Dream Theater (As I Am Drums Notation)Descrição completa
Transformasi dapat diartikan sebagai perubahan bentuk yaitu perubahan bentuk dari deep structure yang merupakan struktur mata terdalam sebagai isi struktur tersebut ke surface structure yang…Deskripsi lengkap
NANOBIOFARMASIFull description
apunte sobre vanguardias literariasDescripción completa
bancariaDescripción completa
GfdFull description
Catalogo As-i
Dream Theater (As I Am Drums Notation)Full description
Madz versionDeskripsi lengkap
Madz versionFull description
Descrição: NAS
Descripción: prf
DERECHO PROCESAL OGANICO PROFESOR ORELLANA, MANUAL COMPLETO.-Descripción completa
Descripción: Torres
es un tema que trata d las torres contractoras de como debe ser transportado los liquidos desde fondo de pozo a superficie.Descripción completa
DR. ANIBAL TORRESDescripción completa
AS
BANDEIRAS
NA
TORRES
Colecfiio
1
HORIZONTE PEDAG6GICO
Anton Makarenko
Vol. I
P OE OE MA MA P E A GO GO G
Anton Malmrenko
2-
Vol. II
POEMA PEDAGOG!
Anton Makarenko 3-POEMA
P E D A G O G I C O - Vol.
II
Anton Makarenko
4_:_As
BANDEIRAS NAS
TORRES-
Vol.
Anton Makarenko BANDEIRAS NAS
TORRES - V o l .
Anton Makarenko
II
AS BANDEIRAS NAS TORRES
LIVRO DOS P A I S - VoL
Anton Makarenko LIVRO DOS P A I S -
PRIMEIRO VOLUME
Vol.
II
ton Makarenko
I
UVROS HORIZONTE
Titulo da versiio francesa: Les DrSJpeaux das les Tours Copyright by: Editions du P r o g r e s - Moscou
PRIME IR
Tradu;iio de: M. Rodrigues Mrutins
PARTE
Capa de: Soares Rocha
RECONHECEMOS LOGO 0 NOSSO HOMEM
Reservados os direitos de
p u b l i c a ~ a o
total
ou pa rcial para a Hngua portuguesa por LIVROS
HORIZONTE,
Rulll das Chagas, 17,
1.
LDA.
-Dt. - L I S B O A - 2
que reserva: a propriedade sobre esta
t r a d u ~ o
Esta hist6ria come<;ou no fim do primeiro quilfiquenato. Do Inverno ja s6 restJam crostas de gelo, preservadas do sol por roda a especie de detritos detrit os : poeir poeiraa de pallia, camadas de lama e de esterco. A c a l ~ f ! l d a gasra do terreiro da esta<;ao amorna oo sol, e da t:e11ra a secar nos seus interSit.lcios elevam-s ja vagas de poeira .nova a passagem das rodas. No meio da pra<;a, rodeado das suas palit;adas, um jardim ao abandono No Verao, as suas moitas estencl!em as folhas, que formam uma especie de canto da natureza, mf!JS presentemente es apenas sujo; os ramos nUIS t,reme.m, de modo que parece que nao a P.cimavera, mas o Outono, que rei.na sobre a Terra. Uma calt;ada sobe da pra<;a para a miseravel cidf!ldeZiinha, colocada por acaso no mapa. M u ~ t a s pessoas nem Slequer sabem que ela existe, Sle nao tivessem que mucLar de comboio naquela esta<;ao de correspo!llden cia, enfeitada com o nome da ddade. Na pra<;a, algumas tendas que datam do prindpio da N. E P. Numa ponta, o correio, tendo por oima da porta a sua ins.lgn1a de urn ama relo brilhf!Jnre. Nao longe, enregdam duas pilocas provincianas, atrela das aquelas equipagens de arma<;6es descoojunrtadas a que se chamam lineikas. Pouco movimento, sobretudo dos empregflldos dos caminhos -de-ferro, com lanternas, rolos de cordas e malas de contraplacado. Sen tados no chao, em fila contra a parede da esta<;ao, camponeSies ximos viajantes- aquecem os ossos ao sol. Afastaclo dessas pessof!JS ooJocou-se, solitario, Vania Galtchenko, garorto de uns doze a:nos. Pisca os olhos tri:stemente ao sol, ao pe da sua insrtalat;ao de engraxador de sapatos: i l l l l suma!'iO banquinho feito de pedat;os de tabuas pregadf!JS de quaJquer maneira, que sem duvida
Anton Makarenko
ele proprio fabricara E como material de engra.xadoria. nao ha mutita coisa. Vania tern um .rosto asooadinho e um tanto palido, um faro ainda fruto mo9tram ja em born estado, mas o ro\Sto e s i n a i s daqUJela deso.cdem que depois ha-de provocar a repulsa das pessoas na rua, ao passo que exerce uma irresisdvel atraq:ao no palco ou nas paginas dm livros E5te processo a:ilnda vrui no c o m e ~ o ; Vania, para ja, pertence ainda aquela categonia a que nao ha muilto rtempo se chamava simplesmente de «bons rapazinhm». Detras do jardim, descrevendo uma curva rapilda e energ;ica, de maos pitorescamenne metiJdas nas alg;ibeiras do casacao, cigarro a fume gar colocado com elega,ncia a.o canto do b e i ~ o , surge um 11:1apazola da regiao que vai direito a VooiJa. Erguendo uma perna das c a l ~ a s novi nhas, poe o pe em aima do banquinho e pergunta sem descerrar os labios: Amar Am arel ela, a, ou ouvi vist ste? e? Vania, sobressaltado, ergue os olhm e pega nas escovas, mas o seu rosto apaga-se no mesmo instante ; numa vorz risrte confUJSa responde: Na
> ~ : e n h o .
Com urn ar ofendido, o rapazola ~ e t i r a pe do banquinho e, me tendo as maos nas alg;ibeiras, diz, enqua:IJJto mordisca o cigarro com desprezo: Na tens? E ntao que e que estas a:qui fa:zer? Van:ia diz-lhe, af.a:stando as escovas: T e h o e t .. Com um pontape furioso no banco, o rapazola proferdu numa voz rangente: Voce Vo cess nao passam passam de uns alcka alckabo boes es S6 pomruda preoa ! E tens te ns o dire to de engra:xar? Vania, curvando-se paro o seu banqUJinho, c o m ~ a precipitadamente a reunir o material, erguendo o olhar para o rapazola. Disp5e·se a dizer qualquer co.isa paro se justifica.r mas diSJtingue nesse momeiJJto arras do seu interlocm inter locm or um novo persooog;em: um adolesoenn adolesoennee de cerca de dezassetis anos, rulto e magro, de olhos alregres, com uma grande boaa fendida num sorriso illr6nico e malicioso. 0 seu faro ja esta velho, mas apesar de tudo e um faro, faro, embora nao exisrta a camisa debaixo do casaco, qUJe por isso estava abotoado de aLto baUxo, com a gola levan tada. Na cabet;a, um bone aos quadrados de cor clara. -Signor, de-me a sua vez, nao me importo que seja preta ..
As Bandeiras nas Torres
Sem ligrur ao aparecimento do recem-chegado, o joV'em coiJJtinua com insisrtente a r t e n ~ a o - U r n engroxador engroxador,, isto! E tens documentm? Vania pollsta. as escovas, ncapaz de desviar os olhos do olhar irri tado do rapazola. Ja ouvi UJ falar a:lgures da iffiportancia que tern na vida a posse de documentos, mas nunca Se preparou a Serio para lhe po11em uma questao tao desagrrudavel. Enta En tao? o? pergunta perg unta gr gros ossei seiram rament entee o rapa rapazo zola la Naquele penoso linstante, de novo um pe surge em aima do banco de Vania. Este pe esta cal,.ado com um sapato muito V'elho, de uma cor amarelo-clM"a, suja, e que ha muito nao conhece pomada. Sob o efeito de U l f f i empurrao bastaiJJte mdelicado, rapazola viu-se rutirado para tras, mas esta a c ~ a o e acompanhada das palavras mais polidas: -Signor, ora pense, nenhum documento pode subs oituir a pomada amarela. 0 rapazola nao repara no encontrao nem neSit'e discurso cheio de cortesia. Atirando o oigarro para o chao e aproximando-se de Vania, diz revirando as bei,.olas : Enta En tao o ele que mo most stre re os documentos. 0 proprietario do sapato amarelo amarelo-sujo -sujo Vlira-se furi samente para ele e grita aos quatro veiJJtos da pra,.a - M i l o r d , nao me ponha os nervos e m pe Se calhar nao sabe que eu sou Igor Tchernogorski? 0 rapazola efectivamente nao sabia. Recuou, Recuou, pressuroso, pressuroso, e pOS-se, logo que s VJiu a distancia, a contemplar com um certo uemor Igor Tchernogo.rsk . Esrte, com um encantador sorriw, diz-lhe: vista, digo-lhe eu! Porque e que nao VJisrta... Ate a vista, -Ate responde? A pergunta e categ6rirca. Por isso, o rapazola apressa-se a maSJtigar um «ate a vista» e a a:fastar-se a passos r a p ~ d o s . PeiitO do jardim para, reslDJI1llga qualquer coisa, mas Igor Tchernogorski esta unicamente luga r na interesSaJdo na Limpeza dos seUJS saprutos. 0 pe volta a tomar lugar plataforma. Vania, piscando um olho alegremoote, pergunta: -Freta? - C o m o quiser. Na fa,.o quesrtao. 0 preto rute mruis agradavel. Vania unta uma das escovas com pomada. 0 her6ico conflito de Igor Tchernogorski como rapazola tinha lhe agradado, mas nao obstante pergunta: .. sao dez copecks. Tem dez copecks? 6
10
Anton Makarenko
Os hibios sM"d:scicos de Igor Tchernogorski distendem-se nurn sorriso: toda a gente urna perguruta tao esrupida? faz - M a s tem dez copecks? Igor Tchernogmski responde t!ra.nquilamente: , m amigo. Vania, alarmado, suspende o trabalho ao .. quanto e que tens? Na tenho dinheiro.. Percebes ou nao? Sem Se m din dinhe heir iro, o, nao pode pode ser. A boca de Igor alonga-se ate as orelhas enquanto CU!liosidade lhe desenha nos olhos urn ponto de i n t e r r o g a ~ a o . Porque Porq ue e que nao nao pode pode ser ser?? Cla Claro ro que que pod pode. e. m di dinh nhei eiro ro - C l a r o , sem dinheiro Ora tenta. Ha-de correr muito bern. Vania solta urn alegre g,anido depois morde o labio i!llferior. Uma i n s p i r a ~ a o verdadeiramente provocante ihunina-lhe os olhos. ngra ng ra ar lh as bot:as de g r a ~ a ? Ora tenta. E interessante ver o que .isto vai dar sem dinheim. Bern, se eu .tentasse, a ver .. Eu sabi sabia: a: re reco conh nhec ecem emos os log nosso homem. - P a r a ja, experimento. Ha-de ir. Vania l a n ~ a ao seu c1iente urna rapida e ir6nica olhadela. Depois deita energicamente maos obra. Tu es uma c r i o o ~ a abandonada?, pergunta Igor. ainda cao. - M a s se-lo-as E vais escola? Ia. E depois eles foram-se embora. - Q u e m ? Os teus pais? eles nao, O S . . . pronto. Casaram. Antes
As Bandeiras nas Torres
11
s.ftio. Quero :ir para a cidade .. Mas como nao renho m dinheiro... s6 quarenta copecks. Vania Galtchenko conta rudo aquilo trooquilamente. Terminado o seu trabalho, Vania ergue os olhos rgunta com orgulho e nao sem humor: Corr Co rreu eu Igor da-lhe urna palmadinha na c a b e ~ a loira desgrenhada. Tu es urn miudo simpanico. Obrigado. Reconhecemos logo o nosso homem percebes. Vamos juntos para a cidade? - M a s nao tenho dinheim... quarenta copecks. Na sejas tonto. Na te esrou dizer: vamos comprar qualquer coisa estou dizer caminho. E o din dinhe heir iro? o? em cima de dinheiro que se vai, mas no comboio, nao e? Na E ve verda rdade de,, diz diz Van Vania ia abanando a c a b e ~ a , pensativo. Port Po rtan anto to,, o qu preaiso nao dinheiro mas urn comboio. E o 0 bil bilhet hetee e um umaa form formal alid idad ad Fica aqui que eUJ ja volto. Igor T c h e r n o g o r s k retira urn papel da algibeira do casaco, examina-o com a t e n ~ a o e, depois de o te exposto aos raios do sol, diz alegremente: Esra rudo em ordem. apontando pM"a o edifki o dos Corre Correios ios simpatica casinha parece que ha dinheiro a mais. Espera aqui rpor mim. Verifica os bort5es do casaco, reajusm o bone dirige-se sem pres sas para o correio. Vania segue-o com urn oJhar atento e urn pouqui nho admirado.
As Bandeiras nas Torres
13
e feio. Na face uinha urn fiurunculo a cicatrizar. Nao .trazia bone, mas a cabeleira ruiva estava penteada. C a l ~ a s novas de pano, camisa usada, a cair em farrapos. Estendendo os pes nos sapatos de lona, como que para os admirar, pergun tou Nada de ma masc scig igar ar Wanda, sem m ~ d a r de p o s i ~ a o , disse lentameme: -Deixa-me.
TR:ES PASTELINHOS DE CARNE
Nas moitas do jardim da e s t a ~ a o urn banco oscilante. A volta dele, papeis, beatas, sementes de girassol. Naquele lugar, vindos nao se sabe de onde, encontraram se aquere mesmo rapazola da >regiao e Wanda Stac1nitskaia : vindos da cidade cidad e ou desembarcados do comboio, ou, me lhor ainda, surgidos daquelas magras moitas do jardim. Wanda usa nos pes botas de borracha po-r cima da pele, uma mised.vel sainha velha aos qurudrados mostra o fio amarelado. Wanda e urna rapariga muito bonita, mas ve -se que ja passou na vida po-r grandes Vlicissitudes. Os cabelos, de urn lou:ro claro, nao sao manifestamente penteados nero lavados ha muito tempo e ate, para £alar com propriedade, ja nao se pode dizer que sao louros. Wanda deixou-se cair pesadamente no banco e disse nurna voz sono len:ta e vagarosa i diabo! Ja te vi de mais mais 0 rapazola, com urn tremor do joelho, arranjou gravata e diSISe, depois de tossir consigo. Se a b o r r e ~ o , posso-me ir embora. Tirou da algibeira urn porta-moedas remexeu nele demoradamen:te, pa:ssou lingua pelos labios, poisou nres moedas em cima do banco ao lado de Wanda foi-se embora. Com c a b e ~ a reclinada sabre mao apoiada nas costas do banco, Wanda contemplava com urn ar meio meditativo meio desesperado as longinquas nuvens brancas. E depois de assentar mais comodamente a face no pano da manga, pos-se a observar sem pestanejar o e n t r a n ~ a d o das moitas despidas do jardim. Ficou muito tempo naquela p o s . i ~ a o , ate que Grichka Ryjikov veio sentar-se ao pe dela. fua urn rapaz macileruto
Ryjikov nao disse nada, mas visivelmente nao se ofendeu. Ficaram mais alguns minutos sentados em silencio, a:te ao momento em que Ryjikov sentiu os pes cansados Virou-se bruscamente no banco. Uma moeda de vinte copecks e duas de cinco rolaram para o chao. Ryj ikov, sem se se apressar, apanhou-as e mostrou-as na palma da mao. - S a o tuas? Depois de as te feito saltar por diversas vezes na palma da mao, murmurou nurn tom meditativo Tres pas pastel telinh inhos os de car carne ne E, continuando a fazer assim sakar as moedas, partJiu descuidada e s t a ~ a o . mente direito
As Bandeiras nas
BOA AV Igor Tchernogorski entrou no correio olhou volta. A sala era pequena barricada por urna grade de madeira. Na grade, dois posti gos. Diante de um estendia-se urna longa bicha, e no outro, que tJinha i n s c r i ~ a o «Registos, emissao pagamento de vales», nao esperavam ao todo mais do que t r c ~ s pessoas. Igor pos-se arras de uma velhota, curvada e rechonchuda, e depois observou a «menina» do postigo. Esta, que alias nao tinha nada, mesmo nada, de uma menina, era uma mulher seca e palida, que tetia, pelo menos, quarenta anos. Igor apalpou o papel na algibeira, enquanto pen sava que menina era ,infelizmente pouco simpatica. As suas reflex5es acerca do papel da mooina absorveram-no a tal pomo que nao notou que velhota, depois de ter liquidado o seu caso nurn abrir fechar de olhos, ninha desaparecido. senhor? A antipatica mulher olhava para Igor 31bmves do postigo. estar aqui urn vale vale... ... posta-restante .. em nome de Igor Tcherniavine .. Os dedos ossudos da emprega empregada da folhearam as bordas de numerosos vales classificados numa caixa, depois pegou nurn, que levou aos olhos. senhor? -E Sim, sou eu. senhor chama-se Tchemtiav1ne? Um ag.radavel estremecimento percorreu o peito de Igor. alan al ando do toda a propriedade, sou eu mesmo.
