Aposti stila de Suinocultura Não há comprometimento do Professor de que as aulas e provas sejam baseadas exclusivamente nesta apostila.
A presente apostila tem como objetivo mais amplo o desenvolvimento desenvolvimento das competências necessárias ao planejamento, à orientação, à avaliação e ao monitoramento da exploração técnica e econômica da Suinocultura, visando a desenvolver no aluno habilidades específicas diversas, tais como identificar as principais raças, linhagens e suas características; manejar animais nas fases de reprodução, cria e engorda; orientar e monitorar o manejo alimentar dos suínos; identificar e relacionar as instalações e equipamentos equipamentos necessários à exploração da suinocultura; identificar e reconhecer a importância da suinocultura para o Brasil.
Prof. Adimar Cardoso Junior Zootecnista M.Sc. Nutrição Animal
Porto Velho/RO Fev/2015 1
Existem disponíveis no mercado impresso e/ou digital, inúmeras informações sobre a área suinícola, algumas delas com desencontro, já outras reforçando umas as anteriores. Cabe a cada um que as encontrar, saber filtrar, e saber utilizar da forma mais adequada possível, visto que nenhuma granja de suíno é igual à outra, portanto o que encontrarem aqui nem sempre pode se adequar a sua realidade. Esta apostila foi baseada em algumas destas informações disponíveis na internet, onde aqui agradeço aos autores (em ordem alfabética), sendo:
Prof. Agustinho Valente de Figueirêdo
Prof. Bruno de Souza Mariano
Prof. Elder Bianco
Prof. Elias Tadeu Fialho
Prof. Gerson Fausto da Silva
Prof. José Augusto de Freitas Lima
Prof. Marcelo José Milagres de Almeida
Prof. Paulo A. Lovatto
Prof. Rony Antônio Ferreira
Prof. Sérgio Luiz de Toledo Barreto
Prof. Valmir Sartor
Profa. Cecília de F. Souza
Profa. Ilda de F. F. Tinoco
Profa. Jackelline Cristina Ost Lopes
AGROCERES
EMBRAPA
SEBRAE
TORTUGA
Veterinarian Docs
Obs.: Ainda não está devidamente formatada, apresentando possíveis erros, tais como sequência numérica, tabelas, quadros, figuras, fontes, ortografia, dentre outros.
“Pouco conhecimento faz com que as criaturas se sintam orgulhosas. Muito conhecimento, que se sintam humildes. É assim que as espigas sem grãos erguem desdenhosamente a cabeça para o céu, enquanto que as cheias as baixam para a terra, sua mãe!” Leonardo da Vinci 2 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................
7
............................................................................................ 7 OOLÓGICA E O RIGEM ............................................................................................ 1.1 C LASSIFICAÇÃO Z OOLÓGICA ISTÓRICO ...................................................................................................................................... 7 1.2 H ISTÓRICO
.................................................................................................................... 9 VOLUÇÃO DO S UÍNOS UÍNOS .................................................................................................................... 1.3 E VOLUÇÃO 1.3.1 Javali .................................................................................................................................... 9 1.3.2 Tipo Banha .......................................................................................................................... 10 1.3.3 Tipo Carne .......................................................................................................................... 11
2 CARACTERÍSTICAS.......................................................................................................................
13
OMPORTAMENTO DOS SUÍNOS ............................................................................................. 16 2.1 C OMPORTAMENTO ....................................................... 17 SUÍNOS ....................................................... 2.2 F ATORES QUE AFETAM O CONSUMO VOLUNTÁRIO PELOS SUÍNOS
3 IMPORT IMPORTÂNCIA ÂNCIA ECONÔMICA ECONÔMICA ......................................................................................................... 18 DA S UINOCULTURA UINOCULTURA ..................................................................................................... 18 3.1 V ANTAGENS DA UINOCULTURA ..................................................................................................... 19 3.2 L 3.2 L IMITAÇÕES NA S UINOCULTURA ........................................................ 19 ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL ESPECIALISTA EM SUÍNOS ........................................................ 3.3 Á 3.3 Á REA DE ATUAÇÃO 20 CRIAÇÃO DE SUÍNOS ........................ ................. ..... 20 3.4 F ATORES ESSENCIAIS PARA SE OBTER ÊXITO NUMA CRIAÇÃO PARA A MEDICINA HUMANA ..................................................................... 21 3.5 I 3.5 I MPORTÂNCIA DOS SUÍNOS PARA
4 BIOSSEGURIDADE ........................................................................................................................
23
4.1 N 4.1 N ÍVEL DE S AÚDE DE REBANHOS S UÍNOS ......................................................................................... 23 UÍNOS ......................................................................................... IOSSEGURIDADE (ANIMAIS) ......................................................................................................... 23 4.2 B 4.2 B IOSSEGURIDADE 4.3 B 4.3 B IOSSEGURANÇA (SER HUMANO) ................................................................................................... 24 ......................................................................................................... 24 ULNERABILIDADE ......................................................................................................... 4.4 G RAU DE V ULNERABILIDADE 4.5 N 4.5 N ÍVEIS DE B IOSSEGURANÇA ........................................................................................................... 26 ...................................................................................................... 27 EDIDAS DE B IOSSEGURIDADE ...................................................................................................... 4.6 M M EDIDAS 4.7 PROGRAMAS DE LIMPEZA E DESINFECÇÃO (PDL) ......................................................................... 33 NSTALAÇÕES (PDL) ............................. ................. 36 4.8 PROGRAMA DE LIMPEZA E DESINFECÇÃO DAS I NSTALAÇÕES 4.9 CONSIDERAÇÕES GERAIS ............................................................................................................. 53 4. 10 VACINAÇÃO – I – IMUNOPROFILAXIA ............................................................................................. 54
5 DOENÇAS DE SUÍNOS .................................................................................................................. 57 6 GERENCIAMENTO E PLANEJAMENTO........................................................................................
58
6.1 GERENCIAMENTO.................................................................................................................... 58 6.2 P LANEJAMENTO............................................................................................................................ 65 6.2.1 Escrituração zootécnica....................................................................................................... 66 6.3 D 6.3 DOCUMENTOS EXIGIDOS ............................................................................................................... 68 6.3.1 Licença prévia ..................................................................................................................... 68 6.3.2 Licença de instalação .......................................................................................................... 69 6.3.3 Licença de operação ............................................................................................................ 70
7 NOÇÕ NOÇÕES ES DE INSTALAÇÕ INSTALAÇÕES ES// CONSTR CONSTRUÇÕ UÇÕES ........................................................................... 72 ......................................................................................................................................... 72 ETAS ......................................................................................................................................... 7.1 M 7.1 M ETAS 7.2 R 7.2 REGULMENTAÇÃO ........................................................................................................................ 73 SCOLHA DO LOCAL ..................................................................................................................... 73 7.3 E SCOLHA 7.3.1 Solo ..................................................................................................................................... 74 7.3.2 Água ................................................................................................................................... 74
3 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
7.3.3 Fonte Energética ................................................................................................................ 74 7.3.4 Isolamento........................................................................................................................... 75 7.3.5 Fatores Climáticos .............................................................................................................. 75 7.3.6 Ventos Dominantes .............................................................................................................. 75 7.3.7 Insolação............................................................................................................................. 76 7.3.8 Umidade Relativa do Ar ....................................................................................................... ....................................................................................................... 77 7.3.9 Possibilidade de Expansão .................................................................................................. 77 7.3.10 Modelo Profilático ............................................................................................................. 77 7.4 F A SES SES DE CRIA CRIAÇ ÇÃ O ........................................................................................................................... 79
8 SISTEMAS/ SIS TEMAS/ TIPOS TIPOS DE PRODUÇÃO DE SUÍNOS..........................................................................
94
8.1 S ISTEMAS DE P RODUÇÃO............................................................................................................... 95 82. T IPOS DE PRODUÇÃO .................................................................................................................... 99 8.3 O RGANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO...................................................................................................... 102 8.4 R 8.4 REGISTRO DE PRODUÇÃO ............................................................................................................ 105
9 RAÇAS ..........................................................................................................................................
108
9.1 C LASSIFICAÇÃO .......................................................................................................................... 109 9.2. F ATORES QUE DETERMINAM A ESCOLHA DE UMA RAÇA .................................................................. 111 9.2.1 Mercado ............................................................................................................................ 111 9.2.2 Reprodutores ..................................................................................................................... 111 9.2.3 Características .................................................................................................................. 111 ................................................................................................................. 112 STRANGEIRAS ................................................................................................................. 9.3 R 9.3 R AÇAS E STRANGEIRAS 9.3.1 Duroc ................................................................................................................................ 112 9.3.2 Hampshire......................................................................................................................... 114 9.3.3 Landrace ........................................................................................................................... 116 9.3.4 Large White ....................................................................................................................... 118 9.3.5 Pietrain ............................................................................................................................. 120 9.3.6 Wessex .............................................................................................................................. 121 9.4 R 9.4 R AÇAS N ACIONAIS ...................................................................................................................... 122 9.4.1 Casco de mula ................................................................................................................... 122 9.4.2 Canastrão ......................................................................................................................... 122 9.4.3 Canastra ........................................................................................................................... 122 9.4.4 Canastrinho....................................................................................................................... 122 9.4.5 Mouro ou Estrela............................................................................................................... 122 9.4.6 Monteiro ........................................................................................................................... 123 9.4.7 Nilo ................................................................................................................................... 123 9.4.8 Piau .................................................................................................................................. 123 9.4.9 Pirapetinga ....................................................................................................................... 124 OOTÉCNICAS ................................................................................................ 125 9.5 D 9.5 D ADOS DE PROVAS Z OOTÉCNICAS ................................. ......... 125 APLICADA AO MELHORAMENTO GENÉTICO DOS SUÍNOS ................................. 9.6 B B IOTECNOLOGIA APLICADA 9.6.1 O gene da "carne magra" .................................................................................................. 126 9.6.2 As características indesejáveis ........................................................................................... 126 9.6.3 Aplicação da biotecnologia ................................................................................................ 127 .......................................................................................................... 128 .......................................................................................................... SQUEM AS DE CRUZAM ENTOS 9.7 E 9.7.1 Cruzament ru zament o de du as raças ou cruzament o simpl es ........................................................... 128 ........................................................... 9.7.22 Cru 9.7. Cru zament zamen t o de d e t r ês raças ou “ Three cross” cr oss” ....................................................................... ....................................................................... 129 9.7.3 Cru Cruzament zament o de quat ro r aças ............................................................................................. 129 ............................................................................................. 9.7.4 Cru Cruzament zament o rot r ot acional de 2 raças ..................................................................................... 129 ..................................................................................... 9.8 P RINCIPAIS RINCIPA IS LINHAGEN LINH AGENS S DE SUÍNOS .................................................................................................... 130
4 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
9.8. 9. 8.11 AGROC AGROCER ERE ES PIC ................................................................................................................. ................................................................................................................. 131 9.8.22 TOPIG 9.8. TOPIGS S .............................................................................................................................. 132 .............................................................................................................................. 9.8.3 9.8 .3 PEN PEN AR A R LAN ...................................................................................................................... 132 9.8.4 9.8 .4 DB D B DANBRED DANBRED .................................................................................................................... 133
10 FISIOLOGIA DA DIGESTÃO DOS SUÍNOS ............................................................................... 134 10.1. T RATO DIGESTIVO .................................................................................................................... 136 10.1.1 Boca ................................................................................................................................ 136 10.1.2 Esôfago ........................................................................................................................... 136 10.1.3 Estômago ........................................................................................................................ 136 10.1.4 Intestino delgado ............................................................................................................. 137 10.1.5 Intestino grosso ............................................................................................................... 138 ................................................................................................... 139 10.2 D 10.2 D IGESTÃO EM ANIMAIS JOVENS ...................................................................................................
11 CONCEITOS BÁSICOS DE NUTRIÇÃO .....................................................................................
145
................................................................................................. 147 OMPONENTES DOS ALIMENTOS ................................................................................................. 11.1 C OMPONENTES 11. 2. M 2. M ANEJO ALIMENTAR ................................................................................................................ 155 ...................................................................................... 160 XIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DOS SUÍNOS ...................................................................................... 11.3 E XIGÊNCIAS ORMULAÇÃO DE RAÇÃO ........................................................................................................... 160 11.4 F ORMULAÇÃO 11.5 P REPARO DE RAÇÃO .................................................................................................................. 161
12 ALIMENTOS ...............................................................................................................................
163
.......................................................................................................... 163 12.1 AVALIAÇÃ O DOS ALIM ENTOS ......................................................................................................... 163 12.2.I NGREDIEN NG REDIENTES TES PARA RAÇÕES .......................................................................................................................... 165 12.3 I 12.3 I NGREDIENTES .......................................................................................................................... 12.3.1 Alfafa(Medicago sativa) ................................................................................................... 166 12.3.2 Arroz (Oryza sativa) ........................................................................................................ 167 12.3.3 Aveia (Avena sp.) ............................................................................................................. 168 12.3.4 Cevada (Hordeum vulgare) .............................................................................................. 169 12.3.5 Mandioca (Manihot sp.) ................................................................................................... 170 12.3.6 Milho (Zea mays) ............................................................................................................. 172 12.3.7 Soja (Glycine max) .......................................................................................................... 176 12.3.8 Sorgo (Sorghum sp.) ........................................................................................................ 180 12.3.9 Soro de leite .................................................................................................................... 182 12.3.10 Trigo (Triticum sp.) ....................................................................................................... 183 12.3.11 Triticale (Triticale hexaploide)....................................................................................... 185 12.3.12 Outros ingredientes que podem ser utilizados na alimentação de suínos: ........................ 187
13 ASPECTOS REPRODUTIVOS .................................................................................................... 188 .................................................................................................. 188 13.1 A 13.1 AQUISIÇÃO DE REPRODUTORES .................................................................................................. .................................................................................... 189 REPRODUÇÃO DOS SUÍNOS .................................................................................... 13.2 A 13.2 A NATOMIA DA REPRODUÇÃO 13.2.1 Órgãos reprodutivos da porca ......................................................................................... 189 13.2.2 Órgãos reprodutivos do porco (Reprodutor Macho, Barrão, Varrão, Cachaço) ................ 191 13.3 I 13.3 I MPORTÂNCIA ........................................................................................................................... 193 ................................................................................... 193 13.4 F ISIOLOGIA DA REPRODUÇÃO NOS SUÍNOS ................................................................................... 13.4.1 Puberdade ....................................................................................................................... 193 13.4.2 Flushing .......................................................................................................................... 195 13.4.3 Ciclo estral ...................................................................................................................... 195 13.4.5 Procedimentos para a detecção do cio ............................................................................. 199 13.4.6 Características dos cios nas porcas.................................................................................. 200
5 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
13.4.7 Sincronização de cio ........................................................................................................ 200 13.4.8 Hormônios da reprodução ............................................................................................... 201
14 MÉTODOS REPRODUTIVOS .....................................................................................................
202
FÊMEAS ........................................................................................................................................ 202 14.1 P RÉ -GESTAÇÃO ........................................................................................................................ 202 14.2 C OBERTURA OU COBRIÇÃO ........................................................................................................ 204 14.2.1 Momento da cobrição em relação a ovulações ................................................................. 205 14.2.2 Cópula ............................................................................................................................ 206 14.3 I NSEMINAÇÃO ARTIFICIAL (IA) ................................................................................................... 207 14.4 F ERTILIZAÇÃO .......................................................................................................................... 211 14.5 GESTAÇÃO ............................................................................................................................... 211 14.5.1 Diagnóstico da gestação .................................................................................................. 213 14.5.1.1 Controle de Retorno ao Cio .......................................................................................... 213 14.5.2 Mortalidade Embrionária ................................................................................................ 216 14.5.3 Transferência para Maternidade ...................................................................................... 216 14.5.4 Manejo da Cela Parideira ou Baia Convencional....................... ................. ..................... 217 14.6 P ARTO ..................................................................................................................................... 217 14.6.1 Classificação do parto ..................................................................................................... 217 12.6.2 Fases do parto ................................................................................................................. 218 14.6.3 Duração do parto ............................................................................................................ 218 14.6.4 Sinais de parto ................................................................................................................. 219 14.6.5 Cuidados com o parto ...................................................................................................... 220 14.6.6 Intervenção no Parto ....................................................................................................... 221 14.7 L ACTAÇÃO ............................................................................................................................... 223 14.7.1 Alimentação .................................................................................................................... 223 14.8 DESMAMA ................................................................................................................................ 223 14.9 DESCARTE DE F ÊMEAS .............................................................................................................. 225 14.10 P ARÂMETROS REPRODUTIVOS .................................................................................................. 225 MACHOS ...................................................................................................................................... 230 14.11 I DADE .................................................................................................................................... 231 14.12 E XAME A NDROLÓGICO ............................................................................................................ 231 14.13 C ONDICIONAMENTO À M ONTA ................................................................................................. 231 14.14 M ONTA .................................................................................................................................. 231 14.15 F REQUÊNCIA DE M ONTA ......................................................................................................... 232 14.16 F ASES DE M ONTA ................................................................................................................... 232 14.16.1 Prelúdio ........................................................................................................................ 232 14.16.2 Monta ............................................................................................................................ 233 14.16.3 Descida ......................................................................................................................... 233
15 MANEJO DE LEITÕES ................................................................................................................. 235 15.1 C RIAÇÃO DE LEITÕES DO NASCIMENTO AO DESMAME .................. ..................... .................... ......... 235 15.1.1 Importância ..................................................................................................................... 235 15.1.2 Cuidados com os leitões na maternidade .......................................................................... 235 15.2 C RIAÇÃO DE LEITÕES DO DESMAME AO ABATE ............................................................................. 252 15.2.1 Recria ou Creche ............................................................................................................. 252 15.2.2 Crescimento e Terminação............................................................................................... 254
GLOSSÁRIO....................................................................................................................................
258
6 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
1 INTRODUÇÃO 1.1 Classificação Zoológica e Origem Reino: Animal
Phylum: Cordata
Classe: Mamíferos
Sobre ordem: Ungulados(dedos providos de cascos)
Ordem: Artiodáctilos(número par de dedos)
Sub-ordem: Suiformes
Família: Suídeos (suidae)
Sub-família: Suínos (suinae)
Gênero: Sus
Espécie: Scrofa
1.2 Histórico Os suínos são o único artiodáctilo monogástrico vivendo em domesticidade. A teoria mais aceita sobre a origem do suíno doméstico é a de que ele se originou do javali, sendo distinguido dois ancestrais:
a) Suss crofa ferus, javali europeu (porte grande, constituição robusta e avantajada capacidade torácica, com tendência a produzir carne), que deu origem às raças célticas (ex: Landrace, Wessex)
b)Sus vittatus, javali asiático e africano (porte menor, grande propensão para engorda, com tendência a produzir gordura), que deu origem às raças asiáticas (ex: Large White, Hampshire).
c) Um terceiro tipo, o ibérico, deu origem ao Sus mediterraneus, queseria resultado do cruzamento dos dois anteriores. Os historiadores basearam-se nas diferenças de posição de orelha (asiática, ibérica e céltica), nos diferentes tipos de perfil craniano (retilíneo, sub-côncavo, côncavo e ultracôncavo) e na variação do número de vértebras torácicas e lombares (14 a 16; e 4 a 6, respectivamente), encontrados nas diversas raças criadas no mundo inteiro, para justificar as suas hipóteses (Nathusius e Rutirmayer, citados por Machado (1967)). 7 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
A domesticação do suíno é muito antiga, tendo sido creditada aos chineses, por volta do ano de 4.900 a.C. São animais pertencentes a classe dos mamíferos, sendo a espécie domestica cientificamente denominada Sus scrofa domesticus (porco doméstico). Entretanto, pesquisas mais recentes mostraram que pode ter ocorrido 10.000 anos atrás em aldeias do leste da Turquia. Podemos citar alguns fatos históricos, envolvendo os suínos:
I.
Os árias ensinaram aos europeus as vantagens da criação de porcos (javalis);
II.
No Egito preceitos religiosos proíbem comer carne e gordura de suínos;
III.
Para os Hebreus o porco era animal imundo;
IV.
Assírios e Babilônios tinham-no em grande estima;
V.
Os gregos criavam os suínos e os destinavam a sacrifícios consagrados aos
deuses;
VI.
O javali era muito estimado na Gália, sendo sua figura usada como emblema de
moedas e insígnias;
VII.
Os romanos eram grandes consumidores de carne suína. A apreciação era
tamanha que havia famílias romanas com dois nomes derivados dos suínos: Porcius,
Scrofa, Suiler , Verres, Varrão, etc;
VIII.
Na Palestina as leis de Moisés proibiam o consumo do porco, e árabes e na
pérsia o consumo de porco é proibido pelo Alcorão-Doutrina de Maomé, além das questões sanitárias, nocivas à saúde;
IX.
Na África, onde os preceitos do Alcorão são praticados, a criação de porcos é
proibida; Na América não existiam suínos antes da chegada do homem, tendo sido trazidos por Cristóvão Colombo em 1493, na sua segunda viagem, trouxe suínos das canárias para região de São Domingos. Desta ilha passaram à Colômbia, Venezuela, Peru e Equador.Em Cuba, Fernando de Souto, levou os suínos para Flórida, em 1540. Muitos escaparam e se embrenharam pelas matas, formando grupos independentes. Nativos caçavam porcos selvagens e criavam os leitões capturados como animais de estimação dentro das moradias. Os primeiros suínos que chegaram ao Brasil vieram com Martin Afonso de Souza, em 1532, os animais pertenciam às raças da Península Ibérica, estabelecendo-se em São Vicente, no litoral paulista.Tomé de Souza introduziu, pouco mais tarde, os suínos na Bahia.
8 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Somente a partir século passado, recebemos animais de genética melhorada provenientes da Inglaterra (Berkshire, Yorkshire, Large-black e Tamworth). Posteriormente, vieram os reprodutores Poland-China e Duroc, e, somente nas décadas de 30 e 40, chegaram as espécies Wessex e Hampshire, e na década de 50, o Landrace. Atualmente, a suinocultura nacional é baseada nas raças Landrace, Large-White e Duroc e em híbridos destas raças.
1.3 Evolução dos Suínos O processo de domesticação do suíno envolveu três etapas: a captura do javali, a domesticação do javali (criação em cercados e reprodução) e o melhoramento dos suínos. Durante este processo os suínos sofreram grandes transformações morfológicas e fisiológicas, frente a diferentes condições em que viveram e das inúmeras necessidades do homem, em relação ao seu aproveitamento. Em resumo, o suíno passou de um animal possuidor de muita frente e desprovido de posterior, bastante leve e de fracas massas musculares para um animal com massas musculares posteriores mais ricas e de maior valor, dando maior rendimento ao produtor. O estágio intermediário foi um animal com iguais proporções de anterior e posterior, com excesso de gordura.
1.3.1 Javali Dados referenciais dão conta de que 2.000 anos a. C., os chineses iniciaram o processo de domesticação do javali. Essa ação determinou uma aceleração do processo de seleção, sendo a mesma
fundamentada
em
performances
reprodutivas e produtivas. A fêmea javali é poliéstrica estacional e multípara (mas com baixo número de fetos). No campo produtivo, o javali tem como característica principal um grande desenvolvimento da região torácica, que equivale 70% da massa anterior e 30% da massa posterior. Vivia na floresta e alimentava-se de pastos nativos, frutas e pequenos animais. Era muito veloz e possuía como principal arma os seus dentes longos e afiados. Para resistir aos impactos das lutas(essencial para comportar um sistema cardiorrespiratório potencial para garantir as disputas sociais), seus membros dianteiros 9 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
eram fortes e musculosos, enquanto o seu posterior era formado por fracas massas musculares.
1.3.2 Tipo Banha Com a domesticação, o porco não precisava mais procurar alimento na floresta nem mais fugir de seus inimigos. Vivendo em chiqueiros fechados, recebia toda a alimentação que precisava. Comendo mais e fazendo menos exercícios, começou a alterar a sua composição corporal, passando a apresentar 50% de dianteiro e 50% de traseiro. O acúmulo de gordura fez com que passasse a ser considerado o animal ideal para o homem, já que lhe fornecia grande quantidade de banha (energia) e carne (proteína). É dessa época que advêm os conceitos de animais criados na lama e com altos teores de gordura na carcaça. Morfologicamente, o suíno tipo banha tem uma distribuição harmônica entre as partes anterior e posterior. Tem “enrugamento de pele”, característica que permite a expansão subcutânea para farta deposição de tecido adiposo. A característica de capacidade para deposição
de
gordura
foi
buscada
prioritariamente até o século XVIII, momento em que foi substituída pela qualidade da carcaça, no que se refere o músculo. Nos aspectos reprodutivos, o suíno tipo banha tem regular desempenho, mas é no campo produtivo que a contraproducência se exacerba. Tem baixo Ganho Médio Diário de Peso (GMDP), uma péssima Conversão Alimentar (CA) e baixa qualidade de carcaça.
10 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
1.3.3 Tipo Carne O suíno moderno começou a ser desenvolvido no início do século passado, através do melhoramento genético com o cruzamento de raças puras. Pressionados por uma melhor produtividade para tornar a espécie mais viável e pelas exigências da população por um animal com menos gordura, devido à substituição das mesmas pelo óleo vegetal, os técnicos e criadores passaram a desenvolver um suíno (e não mais porco) com 30% de massa muscular no anterior e 70% de posterior. Os suínos começaram a apresentar menores teores de gordura nas carcaças e a desenvolver massas musculares mais proeminentes, especialmente nas suas carnes nobres, como o lombo e o pernil. No início desta fantástica seleção, o suíno apresentava de 45 a 50% de carne magra e espessura de toicinho de 5 a 6 centímetros. Atualmente, graças aos programas de genética e nutrição, o suíno moderno apresenta de 55% a 60% de carne magra na carcaça e apenas 1 a 1,5 centímetros de espessura de toicinho. Esta evolução foi muito forte e eficiente também nas áreas de manejo, sanidade e instalações. Teve seu melhoramento voltado à qualidade da carcaça. A morfologia desse animal está centrada no grande volume corporal nas regiões de cortes nobres. Tem excelentes performances produtiva e reprodutiva. A ruptura da produção suinícola voltada à produção de gordura, com a consequente ação expansionista daquela voltada à produção de carne, aconteceu como resultados de conflitos bélicos. Após a I Guerra Mundial, a indústria bélica Norte Americana e Europeia entrou em crise e buscou alternativas de sobrevivência. O principal caminho encontrado foi expandir as fronteiras agrícolas com o uso de recursos mecânicos e químicos. Isso determinou uma grande oferta de cereais que, através de dietas específicas, maximizaram o potencial genético de suínos que vinham sendo melhorados desde o final do século XIX. Essa sequência de produção e transformação possibilitou a consolidação de eficazes sistemas agroindustriais. 11 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Após a II Guerra Mundial, a indústria bélica mundial se deparou com uma situação idêntica a que havia ocorrido no pós-I Guerra. O diferencial era de que as fronteiras agrícolas nos países desenvolvidos estavam bem definidas. Nesse momento, foi implementado um programa de modernização agrícola nos países sub ou em desenvolvimento. Isso fez com que o Brasil, entre 1950-1970, expandisse a fronteira agrícola e, em 1970, iniciasse a produção comercial/industrial de suínos, dentro de uma expectativa mundial. No final do século 20 houve um avanço muito grande na área de avaliação e tipificação de carcaças de suínos, onde consequentemente ocorreu elevação significativa do preço por classificação. Em conjunto a este avanço novos cruzamentos industriais veem sendo feitos de forma planejada, em especial com linhagens paternas bem definidas para a qualidade da carne, onde com esta seleção há possibilidade de maior musculatura e mínimo de gordura na carcaça. Com tamanho avanço na criação de suínos passa também a existir o chamado suíno “quatro pernis”.
12 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
2 CARACTERÍSTICAS Características do Gênero Sus:
Dentes e fórmula dentária (são DIFIODENTES):
Ao Nascer:
Dentes de leite pontiagudos
Manejo: Cortar – evitar ferimentos
Dentições: o
Leite: 32 dentes – 2 [ 3/3 I; 1/1 C; 4/4 M ]
o
Permanente: 44 dentes (18 meses) – 2 [ 3/3 I; 1/1 C; 4/4 PM; 3/3 M]
Machos adultos:
Aos 3 anos:Pinças e médios apresentam-se gastos
Caninos superiores bem desenvolvidos: 3,5 cm
Aos 5 anos: Projeção de caninos para fora – arma
Tabela 1. Identificação da idade pelo exame da arcada dentária Idade Característica dominante Todos caninos e incisivos de leite presentes; 90 dias Médios de leite quase intactos, pinças, cantos e caninos de leite muito 4–5 meses usados, cantos e canino enegrecidos; Rompimento do sobredente; 5 meses Não há canto permanente aparente; 6 meses Rompimento dos cantos permanentes, geralmente os inferiores aparecem 1º; 7 meses Cantos permanentes sadios; 8 meses Rompimento dos caninos permanentes; 9 meses Caninos permanentes sadios; 10 meses Pinças de leite totalmente rasadas. Caninos permanentes com 0,5 cm pelo 11 meses menos; Pinças inferiores permanentes rompendo ou sadias. Caninos com mais de 1 12 meses cm. Fonte: PA LOVATTO, Suinocultura geral, Capitulo 02 Histórico e raças.
13 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Arcada dentária de um suíno.
Onívoros
Monogástrico, com ceco simples não funcional. Cólon bem desenvolvido.
Estômago simples. Digestão enzimática. Baixa capacidade de: Armazenamento de alimentos (8 litros); Sintetizar
o
nutrientes; Digerir fibra (20%). o
Aumenta fibra ração – reduz custo:
o
Aumenta velocidade de passagem
o
Reduz digestibilidade demais nutrientes
o
Reduz absorção
o
Queda no desempenho
OBS: Os suínos precisam receber ração balanceada com todos os nutrientes para atender suas necessidades diárias.
Aparelho Termo-regulador (ATR):
o
É o mecanismo de produção e perda de calor
o
Leitões:
Sensíveis ao frio
ATR: início de funcionamento após 48 h
Perdem de 1,7 a 7,2ºC logo após nascer
Usam glicogênio do músculo – glicose
Lactose + aquecimento artificial (energia) Adultos: sensíveis ao calor, ATR pouco desenvolvido – causas
o
Camada de gordura
Pequeno nº de glândulas sudoríparas
2 a 4 cerdas/ folículo piloso 14 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Respiração:
o
Principal mecanismo de perda de calor
Susceptíveis à morte por asfixia
Manejar em horas mais frescas
Instalações bem arejadas e ventiladas
Tabela 2. Temperaturas ambientais para suínos em função da idade. Categoria Temperatura ótima (ºC) 30 a 32 Ao nascer 28 1 semana 24 2 semanas 20 a 22 3 semanas 18 a 20 4 semanas 15 a 18 A partir da 4ª semana 15 a 18 Adultos Fonte: Zert (1979)
Temperatura corporal o
Jovens: 40,5ºC
o
Adultos: 38,7 a 39,8ºC è 39,5ºC
Olfato é muito desenvolvido;
A visão tem pouca importância;
Apresentam hábitos diurnos, acostumam facilmente a penumbra;
Possuem grande poder de sociabilidade: Hierarquia Bidirecional;
Respiração difícil - pouca capacidade das cavidades nasais (narinas estreitas e
compridas);
Pele espessa, sobre camada de gordura e coberta de cerdas;
Possuem poucos poros;
Cabeça em forma piramidal;
Possuem 4 a 9 pares de tetas;
São multíparos;
Período de gestação – 114 dias (três meses, três semanas e três dias);
Machos possuem testículos muito desenvolvidos, localizados na região perineal;
Machos possuem pênis pontiagudo, glande em forma de saca-rolha;
Frequência cardíaca: Pulsações: 60 a 120/min; média= 80 a 100/min.
Frequência respiratória: 8 a 18 resp./min ou 20 a 30/min.
As fêmeas apresentam poliestro não estacionais 15 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Longevidade o
Suínos: 10 anos
o
Javali: 25 anos
o
Suínos:
Vida útil: 3 anos
Descarte: após 5 ou 6 partos econômicos
Reforma: 33,3% ao ano
► Homeotermia
Os suínos são animais homeotérmicos, capazes de regular a temperatura corporal. No entanto, o mecanismo de homeostase, é eficiente somente quando a temperatura ambiente está dentro de certos limites. Portanto é importante que as instalações tenham temperaturas ambientais próximas às das condições de conforto dos suínos (tabela a seguir). Nesse sentido, o aperfeiçoamento das instalações com adoção de técnicas e equipamentos de condicionamento térmico ambiental tem superado os efeitos prejudiciais de alguns elementos climáticos, possibilitando alcançar bom desempenho produtivo dos animais. ► Princípios
básicos
Para manter a temperatura interna da instalação dentro da zona de conforto térmico dos animais, aproveitando as condições naturais do clima, alguns aspectos básicos devem ser observados, como: localização, orientação e dimensões das instalações, cobertura, área circundante e sombreamento.
2.1 Comportamento dos suínos Animal sociável (contato com os outros através de sinais sonoros e do olfato).
Olfato mais desenvolvido que a visão (contrário de aves).
Água (umidade) provoca nos animais as dejeções (dejetos acumulam nas
proximidades de bebedouros).
Procuram água (lama) para se refrescarem (perda de calor e amenizar danos
provocados por ectoparasitas).
Apresentam postura característica em função da temperatura:
o
Frio: Agrupados próximos às paredes, com os membros encolhidos e o dorso
voltado para o lado do vento. 16 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
o
Calor: Ficam separados mais ao centro das baias, com os membros distendidos e
o tórax voltado para corrente de ar.
2.2 Fatores que afetam o consumo voluntário pelos suínos Fatores fisiológicos: o
Genética, mecanismos hormonais e neurais, sensitivos, estágio fisiológico,
doenças.
Fatores ambientais:
o
Edificações (construções e localização), temperatura, umidade relativa,
movimentação do ar.
Fatores de manejo:
o
Densidade de criação, relação suínos/ equipamento, localização dos
equipamentos.
Fatores dietéticos:
o
Deficiência ou excesso de nutrientes, densidade energética, antibióticos,
flavorizantes, processamento da ração, qualidade da dieta e água, disponibilidade da ração e água.
Fatores múltiplos ou associados.
17 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
3 IMPORTÂNCIA ECONÔMICA 3.1 Vantagens da Suinocultura Sob o ponto de vista econômico e zootécnico, os suínos se caracterizam como sendo: I.
animais onívoros (aproveitamento de restos culturais, industriais e domésticos),
grandes assimiladores de alimentos, transformando-os em um grande rendimento de carcaça ao abate (± 80%), fornecendo produtos de primeira necessidade ao homem. A carne suína é nutritiva e saborosa;
II.
animais de ciclo reprodutivo curto, o que permite elevada produção de crias
durante o ano;
III.
reversão rápida de capital deve-se ao:curto ciclo reprodutivo (idade reprodução
precoce, gestação curta, idade precoce de desmame e abate) - permitindo 02 (dois) partos/porca/ano, poliéstrico e prolífero, além de animais descartados alcançarem preços compensatórios;Rápido melhoramento genético.
IV. V.
não exigem grandes áreas para sua exploração; adaptam-se às mais variadas condições climáticas, aos mais diferentes sistemas
de criação, viabilizando economicamente a exploração;
VI.
são animais dóceis e de fácil manejo;
18 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
VII.
são grandes fornecedores de carne e gordura às populações rurais. A gordura,
muito apreciada na cozinha brasileira, ao mesmo tempo serve para conservar alimentos, prática muito comum no meio rural;
VIII.
fornecem à indústria farmacêutica glândulas e sucos essenciais para a produção
de substâncias para uso humano e animal, com fins terapêuticos: insulina, ACTH, tireóide, heparina, etc. Além de pâncreas, glândula da pituitária, mucosa intestinal, coração e sangue.
IX.
oferece grande variabilidade de subprodutos: a) suas vísceras para elaboração de
embutidos e farinha de carne; b) cerdas, no fabrico de pincéis e artes anatos diversos; c) sangue para elaboração de farinha de sangue; d) couro, na indústria de calçados, roupas, malas, objetos de adorno, estofamento, etc.
X.
seus dejetos permitem várias possibilidades de integração com outras atividades
agropecuárias (agricultura /adubação, piscicultura, bovinocultura, avicultura, biogás, etc.)
XI.
mercado amplo, fácil, seguro e compensador, atividade que oferece grande
oportunidade de emprego.
3.2 Limitações na Suinocultura Regime alimentar – características de animais monogástricos.
Elevada mortalidade embrionária e fetal.
Elevada mortalidade de animais jovens.
necessidade de observância de cuidados higiênico-sanitários
Aparelho termo-regulador pouco desenvolvido.
Comportamento cíclico do mercado de suínos terminados.
Elevada produção de esterco líquido:
o
Maior área para a suinocultura.
o
Limita volume da produção de suínos.
o
Poluição ambiental.
3.3 Área de atuação do profissional especialista em suínos Empresas de melhoramento genético;
Cooperativas de produtores;
Produtores individuais; 19 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Produtores corporativos ® consultorias;
Companhias farmacêuticas;
Centrais de inseminação artificial;
Serviços laboratoriais;
Prover educação para:
o
Profissionais recém-formados;
o
Administradores e funcionários de empresas suinícolas;
o
Estudantes universitários.
Fabricação de equipamentos;
Órgãos oficiais;
Pesquisas científicas;
Inspeção sanitária.
3.4 Fatores essenciais para se obter êxito numa criação de suínos Ao se implantar uma suinocultura deve-se realizar um estudo do mercado, suas condições atuais e futuras, a fim de se calcular os investimentos necessários. São condições indispensáveis para o êxito na atividade a existência de:
I.
mercado fornecedor de insumos (grãos, vacinas, etc.) e consumidor (carne,
embutidos, leitões, reprodutores, etc.);
II. III.
qualidade dos animais; eficiente estrutura de comercialização (abatedouro, valorização da carcaça, bolsa
de suínos);
IV.
instalações adequadas, construídas com economia, devendo atender aos
princípios de boa higiene e conforto aos animais;
V.
intenção do criador para uma produção tecnificada;
VI.
pessoal técnico e braçal (mão-de-obra) capacitados;
VII. VIII. IX. X.
bom programa sanitário; plano nutricional adequado, incluindo a boa disponibilidade de água; escrituração zootécnica e econômica; manejo correto nas diversas fases da criação;
XI.
interesse do criador, profissionalização;
XII.
facilidade de capital inicial ou de crédito.
20 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
3.5 Importância dos suínos para a medicina humana Por sua semelhança com o homem, várias partes do organismo dos suínos podem ser utilizadas em medicina humana. Desde o fornecimento de substâncias vitais à vida do homem até a doação de órgãos, os suínos são a grande opção da medicina para aumentar a sobrevivência das pessoas. A seguir relacionamos uma série de utilidades do organismo dos suínos para o homem:
a) O pâncreas dos suínos é um órgão do qual se obtém Insulina. Esse hormônio é essencial para os diabéticos. Ele é encarregado de permitir a entrada de açúcar nas células e de diminuir a sua taxa no sangue, evitando dessa forma que atinja níveis mortais para o homem. Outra utilidade do pâncreas dos suínos para o homem é a de fornecer ilhotas pancreáticas (ilhotas de Langerhans) para implantes em pessoas diabéticas que não as possuem. Estes implantes poderão deixar os diabéticos livres de injeções de insulina por vários anos. Atualmente, a insulina é também produzida por engenharia genética através da multiplicação bacteriana. Porém a um custo mais caro.
b) A glândula pituitária do suíno é utilizada para obtenção do ACTH. Esse hormônio é usado em medicina humana para o tratamento das artrites e doenças inflamatórias, que causam dores insuportáveis para o homem.
c) A Tireóide do suíno é utilizada para obter medicamentos que serão usados por pessoas que possuem glândulas tireóides pouco ativas.
d) A pele dos suínos pode ser usada temporariamente pelo homem nos casos de queimaduras que causam grandes descontinuidades de sua pele.
e) A mucosa intestinal dos suínos é usada para a obtenção de uma substância chamada heparina. Esta tem a função de coagular o sangue e é aplicada em medicina humana nos casos de hemorragia.
f) Do coração dos suínos são retiradas válvulas cardíacas que serão transplantadas para o homem e as crianças. Os suínos usados para fornecer essas válvulas pesam de 16 a 25kg. Estas válvulas são retiradas do coração e conservadas num preparado químico, podendo ser preservadas por 5 anos, As válvulas cardíacas do homem podem ser substituídas por válvulas mecânicas feitas com materiais artificiais. As válvulas dos suínos, porém, têm vantagens sobre essas mecânicas, pois são menos rejeitadas pelo organismo, têm a mesma estrutura e resistem mais às infecções.
21 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
g) Aplicações práticas de suínos transgênicos: Suínos modificados geneticamente podem produzir hemoglobina humana (pigmento do sangue que leva oxigênio às células do corpo). Pesquisas da empresa DNX (EUA) injetaram em três embriões de suínos, cópias dos dois genes responsáveis pela produção de hemoglobina humana. A técnica fez com que 15% da hemoglobina encontrada nos suínos fossem do tipo humano. As duas hemoglobinas são depois separadas devido a suas cargas elétricas diferentes. Este produto pode ser estocado por meses, ao contrário do sangue normal, que se conserva apenas por semanas.
22 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
4 BIOSSEGURIDADE Refere-se ao conjunto de normas e procedimentos destinados a evitar a entrada de agentes infecciosos (vírus, bactérias, fungos e parasitas) no rebanho, bem como controlar sua disseminação entre os diferentes setores ou grupos de animais dentro do sistema de produção. -A ocorrência de doenças em rebanhos suínos diminui a lucratividade por causar despesas adicionais e por reduzir a performance dos animais; -Principais efeitos deletérios das doenças: mortalidade aumentada, fertilidade e tamanho de leitegada reduzidos e leitões menos pesados ao nascimento, conversão alimentar elevada e redução do ganho de peso diário; -Em função desta perda de lucratividade e aumento adicional de despesas relacionadas com as doenças, existe um amplo incentivo para que técnicos e produtores desenvolvam e implementem técnicas de manejo que reduzam a transferência de agentes infecciosos entre os suínos;
4.1 Nível de Saúde de Rebanhos Suínos 01-Gnotobiótico: este termo descreve um animal criado de maneira especial, de modo que sua microflora e microfauna são perfeitamente conhecidas. Normalmente, esse seria um animal nascido livre de germes e então infectados com um mais organismos vivos.
02- Livre de Patógenos Específicos (SPF – Specific Pathogen Free): é aquele animal removido asceticamente de sua progenitora ao nascer e criado em isolamento, sem contato com animais convencionais. Assume-se que os fetos no período final de gestação são livres de patógenos
4.2 Biosseguridade (animais) - Definição: segurança de seres vivos por intermédio da diminuição do risco de ocorrência (entrada e disseminação de patógenos) de enfermidades agudas e/ou crônicas em uma população específica.
23 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
4.3 Biossegurança (ser humano) - Definição: prevenção à exposição a agentes de enfermidades e/ou produtos biológicos capazes de produzir doenças nos seres humanos. *Suíno saudável: aquele que se apresenta clinicamente normal, quando avaliado sob, o aspecto físico, funcional e comportamental, no meio ambiente em que se encontra e que desenvolve o máximo de seu potencial genético, tanto sob o aspecto produtivo quanto reprodutivo. -Em produção de suínos, biossegurança significa o desenvolvimento e implementação de normas rígidas que terão a função de proteger o rebanho contra a introdução de qualquer tipo de agente infeccioso, sejam eles: vírus, bactérias, fungos e/ou parasitos;
4.4 Grau de Vulnerabilidade - Conjunto de normas destinadas a evitar a introdução de patógenos na GRSC. -Granja A: 0 a 5 desde que não tenha nenhum critério com pontuação 2 ou 3 (bem protegida); -Granja B: até 8 pontos e não pode conter pontuação 3 (baixa vulnerabilidade); -Granja C: entre 8 e 12 pontos (moderada vulnerabilidade); -Granja D: mais que 13 pontos (granja mais vulnerável);
24 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
25 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Fonte: IN 19, 2002.
4.5 Níveis de Biossegurança 01- Nível Nacional: controle oficial na importação de material genético. Animais importados ficam em quarentena e sêmen deve ser oriundo de granjas livres. Tem como objetivo proteger os rebanhos da introdução de microorganismos contagiosos e potencialmente letais.
02- Nível Regional: controle oficial no transporte de animais, material genético nas diferentes regiões. Tem como objetivo controlar a difusão de agentes endêmicos à granja ou à região. *O transporte potencializa a disseminação de doenças;
03- Nível Local: controle em uma micro-região específica. 26 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Ex.: trânsito entre braço do norte e oeste catarinense;
04- Nível de Produtor: controle das doenças com impacto negativo na produção. Tem como objetivo limitar a sintomatologia causada pelos agentes patogênicos já presentes na granja. -Granja de Reprodutores de Suídeos Certificada (GRSC): granja que atenda integralmente às disposições básicas e específicas estabelecidas para a certificação. As granjas terão sua certificação baseada no monitoramento sorológico e na sua classificação sanitária prevista na Instrução Normativa Nº 19 de 2002. - Doenças Livres Obrigatoriamente: peste suína clássica, doença de Aujesky, brucelose, tuberculose, sarna, leptospirose (vacinados ou não); - Doenças Livres Opcionais: rinite atrófica, micoplasma, disenteria suína, entre outras. * Antibióticos restritos: clorfenicol, sulfas, oxitetraciclina e outros.
4.6 Medidas de Biosseguridade - Devem ser: -Viáveis tecnicamente; -Economicamente justificáveis; -Flexíveis no tempo; -Políticas de Biosseguranças:
A. Fontes Potenciais de Patógenos: conhecer o inimigo para neutralizá-lo. As fontes mais importantes são os animais para reposição e sêmen (80% dos casos). I.
Introdução de animais na granja: sempre perguntar para quais doenças
os suínos são livres e checar realmente se são livres (deixando em quarentena e fazendo testes adequados). Os cuidados na introdução de animais no sistema de produção representam, juntamente com o isolamento, as barreiras mais importantes para a prevenção do surgimento de problemas de ordem sanitária no rebanho. A introdução de uma doença no rebanho geralmente ocorre por meio da introdução de animais portadores sadios, no processo normal de reposição do plantel. Portanto, deve-se ter cuidados especiais na aquisição desses animais.
27 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Adquirir animais para formação do plantel e para reposição somente de granjas com Certificado GRSC (Granja de Reprodutores Suídeos Certificada), conforme legislação (Instrução Normativa 19 de 15 de fevereiro de 2002) da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) que define que toda granja de suídeos certificada deverá ser livre de peste suína clássica, doença de Aujeszky, brucelose, tuberculose, sarna e livre ou controlada para leptospirose. Define, também as doenças de certificação opcional que são: rinite atró fica progressiva, pneumonia micoplásmica, e disenteria suína. Na compra de animais para povoamento ou reposição do plantel, exigir do fornecedor cópia do Certificado de granja GRSC e verificar a data de validade do mesmo. Preferencialmente, adquirir animais procedentes de uma única origem sempre no sentido granja núcleo -> multiplicadora -> granja comercial. A aquisição de animais de mais de uma origem aumenta as chances de introdução de novos problemas sanitários. O período de adaptação serve para adaptar os animais ao novo sistema de manejo e a microbiota da granja. A falta de imunidade contra os agentes presentes na granja pode levar os animais a adoecerem. A primeira providência é abrir uma ficha de controle dos procedimentos de adaptação, vacinação e anotação de cio para cada lote de fêmeas. Após, introduzir os animais no galpão de reposição e adotar os procedimentos para adaptação aos microorganismos do rebanho geralmente a partir de 5,5 a 6,0 meses de idade. Colocar uma ou duas pás de fezes de porcas pluríparas por dia, em cada baia, durante 20 dias consecutivos. Colocar fetos mumificados (pretos) nas baias das leitoas até 15 dias antes de iniciaram a fase de cobrição. Iniciar a imunização dos animais logo após sua acomodação na granja. Propiciar espaço mínimo de 2 m 2 por animal, alojando as leitoas em baias com 6 a 10 animais. Alojar os machos recém chegados na granja em baias individuais com espaço mínimo de 6 m 2.
II.
Sêmen: todas as CIAs (centrais de inseminação artificial) devem ser
certificadas.
III.
Controle de Vetores:A transmissão de doenças por vetores como
roedores, moscas, pássaros e mamíferos silvestres e domésticos deve ser evitada ao máximo. Entre as medidas gerais de controle estão: a cerca de isolamento; destino 28 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
adequado do lixo, dos animais mortos, de restos de parição e de dejetos; a limpeza e organização da fábrica e depósito de rações e insumos e dos galpões e arredores. O primeiro passo para evitar roedores é criar um ambiente impróprio para a proliferação dos mesmos, ou seja, limpeza e organização, eliminando os resíduos e acondicionando bem a ração e os ingredientes. O combate direto pode ser realizado através de meios mecânicos como a utilização de armadilhas e ratoeiras ou através de produtos químicos (raticidas), os quais devem ser empregados com cuidado (dispositivos apropriados) para evitar intoxicação dos animais e operadores. Esta desratização deve ser repetida a cada seis meses para evitar a superpopulação de roedores. Para o controle de moscas, recomenda-se o "controle integrado" que envolve medidas mecânicas direcionadas ao destino e tratamento de dejetos, o qual deve ser realizado permanentemente, somado ao controle químico ou biológico que eliminam o inseto em alguma fase do seu ciclo de vida. Sempre que houver aumento da população de insetos na granja, em especial de moscas, deve-se procurar e eliminar os focos de procriação. Todo sistema de produção acumula carcaças de animais mortos e restos de placentas, abortos, umbigos e testículos que precisam ter um destino adequado, para evitar a transmissão de agentes patogênicos, a atração de outros animais, a proliferação de moscas, a contaminação ambiental e o mau cheiro, além de preservar a saúde pública. A quantidade destes resíduos depende do tamanho da criação e da sua taxa de mortalidade, portanto, deve ser estimada individualmente, para cada rebanho. Existem várias formas de destino para este material como:
a) a compostagem que é um método eficiente, resultado da ação de bactérias termofílicas aeróbias sobre componentes orgânicos (carcaças e restos) misturados a componentes ricos em carbono (maravalha, serragem ou palha), portanto, a mais recomendada;
b) a fossa anaeróbia que apresenta problemas de operacionalização e odor forte e c) a incineração, que é sanitariamente adequado, mas com alto custo ambiental e custo financeiro incompatível com a suinocultura.
29 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
IV.
Alimentação: se a ração é comprada (deve ser de um único fornecedor)
ou feita na propriedade para abastecer a granja, deverá ser entregue por meio de um sistema de silos de armazenamento. Jamais utilizar os mesmos caminhões de transporte de suínos para transporte de rações ou ingredientes.
V.
Água: cuidado na limpeza e desinfecção constantes da fonte de água da
propriedade. Os canos de abastecimento devem ser sempre enterrados (30-40cm) para que não sofram aquecimento ou resfriamento dependendo da localidade da granja.
VI.
Mão-de-Obra: pode introduzir agentes patogênicos. Os funcionários
devem ser treinados constantemente, devem saber sua importância dentro da granja e também que podem interferir negativamente em todo o processo.
VII.
Dejetos: podem ser usados como fonte de energia para a própria granja
(biogás) ou deve-se armazenar em esterqueiras (impermeáveis e de preferência de forma redonda) misturado à maravalha (serragem) ou ainda pode-se usar lagoas de decantação.
VIII.
Composteiras: são necessários entre 100 e 120 dias para finalização do
processo de compostagem;
IX.
Veículos: são importantes carreadores de patógenos. Veículos antes da
entrada na propriedade devem passar por uma lavagem prévia (retirada de matéria orgânica depois por um ‘arco de desinfecção’.
X.
Aerossóis: pode-se ter disseminação de patógenos pelo ar. É importante
ao redor da granja haver um ‘cinturão verde’ (cerca vegetal), para impedir ou dificultar esse tipo de disseminação.
XI.
Introdução de equipamentos: Avaliar previamente qualquer produto ou
equipamento que necessite ser introduzido na granja, em relação a possível presença de agentes contaminantes. Em caso de suspeita de riscos de contaminação, proceder uma desinfecção antes de ser introduzido na granja. Para isso deve-se construir um sistema de fumigação junto à portaria.
30 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
B. Perímetro de Isolamento da Granja: I. Localização:Do ponto de vista sanitário é indispensável que o sistema de produção esteja o mais isolado possível, principalmente de outros criatórios ou aglomerados de suínos, de maneira a evitar ao máximo a propagação de doenças. Escolher um local que esteja distante em pelo menos 500m de qualquer outra criação ou abatedouro de suínos e pelo menos 100m de estradas por onde transitam caminhões com suínos. Isto é importante, principalmente, para prevenir a transmissão de agentes infecciosos por via aérea e através de vetores como: roedores, moscas, cães, gatos, aves e animais selvagens. *Em granjas de terminação isto não é tão importante, porém em granjas multiplicadoras deve-se respeitar rigorosamente estas distâncias.
II.
Período de Carência: Os funcionários devem tomar banho e trocar a
roupa todos os dias na entrada da granja, e serem esclarecidos sobre os princípios de controle de doenças para não visitarem outras criações de suínos. Restringir ao máximo as visitas ao sistema de produção. Não permitir que pessoas entrem na granja antes de transcorrer um período mínimo de 24 horas (geralmente 3 dias), após visitarem outros rebanhos suínos, abatedouros ou laboratórios. Exigir banho e troca de roupas e manter um livro de registro de visita, informando nome, endereço, objetivo da visita e data em que visitou a última criação, abatedouro ou laboratórios.
