ADENSAMENTO Introdução
Entende-se por adensamento a deformação plástica e a redução do índice de vazios de uma massa de solo em função do tempo e da pressão aplicada. O ensaio é feito em estágios de pressão aplicada em corpos de prova, geralmente indeformados e saturados, confinados lateralmente com a conseqüente aferição da redução de sua altura. Desse ensaio são interpretados parâmetros fundamentais para o cálculo de recalques por adensamento.
Objetivo
Realização do ensaio de adensamento em corpo de prova indeformado de solo. Construção de curvas que relacionam deformações com o tempo e índices de vazios com pressões. Conclusão
O adensamento é o processo de expulsão da água do interior do solo devido a aplicação de carga externa sobre o mesmo ou pelo seu próprio peso. Essa diminuição do índice de vazios provoca recalques que tendem a aumentar lentamente com o tempo. Equipamentos
- Prensa devidamente equipada com a célula de adensamento (edômetro); - Instrumento (extensômetro mecânico ou transdutor elétrico de deslocamento) para a realização das medidas de deformações; - Jogos de pesos para transmissão de pressão ao corpo de prova; - Cronômetro para o acompanhamento acompanhamento dos tempos de leituras.
Preparação do Corpo de Prova
- O corpo de prova, sem sofrer deformações, é talhado através do próprio molde cilíndrico usado na prensa; - Instala-se o corpo de prova entre duas pedras porosas, no hidrômetro, o qual deve estar cheio de água para a saturação por 24 horas.
Material Utilizado
-Sistema de aplicação de carga -Célula de adensamento -Pedra porosas -Talhador para talhar o corpo de prova -Balança de precisão -Extensômetro -Cronômetro -Termômetro graduado -Equipamentos diversos incluindo paquímetro, bureta graduada, espátulas, facas, serra e régua metálicas.
Procedimento Experimental
- Aplica-se uma determinada (pressão) no corpo de prova e realizam-se leituras no extensômetro nos instantes 15 e 30s, 1, 2, 4, 8, 15, 30 min etc, até que haja estabilização das deformações. - Dobra-se a carga aplicada e procede-se como descrito anteriormente.
Processo de Adensamento Adensamento – solos finos saturados
Na mecânica dos solos o adensamento é a redução do índice de vazios no solo.
A compressibilidade dos solos advém da grande porcentagem de vazios (e = Vv/Vs) em seu interior, pois para os níveis de tensão encontrados usualmente nos trabalhos de engenharia não são capazes de causar variação de volume significativa nas partículas sólidas. Sem erro considerável, pode-se dizer que a variação de volume do solo é inteiramente resultante da variação de volume dos vazios. Reduções de volume ocorrem com a alteração da estrutura à medida que esta suporta maiores cargas: quebram-se ligações interpartículas e há distorções. Disto resulta um menor índice de vazios e uma estrutura mais densa. Uma forma conveniente de estudar o fenômeno é através da analogia mecânica sugerida por TERZAGHI (1943). As variações volumétricas que ocorrem em solos finos saturados, ao longo do tempo, constituem o processo de adensamento.
