A TEANTROPIA E A UNIÃO HIPOSTÁTICA NA PESSOA DE JESUS CONSTRUIRAM A REDENÇÃO DA IGR
DEFINIÇÃO DE TERMOS Teantropia
Termo derivado de duas palavras da língua grega, a saber: Theos (Θεοσ (Θεοσ = Deus) – O termo quando traduzido traduzido com sua sua inicial maiúscula maiúscula refere-se a divindade especifica e, comumente, ao Deus único da nação de Israel. I srael. antrôpos (ανθρωποσ = Ser humano, homem). A pessoa de Cristo é teantrópica, mas não as suas naturezas. naturezas. Só podemos podemos falar de teantropia quando falamos especificamente da pessoa de Cristo, e nunca quando falamos de suas naturezas.
União Hipostática
Significa dizer, a perfeição na união das duas naturezas em uma só pessoa. A segunda pessoa da Trindade, o Cristo pré-encarnado tomou Ele mesmo a natureza humana ficando eterna e verdadeiramente a divindade e a humanidade unidas em uma só pessoa. Essas duas naturezas de Cristo são inseparavelmente unidas sem confundir ou requerer identidades separadas, tornando-se eternamente o Deus-homem. Completamente Deus e completamente homem. Duas naturezas distintas em uma só pessoa para sempre. O termo hipostasia hipostasia deriva de hipostasis que significa “o modo de de ser pelo qual qualquer qualquer existência substancial recebe uma individualidade independente e distinta”. A expressão hipostasia é puramente teológica e se aplica apenas a Cristo em quem existe a união de duas naturezas. A história não registra nenhum outro exemplo de qualquer ser igual a Cristo. Ele é a incomparável pessoa teantrópica. Essa pessoa única com duas naturezas, sendo a revelação de Deus aos homens é a manifestação da humanidade ideal e perfeita.
FUNDAMENTAÇÃO TEOLÓGICA As Controvérsias Históricas A redenção do gênero humano do pecado haveria de ser efetuada através de um Mediador que deveria reunir em Si mesmo tanto a natureza humana quanto a natureza divina, para que pudesse reconciliar o homem com Deus. Para facilitar a compreensão da doutrina bíblica sobre as controvérsias acerca da teantropia, será necessário apresentar um breve levantamento histórico das opiniões a respeito da Pessoa de Cristo.
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Os Ebionitas
Os erros que perturbavam a paz da igreja primitiva sobre esta e outras questões surgiram ou do judaísmo ou das filosofias pagãs. Os judeus que se professavam cristãos não puderam, em muitos casos, como aprendemos no próprio Novo Testamento, emancipar-se de suas próprias opiniões e preconceitos anteriores. Por uma má interpretação de suas Escrituras, foram levados a esperar um Messias que seria cabeça de sua nação no mesmo sentido que o foram Davi e Salomão. Por isto rejeitaram a Cristo, que veio como varão de dores, não tendo onde reclinar a cabeça. Alguns, mesmo sob a evidência de suas doutrinas e milagres que apontavam para o Messias prometido, perseveraram em considerá-lo um mero homem. Esse foi o caso da seita conhecida como os ebionitas. O significado desse nome é duvidoso. Embora corporativa e caracteristicamente mantivessem esse conceito da pessoa de Cristo como homem comum, faz-se evidente, não obstante, à luz dos registros fragmentários dos antigos escritores, que divergiam grandemente entre si e estavam divididos em diferentes classes. Alguns haviam misturado as suas opiniões judaicas, mais ou menos, aos elementos da filosofia gnóstica. Isso se devia ao fato de que muitos dos mestres do gnosticismo eram judeus. Por isso, é que os pais da igreja fazem referência aos ebionitas judeus e aos ebionitas gnósticos. O que os levara a perderem suas características corporativas (HODGE, 2001, p. 779-780).
