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INTRODUÇÂO AO PAISAGISMO 1. CONCEITOS E DEFINIÇÕES 1.1. PAISAGEM: A paisagem refere-se ao espaço de terreno abrangido em um lance de vista, ou extensão territorial a partir de um ponto determinado. Pode ser classificada em: Natural: sem a intervenção do homem; Artificial: planejada, ou seja, um jardim. Jardim é uma palavra de origem hebraica e vem de gan (proteger, defender) + eden (prazer, satisfação, encanto, delícia). A concepção inicial e, ainda hoje, a mais comum de jardim está ligada às palavras hebraicas originais: um mundo ideal, pequeno, perfeito e privativo. Na tradição judaico-cristã, a idéia primitiva de jardim é de paraíso, um lugar com plantas ornamentais e frutíferas formando um ambiente de harmonia, beleza e satisfação espiritual. Um jardim é a representação idealizada da paisagem como cada civilização (ou até cada pessoa) desejaria que ela fosse. É um local que pode ser percebido pelos cinco sentidos. É dinâmico, porque o elemento vegetal, como um ser vivo, está sujeito a um ciclo biológico. O jardim modificase com o passar do tempo (devido ao crescimento) e durante as estações do ano (floração, frutificação, queda das folhas, mudança de cor, etc.).
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Jardins de Versalhes.
1.2. PAISAGISMO: Da palavra paisagem, deriva a palavra Paisagismo. O paisagismo é uma atividade que organiza os espaços externos com o objetivo de proporcionar bem-estar aos seres humanos e de atender às suas necessidades, conservando os recursos desses espaços. Combina conhecimentos de ciência e arte, pois: ♦ Arte: forma de expressão cuja ocorrência se verifica quando um conjunto de emoções atua sobre a sensibilidade humana; ♦ Ciência: é a reunião de leis abstratas, deduzidas dos fenômenos da realidade exterior ou interior. ♦ Técnica: é a aplicação, nos trabalhos de rotina, das leis abstratas que vêm da ciência. Existem alguns conhecimentos básicos que são requeridos no paisagismo: 1º. Conhecimentos científicos: Manejo dos recursos naturais: Ecologia, Biologia, Botânica, Geologia e Geografia, etc.; Técnicas de cultivo: Agronomia (Fitopatologia, Entomologia, Fitotecnia, Adubação, Fisiologia Vegetal, Horticultura, Solos, Nutrição de plantas, Proteção de plantas, Climatologia, Topografia, Irrigação e Drenagem, etc.); Organização dos espaços: Arquitetura e Urbanismo. 2º. Conhecimentos artísticos:
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Artes plásticas: elementos vivos e inertes (esculturas); Artes industriais: cerâmicas, serralherias, marcenarias, etc. 2. COMPONENTES Para que se tenha um paisagismo bem elaborado, deve-se partir para o planejamento paisagístico. Este planejamento deve considerar, ainda, o espaço livre e de área verde existente no local em estudo. O espaço livre é toda a área geográfica (solo ou água) que não é coberta por edificações ou outras estruturas permanentes. A área verde é um tipo específico de espaço livre, ou seja, aquele coberto, predominantemente, por extrato vegetal. O termo “área verde” aplica-se a diversos tipos de espaços urbanos que têm em comum: serem abertos (ao ar livre); serem acessíveis; serem relacionados com saúde e recreação. São consideradas áreas verdes urbanas tanto áreas públicas, como particulares. Podem ser jardins, praças, parques, bosques, alamedas, balneários, campings, praças de esporte, playgrounds, playlots, cemitérios, aeroportos, corredores de linhas de transmissão, faixas de domínio de vias de transporte, margens de rios e lagos, áreas de lazer, ruas e avenidas arborizadas e/ou ajardinadas. Desde que devidamente tratados, também se incluem os depósitos abandonados de lixo, as áreas de tratamento de esgoto e outros espaços semelhantes. Existem diversas classificações de áreas verdes: a) Jardins de representação: áreas ligadas à ornamentação sem finalidade recreacional e de menor importância do ponto de vista ecológico. São os jardins de prédios públicos, de igrejas, etc.; b) Jardins de vizinhança: áreas para recreação, que podem ter alguns equipamentos recreacionais (playgrounds), esportivos ou mesmo de lazer passivo (bancos). Sua área mínima é de 1.500m 2, ou de 5.000m2 caso tenham equipamentos esportivos. Devem distar, no máximo, 500m das residências dos usuários; c) Parques de bairro: áreas com a mesma finalidade que os parques de vizinhança, mas com equipamentos que requerem maior espaço; sua área mínima é de 10ha, e devem distar, no máximo, 1.000m das residências dos usuários; d) Parques distritais ou setoriais: têm a mesma finalidade que as duas categorias anteriores, mas sua área mínima é de 100ha; e) Parques metropolitanos: áreas de responsabilidade extra-urbana, com espaços de uso recreacional e de conservação;
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f) Unidades de conservação: áreas exclusivamente destinadas à conservação, podendo, eventualmente, ter algum equipamento recreacional para uso pouco intensivo. Encaixam-se nesta categoria as áreas de recursos naturais, áreas de proteção ambiental, áreas de proteção de mananciais e áreas de proteção paisagística; g) Áreas verdes de acompanhamento viário: áreas sem carater conservacionista ou recreacional, tendo apenas função ornamental, mas podendo interagir no ambiente urbano. São os canteiros de avenidas, rotatórias, etc..
Existe ainda um espaço urbano, talvez o mais importante, não inserido nesta classificação, a Praça, local de encontro na cidade, vegetado ou não, comumente com área aproximada de 1,0ha. Os parques de vizinhança são praças, mas as praças nem sempre são parques de vizinhança. O índice de área verde é o total de áreas verdes de um determinado local (m2) dividido pelo seu número de habitantes (m 2/habitante), ou seja, é a relação entre a quantidade de área verde de uma cidade e sua respectiva população. Considera-se adequado um índice de 10 m2 a 13 m2 de área verde/habitante. Mais importante que o índice, entretanto, é a distribuição dessas áreas verdes e as suas características e as da região onde elas se inserem. 3. IMPORTÂNCIA A existência de áreas verdes junto aos centros urbanos (parques, praças, lagos e ruas arborizadas) proporciona uma sensação de bem-estar aos usuários destes espaços. As plantas utilizadas no paisagismo urbano, tão importantes na caracterização ambiental destas áreas, promovem inúmeros benefícios estéticos e funcionais ao homem e estão muito além dos seus custos de implantação e manejo. Alguns dos efeitos causados pela vegetação no meio urbano estão relacionados com a melhoria da qualidade do ar e do conforto térmico. A qualidade do ar é melhorada pela interceptação de partículas e absorção de gases poluentes pelas plantas, enquanto que a redução da temperatura ocorre pela absorção de calor no processo de transpiração, redução da radiação e reflexão dos raios solares. Outros benefícios proporcionados pela presença planejada das plantas na paisagem urbana são a proteção contra ventos e redução da poluição sonora. O vento pode ser agradável, desconfortável ou ate mesmo destruidor, dependendo de sua velocidade. As plantas modificam os ventos pela obstrução, deflexão, condução ou filtragem do seu fluxo.
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As plantas também podem ser úteis quando dispostas com o objetivo de sinalização, arranjadas a fim de indicar direção a pedestres e veículos, melhorando a aparência de estradas e rodovias. Contudo, os maiores efeitos proporcionados pela utilização de plantas nos espaços urbanos são os estéticos e psicológicos. Os efeitos estéticos, evidenciados pelas propriedades ornamentais de cada espécie, têm o poder de modificar os ambientes visualmente, tornando-os mais agradáveis aos seus usuários. Já os benefícios psicológicos são capazes de melhorar o desempenho e o humor de trabalhadores, reduzir o tempo de internação e uso de remédios em pacientes e melhorar a relação de empresas com a comunidade. Outro fato importante é a redução da criminalidade e da violência nos centros urbanos onde o uso de plantas é adequado.
FATORES AMBIENTAIS E SUAS RELAÇÕES COM A JARDINAGEM/ PAISAGISMO
1- NATURAIS 1.1- SOLO Também chamado de terra, é o recurso básico que suporta toda a cobertura vegetal do planeta e que, juntamente com a água e o ar, permitem a existência dos seres vivos. Tem grande importância aos vegetais terrestres, fornecendo a base de sustentação da planta e os nutrientes essenciais à sua sobrevivência. Constitui a camada superficial da crosta terrestre, composta por rocha em desagregação misturada à matéria orgânica em decomposição, ao ar, água e substâncias químicas diluídas. Nas atividades agrícolas, principalmente, o uso do solo deve ser executado de modo correto, priorizando a sua conservação que é de grande importância, como veremos mais adiante.
1.1.1- Características do solo
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Origem e Formação O solo é formado a partir da modificação da rocha de origem (material duro mais conhecido como pedra), mediante a ação integrada dos elementos climáticos (chuva, vento, gelo e temperatura) e de organismos vivos (fungos, liquens e outros) que ao longo do tempo vão decompondo àquela rocha originária em grãos cada vez menores, até transformá-la em um material solto e macio, denominado mineral. O solo leva vários séculos ou até milhões de anos para se formar, sob a ação dos agentes naturais (intemperismo). Deste modo o solo é representado pela expressão:
SOLOS= ROCHA+ CLIMA+ TEMPO+ ORGANISMOS VIVOS
NOTA: Função dos organismos vivos: Os animais (microorganismos, insetos, minhocas, etc), as plantas e o próprio homem ajudam na transformação do solo, ao misturar e decompor matéria orgânica (restos de animais e vegetais mortos) com o material granular e solto, em que se tornou àquela rocha original. Além disso, os seres vivos quando morrem também vão sendo decompostos e misturados com o material macio e fofo, formando o solo. Esta decomposição fornece os elementos nutricionais essenciais ao desenvolvimento das plantas. Composição do solo É composto de 4 partes: Água (localiza-se no interior do solo em pequenos espaços chamados de poros e é utilizada pelas raízes das plantas e pelos microorganismos). Ar (a situação é igual ao da água). Mineral (resultado da decomposição da rocha de origem). Divide-se em 3 frações principais, de acordo com o seu tamanho: o Areia (a parte mais grossa. Ex; areia da praia) o Silte (parte um pouco mais fina. Ex: limo) o Argila (parte muito pequena e que só pode ser visualizada através de microscópio. Ex: o barro). Matéria orgânica (restos de animais e plantas) Estes 4 elementos componentes do solo encontram-se misturados uns aos outros. O solo se assemelha a uma esponja destas que usamos para banho, tendo ar e água nos espaços de seu interior.
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Organização do solo Como o corpo humano, o solo também tem a sua organização. Basicamente, ele se apresenta como um bolo recheado, com camadas sobrepostas e distintas. Após o material de origem (rocha) ser decomposto e depositado, conforme já explicado anteriormente, processa-se a diferenciação das camadas mais ou menos paralelas a superfície e denominadas de HORIZONTES. Estes horizontes podem apresentar cores diferentes, sendo que a primeira camada apresenta uma coloração mais escura (devido ao acúmulo de restos de vegetais e animais no solo) e é nesta camada, que os vegetais iniciam o seu crescimento. É chamado de horizonte A e os abaixo desta primeira camada, são chamados de horizontes B e C. Estes horizontes que formam as camadas do solo podem ser melhores visualizados em “barrancos” às margens de estradas ou quando abrimos um “poço” de cerca de 2 metros de profundidade. Na realidade, nós estamos visualizando o que se chama de “perfil” do solo. Nos campos, observamos diferentes tipos de vegetação e plantações e que são, na maioria, devido aos diversos tipos de solo sobre os quais se desenvolveram. A cor é uma das características que mais chama a atenção, podendo fornecer indícios sobre a composição, propriedade e origem do solo. A cor está relacionada com os teores de matéria orgânica, umidade e predominância de determinados compostos químicos (óxido de ferro). Assim, temos na natureza solos de coloração amarela, vermelha, cinza azulado, marrom escuro, branca (areia da praia). A textura de um horizonte pode ser mais dura que o do outro, filtrar mais rápido a água e/ou permitir que as raízes cresçam mais ou menos rápida.
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Tipos de solo As plantas precisam de solo para fixar-se e armazenar água e sais minerais. Em média, metade do volume do solo é formada por espaços cheios de ar e água. As plantas se alimentam e também respiram pelas raízes, não só pelas folhas. Quando os espaços são pequenos demais, como em solo muito argiloso, diz-se que o solo é pesado (se você tentar remexer lama com a pá, logo saberá por quê). Quando os espaços são maiores, como no solo arenoso, diz-se que o solo é leve. Em solo muito pesado, que não dá passagem à água, as raízes podem morrer afogadas, devido à falta de oxigênio. A textura do solo portanto, pode ser em alguns casos, até mais importante do que sua composição química. Mas, para resumir todos os resumos, saiba que você pode cultivar quase qualquer planta, de cactos a samambaias, numa mistura de terra argilosa de jardim, areia de construção e terra vegetal, em partes iguais.
Se a receita acima pode ser chamada de Mistura Universal, o "Tipo O" é de todos os solos, mas nem por isso se deve excluir a possibilidade real de variar os ingredientes, suprimir um ou outro e adicionar uma infinidade de requintas substâncias. Pó de xaxim e vermiculita podem tornar mais fofa a Mistura Universal. A vermiculita é um produto derivado da vermiculita crua (mineral) e que após passar por processos industriais é um excelente hidratante natural das plantas, evita a compactação do solo, melhora o crescimento das plantas, mantém a umidade do solo por até 15 dias sem rega e não tem cheiro. É excelente para o uso agrícola. Acidez e Alcalinidade A composição química do solo naturalmente pode ser decisiva. Certas plantas, necessitam de solo ácido para serem cultivadas com sucesso e outras dificilmente crescem bem em solo ácido. O solo ácido ou "azedo" tende a ser escuro, às vezes com a superfície coberta pelo verde de algas. O solo alcalino ou "doce", tende a ser claro, às vezes esbranquiçado. Entre as plantas acidógilas (gostam de ácido) que preferem solo ácido (pH 6 a 6,5) estão azaléas, begônias, camélias, ciclames, gardênias (jasmim-do-cabo), magnólias (arbusto), violetas-africanas, urzes. Entre as que preferem solo alcalino estão espécies de buxo, cravo, lírio, pinheiro, sálvia. A acidez ou a alcalinidade do solo se mede por uma escala arbitrária, que vai de 1 a 14, e é denominado de pH (*). Solo de pH 7 é neutro, nem ácido e nem alcalino (Ex: água destilada). Cada grau para cima indica alcalinidade 10 vezes maior e cada grau para baixo, acidez 10 vezes maior.
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Solo de pH 8 é 10 vezes mais alcalino que o de pH 7 e um solo de pH 6, é 10 vezes mais ácido que o de pH 7. As azaléas e outras plantas acidógilas como as citadas acima, se dão bem em solos de pH 6 a 6,5. O pH pode ser medido com um simples teste de tornassol. Em lojas de artigos agrícolas, vendem-se Kits completos com o nome de peagâmetro. Em regiões muito chuvosas, o solo tende a ser ácido, porque a água lava os sais alcalinos. Nas grandes cidades há outra razão para o solo ter sua acidez aumentada: a fumaça sulfurosa de fábricas e veículos aumenta a acidez da água da chuva. A terra vegetal ou terriço tende a absorver os excessos de acidez ou de alcalinidade, apesar de ser uma substância ácida em si. O solo muito alcalino tende a ser deficiente em boro, ferro, manganês, molibdênio, zinco e outros fertilizantes secundários. No Capítulo mais adiante, referente à Calagem, este assunto será complementado. (*) A abreviatura de pH corresponde a "potencial (p) de acidez decorrente da concentração de íons de hidrogênio (H)". Íon ou ionte é uma partícula subatômica carregada de eletricidade.
Misturas de solo Um solo para ser considerado com ótimas condições para o desenvolvimento das plantas deverá ter a seguinte composição: 45% de minerais; 25% de água; 25% de ar; 5% de matéria orgânica. As incontáveis misturas de solo são geralmente constituídas por alguns ingredientes descritos a seguir: Areia - Acúmulo de partículas rochosas alteradas, constituindo diminutos fragmentos resultantes das ações do tempo e condições climáticas. Seus grãos aumentam o tamanho dos espaços que formam a porosidade do solo e não tem função nutriente nem ação química como a da argila. A areia usada em jardinagem é quase sempre a mesma que entra na preparação de argamassa para construções, isto é, areia de rio. Areia de praia é terminantemente proibida para uso por quase todos os livros, mas é preciso distinguir dois tipos: a que fica acima da linha das marés é um tipo recuperável e utilizável, depois de alguns meses de exposição ao sol e à chuva numa área não afetada pela salinidade de origem. O maior problema no caso talvez seja a finura dos grãos. Argila – “Barro” dos oleiros e ceramistas, formado por grãos finíssimos e somente visíveis ao microscópio. Endurece quando seca e volta a formar lama quando molhada. Em tijolos e peças cerâmicas o endurecimento é irreversível por causa do cozimento.
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É ávida por água e isto explica quando se encosta a ponta da língua numa moringa bem seca. Como os sais de cálcio tendem a aderir a suas partículas, a argila retarda a acidulação do solo. Carvão – Trata-se do carvão vegetal, madeira submetida à combustão incompleta (queima). Tem a propriedade de atrair e oxidar substâncias tóxicas resultantes da fermentação de matéria orgânica. È usado em pedaços de tamanho variável para manter mais saudável o solo, para purificar água de torneira destinada à rega e para controle da acidificação. Húmus - Material marrom ou preto resultante da decomposição de matéria vegetal ou animal. Um grande produtor de húmus é a minhoca. Material Calcário - Substâncias ricas em cálcio, que por sua vez têm ação corretiva sobre a acidez do solo (este assunto será explicado no Capítulo adiante, referente à Correção do solo). Em jardinagem são usados comumente a cal (óxido de cálcio) e o pó calcário magnesiano. Na preparação de vasos podem entrar reboco (de parede) velho moído, conchas moídas, cascas de ovos e giz escolar. Perlite - Vidro vulcânico que o calor reduz, por explosão, a fino cascalho; as partículas, muito porosas, podem reter grandes volumes de água e ar e, desse modo, desempenhar função mais eficiente do que a da areia. Utilizável em coleções de vasos, mas é um luxo no jardim. Terra vegetal ou terriço - É um lixo da mata, formado principalmente por folhas parcialmente decompostas. Material rico em húmus e bactérias úteis e, portanto, com alto valor fertilizante. Embora ácida, regula o pH. A terra vegetal de melhor qualidade é a que tem textura de flocos, não de pó. Quando em fermentação muito ativa pode ser prejudicial, se incluída em excesso, especialmente em solos destinados ao cultivo de cactos. Turfa - Matéria vegetal parcialmente carbonizada, isto é, no processo incompleto de tornar-se carvão mineral. Abundante em algumas regiões do mundo, ricas em carvão mineral (Estados Unidos, Europa), e onde é usada como sucedâneo da terra vegetal, escassa em países desmatados e de clima frio. No Brasil, apesar da abundância e baixo custo da terra vegetal, muita gente prefere a turfa importada, porque dá resultados imediatos. No afofamento da terra, a turfa é muito porosa, leve e absorvente, mas não tem valor nutritivo como a terra vegetal. Vermiculita - Outro tipo de “pipoca” mineral semelhante a perlite, resultante da alteração da mica pelo calor. Muito absorvente retém umidade e, é usada, como material de enraizamento de plantas que pegam depressa, como cóleos e crisântemos. Xaxim - Tecido morto da planta do mesmo nome (ou samambaiaçu).
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Poroso, absorvente, intrinsecamente antibiótico e resistente a insetos e outras pragas. Em placas, é o "solo" ideal para orquídeas, bromélias e outras epífitas não parasitas (plantas que se apóiam em outras). Em pó, é substituto da perlite, vermiculita ou turfa. Dá porosidade ao solo, mas sem prejuízo da umidade, o que favorece a penetração de raízes de samambaias, avencas e outras plantas de meio úmido. Receitas de Misturas de Substratos para Plantio À medida que vão acumulando experiência, os jardineiros tendem a refinar suas exigências de solo. A Mistura Universal, de fato, pode ser substituída por uma composição mais apropriada e até ser ela própria melhorada. Isto é, há quem opine que a Mistura Universal não deva ser formada por quantidade iguais dos 3 ingredientes e sim pela seguinte proporção: Terra argilosa de jardim : 7 partes Terra vegeta : 3 partes Areia grossa : 2 partes Esta receita apresentada parece satisfazer a necessidade de maior número de plantas, mas pode-se aperfeiçoá-la com alguns "temperos". Digamos, para cada 5 Kg desta mistura, acrescente 1/2 colher das de café de giz moído (exceto para azaléas e outras que preferem solo ácido); 2 colheres das de café de superfosfato; 1 colher das de café de sulfato de potássio. É claro que você também pode esquecer todos esses ingredientes secundários e simplesmente acrescentar à mistura adubos previamente preparados existentes no comércio, cada um deles com fórmula adequada ao tipo de planta que você irá cultiva. Se por qualquer razão puder comprar esses artigos especializados e quiser ter certa variedade de solos, será melhor limitar-se a 3 tipos básicos, nos primeiros tempos: - Receita n.º 1 - Para cactos e suculentas.
Areia Terra argilosa Terra vegetal
4 partes 1 parte 1 parte
Para cada 5 kg de mistura, 1 colher das de sopa de carvão moído (mas não em pó); 1 colher de farinha de ossos; 1 colher de cascas de ovos moídas (não em pó); 1 colher das de café de giz moído. A terra vegetal pode ser substituída por esterco de vaca ou de cavalo, mas qualquer desses três ingredientes deve estar muito bem curtido, pelo menos durante um ano. Os cactos abominam fermentação.
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- Receita nº 2 - Para plantas tropicais em geral, folhagens de verde intenso ou variegadas, plantas de crescimento rápido. Areia Terra argilosa Terra vegetal
2 partes 1 parte 2 partes
Para cada 5 Kg dessa mistura, acrescente 1 colher das de sopa de carvão em pedacinhos e 1 colher das de café de giz em pó. Se quiser, 1 das 2 partes de terra vegetal pode ser substituída por esterco bem curtido. - Receita nº 3 - Para plantas de clima temperado, que sobrevivem a invernos rigorosos. Areia 1 partes Terra argilosa 1 parte Terra vegetal 1 parte
Para cada 5Kg desta mistura, acrescente 1 colher (das de sopa) de farinha de sangue e 1 colher de carvão em pedacinhos. Todos estes tipos de solo destinam-se a preparação de vasos. No jardim, as condições de fertilização natural e de drenagem são diferentes, de modo que a terra argilosa marrom que neles predomina é geralmente adequada. Mas as receitas também servem de alguma orientação nas correções do solo do jardim. A versatilidade é enorme. Algumas plantas podem ser cultivadas sem solo dentro de casa, com as raízes imersas em água. Você pode ter dracenas, filodendros, cóleons, tradescâncias e até comigo-ninguém-pode durante anos, "plantadas" na água de recipientes de vidro colorido (para evitar a formação de limo), desde que ache um meio de apoiá-las. Mantenha um pedaço de carvão dentro da água e troque-a cada 15 dias por água fresca, na qual haja diluído 1 colher das de chá de adubo solúvel (ou conforme a bula). Teste o pH de vez em quando. Se a água estiver ácida, pingue umas gotas de bicarbonato de sódio diluído ou se estiver alcalina, pingue umas gotas de vinagre diluído.
O cultivo de plantas sem solo é conhecido como hidroponia e atualmente é muito utilizada principalmente nas culturas de verduras (Ex: alface), devido ao baixo custo de manutenção e mão de obra. São cultivadas em canos de PVC cortados horizontalmente e por onde correm água fresca e adubo diluído.
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Existem instalações especiais, em que as plantas enraizam em pelotas de xisto fundido ou cerâmica especial, irrigadas com regularidade automática por uma solução de fertilizante em água. Dá pouco trabalho, mas sua implantação é cara demais. 1.1.2-Topografia A inclinação ou declividade do solo é um dado importante para o planejamento de qualquer atividade agrícola e deve ser bem observado antes de executar qualquer operação no terreno. Para tanto é necessário entender o que vem a ser topografia e a sua utilização em atividades agrícolas, para evitar riscos de erosão, assoreamento, deslizamento, inundação e que causam a degradação do solo (destruição). A topografia é uma aplicação da matemática e da trigonometria, empregada na medição de terrenos com todos os seus acidentes naturais e artificiais, representando-os numa figura plana denominada “planta topográfica”. A planta topográfica nada mais é do que a representação em plano horizontal, dos acidentes naturais e artificiais. É a projeção horizontal do terreno. A mais utilizada é a planta planialtimétrica, que medem horizontalmente as terras e medem e representam os relevos. Em alguns casos, é essencial que o jardineiro entenda a planta do terreno, para que possa conhecer e/ou reconhecer as características do mesmo, seus acidentes geográficos e a utilize como uma ferramenta no planejamento do seu trabalho. A identificação de uma planta por simples observação é importante para qualquer estudo ou construção na área. Alguns acidentes geográficos são imediatamente identificados, tais como: Vertentes-são as superfícies laterais das elevações ou depressões. Também são denominadas de “flancos” ou “encostas”. Linha de cumiada -seus pontos são altos e essa linha divide as águas das chuvas para as vertentes. As curvas de nível de cotas menores envolvem as de cotas maiores. Também é chamada de “divisor de águas”. Talweg -são linhas de pontos baixos de uma região. É a linha mais profunda do leito de um rio. As águas das chuvas descem pelas vertentes e se escoam pelos talwegs. É identificado na planta pelo fato das curvas de nível de cotas maiores envolverem as de cotas menores. Garganta - é o ponto comum (coincidente) entre a linha de cumiada com um talweg. A primeira coisa a ser feita em um desenho de uma planta topográfica é a escolha da escala. A fim de facilitar a compreensão, chama-se de “objeto” tudo que admite representação gráfica, seja um segmento de reta, um polígono, uma superfície, um sólido, etc. Chama-se “figura” ou “desenho”, a representação gráfica de um objeto. Denomina-se “escala” a relação entre o tamanho do polígono no papel e o do caminhamento no terreno. É uma razão de semelhança e é expressa por
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uma fração (ex. 1:200), chamada de “escala gráfica”. Ex. “Quando o terreno medido tem mais ou menos 1km (quilômetro) de largura, podemos fazer a planta com mais ou menos 1 metro, ou seja, na escala de 1: 1000”. Nesta escala, para representar um alinhamento qualquer, divide-se o seu comprimento por 1000. Desta maneira, um alinhamento de 200 metros, é representado no papel por uma linha com 0,20 m (20 cm). Geralmente os mapas ou as plantas topográficas do terreno vêm com as escalas indicadas, bastando fazer a conversão do que foi medido no mesmo. Existem várias escalas a serem empregadas e quanto maior for a escala, menor é o desenho e vice-versa. NOTA: A Fig. D no final deste Capítulo, ilustra o desenho do polígono topográfico de um terreno. Em uma planta topográfica, principalmente na altimétrica, aparecem números inteiros (cotas) e linhas (curvas de nível). Cota é a distância do ponto A ao plano horizontal de projeção. É positiva (+) se o ponto está acima do plano, e negativa (-) se o ponto está abaixo desse plano. É nula quando está no plano. Acima do plano é chamada de altitude e abaixo é profundidade. O plano de referência que se utiliza é o nível do mar. Exemplificamos abaixo, o que vem a ser cota.
Ponto A (+) cotas A1(nula) Plano A2 (-)
Curva de nível é a união entre pontos de mesma cota. (ver Fig.A). Em uma planta topográfica, a representação de cotas iguais em diferentes partes do terreno são feitas através de linhas contínuas e que representam a
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topografia do terreno. São muito úteis, pois possibilitam o plantio em níveis, usando corretamente o solo e evitando os processos erosivos. OBS: Comentando a Fig. A (ver no final deste Capítulo), temos: Na parte superior temos um esboço de um morro, onde planos horizontais eqüidistantes (mesma distância entre si) de 10 metros produziram curvas de nível 10, 20, 30 e 40. Na parte inferior estão representadas as projeções das curvas de nível (que são pontos com cotas iguais). É a “planta” da parte superior. Quanto mais próximas forem as curvas de nível, mais inclinado é o terreno e a linha de maior declive é a de inclinação máxima. É a menor distância entre 2 curvas de nível. A Fig. C no final deste, ilustra a inclinação. Declividade nada mais é que a diferença de nível existente entre dois pontos e o seu cálculo é simples (Figs.17 e 18). Na natureza dificilmente encontramos um solo perfeitamente nivelado e, por este motivo, um dos requisitos básicos para a construção de residências, jardins ou cultivos de plantas em geral, é a criação de espaços bem nivelados. Isto implica, naturalmente, a remoção e o deslocamento de terra para acertar o terreno (movimentação) e a criação de acessos. Há teoricamente, terrenos de dois tipos: planos ou em declive. Em termos práticos porem, eles são sempre em declive e, quanto à declividade, podem ser classificados em planos, inclinados e escarpados. Consideram-se planos os terrenos em declive que têm uma caída (diferença de nível) inferior a 5m em relação a cada l00m de extensão (cerca de 5%). Este tipo de topografia favorece a adoção de soluções funcionais, criativas e pouco dispendiosas e é, em geral, o mais interessante e proveitoso do ponto de vista da jardinagem e paisagismo, pois oferece maior facilidade de distribuição dos componentes que comporão o jardim e a paisagem, principalmente aqueles que ficam próximos a casa. Contudo, mesmo os terrenos planos apresentam alguns problemas que terão de ser solucionados ainda na fase do projeto. O principal problema é criar uma leve inclinação para que a água não fique empoçada. Os terrenos inclinados ou ondulados apresentam uma declividade de 10 a 14m para cada 100m de extensão (cerca de 14%). Neste tipo de topografia, a adoção de soluções exige mais criatividade e são mais dispendiosas. Os problemas de drenagem, por exemplo, podem ser facilmente resolvidos, embora se deva controlar também o fluxo da água para evitar a erosão. Os declives escarpados atingem mais de 14m de caída em l00m de extensão (mais de 14%) e requerem a movimentação de grandes quantidades de terra para a criação de patamares planos. Os solos destes terrenos tendem a ser rasos e pobres, sobretudo quando ele se eleva acima das superfícies de vales.