Modelo Mecânico de Terzaghi
O modelo compõe-se basicamente de um pistão com uma mola provido de uma saída. Inicialmente (antes de t = 0), o sistema encontra-se em equilíbrio. No tempo ini cial, há um incremento de pressão externa instantânea (ΔP) que provoca um aumento idêntico de pressão na água. Como não houve tempo para o escoamento da água (variação de volume), a mola não sofre compressão e, portanto, não suporta carga. Há, a partir daí, processo de variação de volume com o tempo, pela saída da água, e, simultaneamente, ocorre à dissipação da pressão do líquido. Gradativamente, aumenta a tensão na mola e diminui a pressão da água até atingir-se a condição final. Uma vez que a pressão externa está equilibrada pela pressão da mola, não há mais compressão e o adensamento está completo. Este modelo guarda a seguinte analogia com os solos reais: a mola representa o esqueleto mineral e a tensão que ela suporta é denominada de tensão efetiva; a água representa o líquido no interior dos poros ou vazios do solo e sua pressão é dita poro-pressão ou pressão neutra; a pressão externa será sempre equilibrada pela poro-pressão e/ou pela tensão efetiva. A diferença fundamental de comportamento é que os solos continuam apresentando alguma variação de volume, mesmo após o final do que se denomina adensamento primário (e que corresponde à analogia de Terzaghi). Há saída de água mesmo com poro-pressão praticamente nula (compressão secundária). Algumas observações, observações, obtidas a partir do modelo, que são importantes: a) a diferença de altura entre o inicio e o final do fenômeno (h0 - hf) depende da rigidez da mola e seu comprimento e do incremento de tensão vertical (ΔP);
b) o tempo para atingir-se a condição final, isto é, de (Δu = 0), varia com a abertura da válvula de saída de água.
Teoria de adensamento
O estudo teórico do adensamento permite obter uma avaliação da dissipação das sobrepressões hidrostáticas (excesso de pressão neutra gerada pelo carregamento) e, conseqüentemente, da variação de volume ao longo do tempo, a que um elemento, de solo estará sujeito, dentro de uma camada compressível. Tal estudo foi inicialmente realizado por Terzaghi, para o caso de compressão unidirecional, e constitui a base pioneira, para afirmação da Mecânica dos Solos como ciência.A partir dos princípios da Hidráulica, Terzaghi elaborou a sua teoria, tendo, entretanto, que fazer algumas simplificações, para o modelo de solo utilizado. As hipóteses básicas de Terzaghi são: a) solo homogêneo e saturado; b) partículas sólidas e a água contida nos vazios do solo são incompressíveis; c) compressão (deformação) e drenagem unidimensionais (vertical); d) propriedades do solo permanecem constante ( k, mv, Cv); e) validade da lei de Darcy ( v = k . i ); f) há linearidade entre a variação do índice de vazios e as tensões aplicadas.
Ao admitir escoamento unidirecional de água, algumas imprecisões aparecem, quando se tem o caso real de compressão tridimensional, entretanto, a hipótese condicionante de toda a teoria é a que prescreve a relação linear entre o índice de vazios e a variação de pressões. Admitir tal hipótese significa admitir que toda variação volumétrica se deva, à expulsão de água dos vazios, e que se afasta em muitos casos da realidade, pois ocorrem juntamente com o adensamento, deformações elásticas e outras, sob tensões constantes, porém crescentes com o tempo (Creep). As demais hipóteses podem facilmente ser reproduzidas em laboratório ou se aproximam da realidade. Compressível intercalada entre outras camadas pouco compressíveis. O carregamento que foi imposto é do tipo unidimensional, isto é, não há distorção lateral do solo. Esta forma de solicitação ocorre quando a largura do carregamento é muito maior do que a espessura da camada, por exemplo, em
aterros de aeroportos, alguns aterros rodoviários, tanques de combustível, aterros industriais, etc. Analisando a pressão neutra (u) dentro da camada, observa-se que ela será zero (ou igual a um valor hidrostático inicial constante, dependente do lençol freático na areia) no contato superior. A areia possui uma permeabilidade muito alta em relação à argila e fornece uma condição de drenagem livre, portanto. Camada de solo compressível submetida a um incremento de tensão; (b) elemento de solo da camada. A água é expulsa dos vazios do solo com uma uma velocidade: v = k . i onde o gradiente hidráulico é expresso por: i = dh/dz Para o caso em estudo, o gradiente é variável em função da profundidade (z) e do tempo (t), portanto temos: i = - ∂h/∂z
Tensão de Pré-Adensamen Pré- Adensamento to
Como os solos possuem um comportamento não-elástico, eles apresentam uma espécie de memória de carga. Quando um solo sofre um processo de carga-descarga, seu comportamento posterior fica marcado até este nível. A utilização da escala logarítmica para a tensão vertical efetiva prende-se ao fato de que, desta forma, a curva tensão x índice de vazios típica dos solos apresenta dois trechos os aproximadamente retos e uma curva suave que os une. A tensão na qual se dá a mudança de comportamento é uma indicação da máxima tensão vertical efetiva que aquela amostra já sofreu no passado. Esta tensão tem um papel muito importante em Mecânica dos Solos, pois divide dois comportamentos tensão-deformação bem distintos, sendo denominada de minação tensão ou pressão de préadensamento do solo (σ’vm = σ’a). Sua deter minação é muito importante para o cálculo de recalques. O recalque de uma estrutura é geralmente tolerável, se o acréscimo de tensão devido à estrutura, mais a tensão efetiva inicial, não a ultrapassar. A determinação da tensão de pré-adensamento pode ser feita por um dos processos a seguir descritos: Processo de Casagrande e Processo de Pacheco Silva.
