Apostila Barbatuques Curso de Formação Básica
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Apostila Barbatuques Curso de Formação Básica O que é música corporal? Se trata de uma música feita a partir de recursos orgânicos tais como palmas, passos, cantos, assobios e movimentos. Esta é provavelmente a manifestação musical mais antiga criada pelo ser humano e é intrínseca aos seus códigos corporais e de comunicação. Ela está presente em diversas culturas ao redor do mundo e frequentemente integrada ao uso de instrumentos musicais, às danças, às festividades e às diferentes formas de expressão da linguagem. Cada idioma ou dialeto privilegia certos sons fonéticos ou onomatopaicos, destacando vogais ou consoantes que conferem à língua falada um sotaque e uma sonoridade própria. Em muitas culturas observa-se a presença de diferentes tipos de assobios, estalos de língua assim como palmas e gestos que geram comunicação e se incorporam à linguagem da comunidade. Muito antes disso, importantes contribuições foram dadas na pedagogia de ensino musical por pensadores e educadores como, por exemplo, Carl Orff e Emile Jacques Dalcroze que reforçaram a necessidade da inclusão do corpo e do movimento como fatores fundamentais na percepção do ritmo e no fazer musical. O Barbatuques desenvolve uma pesquisa que explora e combina as possibilidades do corpo como fonte sonora desde os pés, passando pelas pernas, barriga, peito, mãos, bochecha, boca e voz. Impulsionado pelas manifestações tradicionais brasileiras e dialogando com estéticas de várias partes do mundo, o Barbatuques oferece um conjunto de técnicas e dinâmicas e as sintetiza em uma pedagogia própria. Este curso de formação básica pretende abrir horizontes da música corporal colocando-a como auxiliadora na integração de diversas areas do conhecimento humano. Neste momento de retomada do ensino de música nas escolas ca aqui registrada a acessibildade da música corporal que não necessita de nenhum instrumento externo para ser realizada e é extremamente agregadora e lúdica. Fernando Barba criador e diretor artístico do Núcleo Barbatuques
Sons corporais
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O corpo é uma fonte innita de sons. Abaixo, um mapeamento detalhado dos sons corporais (timbres). -Sons feitos a partir dos pés -Sons das mãos percutindo nela mesma (palmas e estalos)
-Sons das mãos percutindo no tronco e pernas (peito, barriga, coxa) palma estrela
palma grave
palma estalada
palma costas de mão
palma pingo
estalo de dedos
-Sons das mãos percutindo no rosto (lábios, bochecha, poc poc) peito barriga
coxa
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lábios
bochecha
poc poc
detalhe das mãos
-Sons extraídos com os lábios e língua (sem as mãos) -Sons extraidos a partir da voz: percussão vocal, uso da fonética, efeitos vocais, vácuo de boca
estalo de lábio
beijo
estalo de língua
-Sons extraídos a partir da voz: percussão vocal, uso da fonética, efeitos vocais, imitação de instrumentos musicais e de animais com a voz, texturas vocais, etc. Explore diferentes possibilidades fonéticas: TUM PÁ TXI TAKA TEKE TOKO PSS TSS KSS PÁUM TÓIM BUM etc...
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A Tablatura Corporal A tablatura corporal é uma representação gráca para indicar uma sequência de sons e movimentos do corpo. Ela deve ser lida da esquerda para a direita, como na escrita musical convencional. Cada caixa indica um tempo do compasso. Os quadrados internos indicam as subdivisões desse tempo. 1
2
2
1
3
duas subdivisões
1
2
3
4
três subdivisões
1 quatro subdivisões
2
3
4
5
6 seis subdivisões
É importante que as mãos esquerda e direita se alternem sempre, independentemente de qual irá começar. Isso facilita a prática do ritmo em andamentos mais acelerados, além de garantir a lógica da sequência, principalmente quando tocada repetidas vezes. A manulação está indicada pelas cores amarela e branca. Cada pessoa costuma eleger naturalmente uma mão “lider”, ou seja, tem a tendência de começar a tocar os ritmos com a mesma mão. Aconselhamos que o praticante inicie o ritmo começando do lado que tem mais facilidade. Posteriormente ele pode inverter essa ordem caso tenha curiosidade.
