CIÊNCIAS DA RELIGIÃO
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Ciências da Religião Objeto de estudos: Estuda os conceitos de: Ciência da Religião, Ciências das Religiões e Ciências da Religião; a formação histórica das Ciências da Religião; os métodos de pesquisa em ciências da religião: o método histórico crítico; o método histórico das religiões comparadas; o método sociológico; o método psicológico e o método fenomenológico. Examina a Ciências da Religião e suas relações com a Teologia, Historiografia Social das Religiões, a Sociologia da Religião, a Antropologia da Religião, a Filosofia da Religião e a Psicologia da Religião, bem como o campo de atuação do cientista da religião no Brasil. I.
INTRODUÇÃO Ciência da religião é a área de investigação sistemática que tem, como base, uma estrutura multidisciplinar formada a partir do enfoque ao fenômeno religioso por várias ciências, como: x
Sociologia
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Filosofia
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Antropologia
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História
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Psicologia
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Teologia
A. CONCEITOS Ciência da Religião, Ciência das Religiões, Ciências da Religião ou Ciências das Religiões? A preocupação de conferir respeitabilidade acadêmica à disciplina refletese na indefinição relativa ao próprio nome dado à disciplina: “Ciência(s) da(s) religião(ões)”. Nomes importam, sim, enquanto candidatos a conceitos. De fato, cada conjunto de conceitos e respectivas definições e articulações nos fornece uma proposta de conhecimento do aspecto da realidade a que eles se referem, o que envolve um exercício de epistemologia1.
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Epistemologia é o estudo crítico das ciências, com o objetivo de determinar a sua origem lógica e o seu valor. É a teoria do conhecimento e da sua validade. A epistemologia, ou filosofia da ciência, é a disciplina que examina os problemas relativos ao significado da ciência, à sua estrutura e ao seu papel.
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B. DEFINIÇÃO Ciência da religião é a disciplina empírica que investiga sistematicamente religião em todas as suas manifestações. Um elemento chave é o compromisso de seus representantes com o ideal da neutralidade frente aos objetos de estudo. Não se questiona a "verdade" ou a "qualidade" de uma religião. Do ponto de vista metodológico, religiões são "sistemas de sentido formalmente idênticos". É especificamente este princípio metateórico que distingue a ciência da religião da teologia. Basicamente procurase uma resposta para questões tais como: 1. O que nos permite dizer que a Ciência da Religião é uma ciência? 2. Tratase de uma ciência, ou de várias ciências associadas? 3. Ela é uma disciplina autônoma, que merece seu lugar no campo acadêmico? 4. Seu objeto, “religião”, também é único e original, ou é múltiplo e derivado? 5. Como a Ciência da Religião se diferencia de outras disciplinas, principalmente a Antropologia da Religião e a Teologia? 6. É parte das ciências humanas ou é uma ciência em sentido mais estrito, seguindo alguns padrões das Ciências Naturais? C. OBJETIVO O objetivo da ciência da religião é fazer um inventário, o mais abrangente possível, de fatos reais do mundo religioso, bem como um entendimento histórico do surgimento e desenvolvimento de religiões particulares, uma identificação de seus contatos mútuos e a investigação de suas interrelações com outras áreas da vida. A partir de um estudo de fenômenos religiosos concretos, o material é exposto a uma análise comparada. Isso leva a um entendimento das semelhanças e diferenças de religiões singulares a respeito de suas formas, conteúdos e práticas. O reconhecimento de traços comuns entre as diferentes religiões, por parte do cientista da religião, permite a definição de elementos que caracterizam universalmente o fenômeno religioso, ou seja, como um fenômeno antropológico universal. D. PRECURSORES O interesse pelo estudo das religiões remonta a Hecateu de Mileto (546480 a.C.) e Heródoto (485420 a.C.). O orador romano Cícero (10643 a.C.) analisou, por sua vez, o fenômeno religioso em sua obra "Sobre a natureza dos deuses" (De Natura Deorum), adotando uma perspectiva mais filosófica que científica ao criticar o epicurismo. Antes de a ciência da religião se tornar um campo de estudo (como observado nos Estados Unidos, principalmente na década de 1960), muitos intelectuais haviam explorado a religião sob várias perspectivas. Um deles foi o famoso psicólogo e filósofo pragmático William James. Dentre suas publicações, destacase "Variedades da Experiência Religiosa" (1902), na qual examina a religião sob o ponto de vista psicológico e filosófico e cuja influência perdura até os dias de hoje. Em seu ensaio The will believe and other essays in popular philosophy (1897), William James defende a racionalidade da fé. O sociólogo e economista Max Weber estudou a religião sob a perspectiva socioeconômica em seu famoso ensaio "A ética protestante e o espírito do capitalismo" (19041906), considerada por muitos