Torres
15
A mulher olhou-o com urn ar irritado: ue r a e n g r a ~ a d a de se expnimir: «falando com toda propriedade>>. 0 senhor chama-se Tcherniav:ine ou nao? Natu Na tura ralm lmen ente te,, so eu. Que duvida que pode haver? e o taJao. Igor, desviando-se, remexeu na algibeim, enquanrto l a n ~ a v a urn olhar furtivo para a porta. Estava toda aberta, deixando ver atraves dela o ceu claro e urn belo e s p a ~ o vital. Igor estendeu papel mulher. Ela leu-o da primeira Ultima palavra, virou-o, e olhou para Igor: Esta Es ta es escr crit ito o aq aqui ui qUJe senhor encarregado de missao na Secretaria Regional dos Correios. E porque que recebe dinheiro aqui? eu .. eu estou, como se diz, de passagem. E o diz»... Que idade tem? anos ... ra,, nem ra nem pe pens nsar ar Igor replicou, com urn sorniso e m b a r a ~ a , d o - Q u e culpa rtenho eu se .. 10.ao p a r e ~ o ter millha idade? ou pe perg rgun unta ta ao director .. DirigiUJ-se para uma portinha num canto. Nas costas de Igor as pessoas que formavam bicha murmuravam. A porta aberta exercia sabre ele uma a t r a c ~ a o irresisdvel. Virou-se. Na bicha, salvo urn operario idoso, de aparencia bastante sonolenta, havia s6 mulheres ... Igor, poisando cotovelo no parapeito, tomou um 8!! ao mesmo tempo distra.fdo e aborrecido. Tche Tc hern rnia iavi vine ne?? On Onde de o seu domidlio? Sem retirar o cotovelo, Igor virou a cara com atr displicente. 0 di rector nao tinha feito a barba e tambem nao oferecia aspeoto sim patico. que? Onde e que que o senhor senhor mor mora? a? Em que cid cidad ade? e? Em Sta Staro ross ssel el k. E que lhe env;iaram fundos para aqui? Isso Is so nao nao e cons consig igo, o, proferiu proferiu Igor Igor nurn tom tom exaltado. comigo, como? modo nenhum. Ness Ne ssee cas caso o nao nao lh en rego o dinheiro. 0 director pronunci ou estas estas palavras palavras ID.uma voz resoluta, mas papel tremia-lhe na mao e os seus olhos observavam Igor com urn olhar incerto. Mais um fiisionomista
16
Anton Makarenko
Igor Tcherniavine abriu um sorriso arrogante: Se e assim, queira dar-me o registo das reclamacroes. director es.fregou os cinco dedos .na face de< barba hirsuta registo das reclamacroes? E que e que !a. vai escrever? - Q u e em vez de me da dinhciro me esta £azer pergnntas aOOui!'da:s ..
Rapa Ra pazz ! i. u o direc directo tor. r. Mas Igor pos·s pos ·see g.ritar tambem: , pe perg rgun unta ta absurdas ! Porque e que me mandaram o dinheiro para aqui? A razao .nao comigo! Pode ser que seja pMa o meu en terra. Ou para o meu casamento, se se for esse o caso! Tenh o que lhe explicar porque? De-me dinheiro ou o registo das reclamacroes. torciam-se rk. Igor virou-se: bicha estava do seu Na bicha torciam-se lado Uma mulher disse com amargura: Ai esta, eles sao sempre assim. Para que que hao-de arran ar sarilhos a este pobre pequeno. Se calhar, c:linheiro mandado peloiS pais. 0 director meditava sobre o papel. hi depressa, 6 tu que que tens que nos estar a demor a r ? - gritaram da fila b e r n - declarou o director, com uma e a ~ a na voz. -· Vou entregar-lhe di:nheiro. Mas vou informar-me em Starosselsk. F a ~ a - m e esse favor, signor, informe-se. P a g u e - ordenou director. Ca temos Igor entrada: numa das maos o dinheiro na ouora o papel de Starosselsk. Faz rum trejeito: Se calhar, mandado pelos pais .. Tern o coracrao cheio de alegnia. Por cima da pracra flutuam nuvens de fes.ta, o jardim da esta<;ao respira plenos pulm5es e prepa;ra-se para se enfeirtar de verde. Os camponeses, sentados contra as paredes, esperam beatifdcamente o comboio. A pane, empoleirado numa pedra por cima do seu banqui:nho, Vania Galtchenko olha pMa os !ados de Igor Este retira do macro uma nota que mete na aJ.gibeira exterior do casaco. Enfia o resto com precaucrao numa algibcira para esse efeito, junto da pele. Dirige-se rpara Vania .trabalhadm! puxando da nota que sacode no ar, diz solenemente Tomaa para Tom para ti ti,, miud miudo, o, por me teres ajudado num mi.nruto diificil. Vania, espantado, salta da grande pedra cin21enta em que estava sentado. Os olhos agu<;am"Se-lhe de espanto. Pega com cuidado na nota.
As Bandeiras na& Torres
17
Igor observa-o sorrir: Vania examina o dinheiro com um ar princfpio Serio, depois meio SeDiO, meio desconfiado, e por fim ergue para Igor um olhar malicioso e entendido E a a c que esta ninhar ninh aria? altura de poderes comprar pomada: amarela, encarnada, verde cor de laranja. Vania emi.te urn crisada adegre - P a r a que verde? imagina este caso : urn crocodilo que se proxima de ti Vania esta extasiado: - U r n crocodilo? E diz Faz favor, tern verde? tu respondes : Entao na o havia de ter .. porque e que asstim? Umas vezes nao hi dinheiro outras vezes, se queres, ai rens! Vania olha para Igor erio, mas lllOs seus olhos cinzentos e aten ncram un pontinhos alegre e vivos. tOS Igor responde nasalando um pouco: - Q u e fen6meno. E sempre assim : nao hi dinheiro e depois ele vern. Para ti tambem primeiro ao tinha:s, e agora : dez rublos. o ordenado? . minha av6 que soube que eu estava em rna s i t u a ~ a o mandou-me cern rublos. - C e r n rub os? Igor ri as gargalhf!Jdas. E Vania ri-se tambem Mas vem-lhe ao espirito uma questao eminememente pnitica: tua av6 na pode ter cern rublos. Ela nao trabalha. Deve avo. ser avo, tanto faz. Mas, sa bes? Depois £alamos dos parentes. Para ja vamos comprar qualquer coisa para mastigar e pensar na manei de ir para Londres Vania bstev bsteve-se e-se de fazer perguntas de se admirar. Nu gesto de entendido dobrou 111ota de dez rublos fe-la desaparecer na algi beicra Depo afi!JSJtou as pernas, ves ;nidas com umas c a l ~ a s CUDtas lfllll crou um olhar de alto sobre o material da sua industria. Seguidamente, acocorou-se com presteza arrumou na caixa pomada e escovas, bateu com a tampa e pegou na correia.
2-B.
As Bandeiras nas Torres
AS AVENTURAS ORIGINAlS DE RYJIKOV
Os pastelinhos eram sucuJ:entos, saborosos, mas urn s6 mov:imento de queixos ba,stava para os trans.formar numa leve e impondenivel boJa que se engolia sem quase se Sentir nada. S6 que o apeoite acordava de vez. Esta s e n s a ~ a o refJect refJectia-se ia-se no rosto aborrecido de Ryj:ikov, no briJho reavivado dos olhos e numa a t e n ~ a o aguda tudo o que se encontrava sua volta. A bicha estacionava £rente caixa. 0 post postigo igo ainda estava fechado mas ja havia ali umas vinte pessoas. Era uma bicha «perigosa», provinciana daqud es tempos: rodo gente modesta, s6b ia, pobre. A figura mais notavel da fila era urn homem de- pequena estatura, de casacao de Inverno, com gola algibeiras orla das de pele de carneiro cinzenta. Atras dede e n c o n ~ r a v a - s e uma mulher emagrecida, de aspecto irritado, das que tremem pelo seu lugar na bicha, como se ocupar aquele lugar constitufSise uma ins.igne felicida,de. Seguiam-na outras mulheres, todas de Stimples c o n d i ~ a o . Tinham escon dido o dinheiro deooixo da saia OUJ no seio; e, de resto, que dinheiro podiam elas ter? Uma raparig uinha morena, de vestuario cuidado, cuidado, aper tava o seu no pnnho fechado com f o r ~ a Esta e s t a ~ a o e esta bicha preS'tavam-se mal a uma o p e r a ~ a o feliz. As pessoas ali eram prudentes, e o pouco dinheiro que possufam gmur davam-no com ambas as maos. Os roSitos mostravam aborrecimento: havia hilhetes para toda a gant e po isso ninguem se excitaJVa e nao ir.ia esquecer-se de pensar no dinheiro. lugar, Ryjikorv recordou-se da eSta{aO de uma gra,nde cida,de. verdade, tern os seus i:nconvenientes i:nconvenientes : milioianos, guardas e o utras a u t o ~ des. Por uma especie de milagre, apesar do aspecto de quem esta
19
em ferias dos seus neg6cios e da fisionomia de passageiro de Ryjiko;, aquela gente sabe ler os mfllis secretos pensamentos, e sem mesmo ped1r os documentos dizem s.implesmente - V a m o s , .rapaz, siga-me! Mas em contrapartida, que passageiros ha na groode cidade! Que d VI a· e m o ~ 6 e s por la, que sentimentos, que riqueza e que p enr1tu Passa-se dia a vaguear de pos.rigo em postigo, coosado de esperar em pe diante do bflllcao de i n f o r m a ~ 6 e s , fazer p e ~ g o o t a s aos b a g a g e i ~ o s , a passageiros. Noites inteiras de espera e s t a ~ , a o , ~ g a r , e s t e ~ c 1 i d ~ no chao, dorme dio profundamente que e poss1vel rapmar-lhe nao _so a balsa mas vida, sem que ele de por i:sso. As p e s ~ a s mais r e q ~ m tadas nao dormem, essas naturalmente sonham... Os b11hetes que la se compram com pram nas grandes linhas sao dispendiosos... as alglibeims tern la dentro cartei f!JS cheias, pretas ou castanhas. Pode haver homem mais feLiz do que aquele que acaba de comprar urn bilhete bilh ete no postigo da e s t a ~ a o ? Esteve na bicha, brigou com os ~ o r listas, estremeceu julgando que ja nao havia lugar, prestOU OUiV!dOS avidos a conversas e rufdos inverosfmeis ei-lo, radiante, nao acre ditando ainda na sua felicidade, vaguear por entre a muloidao, no vestibula da e s t a ~ a o , percorrendo com os olhos o seu bilhete, piscoodo as palpebras, esquecido de tudo, da mulher, do chefe, da mala, da carteira por que tanto velou na bicha... , . Ryjikov animou;-se de repente. A segu1r a ultima mUJlher tmha entrado na bicha urn homem cabeludo vest ido com um velho casaco. C a l ~ a v a botas altas de boa qualidade, trazia urn l e n ~ o verde, e a algi beira das c a l ~ a s desenhava agradavelmente urn rectangulo de boa dim nsao. Sem grande pressa, Ryjikov a;pwx:imou-se da bicha e pos-se a t ~ a s do homem do casaco velho. Enquanto olhava atenJtamentle urn anun cio, virou-se para o casaco e, no memento seguinte, com .dais dedos tacteou o canto saliente da c a r ~ e i r a . Grichka pux:ou para Cima, car teira subiu sem rufdo ; mais urn instante .. uma mao rugosa fe chou-se avidamente sabre a mao de Ryjikov, ao mesmo nempo que surgia aos seus olhos urn rosto crispado pelo assombro Ah seu canalha! Entao, que diz a iSito? i k ~ v atirou-s e, puxa,ndo para o lado, mas em vao. Pos-se a g11i.tar numa voz de pe soa ofendida a m e a ~ a d o r a - Q u e me qUJeres tu? Tern cuidado! e e eu apanhei esta mao?
Anton Makarenko
20
que me agarras? pequeno! lanc;:ou-se para Nu mov.imenro hrusco, Grichka arrancou a ma o cais. Atravessoodo-a nurn alto, Slem qurciJSe porta que dava pa tocar no chao para chegar as Linhas pr6XJimas, mergulhou debaixo de urn comooio de mercadorias e d e p o ~ s debaixo de OUIO!'O. Acocorado, lanc;:ou urn olhar para rnis. No cais e,JJg:itaV!a!Il-'Se pesooa:s. Na via nem os ombros nerm as oabec;:rus, mas diSitingui:a. log:o a primeira as bortas altas e, ao pe delas, a paroe de baixo de urn capot:e cinZJento de soddado, assim como outras botas, eSitreioas e bnilha.ntes. Ouviu a mesma voz transtornadaa transtornad Ah, mald maldito ito ba band nd:i :ido do As abas capore, ondultrundo, pmenam-ISe em rundamento, e as botas luz,idias de graxa, caminhando prura fre111te, salraram do cais. Ryjikov, com asas nos seus sapruroo de lana, correu ao longo dos com boios de mercadorias para as agulhas. Urn grande peso atabafava-lhe rorac;:ao, mas o apetite tinharlhe passado Na
na
te mexas, me
PEQUENO-ALMO(:O NO JARDIM
Igor tinha nas maos doi paes moles, chouric;:o e urn frasco de compora Na estac;:ao, diss dissera era a Vania: i tudo sruturado de baoretrias Ee:rmviari s. Vamos antes rulmoc;:ar para o jardim. Ha la urn banqUJi nho porreiro. Mrus, chegados ao jardiim, viram naquele banqUJiJnho Wanda Stadnitska:ia, com a cabec;:a deirada no brac;:.o. Igor exclamou : Oh ! Este r o m p a . r ~ o i m e n t o esta ocupado! Contornando na ponm doo pes a figura medioruriva de Wand , olhou suspeiltosamente de soslaio para as boras d!e bo11racha e para as poonas sem meias mas quando se encontrou di.ante dos seus olhos cinrentos, abetr'tos, di-rigiu-lhe a palavra. com seriedade e s em sorrir: Meni Me nina, na, per permi mite te-n -nos os que .admooemos na sua presenva? pres enva? A man ei11a cortes die Igor o cas co abotoado ate a gada e o sapatos brHhanvem noe engraxrudo produzi11am em Wanda um agradavel impressao. Apesar de triste, rmioitu-se um careta galrumemelllte acolhedora. e eJSboc;:ou rure urn sorriso F:a<;a. favor ! Igor disse com urna vivacidiade contida. :
-Obrigado.
os dois ra.pazes ra.pazes e dreslo Wanda exa minou co m olhos admirados. os para a ponta do banco. As nuvens tinham deixado de a ocupar e coooagrou a sua arenc;:ao a paisagem mails prooaica do la.rg:o da estac;:ao. Igor estendeu ra.pidarnente a .refei,c;:ao em cima do banco e tomou luga.r na oUJtra. ponta. Vania, manobrando com rufdo a sua cruixa, poisou-a no chao e sentou-se diante do banco, como se estivesse mesa, de ombros c o u ~ S J e
22
Anton Makarenko
curvados, no antegosto da refeir;:ao. Igor partiu o chourir;:o e per g!Untou: - V a n i a ! E como e qUJe vamos comer a compota? Com os dedos? ja:Ddim como oJ.haJr: Vtimento de uma carruagem de luxo. Os olhos de Wanda cincilaram de satisfar;:ao, mas era acima de tudo 6bvio mesmo pa olhar mais ilne1:periente, qule nao tinha absolutamente nada com seu ar era o de urna passagei sem bagagem; em segundo ella; todo o seu luga:r, chourir;:o exalava 1\liiD. odor mttivante. W and'i!. engoliu saliva respondeu com uma expressao de enfado: - Q u e esta o senhor a dizer? Que colheres qUJer que eu tlenha? e51pecificou amavdmente Igor. De p1111ta Wanda, sem responder, estendeu de novo o brar;:o noo costas do banco, de cara Vlimda pa.ra as nuVlens. Mas a expressao de devaneio melanc61ico que antes se lhe notava nos olhos tdnha desaparecido. aru1a vern na moo metade de urn pao mole; com uma sacudidela sacudidela energica da cabter;:a, os dentes arrancam-lhe grandes pedar;:os, ao mesmo chomir;:o doliis sc envrega a estas operac;:6es, ollia fl'eqUJenteme.rnte para Wanda. Na da atenc;:ao suas pema:s nuas e sujas, 11Jem sua assustadora 1Jrunfa. Ve-lhe apenas a terna fooe rosada, o canto exterior de urn ollio som brias pestanoo arqueadas. Vania p'CL!ciu urn bocado de pao, potisou-lhe em cimJa duas rodelas de chourtico e es.tendeu tudo a Wanda. Ela nao deu por isso, e Vania lanr;:ou olhar .inverrogativo Igotr. Este come com entusiasmo, ora balhando com os dentes, com as maos e com a hca. Mas, rapidamente, entre duas bocas cheias, abana a caber;:a em direcr;:ao a Vania, em sinal de aprovac;:ao, el com a mao Livre a: te-lhe no ombro. Vania, passada uma curta hesitac;:ao, tocou ligeiramerute no joelho da sua vizinha. vizinha. Esta virou para ele cahec;:a, quis m o ~ S t r a r , em vao, urn sorriso galMllte, e sorriu s.implesmteJme, com !'econhecimento, e depois p(>s-se a comer sem pres sas, trincando o pao em bocaditnb:os. Tudo isto se passou em completo silencio. Acabadms: as rodelas de chollhllir;:o, e enquanto se disp=ha co!l:talr outras Igor pergunmu nurn tom pratico sem olhar para W anda Qll!e comboio apanha., senhol11ilta?