Os Gnósticos
Se os ebionitas negavam a divindade, os gnósticos negavam a humanidade de Cristo de diferentes formas. Foram lavados a esse pensamento em virtude de seus conceitos sobre a origem do mal. Deus é a única fonte do bem. Porém o mal existe, nesse caso a sua origem não está só fora dele, mas também independente dele. Mas Deus é a fonte de todas as existências espirituais. Ele é a fonte que por emanação de sua substância são produzidos seres espirituais. Conseqüentemente desses seres procedem outras emanações, que por sua vez originam ainda outras, em uma deteriorização sempre crescente, com base em sua distância da fonte primordial. Segundo eles, o mal surge da matéria. O mundo não foi criado por Deus, mas por um espírito inferior a ele, o Demiurgo, a quem algumas das seitas gnósticas consideravam o Deus dos judeus. O homem consiste de um espírito derivado de Deus combinado com um corpo material e uma alma animal. Em virtude dessa união do espiritual com o material, o espírito fica contaminado e escravizado. Sua redenção consiste na emancipação do corpo, a fim de capacitá-lo a voltar a entrar na esfera dos espíritos puros, ou perder-se em Deus. Para realizar tal redenção, Cristo, uma das mais elevadas emanações de Deus veio ao mundo. Era necessário que se manifestasse em aparência de homem, porque era impossível que pudesse fazer-se homem
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sem estar sujeito a contaminação e a servidão das quais viera liberar os homens. Para resolver tal dificuldade, eles adotaram várias teorias: Alguns afirmavam que Cristo não tinha um corpo real ou que carecia de alma humana, mera aparência sem substância ou realidade. Por isso foram chamados “docetistas”, significando o verbo grego “doquéu” (δοκεω = aparentar, parecer ser). Segundo essa classe de gnósticos, toda a vida terrena de Cristo foi uma ilusão. Ele nem nasceu, nem sofreu, nem morreu. Outros admitiam que ele tinha um corpo real, mas negavam que fosse material. Ensinavam que tal corpo, fora formado de alguma substância etérea ou celestial, e trazido por Deus ao mundo. Embora nascido da virgem Maria, não era da substância dela, mas simplesmente veio dela, como um molde, e assim sua substância etérea foi conformada. Foi em oposição a essa heresia gnóstica que os antigos credos enfatizavam a declaração de que, quanto à sua natureza humana, Cristo é consubstancial conosco. Outros como os ceríntios, afirmavam que Jesus e Cristo eram distintos. Jesus era um homem ordinário filho de José e de Maria. Cristo era um espírito ou poder que desceu sobre Jesus no momento de seu batismo, tornando-se seu guia e guardião, e capacitando-o a realizar milagres. No momento de sua paixão, o Cristo se foi, voltando ao céu, deixando o homem Jesus para que sofresse sozinho. Nada é tão claramente exposto nas Escrituras que o fato de Cristo ser verdadeiramente homem; e nada é mais essencial ao ser de Cristo como Salvador dos homens do que haver sido verdadeiramente homem, por essa razão todas estas teorias gnósticas foram rejeitadas como heréticas (HODGE, 2001, p. 780-781).
Os Arianos
Os arianos foram os seguidores de Ário, um presbítero em Alexandria (nascido aproximadamente em 280 d.C.). Estes propunham a opinião de que no caso do Cristo pré-existente, a geração não deve ser diferenciada de criação. Nesse caso, Cristo é o primeiro dos seres criados, através de quem todas as outras coisas são feitas. Ele é chamado de Logos, o Filho, o Unigênito. Pode ser chamado de deus, apesar de não ser Deus na realidade plena subentendida pelo termo. Ele veio a existir antes do tempo, já que o tempo principia com a criação; nesse caso, Ele principiou a ser a partir do não existente como um ato específico da vontade de Deus. Antes disto, "Ele não era". Alexandre, bispo de Alexandria, em 321 d.C., convocou um sínodo, que o depôs do presbiterado e o excluiu da comunhão da igreja. Em 325 d.C., no Concilio de Nicéia, Ário e dois de seus amigos foram banidos para a Ilíria, seu ensinamento foi condenado (THIESSEN, 1989, p. 202).