III. Quarentenário: estratégia bastante efetiva para a prevenção de entrada de doenças no rebanho por intermédio de animais de reposição contaminados. Quarentena é um local onde se mantém em isolamento e observação animais recém adquiridos, aparentemente sadios, para a realização de testes diagnósticos ou medidas profiláticas destinadas a evitar a introdução de agentes patogênicos em granjas de reprodutores. São utilizados 28 dias para se fazer a quarentena e os animais ficam em outras instalações a 500m das instalações principais com barreira física (vegetal) entre estas. *Se algum animal for positivo para alguma doença, todo o lote da quarentena é eliminado; - Importante: -Animais recém introduzidos na granja sempre devem ser considerados suspeitos;
31 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
-Para alcançar o objetivo da produção suinícola, critérios rígidos devem ser seguidos no quarentenário; -O período de permanência dos animais na quarentena é variável (28 dias até 40 dias); -O uso de quarentenário respeitando-se as normas de biossegurança, reduz consideravelmente o risco de introdução de doenças infecto-contagiosas em um rebanho; Como a forma mais comum de entrada de doenças nas granjas é através de animais portadores assintomáticos, este período serve para realização de exames laboratoriais e também para o acompanhamento clínico no caso de incubação de alguma doença. Durante a quarentena os animais e as instalações devem ser submetidos a tratamento contra ecto e endo parasitas, independente do resultado dos exames. Este período pode ser distendido no caso de necessidade de vacinação ou por outro motivo específico. As instalações do quarentenário devem permitir limpeza, desinfecção e vazio sanitário entre os lotes, mantendo equipamentos e, quando possível, funcionários exclusivos.
IV. Portaria (acesso): Utilizar a portaria como único local de acesso de pessoas à granja. Construir a portaria, com escritório e banheiro junto à cerca que contorna a granja, numa posição que permita controlar a circulação de pessoas e veículos. O banheiro deve possuir uma área suja, chuveiro e uma área limpa, onde devem ficar as roupas e botas da granja, para que o fluxo entre as áreas seja possível apenas pelo chuveiro. Dependendo do tamanho da granja torna-se necessário a construção de uma cantina, anexo a portaria, para refeições dos funcionários;
V. Cercas: devem ser de 1,50 m de altura, para evitar o livre acesso de pessoas, veículos e outros animais, e distantes a 20/30 metros das instalações e a distância da cerca até a barreira florestal é de 50 metros;
VI. Barreira Vegetal:Fazer um cinturão verde, pode ser constituída de reflorestamento ou mata nativa a partir da cerca de isolamento, com uma largura de aproximadamente 50 m. Podem ser utilizadas espécies de crescimento rápido (pinus ou eucaliptos) plantadas em linhas desencontradas formando um quebra-vento;
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VII.
Veículos:Os veículos utilizados dentro da granja (ex.: tratores) devem ser
exclusivos. Os caminhões de transporte de ração, insumos e animais não podem ter acesso ao complexo interno da granja, sendo proibida a entrada de motoristas. Para evitar a entrada de veículos para transporte de dejetos, o sistema de tratamento e armazenamento dos dejetos deve ser construído externamente à cerca de isolamento; O transporte de animais deve ser feito em veículos apropriados, preferencialmente de uso exclusivo. Os caminhões devem ser lavados e desinfetados após cada desembarque de animais. O transporte de insumos e rações deve ser feito com caminhões específicos, preferencialmente do tipo graneleiro. Não usar caminhões que transportam suínos. O descarregamento de rações ou insumos deve ser feito sem entrar no perímetro interno da granja. Caso exista fábrica de rações, esta deve estar localizada junto a cerca de isolamento. Sempre que os silos forem esvaziados devem ser limpos e desinfetados.
VIII.
Embarcadouro/Desembarcadouro de suínos:Deve ser construído junto a
cerca de isolamento a pelo menos 20 m das pocilgas. O deslocamento dos suínos entre as instalações, e das instalações até o embarcadouro (e viceversa) deve ser feito por corredores de manejo;
IX. Placas de Avisos: Não permitir o trânsito de pessoas e/ou veículos no local sem prévia autorização. Colocar placa indicativa da existência da granja no caminho de acesso e no portão a indicação "Entrada Proibida". O aviso deve expressar claramente que os suínos são criados sob um rígido programa de prevenção de doenças . A granja deve ser cercada e a entrada de veículos deve ser proibida, exceto para reformas da granja, e nestes casos os veículos devem ser desinfetados com produto não corrosivo.
4.7 Programas de Limpeza e Desinfecção (PDL) I. Introdução Em criações intensivas, a frequência da ocorrência de doenças e a sua gravidade estão diretamente relacionadas com o nível de contaminação ambiental e esse, por sua vez, depende do sistema de manejo das instalações e do programa de limpeza e desinfecção em uso na granja.
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II. Objetivo -Objetivo: reduzir e eliminar a contaminação ambiental; III.
Benefícios de um Programa de Limpeza e Desinfecção
-Melhoria na performance e na produtividade (melhor ganho diário e menor tempo até o abate); -Redução nos gastos com medicamentos porca/ano; -Redução na ocorrência de refugos (número altos estão relacionados a falhas na limpeza e desinfecção); -Redução nos gastos com mão-de-obra; -Redução na ocorrência de algumas doenças como diarréia (colibacilose, doença do edema e diarréia dos leitões desmamados), doenças de pele (eczema úmido e piobacilose), doenças parasitárias (estrongilose, piolho e sarna), respiratórias (rinite atrófica e pneumonia enzoótica) e do aparelho locomotor (artrites bacterianas);
IV.
Relação entre Contaminação Ambiental e Ocorrência de Doenças
O tipo de flora microbiana pode ser dividida nos seguintes grupos:
01- Agentes microbianos patogênicos: responsáveis por doenças específicas. Para o seu controle, a utilização de antibióticos, quimioterápicos e vacinas são, em geral, eficazes.
02- Agentes microbianos de baixa patogenicidade: em determinadas condições podem manifestar poder patogênico. 03- Agentes microbianos saprófitas ou comensais: encontram-se sobre a pele, trato respiratório e intestino dos animais. O número de microorganismos dos grupos 2 e 3 presentes numa granja está relacionado com as seguintes variáveis: -Características dos pisos (pisos ásperos); -Presença de ração umedecida, mofada ou poeira no piso; -Presença de fezes sobre o piso; -Presença de leitões doentes ou refugos; -Presença de cadáveres não enterrados; -Uso de roupas e de materiais sujos (tesouras, bisturi, alicates e mossadores contaminados);
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V. Tipos de Sistemas de Manejo das Instalações -2 tipos de sistemas: sistema de manejo contínuo e sistema de manejo descontínuo (todos fora – todos dentro);
01-Sistema de Manejo Contínuo: é aquele em que os suínos de diferentes idades são mantidos numa instalação e em geral existe a transferência de novos lotes para as baias sem que ocorra um programa de limpeza e desinfecção prévios. Os animais mais velhos acumulam e transferem uma flora microbiana para os animais mais novos. Dessa forma, os agentes infecciosos se perpetuam nas instalações e dificilmente consegue-se manter um nível de infecção baixo de um limiar crítico. * Instalações ‘cansadas’: é um quadro, que na ausência de sinais clínicos característicos, animais de uma mesma faixa etária apresentam uma queda crescente nos índices de produtividade. Geralmente observado nas maternidades.
02-Sistema de Manejo ‘Todos Dentro – Todos Fora’: fundamenta-se na formação de grupos de animais que são todos transferidos de uma instalação para outra dentro da granja ao mesmo tempo. As salas são limpas e desinfectadas completamente. A pressão de infecção cai periodicamente até o nível de uma granja nova. Excepcionalmente o nível de infecção pode ser ultrapassado, porém após lavar e desinfectar a unidade, ela volta ao seu nível normal. Deve-se possuir maior número de sala/instalações, mas os eventuais gastos com alojamento adicionais são plenamente compensados e recuperados pela redução na taxa de mortalidade e de morbidade e pela redução nos gastos com medicamentos. -Vantagens: -Melhoria dos parâmetros produtivos; -Maior facilidade de manejo; -Menores gastos com medicamentos; -Redução da possibilidade de infecções; -Melhoria na eficiência dos tratamentos;
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4.8 Programa de Limpeza e Desinfecção das Instalações (PDL) I. Introdução -Um PDL deve fazer parte do planejamento da granja; -Um PDL é composto por dois processos: limpeza e desinfecção;
a) Limpeza: consiste na remoção dos detritos acumulados nas instalações. Visa fundamentalmente reduzir a carga de contaminação microbiana e minimizar o contato dos animais com a matéria orgânica. *É recomendado que os funcionários utilizem equipamentos de proteção individual no ato da limpeza seca e úmida;
a)1. Limpeza Seca: retirada da cama, restos de ração, esterco, da sujeira impregnada no piso e paredes e nas baias.
a)2. Limpeza Úmida: com a utilização de detergentes os quais tem ação umidecedora e surfactante que reduzem a tensão superficial da água aumentando assim a capacidade de penetração da água, auxiliando na remoção da sujeira aderida ao piso, equipamentos e nas paredes das instalações (biofilme). Também tem efeito emulsionante, dissolvendo e saponificando as gorduras. * Biofilme: camada que recobre todas as superfícies e é formada por poeira, matéria orgânica, partículas de gordura, proteínas, etc. Pode-se fazer o uso da mecanização da limpeza (associação de alta pressão com temperatura alta da água);
b) Desinfecção: refere-se especialmente a eliminação dos germes patogênicos, sem que haja necessariamente a necessidade de destruir todos os microorganismos. Geralmente os germes patogênicos são menos resistentes e, portanto através da desinfecção podemos destruí-los.
b)1. Desinfecção Física: -Calor; -Radiação (ultravioleta ou microondas); -Vapor sob pressão;
-Vassoura de Fogo: deve-se aplicar vagarosamente nas instalações secas e limpas. Deve-se respeitar a distância da língua de fogo de 20 a 30 cm e utilizar por no mínimo 10’/cela/parideira. - Desvantagens: -Não pode ser utilizada em superfícies de plástico, madeira ou inflamáveis; 36 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
-Demorado e perigoso para o operante; -Após a passagem, deve-se deixar a instalação vaziar por 12 horas;
b)2. Desinfecção Química: -Fatores que influenciam na desinfecção: -Limpeza prévia (a maioria dos desinfetantes são inativos na presença de matéria orgânica); -Concentração da solução (o desinfetante deve ser utilizado na dosagem preconizada pelo fabricante. É inútil diminuir a dose); -Tempo de ação e temperatura da solução (quanto mais baixa a temperatura da superfície, maior deve ser o tempo necessário para a ação); -Rotação de desinfetantes (como uma forma de aumentar a eficácia da desinfecção, tem sido recomendada a rotação de desinfetantes, visando aumentar o espectro de atividade e evitar o aparecimento de resistência – deve-se fazer a rotação uma vez ao ano no mínimo);
37
II. Etapas do Programa de Limpeza e Desinfecção 1ª Etapa (Limpeza Seca): iniciar no máximo 3 horas após a saída dos animais. Devese retirar das instalações os equipamentos desmontáveis, remover toda a maravalha e esterco do piso, além das sujidades das partes superiores das paredes e teto, desmontar a instalação (ripados, escamoteadores e divisórias). - Material necessário: pás, vassouras e escovas;
2ª Etapa (Limpeza Úmida): deve-se molhar as superfícies com solução detergente (1 – 1,5L/m 2), deixa impregnar por um período de 3 horas. Molhar novamente com água sob pressão para a retirada total dos detritos (0,3L/m 2). Retirar a água estagnada nos locais onde isso ocorre (comedouros, pisos quebrados, etc) e lavar os equipamentos retirados das instalações e deixá-los secar. - Material necessário: pás, vassouras, escovas, detergente e água sob pressão;
3ª Etapa (Primeira Desinfecção): preparar a solução desinfetante (0,4L/m 2), aplicar a solução em todo o piso, paredes, implementos, comedouros e etc. Após algumas horas ou no dia seguinte montar os equipamentos anteriormente desmontados. - Material necessário: regador ou pulverizador, equipamento de proteção pessoal e desinfetante; *Nenhum desinfetante elimina coccidiose, apenas a vassoura de fogo.
4ª Etapa (Fumigação – Opcional): deve-se calcular a área da sala e utilizar 10g de permanganato de potássio com 20ml de formol 40% por metro cúbico. Fechar todas as janelas ou cortinas. Manter a sala fechada por 1 a 2 dias;
-Material necessário: equipamento de proteção pessoal, balde ou tambor, formol 40% e permanganato de potássio; TOTAL DO CICLO: 2 a 3 dias de limpeza + 3 a 4 dias de vazio sanitário * Nebulização: utilizado em terminação/crescimento, para evitar tosses e espirros;
III. Desinfetante Ideal Apesar do continuado desenvolvimento químico, não existe desinfetante que elimine na mesma concentração e no mesmo espaço de tempo, bactérias, vírus, fungos, protozoários, parasitas e suas formas intermediárias. Dentre os disponíveis no mercado, optar por aqueles que atendam o maior número dos seguintes aspectos: - Não sofrer alterações em sua ação na presença de matéria orgânica, água dura ou detergente; 38 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
- Ter ação rápida, porém durável e com poder remanescente, os quais devem persisti r quando diluído; - Não ser corrosivo, não manchar, não deixar odor e não atacar roupa e materiais de uso corrente na granja; - Ser compatível com outras drogas; - Ser atóxico e não irritar a pele do homem e animais; - Ser biodegradável; - Ser solúvel e estável na água; - Não causar o aparecimento de cepas resistentes à ação germicida; - Não ter efeito de seleção passiva de um ou diversos agentes patogênicos; - Econômico; - Ter elevado poder de penetração nas superfícies dos materiais. A escolha do desinfetante é decisiva para que se obtenha o efeito desejado. Aparentemente, a escolha, de um produto que ofereça todas as condições ideais de atuação parece extremamente difícil frente ao grande número de produtos ofertados, porém, o exame criterioso de sua composição, espectro de ação, de seu custo por metro quadrado, entre outros, facilitam a tarefa.
Concentração da Solução Deve ser orientado pelo fabricante e/ou, frente às características do programa, por um técnico especializado. Cuidado com as subdosagens visando redução de custos. Essa atitude pode levar a não ação esperada e a seleção de microorganismos resistentes
Tempo de Ação O tempo de ação depende essencialmente da temperatura e da natureza da superfície a ser desinfetada, já que nenhum desinfetante tem efeito instantâneo. Quanto mais baixa for a temperatura superficial maior deve ser o tempo de ação, uma vez que temperaturas baixas diminuem o efeito do desinfetante. Em épocas frias deve-se fazer a desinfecção nas horas mais quentes do dia. Um período de 24 horas, a uma temperatura de 20°C, determina bons resultados. *Sempre ler o rótulo do agente que está sendo usado e verificar o espectro de ação e os agentes que eventualmente você deseje destruir. **Os mais utilizados são: derivados halogenados (fenol, cloro, cresóis e iodo), derivados quaternários da amônia, glutaraldeídos e formaldeídos. 39 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
IV. Limpeza e Desinfecção para cada Setor da Granja a) Fêmeas recém cobertas e setor de gestação :Uma limpeza e desinfecção completa deve ser realizada após a transferência de cada lote de fêmeas ou para o setor de gestação para a maternidade. As demais etapas de um PLD a serem praticas neste setor dependem muito do modelo da edificação. Em granjas com piso compacto devese, duas vezes ao dia, retirar os excrementos da região posterior das fêmeas enquanto que em granjas com piso ripado uma vez é por dia é suficiente. Quando as fêmeas em gestação são mantidas presas em celas individuais é deve-se, pelo menos uma vez por semana, pulverizar com desinfetante a parte do piso na região posterior das porcas. *Sempre retirar as fezes para que as fêmeas não deitem sobre estas.
b) Maternidade: a limpeza e desinfecção deve ser realizada após cada saída de um lote, pode-se utilizar fumigação e vassoura de fogo. As fêmeas devem ser lavadas e desinfectadas antes de serem transferidas para a maternidade. Iniciar a limpeza das celas parideiras retirando as fezes e a parte úmida da cama dos leitões. A lavagem da cela com água e a sua posterior desinfecção (neste caso, a desinfecção é feita mesmo com os animais presentes na instalação) pode ser feita quando houver necessidade como por exemplo na presença da diarréia dos leitões. Quando for realizado essa forma de lavagem, para evitar que os leitões sejam molhados, deve-se colocá-los numa caixa com uma fonte de calor, ou mantê-los presos no escamoteador. A solução do desinfetante a ser usada deve ser de baixa toxicidade e não irritante e aplicada por meio de um pulverizador. Uma vez aplicada a solução, deixa-se secar o ambiente e coloca-se a cama, para posteriormente soltar os leitões.
c) Creche: a limpeza e desinfecção deve ser realizada após cada saída de um lote, pode-se utilizar fumigação e vassoura de fogo. E limpar as valas 2 a 3 vezes por semana em pisos ripados ou diariamente em pisos compactos. O vazio sanitário deve ser no mínimo de 3 dias. Durante o seu período de ocupação, os corredores e a área abaixo das gaiolas de creches devem ser limpos com água sob pressão duas ou três vezes por semana. No caso de creches em baias com piso compacto, estas devem ser varridas diariamente com auxílio de rodo metálico e vasoura e os resíduos devem ser empurrados para dentro da canaleta de dejetos ou para a vala existente abaixo do piso ripado. Quando os leitões são 40 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
retirados da sala, as paredes, gaiolas ou baias, piso, parte interna dos telhados e equipamentos são lavados com água sob pressão e todo o ambiente é desinfetado. Podese ainda lançar-se mão da caiação com complemento deste processo. A seguir as instalações devem permanecer vazias e fechadas por um período mínimo de 72 horas, para uma perfeita secagem e atuação do desinfetante.
d) Crescimento e Terminação: a limpeza e desinfecção deve ser realizada após cada saída de um lote, deixando um vazio sanitário de 3 dias. Pode-se fazer aspersão de solução desinfetante (clorexidina) dentro das instalações com os animais em dias mais quentes e deve-se raspar as baias no mínimo 2 vezes por dia.
e) Setor de terminação : Uma ou duas vezes por semana, os corredores são lavados. As baias devem ser varridas diariamente com auxílio de rodo metálico e de vassoura, e os resíduos são empurrados para dentro da canaleta de dejetos ou para o interior da vala existente abaixo do piso ripado. Toda a vez que um lote de suínos sair das instalações, procede-se a remoção da matéria sólida remanescente no interior das baias. A seguir, baias, paredes laterais e partes internas dos telhados são lavados com água sob pressão e desinfetados, permanecendo em vazias e em descanso (vazio sanitário) por um período mínimo de 72 horas para uma perfeita secagem e atuação do desinfetante. A tabela 18 apresenta as principais etapas de um programa de limpeza e desinfecção para granjas que utilizam o sistema todos dentro – todos fora.
f) Setor de reprodução : O setor de reprodução é praticamente o único local que jamais passa por um vazio sanitário. Devido a isto pode haver uma proliferação significativa de microorganismos, portanto do ponto de vista da higiene devem ser tomadas o máximo de precauções para evitar uma contaminação externa e/ou interna do trato genital tanto da fêmea como do macho.
g) Baia dos cachaços: Os cachaços devem ser mantidos em um meio ambiente limpo e confortável. As baias devem ser limpadas uma a duas vezes diariamente com pá e vassoura. Quando se utiliza maravalha a parte úmida deve ser retirada. Uma vez por semana, logo após a limpeza, a baia deve ser pulverizada com solução de desinfetante. Uma vez por mês ou no máximo a cada 45 dias as baias devem ser lavadas e
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desinfetadas. Nesta ocasião deve-se dar um banho nos cachaços com água morna e sabão e, pode-se realizar a lavagem prepucial com o produto indicado pelo técnico.
h) Setor de coberturas (montas) : Em muitos sistemas de produção de suínos iremos encontrar, na área de gestação e cobertura, uma baia chamada baia de cobertura/monta. Esta é assim chamada por ser o local onde todas as coberturas de rotina são realizadas. As fêmeas identificadas em estro são levadas para esta baia e são cobertas por um cachaço que também é transportado para esta baia. Após a cobertura, ambos animais retornam para suas respectivas baias ou gaiolas. De um modo geral recomenda-se a utilização de algum tipo de material que servirá para cobrir o piso da baia e propiciar ao cachaço e à fêmea ótimas condições de apoio, as quais são muito importantes para que a monta ocorra da maneira mais apropriada. Os materiais normalmente utilizados são areia, palha ou feno e maravalha. Durante a realização das montas, é comum ocorrer a eliminação de urina e fezes pelos animais e, portanto, é muito importante que o material utilizado como cobertura do piso seja trocado rotineiramente para que o ambiente da baia seja sempre o mais limpo possível. Este material não deve estar úmido de mais e nem conter excesso de matéria orgânica, a qual propicia uma alta pressão de infecção no ambiente da baia. O momento mais apropriado para a troca da cobertura do piso da baia irá variar de um sistema de produção para outro e vai depender basicamente do tipo de material em uso e do número de montas realizado diariamente. O funcionário responsável pela área de cobertura e gestação, deverão estabelecer a melhor rotina de troca do material do piso da baia de cobertura. Uma recomendação de ordem geral, seria trocar o material do piso de duas a quatro vezes ao mês. A troca deste material, deve seguir a seguinte ordem: 1. retirada de todo o material do piso; 2. lavagem da baia com água sob pressão mais detergente para uma retirada completa de toda matéria orgânica; 3. desinfecção da baia após esta ter secado; 4. colocação do novo material para cobertura do piso somente após o desinfetante ter secado e a baia ter ficado vazia pelo tempo mínimo necessário recomendado pelo fabricante para uma ação efetiva do desinfetante.
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Lavagem da instalação Esta operação deve ser executada até, no máximo, um dia após a retirada dos animais na seguinte seqüência:
molhar todas as superfícies internas, adicionando um detergente à água.
Adicionando um detergente à água assegura-se um máximo de impregnação e
limpeza sendo que o volume de água a ser usado e o tempo necessário para a limpeza pode ser reduzido em até 60%. Por outro lado adicionando ao mesmo tempo um detergente e um desinfetante, pode-se inativar durante essa pré-lavagem até 80% dos microorganismos causadores de doenças. Em instalações com baias metálicas, utilizar produtos com baixa corrosividade.
o tempo necessário para amolecer a sujeira mais dura presa sobre o piso ou
partes baixas das paredes varia com a freqüência da limpeza diária da instalação. Em geral, na maternidade e creche, onde na maioria das granjas é realizada uma limpeza diária não se observa muita sujeira sobre o piso e equipamentos após a retirada dos animais. Neste caso, o tempo necessário para amolecer a sujeira é de aproximadamente três horas. Já nas baias das fases de recria e terminação, onde a freqüência das limpezas geralmente não é diária, a quantidade de sujeira presente após a retirada dos animais é bastante grande e, por isto, o tempo necessário para amolecer a sujeira acumulada varia de doze a dezesseis horas;
após esse período, passar a vassoura e lavar com água;
trabalhar de uma extremidade da instalação até a outra. Prestar atenção
principalmente aos cantos, rachaduras e outros lugares onde a sujeira possa estar aderida.
Outras instalações As demais instalações devem sofrer diariamente uma limpeza completa com vassoura e pá, retirando-se o esterco. Naquelas que tiverem cama, trocar apenas a parte úmida.
Limpeza e desinfecção após a saída dos animais da instalação As principais etapas de um programa de limpeza e desinfecção para construções de onde foram retirados todos os animais são as seguintes:
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Limpeza seca e desmontagem do equipamento A limpeza deve ser feita no mesmo dia da retirada dos animais na seguinte seqüência: - após a saída dos animais das instalações, retirar os equipamentos desmontáveis (como comedouros e lâmpadas de aquecimento) para um lugar onde possam ser lavados e guardados, de tal forma que não sofram contaminação; - retirar e queimar materiais remanescentes nas salas (como sacos de ração, restos de cordão utilizados para amarrar umbigo, algodão , toalhas de papel, etc.); - retirar todo o esterco e qualquer outra matéria orgânica das instalações, incluindo o que estiver incrustado no piso. Utilizar, para tal, ferramentas como escovas e pás.
Limpeza do equipamento móvel Os equipamentos móveis, em geral, se apresentam altamente contaminados. No caso de não serem lavados com detergente e posteriormente desinfetados, poderão tornar-se veiculadores de agentes patogênicos. A lavagem do equipamento pode ser efetuada durante o período de impregnação, e devendo-se proceder da seguinte forma: - molhar ou colocar o equipamento num tanque com água, detergente e desinfetante; - deixar impregnar, para amolecer a sujeira incrustada; - escovar e lavar com água sob pressão, para retirar o restante da sujeira residual; - guardar o equipamento num lugar limpo, protegido da poeira normal da granja, para evitar o risco de nova contaminação; - permitir aos equipamentos que sequem por um dia. Essa limpeza deve ser feita num local limpo e onde haja um fácil escoamento da água.
Desinfecção das partes inferiores das paredes, pisos e equipamentos Grande número de microorganismos patogênicos passam através das fezes para o piso e para as partes inferiores das paredes. A desinfecção nessas áreas deve seguir a seguinte seqüência: - preparar a solução do desinfetante a ser usado; - montar os equipamentos que estejam desmontados; - impregnar completamente com a solução desinfetante as regiões inferiores das paredes, o piso e o equipamento em geral. Prestar especial atenção aos cantos, aberturas e demais locais onde a sujeira tende a se acumular; - as superfícies de madeira e outras áreas porosas devem ser impregnadas totalmente, 44 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
- pois essas abrigam agentes infecciosos com maior facilidade; - desinfetar a área de acesso à instalação. - manter a sala tratada fechada, mantendo-a assim por 24 horas; - limpar e trocar o desinfetante dos pedilúvios colocados na entrada das instalações.
Desinfecção do teto e das paredes A presença de organismos patogênicos no teto e nas partes superiores das paredes representa uma importante fonte de infecção para os animais que serão introduzidos nas instalações. A poeira que cobre essas superfícies representa um risco especial, pois na mesma são encontrados altas concentrações de microorganismos. Para diminuir a carga infecciosa nessas áreas, deve-se proceder da seguinte forma: - utilizar um desinfetante de largo espectro, que mantenha sua atividade em presença de matéria orgânica; - pulverizar, com uso de pressão, as superfícies internas do teto e das paredes laterais; - prestar atenção especial aos cantos, rachaduras nas superfícies que estão sendo tratadas e canos onde possa estar acumulada poeira.
V.
Limpeza do Sistema Hidráulico
A água é uma das principais vias de veiculação de agentes causadores de enfermidades. Depósitos de água são sensíveis à contaminação pela poeira e pela formação de limo. O limo pode obstruir as tubulações e servir de substrato ao desenvolvimento bacteriano. Nas criações onde o sistema hidráulico pode ser fechado após a saída dos lotes fazer limpeza e desinfecção completa. Os depósitos e os sistemas de fornecimento de água podem estar contaminados com poeira e pela formação de limo. Esses, por sua vez, podem obstruir os encanamentos, favorecendo o crescimento bacteriano. O sistema de fornecimento de água pode ser limpo após a retirada dos animais das instalações, para tal deve-se proceder da seguinte forma com o depósito: - fechar a entrada de água e esvaziar; - limpar e lavar a caixa; - encher o depósito, fechar a entrada de água e adicionar um desinfetante; - após 12 horas deixar escoar a solução através de todo sistema de fornecimento de 45 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
- água até esvaziar o depósito, desprezando a água com o desinfetante; - encher com água limpa e fresca. A limpeza e desinfecção do sistema de fornecimento de água deve ser realizada, no mínimo, uma vez a cada seis meses.
Tratamento da água Constantemente, a água de beber dos animais atua como agente de transmissão e ►
disseminação de doenças em sistemas de produção de suínos. Para tratar a água existem vários métodos, entre eles se destaca a desinfecção. O desinfetante para uso na água de bebida deve ser específico, atóxico, ter amplo espectro de ação, ter alguma atividade na presença de matéria orgânica. Em geral, o desinfetante mais empregado é o cloro porque: - age sobre os microorganismos; - tem uma ação residual ativa na água e uma ação continua depois de aplicado; - não é nocivo ao homem; - é de aplicação relativamente fácil; - é bem tolerado pela maior parte da população; - é econômico e facilmente encontrado Uma maneira prática de aplicar o cloro na caixa é através do uso de cloradores. Um clorador é simples de ser construído e é basicamente uma mistura de cloro em pó (Hipoclorito de cálcio ou cal clorada [340g] e areia lavada [850g]). Essa mistura é colocada em uma embalagem plástica vazia (embalagem de água sanitária) de um litro. São feitas duas perfurações de 0,6 cm de diâmetro 10 cm abaixo do gargalo, para que o cloro possa sair. A função da areia é facilitar a liberação lenta do cloro para a água. É colocado na caixa d’água ou no poço com o auxílio de um fio de nylon que deve ficar amarrado em qualquer ponto de apoio. O clorador deve ficar dentro da água, mas próximo a superfície. Geralmente esta mistura é suficiente para tratar 2000 litros de água. O clorador deve permanecer durante 30 dias. E depois deve ser trocado por uma nova mistura.
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Utilização de banho para visitantes e funcionários É reconhecido o risco potencial da introdução de doenças pela compra de ►
reprodutores contaminados, pelo contato com dejetos dos animais, através de veículos estranhos a criação e pelo contato com calçados contaminados com fezes. Com respeito à transmissão por roupas, pele e cabelo contaminados, as informações são menos precisas. Em um estudo realizado na Inglaterra verificou-se que após um período de exposição de 20 minutos numa criação de suínos, a concentração bacteriana no cabelos triplicou em comparação com aquela presente em cabelos limpos e lavados. Esses resultados confirmam o risco da transferência microbiológica por meio de seres humanos, certamente tais perigos estão presentes com o movimento de pessoas entre unidades com diferentes padrões sanitários. Por este motivo, a construção de instalações específicas com chuveiros e vestiários que permitam a rotina do banho e da troca de roupa por uma indumentária higiênica de trabalho reveste-se de importância. Tanto os empregados da criação como outras pessoas que eventualmente tenham de entrar na mesma, devem ser conscientizados da necessidade do banho diário no começo e no final do turno de trabalho. Cabe aos gerentes e técnicos responsáveis pela granja dar esse exemplo. O banho deve funcionar obrigatoriamente quando houver ameaças de epizootias na região. Em alguns países europeus, certas criações não fazem do banho uma prática obrigatória como pré- requisito para ingresso em suas dependências. Entretanto, o visitante é obrigado a trocar toda a roupa, utilizando botas, macacão e bonés da granja, além de lavar as mãos e o antebraço numa solução desinfetante. Isso só é possível em função do grau de conscientização e pelo nível de informação do pessoal de campo nesses países, bem como pelo rigoroso controle sobre doenças infecciosas de declaração obrigatória existentes nos mesmos. Para que a rotina do banho seja seguida permanentemente, as seguintes condições devem estar presentes: 1. a sala deve ter temperatura adequada; 2. devem existir armários para os funcionários e visitantes colocarem a roupa de rua e um vaso sanitário (área suja); 3. deve-se dispor de chuveiro com água quente à vontade e sabonete (área intermediária); 4. deve-se dispor de indumentária específica da granja (macacões, calças, aventais, camisetas, meias e botas) com vários tamanhos (área limpa). Roupas comuns devem ser evitadas. 5. na saída da área limpa, deve existir um pedilúvio com esponja saturada com solução de desinfetante. Por ocasião do banho o funcionário ou visitante deve seguir os seguintes passos: 47 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
- ir ao banho, ensaboar bem os cabelos e, em seguida, todo o corpo; - retirar a espuma e repetir o processo; - ter o cuidado de lavar, com escovinha, sob as unhas; - o banho deve ter duração mínima de três minutos.
VI. Limpeza dos Silos de Ração Uma limpeza periódica dos silos de ração vazios é indispensável, uma vez que rações rançosas ou mofadas podem grudar-se nas paredes. Normalmente uma limpeza a seco é suficiente. Uma limpeza periódica dos silos onde é armazenada a ração é indispensável, uma vez que podem se formar placas ou depósitos de raçãorançosa ou mofada nas suas paredes. Em geral é suficiente uma limpeza a seco. A ração colada na parede pode ser retirada com auxílio de uma vassoura de cabo longo, a qual deve ser passada em todas as paredes do silo a partir da parte mais alta. Se a ração estiver muito aderida , pode-se utilizar um cabo de madeira suficientemente longo munido de uma lâmina de metal numa das pontas, tipo rodo metálico.
VII. Limpeza e Desinfecção dos Arredores das construções Sujeira e lixo acumulados junto à instalação durante o processo de limpeza e desinfecção podem contaminar áreas adjacentes. Quando essas áreas contaminadas são negligenciadas, elas atuarão como constante fonte de infecção. O criador deve eliminar o lixo recolhido durante o processo de limpeza de forma adequada, para evitar a formação de depósitos de detritos em locais adjacentes aos prédios da granja. Quando houver negligência nesse manejo, poderá ser criado um foco permanente de infecção. A limpeza e a desinfecção dos arredores das construções deve ser feita da seguinte forma: - retirar a sujeira e o lixo existentes ou depositados junto aos prédios , eliminando-os - adequadamente (por exemplo, enterrando); - preparar uma solução de desinfetante e pulverizar essas áreas; - limpar e encher todos os pedilúvios existentes junto às construções.
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VIII. Vazio Sanitário É o período em que a instalação permanece vazia após a limpeza e desinfecção. Deve ser de 4 a 8 dias e, só terá validade, se o local for fechado ao trânsito de pessoas ou animais. Esse processo só é possível no sistema “todos dentro todos fora”. Atualmente considera-se como vazio sanitário o período em que a instalação permanece vazia e fechada após ser realizada uma limpeza seguida de desinfecção. Essa rotina é um complemento à desinfecção e permite a destruição de microorganismos não atingidos pela desinfecção, mas que se tornam sensíveis a ação dos agentes físicos naturais. Além disso, o vazio sanitário permite a secagem das instalações e efetiva atuação da solução desinfetante. A prática do vazio sanitário somente será eficiente se for possível que o local seja fechado, impedindo-se a passagem depessoas ou animais. O período de vazio sanitário para as diversas fases da produção (gestação, maternidade, creche, recria e terminação) deve, idealmente, ser de aproximadamente 5 dias. Nos casos de depopulação total de uma granja, o vazio sanitário recomendado varia de 30 a 120 dias dependendo dos tipos de agentes patogênicos presentes no ambiente e que se pretendam eliminar.
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Fumigação Entende-se por fumigação a exposição de determinada área a um desinfetante em ►
forma de gás. Ela é realizada como um processo complementar a um programa de limpeza e desinfecção. Através do mesmo, procuramos atingir as superfícies da construção que, por alguma razão, não foram atingidas pelo processo de desinfecção. Em nosso meio, a combinação de formol com permanganato de potássio têm sido os produtos mais utilizados nas fumigações. Através da fumigação com formol e permanganato produz-se um gás extremamente tóxico e que atinge principalmente os olhos, mucosas e o trato respiratório. Devido a isto, a fumigação de instalações e de materiais a serem introduzidos em uma granja deve obrigatoriamente ser realizado sob a orientação de um médico-veterinário.
Nebulização de instalações ocupadas com uma solução de desinfetante Em instalações com superlotação ou no caso de má ventilação geram-se condições ►
favoráveis de transmissão de agentes patogênicos entre animais doentes e sadios. É geralmente aceito que esses agentes "viajam" através do ar na forma de aerosóis ou agregados á partículas de poeira. Esse tipo de transmissão é considerada especialmente relevante no caso de algumas doenças respiratórias. As perdas determinadas por esses tipos de infecção podem ser minimizadas se for mantida baixa a exposição dos animais aos patógenos presentes no ar. Entre as medidas que podem ser usadas para isso destaca-se o uso da aspersão com água com a adição de produtos com ação desinfetante, podendo-se observar uma redução nas concentrações bacterianas de até 70%. Este tipo de procedimento só deve ser realizado sob a orientação de um médico-veterinário.
Rodolúvios e pulverização de veículos e pedilúvios Tanto o homem como veículos participam com freqüência na introdução e difusão de ►
doenças numa granja. O isolamento completo de uma propriedade é bastante difícil, deve-se por isso utilizar todos os recursos disponíveis para diminuir ao máximo a possibilidade da introdução de agentes infecciosos. Através da utilização de rodolúvio, da pulverização de veículos e de pedilúvios o risco de transmissão de agentes patogênicos pode ser reduzido consideravelmente. O objetivo da utilização destes tipos de desinfecção é o destruir microrganismos que posam estar presentes nos veículos e calçados das pessoas os quais cheguem próximos aos animais do rebanho. Para tal, porém, é indispensável que os mesmos estejam 51 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
localizados estrategicamente, para que os empregados e os visitantes venham a utilizálos antes de entrar na granja ou em uma instalação da granja. Os pedilúvios devem sempre estar localizados na entrada da granja e na saída de cada instalação. Em nosso meio, os tipos mais comuns são caixas de metal, de madeira ou em forma de caixas de concreto integradas na próprio piso, contando com um sistema de d renagem próprio. O pedilúvio deve ser construído de tal forma a evitar que os funcionários ou visitantes sejam obrigados a pisar no solução desinfetante quando passarem pelo pedilúvio. A desvantagem do pedilúvio contendo cal sistema é que a aderência de cal em forma de pó à sola dos calçados é geralmente insuficiente para que ocorra uma boa desinfecção. Além disso, dependendo do tipo de calçado usado pelo visitante, a cal não cobre adequadamente toda a superfície dos calçados. Isso ocorre, por exemplo, com sapatos ou botas com saltos altos. Devido a essas desvantagens, esse tipo de pedilúvio em geral só é recomendado para uso dentro da granja, na entrada e/ou saída de prédios. A cal deve ser trocada, no mínimo, a cada três dias. O pedilúvio com solução desinfetante consiste de uma fossa com até seis centímetros de profundidade com um nível aproximado de dois a quatro centímetros de uma solução de desinfetante. Nesse caso ocorre um contato rápido com o calçado, cobrindo a maior parte do mesmo. A desvantagem está na rápida agregação de matéria orgânica e de sujeira à solução desinfetante, reduzindo gradativamente a sua eficiência. O pedilúvio com esponja embebida em uma solução desinfetante deve ter até oito centímetros de profundidade e uma esponja de até 5 cm de altura, embebida com solução desinfetante. O sistema é eficiente, pois ao se pisar sobre a esponja a solução entra em contato com toda a sola do calçado e ao mesmo tempo forma-se uma espuma que praticamente cobre as partes laterais da sola e do alto do mesmo. Dessa forma, o sapato ou a bota ficará ligeiramente umedecida pela solução de desinfetante e conseqüentemente considera-se a área atingida como desinfetada. Uma vantagem adicional é que, ao se retirar os sapatos de cima da esponja, ela praticamente absorverá o excesso da solução desinfetantes, não havendo maiores perdas da mesma. A principal desvantagem do uso desse sistema está na dificuldade de limpar a esponja. Para proceder a limpeza, inicialmente deve-se deixar escorrer a solução absorvida e lavar cuidadosamente a esponja. A seguir, a fossa deve ser esgotada e limpa, incluindo a retirada de todos os resíduos de matéria orgânica e após lavada.
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Após devidamente seca, a esponja é recolocada e acrescida de uma nova solução de desinfetante. Rodolúvios servem para desinfecção de veículos que entram na granja. O uso de rodolúvios tem sido abandonado em criações modernas, uma vez que a entrada de veículos na granja deve ser proibida. A pulverização de veículos que entram na granja tem sido utilizada em combinação com rodolúvios ou como substituto para o uso dos mesmos. Devem ser escolhidos princípios ativos de baixa ação corrosiva, visando a afetar minimamente a carroceria dos veículos. Não existe mais nenhuma dúvida hoje em dia que os veículos que transportam animais ao frigorífico devem são uma das principais, se não a principal, fonte de contaminação de um sistena de produção. Principalmente, quando este transporte é feito por terceiros (caminhões contratados) e por caminhões que também transportam os equipamentos e a ração utilizada na granja. A sequência a ser seguida para a limpeza e desinfecção de veículos é a seguinte: - remoção do esterco, palha ou maravalha, raspagem do piso e das laterais do veículo com instrumento apropriado (limpeza seca); - lavagem com solução de detergente quente ou água quente a pressão; - deixar secar durante 1-2 horas; - aplicar a solução de desinfetante;e - deixar secar por 12 horas
4.9 Considerações Gerais A grande maioria das instalações em criações comerciais utilizam piso de cimento. Muitos criadores, com o objetivo de limpeza e apresentação, utilizam a limpeza úmida diariamente. Nesse tipo de manejo a prevalência de problemas de cascos é alta, já que a água vai remover a totalidade dos resíduos orgânicos depositados sobre o piso expondo a abrasividade. Procurar realizar limpeza seca com enxada e/ou pá e vassoura. De maneiras diferentes, todas as criações podem implementar medidas de limpeza e desinfecção, mas deve-se considerar: - Um programa de limpeza e desinfecção não significa apenas limpar e esfregar os equipamentos; - Na elaboração do projeto de implantação da granja deve-se prever um esquema de limpeza e desinfecção adequados; - Ele requer atenção contínua e exige acompanhamento técnico; 53 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
- As instalações devem ser planejadas e construídas de forma a permitir um escoamento natural que leve os dejetos para longe dos prédios dos suínos. Esses programas não terão validade se não forem adotadas medidas complementares: - Supressão do contato dos funcionários da granja com outras criações; - Limitação do número de visitantes; - Obrigatoriedade de banho e troca de indumentária para os visitantes; - Manutenção de cercas em torno da propriedade.
4. 10 Vacinação – Imunoprofilaxia A prevenção de doenças, através de vacinação estratégica, deve sempre ser considerada. Os esquemas de vacinação variam para cada doença. A EMBRAPACNPSA sugere (Tabela 03) um programa de vacinas para atender as doenças mais prevalentes. Adotar um programa mínimo de aplicação de vacinas, para prevenção das doenças mais importantes da suinocultura, respeitando as instruções oficiais (MAPA) para doenças especificas, como é o caso da vacina contra a Peste Suína Clássica e Doença de Aujeszky, que somente poderão ser utilizadas com autorização do órgão oficial de defesa sanitária.
Conservação das vacinas Manter todas as vacinas em geladeira em temperatura entre 4 a 8°C. Jamais deixar congelar as vacinas. Os seguintes cuidados devem ser observados na aplicação de vacinas e/ou medicamentos: -Ao vacinar um grupo de porcas ou leitões usar uma caixa de isopor com gelo para manter os frascos de vacina refrigerados. Não deixar a vacina exposta ao sol durante o manuseio; -Para evitar a contaminação da vacina que fica no frasco, usar uma agulha para retirar a vacina do frasco e outras para aplicação nos animais. -Desinfetar o local antes da aplicação.
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-Usar agulhas adequadas para cada tipo de animal e para cada via de aplicação conforme recomendação do quadro abaixo:
-Aplicar a vacina corretamente, atentando para a via de aplicação (intramuscular ou subcutânea), de acordo com recomendação do fabricante. - ler sempre as instruções da bula e seguí-las rigorosamente, especialmente com relação à via de aplicação e ao volume; - não usar vacina ou medicamentos fora do prazo de validade; - não vacinar animais três semanas antes do abate; - agitar o frasco antes de usar - após abrir o frasco de vacina, usar, de preferência, todo o conteúdo; - vacinar sempre nos horários mais frescos do dia; - agulhas e seringas devem ser lavados com água e sabão e fervidas, antes e depois da vacinação ou aplicação de medicamentos; -Não aplicar a vacina com a agulha acoplada diretamente na seringa e sem imobilizar a porca, pois a vacina poderá ser depositada fora do local desejado. - para as aplicações no músculo, deve-se usar agulha que ultrapasse a camada de gordura, porque se a injeção for administrada nesta camada não haverá absorção adequada; -Caso não deseje imobilizar a porca usar prolongamento flexível com a agulha numa das extremidades e a seringa na outra. - para vacinações dos leitões recomenda-se fechá-los em um abrigo, evitando com isso, correr atrás dos animais para apanhá-los. -Desinfetar a tampa de frascos contendo sobras de vacina e retorná-los imediatamente para a geladeira. -Aplicar as vacinas com calma, seguindo as orientações técnicas, para evitar falhas na vacinação e formação de abcessos no local da aplicação. 55 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Programa de vacinação Existem muitas vacinas disponíveis no mercado para atender a suinocultura. A decisão de quais vacinas utilizar depende de uma avaliação individual da granja e dos riscos e perdas econômicas que representam as doenças que se deseja prevenir. Um programa básico de vacinação inclui as vacinas contra parvovirose, colibacilose, rinite atrófica e pneumonia enzoótica conforme quadrosa seguir.
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5 DOENÇAS DE SUÍNOS O suíno apresenta relativamente poucas doenças graves de caráter infeccioso. É mais suscetível a enfermidades esporádicas resultantes da falta de higiene, alimentação imprópria e condições de criação inadequadas. As condições de criação envolvem o bem-estar do animal em relação ao espaço físico, ventilação, temperatura, acesso à água e alimento, etc. A higiene é primordial na suinocultura, pois os cuidados com o ambiente de criação do suíno dependem da ação do homem. Para tanto, a equipe deve ser orientada para oferecer ambiente ausente de agentes maléficos aos suínos. A alimentação deve ser adequada à fase e ao tipo de, com atenção a sua conservação e oferta ao animal. Além do controle da higiene, alimentação e condições de criação, vale destacar, no controle de doenças, a imunoprofilaxia, que é ofertada naturalmente pela ingestão do
colostro e através do uso de vacinas específicas. A ocorrência de uma sintomatologia não necessariamente irá determinar a especificidade de uma doença. As doenças são multifatoriais, ou seja, vários fatores podem desencadear o aparecimento da mesma, sendo:
Fatores ambientais: manejo, higiene, densidade, ventilação, clima;
Fatores do agente: virulência, amostra, resistência, disseminação;
Fatores do animal: imunidade, idade genética, nutrição.
Algumas doenças que acometem os suínos são consideradas enfermidades de notificação obrigatória.
Virais: febre aftosa; estomatite vesicular; peste suína clássica e africana; do eença
vesicular dos suínos; encefalite pelo vírus nipah; síndrome reprodutiva e respiratória dos suínos (PRRS); influenza suína; gastrenterire transmissível dos suínos (TGE); parvovirose;
Bacterianas: Escherichia coli (Verocitotoxigênica – O157); salmonelose;
pasteurelose; ruiva;
Parasitária: cisticercose suína.
Para uma melhor explanação quanto a estes assuntos, indico para pesquisa:
Atlas de Doenças de Suínos (David Barcellos e Jurij Sobestiansky);
Disease of swine - 9th Edition
Handbook of Pig Medicine
Noções Básicas de Doenças Suínas (Tortuga); 57 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
6 GERENCIAMENTO E PLANEJAMENTO 6.1 GERENCIAMENTO A propriedade suinícola é uma unidade de produção operando com um capital (próprio e empréstimos financeiros), e trabalho (familiar e assalariado) devendo gerar um resultado econômico que remunere os investimentos e aporte lucro. De nada adianta um bom planejamento se não forem utilizados mecanismos de controle do desempenho da atividade e de seus funcionários. Para garantir o sucesso da atividade deverão ser adotados métodos eficientes de gerenciamento. Para ter sucesso na atividade o produtor necessita saber como e quanto produzir e, principalmente para quem vender a produção. Nas decisões de médio e longo prazo o gerenciamento desempenha papel preponderante em função das constantes mudanças que ocorrem nas tecnologias, nos preços dos insumos e produtos e nas políticas agrícolas, que levam ao produtor riscos e incertezas.
I.
Organização Administrativa
A organização administrativa das propriedades suinícolas está diretamente relacionada com as suas dimensões. A necessidade de racionalização dos procedimentos administrativos cresce à medida que aumenta a dimensão da empresa suinícola. Nas pequenas granjas a subdivisão de tarefas é mínima. O pequeno produtor de suínos geralmente auxiliado por membros da família, cultiva a terra, trata dos animais e ainda exerce todas as tarefas administrativas, tais como: decidir como e quando plantar, uso de insumos, compras, vendas, aplicação e uso de medicamentos, descarte de reprodutores etc. À medida que a dimensão da empresa suinícola aumenta, o número de pessoas envolvidas na atividade, embora não na mesma proporção, também aumenta. Isto porque, além de ganhos de escala, a "automatização" é um fator que contribui para reduzir a necessidade de mão-de-obra. Na medida que o tamanho da propriedade aumenta, o produtor deve buscar maior nível de especialização, para reduzir custos e minimizar riscos. Objetivando aumentar o poder de barganha tanto na compra de insumos como na venda do produto final, os produtores devem buscar formas associativas como :
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Associação em condomínios ou cooperativas, que pode levar os produtores a
obterem melhores preços na compra de insumos e na venda de suínos.
Criação de estruturas associativas de mercado para incrementar a
comercialização de carne suína " in natura ", como forma de ampliar o mercado consumidor.
II. Contratação de Pessoal Normalmente a necessidade de pessoal pode ser definida com base no número de matrizes do sistema de produção. A relação de um homem para cada 50 matrizes é aceita quando o sistema não utiliza a automação das atividades. De todos os componentes relacionados com os níveis de produtividade, o funcionário é, sem dúvida, o mais importante, pois através de suas ações e interesse, são gerados grande parte do resultado econômico do sistema de produção de suínos. Os custos com mão-de-obra em um SPS representam de 6 a 18% do custo de produção. Considerando o grau de responsabilidade, pode-se classificar os funcionários em gerente de produção, responsáveis por setores específicos e/ou tratadores.
III. Gerente de produção O gerente de produção pode ser definido como sendo o responsável pelo sistema de produção de suínos, isto é, a pessoa que coordena a equipe de trabalho. O gerente deve transformar oportunidades e desafios em resultados. Um bom gerente de produção é aquele que aposta em si mesmo, na sua capacidade de realizar da melhor forma possível todo e qualquer trabalho por mais difícil que ele seja. As características essenciais do gerente são: liderança; assiduidade; conhecimento e controle da atividade; organização; iniciativa; capacidade de trabalho e asseio.
IV. Tratadores O tratador deve ser um indivíduo que possui conhecimento básico sobre suinocultura, capacidade de organizar seu tempo, avaliar as prioridades, manter em dia os serviços de rotina, saber reconhecer as alterações do estado de saúde dos animais e propor soluções para os problemas.
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V. Treinamento Os funcionários devem ser capacitados para exercer as atividades/tarefas a eles confiadas. Portanto, na escolha de pessoal deve-se optar por aqueles que já detêm conhecimento na atividade. Não havendo esta possibilidade, cursos de capacitação deverão ser implementados. Estrategicamente, todos os funcionários deverão saber fazer todas as atividades inerentes ao sistema. Isto assegurará continuidade em caso de falta momentânea de um determinado funcionário. Logo, os funcionários deverão ser capacitados para as atividades a serem desenvolvidas nas diferentes fases de produção, tais como, reprodução, gestação, maternidade, creche e crescimento e terminação.
VI. Controle da atividade e indicadores de produtividade Atualmente existem no mercado softwares específicos para a avaliação técnica e econômica da atividade suinícola. Estes softwares constituem-se em ferramentas muito úteis ao criador, permitindo um acompanhamento mais detalhado dos resultados da atividade e auxiliando na tomada de decisão. Como exemplo cita-se o programa ATEPROS, desenvolvido pela Embrapa Na falta de um software para o controle dos índices técnicos e econômicos do sistema de produção, deve-se estabelecer uma forma alternativa manual que atenda às necessidades mínimas de controle da produção e da produtividade. Em ambos os casos, via software ou manual, é necessário manter a identificação dos animais e utilizar fichas de controle em cada fase de produção.
Identificação dos animais: A identificação dos reprodutores permite acompanhar
o desempenho reprodutivo e a dos outros animais o desempenho produtivo. A identificação dos animais pode ser feita através de tatuagem, brinco ou mossa.
Fichas de controle: O preenchimento de fichas é importante para o controle do
rebanho suíno. Dentre elas destacam-se fichas de controle de porcas, de machos, de coberturas, de leitegadas, de compras de animais e alimentos, de vendas de animais, de despesas gerais, de movimento de animais dentro da granja, de vacinações e de consumo de ração. Além da observação dos valores críticos e metas estabelecidas para cada fase, o produtor deve manter um controle rigoroso de todas as compras e vendas para garantir um acompanhamento econômico/financeiro da atividade. 60 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Dentre os indicadores de gerenciamento técnico do sistema, destacam-se a conversão alimentar do rebanho e o número de leitões produzidos por porca por ano.
VII. Aspectos sociais É na qualidade da mão-de-obra, na relação empregado-empregador e na capacidade de motivação dos funcionários que o criador tem hoje grande possibilidade de melhorar o desempenho técnico e financeiro de sua empresa. Cada funcionário deve ser remunerado, no mínimo, de acordo com a legislação trabalhista. Uma estratégia interessante para a melhoria dos índices de produtividade é a adoção de um sistema de premiação para os funcionários, o qual pode ser um percentual de ganho a mais para cada meta superada num dado período de tempo, como exemplo número de suínos terminados por matriz por ano. Este procedimento visa estimular os funcionários para a busca constante de melhores resultados na atividade. Deve-se buscar a motivação constante dos funcionários através de reuniões e treinamentos. Esforços devem ser implementados no sentido de manter na escola todos os filhos dos funcionários.
VIII.