e - esquerda d - direita
e d
d e
e d
d e
A parte do corpo a ser tocada está indicada à esquerda da tablatura com uma bolinha dentro do respectivo quadrado. Ex:
perna
palma peito
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Notação Musical pé
estalo
peito
barriga Normal
perna
Palmas grave
estrela
lábios
Lábios
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estalada
costas
pingo
bochecha Bochecha
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Hit Percussivo (CD Tum Pá) parte A palmas pá
pá
pá pá
pá
pés tum
tum tum
tum tum
tum tum
palmas pés tum
pá
tum tum pá
tum tum pá pá tum tum pá
parte B ta ka ta ka te ke te ke to ko
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3
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perc vocal palma perna barriga peito pés ta
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Coordenação Pés / Mãos/ Voz Exercício 1
1 voz palmas pés
2 pá
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3 txi
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1 voz palmas pés
2
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voz palmas pés
3
pá
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voz palmas pés Barbatuques® 2012
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Arranjo em naipes 1. Samba palmas txi (vocal) peito estalo palmas
pá
pá
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txi - vocal ( fraco TXI
txi
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pá
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forte)
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peito estalo estalo palma peito tum
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2. Baião palmas txi (vocal) palma grave palmas ( estalada
pá
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estrela)
pá
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txi - vocal ( fraco txi
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pá
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pá
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forte) txi
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palma grave
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Ritmos peito estalo palma Funk Colcheia estalo palma peito tum
pá
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Funk Semicolcheia estalo palma peito tum
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Samba estalo palma peito tum
txi
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Samba-Rock estalo palma costa
peito tum
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Baião estalo palma peito tum
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Coco estalo palma costa
peito tum
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Atividades Jogo das Flechas Jogo da echa sem pulso Todos (inclusive o professor) devem estar em pé formando uma roda. Uma pessoa bate uma palma em direção a outra pessoa, como se imitasse um gesto de lançar uma echa, cuidadosamente mirada aos olhos. Aquele que recebe a echa, repassa para outra pessoa (que pode ser inclusive a mesma pessoa que enviou para ele). Este relança a “palma-echa” para outra dentro da roda. Assim vai prosseguindo o jogo. Todos devem estar em estado de alerta e prontidão para receber a palma e logo repassar para outra pessoa. Fazer a mesma coisa só que com o som do pé. Na próxima etapa, cada pessoa lança dois sons, um com o pé (Tum) e o outro com a mão (Pá). Ex: Tum Pá (uma pessoa), Tum Pá (outra pessoa), e assim por diante. Quando a sequência se tornar contínua, é muito comum surgir células rímicas mais estáveis.
Também podemos inverter. Ex: Pá Tum (uma pessoa), Pá Tum (outra pessoa).
Jogo da Flecha com pulso - no tempo
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- no contra-tempo
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Jogo do Eco Forma-se uma roda com os participantes. Uma pessoa da roda inicia a prática executando uma pequena sequencia de sons corporais criada no momento. O grupo escuta a frase e em seguida a reproduz em uníssono. Seguindo esse princípio e na ordem da roda, cada participante cria uma nova sequencia de sons para em seguida o grupo repetir a frase proposta. Esse processo pode continuar até que se complete uma volta inteira da roda permitindo a todos os alunos passarem pela experiência de serem proponentes. É possível proseguir por mais rodadas conforme a escolha do professor ou do grupo. O exercício pode ser feito restringindo-se a priori o universo de sons corporais a ser utilizado na elaboração das frases (ex: voz, palmas, pés, sons da boca e etc). Podese também pratica-lo sem restrições de timbre, dando aos alunos a liberdade utilizarem os sons corporais que quiserem, valendo-se de recursos rítmicos, melódicos, fonéticos ou até cênicos. O exercício pode ser executado a partir de uma métrica pré-estabelecida ou não.
Jogo do Refrão/Improviso Forma-se uma roda com os participantes. Um determinado ritmo de percussão corporal é proposto pelo professor para ser executado em uníssono por todo o grupo. Em seguida à execução deste ritmo é acrescida uma pausa ou uma marcação do pulso com estalos de dedo (ou algum som de boca de baixo volume) que possua a mesma duração do ritmo proposto. O grupo passa então a executar continuamente este refrão composto pelo ritmo e pela pausa (ou marcação do pulso). No momento de cada pausa do ritmo, um aluno por vez e na ordem da roda, deverá preencher esse espaço com sons corporais, executando um solo musical curto. Esse processo pode continuar indenidamente ou até se completar uma rodada e todos os alunos passarem pela experiência de serem solistas. Como variação pode-se estabelecer que o solo, ao invés de individual, seja executado por duplas, trios e quartetos (que sejam subsequentes na roda). Posteriormente pode-se também determinar que o solo seja feito por todos os participantes ao mesmo tempo, desde que tenham a intenção de voltarem em sincronia na execução do refrão. Pode-se também estabelecer que os solos coletivos sejam restritos a algum grupo de timbres corporais especíco (palmas, voz, pés, estalos de dedo, assobios ou até o silêncio).