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como a obra mais importante do século XX. Émile Durkheim, considerado o pai da sociologia moderna, publicou, em 1912, uma das mais importantes análises da religião como fenômeno social em sua obra "As formas elementares da vida religiosa". E. ESTRUTURA CURRICULAR A ciência da religião tem uma estrutura multidisciplinar. Tratase de um campo de encontro de várias subciências e ciências auxiliares. A história das religiões, a sociologia da religião e a psicologia da religião são as mais referidas. Mas há outras, como, por exemplo, as neurociências e a geografia da religião (também chamada "economia da religião"), uma matéria que atualmente ganha força na Universidade de Tübingen, na Alemanha. F. CIÊNCIAS DA RELIGIÃO NO BRASIL No Brasil, na área da ciência da religião, são, frequentemente, citados as teorias e os resultados da etnologia e da antropologia. A maioria dos programas acadêmicos na área são oferecidos por universidades com afiliação religiosa. Na estrutura educacional brasileira da educação básica, não é ensinada a disciplina ciências da religião, porém a educação religiosa é um componente do ensino fundamental que contempla elementos das ciências da religião. II.
O FENÔMENO RELIGIOSO Ao longo da história da humanidade o fenômeno religioso tem sido uma constante em todos os povos e culturas. De uma ou outra forma, tanto as pessoas como as instituições, deixam transparecer sua dimensão religiosa. Este dado nos instiga a investigar e a compreender as raízes últimas do fenômeno religioso. A religião pode ser instrumento para o bem ou para justificar injustiças. Dispor do controle da religião significa ter à mão uma força ideológica muito grande. Não é por acaso que, normalmente, os governantes tendem a se apropriar dela e usála segundo seus interesses. A modernidade compreendeu que o desenvolvimento das ciências superaria e eliminaria a dimensão religiosa, porém, o que se percebe, no entanto, é a continuidade e o reflorescimento das manifestações religiosas. Este fenômeno depõe contra a prerrogativa do racionalismo moderno de querer eliminar a religião. Diante disso, vemos a necessidade de um método de investigação para compreender o fenômeno religioso. A. DEFINIÇÃO E NATUREZA DE “RELIGIÃO” Há várias etimologias (origem): x
Vem de RELEGERE (RELER): considerar o que pertence ao culto divino, ler de novo, ou então reunir;
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Ou ainda, RELIGARE (religar): ligar o homem de novo a Deus. O homem vai a Deus e Deus vai ao homem;
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Agostinho fala em REELIGERE (reeleger): tornar a escolher Deus, perdido pelo pecado.
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Batista Mondin define religião como “um conjunto de conhecimentos, de ações e de estruturas com que o homem exprime reconhecimento, dependência, veneração em relação ao Sagrado”
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Rubem Alves afirma que “a linguagem científica pretende descrever o mundo e a linguagem
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religiosa exprime como o homem vive, em relação ao mundo... A religião não é uma hipótese acerca da questão filosófica da existência dos deuses. Separemos, portanto, de uma vez por todas, a questão da existência de Deus –que é uma questão filosófica –da experiência religiosa. A primeira é uma hipótese acerca do objeto. A outra é uma paixão subjetiva. B. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA RELIGIÃO 1. DOUTRINA (CRENÇA, DOGMA) Toda religião tem sua doutrina, que fala sobre a origem de tudo: sentido da vida, da dor, da matéria, do além. 2. RITOS (CERIMÔNIAS) O homem não vive sem símbolos, sem ritos, sem estruturas visíveis. Os ritos unem os homens de uma determinada comunidade religiosa. 3. ÉTICA (LEIS) Cada religião traz consigo as conseqüências de sua doutrina, ensinando o que é certo e o que é errado, dentro de sua cosmovisão. Os preceitos mais importantes são: lei da natureza, lei do amor e lei do bom senso. 4. COMUNIDADE OU ADEPTOS Toda religião tende a formar uma comunidade, tende a manifestar a sua fé junto de outros. Não de trata de um sentimento individualista. 5. RELAÇÃO EU-TU É a relação da pessoa com um diferente, um Tu mais elevado, superior. Toda religião antes de possuir ritos e doutrinas é uma relação pessoal com Deus. III.
