Visões do FENG SHUI Tradicional
Gilberto Antônio Silva
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Visões do FENG SHUI Tradicional Gilberto Antônio Silva
Visando ajudar a difusão da cultura chinesa e da filosofia taoísta, a distribuição deste trabalho é totalmente livre e GRATUITA . Você pode enviar este ebook a quem desejar, desde que seja sem qualquer tipo de alteração em sua forma ou conteúdo e de forma gratuita. Envie para seus amigos, familiares e a todos que você acredita que possam se beneficiar com este conhecimento.
copyright © 2007 por Gilberto Antônio Silva - Todos os direitos reservados Esta obra não pode ser alterada ou copiada por nenhum meio e para nenhuma finalidade fi nalidade sem o consentimento por escrito do autor. Ela encontra-se protegida pela Lei Federal Fede ral n º 9.610/98. Os infratores serão penalizados conforme a lei. Contato:
[email protected]
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SUMÁRIO 06 Introdução 07 Entrevista com um Taoísta 10 Taoísmo - Uma Antiga FIlosofia para o Século XXI 15 Como o Feng Shui Funciona 17 Feng Shui e I Ching 20 Por Que Meu Feng Shui Não Funciona? 23 Feng Shui e Medicina Chinesa 27 O que o Feng Shui Não É 30 A Lógica da Escola Ba Zhai 33 Feng Shui Tradicional x “Feng Shui” Moderno 37 Dicas Rápidas de Feng Shui 39 Ba-Guá Or Not Ba-guá - Eis a questão no Feng Shui! 42 A Medida da Terra 46 Cristais e Feng Shui 51 O Autor Gilberto Antônio Silva
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Introdução Este e-book foi montado com alguns textos e artigos escritos escri tos por mim e publicados na internet e que eu achei importante para sua compreensão do Feng Shui. Mas não fiquei contente com o resultado e acrescentei vários textos ainda inéditos, de modo que mesmo que você já conheça meu trabalho, terá informações frescas e novas para ampliar seu conhecimento desta técnica milenar. No final este e-book ficou maior do que eu imaginava, porém muito mais rico em informações. Se você está acostumado a artigos tipo “faça isto” e “não faça aquilo”, talvez você estranhe um pouco a apresentação deste material. Eu sempre me baseio nos fundamentos da arte e em ferramentas para que meus leitores compreendam a fundo o que estão fazendo. Sugiro que leia este e-book inteirinho e reflita sobre seu conteúdo. Se desejar fazer alguma pergunta ou tirar alguma dúvida, fique à vontade para me escrever. Terei o maior prazer em lhe responder. Se a abordagem tradicional do Feng Shui, Escola da Bússola, lhe interessou, recomendo fortemente que faça meu curso à distância DOMINANDO O FENG SHUI. É o mais completo e objetivo e traz a explicação do porquê das técnicas funcionarem e ainda várias técnicas complementares como limpeza energética ambiental, cristais, plantas que limpam o ar, ar, radiestesia e geobiologia, etc... Você vai viajar por um mundo novo, aprendendo sobre a cultura e filosofia chinesa, sua metafísica e como aplicar aplic ar as técnicas de duas escolas tradicionais. Tudo à partir do zero, sem que seja necessário qualquer conhecimento anterior. Se você gosta de Feng Shui de verdade, este é o seu curso! Espero que goste deste e-book e prossiga em seus estudos para conseguir uma boa harmonização para sua família ou negócio. Um grande abraço
Gilberto Antonio Silva Gilberto Antônio Silva
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Entrevista com um Taoísta Esta entrevista com o Prof. Gilberto Antônio Silva sobre Taoísmo e Feng Shui foi realizada no começo de 2006 pela jornalista Ezelise Crocco para um informativo esotérico. O projeto acabou não acontecendo mas ela gentilmente cedeu a entrevista, na íntegra, para veiculação.
Prof. Gilberto, fale-nos um pouco sobre seu histórico no Taoísmo. Taoísm o. Sempre gostei muito de filosofia oriental. Ainda muito jovem li um exemplar de Lobsang Rampa e me apaixonei por esta área de conhecimento. Nunca mais parei, tendo estudado Confucionismo, Shintoísmo, Hinduísmo e vários ramos do Budismo (Hinayana, Mahayana, Ch’an, Tibetano, Chen Yen, Shingon, Zen), entre outros, além de práticas como Yoga, Artes Marciais japonesas e chinesas, meditação, Chi Kung, línguas orientais e por aí vai. Ano que vem [2007] completo 30 anos de estudos e práticas, com dedicação especial ao Taoísmo. Assumi ser taoísta oficialmente oficialm ente em 1988, quando percebi que já tinha nascido taoísta. (risos) O que o Taoísmo possui que o atraiu tanto em meio a dezenas de outras filosofias? Especialmente Especialm ente a naturalidade e a liberdade. O Taoísmo Taoísmo não possui regras regra s rígidas de conduta c onduta pois quando você se harmoniza com o Tao Tao você não consegue prejudicar outras pessoas. Alimentação, artes marciais, medicina, tudo pertence a um modo de vida livre e espontâneo, embora muitas vezes mal interpretado. As pessoas pensam que podem fazer qualquer coisa, que tudo é permitido. Não é bem assim. É a sabedoria do Tao que guia nossas ações. É uma religião, então? Não necessariamente. Existem duas vertentes principais: taochia e taochiao. O primeiro é dedicado à filosofia taoísta como filosofia de vida e de compreensão do Universo e o segundo já incorpora rituais e preceitos religiosos como templos, sacerdotes. A pessoa pode escolher o que é melhor para si, pois os dois principais caminhos para p ara a iluminação são a sabedoria e a devoção. Ambos Ambo s conduzem ao mesmo lugar lug ar.. Quando me perguntam qual a minha “religião”, “religião”, entendo que querem saber qual a filosofia de vida que sigo no cotidiano. Neste caso, respondo que minha religião é o Taoísmo. Gilberto Antônio Silva
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O que o taoísmo busca? Nossa meta é nos aprofundarmos na compreensão do Tao até o ponto em que nos fundimos a ele. Isto é meio difícil de explicar porque “Tao” é um apelido de um estado que transcende nosso intelecto, logo não existem palavras para descrevê-lo. É preciso experimentá-lo, vivenciálo. Daí a grande ênfase que esta filosofia dá às suas várias práticas e técnicas. Como foi seu início no Feng Shui? Como sempre acontece comigo, foi pela porta dos fundos (risos). Todas as artes e técnicas taoístas como Tai Chi Chuan, Chi Kung e Feng Shui representam para mim uma maneira de exercitar e desenvolver minha filosofia de vida. Eu nunca procurei fazer artes marciais pelas artes marciais, por exemplo, mas sempre como um exercício filosófico. Eu já contava com duas décadas imerso neste desenvolvimento quando fui convidado por um professor chinês para participar de um grupo de estudos em Feng Shui. Ainda não havia começado o modismo dos anos 90. Eu me interessei por ter lido referências sobre Feng Shui em obras taoístas e desejado compreender mais esta aplicação do Taoísmo. O que é essencial no estudo e utilização do Feng Shui? Sem dúvida, é conhecer a filosofia e metafísica chinesa. Sem isto, você não tem nada. Aplicar “receitas de bolo” sem saber como e porquê funcionam não levam a pessoa a um desenvolvimento. E sem desenvolvimento pessoal, toda arte oriental é vazia. A finalidade de todas elas é a elevação do ser humano. O que o senhor recomendaria para os iniciantes em Feng Shui? Procurem aprender uma técnica mais tradicional. Fujam de “experts” em decoração de ambientes, a não ser que desejem brincar de casinha. Decoração é uma atividade muito interessante e que eu aprecio. Mas não é Feng Shui. Comecem aprendendo I Ching, por exemplo. Não existe cultura chinesa sem I Ching, não importa se é Acupuntura, Feng Shui ou Kung Fu. Trata-se da própria essência da espiritualidade da China antiga. Isto vale para todas as artes taoístas. O Feng Shui utiliza muito o Chi. Em que consiste esta energia? O Chi é o início e o fim de tudo. É uma energia conhecida desde tempos imemoriais pelos seres humanos, com diversos nomes em cada civilização. Para os chineses é o Chi, o “sopro”. A maioria das técnicas taoístas utiliza a manipulação de Chi como uma ferramenta para atingir Gilberto Antônio Silva
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seus objetivos. Mesmo os hexagramas do I Ching representam padrões de Chi. E qualquer pessoa pode dominar esta energia, pois faz parte de seu ser. Em cultura oriental é comum a figura do Mestre. O senhor se considera um Mestre? (risos) Sempre se acaba chegando a esta questão. Os ocidentais são muito interessados em títulos e nomes, muitas vezes equivocados. Por exemplo, “Sensei” na cultura japonesa ou “Guru” na cultura indiana significam simplesmente “professor”, embora seja amiúde traduzido como “Mestre” - que também pode significar “professor”! Literalmente, “sensei” significa “nascido antes”, o que é auto-explicativo. Na China costuma-se chamar o professor de “Sifu”, que é parte de uma relação familiar. Para os chineses, professor e seus alunos equivalem a um pai e seus filhos. Um de meus mentores falava que nós nos tornamos Mestres quando nossos alunos assim nos reconhecem. Se for este o caso, então sou Mestre, mas um Mestre Taoísta, claro. Embora se eu fosse oriental não estaríamos nem falando sobre isto... Como assim? (risos) É que todo oriental é automaticamente “mestre”! Pode ser japonês, chinês, coreano ou malaio, não importa. Eles dizem que são mestres e tcharã - ninguém questiona! Conheci um monte, tanto de artes marciais quanto de outras técnicas, que se tornaram “mestres” na véspera de virem para o Brasil. Coincidência? Na matéria posso colocar Mestre Gilberto? Acho melhor manter o “professor” senão vou ter que apresentar certificados em cinco vias... (risos). Agradeço sua atenção, Prof. Gilberto. O prazer foi meu, Ezelise. Estou sempre à disposição para tirar dúvidas ou esclarecer pontos obscuros sobre o Taoísmo e as artes taoístas que conheço. As pessoas podem acessar www.taoismo.org e participar do grupo de debate taoísta ou ler textos sobre nossa filosofia de vida. Sejam todos bem-vindos!
