*as esm&%as0 "res8)i& s&cia% e -ana)ens maeriais. am8%ias carnais &! irman*a*es re%i)i&sas *is"!a-am c&m !nas e *enes & 6m&n&"5%i&7 *e ceras $eaas e a!ma!r)&s0 @-i*as *e c&nr&%ar as es"5r!%as *&a*as "e%&s 'i+is. .os processos da )nJisi@o port!esa vrias s@o as alsas >eatas e em>steiras< al!mas de!redadas para o #io de Ianeiro o Bahia< a declarar teDtalmente Je passaram a orar visKes e dons preternatrais com vistas ao reconhecimento social e ao srto das mordomias proporcionadas pelos devotos $&OTT< /99: /;2%" C&men@ri&: .esta sess@o toda o ator oerece m panorama do so da casa de moradia pelas mlheres como reG!io sacramental e local de devo@o particlar" As colocaKes do ator a>rem ma alternativa para tras pesJisas relacionadas a importncia da a@o eminina na transorma@o da casa como local sa!rado no per=odo colonial"
INTIIDADES CO O SANTO DE CASA M'anto é Je se adla"""< di( m ditado anti!o repetido na Bahia de Todos os 'antos" *e ato< na reli!iosidade poplar do Brasil de antanho< a intimidade dos devotos vis!"!vis certos santos e ora!os percorria m continuum de amor e ódio Je incl=a lovores< adla@o< ritais propiciatórios< intimida@o e até a!ress@o =sica eDpl=cita $&OTT< /99: /;%" Um dos traos marcantes da espiritalidade lso1>rasileira sempre oi a devo@o preerencial de nossos colonos por &aria 'ant=ssima" T@o presente estava .ossa 'enhora no ima!inrio< como &adrinha dos neóitos< nas de(essete estas anais Vir!em consa!radas< Je< em /0< o italiano #aael Olivi< sitiante letrado< preso como >lasemo na capitania de )lhés< ponderava Je Mos port!eses eDa!eravam na venera@o s ima!ens de .ossa 'enhora" Para mais de m ator< a spervalori(a@o da mariolo!ia entre nós seria ma aceta do machismo i>ero1americano< ma sorte de
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compensa@o so>renatral para contra>alancear a ineriori(a@o do se!ndo seDo na sociedade colonial $&OTT< /99: /;1/;0%" *e todos os santos da corte celeste< o lsitano santo Antnio Y"""Z oi 8 e contina sendoR 8 o campe@o da devo@o poplar em toda a cristandade: M'endo entre todos os port!eses mi particlar e em eDtremo a aecta venera@o Je se tem ao nosso 'anto Antnio de Lis>oa< passa a eDtremosa a Je nestas partes do Brasil lhe mostram !eralmente todos" PorJe além das mitas i!reas paroJiais< de Je é titlar< s@o inmerveis as capelas e ermidas consa!radas a se nome< e ora destas n@o h al!ma das otras Je nos ses altares n@o coloJe ma e mitas ima!ens de 'anto Antnio" .@o h casa Je o n@o venere no se oratório e n@o satiseita ainda com isto< a comm devo@o dos iéis< cada m Jer ter só para si o se 'anto Antnio $&OTT< /99: /;S1 /;%"
Essa -i&%ncia c&nra &s sim!%acr&s *&s san&s > 9!e & "r5"ri& "a*re Vieira senia3 se "&!c& ; -&na*e "ara c&n*enar > 're9!enemene ce)a-a ;s raias *& sacri%+)i& e ic&n&c%asia. 6!*ia7 *e ima)ens &! s8m$&%&s sacr&s era im"ie*a*e ami#*e ari$!8*a s&$re!*& a&s /!*e!s e cris4&s3n&-&s > ac!sa*&s nas Visia21es *& San& O'8ci& a& Brasi% *e meer & Cr!ci'i?& *enr& *& !rin&% cei& *e 'e(es0 &! *e "inicar )ra-!ras *e N&ssa Sen&ra c&m a)!%a &! "&na *e "!na%. Essa '&rma *e im"ie*a*e "&*er ser iner"rea*a c&m& !ma mani'esa24& *a a'irma24& re%i)i&sa *e crenes *e &!r&s sisemas re%i)i&s&s0 9!e0 '&r2a*&s a "!