Barbaroi
versão impressa ISSN 0104-6578
Barbaroi no.38 Santa Cruz do Sul jun. 2013
ARTIGOS
A cartografia como método para as ciências humanas e sociais
The cartography as a method for the humanities and social sciences
Kleber Prado ilhoI! "arcela "ontal#$o Teti II
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) - Santa Catarina - Brasil Universidade Federal do Rio de aneiro (UFR) - Rio de aneiro - Brasil
I
II
R%S&"O
!ste arti"o b#s$a re$ol%er n#& di'lo"o entre Fo#$a#lt e ele#e ele&entos &etodol*"i$os +#e ,ossibilite& realiar #&a $arto"raia so$ial. N/o se trata a+#i de siste&atiar o &todo $arto"r'i$o2 &as de re#nir a,onta&entos e indi$a3es nesse di'lo"o2 +#e sirva& de s#,orte ,ara an'lises $rti$as2 est#dos e ,es+#isas2 ao &es&o te&,o e& +#e sirva& $o&o instr#&entos de resistn$ia. ierente&ente da $arto"raia tradi$ional2 +#e tra3a &a,as de territ*rios2 relevo e distrib#i3/o ,o,#la$ional2 #&a $arto"raia so$ial a dia"ra&as de rela3es2 enrenta&entos e nrenta&entos e $r#a&entos entre or3as2 a"en$ia&entos2 o"os de verdade2 en#n$ia3es2 o"os de obetiva3/o e s#betiva3/o2 ,rod#3es e estetia3es de si &es&o2 ,r'ti$as de resistn$ia e liberdade. Co&o &todo ,resta-se an'lise e des&onta"e& de dis,ositivos2 a3/o +#e $onsiste e& dese&aran%ar s#as enredadas lin%as2 al& de instr#&entaliar a resistn$ia aos se#s &odos de obetiva3/o e s#betiva3/o. 9al 9al $o&o ,ro,osta ,or Fo#$a#lt e ele#e2 a an'lise $arto"r'i$a $oni"#ra-se $o&o instr#&ento ,ara #&a %ist*ria do ,resente2 ,ossibilitando a $rti$a do nosso te&,o e da+#ilo +#e so&os. Pala#ras'cha#e( Carto"raia. is,ositivo. :eteroto,ias.
A)STRA*T
9%is arti$le see;s to $olle$t a dialo"#e bets a &et%od lends itsel to anal=sis and re&oval o devi$es2 an a$tion t%at is to #nravel t%eir tan"led lines2 and resistan$e to e+#i, t%eir &odes o obe$tii$ation and s#be$tii$ation.>s ,ro,osed b= Fo#$a#lt and ele#e $arto"ra,%i$ anal=sis a,,ears as an instr#&ent o t%is stor=2 allo
Introdu,$o > e?e&,lo do +#e a$onte$e +#ando +#e se trata de orla3es &etodol*"i$as a ,artir dos est#dos de Fo#$a#lt2 alar de $arto"raia $o&o &todo ,ara as $in$ias %#&anas e so$iais re+#er al"#&as $onsidera3es ini$iais. @ri&eiro2 deve-se notar +#e essa n/o e?ata&ente #&a orla3/o o#$a#ltiana. > $arto"raia al"o +#e ele#e desenvolve a ,artir de al"#&as indi$a3es de A. Fo#$a#lt2 +#e res#lta de #& di'lo"o entre os dois e& rela3/o +#est/o2 o +#e a dela #&a ,rod#3/o a +#atro &/os desses dois il*soos - a&i"os e ,ar$eiros e& al"#ns ,roetos - li"ados2 a&bos2 tradi3/o niets$%iana. esbo3o de #& &todo $arto"r'i$o deve ser eito levando e& $onta as ' $on%e$idas ,ers,e$tivas &etodol*"i$as de Fo#$a#lt - ar+#eolo"ia do saber2 "enealo"ia do ,oder e "enealo"ia da ti$a - visto ser a an'lise $arto"r'i$a ao &es&o te&,o #&a deriva3/o e #&a in$or,ora3/o dessas ,ers,e$tivas. ele#e reere-se a Fo#$a#lt $o&o $art*"rao e& #& te?to de 18612 &as ' se a,resenta& ele&entos $arto"r'i$os n#&a entrevista ,or ele - Fo#$a#lt $on$edida revista :rodote e& 176D2 tratando da s#a rela3/o $o& o $a&,o da Eeo"raia.is$#te-se ali $erta es,a$ialia3/o da %ist*ria observ'vel e& s#as "enealo"ias2 be& $o&o a a,li$a3/o da ar+#eolo"ia $o&o $arto"raia o# "eo,olti$a dos dis$#rsos 2 ,istas +#e se torna& evidentes ,elo se# e&,re"o de &et'oras es,a$iais2 tais $o&oG ,osi3/o2 $a&,o2 deslo$a&ento2 territ*rio2 do&nio2 solo2 ar+#i,la"o2 "eo,olti$a2 ,aisa"e&2 entre o#tras2 dando &ostras de #&a di&ens/o es,a3o-te&,oral e& s#as an'lises. :' ta&b& reern$ias $arto"raia $o&o &todo rio&'ti$o na Introd#3/o de Ail ,latHs2 $on%e$ido te?to de ele#e e E#attari2 datado de 180.
!sse e?er$$io de &todo ta&b& leva e& $onta desenvolvi&entos re$entes ,rod#idos no Brasil e ,#bli$ados nos trabal%os de Rolni; (18618) de Fonse$aJKirst (D00) de >lb#+#er+#e Lnior2 Mei"a-Neto J So#a Fil%o (D008) de @assos2 Kastr#,J!s$*ssia (D00) entre o#tros trabal%os2 $o& os +#ais se +#er dialo"ar no sentido de #&a ,rod#3/o $oletiva. 9odas essas ,#bli$a3es e?,lora& traet*rias $arto"r'i$as a ,artir da ,ers,e$tiva o#$a#ltiana2 dando visibilidade a dierentes a$etas o# ,istas do &todo $arto"r'i$o. >ssi&2 esta rele?/o se a,ro,ria de al"#&as e?,lora3es relativas ao te&a al& de introd#ir as s#as ,r*,rias2 b#s$ando #&a arti$#la3/o ,ossvel entre ,ro,ostas diversas at ,or+#e n/o se ,retende a+#i #&a #nii$a3/o de &todo - visando $o&,or $oletiva&ente estrat"ias de an'lise $rti$a do nosso ,resente2 al& de instr#&entaliar o a"en$ia&ento de resistn$ias e& rela3/o +#ilo +#e nos ,rod# e ass#eita. !ste o #niverso $on$eit#al2 de debates e ,reo$#,a3es2 +#e orienta o ,er$#rso desta rele?/o. bo& le&brar ainda +#e e?iste& tantas $arto"raias ,ossveis +#anto $a&,os a sere& $arto"raados2 o +#e $olo$a a ne$essidade de #&a ,ro,osi3/o &etodol*"i$a estrat"i$a e& rela3/o a $ada sit#a3/o o# $onte?to a ser analisado2 indi$ando +#e dessa ,ers,e$tiva &todo e obeto s/o i"#ras sin"#lares e $orrelativas2,rod#idas no &es&o &ovi&ento2 e +#e n/o se trata a+#i de &etodolo"ia $o&o $on#nto de re"ras e ,ro$edi&entos ,reestabele$idos2 &as $o&o estrat"ia le?vel de an'lise $rti$a.