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Taoísmo
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Uma Antiga Filosofia para o Século XXI
O povo chinês é conhecido mundialmente pela sua sabedoria de vida, sendo que o velhinho chinês tornou-se quase um arquétipo de sábio. Essa profundidade filosófica é fruto, com certeza, da elevada antigüidade de sua cultura, remontando a mais de 6.000 anos atrás. Um dos pilares dessa sabedoria é o Taoísmo, filosofia que nasceu na aurora dos tempos e que começou a tomar forma à partir do século VI a.C. O Taoísmo é uma influência marcante no pensamento chinês, desde a literatura até as artes plásticas, arquitetura, caligrafia, artes marciais e culinária. Sua influência é tão grande e profunda que por vezes essa importante filosofia passa desapercebida, dispersa entre aplicações mais práticas e populares. Principalmente para nós, ocidentais, o Taoísmo ainda é algo nebuloso e vago, ainda não totalmente compreendido em toda a sua profundidade. Com certeza muitos nem sequer ouviram falar desse ramo do pensamento chinês, mas com certeza conhecem suas artes relacionadas: Acupuntura, Feng Shui, I Ching, Tai Chi Chuan, Chi Kung. Soa familiar? Descobrindo a Cultura Chinesa Nos últimos 50 anos acompanhamos grandes mudanças mundiais em todos os segmentos. À partir da década de 60 vimos o crescente interesse nas culturas orientais, começando com a indiana, passando pela japonesa e chegando à chinesa em meados da década de 70. Gilberto Antônio Silva
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Muitos elementos e artes da cultura chinesa foram então expostos à luz dos ocidentais. Bruce Lee colocou as artes marciais chinesas, conhecidas no Ocidente como “Kung Fu”, nas telas de todo o planeta no início dos anos 70. Kung Fu se tornou rapidamente um sinônimo não apenas de luta marcial mas também de intensa filosofia de vida, iniciando com o seriado “Kung Fu”, com David Carradine, até o filme “O Templo Shaolin”, com o então adolescente Jet Li, em 1980, que fez crescer novamente o interesse não apenas nas artes marciais chinesas, mas na vida e na filosofia desse povo.. No rastro do Kung Fu vieram artes mais suaves, como o Tai Chi Chuan. Nascido arte marcial e depois divulgado como arte terapêutica após a década de 50, o Tai Chi conta com milhões de adeptos em todo o mundo, tornando-se saudáveis e dispostos através de seus movimentos suaves e fluidos. Richard Nixon, em sua célebre viagem à China em 1972, trouxe em sua bagagem, de maneira indireta, os benefícios da Acupuntura e da Medicina Chinesa. Conta-se que a visita estava sendo acompanhada pelo Editor-Chefe do The New York Times. Este teve que se submeter a uma cirurgia de emergência e seu sofrimento foi atenuado pela Acupuntra. De volta aos Estados Unidos, redigiu um enorme editorial elogiando esta técnica. Isso ganhou mundo e hoje a acupuntura é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde. O Feng Shui começou sua expansão vertiginosa em meados da década de 80 e início da década de 90. Todo mundo hoje se interessa, ao menos um pouco, em saber como harmonizar melhor sua residência ou comércio. O Chi Kung, arte de manipular o Chi (energia vital), começou a despontar seriamente na China em meados da década de 80, sendo que o interesse em suas técnicas vem aumentando muito em todo o mundo e também no Brasil, principalmente nos últimos 5 anos. Redescobrindo o Taoísmo O que todas essas artes culturais tem em comum? A filosofia taoísta! Tai Chi Chuan, Acupuntura, Feng Shui, Chi Kung, são artes que
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“funcionam” com base em fundamentos filosóficos taoístas, como Yin/ Yang, Cinco Movimentos (“Elementos”), Chi, Meridianos e pontos energéticos, flexibilidade e suavidade. Isso, entretanto, não está muito bem divulgado, fazendo com que sua filosofia de base ainda seja um tanto quanto “misteriosa” para as pessoas em geral. O primeiro paso para redescobrir o taoísmo é verificar que existem duas vertentes taoístas: Taochia, ou “taoísmo filosófico” e Taochiao, ou “taoísmo religioso”. A base dos dois é a filosofia taoísta, de modo que, ao estudar qualquer de suas artes, você não tem a necessidade de se envolver com nenhum tipo de religião. Isso é muito importante! Religião é um sistema de crenças pessoais; filosofia é um método racional de procurar a sabedoria. É desse útlimo método que estamos falando. Não importa qual seja a sua religião, você pode estudar os conceitos taoístas e se beneficiar de suas artes, sem problema algum! O Taoísmo é uma filosofia cujas raízes retrocedem no tempo até épocas remotas. Sua base é a harmonia, seja entre os homens ou entre o Homem e o meio ambiente. A busca incansável dessa filosofia é justamente evitar conflitos e restaurar a integridade que existe entre todas as coisas, fazendo com que todos os processos e interações naturais ocorrram sem obstáculos ou sofrimento. Os antigos taoístas mapearam diversos conceitos e leis universais que regem os eventos, formulando uma série de princípios que acabaram norteando todas as artes taoístas e influenciando todo o conjunto da cultura chinesa. Bem, mas o que isso tudo tem a ver conosco, ocidentais do século XXI? Aplicações Modernas O estudo do Taoísmo e seus princípios tem como benefício indireto proporcionar ampla compreensão de suas artes. Pratica Tai Chi Chuan? Gosta de Feng Shui? Se trata com Acupuntura? Então a filosofia taoísta irá lhe abrir os olhos e explicar o funcionamento de cada uma destas artes. Isso além de auxiliar a sua prática, também o ajudará bastante a evitar as “armadilhas” que existem por aí. Devido à enorme popularidade das artes taoístas, muita gente tem se tornado “professor”, “especialista” ou “consultor” sem ter a bagagem de fundamentos necessária, muitas vezes inventando histórias e técnicas milagrosas… De posse desse conhecimento, torna-se fácil diferenciar as pessoas
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sérias dos embusteiros ou até de pessoas ingênuas que se deixaram enganar e agora proliferam o engano para outros. O que denominei de “benefício direto” seria a aplicação dessa filosofia diretamente em sua vida, através de seus princípios e estudos fundamentais. Vou citar aqui alguns breves exemplos. Todos sabemos que hoje a informação é um veículo muito dinâmico, causando a necessidade de nos mantermos informados constantemente. Nem todos conseguem isso. O estudo do Taoísmo leva as pessoas a serem bastante flexíveis com relação aos fatos do dia-adia. Essa filosofia prega a mutação contínua e perpétua de todas as coisas. A necessidade de reciclar velhos pensamentos e sentimentos é permanente. Ninguém pode parar no tempo, mesmo porque o tempo prossegue inexoravelmente. Há milhares de anos os taoístas ensinam que o Universo se mantêm em perpétua mutação, um ciclo se sucedendo a outro. Um taoísta não pode ficar parado, esperando o tempo passar, mas deve ser flexível e estar apto a mudanças freqüentes. Isso é muito útil hoje em dia, quando conceitos, regras morais e fundamentos científicos se modificam a todo momento e o conhecimento humano dobra a cada 4 anos. Manter-se flexível e receptivo às mudanças elimina muito do estresse e das tensões do cotidiano, melhorando relacionamentos humanos e profissionais e deixando as pessoas viverem melhor. Um outro conceito taoísta importante é o do Wu-Wei, ou a NãoAção. Esse fundamento é muito mal-interpretado no Ocidente, onde muitos acreditam que o taoísta fica parado, esperando a laranja cair da árvore em sua mão. Nada disso! A Não-Ação ensina que devemos seguir o fluxo do Universo, o fluxo da Vida, prosseguindo sem luta e sem tensões. Se todas as circunstâncias o levam a morar em São Paulo, não teime em mudar-se para Curitiba. Se um projeto não se concretiza após anos e anos de luta árdua, examine melhor para ver se está abordando o problema do modo correto. Se encontrar uma nova configuração, seja flexível e tente mudar. Muitas vezes estamos “remando contra a correnteza”, e ao mudarmos um pequeno detalhe o projeto todo se viabiliza instantaneamente! Essa é a base do Tai Chi Chuan, por exemplo: quando o oponente avança, o praticante cede; quando ele recua, o praticante vai atrás. Como o objeto e a sombra. Procure sempre fazer as coisas o mais naturais possíveis. “Sinta” as
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dificuldades e contorne-as. Seja como a água, expressão máxima dos antigos mestres taoístas. Para concluir essa introdução, o conceito de Yin/Yang é um dos fundamentos mais importantes do Taoísmo. Para o taoísta, Yin e Yang são dois aspectos da mesma coisa, duas faces do mesmo objeto. Cara e coroa são lados da moeda, mas não se pode ter apenas um. A moeda é feita com os dois. Do mesmo modo, não existe “bem” e “mal”, em caráter absoluto. Cada um depende do ponto de vista e do lado em que se encontra. Isso destoa bastante de nossa cultura, mas um exame mais a fundo pode revelar essa verdade. Imagine um jogo de futebol entre Palmeiras e Corinthians. Se o Palmeiras ganha, isso é bom ou mal? Há controvérsias… Isso pode ser aplicado em quase tudo, de guerras a problemas profissionais. O que o Taoísmo nos ensina é sempre manter a cabeça aberta e procurar compreender os dois lados da questão. Tudo o que nos acontece, bom ou mau, possui um significado mais profundo. Tudo é um fator de aprendizado e de aperfeiçoamento para nós. Apenas devemos estar atentos e não ficar toda hora reclamando da dureza da “aula” ou do rigor do “professor”. No final, o aprendizado é para a nossa própria evolução. Quando tiver um grande problema ou obstáculo em sua vida, pare e pense: “O que isso está me ensinando?”