As Bandeiras na
Torres
Wanda voltou a olhar p'CLra
d!eu,
23
est1ac;:oo, deixou de mastigar e respon
i n d t i ~ e r e n v e
-Nao
i.
c o n n o s c o - propos Vania alegreme.rnte, girando na sua caixa para enfrentar W a n d a . - Como e que te chamas? -Wanda. - O h ! Lindo nome! Wanda! urn nome poJaco. s ! E1e t'em o avo e a av6 po la. Os olhos de Vania, ao dizerem isto, cintilaram ironicamente, e observou Igor, que tomoll! a sua zomb:wia po uma manifestac;:ao de bonomia amigavel. Mas, por qualqUJer razao, Wanda nao respondila vivacidade trans borda.rnte de Vania. Potisou no banco o seu bocado de pao inacabado e disse nurna voz quase perdida, apoiando as maos na ponta do banco: Slci ... para onde ir .. u depo1is atirou-se ao frasco da Igor dirimiu-lhe urn olhar atento, compota. A a:nimac;:ao de Vania desvaneceu-se de l'epe.rnte. FixoU: Wanda com urn ar espootado, e depois Igor, como se procurasse resposta na expre\Ssao do seu rosto. Igor pas-se berrar urna canr;:ao, p(>s o frasco em cima do banco e disse firmemente : Tu,, Wanda, Tu Wanda, vens vens con conno nosc sco, o, logo s V'era. Vania agoLta. ninha. compreendido tudo. Mas Wanda lanc;:ou-lhe urn olha r assustado nao sei .. comboio est8. a chegar, e dtepois de Tu nao sabes, mas eu sei. estarmos no compartimento discute-se isso tudo. Vania fixou 015 olhos em Igo r: que comparci comparcimento? mento? Wanda calava -se resignadamente. Naque1e momento, Ryjikov apareceu atras de urna moita. Percorreu com os olhos o grutpo, deu alguns passos para a frente, patrou e olhou com ar idiota fes oim. Wanda l a o ~ o u - l h e urn olhar de 6dio. Igor rir p(>s-se Contra Con tratem tempos pos,, Ryj Ryjik ikov? ov? Ele nao l'espondeu. - C o m e - prop(>s I g o r . - Eu sempre disse: esse offcio e o mais ~ n c o n v e n i e n t e . Deram-te uma. sova hoje. Eu vi como te deixaste apanhar. F u g i - dis15 Ryjikov numa voz rouca; e pos-se a comer. tale.rnto! E de uma 1etstupidez altro'l. Todos 015 homens s
24
Anton Makarenko
tern duas maos, cada uma dtaJS qUJaus procura ag:arrnlf-te.- Igor teve teve urn estremecimento de repu.gnancia. - :E est'l1pido! :E preciso fazer como eu. avooiinha, ? - p er er gu gu nt nt o Varui;a. a v o z ~ f l ! h a - c o r r e i o Mandam-nos urn brllie10i:nho : Meu qoonido Igor, fac;:a favor, pec;:o-lhe, de ir reGeber cern rublos, po amor do ceu "'e nao v:amos, urn e"§Lillldo bilheoe: esmndaloso, p::;l!"que que nao va;i busca;r OS seus cam rubles, leV1e-os, se faz favor. Ryj ikov virou as costas com ar o£endido - U r n bilhe'!linho .. n a n ~ 1 1 a l m e n r e , quf!lrudo S!e sabe ler. se nao sabes, VaJi trabaJhar. Mas andar as ca!loeiras ! Pode la haver coisa ma:is es estu tupi pida da?? Igorr deixo Igo deixo crui
NO COMPARTIMENTO
Atraves da estepe rolla urn compnild compnildo o combodo de mercadorlias. Nul!lla das plflltafolfffif!JS, ur tractor coberto com ur enoera;do. Na borda do encerado que ca:i do tractor, Wanda dbl!"me toda arurolada. Igor Tcher niavi:ne, ·sentado a S e l l S pes COm OS joelhos e!ltre OS b r a ~ O S , lans:a a sua volna olliares di·Sta de pe a sua frente, com os pes afastados nos Sie'US sapatos de Jona. Vooia, com as pernas peruduradas para fora, contempJia a estepe, a kurga estmda que corre aJO longo da linhTh, OS! kurgmes no horizol1Jte, a prtimeira verdura prima.veril. Tjll1ham pa11tido na vespera a w d e , clJell!llora:ram m u ~ t o tempo a instaJarem-se pa;rta noite: e s m v a frio. Depoil'> des desLizaram Lizaram para debaix do eocer:ado, Demexeram-se uns ilinstanJtes e la s1e oooVieQaram e acaba ram po adolfmecer. Aquele abrigo tinha aillda a vantagem de, durnme as pamgens, netruhum olhar curioso incomodar os viajantes ,e n ~ n g u e m os irnpedJi.r de dolfmi r. Igor Tcherniavme, ao adormeoer dissem : melhor oompartlimento, nao ha empllli'rQIE'S nem saourudelas, ar fresco e nao ha quem nos venha dJiZJeir estupidamente: OS Sie'US bilheoes, se farem favor! safram de sob o encerado De manha abriram os ollios c e c l ~ o com boa disposic;:ao. S6 nas grandes eSitac;:6es recorriam a sua hospita1i dade, ja na na qualidade die dormit6rio, mas unicamente pal!"a nao Wanda teve vonmde de fazer a inquierarem o pessoa.l do comboilo. sesta ao soJ. Ryjikov, ap6s urn longo si-lenaio, pe·rguntou por fim: e ql.lle trouxeste Wanda pal!"a oidacLe? respoodeUJ Igor, de sobrollio £r:an- T e n s alguma codsa com ,jsso? zi
26
Anton
Makarenko
Enrtao ha urna razao. ou ..
Na cidade havemoo de encO!lltrar quaJquer coisa. Ou trabalho
tu nao quetr1es trabalhar e ela precisa de m:abaJho? Ryjikov disse i ~ t o a queima-roupa qwe11ia mplicar. 1"ep1icou tranquilamente Igor, virando a:s cos Sim, Si m, ela ela pre preai aisa sa olhruJ.oo para Wanda com ar protector tas a Ryjik v o da da a ge ge nt nt e t:rabalha- .i!iterveio Vania na ponta dJa plataforma. Ryj.ikov gritou-lhe:
Tu,, min Tu minho hoca ca,, na ilievantes cabelo, srenao Igor pron unciou pe lo nariz escrito.
SOr
sO
VOU-tle
as
ventas!
vai as 'V'Mtas COm urna autorizat;aO m.iflha po
Ryjikov .fli:Jeou le11itamente Igor, por cima do ombro, com olhos desagradaveis e car!'egados de ameat;as: m a u r o r i z a ~ a o ? esCI!ilta, ati:.OJda por aima... Dirija-me urn requerime:nto .. Qwe .requerimento? ca:so de deseja.r dar..Jhe na fronha. -Para Ryjikov, exaitado, dirigiu-se para Vania. essa-me! Tenho cuniostidad em vter como e que isrto vai correr SJem 3Jurtonizat;ao Vooia atir ndo-lhe urn olh3Jf a:ssustado, saltou lestamente e precipi p3l!a Igor. Ryjikov esrtendeu o brat;o para agarrar Vania, mas Igoif achav:a-se oortr1e os dois. RyFkov nem sequer teve tempo de lant;ar ao seu adversa11io urn olhar de desprezo, nem de avant;ar o brat;o para se defender. 0 punho de Igor Tcherniavine partiu a toda a velocidade, parecendo visar a crum c!J Ryj Ryjikov, ikov, que urn soco inesperado no ventre atirou de rnas pa ar. Ryjikov foi cair em cheio em cima de Wanda adormeaida. Ela acordou, dando urn grito de sl.liSto: ! e isto? QUJe e que te deu? Igor sorriu tranquilam nte : e 1nqui.ete! Ryj kov quJetr dormir. Ceda-lhe a caminha. Na Wanda, com urn ar de desprezo, desviou•se de Ryjikov, mas aprurevtilsao de Ryjikov a ceu-lhe imecli ilwtam wtamenr enree um sorriso nos labio s: torcer• e causava lhe evidJMte prazer. lhe? Porque? t o u ~ s e
Ryjikov soergueu-se num cotovelo, projeotoodo para a £rente os
As Bandeiras nas Torres
seus labios grosoos. As madeixas ruiV'aS qUJe lhe cafam na teSita quase lhe ocultavam os despudorados olhos verdes. tu a fazer trot;a? Q ue ue e trot;a? Ele niio vai ta mar a tu defesa. Wanda abanou a cabet;a : SJe calhar toma. p&s-se de pe num salto, de punhos cerrados. Tu . Igor, com um sorriso, po isou a mao no ombro de Vania, e depois, em parte, qua de ma vomade e num tom aborreoido, disse: - T o m e noro, Stitre: neste compartime111to nao levanta o declo para ninguem. Ryj.iko'V, metendo a:s maos nas algibeiras, fez uma caveta ir6rrica: - C l a r o que niio sabes quem ela e? Igor olhou-o com um ar adm.irado: -Entao? Se calhar pensas que e uma menina? Digo o que tu es? todoo pa;rn. o diabo, tu! Rat o! Mui to hem, diz ! Voces sao todoo uns porcalh6es E Ryjikov, exudt3Jflte: Ah! E uma mulher da ma vida! Est Estas as a ouvir a mU:sica? Wanda afa:stou-se lentamente para a extremidade da plataforma e, erguendo a go da capa, mergulhou nela a cabet;a desgvenhada. Igor caminhou para Ryjikov, mas este, desatando a 11ir, chegou em saltos ageis a outra ponta do vagao e oculrtou-se atras do lractor. Varuila mal tinha tempo de seguir os acontecim ntOtS. i m o u - s e de Wanda. A olbar paJra o chao, perguntou Igor ~ a verdade? Wanda virou-lhe as cosrtas bruscamente e respondeu, sempre s empre com a mesma voz de 6dio: ve11dade! E que e que tu tens com isso? Se im,, e de im depo pois is calhar queres-me fazer a corte? Igor corou, t o ~ r c e u os labios e furtou os olhos ao olhar avido de Wanda. h . nao! Simplesm Simplesmenve enve .. que i dade tens tu Wanda, com um galante movimento de cabes:a, um poucochinho de lado por oima do ombro, ros: u Igor c m o olhar : Isso Is so que imp import orta? a? Tenho quin quinze ze nos. depoil'> dis e com um sm!'iso llmca, Igor esfregou lentame111te melanc6lico : - B e r n . acabou-se signona, e Livre.
28
Anton Makarenko
Ela fo1i-se embora outra V'ez, S' em rufdo, devagar, a ~ t e ao encerado, com a caber;:a fiiiorenrta escondida na g o ~ a , d!eixou-se cair la se deitou tr:aotor. em si!lencio, com ca;m virad:a pa.r.a sua freme, ao Igor pos-se contemplar a esrepe, assobiaJndo. lange, atnl.s das colinas em dace declive, srurgiram cumes de ediffcios po oima d!os quais estava o s o ~ suspenw. Em ooixo, entreviu-s e, po urn t i l r u s ~ a n r v e , um grupo de raparigas de pes descalr;:os, as pemas t r i ~ n a d a s . Um delas gritou qualquer coisa a Igor, as outras puseram-se a rir. Igor seguiu-as co urn olhar sam brio, depo1is virou-s e. Vmlilia, lanr;:ando urn olhar Wanda, apurou o u v ~ d o c a u t e bso para as lado !S de Ryjikov, foi colocar-se ao lado de Igor e, na ponta dos pe ., pergUirutou..Jhe oochichrundo: esta a chorar? res1pondie co rudeza, sem olliar para Vania Ig
Na
:llntetl:'essa.
plrutaforma oscibu v i o ~ e n t a r n ~ e m naJS agulhas. diss Ig r. Atravess.ando Atravess .ando numero numerosas sas agulhas passaJIJ.do os comboios de mer cadorias, ent!'e cujo iS vag6es fulguravam os espar;:os cheiciS de luz, cruzou rapidamente esrar;:ao dos d i ! ' e ~ o comboio torceu 1 51 5 a g ~ e ros. Po cima do !S vagoes es tadonados viram-s deslimr os ediffoios da e 5 J t a r ; : ~ o oombo1ID enfiou po urn os telhrud()s au::queados do l> cai s. estre1to aJOerro qure rodeava, 1!1Juma omv:a regula,r, urn campiiilJa de ines per.ada largura mesmo as portas da cid
As Bandeiras nas Torres
he
! Rooebemos urn teWegrama.
29
cebesve cern rubw os com
urn vale falso? soJdado com urn olhar cheio de entus.iasmo. Voces andam depressa! Realment recebi ! Tinha com er;:ado or Jl'ecusar, percebe .. caber;:a co urn sorn sorniso iso ironico guarda aha,oou -Vamos Igor esfregou o nariz que raio de < t ~ i p o ! Vat11 i1a, tr iste separor-me de ti. Tu es urn born born rapaz! ao nenho Wand .. Percebe, ca a!rada soldado, tempo. Vania disse, arrarpalhrudo•: que ro vais? -Mas... Eu? Em nome da Leli. es.rou ptreoo - F o r causa de que? Da avoZii nha -Vamos c a m i n h o - I'epetiu o 'Soldado tocando em Igor no ombro. Igor pos-se na beira da plataforma e preparou-se para s a ~ b t a r . Vi caber;:a para anila, dis 5'e rando Vooia, vai para a colonia. Diz-se qUJe eSJta d!aqUJi boa. tu CoJonia do Primeiro de Mruio Saltou, e os wtnv'elos nos joelhos Va[]Jia so ldado ap6s ele. Co segu1a-os com os oJ.hos, na dendo a d ~ p t a J r - s e ai[]Jda esta in felici dade. Ryj ikov Sillrgiu de tni.s do tractor, co urn oorri:so de alegria rna nos labios. - F o r favor, per;:o-lh!e! Enviam-noiS urn bJilheoinho Me queri:do Igor, va la, se faz favor, reoeb er cem mb!os! Trabalho limpo! onde esta Wanda? Varna ,respondeu com urna vo assU!Stada - N a o sei. Ig
gmtificou
Oh
As Bandeiras nas Torres
31
Ainda ele nao tilllha partido, apareceu urna rapariga, e depois urn soldado vermelho. vermelho. Este perg untoo e, pelas botas? Diante do so1dado vermelho Vania a c h o u ~ s e d ! l i t i m i d a ~ d o . Nunca tinha engraxado bortrus aos soldrudos vermelhos l(l nao sabia quanto que aquilo custava. Vania engasgou-re: D-d... Dez copecks. Ma;iS urn p a c 6 v i o - resmungou Ryj ikov, mas o soldado soldado vermepe no banquinho. lho, todo contenve, poisou Tu
NA SUA RUA - P a r a onde e que tu v a i s ? - perguntou Ryjikov, enquanto se dirigiam para comboio electrico, ao pe da f:Sitac;:ao drus merca;dorias. A rua, naque1e sitio, era pavime111mda e coberta de p6 de carvao. Os tamancos e as rodas faziam erguer nuvens de pardais. Na estac;:ao havia bicha. Muitos sapatos e x i g ~ i a m urna escovadela. Vanila nao teve tempo de responder um homem de uniforme apmximou-se d e ~ e . palic;:ada Abanando a cabec;:a com um a.r simpatico, apontou para Engr En grax axas as e? preto? preto, claro. Tenho qu i ~ r ter com os meus chefes, os sapatos ... Vania olhou valva: nao havia onde se seilltar. Viu a alguma disrancia uma ;nelha escadaria de madeira. - N o s degraus? 0 homem qu ia ter com os che£es aprorvou com urn sinal de cabec;:a, sem dizer palaVlra. Vanvru correu para fren'te para preparar tudo. Quoodo diente chegou, ja garoto punha a pomada numa das escovas. Eh,, na Eh nao. o. Pn Pnim imeir eir nira poeira. Vrunia p o s - ~ e traballhrur. Ryjikov sootou•se maiS a c i m ~ , na escada, contemplou ilenciosamerute rua. - Q u a n t a te devo? Dezz c De ks E pode podess dardar-me me tro troco co De qUJinze? Vania reme:x,eu na algibeira. S6 encontrou quatro moedas de dez. o faz nossa conta. Bern, mellior pmra ti, fica com os o i n r o - JJemata o clienoe.
ba:mrto,
copecks pelas botas. Varuia e s q u e c e u ~ S 1 e de pergu!llt.a;r se tinha de ser preta. Operava com energir.L, tmbaJhando com os olhos, com as sobrancelhas e mesmo com lingua. Ainda nao sabia engJraxar depressa com as duas escovas ; uma debs voou-lhe da mao pa.ra longe. Ryj.ikov desatou a rir, mas nao apanhou a escova. Vani a, lamellltando-se, ilevantou-se e correu a busca-la. diis.se:
so.Ldado vermelho estendeu-lhe uma moeda de dez copecks e
Brav Br avo, o, meu ra rapa paz. z. Na deve ser.