Higiene e segurança do trabalhador
Há necessidade de estabelecer procedimentos básicos de higiene e obediência de normas vigentes de segurança no trabalho. O gerente ou o responsável pela equipe de trabalho deverá exigir dos empregados que lavem as mãos antes de manejar os animais e utilizem vestimentas e equipamentos adequados ao manejo de resíduos. Deve-se monitorar periodicamente a saúde dos trabalhadores nas áreas de produção. As ocorrências referentes à saúde e segurança no trabalho deverão ser registradas em fichas de acompanhamento e arquivadas em um setor específico. Especial atenção deve ser dada quanto ao armazenamento e manuseio de produtos químicos. Esses devem ser armazenados em locais específicos, ventilados e bem sinalizados. Os trabalhadores capacitados a manusear produtos químicos devem ser treinados para utilização dos Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs) e para a obediência dos preceitos de higiene pessoal.
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Deve-se garantir instalações adequadas para alimentação e higiene pessoal de trabalhadores rurais, bem como, manter um programa de higienização e renovação de suprimentos nos sanitários. Todos os empregados deverão ser capacitados para a adoção de boas práticas de higiene pessoal e manejo dos animais. Dispor, em local de fácil acesso, de uma lista de telefones úteis como bombeiros, pronto socorro, laboratórios de análises, órgãos de pesquisa, ambientais, de extensão e fiscalização.
IX.
Opções de produção / comercialização
Em função do grau de independência em relação a agroindústria, o produtor de ciclo completo pode se estruturar para a produção de suínos de duas formas:
A) Produtor independente É o produtor que executa todas as fases, ou seja, cria o leitão do nascimento até o abate, não tendo nenhuma espécie de vínculo com agroindústrias. Compra animais reprodutores e insumos (alimentos e produtos veterinários) no mercado sem fornecedor fixo. O valor recebido pelo animal pronto para o abate, dependendo da quantidade de carne na carcaça e acrescido de uma bonificação (cerca de 6 a 12%) sobre o valor pago por quilo de suíno vivo. Em épocas de excesso de oferta de suínos para o abate, este tipo de produtor encontra certas dificuldades em colocar seus animais no mercado e é forcado a reter os suínos por mais tempo na propriedade até conseguir comprador.
B) Produtor integrado No sistema de integração o produtor recebe da agroindústria, os insumos (alimentos e medicamentos) e a orientaçãotécnica. O acerto de contas com a integradora e feito no momento da entrega dos animais no frigorifico. A grande vantagem deste sistema para o produtor e a garantia de mercado para seus animais, embora possam ocorrer casos de retenção dos suínos nas granjas por um período maior de tempo, em épocas em que o mercado está super ofertado. Nestes casos, também o produtor integrado acaba tendo problemas, pois nas crises sempre e vantagem entregar os animais para o abate com o menor peso possível.
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X. Custos de produção e resultado econômico Na cadeia do suíno, o produtor historicamente é o elo mais fraco, e o mais desorganizado, o mais descapitalizado e com menor grau de profissionalização. O grande número de pequenas unidades produtoras de suínos, bem como sua dispersãogeográfica, dificulta a organização dos produtores, enfraquecendo o poder de negociação no processo de determinação dos preços. O estabelecimento de uma política de abastecimento de insumos, principalmente de milho, uma melhora na organização da produção, evitando excesso de oferta, e o crescimento do mercado interno e externo para a carne suínapoderão garantir melhor remuneração para o suíno, tornando a atividade menos vulnerável do ponto de vistaeconômico. Em épocas de crise as decisões que o produtor precisa tomar no gerenciamento de sua propriedade, podem significar a sua permanência ou não no mercado. O descarte de matrizes é uma delas. Esta medida deve ser tomada visando principalmente reduzir a demanda de milho, soja e outros insumos. O produtor não pode esquecer que é muito importante, em qualquer época de crise ou não, buscar sempre produzir o maior númeropossível de leitões por porca/ano. Outra medida importante refere-se a compra de milho. Sugere-se que o produto seja adquirido somente em época de safra, levando-se em conta as condições e capacidade de armazenagem. Além destas sugestões, o produtor deve analisar também as outras variáveis que compõem o seu custo de produção, buscando sempre otimizar o uso dos seus fatores de produção. Podemos ainda ter a seguinte discriminação dentro de uma granja de suínos.
O proprietário pode ser: - Proprietário Prático: adquiriu experiência vivida no dia a dia. Consegue obter
índices de produtividade satisfatórios; - Proprietário Explorador: sem formação técnica, com experiência em suinocultura e tem como objetivo o maior lucro possível, sem respeitar os princípios de manejo e bem-estar dos suínos; - Proprietário Investidor: podem ser responsáveis pela condução da produção (aspectos financeiros e de produção) ou contratam empresas para isso;
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- Granjas Familiares: conta com mão-de-obra familiar e são pequenas (granjas de subsistência), médias ou grandes propriedades (granjas comerciais);
Os funcionários podem ser:
- Técnicos: agrônomos, veterinários e zootecnistas; - Funcionários propriamente ditos; - Classificação considerando grau de responsabilidade: - Gerente de produção: responsável pelo sistema de produção de suínos, o qual coordena uma equipe. - Responsáveis por setores específicos; - Tratadores: cerca de 50-80 matrizes/funcionário
Atividades: - Diárias: alimentação, fornecimento de água, limpeza e desinfecção,
observação dos animais, registro dos dados e vistoria das instalações e equipamentos; - Periódicas: preparo de rações, controle de coberturas, acompanhamento de partos, castrações e transferência de animais;
Elementos de Decisão para Implantação de um Sistema de Produção - Estudo Técnico: deve-se levar em consideração os fatores de produção, capital de trabalho, mão-de-obra, manejo da produção, índices de produção e impacto ambiental; - Estudo Econômico: deve-se levar em consideração as condições de mercado, investimentos, cronograma de trabalho, fluxo de entrada dos animais em produção, fluxo de animais à venda, fornecedores, destino da produção e série história do preço do suíno e dos insumos;
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RELAÇÃO ENTRE PROPRIETÁRIO E ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO SPS:
6 .2 Planejamento Planejar é ordenar, efetiva e harmoniosamente as partes que constituem um todo. O planejamento dá ordem e eficiência aos trabalhos a serem executados. Constitui a aplicação objetiva dos conhecimentos teóricos relacionados com a empresa, com o objetivo de encontrar soluções racionais e específicas, tecnicamente corretas e economicamente viáveis. Antes da implantação de criação de suínos, necessariamente, deve ser feito um planejamento. Nesse planejamento deve constar a previsão do potencial de comercialização do produto final, das disponibilidades de insumos, das implicações ambientais do projeto, dos custos de implantação, do sistema de produção e dos pacotes tecnológicos escolhidos e das metas de produção para prever a viabilidade do retorno econômico dos investimentos. São condições indispensáveis para o êxito na atividade suinícola a existência de: 65 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Mercado fornecedor de insumos (grãos, vacinas etc.) e mercado consumidor
(carne, embutidos, leitões, reprodutores etc.); a) Demanda quantitativa atual; b) Projeção da demanda e potencialidade; c) Demanda qualitativa; d) Peculiaridades do mercado; e) Transporte e vias de comunicação; f)
Prazos de pagamento e fontes creditícias;
g) Flutuação sazonal de preços; h) Mercado de compras de matérias primas e produtos; i)
Riscos.
Eficiente estrutura de comercialização (abatedouro, valorização da carcaça, bolsa
de suínos);
Instalações adequadas, construídas com economia, devendo atender aos
princípios de boa higiene e conforto para os animais;
Pessoal técnico e mão de obra capacitados;
Bom programa sanitário;
Plano nutricional adequado, incluindo a boa disponibilidade de água;
Escrituração zootécnica e econômica;
Manejo correto nas diversas fases da criação;
Interesse do criador, profissionalização;
Capital.
Dessa forma, um bom planejamento eleva a garantia da sustentabilidade da atividade, a preservação ambiental e o conforto dos animais, além de facilitar o manejo.
6.2.1 Escrituração zootécnica A escrituração zootécnica consiste no conjunto de práticas relacionadas às anotações da propriedade rural que possui atividade de exploração animal. A escrituração zootécnica pode ser feita de maneira manual ou informatizada. Os animais na propriedade devem possuir seu registro individual mesmo de forma bem simples. Devem constar as seguintes informações sobre a identidade do animal:
Nome ou número de seus pais;
66 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Data de nascimento, de desmame, sobre a reprodução (data do 1º e 2º cio,
repetições de cios, ou no caso de machos, a data da 1ª monta);
Nome ou número do barrão que realizou a cobertura, data provável do parto e
data efetiva do parto, número de leitões nascidos vivos por sexo, natimortos por sexo, peso individual ao nascer e da leitegada, data e peso à desmama, individual e coletivo;
Aplicação de ferro, vacinas e outros produtos nos animais, individualmente ou
em grupo;
Identificação dos animais.
Os dados dos diversos registros, depois de devidamente corrigidos e interpretados, fornecem as bases para os trabalhos de melhoramento zootécnico e escolha de futuros reprodutores, razão pela qual constituem a escrituração zootécnica. Quanto maior o detalhe das anotações, maior será o benefício que poderá ser extraído dessas informações. Veja a seguir alguns exemplos de fichas de controle zootécnico:
a) Ficha gestação b) Ficha maternidade c) Ficha leitões galpão creche 6.2.2 Escrituração econômica A escrituração econômica é a relação dos dados sobre os custos da criação e, assim como a escrituração zootécnica, também deve ser registrada. Não há uma forma de escrituração que sirva a todos os interesses, depende do tipo de produção (ciclo completo, produtor de leitões, produtor de terminados ou produtor de reprodutores). Em geral, a escrituração compreende os pontos mencionados a seguir:
I. Inventário: É a relação detalhada de bens com os respectivos valores calculados; inclui a relação dos animais de acordo com a fase de criação, isto é, barrão, porcas gestantes, em lactação, secas, marrãs, leitões mamando, leitões em creche, em crescimento e em terminação, alimentos para os animais, equipamentos e utensílios usados com a criação. Importante: o inventário deve ser organizado no começo e atualizado no fim de cada ano e constar só o que se relaciona com a criação dos animais.
67 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
II. Alimentos: Sejam produzidos na fazenda ou comprados durante o ano, devem ser debitados à produção de animais/carne. O que é comprado deve ser debitado pelo preço de compra; o que for produzido se estima pelo preço do dia.
III. Animais comprados ou criados: Quando incluídos no plantel, devem ser anotados pelo preço de custo.
IV. Galpões, benfeitorias e equipamentos: Devem ser calculados com base nos seguintes pontos: depreciação, juros sobre o capital empatado. Reparações, seguros e custos diversos.
V. Mão de obra: Descreve todos os gastos com os trabalhadores, com o trabalho realizado por animal ou transportes diretamente aplicados à produção dos animais.
VI. Gastos extras: Realizados com assistência técnica profissional, com as cotas de registros dos animais, com o transporte e venda de animais etc.
6.3 Documentos exigidos 6.3.1 Licença prévia 1. Requerimento solicitando a Licença Prévia assinado pelo produtor; 2. Formulário de Suinocultura preenchido, assinado pelo produtor e Responsável Técnico; 3. Matrícula atualizada em até 90 dias da área; 4. Xérox dos documentos do produtor; 5. Contrato de arrendamento, quando a área onde se localiza o empreendimento não pertence ao suinocultor; 6. Certidão de Zoneamento da Prefeitura Municipal declarando a classificação da área do empreendimento conforme o plano diretor do município ou lei de diretrizes (rural, urbana, mista, etc.), bem como os usos permitidos; 68 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
7. Mapa contendo (devidamente assinado pelo produtor e projetista):
direção dos ventos predominantes;
localização do terreno;
sistema viário (ruas, estradas, ferrovias) existentes num raio de 1000 m;
demarcação num raio de 1000 m das áreas circunvizinhas, identificando o uso
das mesmas (agricultura, pecuária, residencial, etc.);
rede hidrográfica (riachos, rios, sangas, nascentes, banhados, etc.) num raio de
1000 m; 8. Planta da propriedade contendo (devidamente assinado pelo produtor e projetista):
área a ser construída, destinada à criação;
área destinada à disposição de resíduos da criação;
cobertura vegetal existente;
9. Descrição do tipo de solo da região, indicando altura do lençol freático; 10. Cronograma de implantação do empreendimento, dos sistemas de coleta, de tratamento e de destinação de resíduos; 11. Laudo de cobertura vegetal, caso exista no local vegetação significativa, acompanhado de ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) ou declaração de inexistência de vegetação significativa na área; 12. Declaração assinada pelos vizinhos que se localizam a menos de 200 m do empreendimento, dizendo que não se opõem ao funcionamento do aviário no local; 13. Relatório fotográfico do local; 14. ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) de profissional habilitado, responsável pelo processo de licenciamento (podendo ser a mesma para as fases de Lp, LI e LO);
6.3.2 Licença de instalação 15. Requerimento solicitando a Licença de Instalação assinado pelo produtor; 16. Formulário de Suinocultura preenchido, assinado pelo produtor e Responsável Técnico; 17. Cópia da Licença Prévia; 18. Memorial descritivo da obra, contendo principais características e os respectivos projetos de controle ambiental a serem implantados, acompanhados da ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) do Responsável Técnico; 69 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
19. Planta de localização dos galpões, esterqueira e da composteira na propriedade, com identificação do Norte e Sul; 20. Planta baixa dos galpões, esterqueira e da composteira; 21. Projeto das instalações e do sistema de coleta, transporte, tratamento e destinação dos resíduos. Deverá ser apresentado o memorial descritivo dos prédios, das instalações de destinação de resíduos e o plano operacional para retirada do esterco, das carcaças e restos de animais, incluindo o tipo de destino final, periodicidade de retirada e proposta técnica de destinação final com áreas previstas para deposição informando: nome(s) do(s) proprietário(s), classificação do solo, tipo de cultura; 22. ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) de profissional habilitado, responsável pelas construções e projeto do sistema de tratamento e/ou do projeto de deposição no solo;
6.3.3 Licença de operação 23. Requerimento solicitando a Licença de Operação assinado pelo produtor; 24. Formulário de Suinocultura preenchido, assinado pelo produtor e Responsável Técnico; 25. Cópia da Licença de Instalação; 26. Declaração de aceite de recebimento dos dejetos e/ou disposição em área de terceiros, assinados pelo proprietário da respectiva área; 27. ART do responsável técnico pelo manejo da criação e pela destinação dos resíduos e assessoria geral no que concerne às obrigações do empreendedor referentes ao cumprimento das licenças ambientais (podendo ser a mesma para as fases de Lp, LI e LO); 28. Declaração de inalterabilidade da propriedade; 29. Relatório fotográfico do empreendimento pronto;
OBSERVAÇÕES 1. SE POSSÍVEL MONTAR UMA PASTA ÚNICA; 2. EMPREENDIMENTOS NOVOS (LP, LI, LO), APRESENTAR TODOS OS DOCUMENTOS ACIMA RELACIONADOS DE ACORDO COM A ETAPA DA LICENÇA QUE ESTÁ SENDO SOLICITADA;
70 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
3. CASOS DE REGULARIZAÇÃO - EMPREENDIMENTOS JÁ EXISTENTES (LICENÇA DE OPERAÇÃO/REGULARIZAÇÃO), APRESENTAR TODOS OS DOCUMENTOS ACIMA LISTADOS); 4. CASOS DE RENOVAÇÃO (LICENÇA DE OPERAÇÃO/RENOVAÇÃO), APRESENTAR DOCUMENTOS DA LICENÇA DE OPERAÇÃO E MAIS CONDICIONANTES, CASO HAJA; 5. PARA SOLICITAR A RENOVAÇÃO DA LICENÇA DE OPERAÇÃO, ESTA DEVERÁ SER PROTOCOLADA 120 DIAS ANTES DO TÉRMINO DA VALIDADE, CASO CONTRÁRIO INICIA-SE PROCESSO NOVO; 6. NO MOMENTO DO PROTOCOLO, SOMENTE EFETUAR O ATO CASO TODA A DOCUMENTAÇÃO ESTEJA COMPLETA; Sugestão de leitura complementar:
Boas Práticas Ambientais na Suinocultura – Série Agronegócios – SEBRAE, 2007;
Cartilha para Licenciamento Ambiental – Instituto Ambiental do Paraná.
71 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
7 NOÇÕES DE INSTALAÇÕES/CONSTRUÇÕES Considerando que os suínos há pouco tempo viviam em estado selvagem, e após a domesticação, modificações contínuas no modelo de exploração foram implementadas, as instalações assumem papel importante para o sucesso da atividade. Além da funcionalidade e das questões sanitárias, conforto e bem-estar animal são quesitos fundamentais ao se planejar instalações para suínos. Tradicionalmente no Brasil, o sistema adotado é o semiconfinado, onde os reprodutores têm acesso a piquetes gramados para exercícios. Entretanto, na medida em que a criação evolui, há uma tendência de partir para o sistema totalmente confinado, exigente de melhores tecnologias que o anterior. Uma das características marcantes da suinocultura nacional, no que se refere às edificações, é a total falta de uniformidade e consenso tecnológico. Para isso contribui o modelo tecnológico estrangeiro, seja da suinocultura de subsistência trazido pelos imigrantes ou da industrial instituída a partir da década de 70. Com a inserção de técnicos nos campos etológicos, do bem-estar animal e da biosseguridade, alguns conceitos estão sendo revistos. Esse advento, associado à sustentabilidade ambiental, já mostra seus resultados nos materiais, dimensionamento e equipamentos. O tipo ideal de edificação deve ser definido fazendo-se um estudo detalhado do clima da região e/ou do local onde será implantada a exploração, determinando as mais altas e baixas temperaturas ocorridas, a umidade do ar, a direção e a intensidade do vento. Assim, é possível projetar instalações com características construtivas capazes de minimizar os efeitos adversos do clima sobre os suínos. Colocaremos algumas considerações a respeito da construção de uma suinocultura em sistema de confinamento total e recomendamos aos interessados que consultem técnicos especializados antes de iniciar a construção para que indiquem as melhores opções de construção e orientação em cada caso específico.
7.1 Metas A intenção de implantar uma unidade criatória deve ser negociada entre as partes interessada e técnica. Para isso devem ser estabelecidas metas (quadro a seguir), pois delas sairão as definições de dimensionamento das edificações.
72 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
7.2 Regulmentação De posse do projeto, é fundamental submete-lo à apreciação do órgão fiscalizador ambiental
7.3 Escolha do Local O local para a construção do sistema de produção deve ser escolhido com cautela, sempre procurando explorar ao máximo os recursos naturais sem deixar de atender as necessidades básicas do animal em suas diversas fases de vida. A área selecionada deve permitir a locação da instalação e de sua possível expansão, de acordo com as exigências do projeto, de biossegurança e daquelas descritas na proteção ambiental.
73 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
7.3.1 Solo O solo deve ser bem drenado, tanto a superfície quanto o subsolo, garantindo boas condições em diferentes situações climáticas, evitando a ocorrência de encharcamentos. Atenção deve ser dada quanto à presença de lençóis freáticos superficiais que podem ser contaminados por eventuais falhas no sistema de tratamento dos efluentes.
7.3.2 Água A água é necessária, em quantidade e qualidade (Quadro 02) reconhecidas para o sistema de produção, tanto para atender o consumo dos animais, quanto para limpeza das instalações. Evitar águas de lagos, rios ou açudes, usando sempre água potável, submetida periodicamente à análise química e microbiológica.
A tabela 01 mostra os consumos médios por cada categoria animal. Para facilitar o dimensionamento, usar a relação: 0,025 m 3/dia/matriz (0,015 m 3 ingestão e 0,010 m 3 para higienização) em ciclo completo. Garantir reservas para, no mínimo, dois dias.
7.3.3 Fonte Energética É impossível conduzir um sistema intensivo de produção sem energia elétrica. Observar a situação da rede e o histórico de quedas. Dar preferência a redes trifásicas.
74 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
7.3.4 Isolamento Ao planejar a instalação, observar o seu isolamento, visando profilaxia, problemas sanitários e fontes de estresse para os animais, uma vez que os suínos são extremamente sensíveis a excessos sonoros e de trânsito.
7.3.5 Fatores Climáticos Levar em conta os limites climáticos da região (temperatura e pluviometria), caso não os conheça, o técnico deve busca-los em estações meteorológicas e usá-los como referencial para projetar as edificações.
7.3.6 Ventos Dominantes O local deve ser escolhido de tal modo que se aproveitem as vantagens da circulação natural do ar. A instalação deve ser situada em relação à principal direção do vento. Caso isto não ocorra, a localização da instalação, para diminuir os efeitos da radiação solar em seu interior, prevalece sobre a direção do vento dominante. Escolher o local com declividade suave, voltada para o norte, é desejável para boa ventilação. No entanto, os ventos dominantes locais, devem ser levados em conta, principalmente no período de inverno, e se necessário, o uso de barreiras naturais como quebra ventos, devem ser implantadas junto com as obras físicas. É recomendável dentro do possível, que sejam situadas em locais de topografia plana ou levemente ondulada, contudo é interessante observar o comportamento da corrente de ar, por entre vales e planícies, nestes locais é comum o vento ganhar grandes velocidades e causar danos nas construções. O afastamento entre instalações deve ser suficiente para que uma não atue como barreira à ventilação natural da outra. Assim, recomenda-se afastamento de 10 vezes a altura da instalação, entre as duas primeiras a barlavento, sendo que da segunda instalação em diante o afastamento deverá ser de 20 à 25 vezes esta altura, como representado na figura a seguir. A intensidade e a direção dos ventos, em diferentes épocas do ano, precisam ser conhecidas para orientar a instalação de modo a tirar vantagens no verão e protege-la no 75 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
inverno. Em locais onde predomina o clima frio, a maternidade precisa estar protegida por cortinas ou janelões, nas demais fases, só há necessidade de proteção contra ventos predominantes usando cortinas.
7.3.7 Insolação O
sol
não
é
imprescindível
à
suinocultura. Se possível, o melhor é evitálo dentro das instalações. Assim, devem ser construídas com o seu eixo longitudinal orientado no sentido leste-oeste. Nesta posição nas horas mais quentes do dia a sombra vai incidir embaixo da cobertura e a carga calorífica recebida pela instalação será a menor possível. A temperatura do topo da cobertura se eleva, por isso é de grande importância a escolha do material para evitar que esta se torne um coletor solar. Na época da construção da instalação deve ser levada em consideração a trajetória do sol, para que a orientação leste-oeste seja correta para as condições mais críticas de verão. Por mais que se oriente adequadamente a instalação em relação ao sol, haverá incidência direta de radiação solar em seu interior em algumas horas do dia na face norte, no período de inverno. Providenciar nesta face dispositivos para evitar esta radiação (figura a seguir). A utilização de árvores altas próximas às instalações produz microclima ameno, devido à projeção de sombra sobre o telhado. Devem ser mantidas desgalhadas na região do tronco para não prejudicar a ventilação natural.
Cobertura O telhado recebe a radiação do sol emitindo-a, tanto para cima, como para o interior
da instalação. O mais recomendável é escolher para o telhado, material com grande resistência térmica, como a telha cerâmica. Pode-se utilizar estrutura de madeira, metálica ou pré-fabricada de concreto. Sugere-se a pintura da parte superior da cobertura na cor branca e na face inferior na cor preta. Antes da pintura deve ser feita lavagem do telhado para retirar o limo ou crostas que estiverem aderidos à telha e 76 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
facilitar assim, a fixação da tinta. A proteção contra a radiação recebida e emitida pela cobertura para o interior da instalação, pode ser feita com uso de forro. Este atua como segunda barreira física, permitindo a formação de camada de ar junto à cobertura e contribuindo na redução da transferência de calor para o interior da construção. Outras técnicas para melhorar o desempenho das coberturas e condicionar ótima proteção contra a radiação solar tem sido o uso de isolantes sobre as telhas (poliuretano), sob as telhas (poliuretano, poliestireno extrusado, lã de vidro ou similares), ou mesmo forro à altura do pé-direito.
7.3.8 Umidade Relativa do Ar A umidade relativa do ar, normalmente não se constitui em um problema no desempenho dos suínos, a não ser quando associadas a altas temperaturas. Umidade relativa superior a 85%, emambientes com temperaturas elevadas, conduz a aumentos da frequência respiratória e temperatura retal.
7.3.9 Possibilidade de Expansão O planejamento de um sistema de produção de suínos é, via de regra, modulado. Portanto, é preciso levar em conta a possibilidade de expansão do empreendimento como um todo, quer dizer, não somente as instalações destinadas à produção, mas toda a infraestrutura necessária.
7.3.10 Modelo Profilático O mais tradicional e usual é o conhecido como “sistema todos dentro todos fora” ( all in all out ). O manejo, dentro desse sistema, possibilita um despovoamento temporário (vazio sanitário) para higiene e profilaxia. É necessário, portanto, estabelecer um cronograma de utilização das instalações que permita sua aplicabilidade.
Largura
A grande influência da largura da instalação é no acondicionamento térmico interior, bem como em seu custo. A largura da instalação está re lacionada com o clima da região onde a mesma será construída, com o número de animais alojados e co m as dimensões e disposições das baias. Normalmente recomenda-se largura de até 10 m para clima quente e úmido e largura de 10 até 14 m para clima quente e seco. 77 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Pé direito O pé direito da instalação é elemento importante para favorecer a ventilação e reduzir
a quantidade de energia radiante vinda da cobertura sobre os animais. Estando os suínos mais distantes da superfície inferior do material de cobertura, receberão menor quantidade de energia radiante, por unidade de superfície do corpo, sob condições normais de radiação. Desta forma, quanto maior o pé direito da instalação, menor é a carga térmica recebida pelos animais. No caso da cobertura ser de telha de barro, o pédireito do prédio deve ter no mínimo 2,80 m de altura, já quando coberto com telha de fibrocimento, a altura mínima do pédireito deverá ser de 3,5 m.
Comprimento O comprimento da instalação deve ser estabelecido com base no Planejamento da Produção, assim como também para evitar problemas com terraplanagem e sistema de
distribuição de água.
Áreas circundantes As qualidades das áreas circundantes afetam a radiosidade. É comum o plantio de grama em toda a área delimitada das instalações, pois reduz a quantidade de luz
refletida e o calor que penetra nos mesmos, além de evitar erosão em taludes aterros e cortes. Esta grama deve ser de crescimento rápido que feche bem o solo não permitindo a propagação de plantas invasoras. Deverá ser constantemente aparada para evitar a proliferação de insetos. Para receber as águas provenientes do telhado, construir uma canaleta ao longo da instalação de 0,40 m de largura com declividade de 1%, revestida de alvenaria de tijolos ou de concreto pré-fabricado. A rede de esgoto deve ser em manilhas ou tubos de PVC, sendo recomendado diâmetro mínimo de 0,30 para as linhas principais e de 0,20 m para as secundárias.
78 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Instalações por fase O sistema de produção de suínos compreende as fases de pré-cobrição e gestação,
maternidade, creche, crescimento e terminação. Além dessas, existem outras instalações especializadas, como o reservatório de água, o quarentenário, a fábrica de ração, o depósito, o escritório e o local de tratamento dos dejetos, que também serão descritas a seguir. Os aspectos construtivos das instalações diferem em cada fase de criação e devem se adequar às características físicas, fisiológicas e térmicas do animal. Os sistemas de produção em prédio único devem obedecer à sequência abaixo:
Gestação>lactação>creche>crescimento/terminação O dimensionamento das edificações suinícolas, leva em conta parâmetros reprodutivos/produtivos, espaço útil por animal e setorização (maternidade, creche, crescimento, etc.). Para tornar o processo de fácil compreensão, os dimensionamentos exemplificados a seguir, levam em conta os seguintes parâmetros: matrizes produtivas (MP = 114);
partos/porca/ano (PPA = 2,2);
desmamados/porca/parto (DPP = 9,5);
mortalidade na creche (3%);
vazio sanitário (7 dias);
reposição (40%);
machos (5%);
idade de desmame (21 dias);
7.4 Fases de criação I.
Maternidade
São instalações indispensáveis e utilizada para o parto e fase de lactação das porcas que, por ser a fase mais sensível da produção de suínos, deve ser construída atentando com muito cuidado para os detalhes. Qualquer erro na construção poderá trazer graves problemas, como de umidade (empoçamento de fezes e urina), esmagamento de leitões e calor ou frio em excesso que provocam, como consequência, alta mortalidade de leitões. Na maternidade deve-se prever dois ambientes distintos, um para as porcas e outro para os leitões. Como a faixa de temperatura de conforto das porcas é diferente daquela dos leitões, torna-se obrigatório o uso do escamoteador para os leitões. A maternidade deve ainda, no caso de invernos rigorosos, ser fechada com cortinas ou janelões, para se 79 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
conseguir o controle do ambiente interno. A tabela 02 mostra o efeito de diferentes temperaturas na maternidade, e seus efeitos nos leitões e porcas.
Maternidade em salas de parto múltiplas com parições escalonadas
As salas não podem ter comunicação direta entre si, recomendando-se o acesso a cada uma delas por meio de portas localizadas na lateral da instalação. É indispensável o uso de forro como isolante térmico e cortinas laterais para proporcionar melhores condições de conforto. As celas parideiras devem ser instaladas ao nível do piso. O piso da gaiola de parição é dividido em 3 partes distintas, que são: 1) Local onde fica alojada a porca - parte dianteira com 1,30 m em piso compacto de concreto no traço 1:3:5 ou 1:4:8 de cimento areia grossa e brita 1, com 6 cm de espessura e, sobre esse é feita uma cimentação no traço 1:3 de cimento e areia média na espessura de 1,5 a 2,5 cm, e parte de traseira com 90 cm, em ripado de concreto ou metal. Altura de 1,10 m e largura de 0,60 m. 2) Local onde ficam alojados os leitões, denominado escamoteador - construído em concreto como o anterior, localizado entre duas baias na parte frontal, com largura de 0,60 m e comprimento de 1,20 m. 3) Laterais da baia onde os leitões ficam para se amamentar - um lado construído em concreto e o outro em ripado de concreto ou metal com 0,60 m de largura. Área de parição
A área de parição pode ser em baias convencionais ou em celas parideiras. Nas baias convencionais há necessidade de dispor de maior espaço que, por outro lado, contribui para um maior conforto (bem estar animal) para as porcas. Essas baias devem ter, nas laterais, um protetor contra o esmagamento dos leitões e numa das laterais o escamoteador. Nas gaiolas metálicas as divisórias podem ser de ferro redondo de construção de 6,3 mm de diâmetro e chapas de 2,5 x 6,3 mm ou em uma estrutura de chapa de 2,5 x 6,3 mm e tela de 5 cm de malha. O escamoteador deve, em ambos os 80 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
casos, ser dotado de uma fonte de aquecimento baseada em energia elétrica, biogás ou lenha. As dimensões recomendadas para a área de parição em baias convencionais e celas parideiras são apresentadas na tabela e quadro a seguir.
81 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Cálculo
Onde: NLM: Número de Lugares na Maternidade MP: Matrizes Produtivas TU: Tempo de Utilização PP: Pré-Parto LA: Lactação VS: Vazio Sanitário Após obter-se o NLM (no caso 24) se estabelece a área de acordo com o tipo de instalação: cela parideira ou baia convencional. Após se define o número de salas, que poderão ser 3, com 8 lugares cada.
II.
Creche
Creche é a edificação destinada aos leitões desmamados. Deve-se prever a instalação de cortinas nas laterais para permitir o manejo adequado da ventilação. As baias devem ser de piso ripado ou parcialmente ripado. Pisos parcialmente ripados devem ter aproximadamente 2/3 da baia com piso compacto e o restante (1/3) com piso ripado, onde os leitões irão defecar, urinar e beber água. É necessário dispor de um sistema de aquecimento, que pode ser elétrico, a gás ou a lenha, para manter a temperatura ambiente ideal para os leitões, principalmente nas primeiras semanas após o desmame. Em regiões frias é recomendado o uso de abafadores sobre as baias, com o objetivo de criar um microclima confortável.
82 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Além do agrupamento correto dos leitões e da adequação de espaço para os animais, é importante que nesta fase inicial de crescimento, o leitão tenha condições de temperatura e renovação de ar compatíveis com as suas exigências. Sabe-se que um leitão desmamado precocemente necessita de um ambiente protegido e que um número excessivo de animais em pequenas salas causam problemas de concentração de gases nocivos e odores desagradáveis. Recomenda-se a construção de baias para 4 a 5 leitegadas, respeitando-se a uniformidade dos leitões nas baias, em salas com um sistema de renovação de ar, preferentemente com ventilação natural. As instalações podem ser abertas, com cortinas para permitir uma boa ventilação amenizando o estresse calórico. É indispensável o uso de forro como isolante térmico e cortinas laterais para proporcionar melhores condições de conforto.
As baias podem ser ao nível do piso ou então elevadas. Estas são as mais adequadas, e devem ser providas de uma área limpa, com piso compacto de madeira ou cimento, e uma área suja com piso vazado, podendo ser de cimento, ferro ou plástico. A área vazada deve ocupar metade da baia. A gaiola de piso vazado com divisórias desmontáveis para melhor higienização e manejo dos animais,suspensa a 0,60m do piso 83 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
e dimensionada para receber uma leitegada de, no máximo, 25 leitões menores/baia ou 12 leitões maiores/baia, sendo considerada uma área de 0,30m 2 por animal, correspondendo a uma baia de 2,00 por 1,50m.
Cálculo
Onde:
LC: Lugares na Creche MP: Matrizes Produtivas TU: Tempo de Utilização TO: Tempo de Ocupação VS: Vazio Sanitário PPA: Partos/Porca/Ano DPP: Desmamados Porca Parto Um leitão ocupa 0,30 m 2 de área útil na creche. Então: 354 LC x 0,30 = 106,2 m2107 m2 Número de animais por baia: ideal são 10 animais 10 x 0,30 m 2 = 3,0 m 2 107 m 2 área total / 3,0 = 35,66 36 baias Recomenda-se a construção de 4 salas com 9 baias. Observe que o total de baias da creche foi aumentado em 2,85%, como forma de atrelar número de celas/sala na maternidade com baias/sala na creche.
III. Crescimento e Terminação Essa edificação destina-se ao crescimento e terminação dos animais desde a fase que vai da saída da creche até a comercialização. O piso das baias pode ser totalmente ripado ou 2/3 compacto e 1/3 ripado. O piso totalmente ripado é o mais indicado para regiões quentes, porém, é o de custo mais elevado. O piso parcialmente ripado, isto é, constituído de 30% da área do piso da baia em ripado sobre fosso, é construído em vigotas de concreto e o restante da área do piso (70%) compacto em concreto. O manejo dos dejetos deve ser do lado de fora da edificação e por sala para possibilitar maior higiene e limpeza. A declividade do piso da baia deve situar-se entre 3% e 5%. As paredes laterais podem ser ripadas, em placas pré-fabricadas em cimento 84 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
ou outro material, para facilitar a ventilação natural. As instalações nesta fase necessitam de pouca proteção contra o frio (exceto correntes prejudiciais que podem ser controladas por meio de cortinas), e de grande proteção contra o excessivo calor, razão pela qual devem ser bem ventiladas, levando em consideração a densidade e o tamanho dos animais. Nesta fase há uma formação de grande quantidade de calor, gases e dejeções que poderão prejudicar o ambiente. Para se ter uma ventilação natural apropriada, as instalações devem possuir área por animal de 0,70, 0,80 e 1,00 m² para piso totalmente ripado, parcialmente ripado e compacto, respectivamente. Para o sistema de ventilação mecânica pode ser adotada a exaustão ou pressurização (ventilação negativa ou positiva). O correto dimensionamento do equipamento de ventilação deve atender à demanda máxima de renovação de ar nos períodos mais quentes. Pode-se também adotar o sistema de resfriamento evaporativo por nebulização em alta pressão (> 200 psi) para evitar estresse térmico em dias quentes.
Cálculo
Onde:
LCT: Lugares Crescimento/Terminação MP: Matrizes Produtivas TU: Tempo de Utilização TO:Tempo de Ocupação VS: Vazio Sanitário DPA: Desmamados Porca Ano 85 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
MC: Mortalidade Creche Apesar das exigências de espaço linear diferirem para as fases de crescimento e terminação, é convencional proceder um cálculo unitário, utilizando 0,88 m 2/animal. Durante o manejo, faz-se a adequação de lotação por baia. Um animal ocupa 0,88 m 2 de área útil, então: 609 LCT x 0,88 m 2 = 535,92 m 2536 m2 Número de animais por baia: vários trabalhos desenvolvidos no país mostraram que a lotação tem amplitude de 10 a 30, sendo que 10 foi o número com melhores resultados. Sugere-se dimensionar para 10 animais/baia. Então: 10 x 0,88 m 2 = 8,80 9,0 m2 536 m 2/ 9,0 m2 = 59,55 60 baias
IV. Pré-Cobrição e Gestação Nessas instalações ficarão alojadas em baias coletivas, as fêmeas de reposição até o primeiro parto e as porcas a partir de 28 dias de gestação. Em boxes individuais, ficarão as fêmeas desmamadas até 28 dias de gestação. Os machos ficarão em baias individuais. As instalações para essa fase são abertas, com controle da ventilação por meio de cortinas, contendo baias para as fêmeas reprodutoras em frente ou ao lado das baias para os machos (cachaços). As baias das porcas em gestação podem ter acesso a piquetes para o exercício. Aconselha-se o uso de paredes laterais externas e internas, ripadas com placas préfabricadas em cimento ou outro material para obter-se boa ventilação natural no interior dos prédios. Fundação direta descontínua sob os pilares e direta contínua sob as alvenarias, ambas em concreto 1:4:8 (cimento, areia e brita). Nos boxes individuais de gestação, o piso deve ser parcialmente ripado e nos boxes dos machos e de reposição, pode-se adotar o piso compacto ou parcialmente ripado. Piso compacto de 6 a 8 cm de espessura em concreto 1:4:8 com revestimento de argamassa 1:3 ou 1:4 (areia média) com declividade de 2% no sentido das canaletas de drenagem. Piso áspero danifica o casco do animal e piso excessivamente liso dificulta o ato de levantar e deitar. Os comedouros e bebedouros são instalados na parte frontal. Na parte traseira das baias é construído um canal coletor de dejetos. A canaleta de drenagem pode ser externa à baia com largura de 30 a 40 cm, ou na parte interna da baia com largura de aproximadamente 30% do comprimento da baia e com declividade suficiente para não 86 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
permanecer dejetos dentro da mesma. O fechamento da canaleta poderá ser de ferro ou de concreto. Nas baias coletivas pode-se usar o piso compacto ou 2/3 compacto e 1/3 ripado, bebedouro tipo concha e comedouro com divisórias para cada animal.
É convencional dimensionar gestação e pré-cobrição em cálculo unitário, estabelecendo umtempo de pré-cobertura médio de 7 dias.
Cálculo
Onde:
LGPC: Lugares Gestação/PréCobertura # correção para retornos
MP: Matrizes Produtivas TU: Tempo de Utilização PC: PréCobertura TO: Tempo de Ocupação VS: Vazio Sanitário PPA: Partos/Porca/Ano
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De posse do LGPC se define o modelo (individual ou coletivo), e com os coeficientes técnicos (Quadro 04), faz-se o dimensionamento.
V.
Reposição
Anualmente, são renovadas (devido a problemas reprodutivos, senilidades e patologias gerais) 40% do efetivo de fêmeas reprodutivas. A nulípara que vai servir de reposição deve receber acompanhamento reprodutivo com 80 kg de peso vivo e 160 dias. Por isso, deve-se prover espaço específico para o manejo dessa categoria.
Onde:
LR: Lugares Reposição %R: Percentagem Reposição MP: Matrizes Produtivas TU: Tempo de Utilização TO: Tempo de Ocupação VS: Vazio Sanitário 30%: Índice de Leitoas Descartadas Sugere-se a construção de duas baias de reposição com capacidade para 5 animais cada.
VI. Machos A relação fêmea/macho deve ser de 20:1 (monta natural), então: 114 x 5% = 5,7 6 baias Devem ser construídas, em local estratégico, 6 baias (veja coeficientes no Quadro 4) para cachaços no galpão de gestação e pré-cobrição.
VII. Reservatório de água A água deve ser de boa qualidade, fresca e a vontade, com temperatura entre 16 e 18 ºC para suínos de todas as idades. A quantidade de agua utilizada numa criação de suínos depende do sistema de criação, tipo de bebedouros utilizados e da existência ou não de fossas para a retenção de dejetos. Tanto o encanamento quanto o reservatório devem ser protegidos do sol para manter a água numa temperatura adequada. 88 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Além da água para beber, a granja necessita de água para a limpeza das instalações, chegando a utilizar a mesma quantidade consumida pelos animais. Recomenda-se um reservatório com capacidade de estocagem de água por um período mínimo de três a cinco dias, assegurando o abastecimento quando houver falta de água e for necessário um certo tempo para reparo do problema. Segundo a EMBRAPA (Documentos n. 19, 1993), o reservatório deve ser dimensionado para estocar água por um período de cinco dias pela seguinte equação:
CR = (0,48 STA + F + M) x 0,075 Onde: CR = capacidade do reservatório STA = suínos termin t erminados ados por ano F = n. de fêmeas no rebanho M = n. de machos no rebanho Por exemplo: sistema de produção de 24 matrizes com um macho e estimando-se estimando-se 504 suínos terminados por ano. CR = (0,48 x STA + F + M) x 0,075 CR = (0,48 x 504 + 24 + 1) x 0,075 0,075 CR = 20,02 m3
VIII. Quarentenário O objetivo da quarentena é evitar a introdução de agentes patogênicos na granja. É realizada através da permanência dos animais em instalação segregada por um período de, pelo menos, 30 dias antes de introduzi-los no rebanho. Essa instalação deve ser construída a aproximadamente 500 metros do sistema de produção e separada por barreira física (vegetal). (v egetal). Como a forma mais m ais comum de d e entrada de d e doenças nas granjas é através de animais portadores assintomáticos, esse período serve para realização de exames laboratoriais e também para o acompanhamento clínico, no caso de incubação de alguma doença. Durante a quarentena, os animais e as instalações serão submetidos a tratamento contra ecto e endoparasitas, endoparasitas, independente do resultado dos exames.
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IX. Fábrica de ração Atualmente, a maioria das granjas de suínos tem optado por produzir a ração na propriedade. Nesse sistema, o produtor, p rodutor, além de baratear os custos com a alimentação, tem a possibilidade de controlar a qualidade da ração que será fornecida aos animais. Essa instalação deve ser construída próxima à entrada da propriedade para facilitar e chegada dos componentes da ração. O galpão deve possuir os seguintes equipamentos básicos para processamento processamento da ração: • triturador para grãos, com vários tamanhos de peneiras, adequadas para a o tamanho da partícula da ração nas diferentes d iferentes idades dos animais; • balança para pesagem dos componentes; componentes; • peneira para remoção das impurezas dos grãos; • silo, onde os alimentos são armazenados; • misturador, onde são misturados os componentes armazenados nos silos, correspondendo à etapa fi nal do processo de d e preparação do alimento.
X. Depósito Essa instalação é destinada ao armazenamento de materiais utilizados na granja e alimentação para animais, caso não produza. Recomenda-se ser construída na entrada da propriedade para facilitar facilitar a descarga dos veículos.
XI. Escritório O escritório é uma instalação de suma importância em um sistema de produção de suínos, uma vez que é nesse setor da propriedade que são recebidos os visitantes e feitos os cálculos de contabilidade e negócios de propriedade. Deve ser construído junto à cerca que contorna a granja na entrada da propriedade, em posição que permitirá controlar a circulação de pessoas e veículos.
XII. Tratamento dos dejetos O manejo dos dejetos é parte integrante de qualquer sistema produtivo de criação de animais e deve estar incluído no planejamento da construção. A seleção de um sistema de manejo dos dejetos é baseada em vários fatores, tais como: potencial de poluição, necessidade de mão de obra, área disponível, operacionalidade do sistema, legislação, confi abilidade e custos. 90 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Cada granja de suínos deve possuir um programa racional de manejo dos dejetos, visando a sua correta utilização para evitar os problemas de poluição. Para tanto, deve-se levar em conta quatro etapas básicas: a produção e coleta; armazenagem; tratamento; distribuição e utilização dos dejetos na forma sólida, pastosa ou líquida.
Um decantador é um equipamento utilizado para separar a parte sólida da parte líquida dos dejetos de suínos, aumentando a efi ciência dos processos subsequentes e valorizando o material resultante para uso como adubo orgânico. orgânico. Como visto, toda instalação deve ser confortável para o animal. Para bons resultados na produção, se faz necessário adequar, além de uma boa alimentação, uma boa relação entre os animais e o ambiente. As principais instalações para suínos em sistema confinado podem ser encontradas no quadro a seguir: Principais Instalações
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EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS Vários são os equipamentos utilizados em uma suinocultura, podendo ser destacados: grade de manejo, bastão de manejo, balanças, tronco de monta, baldes, vassoura, rodo puxador, pá, mangueira de pressão, garfo, vassoura de fogo (lança- chamas), pulverizadores, brochas, pincéis, p incéis, equipamentos da fábrica de ração, carrinhos de ração, cachimbo (imobilização dos suínos), alicate mossador, alicate para dentes, farmácia veterinária, equipamentos para manejo de dejetos, computador, fichário, estantes , etc.
A. Comedouros A alimentação participa, em média, com mais 70% do custo de produção de suínos no Brasil.
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Diante dessa constatação, fica claro que o resultado da atividade está relacionado com a eficiência alimentar. Esta depende de diferentes variáveis, sendo os comedouros uma delas. Normalmente animais em reprodução, excetuando porcas em lactação, recebem dietas restritas. Essa forma de arraçoamento é de fácil manejo, já que as quantidades ofertadas estão abaixo da capacidade de ingestão voluntária. Animais em baias coletivas recebem a ração, r ação, normalmente, no chão. Animais em boxes individuais ind ividuais recebem na calha bebedouro. Animais destinados ao abate têm, normalmente, alimento “ ad libitum”. Esse fato determina que os comedouros sejam funcionais. Como no caso das instalações, não existem equipamentos no mercado capazes de atender, com eficácia, o processo de arraçoamento. É importante que eles sejam semiautomáticos e/ou automáticos, e que respeitem as dimensões recomendadas por categoria animal. É usual na suinocultura européia e americana a utilização de ração pastosa e/ou líquida. Para se alcançar sucesso, o investimento na automação é alto, não suportável para a maioria das unidades criatórias nacionais.
B. Bebedouros Existem diferentes tipos de bebedouros a disposição, desde os mais simples até aqueles com vazão controlada. A tabela 03 estabelece os condicionantes básicos para os diferentes tipos.
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8 SISTEMAS/TIPOS DE PRODUÇÃO DE SUÍNOS Um sistema de produção de suínos (SPS), normalmente chamado de “granja de suínos”, é constituído de um conjunto inter-relacionado de componentes ou variáveis organizadas que tem como objetivo básico a produção de suínos. Fazem parte do SPS os seguintes componentes: o homem (mão-de-obra), as edificações, os equipamentos, os animais (genética), a alimentação e a água (nutrição), o manejo, o estado de saúde do rebanho (sanidade) e o ambiente (condições e influências externas que afetam o desempenho do animal – clima). Tudo isso funcionando de forma inter-relacionada e organizada, visando uma boa saúde do animal e, consequentemente um bom desempenho. Este conjunto de componentes compõe o ecossistema do suíno. Esse ecossistema é dinâmico e possui um grupo de exigências mínimas que devem ser atendidas para que se atinjam os resultados desejados. A variabilidade entre os sistemas de produção é de tal ordem que pode se afirmar que um SPS será sempre diferente do outro.
Fonte: EMBRAPA, 1998
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8.1 Sistemas de Produção
A. Sistemas intensivos O sistema de criação intensivo de suínos utiliza menor área que no sistema extensivo, sendo que todas as fases de criação são realizadas em regime de total confinamento. Os sistemas intensivos de criação de suínos podem ser classificados em três tipos:
A.1 Sistema de criação confinado Nesse sistema, todas as categorias estão sobre piso e cobertura. As fases de criação podem ser desenvolvidas em um ou em vários prédios. A necessidade de área para criação é mínima, a não ser a área destinada para a produção de alimentos. O investimento em custeio e equipamentos é muito alto, podendo variar de US$ 1.300,00 (mil e trezentos dólares) por matriz instalada a US$ 2.000,00 (dois mil dólares) por matriz instalada, desconsiderando-se o valor da terra. Nesse sistema, a produção, armazenagem, tratamento e aproveitamento dos dejetos devem merecer tanta atenção quanto às demais questões relativas à criação. Utilizando raças altamente especializadas, no sistema confinado os animais engordam de maneira rápida, a eficiência reprodutora e a vida útil dos animais diminuem.
A.2.1 Sistema confinado de alta tecnologia e eficiência : Caracteriza- se por ter caráter empresarial, manter os animais confinados em instalações especializadas que permitem um controle ambiental adequado, possuir animais de alto potencial genético, realizar intensa reposição dos reprodutores, adotar um forte programa sanitário e utilizar esquemas nutricionais otimizados para as diferentes fases de vida do animal. É o sistema que visa a mais alta produtividade possível, com a incorporação imediata das tecnologias geradas pela pesquisa, que são promotoras da melhor ia da produtividade, sua implantação implica em elevar os custos de produção;
A.2.2 Sistema confinado tradicional de baixo custo e/ou baixa tecnologia : Caracteriza-se por possuir ou não a suinocultura como atividade principal. O rebanho é mantido em instalações mais simples e de custo relativamente baixo. A reposição das fêmeas é realizada, na maioria das vezes, com animais do plantel da granja, e os machos 95 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
adquiridos de outras granjas que se dedicam ao melhoramento genético. As modernas técnicas de manejo, nutrição, etc, são parcialmente aceitas ou incorporadas;
A.2.3 Sistema semiconfinado tradicional, de baixo custo e/ou baixa tecnologia: Diferencia- se do anterior por propiciar o acesso controlado ou não a piquetes para machos, fêmeas nas fases de reposição, vazias, em gestação e/ou em lactação com sua respectiva leitegada. Os animais para engorda são confinados;
A.2 Sistema de criação ao ar livre O sistema intensivo de criação de suínos ao ar livre – SISCAL – tem conquistado grande número de criadores, face ao bom desempenho técnico, baixo custo de implantação e manutenção, número reduzido de edificações, facilidade na implantação e ampliação da produção, mobilidade das instalações e redução do uso de medicamentos. O sistema oferece redução de custo de produção, por apresentar baixo custo de implantação, quando comparado ao confinado. Tipos de SISCAL mais utilizados: Terrenos com declividade superior a 20% não são indicados para a implantação do SISCAL. O tempo de ocupação dos animais nos piquetes pode variar de modo que permita a manutenção constante da cobertura vegetal sobre o solo.
Produção de leitões de 25 kg: é caracterizado por manter os animais em
piquetes, com abrigos, nas fases de reprodução, maternidade e creche, cercados com fios, e ou telas de arame eletrificadas com corrente alternada. As fases de crescimento e terminação (25 a 100 kg de peso vivo) ocorrem em confinamento. Muitos suinocultores utilizam o SISCAL para produção de leitões, que, ao atingirem 25 a 30 kg de peso vivo, são vendidos para os terminadores.
Ciclo completo: todas as fases são mantidas em piquetes (cobertura,
gestação, maternidade, creche e terminação). Pesquisas realizadas no Centro Nacional de Pesquisa de Suínos e Aves (CNPSA) da EMBRAPA, em Concórdia Santa Catarina , mostraram que o custo de implantação por matriz alojada no SISCALrepresenta 44,72% do custo de implantação dos sistema confinado. Nas pesquisas, o SISCALtem revelado melhor desempenho produtivo e reprodutivo, quanto ao número de leitões nascidos vivos e desmamados, a menor taxa de mortalidade do nascimento ao desmame. Por outro lado, o custo de produção de leitões (kg) neste sistema, foi, segundo os resultados das pesquisas no CNPSA, 32,9% inferior ao do sistema confinado. 96 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Local para instalação do SISCAL Deve ser instalado em terrenos com declividade inferior a 15% e de boa drenagem, para facilitar o manejo das águas pluviais. Deve- se prever práticas de manejo de solo. Antes, porém, da introdução de animais no Siscal, deve- se implanta r forrageiras de alta resistência ao pisoteio, de baixa exigência em insumos, perenes de alta agressividade, como por exemplo: Pensacola; Estrela Africana; Bermuda; Quicuio e o Cost Cros s. Deve-se, ter, ainda, cuidado com as plantas tóxicas nos piquetes, sendo as mais comuans a Baccharis coridifolia (Mio-mio, vassourinha, alecrim); o Pteridium
aquilinum (samambaia comum); o Semma occidentalis (Fedegoso, cafezinho-do-mato) e o melão de São caetano (conhecido nosso).
A.3 Confinado Sobre Cama (dep beeding) - Creche (?), Crescimento e Terminação em galpão semelhante a de frangos de corte (menor custo fixo) - Menor impacto ambiental (dejetos sólidos, melhor relação N/C) - Melhor bem estar e melhor carne - Maior gasto energético, pior conversão - Ganho de peso semelhante
B. Sistema extensivo Consiste em criar o suíno sem qualquer instalação ou benfeitoria, e é identificado pela permanente manutenção dos animais a campo durante todo o período do processo produtivo, que envolve a cobertura, a gestação, a lactação e a criação dos leitões do nascimento até o abate. Caracteriza criações primitivas, sem utilização de tecnologias adequadas e, por consequência, apresenta baixos índices de produtividade. A maior parte da produção dos animais é destinada ao fornecimento de carne e gordura para a alimentação dos proprietários. É bastante utilizado nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, principalmente por criadores que nunca receberam algum tipo de orientação técnica;
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C. Sistema de criação misto ou semi confinado É o que usa piquetes para a manutenção permanente ou intermitente para algumas categorias e confinamento para outras. O Sistema tradicional é o mais utilizado dos sistemas de criação misto, sendo mais frequente nas criações do sul do Brasil; prevê o uso de piquetes pelas fêmeas em cobertura e gestação, e pelos cachaços. Na fase de lactação, a porca fica confinada na maternidade e os leitões, do nascimento ao abate, são mantidos em confinamento. Os suínos recebem alimentação à vontade durante a fase de crescimento e, depois, passam a ter a alimentação controlada, visando uma determinada produção de carcaça. Seu custo é maior que o sistema ao ar livre e menor que o confinado.