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Como o Feng Shui Funciona A base do Feng Shui é a filosofia Taoísta. Baseado na harmonia com a natureza e no fluxo incessante de Chi (energia vital), o Feng Shui busca manter as correntes de Chi circulando livremente, intensificando as energias benéficas e tolhendo as energias desfavoráveis. Vamos simplificar ainda mais, arrumando uma alegoria para o seu funcionamento. Imagine uma garrafa de vidro, vazia. Ela representa a sua casa. Em sua mão existe um copo com água, que representa o Chi. Agora vamos encher a garrafa com a água, ou seja, fazer o Chi entrar e percorrer sua casa. Temos que colocar a água bem lentamente, para não derramarmos, não é mesmo? De qualquer forma, um pouco de água sempre escorre ou pinga para fora da garrafa. Agora aplicamos o Feng Shui usando um… funil! Com o auxílio do funil, podemos derramar a água com mais facilidade e sem desperdício. Esta é a função do Feng Shui: auxiliar a circulação do Chi em sua casa, de modo a que ele flua melhor sem perdas, estagnações ou dificuldades.
CHI
SUA
SEM
COM
CASA
FENG SHUI
FENG SHUI
A água é uma excelente metáfora para o Chi. Da mesma forma que ele, a água deve ser direcionada para onde desejamos. Fazer um bom Feng Shui em sua casa equivale a instalar um bom ralo de escoamento. Quando se está fazendo um piso e se deseja escoar o excesso de água da lavagem do piso ou da chuva, instala-se um ralo ou Gilberto Antônio Silva
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escoadouro no local. Mas como podemos fazer a água ir aonde desejamos? Para isto necessitamos montar uma “caída” no piso. A “caída” é feita no nivelamento do chão, mantendo o ralo numa área mais baixa que o restante do piso. O resultado é que a água escorre naturalmente para o ralo, por gravidade (aquilo que raramente acontece na vida real, já que a água poucas vezes escorre diretamente para o ralo, insistindo em ir para a porta, carpete, ou outro local que não desejamos…). O Feng Shui faz a mesma coisa, pois cria condições para que o Chi flua por onde desejamos. Da mesma forma, como não podemos “atrair” a água para a garrafa ou para o ralo, não podemos “atrair” o Chi pela casa, ao contrário do que escrevem na maioria dos artigos e livros de “feng shui” moderno. O Chi é uma energia natural e como tal, não responde a “chamados”. É necessário que se faça todo um trabalho com base nas leis naturais de seu funcionamento para que ele nos obedeça. Percebe agora como o conhecimento dos princípios taoístas é fundamental? É através deles que uma pessoa consegue controlar o fluxo de Chi. Desconhecer estes princípios torna o Feng Shui um arte divinatória e supersticiosa, dependente de crença e fé para que funcione. Lembre-se sempre que o Feng Shui é também uma ciência!
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Feng Shui e I Ching O I Ching, ou “ Livro das Mutações” é uma obra ancestral chinesa, cujo texto remonta a pelo menos 3.200 anos atrás. Ele se desenvolve em torno de figuras esquemáticas consistentes em grupos de seis linhas, contínuas ou interrompidas, chamados muito propriamente de hexagramas. Para explicar o significado deste hexagrama existem textos escritos há milhares de anos. Estes textos são muito curtos, a ponto de se tornar um livro de bolso. As versões traduzidas para o Ocidente, bastante parrudas, estão recheadas de comentários de Confúcio, ou do autor, ou de ambos, ou mesmo do comentário do comentário. É impressionante como a extrema simplicidade desta obra gerou tamanha quantidade de explicações! Existem 64 hexagramas no I Ching, dispostos em uma determinada ordem, correspondem a 64 variações ou entroncamentos energéticos possíveis de acontecer em nosso Universo. Isto explica a utilização desta obra como oráculo, pois estas configurações energéticas determinam o caminho pelo qual os acontecimentos se sucedem. Sua característica principal é a universalidade de seus conceitos, uma vez que estão formulados em símbolos matemáticos, representados por linhas cheias e quebradas, respectivamente “Yang” e “Yin”. Assim, qualquer pessoa, não importa sua cultura de origem pode ter acesso a seus conhecimentos. Muitos comparam o I Ching a um computador antigo, que pode dar qualquer tipo de resposta partindo de uma linguagem binária, ancestral direta da linguagem dos computadores atuais. E isso tem muito de correto. I Ching e Feng Shui Os conceitos do Feng Shui estão intimamente relacionados com o I Ching de diversas maneiras. O Livro das Mutações é a base fundamental das técnicas de harmonização, e seus conceitos básicos devem sempre ser transmitidos aos estudantes de Feng Shui, o que ocorre nos cursos tradicionais. A atuação do I Ching no Feng Shui muitas ocorre de forma bastante incisiva e direta. Escolas que se baseiam nos Nove Palácios, Gilberto Antônio Silva
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como a Xuen Kong Fei Xing (Escola das Estrelas Voadoras), fazem uso do diagrama Lo-shu que possui fortes ligações com o Pa Kua do Céu Posterior. Outras, como o Ba Zhai (Oito Residências) são diretamente derivadas de manipulações dos trigramas. Todas fazem uso do conceito de mutação incessante e de contínuas transformações energéticas. Escolas como a das Estrelas Voadoras se servem do conceito de ciclos de atuação, elaborando um mapa energético do imóvel no momento do término de sua construção, o equivalente a um “mapa astral” do imóvel. Este mapa pode ser cruzado com um mapa anual ou mensal, contendo a disposição energética do local naquele período, para análise do comportamento do imóvel naquele momento. Esta atuação no Tempo se une à atuação no Espaço para definir as dimensões trabalhadas pelo Feng Shui, aliás, as mesmas introduzidas pelo I Ching. Por isto todas as escolas tradicionais utilizam a bússola, pois é necessário localizar o imóvel no Espaço antes de se tentar efetuar sua harmonização. Fundamentos Os fundamentos do Feng Shui estão contidos no I Ching: fluxo de Chi, a idéia de ciclos contínuos e alternados, oito direções energéticas principais, os Cinco Movimentos ou Elementos, o Yin e Yang. Não existe Feng Shui sem estes itens. Veja o Yin/Yang, por exemplo. Uma das primeiras coisas que se analisa em um imóvel é sempre o “assentamento” ou “montanha” e a “direção” ou “face”. O primeiro é a parte mais Yin do imóvel, mais sombria, quieta, parada. O segundo é a parte mais Yang, com mais movimento, luz e atividade. Sem identificar estes dois fatores, fica difícil uma análise precisa do imóvel. Esqueça a porta principal nesta etapa, pois ela só é utilizada em escolas direcionais como a Ba Zhai e mesmo assim em casos complicados, como apartamentos em que não se pode definir a polaridade com clareza. A porta principal não é a referência essencial, mas é estudada como entrada principal de Chi e por este prisma ela é analisada e seus possíveis problemas resolvidos. Mas o que vai dar a efetiva classificação do imóvel para aplicação do Feng Shui é a sua polarização Yin/Yang.
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Depois aplicamos a técnica de análise do imóvel através da divisão do mesmo em áreas, dependendo novamente da escola utilizada. Estas áreas serão então estudadas para se verificar conflitos de energia ou a qualidade da energia, se nefasta ou benéfica. A primeira situação será controlada ou diminuída e a segunda será ampliada ou fortalecida. Mas sempre existirá um lado “benéfico” e um lado “nefasto”, pela própria definição dada pelo Yin/Yang. No “feng shui moderno” que usa “cantinhos”, todos correspondem a coisas interessantes: trabalho, sucesso, prosperidade, família, amigos, etc... Isto está em desacordo com este conceito mais básico do Feng Shui, pois todos possuem esqueletos em seu armário. Uma fundamentação Vimos então que não se pode falar de Feng Shui sem falar sobre o I Ching. Seus conceitos servirão como fundamentação das técnicas de harmonização de ambientes. Sua visão do universo é a mesma adotada mais tarde pelas escolas de Feng Shui. Por isso dizemos que não se pode aprender e aplicar Feng Shui sem um conhecimento razoável do I Ching. Apenas pensamento positivo e relações ingênuas entre objetos não possuem a força necessária para mudar situações em um imóvel. É necessário que conheçamos as leis que regem o Universo para podermos harmonizar um local. E o I Ching é o nosso guia principal.
