DINAMICA DE GRUPOS, RELAÇÕES INTERPESSOAIS, CONTEXTOS E SOCIALIZAÇÃO
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Perceção do “eu”
A teoria da perceção é explicada por Skinner através do conceito de comportamento percetivo – um comportamento complexo que se interrelaciona
com muitos outros. O estudo da perceção na teoria skinneriana pode ser dividido em duas etapas: Estudo do comportamento percetivo como precorrente; Estudo dos precorrentes do comportamento percetivo.
No primeiro caso, a investigação passa pelo processo de resolução de problemas, no qual o comportamento percetivo desempenha um papel fundamental
modificando o ambiente, o que permite a emissão do comportamento discriminativo e a solução do problema.
No segundo caso, a investigação trata com uma série de outros comportamentos, tais como, propósito, atenção, e consciência, que modificam a probabilidade de emissão do comportamento percetivo. A análise das relações entre o comportamento percetivo e demais comportamentos culmina no esboço de uma 2
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teoria da perceção no behaviorismo radical, que é mais convincente do que explicações mentalistas mentalistas que fazem uso da "teoria da cópia".
A perceção de si - o autoconceito
No mundo exterior de cada indivíduo, há uma parcela reservada à perceção de si mesmo. Trata-se da autoimagem, imagem de si, eu, self ou autoconceito. São denominações diferentes que expressam o mesmo fenómeno: da mesma forma que o indivíduo percebe e atribui valores à realidade que o cerca, percebe e atribui significados a si mesmo, formando gradativamente seu autoconceito, à medida que se relaciona com os outros e com o ambiente. O autoconceito está na base da autoestima. Este conceito vai-se formando ao longo da nossa vida. Esta seria a soma de julgamentos que uma pessoa tem de si mesma. O autoconceito é a interpretação das nossas emoções, da nossa conduta e a comparação da mesma com a do outro, se é similar à nossa ou não. O autoconceito depende de fatores como a apreciação que os outros nos fazem, o sucesso que temos nas diferentes dimensões em que estamos inseridos e, por último, na importância que damos a cada uma dessas dimensões. Concluímos, então, que a opinião que temos em relação a nós próprios depende do meio ou contexto em que nos inserimos e que é através desse contexto que se forma a nossa identidade e assim o nosso autoconceito. James (1890), define autoconceito como o conjunto de tudo o que o indivíduo pode chamar seu, não só o seu corpo e capacidades físicas, mas também os seus pertences, os seus amigos, os parentes e o seu trabalho. Para James, o self é tudo aquilo que pode "ser chamado de meu ou fazer parte de mim". O self possui uma propriedade reflexiva, uma dualidade do que é o EU (o que é o indivíduo) e 3
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MIM/MEU (o que pertence ao indivíduo). O EU refere-se à consciência sobre o que se está pensando, ou a consciência do que se está percebendo em relação aos aspetos e processos físicos, enquanto que MEU/MIM é muito mais subjetivo, é mais um fenômeno psicológico e se refere às ideias que as pessoas têm sobre como elas são e o que elas gostariam de ser.
O autoconceito, então, forma-se durante a infância, desde a fase de bebé, podendo alterar-se ao longo da vida. O processo de formação do autoconceito vai levar a criança a compor um "perfil", uma imagem daquilo que ela julga ser. Algumas vezes, contudo, a criança pode vir a incorporar valores de outrem ao seu autoconceito, sem nem sequer perceber isso. Quando isto acontece - fenómeno denominado interjeição -, surge uma obstrução na comunicação do indivíduo com ele mesmo. Para que a introjeção seja mais bem compreendida, basta dizer que a maior
necessidade psicológica de uma criança é ser aceite e amada, em especial pelas pessoas mais importantes para ela, normalmente os pais. Como esse amor nem sempre é incondicional, a criança começa a identificar o que deve fazer, ou
melhor, como "deve ser" para recebê-lo. Nesse processo, podem ser incorporados ao autoconceito da criança valores que na verdade expressam o desejo de seus pais. Significa que a introjeção leva à incorporação de valores de outrem ao autoconceito do indivíduo, o que pode, eventualmente, levar a conflitos e sofrimentos difíceis de terem suas causas identificadas, porque, afinal, somos o que somos, e não aquilo que devemos ser.
O fenómeno da introjeção não é restrito à infância; podemos introjetar valores de pessoas significativas ao longo de toda a nossa vida: da professora, da(o) namorada(o), de um profissional de destaque que admiramos etc.
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Formação do autoconceito É um processo lento. Forma-se a partir da: Reação dos pais Reação dos professores Reação dos líderes Está intimamente ligado à necessidade de aprovação e aceitação. Ex.: Uma criança que não consegue aprender “nós” e é censurada pelo líder por causa de sua dificuldade, começa a ver o clube como um lugar desagradável, e a si mesmo como pouco inteligente. Ele passa a temer os gestos mais bem-intencionados do professor e rejeita todo novo material, supondo que não poderia aprender, mesmo que tentasse.
Autoconceito é o que a Pessoa acredita que é. Para atingir um autoconceito, a criança é influenciada em grande parte pelos julgamentos dos outros a respeito dela. Ela incorpora todas as afirmações feitas pelos outros. “Não podes terminar as coisas que começas?” “Às vezes eu acho que tu não tens nada na cabeça.” “ Mas tu não aprendes mesmo?” “ Tu não tem nada organizado.” “ O teu irmão é melhor que tu.” “ Oh, como tu és desajeitado!” Um acumular destas mensagens começa a moldar as crenças da criança a respeito de si mesma. Através da censura e da reprovação, os líderes apenas conseguem convencê-la de que é incapaz e não tem valor.
Precisamos acentuar o positivo: “ Muito bem! Fizeste tudo certinho” “ Parabéns! Que criança inteligente.” “ Estou tão satisfeito com vocês!” “ Isso mesmo! Tu acertaste!” Não se deve ser económico em elogios, nem tão pouco desperdiçar oportunidades de reforçar positivamente suas crianças. Deve-se elogiar sempre, nas ocasiões que 5
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se achar oportunas. O elogio precisa ser feito nas oportunidades adequadas. Se for dado à toa perde o valor de reforço.
Atitudes que inibem o desenvolvimento da formação do autoconceito “Tu nãos sabes… Fizeste um papel muito feio! Garanto que o teu irmão faria melhor...! Nunca mais te quero ver jogar!” Este líder espera da criança um desempenho que ele não é capaz de ter. Este tipo de atitude é muito prejudicial para o autoconceito da criança, que se sente
humilhada e incompetente. Tanto faz se a criança vive num ambiente rico ou pobre; a forma pela qual ela é tratada pelos adultos e pelos companheiros exerce um papel marcante na formação de seu autoconceito. O nível socioeconómico também pesa muito. Mas não é suficiente para determinar, por si só, a formação de uma autoimagem positiva ou negativa. É comum as crianças pobres apresentarem mais dificuldades para desenvolver um bom autoconceito. O nível socioeconómico pesa muito no desenvolvimento do
autoconceito da criança. Mas não é suficiente para determinar por si só a formação de um autoconceito positivo ou negativo. A maneira como ela é tratada e o ambiente em que vive exercem um papel marcante. Interpretação pelo “eu”
O interacionismo simbólico é uma abordagem sociológica das relações humanas que considera de suma importância a influência, na interação social, dos significados bem particulares trazidos pelo indivíduo à interação, assim como os significados bastante particulares que ele obtém a partir dessa interação sob sua interpretação pessoal. Originada na Escola de Chicago, essa abordagem é especialmente relevante na microsociologia e psicologia social. Segundo a proposição de Hegel, por exemplo, e de outros filósofos que escreveram sobre a linguagem, o mundo simbólico só se constrói por meio da interação entre duas ou mais pessoas e, portanto, o simbolismo não é resultado de interação do 6
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sujeito consigo ou mesmo de sua interação com um simples objeto. Apesar de ser um sentido individual e uma base para todos e quaisquer sentidos que cada um dá às suas próprias ações, ela é fundada nas interações do indivíduo, ou naquilo que o "eu" faz sendo regulado pelo que "nós" construímos socialmente. As pessoas interagem umas com as outras por meio de interpretação mútua das ações e definição um do outro, em vez de somente reagir às ações um do outro. Suas respostas não são dadas diretamente às ações um do outro, mas baseadas no significado que eles atribuem a tais ações. Assim, interação humana é mediada pelo uso de símbolos e significados, através de interpretação, ou determinação do significado das ações um do outro.
Sentimento de valor A autoestima seria a convicção de que se é considerado competente e valioso para outros. A autoestima envolve as emoções, os afetos, os valores e a conduta. Quando a pessoa se julga má, de alguma maneira este julgamento configura uma reprovação, que com frequência conduz a pessoa a condutas destrutivas para si mesma e para os demais. A autoestima está determinada pelo conceito que temos do nosso eu físico, que se compõe em vários âmbitos: o ético ou moral, o pessoal, o familiar, o social, a identidade, a autoaceitação, o comportamento… A soma do Autoconceito e a Autoestima leva-nos ao conceito que temos de nós mesmos. É uma visão de nossa pessoa e esta visão vai modificando-se ao longo da vida em função das experiências, as circunstâncias e o contexto que nos rodeia.
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Estratégias de manutenção de uma identidade pessoal positiva 10
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Pode definir-se identidade como o conjunto relativamente estável de aspetos de
um indivíduo que o distingue dos outros e o tornam único. Esquematizando, poderíamos dizer que a identidade: é o conjunto de padrões
diferenciados de comportamentos, pensamentos, atitudes e emoções relativamente estáveis; integrados numa unidade coerente; O conceito de identidade tem um carácter de continuidade; é a característica que nos torna únicos e diferentes de todos os outros; constitui uma base que permite prever até certo ponto, os comportamentos futuros. É um dos conceitos mais abrangente da psicologia, correspondente à integração das
várias
características
pessoais:
sentimentos,
pensamentos,
emoções,
comportamentos, atitudes, motivações, projetos de vida, etc.
É a identidade que nos torna únicos e distintos, remetendo para o conceito de unicidade e de diferenciação. A identidade, como conjunto de características pessoais, organiza-se de forma única em cada indivíduo, o que o torna distinto, diferente de todos os outros (diferenciação). A característica da unicidade advém do facto de a identidade ser constituída por um conjunto de características com relativa estabilidade que se integram e combinam num todo. É precisamente o carácter de diferenciação e unicidade da
identidade que faz com que uma pessoa face a diferentes situações mantenha comportamentos coerentes.
Fatores gerais que influenciam a identidade Produto de uma construção pessoal que decorre ao longo da vida, a identidade depende fundamentalmente de três conjuntos de fatores: Das influências hereditárias; Das influências do meio social e Das influências das experiências pessoais. 11
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Fatores gerais que influenciam a identidade Influências hereditárias O património genético que o indivíduo recebe no momento da conceção define um conjunto de características fisiológicas e morfológicas que o tornam único e que vão influenciar características da identidade que o indivíduo desenvolverá. Entre outras características, podemos referir o funcionamento do sistema nervoso e do sistema endócrino que, como já estudaste no capítulo sobre psicofisiologia, detêm grande influência no comportamento podendo ter reflexos na vida psicológica. A própria constituição física, que é em grande parte herdada, pode influenciar a identidade de uma pessoa: o ser alta ou baixa, gorda ou magra, o ter certos traços fisionómicos influencia o modo como os indivíduos se veem a si próprios, como se relacionam com os outros e como enfrentam as diversas situações do dia-a-dia.
Fatores gerais que influenciam a identidade: Influências do meio Já demonstrámos a importância do meio social e cultural na definição das características psicológicas dos indivíduos, nos comportamentos, nas atitudes. É através do processo de socialização que o comportamento individual é moldado segundo os padrões de cultura de uma dada sociedade. Para além deste contexto social geral — fazemos parte de uma cultura, numa determinada época - estamos inseridos em determinados grupos sociais: família, escola, grupo de amigos, de trabalho, etc.
São estes agentes de socialização que vão exercer uma forte influência na nossa forma de ser e reagir: veiculam normas e padrões de comportamento, atitudes, conceções do mundo, que são interiorizados e integrados na identidade.
Atitude: Processo da consciência individual que determina a real ou possível atividade do indivíduo no mundo social. Para alguns autores é ainda a tendência de agir da maneira coerente com referência a certo objeto (Thomas). 12
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Fatores gerais que influenciam a identidade: Influências das experiências pessoais Dotada de um património genético único, integrada num dado contexto social e cultural, fazendo parte de grupos sociais, cada indivíduo tem um conjunto de experiências pessoais. O modo como as pessoas vivenciam as suas experiências pode marcar positiva ou negativamente a identidade. As experiências vividas na infância e na adolescência são particularmente marcantes.
Encontros, desencontros, mudanças de contextos de vida (entrada para a escola, para a universidade, para o mundo do trabalho), acontecimentos como ser mãe/pai, perder um familiar querido são experiências que de algum modo afetam a identidade. É evidente que o modo como uma pessoa encara estes acontecimentos, o significado que lhes atribui, a forma como os integra dependem também das suas características psicológicas. O desenvolvimento do ser humano acontece durante todos os estágios da vida. Constituição da personalidade e da sociabilidade. Os ambientes sociais influenciam nosso desenvolvimento. Inserção no mundo do trabalho.
As habilidades sociais Referem-se aos comportamentos sociais que uma pessoa assume, de forma a lidar adequadamente com as exigências do ambiente.
Classificação das Habilidades Sociais
Automonitoria
Habilidade pela qual a pessoa observa, descreve, interpreta e controla seus pensamentos, sentimentos e ações em diferentes situações sociais. Implica ter controle da impulsividade.
Habilidade de comunicação 13
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É fundamental para a interação humana. Realizar diálogo amistoso, dar e receber feedback.
Civismo
Envolve a expressão de cortesia, educação e etiqueta social.
Assertivas de enfrentamento
Afirmação dos próprios direitos, proteção aos direitos dos outros = cidadania.
Empatia
Disposição para ouvir e colocar-se no lugar do outro.
Habilidades sociais profissionais
Relacionamentos interpessoais necessários para a realização das atividades de trabalho.
Expressão de sentimentos positivos
Afetividade, capacidade de demonstrar o que sente.
Marketing Pessoal
Estratégia de construção e manutenção de uma imagem positiva de si mesmo perante as pessoas. Essa imagem deve ser percebida e aceite como verdadeira.
Imagem Profissional
Aparência profissional adequada
Boas maneiras e etiqueta
Comportamento apropriado
Comunicação eficaz
Poder pessoal Forma e impacto da nossa apresentação sobre as outras pessoas, depende das impressões gerais que causamos aos outros.
Poder dos relacionamentos (Networking) 14
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Processo no qual estabelecemos contatos e trocamos experiências e informações com diferentes pessoas.
A identidade é o resultado da interação combinada e dinâmica de fatores hereditários e sociais, bem como dos significados atribuídos pelo indivíduo às suas experiências pessoais. A identidade tem sido objeto de várias interpretações e teorias.
Competência Social = capacidade de uma pessoa organizar pensamentos, sentimentos e ações considerando seus objetivos e valores, de acordo com as demandas do ambiente.
Pessoas socialmente competentes contribuem para a maximização dos ganhos e a minimização de perdas para si mesmas e para aqueles com quem interagem.
"Eu, visto pelo outro, nem sempre sou eu mesmo.
Ou porque sou projetado melhor do que sou, ou porque sou projetado pior. Não quero nenhum dos dois. Eu sei quem eu sou. ...Os outros, apenas, me imaginam." Pe. Fábio De Melo
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Perceção dos “outros”
Cognição social e atitudes
A cognição social é uma forma de conhecimento e de relação com o mundo social. Assim, há quatro
processos de cognição social: as impressões, as
expectativas, as atitudes e as representações sociais. As primeiras impressões são as ideias com que ficamos de determinada pessoa com quem acabamos de travar conhecimento. Neste primeiro contacto, interiorizamos determinadas características/indícios que consideramos mais importantes na caracterização dessa pessoa. As primeiras impressões têm, muitas vezes, um significado errado, contudo, são de carácter bastante persistente. Por outro lado, a produção de impressões é mútua, na medida em que a impressão que o outro tem sobre mim irá afetar o seu comportamento para comigo. A cognição social é um conjunto de atividades mentais de processamento da informação social, através do qual se constrói um modo de conhecimento sobre o mundo social e sobre os outros indivíduos, baseado e saberes prévios compostos por valores e crenças. As expectativas são modos de categorizar as pessoas através das impressões que temos delas. Da mesma forma que as impressões, também as expectativas são mútuas e alteram o seu comportamento para connosco. No processo de 16
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categorização através do qual catalogamos as pessoas consoante as suas características essenciais estão envolvidos os processos de indução e dedução. Pela indução passamos da perceção das características para a categorização delas e pela dedução conseguimos encontrar novas características para a pessoa, tendo em conta a sua categoria social. É pela dedução que formamos expectativas acerca de outrem que são marcadas pelos valores, atitudes, crenças, história pessoal e contexto social.
Atitude Atitude é uma tendência para responder a um objeto social – situação, pessoa, grupo, acontecimento, de modo favorável ou desfavorável. É uma tomada de posição intencional de alguém acerca de um assunto social. As atitudes são importantes para processarmos a informação a que somos submetidos diariamente. É devido às várias atitudes que se podem tomar face a um determinado assunto que, para diferentes situações, diferentes pessoas reajam de forma distinta.
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As atitudes não são diretamente observáveis, podendo ser inferidas a partir dos comportamentos, ou seja, daquilo que o indivíduo faz e diz. As atuações são o aspeto visível das atitudes que lhes estão na base. Em qualquer atitude é possível distinguir três componentes:
Componente intelectual ou cognitiva: Esta componente tem a ver com as crenças, ou seja, com aquilo que pensamos, que sabemos, ou que julgamos saber. Identifica-se com o que tomamos por verdadeiro. Quando afirmamos que a leitura desenvolve o espírito ou que o tabaco provoca o cancro, emitimos juízos que pensamos corresponderem à realidade por obterem confirmação na experiência e nas investigações científicas. [“ eu penso, eu
sei, eu julgo que…”]. Componente emocional ou afetiva: Esta componente é de carácter afetivo ou valorativo e refere-se aos sentimentos positivos ou negativos que nutrimos relativamente aos objetos, às pessoas, às situações e às ideias. Movemo-nos em função de preferências, afirmando “ eu
gosto” ou “eu prefiro”. Aprecio a leitura de bons livros? Que valor dou à saúde e à doença? Qual o prazer do tabaco? 18
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Componente comportamental : É o resultado das interações estabelecidas entre os elementos cognitivos e afetivos. Trata-se de uma predisposição ou intenção relativamente ao que pretendemos fazer ou dizer, ou seja, da tendência para reagir e atuar de dada forma. É o desejo de adquirir livros para ler, ou a vontade de não pôr um cigarro na boca. Se o homem se dispusesse a agir apenas a partir da primeira destas componentes, o seu comportamento seria a expressão inequívoca e direta do seu modo de pensar. Em relação aos exemplos dados, todas as pessoas comprariam livros para ler e deixaria de haver fumadores. Porém, isso não se verifica. É que o homem não age apenas com base naquilo que sabe ou conhece. O que sabe tem que interagir com elementos relativos ao que aprecia, valoriza, prefere ou rejeita, antes de se determinar a agir num sentido positivo ou negativo.
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Desenvolvimento e mudança de atitudes As atitudes não nascem connosco, formam-se e aprendem-se no processo de socialização, no meio social onde estamos inseridos. São vários os agentes sociais responsáveis pela formação das atitudes: os pais e a família, a escola, o grupo de pares e os meios de comunicação. Os parentes mais próximos exercem um papel fundamental na formação das primeiras atitudes nas crianças. São modelos que estas imitam e com as quais se procuram identificar. A educação escolar desempenha um papel central na formação das atitudes. Na adolescência, tem particular relevo o grupo de pares, isto é, os indivíduos com idade aproximada com que os jovens contactam mais frequentemente. Atualmente, os meios de comunicação têm grande importância na formação de novas atitudes ou no reforço das que já existem: a publicidade, as telenovelas, os filmes, são meios poderosos pela influência que exercem sobre o modo como se encara o que acontece no mundo, as relações interpessoais, os gostos e as preferências, a ocupação dos tempos livres, o trabalho, etc. Esta aprendizagem ocorre ao longo da vida, mas tem particular prevalência na infância e na adolescência.
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Tal não significa que depois destas idades as atitudes não possam mudar. Há contudo, uma tendência para a estabilidade das atitudes. Mas apesar da relativa estabilidade das atitudes, estas podem mudar ao longo da vida. Acontecimentos extraordinários, impressionantes, podem resultar em modificações nas nossas atitudes. As experiências vividas por nós podem conduzir à alteração das
atitudes. É através da observação, identificação e imitação dos modelos - pais, professores, pares, figuras dos meios de comunicação social, etc. – que se aprendem, que se formam as atitudes.
“Assim como espero que os outros me aceitem como sou, devo aceita-los como são”
Muitas pessoas falam de relações humanas, mas não são capazes de praticar relações
humanas
legítimas.
Estas
pessoas
apresentam
os
seguintes
comportamentos:
Não ouvem tão bem quanto falam;
Interrompem os outros quando falam; 21
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São agressivas;
Gostam de impor as suas ideias;
Não compreendem as outras pessoas além do seu ângulo de visão.
E você, já procurou verificar suas falhas?
Ver como você é mesmo?
Ver como são os outros?
Compreende os seus próprios sentimentos?
Entende os seus preconceitos?
Entende o relacionamento entre as pessoas?
Portanto:
A falta de habilidade em lidar com outras pessoas prejudica o relacionamento interpessoal;
Quem tem maior traquejo interpessoal é mais eficaz ao lidar com o outro;
As pessoas podem melhorar, aprender, aperfeiçoar as suas habilidades adquirindo traquejo nas relações humanas.
Para isso, é necessário:
Compreender o outro através da sensibilidade social ou empatia.
Empatia – Compreensão de como a pessoa se sente (alegre ou triste).
Simpatia – Capacidade de compreender sem sentir o que a pessoa sente.
Se você vai lidar com pessoas deveria:
Compreender as pessoas (empatia).
Ter flexibilidade de ação (comportamento) em função das atitudes e sentimentos que você consegue enfatizar. 22
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Exemplo: Se sou agredido por uma criança, por um adolescente, por um adulto ou por meu chefe. Não posso ter a mesma reação, devo ter flexibilidade e ter empatia com cada situação ou cada peculiaridade, ou seja:
A minha conduta deve variar conforme a situação e a pessoa em causa.
Se recebemos críticas defendemo-nos imediatamente: - Tu estás com ciúmes, com inveja, não gostas de mim…” Se frustrados por, não alcançarmos o objetivo dizemos:
É
Comigo nada dá certo!
Logo comigo vai acontecer isso!
necessário
descobrirmos
como
agimos
para
tentar
compensar
estes
comportamentos Melhor compreensão do outro Se eu me compreendo melhor passo a entender melhor o outro; Entender as barreiras e defesas que limitam meu relacionamento e estabelecer metas. A melhor maneira de compreender o outro é observando meu comportamento. Poderá reconhecer as diferenças no modo de agir pensar e sentir. Assim, você terá mais condições de interpretar os outros pelo que eles são. As pessoas que apresentam pensamentos rígidos que não entendem o outro apresentam comportamento estereotipados. Exemplo: “Ah! É mulher... Não sabe conduzir.” Nós convivemos em grupos na família, na escola, no trabalho, em diversos lugares e desempenhamos vários papéis. Podemos desempenhar papéis funcionais ou bloqueadores.
Papel funcional: São os desempenhados por líderes ou facilitadores que são aqueles que incentivam ou ajudam.
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Papel bloqueador: São aqueles que contam piadas, interrompem os outros com frequência. Os trocadilhos, o agressor, o adulador são os papéis que bloqueiam o desenvolvimento normal de um trabalho.
Desenvolvendo aptidões para um relacionamento mais eficiente para com os outros: Quando nos conhecemos a nós próprios, aprendemos a comunicar melhor com os outros, aprendendo a maneira de se comunicar mais eficazmente, isto é:
Como ouvir;
Como dialogar;
Como informar;
Como avaliar;
Como elogiar;
Como disciplinar
Todas as relações interpessoais envolvem comunicação. Quando praticamos o desenvolvimento das nossas atividades, destacam-se duas aptidões: saber ouvir e
saber receber mensagens. Às vezes filtramos a mensagem ouvindo apenas o que desejamos ouvir.
Quando a mensagem é recebida, como trabalhá-la para enviá-la? Às vezes transmitimos certos comportamentos não-verbais que não era a nossa intenção transmitir, como por exemplo: um franzir de cenho, um olhar distante, bocejos, conversações a parte, olhar para o alto. Tudo isto transmite sentimento de
desaprovação ou de aborrecimento, mas podemos desenvolver aptidões para um relacionamento mais espontâneo e com uma melhor compreensão do nosso interlocutor.