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82. Tipos de produção Os produtos gerados podem ser assim definidos: • Suíno terminado, ou seja, pronto para o abate onde é produzido e criado na granja até o peso de abate. • Leitões que são separados das mães e vendidos logo após o nascimento. • Leitão desmamado que é vendido logo após o desmame. • Leitão para terminação que é vendido após a creche. • Suíno terminado que é produzido a partir da aquisição e engorda do suíno vindo da creche. • Suíno reprodutor que servirá para reprodução de novos leitões. Os tipos de produção podem ser definidos pelo produto a ser comercializado ou pelas fases de criação existentes na propriedade. Vamos identificar cada um deles.
Produção de ciclo completo criação que abrange todas as fases da produção (gestação, maternidade, creche,
I.
crescimento e terminação) e que tem como produto o suíno terminado. Esse é o tipo de produção mais usual em todo o país e independe do tamanho do rebanho.
II. Produção de Leitões É aquela criação que envolve basicamente a fase de reprodução e tem como produto final os leitões. São consideradas quando comparadas com as de ciclo completo, criações especializadas.
II. a)Produção de leitões desmamados Tem como produto o leitão desmamado, que pode ter em média 6 kg (21 dias) ou 10 kg (42 dias). O valor de comercialização deste leitão usualmente oscila entre 1,5 a 2 vezes o valor do quilo do suíno terminado.
II. b)Produção de leitões para terminação Tem como produto o leitão de 18 a 25 kg de peso vivo e 50 a 70 dias de idade. Essa criação, além dos reprodutores, tem a fase de creche onde os leitões permanecem do
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desmame até a comercialização. O valor de comercialização do quilo deste leitão varia de 1,3 a 1,6 vezes o valor do quilo do suíno terminado.
III. Produção de terminados Envolve somente a fase de terminação, portanto tem como produto final o suíno terminado. Usualmente, o criador adquire o leitão com 20 a 30 kg e, portanto, só tem prédio (s) de terminação. Quando adquire leitões de 6 a 10 kg, precisa ter creche para abrigar os leitões antes de leva-los para os galpões de terminação. Na produção de terminados, o produtor compra o suíno com peso médio de 25 kg e cria até chegar ao peso de terminação, ou seja, em média 100 kg. Na produção de ciclo completo, o suíno é gerado na granja e criado até chegar ao peso de terminação.
IV. Produção de Reprodutores Essas criações têm como final idade principal, ou produto principal, futuros reprodutores machos e fêmeas. Os reprodutores são à base da criação em suinocultura. Eles representam o material genético disponível para a produção de leitões. Essa atividade era praticada por centenas deprodutores no Sul do Brasil, e algumas criações não possuíam mais do que 20 fêmeas, enquanto outros tinham várias centenas. O estabelecimento, pelas Associações Estaduais de Criadores filiadas à Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), de alguns critérios mínimos para o criador poder registrar futuros reprodutores, a implantação de programas de melhoramento de suínos com o uso de Estação de Avaliação de Suínos (Teste de Progênie), Estação Teste de Reprodutores (Teste de Desempenho), os testes de granja e o registro de cruza controlada transformaram completamente o panorama. Os reprodutores suínos são animais de grande valor comercial, o que torna um produto valorizado pelos suinocultores.
IV. a)Produção de reprodutores tradicional É uma criação nos moldes de um produtor em ciclo completo, tendo como produto principal futuros reprodutores machos e fêmeas. A comercialização pode ser feita após a inspeção zootécnica com três meses, ou após o final do teste de Granja, com aproximadamente cinco meses, ou ainda em exposições.
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IV. b)Produção de reprodutores em granja núcleo É uma criação com plantel fechado, de animais de raça pura ou linhagens de alto padrão genético e sanitário, fazendo–se a avaliação de todos os animais produzidos e passíveis de comercialização do ponto de vista reprodutivo. Tendem a substituir os machos a cada seis meses e as fêmeas após, no máximo, a produção da segunda leitegada. Comercializam para as granjas multiplicadoras machos e fêmeas puros, geneticamente melhorados e, para os produtores de animais para a indústria, os machos.
IV. c)Produção de reprodutores em granja multiplicadora É uma criação vinculada a uma granja núcleo que recebe machos e fêmeas selecionados e predestinados a acasalamentos que gerarão animais cruzados, incorporando “vigor híbrido” nos reprodutores que serão comercializados para os produtores de animais para a indústria. De modo geral a maioria dos multiplicadores só comercializa fêmeas com mais de 50 kg de peso vivo.
V. Wean to finish Compreende as fases de creche, crescimento e terminação numa única instalação. Necessita instalações adequadas.
*Problemas relacionados com a produção de suínos em um único sítio: -Deficiência para eliminar doenças infecciosas; -Ocorrência de doenças enzoóticas ou crônicas; -Altos custos com medicamentos; -Deficiência com manejo ambiental; -Alta mortalidade do rebanho;
FLUXOGRAMA DAS INSTALAÇÕES Pré-gestação Crescimento Cobertura
Maternidade
Creche Terminação
Gestação
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Fonte: EMBRAPA, 1998. Quanto aos produtores podemos verificar no Brasil:
a) produtor livre, independente: caracteriza-se por total independência, não estando associado ou integrado. Este tipo de produtor está mais susceptível às crises do setor;
b) produtor associado: caracteriza-se por integrar cooperativa, associação ou condomínio, visando minimizar custos;
c) produtor integrado: identifica aquele produtor que faz contrato com uma empresa integradora que lhe fornece assistência técnica, apoio nutricional, reprodutores e parte dos grãos. Em contrapartida o produtor assume a venda de sua produção para essa empresa;
d) empresa integradora: realiza todos as etapas do processo produtivo: melhoramento genético, produção, beneficiamento da produção, comercialização, etc.
8.3 Organização da produção Deve-se fazer um escalonamento da produção para que haja uma uniformidade, ao longo do ano, do volume do produto a ser comercializado; Este escalonamento pode ser feito mensal, quinzenal ou semanal;
A. Organização Mensal: -Se aplica a produtores de pequeno porte (entre 6 a 40 matrizes); 102 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
-O manejo da granja é feito a cada 21 dias;
B. Organização Quinzenal: -Se aplica a produtores de porte médio (entre 40 e 100 matrizes); -O manejo da granja é feito a cada 14 dias;
C. Organização Semanal: -Se aplica a produtores de grande porte (mais de 100 matrizes); -Granjas de alta tecnologia, onde as atividades serão referenciadas na semana (cobertura, desmame, recolhimentos e transferências); - O manejo da granja é feito a cada 7 dias;
- Intervalo entre lotes: 7, 14, 21 ou 28 dias; - Idade de desmame: 21 ou 28 dias; - Idade de saída dos leitões da creche: 63 ou 70 dias; - Idade de venda dos suínos: deve ser definida em função das características de mercado que se pretende atender; - Intervalo desmame-cio: média de 5 dias (até 7 dias); - Duração da gestação: 114 dias; - Duração do vazio sanitário entre lotes: 7 dias (1 dia para lavagem da sala, 1 dia para desinfecção e 5 dias de descanso); - Alojamento das porcas na maternidade antes do parto: 7 dias;
-Granjas (300 a 350 matrizes): 21 dias de intervalo entre lotes; -Granjas (350 a 700 matrizes): 14 dias intervalos entre lotes; -Granjas (com mais de 700 matrizes): 7 dias de intervalo entre lotes; *7 e 21 dias são os melhores; **Fêmeas que retornarem ao cio podem ser encaixadas em outro lote, enquanto que em intervalos de 14 dias, não se tem outro lote disponível; ***Sempre deve-se trabalhar com múltiplos de 7, facilita a formação de lotes; ****Quanto maior o tamanho do lote, menor será o intervalo entre partos;
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Desmame 21 28 28 21 28 ►
Intervalo entre Lotes 7 7 21 28 14
Número de Lotes 20 21 7 5 10
Estrutura da produção
1. Estrutura especializada: Os suinocultores são livres compradores de alimentos, medicamentos, equipamentos, contratadores de assistência técnica permanente ou eventual, e comercializam seus animais com intermediários ou diretamente com os abatedouros. 2. Estrutura de integração vertical: É composta por duas partes distintas, uma chamada de integrador e a outra formada por integrados. Ao integrador cabe, geralmente, produção e fornecimento de reprodutores, fornecimento da alimentação (total ou parcial), fornecimento de produtos veterinários, orientação técnica e compra de suínos. Aos integrados cabe, geralmente, participar com a sua terra, mão-de-obra, edificações e equipamentos, alimentação (só grão ou também os demais componentes, total ou parcialmente) e produzir os suínos. Nessa estrutura de produção existe um compromisso de caráter formal dos integrados em vender seus animais ao integrador e, deste em comprar os animais com um preço determinado de acordo com índices zootécnicos de produção. 3. Estrutura de integração horizontal Também chamada de associativa, é semelhante a integração vertical, porém, é exercida por cooperativas, associações de produtores, condomínios ou outras formas de organização
de
suinocultores,
podendo
apenas
comercializar
suínos
após
industrialização ou comercializar os produtos cárneos.
104 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
CICLO DAS PORCAS E DOS LEITÕES COM A RESPECTIVA DURAÇÃO DAS FASES EM SEMANAS NAS RESPECTIVAS INSTALAÇÕES
8.4 Registro de produção Indispensável . Objetivo: Estabelecer o perfil técnico e econômico da produção do SPS Vantagens: – Análise crítica dos registros de produção. – Permite identificar problemas e apontar pontos fracos. – Acompanhamento do desempenho dos animais. – Corrigir pontos negativos. – Melhoria do desempenho
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Parâmetros Analisados: a) Taxa de concepção:
b) Taxa de parição:
c) Taxa de mortalidade:
d) Avaliação do desempenho:
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e) Avaliação dos dias não produtivos:
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9 RAÇAS Por definição, raça é o conjunto de animais com característicassemelhantes, adquiridas por influências naturais e sexualmente transmitidas. Dentro de uma mesma raça encontramos animais bonse ruins e, na prática, pode-se observar que a diferença de produtividade entre estes indivíduos pode ser até mais expressiva do que a diferença entre algumas raças. Existem certas raças que se sobressaem em produtividade, produção de carne e precocidade reprodutiva, e existem outras que,ainda que precoces, têm a conformação e peso menos adequados,com produção de d e menores leitegadas. Com o estudo das raças podemos conh conhecer ecer seus defeitos e qualidades para produção e cruzamentos na suinocultura. A compreensão sistêmica da suinocultura implica em conhecer as bases históricas que fundamentam a origem e evolução das raças. No contexto mundial, estão catalogadas mais de 350 raças, sendo que um pequeno número tem distribuição universal, poucas de importância econômica. Do ponto de vista comercial, o Brasil se sustenta com raças exógenas. As raças nacionais têm uma importância relevante àquelas propriedades que executam a suinocultura de subsistência. Primeiramente são descritas as raças exógenas mais difundidas. d ifundidas. Assim sendo, será realizada uma descrição das raças estrangeiras que sejam numericamente expressivas no Brasil e as demais serão brevemente comentadas pelo processo de extinção extinção que sofrem. As raças estrangeiras são resultantes de uma seleção de muitos anos, feita em países de adiantada tecnologia. Em consequência, atingiram valores muito elevados os índices de produtividade expressos na prolificidade (número de leitões que cada fêmea gera por ano), na precocidade (tempo necessário para que o suíno fique pronto para o abate) e na qualidade da carcaça (envolve vários aspectos, todos relacionados às características desejáveis, como grande quantidade de carne magra, por exemplo). Entre as raças estrangeiras podemos destacar a Landrace, a Duroc, a Large White, a Hampshire, a Wessex, a Pietrain e a Berkshire, mais conhecidas no Brasil as raças nacionais são agrupamentos de animais descendentes das raças trazidas pelos colonizadores. Dispersas em propriedades rurais de todo o território nacional, são os animais preferidos pelos pequenos produtores por sua rusticidade (se adaptam melhor às
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condições climáticas do nosso país), sendo menos exigente em relação à alimentação e ao manejo e por apresentado sabor diferenciado da carne e derivados. No Brasil, atualmente, as principais raças de suínos utilizadas são Landrace, Large White e Duroc, sendo que mais de 90% da composição racial dos suínos de abate baseia-se nessas três raças. Outras raças que têm sido utilizadas em menor escala são Pietran, Hampshire e Wessex. Principalmente a Pietran vem sendo utilizada em alguns programas de cruzamentos para explorar mais intensamente sua contribuição genética para aumento no rendimento de carne e carcaça de animais de abate. O uso u so dos animais nativos ou do porco tipo “banha” vem caindo em desuso, mesmo nas regiões rurais do Estado de Minas Gerais, pois sua utilização como gerador de óleo de origem animal ou de banha em estado sólido para acondicionamento e conservação de carnes vem sendo substituída por óleos vegetais e refrigeradores. Esta evolução fez com que estas raças fossem sendo abatidas e não repostas mesmo em criatórios tradicionais. Mais apropriados à produção de banha ficam prontos para o abate mais tarde, se comparado a outras raças; São poucos prolíferos (férteis) e de baixa produtividade. Entre as raças nacionais mais populares estão a Piau, Canastra, Caruncho, Nilo, Tatu, Pereira, Piratinga, e Moura. Com o estudo das raças podemos conhecer seus defeitos e qualidades para produção e cruzamentos na suinocultura.
9.1 Classificação Reino: Animalia Filo: Chordata
Classe: Mammalia Ordem: Artiodactyla Família: Suidae Gênero: Sus Espécie: S. domesticus Cada raça de suíno é definida por características semelhantes que são transmitidas aos descendentes. A classificação das raças de suínos, é feita de acordo com o perfil frontonasal, tamanho e orientação das orelhas com as proporções da cabeça e coloração da pelagem. 109 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
a) Prefil fronto-nasal:
Retilíneo(cabeça comprida e reta) : Landrace, Wessex e Pirapitinga;
Ultra-côncavo(forma quase um ângulo de 90º na região fronto-nasal):
encontrado em Caruncho e Berkshire;
Subcôncavo (pequena depressão na testa) : Hampshire, Duroc, Piau, Canastra,
Tatu,Nilo, Poland China.
Concâvo: Large White, Yorkshire, Pereira.
b) Orelhas: Asiática (para cima e com abertura lateral) : Large White, Hampshire, Berkshire, Caruncho, Yorkshire, Hampshire, Macau e Nilo;
Ibérica (orelha média, para frente e não tão caída , posição horizontal): Duroc,
Poland China, Piau, Canastra, Pereira.; P ereira.;
Céltica (grande, comprida e para frente e caídas): Landrace, Wessex, Niloe
Canastrão.
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c) Pelagem:
Simples: vermelha, branca, preta.
Composta: oveira, faixada, preta com ponta branca.
d) Quanto à origem
Nacionais (formadas e criadas no país) Exóticas (criadas no país, porém de d e origem estrangeira).
9.2. Fatores que determinam a escolha escolha de uma raça 9.2.1 Mercado 9.2.2 Reprodutores 9.2.3 Características r eprodutores; Disponibilidade de bons reprodutores;
Fecundidade;
Capacidade de desenvolvimento;
Temperamento;
Qualidade de carcaça;
Capacidade de cruzamento;
Resistência a enfermidades;
Disponibilidade de alimento;
Tipo de criação;
A. Fêmeas:
Prolificidade
Produção de leite
Aptidão maternal o
Ex: Landrace, Large White, Hampshire
B. Machos:
Capacidade de ganho de peso
Ótima CA
Carcaças com elevada % de cortes nobres Carcaças com baixo teor de gordura o
Ex: Duroc, Hampshire, Landrace, Large White 111 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
9 .3 Raças Estrangeiras É notável a contribuição das raças estrangeiras na suinoculturanacional, pela seleção de muitos anos feitas em países de adiantadatecnologia, resultando em índices de produtividade expressivos. Asraças estrangeiras mais conhecidas e criadas no Brasil são:Landrace, Large White ou Yorkshire, Duroc, Pietrain, entre outras. Estas raças são as mais indicadas para criação de suínos desistema intensivo (confinamento), pelo retorno econômico proporcionado pelas mesmas. As raças estrangeiras têm uma seleção de muitos anos feita nos países com produção mais adiantada no mundo. Em consequência, os índices de produtividade expressos na prolificidade, precocidade e rendimento atingiram valores mais elevados (MACHADO, 1967). Vamos agora identificar as principais raças de suínos de origem estrangeira.
9.3.1 Duroc
É originária dos Estados Unidos; surgiu de uma mistura de vários porcos vermelhos da região de Nova York, Massachussets e Connecticut. Em princípio a raça era chamada
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de Duroc Jersey, nome que derivou da combinação de duas das mais populares linhagens da época, a Jersey Vermelha e a Duroc. Em 1882 foi criada a Associação de Criadores de Suínos Vermelhos, que no ano seguinte, recebeu o nome de Americam Duroc-Jersey Swine Breeders Association . As raças Berkshire e Tamworth também contribuíram com o melhoramento do Duroc. Até 1915-1920 a raça sofreu, como outras, uma “crise de standard”, que com o melhoramento dos sistemas produtivos, se definiu e em 1940 passou a denominar-se unicamente Duroc. Foi a 1º raça introduzida no país, portanto, a que iniciou o melhoramento e a tecnificação da suinocultura brasileira. É uma raça rústica, muito adaptada às nossas condições tropicais e também a qualquer tipo de cruzamento e sistema de criação. Distingue-se pela grande precocidade, rusticidade e fecundidade. Possuem boa carcaça, boa velocidade de ganho de peso e excelente conversão alimentar. As fêmeas geralmente não são boas mães por serem estouvadas e terem com frequência problemas de tetos cegos ou invertidos e pouca produção leiteira. Por esse motivo, não são muito usadas em cruzamentos. O antigo porco Duroc, grande produtor de banha e toucinho,transformou-se gradativamente num tipo “intermediário” para carne e toucinho, e mais recentemente seus criadores vem se esforçando para diminuir cada vez mais a manta de toucinho, para transformá-lo num animal do tipo carne, mais alto, comprido e delgado. Acreditam alguns, contudo, que o excesso de refinamento prejudicaria suasqualidades mais valiosas, que são o vigor e a rusticidade. A rusticidade e a fácil adaptação a todas as regiões do país fizeram com quês eu uso em cruzamentos industriais propiciasse uma melhoria na qualidade da carnedas raças brancas. Pelagem pigmentado com pelagem vermelha (com variação de tonalidades - do dourado até castanho escuro, vermelho-cereja) bom comprimento e profundidade corporal, lombo arqueado, orelhas detamanho médio e caídas, e focinho semi –retilíneo. Apresenta boa taxa de crescimentoe rendimento da carne.
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9.3.2 Hampshire
É uma das três mais criadas nos Estados Unidos, merecendo atenção por sua participação em alguns programas de hibridação de linhas machos importadas ou desenvolvidas no Brasil. Foi desenvolvida nos Estados Unidos, entre o final do século XVIII e o início do XIX, tendo como base genética o Essex e Wessex Saddleback. A difusão da raça aconteceu em decorrência da I guerra Mundial que estabeleceu o “ corn
Belt ”, e posteriormente, os agregados transformadores, principalmente a suinocultura. 114 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
É originária do condado de Boone, Kentucky; derivada de porcos ingleses do Hampshire, introduzidos em 1825. O iniciador da raça foi o Major Joel Garnett,tornando-se conhecida a partir de 1893, quando se estabeleceu seu registro. No Brasil essa raça se adaptou bem, sendo introduzida no Rio Grande do Sul na década de1950. É chamado o Porco Norte-Americano Cintado de Branco, porque sua característica mais marcante é a faixa branca na região da escápula, pegando também a pata dianteira. Pode haver confusão entre Hampshire, Wessex e Esse x, que são três raças diferentes, com “ Swine Book ” independente, mas com pelagens semelhantes. São animais de tamanho médio, vigorosos, ativos e dóceis, sendo excelentes mães.Possuem boa carcaça, devido a grande quantidade de carne limpa, com uma produção mínima de carnes de segunda categoria; adaptam-se bem aos regimes de semiconfinamento e confinamento. Não tem o couro duro como os suínos comuns esão animais de grande beleza. É uma raça que se caracteriza pela qualidade de carcaça, rusticidade e ótima conversão alimentar, alto ganho médio diário de peso (GMDP) e bom rendimento de carcaça. Pelagem preta, com uma faixa de cor branca despigmentada em torno da paleta (10 a 25 cm de largura, circundando todo o corpo do animal na região das cruze), orelhas eretas e curtas, e focinho subcôncavo. Apresenta excelente qualidade de carne na região do lombo, baixa espessura de toucinho e carne de boa qualidade. Apresenta a menor deposição de gordura e o maior rendimento de carne na carcaça entre todas as raças. Porém é muito sensível ao estresse, e sua carne não é de boa qualidade industrial.
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9.3.3 Landrace
A raça Landrace teve sua origem na Dinamarca, entre 1830 a 1840, tendo como base genética suínos exógenos (alemães, chineses, espanhóis e portugueses), que foram cruzados com raças nativas. É provável que a Large White tenha sido utilizada. Depois de selecionada e foi espalhada para a Europa e EUA. A Dinamarca manteve, por muitos anos, o monopólio da exploração do Landrace, conseqüência da decisão da Alemanha (1887) e Inglaterra (1892) de proibirem o comércio internacional de suínos vivos. Isso levou a Dinamarca a implementar um audacioso programa de seleção (em 1896 foi criado o primeiro centro de melhoramento genético do país e do mundo) e aumentar a exploração da espécie com fins industriais (em 1887 era constituída a primeira cooperativa de criadores de suínos que construiu, igualmente, o primeiro frigorífico) e, posteriormente exportacionistas. Para objetivar a seleção foi fundada, em 1907, uma estação de teste de suínos em Elscominde. A impossibilidade de exportação formal fortaleceu o contrabando, gerando diferentes Landraces (Belga, Suíço, Alemão, etc). Os exemplares que existiam no Brasil chegaram em 1955 e eram originados da Suécia. Somente em 1973, a Dinamarca liberou sua exportação, chegando seus primeiros exemplares a Brasil para o criador Lutfalla, em São Paulo. Trata-se de uma raça altamente prolífera, precoce e produtiva. Os animais dessa raça têm excelente 116 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
conformação, as fêmeas com ótima produção leiteira, boa conversão alimentar, comprimento de corpo excelente e produção de carcaças com pouca porcentagem de gordura. Esta raça é conhecida por produzirem grandes ninhadas e pelas suas qualidades maternais. A pele destes animais é despigmentada,o que os faz muito sensível à luz. Em 1998, a raça Landrace participou com 15,47% dos registros PO emitidos no país, ficando atrás apenas da raça Large White.Suas características básicas são prolificidade, habilidade materna e desempenho, é muito utilizada nos programas de produção de híbridos. Apresenta pelagem branca, orelhas compridas e caídas, excelente comprimento corporal e rendimento de carne, com alta percentagem de cortes nobres, ótima capacidade materna, boa taxa de crescimento, conversãoalimentar e rendimento de carne.Algumas linhagens apresentam PSE (principalmente os oriundos do Landrace ou Branco Belga).
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9.3.4 Large White
Originária do condado de York, região norte da Inglaterra. Entre os anos de 17701780, suínos locais foram cruzados com animais asiáticos da região de Cantão, que tinham como características principais a precocidade, pelagem escura, orelhas curtas e finas, esqueleto fino e pernil pobre. O fato de se cruzarem animais distantes geneticamente, determinou um alto grau de heterose. Por volta de 1850, alguns suínos da raça Napolitana foram levados da Ilha de Malta para a Inglaterra, e cruzados com a raça que havia se formado. É provável que os suínos Napolitanos tivessem relação genética com estirpes asiáticas, mas em geral, possuíam melhor conformação (lombo e pernil). Como conseqüência desses cruzamentos e contínua seleção morfológica surgiram dois agrupamentos raciais: Yorkshire e Leicestershire. O agrupamento de animais Yorkshire era composto por animais brancos e/ou parcialmente pigmentados, com orelhas tipo asiáticas e bom desenvolvimento. O Leicestershire foi resultado de 100 anos de seleção e melhoramento, sendo caracterizado pela pelagem escura e ter, predominantemente, aspectos morfo e fisiológicos de raças estrangeiras. As interações genéticas entre Yorkshire e Leicestershire determinaram o aparecimento do Small, Middle e Large White. Este último, por ter qualidades superiores, teve em 1868 espaço exclusivo na Royal Show. Em 1995, o Centro Nacional de Pesquisa de Suínos e Aves (EMBRAPA/CNPSA), relacionou, segundo o valor genético, os 50 melhores machos e as 200 melhores fêmeas. A seguir estão listados, por sexo, com suas caracterizações, os cinco melhores de cada
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grupo. É muito importante para o técnico, principalmente com o advento da tipificação de carcaças, conhecer o material genético disponível no mercado.
É o 1º lugar na composição dos rebanhos das granjas produtoras de animais puros de origem, das raças puras criadas no Brasil, foi à última aser introduzida no país nos meados da década de 1970. É uma raça excelente quanto à prolificidade, sendo suas fêmeas boas leiteiras e excelentes mães; possuem grande desenvolvimento se adaptando a qualquer tipo de criação; tem boa capacidade de ganho de peso, rápido crescimento e boa conversão alimentar. Esta raça é muito utilizada em produção de híbridos comerciais. No registro genealógico, participou com 22,55% em 1998, passando a ocupar o primeiro lugar na composição do rebanho das granjas produtoras de animais puros de origem. Das raças puras criadas, foi última a ser introduzida no país, no início da década de 1970 e, pelo desempenho apresentado, vem aumentando anualmente a sua participação. A raça é muito utilizada na produção de híbridos e se caracteriza pela sua prolificidade. Apresenta pelagem branca, porém orelhas mais curtas e eretas. É a que melhor se reproduz, com boa taxa de crescimento diário, conversão alimentar e rendimento de carne.
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9.3.5 Pietrain
É oriundo de uma povoação que lhe deu o nome, na província de Brabante-Bélgica. Entre os anos de 1919 e 1920, foram exportados os primeiros suínos de forma intensiva. Até 1950 o Piétrain não alcançou notoriedade. Em 1953 foi reconhecido com raça em Brabante; em 1954 se estabeleceu o padrão racial e, em 1952, foi reconhecida como raça em toda Bélgica. Mas foi na França que obteve o bônus racial. Em 1955, importou seletos animais, e já em 1958, criou a escrita genealógica que em 1963 se transformou em livro. Daí para diante começa a difusão européia e americana. É originária do cruzamento de suínos Berkshire e Tamworth. Éconhecida como a raça dos quatro pernis, por possuírem uma excelente massa muscular no quarto dianteiro. Possuem baixa velocidade de ganho de peso e dão a impressão de ser um porco gordo devido a sua conformação curta e rechonchuda (com membros curtos). Quase sempre apresentam problemas cardíacos, sendo o maior limitante desta raça. Frequentemente perdem-se reprodutores em acasalamento nashoras quentes dos dias. Desarmonia anátomo-funcional (baixa capacidade cardiorrespiratória em relação à massa corporal, e como fator complicador, essa grande massa muscular torácica dificulta a total expansão dos órgãos alojados nessa cavidade). Baixa qualidade da carne das linhagens portadoras do gene de sensibilidade ao halotano, ou seja, tem carcaças PSE, fato esse que está determinando a seleção unicamente de animais halotano negativos, garantindo carne de boa qualidade.
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É uma raça que possui uma excelente massa muscular, sendo muito utilizadaem cruzamentos. Nos últimos anos tem sido importado suínos e sêmen da Inglaterra,Alemanha e França. Apresenta como principais características, ótimos pernis, menorcamada de gordura e muito boa para cruzamentos. Tem aumentado sua participaçãono registro genealógico, este ano com 3,42% do total registrado. Pelagem branca despigmentada com manchas pretas ou vermelhas pigmentadas
9.3.6 Wessex Sua origem data de mais de um século na Grã-Bretanha. O Wessex foi melhorado na Inglaterra com a introdução do sangue napolitano e chinês. Identificado como suíno preto cintado deu origem à raça Hampshire Americano e foi introduzido no Brasil em 1934. Foi uma raça preferida pelas granjas que utilizavam o sistema de produção extensivo ou criação ao ar livre. Como este sistema é pouco utilizado no Brasil, os registros vem diminuindo. Apresenta como principais características, a prolificidade, rusticidade e habilidade materna. Em 1998 não emitiu nenhum registro genealógico e a tendência é de que seja extinta ou substituída por outra raça mais moderna. Apresenta excelente capacidade reprodutiva, habilidade materna e capacidade de produção de leitões, mas sua capacidade de produzir gordura é alta. Cria-se muito bem em condições de campo. O Wessex apresenta corpo preto, com exceção de uma faixa branca, que desce da cruz pelas paletas e braços até as unhas, não ultrapassando 2/3 do comprimento do corpo. Os pelos são lisos, finos e bem assentados. A cabeça é pouco comprida e a fronte ligeiramente côncava. As orelhas são largas, dirigidas para frente e para baixo. O suíno dessa raça tem pescoço médio e musculoso, corpo longo, largo e espesso, e seus membros são fortes, bem aprumados e curtos. É uma raça rústica, suportando variações de temperatura, de boa prolificidade, produtividade, mansidão e qualidades maternas.
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9.4 Raças Nacionais As raças brasileiras ou nacionais não possuem registros em associação ou livro específico. Geralmente apresentam baixa produtividade e rusticidade. São associadas à produção de banha e indicadas para criações que não tenham muito controle zootécnico e que apresentem baixo controle sanitário. Essas raças são criadas de forma extensiva e sem objetivos comerciais. Vejamos algumas raças nacionais.
9.4.1 Casco de mula São sindáctilos, ou seja, com o casco fundido.
Charles Darwin definiu esse
fenômeno como um caso de mutação. Chamado também de casco de Burro, é o que tem suas populações em estado mais crítico de desaparecimento.
9.4.2 Canastrão Apresenta pelagem preta ou vermelha, pele grossa e pregueada, orelha tipo céltica e corpo grande. O canastrão possui característica rústica e é encontrado no sertão do Brasil.
9.4.3 Canastra O suíno Canastra, supostamente derivado das raças portuguesas, também éconhecido como meia perna. Possui porte médio, membros curtos, cabeçapequena com perfil subcôncavo e orelhas médias oblíquas para frente.
9.4.4 Canastrinho Trazidos do Oriente por colonizadores portugueses, o Canastrinho pertence aum grupo de animais menores do tipo asiático. Possui membros curtos e finos,pouca musculatura e ossadura.
9.4.5 Mouro ou Estrela Raça originada e disseminada nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarinae Paraná. Possui pelagem preta entremeada de pelos brancos e orelhas intermediáriasentre ibéricas e célticas, com perfil cefálico retilíneo ou concavilíneo. Pelagem preta ou acinzentada. Orelhas intermediárias entre ibéricas e célticas. Perfil cefálico retilíneo ou subconcavilíneo. Uma leve papada.
Pescoço curto. Peito 122
Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
medianamente largo. Dorso e lombo largo. Produz até dez leitões por leitegada. Pesa 90 kg com menos de seis meses de idade.
9.4.6 Monteiro Predominante na região do Pantanal matogrossense. É considerado uma raça asselvajada. Formou desde a guerra do Paraguai em 1864. A partir de cruzamentos indiscriminados das raças (Duroc, Tamworth e Carunho) formaram o porco Monteiro. Conformação do corpo e cabeça em formas de cunha. Coloração preto-acinzentada ou marrom. Orelhas pequenas e eretas. Perfil afilado. Membros fortes e ágeis. Focinho longo. Características que se assemelham com o javali. Possui mais habilidades noturnas. Olfato extremamente sensível, que facilita a localização de alimentos escondidos sob a vegetação, utilizando o focinho e as presas para cavar e cortar raízes. Precocidade. Habilidade materna. Indicados para sistemas de criação a campo. É uma das espécies mais visadas para a prática de caça. Utilizada em cruzamentos com o javali com o objetivo de se obter uma carne mais saudável e saborosa.
9.4.7 Nilo Alentejano de Portugal
X
Ibérico da Espanha. Tamanho médio. Ausência de
cerdas. Corpo de cor preta e ossatura fina. Perfil subcôncavo. Orelhas do tipo ibérico pouco acentuado. Por sua grande rusticidade e facilidade de manejo alimentar. O Nilo é uma raça muito indicada para sistemas simples de produção. Grande capacidade de engorda. Podendo atingir um peso vivo entre 180 e 200 kg. Percentual de gordura entre 65 e 69%.
9.4.8 Piau Em 1989, o Piau foi a primeira raça nativa a ser registrada. A palavra Piau, de origem indígena, significa “malhado”, “pintado”. A raça teve origem no Brasil, nos estados do Goiás e Minas Gerais. Possui pelagem branca-creme, com manchas pretas, orelhas intermediárias entre ibéricas e asiáticas e perfil cefálico retilíneo e concavilíneo. É considerado um porco rústico e de boa produção de carne e gordura.
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Pelagem cor-de-areia, com manchas pretas e marrons, orelhas de tamanho médio e focinho semi-retilíneo. Produz sete a oito leitões por gestação e atinge 90 kg de peso vivo com sete meses de idade. A carcaça apresenta grande deposição degordura, com mais de 4 cm.
9.4.9 Pirapetinga A raça originou-se em fazendas localizadas na bacia do rio Pirapetinga, de onde se disseminou por municípios vizinhos e pelo estado do Espírito Santo. Tamanho médio. Orelhas em pé do tipo asiáticas. Poucas cerdas. Corpo preto ou arroxeado, comprido e estreito. Pouca musculatura e ossatura. Prolificidade e precocidade médias. Possui grande facilidade de engorda. Aproveita uma grande variedade de alimentos. Produz um toucinho de ótima qualidade. Bom rendimento de gordura. Foi destinado espaço à “genética nacional” pela importância que ela representa na suinocultura de subsistência brasileira. Mas é fundamental, a priori, ratificar que “raça nacional” não traduz a realidade genética do meio produtivo. O que se observa são agrupamentos genéticos de raças estrangeiras, que foram se definindo de acordo com os ciclos produtivos brasileiros (cacau, algodão, oleaginosas, etc.). O que está bastante claro atualmente é a perda quase que total dos referenciais genéticos de suínos no Brasil. Isso significa dizer que há necessidade de uma ação no sentido de resgatar, estudar e preservar esses agrupamentos. Como podemos constatar, existem várias raças de suínos e cada uma apresentauma característica em destaque, seja para porte, prolificidade, produção decarne, produção de banha etc. Atualmente, no Brasil, a produção de suínos em sistemas de confinamento utilizao suíno de cruzamento industrial, que é aquele que dá origem ao suíno híbrido.A definição do suíno híbrido se dá pelo cruzamento entre duas ou mais linhagens geneticamente diferentes entre si, por exemplo, Landrace com Large White .O objetivo do cruzamento é aproveitar o ganho dos descendentes desse acasalamento,ou seja, sabemos que as raças Landrace e Large White apresentamaptidão para carne, seus descendentes (chamados de híbridos), portanto, serãobons produtores para carne.O programa de hibridação necessita de uma amplabase de animais puros com elevados 124 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
custos de manutenção, sendogeralmente realizado por grandes empresas como a Agroceres PIC.Por estas razões, esses tipos de programas são somente justificáveisem grandes criações industriais ou cooperativas e nunca a nível depequenas ou médias criações.
9.5 Dados de provas Zootécnicas Um dos instrumentos que o segmento suinícola dispõe para avaliar objetivamente os animais são as Estações de Testes de Reprodutores Suínos (ETRS) e os Testes de Granja. Nas ETRS são observados, até os 90 kg de peso vivo, o ganho médio diário de peso (GMDP), a conversão alimentar (CA), a espessura de toicinho (ET) e o tempo para atingir 90 kg. Em 10 anos (1984 - 1994) o ganho médio diário aumentou 9,67%, a conversão alimentar 5,22%, a espessura de toicinho (mm) e o número de dias para atingir 90 kg reduziram 22,93 e 14,37%, respectivamente.
9.6 Biotecnologia aplicada ao melhoramento genético dos suínos A carne suína é a mais consumida no mundo na atualidade. No Brasil ainda persiste o mito de que a mesma é rica em colesterol e transmite doenças parasitárias ao homem. Em criações modernas de suinocultura os animais são confinados sobre pisos de cimento, o que praticamente impede que os mesmos ingiram ovos de Taenia solium (solitária), e portanto este problema está resolvido. Para que a carne suína tenha uma melhor aceitação pelos brasileiros, deve-se então quebrar a imagem "negativa" que relaciona a mesma a uma carne "gorda". Pesquisas recentes conduzidas pelo Instituto de Tecnologia de Alimentos - ITAL,em Campinas, mostram que a carne suína possui níveis de colesterol semelhantes à carne bovina e à de ave. Mas por outro lado, o consumidor impressiona-se ao examinar uma carcaça suína, com a espessura de tecido adiposo subcutâneo (toucinho). Portanto, o grande desafio da suinocultura atual é reduzir a espessura de toucinho e aumentar o rendimento de carne nas carcaças. Para isso, pode-se contar com as melhorias de manejos nutricionais e de ambiência, com a genética clássica e, mais recentemente, também com a genética molecular, que pode detectar diretamente os genes responsáveis pela deposição de gordura e de músculo, aplicando-se técnicas e conhecimentos de biotecnologia.
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9.6.1 O gene da "carne magra" Existem algumas raças de suínos que apresentam carcaças extremamente magras, com a espessura de toucinho na altura da última costela de apenas 10 a 12 mm, com uma musculatura abundante e muito exuberante, distribuída tanto na região posterior do animal quanto na região anterior resultando no abate em carcaças com rendimento de carne superior a 60%. Estudos de genética clássica, conduzidos com progênies oriundas do cruzamento entre raças musculosas, mostram que a característica de musculosidade está ligada à susceptibilidade do suíno a apresentar rigidez muscular quando submetido ao anestésico inalatório halotano. Baseado nesta evidência, os geneticistas desenvolveram um teste, com o anestésico halotano, que permite a separação dos animais em susceptíveis ou não, em relação à anestesia por este gás, o que levou os pesquisadores a batizarem este gene de gene HAL, que se convencionou chamar, neste artigo, de o gene da "carne magra". Mas esta característica herdável é do tipo autossômica recessiva, o que é um grande inconveniente, pois não permite detectar os animais heterozigotos, aqueles que não reagem ao teste, forçando os geneticistas atestarem os filhos dos animais não-reagentes, para conhecer o verdadeiro genótipo dos pais, em um cruzamento com um animal sabidamente recessivo, gastando tempo,atrasando a seleção e o melhoramento genético, ou a aplicarem técnicas e conhecimentos de biotecnologia,como o método PCR-RFLP (Polimerase Chain Reaction-Restrition Fragment Length Polymorphism ), que são bem mais rápidos dando ganho de tempo á seleção e ao melhoramento.
9.6.2 As características indesejáveis Os diversos trabalhos desenvolvidos nos últimos anos mostram que o gene da"carne magra", quando em homozigose recessiva, também está ligado à predisposição dos animais a apresentarem um problema de qualidade de carne denominado P.S.E. ( pale-
soft and exudative), principalmente quando os mesmos são submetidos a manejos inadequados de transporte e pré-abate, afetando a cor, a textura e a capacidade de retenção de água desta carne, causando sérios prejuízos à indústria deembutidos. Além deste inconveniente, o gene da "carne magra" também está correlacionado negativamente com a performance reprodutiva das fêmeas suínas. Qual estratégia os suinocultores devem adotar, então, com relação a esse gene? Partindo do princípio de que as carcaças de suínos no Brasil ainda não alcançaram, em média, um bom rendimento de "carne magra", quando comparado a outros países de 126 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
suinoculturas fortes, como por exemplo a Dinamarca e EUA, a melhor estratégia para a suinocultura brasileira com relação a este gene é a manutenção do mesmo nas raças onde sua freqüência é bastante alta, utilizando essas raças como"raças-pai", buscando implementar um incremento na taxa de crescimento e ganho de peso em carne magra e ao mesmo tempo eliminar completamente o gene das "raças mãe",beneficiando-se da complementariedade entre essas raças e explorando os híbridos provenientes do cruzamento entre elas.
9.6.3 Aplicação da biotecnologia Aqui entra a biotecnologia, ajudando a detectar os animais adequados a permanecerem nos plantéis. Pesquisadores da Universidadede Toronto, no Canadá, clonaram, mapearam e sequenciaram um gene que codificauma proteína fazendo parte do canal de cálcio que controla a homostasia dessemineral no músculo dos suínos. Este gene possui uma mutação que leva à produção de uma proteína alterada,permitindo uma maior passagem de cálcio através do canal, o que provoca, na carne,os inconvenientes citados no tópico anterior e parece ser o mesmo gene HAL (gene da"carne magra"). Mas o importante é que, com o gene sequenciado e com a determinação e localização da mutação, pôde-se desenvolver uma técnica que permite a perfeita genotipagem dos animais. Para ser realizada, os animais têm o sangue coletado eenviado a um laboratório de genética molecular, onde procede-se à extração do DNA. O DNA é amplificado na região da mutação, em milhões de cópias, através de uma técnica denominada Reação em Cadeia de Polimerase, em um aparelho simples e automatizado denominado termocilador. A região amplificada é então cortada com uma enzima de restrição adequada,que são as "ferramentas" da biologia molecular usadas para cortar o DNA na região mutada. Após o corte, o mesmo é separado por eletroforese em um gel de agarose. O padrão de bandeamento do DNA no gel permite a perfeita genotipagem, contornando-se a limitação do teste do halotano, detectando tanto os animais homozigotos quanto os heterozigotos. Em trabalho conduzido na Universidade Federal de Uberlândia, suínos híbridos foram genotipados por essa técnica e tiveram suas carcaças completamente dissecadas em pele, osso, gordura e carne.
127 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Os suínos heterozigotos, para o gene da "carne magra", são superiores aos homozigotos normais, quanto à composição da carcaça, produzindo carcaças com maior deposição de músculos e menor deposição de gordura. Este trabalho também mostrou que a expressão do gene da "carne magra" é diferente ao longo da carcaça,sendo maior no pernil e paleta, seguidos das partes posterior e anterior do costado, emenor na barriga, e finalmente produziram em média 1,5% a mais de carne do que os animais normais, mostrando vantagens do ponto de vista econômico. Suinocultores e consumidores beneficiam-se da biotecnologia. A utilização desta técnica para detectar os animais aptos a produzirem mais carne, e portanto mais lucrativos e que produzam menos P.S.E., é um bom exemplo do quanto a biotecnologia revolucionará o mundo, influenciando o nosso modo de agir, pensar, comprar, trabalhar e alimentar-se, proporcionando uma evolução assustadora, onde todos os seguimentos da sociedade lucrarão.
9.7 Esquemas de cruzamentos
Linha Materna: são raças que apresentam mais cuidados maternos, selecionadas
para uma maior produtividade, habilidade materna e produção de leitões; Ex.: Landrace, Large-White e Wessex;
Linha Paterna: raças que apresentam maior rendimento de carcaça, ganho de
peso diário, conversão alimentar e rendimento diário; Ex.: Duroc, Pietrain e Hampshire; As características de cada raça, variáveis de acordo com o programa de melhoramento do qual são oriundas, sugere que raramente se terá uma raça ou genótipo homozigoto que permita maximizar o desempenho em diversas características de importância econômica. Portanto, os ganhos econômicos devem ser maiores utilizandose genótipos cruzados na produção de suínos para ao abate, sendo que para isso pode ser utilizado vários esquemas de cruzamento, como por exemplo os fixos de duas, três ou quatro raças, ou mesmo os cruzamentos rotativos de duas ou mais raças. Estes tipos de cruzamentos são recomendados para sistemas de produção de suínos de pequeno porte e com baixo nível tecnológico. Os principais cruzamentos são:
9.7.1 Cruzamento de duas raças ou cruzamento simples Permite explorar as vantagens de heterose nos embriões e nos leitões, aumentando a taxa de sobrevivência, e melhorando a taxa de crescimento dos animais do nascimento 128 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
ao abate. Não explora, porém, as heteroses maternas e paternas. Entre os principais cruzamentos de duas raças encontram-se os de machos Large White com fêmeas Landrace, ou vice-versa, utilizado para a produção de fêmeas F-1, e de machos Pietrain com fêmeas Duroc para a produção de machos híbridos.
9.7.2 Cruzamento de três raças ou “Three cross” Uutilizam-se fêmeas F-1, como as Large White – Landrace, cruzadas com machos Duroc. Desse cruzamento espera-se maior número de leitões e maior peso das leitegadas ao nascer e ao desmame do que o cruzamento simples, devido a heterose materna. A terceira raça deve acrescentar vantagens de taxa de crescimento, conversão alimentar, rendimento ou qualidade de carne ao produto final.
9.7.3 Cruzamento de quatro raças Permite explorar as heteroses materna (maior prolificidade e peso das leitegadas ao nascer e ao desmame), paterna (maior libido e melhores taxas de concepção) e individual (animais de abate com maior taxa de crescimento e maior rendimento de carne na carcaça. Permite aos criadores comerciais utilizarem, por exemplo, fêmeas F-1 Large White – Landrace, adquiridas ou produzidas no próprio plantel, e machos Pietrain – Duroc, geralmente adquiridos de empresas especializadas em melhoramento genético de suínos.
9.7.4 Cruzamento rotacional de 2 raças Utiliza-se por exemplo, Large White e Landrace, produz –se fêmeas F-1 que são acasaladas com machos de uma das duas raças que compõem a fêmea, por exemplo Large White, Da progênie produzida, composta de 75% Large White + 25% Landrace, escolhe – se as melhores fêmeas para a reposição do plantel, as quais , por sua vez, são acasaladas com machos Landrace, obtendo – se animais 62,5% Landrace e 37,5% Large White. As demais progênies são comercializadas para o abate. Para a produção de fêmeas da próxima geração, acasalam-se fêmeas 62,5% Landrace + 37,5% Large White com machos Large White, obtendo-se animais com 68,75% Large White + 31,25% de Landrace. O procedimento utilizado com 3, 4 ou mais raças é o mesmo. As principais vantagens do sistema são as de se produzir as fêmeas de reposição na própria granja. barateando sensivelmente seu custo de produção, e de se evitar a entrada de problemas 129 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
sanitários na granja,, utilizando –se animais já adaptados às condições existentes. O único material genético a ser introduzido na granja é o do macho, o que pode ser feito via inseminação artificial. Essa auto reposição do plantel só é possível quando se dispõem de um plantel de matrizes com mais de 100 fêmeas, e de excelentes condições de controle de acasalamentos e destino dos animais mestiços. Figura – Esquema dos cruzamentos simples, three cross e 4 raças.
9.8 Principais linhagens de suínos O melhoramento genético é a base tecnológica de sustentação de qualquer estrutura de produção, seja ela “animal ou vegetal”, resume o pesquisador da área de Genética Suína da Embrapa Suínos e Aves, Jerônimo Fávero. Segundo ele, o desempenho de uma raça ou linhagem é fruto de sua constituição genética somada ao meio ambiente em que é criada. “Por meio ambiente entende-se não só o local onde o animal é criado, mas também a nutrição, a sanidade e o manejo geral que lhe é imposto”, explica. “Portanto, de nada adiantaria fornecer o melhor ambiente possível para um animal se este não tivesse capacidade genética, ou potencial genético como é normalmente chamado, de transformar os aspectospositivos do meio, em especial a nutrição e a condição sanitária, em aumento da produtividade das características economicamente importantes”. Por essa razão, o pesquisador afirma que o trabalho de seleção desenvolvido nos rebanhos núcleo tem contribuído de forma expressiva para as melhorias genéticas dos suínos, que, somada aos avanços da nutrição e incremento das condições sanitárias, além de outras melhorias de ambiente, tornou a suinocultura uma atividade altamente competitiva na produção de proteína animal. “Essas melhorias, obtidas no topo da pirâmide de produção, são transferidas diretamente ou através dos rebanhos multiplicadores aos sistemas de produção de animais para abate”. Com essa introdução, fica mais fácil entender o mecanismo do melhoramento genético suíno empregado no Brasil. Um processo que começou no final da década de 70 e vem se aprimorando ao longo dos anos. Conforme ressalta Fávero, por ser à base de sustentação da produção, a evolução genética permitiu que a suinocultura saísse de uma produtividade insustentável para os padrões atuais de produção. “Exemplos disso são a evolução experimentada em características como o número de leitões terminados por porca por ano, que hoje encontra- se entre 24 a 26, a conversão alimentar que se situa entre 2,4 e 2,6 para animais de terminação e o percentual de carne na carcaça, que saiu de 50% no 130 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
início dos anos 90 para uma média atual próxima de 58% em animais de abate com peso vivo entre 100 e 110kg”. O mercado atual da suinocultura, segundo o pesquisador, está exigindo animais que proporcionem umas produções sustentáveis, que implica em preservar o ambiente, com boas condições de desenvolvimento (sem estresse) e que reduzam ao máximo o uso de drogas como promotores de crescimento. “Dentre as linhas de trabalho na área do melhoramento genético, devem merecer atenção especial a seleção para resistência às doenças, visando reduzir o uso de aditivos e drogas para melhorar a absorção dos alimentos e reduzir o poder poluente dos dejetos e a constante melhoria da qualidade da carne”, destaca. O pesquisador também lembra que os programas de seleção continuarão buscando a melhoria da prolificidade e o aumento da produção de carne de qualidade, características essas que têm uma grande influência sobre o desempenho econômico da produção. Nesse sentido, a Embrapa Suínos e Aves desenvolveu e colocou no mercado nacional, em parceria com a Cooperativa Central Oeste Catarinense (Aurora), em 1996, o macho linha Embrapa MS58, um suíno com material genético com o propósito de tornar competitivos os pequenos e médios produtores, em função do incremento da tipificação de carcaças, principalmente nos frigoríficos do Sul do Brasil. A linha Embrapa MS58 ainda está sendo produzida e distribuída por oito multiplicadores. sendo um no Rio Grande do Sul, quatro em Santa Catarina e três no Paraná. Com o estreitamento dessa parceria, foi lançada no ano 2000 uma segunda linha de macho terminador, denominada Embrapa MS60. Esta linha é livre do gene halotano, produz animais terminados resistentes ao estresse e sem predisposição genética negativa sobre a qualidade da carne. De acordo com Fávero, a partir de 2003 os multiplicadores da linha MS58 já estarão produzindo machos MS60.
9.8.1 AGROCERES PIC Fêmeas avós: AG1050 e AG1062; Machos avôs: AG1075 e AG1020; Matrizes comerciais: Camborough 22 e Camborough 25 ; Machos comerciais: AGPIC 427, AGPIC 409, AGPIC 337 e AGPIC 412.0427 é disponibilizado apenas na categoria TG Elite (I. Artificial) e os demais nas categorias Monta Natural, TG Superior (I. Artificial) e TG Elite (também IA); Produtos AGPIC : AG1075 LS1 e AGPIC 337 PT1; 131 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Genética Líquida: Comercialização de sêmen dos machos comerciais.
9.8.2 TOPIGS A TOPIGS conta com três linhas machos no mercado brasileiro. Uma, de alta produção de carne magra, com boa conformação, boa qualidade de carne e líder em taxa de crescimento, que é o macho terminador DALBOAR. Outra, que é uma linha macho de alto rendimento em carne magra, extremamente muscular e com boa conversão alimentar, que é a mais nova linha da empresa: o macho comercial TOPPI. E a terceira, que é uma linha intermediaria: o TYBOR, desenvolvido para atender todas as exigências dos diferentes nichos do mercado nacional. “Uma modificação implantada no programa de melhoramento genético TOPIGS é que desde o ano passado, todas as linhagens machos da empresa estão sendo selecionadas a um peso mais elevado, melhorando a acurácia dos cálculos dos valores genéticos para produção de carne magra e selecionando animais na mesma condição exigida pelo mercado”, explica o diretor. Na linha fêmea, no Brasil, a TOPIGS possui a comercial C40 que, além de ser altamente prolífera em condições de clima quente, de acordo com a empresa (produz acima de 27 desmamados por porca por ano), tem bom consumo na maternidade e alta produção de leite. “A fêmea C40 não possui componente de sangue Landrace e isto faz com que a mesma atenda as tendências do mercado, pois é uma fêmea que tem urna baixa exigência de manutenção, gastando em torno de 100 kg a menos de ração do que as linhagens comerciais que possuem componente Landrace”, ressalta Wigman. A TOPIGS também possui duas linhas maternas de avôs. A TOPIGS do Brasil conta com três granjas núcleos de melhoramento genético distribuídas nos Estados de Goiás, Paraná e Rio Grande doSul, onde os bisavós importados da Holanda e da França são submetidos a teste de granja. Os dados destes animais são enviados para o IPG (Intitute for Pig Genetics), na Holanda, e são incorporados ao banco de dados do Grupo TOPIGS, junto com os dados de todas as outras granjas núcleos ao redor do mundo, usando a ferramenta interna TSNS (TOPIGS Satellite Núcleo System).