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Quanto mais declivoso e susceptivel a erosão for o terreno, maiores serão as dificuldades no preparo do solo. Tanto o seu revolvimento bem como a incorporação dos resíduos vegetais devem ser executados manualmente e de maneira adequada, evitando-se o emprego de máquinas agrícolas pesadas, que certamente irão ocasionar erosão e seus efeitos negativos ao meio ambiente. 1.1.3- Conservação do solo Para um melhor entendimento deste assunto, é necessário inicialmente o conhecimento do que vem a ser EROSÃO. A erosão é um fenômeno de desgaste e arrastamento das partículas do solo através das águas ou dos ventos, sendo mais intenso em solos desprovidos de qualquer tipo de vegetação (Figs.19 e 20). A erosão pode ser: Geológica; Natural; Acelerada ou dos solos agrícolas Os dois primeiros são praticamente incontroláveis pelo homem e os dois últimos são frutos do mesmo sobre o Natural. Os principais tipos de erosão são:
Por embate Causado pelo efeito desagregador das gotas de água da chuva sobre o solo;
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Laminar Devido às enxurradas que deslizam desgastando suave e uniformemente o solo em toda a sua extensão. É de difícil verificação e se prolonga por anos, até que as raízes superficiais começam a aparecer.
Sulcos, Ravinas ou dedos. Em poucos anos o solo fica pobre e imprestável para as práticas agrícolas. Deve ser imediatamente combatido, pois em evoluindo muito o seu controle é mais complicado e tem um alto custo. Vossorocas Quando a camada impermeável do solo é muito profunda, pode existir canal de água subterrâneo que vai corroendo aos poucos o subsolo, ocasionado o desabamento e abrindo crateras no solo. Após o seu início, é difícil o controle e a recuperação do terreno é extremamente dispendiosa e não há garantias para
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tal. Dentre os tipos de erosões existentes, este é o considerado como sendo o mais grave. A ocorrência de erosão depende, dentre outros: Tipos de solo; Declividade; Cobertura vegetal; Regime de chuvas (intensidade e duração); Sistema de drenagem natural; Uso inadequado do solo; Quando estamos tratando de uso do solo, não podemos deixar então de comentar sobre a importância e a necessidade da sua “conservação”. O Homem, sendo um agente degradador do meio ambiente através de suas ações ou atividades, causa vários danos ambientais muitas vezes irreversíveis. No uso agrícola do solo, muitas vezes por desconhecimento de práticas conservacionistas, pelo uso inadequado das máquinas e implementos agrícolas, pela falta de orientação de um profissional, dentre outros, um solo fértil e produtivo, se torna estéril, erodido e inapto ao cultivo. Quando falamos sobre conservação do solo, não devemos considerar apenas as praticas referentes à retenção de água, mas também a: Conservação da cobertura vegetal existente; Uso racional de adubo e corretivo; Emprego correto das práticas de preparo do solo e do cultivo. Alguns procedimentos básicos são recomendados para a conservação do solo, tais como: Um bom estudo e análise do solo; As características topográficas do terreno; O uso correto de máquinas e implementos no preparo do solo; Uso correto de adubo e corretivo; Emprego de práticas conservacionistas (métodos) no preparo do solo; Manutenção do (s) método (s) utilizado (s); Emprego de técnicas corretas de plantio; Seleção e escolha de espécies adequadas ao tipo de solo. São 3 (três) os métodos que constituem as práticas conservacionistas: Método Vegetativo Curvas de nível Os plantios obedecem às curvas de nível do terreno (a união de pontos com cotas iguais), em faixas paralelas e não de alto a baixo numa encosta. Evita-se ou minimiza-se o processo da erosão. Culturas em faixas: É a disposição do plantio em diversas faixas em curvas de nível. Em cada faixa são plantadas espécies diferentes e que são substituídas anualmente. A rotação dessas plantas deve ser bem planejada e deve sempre existir no mínimo uma espécie “leguminosa”.
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Culturas em faixas de retenção As faixas de retenção são em nível e podem ser cultivadas plantas econômicas ou não. A declividade do terreno deverá ser de 3 a 6%. Nas faixas, que funcionam como barreiras contra enxurradas,. Podem ser plantadas espécies que apresentem um sistema radicular mais bem desenvolvido, para uma melhor fixação e a agregação do solo. Métodos Mecânicos São métodos com custos operacionais mais elevados e que exigem muita perícia e conhecimento apurado daqueles seus executores. Devem sempre ter a orientação e acompanhamento de Engº Agrônomo ou Florestal. São utilizados em áreas extensas e de grandes projetos agrícolas ou florestais. Entretanto, estes métodos também podem ser utilizados em áreas menores, caso o benefício seja maior do que o seu custo operacional.
Para conhecimento, citamos alguns destes métodos: Cordões de contorno; Patamares; Terraços. Vegetativos Mecânicos Na realidade este método é uma combinação dos processos vegetativos e mecânicos e o que apresenta melhores resultados no combate a erosão. Como exemplo podemos citar o nivelamento, construção de terraço e plantio em faixa de rotação e retenção. A aplicação destes métodos, em menor ou maior escala, dependerá dos objetivos da ocupação do terreno, o tipo de cultivo, as características físicas do solo e a dimensão do local a ser trabalhado (área). Conclui-se que a conservação do solo faz parte de um todo neste processo e não deve ser isolado também de outros aspectos importantes (sementes, adubação, irrigação, etc.), não se relegando a um segundo plano, o fator básico mais importante que é o solo “conservado e fértil”. 1.2- Água É um fator imprescindível à vida em geral. Para os vegetais, para o ótimo atendimento às suas necessidades fisiológicas, necessitando de suprimento contínuo ao alcance de suas raízes e em menor escala e esporadicamente, ao seu sistema foliar. Constitui também parte integrante da formação do seu alimento. A economia da água no solo, isto é, a quantidade que a planta vai utilizar depende de outros fatores. Assim é que, à medida que diminui o diâmetro das partículas do solo, diminui percentualmente a quantidade de água que a planta pode utilizar, ou seja, a água útil ou disponível. A água desempenha na economia da planta dupla função fisiológica, agindo fisicamente e integrando o seu metabolismo.
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Fisicamente é o solvente (que dilui) por excelência dos nutrientes assimilados pelas raízes e pelos estômatos, regula a turgidez dos tecidos e transporta a seiva por toda a planta. Também é o meio onde se processam as reações químicas. Metabolicamente é também alimento, porque os seus componentes químicos desdobrados pela fotossíntese (principalmente oxigênio), vão fazer parte integrante dos compostos elementares, formadores da imensa e complexa cadeia de compostos orgânicos (glicose, sacarose, amido ou celulose). Devemos considerar a destinação da água proveniente das chuvas e da própria irrigação. Da água que cai no solo, parte se evapora, parte escorre e parte se infiltra. Evitar o máximo de desperdício é obviamente boa parte da tarefa do jardinocultor. O excesso de água também é prejudicial às plantas por várias razões: Exclui o ar do solo prejudicando a respiração das raízes; Lixívia (lava) o solo carregando para o subsolo, os elementos nutritivos necessários ao crescimento das plantas; Provoca o processo de erosão, mal condenável de todos os pontos de vista; Acarretam despesas evitáveis. Além de sua função eminentemente útil às plantas conforme descrito acima, a água possui também uma função decorativa na composição paisagística de um jardim. A influência da água na composição paisagística dos jardins pode ser estabelecida em: Formas de ocorrênciaA existência de água nos terrenos a ajardinar pode se dar através de reservatórios naturais (lagos, lagoas), cursos d’água (córregos, rios e os seus acidentes - saltos, cachoeiras e cataratas) e as fontes que mais de perto interessam ao trabalho de organização do jardim. O volume de água nestes reservatórios naturais depende diretamente das precipitações pluviométricas (chuvas) e que variam muito de uma região para outra. Possibilidades de utilizaçãoA água pode ser utilizada sob 2 formas: Para regas – para que possa ser aproveitada, a água deve ser leve, bem arejada, não conter sais minerais em excesso nem matéria orgânica em decomposição. Não devem ser usadas as águas estagnadas ou as que recebam despejos industriais e esgotos domésticos. Decorativas – como elemento de decoração e considerando tão somente as formas de ocorrência já citadas, como regra geral, a composição deve respeitar dentro dos limites possíveis, os
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aspectos naturais existentes nos locais de ocorrência de água, mantendo-se as belezas naturais que possuírem. 1.3- Clima Deve-se ter em mente que o Homem não pode modificar o clima, daí ser um elemento imutável nos trabalhos de jardinagem e paisagismo. A escolha da cobertura vegetal perene em um jardim terá que ser em função das condições climáticas da região em que será construído. Dentre os principais fatores climáticos relacionados com a jardinagem e o paisagismo temos: Temperatura - tem forte influencia sobre o cultivo das plantas, podendo vir a causar a morte das mesmas, devido desidratação (perda de água pela transpiração), exigindo uma quantidade maior de regas. Algumas espécies de plantas não suportam calor intenso, com temperatura elevada ou baixa, sendo então necessário assegurar-lhes uma proteção artificial adequada, denominada de “estufas” (para cultivos de plantas de clima quente em regiões frias) ou “sombreamentos” (para a proteção de plantas muito sensíveis ao calor). Dentre exemplos das variações de temperaturas e seus efeitos, temos: Geadas e neve (baixa) – queima das folhas, congelamento e quebra de caule e galhos pequenos, perda de floração e frutificação. Precipitações intensas, tempestades ou secas (alta) – sufocamento das plantas, perda de água (desidratação), queima de folhas, ponteiros e alterações na sua fisiologia. É importante que a escolha das espécies vegetais perenes ou não a serem utilizadas, sejam feitas de acordo com as condições climáticas do local ou da região. Umidade - o índice de umidade atmosférica do ar também está relacionado com as precipitações pluviométricas (quando a umidade do ar atinge 100%,chove). Além disso, a umidade do ar pode contribuir para atenuar ou aumentar a temperatura de certas regiões. O mesmo processo de proteção às plantas referente à temperatura, é aplicado também quanto à umidade (estufa e sombreamento) do local ou da região. Luminosidade - as plantas dependem da luz para realizar o processo da fotossíntese, sendo que algumas espécies podem viver com pouca luz e outras não suportam o excesso de luminosidade. A luminosidade interfere também na sensação psicológica provocada pelo jardim. O nevoeiro espesso e a claridade excessiva do deserto servem como parâmetros para avaliar as sensações que provoca a luminosidade. Assim, em regiões de tempo pesado e sombrio convém planejar um jardim mais aberto.
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Nos clima seco e muito iluminado, ao contrário, deve-se utilizar maior número de árvores e elementos estruturais que forneçam sombra, a fim de tornar a luminosidade natural mais difusa e a interceptar os raios solares. Ao planejar um jardim tenha sempre em mente a necessidade de luminosidade adequada a cada planta. Ventos - muitas espécies de plantas não são tolerantes a ação do vento ou não se adaptam a locais onde os mesmos são constantes. Os ventos causam um aumento no processo da perda de água (desidratação) pela planta através da evaporação pelas folhas; também causam quebras de galhos, troncos e quedas de folhas e frutos, todas prejudiciais ao crescimento das plantas. Devemos saber a intensidade, duração, direção e freqüência dos ventos comuns no local ou na região. Todos nós sabemos dos estragos que uma ventania pode causar. 1.4- Paisagem O conjunto de cenários naturais modificados ou não pelo Homem, através dos elementos que a integram, influem na jardinagem, principalmente na cobertura vegetal existente no local. Devido ao grau de complexidade das variedades de nossas paisagens, apenas comentaremos sobre algumas coberturas vegetais importantes e mais conhecidas no país: Floresta amazônica – paisagem típica de planície, coberta por florestas seculares densas e cortadas por extensa rede fluvial. Uma grande variedade de espécies vegetais e muitas delas em extinção e outras ainda desconhecidas. É considerada a maior floresta tropical do mundo e sua maior parte fica no Estado do Amazonas. Caatingas – temos a paisagem semi-árida do Nordeste, com sua vegetação constituída de árvores baixas, retorcidas, espinhentas e que suportam a falta d’água daquela região. Mata Atlântica – a paisagem litorânea bastante modificada pelo homem, com sua exuberante cobertura florestal reduzida a apenas 7% da área costeira que ocupava. As formações vegetais vão desde os manguesais, restingas até as florestas primárias de grande porte, localizadas principalmente nas áreas de grande declividade onde a exploração de madeira é dificultada e hoje se encontra protegida por Lei. Cerrado - constituem a paisagem característica do Planalto Central, com a sua cobertura vegetal composta grande variedade de árvores baixas, tortuosas e muito utilizada para a fabricação de carvão. É uma região que vem sendo alvo de atenção e preocupação devido ao desmatamento de grandes áreas com este tipo de vegetação para expansão agrícola (plantio de soja).
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Temos também a paisagem característica do Paraná, onde se destaca a floresta de Araucárias (pinheiro brasileiro). A fim de facilitar a avaliação do material vegetativo que é parte integrante do planejamento paisagístico, a vegetação é classificada em quatro tipos: nativa, exótica, agricultural e ornamental. Vegetação NativaÉ a vegetação original do local ou da região e que se desenvolveu espontaneamente, ou seja, sem a ajuda do homem. Varia conforme o clima e a topografia. Cada região tem uma cobertura vegetal formada pelas plantas que melhor se adaptam às condições ambientais locais. Ela pode se encontrar em várias etapas de desenvolvimento o primária - quando está no seu desenvolvimento clímax (máximo) sem ter sofrido qualquer intervenção humana. o Secundária ou regenerada - atinge um máximo de desenvolvimento mas houve a intervenção humana. Vegetação ExóticaÉ a vegetação proveniente de outros países e introduzidas pelo homem e que se adaptaram as condições ambientais do local ou região. Vegetação AgriculturalAssim como a vegetação nativa, ela depende das condições do solo e do clima da região. De acordo com as espécies cultivadas (árvores frutíferas, grãos, arbustos, etc.) podem compor uma paisagem típica, embora a sua função seja de ordem econômica. Vegetação OrnamentalÉ desenvolvida para resolver problemas funcionais, como coberturas para solos e quebra ventos. No entanto, a sua função principal é de ordem estética. Diversos tipos de gramas, forrações, plantas floríferas, arbustos, trepadeiras e árvores entram nesta categoria de vegetação ornamental. Ela pode ser nativa ou exótica.
2- SÓCIO/CULTURAIS A composição dos jardins recebe as influências do meio onde são construídos, refletindo o meio cultural e social em que vive o proprietário (particular) ou em caso de jardim público, o grupo social (sociedade) do local. Recebendo as influências do meio onde são construídos, os jardins refletem por igual, a cultura do grupo e caracterizam o lugar e época em que surgirem. Isto explica a existência dos estilos de jardins e as suas composições. 3- ECONÔMICO A situação econômica do grupo social impõe, com quase absoluta exclusividade, não só a forma, mas ainda a vegetação e todos os outros elementos decorativos do jardim. As disponibilidades de recursos devem acompanhar o jardim durante toda a sua existência. Deve-se conhecer a realidade econômica do momento (do
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particular ou não), haja vista, que uma parte dos recursos serão destinados à construção e a outra parte a sua manutenção. A ignorância destes princípios básicos sujeita-se a existência breve e precária do jardim. FERRAMENTAS O termo ferramenta deriva do latim ferramenta, plural de ferramentum. É um utensílio, dispositivo, ou mecanismo físico ou intelectual utilizado por trabalhadores das mais diversas áreas para realizar alguma tarefa. Inicialmente o termo era utilizado para designar objetos de ferro ou outro material (plástico, madeira ou outro) para uso doméstico ou industrial. Alguns tipos de utensílios podem servir como armas, tais como o martelo e a faca, e algumas armas, tais como explosivos, usadas como ferramentas. No reino animal também são usados dispositivos facilitadores de tarefas: a lontra do mar abre moluscos se utilizando dos mais diversos objetos, os macacos chegam a fabricar ferramentas rudimentares. Em função do disposto acima, uma ferramenta pode ser definida como: um dispositivo que forneça uma vantagem mecânica ou mental para facilitar a realização de tarefas diversas. Jardins de pequeno e médio porte precisam de dedicação e de ferramentas certas para cada planta ou canto. Das flores ao gramado, dos arbustos às árvores, a manutenção precisa de cuidados que só as ferramentas adequadas em mãos capazes podem proporcionar. Caso contrário, o objetivo estético e vital do jardim ficará seriamente comprometido. E não pense que é preciso ser um milionário para comprá-las: embora existam no mercado ferramentas com preço elevado, existem alternativas de boa qualidade e preço compatível. Comecemos pela grama. Durante o Verão, que costuma ser uma época de chuvas intensas e sol pleno e muito quente, os gramados bem cuidados crescem a olhos vistos. Possuir um cortador ou roçadeira é essencial para a manutenção do “tapetão”. Existem modelos manuais que são indicados para pequenos espaços e costumam ter preços convidativos. Gramados de porte médio precisam quase que obrigatoriamente de um cortador de grama elétrico ou a gasolina. Os modelos elétricos são mais baratos mas são limitados pelo tamanho da extensão. Já os modelos movidos por motor a combustão tem autonomia maior, mas são mais caros e poluentes. Tem arbustos ou cercas-vivas? Gosta de podar flores e herbáceas para replantar e multiplicar? Então aparadores e tesouras precisam estar no quartinho de ferramentas. Há desde as tradicionais tesouras de poda com longos cabos de madeira com lâminas retas (para a manutenção de arbustos topiados que precisam ser cortadas por igual) e curvas (para cercas-vivas feitas com trepadeiras ou até mesmo corte de pequenas touceiras de grama e galhos), até as tesouras para acabamento de cabeças longa, curta ou as
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específicas para poda de arbustos e corte de hastes de flores, passando pelos aparadores de cercas-vivas elétricas, serrilhadas. Para limpeza e manejo, alguns acessórios são mais essenciais ainda. Vassouras metálicas e ancinhos para limpeza de grama cortada e folhas caídas , pás pequenas e grandes, enxadinhas trapezoidais para retirada de terra superficial e de ervas daninhas, enxadas para revolver a terra mais profundamente, sachos para acabamentos, cultivadores, escardilhos e garfos. Há modelos feitos em polipropileno e aço, e quem decide que material é o mais adequado é seu jardim e a frequência com que estes acessórios serão utilizados. Completando o “kit básico” do jardineiro, não podemos nos esquecer das mangueiras e aspersores, como irrigadores giratórios fixos, ou aqueles que são acoplados na ponta da mangueira. Ao escolher uma mangueira, não economize: as mais resistentes são feitas de PVC e poliéster trançado, que fornecem maior durabilidade e maior resistência à pressão. Se quiser pode incluir neste kit uma pequena adubadeira e sementadeira. Caso o uso de ancinhos e pás seja muito “século XX” para você, considere a compra de sopradores e aspiradores elétricos. Para cuidarmos de um jardim de maneira apropriada e com todo o prazer que esta atividade pode proporcionar, é necessária a utilização de algumas ferramentas e equipamentos apropriados. Existem muitas ferramentas, de diferentes tipos, aplicações, tamanhos e qualidades, que podem ser úteis ou até mesmo indispensáveis para a correta manutenção de um jardim, gramado, canteiro ou mesmo quando temos o nosso jardim em um apartamento, com a utilização de vasos. Ao escolhermos as ferramentas ou os equipamentos necessários, devemos levar em consideração alguns aspectos do jardim ou local no qual utilizaremos determinado utensílio, para que não façamos escolhas erradas, causando transtornos na hora da utilização e, ainda, prejuízos desnecessários. Vamos tomar como exemplo um simples gramado que precisa ter uma manutenção realizada, pois o mato cresceu demais. Se a extensão do gramado for muito grande, não é aconselhável comprarmos um cortador de grama elétrico, pois não será possível conectá-lo à eletricidade quando for necessário aparar a grama em uma área que não disponha de uma tomada elétrica. De uma maneira geral, para a manutenção de jardins, as ferramentas mais utilizadas são as seguintes: Luvas: existem boas luvas em lojas especializadas. São feitas para o manejo da terra com segurança. Prefira as luvas de tecido.
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Escardilho: é um ancinho em miniatura. Perfeito para afofar a terra e ajudar na homogeneização dos substratos.
Pazinha: também serve para a mistura de substratos e transferência de mudas. Imprescindível para quem gosta de transplantar.
Garfo: auxiliar do As pontas são arredondadas.
escardilho para deixar a terra fofa.
Tesoura de poda: utilizada principalmente para podar galhos e ramos de plantas e flores em geral. Existem diversos tamanhos, com maior ou menor capacidade de corte. A escolha do modelo ideal deverá levar em consideração o tamanho das plantas nas quais serão utilizadas este instrumento; flores e arbustos precisam ser podados para manter o viço e a beleza. Para pequenos “cantos verdes”, basta uma pequena e anatômica.
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Cortadores de gramas tradicionais movidos à gasolina ou à eletricidade: os equipados com motores à gasolina são em geral muito mais potentes do que os que utilizam motores elétricos que, entretanto, costumam ser mais baratos. As características de cada produto deverão ser analisadas de acordo com a necessidade do local;
Roçadeiras: são máquinas cortadoras de gramas mais leves, mas que apresentam algumas vantagens, como poder fazer "acertos" em beiradas com grande precisão. Também podem ser encontradas com motores elétricos ou movidas à gasolina; Colher de transplante: ferramenta utilizada para auxiliar no preparo de covas para transplante de mudas;
Pulverizador: equipamento utilizado para aplicação de defensivos, fertilizantes ou simplesmente para borrifar água sobre as plantas. Existem dezenas de modelos, com tanque de armazenamento maior ou menor, que deverá ser escolhido de acordo com a sua utilização;
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Sacho: ferramenta utilizada para abrir sulcos na terra, onde serão colocadas as sementes. Depois de feita a semeadura, este mesmo instrumento é utilizado para cobrir as sementes;
Mini-trator cortador de grama: é um pequeno "carro" com motor à gasolina, com capacidade para transportar uma pessoa e equipado com lâminas giratórias que vão cortando a grama por onde o veículo vai passando. É muito utilizado em grandes áreas gramadas, como campos de golf, por exemplo.
Todas as ferramentas precisam de cuidados na manutenção, que vão desde a simples limpeza com um pano, até a lubrificação, afiação e troca de peças. Se
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estiverem em mal estado de conservação, o rendimento será baixo, o esforço maior e os resultados não acontecerão como o esperado. Uma tesoura é sempre útil na hora de podar arbustos, mas deve cuidar bem dela para não transmitir doenças de uma planta para outra. Deve-se limpar com um pano seco após o uso e lubrificar as lâminas pingando óleo próprio para máquina de costura. A manutenção das outras ferramentas, cuja função não inclui o corte, é mais simples: lave com água e seque ao sol para espantar o mofo.
Equipamento de Proteção Individual - EPI
Equipamentos de Protecção Individual ou EPIs são quaisquer meios ou dispositivos destinados a ser utilizados por uma pessoa contra possíveis riscos ameaçadores da sua saúde ou segurança durante o exercício de uma determinada atividade. Um equipamento de proteção individual pode ser constituído por vários meios ou dispositivos associados de forma a proteger o seu utilizador contra um ou vários riscos simultâneos. Seu uso é regido por uma norma regulamentadora No.6. Principais equipamentos de proteção individual Abaixo, estão listados os principais itens de EPI disponíveis no mercado, além de informações e descrições importantes para assegurar a sua identificação e o uso:
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Luvas: Um dos equipamentos de proteção mais importantes, pois protege as partes do corpo com maior risco de exposição: as mãos. Existem vários tipos de luvas no mercado e a utilização deve ser de acordo com o tipo de formulação do produto a ser manuseado. A luva deve ser impermeável ao produto químico. Produtos que contêm solventes orgânicos, como por exemplo os concentrados emulsionáveis, devem ser manipulados com luvas de BORRACHA NITRÍLICA ou NEOPRENE, pois estes materiais são impermeáveis aos solventes orgânicos. Luvas de LÁTEX ou de PVC podem ser usadas para produtos sólidos ou formulações que não contenham solventes orgânicos. De modo geral, recomenda-se a aquisição das luvas de "borracha NITRILICA ou NEOPRENE", materiais que podem ser utilizados com qualquer tipo de formulação. Existem vários tamanhos e especificações de luvas no mercado. O usuário deve certificar-se sobre o tamanho ideal para a sua mão, utilizando as tabelas existentes na embalagem.
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Respiradores Geralmente chamados de máscaras, os respiradores têm o objetivo de evitar a inalação de vapores orgânicos, névoas ou finas partículas tóxicas através das vias respiratórias. Existem basicamente dois tipos de respiradores: sem manutenção (chamados de descartáveis) que possuem uma vida útil relativamente curta e recebem a sigla PFF (Peça Facial Filtrante), e os de baixa manutenção que possuem filtros especiais para reposição, normalmente mais duráveis. Os respiradores mais utilizados nas aplicações de produtos fitossanitários são os que possuem filtros P2 ou P3. Para maiores informações consulte o fabricante. Os respiradores são equipamentos importantes mas que podem ser dispensados em algumas situações, quando não há presença de névoas, vapores ou partículas no ar, por exemplo: a) aplicação tratorizada de produtos granulados incorporados ao solo; b) pulverização com tratores equipados com cabines climatizadas. Devem estar sempre limpos, higienizados e os seus filtros jamais devem estar saturados. Antes do uso de qualquer tipo de respirador, o usuário deve estar barbeado, além de realizar um teste de ajuste de vedação, para evitar falha na selagem. Quando estiverem saturados, os filtros devem ser substituídos ou descartados. É importante notar que, se utilizados de forma inadequada, os respiradores tornamse desconfortáveis e podem transformar-se numa verdadeira fonte de contaminação. O armazenamento deve ser em local seco e limpo, de preferência dentro de um saco plástico.
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Viseira facial Protege os olhos e o rosto contra respingos durante o manuseio e a aplicação. A viseira deve ter a maior transparência possível e não distorcer as imagens. Deve ser revestida com viés para evitar corte. O suporte deve permitir que a viseira não fique em contato com o rosto do trabalhador e embace. A viseira deve proporcionar conforto ao usuário e permitir o uso simultâneo do respirador, quando for necessário. Quando não houver a presença ou emissão de vapores ou partículas no ar o uso da viseira com o boné árabe pode dispensar o uso do respirador, aumentando o conforto do trabalhador. Existem algumas recomendações de uso de óculos de segurança para proteção dos olhos. A substituição do óculos pela viseira protege não somente os olhos do aplicador mas também o rosto. Jaleco e calça hidro-repelentes: São confeccionados em tecido de algodão tratado para se tornarem hidro-repelentes, são apropriados para proteger o corpo dos respingos do produto formulado e não para conter exposições extremamente acentuadas ou jatos dirigidos. É fundamental que jatos não sejam dirigidos propositadamente à vestimenta e que o trabalhador mantenha-se limpo durante a aplicação. Os tecidos de algodão com tratamento hidro-repelente ajudam a evitar o molhamento e a passagem do produto tóxico para o interior da roupa, sem impedir a transpiração, tornando o equipamento confortável. Estes podem resistir até 30 lavagens, se manuseados de forma correta. Os tecidos devem ser preferencialmente claros, para reduzir a absorção de calor e ser de fácil lavagem, para permitir a sua reutilização. Há calças com reforço adicional nas pernas, que podem ser usadas nas aplicações onde exista alta exposição do aplicador à calda do produto (pulverização com equipamento manual, por exemplo).
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Jaleco e calça em nãotecido São vestimentas de segurança confeccionados em nãotecido (tipo Tyvek/Tychem QC). Existem vários tipos de nãotecidos e a diferença entre eles se dá pelo nível de proteção que oferecem. Além da hidro-repelência, oferecem impermeabilidade e maior resistência mecânica à névoas e às partículas sólidas. O uso de roupas de algodão por baixo da vestimenta melhoram sua performance, com maior absorção do suor, melhorando o conforto ao trabalhador com relação ao calor. As vestimentas confeccionadas em nãotecido têm durabilidade limitada e não devem ser utilizadas quando danificadas. As vestimentas de nãotecido não devem ser passadas a ferro, não são a prova ou retardantes de chamas, podem criar eletricidade estática e não devem ser usadas próximo ao calor, fogo, faíscas ou em ambiente potencialmente inflamável ou explosivo, pois se autoconsumirão. As vestimentas em nãotecido devem ser destruídas em incineradores profissionais para não causarem danos ao ambiente. Boné árabe Confeccionado em tecido de algodão tratado para tornar-se hidro-repelente. Protege o couro cabeludo e o pescoço de respingos e do sol.
Capuz ou touca Peça integrante de jalecos ou macacões, podendo ser em tecidos de algodão tratado para tornar-se hidrorepelente ou em nãotecido. Substituem o boné árabe na proteção do couro cabeludo e pescoço.
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Avental Produzido com material resistente a solventes orgânicos (PVC, bagum, tecido emborrachado aluminizado, nylon resinado ou nãotecidos), aumenta a proteção do aplicador contra respingos de produtos concentrados durante a preparação da calda ou de eventuais vazamentos de equipamentos de aplicação costal.
Botas Devem ser impermeáveis, preferencialmente de cano alto e resistentes aos solventes orgânicos, por exemplo, PVC. Sua função é a proteção dos pés. É o único equipamento que não possui C.A.
