te0or:rios. %blinhaos o ad5ncia direta da debilitada cltra 4esti5a 0o0lar. A conce0ç!o carna5alesca do ndo e o sistea de ia3ens 3rotescas contina 5i5endo e transitindo/se nicaente na tradiç!o liter:ria, 0rinci0alente na do Renasciento. Ao 0erder ses laços 5i5os co a cltra 0o0lar da 0raça 0Gblica, ao tornar/se a era tradiç!o liter:ria, o 3rotesco de3enera. Assiste/se a a certa ormalização das ia3ens 3rotescas do carna5al, o 2e 0erite a di4erentes tend>ncias tili:/las 0ara 6ns di5ersos. Essa 4oraliaç!o n!o 4oi a0enas exterior' a ri2ea da 4ora 3rotesca e carna5alesca, se 5i3or artstico e herstico, 3eneraliador, sbsiste e todos os acontecientos i0ortantes da <0oca +sneos, a0roxiar o 2e est: distante, aDda a liberar/se do 0onto de 5ista doinante sobre o ndo, de todas as con5enç@es e de eleentos banais e habitais, coente aditidos; 0erite olhar o ni5erso co no5os olhos, co0reender at< 2e 0onto < relati5o tdo o 2e existe, e 0ortanto 0erite co0reender a 0ossibilidade de a orde totalente di4erente do ndo. Mas a co0reens!o te1rica clara e 0recisa da nidade dos as0ectos 2e abarca o tero grotesco e do se car:ter artstico es0ec6co, 0ro3ride ito lentaente. Ali:s, o 0r0rio tero te5e os ses sbstittos [31]' 8arabesco8 +a0licado essencialente aos oti5os ornaentais e 8brlesco8 +a0licado literatra. &or casa do 0onto de 5ista cl:ssico doinante na est
+0blicado e *7L* a esse 0roblea' =arle6in oder die )erteidigung des >rotes64?omiscen %Arle0uim ou a deesa do c@mico grotesco&. Arle2i e 0essoa 4ala5a e de4esa do 3rotesco. M[ser destaca 2e Arle2i < a 0arcela isolada de icrocosos ao 2al 0ertence -olobina, o -a0it!o, o otor, etc., isto <, o ndo da commedia dellarte. Esse ndo 0ossi a inte3ridade e leis estncia 0ara renir o hetero3>neo, co0ro5a a 5iolaç!o das 0ro0orç@es natrais +car:ter hi0erblico, a 0resença do caricatresco e 0ardico. En6 M[ser sblinha o 0rinc0io c?ico no 3rotesco, ex0licando o riso coa a necessidade de 3oo e ale3ria da ala hana. A obra de M[ser, ebora liitada, < a 0rieira a0olo3ia do 3rotesco. E *7\\, o crtico liter:rio ale!o Fl[3el, ator de a histria da literatra c?ica e 2atro 5oles e de a =ist1ria dos !u*es da corte, 0blica sa =ist1ria do c@mico grotesco. Fl[3el n!o de6ne ne deliita a noç!o de 3rotesco, ne do 0onto de 5ista histrico ne do 0onto de 5ista siste:tico. ali6ca de 3rotesco tdo o 2e se a0arta sensi5elente das re3ras estras, certas 4oras do c?ico 0o0lar da 0raça 0Gblica etc. E 3eral, Fl[3el red 0oco as diens@es do 3rotesco' n!o estda as ani4estaç@es 0raente liter:rias do realiso 3rotesco +0or exe0lo, a 0ardia latina da Idade Mncia de 0onto de 5ista histrico e siste:tico deterina 2e a escolha dos ateriais seDa s 5ees deixada ao acaso. 9 ator co0reende a0enas s0er6cialente o sentido dos 4en?enos 2e analisa; na realidade, liita/se a reni/los coo criosidades. A0esar de tdo, e 3raças 0rinci0alente aos docentes 2e cont<, a obra de Fl[3el conser5a ainda sa i0ort1ncia. M[ser e Fl[3el conhece a0enas o c?ico 3rotesco, o seDa, o 3rotesco baseado no 0rinc0io do riso, ao 2al atribe 5alor de re3oiDo e ale3ria. Este 4oi o obDeto de ses estdos' a commedia dell8arte 0ara M[ser e o 3rotesco edie5al 0ara Fl[3el. 9ra, na esa <0oca e 2e a0arecera essas obras, 2e 0arecia orientadas 0ara o 0assado, 0ara as eta0as anteriores do 3rotesco, este entra5a na no5a 4ase de desen5ol5iento. Na <0oca 0r
