Emil Michel Cioran
SILOGISMOS DA
A M A R G U R A
A T R O F I A
D O V E R B O
Forma Formados dos na escola escola dos veleidos veleidosos, os, idólat idólatras ras do fram frament entoo e do estima estima,, !ertencemos a "m tem!o cl#nico em $"e só im!ortam os casos% Só nos interessa o $"e "m escritor escritor calo", o $"e !oderia !oderia ter dito, s"as !rof"ndid !rof"ndidades ades m"das% m"das% Se dei&a dei&a "ma obra, se e&!lica, asse"ra no es$"ecimento% Maia do artista irreali'ado%%%, de "m vencido $"e des!erdi(a s"as dece!()es, $"e n*o sa+e fa'elas fr"tificar% .antas !/inas, tantos livros $"e foram, !ara nós, fontes de emo(*o, e $"e relemos !ara est"dar a $"alidade $"alidade dos adv0r+ios adv0r+ios o" a !ro!riedade !ro!riedade dos ad1etivos2 ad1etivos2 E&iste na est"!ide' "ma ravidade $"e, melhor orientada, !oderia m"lti!licar as somas de o+ras!rimas% Sem nossa nossass d3v d3vida idass so+re so+re nós nós mesmo mesmos, s, nosso nosso cetic ceticism ismoo seria seria letra letra morta morta,, in$"iet"de convencional, do"trina filosófica% 4*o $"eremos mais s"!ortar os !esos das 5verdades6, contin"ar sendo s"as v#timas o" se"s c3m!lices% Sonho com "m m"ndo em $"e se morreria !or "ma v#r"la% Como osto dos a"tores menores 78o"+ert so+ret"do9 $"e, !or delicade'a, viveram : som+ra do ;nio dos o"tros e $"e ren"nciaram ao se" !or temor de !oss"#lo2 Se Moli com o se" > teria !arecido "m 1ornalista% 1ornalista% Com certe'as, o estilo 0 im!oss#vel? a !reoc"!a(*o com a e&!ress*o 0 !ró!ria dos $"e n*o !odem adormecer em "ma f0% =or falta de "m a!oio sólido, aarramse :s !alavras > som+ras de realidade >, en$"anto os o"tros, se"ros de s"as convic()es, des!re'am s"a a!ar;ncia e descansam comodamente no conforto da im!rovisa(*o% -
A T R O F I A
D O V E R B O
Forma Formados dos na escola escola dos veleidos veleidosos, os, idólat idólatras ras do fram frament entoo e do estima estima,, !ertencemos a "m tem!o cl#nico em $"e só im!ortam os casos% Só nos interessa o $"e "m escritor escritor calo", o $"e !oderia !oderia ter dito, s"as !rof"ndid !rof"ndidades ades m"das% m"das% Se dei&a dei&a "ma obra, se e&!lica, asse"ra no es$"ecimento% Maia do artista irreali'ado%%%, de "m vencido $"e des!erdi(a s"as dece!()es, $"e n*o sa+e fa'elas fr"tificar% .antas !/inas, tantos livros $"e foram, !ara nós, fontes de emo(*o, e $"e relemos !ara est"dar a $"alidade $"alidade dos adv0r+ios adv0r+ios o" a !ro!riedade !ro!riedade dos ad1etivos2 ad1etivos2 E&iste na est"!ide' "ma ravidade $"e, melhor orientada, !oderia m"lti!licar as somas de o+ras!rimas% Sem nossa nossass d3v d3vida idass so+re so+re nós nós mesmo mesmos, s, nosso nosso cetic ceticism ismoo seria seria letra letra morta morta,, in$"iet"de convencional, do"trina filosófica% 4*o $"eremos mais s"!ortar os !esos das 5verdades6, contin"ar sendo s"as v#timas o" se"s c3m!lices% Sonho com "m m"ndo em $"e se morreria !or "ma v#r"la% Como osto dos a"tores menores 78o"+ert so+ret"do9 $"e, !or delicade'a, viveram : som+ra do ;nio dos o"tros e $"e ren"nciaram ao se" !or temor de !oss"#lo2 Se Moli com o se" > teria !arecido "m 1ornalista% 1ornalista% Com certe'as, o estilo 0 im!oss#vel? a !reoc"!a(*o com a e&!ress*o 0 !ró!ria dos $"e n*o !odem adormecer em "ma f0% =or falta de "m a!oio sólido, aarramse :s !alavras > som+ras de realidade >, en$"anto os o"tros, se"ros de s"as convic()es, des!re'am s"a a!ar;ncia e descansam comodamente no conforto da im!rovisa(*o% -
Desconfie dos $"e d*o as costas ao amor, : am+i(*o, : sociedade% Se vinar*o !or haver renunciado a isso% A história das id0ias 0 a história do rancor r ancor dos solit/rios% =l"tarco, ho1e, escreveria as Vidas paralelas dos fracassados % O romantismo inl;s foi "ma mist"ra feli' de l/"dano, elio e t"+erc"lose@ o romantismo alem*o, de /lcool, !rov#ncia e s"ic#dio% Certos Certos seres seres dev deveri eriam am ter vivido vivido em cidade cidadess alem*s alem*s da 0!o 0!oca ca romnt romntica ica%% Imainamos t*o +em "m Gerard von 4erval em .B+inen o" em eidel+er2 A ca!acidade de resistir dos alem*es n*o tem limites@ e isto at0 na lo"c"ra? 4iet'sche s"!orto" s"!orto" a s"a anos, anos, lderlin $"arenta% $"arenta% L"te L"tero ro,, !ref !refi i"r "ra( a(*o *o do home homem m mode modern rno, o, ass" ass"m mi" todo todoss os ti!o ti!oss de dese$"il#+rio? "m =ascal e "m itler coa+itavam coa+itavam nele% nele% 5%%% só o verdadeiro 0 dino de ser amado%6 Da# !rov;m as lac"nas da Fran(a, s"a re!"lsa ao ao e ao t"rvo, s"a anti!oesia, s"a antimetaf#sica% Mais Mais ainda ainda $"e Descart Descartes, es, foi oilea oilea"" $"e $"em m infl"i infl"i"" so+re so+re todo todo "m !ov !ovo, o, cens"rando se" ;nio% O inferno > t*o e&ato como "m atestado% O !"ratório > falso como toda al"s*o ao C0"% O !ara#so > mostr"/rio de fic()es e de insi!ide'es%%% A triloia de Dante constit"i a mais alta rea+ilita(*o do dia+o em!reendida !or "m crist*o% ShaHes!eare? ShaHes!eare? encontro de "ma "ma rosa com "m machado%%% machado%%%
Fracassar na vida 0 ter acesso : !oesia > sem o s"!orte do talento% Só os es!#ritos s"!erficiais a+ordam as id0ias com delicade'a% A men(*o dos dissa+ores administrativos 75.he laJs delaK, the insolence of office69 entre os motivos $"e 1"stificam o s"ic#dio, me !arece a coisa mais !rof"nda $"e disse amlet% Esotados os modos de e&!ress*o, a arte se orienta !ara o semsentido, !ara "m "niverso !rivado e incom"nic/vel% .odo estremecimento inteligível , tanto em !int"ra como em m3sica o" em !oesia, nos !arece, com ra'*o, anti$"ado o" v"lar% O público desa!arecer/ em +reve@ a arte o se"ir/ de !erto% Uma civili'a(*o $"e come(o" com as catedrais tinha $"e aca+ar no hermetismo da es$"i'ofrenia% "ando estamos a mil l0"as da !oesia, ainda de!endemos dela !or essa s3+ita necessidade de "ivar > 3ltimo ra" do lirismo% Ser "m RasHolniHov > sem a desc"l!a do homic#dio% Só c"ltivam o aforismo os $"e conheceram o medo no meio das !alavras, esse medo de desmoronar com todas as palavras % 4*o !oder voltar a 0!oca em $"e nenh"m voc/+"lo !aralisava os seres, ao laconismo da inter1ei(*o, ao !ara#so do em+otamento, ao est"!or alere anterior aos idiomas%%%2 f/cil ser 5!rof"ndo6@ +asta dei&arse invadir !or s"as !ró!rias taras% -
.oda !alavra me fa' sofrer% 4o entanto, como seria doce o"vir flores taarelando so+re a morte2 Modelos de estilo? a !raa, o telerama e o e!it/fio% Os romnticos foram os 3ltimos es!ecialistas do s"ic#dio% Desde de ent*o se im!rovisa%%% =ara melhorar s"a $"alidade !recisamos de "m novo mal do s0c"lo% Des!o1ar a literat"ra do se" disfarce, ver se" verdadeiro rosto, 0 t*o !erioso como !rivar a filosofia de se" 1ar*o% As cria()es do es!#rito se red"'em : transfi"ra(*o de +aatelasN E só haveria al"ma s"+stncia, fora do artic"lado, no r#ct"s o" na catale!siaN Um livro $"e, a!ós haver demolido t"do, n*o se destrói a si mesmo, e&as!ero" nos em v*o% Mnadas desareadas, cheamos ao final das triste'as !r"dentes e das anomalias !revistas? mais de "m sinal an"ncia a heemonia do del#rio% As 5fontes6 de "m escritor s*o s"as veronhas@ $"em n*o as desc"+ra em si mesmo o" as el"da est/ condenado ao !l/io o" : cr#tica% .odo ocidental atormentado fa' !ensar em "m herói de DostoievsHi $"e tivesse "ma conta no +anco% O +om dramat"ro deve !oss"ir o sentido do assassinato@ de!ois dos elisa+etanos, $"em ainda sa+e matar se"s !ersonaensN A c0l"la nervosa ha+ito"se t*o +em a t"do $"e devemos ren"nciar definitivamente a conce+er "ma insanidade, $"e, !enetrando nos c0re+ros, os faria e&!lodir%
De!ois de en1amin Constant, nin"0m torno" a encontrar o tom da dece!(*o% A$"ele $"e, !oss"indo os r"dimentos da misantro!ia, $"iser a!erfei(oarse nela, deve fre$Bentar a escola de Sift? a!render/ assim a dar a se" des!re'o !elos homens a intensidade de "ma nevralia% a"delaire introd"'i" a s"a fisioloia na !oesia@ 4iet'sche, na filosofia% Com eles, as !ert"r+a()es dos ór*os se elevaram a canto e a conceito% =roscritos da sa3de, ca+ia a eles asse"rar "ma carreira : doen(a% Mistério,
!alavra de $"e nos servimos !ara enanar os o"tros, !ara fa'erlhes acreditar $"e somos mais !rof"ndos $"e eles% Se 4iet'sche, =ro"st, a"delaire e Rim+a"d so+revivem :s fl"t"a()es da moda, devem isso : rat"idade de s"a cr"eldade, : s"a cir"ria demon#aca, : enerosidade de se" fel% O $"e fa' d"rar "ma o+ra, o $"e a im!ede de envelhecer 0 s"a ferocidade% Afirma(*o rat"itaNConsidere o !rest#io do Evanelho, livro aressivo, livro venenoso entre todos% O !3+lico se !reci!ita so+re os a"tores chamados 5h"manos6 !or$"e sa+e $"e deles nada tem a temer@ !arados, como ele, a meio caminho, lhe !ro!or*o "m acordo com o Im!oss#vel, "ma vis*o coerente do Caos% A neli;ncia ver+al dos !ornórafos !rov0m fre$Bentemente de "m e&cesso de !"dor, da veronha de e&i+ir a s"a 5alma6, e so+ret"do de nome/la? n*o e&iste !alavra indecente em nenh"m idioma% "e "ma realidade se oc"lte atr/s das a!ar;ncias 0, em todo caso, !oss#vel@ $"e a lin"aem !ossa re!rod"'ila, seria rid#c"lo es!erar% =or $"e, ent*o, adotar "ma o!ini*o em l"ar de o"tra, rec"ar ante o +anal o" o inconce+#vel, ante o dever de di'er o" escrever $"al$"er coisaN Um m#nimo de sa+edoria nos o+riaria a defender todas as teses ao mesmo tem!o, em "m ecletismo do sorriso e da destr"i(*o% -
O medo da esterilidade leva o escritor a !rod"'ir acima de s"as !ossi+ilidades e a acrescentar :s mentiras vividas m"itas o"tras $"e toma em!restadas o" for1a% So+ toda 5O+ra com!leta6 1a' "m im!ostor% O !essimista deve inventar cada dia novas ra')es de e&istir? 0 "ma v#tima do 5sentido6 da vida% Mac+eth? "m estóico do crime, "m Marco A"r0lio com "m !"nhal% O es!#rito 0 o rande favorecido com as derrotas da carne% Enri$"ecese : s"a c"sta, a sa$"eia, reo'i1ase com s"as mis0rias@ vive do +anditismo% A civili'a(*o deve se" ;&ito :s !roe'as de "m +andido% O 5talento6 0 o meio mais se"ro de falsear t"do, de deformar as coisas e de e$"ivocarse $"anto a si mesmo% Só !oss"em "ma e&ist;ncia verdadeira a$"eles a $"em a nat"re'a n*o so+recarreo" com nenh"m dom% =or isso seria dif#cil imainar "niverso mais falso $"e o "niverso liter/rio, o" homem mais des!rovido de realidade $"e o homem de letras% 4*o h/ salva(*o !oss#vel fora da imitação do sil;ncio% Mas nossa lo$"acidade 0 !r0natal% Ra(a de taarelas, de es!ermato'óides ver+osos, estamos quimicamente liados : =alavra% A +"sca do sino em detrimento da coisa sinificada@ a lin"aem considerada como "m fim em si, como rival da 5realidade6@ a mania ver+al, mesmo nos filósofos@ a necessidade de renovarse a nível das aparências@ caracter#sticas de "ma civili'a(*o na $"al a sinta&e !revalece so+re o a+sol"to e o ram/tico so+re o s/+io% Goethe, artista com!leto, 0 nosso ant#!oda% Alheio ao inaca+ado, a esse ideal moderno da !erfei(*o, neo"se a com!reender os riscos de se"s contem!orneos@ $"anto aos se"s, assimilo"os t*o +em $"e n*o os sofre" de maneira al"ma% Se" claro destino nos desmorali'a@ a!ós hav;lo es$"adrinhado tentando em v*o desco+rir nele seredos s"+limes o" sórdidos, ficamos com as !alavras de RilHe? 54*o tenho ór*os !ara Goethe%6
4"nca se criticar/ demasiado o s0c"lo PIP !or haver favorecido essa cor1a de losadores, essas m/$"inas de ler, essa malforma(*o do es!#rito $"e encarna o =rofessor > s#m+olo do decl#nio de "ma civili'a(*o, do aviltamento do osto, da s"!remacia do tra+alho so+re o ca!richo% er t"do do e&terior, sistemati'ar o inef/vel, n*o olhar nada de frente, fa'er o invent/rio das vis)es dos o"tros2%%% .odo coment/rio de "ma o+ra 0 ins"ficiente o" in3til, !ois t"do o $"e n*o 0 direto 0 n"lo% 4o !assado, os !rofessores se consaravam de !refer;ncia : teoloia% Ao menos tinham a desc"l!a de ensinar o a+sol"to, de limitarse a De"s, en$"anto $"e aora nada esca!a : s"a com!et;ncia assassina% O $"e nos distin"e de nossos ante!assados 0 nossa !et"lncia face ao Mist0rio% 4ós at0 o des+ati'amos? assim nasce" o A+s"rdo%%% Fra"de do estilo? dar :s triste'as ha+it"ais "m as!ecto insólito, enfeitar as !e$"enas desra(as, vestir o va'io, e&istir pela palavra, !ela fraseoloia do s"s!iro o" do sarcasmo% inacredit/vel $"e a !ers!ectiva de ter "m +iórafo n*o tenha feito nin"0m ren"nciar a ter "ma vida% S"ficientemente in;n"o !ara colocarme em +"sca da erdade, interesseime no !assado > in"tilmente > !or m"itas disci!linas% Come(ava a firmarme no ceticismo $"ando tive a id0ia de cons"ltar, como 3ltimo rec"rso, a =oesia? $"em sa+e, disse a mim mesmo, talve' me se1a 3til, talve' esconda so+ s"a ar+itrariedade al"ma revela(*o definitiva% Rec"rso il"sório? ela me fe' !erder at0 minhas incertezas%%% =ara $"em respirou a Morte, $"e desola(*o o odor do er+o2 Estando na moda a derrota, 0 nat"ral $"e De"s se a!roveite disso% Gra(as aos esno+es $"e o lastimam o" o maltratam, ainda o'a de certa re!"ta(*o% Mas d"rante $"anto tem!o ser/ ainda interessanteN