Uso dos EPI Para proteger adequadamente, os EPI deverão ser vestidos e retirados de forma correta. Veja como vestir os EPI: 1. Calça e Jaleco A calça e o jaleco devem ser vestidos sobre a roupa comum, fato que permitirá a retirada da vestimenta em locais abertos. Os EPI podem ser usados sobre uma bermuda e camiseta de algodão, para aumentar o conforto. O aplicador deve vestir primeiro a calça do EPI, em seguida o jaleco, certificando-se este fique sobre a calça e perfeitamente ajustado. O velcro deve ser fechado com os cordões para dentro da roupa. Caso o jaleco de seu EPI possua capuz, assegure-se que este estará devidamente vestido pois, caso contrário, facilitará o acúmulo e retenção de produto, servindo como um compartimento. Vale ressaltar que o EPI deve ser compatível com o tamanho do aplicador.
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2. Botas Impermeáveis, devem ser calçadas sobre meias de algodão de cano longo, para evitar atrito com os pés, tornozelos e canela. As bocas da calça do EPI sempre devem estar para fora do cano das botas, a fim de impedir o escorrimento do produto tóxico para o interior do calçado.
3. Avental Impermeável Deve ser utilizado na parte da frente do jaleco durante o preparo da calda e pode ser usado na parte de traz do jaleco durante as aplicações com equipamento costal. Para aplicações com equipamento costal é fundamental que o pulverizador esteja funcionando bem e sem apresentar vazamentos. 4. Respirador Deve ser colocado de forma que os dois elásticos fiquem fixados corretamente e sem dobras, um fixado na parte superior da cabeça e outro na parte inferior, na altura do pescoço, sem apertar as orelhas. O respirador deve encaixar perfeitamente na face do trabalhador, não permitindo que haja abertura para a entrada de partículas, névoas ou vapores. Para usar o respirador, o trabalhador deve estar sempre bem barbeado.
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5. Viseira facial Deve ser ajustada firmemente na testa, mas sem apertar a cabeça do trabalhador. A viseira deve ficar um pouco afastada do rosto para não embaçar.
6. Boné árabe Deve ser colocado na cabeça sobre a viseira. O velcro do boné árabe deve ser ajustado sobre a viseira facial, assegurando que toda a face estará protegida, assim como o pescoço e a cabeça.
7. Luvas Último equipamento a ser vestido, devem ser usadas de forma a evitar o contato do produto tóxico com as mãos. As luvas devem ser compradas de acordo com o tamanho das mãos do usuário, (não podendo ser muito justas, para facilitar a colocação e a retirada, e nem muito grandes, para não atrapalhar o tato e causar acidentes). As luvas devem ser colocadas normalmente para dentro das mangas do jaleco, com exceção de quando o trabalhador pulveriza dirigindo o jato para alvos que estão acima da linha do seu ombro (para o alto). Nesse caso, as luvas devem ser usadas para fora das mangas do jaleco. O objetivo é evitar que o produto aplicado escorra para dentro das luvas e atinja as mãos.
Como retirar os EPI Após a aplicação, normalmente a superfície externa dos EPI está contaminada. Portanto, na retirada dos EPI, é importante evitar o contato das áreas mais atingidas com o corpo do usuário. Antes de começar retirar os EPI, recomenda-se que o aplicador lave as luvas vestidas. Isto ajudará a reduzir os riscos de exposição acidental. Veja agora a maneira correta para a retirada dos EPI:
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1. Boné árabe Deve-se desprender o velcro e retirá-lo com cuidado.
2. Viseira facial Deve-se desprender o velcro e colocá-la em um local de forma a evitar arranhões
3. Avental Deve ser retirado desatando-se o laço e puxando-se o velcro em seguida.
4. Jaleco Deve-se desamarrar o cordão, em seguida curvar o tronco para baixo e puxar a parte superior (os ombros) simultaneamente, de maneira que o jaleco não seja virado do avesso e a parte contaminada atinja o rosto.
5. Botas Durante a pulverização, principalmente com equipamento costal, as botas são as partes mais atingidas pela calda. Devem ser retiradas em local limpo, onde o aplicador não suje os pés.
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6. Calça Deve-se desamarrar o cordão e deslizar pelas pernas do aplicador sem serem viradas do avesso.
7. Luvas Deve-se puxar a ponta dos dedos das duas luvas aos poucos, de forma que elas possam ir se desprendendo simultaneamente. Não devem ser viradas ao avesso, o que dificultaria o próximo uso e contaminaria a parte interna. 8. Respirador Deve ser o último EPI a ser retirado, sendo guardado separado dos demais equipamentos para evitar contaminações das partes internas e dos filtros.
Importante: após a aplicação, o trabalhador deve tomar banho com bastante água e sabonete, vestindo roupas LIMPAS a seguir.
Lavagem e manutenção Os EPI devem ser lavados e guardados corretamente, para assegurar maior vida útil. Os EPI devem ser mantidos separados das roupas da família. Lavagem A pessoa que for lavar os EPI, deve usar luvas a base de Nitrila ou Neoprene. As vestimentas de proteção devem ser abundantemente enxaguadas com água corrente para diluir e remover os resíduos da calda de pulverização. A lavagem deve ser feita de forma cuidadosa, preferencialmente com sabão neutro (sabão de coco). As vestimentas não devem ficar de molho. Em seguida, as peças devem ser bem enxaguadas para remover todo o sabão. O uso de alvejantes não é recomendado, pois vai danificar o tratamento do tecido.
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As vestimentas devem ser secas à sombra. Atenção: somente use máquinas de lavar ou secar, quando houver recomendações do fabricante. As botas, as luvas e a viseira devem ser enxaguadas com água abundante após cada uso. É importante que a VISEIRA NÃO SEJA ESFREGADA, pois isto poderá arranhá-la, diminuindo a transparência. Os respiradores devem ser mantidos conforme instruções específicas que acompanham cada modelo. Respiradores com manutenção (com filtros especiais para reposição) devem ser higienizados e armazenados em local limpo. Filtros não saturados devem ser envolvidos em uma embalagem limpa para diminuir o contato com o ar. Reativação do tratamento hidro-repelente Testes comprovam que, quando as calças e jalecos confeccionados em tecido de algodão tratado, para tornarem-se hidro-repelentes, são passados a ferro (150 a 180°C), a vida útil é maior. Somente as vestimentas de algodão podem ser passadas a ferro. Descarte A durabilidade das vestimentas deve ser informada pelos fabricantes e checada rotineiramente pelo usuário. Os EPI devem ser descartados quando não oferecem os níveis de proteção exigidos. Antes de ser descartadas, as vestimentas devem ser lavadas para que os resíduos do produto fitossanitário sejam removidos, permitindo-se o descarte comum. Atenção: antes do descarte, as vestimentas de proteção devem ser rasgadas para evitar a reutilização.
Mitos
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Existem alguns mitos que não servem mais como desculpa para não usar EPI: EPI são desconfortáveis Realmente os EPI eram muito desconfortáveis no passado, mas, atualmente, existem EPI confeccionados com materiais leves e confortáveis. A sensação de desconforto está associada a fatores como a falta de treinamento e ao uso incorreto. O Aplicador não usa EPI O trabalhador recusa-se a usar os EPI somente quando não foi conscientizado do risco e da importância de proteger sua saúde. O aplicador profissional exige os EPI para trabalhar. Na década de 80, quase ninguém usava cinto de segurança nos automóveis. Hoje, a maioria dos motoristas usam e reconhecem a importância. Considerações Finais O simples fornecimento dos equipamentos de proteção individual não garante a proteção da saúde do trabalhador e nem evita contaminações. Incorretamente utilizados, os EPI podem comprometer ainda mais a segurança do trabalhador. Acreditamos que o desenvolvimento da percepção do risco aliado a um conjunto de informações e regras básicas de segurança são as ferramentas mais importantes para evitar a exposição e assegurar o sucesso das medidas individuais de proteção a saúde do trabalhador. O uso correto dos EPI é um tema que vem evoluindo rapidamente e exige a reciclagem contínua dos profissionais que atuam na área de ciências agrárias através de treinamentos e do acesso a informações atualizadas. Bem informado, o profissional de ciências agrárias poderá adotar medidas cada vez mais econômicas e eficazes para proteger a saúde dos trabalhadores, além de evitar problemas trabalhistas.
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ENXADA Para capinar, revolver a terra, incorporar adubos, acertar bordas e superfícies do canteiro (manter a lâmina afiada
PAZINHA A colher do jardineiro faz transplante com torrão, covas, ajuda a montar vasos e a manipular produtos.
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CARRINHO DE MÃO Serve de transporte a todo tipo de material: terra, composto orgânico, mudas, ferramentas, produtos colhidos.
SACHO Prepara sulcos e covas pequenos e, entre as linhas plantadas, elimina espécies invasoras e afofa a terra.
CAVADEIRA A de boca serve para abrir buracos e simultaneamente remover terra e preparar covas (manter sempre afiada)
VASSOURA DE JARDIM Deve ser resistente e fácil de lavar para suportar a limpeza do jardim, retirando inclusive os rastros de terra.
TESOURA DE PODA Faz a primeira poda do gramado e cortes de rotina em áreas pequenas e pontos que a roçadeira não alcança
FIRMINO Também conhecido como despraguejador, elimina as ervas daninhas cortandoas, literalmente, pelas raízes.
SERROTE DE PODA Elimina galhos grossos, tarefas que deve estar em conformidade com as normas de supressão de espécies arbóreas.
CHIBANCA Usada para revolver a terra, incorporar adubos
VANGA A pá reta, como também é identificada, faz covas e acerta a forma de canteiros
CANIVETE Conforme o formato e a lâmina, serve para podar, estaquear, enxertar e
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a ela, fazer covas, retirar as plantas a ser transplantadas.
(manter sempre afiada).
para a mergulhia (manter sempre afiado).
RASTELO Conhecido como ancinho, faz a limpeza de folhas, a retirada de torrões e pedras e dá acabamento ao plantio.
MANGUEIRA Equipamento apropriado para irrigar em áreas maiores (o jato de água muito forte pode machucar as plantas)
PULVERIZADOR Seja do tipo manual ou os que prendem nas costas é utilizado para aplicar defensivos e adubação foliar.
REGADOR Existem vários tipos de bicos e crivos, indicados para irrigação correta de cada tipo de terra
TRENA Instrumento de medição usado para aferir a área do jardim, medir e determinar canteiros, caminhos e distâncias.
PEDRA DE AMOLA Instrumento básico de manutenção, serve para manter amoladas as ferramentas que precisam ter bom corte.
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SOLO Solo é um corpo de material inconsolidado, que recobre a superfície terrestre emersa, entre a litosfera e a atmosfera. Os solos são constituídos de três fases: sólida (minerais e matéria orgânica), líquida (solução do solo) e gasosa (ar). O solo é formado a partir da modificação da rocha de origem (material duro mais conhecido como pedra), mediante a ação integrada dos elementos climáticos (chuva, vento, gelo e temperatura) e de organismos vivos (fungos, liquens e outros) que ao longo do tempo vão decompondo àquela rocha originária em grãos cada vez menores, até transformá-la em um material solto e macio, denominado mineral. O solo leva vários séculos ou até milhões de anos para se formar, sob a ação dos agentes naturais (intemperismo). Deste modo o solo é representado pela expressão:
NOTA: Função dos organismos vivos: Os animais (microorganismos, insetos, minhocas, etc), as plantas e o próprio homem ajudam na transformação do solo, ao misturar e decompor matéria orgânica (restos de animais e vegetais mortos) com o material granular e solto, em que se tornou àquela rocha original. Além disso, os seres vivos quando morrem também vão sendo decompostos e misturados com o material macio e fofo, formando o solo. Esta decomposição fornece os elementos nutricionais essenciais ao desenvolvimento das plantas. Pedogênese
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Pedogênese é o processo químico e físico de alteração (adição, remoção, transporte e modificação) que atua sobre um material litológico, originando um solo. Solos estão constantemente em desenvolvimento, nunca estando estáticos, por mais curto que seja o tempo considerado. Ou seja, desde a escala microscopia, diariamente, há alteração por organismos vivos no solo, da mesma forma que o clima, ao longo de milhares de anos, modifica o solo. Dessa forma, temos solos na maioria recentes, quase nunca ultrapassando idades Terciárias. Geralmente, o solo é descrito como um corpo tridimensional, podendo ser, porém, ao se considerar o fator tempo, descrito como um sistema de quatro dimensões: tempo, profundidade, largura e comprimento. Um solo é o produto de uma ação combinada e concomitante de diversos fatores. A maior ou menor intensidade de algum fator pode ser determinante na criação de um ou outro solo. São comumente ditos como fatores da formação de solo: clima, material de origem, organismos, tempo e relevo. Funções do solo Principal substrato utilizado pelas plantas para o seu crescimento (H2O, O2 e nutrientes) e disseminação; Reciclagem e armazenamento de nutrientes e detritos orgânicos; Controlo do fluxo da água e ação protetora da qualidade da água subterrânea; Habitat para a fauna do solo. Composição do solo É composto de 4 partes:
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Água (localiza-se no interior do solo em pequenos espaços chamados de poros e é utilizada pelas raízes das plantas e pelos microorganismos). Ar (a situação é igual ao da água). Mineral (resultado da decomposição da rocha de origem). Divide-se em 3 frações principais, de acordo com o seu tamanho: Areia (a parte mais grossa. Ex; areia da praia) Silte (parte um pouco mais fina. Ex: limo) Argila (parte muito pequena e que só pode ser visualizada através de microscópio. Ex: o barro). Matéria orgânica (restos de animais e plantas) Estes 4 elementos componentes do solo encontram-se misturados uns aos outros. O solo se assemelha a uma esponja destas que usamos para banho, tendo ar e água nos espaços de seu interior.
Organização do solo Como o corpo humano, o solo também tem a sua organização. Basicamente, ele se apresenta como um bolo recheado, com camadas sobrepostas e distintas. Após o material de origem (rocha) ser decomposto e depositado, conforme já explicado anteriormente, processa-se a diferenciação das camadas mais ou menos paralelas a superfície e denominadas de HORIZONTES. Estes horizontes podem apresentar cores diferentes, sendo que a primeira camada apresenta uma coloração mais escura (devido ao acúmulo de restos de vegetais e animais no solo) e é nesta camada, que os vegetais iniciam o seu crescimento. É chamado de horizonte A e os abaixo desta primeira camada, são chamados de horizontes B e C. Estes horizontes que formam as camadas do solo podem ser melhores visualizados em “barrancos” às margens de estradas ou quando abrimos um “poço” de cerca de 2 metros de profundidade. Na realidade, nós estamos visualizando o que se chama de “perfil” do solo. Nos campos, observamos diferentes tipos de vegetação e plantações e que são, na maioria, devido aos diversos tipos de solo sobre os quais se desenvolveram. A cor é uma das características que mais chama a atenção, podendo fornecer indícios sobre a composição, propriedade e origem do solo. A cor está relacionada com os teores de matéria orgânica, umidade e predominância de determinados compostos químicos (óxido de ferro). Assim, temos na natureza solos de coloração amarela, vermelha, cinza azulado, marrom escuro, branca (areia da praia). A textura de um horizonte pode ser mais dura que o do outro, filtrar mais rápido a água e/ou permitir que as raízes cresçam mais ou menos rápida.
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Classificação quanto à granulometria Solos arenosos São aqueles que tem grande parte de suas partículas classificadas na fração areia, de tamanho entre 0,05 mm e 2 mm, formado principalmente por cristais de quartzo e minerais primários. Os solos arenosos têm boa aeração e capacidade de infiltração de água. Certas plantas e microorganismos podem viver com mais dificuldades, devido à pouca capacidade de retenção de água. Solos siltosos São aqueles que tem grande parte de suas partículas classificadas na fração silte, de tamanho entre 0,05 e 0,002mm, geralmente são muito erosíveis. O silte não se agrega como as argilas e ao mesmo tempo suas partículas são muito pequenas e leves. São geralmente finos. Solos argilosos São aqueles que tem grande parte de suas partículas classificadas na fração argila, de tamanho menor que 0,002mm (tamanho máximo de um colóide). Não são tão arejados, mas armazenam mais água quando bem estruturados. São geralmente menos permeáveis, embora alguns solos brasileiros muito argilosos apresentam grande permeabilidade - graças aos poros de origem biológica. Sua composição é de boa quantidade de óxidos de alumínio (gibbsita) e de ferro (goethita e hematita). Formam pequenos grãos que lembram a sensação táctil de pó-de-café e isso lhes dá certas caraterísticas similares ao arenoso. Tipos de solo As plantas precisam de solo para fixar-se e armazenar água e sais minerais. Em média, metade do volume do solo é formada por espaços cheios de ar e água. As plantas se alimentam e também respiram pelas raízes, não só pelas folhas. Quando os espaços são pequenos demais, como em solo muito argiloso, diz-se que o solo é pesado (se você tentar remexer lama com a pá, logo saberá por quê). Quando os espaços são maiores, como no solo arenoso, diz-se que o solo é leve. Em solo muito pesado, que não dá passagem à água, as raízes podem morrer afogadas, devido à falta de oxigênio. A textura do solo portanto, pode ser em alguns casos, até mais importante do que sua composição química. Mas, para resumir todos os resumos, saiba que você pode cultivar quase qualquer planta, de cactos a samambaias, numa mistura de terra argilosa de jardim, areia de construção e terra vegetal, em partes iguais.
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Se a receita acima pode ser chamada de Mistura Universal, o "Tipo O" é de todos os solos, mas nem por isso se deve excluir a possibilidade real de variar os ingredientes, suprimir um ou outro e adicionar uma infinidade de requintas substâncias. Pó de xaxim e vermiculita podem tornar mais fofa a Mistura Universal. A vermiculita é um produto derivado da vermiculita crua (mineral) e que após passar por processos industriais é um excelente hidratante natural das plantas, evita a compactação do solo, melhora o crescimento das plantas, mantém a umidade do solo por até 15 dias sem rega e não tem cheiro. É excelente para o uso agrícola.
Acidez e Alcalinidade A composição química do solo naturalmente pode ser decisiva. Certas plantas, necessitam de solo ácido para serem cultivadas com sucesso e outras dificilmente crescem bem em solo ácido. O solo ácido ou "azedo" tende a ser escuro, às vezes com a superfície coberta pelo verde de algas. O solo alcalino ou "doce", tende a ser claro, às vezes esbranquiçado. Entre as plantas acidógilas (gostam de ácido) que preferem solo ácido (pH 6 a 6,5) estão azaléas, begônias, camélias, ciclames, gardênias (jasmim-do-cabo), magnólias (arbusto), violetas-africanas, urzes. Entre as que preferem solo alcalino estão espécies de buxo, cravo, lírio, pinheiro, sálvia. A acidez ou a alcalinidade do solo se mede por uma escala arbitrária, que vai de 1 a 14, e é denominado de pH (*). Solo de pH 7 é neutro, nem ácido e nem alcalino (Ex: água destilada). Cada grau para cima indica alcalinidade 10 vezes maior e cada grau para baixo, acidez 10 vezes maior. Solo de pH 8 é 10 vezes mais alcalino que o de pH 7 e um solo de pH 6, é 10 vezes mais ácido que o de pH 7. As azaléas e outras plantas acidógilas como as citadas acima, se dão bem em solos de pH 6 a 6,5. O pH pode ser medido com um simples teste de tornassol. Em lojas de artigos agrícolas, vendem-se Kits completos com o nome de peagâmetro. Em regiões muito chuvosas, o solo tende a ser ácido, porque a água lava os sais alcalinos. Nas grandes cidades há outra razão para o solo ter sua acidez aumentada: a fumaça sulfurosa de fábricas e veículos aumenta a acidez da água da chuva. A terra vegetal ou terriço tende a absorver os excessos de acidez ou de alcalinidade, apesar de ser uma substância ácida em si. O solo muito alcalino tende a ser deficiente em boro, ferro, manganês, molibdênio, zinco e outros fertilizantes secundários.
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No Capítulo X mais adiante, referente à Calagem, este assunto será complementado. (*) A abreviatura de pH corresponde a "potencial (p) de acidez decorrente da concentração de íons de hidrogênio (H)". Íon ou ionte é uma partícula subatômica carregada de eletricidade.
Misturas de solo Um solo para ser considerado com ótimas condições para o desenvolvimento das plantas deverá ter a seguinte composição: 45% de minerais; 25% de água; 25% de ar; 5% de matéria orgânica. As incontáveis misturas de solo são geralmente constituídas por alguns ingredientes descritos a seguir: Areia - Acúmulo de partículas rochosas alteradas, constituindo diminutos fragmentos resultantes das ações do tempo e condições climáticas. Seus grãos aumentam o tamanho dos espaços que formam a porosidade do solo e não tem função nutriente nem ação química como a da argila. A areia usada em jardinagem é quase sempre a mesma que entra na preparação de argamassa para construções, isto é, areia de rio. Areia de praia é terminantemente proibida para uso por quase todos os livros, mas é preciso distinguir dois tipos: a que fica acima da linha das marés é um tipo recuperável e utilizável, depois de alguns meses de exposição ao sol e à chuva numa área não afetada pela salinidade de origem. O maior problema no caso talvez seja a finura dos grãos. Argila – “Barro” dos oleiros e ceramistas, formado por grãos finíssimos e somente visíveis ao microscópio. Endurece quando seca e volta a formar lama quando molhada. Em tijolos e peças cerâmicas o endurecimento é irreversível por causa do cozimento. É ávida por água e isto explica quando se encosta a ponta da língua numa moringa bem seca. Como os sais de cálcio tendem a aderir a suas partículas, a argila retarda a acidulação do solo. Carvão – Trata-se do carvão vegetal, madeira submetida à combustão incompleta (queima). Tem a propriedade de atrair e oxidar substâncias tóxicas resultantes da fermentação de matéria orgânica. È usado em pedaços de tamanho variável para manter mais saudável o solo, para purificar água de torneira destinada à rega e para controle da acidificação. Húmus - Material marrom ou preto resultante da decomposição de matéria vegetal ou animal. Um grande produtor de húmus é a minhoca. Material Calcário - Substâncias ricas em cálcio, que por sua vez têm ação corretiva sobre a acidez do solo (este assunto será explicado no Capítulo adiante, referente à Correção do solo).
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Em jardinagem são usados comumente a cal (óxido de cálcio) e o pó calcário magnesiano. Na preparação de vasos podem entrar reboco (de parede) velho moído, conchas moídas, cascas de ovos e giz escolar. Perlite - Vidro vulcânico que o calor reduz, por explosão, a fino cascalho; as partículas, muito porosas, podem reter grandes volumes de água e ar e, desse modo, desempenhar função mais eficiente do que a da areia. Utilizável em coleções de vasos, mas é um luxo no jardim. Terra vegetal ou terriço - É um lixo da mata, formado principalmente por folhas parcialmente decompostas. Material rico em húmus e bactérias úteis e, portanto, com alto valor fertilizante. Embora ácida, regula o pH. A terra vegetal de melhor qualidade é a que tem textura de flocos, não de pó. Quando em fermentação muito ativa pode ser prejudicial, se incluída em excesso, especialmente em solos destinados ao cultivo de cactos. Turfa - Matéria vegetal parcialmente carbonizada, isto é, no processo incompleto de tornar-se carvão mineral. Abundante em algumas regiões do mundo, ricas em carvão mineral (Estados Unidos, Europa), e onde é usada como sucedâneo da terra vegetal, escassa em países desmatados e de clima frio. No Brasil, apesar da abundância e baixo custo da terra vegetal, muita gente prefere a turfa importada, porque dá resultados imediatos. No afofamento da terra, a turfa é muito porosa, leve e absorvente, mas não tem valor nutritivo como a terra vegetal. Vermiculita - Outro tipo de “pipoca” mineral semelhante a perlite, resultante da alteração da mica pelo calor. Muito absorvente retém umidade e, é usada, como material de enraizamento de plantas que pegam depressa, como cóleos e crisântemos. Xaxim - Tecido morto da planta do mesmo nome (ou samambaiaçu). Poroso, absorvente, intrinsecamente antibiótico e resistente a insetos e outras pragas. Em placas, é o "solo" ideal para orquídeas, bromélias e outras epífitas não parasitas (plantas que se apóiam em outras). Em pó, é substituto da perlite, vermiculita ou turfa. Dá porosidade ao solo, mas sem prejuízo da umidade, o que favorece a penetração de raízes de samambaias, avencas e outras plantas de meio úmido. Receitas de Misturas de Substratos para Plantio À medida que vão acumulando experiência, os jardineiros tendem a refinar suas exigências de solo. A Mistura Universal, de fato, pode ser substituída por uma composição mais apropriada e até ser ela própria melhorada. Isto é, há quem opine que a Mistura Universal não deva ser formada por quantidade iguais dos 3 ingredientes e sim pela seguinte proporção: Terra argilosa de jardim : 7 partes Terra vegeta : 3 partes
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Areia grossa : 2 partes Esta receita apresentada parece satisfazer a necessidade de maior número de plantas, mas pode-se aperfeiçoá-la com alguns "temperos". Digamos, para cada 5 Kg desta mistura, acrescente 1/2 colher das de café de giz moído (exceto para azaléas e outras que preferem solo ácido); 2 colheres das de café de superfosfato; 1 colher das de café de sulfato de potássio. É claro que você também pode esquecer todos esses ingredientes secundários e simplesmente acrescentar à mistura adubos previamente preparados existentes no comércio, cada um deles com fórmula adequada ao tipo de planta que você irá cultiva. Se por qualquer razão puder comprar esses artigos especializados e quiser ter certa variedade de solos, será melhor limitar-se a 3 tipos básicos, nos primeiros tempos: - Receita n.º 1 - Para cactos e suculentas Areia : 4 partes Terra argilosa : 1 parte Terra vegetal : 1 parte Para cada 5 kg de mistura, 1 colher das de sopa de carvão moído (mas não em pó); 1 colher de farinha de ossos; 1 colher de cascas de ovos moídas (não em pó); 1 colher das de café de giz moído. A terra vegetal pode ser substituída por esterco de vaca ou de cavalo, mas qualquer desses três ingredientes deve estar muito bem curtido, pelo menos durante um ano. Os cactos abominam fermentação. - Receita nº 2 - Para plantas tropicais em geral, folhagens de verde intenso ou variegadas, plantas de crescimento rápido. Areia : 2 partes Terra argilosa: 1 parte Terra vegetal : 2 partes Para cada 5 Kg dessa mistura, acrescente 1 colher das de sopa de carvão em pedacinhos e 1 colher das de café de giz em pó. Se quiser, 1 das 2 partes de terra vegetal pode ser substituída por esterco bem curtido. - Receita nº 3 - Para plantas de clima temperado, que sobrevivem a invernos rigorosos. Areia : 1 parte Terra argilosa: 1 parte Terra vegetal : 1 parte Para cada 5Kg desta mistura, acrescente 1 colher (das de sopa) de farinha de sangue e 1 colher de carvão em pedacinhos. Todos estes tipos de solo destinam-se a preparação de vasos. No jardim, as condições de fertilização natural e de drenagem são diferentes, de modo que a terra argilosa marrom que neles predomina é geralmente adequada. Mas as
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receitas também servem de alguma orientação nas correções do solo do jardim. A versatilidade é enorme. Algumas plantas podem ser cultivadas sem solo dentro de casa, com as raízes imersas em água. Você pode ter dracenas, filodendros, cóleons, tradescâncias e até comigo-ninguém-pode durante anos, "plantadas" na água de recipientes de vidro colorido (para evitar a formação de limo), desde que ache um meio de apoiá-las. Mantenha um pedaço de carvão dentro da água e troque-a cada 15 dias por água fresca, na qual haja diluído 1 colher das de chá de adubo solúvel (ou conforme a bula). Teste o pH de vez em quando. Se a água estiver ácida, pingue umas gotas de bicarbonato de sódio diluído ou se estiver alcalina, pingue umas gotas de vinagre diluído.
O cultivo de plantas sem solo é conhecido como hidroponia e atualmente é muito utilizada principalmente nas culturas de verduras (Ex: alface), devido ao baixo custo de manutenção e mão de obra. São cultivadas em canos de PVC cortados horizontalmente e por onde correm água fresca e adubo diluído. Existem instalações especiais, em que as plantas enraizam em pelotas de xisto fundido ou cerâmica especial, irrigadas com regularidade automática por uma solução de fertilizante em água. Dá pouco trabalho, mas sua implantação é cara demais.
Classificação taxonômica de solos A classificação dos solos permite entender os processos que levam um solo a transformar-se em outro. Podem classificar-se os solos segundo uma característica marcante, como a fertilidade o que permite propor ações governamentais para a agricultura e assentamentos. Por outro lado, ao subdividir o solo pelo seu baixo teor de argila, podem entender-se os processos de lixiviação que podem estar destruindo aquele solo. A taxonomia dos solos é baseada nas características de cada país ou região, sendo, portanto, geralmente nacionais ou regionais. Os primeiros sistemas de classificação utilizados na pedologia exigiam apenas a observação do pesquisador. Eram geralmente associados aos processos mais marcantes da gênese pedológica, ou a rocha matriz ou até mesmo a cor
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do solo. Dessa forma, existiam os "solos de colúvio", ou os "solos de granitos" ou "solos roxos" Basicamente na Pedologia temos as unidades sistemáticas: Ordem Subordem Grande Grupo Subgrupo Família Série
Primeira classificação Universalmente, a classificação utilizada na pedologia, desde seus primórdios, estava baseado em três ordens: zonal azonal intrazonal Esta organização baseava-se principalmente nos fatores de clima, tempo e relevo que se encontrava os solos: solos zonais são aqueles em relevos estáveis, em climas estáveis culminando em um formação antiga; solos azonais são aqueles que existem em ambientes instáveis, por exemplo, em aluviões e colúvios. São, portanto, sempre jovens. solos intrazonais são solos em que o relevo local ou material de origem prevalecem sobre o clima; são solos intermediários entre azonais e zonais (quando vistos sob o fator tempo).