sncia, 9 3rotesco ro1ntico 4oi aconteciento not:5el na literatra ndial. Re0resento, e certo sentido, a reaç!o contra os c1nones da <0oca cl:ssica e do sncias de a seriedade nilateral e liitada' racionaliso sentencioso e estreito, atoritariso do Estado e da l3ica 4oral, as0iraç!o ao 0er4eito, co0leto e n5oco, didatiso e tilitariso dos 6lso4os ilinistas, otiiso in3>no o banal, etc. 9 roantiso 3rotesco recsa5a tdo isso e a0oia5a/se 0rinci0alente e %hakes0eare e -er5antes, 2e 4ora redescobertos e l dos 2ais se inter0reta5a o 3rotesco da Idade Mncia consider:5el sobre o roantiso, a tal 0onto 2e 0ode ser considerado o se iniciador. A inV>ncia direta das 4oras carna5alescas de es0et:clos 0o0lares +D: ito e0obrecidos era a0arenteente 4raca, 0ois 0redoina5a as tradiç@es liter:rias. C 0reciso, contdo, notar a inV>ncia ito i0ortante do teatro 0o0lar +0rinci0alente do teatro de arionetes e de certas 4oras c?icas dos artistas de 4eira. Ao contr:rio do 3rotesco da Idade Mncia a3da do se isolaento. A sensaç!o carna5alesca do ndo trans0@e/se de al3a 4ora lin3a3e do 0ensaento 6los6co idealista e sbDeti5o, e deixa de ser a sensaç!o 5i5ida +0ode/ se eso dier corporalmente 5i5ida da nidade e do car:ter ines3ot:5el da exist>ncia 2e ela constita no 3rotesco da Idade Mdia e do Renasciento. 9 0rinc0io do riso so4re a trans4oraç!o ito i0ortante. -ertaente, o riso sbsiste; n!o desa0arece ne < excldo coo nas obras 8s
inii3o ais 0oderoso 6ca horroriado diante desta :scara satrica e a 0r0ria des3raça reca diante de i, se e atre5o a ridiclari:/la_ E, 2e diabo, esta terra, co se satncia do 3rotesco ro1ntico +nas sas 4oras extreas, ais 0rotot0icas. A reconciliaç!o co o ndo, 2ando se realia, ocorre e 0lano sbDeti5o e lrico, s 5ees eso stico. Ao contr:rio, o 3rotesco edie5al e renascentista, associado cltra c?ica 0o0lar, re0resenta o terr5el atra5
0ardia do es0rito o6cial, da 3ra5idade nilateral, da 85erdade8 o6cial. C a locra estiva. No 3rotesco ro1ntico, 0or<, a locra ad2ire os tons sobrios e tr:3icos do isolaento do indi5do. 9 oti5o da m+scara < ais i0ortante ainda. C o oti5o ais co0lexo, ais carre3ado de sentido da cltra 0o0lar. A :scara trad a ale3ria das altern1ncias e das reencarnaç@es, a ale3re relati5idade, a ale3re ne3aç!o da identidade e do sentido Gnico, a ne3aç!o da coincid>ncia estG0ida consi3o eso; a :scara < a ex0ress!o das trans4er>ncias, das etaor4oses, das 5iolaç@es das 4ronteiras natrais, da ridiclariaç!o, dos a0elidos; a :scara encarna o 0rinc0io do Do3o da 5ida, est: baseada na 0ecliar interrelaç!o da realidade e da ia3e, caracterstica das 4oras ais anti3as dos ritos e es0et:clos. 9 co0lexo siboliso das :scaras < ines3ot:5el. Basta Iebrar 2e ani4estaç@es coo a 0ardia, a caricatra, a careta, as contorç@es e as 8aca2ices8 s!o deri5adas da :scara. C na :scara 2e se re5ela co clarea a ess>ncia 0ro4nda do 3rotesco.L No 3rotesco ro1ntico, a :scara, arrancada da nidade da 5is!o 0o0lar e carna5alesca do ndo, e0obrece/se e ad2ire 5:rias ntras si3ni6caç@es alheias sa natrea ori3inal' a :scara dissila, encobre, en3ana, etc. Na cltra 0o0lar or3anicaente inte3rada, a :scara n!o 0odia dese0enhar essas 4nç@es. No Roantiso, a :scara 0erde 2ase co0letaente se as0ecto re3enerador e reno5ador, e ad2ire to lG3bre. Mitas 5ees ela dissila 5aio horroroso, o 8nada8 +tea 2e se destaca nas Rondas noturnas de BonaZentra. &elo contr:rio, no 3rotesco 0o0lar, a :scara recobre a natrea ines3ot:5el da 5ida e ses Glti0los rostos. No entanto, eso no 3rotesco ro1ntico, a :scara conser5a