9.8.3 PEN AR LAN “Num contexto cada vez mais competitivo, mais que nunca, o produtor de suínos deve procurar baixar o seu custo de produção”, diz o diretor da Pen Ar Lan do Brasil, Yves Naveau. “E a genética, como também o manejo, a nutrição, as instalações e a 132 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
sanidade, são componentes estruturais fundamentais na geração do custo de produção e na rentabilidade da atividade”. Ele afirma que no Brasil e no mundo, além de continuar a trabalhar cornos atuais critérios de seleção Como a carcaça o crescimento, a prolificidade a rusticidade e as qualidades maternais, outros critérios, como a resistência às doenças, podem ser fundamentais no futuro. “A genética molecular também será uma ferramenta cada vez mais usada, porém, na Pen Ar Lan, mesmo investindo em biotecnologia acreditamos que a genética quantitativa clássica e a simplicidade, associadas a uma certa paciência e perseverança, ainda serão as bases do nosso trabalho para os próximos anos”, revela. Naveau lembra ainda que a Pen Ar Lan foi quem iniciou a descoberta do gene de acidez da carne suína (RN-) no mundo. A Pen Ar Lan propõe aos produtores O CACHAÇO P76 E A FÊMEA NAÏMA , cuja particularidade é o uso do sangue chinês. Totalmente livre do gene de sensibilidade ao estresse, o macho cruzado P76 alia crescimento rusticidade, homogeneidade dos descendentes e uma excelente qualidade de carcaça, resultado de uma seleção intensiva de mais de 25 anos das duas linhagens sintéticas que o compõem. Já a fêmea Naïma combina as qualidades de carcaça e de crescimento das raças européias e a prolificidade das raças chinesas. “O nosso objetivo no Brasil é que os produtores, usando a Naïma, cheguem aos mesmos resultados alcança dos na França, ou seja, em média 11 leitões desmamados por parto”.
9.8.4 DB DANBRED De acordo com Mateus Borges, do Departamento de Marketing da DB-Danbred do Brasil, o melhoramento genético suíno proporcionou uma maior produção de carne por metro quadrado, maior competitividade na área de proteína animal, melhor qualidade de carne e maior rentabilidade para toda cadeia de carne suína. “As exigências do mercado Consumidor são carne de qualidade (cor, suculência, sabor) e características de carcaça (espessura de toucinho, porcentagem de carne magra, comprimento da carcaça)”, diz. “Do ponto de vista produtivo, as características exigidas são: prolificidade, ganho de peso, conversão alimentar, taxa de mortalidade”. A empresa trabalha no Brasil com AVÓS DB 25, FÊMEAS COMERCIAIS DB 90 E OS
REPRODUTORES: TÍVOLI, VIBORG E FREDERIK. O processo de melhoramento genético da DB DanBred vem da Dinamarca, onde 90% da população suína daquele país está sob um mesmo programa genético (DanBred). “
133 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
10 FISIOLOGIA DA DIGESTÃO DOS SUÍNOS Antes de estudar sobre os alimentos para suínos, é preciso entender como eles são absorvidos no trato digestivo dessa espécie. O suíno é um animal monogástrico, por possuir estômago simples e ceco não funcional, o que lhes confere três características digestivas básicas.
I.
Pequena Capacidade de Armazenamento
O suíno tem, como mostra a tabela a seguir, uma baixa capacidade de armazenamento de alimentos. Isso determina um manejo alimentar com duas ou mais refeições diárias para dietas restritivas.
Na tabela a seguir, é apresentada para comparação, a capacidade volumétrica dos tratos digestivos de algumas espécies de animais.
134 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
II. Baixa Capacidade de Síntese de Nutrientes Excetuando algumas vitaminas do complexo B, sintetizadas indiretamente pelos microorganismos que habitam o ceco, o suíno não apresenta mapas metabólicos de sínteses endógenas importantes.
III. Baixo Aproveitamento de Fibras A morfofisiologia do trato digestivo suíno não oportuniza condições para microorganismos que usam como substrato materiais fibrosos. Nos suínos, a digestão ocorre através da ação das enzimas digestivas presentes nas secreções salivares, gástricas, pancreáticas e entéricas, e através da ação de alguns microorganismos que habitam o trato gastrointestinal. O aparelho digestivo do suíno é composto por boca, esôfago, estômago, intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo), intestino grosso (ceco, cólon e reto)e ânus. 135 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Veja a seguir a participação de cada um desses órgãos do trato digestivo na digestão e absorção de nutrientes.
10.1. Trato digestivo 10.1.1 Boca A boca
tem
como
principais
funções
a
apreensão
do
alimento,
mastigação,insalivação e formação do bolo alimentar. Os dentes são responsáveis pela mastigação que tem como objetivo dividir o alimento em partículas menores e misturá-lo com a saliva. Uma das principais funções da saliva é o umedecimento dos alimentos, lubrificando e protegendo as paredes do tubo digestivo. A saliva é formada por água, mucina, sais inorgânicos e a enzima ptialina.Esta enzima ataca as ligações α-1-4, presentes no amido e em outros polissacarídeos, iniciando sua degradação, e age até o estômago, onde é inativada pelo pH estomacal. Três pares de glândulas são responsáveis pela secreção da saliva: parótidas, sublinguais e sub-maxilares, sendo que as parótidas são as principais responsáveis pela secreção da α-amilase ou ptialina. A língua tem função de um êmbolo que empurra o alimento para dentro doaparelho digestivo.
10.1.2 Esôfago Situado do lado esquerdo da traqueia, o esôfago segue até o tórax ligando a boca ao estômago. É um canal de passagem do alimento, não há digestão nesse local. O esôfago possui movimentos peristálticos que forçam o transporte do bolo alimentar da boca para o estômago. O esfíncter cardial, que liga o esôfago ao estomago, tem o papel de impedir o retorno do alimento do estômago para a boca.
10.1.3 Estômago O estômago é um órgão amplo e elástico, situado entre o esôfago e o intestino. Nos suínos é relativamente pequeno tendo uma capacidade aproximadade 8 litros em animais de 90 quilos.
136 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Depois de deglutido o alimento chega ao estômago, onde se deposita em camadas, sofrendo o ataque do suco gástrico. As glândulas responsáveis pela secreção do suco gástrico estão distribuídas no estômago nas porções cárdica, fúndica e pilórica. O suco gástrico é um líquido incolor, límpido e fortemente ácido, secretado em quantidades variáveis dependendo das características do alimento. É formado por água, sais minerais, muco, ácido clorídrico e pepsinogênio. A concentração ácida do suco gástrico faz com que o pepsinogênio se transforme em pepsina, enzima que atua na degradação das proteínas. O ácido clorídrico é o principal constituinte inorgânico do suco gástrico. Nos suínos o ácido clorídrico está, principalmente na forma livre, em concentrações que variam de 0,3 % a 0,4% e pH entre 1,7 e 2,0. A pepsina é ativada a partir do pepsinogênio em condições de pH entre 1,0 - 2,0 e atua sobre proteínas tendo como produtos finais proteases e peptonas.
10.1.4 Intestino delgado O intestino delgado é composto por três partes: duodeno, jejuno e ílio. É no começo do duodeno que há a liberação da bílis e do suco pancreático que serão discutidos adiante. Nos suínos, a absorção dos nutrientes é feita principalmente no jejuno. A maior parte da digestão e absorção dos nutrientes ocorre no intestino delgado, que tem características anatômicas adequadas para esta finalidade, tais como o comprimento, as dobras, as vilosidades e as microvilosidades, que aumentam significativamente sua superfície de contato e sua eficiência. Na porção inicial do duodeno, ainda ocorre uma pequena ação das enzimas secretadas no estômago, até que haja uma mudança do pH em direção à alcalinidade. Os produtos da digestão são absorvidos nas vilosidades do intestino delgado,no qual existem capilares sanguíneos (via sanguínea) e capilares linfáticos (vialinfática). Pela via linfática são absorvidos ácidos graxos de cadeia longa, vitaminas lipossolúveis e proteínas e, pela via sanguínea, são absorvidos carboidratosna forma de monossacarídeos, aminoácidos, vitaminas hidrossolúveis, minerais e ácidos graxos de cadeia curta. Para que ocorra esse intenso processo de degradação dos alimentos, no intestino delgado chegam quatro secreções: o suco pancreático, o suco duodenal, o suco entérico e a bile. 137 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
O suco pancreático, secretado pelo pâncreas e depositado no duodeno através
do ducto pancreático. O suco pancreático é um líquido alcalino e incolor. É constituído pelo bicarbonato de sódio, pequenas quantidades de NaCl, outros eletrólitos, lipases, uma α-amilase, tripsinogênio, quimiotripsinogênio, procarboxipeptidase A e B e a
elastase. A sua secreção é estimulada por vários fatores, como ácido clorídrico, amido e gorduras, bem como o quimo ácido, que ao ingressar no duodeno, faz com que ocorra a liberação do hormônio secretina pelo epitélio do intestino delgado. Este por sua vez, faz com que o pâncreas secrete um líquido que é pobre em enzimas, mas rico em bicarbonato. A entrada de peptídeos e outros produtos da digestão no duodeno estimula a secreção de outro hormônio, a pancreamicina, que estimula a secreção de um suco pancreático rico em tripsinogênio, quimiotripsinogên io, procarboxipeptidases A e B, α amilase, lipase, entre outras.
O suco duodenal, produzido no duodeno, pelas glândulas de Brunner, é um
líquido alcalino, cuja função é lubrificar e proteger a parede do duodeno da ação do HCl vindo do estômago, não contém enzimas.
O suco entérico, produzido pelas criptas de Lieberkühn, entre as vilosidades do
intestino delgado eé rico em enzimas, como as aminopeptidases, dipeptidases, lipase, maltase,sacarase, fosfatase, lactase, nucleases, nucleotidases, enteroquinase, trealase e oligo 1-6-glicosidase.. Sua produção é provocada pelo estímulo mecânico da mucosa e pela presença de hormônios gastrointestinais. A enzima enteroquinase, secretada pela mucosa intestinal, é responsável pela transformação do tripsinogênio em tripsina, reação catalisada pela própria t ripsina.
A bile, produzida continuadamente pelas células hepáticas do suíno e
armazenada na vesícula biliar para posteriormente ser liberada, contém sais sódicos e potássicos que ativam as lipases pancreática e intestinal e contribuem para a emulsificação das gorduras. A bile também facilita a absorção de ácidos graxos e das vitaminas lipossolúveis.
10.1.5 Intestino grosso O intestino grosso está intimamente ligado ao intestino delgado através do ílio e é constituído de três partes: ceco, cólon e reto.
138 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
A passagem do alimento do ílio para o ceco é controlada pela válvula íleo-cecal. No cólon há absorção principalmente de água e minerais. Em seguida, ocorre a formação do bolo fecal, que é empurrado para o reto pelos movimentos do cólon. A digestão no intestino grosso fica a cargo das enzimas que acompanham o alimento procedente do intestino delgado e da ação bacteriana, esta última, presente principalmente no ceco, onde encontram condições ideais para sua multiplicação. As fezes são formadas por água, resíduos de alimento não digeridos, secreções digestivas, células epiteliais, bactérias, sais inorgânicos, indol, escatol e outros produtos de decomposição bacteriana.
10.2 Digestão em animais jovens
O entendimento do processo digestivo em leitões jovens é sumamente importante, uma vez que o desmame precoce representa, na prática, um dos métodos mais utilizados para melhorar a eficiência reprodutiva da porca. O leitão neonato é um ser imaturo nos seus sistemas termorregulador, imunológico e digestivo (pH gástrico e enzimas pancreáticas e intestinais). Essa situação exige uma compreensão dos processos fisiológicos e bioquímicos da digestão nessa fase.
139 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
I. Produção e Qualidade do Leite Para qualquer espécie mamífera, o leite é o único alimento capaz de fornecer ao filho um balanceamento nutricional correto. A composição química do leite da porca é bastante variável, como mostra a tabela a seguir, o que certamente influirá no desenvolvimento do leitão, nas fases em que o leite é o principal alimento ingerido.
II.
Termorregulação
O leitão apresenta grandes variações em sua composição corporal nos primeiros dias de vida. Logo ao nascer, suas reservas energéticas são muito baixas (Tabela a seguir), sendo suficientes apenas para atender os requerimentos das primeiras 15-20 horas.
III.
Importância do Colostro no Desenvolvimento Imunológico dos Leitões
A imunidade adquirida pelo leitão é exclusivamente colostral, obtida através das gamaglobulinas (proteínas de alto peso molecular). As paredes do intestino delgado têm a capacidade de absorvê-las intactas, durante as primeiras horas de vida. Trinta e seis horas após o nascimento, a permeabilidade intestinal se reduz quase que totalmente para a absorção dessas macromoléculas. Isso implica num manejo do leitão pós-natal voltado à máxima ingestão de colostro.
140 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
IV.
Sistema Enzimático do Leitão Jovem
IV.a) Digestão dos Carboidratos Os carboidratos são responsáveis por apenas 15% do conteúdo energético do leite, mas são a principal fonte energética da maioria das rações para leitões, sejam elas comuns ou pré-iniciais. Neste sentido, qualquer problema na digestão dos carboidratos, implicará não só em deficiência energética, mas também na alteração do microbismo presente no trato intestinal, tendo como sinal clínico primário a diarreia.
IV.b) Glicose Os leitões recém-nascidos absorvem a glicose prontamente, sendo portanto, fonte energética de eleição em qualquer fase de desenvolvimento.
IV.c) Lactose A lactose é outro carboidrato facilmente hidrolisado por leitões jovens, já a partir do primeiro dia de vida, sendo o mais importante dissacarídeo presente no leite.
A lactose, além de ser um carboidrato prontamente hidrolisado no trato digestivo dos leitões, é um nutriente (substrato) adequado para uma gama muito menor de bactérias em comparação com a sacarose, maltose ou glicose. Em particular é um bom nutriente
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para Lactobacillus que, se presentes em grandes quantidades, inibem a proliferação da
E. coli. Os níveis de lactase em leitões lactentes são elevados nas primeiras 3 semanas. Leitões desmamados aos 7 dias apresentam níveis maiores para a mesma época, quando comparado com lactentes.
IV.d) Sacarose A atividade da enzima sacarase, responsável pela hidrólise da sacarose, é pequena em suínos recém-nascidos. Não sendo, portanto, recomendado o uso de açúcar para leitões nas rações pré-iniciais, já que a sacarose não digerida servirá de substrato para bactérias, muitas vezes indesejáveis, que colonizam colonizam a luz intestinal.
IV.e) Amido Na digestão di gestão do amido estão envolvidas 2 enzimas, e nzimas, α-amilase e maltase, entretanto o amido não é bem digerido por leitões jovens até 15 dias, mas a digestibilidade melhora com a idade (tabela seguinte). Níveis satisfatórios de amilase em leitões lactantes são atingidos aos 28 dias. Isso implica escolher ingredientes para dietas pré-inicias com polissacarídeos menos complexos e/ou submetê-los a processos que melhorem a digestibilidade (como é o caso do cozimento do milho).
142 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
A administração oral de amilases, via ração, vem sendo intensamente estudada e logo poderá estar presente na rotina do nutricionista animal. A atividade da amilase no tecido pancreático de leitões lactentes l actentes é crescente do nascimento até 35 dias. Diferentemente, os leitões desmamados aos 7 dias não foram estimulados para a enzima no tecido pancreático. Isso mostra que, qu e, inicialmente, há uma u ma dependência da d a amilase pancreática na digestão do amido, e a desmama aos 7 dias não estimulou sua produção.
IV.f) Proteínas Logo ao nascer, o leitão já está bem preparado para digerir as proteínas do leite que sofrem a ação da renina, enzima secretada no estômago de leitões jovens. Leitões alimentados à base de produtos lácteos apresentam maior taxa de ganho de peso e melhor conversão alimentar que os alimentados à base de proteína de soja. Os níveis de proteinases intestinal são baixos até 21-28 dias de vida do leitão. Trabalhos mostram que o desmame aos 7 dias não estimula à produção de proteinases pancreáticas. É possível confirmar o que foi abordado até aqui referente referente ao comportamento digestivo de leitões pelo desempenho pós desmame em diferentes idades e em diferentes dietas.
IV.g) Gordura No leite da porca cerca de um u m terço do total da matéria seca é gordura. O leitão tem capacidade digestiva de aproveitar, de forma eficaz, essa gordura, desde o início da vida. Nas duas semanas de vida o leitão está fisiologicamente apto a digerir d igerir proteínas prot eínas do leite (caseína), o açúcar do leite (lactose), glicose e gordura. As enzimas necessárias à digestão do amido (amilase), açúcar (sacarase) e proteínas não lácteas (tripsina) se desenvolvem, de forma mais significativa, a partir da segunda ou terceira semana de vida do leitão, dependendo da enzima envolvida. O desenvolvimento desses sistemas enzimáticos pode ser acelerado estimulando o consumo, mesmo em pequenas quantidades. 143 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
O quadro a seguir sumariza os eventos digestivos mais importantes relacionando-os com fonte de secreção, estímulo, enzimas envolvidas, métodos de ativação, condições para a atividade, substrato produtos produtos finais.
144 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
11 CONCEITOS BÁ BÁS S ICO ICOS S DE NUTR N UTRIÇÃO IÇÃO Avaliando a série histórica dos custos de produção de suínos no Brasil, em média, a alimentação nas granjas estabilizadas e de ciclo completo corresponde a 65% do custo. Em épocas de crise na atividade o valor atinge a cifra de 70 a 75% (ver quadro a seguir). Isto significa, por exemplo, que se a conversão alimentar de rebanho for de 3,1 e a alimentação representar 70% dos custos de produção, a equivalência mínima entre preços deverá ser de 4,4 (o preço do suíno deverá ser no mínimo 4,4 4 ,4 vezes superior sup erior ao preço da ração) para que o produtor equilibre os custos de produção com o preço de venda dos animais.
Neste aspecto a possibilidade de auferir lucros com a suinocultura depende fundamentalmente de um adequado planejamento da alimentação dos animais. Isso envolve a disponibilidade de ingredientes em quantidade e qualidade adequada a preços que viabilizem a produção de suínos. A aplicação dos conhecimentos de nutrição deve contribuir para a preservação do ambiente e isto significa que o balanceamento das rações deve atender estritamente as exigências nutricionais nas diferentes fases de produção. O excesso de nutrientes nas rações é um dos maiores causadores de poluição do ambiente, portanto, atenção especial deve ser dada aos ingredientes, buscando-se aqueles que apresentam alta digestibilidade e disponibilidade dos nutrientes e que sejam processados adequadamente, em especial quanto à granulometria. Em complementação complementação a mistura dos componentes da ração deve ser uniforme e o arraçoamento dos suínos deve seguir boas práticas que evitem ao máximo o desperdício.
145 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Através da nutrição e do manejo da alimentação e da água devem ser atendidas as necessidades básicas dos animais em termos de saciedade da fome fo me e da sede, sem causar deficiências nutricionais clínicas ou subclínicas e sem provocar intoxicações crônicas ou agudas, aumentando a resistência às doenças. Os animais não devem ser expostos, via alimentação e água, a produtos químicos ou agentes biológicos que sejam prejudiciais para a produção e reprodução. reprodução. No contexto do bem estar animal, a nutrição deve assegurar o aporte adequado de nutrientes para a manutenção normal da gestação, para a ocorrência de partos normais e para uma produção adequada de leite que garanta um desenvolvimento normal dos leitões durante o período de lactação. A eficiência alimentar do suíno é inversamente proporcional ao seu peso. Isso se justifica porque, como pode ser observado na tabela a seguir, na medida em que aumenta o peso vivo há redução dos percentuais de água, proteína e cinzas, e aumento da gordura.
O aumento de peso é a tradução de que parte dos alimentos foram armazenados sob diferentes formas. E quanto menos energéticas forem essas formas, melhor a eficiência a seguir. Então, nada é mais ineficaz do que transformar alimento em lipídeos, a forma mais energética das reservas corporais. A tabela a seguir quantifica e qualifica o ganho de peso, o que permite identificar a principal razão das baixas conversões alimentares com o aumento do ganho de peso: o valor energético do ganho.
146 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
11.1 Componentes dos alimentos I. Água A água é o componente que está presente em maior proporção no organismo animal, se constituindo num alimento extremamente importante para a produtividade e saúde. Para que o animal consiga satisfazer suas reais necessidades, a água deve estar presente em quantidade e qualidade satisfatórias. Normalmente ao se falar em quantidade de água usa-se o termo “a vontade” o que, de certa forma, evidencia a pequena preocupação com os custos desse alimento. O suíno deve receber água potável. Alguns parâmetros são importantes para assegurar a potabilidade e a palatabilidade da água: ausência de materiais flutuantes, óleos e graxas, gosto, odor, coliformes e metais pesados; pH entre 6,4 a 8,0; níveis máximos de 0,5 ppm de cloro livre, 110 ppm de dureza, 20 ppm de nitrato, 0,1 ppm de fósforo, 600 ppm de cálcio, 25 ppm de ferro, 0,05 ppm de alumínio e 50 ppm de sódio; temperatura inferior a 20° C.
II.
Carboidratos
O carboidratos são as principais fontes de energia das dietas dos animais.Os alimentos ricos em carboidratos constituem normalmente a maior proporção das rações e geralmente a maior parcela do custo total. As principais fontes de energia provenientes dos carboidratos são os polissacarídeos, como o amido, os dissacarídeos, como a lactose, a sacarose e a maltose, e os monossacarídeos, como a glicose, a frutose, a manose e a galactose. O amido é o carboidrato de reserva das plantas, armazenado nos grãos, sementes, raízes e tubérculos, sendo constituído de amilose e a parte insolúvel na água, que é a amilopectina. Nos alimentos naturais, a amilose representa entre 10 a 20% e a amilopectina, 80 a 90% do amido total.
147 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
A digestão dos carboidratos se caracteriza pela degradação enzimática dos poli e dissacarídeos, transformando-os em monossacarídeos. Inicialmente o amido é hidrolisado no lúmen intestinal pela enzima alfa – milase pancreática. Os dissacarídios resultantes, na mucosa intestinal, são degradados através da ação das enzimas chamadas oligossacaridases, resultando em monossacarídeos, forma pela qual são absorvidos pelo organismo e utilizados para produzir energia. A maior parte da energia usada pelos animais para as atividades metabólicas e de produção derivam da utilização de compostos ricos em energia, principalmente adenosina trifosfato e creatina fosfato. Estes compostos adquirem a energia dos carboidratos e a liberam para o organismo animal. Na figura a seguir, é apresentado um esquema da digestão e absorção dos carboidratos.
III. Lipídeos Os lipídios são substâncias insolúveis em água e solúveis em solventes orgânicos como éter, clorofórmio e benzeno. Seus componentes mais importantes são ácidos graxos, glicerol, mono, di e triglicerídeos e fosfolipídeos. Podem ser simples, quando formados apenas por ácidos graxos e gliceróis, compostos, quando associados a outros grupos químicos, ou derivados, quando resultantes da hidrólise dos dois anteriores.
148 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Os lipídios desempenham funções bioquímicas e fisiológicas importantes no organismo animal. Constituem uma forma de armazenagem e fonte de energia, protegem o organismo do frio, são componentes estruturais do tecido nervoso, regulam o metabolismo e são componentes estruturais de membranas e provitaminas. As gorduras e óleos são considerados lipídios simples, compostos em sua maioria por esteres de glicerol e ácidos graxos, na forma de triglicerídios. As gorduras vegetais são ricas em ácidos graxos insaturados, e, devido a isso, são líquidas. As gorduras animais são ricas em ácidos graxos saturados, e, por isso, são sólidas, na maioria das vezes. As gorduras saturadas são de digestão mais difícil. Entre os ácidos graxos destaca-se o ácido linoléico, que é essencial na dieta dos animais, mas se encontra nas gorduras insaturadas ou óleos vegetais. Dentre as vantagens do uso de gorduras nas rações, estão a melhoria da palatabilidade, a redução da poeira, a redução nas perdas de alimento, a melhoria na conversão alimentar, a melhor preservação do maquinário através de maior lubrificação, facilidade de peletização e aumento do teor de energia da ração. A digestão das gorduras no lúmen intestinal requer a participação das secreções pancreáticas e biliares. A enzima lipase pancreática atua sobre os triglicerídios, degradando-os a monoglicerídios. Nesta fase, as secreções biliares atuam na emulsificação das gorduras para facilitar a ação das enzimas. Os produtos finais da digestão das gorduras são ácidos graxos, glicerol e monoglicerídeos. Os ácidos graxos de cadeia curta e o glicerol são absorvidos diretamente, por difusão, para a via sanguínea. Os ácidos graxos de cadeia longa são solubilizados através da ação dos sais biliares, que atuam como detergentes, formando com os monoglicerídios, um agregado solúvel chamado micela. A micela atua como veículo para a absorção, por difusão, dos monoglicerídeos. Para entrar na célula os ácidos graxos de cadeia longa, são convertidos em acil – coenzima A, pela presença de coenzima A e adenosina trifosfato. Na célula, os monoglicerídios se unem aos acil– coenzima A, e são reesterificados para triglicerídios. Os triglicerídeos se associam ao colesterol, aos esteres de colesterol, aos fosfolipídios e a pequenas quantidades de proteína para formar os quilomícrons. Os quilomícrons facilitam o transporte dos triglicerídios através do sistema linfático p ara os tecidos, onde a gordura é utilizada. Na figura a seguir, é apresentado um esquema da digestão e absorção dos lipídios.
149 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
IV. Proteínas São compostos orgânicos complexos de elevado peso molecular. As proteínas se encontram em todas as células vivas, representando a maior fração da matéria seca das células animais onde realizam diversas funções. Proteínas são compostos orgânicos formados por cadeias de aminoácidos, às vezes associados a minerais como o zinco, o cobre, o ferro e o enxofre. A sequência de aminoácidos determina as propriedades físicas, químicas e biológicas das proteínas. Possuem função estrutural, de manutenção e reparo de tecidos, formação de enzimas e hormônios, proteção imunológica, transporte e armazenamento, geração e transmissão de impulsos nervosos, coagulação do sangue, equilíbrio ácido-base e fonte de energia. Como exemplos de proteínas importantes, temos as proteínas globulares (albuminas, globulinas, glutelinas, prolaminas e histonas), proteínas fibrosas (colágenos, elastinas e queratinas) e as proteínas conjugadas (nucleoproteínas, mucoproteínas, glicoproteínas, lipoproteínas e cromoproteínas).
150 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
O valor protéico dos alimentos é medido normalmente em porcentagem de proteína bruta (PB), que considera o nitrogênio total do alimento, participando, na maioria das vezes, em 16% da composição das proteínas. A digestão das proteínas tem início no estômago onde são desnaturadas pelo pH ácido e sofrem a ação da enzima pepsina. O processo tem continuidade no lúmen do intestino pela ação das enzimas pancreáticas que degradam as proteínas até mono e dipeptídios e a aminoácidos livres. Através da ação das enzimas aminopeptidases, os mono e dipeptídeos são convertidos a amonoácidos junto à mucosa intestinal. Desta forma são então absorvidos pela via sanguínea. Existe grande variação qualitativa entre proteínas de origem animal e vegetal. Essa variação, do ponto de vista nutricional, é devido ao conteúdo de aminoácidos das cadeias polipeptídicas e deve ser levado em conta na composição das dietas. Na figura a seguir, é apresentado um esquema da digestão e absorção das proteínas.
V.
Aminoácidos
São compostos orgânicos quaternários (C, H, O, N) usados diretamente na síntese de substâncias protéicas, para a síntese de outros aminoácidos ou para a produção de energia quando presentes em excesso. Os aminoácidos são os produtos finais da digestão das proteínas no organismo e constituem as unidades estruturais através das quais as proteínas corporais são sintetizadas. 151 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Muitos aminoácidos podem ser sintetizados pelo organismo em quantidades suficientes a partir de outros compostos nitrogenados e por isso são considerados não essenciais. Outros aminoácidos não podem ser sintetizados ou o são em quantidades insuficientes. São considerados essenciais, devendo ser fornecidos na dieta e requerendo atenção especial na formulação de ração. São eles a arginina, histidina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, fenilalanina, treonina, triptofano e valina. Considerando-se que a proteína bruta do alimento não estabelece a composição em aminoácidos, o balanceamento das dietas através deste parâmetro é deficiente. Estabelece-se então a necessidade de se trabalhar com valores em aminoácidos, através das necessidades do animal e da composição dos alimentos, com atenção aos mais limitantes. Dessa forma, para os suínos com dieta à base em milho e farelo de soja, os aminoácidos mais limitantes em ordem de importância são lisina, triptofano, treonina e metionina.
VI. Energia A quantidade de calor produzido pela oxidação completa dos alimentos, expressa em calorias, é denominada de energia bruta ou total. A energia total ingerida não é totalmente aproveitada pelo animal, e existem perdas, razão pela qual a energia de um alimento pode ser expressa de diversas formas, correspondendo, cada uma, a um valor energético. Com base em sua utilização, a energia bruta dos alimentos pode ser subdividida da seguinte forma: Diagrama esquemático da utilização da energia:
152 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
VII. Vitaminas Vitaminas são compostos orgânicos indispensáveis ao desenvolvimento e à manutenção da vida, requeridos em pequenas quantidades e não sintetizados pelo organismo. As vitaminas estão envolvidas com a absorção e o metabolismo de nutrientes. Muitas vitaminas atuam como agentes catalizadores das reações do metabolismo de carboidratos, proteínas e gorduras. Outras exercem funções a nível de membranas e afetam a absorção dos nutrientes. A forma mais comum de fornecer as vitaminas essenciais é mediante o uso de suplementos vitamínicos comerciais. Nas dietas para suínos recomenda-se suplementação das vitaminas A, D, E, K, riboflavina, niacina, ácido fólico, ácido pantotênico, colina, biotina, piridoxina, tiamina e vitamina B 12. Deve-se tomar especial cuidado na armazenagem dos suplementos vitamínicos, evitando períodos longos de armazenamento e protegendo-os da luz, calor e umidade. Normalmente não se recomenda o armazenamenro das vitaminas por períodos maiores que 30 dias, especialmente se estiverem misturadas com os minerais nos
premixes.
Outro
fator
importante a ser considerado no uso das vitaminas é a necessidade de se fazer uma mistura homogênea com os demais ingredientes, face à pequena quantidade utilizada. O
quadro
ao
lado
mostra
principais sintomas de deficiências por vitaminas em suínos
VIII. Minerais As necessidades quantitativas de minerais no organismo são pequenas, mas suas funções são vitais para a mantença e produção. Os minerais considerados essenciais para os suínos são o cálcio, fósforo, sódio, potássio, cloro, magnésio, ferro, enxofre, iodo, manganês, cobre, cobalto, zinco, flúor, molibdênio, selênio e cromo. Os macrominerais, que incluem cálcio, fósforo, sódio, cloro, potássio, magnésio e enxofre, geralmente têm funções estruturais como componentes dos ossos, tecidos e fluídos orgânicos, e também intervêm na regulagem da pressão osmótica e na mantença do equilíbrio ácido básico. 153 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Os microminerais participam, na sua maioria, como parte integrante de sistemas enzimáticos em uma série de processos metabólicos essenciais. Na formulação de ração para suínos deve-se dar atenção ao cálcio, fósforo, sódio, manganês, selênio, ferro, zinco, cobre e iodo. As deficiências minerais em suínos ocorrem, principalmente, pelos seguintes fatores:
os suínos são animais de crescimento muito rápido, necessitando portanto, de
quantidades muito grandes de minerais;
são animais que se reproduzem precocemente (6 - 7 meses), ainda em fase de
crescimento;
produzem grandes leitegadas e a fêmea elimina grande quantidade de minerais
durante o parto;
são criados confinados, não tendo acesso à plantas e ao solo.
sua alimentação é à base de grãos que, geralmente, são deficientes em minerais;
são animais suscetíveis a
diarreias, as quais diminuem a absorção de minerais havendo grande perdas.
em relação ao seu peso e
tamanho, produzem muito leite que é um alimento rico em minerais. O quadro ao lado mostra principais sintomas de deficiências por minerais em suínos
IX. Aditivos Existem diversas substâncias que, mesmo não sendo vitais para o organismo, são usadas para proporcionar um incremento no ganho de peso de suínos. Apesar do mecanismo de ação de algumas dessas substâncias não estar totalmente explicado e da grande polêmica quanto aos riscos à saúde humana advindos do consumo do produto de animais tratados, o uso de aditivos alimentares tem aumentado muito na produção suinícola.
154 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
O aditivo é toda substância ou mistura de substâncias, intencionalmente adicionada aos alimentos para animais, com a finalidade de conservar, intensificar ou modificar suas propriedades desejáveis e suprir as propriedades indesejáveis. Um bom aditivo apresenta as seguintes características:
Atua em pequenas dosagens.
Mantém a flora intestinal normal.
Melhora o desempenho zootécnico do animal.
Não é tóxico aos animais e aos seres humanos.
A grande maioria dos aditivos precisa ser retirada das rações vários dias antes do abate dos animais para evitar a presença de resíduos do produto na carne a ser consumida. São exemplos de aditivos: acidificantes, adsorventes, aglutinantes, anticoccidianos, antifúngicos, antioxidantes, conservantes e estabilizantes, palatabilizantes, enzimas, anti-helminticos, promotores do crescimento, probióticos, prebióticos, nutracêuticos, modificadores de carcaça.
11. 2. Manejo alimentar Todas as categorias animais presentes em uma granja de suínos devem dispor de água de boa qualidade e à vontade. Devemos ter cuidados quanto ao tipo de bebedouro, manutenção dos mesmos e número adequado à capacidade de lotação das baias. Quanto ao manejo alimentar por categoria:
a) leitoas de reposição: até o aparecimento do cio e cobertura efetiva, ração de crescimento à vontade depois ração de gestação (2,0 a 2,5 kg);
b) porcas pré-gestantes: ração de gestação (em algumas granjas de lactação), à vontade (“flushing”) para provocar o aparecimento do cio com maior taxa de ovulação;
c) porcas gestantes: ração de gestação; nos 2/3 iniciais deve-se ter cuidado com o excesso de ração, fornecendo cerca de 2,0 a 2,50 kg, pois muita energia no início da gestação está associada à mortalidade embrionária e no segundo terço pode tornar a porca muito gorda, o que prejudicará o parto e a produção de leite na lactação. A partir dos noventa e cinco dias pode ser fornecida maior quantidade de ração (3,0 a 4,0 kg) para atender ao maior desenvolvimento fetal que ocorre nesta fase; 155 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
d) porcas em lactação: ração de lactação, restrita nos quatro primeiros dias e à vontade até o desmame. Nesta fase, a porca deve ser estimulada a comer para produzir maior quantidade de leite.Seria bom estimular um consumo de 6,0 kg diários, o que pode ser conseguido com trato à noite e/ou ração molhada;
e) varrões: ração de gestação controlada; em torno de 2,5 kg. Nos períodos de maior atividade (concentração de coberturas) elevar a quantidade (3,5 - 4,0 kg);
f) leitões na maternidade: a partir dos sete dias de idade deve ser colocada ração pré-inicial em cochos separados, progressivamente. A ração pré-inicia l pode ser fornecida durante alguns dias após o desmame;
g) leitões na creche: ração inicial, restrita nos quatro primeiros dias após o desmame e à vontade no restante da fase;
h) leitões em crescimento: ração de crescimento à vontade i) leitões em terminação: ração de terminação, à vontade O consumo de ração por cabeça no período de criação aproximadamente (do nascimento ao abate) é:
a) ração pré-inicial: 07 a 08 kg; b) ração inicial: 18 a 20 kg; c) ração de crescimento: 90 a 100 kg d) ração de terminação: 130 a 140 kg. Quanto à participação de cada tipo de ração no custo de produção:
a) ração pré-inicial : 3,40% b) ração inicial : 8,60% c) ração de crescimento: 23,30% d) ração de terminação: 31,70% e) ração de gestação:7,40% f) ração de lactação:5,70% A fase reprodutiva envolve aspectos fundamentais ligados a alimentação e nutrição. A figura a seguir propõe uma alternativa de manejo alimentar para aumentar a produtividade das porcas.
156 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Recomenda-se evitar uma série de erros técnicos tais como: alimentação dos suínos com rações mal formuladas, pouca atenção para alimentação de leitões novos, manejo incorreto nas fases de gestação e lactação, administração de ração balanceada em animais de categoria inferior, entre outros. Existem no mercado diversos tipos de rações para suínos, sendo: rações comerciais de uso imediato, concentrados que misturados ao milho tornam-se rações balanceadas e alimentos para
Reprodutores
Os reprodutores machos devem receber 2,0 kg de uma ração “da gestação”, podendo ser ligeiramente aumentada ou diminuída de acordo com a conformação física do animal, que deve não deve ser gordo.
Parição
No dia provável do parto, fornecer apenas água limpa e fresca à vontade. Iniciar o fornecimento com 2 Kg de ração no 2º dia do parto e aumentar gradativamente até que no 7º dia, porcas com até 8 leitões devem receber 2,5 kg para a porca e 0,4 kg a mais para cada leitão; porcas com maior número de leitões fornecer ração à vontade. A ração deve conter 13% de PB e 3340 kcal de ED.
Creche
Deve ser feito um melhor manejo da alimentação durante 10 a 12 dias após o desmame, quando a ração diária deve ser restrita e fracionada em intervalos regulares.
Crescimento 157 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
O fornecimento de ração deve ser à vontade e a ração deve conter 3400 kcal de ED e o nível de proteína varia de acordo com o peso dos animais, sendo: animais de 5 a 10 kg de peso - 20 % de PB; 10 a 20 de peso - 18 % de PB, e animais de 20 a 50 kg de peso 15 % de PB.
Terminação
Nesta fase que vai dos 60 kg até o abate, os suínos devem receber ração à vontade com 13% de PB e 3400 kcal de ED.
Fêmeas para reposição
As fêmeas destinadas à reposição devem ser separadas do lote aos 120 dias de idade e continuar recebendo ração de crescimento com 15% de PB e 3300 a 3400 kcal de ED. A ração deve ser fornecida à vontade. Os leitões novos não admitem ingredientes de baixa digestibilidade ou alimentos fibrosos na dieta, enquanto um alto teor de fibra na dieta é adequado para as matrizes até os 80 dias de gestação. É necessário se conhecer previamente a performance dos animais para, frente a esses dados, definir o manejo alimentar, tais como: - Definir os objetivos criatórios: nível de crescimento, qualidade de carcaça, etc. - Conhecer o potencial de crescimento e deposição muscular.
A) Alimentação à Vontade Com bom material genético, boas condições ambientais e alimento que permita um ótimo índice de crescimento, a alimentação a vontade, não tem efeitos deletérios sobre a conversão alimentar até 80 kg de peso vivo. A partir deste peso esse manejo alimentar deteriora a qualidade de carcaça, principalmente em machos castrados; as fêmeas não têm esse problemas. No sistema de alimentação à vontade a ração está à disposição do animal para consumo o tempo todo e a quantidade total consumida depende do apetite do suíno. É o sistema adotado preferencialmente para leitões nas fases inicial e de crescimento. O consumo médio na fase de crescimento é de aproximadamente 1,9 kg e na fase de terminação é de 2,9 a 3,1 kg por suíno por dia.
158 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
B) Alimentação controlada No sistema de alimentação controlado por tempo os suínos recebem várias refeições ao dia que são controladas por determinados períodos de tempo, nos quais o suíno consome a ração à vontade. Por exemplo, consumo à vontade por um período de 30 minutos, quando são realizadas duas refeições ao dia.
C) Alimentação restrita Se justifica nas categorias que têm propensão à deposição de gordura, tais como macho castrado e animais no final da terminação, tem como consequência: - A taxa de crescimento diminuído; - A conversão melhora (desde que a restrição não seja superior a 20% do consumo voluntário); - A percentagem de músculo aumenta e o depósito de gordura diminui. Na prática observar: - Nas fêmeas a restrição energética de 10% na alimentação à vontade permite melhoras importantes na qualidade da carcaça sem afetar a conversão. - Em machos castrados a percentagem de músculo pode aumentar com restrição de até 20%. Nesse caso haverá efeitos negativos no ganho de peso. - Em animais com grande desenvolvimento muscular e crescimento rápido, a alimentação à vontade desde a fase inicial determina performances médias de conversão e carcaça. No sistema de alimentação com restrição as quantidades são restritas a níveis abaixo do máximo consumo voluntário e podem ser fornecidas em uma só vez, ou ser divididas em várias porções iguais durante o dia. O objetivo da restrição para suínos em terminação é a redução da quantidade de gordura e o aumento da proporção de tecido magro na carcaça. A restrição alimentar está baseada na proporção relativa que cada componente do ganho de peso assume em função da intensidade desse ganho nas diversas fases de vida do suíno. Durante a fase inicial (até 25 kg de peso vivo) e no crescimento (até 65 kg de peso vivo) a deposição de tecido muscular é alta enquanto a deposição de gordura é baixa.
159 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
11.3 Exigências nutricionais dos suínos Quando se fala em exigência nutricional, trata-se da quantidade mínima de um determinado nutriente que deve ser fornecida aos animais para satisfazer suas necessidades de mantença e produção. As exigências nutricionais dos suínos variam de acordo com o potencial genético, a idade, o sexo, o peso e a fase produtiva em que os animais se encontram. Veja a tabela a seguir mostra um exemplo de exigência nutricional:
Observe na tabela anterior que as exigências variam de acordo com a fase produtiva, por exemplo, os níveis de proteína decrescem com o avanço da idade em suínos destinados ao abate. Esses e outros detalhes devem ser levados em consideração na formulação da ração para esses animais com o objetivo de obter seu melhor desempenho sem prejuízos ao produtor.
11.4 Formulação de ração A alimentação representa de 70 a 80% no custo de produção, exigindo uma atenção especial dos suinocultores. Isso implica na escolha cuidadosa dos alimentos, na formulação precisa das rações, e também, na correta mistura dos ingredientes.
160 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
A formulação de ração trata da quantidade calculada de cada ingrediente, com base na sua composição química e nas exigências nutricionais da categoria de animais a que a ração se destina. A escolha dos alimentos e a proporção com que cada um participa na ração dependem do balanceamento de nutrientes desejado. Devem ser levadas em consideração, também, as limitações existentes em alguns ingredientes, como por exemplo, problemas de toxidade, manuseio, conservação e, em especial, o seu custo. Existem várias técnicas para o cálculo das rações. Até pouco tempo, as mais usadas eram o quadrado de Pearson e o sistema de equações, com o uso de calculadoras. Atualmente, com o avanço da informática, tornou-se usual o emprego de programas de computadores ou softwares que usam a programação linear para o cálculo. Recomenda-se usar fórmulas específicas para cada fase da criação (pré-inicial, inicial, crescimento, terminação, gestação e lactação) elaboradas por técnicos especializados ou que sejam indicadas nos rótulos dos sacos de concentrados e núcleos. Ler com atenção as indicações dos produtos e seguir rigorosamente suas recomendações. O cuidado na escolha de um núcleo de comprovada qualidade é de fundamental importância para obter sucesso na produção de leitões nesta fase. Na fase inicial deve-se formular as dietas tendo como ingredientes base preferencialmente o milho e o farelo de soja, porém, já é possível a utilização de ingredientes alternativos como por exemplo cereais de inverno (trigo, triticale, aveia, entre outros), subprodutos do arroz, mandioca e seus subprodutos, porém em níveis de inclusão baixos. Se houver dificuldade de formular as rações pré-inicial e inicial, contendo os ingredientes especificados em cada uma delas, a solução é a aquisição de ração comercial pronta específica para cada fase, sempre de fornecedores idôneos e que tenham registro no MAPA para a produção e comercialização de rações.
11.5 Preparo de ração Para a maioria das fases, uma formulação adequada é obtida com a combinação dos alimentos energéticos também fornecedores de proteína com alimentos proteicos com alto teor de energia. A complementação dos demais nutrientes deve ser feita com os alimentos exclusivamente energéticos, alimentos proteicos com alto teor de minerais e alimentos exclusivamente fornecedores de minerais. 161 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
O uso de aminoácidos sintéticos pode ser vantajoso na redução de custos da ração, necessitando, no entanto, orientação técnica específica. Sempre deverá ser feita a inclusão de premix vitamínico e de micro-minerais. O Núcleo é um tipo especial de premix que já contém o cálcio, o fósforo e o sódio, além das vitaminas e micro-minerais necessários, por isso, na maioria das vezes, dispensa o uso dos alimentos exclusivamente fornecedores de minerais. Esses produtos devem ser utilizados dentro de 30 dias após a data de sua fabricação e ser mantidos em lugares secos e frescos, de preferência em barricas que minimizem a ação da luz. O uso de promotores de crescimento nas rações deve atender a legislação do MAPA, bem como atender os seguintes critérios simultaneamente: eficiência do ponto de vista econômico; rastreabilidade na ração; segurança para a saúde humana e animal; ausência de efeitos negativos sobre a qualidade da carne e compatibilidade com a preservação ambiental. Os cuidados com o preparo das rações somam-se aos esforços de formular uma dieta contendo ingredientes com composição e valor nutricional conhecidos e atendendo as exigências nutricionais dos suínos. Qualquer erro em uma ou mais etapas do processo de produção de rações pode acarretar em prejuízos econômicos expressivos, já que os gastos com a alimentação correspondem à maior parte do custo de produção dos suínos.
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12 ALIMENTOS 12.1 Avaliação dos alimentos Os grãos de cereais e outras sementes variam sua composição em nutrientes principalmente em função da variedade, tipo de solo onde foram produzidos, adubação utilizada, clima, período e condições de armazenamento. As forrageiras apresentam variação principalmente com a variedade, a idade da planta, tipo de solo e adubação, clima, processamento (fenação, ensilagem), além de período e condições de armazenamento. A principal causa de variação na composição dos subprodutos de indústria é o tipo de processamento utilizado, além de variações diárias dentro do mesmo tipo de processamento, bem como a conservação do produto. Desta forma, para viabilizar a formulação de rações com base em valores de nutrientes o mais próximo possível da realidade, deve-se lançar mão de análises de laboratório, que indicarão a real composição em nutrientes das matérias-primas disponíveis.
12.2.Ingredientes para rações Para compor uma ração balanceada é necessário a disponibilidade e combinação adequada de ingredientes incluindo um núcleo ou premix mineral-vitamínico específico para a fase produtiva do suíno. Existem várias classes de alimentos quanto a concentração de nutrientes. De uma forma geral é possível classificar os ingredientes pelo teor de energia, proteína, fibra ou minerais presentes. São estes os principais fatores nutricionais que determinam o seu uso para as várias fases de vida do suíno.
A) Alimentos essencialmente energéticos São os que apresentam em sua composição, baseada na matéria seca, mais de 90% de elementos básicos fornecedores de energia. São utilizados em pequenas proporções como o açúcar, gordura de aves, gordura bovina, melaço em pó, óleo de soja degomado ou bruto ou, em proporções maiores, como no caso da raiz de mandioca integral seca.
B) Alimentos energéticos também fornecedores de proteína São aqueles que possuem, geralmente, valor de energia metabolizável acima de 3.000 kcal/kg do alimento e, pela quantidade com que podem ser incluídos nas dietas, são também importantes fornecedores de proteína. São exemplos: a quirera de arroz, a 163 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
cevada em grão, o soro de leite seco, o grão de milho moído, o sorgo baixo tanino, o trigo integral, o trigo mourisco, o triguilho e o triticale, entre outros.
C) Alimentos energéticos com médio a alto teor de fibra Estes alimentos têm energia metabolizável acima de 2.600 kcal/kg e teor de fibra bruta acima de 6%. São exemplos: o farelo de arroz integral, o farelo de amendoim, a aveia integral moída, o farelo de castanha de caju, a cevada em grão com casca, a polpa de citrus, o farelo de coco, a torta de dendê, o grão de guandu cozido, a raspa de mandioca (de onde foi extraído o amido) e o milho em espiga com palha.
D) Alimentos fibrosos com baixa concentração de energia e médio teor de proteína Possuem teor de proteína bruta maior que 17%, de fibra acima de 10% e concentração de energia metabolizável menor que 2.400 kcal/kg. São exemplos: o feno moído de alfafa, o farelo de algodão, o farelo de babaçu, o farelo de canola e o farelo de girassol.
E) Alimentos fibrosos com baixa concentração em proteína São os ingredientes que possuem teor de proteína abaixo de 17%, mais de 6% de fibra bruta e valor máximo de energia de 2400 kcal/kg de alimento. São exemplos: o farelo de algaroba, o farelo de arroz desengordurado, o farelo de polpa de caju, a casca de soja e o farelo de trigo.
F) Alimentos proteicos com alto teor de energia Os representantes dessa classe possuem mais de 36% de proteína bruta e valor de energia metabolizável acima de 3.200 kcal por kg de alimento. São exemplos: o leite desnatado em pó, a levedura seca, o glúten de milho, a farinha de penas e vísceras, a farinha de sangue, a soja cozida seca, a soja extrusada, o farelo de soja 42% PB, o farelo de soja 45% PB, o farelo de soja 48% PB e a soja integral tostada.
G) Alimentos proteicos com alto teor de minerais A inclusão destes ingredientes em rações para suínos é limitada pela alta concentração de minerais que apresentam. São exemplos: as farinhas de carne e ossos com diferentes níveis de PB e a farinha de peixe. 164 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
H) Alimentos exclusivamente fornecedores de minerais São fontes de cálcio, de fósforo, de cálcio e fósforo ao mesmo tempo e de sódio. Como exemplos mais comuns temos o calcário calcítico, o fosfato bicálcico, o fosfato monoamônio, a farinha de ossos calcinada, a farinha de ostras e o sal comum.
12.3 Ingredientes Existem níveis máximos recomendados de alguns ingredientes em rações de suínos
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12.3.1 Alfafa(Medicago sativa) A alfafa é considerada um alimento volumoso, com boas qualidades nutricionais.Possui elevado teor de fibra bruta, principalmente celulose e lignina, que limita ouso em dietas para suínos. Sua constituição é variável e depende do estágio dedesenvolvimento da planta. Quanto mais madura, maior será o teor de fibra e menor ode proteína bruta. É recomendado o uso com, no máximo, 10% de florescimento dasplantas. A proteína da alfafa possui um bom balanceamento de aminoácidos, com umrazoável teor de lisina. Entretanto sua digestibilidade é baixa, com valor próximo a60%. A energia também possui baixa digestibilidade em função do elevado teor defibra. Há dificuldades no fornecimento de níveis adequados de energia em dietas com alfafa, uma vez que a capacidade de consumo de alimentos pelos suínos é limitada.
A alfafa é rica em vitaminas A, E e K, tem alto teor de cálcio e baixo de fósforo. Érecomendada para animais adultos, preferencialmente para porcas em gestação. Para as fases iniciais o uso não é recomendado e para crescimento, terminação e lactação,o fornecimento deve ser em níveis restritos. A alfafa apresenta taninos, que são componentes antinutricionais, que afetam a ação das enzimas reduzindo a digestibilidade dos nutrientes, além de diminuir a palatabilidade do alimento. 166 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Existem normalmente duas formas que a alfafa pode ser fornecida aos suínos:
Alfafa fresca recém cortada;
Feno de alfafa moído e misturado à ração.
A forma fresca deve ser fornecida em complementação à ração, podendo na fase de gestação chegar à 50% da dieta. As quantidades de alfafa e de ração fornecidas devem ser controladas, para que as exigências nutricionais diárias dos animais sejam atendidas. Na fase de lactação, estas exigências são altas e neste caso a inclusão de alfafa é bastante limitada pela baixa digestibilidade da energia. O feno de alfafa possui maior teor de fibra bruta em relação à alfafa fresca e a silagem de alfafa. Deve ser usado como ingrediente das rações, com base na sua composição química e energética.
12.3.2 Arroz (Oryza sativa) Na alimentação de suínos o arroz é usado em forma de farelo integral, farelodesengordurado e quirera.
A) Farelo de arroz integral Representa cerca de 13% do peso dos grãos. Apresenta composição química variável em função do tipo de processamento. Os teores de proteína, fibra bruta e de extrato etéreo são superiores ao milho. O amido e a gordura são as principais fontes de energia do farelo de arroz. A proteína é rica em aminoácido ssulfurosos e tem a lisina e a treonina como aminoácidos mais limitantes. O conteúdo de gordura é rico em ácidos graxos insaturados facilmente peroxidáveis (rancificáveis), como o ácido palmítico, linoléico e oléico. A peroxidação da gordura pode reduzir o valor nutricional do alimento, principalmente em relação aos aminoácidos e as vitaminas, além de causar problemas gastrointestinais nos animais, como diarréia em leitões. Pode ser evitada adicionando-se antioxidantes, como o etoxiquim, BHA ou BHT. Os fatores que limitam o uso na alimentação de suínos são a presença de casca,que tem alto teor de celulose e sílica, os oxalatos e fitatos, que são fatores antinutricionais, e o alto teor de fósforo. Recomenda-se níveis de até 30% da dieta para as fases de crescimento,terminação e para porcas em gestação.
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B) Farelo de arroz desengordurado O farelo de arroz desengordurado representa cerca de 82% do peso farelo de arroz integral. Apresenta teores de proteína e fibra bruta superiores, e teores de extrato etéreo e energia digestível inferiores, quando comparados ao milho. Devido ao baixo teor de gordura, não apresenta os problemas de deterioração observados no farelo de arroz integral. O uso na alimentação de suínos é limitado pelo alto teor de fibra bruta e de fósforo. Pode ser incluído em até 20% nas dietas de porcas em gestação e em até 30% para as fases de crescimento e terminação.
C) Quirera de arroz No beneficiamento do arroz, a quirera representa cerca de 10% do total do peso dos grãos. Possui valor nutricional similar ao milho. Para suínos só há restrições de uso para leitões, onde se recomenda inclusão de até 25% da ração.