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Perfil de um solo
Para se classificar um solo, devese ter em vista seu horizonte diagnóstico, dentro do solum (horizontes O, A e B juntos). Este é um horizonte do solo, com características pré-determinadas pela taxonomia a ser utilizada pelo pedólogo. Para tanto, devem-se pegar amostras de cada horizonte do solo e, em laboratório, ver qual horizonte diagnóstico determinada amostra representa. Os horizontes de solo, que compõem o perfil de um solo, são apenas horizontes delimitados de acordo com sentidos básicos do pesquisador (como visão e tato) e simples técnicas de campo. Já os horizontes diagnósticos exigem exames em laboratório. Por exemplo, ao se retirar a amostra do horizonte B, e, em laboratório ver que trata-se de um horizonte B textural, ou seja, com acúmulo de argila, sendo ainda um acúmulo iluvial, pois em campo o pedólogo viu que se tratava de um horizonte B abaixo de um horizonte Eluvial (horizonte E), ou um solo em vertente, próximo a uma latossolo, o pesquisador poderá inferir se é um solo do tipo Luvissolo ou Argissolo (sendo que no primeiro, as argilas devem ser 2:1 e no segundo 1:1). A seguir, na Classificação Brasileira, estão listados os solos do Brasil e brevemente seus horizontes (e algumas características) diagnósticas.
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Topografia A inclinação ou declividade do solo é um dado importante para o planejamento de qualquer atividade agrícola e deve ser bem observado antes de executar qualquer operação no terreno. Para tanto é necessário entender o que vem a ser topografia e a sua utilização em atividades agrícolas, para evitar riscos de erosão, assoreamento, deslizamento, inundação e que causam a degradação do solo (destruição). A topografia é uma aplicação da matemática e da trigonometria, empregada na medição de terrenos com todos os seus acidentes naturais e artificiais, representando-os numa figura plana denominada “planta topográfica”. A planta topográfica nada mais é do que a representação em plano horizontal, dos acidentes naturais e artificiais. É a projeção horizontal do terreno. A mais utilizada é a planta planialtimétrica, que medem horizontalmente as terras e medem e representam os relevos. Em alguns casos, é essencial que o jardineiro entenda a planta do terreno, para que possa conhecer e/ou reconhecer as características do mesmo, seus acidentes geográficos e a utilize como uma ferramenta no planejamento do seu trabalho. A identificação de uma planta por simples observação é importante para qualquer estudo ou construção na área. Alguns acidentes geográficos são imediatamente identificados, tais como: Vertentes-são as superfícies laterais das elevações ou depressões. Também são denominadas de “flancos” ou “encostas”. Linha de cumiada -seus pontos são altos e essa linha divide as águas das chuvas para as vertentes. As curvas de nível de cotas menores envolvem as de cotas maiores. Também é chamada de “divisor de águas”. Talweg -são linhas de pontos baixos de uma região. É a linha mais profunda do leito de um rio. As águas das chuvas descem pelas vertentes e se escoam pelos talwegs. É identificado na planta pelo fato das curvas de nível de cotas maiores envolverem as de cotas menores. Garganta - é o ponto comum (coincidente) entre a linha de cumiada com um talweg.
A primeira coisa a ser feita em um desenho de uma planta topográfica é a escolha da escala. A fim de facilitar a compreensão, chama-se de “objeto” tudo que admite representação gráfica, seja um segmento de reta, um polígono, uma superfície, um sólido, etc. Chama-se “figura” ou “desenho”, a representação gráfica de um objeto.
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Denomina-se “escala” a relação entre o tamanho do polígono no papel e o do caminhamento no terreno. É uma razão de semelhança e é expressa por uma fração (ex. 1:200), chamada de “escala gráfica”. Ex. “Quando o terreno medido tem mais ou menos 1km (quilômetro) de largura, podemos fazer a planta com mais ou menos 1 metro, ou seja, na escala de 1: 1000”. Nesta escala, para representar um alinhamento qualquer, divide-se o seu comprimento por 1000. Desta maneira, um alinhamento de 200 metros, é representado no papel por uma linha com 0,20 m (20 cm). Geralmente os mapas ou as plantas topográficas do terreno vêm com as escalas indicadas, bastando fazer a conversão do que foi medido no mesmo. Existem várias escalas a serem empregadas e quanto maior for a escala, menor é o desenho e vice-versa. Em uma planta topográfica, principalmente na altimétrica, aparecem números inteiros (cotas) e linhas (curvas de nível). Cota é a distância do ponto A ao plano horizontal de projeção. É positiva (+) se o ponto está acima do plano, e negativa (-) se o ponto está abaixo desse plano. É nula quando está no plano. Acima do plano é chamada de altitude e abaixo é profundidade. O plano de referência que se utiliza é o nível do mar. Exemplificamos abaixo, o que vem a ser cota.
Ponto A (+) cotas A1(nula) Plano A2 (-)
Curva de nível é a união entre pontos de mesma cota. Em uma planta topográfica, a representação de cotas iguais em diferentes partes do terreno são feitas através de linhas contínuas e que representam a topografia do terreno. São muito úteis, pois possibilitam o plantio em níveis, usando corretamente o solo e evitando os processos erosivos. Quanto mais próximas forem as curvas de nível, mais inclinado é o terreno e a linha de maior declive é a de inclinação máxima.
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Declividade nada mais é que a diferença de nível existente entre dois pontos e o seu cálculo é simples. Na natureza dificilmente encontramos um solo perfeitamente nivelado e, por este motivo, um dos requisitos básicos para a construção de residências, jardins ou cultivos de plantas em geral, é a criação de espaços bem nivelados. Isto implica, naturalmente, a remoção e o deslocamento de terra para acertar o terreno (movimentação) e a criação de acessos. Há teoricamente, terrenos de dois tipos: planos ou em declive. Em termos práticos porem, eles são sempre em declive e, quanto à declividade, podem ser classificados em planos, inclinados e escarpados. Consideram-se planos os terrenos em declive que têm uma caída (diferença de nível) inferior a 5m em relação a cada l00m de extensão (cerca de 5%). Este tipo de topografia favorece a adoção de soluções funcionais, criativas e pouco dispendiosas e é, em geral, o mais interessante e proveitoso do ponto de vista da jardinagem e paisagismo, pois oferece maior facilidade de distribuição dos componentes que comporão o jardim e a paisagem, principalmente aqueles que ficam próximos a casa. Contudo, mesmo os terrenos planos apresentam alguns problemas que terão de ser solucionados ainda na fase do projeto. O principal problema é criar uma leve inclinação para que a água não fique empoçada. Os terrenos inclinados ou ondulados apresentam uma declividade de 10 a 14m para cada 100m de extensão (cerca de 14%). Neste tipo de topografia, a adoção de soluções exige mais criatividade e são mais dispendiosas. Os problemas de drenagem, por exemplo, podem ser facilmente resolvidos, embora se deva controlar também o fluxo da água para evitar a erosão. Os declives escarpados atingem mais de 14m de caída em l00m de extensão (mais de 14%) e requerem a movimentação de grandes quantidades de terra para a criação de patamares planos. Os solos destes terrenos tendem a ser rasos e pobres, sobretudo quando ele se eleva acima das superfícies de vales. Quanto mais declivoso e susceptivel a erosão for o terreno, maiores serão as dificuldades no preparo do solo. Tanto o seu revolvimento bem como a incorporação dos resíduos vegetais devem ser executados manualmente e de maneira adequada, evitando-se o emprego de máquinas agrícolas pesadas, que certamente irão ocasionar erosão e seus efeitos negativos ao meio ambiente.
Conservação do solo
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Para um melhor entendimento deste assunto, é necessário inicialmente o conhecimento do que vem a ser EROSÃO. Erosão é a destruição do solo e das rochas e seu transporte, em geral feito pela água da chuva, pelo vento ou, ainda, pela ação do gelo, quando expande o material no qual se infiltra a água congelada. A erosão destrói as estruturas (areias, argilas, óxidos e húmus) que compõem o solo. Estas são transportados para as partes mais baixas dos relevos e em geral vão assorear cursos d'água. A erosão é um problema muito sério, devem ser adaptadas práticas de conservação de solo para minimizar o problema. Em solos cobertos pela vegetação a erosão é muito pequena e quase inexistente, mas é um processo natural sempre presente e importante para a formação dos relevos. O problema ocorre quando o homem destrói as vegetações, para uso agrícola e deixa o solo exposto, porque a erosão torna-se severa, e pode levar a desertificação.
Fatores que contribuem Muitas ações devidas ao homem apressam o processo de erosão, como por exemplo: os desmatamentos (desflorestamentos) desprotegem os solos das chuvas. o avanço imobiliário em encostas que, além de desflorestar, provocam a erosão acelerada devido ao declive do terreno. as técnicas agrícolas inadequadas, quando se promovem desflorestações extensivas para dar lugar a áreas plantadas. a ocupação do solo, impedindo grandes áreas de terrenos de cumprirem o seu papel de absorvedor de águas e aumentando, com isso, a potencialidade do transporte de materiais, devido ao escoamento superficial.
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Consequências da erosão Efeitos poluidores da ação de arraste Os arrastamentos podem encobrir porções de terrenos férteis e sepultá-los com materiais áridos. Morte da fauna e flora do fundo dos rios e lagos por soterramento. Turbidez nas águas, dificultando a ação da luz solar na realização da fotossíntese, importante para a purificação e oxigenação das águas. Arraste de biocidas e adubos até os corpos d'água e causarem, com isso, desequilíbrio na fauna e flora nesses corpos d'água (causando eutroficação, por exemplo). Outros danos Assoreamento: que preenche o volume original dos rios e lagos e como consequência, vindas as grandes chuvas, esses corpos d’água extravasam, causando as enchentes Instabilidade causada nas partes mais elevadas podem levar a deslocamentos repentinos de grandes massas de terra e rochas que desabam talude abaixo, causando, no geral, grandes tragédias (ver deslizamento de terra). A erosão pode ser: Causas
naturais
No que se refere às ações da natureza, podemos citar as chuvas como principal causadora da erosão. Ao atingir o solo, em grande quantidade, provoca deslizamentos, infiltrações e mudanças na consistência do terreno. Desta forma, provoca o deslocamento de terra. O vento e a mudança de temperatura também são causadores importantes da erosão. Quando um vulcão entra em erupção quase sempre ocorre um processo de erosão, pois a quantidade de terra e rochas deslocadas é grande. A mudança na composição química do solo também pode provocar a erosão.
Causas
humanas
O ser humano pode ser um importante agente provocador das erosões. Ao retirar a cobertura vegetal de um solo, este perde sua consistência, pois a água, que antes era absorvida pelas raízes das árvores e plantas, passa a
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infiltrar no solo. Esta infiltração pode causar a instabilidade do solo e a erosão. Atividades de mineração, de forma desordenada, também podem provocar erosão. Ao retirar uma grande quantidade de terra de uma jazida de minério, os solos próximos podem perder sua estrutura de sustentação. Os dois primeiros são praticamente incontroláveis pelo homem e o último é frutos do mesmo sobre o Natural. Os principais tipos de erosão são: Por embate Causado pelo efeito desagregador das gotas de água da chuva sobre o solo; Laminar Devido às enxurradas que deslizam desgastando suave e uniformemente o solo em toda a sua extensão. É de difícil verificação e se prolonga por anos, até que as raízes superficiais começam a aparecer. Sulcos, Ravinas ou dedos Em poucos anos o solo fica pobre e imprestável para as práticas agrícolas. Deve ser imediatamente combatido, pois em evoluindo muito o seu controle é mais complicado e tem um alto custo. Vossorocas Quando a camada impermeável do solo é muito profunda, pode existir canal de água subterrâneo que vai corroendo aos poucos o subsolo, ocasionado o desabamento e abrindo crateras no solo. Após o seu início, é difícil o controle e a recuperação do terreno é extremamente dispendiosa e não há garantias para tal. Dentre os tipos de erosões existentes, este é o considerado como sendo o mais grave. A ocorrência de erosão depende, dentre outros: Tipos de solo; Declividade; Cobertura vegetal; Regime de chuvas (intensidade e duração); Sistema de drenagem natural; Uso inadequado do solo; Formas
de
evitar
*Não retirar coberturas vegetais de solos, principalmente de regiões montanhosas; * Planejar qualquer tipo de construção (rodovias, prédios, hidrelétricas, túneis, etc) para que não ocorra, no momento ou futuramente, o deslocamento de terra; * Monitorar as mudanças que ocorrem no solo;
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*Realizar o reflorestamento de áreas devastadas, principalmente em regiões de encosta. Quando estamos tratando de uso do solo, não podemos deixar então de comentar sobre a importância e a necessidade da sua “conservação”. O Homem, sendo um agente degradador do meio ambiente através de suas ações ou atividades, causa vários danos ambientais muitas vezes irreversíveis. No uso agrícola do solo, muitas vezes por desconhecimento de práticas conservacionistas, pelo uso inadequado das máquinas e implementos agrícolas, pela falta de orientação de um profissional, dentre outros, um solo fértil e produtivo, se torna estéril, erodido e inapto ao cultivo. Quando falamos sobre conservação do solo, não devemos considerar apenas as praticas referentes à retenção de água, mas também a: Conservação da cobertura vegetal existente; Uso racional de adubo e corretivo; Emprego correto das práticas de preparo do solo e do cultivo. Alguns procedimentos básicos são recomendados para a conservação do solo, tais como: Um bom estudo e análise do solo; As características topográficas do terreno; O uso correto de máquinas e implementos no preparo do solo; Uso correto de adubo e corretivo; Emprego de práticas conservacionistas (métodos) no preparo do solo; Manutenção do (s) método (s) utilizado (s); Emprego de técnicas corretas de plantio; Seleção e escolha de espécies adequadas ao tipo de solo. São 3 (três) os métodos que constituem as práticas conservacionistas: Método Vegetativo Curvas de nível Os plantios obedecem às curvas de nível do terreno (a união de pontos com cotas iguais), em faixas paralelas e não de alto a baixo numa encosta. Evita-se ou minimiza-se o processo da erosão. Culturas em faixas É a disposição do plantio em diversas faixas em curvas de nível. Em cada faixa são plantadas espécies diferentes e que são substituídas anualmente. A rotação dessas plantas deve ser bem planejada e deve sempre existir no mínimo uma espécie “leguminosa”. Culturas em faixas de retenção
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As faixas de retenção são em nível e podem ser cultivadas plantas econômicas ou não. A declividade do terreno deverá ser de 3 a 6%. Nas faixas, que funcionam como barreiras contra enxurradas,. Podem ser plantadas espécies que apresentem um sistema radicular mais bem desenvolvido, para uma melhor fixação e a agregação do solo. Métodos Mecânicos São métodos com custos operacionais mais elevados e que exigem muita perícia e conhecimento apurado daqueles seus executores. Devem sempre ter a orientação e acompanhamento de Engº Agrônomo ou Florestal. São utilizados em áreas extensas e de grandes projetos agrícolas ou florestais. Entretanto, estes métodos também podem ser utilizados em áreas menores, caso o benefício seja maior do que o seu custo operacional. Para conhecimento, citamos alguns destes métodos: Cordões de contorno; Patamares; Terraços. Vegetativos Mecânicos Na realidade este método é uma combinação dos processos vegetativos e mecânicos e o que apresenta melhores resultados no combate a erosão. Como exemplo podemos citar o nivelamento, construção de terraço e plantio em faixa de rotação e retenção. A aplicação destes métodos, em menor ou maior escala, dependerá dos objetivos da ocupação do terreno, o tipo de cultivo, as características físicas do solo e a dimensão do local a ser trabalhado (área). Conclui-se que a conservação do solo faz parte de um todo neste processo e não deve ser isolado também de outros aspectos importantes (sementes, adubação, irrigação, etc.), não se relegando a um segundo plano, o fator básico mais importante que é o solo “conservado e fértil”. Calagem Calagem é uma etapa do preparo do solo para cultivo agrícola na qual se aplica calcário com os objetivos de elevar os teores de cálcio e magnésio, neutralização do alumínio trivalente (elemento tóxico para as plantas) e corrigir o pH do solo, para um desenvolvimento satisfatório das culturas. Agronomicamente a necessidade de calagem é calculada por 3 métodos distintos, tomados
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como base a análise de solo, são eles: método da Embrapa, método do IAC e método pH-SMP. A acidez no solo é um problema comum a quase todas as regiões brasileiras, e a tendência, se não for corrigida, é ampliar-se, sobretudo nas regiões de solos arenosos sujeitos a altas precipitações e cultivos intensivos. Há no Brasil, aproximadamente 285 milhões de hectares de terras cultiváveis, dos quais 40 ou 50 milhões necessitam de correção de acidez. Efeitos da Calagem Praticamente, só os solos com pH abaixo de 5,5 e superior a 7,0 apresentam problemas relacionados com a disponibilidade de alguns nutrientes, com a toxidez de outros, com a estrutura do solo, com a vida microbiana e simplificação da matéria orgânica, fixação de nitrogênio e enxofre, etc.
Os efeitos da calagem poderiam ser resumidos da seguinte maneira: Efeitos Físicos Melhoria da estrutura pela granulação das partículas (estrutura, porosidade, permeabilidade, aeração). é usado para a capacitação das plantas , sem matéria orgânica Efeitos Químicos Controle de pH (Controle da acidez) Eliminação do alumínio trivalente Aumento da disponibilidade e assimilação do Cálcio, Magnésio, Fósforo e Molibdênio; Diminuição da solubilidade do Alumínio, Ferro e Manganês (esses elementos, além de dificultarem o aproveitamento de alguns nutrientes pela planta, ainda podem se tornar tóxicos). Efeitos Biológicos Estímulo ao desenvolvimento da vida microbiana.
NUTRIENTES
As plantas são seres vivos como nós e
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para viverem saudáveis necessitam de alimentos que são a água e os nutrientes fornecidos através do solo. O solo não é apenas depósito de substâncias alimentícias e indispensável ponto de fixação para a maior parte das plantas. Funciona quase como um organismo vivo. O solo vive, e vive intensamente reagindo na presença dos adubos e dos tratos culturais, podendo melhorar ou piorar suas condições em relação às plantas. O solo é uma espécie de laboratório, onde se preparam as substâncias destinadas às plantas. É a cozinha dos vegetais. Os melhores agricultores são, justamente, os que melhor sabem trabalhar com o solo, de modo a lhe aumentar a produção de substâncias alimentícias, permitindo a existência de plantas mais belas, mais produtivas, mas lucrativas.
Os nutrientes são elementos químicos podem ser classificados em duas categorias: Macronutrientes: Nitrogênio, Fósforo, Potássio, Cálcio, Magnésio e Enxofre; Micronutrientes: Boro, Cloro, Molibdênio, Cobre, Ferro, Zinco e Manganês. A denominação de Macronutrientes é devida, pois as plantas absorvem em maior quantidade, mas vale lembrar que todos os nutrientes são essências ao excelente desenvolvimento das plantas, sendo assim, é muito importante o equilíbrio desses. Para que um solo atenda às necessidades nutricionais de uma planta, é necessário que se efetue uma “radiografia” dele, a análise do solo, que irá informar quais os níveis dos nutrientes disponíveis e a exata recomendação dos mesmos para se tiver uma planta esbelta e saudável. Tanto o excesso como a falta de alimento é prejudicial às plantas e às pessoas, por isso, é muito importante sempre contar com a ajuda do médico das plantas, o engenheiro agrônomo. Nós do Viveiro Porto Amazonas, alimentamos e cuidamos bem das plantas que irão embelezar suas residências ou empresas, com produtos naturais que forneçam nutrientes de forma sustentável, preservando assim, o meio ambiente e melhorando a qualidade das pessoas e das plantas. O estudo da Nutrição Mineral e do crescimento das plantas envolve a caracterização de elementos minerais essenciais. Na natureza, estão à disposição das plantas, quase todos os elementos da tabela periódica. Uma simples análise química de um vegetal não funcionaria para determinar quais destes elementos são essenciais, pois a planta pode absorver e armazenar em seus tecidos muitos elementos que não lhe são essenciais. É necessário
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determinar os nutrientes de acordo com um critério de essencialidade. A maneira mais comum de se determinar a essencialidade de um elemento às plantas é através de experimentos com soluções nutritivas preparadas com água e sais purificados. Assim, pode-se omitir os elementos da solução um a um, podendo ser classificados como essenciais os que atendam aos seguintes critérios: Na ausência do elemento a planta não cresce normalmente nem completa o seu ciclo de vida, ou seja, não se desenvolve corretamente e não se reproduz; O elemento é insubstituível, ou seja, deficiência só pode ser corrigida através do seu fornecimento e não de algum outro. O elemento químico faz parte de uma molécula, de um constituinte ou de uma reação bioquímica essencial à planta.
Lei do mínimo Diz que: “O crescimento de uma planta está limitado ao nutriente essencial em menor disponibilidade”. Cada tábua do barril representa um nutriente e a água representa a produção. O nutriente limitante da produção é o que está representada pela tábua no menor nível. Corrigindo a deficiência deste, outro nutriente passará a estar em menor nível. A produção (nível da água) vai gradativamente subindo a medida que vamos corrigindo o nível de cada nutriente. A correção do solo de forma equilibrada deve contemplar o aumento harmônico de todos os nutrientes envolvidos na nutrição das plantas, levando em conta não somente as quantidades de cada um, mas também as relações de equilíbrio entre eles.
As quantidades demandadas de cada nutriente são variáveis, mas todos eles são igualmente importantes. Entretanto, para fins didáticos, os elementos essenciais podem ser assim classificados:
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Macronutrientes Os macronutrientes são os elementos básicos necessários em maior volume às plantas. São eles: Carbono, Oxigênio, Hidrogênio - retirados do ar e da água - e Nitrogênio, Fósforo, Potássio, Cálcio, Magnésio e Enxofre retirados do solo, sob condições naturais. Micronutrientes Os micronutrientes são requeridos em pequenas quantidades, de miligramas (um milésimo do grama) a microgramas (um milionésimo do grama). São micronutrientes o Boro, Cloro, Cobre, Ferro, Manganês, Molibdênio, Níquel e Zinco. Para as plantas cultivadas, a análise química dos tecidos consiste no método mais largamente utilizado na avaliação do estado nutricional, sendo as folhas, o principal orgão amostrado para a maioria das espécies cultivadas. A interpretação do estado nutricional das plantas pode ser feita por diferentes métodos, sendo os mais comuns o método do nível crítico, o método das faixas de suficiência e o método do Sistema integrado de diagnose e recomendação.
Funções dos nutrientes Cada nutriente é utilizado em um local diferente, com sua função específica e essencial. Macronutrientes Carbono O carbono forma a estrutura das biomoléculas das plantas, incluindo amido e celulose. É fixado através da fotossíntese a partir do gás carbônico do ar e faz parte desses carboidratos, que armazenam energia nos vegetais. Hidrogênio O hidrogênio também é necessário para a composição de carboidratos e para a estrutura das plantas. É obtido quase que totalmente da água. Oxigênio O Oxigênio é necessário para a respiração celular. Respiração é o processo de geração de trifosfato de adenosina (ATP), rica em energia, com o consumo dos açúcares produzidos na fotossíntese. Nitrogênio
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O nitrogênio é um componente essencial de todas as proteínas. Deficiência deste nutriente geralmente resulta em atrofia das plantas. Fósforo O Fósforo é importante para os processos energéticos das plantas. Como componente do ATP, o fósforo é necessário para a conversão da energia luminosa em energia química (ATP) durante a fotossíntese. Pode também ser usado para modificar a atividade de várias enzimas por fosforilação, e pode ser usado na sinalização celular. Como o ATP pode ser utilizado na biossíntese de várias [biomoléculas], o fósforo é importante para o crescimento vegetal, floração e formação de sementes. Potássio Potássio regula a abertura e fechamento de estômatos através de alterações da turgidez das células guarda induzidas por uma bomba de potássio na parede celular. Como os estômatos são importantes na regulação da perda de água pelas plantas, o potássio ajuda a diminuir perdas de água e aumenta a tolerância a secas. Cálcio O Cálcio regula o transporte de outros nutrientes dentro da planta e também está envolvido na ativação de certas enzimas.
Magnésio Magnésio é componente importante da molécula de clorofila, um pigmento vegetal essencial à fotossíntese. É importante para a produção de ATP pelo seu papel como cofator enzimático. Enxofre Enxofre é um componente estrutural de alguns aminoácidos e vitaminas, e é essencial à produção de cloroplastos.
Micronutrientes Boro
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Boro é importante para o transporte de açúcares, divisão celular, e síntese de certas enzimas. Cobre Cobre é um elemento envolvido em vários processos enzimáticos, importante para a fotossíntese e na produção de grãos e da lignina das paredes celulares.
Ferro Ferro é necessário para a fotossíntese e está presente como um cofator enzimático nas plantas. Molibdênio Molibdênio é um cofator enzimático importante na produção de aminoácidos. Manganês Manganês é necessário para a produção de cloroplastos. Zinco Zinco é requerido por um grande número de enzimas e desempenha um papel essencial na transcrição do DNA. Níquel Nas plantas superiores, Níquel é essencial para ativação da enzima urease, uma enzima envolvida no metabolismo do nitrogênio. Sem o Níquel, níveis tóxicos de uréia se acumulam, resultando em lesões necróticas. Nos vegetais inferiores, o Níquel ativa várias enzimas envolvidas em uma variedade de processos, e pode substituir o zinco e o Ferro como cofatores em algumas enzimas.
Cloro Cloro é necessário para a osmose e o balanço iônico; também participa da fotossíntese. Nutrição e o solo
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O conceito de solo como meio para o crescimento vegetal é uma noção antiga desde os primórdios da agricultura. De fato, as características físicas e químicas dos solos condicionam o crescimento vegetal, ao fazer variar a capacidade de retenção de água, a solubilidade dos elementos minerais, as transformações minerais e bioquímicas, a lixiviação dos nutrientes e o pH. O solo é importante para o crescimento vegetal pois supre as plantas com fatores de crescimento, permite o desenvolvimento e distribuição das suas raízes e possibilita o movimento dos nutrientes, de água e ar nas superfícies radiculares. O conjunto de propriedades do solo que propiciam o desenvolvimento vegetal é chamado de Fertilidade do Solo.
Adaptações nutricionais das plantas Devido à inconstância natural dos fatores ambientais, as plantas viram-se obrigadas a desenvolver mecanismos adaptativos que lhes permitissem resistir melhor a condições adversas. Algumas plantas modificaram-se estruturalmente de forma a armazenar substâncias inorgânicas (os cactos armazenam água) e orgânicas (as batatas armazenam amido). Outras estabelecem relações bióticas com microrganismos que existem abundantemente no solo. Estas relações podem ser relações de prejuízo (parasitismo, predação) ou de benefício mútuo (simbióticas e mutualísticas). As raízes crescem melhor em solos estéreis inoculados com microrganismos do que em solos estéreis não inoculados. Um outro exemplo de adaptação nutricional é o caso das plantas carnívoras que pelo facto de viverem em solos pobres em sais, capturam insetos a fim de obterem os nutrientes em falta. Obtêm assim as suas quantidades necessárias em azoto, digerindo as proteínas presentes nos corpos de insetos, se se tratarem de insetívoras. As armadilhas são variadíssimas, podendo ser por prisão através das folhas ou por substâncias pegajosas, etc. Outras plantas, como modo de sobrevivência, tornam-se parasitas de outras, agarrando-se ao corpo de um hospedeiro e penetrando no seu sistema vascular para roubar a água, os sais minerais e os açúcares elaborados na fotossíntese, promovendo o seu próprio crescimento. São uma ameaça para as culturas e difíceis de eliminar sem provocar danos. Como não necessitam de efetuar fotossíntese, acabam por perder os seus pigmentos fotossintéticos.
Adaptações nutricionais das leguminosas – fixação simbiótica do azoto atmosférico Os compostos azotados inorgânicos, pelo facto de existirem sempre em pouca quantidade, são sempre um fator limitante do crescimento vegetal. Assim, a
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fixação biológica de azoto atmosférico é de elevada importância na biosfera, dado que é a fonte mais significativa de azoto. Neste processo existem bactérias de vida livre ou simbiótica (Rhizobium sp e Bradyrhizobium sp). As plantas leguminosas tendem a estabelecer relações com bactérias fixadoras de azoto atmosférico. As bactérias estabelecem-se ao nível do córtex da raiz, multiplicando-se e originando estruturas de forma irregular, designadas por bacteróides. Concomitantemente, a bactéria estimula a divisão das células corticais da planta, conduzindo ao engrossamento da raiz, que se manifesta pela formação de um nódulo radicular. Os bacteróides obtêm matéria orgânica sintetizada pelas plantas na fotossíntese e, por sua vez, fixam o azoto atmosférico, transformando-o em amónia que irá ser utilizada pelas plantas e incorporada em compostos orgânicos (Ciclo do Azoto), como por exemplo, proteínas. Um solo mais rico em amónia, em azoto é mais fértil. Uma forma de azotar um solo será, então, a plantação de plantas leguminosas. Esta associação é frequente em trevos-. Adaptações nutricionais de árvores e plantas herbáceas – micorrizas Quando um fungo infecta a raiz de uma planta herbácea ou árvore, esta associação mutualística é designada por micorriza. Os esporos fúngicos dão origem a micélios (conjuntos de hifas) que invadem o tecido radicular e se desenvolvem no interior ou no exterior das raízes. As hifas que se desenvolvem no exterior das raízes funcionam como prolongamentos das mesmas, aumentando a capacidade de absorção de água e nutrientes minerais do solo, em particular de fósforo e aumentando também a resistência da planta à temperatura e à desidratação. Reduzem ainda a probabilidade de infecção por parasitas. Como recompensa, o micélio fúngico recebe compostos orgânicos fotossintetizados pela planta. Distinguem-se dois tipos de micorriza. Nas micorrizas ectotrópicas ou ectomicorrizas, as hifas do fungo existem entre as células epidérmicas do sistema radicular, usando glícidos como alimento. À medida que cresce, o micélio envolve completamente a raiz. Esta associação é típica dos pinheiros e dos carvalhos. Nas micorrizas endotrópicas ou endomicorrizas, as hifas invadem as células radiculares. Todos sabemos que de nada adianta um plantado bem iluminado, com bom nível de CO2, se não tivermos uma boa fertilização - seja líquida ou mesmo no substrato - para que nossas plantas cresçam bem.