~ e v a s t e
caro,
iSto es
a .reluzir como
Foi-se embora, a olhar para as botas. Vania uinha os brac;:os espinha doloridos. Apoia;do num cotovelo, observava a rua em s lencio. As casas de tijolo, poeirentas, com primeiro a111drur, eram rodas semelhantes. Entre ela:s, currtas palic;:adas em qrne SJe abriam portoes. Junto de cada uma, bancos com pessoas se!litadas que rilhawm semen res de gimLSsol. Vrunia recordou-se que no dia seguinrte era urn domingo. Passava gente nos passeios de tijolo, aos dois, aos tres, com ersando em brurulho. Abriu-se uma pOIItla por tras, e uma voz mngenve, desagradaveil., perguntou: Qllie querem voces daqUJ.i, voces? Cr1ilans;as a;bandonadas? :'ania teve um sobressallto e virou-re. Ryjlikov tambem s ergtiJe!Ul No enqurudrame111to dJa. portia s u r g ~ i r a urn homem muito aJro, m ~ g J T O , de bigodes brruncoo Crianc;:as rubandonadas? , somas c r i < ~ ~ n < ; a s abandonadas. Um engraxador de bows? Ah Slim? rem; p1e19a5 de reforc;:o de borracha?
32
Anton Makarenko
A caixa de Vania s6 conninha diu"a5 esCOiV1as e duas caixas de poma.da preta.. Vania abriu os b r : ~ o s a o, o, na na o r mh mh o Oh! Que en engr grax axa. a.do dor! r! Realmet1.1Jtle um bedo engraxrudor! Bern, qUie el.e faz? admitamos! E aquele, que Ryjikorv rvirou at cos,ras com ar descontertte. QUie e que tu fazes aqui? Esds espera da noite? Ryjikorv re.9mungoru com uma voz e n r o u q u e a i d a , ainda mms descolllt!enre: Da noi1te, nao SJenhor ... Ollie enc01110J:1ei um conhecido .. Urn conhecido! rvelhote fechou a povta chaV'e, desceu OS degraus, e disse aip0111 :doso taJTIIIlO um declo rver qUJe conheai do tu es. Tu desaparece d a q r u i Estoru , vo -m ja 1mbom. E entao, a genre nao pode p ~ r a r na rm Com certeza que foste tu qUJe inventasre etss genero de regu lamooros Ryjikov Ryj ikov senria-se juridicamente no seu direito, 1e1 por isso ofendia -se cada vez mais. Os labios do V'elho fiz eram um trejeiltO SJaJrd6nico: Os regulamen regulamentos tos sao mao maoo o aqui, aqui, portanto vai vai para oooe haja bons Dou um salto loja. Quando V O ~ t l a r ja noo re quero ver aqUJi. E com i:srto foi-se embora. Ryj ikov olliou-o a a f a s r r u r ~ S i e com rur irri ta.do e depois, volrando a tamar o seu lugar na escruda, murmuro!UJ quasre em lag.rtimas: «Estas QUJer arran jar sarilho espera da rtaite» ! Urn rapaz apmx:imou·s apmx:imou·see deles e ex:damou alegremeooe: emgrax:adbr na noosa rua! E ainda pa progresso! U cima ta simp:futlico! Ola ! Da prera? - pe:rguntoru Vrunia. - C l a r o ! Vais n: abalhar sempre aqUJi? Depois de rer posto pomada, V unia encolhreu os ombros com rur serio respoodeu na o sem alguma difiruldad e -Sempre.
Este cliente nao pergu[]tOU quanto era trabalho e, sem disctwir, esrendeu a Vania quinze copecks. Na tenho troco. Na faz mal, nao faz mal, dar-te-ei sempre quinze copecks. So preciso que rrabalhes depressa.
As Band iras nas Torres
33
Vania fez escor.regar o dinheiro para ~ g i b e i r a e voltou a observar a rua. A rtarde caia e a rua dir-s e-ia ter agora urn ar mais Empo. rapaz inreressou se pelo eleotrico. Ouvira falar ffiiUJito daquela coisa, mas nl.lJ[]Ca tllinha visto, e agora gostava de trepar prura urn carro, prura ir a qualquer parte Senria-se de bom humor. Um pequeD pequeDo o orgulho lhe enchia a alma : wdos as que palSISavam Vliam que ele estava sen.tado na scada pronto a engraxar-lhes os sapat0l5. Ryjikov disse: Sabe Sa bes, s, Vania? Vania? Da-me ainquenta cop copeck ecks, s, esta esta bern? bern? Dou-tos amanha E e e q u OS vais buscar? Seii bern Se bern onde os vou vou bus busca car. r. preciso 1r morfar qualquer coisa De subiro, Vania sentiu s entiu fome. Tinham comido de manha, na plataforma, os 1 1 e ~ t o s do jantar da vespera. Cinquenta Cinq uenta cop copeck ecks? s? Mas quanto e que oo oo renh renho? o? Noventa copecks Ah, esqueci-me deSJte cLinheiro! Quee di Qu dinh nhei eiro ro 0 q e me deu . . . da av6. V:ania de
34
Anton Makarenko
ela pos-se a ri e correu para uma cancela. Ouviu-se uma voz de mulher: Vooi Vo oia, a, a tua so sopa pa esta a arrefecer. seglli11ida vez que te chamo. me111ina mimada dil>l'>e com voz Callltanne: Primei Pri meira, ra, pri prime meil ilra ra,, primeira! primeira! Vania apoiou a cabega no pooho e olhou para a outra ponta da rua. homen:ainho de bigodes voLtava daquele lado. onde que esta outro? Tu a,inda estas af dli5se de e e b o r a - respondeu V alllia. tambem para ti sao hora:s de vo1tar, ja ninguem vai querer engraxar. S i m p l e s m e n ~ t e , amanha nmz-me p e ~ de refotrr,:o, de bonacha. Vania perguntou: loja onge daK:J.Uii? E ais comprar a:lguma coi
NOlTE Dormiram em cima da pallia parecia que nao >era nada lange. Tinham que subir aquela rua e, passadas duas ilhas de casas, atravessar uma passagem de nfvel ; depois, ca:minhar mruis um pouco, e logo a seguir ja eram os c a m p o s - nao talvez o verdadeiro campo, porque frenre ainda se viam algumas luzinhas, mas, daquele sftio, passada espar,:o ah ia-se, a erva SU&mrrava debaixo doo pes Ultima casa., jusnamenrte um pouco de lado erguia-Sie meda em questao. Achava-se provavelmente no alto dum monrtfculo porque de la via-se bern cidade esbraseada de luzes. Muito perto, l1Ja passagem, uma lruooerna ardia com uma luz muito viv(cL qu feria os olhos. Vania ia contJra vontade. Depoils de rer deixado para tras a Uir:ma cab nazinha, lamentou nao te procurado urn abnigo para a noire na cidade. Ma:s Ryjikov caminhava com seguranr,:a, a1S'Sobiando, de1 maos nas algibeiras. aqui ele. Alem disso, a aidade nao
looge
apanhar palha e teremos calor.
Vania poison caixa no chao e nao seooi'u vonmde de se deitar. cidade Qu1e1 espectaculo agmdavel ela era! As Pos-Sie a olhar para Juzes e5JtlaJVam semoodas Sua frente num V:a5tlSSIUnO e s p a ~ e havia uma qua.nrridade delas. Ora pareciam dispersas em desordem, ora des cobtilia na sua multidao linhrus denerminadas. Era como se estlivessem a brincar. Mais longe comer,:ava uma fiila de grandes casas, e em cada uma as jandas brilhavam de cores diversas: amarelas, verdes e de urn vermelho brilhalllte. aSISiado ..
isto? as janelas?
perguntou Varna
Haverr uma ss Have ssim im e outra
Anton Makarenko
36
Porque e isto isto o qru1e?- per pergul gulllt lltou ou Ryj Ryjikov ikov,, inclinand inclinando-s o-s paa:a a palha, no chao. o rq rq ue ue e q u as janelas sao assim? De rodas as cores. Dependee dos Depend dos ca cand ndee eeir iroo oo qu as pessoas tern. Daquila com que cobrem as Himpadas, dos quebra-luZJes. As mulheres gostam disso: uma gosta do vermelho, outra do verde. As pe pess ssoa oass ric ricas as - T a n t o as ricas como liiS pobres. Pode-se faze-loo com papel. vezes encorutra-se um quebra-luz assim, mais nada. S6 bas6fia .. m u b a r ? - perguntOIUI Vanilla. a N6s nao dizem dizemos os «ror «rorub ubar ar», », mas mas «faZJer». Amanh Am anhaa vou vou hi .. colonia Pnimeiro de Maio. - L a . tambem hi que fazer. Quando a conhecemos.
porque? tu es e s r u p ~ d o ! Entao! Que e isso isso de «porque»? Ir para la viver, e depois «faZJen> qualquer coisa? entao? E dep depoi ois, s, Primei Pri meiro, ro, Deimr Dei mram am e
a pni pnisa sao? o? e pre precis ciso o que te deitem a unha! a unha unha a Ig Igor or .Atira-se ao correio. Mrus nao faz mal, nao :um tonto. .Atira-se
lhe faz fazem em nad a: e menor. menor. Ryjikov tirou mruis pallia da meda, pisoru-a aos pes e estendeu-se. na terra, na esta<;iio, havia um guarda... Ele morreu e o outro, Michkru chama-se de esta rambem na colonia P rimeiro de Maio. Escreveu-me ruma clll!ta. Primeiro de Maio ..
Ryjl Ry jlk: k:ov ov arrnncou arrnncou mais mais palha, palha, pisou-a pisou-a
aos pes, estendeu-se.- Ve ml!IS e se tte deiltas! Vania calou-se e instalou•se para dorrni!r. As esnelas picavam ceu e, por cima dielas,
OS
de col.mo
pareciam ~ d e s e negras cons.tru<;6es
So erguia-s e por Vooi.a aco.ro'Ou cedo, maJS o dia ja brilhava. aima da meda; Vania, d e ~ i v a d o wmbr.a, sentia frio. Ergueu-se de um sa:lto, ~ E I V 3 J l l t a n d o a palha que llie aderia ad eria ao corpo, e olliou para
As Bandeiras nas Torres
37
a cidade. Esta agora era outra. Aqui e ailii ardiam ainda ca:ndeeiros inuteis e o da paslSagem de nfvel espalhava runbem a sw luz viva cidade toroara-se mruis interessante e mais complic.ada, mas nao ~ a ~ bela. Isto, de r.esto, niio tinha grande .importancia.. Via-se uma mulOJdao de casas, de telhados, e ao longe erguia-se ru:m alto ecLiffcio branco, com colunas. Bi:s a:li a verdadeira cidade e era preoiso ir ve-la. Ganhar dinheiro e r la .. mas nao a pe, de 1electrico. E na cid'mada preta de reserva. Vania qulis ver de perto essoutra caiXa. lnclinou-se para o seru caixote, mas ela ja hl. nao estava. Vania em?.urrau l3l p ~ l h a _ , c o ~ pe. Olhou sua volta. S6 emao notou que Rypkov tambem Ja la nao estava. Vrucia deu a volta meda, tornou ao eu Jugar, conremplou a aidad!e com rur melan melanc61ico c61ico olho u out ra vez sua voLta e epois, e n c o t a n d o meda, p o s ~ s e a pensar. ocordollll-se. num relampago: 1evou a mao algibeira, remexeu la derutro e ret1rou-a: dez rublo:s tambem tinham desaparecido. Vania deu alguns pa51SOS pmra caminho. Mas parou. Ja nao havia qualquer razao para i1- cidade.
As Bandeiras
HISToRIAS DE BODES Pll!Ssou-se um mes inteiro sobre estes acomeaimootos. De manha cedo, o miliciano, um homem novo, cor!lecto e consciencioso, acordou Igor na sala de espera e disse-lhe: A car carni ninh nho, o, cam camara arada! da! Dorm Dormints ints epois a rtua vonta:de na colonia, mas eu renho de voJtar arutes das nove horas Igor enfiou .rapidarnent:e o Cll!Saco, debaixo do qual havia agora uma camilsa Uma camisa cmrrta, de pano de algodao, mas cujo co1a.: rinho amarelado Igor sabia galantemente e ~ p o r sob a gala do casaco. Com as suas vassoruras secas, os portei:ros varniam as ruas, mas p6 elevava se ainda acima dos passeios. A manha na cidade era clara, transparente e a:r viviE can ne. Para Igor tornava-se agradavel entrar, numa manha assim, numa «vida nova». Igor nao se interessava de modo nenhum pela vida nova. Com Paulina Nikoia.evna, na Comissao dos Assuntos dos Menores, repetia-se torto direLito: Vlida nova, vida nova! Igor gostava da vida e geral, mas nao estava habiturudo a fazer a d t i s t i n ~ a o , se era rnova se era velha. Nunca pensava nem no dia seguinoe, nem na vespera. Mas o dia presenve r.Ltraia-lhe semp.re a r u t e n ~ a o , como uma paguna ainda desconhecidia que lhe agradava virar sem pres as, seguindo nda, com olhar cunioso, novas hist6rias Era tanto mruis agradavel, hoje, mes !pasSado tiV'era que folhear paginas ext!le! qu:a:nrto durante todo mamerute mon6tonas, c o m e ~ a r a ate a habiouar-se a essa monotonia. Havi.a. ja esrado antes na Comissao dos Assuntos dos Menores e nao OOC0111tll1ara desta Vlez I!IDda die eSIS encialmente novo. Paulina Nikolaevna, Sllla conhecida muito temp Jo uma mulher pequena de nariz ponoiagudo, que parecia muito inteligenre e muito boa, cinha-o interrogado, com uma de1icadetza raf1ilra, aoerca dos pais, dos seUJS
nas Torres
39
estudos e, em gem!, sobre que o 1e'Vla:ra iUIIIla vida daqudas Enquanto imerrogava nao l3Jni9llva os olhos, como no ano passado, para uma grande folha com estes dizeres a c a b ~ a : «Quesltionario seguin> ; mas punha-llie punha-lli e as mesmas questoes do ana passado. Igor ! ' e s p o o d i a ~ l h e com igual de1icadeza. Venidiicava que Paulina NikoJaevna servia honestamente os seus semelhantes, que recebia por fazer isso um V'enoimeruto modesto, que rOeria prazer, ainda que de oempos tempo.s, em conv rsar com rum rapaz bern educaclo. Igor Tcherniavine gostava de dar prazer as pessoas, e por isso assumia, para falar com Paulina Nikolruevn:a, o tom de um cavalheiro, tanto mais que de um modo geral, isso nao lhe era diHcil. Paulina Nikolaevna, batendo na mesa com ourtra ponta do lapis, per guntava seu paJi esra no oosino superior? -Esta.
Em Le Leni nine negr grad ado? o? -Sim.
que nao quer voltar pa:ra casa dele? Niio me a ra Niio rada da £eitio de1e grosseiro, duro, engana a minha mae, nao posso V e r com ele! D i s e u ~ t i u mruitas vezes com ele? Nao,, nao de Nao dese sejo jo fal falar ar com com ele. er pena da sua mae, Igor. Tenho Ten ho muita muita pen pena, a, ma mass ela ela na quer deixar. Voce, Igor, com sua e d u c a ~ a o , quanto tempo vai consagrar a todas estas .. aventuras? - P a u l i n a Nikolaevna! Nao pode ser de outra maneira. Ja me levaram duas vezes f o r ~ a ao moo pai. De qualquer forma, nao viverei em casa dele. E se nos nos niio niio o devolver devolvermos mos ao ao seu seu pai qll!e sera muito born. as suas rapaziadas? E o q u Slim. Porqu Po rquee e que que esp esper er Porquee fa Porqu falou lou co corn rnig igo. o. Paulina Nikolaevna diirigiu-lhe um olhar de gratidao. Acha Ac ha qu quee isto isto o vai vai ajudar .. as minhas conversaJS? qUJe as su:as conversas serao urn born aux11io QUJe hei-de fazer consigo, Igor? Julga que e o ooko com quem tenho que £alar? E os outros?