A arte de perceber os outros
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A 1ª etapa – Perceção de uma pessoa - impressão que direciona o nosso comportamento interpessoal. Formamos essa impressão observando as suas ações, a sua voz, os seus gestos, os seus movimentos expressivos, o que ela diz, como reage ao nosso comportamento.
Indícios de perceção desfavoráveis Indícios
são: palavras,
gestos,
expressões
fisionômicas,
atitudes
e
comportamentos específicos. Em função do grupo racial, étnico, de idade, de sexo ou de classe social.
Perceção social e categorização A perceção social é o estudo das influências sociais sobre a perceção. Há que ter em conta que as mesmas qualidades podem produzir impressões diferentes, pelo facto de interagirem entre si de forma dinâmica. As impressões contam com uma certa estrutura, onde há qualidades centrais e qualidades periféricas. Cada parte forma um todo; omitir ou acrescentar uma qualidade altera a perceção global. O processo de comunicação inicia-se logo após a perceção do outro. É ela que fornece os códigos que orientam a troca de informações e a compreensão das mesmas entre os indivíduos. Estes códigos não são representados apenas verbalmente, também podem ser realizados através de expressões faciais, gestos, movimentos, desenhos e sinais.
A compreensão e a categorização das informações adquiridas pelo indivíduo o impulsiona a desenvolver atitudes positivas ou negativas diante de situações e pessoas presentes no meio social em que vive. Embora as atitudes sejam determinadas através da compreensão a cerca do meio social, elas não são imutáveis, pois podem variar de acordo com novas informações recebidas relacionadas com as mesmas situações já vividas.
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A interação social depende do processo de socialização, onde o indivíduo se integra a um conjunto social e aprende regras básicas de relacionamento. Este conjunto social normalmente se inicia na família e serve como modelo para futuras interações. De acordo com o significado emotivo do estímulo, pode provocar-se a defesa
percetiva (perante estímulos ameaçadores) ou a perspicácia percetiva (perante estímulos que possam satisfazer uma necessidade ou trazer algum benefício).
Formação de impressões Ao criarmos contacto com uma pessoa, não recolhemos toda a sua informação, mas antes aquela que se nos afigura mais importante e mais óbvia. Assim, depois de termos as primeiras impressões, vamos proceder à categorização da pessoa em questão, agrupando-a segundo características que achamos pertinentes. Esta atribuição inicial de grupos, influencia vivamente o nosso comportamento seguinte para com essa mesma pessoa porque acaba por nos mostrar, genericamente, o perfil psicológico dela. A categorização permite um comportamento mais adequado à situação em questão e ajuda-nos a poupar tempo nas relações interpessoais. Para a categorização são necessárias 3 avaliações:
- A afectiva – Percebemos se gostamos ou não da pessoa, à primeira vista.
- A moral – Ponderamos os valores da pessoa e analisamos o seu carácter.
- A instrumental – Averiguamos se é competente, capaz e responsável.
A primeira impressão é muito emocional e, por isso, tem grande influência no nosso comportamento futuro: se a pessoa me pareceu intriguista, mal formada e mesquinha, o meu comportamento para com ela não será, de certo, tão simpático e aberto como com aquelas pessoas que me pareceram simpáticas, honestas e humildes. Assim, podemos afirmar que a categorização que provém da formação de impressões facilita e orienta o nosso comportamento, fazendo mesmo com que 26
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criemos determinadas expectativas em relação à pessoa, que encaixam na sua categoria.
As primeiras impressões são extremamente determinantes para o desenrolar de uma relação pessoal, do mesmo modo que permitem a emissão de juízos de valor muitas vezes precipitados. Por outro lado, as
primeiras impressões são
essencialmente influenciadas pela primeira informação que obtemos da pessoa. Embora possa parecer estranho, as primeiras impressões têm um carácter bastante persuasivo e tendem a manter-se inabaláveis durante muito tempo. Assim, umas das características das primeiras impressões é a sua persistência. Quando analisamos informação, indícios e perceções e criamos uma impressão da pessoa, é muito complicado de alterarmos essa conceção porque tentamos sempre resistir à mudança de opinião e à integração de nova informação. Deste modo, se ficarmos com primeiras impressões erradas, podemos contar com grande dificuldade de aceitação do outro e pouco provavelmente atingiremos uma relação sadia com ele. A partir do processo de socialização são formados os grupos sociais. Estes grupos
formam conjuntos de pessoas que possuem objetivos comuns e trabalham para que estes objetivos sejam alcançados.
Estereótipos Estereótipo é o conjunto de crenças que dá uma imagem simplificada das características de um grupo ou dos membros dele. São crenças a propósito de características, atributos e comportamentos dos membros de determinados grupos, são formas rígidas e esquemáticas de pensar que resultam dos processos de simplificação e que se generalizam a todos os membros do grupo. «Os portugueses são tristes», «As mulheres têm um sexto sentido apurado», «Os indianos são inteligentes».
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Estereótipos são generalizações que as pessoas fazem sobre comportamentos ou características dos outros, e é um termo de origem grega. Estereótipo significa
impressão sólida, e pode sobre a aparência, roupas, comportamento, cultura e etc.
Estereótipos são pressupostos sobre determinadas pessoas, muitas vezes eles acontecem sem ter conhecimento sobre grupos sociais ou características de indivíduos, como a aparência, condições financeiro, comportamento, sexualidade e etc., e é bastante confundido com preconceito, uma vez que os estereótipos acabam por se tornar rótulos, muitas vezes, pejorativos e causam impacto negativo nos outros. Estereótipo é geralmente um conceito infundado sobre algo, e é geralmente depreciativa, que as pessoas se baseiam em opiniões alheias e as tornam como verdadeiras. O estereótipo também faz parte do racismo, xenofobia e intolerância religiosa. Existem estereótipos positivos também, por exemplo, Portugal ser conhecido como o país do futebol, isso demonstra uma grande qualidade da seleção e dos jogadores, uma vez que muitos deles acabam por ir também para clubes no exterior.
Preconceito Preconceito é a atitude que envolve um pré-juízo, pré-julgamento, na maior parte das vezes negativo, relativamente a pessoas ou grupos.
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Embora o preconceito também esteja assente na categorização social, difere do estereótipo porque para além de atribuir as características ao grupo, ainda as avalia, emitindo, na maior parte dos casos, juízos negativos a esse respeito.
Preconceito (prefixo pré- e conceito) é um "juízo" preconcebido, manifestado geralmente na forma de uma atitude "discriminatória" perante pessoas, lugares ou tradições considerados diferentes ou "estranhos". Costuma indicar desconhecimento
pejorativo de alguém, ou de um grupo social, ao que lhe é diferente. As formas mais comuns de preconceito são: social, "racial" e "sexual". De modo geral, o ponto de partida do preconceito é uma generalização superficial, chamada "estereótipo". Exemplos: "todos os alemães são prepotentes", ou "todos os ingleses são frios", o conceito de 'raça pura" e outros stresses considerados por Freud, que costumam beirar a loucura, segundo o médico clínico geral, que se aprofundou no estudo de pacientes com doenças não físicas. No entanto, é possível relacionar os dois conceitos na medida em que o estereótipo fornece os elementos cognitivos de um grupo e o preconceito lhes acrescenta a componente afetiva, crítica, valorativa. Os estereótipos têm uma função sociocognitiva, uma vez que o categorizar a realidade social permite-nos encarar eficazmente o mundo em que nos encontramos inseridos, definindo o que esta bem e o que esta mal, o que é justo e injusto. Uma outra função dos estereótipos é de ordem socio-afetiva, que se relaciona com o sentimento de identidade social. Efetivamente, reconhecemo-nos enquanto pertencentes a grupos com os quais nos identificamos. Parte do que somos relaciona-se com o facto de pertencermos a determinados grupos sociais, o que nos leva a distinguirmo-nos dos outros que pertencem a outros grupos: desenvolvemos o sentimento de “nós” por oposição aos “outros”. Permite a um grupo definir-se, positiva ou negativamente, por relação a um outro. Os estereótipos, ao caracterizarem o grupo dos “outros”, refor çam çam a identidade do nosso grupo. 29
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Ao desenvolver uma imagem negativa dos outros grupos, os estereótipos contribuem para reforçar a identidade positiva do grupo a que pertencem. Talvez devido a esta função se explique por que razão é que os estereótipos que se partilham depreciem os grupos a que não pertencem. O preconceito é uma atitude que envolve um pré-juízo, um pré-julgamento, na maior parte das vezes negativo, relativamente a pessoas ou grupos sociais. O nosso comportamento pode refletir-se numa opinião que verbaliza um desejo. O preconceito pode refletir-se num comportamento mais ativo concretizando atos de discriminação. A discriminação designa o comportamento dirigido aos indivíduos vidados pelo preconceito. Na base da discriminação está o preconceito, que sendo uma atitude sem fundamento, injustificado, dirigida a grupos e aos seus membros, geralmente desfavorável, pode conduzir à discriminação. Contudo, não se pode confundir discriminação com preconceito: enquanto este é uma atitude, a discriminação é o comportamento que decorre do preconceito. Então, o tipo de discriminação esta ligado ao preconceito que lhe esta subjacente. Observar características comuns a grupos são consideradas preconceituosas quando entrarem para o campo da agressividade ou da discriminação, caso contrário reparar em características sociais, culturais ou mesmo de ordem física por si só não representam preconceito, elas podem estar e/ou não - denotando apenas costumes, modos de determinados grupos ou mesmo a aparência de povos de determinadas regiões, pura e simplesmente como forma ilustrativa ou educativa, por vezes questionada pela Ciência e a Psicologia. Observa-se então que, pela superficialidade ou pela estereotipia, o preconceito é um erro. Entretanto, trata-se de um erro que faz parte do domínio da crença e sentimento de medo, segundo Freud, não necessariamente do conhecimento originado da ciência, ou seja ele tem uma base irracional, ligada a Ideologia de um 30
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mundo imaginado e não real, Freud relacionava em sua obra ao chamado... "Conceito abstrato de República ideológico, que não é real nem para seus autores, Platão e Aristóteles, que tentou aprimorá-la dentro da Monarquia...", e por isso escapa a qualquer questionamento fundamentado num argumento ou raciocínio de Lógica - Matemática, compreendido apenas na chamada por ele Freud de "Nova - medicina" e que o mundo chama de Psicologia.
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Perceção e dinâmica do “nós” Geralmente, nós não questionamos o testemunho de nossos próprios sentidos. Dizemos: "Eu vi com meus próprios olhos!" Ou "Eu mesmo ouvi!”. Isto acontece ainda que saibamos que as outras pessoas que ouvem o mesmo discurso nem sempre ouvem o que acreditamos termos ouvido. Empregados, com frequência, interpretam mal avisos importantes. Entrevistadores diferentes obtêm impressões contraditórias do mesmo candidato. Testemunhas do mesmo acidente parecem ter visto eventos diferentes. Quão confiáveis são nossas impressões? Os nossos olhos não são câmaras, os nossos ouvidos não são gravadores, dependem da nossa perceção. Perceção é um processo ativo, pelo qual lemos significados nos estímulos recebidos. Às vezes, até mesmo vemos significados onde não estão. Nunca somos instrumentos de precisão: permanecemos inevitavelmente
humanos e passíveis de erros. A perceção está funcionalmente relacionada à dinâmica da personalidade. É influenciada, assim como a fantasia, pelos nossos medos e esperanças. Experiências têm mostrado que sujeitos muito famintos têm mais oportunidades de ver um retângulo rapidamente exposto como uma sande, um triângulo como um pedaço de torta, ou um círculo como uma laranja. Todos reconhecemos que alguém perturbado por algo terá maior probabilidade de ver ofensas onde nada havia que pretendesse isto.
Todos nós extrapolamos o uso de alguns parâmetros para identificar as pessoas e negligencia outras dimensões. Algumas pessoas são particularmente sensíveis, registando a mais tênue impressão de dominação, sexualidade, fraqueza ou hostilidade das pessoas que encontram. Outros, menos interessados, poderão notar raramente estas características. Algumas pessoas percebem rapidamente quando os outros têm sentimentos negativos em relação a elas; outras estão "ilhadas" emocionalmente e alegremente ignoram a hostilidade, mesmo quando ela quase os atinge em cheio. 32
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A nossa perceção das pessoas e coisas é formada parte por aquilo que realmente se apresenta, “parte” por o que usualmente vemos e parte por aquilo que queremos (ou temos medo de querer) descobrir. Como podemos limpar a influência
do habitual e a distorção emocional para que possamos ver as outras pessoas como realmente são? Um primeiro passo óbvio é a restrição de julgamentos nas nossas impressões sobre as outras pessoas, com a consciência humilde que nem sempre podemos confiar nas nossas observações. Algumas vezes, podemos conferir os nossos parâmetros com a
própria pessoa envolvida. Pelo facto que, algumas vezes, temos que desacreditar nos nossos próprios olhos e ouvidos, algumas vezes temos que confiar nas perceções
da outra pessoa e conferir um com o outro.
Uma outra via é o uso construtivo de perceções diferentes entre si. Como podemos usar a confirmação sem que fiquemos submissos a aceitar o que os outros veem? A resposta está naquilo que fazemos quando muitas observações dos indivíduos discordam. A discórdia deve ser o início de uma investigação cooperativa. "Você o vê assim e eu o vejo de outra maneira. Vamos examinar isto mais a fundo". Libertos da necessidade de impor a nossa própria visão ou a contrapartida, ou de ser meramente agradável e compreensível, ou de aceitar desanimadamente a visão de outro, poderemos explorar honesta, objetiva e persistentemente a situação. Juntos, sem que nenhum de nós menospreze, comprometa ou renuncie a seus próprios sentimentos e valores, provavelmente chegaremos a conclusões mais válidas que aquelas que tivemos no começo. Enquanto as situações podem variar em função do momento ou do lugar, as
crenças que as pessoas possuem a cerca de si próprias determinam os seus comportamentos na comunicação. Se acreditarmos que podemos alterar nosso comportamento, poderemos alterar as nossas crenças, procurar alternativas. Se tiver receio de falar em público e reconheço que possuo algumas limitações, mas que também posso mudar minhas atitudes, ao invés de desistir, rede termino um novo script para a minha vida. Sabendo que meus comportamentos passados 33
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determinam o que acredito que sou e o que eu acredito que sou, influencia os meus comportamentos, a solução passa a ser então intervir no nosso modo de pensar, imaginando e criando novas formas de agir, respeitando nossas objeções internas. O futuro não é previsível, mas podemos a estar gerar inspirações e não programações.
Conceito e características dos grupos O ser humano é um ser gregário, ou seja, desde seus primórdios, por uma questão de sobrevivência, o ser humano aprendeu que deve viver em grupo – e e o faz desde então. A importância do conhecimento sobre grupos decorre do facto de que passamos a maior parte das nossas vidas inseridos em grupos distintos – família,
amigos, trabalho, escola, clube, igreja etc. David e Harare (1968) definem grupo como: “Um sistema organizado de dois ou mais indivíduos inter -relacionados, inter -relacionados, de modo que o sistema cumpra alguma função e que haja um conjunto de relações de papéis padrão entre os membros e um conjunto de normas que regule sua função e a função de cada um dos membros” (p. 237)
Os tipos de grupos que são muito variados grupos sociais, desde as comunidades à massa gangue insignificante. A única característica comum é a diversidade de
pessoas e de solidariedade entre eles. A dinâmica dos grupos de estudo composto por múltiplos processos comuns que desenvolvem gerados dentro de si um conjunto de pessoas interdependentes. Em cada grupo desenvolve-se um sistema de tensões, às vezes positivos e outros negativos, correspondendo aos desejos e as defesas de cada um, e o grupo é a realização de uma série de operações destinadas a resolver estas tensões e restabelecer restabelecer o equilíbrio. O trabalho é uma tarefa a ser executada. O êxito desta tarefa, muitas vezes, depende da interação com outros trabalhadores. O trabalho, portanto, envolve 34
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também o relacionamento. Muitos conflitos que ocorrem no ambiente de trabalho são ocasionados por problemas de relacionamento. Se por um lado, com o passar do tempo, ficamos amigos de diversos colegas de trabalho, acontece o oposto também, existem colegas com os quais não nos relacionamos.
Relacionamento e a tarefa do grupo O trabalho é uma tarefa a ser executada. O êxito desta tarefa, muitas vezes, depende da interação com outros trabalhadores. O trabalho, portanto, envolve também o relacionamento. Muitos conflitos que ocorrem no ambiente de trabalho são ocasionados por problemas de relacionamento. Se por um lado, com o passar do tempo, ficamos amigos de diversos colegas de trabalho, acontece o oposto também, existem colegas com os quais não nos relacionamos. Em toda amizade há identificação e projeção. No entanto, quem não é nosso amigo, não é necessariamente nosso inimigo, é “o outro”, o desconhecido, aquele que pensa e age diferente de nós. Amigos nós escolhemos, a convivência com eles nos dá prazer. Falamos, ouvimos, rimos, e somos solidários com eles nos momentos difíceis. No trabalho não escolhemos os nossos colegas. Razão e emoção entram em ação. Se o nosso lado racional é aquele usado para executar as tarefas, o nosso lado emocional é o que vai possibilitar um bom relacionamento com os outros colegas. É a “inteligência emocional”. Entretanto, existem em todos nós preconceitos, ou seja, conceitos pré-estabelecidos, pré-estabelecidos, construídos de forma “natural”, pela família, meio ambiente, sociedade e cultura na qual estamos inseridos. Assim, identificamo-nos facilmente com quem possui padrões culturais e morais, semelhantes ao nosso. Como se diz de forma popular é a simpatia.
Mas, como lidar com o seu oposto - a antipatia, traduzida nesta simples frase “chegou um colega novo, não o conheço, mas não gostei do jeito dele”. Cria-se Cria -se assim uma barreira contra o outro. Não nos queremos envolver, conhecer esta 35
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pessoa, e, esta antipatia, que é oriunda de um preconceito pode ser disseminada como um vírus causando um grande mal-estar no ambiente de trabalho. É claro, que não é necessário ser amigo de todos os nossos colegas de trabalho. Mas, no exercício
da
tarefa
temos
que
nos
esforçar
para
sermos
inteligentes
emocionalmente e não deixar que os pré-conceitos e as antipatias nos dominem.
Os trabalhadores e as chefias devem ficar atentos para que pequenos problemas de relacionamentos, oriundos de preconceitos, não evoluam para práticas perversas como: isolar a pessoa do grupo, boicotar o trabalho do colega, humilhar, perseguir, reforçar o circuito de fofocas e zombarias, transformando um sujeito em objeto que deve ser descartado. Este tipo de atitude é muito mais que antipatia - é assédio moral. Sabemos o quanto é difícil a convivência com o outro. Se com as pessoas que amamos, volta e meia, estamos em atrito. Imagine com quem não nos identificamos. O grande desafio, não só para o mundo do trabalho, mas para toda a humanidade, é saber conviver com as diferenças dos outros seres humanos,
respeitar outras culturas, e saber que nossa sociedade só vai ser melhor se exigirmos nossos direitos e cumprirmos nossos deveres. Acima de tudo há que respeitar o nosso próximo. Afinal, para ser respeitado é preciso saber respeitar.
Teoria do desenvolvimento do grupo por Tuckmán O modelo “Forming-Storming-Norming-Performing” foi proposto por Bruce Tuckman em 1965. Ele próprio adicionou a este modelo uma quinta etapa,” Adjourning”, nos anos 70. A teoria “Forming-Storming-Norming-Performing” é muito eficaz na explicação do comportamento e desenvolvimento de um grupo. Podem identificar semelhanças com outros modelos, tais como o “Continuum de Tannenbaum and Schmidt” e especialmente com o modelo de liderança situacional de “Hersey and Blanchard’s Situational”, desenvolvido na mesma época. 36
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O modelo de Tuckman explica que à medida que um grupo desenvolve as suas capacidades e amadurece, estabelece-se relações e o lider vai alterando o seu
estilo de liderança. Partindo de um estilo diretivo, modificando-o para um estilo de coaching, depois participativo e finalmente delegando e praticamente afastado do dia-a-dia do grupo. Atingido este ponto o grupo poderá produzir/identificar um
sucessor do lider e o lider anterior pode ficar disponível para desenvolver outro grupo. O modelo “Forming-Storming-Norming-Performing”
A progressão pelas quatro etapas do modelo de desenvolvimento do desempenho de um grupo proposto por Tuckman é:
Forming
Storming
Norming
Performing
Forming – etapa 01 Esta etapa caracteriza-se por uma elevada dependência às orientações fornecidas pelo líder. Para os objetivos transmitidos pelo líder, existe pouca ou quase nenhuma concordância do grupo. Os papéis e responsabilidades individuais não são claros. O líder deve estar preparado para responder a um conjunto de perguntas acerca do propósito, objetivos e inter-relação dos membros do grupo com entidades externas à mesma. Os processos de trabalho são, nesta etapa, frequentemente ignorados. Os membros do grupo testam os níveis de tolerância do líder e do sistema. O líder
opta por um estilo diretivo. Storming - etapa 2
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Nesta etapa não é fácil tomar decisões em grupo. Os membros do grupo estão à procura da sua posição e tentam moldar a sua relação com os outros membros e com o líder, que pode ser fortemente desafiado. A clarificação do propósito aumenta significativamente, mas persistem muitas incertezas. Subgrupos e facões podem formar-se, com as consequentes disputas de poder. O grupo necessita ser
focalizado nos seus objetivos e deve-se evitar as distrações provocadas por questões emocionais e de relacionamento interpessoal. Pode ser necessário estabelecer compromissos como forma de permitir o progresso. O líder atua como
um coach (idêntico ao estilo de liderança “selling”). Norming – etapa 03 Concordância e consenso são as características dominantes entre os membros do grupo, que respondem de forma satisfatória ao papel de facilitador realizado pelo líder. Os papéis e responsabilidades estão claros e são bem aceitos. As grandes decisões são tomadas em acordo com o grupo. As decisões menos importantes são delegadas a indivíduos ou pequenas equipas dentro do grupo. O comprometimento
entre o grupo é forte. O grupo poderá começar a realizar atividades sociais, extra trabalho. O grupo discute e desenvolve os seus processos e estilo de trabalho. O
líder é respeitado e alguns aspetos da liderança são partilhados. O líder atua principalmente como facilitador do potencial do grupo.
Dinâmica de grupo As dinâmicas de grupo oferecem às pessoas uma resposta às necessidades lúdicas escassas em diversos ambientes, com o objetivo de integrar o grupo e possibilitar um 38
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retorno dos dados necessários. Geralmente criativas e atrativas e que possam fomentar nas pessoas um lado descontraído e critico. A dinâmica de grupo é uma ferramenta de estudo de grupos e também um termo geral para processos de grupo. Em psicologia e sociologia, um grupo são duas ou mais pessoas que estão mutuamente conectadas por relacionamentos sociais. Por interagir e influenciarem-se mutuamente, os grupos desenvolvem vários processos dinâmicos que os separam de um conjunto aleatório de indivíduos. Estes processos
incluem normas, papéis sociais, relações, desenvolvimento, necessidade de pertencer, influência social e efeitos sobre o comportamento. O campo da dinâmica de grupo preocupa-se fundamentalmente com o comportamento de pequenos grupos. Grupos podem ser classificados como agregados, primários, secundários e grupos de categoria, também aplicado em testes para admissão em empregos.
Teoria psicológica de Kurt Lewin A teoria do campo psicológico, formulada por Lewin, afirma que as variações individuais do comportamento humano com relação à norma são condicionadas pela tensão entre as perceções que o indivíduo tem de si mesmo e pelo ambiente psicológico em que se insere, o espaço vital, onde abriu novos caminhos para o estudo dos grupos humanos. Dedicou-se às áreas de processos sociais, motivação e personalidade, aplicou os princípios da psicologia da Gestalt. Lewin desenvolveu a pesquisa-ação (Action-Research), tentando com ela dar conta de dois problemas levantados pela sociedade em sua época: os problemas sociais e a necessidade de pesquisa. Fez isso, pois nem sempre a pesquisa social pode ser levada para os laboratórios. Infelizmente, na época de hoje também, existem muitas fontes de pesquisa que não são confiáveis. Não podemos deixar de falar da teoria de três etapas (descongelamento, movimento e recongelamento) de Lewin que revolucionou a ideia de mudança em organizações.
Algumas prerrogativas da teoria de campo de Lewin:
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O comportamento deriva da coexistência dos fatos; - Essa coexistência dos
fatos cria um campo dinâmico, o que significa que o estado de qualquer parte do campo depende de todas as outras partes; - O comportamento depende do campo atual ao invés do passado ou do futuro.
