Sumário Apresentação ................................................................ ................................................................................................... ...................................................... ................... 8 .............................................................. 10 1 Deus restaura a amizade entre Jacó e Esaú .............................................................. Wesley Scandiuzzi 2
Deus sustém o povo de Israel ...................................................... .................................................................................... .............................. 16 Rodrigo Pedro Silva
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O Senhor ensina a seus sacerdotes sace rdotes o valor da sua santidade ................................. ................................. 22 Alex Aparecido de Paula
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Deus confirma a liderança de Moisés .................................................................. ........................................................................ ...... 28 Daniel Porto Sellis
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Deus batalha a favor de seu povo p ovo .................................................................. .............................................................................. ............ 34 Vagner Aparecido de Miranda
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O Senhor dos Exércitos decide viver ao lado de Davi ........................................... ........................................... 40 Rodrigo Falcão
Jesus Cristo fala hoje com a Igreja ................................................................. ............................................................................. ............ 54
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Jean Francesco Lima Gomes 8
Deus Provê o Sustento Su stento dos seus Filhos .............................................................. .................................................................... ...... 60 Alex Gonçalves da Silva
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Deus intervém a favor de Jerusalém .................................................................... .......................................................................... ...... 66 Luiz Hipólito Gomes de Souza
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Deus intervém na vida vid a apática de Judá .................................................................. .................................................................... 76
Ricardo Lima Rennó 11
O SENHOR é nossa suficiência .................................................................. .............................................................................. ............ 84
William Roberto da Silva 12
O Senhor sustenta Judá com a sua providência. providên cia. ................................................... ................................................... 92
Marcos Antônio dos Reis Reis 13
Deus restaura a fé de Israel, por meio da liderança de Esdras ............................ 98
Marcos Patrick Favero de Souza 14
Deus restaura seu povo pela sua palavra. ......................................................... ............................................................. 106 6
Myung Ho Kim
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Apresentação É com muita satisfação que apresento aos colegas professores, seminaristas e funcionários que fazem parte desta Casa de Profetas esta coleção com os melhores sermões pregados pelos alunos do terceiro ano do Seminário Presbiteriano do Sul. Estes alunos cursaram a disciplina Prática da Pregação 2 no primeiro semestre de 2011. A tarefa deles era preparar e pregar sermões expositivos baseados em Narrativas do Antigo Testamento. Os sermões que atingiram notas iguais ou superiores a 8,5 foram selecionados pelo professor da matéria para comporem esta coleção. Os alunos, após ouvirem as críticas e sugestões, fizeram os ajustes necessários e apresentaram seus trabalhos para a composição deste material. Toda a classe participou do trabalho de edição e composição deste material cujo objetivo é, além de edificar a vida dos leitores, servir de exemplo para os alunos que estiverem cursando a disciplina Homilética. Os sermões aqui apresentados são exemplos práticos da metodologia de pregação ensinada no seminário. Agradeço aos alunos que participaram deste projeto. Que o Senhor faça deles excelentes pregadores para abençoarem a Igreja de Jesus Cristo.
Rev. Adrien Bausells – Professor de Homilética e Prática da Pregação
Seminário Presbiteriano do Sul – Campinas, Campinas, Novembro de 2011.
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1 DEUS RESTAURA A AMIZADE ENTRE J ACÓ E ESAÚ Wesley Scandiuzzi Gênesis 32.1-12; 33.1-4 Introdução Valdivino e seu irmão Oliveira viviam em uma pequena cidade do interior de Minas Gerais. Os dois eram muito amigos e passaram a maior parte do tempo de sua infância juntos. Com o passar do tempo, Valdivino se tornou um jovem bem pacato, que gostava de ficar em casa e ajudar sua mãe, enquanto Oliveira era um jovem extremamente violento e gostava de tirar vantagem sem jamais ser contrariado. Passado algum tempo seus pais morreram, deixando como herança para os seus dois filhos dois sítios. O problema surgiu por causa de uma porteira que atrapalhava a passagem para o sítio do Oliveira, trazendo-lhe desconforto. O Oliveira sempre quis levar vantagem em tudo, e porque essa porteira o atrapalhava ele armou uma enorme discussão com seu irmão Valdivino, fazendo com que os dois rompessem sua amizade. Oliveira chegou a ameaçar Valdivino de morte. Valdivino, ao se sentir ameaçado e com medo, decidiu vender o seu sítio e mudar para a cidade, fugindo assim de uma possível tragédia. Percebemos assim que um problema familiar pode romper relacionamentos na família. Página 1 - Jacó sofre com a inimizade de Esaú.
Jacó.
Da mesma forma, um problema familiar, rompeu o relacionamento entre Esaú e
Após seu erro, Jacó foge de seu irmão Esaú. O rosto do mais velho condena, ele quer o sangue do enganador. Fora passado pra trás. Um prato de lentilhas, um animal preparado, peles de animais nos braços, o pai cego e a trama feita. A benção é dada a Jacó, e a Esaú restam as mãos abanando e o coração cheio de ódio. Esaú ainda não se conforma com a trapaça de Jacó. Cada momento de lembrança é uma chama de ódio que incendeia um novo cômodo de sua vida. Não podemos afirmar que Esaú foi inocente, pois ele vende o seu direito de primogenitura por um prato de comida e isso traria mais à frente um sério problema na família. Quando ele descobre que a benção é passada para o seu irmão Jacó então Esaú fica furioso. O seu corpo chega a estremecer de raiva. O sentimento não fica apenas em 10
sua alma, mas toma conta de seus órgãos e sua pele. A impressão é que seus pelos vermelhos são chamas de fogo e ira. A partir desse episodio, Esaú passa a odiar seu irmão por causa da benção e faz uma ameaça: “Os dias de luto pela morte de meu pai estão próximos; então matarei meu irmão Jacó.” (Gn 27.41) Jacó sofre com a inimizade de Esaú. Esaú, um homem destinado a viver pela espada, começaria usando-a em casa. Então Rebeca, sua mãe, sabendo do ódio que Esaú estava sentindo a ponto de querer matar Jacó, resolve armar um plano de fuga. E diz para Jacó sair por um tempo daquele lugar antes que isso pudesse se tornar uma tragédia e usasse esse tempo para que seu irmão se acalmasse e esquecesse o que tinha ocorrido. Porém essa fuga que era para ser por um pequeno período se tornou em longos vintes anos até que eles se encontrassem novamente, e Jacó sofre com a inimizade de Esaú (os filhos de Isaque estão em guerra). Agora Jacó, de filho queridinho da mamãe, aquele menino que gostava de ficar em casa, começa uma longa caminhada de quase oitocentos quilômetros até Harã, fugindo do seu irmão irado. Jacó transpira angústia e medo ante a ameaça de Esaú. Com medo, o único recurso que agora tem em seu favor é a benção que seu pai lhe havia concedido. Jacó sofre com a inimizade de Esaú. Durante 28 anos, de 1961 a 1989, a população de Berlim, ex-capital do Reich alemão, com mais de três milhões de pessoas, padeceu uma experiência ímpar na história moderna: viu a cidade ser dividida por um imenso muro. Situação de verdadeira esquizofrenia geopolítica, que a cortou em duas partes, cada uma delas governada por regimes políticos ideologicamente inimigos. Abominação provocada pela guerra fria, à grosseira parede foram durante aqueles anos todos os símbolos da rivalidade entre Leste e Oeste, e, também, um atestado do fracasso do socialismo real em manter-se como um sistema atraente para a maioria da população alemã. A população de Berlim, próxima à linha que separava a cidade em duas partes, foi despertada por barulhos estranhos, exagerados. Ao abrirem suas janelas, as pessoas se depararam com um inusitado movimento nas ruas à sua frente. Vários Vopos, os milicianos da RDA (República Democrática da Alemanha), a Alemanha comunista, com seus uniformes verde-ruço, acompanhados por patrulhas armadas, estendiam de um poste a outro um interminável arame farpado que se alongou, nos meses seguintes, por 37 quilômetros adentro da zona residencial da cidade. Enquanto isso, atrás deles, trabalhadores desembarcavam dos caminhões descarregando tijolos, blocos de concreto e sacos de cimento. Ao tempo em que algum deles feria o duro solo com picaretas e britadeiras, outros começavam a preparar a argamassa. Assim, do nada, começou a brotar um muro, o pavoroso Mauer , como o chamavam os alemães, o muro da separação, da inimizade de um mesmo povo. Página 2 - Hoje muitos sofrem por causa de inimizades.
Assim como Jacó sofreu com a inimizade de Esaú, muitos de nós, principalmente líderes, temos sofrido por causa das barreiras de inimizades. Essa inimizade pode ser com seu pai, você com sua mãe, você com sua esposa, você com seu filho e até mesmo entre nós seminaristas. Líderes que pregam amor e vivem rodeados de inimizades, 11
cumprimentam suas igrejas com a “graça e a paz”, mas vivem sofrendo por causa de relacionamentos mal resolvidos. Quantas histórias de membros que estão dentro das igrejas e que, devido a palavras mal colocadas, fofocas e outras coisas muitas vezes até pequenas se transformam em grandes inimizades que levam por anos em sua vida. Hoje muitos sofrem por causa de inimizades. Colegas, em pouco tempo estaremos assumindo um ministério, mas de que forma iremos exercê-lo? Temos que ter a consciência de que em todas as nossas atitudes estamos ensinando algo, mas só precisamos discernir o quê. Infelizmente hoje nós não temos idéia do quanto somos influência na vida de pessoas, e, além disso, temos em nossas mãos como seminaristas, e futuros pastores, uma grande responsabilidade de liderança. Mas o perigoso é que essa condição não é baseada só em palavras, mas também em atitudes, quando em muitos momentos as nossas atitudes falam tão alto que as pessoas nem conseguem ouvir a nossa voz. E sem falar na quantidade de escândalos que vem atingindo a igreja, hoje em dia, por causa de pastores que através das inimizades estão deixando de construir pontes, mas levantando grandes barreiras de inimizades entre o povo de Deus, surgindo até mesmo novas igrejas provenientes de discussões, desentendimentos e inimizades. Hoje muitos sofrem por causa de inimizades. Enquanto o Reino de Deus deveria estar sendo propagado com poder, ousadia, justiça, alegria e paz, há muitos que financiam guerras com seus pecados. Por isso, é tempo de despertarmos e assumirmos as nossas fraquezas, evitando assim que o pecado da discórdia e do ódio infiltre de tal forma que instaure uma grande falta de amor de tal modo que parece estar atacando uns aos outros assim como animais selvagens. A lei não pode obrigar as pessoas a se entenderem, mas se o Espírito Santo de Deus tiver permissão para encher nossos corações com o amor de Deus, muitas barreiras de inimizades serão destruídas. Hoje o Senhor nos chama para um novo tempo de arrependimento. Precisamos evitar que a inimizade esteja em nosso meio cristão, mas que venhamos a ser pessoas que levam a paz, produzindo relacionamentos sadios. Nas igrejas ouvimos muito sobre paz, amor, amizade, enquanto na prática muitos cristãos ainda vivem em discórdia uns com outros. Somente Deus pode restaurar as amizades em meio à dor. Página 3 - Deus restaura a amizade entre Jacó e Esaú.
Às vezes a cura para uma inimizade está no tempo. Deus usou o tempo para a reconciliação entre Jacó e Esaú. V inte anos! Este foi o tempo que Deus usou para reconciliar a amizade entre Jacó e Esaú. Em uma de suas fugas, Jacó para à noite para descansar e tem um sonho, em que Deus faz uma promessa: que lhe abençoaria, que estaria com ele e que o aguardaria até a volta à sua terra, e Deus diz que cumpriria aquilo que lhe prometeu.
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Por meio do sonho Jacó entende que Deus o levaria de volta à terra de seus pais. Embora a jornada de fé tivesse começado para Jacó, ele ainda tinha muito para caminhar. Nesta caminhada Deus trabalha seu caráter. O homem que enganou o pai agora é enganado pelo sogro, mas ainda assim constitui família, se enriquece, mas entende que é tempo de voltar para a terra de seus pais, pois esta foi a promessa para sua vida. Jacó agora parte com sua família em direção à sua terra. No entanto, Jacó sabia que, mais cedo ou mais tarde, iria se deparar com Esaú, pois, ao viajar para Betel, passaria por perto do monte Seir, onde Esaú vivia. Jacó então usa uma estratégia, mandando seus mensageiros dizer a seu irmão Esaú sobre sua condição naquele momento. A notícia que ele recebe, porém, é que o seu irmão vem ao seu encontro com quatrocentos homens. Esperando pelo pior, Jacó teme que seu irmão vá ao seu encontro para acabar com sua vida e de sua família. Jacó agora tem medo e se perturba. Mas, nem tudo estava perdido para ele. Deus restaura a amizade entre Jacó e Esaú. Porque ele se lembra da promessa feita por Deus a seus pais e que se estenderia a ele e sua descendência, segundo a qual o faria voltar para a sua terra, prometendo que estaria com ele e que o guardaria até cumprir o seu propósito (Gn 28.13-16). Então Jacó ora e pede a Deus que cumpra essa promessa. Em sua graça Deus cumpre a aliança. Deus restaura a amizade entre Jacó e Esaú. Jacó lembra que Deus de forma maravilhosa e gloriosa havia cuidado de sua vida de maneira especial em todos os momentos. A cada dificuldade que precisou suportar, Deus estava sendo fiel e bondoso e mostrando sua graça soberana sobre todos os acontecimentos de sua vida. E agora Deus novamente vai ao seu encontro em um momento de grande temor e agonia, sabendo que teria de se reencontrar com seu irmão em sua caminhada e então a promessa que Deus fez é novamente cumprida. Deus restaura a amizade entre Jacó e Esaú. Chega o dia em que Jacó não tem como mais fugir de seu irmão, e mesmo sabendo que Deus estaria com ele, como prevenção, Jacó, sabendo da possibilidade de ataque de seu irmão, coloca à frente sua família. Mas, ao contrário, Esaú corre em sua direção e o abraça e o beija. Deus no seu tempo restaurou a amizade entre Esaú e Jacó , preparando-os em suas caminhadas para que o momento de encontro entre eles fosse de reconciliação. Assim também Jesus veio para reconciliar todas as coisas. Ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um, e tendo derribado a parede da separação que estava no meio, a inimizade, criou em si mesmo um novo homem, fazendo a paz, e reconciliasse em um só corpo com Deus, por intermédio da cruz, destruindo por ela a inimizade. E vindo evangelizou paz a vós outros que estavam longe, e paz também aos que estavam perto. Em Jesus não há espaço nos corações para a inimizade, tudo isto foi destruído pelo seu sangue, por intermédio da cruz toda barreira de inimizade foi destruída nos dando assim plena reconciliação com o Pai.
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Dois irmãos que moravam em fazendas vizinhas, separadas apenas por um riacho, entraram certa vez em conflito. O que começara com um pequeno mal-entendido finalmente explodiu numa troca de palavras ríspidas, seguidas por semanas de total silêncio. Numa manhã, o irmão mais velho ouviu baterem a sua porta. Era um carpinteiro com uma caixa de ferramentas, procurando por trabalho. – Tenho trabalho para você, disse o fazendeiro. Está vendo aquela fazenda além do riacho? É do meu irmão. Quero que construa uma cerca bem alta para que eu não precise mais vê-lo. Entendendo a situação, disse o carpinteiro: – Farei um trabalho que o deixará satisfeito. O fazendeiro foi até a cidade e deixou o carpinteiro trabalhando. Quando o fazendeiro retornou, seus olhos não podiam acreditar no que viam. Não havia cerca nenhuma! Em seu lugar, havia uma ponte ligando um lado ao outro do riacho. Ao erguer os olhos para a ponte viu seu irmão aproximando-se da outra margem, correndo de braços abertos. Correram um na direção do outro e abraçaram-se no meio da ponte, emocionados, – Não, espere! – Disse o mais velho. Fique conosco mais alguns dias. Tenho muitos outros projetos para você. E o carpinteiro respondeu: – Adoraria ficar, mas tenho muitas outras pontes para construir. Página 4 - Hoje Deus restaura as amizades.
Da mesma forma, Deus constrói a ponte entre Ele e os homens, restaurando assim a amizade. Hoje Deus restaura amizades. Em Efésios, o apóstolo Paulo descreve que a maior missão de paz na história mundial foi Jesus Cristo ter reconciliado todas as coisas por meio do seu sangue na cruz do calvário derramado em nosso favor. Cristo é a nossa paz. Ele destrói a barreira de inimizade e depois constrói a ponte para termos hoje o livre acesso a Deus. Jesus, como juiz, poderia ter vindo para declarar guerra, mas em sua graça ele veio trazer uma mensagem de paz. Em Cristo, judeus e gentios têm paz entre si e acesso a Deus. Isto nos traz à memória o véu que se rasgou quando Cristo morreu. A reconciliação está consumada. Foi pago um alto preço para que houvesse reconciliação entre nós e Deus, pois estávamos todos no mesmo cativeiro, os nossos caminhos direcionavam para a morte, separação de Deus, inimizade com Deus. Ninguém poderia fazer algo por nós, mas pela graça de Deus fomos reconciliados! Hoje Deus restaura amizades. Jesus Cristo nos comprou e nos reconciliou com seu próprio sangue derramado na cruz para que toda barreira de inimizade fosse destruída e assim, para que eu e você 14
tivéssemos paz com Deus, nem a morte e nem o distanciamento espiritual podem derrotar a graça de Deus. Deus continua destruindo barreiras de inimizades; continua agindo na vida daqueles que foram chamados para serem seus discípulos. Nós, como discípulos de Jesus, devemos ser pontes que possam destruir barreiras de inimizades e levar pessoas por intermédio da cruz a se reconciliarem com Deus e com o próximo. A graça de Deus veio sobre nós, mesmo sem termos nada de bom a oferecer a Ele. A graça é um favor imerecido e com ela veio também a misericórdia de Deus, pois, diante da nossa maldade, tudo o que merecíamos era a morte, mas as misericórdias do Senhor nos pouparam dela e toda dívida contra nós foi cancelada, o perdão que Deus oferece a nós é ato de sua graça.
Conclusão Assim como Jacó e Esaú estamos sujeitos a brigas e discussões e a nos tornarmos inimigos uns dos outros. Porém eu aprendo que através do sangue de Jesus na cruz do Calvário, onde ele nos reconciliou com o pai sem merecermos, nós também somos constrangidos a nos reconciliar com o nosso próximo em amor. Devemos ser aqueles que levam a paz e também abençoam pessoas, construindo pontes, levando a mensagem de reconciliação de Deus para o próximo.
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2 DEUS SUSTÉM O POVO DE ISRAEL Rodrigo Pedro Silva Êxodo 15.22-27 Introdução Conta-se que um homem esticou um cabo de aço sobre as Cataratas do Niágara, que ficam na divisa entre o Canadá e os Estados Unidos. Em seguida, atravessou andando sobre o cabo de aço. Foi e voltou. A multidão, extasiada, aplaudiu. Aproximando-se de uma senhora que estava no meio do povo, aquele homem perguntou: - A senhora acredita que eu consigo atravessar novamente? - É claro! - respondeu a mulher. - A senhora acredita que eu consigo atravessar levando um carrinho de mão? - Sim, eu acredito. - A senhora acredita que eu consigo atravessar levando um carrinho de mão com uma pessoa dentro? - Tenho certeza que sim! - Então, disse o homem, a senhora poderia, por favor, ajudar-me neste número, entrando no carrinho? - De jeito nenhum! Frase de transição: Ela acreditava, mas não confiava. Estava eufórica pelo que já tinha visto, mas desconfiada do que estava por vir. Parece que este também é o sentimento que encontramos no povo de Israel. Página 1 - Israel não confia plenamente no Senhor!
- Ufa, parecia que seria o nosso fim! Mas, Deus é poderoso mesmo, né? - Ei, agrupem os rebanhos! Já vamos partir! - Meninos, não corram pra muito longe, vamos seguir viagem! - Miriã, veja que bonito o vaso de ouro que ganhei da minha vizinha egípcia! - Moisés, Moisés, pra que lado vamos agora? - Vamos em direção do deserto de Sur. 16
O clima é de otimismo. Israel, após atravessar o Mar Vermelho e ver seus inimigos perecerem, percorre agora a península do Sinai. O destino traçado por Moisés ficava a noroeste, entre o Egito e a Palestina. Nesse clima de euforia, após ver a mão poderosa do Senhor agindo para libertálos da escravidão no Egito, aquela numerosa multidão parte cheia de planos e com a esperança de uma vida melhor. Mas agora tinham o deserto pela frente. Caminham um dia, e ainda se ouve o recontar das bênçãos de Deus. É o assunto do dia, a notícia de primeira página do jornal do coração dos hebreus. Junto com as lembranças de uma libertação miraculosa já habitam os planos para uma nova vida, tão logo cheguem ao destino final: a terra prometida aos descendentes de Abraão, terra que mana leite e mel. - Vamos descansar essa noite e amanhã continuamos. Acordam no segundo dia e prosseguem a jornada. Agora um pouco mais cansados e preocupados com o cuidado com o gado. Precisam de água para o rebanho e para beber. O calor do deserto incomoda um pouco mais que no primeiro dia. As crianças reclamam para as mães, estão sempre com sede, não há água que baste. Suas reservas estão acabando. Chega a noite do segundo dia, é hora de descansar! A esperança é encontrar água em breve. Cedo, bem cedo, partem eles no dia seguinte. Querem evitar um pouco do calor. Continuam sua caminhada. Já é o terceiro dia sem encontrar água. Agora suas reservas já se findaram. A satisfação do início da caminhada começa a dar lugar à impaciência e à dúvida: - Será que vamos morrer de sede? Mas, ao final deste dia, que maravilha, chegam a Mara. Ali encontram água. Problema resolvido! Mas, nem deu tempo de comemorar, logo se ouve alguém reclamar: Credo, que coisa ruim! Essa água não serve para beber, está amarga! As caras feias começam a reaparecer. Os comentários negativos são inevitáveis: - Quem manda acreditar que esse Moisés pode resolver tudo quanto é problema! Bem feito pra nós! A reclamação vai aumentando, e o que era um comentário individual torna-se agora uma queixa coletiva. Reclamam contra Moisés, seu líder, mas, na verdade, estão reclamando, murmurando contra Deus, pois Moisés guiava por ordens de Deus. A incredulidade de Israel vem à tona novamente, porque o povo só sabe murmurar. Israel não confia plenamente no Senhor! Esperança frustrada! Tudo que tinham visto Deus fazer no Egito foi esquecido. Não lembram mais do milagre da travessia do mar. Esquecem o cântico de poucos dias atrás. Começa o cântico mais tocado no deserto durante quarenta anos. É o melô da murmuração! Israel não confia plenamente no Senhor! Frase de transição: Eu olho para essa história e um misto de raiva e vergonha toma conta de mim! Primeiro a raiva, por ver um povo tão incrédulo. Mas, em seguida, vem a vergonha, porque assim também acontece comigo, conosco, povo de Deus hoje.
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Página 2 - Nós não confiamos plenamente no Senhor!
Uma família de tartarugas decidiu fazer um piquenique. Levaram um dia para preparar o lanche, um dia para chegar ao local escolhido e um dia para ajeitar o local. Quando iam começar a comer, descobriram que não haviam levado o sal. Após longa discussão, a tartaruga mais nova foi escolhida para voltar em casa e pegar o sal, pois era a mais rápida de todas. Ela lamentou, chorou, e esperneou, mas não teve jeito; finalmente concordou em ir, mas com uma condição: que ninguém comeria até que ela retornasse. Todos concordaram com sua condição e a pequena tartaruga saiu. Cinco dias se passaram e a pequena tartaruga não tinha retornado. Ninguém mais aguentava de fome e resolveram comer. Nesta hora, a pequena tartaruga saiu de trás de uma árvore e gritou: - Viu! Eu sabia que vocês não iam me esperar. Agora que eu não vou mesmo buscar o sal.
Parece engraçado, mas nós também agimos assim para com Deus! Da mesma forma que a tartaruga desconfiou da promessa de sua família, nós desconfiamos da capacidade de Deus de cumprir suas promessas. Um dia todos nós aqui também saímos da escravidão do pecado representada pelo Egito. Fomos libertos de forma poderosa por Deus e iniciamos uma nova caminhada em nossa vida. Uma caminhada cheia de esperança e de alegria. Até cantamos que nada poderia nos separar do amor de Deus! Caminhamos um dia, dois dias, três dias. Cada um sabe a direção que Deus lhe deu para seguir. Com certeza você teria coisas maravilhosas para contar dos primeiros dias de caminhada rumo à vontade de Deus. Mas, assim como os israelitas no caminho do deserto passaram por dificuldades, nossa caminhada de fé também está repleta de desafios e obstáculos. Não é incomum vermos o desânimo e o cansaço tomarem conta de nossas vidas. E o que fazemos? Murmuramos, pois afinal de contas nós não confiamos plenamente no Senhor! Não confiamos, de verdade, que Deus está no controle! O próprio seminário é um bom exemplo. Chegamos aqui cheios de vontade, de esperanças, de sonhos; convictos do chamado de Deus. Caminhamos como aquele povo no início de sua jornada. Nossas conversas eram sempre muito empolgadas. Nada podia desviar nosso foco da vontade de Deus para nossas vidas. Mas aí o tempo vai passando, a gente não encontra água, ou ela é um pouco amarga. As dificuldades vão aparecendo, as dúvidas, enfim, logo estamos reclamando, murmurando, parados em frente à fonte, sem dela poder beber, porque, aos nossos olhos, nada pode mudar nossa realidade. Ao invés de clamar, nós só sabemos murmurar! Não conseguimos confiar plenamente no Senhor. Quantas pessoas você conhece que também corriam com perseverança e agora se encontram paradas, murmurando, porque sua situação parece sem solução? Vamos além: quantas já não pensaram em voltar atrás? Será que não era melhor aquela vida no Egito? Deus nos faz um monte de promessas, mas parece que nunca vai cumprir... Não conseguimos lembrar o que Ele já realizou. Esquecemos de todo o cuidado anterior, porque nós só sabemos murmurar!
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Talvez o seu coração hoje se encontre assim: sedento, necessitado do agir sobrenatural, mas você não consegue fazer nada diferente do que fez o povo no deserto em Mara. Talvez sua canção hoje seja a mesma: murmuração! Porque, frente às dificuldades, nós não confiamos plenamente no Senhor! Qualquer dificuldade é motivo de queixa. Muita prova? Murmuramos! Muitos trabalhos? Murmuramos! Longe de casa? Murmuramos! Não clamamos a quem pode nos responder. Não conseguimos enxergar propósitos de Deus nessas situações. E olha que nossa doutrina é pautada na Soberania de Deus. Mas, na verdade, parece que queremos convencer os outros de algo em que nós mesmos não acreditamos muito, porque, frente às dificuldades, nós não confiamos plenamente no Senhor! Ao invés dos louvores do início da caminhada, murmuração! Não conseguimos pegar carona no carrinho de mão de Deus! Frase de transição: Cansados, sedentos e talvez sem esperança. E agora, terceiro ano? E agora, Moisés? Página 3 - Deus sustém o povo de Israel!
Deus mandou guiar e liderar esse povo, tirando-o do Egito para levá-los à terra da promessa. Já tinha sido difícil enfrentar Faraó. E atravessar o mar Vermelho, então? Parecia algo impossível! E era, mas Deus fez o milagre, pois queria mostrar para seu povo que Ele os acompanharia e sustentaria em todo o caminho! E é para esse Deus que Moisés apela. Não tinha outro jeito. “Após nove dias de caminhada, a água contida nos odres se acabou, e a morte por desidratação tornou- se uma ameaça imediata.” (Bíblia de Estudo de Genebra, 1999, p. 97) Moisés demonstra sua total dependência e confiança em Deus. Enquanto o povo murmura, Moisés faz a coisa certa: recorre ao Senhor! Moisés sabe que é Deus quem sustém Israel. Moisés curva-se diante de Deus e faz a sua oração. Deus, que não havia se esquecido do seu povo, responde seu servo. Ao término de sua oração, Moisés ergue sua cabeça, abre seus olhos e Deus lhe mostra uma árvore. Moisés vai em direção ao arbusto arranca-o imediatamente e lança-o na água. Deus mostra, Moisés obedece e a água é curada, torna-se doce. Agora o povo pode beber da água e saciar sua sede. É do verbo mostrar (no hebraico) que deriva o termo geral usado para Lei de Deus (toráh). A Palavra de Deus instrui Israel, enquanto Ele os guia e preserva. Deus quer mostrar para Israel que Ele estará presente na caminhada para sustentá-los, pois Deus sustém o povo de Israel. Pouco depois, os Israelitas receberiam os mandamentos e estatutos de Deus. Deus usa esse episódio para ensinar seu povo que podem confiar na Sua palavra, pois Deus é fiel e anda com seu povo. Deus transforma a água amarga em doce, revelando seu cuidado e sua presença. Deus sustenta seu povo. Foi Deus quem decidiu libertar Israel. Se eles confiarem Nele e nos seus mandamentos e estatutos, Ele os conduzirá, não sem provas ou dificuldades, mas com a certeza de seu cuidado e de que chegarão à terra que o Senhor prometeu. Israel pode confiar que Deus os conduzirá seguros no carrinho de mão! Para tanto, é necessário segui-lo, pois Deus sustém o povo de Israel.
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O Deus libertador é também O Deus sustentador que se apresenta, agora, como o SENHOR que sara (restaura). Apesar da incredulidade do povo, o Senhor confirma sua presença e cuidado, sarando as águas de Mara e dando refrigério ao seu povo, que morreria no deserto, se não fosse a ação providencial de Deus. Assim como as águas curadas em Mara trouxeram refrigério ao povo de Deus, manifestando seu amor e sustento, a morte de Cristo trouxe refrigério e revelou a providência de Deus de modo pleno. Deus tem poder para sarar não só a água, mas também é o Jeová Rafá que quis curar o seu povo do “dano infligido pelo pecado” (Bíblia de Estudo de Genebra, 1999, p. 97). Por meio de Jesus, as nossas pisaduras foram saradas. Ele, Jesus, é o cumprimento da profecia que lemos em Isaías 53.5: “Mas ele foi transpassado pelas nossas iniqui dades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.” O próprio apóstolo Pedro nos confirma isto em I Pedro 2.24: “[...] carregando ele mesmo [Cristo] em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados.” Frase de transição: A Sua providência, porém, vai além do ato da salvação. Ela é presente também na nossa caminhada. “Deus cuida da igreja e tudo dispõe para o bem dela”. (Símbolos de fé, p. 37) Página 4 - Deus sustém os eleitos!
Certo homem saiu em uma viagem de avião. Era um homem temente a Deus, e sabia que Deus o protegeria. Durante a viagem, quando sobrevoavam o mar, um dos motores falhou e o piloto teve que fazer um pouso forçado no oceano. Quase todos morreram, mas o homem conseguiu agarrar-se a alguma coisa que o conservasse em cima da água. Ficou boiando à deriva durante muito tempo até que chegou a uma ilha não habitada. Ao chegar à praia, cansado, porém vivo, agradeceu a Deus por este livramento maravilhoso da morte. Ele conseguiu se alimentar de peixes e ervas. Conseguiu derrubar algumas árvores e, com muito esforço, conseguiu construir uma casinha para ele. Não era bem uma casa, mas um abrigo tosco, com paus e folhas. Porém significava proteção. Ele ficou todo satisfeito e mais uma vez agradeceu a Deus, porque agora podia dormir sem medo dos animais selvagens que pudessem existir na ilha. Um dia ele estava pescando e, quando terminou, havia apanhado muitos peixes. Assim, com comida abundante, estava satisfeito com o resultado da pesca. Porém, ao voltar-se na direção de sua casa, tamanha não foi sua decepção, ao ver a casa toda incendiada. Ele sentou-se em uma pedra, chorando e dizendo em prantos: - "Deus! Como é que o Senhor podia deixar isto acontecer comigo? O Senhor sabe que eu preciso muito desta casa para poder me abrigar e o Senhor deixou a casa se queimar todinha? Deus, o Senhor pode me mostrar o porquê?" Neste mesmo momento, uma mão pousou no seu ombro e ele ouviu uma voz dizendo: -"Vamos, rapaz?" 20
Ele se virou para ver quem estava falando com ele, e grande foi a sua surpresa quando viu em sua frente um marinheiro todo fardado e dizendo: - "Vamos, rapaz, nós viemos te buscar." - "Mas, como é possível? Como vocês souberam que eu estava aqui?" - "Ora, amigo! Vimos os seus sinais de fumaça pedindo socorro. O capitão ordenou que o navio parasse e me mandou vir lhe buscar naquele barco ali adiante." Os dois entraram no barco e assim o homem foi para o navio que o levaria em segurança de volta para seu lar. Às vezes é muito difícil aceitar, mas é assim mesmo. Podemos crer e confiar, pois Deus sustém os eleitos! Mesmo quando tudo parece perdido aos nossos olhos, o nosso Deus continua no controle da história de nossas vidas. Ele é o bom Mestre. O bom Mestre é aquele que caminha com seus discípulos. Nós fomos chamados por Deus ao discipulado. Assim como Deus deu estatutos e ordenanças ao povo de Israel no deserto, Ele também deixou sua Palavra para nos guiar. Ele veio ao mundo para nos dar o exemplo. E que exemplo Cristo nos deu de confiança na providência do Pai! Tinha muitos motivos para desconfiar e desistir! No entanto, chegou até a cruz e ressuscitou, porque confiou na vontade do Pai. Não bastasse tudo isso, ainda prometeu que estaria conosco até o fim: “E eis que estou convosco até a consumação do século.” (Mt 28.20b) Esse ainda é o mesmo Deus que caminhou com seu povo no deserto. Ele está aqui junto de nós para andar conosco, ou melhor, para que nós andemos com Ele. Deus, ainda hoje, sustém os eleitos! Mesmo que pareça um caminho confuso, ou muito difícil aos olhos humanos, eu e você temos a segurança da presença e provisão do Senhor que nos chamou e promete andar conosco e nos sustentar. Ele nos sustém com conforto, quando perdemos alguém muito querido; Ele nos sustém com o alimento, com roupas, com livros. Têm também os amigos que nos ouvem e aconselham. E, se quiséssemos, passaríamos todo o dia elencando tudo que Ele nos dá. E mesmo quando não recebemos o esperado, Deus está agindo para o nosso bem! Deus sustém os eleitos! E podemos lembrar a coisa mais importante que Deus já nos deu: a segurança da vida eterna, da terra prometida que encontraremos no fim desta caminhada.