FORMAS RELIGIOSAS Definir ou identificar as formas religiosas dentre os milhares de segmentos religiosos, demanda um extenso trabalho de pesquisa. No entanto, alguns fatores são dectáveis e de senso comum para os estudiosos. Antes de fazer uma classificação, é necessário entender alguns termos usuais: x
Teísmo: O sujeito dos atributos divinos é distinto dos outros seres e pertence à ordem transcendental (Ateísmo: negação de existencia de Deus).
Podemos dividir o teísmo em monoteísmo, politeísmo e henoteísmo.
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Monoteísmo: Há um só Deus.
Politeísmo: Há vários Deuses.
Henoteísmo: Propõe a veneração de um Deus supremo, mas não nega a existência de outros.
Deísmo: O sujeito dos atributos divinos é um Deus sem atributos morais e intelectuais.É um Deus que não intervém na criação.
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Panteísmo: Tudo é Deus. O universo, a natureza e Deus são idênticos.
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Animismo: É mais crença, mentalidade, ideia, do que doutrina elaborada. Enxerga, por trás dos objetos sensíveis, uma vidaalma, psique ou espírito – capaz de se relacionar diretamente, em certos casos e sob certos casos e sob certas condições, com o homem.
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Manismo: Culto às almas de defuntos, como oferecimentos de sacrifícios. Falase também em euhemerismo (Euhemero, filósofo grego): os deuses nada mais são do que homens divinizados.
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Totemismo (etmologicamente, triboclã): Crêse que há um parentesco entre o clã e uma espécie animal ou vegetal. Julgamse, por exemplo, descendentes da união de um urso com uma mulher. Então, o nome de seu totem vai ser urso. Este tornase um animal sagrado. Não se pode matalo, a não ser em condições especiais, em que se come a sua carne e se bebe o seu sangue para haurir a força a inteligência, ou a agilidade desse animal, do totem. Há ritos de agregação ao totem.
As religiões, em suas formas, podem ser divididas em quatro grandes grupos: x
RELIGIÕES PRIMITIVAS: Animismo, Politeísmo, Panteísmo, Xamanismo Totemismo...
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RELIGIÕES SAPIENCIAIS: Hinduísmo, Budismo, Confucionismo, Hare Krishna...
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RELIGIÕES ESPIRITUALISTAS: Espiritismo, Cultos Afrobrasileiros, Umbanda...
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RELIGIÕES PROFÉTICAS: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo.
A. RELIGIÕES PRIMITIVAS É um nome dado às crenças religiosas e as práticas daquelas tradicionais, muitas vezes isoladas, pré culturas que não tenham desenvolvido tecnologicamente. As primitivas incluem as religiões tradicionais da África, Oceania, algumas regiões da Ásia e os povos primitivos das Américas (indígenas) De modo geral, as religiões primitivas que sobrevivem atualmente são as religiões de sociedades não alfabetizadas, em algumas Nações Africanas e outras em vários Continentes, normalmente sociedades Tribais. Embora não possuam fontes escritas, isso não significa que não tenham história, ou seja, de algum modo, são remanescentes “fossilizados” de outra era passada, tendo como principal maneira, como sendo, de boca/ouvido e visual. 1. ANIMISMO Manifestação religiosa na qual se atribui a todos os elementos do cosmos (Sol, Lua, estrelas), a todos os elementos da natureza (rio, oceano, montanha, floresta, rocha), a todos os seres vivos (animais, árvores, plantas) e a todos os fenômenos naturais (chuva, vento, dia, noite) um princípio vital e pessoal, chamado de "ânima“ (alma). Todos esses elementos são passíveis de possuírem: sentimentos, emoções, vontades ou desejos, e até mesmo inteligência. Resumidamente, os cultos animistas alegam que: "Todas as coisas são Vivas", "Todas as coisas são Conscientes", ou "Todas as coisas têm ânima“. (alma) 2. POLITEÍSMO Do grego polus= vários + théos= Deus) Religião que admite vários deuses. Consiste na crença em mais do que uma divindade de gênero masculino, feminino ou indefinido, sendo que cada uma é considerada uma entidade individual e independente. Exemplos: Religião Grega, egípcia, Asteca, Maia, hinduísmo etc.
