A Terapia da Linha do Tempo® – Parte Parte I – O O Inconsciente e a Organização das Memórias Voltar
George Vittorio Szenészi
Criada pelo norte americano Tad James, Ph.D., a Terapia da Linha do Tempo® tem sido um marco entre as modernas terapias orientadas para resultados. A série de artigos que iniciamos nesse número vai mostrar alguns aspectos da teoria e da prática dessa terapia inovadora. Na primeira vez em que Rute veio me ver para terapia, comecei a prepará-la para o uso da linha do tempo. Expliquei o que iria acontecer e exemplifiquei com uma emoção hipotética de raiva. Quando comecei a falar dos procedimentos da Terapia da Linha do Tempo, Rute ficou com o olhar parado, olhando para mim com aquele jeito de quem parece prestar atenção ao que voc ê diz, e ao mesmo tempo está ausente. Quando lhe perguntei “alguma dúvida?”, e la mexeu a cabeça de um lado para o outro como que para acordar e comentou: “Puxa, quando você falou em raiva e em volta r no tempo, comecei a me lembrar de coisas que não me lembrava há anos. Revi momentos de raiva. Cheguei até a ver o dia em que fiquei louca de raiva de minha mãe que queria me bater. Eu tinha 9 ano s e nem me lembrava disso.” Um processo ainda pouco compreendido que a mente inconsciente realiza é organizar de certas maneiras todas as memórias que temos arquivadas em nossa estrutura mental. Nossas memórias não estão soltas e desconectadas em nossa mente. De maneira interessante e muito útil, elas aguardam certas ligações e conexões entre si. Sem essa rede de ligações, os atos de pensar, refletir e criar não seriam possíveis. O tempo, enquanto experiência subjetiva, não existiria. Viveríamos num eterno agora, sem história nem aprendizado. No nosso dia a dia estamos cheios de exemplos dessas ligações entre as memórias. Se você começar a falar de momentos engraçados na sua vida, você vai notar que uma memória puxa outra e provavelmente de maneira muito natural você vai se lembrar de outros momentos engraçados. O mesmo acontece quando uma tristeza traz a lembrança de outras tristezas, ou quando numa briga de casal cada um dos lados desfia seu rosário de queixas: “Que nem naqu ele dia em que você apareceu depois do jantar e no outro em que chegou atrasado no aniversár io do menino. É sempre igual!” O “sempre igual” nos mostra que todas essas histórias estão reunidas num único pacote com um mesmo rótulo. Elas s ão todas semelhantes em relação a alguma coisa, provavelmente a emoção que trazem à e sposa queixosa. O que você está encontrando aqui é a interconexão de todas as memórias que possuem algo em comum. Este ponto em comum pode ser um tema: a história profissional, as férias, as viagens, os encontros amorosos, por exemplo. Ou podem ser sentimentos e emoções: as memórias de tristeza, de medo, de desconfiança, as memórias de alegria ou as de prazer. Como na memória de um computador, cada ideia ou sensação pode identificar um arquivo. Dentro dele você encontra todas as memórias e experiências que se relacionam com o mesmo tema. Tad James, criador da Terapia da Linha do Tempo®, chama de gestalt a cada conjunto de experiências ligadas pela mesma emoção. Cada gestalt pode ser representada como um colar de contas. Cada conta é uma memória com seus fatos, e o fio que as une é a emoção. Cada vez que você sente uma emoção desagradável de uma experiência, na realidade você está ativando a rede neurológica de todas as experiências em que aquela emoção esteve presente. Cada experiência, cada conta do colar, através da emoção se liga a outra experiência, outra conta do colar. Quando você passa por uma experiência que lhe traz tristeza intensa, você está inconscientemente passando por várias outras experiências anteriores de tristeza. Você está repetindo emoções antigas. E portanto não está vivendo integralmente o momento presente. Considere agora uma gestalt de emoções. Se você pensar na gestalt como uma coleção de memórias que possuem um tema ou uma emoção em comum, você pode conceber que cada gestalt nem sempre existiu. Houve sempre um período na vida das pessoas em que uma determinada emoção ou circunstância ainda não havia sido experimentada. Um período em que a pessoa ainda não sabia o que era um medo ou uma raiva; ou ainda não tinha decidido ser insensível às emoções ou dedicar-se mais ao lazer do que ao trabalho. É o mais comum que estes períodos, antes de uma primeira experiência emocional, tenham ocorrido em épocas mais ou menos remotas na vida de cada pessoa. O que é importante compreender aqui é que houve