12.3.3 Aveia (Avena sp.) A aveia pode ser usada na alimentação de suínos como fonte protéica e energética.Sua composição nutricional e teor de fibra bruta variam em função do tipo de cultivare do peso específico do grão. Em relação ao milho, os teores de energia metabolizável são inferiores. A proteína d a aveia é considerada de boa qualidade, com teor de lisina cerca de 50% superior ao milho. Apresenta também maiores teores de extrato etéreo, cálcio e fósforo. O teor de fibra bruta varia de 10 a 15%, reduzindo a digestibilidade da energia. A casca e a arista do grão, trazem problemas de palatabilidade, podendo reduzir o consumo de ração e causar irritação nas mucosas dos animais. Há estudos visando desenvolver cultivares de aveia desaristada e com menos casca, mas as qualidades agronômicas obtidas ainda não permitem a sua exploração econômica. Também há a possibilidade de se descascar a aveia por métodos mecânicos, mas o custo deste processo não viabiliza o seu uso para a alimentação de suínos. A inclusão de aveia em dietas de suínos é limitada pelo nível de energia metabolizável exigido. Normalmente há a necessidade de suplementação da energia com óleo, quando se usa níveis elevados d e aveia.A aveia é especialmente indicada para 168 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
dietas de gestação e para suínos com alto potencial de rendimento de carne, na fase de terminação, onde os níveis de energia são controlados por restrição alimentar. A inclusão de aveia permite um maior consumo de alimento, diminuindo a necessidade da restrição, que é fator de desconforto e estresse para os animais.
12.3.4 Cevada (Hordeum vulgare) O teor de proteína bruta da cevada é superior ao do milho e inferior ao do trigo, sendo de pior qualidade e menos digestível. Um dos problemas relacionados com a qualidade da proteína da cevada está no fato de que as características exigidas para a indústria de malte e cerveja, que são preferenciais nos programas de melhoramento, são opostas às exigidas para a nutrição animal. O teor de energia é ligeiramente inferior ao do trigo e em torno de 10%inferior ao do milho, tendo também menor digestibilidade devido ao teor mais alto de fibra. A inclusão de níveis elevados de cevada em dietas para suínos pode ser limitada pelo seu teor de fibra bruta, e exige normalmente a suplementação da energia.Em pesquisas realizadas pela Embrapa Suínos e Aves (Fialho et al, 1992), ondea cevada substituiu em vários níveis o milho, em dietas com farelo e óleo de soja, concluiu-se que, para suínos em crescimento, um acréscimo de 20% na inclusão de cevada reduz em 19,5% a inclusão de milho, em 1,0% a inclusão de farelo de soja e aumenta em 1,0% a inclusão de óleo de soja. Para suíno sem terminação, um acréscimo de 20% na inclusão de cevada, reduz em 21,2%a inclusão de milho, em 1,2% a inclusão de farelo de soja e aumenta em 1,2%a inclusão de óleo de soja. Observou-se também que a inclusão de até 80%de cevada em substituição ao milho não causou diferenças no desempenho dos animais, desde que os níveis de energia digestível fossem mantidos. A cevada pode ser usada em até 10% para a fase inicial e livremente para as demais fases,levando-se em conta o teor máximo de fibra e os valores nutricionais exigidos. Existe a possibilidade de se retirar a casca da cevada através de polimento,obtendo-se um produto com menor teor de fibra e maior concentração de nutrientes, sendo, entretanto, pouco comum e limitado pelo custo. O fungo Fusarium, ou Giberellana forma sexuada, pode atacar a cevada ainda no campo, e pode produzir micotoxinas, em condições favoráveis de úmidade e temperatura. A presença de grãos giberelados pode ser indicativo da presença de
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micotoxinas, sendo recomendado a sua remoção do produto, através dos equipamentos de limpeza.
12.3.5 Mandioca (Manihot sp.) A mandioca pode ser usada na alimentação de suínos, como ingrediente da ração, na forma de farinha integral de mandioca, na forma de farelo de raspas de mandioca ou ainda na forma de farinha da parte aérea. Também pode ser usada como ingrediente da dieta em forma de mandioca fresca, contendo nesse caso,elevado teor de água. É considerada um alimento energético, sendo o amido seu principal componente.O teores de proteína e aminoácidos são muito baixos.As variedades de mandioca bravas ou amargas podem intoxicar os animais quando usadas imediatamente após a colheita, pela presença de substância sque liberam ácido cianídrico. Um tratamento prévio, através da trituração ou corte dos tubérculos em pequenos pedaços após a colheita, e exposição ao are ao sol por um período mínimo de 12 horas, é suficiente para eliminar este problema.
A) Farinha integral A farinha integral de mandioca é obtida pela desidratação dos tubérculos triturados, com posterior moagem. A desidratação pode ser feita pela exposição ao sol por um período variável de 24 a 72 horas, ou com o uso desecadores. Para a pequena propriedade, uma boa opção são os secadores de leito fixo. O produto deve ficar com até 14% de umidade. A farinha integral pode substituir totalmente o milho ou outra fonte de energia para suínos em crescimento e terminação. Deve-se dar atenção aos níveis deenergia e de metionina, que podem apresentar deficiências. O emprego dafarinha integral na formulação com farelo de soja, premix, calcáreo, fosfatobicálcico e sal ou com farelo de soja e núcleo é mais adequado do que o uso com concentrado. Isto porque, no uso do concentrado, há a necessidade de se aumentar a proporção para manter os níveis de proteína bruta e aminoácidos, que se encontram em menor quantidade na mandioca em relação ao milho.
B) Farelo de raspas O farelo de raspas apresenta alto teor de fibra e de matéria mineral, sendo baixo o teor de energia. Não deve ser utilizado para suínos em crescimento,pois reduz seu
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desempenho, mesmo em níveis baixos de inclusão. Para suínos em terminação, pode ser incluída em até 30% da dieta, desde que se mantenha níveis adequados de energia.
C) Mandioca fresca O uso de mandioca integral triturada ou picada em pequenos pedaços, com alta umidade, é recomendado para suínos em crescimento e terminação,com fornecimento à vontade, e para porcas em gestação, onde o fornecimento deve ser controlado. Não deve ser fornecida para leitões em fase inicial e para matrizes em lactação. As necessidades de proteína,vitaminas e minerais devem ser supridas com o uso de concentrado, atravésda adição de maiores quantidades de núcleo ou premixes. A mandioca integral triturada pode ser armazenada em silos, obtendo-se a silagem de raiz. É boa opção em regiões úmidas onde é difícil a secagem ao sol. Sua composição química é semelhante à da raiz da mandioca fresca,apenas com teor de matéria seca um pouco mais elevado. A silagem é feita com a trituração da mandioca e posterior deposição no silo, onde o produto é compactado em camadas de 10 cm, com a adição de 2,5 a 3% de sal. O piso do silo deve ter um declive de 0,5% para escorrimento do excesso de líquido. Na tabela a seguir, são apresentadas as quantidades de mandioca fresca e silagem de mandioca, a serem fornecidas com concentrado, para as diferentes fases dos suínos:
D) Farinha da parte aérea A farinha da parte aérea é obtida, picando-se os ramos e folhas, secando-os ao sol e fazendo a posterior moagem. A secagem deve ser feita até uma umidade de 12%, quando é feita a moagem, podendo então ser adicionada à ração. A parte aérea da
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mandioca contem mais ácido cianídrico que as raízes, não devendo ser fornecida fresca aos animais. A farinha seca da parte aérea pode ser adicionada à ração em até 25%da dieta de suínos em crescimento e terminação e em até 30% da dieta de matrizes em gestação. Essas dietas são complementadas com óleo e metionina, para ajustar os teores de energia e desse aminoácido, que auxili ana desintoxicação dos resíduos tóxicos que permanecem na farinha.
12.3.6 Milho (Zea mays) O milho é utilizado como fonte de energia na formulação de rações. Participa em até 90% da composição das dietas. Sua maior limitação como fonte de nutrientes é o baixo teor dos aminoácidos lisina e triptofano. A qualidade do milho é fator importante a ser observado na nutrição de suínos, para assegurar os teores de nutrientes e a ausência de substâncias tóxicas.
Veja que vários são os subprodutos do milho utilizados na suinocultura. Observe que os valores de energia digestível variam consideravelmente entre os produtos citados na tabela anterior.
A) Colheita A colheita na época oportuna, tão logo o milho atinja os teores de umidade adequados (20 a 24% para a colheita mecânica e 18 a 22% para colheita em espiga), 172 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
reduz significativamente as perdas pelo ataque de roedores, insetos e fungos, e diminui os problemas de pós – colheita, pela melhor qualidade do produto e menor grau de infestação inicial.
B) Pós – colheita O milho colhido deve ser secado imediatamente. Umidade elevada dá condições ao desenvolvimento de microorganismos e aumenta as perdas de peso devido ao aceleramento do processo respiratório dos grãos, causando elevação da temperatura e deterioração do produto. Recomenda – se utilizar uma temperatura de secagem de 90 ºC . Com esta temperatura o grão atinge um aquecimento em torno de 45 ºC, o que não causa nenhum dano à sua integridade. Temperaturas mais elevadas (até 140 ºC), usadas industrialmente,podem causar injúrias como quebras e fissuras nos grãos, prejudicando a qualidade de estocagem. A umidade recomendada para o armazenamento é de 13 a 14% quando a granel. Para sacarias pode-se ter umidade de 0,5 a 1,0%maiores, e quando em espigas até 2% maiores.
C) Micotoxinas O desenvolvimento de fungos no milho armazenado depende principalmente das condições de umidade, temperatura, nível inicial de contaminação e condições físicas dos grãos. A atividade fúngica pode estar associada à produção de micotoxinas. As mais frequentes no milho são a Aflatoxina e a Zearalenona. A aflatoxina é produzida pelos fungos do gênero Aspergillus, e normalmente aparecem no meses de janeiro a abril, em condições de alta temperatura e umidade. Tem efeito cancerígeno, causando principalmente lesões hepáticas. A zearalenona é produzida pelos fungos do gênero Fusarium , tem maior incidência nos meses de abril a julho quando ocorrem oscilações de temperatura,uma vez que o fungo necessita de altas temperaturas para se desenvolver e baixas para produzir a toxina. Tem efeito estrogênico nos animais causando problemas reprodutivos. Na tabela a seguir, são apresentadas as micotoxinas mais frequentes no milho, as condições favoráveis para seu desenvolvimento e os principais sintomas de intoxicação em suínos.
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Os lotes de grãos com suspeita de contaminação devem ser analisados e se houver contaminação por micotoxinas, recomenda-se consultar um nutricionista para ver qual é o melhor destino para o produto. O uso de grãos contaminados pode trazer prejuízos econômicos significativos na atividade suinícola, além de causar problemas à saúde humana pela possibilidade de resíduos nos alimentos. A dureza do grão, ou tipo de grão, não tem relação com resistência ao ataque de fungos. Geralmente, grãos duros, acarretam maiores custos na moagem, pelos gastos com tempo e energia.
D) Granulometria O tamanho das partículas de milho após a moagem é um dos fatores determinantes do melhor desempenho dos suínos. Partículas muito grossas dificultam a digestão e o aproveitamento dos nutrientes. Quando muito finas,podem contribuir para a incidência de úlcera gástrica nos suínos. O milho moído deve ser usado com um tamanho médio das partículas ou diâmetro geométricomédio (DGM), entre 0,5 e 0,65 mm. Além do DGM, deve-se levar em conta o grau de uniformidade das partículas, ou seja, a amplitude de variação do tamanho das partículas em relação à média, que é determinado pelo desvio padrão geométrico (DPG). Quanto menor esta variação, melhor será a qualidade da moagem. Entre os fatores que influenciam a granulometria no processo de moagem, em moinhos a martelo, usados na maioria das propriedades suinícolas, citam-se:diâmetro dos furos da peneira, área de abertura da peneira, velocidade de rotação e número de martelos, distância entre martelos e peneira, fluxo de moagem, teor de umidade do ingrediente e desgaste do equipamento. 174 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
E) Silagem de grãos O uso de silagem de grãos úmidos na alimentação de suínos é uma alternativa para se produzir grãos na propriedade, reduzindo os problemas e as perdas verificadas no pré e pós colheita do produto seco, bem como diminuindo o período de ocupação da terra. Além disso, a silagem de grãos úmidos,pela fermentação anaeróbica, apresenta melhor digestibilidade, proporcionando melhor desempenho dos animais. Para a ensilagem, a colheita é realizada com 35 a 40% de umidade. Os grãos são quebrados, triturados ou amassados, e distribuídos no silo. Em moinhos a martelo, recomenda-se a trituração com o uso de peneiras de 13 mm, quando a umidade for de 35% ou mais, e de 8 mm, quando A umidade for menor de 35%. A compactação é feita em camadas de 20 cm. Após a compactação o silo é vedado com o objetivo de eliminar o contato do produto com o oxigênio do ar.O tempo entre a colheita e a ensilagem deve ser curto, para evitar o aquecimento do material e a possível contaminação por fungos. Não se recomenda deixar o produto exposto no silo, sem vedação, por mais de 12 horas. Este problema também pode ocorrer com a ração, e por isso se recomenda fornecê-la aosa nimais no mesmo dia da elaboração. O consumo de uma ração com silagem de grãos deve ser superior ao de uma ração com grão seco por causa do maior teor de umidade. Para a formulação,considera-se o teor de matéria seca. Por exemplo, numa fórmula para 100 kg,que inclua 80 kg de milho (87% de matéria seca), 16 kg de farelo de soja e 4kgde núcleo, para substituir o milho por silagem de grãos (62% de matéria seca),deve-se usar mais silagem em relação ao milho e manter os mesmos níveis dos outros ingredientes. Esta quantidade a mais de silagem usada é para compensar o maior teor de umidade, e é obtida por regra de três, como segue: 80% milho ................... 87% matéria seca X% de silagem................ 62% matéria seca X = 80 x 87 / 62 = 112,3% A fórmula obtida incluiria 112,3 kg de silagem de grão, 16 kg de farelo de soja e 4kg de núcleo, num total de 132,3 kg, e os animais deveriam consumir 30% a mais de ração em relação à ração com milho seco.
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12.3.7 Soja (Glycine max) Na alimentação de suínos a soja participa como fonte protéica, na forma de farelo, que é o subproduto da extração do óleo. Na forma integral o uso encontra restrições, principalmente pela presença de fatores antinutricionais. Os produtores de soja normalmente vendem a produção para as indústrias, e estas vendem o farelo de soja para as propriedades suinícolas. Existem vários tratamentos à base de calor para controlar os fatores antinutricionais da soja, possibilitando o emprego do grão integral, melhorando o valor energético da ração e barateando o seu custo. Entretanto, a escassez de equipamentos para uso nas propriedades e a necessidade de um bom controle da temperatura no processo,dificultam o uso destes tratamentos pelos produtores rurais.
A) Aspectos nutricionais O grão integral tem de 36 a 38% de proteína bruta, 16 a 20% de óleo. A proteína da soja é de grande valor nutricional por conter todos os aminoácidos essenciais,sendo limitantes, a metionina e a treonina. A sua digestibilidade depende da presença ou não dos fatores antinutricionais, sendo que quanto melhor o controle destes, maior será a digestibilidade da proteína da dieta.O óleo da soja é formado principalmente por ácidos graxos não saturados,especialmente o ácido linoleico, o qual pode interferir na qualidade das carcaças dando-lhe menor consistência do toicinho. O farelo de soja tem de 42 a 48% de proteína bruta e 2% óleo. No processamento da soja, aproximadamente 82% é transformada em farelo e 18% em óleo bruto.A proteína do farelo de soja é altamente digestível, atingindo as exigências dos suínos em lisina, triptofano, isoleucina, valina e treonina. Entretanto, o farelo de soja é deficiente quanto ao conteúdo de aminoácidos sulfurados, especialmente a metionina.
B) Fatores antinutricionais A soja possui vários fatores antinutricionais que prejudicam ou impedem aabsorção dos nutrientes pelos animais, como os inibidores de tripsina e quimiotripsina, as lectinas, os taninos, os alcalóides, as saponinas e os glicosídios, que são compostos termolábeis, ou seja, inativados mediante tratamento térmico. Os inibidores da tripsina são compostos protéicos que atuam sobre a tripsina,enzima pancreática, prejudicando a digestão das proteínas alimentares. São os que tem maior
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importância, uma vez que quando controlados pelos tratamentos térmicos, indicam que os outros fatores antinutricionais termolábeis também estarão controlados.
C) Controle dos fatores antinutricionais A destruição dos fatores antinutricionais da soja é feita com o uso do calor,com correta duração e intensidade, desnaturando ou destruindo os fatores.Entretanto, a qualidade da proteína pode ser afetada por um sub-aquecimento,como também por um super-aquecimento. O tratamento com calor é mais efetivo quando a umidade é elevada. Existem muitas combinações entre temperatura e tempo de processamento possíveis de serem utilizadas, visando maximizar a qualidade do grão de soja e minimizar os custos com energia. Entre os métodosde processamento disponíveis, tem-se a tostagem por tambor rotativo, tostagempor calor úmido, tostagem por calor seco, jet splorer, micronização, extrusão úmida ou seca e cozimento. Os mais utilizados são a extrusão, seca ou úmida ea tostagem.
C).1 Tostagem por tambor rotativo Foi o primeiro método utilizado no país e consiste em colocar os grãos de soja dentro de um tambor rotativo que recebe calor direto, gerado pela queima de gás de cozinha. É muito difícil acertar o ponto de tostagem pois este varia com o grão (tamanho e umidade). Soma-se a isso o elevado tempo necessário para atingira temperatura de inativação dos fatores antinutricionais causando danosà qualidade da proteína da soja. Esse método, processa pequenas quantidades, não apresenta fluxo contínuo e é pouco automatizado. Além disso, é o processo que apresenta menor padronização, com sérios problemas de homogeneização do produto final, devendo deixar de ser utilizado com o aparecimento de novos equipamentos.
C).2 Tostagem por calor úmido Consiste em uma ou mais tubulações com uma rosca transportadora em seu interior que movimenta a soja enquanto a submete diretamente ao vapor, com baixa pressão de trabalho. São máquinas que processam de 1.500 a 3.000 kg de grãos/h, sendo necessária uma caldeira para a produção de vapor, com o uso de óleo combustível ou lenha. Os grãos são processados inteiros e em seguida submetidos a secagem, reduzindo a
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umidade a 10–12%. É um método de boa aplicação industrial, com custo de processamento em torno de US$ 8,00/t, sem contar os custos com o investimento.
C).3 Tostagem por calor seco Pode-se utilizar um método misto composto por cilindros, sendo que no primeiro cilindro a soja é submetida diretamente ao vapor úmido e nos outros quatro fica dentro de camisas. Portanto, há um aquecimento sem que a soja entre em contato direto com a fonte de vapor. Os cilindros são colocados verticalmente um sobre o outro. Operando em fluxo contínuo, a soja é colocada no primeiro cilindro superior e depois transportada para os cilindros seguintes até sair no último cilindro,já processada, necessitando passar por um resfriador.
C).4 Jet-sploder O grão de soja entra em um tubo onde é submetido a um jato de ar aquecido (315ºC). Ao sair do tubo o ar se encontra a 120–200 ºC e esse gradiente de temperatura provoca, em 1 minuto, a elevação da temperatura do grão acima do ponto de ebulição da água, sendo aquecido a140–150 ºC e submetido a pressão, o que provoca uma ruptura na estruturado grão. Ao sair do tubo é laminado por dois compressores e então moído,após ser resfriado. È um processo contínuo que produz 80 kg/min com um custo de processamento de cerca de US$ 8,00/t, sem considerarmos os gastos de compra do equipamento.
C).5 Extrusão Há quatro tipos de extrusores, STHT (short time/high temperature)de rosca única e de rosca dupla, extrusores de cozimento por pressão e extrusores de cozimento a seco. Os três primeiros utilizam vapor eenergia elétrica, enquanto que o quarto utiliza somente energia elétrica. Na extrusão a seco o grão de soja é empurrado pelo cilindro condicionador para dentro da rosca extrusora que é composta por roscas sem fim com obstáculos, ultrapassando-os um a um e atingindo em 30 a 40 segundos a temperatura de 130- -135 ºC e uma pressão de 30 a 60 atmosferas. Com essa pressão não há perdas de água, visto que a pressão de evaporação da água é inferior a pressão interna do tubo, à temperatura de 130 a 140 ºC.Porém, logo ao sair do tubo da extrusora a pressão é subitamente aliviada,causando imediata expansão da soja e intensa evaporação de água. Essa perda 178 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
de água faz com que a temperatura do grão caia de 130oC para80oC em segundos e a gordura que estava efervescente e fora da célula seja rapidamente reabsorvida. O custo de produção é próximo de US$12,00/t. Há máquinas que produzem de 600 a 1.200 kg/h em extrusão à seco, podendo-se dobrar essa produção se houver injeção de vapor. Há a necessidade de se realizar a moagem do produto extrusado, uma vez que há formação de aglomerados após sair do extrusor.
C).6 Micronização O grão de soja passa por um processo de limpeza, entra por uma moega dosadora e vai a uma esteira vibratória de ladrilhos que estão sob queimadores de gás que produzem raios infravermelhos como fonte de calor. Durante 5 minutos de passagem pela esteira os raios infravermelhos penetram no grão movimentando as moléculas que vibrarão de 60 a 150 mil megaciclos por segundo, aquecendo o grão e vaporizando a água. O grãofica inchado e com fissuras internas e passa por um cilindro que lamina o produto, após ter passado por um tanque redondo com agitador onde ocorre o resfriamento do produto. O produto laminado deve ser moído para posterior uso em rações.
C).7 Cozimento Consiste em adicionar os grãos de soja à um volume de água,na proporção de 1:2, quando esta se encontra em ebulição (100 ºC) por um período de 30 minutos. Passado este período os grãos são retirados da água e postos para esfriar e secar sobre papel impermeável ou então seco sem estufas, para posteriormente serem moídos. Para medir a inativação dos fatores antinutricionais o método mais usado é o da atividade ureática. A urease é uma enzima que atua sobre compostos nitrogenados não protéicos. A determinação da urease na soja mede,de maneira eficaz, o grau de inativação dos fatores antinutricionais. Sua aferição se faz pela variação do pH. O grão crú tem atividade ureática de2,0 a 3,0. O grão inativado deve ter no máximo 0,3 e, preferencialmente,valores próximos de zero. A qualidade da proteína após o processamento,pode ser medida pelo método da determinação da proteína solúvel em solução de hidróxido de potássio a 0,2%,. A solubilidade entre 75 e 80% indica que a qualidade da proteína foi mantida.
179 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
12.3.8 Sorgo (Sorghum sp.) O sorgo pode substituir parcial ou totalmente o milho como fonte energética para nutrição de suínos, desde que sejam ajustados os teores nutricionais com os outros ingredientes, e considerados os fatores antinutricionais e suas implicações no balanceamento da ração. ração. Podemos observar na tabela seguinte que o milho e o sorgo têm valores nutricionais parecidos. Para o uso do sorgo são importantes as seguintes considerações:
A) Colheita e armazenagem O sorgo deve ser colhido com uma umidade próxima a 18% e armazenado com uma umidade abaixo de 14%. As boas condições de colheita e armazenagem são importantes para manter a qualidade do sorgo, evitando a proliferação p roliferação de fungos, como o Claviceps
purpúrea, ou Ergot, que pode produzir a micotoxina ergotamina. ergotamina. B) Aspectos nutricionais O sorgo é muito semelhante ao milho. Possui o endosperma formado principalmente por amido, sendo 27% amilose e 73% amilopectina. A diferença entre os dois grãos está no tipo de proteína que envolve o amido. No sorgo, a proteína e o amido estão mais aderidos, o que diminui a digestibilidade do grão e da ração que utiliza este nutriente. 180 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Linhagens híbridas têm melhorado o tipo de amido do sorgo e melhorado a digestibilidade da matéria prima, como é o caso do sorgo ceroso, que apresenta 100% de de amilopectina no amido. Entretanto o aumento do valor nutricional no sorgo ceroso deve-se à combinação de maior concentração de amido e à alteração na estrutura do endosperma.Como fonte energética o sorgo é, em geral, um pouco inferior ao milho. A energia digestível e metabolizável para suínos su ínos é cerca de 6% menor que qu e a do milho. O teor de proteína do sorgo varia de 8 a 9% e, em média, é superior ao do milho. Entretanto, os níveis maiores de proteína no sorgo não mantém a mesma proporção de aminoácidos essenciais críticos à nutrição de suínos e aves. Estavariação na composição do sorgo é causada principalmente pelas condiçõesclimáticas co ndiçõesclimáticas e de solo onde é plantado.
C) Fatores antinutricionais O valor nutritivo do sorgo é marcadamente influenciado pela presença de taninos. Estas substâncias constituem um complexo de polímeros fenólicos, cuja função nas plantas não está bem definida, mas m as acredita-se que tenha relação com a resistência às condições adversas do ambiente, como o ataque de fungos,pragas e pássaros. O teor de tanino afeta diretamente a digestibilidade dos nutrientes presentes no sorgo. Estes efeitos podem ser observados pela redução na digestibilidade da matéria seca e dos aminoácidos, e na redução dos valores energéticos do sorgo. Nos animais observa-se um menor ganho de peso e uma u ma menor conversão alimentar. Através do melhoramento genético tem sido desenvolvidos cultivares com baixos teores de tanino, menos de 0,7%, eliminando os efeitos negativos do ponto de vista nutricional. O uso destas cultivares é fundamental para que o sorgo tenha maior importância como cultura econômica e ganhe maior participação no mercado de rações. Há uma tendência em se considerar o sorgo com ou sem tanino, e não mais sorgo com baixo, médio e alto tanino. Assim sorgo que apresente teor menor que 0,6% de tanino, em análise pelo Método Azul da Prússia, é considerado sem tanino.
D) Granulometria Os estudos realizados em relação ao efeito da granulometria do sorgo sobre a digestibilidade dos nutrientes e desempenho dos animais, mostraram que a redução do diâmetro das partículas tem efeito positivo sobre estes fatores. Este comportamento é semelhante ao obtido em estudos com o milho, o que sugere o uso das mesmas recomendações de granulometria para os dois ingredientes. 181 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
12.3.9 Soro de leite O soro de leite para alimentação dos suínos pode ser utilizado na forma integral,desidratado (resultando no soro de leite em pó), parcialmente desidratado (soro deleite condensado), ou ainda sofrer a extração da lactose, destinada principalmente ao consumo humano. O soro de leite em pó é utilizado principalmente na alimentação de leitões ao desmame. Apresenta excelente valor nutritivo nesta fase, pois é constituído de no mínimo 70% de lactose e 11% de proteína de alta qualidade, ambos com alta digestibilidade. O soro de leite condensado contém no máximo 36% de matéria seca, apresentando assim menor volume do que o soro integral e podendo ser usado principalmente para suínos em crescimento e terminação. O soro de leite integral pode ser uma alternativa para reduzir o custo da alimentação dos suínos. Sua composição é muito variável, dependendo das características do leite e do tipo de beneficiamento realizado. Pela grande quantidade de água presente apresenta limitações de consumo, sendo recomendado para animais nas fases de crescimento, terminação e para porcas em gestação. Para suíno sem crescimento e terminação o soro de leite pode substituir até 30% da ração sem prejuízo no desempenho. Para estimular o consumo de soro, fornecido à vontade,recomenda-se vontade,recomenda-se restringir o acesso à água. Para porcas em gestação o soro pode substituir em até 50% a ração fornecido,sendo fornecido à vontade, e restringindo-se o acesso à água. Próximo aos cem dias de gestação deve-se retirar gradativamente o soro de leite da dieta. A partir dos cem dias de gestação e na fase de lactação o soro pode ser utilizado para molhar a ração em substituição à água, não sendo recomendado recomendado em maiores quantidades. O uso do soro exige conhecimento da sua composição química e o correto balanceamento de nutrientes na dieta. Importante também o adequado armazenamento e manuseio do produto, para que tenha sua qualidade preservada, além de umaavaliação econômica do custo/benefício. No armazenamento pode ocorrer acidificação acidificação por fermentação microbiana, microbiana, que altera as características químicas do soro, principalmente pela redução do teor de matéria seca e de lactose, que é transformada em ácido lático. Recomenda-se um tempo de armazenamento inferior a quatro dias.
182 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
12.3.10 Trigo (Triticum sp.) O uso preferencial do trigo na alimentação humana, via de regra, tem destinado à alimentação animal grãos de qualidade inferior ou subprodutos de seu processamento industrial. Entretanto, o fator preço, aliado à composição nutricional, pode tornar o emprego de trigo de boa qualidade na alimentação animal viável e vantajoso. O uso na alimentação de suínos se constitui em mais uma opção de comercialização e uma alternativa ao suinocultor para baratear os custos com a alimentação animal. Considerando que o trigo não compete com o milho em relação à infraestrutura produtiva da propriedade, torna-se economicamente viável integrá-lo num sistema de produção com milho e suínos. suínos. Na formulação de rações, o trigo pode ser usado sem restrições, como fonte energética e protéica, considerando-se os seguintes aspectos:
A) Colheita e armazenagem A colheita deve ser realizada o mais cedo possível para evitar perdas,principalmente em relação à qualidade do produto. Recomenda-se a colheita mecânica com _ 20% de umidade para o grão duro e de 25 a 35% para p ara o grão destinado à silagem. A temperatura de secagem no grão não deve ser superior a 66 ºC, para não comprometer a qualidade qualidade da proteína do trigo. Se não for possível a secagem, o grão duro deve ser colhido com menos de 14% de umidade. Na colheita manual, o corte deve ser feito com _ 25% de umidade e a trilha após a secagem da palha e com umidade dos grãos abaixo de 14%. A armazenagem deve ser feita com o produto p roduto limpo e com umidade de 13%.
B) Aspectos nutricionais Em geral, a composição do trigo é mais variada que a dos outros cereais e depende muito do tipo de cultivar. A proteína do trigo é superior à do milho em concentração, qualidade e composição de aminoácidos. Os aminoácidos limitantes em ordem de importância são a lisina, a treonina, a metionina e a valina. As dietas, a partir do trigo, devem ser formuladas com base em aminoácidos, devido às variações no teor destes na proteína bruta. A suplementação com lisina e treonina pode reduzir em grande parte, o uso de farelo de soja, nas fases de crescimento e terminação. O principal componente energético do trigo é o amido que representa aproximadamente 60% do grão. Cerca de 14do amido é composto por amilose, enquanto os 34 restantes são compostos de amilopectina. O trigo 183 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
apresenta teores de energia digestível similares ao milho. No entanto, a energia metabolizável é 10% inferior a este, fato que também deve ser considerado naformulação da ração. O trigo contém entre 1 a 2% de lipídios, enquanto no milho este valor é de 3,7%, em média. Em estudos realizados na Embrapa Suínos e Aves, concluiu-se que o trigo apresenta excelentes perspectivas de utilização na alimentação de suínos,mesmo quando o seu percentual de grãos germinados for alto. Dietas à base de trigo, com c om até 14% de grãos germinados, proporcionaram nos animais testados,desempenho semelhante aos animais alimentados com dietas contendo trigo sem grãos germinados.
C) Fatores antinutricionais Os grãos de trigo podem ser atacados, ainda no campo, pelo fungo Fusaruim,
Giberella em sua forma sexuada, que, em condições inadequadas de colheitae armazenagem, pode produzir micotoxinas. Os grãos giberelados podem ser retirados no processo de limpeza com máquina de ar e peneira. Ofungo Claviceps, ou Ergot , eventualmente pode produzir uma toxina chamada ergotamina, quando a infestação for grande e as condições co ndições de armazenagem armazenagem forem inadequadas. O trigo contém inibidores da alfa – amilase que podem reduzir a digestibilidade do amido, embora ainda não tenham sido totalmente identificados. id entificados.
D) Granulometria O diâmetro médio das partículas recomendado para o trigo é de 0,85 mm ou mais para porcas e para as fases de creche e crescimento, e de 1,85 mm m m ou mais para p ara a fase de terminação. O trigo não deve ser finamente moído pois torna-se farináceo e a palatabilidade pode ser prejudicada, reduzindo o consumo, além de contribuir para a incidência de úlceras gástricas. Grãos inteiros reduzem a digestibilidade, principalmente da energia, afetando o desempenho dos animais.
E) Silagem de grão A silagem do grão com _ 35% de umidade, apresenta boa digestibilidade e maior concentração de energia e proteínas. Deve ser feita quando o grão apresentar67 a 70% de massa seca. Acima disto há problemas de compactação e abaixo,poderá ocorrer perdas de líquido rico em nutrientes. Os grãos são amassados ou moídos e colocados no
184 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
silo. A compactação é feita em camadas, formando um ambiente sem oxigênio, necessário para as fermentações desejáveis à silagem. O tempo entre a colheita e a ensilagem deve ser curto, para evitar o aquecimento do material e a possível contaminação por fungos. Este problema também pode ocorrer com a ração, e por isso se recomenda fornecê-la aos animais no mesmo dia da elaboração. O consumo de ração com silagem de grão de trigo deve ser superior ao consumo de ração de grão seco, devido ao maior teor de umidade. A formulação deve ser feita com base na matéria seca, a exemplo do que foi abordado para o milho.
12.3.11 Triticale (Triticale hexaploide) O triticale apresenta as mesmas vantagens do trigo, em relação às condições de produção nas propriedades suinícolas, como forma de baratear os custos com a produção de alimentos, e potencializar o uso dos fatores produtivos, especialmente aterra, mão de obra e maquinários. Também pode integrar um sistema de produção com milho e suínos. Na utilização do triticale, os seguintes aspectos devem ser observados:
A) Colheita e armazenagem A colheita deve ser realizada o mais cedo possível para evitar perdas,principalmente em relação à qualidade do produto. Recomenda-se a colheita mecânica com _ 20% de umidade para o grão duro e de 25 a 35% para o grão destinado à silagem. Se não for possível a secagem, o grão duro deve ser colhido com menos de 14% de umidade. Na colheita manual, o corte deve ser feito com_ 25% de umidade e a trilha após a secagem da palha e com umidade dos grãos abaixo de 14%. A armazenagem deve ser feita com o produto limpo e com umidade de, no máximo, 13%.
B) Aspectos nutricionais Comparado com o milho, que é a fonte tradicional de energia nas dietas de suínos e aves, o triticale possui maior concentração de proteína e menor concentração de energia. O valor de energia bruta, digestível e metabolizável do triticale é semelhante à do trigo, porém inferior à do milho. O teor de proteína bruta pode variar em função da cultivar e condições de cultivo. O grão de triticale apresenta melhor balanceamento de 185 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
aminoácidos do que o milho e o sorgo,incluindo maior teor de lisina e metionina. Em relação ao trigo os resultados d edesempenho demonstram que a qualidade da proteína é um pouco inferior. Os aminoácidos mais limitantes no triticale para dietas de suínos, são a lisina e a treonina, seguidos da metionina e cisteína. Nos cultivares recomendados para o Brasil, o peso do hectolitro (PH) geralmente varia entre 65 e 80 kg/hl. Um PH baixo indica deficiente enchimento do grão, associado a um menor valor energético e maior concentração de proteína.
C) Fatores antinutricionais Os grãos de triticale podem ser contaminados com ergotamina, substância tóxica formada na presença do fungo Ergot . A giberela, doença causada por espécies do fungo
Fusaruim, em sua forma sexuada, também pode causar problemas de toxidez aos animais. Outros fatores antinutricionais observados not riticale são inibidores de proteases, da tripsina e da quimotripsina, que reduzem a digestibilidade da proteína ao se ligarem às enzimas digestivas tripsinae quimotripsina. As cultivares de triticale desenvolvidas mais recentemente apresentam níveis aceitáveis destes inibidores, comparáveis com os observados no milho, e possuem resistência ao ataque de fungos.
D) Granulometria Em relação à granulometria do triticale, são válidas as recomendações feitas anteriormente para o trigo. Diâmetro médio de partículas menores que 0,85mm causam redução no consumo da ração, e o uso de grão integral reduz a digestibilidade e o desempenho dos suínos.
E) Silagem de grão O processo de ensilagem do grão úmido de triticale é semelhante ao do trigo. A observação do teor de umidade ideal, a correta compactação e vedação do silo,são os pontos fundamentais a serem observados. No uso da silagem, deve-se retirar diariamente uma camada que abranja toda a superfície exposta do produto, e a ração deve ser fornecida no mesmo dia da elaboração. Este procedimento evita que haja aquecimento e contaminação por fungos produtores de micotoxinas. O consumo de ração com silagem de grão de trigo deve ser superior ao consumo de ração de grão seco, devido ao maior teor de umidade. Este maior consumo deve ser 186 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
levado em conta na formulação e balanceamento da ração. A forma de proceder ao cálculo é semelhante ao demonstrado na silagem de milho.
12.3.12 Outros ingredientes que podem ser utilizados na alimentação de suínos: Caldo de cana: associar uma ração mais rica em nutrientes, adaptar os animais, moer a cana no momento do fornecimento e desprezar as sobras.
Cama de frango : fazer seleção, passando em peneiras para reduzir o material
utilizado como cama; hoje proibida pelo Ministério da Agricultura
Farelo de algodão: O farelo de algodão é um subproduto resultante da moagem
do caroço de algodão obtido no processo industrial para extração de óleo para consumo humano.
Farelo de Amendoim: O farelo de amendoim é resultante da extração de óleo
da semente após moagem. Apresenta elevados níveis proteicos e níveis inferiores de lisina, metionina e treonina quando comparados com o farelo de soja.
Farelo de Trigo : É o subproduto da moagem do trigo. Propicia bons resultados
quando utilizado em até 40% nas rações de porcas gestantes e até 30% para suínos em crescimento e terminação.
Vísceras de frango : cozinhar antes de fornecer aos animais;
187 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
13 ASPECTOS REPRODUTIVOS A suinocultura busca, continuadamente, aumentar a eficiência reprodutiva. Para tanto, o técnico precisa conhecer os aspectos reprodutivos que caracterizam a espécie.
13.1 Aquisição de reprodutores A reprodução é um dos principais pontos de atenção do suinocultor, onde não bastam bons padrões nutricionais e boas normas de manejo se os índices reprodutivos não forem também elevados. A seleção de reprodutores de excelente qualidade representa um passo decisivo para o sucesso da criação, e o seu nível sópoderá ser melhorado com a aquisição de reprodutores de qualidades superiores àmédia do rebanho. As raças produtoras de carne são as que atendem as necessidades do mercado consumidor e também tem melhor preço, devendo ser, deste modo, consideradas na escolha dos reprodutores para a suinocultura. Tão importante quanto as raçassão os reprodutores que serão utilizados na produção de animais para abate. Exemplo, as fêmeas deverão ser cruzadas, filhas de macho Large White ou Duroc com fêmeasLandrace ou macho Landrace com fêmeasLarge White. Para acasalar com as fêmeas cruzadas devemos dar preferência ao macho da raça que não entrou na produção das fêmeas, originando o animal treecross (trêsraças) que tem maior vigor hibrido. Por ocasião da compra de reprodutores, o produtor deve conhecer as informações a respeito da vida reprodutiva, desempenho de carcaça dos pais das fêmeas cruzadas, bem como dados dos animais que estão sendo adquiridos, para garantir bons resultados de produção de suínos terminados. Ou poderá ainda, optar pela seleção de fêmeas produzidas na própria propriedade com a devida assistênciatécnica no sentido de orienta-lo na realização dos cruzamentos. Na aquisição dereprodutores devemos tomar alguns cuidadoscomo:
A) FÊMEAS– Na compra de matrizes énecessário observar as seguintes características:
pesar no mínimo 90 kg aos 150 dias deidade; nascer de uma leitegada numerosa; possuir pelo menos 7 pares de tetasfuncionais; 188 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
não ter irmãos com defeito de nascença;
ter vulva de tamanho proporcional aidade;
ter bons aprumos e não apresentardesvio de coluna;
ter bom comprimento e profundidade.
B) MACHOS– É o animal mais importante dorebanho por acasalar com váriasfêmeas e transmitir suas características aos seusdescendentes. Devemos:
adquirir machos selecionados com peso mínimo de 110 kg aos 150 dias e no
máximo 18 cm de espessura de toucinho ao final do teste de granja; ·
preferir uma raça que não entrou no cruzamento das fêmeas;
apresentar bons aprumos e não ter desvios de coluna;
apresentar os testículos salientes e proporcionais à idade;
possuir comportamento sexual ativo; apresentar pernil desenvolvido e boa largura de lombo.
13.2 Anatomia da reprodução dos suínos A anatomia da reprodução dos suínos apresenta diferenciação profunda entre o macho e a fêmea. Vamos iniciar com a identificação anatômica dos órgãos e partes ligados à reprodução dos suínos. O reconhecimento dessas estruturas irá auxiliar na detecção de cada fase reprodutiva que você vai estudar ainda nesta aula.
13.2.1 Órgãos reprodutivos da porca a) Ovários: Localização: intraperitônio. São em número de dois, em forma de um cacho de uva, sendo o ovário esquerdo 70% mais funcional do que o direito. O tamanho do ovário depende em grande parte da idade e da fase reprodutiva da fêmea. Possuem três funções básicas que são: produção dos
gametas
secreção
femininos
(óvulos),
de
estrógeno
(desenvolvimento dos órgãos genitais 189 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
femininos, características secundárias da fêmea, desenvolvimento das glândulas mamárias, manifestação do cio) e secreção de progesterona, produzida pelo corpo lúteo (formado após liberação doóvulo para manter gestação) e placenta, tendo como funções, o desenvolvimento das glândulas mamárias, nutrição do ovo (leite uterino), implantação do embrião, mantém a gestação, além de impedir a maturação de novos folículos.
Sistema condutor feminino Consta das seguintes partes: ovidutos (ou trompa de falópio), útero, cérvix, vagina e genitália externa.
1) Ovidutos: São um par de tubos longos e enrolados que conectam os ovários com o útero. Depois que os óvulos abandonam os folículos ováricos, dirigemse ao oviduto. Nesta região há o encontro do óvulo com o espermatozoide seguindose a fecundação. Os óvulos depois de fecundados descem até o útero para a implantação.
2) Útero: Consta de uma porção curta chamada corpo uterino e de dois corpos uterinos bem desenvolvidos. Cada corpo na maioria das vezes contém aproximadamente metade do número de embriões, em decorrência da migração intra-uterina dos óvulos fertilizados, ou seja, o deslocamento dos ovos de uma parte para a outra do útero. Esta migração ocorre cerca de onze dias após a fertilização.
3) Cérvix ou colo uterino: Esfíncter muscular situado entre o útero e a vagina, isolando o útero do meio exterior. A ocorrência de algum distúrbio na cérvix pode acarretar o aborto.
4) Vagina: Divide-se em duas partes: vestíbulo ou vulva que é a parte mais externa e a vagina posterior, que se estende deste orifício central até o cérvix. Possui massas de tecidos conjuntivo denso e frouxo, com abundante provisão de plexos venosos, fibras nervosas e pequenos grupos de células nervosas. O muconormalmente encontrado na vagina, procedente sobretudo da cérvix, aumenta consideravelmente nas fêmeas em cio.
5) Genitália externa: Constituída pelo clitóris, lábios maiores e menores e certas glândulas que se abrem no vestíbulo vaginal. O clitóris é homólogo embriológico do pênis e está formado por dois pequenos cavernosos eréteis que terminam em uma glande rudimentar. 190 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Alguns autores citam que os órgãos genitais da porca são completados peloaparelho mamário, já que além da produção do óvulo, a porca é responsávelpela gestação e aleitamento.
13.2.2 Órgãos reprodutivos do porco (Reprodutor Macho, Barrão, Varrão, Cachaço) O aparelho genital masculino dos suínos é
formado
testículos,tubos
pela
bolsa
escrotal,
seminíferos,
ductos
eferentes, epidídimo, ducto deferente, canalurogenital, glândulas anexas e pênis. O principal órgão são os testículos alojados na bolsa escrotal. No interior dostestículos
encontram-se
os
tubos
seminíferos que é o local da formação dosespermatozoides. Os testículos também têm função endócrina, ou seja, produçãode hormônios responsáveis pela conduta do macho. Os órgãos reprodutivos, além das funções de geração das células sexuais edo desencadeamento dos processos de gestação e parto, têm funções endócrinasdefinidas que regulam e organizam o processo reprodutivo do animal.
a) Testículos: Localização perineal (atrás pernis), fora da cavidade abdominal protegidos por uma extensão de pele em forma de bolsa denominada de escroto, com a função de proteção, regulação da temperatura, etc.... Cada testículo está recoberto por uma forte cápsula que é a Túnica Albugínea.
b) Aparelho excretor do sêmen: No interior de cada testículo existem milhares de condutos enrolados chamados tubos seminíferos Os espermatozóides são produzidos dentro destes tubos, sendo 191 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
encaminhados daí ao canal deferente que é uma estrutura despregada dos testículos. Do canal deferente dirigem-se à uretra. Os testículos constituem a fonte do hormônio sexual masculino TESTOSTERONA - que é responsável pelo desenvolvimento dos órgãos genitais masculinos, pelo comportamento sexual do macho, conduta do macho, anabólico para N 2 (aumenta retenção de N 2) – acumula mais carne, e pelos caracteres sexuais secundários (forma física,agressividade, etc)...; O testículo esquerdo é ligeiramente maior que o direito, provavelmente devido à irrigação sanguínea. Podem ocorrer dois tipos de anomalias de localização dos testículos, os quais se constituem em fatores altamente indesejáveis em animais destinados à reprodução, dada a sua condição hereditária.
A. Retenção parcial (monorquidismo)
Um testículo na região abdominal
Um testículo na região perineal
Esse animal é fértil, devido produção normal do testículo perineal.
Chamado no meio rural - “RONCOLHO”
Dificulta muito a castração (mortes frequentes).
B. Retenção total (criptorquidismo) dos testículos na cavidade abdominal
Dois testículos no abdome
Produz testosterona e espermatozoide (inviáveis)
Grande apetite sexual
Estéril
c) Glândulas acessórias: Vesícula seminal, próstata e glândulas bulbo uretrais ou de Cowper, constituem o plasma seminal ou sêmen, cuja finalidade é servir de meio de suspensão dos espermatozoides, proporcionando-lhes material alimentício.
d) Pênis: Constituído de uretra, corpos cavernosos, glande (em forma de sacarolha) e prepúcio. A uretra dos varrões possui uma forma espiralada. Durante a excitação os espaços cavernosos do pênis se tomam cheios de sangue cuja saída fica impedida, quando o pênis se toma túrgido e ereto. A parte externa do pênis, de forma espiralada, se dá o nome de glande. Os suínos possuem uma bolsa prepucial próxima à extremidade do pênis, de função desconhecida e não encontrada em outras espécies animais. O tamanho desta bolsa diminui sensivelmente após a castração. Nesta bolsa se acumula a urina que é responsável pelo forte odor sexual masculino dos varrões que se infiltra até em sua carne, dando-lhe um cheiro e sabor desagradáveis.
192 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
13.3 Importância Reprodução é um processo complexo, dependendo de uma série de atividades, maturação e desprendimento dos óvulos dos ovários, desejo sexual no momento da ovulação, cópula, transporte do sêmen ao encontro dos óvulos fertilizados ao útero, sua implantação adequada e subsequente nutrição dos recém-nascidos pelas glândulas mamárias. Todos esses eventos são regulados por um complexo sistema neuro-hormonal que permite um funcionamento normal e bem balanceado dos órgãos terminais afetados por hormônios, daí resultando perfeita sincronização da função do mecanismo sexual. A espécie suína é multípara, do tipo poliestral não estacional com cios ocorrendo com intervalos de 21 dias, possuindo ovulação espontânea nos dois ovários. São animais altamente prolíferos, podendo produzir mais de 20 leitões em dois partos por ano. Iniciam a vida reprodutiva bastante jovens. Aos 8 meses os animais já estão aptos a procriar.
13.4 Fisiologia da reprodução nos suínos A fisiologia de maneira geral estuda o funcionamento do organismo, no caso,o funcionamento dos órgãos ligados a reprodução dos suínos. Iniciamos estaseção com a definição de alguns conceitos importantes na reprodução animal,tais como: puberdade, ciclo estral e hormônios da reprodução.
13.4.1 Puberdade O estímulo à reprodução inicia com a puberdade, que é a idade na qual ossuínos apresentam o estado fisiológico em que os machos produzem espermatozoidesviáveis e as fêmeas, óvulos férteis. Porém, Nas fêmeas ocorre entre quatro esete meses de idade, caracterizada pelo aparecimento do cio, e no macho, apuberdade aparece dos 5 a 8 meses de idade, com a produção dos primeirosespermatozoides. O processo de crescimento mobiliza grandes quantidades de proteínas, pois os músculos, ossos, sangue e outros ferimentos essenciais ao crescimento possuem elevadas proporções de proteínas em sua composição. Como a fração gelatinosa do esperma é rica de proteína no metabolismo animal. O suíno não deve entrar para a reprodução por ocasião da puberdade, devido ao seu desenvolvimento anatômico ser insuficiente. A sua utilização poderá acarretar prejuízo 193 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
no seu crescimento e na vida reprodutiva futura. Para a primeira cobertura,a fêmea deverá ter a idade mínima de 7-8 meses ou pesando 110 a 130 kg, coincidindo com o segundo ou terceiro cio. Quanto aomacho, deverá ter a idade de sete meses, pesando entre 130 e 140kg de peso vivo. A taxa de ovulação cresce do primeiro ao terceiro cio, portanto, ao cobrir a leitoa no momento do 3º cio, é provável que a leitegada seja maior. Segundo alguns autores, quando ocorre estímulo da leitoa para atingir a puberdade precoce, tem-se um organizado controle reprodutivo do rebanho e o plantel em bom estado nutricional, a cobertura pode ser realizada no momento do 2º cio. Evita-se, dessa forma, gastos adicionais com alimentação da fêmea. Entretanto, se as condições acima não forem verificadas, aconselha-se a cobertura pelo momento do 3º cio. Em ambos os casos o peso médio não deve ser inferior a 110 kg.
Alguns fatores podem retardar ou adiantar o aparecimento da puberdade.
a) Genéticos I.
A consanguinidade (atrasa várias semanas,) *porcas consanguíneas – 227 dias (1º cio) *cruzamento entre linhagens – 193 dias (1º cio)
II.
Cruzamentos: maturidade sexual mais precocemente, alguns autores citam que
o aparecimento, em nº de dias mais cedo que aquela das raças puras:
Poland China x Duroc 11,5 dias
Poland China x Yorkshire 31 dias
Duroc X Yorkshire 36 dias
b) Raça: as de porte menor alcançam puberdade mais cedo que as grandes. c) Clima: marrãs que nascem no outono – puberdade mais cedo que aquelas da primavera. Diferenças atribuídas às variações no fotoperíodo e tªambiente.Obs: 17 a 18 hs de luz_ puberdade mais cedo
d) Sexo: fêmeas geralmente mais cedo que os machos. e) Níveis nutricionais: 194 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
I.
Deficiências
ou
restrições
alimentares,
igualmente
o
excesso
de
energiaretardam a idade à puberdade.
II.
Uma dieta rica em energia, constituída de glicose, gordura e outros nutrientes
similares antes da cobrição (“flushing”), favorece o aumento da taxa de ovulação.
f) Fatores de manejo: isolamento das fêmeas em relação aos machos podem gerar um atraso da puberdade. O contrário pode ocorrer com o contato diário entre fêmeas e machos e o uso de hormônios; Marrãs criadas em baias coletivas tem sua puberdade antecipada; domesmo modo, a presença dos varrões entre as marras antecipa a puberdade através deestímulos sexuais. A combinação destes sistemas leva à melhores resultados, podendoadiantar o processo em até 15 dias.
g) Idade: embora o número de ovulação aumente com o desenvolvimento sexual da marrã, uma vez atingido o peso máximo, decresce com a idade da porca.
13.4.2 Flushing Entende-se por flushing um maior aporte de nutrientes para fêmea, o que na prática se traduz em fornecer uma quantidade de ração superior à que a fêmea vinha recebendo ou o mesmo volume de uma ração específica com maior densidade nutricional, por um período de 7 a 10 dias antes da data prevista do cio, com a finalidade de aumentar a taxa de ovulação. O flushing parece somente ter efeito quando a taxa de liberação dos óvulos estiver abaixo do normal (10-15 óvulos). No caso das fêmeas nulíparas, o flushing é recomendado onde as leitoas têm leitegadas pequenas. No caso de fêmeas pluríparas não se recomenda o uso do flushing, pois o mesmo não exerce efeito sobre a taxa de ovulação. Entretanto, em condições de desgaste intenso devido a lactação ou sub-alimentação, o flushing tem resultados compensatórios.
13.4.3 Ciclo estral Ciclo estral ou cio consiste nas mudanças fisiológicas recorrentes induzidaspelos hormônios reprodutivos. Ciclos estrais começam depois da puberdadeem fêmeas sexualmente maduras e são intercalados por fases anaestrais. Em relação ao ciclo estral, na espécie suína é do tipo poliestro não estacional,ou seja, não depende da época do ano para entrar em cio. O ciclo estral nessa espécie apresenta quatro fases distintas, que duram entre19 a 23 dias, com média de 21 dias. 195 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Veja no quadro a seguir as principais características de cada fase do ciclo estralobservadas em uma porca.