O campo é a totalidade da coexistência dos fatos que são concebidos como
mutualmente interdependentes. Indivíduos se comportam diferentemente de acordo com o modo em que as tensões da perceção do self e do ambiente são trabalhados. O campo psicológico ou espaço vital (lifespace, em inglês), dentro dos quais as pessoas agem precisa ser levado em conta a fim de entender o comportamento. Os indivíduos participam de uma série de espaços vitais (exemplo: família, escola, trabalho, igreja etc..) e esses foram construídos sob a influência de inúmeros vetores de força.
Estrutura sociométrica A palavra sociometria, derivada do latim, é resultante da junção das palavras socius (social) e metrum (medida). Podemos então a partir da sua definição etimológica, entender como referente ao estabelecimento de medidas de variáveis sociais, ou medição do grau de vinculação entre indivíduos de um grupo. A sociometria
explora, mapeia e mensura relações ou vínculos estabelecidos entre forças sociais individuais, que por um olhar direto não é percetível, atuando em redes de interação no seio de um grupo de uma determinada organização (empresa, sala de aula, comunidade partidária ou grupamento de militares). A sociometria pode ser entendida também como o estudo dos vínculos existentes entre indivíduos, enquanto formadores sociais.
A técnica sociométrica e o sociograma (que é a sua representação gráfica) permitem verificar como estão as relações sociais no ambiente de trabalho, reconhecer os líderes aceitos e identificar as pessoas que, por algum motivo, estão marginalizadas, reconhecer as redes sociais: conjuntos específicos de ligações entre um determinado conjunto de indivíduos.
Panelinhas: grupos informais relativamente permanentes, envolvendo a amizade. 40
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Estrelas: os indivíduos que fazem conexão entre dois ou mais grupos, sem serem membros de qualquer um deles.
Pontes: os indivíduos que servem de ligação ao pertencer a dois ou mais grupos. Isolados: os indivíduos que não estão conectados à rede social. Moreno propõe um instrumento, o teste sociométrico, que consiste num questionário com um número limitado de perguntas (até 5), em que cada membro do grupo é interrogado sobre as suas preferências em situações muito concretas e por ordem de prioridades. Os resultados do teste são registados num quadro de dupla entrada, denominada por matriz sociométrica, apresentando as suas preferência e rejeições.
Coesão do grupo A coesão relacionada à tarefa refere-se ao grau de comprometimento de cada indivíduo com o grupo para alcançar as metas e objetivos comuns. Já a coesão
social demonstra a relação interpessoal entre os membros do grupo. O modelo de Carron é mais utilizado em ambientes esportivos e de exercício. Apresenta quatro (04) fatores importantes que afetam o desenvolvimento da coesão do grupo. São eles:
Fatores ambientais Os fatores ambientais influenciam diretamente os fatores pessoais, de liderança e de equipa. Portanto é necessário fazer uma avaliação das responsabilidades contratuais (bolsas de estudos, expectativas familiares entre outros) e da orientação organizacional (tamanho do grupo; uniformes diferentes; oportunidade de interação e comunicação com indivíduos mais próximos), pois podem favorecer o
desenvolvimento do grupo e o nível de coesão aumentar. Fatores pessoais Estão diretamente ligados as características individuais dos componentes do grupo. Por conseguinte as variações entre as características são muitas. Em comparação,
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os fatores ambientais apresentam se mais tendenciosos a uma constante, aos quais se aplicam aos participantes de uma Liga, por exemplo. Baseado em pesquisas científicas, identificou três (03) motivos primários:
Motivação a tarefa: contribui para a coesão relacionado a tarefa e a coesão social;
Motivação de afiliação: coesão relacionado a tarefa e a coesão social;
Auto motivação: obtenção de satisfação pessoal atuando no seu nível de capacidade.
Fatores de liderança Intimamente ligados ao estilo e comportamento dos líderes do grupo. A comunicação do líder com seus membros deve apresentar clareza e consistência quanto ao objetivos da equipe, tarefas do grupo e responsabilidades dos membros. Tem como característica:
Comportamento de liderança:
Estilo de Liderança:
Personalidades dos técnicos e dos atletas;
Fatores de equipa É o fator influenciado por todos os outros fatores exemplificado acima. Em contra partida não influencia nenhum outro fator. Tem como característica:
Desejo pelo sucesso;
Orientação de grupo;
Norma de produtividade do grupo;
Capacidade da equipa;
Estabilidade da equipa. 42
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O nível de coesão, alcançado pelo grupo no decorrer de seus momentos juntos, influencia os resultados do grupo e individuais, como:
Resultados do grupo
Estabilidade da equipa;
Efetividade absoluta do desempenho;
Efetividade relativa do desempenho
Resultados individuais
Consequências comportamentais;
Efetividade absoluta do desempenho;
Efetividade relativa do desempenho;
Satisfação.
Normalização e conflitos O conflito surge quando há a necessidade de escolha entre situações que podem ser consideradas incompatíveis. Todas as situações de conflito são antagônicas e perturbam a ação ou a tomada de decisão por parte da pessoa ou de grupos. Trata-se de um fenômeno subjetivo, muitas vezes inconsciente ou de difícil perceção. As situações de conflito podem ser resultado da concorrência de respostas incompatíveis, ou seja, um choque de motivos, ou informações desencontradas.
Kurt Lewin define o conflito no indivíduo como "a convergência de forças de sentidos opostos e igual intensidade, que surge quando existe atração por duas 43
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valências positivas, mas opostas (desejo de assistir a uma peça de teatro e a um filme exibidos no mesmo horário e em locais diferentes); ou duas valências negativas (enfrentar uma operação ou ter o estado de saúde agravado); ou uma positiva e outra negativa, ambas na mesma direção (desejo de pedir aumento salarial e medo de ser demitido por isso) ".
Salvatore Maddi classifica as teorias da personalidade segundo três modelos, um dos quais o de conflito. Esse modelo supõe que a pessoa esteja permanentemente envolvida pelo choque de duas grandes forças antagônicas, "que podem ser exteriores ao indivíduo (conflito entre indivíduo e sociedade) ou intrapsíquicas (forças conflituantes do interior do indivíduo que se dão, por exemplo, entre os impulsos de separação, individuação e autonomia e os impulsos de integração, comunhão e submissão)".
O conflito, no entanto, pode ter efeitos positivos, em certos casos e circunstâncias, como fator motivacional da atividade criadora. Os conflitos, para ter uma solução pacífica, devem ter todos os meios possíveis de negociação de controvérsias, estas, precisam ser executadas com diplomacia, bons ofícios, arbitragem e conciliação.
Assertividade Entende-se por assertividade a capacidade de se afirmar por palavras e por actos o que se pensa, o que se quer e o que se sente, com calma e sem agressividade, dando, ao mesmo tempo, espaço ao outro para afirmar aquilo que pensa, o que quer e o que sente. Assim, a pessoa que utiliza o estilo assertivo (autoafirmativo) para comunicar:
É capaz de exprimir, de uma forma aberta e franca, as suas ideias, os seus interesses e os seus sentimentos;
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É verdadeiro consigo mesmo e com os outros. Não dissimula os seus sentimentos, sendo coerente entre aquilo que pensa e aquilo que diz e entre aquilo que diz e aquilo que faz;
A relação que estabelece com os outros baseia-se na confiança e na lealdade e não na ameaça, no domínio ou na chantagem;
Quando em desacordo, negoceia na base de objectivos precisos, procurando satisfazer interesses mútuos e atingir compromissos realistas.
Ser assertivo implica:
Pensar assertivamente - ter consciência dos seus sentimentos, desejos e opiniões.
Sentir assertivamente - possuir confiança em si próprio.
Comportar-se assertivamente - exercer o direito de exprimir aquilo que se pensa, aquilo que se sente e aquilo que se quer, respeitando o direito dos outros de se exprimirem de igual modo.
Consequências da assertividade:
Ao utilizar uma expressão congruente, direta, transparente, na qual os
objetivos visados surgem com clareza e os sentimentos manifestados são autênticos, esta atitude tem probabilidades de suscitar nos outros uma atitude semelhante, favorecendo assim uma boa comunicação;
O indivíduo que se comporta assertivamente mantém o seu equilíbrio
psicológico e favorece o bom clima em todas as suas relações interpessoais.
Ser assertivo em situações difíceis Ser assertivo não significa impormos aos outros as nossas opiniões. Significa, sim, dar aos outros a oportunidade de, igualmente, exercerem os seus direitos. Por exemplo, o direito de terminarem o que têm para dizer, sem serem interrompidos.
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Todos nós sabemos que é muito difícil fazer com que, de repente, uma pessoa agressiva se torne numa pessoa dócil e simpática. Isso só acontecerá se ela assim o desejar. Porém, podemos mudar a nossa reação em relação a ela e fazer com que essa pessoa difícil contrarreaja de maneira diferente (ainda que só temporariamente). Se a comunicação for feita num tom calmo e firme, a ansiedade é reduzida e ambos os interlocutores sentem que cada um deles está atento ao que o outro tem para dizer. De facto, se considerarmos que toda a comunicação é feita de reações e contrarreações, poderemos, na prática, através do nosso comportamento, atenuar alguns problemas que surjam. É muito fácil queixarmo-nos do comportamento das outras pessoas face a uma má comunicação; mas, quantas vezes, não nos sentimos inseguros ou sob pressão e reagimos de uma forma defensiva. Todavia usar uma palavra, uma frase ou um tom de voz inadequados podem originar uma reação extremamente agressiva. Por isso, é crucial que, perante situações difíceis, se mantenha o controlo.
Adotar um comportamento assertivo, calmo e firme faz com que a ansiedade seja reduzida e se consiga chegar a algum acordo ou compromisso. Por exemplo, perante alguém que está descontente e que reclama, deverá: - Mostrar ao seu interlocutor que esteve atento ao que ele disse; - Para que ele saiba que o escutou, parafraseie o que ele afirmou de positivo, sem fazer qualquer avaliação. Qualquer crítica implícita criaria imediatamente uma ruptura na comunicação; Mostrar empatia, ou seja, que compreende os seus sentimentos, sem que para isso tenha que concordar com ele.
A eficácia da comunicação passa, sobretudo, por um comportamento assertivo, ou seja, um comportamento firme, calmo e tranquilizador que ajude a controlar a situação e a estabelecer relações de confiança.
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Passividade A pessoa que adota um estilo passivo:
Tem dificuldade em defender os seus interesses e em dizer o que pensa ou sente;
Tem muita dificuldade em dizer não, quando lhe pedem alguma coisa;
Não sendo capaz de alcançar os seus objetivos, acaba por ficar com sentimentos de culpa;
Sente-se incompreendido e diminuído face aos outros, acha que o que diz não tem interesse;
Quando lhe é colocado um desafio, desiste facilmente perante os obstáculos;
Em vez de se afirmar, afasta-se (fuga passiva) ou submete-se sem agir;
É tímido e silencioso. Raramente está em desacordo e evita o conflito a todo o custo;
Sinais do passivo:
Fala pouco;
Rói as unhas;
Exprime um riso nervoso e uma voz trémula;
Mexe frequentemente os pés;
Está frequentemente ansioso.
Consequências do comportamento de fuga ou passividade
Dada a dificuldade em se afirmar, os outros não chegam a ter um real
conhecimento dos seus interesses e necessidades, o que prejudica a comunicação com os demais;
Porque não diz aquilo que pensa, quando se sente injustiçado, vai guardando
sentimentos de ressentimento e rancor, o que não facilita em nada a comunicação.
Causas geradoras do comportamento passivo
Educação severa com um número elevado de frustrações;
Baixo autoconceito e baixa autoestima;
Falsa representação da realidade e má interpretação das relações de poder. 47
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Imagina os outros com mais poder do que na realidade têm.
Agressividade A pessoa que, com frequência, utiliza o estilo agressivo para comunicar:
Age como se fosse intocável e não cometesse erros;
Tem uma grande necessidade de se mostrar superior aos outros e, por isso, é
excessivamente crítica e reivindicativa;
Atribui sempre aos outros o que de mau ou desagradável acontece;
Tenta sempre ganhar e dominar ainda que para isso tenha que humilhar ou
agredir (física ou psicologicamente);
Ignora e desvaloriza sistematicamente o que os outros dizem ou fazem
Sinais do agressivo:
Fala alto e interrompe;
Não ouve com atenção o que os outros exprimem;
É sarcástico;
Tem explosões emocionais;
É hostil e não coopera;
Utiliza demasiado a palavra “EU”;
Não olha diretamente para o interlocutor;
Manifesta um sorriso irónico e expressões faciais de desprezo ou de desaprovação.
Consequências do comportamento agressivo
O agressivo desgasta psicologicamente as pessoas que o rodeiam;
Ao tentar desvalorizar o que os outros dizem ou fazem, não favorece o
estabelecimento de relações interpessoais saudáveis e sinceras;
Ao pensar que é sempre ganhador através do seu método, não entende que,
se o fosse, não necessitaria de ser agressivo; 48
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O agressivo torna-se um cego no seu meio porque evitam falar-lhe de uma
forma sincera e verdadeira.
Causas geradoras do comportamento agressivo: A agressividade tende a resultar de:
Sentimentos de vulnerabilidade e de medo e falta de autoconfiança;
Incapacidade de lidar com a frustração;
Desejo de vingança;
Reação a uma situação geradora de stress;
Reação pontual a uma passividade constante. Neste caso, o comportamento
agressivo manifesta-se quando a pessoa, passado algum tempo, está de “saco cheio”.
Manipulação A pessoa que adota um estilo manipulador:
Não enfrenta as situações de forma direta, preferindo fazer interpretações pessoais;
Assume-se frequentemente como uma pessoa indispensável, embora não
assuma frontalmente as suas responsabilidades;
Prefere atingir os seus objetivos, agindo por interpostas pessoas.
Os seus propósitos raramente são expostos com clareza e frontalidade.
Utiliza a simulação, nega factos e inventa histórias;
Não se opõe claramente aquilo que não lhe agrada, prefere utilizar o humor,
a ironia e a caricatura para desvalorizar os outros;
Assume muitas vezes o papel de vítima, fazendo chantagem emocional para
atingir os seus objetivos;
É hábil em criar conflitos, manipulando a informação. Fala por meias palavras
e introduz rumores do “diz-que-disse”.
Sinais do manipulador 49
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Emprega frequentemente o “nós” em vez do “eu” (“falemos francamente”, “confiemos um no outro”);
Oferece os seus talentos na presença de públicos difíceis;
Apresenta-se sempre cheio de boas intenções;
Apresenta-se quase sempre como um útil intermediário.
Consequências do comportamento manipulador:
Ao não se envolver diretamente nos acontecimentos e ao descartar-se das
responsabilidades, cria barreiras à comunicação interpessoal;
O manipulador perde a sua credibilidade à medida que os seus “truques” vão
sendo descobertos;
Uma vez descoberto, o manipulador tende a vingar-se dos outros e, se tem
poder, utiliza-o para isso.
Causas geradoras da manipulação:
Acreditar que não se pode confiar nos outros e de que o comportamento
indireto é mais eficaz do que o comportamento face a face, direto e franco;
Ter aprendido, através da educação, que a manipulação era a única forma
de se atingirem os objetivos.
Estratégias individuais na gestão do conflito Conflito é uma situação em que dois ou mais objetivos pertencentes a uma ou mais pessoas, são mutuamente exclusivos, gerando atitudes de hostilidade. Entende-se por conflito a exacerbação de divergências entre duas pessoas com envolvimento emocional das partes
Formas de Conflito Uma organização ou empresa é um local privilegiado de conflitos, isto porque, uma empresa é um grupo que vive fenómenos sociais específicos (sendo um deles a relação que se estabelece entre cada elemento do grupo) independentemente da sua estrutura hierárquica. A empresa deve ser entendida como uma série de grupos 50
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e elementos em permanente interação, operando nos vários níveis de uma hierarquia ou departamento.
Um grupo compõe-se de indivíduos com características de personalidade diversas e por isso mesmo é natural que a vida em grupo provoque tensões, que se podem revestir de formas diferentes, conforme os casos: Conflitos Intrapessoais Conflitos Interpessoais Conflitos Intragrupo Conflitos Intergrupo
CONFLITOS INTRAPESSOAIS Os conflitos intrapessoais estão relacionados com a interioridade do indivíduo e a sua necessidade de dar uma só resposta entre duas, que se excluem mutuamente. Podemos identificar três variantes destes tipos de conflito:
Conflito Atração-Atração Existe quando a pessoa está perante dois objetivos ou situações atraentes e ao escolher uma, terá que renunciar a outra, uma vez que ambas não podem ser concretizadas simultaneamente.
Exemplo: A necessidade de trabalhar e de ter uma carreira brilhante pode entrar em conflito com o desejo e a necessidade de ter um filho e de ficar em casa para cuidar dele.
Conflito Repulsão-Repulsão A pessoa está colocada entre duas alternativas desagradáveis e tem dificuldade em escapar, simultaneamente, das duas. Trata-se de uma escolha difícil porque, não optar, implica automaticamente que qualquer uma das situações se imponha.
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Este tipo de conflito está relacionado com os valores pessoais e com os comportamentos que o indivíduo exige e teme de si mesmo, porque envolve toda a problemática da clarificação dos valores pessoais.
Conflito Atração-Repulsão A pessoa encontra-se perante dois aspetos da mesma situação e qualquer decisão tem vantagens e desvantagens. Estes, talvez sejam os conflitos mais comuns, porque se referem à existência de um objeto ou situação que tem características positivas e agradáveis mas que, também, tem características negativas e desagradáveis.
CONFLITOS INTERPESSOAIS Este tipo de conflito surge entre indivíduos, devido a diferenças individuais de sexo, valores, crenças, nível social, estatuto, cultura, etc., podendo ter, de modo geral, as seguintes razões:
Diferenças Individuais
As diferenças de idades, sexos, atitudes, crenças, valores e experiências contribuem para que as pessoas vejam e interpretem as situações de múltiplas maneiras. Em situações onde se demarque a diferença individual, as situações de conflito são inevitáveis.
Limitação dos Recursos
Nenhuma organização ou grupo possui todos os recursos de que necessita. Os recursos financeiros, técnicos e humanos são limitados. A justa partilha destes recursos por todos os indivíduos é difícil. Por este facto, há que tomar decisões concretas:
Quem ocupa este espaço?
Quem ocupa esse trabalho?
Quem obtém este equipamento? 52
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Quem será informado?
Quem tem o poder?
Quem pode utilizar o automóvel?
Em parte, são as limitações dos recursos que fazem com que exista competição em qualquer sistema. Sempre que um grupo resolve fazer uma partilha equitativa surgem divergências, porque há pessoas que se consideram sempre prejudicadas.
Diferenciação de Papéis
Os conflitos interpessoais podem também surgir da dificuldade em determinar quem pode dar a ordem a outro. Se a autoridade de uma pessoa não é aceite pelo outro, surge o conflito. Quando a entidade patronal e o colaborador estão de acordo quanto a determinado trabalho que é preciso realizar, mas se a entidade patronal fala em tempo suplementar para o realizar, o empregado pode não estar de acordo. O empregado poderá não dizer que não, somente porque daí poderiam, posteriormente, advir problemas para o seu desempenho profissional.
CONFLITOS INTRAGRUPO A forma dos trabalhos e estrutura organizativa do grupo deve ser coerente e sempre que possível reduzir as ambiguidades existentes no grupo, quanto a papéis e estatutos, tendo que ser estes últimos devidamente definidos e coerentes entre si e o grupo.
CONFLITOS INTERGRUPO Muitas das causas de tensões surgem de forma externa ao grupo, tensões intergrupos que se manifestam nas relações com outros grupos dentro da mesma organização, por vezes com natureza diferente.
O conflito tem um papel positivo na organização. Cabe ao gestor ou líder geri-lo de forma eficaz para a sua organização. 53
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PORQUE OCORRE O CONFLITO? O conflito pode ocorrer devido a uma série de razões:
Disputa de papéis
Escassez de recursos
Mal entendidos
Diferenciação de tarefas
Orientação diferente quanto ao tempo necessário para a tarefa ou concretização dos objetivos.
Estrutura e relações efetuadas
Dentro de uma organização, os conflitos podem surgir entre os diferentes grupos, como por exemplo: O grupo de produção, de marketing, etc. É sempre necessário analisar a dinâmica dos processos de grupo para averiguar qual é o processo causal e origem do conflito
O conflito ocorre a diversos níveis: Latente Percebido Sentido Manifesto Desfecho
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Latente - porque pouco percebido, existe ao nível do conflito de papéis, competição.
Percebido - porque o conflito existe mas nenhuma das partes se incomoda ou manifesta abertamente.
Sentido - porque as pessoas percebem o conflito, ficam aborrecidas, mas nada fazem para modificar essa situação, gerando-se tensão e ansiedade.
Manifesto - dado que se assume o conflito, tornando-se agressivo e inadequado na resolução.
Desfecho - porque se pretende solucionar o conflito, levando a uma satisfação pessoal por parte dos indivíduos
ESTRATÉGIAS FACE AO CONFLITO Nos grupos onde existe muito conformismo, não existe criatividade estagnando a vida no grupo. As tensões são fator de ideias, progresso na concretização de soluções. É necessário haver troca de ideias e um nível mínimo ideal de conflito para que a organização seja criativa e competitiva. Cabe ao líder melhorar as tensões e promover lideranças democráticas adequadas aos contextos organizacionais e situações para que o diálogo entre todos impere no sentido de haver respeito por si e cada um, nos seus valores pessoais e profissionais.
Duas dimensões são importantes para se resolver os problemas que levam ao conflito: Cooperação Assertividade
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Resolução de Conflitos: Estratégia Evitamento Passividade: Adia-se o conflito e não se resolve, por medo, insegurança, etc. Justifica-se quando:
Questão menor
O tempo resolverá O tempo resolverá
Não há informação suficiente Não há informação suficiente
Assimetria de poder (situação imutável) Assimetria de poder (situação imutável)
Outros resolverão o conflito melhor que nós Outros resolverão o conflito melhor que nós
Competição Triunfar: Assim não se coopera. Cada um tenta atingir as suas metas.
Justifica-se quando:
Emergência requer ação rápida
Ações impopulares mas essenciais
Autodefesa, impedir os outros de acumular vantagens.
Acomodação Submissão: Forma não assertiva, em que se negligencia os seus objetivos e preocupações em favor do outro.
Justifica-se quando:
Situação emocionalmente explosiva
Harmonia é muito importante para atingir resultados 56
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Conflito de personalidades dificilmente resolúvel.
Compromisso Concessões: Posição intermédia entre a assertividade e a cooperação em que cada grupo ou indivíduo faz concessões e negoceia.
Justifica-se quando:
Acordo é melhor para as partes do que não acordo
Objetivos conflituantes impedem concordância com proposta integral da outra parte
Colaboração Cooperação: Satisfação mútua em enfrentar o conflito e solucionar o problema, com alternativas que satisfaçam ambas as partes. É importante referir que cada forma de lidar com o conflito tem a ver com o contexto e natureza da situação. É importante treinar competências comportamentais para que se aumente o nível de repertório comportamental do indivíduo para estes encontrarem a forma mais eficaz e pessoal de lidar com situações conflituosas. O conflito é normal que aconteça. Visto que os indivíduos têm modos de os resolver diferentes, o importante é encontrar soluções pois não existem receitas feitas e prontas a aplicar nesta ou aquela situação.
Justifica-se quando:
Interdependência entre indivíduos
Repartição de poder equilibrada
Potencial de benefícios mútuos no longo-prazo
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Conceito de liderança
Liderar é mais do que atribuir tarefas, é ser um profissional com qualidades ímpares. Por isso reconhecer a mudança e o rumo das atitudes e estratégias de convívio é o que o difere o líder na hora de ser mais que um profissional capacitado. Os desafios atuais das organizações exigem diferenciar o líder do chefe, que é aquela pessoa responsável por uma tarefa ou atividade numa organização e que, para tal, comanda um grupo de pessoas, tendo autoridade de mandar e exigir obediência. Para os gestores atuais, são necessárias não só as competências do chefe, mas principalmente as do líder. Mas, o que é liderança?
Como um conceito geral e simplificado, podemos dizer que liderança é o processo de conduzir um grupo de pessoas, transformando-o numa equipa que gera resultados. É a habilidade de motivar e influenciar os liderados, de forma ética e positiva, para que contribuam voluntariamente e com entusiasmo para alcançarem os objetivos da equipa e da organização . De acordo com o livro “liderança”, de John Garner, liderança é “o processo de persuasão, ou de exemplo, através do qual um indivíduo (ou equipas de liderança) 58
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instiga um grupo a dedicar-se a objetivos defendidos pelo líder, ou partilhados pelo líder e seus seguidores.” Já Chiavenatto, define liderança como a “influência interpessoal exercida numa situação e dirigida através do processo da comunicação humana à consecução de um ou de diversos objetivos específicos.”