Conclusão Ele nos deixou o mapa (a Bíblia), nos deu o exemplo (Cristo) e continua ao nosso lado (Espírito Santo). Não precisamos temer! Podemos parar de murmurar, entrar no carrinho de mão e deixar Deus nos conduzir! Amém.
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3 O SENHOR ENSINA A SEUS SACERDOTES O VALOR DA SUA SANTIDADE Alex Aparecido de Paula Levítico 10.1-7 Introdução A manhã de domingo do dia sete de Dezembro de 1941 estava ensolarada. A maioria das pessoas ainda dormindo próximo das 8hrs da manhã quando de repente o barulho de fortes explosões começou a ser ouvido e um fogo gigantesco brotou com o raiar daquele dia na base da marinha americana de Pearl Harbor no Havaí. O despertador das pessoas naquele dia foi um ataque fulminante, repentino e devastador realizado pelo exército japonês. O sol deu lugar à sombra feita por centenas de aviões japoneses que descarregavam seu fogo naquele lugar. Formou-se no horizonte uma densa coluna de fumaça. Os navios americanos foram destroçados. Milhares de norte americanos foram esmagados sem chance de reação. Grandes foram as perdas e a dor, maior ainda. Naquele dia os americanos foram pegos de surpresa por um ataque rápido, destruidor e mortal sem nenhuma chance de reação! Frase de transição: Surpreendente, destruidor, fulminante e mortal também foi o ataque de Yahweh contra Nadabe e Abiú quando ofenderam a santidade divina. Página 1 - Nadabe e Abiú banalizam a santidade do Senhor.
O gongo já havia sido soado antes do acontecido com Nadabe e Abiú e, como em uma luta de boxe, Yahweh nocauteou o Egito em meio a uma série de golpes sobrenaturais conhecidos por nós como as dez pragas do Egito. Deus tendo como porta voz Moisés e Arão esmagou o Egito e o seu Senhor faraó, libertando Israel da escravidão de 430 anos em uma terra estrangeira. (Êx 3. 20) Durante essa escravidão, ano após ano Israel se afastou do Senhor. Estavam contaminados com a sujeira dos costumes sociais e religiosos do Egito. Presenciavam o povo e os sacerdotes do Egito cultuando a diversos deuses e com isso, a noção do Deus Santo de Abraão, Isaac e Jacó diminuía para Israel. Nomes como o da deusa do amor “Hathor” e do deus escondido “Amon” ainda estavam nos pensamentos de Israel. Distante de um único Deus, Israel perdia sua reverência para com Senhor, mas agora Senhor, o Deus verdadeiro buscava novamente Israel. Israel agora estava livre do Egito, mas ainda era escravo no coração e na mente. Agora o próprio Deus do sobrenatural andava com eles, supria suas necessidades e
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morava entre eles. Mas como o Senhor sendo Santo poderia estar próximo daquele povo sem que o contato com sua santidade os matassem? Yahweh age através de Moisés e dá leis ao povo acampado aos pés do monte Sinai (Êx 19.1). Essas leis tornariam possível que o povo separado para Deus vivesse com a presença do Senhor entre eles. O plano de Deus incluía mediadores. O Senhor, além de Moisés e Arão, escolhe Nadabe e Abiú, Eleazar e Itamar, filhos de Arão, para dar o importante dom do sacerdócio (Nm 18.7) e serem esses mediadores. A família de Arão ganhava a responsabilidade de auxiliar a nação no cumprimento das leis e dos rituais sagrados, dados por Deus. O Senhor se envolvia e formava Israel, porém muitos, inclusive Nadabe e Abiú banalizavam a santidade do Senhor. Esses homens receberam o privilégio de ver a glória do Senhor se manifestar (Lv 9.6) e Deus exaltá-los como líderes na frente de todo o seu povo. Foram lavados demonstrando a purificação. O fogo da glória do Senhor os aceitou como escolhidos aos olhos do povo. Foram escolhidos como professores do povo de Israel, aqueles que dariam o mais correto exemplo ao povo em relação ao cumprimento das leis, mas pouco a pouco, Nadabe e Abiú foram se descuidando, perdendo a noção da santidade do Senhor, banalizando a santidade do Senhor. O Senhor preparou as vestes dos seus sacerdotes para simbolizar a presença da justiça de Deus naquele lugar. Foram ungidos com azeite e sangue do altar dando a eles poder. Concordaram em servir ao Senhor, mas mesmo com tudo isso, Nadabe e Abiú banalizavam a santidade do Senhor em seus corações. Até que um dia, o mesmo fogo que se revelou a Moisés na sarça, que um dia se manifestou no monte Sinai, que pouco tempo antes tinha consumido o sacrifício oferecido pelos pecados de Arão e de todo o povo causando júbilo, saiu do altar de Deus e de forma fulminante e mortal, atacou e consumiu Nadabe e Abiú quando ofereceram a Deus outro fogo que não o fogo santo do altar do Senhor. Nadabe e Abiú banalizaram a santidade do Senhor. Não tiveram chance de reação. Nadabe e Abiú tendo o contato com a santidade de Deus mostraram grandiosa falta de reverência diante da santidade de Deus fazendo o que Yahweh não mandou. Nadabe e Abiú banalizaram a santidade do Senhor e a reação do Senhor foi imediata. Deus os consumiu de forma fulminante, pois sua santidade foi ofendida. Talvez sua escolha e sua proximidade com a santidade do Senhor diariamente tenha feito com que os dois perdessem a noção do sagrado e de que eram pecadores, não dignos da santidade de Deus. O fogo que expressa o poder e a glória do Senhor exerceu forma de Juízo consumindo Nadabe e Abiú. Da mesma forma que os sacerdotes entraram em júbilo com o fogo do Senhor consumindo o holocausto (Lv 9. 24), também presenciaram o fogo de Deus exercendo juízo sobre os que banalizaram a sua santidade. Frase de transição: Hoje, do mesmo modo Deus é zeloso com sua santidade, mas da mesma forma como Nadabe e Abiú, grande parte dos ministros de hoje banalizam a santidade de Deus. Página 2 - Hoje banalizamos a santidade de Deus.
No site Youtube encontramos um vídeo, no qual o principal personagem é um expastor de certa denominação pentecostal que abandonou aquele ministério e resolveu dar 23
algumas “aulinhas” demonstrativas na internet a respeito de como conseguir ganhar o dinheiro dos ingênuos fiéis. O ex-pastor explica cada detalhe que foi ensinado a ele pelos professores da IURD. O rapaz demonstra a forma correta de questionar o membro sobre suas dificuldades financeiras, seus problemas familiares, etc. Ele faz uma demonstração do apelo que ele fazia na igreja usando de mentiras mescladas a partes da Bíblia para levar o povo a entregar tudo o que tinha no bolso para eles. Chorava e se jogava no chão, urrava o nome de Jesus, mostrando que a banalização da santidade de Deus ainda existe hoje no meio evangélico. O rapaz, no final do vídeo, ainda se recusou a responder a algumas perguntas que foram feitas a ele, tamanha a banalização que era feita pelos ministros daquela denominação que banalizam e brincam com a santidade de Deus. Muitos ministros hoje ainda têm o coração carregado das imundícies não do Egito, mas do mundo e banalizam a santidade de Deus por causa disso. O mundo significa para nós tudo que está fora do padrão de Deus, mas mesmo assim, nós ministros ainda estamos acorrentados interiormente a essas coisas. Mesmo que bem longe de sermos parecidos com pastores de denominações que existem por aí, hoje banalizamos a santidade de Deus em muitos passos que damos. Às vezes com o passar do tempo perdemos a noção do que é realmente sagrado para Deus. Acostumamo-nos com o ministério e banalizamos o pastorado, banalizamos o cuidado com nossa vida espiritual, banalizamos nosso testemunho, nossas palavras. Não respeitamos mais a vida dos que estão a nossa volta e, de repente, achamos que podemos entrar na presença de Deus e fazer qualquer coisa. Oferecer fogo profano para Deus, como Nadabe e Abiú no passado. Achamos que podemos falar a nossa palavra no púlpito e não a de Deus. Começamos a aplicar na casa de Deus os nossos padrões, não os de Deus. Oramos de qualquer jeito, falamos com Deus sem reverência, sem temor. Tratamos Deus como um ser comum. Não estamos falando aqui de cerimonialismo, mas sim de respeito com a santidade de Deus. Subimos ao púlpito sem nos consagrar, sem nos preparar. Será que esquecemos de que é possível colher resultados mortais e explosivos em nossa vida também se banalizarmos a santidade de Deus? Não percebemos que se banalizarmos a santidade de Deus hoje, Ele tira de nós nossa autoridade espiritual. Ao invés de derramar seu fogo em nós, Ele tira. Deus nos separou para andarmos com ele, para nos relacionarmos com ele e para oferecermos a Ele o que temos de melhor. Ele nos escolheu, mas com o passar do tempo isso inchou nosso ego e começamos a banalizar sua santidade. Colocamos um rótulo de seminarista, de reverendo, pastor, ministro do sagrado ministério, mas quando estamos sozinhos esquecemos que Deus está nos vendo e injetamos em nossas veias a substância do pecado. Perdemos o senso de pecado. Começamos a participar de conversas sujas, dar atenção a piadas pornográficas. Em nossas bocas temos piadas com partes da sagrada Escritura. Falamos contra os irmãos da fé, fazemos julgamentos com dois pesos e duas medidas; esse é nosso critério de justiça: banalizamos Deus. Nada disso faz parte da santidade de Deus e nem da santidade que ele quer para a vida dos ministros que Ele escolheu que somos nós. Hoje banalizamos a santidade de Deus. O mundo ainda está forte no nosso coração e em nossa mente. Deus tem se enojado da oferta de muitos dos seus ministros. O desrespeito para com a Palavra de Deus tem partido de nós que teríamos de dar o exemplo maior, porque 24
hoje, nós é que somos representantes de Deus para o povo. Mesmo não tendo uma placa escrita “santidade ao Senhor” em nossa testa, como os sacerdotes antigos, esta é a forma que as pessoas olham para nós. Muitos de nós temos agido da mesma forma que Nadabe e Abiú. Achamos que podemos dar um “tapinha” nas costas de Deus e dizer: “e aí cara, tô pensando em te adorar hoje, vamo néssa?”. Nós hoje temos banalizado a santidade de Deus . Precisamos voltar a ter noção da pureza e da santidade de Deus e dar valor a nossa eleição, aplicar isso em nossa vida, fazer jus a nossa escolha e refletir a benção de Deus que está sobre nós como ministros da Palavra. A nossa eleição deve refletir o que é Deus em nossa vida para que os outros glorifiquem a santidade desse Deus. Esse é o papel para qual fomos chamados: para estar no meio do povo. Representantes de Deus no meio do povo de hoje, essa é a nossa missão. Frase de transição: Mas o Senhor é um Deus amoroso! Mesmo Nadabe e Abiú banalizando a santidade de Deus, a misericórdia e a graça do Senhor ainda prevalecem sobre o castigo na vida dos demais sacerdotes no tempo de Levítico. Página 3 - O Senhor ensina a seus sacerdotes o valor da sua santidade.
A morte de Nadabe e Abiú serviu de exemplo para os demais sacerdotes. O Senhor não estava brincando quando os consagrou e determinou purificação em sua presença. Aquele momento de dor para Arão e seus outros filhos, sendo até mesmo proibidos de expressar seus sentimentos em relação à morte de Nadabe e Abiú mostrava a eles a grande misericórdia de Yahweh para com eles ainda os deixando vivos e como sacerdotes. Arão sabia disso e se calou. O Senhor começa a ensinar a seus sacerdotes o valor da sua santidade. O Senhor mostra a sua misericórdia e amor e mantém a aliança com Israel ainda firmada, pois nada pega Deus de surpresa! Ele sabia que os homens eram falhos e que jamais os sacerdotes conseguiriam honrar totalmente o compromisso com a santidade do Senhor. A morte de Nadabe e Abiú foi o exercício do juízo do Senhor, mas derramada também foi a maravilhosa graça de Deus sobre Israel. Se aquele pecado ficasse sem punição poderia levar muitos outros a pecarem contra Deus e o povo iria ser consumido por completo, pois Deus não permitiria tamanha ofensa, então o Senhor exerce juízo e ensina aos sacerdotes o valor da sua santidade. Israel foi separado para ser uma nação santa (Êx 19. 5-6) e o Senhor cumpriria esse propósito. Tanto sacerdotes quanto todo o povo entenderiam que nenhum deles seria capaz de cumprir e respeitar a santidade de Deus plenamente, mas descobririam através do perdão e do amor, a grandeza da santidade do Senhor. Aqueles que serviriam de exemplo de uma conduta santa em vida, serviram também de exemplo com sua morte. Morte que também seria exigida quando o propósito maior de Yahweh viesse a se cumprir. (Início movimento Cristocêntrico.)
Um sacerdote viria de uma ordem não corrompida pelo pecado (Hb 6. 20) e apareceria em tempo futuro cumprindo assim o único e verdadeiro sacrifício pelo povo (Hb 9. 27-28). O messias, “O ungido” viria e libertaria o povo realmente da escravidão do pecado, fazendo jus à santidade de Deus. O Senhor ensinaria a seus sacerdotes o valor da sua santidade. 25
O Senhor proveria um sacerdote que não precisaria se purificar, pois o poder do pecado não estava sobre ele. O ungido viria cumprir o que era para cada sacerdote de Israel ter cumprido e cumpriria de forma plena e suficiente. O sangue dele seria o mais valioso (Hb 9.14). O Senhor demonstrou e construiu naquele povo a noção de que teriam que depender somente do Senhor para que tivessem vida. Até mesmo os professores, os sacerdotes escolhidos dependiam somente de Deus. O Senhor ensina a seus sacerdotes o valor da sua santidade. Tudo isso é parte do plano eterno de Deus. Isso é prova da graça de Deus que estava provendo a eles a dependência em um Deus que jamais falharia. Um Deus presente, Santo, puro e soberano, o qual, nenhum homem poderia ser comparado e que derramava sobre aquela nação de sacerdotes sua infinita misericórdia e graça permitindo ainda que aprendessem com Ele e, principalmente, que ainda estivessem com vida para desfrutarem da aliança firmada pelo Senhor. O Senhor ensina a seus sacerdotes o valor da sua santidade. O Senhor iria prover como proveu para Abraão prestes a sacrificar Isaac, um cordeiro, o qual trocaria de lugar com o pecador para que não morresse. (Gn 22. 13) Cada sacrifício realizado em Israel sinalizou para a graça de Deus. O Senhor continuou a viver no meio do povo e por amor daria seu filho por eles. A salvação não viria por meio daqueles sacerdotes, mas por meio do sumo sacerdote da ordem não corrompida de Melquisedeque, o Deus filho, Jesus, O Cristo que viria à terra para salvar o povo escolhido de Deus. O cordeiro sem defeito, o “Agnus Dei” que sent iria as frias pontas dos cravos entrando em sua pele, Ele, iria até o fim para ensinar o valor da santidade do Senhor. Cordeiro que livraria sacerdotes e o povo das garras do pecado e faria expiação por todos eles no futuro. O Senhor ensina a seus sacerdotes o valor da sua santidade. Frase de transição: Hoje os ensinamentos de Deus continuam e Jesus é o ensinamento da santidade de Deus para seus ministros. Página 4 - Hoje Jesus ensina a seus ministros o valor da santidade de Deus.
No dia 5 de Agosto do ano passado, nós ficamos sabendo do soterramento que deixou 33 mineiros presos em uma mina no Chile. Aqueles homens já estavam acostumados a fazer escavações e aquele tipo de serviço. Estavam sempre em contato com o grandioso poder da natureza, mas muitos não tinham noção dessa grandeza, nem desse poder. De repente esse poder maior agiu sobre eles e setenta dias de escuridão chegaram naquelas vidas. Por um grande período, o medo, a tristeza, a incerteza tomou conta daqueles corações. Estavam tão próximos de dias de sol, de luz, de liberdade, de vida, mas bloqueados por setecentos metros de escuridão, sem nada poder fazer. Porém, um dia a luz rompeu as trevas, a luz retornou. Primeiro provaram da luz aos pouquinhos, por uma pequena abertura onde lhes davam alimentos e remédios, mas que já sinalizava que uma luz maior viria no futuro. Aqueles homens se agarraram naquela esperança até que um dia a luz maior chegou para livrá-los da escuridão. O resgate aconteceu, mas porque um poder ainda maior do que aquele que os aprisionou na escuridão já tinha decretado vida para todos os mineradores. Raça eleita! Um dia a luz chegou para nós e mesmo que um dia a escuridão fizesse parte de nossa vida, hoje, aquilo que era escuro ficou claro. Aquilo que era confuso foi 26
explicado, as trevas deram lugar a Luz, aquilo que estava escondido (Lv 21. 23) foi descoberto (Hb 6. 19-20), Cristo veio e nos libertou. O Senhor nos convida a louvá-lo por não termos recebido a morte eterna. Cristo nos escolheu para exercermos o sagrado ministério. Jesus, o mais perfeito sacrifício, o conquistador da nossa vida é quem proporcionou isso a nós. Ele é a manifestação da graça de Deus desde a eternidade e hoje ensina o valor da santidade de Deus. Hoje ainda há tempo para fazermos o que agrada a Deus. Podemos ter acesso ao Pai por causa de Jesus que fez com que o véu que nos separava de Deus fosse rasgado e entrássemos em contato com o Senhor (Mt 27.51). Temos que valorizar isso. Hoje Jesus ensina a seus ministros o valor da santidade de Deus. Devemos levar a sério nossa tarefa de preservar a imagem da santidade de Deus em nós. Somos ministros imperfeitos também, erramos com Deus, mas Cristo é o nosso professor. Cristo evitou sermos consumidos pelo fogo de Deus. Hoje podemos ver mais claro do que em Levítico. Temos que saber que somos pecadores, mas, não nos acomodarmos com o pecado. Buscar santidade olhando para o exemplo de Cristo e fazer as pessoas olharem para Cristo também através da nossa vida. Hoje Jesus ensina a seus ministros o valor da santidade de Deus. O evangelho de Jesus nos dá o norte. Como Paulo entendeu e um dia escreveu ao jovem pastor Timóteo dizendo: “Torna-te padrão dos fiéis na palavra, no procedimento, na fé, no amor e na pureza”, esse é o nosso papel como sacerdotes de hoje. Levar a mensagem da cruz para as pessoas, a mensagem do cumprimento de todas as etapas do sacrifício cumpridas por Jesus. Precisamos buscar a santidade em nossas vidas e com isso motivar as pessoas a buscarem a santidade em suas vidas também. Valorizemos através do sacrifício de amor de Jesus a santidade de Deus. Jesus ensina a seus ministros o valor da santidade de Deus , como ensinou Willian Booth, criador do exército da salvação. Quando questionado por alguém sobre o segredo de seu sucesso, respondeu tirando u m lenço do bolso: “Meu segredo é chorar aos pés de Cristo”. Jesus pegou a desgraça do homem e devolveu-lhe graça, algo imerecido. O sangue de Cristo comprou a oportunidade de atuarmos hoje como ministros no meio do povo de Deus. Somos falhos, mas nós, sacerdotes de hoje, também temos a nossa esperança em nosso sumo sacerdote que é Cristo, o filho de Deus. É aos pés de Cristo que encontramos o perdão dos nossos pecados e a maneira certa de viver, pois Jesus ensina a seus ministros o valor da santidade de Deus.
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4 DEUS CONFIRMA A LIDERANÇA DE MOISÉS Daniel Porto Sellis Números 12.1-16 Página 1 - Miriã e Arão se rebelam contra a liderança de Moisés .
A história nos conta que em quatro de Novembro de 1970, Salvador Allende assume a presidência do Chile. Tornando-se o primeiro presidente socialista eleito de forma democrática na América Latina. O governo de Allende foi marcado por muitas dificuldades. Após várias intervenções dos Estados Unidos, a economia chilena começou a entrar em colapso. Com isso, a insatisfação popular crescia a cada dia com o avanço do desemprego e com a falta de produtos básicos nas prateleiras causados pelo embargo comercial dos EUA e a inflação que já chegava ao marco de 380%. Apesar disso, o presidente tinha grande força política, principalmente por causa do apoio das forças armadas lideradas pelo general constitucionalista Carlos Prats, o qual se negava a participar de qualquer golpe militar. Quando Prats se viu obrigado a renunciar do cargo, o então presidente Allende sente o momento delicado pelo qual passava. Quem ficaria à frente das forças armadas no lugar do tão fiel Carlos Prats? Salvador Allende escolhe então um dos seus grandes e mais fiéis aliados, o general Augusto Pinochet, um líder aparentemente visto como apolítico e contrário aos golpes militares. Assim, no dia vinte e cinco de Agosto de 1973, Pinochet assume as forças armadas chilenas. No entanto, apenas dezoito dias depois, no dia onze de Setembro daquele ano, Augusto Pinochet se rebela contra Allende e lidera o exército em um golpe militar sangrento e decisivo, ao Palácio de La Moneda, matando o Presidente e implantando assim uma ditadura que duraria dezessete anos. A confiança de Salvador Allende era tão grande em seu general Pinochet que ao saber do levante militar, o presidente diz: “Chamem Augusto, ele é um dos nossos”. A insatisfação popular aliada à rebelião de um líder derrubou Salvador Allende. Isso porque, muitas vezes o inimigo está mais próximo do que se imagina. Semelhantemente entre as poeiras do deserto, cabisbaixo, vê-se o líder Moises que parecia tomar o mesmo rumo de Allende. A insatisfação do povo israelita era evidente. Após terem saído da escravidão no Egito, peregrinaram cerca de três meses até chegarem ao monte Sinai. Lá permaneceram por aproximadamente um ano, entretanto este não era o pior momento da viagem. As condições climáticas e geográficas da região do Sinai eram muito confortáveis, comparada 28
às condições do deserto aberto. No dia vinte do segundo mês, no segundo ano de peregrinação, a nuvem do Senhor se levanta e eles partem em direção ao deserto de Parã. Não demora muito para que os efeitos do deserto, a areia escaldante, a escassez de água, o forte sol, o alimento repetitivo, começasse a surtir um efeito negativo entre o povo, e assim houvesse reclamações. Como uma criança que não consegue analisar “o todo”, mas só sabe lamentar pelo doce perdido, o povo começava a reclamar. O “misto de gente” que saiu junto com os israelitas do Egito, também se torna problema para Moisés, pois eles influenciam o povo a reclamar pela falta de variedade na alimentação. Moisés, em um momento de claro esgotamento, chega diante de Deus e demonstra todo o seu cansaço e fatiga, pela grande responsabilidade de levar um povo muito numeroso e não menos indisciplinado. Neste cenário negativo Moisés poderia pensar em contar com seus auxiliares na liderança, Miriã e Arão, seus irmãos mais velhos. Miriã, a mais velha dos três, uma profetisa, referência para as mulheres do acampamento. Arão, diferente de Moisés, era um homem eloquente, levantado por Deus para liderar todo o culto e o serviço no Tabernáculo. Certamente Moisés tinha neles suporte para enfrentar as reclamações vindas do povo. Entretanto, os suportes se transformam em suportados. É como diria o ditado popular “o que está ruim, pode piorar”. Certa manhã, Miriã levanta da cama com um questionamento em sua mente: “porque Moisés na liderança?”, ouvindo também as reclamações do povo pela forma que Moisés estava liderando, e pelos problemas surgidos por ter escolhido aquele caminho, ela se pergunta: “Quem esse garoto pensa que é? Se não fosse por mim ele nem estaria vivo! Deus também me usa, já liderei as mulheres, sou considerada como profetisa entre todos”. A rebeldia causada pela inveja começa a tomar conta do coração de Miriã, de forma que ela não consegue mais se calar e guardar sua revolta para si. Então, Miriã chama seu irmão Arão e começa a compartilhar suas crises e a sua dificuldade em ver Moisés como líder do povo e deles. Mas, ela não vai diret amente “ao ponto”. Primeiro, ela lança a discussão sobre o casamento de Moisés com uma mulher estrangeira. Até porque, quem é que desconhecia a proibição divina quanto ao casamento misto? No entanto, logo se percebe que a real questão não era essa. Arão por sua vez, não procura repreender sua irmã em sua rebeldia, ao contrário, ele se deixa ser influenciado por ela. Assim, Arão também começa a refletir sobre sua posição na liderança do povo. Os questionamentos em sua mente começam a “pipocar”. “Que atrevido esse Moisés! Perante Faraó eu que era a boca de Deus. Agora eu e minha família não passamos de meros serviçais dele”. E em uníssono eles declaram sua rebeldia contra a liderança de Moisés: “Será que Deus só fala com Moisés, também não tem falado através de nós?” Isso acontece porque Miriã e Arão se rebelam contra a liderança de Moisés . Página 2 - Ainda hoje muitos líderes se rebelam contra o líder escolhido por Deus.
Hoje, o cenário da insatisfação popular é bem parecido. A igreja não é muito diferente do povo de Israel, pois na maioria das vezes está insatisfeita com algo, seja a 29
pregação, a falta de visitação, a ausência do líder para aconselhamentos, os horários dos cultos, a rigidez ou a flexibilidade do líder. Enfim, a igreja geralmente não está plenamente satisfeita com o líder a ela destinado. A rebeldia na liderança também é evidente. Por um lado, podemos notar que muitos pastores e seminaristas são alvos dessa rebeldia. Não é tão difícil a encontrarmos. Basta se achegar a muitas “rodinhas” de presbíteros ou de diáconos, quem sabe de líderes de sociedades que passam longas horas “esquentando a orelha” de seus pastores e seminaristas colocados ali por Deus. Eles tem como intuito destruir sua liderança, porque muitos líderes se rebelam contra o líder escolhido por Deus. No entanto, devemos tomar a mesma postura de Moisés em relação à rebeldia da liderança, ou seja, sermos pacientes. Pois, o termo hebraico traduzido por “paciente”, tem por sentido aquele que não pensa em vangloriar-se procurando apenas os seus interesses, mas suportar com paciência as ofensas que lhe dirigem. Por outro lado, de alvo do problema também podemos ser parte do problema, pois muitos de nós, seminaristas, ao recebermos instrução teológica passamos a rebelar-nos contra nossos líderes, pastores e tutores. A condição de seminarista, muitas vezes, nos leva a prepotência de considerarmos o nosso conhecimento teológico mais eficaz e relevante que a prática pastoral dos nossos líderes. Pense comigo: “Você já observou que muitos seminaristas dizem ter soluções melhores para os problemas atuais de sua igreja, do que seus próprios pastores?” Porque muitos de nós se rebelam contra o líder escolhido por Deus Não quero dizer aqui, que não podemos analisar nossos líderes criticamente, ou até que não devamos ser analisados criticamente pelas pessoas. Entretanto, existe uma diferença muito grande do crítico para o rebelde. O crítico avalia e busca a melhoria da atual situação, e isso de forma comprometida através da reflexão, do diálogo e da oração junto ao seu líder. A rebeldia dos seminaristas, no entanto, se revela através de julgamentos, críticas e indiferença aos pastores que por muito tempo tem se dedicado ao ministério da Palavra. Antes, eles eram exemplo de homens a serem seguidos, servos de Deus tremendamente usados em tantos momentos de nossas vidas, quem sabe até não foram eles os instrumentos usados por Deus para nos transmitirem as “Boas Novas do Evangelho”. E agora, muitos de nós se rebelam contra esses servos escolhidos por Deus, pois nos consideramos melhores e mais capacitados do que eles. Ao invés disso, deveríamos ser líderes auxiliadores de nossos pastores, na árdua tarefa de guiar o povo de Deus. Intercedendo por eles, tratando-os com sinceridade, rebatendo as críticas maldosas que nos chegam. É necessário que fique claro em nossas mentes que devemos ser humildes para aceitarmos a Soberania de Deus, o qual escolhe os nossos líderes. Portanto, o que se deve observar pontualmente é que a rebeldia, seja ela de onde vier, é pecado abominável ao Senhor. O qual a perdoa, mas não poupa a consequência do pecado do rebelde. E isso acontece porque ainda hoje, muitos líderes se rebelam contra o líder escolhido por Deus 30
Página 3 - Deus confirma a liderança de Moisés.
Do deserto árido de Hazerote, vemos Moisés, cansado por conta da rebeldia do povo e principalmente pela rebeldia de seus líderes. O servo escolhido de Deus se vê numa crise ministerial. O abandono de seus auxiliares atinge o peito de Moisés como uma flecha levando-o para os bastidores da dor. E nesse momento, como que um trovão que estremece os céus, ouve-se a voz daquele que o chamou para liderar o povo escolhido de Deus. Deus não estava alheio àquela situação. Seus ouvidos estavam atentos, a cada palavra de rebeldia pronunciada contra seu servo amado. Imediatamente, Deus chama Moisés, Arão e Miriã para uma conversa na Tenda do Encontro. Ali, envolto por uma nuvem, Deus mostra que a liderança de Moisés não havia sido dada por homens, mas pelo próprio Deus. Isso porque Deus confirma a liderança de Moisés. Por um lado, Deus mostra sua graça confirmando pessoalmente a liderança de Moisés. Pois Deus começa a repreender Miriã e Arão em sua rebeldia, mostrando-lhes a posição privilegiada de seu fiel servo Moisés como o interventor entre Deus e seu povo, posição essa apenas suplantada pelo próprio Cristo. Deus ainda mostra que a sua revelação a Moisés era especial de forma clara, pessoal e ímpar na história de Israel. Então Deus pergunta a Miriã e a Arão: “Como não temeram criticar meu servo Moisés?” Isso porque é Deus quem confirma a liderança de Moisés. Por outro lado, a graça de Deus é expressa através de seu próprio servo Moisés. Após a repreensão, a ira do Senhor se acende, e Deus se retira. Arão, assustado com tudo o que ouviu se volta para sua irmã, e o que vê é algo assustador. Miriã está leprosa. Aquela que havia fomentado as críticas contra Moisés estava branca como a neve. Arão reconhece a liderança de Moisés e clama pela sua irmã. Neste momento, Deus derrama sua graça no coração de Moisés, de ofendido a abençoador e Moisés, num gesto de perdão e amor, clama pelos seus ofensores: “Ó Deus, por misericórdia, concede-lhe cura”. Deus ouve o clamor de seu servo, e promete a cura para Miriã, e concede a ela também um tempo de reflexão sobre a sua rebeldia. Porque Deus confirma a liderança de Moisés. A graça, ou seja, o favor imerecido de Deus fica evidente neste texto, como também em toda história de Moisés. De tal forma, que se olhássemos apenas para o Velho Testamento poderíamos ver em Moisés a grande expressão da graça de Deus. Obediente, fiel em toda a casa de Deus, mediador da Aliança, amigo de Deus. Mas, como bem nos alerta o escritor de Hebreus: “Portanto, santos irmãos, participantes do chamado celestial, fixem os seus pensamentos , apóstolo e sumo sacerdote que confessamos. Ele foi fiel àquele que o havia constituído, assim em Jesus como Moisés foi fiel em toda a casa de Deus. Jesus foi considerado digno de maior glória do que Moisés, da mesma forma que o construtor de uma casa tem mais honra do que a própria casa”.
Como Moisés, Jesus silenciou-se perante seus acusadores, confiou no Pai e perdoou seus inimigos. No entanto, como nos diz o escritor de Hebreus: “Jesus foi considerado digno de maior glória do que Moisés”.
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Enquanto Moisés era aquele que pede descanso, Jesus é aquele que convida para o descanso. Moisés era um servo da casa, Jesus é o filho da casa. Moisés ouvia a palavra de Deus e via a sua forma, Jesus, porém, é a Palavra e a forma de Deus. A rebeldia provinda da liderança não era novidade para Jesus. Ele mesmo a enfrentou por diversas vezes com a sua família, com os Fariseus, os Saduceus e Anciãos de sua época. Líderes que deveriam o reconhecer como Senhor, entretanto apenas se rebelavam para tentar derrubá-lo. Jesus foi fiel e obediente até a morte e morte de cruz, sofrendo calado e perdoando seus opressores, e mesmo nisso em que Jesus se fez igual a Moisés, Ele sobrepujou-o, pois enquanto Moisés reagia perante dois rebeldes, Jesus reagia perante uma Humanidade rebelde e distante Dele. “Por isso, Deus o exaltou e lhe deu o nome que está acima de todo Nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus na terra e debaixo da terra, e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai”.
Página 4 - Deus confirma a liderança do seu escolhido.