40
Anton
Makarenko
Paulina Nikolaevna pontou com lapis pequeno porta art:ras da qual outros gaJtOtOS aguardavam vez no eSJtreiw corredor. No palido e miudo rosto afilado de PauLina Nikobevna, na sua eSitreita golinha de renda e ate no agil e vivo pequeno lapis de que se Sle,rvia, em tudo se seDJria urna silocera pena de nao poder pegar Leva-lo prura em Igor pela mao caminho arduo da v ~ d a . Igor compree ndia: precisava igualmente de se se ocupar de outros in®v.lduos que tinham entrado pelo mau caminho. Bsro. Slimpart:ia exprimia-se sem duvida com bastantle vtivacidade aa cara de Igor, porque Paulina Nikolaevna baixoru doJorosamem:e os olhos e seu lapis bateu na mesa nao sem algum nervosismo. Urn homem de blusa branca aplroximOUJ-se deles. A sua cabeleira em desordlem come<;:ava muito em baixo, qua:se nas sobrancelha5. Os globos dos olhos eram muito volumosos, qua:se i n t e i ~ t a m e n t e exor b ~ t a d o s cobertos de veiazinhas vermelhaiS. Parecia que aquele homem de b l u ~ a branca 1impa arrastava com custo urn pesado fardo. Paulina Paul ina Nikolaevna diss numa voz cansada - V o c e , Tcherniavine, va.i ao gabinete do doutor 0 camarada quer inteirar-se das suas aptid6es para traba:lho. Igor Tchemiavine Jinha ido aruteriormerute submetido a esse interrogat6rios, com dife11en<;:a de que era outro homem que entao envergava blusa brooca. Docilmerute, ergueu-se da cadeira per correu art:ras do homem tro<;:o eguillte do caminho da vida (sem ra lange. Nurna diSIOingru,r se era a nova ou ainda a antiga). Na salinha com m6veis pintados de brooco, Igor tomou l u ~ a r numa mesa o homem da blusa disse dis se outro: Jabiriruto de Parteus. Desagradaveis agulhi nhas fria:s perCOtrreram ,a: espinha de Igor, que se manteVle quileto mesa b11anca e se pas a pensar pens ar que era preciso efectJivam ente dar inkio urna v1da mais tranquila. Mas quando, em cima da mesa, Vliu coJocado diante dos seus olhos um grande cartao com urna especie de casas de co11es. reanimou-se.
Neste capitulo, «Hist6rias de Bodes», Makarenko mete ridfculo o «tra balhon pseudocientifico de urn gabinete de i n v e s t i g a ~ i i e s pedol6gicas. 0 fundo reaccioml.rio da pedologia foi denunciado pelo Comite Central do Partido Comu nista (bolchevique) da Uniao Sovietica na sua decisao de de Julho de 1936 sobre «os desvios pedol6gicos no sistema: des Comissariados do Povo para a I n s t r u ~ a o Publica».
As Bandeiras nas Torres
41
A personagem com olhos de ra apoioru as maos em cima da mesa e disse nurna voz seca urn pouco tremula:: esta no centro deSIOe ~ r i n r o , percebe? 'tern que sair de la. Aqllli esra urn lapis, mostre como que v a ~ saJir. Igor p a s ~ e o i l 1 1 mais uma vez o olhar por a q u e l a ~ S pessoas, mas nao proteSJtou. Pegou no lapis e inclinou-se para o labirmto. Fez correr o lapis para .a sa.lda, mas depressa se encoll1Jtrou nurn beco sem sa.lda parou. Do outro lado de uma gr.a:nde anela, qualquer cotic5a se pos a bater com forc;:a.. Ergueu os o:lhos viu urna jovem na varanda, que batia com uma chiba,ta urn tapete estendido nurna corda. Igor pensou de novo que era mesmo preciso .. s.abe Deus que. Naquele momeruto o homem com olhos de ra tirou-lhe ca.11tao de baixo das maos e p&-lhe outro em seu lugar. Era igualmoote urn labi!l.1iruto. Num caruto, a timagem de urn bode a saborear qualquer fruto proibido, e no oUtJro urna r:apariga com urna v a ~ t a na mao. A joVJem tinha algo de comurn com a que batia o ro.pete na varand'a varand'a.. 0 rapaz sorniu, olhou para a varmda, depois reflectiu antes que jovem chegasse o animal ja se teria ao bode dewrreria urn born bocado de tempo,
e s p l
Esta Es ta muito muito ma mall feit feito! o! 0 que es mal feito? - P a i s .. Para que caminhos como este? 0 bode .rem o campo livre! Se olha para todos OS lados, nao fara nada. Igor concentrou-se no cartao. 0 bode tinha o aspecto de urn expulsar. t ~ n d i d o arumal. Igotr nao ltinha vontacJie de ? sua vontade! qUJe paste homem de olhos de ra. -Como! grutoru Penso Pens o que nao fara fara grande grande mal mal.. Sao uma especie de arbu.stos. I m a ~ i n e que sao fra.mboesas. Eu na nao o p so so.. 0 senhor eSJta i n c o m o d a r ~ s e para nada. Porque Por que e que fal falaa assi assim? m? 0 homem de blusa blusa puxou Vliolentam l1!tle pelo cartao. Tent Te ntaa-se se co flau fl auta ta?? pergun per guntou tou o outr 0 seu superior respondeu secamente: -Nao.
Foi ao lavat6rio e depoiL<> enxugou demorad:amen1Je os dedos um po11ta e, chegado ao corredor, con ap6s OUJtro. Em seguid:a, foi ate VIidou Igor a seguic-lo -Vamos.
Anton Makarenko
42
pequena mesa de Paulina Nikolaevna deixou-se cair com a:r rnnsado numa cadeira. Enta En tao? o? pergun per guntou tou Paulin Paulinaa Nikol Nikolwe wevn vna. a. Frac Fr aco. o. Muito fr frac aco. o. De resultados nu:los. DiSJtraido, sem ciaJtiva, fal:ta de i m a g i n a ~ i o . - Q u e e que esta a dizer? dizer? Nele a iniciativa vern de ser reduzida metade, e diz o senhor: Slem iniciativa! Leia. Estendeu-lhe uma capa baJSJtante groSISa. 0 homem de blusa levou-a aos olhos e pos.-se a girar rapiclamente a cabec;:a da diti'eita para a
esquerda perconendo as 1inhas. Isto nao quer dizer nada nada,, Paulina Niko Nikola laev evn:a n:a.. N6s nao sabem sabemos os se e iniciativa ou i m ~ t a c ; : a o . Tai COiiS!aS- sacudiu «dossier» nas maoss mao nao provam nada nada,, de um modo modo geral geral E d i g o l h e que eSJt:a enganado Pec;:o-lhe que o examine mais uma V'eZ. Vera que esta enganado. 0 homem com olhos de ra ergueu-se da sua cadeira, vexado, e dil!igiu·se para porta do seu gabinete. -Bern! n t o p or or qu qu e que f ~ c a se sent ntado ado?? perguntou perg untou Paulin Paulinaa Niko lruevna a Igor. Igor olhava b1usa bmnca a afastar-se e quando a porta se Eechou art:ras dela perguntou num tom ronf.idencial ronf.i dencial - P a r a que e que isto serve, PauLina Nikolaevna? Nikola evna? Ela ergueu ergu eu os olhos p ara ele Se se faz, e porque e preciso Na compreendo porque. Faz-se Faz -se o exame das sua suass capacida capacidades. des. E que eles tern com as minhas capacidades? Va,, Igor Va Igor,, nao di disc scut uta. a. Igor enrt:rou: na sala e encoSitou•s e, sem rufdo, parede. Enquanto os homens de blusa ma:nejavam mpas, ficheiros .e mapas, a amargura acumula:va-se-lhe niUllla camada espessa na sua aJlrna. Alguem la subli nhava com mao energica a so1idao, a sequencia indigente desseiS Ultimos dias, slimpaoico Vania barudbna:do na himha de caminho -de-ferro, o tempo radioso da sua infancia rechac;:ado para a temidade, mae e os velhos agtaV'OS : o pai, cruprichoso, Lnfiel, extravagante, outras pessoas, duras e frias. Na mesa estava uma comprida caixa co:m compartimemos. 0 chefe disse-lhe: -Sente-se.
As Bandeiras nas Torres
43
Igor Tchemiavine recordou-se de tudo aqUJilo, enquanto caminhava ao lado do mi1iciano pelos espar;;osos passeios que a manha iluminava. Sim, roes que acabava de passar tinha Slido um mes depbraV'eil, uma epoca aborvecid:a e esmpida. PaUllina Nikolaevna exortava-o a comec;:ar uma vida nova, OS tipos de blusa punham-lhe £rente toda espeai de ca:rtoes Tinha-se tornado parvicularmenoe aborrecido depois de ele se :ter re signado sua sorte e ter aprendido a sair de todos os labirintos e a enfi
Os ped6logos tinham elaborado urn sistema de provas («tests» em ingles) de canicter pseudocientifico, para avaliar as capacidades intelectuais das c r i a n ~ a s . 0 Comire Central, na sua decisao, acentuou que «os desvios desvios dos ped6logos praticados sem qualquer l i g a ~ a o com os educadores e para alem das o c u J Y . l . ~ o e ~ escolares, se reduziam no fundo a experiencias de caracter pseudocientifico que se juntava urn numero incalcu!a.vel de pesquisas efectuadas entre as alunos os pais sob a forma de questionarios, de testes e ourros processes de investi prejudiciais condenados de ha longa d ta pelo Partido». g a ~ a o , absurdos os ped6logos admitiam a existencia de r e l a ~ o e s determinadas C o r r e l a ~ a o : de urna vez para sempre entre as diversa:s fun!;oes p s i q u i c a s - ao que chamavam correla!;ao.
44
Anton Makarenko
a!S tentativas infrutHeras do incliividuo em prova, o qual, com um:a voz ariaSJtada; desencantada, observava: asStirn, oooca se ganha;. miStter, .nao rtem que ganha;r. Em casos destes s6 n6s que ganhamos. Era s6 m a ~ a ; d o r que, relativamenrte aos dos senhores do gabinete, os serus pr6prios ganhos fossern tl'idiculamente rnagros : uma sanduiche timlo graoioso hora do p e q u e n o - a l m o ~ o . Comparada com tal salario, urna o p e r a ~ a o no correio era 31pesar de mdo rnais vantajosa, ernbora corn equiparnooto muito mais ;s.imples do que o gabinete. Igor, naque1e ill:.'ltante, recordava, iooimamente confuso, a vergo nhosa leviandade das s u a ~ S maneiras de agir no gabinete, que o tJi nha mnduzido o e n g u i ~ o insensato corn o dinheiro da av6. Mas... as paginas daquele passado eSttavarn viradas. 0 dia pres presente ente caminhav:a rapidamente ao se'U 1encontro: pa!Ssadas as ruas bern conhe oidas do centro, sucederam-se-lhes sitios novos: cruis sujos, a p r a ~ a do mercado invacliida por c a r r o ~ a s , depois a larga avenida da Khoro chilQIVka, sob urna grandiosa ab6bada celeste. Bntr.e as casinha que rnarginam, jardins f l o r ~ d o s ; elect.I'ico corria ao longo das i v ~ n d a s , rurarefado, nipjdo alegre. Ao f im da KhorochilQIVka, c a l ~ a d a wnri nuava erlltre verduras novrus o eleotrico rolou em cima das travessas, como se nao fosse urn elect11ico mas urn comboio. Firtas verdes, elec tricos, c a l ~ a d a , tudo se di.r1igia pam urn carvalhal carvalhal.. 0 miliciano e Igor chegaram es;se ca;rvalli31l. De v:ies, havia uma abertura tambern pavL mentada, e d i s t i n g u ~ a - o s e , anravessada, urna insignia que tinha ern letras de ouro: «Col «Col6nia 6nia do Primeiro die Maio».
10 PRIMEIRAS IMPRESSoES 0 miliciano e Igor chegaram chegaram rapid!amente ao firn da clareira. 0 miliciano estava conrente pa terminar a sua missao. Igor tambern estava contente: a «v:ida nova» abr.ia-se dvante dele. Atraves do atalho, viam-se t : e l h a d o ~ 1e o carninho desembooou logo nurn campo, urn verdadeiro campo de centeio ruromat zado, com flo!le
46
Anton Makarenko
Mas quando se aproximaram, Igor viu que nao era de modo nenhurn uma fortaleza, e sim, muito simplesmente, urn ediflcio espac;:oso, de dois pisos, cinzento, de bela c o n s u m ~ a o , com paredes ligeiramente cinvilantes, flanqueado de rt:orres em cujos pfncaros drapejavam ban deiras. milioiano Igor, seguindo o caminho, contornaram o ediflcio, do qual todaVtia continuavam separados po urna larga fila de c a n ~ teiros. Igor h3. muito que nao via tal abundancia de flores. Entre os canteiros estendiam-se brilhantes carreiros de ru-eia dourada, e pelo mais proximo deles passavam duaJS raparigaJS, s.im, senhor, verdadeiras raparigas, lindas, elegantes. Uma, de narizinho arrebitado, com olhos alegres e vivos, lanc;:ou uma olhadela a Igor disse sua companheira, uma morena de olhos pretos - U r n novo! Olha como e:le eslta, de casaco! 0 rubor subiu as faces de Igor, que virou cara. De casaco, pOLis claro, entao No passeio, dia:nte da porta as pessoa:s vagueiam: grandes, miudos, some. raparigas. Nalguns adolescentes o labio superiou: c o m ~ a brear-se .. Vestem todos de maneitra d i ~ e r e n t e , mas claro que fato de trabalho; nurn ou noutro, mancha:s de gordura nas roupas. Os miudos eSitao de calc;:6es curtos e desca:lc;:os. As rapanigas, como sempre, s empre, mais cuidadas. - G e n r e s e r i a - disse Igor, como de si para si. DirigliUJ urn sorriso ao miliciano, mas este nao o notou. De pe, i!lO enquadramento da porta toda aberta, urn garoto de treze anos, com uma grande testa, destaca-se do me o daquela multidao rt:ranquila e al1Jimada pela sua aparencia estranhamenve oficial : sapatos, calc;:a:s de montar, polainas, blusa azul-escur.a metida para dentro das calc;:as, cimura a:pertada nu estreito cinto preto com fivela. Urn numero dourado enf.eita-lhe urna das mangas, a sua larga gola de urna brancura imaculada, embo ra .ligeiramente amarrotada. Esta armado de ruma ve11dadeira espingarda com baJioneta, que segura com as duas maos i!la ponta do cano. Igor esquecia-se a olha-lo, mas outras impress6es vkram distraf-lo. Dois garotos surgiram de repenlte da porta puseram-se a galopar pelo caminho. caminho. 0 que corria atra gritou: a:ska! Para! Tenho as chaves ! aska! Igor consegu:iu apanhar algumaJS pa:lavras, mas referiam-se a acon recimEi!ltos obscuros, embora sem oovida dramatJicos.
As Bandeiras nas Torres
Enrao Alexei chamou-o
47
d i s s e ~ l h e :
encon:rra-as!
«-Oh!
se na Encontra-as, ddsse de as encootrtares, (lens que te explicar em reooiao geral ! «-Ola! Igor teve ouvro motivo de surpresa. Sentira, enquanto ia a caminho, urna desagradavel s e n s ~ a o de expectativa:: todos se iam atiralf a de esmaga-lo com perguntas, oJ.hares, grncejos. Embora ruinda estiVJesse presente pres ente o miliciano- oircunstancia excepaionaJ.. Ora, naquele mo menrt:o, era ate ofen sivo : tanta tanta:: geme, 1todos faziam como se aqueie Igor que chegava sob escolta nunca ivesse pisado a superflo1e da snm a:pauic;:ao terra. Mas, ao mesmo tempo, nao havia duvidas : entre OS Cant'eiros fora notada, todos litnham a:poSitO margem da sua sinalizac;:ao urna especie de oootac;:ao, aEas ir6fllica, ao que parecia. Igor pensou: «tipos imundos! », mas logo teve de conceder mais pa&soa:r a:tenc;:ao. No Clarreuro um rapazinho de olhos negros, de calc;:6es curtos, a assohiar e a olhar de urn lado para o outro, sendo ev:idente que hav;ia fixaJdo urn pornto de direcc;:ao determinada, onde nin ninha ha que fazer de lange ainda lanc;:ou a Igor urn breve olhar, Jogo de novo d i ~ t r a f . d o , U l e na impediu de dizer ao passar por ele: que esta a gravata do sor? Ig ni voltOU-'Se. compreendeu logo qu se dirigiam a ele adiV1i111hou imediatamenlte que do ponito de v.il
48
Anton Makarenko
corneta, olhou com olhos de riso os ga.roros ql]el se encontravia:m ao pe dele e saltando de trepeooe_ do degOO:u, partiu a_ caner Ao GaiiJJto do ediffo o parou para repettr o seu smal. Igor nao aguentou mai e perguntou ao primeir prime ir qu{! apa!leceu : - Q u e e que eLe tocou? - Q u e m ? Begunok? Tocou ao trabalho pressa uns isoladbs Ao ~ i m de meio minuto ja se viam sair que se lanc;:avam a correr atras dos outll:IOO todos. Bicou apenas o garoto da espingarda, e o miliciano dirigiu-se-lhe: e? Para este .. joVTem sentinela considerou seriameOJte ra quesrt:ao, mas, e claro, sem nada encontrar que convi esse circuoodinoia, e disse: Um momento Begunok com a sua cometa, volrava para pottta sem pressas. Volodk Vol odka, a, chama chama o comandan comandante te de dia Volodka Begunok adivinh.ou imediatamente porque e que havia necesg,idade do comandante de dJia. Girando a cabec;:a piscou o olho para Igor e, passando a porta, di5'Se com uma voz cantantJe: Entendi-i Ente ndi-ido, do, va-aiva-ai-se se ch.a ch.ama ma-a -ar! r! garorto da espingatda conitinuava a ser unico ~ V O E!l!trou. que se apresentava a Igor Tcherniavine Igoc p i e r g u n t ~ u , a_ s o ~ r 1 r : E se u pa pass ss .. asStJm, ern perguntar? Th entao atltl"as. 0 outro baixou os olhos para o cano da arma e respondeu numa voz grave: Nao, Na o, nao nao a maJS apanhas uma coronhada na tola. Dito isto corou desviou os ollios com au: descontente. Igor desart:ou a rir: assesrt:ando na sentinela um olhar espanrva.do. -Essa boa! A sentinela observou-o de baiixo lt:teve um .tteipenJtlino so:rriso,
A. Makarenko trata ern pormenor nos seus a,rtigos e conferencias te6ricas das razoes que o levavam a adopta,r o sistema dos toques de c o r ~ e t a Escreveu .. E prefer! vel que a actividade da comumdad e dur ante ele a este respeito: o dia seja dirigida, nao por urn sino, mas por sinais de corneta, e que a ex_e cucao dos actos realizados ecn certos momentos do dia encontre a sua expressao tfpi_ca de s i ~ b 6 l i c a em meios exterimes». Esta forma de resolver a questa_o Makarenko. Ele estava convencido de que «a forma de expressao» devta ser objecto de urn cuidado especial por parte do educador e apreciava como urn sinal de cultura a descoberta de urna forma adequada.