Como podemos observar na tabela anterior, o ciclo estral é composto por quatrofases:
a) Proestro ou fase de proliferação - Fase pré-ovulatória, tem duração de +- 2 dias, e se caracteriza pelo crescimento e maturação dos folículos ováricos, com predominância de estrógenos, estando presente em níveis mais elevados o hormônio folículo estimulante (FSH). Os corpos lúteosda ovulação anterior estão diminuidos e duros, em atresia (corposalbicans). O útero fica tenso, a vagina corada e edematosa e a cérvix aberta. Às vezes há presença de muco na vagina, com evidência da aproximação do novo cio, com início das manifestações psíquicas. A duração desta fase é de aproximadamente dois dias.Ocorre o amadurecimento dos folículos (mais ou menos 156 dias), maior [ ] de estrogênio no sangue (ovulação), o que proporciona aumento de mitoses no aparelho. reprodutor feminino.
b) Estro ou cio - Fase ovulatória, de cobrição com duração de aproximadamente 2 a 3 dias.O cio em porcas é de 12 a 18 horas mais longo do que em marrãs. Nas porcas a ovulação é espontânea, ou seja, é independente do estímulo do acasalamento. Ocorre em ambos os ovários, sendo que os óvulos, em sua maioria liberados 24 a 36 horas após as primeiras manifestações do cio. O intervalo de liberação do 1° ao último óvulo é de 1 a 7 horas. A taxa de ovulação é muito variável, sendo em média de 15 a 18 óvulos.
196 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
É fase em que a fêmea aceita o macho, permitindo a cópula. Terminado o cio, o macho perde, de um modo geral, o interesse pela fêmea, sendo também por ele repelido. De acordo com as características do cio, os animais, dividem-se:
1. Monoestrais- aqueles que apresentam um cio por ano. 2. Poliestrais- apresentam mais de um cio por ano. 3. Contínuos- aqueles que apresentam manifestações de cio durante todo o ano. Ex.: porca, vaca, coelha.
4. Estacionais- aqueles que apresentam cio em determinada época do ano (estação). Ex.: ovelha, cabra, égua. Tipos de cio?
1. Normal: é o cio de frequência e duração normais médias, ou seja, aproximadamente de 21/21 dias, com duração de 2 a 3 dias.
2. Silencioso: é o cio não exteriorizado, apesar da ovulação estar se processando normalmente. Não é muito comum.1,5% de ocorrência (nas porcas)
3. Cio pós-parto: de um modo geral mostra sinais de cio nos primeiros dias após o parto (+- 60 horas após parto). Este cio, provavelmente, seja devido aos estrógenos provenientes da placenta e que se encontram acumulados no sangue circulante. Todavia, não há ovulação, e mesmo em caso positivo, o útero não estaria em condições de dar início a uma gestação normal.
4. Cio durante período de aleitamento: Cios férteis no 15º dia de lactação (através de aleitamento interrompido mais uso de hormônios). Reduzem intervalo entre partos. Difícil controle e manejo.
5. Cio após a desmama:Deve manifestar cio para melhor eficiência reprodutiva. A granja deve procura atingir um período médio de retorno ao cio (PRC) de + 7 dias, visando obter maior número de partos/porca/ano:
O retorno ao cio é influenciado pelo estado nutricional e ordem de parto da fêmea, pela duração da lactação, época do ano emanejo adotado por ocasião e nos dias após o desmame. Porcas desgastadas durante a lactação (alimentação deficiente é o principal fator) e demora mais a manifestar o cio após o desmame, prejudicando a eficiência reprodutiva do rebanho.
197 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
6. Falso cio, cio de encabelamento ou pseudo: é um cio bastante raro, que pode ocorrer durante a gestação, de causa desconhecida, mas provavelmente devido a transtornos neuro-hormonais.
c) Metaestro: Nesta fase o útero perde a sua tenacidade e a vagina apresenta menos entumecida. Fase pós-ovulatória, com duração de 2 dias. Os ovários se caracterizam por apresentarem inicialmente depressões correspondentes aos locais de ovulação que posteriormente dão origem aos corpos hemorrágicos.
d) Diestro: Esta fase com duração de 14 dias após a ovulação, se caracteriza por: corpo lúteo maduro, útero quieto e sem tenacidade e presença da prionda de crescimento folicular. A mucosa da vagina e a cérvix estão secas e pálidas.
e) Anaestro: E o período de diestro prolongado. Pode-se constituir num dos tipos de esterilidade funcional, pela possibilidade de persistência do corpo lúteo.
198 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
13.4.5 Procedimentos para a detecção do cio É importante estabelecer um procedimento padrão para a atividade de diagnóstico de cio,obedecendo a uma rotina diária. O contato físico direto pela introdução do macho na baia dasfêmeas, pelo menos durante 10 minutos a cada dia garante a melhor estimulação paradetectar o estro e é útil para checar porcas que não exibem o reflexo de tolerância. Parafêmeas alojadas em gaiolas, a utilização de um cachaço em combinação com o teste dapressão lombar é o método mais acurado de identificação de fêmeas em estro. Idealmente odiagnóstico de cio deve ser realizado duas vezes ao dia com intervalo ótimo de 12 horas.
Levar a fêmea na presença do macho (baia) ou colocá-la frente a frente com o
cachaço(em gaiolas);
Utilizar um cachaço com idade acima de 10 meses. Também é aconselhável a
prática dorodízio de cachaços para e detecção de cio;
Iniciar a tarefa de detecção de cio cerca de uma hora após a alimentação. Se ao
invésde baias, a granja alojar as fêmeas em gaiolas individuais, um intenso contato "cabeçacom cabeça" passando o macho pelo corredor obterá bons resultados.
199 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Realizar o teste de pressão lombar imediatamente após mostrar o cachaço para
aporca.
Gentilmente massagear o flanco e pressionar (com as mãos ou cavalgando) as
costasda fêmea. A fêmea em cio para rigidamente, treme as orelhas e mostra interesse pelomacho;
Evitar movimentos rudes ou bruscos. O teste é menos efetivo se a fêmea tiver
medo dotratador;
Procurar alongar a exposição do cachaço quando estiver checando cio em
leitoas, umavez que as mesmas tendem a ser mais nervosas e inquietas. Caso o cio estiver sendochecado em uma baia, não utilizar um cachaço muito agressivo;
Após detectar o cio deve-se respeitar um período mínimo para realizar a monta
naturalou inseminar. O reflexo de imobilidade normalmente é apresentado em períodos de 8-12 minutos, seguido por períodos refratários de uma hora ou mais, devido a fadigaprovocada pelas contrações musculares.
13.4.6 Características dos cios nas porcas a) procuram o macho
b) montam umas nas outras, imitando o ato sexual c) respondem positivamente ao reflexo de imobilização d) intumescimento da vulva e) nervosismo e excitação f) redução do apetite g) grunhidos característicos h) micção frequente i)
orelhas caídas de forma característica
j)
às vezes há corrimento vaginal(amarelado-catarro).
13.4.7 Sincronização de cio Na exploração de suínos, é de grande importância ter um planejamento da produção, objetivando o aproveitamento racional das instalações e comercialização dos animais. A sincronização de cio consiste em fazer com que o grupo de porcas entre em cio mais ou menos juntas.
200 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
13.4.8 Hormônios da reprodução Os hormônios sintetizados e secretados pelas glândulas endócrinas são transportados para a circulação sanguínea para estimular, inibir ou interagir coma atividade funcional ou órgãos-alvo específicos, produzindo grande variação de respostas fisiológicas. Veja o quadro a seguir que cita os hormônios e suas funções na reprodução.
201 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
14 MÉTODOS REPRODUTIVOS FÊMEAS É sabido que o tamanho da leitegada é muito mais consequência do manejo do que de fatores hereditários. Nessas condições é com o manejo adequado, através do conhecimento do mecanismo fisiológico da reprodução, que se pode influir no aumento do número de leitões nascidos por parto. Atualmente, a exploração da reprodução da suinocultura está ligada ao tipode sistema de produção empregado na granja, sendo que em alguns casosnão se faz necessária a presença do macho. Nesse sentido, a reprodução dossuínos pode ocorrer de duas formas:
por cobrição: o criador necessita de um macho no rebanho;
por inseminação artificial: não obrigatoriamente se faz necessária apresença de
um reprodutor.
14.1 Pré-gestação É o período que antecede a cobrição, de duração média de 2 a 3 semanas, durante o qual a fêmea deve ser colocada em condições orgânicas adequadas para que a cobrição seja realizada com êxito.
A) Pré-Cobrição em Leitoas a) A maturidade sexual das leitoas ocorre entre 5,5 a 6,5 meses de idade, com algumas variações em função da genética, da nutrição, do manejo e do ambiente onde estão alojadas. Considerando que as leitoas, geralmente, chegam na propriedade, em média,com 160 dias de idade e manifestam o primeiro cio dentro de 10 dias, recomenda-se iniciar o diagnóstico do cio, uma vez ao dia, a partir do segundo dia da chegada das leitoas;
b) Evitar que as fêmeas se acostumem com a exposição ao macho por excesso de contato,isto dificulta a estimulação da puberdade e a detecção do cio. Alojar os cachaços deforma que as fêmeas desmamadas e leitoas em idade de cobrição possam vê-los e sentirem seu cheiro. Períodos de exposição direta de 10 a 20 minutos pelo menos umavez são ao dia, são suficientes;
202 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
c) Para iniciar o estímulo da puberdade deve-se utilizar um cachaço com bom apetite sexual, acima de 10 meses de idade, dócil e não muito pesado. Fazer o rodízio de cachaços para o estimulo e detecção de cio;
d) Abrir uma ficha de anotações e controle de cio para cada lote de fêmeas; e) Se a leitoa entrar em cio e não apresentar idade ou peso para cobrir, mantenha o registro para utilização desta leitoa dentro de 21 dias;
f) Fornecer diariamente às leitoas 2,5 kg de ração de crescimento até duas semanas antes da cobrição. A ração diária deve ser em duas refeições, pela manhã e à tarde;
g) Duas semanas antes da data provável de cobrição fornecer às leitoas ração de lactação à vontade;
h) Realizar a 1ª cobrição no 2° ou 3º cio, com idade mínima de 7 meses e 130 kg de peso;
i)
As leitoas que não demonstrarem o 1º cio até 45 dias após o início do manejo
para indução da puberdade devem ser descartadas.
B) Pré-Cobrição em Porcas a) Período ótimo de duração da lactação é de 21-23 dias permitindo uma perfeita involução uterina e um desgaste não excessivo no aleitamento. Em regra geral as porcas retornam ao cio 4 ou 5 dias após o desmame e se não ficarem cobertas voltarão a repetir o cio aos 21 dias.
b) Agrupar as porcas desmamadas em lotes de 5 a 10 animais, em baias de précobrição,localizadas próximas às dos machos;
c) Agrupar as porcas por tamanho, seguido de banho com água e creolina para reduzir o estresse e as agressões. Manter um espaço ideal de 3 m 2 por porca;
d) Fornecer ração de lactação às porcas, à vontade ou pelo menos 3 kg/dia, do desmame até a cobrição;
e) Estimular e observar o cio das porcas no mínimo duas vezes ao dia, com intervalo mínimo de 8 horas, colocando-as em contato direto com o macho a partir do segundo dia após o desmame.
203 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
14.2 Cobertura ou cobrição Instinto genésico: é a atração que o macho sente pela fêmea e esta, em aceitá-lo e vice-versa. Nesta ocasião ocorrem dois eventos, sendo um referente a fêmea (cio), e outro referente ao macho e a fêmea (cópula). Recebe outras denominações como serviço,salto, cobertura ou cópula É conveniente a adequação do tamanho da porca ao cachaço (tronco de monta se necessário).A baia de cobertura não deve ter cantos e nem pontos que possam causar lesões nos animais. O piso não pode ser escorregadio, sendo recomendado o uso de maravalha. O lado mais estreito da baia não pode ser inferior a 2,5 m. A limpeza da baia deve ser diária e a desinfecção realizada semanalmente. Podemos descrever três tipos de cobrição,de acordo com as condições de criação.
a) À solta, livre ou a campo: machos e fêmeas ficam juntos durante todoo cio, não existe controle de paternidade, os machos podem sofrer ferimentos fatais na disputa pelas fêmeas, não pode ser feita a previsão doparto, pois esse tipo de criação não permite controle zootécnico etc. Este sistema ainda é utilizado no Brasil em criações extensivas, e não é recomendado para criações tecnificadas. Apresenta a vantagem de um grande índice de fertilidade, e como desvantagens: dificuldade de controle sanitário do rebanho, não há controle de cobrições, não identifica as fêmeas e machos estéreis, há um esgotamento grande do macho.
b) Mista ou controlada: consiste em se colocar um grupo de fêmeas e apenas um varrão juntos em piquetes. Neste caso, existe controle da paternidade e não há competição entre machos, e um reprodutor pode servir maior número de fêmeas e programar a produção.Apresenta a vantagem do controle sanitário dos nascimentos, identificação das fêmeas e dos machos estéreis e evita-se a consanguinidade. Pode porém provocar esgotamento do macho devido a cobrições desnecessárias.
c) Dirigida ou à mão: é a mais racional, pois permite completo controle de paternidade, máximo aproveitamento do varrão e máxima eficiência reprodutiva. Nesse sistema,a fêmea em cio é levada à baia ou piquete de cobrição, onde será realizada a cobertura na presença do tratador, que auxiliará o varrão na introdução do pênis e compatibiliza o tamanho dos reprodutores como das fêmeas.Este tipo de cobrição é indicado para sistemas intensivo de criação de suínos, onde a cada ciclo, um determinado grupo de porcas deve ser coberto. A relação macho/fêmea deve serde um
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macho para 20 ou 25 fêmeas. Tem ainda a vantagem de evitar a consanguinidade e permite ummelhor controle zootécnico da criação. Na cobertura, a ejaculação do suíno dura em média cinco minutos, mas podendochegar até 25 minutos. O volume do ejaculado, devido às secreções dasglândulas acessórias, é em média 150 a 250 ml, podendo chegar até a 500 ml. Idealmente, uma única cobertura ou inseminação, realizada entre 24 e 36 horas após o início do cio deve garantir bons resultados de fertilidade. Na prática, porém, recomenda- se a realização de no mínimo duas coberturas: a prime ira monta é efetuada 18 a 24 horas após a constatação do RTM, seguida de uma segunda cobertura 12 horas após. Uma terceira cobertura pode ainda ser realizada 12 horas após a segunda. Para marrãs recomenda-se a primeira cobertura quando da constatação do RTM. Observe o quadro abaixo:
14.2.1 Momento da cobrição em relação a ovulações O momento ideal para a cobrição apresenta alguns problemas, devidos principalmente a:
a) Duração do cio 2-3 dias, sendo que o cio das porcas duram de 12-18 horas a mais do que os de leitoas.
b) A maioria dos óvulos são liberados 24-36 hora sem nulíparas, após os 1°s. sinais de cio, e 33 a 39 horas em pluríparas, com duração aproximada de 3 horas.
c) O intervalo deliberação do 1° ao último óvulo é de aproximadamente 7 horas. d) O período de viabilidade dos ovos, ou melhor dos óvulos, ou seja, o período em que podem ser fecundados é de 6 a 15 horas.
e) Os espermatozoides conservam o seu poder fecundante por 25-42 horas f) Os espermatozoides levam aproximadamente 2 h para atingir a região dos óvulos (terço superior da trompa). Pelos motivos acima expostos, aconselha-se fazer no mínimo duas coberturas no mesmo período de cio. As leitoas devem ser cobertas no 1° e 2° dia do cio. Já as porcas devem ser cobertas no 2° e 3° dias do cio. Em ambos os 205 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
casos os intervalos das duas montas deve ser mais ou menos 12 horas, pois o uso desta prática aumenta a fertilidade.
14.2.2 Cópula Ato sexual por dois indivíduos de sexos diferentes, divididos em 4 fases. - Excitação ou desejo sexual - Ereção - Ejaculação - Orgasmo. Na fêmea não ocorre o fenômeno de ejaculação. A ejaculação se processa no útero, demorando em média 5 minutos, mas, podendo chegar até 25 minutos, o volume ejaculado, devido a secreção das glândulas acessórias, pode chegar em média de 150 a 250 ml. O líquido seminal é de composição diferente durante a ejaculação, sendo parte fluida (pobre em espermatozoide), sai antes da cópula com função principal de lavar a uretra; parte intermediária, mais rica em espermatozoide (100 a 300 milhões/cm 3). O ejaculado final é que forma o tampão vaginal (limpar a uretra após a ejaculação e tampar a abertura da cérvix após a ejaculação), e é constituído por material gelatinoso que para fins de inseminação artificial ser filtrado com gaze ou algodão.
14.2.2.1 Número de Coberturas por Cio Devido a existência de diversas evidências sugerindo que a fertilidade (tabela seguinte),o índice de retorno são melhorados quando acontece pelo menos duas coberturas, é aconselhável colocar a porca em cobertura no mínimo duas vezes.
Também é possível usar um segundo cachaço para remonta, desta forma existe a possibilidade de aumento da leitegada (Tabela 05) e melhora na taxa de concepção além de um melhor aproveitamento dos reprodutores.
206 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
14.3 Inseminação artificial (IA) A maximização da eficiência reprodutiva em uma unidade de produção de suínos, é fundamental para a viabilidade econômica na exploração. Para tanto, é necessário que sejam idealizadas técnicas de manejo que permitam alcançar taxas de parto e tamanho de leitegadas compatíveis com custo-benefício favorável a sua difusão nas camadas responsáveis pela produção. A inseminação artificial é a biotécnica de reprodução, cujo objetivo principal é a maximização do uso dos ejaculados,mantendo ou mesmo melhorando a eficiência reprodutiva eprodutiva em relação à monta natural. A IA é utilizada empraticamente todos os países com suinocultura tecnificada havendo uma tendência mundial no aumento do número de fêmeas inseminadas anualmente. Em suínos é mais simples e mais fácil que em outras espécies. Os ejaculados obtidos de machos alojados e utilizados nas Centrais de Inseminação Artificial (CIA) devem preencher uma série de requisitos, tais como: serem livres de agentes patogênicos, grandes volumes e número de espermatozoides, capacidade de fertilização e serem de alto valor genético. O sêmen após coletado pelo método da mão enluvada, é filtrado desprezando-se a parte gelatinosa, depois diluído e resfriado em geladeira em temperatura de +-15ºC. Durante a inseminação além da porca exigir o reflexo de monta, deverá ser constantemente estimulada com a aproximação do macho, com pressão exercida sobre o dorso-lombo e com estímulos manuais no clitóris. No Brasil, a IA em suínos teve seu início em 1975, por meio da instalação de duas CIAs, estrategicamente colocadas em regiõescom grande concentração de suínos, em Estrela-RS e Concórdia-SC. A partir destas duas CIAs ocorreu uma difusão da técnica para unidades de produção de suínos, que utiliza a IA em sistema interno, mantendo a sua própria CIA, e para outras centrais criadas em outros estados da Federação. Apesar disso, essa biotécnica ainda é pouco utilizada no Brasil, especulando-se que apenas
207 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
cerca de 5% da população de fêmeas seja inseminada, mas com a mesma perspectiva de crescimento referida anteriormente. A técnica de IA é fácil e possível de ser executada por qualquer criador treinado. Quatro fatores determinam a não expressão da IA em criações de médio e pequeno portes:
1. temperatura de conservação; 2. redução rápida da viabilidade, principalmente onde as doses são transportados por vias de difícil trafegabilidade ;
3. criadores não incorporam a necessidade de proceder com higiene a técnica; 4. forma que se organiza o segmento produtor do sêmen e o consumidor. A) Coleta do sêmen Nessa fase, ocorre o preparo de um manequim que simule a presença da fêmea e provoque o estímulo da monta do macho. A limpeza do prepúcio é aconselhável antes da monta para evitar a contaminação do sêmen. A coleta propriamente dita se dá segundos antecedentes à ejaculação. Para isso, é importante que o responsável esteja atento e seja ágil para realizar a coleta no momento certo. O sêmen, após coletado artificialmente, deve ser filtrado desprezando-se a parte gelatinosa, depois diluído e resfriado em geladeira em temperatura de ± 15ºC.
B) Tecnologia do sêmen Essa etapa compreende a avaliação e classificação do sêmen coletado. Caracteres físico-químicos como volume, cor, aspecto e odor, e caracteres microscópicos como densidade, motilidade e morfologia espermática são avaliados. Características principais do sêmen destinado a IA:
a) Volume: 100 mL b) Concentração espermática/dose: 3 x 10 9 c) Temperatura de conservação: 12-16° C d) Viabilidade espermática: até 72 horas após diluição
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C) Inseminação na porca É indispensável à presença de cio na porca para a sua inseminação. Ela deverá ser constantemente estimulada com a aproximação do macho, com pressão exercida sobre o dorso-lombo e com estímulos manuais no clitóris. Além das etapas descritas, a escolha dos animais tanto para coleta de sêmencomo para serem inseminados deve ser rigorosa, com histórico detalhado ecaracterísticas desejáveis. As instalações e equipe técnica também devem seradequadas, permitindo total controle da biotecnologia. Quando as fêmeas são inseminadas deve-se observar o momento da inseminação, pode-se utilizar oestabelecido no quadro a seguir.
D) Vantagens da IA a) Diminuição do número de machos necessários à reprodução, na monta natural são 1 macho para 20 fêmeas, na IA é necessário em torno de 1 macho para cada 50 ou 100 fêmeas;
b) Melhor aproveitamento da capacidade reprodutiva dos machos geneticamente melhorados;
c) Maior segurança sanitária, diminuindo os ris cos de introdução e difusão de doenças no SPS;
d) Reconhecimento de machos subférteis ou inférteis; e) Maiores cuidados higiênicos nas coberturas; f) Eliminação de ejaculados impróprios para uso; g) Reduz o custo de produção; h) Facilita a realização de cruzamentos; i)
Menor número de cachaços por plantel e menor custo de aquisição e manutenção
dos reprodutores; 209 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
j)
controle mais preciso das características a serem melhoradas no rebanho.
E) Desvantagens da IA: • Estrutura laboratorial mínima na propriedade. • Impossibilidade de preservar o sêmen por longos períodos sem prejuízosda capacidade de fertilização. • A falta de mão de obra qualificada. • Poucas centrais de inseminação e dificuldades de aquisição de sêmen. Alguns trabalhos têm mostrado que o tamanho médio da leitegada é ligeiramente inferior às obtidas pela monta natural; além disso, exige maiores condições de infraestrutura e o criador é obrigado a diagnosticar o momento exato do cio para o êxito da inseminação. A inseminação pode ser realizada com o uso de sêmen fresco, resfriado e
congelado. O sêmen fresco sem nenhum resfriamento e sem diluição, é imediatamente utilizado na IA, neste caso, deve-se manter o sêmen a 37ºC ou à temperatura ambiente por2 a 3 horas no máximo, antes de sua aplicação. Aproveitando somente as fases préespermática e espermática do ejaculado. A técnica mais viável do ponto de vista biológico e econômico, é a inseminação com o sêmen resfriado. O sêmen é armazenado à temperatura de 15 a 18 ºC, e na preparação do esperma resfriado, é necessário utilizar a taxa de diluição apropriada, um diluente adequado e empregar velocidade lenta de resfriamento, a fim de não alterar a fertilidade. A adição de antibiótico no diluidor evita a proliferação bacteriana. Com um ejeculado suíno prepara-sede 10 a 15 doses, cada uma com 3 bilhões de espermatozoides. Os resultados das taxas de parição e leitões nascidos vivos, são similares aos da monta natural.
Sêmen congelado - o congelamento de sêmen é realizado com animais de alto valor comercial, onde o mais importante é a transferência do material genético e não os níveis ótimos de fertilização e de fecundidade. Com o uso de sêmen congelado, a fertilidade alcançada resulta em taxa de parto 20 a 30% inferiores e o tamanho da leitegada é menor (2 a 3 leitões menos) quando comparada com o sêmen resfriado e a monta natural. Como você pode observar, os métodos de reprodução de suínos, seja porcobrição ou por inseminação artificial, são utilizados de acordo com as condiçõesdo produtor ligadas 210 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
ao tipo de criação. O uso de tecnologias, no casoa inseminação artificial, gera maiores custos, porém, se bem planejado, oprodutor terá melhores resultados.
14.4 Fertilização A fertilização (penetração do espermatozóide no óvulo) se dánormalmente poucas horas (1 a 3 horas) após a monta ou IA, sendoque após 14 horas praticamente é de 100% a fertilização. Os óvulos fertilizados atravessam o oviduto e penetram no útero em torno detrês dias após a cobrição, onde se repartem em número + iguais em ambos os cornos uterinos. Os eventos que s e sucedem podem assim ser discriminados:
a) formação do embrião b) implantação do embrião nos cornos uterinos (nidição) e c) transformação do embrião em feto - fase embrionária que vai da nidição até o parto. A taxa de concepção é a percentagem de coberturas naturais ou artificiais que dão lugar ao desenvolvimento de fetos viáveis. Recomenda- se uma taxa de 85% pelo menos, pois nem todos os óvulos fecundados se implantam e nem todos os ovos implantados dão origem a um leitão nascido vivo. Isto quer dizer que ocorrem perdas nas fases embrionárias e fetal (de 25 a 40%). A maior parte das perdas ocorre na fase de implantação dos embriões. Os índices de perdas durante a gestação são os seguintes: - infertilidade: - 2 a 10% - perda da ovulação aos 25 dias: -16 a 25% - perda da ovulação aos 40 dias: 18 a 33% - perda total (ovulação ao final da gestação): 40%
14.5 Gestação A importância fundamental de qualquer animal está na sua capacidade de reproduzir. A maior responsabilidade na reprodução cabe à fêmea, pois a ela cabe a tarefa de produzir gametas viáveis e participar do coito, como também fornecer provisão e um ambiente ideal para o transporte dos espermatozoides para a fertilização. Além disso a fêmea tem que nutrir o novo organismo em desenvolvimento até o parto, dar-lhe nascimento vivo e fornecer-lhes cuidados até que ele seja capaz de alimentar por si mesmo. Durante todo esse processo uma série de fatores genéticos e ambientais se 211 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
integram e nunca devemos esquecer que dentre os fatores ambientais a nutrição da gestante é de suma importância.
Duração: é o período que vai desde a fecundação até o esvaziamento do conteúdo uterino. Embora a literatura registre período de gestação desde 102 até 128 dias, a duração média é de 114 dias, caindo grande número de gestações entre 111 e 117 dias.
A) Recomendações na fase de gestação a) Preferencialmente alojar as porcas e leitoas em boxes nos primeiros 30 dias de gestação. Os deslocamentos são claramente desaconselhados entre o dia 7 e o dia 18de gestação. O ambiente deve ser calmo. Evitar o estresse;
b) Manter as instalações em boas condições de higiene e limpeza. Quando alojadas embaias coletivas a área para leitoas deve ser de 2,0 m 2 e porcas de 3,0 m 2;
c) Tanto as porcas do início da gestação (até 4 ou 5 semanas pós cobertura) como aquelas do final da gestação (1-2 semanas pré-parto) necessitam especial atenção quanto a temperatura ambiental. Temperaturas elevadas causam efeitos negativos com perdas embrionárias mais evidentes, especialmente entre os dias 8-16 pós-cobrição;
d) Após a cobrição até cinco dias de gestação fornecer às fêmeas de 1,8 à 2,0 Kg de ração por dia;
e) Entre o dia seis e o dia 56 alimentar as porcas em função do seu estado ao desmame
f) Entre os dias 56 e 85 de gestação, fazer ajuste na quantidade de ração (2,0 a 2,5kg/dia/porca) de forma que a porca esteja em uma boa condição corporal;
g) Dos 86 dias de gestação até transferência para a maternidade deve ser fornecido até3,0 Kg diários de ração;
h) A ração deve ser fornecida em duas refeições, pela manhã e à tarde. A oferta de águadeve ser à vontade, de boa qualidade e com temperatura inferior a 20°C (consumo diário de 18 à 20 litros).
i)
Aplicar as vacinas previstas para a fase de gestação e para a segunda semana
pós-parto;
j)
Movimentar as fêmeas no mínimo quatro vezes por dia (duas por ocasião da
alimentação) para estimular o consumo de água e a micção. Supervisionar e anotar os corrimentos vulvares durante este período;
k) Identificar os animais com problema, anotar os sinais de inquietação e controlar a temperatura corporal, tratando com antitérmicos se for superior a 39,8°C. Observar e registrar os abortos e retornos tardios; 212 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
l)
Fornecer alimentação mais fibrosa na última semana de gestação. Lavar as
fêmeas antes de irem para a maternidade.
14.5.1 Diagnóstico da gestação Existem várias técnicas para diagnosticar a gestação de porcas, como: radiografia, testes hormonais, testes hematológicos, indução do cio, biópsia vaginal, detecção ultrassônica, da vida fetal e palpação retal (traumatiza animal). Os métodos visuais incluem a ausência de cio, desenvolvimento da glândula mamária, aumento do volume abdominal,do dia 18 à 24 passar o cachaço em frente às porcas pela manhã e pela tarde, após os horários de arraçoamento para verificar retornos de cio, além do animal mais calmo (devido da concentração de progesterona no sangue), não sendo métodos específicos, tendo apenas uso prático no terço final da prenhes. As porcas gestantes podem ser alojadas em grupo (no máximo seis animais) ou individualmente, em gaiolas, sendo preferível esta, pois facilita o acompanhamento da condição corporal da porca. Aporca gestante não deve engordar muito, pois poderá ocorrerproblemas durante o parto, aumentar a mortalidade de leitões poresmagamento e também prejuízo na produção de leite, desmamando leitegadas leves. Nota – ultimamente, na Comunidade EconômicaEuropéia e em vários outros países do mundo, está sendo abolidoes te tipo de alojamento de fêmeas gestantes.
14.5.1.1 Controle de Retorno ao Cio Baseia-se no reaparecimento do comportamento de cio, no caso da ausência de gestação. Esse retorno pode ser normal ou não (em média 21 e 26 a 35 dias, respectivamente). Segundo alguns autores o controle de retorno ao cio deve ser 213 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
realizado com auxílio do cachaço (Tabela 06), usando a mesma técnica efetuada no diagnóstico de cio. Alta aplicabilidade.
14.5.1.2 Prova do Sulfato de Estrona Baseia-se na detecção dessa sub stância, produzida pela placenta entre 16 a 35 dias de gestação (nível ótimo aos 25 dias). Baixa aplicabilidade.
14.5.1.3Ultra-sonografia Existem vários modelos de aparelhos de ultra-sonografia para determinar a gestação. Os do tipo A fornecem resultados altamente confiáveis em animais prenhes, porém apresentam tendência de falso positivo em fêmeas vazias. O período ideal para a sua utilização é de 30 a 60 dias. Os instrumentos tipo Doppler são mais precisos e podem ser usados a partir dos 28 dias. Instrumentos de última geração podem fornecer resultados seguros aos 21 dias, porém são muito caros. Aplicabilidade em núcleos genéticos e pesquisas.
14.5.1.4 Palpação Retal Este método consiste na palpação e presença de frêmito na artéria uterina. Permite um diagnóstico de prenhez em 60 segundos, com precisão de 90% quando realizado entre 30 e 60 dias de gestação. Sua realização só é possível em fêmeas pluríparas, pesando acima de 150 kg. Mesmo assim deve-se ter o máximo de cuidado para não romper a parede retal. Este trabalho deve ser feito com uso de luvas e substância lubrificante.
214 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
C = Cobertura ; P = Parto ; Base 114 d
215 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
14.5.2 Mortalidade Embrionária 25 a 40% dos óvulos fertilizados são perdidos durante a gestação. A maior parte das perdas ocorre no terço inicial da gestação. A porca produz em média 15 a 18 óvulos, mas, desse número nascem apenas 10 a 12 leitões.
Alguns fatores que influenciam a mortalidade pré-natal A. Alimentação: Como já foi dito, a alimentação de altos níveis energéticos à porcas antes da cobrição provoca uma enorme ovulação, porém, persistindo este tipo de trato após a cobertura, a mortalidade embrionária será maior.
B. Idade da porca: Há um aumento da mortalidade pré-natal com o aumento da idade da porca.
C. Fatores ambientais: altas temperaturas (32 a 39 ºC), provocam maior taxa de mortalidade embrionária.
D. Consanguinidade: provoca diminuição do tamanho da leitegada. Os cruzamentos tendem a aumentar o n°. de leitões nascidos.
E. Fatores infectocontagiosos: principalmente nos primeiros 24 dias, doenças como leptospirose, brucelose e outros tipos de bactérias, bem como algumas infecções viróticas aumentam a percentagem de mortalidade pré-natal. Obs.: 12-13 dias – fixação embrião; 13-24 dias – mortalidade embrionária (embriões são reabsorvidos pelo organismo); a partir de 30 dias – aborto.
F. Excesso de animais gestante/baia: Elevada mortalidade embrionária, 2 m2/animal é o ideal.Obs: chuveirinho – para ajudar refrescar
G. Manejo: pancadas, estresse.
14.5.3 Transferência para Maternidade Recomenda-se que as fêmeas sejam transferidas para maternidade entre 5 a 7 dias antes da data provável do parto, visando sua adaptação e o equilíbrio entre seu microbismo e o do novo meio ambiente. A transferência, sempre que possível, deve ser feita pela manhã ou a tardinha e de uma maneira tranqüila evitando agitar os animais. Antes da introdução na cela ou baia parideira, as porcas devem ser banhadas com água, sabão e auxílio de uma escova para eliminar possíveis fontes contaminantes que possam estar aderidas à pele. A lavagem deve ser feita na direção antero-posterior e dorso-ventralmente, dando especial atenção à área perivulvar, região do aparelho mamário e dos cascos. Outras importantes observações dizem respeito à presença de ectoparasitas e a verificação das condições gerais da baia (comedouros, bebedouros). 216 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Nunca é demais que se diga da importância que o manejo exerce nessa fase, sendo que qualquer aspecto negativo que traga desconforto aos animais, provavelmente terá seus reflexos no parto.
14.5.4 Manejo da Cela Parideira ou Baia Convencional É comum fornecer às porcas pré parturientes ração contendo níveis acima do normal de fibra bruta com o objetivo de tornar a dieta laxativa. Quanto a diminuição na quantidade de ração administrada, visando a prevenção da ocorrência de constipação e congestão do aparelho mamário pode, segundo alguns autores, conduzir os animais a uma agitação, resultando em um número maior de leitões recém-nascidos feridos ou mortos. Existe a possibilidade de continuar com a mesma quantidade de ração, porém, adicionando 10 gramas de sulfato de magnésio (sal amargo) à ração, durante dois a três dias antes, até quatro dias após o parto.
14.6 Parto Esta é, sem dúvida, uma das etapas de maior importância na produção de suínos. Qualquer problema que ocorrer durante o parto pode afetar drasticamente a eficiência, tanto da porca quanto do leitão. É a expulsão do feto após completo desenvolvimento. Conjunto defenômenos fisiológicos (hormonais – estrogênio, oxitocina) e mecânico (pressão na cérvix – ativa hipotálamo – produção de oxitocina) que determinam a expulsãodofeto.Amaior ia dos partos ocorre à noite (80%).
14.6.1 Classificação do parto a) Quanto ao tipo 1. Normal, fisiológico; 2. Anormal, distócico, laborioso ou patológico. Parto distócico é aquele em que a fêmea não consegue expulsar o feto, devido à desproporção entre o feto e a bacia, anomalia das contrações abdominais monstruosidades fetais, ossificação da cabeça etc.
b) Quanto à duração da gestação 1. A termo: processa-se no período normal da gestação;
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2. Prematuro: temporão ou precoce, ocorrendo antes de completar o período normal de gestação. Não confundir com aborto que é a expulsão do produto resultante da concepção antes que o mesmo seja considerado viável.
12.6.2 Fases do parto a) Dilatação:adelgaçamento e dilatação do colo, inseminações do feto e ruptura das bolsas d’água.
b) Expulsão:saída do feto para o meio exterior, com média de intervalo entre a ”saída” dos leitões de 12 a 16 minutos.
c) Delivramento ou parto anexal: é a expulsão da placenta e anexos fetais com duração média de 15 a 30 minutos.
d) Puerpério: puerpério é o conjunto de fenômenos fisiológicos de regressão que ocorrem no aparelho reprodutor após o parto. Tem duração média de 21 dias, sendo que é nos sete primeiros dias de lactação que ocorrem as alterações mais importantes. Tanto o desmame quanto a cobertura durante o período de puerpério levam a uma elevada taxa de morte embrionária e de leitegadas pequenas. A tabela seguinte abaixo mostra a relação entre o tamanho da leitegada à desmama e a cobertura das fêmeas, durante e após a fase de puerpério.
É importante ficar atento nos primeiros quatro dias pós-parto, observando alterações na temperatura corporal, aparelho mamário e apetite, com vistas a identificar qualquer sintoma de mamite, metrite e agalactia (MMA). Nesse período o indicador mais prático de transtornos patológicos é a anorexia.
14.6.3 Duração do parto É de duas a seis horas, apesar da literatura citar como padrão normal desde 30 mim à dezesseis horas. Há autores que relatam que são considerados distócicos aqueles com duração acima de 6 horas.Diversos trabalhos demonstram que quanto mais longa a duração do parto, maior o número de natimortos. Ambientes barulhentos, temperaturas 218 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
altas, intervenção do criador através de toque vaginal em momento não apropriado ou aplicação de elevadas doses de ocitocina tornam o parto mais prolongado. Com o aumento da freqüência das contrações uterinas tem início o parto, as contrações são bastante dolorosas, provocando inquietação e desconforto abdominal à fêmea. Para que a fêmea tenha facilitado seu trabalho de parto, é importante a posição de decúbito lateral. Em pluríparas o intervalo de expulsão entre leitões é, em média, 16 a 20 minutos. Já no caso de primíparas este intervalo é maior. A posição do leitão é considerada normal, quando sua insinuação é anterior ou posterior. A eliminação da placenta é normal quando dura até uma hora após a expulsão do último leitão. As maneiras pelas quais a porca pode eliminar a placenta são: - imediatamente após o nascimento do leitão; - após o nascimento de um grupo de leitões; - logo após o nascimento do último leitão. Não é recomendável puxar a placenta quando esta ficar presa, pois pode ocasionar metrite. É possível que a porca venha comer a placenta, entretanto, esta atitude não apresenta inconveniente para porca ou para o leitão.
14.6.4 Sinais de parto Durante os dias que antecedem o parto as fêmeas devem ser observadas individualmente de forma cuidadosa. As glândulas mamárias e a vulva oferecem um bom diagnóstico da aproximação do parto, pois ambas aumentam gradativamente até a parição. Mudanças no comportamento das fêmeas são notadas, ficando bastante inquietas. O preparo da cama (em caso de baias convencionais), seguido alternadamente por períodos de inquietação intensa e inatividade, coincide com o início das dores do parto e ocorrem 24 horas antes do mesmo. Apesar de tudo, estes sintomas não permitem dizer com exatidão o momento do parto. É a atividade secretora da glândula mamária que oferece o melhor prognóstico do início da atividade de parto (Tabela 07).
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Outros sinais de que uma porca esteja próxima ao partosão:
a) fêmea deitada, com movimentos de pedalagem b) vulva edemaciada, congesta e c) à ordenha, presença de colostro nasglândulas mamárias. d) inquietude (10 a 12 h. antes do parto). e) ventre baixo f) nidação (ninho) – líquido aparece na vulva g) depressão na garupa (anca) h) micções e corrimento vaginais frequentes
14.6.5 Cuidados com o parto O parto deve ser acompanhado para, se necessário o manejador intervir. Também, para prestar os primeiros cuidados com os leitões recém nascidos. Com estes procedimentos reduz-se as perdas de leitões.
No parto pode se fazer uso de hormônios para induzir esincronizar a parição, bem como para corrigir a insuficiência decontrações uterinas durante o parto. A indução e sincronização é feita em grandes criações, onde se deseja a concentração de partosno horário normal de trabalho. Os hormônios utilizados são: 220 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Prostaglandina F2alfa – aplicar, dois dias antes da previsão departo, na dose de 1 ml de cloprostenol, via intramuscular às 7:30horas da manhã aos 112 dias de gestação;
Ocitocina – aplica- s e 10 UI, via intramuscular, entre 20 a 24horas após a injeção de PGF2alfa. Em partos demorados, após verificar que não existe obstáculo à expulsão dos leitões e que a matriz apresente baixa contração uterina, aplicar uma doze de ocitocina(10 UI). Não aplicar ocitocina antes do toque vaginal e donas cimento do primeiro leitão. Normalmente os indutores do parto são aplicados via intramuscular por serem mais práticos. Porém, aplicação via intravulvar não determinou perda dessa característica e possibilitou a redução da dose recomendada. Alguns dados mostram resultados reprodutivos deletérios após a indução. É importante o técnico avaliar os diferentes aspectos que norteiam a criação optando, preferencialmente, para um manejo mais natural dependente da endocrinologia endógena do animal.
14.6.6 Intervenção no Parto A intervenção no parto deve ser feita quando o intervalo de nascimento dos leitões estiver acima do normal (1,5-2 horas) ou quando, mesmo após o nascimento de vários leitões, as contrações continuarem e não ocorrer o nascimento dos leitões. Em ambos os casos se recomenda, como primeira medida a ser adotada, o toque vaginal para verificar a presença e a posição do leitão, retirando-o quando possível. O toque vaginal deve obedecer a seguinte seqüência: - lavar a parte posterior da porca; - limpar rigorosamente as mãos e os braços; - vestir luvas; - passar um lubrificante sobre as luvas e, - introduzir lentamente a mão, evitando movimento bruscos, O toque vaginal deve ser feito sob rigorosas condições de higiene. O uso da ocitocina deve ser realizado quando o parto for demorado e não houver obstáculo à saída dos leitões, sempre observando a dosagem recomendada. É muito comum ocorrer em criações um uso excessivo de ocitocina o que é contraproducente do ponto de vista técnico e econômico. A ocitocina não deve ser aplicada antes do toque vaginal e do nascimento do primeiro leitão, uma vez que pode estar ocorrendo um estreitamento da 221 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
via fetal ocasionado por diversos motivos cujo medicamento não exerce efeito podendo até prejudicar.
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14.6.6.1 Leitões natimortos São considerados leitões natimortos os fetos levados à termo em tempo normal de gestação, porém mortos. Numerosas pesquisas mostram que 5 a 8% dos leitões nascem mortos. A literatura, no entanto cita urna variação de 3,4 até 19,9%.
14.7 Lactação Variável, segundo à tecnificação das granjas. Hoje, a maioriadas granjas adotam o desmame precoce, inter rompendo a lactação aos 21 dias. Isso visa obter um maior número de leitegadas/porca/ano. A lactação tem início no parto e termina no desmame dos leitões. É importante que durante a lactação haja um meio ambiente tranquilo, uma vez que estudos demonstram que os reflexos envolvidos na liberação de ocitocina e prolactina, estão intimamente ligados ao comportamento social e ao meio ambiente. Portanto, ambientes adversos podem interferir na lactogênese, o que tem como consequência a produção de leitões fracos e incapazes de estimular suficientemente a glândula mamária, provocando maior inibição da secreção láctea. Os leitões mamam em torno de 20 vezes por dia em intervalos bastante regulares através de estímulos maternos. A ingestão por mamada é de 30 a 50 ml de leite.
14.7.1 Alimentação Durante a lactação há um desgaste muito grande da porca, um vez que normalmente as exigências nutricionais imprimidas pela lactação excedem sua capacidade de consumo. A recomendação para fêmeas em lactação é, a partir do 5º dia, fornecer ração “ ad
libitum” em 3 refeições diárias.
14.8 Desmama Entende-se por desmama a separação dos leitões da porca, sendo os leitões conduzidos para creche e a fêmea à reprodução. Para um aproveitamento mais eficiente das instalações, as porcas devem ser desmamadas em grupo (manejo escalonado). O manejo alimentar, por ocasião da desmama, tem como objetivo conseguir uma redução na produção de leite e estimular um maior consumo de ração por parte dos
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leitões. Recomenda-se reduzir a ração progressivamente 3 dias antes da data do desmame, sendo que na véspera a porca deve receber em torno de 0,5 quilograma. Alguns autores aconselham que, no dia da desmama, se adote a prática de suspensão do fornecimento de água por 24, e de ração por 24 ou 48 horas. A privação de água e ração, além de reduzir a produção láctea, parece estar ligada ao estímulo ao cio.
O manejo dispensado à porca após a desmama, exerce grande influência em sua eficiência reprodutiva, estando esta relacionada com o número de leitões no parto seguinte. O manejo adotado nesta fase parece exercer um efeito maior em primíparas que pariram um grande número de leitões. Em função de alterações hormonais desencadeadas, principalmente pela ausência de sucção pelos leitões, a porca entra em cio novamente entre três e dez dias após a desmama, sendo que até doze dias é considerado normal. Porém ocorre grandes variações dependendo da idade da desmama. Existe uma relação inversamente proporcional entre idade da desmama e intervalo desmama-cio. Recomenda-se que a partir do 2º dia após a transferência da fêmea se realize, com auxílio do cachaço, o diagnóstico do cio. Quando as fêmeas são alojadas coletivamente, solta-se o cachaço com elas por quinze a vinte minutos/dia. No caso das fêmeas ficarem alojadas em gaiolas individuais, recomenda-se passar o cachaço duas vezes ao dia nos corredores anteriores e posteriores.
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14.9 Descarte de Fêmeas Evitar o acúmulo de porcas muito velhas na granja, mantendo sempre a recomendaçãode reposição anual de 30 a 40%; As porcas que apresentarem qualquer um dos problemas abaixo relacionados devemser descartadas:
a) Não retornarem ao cio até 15 dias após o desmame; b) Com danos severos nos aprumos; c) Com falha de fecundação; d) Com duas repetições seguidas de cio; e) Que apresentaram dificuldades no parto; f) Qualquer ocorrência de doença; g) Com baixa produtividade; h) Com problemas de Metrite, Mastite e Agalaxia (MMA); i)
Que apresentaram aborto ou falsa gestação.
14.10 Parâmetros Reprodutivos a) Taxa de concepção (TC): definida pelo número de fêmeas gestantes em relação ao número de fêmeas acasaladas. Expressa a percentagem de fêmeas de um mesmo grupo que s e apresentam em gestação dentro de 40 dias após a cobrição.
225 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
A TC fornece uma indicação precoce de um problemareprodutivo
b) Taxa de parição (TP): refle te o fracasso ou sucesso dacobrição, concepção e gestação. É a percentagem de fêmeas queparem em relação ao número total de fêmeas cobertas
c) Taxa de mortalidade de matrizes (TMM): é calculadacom base no número de matrizes que morre ram anualmente emrelação ao tamanho médio do p lantel de matrizes (levantamentomens al).
Obs.: As leitoas selecionadas para reprodução (ou adquiridas, são incluídas no plantel de matrizes.
d) Fertilidade: Definida pelo número de óvulos fertilizados em relação ao número de óvulos liberados. Expressa empercentagem e, na espécie suína, alcança elevados índices (95%), dependendo da fertilidade do macho e das condições em que for realizada a cobertura.Popularmente fertilidade é a capacidade de um animal produzir número grande de criar vivas, e esterilidade a incapacidade total de produzir qualquer cria. Qualquer sexo pode ser estéril mas os criadores chamam “maminhas” as fêmeas estéreis. Fecundidade é a capacidade potencial da fêmea produzir óvulos funcionais.
e) Vida Útil: É definida como sendo o intervalo entre oprime iro parto e a eliminação do animal da reprodução. Intervalo entre o 1° parto e aclimação da porca. Em média vai de 2,5 a 3,5 anos, o que representa uma reposição anual de 33% do plantel de matrizes;
f) Intervalo entre partos: É de extrema importância em suinocultura, pois dele depende o número de partos por porca porano. Existem três variáveis que regulam o intervalo entre partos em dias. - Cobrição fértil - 08 dias - Período de gestação - 114 dias - Período de lactação - 30 dias Portanto perfazendo um total de 152 dias, e com um bom manejo o produtor poderá atingir dois ou mais partos/porca/por ano.Varia em função do período de lactação conforme tabela aseguir:
226 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Assim, quanto melhor a tecnologia empregada na criação,menor pode s er o período de lactação e maior será o número departos por matriz por ano.
g) Intervalo de gerações: Os suínos possuem um curtointervalo de gerações em relação as outras espécies, superadoapenas pelas aves. O intervalo entre gerações é definido como aidade dos pais quando nascem seus filhos. Para suínos é de 2,5anos, e para as aves é de 1,0 ano. Desta forma, o intervalo degerações curto permite aumentar o ganho genético;
h) Produtividade: É formada pela prolificidade (elevadonº de leitões nascidos vivos por parto), pela precocidade, rusticidade, rendimento ao abate e boa adaptação às condições demeio existente. Reflete o desempenho de uma criação. A raça é produtiva quando, além de apresentar boa aclimatação, oferece altos padrões de produtividade, precocidade, rusticidade e rendimento; O objetivo é alcançar o potencial máximo de produtividade dos SPS. Inúmeros fatores que influenciam o nº de partos/fêmea/ ano
Potencial reprodutivo estimado (PRE) = alvo estabelecido – desempenho atual Considerações para alcançar o PRE:
I.
Onde se está no momento?
II.
Onde se poderia estar?
III.
O que está segurando a produtividade?
IV.
O que se pode fazer a respeito?
i) Eficiência reprodutiva : Expressa o efeito aditivo dosparâmetros reprodutivos citados anteriormente e é fundamenta l parao sucesso técnico e econômico da criação, resultando em maioríndice de desfrute do rebanho;
j) Dias não-produtivos (DNP): De modo geral são os diasem que a fêmea não está produzindo na granja. São os dias em queas fêmeas não se encontram em gestação ou em lactação. Quantomaiorfor o número de dias não produtivos no ano, maior será o 227 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
prejuízo da criação, pois, neste período as fêmeas ocupam espaço nas instalações, consomem ração e ainda ocupam a mão-de-obra.É um dos índices mais importantes relacionados à produtividade de um SPS.Utilizado para controle da eficiência reprodutiva de um rebanho. Existe uma exigência de um controle rigoroso no plantel, com a finalidade de minimizar os DNP e consequentemente aumentar o lucro da empresa. Para medir-se os dias não produtivos, deve- se conhecer onúmero de partos /porca/ano e o número médio de dias de gestação e de lactação, e assim, calcula-se o número de dias não produtivos como sendo:
DNP= 365 - parto/fêmea/ano x (dias de gestação + dias de lactação) Os parâmetros que contribuem para os DNPs de um sistema deprodução são os seguintes:
I.
dias em anestro pós-desmame (intervalo desmama/cio)
II.
repetição de cio pós-desmame - o intervalo desmame/cio(IDC) representa de 4 a
7 dias nos dias não-produtivos. Por exemplo, uma fêmea que repete cio, isto representa pelo menos 25 DNPs – 4 ( IDC) + 21 dias para retorno ao cio
III.
dias até o teste de prenhez negativo – o resultado negativo de prenhez acumula
no mínimo 46 DNPs ( 4 + 21 +21 ), isto é, a fêmea repetiu o cio, e 21 dias após, foi coberta , e o teste de prenhez foi negativo após a cobertura ( + 21 dias )
IV. V. VI. VII.
dias em que a fêmea permanece vazia após a cobrição dias de demora para descarte da fêmea; dias do intervalo entre cobrições; morte ou aborto das fêmeas gestantes;
VIII.
dias desde a entrada das leitoas no plantel até a sua cobertura efetiva
Obs.1:
Em
média,
1
DNP
equivale
a
aproximadamente
0,04
a
0,06leitão/desmamado/fêmea/ano. Assim, uma diminuição de 10 DNPsresultaria em aumento de 0,6 a 0,7 leitão desmamado por fêmea porano. Obs.2: Caso o nº de leitões nascidos vivos/parto e a taxa de viabilidade pré-desmame estejam dentro dos limites, o nº deDNP/fêmea/ano é que irá ditar o desempenho reprodutivo em termos de leitões desmamados/fêmea/ano. Logo a seguir podemos verificar uma caracterização de dias produtivos (linhas sólidas) e não produtivos (linhas pontilhadas):
228 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
229 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
MACHOS Um reprodutor de boa qualidade e manejado corretamente é de grande importância para obtenção de leitegadas grandes e saudáveis. A relação cachaço:matrizes deve ser de 1:20-25 (monta natural), 1:40-50 (IA). O cachaço é responsável por 50% da carga genética dos leitões nascidos. A capacidade reprodutiva do cachaço, que é dada pelo número ou percentual de fêmeas cobertas no plantel e pela sua influência sobre o tamanho das leitegadas, é o principal fator que determina um retorno econômico numa criação de suínos. Atenção especial ao reprodutor deve ser dada, visto sua maior importância no rebanho em relação a fêmea. Dentro de uma criação o cachaço tem diversas funções, entre as principais estão:
a) estimular as fêmeas a entrarem em cio; b) fazer o reconhecimento das fêmeas em cio; c) desencadear o reflexo de tolerância; d) realizar a cobertura; e) fornecimento de esperma em qualidade e quantidade suficientes.
230 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
14.11 Idade É muito comum reprodutores jovens serem utilizados com a mesma freqüência de reprodutores adultos. Mesmo que ele produza uma quantidade considerável de esperma, não é aconselhável que inicie sua vida reprodutiva antes dos sete e meio a oito meses, idade em que atinge capacidades coendiegenerandiaceitáveis às metas estabelecidas para a exploração.
14.12 Exame Andrológico Mesmo não sendo comum a nível de produtor que utiliza monta natural, o exame andrológico deve ser realizado pelo menos na compra e em casos de problemas reprodutivos. Um técnico capacitado deve avaliar o potencial reprodutivo dos cachaços, de modo a se conhecer mais detalhadamente os animais a serem introduzidos no plantel.