Processo de Casagrande Casagrande Para a determinação de σ’vm, seguem-se os seguintes passos:
a) Obter na curva índice de vazios x logaritmo da tensão efetiva o ponto de maior curvatura ou menor raio (R); b) Traçar uma tangente (t) e uma horizontal (h) por R; c) Determine e trace a bissetriz do ângulo formado entre (h) e (t); d) A abscissa do ponto de intersecção, da bissetriz com o prolongamento da reta virgem corresponde à pressão de pré-adensamento pr é-adensamento..
Processo de Pacheco Silva Para a determinação de σ’vm, segue-se os seguintes passos:
a) Traçar uma horizontal passando pela ordenada correspondente ao índice de vazios inicial; b) Prolongar a reta virgem e determinar seu ponto de intersecção (p) com a reta definida no item anterior; c) Traçar uma reta vertical por (P) até interceptar a curva índice de vazios x logaritmo da tensão efetiva (ponto Q); d) Traçar uma horizontal por (Q) até interceptar o prolongamento da reta virgem (R). A abscissa correspondente ao ponto (R) define a pressão de préadensamento.
Solos Normalmente Adensados
A primeira das situações ocorre, quando a tensão ocasionada pelo solo sobrejacente (σ’v0) ao local onde foi retirada a amostra é igual à tensão de préadensamento (σ’vm). Neste caso, diz-se que o solo é normalmente adensado (NA), isto é, a máxima tensão que o solo já suportou no passado corresponde ao peso atual do solo sobrejacente (Figura 8.13 (a)). Portanto o valor do índice de préadensamento (OCR) é aproximadamente igual a 1,0.
Solos Pré-Adensados Pré-Adensados
A segunda situação corresponde ao caso em que a tensão efetiva atual é menor que a tensão de pré-adensamento, isto é, o peso atual de solo sobrejacente é menor que o máximo já suportado. Neste caso, diz-se que a argila é pré-adensada (PA) e o OCR > 1,0. Qualquer acréscimo de carga, sobre este solo, de modo que σ’v0 + Δσ’v < σ’vm implica recalques
insignificantes, pois estamos no trecho quase horizontal da curva índice de vazios x logaritmo da tensão efetiva. Muitos fatores podem tornar um solo pré-adensado, destacando-se a erosão, que com a retirada de solo, diminui a tensão que age atualmente, bem como escavações artificiais ou o degelo. A variação do nível d’água é uma das causas freqüentes f reqüentes do p ré-adensamento, pois, se o nível d’água sofrer uma elevação no interior do terreno, as tensões
efetivas serão aliviadas, ocasionando o préadensamento. Outra causa importante é o ressecamento devido a variações de nível d’água
próximo a superfície de um depósito de argila normalmente adensada, que provoca o aparecimento de uma crosta pré-adensada. A lixiviação que é o fenômeno de precipitação de elementos químicos solúveis, como compostos de sílica, alumina e carbonatos pode ocorrer nos solos, nas camadas superiores devido a chuva. Tais elementos, se precipitados nas camadas inferiores, podem provocar a cimentação entre os grãos, fenômeno este utilizado por Vargas (1977) para interpretar a formação e as tensões de préadensamento em argilas porosas de São Paulo e da região centro-sul do Brasil. Segundo o mesmo autor, o fenômeno do pré-adensamento não se restringe aos solos sedimentares. Os solos residuais também podem apresentar um pré-adensamento virtual, relacionado com ligações intergranulares provenientes do intemperismo da rocha. Solos em Adensamento Por último, temos o caso em que σ’v0 > σ’vm, isto é, a argila ainda não terminou de adensar, sob efeito de seu próprio peso.
