ANÁLISE DOS POEMAS SATÍRICOS DE GREGÓRIO DE MATOS
Poema número 1 – Descreve a vida escolástica e scolástica Nesse poema, Gregório de Matos fala sobre a vida do estudante naquela época. Na primeira estrofe é possível perceber as seguintes características: o estudante era pobre, pois não trabalhava, além disso ele se importava com a aparência, talvez para esconder a pobreza, além de que as roupas q ele utilizava não eram as melhores. Nessa estrofe percebe-se também o uso de Antítese no segundo verso: “Medíocre “Medíocre o vestido, bom sapato” . Na segunda estrofe, em geral, Gregório de Matos afirma que o estudante era mentiroso, não cumpria tratos e de vez em quando roubava. No segundo verso, quando o autor fala “Jogo de fidalguia, bom barato” , ele se refere a que o estudante se fingia de rico. Na terceira estrofe, é feita uma denúncia de que o estudante saia com prostitutas nas ruas e que ele falava mal de tudo e de todos. No segundo verso dessa estrofe, há o uso de Inversão: “Eterno murmurar de alheias famas” , e no terceiro há o uso de Antítese “Soneto infame, sátira elegante.” . Na quarta estrofe, Gregório de Matos faz referência ao fato de que os estudantes daquela época enviavam cartas de amor às freiras, tentando conquistá-las, além de que eles também eram “Quixotes” com as damas, ou seja, eram muito cavalheiros e elegantes com elas. Além disso, no último verso ele diz que o estudante tinha pouca preocupação com os estudos. No geral, pode-se concluir q Gregório de Matos, no poema “Descreve a Vida Escolástica”, critica o fato de que os estudantes da época se preocupavam mais com prazeres da vida do que com os estudos, deixando estes de lado. Quanto às características estruturais do poema, é um soneto (2 quartetos e 2 tercetos) com versos decassílabos. Há a utilização de palavras chulas. O esquema de rimas é A BBA ABBA CDE CDE. Palavras desconhecidas: Mancebo: rapaz. Barrete : cobertura que se ajusta à cabeça; gorro. Chapéu quadrangular sem aba. Medíocre: Que não é bom nem ruim; mediano. *Esfola-gato: deve estar no sentido de um certo c erto jogo da região do Minho, brincadeira de rapazes com cambalhotas. *Tirar falsídia : contar mentira Falsete: Voz com que se procura imitar a voz de soprano ou a de meninos. Recurso de voz utilizado para atingir uma nota musical que nossa voz natural não alcança. Presumir : Entender, baseando-se em certas probabilidades. Pressupor, prever. Fidalguia : Qualidade ou ação de fidalgo. A classe dos fidalgos. Fidalgo: Aquele que tem título de nobreza. Quem tem privilégios de nobreza. Generoso, nobre.
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Trato : Tratamento. Ajuste, pacto; tratado. Convivência.
Passadio, alimentação. Procedimento, modos. Delicadeza, cortesia. 2 Trato : Espaço de terreno; região. Ama: A dona de casa em relação aos criados. Infame : Quem tem má fama. Que pratica atos vis, desonrosos; abjeto, desprezível, torpe. Próprio de quem é infame. Feira: Lugar público, não raro descoberto, onde se expõem e vendem mercadorias. Quixote: Indivíduo generoso mas ingénuo, que se bate em vão contra as injustiças. [À semelhança da personagem Dom Quixote, do romance com o mesmo nome, do escritor espanhol Miguel de Cervantes (1547-1616).]
Poema número 2 – À Cidade da Bahia Na primeira estrofe desse poema, Gregório de Matos fala sobre a queda da Bahia, da diferença que há da cidade e da própria vida em relação ao passado. No terceiro e no quarto verso, “Pobre te vejo a ti, tu a mim empenhado, / Rica te vi eu já, tu a mim abundante.” , podese perceber q o poeta quis dizer que: atualmente o poeta vê a cidade pobre, e a cidade vê o poeta empenhado, no sentido de endividado, porém antigamente a cidade era rica j unto a ele. Além disso, nesses mesmos versos observa-se o emprego de A ntítese: “Pobre te vejo a ti, tu a mim empenhado, / Rica te vi eu já, tu a mim abundante.” ; e o emprego de Pleonasmo: “Pobre te vejo a ti, tu a mim empenhado,” . Além do mais, ainda há o emprego de Aliteração no segundo verso: “Estás e estou do nosso antigo estado!” ; e também o emprego de Zeugma no terceiro verso “Pobre te vejo a ti, tu (Vês) a mim empenhado,” . Também há o uso da Prosopopéia, pois a Bahia aparece personificada. Na segunda estrofe desse poema, o autor fala que o esquema comercial da Bahia mudou, e que esse novo esquema comercial entrou na larga fronteira da Bahia. Além disso, afirma também que esse novo esquema comercial mudou o próprio poeta e os negócios e os comerciantes da Bahia. Quanto às figuras de linguagem, há o uso de pleonasmo nos versos de número 5 e 7: “A ti trocou-te a máquina mercante,” e “A mim foi-me trocando e tem trocado” . Na terceira estrofe, Gregório de Matos critica o fato da Bahia ter pago altos valores às coisas inúteis, que o estrangeiro (Brichote) ofereceu, por curiosidade. Na última estrofe, o autor clama a Deus para que a Bahia seja punida com uma "simples roupa de algodão", ou seja, metaforicamente ele quer dizer que ele deseja qu e a Bahia seja "trajada" com pessoas de baixa condição social e pelos escravos, provavelmente para afastar os mercadores, visto que Gregório de Matos não gosta deles e vê a Bahia como uma vítima deles. Há o uso de Prosopopeia e de Metáfora. Quanto à estrutura do poema, é um soneto de versos decassílabos com rimas dispostas na forma ABBA ABBA CDE CDE. Palavras desconhecidas: dessemelhante : diferente Empenhado: endividado Abundante: rica
Mercante : Relativo ao comércio ou ao movimento comercial. Barra: borda, beira Abelhuda: curiosa, bisbilhoteira Sagaz : quem tem agudeza de espírito, astucioso, manhoso,
perspicaz. Brichote : estrangeiro. Sisuda: que tem juízo, ajuizada, moderada. Capote: casacão militar, peça de vestuário, semelhante ao casaco.