um momento em que uma determinada emoção aconteceu pela primeira vez e antes dele essa emoção não existia na vida da pessoa. Coisas semelhantes acontecem com todas as emoções desagradáveis. Houve uma primeira vez em que você sentiu tristeza, uma primeira ve z em que sentiu medo, uma primeira vez em que sentiu culpa, uma primeira vez para cada nova emoção desagradável de sua vida. Estes primeiros eventos das gestalts abrem caminhos novos em sua neurologia. A partir daí esses caminhos serão percorridos toda vez que experiências e emoções semelhantes forem evocadas em sua vida. O primeiro evento de uma gestalt é chamado causa-raiz, por que é lá que nasce a história emocional de cada emoção. A Terapia da Linha do Tempo® lida com causasraizes. O pressuposto é que todo problema emocional tem uma causa -raiz. E esta, via de regra, não é um evento traumático. A Terapia da Linha do Tempo® não busca os traumas na origem dos problemas pessoais. E não busca traumas por que as causas-raizes são anteriores aos traumas. São em geral eventos de pouca intensidade emocional, mas extremamente importantes porque foram os pontos de partida para o que mais tarde viriam a ser os problemas da vida de cada um. São os eventos que criaram os palcos para as cenas traumáticas que se desenvolveriam mais tarde. Na Terapia da Linha do Tempo® momentos dolorosos e difíceis não precisam ser revividos. Quando as causas-raizes são tratados de maneira automática e inconsciente aqueles momentos são também reestruturados e aliviados. Esta é uma das razões pelas quais a Terapia da Linha do Tempo® é suave e eficaz. Vai às origens mais remotas de cada problema. No próximo artigo vamos comentar a maneira com que sua mente pode levá-lo às causas-raízes. Artigo publicado na Revista Conhecimento, 1999.
A Terapia da Linha do Tempo® – Parte Parte II – As As Linhas do Tempo Voltar
George Vittorio Szenészi
Há muitas décadas vários autores de ficção científica vêem deliciando seus leitores com histórias sobre viagens pelo tempo. O cinema e a TV já nos apresentaram filmes e seriados que vêm mexendo com a imaginação e aguçando as esperanças fantasiosas de duas gerações. Muita gente já quis mudar sua história, modificar seu passado e criar um futuro feito sob medida. Refugiando-se nas páginas e nas telas coloridas, esperam pela máquina de seus sonhos. Um artefato tecnológico ou uma caixa mágica que mude sua vida. Não importa. O que a maioria das pessoas não sabe é que cada um de nós possui sua própria máquina interna do tempo. Uma máquina que pode nos permitir mudar o passado e criar um futuro grandioso. Sem tecnologia nem chips quânticos. Que já vem instalada e ligada. Mas que só mais recentemente seus comandos foram descobertos. Seu software se vale de um programa básico chamado “linha do tempo”.
A linha do tempo é uma estrutura subjetiva que você usa para guardar sua história passada e registrar o que você hoje já tem de história futura – seus projetos e objetivos conscientes e os eventos inconscientes já decididos. Na realidade, isto quer dizer que a linha do tempo é certo “local” onde suas memórias estão guardadas antes de você pensar sobre elas. Fisiologicamente, suas memórias estão armaz enadas por toda sua neurologia. Mentalmente, elas estão organizadas ao longo de sua linha do tempo, em direções e sentidos que com freqüência partem de seu corpo para o espaço à sua volta. Você já ouviu pessoas dizendo “Tenho um futuro brilhante à minha frente” ou “O tempo está ao meu lado”. Não são frases de retórica. São experiências concretas. Quando você pergunta a uma pessoa “Se eu pedisse para você apontar a direção do seu passado, que direção você apontaria?”, ela poderá apontar com o dedo para alguma direção à volta de seu corpo. Da mesma forma, se a pe rgunta é para apontar a direção do futuro, ela provavelmente irá apontar outra direção à sua volta. A maioria das pessoas é capaz de fazer isso. A união dessas duas direções numa linha é o que chamamos de linha do tempo. A linha do tempo é uma representação mental. Quando você pensa em algo do seu passado, essa memória sai de seu “lugar” na linha do tempo, o lugar onde ela é mantida em algum ponto à sua volta e vem para aquele lugar que muitos chamam de tela mental. Vem para o espaço de sua mente onde você vê ou imagina seu pensamento, ouve seus sons e palavras e sente as sensações e emoções. O mesmo acontece em relação ao seu futuro. Um objetivo ou algo que você pensa que vá acontecer desloca-se da linha e vai para sua tela mental. É na tela mental