traços da sa indestrt5el natrea 0o0lar e carna5alesca. Meso na 5ida cotidiana conte0or1nea, a :scara cria a atos4era es0ecial, coo se 0ertencesse a otro ndo. Ela n!o 0oder: Daais toar/se obDeto entre otros. No 3rotesco ro1ntico, as arionetes dese0enha 0a0el liito i0ortante. Esse oti5o n!o < alheio, e5identeente, ao 3rotesco 0o0lar. Mas o Roantiso coloca e 0rieiro 0lano a ideia [36] de a 4orça sobre/ hana e desconhecida, 2e 3o5erna os hoens e os con5erte e arionetes. Essa ideia < totalente alheia cltra c?ica 0o0lar. 9 oti5o 3rotesco da tragédia da marionete 0ertence exclsi5aente ao Roantiso. A aneira coo < tratada a 0ersona3e do diabo 4a tab< ressaltar a di4erença entre os dois 3rotescos. Nas diabrras dos ist
ro1ntico, o diabo encarna o es0anto, a elancolia, a tra3ncia se trans4ora habitalente e contraste est:tico brtal o e a anttese 0etri6cada. Assi, 0or exe0lo, o 3arda/notrno 2e narra as Rondas noturnas te coo 0ai o diabo e coo !e a santa canoniada; ele costa rir nos te0los e chorar nos bordntrico de ori3inal no interior de te0lo. Noteos ainda a otra 0articlaridade do 3rotesco ro1ntico' ele te a 0redileç!o 0ela noite %As rondas noturnas de BonaZentra, os Eoturnos de Ho]ann, < a obscridade e n!o a l 2e o caracteria. &elo contr:rio, no 3rotesco 0o0lar a l < o eleento i0rescind5el' o 3rotesco 0o0lar < 0ria5eril, atinal e aroreal 0or excel>ncia.7 Esses s!o os eleentos 2e caracteria o 3rotesco ro1ntico ale!o. Estdareos ais adiante sa 5ariante ro1ntica. &or a3ora, 5aos nos deter 0oco sobre a teoria ro1ntica do 3rotesco. No se 'iscurso so!re a poesia %>esprac F!er die Goesie, *\)), Friedrich %chle3el exaina o conceito de 3rotesco, 2e 2ali6ca habitalente de 8arabesco8. -onsidera/o a 84ora ais anti3a da 4antasia hana8 e a 84ora natral da 0oesia8. Encontra eleentos 3rotescos e %hakes0eare, -er5antes, %terne e ean/&al. &ara ele, trata/se da escla 4ant:stica dos eleentos hetero3>neos da realidade, a destriç!o da orde e do re3ie habitais do ndo, a li5re excentricidade das ia3ens e a 8altern1ncia do entsiaso e da ironia8. [37] Na sa Introdução H estética %)orscule der Aesteti6&, ean/&al re5ela co aior acidade os eleentos do 3rotesco ro1ntico. N!o e0re3a ta0oco o tero 3rotesco, as desi3na/o co o noe de 8hor destrti5o8. Te a conce0ç!o ito a0la desse 8hor destrti5o8, 2e ltra0assa os 2adros da literatra e da arte' incli nele a 84esta dos locos8, a 84esta do asno8 +8issas dos asnos8, isto <, as 4oras de ritos e es0et:clos c?icos edie5ais. Entre os atores renascentistas, cita de 0re4er>ncia Rabelais e %hakes0eare. Menciona es0ecialente a 8ridiclariaç!o do ndo8 %eltverlacung& e %hakes0eare, re4erindo/se aos ses b4@es 8elanclicos8 e a Halet. ean/&al co0reende 0er4eitaente o car:ter ni5ersal do riso 3rotesco. 9 8hor destrti5o8 n!o se diri3e contra 4en?enos ne3ati5os isolados da realidade, as contra toda a realidade, contra o inndo 0er4eito e acabado. 9 0er4eito < ani2ilado coo tal 0elo hor. ean/&al sblinha o radicaliso dessa 0osiç!o' 3raças ao 8hor destrti5o8, o ndo se con5erte e al3o e"terior, terr5el e inustifcado, o ch!o nos esca0a sob os 0
sucede obscridade,