As Bandeiras na
Torres
49
mas, sentindo qualquer coisa aproxima:r se pielia direita, na fresca penumbra do corredor, endireit:olli-se, com a arma firme, imstantanea mente. Apareceu 1110 degrau um adolesGente de cerca de dezasse.is Mos. Tdl!lha roupa jgua.l do homem d ~ U ' a . t l d alem disso uma b r a ~ a d e i r a vermelha na manga esquerd Cl;. Igor compreendeu que era comandante de dia, e sentJinela, efectivamente, di sse, signando Igor: rtlrazer .. Vole Vo lenk nko! o! Ac Acab abam am de Volenko cinha um rosto pa.Iido, muito intelectual. A expres sao da boca era de uma. sev
As Bandeil·as na
11
CONVERSA ENTRE PESSOAS CULTAS Chegado ao v ~ t i b u l o , Igor Tchetlllllilavine teve um movimenro de recuo. Pensou num relampago qUJe t1inha aconvecido um mal-enten dlido: fora f ora cair al por engano. Os seus olhos dirigiram-se, desnor teados, para Volenko, e depois de novo para a £rente. E n c o n ~ r r u r a m degDarus de uma lrurga .escadaria, cobertos de uma passade1ra de 05 veludo cor de framboesa. Ao fim, urn. plLtamar espac;:oso, uma _porta de madeira de carv carvalho, alho, em cujo batent se 1ia em om sobre v1dro :
sentinela, que, enquanto Igor se p&s executar sua ordem, nao detixou de o observar, com o rosrto fraJnZiildo pela atenc;:ao. Volenko de oima, que esperava pacienrtemenre, de pe no terceiro
TEATRO \
Perto da poDta do rteatro, urn enorme espelho quadrado que reflectia looce seguinte da escadaria, ootro pat:ama:r, outro espelho e, sobre rodo, uma sumptuosa fila sem fim de flores esplendorosa&, d1spostas ao longo do dec1i ve em longas cruixas. _ Limpa os p e s - dis disse se Vo1enko, mootl!ando no paV11roento um grande pruno de cor escur escura. a. Igor olhou para a& pes. Na
viu qualquer vest1g10 de lama.
Esta Es tao o l A senoinela arma:da aproximou-se. Na estao limpos, estao completamenrte sujos. Limpa-os, quando re diZJem para limpar. Igor mastigou: esta? Que hist6!11a: No entanto, esfregou as s o l ~ em cima do p a ~ o s6 entao com preendoo que este parecia escuro pmque
51
Torres
~ E F ~ l ~ O R I O Esta porta abriu-se e saiu uma mpa mpariguinha riguinha de catorre 3J110S, de blusa branca, que pergu ntou p e q u e n o - a l m o ~ o ? Vo en o, as entao tu ainda nao t o m ~ e Nao. Gua Guard rd-a -a-r -roo oo,, Len Lena. a. E tambem... para o novo. desapareceu para la da porta. porta. C l a r o - respondeu ela; e desapareceu De urn lado do corredor, duas grandes j a ~ I T e l a s , e do outro abr.iam-se viflias pontas, entre as qua,is estaVJaJm a;fixados em grandes quadros, jornwis de parede ou outras coisas. Ao fim do corredor, uma porta, tambem de ca.rvalho, com esn:a inscJJic;:ao ALA DE DESCANSO
Mas nao ,entraram por
es
porta. Na Ultima,
CONSELHO DOS CHEFES DE
EQUIPA
e\Squerda, hav.ia:
52
Anton Makarenko
Volenko ab!liu-a, e com o olh
As Bandeiras nas Torres
53
Viti dis'se-lhe, olhoodo-o de frenve, enquanto s6 as pestana:s acen tuavam o sorriso: , a esra, meu amigo: as rregularidades que cometeste nao imeressam a ninguem Percebes, nao interessam. Mas ha outra quesrao: vruis fugir ou ficar? Begunok ergueu umioou-lhe lentamente c a b e ~ a , e um 'SOTri so rooto. Igor olhou sua volta. Na tinh V'Ontade de se evadir, mas nao iria render-se tao depressa Respondeu : alegre greme mente nte.. Ora bern bern,, vam vamos os ~ e r com j u s r o - disse Vit!ia ale Alexei Stepanovitch Igor s6 enrtao v ~ u que, num cervo pooto, a banqueta estava cortada por uma estreita po11ta, sobre a qual hav:i a tambem urna inscric;ao: DIRECTOR DA COLONIA
Vitia abriu esta porta e Igor encomrou se inopinadamente no gabi nete Vitia e Volenko entraram a s eguir, e atras deles intrometeu-se Begunok, que lanc;ou come1ta para cima do soJa ; o que e certo que deslizou rapidameme, porque Igor viu-o ja encostado secreraria. Com os cotovelos em cima e a bec;a afundada nas palmas das maos, olhava pa,ra o direa:or. Este, sentado sua mesa de trabalho, folheava urn livro. Naquele homem mu:la havia de especial: bigodes em escova, luneta:s, cabelos curtos. Ergueu para Igor uns oJ.hos vulgares : cinzentos e urn pouco frios Alexe1i Stepan01vitch, urn n o v o - dlisse Vitia apontando para Igor com a mao. Igor inclinou-se delicadamente e Volodia Begunok nao pode repri mir urn sorriso, que dai em dianne nao m is o abandonou. Ma como todos tiveram ocasiao de ver, Alexei Stepanov itch notara o sorriso de e, no 'Sabia o c h a m ~ ?
Aqui, como em outms passagens do romance (a conversa entre os repre sentantes do Comissariado da I n s t r u ~ a o Publica e Volodia Begunok, a cena com Ryjikov no cap. 9 da 2.a Paf:te), Makarenko utiliza urn pDindpio a que se man tern constantemente fie!: nao se interessar pelo passado dos seus seus pup ilos e nunca alud ir a ele. ele. 0 interesse de cada pupi lo achava-se achava-se assim mncentrad o no futuro o que ajudava as c r i a n ~ a s cri8!1'em perspectivas novas.
Anton Makarenko
54 - I g o r Tcherniavtine.
Estiv Es tives este te na na esco escola la SUm, SJete anos. ta pouco? Alexei Stepanovitch recostolUI-se na aadeira com ar descontente.
Encarava Igor com urn olb'
55
As Bandeiras nas Torres
Diss-e is-so no sOOJtido .. Na tem sentido nenhurn. Ou tem pouoo de mais para me agrada:r. Na carregado de sentido, peroebes? ALexei Stepanovitch olhava para Igor no branco dos olhos, e Igor via que o director nada ltlinha de fliio nem de mar,:ado mar,:ador: r: urn rosto vivo exigente. Respondoo : im,, com im compr pree eend ndo, o, camarada director. Ah,, ah! Ah ah! Ja e me mell llio ior. r. :E muito mais ~ n r t e l i g e n t e , o que estas a diZJer E agora uma pergUJDJta ru es born camarada? Os olhos de Alexei Srtepanovitch tinham-SJe rtornado ir6nicos, como se o que perguntava tivesse uma armadilha ceu descoberto. Por 1sso Ig repetiu Se sou urn born camaraaa? Sim, Si m, ur urn n born born cam camara arada da ou... ~ s s o mesmo! De facto era para Igor uma pergunta facil. Respondw com sego. r.anr,:a e ardor posso dizer que sim: nao sou urn mau camarada. Alexei Stepanovitch sorriu de repenrte, e naquele sorriso, simples amigavd, havia quaJqUJell" coisa de provoca:nte, provoca:nte, de inf ant il; s6 os labios das c r i a n ~ a s se abrem a s ~ S ~ i m com a.nrt13. ingenuidade, sem que subsista na sua alma qualquer fenda OIUI recanto obscuro. ~ e r tu esrras -Bravo! isso. Ora bern .. esta bem. V i:s trav:ar mais estreito oonhecime!llto connosco. Vicia, temos lugar? Ha um na oi
lflla
oitava. Vai descansar, e
Por qualqrUJer razao, Igor nlio ninha vontade de dizer <
As Bandeiras nas Torres
12 UMA FALTA TOTAL DE CONFIAN<;A
Toda a gente saiu do gabinete, com e x c ~ a o de VoJodia Begunok. Volodia retirou os cCl'to¥elos da mesa. - A l e x e i Stepanovitch! -Entao? :E preaiso a vtiva forc;a trinta copecks para unrura. Trinta cop copec ecks? ks? Pois Pois sim, sim, eu digo ao ec6nomo. Volodia ficoru: em posic;ao de envido, pescoc;o esticado, e urna expressao ofendida persuasiva, a p ~ i x o n a d a , apareceu-lhe nos olhos. nao compra .. - M a s ele nao compra! Palavra de honra que vai dizer .. Ente En tend ndid ido. o. Ol Olha ha aqui estao tninta copecks para a untura e vinre p a r ~
e l < ~ c t r i c o .
Poss Po sso o ir la ag agor ora? a? .. Tens tempo me as quatro horns. Numa voz forte e racLiante de alegnia, Begunok disse, levando a mao as temporas com a rapidez de urn reH1mpago: Entend Ent endido ido,, Ale Alexe xeii Ste Stepan pano¥i o¥itch tch S < ~ J i u nurn saLto, e depois, enrreabrindo a porta e passando a o a b ~ a para deilltro da sala, disse -Obrigado!
Lanc;ado pelo corredor, Volodia ultrapassou a seilltinela como urn bolide, mas teve que dar meia volta para a mesma vdocidade para pergu:nta:r: que fo1i o que esta de di:a? VoLenko? - P a r a onde A sentinela, encootada a sua esping3Jrda, franziu as sobrancelhas: Vole Vo lenk nko? o? Fo ~ n a esve lado, com aque1e maluco .. po ali. Mostrou a diirecc;ao.
57
Volodia correu para la. Seguilfldo pasSJeio lajeado, virou a esquina e desembocou a galope nurn vasto patio ocupado por edifkios de serv i c ; ~ . Justame'!JJte no meio do patio, distinguiu V o ~ e n k o e Tcherniavine, que se dirigiam para o armazem. Volodia, sem folego, alcanc;ou-os parou, titubeando, diante Volenko: Camara Cam arada da com comand andant antee de dia! 0 cam camara arada da Zakhawv autorizou-me ir a cidade ate as quatro horas Vruenko admirou-se: essa roupa? minha roupa ass.im nao. Estou s6 a dizer-lhe. Vou vesti:r de safda Volenko !letomou o seu caminho: vestir e depois vern ca mostrar-te. Imediatamente as pr6prias maos de Beg:unok abandonaram a posi c;ao de sentido. Vole Vo lenk nko, o, olh olhem em que e s t ~ ! Eu ja nao sou urn novo. Os ouvros qUJe estao de dia deixam-nos sempre ir .. confiam. Vou-me vestir como deve ser. verei. Volodia, urn pouco desno!lteado, sacudiu os ombras, disse nurna voz melanc6lica e de rna vonr vonrade: ade: «enten «entend1do», d1do», e desapareceu. Ao fim de urn quarto de hora, quando Volenko conduzia Igor ao banho, Volodia apresentou-se diaillte dele: c o m a n d a n ~ e de dia! Posso ir? Volenko, ja com o pe asseillte nurn degrau, virou-se, inspeccionou atenramente Volodia, tocou-lhe no ointo, lanc;ou urn oU13Jf para os s a p a ~ tos, vectif.icou gola branca. Por cima daquela brancura, a carantonha vermelha de Begunok resplendia de 'Uma inddinfvel beleza. Os seus grandes olhos aastanhos seguiam os odhares do homem de dia e muda vam oonstantemeillte de exp11essao, passando de urn temor confuso a uma triunfante altivez. VoJenko, sem levar a mao ao barrete bordado observoo oo com indignac indignac;ao ;ao do garoto, observ Nao com compr pree eend ndo o que que mod mod esta! Porque que usas sempre o barrete por cima da orelha? A mao de Volodia endireitou prontamente o barrete os seus olhos perde'ram algurna da su:a altiV'ez. tern urn espelho? Temos que nos ver ao espelho quando safmos. Tens dinheiro para o mectrico? S.im, tenho.
Anton Makarenko
58
-Mostra.
Claro que tenh Claro tenho, o, Vole Volenk nko, o, que fa:lta de confian<;a que tu tlens! Most Mo stra ra,, para para eu ve ver. r. A pequena palma da mao de Volodia abdu-se ao nfvel do cinto e para ela se inclinaram duas cabe<;as com barreves bordados a ouro Trinta Trin ta mpec mpecks ks par paraa a unt untur ura, a, aqll'i e51tao, vllinrt:e para o electrico. imp1 im p1 sm smen ente te c u ~ c L r u d o , eu acabo po saber: compra urn urn bilhete, hem! Nada de ser borlista Sim Sim,, que eu sei: voc voces es vao sempre aJOras das economias! Eu,, Volen Eu Volenko ko,, quando e que iss iss me aconteceu, fazer economias? Tu tens sempre .. uma falta de c o n f i a n ~ a ! Eu conhe<;o os. . . Podes desandar! nt di o! ESite Kenten:dido» nao tinha, dest:a vez, nada de ofendido.
13 «EXPLORA<;.AO>>
ciJdrude grande, e a mais bela rua da oidade e a Rua Lenine. Naqlllela rua, nu aterro, d e v a ~ s e um . e s p a ~ o s o ediffcio com colunas, e nesse ediffcio ed iffcio funciona um teartro. Ha n:a rua mrwitas belas mootras, mas Vania vagueia, aflito, entre as pessoas e as monura:s As meias desapareceram-lhe, a c a b e ~ a es coberta de uma grenha espessa e suja, o couro dos seus sapatos esta r u ~ o . Vania passou um mau roes. F ~ c o u ao pe da meda, roubado e o f e n ~ dido, mas nao chorara muito tempo, tilnha longamente reflectido sem encontrar nruda. Convinuava ainda com as suas meditar;:6es quando, depois de ter anravessado a passagem de nivel, caminhou pela «sua» rua ; de corar;:ao a n g u s r t l < a ~ d o , lanr;:ou um olhar para esmda onde ontem engra.xava sapatos. Assim comer;:aram os seus dias de provar;:ao. alll.ia nao conseguia descobrir onde era a colonia Primeiro de Maio. Perguntava as pessoas qu pas\Savam na rua, mas a maioria res pondia que nao s:abia; alguns v1ravam as cootas e afaSitavam se em silencio. Vania tinha medo de abordar os miEcianos. Temria i g u ~ a l m e n : t e as crianr;:as aba:ndonadas e procurava esconder-se quando vtia aproximar -se algum desse grupo. Vania habituava-se ma:l as c o m p l i c a ~ o e s multiiJdao da grande oidade Na estar;:ao, donde viera, rudo era mais s im ples e mais compreensfvel. Plergun.tou a uma mulher nova que empurrava um carrinho de crianr;:a: Onde e a col colon onia ia Pr Prim imeir eir de M a ~ i o ? NingJUem sabe. Ja colonia Primeiro de Maio? Maio? Ela paJ paJra rand ndo o o carninho carninho ouvi fa:lar. Mas e longe :E nos arredores, me pequeno.
60
Anton Makarenko
NoS< arredores? Mas onde? Na S
Um edifkio !flJl!l
rw pr1ncipaJ. Niio ve esqueces? Narobraz.