que você tem consciência do que está pensando. Enquanto as memórias estão na linha do tempo e você está no aqui e no agora, elas estão inconscientes. Cada pessoa possui suas direções para o passado e para o futuro, e elas variam de pessoa para pessoa. Existe um número enorme de tipos de linhas do tempo. No entanto, dois tipos clássicos de organização do tempo têm características peculiares. São as linhas denominadas “No tempo” e “Através do tempo”. De maneira bem interessante, cada linha define um tipo de personali dade ou de padrões comportamentais. Pessoas com linha clássica No tempo têm a linha do futuro bem à sua frente e o passado atrás de si, com o agora posicionado dentro do corpo. É uma linha única que vai do passado, localizado atrás do corpo, ao futuro, situado à sua frente. Pessoas com linhas No tempo tipicamente vivem os momentos do aqui e do agora. Elas estão dentro da corrente do tempo. Não se interessam muito pelo futuro e o passado é algo que já passou, ficou para trás, literalmente. Normalmente impontuais e avessas a planejamentos, preferem lidar com a vida do modo com que ela vai se apresentando. Sua tendência é se adaptarem ao ambiente e às circunstâncias. Se você já encontrou alguém que faz várias coisas ao mesmo tempo e se sente confortável com isso, você está diante de alguém No tempo. A linha clássica Através do tempo é uma linha horizontal, totalmente à frente dos olhos da pessoa. O futuro está de um lado, o passado de outro e o agora à sua frente. Pessoas com linhas Através do tempo vivem fora da corrente do tempo. Com os acontecimentos guardados à sua frente, elas vão com facilidade do passado ao futuro. Tendem a viver menos intensamente os sentimentos e as sensações. São mentalmente observadoras das coisas que estão acontecendo com elas, e por isso tendem a parecer mais frias e distantes das outras pessoas. Criam um ambiente em torno de si que seja estruturado, agendado, planejado e controlado. Para elas, situações indefinidas ou ambíguas são condições mais difíceis de lidar. Uma agenda é sempre um presente bem recebido por quem é Através do tempo. A maioria dos brasileiros é No tempo, especialmente a esmagadora maioria das regiões centrais, norte e nordeste. E agora você entende por que a maioria dos brasileiros deixam suas coisas para última hora, inclusive a entrega da declaração do Imposto de Renda. Para os No tempo, o futuro é algo bem impreciso, e acontece daqui a pouco. Eles tem pouca visão de futuro a longo prazo. Você poderá encontrar um número um pouco maior de pessoas Através do tempo na Região Sul do país, de educação mais européia. É ao longo das linhas do tempo, particularmente na direção do passado, que as pessoas vão encontrar as causas raízes de seus problemas. Localizadas precisamente em certos pontos ao longo do contínuo do passado, as memórias que nós chamamos de causas raízes das várias emoções e das várias crenças limitantes que empobrecem suas vidas, estão aguardando por um aprendizado que as liberte. No próximo artigo vamos comentar sobre o significado das emoções desagradáveis na história pessoal e na linha do tempo de cada um. E vamos abordar o papel da aprendizagem no processo de reestruturação da vida emocional. A Terapia da Linha do Tempo® – Parte III – A Função das Emoções Desagradáveis Voltar
Lembre-se de um momento de sua vida em que você teve um desentendimento com alguém, mas agora esse desentendimento já não o incomoda mais. Pense no que aconteceu. Um paciente teve uma história dessas. Médico, integrava a equipe de cirurgiões de um hospital. Em uma reunião dos médicos com a administração houve uma discussão séria entre ele o Diretor Administrativo a respeito de medidas para contenção da infecção hospitalar. Em palavras ríspidas um ofendeu o outro, mas logo foram cortados e acalmados pelos colegas. Mas a coisa não morreu ali. Ele saiu magoado, bastante ofendido com o Diretor. Nas duas semanas seguintes ficou remoendo os fatos. Durante quase dois meses mal se falaram. Nesse meio tempo, o médico começou a pensar mais friamente sobre o que aconteceu naquela tarde. Lembrou-se de que já fora à reunião de mau humor devido a acontecimentos na família. Lembrou-se também de reuniões anteriores onde o Diretor já havia falado de