Certo Pastor, com apenas dois anos de ministério é enviado pelo Presbitério para pastorear uma igreja conhecida pelos seus problemas e divisões. Muitos pastores haviam encontrado diversas dificuldades nessa comunidade. Com esse novo pastor não foi diferente. Pois logo ao chegar à igreja ele encontra a resistência de um presbítero que o considera muito novo. Por isso, já na primeira oportunidade que tem o presbítero diz que o pastor não tinha competência para pastorear aquela igreja. Apesar disso, mesmo diante dessa rebeldia, Deus fortalece o coração daquele jovem pastor, e o capacita para aquela obra, confirmando a todos a sua liderança. Mesmo vendo a ação de Deus sobre o jovem pastor, o presbítero continuava rebelde. Por vezes, evitava cumprimentar o pastor quando o mesmo ia até o seu estabelecimento comercial. Durante os quatro anos de seu pastorado este pastor sofreu em silêncio com a rebeldia do presbítero, que sempre o ignorava e o contrariava. Ao final do excelente mandato, Deus envia o jovem pastor para outra igreja. Após a sua saída, dois outros pastores passam por aquela igreja. Um consegue exercer um ministério abençoado, que durou cinco anos, contudo outro pastor exerce um péssimo pastorado de apenas dois anos, porém o suficiente para bagunçar toda a igreja novamente. Com isso, o conselho da igreja se vê na necessidade de buscar outro pastor. Após a indicação de um dos presbíteros, o conselho decide montar uma comitiva e convidar aquele jovem pastor para ser novamente o líder entre eles. O grupo então vai à procura do pastor. Quando chegam até o gabinete pastoral, para a surpresa daquele ministro, entre os presbíteros se encontrava aquele que antigamente era rebelde. Após os outros dois presbíteros terem falado e exposto toda a situação da igreja, o presbítero rebelde toma a palavra e diz: “Eu sei que o Sr. Pastor, pode estar estranhando a
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minha presença aqui, contudo eu queria lhe dizer que fui eu quem o indicou para o conselho, porque eu gostaria de ter a oportunidade de ser o presbítero que eu não fui”. Ainda hoje, Deus confirma a liderança do seu escolhido. A soberania de Deus sobre o seu escolhido não é algo que ficou na Bíblia, ainda hoje Deus é quem chama, confirma, envia e mantêm o seu servo escolhendo homens e mulheres para liderarem o seu povo, não pela sua robustez, ou pelo seu carisma, ou pela sua influência, nem pela sua eloquência, mas pela sua soberana vontade. Capacitando assim aquele que Ele escolhe. Porque Deus é quem confirma a liderança do seu escolhido. Embora, sejamos muitas vezes alvos da rebeldia de líderes, temos a convicção de que Deus está com os seus ouvidos abertos, e Ele não está alheio a nossa causa. E em sua justiça continua se levantando em nossa defesa. Dando-nos paciência, amor e perdão por aqueles que desviam os olhos da revelação de Deus em Jesus Cristo, consequentemente meditam dia e noite em sua rebeldia. Deus nos convida a abaixamos “a guarda”, abster-nos de nossas armas, crer e observar naquilo que o salmista um dia escreveu: "Parem de lutar! Saibam que eu sou Deus! Serei exaltado entre as nações, serei exaltado na terra. O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é a nossa torre segura”.
Portanto, Deus nos assegura quanto à manutenção e sustento do nosso ministério, pois não é através da nossa rebeldia, nem tão pouco da conspiração de líderes contra nós que fará com que o nosso ministério seja estabelecido, pois o próprio Deus por seu Amor e Graça nos conduz a participarmos com Ele do ministério pastoral. Dessa forma, Jesus, o nosso Supremo Pastor, nos convida ao descanso.
Conclusão Como seminaristas ou pastores, por diversas vezes enfrentamos a oposição da liderança e o que fica evidente é o poder do Deus que cuida dos seus. Descansemos e nos alegremos vendo a vitória daquele que nos faz mais que vencedores por meio daquele que nos amou primeiro: Jesus Cristo. Pois, Deus confirma a liderança do seu escolhido. Deus nos abençoe!
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5 DEUS BATALHA A FAVOR DE SEU POVO Vagner Aparecido de Miranda 2 Samuel 5.17-25 Introdução Certo dia um viajante caminhava à margem de um grande lago. Ao avistar um canoeiro, a poucos metros preparando-se para zarpar, puxou conversa com ele e descobriu que seus destinos eram o mesmo: a outra margem do lago. Então o viajante pede uma carona ao canoeiro, propondo-se a ser o remador. O canoeiro concorda com a proposta do viajante e fornece a carona. O viajante mais do que depressa entra na canoa, pois sabe que se for caminhando levará dias para chegar à outra margem. Então o canoeiro entrega os remos para o viajante, que nunca tinha remado antes, e rapidamente descobriu que remar não é tão fácil quanto parece. A canoa ficava navegando em círculos, ora para esquerda, ora para direita. O canoeiro, um idoso muito simpático, procurava não ser grosseiro, mas não podia conter o sorriso. Até que, já cansado o viajante pede ajuda ao canoeiro: “Por favor, como é que eu faço para esta canoa ir só para frente?” O canoeiro respondeu: “Devolva o remo, e assim conduzirei a canoa até a outra margem do lago.” Aquele viajante para se livrar da grande caminhada que tinha que fazer se comprometeu em fazer algo que não era capaz de realizar, mas após reconhecer que dependia da ajuda do canoeiro, conseguiu chegar à outra margem do grande lago são e salvo. Aquele viajante tentou realizar algo que para ele, naquele momento, era impossível, ele tomou atitudes precipitadas e provou do seu fracasso. Fracasso esse que provou o Rei Saul quando agiu por sua própria conta e risco.
Explicação No dia em que de repente, uma grande correria surge no monte Gilboa. É o povo de Israel fugindo dos Filisteus, que, como um rolo de asfalto, vem passando por cima dos Israelitas matando todos que estão no caminho. Um pouco mais a frente um homem com roupas finas corre desesperado, é o Rei Saul, os arqueiros o avistam, mas antes mesmo de atirar qualquer flecha, Saul se lança sobre uma espada e morre. 34
Os Filisteus comemoram a vitória e a morte do Rei de Israel, mas os Israelitas choram pela grande derrota que sofreram. Então após lamentar profundamente pela morte de Saul, Davi é aclamado Rei sobre Judá, uma das 12 tribos de Israel. Davi tinha 30 anos de idade quando começou reinar sobre o povo da tribo de Judá, idade que era considerada ideal pelos Judeus para se assumir responsabilidade. Os anos passaram e após sete anos e seis meses que Davi estava reinando sobre Judá, ele é ungido Rei sobre todo Israel. O fato é que, enquanto Davi reinava somente sobre a tribo de Judá, e Is-Bosete, filho de Saul, reinava sobre as outras tribos e não oferecia grandes problemas para os Filisteus. Pois dessa maneira Israel se encontrava dividido. Mas após Davi ser ungido rei sobre todo Israel, tanto reino do Sul quanto reino do Norte, os filisteus se sentem ameaçados, pois agora um Israel unido se fortalece e oferece um grande perigo para os filisteus, que se sentindo ameaçados, se levantam contra Davi e todo o povo de Deus. Os Filisteus já conheciam a fama de Davi e sabiam que ele era um grande homem de guerra. Então logo que Davi conquista a cidade dos Jebuseus, que mais tarde passa a se chamar “cidade de Davi”, os Filisteus sobem para prendê-lo. Um grande som de marcha se aproxima da cidade recém conquistada por Davi, uma agitação toma conta do povo de Israel, o que será que esta acontecendo? Que barulho é esse? Logo vem a notícia. São os Filisteus que se espalharam pelo vale dos Refains, local onde podia ser visto pelo lado sudeste da cidade. Apesar da cidade de Davi ter uma grande muralha que a protege dos inimigos, um grande medo toma conta do povo, mas quando Davi fica sabendo que os Filisteus subiram contra ele, ele toma algumas atitudes como servo que reconhece que todas as suas vitórias foram ganhas por Deus e não por sua própria força. Para os Filisteus Davi era um grande guerreiro, um excelente estrategista, mas na verdade as estratégias, a força de Davi, vinham de Deus, pois era o próprio Deus que dava as coordenadas e lutava por Davi. Davi sabia muito bem que sair à luta com suas próprias forças era derrota na certa, então quando os Filisteus se levantam contra ele, Davi toma algumas atitudes que garantem a vitória do povo de Israel sobre os Filisteus, pois Deus é quem batalha a favor de seu povo:
Tema: Deus batalha a favor de seu povo. Mas podemos perguntar: de que maneira Deus batalha a favor de seu povo ? Nesse texto de Samuel, podemos observar três maneiras de como Deus Batalha a favor de seu povo.
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1 - Respondendo a Oração de seu servo. Vs. 19, 23 Quando os filisteus começam a subir e Davi se vê em apuros ele recorre a Deus, ele consulta o Senhor, se deve ir ou não para batalha contra os Filisteus e se Deus vai entregar ou não os Filisteus em suas mãos. Na primeira vez que Davi consulta Deus, no versículo 19, Deus responde que é para Davi subir. Já na segunda vez que Davi consulta Deus, no versículo 23, Deus responde que não, que é para rodear os Filisteus e depois atacar. Deus não deixa Davi sem resposta, mas ele orienta seu servo como agir perante o inimigo. Portanto Davi não tem que agir por conta própria, coisa que seria um grande erro, mas ele age conforme o que Deus diz. A resposta de Deus a Davi não o ausenta de enfrentar a guerra, mas o ensina como agir, e quando agir, pois Deus diz a Davi a hora que ele tem que ir contra os Filisteus, mas também diz à hora que ele tem que esperar. Hoje em dia existem muitos cristãos que estão tomando atitudes sem consultar o Senhor, o que os tem levado à destruição e ruína. Homens e mulheres que tem agido fora da vontade de Deus, tomando atitudes por si mesmo, agindo sem ouvir a resposta de Deus. Contudo o problema não para por ai, mas se torna pior, quando o servo consulta a Deus, mas não houve o que Deus tem para falar e acaba agindo por sua própria vontade. Na verdade muitos oram por desencargo de consciência, porque antes mesmo de orar já tomaram a decisão de como irá agir, e a oração acontece somente para cumprir um ritual. A grande questão é que temos que consultar a Deus, e ficarmos atentos para sua resposta, pois Deus batalha por nós respondendo a nossa oração . Quantos de nós oramos buscando a resposta de Deus e no momento que estamos conversando com alguém, percebemos que tudo o que aquela pessoa esta falando é resposta da minha oração. O fato é que Deus responde a nossa oração, através das pessoas, dos lugares, das situações. Deus responde a nós de diversas maneiras. Muitos de nós, às vezes estamos na igreja e o Pastor começa a pregar, então ficamos impressionados, pois ele está falando coisas de mim, que só eu sei, mas orei para que Deus me ajudasse a vencer esse desafio, e então, a palavra de Deus vem ao encontro do meu coração e percebo que é Deus respondendo o meu clamor. E aí, eu te pergunto: “Deus responde nossas orações nos dias de hoje? Sim ou não? Claro que sim.” Deus usa os lugares e diversas formas para orientar seus servos. O que precisamos é: estar sensíveis para ouvir a voz de Deus, e agir conforme suas instruções, pois Deus batalha a favor de seu povo respondendo a oração de seu servo. Mas em segundo lugar podemos ver que Deus batalha a favor de seu povo, lutando a frente de seu servo.
2 - Lutando a frente de seu servo. Vs 19, 24.
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No versículo 19, Deus diz a Davi que é para ele subir, pois Deus entregará os Filisteus em suas mãos. Mas no versículo 24, podemos ver uma expressão bem clara de Deus dizendo a Davi que ele irá a sua frente para ferir os Filisteus. Davi seguiu as instruções do Senhor e aguardou, na copa das amoreiras, o sinal do Senhor para sair à batalha, pois foi assim que Deus o orientou dizendo: “ Não ataque pela frente, mas dê a volta por trás deles e ataque-os em frente das amoreiras. Assim que você ouvir um som de passos por cima das amoreiras, saia rapidamente, pois será esse o sinal de que o Senhor saia à sua frente para ferir o exército filisteu. ” (Vs. 23-24).
Portanto havia o tempo em que Davi tinha que esperar, mas também havia o momento em que ele tinha que agir, momento esse que era comandado pelo próprio Deus, que ia a frente de seu exército, como o grande guerreiro de seu povo. Como servos do Senhor temos que ter a plena convicção de que Deus é quem batalha por seu povo, lutando a frente de seu servo , é ele quem toma o lugar de maior perigo para defender e ser escudo de seus filhos. O que cabe a nós, como servos do Senhor, é descansar e aguardar o tempo do Senhor, pois quando agimos por nós mesmos, nos tornamos frágeis e alvo fácil para nossos inimigos. Mas como falar em espera em dias de tanta correria, em dias onde 24 horas não basta, onde a mídia, o comércio, o mercado de trabalho nos impulsiona a ter uma vida extremamente ativa? Falar em parar pode parecer loucura, mas loucura é agir sozinho sem a presença de Deus na nossa frente, presença essa que nos protege do inimigo e guia nossos pés para não vacilar e nos guarda de todo mal. O problema é que muitas vezes agimos por nossa própria conta e risco, assumindo o lugar de Deus na frente da batalha. Ou seja, acordamos pela manhã e nem sequer falamos com Deus, fazemos planejamento para o nosso dia, mas não compartilhamos com o Senhor, e queremos que Ele esteja à frente de nossas decisões, queremos que Ele nos proteja. Muitas vezes tomamos atitudes precipitadas, e isso gera uma grande perda e destruição em nossas vidas. Tentamos lutar com nossa própria força e no final, quando estamos totalmente derrotados, culpamos a Deus por não nos dar a vitória. A questão não é que Deus não foi a nossa frente, mas somos nós que não esperamos o tempo certo de agir juntamente com Ele e saímos à frente Dele. Somos nós que não temos paciência para esperar e deixamos a ansiedade tomar conta de nosso coração e, quando temos algum problema para resolver, ou uma decisão a tomar de como iremos agir, tomamos atitudes fora do tempo e da vontade de Deus. O que precisamos fazer, como servos do Senhor, para agirmos juntamente com Ele, é buscar ter uma vida de intimidade no nosso relacionamento com Deus, é aguardar o tempo certo para agir, é lançar sobre Ele toda a nossa ansiedade, pois é Deus quem tem cuidado de nós. 1 Pe.5.7. Quando tomamos a posição de consultar a Deus e o deixar ir à frente da batalha, nossa vitória é certa, porque Deus batalha a favor de seu povo lutando a frente de seu servo. 37
E em terceiro lugar podemos ver que Deus batalha a favor de seu povo, honrando seu servo.
3 - Honrando seu servo. Vs. 25 No versículo 25 podemos ver que Davi agiu conforme o Senhor ordenou e obteve vitória sobre os Filisteus. Essa vitória foi de grande importância para o povo de Israel, pois, após a derrota, os Filisteus se encerraram em seu território e lá permaneceram por vários séculos e não tentaram mais atrapalhar a ascensão de Davi. Davi é considerado um homem segundo coração de Deus, pois ele agia conforme a vontade de Deus. As vitórias que Davi conquistou sobre seus inimigos foram porque ele ouvia as instruções de Deus e agia conforme elas, diferente de muitos outros homens que agiam conforme a sua própria vontade, homens como Saul, o antigo rei de Israel. Nos dias de hoje encontramos muitas pessoas feridas e magoadas por diversos tipos de perda, das quais tomaram atitudes fora da vontade de Deus, e hoje não conseguem se restabelecer e viver com alegria, livres desses sentimentos terríveis. O problema não é passar por perdas e derrotas, mas o problema é passar por tudo isso sozinho, sem a presença de Deus, pois quando passamos por lutas junto com o Senhor, a nossa derrota se transforma em Vitória. Davi sabia muito bem disso, e ele expressa esse sentimento no salmo 40.1-3a: “Coloquei toda minha esperança no Senhor; ele se inclinou para mim e ouviu o meu grito de socorro. Ele me tirou de um poço de destruição, de um atoleiro de lama; pôs os meus pés sobre uma rocha e firmou-me num local seguro. Pôs um novo cântico na minha boca, um hino de louvor ao nosso Deus”. Quando agimos conforme as instruções de Deus, provamos da vitória, provamos do melhor que Deus tem preparado para nós. Ilustração: Certo dia um menino estava sentado junto ao portão que dava acesso à propriedade de seu pai, quando Napoleão se aproximou com seus homens e queria cruzar aquela propriedade, porém o menino o impedia. Zangado o Imperador gritou com ele: “Menino, eu sou o Napoleão Bonaparte, o Imperador. Abra este portão!”. Muito educado, o menino tirou o chapéu, e perguntou: “O senhor vai querer que eu desobedeça meu pai? Este portão está fechado, aqui ninguém passa, conforme meu pai determinou!”. Napoleão virou-se para seus generais e disse: “Dêem-me mil homens como este, e conquistarei o mundo todo” e foi-se por outro caminho. Aquele garoto honrou seu pai diante do Imperador e foi honrado como um grande homem. Da mesma forma Davi honrou a Deus agindo conforme suas instruções e foi honrado por Deus diante dos Filisteus. 38
Conclusão Deus é quem batalha por nós, e ele nos provou isso através de seu filho Jesus, que veio ao mundo e viveu uma vida de submissão a Deus e nos mostrou que devemos agir conforme a vontade do Pai, pois Deus é o agricultor e nós somos apenas os ramos. Cristo sofreu em nosso lugar e foi crucificado por nossos pecados, mas obteve vitória, essa que é estendida a todo aquele que declara que Cristo é o Senhor e se rende aos seus pés. Quando o inimigo se levantou contra nós, Deus mostrou seu imenso cuidado e amor por nós enviando seu filho, que foi a nossa frente na batalha e tomou o nosso lugar no sofrimento da cruz. Mas Cristo venceu o inimigo libertando-nos da escravidão do pecado e nos comissionou a resgatar almas que se encontram aprisionadas nas garras do inimigo, e prometeu que, para isso, ele estará conosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Você não está sozinho nessa luta, pois Cristo está com você respondendo a sua oração, lutando a sua frente e honrando você diante da batalha. Deus nos abençoe.
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6 O SENHOR DOS EXÉRCITOS DECIDE VIVER AO LADO DE D AVI Rodrigo Falcão 2 Samuel 6 Introdução No início da década de 40 na pequena cidade de Três Corações MG, o simples e pobre casal João Ramos do nascimento e Celeste explodem de alegria com o nascimento de seu filho. Uma criança que, apesar de pobre, não permitiu que a pobreza o paralisasse, pelo contrário, já no início de sua infância deixava as pessoas encantadas pela genialidade em que dominava sua simples bola de meia. Uma criança que deixou os campos de terra para pisar nos maiores gramados do mundo. De criança pobre a adulto milionário, das pedaladas com bola de meia às partidas épicas nos estádios mais glamorosos do mundo, de ladrão de amendoim a cavaleiro condecorado pela Rainha, de pestinha a ministro de Estado, de homem a lenda. Esta é a história de Edson Arantes do Nascimento, Pelé, conhecido também como o rei o soberano do futebol. Uma criança que contrariou todas as expectativas e trinfou na vida. Frase de transição: semelhante à história de Pelé, ao pesquisar os arquivos do nosso túnel do tempo, descobrimos que aproximadamente três mil anos atrás nas terras de Israel um adolescente contrariou todas as expectativas e trinfou na vida. Página 1 - Davi é incapaz de levar o Senhor dos Exércitos para sua vida.
Um adolescente que deixou o anonimato das pastagens para apreciar os holofotes do palácio real, esta é a história do humilde pastor de ovelhas que se transforma em soberano de Israel. A história de Davi. Davi sempre foi arrojado, destemido, sua força e coragem sempre lhe trouxeram grandes vitórias. Na sua adolescência matou ursos, leões e até mesmo o assombroso gigante Golias. Agora como soberano de Israel Davi derrota os filisteus, os jebuseus e conquista a fortaleza de Sião. O soberano de Israel por onde passa conquista vitórias, o triunfo é seu maior atributo. Querendo Davi aumentar suas conquistas decide levar a arca da aliança, símbolo da presença de Deus, para sua cidade, sendo assim, reúne seus melhores guerreiros e parte para a realização de mais um triunfo, fazer de Jerusalém a habitação do Senhor dos Exércitos. O dia estava lindo, o sol iluminava o extenso céu azul. Os pássaros louvavam a Deus numa sinfonia perfeita e na estrada que vai para Jerusalém Davi e sua
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comitiva dançava e cantava com todas as forças perante a arca do Senhor, símbolo da presença de Deus. Entre um louvor e outro Davi declarava: Abram-se, ó portais, ó portas antigas, para que entre o Rei da Glória. Quem é o Rei da Glória? O Senhor forte e valente, o Senhor valente nas guerras. Abram-se ó portais, ó portas antigas, para que o Rei da Glória entre. Quem é o Rei da glória? O Senhor dos Exércitos; Ele é o Rei da glória! O sorriso, a alegria e a satisfação eram presentes no rosto de todos, até que de repente o pavor invade aqueles corações! Atônitos e boquiabertos todo Israel observa a queda da arca, até que Uzá, em um ato de irreverência, estica seu forte braço impedindo que a arca caísse no chão fazendo-se em pedaços. Porém, este simples toque foi suficiente para o Senhor dos Exércitos fulminar Uzá. Numa fração de segundos aqueles rostos alegres e sorridentes se transformaram em semblantes tristes, aterrorizados, pois acabaram de presenciar a ira do Senhor dos exércitos exterminar um amigo. Um amigo que tinha sonhos, esperanças e expectativas de um bom futuro. No entanto, todos estes sonhos se foram junto com Uzá. Ao ver o cadáver no chão opoderoso rei Davi fracassa e experimenta uma dolorosa derrota desistindo assim de levar a arca para Jerusalém. Davi é incapaz de trazer o Senhor dos Exércitos para sua vida. O poderoso Davi é impotente diante do Senhor, o título de “rei de Israel” não dá o direito a Davi de contemplar a presença de Deus, pois a grande posição de Davi não o absolve da posição de grande pecador! Davi tem poder pra destruir reinos inteiros, mas não tem poder pra destruir o pecado que habita nele. O próprio Davi entendeu isto ao escrever o salmo 14: O Senhor olha dos céus para o filho dos homens, para ver se há alguém que tenha entendimento, alguém que busque a Deus. Todos se desviaram e igualmente se corromperam; não há ninguém que faça o bem, não há nem um sequer. O coração de Davi contaminado pelo pecado o torna incapaz de trazer o Senhor dos Exércitos para sua vida. A presunção de Davi é tão grande que ele não consulta a Deus antes de transportar a arca, ele age por livre e espontânea vontade, até parece que é o grande rei Davi quem decide o local onde Deus deve habitar. Davi se esquece de que nos quarenta anos que Israel viveu no deserto a arca só era transportada quando a nuvem do Senhor que estava sobre ela partia, ou seja, não é o ser humano que decide a caminhada de Deus, mas sim o próprio Deus. Além de não consultar o Senhor Davi ainda transporta a arca de forma errada. Conforme a lei do Senhor a arca do Senhor dos Exércitos deveria ser levada pelos coatitas que pertencem à tribo de Levi. Os coatitas deveriam carregar a arca de Deus apoiando as varas da arca sobre os ombros, conforme Moisés tinha ordenado de acordo com a palavra do Senhor. No entanto, Davi desobedece a lei do Senhor e carrega a arca da mesma forma que os filisteus transportaram cerca de setenta anos atrás, ou seja, em cima de uma carroça, desrespeitando a Glória e a santidade do Senhor. Enquanto a comitiva marcha por aquela estrada de terra, a poucos centímetros deles, dentro da carroça, a fúria do Senhor dos Exércitos era como um vulcão prestes a explodir e destruir tudo que encontrasse pela frente. Labaredas de fogo saiam da presença do Senhor Todo Poderoso para fulminar o desrespeito do povo. E é isto o que acontece. A morte de Uzá naquela estrada é apenas fruto do pecado, pois o Senhor havia dito a Adão que ao desobedecerem certamente morreriam! E o homem morto em seus delitos e 41
pecados é incapaz de dar um único passo em direção a Deus, pelo contrário a única ação do homem em trevas é fugir de Deus. É isto que Davi faz, foge, recusa a arca da mesma forma que o povo de Bete Semes, da mesma forma que os filisteus. Por mais que o pecador tente não consegue agradar a Deus. Naquela estrada de terra os louvores, as danças, a tentativa de Uzá em proteger a arca eram como a impureza menstrual de uma mulher, trapos imundos diante do Senhor dos Exércitos, pois em cada ato do ser humano é visível a imundice do pecado. Por causa do pecado Davi é incapaz de trazer o Senhor dos Exércitos para sua vida. Davi tem poder para conquistar qualquer coisa, menos a presença de Deus. Os portais de Jerusalém se abriram, porém o Senhor dos Exércitos não passou por eles. Frase de transição: Assim também é o ser humano. O ser humano tenta através de seus trapos imundos trazer o Senhor dos Exércitos para suas casas, suas empresas, suas vidas, seus ministérios, suas igrejas, porém, o Senhor dos Exércitos fica imóvel. Página 2 – Porque nós somos incapazes de trazer o Senhor dos Exércitos para nossas vidas.
Um dia desses fui visitar a dona Maria. Dona Maria é uma senhora de 86 anos membro da congregação onde trabalho. Enquanto conversávamos fiquei curioso, pois percebi que, apesar de viúva há quase quarenta anos, ainda usava a aliança de casamento. Até que não resisti e perguntei sobre o assunto. A dona Maria com o brilho de uma adolescente apaixonada em seus olhos disse: apesar de fazer quase quarenta anos que perdi meu esposo nunca meu coração se encantou por qualquer outro homem. Quando o primeiro é bom o segundo não chama tanto a atenção, por isso sou incapaz de trazer outro homem para minha vida. Carrego esta aliança em sinal de fidelidade a ele. Enquanto ouvia a dona Maria meu coração experimentou um misto de emoções, ao mesmo tempo em que fiquei feliz com aquela história de amor fiquei profundamente triste ao lembrar-me de mim e de você. Ao pensar em nossas vidas logo me lembrei de nossa história de amor com o pecado, nossa ligação com o pecado é tão profunda e está tão entrelaçada em nossas entranhas que nos tornam incapazes de trazer o Senhor dos Exércitos para nossas vidas. Quando mordemos a suculenta fruta do pecado seu néctar escorreu por nossas veias assumindo completamente o governo sobre nossos pensamentos, sentimentos e vontades. O apóstolo Paulo falou de forma bem clara que por mais que ele tentasse não conseguia fazer o bem: “Não entendo o que faço. Pois não faço o que desejo, mas o que odeio. Neste caso, não sou mais eu quem o faz, mas o pecado que habita em mim. Sei que nada de bom habita em mim, isto é, em minha carne. Porque tenho o desejo de fazer o que é bom, mas não consigo realizá-lo. Pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer, esse eu continuo fazendo. Ora, se faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, mas o pecado que habita em mim.” (Rm 7.15-20). Hoje nas avenidas de sua mente transitam adultérios, orgulho, os planos mais tenebrosos contra o próximo. Ao abrir o baú de sua alma, o ódio, a raiva, a inveja, e a 42
amargura contaminam quem estiver no caminho. Quando você engata a quinta marcha em busca de suas vontades, engana o colega de classe, mente para ganhar um dinheiro extra, você atropela quem estiver pela frente em busca de seus ideais. Assim são as ações do ser humano apaixonado pelo pecado, trapos imundos, assim é você! Assim somos nós! O pecado tatuou sua inicial em nossos corações com estilete de ferro, por mais que o ser humano tente ser fiel a Deus ele não consegue, pois é fiel ao pecado. Paulo diz: “Não há nenhum justo, nenhum sequer; não há ninguém que entenda, ninguém que busque a Deus. Todos se desviaram, tornaram-se juntamente inúteis, não há ninguém que faça o bem, nenhum sequer. Suas gargantas são um túmulo aberto; com suas línguas enganam. Veneno de serpentes está em seus lábios. Suas bocas estão cheias de maldição e amargura. Seus pés são ágeis para derramar sangue, ruína e desgraça marcam seu caminho, e não conhecem o caminho da paz. Aos seus olhos é inútil temer a Deus. O pecado está tatuado em nossos corações, por isto estamos separados de Deus e não conseguimos chegar até Ele.” Nós somos incapazes de trazer o Senhor dos Exércitos para nossas vidas. Mesmo sabendo desta verdade o astuto e enganoso coração, talvez influenciado pela doce voz da serpente, sussurra em nossos ouvidos: Dos bancos da igreja local para as cadeiras do SPS, de simples seminarista a reverendo, mestre, doutor... Com certeza você pode ser alguém que irá contrariar todas as expectativas e triunfar na vida, ao chegar à sua igreja você poderá oferecer um excelente louvor às pessoas, pois se qualificou para isso. Você poderá trazer através de excelentes estudos muito conhecimento às pessoas, você pode prender a atenção das pessoas por ser um excelente orador, mas isto é ser trapo imundo. Você pode trazer alegria, conhecimento, programações para as pessoas, mas nunca poderá trazer a Glória de Deus para sua vida nem para a vida de qualquer pessoa. O próprio Todo Poderoso disse a Moisés: “tenho me agradado de você, eu o conheço pelo nome, porém, você não poderá ver minha face, porque ninguém poderá me ver e continuar vivo. A minha face ninguém poderá ver.” (Ex 33. 17 20,22). O título de “reverendo, doutor”, ou seja, lá qual fornão dá o direito a você de contemplar a presença de Deus, pois a sua grande posição não o absolve da posição de grande pecador! E o pecador não pode chegar até Deus pelos próprios méritos e nós somos pecadores, por isto somos incapazes de trazer o Senhor dos Exércitos para nossas vidas. Frase de transição: Se é assim quem poderá então contemplar a presença do Senhor? Quem poderá chegar até Ele? Ninguém! Entretanto, o que é impossível para o homem é totalmente possível para o Senhor dos Exércitos. O homem não pode ir até Deus, mas Deus pode ir ao encontro do Homem. Página 3 - Sendo assim, o Senhor dos Exércitos decide viver ao lado de Davi.
Porém, antes de qualquer coisa o Senhor dos Exércitos estipula o preço da sua presença, e o preço da sua companhia é o derramamento de sangue. O sangue de um cordeiro é o único meio de desativar a fúria do Senhor. Após a morte de Uzá, o Senhor dos Exércitos acalma seu furor e se torna o hospede ilustre da casa de Obede-Edom. Por 43
três meses o Senhor dos Exércitos fica envolvido com o dia a dia da família de ObedeEdom abençoando-os grandemente em tudo por amor a arca. Empolgado com a notícia e compreendendo que a chama da fúria do Senhor, que é como uma vara nas mãos de um pai para disciplinar o filho, se apaga com sangue, Davi não perde tempo e faz todos os preparativos para o transporte da arca. A diferença é que desta vez Davi faz conforme a lei do Senhor. Desta vez Davi pega o rolo da lei que fica na cabeceira de sua cama e consulta dia e noite durante três meses os pergaminhos de Levítico, Êxodo e Deuteronômio. A lei do Senhor revela a Davi o valor que deve ser pago pela comunhão com o Senhor. O valor é a morte. Um cordeiro deveria morrer no lugar de Davi, a punição que era para Davi sofrer o cordeiro sofreria em seu lugar, pagando assim a dívida de seus pecados. E a morte do cordeiro daria a Davi acesso à presença do Senhor dos Exércitos. Davi poderia contemplar a presença de Deus. Instruído pela lei do Senhor Davi consagra os levitas descendentes de Coate, de Merari, de Gerson, de Elisafã, de Hebrom e de Uziel. Depois de consagrados, os levitas carregam a arca de Deus apoiando as varas da arca sobre os ombros, conforme Moisés tinha ordenado. Agora naquela estrada de terra direcionados pela lei do Senhor ao som de trombetas, cornetas, liras, harpas e címbalos sonoros as autoridades, os líderes e o povo de Israel se alegravam e dançavam com todas as forças na presença do Senhor dos Exércitos. Quando os que carregavam a arca davam seis passos, Davi vestido de uma estola sacerdotal saldava sua dívida com o Senhor sacrificando um boi e um novilho gordo perante o Senhor dos Exércitos, restaurando assim, a comunhão com Ele. O Senhor dos Exércitos presencia novamente pecadores diante da arca, mas também presencia o sangue de um animal sem defeito pagando a dívida de seus pecados. Os holocaustos e os sacrifícios chegavam até as narinas do Senhor dos Exércitos como um aroma suave e agradável. Chega ao Senhor como um pedido de paz. E o Senhor dos Exércitos, que antes era inacessível por amor ao ser humano, obra prima da criação e em fidelidade a sua palavra registrada no livro de Moisés, aceita o pedido de paz e dá seus primeiros passos em direção à tenda que Davi havia preparado fazendo assim de Jerusalém a sua habitação. O Senhor dos Exércitos decide viver ao lado de Davi. A comunhão entre o Senhor dos Exércitos e Davi era tão íntima que Davi entrava na tenda do Senhor ficando diante Dele recebendo conselho, direção e proteção. Davi expressa esta intimidade no salmo 27.4- 5: “Peço ao Eterno uma coisa, somente uma coisa: que eu possa viver com ele em sua casa durante toda a minha vida. Ali, contemplarei a sua beleza e estudarei aos seus pés. Esse é o único lugar calmo e seguro neste mundo turbulento, a fuga perfeita para bem longe da agitação.” (Peterson, A Mensagem). O Senhor abriga Davi debaixo da sombra de suas asas, pois o Senhor dos Exércitos decide viver ao lado de Davi. O grande problema é que sempre antes de entrar na presença do Senhor um animal deveria morrer só que todos os animais da terra seriam insuficientes aos olhos do Senhor. O sacrifício de animais apenas apontava para o sacrifício perfeito. Por esta razão. o Senhor dos Exércitos providenciou um cordeiro antes da criação do mundo, um 44
cordeiro com sangue real. Um sangue que não só desativa a fúria do Senhor dos Exércitos como também purificava o coração humano. Por falar em corações humanos, mais uma vez a estrada que vai para Jerusalém é palco de uma multidão de corações disparados e cheios de esperança, pois vê o Rei dos Reis entrar pelos portais de Jerusalém. O protagonista continua sendo o Senhor dos Exércitos, porém, com uma diferença: a presença do Senhor não é simbolizada por uma caixa de madeira, mas a presença do Senhor é concreta na pessoa de Jesus de Nazaré. O episódio acontece no domingo, primeiro dia da semana. Enquanto o Rei dos Reis montado em um jumentinho entra pelos portais de Jerusalém a multidão eufórica que ia adiante gritava: Hosana ao Filho de Davi! Bendito é o que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas! A multidão clamava Hosana, que significa: “nos salva!” Foi exatamente isto que Jesus fez, os salvou da fúria da morte. Da mesma forma que Uzá tocou na arca, os cegos, os leprosos e os pecadores tocaram em Jesus, a diferença é que, ao invés de morrerem, viviam. Enquanto as multidões se alegravam tocando em Jesus o Senhor do seu trono lá nos céus aguardava o pagamento pelo pecado da humanidade. Quando finalmente, seis dias depois daquela entrada triunfal, na sexta feira às três horas da tarde, o Senhor dos Exércitos explode sua fúria exigindo o pagamento pelos pecados. No entanto o pagamento não é exigido dos pecadores, dos leprosos, dos paralíticos, dos cobradores de impostos e nem dos religiosos, mas de Jesus, o cordeiro perfeito que deu espontaneamente seu sangue em favor da humanidade pecadora. Ao ver o sangue do seu próprio Filho escorrer pelas extremidades daquela cruz, o Senhor dos Exércitos desativa imediatamente seu ódio pelos homens e mulheres criados a sua imagem e semelhança. Três dias após o sacrifício a morte não pode mais segurar Jesus, porque Nele não foi encontrado pecado. E nas primeiras horas do domingo Jesus ressuscitou. Alguns dias depois adentrou as moradas eternas e enviou seu Espírito para viver conosco! Frase de transição: O Senhor dos Exércitos que antes era inacessível ao homem agora caminha em direção ao ser humano fazendo da igreja de Cristo a sua habitação. Página 4 - O Senhor dos Exércitos decide viver ao nosso lado hoje.