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Por Que Meu Feng Shui Não Funciona? Muitas vezes vemos pessoas que aplicaram o Feng Shui em suas casas ou comércio e não tiveram o resultado esperado. Desanimadas e frustradas, reclamam que essa técnica não funciona e que deve ser só superstição, mesmo. Se tinha algum consultor envolvido, a idéia de ter sido enganado é altamente provável. Felizmente nunca tive um problema desses, porque sou muito claro com relação ao Feng Shui: essa técnica pode ajudar muito as pessoas, mas não faz milagres. Vamos entender como a ciência chinesa do Feng Shui funciona. Destrinchando o Peru Feng Shui é uma técnica que nos permite harmonizar o ambiente, seja imóvel residencial ou comercial. Com isso quero dizer que possíveis desequilíbrios energéticos do imóvel serão corrigidos, dando espaço para a livre manifestação das pessoas que o utilizam. O Feng Shui por si só não faz as coisas acontecerem, como uma empresa quase falida dar a volta por cima, aumentar o faturamento do comércio, arranjar namorado novo, impedir uma separação conjugal, etc… Ele se limita a restabelecer uma harmonia interna. Assim como a Acupuntura, que não cura ninguém mas apenas restabelece o equilíbrio energético do corpo e permite a esse reagir e se curar. Mesmo numa casa harmonizada e bem equilibrada energeticamente pode ser que alguma pessoa tenha problemas pessoais a resolver, alguma pendência kármica, ou alguma lição de vida a ser aprendida. Neste caso, um imóvel bem equilibrado vai facilitar a essa pessoa a vivência que ela necessita, mas não vai impedir que isso ocorra. Por exemplo, se alguém tem que passar por sufocos financeiros para aprender a valorizar os bens materiais, isso vai ocorrer com ou sem Feng Shui. Um trabalho de Feng Shui não vai transformar um pobre num milionário, se o desígnio desta pessoa for ser pobre para aprender uma lição de humildade da vida. Mas na hipótese de ter sido feito um reequilíbrio, essas duras lições podem se dar de maneira mais amena, mais natural, ajudando a pessoa a enxergar melhor a situação. Gilberto Antônio Silva
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Para os chineses, existem três níveis na Natureza: o Céu, o Homem e a Terra. O Feng Shui atua sobre o terceiro, Terra. As leituras e correções energéticas harmonizam o terceiro fator, os desígnios da Terra. Mas faltam os desígnios do Céu e os desígnios do Homem. Isso pode ser explicado por destino, karma, missão de vida, lição de vida ou outra denominação válida, dependendo de sua crença. Vendo as coisas dessa forma, percebemos que o Feng Shui pode resolver um terço da situação, deixando o restante para outras competências. E Agora? Você deve estar perguntando com seus botões: “Esse cara está arrumando desculpas para o caso de sua consultoria falhar”. Longe disso. Eu nunca prometo uma grande mudança, mas sempre digo que ela pode ocorrer. Quem sou eu para saber os desígnios de cada um? Apenas faço a minha parte. O importante aqui é ser sincero e esclarecer corretamente o cliente do que pode ou não acontecer. Já vi consultores prometendo namorados para adolescentes ou grandes viradas em empresas com dificuldades. Acho isso bastante temerário e que pode manchar a função real desta nobre arte: reequilibrar energeticamente um dado local. Acrescento ainda que o Feng Shui possui limitações, pois foi criado para se construir um imóvel, de modo que a aplicação desta técnica num imóvel já pronto deve redundar em uma melhora de 30 a 40%, no máximo. Vocês ficariam surpresos com a capacidade ocidental de se construir uma casa burlando todas as leis naturais do Feng Shui! Muitas delas teriam que ser demolidas para se fazer um trabalho bem feito. Claro que isso não é possível, então harmonizamos o local o melhor possível, o que sem dúvida é percebido algumas semanas depois. A lição que nos apresenta é de que o Feng Shui, quando corretamente aplicado e independente da escola utilizada, funciona, sim. Pode ter certeza. O que pode ocorrer é que neste momento você ou alguém que freqüenta esse espaço pode estar tendo algum revéz causado por desígnios diversos. Mas a harmonização do espaço está funcionando. Muitas vezes a situação que seria mais grave pode ser abrandada por este trabalho. Não se esqueça que o Feng Shui não substitui uma boa educação financeira, nem uma boa administração de empresas, nem um casamento harmônico, nem filhos bem educados. Ele só auxilia bastante. Gilberto Antônio Silva
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Vamos em Frente Não desanime nem perca a confiança no Feng Shui. Ele funciona, sim, mas nem sempre se nota em grande estilo. Um Feng Shui bem feito geralmente traz pequenas mudanças quase imperceptíveis isoladamente, mas que se somadas tem um grande peso. É comum uma sensação de alívio ou bem-estar ocorrer poucos dias depois da aplicação. Mesmo no caso comercial, o proprietário pode continuar com dificuldades mas as soluções podem começar a se apresentar de maneira mais clara. É uma forma de atuação bem comum: as respostas certas começarem a aparecer. Este é o grande auxílio do Feng Shui: harmonizar melhor um local de modo a permitir às pessoas que vivam melhor e resolvam melhor seus problemas. A importância dessa harmonia está na vida pessoal de cada um. Cada pessoa é afetada de uma forma. A garota que deseja um namorado pode começar a gostar mais de si mesma, que é o primeiro passo para outra pessoa gostar dela. Um comerciante pode ver uma grande oportunidade de negócio bem diante dele. Um professor pode perceber os alunos mais tranqüilos e concentrados. Um casal pode sentir mais união e harmonia. Um trabalhador pode ter o sono mais profundo e tranqüilo. E você? O que o Feng Shui trouxe à sua vida?
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Feng Shui e Medicina Chinesa Muitas vezes sou questionado quando coloco a divulgação de algum curso meu de Feng Shui em sites de terapias alternativas ou medicina chinesa. Muitos membros acreditam que estou enviando informações não-pertinentes aos objetivos do grupo. Na verdade sou o primeiro a combater a divulgação de temas fora do contexto e dos objetivos de grupos de discussão, como vocês podem ver bem nos meus próprios grupos (Longevidade, Taoísmo e Budo-Online). O que ocorre é um desconhecimento sobre as raízes e o funcionamento do Feng Shui, ofuscados pela miríade de bobagens e superstições que povoam a Internet sobre este tema. Neste artigo tentarei desmistificar o assunto e mostrar as aplicações terapêuticas do Feng Shui aliados à medicina chinesa. Raízes As reais origens do Feng Shui são bastante obscuras devido à sua grande antigüidade. O que sabemos com certeza é que a adequação de locais para habitações humanas é tão antiga quanto o próprio homem e está presente em todas as civilizações. O que podemos constatar facilmente sobre o Feng Shui são duas características importantes: 1. Esta técnica é autóctone da China, ou seja, nasceu na própria China à partir de idéias e costumes chineses. Não existe Feng Shui tibetano, vietnamita, brasileiro ou outra coisa. Quando técnicas de harmonização de lugares são encontradas em outras culturas, seguem conceitos e diretrizes diferentes da técnica chinesa e possuem nomes próprios. Este é o caso do Vastuu indiano, por exemplo. 2. O Feng Shui se baseia nos conceitos da filosofia taoísta, como Yin/Yang, Cinco Movimentos (“elementos”), Chi, Gilberto Antônio Silva
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Fluxo de Chi, Oito trigramas (Pa Kua ou Ba Gua). A noção de harmonia com o resto do Universo também está fortemente presente no Feng Shui assim como a Não-Ação (Wuwei) e outros conceitos filosóficos do Taoísmo. Note que estas duas características fundamentais do Feng Shui também se aplicam diretamente à Medicina Chinesa. Portanto é lícito notarmos uma relação direta entre a harmonização de ambientes chinesa e a medicina daquela cultura. Ambos se dirigem ao mesmo objetivo: manter as pessoas em harmonia energética consigo mesmas e o meio ambiente que as cerca. Medicina Chinesa A medicina chinesa engloba diversas técnicas e aplicações como dieta, acupuntura, moxabustão, massagem, exercícios, farmacologia, chi kung (manipulação de energia). O que existe em comum entre todas elas e que forma a espinha dorsal da medicina chinesa é a aplicação dos conceitos básicos da filosofia taoísta. Estes conceitos já eram definidos em antigos manuais médicos chineses, como o Huang Di Nei Jing (O Clássico de Medicina Interna do Imperador Amarelo), atribuído ao Imperador Amarelo mas provavelmente escrito na Dinastia Han (200a.C.-200 d.C.). O Huang Di Nei Jing coloca que a origem das doenças no princípio era apenas uma alteração no espírito, portanto a saúde era mantida pelo controle das emoções e dos estados mentais, pois o ser humano se protegia adequadamente das intempéries como o sol e a chuva. Depois que ele começou a abusar é que os desequilíbrios se tornaram mais fortes e medidas tiveram que ser tomadas para poder restaurar a saúde tanto do físico quanto do emocional (energético). O Capítulo 5 da divisão Su Wen do Huang Di Nei Jing (A Relação de Correspondência entre o Yin e o Yang no Homem e em Todas as Coisas e a das Quatro Estações) diz: “Todas as coisas se situam entre o Céu e a Terra e confiam nas energias do Céu
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e da Terra para sua existência. O Céu, bem acima, é Yang e a Terra, bem abaixo, é Yin, portanto o Céu e a Terra são os altos e os baixos de todas as coisas. Todas as coisas surgem de acordo com a alteração do Yin e do Yang do Céu e da Terra.” Veja que esta afirmação, tirada de um livro de medicina, parece ter saído de um compêndio de Feng Shui! Na verdade, a principal preocupação da Medicina Chinesa está justamente em manter o equilíbrio entre as pessoas e o meio ambiente, respeitando os ciclos na Natureza. E o Feng Shui é uma importante ferramenta para isto. Feng Shui A expressão “vento” e “água”, Feng Shui, demonstra a preocupação com o fluxo de Chi no Céu e na Terra. Esta técnica chinesa parte dos princípios taoístas para poder harmonizar as energias do Céu e da Terra de modo a poder manter o equilíbrio das pessoas que habitam o local. Não se esqueça que o Feng Shui é sempre direcionado às pessoas que utilizam aquele espaço. Esta busca do equilíbrio ideal para os seres humanos é justamente a proposição básica da Medicina Chinesa, qual seja a de tornar o ser humano equilibrado com as forças da Natureza ao seu redor. Ao “reequilibrarmos” o Chi em um local, melhoramos as condições necessárias à vida de seus ocupantes. Este é um dos objetivos centrais das técnicas chinesas de harmonização de ambientes. Medicina Chinesa + Feng Shui Como grande parte da preocupação da Medicina Chinesa é com a manutenção da saúde, seguir os ritmos e ciclos da Natureza é fundamental. Realmente, a doença apenas surge quando as pessoas rompem este delicado estado de equilíbrio com o meio que o cerca. As obras de Medicina Chinesa estão coalhadas de avisos e dicas para se evitar esta ruptura, bem como técnicas para restabelecer o equilíbrio rompido. O mesmo se dá como Feng Shui, que se preocupa em harmonizar o Chi no imóvel e fazê-lo o mais compatível possível com os seus habitantes. Esta preocupação do Feng Shui vem ao encontro da Medicina Chinesa, pois ambos buscam o mesmo resultado. E como seus objetivos
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são os mesmos, a utilização das duas ferramentas em conjunto é bastante poderoso. Como experiência própria, já resolvi problemas de insônia tirando espelhos de quartos, por exemplo; mal-estar, enxaquecas e dores de cabeça em escritórios reposicionando a mesa de trabalho; brigas e discussões familiares, fonte interminável de estresse, através de harmonização em geral do imóvel. Com o complemento da Medicina Chinesa, a situação se resolveu facilmente. Se você ainda não está convencido da utilização conjunta de Feng Shui e Medicina Chinesa, lembre-se que uma casa tranqüila e sadia pode melhorar muito o estresse e os problemas do trabalho e da vida cotidiana. Mas voltar no final de um dia cansativo de trabalho para uma casa irritante e depressiva mina os esforços de qualquer pessoa....