suas dificuldades para resolver alguns problemas. Alguns poucos colegas da turma do “deixa disso” vieram falar com ele mostrand o as possíveis conseqüências desastrosas da continuação daquele mal estar. Um colega, o mais reservado do grupo, chegou e perguntou : “O que você aprendeu com essa experiência?” Durante mais um mês ele pensou sobre o que havia feito, compreendeu seu descontrole e as razões de descontrole do Diretor. Ao final desse tempo, permanecera apenas a lembrança de que o fato havia acontecido e as relações entre ele e o Diretor foram voltando ao normal. Isto não lhe parece familiar? É possível que você tenha passado por alguma experiência semelhante. Uma briga ou uma frustração de expectativas. Algum tempo depois da ocasião você ainda se sentia mexido, ressentido ou triste. Mas houve um momento em que você começou a olhar para a experiência com outros olhos. Talvez você tenha compreendido o que o levou a agir da maneira com que agiu, ou que na hora poderia ter agido de outra forma mais própria. Talvez tenha até descoberto que a outra pessoa reagiu daquele jeito em função da própria maneira com que você agiu. Quem sabe em função disso você a desculpou e assumiu sua própria responsabilidade no caso? Ou então você entendeu as razões dela. Você pode também ter conversado com ela mais tranqüilamente, acertando as diferenças com outras compreensões. O fato marcante é que agora os sentimentos desagradáveis que vinham associados à lembrança já se foram. Você “resolveu” a experiência e dela ficou apenas um fato da vida. Quem já não passou por algo assim? As experiências são os exercícios que a vida nos traz para aprendermos suas lições. Algumas experiências dão certo e nos sentimos bem. Elas são incorporadas ao nosso acervo da vida e crescemos um pouco mais com cada uma. Outras dão um resultado diferente do esperado. Se você pensar que uma experiência não deu certo, você tem duas opções. Considere primeiro a noção de um fracasso. Agora, pense no que é um fracasso. Considere o fracasso como uma noção subjetiva, como o resultado de um julgamento que se faz frente à premissa de que as experiências têm que dar o resultado esperado. Porém o fracasso em si não existe como experiência direta. O que existe são resultados e feedback. Existe o resultado que você obtém daquilo que fez e o que você recebe como informação de retorno para realimentar sua próxima ação. Sua reação pessoal a esses resultados é que define o que você entende por seu sucesso. Analisando o que você obteve e tomando-o como feedback para suas ações seguintes, você está incorporando a experiência ao seu acervo de aprendizados. Assim toda experiência de alguma forma dá certo. Por outro lado, uma pessoa pode pensar que não foi feliz com o que aconteceu, pode decidir que realmente “não deu certo” e fr acassou. Ela então cria sentimentos negativos vindos da frustração ou da sua incapacidade de lidar adequadamente com o fato. Estes sentimentos dificultam olhar com tranqüilidade o que está acontecendo. Ela não entende em profundidade o que ocorreu e não tira suas lições para a vida. A partir de então a memória permanece guardada com o registro dos sentimentos do momento. E agora vem a noção que mais aprecio nisto tudo: os sentimentos desagradáveis estão lá como um sinal, um sinal de que há aprendizados a serem realizados. Emoções desagradáveis como tristeza, raiva, medo ou culpa, associadas a memórias, indicam que há experiências abertas em seu passado, momentos de sua vida em que você não aprendeu o suficiente. São essas memórias e seus sentimentos guardados que, de vez em quando, são apresentados ao consciente nos momentos em uma pessoa se dá conta de desses sentimentos. Nas brigas, nas perdas, nos momentos de medo, de mágoa e de raiva. Essa é uma função importante da sua mente inconsciente e que deve ser entendida numa perspectiva de longo prazo. As emoções desagradáveis vão sendo apresentadas pelo inconsciente ao longo de sua vida para que você feche experiências antigas através do aprendizado. Cada vez que você sentir emoções desagradáveis em momentos “impróprios”, senti -las nos dramas de relacionamentos e nas experiências que geram conflitos e insatisfações, ou quando você sentir essas emoções de uma f orma muito intensa, pense que sua mente inconsciente está gritando: “Atenção, há memórias na sua vida que você precisa limpar! Para viver este momento que você está vivendo agora você precisa aprender certas coisas de experiências anteriores. Aprenda logo para que você cresça e vá em frente!”. Se você não aprender isto você não tem tudo o que necessita para viver bem estes tipos de momentos. E seu inconsciente vai continuar a trazer à tona os mesmos sentimentos, experiências do mesmo tipo e esses relacionamentos desagradáveis – tudo para ajudar a lembrá-lo que há aprendizados a serem preenchidos. Uma emoção negativa que permanece é um sinal de que sua vida está parada em algum patamar. É uma evidência que você não vai crescer naquela área enquanto o aprendizado não for realizado. Considere isto: se você não retira lições e compreensões de sua vida, nenhum tempo vai curar suas feridas. No próximo artigo vamos mostrar com linha do tempo, causas raízes e aprendizados se integram na Terapia da Linha do Tempo®. A Terapia da Linha do Tempo® – Parte IV – Viajando no Tempo Voltar