Adensamento no solo urbano
O adensamento urbano, uma intensificação do uso e da ocupação do solo, vem sendo proposto pelo Poder Público como uma medida de planejamento. Justifica-se que as regiões centrais da cidade apresentam infra-estrutura ociosa e que, portanto, poderiam ser adensadas pela construção de edifícios
(verticalização), evitando-se, assim, a expansão para a periferia (crescimento horizontal), que se apresenta sem infra estrutura suficiente para suportar a população atual. Afirma-se, também, que este adensamento ocorreria respeitando-se os Impedimentos do meio físico e sem prejuízo para a qualidade ambiental. Resolvemos, então, verificar se realmente a qualidade ambiental e os impedimentos do meio físico são levadas em consideração no momento de se decidirem quais as zonas adensáveis da cidade. A intensidade da derivação da natureza pela urbanização é ainda muito pouco pesquisada no Brasil, e mesmo nos países onde isso ocorre os estudos ainda estão em fase inicial, embora na história saiba-se que já os antigos romanos inferiam e relatavam alterações da natureza que se imputavam à Roma mperial. No século XIX autores ingleses relatavam pesquisas que procuravam entender alterações provocadas pela urbanização, como o aquecimento, porém é somente depois da década de 1970 que os estudos tomaram vulto, principalmente na antiga República Federal da Alemanha, onde pesquisadores tentam fazer estudos integrados sobre o assunto, ressaltando que as cidades têm que ser enfocadas tanto nos estudos sociais e de engenharia como nos de ecologia de forma integrada, evitando-se entender somente as partes de uma forma cartesiana absoluta.
Desde a década de 70 as propostas de planejamento urbano para o Município de São Paulo colocam o adensamento como resposta às demandas sociais. O adensamento proposto, que significa uma intensificação do uso e da ocupação do solo, aparece vinculado à disponibilidade de infra-estrutura e às condições do meio físico. Então, a área que se apresentasse com uma infra-estrutura subutilizada e sem impedimentos do meio físico seria considerada como passível de adensamento, entendendo-se como infra-estrutura as redes de água, luz, esgoto, telefone e gás encanado.
Há bastante tempo é de pleno conhecimento os problemas ocorridos nos edifícios da cidade de Santos executados em fundação rasa, apoiados na camada superficial de areia. Desde a década de 40, início da ocupação da orla praiana, sabia-se da ocorrência de uma espessa camada de argila marinha mole, no subsolo santista e dos recalques que poderiam ocorrer, devido ao adensamento que essa sofreria. Mas o fato da camada superficial de areia ser compacta, com pressão admissível de 2,5 a 3,0 kg/ cm2, encorajou os construtores da época,
a executar edifícios com mais de 12 pavimentos sob fundação direta, a 1,5m e 2,0m de profundidade. Ao longo dos anos, o número de edifícios e a quantidade de pavimentos, aumentaram significativamente, gerando um aumento nas tensões lançadas às camadas de argila, quer pelo incremento da carga, quer pela interferência dos bulbos de pressão das construções vizinhas. O resultado de tudo isso é facilmente hoje observado na cidade, inúmeros edifícios inclinados; ora um em direção ao outro, ora em direções opostas, edifícios mais esbeltos inclinaram em direção aos de maior inércia e ainda alguns que recalcaram para um lado sem influência de prédios vizinhos. Fato curioso notado é que esses recalques não ocorrem em toda orla, existe uma “faixa crítica” na praia de Santos, onde estão concentrados o maior
número de prédios com problemas de recalques, facilmente perceptíveis a olho nu. Essa região compreende a área entre os canais 3 e 6 (figura 02). No restante da orla, foram bem menores os recalques. Para Santos (1994), "A área ocupada na capital tinha em 1975 uma densidade de 50-60 habitantes por hectare, igual à metade do que se considerava razoável em todo o mundo, sob o aspecto da eficiência da infra-estrutura urbana", portanto, segundo a autora, o razoável considerado em todo o mundo seria de 100 a 120hab/ha.