Principais nutrientes utilizados pelas plantas, suas funções e principais sintomas de deficiência:
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Nitrogênio (N) É um dos nutrientes mais exigidos quantitativamente pela maioria das plantas. Atua em todas as fases desta, quais sejam, crescimento, floração, frutificação das plantas. As plantas absorvem o N em suas formas iônicas, NO3- e NH4+ Carência de Nitrogênio - aumento do sistema radicular, palidez da planta, amarelecimento e queda das folhas. Fósforo (P) O fósforo age na produção de energia, na respiração, divisão celular e em diversos outros processos metabólicos, como nas substâncias de reserva. O forma iônica absorvida pelas plantas são o H2PO4- e HPO4 2Carência de Fósforo - as folhas escurecem, as plantas podem ficar 'achatadas'. Potássio (K) É um dos macronutrientes mais consumidos pela planta, juntamente com o nitrogênio. Favorece a formação de raízes, amadurecimento dos frutos, etc. Os frutos e tecidos meristemáticos possuem alto teor de potássio. Seu papel principal é o de ativador de funções enzimáticas e de manutenção da turgidez celular. A forma iônica absorvida pelas plantas é o K+ Carência de Potássio - as folhas mais velhas apresentam extremidades com manchas cloróticas, degenerando-se e tornando-se necróticas. Cálcio (Ca) Contribui para o fortalecimento de todos os órgãos das plantas, principalmente raízes e folhas. Também é importantíssimo na manutenção do equilíbrio entre alcalinidade e acidez do meio e da seiva das plantas. A forma iônica absorvida pelas plantas é o Ca2+. Carência de Cálcio - lesões nas margens das folhas mais novas. Essas lesões levam a folha a morrer da extremidade para o centro. Magnésio (Mg) É parte integrante da molécula da clorofila, e por isso está diretamente ligado ao metabolismo energético das plantas. A forma iônica absorvida pelas plantas é o Mg2+. Carência de Magnésio - o sintoma aparece entre as nervuras, espalhando-se das margens para o centro das folhas. Enxofre (S) O enxofre encontra-se em sua maior parte na composição das proteínas, associadas ao nitrogênio. Participa na formação de alguns aminoácidos essenciais ao metabolismo energético. A forma iônica absorvida pelas plantas é o SO42-. Carência de Enxofre - as folhas permanecem mais escuras e opacas, com tonalidade amarelo-esverdeada.
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Manganês (Mn) É importante para a formação da clorofila e participa do metabolismo energético respiratório. A forma iônica absorvida pelas plantas é Mn2+. Carência de Manganês - o sintoma da deficiência de ferro se generaliza, causando nas folhas uma coloração verde-pálida. Boro (B) Atua no metabolismo de carboidratos e transportes de açúcares através de membranas, na formação da parede celular, divisão celular, no movimento da seiva. Atua no desenvolvimento das folhas e dos brotos. Contribui para a maior força e resistência de todos os tecidos vegetais. A forma iônica absorvida pelas plantas é H3BO3. Carência de Boro - o sintoma é muito parecido com o do cálcio, com necrose e enrugamento das nervuras. Cloro (Cl) Está ligado ao metabolismo da água e a transpiração das plantas, além de participar da fotossíntese. A forma iônica absorvida pelas plantas é Cl-. Carência de Cloro - é mais comum encontrarmos excesso do que a deficiência deste micronutriente. A toxidez do cloro é caracterizada pela queima das margens das folhas localizadas externamente na planta. Cobre (Cu) Tem papel importante na fotossíntese, respiração, redução e fixação de nitrogênio. A forma iônica absorvida pelas plantas é Cu2+ Carência de Cobre - os sintomas ocorrem nas folhas novas, que permanecem alongadas, deformadas e com as margens cloróticas voltadas para baixo. Ferro (Fe) Essencial ao metabolismo energético, atua na fixação do nitrogênio e desenvolvimento do tronco e raízes. A forma iônica absorvida pelas plantas é Fe2+. Carência de Ferro - perda da intensa coloração nas folhas, ocorrendo clorose internerval nas folhas novas. Folhas com aparência de vidro, transparentes e retorcidas (vitrificação). Agora que já vimos um pouco da função de cada nutriente, torna-se mais fácil compreendermos alguns sintomas da deficiência de cada um deles.
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ADUBAÇÃO
A adubação é a prática agrícola que consiste no fornecimento de adubos ou fertilizantes ao solo, de modo a recuperar ou conservar a sua fertilidade, suprindo a carência de nutrientes e proporcionando o pleno desenvolvimento das culturas vegetais. A adubação correta aumenta a produtividade agrícola. Deve, entretanto, ser usada com moderação. É preciso ter sempre em mente que os adubos são extraídos de rochas, que são recursos naturais não renováveis, ou produzidos em indústrias químicas com riscos para o meio ambiente.
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A adubação pode também ser feita com adubos orgânicos. Estes adubos são obtidos a partir da decomposição de restos de plantas ou de esterco de animais (bovinos,aves, etc.), pela ação dos microrganismos e também das minhocas. Há também os chamados adubos verdes que são plantas (geralmente leguminosas) que são cultivadas antes ou junto com a cultura principal. As folhas e palhada dos adubos verdes contém nutrientes que lentamente vão sendo mineralizados e utilizados por outras culturas como por exemplo, fruteiras, café, e até mesmo o milho. A adubação pode ser classificada: quanto ao tipo de fertilizante:
mineral (ex.: NPK, sulfato de amônio, superfosfato simples) ou orgânica (ex.: esterco de curral, vermicomposto, vinhaça, adubos verdes);
quanto à via de aplicação: diretamente no solo, foliar, e via água de irrigação ou fertirrigação.
Adubação Mineral (Química) Adubo químico é todo nutriente vegetal obtido de matérias primas minerais retiradas da natureza e/ou tratadas e processadas em laboratório. O petróleo é, por enquanto, a maior e melhor fonte de matéria prima para a produção de adubo químico (principalmente nitrogênio, fosfato e potássio), além de defensivos agrícolas. Muitos ficam em dúvida na hora de adubar suas plantas com fertilizante químico: como funciona, qual fórmula usar, como aplicar? Para facilitar o trabalho, aí vão algumas dicas bem úteis: 1. Os adubos ou fertilizantes químicos geralmente são vendidos em lojas de jardinagem e até em supermercados. Na embalagem, trazem a sigla NPK, mostrando que o produto contém os elementos mais
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importantes para o desenvolvimento das plantas: o nitrogênio (N); o fósforo (P) e o potássio (K). 2. Existem formulações diferentes de fertilizantes NPK, baseadas na sua finalidade. Em geral, usa-se: o NPK 4-14-8 (4 partes de nitrogênio, 14 partes de fósforo e 8 partes de potássio) para espécies que produzem flores e frutos. Ex. hibisco, azaléias, violetas, cítricos como a laranjeira, legumes, etc. Além disso, segundo a maioria dos fabricantes, esta formulação é ideal para ser aplicada no momento do plantio dos vegetais, no preparo do solo, pois o alto teor de fósforo proporciona uma melhor formação e desenvolvimento das raízes e estrutura das plantas. o NPK 10-10-10 (partes iguais dos 3 elementos) para espécies que não florescem e não produzem frutos, como as samambaias. Segundo os fabricantes, esta formulação também é ideal para ser aplicada em plantas já formadas, na forma de cobertura. Neste caso, pode ser usada em flores, folhagens, hortaliças e frutíferas. o NPK 15-15-20 (15 partes de nitrogênio, 15 partes de fósforo e 20 partes de potássio), rica em potássio, esta formulação é considerada bem prática, pois pode ser usada também no cultivo hidropônico, sendo indicada especialmente para hortas. o Também existem no mercado as fórmulas preparadas especialmente para determinadas espécies de plantas ornamentais. É o caso das violetas, orquídeas, rosas e samambaias. Neste caso, os fabricantes elaboram uma fórmula adequada às necessidades nutricionais de cada espécie. o Uma outra formulação especial já encontrada no mercado é o NPK granulado para gramados, que pode ser aplicado de uma forma bem rápida e prática, simplesmente espalhado sobre o gramado. 3. A freqüência de adubação varia de acordo com a espécie cultivada. Algumas precisam mais outras menos, mas, de forma geral, a adubação pode ser feita a cada dois meses. Mas lembre-se: quanto à dosagem e forma de aplicação, siga rigorosamente as indicações do fabricante, que constam na embalagem do produto.
Adubação Orgânica O que é adubação orgânica
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É a prática de colocar no terreno os resíduos orgânicos, como: esterco, urina e restos de animais, palhas, capins, lixo, serragem, restos de culturas e capinas, cama de estábulos ou galinheiros, bagaços, ou farinha de ossos e farinha de carne, entre outros, que se transformam em húmus.
Vantagens da adubação orgânica O húmus tem a propriedade de diminuir a perda de cálcio, magnésio e potássio pelas lavagens do solo.
A matéria orgânica tem as seguintes vantagens:
Libera nutrientes para as plantas. Facilita a absorção de nutrientes pelas plantas. Aumenta a capacidade do solo em armazenar nutrientes. Melhora a estrutura do solo. A adubação orgânica diminui o gasto com adubo mineral.
Exemplo: 10 toneladas de esterco fresco de bovinos correspondem a 50 kg de uréia, 50 kg de superfosfato triplo e 50 kg de cloreto de potássio. O uso somente de adubos orgânicos não resolve o problema para garantir ou aumentar a fertilidade dos solos. A adubação mineral e a adubação orgânica se completam. Nenhuma delas isoladamente satisfaz as exigências nutricionais das culturas. Sem a matéria orgânica, o solo se torna estéril, improdutivo. Evite o uso de fogo em suas terras. Restos de lavoura, palhadas ou ervas daninhas podem ser incorporadas ou servir de cobertura do solo. Adubos orgânicos comercializados a) Torta de algodão É também utilizada como alimento para o gado. Custo muito elevado. b) Torta de mamona É importante adicionar a torta de mamona com antecedência mínima de 30 dias do plantio, para que a fermentação desse material não prejudique as sementes ou mudas. c) Farinha de chifres e cascos.
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d) Esterco de galinha É muito mais rico do que o esterco de curral. Esses estercos devem ser fermentados nas esterqueiras. A finalidade da fermentação é produzir o húmus. Alguns cuidados com as esterqueiras: As esterqueiras devem ser cobertas, para evitar a perda de nitrogênio e ter um piso impermeabilizado e inclinado para um raio de coleta do líquido pardo (chamado de purina) que escorre do esterco em fermentação. As camadas na esterqueira devem ser molhadas com água. O esterco estará bem fermentado quando a purina se mostra bem escura e, ao se pegar na mão um pouco da massa, não se nota mais muita palha. É comum juntar na preparação do composto as cinzas aos adubos fosfatados. e) Vinhaça É também conhecida por vinhoto ou garapão e é um subproduto do álcool ou da aguardente. Uma tonelada de cana moída dá, aproximadamente, 800 litros de vinhaça. É um material rico em potássio e nitrogênio, mas pobre em fósforo. Como aplicar adubos orgânicos Tortas: Devem ser distribuídas dentro do terreno. Misturar um pouco com a terra e deixar o sulco meio aberto para que a fermentação aconteça. Esterco de curral: Deve ser distribuído a lanço, numa dose média de 30 toneladas por hectare. Em seguida, deve-se fazer uma aração e uma gradagem, para que o material seja bem incorporado ao solo. No caso de cafezais e pomares, joga-se o esterco ao redor do pé da planta, incorporando-o aos primeiros centímetros do solo. Composto É aplicado da mesma forma que o esterco de curral. Obs.: A mistura dos outros adubos e o plantio devem ser feitos 30 dias depois da aplicação da torta. O que é uma adubação verde É uma prática que melhora o solo com incorporação de plantas cultivadas. Vantagens da adubação verde:
Aumento da matéria orgânica do solo . Aumento de nutrientes no solo.
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Diminuição da acidez do solo e de alumínio tóxico.
Quando se usam adubos verdes, devem-se cortá-los com arado ou grade de disco antes que produzam sementes. Nesse estado, acontece a decomposição rapidamente no solo. Como a quantidade de matéria orgânica fresca adicionada ao solo é muito grande, é conveniente esperar 20 dias antes de fazer o plantio seguinte.
Classificação da adubação verde quanto a sua utilização: a) Adubação verde exclusiva de primavera/verão: É o plantio e incorporação no solo de leguminosas, no período de outubro a janeiro. Espécies mais utilizadas :a mucuna, o feijão-de-porco, o guandu, as crotalárias, o labe-labe e o caupi. Vantagens: grande produção de massa verde e incorporação de nitrogênio. Destaca-se também a proteção ao solo durante o período de chuvas. O problema é que as áreas agrícolas ficam ocupadas. Uma saída para isso é a rotação de áreas, ou seja, a divisão da propriedade em glebas, reservando uma por ano para o plantio de leguminosas e as restantes para culturas comerciais. b) Adubação verde exclusiva de outono/inverno : É o cultivo de leguminosas durante a entressafra de culturas comerciais de verão. Principais espécies : a aveia-preta, o azevém, mucuna-preta, crotalária, o nabo forrageiro, os tremoços, as ervilhacas, a serradela e a gorga. A época de semeadura varia de março a junho. Vantagem: possibilidade de usar essa forragem na alimentação animal. c) Adubação verde consorciada com culturas anuais: A leguminosa é semeada na entrelinha da cultura comercial. Entre os exemplos, temos a cultura de milho com feijão-de-porco, caupi, mucuna-anã, guandu ou labe-labe. A adubação verde pode ser intercalada a culturas perenes também, só que a leguminosa não pode ser muito agressiva e deve ser plantada após o segundo ano de plantio da cultura perene. Exemplos : pomares de bananeiras consorciadas com feijão-de-porco, soja perene, crotalárias, cudzu, caupi, mucunas; laranjeiras ou limoeiros consorciados com soja perene, siratro, guandu, mucunas, calopogônio. Vantagens: controle da erosão e a redução de mato.
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d) adubação verde em faixas: É o plantio da leguminosa em uma faixa da área cultivada, permanecendo o resto da área com a cultura comercial. Nos anos seguintes, as faixas são plantadas em outra parte do terreno e assim por diante. e) Adubação verde perene: É o plantio em áreas degradadas de espécies como guandu, indigófera e leucina. Vantagem: servem de alimento para o gado. O uso somente de adubos orgânicos não resolve o problema de garantir ou aumentar a fertilidade dos solos. É importante praticar sempre a adubação orgânica e a mineral, pois se completam.
A reprodução de uma planta pode ser sexuada ou assexuada. A reprodução sexuada é quando há troca de material genético entre uma flor masculina e uma flor feminina, gerando frutos e sementes, que ao germinarem, criarão novas plantas. A reprodução assexuada pode ocorrer através da folha ou do caule. Acontece por um processo natural ou provocado pelo homem. O homem, pensando em reproduzir as melhores plantas e obter, assim, uma quantidade maior dos seus produtos, desenvolveu algumas técnicas de reprodução vegetativa, como a enxertia, a estaquia, a mergulhia e a alporquia. Em condições naturais, muitos são os exemplos, como a batatinha comum, de um caule subterrâneo que se enraíza e se ramifica, formando nova planta. A multiplicação vegetativa é um processo de reprodução assexuada rápido e frequente nas plantas. Esta multiplicação pode ocorrer nos diferentes órgãos vegetais, raízes, caules e folhas, através dos processos de reprodução assexuada por fragmentação e por gemulação. A multiplicação vegetativa é possível atendendo à grande capacidade de regeneração das plantas, que resulta da presença de células totipotentes que apresentam capacidade activa de divisão e regeneram um novo indivíduo. Na multiplicação vegetativa a partir de raízes ocorre a fragmentação dos feixes radiculares, dando cada um destes fragmentos origem a uma nova planta. A multiplicação vegetativa a partir de caules pode ocorrer por simples enraizamento de uma porção do caule ou seus prolongamentos, que regenera
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uma nova planta. Em outras situações, são Órgãos especializados (tubérculos) das próprias plantas que podem originar novas plantas. A multiplicação vegetativa a partir de folhas pode ocorrer por enraizamento de uma folha, que origina uma nova planta, ou a partir da formação de gemas foliares. Em todos os casos descritos é importante referir que só ocorre reprodução quando os descendentes se separam do progenitor. PRINCIPAIS TIPOS DE REPRODUÇÃO ASSEXUADA NAS PLANTAS: 1. Estaquia: cortam-se ramos de árvores que contenham gemas e enterra-se a parte cortada no solo. Depois de algum tempo, surgem raízes e uma nova planta. Esse ramo cortado recebe o nome de estaca, também denominada muda.
2. Enxertia: escolhe-se uma planta que forma raízes bem fortes e resistentes. Corta-se a planta próximo ao solo, e ela é utilizada para receber o enxerto. Por receber o enxerto, esse pedaço da planta recebe o nome de porta-enxerto. Na enxertia utiliza-se, portanto, o porta-enxerto de uma espécie de planta com o enxerto de outra espécie.
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3. Mergulhia: enterra-se parte de um ramo no solo. Depois de algum tempo, dele nascem raízes e os primeiros ramos. Separa-se esse ramo e planta-se em outro local, surgindo um novo indíviduo.
4. Alporquia: faz-se um pequeno corte em um ramo, envolvendo o local com terra úmida. Depois que formar raízes, corta-se o ramo, plantando-o na terra.
A propagação vegetativa é uma modalidade de reprodução assexuada típica dos vegetais. Na agricultura é comum a reprodução de plantas através de pedaços de caules (estaquia), é assim que propagamos cana-de-açúcar, mandioca, batatas, bananeiras, etc. Esse processo é possível porque o vegetal adulto possui tecidos meristemáticos (embrionários). Nesse tipo de propagação, os descendentes são geneticamente iguais à planta mãe. Outra forma de propagar vegetativamente as plantas é a cultura de tecidos. A planta é reproduzida a partir de células meristemáticas das gemas que, cultivadas em laboratório, originam inúmeros exemplares idênticos à planta mãe.
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A propagação vegetativa é utilizada para obter ganhos genéticos de maneira mais rápida, pois essa técnica conserva características da planta mãe. Mas deve-se ressaltar que mesmo em floresta de origem de propagação vegetativa podem ocorrer diferenças entre um mesmo clone devido às diferenciações ocorridas durante a fase de propagação do material. Existem diversos métodos para a propagação vegetativa de plantas jovens ou adultas e para todos os métodos deve-se trabalhar com condições de umidade e temperatura controlada e meios propícios para cada sistema. Micropropagação Esse método de propagação vegetativa é baseado nas técnicas de cultura de tecidos e é realizado a partir de calos, órgãos, células e protoplastos. A cultura de tecidos consiste em cultivar segmentos da planta em tubos de ensaio que contenham soluções nutritivas e hormônios na dosagem adequada para o desenvolvimento. Após o termino da fase de desenvolvimento em tubos de ensaio, as plantas passarão por aclimatização e posteriormente serão levadas ao campo. Nesse sistema é possível obter com rapidez a produção de um grande número de mudas idênticas. 1. É retirado um explante de uma planta e colocado num meio asséptico, adequado ao seu crescimento (com nutrientes e hormonas) e in vitro; 2. Origina-se o tecido caloso por multiplicação das células que estavam em cultura;, onde as células se desdiferenciam e se encontram em proliferação 3. O tecido caloso é subdividido e essas subunidades são colocadas em cultura, onde se verifica uma abundância eem nutrientes e hormonas de crescimento; 4. Obtêm-se plântulas, que serão transferidas para contentores onde continuam o seu crescimento e originam clones idênticos à planta original. São portanto aclimatizadas.
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Vantagens da técnica Por meio dessa técnica, é possível a produção de mudas em larga escala, gerando plantas completamente livres de qualquer doença. Além disso, o processo gera mudas que, em geral, florescem mais rapidamente que as mudas geradas por sementes. Desvantagens Alto custo de implantação do sistema, além da necessidade de mão-de-obra especializada. Como é realizada? É uma técnica inviável para uso doméstico, sendo destinada apenas à produção comercial de mudas, ou à pesquisa. Por esse motivo, não detalharemos a técnica nesse tópico. Basicamente, uma pequena parte do tecido de uma planta é retirada, sendo colocada em meios de cultura específico, em ambiente com iluminação artificial. As mudas produzidas são transferidas a outros recipientes, até a sua venda e plantio definitivo.
Macropropagação O método de macropropagação é baseado nos métodos convencionais de estaquia e enxertia. Estaquia – É o processo de enraizamento de estacas obtidas de material selecionado. Essa é a metodologia mais utilizada nas grandes empresas florestais que obtêm as estacas nos mini-jardins clonais. Podem existir nesse processo, além da metodologia, algumas características inadequadas para o enraizamento das estacas, como o material genético e a idade (o material adulto apresenta maior dificuldade de enraizamento). Enxertia – É o processo de inserção da parte superior de uma planta em outra, através da implantação do ramo, gema ou borbulha da planta a ser multiplicada
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(cavaleiro) sobre o porta-enxerto (cavalo). Nesse procedimento pode ocorrer a rejeição do material, sendo que a melhor maneira de evitá-lo é utilizar plantas jovens. A maior dificuldade da propagação vegetativa de plantas adultas é o enraizamento, sendo necessário trabalhar com material fisiologicamente juvenil ou rejuvenescido. As técnicas de rejuvenescimento podem ser realizadas através da poda drástica, aplicações de citocininas, propagação seriada via enxertia, propagação seriada via estaquia e micropropagação. Outros fatores também são importantes para o enraizamento entre eles a nebulização (prevenindo o estresse hídrico), o estado nutricional, a utilização de hormônios (para eucaliptos são utilizados o AIB e o ANA) e condições adequadas de desenvolvimento. Para a propagação vegetativa de eucalipto adulto é recomendada, para facilitar o processo, a utilização dos brotos epicórmicos originários da base das árvores. PROCESSOS DE DETALHAMENTO
MULTIPLICAÇÃO
VEGETATIVA
ARTIFICIAL
-
Enxertia: A enxertia é uma técnica de melhoramento de plantas. Pode ser realizada por garfo, por borbulha ou por encosto. Em qualquer dos casos a técnica baseia-se no princípio de colocar em contacto feixes condutores da planta a melhorar com feixes condutores da planta que se quer introduzir.
Enxertia por encostia
Enxertia por garfo
Estaquia:
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Enxertia por borbulha
Estaquia caulinar
Estaquia foliar
Estaquia radicular
A estaquia pode ser realizada sobre caules, folhas e raízes. Em qualquer dos processos a técnica requer a utilização de partes dos órgãos que apresentem feixes condutores abertos (com câmbio). No caso da estaquia caulinar e radicular a técnica é facilitada pela utilização de partes que contenham gomos.
Mergulhia:
Mergulhia aérea ou Alporquia
Mergulhia
A mergulhia é uma técnica de multiplicação vegetativa que consiste na indução de formação de raízes, a partir de um ramo ainda jovem. A técnica pode ser realizada sobre um ramo flexível que se dobra, de modo a ficar uma parte enterrada, deixando o gomo apical no exterior (mergulhia). Quando os ramos não são suficientemente flexíveis induz-se a formação de raízes no ramo, colocando solo em volta do ramo e posterior envolvimento com tecido (mergulhia aérea ou alporquia). O meio escurecido induz o aparecimento de raízes nessa zona.
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Cultura "in vitro
A multiplicação vegetativa "in vitro" é uma técnica realizada em laboratório que requer condições assépticas e pessoal especializado. a sua utilização permite no entanto obter, no mesmo espaço de tempo, uma quantidade de plantas muito maior do que aquela que se obtém quando se utilizam técnicas de multiplicação tradicionais. Esta técnica compõe-se de várias fases, recorrendo-se em cada uma delas a meios de cultura apropiriados ao fim a que se destinam: ..Fase da multiplicação ou repicagem- consiste em obter o maior número possível de "futuras plantas", a partir da uma célula ou aglomerado de células, colocados num meio apropriado à divisão celular (mitose). .Fase do enraizamento- consiste em colocar as "futuras plantas" num meio de cultura apropriado ao enraizamento. Este meio é constituído pelos nutriente e por carvão activo, que escurece o meio de cultura, induzindo a formação de raízes. .Fase do desenvolvimento da parte aérea- consiste em colocar as "futuras plantas" num meio de cultura apropriado ao desenvolvimento da parte aérea da planta, para que ocorra a formação de caules e folhas. .Fase da aclimatação- consiste em colocar as "novas plânulas em diferentes estádios de adaptação até chegarem ao solo, no campo. PROCESSOS DE MULTIPLICAÇÃO VEGETATIVA NATURAL Bulbos e Bolbilhos
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Numerosas plantas, como a cebola, a tulipa e os crocus desenvolvem naturalmente estruturas foliares designadas por bolbos que têm a capacidade de regenerar novas plantas. Outras como o alho e as açucenas desenvolvem naturalmente estruturas foliares designadas por bolbilhos que têm a capacidade de regenerar novas plantas. Rizoma:
Lírio Rizoma de lírio Rizoma de gengibre Algumas plantas desenvolvem naturalmente estruturas designadas por rizomas, através de modificações ao nível da raiz. Essas modificações passam pelo engrossamento da estrutura e desenvolvimento mais pronunciado de gomos radiculares. Estolhos:
Clorophitum
Morangueiro
O morangueiro e o clorofitum desenvolvem naturalmente estruturas designadas por estolhos que têm a capacidade de regenerar novas plantas.
Réplicas:
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Briofilum desenvolve naturalmente estruturas designadas por réplicas que têm a capacidade de regenerar novas plantas. Propágulos Marchantia
Marchantia desenvolve naturalmente estruturas designadas por propágulos que têm a capacidade de regenerar novas plantas.
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Poda na Arborização Urbana Poda A poda é muito importante para a manutenção das plantas, pois ajuda a eliminar galhos velhos, a dar forma e também a fortalecer as plantas. DEFINIÇÃO Defini-se como poda de árvores, o ato de cortar árvores e ramos em pé. OBJETIVO Estabelecer um metodologia para a execução dos serviços de poda de árvores, com a correta utilização de moto-serras. Os objetivos da poda são: 1. Vigor da planta; 2. Tirar galhos velhos ou mortos; 3. Dar a forma desejada; 4. Melhorar seu porte para manuseio fácil; 5. Diminuir o número de galhos de frutíferas para ter mais e melhores frutos. Existem basicamente 3 tipos de poda: Poda de limpeza: é uma poda leve, onde se retiram os galhos doentes ou inconvenientes de uma planta, e pode ser feita em qualquer época do ano.
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Poda de formação: dá forma à planta. Exemplo: buxinho podado.
Poda de frutificação e florescimento: prepara a planta para que no próximo ano ela produza mais. Deve-se tirar os galhos que produziram no ano anterior.
Onde e como se poda: Poda-se uma planta com a tesoura inclinada logo acima da gema.
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Poda em bisel (corte inclinado) Época da poda: Deve-se podar as plantas na época da dormência, quando aparentemente a natureza descansa, isto é, no inverno que no Brasil inicia em junho e termina em setembro. FERRAMENTAS PARA PODA As ferramentas utilizadas para a poda de árvores devem estar sempre limpas, afiadas e desinfetadas antes do uso. No momento do corte deverá ser escolhida a ferramenta adequada para cada caso. Serra Serra Alicate Moto-serra Serrote Facão Machado Machadinha Foice
circular hidráulico
para
corta
galho
de de
manual hidráulica poda
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2.500g g.
Obs: As ferramentas dos últimos três itens, somente deverão ser utilizadas na remoção de árvores ou no corte de galhos ao nível do solo. Algumas ferramentas de poda: Existem vários tipos de tesouras e ferramentas para poda, justamente por que cada uma tem uma função, isto é, tesoura pequena para galhos pequenos, a maior para galhos mais grossos, serrote para troncos, etc.
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Não se esqueça de sempre manter as ferramentas limpas e secas após o uso. PROCEDIMENTOS E RECOMENDAÇÕES Para a execução de qualquer tarefa com eficiência e segurança, no corte de árvores, abate, corte de troncos em toras, corte de galhos, com a utilização de moto-serras e outros equipamentos para corte e poda, deve-se seguir rigorosamente as recomendações técnicas e de segurança. Instruções de Segurança. Somente pessoas autorizadas e devidamente treinadas é que deve executar os serviços de cortes e poda. Não operar o equipamento sem conhecimento para tal. Sinalizar convenientemente o local de serviço mediante o uso de barreiras, cordões de isolamento e cones de sinalização. O empregado que irá efetuar a poda de árvores, deverá estar utilizando os equipamentos de proteção individual adequado, os quais se constituem de: luvas, capacete, óculos de segurança ou capacete com protetor facial acoplado, cinturão de segurança ou ETR, protetor auricular e roupas adequadas. Antes do início dos serviços, deverá ser constatado a existência ou não de casas de marimbondos ou abelhas na árvore a ser podada. Caso da existência,
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além dos equipamentos de proteção o empregado deverá utilizar roupas protetoras contra tais insetos, extinguindo os mesmos através de fumaça ou inseticidas. Para utilização de inseticidas o empregado ainda deverá utilizar máscara protetoras. Cada ferramenta a ser utilizada no serviço, deverá ser içada por meio de corda em baldes de lona ou bolsa. A distância mínima de segurança para as redes de alta tensão é de 2,00 metros e 1,00 para a baixa tensão. TIPOS DE PLANTAS As plantas de folhas perenes serão podadas no período que vai do térmico da frutificação à emissão de novos brotos. As plantas caducifólias ( que perdem as folhas em certas épocas do ano) serão podadas na sua fase de repouso, que poderá coincidir ou não com o inverno. ÁRVORE DE CLIMA TEMPERADO O repouso vegetativo ocorre quando as essências perdem as folhas, o que também pode ocorrer com o inverno. ÁRVORES DE CLIMA TROPICAL Estas árvores perdem as folhas durante o inverno ou qualquer outra época do ano. Após este repouso, surgem os botões florais, depois novas folhas e frutos. Trata-se pois de um repouso apenas aparente, uma vez que a árvore estava preparando-se para o reflorescimento. Uma poda nessa fase de repouso seria desastroso para a resistência da árvore. Havendo dúvidas as árvores devem ser podadas somente após as floradas. Os exemplos mais típicos dessas essências são: Ipê Amarelo Ipê Branco Ipê Roxo Figueiras brasileiras Bauinia Branca ou unha de vaca Bauinia Roxa ou unha de vaca Bauinia Africana - Bauhinia Blaheana COMO EFETUAR OS CORTES
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Tabebuia Heptaphylla Tabebuia roseo-clara Tabebuia longiflora em geral branca - Bauhinia Bongardi roxa - Bauhinia Variegada
a. O corte deve ser sempre acima de uma gema vegetativa, pois se ficar um tronco acima da gema, esta apodrecerá, podendo comprometer toda a planta.
b. O corte sempre deve ser feito inclinado para facilitar o escoamento da água, em bisel de 45°, para fora da gema.