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O que o Feng Shui Não É Extraído do manual do curso “DOMINANDO O FENG SHUI - Curso Completo em 24 Aulas”
Para que possamos começar a analisar esta influência energética e como esta arte pode afetar a vida das pessoas, devemos necessariamente separar o Feng Shui tradicional chinês das invencionices e mistificações que abundam hoje em dia. Vamos analisar primeiramente o que não é Feng Shui. Feng Shui não é: • Geomancia • Religião • Filosofia • Auto-ajuda • Magia • Arte Tibetana • Técnica Budista • Astrologia • Atitude comportamental Se você viu qualquer afirmação referente às considerações anteriores, esqueça. Por que? Feng Shui não é Geomancia, embora se veja esta comparação em grande número de livros, inclusive de gente séria. Literalmente, “Geomancia” significa “adivinhação pela terra” e é uma técnica oracular desenvolvida pelas tribos nômades do Norte da África, em especial os Tuaregues. Consiste em interpretar determinados desenhos na terra, feitos de maneira aleatória, e tirar daí um prognóstico acerca de determinado assunto. Feng Shui não é adivinhação, mas um estudo das características dos lugares. Não se prevê o futuro ou qualquer coisa destas. Esta analogia parece ter surgido com o primeiro livro sobre Feng Shui publicado no Ocidente, “A Ciência do Paisagismo Sagrado na China Antiga”, escrito pelo missionário Ernest J. Eitel. Esqueça este papo de “geomancia”. Nossa praia é outra. Feng Shui não é religião porque se baseia unicamente em leis Gilberto Antônio Silva
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naturais que podem ser aplicadas por qualquer pessoa em qualquer circunstância, bastando conhecer o seu funcionamento, sem dogmas, iniciações, rituais, objetos mais ou menos “sagrados”, etc... Feng Shui não utiliza nem necessita de fé ou crença nas “curas”. A harmonização do ambiente acontece, quer você acredite ou não nisto, assim como a acupuntura não necessita de crença para resolver muitos problemas dos pacientes, já que utiliza técnicas de manipulação de energia (Chi). Feng Shui não é filosofia por se tratar de uma técnica que já é baseada na filosofia taoísta. Já ouvi pessoas afirmando que procuram “viver segundo o Feng Shui”. O que realmente elas podem desejar é seguir a filosofia taoísta, pois esta é a verdadeira filosofia por trás da técnica. Feng Shui não é auto-ajuda porque ela procura resolver equilíbrios energéticos de um local e não resolver problemas específicos de alguém. Quando utilizado de forma terapêutica, complementa o tratamento pois equilibra o local onde a pessoa reside e diminui a carga de más influências energéticas que assolam o paciente, mas o Feng Shui por si só não se destina a resolver problemas específicos da vida de ninguém. Feng Shui não é magia por ser uma técnica natural que busca harmonizar o fluxo energético no ambiente, e não “atrair” coisas ou manipular o Universo. Feng Shui não salva empresas mal-administradas, não arruma namorado, não faz ganhar na loteria, nem se livrar da sogra. Eficientemente utilizado, o Feng Shui melhora o fluxo energético que incide na vida das pessoas e as libera de energias nefastas, deixando-as livres para conseguir o que sua capacidade permitir e seu Karma deixar. A situação pessoal de cada um é que vai dizer o que pode acontecer ou não. Mesmo quando utilizamos magia taoísta para “incrementar” uma harmonização, criamos possibilidades e facilidades para que a prosperidade ou os bons relacionamentos possam fluir mais facilmente. Mas se a pessoa não se mexer e for atrás, sinto muito... Feng Shui é um termo chinês que define uma arte chinesa e nunca foi tibetana. Até onde sei, não existe nenhuma forma de harmonização nativa do Tibete, embora eu acredite que eles utilizem alguns conceitos do Vastu indiano em seus templos, por exemplo. Mesmo que eles tivessem algum tipo de técnica assim, ela teria nome tibetano e conceitos tibetanos, como a medicina deles que é muito diferente da Gilberto Antônio Silva
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medicina chinesa e se parece mais com a Ayurvédica. O Tibete sempre teve uma maior influência da Índia do que da China. Feng Shui não é budista porque é taoísta. Não existem técnicas derivadas do budismo nesta arte chinesa, por mais que queiram afirmar isto. Feng Shui não é astrologia, embora estas técnicas estejam ligadas e sejam utilizadas em conjunto, muitas vezes. Já vi pessoas inventando uma “astrologia do feng shui” porque não tem a mínima idéia do que estão falando. Cuidado. Feng Shui não é uma atitude comportamental, pois não possui regras de comportamento. Já conheci pessoas que ficam neuróticas com esta técnica, mal ensinada, e não compram nada para a casa se a cor não combinar com o tal “ba-guá”, ou ficam desesperadas se esquecem a tampa do banheiro aberta porque é um “ladrão de energias”, ou tentam fazer “feng shui” no carro, nas roupas, na bolsa, em todo lugar ou ainda procuram sempre “agir segundo o Feng Shui”. Você não tem que mudar seu jeito de viver em nada ao aplicar o Feng Shui em sua casa ou empresa. O tipo de vida que você leva e os objetos que gosta em sua casa são problema seu e não do Feng Shui. Seja você mesmo e seja mais feliz.
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A Lógica da Escola Ba Zhai Muitas vezes sou interpelado pelo meu entusiasmo pela Escola Ba Zhai (Escola das Oito Residências). Para muitos especialistas tradicionais é uma escola considerada muito simples e por isso renegada à uma mera introdução do Feng Shui chinês. Realmente, perto de escolas populares e complexas como a Xuan Kong Fei Xing (Escola das Estrelas Voadoras), a Ba Zhai parece mais direta e objetiva. E é exatamente por isso que eu a admiro. Uma das escolas tradicionais mais novas, com cerca de 300 anos, a Ba Zhai se fundamenta fortemente no I Ching, lidando mais com o espaço do que com o tempo. Isto não é um defeito, como muitas vezes se ouve por aí, mas uma simples característica. Harmonizar o espaço é tão importante quanto lidar com os ciclos temporais. Existem inclusive especialistas que afirmam que esta escola não deve ser utilizada realmente, mas apenas estudada como uma introdução às escolas mais “reais”. Acredito ser isto um erro de interpretação. Esta é uma escola maravilhosa pela sua lógica poderosa, como podem comprovar pelo exemplo a seguir. Suponha que queremos obter a direção da Estrela Anos Prolongados, conhecida também como Longevidade. Para isto pegamos o trigrama do imóvel, neste caso Tui – o Lago, e alteramos todas as três linhas:
Obtemos assim o trigrama Ken – Montanha, que indica a direção Nordeste para esta estrela neste imóvel, segundo o Pa Kua do Céu Posterior. Mas por que fazemos esta operação para esta estrela em particular? Dentro do I Ching, as linhas móveis, que mudam para seu oposto complementar, são chamadas de “linhas velhas”, pois quando se atinge o pico máximo do Yang surge o Yin e quando se atinge o pico máximo de Yin surge o Yang. Então quando a energia está saturada de Gilberto Antônio Silva
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uma polaridade, ela se transforma em sua complementar. Neste caso, para que as três linhas do trigrama mudem é necessário que todas sejam velhas, representando Anos Prolongados ou Longevidade. Perceba que este raciocínio lógico está presente em todas as técnicas da Ba Zhai, embora raramente livros e cursos expliquem isto. Basta conhecer a filosofia e metafísica chinesa, que são os fundamentos do Feng Shui. Por isso eu afirmo que meu curso à distância, lançado recentemente, é um dos únicos a trazer TODAS as explicações das técnicas apresentadas, dentro de uma maneira lógica e racional. Basta ir até os fundamentos. Está tudo lá. A Escola Ba Zhai também divide imóveis e pessoas em dois grupos: o Grupo do Leste e o Grupo do Oeste. Todos deveriam conviver e habitar um imóvel do mesmo grupo, idealmente. Uma pessoa do Grupo do Leste que more em uma casa do Grupo do Oeste está em desarmonia, pois as suas direções benéficas pessoais representam estrelas nefastas do imóvel e deve-se utilizar determinadas técnicas de direcionamento da cama, por exemplo, para melhorar esta desarmonia.
GRUPO DO LESTE 1
3
4
GRUPO DO OESTE 9
2
6
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Kan Chen Sun Li Kun Chien Tui Água Trovão Vento Fogo Terra Céu Lago
8 Ken Montanha
Afirma-se que se um casal possui uma pessoa de cada grupo, então as direções delas devem ser diferentes o que poderia acabar separando o casal. Mas não é bem assim.
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Esta forma rígida de encarar a análise não está condizente com os conceitos flexíveis e lógicos do I Ching. Existem muitos tipos de relacionamento entre os grupos e situações a serem observadas. Podemos sempre extrair o melhor proveito de cada situação, pois sempre teremos pelo menos uma das pessoas em harmonia com o imóvel ou com o cônjuge. A Ba Zhai possui esta visão. Estes tipos de análise também são desvendadas e explicadas com exemplos no meu curso. Utilizei a Escola Ba Zhai por muitos anos, com excelentes resultados. É uma boa escolha também para as pessoas que nada conhecem sobre Feng Shui tradicional ou que conhecem apenas técnicas modernas e desejam se aproximar das escolas chinesas.
