SEGREDOS DA GUERRA PSICOLÓGICA
Reminiscências da Segunda Guerra Mundial Joseph E. Brant
1ª edição publicada em 1967 A palavra é infinitamente mais poderosa do que a espada; quem a souber manejar
é
muito mais poderoso do que o mais poderoso dos reis. JEREMIAS GOTTHELF (1797 1854)
O autor Joseph Errol Brant nasceu em Riga, capital da Let ônia, em 10 de agosto de 1912. Naturalizouse norteamericano quando servia nas fileiras das For ças Armadas dos EUA. Jornalista de profiss ão, recebeu uma educa ção internacional, iniciada em escola e col égio alemães de Riga. Posteriormente formouse em Direito pela Universidade de Montpellier, França, e em Jornalismo pela Graduate School of Journalism da Universidade de Columbia, Nova York. Iniciou a carreira jornal í stica stica colaborando em v ários jornais da Europa e da América Latina, entre os quais L'Intransigeant, de Paris; Die Weltwoche, Zuriche o Diario de la Marina, Havana. Em 1942 ingressou no OWI (Office of War Information, portavoz da propaganda oficial dos EUA durante a II Guerra Mundial) onde, com exce ção de alguns meses passados no exército, serviu at é julho de 1945. Enviado a Londres pelo OWI, foi incumbido da organização e chefia da se ção noticiosa do Departamento Alem ão da American Broadcasting Station in Europe (ABSIE emissora norteamericana que funcionou durante a II Guerr Guerraa Mund Mundia iall na capi capita tall brit britânica). nica). Em fins fins de 1944 incorp incorpor orou ouse se ao PWD PWD (Psychological Warfare Department, especificamente encarregado das atividades de Guerra Psicol ógica das Forças Armadas norteamericanas). Transferido para Luxemburgo, participou ativamente das perip écias da Rádio 1212, primeira emissora secreta na Hist
ória
Militar dos Estados Unidos. Logo ap ós o término das hostilidades exerceu na Alemanha as funções de oficial de liga ção do setor de pessoas deslocadas, do XII Grupo de Ex ércitos. Após a guerr guerraa fixou fixou resid residência no Brasil Brasil onde se casou casou com brasileira, brasileira, dedicandos dedicandosee durante v ários anos à agricultura. De 1961 a 1966 ocupou o cargo de redatorchefe e correspondente estrangeiro da United Press International em S ão Paulo.
ÍNDICE Apresentação pelo autor Capí tulo I
Como nasceu a Operação "Annie"
Capí tulo t ulo II
ABSI ABSIE E Uma emis emisso sora ra "bra "branc nca" a" em Lond Londre res. s.
Capí tulo III
Revelações surpreendentes.
Capí tulo IV
Contribu í mos mos para a rendi ção de soldados da Wehrmacht.
Capí tulo V
V1, V2 e...
Capí tulo VI
Fatos alemães mais fortes que nossas palavras
Capí tul t ulo VII
Rumo ao Lux Luxembu emburrgo
Capí tulo VIII
Da "Rádio Lux" para a esta ção secreta.
Capí tulo tulo IX
Avenida Brasseur Nº 16.
Capí tulo t ulo X
1212 irra irradi dia. a... .. 1212 irra irradi dia. a.
Capí tulo tulo XI
Para a frente em busca de material.
Capí tulo tulo XII
Alemanha, Zero Hora menos 5.
Capí tulo tulo XIII
A última fase da 1212.
Capí tulo tulo XIV
Movimentada visita ao Setor Sovi ético.
Capí tulo t ulo XV
Os cam campos pos de mort mortee de Hitl Hitleer.
Ânimo.
APRESENTAÇÃO PELO AUTOR A guerra psicol ógica consiste essencialmente no manejo da palavra falada e escrita com o prop ósito de abalar o moral do inimigo e abreviar as opera ções bélicas. Levada a cabo com destreza poder á poupar muitas vidas. Caso contr ário, repercutir á negativamente sobre o advers ário, irritandoo e robustecendo a sua capacidade de resist
ência. Em tempo de paz, o emprego criterioso de m étodos e conceitos de guerra psicol ógica é de suma importância para impedir a eclos ão de um conflito armado. Usados com fins escusos ou sem a devida cautela agravar ão sobremaneira as latentes tens ões internacionais, pondo em risco a coexist ência pací fica fica entre os povo povos. s. O autor autor deste deste livro livro participo participou, u, durante durante a Segun Segunda da Guerra Guerra Mundia Mundial, l, em ativid atividad ades es de guerra guerra psico psicoll ógica gica,, liga ligada dass ao seto setorr da radiopropaganda. Ainda que sujeitas a falhas e imperfei ções, inerentes a qualquer empreendimento humano, as reminisc ências aqui registradas representam o reflexo fiel dos diários de guerra do autor, assim como de outros documentos da época por ele conservados ou consultados. J. E. B.
Capí tulo tulo I COMO NASCEU A OPERAÇÃO "ANNIE" Problemas aparentemente insolúveis enfrentam os idealizadores de uma estação militar secreta Certas altas patentes acham "indigno da tradi militar norteamericana" a cria
ção
ção de uma emissora "negra" O General
Eisenhower é finalmente convencido Por que Luxemburgo?
A Segunda Guerra Mundial entrar á na História não somente como precursora da guerra automatizada e da destrui ção maciça de centros urbanos populosos, sen ão também como pioneira da guerra psicol ógica em grande escala. N ão é demais afirmar que o advento da radiofonia exerceu uma profunda influ ência e provocou grande transforma ção em certos aspectos da t ática e da estrat égia, principalmente pelas possibilidades quase ilimitadas de seu uso como arma de subvers ão e desmoraliza ção de na ções e ex ércitos. Com efeito, nunca as nações dispuseram, anteriormente, de uma arma t ão sutilmente destrutiva, como se pode tornar, em certas circunst âncias, a palavra propagada atrav és do espaço. Tão fantásticos e tão incrive incrivelmen lmente te vasto vastoss foram foram os horizonte horizontess abertos abertos pelas pelas possibil possibilidad idades es do uso da radiofonia no campo psicol ógicomilitar, que os chefes do Estadomaior norteamericano se
É verdade que n ão demoraram a se compenetrar das indiscut í veis veis vantagens pr áticas do rádio como auxiliar imprescind í vel vel nas comunica ções puramente t áticomilitares, instalando com grande proveito aparelhos receptorestransmissores no interior de jipes, caminh ões, tanques e outros ve í culos, culos, e até viram inicialmente um tanto desnorteados.
mesmo mesmo nas costas costas dos dos solda soldado dos. s. No entan entanto, to, most mostrar raram amse se um tanto tanto hesita hesitante ntess com com referência ao aproveitamento da arma radiof ônica naquele campo infinitamente mais vasto porém de certo modo intang í vel vel que
é o da propaganda subversiva exercida por uma emissora secreta, denominada "negra", na g í ria ria da guerra psicol ógica. Em tempo de guerra, tanto as chamadas emissoras "negras" como as "brancas" podem ser empregadas com a finalidade de tentar desmoralizar a na ção ou o exército inimigos, a fim de acelerar o seu desmoronamento. Diferem, no entanto, diametralmente, quanto aos m étodos empregados.
Salvo raras exce ções como é o caso da "American Broadcasting Station in Europe", da qual qual falare falaremos mos detalhad detalhadame amente nte nos cap í tulos tulos seguintes e que se achava localizada em Londres, as demais esta ções "brancas" norteamericanas nada mais eram do que emissoras já existentes, que haviam posto suas instala ções à disposi ção do esfor ço bélico do paí s. s. Operav Operavam am abertament abertamente, e, sem esconde esconderr a sua identida identidade, de, principal principalmen mente te como como ve í culos culos
noticiosos. noticiosos. Já as emissora emissorass "negras", "negras", n ão soment somentee funcio funcionam nam em segred segredo, o, como como n ão hesitam em empregar a mentira, a fraude, a subvers ão ou qualquer outro "golpe baixo" a fim de atingir o inimigo. N ão houve, por parte do Estadomaior norteamericano resist
ência
alguma quanto ao emprego da r ádiopropaganda "branca". Tanto assim, que as autoridades militares ianques n ão somente aprovaram, como encorajaram francamente a instala ção da "American Broadcasting Station in Europe" (ABSIE) em solo londrino. Por ém, a qualquer insinuação para que o ex ército patrocinasse uma emissora "negra", isto era energicamente repelido. Tal processo, afirmavam algumas altas patentes, era absolutamente indigno da farda norteamericana, que n ão poderia em hip ótese alguma recorrer a um meio t ão vil e t ão traiçoeiro. Quanto
à possibil possibilidad idadee de vencer vencer uma batalha batalha com a ajuda ajuda das emissoras emissoras
"negras", ou substancialmente essa ajuda acelerar o fim de uma guerra, era considerada
á na fase final da Segunda Guerra Mundial surgiu um pequeno grupo de oficiais, dotados de vis ão e imagina ção fora do comum, entre os quais o Gen. William (" Wild Bill") Donavan, chefe do OSS (1). O fato é que por detr ás dessa inocente designa ção de "Departamento de Servi ços Estratégicos", escondiase uma organiza ção dedicada às mais ousadas e variadas tarefas de subvers ão. Esses Esses oficiais oficiais consegui conseguiram ram convence convencerr o seu comanda comandante nte supremo supremo,, o Gen. Dwight D. Eisenhower, da utilidade de uma execu ção prática do plano radiof ônico militar subversivo por eles concebido, e posteriormente designado em c ódigo, por "Operation Annie" Annie".. Uma Uma das razões concreta concretass que contribu contribuí ram ram para a aceita ção, pelos pelos militare militaress ianque ianques, s, da idéia da cria criação de uma uma emis emisso sora ra secr secret eta, a, foi a obse observ rvaa ção feit feitaa pelo pelo "Intel "Intelli lige genc ncee Servic Service" e" norte norteam ameri erica cano, no, segun segundo do a qual, qual, nos casos casos de comu comunic nicaa ções interrompidas, os comandantes alem ães costumavam basear suas decis ões estratégicas nos ridiculamente remota pela maioria das altas patentes norteamericanas. Enfim, j
campos de batalha, nos programas militares da BJ3C de Londres. Uma vez patente esse interesse, essencialmente essencialmente pr ático, de parte dos oficiais alem ães por not í cias cias de cunho militar divulgadas por uma emissora aliada, ficou tamb ém evidente a enorme utilidade em potencia potenciall que poderia poderia ter uma estação norteame norteamerican ricana, a, especia especializa lizada da n ão somente na divulgação de notí cias cias militares, como criada com a finalidade expressa de tirar o m áximo proveito de tal situa ção. Foi neste sentido que o Gen. Eisenhower, chefe do Quartel General Supremo Supremo da For For ça Expedicion ária Aliada aprovou em princ í pio pio o esquema, visando a criação de uma emissora militar secreta ianque, cujo objetivo deveria ser "enganar os nazistas", semeando o m áximo de confus ão em suas tropas e povoa ções. O plano era ambicioso e de realiza ção extremamente delicada, tanto mais que deveria ser concretizado por meio de uma burla. Com efeito, a projetada emissora secreta farseia passar por uma estação de rádio alemã. Se a instala ção da "branca" ABSIE, que apesar de sua miss ão bélica era uma emissora de r ádio do tipo convencional j á apresentava uma s érie de problemas e dificulda dificuldades, des, estas estas cresceri cresceriam am em dimens dimens ões incalcul incalculáveis, veis, no caso caso de uma uma emiss emissora ora "negra". Assim, qualquer erro na inflex ão da voz ou no sotaque do locutor, que na ABSIE significaria apenas o afastamento tempor ário de um certo n úmero de ouvintes irritados, no
caso de uma emissora emissora secreta secreta pretendendo pretendendo passar passar por alem ã, tais incidentes incidentes trairiam trairiam imediatamente a esta ção e poderiam conduzir ao fim de sua exist ência útil. Isto, sem falar do semn úmero de outros detalhes, de cuja observa ção minuciosa e constante deveria depender n ão somente o grau de efici ência, mas a pr ópria vida da esta ção, tais como o uso correto das peculiaridades idiom áticas e fraseol ógicas do partido nazista (representando em si um vocabul ário inteiramente novo), assim como o emprego impec ável da terminologia militar das For ças Armadas do Reich, com toda uma infinidade de termos t écnicos e idiossincrasias inerentes a cada uma das tr ês Armas e, finalmente, o uso escrupuloso de certas express ões regionais usadas no territ ório onde a emissora secreta teria de operar. Para se conseguir tal grau de perfei ção não só almejado, mas absolutamente indispens ável para sobrevivência da referida emissora secreta, era necess ária uma série de elementos b ásicos. Em primeiro lugar, homens capazes de t ão delicada miss ão, como redatores especializados na lí ngua ngua alem alemã, encarreg encarregados ados de preparar preparar o texto texto dos program programas, as, e locutor locutores es de descend ência ncia alem alemã, cuja cuja taref tarefaa consi consisti stiria ria em trans transmit mitil ilos os pelo pelo micro microffone. one. Seriam Seriam indispens áveis também, para o perfeito funcionamento de tal esta ção, além de técnicos engenheiros de alto tiroc í nio, nio, um certo n úmero de especialistas em servi ços de informa ções, cartografia a érea e comunica ções. Tornavase imperativo, outrossim, devido ao sigilo que deveria cercar o funcionamento de uma emissora desse tipo, que desde o in í cio cio fosse reduzido ao m í nimo nimo o número de seus componentes humanos. Mas havia dois problemas fundamentais que, antes de tudo, tinham de ser resolvidos pelos chefes do Departamento de Guerra Psicol Psicológica gica do Exército rcito norteam norteamerica ericano. no. Em primeiro primeiro lugar lugar,, determin determinar ar com exatidão qual seria o cunho particular da esta ção secreta. Deveria ela ser uma emissora pertencen pertencente te ao partido partido nacional nacionalsoc sociali ialista sta alem ão, ou reve revestir stirse se de uma facha fachada da mais acentuadamente militar? Em segundo lugar havia o problema, n ão menos vital, do ponto onde deveria funcionar. Quanto ao primeiro item, ou seja, a orienta ção geral dos programas da futura emissora "negra", ficou estabelecido que ela adotaria o disfarce de uma esta ção radiof ônica militar alem ã. Destacarseia por uma atitude rigorosamente patri
ótica, demonstrando por ém, algumas tend ências independentes, determinadas por sua localiza ção territorial. Com efeito, era plano do Alto Comando norteamericano, que a futura emissora irradiasse supostamente os seus programas, da regi ão da Renânia, demarcada no mapa alemão pelas cidades de Trier, Coblen ça, Düsseldorf e Aachen e formando na margem esquerda do Reno um paralelogramo de uns 27.000 km quadrados. Na pr ática, porém, a designa ção "Rheinland" vai al ém dessa delimita ção geográfica, estendendose pela margem esquerda do Reno at é
à altura de Mogúncia. Pela sua forma ção histórica e religiosa, a popula ção essencialmente cat ólica da Ren ânia nutre um forte e arraigado preconceito contra os "prussianos". Tanto assim, que houve v árias tentativas visando a separa ção mais ou menos menos complet completaa daquela daquela regi regi ão, do resto resto da Alemanha Alemanha.. O faleci falecido do chancel chanceler er Konrad Konrad Adenauer esteve envolvido, em 1919, num movimento visando a cria ção de um Estado Federal da Alemanha Ocidental, que devia incluir as regi ões da Ren ânia e do Ruhr. Apesar
ção de "separatista", que desde aquele tempo o perseguia. O esfor ço mais concreto no sentido da cria ção de um Estado independente do "Rheinland" foi realizado em 1923 sob a lideran ça do Dr. Hans Dorten, culminando em 21 de outubro daquele ano, com a proclama ção de uma efemerí ssima ssima "Rep "República blica da Ren Renânia". nia". Embora Embora nem esta, esta, nem tentativ tentativas as semelha semelhantes ntes,, jamais tenham surtido resultados apreci áveis, o esp í rito rito "independencialista" dos habitantes da Renânia pode ser considerado uma realidade. Assemelhamse eles, nesse sentido, um do malogro da tentativa, Adenauer custou a desfazerse da acusa
pouco aos texanos nos Estados Unidos e aos paulistas no Brasil. Destarte, adotando o disfarce "renano", a imaginada emissora "negra" do Ex ército norteamericano poderia, inclusiv inclusive, e, fazer fazer discreta discretass cr í ticas ticas aos aos gove governa rnante ntess do Reic Reich h hitler hitleris ista, ta, sem sem com isso isso despertar suspeitas exageradas no seio dos seus futuros ouvintes. Claro, deveria absterse pelo menos no in í cio cio da sua exist ência de adotar uma atitude marcantemente antinazista,
à indiscut í vel popula popularid ridade ade do partid partido o do F ührer, hrer, cujo sucesso sucesso nas urnas urnas eleitorais daquela regi ão da Alemanha deve ser interpretado como uma esp écie de protesto coletivo contra os onze anos de ocupa ção da Renânia por tropas aliadas, iniciada logo ap ós o término da Primeira Guerra Mundial e que findou em 1930. isto devido devido
Uma vez tra çados, em linhas gerais, os prop ósitos, a orienta ção polí tica tica e o raio de ação da futura emissora, a escolha de Luxemburgo como centro ideal para a execu ção dos seus objetivos se apresentava, por assim dizer e por v árias razões, como uma decis ão inevitável. vel. Em prime primeiro iro luga lugarr, por se achar achar pratic praticam ament entee "encra "encrava vado do nas nas costa costas" s" da RenâniaPalatinado, este pa í smirim smirim que ent ão contava com cerca de 300.000 habitantes, é geograficamente geograficamente t ão ligado ligado àquela quela regi região, que que uma uma esta stação oper operan ando do em seu seu solo solo facilmente poderia ser confundida com uma emissora de origem alem ã. Outra vantagem apreci ável que prevalecia em favor da escolha de Luxemburgo como sede da 1212, (como ia ser denominada a esta ção secreta), era a possibilidade do eventual aproveitamento dos transmissores da "R ádio Luxemburgo", ent ão dotada de 50 kw de pot ência e considerada uma das mais possantes esta ções da Europa. Quanto ao ponto de vista militar, o Grand Duché de Luxembourg Luxembourg parecia oferecer oferecer
ótimas timas garanti garantias, as, pois achav achavase ase desde desde 10 de setem setembro bro de 1944, 944, livre livre do dom dom í nio nio alem alemão, manti mantido do duran durante te mais mais de quat quatro ro anos anos consecutivos e derrubado por iniciativa das tropas norteamericanas. Assim mesmo, tanto
no iní cio c io das das ativ ativid idad ades es da 1212, como como no deco decorre rrerr dos dos mese mesess subs subseq eq
üent entes
e
especialmente durante a desesperada contraofensiva das Ardenas o espectro da reconqu reconquista ista do Luxemb Luxemburg urgo o pelos pelos alem ães era era uma uma cont contin ing g ência ncia que que mere mereci ciaa s éria considera ção. Porém, tal eventualidade era aceita pela chefia militar norteamericana e fazia parte de suas previs ões. Desde já quero adiantar que n ão se devem esperar em tempo de guerra, resultados "milagrosos" provenientes da atua ção de qualquer de tais emissoras
últimas, por mais fascinantes e intrigantes que possam ser, jamais realizar ão as proezas fant ásticas de um mesmo daquelas espetacularmente denominadas "secretas". Estas
James Bond ou de outros personagens igualmente imagin ários. Levadas a cabo com a devida seriedade, as atividades de uma emissora secreta s ão um trabalho como qualquer outro, distinguindose apenas pelo excepcionalmente alto grau de responsabilidade que exigem. Com estas limita ções, pareceme valer a pena contar o nascimento e o fim da 12 12, analisando tanto os seus êxitos como as suas frustra ções; ainda mais por se tratar da primeira experi ência deste g ênero nos anais da Hist ória Militar dos Estados Unidos. Antes de entrar entrar nos porme pormenor nores es da Opera Opera ção "Ann "Annie ie", ", peço ao leit leitor or que que me acom acompa panh nhee
ção "branca"; fato este que possui a vantagem suplementar de permitir a divulga ção também daquele lado da guerra psicol ógica talvez menos espetacular mas n ão menos importante contribuindo assim para uma melhor compreens ão do conjunto. inicialmente para a cidade de Londres, onde durante quase um ano trabalhei numa esta
Capí tulo tulo II ABSIE UMA EMISSORA "BRANCA" EM LONDRES A BBC ganha uma aliada... e concorrente Volunt ários civis norte americanos em serviço de guerra no alé mmar mmar Diretrizes gerais e especiais traçam o rumo psicológico dos programas A verdade
é a melhor
propaganda...