O Senhor dos Exércitos não suporta mais ver o ser humano, a obra prima da criação, longe dos seus braços. Aqueles a quem o Criador esculpiu com perfeição e singularidade no ventre materno, agora parecem órfãos que estão vulneráveis as perigosas e escuras ruas da vida. O Senhor dos Exércitos então deixa seu trono e vai atrás de seus filhos. Começa sua busca em Jerusalém, Judéia, Samaria, Europa, América e por incrível que pareça até a tribo dos Kimayals, na Indonésia, foi alvo da busca do Senhor. Em 2010 o Senhor marcou para sempre a tribo dos Kimayals ao ir viver entre eles. Enquanto o avião cruza o céu azul se aproximando da tribo dos Kimayals na Indonésia o piloto comenta: “vão fazer uma grande festa. Quando pousarmos, eles estarão dançando e cantando.” Lá em baixo de mãos dadas toda a aldeia Kimayal observa a aterrissagem, cantando assim: “sim Jesus me ama, sim Jesus me ama; a Bíblia assim me 45
diz!” O pastor da tribo assume a função de maestro. Um maestro leigo, um regente com movimentos desarmoniosos, mas com palavras que sincronizavam perfeitamente o coração de toda tribo. No momento em que as rodas do avião tocam o solo o pastor-maestro rege sua orquestra Kimayal. Vocês em pé, batam palmas. Vocês ai balancem os galhos de palmeira. Os cantores comecem a cantar. Os dançarinos comecem a dançar. Todo mundo fazendo a sua parte. A razão desta festa é porque Deus providenciou a eles o novo testamento traduzido na sua própria língua, pois antes eles possuíam apenas pequenos trechos das escrituras. Quando as Bíblias são colocadas nos braços do pastor o choro dos Kimayals é inevitável. O pastor com as Bíblias nas mãos e as lágrimas no rosto começa a orar e no final da oração ele diz: “Tu decidiste que nós deveríamos ter tua palavra em nossa língua, e hoje, o dia que escolheste para essa promessa ser cumprida chegou. Agora temos o Senhor ao nosso lado, Deus veio a nós através da tua palavra. Deus está entre nós através da tua palavra. O Senhor decidiu viver entre os Kimayals” e o Senhor dos Exércitos decidiu viver ao nosso lado também. Jesus é a palavra de Deus que veio até nós. No princípio era a Palavra, a Palavra estava com Deus e a Palavra era Deus. A Palavra se tornou um ser humano e passou a viver entre nós. O Senhor dos Exércitos também conhecido como o Todo Poderoso, como o Eterno, o Criador dos céus e da terra, o Deus transcendente agora é o Emanuel, o Deus conosco é o Aba Pai, o nosso Paizinho. É um Pai que ao ir ao encontro dos filhos guarda o chicote da disciplina convidando-os para uma conversa franca. “Venha meu filho. Vamos refletir sua vida. Embora seus pecados sejam vermelhos como a escarlate eles se tornarão brancos como a lã porque Eu, o seu Pai, decidi viver ao seu lado e vou transformar sua vida.” Sei que em alguns momentos você vai me entristecer, mas, mesmo assim, decidi tatuar o meu Santo Nome no seu coração. Seu coração não exibirá mais a nojenta tatuagem do pecado, mas exibirá o meu extraordinário Nome. Você agora faz parte do grupo dos santos, um grupo de pessoas que separei para estar ao meu lado. Estaremos tão próximos que um sentirá as batidas do coração do outro. Vou esculpir meus princípios nas muralhas do seu coração, conferindo a você, poder para vencer satanás, o pecado e o seu ego. Todos os dias você pode se encontrar com o Senhor. Ao sair destes encontros com o Senhor dos Exércitos, o Espírito do Senhor transformará vidas através dos seus excelentes estudos e através dos seus ungidos sermões. Destruirá cadeias e conquistará vitórias através do louvor e da adoração, que na verdade serão serenatas de amor oferecidas ao Senhor. Sua vida, sua família, sua igreja, seu bairro, sua cidade verá face a face o Senhor, pois Ele decidiu viver ao seu lado. Ele deseja protege-lo, no momento da dor, enxugar suas lágrimas, no meio da tribulação, esconde-lo debaixo de suas asas. Como é bom saber que há um Deus que se interessa por nós. O mais encantador é que não há inimigo forte o suficiente para nos arrancar dos braços do Senhor dos Exércitos. Esteja convencido de que nem morte, nem vida, nem anjos, nem demônios, nem o presente, nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura, nem profundidade e nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor. E um dia o Senhor Jesus, também conhecido como o noivo, virá buscar a sua noiva que é a sua igreja para viverem pelos séculos dos séculos num lugar que não haverá morte, dor, pecado nem lágrimas, pois o Senhor dos Exércitos decidiu viver ao nosso lado eternamente. 46
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7 DEUS RESGATA D AVI DO FUNDO ABISMO! Delzio Luiz Leite 2 Samuel 12.1-14 Introdução Bill Clinton foi o presidente dos Estados Unidos da América, nos anos de 1993 a 2001. Ele que desde cedo ingressou na carreira política, era um homem muito bem casado com a senhora Hillary Clinton. Durante o seu mandato, aquele país teve um grande desenvolvimento econômico. Clinton tinha um excelente programa de governo. Tudo caminhava bem, tanto que ao final de 1996 foi reeleito para continuar ocupando o cargo de presidente. Mas no seu segundo mandato, sua carreira é manchada por um grande escândalo. No ano de 1998, Clinton é acusado de manter relações sexuais com a estagiária do senado Mônica Lewinsky. O caso torna-se conhecido mundialmente, a principio ambos negam a acusação, mas diante de provas concretas, fica inevitável a confirmação dos fatos, pois uma amiga de Mônica havia gravado tudo. Clinton passou por um processo de impeachment, mas foi absolvido pelo senado. Sua esposa também o perdoou, mas o fato é que aquele homem de boa reputação tem agora o seu governo marcado por um grande escândalo! Um escândalo de adultério! Isso mostra que nenhum pecado permanece oculto para sempre e as suas consequências são inevitáveis! Página 1 - Davi cai no fundo do abismo, quando despreza a Palavra do Senhor!
O rei Davi também adulterou e achou que poderia esconder seu pecado, fez de tudo para ocultá-lo, mas o fato é que nenhum pecado está fora do conhecimento de Deus, e as suas consequências são inevitáveis! Davi, aquele que fora escolhido pelo próprio Deus, um homem segundo o seu coração, tem o seu reinado marcado por um grande escândalo de adultério! O capítulo 11 relata em detalhes esta história. Israel vai para a guerra, mas o rei Davi permanece na casa real, certa tarde quando passeava pelo terraço enxerga uma mulher formosa que se banhava. Davi se encanta por ela e quer saber quem é essa mulher tão formosa! Ao saber que ela é Bate-Seba esposa do seu oficial Urias, o rei ignora tal informação e manda trazê-la ao palácio real e a possui. Passados alguns dias a mulher manda dizer ao rei: “estou grávida”. A notícia incomoda e preocupa Davi, que agora faz de tudo para ocultar o seu pecado. Seu primeiro plano é trazer Urias da batalha e fazer com que ele vá até a sua casa e possua a sua esposa. Plano frustrado! Urias não desce para a sua casa! O rei traça 48
seu segundo plano, dá uma festa deixa Urias embriagado, pois quem sabe assim ele descesse até sua casa, também não foi o que aconteceu! Por fim, Davi pede para o comandante do seu exército, colocar Urias na frente da batalha para ser morto! Finalmente o plano é concluído, agora Davi poderia ocultar o seu pecado. Passado então os dias do luto de Bate-Seba o rei manda buscá-la para ser sua mulher. Aquilo que para Davi parece resolvido dentro do seu coração e perante o povo, não esta resolvido ao olhar atento do Senhor! Em (Dt. 17.18-20) o Senhor diz, que o rei ao sentar no trono deve escrever para si o traslado da lei, e meditar nele todos os dias para aprender a temer o Senhor, para saber guardar as palavras e os estatutos desta lei e os cumprir, sendo assim o seu coração não se elevará sobre os seus irmãos. Parece que naquela ocasião Davi não atentou para isso! Davi de uma só vez quebra pelo menos quatro mandamentos do Senhor: o adultério, a mentira, a morte e a cobiça pela mulher do próximo! Mas a justiça nunca se aparta do Deus criador. Então Davi será desmascarado do seu pecado e terá que sofrer duras consequências, por causa dele. Davi cai no fundo do abismo, quando despreza a Palavra do Senhor! O Senhor envia o profeta Natã até Davi, o profeta começa contando uma história. Na história o profeta fala de dois homens, um rico e um pobre. O rico tinha muitas ovelhas e gado, o pobre não tinha nada senão uma cordeirinha de estimação que a considerava como filha, pois comia e bebia junto com ele e com toda a sua família, dormia em seus braços e dava muitas alegrias a eles. Certo dia, veio um viajante à casa do homem rico, e este não quis matar uma de suas ovelhas e nem do seu gado para oferecê-lo, então tomou a cordeirinha de estimação do homem pobre e a serviu ao seu hospede. Até aqui a consciência de Davi não havia despertado, seu coração permanece insensível! Então ele diz: Esse homem merece ser morto! E ainda, restituir quatro vezes mais o prejuízo que causou àquele homem pobre, porque não se compadeceu dele! Natã lhe responde: Davi você é o homem! Naquele momento o rei fica mudo, parece que a terra se abre debaixo dos seus pés! Agora, Davi sente a dor da flecha que atingiu Urias atingir, também o seu coração! Davi percebe claramente que o seu pecado não estava oculto aos olhos de Deus! E então o seu semblante descai, seu coração acelera, pois ele sabia que o seu pecado traria o juízo do Senhor sobre a sua vida. As palavras do profeta parecem ecoar nos ouvidos do rei. Davi você é o homem! Davi você é o homem! Davi cai no fundo do abismo, quando despreza a Palavra do Senhor! Página 2 - Muitos líderes, hoje também, passam por um abismo ao desprezar a Palavra do Senhor!
Assim como aconteceu Davi, que caiu num abismo, quando desprezou a palavra do Senhor, Muitos líderes, hoje também, passam por um abismo ao desprezar a Palavra do Senhor! Ilustração: Havia um pastor numa pequena cidade do interior de São Paulo, um homem muito bom e bastante popular por ali! Era também um excelente orador, e 49
grande estudioso das Escrituras. Tinha ele uma bela esposa, com a qual já convivia a mais de dez anos. Tudo parecia bem em seu relacionamento conjugal. Numa certa noite, quando tudo parecia bem, algo trágico aconteceu. Este pastor teve um ataque cardíaco fulminante e morreu! Foi um choque para a igreja e para aquela pequena cidade, aonde quase todos o conheciam. A sua morte pegou muitas pessoas de surpresa, mas tão surpresas elas também ficaram, depois de saber que aquele pastor mantinha relacionamento extraconjugal com outras mulheres. O fato é que aquilo que estava em oculto veio a ser revelado, e aquele bom pastor deixou seu ministério manchado pelo pecado de adultério! Pois nenhum pecado está tão oculto que um dia não venha a ser revelado. Assim, quantos não vivem também na mesma situação hoje? Muitos líderes hoje passam por um abismo ao desprezar a Palavra do Senhor! Queridos! Daqui a pouco tempo estaremos assumindo um ministério, mas de que forma iremos exercê-lo? Será que estaremos sempre atentos à Palavra do Senhor? Será que nos lembraremos de meditar em sua Palavra todos os dias? Conhecemos inúmeros exemplos de pessoas que exerciam um excelente ministério, mas diante do desprezo à Palavra do Senhor se enfraqueceram e caíram. Se o meu e o seu ministério será bem sucedido ou não, vai depender muito do relacionamento que vamos manter com Deus! Ter um ministério abençoado significa que em boa parte dele, nossos joelhos estarão dobrados! Vida de oração e meditação na Palavra são fatores essenciais na nossa caminhada com Deus! Somente assim, poderemos vencer o pecado que nos assedia a todo o instante! Pois a mesma ordem que foi dada ao rei de observar a lei, meditar nela todo o dia, para aprender a temer o Senhor, continua valendo para nós hoje! O pecado sexual continua fazendo muitas vítimas. Talvez este seja um dos pontos mais fracos do ser humano. Quando estivermos no ministério, quantas mulheres atraentes farão parte de nossas igrejas! Quantas delas não passarão por nossos escritórios pastorais, pedindo aconselhamento! Quantas delas não nos chamarão a atenção por sua beleza exuberante! Quantos líderes têm caído, porque não resistem à tentação e desprezam a palavra do Senhor! Muitos líderes hoje passam por um abismo ao desprezar a Palavra do Senhor! E você está preparado para enfrentar esta situação? Ou será que diante de uma situação assim você vai tomar uma decisão que possa te causar prazer pessoal? Afinal de contas, você é o pastor, o poder de decisão está em suas mãos! As suas palavras terão grande poder para manipular essas mulheres! Lembrem-se! Deus nos chamou para uma missão e o requisito básico é: “Medita nesta palavra todos os dias e terás força para resistir às tentações”. Queridos! Quantos pastores e líderes destroem suas vidas, suas famílias e seus ministérios, porque não estão atentos à Palavra do Senhor! As tentações são inevitáveis, mas vencê-las é possível. O pecado no primeiro momento causa prazer, mas no segundo momento causa sofrimento e angústia! Desprezar a palavra do Senhor é trazer sobre si o juízo. E nada está oculto aos olhos do Senhor! Muitos líderes hoje passam por um abismo ao desprezar a Palavra do Senhor!
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Página 3 - Deus resgata Davi do fundo abismo! Davi permanece estático diante da repreensão do profeta que continua seu discurso dizendo: “Davi o Senhor te ungiu rei sobre Israel, te livrou das mãos de Saul. Deu-lhe a casa de Saul e suas mulheres. Deu-lhe a nação de Israel e Judá [...]. Se tudo isso não fora suficiente, não sabes que o Senhor lhe daria mais? Por que desprezaste a Palavra do Senhor teu Deus, fazendo o que ele reprova?” Natã continua, agora para mostrar a disciplina do Senhor diante do pecado de Davi. Ele diz: “Porque atentaste contra a vida do teu servo Urias com espada para ficar com sua esposa. Pois a espada jamais se afastará de sua família. De sua própria família o Senhor trará desgraça sobre você. Suas mulheres serão tomadas diante dos seus olhos e outro se deitará com elas em plena luz do dia. Pois o que fizeste em oculto, o Senhor o re velará diante de todo o Israel”. Neste momento, Davi ainda com a voz trêmula responde ao profeta: “Pequei contra o Senhor!” Então algo extraordinário sai da boca do profeta que diz: “Davi, o Senhor perdoou o seu pecado. Você não morrerá. Entretanto uma vez que você insultou ao Senhor, o menino morrerá”. Ainda que toda a consequência do pecado viesse sobre Davi, o rei certamente reconhece a infinita misericórdia do Senhor. Deus resgata Davi do fundo do abismo! Ufa! Que alívio deve ter pensado o rei! O Senhor age com misericórdia sobre a sua vida, pois o Senhor não vê como o homem, apenas o exterior, mas o Senhor vê o coração. Embora Davi seja disciplinado pelo seu pecado, mas a graça e a misericórdia do Senhor permanecem com ele diante do seu arrependimento. Então podemos perceber a confiança que Davi expressa no seu Deus quando diz: “O Senhor me tirou de um poço de destruição, de um atoleiro de lama; pôs os meus pés sobre uma rocha e firmou-me num local seguro” (Sl.40.2). Também podemos constatar a expressão de arrependimento de Davi quando escreve o Salmo 51, com destaque para o verso 10 que diz: “Cria em mim um coração puro, ó Deus, e renova dentro de mim um espírito estável”. Deus sabe das limitações de Davi. Deus não foi pego de surpresa, Ele sabe que os homens são falhos, e Ele mesmo é quem trabalha no coração do seu servo para que reconheça o pecado e não destrua a sua própria vida, afinal os planos do Senhor para Davi são maiores do que talvez ele pudesse imaginar! Podemos constatar em (2Sm. 12.24), quando o Senhor dá a Davi outro filho com Bate-Seba, este recebe o nome de Salomão, “o amado do Senhor”. As promessas do Senhor continuam sobre a descendência de Davi, e isso só é possível porque as suas misericórdias duram para sempre. Deus resgata Davi do fundo do abismo! Através da descendência de Davi, o próprio Deus encarnado, Jesus Cristo veio trazendo consigo o reino dos céus. Somente o próprio Deus poderia agir com justiça. Davi foi um rei, segundo o coração de Deus, mas a sua imperfeição deixa claro que nenhum homem pecador poderia agir de forma eficaz pelo povo. Somente em Cristo, descendente de Davi, a justiça foi aplicada, os cativos foram libertos, a paz foi estabelecida e a vida foi restaurada . Jesus mesmo disse: “[...] eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo. 10.10). Onde abundou o pecado de Davi, superabundou a graça de Deus! Deus resgata Davi do fundo do abismo! 51
Página 4 - Deus resgata seus líderes do fundo do abismo!
Assim, também Deus continua resgatando hoje; Deus resgata seus líderes do fundo do abismo! Essa ação de resgate parte do próprio Deus em favor dos seus escolhidos, porque as suas misericórdias duram para sempre. Claro que nem todos que caem se levantam, porque não deixam Deus tratá-los e acabam preferindo os prazeres do mundo. Mas a todos aqueles que aceitam as correções de Deus e o buscam com coração quebrantado, Deus perdoa, muito embora não os livre das disciplinas sobre seus pecados. Ilustração: Dois amigos viajavam pelo deserto e, em um determinado ponto da viagem, discutiram e um deu uma bofetada no outro. O outro, ofendido, sem nada poder fazer, escreveu na areia: "Hoje, meu melhor amigo me deu uma bofetada no rosto." Seguiram adiante, e chegaram a um oásis, onde resolveram banhar-se. O que havia sido esbofeteado e magoado começou a afogar-se, sendo salvo pelo amigo. Ao recuperarse, pegou um canivete e escreveu em uma pedra: "Hoje, meu melhor amigo salvou minha vida." Intrigado, o amigo perguntou: Por que, depois que te magoei, escreveu na areia, e agora, que te salvei, escreve na pedra? Sorrindo, o amigo respondeu: Quando um grande amigo nos ofende, devemos escrever onde o vento do esquecimento e o perdão se encarreguem de apagar. Quando nos acontece algo grandioso, devemos gravar isso na pedra da memória do coração onde vento nenhum, em todo o mundo, poderá sequer borrá-lo. Assim como nessa história Deus continua fazendo algo grandioso sobre os seus líderes hoje. O que Deus fez por meio de Cristo, não foi escrito na areia, onde as circunstâncias podem apagar com o tempo, mas foi gravado com sangue, na cruz do calvário e ninguém pode apagar! Deus continua agindo sobre os seus servos, resgatando suas vidas. É o próprio Deus que vem ao nosso encontro, como um pai, que não se conforma com o erro do filho e o disciplina com amor, para que seja íntegro e perfeito. Assim é a ação de Deus em nós. Deus continua hoje resgatando seus líderes, do fundo do abismo! Foi pago um alto preço pela nossa liberdade, pois estávamos todos no mesmo cativeiro, a nossa sentença era de morte. Mas pela graça de Deus, nós fomos alcançados e libertos! Jesus Cristo nos comprou com sua própria vida! Agora somos de sua propriedade! Isso significa dizer que os nossos pecados foram perdoados, que o cativeiro foi destruído, que a morte foi vencida! A graça de Deus veio sobre nós, mesmo sem termos nada de bom a lhe oferecer. A graça veio sobre algo imerecido! E a misericórdia veio sobre algo que nós merecíamos! Pois diante da nossa maldade tudo o que merecíamos era a morte, mas as misericórdias do Senhor nos pouparam dela. Deus resgata seus líderes, do fundo do abismo! Deus não muda, por isso a sua palavra é a verdade, suas promessas continuam se cumprindo na história. Lembre-se a ação é do próprio Deus em resgatar aqueles que estão caídos. Foi assim com o rei Davi e continua sendo conosco hoje. Deus sabe das nossas limitações, portanto nada do que Ele nos pede é impossível de cumprir, porque Ele mesmo nos ajuda por meio do seu Espírito que habita em nós. Aquilo que não poderíamos cumprir, Jesus cumpriu por nós, quando declarou: “Está consumado!”
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Por isso ele nos assiste com a sua maravilhosa graça! Deus continua hoje resgatando seus líderes, do fundo do abismo!
Conclusão Davi fez o que era mal aos olhos do Senhor, mas Deus o disciplinou e o resgatou do seu pecado, então ele reconheceu o seu erro e foi perdoado. Nós também não somos diferentes de Davi, e Deus continua agindo em nós hoje, renovando-nos a alegria da salvação e resgatando-nos muitas vezes do fundo do abismo! Davi pede para Deus renová-lo com um espírito voluntário (Sl.51), em outras palavras ele está dizendo: Senhor eu agi pensando somente em mim! Agora eu entendi o seu recado! Eu não quero mais usar do meu poder para tirar vantagem das pessoas, mas agora eu quero ensinar a elas os teus caminhos e elas se converterão a ti! Creio que Deus quer nos renovar também com um espírito voluntário. Ele nos convocou para uma missão, pois, somos os seus líderes hoje. Para isso, o nosso relacionamento com Ele deve ser profundo. Isso além de fazer bem pra nossa alma, também atrairá pessoas até a presença do Senhor! Lembre-se disso e tenha um ministério abençoado! AMÉM!
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8 JESUS CRISTO FALA HOJE COM A IGREJA Jean Francesco Lima Gomes 1 Reis 21.1-40 Introdução O jogador Deco voltou a jogar em times brasileiros. Em uma entrevista ele afirmou: “eu quero redescobrir a alegria de jogar futebol, o q ue eu perdi jogando na Europa”. O entrevistador, quando ouve essa resposta fica maluco e retruca: “você saiu do Chelsea para jogar no fluminense? Tem que ter muito amor a camisa mesmo”. Essa história remonta a situação do futebol brasileiro: futebol virou um negócio. Perdeu-se o amor à camisa, o amor ao time do coração, a lealdade dos tempos de Zico, Pelé, Sócrates, Rivelino e outros. Tudo pelo esperado sucesso passageiro da Europa e o anseio pela riqueza. Isso ilustra, paralelamente, a realidade dos profetas de Israel: eles perderam o amor à camisa do Senhor. Ser profeta virou um negócio de sucesso. Página 1 - Os profetas de Israel fazem do ministério um negócio!
A história que presenciamos em 1Rs 22.1-40 pode ser dividida em 4 partes: a) 1-4, o rei de Judá e Israel se unem para atacar a Síria; b) 5-12 os profetas da corte profetizam a favor dos reis; b’) 13-28 Micaías profetiza contra os reis e sofre as consequências; e a’) 29-40, o rei de Judá e Israel perdem a batalha contra a Síria. Essas quatro histórias formam um paralelismo mostrando que o paralelo central do texto gira em torno de dois tipos de profecia, a dos 400 profetas e de Micaías. O rei Josafá (Reino do Sul) e Acabe (Reino do Norte) planejam conquistar Ramote-Gileade, uma cidade fronteira próxima ao Mar da Galiléia. Regiões de fronteira geralmente atraem mais pessoas, o que atrai mais lucro e poder político. Os reis querem mais poder e prestígio. Josafá olha nos olhos de Acabe e lhe pergunta: onde estão os profetas? Vamos ver se Deus está conosco! Os profetas da corte eram os conselheiros espirituais do palácio, como Isaías, Natã e outros. Acabe corre para reuni-los e eles, unânimes, profetizam uma palavra agradável aos ouvidos reais. Eram 400 profetas. Imagine uma sala cheia de homens gritando a uma só voz: podem ir, com certeza Deus estará com vocês na batalha, essa fronteira é de vocês! Essa era a voz de homens conhecidos da população, homens de prestígio, afinal trabalham para o rei. Josafá vê aquela sala cheia, ouve aquela gritaria, olha para o rei novamente (desconfiando) e diz: será que não tem mais nenhum profeta aqui? Alguém que não faça parte da corte? 54
E há, apenas mais um, um anônimo: Micaías, alguém sem reputação e prestígio na corte, pois não profetiza o que é bom, mas somente o que é mau, v. 8 (Na NVI diz que Acabe odeia Micaías!) E enquanto os mensageiros do rei vão chamá-lo, os 400 profetas tentam convencer os reis de que a vitória já é certa. Zedequias o líder dos 400 ergue os braços segurando um chifre de ferro: “a vitória é nossa!”, v. 11. Este é o retrato da profecia em Israel: quem fala o que o rei quer ouvir recebe popularidade; anda sempre com a maioria; profetiza dentro do palácio, tem a melhor remuneração, reconhecimento do povo e das autoridades. Em outras palavras: a profecia em Israel virou um negócio, pois Os profetas de Israel fazem do ministério um negócio. Há corrupção entre os profetas de Israel. Tornaram-se mercenários, empregados de um rei ímpio. Seu moto-profissional é atender às expectativas das pessoas. Deus estava em seus discursos “assim diz o Senhor”, mas o conteúdo de sua mensagem foi totalmente profissionalizado. Os profetas de Israel abandonam a palavra confrontadora e cortante de Elias pelos benefícios de seus cargos. Paul House afirma sobre isso: “Estes não são profetas fiéis e sinceros do Senhor, mas profetas de corte . Estão na folha de pagamento do rei, e vivem para agradá- lo” Eles estão em forte contraste com os profetas do Senhor. Elias, mencionado em 1Reis 18:1-15 devia ser escondido se quisesse sobreviver. Este texto nos mostra como os profetas podem ser humanamente ordenados, porém totalmente rejeitados pelo conselho divino ou como Micaías ordenado pelo conselho divino e rejeitado pelo conselho humano: profecia virou negócio, os profetas de Israel fazem do ministério um negócio. Página 2 - Muitos pastores fazem do ministério um negócio.
Pensando nesta possibilidade de secularizar nosso ministério lembro bem, quando cheguei ao seminário e presenciei uma discussão em uma roda de amigos. A questão era a seguinte: se você tivesse esposa e filhos para cuidar e seu conselho lhe diz que você deve pegar mais leve, deixar o pecado um pouco de lado e falar mais o que as agrada. Caso contrário, você pode procurar outra igreja. O que você faria? Um dos meus colegas ali na roda foi sincero e disse que abriria mão do seu conforto para ser fiel ao chamado que recebeu, e, ainda afirmou que acreditava que Deus sustentaria sua família. Esse rapaz foi ridicularizado por sua atitude. Diziam eles: “na hora que você ver sua esposa chorando dentro de casa, seus filhos sem escola, dívidas, você voltará atrás em suas palavras”. Essa é uma realidade presente na mente de muitos de nossos colegas: Muitos pastores fazem do ministério um negócio. Todo pastor tem o dever de ser profeta, por isso os seminários são chamados de “Casa de Profetas”, uma casa que forma homens para não se conformarem com a corrupção do mundo e da própria Igreja. A mentalidade profissional destrói nossa dependência de Deus. A mentalidade do profissional não é a mentalidade do profeta. John Piper afirma que “a maior ameaça à nossa oração e meditação na Palavra de Deus é a virtuosa atividade ministerial”. Podemos matar o nosso
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ministério com o próprio ministério. René Padilha descreve isso como ativismo. Isto é, “ação sem oração”. A técnica mais eficaz em nossos ministérios é a devoção. E. Peterson diz que a base do nosso ministério “é algo que fazemos quando ninguém está olhando”. São as coisas que fazemos, quando não estamos em público, quando apenas Deus nos vê. No ministério devoção precede sermão. M. Lloyd- Jones diz: “para mim a pregação é a mais elevada, a maior e a mais gloriosa vocação para a qual alguém pode ser chamado”. No entanto, eu mesmo me flagro caindo na tentação de menosprezar as riquezas de nosso chamado. Muitas vezes: 1. Usamos a Bíblia apenas para preparar sermões e não como fonte de prazer e emoção; 2. Escolhemos o melhor salário como critério para escolha de campo e não a voz do Altíssimo; 3. Elegemos crescimento numérico como prova de um ministério bem sucedido e não o crescimento de Deus nas pessoas; 4. Ocupamo-nos mais com métodos, estratégias, reuniões e concílios do que com pessoas; 5; Trocamos a palavra simples e gloriosa do pastor pela palavra empresarial do líder. Muitos de nós - seminaristas - perdemos o foco da nossa vocação, aqui no seminário. Enquanto nos satisfizermos em simplesmente agradar nossas congregações, ser pastor será um dos trabalhos mais fáceis de se fazer. Um pastor já me disse: “jovem, para ser pastor você precisa ser apaixonado por dois livros: A Bíblia e o seu rol de membros.” Muitos de nós perdemos a paixão pelo pastorado, nos sentimos interiormente ofendidos com o mero título de “pastor”. Precisamos resgatar e sentimento que Paulo sentiu ao ver os gálatas se afastando do evangelho: “meus filhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós; pudera eu estar presente, agora, convosco e falar-vos em outro tom de voz; porque me vejo perplexo a vosso respeito”. Ministério é o fogo q ue arde em nossos ossos. Spurgeon dizia a seguinte frase quando lhe apresentavam um aspirante ao ministério: “não entre no ministério se puder passar a sua vida sem ele , não seja pastor se você pode fazer qualquer outra coisa”. Eu não poucas vezes me vejo longe de ser um pastor segundo o coração de Deus, me pego trabalhando na força do meu braço; esqueço de exercitar os meus joelhos. Este é um sinal que precisamos urgentemente da graça de Deus, caso contrário nossos ministérios serão perda de tempo e totalmente fracassados. Precisamos de ajuda. É por este motivo que Página 3 - Deus fala a Israel, por meio de Micaías.
A atuação graciosa de Deus é manifesta pela profecia. O mensageiro do rei procura Micaías, o profeta que vive fora do palácio e o convoca até a corte para falar o que é agradável aos ouvidos do rei. Mas Micaías é fiel ao Senhor, no v. 14: “Respondeu Micaías: Tão certo como vive o S ENHOR , o que o SENHOR me disser, isso falarei”. Micaías depois é inquirido por Acabe e com ironia diz que tudo correrá bem, v. 15. Porém o rei conhece o caráter deste profeta e lhe pergunta mais uma vez: fale-me a verdade em nome do Senhor! E Micaías profetiza nada mais nada menos que Israel seria 56
varrido para os montes como ovelhas sem pastor, sem dono, ou seja, Micaías olhou com coragem nos olhos do rei e bradou: “Acabe, você vai morrer!” Algum tempo depois no v. 24 chega Zedequias, o líder dos profetas da corte, e vermelho de raiva dá um tapa na cara de Micaías em público, expondo-o a vergonha das autoridades e dos outros profetas. Deus levanta um profeta que abre mão de um tapinha nas costas e se sujeita a um tapa na cara. Ser um profeta fiel exige coragem e sacrifício. Micaías profere a sua segunda sentença no v. 28, em outras palavras: “Se você, rei Acabe voltar vivo então Deus não falou por mim, mas se não voltar, é porque Deus bateu o martelo contra você”. É por este testemunho profético que entendemos que Deus fala a Israel, por meio de Micaías. Deus certamente fala por intermédio dos seus profetas. O prof. Carl Bosma nos disse certa vez que a profecia existe porque Deus quer consertar o relacionamento quebrado com seu povo. Deus na história da salvação utilizou vários meios para consertar o seu relacionamento com o seu povo, em Hb.1.1 lemos: “Havendo Deus, out rora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo”. Deus agora tem o seu Profeta por excelência, Jesus Cristo . Jesus como profeta quer renovar seu relacionamento com a sua noiva, por isso lhe endereça 7 cartas, que se encontram no livro do Apocalipse, o segundo maior discurso de Jesus no Novo Testamento. Logo, profecia é iniciativa insistente de Deus em recuperar o noivado gelado da Igreja com o seu Deus. A palavra “arrependimento” aparece em Apocalipse 12 vezes em 5 das 7 cartas, sendo que na última, talvez a pior igreja das sete Jesus diz 3.19: “Eu repreendo e disciplino aqueles a quem amo”. A profecia acontece quando o noivo quer discutir a sua relação com sua a noiva. Em Sardes vemos que a igreja era famosa por muito ativismo. Ela tem nome de quem é viva, mas perdeu a sua devoção e está morta. Em Laodicéia Jesus diz que o anjo (pastor) da igreja ficou rico e não precisa de mais nada. Neste caso o desejo pelo sucesso e profissionalismo lucrativo matou o pastor e a própria igreja. No entanto, Jesus profetiza e fala a essas igrejas, mas não como um chefe, não como um general, não como um diretor, não como um técnico, não como um administrador, não como um governador. Jesus é o nosso pastor; Jesus é aquele que vê os nossos defeitos, nos repreende, olha em nossos olhos e diz: “Você não é e nem faz nada sem mim, arrependa -se e volte”. Como Deus advertiu Israel, a igreja primitiva, da mesma forma, ainda hoje: Página 4 - Jesus Cristo fala hoje com a Igreja.