orais e sociais 2e se o0era nos ritos e es0et:clos da Idade Media. N!o se0ara o 3rotesco do riso' ele co0reende 2e, se o 0rinc0io c?ico, o 3rotesco < i0oss5el. Mas a sa conce0ç!o terica só conhece o riso redido +hor, destitdo de 4orça re3eneradora e reno5adora 0ositi5a e, 0ortanto, sobrio e se ale3ria. estaca o car:ter melanc1lico do 8hor destrti5o8 e a6ra 2e o diabo +na sa ace0ç!o ro1ntica, claro teria sido o aior dentre os horistas. Ebora ean/&al cite 4atos relacionados co o 3rotesco edie5al e renascentista +inclsi5e Rabelais, ex0@e na realidade a teoria do 3rotesco ro1ntico; atra5s. No 0re4:cio de #rom5ell, e 0rieiro l3ar, e no illiam [38] 7a6espeare, e se3ida, $ictor H3o coloco o 0roblea do 3rotesco de aneira interessante, caracterstica tab< do Roantiso 4ranc>s. Atribi sentido ito a0lo ao ti0o de ia3ens 3rotescas. escobre a sa exist>ncia na Anti3idade 0rntica 2e o cl:ssico 0ro < inca0a de atin3ir. E illiam 7a6espeare, H3o 4a as an:lises ais interessantes e ais concretas da ia3e 3rotesca e, e es0ecial, do 0rinc0io c?ico, aterial e cor0oral. Estdareos se 0onto de 5ista ais adiante, 0ois H3o a ex0@e tab< sa conce0ç!o da obra rabelaisiana. 9tros atores ro1nticos 4ranceses 0artilhara i3alente o interesse 0elo 3rotesco e sas 4ases anti3as, as < 0reciso obser5ar 2e, na França, o 3rotesco era considerado coo a tradiç!o nacional. E *\WQ, Thnero editado 0or R. Ben' ;ean Gaul, CrJume und )isionen, Mni2e, *W. Esse 5ole cont< exe0los not:5eis do 3rotesco notrno e se0lcral.
re0resentantes do 3rotesco 4ranc>s toado n sentido bastante a0lo' encontraos $illon, os 0oetas libertinos do sico, ao tentar ilinar as di4erenças entre o 3rotesco ro1ntico e o 3rotesco 0o0lar da Idade Ms 2alidades' escla de onas hetero3>neas da natrea; diens@es exa3eradas e iensr:5eis; e a lti0licaç!o de certos r3!os e ebros do cor0o hano +di5indades hinds co 5:rios braços e 0ernas. He3el i3nora totalente o 0a0el or3aniador do 0rinc0io c?ico no 3rotesco e considera/o 4ora de 2al2er li3aç!o co a coicidade. Nesse as0ecto, Fischer di5er3e de He3el. &ara ele, a 0r0ria ess>ncia e a 4orça otri do 3rotesco s!o o ris5el e o c?ico. 89 3rotesco < o c?ico, no se as0ecto ara5ilhoso, < o Oc?ico itol3icoO.8 Essa de6niç!o te a certa 0ro4ndidade. C 0reciso lebrar 2e na e5olç!o se3ida 0ela est
da s:tira, orientada contra 4en?enos indi5idais, 0raente ne3ati5os. essa aneira, toda a 0ro4ndidade, todo o ni5ersaliso das ia3ens 3rotescas desa0arece 0ara se0re. E *\, a0arece a obra ais 5olosa sobre o assnto' A ist1ria da s+tira grotesca de %chnee3ans %>escicte der grotes6en 7at$re&, dedicada sobretdo a Rabelais, 2e o ator considera o aior re0resentante da s:tira 3rotesca; 4a ao eso te0o reso de certas ani4estaç@es do 3rotesco edie5al. %chnee3ans < o re0resentante ais t0ico da inter0retaç!o 0raente satrica do 3rotesco. &ara ele, o 3rotesco < se0re e nicaente a s:tira ne3ati5a, < o e"agero do 0ue não deve e"istir, exa3ero 2e ltra0assa o 5erossil e se torna assi 4ant:stico. Atra5ncia das di5ersas correntes existencialistas. A se3nda linha < o 3rotesco realista +Thoas Mann, Bertolt Brecht, &ablo Nerda, etc. 2e retoa as tradiç@es do realiso 3rotesco e da cltra 0o0lar, e s 5ees reVete tab< a inV>ncia direta das 4oras carna5alescas +&ablo Nerda. N!o < nosso 0ro0sito de6nir as 0articlaridades do 3rotesco atal. Exainareos si0lesente a Gltia teoria li3ada linha odernista. Aldios obra do einente crtico liter:rio ale!o ^ol43an3 Ka#ser, 'as >rotes6e in Malerei und 'ictung, *W7 %O grotesco na pintura e na poesia&. Na realidade, a obra de Ka#ser < o 0rieiro estdo, e at< o oento o Gnico, consa3rado teoria do 3rotesco. Ele cont< [41] 3rande nGero de obser5aç@es 0reciosas e an:lises stis. No entanto, n!o 0odeos a0ro5ar a conce0ç!o 3eral do ator.