A "Ameri "America can n Broad Broadcas castin ting g Stati Station on in Euro Europe pe"" (com (com a abrev abreviat iatura ura ABSIE, ABSIE, e traduzida para o portugu ês como "Emissora Norteamericana na Europa"), que me serviu de trampolim para aquelas futuras atividades secretas no continente europeu, nasceu como
ço propagandista ianque, dirigido ao povo alem ão, ficou logo patente a inefic ácia da irradia ção de programas através de emissoras localizadas nos Estados Unidos, sujeitas ao "fading", interfer ências atmosf éricas e outras falhas. Tornouse evidente tamb ém que o recurso mais eficiente para resolver tal situa ção seria a montagem de uma emissora norteamericana em solo europeu, preferivelmente em Londres, pois as Ilhas Brit ânicas eram o único reduto aliado livre do domí nio nio nazista. Por raz ões óbvias a concretiza ção deste plano, um tanto arrojado, dependia antes de tudo da boa vontade dos ingleses. Com efeito, nenhuma na ção do mundo veria com bons olhos uma possante esta ção de rádio estrangeira operando, n ão somente no seu solo, mas bem no centro de sua capital. Para a orgulhosa e tradicionalmente conservadora Gr ã Bretanha, tal infra ção à sua soberania talvez fosse uma das mais amargas p í lulas lulas que essa nação teve de engolir durante a Segunda Guerra Mundial. No entanto, devo apressarme em afirmar afirmar que, que, honrand honrando o também seu tradicional tradicional esp í rito rito esporti esportiv vo, nunca nunca os britânicos resultado direto das necessidades da guerra. Ao desenvolverse o esfor
demonstraram, nem por atos nem por palavras, o desgosto que deveriam sentir com a implanta ção de uma emissora de r ádio estrangeira em Londres. O de que eles se queixavam era o fato de nossos aviadores conquistarem seus "sweethearts" com "d ólares e chocolate", mas nunca, pelo menos abertamente, atacavam a ABSIE. Talvez racionassem eles que a circunst ância de tolerarem em Londres aquela emissora norteamericana era desprovida de qualquer elemento degradante, representando apenas mais um aspecto da coopera ção entre os aliados. Para o Governo norteamericano, por outro lado, o fato de poder martelar os alemães a curta dist ância por meio da propaganda, afirmavase de valor inestim ável. Tanto mais que "a sede de not í cias cias do exterior" da popula ção alemã aumentava proporcionalmente com as derrotas sofridas pelos seus ex ércitos, já naquele tempo sob fort í ssima ssima press ão das forças aliadas, em franco avan ço nas várias frentes. Eis a raz ão da minha especial satisfa ção
ção de notí cias cias do departamento alemão da ABSIE. Notí cias cias usadas inteligentemente, por ém sempre baseadas na verdade, quando fui nomeado para o posto de redatorchefe da se
constituem a melhor arma propagandista, tanto durante uma guerra "quente" como na chamada guerra fria. Ficou amplamente comprovado que elas superam qualquer coment ário seja ele o mais espiritual ou o mais mordaz do mundo. Lidar com notici ário durante uma
é o mesm mesmo o que que ser ser respo respons nsável vel pela distribui distribui ção de alimentos: todo mundo é freguês. O noticiário se torna, no pleno significado da palavra, de consumo for çado. Como os demais funcion ários norteamericanos da "American Broadcasting Station in Europe", eu tinha chegado à capital britânica procedente dos Estados Unidos. E como a grande guerra
maior maioria ia dos meus meus coleg colegas, as, tinha tinha sido sido origin originalm almen ente te contra contratad tado o pelo pelo "Offic "Officee of War Information" em Nova York. A miss ão de servir fora dos limites territoriais dos Estados Unidos, num setor de guerra, n ão nos era imposta. Constitu í a uma decisão puramente voluntária. Uma vez expressa a inten ção ou o desejo de servir al émmar, os candidatos eram submetidos, durante o prazo de um m ês aproximadamente, a uma investiga ção sigilosa adicio adicional nal por por parte parte do FBI. FBI. Passa Passado do este este rigor rigoros os í ssimo ssimo "security "security check" check" (exam (examee de seguran ça), tivemos tivemos ainda que conqui conquistar star o diploma diploma do chamad chamado o "OWI "OWI (2) Technica echnicall Center". Por detr ás desta inocente designa ção de "Centro T écnico", escondiase de fato uma escola escola de propag propaganda anda subve subversiv rsiva, a, situada situada numa numa feudal feudal mans mans ão em Llo Lloyd Neck Neck,, nas nas vizinhan ças de Nova York. L á, vivendo num regime de internato, foram ministrados aos candidatos ao servi ço de al émmar, numa forma de ensino intensificado, os rudimentos da técnica de subvers ão e de guerra psicol ógica. Aprendi logo, entre outros truques, a maneira de arrumar o meu quarto de modo a saber imediatamente se ele fora revistado por um espião; a maneira de transformar um simples guardachuva em arma mortal; a usar os dedos para arrancar os olhos de um inimigo, assim como uma s érie de outros meios de autodefesa de emergência não menos escabrosos, por ém, segundo o jovem professor que ministrava o curso, "de efici ência cem por cento comprovada". Verdade seja dita que, nem sequer uma vez vez tive tive oport oportuni unidad dadee de aplica aplicarr na pr ática aquele ramo de conheci conhecimen mentos tos do "OWI "OWI Technical Center". A viagem dos Estados Unidos para Londres era efetuada por avi ão ou via marí tima, tima, conforme o grau de import ância do funcion ário. A via a érea era o meio de transporte reservado aos "big shots" importantes e suas secret árias. Não pertencendo nem a uma e nem a outra daquelas categorias, realizei o percurso de Nova York a Londres, em tr ês etapas: de trem at é Halifax, no Canad á. De lá, até a costa escocesa, num cargueiro de 3.000 tonelad toneladas. as. E, finalmen finalmente, te, da Escócia até
à capital capital britânica, nica, no expre expresso sso Edimbur Edimburgo go Londr Londres es.. O prédio onde onde foram oram insta instala lados dos os noss nossos os est est údios dios e sala salass de reda redação era localizado na Sheraton Street n. ° 2, a alguns passos da Wardour Street. Esta rua estreita é considerada uma esp écie de "Fleet Street" do ramo cinematogr áfico, com a diferen ça de que existem l á talvez mais escrit órios cinematogr áficos do que h á jornais na famosa "Fleet". Na
í cio parte dos fundos do edif í cio camuflado, de verdeoliva, estendiase um quarteir
ão inteiro
em ruí nas nas resultado de um dos freq
üentes bombardeios da Luftwaffe. Apesar de ter estado impedido o acesso por aquele lado, freq üentemente eu franqueava a barreira protetora, encurtando assim o caminho para o meu restaurante favorito, o "Czarda". O propriet ário, um refugiado h úngaro, realizava realizava autênticos nticos milagres milagres,, conve convertend rtendo o a limitada limitada ra ção de ví veres veres a que davam direito os cupons de racionamento londrinos, em refei ções deliciosas. Contudo, dispondo raramente de mais do que uns vinte minutos para a tarefa obrigat ória da alimenta ção (e assim mesmo quase sempre interrompidos por indaga ções e perguntas a respeito de servi ços feitos, por colegas da reda ção que infalivelmente iam procurarme naquele restaurante) nunca cheguei sequer uma vez a mastigar o meu "goulash" com o sossego e a compenetra ção que mereciam aquela especialidade do "Czarda". Sossego, ali ás, foi algo totalmente desconhecido durante os dez meses da minha estada em Londres. Se a tarefa de escrever e redigir not í cias cias radiof ônicas em tempo de paz requer concentra ção e presteza, a guerra, com o seu caleidosc ópio de acontecimentos dramaticamente repentinos, força o ritmo de trabalho a atingir propor ções alucinantes. Na ABSIE o momento mais importante do dia era a reuni ão da manhã, durante a qual os chefes das diferentes se ções (alemã, francesa, inglesa, escandinava, etc.) recebiam uma ou mais folhas datilografadas, conf conforme orme o grau grau de sua sua impor importt ância, ncia, marcad marcadas as "confi "confiden dencia cial" l" ou "secre "secreto" to",, e que que continham as diretrizes a seguir durante as pr óximas vinte e quatro horas. Havia, outrossim, uma "diretriz central" contendo as linhas gerais de nossa propaganda para um tempo mais prolongado e conforme os acontecimentos, sujeito a mudan ças. Tanto a diretriz di ária como a central central represe representa ntavam vam fielmente fielmente o modo modo de pensar pensar do Gove Governo rno norteame norteamerican ricano o e, naturalmente, tamb ém o de seus aliados. Exceto em casos excepcionais, era bastante f ácil seguir aquelas "guias do nosso pensamento", pois elas estavam geralmente baseadas em preceitos ditados pelo bom senso. Por exemplo, na diretriz central de 16 de maio de 1944, ou seja, logo ap ós a invasão contra a "linha Gustavo" na It ália, a ordem de prioridade dos assunto assuntoss a tratar tratar era recome recomendad ndadaa da seguinte seguinte maneira: maneira: 1) Invas Invas ão; Itália; 2) Nações agresso agressoras ras na defensi defensiva; va; 3) Ofensi Ofensiva va a érea; rea; 4) Dificul Dificulda dade dess da econo economia mia alem alem ã; 5) Qualidade din âmica das Nações Unidas; 6) Guerra no Pac í fico; fico; 7) Guerra Guerra marí tima. tima. Elaborando sobre o assunto "invas ão", que era a diretriz mais importante, assim se dizia: "Chegamos a um ponto dos acontecimentos militares que s ó poder á terminar com a derrota final das na ções agressoras; seria útil citar as palavras do Gen. Alexander: 'foi desferido o primeiro golpe'. Recordar a Confer ência de Teer ã , pois foi lá que se chegou ao acordo de onde e quando seria desferido, por todos os lados, o ataque final. O ataque do lado sul j á começou".
Quanto
à Itália, onde tropas polonesas se preparavam para o duro assalto final de
Monte Cassino, a sugest ão era tratar da invas ão em conjunto com as outras opera ções
ções às forças da Resistência Italiana, como tamb ém aos demais dirigidos às forças de Resist ência em outros paí ses ses ainda ocupados ou parcialmente dominados pelos alem ães. A diretriz proibia, por ém, terminantemente, mencionarmos " o excelente moral dos soldados nazistas ", sob a alegação cio e, ali ás correta de que tal procedimento de nossa parte " não nos traria nenhum benef í cio alé m disso, apenas serviria para facilitar a tarefa dos propagandistas alem ães". Também nos alertava a sermos vigilantes e procurarmos real çar a perfeita coordena ção existente entr entree as forças aliad aliadas, as, assim assim como como,, por por exemp xemplo, lo, o apoio apoio nava navall às oper operaações de desembarque de nosso ex ército. " Nunca deixe de lembrar aos ouvintes que as nossas operações anf í í bias bias foram sempre coroadas de ê xito que somos donos do Oceano ". aliadas na Europa. Recomendavase, outrossim, dirigir apelos e instru
Igualmente nos era recomendado salientar o avan ço conjunto das Na ções Unidas não apenas no terreno militar, mas tamb ém no campo das id éias e confer ências. " Os japon japones eses es e os alem alemães
sali salien enta tava va a dire diretr triz iz
achams achamsee agora agora contagia contagiados dos pela
mentalidade defensiva e s ão incapazes de impedir o avan ço ideológico das for ças aliadas,
Éramos aconselhados a demonstrar aos alem ães as dificuldades cada vez maiores às quais estava sujeita "a m áquina como são també m incapazes de conter o seu avan ço militar. militar."
de terror terror nazis nazista" ta",, abrind abrindo o assim assim poss possibi ibilid lidad ades es mais mais ampla amplass para para a sabo sabota tage gem m e a resist ência interna. Quanto aos Estados Unidos, a linha de propaganda aconselhada em nossa diretriz central de 16 de maio de 1944 era a de dar
ênfase ao desejo norteamericano
de cooperar com as outras na ções após o fim da guerra. Isto, a fim de desfazer suspeitas insidiosas de uma propalada atua ção unilateral norteamericana no per í odo odo de apósguerra, que seria decorrente de sua posi ção como o pa í s mais poderoso dentre os beligerantes aliados. Deví amos amos mais, em nosso notici ário, demonstrar e confirmar a obriga ção assumida pelos Estados Unidos, de n ão tomar nenhuma decis ão sobre assuntos internacionais de relevante import ância, sem antes consultar e chegar a um acordo com os seus aliados. Em
última ltima análise, lise, aque aquela la diretr diretriz iz centra centrall da ABSIE ABSIE conti continh nhaa os tr ês pontos pontosch chav aves es que caracterizavam a propaganda aliada desde a Confer ência de Teerã até o fim da Segunda Guerra Mundial: 1) Coordena ção da estrat égia aliada em obedi ência às decisões tomadas naquela reuni ão; 2) Total unidade e fraternidade de todas as armas das for ças aliadas; 3) Domí nio nio absoluto dos Aliados no ar e no mar, decorrente de uma superabund ância de recursos humanos e materiais, permitindo livre escolha sobre quando e onde desferir o próximo golpe. Apesa Apesarr de serem serem as dire diretri trizes zes centr centrais ais uma uma esp esp écie de Bí blia blia para para o pessoa pessoall encarregado das not í cias cias e dos coment ários da ABSIE, as outras, as "especiais", n ão eram menos menos important importantes, es, possuind possuindo o al ém disso a vantagem adicional de atender melhor
às
necessidades pr áticas do momento, pois eram confeccionadas com a ajuda ativa de todos os
chefe chefess das diferen diferentes tes se ções de noss nossaa emiss emissora ora.. Nas Nas duas duas hipóteses, teses, porém, tanto na composi ção das diretrizes centrais como na das especiais, a alta chefia da ABSIE solicitava sugestões e recomenda ções dos redatoreschefes departamentais, principalmente aquelas baseadas na experi ência. Foi com este intuito que realizei, em fins de mar ço de 1944, ou seja, uns 70 dias antes do in í cio cio da invasão da Fran ça, uma visita de quatro dias a algumas bases aéreas norteamericanas localizadas na Inglaterra. Em car
áter confidencial, cheguei a conhecer assim, especificamente, as bases a éreas operacionais dos grupos de ca ça 4, 375 e 55, compostos respectivamente de avi ões dos tipos "Mustang", "Thunderbolt" e "Lightning". Passei dois dias e duas noites no acampamento dos aviadores pertencentes aos grupos 91 e 814 do esquadr ão de bombardeios da For ça Aérea norteamericana. Eu estava
incumbi incumbido do de sondar sondar,, em conve conversa rsass informa informais, is, o estado estado moral moral das tripula tripula ções norte norte americanas e, se poss í vel, vel, obter dados sobre o moral dos aviadores inimigos. Isto, a fim de imprimir aos programas da ABSIE o cunho mais realista poss í vel. vel.
Capí tulo tulo III REVELAÇÕES SURPREENDENTES O moral da Luftwaffe n ão é t ão abalado como o apresentam os programas de r ádio aliados O "Messerschmitt" 109
é um caça excelente... mas
o Thunderbolt" tampouco é "sopa" Crise de moral entre os aviadores da VIII O Gen. Doolittle, o homem mais odiado da VIII For ça Aé rea rea "Complexo de culpa" e autoincrimina
ção.
Em fins de mar ço de 1944 ou seja, na época de minha visita às bases aéreas norte americana americanass na Inglaterr Inglaterra, a, tanto tanto os jornais jornais como os programa programass radiof radiof ônicos aliados se esforçaram por pintar um quadro dos mais negros sobre o estado de pen úria material e moral da Luftwaffe, especialmente no setor dos ca ças. Imbuí do do de tal preconceito, eu esperava receber da boca dos nossos pr óprios pilotos, obrigados a enfrentar diariamente os seus oponente oponentess nazistas nazistas,, senão a notí cia c ia de sua sua derr derrot otaa tota total, l, como como pelo pelo meno menos, s, a confirmação do tão propalado "baixo estado de ânimo" dos pilotos da Luftwaffe. Fiquei por isso extremamente surpreso quando, ao indagar sobre o assunto, me foi dada pelo capit ão encarregado das rela ções públicas do Quartel General da VIII For ça Aérea a seguinte resposta: "O moral dos pilotos dos avi ões de caça alemães ainda
é excelente". Explicoume o oficial norteamericano que, ao inv és de ter aumentado a propor ção de aparelhos de ca ça alemães abati abatido doss em comb combate atess a éreos, reos, podiase podiase constata constatar, r, ao contr contr ário, uma definida definida tendência no sentido inverso. "J á não estamos derrubando tantos ca ças alemães como no passado. Ficamos agora contentes com a propor ção a nosso favor de dois a um ou de tr ês a um, ao invés de cinco ou mesmo de oito ou dez a um, dos meses anteriores", disse o meu interlocutor, um tenentecoronel, portador da Medalha do Ar e da " Distinguished Flying Cross"(3), finalizando com as seguintes palavras: "Cometer í amos amos um erro fatal se
enfrent ássemos os " Messerschmitt " 109 e os " FockeWulf " 190 com um otimismo exagerado, baseado no teor de alguns dos nossos programas radiof ônicos, segundo os quais a Luftwaffe est á liquidada e o moral dos seus pilotos destru í do". do". Porém, tanto aquele oficial como numerosos outros por mim interrogados estavam de acordo em apontar tamb ém uma certa instabilidade na atua ção dos pilotos alem ães. Conforme o dia, demonstravam eles uma falta de entusiasmo que se aproximava da relut ância em travar combate com os ca ças norte ameri american canos os ou, ou, ao contr contrário, atacavam atacavam com uma feroc ferocidad idadee incrí vel. vel. Estava Estava patente, patente, outrossim, uma car ência cada vez mais acentuada de pilotos experientes. Tanto assim, que muitas forma ções de caças alemães eram freqüentemente lideradas por pilotos de ex í mia mia
perí cia, cia, porém, compostas de avi ões pilotados por homens flagrantemente "verdes" ou seja, que careciam de treinamento suficiente. Estes últimos, ao seguir cegamente os movimentos do lí der der da forma ção, não somente atrapalhavam ao inv és de ajudarem o seu guiamestre na realiza ção da tarefa b élica, como tamb ém se tornavam f áceis ví timas timas de nossos avi ões de caça. Fato deveras surpreendente por ém, de vez em quando notado pelos tripulantes dos aviões norteamericanos, era o de pilotos alem ães abandonarem seus aparelhos por meio de páraquedas, antes mesmo de terem disparado um s
ó tiro. Os oficiais norteamericanos eram os primeiros a afirmar que tal atua ção não se devia à covardia dos aviadores alem ães mas, sim, ao seu extremo cansa ço, provocado pela sobrecarga de miss ões a cumprir. Apesar de todas estas falhas, os nossos aviadores insistiam em afirmar que, de modo geral, o estado dos "Jerry" (4) ainda era
ótimo, tanto do ponto de vista moral dos seus pilotos de ca ça,
quanto da qualidade de seus aparelhos. Isto parecia, primeira vista, contradizer os dados fornecidos pelo " Intelligence Service" norteamericano, segundo os quais, em conseq direta dos pesados danos infligidos por nossos bombardeios
üência
às f ábricas de avi ões do Reich,
teria havido uma acentuada queda na sua produ ção, queda esta estimada de 800 para somente 350 aparelhos no m ês de março de 1944, ou seja, mais de 50%. Como conciliar esta informa ção com os relatos fornecidos pelos aviadores norte americanos no sentido de que os aeroportos militares da Alemanha estavam repletos de aviões do
último tipo? Por ém, uma análise mais profunda daquela aparente contradi ção revelava que a concentra ção maciça de aviões dentro dos limites territoriais da Alemanha não era uma indica ção da sua for ça, antes, por ém, um resultado negativo ditado pela necessidade imperiosa de um reagrupamento em larga escala efetuado pelo Alto Comando
do Reich na distribui ção de sua For ça Aérea, especialmente no setor dos ca ças. Diante da pressão cada vez mais crescente exercida pelas for ças armadas aliadas, os l í deres deres alemães se viram na obriga ção de retirar seus ca ças da Holanda, B élgica e da costa francesa, a fim de concentralos quase exclusivamente numa faixa territorial relativamente pequena, situada principalmente no norte e nordeste da pr ópria Alemanha, criando assim uma ilus ão de força numérica. Quanto
à qualidade dos avi ões alemães, os nossos pilotos eram un ânimes em elogiar o aprimoramento t écnico, tanto do " Messerschmitt " 109, quanto do " FockeWulf " 190. Referindose ao tem í vel vel " Me109 ", um major aviador usou a seguinte express ão: "É um caça notável: rápido na subida e de uma maleabilidade excelente. Sinto apenas uma coisa que ele seja dos alem ães e não nosso." Contudo, com exce ção dos " Lightning ", que devido à sua sua vulner vulnerab abili ilida dade de eram eram as v í timas timas pref preferi eridas das dos dos caças alem alemães, es, os aviões norte norte americanos se comparavam muito favoravelmente ao " Messerschmitt " 109, como tamb ém freqüentemente o superavam tanto em velocidade como em flexibilidade. Especialmente temido pelos alem ães era aquele excelente ca ça de altitude, o " Thunderbolt ". Quanto aos " Mustangs ", causaram enorme surpresa aos alem ães, por ocasi ão de seu aparecimento bem no centro do Reich. O aperfei çoamento t écnico que apresentava aquele avi ão leve e veloz,
capaz de penetrar quase mil quil ômetros dentro do territ ório inimigo e depois de consumir
à sua base sem necessidade de reabastecimento, era naquela época considerado n ão apenas revolucion ário, mas quase grande quantidade de gasolina em combates renhidos, retornar milagroso. Se fiquei surpreso com as revela ções feitas pelos nossos pilotos sobre o relativamente bom estado moral dos seus oponentes nazistas, maior surpresa tive ao ficar sabendo do baixo estado de ânimo reinante nas fileiras das tripula ções da VIII For ça Aérea. Queixavamse, em primeiro lugar, do alt í ssimo ssimo í n ndice dice de mortalidade entre os tripulantes dos "pássaros de traseiras de ferro" (5). Em apenas tr ês meses, a morte provocara duas mudanças completas nos ocupantes do quartel onde estavam hospedados, perecendo nesse perí odo odo 448 homens, representando quase 45 tripula ções completas e ficando apenas dois sobreviventes do grupo original. "Parecenos disseme um major condecorado com v medalhas que a VIII For
árias
ça Aérea está travando a guerra sozinha". Queixavamse os meus
interlocutores, interlocutores, al ém disso, disso, de que estavam estavam aparenteme aparentemente nte sendo sendo explor explorados ados por seus superiores, ao serem obrigados a realizar, durante dias seguidos, miss ões de longa dura ção e alta periculosidade. Assim, por exemplo, um deles, o Tte. D., teve de enfrentar durante três dias seguidos o inferno da defesa antia
érea de Berlim. Afirmavam os aviadores que a ordem de "puxar" as tripula ções dos bombardeiros at é o último, provinha do Gen. James H. Doolittle, que por essa raz ão era, naquela época, "o homem mais odiado da VIII For ça Aérea". Outro general, cuja atua ção foi bastante criticada, foi o Tte. Gen. Carl Spaatz, cuja declara ção, amplamente publicada: "Eliminaremos a Luftwaffe dos c éus da Alemanha sem nos preocuparmos com as nossas pr óprias perdas" teve como resultado baixar praticamente a zero, o j á bem fraco moral da VIII For ça Aérea. Outrossim, enquanto por um lado os aviadores da VIII estavam sendo impelidos al ém dos limites de sua resist ência, sob a alegação de que era imposs í vel vel a sua substitui ção, publicavase com destaque nos jornais uma declaração do Alto Comando, a respeito de uma iminente transfer ência de 36.000 pilotos para tarefas terrestres, criando assim a impress ão contraditória de que havia sobra, e não escassez de aviadores. Outra queixa expressa pelos tripulantes das Fortalezas Voadoras referiase ao fato, segundo eles v árias vezes ocorrido, de terem sido alvo dos ataques inimigos anunciados por certas emissoras aliadas, enquanto os bombardeiros ainda se achavam em pleno v ôo, rumo
érea alemã, agindo assim sob pr évio aviso, não deixaria deixaria de prepara prepararr aos nossos aviadores aviadores uma recep recep ção "dupla "duplame mente nte quen quente" te".. Mas o que que leva levava va a indign indignaa ção dos dos tripul tripulan antes tes das das Fortal Fortaleza ezass ao seu destino supostamente secreto. Evidentemente, a artilharia antia
Voadoras ao ponto culminante, era a tarefa deles exigida, de transportarem e espalharem no territ ório alemão, volantes contendo a indaga ção irônica: "Wo ist die Luftwaffe?". (6) " É ridí culo culo fazer esta pergunta disseme um tenentecoronel pois n
ós sabemos a resposta: A
Luftwaffe está nos céus da Alemanha, destruindo os nossos bombardeiros". Teria sido uma flagrante aus ência de tato da minha parte, se tivesse citado ao meu interlocutor, evidentemente exaltado e excessivamente cansado, uma s érie de dados estat í sticos sticos comprovando que a "invenc í vel vel Luftwaffe" do Mal. Hermann Göring, apesar de todas as apar ências, era agora apenas uma sombra de sua antiga magnific ência. Pela mesma raz ão achei prudente n ão me expandir sobre as excelentes raz ões que tinham motivado a feitura do volante "Onde est á a Luftwaffe?" Com efeit efeito, o, a pergun pergunta ta criav criavaa um dilem dilemaa psico psicoll ógico praticam praticamente ente insol insol úvel para para o Alto Alto Comando da For ça Aérea Alemã chefiada pelo Reichsmarschall Hermann G öring: "Se aceitassem a provoca ção contida na pergunta e lan çassem os seus escassos aparelhos de caça em ataq ataque uess maci maciços contr contraa os nosso nossoss bomb bombard ardei eiros ros,, estar estariam iam arrisca arriscand ndo o a sua sua destrui ção pela for ça aérea dos Aliados, numericamente muito superior, o que poderia signi signific ficar ar um golpe golpe de propo proporr ções irrepa irreparráveis veis para para a forteme ortemente nte abalad abaladaa indústria aeronáutica alemã. Se, por outro lado, G öring preferisse ignorar aquela pergunta inc ômoda, atrairia decerto a ira da popula ção civil alem ã, que neste caso n ão poderia deixar de estranhar a aus ência das águias protetoras da sua Luftwaffe durante as incurs ões a cada dia mais freqüentes, realizadas pelos bombardeiros aliados sobre o territ ório declaradamente "invulner ável" do Reich. Se a tarefa de transportar volantes era considerada degradante pelas tripula ções das Fortalezas Voadoras, elas tinham de se sujeitar, no entanto, ao velho conceito militar de que "ordem é ordem", levando naquelas incurs ões uma carga m édia de 250.000 a 300.000 panfletos. A única vantagem ali ás concreta no transporte de volantes era, como o reconheceu um dos oficiais, o fato de que estes, ao contr ário do que podia acontecer com uma carga de bombas, n ão estão sujeitos a explodir em caso de serem atingidos por uma rajad rajadaa de metra metralh lhado adora ra de um ca ça inimi inimigo. go. Contu Contudo, do, mesm mesmo o a certe certeza za da rela relativ tivaa seguran ça ineren inerente te ao seu transpor transporte te n ão era era sufici suficient entee para para elimi eliminar nar o estig estigma ma dos dos volantes, desdenhosamente apelidados pelos nossos aviadores, de "nickels". (7) De modo geral, nenhum dos aviadores "de primeira linha" por mim interrogados naquele fim de março de 1944 acreditava na efici ência e utilidade da guerra psicol ógica. Para esses her óis do ar, que enfrentavam a morte a cada fra ção de segundo, o único meio de ganhar a guerra e de forçar os alem ães a se renderem o quanto antes, era o castigo duro e incessante por meio de bombas e mais bombas. No entanto, quando foram por mim informados do fato de que se alguém apanhasse um folheto nosso seria punido na Alemanha com a pena de morte, demonstrando assim que os nazistas temiam a sua efici ência como arma psicol ógica, os aviadores da VIII ficaram bastante impressionados, admitindo todos eles, que "ignoravam completamente esse detalhe t ão importante". Outro fato que me foi revelado durante a minha perman ência nos acampamentos das Fortalezas Voadoras da VIII For ça Aérea norte
americana na Inglaterra, foi o da exist ência de "choque psicol ógico", resultante da repulsa que sentiam sentiam certos certos aviado aviadores, res, em bombard bombardear ear centros centros populos populosos os de cidades cidades inimiga inimigas. s. Freqüentemente, ao serem informados, no in í cio cio da missão, que o alvo do bombardeio devia ser o centro de uma grande cidade, os rapazes que n ão possuí am am "estômago forte" requerido para tal servi ço ou que simplesmente eram dotados de uma imagina ção muito desenvolvida, eram ví timas timas de crises nervosas, que nos casos mais graves obrigavam os seus superiores a prover a sua substitui ção. Eis o estado de ânimo dos tripulantes das Fortalezas Voadoras da Força Aérea norteamericana, por mim verificado durante a minha visita a algumas de suas bases em fins de mar ço de 1944: homens revoltados, c í nicos, nicos, decepcionados, executando a sua árdua tarefa guerreira unicamente sob a amea ça implí cita cita da onipresente Justi ça Militar. Quadro bem diferente do que era apresentado pela imprensa e nos comunicados oficiais. Evidente Evidentemen mente, te, n ão se dev devem tira tirarr conc conclu luss ões exage xagerad radas as de tal estad estado o de coisa coisas, s, especialmente em vista do fato de ser a exist ência de queixas e reclama ções um fenômeno rotineiro nas posi ções avançadas de qualquer frente de guerra. N ão há, de fato, melhor válvula de escape para as tens ões emocionais de homens vivendo "a presta ções" sob o temor permanente de receberem a ordem para enfrentar a morte, do que o desabafar a sua hipertensão emocional com algumas ásperas investidas contra as falhas e injusti ças da vida militar. Devese ressaltar, outrossim, que a grande maioria dos aviadores norteamericanos da última guerra n ão eram soldados profissionais. Feitas estas ressalvas conv ém apontar, no entanto, a validez de algumas das reclama ções apresentadas pelos tripulantes dos bombardeiros da VIII e que, entre outras raz ões, possivelmente motivaram a fuga maci ça para a neutra Su íça, de 13 Fortalezas Voadoras. Os oficiais que me relataram o fato se guardaram, bem entendido, de acusar frontalmente os seus colegas de deser ção, contenta contentando ndose se em opinar opinar simples simplesmen mente te terem terem sido apresen apresentado tadoss "defeito "defeitoss mec ânicos" pelos pilotos, como causa de sua "aterrissagem for çada" em territ ório suíço, porém "n ão tão graves assim. . ."