Deus quer consertar seu relacionamento conosco; quer nos livrar de mero profissionalismo. A nossa intimidade com ele é o maior e melhor meio que Deus possui para nos livrar de um ministério profissional. Às vezes dá vontade de largar o ministério. No começo deste ano passei por momentos de frieza com Deus. Não conseguia mais orar, minha leitura bíblica se resumia a fazer devocionais e sermões; sermões que perderam a sua autoridade. Até que preguei num domingo à noite em minha própria igreja pela primeira vez. Minha sensação era de total desprezo a mim mesmo. Pensava: não sou digno de subir a este púlpito, minha vida 57
está um lixo. Só queria que o culto terminasse, voltar para casa e durmir. Mas o seu Espírito Santo profetizou contra a minha alma naquela noite e utilizou uma irmã da minha comunidade para me dizer algumas palavras: “Jovem, você sabe o quanto eu te amo. Te vi crescer nesta igreja, vi o seu progresso e quero que você seja o meu pastor. Saiba que estou orando muito por você”. Estas palavras deixaram meu coração em pedaços. Que Deus tremendo e gracioso. Ele nos ama incondicionalmente e assombrosamente. No dia em que preguei pela primeira vez na minha igreja Deus pregou o seu sermão para mim através da pessoa mais simples de minha comunidade. Eu quero mais dessa sua graça. Se não deixarmos Jesus profetizar o que está errado em nossos corações é melhor desistirmos do ministério. Jesus Cristo fala hoje contra o nosso profissionalismo e sua graça nos conduz ao arrependimento. Deus quebra a nossa rotina de desapego e insiste em nossas vidas através dos nossos amigos, através dos olhares da família, através da própria igreja, pois a Igreja é o próprio Cristo existin do como comunidade”. A igreja é uma das maneiras de nos reapaixonarmos pela vocação que Deus nos confiou. Deus a todo instante enche o nosso coração de saudade dele mesmo através do Espírito Santo. Deus nos ama demais, por isso insiste em nos consertar. Certo conto diz: “os pássaros tem pés e andam. Também são providos de garras que lhes possibilitam agarrar-se a um galho com total segurança; pássaros aprendem a cantar belamente e nos encantam. Porém, voar é a sua habilidade vital; somente quando são capazes de voar é que os passaros vivem em toda plenitude, de forma bela e extraordinária.” Da mesma forma, nós podemos ter até
talentos em administrar bem, ter a melhor tecnologia, fazer boa propaganda, bons projetos, mas isso não é a essência do nosso ministério. Deus quer que encaremos nosso relacionamento com ele como o vôo mais alto e intenso de nossas vidas. Deus quer o nosso coração antes do nosso serviço. E Deus vem atrás de nós para nos consertar com a sua palavra, com a sua Igreja e com a interceção do Espírito Santo. Ele não desiste de nós! Quando Deus tem o nosso coração em suas mãos não apenas nosso ministério dará frutos, mas seremos as pessoas mais satisfeitas deste mundo. A ele seja a glória eternamente!
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9 DEUS PROVÊ O SUSTENTO DOS SEUS FILHOS Alex Gonçalves da Silva 2 Reis 4.42-44 Introdução A revista Superinteressante publicou, na sua edição de novembro de 2010, uma suposta biografia de Deus. Segundo ela, Deus teria sido mais um deus entre os deuses da região de Canaã que peregrinava e atuava nas regiões desérticas do sul da terra prometida. Os israelitas teriam começado a cultuá-lo através dos povos nômades do deserto que formaram o povo de Israel. Com o tempo, ele teria conquistado o terreno dos deuses venerados pelos povos cananeus. Com isso, os limites do seu domínio teriam aumentado e a adoração a ele se estendeu para além do deserto. Dessa forma, o Deus que a igreja proclama como o único Deus e Senhor do universo, não teria sido sempre o Deus Todo Poderoso, mas teria se tornado Supremo após várias disputas históricas entre ele e os outros deuses. Historicamente, muitos israelitas tinham essa concepção acerca de Deus nos tempos dos profetas Elias e Eliseu. Para eles Deus seria o deus poderoso que lutou com Faraó, dividiu o mar vermelho, conduziu os israelitas pelo deserto até Canaã e derrotou os inimigos de Israel. Contudo, quando se estabeleceram na terra prometida acharam que precisavam da ajuda de outro deus para abençoá-los na vida cotidiana. Portanto, passaram a cultuar Baal, que os cananeus consideravam como deus da fertilidade e da tempestade, mas não deixaram de cultuar ao Senhor. Os adoradores de Baal criam que as chuvas necessárias para a renovação da terra na primavera dependiam do resultado da luta anual entre Baal, o deus das tempestades, Yam, o deus do mar e Mot, o deus da morte. Por isso, pensavam que os períodos intensos de seca ocorriam quando Baal estava morto e que as chuvas ocorriam depois que Anat, deusa da guerra, o ressuscitava. O milagre da multiplicação dos pães aconteceu em Gilgal, onde havia uma escola de profetas. Nela viviam cerca de cem discípulos que sofriam com a fome por causa da seca na cidade. Certo dia, devido à fome intensa, comeram a primeira erva verde que puderam encontrar, mas quase morreram porque era venenosa. Contudo, Deus lhes poupou a vida através do profeta Eliseu e em seguida multiplicou os pães que os alimentaram. O autor dos livros de Reis explicou que a seca ocorria devido à infidelidade de Israel. Deus reteve as chuvas como ele prometeu na sua palavra (Lv 26:3-4) porque Israel não reconhecia que o Senhor é o único Deus que ao mesmo tempo nos socorre nas batalhas e está no controle de todas as questões da vida, como as chuvas necessárias para a produção de alimentos. Esse milagre de multiplicação também nos desafia hoje a dependermos do Senhor em todas as circunstâncias tendo atitudes que reconheçam a sua provisão, porque: Deus Provê o Sustento dos seus Filhos!
Que atitudes Deus espera dos seus filhos devido a sua provisão? 60
Porque Deus Provê o Sustento seus Filhos, ele espera que eles: I - Confiem na sua Provisão – vv. 43-44. Deus nos ensina a confiar nele. Como Deus nos ensina? 1 - Pelas promessas da sua Palavra
Deus ensinou Geazi, o servo de Eliseu (2 Rs 5:20) e os discípulos dos profetas a confiarem na sua provisão quando o profeta lhe mandou servir vinte pães para cem homens. Geazi, que testemunhou como Deus ressuscitou o filho da mulher sunamita e livrou da morte os discípulos dos profetas, duvidou que aqueles pães pudessem alimentálos. Ele questionou o profeta: “Como hei de eu pôr isto diante de cem homens?”. Então, Deus lhe prometeu através de Eliseu que todos comeriam e ainda sobrariam pães para outras refeições. Os profetas eram os homens da palavra pelos quais Deus avaliava o presente e predizia o futuro com base no desempenho de Israel no cumprimento das condições da sua aliança, exortava o seu povo a viver pelas suas instruções e a confiar nas suas promessas e operava milagres a favor dos seus servos fiéis. Portanto, durante a escassez que a nação sofria devido a sua infidelidade, Deus sustentou pela sua palavra os fiéis que ele mesmo preservou em meio à idolatria que imperava na nação. Deus treinou aqueles homens na escola de profetas de Eliseu para serem homens confiantes na sua palavra a fim de que a transmitissem com poder e convicção. Por isso, ele se serviu de um momento de calamidade causado pela desobediência as suas palavras para justamente promover a confiança do seu povo nelas. Então, na medida em que Geazi colocou os alimentos à mesa, o Senhor os multiplicou diante dos olhares atentos dos discípulos dos profetas que viram a palavra de Deus em ação a favor do seu povo. Com isso, Deus provou que ele é o verdadeiro Senhor que multiplica os alimentos que saciam a fome dos seus servos e não Baal – Salisa, que significa Senhor da Multiplicação, o deus oficial da cidade do homem que levou os pães e as espigas ao profeta Eliseu. Consequentemente, Deus nos ensina a confiar na sua provisão: 2 - Pelo cumprimento das promessas da sua Palavra.
Deus cumpriu a promessa de fazer os pães e as espigas verdes sobrarem. Todos comeram, ficaram satisfeitos e guardaram o que sobrou para outra refeição. Assim, Deus ensinou aqueles homens que apesar das circunstâncias ele sempre cumpriria a palavra que lhes dissesse e proveria em todo o tempo o suficiente para suprir as suas necessidades. O Senhor Jesus, que providenciou a salvação das nossas almas quando sofreu na cruz a condenação pelos nossos pecados, também provou que Deus nos sustenta quando multiplicou cinco pães e dois peixinhos primeiramente e depois sete pães e alguns peixinhos para alimentar as multidões famintas que o seguiam (Jo 6:1-14; Mt 15:32-39). É por meio de Jesus, o Pão Vivo que desceu do céu, que podemos confiar na provisão de Deus. Porque Deus cumpre as promessas da sua palavra podemos confiar que ele provê o sustento para seus filhos. 61
O pastor William Crowder, um dos escritores do devocionário “Nosso Andar Diário” testemunhou que Deus o desafiou a confiar na sua provisão no início do seu ministério. Ele teve dificuldades para sustentar a sua família quando pastoreava uma pequena igreja que não tinha muitos recursos financeiros. Houve um momento em que os alimentos da despensa estavam acabando. Por isso, ele e sua esposa começaram a se inquietar e pensar se teriam alimentos para seus filhos nos próximos dias. Num desses dias, enquanto o casal se preocupava com o sustento da família, alguém tocou a campainha da casa deles. Então, o pastor William caminhou até a porta e a abriu. Mas, já não havia ninguém do lado de fora. Porém, ele viu com bastante surpresa duas sacolas cheias de alimentos sobre o tapete em frente à porta. Eles não haviam contado a ninguém sobre a necessidade deles. No entanto, Deus proveu o suficiente para as necessidades deles. De fato, podemos confiar que Deus multiplica os recursos que nos sustentam provendo mais deles para suprir as nossas necessidades.
Esse milagre é também como uma parábola acerca da provisão de Deus no ministério pastoral. Aprendemos que podemos confiar que Deus nos supre com o pão da sua palavra que nos alimenta para que possamos alimentar os discípulos e discípulas do Senhor. Diante da confiança que o próprio Deus nos dá na sua provisão, não podemos reagir com indiferença depois que ele supre nossas necessidades. Por isso, ele espera que seus filhos que confiam nele, também o: II - Louvem pela sua Provisão – vv. 42. Deus nos convoca para louvá-lo. 1 - Como louvamos a Deus?
Oferecendo a ele as primícias de tudo quanto ele nos provê. Deus colocou o desejo de louvá-lo no coração daquele fiel que morava na cidade de Salisa (1 Sm 9:4), como lhe chamavam antes de ser consagrada ao deus cananeu Baal, antes que o culto a ele se tornasse oficial no norte de Israel. Apesar dela ser um centro de idolatria na época, o Senhor impediu que pelo menos um dos seus habitantes dobrasse os joelhos a Baal (1 Rs 19:18). Os israelitas deviam louvar ao senhor através das ofertas de manjares que era composta de cerca de dois quilos de cereais (Lv 23:9-10) mais cerca de dois quilos da melhor farinha ou bolos sem fermento (Lv 23:13). Mas, se esta oferta fosse das primícias da colheita, a oferta de cereais devia ser de espigas verdes. Os ofertantes entregavam essas ofertas aos sacerdotes que ministravam no templo em Jerusalém para queimarem uma porção dela ao Senhor (Dt 26:1-2; Lv 2:1-2,9). Como não havia um templo consagrado ao Senhor no reino do norte e o rei Jeroboão impediu seus habitantes de irem ao templo em Jerusalém (1 Rs 12:26-31) e expulsou os levitas e os sacerdotes (2 Cr 11:13-15), o homem de Baal – Salisa levou sua oferta de pães e espigas verdes ao profeta Eliseu. Por isso, aquele servo caminhou cerca de vinte e dois quilômetros até a escola de profetas de Gilgal para louvar o Senhor pelos frutos que ele colheu na sua propriedade. Ainda que ele não tenha cumprido à risca as instruções do Senhor quanto ao local e as pessoas as quais a oferta deveria ser entregue, aquele ofertante agiu no espírito da lei de Deus, pois cria que as primícias não lhe pertenciam e quem estava a serviço de Deus é quem devia recebe-las. Daí, as Escrituras fazem questão de dizer que quem as recebeu foi
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o “Homem de Deus”, como o Antigo Testamento designa os que estavam a serviço do Senhor (1 Sm 2:27, 9:6; 1 Reis 17:18).
2 - O que expressamos quando louvamos a Deus pela sua provisão? O reconhecimento de que ele é o provedor de todas as nossas necessidades. Os contemporâneos do servo de Salisa dedicavam as primícias das suas colheitas a Baal e não ouviam a exortação dos profetas para se arrependerem (Os 2:8; Ez 16:19), mas ele as consagrou ao Senhor. Ele reconhecia que o Senhor proveu a produtividade das suas plantações, pois fez chover na sua cidade, mas não sobre outras de acordo com os seus desígnios (Am 4:7-8). Como os judeus que o Senhor exilou na Babilônia falharam em reconhece-lo como o Deus Provedor deixando de louvá-lo pela sua provisão, o relato da oferta do homem de Salisa pretendeu exortá-los ao arrependimento, pois só o Senhor, que provê o sustento dos seus filhos, é digno de louvor. Hoje, não é pela oferta de manjares entregue a um sacerdote que louvamos o Senhor reconhecendo a sua provisão, mas quando entregamos nossos dízimos e ofertas. Deus as recebe porque Jesus, nosso Sumo Sacerdote, ofertou seu próprio corpo como pagamento pelos nossos pecados nos reconciliando com o Pai (Hb 10:10). Porém, mais do que os dízimos e as ofertas em si, Deus espera que elas expressem o louvor do coração daqueles que confessam o seu nome (Hb 13:15) e obedecem a sua palavra, porque “o obedecer é melhor do que o sacrificar ”. (1 Sm 15:22) Deus não providenciou os pães que o servo de Salisa entregou para Eliseu apenas para alimentar o profeta. Ele mesmo ordenou Eliseu dizer para Geazi servir todos os seus discípulos. Então, porque Deus provê o sustento dos seus filhos, ele espera que eles: III - Compartilhem da sua Provisão – vv. 42b. Deus nos desafia para compartilharmos o que ele nos concede. Por que devemos compartilhar da provisão de Deus? 1 - Porque Deus Compartilha das nossas Necessidades
Naqueles tempos de fome, o Senhor supriu as necessidades dos profetas Elias e Eliseu através de algumas pessoas que ele providenciou para alimentá-los, como o homem de Salisa e também a viúva da cidade de Sarepta que alimentou o profeta Elias (1 Rs 17:89). Por isso, o homem de Salisa pode compartilhar do que Deus lhe proveu com Eliseu e o profeta pode compartilhar do que recebeu com seus discípulos. Então, devemos compartilhar também: 2 - Porque Deus nos Provê para nos Compadecermos dos Necessitados
Como vimos, não havia pães para todos os cem homens. Porém, Eliseu sempre se preocupava com as necessidades das pessoas. Confiando na provisão de Deus, ele costumava perguntar o que podia fazer para ajudá-las como perguntou a uma viúva endividada de um dos discípulos dos profetas (2 Rs 4:1-2, 13). 63
Assim, através de Eliseu, Deus se compadeceu daqueles que ele conservou fiéis á sua aliança. Ele saciou os necessitados que sofriam a violência de alguns profetas que proclamavam mentiras (Ez 22:28-29) e dos próprios compatriotas que desobedeciam a palavra de Deus fechando suas mãos aos pobres (Dt 15:7). Por isso, Eliseu se compadeceu dos seus discípulos e ordenou que seu servo Geazi servisse a todos. Esse gesto de Eliseu e o milagre que Deus operou através dele deram uma amostra do que Jesus faria quando, por duas vezes, se compadeceu de uma multidão faminta. Seus discípulos queriam despedi – lá porque não havia alimento para todos. Pedro, um dos seus discípulos disse: “Está aí um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas isto que é para tanta gente?” (Mt 14:17). Porém, nas duas ocasiões Jesus os ordenou que alimentassem todos os homens, as mulheres e as crianças dentre a multidão. Então, ele multiplicou os alimentos e saciou a fome de todos (Jo 6:1-14; Mt 15:32-39). Porque Deus provê nosso sustento devemos compartilhar com outros da sua provisão. Um pastor americano, contou como um cristão tinha o hábito de compartilhar das necessidades das pessoas. Ele era dono de uma fábrica de carvão que estava localizada próxima a uma ferrovia. Ao longo dela havia uma cerca. Todos os dias vários trens de carga passavam por ali. Frequentemente, esse cristão jogava pedaços de carvão por cima da cerca em vários trechos da ferrovia perto da sua fábrica. Por isso, um amigo seu certa vez lhe perguntou: Por que você joga tanto carvão por cima da cerca? Então ele disse: Uma senhora idosa vive do outro lado da rua e eu sei que a aposentadoria dela é insuficiente para comprar carvão para que ela possa se aquecer nos dias frios em nosso país. Depois que os trens passam, ela caminha pelos trilhos e ajunta os pedaços de carvão que joguei”. Como esse cristão, devemos compartilhar da provisão de Deus porque ele também supre as nossas necessidades para suprirmos a necessidade de outros .
Porque nosso Senhor não fechou os olhos diante da fome que os seus servos padeciam, nós também não devemos deixar de ver os que a nossa volta têm falta de alguma coisa como alimentos, mas compartilhar o que temos com essas pessoas, pois Deus muitas vezes supre as necessidades de outros através do que provê para nós. Como futuros pastores, Deus nos chamou para compartilharmos principalmente a sua palavra como seus profetas da atualidade. Contudo, sabemos que devemos compartilhar a palavra que Deus já nos revelou pelos profetas. Nesse sentido, através do milagre da multiplicação dos vinte pães Deus assegura que ele alimentará as almas famintas quando pregarmos a sua palavra porque ele promete que ela irá cumprir os propósitos de transformar a vida dos seus escolhidos.
Conclusão Mesmo que algumas pessoas ainda pensem que Deus é apenas mais um entre outros deuses, não há outro Deus, além do Senhor, que é o provedor de todos os seres da terra. Nele temos firme confiança de que teremos o sustento em nossas necessidades. Por isso, nossos lábios podem bendizê- lo com muitos louvores e nossas mãos compartilhar das suas dádivas com aqueles que ele põe em nosso caminho a fim de receberem a mesma compaixão que recebemos dele. “Uma mãe cristã de trinta e nove anos sofreu um ataque cardíaco e descobriu que tinha uma doença na artéria coronária. Por isso, precisou passar por uma cirurgia de ponte-de-safena. Um ano mais tarde, a sua filha de quinze anos foi uma das vítimas de um acidente de carro e ficou paralisada. Por isso, sua mãe se viu obrigada a pedir demissão do trabalho. Como as despesas da casa dependiam do seu salário, a família começou a passar por necessidades e ter dívidas. Ela ficou irada com Deus por conta da
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sua situação e resolveu que não faria mais orações pedindo a ajuda dele, pois já estava cansada de sofrer pensando que ele estava alheio a tudo. Mas, numa noite, sem que ela esperasse, uma jovem foi até a sua casa, porque Deus se compadeceu daquela família e a enviou para ajuda-la. A jovem lhe entregou um envelope e lhe disse: Eu trouxe esse presente para você. Enfim, no envelope estava o dinheiro que supriria as necess idades daquela família durante um ano”.
Se tivermos qualquer necessidade, se aparentemente nos falta motivos para louvarmos ou se temos algum receio para compartilharmos das necessidades de alguém, lembre – se: “... aos que buscam o Senhor, bem nenhum lhes faltará” (Sl 34:10). Amém!
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10 DEUS INTERVÉM A FAVOR DE JERUSALÉM Luiz Hipólito Gomes de Souza 2 reis 18.1-19.37 Introdução Reginaldo Holyfield, um pugilista baiano que subiu no ranking brasileiro por ter uma pegada forte, um soco de direita – upper – que, quando acerta é fulminante! “caixão e vela”. Sem falar, que o cara é um “guarda roupa”. Não é a toa que o seu segundo nome seja Holyfield, pois ele é o sósia do Holyfield, boxeador norte americano. Sua trajetória nos ringues tem sido notória, pois se mostra um verdadeiro troglodita e detona os seus adversários, logo nos primeiros rounds, por nocaute. Antes mesmo da luta ele consegue abalar os seus adversários, trovejando palavras ofensivas, dizendo impropérios, deixando as suas vítimas abaladas psicologicamente. Ele iria enfrentar o campeão dos pesos médios ligeiros, um pugilista pernambucano, conhecido como um pugilista crente. No dia anterior à luta, em que os boxeadores apresentaram-se, como de praxe, para aferição dos seus pesos, lá estava, também a mídia televisiva dos principais programas esportivos baiano. Como de costume Reginaldo não perdeu a oportunidade e ao ser entrevistado estando ao vivo nos canais de televisão e frente a frente com o seu adversário, olhando-o nos olhos arrazoou: “Eu vou acabar com você! Vou detonar você todo! Vou atropelar você! O estado de Pernambuco vai ver que lá não existe pugilista que dê em baiano...!” Até aqui nada de novo, mas de repente o Holyfield baiano se excedeu e falou o que não devia, sabendo que o rapaz era crente, evangélico, ele disse com desdém: “peça ao seu Deus que te livre das minhas mãos, pois você vai ver a “carreta” que vai te atropelar...” ! Chegou o dia da luta e o ginásio estava abarrotado de torcedores a favor do Holyfield baiano. Milhares de pessoas gritando euforicamente. Soou o gongo e iniciou o primeiro round. Reginaldo Holyfield, então, parte com tudo para cima do campeão, a fim de vencer a luta por nocaute, logo no primeiro round. O povo gritava: bate! bate! derruba! derruba! Holyfield empolgado desfere uma série de socos contra o campeão, que mostra, por sua vez, porque estava ali, se desviando com habilidades dos golpes, porém ficava claro que de fato, aquela luta não iria durar muito, pois o Holyfield estava obstinado pela vitória e mostrava nitidamente vantagem. No segundo round, Holyfield, semelhantemente partiu com tudo para decidir a luta e naquela pugna, de repente, Holyfield desfere um golpe, tão violento, o que no boxe se chama cruzado de direita, a sua arma fulminante, que segundo ele derruba até elefante!. Mas ele colocou tanta força! tanta força! Que, ao se esquivar o campeão, o soco passando tangente ao seu queixo, Holyfield conseguiu, o que parece inédito numa luta de boxe, deslocar a própria clavícula! Colocando a mão por sobre o ombro, indefeso, e dessa vez agora, ele, tentando evitar os golpes do adversário, o pugilista crente, que partiu para cima de Holyfield, contudo Holyfield foi salvo pelo seu próprio treinador, que imediatamente jogou a toalha no 66
tablado do ringue, evidenciando o reconhecimento de derrota. Assim, Holyfield foi derrotado e o pugilista crente ganhou a luta sem muito esforço. Agradecido, levanta as mãos para o alto, indicando que ele não estava só! Ficava claro, agora, que o grande erro do pugilista baiano foi menosprezar o Deus do pugilista crente, o Deus da Bíblia! Semelhantemente ao que aconteceu aqui, o texto bíblico que acabamos de ler nos narra o evento em que Senaqueribe, o poderoso rei da Assíria, ameaça o rei Ezequias, um rei temente a Deus.