-N arobraz. - Q u a n d o chegares
ua principal perguntas. Qualquer pessoa te
ndica. Bsta la esc Bsta escri rito to Cla.ro que esta. Vand:a alegrou S, distraidamente, porque sabia bern que nao enCOI!ltrava la Narobraz. Recordou-se depois, do outro !ado da entrada, de uma pequena escada que dava para urn patioZJinho asfrutado, com U l i l l letreiro por cima. Encontrou essa 'entrada. Efeotivamente haVIia a1i wn letreiro onde escava escrito : OKRUJNOI OTDEL NARODNOGO OBRAZOVANIA
o que Stignificava Servifos Regionais
da
lnstmfao Publica
Na era ainda aquilo. Porem, naqude lugar, Vania deu com qual quer coisa que nao tinha r e l a ~ a o nenhwna com o Na.robraz .m.as que
As Bandeiras nas Torres
61
era indubitavelmente impor tante : nada menos menos que quatro engraxado engraxado res a trabalhar na pra9azinha asfaltada. Havia pessoas espera de vez. Urn pormenor interessou v:ivamente Vooia Urn quinto banco de engta xador estava vazio, com duas escovatS t o trabalho dos seus colegas. que escava mais perto dele, wn engra9aJdo pequeno de uns quinze anos, crivado de sardas, operava rapidamentJe, alegremente, tiio bern que olhar nao distJinguia movi de laJdo para limpar mento das escovas. Inclinando•se para a frente o taciio de wn sapato, olhava para Vania. Quando o diente retirou o pe do banco e pOS a mao na algibeira para 11etli ar porta moec1aJS, o garoto tamborilou com as costas das escovas ![}Ja cruixa correndo um olhar robre Vania Tinha olho\5 vivos, en6rgicos, seguros de si Vania perturbou-se e achou-S
Ora be bern rn,, entao entao mo mostr stra! a! a sua vez, oidadao! ele, olhem! Fa9am favo fa9a.nl favor! - M a s se calhar ele nao sabe? Eu respondo. Se eu fizer mal, eu rtorno a engraxar. Como tie chamas tu -Vania. Vank Va nka? a? Se Sent ntaa-te te aJJi Nu salto vigoroso, o garoto voou ate ao banco Livre, abriu a ca xa, tirou uma ca,ixinha e outra, ~ b r i n d o e fechando-as. A caixa continha uma verdadeira fortuna : pomadas de todaJS as cores, e ate da branca, dois panos de veludo, frascos de ere. Tjrou para fora uma escovinha, wn caixa de pomada preta, bat!eu com a mao no baJOCo e isse estas a ver a genve que ha Vania sentou-se no banquinho, afiaetou as pe
Anton Makarenko
62
p6 do sapato mas o energico garorto achoo-se no dever de 1imprur gritou-lhe numa voz de descontente: Tu sabes ! Leva:ruta as dobras das c a l ~ a s ! VMllia volrou-Sie, desnorteado, mas compreendeu logo do que se travava. Gu:idadosamente, e devagar, fez o que lhe diziam. Vania conti nuau o seu rrabalho. Embora ocupado com o client:e, o patrao dlas maJ diente bochechas salientes nao deixava deixava de observar observar Vania; partJiu fez esta observac;:ao: tipo nao percebe, diz Porq Po rque ue e que p5 p5es es tant tant pomada? «engraxa-me» e nem se sequer quer precisa de pomada! Mas ru, p5es! Urn novo cLiente se aproximou de V001ia, e1 depois outro. Vania trabalhava de boa vontade, com alegri a:, mas os brac;:os e os ombros nao tarda:ram doer-lhe e ficou corutente ao ver chegar o momenta de poder descansar. Pass Pa ssaa o din dinhei heiro ro!! - diSSie rapaz das bochechas salientes, sem olhar para Va:nia.- Oh, mas que raio, que vontade eu tenho de dor mir. Tens licenc;:a? Vania tinha trinta copecks. Na lhe fazia falta aquele dinheiro, mas como nao lhe passara pcla cabec;:a qu:e inha que o dar, admirou-se urn pouco com aquela e:x:igencia e obnigou-o a epenir : Entreg Ent regarar-te te o din dinhei heiro ro s Endo quem? Pegoo nos trinta copecks aoirou-os negligentemente para a caixa, da qual lfetirou tres. P a g o a urn para dez, esta bern? - A s s i m , urn para dez? - U r n copeck por cada moeda de dez, queres? mirn? - C l a r o , pelo teu t:rabalho. Tenho que te pa:gar ou nao? E tu tens licenya? Qrual Licenc;:a? Na tens? Nesee caso, urn ate muito para d. se perguntam: que direito rem voce de engraxar, le'ntao que e que ru dizes? Digo Di go qu quee nao nao te tenh nh Licooc;:a! Ele vai dizer dizer isto isto ! Esta ver ! E depois levam a caixa e tu vais .. sabes? Iurka, rem olho nele, que eu va morfar .. Iurka, o seu vizinho n-a: fi:Ia., abanou a cabec;:a e respondoo sem entusi:asmo :
E111tendido.
As Bandeiras nas Torres
63
E ccon onta ta.. o que cle cle ganh ganhar ar t:enho tempo, co111ta ru. Na preciso. Se escooderes, e o mesmo, eu enconrro. Eu encontro de qualquer maneira, peraebes? De pe diante de Vania, parecia maior, mr.llis aparatoso. VeSitia umas boas calc;:l!IS a cafrem por aima de srupatos novas. Varui:a sentiu-se pouco vontade diante da sua insistenre a m e a ~ a . Virou a c a b e ~ a . Na escondo nada. ga.roto das bochechas salie111tes foi-se pela 11U1a fora. Iurka, ruxando o olhar em Voo.ia, disse num tom hostil: urn copeck, ele Vlll:i ! Sempre cada pruvo! Valll:.ia nao respondeu nada. Iurh, depois de ter posto OS olhos nele por mais duas vezes, refleaoiu, cuspiu com r e p r o v ~ a o diant:e da sua caixa declarou ao v:izicllo da esquerda urn copeck! Aquele Aqu ele en enco cono noro ro urn limpedido. Chegoo um cliente. Iurka baveu as escovas. aqui, cidada cidadao! o! Tratamas da pe1e de cabrito! Mas a desenvolmra de Iurka nao agradou ao cidrucl:iio, tall1!to mais que os seus sapatos nao eram de pele die cabriro. Confiou o pe a Vooia. - E s s e nao sabe, veio para ca de qualqu:er mruneira! V
Anton Makarenko
Os cinco atinda precisaram die urna meia horn prura liqlllidar a bicha. 0 suor perlava a testa de Vania e o peito dofa-lhe. dofa-lhe. Ne m sequer apa nhou a moeda lan'iada pd Ulti Ultimo mo cliente : ficou n a asfalto. Depoi Spirka disse: as c' roas ! Vooia, sem contar, enoregou-lhe as moedas de prata. oh! Urn rublo rublo sessei1Jta! futa bern! Nada ma:is? -Nao.
revti:ra as algibeiras. a Vania revirou-as. , aq aqui ui esrtao OS teus d!ezass ffis copecks. Estas a Vle'r, nao perdeste o teu dia. lurka, pondo as maos em cima dos joelhos, virou-se para Spirka. Os seus olhos exprimiam ~ n d i g n ~ a o . Indignac;:ao que se lia rt:ambem no rosto dos outros, mas ultimo da fhla,, garoto desajeitado e mac-1lento, foi unico a comentar : Tu es asqueroso, Spirka. Spirka voltou-se com urn ar belicoso: - Q u e ? 0 que e que ru disseste disseste 0 outro nao respondeu ooda, mas Iurka con£irmou com urn sorriso: OUJViste? Ele dis e a v.erdade! tu sabes como e que isso se chama? - C o m o , diz la? Como? explorac;:ao! Sim, e!Xpbrac;:ao! Com que entao pagas-lhe ao ropeck! S6 OS burgueses e que fazem isso, OS exploradores! Spirka pos-se a rodar fut1iosamente no asfalto, ltrespassando Vania com os seus olhares, mas era o Ultimo da fila que ele apostrofava com maior indignac;:ao: E o qUJe lhe he -de dM? Ele tnem sequer sabe engraxar. E o que estraga de pomada? Tu viste viste?? E se tens pena dele GMmider, entao paga-lhe tu Mesmo a dez copecks, se qll!iseres Garmider cOIIlltinuava olhar para outro sfnio com ar aborrecido, sem dizer nada. Imka aguenrt:ou a discussao. G.armi G.a rmider der nao nao e urn urn explorado explorador. r. Ele nao nao tern tern oUJtra caixa! isso! Nao rt:em outra ! tu tambem nao! For isso isso podem as escovas, falar! Nao so eu qu tenho qll!e comprar a rpomacLa? custam ou nao? E o veludo? E pela caixa foste tu que pagaste quatro rublos, sim foste tu? Para ti facil assim! Iutrka cuspiu para longe num jao to direrto como uma flecha.
As Bandeiras nas Torres
65
Para mim mim e facil, facil, nen nenho ho a minha. minha. E ru tambem, tambem, tJrabalha como entenderes. Mas na segnnda Gllixa explorac;:ao. tu a repisares como urna pega: explorac;:ao, explorac;:ao! Que pionei ro este, este, cheio de moral, moral, estas estas a ver! Ningu em o prende, que va rpara onde quiser. Ele nao tern Licenc;:a. Se se deixa apanhar, vai-se a minha caixa e tudo, ate vista ! Iurka lanc;:ou disdl.ncia urn novo jacto de saLiva, ergueu-se, espreguic;:ou-se, bocejoo: Como Com o quis quiser eres es.. 56 que nos nao t31UltOrizamos. Meio por mero. POde ouv r-s e Splrka ganir de urna ponta outra da rua: - C i n c o copecks de cada vez? Cinc Ci nco o cop copec ecks ks Cinc Ci nco o cop copec ecks ks sem Licenc;:a? - B e r n .. como esnJ.s a arriscar a caixa, esta hem tres. Era tres que tu pagavas a Glll!mider, paga-lhe a e1e tres tambem. Spii!ka rendeu-se de urna forma brusca e inesperada; deixando de nir e deu uma palmada no ombro de Iruka. gritar, pos-s t r c ~ S que e'll lhe tOQIU. Que !lens para ferveres ate entor nar, como urna sopa, com lerte? Sim, m'
Anton Makarenko
66
Vania, durante toda esta hist6ria, tunha Eicado im6vd rno seu banco, esCUJtar, perplexo pela profnndidade inesperada do problema Levaillrtado pelos engraxadores. Ve com urna s tis.far;ao sem limLtes ao sapato que se apr(Osentou, a seguir no banoo e aceuroru de corar;ao ilieV'e esta exigencia suplement:a:r de Spbr'ka: - M a s teoo que levar
caixa. Na
sou eu que ta vou levar.
14 VANIA
DEIXA
DE
COMPREENDER
V:an.ia trabalhou tres semanli!S por coDJta de Spirka, fazendo l l l i i i l rublo, e as vezes mais, por dia, que lhe bli!Stava para se alimenta:r. noliite Setntia-S e muito crunsado, a.inda Mas tinh que rr brulhar muito: tJinha que Lewcur caixa para :ir boocar de manha casa de Spirka E s ~ e , feliz felizmoote moote,, nao vivia muit o 1onge 1onge da est:ar;ao das mercadorias e, n o ~ t e . por consequencia, daquela meda onde Vania passava Ness periodo Vania relacionou-se com Iurka lf1uma ami2:alde mais estreita do que com os OUJt:Tos. lurka era urn rapaz com experiencia comptreendia mu tas CO!LSli!S na vida. Orfao de prui de mrue, todavia nao dormia na rua, como os camcuradas poils tinha alugado urn cruntinho em ca:sa de nao sei qru:e «mulherzinha». Aprovou Vlivamerute i n t e t n ~ a o de Vania de ir para Colonia Primeiro de Mailo mas .flJO entanto a ideia desenca..11rou-o imec!Jia.tamoote: E boa col6nia, s6 qu nao te recebem. -Porque? as que no\S recebem assim com trunt:a facilidade? Ha muitos miudos aqui na cidad que queriam erutrar para tla, SIE! ha! Mas tenita.. Eu rambem ja la fui. colonia? FO\Ste Prur:a ai no aJOO pasiSado. Estaw na miseria e nao tinha cruixa. Entao fui la. agora estou-me nJaJS ti111tas para eles. Afinal ainda bern, pr;eoioo obedecer: «erutendido», ((IOOtetnporque la me mo severo. dido», torto e direilto. No entanto venho Ja uns gajos conheaid01s, as olha caso qu1e eu far;:o deles Iurka ·iill!iltrou o seu penswnJenvo com uma magistral cuspidela. Vive Vi vere reii ber bern n sem sem des. Brutao eles nao nos reoebem?
Anton Makarenko
68
tern esse diireito, e prooiso iJr Comissao. quaJ. Comissao? Comissao dos Assuntos dos Delinquentes Menooes, que e como Se chama. ondie e que e? Komones. Ali, mesmo ao vira;r da. esquina. S6 que nao nos deix:am entrar Na colonia? na Komones. Eu fui la, e nao me deixaram. V:runia, no entanto, coooeguillll arranjar urn momento e correu Komones Era efectiv,amente ao virar da esquina. A sua visita acabou rapidamente. Va;nia s6 consegUJira pe'!lletra;r no corredor para se encon trar passado urn minuto na escada, enqUilll!lito petla porta entreaberta o vigiava a cabefa caJva do guru-da. A sua conV'ersa comefara no corredor e urn brevfssimo espac;:o de tempo chegr,ura ;pa111a eLevar a urn aJ.to grau de incandescenci:a. VLrando-se vivamente para a porta Vania gritou, desfeito em lag!'imas: senhor nao tern direito! Sem emilltir quaJquer opWnlao sob!'e o ponto de direlito, o gu:a:rda formulava estJa dfuJectiva: Vai-te Vai -te emb embora ora,, vai-te vai-te embo embora! ra! ir para a colonia Pu:limeiro de Maio! Tu sabes da poda! Na rooebem genre como tu aqui. qu !'ecebem? E m Os de delil lilnq nquen uentes tes., ., perceb percebes? es? Quais Qua is deLi deLinq nque uent ntes es s me melh lhor ores es,, nao OS qu sao como ru. Serrao, qualquer esc6ria nao fazia mais ooda do que querer 00trar para a col6nia, ora ve E se se eu nao nao river river nenhum nenhum sfc sfcio io onde vtiV'etr? que? Nenhum sftio onde V'i:ver? Isso nao conta. A esses e o Span qUJe os recebe. Spon? Qu e o Spon? a;ssim : Spon. E vamos embora, fora! 0 guard a bateu com a poi'ta V:ania pas-s pas-see a meditar: o Spon! Bastante confuso, v o ~ t o u para o trabalho. De longe, logo que o v i m ~ Iurka gritau: - Q u e te tinha dilto eu? Vania pas-se no seu banco e pegou LO:aS escov:as. Urn cliente punha Na
As Bandeiras nas Torres
69
pe no banquinho. Iurka, enqu:anto acaba:va u r n r . ~ . elega;nre bora de ja ofidaJ., comentou ass im os acontooimentos Ele pensa pensava va que lhe diziam diziam logo: sen sentete-se, se, se faz faz favotr, cama ra;da Galtchenko. Vania nao disse nada, mas mal acabou o seu pa die sap3ltos pergUJOtOUJ:
e
pare ir ao Spon. d i s s isoo? oUJtro la, o ca!'eca: ao Spon. Espe Es pera ra,, es espe pera ra Spoo:! Ah, ja sei! no Narobraz, conhefo, o Spon. 56 que hi. .. - E a:OJia compreendeu qu o abanar de c a b e ~ a de Iurka exprimilia a respeilto do Spon uma falta absollllta de m i l ! S i i d e r a ~ a o . que? .. Mais vale ires uma coisa hera. Spi.rka honrava tais conversas com o seu mais frio desprezo. Rece deixava partir os clientes, fumava, assobi va, trocava olhadelas bila para aqui e para acola, como !Se n,UJ!]ca tivesse havildo Span neste mundo. Spon e a q u i - disse lurka, indicando com a c a h ~ a a porta de entrada perto da qual estavam ilinstalados. 56 que la ele eless nao nao nos nos recebem. Diz em : vai ao ceooro de acolhimento. Vigarioe! Vania foi no di!a segu1nte oo Spoo. Emrou pela porta que Iurka havia indioodo, subiru uma estreita e escura escada, indo cair num cor redor igualmenne escutro pa;ra onde davam numerosr.LS portas, que se abriam e fechavam e pelas quais eDJtmvam e saiam pessoos ; attras dos seus baventes de contraplacado, zumbidos de VOZJE\5 o crepitar das maquinas de escrever. No canapes de madeira do corredor esperavam vis:itantes de £ato c ~ a d o , de s a p < ~ ~ t o s Sllljos. Vania percorreu todo o cor redor, Jeu todas as i n s t r u ~ o e s e voltou pelo mesmo caminho. A uma das pessoas que esperavam pergumou: 0 S , a b .. -Enrao? 0 p an an , o q ue ue Bern Be rn,, e o Spo Spon, n, mruito simplesmente. Enttra ali. Apontollli com o dedo uma porta. Vania leu: Quem e que
SoTsiALNO-PRAVOVAIA OKHRANA NEssovERCHNNOLETNIKH
(Protecf?iO Social e ]wridica dos Menores)
Anton Makarenko
70
Releu, nao compreendeu nada, volrou-se : Spon? a n acve.diva, o homenzinho Le as iniaiais. tnia leu, todo feliz gora acaoova de c o m p r e e n d rudo, era saLinha, quatro mesmo o SPON. Ele abr u a ponta e entrou um homem, todos a escrever. Vania depo de os ter mulheres um examinado a todos di.rtigiu-se mulh r grandes olhos pretos. -Bo!p: dia. Conservando pena n1a mao, ela olliou para V atnia que precisas, me filho? Span qu !IJ queres? Spon e aqu:i qUJ para a colonia Primeiro de Maio. mUJ!her inreressou-s po porr Vatnia; Vatnia; poisou a pena, e oo seus olhos sorriram Tive Ti veste ste a idei idei soo:.iailio?