Ponta da praia
Compreendido entre o canal 6 e a balsa de travessia para o Guarujá, o bairro da Ponta da Praia não faz parte da ”faixa crítica” da orla de Santos, basta
observarmos as edificações nessa região. Os edifícios apoiados sobre a mesma camada superficial de areia e construídos na mesma época, se sofreram recalques diferenciais, estes, a olho nu, são praticamente imperceptíveis. Sabe – se que a primeira camada de areia no bairro da Ponta da Praia é mais espessa que no restante da orla, o que não se sabe ao certo é se essa espessura é grande o suficiente para atenuar o recalque dos edifícios dessa região, porque logo abaixo tem - se a presença da mesma argila marinha muito mole. A diferença de comportamento dos edifícios da Ponta da Praia, também já havia chamado a atenção da Prof.ª Heloisa Helena Gonçalves, que em sua
dissertação de livre docência, 2005, levantou a seguinte questão: “será que as
argilas mais próximas à Ponta da Praia tem características diferentes das argilas situadas próximo à Av Conselheiro Nébias?”
Teixeira, em 1994, traçou um perfil de toda orla de Santos, sintetizando a ocorrência das camadas de areia e argila. Este perfil foi, e talvez ainda seja muito utilizado como referência, para ilustrar o subsolo de Santos (figura 01). Em 2003, Massad fez algumas adaptações, colocando em questão a espessura da camada de areia na Ponta da Praia e a ocorrência de outras camadas, deixando o perfil com alguns pontos de interrogação Deu – se ênfase nesse trabalho a região compreendida entre a Avenida Conselheiro Nébias e a balsa, que abrange quase toda a extensão da “faixa crítica” mais o bairro da Ponta da praia. Analisando um grande número de
sondagens, o que realmente pode-se observar foi uma alteração no perfil geotécnico da orla de Santos, a medida que se aproxima do Guarujá. As figuras 03 e 04 (a e b) representem sondagens da região estudada: canal 6 – Balsa; Av. Cons. Nébias – canal 5; canal 5 – 6 respectivamente.
Conclusão de sondagem
Com a análise de maior número de sondagens, foi possível complementar o perfil geotécnico da orla de Santos, na região de aproximação com o Guarujá. Verificou – se que a primeira camada de areia tem um aumento significativo no Bairro da Ponta da Praia, atingindo pouco mais de 23,0 m. Após a travessia da balsa, já no Guarujá, essa camada de areia tende a desaparecer. Observou - se também que embora a camada de areia na Ponta da Praia seja mais espessa, apresentou valores de NSPT médio menores em relação as outras regiões estudadas. Já a camada de argila SFL encontra – se mais sobre - adensada devido ao maior peso de terra exercido sobre ela. As camadas de argila SFl e AT se juntam a medida que se aproxima do Guarujá, não sendo mais entremeadas por camadas de areia. Quanto ao recalque dos edifícios, pode – se dizer que a espessa camada de areia contribui não só para o maior sobre – adensamento da argila, mas também faz com que o bulbo de tensão gerado pelos edifícios não alcance ou alcance uma parte bem pequena da camada de argila, descarregando nela tensões bem menores que na “faixa crítica”, fazendo com que os recalques
tenham proporções bem menores. Os edifícios da Ponta da Praia demonstram isso, a olho nu os recalques são imperceptíveis.