Por motivos econômicos, só se pincela as áreas dos cortes com produtos especiais (elastomêros, alvaiade, calda bordaleza, fitilho, mastique etc.), em caso de ramos grossos de árvores de alto valor. Essa operação tem que ser feita com muito critério pois embora proteja o local contra infecções, atrasa muito o tempo de cicatrização, o que às vezes aumenta o risco do aparecimento de infecções. A poda de árvores em locais onde existir condutores elétricos devem ser realizadas de maneira a não deixar galhos acima dos condutores primários (AT) ou em posição que o vento possa fazer tocá-los no condutor. PODA EMERGENCIAL É a poda executada em ramos de árvores visando livrar a fiação elétrica em situação crítica (temporais, curto-circuito etc.). PODA PARCIAL EM V Visa eliminar os ramos que estão prejudicando a fiação elétrica primária e/ou secundária. A figura mostra a poda em "V" com afastamento para a rede primária.
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PODA PARCIAL EM FURO Visa eliminar os ramos que estão prejudicando a fiação elétrica secundária (baixa tensão). NOTA Normalmente a poda é executada em "V". Posteriormente a árvore se recompõe fechando a copa de modo a tomar a forma de um furo. Somente em copas muito densas é possível executar de inicio a poda em furo.
PODA PARCIAL DE AFASTAMENTO SECUNDÁRIO Visa eliminar os ramos que estão próximo da fiação da rede elétrica secundária ( baixa tensão).
NOTA As podas em "V" em "FURO" e de afastamento, são podas emergenciais e não habituais. A poda complementar de conformação ou contenção sempre são executadas pelas Prefeituras Municipais.
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A distância dos condutores aos galhos deve ser de no mínimo 2m para a ALTA TENSÃO e 1m para a BAIXA TENSÃO.
CORTE COM TESOURA O ato de cortar com tesoura, a lâmina fina deve ficar sempre do lado da gema
Na suspensão de ramos, a lâmina da tesoura deve ser inserida no ângulo fechado do ramo, para que o corte seja adequado.
Na poda procurar eliminar os ramos: 1. Ramos ladrões 2. Verticais que obstruem a copa 3. Ramos cruzados que se roçam 4. Pendentes inadequados
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Na poda de um ramos de maior diâmetro, a seqüência operacional correta é a que se segue:
EXECUÇÃO DA PODA Procedimentos a serem seguidos: a. Verificar a distância dos galhos até as redes de baixa e alta tensão. b. Verificar a distância de trabalho em relação a rede. c. Verificar se os galhos a serem cortados tem possibilidade de atingir os condutores ou se distância de trabalho é inferior a 60 cm em Redes de 13.800 volts. Nestes casos a rede de alta deverá ser desligada, ou realizar a poda por profissionais especializados em serviços com linhas energizadas (Linha Viva). d. Apoiar firmemente a escada sobre a árvore ou galhos que ofereçam a necessária resistência e amarrá-la. Solicitar a um auxiliar para segurar firmemente a escada antes da amarração. e. Subir na escada levando a corda de preferência com carretilha, presos ao cinturão de segurança. f. Prender o cinturão em volta de um galho resistente, que possa suportar o peso do empregado que irá executar a poda.
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g. Instalar uma linga (estropo) em um galho grosso ou tronco da árvore. h. Fixar a carretilha na linga. i. Içar as ferramentas necessárias. j. Cortar os galhos menores com a tesoura para poda. k. Amarrar os galhos grandes com as cordas e cortá-los. l. Tanto o podador quanto o ajudante que se encontra no solo, devem estar atentos para não serem atingidos pelos pedaços de árvore que forem seccionadas. m. Finalizada a poda, retirar a escada e amontoar os galhos junto ao meio fio ou local de trabalho, para serem posteriormente recolhidos e removidos para local previamente estabelecidos. CUIDADOS NA PODA DE ÁRVORES COM REDES SECUNDÁRIA E/OU PRIMÁRIA ENERGIZADAS a. Utilizar equipamentos hidráulicos com lança e cestas isoladas ( caso não possuam solicitar a CONCESSIONÁRIA de energia elétrica). b. Estacionar o veículo de tal modo que os galhos cortados não caiam sobre a cabine do veículo após o corte. c. Proteger os condutores elétricos secundários com coberturas flexíveis no sentido de baixo para cima, e finalmente o do meio. d. Instalar as coberturas nos condutores fora do alcance dos galhos e depois desliza-las sobre esses condutores, usando-se tantas quantas forem necessárias para isolar o trecho sob alcance dos galhos.
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e. Com o bastão podador ou alicate hidráulico , o empregado deverá proceder o corte dos galhos. f. Finalizada a poda, retirar as coberturas dos condutores no sentido inverso a instalação. g. Amontoar os galhos junto ao meio fio ou local previamente determinado. Se necessário proceda a amarração dos galhos.
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Arborização Urbana As condições de artificialidade dos centros urbanos em relação às áreas naturais têm causado vários prejuízos à qualidade de vida dos habitantes. Sabe-se, porém que parte desses prejuízos pode ser evitado pela legislação e controle das atividades urbanas e parte amenizada pelo planejamento urbano, ampliando-se qualitativamente e quantitativamente as áreas verdes e arborização de ruas. (MILANO, 1987) A arborização urbana e os outros elementos existentes na maioria dos centros urbanos (postes de iluminação pública, fiações, telefones públicos, placas de sinalização entre outros), convivem em desarmonia devido à ausência de planejamento tanto da arborização, quanto dos outros componentes desse espaço. Nenhum ambiente é mais alterado que o meio urbano, devido aos atuais modelos de edificações e loteamento do solo que restringem os espaços determinados às áreas verdes. Essas restrições limitam a utilização de árvores na Floresta Urbana, em relação ao seu porte e à quantidade de espécies (YAMAMOTO et all., 2004), por isso a importância de um ramo da Silvicultura que se chama Silvicultura Urbana. O objetivo da Silvicultura Urbana é o cultivo e o manejo de árvores para a contribuição atual e potencial ao bem estar fisiológico, social e econômico da sociedade urbana (COUTO, 1994). Dentre os aspectos estudados encontra-se a escolha da espécie ideal, partindo do conhecimento das características da própria espécie e do local, técnicas de plantio, manutenção e de podas. Escolha da Espécie Características da espécie É muito importante a heterogeneidade de espécies na implantação de uma arborização urbana, pois além de ser uma forma de proteger, difundir e valorizar a flora brasileira, favorece a sobrevivência de animais que constituem importantes elementos do equilíbrio ecológico. (TOLEDO FILHO & PARENTE, 19)
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As árvores em ambiente urbano estarão submetidas a condições distantes das que são oferecidas em ambiente natural, portanto é necessário utilizar espécies que ocorram naturalmente na região em que a árvore será plantada para que seu crescimento, adaptabilidade e desenvolvimento não sejam comprometidos. Como a escolha da espécie a ser plantada na frente da residência é o aspecto mais importante a ser considerado, há uma série de características que devem ser avaliadas antes dela ser selecionada, como a tolerância a poluentes e a baixas condições de aeração do solo, presença de odores, tempo de crescimento e de longevidade, tamanho e cor das flores e frutos, época e duração do florescimento e frutificação, entre outros. Ao se plantar árvores nas vias públicas ou parques e jardins deve-se evitar aquelas que produzam qualquer tipo de substância tóxica para o homem ou qualquer outro animal (ex: espatódeas e euforbiáceas). A utilização de espécies com presença de espinhos no tronco também deve ser evitada. Aconselha-se usar árvores que não possuam frutos grandes que possam amassar carros ou mesmo ferir pessoas (ex: mangueiras e sapucaias) e com maior resistência nos galhos e ramos. Espécies resistentes a pragas e doenças são preferíveis, pois são mais adaptáveis ao ambiente urbano e não requerem a utilização de substâncias tóxicas como fungicidas e inseticidas que também podem inferir na saúde dos indivíduos. A dimensão da copa não deve extrapolar o limite físico do local, pois as árvores não podem obstruir a passagem de pedestres. A altura da muda a ser plantada não deve ser inferior a 2 m para não interromper a circulação de pedestres e veículos. Um fator a ser considerado é, também, o uso de espécies que reúnem características morfológicas adaptadas para combater a poluição nos grandes centros. As folhas destas árvores podem absorver gases poluentes e prender partículas sobre sua superfície, especialmente se estas forem pilosas, cerosas ou espinhosas. Durante a escolha um fator levantado constantemente pelos moradores é quanto às árvores que sujam muito a calçada ou entopem calhas e condutor. Isso nos parece impossível de ser resolvido por seleção de espécie. Qualquer espécie arbórea tem uma grande perda de folhas, seja ela sempre verde ou caducifólia (que perde todas as folhas em determinado período), e folhas pequenas ou grandes causaram os mesmos problemas de “sujeira” ou entupimentos. A solução está na localização adequada das árvores e das casas. Se as árvores são plantadas suficientemente distantes de telhados de
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residências e de bueiros o efeito de entupimento será reduzido. Por outro lado, se as calçadas e pátios tivessem menos área de cimento e mais área com grama, a “sujeira” das árvores quase não existiria. Características do local Em relação ao local deve-se primeiramente considerar o tipo de rua a ser arborizada, pois vias comerciais, residenciais, entre outras, terão um tratamento estético distinto. Em seguida avaliar o espaço disponível, para selecionar o porte ideal da espécie a ser utilizada. Antes da escolha é necessário verificar a presença ou ausência de fiação aérea, iluminação pública, a localização da rede de drenagem pluvial e da rede de esgoto e de outros serviços urbanos, bem como a largura da calçada e afastamento mínimo nas edificações. Uma forma de obter estas informações é por meio do cadastramento e controle das ruas e praças que permitem uma correta implantação. (BATISTA, 1988) Dependendo desse espaço, a escolha ficará vinculada ao conhecimento do porte da espécie a ser utilizada. As árvores usadas na arborização de ruas e avenidas foram classificadas em pequeno, médio e grande porte. Comumente são indicadas árvores de pequeno porte (que atingem entre 4 e 5 metros de altura e raio da copa entre 2 e 3 metros). Porém, árvores de pequeno porte atrapalham a circulação de veículos e pedestres, pois a copa baixa restringe o espaço lateral nas vias públicas. Portanto deve-se priorizar o uso de espécies de médio (que atingem cerca de 10 metros de altura quando adultas e raio de entre 4 e 5 metros) e grande porte (aquelas cuja altura na fase adulta ultrapassa 10 metros de altura e o raio de copa é superior a 5 metros). Em canteiros centrais, presentes em avenidas, pode-se utilizar árvores de médio a grande porte, caso este possua grandes dimensões (mais de 4 metros de largura), ou então espécies colunares, como as palmeiras. Elas apresentam forma adequada para este fim, além de servirem como referência aos condutores de automóveis. Porém não são apropriadas para uso em calçadas, seja pelo porte, na maioria das vezes grande como também pela dificuldade de manejo. Sempre que possível, deve-se utilizar espécies nativas, mas se estas não estiverem disponíveis, pode-se utilizar espécies exóticas adaptadas.
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É particularmente importante considerar a altura dos veículos que transitarão pela rua uma vez que é comum as árvores de pequeno porte serem danificadas por grandes caminhões. Se o objetivo é arborizar locais de estacionamento de veículos, deve-se utilizar espécies que proporcionem sombra, mas que não tenham frutos grandes, que possam causar danos aos veículos, folhas caducas de grande tamanho e outras características que dificultem o trânsito dos veículos. Em locais de clima frio, deve-se levar em consideração a deciduidade (a perda ou não das folhas) das plantas, pois espécies caducifólias levam a um maior aproveitamento da radiação solar. As árvores não devem ser plantadas em cima de encanamentos de água e esgoto evitando assim um possível entupimento destas redes pelas raízes. Para não prejudicar a sinalização e a iluminação devem ficar a uma distância de no mínimo 5 metros das placas e postes. Plantio A posição ideal de plantio é aquela em que permite que a árvore proporcione a incidência de raios solares no inverno e sombra no verão. O primeiro procedimento de plantio é o coveamento. No local onde irá ser feita a cova deve haver em volta uma área permeável para infiltração de água e aeração do solo. A área deve ser de 2 m2 para árvores pequeno porte e de 3 m2 para árvores de grande porte, atentando-se a fato de restar no mínimo 0,90 m para passagem de pedestres. O entulho decorrente da quebra da calçada deve ser recolhido. A cova deve possuir dimensões mínimas de 0,6x0,6x0,6 m e permitir que a muda fique numa posição central dentro da mesma. Quanto mais deficiente o solo em suas características físicas e químicas, maior deverá ser a cova. Um erro constante observado é o dimensionamento da cova em função do material empregado para revestir calçadas. Peças cerâmicas ou pétreas de 0,20 x 0,20 m ou 0,30 x 0,30 m condicionam covas de iguais dimensões. Isto permite a colocação de pisos sem recortes, mas dificulta, sobremaneira, o desenvolvimento da planta. (SANTOS & TEIXEIRA, 2001)
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O solo proveniente da abertura da cova apresenta-se, na maioria das vezes, alterado devido a remoção das camadas mais férteis ou soterramento das mesmas. Portanto, ao proceder o preenchimento da cova, o solo deve ser substituído por outro com melhores condições químicas e físicas, estando livre de entulho, lixo e pedras. O solo de preenchimento deve ser formado por uma parte de solo de textura argilosa, uma parte de solo de textura arenosa e uma parte de composto orgânico mineralizado. Quanto a adubação, para uma cova com as dimensões de 60 x 60 x 60 cm, esta deve ser feita utilizando 300 g de Super Simples 5-15-10, 110 g de calcário dolomítico e 180 g de FTE (fritas). Os fertilizantes devem ser misturados de forma homogênea no solo de preenchimento. As mudas a serem plantadas devem estar sadias. Deve-se retirar a embalagem (saco plástico, tubete) e realizar, se necessário, uma poda leve nas raízes. O solo de preenchimento deve ser colocado de modo que a muda, na região central da cova, tenha seu colo em torno de 5 cm abaixo do nível da calçada, porém permanecendo no mesmo nível da superfície do solo. O solo em volta da muda deve ser pisoteado moderadamente para firmá-lo, sem que haja compactação do mesmo. Caso seja necessário, como em locais de muito vento por exemplo, deve-se colocar temporariamente um tutor (haste de madeira, bambu, metal ou plástico) que deve ser enterrado de 0,50 no solo e ultrapasse a altura da muda em no mínimo 0,30 m. A muda é amarrada ao tutor com uma fita de borracha, para evitar qualquer restrição ao seu crescimento. O local da muda deve ser imediatamente irrigado com água limpa logo após o plantio em quantidade suficiente para encharcar o solo. Manutenção Para que as mudas não morram ou tenham seu desenvolvimento comprometido por estresse hídrico, é necessário regá-las três vezes por semana com cerca de cinco litros de água ou uma vez por semana em estação chuvosa. Elas também deverão receber pelo menos duas adubações por ano. Não se deve colocar em nenhuma parte da árvore enfeites, luzes, cordas, lixeiras, pregos arames, entre outros que possam causar danos à saúde e ao crescimento da árvore. Sempre que houver algum problema de ataque de pragas ou doenças procurar orientação de técnicos habilitados, que indicarão qual é o melhor procedimento a ser realizado. A prática de caiar ou pintar os troncos das árvores não impede o ataque de formigas. Esses produtos liberam componentes químicos que além
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de prejudica-las, são tóxicos para liquens que vivem em associação comas árvores. Poda Ao selecionar a espécie de porte ideal para o local, evitam-se podas desnecessárias para adaptar árvores que ultrapassam o limite físico local. Assim, é preciso conhecer previamente uma árvore saudável para definir com maior precisão a necessidade e o momento da intervenção (poda), bem como as partes a serem eliminadas. Desta forma pode-se prolongar o “Tempo de Residência” de espécies arbóreas nos vários nichos urbanos onde estão inseridas, considerando-se todos os fatores ambientais imediatos que regem o seu desenvolvimento (poluição, ação predatória, choques mecânicos, aeração do solo, etc). Existem diferentes tipos de poda cada qual com seu objetivo. A poda, na arborização urbana, visa basicamente conferir à árvore uma forma adequada durante o seu desenvolvimento (poda de formação); eliminar ramos mortos, danificados, doentes ou praguejados (poda de limpeza); remover partes da árvore que colocam em risco a segurança das pessoas (poda de emergência); e remover partes da árvore que interferem ou causam danos incontornáveis às edificações ou aos equipamentos urbanos (poda de adequação). A poda de formação é empregada para substituir os mecanismos naturais que inibem as brotações laterais e para conferir à árvore crescimento ereto e à copa altura que permita o livre trânsito de pedestres de veículos. A poda de limpeza é empregada para evitar que a queda de ramos mortos coloque em risco a integridade física das pessoas e do patrimônio público e particular, bem como para impedir o emprego de agrotóxicos no meio urbano e evitar que a permanência de ramos danificados comprometa o desenvolvimento sadio das árvores. A poda de emergência, a mais traumática para a árvore e para a vida urbana, é empregada para remover partes da árvore que colocam em risco a integridade física das pessoas e do patrimônio público ou particular. A poda de adequação é empregada para solucionar ou amenizar conflitos entre equipamentos urbanos e a arborização. É motivada pela escolha
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inadequada da espécie, pela não realização da poda de formação, e principalmente por alterações do uso do solo, do subsolo e do espaço aéreo. As podas drásticas, que removem totalmente a copa, ou ramos principais deverão ser evitadas, sendo a sua utilização permitida apenas em situações emergenciais ou quando precedida de parecer técnico de funcionário municipal autorizado. É autorizado o corte de uma árvore apenas quando esta estiver seca, muito doente (comprometendo a saúde de outras árvores) ou oferecer problemas de segurança local (como ameaçar a cair). Também é permitido caso esta esteja bloqueando a visão da sinalização de trânsito ou houver excesso de árvores em um determinado local, tornando-o insalubre por ter pouca incidência de sol. O corte de árvores em frente a garagens é regulamentado através de lei municipal. Algumas cidades não admitem que se localize entrada de veículos onde existe uma árvore plantada anteriormente. Outras, no entanto, não exigem uma vistoria prévia ou a locação na planta da nova construção para a aprovação da mesma. Quando a obra está pronta, autoriza-se, com esta justificativa, o corte da árvore. O ideal é que as situações sejam examinadas e estudadas alternativas para que não haja o corte da árvore. O correto é realizar a condução da árvore desde jovem, quando tem maior capacidade de cicatrização e regeneração para que esta tenha um crescimento adequado ao local de plantio. Ao se executar uma poda ou corte de uma árvore, há alguns fatores a serem levados em consideração, como a necessidade de isolamento da área caso seja uma via pública onde circulam pessoas e veículos. Havendo fiação elétrica na rua deve-se desligar a energia durante a realização da poda para evitar choques e acidentes. Também é necessário verificar a presença de ninhos de vespas e marimbondos. Somente equipes autorizadas pela Prefeitura Municipal ou pelo Conselho Municipal do Meio Ambiente podem efetuar podas e corte de árvores. Estas equipes devem ser treinadas e usar os equipamentos de segurança e proteção individual (EPI's). Os equipamentos e ferramentas deverão estar em boas condições de uso.
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O conhecimento das características das espécies mais utilizadas na arborização de ruas, das técnicas de poda e das ferramentas corretas para a execução da poda permite que esta prática seja feita de forma a não danificar a árvore. Entretanto, a poda sempre será uma agressão à árvore. Sempre deverá ser feita de modo a facilitar a cicatrização do corte. Caso contrário, a exposição do lenho permitirá a entrada de fungos e bactérias, responsáveis pelo apodrecimento de galhos e tronco, e pelo aparecimento das conhecidas cavidades (ocos). Legislação Toda poda e corte de árvore no município de São Paulo necessita de autorização prévia do Poder Executivo Municipal. Extraordinariamente, nas ocasiões de emergência em que haja risco iminente para a população ou ao patrimônio tanto público como privado, será permitida a providência aos Soldados do Corpo de Bombeiro. Pela legislação vigente, é considerado exemplar arbóreo o espécime ou espécimes vegetais lenhosos, com Diâmetro do Caule à Altura do Peito (DAP) superior a 0,05 (cinco) centímetros. DAP é o diâmetro do caule da árvore à altura média de 1,30 m (um metro e trinta centímetros) do solo. A poda poderá ser autorizada nas seguintes circunstâncias: • em terreno a ser edificado, quando a poda for indispensável à realização da obra; • quando o estado fitossanitário da árvore a justificar; • quando a árvore ou parte dela apresentar risco iminente de queda; • nos casos em que a árvore esteja causando comprováveis danos permanentes ao patrimônio público ou privado; • nos casos em que a árvore constitua obstáculo fisicamente incontornável ao acesso de veículos. O Executivo Municipal está obrigado a comunicar a autorização da poda através do Diário Oficial do Município, com antecedência mínima de 10 dias.
Fitossanidade O caso não é perguntar por que existem pragas. Embora nem sempre consigamos compreender, a natureza é tão sabia que, certamente, não as “inventou” por acaso. Em condições ideais de equilíbrio ecológico, os reinos da natureza convivem em perfeita harmonia, cumprindo cada
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um o seu papel. Só quando ocorre quebra desse equilíbrio, é que algumas espécies podem transforma-se efetivamente em pragas. O controle de pragas e doenças não e da tarefa mais fáceis da jardinagem. O meio de controle mais eficiente ainda é o da inspeção periódica. Ou seja, verificação minuciosa e rotineira dos caules, folhas e flores, com o intuito de, ao menor sinal de problema, tomar as providencias necessárias. Quando identificamos logo no inicio, os problemas com pragas e doenças são resolvidos de maneira bastante simples, não raras vezes, apenas com cotonete e água. Agora, se permitir que a infecção ganhe corpo, para controla-la talvez seja necessário recorrer a produtos químicos, quase sempre tóxicos e antiecológicos. De uma forma ou de outra, uma forma importante é saber que plantas tratadas de maneira adequada, no tocante as regas, iluminação e nutriente, dificilmente são atacadas por pragas e doenças. Denomina-se praga os insetos e outros animais invertebrados que causam danos de importância econômica variada. Os insetos podem ser sugadores ou mastigadores. Os sugadores atuam sugando a seiva das raízes, caule, ramos, folhas e frutos, causando definhamento da planta. Os mastigadores atuam destruindo os tecidos, causando lesões que servem frequentemente de porta aberta para entrada de microrganismos causadores de doenças. Além dos insetos são considerados pragas as lesmas, nematoides e caracóis. PRINCIPAIS PRAGAS LAGARTA: São larvas de borboletas os mariposas, possuem aparelho bucal mastigador. Para combater podemos usar armadilha luminosa para mariposa, catação manual esmagando os ovinho sobre as folhas, pulverizando a planta com um preparado a base de nicotina(fumo de rolo) ou plantando nos canteiros algumas aromáticas que as repelem (hortelã, manjericão, arruda, sálvia, etc.) COCHONILHA: Pode ser providas ou não de carapaça. As cochonilhas de carapaça são protegidas por uma carapaça marrom e ficam nas extremidades dos ramos sugando a seiva. As cochonilhas sem carapaça formam uma camada de pó branco e grudento parecendo algodão, que se forma nas folhas e ramos jovens, as vezes causando a morte da planta. Para combater podemos realizar a catação manual ( quando forem poucas), pulverizar com preparados de nicotina( fumo de rolo), e seus predadores aturais são as joaninhas e os louva-a-deus. São insetos muito resistentes, logo o tratamento não deve ser interrompido, pois podem reaparecer. PULGÃO: Insetos sugadores de diversas cores: branca, verde, cinza e preta. Vivem em colônias devorando as partes novas das plantas: brotos, talos, folhas e flores. Eles eliminam um liquido adocicado que atrai fungos formando a “fumagina” (uma camada de fungo preto que encobre as partes verdes da planta, o que acaba prejudicando a fotossíntese e enfraquecendo a planta, a
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fumagina da o aspecto escuro a planta). Os pulgões brancos gostam de atacar as violetas. Para combater podemos usar um preparado de nicotina (fumo de rolo) e seu predador natural é a joaninha. LESMA E CARACOIS: As lesmas são moluscos que apresentam o corpo mole, achatado, de coloração parda clara, preferem locais úmidos e frios, e comem as folhas das plantas a noite e dias chuvosos. Já os caracóis são moluscos dotados de pequenas conchas espiraladas, tem atividades diurnas e preferem atacar folhas tenras. Para combater podemos colocar pedaço de nabo, abobora ou chuchu durante a trade para atrai-los, depois é só realizar a catação manual pela manha seguinte. Podemos colocar em vaso ou envolta dos canteiros uma faixa de cal ou de cinza para afasta-los, ou podemos colocar estopas umedecidas sobre os canteiros, os moluscos iram se acomodar na parte de baixo, depois é só retirar e extermina-los. Podemos usar também uma solução de cerveja com agua adocicada, é só coloca-las em latas rasa e deixar durante a noite, isso também ira atrair os moluscos. BESOURO: São coleópteros com aparelho bucal do tipo mastigador, preferem as folhas, caules tenros e flores. O controle pode ser feito plantando nos canteiros plantas aromáticas que os repelem ( hortelã, salsa, coentro e etc.) ou atrai pássaros que são seus predadores naturais. FORMIGAS: São insetos que cortam as plantas: folhas, hastes e flores. Atacam principalmente a noite. As formigas lava-pés são carnívoras e só incomodam a quem trata das plantas. Fazer aração do solo, procurar o formigueiro e destruí-lo são formas de combate desta praga. PERCEVEJO: São insetos sugadores. Extratos de fumo de rolo e controle biológico são usados no combate. DOENÇAS Geralmente o aparecimento esta ligado a condições inadequadas de cultivo, com excesso de umidade, falta de ventilação, abafamento e às vezes, devido a presença de pragas. As doenças são provocadas por agentes patogênicos, como fungos, nematoides, vírus ou bactérias, que se instalam nos vegetais, interferindo no seu desenvolvimento. São transmitidas através da água, insetos, do ar, de ferramenta ou de plantas contaminadas. Na maioria das vezes o controle consiste e eliminar a parte da planta contaminada pela doença.
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INSETOS, PRAGAS E DOENÇAS QUE ATACAM PLANTAS Existem vários tipos de Lagartas e são mais frequentes em plantas que ficam em estufa. O sinal mais visível é a presença de buracos nas folhas, mas algumas espécies tecem fios em volta das folhas. Retire as lagartas e limpe as folhas das plantas. A Aranha Vermelha apesar de pequenina suga a seiva das plantas. Costumam aparecer em ambientes quentes e secos e se instalam na parte de trás das folhas, amarelando-as e provocando quedas prematuras. Ácaros são tão minúsculos que parecem uma camada de poeira fina, em geral na parte de trás das folhas. São mais comuns em gerânios e violetas, que ficam atrofiadas e com flores murchas. Devem ser pulverizadas com inseticida comum. O Piolho Verde, pretos, cinzentos ou alaranjados, costumam deixar uma secreção pegajosa por onde passam, preferem as plantas com tecidos macios e de flores muito coloridas, atacando em especial os botões. A Tesourinha é um inseto castanho com uma pinça na parte traseira, frequente dentro e fora de casa, raramente se vê durante o dia. Costuma fazer buracos nas folhas reduzindo-as às nervuras principais. Deve ser removido, sacudindo folhas e flores. A Cochonilha é um inseto coberto por flocos brancos, como algodão, que podem formar aglomerações nos caules e parte de trás das folhas. Limpe a planta com pano úmido ou cotonete. Mosca Branca ou Traça, são pequenos insetos brancos parecidos com traças, muito comuns em begônias, fúcsias e gerânios. Deixam larvas na parte de trás das folhas, que ficam amarelas e caem. Pulverize com inseticida a cada três dias. A Cochonilha Negra têm o aspecto de um pequeno disco castanho que aparecem na parte inferior das folhas. Quando adulta, desenvolve um escudo
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protetor contra pulverização e o remédio é removê-la usando um pano úmido e depois pulverizar a planta com inseticida. tripés são pequenos insetos pretos que atacam crótons, begônias e fúcsias, que podem ficar desfiguradas. Voam ou saltam pelas folhas, deixando um rastro prateado. Para controlá-los, pulverize a planta sempre que necessário. Pragas são geralmente representadas por pequenos animais que causam danos a folhagem, ramos e flores. São controlados mediante pulverizações preventivas com produtos específicos. Ácaros: aracnídeos diminutos que sugam as folhas atrofiando-as, distorcendo-as e manchando. São controlados com acaricida. Cochonilhas: coccídeos sugadores dotados de carapaça dura em escama ou de cobertura foliculosa branca, mole. Controlar com inseticida adequado. Lagartas: estágio do ciclo de insetos, que devoram as folhas. Controlar com inseticida. Lesmas e caracóis: moluscos que consomem, folhas e flores. Controlar com meta-aldeído. Pulgões: afídeos sugadores de brotos e botões de flores, atraem formigas que os protegem e transferem para outras plantas, favorecem o aparecimento do bolor preto. Controlar com inseticida. Tatuzinhos: Crustáceos que consomem raízes, caule e folhas de plantas novas. Controlar com inseticida. Tripés: Insetos diminutos que raspam e deformam folhas e flores. Controlar com inseticida. Formigas cortadeiras: são principalmente saúvas e quenquém. Aplicar formicida ou iscas no formigueiro
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As doenças são males provocados por fungos ou bactérias. Provocam manchas, crostamento, podridão ou seca principalmente das folhas. Algumas são conhecidas por nomes como antracnose, cancro, bolor, ferrugem. Enfraquecem e causam a morte das plantas. São controladas com pulverização preventivas de fungicidas. Os vírus causam manchas e estrias claras ou amareladas nas folhas. Enfraquecem a planta e causam deformações nas flores. São transmitidos por insetos e por estacas contaminadas utilizadas na propagação. São controlados pelo cultivo de variedades resistentes e combate a insetos vetores.