Os Apolinários
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Uma vez que a doutrina gnóstica que negava a natureza humana de Cristo foi rejeitada, a próxima tentativa foi dirigida não contra a negação dessa natureza mas contra sua integridade. Muitos dos antigos pais, especialmente os da escola de Alexandria, haviam apresentado conceitos deste elemento da integridade da pessoa de Cristo, o qual o removia mais ou menos da classe dos homens ordinários. Não obstante, afirmavam que ele era verdadeiramente homem. Os apolinarianos, assim chamados por causa de Apolinário, eminente bispo de Laudicéia, adotando a distinção platônica entre “soma” (σωμα = corpo ”psique” ψυχη= alma e “pneuma” πνευμα = espírito como três sujeitos ou princípios distintos na constituição do homem, admitiam que Cristo possuía um corpo genuíno “soma” (σωμα = corpo e uma alma animal “psique” (ψυχη = alma mas não um espírito racional ou mente “pneuma” (πνευμα = espírito). Nele o Filho eterno, ou Logos, supriu o lugar da inteligência humana. Os apolinarianos foram levados a adoção dessa teoria em parte pela dificuldade de conceber como duas naturezas completas poderiam unir-se a uma vida consciente. Se é Deus, ou o Logos divino, deve ter uma inteligência infinita e uma vontade soberana. Se é um homem perfeito, então deve ter uma inteligência finita e uma vontade humana. Como, pois, é possível que seja ele uma só pessoa? Isto seria incompreensível. Apolinário admitia que a “psique” (ψυχη = alma) e “pneuma” (πνευμα = espírito) nos homens ordinários, ainda que dois princípios distintos, estejam unidos em uma vida consciente. A “psique” (ψυχη = alma) tem sua própria vida e inteligência, e assim tem o “pneuma” (πνευμα = espírito) e não obstante as duas coisas são uma só. Mas uma segunda e mais forte indução da teoria apolinariana foi a doutrina que então era sustentada, por muitos, pelo menos pelos pais platonistas, de que a razão do homem é parte do Logos divino ou razão universal. De modo que, a diferença entre o homem e Deus, no que diz respeito à inteligência do homem, é meramente quantitativa. Se esse é o caso, então é difícil conceber como poderia haver em Cristo ao mesmo tempo uma parte do Logos e o todo do Logos. A parte teria, a predominância do todo, ou compreendida no todo. A despeito da força desse argumento dirigido contra alguns de seus oponentes, era tão poderosa a convicção da igreja de que Cristo era um homem perfeito, possuindo em si todos os elementos de nossa natureza, que a doutrina apolinariana foi condenada no concílio geral de Constantinopla, reunido em 381 d.C., e logo desapareceu (HODGE, 2001, p. 781).
Os Nestorianos
Os Nestorianos, seguidores de Nestor, bispo de Constantinopla, faziam objeção à frase, “Mãe de Deus”, usada pelos monges à Virgem Maria. Negava a verdadeira união das naturezas humana e divina em Cristo, afirmando ou dando a entender uma personalidade dupla em Cristo. O Logos habitava o homem Cristo Jesus, de maneira que a união entre as duas naturezas era algo parecido com a habitação do Espírito. Isto punha em perigo a verdadeira divindade de Cristo, pois Ele se distinguia dos outros homens em quem Deus habitava apenas pela plenitude de Sua presença e pelo controle absoluto que o divino em Cristo exercia sobre o humano. Cirilo de Alexandria foi o principal oponente de Nestor e obteve a condenação daquele no sínodo de Éfeso, em 431 d.C. Quando Foi finalmente deposto e banido
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(THIESSEN, 1989, p. 202-203).