O avanço das construções de grande porte na cidade de Santos, propiciou um maior número de investigações geotécnicas e fez necessário aprofundar as sondagens, dada a grandeza das cargas nas fundações. Com isso foram encontradas camadas de argila bem profundas, com valores de NSPT elevados e a presença do solo residual e/ ou sedimentos continentais a mais de 70,0 m de profundidade, contrariando o perfil geotécnico que estávamos acostumados a encontrar na cidade Santos. Percebe-se que a faixa ideal, segundo o gráfico, para os limites de densidade demográfica está aproximadamente entre 200 e 450hab/ha. Abaixo desses valores a instalação e manutenção da infra-estrutura torna-se muito onerosa, e acima de 450hab/ha, a curva começa a se estabilizar e pode-se dizer pelo menos que não se gasta menos com a infra-estrutura com o aumento da densidade. O gráfico se limita aos 600hab/ha não indicando o que poderia acontecer com a curva após ultrapassar esse valor. Provavelmente, a curva começa a ascender, configurando-se uma deseconomia de escala e, nessa situação, o montante arrecadado pelo governo não é suficiente para arcar com as despesas de manutenção da infra-estrutura. O gráfico se limita a gastos com pavimentação, esgoto, etc., porém a população necessita mais do que os planejadores consideram infra-estrutura. Por exemplo, dever-se-ia acrescentar ao gráfico a curva dos espaços livres, importantíssimos para o uso do lazer da população.
Ensaios de Adensamento Adensamento com Deformação Controlada:
O estudo do enchimento dos reservatórios das barragens nos quais são lançados os rejeitos é baseado principalmente na teoria de adensamento por grandes deformações. Para tal, é necessário que se conheça as relações constitutivas do resíduo, ou seja, a relação entre a tensão efetiva e o índice de vazios (compressibilidade) e a relação entre o coeficiente de permeabilidade e o índice de vazios. No caso em estudo, esta determinação deve abranger a fase saturada e não saturada do material. Foi verificado que, mesmo após mais de um mês de contínua exposição ao ressecamento, os resíduos lançados à partir de um baixo teor de sólidos ainda se mantinham saturados, de modo que o conhecimento das leis de compressibilidade e permeabilidade nestas condições é uma etapa importante da pesquisa. No lançamento dos rejeitos, geralmente com elevados teor de umidade e constituído por grande porcentagem de partículas finas, inicia-se um processo de deposição que envolve sedimentação em conjunto com o adensamento por peso próprio do material. Para estes materiais muito moles, o modelo de deposição não pode ser interpretado pela teoria clássica de adensamento de Terzaghi, pois o processo de deposição envolve grandes deformações. Embora
este processo de adensamento seja um fenômeno tridimensional e já existirem modelos que assim a considerem, a grande maioria das teorias e soluções numéricas propostas para o modelo de deposição de rejeitos finos trata o problema unidimensionalmente. Esses modelos exigem o conhecimento das relações entre tensão efetiva e o índice de vazios (compressibilidade) e a variação do coeficiente de permeabilidade com o índice de vazios. No laboratório, estas características podem ser obtidas através de ensaios edométricos de diversos tipos e dimensões, e ensaios de coluna. Nas últimas décadas, vários tipos de ensaios de adensamento foram desenvolvidos com o objetivo de suprir algumas limitações do ensaio tido como convencional, o com carregamento em estágios proposto por Terzaghi (1927). Dentre os pioneiros, pode-se citar os ensaios com taxa de deslocamento ou deformação constante (Smith & Wahls, 1969; Wissa et al., 1971); o ensaio com gradiente controlado (Lowe e outros, 1969); o ensaio com taxa de carregamento constante (Aboshi et al., 