$%icamene "raicar a #nica re%i)i4& "ermii*a0 & ca&%icism&0 n& secre& *& %ar0 a& %a*& *as *e-&21es er*a*as *e se!s ancesrais0 -in)a-am3se *e maneira sacr8%e)a na9!e%es s8m$&%&s cris4&s 9!e em "#$%ic& eram &$ri)a*&s a -enerar $&OTT< /99: /;91/93%" 'e santo Antnio e otros ora!os da corte celeste católica n@o cmpriam o deseo e promessas dos devotos 8 das devotas< particlarmente 8< so>retdo em JestKes amorosas e con!ais< inGmeras alternativas menos ortodoDas podiam ser acionadas pelas pessoas mal1amadas visando o mesmo im" Cartas de amor< cartas de tocar< simpatias< pactos eDpl=citos com o dia>o< ensalmos e oraKes ortes< em>ora proi>idas pelas #onstituiç$es do %rceispado da Ba&ia e perse!idas pelo 'anto O=cio< a(iam parte da crendice do povo" 4ste otro eDemplo< ocorrido tam>ém em &ariana no ano do 'enhor de /3< mostra o J@o értil e sincrética era a ima!ina@o poplar em JestKes de eitios amatórios: ineli( e impotente em controlar as traiKes de se marido< a criola orra Caetana &aria de Oliveira aprende varie!ado cardpio de inal=veis simpatias destinadas a impedir Je se homem Mplasse a cerca" A escrava Caetana< assistente no 'midoro< ensino1lhe Je cortasse ma parte de sa camisa onde ca=ra o s+men e eniasse1lhe ma conta do rosrio com m alinete enterrando1a no ch@o onde ele costmava rinar< e raspasse a nha dos dedos !randes de sas próprias m@os e pés e antasse esse cisco a !a Je lavava o sovaco e lhe desse de >e>er< passando m ovo entre sas pernas e lhe desse de comer $&OTT< /99: /93%" *entro de casa é o espao primordial onde t+m l!ar as prticas reli!iosas< n@o só as devoKes individais das almas mais pias< Je por virtde e hmildade >scavam o recesso do lar< como tam>ém aJelas devoKes Je por heterodoDas melhor convinha Je ossem praticadas lon!e do pG>lico $&OTT< /99: /9/%"
SIPATIAS DOSTICAS
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Apesar de a hierarJia católica ter se oposto ri!orosamente< desde os tempos apostólicos< a todas as reli!iKes n@o crist@s< re>aiDando1as condi@o de idolatria< spersti@o e eitiaria< na prtica< mitas ve(es< otra era a realidade< so>retdo a>aiDo do eJador" .o .ordeste< nas &inas e no resto da Colnia< s@o reJentes as denGncias contra homens e mlheres Je recorriam aos eiticeiros e eiticeiras em especial Jando os eDorcismos da )!rea e os remédios de >otica n@o srtiam eeito na cra de varie!ada !ama de doenas" I em /S2 o esclpio 'im@o Pinheiro &or@o< ao tratar dos Ma>sos médicos Je nos arrecies de Pernam>co se o>servam< reparava Je os colonos< padecendo de doenas desconhecidas dos médicos< Mrecorrem lo!o aos eiticeiros valendo1se das artes do demnio antes Je das da natre(a" 4 o pior é Je devendo os procos e cras de almas atalhar estes em>stes< n@o alto m nestas Capitanias Jem mando consltar para m enermo se a m destes em>steiros< di(endo: agase el milagro' e agalo el Dialo() *iversos s@o os padres e rades acsados ao Tri>nal da )nJisi@o de terem encaminhado ses re!eses aos calnd(eiros< reconhecendo a melhor eiccia dos ne!ros no al=vio de certas doenas =sicas o emocionais $&OTT< /99: /921/9%" &al!rado a preocpa@o da )nJisi@o e da própria le!isla@o real< proi>indo a prtica das eitiarias e sperstiKes< no Brasil anti!o< em toda ra< povoado< >airro rral o re!esia< l estavam as re(adeiras< >en(edeiras e adivinhos prestando t@o valori(ados servios vi(inhana" Nando missionava na (ona rral de Pernam>co< na Naresma de /S2< editais do 'anto O=cio< o>ri!ando os re!eses a dennciarem< no pra(o de trinta dias e so> pena de eDcomnh@o maior< a todos Je i(essem so de >en(edras e sperstiKes" Tal iniciativa redndo na dela@o de ma centena de moradores< so>retdo !ente da arraia1miGda< envolvidos com sortilé!ios e devoKes proi>idas pela 'anta &adre )!rea $&OTT< /99: /9%" Brancos< pardos< ne!ros livres e escravos scedem1se nessa denGncia< sando a ora@o da estrela para seitar a vontades< >en(endo para a>randar coraKes dos >rancos< re(ando a santo Antnio para achar coisas perdidas< e< para tal< medindo com m cord@o a porta por onde m escravo !iraE o ainda orando para estancar san!eE havia os Je recitavam mandin!a para ser valente< e as Je cravam a Mmadre o o sapinho da >oca com >en(edras $&OTT< /99: /90%" Y"""Z Tais prticas heterodoDas remetem1nos a dois aspectos pecliares do mndo colonial Je est@o a merecer maior investi!a@o: de m lado< a t+ne ronteira entre a piedade l=cita e a condenada pela hierarJia< do otro< a indierena< par an@o di(er comprometimento< do clero lso1>rasileiro vis!"