Nos artigos anteriores você entrou em contato com a noção de causa-raiz das emoções e dos problemas e com a experiência da linha do tempo. Conheceu o significado e a função das emoções e sentimentos desagradáveis e descobriu o que é o aprendizado no contexto da Terapia da Linha do Tempo®. Neste artigo vamos mostrar resumidamente a parte de uma sessão típica de Terapia da Linha do Tempo® onde a técnica é utilizada. Com isto você poderá perceber a integração dos conceitos que apresentamos anteriormente. A título de ilustração, vamos focalizar somente a técnica em si e deixar de lado outras partes da comunicação e do processo que viabilizam e integram a terapia. Paulo, nosso cliente, já vem estando em terapia comigo há algumas poucas sessões. Estamos no momento de usar explicitamente a linha do tempo para limpar a causa-raiz de suas emoções. Hoje estamos trabalhando a coleção de memórias de raiva em sua vida. Paulo é uma das pessoas que guarda muitas lembranças de raiva. Com freqüência ela vem à tona até com as pequenas frustrações que acontecem no dia a dia. Na realidade ele “explode” com muita facilidade. Após uma preparação específica, perguntei: “Se você soubesse qual é a causa -raiz de sua raiva, este evento aconteceu antes, durante, ou depois de seu nascimento?” Após um breve instante, Paulo responde: “Foi depois.” Perguntei: “Que idade você tinha?” Ele me re sponde: “Dois meses”. (Sabendo perguntar, o inconsciente responde muito rapidamente!)
Terapeuta: “Então entre em contato com sua linha do tempo. Flutue acima de sua linha do tempo e tome a direção do passado e volte àquela memória. Por favor me informe quando estiver lá.” Passados alguns instantes: Paulo: “Estou lá.” Terapeuta: “Que emoção está aí?” Paulo: “É a raiva.” Terapeuta: “Paulo, o que há para aprender deste evento, o aprendizado que vai permitir a você livrar -se desta emoção e de toda sua história de raivas de maneira fácil e segura? Confie no seu inconsciente e guarde estes aprendizados para seu futuro.” Paulo: (Aguarda alguns segundos e inspira profundamente.) Terapeuta: “Você aprendeu o que precisava aprender?” Paulo: “Sim”, diz confirmando com um movimento da cabeça. Terapeuta: “Você sabe conscientemente o que aprendeu?” Paulo: “Não, não sei. Mas sei que aprendi”. (A ma ior parte das vezes o aprendizado se dá num nível inconsciente.) Terapeuta: “Ótimo. Agora flutue um pouco para o passado, e do passado olhe na direção do agora. Observe o evento à sua frente e abaixo de você. Onde está a emoção de raiva?” Paulo: “Ela desapareceu!… Eu estou calmo e dormindo!” Terapeuta: “Muito bem… Agora tome a direção do agora por cima de sua linha do tempo. E permita que sua mente inconsciente apr enda com cada evento subsequente, reavalie e reorganize cada memória onde antigamente havia ra iva, limpe cada emoção e chegue ao agora.” Alguns segundos depois Paulo abre os olhos. Terapeuta: “Como você está?” Paulo: “Muito leve… (Paulo para e fecha os olhos por mais uns quinze segundos) Enquanto eu voltava, parecia que minhas articu lações iam se soltando. Foi muito estranho… foi um alívio.” Terapeuta: “Se eu pedisse a você para se lembrar de um daqueles momentos de seu passado que quando você pensava sobre ele a r aiva retornava, como se sente agora?” Paulo volta-se para dentro de si mesmo por uns instantes. Volta a uma de suas memórias e diz: Paulo: “Agora não tem mais nada. A raiva sumiu. É apenas um fato, sem emoção. Muito estranho!” Terapeuta: “Não ficou nenhum sentimento?” Paulo: “De raiva não. Ficou uma espécie de compreensão, de tolerância, algo assim. É um sentimento de “não vale a pena se incomodar com isso”. Terapeuta: “E se você for para um momento de seu futuro, um momento qualquer que se fosse no passado você sentiria aquela rai va, como você vai se sentir?” Paulo: “Vou ter mais tranqüilidade. Com certeza não vou explodir. Parece que vai ser uma reação normal, equilibrada.” Alguns meses mais tarde fui apresentado à sua esposa. Ela está muito