Os Eutiquianos
Os Eutiquianos eram os seguidores de Êutico, um ciriliano tão zeloso que levou a deificação da humanidade de Cristo ao ponto de hesitar em admitir que seu corpo era da mesma natureza que o nosso. Os Eutiquianos foram levados ao extremo oposto dos Nestorianos. Afirmavam que não havia duas, mas apenas uma natureza em Cristo. Tudo acerca de Cristo era divino, mesmo Seu corpo. O divino e o humano em Cristo estavam unidos em um só, que constituíam um (tertium quid), ou terceira natureza. Os Eutiquianos eram freqüentemente chamados de monofisistas, porque virtualmente reduziram as duas naturezas de Cristo a uma só. O Eutiquianismo foi condenado pelo Concílio de Calcedônia, em 451 d.C. Desde então, a controvérsia monofisista sofreu uma reformulação. Alguns seguidores desse pensamento agora passaram a ensinar que Cristo só tinha uma vontade. Em 681 d.C., o Concílio de Constantinopla, o sexto Concilio Ecumênico, condenou a doutrina Monofisista, declarando que em Cristo há duas naturezas distintas, uma humana e uma divina, e que portanto existem necessariamente duas inteligências e duas vontades, sendo a vontade humana submissa a vontade divina (THIESSEN, 1989, p. 203).
O pensamento Ortodoxo
A doutrina Ortodoxa foi promulgada no Concílio de Calcedônia, em 451 d.C.: Na pessoa única de Jesus Cristo há duas naturezas, a humana e a divina, cada qual em sua plenitude e integridade, e, portanto estas duas naturezas estão orgânica e indissoluvelmente unidas, sendo isso, no entanto, feito de maneira tal que nenhuma terceira natureza seja formada como resultado. Resumindo, a doutrina ortodoxa proíbi-nos de dividir a pessoa ou de confundir as naturezas. Parece que os reformadores distintamente rejeitaram todos os erros a respeito da pessoa de Cristo, condenados pela Igreja primitiva; os Arianos, os Ebionitas, os Gnósticos, os Apolinários, os Nestorianos, os Eutiquianos. Os reformadores ensinavam o que os primeiros seis concílios gerais instruíam, aquilo que a Igreja universal recebeu, nem mais, nem menos. Os luteranos se desviaram desta posição em um aspecto: afirmavam que os atributos de uma natureza são comunicados à outra, isto é, a essência divina é comunicada à humana, interpenetrando a humana. A Encarnação, em sua opinião, consiste em uma deificação da humanidade ao invés de uma descida de Deus até a humanidade e investiram a natureza humana de Cristo com todos os atributos divinos, até mesmo com aqueles metafísicos que são geralmente considerados e
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descritos como sendo incomunicáveis (THIESSEN, 1989, p. 203).
A Definição de Calcedônia
Para tentar resolver os problemas levantados pelas controvérsias em torno da pessoa de Cristo, convocou-se um amplo concílio eclesiástico na cidade de Calcedônia, perto de Constantinopla (atual Istambul), realizado de 8 de outubro a 1º de novembro de 451 d.C. A declaração resultante, chamada Definição de Calcedônia, previne contra todos os pontos de vista expostos acima. Ela tem sido tornada desde então como a definição padrão, ortodoxa, do ensino Bíblico sobre a pessoa de Cristo igualmente pelos ramos católicos, protestantes e ortodoxos do cristianismo.
A declaração não é longa, e podemos citá-la por inteiro:
“Fiéis aos santos pais, todos nós, perfeitamente unânimes, ensinamos que se deve confessar um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito quanto à divindade, e perfeito quanto à humanidade; verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, constando de alma racional e de corpo, consubstancial com o Pai, segundo a divindade, e consubstancial a nós, segundo a humanidade; em tudo semelhante a nós, excetuando o pecado; gerado segundo a divindade pelo Pai antes de todos os séculos, e nestes últimos dias, segundo a humanidade, por nós e para nossa salvação, nascido da virgem Maria, mãe de Deus; um e só mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, que se deve confessar, em duas naturezas, inconfundíveis, imutáveis, indivisíveis, inseparáveis; a distinção de naturezas de modo algum é anulada pela união, antes é preservada a propriedade de cada natureza, concorrendo para formar uma só pessoa em uma subsistência; não separado nem dividido em duas pessoas, mas um só e o mesmo Filho, o Unigênito, Verbo de Deus, o Senhor Jesus Cristo, conforme os profetas desde o princípio acerca dele testemunharam, e o mesmo Senhor Jesus nos ensinou, e o credo dos santos pais nos transmitiu” (GRUDEN, 1994, p. 459-460).