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3. TOTEMISMO Nesta religião essencialmente primitiva, os adeptos se julgam associados a seres animais e vegetais ou, mesmo, a fenômenos e elementos naturais como o sol, a água, o trovão, o raio, etc. Todos se crêem ligados entre si, na pessoa de um antepassado heróico, que tanto pode ser um homem, como um animal, como uma planta. Formamse assim agrupamentos, clãs, mais ou menos numerosos denominados, por exemplo: clã do corvo, clã da serpente, clã do pinheiro, etc. Adoradores de símbolos, brasões ou armas que cada família faz. O brasão era pintado ou cravado na maioria dos objetos usados. Esculpiam seus símbolos em pedras, umas empilhadas em cima das outras, com imagens de animais sobre seus brasões. 4. PANTEÍSMO Etimologicamente falando, o termo panteísmo deriva das palavras gregas pan ("tudo") e teísmo ("crença em deus"), sustentando a idéia da crença em um Deus que está em tudo, ou a de muitos deuses representados pelos múltiplos elementos divinizados da natureza e do universo. B. RELIGIÕES SAPIENCIAIS “Religiões sapienciais” são aquelas que se baseiam na sabedoria humana e na experiência da vida. Em geral, mostram ao homem um caminho a seguir, acentuando a ascese e a meditação, enfim, a sabedoria. Às vezes, nessas religiões, é difícil discernir o que é religião e o que é filosofia ou sabedoria. Acentuam a compaixão, a contemplação, o autoconhecimento, possuindo, de modo genérico, um elevado ideal ético. As principais são: Budismo e Hinduísmo 1. BUDISMO Sistema ético, religioso e filosófico fundado pelo príncipe hindu Sidarta Gautama (563483 a.C.), ou Buda, por volta do século VI a.C. O relato da vida de Buda está cheia de fatos reais e lendas, as quais são difíceis de serem distinguidas historicamente entre si. O Budismo consiste no ensinamento de como superar o sofrimento e atingir o nirvana (estado total de paz e plenitude) por meio da disciplina mental e de uma forma correta de vida. Também crêem na lei do karma, segundo a qual, as ações de uma pessoa determinam sua condição na vida futura. A doutrina é baseada nas Quatro Grandes Verdades de Buda: x
A existência implica a dor O nascimento, a idade, a morte e os desejos são sofrimentos.
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A origem da dor é o desejo e o afeto As pessoas buscam prazeres que não duram muito tempo e buscam alegria que leva a mais sofrimento.
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O fim da dor só é possível com o fim do desejo.