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Feng Shui Tradicional x “Feng Shui” Moderno Para todos que lêem o material sobre Feng Shui que aparece por aí muitas vezes salta aos olhos a separação que se arma entre “Feng Shui Tradicional” e “Feng Shui Moderno”. O leigo ou curioso não compreende esta separação, muito menos a defesa acirrada de seus adeptos. Pretendo esclarecer esta história para que todos possam compreender o que acontece. Feng Shui Tradicional- É representado pelas escolas antigas (ou mesmo modernas) que se baseiam solidamente na cultura, filosofia e metafísica chinesa . “Feng Shui” Moderno- É representado pela Escola do Chapéu Preto e variações, onde efeitos estéticos e a maneira de pensar ditam as avaliações. O termo “Feng Shui”, quando tratamos da técnica moderna, se encontra entre aspas por não representar a essência do pensamento chinês, mas um conjunto de conceitos modernos e de várias fontes diferentes. Isto não é pejorativo, mas essencial para que separemos o que é o Feng Shui, da maneira como foi desenvolvido nos últimos 1500 anos, e uma técnica que tem cerca de 25 anos e que sofre constantes acréscimos de fontes variadas Muitas vezes os defensores do Feng Shui tradicional são acusados de desrespeito e até de serem anti-éticos pelos adeptos da escola moderna. Isto está longe da verdade. Eu mesmo sou um dos defensores das escolas tradicionais, por isso sei que possíveis exageros na forma de se expressar não são sinal de desrespeito, mas de indignação. Imagine alguém que se forma em Reiki e sai por aí dizendo que é médico e aplica a medicina. Ele será preso e acusado de exercício ilegal da profissão, já que Reiki não é medicina. Veja, não importa que ele seja um bom praticante e o Reiki seja uma técnica que funcione muito bem. Não é este o ponto. Ele se utilizou Gilberto Antônio Silva
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de um título que não pode ser utilizado pelas suas credenciais. Com as escolas modernas de “Feng Shui” se dá o mesmo. Quando se generaliza o termo “Feng Shui”, coloca-se no mesmo saco praticantes que levaram muitos anos para dominarem técnicas ancestrais chinesas, apesar das barreiras de língua e pensamento, e pessoas que saem “consultores” depois de um curso de final de semana. Há justiça nisto? Todos podem fazer o que bem entenderem de suas vidas. Muitas técnicas do “Feng Shui” moderno são interessantes por trazer conforto e bem-estar. Podem e devem ser utilizadas por quem desejar seus benefícios. Mas não são Feng Shui! É o caso dos prismas e bolinhas de vidro (normalmente chamados de “esferas de cristal”, o que gera muita confusão com o cristal de quartzo, que é outra coisa). São bonitos e podem gerar efeitos estéticos, mas não manipulam o Chi. De modo algum. Não há qualquer base de sustentação nisto ou na afirmação que se ouve de que peças de “cristal” são “fontes de energia”. O que o vidro tem de especial, além de ser muito bonito? Todas as técnicas empregadas pelo Feng Shui tradicional estão amparadas pela filosofia e metafísica chinesa. Tudo pode ser explicado de maneira lógica, dentro do contexto cultural chinês. Por muitos anos busquei o mesmo nas escolas modernas, em sites e livros. Mas ninguém explica as origens de nada nem as suas bases filosóficas (se é que existem). O material sobre estas escolas modernas é recheado de “remédios” e “curas” para todo tipo de coisa, misturando simbolismos, superstições, crenças e uma grande dose de lógica infantil. Vou inventar um exemplo, que poderia acontecer de verdade. Cachorros são símbolos de lealdade, certo? Então colocar um par de cachorros de porcelana no quarto aumenta a fidelidade do casal. Se você achou isto absurdo, leia melhor as revistas que existem por aí... Este tipo de analogia simplória é extremamente comum nestas “curas”. Outra característica marcante, e que as difere diametralmente do Feng Shui tradicional chinês, é a mistura de elementos díspares em uma mesma avaliação, tudo sob o nome de “Feng Shui”. Utilizam-se objetos de cristal (vidro), gnomos, anjos, radiestesia, aromaterapia, símbolos místicos, superstições e crendices populares. Coisas que saem de culturas diferentes e são englobados pela mesma “técnica”.
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O Feng Shui tradicional muitas vezes utiliza elementos de fora de seu círculo cultural. Eu mesmo utilizo cristais, plantas e radiestesia em minhas consultas. Mas isto é “Harmonização de Ambientes” e não “Feng Shui”. São técnicas complementares. É esta mistura de tudo o que existe sob uma mesma denominação que gera o descontentamento dos praticantes tradicionais. Feng Shui é uma coisa, o resto é outra coisa. Nossa cultura ocidental preza muito a nomenclatura correta e esta deve ser respeitada. Mesmo a Escola do Chapéu Preto se encontra descaracterizada no Brasil. “Consultores” inventam coisas novas todos os dias, pois acreditam que o “pensamento positivo” e uma simples simbologia são elementos suficientes para fazer até tijolos “atraírem” o Chi. Por ser extremamente simples e liberal, seus adeptos acrescentam cada vez mais bugigangas, muitas vezes incentivados por lojas esotéricas ou publicações que não tem mais do que falar, já que não existe profundidade cultural ou filosófica nestas escolas modernas. Certa vez, quando dava meus primeiros passos no estudo do Feng Shui, após um ano de aulas constantes, meu professor (chinês, claro) disse que iria ensinar a Escola do Chapéu Preto porque estava na moda e deveríamos saber do que se tratava, embora não fosse útil nas análises que fazíamos. Quando ele falou que ensinaria o método em quinze minutos, eu e meus companheiros de aula tivemos que rir. Estávamos à um ano nos arrastando por conceitos metafísicos chineses e de repente íamos aprender toda uma nova escola em quinze minutos! Só podia ser uma piada. Pois bem, ele não levou quinze minutos. Levou dez. Nem tive tempo de fazer anotações. Nada de I Ching, Troncos Celestes e Ramos Terrestres, calendário solar e lunar, ciclos, manipulação de estrelas e trigramas. Apenas um octógono (chamado de “ba-guá”) e muita imaginação. Não é a toa que se tornou popular! Mas as pessoas gostam de coisas simples e por isso querem utilizar as “curas”. Certo, nenhum problema. Qualquer pessoa pode fazer o que desejar com sua vida. Mas não digam que é Feng Shui ou o coloquem na mesma árvore genealógica que as escolas tradicionais. Ninguém sabe exatamente de onde isto veio, quais os seus fundamentos, onde entra o Budismo Tibetano ou o porquê de suas “curas”. Experimente questionar um consultor. Como se pôde constatar, são universos diferentes. E a mistura
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deles dentro de um mesmo balaio só pode trazer ressentimentos. Então quando ouvir um praticante tradicional chiar contra o “Feng Shui” moderno, acredite: não é desrespeito. É indignação.
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Dicas Rápidas de Feng Shui
Verifique se sua porta de entrada está desobstruída, sem árvores, postes ou entulho na sua frente. Coloque o lixo para fora sempre que o lixeiro for passar, mas nunca na frente da porta principal. Para evitar energias nocivas, tanto do Chi quanto de efeito microbiológico, mantenha a tampa do vaso sanitário sempre fechada. Espelhos no quarto costumam atrapalhar o sono. Isso ocorre porque espelhos criam uma distorção de energia no local, mesmo que não reflitam a cama. Espelhos em casa, apenas dentro de armários e no banheiro. Verifique se o Pa Kua (Ba-Guá) que está na sua porta de entrada é o Xian Tien Ba Gua, ou Pa Kua do Céu Anterior. Utilizar o Ba-guá errado pode trazer problemas. Coloque flores naturais onde preferir e sempre que puder. Elas embelezam e melhoram o Sheng Chi (Energia Benéfica). Evite flores artificiais. Evite passar muitas horas sob uma viga exposta. Ela deforma a corrente de Chi e pode causar muitos problemas de saúde. Se não souber neutralizá-la corretamente, saia de baixo! A radiestesia pode ser um grande auxiliar na harmonização de ambientes. O Feng Shui analisa uma área ou época, enquanto a radiestesia analisa cada ponto do imóvel. Não misture técnicas diferentes dentro de um mesmo conceito.
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Se for aplicar Feng Shui, aplique Feng Shui corretamente, do modo chinês. Se quiser acrescentar outras técnicas, como Radiestesia ou Cristais, faça-os em separado. Muita gente mistura um monte de coisas e chama tudo isso de “feng shui”. Mantenha cada coisa em seu lugar para não misturar energias diferentes.
O fogão não deve ficar ao lado da geladeira, não apenas por causa do Feng Shui. Quando o fogão aquece o ar atrás da geladeira, ele diminui a eficiência desta. Resultado: conta de luz mais alta e menor vida útil de seu refrigerador. Feng Shui também é bom senso! Se o Feng Shui de sua casa não for muito bom, não se desespere: tudo depende também do Karma e das lições de vida de cada pessoa. Feng Shui é apenas uma ferramenta, útil e importante, mas uma ferramenta. Feng Shui é bom senso. Não seja neurótica(o)!! Conheci uma mulher que comprava até os lençóis da cama na cor de cada área do Ba-guá… O Feng Shui é um auxiliar para ajudar seu equilíbrio nesta vida. Não deixe que se torne uma obsessão. Procure ventilar e iluminar todos os cômodos de sua casa. Se tiver algum quarto sem muito uso, busque atividades qie possam ser feitas nele, pelo menos duas vezes por semana, como ler um livro ou ouvir rádio (ou passar roupa. É muito útil!). Nunca coloque a cabeceira da cama sob uma janela. Atrás de sua cabeça precisa haver uma sólida parede, sempre. caso contrário, os chineses afirmam que “as idéias vão embora”. Muitas pessoas nesta situação se sentiram mais concentradas e criativas quando mudaram a posição de suas camas. Evite ficar em um lugar onde suas costas dêem para o vazio, como uma porta, uma janela ou outra abertura. As costas devem sempre estar protegidas ou causarão um grande incômodo. Espelhos também costumam ter o mesmo efeito de espaços vazios.
