Bambu de corpo e alma
Bambu de corpo e alma
Antonio L. Beraldo Marco A. R. Pereira
Colaboração
Betty Feffer
Rua Eng. Alpheu José Ribas Sampaio, 3-40 Jd. Infante Dom Henrique | CEP 17012-631 | Bauru, SP Fone (14) 3227-2115 | 3018-5741 www.canal6.com.br
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Pereira, Marco A. R. Bambu de corpo e alma / Marco A. R. Pereira e Antonio L. Beraldo. - - Bauru, SP: Canal6, 2007 `240 p. ; 21 cm. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-99728-28-4 1. Bambu. 2. Engenharia - Bambu. 3. Aplicações - Bambu. 4. Terapia - Bambu. I. Título. CDD 620.11 Copyright©Canal6, 2007
Agradecimentos
Os autores gostariam de agradecer a todos aqueles que, de forma direta ou indireta, contribuíram de diferentes maneiras para a sua formação e continuidade neste trabalho com o bambu, nos quais despertaram o interesse pelo estudo desse material ainda tão pouco valorizado no Brasil. Foi um longo e árduo caminho a ser percorrido – vários foram os obstáculos a serem contornados. Mas, a exemplo do que ocorre com todo aquele que realmente ama o bambu, obstáculos foram feitos para serem vencidos, contornados, dominados, minimizados. Tudo por essa paixão comum que nos une – o bambu! Um agradecimento especial à psicoterapeuta Sra. Betty Feffer, diretora do Instituto Jatobás, pela confecção do capítulo sobre eutonia – bambu e ao Dr. Wilson Alvarez pelos insights e pela valiosa colaboração na elaboração deste capítulo. À Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Agrícola, e à Universidade Estadual Júlio Mesquita – Campus de Bauru, Faculdade de Engenharia Mecânica, pelo apoio institucional. Ao CNPq, pela concessão de Bolsa de Pesquisa em Produtividade, Nível II, ao Prof. Beraldo. À FAPESP, pela concessão de apoio financeiro ao Prof. Pereira. Ao Instituto Jatobás, pelo incentivo para que esta obra fosse concretizada. E ao bambu, por haver nos unido neste objetivo comum...
Sumário
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Lista de Figuras Lista de Quadros Prefácio Introdução
Capítulo 1 37 Características gerais do bambu 38 Histórico 39 Introdução 43 1. Principais espécies de bambu 58 2. Características biológicas e morfológicas do bambu 65 3. Anatomia do bambu 73 4. Cultivo do bambu 77 5. Propagação do bambu 82 6. Colheita dos colmos 88 7. Manejo das touceiras 95 8. Tratamento preservativo dos colmos de bambu
Capítulo 2 117 Características químicas, físicas e mecânicas do bambu 118 120 127 129 132 136 136 140 144 148
Características químicas Características físicas e mecânicas 1. Umidade 2. Massa específica aparente/Densidade de massa 3. Variações dimensionais 4. Condutibilidade térmica/Resistividade elétrica 5. Compressão simples 6. Tração paralela 7. Flexão estática 8. Dureza Janka
148 9. Flexão dinâmica 149 10. Cisalhamento, fendilhamento e tração normal 150 11. Ensaios não destrutivos (END) aplicados ao bambu
Capítulo 3 153 Aplicações do bambu 154 156 162 165 166 169 176 194 198 201 204 204
1. A Planta dos mil usos 2. Uso do bambu em sua forma natural 3. Uso estrutural do bambu 4. Bambucreto 5. Placas cerâmicas armadas com bambu 6. Biokreto − Compósitos à base de cimento e bambu particulado 7. Bambu Laminado Colado – BLC 8. Chapas de partículas de bambu 9. Chapas de partículas de bambu e resina poliuretana 10. Bambu-Resina-Fibra de-vidro (BRF) 11. Bambu e poliestireno 12. Compósito de bambu e resíduos de borracha
Capítulo 4 205 A Alma do bambu. Eutonia: Uso do bambu no Processo Terapêutico e Pedagógico - Betty Feffer 206 Introdução 206 1. O que é a Eutonia? 208 2. Conceitos fundamentais 210 3. Uso prático e impacto do bambu na Eutonia 211 4. Algumas características que tornam o bambu adequado ao uso terapêutico 216 5. Técnicas da Eutonia 217 6. Tato e contato 218 7. Estudo de caso 220 8. Metodologia da pesquisa para mensurar o efeito do trabalho 221 9. Benefícios da utilização terapêutica do bambu 222 10. Materiais confeccionados com bambu, utilizados na Eutonia 224 11. Questões em aberto
225 Internet 231 Referências