5.inha talento, no entanto nin"0m mais se interessa !or ele% Est/ es$"ecido% > 1"sto? n*o so"+e tomar todas as !reca"()es necess/rias !ara ser mal com!reendido%6 4ada seca tanto o es!#rito como a re!"nncia a conce+er id0ias o+sc"ras% O $"e fa' o s/+ioN Resinase a ver, a comer etc%%%, aceita a des!eito de si mesmo essa 5chaa de nove a+ert"ras6 $"e 0 o cor!o se"ndo o haavadGita% A sa+edoriaN Sofrer dinamente a h"milha(*o $"e nos infliem nossos +"racos% O !oeta? "m es!evitado $"e sa+e atormentarse sem motivo, $"e se dedica com ardor :s !er!le&idades, $"e as !roc"ra !or todos os meios% E de!ois, a in;n"a !osteridade se a!ieda dele%%% "ase todas as o+ras s*o feitas com clar)es de imitação, estremecimentos a!rendidos e ;&tases ro"+ados% =roli&a !or nat"re'a, a literat"ra vive da !letora de voc/+"los, do cncer da !alavra% A E"ro!a ainda n*o se encontra s"ficientemente em r"#nas !ara $"e !ossa florescer nela a e!o!0ia% 4o entanto, t"do fa' !rever $"e, com o ci3mes de .róia e dis!osta a imitala, !ro!orcionar/ "m dia temas t*o im!ortantes $"e nem o romance nem a !oesia ser*o s"ficientes%%% Admiraria com !ra'er Omar QhaKKan, s"as triste'as sem r0!lica, se ele n*o tivesse conservado "ma 3ltima il"s*o? infeli'mente ainda acreditava no vinho% O melhor de mim mesmo, este fia!o de l"' $"e me afasta de t"do, devo a minhas raras conversas com al"ns canalhas amaros, canalhas inconsol/veis $"e, v#timas do rior de se" cinismo, n*o !oderiam mais se dedicar a nenh"m v#cio%
Mais $"e "m erro de f"ndo, a vida 0 "ma falta de osto $"e nem a morte, nem mesmo a !oesia, conse"em corriir% 4este 5rande dormitório6, como "m te&to tao#sta chama o "niverso, o !esadelo 0 a 3nica forma de l"cide'% !refer#vel n*o se dedicar :s Letras $"ando, !oss"indo "ma alma o+sc"ra, se est/ o+cecado !ela claridade% Só restar*o atr/s de si s"s!iros inteli#veis, !o+res res#d"os da rec"sa de ser voc; mesmo% 4os tormentos do intelecto h/ "ma dec;ncia $"e dificilmente encontrar#amos nos do cora(*o% O ceticismo 0 a elencia da ansiedade% Ser moderno 0 remendar no Inc"r/vel% .raicom0dia do disc#!"lo? red"'i a !ó o me" !ensamento !ara ir al0m dos moralistas, $"e só me haviam ensinado a frament/lo%%%
O
E S C R O Q U E
DE
ABISMOS
.odo !ensamento deveria lem+rar a r"#na de "m sorriso% Com m"ita !reca"(*o ando em volta das !rof"ndidades, ro"+o delas al"mas vertiens e f"1o como "m escro$"e de a+ismos% .odo !ensador, no come(o de s"a carreira, o!ta, invol"ntariamente, !ela dial0tica o" !elos chor)es% M"ito antes da f#sica e da !sicoloia nascerem, a dor desinterava a mat0ria e a an3stia a alma% Essa es!0cie de malestar $"ando tentamos imainar a vida cotidiana dos randes homens%%% =or volta das d"as da tarde, o $"e fa'ia SócratesN Se acreditamos com tanta inen"idade nas id0ias 0 !or$"e es$"ecemos $"e foram conce+idas !or mam#feros% Uma !oesia dina desse nome come(a !ela e&!eri;ncia da fatalidade% Só os ma"s !oetas s*o livres% 4*o encontrei no edif#cio do !ensamento nenh"ma cateoria so+re a $"al descansar a minha ca+e(a% Em com!ensa(*o, $"e travesseiro o caos2 =ara nos vinar dos $"e s*o mais feli'es do $"e nós, inoc"lamolhes > na falta de o"tra coisa > nossas an3stias% =or$"e nossas dores, infeli'mente, n*o s*o contaiosas% -
4ada mata minha sede de d3vidas? se tivesse o +ast*o de Mois0s !ara fa'elas +rotar at0 da rocha2 Fora da dilata(*o do e", fr"to da !aralisia eral, n*o e&iste nenh"m rem0dio contra as crises de a+atimento, contra a asfi&ia no nada, contra o horror de ser a!enas "ma alma dentro de "ma c"s!arada% Se só o+tive al"mas id0ias da triste'a, 0 !or$"e ameia demasiado !ra em!o+rec;la, e&ercitandome nela% Uma moda filosófica se im!)e como "ma moda astronmica? ref"tase i"almente "ma id0ia e "m molho% .odo as!ecto do !ensamento tem s"a hora, s"a frivolidade? assim, ho1e, a id0ia de 4ada%%% Como !arecem cad"cos a Mat0ria, a Eneria, o Es!#rito% Feli'mente o l0&ico 0 rico? cada era(*o !ode e&trair dele "m voc/+"lo t*o im!ortante como os o"tros > in"tilmente def"ntos% Somos todos farsantes? sobrevivemos a nossos !ro+lemas% 4as 0!ocas em $"e o Dia+o !ros!erava, o !nico, o horror, as desordens eram males $"e o'avam de !rote(*o so+renat"ral? sa+iase $"em os !rovocava, $"em !residia s"a e&!ans*o@ ho1e, a+andonados a si mesmos, transformamse em 5dramas interiores6 o" deeneram em 5!sicoses6, em !atoloia sec"lari'ada% O+riandonos a sorrir, s"cessivamente, !ara as id0ias da$"eles a $"em mendiamos, a Mis0ria converte nosso ceticismo em anha!*o% A !lanta !adece lieiramente@ o animal fa' "m esfor(o !ara se dese$"ili+rar@ no homem se e&as!era a anomalia de t"do o $"e res!ira% -
A ida, com+ina(*o de $"#mica e est"!or%%% Aca+aremos nos ref"iando no e$"il#+rio do mineralN Atravessaremos, retrocedendo, o reino $"e nos se!ara dele !ara imitar a !edra normal N At0 onde me lem+ro, n*o fi' o"tra coisa sen*o destr"ir em mim o or"lho de ser homem% E vao na !eriferia da Es!0cie como "m monstro temeroso, sem a enverad"ra s"ficiente !ara reivindicar o"tro +ando de macacos% O .0dio nivela os enimas? 0 "m devaneio positivista%%% E&iste "ma angústia infusa $"e s"+stit"i tanto a ci;ncia como a int"i(*o% A morte se es!alha tanto, oc"!a tanto l"ar, $"e n*o sei mais onde morrer% Dever da l"cide'? alcan(ar "m deses!ero correto, "ma ferocidade a!ol#nea% Se a felicidade 0 t*o rara, 0 !or$"e só 0 alcan(ada depois da velhice, na senilidade, favor reservado a +em !o"cos mortais% 4ossas vacila()es levam a marca de nossa honrade'@ nossas certe'as a de nossa im!ost"ra% A desonestidade de "m !ensador se reconhece !ela $"antidade de id0ias precisas $"e en"ncia% =et"lante, mer"lhei no A+sol"to@ emeri trolodita% O cinismo da solid*o e&trema 0 "m calv/rio $"e a insol;ncia aten"a% A morte coloca "m !ro+lema $"e s"+stit"i todos os o"tros% / alo mais f"nesto !ara a filosofia, !ara essa in;n"a cren(a na hierar$"ia das !er!le&idadesN
A filosofia serve de ant#doto contra a triste'a% E h/ $"em ainda acredite na profundidade da filosofia% 4este "niverso !rovisório, nossos a&iomas só tem "m valor de notícias do dia% A An3stia 1/ era "m !rod"to com"m na 0!oca das cavernas% Imainem o sorriso do homem de 4eanderthal se tivesse !revisto $"e os filósofos cheariam "m dia a reclamar a s"a !aternidade% O erro da filosofia 0 ser demasiado suportável % Os a+3licos, $"e dei&am as id0ias tal como s*o, deveriam ser os 3nicos a ter acesso a elas% "ando os ativos se a!ro!riam delas, a doce +a"n(a cotidiana se converte em tra0dia% A vantaem de se interessar !ela vida e !ela morte 0 $"e se !ode di'er delas $"al$"er coisa% O c0tico ostaria de sofrer, como o resto dos homens, !elas $"imeras $"e fa'em viver% 4*o conse"em? 0 "m m/rtir do bom senso% O+1e(*o contra a ci;ncia? este m"ndo n*o vale a pena ser conhecido% Como se !ode ser filósofoN Como se !ode ter a o"sadia de a+ordar o tem!o, a +ele'a, De"s e todo o restoN O es!#rito fica inchado e saltita sem veronha% Metaf#sica, !oesia > im!ertin;ncias de !iolho%%% Estoicismo de fachada? ser "m a!ai&onado !elo 54il admirari6, "m hist0rico da atara&ia%
Mesmo $"e !ossa l"tar contra "m ata$"e de de!ress*o, em nome de $"e vitalidade me o+stinaria contra "ma o+sess*o $"e me !ertence, $"e me precedeN "ando esto" +em de sa3de, escolho o caminho $"e me arada@ 5doente6, 1/ n*o so" e" $"em decide? 0 me" mal% =ara os o+cecados n*o e&iste o!(*o? s"a o+sess*o 1/ o!to" !or eles% Uma !essoa se escolhe $"ando dis!)e de virt"des indiferentes@ mas a nitide' de "m mal 0 s"!erior : diversidade dos caminhos a escolher% =er"ntarse se se 0 livre o" n*o? f"tilidade aos olhos de "m es!#rito a $"em arrastam as calorias de se"s del#rios% =ara ele, e&altar a li+erdade 0 dar !rovas de "ma sa3de indecente% A li+erdadeN Sofisma dos sa"d/veis% 4*o contente com os sofrimentos reais, o ansioso se im!)e imain/rios@ 0 "m ser !ara $"em a irrealidade e&iste, deve e&istir@ sem isso, onde encontraria a ra(*o de tormentos $"e s"a nat"re'a e&ieN =or $"e n*o !oderia me com!arar aos maiores santosN =or acaso astei menos lo"c"ra !ara salva"ardar minhas contradi()es do $"e astaram eles !ara s"!erar as s"asN "ando a Id0ia +"scava "m ref3io, devia estar carcomida !ara só encontrar a hos!italidade do c0re+ro% .0cnica $"e !raticamos : nossa c"sta, a !sican/lise derada nossos riscos, nossos !erios, nossos a+ismos@ nos des!o1a de nossas im!"re'as, de t"do o $"e nos tornava c"riosos de nós de nós mesmos% "e ha1a o" n*o "ma sol"(*o !ara os !ro+lemas, isso só !reoc"!a "ma minoria@ $"e os sentimentos n*o tenham nenh"ma sa#da, $"e n*o venham dar em nada, $"e se !ercam neles mesmos, eis o drama inconsciente de todos, o insolúvel afetivo $"e cada "m sofre sem !ensar nele% A!rof"ndar "ma id0ia 0 atentar contra ela? ro"+arlhe o encanto e at0 a vida%%% -
Com "m !o"co mais de ardor no niilismo, me seria !oss#vel > neando t"do > sac"dir minhas d3vidas e tri"nfar so+re elas% Mas só tenho o osto da nea(*o, n*o se" dom% aver conhecido a fascina(*o dos e&tremos e haver !arado em al"m l"ar entre o diletantismo e a dinamite2 Deveria ser o Intoler/vel, e n*o a Evol"(*o, o tema !referido da +ioloia% Minha cosmoonia acrescenta ao caos oriinal "ma infinidade de !ontos de s"s!ens*o% Cada ve' $"e temos "ma id0ia, alo a!odrece em nós% .odo !ro+lema !rofana "m mist0rio@ !or s"a ve', o !ro+lema 0 !rofanado !or s"a sol"(*o% O !at0tico revela "ma !rof"ndidade de ma" osto@ como essa vol3!ia da sedi(*o em $"e se com!ra'eram "m L"tero, "m Ro"ssea", "m eethoven, "m 4iet'sche% As grandes entonaçes > !le+e#smo dos solit/rios%%% Essa necessidade de remorsos $"e !recede o Mal, o" melhor, $"e o cria%%% S"!ortaria e" "m só dia sem esta caridade de minha lo"c"ra $"e, diariamente, me !romete o 8"#'o Final !ara o dia se"inteN Sofremos? o m"ndo e&terior come(a a e&istir%%%@ sofremos demasiado? ele desa!arece% A dor só o s"scita !ara desmascarar s"a irrealidade% -
O !ensamento $"e se li+erta de todo !reconceito se desarea e imita a incoer;ncia e a dis!ers*o das coisas $"e $"er a!reender% Com id0ias 5fl"idas6 !odemos nos espalhar so+re a realidade, aderir a ela, mas n*o e&!lic/la% Assim, !aase caro o 5sistema6 $"e n*o se dese1o"% O Real me d/ asma% 4os re!"na levar at0 as 3ltimas conse$B;ncias "m !ensamento de!rimente, mesmo $"e se1a inatac/vel@ o s"!ortamos at0 o momento em $"e afeta nossas entranhas, em $"e se torna malestar, verdade e desastre da carne% 4"nca li "m serm*o de "da o" "ma !/ina de Scho!enha"er sem vê!lo todo cor!de!rosa%%% Encontramos S"tili'a? nos teóloos% 4*o !odendo !rovar o $"e afirmam est*o o+riados a !raticar tal $"antidade de distin()es $"e, com elas, !ert"r+am o es!#rito? $"e 0 o $"e dese1am% "e virt"osismo n*o 0 necess/rio !ara classificar os an1os em de'enas de es!0cies2 E isso sem insistir em De"s? se" 5infinito6 fe' cair em deli$Besc;ncia n"merosos c0re+ros, desastandoos@ nos ociosos > nos m"ndanos, nas ra(as indolentes, em todos a$"eles $"e se alimentam de !alavras% A conversa(*o, m*e da s"tile'a%%% =or haver sido insens#veis a ela, os alem*es foram enolidos !ela metaf#sica% =ela contr/rio, os !ovos faladores, os antios reos o" os franceses, !eritos nos encantos do es!#rito, so+ressa#ram na técnica das ninharias@ nos !erse"idos% O+riado : mentira, ao ardil, : tramóia, levam "ma vida d"!la e falsa? a insinceridade > !or necessidade > e&cita a inteli;ncia% Se"ros de si, os inleses s*o enfadonhos? !aam dessa maneira os s0c"los de li+erdade em $"e !"deram viver sem recorrer : ast3cia, ao sorriso dissim"lado, :s artimanhas% Com!reendese assim !or $"e, no !ólo o!osto, os 1"de"s !oss"em o !rivil0io de ser o !ovo mais des!erto@ nas m"lheres% Condenadas ao !"dor, devem cam"flar se"s dese1os e mentir? a mentira é uma forma de talento , en$"anto $"e o res!eito !ela 5verdade6 vai de !ar com a rosseria e com a falta de fin"ra@ nos tarados $"e n*o est*o internados%%%, na$"eles com os $"ais sonharia "m códio !enal ideal% "ando se 0 1ovem, !raticase a filosofia menos !ara +"scar nela "ma vis*o $"e "m estim"lante@ !erse"emse as id0ias, adivinhase o del#rio $"e as !rod"'i", sonhase em imit/lo e e&aer/lo% A adolesc;ncia se com!ra' no mala+arismo das alt"ras@ em