-Bern.,
-Sozinho
e possfvel. Alguem va soprou. iSi ta !a mal Nao, ning Nao, ningue uem. m. Dizem Dizem que nao nao A mulher de olho etos tro ou um olhar com :uma das oUJtras, e ambas sor11iram de labio fech dos. qUJ s.im Es uma c r i a n ~ a ab aJ ndonada? Nao, Na o, ai aind ndaa n E nt nt ao ao po po rq rq ue ue e qu qu e e s r e ? Nos so recebemos desses. Na quero s1etr uma crianya abandona;da. Ve -s qu es um rnpazillho qu i1io esttipido ombro: Va:rui inclinou a c a b e ~ para E p o q ue ue e q u haVIia. de r escipido? Isso Is so va be bem m ve. Olharam-se de noVIO. Bem. Be m... .. est estaa hem hem Na incomodes ... e Eu na nao o inc incom omod od ao p o d l e m o ~ > mandar-t! pw:tl. a colonia Primeiro de Maio. Iss e com a Komooes. Komones? Pois Po is.. Eles Eles manda mandam m para para la la o dfilinquootes Ja la estive n Komones. P6em-1110 fora! Aqu eL e que la es.ra, que nao tlem nem um pffio na rtolia. Na
71
As Bandeiras nas Torres
Eles rem alguem rp a:ra po as pesooa:s pela portia fatra, e como n6s nao temos, tu vais £icando Ja re dis :se : nao incomodes! Urn jovem que ocupava a mesa do catlito levantou-se e dis e num tom enfadado: Mar1 Ma r1aa Viken Vikentie tievna vna,, a culpa culpa sua: para que estas comners s? depo1 is queixa-se de noo haver maneii!a de Entra a disOUitir com de a:ir. E absolutam llJtle impossfvel trr:abalha.r. OS obrigar deixa:rudo sm a proximou-se de V:ania, pegou-lhe branda mente, su avemente, pelo ombros e obrigou-o a fazer meia volrta para porta:
No corredor, Vania leu mail
um
Vlez
i n s c r i ~ a o
SOTSIALNO-PRAVOVAIA OKHRANA NESSOVERCHNNOLETNIKH
Releu segu;i.damenre as inidails Aquil
dava efootiivamerute
SPON
MaJS a coisa ja nao eu-a rao compreensfvel como ba um quarto de
hora. Tres semaoos depoliLS. nov:a oadsrtrofe acontJeceu. Urn jOVJem com uma pasta a p r o x i m o u ~ dos ngraxadores e p e d i u ~ - < l h e s os papeis. 0 resp nsavel peLa catastro£e nao era OUJtro l'lenao Spirka. Devia ter colocadlo Vatnia no meio d £ila doo eus coJieg13JS, porque em caso de necessidad reria podido fu i:r como explicaram dep01is os experienves. f a ~ a ele qu Mas Vania esrtaVIa fllllma ponrta, de infcio o homem da pasta pediu os papeis. d l o de susto 0 homem da Como unica t ! e ~ S ~ p o s t a , Vania ficou pasta encarou-o do Lto em ,ilenoio, depois ordenou : Pegaa nas Peg nas ma mass coi coisa sa V a 1 1 1 ~ a virou-se parn Spi:rka, com rum ar importente, r n a ~ > Spirka c o m ~ portou-se da maneira m'
Anton Makarenko
72
E Spirka encolheu os ombro&, com o verdadeiro aJSpeoto da vlrrude ofendida. esta caixa, trapazes? De quem Houve urn pequeno si lenaio, mas Ga:rmider acabou po dizer: -Nao razao para chatear V a n ~ a A caixa de Spirka m a ~ t e riaJ. Jambem, Vao para o diabo! Qllle que se tern que meter comigo, olhem para pa ra isto! Na te vendi a caixa? caixa? N ao voodi? Entao porque que te calas? Quando que tlUJ rna. V'endeste? Iurka respondeu num tom conci1iador: rnrud!a Estas enCUI!ralado, Spirka, nao dizer. 0 homem da pasta compreendeu compreendeu tudo e sorte de .rodo o sistema tornou-se evidente par:a propr io Spirka. Spirka. 0 homem da pasta s6 pro nunciou depoi& uma palawa -Vamos!
Spirka, largando uma samivada de injurias vertigi.l!l.osas, brandiu o punho e socou Vania na orelha. Grurmider lrunc;oo-se em seu auxilio, mas Spirka COlliSeguliu aStSentar urn V'iJOwento pontape na sua caixa. A pomada, dinheiro, r o ~ a r a m pelo .asfalto, enquanto Spirka, de ma
E Vania «pirou-se». Ao fim de dez mirmtos parou nurna rna per dida, metida deba:ixo de Slalgueiros. Pareceu-lhe que vinham arras dele. Olhou ao longe, para a ponta da rua nao viu ninguem, e nas vizin h a n ~ s6 urn cao branco que atravessou rua a correr. correr. 0 cao olhou para o\5 seus :lados, mas qua.ndo Vania voMou rundar fugiu de rabo entre as pernas. Vania 1evava na a l ~ b e i r : a Vlin.tte e dois copecks: a receita. do dia tinha ficado illltetirinha na caixa. Comeyaram Come yaram novas dirus de solidao e de fome. Os Vlinoe dois copecks ajudaram-no a sustellltrur exiSitenaia durante dois di as. Depois as coisas estraganun-se inteiramente e proprio ceu se declarou contra Vani a. Fez sol de ma.nha, po voJta, das duas horas juntaram-se grandeiS nuvens de flancos a rugir e ta11de de tempeSitade pairou sobre a cidade: V'iolentaJS chuvad as cairam por diversrus V'ezes, t.relampejava a torto e a direito noive comec;ou urna clmvinha fiil11a que durou are de madrugada. Este ciclo reperiu..tse duranoe toda um ta semana. Vania, molhado ate aos ossos na pnimeira lil!OLi oe, na sua cama de pallia, pensou
As Bandeiras nas Torres
73
que nao choveria na noire seguinte e ensopou-se outra vtez. Temendo passar terceira noire oo pallia, vagueou longameme pela oidade, espe rando o fim dos aguaoeiros nas enrradas e debaixo dos po rtais drus casas. Chegou assim a ~ t e esvac;ao. Alii reinava a calma. A sala de espera tinha jwtam ente acabado de ser limpa Os ladriJhos hllmidos e lavados, onde aqui e alem ai:nda ade uz eLectrica e nos compridos bancos dor r.ia serradura, brilhavam miam raros viajantes. soldados V'ermelhos comiam. Tiravam a aper.iJte comida do saco de pano oolocado entOre e1es e aquilo briu a Vania: Vania: partiram o pa IDOJe pd meio e o corte era de uma macieza arrebatadora. Tinham seis ovos ao pe deles, e urn dos soldados colocou seu grande joelho de forma a nao os deixar rolar para o chao chao.. 0 ou tro, numa folha de jorna:l, esvaziou e cortou urn arenque em pedac;os, que comeram pega pega.ndo.ndo-lhes lhes entrte dois dedos com precaruc;ao. Vania deu algl1111JS passos para eles, os sOildado!S vermelhos olharam-no, e urn deiLes eve urn sorriso ma:Licioso Aperece-te, esta-se a ver? Eu nao venho... dinheiro. ens dinheiro? Diab Entao es uma crianr;a abandonada? Nao... sou ainda .. - B e r n , pronto. Va, senna-ore aqll!i connosco. Vania sentou- diante deles no outro banco. Ao seu lrudo, urna agra davel rac;ao: meio pao moJe, dois bocados de
As Bandeir!LS
~ a ! S
Torres
75
Vania sorriu por de1icadeza Sente que complicado. Seis quil6metros?
15
A MOEDINHA DE PRATA
,nil'll ador.mJoceu ali, na estas:aor, sooroado no banco. 0 guatrda nao
incomodou ate de manha, porque 05 soLdadoiS vermelhos estavam no banco sua freil!te. Mas de manha, quwda Vania acordou, OS so1dad05 ji Ii nao esrt:avam. gururda dia linha olhou-o em silencro e o rapaz, sem urna palavm, compreendeu que oiil1ha de sarir. Foi-se embora, ~ e n t a m e n t t e , para a rua principal, porque qureria ver o que s passaVIa naquele momento rno asfalto ao pe do Narobr:az, e alerp. disso decidira ir m a i ~ uma V'ez ao Spon para falrur da colonia. Primeiro de Maio. macru: o homem andar die Vania atarefudo, mi'!JS o moral sentado no Spon, mesa mais rafastada, projeota sobre a sua vida urna sombra basta:noe temerosa. De urn armazem sai urn marort:o de barrete bordado a our o: Vob:1ia Begunok. Begunok. E o olhar de Vania fica tao fascinado potr aquele barrete, pelo numero na manga de Volodia, peloiS seus olhos vivos, que pr.irra ao pe do gradeamenro de madeira qrue protege urna irvore norva. VoJodia Begunok SIE!gutava na mao urna caixinha unrura para limpar a cometa. Detendo se portia do armazem, examinoJUJ arenta mente o r6tulo da mixa. Meteu-a depois rna aJgibeira, mas ao recirar a mao deixou cair a moeda de dez copecks, destinada a pagar o seu regressor de electrico. A moeda mlou para d baixo dos pes de Vania. GaLtchenko. Este baixou-se baixou-s e rapidamente e apanhou-a. Begunok ficou na expectativa. Vania est:enderu-lhe a moeda. moeda. 0 out ro pegou-lhe e expE cou urn pouco confuso: E para para o moo moo elec electr tric ico. o. Srenao tinha que ir. . . a pe. Seis quiJ6metros
&eu caso
. ! h u ~ t o ffiaJ!S
pa vo1tar- e Volodia apomou urna direq:ao, ate colonia Pnimeiro die Maio. Vania, siderado, qua.Se se atirou para cima de Volodia. -Ate Primeiro de Maio? -Pois.
Tu es a Primei:ro de M a ~ i o ? Hem Hem?? - e Van Vania ia,, inca incapa pa de conter a rua alegtria, pos-se a rir. VoJodia olliava para ele, sorrindo, orgulho.so da sua dignidade.
Eu sou ur urn n colo colono. no. Estis a ver il1osso uniforme levantou o cotovelo. Urn losango de veludo cosido na manga exib.ia, bordado a own, o n{rmero I, e, sobreposta em C!!UJZ, a palavra «Maio» em 1etras de ptrata. justamet11/t'e que que! E que!'ia 'ia... Tu es urna crians:a abandonada? Nao, ate ag agma ma.. Eu ber bern n tente tente .. mas na a fazer. Ninguem me quer mandar para li. Vania falava com gravidade. Como e s t a v a ~ no meio do passeio, os que passavam empurravam-nos. VoJodia foi o primeiro a notar es:oe inconven iente: com urn urn franzir de sobrancelhas sobrancelhas,, pegou em Vania pelo bta<;:o e pmxou-o de !ado. Ouve, Ouv e, vouvou-te te dizer dizer .. Entr Entree n6s n6s urn coooellio dos chefes de equipa, e rigoroso, s6 vendo. Sao verdadeiros maraus! Vao diz er: mas entao nao lugar? E depois dizem: mas porque? Entao vai vai Comissao, Komones, que e como se chama. parte.
Na Komones ji esoive.
no Span rt:ambem.
estive em toda a
a n ao ao q e r - E l a quem? mulher que li esti. Ela nao quer? Nao, Na o, el elaa nao qu quer er re o homem tambem nao, empurram-no\S para fora. Dizem que e pam OS melhores, OS de .. ddinquentes. E tu, es urn dos de1inquellltes? VoJodia, ba,tendo com a ponta do sapaoo oo bordo do pas passeio, seio, baixou os olhos e sorriu: Inv.erutaram isiSQ
OS
de1inquootes ! S6 qule
urna vigarice,
Anton
76
compreendes? compreen des? Isso nao rem md
Makarenko
que ver. E em nossa crusa cliz-se que
nao e justo Volodia reflecviu urn segundo, pa.SiSeadldo u:m olhllll" preocupado pela rua Era muito possivel que a questao o ultrapa sasse. ruga que lhe a ~ t r v e s s . a v a a testa subsiSitiu por urn momento. Por f1m, 05 seus J.a.bios agitaram-se resolutamente ~ c u d i n d o i:rado a c a b e ~ a , d!sse: Erutiio sabes? Estamo-n05 nas tintas p a: ra e1es. que tens e qure vir. Sabado. Vamos pedir e f a l ~ dis s? ao meu chefe de equipa. E i t ~ hom tipo, moo, Aliocha Zynoosk Es cap z de dar com a co.6rua. :E precioo ir are ao fim da Khorochlillovka. - H e i - d e encontrar , r atelS dez copecks .. da-te para u:m paozinho. Vania pegou na moeda. E o teu ele elect ctni nico co?? Vais a pe? pe? , lh a pe! Nao fakava ma,is nada! Vou assim .. de borla.
m bilh bilhet ete? e? nao pode s1e1r, drum, mas, que d ia bo! Mudla:rei no caminho de llD. electrico para outrO e cobrador nao vera nada Va:nia sorriu. Volodi; cumprimerutou-o com gesto rigoroso. 13. co!lltlall' os dlias qure ~ a v a m ate p a r a r ~ s e . Vania sabaldo Volodia Begunok recordouJse do comoodante de d1a Volenko e compreendeu claramenoe que tinha de voltar a pe para a col6nia. SISo
16
0 TUBARAO DE NOVA IORQUE Igor Tcherniavtiirue t'eve logo que rpassru- potr rodbs 05 tramites: o medico, o banho, o barbeiro No alf ia,re rri>raraun-lhe as medida!SI: «Para a roupa de cerim6n1a» explicou Volenko. e n ~ a de Volenko, o V' elho fie! Na a:rm zem entregou a Igor urn «n nifor niforme me de escola», escola», urn fa,ro-ma:coco, sapaitos, uns c a l ~ 5 e s de desporto, urn barrete bmdado e um cinto Depois die rter mudado de roupa nos balnearios saiu com o resto das uas coisas debaixo do b r a ~ . dbs5e: Volenko levou-o ao saJao de repouso - F i c a aqui ate as cinco h0tr1a5 Nao pooso deixrur-re emrar no dormit6rio porque a oitava oitava equipa nao esd la; estao rodos no traba:lho. r e f e i ~ a o E duroore a nao terao ~ t~ t e m p o de tmtar de ci. Igor nao esrava Call1lsado com estas formalid aJ des, nada o oinha contrariado e a reserva urn tallito seca do comandallite de dia ate s:e lhe impusera urn pouco. E foi talvez por es a razao que a ordem de Volenko lhe caUl';ou uma swpresa desagmdavel ficllll" aqu i; Na posso sair? o sai r? Porq Po rque ue?? Pod Pod s.air. SimpLesmeilite, nao re deixarao entrar no primeiro andar .nem nos outros ediHoios porque a1nda nao foote rooebido numa equipa :Els um novo nmguem oe conhooe - M a s ja tenho o uruiforme da col6rui Na quer dizer nada. Fica aqui at:e Depois is i mos r e f e i ~ a o . Depo escola, onde :te farao passa.r por urn exame. p 0 s . Volenko saillu. Igor poisou o fato-mac3JCO nru.m crunape travar conhecimento com o salao de repouso. Era 'Uma grande sala, com belas d e c o r a ~ 5 e s . Como no conselho dos chefes de equipa, a parte baix da parede era orup da pa um ban queta segu;ida Retra,tos e quadro decoravam a sala. Igor passou long05
78
Anton Makarenko
momentos a examinaAos. Teve prazer em verificar que tudo ali era belo e cuidado: todos O& renratol'> e qu:adros esrav;am roberros de VJidro em moJduras de carvalho. 0 chao a!SsoalliaJdo pa!1eda te sido encerado nesse mesmo dia. Ao longo da b E ~ ~ n q U J e t a estavam diispootas mesinhas ocrogooais rodea.das de ca.deira:s estofa.das. Nurn dos !ados m iores, Igor viu urna long.a f-ila de retratos de pessoas ~ d o s : a s , de jovens, de garortos. Reconheceu facilmente entre eles o rosto de Volenko; todos os demais lh eram desconheaidos. Enquanto contimm.va a sua linspeqio, chegou dioote de urn grande espelho. Nos ba!lnearios tillha-se: vestido com qu Volenko chamava seu bon's amigos mas, no ootarnto de rudo aqUJilo pouca alegria logra m tirar. 0 cinema, os bombons, as rodelas de c h o m ' . i ~ o , Misfazer muito que tinham deix.ado de E, sobretudo, hi mw;to que estava farto de na te ei.m nem beirn. As noites passadas nas estac;:oes, deitado na palha, nos albergues, na.S retretes, ~ n s p i r a v a m - l h e repugnanci:a:. As m a ~ i s belas roupas; compradas