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Ba-Guá Or Not Ba-guá - Eis a questão no Feng Shui! O Ba-guá é uma figura octogonal com oito trigramas do I Ching inscritos em seu interior. Quando é colocado na porta de um imóvel para proteção de algum tipo, costuma-se colocar um espelho em seu interior. A descrição acima carece de maiores comentários para qualquer pessoa que tenha lido ou ouvido falar de Feng Shui (e hoje em dia, quem não ouviu?). Mas o que é muito importante é saber de um detalhe que a maioria dos consultores e estudantes desta arte desconhece: a existência de mais de um Ba-guá. Existem basicamente dois desenhos, sendo que um é utilizado para proteção e outro para análise do imóvel. Trocar um pelo outro não apenas inviabiliza o estudo mas pode comprometer o equilíbrio do local! Dois Caminhos Existem vários possíveis Ba-guás, nascidos das combinações entre os oito trigramas. Destes, dois são principais: o do Céu Anterior (Xian Tian) e o do Céu Posterior (Hou Tian). O Ba-guá do Céu Anterior traz os trigramas numa ordem harmônica, sendo que os trigramas opostos são espelhados. Isso retrata uma ordem e uma harmonia completa, inexistente em nosso atual Universo. Por isso chama-se esse Ba-guá de “Céu Anterior”, pois retrata as energias num estado anterior à criação de nosso Universo.
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Já o Céu Posterior é diferente. Seus trigramas estão dispostos em uma maneira cíclica, onde o movimento de cada trigrama passa para o próximo, começando com “Trovão” e finalizando em “Montanha”, quando um novo ciclo principia. Esse movimento cíclico, no sentido horário, é considerado como o grande representativo de nosso próprio Universo, que como o I Ching preconiza, está em constante mutação. Esse movimento constante é demonstrado claramente por este Ba-guá. O Momento da Escolha O segredo da eficiência está em se escolher o Ba-guá correto para cada aplicação. Isso não é difícil, na verdade, e só é ignorado pela maioria dos consultores e estudantes de Feng Shui moderno por simples ignorância dos princípios mais fundamentais da filosofia chinesa. Nenhuma “cura” ou estudo de Feng Shui pode funcionar se for desrespeitado quaisquer dos fundamentos filosóficos taoístas que lhe deram origem. É simples assim. Mas vamos aos Ba-guás! O Ba-guá do Céu Anterior deve ser utilizado para proteção e decoração. Todo tipo de camiseta ou peça de roupa, pôsteres, banners, logotipos, etc… que utilizam esta figura deveriam ostentar esse tipo de Ba-guá. Por ser representante de uma harmonia absoluta, ele invoca forças primordiais do Universo e pode proteger o local onde é afixado. Esse é o princípio do Baguá pendurado acima da porta principal (eu disse acima, e não na porta!): o espelho interno reflete energias que tentam entrar no imóvel, enquanto os trigramas em volta funcionam como um filtro energético, barrando apenas as energias nefastas (Sha Chi). O Ba-guá do Céu Posterior se aplica a qualquer tipo de estudo relacionado com algo em nosso próprio Universo. Assim, para se estudar uma planta de um imóvel coloca-se sobre ela um Ba-guá do Céu Posterior, pois o imóvel existe em nosso Universo. Da mesma forma, a Acupuntura, por exemplo, utiliza
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sempre o Ba-guá do Céu Posterior em suas técnicas. Ele lida com questões materiais, mais palpáveis, como um imóvel ou uma pessoa. Por isso, se você pendurar esse Ba-guá na porta de sua casa, ele pode barrar a entrada de coisas MATERIAI$. Será que fui claro? Recapitulando: a grosso modo, podemos dizer que o Baguá do Céu Anterior lida com forças espirituais, enquanto o Baguá do Céu Posterior lida com forças materiais. Olho Vivo Não existe, repito, grandes problemas nessa escolha. Basta comparar bem os desenhos que estão aqui com os Ba-guás encontrados em lojas. Você vai ver que 99% deles são do Céu Posterior, incorretos para aplicar na porta da casa! É uma pena que muitas pessoas comecem a inventar coisas em Feng Shui sem o devido estudo. A filosofia chinesa é algo árduo de se aprofundar, mas bastante gratificante. Se você algum dia comparecer a uma aula ou palestra minha, posso demonstrar filosoficamente tudo o que foi dito aqui. Em filosofia Taoísta é assim: c.q.d. (Como Queríamos Demonstrar. Lembra-se das aulas de matemática?) Crença ou Ciência? Não se esqueçam que o Feng Shui é uma ciência. Portanto você não precisa acreditar na eficiência do Ba-guá para que ele funcione. Ignore solenemente quem disser o contrário. O Baguá funciona no sistema de “Ondas de Forma”, de maneira similar ao dos gráficos radiestésicos. Portanto, sua função é energética e real, acredite você ou não. Por falar nisso, você sabia que nem sempre é necessário colocar o Ba-guá na sua porta? Mas isso fica para outra oportunidade…
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A Medida da Terra Como a maioria de meus leitores deve saber, Geometria significa “medida da terra”, em grego. Pena que essa nobre e vital ciência seja tão esquecida nos bancos escolares. Isso cria uma série de dificuldades que acabam por atrapalhar as demonstrações mais básicas da filosofia Taoísta. Vejamos um exemplo. O Ba-guá Esta figura novamente aparece entre nós. Claro, pois boa parte das escolas de Feng Shui utiliza esse dispositivo. Mas lembre-se de que o Ba-guá deve ser uma figura geométrica regular, ou seja, os oito lados devem ter a mesma “área”. Isso é fundamental, pois o Feng Shui se propõe a harmonizar um determinado local, e como poderemos harmonizar algo que já está deformado? As oito áreas devem ser idênticas em primeira instância, para podermos proceder a uma análise mais correta. Vamos abrir um parênteses aqui: o Ba-guá, para ser chamado assim, deve ter presentes os oito trigramas (“Ba” significa “oito” e “Gua” pode ser traduzido por “trigrama”). Se não tiver trigrama nenhum (muito comum), trata-se de um octógono, ou seja, uma figura geométrica com oito lados. Só isso. A única coisa a mais é uma divisão em setores similar a uma pizza. Mas continua sendo um octógono! A Harmonia Para um estudo ser imparcial e realmente demonstrar o estado do imóvel, as áreas do Ba-guá (ou do octógono) devem ser todas equivalentes. Não podemos deixar a área A com proporções diferentes da área B, pois o equilíbrio entre Yin e Yang deve prevalecer. Assim, não estaria correto aplicar o Baguá num imóvel retangular destas maneiras:
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Na verdade, essa explicação não deveria ser necessária. A única coisa que me vem à cabeça é a eterna preguiça das pessoas. Cada vez mais nós buscamos as saídas fáceis. A melhor solução é bastante simples, e mais correta tanto do ponto de vista geométrico quanto do filosófico. Basta pensar um pouco. Colocaremos o octógono regular no centro do imóvel e projetaremos seus lados até tomarmos toda a planta. Simples e elegante, sem distorcer nenhuma área. Veja abaixo como é feito:
Difícil? Tenho certeza de que não! É apenas questão de bom senso, aliás, a grande qualidade do Feng Shui. Gostaria de saber a diferença nas áreas? Veja só: Gilberto Antônio Silva
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Note como muda completamente a disposição das áreas. E por experiência própria eu sei que uma definição precisa é fundamental para que a técnica do Feng Shui dê certo. Ou você vai usar as técnicas erradas para harmonizar cada setor. Em tempo, em meus cursos gosto de ensinar meus alunos a traçar o Ba-guá com esquadros e transferidor, do jeito antigo. Nestes tempos de computador, não custa usar um pouquinho mais o cérebro. Assim não tendemos a fazer as coisas muito rápido, automático. Em filosofia chinesa, assim como na vida, que tem pressa come cru e quente! Os Lados da Discórdia Existe mais um detalhe que eu tenho que citar. Para poder ser diferente, tem muito consultor pregando o Ba-guá de nove lados. Meu amigo, ou amiga, se “Ba” quer dizer “oito”, como afirmamos anteriormente, e a figura símbolo é um OCTógono, como (em nome de Lao-Tsé) um Baguá pode ter nove lados?? É uma vergonha.
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O que pode ter acontecido, acredito eu, é uma confusão com o Quadrado Mágico (ao lado). Essa figura, presente na Astrologia dos 9 Palácios, possui nove quadrantes que simbolizam metaforicamente o
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percurso da Estrela Polar. Mas esse tipo de construção só é utilizada em escolas onde impera a astrologia e os ciclos cronológicos, como na Xuen Kong Fei Xing (Escola das Estrelas Voadoras). Escolas baseadas no I Ching utilizam o octógono, mesmo. Com oito lados.