"m !ensador ama o saltim+anco@ em 4iet'sche am/vamos arat"stra, s"as !oses, s"as !alha(adas m#sticas, m#sticas, verdadeira feira de cumes%%% S"a idolatria da for(a 0 menos "m sinal de esno+ismo evol"cionista $"e "ma tens*o interior !ro1etada !ara fora, "ma em+ria"e' $"e inter!reta e aceita o devir% Disso tinha $"e res"ltar "ma imaem falsa da vida e da história% Mas era necess/rio !assar !or a#, !ela oria filosófica, !elo c"lto da vitalidade% Os $"e se nearam a isso 1amais conhecer*o s"as conse$B;ncias, conse$B;ncias, o reverso e as caretas desse c"lto@ n"nca com!reender*o com!reender*o as ra#'es da dece!(*o% Como 4iet'sch 4iet'sche, e, acredit/v acredit/vamos amos na !erenidade !erenidade de nossos nossos transes@ transes@ ra(as : mat"ridade de nosso cinismo, fomos ainda mais lone $"e ele% A id0ia do s"!erhomem nos !arece, ho1e, "ma mera el"c"+ra(*o@ na$"ela 0!oca nos !arecia t*o e&ata como "m dado e&!erimental% Assim se ecli!so" o #dolo de nossa 1"vent"de% Mas $"al deles > se fossem vários > !ermanece aindaN o !erito em decad;ncias, o psic"logo aressivo, n*o somente o+servador como os moralistas, $"e escr"ta como inimio e se cria inimios@ mas se"s inimios ele os e&trai de si mesmo, como os v#cios $"e den"ncia% Com+ate f"riosamente os fracosN, !ratica a intros!ec(*o@ e $"ando ataca a decad;ncia, descreve se" !ró!rio estado% .odo se" ódio se dirie indiretamente contra si mesmo% =roc =rocla lama ma s"as s"as fra$" fra$"e' e'as as e as eri eriee em idea ideal@ l@ se se dete detest sta, a, o cris cristi tian anis ismo mo o" o socialismo sofrem as conse$B;ncias% Se" dianóstico do niilismo 0 irref"t/vel? !or$"e ele mesmo 0 niilista e o confessa% =anflet/rio a!ai&onado !or se"s advers/rios, n*o teria conse"ido s"!ortar se se n*o tivesse com+atido contra si mesmo, se n*o tivesse coloca colocado do s"as s"as mis0ri mis0rias as em o"tro o"tro l"ar, l"ar, nos o"tros? o"tros? vingou!se neles do que ele era% .endo !raticado a !sicoloia como herói, !ro!)e aos a!ai&onados !elo Ine&tric/vel "ma diversidade de im!asses% Medimos s"a fec"ndidade !elas !ossi+ilidades $"e nos oferece de rene/lo contin con tin"am "ament entee sem sem esot/ esot/lo% lo% Es!#ri Es!#rito to nmade nmade,, 0 "m es!ec es!ecial ialist istaa em variar variar se"s se"s dese$"il#+rios% S"stento" sem!re o !ró e o contra de t"do? 0 o !rocedimento dos $"e se dedicam : es!ec"la(*o !or n*o haver !odido escrever tra0dias o" dis!ersarse em m3lti!los destinos% O certo 0 $"e 4iet'sche, e&!ondo s"as histerias, nos desem+ara(o" do !"d !"dor or das nossas@ nossas@ s"as mis0rias mis0rias nos nos foram foram sal"ta sal"tares res%% Ele ina""ro ina""ro"" a era dos #comple$os%% O filósofo 5eneroso6 es$"ece, em detrimento de si mesmo, $"e de "m sistema só so+revivem as verdades nocivas% 4a 0!oca em $"e, !or ine&!eri;ncia, se toma osto !ela filosofia, f ilosofia, decidi, como todo m"ndo, fa'er "ma tese% "e tema escolherN "eria "m ao mesmo tem!o +atido e insólito% "ando !ensei hav;lo encontrado, corri !ara com"nicalo a me" orientador? > O $"e o senhor senhor acha de "ma "ma &eoria 'eral das (ágrimasN > !oss#vel > me me disse >, mas vai ser ser dif#cil encontrar +i+liorafia% +i+liorafia% >Se 0 !or isso, n*o h/ !ro+lema% A istória inteira me res!aldar/ com s"a a"toridade > res!ondilhe com "m tom de im!ertin;ncia e de tri"nfo% Mas como, im!aciente, me olhava com desd0m, decidi imediatamente matar o discípulo $"e havia em mim% -
4a anti"idade, o filósofo $"e n*o escrevia mas !ensava, n*o se e&!"nha ao des!re'o@ desde $"e nos !rostramos ante a efic/cia, a obra se converte" no a+sol"to do v"lo@ v"lo@ os $"e n*o !rod"' !rod"'em em s*o consi conside derad rados os 5fraca 5fracassa ssados dos6% 6% 4o entan entanto, to, esses esses 5fracassados6 teriam sido os s/+ios de o"tros tem!os@ eles rea+ilitar*o a nossa 0!oca !or n*o haver dei&ado tra(os nela% A!ro&imase o momento em $"e o c0tico, de!ois de haver $"estionado t"do, 1/ n*o ter/ de que d"vidar@ ser/, ent*o, $"ando realmente s"s!ender/ se" 1"lamento% O $"e lhe restar/N Divertirse o" adormecer > a frivolidade o" a animalidade% Mais de "ma ve' che"ei a entrever o o"tono do c0re+ro, o desenlace da consci;ncia, consci;ncia, a 3ltima cena da ra'*o, e loo "ma l"' $"e me elava o san"e2 4a dire(*o de "ma sa+edoria veetal? a+1"raria todos os me"s terrores !elo sorriso de "ma /rvore%%%
TEMPO
E
ANEMIA
Como me sinto !ró&imo da$"ela velha lo"ca $"e corria atr/s do tem!o, $"e $"eria aarrar "m pedaço de tem!o2 E&iste "ma rela(*o entre as defici;ncias de nosso san"e e nosso estranhamento no tem!o? tantos ló+"los +rancos, tantos instantes va'ios%%% 4ossos estados conscientes n*o !rocedem da descolora(*o de nossos dese1osN S"r!reendido em !leno meiodia !elo delicioso cho$"e da vertiem, a $"e atri+"#loN Ao san"e, ao c0" a'"lN O" : anemia, sit"ada a meio caminho entre os doisN A !alide' nos mostra at0 onde o cor!o !ode com!reender a alma% Com t"as veias carreadas de noites, te encontras entre os homens como "m e!it/fio no meio de "m circo% 4o a"e da =assividade, !ensase em "ma +oa crise de e!ile!sia como em "ma terra !rometida% "anto mais dif"so 0 o o+1eto de "ma !ai&*o, mais mais ela nos destrói@ a minha foi o .0dio? s"c"m+i : s"a im!recis*o% O tem!o est/ !roi+ido !ara mim% 4*o !odendo se"ir s"a cad;ncia, aarrome a ele o" o contem!lo, mas n"nca esto" dentro dele? n*o 0 me" elemento% E em v*o es!ero "m !o"co de tem!o dos o"tros2 A Anemia 0 o 1ardim onde floresce De"s% -
Se a f0, a !ol#tica o" a viol;ncia dimin"em o deses!ero, t"do dei&a intacta a melancolia? ela só !oderia cessar com o nosso san"e% O t0dio 0 "ma an3stia larvar@ a melancolia, "m ódio sonhador% 4ossas triste'as !rolonam o mist0rio $"e es+o(a o sorriso das m3mias% Só a ansiedade, "to!ia nera, nos fornece precises so+re o f"t"ro% omitarN Re'arN O va'io nos eleva a "m c0" de Cr"cifica()es $"e nos dei&a na +oca "m osto de sacarina% D"rante m"ito tem!o acreditei nas virt"des metaf#sicas do Cansa(o@ 0 verdade $"e ele nos fa' mer"lhar nas ra#'es do .em!o@ mas o $"e tra'emos deleN Al"mas ninharias so+re a eternidade% 5So" como "m marionete $"e+rada c"1os olhos tivessem ca#do !ara dentro%6 Estas !alavras de "m doente mental valem mais do $"e o con1"nto das o+ras de intros!ec(*o% "ando t"do se torna ins#!ido : nossa volta, $"e tnico a c"riosidade de sa+er de que maneira !erderemos a ra'*o2 Se nos fosse !oss#vel a+andonar vol"ntariamente o nada da a!atia !elo dinamismo do remorso2 Com!arado ao t0dio $"e me es!era, o $"e me ha+ita me !arece t*o aradavelmente ins"!ort/vel $"e tremo só de !ensar em esotar se" terror% Em "m m"ndo sem melancolia, os ro"&inóis se !oriam a arrotar%
Al"0m em!rea contin"amente a !alavra 5vida6N Sai+a $"e 0 "m doente% O interesse $"e manifestamos !elo .em!o emana de "m esno+ismo do Irre!ar/vel% =ara iniciarse na triste'a, no artesanato do Indefinido, al"ns demoram "m se"ndo, o"tros "ma vida% M"itas ve'es me retirei !ara esse $"arto de des!e1o $"e 0 o C0", m"itas ve'es cedi : necessidade de sufocar em De"s2 Só so" e" mesmo acima o" a+ai&o de mim, na raiva o" no a+atimento@ em me" n#vel ha+it"al, inoro $"e e&isto% 4*o 0 f/cil ad$"irir "ma ne"rose@ $"em o conse"e dis!)e de "m fort"na $"e fa' !ros!erar t"do? tanto os ;&itos como os fracassos% Só !odemos air em f"n(*o de "m tem!o limitado? "m dia, "ma semana, "m m;s, "m ano, de' anos o" "ma vida% =or$"e se !or desra(a relacionamos nossos atos ao .em!o, tem!o e atos se eva!oram@ e 0 ent*o a avent"ra no )ada, a ;nese do 4*o% Cedo o" tarde, cada dese1o deve encontrar se" cansa(o? s"a verdade%%% Consci;ncia do tem!o? atentado contra o tem!o%%% Gra(as : melancolia > esse al!inismo dos !re"i(osos > escalamos da nossa cama todos os c"mes e sonhamos no alto de todos os !reci!#cios% -
Entediarse 0 mascar tem!o% A !oltrona, essa rande res!ons/vel, essa !romotora de nossa 5alma6% .omo "ma resol"(*o de pé@ deitome e a an"lo% Aceitar#amos facilmente os desgostos se a ra'*o o" o f#ado n*o s"c"m+issem a eles% "s$"ei em mim mesmo me" !ró!rio modelo% =ara imit/lo, dedi$"eime : dial0tica da indol;ncia% t*o mais arad/vel fracassar na vida%%% .er dedicado : id0ia da morte todas as horas $"e "ma !rofiss*o teria e&iido%%% Os e&travasamentos metaf#sicos s*o !ró!rios dos mones, dos li+ertinos e dos mendios% Um em!reo teria feito do !ró!rio "da "m sim!les descontente% O+ri"em os homens a se deitar d"rante dias e dias? os colch)es conse"iriam o $"e nem as "erras nem os sloans !"deram fa'er% =ois as mano+ras do .0dio s"!eram, em efic/cia, as das armas e das ideoloias% 4ossas avers)esN Desvios da avers*o $"e temos a nós mesmos% "ando me s"r!reendo em "m momento de revolta, tomo "m son#fero o" cons"lto "m !si$"iatra% "al$"er !rocedimento 0 +om !ara $"em !erse"e a Indiferen(a sem estar !redis!osto a ela% =remissa dos indolentes, esses metaf#sicos natos? o a'io 0 a certe'a $"e desco+rem, ao final de s"a carreira e como recom!ensa a s"as dece!()es, as !essoas honestas e os filósofos !rofissionais% -
medida $"e li$"idamos nossas veronhas, arrancamos nossas m/scaras% Mas chea "m dia em $"e nosso 1oo aca+a? ficamos sem veronhas e sem m/scaras% E sem público% S"!erestimamos nossos seredos, a vitalidade de nossas mis0rias% Diariamente converso em !artic"lar com me" es$"eleto, e isso minha carne n"nca me !erdoar/% O $"e arr"#na a aleria 0 s"a falta de rior@ contem!le, !or o"tro lado, a lóica do fel%%% Se al"ma ve' estiveste triste sem motivo @ 0 $"e o estiveste d"rante toda a vida sem sa+;lo% =eram+"lo atrav0s dos dias como "ma !"ta em "m m"ndo sem trottoirs% Só nos tornamos c3m!lices da vida $"ando di'emos > de todo coração > "ma +analidade% Entre o .0dio e o T&tase se desenvolve toda a nossa e&!eri;ncia do tem!o% .ri"nfaste na vidaN 8amais conhecer/s o orgulho% 4ós nos entrincheiramos atr/s de nosso rosto@ o lo"co se trai !elo se"% Ele se oferece, se den"ncia aos o"tros% avendo !erdido s"a m/scara, div"la s"a an3stia, a im!)e ao !rimeiro $"e a!arece, e&i+e se"s enimas% .anta indiscri(*o irrita% normal $"e o amarrem e $"e o isolem% .odas as /"as s*o cor de afoamento% -
Se1a !or !ai&*o !elo remorso o" !or insensi+ilidade, o fato 0 $"e nada fi' !ara salvar o !o"co de a+sol"to $"e encerra este m"ndo% O Devir? "ma aonia sem desenlace% Contrariamente aos !ra'eres, as dores n*o cond"'em : saciedade% 4*o e&iste le!roso blasé% A triste'a? "m a!etite $"e nenh"ma desra(a satisfa'% 4ada nos sed"' tanto como a o+sess*o da morte@ a obsessão, n*o a morte% Essas horas em $"e me !arece in3til levantarme a"(am minha c"riosidade !elos Inc"r/veis% =resos a se" leito, e ao A+sol"to, como devem conhecer t"do2 Entretanto, só me !are(o com eles no virt"osismo do tor!or, na intermin/vel r"mina(*o das manh*s inteiras !assadas na cama% En$"anto o t0dio se limita "nicamente aos ass"ntos do cora(*o, t"do 0 ainda !oss#vel@ mas se se estende : esfera do 1"#'o, estamos !erdidos% Mal meditamos em !0, ainda menos andando% Foi nosso em!enho em conversar a !osi(*o vertical $"e oriino" a A(*o@ !or isso, !ara !rotestar contra se"s danos, dever#amos imitar a !ost"ra dos cad/veres% O Deses!ero 0 o descaramento da desra(a, "ma forma de !rovoca(*o, "ma filosofia !ara 0!ocas indiscretas% "ando se a!rende a +e+er nas fontes do a'io, dei&ase de temer o f"t"ro% O .0dio o!era !rod#ios? converte a vac"idade em s"+stncia@ 0 ele !ró!rio vazio nutritivo% -