é o fato de terem sido as reclama ções dos oficia oficiais is da VIII VIII dirigi dirigida das, s, n ão contra contra alguns alguns "estrate "estrategis gistas tas de caf é", mas sim, contr contraa Outro detalhe merecedor de destaque
generais do mais alto gabarito individual e profissional. Assim, o Gen. James H. Doolittle, por eles taxado de autorit ário dentro da VIII For ça Aérea", na verdade era um dos maiores heróis da aviação norteamericana de todos os tempos, portador da cobi
çada Medalha de
Honra do Congresso, e justamente aclamado pelo povo inteiro dos Estados Unidos, por seu brilha brilhante nte revid revidee contr contraa o Jap Jap ão, que que reali realizou zou no dia 18 de abril abril de 1942, 942, lidera liderando ndo pessoalmente 16 bombardeiros pesados contra as cidades de T óquio, Yokohama, Osaka, Kobe e Nagoya. Quanto ao Gen. Carl A. Spaatz, era considerado ent ão o maior aviador dos Estados Unidos. Ganhara seus primeiros louros como aviador militar durante a Primeira Guerra Mundial, da qual saiu condecorado por hero í smo. smo. Entrando os Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, foi ao Gen. Spaatz confiado o comando da VIII For ça Aérea na
Inglaterra, cargo em que foi substitu í do do pelo Gen. Ira Clarence Eaker em fins de 1942. Foi este último, aliás, que desde dezembro de 1943 ocupara o lugar de Comandante das for ças Aéreas Aliadas no Mediterr âneo, neo, que foi apontado apontado pelos meus meus interlo interlocuto cutores res como o general que mais desejariam ter como "l í der". der". Isto, talvez em vista da teoria abertamente defendida por Eaker, de que "na avia ção militar, os homens s ão mais importantes do que as máquinas". Tanto Doolittle como Spaatz e Eaker eram soldados profissionais e aviadores militare militaress da "velha "velha escola", escola", datando datando os seus brevets brevets pela Escola de Avia ção Militar Militar,, respectivamente dos anos de 1917, 1916 e 1918. Quanto ao fato de ter sido o Gen. Ira Eaker
único entre os ases da avia ção militar norteamericana a passar no teste de aceita ção voluntária como comandante dos seus subordinados, isto n ão somente é indicativo do alto valor valor humano humano daquele daquele competen competentt í ssimo ssimo oficial oficial (respon (responss ável, vel, entre entre outros outros feitos feitos,, pela introdução de bombardeios diurnos de alta precis ão, em estreita colabora ção com a RAF), mas indica tamb ém a existência de uma certa neglig ência quanto ao preparo psicol ógico de o
oficiais superiores norteamericanos nos anos que precederam a Segunda Guerra Mundial. Convém realçar ainda que os rapazes da VIII, apenas 70 dias ap ós a minha visita às suas bases, recuperaram gloriosamente o seu moral, quando, subcomandados pelo Gen. Carl Spaatz, fundidos com a XV For ça Aérea norteamericana e o Comando de bombardeios da RAF sob a chefia do h ábil Marechal do Ar, Sir Trafford Leigh Mallory, despejaram, meia hora antes do in í cio cio da invasão da Normandia, 3.000 toneladas de bombas pesadas sobre as fortifica ções costeiras alem ãs. Desde aquele hist órico 6 de junho o célebre "DiaD" at é à derrota final da Alemanha em maio de 1945, a VIII For ça Aérea, plenamente integrada dentro das "For ças Aéreas Estratégicas Aliadas", se dedicou, com um empenho que beirava ao fanatismo, à tarefa de martelar incessantemente o territ ório do Reich, contribuindo assim substancialmente para o colapso total da m áquina de guerra nazista. Quanto aos resultados pr áticos da minha viagem explorat ória, foram eles uma s érie de recomenda ções, por mim endere çadas
às autoridades norteamericanas competentes, sendo algumas delas posteriormente incorporadas, de uma ou de outra forma, às diretrizes
da ABSIE. Eilas:.
útil realçar a nossa enorme superioridade num é rica rica em avi ões, destacando a capacidade quase ilimitada de produ ção das f ábricas norteamericanas, nunca alcançadas sequer por uma s ó bomba inimiga. Salientar que a superioridade num é rica rica das For ças Aé reas reas Aliad Aliadas as j á havia havia atingido atingido naquela naquela é poca poca (mar ço e abril de 1944) a propor çã ção de 4 x 1 isso em apenas dois anos desde que entramos na guerra. Real çar també m o impacto combinado das for ças aé reas reas anglonorteamerica anglonorteamericanas. nas. Afirmar que est ávamos na guerra h á muito muito menos menos tempo tempo que que os alem alem ães e, por essa raz ão, nos achávamos em condi ções de ag üentar muito mais ainda, pois n ão nos sent í íamos amos t ão exauridos como eles deviam estar. Salientar, por outro lado, a constante e enorme press ão Seria
exercida sobre os ca ças alemães, extenuados pelo esfor ço ininterrupto de enfrentar os nossos avi ões, que dia e noite atuavam e continuariam a atuar, em n úmero cada vez mais crescente.
ães que a produ ção de suas f ábricas acusava uma diminuição de 50 por cento. Para comprovar esta alega ção em termos a eles compreensí veis, eis, citar citar a irrita irritação dos dos coman comandan dante tess dos dos exé rcitos rcitos alemães da Frent rentee Ocidental, expressos em in úmeros e in úteis apelos dos generais no sentido de conseguirem aviões para cobertura das a ções militares terrestres. Para comprovar que a capacidade recuperativa da Luftwaffe fora bastante afetada, real çar que as ind ústrias aeron áuticas alemãs se viram viram obriga obrigadas das a desmante desmantelar lar suas instala instala ções, danificad danificadas as pelos pelos nossos nossos bombardeios, e organizar uma rede de pequenas f ábricas sat é élites, l ites, espalhadas em vasta região. Real çar o fato de podermos mandar os nossos ca ças a uma dist ância de mais de 800 quil ômetros dentro do territ ório do Reich onde, ap ós dar combate aos oponentes, seus tanques ainda tinham suficiente reserva de combust í vel vel para lev álos de retorno às suas Informar aos pilotos alem
bases. Em palavras simples, sem vangl
ória, explicar e ressaltar a excel ência t é écnica c nica de
alguns dos nossos avi ões.
ães, de maneira direta, realista, admitindo francamente a boa qualidade de algumas de suas m áquinas. Divulgar alguns dados t é cnicos cnicos sobre o "Messerchmitt" 109, a fim de demonstrar que nos ach ávamos a par de suas excelentes qualidades, fato que n ão deixaria de lisonjear os pilotos alem ães e de atrair sua aten ção para os nossos programas de r ádio. Demonstrar aos alem ães que, apesar de toda a sua arrog ância, a situa ção do Dirigirse aos pilotos alem
Reich Reich era na realid realidade ade desespe desesperad radora ora.. Mesmo Mesmo no auge auge dos mais pesados ataques ataques da Luftwaffe durante o "Blitz" de Londres, a RAF sempre tinha esperan ça de poder receber ajuda dos Estados Unidos. De onde e de quem esperavam os pilotos da Luftwaffe receber refor ços em aviões e homens?
Capí tulo tulo IV CONTRIBUÍMOS PARA A RENDIÇÃO DE SOLDADOS DA WEHRMACHT ço o papel de comandante de guarda SS Conselhos à Resist ência M úsica sempre música N ão conseguimos "bater" a BBC, por é ém superamos Nova York Duas novidades r ádiopropagandistas fazem sucesso. Dificuldades em obter material humano para a ABSIE Fa
Ainda que seja uma tarefa importante, estabelecer diretrizes "centrais especiais" constitui apenas parte das atividades de uma esta ção de rádio dedicada à guerra psicol ógica. Ela deve, antes de tudo, funcionar. E funcionar com o m áximo de perfei ção. Assim um locutor com um sotaque ou um modo de falar que n ão agrade aos seus ouvintes inimigos naturalmente j á predispostos contra a emissora, pode arruinar qualquer programa radiof ônico do mundo, por mais brilhantemente escrito que esteja. Por outro lado, n ão existe locutor, por mais experiente e insinuante que seja, que possa compensar falhas graves ocorrid ocorridas as na reda reda ção do manus manuscri crito, to, como como por por exemp xemplo, lo, o empr emprego ego de expres xpresss ões vernáculas errôneas, ou simplesmente estranhas aos ouvintes. E, mesmo supondo que tenha alcançado esta combina ção rara, que seria um locutor perfeito munido de um manuscrito sem falhas, o programa ainda estaria sujeito ao fracasso total ou parcial, se fosse impedido de chegar ao seu destino devido a defeitos t écnicos. Fica patente assim a import ância vital de uma coordena ção primorosa entre estas quatro vigasmestras de um programa radiof ônico: nico: reda redação, locu locução, produ produção e técnica cnica.. Se as conse conseq q üências ncias de falha falhass de coopera ção entre estes elementos j á se podem tornar bastante desagrad áveis em tempos de paz, elas podem atingir, em época de guerra, propor ções desastrosas. Isto, porque, durante um conflito, mesmo pequenos erros contribuem sobremaneira para o aumento da tens ão nervosa e do aborrecimento dos ouvintes, j á de si irritados e mal humorados, prejudicando dessa forma e às vezes mesmo de maneira irrepar ável, a receptividade do inimigo às idéias expostas. Em vista destas considera ções é f ácil compreender o problema que representava a taref tarefaa da escol escolha ha de mater material ial huma humano no para para os dife diferen rentes tes seto setores res da ABSIE, ABSIE, onde onde o conhecimento perfeito de uma ou mais l í nguas nguas era um pr érequisito obrigat ório. Enquanto a R ússia Sovi Soviética, como tamb ém os gove governos rnos nazifa nazifasci scistas stas,, j
á num
perí odo odo bem anterior eclos ão da Segunda Guerra Mundial, tinham, regularmente feito uso
de program programas as radiof radiof ônicos em l í ngua nguass estra estrang ngeir eiras as com a finali finalida dade de de ampli ampliar ar sua penetra ção ideol ideológica ica a paí ses ses long longí nquos nquos o gove governo rno norteame norteamerican ricano o se limita limitava va
à
concess ão de licen ças a emissoras cuja finalidade principal era a glorifica ção de produtos comerciais. Foi necess ária uma guerra global com o seu alto pre ço em sangue e l ágrimas para despertar a consci ência propagandista dos Estados Unidos, indispens ável para que este paí s pudesse se projetar com a devida efici ência pelo mundo afora como aut êntico campe ão defensor dos ideais de liberdade e democracia. Eis a raz ão pela qual colhidos de surpresa diante da urg ência de criar, em plena guerra, um organismo governamental dedicado
à
divulgação de seus pontos de vista, os Estados Unidos se viram confrontados por uma ausência quase total de equipes radiof ônicas poliglotas. O recrutamento de radialistas civis destinados a esse servi ço altamente especializado tornavase ainda mais dif í cil cil devido
à
carência de homens em conseq üência do servi ço militar obrigat ório e pelas exig ências rigorosas do "controle de seguran ça" impostas pelas autoridades policiais e militares a fim de evita evitarr a infilt infiltra ração em posi ções já bastant bastantee "delicada "delicadas", s", de espiões, colaboradores colaboradores nazistas disfar çados ou demais elementos trai çoeiros. Porem, mesmo superadas todas estas dificuldades, assim como os obst áculos referentes à aptidão profissional e à probidade moral, o governo tinha ainda que enfrentar a melindrosa quest ão do voluntariado. Com efeito, nenhum cidad ão civil de uma democracia, mesmo sendo funcion ário do governo, pode ser transferido a qualquer lugar que seja, contra a sua livre vontade. Se bem que houvesse um n úmero substancial de homens e mulheres prontos a enfrentar os temidos e amplamente divulgados bombardeios de Londres, houve tamb ém aqueles que, sob um ou outro pretexto, se negaram terminantemente a trocar a c ômoda vida de Nova York pelas incertezas e perigos que naquele tempo predominavam na capital brit ânica. Mesmo assim, apesar de todos estes empecilhos, conseguiuse muitas vezes a "trancos e barrancos" o recrutamento de uma pequena de vanguarda composta de radialistas especializados em lí nguas nguas estrangeiras e conhecedores dos rudimentos da guerra psicol ógica. Foram eles os pioneiros desta aut êntica institui ção norteamericana que
é hoje com todas as suas falhas e imperfei ções a "Voz da Am érica". Contudo, t ão reduzido era o seu n úmero durante a Segunda Guerra Mundial, que éramos obrigados, em Londres, por exemplo, a preencher certas vagas com funcion ários estrangeiros, procedentes, na grande maioria, dos c í rculos rculos de refugiados pol í ticos ticos da Alemanha nazista ou de seus sat élites. A expressiva maioria das nossas incans áveis e eficientes secret árias pertenciam a essa categoria. N ão há palavras de elogio, por mais eloq üentes, que possam compensar a dedica ção e o esfor ço dessas mo ças as quais, desafiando o cansa ço e o medo, logo se tornaram auxiliares indispens áveis da ABSIE. No fim do ano de 1944, ou seja, no auge de nossas opera ções em Londres, o n úmero total de funcion ários do OWI pertencentes tanto
à ABSIE como a outros setores da guerra psicol ógica na Europa era cerca de seiscentos. Entre os homens em posi ção de chefia ou
dos que direta ou indiretamente participavam das atividades da ABSIE houve um regular número de personalidades de proje ção, entre os quais o comentarista de r ádio Elmer Davis, o dramaturgo Robert Sherwood, C. D. Jackson (que mais tarde iria ocupar o posto de diretor do Time & Life), Pierre Lazareff, ap ós a guerra diretor do FranceSoir, o maestro Glenn Miller (tragicamente desaparecido num v ôo de Londres a Paris em dezembro de 1944), o cantor Bing Crosby (que naquela época demonstrava uma invenc í vel vel alergia pelos aviões, insistindo a todo custo, em atravessar o Atl ântico em navio), e outros mais. Ligado ao nome de Pierre Lazareff, que naquela ocasi ão chefiava o Departamento franc ês da ABSIE está a lembran ça da minha participa ção num programa radiof ônico por ele escrito. Fui escolhido embora n
ão fosse locutor e sim redator em vista do meu feliz
domí nio nio da lí ngua ngua alemã, para desempenhar diante do microfone o papel de um comandante dos tem í veis veis SS nazistas, os Schutzstaffeln, guardas de elite do regime nazista, portando os amplamente conhecidos uniformes pretos, com o distintivo de uma caveira no gorro. Eis o que o manual oficial sobre a organiza ção do partido nazista diz, a respeito dos SS: "Fidelidade, honra, obedi ência e coragem determinam o modo de agir do homem SS. Sua arma (punhal) ostenta a inscri ção conferida pelo F ührer: hrer: Meine Meine Ehre Ehre heisst heisst Treue reue (8)! Ambas as virtudes est ão indissoluvelmente ligadas. Quem peca contra elas, tornase indigno de pertencer
à Schutzstaffel" .
Apesar desses termos t ão grandiloqüentes e bonitos, eram justamente os SS os encarregados das mais cru éis tarefas de repress ão, inclusive da extermina ção de judeus. O manuscrito, de autoria do pr óprio Lazareff, reproduzia de forma dramatizada o fato ver í dico dico de um interrogat ório dos carrascos do campo de concentra ção Lyublln, yublln, localiza localizado do no territ ório polon polonês, ent então recémliberta mlibertado do pelos pelos ex ércitos sovi soviéticos. ticos. Francam Francament ente, e, n ão apreciei o papel a mim atribu í do. do. Conformeime, por ém, quando dei conta de que a parte do diálogo reservado a um dos meus redatores era muito pior. Este por sinal homem de uma bondade e sensibilidade not áveis estava representando um guarda de Lyublin, que condenara uma jovem polonesa de 29 anos por n
ão se ter despido com bastante pressa a
morrer queimada viva no forno do cremat ório daquele campo de horror. O fato de ter sido o departamento franc ês o divulgador, com destaque, das atrocidades cometidas pelos nazistas, não foi fortuito, mas era decorrente do seu prop ósito propagandista de tornar conhecidos os fatos dessa natureza, a fim de inflamar ainda mais o ódio das forças francesas de resist ência contra os alem ães. Por outro lado, n ós, do departamento alem ão da ABSIE, us ávamos a arma das atrocidades nazistas com bastante discri ção e somente em ocasi ões especiais. Isto, a fim de não sublinhar demais o fato da culpabilidade do povo alem ão. Adotávamos esta
linha propagandista, n ão por razões sentimentais, mas com o intuito de evitar que o medo do justo castigo servisse de mais um motivo para os dirigentes nazistas incitarem o povo alemão a resistir "at é o último", prolongando assim a guerra que as irradia ções de nossa emissora se esfor çavam por abreviar. A celebridade do departamento alem ão da ABSIE bem que a altos brados talvez protes protestass tassee contra contra tal designa designa ção era Golo Mann, um dos filhos do escritor alem
ão
Thoma Thomass Mann, Mann, e hoje hoje um dos dos destac destacad ados os hist histori oriado adores res e prof profes essor sor univ univer ersit sit ário rio na República Federal Alem ã. Thomas Mann, com o advento do nazismo na Alemanha, tinha se transferido com toda a sua fam í lia lia para os Estados Unidos. Seu filho Golo, naturalizado norteamericano, servia nas fileiras do ex ército ianque onde, com imensa m ágoa naquele tempo, ocupava o posto de soldado raso. Achavase ele na ABSIE a t í tulo tulo de "empr éstimo" pelas autoridades militares norteamericanas, que haviam chegado
à conclus ão de que o seu
indiscut í vel vel talent talento o pela pela polêmica mica polí tica tica poder poderia ia ser aprov aproveit eitado ado com muito muito mais mais vantagem numa emissora de r ádio do que num campo de batalha. Uma amizade sincera nos unia, apesar da sua express ão facial um tanto carrancuda, mas que n ão lograva esconder um coração de ouro. Durante um dos nossos freq üentes encontros num dos restaurantes da Wardour Street, enquanto enquanto saboreávamo vamoss um vinho vinho tinto, tinto, menc mencion ionei ei a Golo Golo o boato boato,, segundo o qual seu pai (falecido em 1955) teria expressado a inten ção de se candidatar a presidente na rep ública que deveria surgir das cinzas do nazismo alem ão. Golo alvitrou que, em vista das numerosas e insistentes proclama ções de Thomas Mann ao povo alem ão, era bem poss possí vel vel que este este realmen realmente te alimenta alimentasse sse "ambi "ambi ções presiden presidencial cialista istas, s, seja porque porque achasse isto o seu dever perante o povo, seja por vaidade." Golo apressouse a acrescentar que não podia nem desejava dar conselhos ao seu c élebre pai, mas que estava definitivamente contra a id éia. "Se isso acontecer, ele ter á que me mandar como attach é para a Nova Zelândia". A especialidade de Golo Man na ABSIE era escrever coment ários polí ticos, ticos, dos quais chegou a produzir algumas centenas, todos caracterizados pelo mesmo estilo mordaz que ainda hoje o destaca como historiador. Eis, a t í tulo tulo de exemplo, parte de um coment ário escrito por ele, em julho de 1944: "Temse afirmado freq üentemente que o importante nesta guerra n ão
é tanto a conquista do terreno, mas sim a destrui ção dos ex é rcitos. rcitos. Uma vez vencido o ex é rcito, rcito, a conquista do pa í s se realiza automaticamente. Quais s ão ent ão as perdas alem ãs desde o iní cio cio da ofensiva aliada decidida em Teer ã pelas Nações Unidas? Os alem ães perderam: na frente Oriental, 381.000 homens entre mortos e feridos, assim como 158.000 homens em prisioneiros; um total de quase 540.000. Na frente do Mediterr âneo: 100.000 entre mortos e feridos e de 50 a 60.000 prisioneiros; um total, pelo menos, de 150.000 homens. Na frente
Ocidental: 16.000 em mortos, 80.000 em feridos e 100.000 em prisioneiros; um total de 196.000 homens. Em todas as tr ês frentes, os ex é rcitos rcitos alemães perderam, desde o dia 12 de maio de 1944, 900.000 homens entre mortos, feridos e prisioneiros. Por é m, m, mesmo estas perdas são apenas um come ço. Com o ritmo que a guerra mecanizada est á tomando no Lest Lestee e no Oeste Oeste,, outr outros os exé rcitos rcitos ser ão cercado cercados, s, outra outrass destrui destrui ções e rendi ções se produzir ão. Hoje, Hoje, os exé rcito rcitoss verme vermelho lhos, s, em conjun conjunto to com com as for for ças de resist esist ência polonesa est ão efetuando a liberta ção da Pol ônia ainda mais rapidamente do que a sua escravização pelos pelos alemães em sete setembr mbro o de 1939; 939; os americ americano anoss est est ão libertando a França ocidental mais depressa do que a conseguiram conquistar as colunas blindadas do Mal. Witzleben em 1940. O que os jornais alem ães est ão escrevendo hoje,
é absolutamente certo: os americanos est ão mesmo usando m é todos todos sovié ticos. ticos. Como també m é correta a afirmação de usarem os russos, m é todos todos alem ães. Mas em propor çã ção dez vezes maior. A guerrarel âmpago travada pelos nazistas em 1940 contra povos desprevenidos, est á sendo retribuí da da agora, de todos os lados, com juros e juros de juros" . Este coment ário de Golo Mann, apesar de ser dirigido especificamente aos ex ércitos
inimigos, tinha tamb ém força psicológica penetrante, em rela ção ao povo alem ão em geral. Mas não somente
à Alemanha estava dirigida a propaganda da ABSIE. Nosso esfor ço tamb ém estava concentrado em constantes apelos radiof ônicos às Forças de Resist ência, tanto organizadas como tamb ém em potencial, nos territ órios da Europa Ocidental ainda ocupados pelos alem ães. Eis um destes apelos, lido em nossa emissora a 14 de junho de 1944 ou seja, apenas cinco dias antes do in í cio cio da invas ão da Normandia: ". . . vocês não est ão sós. Todos ao seu redor pensam e sentem o mesmo.