Pragas: salve suas plantas!
A maior parte das pragas atacam geralmente na primavera, período de fertilidade e de grande atividade na natureza. Elas causam vários estragos nas plantas, além de favorecer o surgimento de doenças, principalmente fúngicas. As pragas geralmente se tornam um problema mais sério quando há um desequilíbrio ecológico no sistema onde a planta está inserida. Outras situações que podem favorecer o seu surgimento são desequilíbrios térmicos, excesso ou escassez de água e insolação inadequada. O assunto é vastíssimo e aqui não daria para falar profundamente sobre isso. O que preparamos foi um
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guia rápido para facilitar o reconhecimento das principais pragas e sugerimos algumas dicas naturais de controle: Pulgões: Podem ser pretos, marrons, cinzas e até verdes. Alojam-se nas folhas mais tenras, brotos e caules, sugando a seiva e deixando as folhas amareladas e enrugadas. Em grande quantidade podem debilitar demais a planta e até transmitir doenças perigosas. Os pulgões costumam atacar, principalmente, as plantas de hastes e folhas macias. Podem aparecer em qualquer época do ano, mas os períodos mais propícios são a primavera, o verão e o início do outono. Precisam ser controlados logo que notados, pois multiplicam-se com rapidez.
Dicas: As joaninhas são suas predadoras naturais; Um chumaço de algodão embebido em uma mistura de água e álcool em partes iguais ajuda a retirar os pulgões das folhas e isso pode ser feito semanalmente; Aplique Calda de Fumo ou Macerado de Urtiga
Cochonilhas: São insetos minúsculos, geralmente marrons ou amarelos, que alojam-se principalmente na parte inferior das folhas e nas fendas. Além de sugar a seiva da planta, as cochonilhas liberam uma substância pegajosa que facilita o ataque de fungos, em especial, o fungo fuliginoso. Dá para perceber sua presença quando as folhas apresentam uma crosta com consistência de cera. Algumas cochonilhas apresentam uma espécie de carapaça dura, que impede a ação de inseticidas em spray. Neste caso, produtos à base de óleo costumam dar melhores resultados, pois formam uma "capa" sobre a carapaça, impedindo a respiração do inseto. A calda de fumo costuma dar bons resultados também.
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Dicas: As joaninhas também são suas predadoras naturais, além de certos tipos de vespas; A Calda de Fumo e a Emulsão de Óleo são os métodos naturais mais eficientes para combatê-las; Deve-se evitar o controle químico mas, quando necessário em casos extremos, normalmente são usados óleo mineral e inseticida organofosforado. Moscas-brancas: São insetos pequenos e, como diz o nome, de coloração branca. Não é difícil a notar a sua presença - ao esbarrar numa planta infestada por moscas brancas, dá para ver uma pequena revoada de minúsculos insetos brancos. Costumam localizar-se na parte inferior das folhas, onde liberam um líquido pegajoso que deixa a folhagem viscosa e favorece o ataque de fungos. Alimentam-se da seiva da planta. As larvas deste inseto, praticamente imperceptíveis, também alojam-se na parte inferior das folhas e, em pouco tempo, causam grande infestação.
Dica: É difícil eliminá-las, por isso muitas vezes é preciso aplicar insetidas específicos para plantas. Quando o ataque é pequeno, o uso de plantas repelentes - como tagetes ou cravo-de-defunto (Tagetes sp.), hortelã (Mentha), calêndula (Calendula officinalis), arruda (Ruta graveolens) - costuma dar bons resultados.
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Lesmas e caracóis: Normalmente atacam à noite, furando e devorando folhas, caules e botões florais, mas também podem atingir as raízes subterrâneas. Dicas: Besouros e passarinhos são seus predadores naturais; Uma boa forma de eliminá-los é usar armadilhas, feitas com “isca de cerveja” para atraí-los. Faça assim: tire a tampa de uma lata de azeite e enterre-a deixando a abertura no nível do solo. Coloque dentro um pouco de cerveja misturada com sal. As lesmas e os caracóis caem na lata atraídas pela cerveja e morrem desidratados pelo sal. Lagartas: Costumam atacar mais as plantas de jardim mas, em alguns casos, também podem danificar as plantas de interior. Fáceis de serem reconhecidas, as lagartas costumam enrolar-se nas folhas jovens e literalmente comem brotos, hastes e folhas novas, formando uma espécie de "teia" para protegerse. Todas as plantas que apresentam folhas macias estão sujeitas ao seu ataque. As chamadas “taturanas” são lagartas com pêlos e algumas espécies podem queimar a pele de quem as toca.
Dicas: Caso não apresente um ataque maciço (quando é indicada a aplicação um lagarticida biológico, facilmente encontrado no mercado), o controle das lagartas deve ser manual, ou seja, devem ser retiradas e destruídas uma a uma, lembrando que é importante usar uma proteção para a que a lagarta não toque na pele; A Calda de Angico ajuda a afastar as lagartas e não prejudica a planta; O uso de plantas repelentes, como a arruda, pode ajudar a mantê-las afastadas Aves e pequenas vespas são suas “inimigas” naturais; Precisamos lembrar que sem as lagartas, não teríamos as borboletas. Ao eliminá-las completamente, estamos nos privando da beleza e da graça desses belos seres alados. Mais uma vez, o equilíbrio é a chave.
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Ácaros: O tipo de ácaro mais comum é conhecido como ácaro-vermelho (veja foto), tem a aparência de uma aranha de cor avermelhada. Ataca flores, folhas e brotos, deixando marcas semelhantes à ferrugem. O ataque de ácaros diminui o ritmo de crescimento, favorece a má formação de brotos e, em caso de grande infestação, pode matar a planta. Ambientes quentes e secos favorecem o desenvolvimento dessa praga. Apesar de quase "invisíveis" a olho nu, sua presença é denunciada pelo aparecimento de uma teia fina.
Dicas: Costuma atacar mais as plantas envasadas do que as que estão em canteiros; Uma boa dica é borrifar a planta com água, regularmente, já que este inseto não gosta de umidade. Casos mais severos exigem que as partes bem atacadas sejam retiradas; A Calda de Fumo ajuda a controlar o ataque. Percevejos: São mais conhecidos como “marias-fedidas”, pois exalam um odor desagradável quando se sentem ameaçados. Seu ataque costuma provocar a queda de flores, folhas e frutos, prejudicando novas brotações. Dicas: Vespas são suas predadoras naturais; Devem ser removidos manualmente, um a um; Se o controle manual não surtir efeito, a Calda de Fumo pode funcionar como um repelente natural. Tatuzinhos: Muito comuns nos jardins com umidade excessiva, são também conhecidos como “tatus-bolinha”, pois se enrolam como uma bolinha quando são tocados. Vivem escondidos e alimentam-se de folhas, caules e brotos tenros, além de transmitir doenças às plantas. Dicas: Evitar a umidade excessiva em vasos Devem ser retirados manualmente e eliminados um a um
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e
canteiros;
Nematóides: São “parentes” das lombrigas e atacam pelo solo. As plantas afetadas apresentam raízes grossas e cheias de fendas. Num ataque intenso, provocam a morte do sistema radicular e, conseqüentemente, da planta. Algumas plantas dão sinais em sua parte aérea, mostrando sintomas do ataque de nematóides: as dálias, por exemplo, podem apresentar áreas mortas, de coloração marrom, nas folhas mais velhas. Dica: O melhor repelente natural é o plantio de tagetes (o popular cravo-de-defunto) na área infestada; Se o controle ficar difícil, é indicado eliminar a planta infestada do jardim, para evitar a proliferação. Formigas: As cortadeiras são as que mais causam estragos. Elas cortam as folhas para levá-las ao formigueiro, onde servem de nutrição para os fungos, os verdadeiros alimentos das formigas.
Dicas: Um bom método natural para espantar as formigas e espalhar sementes de gergelim em torno dos canteiros. Além disso, o gergelim colocado sobre o formigueiro, intoxica o tal fungo e ajuda a eliminar o “ninho” das formigas; Em ataques maciços, recomenda-se o uso de iscas formicidas, à venda em casas especializadas em produtos para jardinagem. As formigas carregam a isca fatal para o formigueiro.
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CONTROLE DAS PRAGAS
Controle natural – Uma boa medida de profilaxia contra insetos e a proteção de pássaros, sapos, sendo este ultimo um ótimo auxiliar no extermínio de cochonilhas, besouros, entre outros, tendo a vantagem de fazer caça a noite, quando saem de suas tocas a procura de alimento. Métodos alternativos de controle – Calda de fumo de rolo e calda bordalesa. 1- CALDA DE FUMO DE ROLO: 50g de sabão de coco ou neutro(melhora a aderência do inseticida a planta) 40g de fumo de rolo Colocar em 1 litro de água para depois diluir filtrado em 5 litros de água. Aplique com auxilio de pulverizador. Em caso de chuva após a primeira aplicação, fazer nova aplicação. Reaplicar algumas vezes para se certificar o desaparecimento da praga. Preparar e aplicar, não é bom armazenar por muito tempo, pois perde a validade.
2- CALDA BORDALESA: 1Kg de cal virgem 1Kg de sulfato de cobre 100litros de água Essa calda deve ser preparada em vasilha de barro ou madeira. Para algumas moléstias entra nessa formula de preferencia o sulfato de cobre, como nessa receita, dando resultados positivos. Outros métodos: Plantas repelentes Algumas plantas ajudam a manter as pragas afastadas dos canteiros. Alguns exemplos: Tagetes ou cravo-de-defunto (Tagetes sp.), hortelã (Mentha), calêndula (Calendula officinalis), arruda (Ruta graveolens).
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TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO DE DEFENSIVOS A tecnologia de aplicação não se resume ao ato de aplicar o produto, mas sim na interação entre vários fatores (cultura, praga, doença, planta invasora, produto, equipamento e ambiente) buscando um controle eficiente, com custo baixo e mínima contaminação ambiental. Principais erros na aplicação de defensivos Uso do produto inadequado; Equipamento desregulado; Dose incorreta (sub e superdosagens); Momento ou estádio de aplicação incorreto; Aplicação com condições climáticas inadequadas; Água usada para mistura do agrotóxico no tanque de má qualidade (excesso de patrículas em suspenção, pH incompatível com produtos, entre outros); Paradas com equipamento ligado; Escorrimento e gotejamento; Sobreposição de aplicação. Condições ambientais no momento da aplicação As condições de clima devem ser favoráveis à absorção e translocação dos produtos. Em geral, as condições de clima no momento da aplicação devem ser as seguintes: a temperatura mínima de 10°C; a ideal de 20 - 30 oC; e a máxima, de 35°C. A umidade relativa do ar mínima de 60%; ideal de 70 a 90%; e a máxima, de 95%. Não realizar aplicações na presença de ventos com velocidade inferior a 10 km/h sobre plantas estressadas e em caso de chuva iminente, sob pena de perda da eficiência do tratamento ou causar danos à cultura. A aplicação sobre plantas estressadas reduz a absorção e translocação do produto e pode reduzir o metabolismo das moléculas pela cultura, reduzindo a seletividade no caso dos herbicidas. A ocorrência de chuva logo após a aplicação pode lavar as moléculas do produto da superfície da folha da planta e impedir a sua absorção. Alguns herbicidas necessitam de até seis horas sem chuva, após a aplicação, para serem absorvidos em quantidade suficiente para serem eficientes. A baixa umidade relativa provoca a desidratação da cutícula e o conseqüente secamento rápido da gota sobre a superfície da folha, provocando a cristalização do produto sobre a mesma, dificultando assim, a absorção da molécula. Altas temperaturas podem provocar a volatilização das moléculas e aumentar a evaporação das gotas. Por outro lado, temperaturas baixas podem reduzir o metabolismo das plantas e dificultar a absorção. A aplicação na presença de vento com velocidade acima de 10 km/h poderá
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provocar deriva e as gotículas não atingirão o alvo, podendo atingir locais com culturas sensíveis. A deriva consiste no deslocamento de gotas ou vapor até locais não alvos, provocando danos em lavouras vizinhas. Os principais fatores que afetam a deriva são: tamanho de gotas; altura ou distância entre o alvo e o bico; vento; velocidade de aplicação; método de aplicação; e a volatilidade do produto. É comum, por exemplo, observar toxicidade de certas formulações de 2,4-D em videira, quando este herbicida é aplicado em áreas vizinhas. As maneiras de reduzir a deriva são: aplicar em horário adequado; aplicar com boas condições ambientais; usar formulações adequadas; selecionar bicos adequados; e usar pressão de operação adequada.
Cuidados com os equipamentos de aplicação O sucesso no controle das pragas e doenças depende da escolha do produto adequado e da sua correta aplicação. Os defensivos são aspergidos sobre o solo ou as plantas e para garantir que o ingrediente ativo atinja toda a superfície alvo é necessário que o equipamento esteja distribuindo uniformemente a quantidade correta do produto por área. A quantidade de ingrediente ativo aplicado deve ser correta para evitar falha de controle ou danos à cultura. Para isso, antes de iniciar a aplicação é necessário revisar cuidadosamente o equipamento a ser usado. Os bicos devem ser examinados individualmente, a fim de avaliar o desgaste e o alinhamento. Além disso, o volume de calda a ser aplicado, o número e o tamanho das gotas (Tabela 1), a pressão de funcionamento dos bicos, a dosagem, a diluição, a agitação e a necessidade da adição de adjuvantes devem ser verificado cuidadosamente. O produtor deve sempre consultar um engenheiro agrônomo para definir a regulagem do equipamento e definir, por exemplo, o tipo de bico a ser usado, com objetivo de distribuir uniformemente a dose correta do produto na área, evitando desperdício e perdas no rendimento devido à toxicidade causada à cultura. A ocorrência de erros na dose aplicada normalmente apresenta reduzida possibilidade de correção e são os principais responsáveis pela maioria das aplicações fracassadas. Limpeza dos bicos Não se deve utilizar instrumentos como: agulhas, arames, canivetes, gravetos de madeira para desentupir bicos. O correto é usar um instrumento que não danifique o orifício do bico, como por exemplo uma escova com cerdas de nylon (escova de dentes), um fio de nylon ou ar comprimido. Troca de bicos
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Recomenda-se trocar os bicos quando a média da vazão ultrapassar em 10% a vazão de um bico novo. Quando isso acontece, todo o conjunto deve ser substituido. Ao atingir mais de 10% de desgaste suas características podem prejudicar a aplicação resultando em controle deficiente e toxicidade à cultura. Não se deve esquecer que o custo do desperdício de defensivos e de uma eventual toxicidade à cultura poderá ser muito maior que o custo da substituição dos bicos. Regulagem do pulverizador A calibração do pulverizador deve ser realizada periodicamente devido ao desgaste natural de alguns componentes, como os bicos, ou em função de perda da calibração devido ao uso sob condições de campo. Na calibração os passos a serem seguidos são: Utilizar os equipamentos de proteção individual (EPI); Abastecer o pulverizador com água limpa; Acionar o conjunto de pulverização e avaliar a existência de vazamentos; Determinar a distância entre os bicos, em metros; Determinar a velocidade de trabalho em um terreno plano, com características semelhantes às condições de pulverização.
Para determinar a velocidade, deve-se medir uma distância, preferencialmente igual ou maior que 50 m. Percorrer a distância medida e anotar o tempo gasto (em segundos). Acionar o aspersor e coletar a água aspergida em tempo igual àquele gasto para percorrer a distância. Repetir esta operação em vários bicos. Obter a média e calcular a vazão, que pode ser determinada com a fórmula: Vazão (L/min)= 0,06 x volume coletado (mL) / tempo (s) O volume de calda adequado varia entre produtos e o usuário deve estar atento para isso, seguindo as recomendações de dos e volume de aplicações de cada produto. Além disso, é importante que seja obtida boa cobertura foliar de acordo com o produto que está sendo aplicado. Tabela 1. Densidade de gotas no alvo. Tratamento
Natureza Número de gotas (cm²)
Pré-emergência Pós-emergência
20-30
Tamanho gota (µm) + 300
Sistêmico 20-30
200-300
Contato
150-300
30-50
Fonte: Embrapa Uva e Vinho
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TRATOS CULTURAIS Entende-se por manejo cultural o conjunto de práticas que permitem que um jardim expresse ao máximo sua potencialidade ornamental. Os principais tratos culturais são semeadura, plantio, espaçamento, densidade de plantio, arranjos de plantio, uso de reguladores de crescimento (hormônios vegetais), controle fitossanitário (aplicação de defensivos agrícolas), rega e irrigação, monda, capina, poda, adubação, aplicação de cobertura do solo. 1- Os jardins recém plantados devem receber água em abundância, todos os dias, salvo nos dias de chuva. Cerca de 85% de uma muda de grama é constituída de água. As plantas perdem água por evaporação e por transpiração. Assim dias de muito vento, como ocorrem no outono, com baixa umidade do ar, a perda de água é muito grande e deve ser reposta, principalmente nesta fase do jardim. Não adianta molhar superficialmente, pois esta quantidade de água não é suficiente para chegar à raiz da planta para então ser absorvida, apenas se gasta água e tempo para molhá-las. Também de nada adianta molhar com abundância, mas sem regularidade, passando vários dias sem as devidas regas.
2- Tomar cuidado quando aguar as plantas mais delicadas. Fazer um “chuveirinho” com a mangueira, para que elas não sofram com jatos fortes de água. O uso de aspersores na extremidade das mangueiras de jardim dá sempre bons resultados, lembrando-se apenas de mudá-las de lugar de tempo em tempo. Para melhores resultados, recomendamos um sistema de irrigação automático.
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3- Antes de cortar a grama, deve-se tirar as ervas daninhas com auxilio de um arrancador de inço, tomando-se o cuidado para que elas saiam com a raiz e sem arrebentarem. Outras ferramentas, como facas e canivetes, deixam o gramado cheio de buracos e, portanto não devem ser utilizados.
4- A poda da grama só deverá ser feita quando esta já se encontrar “enraizada”, para que não ocorra o “arrancamento” de leivas com a máquina de cortar grama. O tempo para que isto ocorra é em média 30 dias no verão e 60 dias no inverno. 5- As facas dos cortadores de grama devem ser mantidas sempre muito bem afiadas. Caso contrário elas irão mastigar os tecidos vegetais das folhas, deixando o gramado com uma aparência amarronzada e permitindo a ocorrência de pragas e doenças. 6- Os cortadores de grama comuns não são indicados para fazer o acabamento de canteiros e junto às calçadas. Para este serviço utilizar tesouras de poda ou máquinas que utilizam fio de nylon para o corte. 7- Observar a direção do corte da grama para que não ocorra a compactação do solo. Mudar o sentindo norte – sul / leste – oeste, em cada corte. 8- Os gramados devem ser adubados nos meses da primavera e no verão com adubo 10-10-10 na quantidade de 100gr / metro quadrado. Nos meses de outono e inverno o adubo a ser utilizado é o da fórmula 4-148 também na quantidade de 100gr / metro quadrado. Existe no mercado uma linha de adubos mais completos que os granulados acima citados. Eles são da marca Forth e para a sua utilização seguir as recomendações da embalagem.
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Lembrar que a adubação não deve ser feita nas horas de sol quente e irrigar generosamente logo após o trabalho. Grande quantidade de adubo em pequena área causa uma concentração salina capaz de queimar as plantas. Esta adubação deverá ser feita também nos canteiros de arbustos e herbáceas. Esperar de 60 a 90 dias entre as adubações.
9- Não recomendamos cobrir o gramado com terra preta no inverno, pois se ela não for de boa qualidade, poderá trazer ervas daninhas que tornará o trabalho de manutenção muito mais difícil. Ao invés disto cobrir o gramado com húmus de minhoca, turfa ou outra matéria orgânica de boa qualidade e que esteja devidamente decomposta, no início do outono e da primavera. Antes de fazer a aplicação do adubo orgânico, perfurar todo o gramado com um garfo de jardim, para que possa ocorrer a aeração do gramado. Aplicar junto com a adubo orgânico um adubo granulado ou Forth Jardim e regar abundantemente logo em seguida.
10- Manchas amareladas ou amarronzadas no gramado, bem como aparecimentos de folhas cortadas, pode ser sinal da presença de alguma praga ou doença. Deve-se neste caso retirar as amostras do gramado e levar em casa especializada para serem analisadas por um Agrônomo que indicará o inseticida ou fungicida adequado para o caso. O manejo de culturas deve, por seu turno, conduzir uma forma de assegurar a máxima proteção ao solo, por meio de uma cobertura vegetal, ou mesmo palha, e do aumento de infiltração de água ao solo. Sabemos todos que os jardins, fornecem uma razoável proteção ao solo, após seu completo enraizamento. A proposta é manter o solo, revestido ou coberto, com plantas altas e forrações de forma a controlar as ervas espontâneas.
Poda Na jardinagem, poda é o ato de se retirar parte de plantas, arbustos, árvores, cortando-se ramos, rama ou braços inúteis, o que pode ser periódico e que favorece o seu crescimento, forma-a, trata-a e renova-a. Pode ocorrer a poda natural, que é a queda ou morte natural de ramos, devido a umidade excessiva, falta de incidência de luz ou apodrecimento. Poda de forma é uma forma artificial de poda utilizada na jardinagem que retira folhas, ramos e galhos com
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o objetivo de modificar sua aparência estética. A poda faz com que cresçam de forma ordenada. Há artistas que fazem esculturas, cercas, e desenhos com o podamento. Há também uma técnica japonesa de fazer com que a planta não cresça, podando certos galhos, chamada bonsai. As três possíveis abordagens são: pré-poda, pós-poda ou ambas combinadas. Pode-se podar folhas ou ramos. Introdução A arte de podar nasceu da irracional iniciativa de um asno e essa origem muar desse ramo da horticultura parece ter influído até hoje na evolução pouco esclarecida dos processos e métodos mundiais de poda. Contam-nos Portes & Ruyssen (1884) que, segundo Pausâmias, geógrafo e historiador grego, foi um jumento que, devorando os sarmentos de uma videira, deu aos nauplianos a idéia de podá-la (Inglez de Souza, 1986). Considera-se que cabras, ovelhas e burros foram os descobridores da poda e portanto são chamados de os pais da poda. Quando as plantas começam a diminuir a sua atividade fisiológica ou seja com a chegada do frio, é sabido que está chegando a hora correta de se fazer uso da tesoura de poda. Deve-se então preparar com antecedência as ferramentas com por exemplo: amolar as ferramentas, limpar as lâminas impregnadas de ferrugem por estarem guardadas desde o ano anterior, lubrificar a mola da tesoura e afiar o serrote. O ritual do corte está para começar.
Definições de poda Podar vem do latim putare, que significa limpar, derramar. Podar equivale a “limpar ou cortar a rama ou braços inúteis das videiras, árvores, etc. Conjunto de cortes executados numa árvore, com o fim de lhe regularizar a produção, aumentar e melhorar os frutos, mantendo o completo equilíbrio entre a frutificação e a vegetação normal, e, também com o fim de ajudar a tomar e a conservar a forma própria da sua natureza, ou mesmo de a sujeitar a formas consentâneas ao propósitos econômicos de sua exploração. A poda é a arte e a técnica de orientar e educar as plantas, de modo compatível com o fim que se tem em vista. Embora seja praticada para dirigir a árvore segundo o capricho do homem, a utilização da poda, em fruticultura, tem por objetivo regularizar a produção e
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melhorar a qualidade dos frutos. Embora possa ter apenas função estética, no embelezamento de gramados, cercas vivas, caramanchões, arvoretas e outros elementos da arquitetura paisagista. É o conjunto de cortes executados numa árvore, com o objetivo de regularizar a produção, aumentar e melhorar os frutos, mantendo o completo equilíbrio entre a frutificação e a vegetação normal; É a técnica e a arte de modificar o crescimento natural das plantas frutíferas, com o objetivo de estabelecer o equilíbrio entre a vegetação e a frutificação. É a remoção metódica das partes de uma planta, com o objetivo de melhorá-la em algum aspecto de interesse do fruticultor. A poda por si só, no entanto, não resolve outros problemas ligados à produtividade. Ela é uma das operações, porém outras medidas são necessárias, tais como: fertilização adequada para corrigir possíveis deficiências nutricionais do solo, irrigação e drenagem para manter um nível adequado de umidade, controle fitossanitário para combate de doenças e pragas, afinidade entre enxerto e porta-enxerto, plantas auto-férteis ou compatíveis, polinização, condições climáticas e edáficas favoráveis. A importância de se podar varia de espécie para espécie, assim poderá ser decisiva para uma, enquanto que para outra, ela é praticamente dispensável. Com relação à importância, as espécies podem ser agrupadas em: Decisiva: Videira, pessegueiro, figueira, nespereira. Relativa: Pereira, macieira, caquizeiro, oliveira. Pouca importância: Citros, abacateiro, mangueira, nogueira, pocã. Como regra geral para se saber se a poda é uma operação importante ou não, pode-se estabelecer que ela é tanto mais necessária quanto mais intensiva for a exploração frutícola e, inversamente menor a sua importância quanto mais extensiva for a cultura. Esta importância da poda está também diretamente relacionada com o objetivo da exploração, ou seja, que tipo de produto o mercado exige; pois com a poda pode-se melhorar o tamanho e a qualidade dos frutos. O podador, deverá fazer uso de seus conhecimentos e habilidades, onde um gesto seguro reflete a convicção de quem acredita que a interferência humana é imprescindível para modelar um pomar. Na natureza, as plantas crescem sem qualquer modelamento, buscam sempre a tendência natural de crescerem em direção à luz, tomando a forma vertical, e com isso perdem a regularidade de produção. Para que a poda produza os resultados esperados, é importante que seja executada levando-se em consideração a fisiologia e a biologia da planta e seja aplicada com moderação e oportunidade.
Objetivos da poda
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Segundo Inglez de Souza, 1986, os sete objetivos principais da poda são: 1º- Modificar o vigor da planta; 2º- Produzir mais e melhor fruta; 3º- Manter a planta com um porte conveniente ao seu trato e manuseio; 4º- Modificar a tendência da planta em produzir mais ramos vegetativos que frutíferos ou vice-versa; 5º- Conduzir a planta a uma forma desejada; 6º- Suprimir ramos supérfluos, inconvenientes, doentes e mortos; 7º- Regular a alternância das safras, de modo a obter anualmente colheitas médias com regularidade. Por que é necessário o recurso da poda? Não é verdade que, no seu estado selvagem, as plantas não são podadas e, apesar disso, se desenvolvem em perfeitas condições? Esta pergunta é formulada muitas vezes, mas, de fato, a natureza tem o seu próprio método de poda. Os ramos pequenos desprendem-se naturalmente e os galhos finos, as folhas e as flores morrem e caem. Vagarosa mas continuamente, todas as plantas sofrem um processo de renovação natural. Pela poda não fazemos mais do que acelerar, embora parcialmente esse processo normal. Princípios fisiológicos O conhecimento de algumas regras sobre a fisiologia vegetal em muito auxilia o podador. Ele fica sabendo porque se poda, o que se pode e quando se poda. Os vegetais nutrem-se por meio de suas raízes, que retiram do solo sais minerais e água, necessários para o seu desenvolvimento e frutificação. A absorção determina uma pressão de baixo para cima. A seiva também pode ter sua ascendência ligada à transpiração, pela ação da capilaridade, pela osmose, etc. A poda não é uma ação unilateral. Ela vai ensinando quem a está praticando. Mas, para isso, é preciso respeitar seu ritmo, entender e conhecer sua fisiologia, saber qual é o momento certo da intervenção. A poda baseia-se em princípios de fisiologia vegetal, princípios fundamentais que regem a vida das fruteiras. Um desses princípios mais importantes é a relação inversa que existe entre o vigor e a produtividade. O excesso de vegetação reduz a quantidade de frutos, e o excesso de frutos é prejudicial à qualidade da colheita. Assim, conseguimos entender que a poda, visa justamente estabelecer um equilíbrio entre esses extremos. Mas deve ser efetuada com extremo cuidado. Se
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efetuada no momento impróprio, ou de forma incorreta, a poda pode gerar uma explosão vegetativa muito grande, causando um problema ainda maior para o produtor. Baseando-se na hidráulica vegetal, estabelecem-se leis nas quais se baseiam as podas das plantas: 1) O vigor e a fertilidade de uma planta dependem, em grande parte, das condições climáticas e edáficas. 2) O vigor de uma árvore, como um todo, depende da circulação da seiva em todas as suas partes. 3) Há uma relação íntima entre o desenvolvimento da copa e o sistema radicular. Esse equilíbrio afeta o vigor e a longevidade das plantas. 4) A circulação rápida da seiva tende a favorecer o desenvolvimento vegetativo, enquanto a lenta favorece o desenvolvimento dos ramos frutíferos. 5) A seiva, devido à fotossíntese, tende a dirigir-se para os ramos mais expostos à luz, em vez de se dirigir àqueles submetidos à sombra. 6) As folhas são órgãos que realizam a síntese das substâncias minerais, e a sua redução debilita o vegetal. 7) Há espécies que só frutificam em ramos formados anualmente, e outras produzem durante vários anos nos mesmos ramos. 8) O aumento do diâmetro do tronco está em relação inversa com a intensidade da poda. 9) O vigor das gemas depende da sua posição e do seu número nos ramos. 10) Quanto mais severa a poda num ramo, maior é o seu vigor. 11) A poda drástica retarda a frutificação. As funções reprodutivas e vegetativas são antagônicas. A circulação da seiva é tanto mais intensa quanto mais retilíneo for o ramo e quanto mais vertical for a sua posição na copa. Quanto mais intensa essa circulação, mais gemas se desenvolverão em produções vigorosas de lenho e, ao contrário, quanto mais embaraçada e mais lenta essa circulação da seiva, maior será o acúmulo de reservas e, consequentemente, maior o número de gemas que se transformarão em botões floríferos. Cortada uma parte da planta, a seiva refluirá para as remanescentes, aumentando-lhes o vigor vegetativo. Assim, poda curta resulta sempre em ramos vigorosos, nos quais a seiva circulará com grande intensidade. As podas severas, portanto, têm geralmente a tendência de provocar desenvolvimentos vegetativos, retardando a entrada da planta em frutificação. Diminuindo a intensidade de circulação da seiva, o que ocorre após a maturação dos frutos, verifica-se uma correspondente maturação dos ramos e das folhas. Nesse período acumulam-se grandes reservas nutritivas, que são utilizadas para transformar as gemas foliares em frutíferas.