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Cristais e Feng Shui A utilização de cristais e pedras pode ajudar consideravelmente na harmonização de um ambiente. Note que falamos aqui de harmonização de ambientes e não de Feng Shui, puramente. Dentro do Feng Shui tradicional chinês, pedras são utilizadas como proteção e de algumas outras formas, mas sempre em grandes quantidades (dezenas ou centenas de quilos). Cristais como os que se encontram em lojas de pedras, geralmente derivados do quartzo, não são empregados normalmente dentro do Feng Shui. Acrescento esta parte em meus cursos porque trabalho há muitos anos com cristais, inclusive dentro de práticas terapêuticas, e sei bem os enormes benefícios de seu uso. Uma ressalva: quando falamos aqui em “cristais” nos referimos aos cristais naturais, como o quartzo. Bolinhas de “cristal” e outros badulaques são feitos de vidro e não tem qualquer tipo de propriedade, nem científica nem esotérica. Eles são chamados popularmente de “cristais” por sua elevada transparência analogia. Na verdade trata-se de um vidro límpido e cristalino, obtido geralmente pela utilização de chumbo na composição do vidro. Mas não deixa de ser vidro, seja um cristal de Murano, Bacarat ou Swarovski. Ele não vai ter mais efeito sobre o imóvel que a vidraça de sua janela. Cristais, Pedras e Seres Humanos Os cristais e pedras são provavelmente a forma mais antiga que a humanidade criou para manipular energias. As pedras mágicas, sagradas e consagradas, fizeram uma parte muito importante de nossa herança pré-histórica e das primeiras civilizações. Na Índia e Egito antigos havia já toda uma ciência devotada ao estudo e utilização dos cristais, tanto para fins terapêuticos quanto de manipulação de forças da Natureza. Ainda hoje muitos usam o poder dos cristais para essas mesmas finalidades. Gilberto Antônio Silva
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Os chineses sempre tiveram predileção pelo jade como pedra de toque, utilizado desde épocas pré-históricas como meio de contato com os deuses. Eram muitas vezes esculpidos em forma de um disco, simbolizando o Céu, e sua cor representava a união do Céu e da Terra (azul+amarelo=verde). Existem poucas referências à utilização dos cristais pelos taoístas, geralmente se limitando ao jade e ao quartzo incolor. Algumas utilizações eu só pude conhecer através de tradição oral. Talvez por isso eles não façam parte do Feng Shui comumente utilizado. Mas os cristais funcionam, sim. Se você souber o que está fazendo e souber dosar os cristais para o ambiente em questão. Ninguém vai usar uma pequena drusa de quartzo para equilibrar uma casa com 200m2. Duas visões Podemos ter dois pontos de vista sobre os cristais, um científica e outro esotérico. Cientificamente um mineral é denominado “cristal” quando possui uma estrutura atômica ordenada geometricamente. O desenho à direita é de uma molécula de Halita (sal). Note que seus átomos estão alinhados segundo ângulos que conferem a esta molécula uma aparência cúbica. Isto é um cristal. O chamado “efeito piezoelétrico” é um fenômeno que ocorre nos cristais de quartzo: quando se pressiona uma das faces (alterando sua estrutura), surge uma corrente elétrica e quando se passa uma corrente elétrica pelo cirstal, ele muda de forma. Claro que tanto a corrente elétrica quanto a deformação são imperceptíveis, mas possuem uma enorme variedade de aplicações, como os relógios, onde a pulsação do cristal estimulada pela energia da bateria marca o passar dos segundos no lugar do antigo pêndulo. Claro que a propriedade piezoelétrica do material ainda é pouco para explicar os efeitos que percebemos ao utilizar os cristais em técnicas terapêuticas, por exemplo. Este é um erro comum aos esotéricos, ao
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atribuir a um fenômeno físico várias capacidades que não estão ao seu alcance. O resultado é a descrença geral. Quando trabalhamos com cristais, esotericamente, na verdade estamos trabalhando com o Chi, nosso velho conhecido. Os cristais atuam como moduladores e amplificadores do fluxo de Chi, alterando suas características. Sua influência se faz sentir nas pessoas que utilizam o imóvel e não nas energias do imóvel em si. Quando utilizamos cristais em um harmonização de ambientes sempre partimos de quem utilizará o espaço, qual o fluxo de pessoas e qual o efeito que queremos proporcionar naquele ambiente. Limpeza dos cristais Quando comprar um cristal, antes de utilizá-lo em um imóvel, é recomendado que ele seja limpo energeticamente e carregado. Existem muitos métodos para limpeza de cristais, ma so mais comum é usar água com sal: 1-coloque uma colher de sopa de sal em um copo de água 2-coloque a pedra ou as pedras que deseja limpar 3-deixe por pelo menos três horas 4-retire e lave as pedras em água corrente 5-descarte a água utilizada em um ralo ou na privada Nota: verifique a composição de seu cristal, pois alguns são corroídos pelo sal ou pela água, como a Malaquita e a Selenita. Os cristais derivados do quartzo não apresentam este problema (ametista, citrino, aventurina, etc..) Utilização dos cristais na Harmonização de Ambientes Lembre-se sempre que o cristal é um amplificador e modulador de Chi e não faz nada sozinho, portanto sempre que posicionar um cristal em um determinado local, coloque sua intenção para ativá-lo e obter o resultado que deseja. Como dosar? Esta é uma questão fundamental. Cada cristal deve ser dimensionado e planejado para atuar em uma determinada área ou cômodo específico. Utiliza-se uma drusa ou conjunto de cristais maior ou menor em função de dois componentes: a quantidade de pessoas que transitam por um local ou as suas dimensões.
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Pode-se utilizar também um harmonizador, montado de acordo com o efeito desejado. O exemplo ao lado é composto de ametistas e cristais rosa, com uma ponta natural de cristal incolor no centro para ampliar seu efeito. Esta composição é calmante e induz uma harmonia muito grande no local, ideal para brigas e desentendimentos. Veja agora algumas propriedades de cristais comuns, facilmente encontrados em lojas esotéricas. Ametista Tem o poder da transformação, transformando as energias negativas em positivas, a angústia em sensação de paz, tendo também poder antisséptico em ambientes e pessoas. No Feng Shui: Utilizar na sala de visitas. Pode ser interessante em quartos de crianças hiperativas, porque induz ao relaxamento e à concentração. Citrino Melhora nossa auto-confiança. Facilita a concentração da mente e a produção intelectual. Auxilia quem está em dificuldades financeiras, pois está relacionado ao dinheiro e bens materiais. No Feng Shui: Colocar na mesa onde ficam as contas a pagar. É bom colocá-lo sobre uma escrivaninha, próximo a material de estudo, negócios, etc... Ônix Pedra que absorve energias negativas. Equilibra corpo e mente. Acalma angústias e preocupações. Controla as emoções e paixões. No Feng Shui: pedra de proteção, utilize-a onde achar necessário, especialmente na sala de visitas e cozinha, lugares onde se costumam receber visitas. Pirita Beneficia o sistema respiratório e circulatório. Traz prosperidade e fortuna. Gilberto Antônio Silva
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No Feng Shui: Coloque no local onde se guardam as contas e junto com planilhas ou esquemas de planejamento financeiro. Quanto mais esta pedra for visualizada, melhor. Quartzo Incolor Amplifica todas as energias, estimula habilidades psíquicas e espirituais. Serve para todas as finalidades pois pode vibrar em todas as freqüências. No Feng Shui: Use-a em toda parte em que precisar de um ambiente limpo e melhor energizado. Quartzo Fumê Equilibra as emoções e ajuda a enfrentar problemas. É a pedra da fraternidade. No Feng Shui: Especialmente na cozinha, onde são feitas e consumidas as refeições. Quartzo Rosa Transmite o amor incondicional, universal e dá paz e tranqüilidade. No Feng Shui: O dormitório é o local ideal, pela capacidade do quartzo rosa de acalmar o espirito e produzir tranqüilidade mental. O lugar de meditação ou altar da família também são interessantes. Quartzo Verde Tem o poder de acalmar. Dissolve pensamentos e sentimentos que podem provocar doenças psicossomáticas. No Feng Shui: Especialmente indicada para lugares onde existam pessoas doentes. É a pedra da saúde por excelência. Sodalita Pedra da comunicação. No Feng Shui: Escritório, sala de estudos ou dormitório de estudante. Também é indicado para pessoas que tem dificuldade em se comunicar com outras, que reprimem suas emoções. Turmalina Negra Pedra de proteção. Repele energias negativas e combate as radiações eletromagnéticas de aparelhos. No Feng Shui: Ao lado de aparelhos elétricos e eletrônicos.
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Sobre o autor O Prof. Gilberto Antônio Silva é Parapsicólogo, Terapeuta e Escritor. Estudou Parapsicologia na Escola de Parapsicologia de São Paulo, sob a supervisão da Profª Drª Hilda Dias, Engenharia Elétrica na Faculdade de Engenharia Industrial de São Bernardo do Campo (FEI) e tem Extensão Universitária em Artes Marciais pela Faculdade de Educação Física de Santo André. Praticou Karatê Okinawa Goju Ryu Shobu-kan com o Mestre Morihiro Yamauchi, 8º Dan; Aikidô com o Mestre Makoto Nishida, 6º Dan (AIKIKAI Shihan ), e Tai Chi Chuan com o Prof. Wu Kwan Huá. Com intensa dedicação à filosofia e cultura orientais desde 1977, estudou os mais importantes ramos da filosofia oriental de forma profunda e dos pontos de vista tanto ocidental quanto oriental, desenvolvendo uma didática ímpar para ensinar e esclarecer os mais obscuros conceitos. Estudou vários ramos do Taoísmo e suas artes com diversos Mestres, tornando-se especialista nesta filosofia de vida que abraçou. Como Taoísta, difunde amplamente as maneiras simples e cativantes dessa cultura multimilenar chinesa. Ministra aulas e cursos sobre cultura oriental e técnicas taoístas (Feng Shui, Artes Marciais, I Ching, Chi Kung, Tai Chi Chuan, etc...) há quase duas décadas, pautando seu trabalho sempre pela preocupação com o desenvolvimento integral de seus alunos. Seus cursos, palestras e seminários são caracterizados pelo bom humor e descontração de um verdadeiro taoísta, demonstrando todos os conceitos na teoria e na prática e levando seus alunos a vivenciarem a cultura oriental em suas próprias vidas. Atuando no mercado editorial como escritor, assessor e editor desde 1991, teve mais de 250 artigos e matérias já publicadas em internet, revistas especializadas e jornais diversos, cobrindo um inumerável leque de temas ligados à cultura oriental. É autor de “26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental ”, Gilberto Antônio Silva