"anto mais envelhe(o, menos me arada +ancar o amlet% 8/ n*o sei, com res!eito : morte, $"e ti!o de an3stia sentir%%%
OCIDENTE
Or"lho moderno? !erdi a ami'ade de "m homem $"e estimava !or haver insistido em re!etirlhe $"e e" era mais deenerado $"e ele%%% O Ocidente +"sca em v*o "ma forma de aonia dina de se" !assado% Dom "i&ote re!resenta a 1"vent"de de "ma civili'a(*o? ele se inventava acontecimentos@ nós n*o sa+emos como esca!ar aos $"e nos !erse"em% O Oriente se interesso" !elas flores e !ela ren3ncia% 4ós lhe o!omos as m/$"inas e o esfor(o, e esta melancolia alo!ante > 3ltimo so+ressalto do Ocidente% "e triste'a ver randes na()es mendiarem "m s"!lemento de f"t"ro2 4ossa 0!oca ser/ marcada !elo romantismo dos a!/tridas% 8/ se forma a imaem de "m "niverso onde nin"0m mais ter/ direito de cidadania % Em todo cidad*o de ho1e 1a' "m meteco f"t"ro% Mil anos de "erras consolidaram o Ocidente@ "m s0c"lo de 5!sicoloia6 !slhe a corda no !esco(o% Atrav0s das seitas, o v"lo !artici!a do A+sol"to e "m !ovo manifesta s"a vitalidade% Foram elas $"e !re!araram a revol"(*o r"ssa e o dil3vio eslavo% Desde $"e o catolicismo mostra a!enas "m as!ecto formal, a esclerose o invade@ entretanto, s"a carreira ainda n*o aca+o"? faltalhe estar de l"to !ela latinidade% 54ós, civili'a()es, sa+emos aora $"e somos mortais6% Sendo nosso mal a história, o ecli!se da história, devemos insistir nas !alavras de al0rK, aravar se" alcance? sa+emos aora $"e a civili'a(*o 0 mortal, $"e alo!amos em dire(*o a hori'ontes de a!o!le&ia, a milares do !ior, : idade de o"ro do !nico%
=ela intensidade de se"s conflitos, o s0c"lo PI nos 0 mais !ró&imo $"e nenh"m o"tro@ mas n*o ve1o em nossa 0!oca L"teros o" Calvinos% Com!arados a esses iantes, e a se"s contem!orneos, somos !ime"s elevados, !ela fatalidade do sa+er, a "m destino mon"mental% A!esar de nos faltar a distin(*o, em "ma coisa, entretanto, os s"!eramos? em s"as tri+"la()es, eles tinham o rec"rso, a covardia de 1"larse entre os leitos% A =redestina(*o, 3nica id0ia crist* ainda tentadora, conservava !ara eles s"a d"!la face% =ara nós, n*o h/ mais eleitos% Esc"tem os alem*es e os es!anhóis e$plicar!se? far*o ressoar em se"s o"vidos sem!re a mesma cantilena? tr/ico, tr/ico%%% s"a maneira de fa'ernos com!reender s"as calamidades o" s"as estana()es, s"a forma de tri"nfar%%% iremse !ara os alc*s@ o"vir*o constantemente? destino, destino%%% Os !ovos demasiado !ró&imos de s"as oriens dissim"lam assim s"as triste'as ino!erantes% a discri(*o dos troloditas% Em contato com os franceses se a!rende a ser infeli' gentilmente% Os !ovos $"e n*o tem o osto das f"tilidades, da frivolidade e do a!ro&imado, $"e vivem se"s e&aeros ver+ais, s*o "ma cat/strofe !ara os o"tros e !ara eles mesmos% Insistem em ninharias, levam a s0rio o acessório e fa'em "ma tra0dia do insinificante% Se a isso acrescentam "ma !ai&*o !ela fidelidade e "ma detest/vel re!"nncia a trair, n*o se !ode es!erar o"tra coisa deles sen*o s"a r"#na% =ara corriir se"s m0ritos, !ara remediar s"a !rof"ndidade, 0 necess/rio convert;los ao S"l, inoc"larlhes o v#r"s da farsa% A face do m"ndo n*o teria sido a mesma se 4a!ole*o ho"vesse oc"!ado a Alemanha com marselheses% =oderemos meridionali'ar os !ovos !rof"ndosN O f"t"ro da E"ro!a de!ende da res!osta a esta $"est*o% Se os alem*es se !"serem a tra+alhar como antes, o Ocidente est/ !erdido@ da mesma forma se os r"ssos n*o reencontrarem o se" velho amor !ela !re"i(a% Seria !reciso desenvolver em am+os os !ovos o osto da indol;ncia, da a!atia e da sesta, fa'erlhes entrever as del#cias da in0rcia e da inconstncia% %%% A menos $"e nos resinemos :s sol"()es $"e a =r3ssia o" a Si+0ria infliiriam a nosso diletantismo% 4*o e&iste evol"(*o nem ent"siasmo $"e n*o se1am destr"idores, ao menos em se"s momentos de intensidade%
O devir de er/clito desafia o tem!o@ o de erson fa' !ensar nas tentativas in;n"as e nas velharias filosóficas% Como eram feli'es esses mones $"e, no final da Idade M0dia, corriam de cidade em cidade an"nciando o fim do m"ndo2 S"as !rofecias demoravam a se reali'arN "e im!orta2 Eles !odiam se soltar, dar livre c"rso a se"s terrores, des!e1alos so+re as m"ltid)es@ tera!;"tica il"sória em "ma 0!oca como a nossa em $"e o !nico, introd"'ido nos cost"mes, !erde" s"as virt"des% =ara overnar os homens, 0 !reciso !raticar os se"s v#cios e acrescentar al"m o"tro mais% e1am o caso dos !a!as@ en$"anto fornicavam, dedicavamse ao incesto e assassinavam, dominavam o m"ndo e a Ire1a era oni!otente% Desde $"e res!eitam se"s !receitos, só fa'em 0 decair? a a+stin;ncia, assim como a modera(*o, lhes foi nefasta@ convertidos em !essoas res!eit/veis, nin"0m mais os teme% Edificante cre!3sc"lo de "ma instit"i(*o% O !reconceito da honra 0 !ró!rio das civili'a()es r"dimentares% Ele desa!arece com o advento da l"cide', com o reinado dos covardes, da$"eles $"e, havendo 5com!reendido6 t"do, n*o t;m mais nada a defender% D"rante tr;s s0c"los, a Es!anha "ardo" 'elosamente o seredo da Inefic/cia@ ho1e em dia, todo o Ocidente !oss"i esse seredo@ ele n*o o ro"+o", desco+ri"o !or se"s !ró!rios meios, por introspecção% =ela +ar+/rie, itler tento" salvar toda "ma civili'a(*o% S"a em!resa foi "m fracasso@ no entanto, nem !or isso dei&ar/ de ser a 3ltima iniciativa do Ocidente% Sem d3vida, este continente merecia coisa melhor% De $"em 0 a c"l!a se n*o so"+e !rod"'ir "m monstro de $"alidade diferenteN Ro"ssea" foi "ma calamidade !ara a Fran(a, assim como eel !ara a Alemanha% .*o indiferente : histeria como aos sistemas, a Inlaterra contem!ori'o" com a mediocridade@ s"a 5filosofia6 esta+elece" o valor da sensação@ s"a !ol#tica a do neg"cio% O em!irismo foi s"a res!osta :s el"c"+ra()es do Continente@ o =arlamento, se" desafio : "to!ia, : !atoloia heróica% 4*o h/ e$"il#+rio !ol#tico sem n"lidades de +oa $"alidade% "em !rovoca as cat/strofesN Os man#acos da aita(*o, os im!otentes, os insones, os artistas fracassados $"e !ortaram coroa, sa+re o" "niforme, e, mais ainda $"e todos eles, os otimistas, a$"eles $"e esperam : c"sta dos o"tros%
4*o 0 eleante a+"sar da m/ sorte@ al"ns indiv#d"os, como certos !ovos, se com!ra'em tanto nela $"e desonram a tra0dia% Os es!#ritos l3cidos, !ara dar "ma car/ter oficial a se" desalento e im!lo aos o"tros, deveriam constit"ir "ma (iga da *ecepção% .alve' assim conse"iriam aten"ar a !ress*o da história, torna o f"t"ro fac"ltativo%%% Um a!ós o o"tro, adorei e e&ecrei n"merosos !ovos@ 1amais me ocorre" renear o es!anhol $"e ostaria de ter sido%%% I% Instintos vacilantes, cren(as deterioradas, manias e cad"$"ices% =or toda !arte con$"istadores a!osentados, ca!italistas do hero#smo, frente a 1ovens Alaricos $"e es!reitam as novas Romas e Atenas@ !or toda !arte, !arado&os de a!/ticos% 4o !assado, as boutades de sal*o atravessavam os !a#ses, desconcertavam a tolice o" a a"(avam% A E"ro!a, co$"ete e intrat/vel, estava na flor da idade@ decr0!ita ho1e, 1/ n*o e&cita mais nin"0m% Os +/r+aros, no entanto, ainda es!eram herdar s"as fin"ras e se irritam ante s"a lona aonia% II% Fran(a, Inlaterra, Alemanha@ It/lia talve'% O resto%%% =or $"e acidente "ma civili'a(*o !/raN =or $"e a !int"ra holandesa o" a m#stica es!anhola só floresceram "m instanteN "antas na()es so+reviveram a se" ;nio2 =or isso se" ocaso 0 tr/ico@ o da Fran(a, da Alemanha e da Inlaterra !rocede, entretanto, de "m irre!ar/vel interno, do aca+amento de "m !rocesso, de "m dever c"m!rido@ 0 nat"ral, e&!lic/vel, merecido% =oderia ser diferenteN S*o !a#ses $"e !ros!eraram e se arr"inaram 1"ntos, !or es!#rito de concorr;ncia, de fraternidade e de ódio@ en$"anto $"e, no resto do lo+o, a nova ral0 arma'enava enerias, se m"lti!licava e es!erava% .ri+os de instintos im!eriosos se al"tinam !ara formar "ma rande !ot;ncia@ chea o momento em $"e, resinadas e esotadas, só as!iram a "m !a!el s"+alterno% "ando se cessa de invadir, se aceita ser invadido% O drama de An#+al foi haver nascido cedo demais@ al"ns s0c"los mais tarde teria encontrado as !ortas de Roma a+ertas% O im!0rio estava vao, como a E"ro!a de nossos dias% III% .odos nós sa+oreamos o mal do Ocidente% Sa+emos demasiado da arte, do amor, da relii*o, da "erra, !ara acreditar ainda em al"ma coisa@ e de!ois, tantos s0c"los foram astos nisso%%% A 0!oca do acabamento da !lenit"de est/ terminada% A mat0ria dos !oemasN E&ten"ada% AmarN At0 a entalha re!"dia o 5sentimento6% A !iedadeN Es$"adrinhe as catedrais% 4elas só se a1oelham os ine!tos% "em ainda dese1a com+aterN O herói est/ s"!erado@ só a carnificina im!essoal contin"a na moda% Somos fantoches clarividentes, ca!a'es a!enas de fa'er caretas ante o irremedi/vel% O OcidenteN Um possível sem f"t"ro% I% 4*o !odemos defender nossas ast3cias contra os m3sc"los, seremos cada dia menos "tili'/veis !ara $"al$"er fim@ o !rimeiro $"e a!are(a nos !render/% Contem!le o
Ocidente? trans+orda de sa+er, de desonra e de !re"i(a% .inham $"e aca+ar nisto os cr"'ados, os cavaleiros, os !iratas, no est"!or de "ma miss*o c"m!rida% "ando Roma rec"ava s"as lei)es, inorava a istória e as li()es dos cre!3sc"los% 4*o 0 esse nosso caso% "e som+rio Messias nos a"arda%%%2 A$"ele $"e, !or distra(*o o" incom!et;ncia, detiver, ainda $"e só !or "m momento, a marcha da h"manidade, ser/ se" salvador% O catolicismo só crio" a Es!anha !ara melhor s"foc/la% "m !a#s onde se via1a !ara admirar a Ire1a, e !ara adivinhar o !ra'er $"e !ode e&istir em assassinar "m !/roco% O Ocidente !roride? ostenta timidamente s"a decre!it"de > e 1/ inve1o menos a$"eles $"e, tendo visto Roma, acreditavam o'ar de "ma desola(*o 3nica, intransmiss#vel% As verdades do h"manismo, a confian(a no homem e o resto, só !oss"em ainda "m vior de fic()es, "ma !ros!eridade de som+ras% O Ocidente era essas verdades@ aora 0 a!enas essas fic()es, essas som+ras% .*o miser/vel como elas, n*o !ode vivific/las@ as arrasta, as e&!)e, mas n*o as impe mais@ dei&aram de ser ameaçadoras% Da mesma forma, os $"e se aarram ao h"manismo se servem de "m voc/+"lo e&ten"ado, sem s"!orte afetivo, de "m voc/+"lo es!ectral% Em todo caso, talve' este continente ainda n*o tenha 1oado s"a 3ltima cartada% E se se dedicasse a desmorali'ar o resto do m"ndo, a !ro!aar a s"a !estil;nciaN Seria "ma maneira de conversar o se" !rest#io, de e&ercer ainda a s"a infl";ncia% 4o f"t"ro, se a h"manidade tiver come(ar de novo, o far/ com s"a ral0, com os monóis de toda !arte, com a escória dos continentes@ se delinear/ "ma civili'a(*o caricat"ral, : $"al a$"eles $"e !rod"'iram a verdadeira assistir*o im!otentes, h"milhados, !rostrados, !ara ref"iarse ao final na idiotia, onde es$"ecer*o o es!lendor de se"s desastres%
O
C I R C O
DA
SOLIDÃO
I
4in"0m !ode conservar s"a solid*o se n*o sa+er fa'erse odioso% Só vivo !or$"e !osso morrer $"ando $"iser? sem a idéia do s"ic#dio 1/ teria me matado h/ m"ito tem!o% O ceticismo $"e n*o contri+"i !ara a r"#na de nossa sa3de 0 a!enas "m e&erc#cio intelect"al% Alimentar na mis0ria "ma ira de tirano, s"focar so+ "ma cr"eldade contida, odiarse !or falta de s"+alternos !ara massacrar, de im!0rio !ara terrori'ar, ser "m .i+0rio !o+re%%% O $"e irrita no deses!ero 0 s"a leitimidade, s"a evid;ncia, s"a 5doc"menta(*o6? 0 !"ra re!ortaem% O+serve, ao contr/rio, a es!eran(a, s"a enerosidade no erro, s"a mania de fantasiar, s"a re!"lsa ao acontecimento? "ma a+erra(*o, "ma fic(*o% E 0 nessa a+erra(*o $"e reside a vida e dessa fic(*o $"e ela se alimenta% C0sarN Dom "i&oteN "al dos dois, em minha !res"n(*o, e" ostaria de tomar como modeloN =o"co im!orta% O fato 0 $"e "m dia !arti de "ma rei*o lon#n$"a : con$"ista do m"ndo, de todas as !er!le&idades do m"ndo%%% "ando, de "ma mansarda, contem!lo a cidade !arece t*o honrado ser nela sacrist*o como cafet*o% Se tivesse $"e ren"nciar a me" diletantismo, me es!eciali'aria no "ivo% -