contente e diz “A mudança de Paulo foi impressionante. A s crianças estão mais tranqüilas, sem aquele medo do pai brigar. Mas acho que quem ficou mais contente lá em casa foi a empregada. Era talvez a pessoa que mais se assustava com as explosões de raiva dele.” Simples mas não simplista, rápida e sofisticada em seus detalhes, a Terapia da Linha do Tempo® , além de limpar emoções desagradáveis, permite uma série de outros benefícios terapêuticos. Pode-se neutralizar crenças e decisões limitantes, mudar a direção da linha do tempo em alguns raros casos quando isto é necessário e planejar e objetivar o seu futuro. É um valiosíssimo auxiliar no tratamento de doenças e sintomas físicos ao permitir a neutralização de emoções negativas e o acesso às causas mentais e psicológicas dos problemas orgânicos. Associada a outros instrumentos como o estudo dos valores pessoais, a hipnose e a programação neurolinguística, a Terapia da Linha do Tempo® tem permitido a terapeutas mentais e psicológicos serem mais efetivos, precisos e suaves em suas intervenções de ajuda. Controle Emocional: Superando reações e a racionalidade impossível Voltar
George Vittorio Szenészi
Emoções estão presentes em cada momento e não apenas nos momentos “emocionais” ou “emocionantes” da vida. Estão em
cada comportamento, cada pensamento, nos hábitos, nas avaliações e nos julgamentos, no que se diz e no que não se diz. Emoções e sentimentos são os termômetros e os “indicadores” para as escolhas e decisões de cada instante. Formam um mundo muitas vezes
oculto por baixo de todas as reações humanas, especialmente as ditas racionais. É um aspecto fundamental para quem lida com treinamento, estilos de liderança, escolhas, decisões, empreendedorismo, desempenho e, em especial, com o Coaching.. Lidar com as emoções tem sido um dos aspectos mais delicados da vida organizacional. Geralmente são colocadas de lado por fazerem parte das reações sobre as quais as pessoas pouco aprenderam. Outras vezes são abafadas com uma sutil orientação “voc ê precisa aprender a se control ar”, ou “isso passa”. As técnicas atuais para resolver questões emocionais, nem sempre eficazes, são
comumente sofisticadas ou com freqüência se parecem com terapia.
Não só os profissionais de RH, instrutores e consultores necessitam de uma visão consistente e ao mesmo tempo prática a respeito deste componente inseparável da experiência humana. Líderes, profissionais, professores e mesmo pais estão entre todos os demais que precisam compreender o papel e a importância da vida emocional para o equilíbrio humano. Emoções e seus tipos
Emoções são respostas automáticas aos eventos. São estados orgânicos envolvendo alterações fisiológicas em resposta a experiências com o mundo externo e com o mundo interno. Elas não são nem positivas nem negativas. São apenas manifestações de energia, a energia emocional através do corpo. Podem, isto sim, ser ou não ser agradáveis. As emoções informam se a experiência que se está passando reforça ou de alguma forma ameaça a integridade da vida da pessoa. Possuem componentes programados ao longo dos milhões de anos da história da evolução até o homem. E possuem componentes desenvolvidos a partir dos processos de adaptação por que cada um passa em sua vida. Atualmente, algumas (poucas) respostas emocionais são plenamente naturais. A maior parte delas é fruto da adaptação ao meio em que crescemos. Daí surge o que podemos chamar de emoções naturais e de emoções substitutas. As emoções naturais são de origem genética: alegria, desfrute, amor (agradáveis) e tristeza, raiva, medo e aversão (desagradáveis). As outras, as substitutas, foram “programadas” em cada indivíduo a partir de experiências onde as primeiras não puderam ser expr essas ou vividas de uma forma natural. São, por exemplo, estados emocionais como culpa, angústia, nostalgia, apatia, ressentimento, mágoa, irritação, impaciência, ansiedade, insegurança, cautela. Cada emoção natural pode ser entendida como uma mensagem sobre o acontecimento que a estimulou. Está informando algo sobre a relação entre o evento que a deflagrou e o equilíbrio de sua vi da. A tristeza, por exemplo, vem a partir de uma perda significativa e o medo a partir de uma ameaça. Emoções substitutas não fazem isso. Cada emoção substituta informa o quanto você não aprendeu, não compreendeu ou não aceitou certas coisas ao longo da jornada de suas experiências. Cada emoção substituta está dizendo o quanto você está despreparado para lidar com a vida. Por exemplo, uma ansiedade fala de seu despreparo para lidar com um evento futuro e a saudade mostra sua dificuldade para se desapegar e viver o momento presente. Lamentavelmente as emoções substitutas ocupam massivamente a maior parte das reações emocionais, inclusive as emoções agradáveis e tidas como positivas. Boa parte das alegrias, do prazer e dos estados emocionais como otimis mo, entusiasmo e vitória são, para talvez a maior parte das pess oas, baseadas em emoções substitutas. Vivendo as emoções