*artografando o método betivando #&a $ara$teria3/o ,reli&inar2 ,elo &es&o &otivo envolvido na ,ro,osi3/o da ar+#eolo"ia $o&o an'lise de dis$#rsos - #&a $oin$idn$ia de ter&os - deve-se de sada &ar$ar as dieren3as entre o &todo a+#i e?,osto e a ,r'ti$a $arto"r'i$a tradi$ional2 nossa vel%a $on%e$ida $in$ia dos &a,as. > $arto"raia tradi$ional en$ontra-se li"ada ao $a&,o de $on%e$i&ento da "eo"raia e b#s$a ser #& $on%e$i&ento ,re$iso2 #ndado e& bases &ate&'ti$as2 estatsti$as2 $ontando $o& instr#&entos e t$ni$as soisti$adas. S#a es,e$ialidade tra3ar &a,as reerentes a territ*rios2 re"ies e s#as ronteiras2 de&ar$a3es2 s#a to,o"raia2 a$identes "eo"r'i$os2 $o&o ,ode ainda tratar da distrib#i3/o de #&a ,o,#la3/o e& #& es,a3o2 &ostrando s#as $ara$tersti$as tni$as2 so$iais2 e$onH&i$as2 de saLde2 ed#$a3/o2 ali&enta3/o2 entre o#tras. &a,a $o&o re,resenta3/o de #& territ*rio e das $ara$tersti$as de #&a ,o,#la3/o #& instr#&ento #nda&ental da Eeo"raia si$a e da Eeo"raia %#&ana2 a e&o"raia. ter&o $arto"raia #tilia es,e$ii$idades da "eo"raia ,ara $riar rela3es de dieren3a entre territ*rios e dar $onta de #& es,a3o. >ssi&2 Carto"raia #& ter&o +#e a reern$ia ideia de &a,a2 $ontra,ondo to,olo"ia +#antitativa2 +#e $ara$teria o terreno de or&a est'ti$a e e?tensa2 #&a o#tra de $#n%o dinO&i$o2 +#e ,ro$#ra $a,t#rar intensidades2 o# sea2 dis,onvel ao re"istro do a$o&,an%a&ento das transor&a3es de$orrias no terreno ,er$orrido e i&,li$a3/o do s#eito ,er$ebedor no ndo $arto"raado. (FNS!C> e KIRS92 D002 ,.D). >ssi&2 a $arto"raia so$ial a+#i des$rita li"a-se aos $a&,os de $on%e$i&ento das $in$ias so$iais e %#&anas e2 &ais +#e &a,ea&ento si$o2 trata de &ovi&entos2 rela3es2 o"os de ,oder2 enrenta&entos entre or3as2 l#tas2 o"os de verdade2 en#n$ia3es2 &odos de obetiva3/o2 de s#betiva3/o2 de estetia3/o de si &es&o2 ,r'ti$as de resistn$ia e de liberdade. N/o se reere a &todo $o&o ,ro,osi3/o de
re"ras2 ,ro$edi&entos o# ,roto$olos de ,es+#isa2 &as2 si&2 $o&o estrat"ia de an'lise $rti$a e a3/o ,olti$a2ol%ar $rti$o +#e a$o&,an%a e des$reve rela3es2 traet*rias2 or&a3es rio&'ti$as2 a $o&,osi3/o de dis,ositivos2 a,ontando lin%as de #"a2 r#,t#ra e resistn$ia. 9al estrat"ia desen%a n/o e?ata&ente &a,as no sentido tradi$ional do ter&o e si& dia"ra&as2 +#e n/o se reere& to,o"raia2 &as a #&a to,olo"ia dinO&i$a2 a l#"ares e &ovi&entos de ,oder2 tra3a dia"ra&as de ,oder2 e?,e as lin%as de or3a2 dia"ra&a enrenta&entos2 densidades2 intensidades. dia"ra&a n/o &ais o ar+#ivo2 a#ditivo o# vis#al2 o &a,a2 a $arto"raia2 $oe?tensiva a todo o $a&,o so$ial. #&a &'+#ina abstrata. einindose ,or &eio de #n3es e &atrias inor&es2 ele i"nora toda distin3/o de or&a entre #& $onteLdo e #&a e?,ress/o2 entre #&a or&a3/o dis$#rsiva e #&a or&a3/o n/odis$#rsiva. #&a &'+#ina +#ase da e $e"a2 e&bora sea ela +#e a3a ver e alar. Se %' itas #n3es e &es&o &atrias dia"ra&'ti$as2 ,or+#e todo dia"ra&a #&a lti,li$idade es,a3o-te&,oral. Aas2 ta&b&2 ,or+#e %' tantos dia"ra&as +#anto $a&,os so$iais na :ist*ria. (!P!UQ!2 1882 ,.44).