De acordo com Hersey e Blanchard, estudiosos do assunto, liderança é “o processo de exercer influência sobre um indivíduo ou um grupo de indivíduos nos esforços para a realização de um objetivo numa determinada situação.” Lembrando que, “influência é uma força psicológica, cujo objetivo é modificar o comportamento de
uma pessoa de modo intencional, define Chiavenatto. Assim vemos que, a liderança é uma necessidade em todos os grupos e trata-se de uma relação entre um indivíduo e o grupo. Portanto, essa relação só vai existir quando o grupo vê nesse líder, um controlador de meios para satisfazer suas necessidades, e assim segue-o, para ter um meio de aumentar as oportunidades de alcançar os seus objetivos e satisfazer as suas necessidades. Para falarmos sobre técnicas de liderança, deveremos falar sobre estilos de
liderança. Estes perfis não são indivisíveis ou puros, podendo ser misturados diante de alguma situação ou problema. Apesar de diferentes, não quer dizer que um seja melhor que outro, porém, são mais indicados em algumas situações. O líder deve ser entusiasmado, otimista, motivado, participativo, ter espírito de equipa, saber delegar tarefas e exigir resultados. O líder centralizador, que se irrita facilmente perde o respeito e não se mantém no mercado de trabalho. Iremos analisar os tipos de liderança mais comuns. Cada um deles tem as suas vantagens e desvantagens. A personalidade de quem dirige interfere muito, na maneira de liderar. Devido à experiência de tantos anos de liderança, alguns teóricos sugerem que seja utilizada a liderança situacional. Existe uma teoria que fala de traços da personalidade. Segundo esta teoria, o líder possuiria caraterísticas marcantes de personalidade que o qualificariam para a
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função. O importante é que o líder encontre a sua maneira de liderar, por forma a ser a mais adequada à sua realidade e visão do trabalho.
Vamos aos tipos de Lideranças: Liderança autocrática Na liderança autocrática o líder é focado apenas nas tarefas. Este tipo de liderança também é chamado de liderança autoritária ou diretiva. O líder toma decisões individuais, desconsiderando a opinião dos liderados. O líder é quem ordena, quem impõe a sua vontade, centralizando todas as decisões. Este tipo de liderança carateriza-se pela confiança na autoridade e pressupõe que os outros nada farão, se não lhes for ordenado. Geralmente não se importa com o que os liderados pensam além de desestimular inovações.
O líder autocrático julga-se indispensável, mostrando que só a sua maneira de fazer as coisas é a correta. Toma uma postura muitas vezes paternalista, sentindo-se feliz por notar que os outros dependem dele. Divide pouquíssimo serviço, preferindo fazê-lo. É comum por parte deste líder, reações coléricas, de irritação, de incompreensão com erros alheios. Incute um certo medo nos liderados, para que não o contradigam. Usa de artifícios para que o obedeçam sem dialogar. As decisões são tomadas com rapidez, o que é muito positivo. Mas, quando um líder autocrático termina o seu período, muitas vezes o grupo fica perdido, não está acostumado a tomar as suas próprias decisões, provocando um vácuo no poder de comando. Este tipo de liderança é focado nos
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resultados. Uma das figuras mais marcantes deste tipo é o co-fundador da Apple, Steve Jobs. Liderança democrática Chamada ainda de liderança participativa ou consultiva, este tipo de liderança é
voltado para as pessoas e há a participação dos liderados no processo decisório. Liderança democrática - O líder orienta o grupo a executar as suas atividades, fazendo-o participar na tomada de decisão. Neste estilo de liderança, todos os elementos do grupo podem e devem contribuir com sugestões. A responsabilidade do líder, é dirigir estas opiniões para que, na prática, atinjam os objetivos esperados. O líder, com a sua experiência, deve alertar sobre os pontos difíceis e ideias que já foram tentadas no passado, mas sem sucesso. A esperança nesta caso, é fazer com que o grupo entenda que atingir
objetivos é responsabilidade de todos e não apenas da liderança.
O líder que aplica este estilo, geralmente, tem um conceito equilibrado sobre si, não receando que haja liderados que sejam melhores do que ele, em determinados assuntos. Para ele é fácil entender e compreender os seus liderados, bem como ouvir e aceitar opiniões diferentes das suas. Aqui, a dificuldade é a demora para tomada de decisões em tempos de crise. O líder democrático possui um ótimo jogo de cintura e possui a capacidade de mediar conflitos. Respeitador e ligado a questões morais, sabe fazer política. 61
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Liderança paternalista: É uma liderança que visa o fim dos conflitos em grupos, que visa um relacionamento amável, onde o líder tem uma postura de representante paternal do grupo. Liderança liberal, livre ou laissez faire Laissez-faire é a contração da expressão em língua francesa “ laissez faire, laissez aller, laissez passer ,” que significa literalmente "deixai fazer, deixai ir, deixai passar". Nesse tipo de liderança, parte-se do princípio de que o grupo atingiu a maturidade e não necessita de supervisão do seu líder. Assim, os liderados ficam livres para pôr os seus projetos em prática, sendo delegados pelo líder liberal. Este líder não dá ordens, não traça objetivos, não orienta os liderados, apenas deixa correr. É comum encontrarmos liderados inconformados com esta atitude. A liderança liberal, é exercida, muitas vezes, por pessoas que pretendem ausentarse com frequência do grupo. Não querem ter o trabalho de organizar, planear e fiscalizar. Em muitos casos, foram eleitos porque ninguém queria o cargo ou então porque queriam apenas o título de líder não tendo a garra nem vontade de liderar. Neste tipo de liderança o grupo atingiu a maturidade e não precisa mais da supervisão extrema do seu líder. Os liderados ficam livres para colocarem os seus projetos em prática sendo delegados pelo líder liberal. É o chamado "deixa como está para ver como é que fica". Esse tipo de liderança é indicada quando o líder está à frente de uma equipa madura e auto-suficiente, onde os membros da equipa possuem liberdade para tomar decisões. Porém, se a equipa não possuir tal maturidade, este tipo de liderança pode ser prejudicial para a concretização dos objetivos, uma vez que este tipo de líder não possui pulso para punir erros. Liderança situacional: Baseia-se no facto de que cada situação requer um tipo de liderança diferente, para se alcançar o melhor dos liderados. Um líder situacional deve ser versátil e 62
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flexível, sabendo adequar o seu estilo, de acordo com a pessoa com quem trabalha e com a situação. Este líder, utiliza o que há de melhor nas lideranças AUTOCRÁTICA, LIBERAL e DEMOCRÁTICA e aplica, dependendo do grupo que tem à mão e da circunstância. O líder situacional pode escolher entre quatro tipos de ação: a) Direção - Dá instruções específicas e supervisiona rigorosamente o cumprimento das tarefas. Esta ação é usada, principalmente, com pessoas inexperientes, mas de bom potencial para aprender. b) Formação - O líder também dirige e supervisiona a realização das tarefas, mas solicita sugestões e explica as suas decisões. Esta ação é utilizada com pessoas inexperientes, mas que perderam o seu interesse inicial. Elas alcançaram algum desenvolvimento, mas precisam ter desafios de novas perspetivas. Os seus progressos devem ser elogiados. c) Apoio - O líder ajuda e apoia os esforços dos liderados para cumprirem as tarefas, dividindo com eles as decisões. Esta ação é para ser utilizada com pessoas inexperientes, mas que apreciam um estilo mais participativo. Pessoas que gostam de serem ouvidas e apoiadas, mas que têm dificuldades em tomar decisões, necessitando, assim, do suporte do líder. d) Delegação - O líder passa as responsabilidades de decisão aos liderados. Esta ação é apropriada para pessoas experientes, que sabem como se portar diante de crises e problemas, comiserando, por si mesmas, as soluções criativas. Como podemos verificar, todos estilos possuem vantagens e desvantagens. Na
liderança autocrática o líder centraliza totalmente a autoridade e as decisões. Os subordinados não têm nenhuma liberdade de escolha. O líder autocrático é dominador, emite ordens e espera obediência cega dos subordinados. Os grupos submetidos à liderança autocrática apresentam um maior volume de trabalho produzido, com evidentes sinais de tensão, frustração e agressividade. O líder é temido pelo grupo, que só trabalha quando ele está presente. A liderança
autocrática enfatiza apenas o líder. 63
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Já numa liderança liberal, o líder permite total liberdade para a tomada de decisões individuais ou em grupos, participando delas apenas quando solicitado pelo grupo. O comportamento do líder é evasivo e sem firmeza. Os grupos submetidos à liderança liberal não se saíram bem, quanto à qualidade do trabalho, com fortes sinais de individualismo, desagregação do grupo, insatisfação, agressividade e pouco respeito ao líder. O líder é ignorado pelo grupo.
A liderança liberal enfatiza apenas o grupo. Na liderança democrática, o líder é extremamente comunicativo, encoraja a participação das pessoas e preocupa-se igualmente com o trabalho e com o grupo. O líder atua como um facilitador para orientar o grupo, ajudando nas definições dos problemas e nas soluções, coordenando as atividades e sugerindo ideias. Os grupos submetidos à liderança democrática apresentam uma boa quantidade de trabalho e qualidade surpreendentemente melhor, acompanhadas de um clima de satisfação, integração grupal, responsabilidade e compromisso das pessoas. Na prática, o líder poderá utilizar os três estilos de liderança, de acordo com a tarefa a ser executada, as pessoas e a situação. O líder tanto poderá mandar cumprir as ordens como sugerir aos colaboradores a realização de certas tarefas, ou ainda consultar antes de tomar decisão. O desafio está em saber como aplicar cada estilo, com quem e em que circunstância e tarefas a serem desenvolvidas. Nas situações de liderança, o líder pode assumir diferentes padrões de liderança de acordo com a situação e para cada um dos membros da sua equipa. Para 64
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Lacombe os líderes influenciam as pessoas graças ao seu poder, que pode ser o
poder legítimo, obtido com o exercício de um cargo, poder de referência, em função das qualidades e da personalidade do líder e poder do saber, exercido graças a conhecimentos que o líder detém. Liderança é o ambiente dentro da organização e o líder é o responsável pela formação deste ambiente. Acima citamos os tipos de lideranças, porém existem também os tipos de líderes:
Líder carismático: É aquele que inspira confiança, aceitação espontânea e envolvimento emocional à causa ou objetivo que ele acredita. Os seus liderados encaram-no como um ser de habilidades fantásticas.
Líder executivo: É aquele que utiliza a sua experiência ou qualidades técnicas para dirigir a sua equipa ao resultado pretendido pela organização. É o indicado para dar instruções objetivas e claras.
Líder diretivo: É o líder que delega funções e fiscaliza. Acompanha de perto os trabalhos e exige resultados dos membros.
Líder educativo: É o líder que dá o exemplo. Geralmente é o primeiro a chegar e o último a sair. Muito solícito, sempre que pode ajuda a equipe, criando assim um ambiente de gentileza reciproca.
Líder coercivo: Mais conhecido como “casca grossa”. É um tipo de líder que exige com base em ameaças ou violência verbal. É o tipo de líder menos indicado, obviamente. Cada personalidade gera tipos diferentes de liderança. O saber lidar com as outras pessoas - seja com ou sem autoridade - necessita de muito cuidado e preparação. Para ser líder de uma equipa ou responsável por um departamento é importante estar em melhoria constante para que a sua maneira de liderar seja eficiente não apenas para a sua personalidade, mas também para a dos seus subordinados. Liderança é um campo que convida à exploração e à descoberta. Vejamos a seguir 13 tipos diferentes de liderança inspiradores e motivadores: 65
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Adaptador: Líderes adaptativos conseguem colocar-se acima das mais diversas situações, fáceis ou difíceis, para encontrar as soluções certas e dinâmicas, adaptar os seus valores às circunstâncias de mudança. Além disso, eles ajudam os seus liderados a ajustarem-se para aquilo que não é familiar, sem comprometer a confiança, credibilidade e os resultados.
Emocionalmente inteligente Ter consciência dos seus próprios sentimentos e também dos das pessoas que estão à sua volta é a caraterística de um líder que é emocionalmente inteligente. Eles sabem muito bem como lidar com as suas próprias emoções e com as relações com outras pessoas. Sabem influenciar positivamente as pessoas que lideram de forma objetiva e particular.
Carismático Este tipo de liderança tem muito mais a ver com a personalidade do líder do que com uma habilidade qualquer. Líderes carismáticos, além de boa companhia, são também grandes motivadores. Apesar das vantagens, este tipo de líder deve ter cuidado para que não invada o espaço pessoal dos seus subordinados, sem deixar espaço para outras pessoas que se possam destacar.
Autêntico São líderes que sabem combinar com excelência a integridade, caráter e personalidade. São constantes e disciplinados, mesmo nas situações mais adversas e perigosas. “O” líder
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São pessoas que correm atrás dos seus objetivos como leões, mas possuem a humildade de cordeiros. Tipo muito raro, “o” líder coloca a empresa como prioridade, chama as responsabilidades para si e é generoso para dar créditos.
Cuidadoso O líder cuidadoso é aquele que não repete padrões simplesmente porque são comuns, mas está em constante procura da mudança e aperfeiçoamentos. Presta atenção, analisa, e ouve as pessoas à sua volta, com vista à obtenção de respostas melhores e perguntas mais inteligentes.
Narcisista Líderes narcisistas são pessoas difíceis de lidar. Não ouvem, não aprendem e não ensinam. Mesmo assim, é possível identificar algumas caraterísticas positivas. Líderes narcisistas podem ser extremamente produtivos em períodos de crise e atrair seguidores por conta das suas visões objetivas.
Determinados Para esse tipo de líder, não há desculpas. Tomam decisões determinadas mesmo em situações onde as informações são insuficientes. Possuem uma disposição mental determinada e imprimem essa mesma caraterística nos seus liderados.
Contagiantes O líder contagiante deve ter muito cuidado com a sua conduta e disposição. Facilmente, a partir das suas decisões, ele influencia a postura de todas as pessoas da sua equipa. Manter-se motivado, transparente e firme nos seus valores é muito importante, pois os seus liderados irão sentir-se da mesma maneira.
Servo É o tipo de líder que age por meio do exemplo. Liderar para ele significa poder servir melhor. Este tipo de liderança cria ambientes de trabalho muito bons e motivadores, 67
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onde as pessoas entendem que as coisas e os valores não são mais importantes que os seres humanos.
Contador de histórias Histórias têm o poder de transmitir valores que simples dados ou objetivos não conseguem. Saber evocar o tipo certo de emoção nos seus liderados por meio de histórias verdadeiras e com significado pode ser a chave para que eles se sintam motivados nas situações mais difíceis.
Investidores Este tipo de líder sabe identificar quais são os talentos de cada um dos seus elementos do grupo e investir nessas habilidades para que toda a equipa possa crescer.
Tribal O líder tribal consegue unir os valores e costumes de cada elemento da equipa e forma uma cultura comum em que todos se sentem confortáveis e ligados para trabalhar.
Como liderar? Estudos realizados com milhares de líderes (homens e mulheres), dos mais variados campos de atividades, revelaram quatro qualidades comuns: Alta dose de criatividade. Grande capacidade de motivar pessoas e desenvolver-lhes o potencial. Considerável concentração em fazer o trabalho bem feito. Uma crença inabalável nos resultados positivos, sem receio de possíveis fracassos. 68
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Vamos agora abordar algumas técnicas que potenciam a liderança eficaz:
A objetividade Um dos aspetos marcantes da liderança é saber definir claramente os objetivos a serem atingidos e adotar uma atitude positiva que demonstre a certeza de que eles serão realizados. Por objetividade, entende-se também a atitude direcionada do chefe, sem perda de tempo, dispersão ou insegurança, tanto no relacionamento interpessoal quanto na execução das tarefas.
Saber compreender os outros Uma caraterística do líder eficaz é a capacidade de se colocar no lugar do outro, ou seja, a empatia, mesmo que ele não partilhe dos mesmos pensamentos dessa pessoa. O líder deve saber entender o ponto de vista de terceiros e respeitá-los, deve ter a sensibilidade de aceitar os outros como eles são, ter consideração por eles, mesmo que discorde dos seus pontos de vista.
Utilizar a flexibilidade O líder versátil tem alta flexibilidade de estilo ao comandar os elementos do grupo. Para cada pessoa, deve adotar o estilo de liderança que melhor se adapte às caraterísticas dela.
Saber comunicar-se O líder não é uma pessoa introvertida. Ao contrário, ele é comunicativo, sabe dialogar, trocar ideias e pedir sugestões aos seus elementos sobre as tarefas que os afetam. Outro aspeto que carateriza a boa comunicação é não apenas saber falar e expor os seus pensamentos, mas também saber ouvir, pois, se ele prestar atenção ao que está a ser dito, ficará surpreso ao descobrir quantas informações úteis estão a ser fornecidas e que antes poderiam passar inteiramente despercebidas.
Utilizar a autoridade da forma correta O uso da autoridade é uma prerrogativa exclusiva da chefia, pois liderança e autoridade são duas faces de uma mesma moeda. Todo líder possui autoridade – formal ou não -, mas nem toda a pessoa revestida de autoridade é líder. Liderar 69
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significa possuir capacidade, discernimento para comandar pessoas, e isso é mais do que muitos chefes sabem fazer. Autoridade é credibilidade para mandar e ser obedecido. O verdadeiro chefe, que também é líder, sabe que é revestido de autoridade, mas dificilmente a utiliza, pois consegue que as tarefas sejam realizadas pela confiança que ele inspira nas pessoas. O líder sabe fazer com que a intenção se traduza em ação e que a ação se transforme em realidade. Ele também é capaz de sustentar essa realidade, não a deixando definhar, pois mais difícil do que realizar algo é mantê-lo e sustentá-lo. Isso o verdadeiro líder sabe fazer melhor do que ninguém, seja ele supervisor da equipa ou diretor.
Possuir maturidade de comportamento. Muitos líderes têm um comportamento imaturo, com frequentes mudanças de humor, mudanças de ideias e de objetivos. Colocam em azáfama os seus infelizes liderados, que nunca sabem o que os espera a cada novo dia que se inicia. É uma das formas mais rápidas de desmotivar e provocar a perda de confiança das pessoas, além de colocar em risco a produção e o alcance dos objetivos. O líder deve ter uma atitude madura, confiante e positiva, dando segurança aos colaboradores, quanto às suas ideias e comportamento. Todo chefe que é líder tem um comportamento estável e previsível. Isso não significa que não possa, às vezes, aborrecer-se, zangar-se ou mudar de ideias, mas, quando o fizer, deverá ser um ato consciente
da
sua
parte,
assumindo
total
responsabilidade
por
esse
comportamento.
Manter todos bem informados Cuidado com os boatos. Eles só surgem quando há pouca ou nenhuma informação e só causam desapontamentos, mágoas, insegurança e raiva. O líder deve tomar providências para interromper os boatos; melhor ainda: não deve deixar sequer que 70
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comecem. O líder deve deixar tudo muito claro desde o início e certificar-se de que os seus subordinados saibam que podem encontrar neste profissional e verdade.
Conhecer bem os elementos que lidera O líder só poderá saber da capacidade da sua equipa, se conhecer as pessoas que a compõem, isto é, as suas habilidades, talentos, aspirações profissionais, deficiências etc. Isto é básico para quem aspira ter uma equipa motivada e atuante.
Ser um exemplo para os outros O líder na sua atividade está sempre na vitrine e – quer queira ou não – está exposto aos olhares das pessoas; por isso mesmo, é muito mais observado do que observa. Quer o líder esteja ciente disso ou não, geralmente os seus subordinados procuram nele um padrão de comportamento, uma referência. Assim, as suas atitudes, decisões, postura, a maneira pela qual conduz, influenciam mais o grupo do que qualquer instrução que o líder possa dar ou qualquer disciplina que queira impor.
Manter-se atualizado O líder deve manter-se a par dos eventos do seu campo de atuação. Deverá participar em formações, seminários, congressos, palestras e eventos similares que o atualizem com as novas técnicas de liderança.
Irradiar energia O líder deve carregar-se de energia positiva. A energia é uma caraterística bastante conhecida de todos os realizadores em todas as áreas de atuação. Líderes atuantes transmitem sempre otimismo e confiança. O líder deve adotar um comportamento do tipo “tudo é possível”. Este tipo de postura irá energizar os outros , fazendo-os desdobrarem, agarrar com ânimo os trabalhos mais difíceis, superar condições desfavoráveis e chegar ao sucesso.
Mostrar aos elementos que lidera um quadro mais amplo O líder deve fazer com que os liderados entendam como eles contribuem para um trabalho de perspetiva mais ampla. Se o trabalho for muito monótono, deve ampliar 71
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o serviço, de modo a que eles possam lidar com a tarefa do começo ao fim. Deverá também mostrar aos elementos do grupo como o trabalho de cada um do departamento está a contribuir para os objetivos globais da organização.
Exigir dedicação O líder deverá empenhar-se pessoalmente e proporcionar as melhores condições para que os elementos do grupo produzam com motivação e confiança, mas exigir da parte deles o mesmo empenho e dedicação. Deverá demonstrar interesse por eles e, ao mesmo tempo, mostrar que espera a mesma dedicação.
Empreendedor e a negociação social
Empreendedor é o termo utilizado para identificar o indivíduo que dá início a uma organização. Muitos como Bill Gates e Mark Zuckerberg ficaram famosos por criarem organizações que realizaram inovações em seus setores. Apesar disso, o empreendedor não é somente aquele que inova, com muitos empreendedores criando empresas em setores tradicionais, como o banqueiro Belmiro de Azevedo. O conceito mais aceito de "Empreendedorismo" foi popularizado pelo economista Joseph Schumpeter em 1945 como sendo uma peça central à sua teoria da Destruição criativa. Segundo Schumpeter o empreendedor é alguém versátil, que 72
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possui as habilidades técnicas para saber produzir, e capitalistas ao reunir recursos financeiros, organiza as operações internas e realiza as vendas de sua empresa. De fato, Schumpeter chegou a escrever que a medida para uma sociedade ser considerada capitalista é saber se ela confia seu processo econômico ao homem de negócios privado. Mais tarde, em 1967 com Kenneth E. Knight e em 1970 com Peter Drucker foi introduzido o conceito de risco, uma pessoa empreendedora precisa arriscar em algum negócio. E em 1985 com Gifford Pinchot foi introduzido o conceito de Intraempreendedor, uma pessoa empreendedora mas dentro de uma organização. Uma das definições mais aceites hoje em dia é dada pelo estudioso de
empreendedorismo, Robert D. Hisrich, em seu livro “Empreendedorismo”. Segundo ele, empreendedorismo é o processo de criar algo diferente e com valor, dedicando tempo e o esforço necessários, assumindo os riscos financeiros, psicológicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfação econômica e pessoal.
Empreendedorismo é apenas um dos fatores possivelmente promotores do desenvolvimento econômico e social de um país. Identificar oportunidades, agarrálas e buscar os recursos para transformá-las em negócio lucrativo. Esse é o papel do empreendedor. Em 1993, Regina Silvia Pacheco, faz um dos primeiros usos da palavra "empreendedorismo" na língua portuguesa, se referindo as novas estratégias econômicas adotadas, até então, em cidades estrangeiras. Em 1997, Fábio Fowler definiu que "Empreendedor é aquele que cria e gerencia projetos" e traduziu o termo entrepreneurship para o português, criando assim a palavra empreendedorismo, que é o estudo voltado para o desenvolvimento de competências e habilidades relacionadas à criação de um projeto (técnico, científico, empresarial). Tem origem no termo empreender que significa realizar, fazer ou executar. 73
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O empreendedor tem como característica básica o espírito criativo e pesquisador. Ele está constantemente em busca de novos caminhos e novas soluções, sempre tendo em vista as necessidades das pessoas. A essência do empresário de sucesso é a busca de novos negócios e oportunidades, além da preocupação com a melhoria do produto. Mario Manhães Mosso, porém, volta à definição original de empreendedor, do grego condutor, mostrando que o empreendedorismo tem mais chances de sucesso através do empresarismo, quer dizer, não basta o gosto por assumir riscos, é importante um comportamento de empresário, que organiza, planeja e estuda profundamente o assunto para ter uma atividade com sucesso consistente. Por isso ele distingue empreendedorismo de empresarismo, e afirma que a mistura é mais saudável e promissora.
Elementos da negociação
Negociação: É o processo de tomada de decisão conjunta em cenário de interesses conflituantes.