O Pensamento de teólogos Contemporâneos
Louis Berkhof
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O Dr. Louis Berkhof nos fala acerca de seu pensamento quanto as naturezas de Cristo unidas em sua única pessoa.
Definição dos Termos Natureza e Pessoa
O termo natureza denota a soma total de todas as qualidades de uma coisa, naquilo que faz uma coisa ser o que é. O termo pessoa denota uma substância completa, dotada de razão e, conseqüentemente, um sujeito responsável por suas ações. Uma pessoa é uma natureza acrescida de algo, a saber, uma subsistência ou individualidade independente. Assim sendo, o Logos assumiu uma natureza humana não personalizada, que não existia por si mesma.
Proposições que Declaram o Conceito da Igreja
A. Há somente uma pessoa no mediador, o Logos imutável, o Logos fornece a base da personalidade de Cristo. Contudo, não seria correto dizer que a pessoa do Mediador é somente divina. A encarnação fez dele uma pessoa complexa, constituída de duas naturezas. Ele é o Deus-homem.
B. A natureza humana como tal não constitui uma pessoa humana. O Logos não adotou uma pessoa humana, mas simplesmente assumiu uma natureza humana.
C. A natureza humana tem a sua existência pessoal na pessoa do Logos.
D. A pessoa divina, que possuía uma natureza divina desde a eternidade, assumiu uma natureza humana, e agora tem ambas. Essa verdade deve ser afirmada contrariamente àqueles que, embora admitindo que a pessoa divina assumiu uma natureza humana, comprometem a integridade das duas naturezas concebendo-as como fundidas ou misturadas, resultando em uma terceira realidade, uma espécie de natureza divino-humana.
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A Unipersonalidade de Cristo
A doutrina das duas naturezas numa só pessoa transcende a razão humana. É expressão de uma realidade supersensível e de um mistério incompreensível, que não tem analogia na vida do homem, não acha suporte na razão humana e, portanto, só pode ser aceita pela fé na autoridade da Palavra de Deus. Por essa razão, há necessidade de atentar para os ensinos da Escritura sobre esse ponto.
A. Na Escritura não há evidência de uma personalidade dupla. Não há distinção entre uma pessoa e outra na vida interna do Logos, como a que vemos em ralação ao trino Ser divino, onde uma pessoa se dirige a outra como em “Proclamarei o decreto do SENHOR: Ele me disse: Tu és meu Filho, eu, hoje, te gere” (Sl 2:7); e também em “Tendo Jesus falado estas coisas, levantou os olhos ao céu e disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que o Filho te glorifique a ti” (Jo 17:1). Além disso, Jesus nunca fez uso do plural ao referir-se a Si próprio como Deus fez em “Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra” (Gn 1:26). E em “Então, disse o SENHOR Deus: Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal; assim, que não estenda a mão, e tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente” (Gn 3:22).
B. Ambas as naturezas são representadas como unidas em uma só pessoa. Há passagens na Escritura que se referem às duas naturezas de Cristo, mas nas quais é evidente que só se tem em mente uma pessoa como em “com respeito a seu Filho, o qual, segundo a carne, veio da descendência de Davi e foi designado Filho de Deus com poder, segundo o espírito de santidade pela ressurreição dos mortos, a saber, Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 1:3-4). E também “pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai” (Fp 2:6-11).