O que muitos pensam é que as emoções são motoras para suas vidas: precisam guardar raivas para ter energia e culpa para aprenderem a respeito de seus erros; precisam da ansiedade para ser rápidas ou do medo para se protegerem. Outros interpretam as emoções como sinais a respeito do momento em que vivem – como a angústia para sinalizar que estão sendo oprimidos ou a indignação para mostrar que não aceitam algo considerado injusto. Não sabem que as emoções desagradáveis fazem mal ao corpo, que existem outros sinais mais saudáveis para os mesmos propósitos e que as emoções não devem ser guardadas, mesmo as agradáveis. Que até memórias com emoções positivas podem ser bloqueios à liberdade emocional. Que emoções são experiências que passam pela vida e que não precisam deixar rastros. O controle emocional
Você sabe o que é controlar as emoções? É segurar, alterar, dirigir sua manifestação. Em suma, controlar significa impedir que uma emoção apareça na sua forma natural. Quando você controla você manipula sua emoção, e de alguma forma você a está suprimindo. E suprimir emoções tem suas conseqüências: tensões musculares, disfunções orgânicas, manifestações compulsivas, dependências, reações emocionais prejudiciais. Porém manifestar toda e qualquer emoção tem também seu ônus: além de criar algumas situações sociais às vezes não muito felizes ou incômodas de lidar, também elas alteram negativamente seu corpo, sua mente e seu espírito. Suprimir faz mal, expressar faz mal. Um beco sem saída? Qual a solução então? Ela existe e você já a dominou. Reaprender uma habilidade que você já teve quando criança e que o tempo, aliado de uma educação que mais se pareceu com domesticação, a fez esquecer. A habilidade de dissipar as emoções, deixá-las ir… Você que já viu crianças brigando – quanto tempo leva a raiva do menino cujo coleginha pegou um brinquedo seu sem autorização? Pois é… alguns segundos de briga. E logo em seguida estão brincando juntos de novo. Emoções não necessitam ficar guardadas. Elas podem se desvanecer. A racionalidade impossível
Descobertas recentes mostraram algo que a intuição já vinha apresentando há algum tempo: não existe razão sem emoção. Os circuitos neurológicos do pensamento racional parecem que, de alguma forma, se cruzam com os circuitos neurológicos das emoções em certas regiões bem definidas do cérebro, como por exemplo, os córtices pré-frontais ventromedianos e a amígdala. A danificação dessas regiões compromete, de maneira consistente e clara, o raciocínio, a tomada de decisões e, surpreendentemente, também as emoções e os sentimentos, e isso especialmente nos domínios pessoal e social. O que isso significa, em termos práticos, é que tanto nas organizações como no contexto pessoal, a vida racional depende da vida emocional. Analisar problemas, criar opções, fazer escolhas e implantar medidas são movimentos gerenciais que, para dependerem de um raciocínio lógico e bem fundamentado, dependem do lado emocional e do sistema de avaliação interior dos profissionais. Sim – analisar, avaliar, julgar e fazer escolhas são processos basicamente emocionais. Isso por que são os sentimentos que informam a você sobre a qualidade e a adequação de suas decisões. Emoções e sentimentos são os termômetros e os “indicadores corporais” para as escolhas entre as opções de cada instante. Viver é uma experiência contin uamente emocional. A racionalidade pura ou é humanamente impossível ou totalmente disfuncional. Os estados emocionais estabelecem as matrizes para qualquer resposta a um evento. As motivações mais profundas de cada escolha que uma pessoa faça são sempre de cunho emocional. É preciso olhar as emoções e sentimentos às vezes muito sutis que estão interferindo fortemente em decisões, escolhas e opções de ação. Equivoca-se o profissional ao considerar que sentimentos fortes como determinação, força e sucesso sejam importantes e até necessários para o alcance de metas e objetivos. Talvez o mais importante seja a tranqüila e poderosa convicção presente à serenidade.