Poema número 3 – Descreve o que realmente era naquele tempo a cidade da Bahia de mais enredada por menos confusa Na primeira estrofe desse poema, G regório de Matos critica a aristocracia da Bahia, dizendo que ela quer governar tudo, porém não conseguem administrar a própria vida Há a utilização de Ironia no primeiro verso, quando o autor cita “grande conselheiro” que é onde ele se refere ao povo, que não sabe cuidar da própria vida e procura mandar nos outros. Na segunda estrofe, Gregório de Matos critica o fato de na Bahia haverem muitos curiosos que se intrometem na vida dos outros para levar a público acerca dessa. Nessa estrofe há o uso de 2 figuras de linguagem no verso “Pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha,” , a Gradação e a Assonância do fonema |ê|. Na terceira estrofe, o autor critica a covardia dos homens nobres com os mulatos, que eram escravizados e tinham marcas de punição nas palmas da mão pelas suas picardias. Há o uso de 2 figuras de linguagem: Inversão no verso 10 “Trazidos pelos pés os homens nobres,” e de Aliteração, no verso 11 “Posta nas palmas toda a picardia.” . Na quarta estrofe, é criticado os juros altos impostos pelos comerciantes, e o autor, ainda afirma que quem não roubava dinheiro através dessa prática mercantil, era pobre, e termina o poema demonstrando o que era realmente a cidade da Bahia. Além disso, nessa mesma estrofe, há o uso de Elipse no verso 13 “Todos os que não furtam, (são) muito pobres” . Palavras descohecidas: Conselheiro: que aconselha, guia, mebro de um conselho ou de certos tribunais. Cabana : casa sem pavimento alto, geralmente de madeira. Frequentado: concorrido Espreita: espiar Esquadrinha : estudar com cuidado Terreiro: espaço de terra amplo Desavergonhados: que não tem vergonha Picardia : pirraça, desfeita, fraude, trapaça. Estupenda : admirável, assombroso, espantoso. Usuras: juros superiores ao estabelecido por lei ou pelo uso
Poema número 4 – Juízo anatômico da Bahia No geral, nesse poema, Gregório de Matos faz críticas à perda de valores, à estupidez em negócios do povo e à escravidão na Bahia. O poema possui versos de redondilha maior, o que lembra a tradição medieval. Nas estrofes ímpares há a utilização de perguntas respondidas pelo próprio autor, e no 4 verso das estrofes pares, o Gregório de Matos reúne as respostas e as põe nela. O esquema de rimas é: A BC CDDC EFG GHHG IJL LMML NOP. Nas primeiras 2 estrofes, Gregório de Matos critica a falta de valores da Bahia, e ainda afirma que mesmo que a cidade ganhe fama e fique n o auge, a sociedade baiana ainda faltará dos valores de verdade, honra e vergonha. Há o emprego de Anáfora. Nas próximas 2 estrofes, o autor diz que a Bahia caiu em cl ara infelicidade, na qual a causa para tal foi a ambição, levada pela idiotice do povo, e tudo isso por intermédio das práticas mercantis, e após ter feito isso, a população nem se da conta do que perdeu, por tamanho prejuízo que houvera. Nas próximas 2 estrofes, Gregório de Matos critica e chama de idiota os que medem riqueza pela quantidade de escravos e maltratam e tratam esses como objetos. Na última estrofe, por fim, o autor critica a corrupção e às instituições que praticam tal crime. Palavras desconhecidas: Demo: população Exalta: levantar, engrandecer, irritar-se, gabar-se, elevar ao mais alto grau, entusiasmar. Socrócio: confusão desaventura : infelicidade Asnal : estúpido (sentido figurado) Insensatos : desajuizado, imprudente Néscio: estúpido, ignorante Cabedal : riqueza Círio: vela grossa de cera (porém no poema tem sentido de sacos de farinha) Mesquinhos : apegado ao dinheiro ou a bens materiais. Meirinhos : antigo empregado judicial; correspondente ao moderno oficial de justiça. Tardas: lento, vagaroso no andar, preguiçoso, que tem dificuldade em compreender.