14.13 Condicionamento à Monta Existem aspectos importantes que devem ser observados quando o animal atinge 7 e 8 meses de idade visando condicioná-lo à monta. Passar por um período de adaptação de no mínimo 4 semanas antes de realizar a primeira cobrição. Deve-se levar até a baia do cachaço uma fêmeaplurípara, dócil, que já tenha sido coberta por um macho experiente, de tamanho semelhante ao do reprodutor e que se encontre no momento ótimo para cobertura. É importante que a cobertura seja assistida e quando necessário posicionar corretamente o macho. Auxiliar na introdução do pênis e observar a integridade do mesmo. Evitar grande número de tentativas frustradas, causadas pela inquietação da fêmea e curiosidade excessiva do macho, as quais poderão trazer problemas futuros, por afetarem a autoconfiança deste.
14.14 Monta A monta, assim como todas as atividades que demandam esforço físico muito intenso, deve ser realizada sempre nas horas mais frescas do dia. A ração deve ser fornecida, preferencialmente, após a cobertura, permitindo com que os animais trabalhem com estômago vazio. Porém existem autores que indicam fazer as cobrições sempre após o arraçoamento dos animais.
231 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
14.15 Frequência de Monta É difícil afirmar com exatidão a frequência de monta, pois existe grande variação na capacidade individual entre os reprodutores. Feita avaliação da fertilidade e a observação do comportamento reprodutivo, pode-se aumentar gradativamente o número de coberturas de modo que a partir de 12 a 15 meses de idade, os machos realizem uma cobertura ao dia, durante 5 a 6 dias, descansando durante igual período. Não é aconselhável que o cachaço realize coberturas mais de uma vez por dia, nem 6 dias consecutivos. Entretanto, por curtos períodos em casos especiais, parece não haver problemas quando os machos mais velhos façam duas coberturas por dia, desde que logo em seguida, após um período de descanso, volte a sua rotina normal. No caso do reprodutor realizar duas coberturas dia, estas devem ser realizadas em intervalos mínimos de 6-8 horas. A utilização intensa do cachaço mesmo que em curtosperíodos de tempo diminui sua capacidade sexual. Machos com idade de 8 a 10 meses podem ser utilizados 2 vezes por semana e, com 10 a 12 meses, 3 a 4 vezes. Sempre considerar intervalos regulares entre as coberturas. Um esquema de utilização do cachaço, quanto à quantidade de coberturas semanais pode ser o seguinte:
14.16 Fases de Monta A monta na espécie suína ocorre em três fases distintas:
14.16.1 Prelúdio Esta é a fase da monta, iniciando com o primeiro contato da fêmea com o cachaço e tendo fim quando o macho inicia a ereção expondo parcialmente o pênis, enquanto a fêmea adota posição de mobilidade. O comportamento de cortejar é extremamente importante para desencadear o reflexo de imobilidade. Normalmente o prelúdio dura 5 minutos, existindo variações dependentes da idade e experiência do macho. 232 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
14.16.2 Monta Tem início quando o cachaço salta sobre a porca. A seguir ocorre a exteriorização do pênis, ao mesmo tempo em que procura a abertura vulvar. Com o pênis já introduzido na vagina, o cachaço alcança o cérvix onde ocorre o estímulo para ejaculação, tudo isto sempre é feito com o macho praticando movimentos rítmicos de vai e vem. Durante a monta a fêmea permanece completamente imóvel, raramente ocorre movimentação antes do final da cópula o que dificilmente atrapalha a ejaculação. Em média a duração desta fase é de 10 minutos, o que pode variar muito, principalmente em função da receptividade da fêmea.
14.16.3 Descida A terceira e última fase da monta é caracterizada pelo relaxamento e recolhimento do pênis e pela descida do macho. Assim, um bom reprodutor deve apresentar as seguintes características:
a) ser filho de pais que tenham apresentado bom desempenho; b) ter, no mínimo, 7 pares de tetas ; c) aprumos com boa sustentação e sem desvios; d) ausência de desvios de coluna; e) ausência de sinais aparentes de estresse; f) livres de doenças controladas no rebanho; g) bom pernil e largura de lombo; h) bom comprimento e profundidade; i) boa fertilidade. Segue abaixo uma lista de outras recomendações no manejo de machos com finalidade reprodutiva na propriedade:
a) Não permitir contato direto ou indireto do macho com as leitoas antes de completar 5meses de idade;
b) Fornecer aos machos de 2 a 2,5 kg de ração de crescimento por dia, dependendo doseu estado corporal, até iniciarem a vida reprodutiva. 233 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
c) Realizar a cobertura na baia de cobrição, com piso não escorregadio. Recomenda-se ouso de maravalha sobre o piso;
d) Antes da cobertura, realize a limpeza e esgotamento do prepúcio (após secar com papellimpo), bem como, observe se não existe nenhuma alteração no cachaço (orquite, sinalde infecção, etc.);
e) Supervisionar a monta. Retire a fêmea se a mesma for agressiva. Se o macho montarincorretamente, gentilmente coloque-o na posição correta;
f) Realizar no máximo 2 montas por semana (1 fêmea coberta) entre 7 e 9 meses deidade, no máximo 4 montas por semana (2 fêmeas cobertas) entre 10 e 12 meses deidade e até 6 montas por semana com idade acima de 1 ano;
g) Conduzir com calma os machos e as fêmeas para a baia de cobrição, usando tábua demanejo e nenhum tipo de mau trato;
h) Fornecer diariamente aos machos, após iniciarem a vida reprodutiva, ração de gestaçãode acordo com seu peso (tabela a seguir);
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15 MANEJO DE LEITÕES 15.1 Criação de leitões do nascimento ao desmame 15.1.1 Importância A criação de leitões assume grande importância no conjunto de manejo em uma suinocultura. A lucratividade da criação depende do número de leitões produzidos /porca/ano. Não é suficiente dedicar esforços para produzir leitegadas grandes ao parto se há descuido na criação dos leitões. Para isso, os cuidados s e iniciam ao nascimento.
15.1.2 Cuidados com os leitões na maternidade I. Durante o Parto O local onde as porcas irão parir deve ser limpo, seco e com o mínimo de ruído possível. Atualmente recomenda-se que o prédio de maternidade seja separado das demais instalações da granja, devendo ser construído com divisões em salas para permitir o manejo em lotes e a realização de vazio sanitário após a saída de cada lote. Os leitões recém-nascidos possuem os sistemas de termorregulação e imunitário pouco desenvolvidos, tornando-se necessários alguns cuidados especiais. A regra básica é fornece r aos leitões um ambiente limpo, s eco, desinfetado e aquecido (32 ºC). A limpeza da baia deve ser feita três vezes ao dia, antes e após o parto. A mortalidade de leitões no período perinatal, incluindo natimortos, atinge 5 a 10% dos animais nascidos, até completar o prime iro dia de vida. Normalmente, cerca de 70% da mortalidade total no período pré-desmame ocorre por esmagamento ou inanição. As mortes de leitões nas primeiras horas após o nascimento podem ter diferentes causas, entre elas: nascimento de leitões fracos; leitões sufocados por placenta, esmagamento pela mãe. Para s alvar esses leitões, a assistência permanente ao parto é fundamental. Após o nascimento devemos:
a) limpar o leitão : Os leitões, ao nascer, estão envoltos total ou parcialmente por membranas fetais. Estas, se presentes nas cavidades oral e nasais, podem determinar morte por asfixia. Além disso, elas proporcionam, juntamente com os líquidos, umidade superficial para os leitões que são inábeis em regular a temperatura corporal.
235 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
A remoção dessas membranas e líquidos deve ser feita com material higroscópico, não lesivo e de baixo custo (panos, toalhas de papel, maravalha e pó secante). Após o uso esse material deve ser queimado. Ao mesmo tempo limpa-se o restante do corpo do leitão, massageando-se o dorso e a região pulmonar para ativar a circulação e estimula r a respiração.
Pó secante: Derivado de rocha e tem poder secante e não cicatrizante. Pode associar com papel toalha. Seca com papel e depois “mergulha” no pó;
b) reanimar os leitões aparentemente mortos(paralisia da respiração, mas atividade cardíaca presente). Erguer os leitões pelos membros posteriores, e limpar completamente os líquidos fetais e fazer movimentos intermitentes de flexão do tórax para forçar a saída de líquido das vias respiratórias. Pode- se ainda comprimir manualmente o tórax com movimentos intercalados; Colocar o leitão em ambiente quente (32 ºC) em seguida, incentivá-lo a mamar;
c) O cordão umbilical É o elo de ligação entre a mãe e o feto durante o período de gestação, por onde são levados as substâncias nutritivas e o oxigênio. Em geral os leitões que nascem por último apresentam de 20 a 28% de rompimento prematuro do cordão umbilical, e podem nascer sufocados ou mortos. Quando isso não acontece, ele se rompe pelo esforço do leitão em alcançar o úbere. Evitar a tração para se obter o rompimento, pois existem evidencias que associam esta pratica ao aparecimento de hérnias umbilicais. O processo de mumificação e queda do umbigo é rápido, mesmo assim ele pode servir de porta de entrada a germes causadores de infecções localizadas (onfalite e artrite) ou generalizadas (septicemia), ou dar origem a hemorragias que podem conduzir a perda de leitões. Para reduzir esse risco, deve-se ligar e cortar o cordão umbilical 3 a 5 cm de sua inserção e desinfetá-lo. Usar um frasco de boca larga contendo solução desinfetante de iodo (5 a 7%) ou lugol, e imergir o umbigo nesta solução por três a cinco segundos; Esse manejo só tem validade se for realizado imediatamente após o parto e deve acompanhar um programa profilático geral;
236 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Onfalite: leitões com 10-12 dias deve-se fazer a palpação do umbigo para verificar se está aumentado de volume. Caso esteja aumentado, houve infecção e não cicatrizou. Isto serve de porta de entrada para artrites
d) colocar para mamar o colostro : Importante para conferir imunidade e a liberação de ocitocina endógena aumenta com o estimulo de sucção. Colocar os leitões para mamar a medida que nascem, estimula o nascimento dos outros leitões. Os anticorpos ou imunoglobulinas desenvolvidas pela porca para sua proteção, não são transferidas para os leitões através da placenta. A imunidade passiva do leitão se dá via colostral, sendo diretamente proporcional a ingestão e absorção de colostro. A permeabilidade intestinal e a produção de anticorpos se reduzem drasticamente já nas primeiras 24 horas de vida para as principais imunoglobulinas. Os fetos têm baixa capacidade de produzir anticorpos por não estarem expostos a agentes infecciosos durante a vida intrauterina. A composição do colostro modifica-se rapidamente após o parto. É importante o leitão mamar o colostro o mais rápido possível, pois, a concentração de imunoglobulinas (conferem a imunidade ao leitão) do colostro e a capacidade de absorção intestinal, reduzem com o tempo. O colostro possui alto teor em proteína (+18%), contém 50% de globulinas, principalmente, gamaglobulinas (secretadas pelas glândulas mamárias), que protegem passivamente o recém-nascido contra diversos patógenos presentes na maternidade e que agem sobre o sistema respiratório e disgestivo do leitão. A fração das gamaglobulinas que tem como origem principal o plasma sanguíneo
da mãe, é composta por três grupos de imunoglobulinas (Ig), das quais duas - a IgM e a IgQ, só conseguem atravessar a parede intestinal nas primeiras horas de vida do leitão, proporcionando-lhe proteção através da imunização passiva. O sucesso do colostro depende de sua ingestão o quanto antes (máximo de 10 horas após o nascimento) devido: - a concentração de gamaglobulina no colostro diminuir rapidamente em função da maior produção de leite; - a capacidade de as imunoglobulinas através sarem o intestino do leitão é rapidamente reduzida devido à menor permeabilidade da parede intestinal. Doze horas após o nascimento, apenas 10% das gamaglobulinas ingeridas são absorvidas integralmente. 237 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Deve-se auxiliar, se necessário, o leitão a mamar. A quantidade de leite que o leitão ingere depende do seu tamanho e da produção de leite da porca. O leitão mama de dez a 22 vezes por dia, e essa frequência diminui à medida que o leitão cresce, devido ao aumento da capacidade de seu estômago. Cada mamada dura de 20 a 30 segundos, durante as quais ocorre a ingestão de 20 a 60g de leite.
e) colocar sob fonte de calor: Durante a vida intrauterina, as condições ambientais para o feto são estáveis e adequadas. Ao nascer o leitão está neurologicamente bem desenvolvido, porém, fisiologicamente ainda é considerado imaturo e sua capacidade de controlar eficientemente a temperatura corporal está pouco desenvolvida, não conseguindo compensar a intensa perda de calor logo após o nascimento. A temperatura do leitão cai de 1,7 a 6,7 ºC (em média 2,2 ºC) logo após o parto. O tempo que o leitão leva para alcançar novamente valores fisiológicos depende diretamente da temperatura em que começa a mamar, de seu peso corporal e do momento em que começa a mamar. A temperatura exigida nessa fase é de 30 a 32 ºC. A temperatura de conforto recomendadas nas diferentes idades para leitões em lactação, são apresentadas na tabela a seguir:
A perda de calor logo após o nascimento pode ter as seguintes consequências:
aumento da taxa metabólica do leitão;
morte nas primeiras horas de vida;
maior suscetibilidade às infecções enterotoxigênicas ( E. colie o vírus da
Gastroenterite Transmissível); Para prover a temperatura exigida deve ser criado um microambiente (escamoteador) especifico para os leitões. Outros modelos são utilizados (campanula, lâmpadas em espaço aberto), mas não respondem de maneira adequada, e tem as seguintes vantagens:
fornece um microambiente no qual a temperatura em torno do leitão é
semelhante à exigida nas diferentes idades;
o calor é distribuído uniformemente a toda leitegada;
evita o efeito das correntes de convecção e corrente de ar;
diminui o esmagamento de leitões, pois es tão fora do alcance da porca; 238 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
aquece somente o local onde os leitões dormem;
menor índice de mor tal idade de leitões.
Nas primeiras horas de vida, os leitões preferem ficar o mais próximo possível do úbere da porca. Nesta posição, eles dormem dentro da área de perigo de esmagamento. Em função disso, deve-se proceder o manejo do escamoteador, que consiste em fechar os leitões e soltá-los somente para mamar, de hora em hora, durante as primeiras 24 horas.
f) corte dos dentes: O leitão nasce com oito dentes (quatro caninos e quatro pré-molares) extremamente pontiagudos. Até 72 horas após o nascimento cada leitão definira sua teta. Nessa definição as disputas pelas melhores (peitorais) levam a lesões peri-orais contundentes. Além disso, não tão comum quanto no caso anterior, poderão provocar lesões mamarias comprometendo a secreção e/ou produção láctea (causar mastite, hipo ou agalaxia, ficando impacientes e agitadas - pode esmagar os leitões). Para evitar tais circunstancias e recomendado, em criações medias e grandes, o corte dos dentes com um alicate 8 a 10 horas após o nascimento. Corte do terço inferior rente à gengiva com alicate apropriado, após os leitões terem realizado a primeira mamada. Deve-se ter cuidado para não lesionar a gengiva e não deixar pontas. Observação - já existe um aparelho apropriado para desgaste do dente do leitão, esse procedimento apresenta menor ocorrência de inflamação da gengiva em relação aos animais cujos dentes foram cortados.
g) corte do terço final da cauda : E uma pratica muito comum difundida em medias e grandes criações. Sua justificativa fundamenta-se na maior prevalência de canibalismo em animais não caudectomizados parcialmente. Muitos autores não consideram essa hipótese por entenderem que o canibalismo é uma síndrome que teria, como uma das muitas possíveis causas, a irritação provocada pela vassoura da cauda. Mas ela por si só não desencadearia o processo. Recomenda-se adaptar a pratica ao modelo e tamanho de exploração. Se o programa de manejo da granja definir como necessário fazer caudectomia parcial, procede-la 8 a 10 horas após o início do parto. Pode ser feito de três maneiras:
239 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
1) corta-se o último terço de uma só vez com um alicate desinfetado - pode ser o mesmo que corta os dentes (desinfetar o local com uma solução de iodo); 2) faz-se apenas o amassamento do terço final com um alicate, a isquemia determinara aqueda do terço final rapidamente sem hemorragias no local do corte, que pode debilitar o leitão, além de sujar a cela parideira. 3) Pode-se ainda utilizar um pequeno soldador elétrico para cortar e cauterizar o local do corte, s em necessidade de desinfetá-lo;
h) pesagem: Para avaliação da leitegada e porca. Leitões com peso abaixo de 700g apresentam pouca chance de sobrevivência. O índice de mortalidade entre leitões durante o período de lactação, bem como seu desenvolvimento, está intimamente relacionado com o peso e o vigor dos leitões ao nascerem. Para que um leitão tenha uma boa possibilidade de desenvolvimento, s eu peso mínimo ao nascer dever ser igual ou superior a 1.200 g. No entanto, em criações onde s e trabalha com grupos de fêmeas, pode- se aumentar as chances de sobrevivência de leitões com peso entre 700 e 1.200g, através da transferência cruzada de leitões e da orientação das primeiras mamadas; A transferência de leitões é uma pratica dependente do escalonamento de partos. A transferência pode ser unilateral ou cruzada. A primeira ocorre em caso de morte da mãe, galáctica, refugo dos filhos ou pequena leitegada. A segunda, em equalização de leitegadas por peso, sexo ou em leitegadas numerosas. O sucesso de ambas se relaciona a precocidade com que são realizadas: quanto mais novos os leitões, maior é a aceitação pela mãe adotiva. A sobrevivência do leitão está relacionada (tabela) com o peso ao nascer. Perda de leitões em função do peso ao nascer.
Característica dos leitões misturando e mantendo-os fechados por 30 minutos no escamoteador. Esse processo pode ser aprimorado com banho odorante em baixa concentração (creolina, por exemplo). Outra forma, ou complementaria a anterior, e fechar os leitões por 3 horas; esse tempo sem sucção levara a replicam mamaria determinando dor e desconforto a mãe que aceita facilmente os leitões. Apesar de referência garantir que as transferências são consequentes até 72 horas, de preferência de 24 a 36 horas. 240 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
A capacidade de criação de leitões pode ser equivalente ao número de glândulas mamárias e de tetos funcionais que a porca expõe a seus leitões durante a lactação. A transferência pode ser unilateral ou cruzada. Deve ser praticada quando o número de nascidos excede à capacidade de criação, em uma porca, recomenda- se transferir alguns leitões para porcas recém-paridas, visando salvar leitões e uniformizar leitegadas. Deve ser realizada o mais cedo possível.
i) marcação / identificação: Criações para a produção de matrizes e reprodutores (opcional por lotes ou dias de nascimento) devem identificar os animais. Podem usar brincos numerados e de cores diferentes (colocados com alicate especial, na orelha dos suínos; tatuagens, feitas com alicates (tatuadores) onde identificamos cada animal com o número do lote, e ou com o dia do nascimento e usar ainda o sistema australiano, que consiste numa associação de furos e piques nas bordas das orelhas (mossa). Este tipo de identificação e usado por granjas de produtores de material genético (venda de matrizes e reprodutores) e é o sistema recomendado pela ABCS (Associação Brasileira de Criadores de Suínos). Pelo método e possível alcançar o número máximo de 1599. A marcação de suínos pelo sistema australiano e feita mediante mossas aplicadas nas orelhas. Cada mossa tem um valor convencional. Além das mossas nas bordas das orelhas, são usados furos no centro, que representam: o furo na orelha direita representa 400; o furo na orelha esquerda representa 800.
Orelha direita : Cada pique embaixo da orelha corresponde a 1, em cima a 3, e na ponta 100, e o furo no centro a 400.
Orelha esquerda : Cada pique embaixo da orelha corresponde a 10, em cima a 30, e na ponta 200, e o furo no centro a 800. O ideal e que a marcação seja feita ao nascer, ou no máximo quando os leitões tiverem12 dias de idade. Observações:
Os piques podem ser usados na seguinte frequência máxima: piques e furos: 800
- 400- 200 - 100; só podem ser usados uma vez.
Os piques 10 - 1; podem ser usados no máximo duas vezes.
Os piques 30 - 3, podem ser usados no máximo 3 vezes. 241 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Não fazer mais que três piques em cada borda da orelha, e não fazer nenhum
pique na outra borda da mesma orelha
j) Administração de Substancias Energéticas Leitões que perdem muito calor imediatamente após o parto podem apresentar dificuldades para mamar o colostro, que perderam muito sangue pelo cordão umbilical e ficam pálidos. Nessa situação, e possível auxiliar administrando glicose a 5% via intraperitoneal ou subcutânea (3 vezes/5 ml) como terapia complementar no primeiro dia de vida. Aquecer a solução a temperatura corporal do leitão antes de administra-la. A aplicação pode ser repetida no terceiro dia, por ocasião do tratamento profilático contra anemia ferropriva. 242 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
k) Aleitamento artificial de leitões: Existem situações em que não é possível evitar a criação ou aleitamento artificial de leitões. Por exemplo, devido a doenças a porca diminui ou paralisa a produção de leite, ou mesmo morre e não existe a possibilidade de transferir os leitões para outra matriz. A sobrevivência dos recém-nascidos, nessas situações, depende da iniciação imediata de alimentação artificial e do fornecimento de um meio ambiente aquecido. Como substituo do leite da porca, pode- se utilizar leite de vaca, de ovelha ou de cabra, conforme tabela a seguir:
Obs.: O ácido cítrico pode ser substituído por um suco de limão, na dosagem de uma colher de chá ou até uma de sopa. Outra possibilidade é preparar o substituto do leite da porca, adicionando ao leite de vaca 50 ml de nata, uma clara de ovo, suco de limão e 15 mg de tetraciclina por litro de leite. O sucesso desse aleitamento depende do leitão ter ingerido colostro e da conduta alimentar similar ao processo natural, ou seja, 20 a 50 ml, 20 a 22 vezes/dia, e a temperatura do leite substituto, no momento do fornecimento para o leitão, deve ser de 37 a 40 ºC. Animais alimentados dessa forma sempre terão performance posterior inferior ao processo natural.
l) Prevenção a Anemia Ferropriva O leitão neonato é um ser anêmico. Nasce com reservas hepáticas de ferro de 50 mg, das quais apenas 15 são mobilizáveis. As necessidades diárias são de 5 - 10 mg de Fe, média de 7 mg/dia até 24-28 dias deidade (momento em que o bom consumo voluntario de alimento solido supre as necessidades). O leite materno tem 1- 2 mg/Fe/litro e a ingestão diária individual de leite é de 0,4 litro, supre apenas 10 a 20% das necessidades reais do leitão. Como consequência desse quadro, o leitão terá sinais de anemia (menos de 9 g/100mL de sangue) nos primeiros 243 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
dias de vida. Isso pode provocar maior sensibilidade ao meio ambiente, aos microrganismos, aos parasitos e atrasa o início do consumo de ração pré-inicial. A não administração de Fe pode levar ao quadro de anemia no início da segunda semana. Como medida preventiva, tem-se como alternativas:
pincelamento das tetas da porca com solução de sulfato ferroso;
fornecer terra ferruginos a na gaiola;
administrar via intramuscular, na região cervical lateral anterior 150 a 200 mg de
Fe dextrano.
Suínos em sistema SISCAL não necessitam da administração de ferro, pois o
retiram do ambiente.
administração oral de ferro em forma de pó, pastas ou comprimidos;
m) Inicio do Arraçoamento E importante expor o trato gastrintestinal aos principais ingredientes das dietas futuras. Para tanto, a partir do 7° dia, colocar em comedouro especifico, localizado no escamoteador, ração preá-inicial. Ter cuidado com essa ração, por ser de alta densidade nutricional e conter palatabilizantes se deteriora rapidamente. É a mais cara de todas, porém comem pouco. Colocar pequenas quantidades para evitar desperdício e vai aumentando gradativamente. É indicado pequenas quantidades e remoção diária dos restos.
n) Castração Neutralização sexual de animais, eliminação de parte do aparelho reprodutor. Reconhecidamente machos inteiros tem melhor performance, pré e pós abate que machos castrados.
O problema do abate de machos inteiros se refere ao odor sexual. Esse odor só está presente em animais maduros sexualmente (+ 85 kg e + 5 meses).
244 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Alguns países como a Inglaterra, Espanha, Irlanda e Dinamarca permitem o abate dessa categoria amparados em legislação e técnicas pós-abate de avaliação hormonal. No Brasil o MAARAV, através do RIISPOA, impede o abate. Frente a isso, recomenda-se a castração entre o 7° e 12° dia de vida. Cuidado para não intervir em leitões subnutridos e/ou com diarreias. Animais com hérnia escrotal devem ser castrados através de técnica especifica. Torna o animal mais dócil. Facilita o manejo (impossível manter muitos leitões machos juntos). Melhora a qualidade da carne (odor/sabor) por eliminar o “odor sexual” dos machos. Some 60 a 70 dias após castração. Obs: A carne do macho inteiro é aceitável (gosto) no máximo até 4 a 4,5 meses; a partir daí o gosto e cheiro se tornam mais fortes. A idade da castração depende da finalidade da produção:
Produção de cevados - ideal fase de aleitamento (14 ao 21º dia)
Produção de reprodutores - castrar os excedentes e não selecionados aos quatro
meses As vantagens da castração na fase de aleitamento
Prejudica (stress) menos o animal
Sente pouco ou nada a cirurgia
Cicatrização rápida
Operação é muito simples
Dispensa cuidados pós-operatórios
Pequeno risco de perda de animais
Sequencia recomendada para castração:
I) macho 1. Um auxiliar segura o leitão na tábua de castração ou o leitão é imobilizado usando equipamento apropriado;
2. Desinfetar a região do exterior da bolsa escrotal com pano embebido no desinfetante;
3. Fazer um corte no sentido longitudinal da porção mediana da bolsa escrotal 4. Exteriorizar os testículos 5. Eliminar os testículos cortando o cordão testicular 6. Fazer uma desinfecção interna (cicatrizante, desinfetante, repelente de mosca, etc...). *Animais acima de quatro meses (passos da castração) – Aplicar antibiótico antes: 245 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
1. Muito bem contido (amarrado) 2. Idem 3. Fazer dois cortes bem grandes para depois da extração facilitar oarejamento 4. *cortes bem baixos (até na parte ventral) para drenar líquidos que se acumulam no local
5. Idem 6. Amarrar o cordão testicular antes de cortá-lo, para evitar hemorragia. 7. Idem 8. Fazer todos os dias desinfecção interna 9. Deixá-lo em lugar fresco, limpo, mais em repouso. Obs: se após uma semana persistir a febre verificar ocorr ência de tétano. *Castração de leitões com hérnia escrotal (herniados) pelo método inguinal. Este método exige treinamento antes de colocá-lo em prática. a) Uma pessoa deve segurar o leitão pelas pernas traseiras com a barriga voltada para o castrador; b) Desinfetar a região inguinal e fazer um corte de mais ou menos 2 cm entre o último par de tetas. Em machos a incisão deve ser feita um pouco afastada da linha médi apara não atingir o pênis. c) Introduzir o dedo minguinho no corte, forçar para liberar o testículo e tracioná-lo envolto na capa; d) Tracionar bem o testículo, verificar se o intestino desceu e dar 2 voltas; e) Amarrar com barbante desinfetado; f) Cortar o testículo, desinfetar o local e liberar o leitão.
II) fêmeas 1. Não é recomendado tecnicamente 2. Fêmeas “inteiras” se desenvolvem muito melhor 3. A operação é muito delicada – alto risco perda de animais 4. As fêmeas são naturalmente dóceis A castração de fêmeas no meio rural justifica-se pela necessidade de controle de cobertura em fêmeas soltas juntas com machos inteiros. No porco tipo-banha, a fêmea castrada apresenta maior camada de toucinho. A carne da fêmea não castrada é de ótima qualidade, não havendo contra indicação alguma. 246 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
o) Fornecimento de Agua O leitão, mesmo tendo inicialmente dieta liquida, necessita de agua a disposição em condições de potabilidade. O bebedouro deve ser colocado na área de acesso exclusivo dos leitões.
p) Preencher as fichas de leitegada.
247 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
248 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
II. Desmama O desmame é um período de muito “stress” para o leitão: afetiva (separação da mãe), nutricional (mudança de alimentação), mudança de baia, contato com outros leitões (quebra de hierarquia) e imunológica. Desta forma, devem ser evitadas práticas como vacinação, castração à época do desmame, com a final idade de redução do “stress”. Outro cuidado importante é a retirada da porca da cela parideira primeiro, permanecendo os leitões por mais um tempo na maternidade e posterior mudança para a creche. O sucesso da desmama condiciona os resultados técnicos econômicos de qualquer criação. As criações brasileiras com fins comerciais desmamam os leitões com idades que variam de 21 a 35 dias. É usual, quanto mais tecnificada a criação, menor o tempo de lactação. A tabela abaixo mostra diferentes parâmetros com diferentes idades de desmama, segundo diversos autores, os melhores resultados foram com idades de 20 a 28 dias.
A tabela acima mostra, corroborando com a anterior, que os melhores desempenhos foram obtidos com desmamas entre 21 e 28 dias. O que está ratificando a tabela é que o intervalo desmama é inversamente proporcional ao tempo de lactação. Frente a essa circunstância, sugere-se adequar a idade de desmama (21 a 28 dias) as condições de manejo e de sanidade da criação. As granjas modernas de suínos estão adotando o desmame precoce devido as seguintes vantagens: a) produzir leitões mais uniformes b) maior número de partos /porca/ano e c) redução no consumo de alimento pela porca. Por outro lado, o desmame precoce exige rações mais caras, instalações e equipamentos adequados e maior controle
249 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
sanitário. Assim, o desmame proposto deve ser adequado ao nível tecnológico do produtor. Os maiores cuidados durante esta fase são relativos à formação de lotes uniformes, evitar superlotação, manutenção do aquecimento, número correto de espaço nos comedouros e cuidados com a limpeza. Os primeiros dias após o desmame representam uma das fases mais difíceis do leitão. Um dos sinais clínicos que evidenciam a desarmonizado momento é a diarreia que tem, principalmente, nas variações da temperatura ambiental a maior causa. Recomenda-se fazer a desmama nas quintas-feiras para que as cobrições não ocorram nos finais de semana; Após a desmama, a porca deverá ser levada para baias próximas do macho e ser cobertas logo no aparecimento do primeiro cio, o qual deverá ocorrer por volta de 3 ou 5 dias;
A. Diarreia dos leitões A diarreia dos leitões pode ter sua origem em vários fatores como vírus, bactérias, parasitas ou ainda distúrbios nutricionais. É caracterizada pelas fezes fluidas (moles), tornando os leitões fracos, refugos, mais sensíveis a outras doenças e pode ser responsável por metade das mortes na fase inicial da vida dos leitões. Dentre os possíveis fatores responsáveis pela diarreia, podemos enumerar alguns:
Relacionados a porca: falta de amamentação ou falta de leite.
Relacionados ao leitão: falta ou demora na ingestão de colostro, estresse na
castração, injeções, manejo em geral.
Relacionados a alimentação: qualidade da ração, falta de minerais, vitaminas,
alimentos mofados, estragados ou contaminados, agua contaminada ou falta de agua.
Relacionados ao ambiente: baias sujas, excesso de umidade, frio, ventilações
inadequadas.
Relacionadas ao manejo: troca brusca de rações, excesso de animais na baia,
falta de interesse do funcionário responsável pela maternidade, etc.
Podemos identificar a diarreia pela observação, por exemplo:
Diarreia causada por Costridiun perfringens Tipo C - Diarreia com sangue e
morte de toda a leitegada. Tipo A - Diarreia com sangue e poucas mortes.
Diarreia causada por Escherichia coli - diarreia aquosa, raramente em todo o
grupo, algumas mortes. 250 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
B. Diarreia dos leitões em amamentação Os agentes causadores de diarreia nos leitões em amamentação pode agir de forma mais rápida ou lenta, podendo ser identificados conforme a idade em que aparecem. No primeiro dia de vida dos leitões (6 a 24 horas), pode ocorrer a diarreia apenas aquosa, de cor amarelo-pálida, e que raramente afeta mais de 70 % da leitegada causada por E. C.
Perfringes ou ainda por Campylobaster ou estreptococcus. Em leitões de 24 a 48 horas de idade ocorre a diarreia vermelho-clara, afetando toda a leitegada quando causada por Clostridiun perfringens Tipo C. Quando causada pelo Tipo A, os sintomas são semelhantes e a mortalidade e baixa. As diarreias ocorridas acima de 48 horas de idade dos leitões pode ser uma diarreia aquosa (diarreia epidêmica ou gastroenterite transmissível). As ocorrências de diarreias nos leitões a partir de 72 horas de idade podem provocar uma diarreia aquosa e as vezes amarronzadas, sendo mais comum a ocorrência aos10 dias de idade e durar de 3 a 5 dias. As últimas diarreias surgem acima de 96 horas (do quarto para o quinto dia de idade do leitão) provocando uma diarreia pastosa ou amarelada e aquosa, agravando-se com a sujeira.
C. Diarreia pós desmame Após o desmame, por diversos fatores causadores de estresse como a mudança de ambiente, a separação da mãe, a troca de ração, etc., que causam um choque aos leitões, estes ficam predispostos a ocorrência da Síndrome de Diarreia Pôs Desmame (SDPD). Como medidas preventivas, devemos tentar diminuir ao máximo o estresse durante o período crítico de duas a três semanas após o desmame. Como exemplo, podemos realizar um melhor manejo da alimentação durante 10 a 12 dias após o desmame em que a ração diária deve ser restrita e fracionada em intervalos regulares. No período de 8 a 14 dias após o desmame, podemos observar a ocorrência de sangue e muco nas fezes, sendo eliminados por dois a três dias, após o que elas se tornam verdes ou enegrecidas e de consistência mole; os leitões afetados não apresentam febre, mas emagrecem, desidratam-se, perdem peso e ficam deitados nos cantos das baias. O controle de diarreias em suínos deve ser realizado baseando-se no manejo, uso de drogas e uso de vacinas.
No manejo devemos observar limpeza e desinfecção rigorosa; uso do sistema
“all in all out ”; fornecimento de agua limpa e de boa qualidade, etc.
251 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Com o uso de drogas. Devemos observar qual a causa da diarreia optar por um
dos produtos como antibióticos, pro bióticos, vitaminas, minerais, entre outros.
O uso de vacinas tem sido muito estudado na prevenção de diarreias, porém
ainda não temos, até o momento, informações suficientes para recomendação pratica do método.
15.2 Criação de leitões do desmame ao abate O leitão do nascimento ao abate passa pelas seguintes fases, segundo à idade e o peso:
15.2.1 Recria ou Creche A saída da maternidade para a creche representa um choque para os leitões, pois deixam a companhia da porca e, em substituição ao leite materno, passam a se alimentar exclusivamente de ração. Por essa razão, os cuidados dedicados aos leitões, principalmente nos primeiros dias de creche, são importantes para evitar perdas e queda no desempenho, em função de problemas alimentares e ambientais que, via de regra, resultam na ocorrência de diarreias. A fase de recria inicia-se após o desmame e vai até os 70 dias de idade, como leitão pesando em torno de 25 Kg a temperatura ideal na creche deve ser de 25º C a troca de ração da fase de maternidade para a fase de creche deve ser gradativa para evitar problemas com diarreia. No dia seguinte a desmama, deve-se fornecer 50 gramas de ração por leitão, duas vezes ao dia e aumentar gradativamente até atingir o consumo a vontade. Deve ser adotado um programa de restrição alimentar, como sugere a EMBRAPA (1991) no quadro. O consumo diário de ração por leitão entre 5 e 10 kg de peso vivo é, em média, de 460 gramas. Entre 10 e 20 kg de peso vivo deve ser estimulado o consumo de ração que em média é de 950 gramas por animal ao dia. Fornecer à vontade aos leitões, ração pré-inicial 2 do desmame até os 42 dias e ração inicial até a saída da creche. Fornecer ração diariamente, não deixando nos comedouros 252 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
ração úmida, velha ou estragada. As trocas de rações em cada fase devem ser gradativas, adaptando os suínos as novas rações, evitando, assim, problemas com diarreias. No dimensionamento da creche deve ser considerado 0,30 m 2 por animal. Não é aconselhável alojar mais que 10 leitões por baia. Deverá ser feito tratamento contra vermes dos leitões por volta de 6 a 8 semanas de vida. Tratamentos contra sarnas e piolhos deverão ser feitos, se necessário.
Recomendações:
Alojar os leitões na creche no dia do desmame, formando grupos de acordo com
a idade e o sexo;
Manter a temperatura interna próxima de 26 °C durante os primeiros 14 dias e
próxima de 24 °C até a saída dos leitões da creche, controlando através de termômetro;
No caso de eventuais surtos de diarréia ou doença do edema, retirar
imediatamente a ração do comedouro e iniciar um programa de fornecimento gradual de ração até controlar o problema. Buscar auxílio técnico se persistirem os sintomas.
Dispor de bebedouros de fácil acesso para os leitões, com altura, vazão e pressão
corretamente regulados.
Vacinar os leitões na saída da creche de acordo com a recomendação do
programa.
Monitorar cada sala de creche pelo menos 3 vezes pela manhã e 3 vezes pela
tarde para observar as condições dos leitões, bebedouros, comedouros, ração e temperatura ambiente. 253 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Limpar as salas de creche, diariamente, com pá e vassoura.
Lavar as salas de creche com baias suspensas, esguichando água, com lava jato
de alta pressão e baixa vazão, no mínimo a cada 3 dias no inverno e a cada 2 dias nas demais estações do ano.
Implementar ações corretivas com a maior brevidade possível quando for
constatada qualquer irregularidade, especialmente problemas sanitários.
No final da fase de creche uniformizar o lote e transferir para as instalações de
crescimento com idade entre 63 e 70 dias.
15.2.2 Crescimento e Terminação São as fases menos preocupantes dos suínos, desde que ao iniciarem as mesmas apresentem um peso compatível com a idade e boas condições sanitárias. Assim sendo, pode-se dizer que o sucesso nessas fases depende de um bom desempenho na maternidade e na creche. A fase de crescimento se inicia após a fase de creche (aos 70 dias), com o animal pesando por volta de 25 Kg e vai até os 60 kg (aos 120 dias). A fase determinação e subsequente a fase de crescimento e vai até o abate, quando o peso pode variar de acordo com o mercado e o custo de produção. Alojar os leitões nas baias de crescimento e terminação no dia da saída da creche, mantendo os mesmos grupos formados na creche ou refazer os lotes por tamanho e sexo. Os animais devem ser agrupados em lotes, variando de 10 a 20 suínos com tamanho uniforme. Devemos evitar a superlotação, pisos molhados e ventilação inadequada que contribuem para o surgimento ou agravamento de problemas como 254 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
pneumonias, rinite atrófica, diarreia e canibalismo. As baias devem ser mantidas sempre limpas, com temperatura ambiente em torno de 18 a 20 °C para a fase de crescimento e em torno de 15 a 20°C na fase de terminação. Durante estas duas fases, os animais devem receber ração a vontade. Ração de crescimento até os 50 kg de peso vivo e ração de terminação até o abate. Dispor de bebedouros de fácil acesso para os animais, com altura, vazão e pressão corretamente regulados, número adequado de bebedouros (1:10 animais) e comedouros (1 boca: 3 ou 4 animais) e mantê-los sempre limpos. Em todas as fases da criação, principalmente nas fases de crescimento e terminação, devemos ter muito cuidado, evitando que os animais consumam ração velha e mofada nos cantos dos comedouros para se evitar problemas com micotoxinas. Recomendações:
Manejar as salas de crescimento e terminação segundo o sistema "todos dentro
todos fora", ou seja, entrada e saída de lotes fechados de leitões.
Monitorar cada sala de crescimento e terminação pelo menos 2 vezes pela
manhã e 2 vezes pela tarde para observar as condições dos animais, bebedouros, comedouros, ração e temperatura ambiente.
Limpar as baias de crescimento e terminação diariamente com pá e vassoura.
Esvaziar e lavar semanalmente as calhas coletoras de dejetos, mantendo no
fundo das mesmas, após a lavagem, uma lâmina de 5 cm de água, de preferência reciclada.
Implementar ações corretivas com a maior brevidade possível quando for
constatada qualquer irregularidade, especialmente problemas sanitários.
Fazer a venda dos animais para o abate por lote, de acordo com o peso exigido
pelo mercado.
Não deixar eventuais animais refugo nas instalações.
255 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
IMPORTANTE Em todas as fases da criação de suínos recomenda se adotar o sistema “ all in all out ”, ou seja, todos dentro e todos fora. Os animais devem iniciar e terminar uma fase todos juntos, de modo que, ao termino de cada fase, o prédio seja isolado para a realização do vazio sanitário, pratica de fundamental importância em suinocultura.
* GPD maternidade - Ganho de Peso Diário na Maternidade * GPD na creche - Ganho de Peso Diário na Creche * GPD nasc. ao abate - Ganho de Peso Diário do Nascimento ao Abate * CA do rebanho - Conversão Alimentar do Rebanho: 256 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
257 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Glossário As palavras contidas aqui não estão necessariamente presentes nesta apostila, porém, todo conhecimento pode se tornar válido.
Aminoácidos - Substancias orgânicas que possuem a propriedade de unirem-se umas as outras formando as proteinas;
Aminoácidos Sintéticos - Substancias produzidas e purificadas via síntese química ou fermentação biológica e adicionadas as rações para atender as exigências nutricionais (aminoácidos) dos animais;
Barlavento - Direção de onde sopra o vento; Biosseguridade/Biossegurança: conjunto de medidas de profilaxia que objetiva: impedir a entrada de agentes de doenças numa granja, diagnosticar precocemente caso venha a ocorrer e atuar prontamente para que a doença/infecção seja extinta no ponto de surgimento.
Cachaço ou barrasco: suíno macho, adulto, para reprodução (monta natural é pouco utilizada, utiliza-se mais inseminação artificial);
Caducifólias - Diz-se das plantas ou vegetações que não se mantém verdes durante o ano todo, prendendo as folhas na estação seca ou no inverno;
Cloreto amônia - Substancia química fornecida na ração por um determinado período, como auxiliar no tratamento de infecção urinaria. Exerce sua ação como acidificante da urina, elevando o pH para níveis impróprios para o crescimento bacteriano, alem de promover um aumento na ingestão de água;
Complementaridade - Combinação de distintas características que se destacam no pai e na mãe e que se manifestam de forma complementar nos descendentes;
Concentrado - Mistura completa de minerais, vitaminas e ingredientes proteicos que deve ser associada a um ingrediente energético de modo a compor uma ração nutricionalmente balanceada. E também chamado de Concentrado Proteico;
Constipação - Estado patológico causado pela diminuição ou parada dos movimentos peristálticos do intestino, causando a retenção do bolo fecal (fezes). E causado principalmente pelo fornecimento de ração pobre em fibra;
Contaminação: presença de agentes de doenças no meio ambiente e em seus diferentes componentes;
Conversão alimentar - Índice fornecido pela relação entre o consumo de alimento e o ganho de peso dos suínos; 258 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Corredor de manejo - Corredor, com muretas laterais, ligando as instalações por onde os animais são movimentados;
Descarga vulvar - Também chamado de corrimento vulvar. São secreções expelidas pela vulva, podem apresentar-se de forma discreta a profusa, com aspecto variando de micopurulento a hemorrágico. Constitui sinal clinico de infecção do aparelho genital feminino;
Descontaminação: redução ou eliminação da contaminação. Desinfecção: refere-se especialmente a eliminação dos germes patogênicos, sem que haja necessariamente a destruição de todos os microorganismos. Geralmente os germes patogênicos são menos resistentes e portanto através da desinfecção podemos destruir os patogênicos e preservar os saprófitas; Consiste no controle ou na diminuição dirigida de microorganismos indesejáveis dos materiais inanimados através de processo químicos ou físicos, que atuem em sua estrutura ou em seu metabolismo, independente de seu estado funcional buscando, dessa forma, evitar sua transmissão por redução da dose infectante. A desinfecção pode ser preventiva e de emergência. *Desinfecção = ambiente; **Sanitização = animal;
Digestibilidade - Expressa em percentagem, representa a parte dos nutrientes ingeridos que e digerida no trato digestivo. E também chamada de digestibilidade aparente;
Disponibilidade - Proporção de um nutriente fornecido via alimento que pode ser absorvido e utilizado pelo animal para satisfazer as exigências nutricionais. E também chamada de disponibilidade aparente e expressa em porcentagem;
Doença enzootica - Doença de ocorrência estável em período sucessivos, em um rebanho ou determinada região;
Doença epizootica - Doença com forte variação na sua ocorrência em períodos sucessivos, em um rebanho ou determinada região;
Doença multifatorial - Doença causada por uma combinação de microorganismos e fatores de risco ligados ao meio onde os animais são produzidos;
Doenças Livres Obrigatoriamente: peste suína clássica, doença de Aujesky, brucelose, tuberculose, sarna, leptospirose (vacinados ou não);
Doenças Livres Opcionais: rinite atrófica, micoplasma, disenteria suína, entre outras. Escamoteador - Local apropriado para alojar os leitões na maternidade; Esterilização: destruição total de todas as formas infectantes e reprodutivas de todos os microorganismos (vírus, bactérias, protozoários, fungos, etc.), apenas de utensílios. 259 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
*Utilização de probióticos associados a desinfecção melhoram muito na diminuição de ocorrências de diarréia na maternidade; **Animal refugo: leitão pequeno nem sempre é sinônimo de refugo, deve-se verificar a pelagem (arrepiada), ossos evidentes através da pele e normalmente são menores;
Estudo epidemiológico - E o estudo de doenças e suas causas em uma população, e suas relações com o meio ambiente onde os animais são criados;
Exigências nutricionais - Quantidades mínimas de cada nutriente e de energia que o suíno necessita receber ao dia para o melhor desempenho em cada fase de produção;
Fêmea multípara: fêmeas a partir do segundo parto; Fêmea nulípara: fêmea que nunca teve crias; Fêmea primípara: fêmea de primeiro parto; Fumigação - Desinfecção realizada com produtos voláteis (gás), usada para desinfetar materiais que não podem ser submetidos à desinfecção liquida. Os produtos normalmente utilizados são o formol e o permanganato de potássio;
Gene halotano - Gene recessivo que condiciona a manifestação da síndrome do estresse suíno, provocando mortes súbitas, e influencia negativamente a qualidade do produto final, provocando o surgimento de carne PSE (pálida, flácida e exudativa);
Genótipo - Constituição genética ou carga genética particular de um individuo; Granja de Reprodutores de Suídeos Certificada (GRSC): granja que atenda integralmente às disposições básicas e específicas estabelecidas para a certificação. As granjas terão sua certificação baseada no monitoramento sorológico e na sua classificação sanitária prevista na Instrução Normativa Nº 19 de 2002.
Granja de Reprodutores: propriedade onde são criados suídeos para comercialização ou distribuição, cujo produto final é destinado à reprodução;
Higiene: medidas de profilaxia aplicadas ao corpo de um animal que objetiva a promoção de sua saúde;
Hipotermia - Refere-se à temperatura corporal abaixo do limite fisiológico normal para a espécie;
Homeostase - Estado de equilíbrio do organismo vivo em relação as suas varias funções e a composição química de seus fluidos e tecidos;
Homeotermia - Processo por meio do qual o animal mantém a temperatura do núcleo corporal aproximadamente constante, por meio de processos de aumento e dissipação de taxas de calor, mediante as flutuações ocorridas no ambiente externo;
260 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015
Homeotérmicos - Animais de temperatura constante, independente da temperatura ambiente;
Impacto ambiental - E a alteração no meio ou em algum de seus componentes por determinada ação ou atividade;
Infecção: presença de agentes de doença no organismo de animais, na ausência de sinais clínicos da enfermidade;
Intervalo entre lotes - Períodos regulares entre cada lote de porcas desmamadas que geralmente acontece em um dia fixo da semana em intervalos de 7, 14 ou 21 dias;
Involução uterina - E a regressão do útero ao seu estado normal anterior a gestação; Inicia logo apos o parto e completa-se, na fêmea suína, por volta da terceira semana pós-parto com a completa renovação do epitélio;
Laboratório oficial credenciado: laboratório pertencente à instituição pública que recebe, por delegação de competência do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, ato de credenciamento;
Laboratório oficial: laboratório pertencente à rede do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, na área animal;
Lanternim - Abertura na parte superior do telhado; Leitão desmamado ou de creche: suíno entre o desmame e a idade de 56-70 dias; Leitão mamando: leitões entre o nascimento e o desmame; Leitão ou bácaro: Do nascimento ao desmame
Leitão recém-nascido: leitões do nascimento até o terceiro dia; Leitegada: leitões nascidos de uma mesma fêmea; Licenciamento ambiental - Procedimentos legais adotados no sentido de evitar que determinada atividade polua o meio ambiente. Divide-se em 3 fases distintas (licença ambiental previa, licença de instalação e licença de operação) regulamentadas pelos órgãos de proteção ambiental pertinentes;
Manejo em lotes - Consiste em dividir o total de porcas do plantel em vários lotes de tamanho idêntico que se sucedem em intervalos regulares (intervalo entre lotes) com o objetivo de planejar as diferentes fases da criação (o desmame, o cio, as coberturas, os partos e as fases de creche e crescimento/terminação);
Marrã: fêmea de reposição (futuras matrizes), fêmea em crescimento; Medicina Veterinária Preventiva: conjunto de medidas de profilaxia aplicado a um animal ou rebanho seja de uma propriedade ou de um conjunto de propriedades com
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objetivo de restauração, manutenção ou promoção de saúde independente de respaldo legal.
Micotoxinas - São metabolitos secretados por determinados fungos para proteger seu ambiente de colonização. Estão presentes principalmente em grãos de cereais e quando ingeridos pelos animais podem causar intoxicação;
Microflora - Conjunto de microorganismos (fungos e bactérias) que existem normalmente em determinadas partes do organismo, e que em condições normais não causam problemas a saúde deste organismo;
Núcleo - Mistura de minerais e vitaminas essenciais para o normal desempenho produtivo e reprodutivo dos animais. Em alguns casos o núcleo poderá conter também aminoácidos;
Ocitocina - Hormônio produzido no hipotálamo, exerce diversas ações sobre o organismo, tais como: aumento da contração uterina, contração da glândula mamaria provocando a descida do leite em fêmeas em lactação;
Onfalite - Inflamação do umbigo; Orquite - Inflamação aguda dos testículos e/ou epidídimo causado por trauma ou infecção (fungica, bacteriana ou viral); Pé-direito - Altura livre da instalação medida do piso ao teto; Perdas embrionárias - E a morte do embrião durante o período compreendido entre a fertilização e o 35o dia de gestação, apos este período e considerado perda fetal; Plantel - Machos e fêmeas do rebanho que se destinam a reprodução.;
Plantel de suínos: todos os animais dentro de uma mesma unidade de produção; Poluição - Qualquer alteração nas condições ambientais originais, capaz de produzir efeitos ou impactos negativos;
Porca em lactação: fêmea suína entre o período perinatal e o desmame dos leitões; Porca prenhe ou em gestação: fêmea entre a cobertura e o parto; Porca vazia / descarte / eliminadas: fêmeas que por algum motivo venha a ser descartada do plantel, sempre depois do desmame. Premix - Pré mistura de micro minerais e vitaminas. O Premix pode conter apenas vitaminas, sendo chamado de Premix Vitamínico, ou conter apenas micro minerais, sendo, nesse caso, chamado de Premix Mineral; Prepúcio - Também denominado de bainha. E uma dupla invaginação de pele que contem e recobre a porção livre do pênis quando este não estiver ereto;
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Produção de reprodutores em ciclo completo: granja produtora de suídeos para reprodução, envolvendo todas as fases em prédios, numa mesma área geográfica;
Produção de reprodutores: tem como finalidade principal ou produto principal futuros reprodutores machos e fêmeas;
Prostaglandina F2alfa - Hormônio produzido pelo corpo uterino, atua no ovário causando a destruição do Corpo Lúteo, seu uso em fêmeas prenhes poderá causar aborto;
Proteína ideal - Proporção otimizada de aminoácidos que são indispensáveis para o desempenho normal das funções de produção. Para cada fase de produção e para cada nível de produção existe uma relação ótima de aminoácidos essenciais que assegura o Maximo aproveitamento das fontes proteicas da ração, reduzindo desta forma a excreção de nitrogênio no ambiente;
Radiação - Energia eletromagnética que se propaga sob a forma de ondas; Radiosidade - quantidade de energia radiante levada pela superfície por unidade de tempo e por unidade de área - emitida, refletida, transmitida e combinada;
Reflexo de imobilidade - Também chamado de reflexo de tolerância. E a reação que a fêmea suína apresenta no período de cio, permanecendo imóvel para a monta do macho (reflexo de tolerância ao macho) ou pela pressão na região lombar exercida pelo homem na detecção do cio (reflexo de tolerância ao homem);
Saneamento: medidas de profilaxia aplicadas ao meio ambiente e nos seus diferentes componentes (instalações, objetos, equipamentos, veículos e utensílios) que objetiva a proteção inespecífica da saúde dos animais de um rebanho. Saneamento é parte constituinte da biossegurança ou biosseguridade.
Saúde Animal: conjunto de medidas de profilaxia aplicada, de forma planejada, organizada, supervisionada e fiscalizada, em populações animais de determinada área geográfica e é diretamente dependente de amparo legal.
Sítio 1: unidade produtora de leitões, envolvendo as fases de cobrição, gestação, maternidade, desmame e, dependendo da empresa, a creche e central de inseminação de uso exclusivo;
Sítio 2: unidade que recebe os leitões do sítio 1 para criá-los na fase de creche, creche e crescimento ou apenas crescimento até a entrega para reprodução;
Sítio 3: unidade que recebe os suídeos do sítio 2 para criá-los até o momento da entrega para reprodução;
263 Cardoso Junior, A., Apostila de Suinocultura, fev/2015