Universidade Federal de Alagoas Faculdade de Economia Administração e Contabilidade Disciplina: Economia Brasileira I Professor: Prof. Dr. Fábio Guedes Gomes Estudante: Éden de Oliveira Santana
Furtado, Celso, 1920-2004. Formação Econômica do Brasil/Celso Furtado. 34. Ed.- São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
Capítulo 32. Deslocamento do centro dinâmico A política do setor cafeeiro teve sua contribuição em manter a demanda efetiva e o nível de empregabilidade dos outros setores da economia. Porém isso veio provocar pressão sobre a estrutura do sistema econômico. As divisas que as exportações proporcionavam proporcionavam não eram suficientes durante a depressão, sendo que a balança de pagamentos sofria com a baixa de preços e a fuga de capitais complicava a questão cambial. A política de fomento a renda segundo Furtado seria responsável em aprofundar o desequilíbrio externo. A correção viria na forte baixa do poder de aquisição externo da moeda, o que faria o preço dos artigos importados subir, comprimindo o coeficiente de importações. O elemento dinâmico deslocará seus objetivos para a demanda interna na etapa de depressão. Mantendo-se firme a demanda interna, o setor produtor do mercado interno passa a oferecer melhores condições de investimento que o setor de exportação. Existe ai uma nova situação no mercado interno brasileiro, onde o comportamento beneficiará a formação de capital. Os investimentos feitos nas plantações de café foram desinvestidos, e esses capitais migraram para outros setores de exportação, a exemplo o algodão. O fator dinâmico principal, em meio à crise, é o mercado interno. Mesmo o mercado sofrendo uma queda, logo em 1933 recupera o nível em 1929. O mercado interno consegue absorver a produção agrícola e com extrema
rapidez supera os efeitos da crise. Segundo Furtado, parte das atividades do mercado interno, puderam manter e até mesmo aumentar a taxa de rentabilidade. Os capitais investidos no setor exportador mudaram de rota e foram a caminho de atividades ligada ao mercado interno. O setor ligado ao mercado interno não consegue aumentar sua capacidade, no que diz respeito ao setor industrial, parte disso é explicado pelo fato de que muitos equipamentos importados tinham um custo alto, devido ao valor externo da moeda. Segundo Furtado, a produção que já se encontrava instalada, proporcionou a expansão da produção. Um outro fator foi a aquisição de máquinas de segunda mão, isto proporcionado pela falência de algumas fábricas em países que sofreram com a crise. A demanda por bens de capital, que teve reflexo devido a expansão da produção do mercado interno, o aumento dos preços dos bens importados em conjunto com a depreciação do câmbio, criam condições para a instalação de indústria de bens de capital. Não se existiu iniciativa própria, foi necessário um fator exógeno para a instalação de indústrias. Nem tudo foi um mar de rosas, pois em países cuja a economia tinha um caráter dependente essas indústrias tinham dificuldade de se instalar. Para Furtado, os países subdesenvolvidos tinham dificuldades em absorver esse tipo de indústria, devido ao tamanho do mercado, mas as condições criadas no Brasil quebraram o círculo. A produção de bens de capital no Brasil, não sofreu tanto com a crise, mas alguns produtos como ferro, aço e cimento obtiveram sucesso. A economia não só encontrou estímulo endógeno próprio para superar os efeitos da crise, mas conseguiu fabricar materiais necessários para sua expansão da produção. A recuperação da economia brasileira veio de forma rápida, a produção industrial segundo Furtado teve um crescimento no período de 1929 a 1937, atrelada a isso a produção do mercado interno também obteve crescimento. Muitos dos países que seguiram uma política ortodoxa nos anos da crise, vieram a depender do impulso externo para recuperar-se.
O impulso externo cria aumentos de produtividade e vem a ser o ponto central no processo de acumulação de capital. Segundo Furtado, o embrião do mercado interno é representado pelos salários e outros tipos de remunerações. O impulso externo estimula indiretamente a demanda interna e integra os recursos de mão de obra e terra no setor de subsistência, caso contrário se o impulso externo é reduzido a renda monetária se contrai e cria desemprego. Ao manter-se a renda monetária em um nível alto, enquanto a capacidade de importar baixava, foi necessário que os preços relativos dos artigos importados aumentassem para restabelecer o equilíbrio entre demanda e oferta de cambio para saldar as importações. Estabeleceram um novo nível de preços, para a produção interna e produtos importados. Tendo por base esse novo nível de preços surge indústria com a função de substituição de importações.