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A Quarta Verdade se prega que a superação da dor só pode ser alcançada através de oito passos:
Compreensão correta
Pensamento correto
Linguagem correta
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Comportamento correto
Modo de vida correto
Esforço correto
Desígnio correto
Meditação correta
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2. HINDUÍSMO Dentre todas as religiões orientais, o hinduísmo, que compreende grande variedade de elementos heterogêneos, é a de mais difícil apreensão pela mentalidade ocidental. Sua expressão ultrapassa os limites da religião e percorre toda a estrutura social, dos atos comuns da vida diária até a literatura e a arte. É uma das religiões mais antigas do mundo. Eles acreditam que nós temos muitas vidas diferentes, e que nós aprendemos lições espirituais através da nossa experiência na terra. Acreditam em karma, que é um sistema que cada ação feita aqui na terra será refletida de alguma forma no nosso futuro. A pessoa comete um ato bom ou ruim, não parece ter resultado imediatamente no presente, mas no futuro seus atos irão refletir em coisas boas ou ruins. O hinduísmo estabeleceu as bases para muitas outras correntes religiosas e filosóficas e passou por várias etapas, desde o hinduísmo védico, bramânico e filosófico, até certos movimentos sectários e reformadores, entre os quais se incluem o budismo e o jainismo, surgidos no século VI a.C. C. RELIGIÕES ESPIRITUALISTAS Espiritualistas são as que seus seguidores acreditam na manifestação e intervenção dos espíritos. Espiritualismo é uma denominação comum a várias doutrinas filosóficas e/ou religiosas, e tem como fundamento básico a afirmação da existência do espírito (ou alma) como elemento primordial da realidade, bem como sua autonomia, independência e primazia sobre a matéria . É o contrário de materialismo, que só admite a existência da matéria. Afirma a existência de uma alma imortal no homem, isto é, de um princípio substancial distinto da matéria e do corpo, razão absoluta de ser da vida e do pensamento. Em sentido mais amplo, doutrina que, além da tese referida, reconhece a existência de Deus, a imortalidade da alma e da existência de valores espirituais ou morais que são o fim específico da atividade racional do homem. O termo espiritualismo, atualmente, é utilizado para denominar uma variedade enorme de religiões, sistemas filosóficos, doutrinas, crenças e seitas. Cada qual apresentando características próprias e regras particulares. Possuindo, em comum, o fato da crença na preponderância do mundo espiritual sobre o mundo material. Nos países de língua inglesa, o termo espiritualismo é usado como sinônimo de espiritismo, no sentido de em "espiritualismo experimental". No início do século XIX, também era usado a expressão "espiritualismo moderno" para identificar aquilo que foi nomeado de espiritismo por Allan Kardec em 1857. Todo espírita é necessariamente espiritualista; mas pode o espiritualista não ser um espírita. Os Espiritualistas recebem mensagens de pessoas mortas ou do passado e passam para os membros da congregação. Entre elas, destacamse o espiritismo, as religiões afrobrasileiras e a umbanda.
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D. RELIGIÕES PROFÉTICAS Por “religiões proféticas” entendemos aquelas em cuja origem se encontra um profeta, que comunica a revelação recebida de Deus e denuncia as injustiças. Por “profeta” entendemos um portavoz de Deus. Também chamadas religiões monoteístas (do grego mónos, "único" e theós, "Deus”). É a crença em um só Deus, diferente do politeísmo que conceitua a natureza de vários deuses. São elas: Judaísmo, Cristianismo, Islamismo. 1. JUDAÍSMO O judaísmo é considerado a primeira religião monoteísta a aparecer na história. Tem como crença principal a existência de apenas um Deus, o criador de tudo. Para os judeus, Deus fez um acordo com os hebreus, fazendo com que eles se tornassem o povo escolhido e prometendo lhes a terra prometida. Atualmente a fé judaica é praticada em várias regiões do mundo, porém é no estado de Israel que se concentra um grande número de praticantes. 2. CRISTIANISMO Cristianismo vem da palavra Cristo, que significa Messias, pessoa esperada, o redentor. É uma doutrina que acredita que Deus é o criador do universo e de toda a vida do planeta. O Cristianismo é um desdobramento do Judaísmo. Todas as formas de cristianismo obedecem às mesmas escrituras, veneram o Deus de Israel e consideram Jesus como o Cristo, Filho de Deus e Salvador da humanidade. O cristianismo tem na Bíblia o livro sagrado dos cristãos e na Igreja o local da pregação dos ensinamentos de Cristo, através de seus Sacerdotes. As principais ramificações do Cristianismo são: Catolicismo e o Protestantismo. 3. ISLAMISMO O Islamismo é uma religião monoteísta, fundada por Maomé (Muhammad), nascido em Meca, cidade da Arábia Saudita, em 570 d.C. A expressão “islã” representa ‘submissão’ e traduz a obediência às regras e aos desejos de Alá. Os que seguem esta doutrina são conhecidos como muçulmanos – os que se submetem a Deus. Segundo as crenças e ritos islâmicos, Maomé obteve das mãos do próprio anjo Gabriel, enviado divino, os preceitos básicos que constituem o Islã – orientações de ordem religiosa, dogmática e moral, organizadas em um livro considerado sagrado pelos muçulmanos, o Corão, que também retrata várias passagens do Antigo Testamento. Em árabe, a palavra Islã significa "rendição" ou "submissão" e se refere à obrigação do muçulmano de seguir a vontade de Deus. O termo está ligado a outra palavra árabe salam, que significa "paz" o que reforça o caráter pacífico e tolerante da fé islâmica. O termo surgiu por obra do fundador do islamismo, o profeta Maomé, que dedicou a vida à tentativa de promover a paz em sua Arábia natal. IV.