!le a #&a e?,osi3/o da rela3/o de or3as &edida +#e n/o desen%a a "rande ,olti$a - do !stado2 da so$iedade2 das instit#i3es - &as2 tra3a #& esbo3o de rela3es $a,ilares de ,oder2 dando visibilidade dinO&i$a &i$ro,olti$a de #& $a&,o so$ial. Co&o &'+#ina abstrata +#e 2 reere-se a #&a lti,li$idade es,a3o-te&,oral2 interso$ial2 +#e e& ve de re,rod#ir ndos ,ree?istentes ,rod# novos ti,os de realidade e novas or&as de verdade. U& dia"ra&a ,ossibilita vis#aliar #&a $arto"raia dos a"en$ia&entos. >"en$ia&entos s/o &'+#inas $on$retasG arti$#la3es sin"#lares de or3as +#e se &obilia& estrate"i$a&ente e& torno de obetivos2 envolvendo en#n$ia3es e rela3es de ,oder2 tanto ,odendo $a,t#rar2 an#lar e ass#eitar2 +#anto or"aniar or&as de resistn$ia a o"os de obetiva3/o e s#betiva3/o. U&a an'lise de a"en$ia&entos lida $o& vetores de or3as e& o"o n#& $a&,o2 or&as de arti$#la3/o de rela3es de saber-,oder e eeitos de s#betividade2 reerindo-se $entral&ente a enrenta&entos e &ovi&entos &i$ro,olti$os onde a $onstit#i3/o dos s#eitos est' e& +#est/o. >ssi&2 a $arto"raia a+#i a,resentada n/o se reere a territ*rios2 &as a $a&,os de or3as e rela3es di &ais res,eito a &ovi&entos do +#e ,ro,ria&ente a ,osi3es i?as desdobra-se no te&,o2 &as ta&b& no es,a3o2 al& de in$or,orar os &todos %ist*ri$os de Fo#$a#lt - o ei?o &etodol*"i$o saber-,oder-s#betividade4 - &edida +#e se a,resenta $o&o &todo de an'lise de dis,ositivos. ele#e +#e& air&a isso no te?to anterior&ente reerido U& novo $art*"rao2 onde $olo$a a $arto"raia $o&o &todo ,ara dese&aran%ar as lin%as de #& dis,ositivo2 tal +#al se desa #& novelo. ese&aran%ar as lin%as de #& dis,ositivo 2 e& $ada $aso2 tra3ar #& &a,a2 $arto"raar2 ,er$orrer terras des$on%e$idas2 o +#e Fo#$a#lt $%a&a de trabal%o de terreno. ,re$iso instalar&o-nos sobre as ,r*,rias lin%as2 +#e n/o se $ontenta& a,enas e& $o&,or #& dis,ositivo2 &as atravessa&-no2 arrasta&-no2 de norte a s#l2 de leste a oeste o# e& dia"onal. (!P!UQ!2 D0052 ,.1) Aas o +#e &es&o #& dis,ositivo ...' se ,er"#ntava ele#eT !ssa o#tra ,rod#3/o a +#atro &/os desses dois il*soos2 sit#ada a &eio $a&in%o entre se#s ,ensa&entos.
!ssa i"#ra2 $entral nas an'lises "eneal*"i$as2 re&ete a #&a &a+#inaria $o&,le?a +#e arti$#la ele&entos e ,r'ti$as diversas de saber e ,oder2 ,rod#indo eeitos de s#betividade &'+#ina so$ial2 at ,or+#e toda &'+#ina so$ial antes de ser t$ni$a.!& dierentes ,ontos dos livros Mi"iar e ,#nir e > vontade de saber Fo#$a#lt a,onta diversos ele&entos e $ara$tersti$as de #& dis,ositivo2 se& ,reo$#,a3/o de re#ni-los n#& $on$eito #nit'rio - $o&o de %'bito - deinindo-o ini$ial&ente de or&a ne"ativa2 reerindo-se +#ilo +#e ele n/o 2 ,or e?e&,lo2 +#ando trata das s#as rela3es $o& as instit#i3es2 ar"#&entando +#e a,esar de itas vees a,oiar-se e& instit#i3es2 o dis,ositivo n/o $oin$ide $o& elas ne& deve ser $on#ndido $o& as &es&as. No entanto2 $a&in%ando no sentido de #&a des$ri3/o a&,la s#r"e& reern$ias a as,e$tos de diversidade2 $o&,le?idade2 &obilidade2 en$obri&ento2 arti$#la3/o2 $ar'ter estrat"i$o2 o"os saber ? ,oder ? s#betiva3/o e &odos de o,era3/o inos2 s#tis2 $a,ilares e s#betivantes2 atrib#dos a3/o dos dis,ositivos. N#&a entrevista $on$edida a >lain Erosri$%ard e& 177 52 ele se dedi$a de or&a &ais detal%ada +#est/o2 b#s$ando &el%or deinir se#s $ontornos e rela3es2 air&ando de sada tratar-se de #&a rede +#e se or&a entre #& $on#nto de ele&entos ds,ares e ito %etero"neos entre si2 tais $o&oG dis$#rsos2 instit#i3es e a,arel%os diversos2 or"ania3es ar+#itetHni$as2 leis2 re"#la&entos2 de$ises2 &edidas ad&inistrativas2 $on$eitos $ienti$os2 en#n$iados2 ,ro,osi3es ilos*i$as e &orais2 a$res$entando +#e o dito e o n/o dito s/o $o&,onentes do dis,ositivo. !& se"#ida ele aborda o &odo de rela3/o e?istente entre estes ele&entos2 +#e n/o i?o ne& est'vel2 sendo da orde& dos o"os - das alternOn$ias e dan3as de ,osi3/o2 das &odii$a3es #n$ionais e reversibilidades -o +#e dii$#lta a visibilidade destas $one?es e a resistn$ia a estas ,r'ti$as. e,ois ele desta$a a nat#rea estrat"i$a do dis,ositivo2 ,osto $o&o arteato %ist*ri$o +#e se or&a e& torno de ,roble&as a"#dos e estrat"i$os ,ara #&a so$iedade2 tais $o&oG lo#$#ra2 $ri&inalidade2 se?#alidade2 saLde e ed#$a3/o2 entre o#tros. Aais rente ele sintetia enatiando as arti$#la3es saber-,oderG dis,ositivo2 ,ortanto2 est' se&,re ins$rito e& #& o"o de ,oder2 estando se&,re2 no entanto2 li"ado a #&a o# a $oni"#ra3es de saber +#e dele nas$e& &as +#e i"#al&ente o $ondi$iona&. isto2 o dis,ositivoG estrat"ias de rela3es de or3a s#stentando ti,os de saber e sendo s#stentadas ,or eles. (FUC>UP92 1842 ,.D46). @or&2 talve ten%a sido &es&o ele#e +#e& &ais desenvolve# a te&'ti$a2 air&ando &ais #&a ve2 e& o#tro te?to2 a $arto"raia $o&o &todo e &odo de enrenta&ento dos dis,ositivos. !& #&a ,alestra ,roerida n#& en$ontro interna$ional realiado lo"o a,*s a &orte de Fo#$a#lt2 intit#ladaG +#e #& dis,ositivo6 ele se reere aos se#s trabal%os $o&o #&a an'lise %ist*ri$a de dis,ositivos $on$retos2 b#s$ando $arto"raar e dese&aran%ar estes $o&,le?os novelos ,olti$os2 +#e se a,resenta& $o&o $on#ntos ltilineares dotados de "rande &obilidade. 9ais $on#ntos s/o2 $onor&e s#a des$ri3/o2 $o&,ostos ,or lin%as de visibilidade e en#n$ia3/o2 envolvendo re"i&es de l# e de ,rod#3/o de verdades2 al& de o"os entre visvel ? invisvel2 visvel ? divel2 $orres,ondendo di&ens/o de saber dos dis,ositivos eles a,resenta& ta&b& #&a di&ens/o de ,oder2 $o&,osta ,or lin%as de or3a a"indo $o&o vetores +#e os atravessa& s/o ainda dotados de lin%as de obetiva3/o e s#betiva3/o2 i&,li$ando ,r'ti$as ,rod#toras de s#betividades e s#eitos2 al& de a,resentare& lin%as de r#,t#ra e rat#ra +#e se entre$r#a& e& $onstante &ovi&ento de ta3/o2 renova3/o e at#alia3/o.