Introdução Na China se considera o bambu como sendo uma família, composta de mãe, filha, avó e até bisavó. Quem cultiva, estuda ou simplesmente observa essa planta incomum sabe que anualmente a família bambu irá aumentar, ou seja, irão surgir vários novos filhos ou colmos, que, de maneira incrivelmente rápida para uma planta, passam do estágio de broto comestível para alcançar uma altura de até 30 metros em poucos meses. O interessante é que se pode colher os colmos bisavós anualmente, sem que isso altere significativamente a estrutura da família, ou, de uma maneira mais técnica, pode-se fazer a colheita anual sem que se modifique o meio ambiente, a paisagem ou a plantação, que continuará repleta de colmos mais jovens. Quando se colhe o bambu, não se devasta a área de plantação; se o bambu for colhido e manejado corretamente quase não se percebe que foi efetuada uma colheita. O bambu protege o solo, seqüestra carbono rapidamente e pode ser utilizado junto com outras madeiras, em reflorestamentos, sendo capaz de fornecer alimento e matéria-prima de boa qualidade, podendo contribuir para evitar o corte cada vez mais acentuado das árvores e das florestas tropicais. A motivação principal para escrever este livro deveu-se à falta de literatura sobre o bambu disponível em língua portuguesa, aliada ao crescente interesse e à busca por informações técnicas sobre
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Bambu de corpo e alma
esse vegetal. Este livro é fruto do esforço e da dedicação de alguns anos da vida dos autores, e, longe de pretender esgotar o assunto bambu, almeja fomentar o interesse e a difusão no uso desta planta, que apesar de muito antiga atualmente está se tornando cada vez mais importante devido à exploração irracional cada vez mais intensa dos recursos florestais. Acompanha ainda este livro, gratuitamente, um CD-ROM intitulado “Bambu – mil e uma utilidades”, contendo as imagens coloridas das fotos presentes no livro em preto e branco e outras centenas de imagens que demonstram todo o imenso potencial desta planta.
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Capítulo 1
Características gerais do bambu
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HISTÓRICO Segundo Mitford apud Hidalgo Lopez (2003), a história do bambu remonta ao começo da civilização na Ásia, sendo aceito que o bambu teve sua origem no Período Cretáceo, um pouco antes do início da era Terciária, quando surgiu o homem. A origem da palavra bambu permanece um mistério para os etimologistas, assim como o são suas diferentes espécies, cuja identificação ainda se constitui em um enigma para os botânicos. Na China, homem e bambu estão unidos desde os tempos pré-históricos, como pode ser notado pelo fato de que um dos primeiros radicais ou elementos da escrita chinesa tenha sido um desenho de bambu, constituído por dois talos com folhas e ramos, e que se denomina CHU . A utilização do bambu foi descrita desde os anos 1600 a 1100 a.C., conforme consta em antigos caracteres chineses. O bambu se ajusta à idéia de ser “para todas as pessoas”, ou, como sustenta Farrely (1984), “nunca haverá em nosso planeta suficiente flautas de prata para dar a todos, mas facilmente haverá bambu o suficientes para que cada um faça sua própria flauta e a toque”. O bambu é uma planta ancestral e de crescente importância para a humanidade, sendo conhecido como “a madeira dos pobres”, na Índia, “o amigo das pessoas”, na China, e “o irmão”, no Vietnã; no Ocidente ele é bem menos conhecido, sendo geralmente associado a obras de menor importância. Hidalgo Lopez (2003) comentou que atualmente tem-se revivido vários antigos usos que se faziam com o bambu, como aplicações em medicina, farmácia, química e em outros campos industriais. Até se fabrica um extrato de sílica extraída do bambu, chamado tabashir , empregado contra asma e também como afrodisíaco. De células retiradas da camada externa do colmo se produz uma bebida que combate a febre; das folhas verdes é extraída uma loção para os olhos, e ainda produtos como enzimas, hormônios, substâncias para cosméticos, xampus, cultivo de bactérias, carvão, energia, óleo comestível, álcool, tecidos, aquedutos, cordas,
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