Dei&ase de ser 1ovem $"ando 1/ n*o se escolhe mais os inimios, $"ando a ente se contenta com os $"e tem : m*o% .odos os nossos rancores !rov;m do fato de havermos ficado a+ai&o de nossas !ossi+ilidades, sem ter conse"ido alcan(ar a nós mesmos% E isso n"nca o !erdoaremos aos outros% deriva no ao, aarrome ao menor desosto como a "ma t/+"a de salva(*o% "erem m"lti!licar os dese$"il#+rios, aravar as !ert"r+a()es mentais, constr"ir manicmios em cada canto da cidadeN =ro#+am a praga% Com!reender*o ent*o s"as virt"des li+eradoras, s"a f"n(*o tera!;"tica, a s"!erioridade de se" m0todo face ao da !sican/lise, das in/sticas orientais o" da ire1a% Com!reender*o so+ret"do $"e ra(as :s s"as maravilhas, a se" a"lio constante, a maior !arte de nós n*o 0 criminoso nem est/ lo"co% 4ascemos com tal ca!acidade de admirar $"e o"tros de' !lanetas n*o !oderiam esotala@ a .erra o conse"e a"tomaticamente% Levantarse como "m ta"mat"ro resolvido a !ovoar se" dia de milares, e cair de novo na cama !ara r"minar at0 a noite !ro+lemas de amor e de dinheiro%%% =erdi em contato com os homens todo o frescor de minhas ne"roses% 4ada revela tanto o v"lar como s"a re!"lsa a ser dece!cionado% "ando n*o tenho nem "m tost*o no +olso, esfor(ome !ara imainar o céu da luz sonora $"e constit"i, se"ndo o +"dismo 1a!on;s, "ma das eta!as $"e o s/+io deve trans!or !ara vencer o m"ndo > e o dinheiro, acrescentaria e"% A !ior das cal3nias 0 a $"e visa nossa !re"i(a, a $"e contesta s"a a"tenticidade%
4a minha infncia, me"s amios e e" nos divert#amos vendo o coveiro tra+alhar% s ve'es ele nos dei&ava "m crnio com o $"al 1o/vamos f"te+ol% Esse era !ara nós "m !ra'er $"e nenh"m !ensamento f3ne+re em!anava% D"rante m"itos anos vivi em "m am+iente de !/rocos $"e haviam ministrado milhares de e&trema"n()es@ a!esar disso, n*o conheci nenh"m a $"em a Morte intriasse% Mais tarde com!reendi $"e o 3nico cad/ver do $"al se !ode tirar al"m !roveito 0 o $"e se prepara em nós% Sem De"s t"do 0 nada@ e De"sN 4ada s"!remo%
II
O dese1o de morrer foi minha 3nica !reoc"!a(*o@ ren"nciei a t"do !or ele, at0 a morte% Mal "m animal se transtorna, come(a a !arecerse com o homem% O+serve "m c*o f"rioso o" a+3lico? !arece $"e es!era se" romancista o" se" !oeta% .oda e&!eri;ncia !rof"nda se form"la em termos de fisioloia% A lison1a transforma "ma !essoa de car/ter em "ma marionete, e, em "m instante, so+ a infl";ncia de s"a do("ra, os olhos mais vivos ad$"irem "ma e&!ress*o +ovina% Insin"andose mais f"ndo $"e a doen(a, e alterando, ao mesmo tem!o, as lnd"las, as entranhas e o es!#rito, ela 0 a 3nica arma de $"e dis!omos !ara dominar os nossos semelhantes, !ara desmorali'alos e corrom!;los% 4o !essimista se com+inam "ma +ondade inefica' e "ma maldade insatisfeita% =or necessidade de recolhimento, livreime de De"s, desem+araceime do 3ltimo chato%
-
"anto mais desra(as sofremos, mais f3teis nos tornamos? elas m"dam at0 a nossa maneira de andar% Convidamnos a nos !avonear, s"focam em nós a !essoa !ara des!ertar o personagem% %%% Se n*o fosse !ela im!ertin;ncia de 1"larme o ser mais desra(ado da terra, h/ m"ito tem!o $"e teria desmoronado% "ma rande in13ria contra o homem !ensar $"e !ara destr"irse ele necessita de "ma a1"da, de "m destino%%% 8/ n*o asto" o melhor de se" talento li$"idando a s"a !ró!ria leendaN 4essa rec"sa de d"rar, nesse horror a si mesmo, reside a s"a desc"l!a o", como se di'ia antiamente, a s"a rande'a% =or $"e nos retirar e a+andonar a !artida $"ando ainda nos restam tantos seres a decepcionar N "anto as !ai&)es, os acessos da f0, a intolerncia me dominam, desceria com m"ito osto : r"a !ara l"tar e morrer como militante do ao, como ent"siasta do .alve'%%% Sonhas em incendiar o "niverso e nem se$"er conse"iste com"nicar t"a chama :s !alavras, nem se$"er conse"iste acender "ma só2 .endo dissi!ado o me" domatismo em im!reca()es, o $"e !osso fa'er sen*o ser c0ticoN em no meio de im!ortantes est"dos, desco+ri $"e ia morrer "m dia%%%, minha mod0stia desa!arece" imediatamente% Convencido de $"e n*o me restava mais nada a a!render, a+andonei me"s est"dos !ara informar o m"ndo de t*o e&traordin/ria desco+erta% Es!#rito !ositivo corrom!ido, o Destr"idor acredita inen"amente $"e vale a !ena demolir as verdades% "m t0cnico :s avessas, "m !edante do vandalismo, "m evanelista e&traviado% Envelhecendo a!rendemos a converter nossos terrores em sarcasmos%
4*o me !er"nte mais $"al 0 o me" !rorama? respirar n*o 0 "mN A melhor maneira de nos afastar dos o"tros 0 convidalos a desfr"tar de nossos fracassos@ de!ois disso, !odemos ter certe'a $"e os odiaremos !elo resto de nossas dias% 5oc; deveria tra+alhar, anhar a vida, concentrar as s"as for(as%6 5Minhas for(asN Dissi!eias, em!re"eias todas em a!aar de mim os vest#ios de De"s%%% E aora esto" desoc"!ado !ara sem!re%6 .odo ato lison1eia a hiena $"e e&iste em nós% 4o mais !rof"ndo de nossos desfalecimentos, !erce+emos de re!ente a essência da morte@ !erce!(*olimite, re+elde : e&!ress*o@ derrota metaf#sica $"e as !alavras n*o !odem !er!et"ar% Isso e&!lica !or $"e, neste tema, as inter1ei()es de "ma velha analfa+eta nos esclarecem mais do $"e o 1ar*o de "m filósofo% A nat"re'a só crio" os indiv#d"os !ara aliviar a Dor, !ara a1"dala a dis!ersarse : c"sta deles% En$"anto $"e !ara associar ao !ra'er a consci;ncia do !ra'er 0 !reciso a sensi+ilidade de "m esfolado vivo o" "ma lona tradi(*o de v#cio, a dor e a consci;ncia da dor se conf"ndem at0 no im+ecil% Escamotear o sofrimento, derad/lo em vol3!ia > fra"de da intros!ec(*o, artimanha dos delicados, di!lomacia do emido% De tanto m"dar de atit"de com rela(*o ao sol, 1/ n*o sei mais como trat/lo% -
Só se desco+re "m sa+or nos dias $"ando se esca!a : o+ria(*o de !oss"ir "m destino% "anto mais indiferentes me s*o as !essoas, mais me !ert"r+am@ e $"anto mais as des!re'o, menos !osso a!ro&imarme delas sem a"e1ar% Se es!rem;ssemos o c0re+ro de "m lo"co, o l#$"ido o+tido !areceria &aro!e com!arado ao fel $"e seream certas triste'as% "e nin"0m tente viver sem haver feito o se" a!rendi'ado de v#tima% Mais $"e "ma rea(*o de defesa, a timide' 0 "ma técnica, a!erfei(oada sem cessar !ela mealomania dos incom!reendidos% "ando n*o tivemos a sorte de ter !ais alcoólatras, devemos nos into&icar toda a vida !ara com!ensar a !esada heran(a de s"as virt"des% =odese falar honestamente de o"tra coisa al0m de De"s o" de si mesmoN
III
O odor da criat"ra nos !)e na !ista de "ma divindade f0tida% Se a istória tivesse "ma finalidade, como seria lament/vel o destino da$"eles $"e, como nós, nada fi'eram na vida% Mas no meio do a+s"rdo eral, nos er"emos tri"nfantes, n"lidades inefica'es, canalhas or"lhosos de haver tido ra'*o% "e in$"iet"de $"ando n*o estamos se"ros de nossas d3vidas e !er"ntamos? s*o verdadeiramente d3vidasN -
"em n"nca contradisse se"s instintos, $"em n"nca se im!s "m lono !er#odo de ascese se&"al o" desconhe(a !or com!leto as de!rava()es da a+stin;ncia, ser/ com!letamente alheio tanto : lin"aem do crime como a do ;&tase@ 1amais com!reender/ as o+sess)es do mar$";s de Sade o" as de S*o 8o*o da Cr"'% A menor s"+miss*o, nem $"e se1a ao dese1o de morrer, desmascara nossa fidelidade : im!ost"ra do 5e"6% "ando sofrer a tenta(*o do em, v/ a "m mercado, escolha entre a m"ltid*o a velha mais desvalida e a em!"rre% Uma ve' e&citada a s"a verve, olhea sem res!onder, !ara $"e, ra(as ao estremecimento $"e !rod"' o a+"so do ad1etivo, ela !ossa conhecer enfim "m momento de lória% =or $"e desfa'erse de De"s !ara ref"iarse em si mesmoN =or $"e essa s"+stit"i(*o de cad/veresN O mendio 0 "m !o+re $"e, /vido de avent"ras, a+andono" a !o+re'a !ara e&!lorar as selvas da !iedade% 4*o se !ode evitar os defeitos dos homens sem f"ir ao mesmo tem!o de s"as virt"des% Assim, nos arr"inamos !ela sensate'% Sem a es!eran(a de "ma dor ainda maior, e" n*o !oderia s"!ortar esta de aora, mesmo $"e fosse infinita% Es!erar 0 desmentir o f"t"ro% Desde sem!re, De"s escolhe" t"do !or nós, at0 as nossas ravatas% 4enh"ma a(*o, nenh"m ;&ito 0 !oss#vel sem "ma aten(*o total :s ca"sas secundárias% A 5 vida6 0 "ma oc"!a(*o de inseto%
A tenacidade $"e em!re"ei em com+ater a maia do s"ic#dio teria me +astado !ara alcan(ar a salva(*o, !ara !"lveri'arme em De"s% "ando nada mais nos estim"la, restanos ainda a 5an3stia6% 4*o !odendo !rescindir dela, a !erse"imos tanto no divertimento como na ora(*o% E tememos tanto $"e ela nos falte, $"e 5a an3stia nossa de cada dia nos da# ho1e6 se torna o refr*o de nossas es!eran(as e de nossas s3!licas% =or mais #ntima $"e se1a a nossa rela(*o com as atividades do es!#rito, n*o !odemos pensar mais de dois o" tr;s min"tos !or dia@ a menos $"e, !or osto o" !or !rofiss*o, nos e&ercitemos d"rante horas em +r"tali'ar as !alavras !ara delas e&trair id0ias% O intelectual re!resenta a maior desra(a, o fracasso c"lminante do homo sapiens% O $"e me d/ a il"s*o de 1amais ter sido "m il"dido 0 $"e n"nca amei nada sem ao mesmo tem!o odi/lo% =or mais versados em saciedade $"e nos 1"l"emos, contin"aremos sendo a caricat"ra de nosso !rec"rsor Per&es% 4*o foi ele $"em !romete" !or decreto "ma recom!ensa a $"em inventasse "ma vol3!ia novaN Esse foi o esto mais moderno da anti"idade%
IV
"anto mais al"0m corre perigos, mais sente a necessidade de !arecer s"!erficial, de a!arentar frivolidade, de m"lti!licar os malentendidos so+re si mesmo% =assados os trinta anos, os acontecimentos deveriam nos interessar tanto como a "m astrnomo os me&ericos% Só o idiota est/ e$"i!ado !ara res!irar% -
Com a idade, n*o s*o tanto as nossas fac"ldades intelect"ais $"e dimin"em mas essa força para desesperar da $"al, 1ovens, n*o sa+#amos a!reciar nem o encanto nem o rid#c"lo% "e l/stima $"e !ara chear a De"s tenha $"e se !assar !ela f02 A vida, esse ma" osto da mat0ria% Ref"ta(*o do s"ic#dio? n*o 0 deseleante a+andonar "m m"ndo $"e com t*o +oa vontade se !s a servi(o de nossa triste'aN Mesmo $"e nos em+ria"emos o tem!o todo, n"nca conse"iremos a se"ran(a desse Creso de manicmio $"e di'ia? 5=ara !oder ficar tran$Bilo, com!rei !ara mim todo o ar $"e e&iste, e me instalei nele%6 O malestar $"e sentimos ante "ma !essoa rid#c"la !rov0m do fato de $"e 0 im!oss#vel imainala em se" leito de morte% Só se s"icidam os otimistas, os otimistas $"e n*o conse"em mais s;lo% Os o"tros, n*o tendo nenh"ma ra'*o !ara viver, !or $"e a teriam !ara morrerN Os tem!eramentos irasc#veisN S*o a$"eles $"e se vinam em se"s !ensamentos da aleria $"e dissi!aram em se" trato com os o"tros% Inorava t"do dela@ nossa conversa tomo", entretanto, "m caminho maca+ro? faleilhe do mar, esse coment/rio ao Eclesiastes%%% E $"al n*o foi minha s"r!resa $"ando, ao final de minha tirada so+re a histeria das ondas, ela me disse? 54*o 0 +om ter !ena de si mesmo%6 Ai do descrente $"e, ante s"as insnias, só dis!onha de "m esto$"e red"'ido de !reces2
!or mero acaso $"e todos a$"eles $"e me a+riram novos hori'ontes so+re a morte eram escórias da sociedadeN =ara o lo"co, $"al$"er +ode e&!iatório 0 +om% Ele s"!orta s"as derrotas ac"sando@ como lhe !arece $"e os o+1etos s*o t*o c"l!ados como os seres, ataca $"em $"er@ o Del#rio 0 "ma economia de e&!ans*o@ o+riados a discriminar melhor, nós nos concentramos em nossas derrotas, nos aarramos a elas !or n*o encontrar fora s"a ca"sa o" se" alimento@ o +om senso nos im!)e "ma economia cerrada, "ma a"tar$"ia do fracasso% 54*o fica +em6, me di'ia voc;, 5!ra"e1ar o tem!o todo contra a ordem das coisas%6 5 c"l!a minha se so" a!enas "m novorico da ne"rose, "m 8ó em +"sca de "ma le!ra, "m "da de !acotilha, "m Cita indolente e e&traviadoN6 A s/tira e o s"s!iro me !arecem i"almente v/lidos% .anto em "m !anfleto como em "m +rs moriendi, t"do 0 verdadeiro%%% Com o desem+ara(o da !iedade adoto todas as verdades e todas as !alavras% 5Ser/s o+1etivo26 > maldi(*o do niilista $"e acredita em tudo% 4o a!oe" de nosso no1o, "m rato !arece ter se infiltrado em nosso c0re+ro !ara sonhar em se" interior% 4*o foram os !receitos do estoicismo $"e nos mostraram a "tilidade das afrontas o" a sed"(*o das desra(as% Os man"ais de insensi+ilidade s*o demasiado sensatos% E se, ao contr/rio, todos fi'0ssemos a nossa e&!eri;ncia de mendios2 estirse com farra!os, instalarse em "ma es$"ina, estender a m*o aos transe"ntes, s"!ortar o se" des!re'o o" aradecer a s"a esmola, $"e disci!lina2 O" sair na r"a, ins"ltar desconhecidos, fa'erse es+ofetear%%% D"rante m"ito tem!o fre$Bentei os tri+"nais a!enas com o o+1etivo de contem!lar os reincidentes, s"a s"!erioridade so+re as leis, s"a !reste'a em deradarse% E no entanto !arecem !o+res miser/veis com!arados :s !rostit"tas, : desenvolt"ra $"e estas mostram frente ao tri+"nal% .anta indiferen(a desconcerta? nenh"m amor!ró!rio, as in13rias n*o as fa'em sanrar, nenh"m ad1etivo as fere% Se" cinismo 0 a forma de s"a honestidade% Uma 1ovem de anos, ma1estosamente horrorosa, re!lica ao 1"i' $"e tenta arrancarlhe a !romessa de n*o voltar a fre$Bentar os trottoirs? 54*o !osso !rometerlhe, senhor 1"i'%6