Aes&o n/o re,rod#indo #& &odo ,redeter&inado de o,era3/o e #n$iona&ento2 ,ode-se air&ar +#e o &ovi&ento dos dis,ositivos envolve o"os sin"#lares entre ,r'ti$as de saber e ,oder2 estrate"i$a&ente arti$#ladas tendo e& vista o ,roble&a e& torno do +#al se or"ania&2 visando ,rod#ir as s#betividades da+#eles +#e est/o s#eitos s#a a3/o o# +#e s/o obetos da s#a a3/o. Co&o n/o se trata de ,r'ti$as si&tri$as nota-se #& desnvel entre elasG en+#anto saber e ,oder o,era& de or&a ,ositiva2 ,rod#indo realidades e s#eitos2 a s#betividade da orde& dos eeitos2 sendo $onse+#n$ia das rela3es saber ? ,oder. > ,rod#3/o de s#betividade talve sea a ,rin$i,al #n3/o de #& dis,ositivo2 o obetivo $entral das s#as a3es e ,r'ti$as2 envolvendo o"os de obetiva3/o e s#betiva3/o dos s#eitos. > obetiva3/o reere-se $olo$a3/o dos $or,os e s#betividades dos indivd#os $o&o obetos ,ara o saber e o ,oder &odernos2 i&,li$ando toda #&a diversidade de s#ei3es e $ontroles2 envolvendo a ,rod#3/o de $or,os e de indivd#os $on$retos2 ,resos a identidades visveis. > s#betiva3/o i&,li$a #& &ovi&ento do s#eito e& rela3/o a si &es&o no sentido de re$on%e$erse $o&o s#eito de #& en#n$iado2 de #& ,re$eito2 de #&a nor&a2 aendo $o& +#e estes o,ere& no se# ,r*,rio $or,o2 o +#e envolve #& $on#nto de trabal%os e ,r'ti$as de si visando estetiar-se e ,rod#ir-se $onor&e en#n$iado ,elo ,re$eito o# ,ela nor&a. >vesso a toda des$ri3/o lineariante2 #& dis,ositivo ao &es&o te&,o &a+#inaria ,olti$a $on$reta2 $on$eito e &odelo ,ara $o&,osi3/o de #& &todo de an'lise $rti$a das nossas ,r'ti$as $otidianas de ,oder e& o#tras ,alavras2 ao &es&o te&,o $on$eito e ,r'ti$a2 #n3/o e &atria2 obeto e &todo2 al& de ser ainda alvo de estrat"ias de des&onta"e& e resistn$ia. @or isso &es&o o dis,ositivo $onstit#i #&a ,e3a $entral da ,olti$a &oderna. Aas ainda $entral ,or+#e a &odernidade lti,li$o# e disse&ino# a&,la&ente esta &a+#inaria ,olti$a $o&,le?a e de di$il visibilidade2 $onstit#indo #&a rede arti$#lada de dis,ositivos nor&aliantes e& rela3/o a ,roble&as diversos2 +#e e?er$e& $ontrole o,erando de or&a ina2 $a,ilar e s#betivante2 individ#aliando s#eitos2 &ar$ando se#s $or,os e& o"os de identidade2 de se?#alia3/o2 nor&aliando s#as $ond#tas e "overnando $otidiana&ente s#as vidas. > ,olti$a &oderna nor&aliante e s#betivante2 $ontando $o& re$#rsos desenvolvidos ,ela(s) ,si$olo"ia(s) ao lon"o do s$#lo .!& se# te?to editado ,or re=#s J Rabino<2 intit#lado s#eito e o ,oder2 Fo#$a#lt trata da +#est/o $onte&,orOnea estrat"i$a e #nda&ental +#e envolve resistir aos o"os de obetiva3/o e s#betiva3/o o,erados ,elos dis,ositivos2 +#e i&,li$a ainda resistir aos &odos de individ#alia3/o e totalia3/o $ara$tersti$os do !stado &oderno. U& obeto ,oliti$a&ente relevante ,ara an'lises $arto"r'i$as seria&2 ,ortanto2 ,r'ti$as de nor&alia3/o e& do&nios diversos tais $o&oG lo#$#ra2 se?#alidade2$ri&inalidade2 saLde2 ed#$a3/o2 entre o#tros.Nesse $aso2 $o&o e& o#tros tantos2 a $arto"raia serve $o&o &todo e instr#&ento li"ados ,roble&atia3/o de #&a %ist*ria do ,resente2 na &edida e& +#e ,ossibilita #&a $rti$a do nosso te&,o2 ,er&itindo ta&b& enrentar en#n$ia3es2 &odos de s#ei3/o e resistir a o"os de obetiva3/o ? s#betiva3/o +#e ae& de n*s a+#ilo +#e so&os. > $arto"raia da orde& do rio&a e e?ata&ente ,or isso +#e ela o antdoto ,ara a a3/o dos dis,ositivos. Na Introd#3/o a Ail ,latHs ele#e e E#attari desenvolve& #&a $on$e,3/o de rio&a aendo li"a3es $o& a $arto"raia. !ssa i"#ra ins,irada n#&a &et'ora botOni$a ali a,resentada $o&o #& ti,o de ol%ar estrat"i$o2 &odelo de #n$iona&ento e a3/o2 ta&b& de enrenta&ento e