Ka#ser 0ro0?s/se a escre5er a teoria 3eral do 3rotesco, a re5elar a 0r0ria ess>ncia do 4en?eno. Na realidade, se li5ro cont< a0enas a teoria +e bre5e histrico dos 3rotescos ro1ntico e odernista, o, 0ara ser 0reciso, do se3ndo a0enas, a 5e 2e o ator s 5> o 3rotesco ro1ntico atra5nios de e5olç!o anteriores ao Roantiso' 4ase arcaica, anti3a +0or exe0lo, o draa satrico o a concias do 0oderoso conDnto a 2e 0ertencera. Essa reinisc>ncia des0onta nas elhores obras do 3rotesco ro1ntico +co a 4orça 0articlar, ebora de ti0o di4erente, e %terne e Ho]ann. Essas obras s!o ais 0oderosas, 0ro4ndas e ale3res 2e a sa 0r0ria conce0ç!o sbDeti5a e 6los6ca do ndo. Mas Ka#ser i3nora essas reinisc>ncias e n!o as in5esti3a. 9 3rotesco odernista 2e d: o to sa conce0ç!o, ol5ida 2ase co0letaente essas reinisc>ncias e inter0reta de aneira extreaente 4oralista a herança carna5alesca dos teas e sbolos 3rotescos. ais s!o, se3ndo Ka#ser, as caractersticas 4ndaentais da ia3e 3rotescaJ Pendo sas de6niç@es, 6caos sr0reendidos 0elo to lG3bre, terr5el e es0antoso do ndo 3rotesco, 2e ele < o Gnico a ca0tar. Na realidade, esse to < totalente alheio a toda a e5olç!o do 3rotesco at< o Roantiso. isseos 2e o 3rotesco da Idade M
&ara Ka#ser, o essencial do ndo 3rotesco < 8al3o hostil, estranho e desano8 %das Kneimlice, das )erremdete und Knmensclice, 0. \*. Ka#ser destaca es0ecialente o as0ecto estranho; 89 3rotesco < o ndo 2e se torna estranho8 %das >rotes6e ist die entremdete elt, 0. *QL. Ex0lica essa de6niç!o, co0arando o 3rotesco ao ni5erso dos contos ara5ilhosos, o
2al, 5isto de 4ora, 0ode tab< ser de6nido coo estranho e inslito, as n!o coo ndo 2e se tomou estrano. No ndo 3rotesco, 0elo contr:rio, o habital e 0rxio torna/se sbitaente hostil e exterior. C o nosso ndo 2e se con5erte de re0ente no ndo dos outros. Essa de6niç!o, 2e se a0lica a certos 4en?enos do 3rotesco oderno, n!o < inteiraente ade2ada ao 3rotesco ro1ntico, e enos ainda s 4ases anteriores. Na realidade, o 3rotesco, inclsi5e o ro1ntico, o4erece a 0ossibilidade de ndo totalente dierente, de a orde ndial distinta, de a otra estrtra da 5ida. Fran2eia os liites da nidade, da indisctibilidade, da iobilidade 6ctcias +en3anosas do ndo existente. 9 3rotesco, nascido da cltra c?ica 0o0lar, tende se0re, de a 4ora o otra, a retornar ao 0as da idade de oro de %atrno, e cont< a possi!ilidade 5i5a desse retorno. 9 3rotesco ro1ntico tab< cont< essa 0ossibilidade +caso contr:rio, deixaria de s>/lo, as dentro das 4oras sbDeti5as 2e lhe s!o 0ecliares. 9 ndo existente torna/se de re0ente ndo exterior +0ara retoar a terinolo3ia de Ka#ser, Dstaente 0or2e se re5ela a 0ossibilidade de ndo 5erdadeiro e si eso, o ndo da idade de oro, da 5erdade carna5alesca. 9 hoe encontra/se consi3o eso, e o ndo existente < destrdo 0ara renascer e reno5ar/se e se3ida. Ao orrer, o ndo d: l. No ndo 3rotesco, a relati5idade de tdo 2e existe < se0re ale3re, o 3rotesco est: i0re3nado da ale3ria da dança e das trans4oraç@es, eso 2e e al3ns casos essa ale3ria se reda ao nio, coo no Roantiso. C 0reciso sblinhar ainda a 5e 2e o as0ecto t0ico +8a idade de oro8 re5ela/se no 3rotesco 0r