1970); o ensaio com fluxo restringido (Lee, 1981); o adensamento hidráulico (Imai, 1979). Várias destas técnicas têm sido sistematicamente aprimoradas e modificadas com passar do tempo (por exemplo, Sills et al., 1986; von Fay & Cotton, 1986 etc.). Botelho (2001) apresenta uma revisão sobre estas técnicas, bem como sobre suas metodologias de análise. O ensaio de adensamento com deslocamentos constantes, conforme descrito em Guimarães (1990), Alves (1992), Lima (1996) e Botelho (2001), foi o que mais se utilizou neste trabalho. Ele vem sendo cada vez mais aplicado no estudo do comportamento de resíduos de mineração e industriais, no intuito de prever seu comportamento nos reservatórios de disposição e posterior recuperação (por ex., Znidarcic et al., 1995; Lima, 1996; Santos, 2000; Botelho, 2001 etc.). É o objetivo deste capítulo apresentar as leis de compressibilidade e permeabilidade obtidas para os resíduos à partir de alguns do ensaio de adensamento com deformação controlada, bem como os resultados obtidos por outros pesquisadores nestes mesmos materiais. Foi decidido somente discutir alguns dos ensaios realizados de forma superficial para resumir o volume de dados a serem apresentados neste trabalho, ainda mais porque a lama vermelha OP neutralizada foi estudada e analisada recentemente em outras pesquisas com relação à estes mesmos aspectos de compressibilidade e permeabilidade (Santos, 2000 e Botelho, 2001). Está sendo considerado, portanto, que especialmente a lei de compressibilidade deste resíduo já está bem determinada. Mais estudos são necessários com relação à lei de permeabilidade, mas, para uma primeira abordagem, serão suficientes os resultados aqui discutidos. Para o resíduo cáustico da região de Ouro Preto, que só se diferencia do neutralizado com relação ao fluido de preenchimento dos poros, também só estarão sendo apresentados alguns dos ensaios considerados típicos, uma vez que em
grande parte, a sua resposta foi semelhante aos dos outros materiais similares existentes na literatura, especialmente no tocante à compressibilidade. Fica faltando um estudo mais detalhado com relação à permeabilidade, que será também apresentado em uma outra ocasião. Desta maneira, aproximadamente uns vinte a trinta ensaios ficaram de fora desta primeira análise. Por meio destes testes foi realizada uma ampla análise sobre a influência de algumas condições de ensaio, tais como velocidade e teor de sólidos inicial, nos resultados obtidos, o que será realizado oportunamente.
Análise do Ensaio
Barbosa et al. (1996), ao apresentaram as principais características de um edômetro desenvolvido para o ensaio de adensamento em solos muito moles, com taxa de deslocamento constante, fazem a descrição das propostas de análise feita por Znidarcic et al. (1986) e a de Lima (1996), que é baseada em uma abordagem simplificada feita por Martinez et al. (1987). Também Santos (2000) e Botelho (2001) apresentam uma descrição detalhada sobre os métodos de análise deste ensaio.
A análise dita rigorosa (a de Znidarcic et al., 1986) parte da equação unidimensional de Gibson et al. (1967). Ela despreza o termo correspondente ao peso próprio e, admitindo uma função do índice de vazios constante em trechos do ensaio e igual a um valor médio, tem-se como condições do ensaio: g(e(z, t)) = gmédi o (6.1).
Bibliografia http://www.google.com.br/search?q=Adensamento+do+solo&hl=ptBR&prmd=imvnsfd&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ei=Ctx5UKTFApLm9gT84oHoBg&ve d=0CEMQsAQ&biw=1360&bih=632 http://www.geotecnia.ufba.br/arquivos/ensaios/Aula%20de%20Laboratorio%20%20Roteiro%20-%20Adensamento http://www.fag.edu.br/professores/deboraf/Funda%E7%F5es/COMPRESSIBILIDADE http://pt.scribd.com/doc/62848457/54/VII-1-%E2%80%93-O-processo-de-adensamento-dosolo
Anexos