Tipos de Negociação: Existem dois tipos básicos de negociação: distributivas e integrativas. As negociações distributivas envolvem apenas uma questão, normalmente relacionada a valores. Como exemplo de sua aplicação pode-se citar a compra ou venda de um carro, em que a única questão a ser negociada é o valor do automóvel. Normalmente essa negociação é conduzida em um ambiente competitivo. Cada parte apresenta uma abertura e planeja-se para não ultrapassar determinado valor limite. Por definição, é sempre ganha-perde. 74
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As negociações integrativas envolvem diversas questões. Como exemplo de aplicação pode-se citar a mesma compra ou venda de um carro, mas ao invés de negociar apenas o valor do automóvel, negocia-se também o prazo de pagamento, a inclusão de certos acessórios, a data de entrega, etc. Essa negociação pode ser conduzida tanto em um ambiente competitivo como colaborativo. No ambiente competitivo torna-se mais difícil para as partes alcançarem um bom resultado, devido à omissão ou distorção de informações ou a manobras para adquirir poder de influência. No ambiente colaborativo, em que ambas as partes são mais transparentes na divulgação de seus interesses, limites e prioridades, são criadas as condições ideais para uma solução ganha-ganha.
Ganho-Ganho Numa negociação ganho/ganho ambas as partes pensam que conseguirão o que pretendem. Por outras palavras, encontrou-se uma via que permite às duas pessoas atingirem os seus objetivos. Nem sempre é possível que o conflito seja resolvido numa perspetiva de vencedor/vencedor, no entanto os resultados estimulam que se aponte nesse sentido, não só porque ambas as partes ficam satisfeitas, mas porque melhora o seu nível de entendimento e relação
Ganho-Perda Alguns conflitos não podem ser resolvidos a não ser por uma via de ganho-perda. Conflitos em torno de factos engendram um vencedor. Similarmente, quando está em jogo um resultado indivisível que é procurado por ambas as partes, (por exemplo uma promoção) muito raramente se verificará outro desenvolvimento que não uma posição de vencedor/vencido.
Perda-Perda Ocorre sempre que um conflito tem resultados negativos para ambas as partes. Como a designação implica, as situações de vencido/vencido não satisfazem ninguém, contudo não são tão invulgares como se poderia supor.
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Na Negociação: Ouça com empatia
Quando se ouve para compreender inteiramente, transmite-se a mensagem:
“ Eu respeito-o como pessoa, os seus pensamentos e sentimentos são importantes para mim quer eu concorde com eles ou não”.
Escuta ativa
Estabeleça contacto visual
Vá mostrando interesse na conversa
Não use gestos que sirvam de distração
Faça regularmente perguntas; Tente parafrasear o seu interlocutor
Não interrompa nem fale ao mesmo tempo
Separe as pessoas dos problemas
Qualquer negociado tem dois tipos de interesses: A substância a negociar e a relação
Ponha-se no lugar “deles”
“Salvar a face”: Concilie as suas propostas com os valores dos outros
Comece por reconhecer e compreender as suas emoções e as dos outros
Não reaja a explosões emocionais
Ouça atentamente e tente compreender o que está a ser dito
Centre-se em interesses e não em posições
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Por trás das posições opostas encontram-se interesses partilhados e
compatíveis, bem como interesses em conflito
Tente saber “porquê?”
Faça valer os seus interesses
Reconheça e comunique que os interesses deles fazem parte do problema
O perfil do empreendedor Os estudos na área do empreendedorismo mostram que as características do
empreendedor ou do espírito empreendedor, da indústria ou da instituição, não é um traço de personalidade. Para Meredith, Nelson e Neck (apud UFSC/LED 2000 p. 51) “ Empreendedores são pessoas que têm a habilidade de ver e avaliar oportunidades de negócios; prover recursos necessários para pô-los em vantagens; e iniciar ação apropriada para assegurar o sucesso. São orientadas para a ação, altamente motivados; assumem riscos para atingirem seus objetivos”. O empreendedor tem um novo olhar sobre o mundo à medida que presencia a evolução. Valoriza suas experiências, valoriza seu valor, tomando decisões e 77
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decisões acertadas. Abre novas trilhas, explora novos conhecimentos, define objetivos e dá o primeiro passo. De acordo com Gerber (1996), o século XVIII foi marcado por grandes modificações nos processos industriais. A revolução industrial teve início no século XVII, se caracterizando pela mudança dos processos produtivos que eram feitos manualmente e passaram a ser feitos por máquinas. Essa época modificou ou transformou os meios de produção, as relações econômicas, as relações sociais e as relações culturais. Como consequência aconteceu a divisão do trabalho, a produção em série e a urbanização. O homem passou a ser visto como uma máquina produtiva e não como gente (Leite, 2000). Procurando cada vez mais a eficácia, surgiram os grandes pensadores aliados aos interesses dos empresários. Cenários com novas estratégias. Fala-se em marketing e relações humanas. As ideias de Taylor imperam, porém o consumidor se faz ouvir, surgindo a segmentação do mercado de Sloan: a diversidade, modelos específicos para usuários diferentes. Ela foi colocada em cheque com o mundo da informática, com a nova visão de mundo. Ouviu-se, então, Peter Drucker, considerado o pai da gestão. Colocou-se de lado o mecanicismo e surgiu a preocupação com o indivíduo. Descobriu-se que, para o bom desempenho, autoestima é vital. Com as tecnologias de informação, o homem passa a ser o centro das atenções. Hoje, fala-se do “Capital Intelectual” que nada mais é do que: conhecimento,
experiência, especialização. Ferramentas ou estratégias utilizadas para se ter sucesso e ser competitivo. A mão-de-obra passa a ser cabeça-de-obra. É o conhecimento e a capacidade gerando novas ideias. O foco está nas pessoas. Assim, o perfil do profissional de sucesso que lidera suas conceções e suas atitudes está em pessoas que conseguem harmonizar esforços individuais ou coletivos e que criam algo novo e criativo.
Segundo Leite(2000), nas qualidades pessoais de um empreendedor, entre muitas, destacam-se: 78
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a) iniciativa; b) visão; c) coragem; d) firmeza; e) decisão; f) atitude de respeito humano; g) capacidade de organização e direção. Traçar metas, atualizar conhecimentos ser inteligente, do ponto de vista emocional, conhecer teorias de administração, de qualidade e gestão, são mudanças decorrentes da globalização e da revolução da informação. O empreendedor deve focalizar o aprendizado nos quatro pilares da educação: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser, e com isso, ser capaz de tomar a decisão certa frente à concorrência existente. Novas habilidades vêm sendo exigidas dos profissionais para poderem enfrentar a globalização com responsabilidade, competência e autonomia. Buscam-se profissionais que desenvolveram novas habilidades e competências, com coragem de arriscar-se e de aceitar novos valores, descobrindo e transpondo seus limites. O futuro é cheio de incertezas, por isso, é preciso refletir sobre: habilidades pessoais e profissionais; criatividade; memória; comunicação; como enfrentar este século. Diferenciar-se dos demais, revalidar seu diploma pessoal e profissional, rever convicções, incorporar outros princípios, mudar paradigmas, sobrepor ideias antigas às novas verdades, este é o perfil do profissional que, trocando informações, dados e conhecimentos, poderá fazer parte do cenário das organizações que aprendem, das organizações do futuro. São mudanças socioculturais e tecnológicas que fazem repensar hábitos e atitudes frente às novas exigências do mercado.
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Conquista-se a autonomia profissional quando se é perseverante, determinado, aprendiz, flexível e quando se tem:
Organização
Criatividade
Inovação
Foco
Essas qualidades ajudam a vencer a competitividade dos tempos modernos. Pela experiência pode-se afirmar que a maioria das pessoas, se estimuladas, podem desenvolver habilidades empreendedoras. Ouve-se e fala-se que o empreendedor precisa ter visão. Visão pessoal. Uma visão que vem de dentro. A maioria das pessoas tem pouca noção da verdadeira visão, dos níveis de significado. Metas e objetivos não são visão. Ser visionário é imaginar cenários futuros, utilizando-se de imagens mentais. Ter visão é perceber possibilidades dentro do que parece ser impossível. É ser alguém que anda, caminha ou viaja para inspirar pensamentos inovadores. Esse enfoque se volta à disposição de assumir riscos e nem todas as pessoas têm esta mesma disposição. Não foi feito para ser empreendedor quem precisa de uma vida regrada, horários certos, salário garantido no fim do mês. O empreendedor assume riscos e seu sucesso está na “capacidade de conviver com eles e sobreviver a eles” (Degen, 1989, p.11). Gerber (2004), apresenta algumas diferenças dos três personagens que correspondem a papéis organizacionais, quais sejam:
a) o Empreendedor, que transforma a situação mais trivial em uma oportunidade excepcional, é visionário, sonhador; o fogo que alimenta o futuro; vive no futuro, nunca no passado e raramente no presente; nos negócios é o inovador, o grande estrategista, o criador de novos métodos para penetrar nos novos mercados;
b) o Administrador, que observa os cenários mercadológicos, planeja, organiza e controla a organização visando aumentar sua produtividade e sua inserção no mercado. 80
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c) o Técnico, que é o executor, adora consertar coisas, vive no presente, fica satisfeito no controle do fluxo de trabalho e é um individualista determinado. É importante destacar no pensamento de Gerber (2004) o fato dos três personagens estarem em eterno conflito, sendo que ao menor descuido o técnico toma conta, matando o visionário, o sonhador, o personagem criativo que está sempre lidando com o desconhecido. Os riscos fazem parte de qualquer atividade, sendo necessário aprender a administrá-los, pois eles são um dos fatores mais importantes que inibem o surgimento de novos empreendedores. Um outro fator inibidor é o” capital social” que são valores e idéias que sublimemente nos foram incutidos por nossos pais, professores, amigos e outros que influenciaram na nossa formação intelectual e que, inconscientemente, orientam nossas vidas.
Dessa forma, um pai engenheiro desperta no filho o ideal de seguir a mesma carreira, militares, pilotos, esportistas, até pessoas que raramente vão vislumbrar ou ter interesse numa carreira de empreendedor exercem sua influência na formação das pessoas. É de se considerar, porém, que a avaliação mais objetiva do preparo para empreender é a perceção que a pessoa tem de si própria, refletindo na sua autoconfiança. Com o potencial empreendedor também isso acontece. O que se aprende na escola, nas pesquisas, nas observações, vai se acumulando. O preparar-se para ser empreendedor, portanto, inicia-se com o domínio que se tem sobre tarefas que se fazem necessárias, o próprio desenvolvimento da capacidade de gerenciamento. O que falta, na verdade, é motivação para uma tomada de decisão para se tornar um empreendedor.
Decisões tomadas no cotidiano são inúmeras. Os processos de decisão nem sempre são simples, objetivos e eficientes como deveriam ser pois, se a intuição está de um lado; a análise racional está do outro.
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Descrevem-se aqui os oito estilos de decisão, relatados por Cohen, (2001):
Intuitivo: tenta projetar o futuro, com perspetiva ao médio e do longo prazo, imaginando o impacto dessa ação.
O planeador: situa-se onde está e para onde se deseja ir, com planeamento e tendo um processo de acompanhamento, adequando à realidade sempre que for necessário.
O perspicaz: diz que além da perceção é necessário conhecimento.
O objetivo: sabe qual o problema a ser resolvido.
O cobrador: tem certeza das informações, vê a importância de medir e corrigir quando o resultado não foi o decidido.
O mão – na – massa: envolve-se pessoal e diretamente, acredita em grupos para estudos multidisciplinares.
O meticuloso: junta opiniões de amigos, especialistas, funcionários, tentando se convencer da solução a encontrar.
O estrategista: decide cumprir sua estratégia de crescimento, tendo perceção do que resolver. Diagnostica o problema para encontrar a solução e sua resolução com eficácia.
A decisão é de cada um. Interagir, refletir, deixar a cada um o momento de uma descoberta e desenvolvendo habilidades específicas para o sucesso da sua escolha é de responsabilidade única e exclusiva. As características comuns que se encontram no empreendedor que fez uma escolha, tanto nas universidades como na sociedade, são difíceis para listar com precisão, porém diferentes autores chegaram
a
algumas
conclusões.
Elas
dizem
respeito
às
necessidades,
conhecimento, habilidades e valores. As necessidades que se referem a conhecimentos, Lezana (1995, p.78) assim elenca: 82
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aspetos técnicos relacionados a negócios
experiência na área comercial
escolaridade
formação complementar
experiência em organizações
vivência com situações novas.
As necessidades que se referem aos valores, Empinotti (1994), argumenta que são os existenciais, estéticos, intelectuais, morais e religiosos. É preciso, no entanto, ser registrado que, no contexto empresarial, essas características podem se desenvolver e atuar de forma positiva ou negativa. É a personalidade do empreendedor que fará o impacto decisivo para o sucesso.
Processo e contextos de socialização
A socialização é um processo dinâmico (exige interação) de interiorização dos padrões culturais, sob a influência de agentes socializadores significativos, que se desenvolve no interior de uma dada cultura. Consiste na aprendizagem de valores, normas e padrões de comportamento tendo como objetivo facilitar a integração social do indivíduo na sociedade e decorre ao longo de toda a nossa vida.
A socialização primária realiza-se no seio da família, das escolas e dos grupos de pares que consiste na adaptação aos padrões culturais da sociedade. Visa a adaptação básica dos indivíduos à sociedade de modo a que na sua forma de pensar, agir e sentir haja um mínimo denominador comum que os torne elementos de um mesmo meio sociocultural.
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No Aspeto Motor- São-nos transmitidas normas quanto aos gestos, atitudes corporais, horários.
No Aspeto Afetivo- Aprendemos a expressar sentimentos de forma considerada apropriada e a reprimir e recalcar aqueles que não são socialmente aceites.
No Aspeto Ideológico- Interiorizamos conceções, valores, ideias, preconceito e estereótipos próprios da nossa cultura.
A socialização secundária começa na idade adulta e verifica-se sempre que há mudanças (transições) significativas na nossa condição social. São situações novas que implicam uma adaptação pautada por valores, normas e conceções da cultura a que pertence. Processo permanente ao longo da vida do indivíduo.
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Tipos de estruturas familiares A Estrutura da família, como a sociedade em geral, tem sofrido alterações significativas. Na maioria das vezes, quando uma pessoa imagina a definição de uma família, a figura de um pai, mãe e filhos é o que vem à mente. A forma ou estrutura não mostra o quão saudável o que é ou como eles funcionam.
Estruturas são a composição substancial dos membros em relação uns aos outros sem respeito aos papéis e funções. Existem quatro tipos famosos de uma estrutura
de famílias; pai, Nuclear Único, estendida e sem filhos. A família nuclear consiste de uma mãe, pai, e seus descendentes biológicos ou adotivos, muitas vezes chamado de família tradicional. Este foi o mais admirado dos quatro tipos de estrutura. Ela pode ser um ambiente de promoção, desde que existe o amor, o tempo gasto com as crianças, apoio emocional, e de uma educação constante económica.
A segunda estrutura a partir de quatro tipos de estrutura familiar é o único pai. A sua transformação mais notável dos quatro tipos de estrutura familiar foi o amplificado de pai solteiro. As crianças são mais propensas a viver numa estrutura de mãe solteira por outros motivos que a morte de um pai.
A terceira estrutura dos quatro tipos de estrutura é a família extensa. Família é de dois ou mais adultos, ao contrário de gerações de uma família, que partilham uma casa. É constituída por mais do que os pais e as crianças, que pode ser uma família, que inclui pais, filhos, primos, tias, tios, avós, filhos adotivos. Às vezes, as crianças são criadas pelos avós quando os pais biológicos morreram ou já não podem cuidar deles. Famílias extensas podem ser encontradas em todo o mundo em diferentes comunidades e países. Nos quatro tipos de estrutura familiar nuclear é mais provável de se tornar uma família extensa do que qualquer tipo de outros membros da família.
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A estrutura quarta e última do tipo quatro da estrutura familiar é a família sem filhos. Uma família sem filhos é basicamente um grupo de pessoas de toda a variedade de experiências e todos os estilos de vida que, por qualquer razão, nunca tiveram filhos. Outros talvez ter filhos em algum momento no futuro, mas não estão preparados ainda, e alguns tentaram ter filhos mas não conseguiram por causa de uma variedade de forças sociais e / ou biológicos que obstruem e resultar em falta de filhos não planejados. Para substituir crianças, famílias sem filhos costumam ter animais de estimação como um substituto.
Novas organizações da estrutura familiar Família monoparental ocorre quando apenas um dos pais de uma criança arca com as responsabilidades de criar o filho ou os filhos. Tal fenômeno ocorre, por exemplo, quando o pai não reconhece o filho e abandona a mãe, quando um dos pais morrem ou quando os pais dissolvem a família pela separação ou divórcio. Normalmente, depois da separação do casal, os filhos ficam sob os cuidados da mãe, e mais raramente, do pai.
Família e formação da identidade do adolescente Desde os primórdios os seres humanos têm sido foco de estudo. Procura-se saber como eles nascem, crescem e se desenvolvem, considerando as mudanças que são próprias do desenvolvimento. Todo indivíduo, desde o nascimento necessita ser cuidado, e isso acontece geralmente dentro de uma família. É dentro da família que ele se sentirá cuidado, amado, querido, por mais conflitos que enfrentem uma determinada família,é ali que começará seu desenvolvimento. Soifer (1982, p. 23), define a família como:
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[...] estrutura social básica, com entrejogo diferenciado de papéis, integrada por pessoas que convivem por tempo prolongado, em uma inter-relação recíproca com a cultura e a sociedade, dentro da qual se vai desenvolvendo a criatura humana, premida pela necessidade de limitar a situação narcísica e transformar-se em um adulto capaz [...] A família é a responsável pela estruturação de cada indivíduo, onde ele nasce, cresce e se desenvolve psíquica e emocionalmente, formando sua identidade e personalidade, portanto, o objetivo da família é educar os filhos para a vida. Soifer (1982) ainda salienta que à medida que o desenvolvimento acontece, a criança aprende a respeitar, amar e ser solidária, em contraponto aprende a lidar com os sentimentos de ódio, inveja, rivalidades e ciúmes originados dos conflitos infantis, consolidando-se a identidade da família na sociedade. Durante o desenvolvimento são observadas algumas influências que podem definir a maneira de ser de cada indivíduo, construindo assim, sua identidade enquanto ser humano. Segundo Winnicott (1988), um indivíduo começa a existir quando é concebido mentalmente, ou seja, quando os pais manifestam o desejo, não apenas consciente de conceber. A partir desse desejo pode-se dizer que a identidade começa a formar-se. A mãe é a primeira a introduzir a criança no mundo e através das sensações essa criança vai conhecendo o que a rodeia, tendo a possibilidade de relacionamento com os outros. A partir do nascimento do bebê a ligação necessária ao desenvolvimento deste, pode ativar nos pais fantasias e desejos narcísicos advindos de conflitos não elaborados do passado destes. Muitas vezes as dificuldades na interação da mãe e seu bebê, podem ser indicativos destes problemas não elaborados. Quando estes conflitos inconscientes invadem o bebê ainda em formação, pode vir a comprometê-lo ou até mesmo impedi-lo de desenvolver-se para se tornar um indivíduo autônomo. Dessa forma percebe-se o quanto a relação pais e filhos é importante, já no momento em que se deseja formar uma família. O bebê que é desejado e amado mesmo antes de ser concebido têm a possibilidade de construir sua identidade 87
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alicerçada numa relação de amor, proteção e compreensão. A proteção da família, o modo como o bebê é inserido no mundo pode revelar a qualidade dos relacionamentos estabelecidos dentro dessa família que podem ou não influenciar na formação da identidade cristã. A identidade está ligada às características que compõem ou que são próprias de um indivíduo, é o que diferencia um indivíduo do outro, esta se baseia na construção do autoconhecimento e da relação com o mundo que o rodeia. A vida social é vivida de trocas que possibilita a constituição da identidade da criança e, à medida que ela se desenvolve vai se identificando com o meio para tornar-se uma pessoa. No primeiro momento a criança é pura sensação e se identifica com o seio da mãe, conforme cresce passa a reconhecer o ambiente e a mãe como alguém à parte dela. Assim a noção de identidade sugere que o sujeito precisa de outro para se desenvolver, para adquirir atitudes, valores e princípios que vão norteá-lo em sua vida adulta e social e à medida que a criança cresce e se desenvolve ela vai se tornado uma pessoa diferenciada dos pais, adquirindo com a ajuda deles, certa autonomia, num processo de identificação (KUSNETZOFF, 1982). De acordo com Papalia (2006) a adolescência é uma fase repleta de mudanças em que o pequeno jovem começa a descobrir quem é e o que quer ser. Para crescer e entrar no mundo dos adultos, o adolescente precisa, aos poucos, ir se separando dos pais o que, às vezes é insuportável para certos pais, pois estes deixam de ser as pessoas mais importantes do mundo para se tornarem “velhos caretas”. Nesse momento é comum que o adolescente busque grupos com os quais possa se identificar. Papalia (2006) explica a importância da influencia do grupo na vida dos adolescentes, O grupo de amigos é uma importante fonte de apoio emocional durante a adolescência. Jovens que estão passando por rápidas transformações físicas sentem-se melhor na companhia de outros que estão passando por mudanças semelhantes. (PAPALIA, 2006 p. 500). 88
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Mas isso não quer dizer que a família perdeu a importância na vida dele, pelo contrário é nessa fase que eles mais precisam do apoio da família, pois são os pais que dirão o que eles podem ou não fazer. Ferrari (2000) afirma: “[...] é a família que propi cia os aportes afetivos e sobretudo materiais necessários
ao desenvolvimento e bem estar dos seus componentes. Ela desempenha um papel decisivo na educação formal e informal, é em seu espaço que são absorvidos os valores éticos e humanitários onde se aprofundam os laços de solidariedade. É também em seu interior que constroem as marcas entre as gerações e são observados valores culturais.” (apud GONÇALVES, 2001, p. 10).
Sendo assim, o bom relacionamento entre pais e filhos é fundamental para a formação de uma identidade saudável, mesmo que na fase da adolescência os ensinamentos dos pais pareçam não ter importância para eles, nesse sentido é preciso que os pais os compreendam. Os pais que transmitem afeto, atenção e orientação, respeitando as escolhas do filho, estarão reforçando sua auto-estima, fazendo com que se sintam valorizados e seguros para enfrentar os desafios do mundo real.
Conflitos pais-filhos Os conflitos entre pais e filhos, perpassam pela questão das diferenças entre as gerações. Por exemplo, a geração dos avós educou seus filhos de maneira patriarcal, com autoridade vertical: o pai no ápice e os filhos na base. Com isso, a segunda geração foi massacrada pelo autoritarismo dos pais e decidiu refutar tal sistema educacional na educação dos próprios filhos. Na tentativa de proporcionar a eles o que nunca tiveram, os pais da segunda geração acabaram caindo no extremo oposto da primeira: a permissividade. Boa parte dos adultos quis aderir ao modelo horizontal, em que pais e filhos têm os mesmos direitos, evitando neuroticamente o uso da autoridade por confundi-lo com autoritarismo. E a prática educacional interfere na conduta dos pais diante de opiniões, muitas vezes, desafiadoras dos filhos. Os pais revelam dificuldades no exercício de suas funções e, em consequência, não conseguem reconhecer simbolicamente seus filhos, 89
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tampouco atender as demandas destes, muitas vezes se mantendo alheios aos pedidos de contenção e acolhimento dos filhos. Os embates entre gerações precisam ser compreendidos levando em conta a dinâmica vivida pelo indivíduo e por todos da família em conjunto, sem que seja necessário responsabilizar determinado membro. Se há conflito, surgem de modo inevitável linhas de tensão que se entrecruzam. No caso do grupo familiar, é preciso considerar que os embates vividos na relação pais-filhos repercutem sensivelmente nas relações conjugais e fraternas e vice-versa. Isso significa que todos os membros do grupo estão envolvidos, algumas vezes de maneira silenciosa. Os conflitos são mais vivenciados com os filhos adolescentes. O adolescente, no processo de amadurecimento, tem de dizer “não” a determinadas demandas dos pais: algumas de suas escolhas vocacionais, amorosas e estéticas podem gerar embates e frustrações no núcleo familiar. Mas faz parte do processo de construção da própria história com autonomia. Por isso, compete em primeiro lugar aos pais - que já passaram por essas situações facilitar o entendimento. Alguns conflitos são inevitáveis, mas muitos podem ser solucionados com um bom diálogo e respeito mútuo. A comunicação entre pais e filhos exige escuta atenta, livre expressão de sentimentos e busca ativa de entendimento mediante negociação e compromisso. Não é fácil desenvolver a habilidade de comunicação, mas trabalhar para isso produz recompensas imediatas e a longo prazo. A forma de comunicação tem um impacto muito grande na saúde física e mental dos membros da família, pois influencia na maneira como as pessoas lidam com as emoções. Pode afetar as atitudes, a auto-estima e a reação a situações estressantes. Se o prazer do relacionamento afetivo saudável for substituído por conflitos sem solução adequada, a família será sem dúvida infeliz. É óbvio que a falta de comunicação gera o conflito. É aí que surgem as discussões, e muitas vezes, as opiniões divergem. A convivência entre pais e filhos é algo complicado, afinal, estamos diante de um conflito de gerações que não enxergam o mundo da mesma forma. É comum os 90
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atritos familiares acontecerem, mas quando existe o respeito dentro de casa, todas as diferenças podem ser superadas. Para evitar os conflitos que incendeiam a relação de pais e filhos, o truque é cultivar o respeito do espaço. Os filhos precisam ser ouvidos, também devem conhecer o mundo para perceber o quanto é complicado viver. Não adianta os pais colocarem os filhos dentro de uma redoma de cristal, o ideal é que alertem os principais riscos oferecidos pelo mundo através de conversas casuais.