Explicação O povo de Deus estava dividido em reino do norte, Israel, cuja capital era Samaria e reino do sul, Judá, cuja capital era Jerusalém. Essa divisão foi em função da idolatria do rei Salomão, que após morrer, deixou um conflito pela posse do reino entre o seu filho Roboão e o efraimita Jeroboão. O reino então foi dividido, ficando Jeroboão como rei de Israel, com dez tribos e Roboão com apenas duas tribos, Judá. Cumprindose a profecia do profeta Aías, a quem Deus usou para dizer que rasgaria o reino de Salomão, por causa do seu pecado. Daqui por diante, tanto o reino do norte como o reino do sul tiveram uma sucessão de reis, maus e idólatras, desagradando em muito a Deus. Nesse ínterim, levanta-se uma outra nação obstinada a dominar o mundo daquela época, o império Assírio, e começa então, a pilhar e dominar as demais nações. Os assírios eram homens maus, violentos e cruéis. Diz a história que os assírios, na pessoa do seu rei, nas suas investidas contra os demais povos, quando os capturava, mandava esfolar vivos os seus prisioneiros, ou mandava corta-lhes as mãos, os pés, o nariz, as orelhas, ou mandava vazar-lhes os olhos, ou ainda, mandava lhes arrancar a língua. Também mandava fazer montes de caveiras humanas a fim de inspirar terror às suas vítimas. Aqueles que conseguiam sobreviver eram levados cativos para outras terras desconhecidas, ou mesmo os que ficavam em seus próprios territórios eram misturados com outros povos, a fim de lhes remover o nacionalismo e facilitar a submissão. Página 1 - Senaqueribe ameaça Jerusalém
Em 716 a.C. Ezequias era o rei de Judá e diferentemente do seu pai, rei Acaz, fez o que era reto perante o Senhor Deus de Israel.(18.3) Ezequias, embora muito jovem, parece que tinha uma visão histórico-teológica adequada. Ele viu o reino do norte ser destruído pela Assíria, conforme está relatado em 2Rs.18.9-12. Ele discerniu bem a história, parece que conhecia bem a trajetória do seu povo e sabia que a pior desgraça do seu povo não eram os demais povos ao seu redor, mas o pecado que cometiam contra Deus. Então, quais são as primeiras medidas que Ezequias toma no seu reino? Medidas de cunho espiritual! Diz a Bíblia: “Feliz a nação cujo Deus é o Senhor”. (Sl.33.12). Ezequias, então, resolve fazer uma reforma espiritual no seu reino. Removeu os altos falsos lugares de adoração espalhados pelo reino, criados por Salomão, lugares de culto popular; quebrou as colunas, ídolos que representavam ao 67
deus cananeu Baal; deitou abaixo o poste-ídolo, ídolo que representava a deusa Aserá, conhecida como “rainha do mar” e fez em pedaços a serpente de bronze, porque até aquele dia continuava sendo adorada pelo povo de Deus (18.4). Ezequias era um homem de Deus, confiava no Senhor, se apegou ao Senhor, não deixou de segui-lo e guardou os mandamentos que o Senhor ordenara a Moisés. Assim, foi o Senhor com ele; para onde quer que saia, lograva bom êxito (18.5,6,7). Ezequias, também tomou decisões políticas e uma delas foi deixar de pagar tributos ao rei assírio, tributos esse, que já se pagava desde o reinado do seu pai. Em 701 a.C., se levantou um tal de Senaqueribe no reinado assírio, e esse cara resolveu mostrar o seu poder! Diz um adágio: “Quer saber quem é o homem dê poder para ele”!. Senaqueribe ameaça Jerusalém. Como quase todo aquele que assume uma liderança, Senaqueribe resolve mostrar quem de fato é quem manda! Com seu exército numerosíssimo, marcha contra as demais nações. Parece que muitas delas, semelhantemente ao reino de Judá, com a morte de seu pai, Sargão II, deixaram de pagar os tributos impostos pelo império dominante. Começando, então pelo norte da Palestina, com os seus trogloditas, armados até os dentes, sai invadindo, prendendo, matando, esfolando, decepando, deportando... Um verdadeiro tsunami humano! Deixando para trás um rastro de destruição. Bin Laden perto desse cara não passa de um Tiririca! Diz o texto em 18.13-18, que Senaqueribe já estava no reino do Sul e já tinha tomado várias cidades fortificadas, cidades que eram protegidas por fortes muralhas. Estava a apenas 45 km de Jerusalém, atacando a cidade de Laquis e envia a sua comissão com um grande exército para ameaçar Jerusalém (18.17). Essa situação lembra-me um episódio do filme Tróia: Menelau, rei de Esparta, arregimenta cinqüenta mil homens para invadir a cidade de Tróia e recuperar a sua esposa Helena que tinha fugido com Páris, o filho do rei Priámo. O rei de Tróia, Priámo, estava assentado no alto da cidade, olhando por cima das muralhas, quando, de repente, ele vê na silhueta do horizonte, uma poeira enorme se levantando e com ela surgindo um grande exército de guerreiros, parecia um formigueiro de homens, cinqüenta mil homens, todos armados para invadir Tróia. O que me chamou atenção no filme é que, nessa hora, tanto o rei como todos os que iam conseguindo enxergar aquilo, arregalavam os olhos de medo! Então, imagino o rei Ezequias, esperando o exército de Senaqueribe, homens cruéis, assassinos profissionais, verdadeiros mercenários de guerra. De repente ele vê, por cima do muro, no horizonte, uma poeira enorme se levantando e aos poucos aquilo ia ficando nítido, eram milhares de homens, talvez uns duzentos mil homens, armados até os dentes, com espadas enormes, arcos e flechas poderosíssimas, cavalos e carros de guerras, que eram verdadeiros tanques de guerras da época, tinham na parte frontal uma ponta de metal que martelavam os muros e os derrubavam. Só para se ter uma ideia, o Maracanã, estádio de futebol do Rio de Janeiro, comporta 80 mil homens, aquele contingente de guerreiros que vinham em direção à Jerusalém, dava para encher dois Maracanãs e ainda sobrariam milhares de homens do lado de fora. A encrenca não era pequena! Só de olhar daria um ataque cardíaco! Sem chances para Jerusalém! Como se não bastasse a ameaça física, quando aquele exército chega próxima das muralhas de Jerusalém, um tal de Rabsaqué, porta voz de Senaqueribe, 68
começa a dizer um monte de desaforos para o povo que estava sobre as muralhas. Entre os vários insultos e impropérios, ele denigre a imagem do rei Ezequias diante de seus súditos, chamando-o de enganador. Não se dando por satisfeito, ataca também ao Deus de Israel, comparando-o aos falsos deuses das nações as quais eles derrotaram! (18.19-35) Senaqueribe, ainda, achando que os seus desacatos eram poucos, estando agora atacando outra cidade, Libna, manda uma carta, bem desaforada para Ezequias: Agora, nesta carta, ele foi além da conta, “meteu os pés pelas mãos”, pois que começa chamando o Deus de Israel, o Criador dos céus e da terra, Aquele que está entronizado acima dos querubins, o Santo de Israel, sim, começa chamando-O de enganador, dizendo que Ele estava enganando o rei Ezequias e assim como eles fizeram com os demais povos, em que os seus deuses não os puderam livrar, assim também o Deus de Israel não livraria o povo de Jerusalém. Muitas foram as ameaças de Senaqueribe contra Jerusalém, porém esse não era um problema exclusivo para aquela época. Página 2 - Hoje também, a igreja é ameaçada pelos poderosos
A Igreja Presbiteriana Memorial da Barra, da cidade de Salvador, Bahia, situada em um dos bairros mais nobres da cidade de Salvador, o bairro da Barra, Beira de praia, e uma das praias mais bonitas e freqüentadas da cidade, de onde também está situado um dos cartões postais mais conhecidos, o Farol da Barra. Localizada em uma rua que havia residências, mas também, bares e restaurantes, a igreja era nova, tinha poucos anos de existência e estava se tornando notória na cidade. A igreja estava crescendo muito, não somente de novos convertidos, como também de crentes das diversas igrejas evangélicas. É assim, nós crentes não somos muito diferentes dos outros, adoramos novidades! O pastor era renomado e pregava muito bem. A igreja era em um bairro nobre, os presbíteros eram bem qualificados, a E.B.D. tinha excelentes professores, a mocidade formada por um grande grupo, muitos universitários, a SAF atuante, o departamento das crianças da melhor qualidade, etc.. Há! A U.P.H. nem precisa falar! Não funciona em igreja alguma! O que você mais quer? Há, no entanto, um porém nisso tudo. Nem tudo é maravilha! A casa da igreja foi comprada vizinha a um sobrado. E quem morava nela? Senaqueribe! Melhor dizendo, um homem truculento, mal humorado. Se fosse só isso tudo bem, porém era um senhor, advogado, altamente influente nos meios jurídicos, não precisa dizer que era muito rico! E o que é pior! Esse cara estava irado com a igreja ao lado da sua casa. Estava disposto a tudo para acabar com a Igreja Presbiteriana Memorial da Barra. O estranho é que naquela rua existiam muitos bares, restaurantes, etc.. Como toda rua perto de lugares famosos, os imóveis residenciais acabam por virarem pontos comerciais. O cara se queixava do barulho, do movimento da rua, dos carros que paravam em frente da sua garagem, etc., porém só a igreja era culpada! E os outros onde ficam? Era começar o culto e o cara ia para porta da igreja dizer um monte de desaforos, fazer ameaças. Uma vez foi até armado e entrou na igreja ameaçando um presbítero! Do barulho dos bares, que ficavam por perto, ele não dizia nada. Parece que ele tinha mesmo alguma coisa contra os protestantes, não restava dúvida! A igreja então, por intermédio do Conselho, tomou 69
algumas decisões: primeiro que nunca desacatou o cara; segundo que resolveu abolir a bateria dos louvores e reduzir, ainda mais a altura do som; terceiro que resolveu fazer uma reforma geral na estrutura da casa, de forma que esta ficasse completamente fechada acusticamente, mudando a entrada da igreja para os fundos de forma que não mais incomodasse aquele visinho. Mas para isso teria que arrumar outro local de culto, pois a reforma pretendida requeria mexer na estrutura antiga da casa. Chegou, então, o dia da reforma no templo e para isso a igreja passou a se reunir no auditório de uma escola particular. Aquilo seria um tributo para aquele Senhor, pois a igreja depois que ficasse pronta, certamente não mais o incomodaria, ficaria completamente fechada, com ar condicionado, a entrada pelo fundo, não teria mais aquele aglomerado na porta da igreja, além é claro de valorizar a própria casa dele, pois a igreja depois de pronta, segundo o projeto, ficaria com a sua frente no estilo clássico. As obras começaram e quem estava a frente do trabalho era um pastor que também era engenheiro civil. A igreja passou a se reunir no Colégio 2 de Julho, que ficava em outro bairro. Quando o telhado da casa foi retirado, que ficaram só algumas paredes, quem aparece? O exército de Senaqueribe! Não! O próprio Senaqueribe! O cara foi esperto, esperou ficar só o esqueleto do templo e daí começou a atacar! Todo o dia ele ia atazanar a obra. Dizia um monte de impropérios ao engenheiro, o Pr. Valter, colocava o dedo em riste no rosto do pastor, parece que o estava provocando, a fim de que ele tomasse alguma atitude violenta, e dessa forma, ele pudesse respaldar as sua queixas contra a igreja, diante das autoridades. Mas o pastor Valter era um homem de Deus e ouvia tudo calado, a semelhança do povo de Deus diante das afrontas de Senaqueribe. O pastor Valter, conta que o cara ficava irado com ele, porque não lhe respondia a altura e chegava a dizer: não é possível, esse cara deve ter sido orientado! Mas o cara não parou por aí. Quando viu que a sua estratégia não estava dando certo e vendo que a igreja estava totalmente descoberta, sem a cobertura de telhado e algumas paredes derrubadas, ele disse: esse é o momento, vou acabar com essa igreja! Como era um homem influente, advogado, filhos advogados, de família abastada, amigo de políticos, facilmente conseguiu, junto à prefeitura, o embargo da obra! A igreja de Cristo sempre foi perseguida, até aqui nenhuma novidade, pois no passado muitos se levantaram contra ela. Ataques físicos, espirituais, morais, etc. Quantas igrejas queimadas, quantos cristãos mortos, caluniados, ultrajados. Nada incomoda tanto a obra das trevas quanto a igreja de Cristo! Jesus mesmo afirmou que a sua igreja seria odiada, por causa do nome dEle. Página 3 - Deus intervém a favor de Jerusalém
Existe um axioma que diz: “Se você vai para uma guerra e conhece a capacidade do seu inimigo, porém não sabe da sua capacidade, você está fadado a ser derrotado, mas ainda, se você vai para uma guerra, sabe da sua capacidade e não sabe da capacidade do seu inimigo, ainda assim você está fadado a perder a guerra, mas se você vai para uma guerra, sabe qual é a sua capacidade e sabe também da capacidade do seu inimigo, você está apto a vencer esta guerra”. O rei Ezequias, sabia muito bem quem era o seu inimigo e qual a sua capacidade. 70
Senaqueribe era um homem que demonstrava uma ferocidade e brutalidade tamanha, um homem cruel e violento. Ele se julgava como o poderoso rei do universo, sem rival, um autocrata, o poderoso dos quatros reinos do mundo inteiro, que despedaçava todos os seus adversários, como potes de barro. Grande matador em massa, imperador de um império poderoso na época. Muito bem! Satisfeita a primeira proposição: Ezequias conhecia quem era o seu adversário. Mais e a segunda proposição? Quem era Ezequias? Qual a sua capacidade? Embora Ezequias soubesse que não era páreo contra o exército assírio, Ezequias conhecia a história das intervenções do Deus de Israel em favor do seu povo. Ele certamente ouvira falar dos feitos de Deus: como Deus libertara o povo de Israel da opressão egípcia; como Deus abriu o Mar Vermelho para o povo passar ileso e em seguida exterminou a Faraó com o seu exército, fazendo o mesmo mar desabar sobre eles. Ezequias sabia como Deus protegeu e cuidou do povo de Deus na caminhada pelos 40 anos no deserto. Sabia das intervenções de Deus em favor de Israel nas lutas contra os reis dos: amalequitas; dos amorreus, dos jebuseus, dos cananeus, dos ferezeus; dos heveus; dos. midianitas e tantos outros reis. Certamente sabia de como Deus concedeu vitória a Gideão que com apenas trezentos homens, venceu o inumerável exército dos midianitas. Sabia como Deus cegou o exército siro contra o profeta Eliseu. Sabia de como Deus concedeu a vitória a Davi contra o gigante Golias. Sim! Ezequias sabia quem era o seu inimigo e qual a sua capacidade, mas Ezequias sabia também quem era o seu Deus, e talvez se lembrasse das palavras de Josué e Calebe, quando o povo amedrontado temeu os gigantes da terra de Canaã. Eles disseram: “Se o Senhor se agradar de nós, então, nos fará entrar nesta terra” (Nm.13.8). Parafraseando: Se o Senhor se agradar de nós, nós podemos! O Salmo 20.7, diz: “Uns confiam em carros, outros em cavalos; nós, porém, nos gloriamos em o nome do Senhor nosso Deus.” A confiança de Ezequias estava mesmo em Deus. Diante da afronta dos assírios, diante da blasfêmia contra o Santo de Israel, Ezequias rasga as suas vestes e cobre-se de panos de saco e assim, numa atitude de angustia, esboçando uma ação de alguém que está profundamente consternado, entra na casa do Senhor e manda uma mensagem ao profeta Isaías: 4 Porventura, o S ENHOR , teu Deus, terá ouvido todas as palavras de Rabsaqué, a quem o rei da Assíria, seu senhor, enviou para afrontar o Deus vivo, e repreenderá as palavras que ouviu; ergue, pois, orações pelos que ainda subsistem. (2Rs.19.4). Deus responde por Isaías ao rei Ezequias: Assim diz o Senhor: Não temas (...) eu o farei cair morto à espada. (19.6,7). Diante da carta afrontosa e blasfemadora de Senaqueribe contra Deus, Ezequias não perde tempo, talvez se lembrando das palavras de Deus, registrada no cântico de Moisés: “...O Senhor é homem de guerra; Senhor é o seu nome (...). Terrível em feitos gloriosos, que operas maravilhas” (Ex.15.3,11). Ezequias, ele mesmo se dirige a Deus e apresenta aquela carta, diante do altar do Deus Todo Poderoso e ora: 15Ó SENHOR , Deus de Israel, que estás entronizado acima dos querubins, tu somente és o Deus de todos os reinos da terra; tu 71
fizeste os céus e a terra. 16 Inclina, ó SENHOR , o ouvido e ouve; abre, SENHOR , os olhos e vê; ouve todas as palavras de Senaqueribe, as quais ele enviou para afrontar o Deus vivo. 17 Verdade é, SENHOR , que os reis da Assíria assolaram todas as nações e suas terras 18 e lançaram no fogo os deuses deles, porque deuses não eram, senão obra de mãos de homens, madeira e pedra; por isso, os destruíram. 19 Agora, pois, ó SENHOR , nosso Deus, livra-nos das suas mãos, para que todos os reinos da terra saibam que só tu és o S ENHOR Deus. (19.14-19) Então, diz o texto que, naquela mesma noite, Deus enviou um anjo ao arraial dos assírios. Na verdade para ser mais sincero, o texto diz: “Então naquela mesma noite saiu o anjo do Senhor...”. Gostava muito dos filmes de Bruce Lee. Ficava impressionado com a sua destreza, força e agilidade. Nos seus filmes, ele sempre estava a defender alguma vítima diante dos seus opressores. Vislumbrava quando ele rodeado de bandidos, todos armados com facas, porretes, machadinhas, etc.. Parecia que iam fazer picadinho dele, quando em questões de segundos, ao partirem para cima dele, ele com os seus socos e chutes precisos, potentes, ia quebrando pernas, braços, pescoços, costelas e logo estava somente ele de pé e todos os seus adversários moídos no chão. É claro que não passava de um filme, mas como é bom, mesmo que num filme agente ver o bem triunfar! Imagino o anjo do Senhor, visitando aquele arraial dos assírios. Aqueles homens respiravam violência e deviam até estar cheirando a sangue, pois já haviam matado milhares de pessoas inocentes. Então imagino o anjo do Senhor, com sua espada e em questões de segundos, dando um basta em toda aquela maldade. Diz o texto que o anjo do Senhor feriu, naquela noite, cento e oitenta e cinco mil homens! Acabou com toda a lengalenga de Senaqueribe. Senaqueribe envergonhado voltou para Nínive e parece que foi à casa de Nisroque, seu deus, tomar satisfação. Ali mesmo ele foi assassinado pelos próprios filhos. Que fim trágico e vergonhoso! (19.3537). “Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus irado” Deus interveio em favor do seu povo.” Página 4 - Ainda hoje, Deus também intervém a favor do seu povo
A Igreja Presbiteriana Memorial da Barra estava numa situação difícil. A obra do templo tinha sido embargada, a influência do homem na prefeitura era grande. Agora, além de pagar as prestações do financiamento da casa, que estava só com as paredes, ainda tinha que pagar o espaço da escola que estava utilizando. Que fazer? A Bíblia diz que muito pode a oração do justo pela a sua eficácia (Tg.5.16) e que os olhos do Senhor repousam sobre os justos, os seus ouvidos estão abertos às suas súplicas, mas o rosto do Senhor está contra aqueles que praticam males (1Pe.3.12). O apóstolo Paulo registra em Fil.4.6: “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de gr aça”. 72
Aquele homem era um advogado muito influente, mas nós temos um advogado, que nunca perdeu uma causa, Jesus Cristo. Ele está assentado à destra de Deus, nos lugares celestiais, acima de todo principado, potestade, poder, domínio e de todo nome que se possa referir não só no presente século, mas também no vindouro (Ef.1.21,22,23). A Bíblia fala que ele é a cabeça do corpo da igreja (Col.1.18). A igreja é dele! Ele a comprou com o seu próprio sangue (At.20.28). Certamente que se a igreja Cristã fosse apenas uma instituição humana, já teria sucumbido há muito tempo, pois ao longo da história da igreja, esta tem sido atacada por todos os lados. Nós estávamos padecendo. O local de culto naquela escola não era nada confortável. Quando chovia molhava, quando ventava fazia frio. A aparelhagem de som estava se acabando de tanto ficar para lá e para cá. Dava vontade de fazer o mesmo que o rei Ezequias: rasgar as vestes e se cobrir de pano de saco e ainda jogar cinzas na cabeça! A igreja mobilizou-se em oração. Numa situação dessas é que sabemos o valor da S.A.F. As mulheres oravam em suas constantes reuniões, durante a semana. O Conselho se reunia para orar. Os diáconos também oravam em suas reuniões. Os jovens também oravam. Foi um clamor a Deus! Deus falou ao profeta Jeremias: “Invoca-me e te responderei; anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas, que não sabes” (Jer.33.3). Nós orávamos, pedindo a Deus que mudasse aquele quadro, que mudasse o coração daquele homem e que a prefeitura concedesse o alvará para a reforma do templo. Passado algum tempo, aquele homem caiu seriamente adoentado e ficou acamado. Tanto tempo morando ao lado de uma igreja tão séria, tão comprometida com a pregação genuína do Evangelho de Jesus Cristo e nunca quis nada com a igreja, pelo contrário só a atacou. Ficou muito doente e até pediu a visita do Pastor em sua casa. Confessou que estava enganado com relação aquela igreja, pediu desculpas!. Voltou atrás na sua posição e graças à intervenção sobrenatural de Deus, o templo teve a sua reforma retomada. A igreja ficou muito bonita e realmente, com a instalação do ar condicionado central, pode ficar fechado hermeticamente e praticamente não se ouvia o seu som pelo lado de fora. Com esse novo templo a igreja cresceu ainda mais, ficou muito mais confortável e bonita. Pouco tempo depois, aquele homem vendeu aquela casa. Os seus filhos tinham se casado e a casa era muito grande para ele e sua esposa somente. Não tivemos mais noticias dele. De fato, muito embora a igreja de Cristo seja atacada por todos os lados, foi assim no passado e continua sendo assim ainda hoje, a igreja continua triunfante. Nos seus primórdios Deus interveio, preservando-a contra toda a sorte de ataques por parte do Império Romano. Na idade média, contra uma cúpula corrupta e descomprometida com as Escrituras. Na idade moderna, contra o racionalismo, cientificismo, iluminismo, materialismo. Hoje, contra o liberalismo, fundamentalismo, secularismo e a tanto outros ismos. A despeito de tudo isso a igreja continuará singrando o curso da história da humanidade. Isso porque a igreja, o cristianismo, não é obra do homem, se fosse já teria sucumbido. Cristo ama tanto a sua igreja que a Bíblia a retrata como a sua noiva. Ele promete estar com a sua igreja até a consumação do século.
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Conclusão Queridos irmãos, diante de tantas testemunhas em favor da igreja. Diante de tantas evidencias da intervenção de Deus, ao longo da história, em favor do seu povo, não devemos temer as ameaças, sejam elas de cunho espiritual, material ou moral. Somente devemos continuar fieis a esse Deus, continuar amando a sua Palavra, buscando viver uma vida que o agrade, anunciando a sua Palavra com denodo, cuidando do seu rebanho com amor. Confiemos naquele que é o Supremo Pastor das nossas almas. Deus é poderoso. Deus ama o seu povo e intervém em seu favor, segundo os seus propósitos, quando este o busca de todo o coração: “Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o coração” (Jer.29.13).
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11 DEUS INTERVÉM NA VIDA APÁTICA DE JUDÁ Ricardo Lima Rennó 2 Reis 22 Introdução Depois de 65 dias difíceis no mar, o Mayflower atraca em Plymouth. Antes, porém, de seus pés tocarem a areia de uma terra estranha, os tripulantes resolvem fazer um pacto que então ficou conhecido como Pacto de Mayflower. Um pacto simples e ousado. Criar um governo sobre o qual pudessem estabelecer o Reino de Deus. 41 homens assinaram, concordando que a terra sobre a qual pisariam e povoariam seria governada para a glória de Deus, comprometida diretamente com a propagação do Cristianismo. De 1620 a 2011, 391 anos se passaram e a pergunta é: Qual é a primeira imagem que vem à sua mente quando se fala dos USA? Talvez à sua mente venha a imagem de Barak Obama. Talvez pense em Guerra. Poder bélico? Domínio? Dinheiro? Ou seria a Time Square reluzente? Um dos lugares mais famosos do mundo. Lojas e mais lojas. Anúncios. Prazeres. O fato é que não foi assim que os Pais puritanos do século XVII, que desembarcaram em Plymouth naquele dia, imaginaram a nação rendida ao Senhorio de Cristo. Transição: Em Judá, não há nenhuma Time Square, mas suas cidades e ruas estão cheias de anúncios, cheias de postes luminosos que anunciam: “Se você deseja fertilidade, Entre! Baal resolve. Filhos, plantação, gado...”; “Seu problema é sua vida sexual? Tome uma de nossas maravilhosas profetisas de Aserá e retome já o melhor de sua virilidade e sucesso na vida.” Nenhum canhão de luz, mas as estrelas do céu que iluminam a noite são deuses em Jerusalém. Jerusalém é o ícone da situação de Judá. São tantas pessoas e postes ídolos que é difícil andar por ela. Uma cidade que tem tudo a ver com o Deus que os trouxe até aqui agora está longe de ser a cidade que Deus planejou que fosse! Página 1 - O povo de Judá é apático ao seu Deus
A cidade conhecida como a “Cidade do Senhor”, o lugar para onde as gentes iam para adorá-lo e em cujo templo repousaria soberanamente o nome de Deus, agora está indiferente ao Senhor. Jerusalém é um homem leproso incapaz de sentir um toque. Amom reinou antes de Josias. Seu reinado foi curto, de apenas dois anos. Não andou nos caminhos do Deus de Davi e de Ezequias. Amom simplesmente foi um eco pouco duradouro de seu Pai Manassés. 76
Esse é o ponto da história em que a luz diminui, as músicas são sombrias, não há lugar para melodias alegres. Esse é o ponto em que o jardins não têm mais flores, mas apenas ervas daninhas, e as árvores frutíferas estão secas, nem folhas há para contar história. Judá é a personificação de seu Rei e de sua capital, um Rei e um povo leprosos de alma, que não sentem mais nada de Deus. O povo de Judá é apático ao seu Deus. Não ouve, não vê. Só o que sente é o cheiro do incenso a Baal, à Aserá e aos astros. As fumaças das feitiçarias que prometem sucesso nas batalhas e as adivinhações do futuro impedem Judá de ver a luz da justiça e da vontade de Deus. O povo de Judá é apático ao seu Deus. Se o cheiro fosse apenas do incenso e das feitiçarias, não seria tão terrível como foi. Agora, aos céus de Jerusalém sobe um cheiro de carne humana. Manassés queima o seu filho aos deuses em busca de êxito nas empreitadas reais. Essa é a imagem de Judá, mais especificamente de Jerusalém e de seu Rei. A cidade que tem tudo a ver com Deus, fundada pelo próprio Deus para ali estabelecer o seu nome, a cidade onde o Senhor estabeleceu o seu templo e a qual escolhera dentre todas as tribos de Israel agora está apática ao Senhor. O povo de Judá é apático ao seu Deus. Manassés espalhou ídolos e postes ídolos por toda Jerusalém. Os profetas denunciam o pecado, mas a atitude de Manassés e do povo é a mesma de quem muda de canal por considerar o comercial chato, desnecessário, banal, irrelevante, sem proveito. O povo de Judá é apático ao seu Deus . A romagem para Jerusalém não converge em adoração ao Deus Todo Poderoso Criador dos céus e da Terra mais. Agora o povo que ali se reúne oferece sacrifício a Baal, confiante que ele os daria fertilidade.Tomam para si as prostitutas cultuais de Aserá, deusa da prostituição. Deus Yavé??? Quem é esse? O seu nome não é deixado de ser pronunciado por reverência mais, mas por uma abismal apatia. Porque o povo de Judá é apático ao seu Deus. Manassés morreu, Amom durou pouco, sobe Josias ao trono com 8 anos. O povo ainda está acostumado a viver à maneira de Manassés. Foram 55 anos assentado no trono e prostrado diante dos deuses dos povos vizinhos, fazendo pior do que eles faziam e levando o povo à pior das degradações. Transformando o povo eleito e peculiar num povo apático. Fazendo-os mais devotos do que aqueles que o Senhor havia expulsado de diante dos Israelitas para que de sua maldade não se contaminassem. O povo só sabe viver assim: longe do Deus verdadeiro que os havia tirado do Egito com mão poderosa. Foi uma longa caminhada até aqui. Não aconteceu do dia para noite, são aproximadamente 60 anos tendo a lepra do pecado tomando conta de todo o povo, a ponto de serem incapazes de sentir. Rejeitando os profetas. Rejeitando a Palavra de Deus. Rejeitando a Deus. Apáticos a Deus. Sem nenhuma atitude que expresse algum tipo de reação. O povo de Judá é apático ao seu Deus. Transição: Judá, Estados Unidos, Brasil, a verdade é: Mudam-se os cenários, os personagens e o tempo, mas a história continua a mesma: em menor ou maior intensidade, a caminhada para longe da pessoalidade do relacionamento com Deus produz um povo apático ao Senhor. Prova é que, se olharmos para muitos que se denominam povo de Deus, constataremos que hoje
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Página 2 - Muitos crentes são apáticos ao seu Deus. Ilustração: O pastor Junior subiu ao púlpito para pregar. Não conseguia. Depois que falou boa noite e “a paz do Senhor” desabou a chorar. Ele fora muito impactado por um livro que falava sobre intimidade com o Deus, que expunha as verdades bíblicas a respeito da relação do ser humano com o Pai. O Deus que deseja ardentemente relacionamento com seus filhos como um pai anseia pelo término do dia de trabalho para chegar a casa e abraçar o seu filho. As únicas palavras que o pastor conseguiu dizer naquela noite foram: “Quão longe estamos do Pai”. Toda Igreja o acompanhou num choro intenso, arrependendo-se de seus pecados, pedindo perdão e implorando para que Deus os restaurasse e os permitisse ter um relacionamento íntimo com o Pai. No mesmo dia, o BISPO responsável pela região soube do ocorrido e, depois dele, o líder geral da Igreja. E da cúpula eclesiástica baixou-se um decreto: Jejum Santo? Consagração ao Senhor? NÃO! Os líderes acusam o pastor Junior de pregar algo que estava fora da visão da Igreja. Aquilo poderia desfocar os irmãos. Ao telefone, o pastor Junior ouve: “Não precisa inventar, pregue a nossa visão. Não é tão difícil.” O mais odiável é que o pastor se submeteu ao deus visão. Ao poste poder. Voltou a pregar o Baal gospel da multiplicação de membros e de células. Voltou a anunciar o prazer inconsequente de Aserá. Voltou a oferecer o que os líderes queriam. Comodidade e prosperidade. Fertilidade e prazer. O povo outrora tocado pela Palavra que procede da boca do Senhor, agora é dirigido a uma caminhada que termina na apatia para com o seu Deus, pois não é importante um relacionamento com ele. Nessa caminhada não é difícil notar que muitos crentes são apáticos ao seu Deus. A história é a mesma. Os personagens e os formatos são diferentes. Hoje o altar a Baal não se chama mais assim. Seria ofensivo, seria ultrajante, pois nós os crentes sabemos que só o Senhor é Deus. Entretanto, o altar e Baal permanecem com o nome de: multiplicação de membros; técnicas de crescimento; métodos para o sucesso de sua comunidade. Como ser fertilizado pelas técnicas e como fazer isso da forma mais natural possível. Uma fertilização in vitro é muito artificial, portanto, nosso relacionamento com Baal, ou melhor, com o método, tem que ser tão natural a ponto de não ser notada nenhuma discrepância com a nossa crença em Deus. E por que não fazer de nossa comunidade um lugar agradável? Cuidado! Não fique pregando mensagens que afugentem as pessoas. Não seja tão duro. A pósmodernidade requisita de vocês ministros cuja mensagem seja de tal maneira contextualizada que não confronte os crentes, porque senão eles poderão ir embora. Façam assim, construam postes a Aserá e coloquem dentro do templo, coloquem ao lado do púlpito, não se esqueçam das prostituas cultuais, elas são essenciais para que o povo tenha prazer nelas e com elas e voltem sempre. É importante que você não seja muito incisivo em suas colocações. É extremamente necessário que você não condene o pecado do povo. Se possível, conte histórias, use vídeos, músicas, não peça para se levantarem, seja o mais agradável possível. Pense nos crentes e na proposta de seu tempo, pense na proposta contextualizada de Baal e de Aserá para o século XXI, aplique e serás bem sucedido. Faça assim! 78
Não sou contra métodos, não sou contra multiplicação de membros, não sou contra contextualização. Estudo os métodos, aprendo sobre eles. Todos nós aprendemos sobre a importância de estarmos na cultura e sermos uma força nela e contra ela. Tudo isso é muito importante. O problema é quando o método é essencial. Quando o método ou a visão tal norteia nossos passos, estamos caminhando no escuro, deixamos de lado A PALAVRA que é lâmpada para os nossos pés e luz para o nosso caminho. Tornamo-nos Manassés da pós-modernidade, que fazem tudo e a que custo for para ter bom êxito em seu ministério. Se for preciso sacrificar o filho, sacrificamos. Não mais o colocamos sobre um altar e o ferimos com um cutelo, mas nos enfiamos em nosso ativismo religioso e em nossa necessidade de agradar o nosso deus multiplicação, o nosso deus resultado, o nosso deus comodidade para os crentes e matamos nossa família. Matamos a nós mesmos e, quando olhamos para nós, vemos que muitos crentes são apáticos ao seu Deus. A verdade é que, quando nos afastamos da pregação pura do evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, criamos crentes apáticos ao seu Deus, que são estimulados por qualquer coisa, menos pela palavra simples e poderosa do Senhor. Calvino disse que: “ Cristo Cristo ordenou sua Igreja de tal forma, que se [a pregação pura do evangelho] for removida, o edifício inteiro deve cair" (Institutas 4.1.2).
Porém, antes do nosso compromisso com a pregação, vem o nosso compromisso com o Deus da Palavra e com sua Palavra. Nós seminaristas caminhamos sobre a corda bamba do sagrado. Ouvimos e falamos todos os dias sobre teologia, sobre Deus, sobre Bíblia a tal ponto que começamos a banalizar o sagrado. Banalizamos a Deus, banalizamos a Palavra de Deus. A voz profética não mais sensibiliza-nos. Apenas palavras bem articuladas e boa oratória são capazes de prender-nos e nos fazer admirar. A apatia é uma caminhada. A apatia não começa da noite para o dia. É uma caminhada para longe da pessoalidade de um relacionamento. Muitos crentes são apáticos ao seu Deus . Creem sim, mas não têm relacionamento. Muitos pastores e seminaristas são apáticos ao seu Deus. Creem, mas não corre mais em suas veias aquele fogo da palavra de Deus. A palavra não mexe mais com as células do seu corpo, agora não passam de narrativas, poesias, genealogias, cânticos, sabedoria, textos... Perderam a sensibilidade. A palavra de Deus é apenas instrumento de trabalho que, se souber usar, trará prestígio e fama. O pior de tudo é que Pastores apáticos geram um povo apático ao seu Deus. Por causa do Rei que abandonou o Senhor, um bando de “mortos vivos” andava em Jerusalém. Por causa de muitos líderes religiosos, os cultos têm frequência, mas não têm vida. A lepra do pecado e da impessoalidade de um relacionamento com o Senhor tomou conta de todo o ser. Não sentem mais nada. Precisamos parar a caminhada. A caminhada de sucesso e de métodos independentes de Deus. Que o Espirito Santo de Deus nos convença quão grande pecado cometemos quando abandonamos a oração e a leitura devocional da Palavra de Deus. Que o peso de criarmos crentes apáticos a Deus caia sobre nossos ombros por instantes para vermos quão pesado é esse fardo e logo gritemos em pedido de socorro a Deus para que Ele tenha misericórdia de nós e nos coloque no trilho da intimidade, no trilho de sua palavra, no trilho da vida e fidelidade e que, assim, os crentes no Senhor sejam sensibilizados pela Palavra de Deus novamente, sejam cheios de seu Espírito e busquem vida de Deus para suas vidas apáticas. Transição: O impressionante é notar que só Deus pode irradiar graça onde os nossos olhos só veem desgraça e perdição. A misericórdia e fidelidade do Senhor para com a sua Palavra é assustadora. Muito antes de Manassés assumir o trono, Deus 79
havia anunciado no Reinado de Jeroboão: “Ó altar, ó altar! Assim diz o Senhor: Um filho nascerá na família de Davi e se chamará Josias. Sobre você ele sacrificará os sacerdotes dos altares idólatras que agora queimam incenso aqui, e os ossos humanos serão queimados sobre você”.(I Rs 13.2) Agora, a figura daquele menino de 8 anos é a expressão da fidelidade e provisão de Deus para uma nação apática e distante do seu Deus. Página 3 - Deus intervém na vida apática de Judá.
Ao completar 26 anos, o jovem Josias manda que o Secretário Safã vá até o templo, encontre o sumo sacerdote Hilquias e peça para ele ajuntar a prata trazida ao templo do Senhor e que, com ela, pague aqueles que estavam trabalhando nas reformas do Templo. O secretário Safã prontamente obedece. Vai correndo ao templo, encontra Hilquias, dá-lhe a ordem que logo é atendida. O templo está cheio de utensílios a Baal, a Aserá e aos exércitos ex ércitos celestes e também tem um enorme poste sagrado no meio. Hilquias quase não consegue andar, o templo está poluído, quase intransitável. Com temor, ele afasta uma estátua ali, outra aqui e logo vê o reluzir da prata que o Rei Josias requisitara. O baú é pesado e por isso Hilquias pede ajuda enquanto continua a adentrar as recâmaras internas do templo. De repente, vê um rolo diferente que jamais havia visto por ali. O rolo está empoeirado, ele pega, assopra e consegue ler o título: “Livro da Lei”. Pensando ser útil ao Rei, um legislador, entrega a Safã que leva o “Livro da Lei” ao Rei. O Rei, interessado, pede a Safã que leia. Ele começa: “Amem o Senhor, o seu Deus e obedeçam sempre aos seus preceitos, aos seus decretos, às suas ordenanças e aos seus mandamentos”. (Dt 11.1) O coração do jovem Rei parece ter sido apertado por uma forte mão. Falta-lhe o sangue nas pernas e braços. O rei está trêmulo. O temor ao verdadeiro Deus começa a apoderar-se de Josias à medida que o secretário lê aquele livro. A leitura continua: “Por isso, tenham cuidado para não serem enganados e levados a desviar-se para adorar outros deuses e a prostrar-se perante eles. Caso contrário, a ira se acenderá co mo se contra vocês”. (Dt 11.16-17a) O semblante do sereno rei Josias está transtornado como visse centenas de flechas inimigas virem em sua direção sem que pudesse delas escapar. e scapar. A proclamação das palavras pa lavras do Livro da Lei é a intervenção de Deus na vida apática de Judá. Quando o secretário Safã termina a leitura, o Rei está aos prantos e nu diante do trono, clamando por misericórdia, pois sabia que o povo caminhava totalmente contrário à vontade do ETERNO. A apatia em relação a Deus é tão grande que aqueles que são reconhecidos pelas funções junto ao templo não podem ajudar. Josias chama quem está perto e o sumo sacerdote Hilquias e pede que, por favor, consultem o Senhor por ele. “Pois a ira do Senhor deve ser grande contra nós” diz o Rei. “Porém, não há um que entenda, não há quem busque a Deus.” Eles vão até a profetiza Hulda, que confirma a palavra do Senhor: “Trarei desgraça sobre este lugar e sobre os seus habitantes”, entretanto Josias não veria esta desgraça, mas seria sepultado em paz. Numa terra que deveria ser reconhecida como a terra que leva o nome do Senhor, a apatia do povo em relação ao seu Deus é rompida pela intervenção graciosa do próprio Deus, manifestando-se por meio do Reinado de um jovem rei, o Rei da profecia, o Rei que destruiria e profanaria os altares idólatras, o Rei que andaria nos caminhos de seu Pai Davi. Deus intervém na vida apática de Judá, cumprindo sua promessa. Deus 80
intervém na vida apática de Judá ao prover sua Palavra para que, por ela, o povo voltasse a andar nos caminhos do Senhor, para que o povo caminhasse nos caminhos que o Senhor há muito determinara, antes de o povo entrar na terra, para que tivessem vida longa na terra que o Senhor graciosamente lhes deu para possuir. O Rei Josias convoca todo o Judá e, em Jerusalém, lê em alta voz o livro da Lei, conclamando o povo a que se arrependesse de seus caminhos e se voltasse para o Senhor, renovando a aliança que fora profanada pelos seus Pais, Manassés e Amom. Ao ouvir as Palavras do livro da Lei, o próprio Deus penetra além da insensibilidade e apatia do povo. Deus intervém na vida apática de Judá. O povo se compromete novamente com o Deus da aliança. A profecia se cumpre. Josias profana os altares dedicados aos deuses dentro e fora de Jerusalém. Mata os sacerdotes que ministravam diante de Baal, Aserá e às constelações do céu. Os postes ídolos são queimados e suas cinzas são espalhadas sobre os túmulos de um cemitério público. Profanou o altar a Moloque em Tofete de forma que ninguém mais pudesse usá-lo para sacrificar seu filho. Matou, queimou e profanou tudo o que havia sido consagrado aos deuses com os quais Judá se prostituíra. Josias, o descendente de Davi, foi o instrumento usado pelo Senhor no cumprimento da profecia e para mostrar que é Deus que intervém na vida apática de Judá. Também da Linhagem de Davi, “um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome [é]: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz; para que se aumente o seu governo, e venha paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer e o firmar mediante o juízo e a justiça, desde agora e para sempre. O zelo do Senhor dos Exércitos [fez] isso”. (Isaías 9.6 -7) A intervenção providencial do Senhor dos Exércitos fez isso. Enquanto dois elementos são providência de Deus para intervir na vida apática de Judá , “O Livro da Lei” e o Rei Josias, Jes us Cristo é, ao mesmo tempo, A PALAVRA E O REI. O Deus que se fez carne e “habitou entre nós cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.” (Jo 1.14) Deus intervém na apatia de toda a humanidade ao ferir o ser humano insensível com seu amor fiel na pessoa de jesus cristo. Transição: Se não fosse o SENHOR, há muito a apatia teria tomado conta de toda nossa vida. O mesmo Deus cumpridor de sua Palavra, que se faz achado, que intervém na história de maneira linda e redentora, continua a intervir na vida de homens e mulheres ainda hoje. Página 4 - Deus intervém em nossa caminhada apática.