Só medimos nossas !ró!rias for(as na h"milha(*o% =ara nos consolar das veronhas $"e n*o sofremos, dever#amos infliilas a nós mesmos, c"s!ir no es!elho es!erando $"e o !3+lico nos honre com a s"a saliva% "e De"s nos !reserve de "m destino distinto2 .anto corte1ei a id0ia de fatalidade, : c"sta de t*o randes sacrif#cios alimentei a, $"e aca+o" !or encarnarse? da a+stra(*o $"e era, !al!ita aora na minha frente, e me esmaa com toda a vida $"e lhe dei%
RELIGIÃO
Se acreditasse em De"s, minha fat"idade n*o teria limites@ !assearia n" !elas r"as%%% .anto recorreram os santos : facilidade do !arado&o $"e 0 im!oss#vel n*o cit/ los nos sal)es% "ando se 0 devorado !or "m a!etite de sofrer tal $"e, !ara aca+ar com ele, necessitar#amos de milhares de e&ist;ncias, imainamos +em de $"e inferno deve ter s"rido a id0ia de transmira(*o% Fora da mat0ria, t"do 0 m3sica? De"s mesmo n*o !assa de "ma al"cina(*o sonora% "scar os antecedentes de "m s"s!iro !ode nos levar ao instante anterior > o" ao se&to dia da Cria(*o% Só o ór*o nos fa' com!reender de $"e maneira a eternidade !ode evoluir % Essas noites em $"e 1/ n*o !odemos avan(ar em De"s, em $"e o !ercorremos em todos os sentidos, em $"e o astamos de tanto !isote/lo, essas noites das $"ais emerimos com a id0ia de 1oalo no li&o%%% de enri$"ecer o m"ndo com "m res#d"o in3til% Sem a viilncia da ironia, como seria f/cil f"ndar "ma relii*o2 astaria dei&ar os c"riosos ar"!aremse em torno de nossos transes lo$"a'es% 4*o 0 De"s, mas a Dor, $"em desfr"ta das vantaens da "+i$Bidade% -
4os momentos cr"ciais da vida, a a1"da do ciarro 0 mais efica' $"e a dos Evanelhos% Conta S"so $"e, com "m estilete, ravo" no !eito, no l"ar do cora(*o, o nome de 8es"s% 4*o sanro" em v*o? !o"co de!ois, "ma l"' emanava de s"a chea% =or $"e n*o so" mais forte em minha incred"lidadeN =or $"e n*o !osso, inscrevendo em minha carne "m o"tro nome, o do Dia+o, servilhe de ins#nia l"minosaN "is esta+elecerme no .em!o@ mas era ina+it/vel% "ando me voltei !ara a Eternidade, !erdi !0% Chea sem!re o momento em $"e cada "m se di'? 5O" De"s o" e"6 e se ena1a em "m com+ate do $"al am+os saem dimin"#dos% O seredo de "m ser coincide com os sofrimentos $"e es!era% Só conhecendo, em mat0ria de e&!eri;ncia reliiosa, as in$"iet"des da er"di(*o, os modernos avaliam o A+sol"to, est"dam s"as variedades e reservam se"s estremecimentos !ara os mitos > esses vertiens !ara consci;ncias historiadoras% avendo dei&ado de re'ar, comentam a !rece% 4enh"ma e&clama(*o mais, só teorias% A Relii*o +oicota a f0% 4o !assado, com amor o" ódio, os homens se avent"ravam em De"s, o $"al, de 4ada inesot/vel $"e era, aora 0 a!enas > !ara deses!ero de m#sticos e ate"s > "m problema% Como todo iconoclasta, destrocei me"s #dolos !ara consararme a se"s restos% A santidade me fa' tremer? essa iner;ncia nas desra(as alheias, essa +ar+/rie da caridade, essa !iedade sem escrúpulos%%% De onde vem a nossa o+sess*o do R0!tilN 4*o ser/ de nosso temor de "ma 3ltima tenta(*o, de "ma $"eda !ró&ima, e, desta ve', irre!ar/vel, $"e nos faria !erder at0 a mem"ria do =ara#soN
Essa 0!oca em $"e, ao levantarme, esc"tava "ma marcha f3ne+re $"e cantarolava d"rante todo o dia e $"e, : noite, desastada, se desvanecia em hino%%% O rande !ecado do cristianismo 0 haver corrom!ido o ceticismo% Um reo 1amais teria associado o emido : d3vida% Rec"aria horrori'ado ante =ascal e mais ainda ante a infla(*o da alma $"e, desde a 0!oca da Cr"', desvalori'a o es!#rito% Ser mais in"tili'/vel $"e "m santo%%% Em !lena nostalia da morte, invadenos "ma fra$"e'a t*o rande, o!erase em nossas veias "ma modifica(*o tal, $"e es$"ecemos a morte !ara !ensar a!enas na $"#mica do san"e% A Cria(*o foi o !rimeiro ato de sa+otaem% A!ai&onado !elo A+ismo e f"rioso n*o !oder esca!ar dele, o descrente manifesta "m ardor m#stico !ara constr"ir "m m"ndo t*o des!rovido de !rof"ndidade como "m +al0 de Ramea"% 4o antio .estamento sa+iase intimidar o C0", se o amea(ava com o !"nho? a ora(*o era "ma dis!"ta entre a criat"ra e se" criador% =ara reconcilialos cheo" o Evanelho? esse foi o erro im!erdo/vel do cristianismo% "em vive sem memória ainda n*o sai" do =ara#so? as !lantas contin"am deleitandose nele% 4*o foram condenadas ao =ecado, a essa im!ossi+ilidade de esquecer @ mas nós, remorsos am+"lantes, etc, etc% 7.er sa"dades do =ara#so2 Im!oss#vel estar mais fora de moda, e&aerar mais a !ai&*o !elo cad"co o" o !rovincianismo%9 5Senhor, sem ti esto" lo"co, mas mais lo"co ainda contio26 Esse seria, na melhor das hi!óteses, o res"ltado de "m reatamento de contato entre o fracassado de +ai&o e o fracassado do alto%
O rande crime da Dor 0 haver orani'ado o Caos, hav;lo convertido em "niverso% "e tenta(*o as ire1as, se em l"ar dos fi0is ho"vesse nelas a!enas essas cris!a()es de De"s $"e o ór*o nos revela2 "ando ro(o o Mist0rio sem !oder rirme dele, me !er"nto !ara $"e serve essa vacina contra o a+sol"to $"e 0 a l"cide'% "antos !ro+lemas !ara instalarse no deserto2 Mais es!ertos $"e os !rimeiros eremitas, a!rendemos a +"scalo em nós mesmos% Rondei com "m delator em torno de De"s@ inca!a' de s"!licarlhe, es!ioneio% / dois mil anos $"e 8es"s se vina de nós !or n*o haver morrido em "m sof/% Os diletantes n*o $"erem sa+er de De"s@ os lo"cos e os +;+ados, esses randes es!ecialistas da divindade, fa'em dela o o+1eto de s"as r"mina()es% 4ós devemos a "m resto de 1"#'o o !rivil0io de ser ainda s"!erficiais% Eliminar de si as to&inas do tem!o !ara "ardar as da eternidade, essa 0 a infantilidade do m#stico% A !ossi+ilidade de renovarse atrav0s da heresia confere ao crente "ma n#tida s"!erioridade so+re o ate"% 4"nca se desce t*o +ai&o como $"ando se tem sa"dade dos an1os%%%, a n*o ser $"ando se dese1a re'ar at0 a li$"efa(*o do c0re+ro% -
Mais ainda $"e a relii*o, o cinismo comete o erro de atri+"ir demasiada im!ortncia ao homem% Entre os franceses e De"s se inter!)e a ast3cia% E&aminei devidamente todos os ar"mentos favor/veis a De"s? s"a ine&ist;ncia !ermanece" !ara mim intacta% Ele !oss"i o talento de fa'erse desmentir !or toda a s"a o+ra@ se"s defensores o tornam odioso@ se"s adoradores, s"s!eito% "em tema am/lo +asta a+rir S*o .om/s%%% Recordo esse catedr/tico da E"ro!a central $"e interroava "ma de s"as al"nas so+re as !rovas da e&ist;ncia de De"s@ ela lhe cita os ar"mentos históricos, ontolóicos, etc%, mas loo acrescenta $"e n*o acredita neles% O !rofessor se irrita, re!ete as !rovas "ma a "ma@ ela encolhe os om+ros, !ersiste em s"a incred"lidade% Ent*o o !rofessor se levanta, ro$o de f0? 5Senhorita, do"lhe minha !alavra de honra $"e De"s e&iste26 %%% Ar"mento $"e, so'inho, vale todas as S"mas teolóicas% E o $"e di'er da ImortalidadeN "erer el"cid/la, o" sim!lesmente a+ord/la, 0 sinal de a+erra(*o o" de farsa% Entretanto, nem !or isso os tratados dei&am de e&!or s"a im!oss#vel fascina(*o% Se"ndo eles, +asta nos fiar em al"mas ded"()es hostis ao .em!o !ara acharnos s"+itamente m"nidos de eternidade, indenes de !ó, isentos de aonia% Mas n*o s*o essas f"tilidades $"e me fi'eram d"vidar de minha !recariedade% Em com!ensa(*o, como me !ert"r+aram as medita()es de "m velho amio, m3sico am+"lante e lo"co%%% Como todos os dese$"ili+rados, !"nhase !ro+lemas e havia 5resolvido6 "ma $"antidade% Um dia, de!ois de haver !ercorrido os caf0s, veio interroarme so+re%%% a imortalidade% 5 im!ens/vel6, lhe res!ondi, ao mesmo tem!o sed"'ido e eno1ado !or se"s olhos inat"ais, s"as r"as e se"s farra!os% Uma certe'a o animava? 5.e e$"ivocas se n*o acreditas nela@ se n*o acreditas, n*o so+reviver/s% Esto" certo de $"e a morte n*o !oder/ nada contra mim% Al0m do $";, a!esar do $"e di'es, t"do tem "ma alma% iste os !/ssaros esvoa(ando nas r"as e de re!ente elevandose !or cima das casas !ara contemplar =arisN Como n*o v*o ter almaN2, como "m !/ssaro !ode morrerN26 =ara rec"!erar a s"a a"toridade so+re os indiv#d"os, o catolicismo necessita de "m !a!a enf"recido, corro#do !or contradi()es, distri+"idor de histeria, dominado !or "ma raiva de heree, "m +/r+aro a $"em n*o !ert"r+ariam dois mil anos de teoloia% Em Roma e no resto da cristandade 1/ se esotaram com!letamente as reservas de dem;nciaN Desde o final do s0c"lo PI, a ire1a, h"mani'ada, só !rod"' cismas de se"nda cateoria, santos v"lares, e&com"nh)es irrisórias% E se "m lo"co n*o conse"isse salvala, ao menos !oderia !reci!itala em outro a+ismo% -
De t"do o $"e os teóloos conce+eram, as 3nicas !/inas le#veis, as 3nicas !alavras verdadeiras, s*o as dedicadas ao Dia+o% Como se" tom m"da, como s"a elo$B;ncia se inflama $"ando d*o as costas : L"' !ara se consarar :s .revas2 Dirseia $"e voltam a se" elemento, $"e o desco+rem de novo% Finalmente !odem odiar, finalmente lhes 0 !ermitido@ aca+o"se o ronrom s"+lime o" a salmodia edificante% O ódio !ode ser vil@ e&tir!/lo, no entanto, 0 mais !erioso $"e a+"sar dele% A ire1a, sa+iamente, !o"!o" aos se"s tais riscos@ !ara $"e !ossam satisfa'er se"s instintos, ela os e&cita contra o Demnio@ eles se aarram a ele e o roem? feli'mente 0 "m osso inesot/vel%%% Se lhes fosse tirado, s"c"m+iriam ao v#cio o" : a!atia% Mesmo $"ando !ensamos haver desalo1ado De"s de nossa alma, Ele contin"a veetando nela% Mas sentimos $"e ali se a+orrece? n*o temos mais f0 s"ficiente !ara divertiLo% "e a"lio !ode oferecer a relii*o a "m crente dece!cionado !or De"s e !elo Dia+oN =or $"e de!or as armas, se ainda n*o vivi todas as contradi()es, se conservo ainda a es!eran(a de "m novo impasseN / tantos anos $"e me descristiani'o a olhos vistos2 .oda cren(a nos torna insolentes@ rec0mad$"irida, aviva nossos ma"s instintos@ os $"e n*o a !artilham consideramos fracassados e inca!a'es, merecedores a!enas de nossa !iedade e des!re'o% O+serve o neófito em !ol#tica e so+ret"do em relii*o, todos a$"eles $"e conse"iram mist"rar De"s a s"as tramóias, os convertidos, os novosricos do A+sol"to% Com!are s"a im!ertin;ncia com a mod0stica e as +oas maneiras dos $"e est*o !erdendo a f0 e as convic()es%%% 4as fronteiras de si mesmo? 54in"0m sa+er/ 1amais t"do o $"e sofri e sofro, nem se$"er e" mesmo%6 "ando, !or a!etite de solid*o, cortamos nossos la(os com os o"tros, o a'io nos arre+ata? ficamos sem nada, sem nin"0m%%% "em li$"idar aoraN Onde encontrar
"ma v#tima d"r/velN .al !er!le&idade nos a+re a De"s? ao menos com Ele estamos se"ros de !oder romper indefinidamente%%%
VITALIDADE
DO
A M O R
Só se entream ao t0dio as nat"re'as eróticas, dece!cionadas de antem*o !elo amor% Um amor $"e aca+a 0 "ma e&!eri;ncia filosófica t*o rica $"e fa' de "m ca+eleireiro "m ;m"lo de Sócrates% A arte de amarN Sa+er "nir a "m tem!eramento de vam!iro a discri(*o de "ma an;mona% 4a +"sca do tormento, na o+stina(*o de sofrer, só o ci"mento !ode com!etir com o m/rtir% 4o entanto, canoni'ase "m e ridic"lari'ase o o"tro% =or $"e o 5coche f3ne+re do Matrimnio6 7 &he Marriage ,earse9N =or $"e n*o o coche f3ne+re do AmorN Como 0 lament/vel a restri(*o de laHe2 Onan, Sade, Masoch, $"e feli'ardos2 Se"s nomes, assim como s"as !roe'as, n*o envelhecer*o 1amais% italidade do amor? 0 cometer "ma rande in1"sti(a denerir "m sentimento $"e so+revive" ao romantismo e ao +id;% "em se mata !or "ma m"lher'inha vive "ma e&!eri;ncia mais com!leta e !rof"nda do $"e o herói $"e altera a ordem do m"ndo% "em a+"saria da se&"alidade se n*o es!erasse, nela, !erder a ra'*o !or "m !o"co mais de "m se"ndo, !elo resto de se"s diasN -