Grupo de pares
Como exemplo de redes grupais destacam-se os grupos de pares, que tendem a assegurar uma identificação própria, com caraterísticas semelhantes onde partilham os mesmos gostos e interesses, que como diz Pais (1993:94) “os amigos de grupo constituem o espelho da sua própria identidade”.
Os amigos aparecem como proteção pois a socialização a que são expostos unificam as suas relações. O tempo que passam juntos é justificado como o mais relevante nas suas vidas, visto ser neste que realizam os seus desejos e interesses, vivendo o quotidiano não como a sociedade o vê, mas como eles o constroem. 91
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Como refere Pais (1993), a aparência é uma expressão de identidade entre os grupos de jovens que permitem a diferenciação entre grupos, referindo-se a título particular o vestuário, que aparece como instrumento de identificação grupal, através do seu poder simbólico. Através desta marca, os jovens afirmam-se socialmente e como salienta Weber (in Fischer, 1993) é um meio de diferenciação de status. Também o vocabulário reforça essa diferenciação de grupos. Desta forma, entre os diferentes grupos são registados diferentes mapas de significados, interpretando a própria realidade de forma diferente, mas reforçando a identidade e solidariedade grupal que pode mesmo tornar-se um objeto de provocação e/ou agressão. Desta forma, a aprovação pelos elementos do grupo e o reconhecimento de um estatuto dentro do mesmo, e até mesmo a simples aceitação da sua presença enquanto elemento demonstram que de fato agem como reforços sociais. Em jeito de conclusão, Morizot e Le Blanc (2000, cit. por Born, 2005:195) “notam que a importância da associação com pares para a produção de delinquência durante a adolescência foi talvez exagerada, em particular porque as correlações são muitas vezes estabelecidas a partir de declarações de jovens sobre a sua própria delinquência e a dos seus amigos.” Destaca-se assim, as próprias caraterísticas individuais (fatores sociais, familiares, pessoais) que conduzem o jovem a escolher grupos com fatores de risco idênticos, veja-se o caso da delinquência que resulta da associação com pares delinquentes.
Os jovens ocupam mais parte do seu tempo com os colegas do que com as suas próprias famílias. Na adolescência, comparativamente com a infância, “há um alargamento do mundo social”, devendo-se este facto ao maior número e à diversidade de contactos sociais que ocorrem nesta fase da vida. No princípio da adolescência, período em que os adolescentes frequentam as escolas básicas, há uma maior percentagem de grupos de colegas que são formados por adolescentes do mesmo sexo, ao contrário do que acontece na fase 92
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final da adolescência, quando estes frequentam o ensino secundário, pois aí os grupos existentes são predominantemente mistos.
A conquista da autonomia Segundo Sprinthall e Collins (2003) o período da adolescência tem uma importância vital na determinação do futuro do adolescente, pois as consequências dos acontecimentos que tiverem lugar neste período da vida quer sejam positivas, quer sejam negativas, ver-se-ão refletidas na idade adulta. A adolescência é também um período caracterizado por um progressivo desligamento dos adolescentes em relação aos pais, um processo que obedece por inteiro à perspetiva de mudança das figuras de vinculação, que se antes eram os pais, agora são os pares que desempenham essa mesma função, além de que o adolescente anseia tornar-se ele mesmo uma figura de vinculação. A relação de vinculação entre os adolescentes caracteriza-se, portanto, pela simetria, na medida em que se apoiam mutuamente numa relação de igualdade. O seu pensamento hipotético-dedutivo permite-lhe libertar-se do conteúdo concreto e pensar as relações de vinculação no abstrato, reconhecendo deste modo, que os pais não são afinal aqueles seres perfeitos que tanto idealizou, e que as suas relações de vinculação poderão ser satisfeitas por outras figuras que não somente os pais. Para mais é nesta fase que se dá o reacender da problemática edipiana, que sofre um deslocamento para outros alvos, o adolescente está definitivamente voltado para as relações exteriores ao meio familiar, (Tavares, J. 2007:74). A constituição de grupos com os colegas da escola tem uma dinâmica própria que é determinada por esse espaço e pelos valores que lhe estão associados. A interação dos adolescentes entre si assume uma relevância considerável (Pereira et
al,
2000).
Contudo,
e
embora
esta
circunstância
seja
reconhecida
cientificamente como fazendo parte do crescimento, a verdade é que as influências dos colegas sobre os adolescentes ainda são vistas com Organização Mundial da Saúde (OMS) delimita a adolescência como a segunda década de 93
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vida (10 aos 19 anos), quando ocorrem importantes transformações no corpo (puberdade), no modo de pensar, agir e no desempenho dos papéis sociais. É visto com desagrado, por se pensar que os adolescentes rejeitam os valores dos pais, em favor dos valores e comportamentos apreendidos junto dos colegas, gerando-se um conflito de pressões, constituídas pelas que advêm dos pais em oposição às oriundas dos colegas. No entanto, os adolescentes estão cientes, devido às suas capacidades cognitivas, que as influências dos pais e dos colegas são sistemas sociais separados, logo, regidos por conjuntos de valores diferentes entre si (Sprinthall e Collins, 2003). O facto de o adolescente possuir novas capacidades cognitivas, de reflexão e de abstracção permite-lhe construir a sua própria realidade, formulando hipóteses e debatendo ideias, está por fim capacitado para confrontar o “mundo do adulto” e investir em tentativas para conquistar a sua própria autonomia, (Kohlberg, 1981) citado por Sousa, (2006). Assim sendo, não é de todo descabido afirmar que os adolescentes sentem com grande intensidade as pressões quer dos pais, quer do grupo de colegas. Este conflito é, sem dúvida, um dos problemas mais específicos que os adolescentes sentem durante este período. No entanto, o adolescente não permanece submisso perante as investidas influenciadoras vindas dos pais ou dos colegas, frequentemente faz os seus próprios juízos, detém capacidades para ser autónomo e esforça-se para se afirmar como tal, (Sprinthall e Collins, 2003). Segundo a teoria de Piaget (1977) citado por Sousa, (2006), e Kohlberg (1976) citado por Branco, (2001) relativamente ao período da adolescência, o estádio que agora predomina é o da autonomia, pelo que os adolescentes ao ingressarem no período das operações formais tornam-se capazes de construir os seus próprios conceitos e juízos, raciocinam moralmente de forma autónoma imbuídos de valores assim como de uma noção de justiça mais equilibrada. Para o adolescente as regras deixam de ser sentidas como impostas e vindas de um plano que lhe é exterior, porque já detêm a compreensão da relatividade das mesmas. De acordo com Erikson, (nd) o principal desafio neste estádio é desenvolver a noção de identidade.
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A influência do Grupo de colegas na Adolescência
O adolescente necessita compreender quem é, e quais os seus projetos de futuro. Precisa de formar uma autoimagem (jovem, amigo, estudante, mulher, homem), e de conjugar todos esses aspetos da sua personalidade. Se conseguir uma certa confiança, autonomia e iniciativa, o adolescente pode mais facilmente alcançar a sua identidade. As relações dos adolescentes com os colegas, com a família e com a escola são particularmente importantes para o desenvolvimento das suas características pessoais e sociais, as quais vão ser necessárias na sua vida futura. É, por isso, bastante compreensível, que o isolamento continuado, arbitrariamente procurado pelos adolescentes, seja motivo de preocupação dos adultos que lhe estão mais próximos (Sprinthall e Collins, 2003). Quando se pretende estudar a adolescência é imperioso ter em conta alguns aspectos importantes, como por exemplo, a análise da ecologia das relações dos adolescentes, que consiste no modo como interagem entre si, tendo em conta o tempo que passam juntos uns dos outros e o que fazem durante esse tempo, estendendo a análise às diferenças que existem entre o relacionamento com colegas na adolescência e outros relacionamentos semelhantes experienciados noutras idades e períodos de vida. Também é importante estudar os fatores que determinam a aceitação, ou por outro lado, os fatores que determinam a rejeição do adolescente por parte do grupo. De seguida aferir da qualidade da amizade e até que ponto esta forma de relacionamento é importante para o crescimento individual e como as características cognitivas e emocionais influenciam as relações entre amigos. Por último convém referir o equilíbrio entre as influências familiares e as do grupo de colegas, bem como as condições em que o conflito, causado pela oposição de pressões pode ocorrer, (Sprinthall e Collins, 2003).
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Na adolescência dá-se um maior alargamento social, pois os adolescentes passam a ocupar mais o seu tempo com os colegas e amigos, começam também a gostar de estarem mais tempo sozinhos, e tudo isto em detrimento da companhia dos seus próprios familiares. Esta mudança no comportamento do adolescente põe fim a uma das características da idade da infância, na qual a criança passa mais tempo com os adultos do que com as outras crianças. Contudo, o relacionamento dos adolescentes ainda se processa com elementos do seu meio social, da mesma raça e do mesmo sexo, o que de certa forma causa estranheza, principalmente se for tido em conta o carácter heterogéneo das escolas atuais, facto que tenderia a fazer presumir que os adolescentes não fizessem distinções de raça. Confirma-se assim a premissa de que as transformações sociais ocorridas devido às mudanças de idade são ainda consideravelmente influenciadas pelas disposições e normas de comportamento vigentes na comunidade, (Sprinthall e Collins, 2003).
A problemática da aparência física A adolescência é, por excelência, um período gerador de medos e de ânsias diversas, na medida em que a aparência física assume um papel preponderante nas relações dos adolescentes. A atração física é reconhecidamente um fator de importância primordial para que um adolescente possa ser alvo de aceitação por parte do grupo, ou, na pior das hipóteses, reverter em seu desfavor e provocar a sua rejeição no seio do grupo. Ser aceite pelo grupo significa que se possui características condizentes e análogas com os demais membros do grupo. Assim, determinados padrões de comportamento, que importam consigo valores como a competência, sociabilidade e a amizade são outros fatores que contribuem a seu modo para uma boa aceitação social, por outro lado, os comportamentos negativos socialmente desviantes têm como consequência a rejeição por parte dos elementos do grupo. As capacidades cognitivas, mais precisamente no que diz respeito à compreensão interpessoal, ou o facto de se ser amistoso, sociável e competente dão origem a que haja uma maior aceitação, algo que por sua vez 96
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gera um retorno, pois considera-se que as interações frequentes e bem sucedidas com os colegas permitem um melhor desenvolvimento das competências sociocognitivas. Todavia, nem sempre o ser-se aceite implica Serviço Social que se seja um elemento popular, isto é, ser alguém que é ativamente procurado pelos outros. Ser-se popular é uma característica super valorizada pelos adolescentes, facto que muito tem suscitado a curiosidade dos investigadores. Num estudo aturado chegaram à conclusão de que os rapazes associam a popularidade ao sucesso como atletas, e as raparigas defendem a ideia de que a popularidade reside no facto de se pertencer ao grupo liderante, como se existisse uma hierarquia entre os diversos grupos. Existem ainda outros fatores que no dizer dos adolescentes podem torná-los populares, tais como: ser um líder em certas atividades, ter boas notas ou possuir um carro bonito. Para as raparigas o que também pode tornar um rapaz popular é este pertencer à família certa, embora nem uns nem outros considerem a família como capaz de influenciar a popularidade de qualquer adolescente, o que permite concluir, que é o status que conta, é a imagem que a família projeta na comunidade que tem mais força e não a família em si mesma. De uma forma geral, as raparigas revelam o desejo de serem recordadas como alunas brilhantes enquanto os rapazes preferem ser estrelas no desporto. É importante referir que este entendimento da noção de popularidade influencia os adolescentes a tomar atitudes que visam conseguir um certo estatuto no sistema social da escola através do seu desempenho académico, (Sprinthall e Collins, 2003). Os grupos de adolescentes são por norma bem definidos, bem estruturados e são constituídos por bases estáveis, que ao longo do tempo vão sendo alvo de consolidações graduais permanecendo iguais ou fundindo-se em grupos de maior dimensão, o que demonstra a sua consistência em termos de identidade, a qual, ainda que inconscientemente, se esforçam grandemente por preservar. Pertencer-se a um grupo implica a observância de certas normas ou regras, condições necessárias para a obtenção de um estatuto e sua consequente manutenção. Como já foi dito, quer seja a nível do rosto, quer a nível do corpo tudo indica a que a atração física seja um importante determinante do estatuto social do 97
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adolescente, sendo que para os rapazes a sua preocupação máxima está essencialmente subjacente ao seu desempenho atlético. Ainda assim, o Serviço Social fator que apresenta maior relevância para o estatuto parece ser a eficiência com que os membros do grupo são capazes de tomar iniciativas quanto à realização de atividades conjuntas (Sprinthall e Collins, 2003, p.363). Talvez por isso, no que diz respeito à estrutura dos grupos formados pelos adolescentes, há a dizer que é comum apresentarem uma hierarquia em termos de dominância (Savin-Williams, 1976)3 citado por Sprinthall e Collins, (2003), que tem por base a habilidade para liderar, embora esta particularidade não seja sinónimo de popularidade, nem implica a superioridade em termos de inteligência, ou até, que sejam mais atrativos fisicamente.
Os valores da amizade entre os adolescentes A amizade é um sentimento que une pessoas, estabelecendo relações pessoais próximas nas quais há lugar para uma apreciação e valorização recíproca, contudo a qualidade de uma amizade, ou a sua natureza, pode variar ao longo do tempo, na medida em que assume valores diferentes conforme os períodos da vida. Para uma criança, a melhor amiga pode ser aquela menina com quem gosta de brincar com as bonecas, mas, entre os adolescentes, a amizade significa o pleno entendimento com o outro, porque sentem que estão presentes elementos identitários que lhes são comuns, para isso basta que comunguem das mesmas ideias acerca de uma variedade de assuntos. A fidelidade, a confiança mútua, ou outros sentimentos da esfera da intimidade são elementos cruciais da amizade dos adolescentes. Esta circunstância explica, sobremaneira, porque algumas amizades de infância se desfazem com a chegada do evento da adolescência, já que as características pessoais de cada um assumem agora um papel mais central na relação, permitindo a partilha de sentimentos profundos e que de algum modo lhes são comuns. Por outro lado, as amizades da adolescência também podem acarretar alguns perigos, porque se a partilha de sentimentos é a tónica dominante, ela pode também tornar reféns os constituintes da amizade, se por ventura se der o 98
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caso de uma traição. É uma vulnerabilidade das amizades a ter em conta. Outro aspecto importante que consubstancia uma diferença na amizade de infância e uma amizade na adolescência é que esta implica que o comportamento entre amigos seja bastante diferente daquela tomada com aqueles que não são os amigos. Os adolescentes são mais empáticos para os seus amigos e acreditam, até, que estes são menos competitivos e se comportam mais equitativamente em relação a eles do que os outros adolescentes. Porém, para as crianças nada disto faz sentido, pois elas tratam todas as outras crianças de forma igual. No caso das raparigas adolescentes, a alteração da qualidade dos relacionamentos com os amigos é particularmente pronunciada. As diferenças, que podem existir na forma como as raparigas e os rapazes estabelecem amizades são consonantes com a socialização típica dos homens e mulheres na sociedade. Parsons4 (1955) citado por Sprinthall e Collins, (2003) faz a distinção entre os papéis masculinos, que refletem uma orientação dirigida para o alcance de objetivos, e os papéis femininos que envolvem uma orientação interpessoal baseada na expressividade. Segundo as conceções de amizade apresentadas por Selman, (1980, p. 371) citado por Sprinthall e Collins, (2003) podem ser considerados os seguintes níveis: 0 – Assunção egocêntrica de perspetivas A amizade das crianças, que em traços largos pode ser descrita como aquela que implica uma interação física, isto é, as brincadeiras. 1 – Assunção subjetiva de perspetivas A amizade íntima como prestação de ajuda num só sentido, egocêntrica 2 – Assunção recíproca de perspetivas A amizade íntima como cooperação amena: os amigos satisfazem necessidades pessoais ligadas ao companheirismo 3 - Assunção mútua de perspetivas A amizade íntima como processo de partilha íntima e mútua, que envolve dois indivíduos, as suas preocupações e interesses, está implícito um esforço de ambas as partes para manter a ligação. 4 – Assunção sócio-simbólica de perspetivas
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A amizade íntima como interdependência autónoma acontece quando as amizades são percecionadas como estando num processo de formação e de transformação, através do qual o indivíduo cresce e sofre modificações. O desenvolvimento da capacidade para estabelecer empatia com os outros está diretamente ligado às interações com os colegas durante a infância, conclusões que tem sido possíveis retirar de estudos efetuados a adolescentes que obtiveram classificações altas em testes de compreensão interpessoal, ou apresentavam uma maior capacidade para compreender os sentimentos alheios, tendo em conta que estes adolescentes costumavam ser bem aceites pelos colegas e envolviam-se facilmente em amizades mútuas. “Dois processos de influência do grupo de colegas”
A influência dos colegas pode ser de dois tipos, que são denominados de influência informal e influência normativa. A influência informal diz respeito ao facto de os colegas constituírem fontes de conhecimento dos padrões comportamentais, tais como as atitudes ou os valores e o que aquelas e estes implicam em diferentes situações. A influência normativa é aquela que advém dos colegas quando exercem uma pressão social nos adolescentes, pretendendo que estes se comportem em consonância e de acordo com os padrões seguidos pelos restantes elementos do grupo. Tem-se que estes dois tipos de influência são passíveis de envolver diferentes processos, que desempenham um importante papel no desenvolvimento de uma consciência do eu por parte do adolescente enquanto membro de um grupo social, facto que, por sua vez, lhe permitirá adquirir um forte sentimento de identidade. O primeiro dos processos acima referidos releva para a comparação social. O comportamento e as capacidades dos outros constituem termos através dos quais os adolescentes se permitem comparar entre si, permitindo-lhes uma oportunidade de procederem a uma autoavaliação. Este processo sociopsicológico é de uma importância basilar, na medida em que através dele tanto os adolescentes, como os adultos ou as crianças procedem a comparações sociais. Contudo, esta nova sensibilidade às comparações sociais pode acarretar consequências, principalmente quando da comparação resultarem 100
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conclusões nada abonatórias e por isso suscetíveis de afetar a autoestima do adolescente. Quanto aos aspetos positivos da comparação social estes podem contribuir para a melhora da autoimagem e assim levar ao reconhecimento social, na medida em que implica uma modificação na orientação do comportamento do adolescente, Freud5 referiu-se a este período não como uma fase, mas como uma crise que vinha pôr fim ao período de latência. O self do adolescente tem de se adaptar à nova imagem. O segundo dos processos sociopsicológicos traduz-se na conformidade, deriva do processo de comparação social, que levou à adoção do mesmo comportamento ou das atitudes que os outros ostentam. Todavia, a conformidade também pode ser fruto da imposição levada a cabo pelos colegas ou pelos adultos, assim como também pode resultar do tipo de educação recebida através do exemplo dado pelos adultos que rodeiam o adolescente. Neste sentido torna-se pertinente e imperioso formular algumas interrogações tais como em que medida é que os adolescentes, quando comparados com indivíduos de outras faixas etárias confiam menos nos seus julgamentos individuais, sendo por isso levados a adotarem opiniões alheias? E quais as características que os tornam mais propensos para a conformidade social? Muito embora não haja, por enquanto, estudos concludentes do porquê dos adolescentes serem frequentemente influenciados por influências externas, pensase que esta reação terá a ver com a facilidade com que fazem más interpretações da reação dos outros em relação a si próprios, (fenómeno que chamou de público imaginário), enquanto que, os indivíduos de faixas etárias superiores confiam mais nas suas ideias. Costanzo6 citado por Sprinthall e Collins, (2003) admitiu que há adolescentes mais conformistas do que outros, para isso contribuem as crenças do adolescente que se vê a si mesmo como incompetente e incapaz de desempenhar determinadas tarefas, levando-o assim a entrar em conformidade com o comportamento dos outros, ou a seguir as orientações alheias. Por norma o adolescente conformista é também alguém com baixa autoestima, o que leva à conclusão e segundo experiências efetuadas com grupos de adolescentes, que os membros líderes e que detêm um elevado estatuto são os menos conformistas. 101
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Devido à autoconfiança não se sentem motivados nem obrigados a entrarem em conformidade com os outros. Contudo, também se verificou que os adolescentes com baixo estatuto não são conformistas, por julgarem que não vale a pena, já que à partida não esperam obter ganhos significativos, resta portanto, inferir, que é o adolescente com estatuto médio que é mais propenso à conformidade, pois espera agradar e poder ascender a um estatuto superior. “Os efeitos da similaridade entre amigos”
Em qualquer faixa etária os amigos são normalmente da mesma idade, do mesmo sexo, da mesma raça e do mesmo meio socioeconómico, à partida, portanto, detêm características semelhantes, ainda assim essa circunstância não obsta a que os amigos se influenciem mutuamente através dos processos da comparação social e da conformidade. Partindo desta premissa, a socióloga Denise Kandel7 citada por Sprinthall e Collins, (2003) efetuou um estudo com base em questionários propostos a adolescentes que eram amigos na escola, com o fim de poder analisar em que aspetos eram semelhantes e em que aspetos podiam diferir entre si. As conclusões a que chegou são de algum modo surpreendentes, porque revelaram que os adolescentes podiam ter comportamentos bem diferentes em relação a determinados aspetos, tais como: o tempo passado a fazer os deveres da escola, o rendimento escolar, as atitudes face aos pais, etc. Todavia os adolescentes eram bastante semelhantes no que diz respeito ao ano escolar, ao sexo, à raça e à idade, assim como em relação ao grau ou frequência em que utilizavam marijuana e outras drogas ilícitas. A questão formulada com base nestas conclusões foi pertinente, pois pretendia averiguar se estas semelhanças, no que concerne ao uso das drogas, era consequência da amizade, ou se, por outro lado, eram antes os fatores ou motivos decisivos que levavam os indivíduos a estabelecerem uma relação deste género. Kandel prosseguiu este estudo acompanhando três grupos de amigos no intuito de os estudar mais de perto, e assim retirou as ilações de que os amigos se influenciam mutuamente à medida que o tempo passa, e os que haviam permanecido amigos haviam-se tornado mais parecidos entre si. Quanto ao uso de drogas, a marijuana tinha-se tornado uma parte integral da amizade. Assiste-
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se na adolescência ao reativar das problemáticas pré-genitais da teoria de Freud, notoriamente orais como a toxicomania e o cigarro.