!vis tais prticas spersticiosas $&OTT< /99: /9S%" .as &inas -erais< !rande era a solta dos praticantes do calundu: n@o apenas o amoso ator do Pere!rino da América teve se sono predicado pelo Mestrondo dos ata>aJes< pandeiros< can(s< >otias e castanhetas< com t@o horrendos alaridos Je se me represento a cons@o do inerno< como até sacerdotes< vi(inhos de casas onde tinham l!ar tais Mcerimnias dia>ólicas< sentiam1se impotentes para impedir a contina@o do Je na época era considerado clto ao dia>o e matéria >astante para eDcomnh@o e severos casti!os $&OTT< /99: /99%" 4ste otro docmento< da década posterior< revela o J@o patente e corriJeira era para al!ns cléri!os a presena do sincretismo aricano mesmo nto sa parentela" Trata1 10
se de ma carta do padre Francisco de Palhares< coadtor na i!rea de Antnio *ias< ao padre Iernimo Cardoso &aXnard< de Vila #ica< datada de /: MTenho not=cia por me cnhado e irm@o Je a >oa so!ra de me irm@o< Ana &aria das .eves tem ma casa de calnds o eitiarias< em Je praticam vrios atos spersticiosos de pacto com o *emnio" Y"""Z" Apesar de essa matéria ter che!ado ao conhecimento do comissrio local e do promotor do 'anto O=cio de Lis>oa< nada acontece ao cléri!o nem a esta calnd(eira de Vila #ica $&OTT< /99: 233%"
SEGREDO E SECRETO 'e por m lado notava1se em certos momentos e espaos da sociedade colonial coraosa osadia por parte dos heterodoDos< ossem eles crist@os1novos< protestantes< adeptos das reli!iKes tri>ais o de eitiarias de inspira@o eropeia< todos neles ne!li!entes ao risco de serem enJadrados nos draconianos arti!os das ConstitiKes do Arce>ispado da Bahia o< pior ainda< cair nas malhas do Tri>nal da )nJisi@o< s@o i!almente evidentes os mitos cidados tomados pela !rande maioria dos desviantes no sentido de manter ocltas as crenas e ritais Je pdessem despertar a repress@o da stia civil< episcopal o inJisitorial $&OTT< /99: 23/%" MO se!redo é a alma do ne!ócio< di( anti!o >rocardo poplar< ca prtica e validade tam>ém ncionava em JestKes reli!iosas< sea pela o>ri!a@o imposta pelos inJisidores a todos os ses ncionrios e rés de assinarem o MTermo de 'e!redo< comprometendo1se a amais dar p>licidade a tdo o Je viram< oviram o alaram perante o 'anto O=cio< sea pelos próprios praticantes de ritais heterodoDos< Je a(iam do se!redo n@o apenas a camla!em contra denGncias e inJiriKes< mantendo tam>ém o monopólio eDclsivo da manipla@o de certos poderes preternatrais" 4is m eDemplo docmentado em )tapo@< nos arre>aldes da cidade da Bahia< em /;9: ali vivia Francisco Iosé de &atos< pardo escro< MJe cra co>ras com palavras e >en(eKes spersticiosas< tra(endo ma co>ra viva na al!i>eira a Jal manda s pessoas se!rar enJanto a( ma cr( no ch@o" Costmava di(er Je Mn@o dava o se!redo da cra nem a se ilho" Até hoe< pais1de1santo e m@es1de1santo deste Brasil aora continam !ardando (elosamente o Mndamento de se MaDé< partilhando1o somente com >em pocos iniciados" 4m )taparica< as assstadoras mscaras sadas no clto dos e!n!ns s@o !ardadas a sete chaves nma casinha destinada apenas para esse im< co acesso< até hoe< é restrito a m anci@o (elador" .al!ns casos< como do citado crador de