É o
inimigo, e não vocês, que se sente isolado. S ão os soldados alem ães e os "Quislings" que se sentem nervosos e desorientados. Os amigos nos quais voc ês podem confiar, s ão já seus conhecidos. Formem junto com eles pequenos grupos e debatam o melhor meio pelo qual vocês poder ão ser úteis teis mais tarde. tarde. Fique Fiquem m de sobre sobreavis aviso o para, para, quando quando a hora hora vier, vier, poderem prestar auxilio ativamente, onde quer que seja: apagando inc êndios, prestando serviços de prontosocorro, observando os movimentos das for ças armadas inimigas ou simplesmente espalhando as not í í cias cias da nossa emissora. Tais grupos possuem grande import ância. Quanto menores, melhor por raz
ões de seguran ça. Pode ser que voc ês já
possuam um cí rculo rculo de 10 ou 12 amigos í n ntimos timos ou parentes. Se realmente os conhecem bem, tudo est á em ordem. No entanto, um grupo menor, geralmente de umas 4 ou 5 pessoas, ser á melhor. Vocês acabaram de ouvir a 6a. instru ção operacional dirigida, de
às populações dos territ órios da Europa Ocidental, ocupados pelos alem ães. A 7a. instru ção operacional seguir á segundafeira 5 acordo com os planos do Alto Comando Aliado de junho".
Um dos mais importantes meios propagandistas usados pela ABSIE para captar a atenção dos alemães era a música principalmente o jazz. Deve existir nos arquivos do governo norteamericano uma s érie de discos gravados pelo tragicamente desaparecido
ão Major Glenn Miller que regularmente foram irradiados em nossos programa programas. s. Eram ouvidos ouvidos e aprecia apreciados dos pelos pelos alem ães, principal principalment mentee os jove jovens. ns. Isto, Isto, apesar do esfor ço renhido da propaganda alem ã, em difamar o jazz como "m úsica de negros" indigna de um povo civilizado. Ficou amplamente demonstrado, durante a época nazifascista como tamb ém nos pa í ses ses comunistas do p ósguerra, que n ão existe proibi ção, por mais severa que seja, apta a impedir a penetra ção do jazz dentro das cidadelas do totalitarismo. Embora ca çoássemos, às vezes com ar de superioridade, do jazz e de outros ritmos da m úsica moderna, constitu í am am eles, falando em termos de propaganda, um dos nossos nossos melhore melhoress aliados aliados na luta contra contra o isolacion isolacionismo ismo totalit ário. Para Para demons demonstrar trar a imensa for ça da música mesmo em plena guerra, eis o extrato de uma carta escrita por uma jovem alemã em dezembro de 1944, e cujo original ainda se encontra em meu poder. Na carta datada de Munique, a mo ça aparentemente possuidora de elevado senso de humor Glenn Miller ent
escreve: "Caro tio: ... já , já , vou agarrarte pelos cabelos por teres chamado o meu "swing" um baile de negros. Oh! estou zangada contigo! Asseguro
é lindo e o repetirei tantas vezes at é que chegues a acredit álo. Uma valsa valsa é "cacete" e j á tem uma baaaaaaaarba t ãooooooooo cooooooooomprida!!!! TUA MARIELLE"
te que o "swing"
Isto foi escrito em plena época de bombardeios maci ços das cidades do Reich pela Força Aérea norteamericana, por uma mo ça nascida e criada sob o chicote propagandista do nazismo. No exerc í cio cio da minha fun ção de redatorchefe, tive a sorte de poder desfrutar de quase total autonomia de a ção, dando, por meu lado, igual liberdade aos redatores.
útil estabelecer as seguintes linhasmestras a serem obedecidas na confecção dos noticiários: 1.) Não estamos empenhados em produzir obrasprimas literárias, mas sim, programas dirigidos à Alemanha nazista onde a escuta dos mesmos é sujeita à pena de morte. É legí timo timo supor supor que, que, na imin iminência de serem descobertos por possí veis veis delator delatores, es, alguns alguns dos nossos nossos ouvintes ouvintes alem ães se verão na conting ência ncia de
Assim mesmo achei
subitamente desligarem os seus receptores, talvez perdendo assim trechos importantes do
ções, tanto de palavras como de senten ças. 2.) Não dramatize, n ão teça comentários, não acuse, não minta, n ão insulte. Porém, com o correr do tempo e o avan ço espetacular dos ex ércitos aliados depois programa. Tornase imperativo, por isso, o uso constante de repeti
da invasão da Normandia, decidi desobedecer, em parte, as minhas pr óprias recomenda ções, criando uma esp écie de introdu ção dramatizada, como esta que precedia o notici ário de 12 de setembro de 1944: "A err ônea estrat é égia g ia de Hitler vem produzindo os seus frutos a Alemanha se transformou numa praça de guerra. Foi iniciada a marcha dos ex é rcitos rcitos aliados em dire ção a Berlim. Cidades e aldeias alem ãs jazem em chamas e ru í nas. nas. A guerra que partiu da Alemanha, agora alcan çou a sua pr ó pria terra. terra.
É uma guerra guerra perdida perdida,, pois, pois, erguido erguidoss contra contra a Alemanha est ão o poder superior e a determina ção de todo o mundo civilizado, com esta única finalidade: extirpar o nacionalsocialismo, com as suas ra í zes, para sempre..." Em seguida, o resto do notici ário do dia, em sua forma fria e tradicional. Conforme soube depois, o contraste entre a fase dram ática do in í cio cio e a seqüência seca das not í cias cias não deixou de impressionar e de atrair a aten ção dos ouvintes alem ães. Tanto assim que, de acordo com os dados estat í sticos sticos compilados pelo nosso "posto de escuta" em Berna, Su íça, o noticiário em lí ngua ngua alemã da ABSIE j á havia superado naquela época a emissora do OWI em Nova York, chegando a conquistar o segundo lugar quanto à preferência dos ouvintes ouvintes alemães. Entretanto Entretanto,, dando dando o seu a seu dono, devo devo confessa confessarr que nunca conseguimos derrubar o notici ário da nossa "concorrente" em solo londrino, a tradicional BBC, da sua merecida primazia. Criei, outrossim, duas outras modalidades de dramatiza ção de notí cias. cias. Se as menciono aqui n ão é no intui intuito to de me vang vanglo loriar riar do suces sucesso so que que obtiveram, embora n ão possa negar que fiquei satisfeito com tal resultado, mas porque acho que podem contribuir para uma melhor compreens ão das idéias e prop ósitos que a palavra escrita e falada inspiram, na guerra psicol ógica. A primeira, por mim denominada "Fatos são mais fortes que palavras" explorava o erro dos l í deres deres nazistas de se terem vangloriado demais de sua suposta invencibilidade. Desprezar o inimigo e gabarse de sua pr ópria força, podem ser ótimos meios de propaganda interna para ganhar adeptos quando tudo vai bem. Porém, quando as coisas "empretejam", a jact ância anterior n ão demora a se converter num temí vel vel bumerangue. Seguemse alguns exemplos de "Fatos s
ão mais fortes que palavras",
como foram irradiados diariamente pela ABSIE, a partir de novembro de 1944: (Introdu ção musical por meio de uma forte e ressonante batida de gongo) Locutor Hermann Göring disse no dia 13 de janeiro de 1941: Quando eu comparo o n úmero rid í ículo c ulo de bombas inimigas com a quantidade cem ou mil vezes maior da que despejamos contra eles, posso afirmar que tamb é m nesse sentido n ão pode haver compara ção entre eles e nós... s... Em todo todo o terr territ it ório rio do Reic Reich h as noss nossas as ind ind ústria striass bé licas licas se erguem erguem incólumes. N ão há sequer uma s ó das nossas ind ústrias, uma s ó das nossas f ábricas, que tenha sido eliminada pelo inimigo. Assim falou G öring. Eis os fatos: Hoje n ão existe quase nenhuma ind ústria bé lica lica dentro dos limites territoriais do Reich que n ão tenha sido
destru í da da ou gravemente danificada pelos ataques a é reos reos aliados. Ind ústrias que no tempo de paz significavam riqueza e trabalho para a Alemanha, entre as quais a AEG, a IG. a Siemens und Halske, a Borsig e as Ind ústrias Leune. " Batida do gongo... fim.
Eis outro "Fatos s ão mais fortes que palavras", sempre iniciado e conclu í do do por uma sonora e impressionante batida de gongo: "Num folheto alem ão dirigido aos habitantes de Metz, lemos as palavras: O advers ário necessita da cidade de Metz. Ele n ão
é capaz de conquistar ou ultrapassar Metz. Mas os
aliados já ultrapassaram Metz em ampla frente rumo ao Oeste" .
à outra outra dramatiz dramatizaa ção, como como atr atrás ref referido, erido, intitu intitula lava vase se "Viva "Viva para para a Alemanha". Idealizada numa fase de guerra que muitos j á consideravam final, ou pelo menos precursora da derrota, seu prop ósito era demonstrar aos alem ães a necessidade transcen transcendent dental al de salva salvarem rem a sua pr ópria vida n ão por por cova covardi rdia, a, mas mas no intuit intuito o de sobreviverem para o bem de uma Alemanha livre. N ão somente se dava este conselho, mas providenciavase um semn úmero de métodos para sua realiza ção com o mí nimo nimo de perigo, tanto do lado alem ão como do nosso. Eis um exemplo de "Viva para a Alemanha": Quanto
rente Ocidental (Introdu ção musical: rufar de tambores). Locutor: " Apenas na Frente quase 750.000 soldados alem ães depuseram suas armas a fim de renderse. Eles pertencem ao crescente n úmero daqueles alem ães que j á chegaram
à conclus ão de que a guerra est á
perdida para a Alemanha. Recusamse a morrer para os chefes nazistas porque desejam continua continuarr vivendo vivendo para a Alemanha Alemanha.. Como puderam puderam realiz realizar ar o seu intuito? intuito? Como
é
possí vel vel preservar a vida para a Alemanha e o futuro da Alemanha, apesar da incessante vigilância da Gestapo? Em nossas irradia ções transmitiremos regularmente informa ções baseadas em fatos, a respeito da gente alem ã que soube encontrar meios e modos de se libertar da camisa de for ça da Gestapo. Apresentamos hoje a seguinte not í cia: cia: (rufar de prestem atenção par para o fato ato de como como um sold soldad ado o alem alem ão do corp corpo o de tambores) prestem engenheiros conseguiu isto. Um soldado alem ão na frente Ocidental, que se rendeu aos americanos. Antes de se dirigir à 'terra de ningu é m' m' por onde era obrigado a passar para atingir as posi ções americanas, aquele militar teve a precau ção de munirse de um alicate. A uns dez metros, antes de chegar ao campo de minas terrestres, estendeuse no ch
ão e,
debruçado, começou a apalpar o caminho. Logo os seus dedos sentiram um fio de arame. Ele sabia que de modo algum devia puxar aquele fio, e portanto, cortouo com o alicate. Assim, o perigo de explosão da mina foi eliminado. Depois de passar por quatro minas, o soldado alem ão ficou certo de que havia chegado ao limite do campo minado. Achavase agora na 'terra de ningu é m'. m'. Permaneceu t ão quieto o quanto poss í vel vel a fim de n ão atrair a
atenção dos guardas especiais ali postos pelos nazistas. Desfezse das armas e, uma vez a uma dist ância segura, levantou os bra ços. Eis o que nos conta, com as suas pr ó prias palavras: Pensei que fosse muito mais dif í cil cil a gente se render. Outrossim, tive a impress ão de que as minas tinham sido colocadas n ão somente contra os americanos, mas tamb é m contra nós, soldados alem ães. (Rufar de tambores) Locutor: Vocês acabam de ouvir uma hist ória ver í ídica dica sobre as experi ências de um soldado alem ão de uma unidade do corpo de engenheiros, o que se rendeu aos americanos na Frente Ocidental, salvando assim a sua vida para a Alemanha. Fiquem atentos para not í cias cias semelhantes em transmiss ões futuras" .
Entre os cento e tantos "Viva para a Alemanha" que, a partir de novembro de 1944 foram divulgados pelas ondas da ABSIE, um n úmero substancial tinha o objetivo de dar conselhos pr áticos de como poder escapar com o m í nimo nimo de perigos, rumo às linhas norte americanas, conselhos estes dirigidos ao n úmero cada vez maior de soldados da Wehrmacht separados das suas unidades. Foi interessante a rea ção do nosso posto de escuta em Berna, logo após a irradiação do primeiro "Viva para a Alemanha": "At é é que enfim! Nada
é mais importante, tanto do ponto de vista pr ático como do propagan propagandista, dista, como estes conselhos aos soldados soldados alemães! Quer dizer, conselhos pr áticos! Como se comportar em determinadas circunst âncias, como fugir para as linhas americanas, como ser capturado, etc. É ó É ótimo que tais conselhos sejam dados agora; é de grande grande valor psicol ógico; de certo modo, o ouvinte fica convertido em c úmplice mplice dos aliados! Assisti 'Viva para a Alemanha' na companhia de dois alem ães. Ao ser irradiada aquela parte do programa, os dois 'endureceram' na cadeira ansiosos de 'pegar' cada
É justa justamen mente te este este o efeit efeito o que que deve deve ser produ produzid zido o pela pela r ádio propaganda. A parte musical també m contribui para o sucesso de 'Viva para a Alemanha'. O ruf rufar inic inicia iall de tamb tambor ores es logo logo atr atrai a aten aten ção dos dos ouvin ouvinte tes. s. Os acor acorde dess finais finais,, entrelaçados com as últimas palavras, d ão ritmo e sentido de a ção. Em suma, tanto do ponto de vista do conteúdo como da produ ção, um programa de alto valor propagandista".
palavra palavra pronunciada. pronunciada.
Porém, o melhor testemunho do sucesso de "Viva para a Alemanha" melhor do que os elogios do "posto de escuta" e da chefia, melhor mesmo do que as declara ções autêntic nticas as de um gran grande de n úmero mero de prisio prisionei neiro ross alem alem ães (confe (confessan ssando do que "certas "certas irradiações" da ABSIE e especialmente o programa "Viva para a Alemanha" tinham sido os fatores decisivos de sua rendi ção), melhor que tudo isto, era o reconhecimento indireto, das próprias autoridades alem ãs, de que a nossa propaganda "do í a". a". Não há nada mais revelador da ira impotente da chefia nazista, diante do n úmero cada vez maior de desertores da Wehrmacht e da crescente variedade de "truques" por eles empregados para efetuar a fuga, do que o seguinte folheto distribu í do do aos milhares no territ ório do Reich e cujo conte údo
parcial rezava: "Alguns indiv í duos duos miser áveis e irrespons áveis tentam, nestes dias, quando a vida e a morte de todo o povo alem ão achamse em jogo, subtrairse ao seu dever de soldado, 'pinican 'pinicando' do' covar covardeme demente nte do front. front. Eles se desfizer desfizeram am de suas suas armas ou, inventa inventando ndo pretextos f úteis, conseguiram escapar às ordens de seus superiores e do seu dever na frente de combate... cada soldado decente que, por alguma raz ão acaba de ser desligado de sua
é obrigado a apresentarse no pr ó ximo posto de comando. Aqueles covardes, por é ém, m , tratam de abusar do bom cora ção e da ignor ância da popula ção civil a fim de, com o seu auxí lio, lio, escapar da frente de combate e assim salvar a pr ó pria pele... QUEM ACOLHER TAIS INDIV Í DUOS SEM OS DENUNCIAR IMEDIATAMENTE, SER Á INCRIMINADO DE CUMPLICIDADE E AJUDA À DESERÇÃO..." unidade, sabe que
Capí tulo tulo V V1, V2 E...
ÂNIMO
As chamadas "armas de represália" do Reich s ão bastante eficientes, tanto do ponto de vista destrutivo como do moral A propaganda nazista v
ê
Londres em ruí nas nas O "Daily Dispatch" exige o bombardeio de uma cidade alemã para cada bomba voadora que apareça sobre Londres Terror qu í ntuplo ntuplo produzido pelas V1.
é uma coisa. Descrever um bombardeio é outra. Descrever, depois de algum tempo um bombardeio, ou melhor, a sensa ção experimentada durante um ataque de bombas voadoras é algo diferente. Em suma, os bombardeios, como as doen ças e outras coisas desagrad áveis da vida, s ão esquecidos. Felizmente. Se falo aqui das bombas é porque podem ser consideradas as voadoras (V1) e das bombasfoguete (V2), precursoras, n ão somente de um tipo de arma nova, altamente destrutiva, como tamb ém de um meio de semear o terror coletivo. É verdade que no decorrer dos anos que nos separam daquele tempo, a Ci ência tem brindado o mundo com bombas at ômicas, de hidrog ênio e outros engenhos semelhantes. Ainda assim, os princ í pios pios básicos de terror coletivo por meio de ataques dirigidos sob v ários pretextos mais ou menos v álidos contra centros populosos, ainda permanecem intactos, O que mudou, evidentemente, foi a propor ção do Viver um bombardeio
efeito destrutivo das novas armas, que mais e mais se encaminham para um resultado global. Assim, o que sentiu em 1944 o habitante de Londres, poder á acontecer hoje com o habitante, não apenas de uma cidade, mas de todo um pa í s; s; e amanh ã, não apenas de um paí s, s, mas do mundo inteiro. Creio que, ao inteirarse qualquer pessoa, de certos aspectos da atuação das bombas voadoras e bombasfoguete, poder
á obter "em miniatura" uma id éia do
que poderá ser uma guerra total do futuro. Mais ou menos dois anos antes da primeira V1 fazer a sua apari ção nos céus londrinos, ou seja, nos meados de 1942, os engenheiros e cientis cientistas tas da Luftwaf Luftwaffe fe alemã lograram aperfei çoar, oar, nos seus centros centros de pesquis pesquisa, a, um "torpedoa éreo" movido a jato. O proj étil, em forma de avi ãozinho, tinha duas asas de uns seis metros de envergadura, um corpo estreito de uns quinze metros de comprimento e uma hélice. Um dispositivo "contador", ligado à hélice permitia, baseado num c álculo de suas rotações, a préregulagem do engenho a uma certa quilometragem. Quanto ao rumo geral do seu vôo, era determinado por ocasi ão de seu "catapultamento" de uma plataforma de lançamento inclinada, de concreto armado. Ao alcan çar o FI103, mais tarde denominado
° 1, ou seja seja,, "arm "armaa de repr repres esália" lia" n.° 1) a sua sua dist distância predeterminada, o contador de rota ções, ligando uma chave de seu sistema el étrico, fazia baix baixar ar o leme leme daqu daquel elee "avi "aviãozinh ozinho o sem tripula tripulação" e, cortan cortando do simult simultan aneam eament entee o suprimento de combust í vel, vel, o mandava ao solo. Apesar de ser dotada de uma carga de
V1 (Vergeltungswaffe (Vergeltungswaffe n.