C. A personalidade é aludida em termos próprios a qualquer das duas naturezas. Repetidamente os atributos de uma natureza são mencionados com relação a pessoa, ao passo que a pessoa é tratada com um titulo da outra natureza. De um lado, atributos e ações humanas são proferidos como pertencentes à pessoa, enquanto Ele é tratado com um titulo
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divino como em “sabedoria essa que nenhum dos poderosos deste século conheceu; porque, se a tivessem conhecido, jamais teriam crucificado o Senhor da glória” (1ªCo 2:8) e também “Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados” (Cl 1:13-14). Por outro lado, atributos e ações divinos são proferidos como pertencente à pessoa, enquanto Ele é tratado com um titulo humano como em “Ora, ninguém subiu ao céu, senão aquele que de lá desceu, a saber, o Filho do Homem que está no céu” (Jo 3:13) e em “deles são os patriarcas, e também deles descende o Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito para todo o sempre. Amém!” (Rm 9:5).
É uma União Extraordinária
A união das duas naturezas em uma só pessoa é um mistério que não podemos compreender e que, por esta mesma razão, é freqüentemente negada. Às vezes é comparada com a união do corpo e da alma do homem; e até há um vislumbre de pontos de similaridade. No homem há duas substâncias, a material e a espiritual, intimamente unidas e, contudo, não misturadas; assim também o Mediador. Tudo que acontece no material ou no espiritual do homem é atribuído à pessoa; assim tudo o que se dá nas duas naturezas de Cristo é atribuído à sua pessoa. Naturalmente, a comparação é defeituosa. Ela não ilustra a união do divino e o humano, do infinito e o finito. Tampouco ilustra a unidade das duas naturezas em uma só pessoa. No caso do homem, o corpo é material e a alma é espiritual. É uma união maravilhosa mas não tão maravilhosa como a união das duas naturezas em Cristo o Logos eterno (BERKHOF, 2002, p. 295-298).
Henry Clarence Thiessen
O desenvolvimento do pensamento de Dr. Thiessen ajudará a entendermos um pouco mais a união das naturezas Divina e humana na pessoa de Jesus Cristo. As Duas Naturezas em Cristo
Quando chegamos ao estudo deste aspecto do assunto, novamente penetramos o domínio de profundo mistério. Como podem haver duas naturezas, e mesmo assim, só uma pessoa? Encontramos dificuldade em responder a essa pergunta. As Escrituras, não obstante, nos encorajam a considerar o mistério de Deus, em Cristo como esposto em “para que o coração deles seja confortado e vinculado juntamente em amor, e eles tenham toda a riqueza da forte
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convicção do entendimento, para compreenderem plenamente o mistério de Deus, Cristo, em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos” (Cl 2: 2-3), e Jesus indica que um verdadeiro conhecimento dEle é possível através da revelação divina como diz “Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mt 11: 27). O estudo da Pessoa de Cristo é tão difícil. porque, neste aspecto, Ele é sui generis; não há outro ser como Ele, e portanto não podemos raciocinar do conhecido para o desconhecido.
A Prova dessa União
Há certas declarações negativas que devem ser feitas aqui. A união entre as duas naturezas não é comparável ao relacionamento do casamento, pois as duas partes naquela união permanecem duas pessoas distintas no final das contas. Tampouco são as naturezas unidas pelo tipo de laço que une os crentes a Cristo. A natureza divina também não habitou em Cristo da mesma maneira que EIe habita no crente, pois nesse caso seria um homem cheio de Deus, mas não o Próprio Deus. Conforme visto anteriormente, os Nestorianos tinham uma idéia muito parecida com essa, mas este conceito de personalidade dupla em Cristo não é bíblico. Tampouco ocupou o Logos o lugar do espírito humano em Cristo, como afirmavam os apolinários, pois nesse caso Cristo teria se unido a uma humanidade imperfeita. Nem tampouco se combinaram as duas naturezas para formar uma terceira, que realmente significa que a divina absorveu a humana, conforme afirmavam os Eutiquianos, pois nesse caso Cristo não seria um homem verdadeiro. Também Cristo não assumiu a natureza divina