resistn$ia2 +#e o,era a ,artir de ,rin$,ios dierentes da+#ele #nit'rio2 verti$al2 estr#t#ral e dis$i,linar +#e orienta o &odelo de an'lise e #n$iona&ento $ara$tersti$o da or&a3/o 'rvore-rai. rio&a se estende e desdobra n#& ,lano %oriontal2 de or&a a$ntri$a2 indeinida e n/o%ierar+#iada2 abrindo-se ,ara a lti,li$idade2 tanto de inter,reta3es +#anto de a3es2 re&etendo or&a3/o radi$#lar da batata2 da "ra&a e da erva danin%a. !le n/o o,era ,elo o"o de o,osi3/o entre o #no e o &Llti,lo2 n/o te& $o&e3o2 i& o# $entro2 ne& or&ado ,or #nidades2 &as ,or di&enses o# dire3es vari'veis2 al& de $onstit#ir lti,li$idades lineares ao &es&o te&,o e& +#e $onstit#do ,or &Llti,las lin%as +#e se $r#a& nele2 or&ando #&a rede &*vel2 $one$tando ,ontos e ,osi3es.eve-se ainda ter e& $onta o as,e$to s#bterrOneo de #&a or&a3/o rio&'ti$a2 +#e leva a #& ,roble&a de visibilidade i&ediata dessa $o&,le?a e intrin$ada teia de rela3es. ! +#ais seria& os ,rin$,ios ,r*,rios ao #n$iona&ento rio&'ti$o . ,rin$,ios de $one?/o e de %etero"eneidade2 desta$ando +#e +#al+#er ,onto do rio&a ,ode e dever estar $one$tado a +#al+#er o#tro2 or&ando #&a rede %etero"nea2 vari'vel2 a$ntri$a e aberta . ,rin$,io de lti,li$idade2 re$#sando o en#n$iado da #nidade e o ,ensa&ento $entrado no Uno e no Aes&o2 nessas s#,ostas #nidades de s#eito e obeto. Ine?istn$ia2 ,ois2 de #nidade +#e sirva de ,ivH no obeto o# +#e se divida no s#eito. Ine?istn$ia de #nidade ainda +#e osse ,ara abortar no obeto e ,ara voltar no s#eito. U&a lti,li$idade n/o te& ne& s#eito ne& obeto2 &as so&ente deter&ina3es2 "randeas2 di&enses +#e n/o ,ode& $res$er se& +#e de de nat#rea (as leis de $o&bina3/o $res$e& ent/o $o& a lti,li$idade). (!P!UQ! J EU>99>RI2 152 ,. 16). . ,rin$,io de r#,t#ra assi"nii$ante2 indi$ando +#e o rio&a ,ode ser ro&,ido o# +#ebrado e& +#al+#er ,onto2 $o&o ,ode reto&ar s#a o,era3/o a ,artir de #&a de s#as lin%as. !le or&ado ,or lin%as de se"&entaridade +#e o estratii$a&2 territorialia&2 or"ania& e l%e atrib#e& si"nii$ado2 &as $o&,reende ainda lin%as de desterritorialia3/o e de #"a. :' r#,t#ra no rio&a $ada ve +#e lin%as se"&entares e?,lode& n#&a lin%a de #"a2 &as a lin%a de #"a a ,arte do rio&a. !stas lin%as n/o ,ara& de se re&eter #&a s o#tras. (!P!UQ! J EU>99>RI2 152 ,.18). . ,rin$,ios de $arto"raia e de de$al$o&ania2 indi$ando +#e o rio&a resiste a,li$a3/o do &odelo estr#t#ral-"erativo2 sendo avesso a +#ais+#er no3es de ei?o "enti$o o# de estr#t#ra ,ro#nda. &odelo 'rvore-rai re,rod# e& srie de$al+#es de #& $a&,o2 #&a sit#a3/o2 #&a ,aisa"e&2 en+#anto o ol%ar rio&'ti$o tra3a #&a $arto"raia2 desen%ando #& &a,a $o&o dia"ra&a vari'vel. !& $ontraste $o& o de$al+#e2 +#e i?o2 re,rod#tivo e serialiado2 &a,a aberto2 $one$t'vel e& todas as s#as di&enses2 des&ont'vel2 reversvel2 s#s$etvel de re$eber &odii$a3es $onstante&ente. !le ,ode ser ras"ado2 revertido2 ada,tar-se a &onta"ens de +#al+#er nat#rea2 ser ,re,arado ,or #& indivd#o2 #& "r#,o2 #&a or&a3/o so$ial. @ode-se desen%'-lo n#&a ,arede2 $on$eb-lo $o&o obra de arte2 $onstr#-lo $o&o #&a a3/o ,olti$a o# $o&o #&a &edita3/o. U&a das $ara$tersti$as &ais i&,ortantes do rio&a talve sea a de ter se&,re &Llti,las entradas (... ) U& &a,a te& &Llti,las entradas $ontraria&ente ao de$al+#e +#e se&,re volta ao &es&o. (!P!UQ! J EU>99>RI2 152 ,.DD).
&odo de #n$iona&ento rio&'ti$o re&ete a #&a or&a de resistn$ia ,olti$a +#e envolve an'lise $rti$a e e?er$$io $on$reto de liberdade2 #&a ve +#e s#bverte o &odelo 'rvore-rai o,erante nas "randes &'+#inas so$iais do !stado2 do Ca,ital2 da Cin$ia2 das Instit#i3es2 da Pin"#a"e&. No entanto os dis,ositivos2 $o&o &a+#inarias ,olti$as ito &ais s#tis2 or"Oni$as e at#aliadas2 re$#sa& a ra$ionalidade verti$aliada e %ierar+#iada dos "randes ,oderes &odernos2 adotando ta&b& ,rin$,ios de #n$iona&ento rio&'ti$o2 e?i"indo #& enrenta&ento de i"#al nat#rea2 $ond#ido e& ter&os de an'lise e a3es estrat"i$as visando dese&aran%ar s#as lin%as2 ,rod#ir r#,t#ras2 desterritorialia3es e reverter se#s &odos de o,era3/o. @ortanto2 de or&a $#riosa2 &as n/o $o&o &era $oin$idn$ia %ist*ri$a2 as &es&as $ara$tersti$as de $o&,le?idade e lti,li$idade en$ontra&-se ,resentes nesses $on$eitos o,erat*rios - $on$eitos-realidade - +#e s/o o dis,ositivo2 o rio&a e a $arto"raia2 ,ossibilitando +#e essa Llti&a #n$ione $o&o &todo de an'lise e erra&enta ,ara a des&onta"e& de dis,ositivos2 #&a ve +#e se orienta ,elos &es&os ,rin$,ios. @or o#tro lado2 o &odelo do rio&a serve $o&o orienta3/o &etodol*"i$a ,ara #&a ol%ar $arto"r'i$o a ser a,li$ado sobre #& $a&,o2 #&a rede2 #&a teia de rela3es2 s#"erindo +#e a $arto"raia o,ere de &odo rio&'ti$o2 ,er$orrendo os ,ontos2 as lin%as e a rede do rio&a2 a,li$ando estrat"ias rio&'ti$as de an'lise e a3/o2 ,er$orrendo e desen%ando traet*rias "eo,olti$as. > $arto"raia di res,eito a #& &todo estrat"i$o-rio&'ti$o.