Depressão – um dos sinais de uma época de mudanças Voltar
George Vittorio Szenészi, MSc Você já passou pela experiência de ter um estado de tristeza, de desolação, de perda de interesse e prazer por coisas que antes eram interessantes, de ter sua energia reduzida e cansaço aliada a sentimentos de culpa e sono perturbado? Se isto já aconteceu, você provavelmente passou por uma experiência de depressão. Um dos males comuns em nossa época, a depressão ou os episódios de depressão assolam a vida de incontáveis pessoas, inclusive daquelas que aparentemente têm energia de sobra para padecerem de um problema deste tipo. Inúmeros pacientes sofrendo com a depressão dizem que ela começou ou aumentou depois de certo acontecimento, geralmente um conflito, uma perda ou uma frustração. O que parece certo é que raramente uma experiência recente seja a origem de uma depressão. Em geral a causa é mais remota. A experiência clínica mostra que acontecimentos na infância e mesmo na vida intra-uterina podem estar na raiz mais profunda de uma depressão atual. As experiências negativas mais recentes funcionam como “disparadores” de
um estado emocional que a pessoa de certa forma já tem preparado dentro de si.
Outra origem parece ser uma espécie de aprendizado psicológico. Durante a terapia, algumas pessoas acabam por mostrar que uma origem importante de seu mal estava no exemplo recebido de pais ou parentes muito próximos que sofriam de depressão. Na infância a convivência com estas pessoas acabou transmitindo à criança a noção de que a depressão era uma forma de lidar com problemas da vida, uma forma de fugir das dificuldades que elas não sabiam como enfrentar. Este tipo de aprendizado acaba criando uma forma de conduta que a pessoa passa a utilizar em vez de buscar ativamente soluções e saídas para seus problemas. Uma corrente atual coloca a depressão como um momento de processamento. Certas depressões seriam como um sinal de alarme e mesmo de busca da sabedoria interior que todos temos. Como sinal de alarme estaria indicando a necessidade de que mudanças importantes aconteçam na vida da pessoa. Como busca, durante certo período ela entra num estado de baixa atividade em que sua sabedoria interior (ou seu subconsciente) fica processando as experiências pessoais, revendo o estágio atual e o nível de satisfação da pessoa com sua própria vida, numa busca de solução para o conflito vivido. O estado de prostração deve-se à concentração da energia pessoal nessa busca de uma alternativa de solução. Esse período seria numa espécie de incubação de novas maneiras de viver, para que a pessoa venha a ter uma vida mais saudável e satisfatória. Por exemplo, uma depressão poderia ser um sinal da necessidade de mudar uma relação afetiva aparentemente estável, porém insatisfatória, ou dar uma guinada num estilo de vida profissional que não atende as tendências ou preferências mais significativas d a pessoa. Enquanto ele não realiza as mudanças a depressão persiste, sendo os pensamentos obsessivos os sinais de que internamente os processos criativos internos continuam na busca de uma saída para a situação. Quanto mais a saída for contra crenças e valores adotados pela pessoa, mais a depressão tenderá a continuar. Quando ela consegue reorganiza-se internamente para lidar com a situação, é comum que mudanças importantes ocorram em sua vida. As depressões leves, decorridas de experiências frustrantes talvez mais recentes, em geral respondem muito bem às terapias breves, especialmente aquelas caracterizadas pelas atuais terapias aceleradas. Terapias aceleradas são aquelas que utilizam a s recentes descobertas sobre o funcionamento mental e cerebral, e atuam mais com os processos internos da mente e menos com seus conteúdos, como a Terapia da Linha do Tempo e a PNL. Depressões moderadas e graves em geral às vezes respondem a uma associação de tratamento à base de drogas com uma terapia breve. As drogas ajudam a restaurar o estado de ânimo e a disposição física para que haja humor para a abordagem psicoterapêutica. Paralelamente, a terapia busca e trata as causas emocionais, a verdadeira razão do estado depressivo. A terapia vai ajudar o paciente a lidar de forma natural com os conflitos que originaram a depressão e a ensejar suporte e criatividade interna para promover os eventuais ajustes em sua vida. Tratar a depressão somente com medicação tende a deixar em suspenso o processamento interno que pode levar a depressão à cura natural. Ou pode ser como colocar água fria numa fervura. Se o fogo não for desligado a água vai ferver novamente.