dessa 85erdade8. Ka#ser re4ere/se 4re2enteente li!erdade da 4antasia caracterstica do 3rotesco. Mas coo 0oderia existir liberdade n ndo ilinado 0ela 4orça estranha do LidLJ A conce0ç!o de Ka#ser cont< a contradiç!o ins0er:5el. Na realidade, a 4nç!o do 3rotesco < liberar o hoe das 4oras de necessidade inana e 2e se baseia as ideias doinantes sobre o nindo. 9 3rotesco derrba essa necessidade e descobre se car:ter relati5o e liitado. A necessidade a0resenta/se n deterinado oento coo al3o sncia, o 0ensaento e a ia3inaç!o hana, 2e 6ca assi dis0on5eis 0ara o desen5ol5iento de no5as 0ossibilidades. a 2e a certa 8carna5aliaç!o8 da consci>ncia 0recede e 0re0ara se0re as 3randes trans4oraç@es, eso no donio cient6co. No ndo 3rotesco, 2al2er LidL é desisti6cado e trans4ora/se e 8es0antalho c?ico8; ao 0enetrar nesse ndo, eso no ndo do 3rotesco ro1ntico, sentios' a ale3ria es0ecial e 8licenciosa8 do 0ensaento e da ia3inaç!o. Analisareos a3ora ais dois as0ectos da conce0ç!o de Ka#ser. Resindo as sas an:lises, ele a6ra 2e 8no 3rotesco n!o se trata de edo da orte, as de edo da 5ida8. Essa a6raç!o, 4eita a 0artir de 0onto de 5ista existencialista, o0@e a 5ida orte, o0osiç!o 2e n!o existe no sistea de ia3ens 3rotescas, onde a orte n!o a0arece coo a ne3aç!o da 5ida +entendida na sa ace0ç!o 3rotesca, isto <, a 5ida do 3rande cor0o 0o0lar. entro dessa conce0ç!o, a orte < considerada a entidade da 5ida na 2alidade de 4ase necess:ria, de condiç!o 0ara a sa reno5aç!o e reD5enesciento 0eranente. A orte est: se0re relacionada ao nasciento, o se0lcro ao seio terreno 2e d: l. [44] Nasciento/orte e orte/nasciento s!o as 4ases constitti5as da 0r0ria 5ida, coo o ex0ressa e 0ala5ras cncia o no5o dia, a no5a 0ria5era, o ano no5o, n!o 0ensa 2e deste odo as0ira sa 0r0ria orte8. Ebora ex0resso na 4ora n!o/3rotesca, o a4oriso est: >e!urt und >ra!, 3in e5iges Meer, 3in 5ecselnd e!en, 3in glFend 9e!en. +Nasciento e se0ltra, U eterno ar, U o5iento scessi5o, Ua 5ida ardente. A2i a orte e a 5ida não se op*em/ o nascimento e a sepultura sobre0@e/se, li3a/se da esa 4ora ao seio 0rocriador e absor5ente da terra e do cor0o, entra da esa aneira, coo 4ases necess:rias, no conDnto 5i5o da 5ida e eterna dança, e eterna reno5aç!o. Isso < ito t0ico da conce0ç!o do ndo de Soethe. 9 ndo onde se o0@e a 5ida e a orte, < totalente di4erente do ndo onde nasciento e se0ltra se con4ronta. Este Gltio 0ertence cltra 0o0lar e < tab< e 3rande 0arte o do 0oeta.