Um jovem pastor, recém formado no Seminário, vai para uma Igreja singela da zona rural de seu país. Antes de continuarmos a história, vale dizer que esse jovem teve aulas com os principais expoentes da teologia de sua época no seu país. Portanto, saíra do seminário lotado de conteúdo, abarrotado de teologia revolucionária para que com ela impactasse vidas com seu discurso eloquente. Nessa Igrejinha, com todo respeito, havia um povo muito simples, mas cheio de Deus, cheio da Palavra e que, ao receber o
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jovem pastor, viu toda sua sapiência e excelente oratória, mas percebeu que nele faltava algo. Quando ele falava, era como um professor provando uma equação matemática: chegava-se a um resultado, mas a conta era fria, eram cálculos, apenas raciocínios. Percebendo isso, as senhoras e senhores que frequentavam aquela Igreja decidiram orar pela conversão daquele jovem pastor. Para que o Espírito Santo o tocasse de forma que suas palavras não fossem apenas teoria, mas a pura, simples e profunda Palavra de Deus. Passaram-se meses até que Deus respondeu e interviu naquela caminhada fria e apática do jovem pastor. Suas palavras agora ganhavam vida e comoção ante a majestade infinita do Senhor. Não eram mais exposições de um conto, mas a impressão era que a Palavra o tinha e dele fazia uso. Realmente Deus o havia sacudido. Quando esse jovem pastor completou 70 anos, foi dito a seu respeito: “É impossí vel contar a história da Holanda sem mencionar o Dr. Kuyper.” A história da Holanda pode facilmente ser dividida entre antes e depois de Kuyper. Um homem entregue a Deus e disposto a viver sua vontade e implantar o seu Reino sobre toda a vivência humana. Um homem que de teólogo pensante, foi transformado pela intervenção divina num profeta que anuncia a Palavra Revelada do Senhor com ousadia e fervor. Abram seus olhos e vejam que, se não fora o Deus que intervém em nossa caminhada apática, jamais falaríamos em seu nome. Se não fora o Senhor que nos adverte como um Pai ao filho, jamais sairíamos de nossa apatia e indiferença diante dele, jamais viveríamos uma vida de sentido. Neste momento, esta Palavra anunciada da Parte de Deus é instrumento de graça ao seu coração, à sua alma, à sua mente, a todo o seu ser para que, se você tem caminhado nos trilhos escuros da apatia, deixe-se atropelar pela Palavra de Deus que é viva. A Palavra de Deus é muito mais do que um livro a partir do qual nos promoveremos, ela é o tesouro muito mais valioso que a prata e o ouro , “é mais desejável do que muito ouro puro e por ela somos ensinados”. É a carta de amor de um Pai apaixonado que intervém em nossa caminhada apática com sua Palavra e com seu Espírito Santo. Deus intervém em nossa caminhada apática. Deus intervém em nossa caminhada apática de várias formas. C.S. Lewis disse que “a dor é o megafone de Deus ao homem surdo”. Talvez a dor tenha sido a forma de Deus romper a lepra de nosso insensível coração e fazer-nos voltar os olhos para Ele, para a cruz de Cristo, o maior sofrimento já visto e sentido por alguém. Ele é o “Deus que faz a ferida e a cura”. Acima dos fatos e meios através dos quais Deus intervém em nossa caminhada apática, fica claro que é o próprio Deus que intervém por meio de Seu Espírito Santo. O mesmo Espírito que soprou sobre homens santos para que registrassem suas Palavras que rasgam nossa alma apática e nos lança para os braços do Pai. Não ceda à dureza do seu coração e àquilo que pensam ou pensarão sobre você. Não ceda à dureza de ser um pastor e não confessar que você tem caminhado apático ao seu Deus. Hoje ele intervém nessa caminhada apática por seu espírito santo como interviu na conversa e nos corações daqueles discípulos que caminhavam cabisbaixos pelas estradas poeirentas rumo a Emaús. Se ardeu o seu coração enquanto a Palavra de
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Deus estava sendo exposta, feche os seus olhos agora e rasgue-se diante de Deus em humilhação e gratidão, pois ele é o Deus que intervém em nossa caminhada apática. Ele nos traz para si e faz de nós homens de valor. Instrumentos em suas mãos. Sensíveis à sua voz e ao seu agir. Deus intervém em nossa caminhada apática . Glórias sejam dadas ao Senhor por isso! Vamos orar.
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12 O SENHOR É NOSSA SUFICIÊNCIA William Roberto da Silva 2 Crônicas 14.1-15 Introdução Era uma manhã tranquila em uma nação conhecida por ser uma grande potência mundial. A economia era perfeita, assim como o melhor sistema de segurança e o comércio que proporcionava aos americanos a oportunidade de consumir produtos da mais alta qualidade, quando se fala em tecnologia, alimentação e transporte, ou seja, CONFORTO. Todos os dias cada americano possuía o prazer de sair do lar até seu escritório para, então, usar o melhor computador no trabalho que lhe daria o sustento por mais de uma geração. Cada americano possuía em seu íntimo um sentimento de PAZ que era apoiado pelos recursos que sua nação oferecia. Às 08h45min do dia 11 de setembro de 2001, Jack se levanta de sua cadeira confortável que se localizava no maior e mais seguro edifício no mundo inteiro (o símbolo de toda a economia e sustentabilidade nos E.U.A.) e vai em direção à janela. Logo se percebe o terror em sua expressão facial. Ele não acreditou quando percebeu um avião enorme vindo em sua direção. O pavor diante da impotência toma conta de seu coração. Ele enfia a mão no bolso pra tirar seu celular, mas isso não pôde ajuda-lo naquele momento. A única coisa que conseguiu foi gritar enquanto o avião chegava cada vez mais perto até se chocar com seu lugar seguro. Nenhum recurso humano, tecnológico ou econômico pôde ajudar Jack naquele dia. Eles se tornaram insignificantes diante da força poderosíssima daquele avião. Transição: E essa foi a mesma situação do Atalaia que ficava na torre de vigia em Judá. Sua expressão era de apavoramento, quando vê no horizonte o tamanho do exército que se aproxima dos limites de sua terra. Página 1 - Os recursos de Judá são insignificantes diante de seu inimigo.
Judá nunca mais havia sido a mesma desde o dia da ruptura entre os reinos após a morte de Salomão. O povo, frustrado, passa a buscar outros deuses além do SENHOR. A guerra passa a fazer parte do seu dia-a-dia e nunca mais a paz foi plena. Tudo o que intentavam fazer não terminavam ou eram mal sucedidos. Irmão lutando contra irmão, enfraquecendo cada vez mais o reino.
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Nasce, então, um rei que percebe o erro de seu povo em não confiar em seu Verdadeiro Deus. A notícia que se corre entre as pessoas é de que o Reino de Salomão está para ser restaurado. Os falsos deuses foram totalmente destruídos e retirados de seus lugares de culto. O povo é convocado a buscar a Deus e isso faz com que alcance grande benefício. São 10 anos inteiros de paz em Judá. O rei Asa, percebendo que está vivendo uma paz proporcionada por Deus, ordena que a cidade seja fortificada, e durante 10 anos ele treina seu exército, produz armas, constrói muralhas e certifica-se de que está totalmente protegido, caso alguma coisa venha a sair errado por causa da desobediência de alguém. Todo cuidado era pouco e cada detalhe foi muito bem pensado. O País agora era estável, pois o povo buscava a Deus, mas isso poderia não durar para sempre. Tudo que Asa produzia prosperava, mas até quando a benevolência do SENHOR acompanharia o reino? Bom, o importante é que agora os muros compactos de Jerusalém estavam mais fortes do que nunca. O Exército era invencível com sua força humana equipada com armas moderníssimas. O que poderia destruí-los neste momento? Acontece que, ao ouvirem o chofar naquela manhã, perceberam que não era um chamado para o Culto. Nem era o som para convocá-los a uma reunião de assembleia para decisões políticas. Há 10 anos não se ouvia o chofar sendo tocado daquele jeito e ninguém sabia direito o que fazer. Era a convocação para uma guerra. Os soldados puseram-se em posição. O Rei Asa se colocou à frente deles e saíram pelos portões de Jerusalém em marcha. O frio na barriga daqueles que haviam se adaptado totalmente a uma vida de paz era inevitável, mas havia aqueles que há muito tempo esperaram pela emoção de uma batalha. A Emoção logo terminou quando sentiram a terra tremer sob seus pés. Quando chegaram ao Vale de Zefatá em Maressa enxergaram apenas uma nuvem de poeira que se aproximava, e quanto mais perto chegavam maior era o tremor de seus ossos. Não se sabia se era por causa da marcha do Gigante exército de Zerá ou se o medo invadia o coração dos soldados a ponto de tremerem dos pés à cabeça. Cada exército está em sua posição. Asa olha nos olhos de Zerá e seu sorriso sombrio é amedrontador. Ele desvia seu olhar para traz e vê seu poderoso exército de 580.000 valentes soldados, mas quando volta seu olhar adiante de si percebe que precisa focar muito além para enxergar o exército de um milhão de homens que nasceram e foram treinados para ‘trucidar’ qualquer um que viesse a atravessar seu caminho. Os recursos de Judá são insignificantes diante de seu inimigo. Asa lembra-se de que seus guerreiros estão equipados com escudos pequenos e grandes, lanças e arcos. Porém vê no horizonte como que torres enormes que se levantam em direção à batalha. São as armas mais avançadas daquela época. São 300 dos famosos carros de guerra, equipados e fortificados para destruir. Os recursos adquiridos e produzidos por Asa durante dez longos anos não são nada diante do poder de Zerá e seu exército . O sorriso de Zerá se transforma numa longa gargalhada que parece de alguém sedento pelo sangue de inocentes. A simples visão daquela cena, sem palavra alguma, era o suficiente para comprovar que Asa não teria nenhuma chance contra o inimigo. Os recursos de Judá são insignificantes diante de seu inimigo. 85
Os deuses que traziam segurança ao povo foram excluídos do reino de Judá. Onde estará o Deus que havia de trazer a paz? O que o rei Asa fará agora que não pode mais voltar atrás? Quando seu exército olha para os montes a grande pergunta em suas mentes é: De onde me virá o socorro? Transição: A situação de Judá não é diferente da situação que o povo de Deus passa em muitos momentos do presente. Página 2 - Nossos recursos são insignificantes diante de nossos inimigos.
Nossa grande batalha começa quando não conseguimos nem ao menos identificar quem é nosso inimigo hoje. As bombas aparecem de todos os lados e aviões se chocam contra nossa muralha de paz e conforto o tempo todo. Diferente do exército de Zerá, o nosso inimigo hoje vem em forma dos diversos problemas que temos que enfrentar em nosso cotidiano. Às vezes são muito mais do que um milhão. Muito mais fortes do que homens equipados de espadas, lanças, escudos e armaduras. Seu maquinário para tirar nossas vidas é bem maior do que os carros de guerra, e os generais estão ali, diante de nós, dando gargalhadas enquanto olhamos desesperadamente para os recursos que temos em nossas mãos. Mas os nossos recursos são insignificantes diante de nossos inimigos. Em tempos de paz nos equipamos com os melhores livros de Teologia, programas que trazem ferramentas avançadíssimas para fazermos nossas exegeses e sermões, muitas traduções da Bíblia, assim como aquelas anotadas que facilitam nossos estudos consideravelmente. Mas em que estes recursos nos ajudarão quando aquela senhora de 65 anos surgir, dizendo que seu esposo faleceu e ela não tem mais direção para findar seus dias na terra? E quando o ente perdido é alguém de nossa própria família? De que adianta meu carro zero quando o médico olha para mim e diz que meu filho possui uma doença rara e pode não sobreviver dois dias a mais neste mundo? Muitos confiam em carros e outros em cavalos, mas e nossa esperança, onde está? Diante das crises ministeriais nas nossas igrejas e aqui no seminário, não existem recursos capazes de nos ajudar. As calúnias que proferem contra você, dizendo que fez aquilo que não condiz com sua índole ou conduta podem ser muito mais destrutivas do que qualquer exército, e nessas horas nem “Bible Work” nem “Libronix” ou mesmo o mais moderno “Logos” podem nos oferecer libertação. Precisamos entender que os muitos recursos que possuímos não são coisas ruins. Eles não são nossos inimigos. Nós acreditamos que são dados por nosso Pai Celeste e até agradecemos a Ele por isso, mas o grande problema surge quando colocamos nossa confiança inteiramente nesses artifícios sem levar em consideração que podemos sobreviver sem eles. Mas nem a expressão “Vida” faria parte do universo se não fosse o poder maravilhoso do SENHOR. Miguel era um garoto muito cheio de si porque seus pais lhe davam tudo o que pedia sem hesitar em nenhuma situação. No seu primeiro dia de aula na nova escola em que foi matriculado ele se encontra com Humberto, um garoto que parecia muito simples e segurava nas mãos um carrinho construído artesanalmente com sucatas. O carrinho era muito bonito, mas Miguel viu ali a chance de mostrar que era melhor do que seu coleguinha. Diante de todas as crianças, Miguel começa seu diálogo com Humberto da 86
seguinte maneira: Tenho uma Ferrari de controle remoto que se transforma em um robô e alcança uma velocidade de 17 Km/h. Humberto abre um largo sorriso e comenta humildemente: Que legal, e eu tenho um pa i. Miguel não entende o que Humberto quis dizer e com uma expressão de dúvida em sua face replica: Eu também tenho um pai, mas eu duvido que você tenha o mais novo vídeo game que foi lançado ontem em São Paulo. Porque eu tenhoooo... Humberto alarga ainda mais seu sorriso e revida levemente: Que bom, e eu t enho um pai. A fúria de Miguel fica visível em seu rosto naquele momento e aos gritos ele exclama: E daí que você tem um pai, eu também tenho um pai, e ele me deu uma bicicleta nova, uma coleção de carrinhos, dinossauros eletrônicos, jogos de tabuleiros com óculos 3D... Humberto interrompe balançando a cabeça levemente em sinal de afirmação: Maravilhoso. E eu tenho um pai. Miguel está a ponto de pegar Humberto pelo colarinho, pois não suportava ver aquele garoto tão feliz enquanto segurava aquele brinquedo miserável feito com lixo, mas para por um instante, respira e tira da manga seu trunfo final para fazer inveja em seu novo colega: você conhece a Toy’s Maker, a melhor e mais avançada fábrica de brinquedos do mundo inteiro? Pois bem... todos os meus brinquedos foram produzidos lá. Ele então dá uma longa gargalhada enquanto vira as costas pra Humberto, saindo de vagar. Humberto com toda educação e respeito responde à pergunta dizendo: Conheço sim a Toy’s Maker. Meu pai é o dono de lá.
Transição: Eu me sinto como Humberto diante dos inimigos que aparecem com seus muitos recursos, tentando tirar minha paz, porque... Missão: Nenhum recurso deste mundo pode ser maior do que o Criador de todos eles. Mesmo sabendo que nossos recursos são insignificantes diante da força de nossos inimigos, devemos nos lembrar de que o Criador de todas as coisas é nosso Pai. Podemos possuir muitas coisas e talvez nenhuma delas nos ajude na hora em que enfrentamos o nosso inimigo, mas a nossa esperança está naquele que fez os céus e a terra. Quando nos humilhamos diante dEle, reconhecemos seu poder e o buscamos, Ele se faz achar por nós e rasga os céus para nos auxiliar em nossas batalhas. Entender sua Palavra é primordial para conhecer esse Deus e uma vida de oração é capaz de gerar intimidade com Ele a ponto de que façamos apenas Sua vontade, sem desviarmos o foco que está nEle. Ele sempre estará lá para nos auxiliar, porque a sua Glória é manifestada nisso. Transição: “O meu socorro vem do SENHOR”. Essa era a expressão que tomava conta da mente de Asa quando estava diante de um inimigo muito mais forte do que ele. Página 3 - O SENHOR é a suficiência de Judá.
Deus não está inerte aos acontecimentos que permeavam o vale de Zefatá. Seus ouvidos estão atentos para ouvir a voz daquele que clama seu nome. Todo barulho nos céus e na terra converte-se em silêncio. Não se ouve mais nada além da voz de um servo
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humilde que declara: Pomos a nossa confiança em Ti. Em teu nome viemos para esta batalha. Não deixe o Homem prevalecer contra Ti. Rompem-se as nuvens, o chão treme derrubando cada homem que carregava espada contra Judá e o terror do SENHOR invade o coração de Zerá e seu exército. O sorriso em seu rosto é substituído por sinais de seu pavor e medo. Seus carros de guerra são totalmente abandonados por seus guias. O numeroso batalhão não encontra caminho para onde correr. Quem pode escapar da ira de Deus quando Ele se dispõe a ajudar seus filhos? A Glória do SENHOR é manifestada claramente no vale de Zefatá, porque O SENHOR é a suficiência de Judá. Quando Asa percebe o que está acontecendo, ordena que seu exército persiga Zerá até que não sobre nem um etíope para contar a história. A única coisa que resta de Zerá são os despojos que Judá recolhe no acampamento inimigo. Deus transforma a maldição em benção para seu povo. O fraco derrotou o forte naquele dia porque o SENHOR é a suficiência de Judá . A sua Glória foi demonstrada naquele dia, porque o Homem não pôde derrotar o Criador de todas as coisas. Aos poucos o temor dos filhos de Judá é substituído por uma confiança sobrehumana que vai invadindo o ser de cada cidadão daquela nação. Todas as promessas feitas a Davi e a Salomão são cumpridas por Deus em mais este episódio da História. Mesmo seu povo adulterando e se prostituindo diante de falsos deuses nos montes ao redor de Jerusalém, o SENHOR suscita um filho de Abraão que leva adiante o Seu nome e lidera de forma fenomenal o povo escolhido. Judá podia possuir recursos grandiosos construídos por mãos, mas seu diferencial não era seu poder e sim sua confiança no Deus poderoso. O SENHOR guerreia por Judá derrotando não apenas Zerá e seu exército, mas também o medo que permeava o coração de muitos Judeus que não encontravam caminho para a verdadeira libertação. O povo havia se livrado dos falsos deuses, começado a estudar as Escrituras e aprendido a buscar o SENHOR em oração, mas precisava experimentar o poder visível do SENHOR em suas vidas. Deus vence mais uma guerra a favor do ser humano, mesmo ele não merecendo seu favor. Naquele dia o SENHOR provou mais uma vez que é digno de confiança derrotando o Homem que se levanta contra seu povo, o medo que permeava os corações, o pecado da idolatria e do orgulho. Transição: Mas aqui entre nós... Ponte Cristocêntrica: E quando não existe uma voz para clamar? Ou um coração para se humilhar diante de Deus? O que um morto pode fazer diante de um exército poderoso? Que tipo de recurso pode ajudar um morto? O general do exército inimigo é Satanás. Ele estava bem na sua frente dando gargalhadas enquanto você não tinha nenhum recurso capaz de te proteger. De um lado, o tenente Pecado com o poder de invadir sua vida rasgando sua alma e despedaçando seu propósito em mil pedaços. Do outro a sua fiel escudeira Morte, que carrega nas mãos o instrumento de destruição mais poderoso dos universos. Os soldados foram convocados e treinados para “trucidar” você e eles são a inveja, o orgulho, a lascívia, as crises existenciais, as finanças quebradas, a doença, o desemprego, o relacionamento frustrado, a
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desobediência... ... mais de um milhão dos mais terríveis e destruidores soldados do mundo. Todos eles vinham ao seu encontro a ponto de atacar quando um só homem se colocou entre você e sua aniquilação total. Este homem é único e singular. Uma única pessoa que mesmo sendo simples e humilde se coloca entre você e o exército que estava a ponto de exterminar você. A única arma que ele carregava era uma cruz, tão pesada que mal conseguia segurar. Essa cruz é colocada entre você e seu inimigo e aquele homem foi pregado nela. Enquanto suas mãos e pés eram perfurados naquela cruz de madeira, seu sangue vertia tocando a terra com sua cura restauradora. Ele suportou todas as nossas dores e o castigo que lhe trouxe dor nos trouxe o conforto e a paz. No instante exato em que o exército da destruição atingia seu alvo que era a sua e a minha vida a Luz que irradiou daquela cruz cegou-os e o poder que vinha do cordeiro imolado foi aniquilando cada soldado daquele gigantesco exército do mal. O tenente Pecado foi lançado muito profundo no mar do esquecimento. Satanás foi Humilhado diante de mim, e de você, pois seus recursos eram incapazes de derrotar o próprio Deus. A morte agora é o ultimo inimigo a ser derrotado, mas a Vitória sobre ela já foi decretada. O SENHOR é a suficiência de seu povo. Página 4 - O SENHOR é a nossa suficiência .
Hoje esse Jesus está presente na minha e na sua vida, porque um dia pela graça de Deus pudemos entender o que é dito a respeito dele nas Escrituras. Hoje o Espírito Santo de Deus atua em nossas vidas potencializando de forma tremenda todas as nossas boas ações. Se hoje podemos prosperar é porque o SENHOR guerreia em nosso favor. No momento em que precisamos enfrentar um inimigo, seja Homem, emoção ou o próprio pecado, cujo poder está além de nossos recursos, o SENHOR é a nossa suficiência. Hoje o sorriso pode estar em nossas faces e a alegria em nossos corações. Ok, seu inimigo vem na forma de um combo de resenhas para entregar e você não tem dinheiro para comprar os livros ou tempo para lê-los. O Professor parece não entender que é impossível escrever cinco páginas sobre aquele personagem da História do Pensamento Cristão. E aquela prova de Andragogia, que, cá entre nós, não tinha nada de andragógico, não é? Tudo isso parece explodir como uma “bomba” em nossas vidas de seminaristas, porém no momento em que você começa a clamar a Deus, você ouve uma voz doce nos ouvidos do seu coração, lembrando você da razão pela qual está aqui. Deus faz isso porque nisso Ele é Glorificado. Mas e quando seu inimigo vem no formato uma crise espiritual na igreja em que você trabalha? E se vem como uma calúnia contra sua índole? E se vem na forma da perda de um ente querido? Deus é o único que pode Guerrear em seu favor. Isso é muito perceptível na vida daqueles soldados feridos que encontramos em nossa caminhada, que, mesmo estando machucados pelos muitos açoites dos problemas, conseguem demonstrar em sua vida a felicidade e plenitude por serem consolados e sarados pelo poder e graça do SENHOR. Não existem recursos que podem trazer a vida de volta para um parente seu, mas existe 89
um Espírito que vive dentro de nossos corpos limitados e que é capaz de nos aquecer e devolver o sorriso em nossos rostos mesmo diante de um inimigo que parece indestrutível. O SENHOR guerreia em nosso favor e a vitória começa a ser entendida no simples fato de que sendo pecadores, merecemos a morte e hoje estamos vivos com vista na vida eterna que é a plena comunhão com nosso Pai Celeste. Nisto Deus mostra sua Glória através de nossas vidas. Nem o Homem, nem o Pecado, nem Satanás e nem mesmo a morte pode derrotar este Deus maravilhoso ao qual servimos. Em 29 de junho de 2009 caiu um avião Airbus que ia em direção à França. Ninguém sobreviveu ao acidente a não ser uma pequena garotinha que mal sabia nadar. Nas 13 horas em que ficou flutuando, tudo o que possuía eram os destroços do próprio avião que havia despedaçado. Mas ela foi encontrada e recebeu uma segunda chance de viver entre nós. Essa mocinha era cristã? Não sei! Por que Deus quis salvá-la? Não me pergunte isso! Mas de uma coisa eu tenho certeza: da mesma forma como essa menina foi encontrada boiando em meio aos destroços de um avião arrebentado, Deus um dia nos encontrou afogados no lamaçal do Pecado e decidiu salvar-nos para um propósito que está além de nossos sonhos ou pensamentos. Nisto Deus prova a sua Glória para que toda criatura se prostre diante dele. Nisto Deus mostra a sua Graça em nossas Vidas.
Conclusão Enquanto Asa buscou e confiou no SENHOR ele obteve a paz em seu governo, e hoje sabemos que, enquanto buscamos e confiamos em nosso Deus, a paz permanece em nossas Vidas. Ter paz não significa viver sem batalhas, mas é ter a certeza de que em todas essas batalhas o SENHOR é a nossa suficiência para honra e Glória dele. Que Deus nos abençoe pela exposição de Sua Palavra
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13 O SENHOR SUSTENTA JUDÁ COM A SUA PROVIDÊNCIA . Marcos Antônio dos Reis 2 Crônicas 26.1-23 Introdução Todos nós conhecemos a história do Titanic, o enorme navio construído no século XX, que foi considerado o símbolo da tecnologia para a sua época. A dimensão do Titanic assustava e impressionava a todos que o contemplavam. Sua enorme e luxuosa estrutura se tornou também símbolo de orgulho para sua geração. Os proprietários e construtores atestavam que ele era o navio insubmergível. A imprensa da época o descrevia como “o navio que o próprio Deus não poderia afundar”. Para os proprietários e construtores do Titanic não bastava ser ele o maior e mais luxuoso navio de sua época, mas desejavam que ele também fosse o mais rápido, por isso previram que o navio faria a viagem da Inglaterra aos Estados Unidos em apenas uma semana e, por isso, desrespeitaram todas as normas de segurança da navegação. Por causa dessa ousadia, no dia 14 de abril de 1912, o Titanic choca-se com um iceberg e naufraga nas águas geladas do Atlântico Norte. O orgulho dos proprietários e construtores conduziu o Titanic ao naufrágio. O naufrágio do Titanic é um fato que expressa o orgulho do ser humano, com enormes dificuldades em perceber que é a providência de Deus que condiciona o homem a desenvolver e construir sua história. O ser humano se enche de orgulho para sua própria ruína, como dizem as Escrituras: “o orgulho vem antes da ruína, e a a ltivez do espírito antes da queda” (Provérbios 16.18). No texto de 2 Cronicas 23.1 -26 encontramos uma história semelhante. Página 1 - O orgulho do rei Uzias destrói o seu reinado . Em Judá, parte sul de Israel, no ano 792 a.C., o jovem Uzias, de apenas 16 anos, é constituído rei desta nação. Todos estão admirados com o reinado de Uzias, que é marcado por grandes conquistas, desenvolvimento tecnológico e expansão territorial. É um tempo de prosperidade semelhante aos dias do Grande rei Salomão. Uzias tem o respeito e a admiração não só dos judeus, mas sua fama ultrapassa as fronteiras da nação. As nações tremiam diante do exército de Uzias: inumeráveis filas, mais de 300 mil soldados armados até os dentes, com uma estrutura bélica destruidora a seu serviço. Esses soldados são liderados pelos guerreiros mais temidos daquelas terras, homens experimentados na batalha. 92
Quando voltamos os nossos olhos para o território de Judá, enxergamos, em Jerusalém e no deserto as altas torres que proporcionam uma segurança ímpar, cisternas para saciar a sede dos muitos rebanhos. Há uma próspera agricultura, graças ao apoio do nobre rei nos projetos dos agricultores e vinhateiros dos montes férteis da nação. O mundo de então é tomado pelas notícias sobre a prosperidade de Judá e a capacidade do seu rei Uzias. Uzias não consegue administrar essa situação, é traído pelo seu coração, como dizem as Escrituras: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto” (Jeremias 17.9). Uzias ignora a providência do Senhor, torna-se forte, enche-se de orgulho, gloria-se na sua sabedoria, na sua força, chama para si o mérito de tudo o que acontece na nação. É aí que começam a desgraça e a ruína de Uzias. O poder e a fama sobem à cabeça do rei Uzias, sua arrogância e o seu orgulho provocam sua queda. Ele se torna rebelde, comete sérias transgressões contra o Senhor. Uzias se considera um rei autossuficiente que tem o direito de fazer o que bem desejar, mesmo que isso seja uma desobediência aos mandamentos do Senhor. O orgulho de Uzias destrói o seu reinado . O grande rei Uzias, que derrotou grandes reis e seus exércitos, agora colide com o iceberg do orgulho e naufraga nas turbulentas águas do poder e da fama, se autopromove, perde o foco do Senhor, ignora a necessidade de submissão a Deus, pensa que sua autoridade está acima de qualquer coisa, passa a cometer loucuras. Com os olhos vedados pelo orgulho e o coração tomado pela soberba, Uzias decide entrar no templo para queimar incenso, no altar do incenso, mas é impedido pelo sacerdote Azarias, com oitenta homens corajosos, que o enfrentam e lhe dizem: “não é certo que você Uzias queime incenso ao Senhor. Isso é tarefa dos sacerdotes descendentes de Arão consagrados para este ministério. Saia do santuário, pois você é infiel”. O coração de Uzias está inflado, tomado pelo orgulho. Ele não se dobra diante da repreensão dos sacerdotes, está resoluto, por isso se irrita e fica indignado. Na mesma hora, sai-lhe a lepra na testa, é a consumação. O orgulho de Uzias destrói o seu reinado. Uzias se torna maldito, porque deixou de confiar no Senhor e fez da sua carne mortal a sua sustentação, apartou o seu coração do senhor. Agora é um leproso, recebe a justa sentença do Senhor, é banido do templo, perde todos os privilégios e vai ter que viver o resto dos seus dias excluído da sociedade. O orgulho de Uzias destrói o seu reinado. O grande e respeitado Uzias, por causa de seu orgulho, tornou-se como um arbusto solitário no deserto. Infelizmente o orgulho não foi um problema só para os dias de Uzias. Ainda hoje percebemos os sintomas dessa terrível e destruidora doença na vida de muitos na igreja. Página 2 - O orgulho destrói o ministério de muitos pastores. Conta-se uma estória de um Cervo que se orgulhava da beleza e formosura de seus chifres. O cervo vivia a ostentar o seu orgulho diante de todos os outros cervos. 93
Dizia ele: “Supero a todos os demais de minha espécie, em graça e nobreza! Que elegância majestosa se pode verificar quando levanto graciosamente a minha galhada!” C erto dia, estava ele a pastar tranquilamente na floresta, quando de repente sai em sua direção um leão faminto disposto a devorá-lo. O cervo em dois saltos firmes e velozes começa a correr para colocar-se fora do alcance do inimigo. Em seu desejo de fugir para salvar a vida, o cervo orgulhoso decide passar por um apertado trilho entre as árvores. Não avançou muito, quando teve sua bela e graciosa galhada de chifres presa num espinhal. Ele lutou desesperadamente para escapar, mas os ramos o prendiam, formando um alçapão do qual ele não podia escapar. Então o leão o alcançou e o devorou sem compaixão. Que ironia! Aquilo que lhe causava orgulho trouxe-lhe também a destruição para sua vida. O orgulho é um problema terrível para o ser humano. É um sentimento sutil que induz a pensamentos enganosos a respeito de si mesmo, promove a autoexaltação e, por conseguinte, leva à queda e à destruição. C.S.Lewis diz: “O orgulho conduz a todos os outros pecados”. A nossa situação como pastores do rebanho do Senhor é uma posição de grande risco diante da realidade do orgulho. Pessoas nos olham com admiração por conta da nossa condição, confiam-nos suas vidas. A nossa oração é a mais solicitada, elogiam-nos quando pregamos, somos reconhecidos assim, não só dentro de nossas igrejas, mas também na cidade somos reconhecidos e respeitados como “o pastor”. Daí vem os convites às aclamações das pessoas e isso é realmente uma situação de grande risco, porque o orgulho destrói o ministério de muitos pastores. Atualmente na igreja há pastores, evangelistas, mestres, líderes e – por que não dizer? – muitos seminaristas que se autopromovem e se consideram indispensáveis, “se acham”! Dizem e pensam coisas do tipo: eu sou um grande orador, excelente conselheiro e outras coisas mais. São homens com os corações inflados, tomados pelo orgulho. Quero deixar claro que não há nenhum problema em ser bom, pelo contrário, devemos primar pela excelência. O problema está em pensar que a bondade que temos é fruto e mérito do nosso esforço. Pastores que se consideram importantes aos seus próprios olhos e se acham autossuficientes estão doentes e sua doença se chama orgulho, que vai destruir pouco a pouco não só os seus ministérios, mas também vai afetar terrivelmente a igreja. Tenha cuidado, pois o orgulho destrói o ministério de muitos pastores. Infelizmente a triste e destruidora realidade do orgulho está bem presente dentro da igreja em nossos dias. Muitos pastores têm deixado de reconhecer a dependência da providência do Senhor em suas vidas. A ênfase desses homens é anunciar suas virtudes e suas habilidades. Eles ostentam suas capacidades e seus talentos, e por pouco não dizem: “Nós não precisamos do Senhor; é Ele quem precisa de nós!” Perderam o foco, tornaram-se antropocêntricos distanciados do Senhor. Para descrevê-los, usarei as palavras de um sábio que disse: “Eles são como um galo que julga que o sol se levanta cedo para ouvi- lo cantar.” Trata-se de uma terrível inversão de valores. Que lástima! Realmente o orgulho destrói o ministério de muitos pastores. Essa é a realidade da vida ministerial em nossos dias. Então o nosso grande desafio, como verdadeiros pastores do rebanho do Senhor, é fazermos a diferença dentro dessa situação. É inevitável o assédio das pessoas, os elogios, as solicitações, os convites, 94
mas devemos sempre nos lembrar de uma coisa: se estamos fazendo algo e somos reconhecidos por tal feito, esta realidade não é outra coisa se não a confirmação da presença e providência do Senhor em nosso ministério e toda honra e toda glória pertencem a Ele. Assim, diante da nossa incapacidade e insuficiência, devemos nos prostrar diante daquele que nos confiou tão grande privilégio. É preciso mostrar, através de nosso testemunho de vida, que dependemos em tudo da presença e providência de Deus em nossas vidas, ou seja, confessar em todo tempo que, sem Jesus, nada, absolutamente nada podemos fazer. Se não reconhecermos a ação providencial do Senhor em nossos ministérios, ficaremos enlaçados no engano do poder e da fama e seremos devorados pela fera chamada orgulho, e o nosso fim será trágico. Façamos das palavras de Davi nossas palavras: “se não fosse o Senhor que estivesse do nosso lado o nosso inimigo teria nos engolido vivos. Bendito seja o Senhor que não nos dá por presa ao nosso inimigo”. Salmo 124.1-6 Página 3 - O Senhor sustenta Judá com a sua providência.