co>ras< o si!ilo tinha como escopo evitar indeseada concorr+ncia de terceiros: no mais das ve(es< contdo< mantinham1se secretas certas devoKes pessoais o cerimnias reli!iosas pelo temor de Je os donos da cr( alassem a espada para separa o oio do tri!o" Tr+s s@o os arti=cios principais tili(ados pelos heterodoDos coloniais a im de >rlar a vi!ilncia inJisitorial: reali(ar as cerimnias proi>idas em locais reservados o distantes do olhar de outsidersE ocltar1 se na calada da noiteE camlar1se $&OTT< /99: 231230%" &ais cateloso ainda< otro crador< &anoel &ina< morador na Cata Branca de )ta>ira< /S2< Ma(ia certas danarolas ocltas nma camarinha e para n@o verem o Je a(ia< tampava o uraco da c&ave com uma aeta pela parte de dentro e depois de aca>arem as danarolas< cortaram a ca>ea de m !alo e pela manh@ o >otaram vivo no terreiro" Vrios eiticeiros e adivinhos retiraram1se para o secreto de m Jarto o recndito de ma camarin&a a im de reali(ar ses ritais $&OTT< /99: 23S%"
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Al!ns adeptos dos ritais aricanos optavam por instalar ses locais de clto distantes da povoa@o< n@o apenas para estarem mais próDimos aos crsos d\!a e de lorestas mais densas< ha>itat prop=cio para o contato com os deses d\,rica< mas tam>ém para !o(ar de privacidade e escapar dos olhares e ovidos repressores dos donos do poder" A casa1templo de Iosea &aria< l=der do rital %cotund*< o Dança de +unda < m protocandom>lé proveniente da cltra corana< sitava1se na ca>eceira do córre!o dos &acacos< a meia lé!a do arraial de Paracat< nas &inas dos -oiases" 4ra nos s>ados noite< a meia hora de caminhada por atalhos escros< Je mitos criolos e aricanos diri!iam1se ao Acotnd para danar em honra do des da terra de Cor: no meio da escrid@o e do mato< distantes do arraial dos senhores >rancos< certamente sentiam1se mais prote!idos $&OTT< /99: 23S123%" )nGmeros s@o os heterodoDos da América port!esa Je se aproveitavam da calada da noite para cmprir ses ritais proi>idos" Ioana Pereira de A>re< escrava mestia< de(enove anos< moradora na &ocha< sede da capitania do Pia=< conesso Je< se!indo orienta@o da mestra eiticeira Cec=lia< diri!i1se na< altas horas da noite< porta da )!rea da mesma vila da &ocha< em Je viv=amos< e ali >ate com sas partes preposteras assim nma mas tr+s ve(es na porta da )!rea< indo sempre para trs< e Je dali havia de endireitar na para mas covas de dentos Je est@o a m lado da vila< onde chama o 4norcado< por se ali ter enorcado al!mas ve(es al!ns delinJentes" 4 Je ali me havia de aparecer o *emnio em orma de m moleJe e Je e Yé Ioana Je alaZ pondo1me na postra de Jatro pés< ele me havia de conhecer por trs" Fi( o dito em véspera de '@o Io@o< porta da )!rea< e dali assim na< i lo!o para o 4norcado" Aparece lo!o o *emnio em orma de moleJe: adorei1o antes de me pr de Jatro< para ter torp=ssimos e neandos atos" Beiei1lhe os pés< as partes pudenda prepostera< e ali me ps de Jatro pés" 'enti lo!o na mesma postra Je se servia de orma torpe< n@o só por trs e pela rente< mas tam>ém em todas as partes ainda mais m=nimas e em todas as ntas ao mesmo tempo< eDercitando torpe(a mltiplicada e niversal< sendo Je mas ve(es era homem< otras animal imndo< otra cachorro< otra >ode< o ca>rito< otras cavalo" Chamava1o me 'enhor e o tinha por *es e 'enhor" .@o mais cria Je havia *es< nem inerno< nem cosa al!ma da é" 4ntre!ava1lhe a alma e o corpo" Chamava1o me 'enhor(inho< minha vida< me cora@o" Cria e di(ia1lhe Je só ele me daria o cé" Ne só ele me crio< me remi< e Je n@o otro criara o cé< nem a terra< nem a mim" Ne Iess Cristo era m corno< ilho da pta e otros nomes e tremendas >las+mias" )sto oi sempre pelos anos de me iname comércio e ensinos de &estra Cec=lia $&OTT< /99: 23;1239%"