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A frutificação é uma consequência da acumulação de carboidratos. Essa acumulação é maior nos ramos novos do que nos velhos, nos finos do que nos grossos. Dos objetivos enunciados, pode-se concluir que as plantas frutíferas necessitam de modalidades bem diversas de poda, perfeitamente distintas umas das outras, de conformidade com a função que cada uma exerce sobre a economia da planta. A poda acompanha a planta desde a sua infância até a sua decrepitude. É, pois, natural que vá tendo diferentes funções, adequadas cada uma às diferentes necessidades da planta, que por sua vez variam com a idade. Podemos distinguir quatro modalidades principais de poda:
Tipos de poda Poda de formação: Que tem por fim proporcionar à planta uma altura de tronco (do solo às primeiras ramificações da copa) e uma estrutura de ramos adequados à exploração frutícola. Se a poda de formação for correta, a copa se disporá com harmonia, simetricamente, proporcionando uma distribuição equilibrada da frutificação, com arejamento e iluminação convenientes. Pode-se chamar a poda de formação de condução da planta, podendo ser considerada como uma poda de educação, sendo executada normalmente no viveiro, com objetivo de formar mudas com porte, altura e brotações bem distribuídas. Podendo formar mudas em haste única, comum em macieira e pereira, onde todas as brotações laterais são eliminadas no viveiro. Já em mudas que formam uma copa maior como as cítricas, de goiabeira e caquizeiro na formação da muda a copa é distribuída no tronco em três a quatro brotações espaçadas entre si em 3 a 5 cm. Existe também a poda realizada por ocasião do transplante (desplantio) antes da muda ser levada para o plantio definitivo, denominada de poda de transplantação, que se faz eliminando as brotações excessivas e, de acordo com a espécie e a forma de copa que se deseja, deixa-se três a quatro ramos bem distribuídos e fazendo o desponte de ramos longos, com o cuidado de executar o corte deixando uma gema vegetativa voltada para fora da copa inicial. Cortam-se também as raízes muito longas, quebradas e tortas, buscando o equilíbrio entre a copa e o sistema radicular. A poda de formação propriamente dita será executada após o estabelecimento da fruteira no campo. É executada nos primeiros anos de vida da planta. Visa garantir uma estrutura forte e equilibrada, com ramos bem distribuídos, para sustentar as safras e facilitar o manejo e a colheita. Normalmente conduz-se a planta com três ou quatro pernadas formadas, desbrotadas até a planta atingir
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um metro de altura, permitindo daí em diante que as brotações das gemas laterais preencham os vazios da copa, assumindo assim a forma de copa desejada para cada espécie frutífera em particular. As formas das árvores podem ser naturais ou artificiais. As naturais têm o seu emprego nas espécies de folhas persistentes (citros, mangas, abacates, cajus, etc.) quando praticamente não há necessidade de intervenção do homem, devido ao hábito de vegetação e frutificação dessas plantas. Porém, as espécies de folhas caducas, dada a formação de suas gemas frutíferas, exigem podas anuais para maior rendimento. Essas plantas adquirem, portanto, por meio de podas constantes, formas artificiais. As formas artificiais são divididas em haste apoiada e livre. As hastes livres são utilizadas para os vegetais que sustentam por si só a sua copa, e as apoiadas quando há necessidade de se tutorar a planta para que ela adquira uma forma compatível com o tipo de exploração, como por exemplo a videira. As formas apoiadas podem ser conduzidas em cordões ou palmetas. Na condução em cordões, as plantas são apoiadas sobre paliçada, latada ou cerca. As principais formas de cordão são: vertical, oblíqua e horizontal. Palmeta é a forma de condução da planta de modo que os ramos sejam distribuídos opostamente em série, de dois em dois. A condução em palmeta pode ser de diversos tipos: U simples, U duplo, candelabro, verrier, ramos horizontais e ramos oblíquos. As formas em haste livre podem apresentar os seguintes tipos: pirâmide, fuso, vaso e guia modificado. O emprego de um ou outro tipo, quanto ao porte, depende da finalidade e também dos agentes externos, como vento por exemplo. A forma de vaso é bastante simples e a que menos contraria os hábitos da planta.
Figura 1. Poda de formação na forma de vaso (A e B) e guia modificado (C). Fonte: Simão (1998).
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Figura 2. Poda de formação vista de cima: a) pernada; B) braços; C) ramos. Fonte: Simão (1998). Poda de frutificação: A poda de frutificação é iniciada após a copa da planta encontrar-se formada. Tem por fim regularizar e melhorar a frutificação, quer refreando o excesso de vegetação da planta, quer pelo contrário, reduzindo os ramos frutíferos, para que haja maior intensidade de vegetação, evitando-se, dessa maneira, a superprodução da planta, que abaixa a qualidade da fruta e acarreta a decadência rápida das árvores. Desse modo, a poda de frutificação é a controladora da produção, uniformizando-a, regularizando-a, dando-lhe mais qualidade e mais consistência. Geralmente as plantas de clima temperado necessitam deste tipo de poda, dentre elas pode-se citar: figueira, macieira, marmeleiro, pessegueiro, videira, entre outras fruteiras. Poda de rejuvenescimento, regeneração e tratamento Tem por fim livrar as plantas frutíferas dos seus ramos doentes, praguejados, improdutivos e decrépitos ou, se mais energicamente executada, reformar inteiramente a copa, renovando-a a partir das ramificações principais, eliminando focos de doenças e de pragas, reconstituindo a ramagem já estéril, reativando assim a produtividade perdida. Esse tipo de poda radical é freqüentemente usado no transplante de grandes árvores frutíferas adultas e no rejuvenescimento de pomares abandonados, mas de vigor ainda razoável, apresentando troncos íntegros. É ainda o tipo de poda que se aplica às fruteiras intensamente parasitadas por brocas, cochonilhas, ervas-depassarinho, algas, fungos, ácaros e outras pragas e moléstias da parte aérea, mas cuja eliminação se justifique, por se tratar de plantas da valor.
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Normalmente, são cortadas as pernadas principais, a 40 cm do solo e com isso, deve-se iniciar o processo de formação da planta novamente. Esses cortes são maiores no inverno, e logo após, recomenda-se a aplicação de uma pasta fungicida, normalmente cúprica, no local do corte o que facilita a cicatrização e minimiza o efeito do ataque de fungos. Poda de limpeza: É uma poda leve, quase simples visita geral a que anualmente se procede nos pomares, com a tesoura de poda em punho, consistindo na retirada dum eventual ramo doente, quebrado, seco, praguejado, mal localizado ou inconveniente. É poda sumária, aplicada às plantas adultas daquelas frutíferas que requerem pouca poda, como laranjeiras, abacateiros, jabuticabeiras, mangueiras e outras tropicais. Geralmente, todas as fruteiras necessitam deste tipo de poda. É um tipo de poda executada normalmente em períodos de baixa atividade fisiológica da planta, ou seja, durante o inverno ou, como nas cítricas, logo após sua colheita. Após a poda de limpeza, geralmente se faz um tratamento químico (normalmente cúprico) das partes cortadas para reduzir a aparecimento de doenças. Intensidade da poda A intensidade da poda depende da espécie, da idade, do número de pernadas/ramificações existentes, do sistema de condução da planta, do vigor, do hábito de vegetação. Com relação à intensidade, a poda pode ser curta, média ou longa. A poda curta ou drástica consiste na quase total supressão do ramo. Pode-se praticar ainda a poda ultracurta, a qual deixa sobre o ramo de uma a duas gemas. A longa, também chamada leve, deixa o ramo com o máximo de comprimento (0,40 a 0,60 m). A poda média é um tipo intermediário entre os dois anteriores. Dependendo da espécie frutífera, uma mesma árvore, pode receber simultaneamente os três tipos de podas, dependendo do vigor, da posição e da sanidade dos ramos.
Época da poda Basicamente, a poda, pode ser executada em duas épocas: no inverno ou no verão. Poda de inverno ou seca A poda de inverno ou poda em seco é recomendada para frutíferas que perdem as folhas (caducifólias), como pessegueiro, macieira, ameixeira, figueira. Mas o
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inverno é uma referência muito teórica e pode induzir alguns erros. Um bom momento para iniciar a poda é quando os primeiros botões florais surgirem nas pontas dos ramos, indicando que a seiva começou a circular de novo pela planta. Se a poda for feita antes, estimulará a brotação na hora errada. Se efetuada depois, forçará a brotação vegetativa, exigindo mais tarde uma nova poda. Por ocasião da poda seca ou de inverno, deve-se considerar a localização do pomar, as condições climáticas e o perigo de geadas tardias antes da operação. A poda deve ser iniciada pelas cultivares precoces, passando as de brotação normal e finalizando pelas tardias. Em regiões sujeitas a geadas tardias, deve-se atrasar o início da poda o máximo possível, até mesmo quando as plantas já apresentaram uma considerável brotação, normalmente as de ponteiros. Deve ser praticada após a queda das folhas. Essa orientação tem por finalidade propiciar a acumulação de substâncias de reserva no tronco e nas raízes. Quando se poda antes da queda das folhas, parte das reservas de carboidratos é eliminada, com conseqüência na produtividade futura. Por outro lado, a poda executada após a brotação reduz o vigor da planta e os ramos ficam mais sujeitos a infecção (Simão, 1998). A poda seca, praticada durante o período de repouso, elimina os ramos que já frutificaram nas espécies em que eles não tornam a frutificar. Elimina também os ramos ladrões ou vegetativos, doentes e em excesso.
Poda verde ou de verão A poda verde ou de verão é realizada quando a planta está vegetando, ou seja, durante o período de vegetação, florescimento, frutificação e maturação dos frutos e destina-se a arejar a copa, melhorar a insolação, melhorar a qualidade e a coloração dos frutos, manter a forma da copa pela supressão de partes da planta e diminuir a intensidade de cortes na poda de inverno. É também executada em plantas perenifólias (com folhas permanentes) como as cítricas, abacateiro, mangueira. A poda verde consiste em diferentes operações, tais como: desponte, desbrota, desfolha, esladroamento, incisões e anelamentos, desbaste, desnetamento. Desponte tem por finalidade frear o crescimento de determinados ramos em comprimento, de modo a propiciar o desenvolvimento de ramos inferiores. Desbrota é a supressão de brotos laterais improdutivos, ou seja brotos inúteis, que se desenvolvem à custa das reservas, em detrimento do florescimento e da frutificação. Esladroamento os ramos que nascem da madeira velha (do porta-enxerto, por exemplo) são denominados de ramos ladrões, e não apresentam nenhuma vantagem, pois exaurem as substâncias nutritivas da planta, perturbando seu desenvolvimento. Devem ser eliminados. Só não o são quando as plantas
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encontram-se em decrepitude e, neste caso particular, eles são utilizados para revigorar a árvore. Desfolha é a supressão das folhas com diversas finalidades: melhor iluminação e arejamento das flores ou dos frutos, eliminação de focos de doenças e pragas iniciadas na folhagem, é um recurso que melhora a coloração de frutos, assim com a eliminação do excesso de folhas, principalmente daquelas que recobrem os frutos, que necessitam de luz para adquirir coloração (pêra, maçã, ameixa e kiwi). Na videira, são as folhas próximas aos cachos as responsáveis pela qualidade dos frutos. Esta eliminação de folhas deve ser feita com bom senso, pois o abuso neste desfolhamento priva a planta de seus órgãos de elaboração de reservas de nutrição. Incisões e anelamentos é o descasque circular, ou seja, remoção de um anel de casca da base dos ramos novos, têm por finalidade interromper a descida e com isso a retenção da seiva elaborada próximo à sua gema ou ao seu fruto. Quando praticados no início do florescimento, aumentam a fertilidade das flores e, na formação do frutos, melhoram as suas qualidades (tamanho, coloração e sabor). Deve-se operar com moderação, pois uma série de interrupções de seiva poderá causar um enfraquecimento do vegetal. Desbaste é a supressão de certa quantidade de frutos de uma árvore, antes da maturação fisiológica destes, assim proporcionar melhor desenvolvimento aos frutos remanescentes. Dentre as finalidades do desbaste pode-se citar: melhorar a qualidade dos frutos (tamanho, cor, sabor e sanidade); evitar a quebra de ramos (superprodução); regularizar a produção; eliminar focos de pragas e doenças; reduzir as despesas com colheita de frutos imprestáveis (defeituosos, raquíticos e doentes). Emprega-se normalmente o desbaste para o pessegueiro, a macieira, a pereira, a goiabeira, videira (uvas de mesa), etc., por estar o tamanho de seus frutos ligado a uma maior cotação e, em alguns casos, na tentativa de eliminar a produção alternada e manter a árvore com produção anual quase idêntica. Esse processo pode ser praticado em mangueira, macieira e pereira. O desbaste é feito à mão quando o fruto ainda se encontra em desenvolvimento inicial e não atingiu 2 cm de diâmetro. Essa operação é altamente onerosa e cansativa, compensando, porém, os sacrifícios na sua realização. Com o advento e o desenvolvimento de indústria química, pesquisas com hormônios vêm sendo realizadas tanto na Europa como nos Estados Unidos. O uso de hormônios no desbaste de frutos representa um meio de reduzir as despesas e a realização da operação em curto espaço de tempo, podendo ser adicionado a inseticidas. O ácido naftaleno acético (ANA) a 0,2% numa única aplicação, ou 2,4-D a 0,0001%, tem sido empregado. O 2,4-D, embora efetivo, causa certas distorções nas folhas (Simão, 1998).
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Algumas espécies apresentam estreita correlação entre número de folhas e qualidade do fruto. Assim, em pessegueiro, é boa a relação de um fruto para cada 15 ou 20 folhas e, em maçã, de um fruto para cada 30 ou 40 folhas. Desnetamento é uma poda verde aplicada às videiras, consiste em aparar com a unha, ou simplesmente arrancar, os ramos secundários que nascem lateralmente do ramo principal e que são chamados de netos.
Princípios que regem a poda Para perfeita execução da poda, é necessário um conhecimento da posição, distribuição e função dos ramos e das gemas e circulação da seiva. As raízes das fruteiras extraem do solo a água, contendo esta, em solução, os sais nutritivos que alimentarão a planta. Tal solução constitui a SEIVA BRUTA, que sobe pelos vasos condutores localizados no interior do tronco e se dirige até as folhas. Nestas e em presença de luz e perdendo água por transpiração, a seiva bruta passa por diversas transformações, tornando-se SEIVA ELABORADA. A seiva circula pela planta toda, sempre fluindo para as partes mais altas e mais iluminadas da árvore, razão pela qual os galhos mais vigorosos são aqueles que conseguem se posicionar melhor na copa e têm uma estrutura mais retilínea, o que favorece sua circulação. A seiva, circulando pela periferia da planta, alimenta todos os órgãos e determinam seu crescimento e evolução, tais como: o desenvolvimento das raízes, o crescimento dos brotos, aumento dos ramos, folhas, gemas e a frutificação. É por isso também que, o crescimento da planta tende sempre a se concentrar nos ponteiros dos ramos, o que se denomina de Dominância Apical. Quando eliminada, através da poda, ocorre uma melhor redistribuição da seiva, favorecendo a brotação lateral da gemas. A circulação rápida da seiva tende a favorecer desenvolvimento vegetativo, enquanto que a lenta, o desenvolvimento de ramos frutíferos e essa circulação é em função da estrutura da planta. Quanto mais retilínea, mais rápida a seiva circulará. No início do seu desenvolvimento, as fruteiras gastam toda a seiva elaborada no seu próprio crescimento. Porém, após um certo tempo, variável de espécie para espécie, a planta atinge um bom nível de desenvolvimento como: tronco forte, copa expandida e raízes amplas, a planta já fotossintetiza intensamente e começa a aparecer sobras de seiva elaborada, que serão armazenadas na planta, em forma de reservas. Quando essas reservas atingem uma suficiente quantidade, tem começo a frutificação, pois as reservas de seiva elaborada são invertidas ou gastas na transformação das gemas vegetativas em gemas frutíferas, que darão as futuras flores e frutas. Com esse desvio para a frutificação, cessa quase que completamente o crescimento das raízes e da copa.
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Há um antagonismo entre a frutificação e a vegetação, ou seja, enquanto a planta desenvolve ativamente a sua expansão vegetativa (como acontece nos indivíduos novos) não há saldo de seiva elaborada para ser aplicado na frutificação, o mesmo acontece quando há um grande gasto de reservas, como por exemplo num ano em que ocorre uma superprodução, assim a planta fica sem saldo de seiva elaborada para, no ano seguinte, formar novas gemas de fruto. A frutificação é então muito pequena; mas como as raízes continuam a absorver água e nutrientes e as folhas a fotossintetizar, começa a aparecer novo saldo de seiva elaborada, o qual, não tendo frutos para desenvolver, é aplicado em nova expansão das raízes e dos ramos. Com esta expansão poderá resultar em novos saldos de seiva elaborada, que são armazenados nos locais de reserva, registrando assim um superávit de seiva elaborada na planta, com isso grande número de gemas vegetativas é transformado em gemas frutíferas, tornando a planta a produzir grande safra de fruto, ao mesmo tempo que vegeta modestamente. As fruteiras de quintal, abandonadas, sem podas e sem cuidados, a alternância de anos de fruto com os de escassez é muito freqüente. A poda pode regularizar esta anomalia, eliminando ramos frutíferos nos anos de frutificação excessiva, estimulando, deste modo, a expansão de crescimento vegetativos. As plantas não sujeitas a podas apresentam duas importantes características: 1º) A planta alcança grande volume, porque sua folhagem, sem sofrer restrição alguma, absorve grande quantidade de água e nutrientes (seiva bruta) e produz grande quantidade de seiva elaborada (fotoassimilados), a qual é alternativamente gasta em grande frutificação seguida de grande expansão do sistema radicular e da copa, essa expansão é apenas limitada pela conformação específica da planta e pelas condições ambientes (solo, clima, etc.); 2º) A planta atinge a máxima longevidade, pois a produção contínua de novas quantidades anuais de ramos, folhas e frutos, que as podas provocam, acaba por esgotar a planta, abreviando seus dias, o qual não se verifica nos indivíduos não podados. Em contraposição, estes apresentam os inconvenientes seguintes: Frutificação inconstante; Fruta inferior, tanto em tamanho com em aspecto, pois a seiva que a faz desenvolver tem de ser distribuída por um grande número de frutos e ramos, o que não acontece nos pés podados; Operações culturais mais difíceis, mais caras, devido à maior altura e o maior volume dos pés. O controle fitossanitário chega a ser praticamente impossível nos indivíduos de crescimento livre e a colheita é freqüentemente antieconômica, pois a produção, além de
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ser de qualidade inferior, se distribui nas pontas mais altas da ramagem. Ao podador é indispensável saber que parte da planta está cortando, pois, de conformidade com cada planta em particular, há ramos cuja supressão é indispensável, mas outros existem cuja eliminação redundaria em grave prejuízo para a produção, porque encerram neles a própria safra de frutos dentro de suas gemas. Gemas Vulgarmente chamadas de olhos, as gemas são em essência o princípio das folhas, flores e caules, envolto nas escamas corticais do tronco e dos ramos. São órgãos produtores de ramos e folhas (vegetativas) ou flores (floríferas ou frutíferas), que variam no aspecto, na forma, no tamanho e na distribuição, de espécie para espécie. Quanto à localização nos ramos, as gemas são ditas terminais ou axilares, conforme estão localizadas no ápice dos ramos ou na axila das folhas. É interessante observar que as gemas são formadas com a mesma estrutura. O que vai torná-las vegetativas ou frutíferas é o vigor do seu desenvolvimento, decorrente da quantidade de seiva que recebem. Como já foi dito a frutificação só tem início quando a planta já conseguiu armazenar uma determinada quantidade de reservas de seiva elaborada. As gemas de folhas ou lenhosas distinguem-se das floríferas ou de frutos pela sua constituição interna e externa. Gemas mais vigorosas e mais pontiagudas irão se transformar em ramos vegetativos. As de frutos são quase sempre mais volumosa, de forma oval-alongada, e as de lenho são mais alongadas e afuniladas. As primeiras apresentam-se mais macias ao tato, e as últimas, mais ásperas. Em princípio, gemas mais vigorosas e mais pontiagudas irão se transformar em ramos vegetativos. As floríferas, têm uma forma mais arredondada e devem ser preservadas. As gemas podem ser naturais ou adventícias. As naturais são aquelas que surgem nos ramos normalmente segundo a tendência da planta, e as adventícias, as que emergem sob ação mecânica. As gemas localizadas na parte superior dos ramos, brotam antecipadamente e com maior vigor que as laterais, prolongando o ramo devido sua abertura lateral ser bem menor. Baseando nisso podemos dizer que ramos verticais tendem a serem mais vegetativos, e os inclinados, por onde a seiva circula de forma mais lenta, possuem maior potencial frutífero. A duração das gemas está intimamente relacionada à biologia da planta e aos tratos culturais. Há espécies em que as gemas não ultrapassam um ciclo vegetativo, e outras em que duram vários anos. As podas dos anos anteriores têm muita influência sobre a formação das gemas, quer frutíferas quer vegetativas. Se as podas passadas foram severas,
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a planta foi privada de grande parte de sua copa e, portanto, pouca seiva bruta pôde ser transformada em seiva elaborada. Como conseqüência, espera-se muita vegetação e pouco florescimento. Ao contrário, se foram brandas as podas anteriores, é de se esperar que muita seiva bruta pôde ser transformada em seiva elaborada e que o afluxo desta contribuiu para a diferenciação de grande quantidade de gemas vegetativas em frutíferas. Já pela poda do ano em si pouca coisa pode fazer o podador no sentido de aumentar a frutificação. Pode-se, entretanto, melhorar a produção do ano em qualidade e preparar a planta para maiores safras vindouras.
Ramos Ramos são ramificações oriundas de gemas. Segundo sua função, dividem-se em: ramos lenhosos (vegetativos), mistos e frutíferos. Ramos lenhoso os vegetativos Caracterizam-se pelo vigor, pelo aspecto da casca, normalmente lisa, e pelos internódios relativamente longos. Os ramos lenhosos, segundo sua origem e posição, podem dividir-se em adventícios e ladrões. Os ramos adventícios têm origem em causa mecânica como pancada, incisões, etc. Ramo ladrão é o ramo vegetativo, muito vigoroso, vertical, pouco ramificado e devem ser eliminados. Os ramos ladrões têm origem em gemas aparentes e podem ser classificados em naturais ou bravos, segundo a sua localização. Os naturais nascem das gemas do enxerto e os bravos de gemas do porta-enxerto. Os ramos recebem denominação particular, de acordo com a sua posição na árvore. Pernadas são as primeiras ramificações, que partem diretamente do tronco ou da haste. Destas surgem ramos que são denominados braços. As ramificações dos braços dizem-se genericamente ramos (Figura 2).
Ramos mistos Apresentam as funções de crescimento e produção, ou seja, apresentam ao mesmo tempo desenvolvimento vegetativo e exibem gemas frutíferas, quer no ramo do ano, quer no do anterior. Exemplos: pessegueiro, figueira, videira.
Ramos fruteiros
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São apresentados por algumas espécies, principalmente de folhas caducas, que possuem ramos de frutos especializados. Esses ramos são normalmente curtos e de aspecto corrugado. Se eliminarmos tais ramos, a planta só produzirá vegetação. As principais representantes dessa espécie são: pereira, macieira, ameixeira européia, cerejeira. Os ramos especializados se originam, como os ramos todos, de uma gema vegetativa. Os ramos frutíferos classificam-se em: dardos, esporões (lamburdas), bolsas e brindilas. Dardos são os ramos pequenos, pontiagudos, com entrenós muito curtos. Desenvolvem-se lentamente e apresentam uma roseta de folhas nas extremidades. Dá-se o nome de esporão simples ao dardo com gema terminal floral. Constitui ramo de fruto propriamente dito. O dardo com o tempo se ramifica, dando origem a um esporão ramificado. Os esporões, devido ao desenvolvimento lento e ao acúmulo de substâncias de reserva, apresentam com o tempo, um engrossamento na extremidade, em forma de bolsa. A passagem de dardo para esporão depende de um determinado equilíbrio na fisiologia da planta, entre a seiva bruta remetida pelas raízes e as substâncias elaboradas pelas folhas. Se esse equilíbrio é rompido graças à maior quantidade de seiva elaborada, muitos dardos serão “promovidos” a esporões. As bolsas nada mais são do que um esporão com vários anos que alterou sua forma externa e passou a receber essa denominação. Elas podem fixar vários frutos ao mesmo tempo. É uma parte curta, inchada, com enorme quantidade de substâncias nutritivas, que formam-se no ponto de união da fruta colhida com o ramo. Pode dar origem a novas gemas florais, dardos, lamburdas, brindilas ou vários deles de cada vez. Brindilas são ramos finos, com 3 a 5 mm de diâmetro e de 0,50 a 0,20 m de comprimento. Não apresentam importância econômica. Surgem em plantas mal podadas ou naquelas velhas e não tratadas. As brindilas apresentam uma pequena gema terminal e surgem na base das plantas sem os devidos cuidados culturais. Nas pereiras e macieiras decrépitas, esgotadas e também, ao contrário, naquelas com vegetação luxuriante, as lamburdas são raras e os dardos abundantes. Conforme a natureza dos ramos que possuem, as plantas frutíferas podem ser divididas em três grupos: 1º) Plantas com ramos especializados são plantas que só dão fruta sobre ramos especiais. Os demais ramos dessas plantas só produzem brotos vegetativos e folhas. Esses ramos especializados são geralmente curtos e denomindados esporões, em contraposição aos vegetativos, que são longos e
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vigorosos. Este é o caso das macieiras, pereiras, ameixeiras européias, cerejeiras, etc.; 2º) Plantas com ramos mistos são plantas que além de frutificarem sobre esporões, frutificam também sobre ramos do ano anterior, ou seja apresentam ramos mistos, já que tais ramos tanto dão flores e, portanto frutos, como também crescimentos vegetativos. Exemplos: pessegueiros, ameixeiras japonesas, videiras e figueiras. 3º) Plantas em que as flores nascem sobre ramos da brotação nova nestas plantas, o ramo frutífero ao invés de vir formado do inverno, nasce na primavera e floresce mais ou menos abundantemente, conforme as condições lhe são mais ou menos propícias. Exemplo: plantas cítricas em geral. Influências exercidas na planta cítrica apenas alguns meses, ou mesmo umas poucas semanas antes da nova brotação, podem determinar a abundância ou a escassez do seu florescimento. Instrumentos utilizados para poda Não existe bom podador sem boa ferramenta, isto é, a apropriada, a limpa, a afiada e lubrificada. Não considerando os casos especiais e raros, três ferramentas são indispensáveis ao podador: tesoura de poda, serrote de podar e a decotadeira. Porém inúmeros são os instrumentos e ferramentas utilizados na execução das diferentes modalidades de poda, até o machado, a foice e a serra grande ou trançadeira podem, às vezes, entrar na relação das ferramentas do podador. Existem também instrumentos especializados como tesouras para desbaste de cachos de uva, alicate para incisão e anelamento, etc. A tesoura de poda é a ferramenta típica do podador, servindo para os diversos tipos de poda. É empregada para corte de ramos com diâmetro de até meia polegada, além desse limite convém empregar o serrote de poda.
Execução da poda Como foi visto, é importante antes de empunhar qualquer instrumento de poda conhecer bem a fruteira a ser podada, sua fisiologia e seu estado nutricional e sanitário, o objetivo da exploração, a época em que deve ser realizada a poda, que tipo de poda e em que intensidade deve ser praticada, para que se tenha êxito nessa operação. A poda de um ramo pode ser por supressão, ou seja, pela eliminação desse ramo pela base ou rebaixamento, quando apenas se apara esse ramo em comprimento.
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Na supressão de galhos grossos, feita naturalmente com o serrote, o corte deve ser bem rente à base do galho e bem inclinado. Um corte ideal e preciso, realizado de uma só vez, deve observar uma inclinação de 45 graus aproximadamente, no sentido oposto ao da gema mais próxima, o que evita o acúmulo de água, que poderia causar o apodrecimento do ramo e aparecimento de fungos. Assim cortes de espessura maior que 3,0 cm devem ser protegidos com pastas cicatrizantes à base de cobre. Várias fruteiras requerem podas especiais (sejam de formação ou de frutificação) como por exemplo: Videira; Pessegueiro; Figueira; entre várias outras.
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