O cerne da questão - “As pressões contrárias” Os adolescentes deparam-se muitas vezes com valores e comportamentos que entram em conflito com aqueles aprendidos na família. Uma questão importante nasce desta situação, que é procurar saber como resolvem estas pressões contrárias. Um estudo realizado com estudantes do sexo feminino do Bennington College em Vermont, cujas alunas eram oriundas de famílias urbanas com elevado rendimento e conservadoras no que concerne a atitudes políticas e sociais, foi revelador dos aspetos que determinam quais as influências que os adolescentes adotam para nortear as suas atitudes e comportamentos. No primeiro ano, estas adolescentes continuaram conservadoras, porém progressivamente foram-se tornando mais liberais, para a grande maioria foi nítida a influência do ambiente universitário, pois as suas atitudes já eram distintas daquelas defendidas pela família. Contudo, nem todas as alunas apresentaram mudanças, algumas permaneceram como eram antes, e outras houve que se tornaram ainda mais conservadoras. Este estudo proporcionou um dado importante, pois permitiu fazer conclusões acerca da qualidade da relação das estudantes com a família, assim como da qualidade da relação das estudantes com a comunidade universitária. Verificou-se que as alunas mais liberais mostraram vontade em se tornarem independentes, subtraindo-se à alçada da família para se concentrarem em esforços no sentido de alcançaram posições de liderança e de prestígio na comunidade universitária. Para estas, os professores e os amigos tornaram-se o principal grupo de referência, daí a predisposição para desejarem a conformidade com as suas normas e valores. Quanto às alunas conservadoras, estas demonstraram tendências para tomar atitudes defensivas e afastarem-se do meio universitário. Resistiram estoicamente às influências da comunidade universitária de molde a manter os seus laços familiares. Para estas alunas, a família foi sempre a principal referência, pois conservaram as normas e valores familiares. Partindo do princípio, de que todas as alunas
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vivenciaram as mesmas experiências no ambiente universitário, a identidade do seu grupo de influência mostrou desempenhar um papel importante e determinativo na alteração das suas opiniões. Quando os grupos de referência, constituídos pela comunidade universitária e a família entravam em confronto, a aluna acatava as influências do grupo que considerava mais importante. Para o adolescente não é fácil conviver simultaneamente com o sistema familiar e o grupo de colegas, devido a poderem surgir as pressões contrárias, contudo, se as relações familiares oferecerem afeto e suporte emocional, os adolescentes talvez tenham tendência para resolver o conflito de acordo com os desejos dos pais. Por outro lado, se estas relações forem tensas e insatisfatórias, os colegas tornam-se irremediavelmente mais fortes enquanto fontes de influência, não restando outra alternativa aos pais que não seja a de serem relegados para segundo plano. Um estudo de Lyle Larson citado por Sprinthall e Collins, (2003) ilustra perfeitamente estas teorias, no qual entrevistou mais de 1500 estudantes, inquirindo-lhes sobre como classificavam os pais, os colegas e outras pessoas, de acordo com quatro características, se eram compreensíveis, qual a sua abertura ao diálogo, que ajuda prestavam em situações difíceis e qual a intensidade dos laços efetivos com os pais. De acordo com outros estudos similares, uma proporção avultada de estudantes (75%), respondeu que a influência dos pais era muito mais importante do que a dos colegas, ou então, que não existiam diferenças de influências entre os dois grupos de influências. Apenas 25% dos estudantes afirmaram que o grupo de colegas era o mais influente. Larson quis logo saber a razão pela qual este grupo preferia a influência dos colegas em detrimento da dos pais, e chegou à conclusão de que a razão deste procedimento está na avaliação do adolescente dos sentimentos em relação aos pais. Quanto maior for a positividade dos sentimentos em relação aos pais mais estes ganham importância como grupo de referência dos filhos. Conclui-se assim que o estudo de Larson tem importantes implicações para o trabalho com adolescentes quando estes vivenciam uma situação de pressões contrárias e por isso constitui um problema nas suas vidas. Compreender estes princípios pode ser um bom ponto de partida para ajudar os adolescentes a encontrarem fontes de influência e orientação positiva, no sentido de os ajudar a preencher a lacuna por eles percecionada nas relações com a família. 104
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A influência dos colegas no desenvolvimento individual
A qualidade das relações entre colegas, quer na infância e de forma muito
especial na adolescência/ juventude, constitui um dos percursores de um bom ajustamento na vida adulta. Um débil relacionamento com os colegas é um motivo fundamental para uma vasta gama de problemas na vida adulta, que inclui
dificuldades de comportamento, problemas profissionais e perturbações a nível conjugal e sexual.
Uma das razões por que o grupo de colegas influencia, de modo tão intenso,
o desenvolvimento do jovem relaciona-se com o facto de as relações estabelecidas serem horizontais. Isto é, como habitualmente as diferenças de poder entre os amigos, na juventude, são relativamente pequenas, estes são capazes de resolver em conjunto os seus problemas, sem se submeterem aos indivíduos com mais poder, como os pais e os professores. Este tipo de relacionamento permite-lhes ainda analisarem mutuamente os problemas, sem medo de serem punidos.
Segundo a psicanalista Maria Rita Kehl, a adolescência é o período da
formação de turmas, grupos, bandos, gangues, sendo estas ligações horizontais (“fraternas”, de sangue ou amizade) e de grande importância. A “turma” ajuda a passar das identificações infantis de referenciais mais expressivamente familiares e alcançar novos referenciais identificativos.
Os grupos juvenis configuram-se como espaços de criação cultural e tornam-
se canais de articulação de identidades coletivas. Duas caraterísticas essenciais para conceituar este tipo de associativismo são:
Possuem alguma perspetiva coletiva e
Um determinado grau de “formalidade” e organização (que muitas
vezes nem é percebido pelos próprios jovens).
Neste sentido um fã-clube, uma banda de música, um grupo de igreja são
exemplos de grupos juvenis, pois, além de afinidades pessoais e/ou amizades, há um objetivo comum que o fazem encontrar-se de maneira “planeada” (a música, a religião, etc). 105
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Já, por exemplo, alguns jovens que estudam na mesma sala de aula ou
moram na mesma vizinhança, e que são amigos e saem juntos são considerados
grupo de amigos ou “turma”, mas não “grupo jovem”.
De referir que os grupos só serão lugar de crescimento, amadurecimento e
formação se permitirem:
o conhecimento de si,
a descoberta do valor do outro e o
despertar para consciência coletiva.
Eles não podem ser “guetos”. Seja numa igreja, escola, ou associação, é
necessário entender que fazem parte de um contexto e precisam estar abertos ao outro. Além de respeitar as diferenças e diversidade dentro do contexto grupal, também é necessária a abertura para o diferente. Uma experiência de grupo
saudável permite o crescimento pessoal e coletivo, formando indivíduos que dialogam.
A escola
A escola constitui um contexto diversificado de desenvolvimento e aprendizagem, isto é, um local que reúne diversidade de conhecimentos, atividades, regras e valores e que é permeado por conflitos, problemas e diferenças (Mahoney, 2002). É nesse espaço físico, psicológico, social e cultural que os indivíduos processam o seu desenvolvimento global, mediante as atividades programadas e realizadas em sala de aula e fora dela (Rego, 2003). O sistema escolar, além de envolver uma gama de pessoas, com características diferenciadas, inclui um número significativo de interações contínuas e complexas, em função dos estágios de desenvolvimento do
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aluno. Trata-se de um ambiente multicultural que abrange também a construção de laços afetivos e preparo para inserção na sociedade (Oliveira, 2000). A escola e sua função social
A escola emerge, portanto, como uma instituição fundamental para o indivíduo e sua constituição, assim como para a evolução da sociedade e da humanidade (Davies & cols., 1997; Rego, 2003). Como um microssistema da sociedade, ela não apenas reflete as transformações atuais como também tem que lidar com as diferentes demandas do mundo globalizado. Uma de suas tarefas mais importantes, embora difícil de ser implementada, é preparar tanto alunos como professores e pais para viverem e superarem as dificuldades em um mundo de mudanças rápidas e de conflitos interpessoais, contribuindo para o processo de desenvolvimento do indivíduo. Coerente com essa conceção, à escola compete propiciar recursos psicológicos para a evolução intelectual, social e cultural do homem (Hedeggard, 2002; Rego, 2003). Ao desenvolver, por meio de atividades sistemáticas, a articulação dos tos culturalmente organizados, ela possibilita a apropriação da experiência acumulada e as formas de pensar, agir e interagir no mundo, oriundas dessas experiências. Concomitantemente, ela proporciona o emprego da linguagem simbólica, a apreensão dos conteúdos acadêmicos e compreensão dos mecanismos envolvidos no funcionamento mental, fundamentais ao processo de aprendizagem. Assim, a atualização do conhecimento cultural e sua organização constante são premissas importantes para entender o papel dela e sua relação com a pessoa em desenvolvimento. A escola é uma instituição social com objetivos e metas determinadas, que emprega e reelabora os conhecimentos socialmente produzidos, com o intuito de promover a aprendizagem e efetivar o desenvolvimento das funções psicológicas superiores: memória seletiva, criatividade, associação de ideias, organização e sequência de conhecimentos, dentre outras (Oliveira, 2000). Ela é um espaço em que o indivíduo tende a funcionar de maneira preditiva, pois, em sala de aula, há momentos e atividades que são estruturados com objetivos programados e outros 107
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mais informais que se estabelecem na interação da pessoa com seu ambiente social. Por exemplo, na escola, o aluno tem rotinas como hora do intervalo e do lanche, em que os objetivos educacionais se dirigem à convivência em grupo e à inserção na coletividade. No tocante às atividades acadêmicas, espera-se, por exemplo, que os alunos dominem a interpretação, as regras fundamentais para expressão oral e escrita e realizem cálculos de forma independente. O currículo escolar estabelece objetivos e atividades, conforme a série dos alunos, facilitando o acompanhamento do processo de ensino-aprendizagem nas diferentes faixas etárias. Desde o maternal até a educação de adultos, a escola tem peculiaridades em relação à sua estrutura física, à organização dos conteúdos e metodologias de ensino, respeitando e considerando a evolução do aprendiz, bem como articulando os conhecimentos científicos às experiências dos alunos. Por exemplo, no ensino médio, espera-se que o aluno apresente um raciocínio hipotético-dedutivo, demonstre autonomia nos estudos e pesquisas, enquanto que, no fundamental, os objetivos se dirigem ao domínio das operações complexas, empregando materiais concretos e experiência advindas do contexto familiar do aluno. Marques (2001) destaca que a função da escola no século XXI tem o objetivo precípuo de estimular o potencial do aluno, levando em consideração as diferenças socioculturais em prol da aquisição do seu conhecimento e desenvolvimento global. Sob este prisma, ele aponta três objetivos que são comuns e devem ser buscados pelas escolas modernas:
(a) estimular e fomentar o desenvolvimento em níveis físico, afetivo, moral, cognitivo, de personalidade;
(b) desenvolver a consciência cidadã e a capacidade de intervenção no âmbito social;
(c) promover uma aprendizagem de forma contínua, propiciando, ao aluno, formas diversificadas de aprender e condições de inserção no mercado de trabalho. Isto implica, necessariamente, em promover atividades ligadas aos domínios afetivo, motor, social e cognitivo, de forma integrada à trajetória de vida da pessoa.
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Marques (2001) enfatiza também a importância das tarefas desempenhadas em sala de aula que favorecem as formas superiores de pensar e aprender, tais como memória seletiva, criatividade, raciocínio abstrato, pensamento lógico, tendo o professor uma função preponderante nesta mediação. Para Wallon, a idéia da mediação do conhecimento realizada pelo professor, por meio de materiais concretos, padrões e modelos de aprendizagem e comportamento, permitem que, na sala de aula, se incorpore uma ação coletiva que se estrutura e funciona graças ao uso de estratégias específicas, como o trabalho em grupo e aos pares e a realização de atividades recreativas, competitivas e jogos (Almeida, 2000). No entanto, o uso de estratégias deve ser adaptado às realidades distintas dos alunos e professores, às demandas da comunidade e aos recursos disponíveis, levando em conta as condições e peculiaridades de cada época ou momento histórico. Neste sentido, é importante identificar as condições evolutivas dos segmentos: professores, alunos, pais e comunidade, em geral, para o planeamento de atividades no âmbito da escola. Em síntese, a escola é uma instituição em que se priorizam as atividades educativas formais, sendo identificada como um espaço de desenvolvimento e de aprendizagem e o currículo, no seu sentido mais amplo, deve envolver todas as experiências realizadas nesse contexto. Isto significa considerar os padrões relacionais, aspetos culturais, cognitivos, afetivos, sociais e históricos que estão presentes nas interações e relações entre os diferentes segmentos. Dessa forma, os conhecimentos oriundos da vivência familiar podem ser empregados como mediadores para a construção dos conhecimentos científicos trabalhados na escola.
Compreender as relações família-escola Para compreender os processos de desenvolvimento e seus impactos na pessoa, é preciso focalizar tanto o contexto familiar quanto o escolar e suas inter-relações (Polonia & Dessen, 2005). Por exemplo, o planeamento de pesquisa sobre violência na adolescência deve incluir tanto as variáveis familiares, que podem contribuir significativamente para a manutenção de comportamentos antissociais na escola, quanto as relacionadas diretamente com a escola, como o baixo desempenho 109
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acadêmico, que, aliadas aos fatores interpessoais, acentuam este problema (Ferreira & Marturano, 2002; Oliveira & cols., 2002). Outros exemplos bastante conhecidos são a evasão e repetição escolar. Sabe-se que a estrutura familiar tem um forte impacto na permanência do aluno na escola, podendo evitar ou intensificar a evasão e a repetência escolar. Dentre os aspetos que contribuem para isto estão as características individuais, a ausência de hábitos de estudo, a falta às aulas e os problemas de comportamento (Fitzpatrick & Yoles, 1992). Em todos estes fatores, a família exerce uma poderosa influência. Embora um sistema escolar transformador possa reverter esses aspetos negativos, faz-se necessário que a escola conte com a colaboração de outros contextos que influenciam significativamente a aprendizagem formal do aluno, incluindo a família (Fantuzzo, Tighe & Childs, 2000). É importante ressaltar que a família e a escola são ambientes de desenvolvimento e aprendizagem humana que podem funcionar como propulsores ou inibidores dele. Estudar as relações em cada contexto e entre eles constitui fonte importante de informação, na medida em que permite identificar aspetos ou condições que geram conflitos e ruídos nas comunicações e, consequentemente, nos padrões de colaboração entre eles. Nesta direção, é importante observar como a escola e, especificamente, os professores empregam as experiências que os alunos têm em casa. Face à leitura, é muito importante que a escola conheça e saiba como utilizar as experiências de casa para gerir as competências imprescindíveis à leitura. A interpretação de textos ou a escrita podem ser estimuladas pelos conhecimentos oriundos de outros contextos, servindo de auxílio à aprendizagem formal. As pesquisas têm demonstrado que os pais estão constantemente preocupados e envolvidos com as atividades escolares dos filhos e que dirigem a sua atenção à avaliação do aproveitamento escolar, sendo isto independente do nível socioeconômico ou escolaridade (Polonia & Dessen, 2005). Os pais supervisionam e acompanham não somente a realização das atividades escolares, mas também adotam, em suas residências, estratégias voltadas à disciplina e ao controle de 110
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atividades lúdicas. Estas ações permitem a eles analisarem, identificarem e realizarem intervenções nos processos de desenvolvimento e aprendizagem dos filhos (Sanders & Epstein, 1998). Ainda, neste aspecto, Epstein (citado por Marques, 2002) destaca o envolvimento dos pais em atividades, em casa, que afetam a aprendizagem e o aproveitamento escolar. Este envolvimento ocorre sob diferentes formas de acompanhamento das tarefas (monitorar a sua realização), ou, ainda, em orientações sistemáticas do comportamento social e engajamento dos filhos nas atividades da escola, realizadas por iniciativa própria ou por sugestão da escola. Os laços afetivos, estruturados e consolidados tanto na escola como na família permitem que os indivíduos lidem com conflitos, aproximações e situações oriundas destes vínculos, aprendendo a resolver os problemas de maneira conjunta ou separada. Nesse processo, os estágios diferenciados de desenvolvimento, característicos dos membros da família e também dos segmentos distintos da escola, constituem fatores essenciais na direção de provocar mudanças nos papéis da pessoa em desenvolvimento, com repercussões diretas na sua experiência acadêmica e psicológica; dependendo do nível de desenvolvimento e demandas do contexto, é possibilitado à criança, quando entra na escola, um maior grau de autonomia e independência comparado ao que tinha em casa, o que amplia seu repertório social e círculo de relacionamento. Neste caso, a escola oferece uma oportunidade de exercitar um novo papel que propiciará mecanismos importantes para o seu desenvolvimento cognitivo, social, físico e afetivo, distintos do ambiente familiar. Um outro aspeto a ser destacado nas pesquisas e programas é a formação das redes sociais de apoio. Deve-se, então, caracterizar as dimensões distintas de envolvimento, seja na família ou na escola, e descrever como e quando essa rede de relações e apoio à pessoa em desenvolvimento pode ser utilizada.
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Na família, há o reconhecimento do papel dos pais, irmãos e outras pessoas que convivem com a criança ou adolescente e sua contribuição para o desenvolvimento geral e acadêmico. Na escola, destacam-se os professores e os pares, uma vez que estes se envolvem cotidianamente em atividades programadas e realizam intervenções importantes que afetam o processo de ensino e aprendizagem. Considerando que as redes de apoio são constituídas pela diversidade de interações entre as pessoas, são estas que permitem a construção de repertórios para lidar com as adversidades e problemas surgidos, possibilitando sua superação com sucesso (Ferreira & Marturano, 2002). No tocante à colaboração escola-família, é importante enfatizar a necessidade de estruturar atividades apropriadas à série do aluno, particularmente em se tratando da participação dos pais no seu acompanhamento. Segundo Desland e Bertrand (2005), a necessidade ou não de supervisão aos filhos depende das demandas implícitas ou explícitas deles que, por sua vez, estão relacionadas a fatores como idade, independência, autonomia e desempenho como aluno. Esses autores vão além, afirmando que, ao participarem, os pais se predispõem e sentem referendados pelos filhos, acionando recursos que envolvem a ajuda e o acompanhamento; quando os filhos mostram necessidade de trabalharem sozinhos, os pais se afastam, reduzindo seu nível de supervisão e auxílio às tarefas escolares. Esta é uma questão polêmica que requer investigações mais detalhadas, considerando a série do aluno, as competências exigidas pela escola e a necessidade de autonomia e independência do aluno. Apesar dos esforços, tanto da escola quanto da família, em promoverem ações de continuidade, há barreiras que geram descontinuidade e conflitos na integração entre estes dois microssistemas. Uma das dificuldades na integração família-escola é que esta ainda não comporta, em seus espaços acadêmicos, sociais e de interação, os diferentes segmentos da comunidade e, por isso, não possibilita uma distribuição equitativa das competências e o compartilhar das responsabilidades. 112
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Carneiro (2003) afirma que a mudança deste paradigma depende de uma transformação na cultura vigente da escola e que o projeto político-pedagógico poderia ser um dos meios para promover esta inserção. Ainda, as formas de avaliação adotadas, bem como as estratégias para superar as dificuldades presentes no processo ensino-aprendizagem, de maneira a incluir a família, exigem que as escolas insiram essa discussão no projeto pedagógico, como forma de assegurar a sua compreensão e efetivar a participação dos pais que é ainda um ponto crítico na esfera educacional. Com isso, pode-se romper o estereótipo presente da preocupação centrada apenas nos resultados acadêmicos (Kratochwill, McDonald, Levin, Bear-Tibbetts & Demaray, 2004). Além disso, o conhecimento dos valores e práticas educativas que são adotadas em casa, e que se refletem no âmbito escolar e vice-versa, são imprescindíveis para manter a continuidade das ações entre a família e a escola (Keller-Laine, 1998). Sendo assim, as escolas devem procurar inserir no seu projeto pedagógico um espaço para valorizar, reconhecer e trabalhar as práticas educativas familiares e utilizá-las como recurso importante nos processos de aprendizagem dos alunos. Mas, a colaboração entre esses contextos deve levar em consideração as diferenças culturais, a formação para cidadania e a valorização de ações e de decisões coletivas (Kratochwill & cols.,2004; Marques, 2002). As educativas verificadas no âmbito das relações interpessoais e nos resultados acadêmicos dos alunos, têm reflexos na participação efetiva e na integração escola-família, assegurando uma continuidade entre os dois segmentos. A adoção de estratégias que permitam aos pais acompanharem as atividades curriculares da escola, beneficiam tanto a escola quanto a família. As investigações de Keller-Laine (1998) e de Sanders e Epstein (1998) enfatizam que é necessário planear e implementar ações que assegurem as parcerias entre estes dois ambientes, visando a busca de objetivos comuns e de soluções para os desafios enfrentados pela sociedade e pela comunidade escolar. A família não é o único contexto em que a criança tem oportunidade de experienciar e ampliar seu repertório como sujeito de aprendizagem e desenvolvimento. 113
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A escola também tem sua parcela de contribuição no desenvolvimento do indivíduo, mais especificamente na aquisição do saber culturalmente organizado em suas distintas áreas de conhecimento. Como destaca Szymanski (2001), a ação educativa da escola e da família apresenta nuances distintas quanto aos objetivos, conteúdos, métodos e questões interligadas à afetividade, bem como quanto às interações e contextos diversificados. Na escola, as crianças investem seu tempo e se envolvem em atividades diferenciadas ligadas às tarefas formais (pesquisa, leitura dirigida) e aos informais de aprendizagem (hora do recreio, excursões, atividades de lazer). Contudo, neste ambiente, o atendimento às necessidades cognitivas, psicológicas, sociais e culturais é realizado de maneira mais estruturada e pedagógica do que no de casa. As práticas educativas escolares têm também um cunho eminentemente social, uma vez que permitem a ampliação e inserção dos indivíduos como cidadãos e protagonistas da história e da sociedade. A educação em seu sentido amplo tornase um instrumento importantíssimo para enfrentar os desafios do mundo globalizado e tecnológico. Apesar da complexidade e dos desafios que a escola enfrenta, não se pode deixar de reconhecer que os seus recursos são indispensáveis para a formação global do indivíduo. Entretanto, como sublinham Soares e cols (2000), apesar de a escola desenvolver aspetos inerentes à socialização das pessoas e ser responsável pela construção, elaboração e difusão do conhecimento, ela vem passando por crises vindas do cotidiano, que geram conflitos e descontinuidades como a violência, o insucesso escolar, a exclusão, a evasão e a falta de apoio da comunidade e da família, entre outros.
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Neste caso, o cenário político passa a exercer uma influência preponderante para a solução das crises, que extrapolam o cotidiano das escolas. Para superar os desafios que enfrentam, hoje, uma das alternativas é promover a colaboração entre escola e família (Polonia & Dessen, 2005), tarefa complexa que tem despertado o interesse de vários pesquisadores.
A família e a escola constituem os dois principais ambientes de desenvolvimento humano nas sociedades ocidentais contemporâneas. Assim, é fundamental que sejam implementadas políticas que assegurem a aproximação entre os dois contextos, de maneira a reconhecer suas peculiaridades e também similaridades, sobretudo no tocante aos processos de desenvolvimento e aprendizagem, não só em relação ao aluno, mas também a todas as pessoas envolvidas.
A Cultura
Atualmente uma grande parcela da população mundial possui acesso a algum tipo de informação, seja ela por meio de rádio, televisão, internet, ou qualquer outro meio de comunicação midiático, isto se deve a globalização, que tem como função principal a facilitação da comunicação global. Com o passar do tempo, essas ferramentas de diálogo tão prósperas se resumiram a uma indústria de imagens, consolidando assim, a chamada Sociedade do Espetáculo. Segundo Maria Rita Kehl (2004), nesta sociedade o que se configura determinante para a existência do homem, é sua imagem. Passado por um processo sóciohistórico, o homem, com a invenção de tantos recursos visuais se tornou um ser de aparências, no qual a visibilidade dá ao indivíduo o certificado de que o mesmo existe, sendo este proporcionado pela mass media. Portanto, ser visto e reconhecido pelo outro, confere ao indivíduo status e identidade, fazendo com que o mesmo deixe de ser meramente um anônimo, ou até mesmo um ser invisível. O advento da televisão e do computador, juntamente 115
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com as possibilidades que estes abriram, foi o marco preponderante para permitir ao sujeito existir por meio da imagem. Debord (1998) traduz bem a atual situação, segundo ele, a sociedade passou por duas fases distintas: Na primeira para SER era preciso TER, e na segunda que se trata da contemporaneidade, é a sociedade do espetáculo, em que é preciso TER para PARECER, e isso nada mais é do que uma forma de dominação da economia capitalista. Contudo, a dominação pelo aspecto econômico já está consolidada e por isso, tem-se agora a dominação pela imagem, onde a mass media nada mais é do que a soma dos poderes políticos e econômicos. É a mass media ordenando o que se precisa ter e consumir e ao mesmo tempo, organizando o tempo e lazer das pessoas. Marcondes Filho diz que aparecer, mostrar-se na televisão tornou-se tão importante, pois o mundo real está cada vez mais distante. O contato pessoal, a intimidade com o outro são consideradas coisas do passado, nesta era da internet. Para Calligaris (2007), “a invisibilidade é mais intolerável do que a prisão”. Segundo o autor, diferentemente do que o leigo entende por narcisismo, ou seja, o sujeito egoísta que se ama, e adora se ver no espelho, a personalidade narcísica, tem como fator determinante a insegurança .E por isso, o narcisista vive se perguntando se os outros gostam dele, se ele é amado pelos seus familiares, enfim, ele depende do “ olhar do outro”, para se enxergar. Sendo assim, na visão deste autor, “não estamos vivendo na sociedade do cada um por si, e sim em uma sociedade em que cada um depende do outro”, onde só nos constituímos como sujeitos “SE”, o outro nos reconhece como tal. Marcuse (1998) salienta que com a desestruturação da família burguesa, o individuo antes socializado e formado por ela, também entra em decadência. Agora, o ego do individuo é formado não mais pela família, mas sim pela indústria cultural. Desta forma, o individuo identifica-se com a sociedade, porém sem critica, uma vez que ele não está apto para isso, pois foi socializado para não identificar as contradições e por conseqüência para que não tenha uma consciência critica. O pai antes o líder da família, é agora substituído pelos ídolos produzidos pela indústria cultural. 116
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1. Moda/Consumo
Conforme Marcondes (1985), a mass media não é simplesmente uma forma de manipulação das massas e/ou uma forma de explorar o público por meio da sedução das “modinhas” apresentadas nas telas, rádios e internet, mas o que se passa nestes veículos de comunicação vão ao encontro de necessidades reais do público, por exemplo, o fascínio que a mass media exerce nas pessoas através da fantasia (que é confundida com o real, como sugere Augé, 1994: “(...) Não é mais a ficção que imita o real, mas o real que reproduz a ficção”), que é uma via facilitadora de acesso e desejo do consumo. Isto se dá, pois a necessidade do “ter” e do “possuir”, é uma das principais características da sociedade em que nos encontramos atualmente, em que a partir do momento que o indivíduo se sente seduzido por dado objeto, seja ele qual for, há certa pressão para que este consuma independentemente da sua real necessidade, formando assim uma espécie de necessidade aparente, ou seja, o que um indivíduo consome não é necessariamente o que ele precisaria consumir para sua sobrevivência como ser humano, mas sim, para sobreviver em dado grupo e/ou sociedade (culturalmente falando). “A mass media serve ao Senhor do Capital, que tem a função de promover novos desejos e necessidades. Cada produto anunciado não é apenas uma coisa material, ele é envolvido de carga emocional, a indústria cultural tem como função promover necessidades constantes, novas formas de apresentação, porém baseando
nos
velhos
esquemas”
(GARÇÃO,
apud
ADORNO).