A CONISSÃO DOS PECADOS O c&n'essi&n@ri& > & ri$!na% *a "enincia > '&i "re-is& "e%&s ar9!ie&s *& ca&%icism& "ara ser a !m s5 em"& & mais "ri-a*& e & mais "#$%ic& *&s es"a2&s sacr&s0 "&is *esina-a3se a maner a$s&%!amene secre& & *i@%&)& *& "eca*&r c&m & sacer*&e0 em$&ra *e-esse si!ar3se em %&ca% esra+)ic& "ara ser -is8-e% "&r &*&s &s circ!nsanes0 e-ian*& *esse m&*& as ena21es *e inimi*a*e enre c&n'ess&r e "eniene e as m!rm!ra21es *&s ma%*i(enes. Em se! ineri&r0 "&ran&0 & ri$!na% *a c&n'iss4& era & es"a2& mais "ri-a*& *a Casa *e De!s0 e em
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se! e?eri&r0 &$ri)a&riamene0 *e-ia esar a& a%cance *& &%ar "#$%ic& $&OTT< /99: 2/3%" C&men@ri&: Ao iniciar esta sess@o o ator ponta m importante aspecto do catolicismo< isto é< o aparato arJitetnico proetado para cond(ir os iéis por ma otra via além da Mconsci+ncia< seria proetando os espaos de acordo com ses intitos Je o catolicismo re!ia corpos e ima!inrios "
)nstitcionali(ada a coniss@o ariclar como sacramento necessrio e indispensvel vida crist@< a )!rea católica devasso o mais secreto e recndito das consci+ncias de ses iéis< o>ri!ando1os a narrar detalhadamente ses pensamentos< aKes e omissKes Je pdessem ser enJadrados na cate!oria de pecado" 4is os ditames das #onstituiç$es primeiras do %rceispado da Ba&ia' reprod(indo Jase ipsis veris as determinaKes do Conc=lio de Treno nesse particlar: MPor preceito divino< s@o o>ri!ados todos os iéis crist@os de m e otro seDo< Je orem capa(es de pecar< a se conessar inteiramente de todos os pecados mortais Je tiverem cometido e dos Jais se lem>rem< depois de a(erem para isto dili!ente eDame" Aconselhava1se aos iéis che!ados aos anos da Mdiscri@o< isto é< a partir dos sete anos< Je se conessassem a cada oito dias e nas estas e dias de >ile estando o>ri!ados ao menos a ma coniss@o anal< por ocasi@o da Naresma $&OTT< /99: 2/312//%" Para evitar a>sos e mrmraKes< ordenavam as #onstituiç$es Je Mem todas as )!reas paroJiais do Arce>ispado haam nGmero de Conessionrios em l!ares pG>licos e patentes< nos Jais se oam as conissKes de JaisJer penitente< especialmente de mlheres< as Jais nnca as ovir@o de coniss@o de coro< sacristia< capelas< tri>nais o >atistério< nem otro l!ar secreto da )!rea" Os conessores deviam cidar Je pessoa al!ma estivesse nto ao conessionrio< evitando assim Je ovissem os pecados alheios $&OTT< /99: 2/2%" Para tornar mais cil e se!ra a coniss@o dos pecados< a teolo!ia moral e o códi!o cannico esta>eleceram ma re!ra rea nesse controvertido sacramento< t@o Jestionado pelos lteranos: o sigilo" Conorme o teDto constitcional< o si!ilo da coniss@o era Mma o>ri!a@o Je o conessor tem de n@o maniestar os pecados Je lhe conessam e procede do direito natral< divino e hmano" *everia ser estritamente o>servado< n@o sendo l=cito ao conessor Mdesco>rir os pecados Je na coniss@o se lhe maniestam< nem para livrar a própria vida< porJe de otra maneira< seria a coniss@o odiosa $&OTT< /99: 2/%" Tam>ém aJi os cléri!os coloniais descmpriam t@o ndamental re!lamenta@o< tornando pG>lico o Je lhes ora coniado em a>solto si!ilo" .a re!esia dos Cariós $&inas -erais%< o padre &anel Va( de Lima é acsado de desco>rir o se!redo da coniss@o e per!ntar o nome dos cGmplices nos pecados contra a castidade< procedendo da mesma orma o padre Iosé de Brito e 'osa< vi!rio do #io Vermelho no 'erro Frio< Je< mais osado< per!ntava aos penitentes o endereo das mlheres Je tinham sido parceiras nos pecados da sensalidade" I o padre &arcos 'oares de Oliveira< de )!ara $Pernam>co%< Je>rava o si!ilo da coniss@o< di(endo aos senhores os pecados carnais das escravas e a al!ns maridos as inidelidades de sas esposas $&OTT< /99: 2/1 2/%" &itos iéis tornavam1se t@o neróticos< sempre em dGvida se haviam de ato eito inteira e ca>al coniss@o de ses pecados< Je< para !arantir1se do perd@o indispensvel para escapar das chamadas temporrias do Pr!atório< o da Jeima@o eterna do 13