gradualmente, como alguns outros citados por THIESSEN têm afirmado, pois nesse caso a realidade de Sua Divindade dependeria de sua apropriação consciente pela humanidade de Cristo, e não seria um fato per se. Essas já foram as opiniões sustentadas por alguma seita no passado; mas a Igreja, de modo geral, as condenou definitivamente como sendo insustentáveis, porquanto não Bíblicas. Há também algumas declarações positivas que podem ser feitas para explicar esta união. Como as teorias que acabamos de mencionar não admitem realmente uma verdadeira união das duas naturezas, é, antes de mais nada, necessário mostrar que as duas naturezas são ligadas uma à outra inseparavelmente, de modo a constituírem uma única pessoa com duas vontades. Como prova deste fato THIESSEN mostra que Cristo uniformemente fala de Si próprio como sendo uma única pessoa. Não há intercâmbio de "Eu" e "Tu" entre as naturezas humana e divina como vemos em “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo 17: 23). Os atributos e poderes de ambas naturezas são atribuídos ao único Cristo, e da mesma maneira, as obras e dignidades do único Cristo são atribuídas a qualquer uma das duas naturezas, de uma maneira inexplicável, exceto pelo princípio de que essas duas naturezas são orgânica e indissoluvelmente unidas. As constantes demonstrações Bíblicas do valor infinito da expiação de Cristo e da união da raça humana com Deus que foi obtida por Ele, são compreensíveis apenas quando Cristo é considerado, não como um homem de Deus, mas como “Deus-homem”, em quem as duas naturezas estão tão unidas que o que
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cada uma faz tem o valor das duas, a consciência cristã universal reconhece em Cristo uma personalidade única e indivisível, e expressa este reconhecimento em seu culto de cântico e oração. (THIESSEN, 1989, p. 216-217).
A Natureza dessa União
Se, então, as duas naturezas de Cristo estão indissoluvelmente unidas em uma única Pessoa, qual é, em segundo lugar, a natureza exata desta união? A resposta já foi, em grande parte, antecipada no parágrafo anterior. Pode ser reiterada aqui como uma interpretação da natureza dessa união, como foi ali enunciada como a prova dela. Nenhuma análise psicológica exata da personalidade singular de Cristo é possível; podemos apenas dizer coisas que estão claramente evidenciadas nas Escrituras ou que possam ser deduzidas a partir delas como segurança.
Não é Teantrópica
A pessoa de Cristo é teantrópica mas não a Sua natureza. Isto é, podemos falar do Deus-homem quando desejamos nos referir à pessoa; mas não podemos falar da natureza humano-divina, e sim falar da natureza divina e da humana de Cristo. Isto é evidente pelo fato de que Cristo tinha uma inteligência e vontade infinitas, e uma inteligência e vontade finitas; que Ele tinha uma consciência divina e uma consciência humana. Sua inteligência divina era infinita; Sua inteligência humana se desenvolvia. Sua vontade divina era onipotente; Sua vontade humana somente tinha o poder da humanidade não decaída. Em Sua vontade divina, Ele disse: “Eu e o Pai somos um”; em Sua vontade humana, disse: “Tenho sede”. Mas deve-se destacar o fato de que Ele ainda é o Deus-homem na Glória.
É Pessoal
A união das duas naturezas em Cristo é chamada de hipostática, isto é, pessoal. As duas naturezas, ou substancias, constituem uma união pessoal (hipostasis). Foi uma pessoa divina, e não simplesmente uma natureza divina, que assumiu a humanidade, ou se encarnou.
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Conclusão
Com base nesse ensaio teológico advogo que na pessoa única de Jesus repousa toda a essência de Deus. Deus esse que buscou o homem quando assumiu em si a natureza humana, podendo assim, padecer nossos sofrimentos, mas sem pecado, tornou-se nosso substituto no pagamento da pena que nos era imposta por nossa transgressão; visto que de outra maneira nosso sacrifício jamais teria o empirismo humano e o valor divino.
A Jesus Cristo, toda honra, glória, louvor, domínio e majestade para todo sempre.
Pr. Celso Adriano da Silva, é pastor da Igreja Batista da Esperança e professor do Seminário Teológico Batista Potiguar.
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