dinamite relativamente fraca, equivalente apenas ao de uma mina terrestre de uma tonelada, o efei efeito to destru destrutiv tivo o da V1 era era consi consider der ável. Isto Isto,, devid devido o ao efeit efeito o horizo horizonta ntall de sua explosão. Realmente, aquele "avi ãozinho da morte" costumava voar a altitudes relativamente baixas, alcan çando o seu alvo, mais ou menos planando. A explos ão de sua carga de dinamite produziase no momento exato em que ele se chocava contra um pr
édio
ou contra o solo. N ão penetrando profundamente dentro do alvo, a explos ão da V1 se produzia praticamente na superf í cie cie do solo, acompanhada de um violent í ssimo ssimo deslocamento de ar em sentido horizontal. Este fato aumentava consideravelmente o seu raio de ação, pondo em perigo n ão somente a área imediatamente atingida, como tamb ém prédios mais afastados. Foi em vista daquele altamente perigoso deslocamento de ar, que as autorida autoridades des da defesa defesa a érea recomendaram recomendaram à população londri londrina na para para domin dominar ar o seu instinto de conserva ção, e não fugir à aproximação de uma V1, mas a pessoa devia deixar se cair no ch ão, dobrar o bra ço direito por cima da cabe ça, cobrindo com o cotovelo e com a mão as duas orelhas, enquanto a m ão esquerda taparia a boca e as narinas. Isto era para evitar ao m áximo a penetra ção da forte corrente de ar da explos ão e evitar um "estouro" dos pulmões e dos tí mpanos. mpanos. Bem reconhe ço que este conselho era evidentemente útil, mas confesso que mesmo nos momentos em que parecia estar na imin ência de ser alcan çado por por uma uma V1 nunc nuncaa cheg chegue ueii a execut ecutar ar aque aquela la "gin "gin ástica stica iogue", iogue", de movime movimentos ntos autoprotetores. N ão por ser dotado de sangue frio fora do comum, mas devido ao efeito congelador e paralisador que exerciam as bombas voadoras, quando chegavam "realmente perto". A altura de 200 a 1.000 metros em que geralmente voavam as V1, assim como o fato fato de sua veloc velocida idade de n ão exceder ceder 800 quil quilômetros metros horários, rios, permit permitira iram m aos aos caças modernizados da RAF, guiados pelo radar, interceptar e derrubar grande parte daqueles projéteis. O fato de n ão possuí rem rem eles canh ões ou metralhadoras para se defenderem, foi outro fator favor ável que facilitava a tarefa dos avi ões da RAF. Por ém, mesmo considerando o alto í ndice ndice de perdas das V1, das quais apenas aproximadamente uma em duas conseguia chegar ao seu destino, alguns milhares desses engenhos altamente destrutivos ca í ram ram em Londres, causando apenas durante as tr ês primeiras semanas de sua atua ção (15 de junho a 6 de julho de 1944), um total de aproximadamente umas 10.000 v í timas, timas, das quais 2.572 mortos. As primeiras bombas voadoras que vi, ca í ram ram no per í metro metro de Londres durante a noite de 15 para 16 de junho de 1944, ou seja, uns dez dias ap ós o iní cio cio da invas ão aliada na Normandia. A popula ção, intrigada pelo troar quase ininterrupto da artilharia antia
érea
e a freqüência das explos ões ainda misteriosas, come çou a ventilar a possibilidade de se
tratar das chamadas "armas secretas" de Hitler, lan çadas na batalha pelo F ührer como uma espécie de contragolpe psicol ógico pela derrota sofrida no Continente Europeu. As 6:15 da manhã do dia 16, ouvi um programa radiof ônico em lí ngua ngua castelhana, procedente da Alema Alemanha nha,, dando dando uma descr descrii ção dos supo supost stos os "dano "danoss colos colossa sais" is" causad causados os
à capital britânica durante a primeira noite de a ção das "armas secretas". A emissora alem ã pintava para os seus ouvintes em todo o mundo um quadro dantesco de um presumido holocausto de destrui ção sem par, provocado pelas explos ões de "meteoros carregados de dinamite". Dizia o locutor alem ão que a capital brit ânica estava se cobrindo de crateras de 25 metros de profundidade, enquanto imensos inc êndios "visí veis veis a uma dist ância de 200 quilômetros" ardiam nos quatro cantos da cidade. Em vista disso, afirmava a emissora nazis nazista, ta, teriam teriam sido sido adotad adotadas as medid medidas as urge urgente ntes, s, visan visando do uma uma evacu evacuaa ção maci maciça da popula ção londrina, que na espera ansiosa das
últimas notí cias, cias, se aglomerava diante das bancas de jornais. "Agora sim", dizia com ar de triunfo o locutor alem ão, "os ingleses, que semearam ventos, est ão colhendo tempestades. Mas isto é apenas o in í cio. cio. Outras armas secretas, mais terr í veis veis ainda, vir ão em breve, para serem lan çadas contra a Inglaterra na hora oportuna." O único detalhe correto do "colorido" relato da emissora alem ã, o qual pude verificar naquele primeiro dia de a ção das bombas voadoras, foram os agrupamentos de cidadãos londrinos em torno de cartazes colados nas paredes de in úmeros pr édios do centro da cidade. Ostentavam estes, em letras garrafais, as palavras "THE PILOTLESS PLANE" (O Avião sem Piloto) e informavam ter sido Londres atacada durante a noite, por "aviões sem tripula ção". Aconselhavase à popula ção conservarse em calma e n ão divulgar o local das explos ões. Uma anota ção no meu "di ário de guerra", feita dois dias depois, ou seja, no dia 18, desmente o boato espalhado pelo Minist ério de Propaganda do Reich, segundo o qual a cidade de Londres estava tomada de p ânico, nas seguintes palavras: "Apesar da teoria lan çada por "Herr" Goebbels de que Londres
é uma cidade em p ânico,
tudo est á t ão calmo quanto antes. Mesmo ao assistir hoje, de perto, a queda de uma bomba voadora, não pude constatar nem gritaria, nem outro sinal de p ânico. compacta massa humana igual aos curiosos em todo o mundo avan
É verdade que uma çava em direção do
local atingido, por é é m sem brados nem histerismo. A escava ção do lugar para retirada de cad áveres e dos feridos soterrados em baixo dos escombros foi efetuada com met ódica serenid serenidade. ade. Nas Nas ruas vizinhas vizinhas,, a ininter ininterrupt rupta a corrent correntee humana humana da metr metr ó pole pole seguia seguia calmam calmament entee ao encont encontro ro de suas suas m últiplas ltiplas taref tarefas as diárias, rias, como como se nada nada houve houvess ssee acontecido" .
Numa outra anota ção, de alguns dias mais tarde, encontro a seguinte descri ção de uma das bombas voadoras por mim vista: "O engenho voava bastante alto, aproximandose a grande velocidade. Acompanhavao um ronco estrondoso, bastante fora de propor
ção ao
seu tamanho relativamente reduzido; tal ru í do do se assemelhava a um insistente uivo, ora crescendo ora diminuindo, como se fora uma gigantesca broca de dentista. Era pintado de preto e tinha a forma de um aviãozinho estreito, sobremaneira alongado, dotado de um par de asinhas de forma retangular, algo parecido com as barbatanas de um peixe, e possu í a també m um leme leme acha achatad tado. o. Repen Repentin tiname ament nte, e, uma cham chama a curta curta,, por por é é m forte orte,, de cor cor avermelhada de envolta com fuma ça, saltou de sua parte traseira. Logo em seguida, o estrondo ensurdecedor do engenho cessou. Planando silenciosamente uma boa dist ância sem sem perd perder er altur altura, a, o proj proj é til, til, carre carreg gado de dinami dinamite te,, foi foi aos aos pouco poucoss se abaix abaixan ando, do, finalmente desaparecendo. Logo após ouvi o estrondo da explos ão. Uma coluna de fuma ça cinzaamarelada se erguia lentamente do local atingido" .
Posso afirmar sem exagero, que o aspecto geral da capital brit ânica, mesmo no auge dos ataques maci ços das bombas voadoras permaneceu praticamente inalterado. Por ém a atuação ininterrupta dos " doodlebugs " (besouros zumbidores) ou " buzzbombs " (bombas zumbidor zumbidoras), as), como como foram foram apelidad apelidados os esses esses engenh engenhos, os, n ão deixo deixou u de exerc exercer er profund profundaa influência no estado ps í quico quico dos habitantes de Londres. Realmente, pouco a pouco, com o decorrer dos dias e das semanas, ao aumentar o n úmero de trag édias individuais, assim como a fileira de pr édios devastados, uma permanente inquietude come çou a tomar conta da população. Esse estado de ânimo ficou ainda mais agravado pela sensa ção de desamparo provocada pelo fato de se terem praticamente silenciado, tanto as sirenes de alerta, como as baterias antia éreas desde o segundo dia do aparecimento das bombas voadoras. O fato que tocar a sirene ou disparar a artilharia antia
é
érea para cada bomba voadora que se
às veze vezes, s, sem parar, parar, nas horas horas mais mais dive diversa rsass do dia ou da noite noite,, teria teria significado a paralisa ção de todas as atividades de Londres. Querendo ou n ão, os homens, mulheres e crian ças da capital brit ânica teriam que se sujeitar às visitas constantes daqueles aviõezinhos ezinhos sem tripula tripulação, pintad pintados os de um pret preto o sinis sinistr tro, o, e cuja cuja desci descida da signi signific ficaava impreterivelmente a morte e a destrui ção. Houve aqueles que n ão conseguiram ajustar o seu sistema nervoso à ameaça permanente da morte e, que ap ós uma luta mais ou menos prolongada com o pr óprio orgulho, emigravam para o campo. Houve os que, procurando descansar pelo menos à noite, noite, superlot superlotav avam am os abrigos abrigos a éreos e os t úneis do subway subway.. Porém, a esmagadora maioria dos londrinos permanecia na capital, voltando, ap ós um dia de trabalho e medo, às suas moradias para enfrentar outra noite de ins ônia. Do ponto de vista da guerra psicol ógica, as V1 eram uma arma de atua ção quí ntupla, ntupla, exercendo as aproximasse,
seguinte seguintess modalid modalidades ades de terror: terror: 1.) Terror auditiv auditivo, o, simboliz simbolizado ado pelo zumbir zumbiruiv uivar ar anunciando a sua aproxima ção. 2.) Terror visual, caracterizado pela cor negra do engenho e a chama avermelhada que expelia (este último detalhe mais impressionante à noite). 3.) Terror de "suspense" proporcionado pelo intervalo de sil êncio angustiante entre a paralisa ção do motor e a descida final da bomba voadora rumo à terra. 4.) Terror do susto, provocado pelo estrondo da explos ão final. 5.) Terror de desola ção, exercido pela imagem
da coluna de fuma ça roliça, de cor cinzaamarela, que se erguia do local atingido. Havia, além do mais, o nervosismo provocado pelo "blackout" e o constante receio de ser a pessoa
à noite, no ônibus, em casa, no restaurante, tomando banho, assistindo cinema, no escrit ório ou na f ábrica, por uma carga voadora de dinamite e obt émse assim uma p álida imagem do que viveram os londrinos durante aqueles longos meses, quando reinava suprema na capital brit ânica, a "morte voadora". atingida a qualquer momento, de dia ou
Por seu lado, a propaganda alem ã tratava evidentemente de tirar o m áximo proveito de um assunto t ão espetacular como eram as bombas voadoras, do ponto de vista da guerra psicol ógica, tanto mais que os ex ércitos de Hitler estavam sendo "sovados" em todas as frente frentess da Europ Europaa e as grande grandess cidad cidades es do Reic Reich h estre estreme meci ciam am sob sob o impac impacto to dos dos bombardeios maci ços da Força Aérea dos Aliados. Um preferido, e ali ás bastante eficiente meio propagandista empregado pelos alem ães era a divulga ção, pela sua rádio e imprensa, de relatos absolutamente ver í dicos dicos feitos por correspondentes norteamericanos ou outros observadores pertencentes ao lado oposto, sobre a atua ção das V1 em Londres. Assim, por exemplo, o Deutsche Zeitung in Norwegen com evidente satisfa ção publicou os seguintes trechos de uma reportagem escrita por um "correspondente dos Estados Unidos": "Dia e noite o terror e o medo s ão os nossos nossos companh companheir eiros os insepar insepar áveis. N ão há descanso. Apen Apenas as cess cessa a um alarme alarme aé reo, reo, a popula população já est á levanta levantando ndo as orelha orelhass para para o pr ó ximo".
Conta Conta o correspon correspondent dentee que ele tinha tinha a impres impresss ão de ter sido abandonado na
ção de completo desamparo. O autor da á a seguinte descri ção (aliás reportagem continua o Deutsche Zeitung in Norwegen d perfeitamente correta) da aproxima ção de uma bomba voadora: Inglaterra, sozinho e despido tal a sua sensa
á de pé , mais ou menos paralisada, ao ouvir o rugir da bomba que passa por cima. Seguese ent ão um silêncio repentino, e ouvese à dist ância o troar da explos ão. O est ômago se 'revira'. Os dedos ficam gelados e as palmas das m ãos umedecem. A gente tenta fumar, trabalhar e "O zumbido cresce e convertese num uivo prolongado. A gente est
furtivamente procura encontrar um espelho a fim de certificar se o nosso rosto tem a mesma cor verdep álido que sentimos no í ntimo. ntimo. A pr ó xima bomba vem, e desta vez ela cai bem mais perto. Nada me aconteceu. Mas a poeira da explos ão continua caindo nas cercanias. Minha roupa est á molhada de suor. Quando se toma um banho, a gente o faz com a má xima presteza, temendo que a explos ão nos surpreenda sem roupa. E, apesar de tudo, temse que prosseguir trabalhando... A Am
é rica rica não sabe como é feliz, por ter sido
poupada desse terror."
Quanto
à imprensa londrina, embora publicasse de vez em quando uma fotografia
mostrando quarteir ões em ruí nas nas e outros estragos causados pelas bombas voadoras, em geral adotava uma atitude de discri ção quase completa sobre o assunto. Os jornais da capital brit ânica continuavam naquela atitude um tanto hip ócrita como j
á o tinham feito durante o " Blitz" e os outros ataques pelos avi ões da Luftwaffe e que, na minha opini ão, era de pouca utilidade, tanto psicol ógica como militar, de propositadamente n ão mencionar o nome de Londres em suas breves reportagens dedicadas aos bombardeios da cidade. As bombas, segundo a imprensa londrina, (que assim agia em obedi ência a ordens superiores), não caí am am na capita capital, l, mas mas sim, sim, no "Sul "Sul da Ingla Inglate terra rra". ". Sempr Sempree achei achei absur absurda da essa essa camuflagem exagerada. Os agentes alem ães, desejosos de se inteirarem dos resultados dos bombardeios de Londres, caso tivessem de recorrer à imprensa londrina para tal efeito, deviam logo aprender a traduzir as palavras "Southern England" (Sul da Inglaterra) por "Lond "Londres res." ." Por Por outro outro lado, lado, parece parecem me que que do pont ponto o de vista vista do moral moral da popul populaa ção londrina, teria sido melhor e n ão pior, mencionar francamente o nome de Londres nas reportagens sobre os bombardeios. Em primeiro lugar, porque tentar esconder tal assunto, ao invés de converter o leitor em "c úmplice" de uma esp écie de trama de espionagem, acabava provocando a sua desconfian ça com rela ção
à veracidade de outras informa ções
ventiladas pela imprensa e o governo. Em segundo lugar, porque a vaidade inata em cada um de nós faz com que apreciemos sobremaneira a leitura, nos jornais, dos perigos e contratempos que vivemos. Apesar de n ão ser londrino, nunca deixei de me sentir vexado, ao ver relegado para um vago "Sul da Inglaterra" os ataques das bombas voadoras que vivi e agüentei entei,, junto junto a milh milhões de compan companhei heiros ros anônimos, nimos, na capit capital al brit brit ânica. nica. Que os londrino londrinoss decidida decididamen mente te n ão apre apreci ciar aram am as " buzzbombs ", prov provaa o segui seguinte nte edito editoria riall publicado na primeira p ágina do Sunday Dispatch de 2 de julho de 1944, intitulado: " COMO ACABAR COM AS BOMBAS VOADORAS". " Nem os pr ó prios prios alemães podem podem alegar alegar que a 'bomba 'bomba voado voadora' ra'
é uma arma
dirigida contra alvos militares. No seu assalto indiscriminado contra o Sul da Inglaterra, ela tem atingido hospitais, igrejas, escolas, jardins de inf ância e lares do nosso povo. Homem algum pode prever seu curso perigoso; homem algum pode justificar o seu uso".
Depois de insistir no fato de que os londrinos possu í am am a força moral necess ária a suportar tal castigo, o Daily Dispatch faz a indaga ção se seria justo ag üentar tal desaforo e propõe em seguida a seguinte a ção de repres ália, a ser executada pela For ça Aérea Aliada: "Digamos aos alem ães que para cada bomba voadora que cair neste pa í s, s, uma pequena cidade alem ã ser á completamente arrasada".
O jornal londrino constatava que havia na Alemanha mais de 1.000 cidades com uma popula ção variando entre 5.000 e 50.000 almas cada, calculando que estava ao alcance da Força Aliada, poder atacar umas 50 dessas localidades por dia, caso isso fosse ordenado.
E prosseguia: "Se de antem ão publicarmos uma lista das cidades que tencionamos destruir, caso os alemães não cessem imediatamente seus ataques com bombas voadoras contra Londres, executaremos sem vacilar esse plano de repres ália, e não haver á d úvida nenhuma de que os alemães ser ão obrigados a se curvar diante de uma argumenta ção t ão persuasiva".
Convém realçar que esse fant ástico plano de repres ália em larga escala ventilado pelo Daily Dispatch, não somente foi totalmente desprezado pelas autoridades brit ânicas, como também sofreu ataques violentos por grande parte da pr ópria imprensa londrina. Por outro lado, por ém, a violência de suas palavras e de seu conte údo não deixam de constituir um reflexo fiel dos sentimentos de parte da popula ção da capital brit ânica diante da a ção impiedosa das bombas voadoras. Quando, em setembro de 1944, com a destrui ção maciça das plataformas de lan çamento das V1 pela For ça Aérea Aliada a batalha das bombas voadoras estava praticamente ganha, e os londrinos (inclusive eu), estavam prontos a soltar um coletivo suspiro de al í vio, vio, os alemães, cumprindo a sua promessa, nos brindaram com a sua segunda "arma secreta": a V2. Em contraste flagrante com a V1, esta n ão costumava anunci anunciar ar a sua apro aproxim ximaa ção. Apare Aparecia cia.. De repe repente nte.. Na forma orma de uma uma estr estrond ondosa osa e prolongad í ssima ssima explos ão que fazia estremecer a terra a dist âncias imensas. A noite, tinha o aspecto de uma bola de luz cor rosaavermelhada que, iluminando grande parte do c éu de um "halo" de id êntico colorido por ém mais pálido, descia em velocidade vertiginosa rumo ao solo. Ao ouvir pela primeira vez aqueles estrondos violentos e aparentemente inexplicáveis, os londrinos os atribu í ram ram inicialmente a explos ões provocadas pela ruptura de condutos de g ás. Daí o seu apelido: " flying gas mains" (9). Já em julho de 1944 o meu "diário" menciona uma fort í ssima ssima detona ção, "misteriosa", não causada, definitivamente, por bombas voadoras. S ó em meados de setembro, por ém, ao multiplicarse o n úmero daqueles estrondos (ressoantes e prolongados, semelhantes a um terremoto), come çaram a se concretizar os boatos de estar Londres sob a mira de outra arma secreta de Hitler. Em 15 de setembro o meu "di ário" relata o seguinte: "Encontrei hoje um conhecido que me contou ter sido destru í da da a casa de um de
É este o primeiro caso de destrui ção por uma bomba V2, que chega aos meus ouvidos. Meu interlocutor afirmou ser trai çoeiramente silenciosa a aproximação do engenho. Repentinamente, de um segundo para outro, l á est á. Contou que penetrara profundamente dentro do ch ão, literalmente levantando o pr é dio dio inteiro para o ar. Muita gente teria morrido. Os jornais conservam um sil êncio absoluto sobre o seus amigos por uma bombafoguete.
assunto".
Apesar de ter sido classificada pelos alem ães sob o mesmo signo "V",
Vergeltungswaffen (10), a V2 n ão era simplesmente uma bomba voadora modernizada, mas uma arma de concep ção inteiramente nova: tratavase, com efeito, da primeira bomba foguete, aut êntica precursora dos foguetes intercontinentais da
época atual. O engenho,
medindo uns 20 metros de comprimento e talvez 2 de largura, era autosuficiente em combustí vel vel (álcool e oxig ênio lí quido) quido) e levava em sua ogiva a carga de uma tonelada de TNT. Ao subir a uma altura m édia de 100 quil ômetros, desenvolvia uma velocidade acima de 5.000 quil ômetros por hora. No seu trajeto rumo
à terra, caí a com tamanha rapidez, que alcançava o alvo antes mesmo de poder ser ouvido o estrondo provocado pela explos ão de sua carga de dinamite. Criada por uma equipe de brilhantes cientistas alem ães, entre os quais o atualmente norteamericano naturalizado Wernher von Braun, que desempenhava o
papel papel princ principa ipal, l, a V2 seduz seduziu iu o Alto Alto Coma Comando ndo do Reic Reich h princi principa palm lment entee pela pela sua mobilidade. Com efeito, enquanto as bombas voadoras necessitavam de amplas plataformas de concreto, as V2 podiam sem lan çadas livremente em qualquer dire ção, de plataformas móveis, motorizadas. Eram, outrossim, naquela
época praticamente invulner áveis a qualquer meio de intercep ção. Entretanto, apesar do seu efeito psicol ógico de "surpresa total", a sua efici ência como arma militar era um tanto diminu í da d a por uma s érie de desvantagens, entre as quais o alt í ssimo ssimo custo de sua produ ção e a vulnerabilidade das instala ções necessárias à sua fabrica ção. Foi devido a todos estes contratempos que os alemães nunca nunca chega chegaram ram a efetua efetuarr um ataque maci ço de bombas bombasfo foguet guetes es V2 contra contra Londres. Embora tenham sido utilizados pelos nazistas contra Londres durante um per í odo odo de tempo quase duas vezes maior que o das bombas voadoras, apenas uns mil daqueles engenhos chegaram a cair no per í metro metro urbano da capital brit ânica, e mesmo este n úmero não pode ser plenamente confirmado.
ço de 1945 que durou a " época das bombasfoguete", o estrondo de suas explos ões não ocorria com a freq üência necess ária para produzir um trauma psicol ógico no seio da popula ção. Bem entendido, esta an álise fria e destacada, assim como as conclus ões sobre o "relativo fracasso" da V2 s ão frutos da reflex ão do presente. Naquele fim de 1944, em Londres, sob o pleno efeito moral e material das bombasfoguete de Hitler, s ó uma toupeira escondida nas entranhas da terra poderia Nos quase seis meses outubro de 1944 a mar
talvez raciocinar calmamente. Assim mesmo, durante uma "enquete" informal por mim realizada entre o pessoal do departamento alem ão da ABSIE, ficou confirmada por grande maioria de votos, a inferioridade das V2 em rela
ção às bombas voadoras, quanto ao seu
efeito desmoralizador. Com efeito, se fossem obrigados a escolher uma ou outra modalidade daqueles engenhos, votariam na V2, pois raciocinavam que, se estavam condenados pelo destino a morrer, preferiam a morte repentina e r ápida, sem o "aviso pr évio"
à tortura mental do zumbir horripilante das bombas voadoras. N ão tenho tanta certeza por ém, se os resultados da minha "enquete" na ABSIE teriam sido os mesmos, no caso de um ataque maciço e contí nuo nuo por meio dos foguetes V2. N ão resta dúvida, entretanto, de ter sido o
efeito de "terror qu í ntuplo" ntuplo" audiovisual das V1 o fator essencial de convert de vista da guerra psicol ógica na mais eficiente arma daquela
êlas do ponto
época.
Não fosse a atuação heróica e enérgica da Força Aérea, que em prazo relativamente
ém com grande sacrif í ício cio em homens e m áquinas conseguiu demolir os "ninhos" dos terrí veis veis engenhos, talvez fosse inevit ável um desmoronamento desmoronamento catastr ófico do proverbialmente inabal ável moral dos londrinos. Felizmente, devido aos aperfei çoamentos do radar e dos proj éteis antiproj éteis da nossa época moderna, a propaga ção de "terror a presta ções" diante de uma arma relativamente lenta do tipo das bombas voadoras tornouse hoje impratic ável. Não há dúvida de que temos, em compensa ção, a visão nefasta desta "Espada de D âmocles", que é a possibilidade de destrui ção da humanidade pelos efeitos das bombas at ômicas e da radioatividade. Mas, com tudo isso, permanece ainda n ão superado o efeito do "terror qu í ntuplo" ntuplo" a "prestações", provocado por esta curiosidade hist órica que são curto por
hoje as bombas voadoras de Londres de 1944. Com o correr dos dias e das semanas, a tradicional fleuma dos brit ânicos, que nada mais é do que o disfarce inconsciente de sua vontade f érrea de sobreviver, come çou a mostrar uma s érie de falhas. Nas f ábricas e escritórios, por exemplo, houve um acentuado aumento de casos de atraso. O consumo de bebidas alco ólicas triplicou. As pessoas demonstravam irrita ção e cansaço. Houve, conforme o sistema nervoso individual, casos de total perda de apetite ou fome exagerada. Contudo, mesmo quando o governo come çou a pôr em prática a evacuação maciça das crianças de Londres, o povo continuava com as suas atividades di árias, instintivamente certo de que no holocausto que o destino os obrigava a atravessar, o trabalho era ainda o melhor dos calmantes.