ins0irado na conce0ç!o carna5alesca do ndo. No sistea de ia3ens 3rotescas, 0ortanto, a orte Y a reno5aç!o s!o inse0ar:5eis do conDnto 5ital, e inca0aes de in4ndir teor. C 0reciso notar 2e no 3rotesco da Idade Ms s tinha olhos 0ara a coicidade satrica, o riso retrico, triste, s 0a0el 4ndaental no sistea de ia3ens de Rabelais, e 0or isso 5aos analis:/las concretaente nos ca0tlos se3intes do nosso estdo. 9 Gltio as0ecto da conce0ç!o de Ka#ser 2e exainareos a2i, < a sa an:lise do riso 3rotesco. Esta < a sa de6niç!o' 89 riso esclado de dor ad2ire, ao entrar no 3rotesco, os traços do riso brlador, cnico e 6nalente sat1nico8. Ka#ser concebe o riso 3rotesco da esa 4ora 2e o 5i3ia de BonaZentra e a teoria do 8riso destrti5o8 de ean/&al isto <, dentro do es0rito do 3rotesco ro1ntico. 9 riso n!o te o as0ecto ale3re, liberador e re3enerador, o seDa, criador. &or otro lado, Ka#ser co0reende ito be a i0ort1ncia do 0roblea do riso no 3rotesco e e5ita resol5>/lo de aneira nilateral +c4. op cit., 0. *Q. -oo D: disseos, o 3rotesco < a 4ora 0redoinante 2e adota as di5ersas correntes odernistas atais. A conce0ç!o de Ka#ser no essencial 0ode ser5ir/lhes de 4ndaento terico e, ebora co al3as reser5as, esclarecer certos as0ectos do 3rotesco ro1ntico. Mas 0arece/nos inadiss5el estend>/la s otras 4ases da e5olç!o da Ia3e 3rotesca. 9 0roblea do 3rotesco e de sa ess>ncia est/lo do 0onto de 5ista da nidade da cltra 0o0lar e da 5is!o carna5alesca do ndo; 4ora desses eleentos, os teas 3rotescos torna/se nilaterais, d
Nesta introdç!o, s 0odeos dar a res0osta 0reliinar a essa 2est!o. As caractersticas 2e di4erencia de aneira t!o arcante o 3rotesco edie5al e renascentista do 3rotesco ro1ntico e odernista 0rinci0alente a co0reens!o es0ontaneaente aterialista e dialncia 0ode ser de6nidas da aneira ais ade2ada coo realistas. Nossas an:lises lteriores concretas das ia3ens 3rotescas ir!o con6rar essa hi0tese. As ia3ens 3rotescas do Renasciento, diretaente li3adas cltra 0o0lar carna5alesca +e Rabelais, -er5antes e %terne, inVra e toda a literatra realista dos sncia da liitaç!o es0ec6ca da conce0ç!o br3esa de inndo. &elo contr:rio, o 5erdadeiro 3rotesco n!o < de aneira al3a est:tico; es4orça/se, ali:s, 0or ex0riir nas sas ia3ens o [46] de5ir, o cresciento, o inacabaento 0er0ncia' < o oti5o 0elo 2al ele d: nas sas ia3ens os dois 0olos do de5ir, ao eso te0o o 2e 0arte e o 2e est: che3ando, o 2e orre e o 2e nasce; ostra dois cor0os no interior de Gnico, a 3erinaç!o e a di5is!o da cs8 do s
e FretiYre, ao lado de eleentos 0raente carna5alescos, cont< D: ia3ens 3rotescas est:ticas, isto <, 2ase sbtradas 0assa3e do te0o, corrente da e5olç!o, 0ortanto, o 6xada na sa d0la natrea o di5idida e dois. Al3ns atores, coo 0or exe0lo R<3nier, inclina/se a inter0retar esses 0rieiros 0assos coo o coeço do realiso. Na 5erdade, s!o a0enas 4ra3entos ortos, e s 5ees 2ase des0ro5idos de sentido, do 0Dante e 0ro4ndo realiso 3rotesco. `... [293] C
0reciso n!o 0erder de 5ista o 0a0el enore 2e dese0enha o medo c1smico edo de tdo 2e < incoensra5elente 3rande e 4orte' 6raento, assas ontanhosas, ar e o edo das 0ertrbaç@es csicas e das calaidades natrais, nas ais anti3as itolo3ias, conce0ç@es e sisteas de ia3ens, e at< nas 0r0rias ln3as e nas 4oras de 0ensaento 2e elas deterina. Kma certa lem!rança o!scura das pertur!aç*es c1smicas passadas, um certo temor indefnível dos a!alos c1smicos uturos dissimulam4se no pr1prio undamento do pensamento e da imagem umanos. Na base esse teor, 2e