O Senhor dos exércitos é o autor de todas as obras maravilhosas em Judá. Antes de cair em ruína, o rei Uzias se propõe a buscar a Deus nos dia de Zacarias, um sábio nas visões de Deus, então o Senhor responde e o faz prosperar maravilhosamente. As vitórias de Uzias acontecem porque o Senhor o ajuda maravilhosamente. O Senhor faz com que o renome de Uzias se espalhe para além das fronteiras de Judá. O sucesso do rei Uzias é proveniente da providência e suficiência de Deus sobre aquela nação. As realizações no reinado de Uzias não são fruto de um agir humano. Ele é um rei bem sucedido porque Deus o ajuda. O que acontece de extraordinário em Judá não é Uzias quem faz, mas o Senhor. Não há nenhuma dúvida de que o Senhor sustenta Judá com a sua providência. Uzias é meramente um instrumento. O Senhor, através de Uzias, manifesta Sua glória às nações. As vitórias de Uzias não são ocorrências isoladas. Uzias e Judá se beneficiam grandemente e maravilhosamente da presença e providência de Deus, que sustenta suas vidas. Eles experimentam o sabor da supremacia do Senhor sobre todas as coisas. O Senhor abençoa Uzias em vários sentidos: fazendo-o prosperar economicamente, em extensão do seu reinado, militarmente com um numeroso e hábil exército com poderosas máquinas de guerra, com rebanhos numerosos, com grande produção agrícola. O Senhor faz de Uzias o rei mais poderoso de sua época. Até que o seu coração se exalta e é abatido por Deus, que sentencia Uzias a viver os seus últimos dias como um leproso (V.19). O Senhor sustenta Judá com sua providência . Isso ficou muito claro na vida e no reinado de Uzias, mas se comprova de forma mais gloriosa no ano da sua morte. Judá está desolada por causa da morte do seu rei. Um clima de desespero e insegurança paira sobre a vida das pessoas e, nesse momento conturbado, um profeta do Senhor, chamado 95
Isaías, entra na casa de Deus e tem uma visão estonteante da majestade do Senhor. O profeta vê o Senhor revestido de glória, assentado num alto e sublime trono. O Senhor dos exércitos é o verdadeiro Rei e reina não só nos limites de Judá, mas é o Rei de toda terra e o seu trono está firmado para sempre. Foi Ele quem deu as vitórias e prosperou Judá. Foi Ele quem ajudou e quem sustentou Judá naquele período áureo de prosperidade. Que contraste há entre Uzias e o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo: enquanto o homem Uzias cheio de orgulho tentou usurpar a glória do Senhor para si, Jesus Cristo, o Deus todo poderoso, esvaziou-se de sua glória e humildemente assumiu a forma de servo, tornou-se semelhante a nós, foi obediente até a morte, morte de cruz. Jesus Cristo, o Rei dos Reis, o Senhor dos senhores, o Deus todo poderoso, que, com a sua providência, é o sustentador de todas as coisas, agora se humilha para que eu e você pudéssemos, através da graça de Deus, desfrutar do privilégio da salvação. Louvado seja o Senhor, por essa ação maravilhosa. Página 4 - O Senhor sustenta a igreja com a sua providência.
A nossa fé se baseia na afirmação de que Deus é o grande criador de todas as coisas e, por meio de sua providência, sustenta, dirige, dispõe e governa todas as criaturas e todas as ações dela, desde as maiores até às menores. O Senhor nosso Deus é quem governa e cuida de todas as coisas. Um pastor que se despedia de uma igreja após a ter pastoreado por quinze anos, entra nessa igreja para pregar o seu último sermão como pastor dela. Ao contemplar toda a estrutura, um filme começa a passar em sua mente, o filme de sua história à frente daquela igreja. Ele se lembra de quando assumiu o pastorado, como era pequena a estrutura e como eram poucas as pessoas que frequentavam aquela igreja. Agora a igreja a tem o maior templo e também o maior número de membros do presbitério. Pensando em tudo isso, o coração desse pastor se exalta e proclama orgulhosamente no seu íntimo: “Esta igreja é minha! Eu a construí!” Em resposta ao orgulho do pastor, o Espírito Santo sussurra graciosamente no coração do pastor, chamando-o pelo nome, e diz: “Esta igreja não é sua, mas esta igreja é fruto de minha graciosa ação em sua vida e na vida desta cidade.” No seu último sermão, o pastor, em profunda emoção, conta essa experiência para igreja e reconhece que não foi ele, nem a sua força e capacidade ou qualquer outra coisa que pudesse vir dele mesmo, mas foi o Senhor que sustentou a igreja com a sua providência, durante o período que ele a pastoreou. Mesmo que a igreja esteja sob a liderança de homens fracos e inclinados ao erro, o Senhor mantem e preserva a igreja, porque a igreja pertence ao Senhor, Ele mesmo a comprou com o seu próprio sangue e prometeu que as portas do inferno jamais prevalecerão contra ela. O Senhor sustenta a igreja com a sua providência . Ao longo da história humana, imperadores, reis poderosos e grandes pensadores empreenderam grandes e terríveis perseguições contra a igreja. Muitos foram os que tentaram acabar com ela. Houve até quem previsse um tempo em que a igreja não mais 96
existiria, mas o Senhor sustenta a igreja com a sua providência. Então todos os planos e intentos malignos e humanos contra a igreja do Senhor caíram e caem por terra e a Igreja, que é a Noiva do Cordeiro, segue na história em triunfo, porque está debaixo da providência do Senhor. O Senhor Deus faz com que tudo venha cooperar para que a igreja, na sua essência verdadeira, venha a cumprir os seus propósitos que foram estabelecidos e determinados por Ele mesmo. Diante disso, afirmamos: o homem é meramente um instrumento nas mãos do Senhor. Nada, absolutamente nada, além disso! O homem tem que se conscientizar desta verdade para que o seu coração não caia no laço do orgulho. Para nós, pastores da igreja do Senhor, essa afirmação tem que estar sempre latente e pulsante em nossos corações. Durante esses dois anos e alguns meses de convivência, pode-se afirmar que, nessa nossa sala, temos grandes homens de Deus que estarão com a responsabilidade de conduzir o rebanho do Senhor que é a sua igreja. Muitos de nós vamos ser pastores de renomes, teólogos, escritores e, por que não dizer, músicos de grande expressão. Contudo, jamais devemos nos esquecer de que tudo isso acontece e vai acontecer para a glória do Senhor que sustenta a igreja com sua providência e é o Senhor Deus todo poderoso que opera em nós tanto o querer como o realizar. Que Deus nos abençoe e guarde o nosso coração desse mal terrível chamado orgulho, que destrói vidas e ministérios. Que, a cada dia na nossa vida ministerial, estejamos sempre conscientes da dependência da providência do Senhor para desempenharmos os nossos ministérios. Que o Senhor cresça e o nosso ego seja diminuído. Amém.
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14 DEUS RESTAURA A FÉ DE ISRAEL, POR MEIO DA LIDERANÇA DE ESDRAS. Marcos Patrick Favero de Souza Esdras 9.10 Introdução Um porquinho que foi retirado do meio da lama por uma família que se compadeceu da vida precária que ele vivia. Diz-se, então, que uma família resgatou o porquinho de entre os resíduos de lixo e o submeteu a um tratamento higiênico que o deixou completamente limpo. Sob tratamento e vivendo agora uma nova realidade, o porquinho vivia seus dias alegremente, até que, na primeira oportunidade de reencontro com a lama, seu velho habitat, o porquinho abandona todo o tratamento ao qual foi submetido e corre novamente para o meio da lama, sujando-se completamente. O porquinho não negou sua natureza, desprezou o tratamento da família que o resgatou e voltou para a lama. Página 1 - Israel e seus líderes se misturaram às práticas pecaminosas dos povos vizinhos.
À semelhança disso, o povo de Deus, que por diversas vezes ao longo da história fora resgatado das práticas do pecado, agora novamente encontra-se no brejo do pecado. O som era como o de mil cavalos galopando; a luz, como o sol na opacidade da manhã; abriam-se as cortinas de mais um dia – Iahweh chegou. Como crianças que se escondem do pai ingenuamente com as mãos no rosto, o povo de Deus tentava disfarçar a realidade anunciada por Deus. O Senhor julgaria seu povo por conta do pecado. Aconteceu que o desejo pelo pecado parecia insaciável. Não foram poucas as ocasiões e situações em que Israel fora alertado por Deus: “Ouça só Israel: Teu Deus é o único Deus”. Por mais óbvia e clara que fosse a lição, Israel não aprendeu o ensino. O reinado dos homens em Israel foi como a ingestão de um alimento vencido. O princípio apresenta um aparente sabor saudável, contudo, com o passar do tempo, o organismo começa a apresentar reações ao alimento ingerido. Com um gosto amargo, Deus permitiu o reinado antropocêntrico em Israel, contudo a sucessiva prática pecaminosa dos líderes e do povo causou uma indigestão tão grande em Deus, que o levou a despejar sobre Israel toda sua fúria e justiça, pelo fato de esse povo O abandonar e se mergulhar na lama da idolatria de deuses dos povos vizinhos. 98
O Pai não dispensou a vara do seu filho. A surra foi tão intensa que o povo foi parar na UTI, em uma clínica cruel chamada Império Babilônico. Posteriormente, em outra diferente, mas não menos cruel, denominada Império Persa. O câncer do pecado foi submetido a sessões de intensa terapia, até que o povo, juntamente com seus líderes, passou a outro estágio do tratamento. Agora uma parte do povo e dos líderes poderia voltar para sua terra, Jerusalém, e, assim, restaurar o que foi perdido, ou seja, os fundamentos de sua espiritualidade, através da reconstrução do templo. Embora sujeita aos mais diversos percalços, a viagem de volta a Jerusalém foi um sucesso. O sonho é mais real que nunca, o povo chega a Jerusalém sob a liderança do escriba e sacerdote Esdras. Tudo parece perfeito, a junção de dois grupos comprometidos em trabalhar na reconstrução da espiritualidade de Israel. Vozes e gritos eufóricos bradam: O Senhor está nos regenerando! Aleluia, vamos festejar! Minimizada a euforia, nada mais poderia pulsar o coração de Esdras a não ser a notícia que um grupo já residente lhe anuncia : Israel e seus líderes se misturaram às práticas pecaminosas dos povos vizinhos. Como uma flecha que atinge o peito de um homem, a notícia impacta Esdras. Atordoado, sem entender a questão, o coração de Esdras é atingido com outra flecha – sem sombra de dúvidas, a mais letal. Os líderes do povo – sacerdotes e levitas – são os principais nessa prática pecaminosa. O desfalecido coração de Esdras perguntaria: como pode o grupo responsável pela reconstrução da fé imaculada de Israel manchar a fé em Iahweh com os valores de outros povos, casando-se com mulheres estrangeiras? O desejo de Iahweh era que Israel fosse um povo distinto. Dt 4.4-8 mostra que a lei mosaica primava pela distinção, autorizando somente casamentos entre hebreus ou entre aqueles que se convertiam, pois a santidade só poderia acontecer na medida em que se guardassem os valores da lei mosaica. Ao casar-se com mulheres de outros povos, esse princípio estaria comprometido, pois os povos circunvizinhos a Israel – Cananeus, Heteus, Ferezeus, Jebuseus, Amonitas, Moabitas, Egípicios, Amororreus – são constituídos em torno de divindades, o que significa dizer que os valores e práticas desses povos são comprometidos com deuses pagãos. Israel tem sua santidade comprometida, pois Israel e seus líderes se misturaram às práticas pecaminosas dos povos vizinhos. Os casamentos mistos com os povos que habitavam a terra prometida eram a principal causa das dificuldades. Esposas pagãs corrompiam a raça santa e levavam o povo a toda espécie de práticas detestáveis. Talvez o caso mais notório foi o de Salomão, que, no intuito de expandir seu reino, uniu-se a mulheres de outros povos. Seu reinado não suportou tal pluralidade e sucumbiu. A idolatria era a fonte de corrupção, porquanto trazia consigo as atitudes e os atos básicos dos povos pagãos. Por isso era necessária a separação. Entretanto Israel e seus líderes se misturaram às práticas pecaminosas dos povos vizinhos. Introdução à Página 2: Ouviu-se, dos palácios de Brasília nesta semana, uma notícia interessante. O ministério da Educação preparou um material didático, apelidado de “Kit Gay”, para ser distribuído em todo Brasil, orientando os alunos contra a prática homofóbica. Parece não restar dúvida que o conteúdo do material é mais sugestivo do que educativo. 99
O material foi vetado pela presidenta Dilma. O que espanta é saber como o veto ocorreu. Em entrevista à rádio CBN, o líder nacional evangélico, Deputado Federal pelo RJ, Garotinho, e a bancada evangélica pressionaram a presidenta para que vetasse o kit gay, caso contrário, eles votariam a favor da investigação contra o inexplicável enriquecimento do Ministro da Fazenda Pallocci. Uma parte considerável do povo evangélico entendeu o feito como uma vitória em defesa da fé genuína. Os valores da podridão política estão misturados à ética cristã de muitos evangélicos e seus líderes. Página 2 - Muitos membros da igreja e pastores se misturam às práticas pecaminosas dos deuses deste século.
Nas páginas da novela da vida, vê-se, na atualidade, a deformidade da identidade da igreja de Jesus. Isso ocorre porque muitos membros da igreja e pastores se misturam às práticas pecaminosas dos deuses deste século. Se pudéssemos resumir em uma palavra o conceito chave do mundo hodierno, diríamos que é a palavra “misto”. O mundo já não é o mesmo, ele é globalizado: a moeda tem seu valor em relação à outra; a cultura é um mosaico étnico; as opiniões são pontos de vista; a família era unidade, agora é pluralidade; as amizades são virtuais; o trabalhador humano virou algarismo; a espiritualidade virou materialidade virtualizada em números da conta corrente; o prazer de ser, agora é estar; e, no meio disso tudo, ouve- se o poeta da mistura dizer “Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante” e o coro da canção fica por conta do embalo das batida dos morros do RJ: “Não para, não para, não para, não.” Nós não podemos evitar as transformações do mundo, mas devemos fazer com que estas não comprometam a identidade da igreja de Jesus, pois somos discípulos de Cristo. Nossos valores são transgeracionais. Os valores de hoje não são frutos do acaso, eles provêm de divindades pagãs criadas pelo homem do presente século, a saber, o capitalismo, o hedonismo, o individualismo, o ceticismo. A igreja deveria ser como água e óleo, que embora estejam no mesmo recipiente, não se misturam. No entanto, ela age de forma contrária, e, assim, abandona sua santidade. Consequentemente, ela corrompe sua identidade. Isso ocorre porque muitos membros da igreja e pastores se misturam às práticas pecaminosas dos deuses deste século. Não são poucos membros da igreja que veem a comunidade como um espaço circunstancial. Na medida em que eu preciso de uma benção, aumento minha frequência; quando as coisas me vão bem, substituo a comunidade pelos corredores do shopping, pelo conforto do sofá, pelo degustar de um jantar, etc. É necessário entender que a vida cristã exige sacrifício, caso contrário, viveremos a superficialidade de uma espiritualidade hedonista. Para entender a situação, basta perceber que o voluntariado na igreja está quase virando uma afronta: tirar pessoas do conforto de seus lares para o serviço na casa de Deus é um problema grave, pois isso é trabalho dos profissionais da fé. Muitos vão justificar o não voluntariado por falta de tempo, contudo, mesmo no curso de sua vida,
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muitos cristãos reverberam mais os valores dos deuses deste século do que os valores do reino de Deus. A dor de se constatar isso só não é maior do que constatar que os líderes da igreja são os principais adquiridores dos valores de deuses deste século. A atitude dos membros da igreja é a ponta do iceberg. Na sua base, está a atitude de muitos líderes corrompidos pelos valores dos deuses deste século. São pastores e pastoras, lobos vorazes do capitalismo selvagem, que têm por critério escolher pastorear a igreja que mais tem condições de engordar sua conta corrente. São pastores e pastoras interessadas no prazer de dominar pessoas com a arma da fé. São desejosos de um status eclesiástico, são desejosos de serem reverenciados pela sua posição. É preciso coragem para não se amoldar ao presente século. Estou convicto de que o reavivamento da igreja vai emergir do pranto dos líderes que choram, orando pela santidade e integridade da igreja. É preciso saber que muitas coisas que têm um alto preço nem sempre têm valor. É preciso coragem para pregar o verdadeiro evangelho em meio ao panteão de deuses deste século. Devemos dar a vida pelo evangelho, como diria Vittirio Alfieri: “Frequentemente o teste da coragem não é morrer, mas viver.” É impossível tapar o sol com a peneira, a falta de credibilidade da agência de Cristo no mundo de hoje é porque muitos membros da igreja e pastores se misturam às práticas pecaminosas dos deuses deste século. O sonho de consumo é filho do capitalismo e muitos seminaristas confundem seu sonho de ministério com sonhos de consumo, projetando no pastorado um terreno fértil para satisfação de suas “necessidades desnecessárias”. A vocação mais parece um verbete teológico, pois, na prática, o que se vê é uma teologia de mercado. Igrejas arcam com o ônus de manter um pastor com um salário alto, enquanto outros não têm oportunidades de exercer o pastorado, porque a igreja não tem condições de pagar mais um pastor. Então, esses que são preteridos vão para a batalha dos aflitos no Presbitério, com o intuito de angariarem uma posição no mercado eclesiástico para, quando entrarem, fazerem a mesma coisa que seus parceiros de fé faziam. Precisamos desenvolver um estilo de vida simples, para que não sejamos reféns das armadilhas do mundo do prazer. Devemos discipular nossas esposas para que não se misturem à mesquinhagem das mulheres que encontram no cartão de crédito o passatempo predileto. Nossos filhos devem ser ensinados a amar os valores do reino de Deus. Eugene Peterson diz: “Nossas igrejas refletem mais as estruturas eficientes do mercado e menos a glória da imagem de Deus em Cristo. No entanto, o povo, as ovelhas de Jesus, clamam cada vez mais por pastores. Pastores com tempo e compaixão para ouvir o clamor de suas almas cansadas, aflitas, confusas, em busca de orientação maturidade e transformação”. Nossa liderança precisa contagiar a igreja com santidade. Segundo Walter Lippmann: “A prova final de um líder é se ele deixa ou não aos outros, suas convicções para continuarem seu trabalho”. Precisamos vigiar e nos vigiarmos para que nosso legado não contamine a igreja, pois muitos membros da igreja e pastores se misturam às práticas pecaminosas dos deuses deste século, por isso, devemos ser pastores que produzem frutos do Espírito Santo. Página 3 - Deus restaura a fé de Israel, por meio da liderança de Esdras. 101
As páginas iniciais das escrituras deixam clara a intenção de Deus em separar um povo para si. Para tanto, Ele tira Abrão da casa de seus parentes e o leva para outra terra. Ao longo da história, o projeto divino utilizou-se de diversos líderes para instruir o povo de Deus quanto a sua vontade. Da diversidade de valores estabelecidos por Deus, o caráter de distinção dos outros povos era central para Deus. Israel seria distinguido por sua fé no único Deus. A rebeldia de Israel em obedecer a Iahweh sempre fora aplacada com a graça de Deus, ao trazer o povo de volta ao centro do seu querer. Deus não permitiu que Judá padecesse no cativeiro babilônico, pois convenceu o coração do Rei Ciro para que permitisse o retorno de uma parte do povo sob a liderança de Zorobabel, a fim de que o templo, ícone da expressão religiosa de Israel, fosse reconstruído. Os projetos humanos mudam, mas a bondade de Deus prevalece, o império Babilônico é derrotado e dá lugar ao império Persa. Novamente, Deus convence o coração do Rei Artaxerxes, que permite o retorno de um segundo grupo a Jerusalém para auxiliar na reconstrução do templo. O grupo tem por líder Esdras, sacerdote e escriba versado na lei de Moisés, de linhagem dos clãs dos levitas. No retorno deste grupo a Jerusalém, a bagagem do povo está estufada da bondade de Deus, pois Ele despertou no Rei Artaxerxes a intenção de devolver aos Judeus os utensílios retirados do templo, quando este foi destruído pelos babilônicos. Além disso, a viagem de quatro meses foi livre de todos os potenciais problemas que o trajeto proporcionava. O silêncio de um dia normal foi interrompido por passos marcantes de um grupo seguindo seu líder. Esdras chegava a Jerusalém, Israel estava nos banco dos réus. Enquanto muitos imaginam a destruição dos Judeus, no ponteiro exato da graça do Senhor, Deus restaura a fé de Israel, por meio da liderança de Esdras. Deus promove uma revolta tão grande em Esdras que, ao saber da miscigenação matrimonial do povo, ele tem seu coração quebrantado profundamente. O sacerdote, então, rasga suas vestes e seu manto. A consternação é tamanha que ele arranca até os seus cabelos. O lamento de Esdras ressoa tão alto que um pequeno grupo remanescente fiel se junta a ele no lamento. Deus abalou as estruturas do seu servo, e, assim, Esdras intercede ao Senhor. Sua oração é um verdadeiro reconhecimento da graça de Deus, que, apesar da pobreza espiritual do povo, exerce sua bondade, justiça, amor, paciência ao longo de toda a história de Israel. O sacerdote conclui que o povo só está vivo por causa da graça de Deus. (9.15) Apesar do pecado, o povo não estava sozinho. O autor se utiliza de um recurso da narrativa hebraica, chamado quiasmo, para evidenciar que Deus usa seu servo para conduzir seu povo ao arrependimento. Tal constatação pode ser aferida através da estrutura literária do texto lido montado assim: Parte A – 9.1-4: Pecado; Parte B – 9.6-15: Intercessão; Parte C – 10: Arrependimento. Portanto, fica evidente que o autor nos dá a pista de que, entre o pecado e o arrependimento de Israel, Deus executa sua graça, usando a liderança de Esdras para conduzir o povo ao arrependimento. Desse modo, Deus restaura a fé de Israel, por meio da liderança de Esdras. Como uma dinamite que estraçalha uma rocha em milhares de pedaços, os líderes e o povo de Israel têm seus corações picotados. Um reavivamento coletivo brota entre o 102
povo, eles se arrependem de terem se casado com mulheres dos povos circunvizinhos a Israel. Deus santifica seu povo, o qual decide abandonar suas esposas estrangeiras e, assim, voltar às atitudes oriundas da lei do Senhor. Ao usar Esdras para conduzir Israel ao arrependimento, Deus está prefigurando o que Ele haveria de fazer plenamente, através de seu filho Jesus Cristo, que, por amor ao seu povo, morreu na cruz e ressuscitou, foi para junto do Pai e nos deixou seu Espírito Santo, o qual, segundo Rm. 8.26,27 “[...] intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos.” A presença do Espírito de Cristo no meio do seu povo produz arrependimento e, consequentemente, santificação. Introdução à Página 4: Dos rincões de MG, ouve-se um fato interessante. Uma pequena igreja que há mais de 10 anos se arrastava sem nenhum progresso foi surpreendida pela ação de Deus. O pastor titular da igreja resolve espontaneamente deixar o pastorado da comunidade e, com isso, um novo pastor de São Paulo é convidado. Ele recusa várias propostas da capital para pastorear a pequena igreja dos rincões de MG. Segundo o pastor da capital, Deus o estava chamando para a terra mineira. Foi surpreendente o mover de Deus nessa igreja: em cinco anos, Deus deu à igreja um crescimento de 500 por cento. A igreja foi despertada a um ardor missionário incessante e desenvolveu uma dinâmica contextualizada com a cultura local. Deus agraciou seu povo com sua graça sobre o pastor. Página 4 - Deus restaura seu povo, por meio da liderança de pastores.
O mover da graça de Deus não foi reservado às páginas da história, pois, ainda hoje, Deus restaura seu povo, por meio da liderança de pastores. Apesar da miscigenação espiritual dos nossos dias, o Senhor separa para si um remanescente fiel, que vive a cultura do reino de Deus e despreza a futilidade do capitalismo. Deus separa para si homens e mulheres que sacrificam seu limitado tempo para o voluntariado na igreja de Cristo. Pessoas que estão preocupadas com a espiritualidade de seus vizinhos, que não trocam a vida em comunidade por comodidades, pois ainda hoje, Deus restaura seu povo, por meio da liderança de pastores. Além disso, Deus prepara pastores comprometidos com os valores do reino de Deus. Servos que entendem o chamado para o ministério como vocação e não como oportunidade. Discípulos que querem preferem servir a serem servidos, pastores que estão dispostos a pastorear e não dominar o povo. Obreiros amadores que amam a vocação e desprezam o profissionalismo. Gente que enxerga o mundo através das lentes do evangelho e não do seu próprio umbigo. Ungidos do Senhor que intercedem ao Senhor para o crescimento do povo. Nestes dias, a graça de Deus se reflete através desta classe. Seminaristas confinados em sala de aula do SPS por quatro anos. Homens que enfrentam a dor de anos de deserto financeiro. Aspirantes ao ministério, que lidam com a dor da saudade dos familiares residentes em outros estados. Candidatos ao pastorado que enfrentam a batalha de horas de estudo, que se empenham em fazer o melhor para o reino de Deus.
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Deus é especialista em recrutar esses homens, pois Deus restaura seu povo, por meio da liderança de pastores.
Conclusão Deus conhece seu povo, sabe da sua tendência idólatra. O Senhor nunca permitirá a destruição da fé dos seus filhos. No tempo exato da graça de Deus, Ele apresenta seu remanescente fiel e levanta o seu ungido para restaurar os alicerces da fé. A nós só cabe dizer: Eis-nos aqui.
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15 DEUS RESTAURA SEU POVO PELA SUA PALAVRA . Myung Ho Kim Neemias 8.1-18 Introdução Todo mundo quer ter um smartphone. Foram vendidos mais de 296 milhões desses aparelhos, segundo o instituto de pesquisas Gartner. Por aqui, o Gartner calcula que foram vendidos mais de 5 milhões de smartphone no ano passado. As vendas cresceram 279% em relação a 2009. A Apple é uma das grandes responsáveis pelo cenário atual dos smartphones. E, não por caso, o iPhone continua a ser um dos melhores do mercado – e um grande objeto de desejo. Qual é o segredo do sucesso dele? Seu design é bonito? O iPhone é forte em software – seu sistema operacional, o iOS, é um dos melhores para dispositivos móveis e tem uma ótima biblioteca de aplicativos. Está ligada ao software. Para o povo de Israel, terminou a construção do “hardware”, que é a construção do templo de Jerusalém. Mas se isso acabasse na festa, o povo de Israel seria um povo qualquer. Entretanto, eles não se contentaram com isso. O povo de Israel sabia que, além do hardware, precisava de um verdadeiro software. Eles meditaram e pensaram profundamente como eles poderiam honrar a sua identidade. Não era algo diferente. Era restaurar o culto que deixaram de lado, lembrar de voltar para a palavra de Deus que esqueceram. Software da palavra de Deus. Página 1 - Israel sofre por não ouvir com atenção a palavra de Deus.
Quando Neemias soube da necessidade do seu povo, sentiu-se chamado para atender àquela necessidade. Os muros foram terminados em apenas cinquenta e dois dias. Mas ainda faltava reformar a vida do povo e o culto a Deus. Era um período deprimente para os judeus da Palestina. O templo havia sido reconstruído em 516 a.C. em meio a grandes expectativas. Todavia agora, mais de cinquenta anos depois, tudo continuava igual: o Messias não aparecia e a pobreza e a dominação estrangeira continuavam. Deus parecia distante. Não havia milagres como em outros tempos. Muitos estavam perdendo a fé pouco a pouco, dando lugar ao cinismo daqueles que perderam contato com o Deus vivo. A adoração havia-se tornado rotineira. O povo de Israel sofre por não ouvir com atenção a palavra de Deus. Tanto o sacerdote como o povo a achavam cansativa (Ml 1.6-8) e desprezavam o Senhor. O povo de Israel sofre por não ouvir com atenção a palavra de Deus. A falta de amor a Deus levava, como de costume, a uma falta de amor ao próximo e, portanto, à opressão dos pobres (Ml53.5, Ne
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5.1-5). Tudo isso aconteceu porque o povo de Israel sofre por não ouvir com atenção a palavra de Deus. Página 2 - Muitas igrejas sofrem por não ouvir com atenção a palavra de Deus.
Hoje em dia não há segurança. Um povo sem segurança sente-se vulnerável e ameaçado. Vivemos sob o espectro do medo. Trancamo-nos dentro de casa e temos medo de sair nas ruas. Há violência, arrombamento, uma onda de ataques com explosivos a caixas eletrônicos, assaltos e sequestros. As pessoas são assassinadas e carbonizadas. O narcotráfico desafia a Justiça como um poder paralelo. O Judiciário está falido. Prevalece a corrupção e o desmando. Não há lei, nem justiça. O Supremo Tribunal Federal decidiu, em julgamento histórico, que casais homossexuais formariam uma família com os mesmos direitos e deveres que os casais heterossexuais. Ainda pior, a igreja não tem poder espiritual. O mundo está mais cheio de secularismo, materialismo e cinismo do que cheio de graça, verdade e amor. Hoje o povo busca: resultados, mas não a verdade; coisas materiais, mas não a Deus; benefícios pessoais, mas não a Palavra de Deus. Querem as bênçãos de Deus, mas não o Deus das bênçãos. Até queremos os conhecimentos de Deus, mas não o Deus de toda a plenitude e divindade. Tem-se fome da prosperidade e do sucesso, mas não a fome da Palavra. Muitas igrejas sofrem por não ouvir com atenção a palavra de Deus. Página 3 - Deus restaura seu povo de Israel pela sua palavra.
A renovação espiritual do povo de Judá começou com o pregador da Palavra de Deus. Esdras era um homem comprometido com a Palavra (Ed. 7.10). O povo estava sedento pelas Escrituras. A Bíblia era o seu anseio. Reuniram-se como um só homem (8.1), com os ouvidos atentos (8.3), reverentes (8.6), chorando (8.9) e alegrando -se (8.12) e prontos a obedecer. Deus restaura seu povo de Israel pela sua palavra. A pregação fiel das Escrituras atinge o intelecto (8.8). Vamos ler o versículo: “Leram o Livro da Lei de Deus, interpretando-o e explicando-o, a fim de que o povo entendesse o que estava sendo lido” (8.8). O conhecimento da verdade enche a nossa cabeça de luz. O povo que conhece a Deus é forte, ativo e sábio. A pregação da palavra de Deus tocou a emoção. O povo chorou pelo pecado (8.9). A Palavra de Deus produz quebrantamento, arrependimento e choro pelo pecado. O verdadeiro conhecimento nos leva às lagrimas. Quanto mais perto de Deus o povo está, mais tem consciência de que é pecador e mais chora pelo pecado. Deus restaura seu povo de Israel pela sua palavra.
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Página 4 - Deus restaura a igreja pela Sua Palavra.
O missionário Ronaldo Lidório, trabalhando entre os Konkombas, em Ghana, experimentou grandes maravilhas divinas como resultado da pregação da Palavra. Em nove anos de trabalho missionário, plantou 23 igrejas com cinco mil pessoas convertidas entre tribos animistas e feiticeiras. Os céus se fenderam e Deus desceu com grande poder, curando enfermos, salvando feiticeiros e libertando cativos. Ronaldo traduziu o Novo Testamento para a língua nativa desse povo até então não alcançado pelo Evangelho. Há uma profunda conexão entre o ensino fiel das Escrituras e o reavivamento. Sempre que a Palavra de Deus é exposta com poder há uma profunda manifestação do Espírito. A Palavra de Deus gera despertamento espiritual na vida do povo e crescimento da Igreja. Deus Restaura A Igreja Pela Sua Palavra. Tom Rainer, em sua pesquisa entre 576 igrejas batistas dos Estados Unidos, chegou à conclusão que a pregação é o principal fator para o crescimento saudável da igreja. Jesus é a Palavra, a fonte de vida. Jesus é a Palavra da luz. A Palavra de Deus nos dá a força, poder e sabedoria. João 5.25 diz: “Eu lhes afirmo que está chegando a hora, e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e aqueles que a ouvirem, viverão.” Os mortos que ouvirem a voz de Jesus viverão! O segredo do reavivamento da igreja não é hardware de equipe forte. É a pregação da Palavra de Deus. A chave do crescimento da igreja não é hardware de prédio. É o software da Palavra de Deus.
Conclusão A palavra de Deus é viva e eficaz. É o poder e a fonte de vida e da sabedoria. A pregação da Verdade pelo Espírito Santo produz o verdadeiro crescimento e reavivamento espiritual. A pregação fiel da Palavra é a tarefa mais importante, a maior necessidade da igreja e do mundo. O púlpito é o trono de onde Deus governa a Sua igreja.
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