O que a mass media, tenta vender é a felicidade através do consumo. Porém para Marcuse ( 1979), a felicidade é incompatível com o modo de vida capitalista, o pensamento otimista paralisa, porque não nega a realidade, mantêm-se preso a uma ilusão. Mas, esta ilusão precisa ser mantida, os sujeitos precisam acreditar na realização individual, precisam acreditar que têm controle sobre a sua vida, que possuem liberdade de escolha, quando na verdade esta pretensa liberdade é mais uma das categorias ideológicas, pois acreditando que têm poder de decisão, os
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indivíduos não resistem ao controle imposto pelo sistema. Isto implica em que o individuo precisa consumir para se constituir como sujeito. “... a crença na independência radical do ser individual em relação ao todo nada mais é do que uma aparência. A própria forma do indivíduo é a forma de uma sociedade que se mantém viva em virtude do mercado livre, no qual se encontram sujeitos econômicos livres e independentes.” (HORKHEIMER & ADORNO, 1973, p. 53) De Sales e Maldonado, elaboram um estudo sobre o consumo de produtos piratas e vêem que o consumo, principalmente da moda, estabelece uma distinção clara de classes sociais, e que a pirataria fenômeno do sec. XX, permite a discussão sob dois ângulos distintos: o da exclusão, uma vez que as classes menos favorecidas não têm acesso aos produtos de luxo, e o da inclusão, feita através dos produtos pirateados. Para isso, realizam uma pesquisa e dão-se conta que o consumo de produtos piratas não se dá exclusivamente pelas classes menos favorecidas, mas também por aqueles que embora tenham condições econômicas para isso, não têm acesso aos produtos originais, por residirem em cidades onde essas marcas não são comercializadas. A marca dos produtos, por si só é capaz de estabelecer a distinção entre ricos e pobres, se antes o consumo do produto se dava pela necessidade e pela qualidade, agora este consumo se faz através dos logotipos que identificam a classe social de seus consumidores, com a clara intenção de estabelecer o distanciamento entre as classes sociais, através do consumo de produtos caros , porque é feito para poucos. Por outro lado, temos as classes menos favorecidas economicamente , que com a clara intenção de imitar o estilo de vida dos mais favorecidos, buscam os produtos piratas, como forma de identificação e simbolicamente de inclusão. As grandes marcas, investem pesadamente em marketing, afim de diferenciar seu produto, conferindo a seus possuidores status,beleza e poder, mas embora esta publicidade seja dirigida a um público específico ( que detêm poder de compra), introduz nas classes menos favorecidas o desejo, por estes mesmos produtos que são proibitivos para eles. Desta forma, estabelece-se o consumo à nível simbólico, onde o consumo tenta suprir a falta ( o faltante /desejante na fala Lacaniana) .Por isso, o produto pirateado , pode ser visto como uma forma de inclusão .Para os países que fabricam os produtos piratas é 118
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uma forma de gerar emprego e renda, enquanto para os consumidores, é uma maneira de atingir pertencimento, se sentir mais próximo da elite formadora de opinião, o que de outro modo, não seria possível, tendo em conta a enorme distância entre o poder de compra da elite e os demais membros da sociedade.As autoras concluem que o absurdo aumento no consumo de produtos pirateados, está longe da necessidade, e encontra-se situado no campo do sonho e da ilusão de alcançar o status da classe dominante, no desejo do “TER para SER “ . Conforme Shakespere (apud De Sales e Maldonado) Oh, não discutam a “necessidade”! O mais pobre dos mendigos possui ainda algo de supérfluo na mais miserável coisa. Reduzam a natureza às necessidades da natureza e o homem ficará reduzido ao animal: a sua vida deixará de ter valor. A subjetividade é uma aspecto pessoal de cada indivíduo, mas é algo que não pode ser compreendido isoladamente da sociedade na qual o indivíduo esta inserido, para constituir essa subjetividade, o sujeito passa por um processo de compreensão da sociedade, onde é influenciado pela cultura existente nela. Para Adorno, quando o sujeito sublima seus impulsos ele esta contribuindo para o desenvolvimento da cultura e sociedade, tendo em vista que a consciência individual é que forma a consciência coletiva. Se cada sujeito fizesse o que desejasse, seria impossível viver e conviver em sociedade. Segundo Adorno e Horkeimer, não existe um conceito puro de individuo e de sociedade, já que um não existe sem o outro e ambos conceitos não podem ser desvinculados. A cultura em si pode ser classificada como uma relação complexa entre a sociedade, o individuo e as relações humanas. Weber dizia que o homem é um animal amarrado em teias de significados que ele mesmo teceu, a cultura é um exemplo de teia criada pelo homem, ele mesmo criou e é rodeado por ela. Ao nascer, a criança é inserida em uma sociedade e consecutivamente a uma cultura, esse treinamento cultural infantil não é só importante para o seu desenvolvimento particular, mas para todo equilíbrio da sociedade. A cultura pode ser considerada como uma adaptação do homem à sociedade.
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Na visão de Freud, a cultura serve para proteger o homem das intervenções das natureza e facilitar as relações humanas. Para ele, essa acomodação não é tranqüila, ele relata em sua obra “O mal estar na civilização” o processo de acomodação dos desejos do sujeito na cultura em que esta inserido. Tanto para Freud quanto para os Frankfurtianos, o individuo renuncia a satisfação total de seus desejos por exigência da realidade social o que resulta em sofrimento para o mesmo. Com o avanço tecnológico, foi propiciado ao homem uma cultura de consumo. A pseudo formação transforma a cultura em uma pseudocultura reduzindo-se a bens de consumo. Os meios de transporte e comunicação em massa, as mercadorias, casa, alimento, roupa, a produção irresistível da indústria de diversão e informação, trazem consigo atitudes e hábitos prescritos, certas reações intelectuais e emocionais, que prendem os consumidores aos produtos. Os produtos doutrinam, manipulam, promovem uma falsa consciência. Estando tais produtos à disposição de maior número de indivíduos e classes sociais, a doutrinação deixa de ser publicidade para tornar-se um estilo de vida (MARCUSE, 1982, p.31 e 32). O fetiche é criado pela própria mercadoria com seu poder de sedução, na qual ela trará prazer e satisfação, que gera uma necessidade no indivíduo mesmo que esta não exista. Mas isso não se dá de forma inconsciente, pois o indivíduo quer fazer parte da massa, ele precisa ter e consumir aquilo que os outros têm e consomem para tentar se igualar ao outro, e esse comportamento é captado pelo marketing para manipular o desejo do indivíduo. A indústria cultural obtém assim, uma homogeneização dos comportamentos, e a massificação do sujeito. Poder comprar é o que classifica o sujeito a um determinado grupo social, gerando um desejo enorme de se ter para poder ter uma identidade parecida com o outro, o qual é motivo de inveja. Se antes valorizava o SER, hoje valoriza o TER (BAUDRELLARD, 1995).
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Para Marcuse, a dominação funciona como administração total das necessidades e prazeres, escravizando o homem no trabalho e no lazer, preenchendo o tempo livre dos indivíduos com programações dirigidas, fabricando uma humanidade apta a consumir objetos inúteis, cuja obsolescência obsolescênci a fora desejada. (apud, NAZÀRIO, 1998, p.84). As pessoas querem CONSUMIR estilos de vida, em busca da satisfação desejada frente à frustrante realidade. Estilo de vida pode ser definido como mais ou menos uma série de práticas, da qual os indivíduos abraçam, não apenas por satisfazerem necessidades úteis, mas porque elas dão forma material para uma narrativa particular de auto-identidade. São práticas rotineiras, as rotinas incorporadas aos hábitos de vestir, comer e modos de agir. A gama de informações e pressões a que estão submetidos às pessoas inseridas na faixa dos que são capazes de consumir, é enorme. Isso causa não só uma angústia, por maquiar um perfil a ser aceito socialmente, mas denuncia o vazio ao qual estão submetidos, haja vista o processo de anulação dos quais muitos se revestem em prol de uma aceitação social. A sociedade contemporânea, diluída e efêmera, constrói padrões de aceitabilidade social que conflitam com o perfil almejado por muitos indivíduos. Comentando sobre a cultura do consumo, as pessoas gastam um dinheiro que não possuem, para comprar coisas que não necessitam, para impressionar pessoas que não conhecem. ( este trecho também não cita a fonte de onde foi extraída ). 2. Mass media e Cotidiano: A Propaganda
Rocha e Castro, discutem neste artigo a interação entre mass media, cultura e consumo,
como
parte
integrante
do
modo
de
vida
contemporâneo.O
entretenimento, entretenimen to, as paisagens audiovisuais, audiovisuais , o espetáculo e a estetização estetização do cotidiano, são vistos como norteadores dos padrões econômicos e socioculturais do mundo moderno, bem como a visualidade e a sonoridade, como estruturantes da subjetividade e do discurso do sujeito, que se por um um lado, desfaz a crença em uma subjetividade nata e imutável, imutável , por outro cria uma subjetivação hegemônica, padronizada. 121
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O entretenimento, oferecido pela mass media, reproduz um cotidiano espetacular , de forma a produzir uma identificação entre o espectador e as representações sociais e ideológicas, por ela veiculado. Seus tentáculos, se estendem sobre a sociedade, a política polític a e a economia, como também influencia influenci a a moda, a arquitetura, os esportes, as artes, e outros. A globalização e a tecnologia atuam nas práticas cotidianas através da propaganda e dos anúncios veiculados. As autoras citam Debord, para justificar o espetáculo como um processo pensado de passividade e alienação, em que a mercadoria tomou o lugar da vida social, e Kellner que entende que nem sempre a mass media atinge seu objetivo de manipulação, e desta forma, não se pode atribuir a mass media tamanho poder de determinação, pois
“o público pode resistir aos significados e mensagens
dominantes, criar sua própria leitura e seu próprio modo de apropriar-se ” (2001:11) dos produtos midiáticos. Segundo este autor a mesma mass media oferece os instrumentais, para que o sujeito se oponha aos modelos hegemônicos . O consumo é uma das formas de nos constituirmos como sujeitos, de nos igualarmos ou nos diferenciarmos do outro. O sujeito não obedece a normas rígidas de consumo, pois obedece a impulsos de ordem “individual e intersubjetiva”. O poder da mass media reside em centralizar informação, entretenimento e negócios em um único espetáculo, que através do marketing e da propaganda serve para disseminar tendências, estilo e comportamento. A necessidade frenética de visibilidade visibili dade é segundo as autoras de natureza existencial, já que ao transformar tudo e todos em imagens, se perde a noção de realidade, bem como a percepção do mundo e de si mesmo , adentrando para um mundo de ilusão. E ao adentrar para este mundo de ilusão, o espectador, se distância do seu cotidiano real. A imagem é a representação da malha cultural na qual o individuo se deseja inserido “imagens/sensações e imagens/estilos de vida “. Por outro lado, neste mundo onde a visibilidade permeia a identidade do sujeito, é imprescindível a mediação das máquinas , uma vez que elas são essenciais para que o sujeito enxergue não só o externo do outro, como o interno dele mesmo. Adorno chama de indústria cultural o que se chamava anteriormente de "cultura de massas", sendo que esta, não é um tipo de cultura que aparece espontaneamente 122
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do povo; nem o que é chamado de cultura popular. A indústria cultural é uma produção voltada para o consumo das massas com um produto preestabelecido. Em outras palavras, existe uma inter-relação estreita entre a produção e o consumo, onde a primeira determina o que deve ser consumido e a segunda determina o que deve ser produzido . Por exemplo, para um determinado público, produz-se um acessório considerado “moda”, este acessório como é taxado de “moda”, torna-se torna -se algo “extremamente importante e necessário para se consumir”, enquanto há uma demanda de consumo, há uma produção intensa daquele acessório, pois a produção depende do consumo (ADORNO, 2002). Tratando-se de termos culturais, essa inter-relação faz com que aquilo que é culturalmente produzido (o que está na “moda”), assemelhe-se assemelhe -se a qualquer produto industrializado (Por exemplo, uma calça jeans “da moda”, é exatamente igual a qualquer outra calça jeans, exceto pelo desejo e especulações criadas em cima do que está visado naquele momento), incluindo toda uma estratégia de marketing com o objetivo de levar esse produto ao público consumidor. Para a indústria cultural, tanto faz que esse produto seja uma “pulseirinha” que apareceu no braço da atriz principal da novela das oito, promovida pela mass media eletrônica globalizada, um show de um cantor pop ou outro produto qualquer, que tenha gerado nas massas a necessidade de consumo. O que realmente importa é que esse produto desperte o desejo e chegue às massas. Os produtores de marketing, a partir de toda essa exagerada estratégia de divulgação e consumo destes produtos podem propiciar a manipulação dos meios de comunicação, onde os grandes veículos integrados a uma boa propaganda colorida e musical possuem o poder de influenciar, a fim de criar, no público-alvo, novas necessidades de consumo e, também, novos produtos. A mass media pareceria pareceria entender, entender, pois, um dos aspectos mais transparentes transparentes da iniciativa privada, ou seja, a mutabilidade constante do produto a ser vendido. Essa assertiva indicaria que os manejadores da mass media, dela conhecendo os caminhos por vezes escusos, podem ter passado por empresas as mais diferentes e participado do esforço do marketing visando ao lançamento de produtos, entendendo-se do creme dental a um trator. Contaminado, esse agente que 123
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manobra a mass media, ou dela integrante, incensará hoje um músico do "povo", que será fatalmente substituído amanhã. (MARTINS, 1993:15).
3. Etnia É evidente que estamos perante uma sociedade em mudança, novos fatores estão a surgir, deixamos de viver no nosso «cantinho» onde antigamente poucos interferiam para passarmos a viver num Mundo onde devemos reaprender a coabitar em comum, de forma mais alargada e atendendo mais condignamente às nossas diversidades. A escola portuguesa é, hoje, um microcosmo da nossa sociedade pois tem crianças e jovens de muitas etnias, cores, culturas e nacionalidades que trazem desafios extraordinários, é, pois, necessário reconhecer a diferença como um valor e integrá-lo na ação do dia-a-dia, de forma a contribuir para uma maior qualidade no ensino e também para tornar a própria sociedade melhor. O multiculturalismo é, hoje, visto como uma integração de diversas minorias numa cultura dominante, o termo minorias refere, por regra, grupos de pessoas que ao nível de características como, a raça, a cor e a etnia, o género, as incapacidades físicas e motoras, a idade, a orientação sexual, a nacionalidade de origem ou a religião, diferem do socialmente concebido como «normal» ou «padrão». (Dass & Parker, 1999; Marsden, 1997). Estes, mesmos autores, mencionam ainda, como fazendo parte de grupos minoritários, o caso dos ex-reclusos, também para eles, a linguagem, a aparência física, o estatuto marital, as diferenças de valores e crenças, o tipo de função ou campo de especialização, e a categorização com base no estatuto económico e social e no estilo de vida podem contribuir para que certas pessoas não pertençam à cultura dominante e por isso haja alguma discriminação relativamente às mesmas. Para Brickson, (2000) a expressão minorias designa indivíduos que pertencem a grupos de identidade com tradição de menor poder e oportunidades. Mas será que os alunos provindos dessas minorias não passam a ficar mais deslocados das suas 124
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culturas e não se tornam mais influenciáveis e mais fáceis de explorar pela sociedade de consumo onde passam a estar integrados? E será que não pode acontecer, uma vez que misturados com outra nova cultura, irem perdendo, paulatinamente, as suas próprias raízes? Aprender a conviver significa respeito e abertura para as relações humanas, significa habilidade pessoal de permitir a aproximação e não o afastamento do outro, através da empatia, do respeito, das formas alternativas de vida, da escuta, do diálogo, do interesse, etc., tendo sempre por base o envolvimento com a diferença sem qualquer preconceito, pois, este, segundo Herriot & Pemberton, (1995) não é mais do que uma predisposição, frequentemente inconsciente, para conceber os outros como seres inferiores, menos inteligentes e capazes, mais preguiçosos, menos confiantes ou confiáveis. Também para Marsden, (1997) tanto o preconceito, como a discriminação podem derivar dos atos e atitudes dos indivíduos ou mesmo das políticas e práticas de uma instituição. Para além de afetarem o acesso ao trabalho e a progressão das minorias, fragilizam a sua motivação, autoconfiança e produtividade. Qualquer tipo de ensino, hoje em dia, confronta-se cada vez mais com uma grande heterogeneidade social e cultural. Certamente que todos concordamos que estamos a educar para uma sociedade multicultural, e teremos de ter como referência da nossa ação o desenvolvimento e atitudes baseadas no respeito, tolerância, justiça, igualdade. Numa sociedade que se percebe cada vez mais multicultura l, cuja “pluralidade de culturas, etnias, religiões, visões de mundo e outras dimensões das identidades infiltra-se, cada vez mais, nos diversos campos da vida contemporânea” (Moreira, 2001, p. 41) o multiculturalismo surge como um conceito que permite questionar no interior do currículo escolar e das práticas pedagógicas desenvolvidas, a “superioridade” dos saberes gerais e universais sobre os saberes particulares e locais. Segundo Souta (1997): 125
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Assiste-se na sociedade portuguesa, e muito em particular nas áreas metropolitanas, a transformações significativas na sua população escolar. Acentua-se, em cada dia que passa, a heterogeneidade cultural, em termos étnicos, linguísticos e mesmo religiosos. Também Portugal é cada vez mais uma sociedade multicultural. (p. 93) Para este autor a perspetiva do multiculturalismo defende uma educação onde a diversidade não é somente constatada, mas também incluída e valorizada no currículo e nas práticas pedagógicas, então, no seguimento deste pensamento, o papel do professor será crucial para uma inter-relação entre as diferentes culturas existentes na escola. Esta é a realidade que neste momento temos, então, há que a compreender, e transformar o que for necessário, para a plena inclusão e êxito dos alunos, qualquer que seja o seu país natal, a sua etnia ou a sua origem social. Essa inclusão para Vieira (1999) “implica as noções de reciprocidade e troca na aprendizagem, na comunicação e nas relações humanas (…) entre os indivíduos portadores de diferentes culturas.” (p. 20) Segundo o que escreveu Lages (2006), uma das grandes riquezas da humanidade é a sua heterogeneidade daí que os diversos povos devam mostrar uma compreensão recíproca pelos vários elementos culturais existentes nas diferentes sociedades, segundo ele, em Portugal, no séc. XX, principalmente a partir da década de oitenta, deu-se um aumento da imigração, nomeadamente de cidadãos provenientes dos PALOP, posteriormente provindos da República da Índia e do Brasil e mais recentemente da Europa de Leste, com particular incidência da Ucrânia, da Roménia e da Moldávia. Para Ramos (2003), Portugal é “um dos países comunitários com aumento mais rápido de imigrantes, num curto espaço de tempo nos últimos anos”. (p. 269). Ramos (2004) considera, ainda, este processo migratório complicado, uma vez que vai: Envolvendo ruturas espaciais e temporais, transformações diversas, nomeadamente mudanças psicológicas, físicas, biológicas, sociais, culturais, familiares, políticas, 126
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implicando a adaptação psicológica e social dos indivíduos e das famílias e diferentes modalidades de aculturação, constitui um processo complexo, com consequências ao nível de saúde física e psíquica e do stress psicológico e social. (p. 239). Por aqui, já se subentende que não está totalmente esgotada a ideia das visões etnocêntricas da cultura e ainda existem entre nós ruturas, sendo o multiculturalismo ainda visto, por alguns, como um risco para a identidade nacional. Peres (2000) adverte que: Fala-se da educação para os valores, para os direitos humanos e igualdade de oportunidades, tolerância e convivência, para a paz, educação inter/multicultural, educação ambiental, educação antirracista... Porém, o nosso dia-a-dia está confrontado com manifestações de intolerância, marginalização, estereótipos, preconceitos, racismo, xenofobia na escola e na sociedade . (p. 28) Mas isto acaba por ser algo ambíguo, pois se o mundo está cheio de confrontos entre pessoas, grupos e nações que pensam, sentem e atuam de maneira diferente, ao mesmo tempo, essas pessoas, grupos e nações terão de entender que, cada vez mais, são confrontados com problemas idênticos cuja solução exige uma cooperação entre todos, tais como os problemas de ordem ecológica, económica, meteorológica, entre outros, que não terminam nas fronteiras nacionais. Também Silva (2007) considera que: O multiculturalismo, tal como a cultura contemporânea, é fundamentalmente ambíguo. Por um lado, o multiculturalismo é um movimento legítimo de reivindicação dos grupos culturais dominados no interior daqueles países para terem suas formas culturais reconhecidas e representadas na cultura nacional. O multiculturalismo pode ser visto, entretanto, também como uma solução para os “problemas” que a presença de grupos raciais e étnicos coloca, no interior
daqueles países para a cultura dominante. De uma forma ou de outra, o multiculturalismo não pode ser separado das relações de poder que, antes de mais
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nada, obrigam essas diferentes culturas raciais, étnicas e nacionais a viverem no mesmo espaço. (p. 85)
Uma escola de todos e para todos “A escola tem que ser local, como ponto de partida, mas internacional e intercultural, como ponto de chegada.” (Romani, 2004, p. 15) Para este último autor referido, a escola é o lugar onde se desenvolve a ação educativa, onde se realiza, de maneira prática, a educação para os cidadãos. Assim, as orientações curriculares, com todas as suas áreas de conteúdo pela qual o ensino se rege, devem estar concebidas e organizadas de maneira a que possam abranger e integrar todos os elementos no processo educativo a este nível. A Lei - Quadro da educação pré - escolar (1997) estabelece como princípio geral que: A educação pré - escolar é a primeira etapa da educação básica no processo de educação ao longo da vida, sendo complementar da ação educativa da família, com a qual deve estabelecer estreita relação, favorecendo a formação e o desenvolvimento equilibrado da criança, tendo em vista a sua plena inserção na sociedade como ser autónomo, livre e solidário. (p. 15 ) Segundo este princípio geral, a escola é uma entidade que tem por função principal educar e ensinar, de modo organizado, uma população com caraterísticas próprias de idade, de saberes e de experiências. A escola deve responder, no contexto do seu tempo, ao desenvolvimento dos seus destinatários que são os alunos, de acordo com o processo de educação ao longo da vida e tendo em conta a sua plena inserção na sociedade. As crianças necessitam de um ambiente sadio e seguro, que é muito importante para o desejo de aprenderem, de crescerem saudáveis e de serem. A escola, enquanto centro das políticas educativas, tem, assim, de construir a sua autonomia a partir da comunidade em que se insere, dos seus problemas e potencialidades, contando com uma nova atitude da administração central, regional e local, que possibilite uma melhor resposta aos desafios da mudança. (DL 115 – A/98, de 4 de Maio). 128
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FIM
Bibliografia e netgrafia
PSI 12 B –Parte 1 “A entrada na Vida”, Pires, Catarina e Brandão, Sara. PSI 12 B –Parte 2 “A procura da mente”, Pires, Catarina e Brandão, Sara. Psicologia das relações interpessoais, 1º e 2º volume, M. Odete Fachada. Trabalho e dinâmica dos pequenos grupos, Barbosa, Lisete. O Príncipe, Gestão e Negócios, Maquiavel, Nicolau. FADIMAN, James; FRAGER, Robert. Teorias da Personalidade. Trad. Camila P. S. Sybil Safdié. São Paulo: Habra, 1986. Paiva Campos, B. (1990). Psicologia do Desenvolvimento e Educação de Jovens. Lisboa: Universidade Aberta. 129