)nerno< lanavam m@o reJentemente da confiss,o geral < repetindo ad nauseam< no conessionrio< os pecados anti!os< !arantindo1se assim Je< se incompletos o mal declarados nas ve(es anteriores< a!ora rece>eriam o almeado perd@o" A repeti@o das conissKes !erais era desaconselhada pelos mestres moralistas mais sensatos< tachando1a de Mo maior lao da consci+ncia de ns e o maior desem>arao de otros< pois tdo o Je desviar de crer nos conessores e iar1se deles< é *emnio conhecido Y"""Z Os escrGplos s@o atoleiros espiritais< Jimeras< espantalhos Je o *emnio pKe em rente das almas pras $&OTT< /99: 2/S%" Ao rece>erem no conessionrio convites indecentes o ao serem v=timas de assédio seDal< tais mlheres< Jando residentes em peJenas vilas onde só havia m sacerdote< icavam impossi>ilitadas de ser a>solvidas de ses pecados e< conseJentemente< participar da sa!rada ecaristia" .a re!esia de .ossa 'enhora de &onte 'errat< em Baependi< /;< o vi!rio padre Io@o de &atos sempre solicitava na coniss@o a &aria .o!eira Me como n@o tinha otra ocasi@o de alar com ela< por ser mlher recolhida< mais do Je t@o somente no ato da coniss@o sacramental< nela a perse!ida para ter com ele trato il=cito" Antnia de 'o(a< de Ta>até< n@o che!ava seJer a se aoelhar aos pés do conessionrio< impedida pelo padre Felipe Correia Pinto< vi!rio de Posos Altos< termo de '@o Io@o del #ei< Mpor n@o Jerer a(er1lhe o !osto de pecar carnalmente" Como &ar!arida 'eJeira Camar!o ne!o a solicita@o do padre Iacinto de Al>JerJe 'araiva< vi!rio da Parna=>a $'@o Palo%< Je deseava Je osse com ele pecar em sa casa< teve recsado o atestado da coniss@o< o padre ale!ando Je ele n@o sa>ia a dotrina" Pior sorte teve L(ia de 'o(a Vieira< casada com m pedreiro na Para=>a< pois estando na cama enerma< mando chamar para coness1la ao ranciscano rei #aimndo de 'anto Antnio< o Jal solicito1a para atos torpes e imediatamente teve com ela cópla carnal no leito $&OTT< /99: 2/;12/9%" Como se vi com >ase em mitos eDemplos e sitaKes arrolados ao lon!o destas p!inas< cristali(aram1se na América port!esa mGltiplas maniestaKes de reli!iosidade privada 8 al!mas decalcadas em modelos a>enoados pela hierarJia metropolitana< otras em parte desviadas o completamente opostas< Jando n@o hostis< ortodoDia" A a>ndncia diversiicada e o recrdescimento do devocionrio privado no Brasil anti!o eDplica1se< antes de mais nada< pela mltiplicidade dos estoJes cltrais prestes desde os primórdios da conJista e ocpa@o do .ovo &ndo< onde centenas de etnias ind=!enas e aricanas prestavam clto a panteKes os mais diversos" Por se tratar de crenas e ritais condenados pelos donos do poder espirital< tiveram de ocltar1se no recndito das matas o no secreto das casas" Contdo< a proemin+ncia da reli!iosidade privada entre nossos antepassados< mesmo Jando le!=tima e aprovada pela )!rea< deve1se so>retdo ineDist+ncia< rarea@o o !randes diicldades da cristali(a@o de ma reli!iosidade pG>lica e eclesial< haa vista as !randes distncias do território< os peri!os do transporte interno< a insi!niicncia da vida r>ana e o nGmero red(ido de ministros< templos e da própria comnidade crist@ $&OTT< /99: 223%"