Capí tulo tulo VI FATOS ALEMÃES MAIS FORTES QUE NOSSAS PALAVRAS érmino Oito meses antes do t é r mino oficial das hostilidades, a alta dire ção da ABSIE cria o lema da "iminência do fim da guerra" A BBC grava programas da vit ória Di
ário de guerra de um páraquedista alem ão Golo Mann qualifica o nosso esfor ço propagandista "um tremendo fracasso" Erro propagandista angloamericano, paradoxalmente talvez contribu í sse sse para abreviar a guerra.
fatos os são mais mais forte fortess que que palav palavra rass ", irradia O prog progra rama ma " fat irradiado do pela pela "Ameri "America can n
Broadcasting Station in Europe" no dia 6 de dezembro de 1944 tinha o seguinte teor: "Faz hoje exatamente seis meses, que, no dia 6 de junho de 1944, a maior armada de todos os tempos desembarcou na costa da Normandia, na Fran ça. Após romper o 'muro do Atlântico' e aniquilar o Grupo de Ex é rcito rcito de Von Kluge, tropas americanas, brit ânicas e francesas progrediram num avan ço relâmpago at é à é às fronteiras do Reich. Tropas aliadas desembarcaram na Riviera. Paris foi libertada. Bruxelas foi libertada. Luxemburgo foi libertado. Hoje, seis meses depois do desembarque aliado na Normandia, cinco ex é rcitos rcitos aliados est ão firmemente implantados no solo alem ão. Aachen foi conquistada. Saarlautern foi submetida. Milhares de bombardeiros pesados aliados, assim como avi ões de combate mé dios dios e leves, ca çasbombardeiros e ca ças, arremessam golpes arrasadores contra a ind ústria de combust í í veis veis e de armamentos alem ães. A rede de comunica ções da Alemanha tem sido sistematicamente estrangulada. O último encoura çado alemão, o "Von Tierpitz", foi afundado. Nos seis meses que decorreram desde os desembarques aliados, a "Wehrmacht" perdeu, apenas no Ocidente, 1.150.000 homens; na frente Oriental outros 1.500.000 .500.000;; na frent frentee Meridiona Meridional, l, 300.000. 300.000. Em tropas tropas "vassal "vassalas", as", 700.000 700.000.. Ao todo, todo, 3.650.000 homens perdidos. Hoje, 13.000.000 de norteamericanos, 8.000.000 de brit ânicos, assim como muitos outros milh ões de russos, russos, frances franceses, es, polonese poloneses, s, belgas, belgas,
ções Unidas em armas combatem e continuar ão a combater at é à é à rendição total da Alemanha e do Jap ão". iugoslavos, brasileiros, chineses as Na
Dez dias depois, ou seja, na madrugada de 16 de dezembro, perto de 300.000 soldados alem ães, agrupados em umas 24 divis ões, comandados pelo Mal. Karl Gerd von Rundstedt, lan çaramse violentamente num ataque maci ço de surpresa contra as posi ções
ório das Ardenas, na B élgica. Esta reencarna ção do "Blitz" alemão de outrora por um ex ército supostamente derrotado, cujos detalhes foram brilhantemente planejados pelo fan ático Mal. Walter von Model, do qual ainda falaremos bastante nas p áginas deste livro, deixou boquiabertos, n ão só os generais aliados, mas tamb ém os altos dirigentes da guerra psicol ógica. Tanto assim, que os tem í veis veis " Panzer " alemães, investindo furiosamente contra as posi ções norteamericanas, lograram, no prazo de 48 horas, talhar duas profundas brechas em dire ção a Antuérpia. Embora os ex ércitos alemães não tenham alcan çado aquela estrat égica cidade belga, o fato de terem conseguido norteamericanas situadas no territ
praticamente "debaixo do nariz" dos norteamericanos reagrupar e reorganizar suas forças para desfechar um golpe de alta periculosidade, demonstrava a validez perene da velha express ão proverbial de que "nunca se deve subestimar o inimigo". Tal regra se aplica tamb ém plenamente no campo da guerra psicol ógica. É por terem deixado de observar esta comprovada verdade, foi que os altos chefes da ABSIE se viram temporariamente em maus lençóis. Tudo come çou no dia 1 . de setembro, durante a costumeira reuni ão matinal, dos o
chefes de departamentos e se ções da nossa emissora. Fomos brindados naquele dia com relatos de primeira m ão, de alguns dos informantes chegados diretamente dos territ órios recémconqu conquis istad tados os por nossa nossass trop tropas. as. O quad quadro ro pintad pintado o por por esses esses obser observa vado dores res era
ães. Na Bélgica, assim disseram eles a Alemanha possu í a apenas 2 divis ões; na Holanda, apenas 2, tamb ém. Das 30 divisões estacionadas na It ália, 3 divisões blind blindada adass tinham tinham sido sido retir retirada adass para para a frente frente Ocide Ocidenta ntal. l. A linha linha " Siegfried ", ", constru í da da com material de "segunda", poderia ser facilmente rompida pelas nossas tropas. Os alemães estavam fazendo um desesperado esfor ço para defender Brest e o Havre com a finalidade de erguer uma linha defensora de emerg ência contra o ataque aliado. Por ém, bastante negro para os alem
apenas com 600 tanques que eles seriam capazes de concentrar para este fim, as suas possibilidades de êxito pareciam praticamente nulas.
à situação militar dos Aliados, a opini ão geral dos informantes era de que o seu único "pecado" teria sido talvez o de terem avan çado depressa demais, ampliando assim, sobremaneira, as suas linhas de abastecimento. N ão fosse o problema do abastecimento, a guerra j á poderia ser considerada como praticamente ganha. Com efeito, uma vez rompida a "Westwall"(11), localizada em territ ório francês e, conforme pensava o Führer, uma defesa insuper ável contra o acesso dos Aliados no continente europeu, nossas tropas não tinham sido molestadas pela Wehrmacht no seu avan ço espetacular rumo às fortificações do próprio prio Reic Reich, h, a cham chamad adaa linha linha " Siegfried ". ". Não fosse osse esse esse cruci crucial al problema, o Gen. Patton poderia ter facilmente levado as suas colunas blindadas at é o próprio coração da Alemanha, pondo fim à guerra e confirmando a opini ão do Gen. Quanto
Eisenhower, de que se o avan ço aliado pudesse ser mantido naquele mesmo ritmo inicial, a guerr guerraa pode poderia ria ser ser ganh ganhaa em três sema semanas nas ap ós o desem desembar barqu quee aliado aliado na costa costa da Normandia. Contudo, o problema do abastecimento frustrou esses planos, e a situa ção dos nossos exércitos tão precária se tornou momentaneamente, que se cogitou bastante de uma retirada em larga escala, rumo a Paris. Mas, todos estes
óbices já estavam superados. A
situação no momento, segundo a palavra dos nossos informantes, era de "franco otimismo". Nada podia, naquela altura, deter o avan ço dos tanques aliados para Berlim. Existia at é a possibilidade de terminar a guerra repentinamente, sem a conclus ão de um armist í cio, cio, fato que se poderia produzir com a entrada nas colunas blindadas dos Aliados no per í metro metro da capital alem ã. Em vista destas informa ções positivamente favor áveis, não é de estranhar que a alta chefia da ABSIE, impressionada com os avan ços espetaculares das nossas tropas e pela inércia da Wehrmacht decidisse adotar o lema de "franco otimismo" tamb ém na orientação básica de seus programas radiof ônicos. Doravante, insistiram eles, n ão se falaria mais do "Westwall" nas emiss ões da ABSIE. Tais fortifica ções, para n ós, simplesmente n ão existiam mais. Outrossim, todos os chefes de departamentos, assim como os redatores chefes das diferentes se ções da estação receberam uma ordem estrita de abandonarem completamente o emprego da express ão "batalha da Alemanha". Para os fins propagandistas, n ão se cogitaria mais de tal batalha, pela simples raz ão de não existir mais um exército alemão capaz capaz de trava travarr comb combate ate e de barrar barrar a noss nossaa entrad entradaa maci maci ça no o territ ório do Reich. Assim sendo, o lema da diretriz central da ABSIE, do dia 1 . de setembro de 1944 (ou seja, quase oito meses antes da assinatura da "ata de rendi ção" pelo Mal. Alfred Gustav Jodi no dia 7 de maio de 1945 em Reims) era o seguinte: "Estamos nas vésperas do fim da guerra". Embora a atitude adotada pela nossa emissora em Londres pareça agora, à luz dos acontecimentos posteriores, definitivamente prematura, o fato é que estávamos ent ão em "boa companhia". Isto, porque a tradicional e por si mesma s óbria BBC não somente usava um racioc í nio nio psicol ógico idêntico, como chegou a superar o otimismo que nos empolgava. Ali ás, apenas seis dias ap ós a elabora ção, pela chefia da ABSIE, da diretriz central de "imin ência do fim da guerra", almocei num restaurante com Walter Rilla (conhecido ator de cinema, e durante a guerra encarregado da produ ção de uma série de importantes programas da British Broadcasting Station). Eis a anota ção do meu "diário", com referência ao encontro com Rilla: "Walter Rilla demonstrava excelente disposi ção. Contou que estava ocupad í ssimo ssimo com o preparo dos 'Victory Programs' para a BBC. Explicou que se tratava principalmente de declara ções oficiais gravadas em discos, de importantes personalidades, homenageando o Exé rcito, rcito, a For ça Aé rea, rea, a Marinha e o 'premier' Winston Churchill. Rilla aparentava uma certa preocupa ção por se achar sob a press ão de executar a tarefa com a m á xima urgência, pois a BBC lhe pedira para apresentar um resumo daqueles programas no dia seguinte." N ão vejo como me ser á poss í vel vel atender a BBC nesse sentido" disse ele "pois
ainda não consegui elaborar sequer um único programa. Por é m, m, concordo plenamente com os meus chefes, no sentido de que devemos estar preparados. A not í cia cia da nossa vit ória poder á chegar a qualquer momento".
Enquan Enquanto to Walter alter Rilla, Rilla, na BBC, BBC, estav estavaa prepara preparando ndo program programas as da vit ória, ria, Bob Saudek, da ABSIE, j á desde os meados de agosto de 1944 estava empenhado em elaborar um detalhad detalhado o projet projeto, o, visando visando a cria ção de uma "Rádio das Nações Unida Unidas". s". Eis o comentário, um tanto pessimista, sobre o assunto, registrado no meu "di ário", no dia 17 de agosto daquele mesmo ano: "Tiv "Tivee hoje hoje um prol prolon ong gado debat debatee com com Bob Bob Saudek Saudek,, que que est est á trabalhando trabalhando na elaboração de um plano detalhado visando a cria ção de uma "R ádio das Na ções Unidas". Eu disse a Bob que a realização de tal plano dependia essencialmente da exist ência de irrestrita confian ça mútua entre todos os participantes, para uma tal emissora de cunho
ússia Sovié tica. tica. Eu, pessoalmente, só acreditarei na possibilidade de uma coopera ção efetiva com aquele pa í s, s, no momento em que o mesmo levante todos os entraves à entrada e sa í da da de seus cidad ãos e de outr outras as nações, es, que que desd desdee a sua sua exis exist t ência ncia como como esta estado do comun comunist ista a o separ separam am hermeticamente do resto do mundo. S ó a realização de tal medida pelo governo sovi é tico tico poder á fazerme crer que realmente existe da sua parte uma sincera boa vontade no sentido da coopera ção internacional". internacional. Muito talvez tudo dependesse da futura atitude da R
O otimismo oficial angloamericano n ão podia deixar de refletirse tamb ém na redação da ABSIE, onde se registrava um intenso movimento de apostas. Os mais otimistas previam o fim das hostilidades para dentro de um m ês, ou seja, at é outubro de 1944. Os mais pessimistas (e foram eles que acertaram) previam a continua ção da guerra at é
à
primavera de 1945. Quanto a mim, adotei uma posi ção intermediária entre os dois campos opostos, conjeturando que a guerra deveria terminar, o mais tardar, em fevereiro de 1945. Nunca cheguei a pagar o dinheiro que perdi naquelas apostas, pois em janeiro deixei Londres, rumo ao continente europeu. Se h á alguma reclama ção a respeito, estou pronto a saldar meus compromissos. Não foi, todavia, apenas a calamitosa calamitosa situa ção dos exércitos do Reich que motivaram a nossa suposi ção de que a Alemanha estava "nas
últimas". Houve tamb ém a
fracassada tentativa de 20 de julho de 1944 contra Hitler e que parecia ser indicativo da existência de uma s éria crise na pr ópria estrutura interna do Estado nazista. Às seis da tarde daquele dia fui alertado por um redator vindo da sala dos teletipos (por meio dos quais recebí amos amos a "mat ériaprima" dos nossos notici ários, vinda das ag ências noticiosas), de que teria havido um atentado contra o F ührer. Logo em seguida, uma not í cia cia divulgada pela
DNB (Agência Alemã de Notí cias) cias) confirmou a informa ção, declarando que Hitler e alguns de seus generais tinham sido v í timas timas de um atentado por meio de explosivos. Alguns dos generais teriam sido gravemente feridos, outros levemente. Hitler declarava a DNB tinha recebido apenas algumas queimaduras e contus ões. Ao inteirarme deste fato, t ão sensacionalmente auspicioso àquela altura dos acontecimentos, fui correndo consultar Golo Mann sobre a minha id éia de divulg álo imediatamente em todos os nossos programas, por se tratar de um assunto de vital import ância para a nossa propaganda. Para minha surpresa, Golo manifestou opini ão contrária. Achava que dever í amos amos "abafar" a not í cia. cia. Se o chefe da propaganda nazista, Goebbels assim argumentava Golo toma a iniciativa de divulgar um fato tão grave como um suposto atentado contra a vida do F ührer, certamente ele deve visar uma determinada finalidade oculta, provavelmente mais nós. Ou assim raciocinava Golo Mann a hist
útil aos próprios nazistas do que a
ória do atentado contra Hitler era mais uma
mentira de Goebbels ou, caso realmente tenha ocorrido, podia tratarse de uma trama propositalmente encenada por eles, semelhante ao c élebre incêndio do "Reichstag" em Berlim. Como se sabe, aquele inc êndio do parlamento alem ão, ocorrido em 27 de fevereiro de 1933 foi, como tudo indica, provocado pelos pr óprios nazistas, e serviu de pretexto para "legalizar" a ditadura de Hitler na Alemanha. "Seja como for" opinou Golo Mann "ao propa propaga garmo rmoss a not not í cia cia do atenta atentado do estar estarem emos os pres prestan tando do um servi servi ço gratui gratuito to à sua propaganda." Diante da minha insist ência de que ver í dica dica ou n ão tal notí cia cia o simples fato de sua divulga ção, com tamanho impacto, pela m áquina de propaganda do Reich, era indí cio cio de sérias dificuldades internas, e portanto útil ao nosso pr óprio esfor ço propagandista, Golo consentiu em fazer uma consulta telef ônica a sua irm ã Erika Mann, correspondente de guerra. Ela concordou comigo. A not í cia cia do atentado, divulgada pelos próprios alemães era certamente sinal de uma grave crise interna. Por conseq üência não somente espalhamos a not í cia cia em todos os nossos programas, como tamb ém um coment ário especialmente escrito por William Hale, cujo tema central era: "ver í dica dica ou não, a notí cia cia
í cil do atentado contra Hitler indica a exist ência de uma situa ção dif í cil no Reich". Algumas horas mais tarde, ou seja, exatamente aos 3 minutos para 1 hora da manh
ã do dia 21 de
julho, o próprio Hitler, falando mais histericamente que nunca, confirmou num discurso por nós gravado em disco, a not í cia cia do atentado atentado.. Denuncio Denunciou, u, em termos termos injurioso injuriosos, s, uma "pequena pandilha de traidores" de ter tramado contra sua vida, com a finalidade de formar um novo governo, e prometeu impiedosa extirpa ção do Conde Klaus von Stauffenberg, que atirara a bomba, assim como dos seus c úmplices. Anunciou, outrossim, a nomea ção de Heinrich Himmler (at é então chefe supremo dos SS) ao posto de comandante da "Frente da Pátria". Como se sabe, no dia seguinte Hitler cumpriu a sua promessa liquidando com requintes de crueldade o Conde Klaus von Stauffenberg, assim como uma multid ão de outros autores e instigadores do atentado. Apesar do gesto audaciosamente espetacular do destemido conde alem ão e de seus
companheiros, a alta chefia da ABSIE, na minha opini ão, pouco proveito soube tirar do dramático episódio. Assim mesmo, a fa çanha de von Stauffenberg, primeiro press ágio tangí vel vel de um poss í vel vel desmoronamento interno do nazismo, impressionou profundamente a todos nós e em parte tamb ém contribuiu para aumentar o otimismo reinante no recinto da ABSIE em setembro de 1944. No entanto, apesar da situa ção calamitosa em que se achavam naquela época os exércitos do Reich, apesar do martelamento cont í nuo nuo dos grandes centros alemães pela nossa For ça Aérea, e apesar tamb ém das deduções sobre uma poss í vel vel crise interna em vista do atentado contra Hitler, pareciame que era prematuro e, portanto, psicologicamente errado, falar na "imin ência do fim da guerra" naquele momento. Tanto o fato de Hitler ainda dispor de for ça suficiente para organizar a sua desesperada ofensiva nas Ardenas, em dezembro de 1944, como o prosseguimento das a ções bélicas durante mais oito longos meses, ap ós a gravação dos dos "prog "program ramas as da Vit Vit ória" da BBC, s ão provas provas eloqüentes entes da minha minha tese. tese. O estad estado o de
ânimo nimo real, real, tanto tanto por parte dos dos soldad soldados os da Wehrmacht como do povo germ ânico, achase refletido nas anota ções, feitas entre julho e outubro de 1944, num fragmento de di ário de guerra de um "Fallschirmj äger" (pára quedis quedista) ta) alemão. Aceit Aceito o o seu testem testemun unho, ho, em primeir primeiro o lugar lugar por por ter ter sido sido escrit escrito o desprevenidamente, jamais imaginando o seu autor que as anota ções por ele feitas (muitas das quais de car áter muito í ntimo), ntimo), poderiam um dia cair intactas nas m ãos do inimigo. Em segundo lugar, por se tratar aparentemente de um mo ço de intelig ência fora do comum, tamb ém dotado de vivo talento descritivo e de um agudo senso de observa ção. Isto, apesar de sua origem humilde, pois era filho de pequenos agricultores, natural de uma pequena aldeia aldeia próxima da cidade de Elbing, na Pr ússia oriental. Criado num ambiente rural, passou, como ele mesmo conta na parte final de seu di ário, a maior parte de uma breve licença concedida pelo ex ército, ajudando os seus familiares a efetuar a colheita de batatas e outros outros afaz afazere eress manu manuais ais (por (por exemp xemplo lo,, coloc colocar ar o assoal assoalho ho na casa casa da tia Friede Friede em Hermsdorf). Contudo, este p áraquedista campon ês conta, num trecho do seu di ário, escrito próximo
à cidade francesa de Reims, que passara parte de seu dia de folga, 7 de agosto, na tarefa de "copiar alguns poemas". A 22 de julho gastara 400 francos do seu n ão muito generoso soldo, na compra, em Reims, de um livro intitulado: "Paris, Fran ça e Proví ncias". ncias". Um dia antes, entre uma queixa a respeito da umidade reinante no t únel onde se achava estacionado e a refer ência a uma ca ça noturna em plena chuva, o di ário destaca as seguintes palavras, devidamente sublinhadas: Atentado contra o F ührer. Mas somente quatro dias mais tarde, ou seja, em 25 de julho, h á outra refer ência sobre o assunto: "Apenas hoje recebemos detalhes sobre o atentado contra o F ührer, not í ícia cia que nos foi transmitida sextafeira, dia 21, por alguns camaradas que chegaram de Reims. Patifes como aqueles que atentaram contra a vida do F ührer são incapazes de nos abalar! Foi com alegria que recebemos a boa nova da introdu ção no exé rcito, rcito, da 'sauda ção nazista'(12)".
Porém, este este nazis nazista ta inv inveterad eterado, o, que que nem o espeta espetacul cular ar atenta atentado do contr contraa Hitler Hitler conseguiu abalar, est á ao ponto de perder o seu sangue frio sob os ataques incessantes realizados, freq üentemente a v ôo raso, por ca ças e caçasbombardeiros da For ça Aérea Aliada. Eis, nas suas palavras, como se dera a sua provadefogo: "Repentinamente,
às 10 e 10 da noite, ressoaram as explos ões. Est ávamos sendo
bombardeados. Atordoador, o estalar das bombas. Agarrado convulsivamente ao solo, e confiando na minha sorte de soldado, permane ço o tempo todo debaixo da chuva dos explosi explosivo vos. s. Sete Sete ondas ondas de ataque ataque.. Sa í ileso, ileso, por é sete dos dos meus meus camar camarad adas as fora foram m ém sete apanhados tr ês gravemente e quatro levemente feridos. Houve tamb é m um morto, um dos oper ários franceses, um mo ço de uns 17 anos. Com que al í vio vio respirei o ar impregnado do cheiro de p ólvora, quando afinal terminou o ataque. Era o primeiro ataque a é reo reo pesado por mim vivido e como foi terr í í vel! vel! No dia seguinte, com um calor de estufa, participei da arrumação dos estragos causados pelo bombardeio. Ainda pairava sobre os trilhos da estradadeferro uma nuvem azulada de fuma
ça da pólvora."
As seguintes express ões colhidas ao acaso no di ário do "Fallschirmj üger" refletem as reações do seu autor, ante o terror que lhe inspiravam os bombardeios a éreos dos aliados: "O terr í í vel vel estrondo produzido pelas bombas parece dilacerar o cora ção. Desde as duas horas da manh ã , sem cessar, continua o estalar das bombas.
É horripilante. Nunca
sofri coisa t ão terr í chicotea teados, dos, pois receam receamos os voar voar pelos pelos ares ares a ível. vel. Os nervos são chico qualquer momento. Foi a noite mais longa e mais horr í vel vel de toda a minha vida. As explosões acabam com o ânimo da gente. Al é m disso, cada gota de água e mesmo comida tem que ser provida com o risco da pr ó pria vida. Foi uma tarde nervosa, pois sem cessar, ficamos ficamos expost expostos os aos ataque ataquess impiedo impiedosos sos dos caças, que que nos nos metr metralh alhav avam am em v ôos rasantes. Incessantemente os cachorros (referiase aos nossos avi
u. O ões) cantavam no cé u.
pior de tudo é a sensação de desabrigo total. SE H Á ALGO QUE NOS POSSA VENCER NESTA GUERRA, ISTO É A FORÇ A AÉ REA".