A cartografia remete a heterotopias N#&a $onern$ia realiada e& 1672 dis,onvel na edi3/o brasileira dos itos e es$ritos $o& o tt#loG #tros es,a3os 72 Fo#$a#lt trata da +#est/o das %eteroto,ias2 air&ando ini$ial&ente +#e se o s$#lo I oi ob$e$ado $o& a %ist*ria2 $o& o ,roble&a da %istori$idade2 o s$#lo - e talve ainda o nosso te&,o - dedi$ara&-se ,redo&inante&ente ,roble&'ti$a dos es,a3os2 se& e?$l#ir2 evidente&ente2 #&a ,reo$#,a3/o $o& o te&,o. >ssi&2 b#s$ando tra3ar #&a %ist*ria dos es,a3os nas so$iedades o$identais2 ele distin"#e trs dierentes ti,os de es,a3oG #&a es,a$ialidade de lo$alia3/o2 i?ante2 %ierar+#iada e sa$raliada2 $orrelativa das so$iedades e#dais #&a es,a$ialidade de e?tens/o2 aberta ,ara #& es,a3o ininito2 ina#"#rada ,or Ealile# no s$#lo MII e #&a o#tra2 +#e nos $onte&,orOnea2 $ara$teriada ,elo ,osi$iona&ento2 +#e se deine ,or rela3es entre ,ontos e ele&entos2 or&ando sries2 or"ano"ra&as o# redes. > $onstit#i3/o de es,a3os e& redes $o&,le?as e &*veis2 envolvendo a arti$#la3/o de ele&entos diversos e %etero"neos entre si - a e?e&,lo do +#e se ,ode notar na $o&,osi3/o dos dis,ositivos e no #n$iona&ento rio&'ti$o -2 ,ortanto2 $ara$tersti$a do nosso te&,o2 aendo da rede #&a i"#ra e&,ri$a da ontolo"ia do ,resente2 $onor&e Kastr#,(InGFNS!C>J KIRS92 D00). Se"#ndo a a#tora2 a or&a3/o e& rede a,onta ,ara #&a "eo&etria vari'vel e dinO&i$a2 s#"erindo #&a lti,li$idade vaada e aberta2 e& $onstante &ovi&ento2 $o&,osta ,or n*s2 atravessada ,or lin%as2 +#e n/o deve ser deinida ,or s#a or&a2 e?tens/o o# li&ites2 &as ,or s#as $one?es2 se#s ,ontos de bi#r$a3/o e $onver"n$ia. Mive&os e& es,a3os +#e n/o s/o vaios ne& %o&o"neos2 e si&2 or&ados ,or rela3es2 $arre"ados de +#alidades %etero"neas2 +#e se $oni$a& e se li"a& entre si.!s,a3o e& rede2 $onstit#do ,or lin%as e ,ontos2 atravessado ,or rela3es e $arre"ado de +#alidades e intensidades2 ,ortanto2 ,assvel de ser $arto"raadoT Nosso te$ido so$ial or&ado tanto ,or es,a3os $onstit#dos ,or rela3es &ais dis$i,linares2 or&alistas2 nor&aliadoras e de $ontrole - a,arel%os de ,rod#3/o2 de
"overno2 de #sti3a2 ,rises2 &ani$H&ios2 es$olas2 %os,itais - $o&o ,or es,a3os de #"a e resistn$ia2 $o&o &ovi&entos so$iais2 al"#&as NEs2 &as ta&b& estas2 eventos. ! e& &eio a essa diversidade e %etero"eneidade interessa& ,arti$#lar&ente a ele2 ,or s#as sin"#lares $ara$tersti$as2 as #to,ias e %eteroto,ias. >s #to,ias s/o os ,osi$iona&entos se& l#"ar real. S/o ,osi$iona&entos +#e &ant& $o& o es,a3o real da so$iedade #&a rela3/o "eral de analo"ia direta o# inversa. a ,r*,ria so$iedade a,erei3oada o# o inverso da so$iedade &as2 de +#al+#er or&a2 essas #to,ias s/o es,a3os +#e #nda&ental&ente s/o essen$ial&ente irreais. :'2 i"#al&ente2 e isso ,rovavel&ente e& +#al+#er $#lt#ra2 e& +#al+#er $ivilia3/o2 l#"ares reais2 l#"ares eetivos2 l#"ares +#e s/o delineados na ,r*,ria instit#i3/o da so$iedade2 e +#e s/o es,$ies de $ontra,rosi$iona&entos2 es,$ie de #to,ias eetiva&ente realiadas nas +#ais os ,osi$iona&entos reais2 todos os o#tros ,osi$iona&entos reais +#e se ,ode en$ontrar no interior da $#lt#ra est/o ao &es&o te&,o re,resentados2 $ontestados o# invertidos2 es,$ies de l#"ares +#e est/o ora de todos os l#"ares2 e&bora eles sea& eetiva&ente lo$ali'veis. !sses l#"ares2 ,or sere& absol#ta&ente dierentes de todos os ,osi$iona&entos +#e eles relete& e dos +#ais eles ala&2 e# os $%a&arei2 e& o,osi3/o s #to,ias2 de %eteroto,ias (FUC>UP92 D0012 ,.414-415).