Sonho :s ve'es com "m amor lon#n$"o e va!oroso como a es$"i'ofrenia de "m !erf"me%%% -entir
o c0re+ro? fenmeno t*o nefasto !ara o !ensamento como !ara a
virilidade% Enterrar o rosto entre dois seios, entre dois continentes da Morte%%% Um mone e "m a(o""eiro +riam no interior de cada dese1o% Só as !ai&)es sim"ladas, os del#rios finidos, t;m al"ma rela(*o com o es!#rito, com o res!eito a nós mesmos@ os sentimentos sinceros s"!)em "ma falta de considera(*o !ara consio% Feli' no amor, Ad*o teria nos !o"!ado a istória% Sem!re !ensei $"e Dióenes havia sofrido, em s"a 1"vent"de, al"m acidente amoroso? nin"0m escolhe a via do sarcasmo sem a a1"da de "ma doen(a ven0rea o" de "ma m"lher intrat/vel% / fa(anhas $"e só !erdoamos a nós mesmos? se imain/ssemos os o"tros no !onto c"lminante de certo r"nhido, nos seria im!oss#vel tornar a estenderlhes a m*o% A carne 0 incom!at#vel com a caridade? o orasmo transformaria "m santo em lo+o% A!ós as met/foras, a farm/cia% Assim desmoronam os randes sentimentos% Come(ar !oeta e aca+ar inecoloista2 De todas as condi()es, a menos inve1/vel 0 a de amante% -
Declarase "erra :s lnd"las e !rostase ante os relentos de "ma m"lher'inha%%% O $"e !ode o or"lho contra a lit"ria dos odores, contra o incenso 'oolóicoN Conce+er "m amor mais casto do $"e "ma !rimavera $"e > entristecido !ela fornica(*o das flores > chorasse em s"as ra#'es%%% =osso com!reender e 1"stificar todas as anomalias, tanto em amor como em t"do@ mas $"e ha1a im!otentes entre os im+ecis, isso 0 alo $"e me "ltra!assa% A se&"alidade? desreramento dos cor!os, cir"ria e cin'as, +estialidade de "m e&santo, estrondo de "m ris#vel e ines$"ec#vel desmoronamento%%% 4a vol3!ia, como no !nico, voltamos a nossas oriens@ o chim!an'0, in1"stamente releado, alcan(a finalmente a lória > o instante de "m rito% Uma ota de ironia na se&"alidade falseia o se" e&erc#cio e transforma $"em a !ratica em "m 5mistificador6 da Es!0cie% D"as v#timas atarefadas, maravilhadas com se" s"!l#cio, com se" s"or sonoro% A $"e cerimonial nos o+riam a ravidade dos sentidos e a seriedade do cor!o2 Esto"rar de riso em !leno estertor, 3nica maneira de desafiar as !rescri()es do san"e, as solenidades da +ioloia% "em n*o esc"to" as confid;ncias de al"m !o+redia+o com!arado ao $"al .rist*o !areceria cafet*oN A dinidade do amor consiste no afeto desil"dido $"e so+revive a "m instante de +a+a% -
Se os im!otentes so"+essem como a nat"re'a foi maternal com eles, a+en(oariam o sono de s"as lnd"las e o lo"variam nas es$"inas das r"as% Desde $"e Scho!enha"er teve a id0ia dis!aratada de introd"'ir a se&"alidade na metaf#sica, e Fre"d a de s"+stit"ir o e$"#voco !icante !or "ma !se"doci;ncia de nossos transtornos, 0 admiss#vel $"e $"al$"er "m nos fale da 5sinifica(*o6 de s"as !roe'as, de s"a timide' e de se"s ;&itos% Assim come(am todas as confid;ncias e aca+am todas as conversas% Dentro em !o"co nossas rela()es com os o"tros se red"'ir*o ao reistro de se"s orasmos efetivos o" inventados%%% o destino de nossa ra(a, devastada !ela intros!ec(*o e !ela anemia? re!rod"'irse atrav0s da !alavra, ostentar s"as noites, e&aerar se"s desfalecimentos e se"s tri"nfos% "anto mais desil"dido est/ al"0m, mais se arrisca, caso a!ai&onado, a reair como "ma mocinha leviana% D"as vias se oferecem ao homem e : m"lher? a ferocidade o" a indiferen(a% ."do indica $"e tomar*o a se"nda, $"e entre eles n*o haver/ nem a1"ste de contas nem r"!t"ra, mas $"e contin"ar*o se afastando "m do o"tro, $"e a !ederastia e o onanismo, !ro!ostos nas escolas e nos tem!los, alcan(ar*o as massas, $"e "m monte de v#cios a+olidos ser*o de novo vientes, e $"e !rocedimentos cient#ficos s"+stit"ir*o o rendimento do es!asmo e a maldi(*o do casal% Mescla de anatomia e de ;&tase, a!oteose do insol3vel, alimento ideal !ara a +"limina da dece!(*o, o Amor nos cond"' a ral0s de lória%%% A!esar de t"do, contin"amos amando@ e esse 5a!esar de t"do6 co+re "m infinito%
S O B R E
A
MÚSICA
4ascido com "ma alma ha+it"al, !edi o"tra : m3sica? foi o come(o de desra(as maravilhosas%%% Sem o im!erialismo do conceito, a m3sica teria s"+stit"#do a filosofia? teria sido o !ara#so da evid;ncia ine&!rim#vel, "ma e!idemia de ;&tases% eethoven vicio" a m3sica? introd"'i" nela as m"dan(as de h"mor, dei&o" $"e nela !enetrasse a c"lera% Sem ach, a teoloia seria des!rovida de o+1eto, a Cria(*o fict#cia, o nada !erem!tório% Se h/ al"0m $"e deve t"do a ach esse al"0m 0 De"s% O $"e s*o todas as melodias com!aradas :$"ela $"e s"foca em nós a d"!la im!ossi+ilidade de viver e de morrer%%%2 =ara $"e reler =lat*o $"ando "m sa&ofone !ode nos fa'er entrever i"almente "m o"tro m"ndoN Sem meios de defesa contra a m3sica, esto" o+riado a sofrer se" des!otismo e, se"ndo se" ca!richo, ser de"s o" farra!o% o"ve "m tem!o em $"e, n*o conse"indo imainar "m eternidade $"e !"desse se!ararme de Mo'art, n*o temia mais a morte% E foi assim com cada m3sico, com toda a m3sica%%% Cho!in elevo" o !iano : condi(*o da t"+erc"lose% -
O "niverso sonoro? onomato!0ia do inef/vel, enima desenvolvido, infinito !erce+ido e ina!reens#vel%%% "ando se e&!erimenta s"a sed"(*o, só se conce+e o !ro1eto de fa'erse en+alsamar em "m s"s!iro% A m3sica 0 o ref3io das almas feridas !ela felicidade% 4*o h/ m3sica verdadeira $"e n*o nos fa(a apalpar o tem!o% O infinito atual , !arado&o !ara a filosofia, 0 a realidade, a ess;ncia mesma da m3sica% Se ho"vesse s"c"m+ido :s ad"la()es da m3sica, a se"s chamados, a todos os "niversos $"e s"scito" e destr"i" em mim, h/ m"ito tem!o $"e, de or"lho, teria !erdido a ra'*o% A as!ira(*o do 4orte a o"tro c0" enendro" a m3sica alem* > eometria de o"tonos, /lcool de conceitos, em+ria"e' metaf#sica% It/lia do s0c"lo !assado > feira de sons > falto" a dimens*o da noite, a arte de es!remer as som+ras !ara e&trair a s"a ess;ncia% !reciso escolher entre rahms e o Sol% A m3sica, sistema de ade"ses, evoca "ma f#sica c"1o !onto de !artida n*o seriam os /tomos, mas as l/rimas% .alve' tenha es!erado demais da m3sica, talve' n*o tenha tomado as !reca"()es necess/rias contra as acro+acias do s"+lime, contra o charlatanismo do inef/vel%%% De al"ns andantes de Mo'art emana "ma desola(*o et0rea, como "m sonho de f"nerais em "ma o"tra vida% "ando nem se$"er a m3sica 0 ca!a' de salvarnos, "m !"nhal +rilha em nossos olhos@ nada mais nos s"stenta, a n*o ser a fascina(*o do crime%
Como ostaria de morrer !ela m3sica, !ara !"nirme !or haver d"vidado al"mas ve'es da so+erania de se"s sortil0ios2
V E R T I G E M
DA
H I S T Ó R I A
4a 0!oca em $"e a h"manidade, m"ito !o"co desenvolvida ainda, 1/ se e&ercitava na desra(a, nin"0m a 1"laria ca!a' de !rod"'ir "m dia em s0rie% Se 4o0 tivesse !oss"#do o dom de !rever o f"t"ro, teria certamente na"fraado% A tre!ida(*o da história 0 da al(ada da !si$"iatria, assim como de resto todos os motivos da a(*o? mover!se 0 trair a ra'*o, e&!orse : camisadefor(a% Os acontecimentos, t"mores do .em!o%%% .volução? =romete", ho1e em
dia, seria de!"tado da o!osi(*o% -
A hora do crime n*o soa !ara todos os !ovos ao mesmo tem!o% Assim se e&!lica a !erman;ncia a história% A am+i(*o de cada "m de nós 0 sondar o =ior, ser "m !rofeta !refeito% Infeli'mente h/ tantas cat/strofes nas $"ais n*o !ensamos%%% Ao contr/rio dos o"tros s0c"los, $"e !raticaram a tort"ra com neli;ncia, este, mais e&iente, introd"' nela "m dese1o de !"rismo $"e hora a nossa cr"eldade% .oda indina(*o > desde a sim!les reclama(*o at0 a revolta l"ciferina > indica "ma interr"!(*o na evol"(*o mental% A li+erdade 0 o +em s"!remo só !ara a$"eles a $"em anima a vontade de ser her0ticos% -
Di'er? !refiro tal reime a tal o"tro, 0 fl"t"ar no indefinido@ seria mais e&ato afirmar? !refiro tal !ol#cia a tal o"tra% =ois a história na realidade, se red"' a "ma classifica(*o de !ol#cias@ !or $"e, de $"e trata o historiador, sen*o da conce!(*o do endarme $"e os homens criaram atrav0s dos tem!osN "e n*o nos falem mais de !ovos dominados, nem de se" osto !ela li+erdade@ os tiranos sem!re s*o assassinados tarde demais? essa 0 s"a rande desc"l!a% 4as 0!ocas tran$Bilas, $"ando odiamos !elo !ra'er de odiar, devemos +"scar inimios $"e nos aradem@ deliciosa !reoc"!a(*o $"e nos evitam as 0!ocas aitadas% O homem segrega desastre% Admiro esses !ovos de astrnomos? calde"s, ass#rios, !r0colom+ianos, $"e, !or ca"sa de se" osto !elo c0", fracassaram na história% =ovo a"tenticamente eleito, os Cianos n*o s*o res!ons/veis !or nenh"m acontecimento, !or nenh"ma instit"i(*o% .ri"nfaram do m"ndo !or s"a vontade de n*o fundar nada nele% Al"mas era()es mais e o riso, reservado aos iniciados, ser/ t*o im!ratic/vel como o ;&tase% Uma na(*o se e&tin"e $"ando dei&a de reair ante as fanfarras? a Decad;ncia 0 a morte da trombeta% O ceticismo 0 o e&citante das civili'a()es 1ovens e o !"dor das velhas% As tera!;"ticas mental a+"ndam nos !ovos o!"lentos? a a"s;ncia de an3stias imediatas alimenta neles "m clima mór+ido% =ara conservar o se" +emestar nervoso, "ma n*o necessita de "ma desra(a s"+stancial, de "m ob/eto !ara s"as in$"iet"des, de
"m terror efetivo $"e 1"stifi$"e se"s 5com!le&os6% As sociedades se consolidam no !erio e se atrofiam na ne"tralidade% Onde reinam a !a', a hiiene e o conforto, as !sicoses se m"lti!licam% %%% enho de "m !a#s $"e, !or n*o haver conhecido 1amais a felicidade, só !rod"'i" "m !sicanalista% Os tiranos, "ma ve' saciada a s"a ferocidade, tornamse inofensivos@ t"do voltaria ao normal se os escravos, ci"mentos, n*o !retendessem tam+0m saciar a s"a% A as!ira(*o do cordeiro a converterse em lo+o s"scita a maioria dos acontecimentos% "em n*o tem !resas, sonha com elas@ dese1a devorar !or s"a ve' e o conse"e !ela +r"talidade do n3mero% A história, esse dinamismo das vítimas % =or haver incl"#do a inteli;ncia entre as virt"des e a asneira entre os v#cios, a Fran(a am!lio" o dom#nio da moral% Da# s"a vantaem so+re as o"tras na()es, s"a va!orosa s"!remacia% =oderseia medir o ra" de refinamento de "ma civili'a(*o !elo n3mero de doentes he!/ticos, im!otentes o" ne"róticos $"e !oss"i% Mas !or $"e limitarse a esses deficientes, $"ando h/ tantos o"tros $"e atestam, !ela car;ncia de s"as v#sceras o" de s"as lnd"las, a !ros!eridade fatal do Es!#ritoN 4*o encontrando nenh"ma satisfa(*o na vida, os +ioloicamente fracos se dedicam a modific/la atacando se"s !rinc#!ios% =or $"e n*o se isolo" os randes reformadores aos !rimeiros sintomas da f0N E o $"e se es!ero" !ara encerr/los em "m hos!#cio o" em "ma !ris*oN Aos V anos, o Galile" 1/ deveria estar internado% A sociedade est/ mal orani'ada? n*o toma as medidas necess/rias contra os delirantes $"e n*o morrem 1ovens% O ceticismo derrama demasiado tarde s"as +;n(*os so+re nós, so+re nossos rostos deteriorados !elas convic()es, so+re nossos rostos de hienas com "m ideal% Um livro so+re a "erra > o de Cla"seit' > foi o livro de ca+eceira de L;nin e de itler% E ainda se !er"nta !or $"e este s0c"lo est/ condenado2
=ara !assar das cavernas aos sal)es, !recisamos de "m tem!o consider/vel@ necessitaremos o"tro tanto !ara !ercorrer o caminho inverso o" $"eimaremos as eta!asN =er"nta in3til !ara os $"e n*o pressentem a !r0história%%% .odas as calamidades > revol"()es, "erras, !erse"i()es > !rov;m de "m equívoco inscrito so+re "ma +andeira% Só os !ovos fracassados se a!ro&ima de "m ideal 5h"mano6@ os o"tros, os $"e tri"nfam, !ortam consio os estimas de s"a lória, de s"a atrocidade do"rada% 4o !avor, somos v#timas de "ma agressão do F"t"ro% .emo "m homem !ol#tico $"e n*o d/ al"m sinal de cad"$"ice% =oss"indo a iniciativa de s"as mis0rias, as randes na()es !odem vari/las : vontade@ as !e$"enas est*o o+riadas a s"!ortar as $"e lhe s*o im!ostas% A ansiedade > o" o fanatismo do !ior% "ando a ral0 adota "m mito, conte com "m massacre o", !ior ainda, com "ma nova relii*o% As a()es +rilhantes s*o !ró!rias de !ovos $"e, alheios ao !ra'er de demorarse : mesa, inoram a !oesia da so+remesa e as melancolias da diest*o% Sem a sede do rid#c"lo, o ;nero h"mano teria d"rado mais de "ma era(*oN -