No dia 21 de agosto, a unidade à qual pertencia o "Fallschirmj äger" recebeu a ordem de "transferência" (na realidade era uma retirada). A viagem atrav és da França em direção à Bélgica foi ado çada por várias caixas de champanhe que a coluna conseguiu retirar das ruí nas nas de Rilly Rilly,, porém foi amar amarga gada da pela pela a ção dos terrorista terroristass (For (For ças da Resi Resist stência Francesa): "A noite,
às duas horas da madrugada, fomos obrigados a parar diante de uma
cidadezinha. Os terroristas haviam emporcalhado toda a estrada com pregos pontudos.
Que procedimento sujo! Ap ós ter catado todos os pregos, continuamos a caminhada".
O nosso páraquedista n ão está muito satisfeito com a viagem, e com nostalgia relembra o ambiente tranq üilo de outrora: "Como mudou a nossa jornada em rela ção ao ano passado! passado! Então, sim, sim, podia podiase se viajar viajar tranq tranq üilamente ilamente;; agora, agora, porém, a gente s ó fica esperan esperando do pelos pelos avi avi ões inimigos inimigos". ". Persegu Perseguida ida continua continuamen mente te pelo "terr í vel vel uivar" uivar" das bombas, a coluna atravessa a fronteira belga e chega a Mons. Ao deixar a casa onde pernoitaram, os soldados alem ães fazem "uma completa limpeza", levando inclusive p ão, presu presunt nto o e bebida bebidas. s. O assal assalto to à propriedade propriedade alheia é efetua efetuado do porém com com "alg "algum um arrependimento", devido à bondade demonstrada pela dona da casa e sua filhinha Marta. J á com o carrancudo taberneiro, tais escr úpulos não existem. Este "teve que pagar a sua falta de educação com 60 ling üiças". A viagem prossegue de trem at é Casterle, onde a coluna sofre sofre segui seguidos dos ataque ataquess a éreos. reos. Novam Novamente ente,, a aprox aproxima imação dos " Tommies" obrig obrigaa os soldados alem ães a prosseguir a viagem. Com o inimigo em Gool (a uns 3 quil ômetros da localidade onde se encontra a coluna dos "Fallschirmj äger"), os alemães têm apenas um caminho de salva ção, ou seja, pela Holanda. A falta de condu ção quase os faz cair nas m ãos dos "Tommies", que progrediam rapidamente. No
último instante, conseguem "arrumar"
bicicletas com as quais tencionam empreender a fuga, quando, para sorte deles, chega um
à fronteira holandesa e dali para a Alemanha. A chegada do grupo de páraquedistas à pátria, que se deu a 4 de setembro de 1944, é assim descrita nas palavras do autor do di ário de guerra (que caiu nas minhas m ãos alguns meses mais tarde):
trem que os leva rumo
"Que sensação maravilhosa estar voltando para a p átria! Acabamos com uma caixa de champanhe, que hav í amos amos guardado para beber dentro da Alemanha. Atrav Atravessa essamos mos a fronte fronteira ira em Kleve. Kleve. Um quadr quadro o comoven comovente te que nunca nunca na minha minha vida esquecerei. Na Holanda ainda h á aglomera ções de gente vadia e aqui, atr ás das barreiras aduaneiras, um povo trabalhador, unido, lutando pela vida. Crian ças e anciãos, marchando rumo ao trabalho em forma ções cerradas. Cantando, jubilando, trabalhando. Assim fomos recebidos. Isto nos encheu de novas esperan ças, se algum de n ós porventura perdera o ânimo durante a viagem. Comovente, o amor com que nos cumularam. Em toda parte nos ofereceram comida e bebida. E tudo isto, apesar das terr í veis veis provações sofridas pela população, devido ao terror a é reo. reo. Para mim, aquela viagem era uma s ó grande alegria..."
Do ponto ponto de vista vista da guerr guerraa psico psicoll ógica, o mês de setembro de 1944 era de importância transcendental para os Aliados. Em leg í tima tima exultação pelos sucessos espetaculares obtidos nas frentes de batalha do continente europeu, a propaganda aliada apresentou como derrota generalizada um fato na realidade ainda n ão consumado, pois o tigre nazista, embora gravemente ferido, n ão estava
ainda para exalar o último suspiro. Ao contr ário, era ainda capaz de morder e usar as garras. Contudo, os motivos que levaram os aliados a adotar uma atitude de franco otimismo decorreram, como dissemos antes, principalmente do fato tang í vel vel da quase inacredit ável seqüência de triunfos de seus ex ércitos. Isto, por ém, não justificou certos erros b ásicos de orientação geral de nosso esfor ço de guerra psicol ógica, entre os quais eu destacaria a intransigência do lema da "rendi ção incondic incondiciona ional". l". Estas Estas palavras palavras,, pronunc pronunciada iadass pela primeira vez nos meados de janeiro de 1943 em Casablanca, pelo ent ão presidente dos Estados Unidos, Franklin D. Roosevelt, podem ser consideradas o "slogan" propagandista mais célebre da Segunda Guerra Mundial. A insist ência com a qual os Aliados batiam a tecla da "rendi ção incondicional" dos alem ães, apresentada como conditio sine qua non da cessação das hostilidades, apenas podia ter como resultado imediato o de provocar irrita ção e resistência redobradas no seio desse povo, que àquela altura, já estava come çando a se compenetrar da inutilidade de continuar a guerra. Outrossim, serviu de excelente combustí vel vel para a já decrépita fogueira propagandista de Joseph Goebbels, fornecendo ao
última cartada de tentar pers persua uadi dirr o j á vacilante vacilante povo povo alemão, a "res "resis isti tirr até o fim". Foram considera considerações semelhantes que motivaram Golo Mann a taxar a guerra psicol ógica travada pelos Aliados, de "tremendo fracasso." Este pronunciamento, um tanto violento é, na minha opini ão, apenas parcialmente correto. Como discordei e discordo ainda quanto à solução proposta por Golo Mann naquela época, com a finalidade de tornar aceit ável para o povo alem ão a idéia da rendi ção, ou seja, uma promessa oficial aliada, de devolver à Alemanha o seu conteúdo territorial de 1936. Pareceme que fazer antecipadamente, com grande alarde propagandista, concess ões concretas ao povo alem ão, teria sido psicologicamente t ão errado como o foi a "vulgariza ção" da exigência contida no termo "rendi ção incondicional," ou a idéia de transf transforma ormarr a Alemanha Alemanha num estado estado essenc essencialm ialmente ente agr í cola, cola, ventila ventilada da pelo sinistro chefe da propaganda nazista o melhor trunfo na sua
chamado "Plano Morgenthau". Sou de opini ão que poder í amos amos ter tido muito maiores
êxitos em nosso esfor ço propagandista de acelerar o desmoronamento da resist ência alemã, se tivéssemos defendido em nossas emissoras as tr ês seguintes teses principais: 1.) Insistir na "rendi ção inevitável", ao invés de incondicional. 2.) Prometer aos alem ães que, quaisquer que fossem as futuras fronteiras de seu pa í s, s, não haveria, em circunst ância alguma, divis ão do seu territ ório. 3.) A ocupa ção militar da Alemanha do p ósguerra seria apenas tempor ária, e exercida pelas quatro quatro potências ncias aliadas aliadas E.U.A., E.U.A., U.R.S. U.R.S.S., S., Grã Breta Bretanha nha e Fran Fran ça em conjun conjunto. to. Tal orientação teria servido, entre outras, para aliviar os dois principais temores do povo alemão caso se rendessem aos aliados: o medo de se tornar uma na ção despedaçada, e o verdadeiro pavor de uma ocupa ção unilateral pelos russos. Estou, por ém, perfeitamente certo do fato de que, s ó entregando "a t í tulo tulo de garantia" Gibraltar e Alasca aos sovi éticos, poderiam os angloamericanos ter arrancado talvez o consentimento de Stalin ao
estabelecimento de um plano propagandistapol í ttico ico que obedecesse as linhas gerais acima expostas. Paradoxalmente por ém, um dos desacertos do esfor ço de propaganda aliado, ou seja, a afirmação antecipada da "imin ência do fim da guerra", n ão deixou de produzir resultados positivos. Com efeito, devido ao otimismo exagerado que inspirava, parece ter contribu í do do mesmo para um poss í vel vel afrouxamento dos Servi ços de Inteligência aliados, permitindo assim aos nazistas burlar a vigil ância exercida e concentrar praticamente "debaixo dos nosso nossoss narize narizes" s" um possa possante nte exército rcito mecaniza mecanizado do para para a surpreend surpreendente ente ofensi ofensiva va das Ardenas em dezembro de 1944. As dezenas de milhares de mortos e feridos que as for ças do Führer hrer sustenta sustentaram ram naquele naquele "Blitz" "Blitz" de desespe desespero, ro, eviden evidentem temente ente represe representara ntaram m um preju í zo zo praticamente irrepar ável para o j á exausto e drenado ex ército alemão. Se estas reservas se tivessem conservado intactas, em homens e material que perderam na jogada das Ardenas,
é licito presumir que os alem ães talvez pudessem resistir at é o fim de 1945.
Assim, um erro propagandista dos Aliados contribuiu, de certo modo, para encurtar a duração da guerra talvez de uns seis ou sete meses. O que vem demonstrar o car áter eminentemente imprevis í vel vel da guerra psicol ógica.
Capí tulo tulo VII RUMO AO LUXEMBURGO Aceito uma proposta para mudança de ambiente de soldado raso para "Major Assimilated Rank" do Departamento de Guerra Psicológica "Folies Berg
ère"
é ótimo espet áculo Dois membros da Resist ência abaixo de zero ainda é ó Francesa contam suas aventuras Charleville, pra
ça de guerra.
No dia 10 de setembro de 1944 fui chamado para uma conversa "a portas fechadas" no escrit ório do chefe de nossa se ção, que me esperava sorridente, entrincheirado, como de costume, atrás de uma montanha de pap éis, espalhados na sua escrivaninha. Ao seu lado, tamb ém sorridente, estava sentado o chefe da "American Broadcasting Station in Europe". Após as indagações e elogios de praxe, perguntaramme se eu estava disposto a seguir para o Luxemburgo, onde serviria dentro das fileiras do Departamento de Guerra Psicol ógica do exército norteamericano. Com as for ças aliadas
às portas do Reich, a nossa benquista
ABSIE estava se tornando, sen ão obsoleta, pelo menos insuficiente. Era mister agir, no setor propagandista o mais pr óximo poss í vel vel da Alemanha. Com Luxemburgo a nossa disposi ção, estávamos agora adaptando a sua possante esta ção para irradia ções do tipo "American Broadcasting Station in Europe" e tamb ém tomando as provid ências para que ela pudesse servir de retransmissora das esta ções alemãs que deveriam cair em nossas mãos. O cargo que, segundo os meus dois interlocutores me estava reservado, seria o da chefia da equipe de uns 30 redatores. Aceitaria? Refleti alguns momentos, antes de dar a resposta, pois me sentia bastante esgotado depois da minha estada de quase um ano na ABSIE. Logo em seguida respondi: "Sim." E quando poderia partir? "O mais brevemente possí vel". vel". O médico militar perante o qual fui chamado nove dias mais tarde, ou seja, tr ês dias após o iní cio cio do contraataque alem ão das Ardenas, ao concluir o exame de radiografia do meu joelho, disse: "Osteoartrite. O senhor est á autorizado a pedir a sua transfer ência para os Estados Unidos". Ao ficar ciente de que a minha inten ção não era voltar para Nova York, mas ao contr ário seguir para o continente europeu, ele s ó consentiu em fornecer o certificado de sa úde, se eu assinasse uma declara ção na qual me responsabilizava pelas conseq üências ncias porve porventu ntura ra causad causadas as por por meu meu joelho joelho,, que que se encon encontra trava va em prec prec árias condi ções. Cumprida aquela formalidade, bastava apenas aguardar a minha admiss ão oficial nas fileiras do PWD (13). Esta dependia de uma investiga ção adicional sobre a minha pessoa, pessoa, a ser realizad realizadaa pelo Departamento Departamento de Seguran Seguran ça do Exército e cujo resultado
positivo chegou dois dias antes do Natal. Meu aparecim aparecimento ento na redação da ABSIE, ABSIE, farda fardado do de ofici oficial, al, foi um aut aut êntico sucesso, especialmente entre as secret árias, que não se cansavam de brindarme com o meu recémadquirido posto de "Major". Contudo, aquele grau me havia sido dado, n
ão como
égios de um oficial daquela categoria, que me seriam reservados, caso fosse aprisionado pelos alem ães. Eis porque, na carteira de identificação que me foi fornecida pelo Departamento de Guerra em Washington, a minha designa ção de "Major" era seguida por duas palavras: " Assimilated Rank " (Grau assimilado). Por isso, tamb ém a minha t única não ostentava as folhas de carvalho douradas que são o sí mbolo mbolo de um major do ex ército. No entanto, estava adornada no ombro esquerdo com o distintivo do SHAEF (14) QuartelGeneral Supremo da For ça Expedicion ária Aliada. E, nas lapelas, com as duas flechas douradas em p é, sobre fundo preto, representativas do PWD. Assim mesmo, fiquei bastante satisfeito com a promo ção que significava aquela farda de oficial, relativamente à condi ção de soldado raso, que apenas um ano e meio antes me era reservada no acampamento da For ça Aérea de Miami Beach, na Fl órida. Foi um descuido dos m édicos militares, sobrecarregados e exaustos pela sua tarefa de examinar milhares de recrutas, que me abriu caminho para o ex ército regular dos Estados Unidos, Unidos, apesar apesar de uma anterior anterior e grave grave interven interven ção cirúrgica no joelho, praticada em conseq üência de ferimento sofrido numa queda, durante uma partida de t ênis. Após ter suportado durante tr ês meses a tortura que significava para o meu joelho o "treinamento b ásico" em Miami Beach, fui, contra a minha vontade, eliminado das fileiras Honorable Discharg Dischargee" (Despedi do exércit rcito, o, com o cost costum umei eiro ro " Honorable (Despedida da honrosa honrosa). ). O único ício benef í c io real que me resultou da perman ência no BTC 9 (15) foi certamente a perfei ção com a qual tinha aprendido a prestar contin ência. Assim preparado, pude mais tarde evitar muitos embara ços, pois sabia responder de modo impecavelmente profissional, as in úmeras sauda ções dirigidas à minha farda de oficial "assimilado" por pra ças e sargentos insuspeitos, durante a época em que permaneci no continente europeu. autenticamente militar, mas para garantirme os privil
Naquele fim de ano de 1944, em Londres, pareciame que o momento da partida para o meu novo destino nunca chegaria. Tive que enfrentar quase duas semanas mais, at
é
finalmente receber a minha ordem de partida. Na madrugada de 10 de janeiro de 1945, levando como bagagem um capacete, uma m áscara contra g ás e uma mala de lona cheia de roupas e miudezas, atravessei as ruas frias, escuras e cobertas de neve de Londres, rumo
à
estação de Knightsb Knightsbridg ridge. e. Posteri Posteriormen ormente, te, junto junto com um grande grande n úmero mero de coron coronéis, majores. majores. capitães e tenentes tenentes norteamerica norteamericanos, nos, assim como como alguns alguns oficiais oficiais e sargen sargentos tos
ônibus amarelo para o aeroporto. Ao chegar l á, os meus p és, não obstante as grossas botas militares que os protegiam, estavam congelados, duros. Por ém, o passeio obrigat ório pelas fileiras dos guich ês de controle de documentos logo normalizou a
franceses, parti num
minha temperatura. Um caf é com leite fumegante, agradavelmente cheiroso e servido por uma amável senhora, em uniforme da Cruz Vermelha, completoume a sensa estar. Outro ônibus nos levou
ção de bem
à pista, até a "boca" do nosso avi ão. Era um bimotor C 47 de
transporte, de cor fosca prateada, as asas cobertas por uma leve camada de neve. Durante as duas horas (aproximadamente) de v ôo até Paris, mantive uma conversa animada com o meu vizinho Roger, um sargento p áraquedista do estadomaior do Gen. Koening. Natural do sul da França, ficou content í ssimo ssimo ao saber que eu me formara em Direito pela Universidade de Montpellier, que fica perto da sua cidade natal, Nimes. Era com orgulho que ele ostentava no peito o distintivo das duas asas estendidas prova do seu alistamento volunt
ário nas
forças degaullistas antes de 1943. Falava com desprezo daqueles franceses que, comodamente instalados na Fran ça, tinham suportado passivamente a ocupa ção alemã. Entretanto, o maior desd ém de Roger era dirigido contra os chamados "oportunistas" ou "novosricos" que, s
ó agora, com o sucesso dos Aliados, come çavam a se alistar nas for ças
de De Gaulle. Gaulle. Exibiam Exibiam,, assim assim me disse Roger Roger,, reluzen reluzentes tes Cruzes de Lorena Lorena e farda fardass novinhas em folha, imaculadamente passadas. O velho degaullista Roger, ao contr ário, orgulhavase bastante de sua farda gasta, obviamente folgada demais para ele, coroada de um béret (16) de p áraquedista em igual estado de conserva ção. "Je suis fi ère de cette ma livrée" (Estou orgulhoso desta minha farda de servi ço) disse ele, separando as s í labas labas no seu caracter í stico stico sotaque meridional. Encontrei uma Paris escura, fria, maltrapilha, mas praticamente isenta de vest í gios gios de destruição. Os esqueletos empretejados de dois hangares no aeroporto, sinais de balas nas parede paredess do Minist Ministério da Marinha na Pra ça da Concórdia, rdia, uma uma ou outra outra estátua desaparecida, foram algumas das poucas anormalidades que pude constatar. Para algu ém amplamente familiarizado com os quarteir ões inteiros em ru í na, na, ao redor da Catedral de São Paulo em Londres, o contraste era not ável. Apesar, por ém, do seu aspecto exterior incólume um tanto chocante pela aus
ência de luta e resist ência que parecia indicar a
capital francesa n ão era a Paris que conheci durante as minhas viagens em 1934, 1936 e mesmo às vésperas da guerra, em 1938. Era, realmente, uma outra cidade. Enquanto na capital britânica, apesar do "Blitz" e da Luftwaffe, das bombasvoadoras e das V2, a vida seguia um ritmo praticamente inalterado, Paris parecia uma cidade morta, ainda traumatizada pela vergonha dos quatro anos de ocupa ção nazista. Os quase cinco meses que tinham passado desde o dia 25 de agosto de 1944, data da liberta ção da cidade, não tinham sido suficientes para apagar os vest í gios gios do choque moral da derrota sofrida. Era a intacta Paris e não a machucada Londres, que parecia uma cidade derrotada. A brancura imaculada da neve, que em camada espessa cobria as ruas da "Cit é Lumière" realçava ainda mais a hediondez dos seus pr édios em abandono. A
única nota alegre alegre,, na apar aparência, ncia, daqu daquela ela urbe urbe entris entristec tecida ida,, eram eram os in úmero meross bando bandoss de moças
risonh risonhas, as, traj trajand ando o meias meias grossa grossass e comp comprid ridas, as, de cor preta preta ou amar amarela ela,, e os mais mais extravagantes extravagantes chap éus que que eu jamais jamais vira. vira. O pitor pitores esco co contr contras aste te entre entre a simpli simplicid cidad adee exag xagerad eradaa das das meia meiass tipo tipo espo esporte rte e a eleg eleg ância ncia não menos menos exage xagerad radaa dos dos chap chap éus multicores, acompanhados pelo comportamento ruidoso das mo ças, não somente contribuí ram ram para dissipar os pensamentos melanc ólicos do visitante estrangeiro, mas eram os sí mbolos mbolos eloq üentes da vitalidade intr í nseca nseca do povo franc ês. Exuberantes no excesso de energia, energia, muitas muitas das jove jovens ns parisiens parisienses es levar levaram am a sua algazarr algazarraa at é
à Avenida Champs Elysées, cujo ambiente outrora t ão granfino se viu agradavelmente refrescado pelo ru í do do de inúmeras meras e renhi renhidas das batalh batalhas as de neve neve femi feminin ninas, as, nas nas quais quais com com freq freq üência ncia se viram viram envolvidos tamb ém grupos de soldados norteamericanos. Igual a Londres, Paris tamb ém regurgitava de uniformes ianques. Certos lugares, especialmente a "Place de l'Op éra" e o quarteirão ao redor da igreja da Madeleine pontos preferidos das mundanas parisienses, pareciam à noite, uma r éplica autêntica ntica do tumultu tumultuoso oso vaie vaieve vem m de unifo uniformes rmes norte americanos no campo de recrutas de Fort Dix. Apesar do alto poder aquisitivo do d ólar (custo oficial de cerca de 60 francos e no mercado negro, entre 1 200 e 1 500 francos) e dos ma ços de cigarros de fabrica ção norte americana (100 francos, ou seja, a metade do custo de um p éssimo almoço), faltavam oportunidades para compras interessantes devido à carência de mercadorias nas lojas. J á alguns alguns meses meses depois, depois, as coisas coisas deve deveriam riam mudar mudar.. Apareceri Apareceriam am ent ão, diant diantee das das lojas lojas suntuosas de Guerlain, Channel e outros "grandes" da ind ústria de perfumes, as mesmas filas intermin áveis de uniformes norteamericanos, que em Londres entupiam as adjacências dos distribuidores dos cachimbos Dunhill, Barling, e outros da fama mundial. Igualmente, alguns meses mais tarde, surgiriam os ve í culos culos por mim batizados "jinriquix ás bicicletas" e cuja presen ça ef êmera nas ruas desguarnecidas de transportes mecanizados, davam a Paris um curioso "qu ê" de metr ópole chinesa. Este meio de transporte, movido exclusivamente a for ça humana, consistia num carrinho estreito, em forma de barquinho, semelhante a um "sidecar" de motocicleta, cabendo dentro de sua cobertura de celofane, no máximo duas pessoas. Engatada na frente, como um cavalo, achavase uma bicicleta, cujo
ótima tima musc muscula ulatu tura ra e de um perfe perfeito ito "sexto "sexto sentid sentido" o" para para descob descobrir rir fregueses abastados, cobrava cada pedalada a peso de ouro. Al ém desses chamados "velo táxis" havia tamb ém carruagens puxadas a cavalo e equipadas com tax í metros. metros. Durante uns
dono, dono, dotad dotado o de
dias de folga que posteriormente passei em Paris, cheguei a pagar por uma corrida de uns sete minutos efetuada num daqueles t áxis de apenas 1HP, a soma de 400 francos, ou seja, o equivalente ao pre ço, naquela época, de um len çol de cama de solteiro ou de um quilo de caf é moí do do ou de quatro litros de querosene ou de dez copos de limonada. Apesar da ganância dos seus condutores, tanto os "velot áxis" como os "táxisacavalo"
ônibus e automóveis de aluguel, um aut êntico serviço público. Felizmente para os oper ários e para os empregados, os trens subterr âneos desempenhavam naquela Paris desprovida de
estavam funcionando. Apesar dos seus carros cronicamente superlotados, cheguei a me servir servir freqüentemen entemente te desse desse meio de transport transportee durante durante os curtos curtos per í odos odos de licen ça passados em Paris. Em primeiro lugar, devido
à sua rapidez. Em segundo, por serem de
graça: isto porque as mo ças fiscais (encantadoras com seus gorros azuis) se recusavam terminantemente a furar os bilhetes de viajantes fardados. Meu embarque para Luxemburgo num jip
ão militar estava marcado para a
madrugada de 13 de janeiro de 1945. N ão queria deixar Paris sem assistir a um "show" no Folies Bergère. Experi ência assaz pitoresca, como quase tudo naquela
época na capital
francesa. A tradicional sala de espet áculos, superlotada como sempre, mostrava paredes descascadas e outros sinais evidentes da aus ência total de conserva ção devido aos anos de guerra e ocupa ção. Num esforço aparentemente in útil para amenizar o frio "de rachar" reinante na sala de espet áculos, com o seu sistema de aquecimento paralisado devido
à
impossibilidade de obter combust í vel, vel, os espectadores, entre os quais grande n úmero de soldados, oficiais e enfermeiras norteamericanos, quase sem exce ção vestiam pesadas capas de inverno. Todos os membros da orquestra tinham seus pesco ços envoltos em xales de lã, e muitos deles vestiam pul ôveres debaixo dos smokings de cor cinza. Com os dentes batendo e esfregando os p és, assisti com admira ção e entusiasmo, ao desfile deslumbrante das moças do "nu art í stico", stico", cuja presen ça marcava o ponto culminante de um espet áculo riquí ssimo ssimo em di álogos espirituais, sem vulgaridades, assim como vestu ários suntuosos e cenários originais. Nada melhor que a atitude estoicoher óica das mo ças do nu artí stico stico naquele ambiente de p ólo norte do Folies Berg ère ainda em guerra, para ilustrar o esp í rito rito inquebrant ável da gente do teatro e a sua determina ção em nunca falhar na apresenta ção do espetáculo, fossem quais fossem as circunst âncias. "The show must go on." Ao iniciar viagem no dia seguinte, verifiquei que os meus companheiros, al ém do soldado condutor do robusto "jip ão" de cor verde, com a grande estrela branca do ex ército no capô achatado, estavam dois sargentos norteamericanos. Outro passageiro um capit
ão
último instante, o que representava, para uma viagem de umas doze horas, uma benvinda sobra de espa ço vital. Saí mos mos com atraso, um pouco depois das 9 horas da manh ã, rumo à Bélgica, com destino final em Luxemburgo. Depois de atravessar, de infantaria desistira no
mais roncando do que correndo, as ruas da capital francesa, embranquecidas de neve, o jipão, já desenvolvendo velocidade regular, enveredou pela estrada coberta de neve, cercada por fileiras fileiras intermin intermináveis veis de
árvores rvores embran embranquec quecidas idas pela geada. De vez vez em quando quando passávamos volumosos caminh ões do ex ército, cujo ronco ensurdecedor chegava a abafar momentaneamente o ru í do do nada desprez í vel vel do nosso ve í culo. culo. Quanto mais nos afastávamos de Paris, mais autom óveis tombados e enferrujados guarneciam os dois lados da estrada. A maior parte desses "carrosesqueletos" estava parcialmente submersa em baixo de uma camada de neve.