Na se+#n$ia ele ir' e?,or os ,rin$,ios da %eteroto,olo"ia2 entendida $o&o &todo de an'lise e des$ri3/o desses es,a3os o#tros2 +#e ,ossibilita a,li$a3es $arto"r'i$as e desen%os de dia"ra&as2 dando visibilidade s rela3es +#e os $onstit#e&2 e?,ondo a s#a estran%ea. >s %eteroto,ias s/o #&a $onstante nos a"r#,a&entos %#&anos2 e&bora ass#&a& or&as ito variadas. S/o $ara$tersti$as das nossas so$iedades as %eteroto,ias de desvio2 +#e lo$alia& - o# e?$l#e& - a+#eles indivd#os +#e se desvia& de #& $o&,orta&ento so$ial&ente $onsiderado &ediano o# nor&al2 desta$ando-se os &ani$H&ios2 as ,rises e as $lni$as de re,o#so. Cada %eteroto,ia te& #& &odo de #n$iona&ento deter&inado e& #&a so$iedade2 e& dado te&,o2 o +#e n/o i&,ede +#e ela altere se# #n$iona&ento $onor&e soli$ita3es da $#lt#ra. !?e&,lo do $e&itrio2 +#e e& dierentes &o&entos o,era de dierentes or&as e& nossa $#lt#ra2 in$l#sive dando de lo$alia3/o2 ,assando de #& l#"ar no $entro da $idade2 ao lado da i"rea2 ,ara #& lo$al na s#a ,erieria2 o +#e se d' a ,artir do s$#lo I. U&a %eteroto,ia te& a $a,a$idade de #sta,or e& #& es,a3o real v'rios es,a3os e ,osi$iona&entos in$o&,atveis entre si2 ,rod#indo eeitos de il#s/o e estran%a&ento. !?e&,lo do teatro2 do $ine&a e da &ilenar i"#ra do ardi&. >s %eteroto,ias en$ontra&-se li"adas a re$ortes do te&,o2 a,ontando ,ara %etero$ronias e o,erando +#ando os s#eitos entra& n#&a r#,t#ra absol#ta $o& se# te&,o tradi$ional. !?e&,lo a+#i de %eteroto,ias diversas &antendo dierentes rela3es $o& variados te&,osG se#s e bibliote$as $o&o %eteroto,ias de a$#la3/o do te&,o &as ta&b& as estas ,o,#lares e eiras2 li"adas ao te&,o na+#ilo +#e ele te& de &ais s#,eri$ial e ,assa"eiro2 e ainda essas %eteroto,ias $rHni$as +#e s/o as $idades de veraneio. >s %eteroto,ias s#,e& #& siste&a de abert#ra2 &as ta&b& de e$%a&ento2 +#e as isola2 tornando-as ,enetr'veis atravs de #& ,roto$olo de ,er&iss/o o# al"#& ti,o de rit#alia3/o o# ,#rii$a3/o.
>s %eteroto,ias e?er$e& #&a #n3/o $ontradit*ria e& rela3/o ao restante dos es,a3os o# e& ter&os do nvel de or"ania3/o dos es,a3os e& #&a so$iedadeG o# ela dese&,en%a o ,a,el de $riar #& es,a3o de il#s/o +#e e?,e o $ar'ter il#s*rio de +#al+#er es,a3o real2 o#2 ao $ontr'rio2 visa $riar o#tro ti,o de es,a3o2 real2 ,ereito e &eti$#loso2 e?,ondo a desor"ania3/o e $on#s/o dos es,a3os $otidianos. !las o,era& assi& $o&o %eteroto,ias de il#s/o o# de $o&,ensa3/o. +#e &ais interessa $arto"raia e& ter&os das s#as rela3es $o& as %eteroto,ias o desenvolvi&ento de #& ol%ar $rti$o2 de estran%a&ento das nossas es,a$ialia3es $otidianas e2 se"#indo as ,istas dos ,rin$,ios da %eteroto,olo"ia2 ,rod#ir #&a an'lise e des$ri3/o +#e &ostre& a s#a or&a3/o %ist*ri$a2 a "enealo"ia da s#a ,rod#3/o2 al& de ,ossibilitar a $ria3/o de es,a3os o#tros2 de #"a e resistn$ia a essa "eo,olti$a dos es,a3os. !ssa ,ost#ra i&,li$a desterritorialia3/o de es,a3os i?os2 de&ar$ados2 de re,rod#3/o2 envolvendo reterritorialia3/o e abert#ra ,ara o novo e a dieren3a.
A cartograf-a ser#e de instrumento para saberes e pr.ticas /psi/ > ,rod#3/o ,olti$a da s#betividade #& dos o$os $entrais e estrat"i$os da an'lise $arto"r'i$a2 i&,li$ando #&a aten3/o es,e$ial a o"os de verdade e de en#n$ia3/o2 o"os de obetiva3/o e s#betiva3/o2 &odos de s#ei3/o e ass#eita&ento2 ,rod#3/o de $or,os &orais2 se?#ais2 ,rod#tivos2 estetia3es e ,rod#3es de si &es&o2 or&as de resistn$ia2 ,r'ti$as de liberdade2 o +#e a dela #& instr#&ento ,ara as $in$ias de radi$al ,si. Neste sentido Rolni; (18) a,resenta #&a ,ro,osta de realia3/o de $arto"raias senti&entais - to&ando o ter&o senti&ental no sentido de aeto - obetivando tra3ar dia"ra&as do aetar e ser aetado. !& s#as ,r*,rias ,alavrasG @aisa"ens ,si$osso$iais ta&b& s/o $arto"ra'veis. > $arto"raia2 nesse $aso2 a$o&,an%a e se a ao &es&o te&,o +#e o des&an$%a&ento de $ertos ndos - s#a ,erda de sentido - e a or&a3/o de o#trosG ndos +#e se $ria& ,ara e?,ressar aetos $onte&,orOneos2 e& rela3/o aos +#ais os #niversos vi"entes tornara&-se obsoletos. Sendo tarea do $art*"rao dar ln"#a ,ara aetos +#e ,ede& ,assa"e&2 dele se es,era basi$a&ente +#e estea &er"#l%ado nas intensidades de se# te&,o e +#e2 atento s lin"#a"ens +#e en$ontra2 devore as +#e l%e ,are$e& ele&entos ,ossveis ,ara a $o&,osi3/o das $arto"raias +#e se ae& ne$ess'rias. $art*"rao antes de t#do #& antro,*a"o. (RPNIK2 182 ,.15-16).