RELIGIÃO E A CONSTRUÇÃO DO MUNDO A religião ocupa um lugar destacado nesse empreendimento, a sociedade humana. Nosso principal intuito aqui é formular alguns enunciados sobre a relação entre a religião humana e a construção humana do
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mundo. A sociedade é um produto do homem. Podese também afirmar, no entanto, que o homem é um produto da sociedade. A sociedade existia antes que o indivíduo nascesse, e continuará a existir após a sua morte. O homem não pode existir independentemente da sociedade. O processo dialético fundamental da sociedade consiste em três momentos: a exteriorização é a contínua efusão do ser humano sobre o mundo; a objetivação é a conquista por parte dos produtos dessa atividade; e, a interiorização é a reapropriação dessa mesma realidade por parte dos homens, transformandoa novamente de estruturas do mundo objetivo em estruturas da consciência subjetiva. O ser humano não pode ser concebido como algo isolado em si mesmo, numa esfera fechada de interioridade, partindo em seguida para se exprimir no mundo que o rodeia. Isto é , o processo biológico de “ tornase homem” ocorre num tempo em que o infante humano se encontra em interação com um ambiente exterior ao seu organismo, e que inclui o mundo físico e o mundo humano da criança. O mundo do homem é imperfeitamente programado pela sua própria constituição. É um mundo aberto. Ou seja, um mundo que deve ser modelado pela própria atividade do homem. O homem precisa fazer um mundo para si. A atividade que o homem desenvolve em construir um mundo não é, portanto, um fenômeno biológico estranho, e sim a conseqüência direta da constituição biológica do homem. O homem precisa estabelecer continuamente uma relação com ele. De um modo curioso, o homem está “fora de equilíbrio” consigo mesmo. Não pode descansar em si mesmo, e para entrar em harmonia consigo mesmo precisa exprimirse continuamente em atividade. O mesmo processo que constrói o seu mundo também dá o “remate” ao seu próprio ser. Em outras palavras, o homem não só produz um mundo como também se produz a si mesmo. A cultura, embora se torne para o homem uma “segunda natureza”, permanece algo de muito diferente na natureza, justamente por ser o produto da própria atividade do homem. Suas implicações de longo alcance nos ocuparão em detalhe considerável um pouco mais adiante. A cultura consiste na totalidade dos produtos do homem. O homem produz instrumentos de toda espécie imaginável, e por meio deles modifica o seu ambiente físico e verga a natureza à sua vontade. Há boas razões para pensar que a produção de uma cultura não –material foi sempre de par com a atividade do homem de modificar fisicamente o seu ambiente. V.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DURKHEIM, Émile. As formas elementares de vida religiosa. Tradução de Joaquim Pereira Neto. São Paulo: Paulus, 1989. Usarski, Frank: Constituintes da Ciência da Religião. Cinco ensaios em prol de uma disciplina autônoma, São Paulo: Paulinas, 2006 Usarski, Frank (org.): O espectro disciplinar da Ciência da Religião, São Paulo: Paulinas, 2007. WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. Tradução de Pietro Nassetti, São Paulo: Editora Martin Claret, 2003.
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