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Seqüência Minimal Forma-se uma roda com os participantes. Uma pessoa previamente escolhida inicia o exercício criando algum um estímulo musical utilizando-se dos recursos corporais que preferir. Após uma experimentação inicial, este aluno segue repetindo o seu estímulo sonoro e moldando os seus detalhes, tornando esta frase musical cíclica. A pessoa seguinte da roda escuta este estímulo inicial e baseada nele cria em seguida uma outra frase musical original, também repetitiva, que se justapõe, se hamoniza e dialoga com a frase inicial. Nesta dinâmica todos os integrantes da roda vão pouco a pouco somando novas células, tecendo coletivamente um mosaico de sons que se relacionam e se complementam. É importante que cada participante busque o bem estar físico na execução de seu som/movimento de modo que ele possa estar livre para adaptar o seu ciclo caso seja necessário. O uso da pausa e do silêncio dentro da frase musical pode ser útil para o conforto do participante e também para a possível complementação sonora por parte dos outros participantes. Numa primeira versão do exercício após todos haverem ingressado cada integrante da roda vai um a um silenciando-se, na mesma ordem em que iniciou, até todo o grupo encerrar a prática no silêncio. Como variação pode-se também estabelecer previamente um regente que após todos os participantes estabilizarem suas células musicais pode através de seus gestos conduzir dinâmicas, como de intensidade, ou também selecionar pessoas da roda para continuarem a tocar enquanto outras se silenciam temporariamente. O exercício pode ser feito determinando-se que os sons corporais podem ser utilizados livremente pelos alunos ou também restringindo as sonoridades a serem utilizadas por categorias (sons vocais, sons percussivos e etc).
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Paisagem sonora Crie histórias com seus alunos usando os sons corporais e efeitos vocais como sonoplastia. Recomenda-se gravar para audição posterior junto aos alunos. É possível criar com o corpo ambiente sonoros diversos estimulando o imaginário do aluno e incentivando-o a pesquisar e reconhecer diferentes timbres. No cd infantil “Tum Pa” de autoria do grupo Barbatuques existem exemplos destas paisagens sonoras em faixas tais como: “Peixinhos do Mar”: Ambientes sonoros naturais (chuva, vento, mar, gotas, etc), “Escravos de Jó”: Imitação de diferentes animais com a voz e assobios. “Tanto Tom”: percepção dos sons externos urbanos ou de ambiente familiar “Repetisom” e “Orquestra Maluca”: Imitação de instrumentos musicais com o corpo e voz. “Tum Pá”, “Hit Percussivo” e “Que Som”: exploração de sons corporais e de recursos da fonética. Para ilustrar o potencial expressivo da técnica aplicada numa performance do Barbatuques, sugerimos que assistam “Peixinhos do mar” e “Barbapapa’s Groove” disponíveis no DVD Corpo do Som ao Vivo ou em vídeos na internet. Discograa Barbatuques: CDs Corpo do Som (2002), O Seguinte é esse (2005), Tum Pá (2012) DVD Corpo do Som ao vivo e documentário Indivíduo Corpo Coletivo (2007) Essa apostila foi elaborada pelo Núcleo Educacional Barbatuques®: Fernando Barba, André Hosoi, Maurício Maas, João Simão, Charles Raszl, Stênio Mendes, Giba Alves e Dani Zulu. concepção geral, textos e revisão de conteúdo: Fernando Barba textos adicionais: João Simão, Maurício Maas, Charles Raszl e André Hosoi coordenação educacional, ilustrações e diagramação: André Hosoi elaboração dos naipes: Giba Alves e Fernando Barba revisão: Dani Zulu e Maurício Maas notação Musical criada por Carlos Bauzys tablatura Corporal criada por André Hosoi Conra nossos links: facebook/barbatuques twitter @barbatuques youtube nucleobarbatuques
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