!ssa Llti&a air&a3/o da a#tora te& a ver $o& o ato de +#e o $art*"rao se a,ro,ria de t#do +#e en$ontra ,elo $a&in%o ,ara realiar se# trabal%o2 se& ,re$on$eitos2 ra$is&os o# as$is&os. !le n/o deve ser $on#ndido $o& #&a es,$ie de $oloniador +#e tra na ba"a"e& &a,as e valores ,reestabele$idos2 &as $o&o al"#& aberto a ,er$orrer e des$rever novos traetos e $a&in%os +#e se a,resenta& $o&o ,ossveis2nido de #& ol%ar de estran"eiro. @aisa"ens ,si$osso$iais re&ete& a ndos o# te&,os2 $onstit#dos $o&o e?,erin$ias %ist*ri$as2 ne& e?ata&ente ,essoais2 ito &enos s#betivas no sentido de interioriadas. !las re&ete& a estti$as $ir$#lantes e or&as $oletivas de s#betividade2 or&as $oletivas e %ist*ri$as de e?istn$ia2 e$ono&ias o# re"i&es de ,rod#3/o de $or,os e s#betividades2 &odos %ist*ri$os de rela3/o $o& os o#tros e
$onsi"o &es&o2 estetia3es e or&as %ist*ri$as de elabora3/o e ,rod#3/o de si &es&o. N/o e?ata&ente e?,erin$ias de s#eitos2 &as e?,erin$ias $oletivas s +#ais esta&os s#eitos2 o#2 das +#ais so&os s#eitos2 &edida+#e nos $onstit#&os nesse $en'rio %ist*ri$o at $erto ,onto $o& aos +#e vive& e& deter&inado te&,o2 es,a3o o# $#lt#ra. @aisa"ens n/o o$adas ne& $entradas nos s#eitos2 &as e& rela3es e o"os onde a s#a $onstit#i3/o est' e& +#est/o ,roble&a ,olti$o2 ,ortanto2 ,ara a $arto"raia2 no sentido da re$#sa de re,rod#3es identit'rias e da air&a3/o do direito dieren3a. a+#i +#e a +#est/o da resistn$iatorna-se &ais $rti$aT > $arto"raia $olo$a-se o desaio de $ond#ir a %eteroto,iasG es,a3os o#tros2novos ndos2 novas ,aisa"ens2 novas rela3es2 ta&b& novas or&as de e?istn$ia e de s#betividade2 novos &odos de rela3/o do s#eito $onsi"o &es&o +#e ,ossibilite& e?er$$io de liberdade - n/o liberdade $o&o ideal abstrato2 ,ostoa priori, &as $o&o ,r'ti$a $on$reta2 $o&o lin%a de #"a. > estrat"ia $arto"r'i$a ,er&ite es$a,ar ao de$al+#e2 $*,ia2 re,rod#3/o e re,eti3/o de si &es&o2 tornando ,ossvel a sin"#laria3/o2 a ,rod#3/o de si &es&o a ,artir de novas estti$as da e?istn$ia. > s#betividade $onstit#i obeto ,rivile"iado ,ara a $arto"raia ainal2 o +#e a #& ,si$*lo"o $lni$o sen/o #&a $arto"raia ininitesi&al da s#betividade2 dos aetos2 dos senti&entos ! n/o ne$ess'rio ser #& $lni$o ,ara dese&,en%ar tal tarea2 ,ois essa ,ode ser ta&b& #&a atividade ,ossvel ,ara a ,si$olo"ia so$ial2 b#s$ando $arto"raar rela3es de nat#reas diversas2 or&as $ir$#lantes de s#betividade2 a"en$ia&entos do deseo2 ,r'ti$as de obetiva3/o e s#ei3/o2&odos de s#betiva3/o e ass#eita&ento2 ,r'ti$as de resistn$ia e de liberdade2 o# &es&o or&as %ist*ri$as de estetia3/o e ,rod#3/o de si &es&o.
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ata de re$ebi&entoG 14Y1DYD011 ata de a$eiteG D8Y05YD01
Sobre os autores( )le&er Prado Fil*o ,roessor >d#nto do e,arta&ento de @si$olo"ia da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Erad#ado e& @si$olo"ia ,ela @onti$ia Universidade Cat*li$a de Ainas Eerais (@UC-AE)2 Aestre e& >d&inistra3/o ,ela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)2 o#tor e& So$iolo"ia ,ela Universidade de S/o @a#lo (US@). @*sdo#tor e& :ist*ria ,ela Uni$a&,. !ndere3o !letrHni$oG ;leber,rado.,si^"&ail.$o&. Marcela Motalvão +eti do#toranda e& @si$olo"ia ,ela Universidade Federal do Rio de aneiro (UFR).Erad#ada e& @si$olo"ia ,ela Universidade Federal de Ser"i,e (UFS)2 Aestre e& @si$olo"ia ,ela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). !ndere3o !letrHni$oG &ar$elateti^"&ail.$o&.
1 9e?to intit#ladoG U& novo $art*"rao2 onde ele#e trata das an'lises "eneal*"i$as levadas a eeito ,or Fo#$a#lt e& Mi"iar e ,#nir2 $itado nas Reern$ias. D @#bli$ada no Brasil $o& o tt#loG Sobre a "eo"raia2 ,or Roberto Aa$%ado2 no livro Ai$rosi$a do ,oder2 $itado nas Reern$ias. Carto"raia o# "eo,olti$a dos dis$#rsos &edida +#e a #&a des$ri3/o n/o a,enas %ist*ri$a2 &as ta&b& es,a$ialiante2 e?terior e ,anorO&i$a de do&nios dis$#rsivos2 &ostrando enrenta&entos e rela3es de or3a e& &ovi&ento n#& $a&,o.
4 ei?o saber-,oder-s#betividade di res,eito estrat"ia &etodol*"i$a de Fo#$a#lt2 +#e $olo$a e& o"os esses trs ele&entos de or&a +#e saber e ,oder ,rod#e& eeitos de s#betividade e o ,r*,rio s#eito2 dando de ,ers,e$tiva ao lon"o dos se#s est#dos2 ,rivile"iando e& dierentes &o&entos a an'lise de $ada #& dos dierentes $o&,onentes dessa i&bri$ada rela3/o. 5 ri"inal&ente ,#bli$ada na revista rni$ar n_ 102e& 07Y772 $o&oG Pe e# de Ai$%el Fo#$a#lt. No Brasil oi ,#bli$ada ,or Roberto Aa$%ado no livro Ai$rosi$a do ,oder - $itado nas Reern$ias - $o& o tt#loG Sobre a :ist*ria da se?#alidade. 6 ri"inal&ente ,#bli$ada nos anais do en$ontro interna$ional ,ro&ovido e& %o&ena"e& a Fo#$a#lt e& @aris2 e& aneiro de 188. !st' sendo #tiliada a+#i #&a vers/o e& ,ort#"#s dis,onvel na Internet2 $itada nas Reern$ias. 7 Conern$ia no Cr$#lo de !st#dos >r+#itetHni$os e& 14Y0Y1672 ,#bli$ada no III vol. dos itos e es$ritos2 $itado nas Reern$ias.