/ mais honestidade e rior nas ci;ncias oc"ltas do $"e nas filosofias $"e atri+"em "m 5sentido6 : história% Este s0c"lo me trans!orta ao come(o dos tem!os, aos 3ltimos dias do Caos% O"(o a mat0ria emer@ os ritos do Inanimado atravessam o es!a(o@ me"s ossos af"ndam nas !r0histórias en$"anto me" san"e fl"i nas veias dos !rimeiros r0!teis%%% Uma es!iada no itiner/rio da civili'a(*o me d/ "ma !res"n(*o de Cassandra% A 5li+erta(*o6 do homemN ir/ no dia em $"e, desem+ara(ado de s"a mania finalista, tenha com!reendido o acidente de s"a a!ari(*o e a rat"idade de se"s infort3nios, no dia em $"e todos nos aitemos como atormentados saltitantes e s/+ios, e em $"e, mesmo !ara o !o!"lacho, a 5vida6 se red"'a a s"as 1"stas !ro!or()es, a "ma hip"tese de trabalho% "em n*o vi" "m +ordel :s cinco da manh* n*o !ode imainar !ara $"e lassit"des se encaminha o nosso !laneta% A história 0 indefensável % !reciso reair em rela(*o a ela com a inflevel a+"lia do c#nico@ o" ent*o, !ensar como todo m"ndo, caminhar com a t"r+a dos re+eldes, dos assassinos e dos crentes% A 5e&!eri;ncia homem6 fracasso"N 8/ havia fracassado com Ad*o% Entretanto, 0 le#timo !er"ntar? teremos +astante imaina(*o !ara !arecer ainda inovadores, !ara agravar tal fracassoN En$"anto es!eramos, !erseveremos no erro de ser homens, com!ortemonos como farsantes da "eda, se1amos terrivelmente fr#volos2 4ada me consola de n*o haver conhecido o momento em $"e a terra rom!e" com o sol, a n*o ser a !ers!ectiva de conhecer o instante em $"e os homens rom!er*o com a terra% -
Antiamente se !assava com ravidade de "ma contradi(*o a o"tra@ aora sofremos tantas ao mesmo tem!o $"e n*o sa+emos mais !or $"al nos interessar, nem $"al resolver% Racionalistas im!enitentes, inca!a'es de nos acost"mar ao Destino o" de com!reender o se" sentido, nos 1"lamos o centro de nossos atos e acreditamos desmoronar voluntariamente% Se "ma e&!eri;ncia ca!ital se !rod"' em nossa vida, o destino, de im!reciso e a+strato $"e era, ad$"ire !ara nós o !rest#io de "ma sensa(*o% Assim cada "m de nós !enetra : s"a maneira no Irracional% Uma civili'a(*o, ao final de se" !erc"rso, de anomalia feli' $"e era, deradase em rera, alinhase com na()es med#ocres, chaf"rda no fracasso e fa' de se" destino se" 3nico !ro+lema% A Es!anha 0 o modelo !refeito desta forma de o+sess*o% A!ós haver conhecido, na 0!oca dos con$"istadores, "ma s"!erh"manidade +estial, dedico"se a r"minar se" !assado, a re!isar s"as lac"nas, dei&o" em+olorar s"as virt"des e se" ;nio@ em com!ensa(*o, a!ai&onada !or se" decl#nio, adoto"o como "ma nova s"!remacia% Esse maso$"ismo histórico, como n*o !erce+er $"e dei&a de ser "ma sin"laridade es!anhola !ara converterse no clima e na receita da decad;ncia de todo "m continenteN o1e em dia, no tema da cad"$"ice das civili'a()es, "m analfa+eto !oderia rivali'ar em estremecimentos com Gi++on, 4iet'sche o" S!enler% O final da históriaN O fim do homemN s0rio !ensar nissoN S*o acontecimentos lon#n$"os $"e a Ansiedade > /vida de desastres iminentes > dese1a a todo c"sto !reci!itar%
NAS
R A Í Z E S
DO
VAZIO
Acredito na salva(*o da h"manidade, no f"t"ro do cian"reto%%% O homem s"!erar/ al"m dia o ol!e mortal $"e a!lico" na vidaN 4*o !oderia reconciliarme com as coisas, mesmo $"e cada instante dei&asse o tem!o !ara me dar "m +ei1o% Só os indiv#d"os rachados !oss"em a+ert"ras !ara o al0m% "em, +"scandose em "m es!elho em !lena o+sc"ridade, n*o vi" refletidos nele os crimes $"e o esperamN Se n*o tiv0ssemos a fac"ldade de e&aerar os nossos males, nos seria im!oss#vel s"!ort/los% Atri+"indolhes !ro!or()es in"sitadas, nos consideramos condenados escolhidos, eleitos :s avessas, lison1eados e estim"lados !ela desra(a%%% Feli'mente, em cada "m de nós e&iste "m fanfarr*o do Inc"r/vel% Devemos corriir t"do, at0 os sol"(os%%% "ando s$"ilo o" ./cito lhe !are(am demasiado mornos, a+ram "ma Vida dos insetos > revela(*o de raiva e de in"tilidade, inferno $"e, !ara nossa sorte, n*o ter/ n"nca dramat"ro nem cronista% O $"e restaria de nossas tra0dias se "m +ichinho letrado nos mostrasse as s"asN Sem air, sentes a fe+re das fa(anhas@ sem inimios, travas "m com+ate e&ten"ante%%% a tensão gratuita da ne"rose, $"e daria at0 a "m comerciante arre!ios de eneral derrotado% -
4*o !osso contem!lar "m sorriso sem ler nele? 5Olheme !ela 3ltima ve'%6 Senhor, tende !iedade de me" san"e, de minha anemia em chamas2 "anta concentra(*o, $"anto esfor(o e tato s*o necess/rios !ara destr"ir nossa razão de ser 2 "ando me lem+ro $"e os indiv#d"os s*o a!enas otas de saliva $"e a vida cos!e, e $"e a vida mesma n*o vale m"ito mais em com!ara(*o com a mat0ria, diri1o me ao !rimeiro +ar $"e encontro com a inten(*o de n"nca mais sair dele% E no entanto, nem se$"er mil arrafas me dariam o osto da Uto!ia, dessa cren(a em $"e alo ainda 0 !oss#vel% Cada "m se confina em se" medo > s"a torre de marfim% O seredo de minha ada!ta(*o : vidaN M"dei de deses!ero como $"em m"da de camisa% Em todo desfalecimento se e&!erimenta como "ma 3ltima sensa(*o > em De"s% Minha avide' de aonias me fe' morrer tantas ve'es $"e me !arece indecente a+"sar ainda de "m cad/ver do $"al 1/ n*o !osso e&trair nada% =or $"e o 5Ser6 o" $"al$"er o"tra !alavra com mai3sc"laN 5De"s6 soava melhor% Dev#amos t;lo conservado% =ois n*o s*o "nicamente as ra')es de e"fonia $"e deveriam comandar o 1oo das verdadesN 4os estados de !aro&ismo sem ca"sa, o cansa(o 0 "m del#rio e o cansado o demi"ro de "m s"+"niverso% -
Cada dia 0 "m R"+ic*o no $"al as!iro a afoarme% 4*o se encontrar/ em nenh"m f"ndador de relii*o "ma !iedade com!ar/vel : de "ma !aciente de =ierre 8anet% Entre o"tras crises, ela tinha "ma a res!eito 5desse de!artamento infeli' de SeineetOise $"e encerra e cont0m o de!artamento do Seine sem n"nca !oder desem+ara(arse dele6% Em !iedade, como em t"do, o hos!#cio tem a 3ltima !alavra% 4os sonhos manifestase o lo"co $"e h/ em cada "m de nós@ a!ós haver overnado as nossas noites, adormece no mais !rof"ndo de nós mesmos, no seio da Es!0cie@ de ve' em $"ando, no entanto, o o"vimos roncar em nossos !ensamentos%%% "em teme !erder s"a melancolia, $"em tem medo de c"rarse dela, com $"e al#vio constata $"e se"s temores s*o inf"ndados, $"e ela 0 inc"r/vel%%% 5De onde v;m se"s ares !res"n(ososN6 5Conse"i so+reviver a tantas noites nas $"ais me !er"ntava? o" me matar na a"roraN%%%6 O instante em $"e acreditamos haver finalmente com!reendido tudo nos d/ "ma a!ar;ncia de assassinos% Só alcan(amos o irrevo/vel a !artir do momento em $"e 1/ n*o !odemos renovar nossos remorsos% Essas id0ias $"e voam !elo es!a(o e $"e, de re!ente, se chocam contra as !aredes de nosso crnio%%% Uma nat"re'a reliiosa se define menos !or s"as convic()es $"e !ela necessidade de !rolonar se"s sofrimentos al0m da morte% -
Assisto, aterrori'ado, : dimin"i(*o de me" ódio !elos homens, ao enfra$"ecimento do 3ltimo v#nc"lo $"e me "nia a eles% A insnia 0 a 3nica forma de hero#smo com!at#vel com a cama% =ara "m 1ovem am+icioso, n*o h/ maior desra(a do $"e conviver com conhecedores do ;nero h"mano% Conheci tr;s o" $"atro? eles me acabaram aos vinte anos% A erdadeN Encontrase em ShaHes!eare@ "m filósofo n*o !oderia a!ro!riarse dela sem e&!lodir com se" sistema% "ando esotamos os !rete&tos $"e incitam : aleria o" : triste'a, conse"imos viv;las, am+as, em estado puro? nos i"alamos assim aos lo"cos%%% A!ós haver den"nciado tantas ve'es a mealomania nos o"tros, como !oderia, sem cair no rid#c"lo, 1"larme ainda o homem inefica' !or e&cel;ncia, o !rimeiro entre os in3teisN 5Um só !ensamento endere(ado a De"s vale mais $"e o "niverso inteiro%6 70atherine .mmerich9 Ela tem ra'*o, a !o+re santa%%% Só enlo"$"ecem os taarelas e os tacit"rnos? os $"e se esva'iam de todo mist0rio e os $"e o ac"m"lam demasiado% 4o !avor > mealomania :s avessas > nos transformamos no centro de "m t"r+ilh*o "niversal, en$"anto os astros fa'em !ir"etas : nossa volta% "ando, na Wrvore do Conhecimento, "ma id0ia amad"rece", $"e vol3!ia insin"arse nela !ara air como "ma larva a fim de !reci!itar s"a $"eda2
=ara n*o ins"ltar as cren(as o" o tra+alho dos o"tros, !ara $"e n*o me ac"sassem nem de esterilidade nem de !re"i(a, dedi$"eime : =er!le&idade at0 fa'er dela a minha forma de !iedade% A !ro!ens*o ao s"ic#dio 0 caracter#stica dos assassinos timoratos, res!eitosos das leis@ tendo medo de matar, sonham ani$"ilarse, se"ros $"e est*o de s"a im!"nidade% 5"ando fa(o a +ar+a6, me di'ia "m semilo"co, 5$"em, sen*o De"s, me im!ede de cortar a arantaN6 > a f0 seria a!enas, afinal de contas, "m artif#cio do instinto de conserva(*o% ioloia !or toda !arte%%% 4os em!enhamos em a+olir a realidade !or medo de sofrer % Coroados nossos esfor(os, 0 a !ró!ria a+oli(*o $"e se revela fonte de sofrimentos% "em n*o v; a morte de cor rosa sofre de "m daltonismo do cora(*o% =or n*o haver sa+ido cele+rar o a+orto o" leali'ar o cani+alismo, as sociedades modernas dever*o resolver se"s !ro+lemas atrav0s de !rocedimentos m"ito mais e&!editivos% O 3ltimo rec"rso da$"eles $"e o destino maltrato" 0 a idéia de destino% Como ostaria de ser "ma !lanta, mesmo $"e tivesse de velar "m e&cremento2 Essa m"ltid*o de ante!assados $"e se lamentam em se" san"e%%% =or res!eito a s"as derrotas, re+ai&ome ao s"s!iro% ."do se volta contra nossas id0ias, a come(ar !or nosso c0re+ro% -
im!oss#vel sa+er se o homem se servir/ ainda d"rante m"ito tem!o da !alavra o" se rec"!erar/ !o"co a !o"co o uso do "ivo% =aris, o !onto mais afastado do =ara#so, 0 entretanto o 3nico l"ar onde ainda se torna arad/vel deses!erarse% / almas $"e nem o !ró!rio De"s !oderia salvar, ainda $"e se !"sesse de 1oelhos e re'asse !or elas% Um doente me di'ia? 5=ara $"e sofro minhas dores se n*o so" !oeta !ara vanloriarme o" servirme delasN6 "ando, li$"idados os motivos de revolta, 1/ n*o sa+emos contra o $"; nos ins"rir, somos tomados de tal vertiem $"e dar#amos a vida em troca de "m !reconceito% 4a !alide', nosso san"e se retira !ara n*o se inter!or mais entre nós e n*o se sa+e o $";%%% Cada "m com s"a lo"c"ra? a minha foi 1"larme normal, !eriosamente normal% E como me !arecia $"e os o"tros estavam lo"cos, aca+ei ficando com medo, medo deles e, o $"e 0 !ior, medo de mim mesmo% A!ós certos acessos de eternidade e de fe+re, nos !er"ntamos !or $"e ra'*o n*o nos dinamos ser De"s% Os meditativos e os carnais? =ascal e .olstoi% Interessarse !ela morte o" detest/ la, desco+rila !elo es!#rito o" !ela fisioloia% Com instintos minados, =ascal s"!ero" as s"as in$"ieta()es, en$"anto $"e .olstoi, f"rioso de ter $"e !erecer, lem+ra "m elefante es!avorido, "ma selva devastada% 4*o se !ode meditar nos equadores do sangue % -
A$"ele $"e, !or desc"idos s"cessivos, es$"ece" de matarse, d/ a si mesmo a im!ress*o de "m veterano da dor, de "m a!osentado do s"ic#dio% "anto maior 0 a minha intimidade com os cres!3sc"los, mais me conven(o de $"e os 3nicos $"e com!reenderam alo de nossa horda s*o os h"moristas, os charlat)es e os lo"cos% Aten"ar nossas an3stias, convert;las em dúvidas, estrataema $"e nos ins!ira a covardia, esse ceticismo !ara "so de todos% Acesso invol"nt/rio a nós mesmos, a doen(a nos o+ria : 5!rof"ndidade6, nos condena a ela% O doenteN Um metaf#sico invol"nt/rio% A!ós haver +"scado em v*o "m !a#s adotivo, voltarse !ara a morte !ara instalarse nela como cidadão de "m novo elio% .odo ser $"e se manifesta renova : s"a maneira o !ecado oriinal% Concentrado no drama das lnd"las, atento :s confid;ncias das m"cosas, o 4o1o nos transforma em fisioloistas% Se o san"e n*o tivesse "m osto ins#!ido, o asceta se definiria !or s"a re!"lsa ao vam!irismo% O es!ermato'óide 0 o +andido em estado !"ro% Colecionar fatalidades, de+aterse entre o catecismo e a oria, descansar tran$Bilamente no frenesi e, nmade at"rdido, moldarse !or De"s, esse A!/trida%%% -