n!o < absoltaente stico, no sentido 0r0rio do tero +< o teor ins0irado 0elas coisas ateriais de 3rande 0orte e 0ela 4orça aterial in5enc5el, < tiliado 0or todos os sisteas reli3iosos co o 6 de o0riir o hoe, de doinar a sa consci>ncia. Meso [294] os testenhos ais anti3os da obra 0o0lar reVete a luta contra o temor c1smico, contra a lem!rança e o pressentimento dos a!alos c1smicos e da morte violenta. Assi, nas criaç@es 0o0lares 2e ex0riia esse cobate, 4orDa5a/se a autoconscincia verdadeiramente umana, li!erada de todo medo. N
Essa lta contra o teor csico, e todas as sas 4oras e ani4estaç@es, a0oia5a/se n!o sobre es0eranças abstratas, sobre a eternidade do es0rito, as sobre o princípio material incluído no pr1prio omem. e al3a 4ora, o omem assimilava os elementos c1smicos +terra, :3a, ar, 4o3o, encontrando4 os e e"perimentando4os no seu pr1prio interior, no seu pr1prio corpo/ ele sentia o cosmos em si mesmo. No Renasciento, essa assiilaç!o dos elementos c1smicos nos elementos do corpo realia5a/se de aneira 0articlarente consciente e ex0lcita. Ela encontro a sa ex0ress!o terica na ideia do microcosmos, de 2e se ser5e
Rabelais no Dl3aento de &anr3e +a res0eito dos credores e de5edores. *) As ia3ens 2e ex0rie esse cobate, est!o 4re2enteente istradas a otras, 2e reVete a
lta 0aralela desenrolada no cor0o do indi5do, contra o se nasciento e eio s dores e o 0ressentiento da a3onia. 9 teor csico < ais 0ro4ndo e ais essencial; ele 0arece re43iado no cor0o 0roX criador da hanidade, e assi insino/se nos 0r0rios 4ndaentos da ln3a, das ia3ens e do 0ensaento. Esse teor csico < 0ortanto ais essencial e ais 4orte do 2e o edo indi5idal e cor0oral da orte 5iolenta, se be 2e 0or 5ees as sas 5oes se na nas ia3ens 4olclricas e sobretdo liter:rias. Esse edo csico 4oi le3ado 0ela i0ot>ncia dos 0rieiros hoens diante das 4orças da natrea. A cltra 0o0lar i3nora5a esse teor, ani2ila5a/o 0or eio do riso, da cor0ori6caç!o c?ica da natrea e do cosos, 0ois ela esta5a 4ortalecida na base 0ela con6ança inde4ect5el no 0oder e na 5itria 6nal do hoe. &elo contr:rio, as cltras o6ciais tilia5a itas 5ees, e at< eso clti5a5a, esse teor a 6 de hilhar e o0riir o hoe.
$oltareos ais tarde a esses as0ectos da 6loso6a do Renasciento. No oento, 3ostaraos de sblinhar 2e as 0essoas assimilavam e sentiam em si mesmas o cosmos material, com os seus elementos naturais, nos atos e unç*es eminentemente materiais do corpo/ alimentação, e"crementos, atou se"uais/ a < 2e encontra5a e si esos e tatea5a, 0or assi dier, saindo do seu corpo, a terra, o ar, o ar, o 4o3o e, de aneira 3eral, toda a at
e todas as sas ani4estaç@es, o assi a assiila5a. Fora Dstaente as imagens relativas ao L!ai"oL corporal 2e ad2irira valor microc1smico essencial. Na obra 4olclrica liter:ria, o temor c1smico +coo 2al2er teor < 5encido 0elo riso. Assi, a matéria ecal e a urina , matéria c@mica, corporal, compreensível, tinha a 0a0el ito i0ortante. Elas 63ra tab< e 0uantidade astron@mica, numa escala [295] c1smica. O cataclismo c1smico, descrito co a aDda das imagens do !ai"o material e corporal, é re!ai"ado, umanizado e transormado num alegre espantalo. Assi o riso 5ence o terror
csico. `...