Na entrada entrada de muitas muitas aldeias aldeias que atravessa atravessamos mos,, erguiam erguiamse, se, nas mais bizarras posições, como sentinelas sinistras, tanques alem ães enferrujados, semicobertos de neve. Embora a maioria das povoa ções não mostrassem sinais de dano ou destrui ção, havia algumas repletas de ru í nas nas embranquecidas. Parecia que a neve, com o seu manto branco de enfermeira, tentava, num gesto de miseric órdia, cobrir os rastos da guerra. Rastos por sinal já um tanto antigos, pois a regi ão de Thionville e Reims, da qual nos aproxim ávamos, fora conquistada pelas tropas norteamericanas quase meio ano antes. Em Thionville, o restaurante "La Girafe" nos brindou com um delicioso almo ço, constitu í do do de bife bifess sucul suculen ento tos, s, batata batatass fritas fritas e quei queijo jo Camem Camember bert. t. No bar bar daqu daquele ele estabelecimento, estabelecimento, fiquei conhecendo o leiteiro de Thionville, Thionville, um velho franc ês que desempenhara papel preponderante no movimento subterr âneo da Resist ência FF1 (17). Por meio de um receptortransmissor, escondido na sua modesta moradia, o leiteiro agente secreto manteve, durante a ocupa ção nazista, contato constante com a Inglaterra. Certas noites, em hora previamente combinada, o velho patriota franc ês dirigiase a um campo vizinho, vizinho, onde aguard aguardav avaa o piscar piscar duplo duplo de uma luz vermelh vermelha, a, anuncia anunciando ndo a chegad chegadaa iminente de um avi ão britânico do qual ca í am am páraquedas guarnecidos cada um com 20 pistolas autom áticas. Estas armas, t ão vitais para as for ças da Resistência, o leiteiro as recolhia, fazendoas chegar por meio de uma engrenagem complicada a Paris. Outro feito do qual se vangloriava o velho leiteiro era o de ter contribu í do do para a morte de tr ês soldados alem ães. Ao observar a velocidade incr í vel vel que desenvolviam os ve í culos culos da Wehrmacht na sua fuga diante do avan ço dos Aliados, certo dia o velho cavou um profundo buraco no cal çamento de uma das principais ruas da cidade. N ão demorou muito para que um carro carro milit militar ar alem alem ão, em veloc elocid idad adee m áxima, xima, caí sse sse na armadilha armadilha sabidam sabidamente ente camuflada por algumas pedras, morrendo na capotagem espetacular todos os seus tr ês ocupantes. Tive que usar todo o meu talento diplom ático para explicar ao meu interlocutor, sem ferir a sua susceptibilidade, as raz ões imperiosas que me impediam de aceitar o honroso convite para visitar sua casa. E foi assim que parti de Thionville sem ver os dez páraquedas de pura seda (valendo naquele tempo a soma apreci
ável de 40.000 francos
cada) que o patriota guardava como lembran çatrof éu, inve investi stimen mento to de suas perigosas perigosas atividades de her ói da Resist ência Francesa. Em Reims, paramos para visitar a Catedral. N ão estávamos com pressa, pois, com o
à noite, decidimos de comum acordo, pernoitar em Charleville, na B élgica. da qual nos separavam ainda uns 90 quil ômetros. A Catedral de Reims, obraprima de estilo g ótico, datando do s éculo XIII, apresentava um aspecto assaz curioso, talvez único em toda a sua longa exist ência, pois estava envolta, at é quase o cume de suas duas torres de cor cinza, de uma esp écie de gigantesca muralha chinesa, formada fim de evitar a chegada a Luxemburgo
por fileiras e fileiras de sacos de areia protetores. Apesar desse cuidado, houve alguns estragos. Constatei, na parte superior da fachada de pedras do edif í cio, cio, a falta de algumas daquelas finamente cinzeladas figuras de santos e uma pequena ala fora consumida pelo fogo. No interior, por ém, tudo estava intacto. A aus ência de um dos grandes vitr ôs de colora ção e desenhos magn í ficos, ficos, deviase (assim nos foi explicado), n ão ao fato de ter sido quebrado, mas porque fora, em raz ão de seu alt í ssimo ssimo valor art í stico, stico, propositalmente retirado pelas autoridades eclesi ásticas. O vento infernal, que constantemente entrava pela abertura, contribu í a para baixar ainda mais a temperatura reinante, j á inconfortavelmente baixa no interior da Casa de Deus, onde estava sendo celebrada uma missa de s étimo dia. Entre as finas arcadas, que no cume da ab óbada gótica alcançavam a altura de uns 40
úmero de parentes e amigos do morto an ônimo, assim como meia d úzia de soldados americanos em jaqueta de campanha e capacetes de a ço, reduzidos todos a uma insignific ância total e absoluta. metros, achavase um pequeno n
à
Como a fama da cidade de Reims é devida não somente à sua Catedral, mas tamb ém sua champan champanhe, he, tentamo tentamos, s, bons turistas turistas que pretend pretend í amos amos ser, ser, adquirir adquirir pelo menos
algumas garrafas daquela bebida celeste. Por ém, apesar de um dos nossos sargentos ter previdentemente levado consigo uma caixa inteira de garrafas de champanhe vazias (para receber uma garrafa cheia era obrigat ório, devido à aguda falta de vidro, entregar, al ém da importância em dinheiro, tamb ém outra vazia), nosso esfor ço foi inútil. Estávamos já na tarde de sábado e as lojas se achavam inexoravelmente fechadas. Fiquei sem a champanhe, mas em compensa ção travei conhecimento com um capit ão francês que me contou algumas das experi ências que vivera durante o ano e meio em que fizera parte dos " Maquis". Moço ainda, a cor r ósea do seu rosto liso contrastava com as linhas atrevidamente enérgicas rgicas de seu delgado delgado perfil e com a desmesur desmesuradam adamente ente grande pistola pistola que trazia trazia
á sem amargura as priva ções que tiveram de passar os componentes dos " Maquis " durante a sua luta subterr ânea com os nazistas. No inverno haviam sofrido terrivelmente devido à falta de roupas adequadas. Havia tamb ém uma uma escass escassez ez crônica nica de arma armass e muni munições. Assim Assim mesmo mesmo,, raram raramen ente te deix deixar aram am de desem desempen penhar har a sua sua taref tarefaa de intim intimida ida ção e repr repreesália contra contra aqueles aqueles elemento elementoss da popula ção france francesa sa que, que, por cova covardi rdia, a, como comodis dismo mo ou simple simplesm sment entee por dinhe dinheiro iro,, se deixaram levar à colabora ção com as autoridades nazistas. Quando, por volta da meianoite, o ruí do do furioso de um autom óvel passando em alta velocidade despertava os habitantes de um lugarejo qualquer, eles cochichavam meio respeitosos, meio atemorizados: "L á vão os Maquis". Só os " Maquis" e os alemães possu í am am gasolina. Em geral, as expedi ções estavam a cargo de 4 a 5 homens armados at é aos dentes. Alguns dos reides do grupo ao qual pertencia o meu interlocutor destinavamse a efetuar a "convers ão" do prefeito de uma aldeia cujo af ã em colaborar com os nazistas era not ório. Num desses casos, depois de ter dependurada na cintura. Contava agora j
sido o prefeito advertido duas vezes pelos " Maquis " por mensagens escritas, uma noite foram procur álo, de autom óvel. Durante duas horas os rapazes tentaram faz êlo mudar de opinião, ameaçandoo, caso contr ário, de fuzilamento. Tudo foi debalde, pois o prefeito filonazista insistia na sua atitude desastrosa. Uma noite, alguns mo
ços dos " Maquis", entre
os quais se achava o meu interlocutor, irromperam na resid ência do prefeito recalcitrante, fuzilandoo na presen ça da esposa e do seu jovem filho. "Foi terr í vel", vel", disse o capit ão, "mas não tivemos alternativa. T í nhamos nhamos que agir rapidamente." Quanto ao tratamento dispensado aos franceses uniformizados pertencentes às forças de ocupa ção nazistas, o castigo variava conforme a sua categoria: ridiculariza ção para os gendarmes e execu ção sumária para os milicianos (civis uniformizados pelos nazistas e encarregados da tarefa de intimida ção contra os seus patr í cios). cios). O castigo favorito para os gendarmes prisioneiros consistia em despilos, mandandoos de volta, vestidos apenas de cuecas. Numa ocasi
ão, 20 gendarmes
apanhados pelos " Maquis " numa cidade tiveram de sofrer esse castigo degradante. "Foi uma verdadeira humilha ção coletiva", disse rindo o capit ão, "porém, ainda assim, bastante preferí vel vel à sorte que reserv ávamos aos milicianos". Ao irrompermos numa aldeia, a nossa primeira tarefa era geralmente a de "catar" os milicianos em suas casas e lev álos à praça pública, onde eram obrigados a se despirem, sendo em seguida sumariamente fuzilados. Cartazes pregados na parede da casa diante da qual tombavam continham a enumera ção dos delitos por eles cometidos. Como é comum em épocas de grandes transtornos, existia tamb ém o elemento pitoresco na atua ção dos " Maquis". Assim, enquanto os agricultores pobres eram despojados apenas de algumas galinhas, os fazendeiros e comerciantes que se haviam enriquecido no mercado negro de ma çãs ou demais produtos de alimenta ção eram obrigados, sob a mira dos rev ólveres, a entregar todo o seu lucro em dinheiro. Uma vez de posse do monte de notas cuja soma passava freq üentemente de meio milh ão de francos, o "mercadonegrista" era convidado a acender o fogo na lareira e em seguida assistir
à queima
do seu dinheiro, atirado às chamas pelos rapazes dos " Maquis ". "Nossa intenção era apenas castigar os que se dedicavam ao c âmbio negro, e n ão de levar para n ós o lucro daquele comércio ilí cito" cito" explicou o capit
ão.
Voc ês chegaram tamb ém a fuzilar mulheres? perguntei. Sim, tamb ém mulheres. No entanto, na maioria dos casos, n ós nos content ávamos apenas em rasparlhes os cabelos. Houve muitos casos de histerismo durante os fuzilamentos? N ão. Quase todos souberam enfrentar a morte de maneira corajosa. Inclusive as mulheres. O capitão teria contado muito mais de suas experi ências, mas a buzina do nosso jipão me obrigou a terminar a entrevista extempor ânea. Ao deixar a cidade de Reims o jip ão desliza deslizava va contente contente atrav atrav és da planí cie cie cober coberta ta de neve neve que, que, impr impress essio ionan nante te na sua
é o infinito. Quanto mais perto cheg ávamos de Charleville, maior n úmero de autom óveis de todos os tipos jaziam retorcidos e enferrujados à beira da estrada. Um tanque alem ão, com a pintura um tanto apagada, mas ainda em perfeito perfeito estado estado de conserva conservação, despertou despertou meu interess interessee devido devido à posição em que se encontrava: virado para baixo, como se tivesse dado uma cambalhota. "Acontece às vezes durante ataques a éreos devido à desloca ção do ar", explicou um dos sargentos. monotonia, parecia estenderse at
Duas vezes tivemos que parar, a fim de exibir os nossos documentos em postos rodoviários guarnecidos pela pol í cia cia militar. Um ligeiro exame, seguido de contin ência
à minha farda de oficial, e a viagem continuava. Eram aproximadamente cinco horas da tarde, quando, passando pelos arredores de Mezi ères, entramos em Charleville, cidadezinha de uns 20.000 habitantes, com aspecto aut êntico de praça de guerra, por se
dirigida
achar repleta de soldados norteamericanos, todos trajando uniformes de campanha. A alguns quil ômetros desse lugarejo do norte da Fran ça, encravada no departamento das Ardenas, come çava a linha avan çada da frente de combate. A batalha das Ardenas, apes apesar ar de já ofere oferecer cer vantag vantagem em definitiv definitivaa aos Aliados, Aliados, ainda ainda estava estava sendo sendo travad travada. a. Ignor ávamos que, precisamente no dia da nossa chegada, ou seja, a 13 de janeiro de 1945, tropas do V Corpo do Ex ército norteamericano tinham iniciado um ataque contra o flanco das posições alemãs, a leste de Houffalize, ou seja, a uns 80 quil ômetros de Charleville. Foi em Houffalize que, semanas mais tarde, devia ser efetuada a jun ção entre as tropas do I e III exércitos rcitos norteame norteamerican ricanos, os, comandad comandados os respecti respectiva vamen mente te pelos pelos generai generaiss Courtne Courtney y H. Hodges e George S. Patton. O conjunto destes dois ex ércitos constitu í a o XII Grupo de Exército Norteamericano, comandado pelo Gen. Omar Bradley e desempenhara papel vital em todas as fases da conquista da Alemanha. Um tenente que pertencia ao Corpo de P áraquedistas, que encontrei logo depois do jantar no Hotel Astor, e um pouco antes do toque de recolher das 9 horas da noite, preveniu me com insist ência contra os riscos que corr í amos amos com o nosso ve í culo, culo, se porventura n ão parássemos ao primeiro sinal de "alto". A ordem que tinham os soldados era de atirar primeiro e perguntar depois. S í mbolo mbolo expressivo da ferocidade com a qual estava sendo travada a batalha das Ardenas, foi a confiss ão do tenente p áraquedista, de ter ele morto a sanguefrio, soldados alem ães que, com as m ãos erguidas, estavam caminhando em dire ção
às linhas norteamericanas. " Às vezes disseme o tenente deix ávamos passar um ou outro outro ileso ileso,, para para os demai demaiss criar criarem em corag coragem em.. Quand Quando o ent ent ão se forma ormava um grupo grupo substancial de "Krauts"(18) prontos a se entregarem, descarreg ávamos os nossos fuzis e n ão cessávamos de atirar at é vêlos todos estendidos no ch ão. Não estávamos fazendo outra coisa senão vingar a mem ória de inúmeros dos nossos rapazes mortos daquela mesma forma pelos pr óprios alemães."
Deixamos Charleville às quatro da madrugada. Tivemos que passar por in úmeros postos de controle onde os guardas invariavelmente pediam a contrasenha. Respond í amos, amos, conforme era verdade, que a ignor ávamos, pois est ávamos apenas de passagem, viajando para para Luxe Luxemb mbur urgo. go. Depois Depois que que o motor motoris ista ta exibia xibia os docum document entos os,, semp sempre re t í nhamos nhamos permissão para prosseguir. O jip ão nos levava velozmente atrav és de povoações em ruí nas nas e cobertas de neve, por entre vastas florestas, cujos milhares de
árvores davam a ilus ão de
estarem executando uma esp écie de dança elegante, devido ao movimento de suas copas cobertas de neve num cont í nuo nuo giro ilus ório. Antes de chegarmos
à histórica cidade de
Sedan, atravessamos, pela segunda vez naquela viagem, o rio Mosa. Em Charleville, onde o encontramos pela primeira vez, era um tanto estreito e sujo, mas em Sedan j
á se mostrava
mais mais impon imponen ente te no meio meio da desol desolaa ção
árida rida da pais paisag agem em que que o cerc cercaava e que que se caracterizava por pontes desmoronadas, ru í nas nas e casas derrubadas. Naquela mesma regi ão tamb ém se travara uma batalha das Ardenas, logo no in í cio cio da Primeira Guerra Mundial e cujo pontochave era exatamente aquele rio de aspecto um tanto decepcionante. Foi l á que, em 27 de agosto de 1914 o Gal. De Longle de Cary, comandante do IV Ex ército francês, deu a ordem hist órica: "Os alemães t êm que ser recha çados para dentro do rio Mosa." Nas vizinha vizinhan nças de Sedan Sedan encon encontra tramo moss algum algumas as casam casamata atass da c élebre lebre Linha Linha Maginot; e, já na cidade, tivemos que nos submeter ao costumeiro controle de documentos pela pela polí cia cia militar. militar. O aspecto aspecto geral daquela daquela urbe hist hist órica era bastante bastante entristec entristecedo edor, r, devido ao relativamente grande n úmero de seus pr édios danificados ou em ru í nas. nas. Foi a batalha de Sedan de 1 . de setembro de 1870 que selou a sorte do Segundo Imp ério Franc ês. Principalmente devido à confus ão reinante entre o alto comando franc ês e por terem os seus o
generais subestimado as for ças alemãs concentradas na regi ão, foi que um poderoso ex ército francês de uns 100.000 homens caiu na armadilha mortal preparada pelo inimigo, levando o Imperador Napole ão III a içar ali a bandeira branca, e alguns dias mais tarde abdicar do trono da Fran ça. A uns quinze quil ômetros da cidade atravessamos a fronteira belga, marcada pelas palavras "Doane... Toll" (alf ândega), na parede de suas guaritas, agora totalmente vazias. Passar sem mais nem menos por este posto, normalmente guarnecido por equipes de fiscais aduaneiros, temidos pela sua implic ância, era uma das poucas vantagens auferidas por uma viagem em tempo de guerra. Quanto mais nos aproxim ávamos de Luxemburgo, maior era o número de comboios motorizados que encontr ávamos. Caminh ões de cor marromverde repletos de soldados, em traje de combate, prensados uns contra os outros, os rostos rubros de frio e as costas abrigadas por cobertores amarelos. Nos radiadores de muitos dos caminh ões, assim como dos outros ve í culos, culos, tremulavam bandeirolas formadas por restos de páraquedas de cor lil ás rosada, servindo assim, de ponto de refer ência aos nossos avi ões, a
fim de evitar malentendidos fatais. Alguns dos jipes traziam, na frente, varas de a
ço
verticais, cuja altura se elevava bastante acima da capota do ve í culo. culo. Serviam para cortar os fios de arame que os nazistas, sabedores de que os jipes militares andavam freq üentemente com o párabrisa abaixado, costumavam estender atrav és das estradas. Bom n úmero de oficiais e soldados aliados tiveram suas cabe ças arrancadas por esta cilada diab ólica dos alemães. A paisagem pela qual deslizamos era de uma triste monotonia, intercalada por um semn úmero de povoa ções cuja rua principal apresentava sempre as mesmas casas de cor cinzenta ou esbranqui çada e manchadas de lama, e os invari áveis destroços de automóveis e tanques, muitos deles meio soterrados pela neve, na beira da estrada. Afinal, pelas 8 horas da manhã, um aglomerado de pequenas torres sobressaindo
à distância, da brancura da
neve, nos anunciava que t í nhamos nhamos alcan çado a cidade de Luxemburgo.
Capí tulo tulo VIII DA "RÁDIO LUX" PARA A ESTAÇÃO SECRETA Meu trabalho em Luxemburgo é radicalmente diverso do que me pintaram em Londres Luxemburgo é ainda praça de guerra Elyena e Zoya contam suas aventuras como trabalhadorasescravas de Hitler Uma visita providencial.
Todos os que j á tiveram ensejo de participar de uma guerra, certamente conheceram, pelo pelo meno menoss uma uma vez, ez, a sens sensaa ção desagr desagrad adável vel de se encontra encontrarem rem tempora temporariame riamente nte "perdidos". A gente sai com ordens minuciosas, burocraticamente perfeitas, mas ao chegar ao lugar de destino, o oficial a quem estava endere çada a mensagem j á se mudou ou
üentemente com ele, todo o seu estadomaior. Por outro lado, quando se é feliz em encontr álo, ele est á de tal maneira preocupado com os afazeres do momento que, após ler superficialmente o documento encontra um pretexto qualquer para despistar o portador, alegando que a decis ão será tomada "mais tarde". Foi justamente isto o que me respondeu o capit ão ao qual entreguei as ordens que portava, destacandome, de forma geral, para "servi ços na Rádio Luxemburgo". Depois de insistir durante alguns dias, fui finalmente encaminhado aos escrit órios do Coronel encarregado da chefia daquela emissora, denominada, em sua forma coloquial, "R ádio Lux". desapareceu e freq
Tive logo duas desagrad áveis veis surpresa surpresas: s: em primeiro primeiro lugar, lugar, ao inv inv és dos trinta redatores prometidos pela dire ção da ABSIE, encontrei apenas tr ês; em segundo lugar, aquele punhado de sargentos poliglotas que l á se achavam, encontravamse estritamente limitados à tarefa de tradu ção. Em outras palavras, ao inv és de, baseados em not í cias cias fornecidas pelas ag ências noticiosas escreverem um "show", estavam simplesmente traduzindo do ingl ês para o alem ão um boneco escrito naquela l í ngua ngua por um redator norte americano. Assim sendo, a tarefa da qual me achava incumbido seria a de supervisionar os três rapazes do ex ército no seu trabalho, e zelar para que em circunst ância alguma se desviassem do texto fornecido, corrigindo tamb ém quaisquer erros idiom áticos da lí ngua ngua alemã. Sem com isto desmerecer a nobre arte da tradu ção, tenho a dizer que nunca me agradou esse ramo de atividade. Sou, tanto por forma ção como por inclina ção, muito mais propenso a expressar, com maior ou menor facilidade, os meus pr óprios pensamentos, do que dedicarme
à reformula ção de idéias alheias. Tanto assim que, o que mais me sustentou
durant durantee a tempo temporad radaa das das bomb bombas as V1 e V2 em Londr Londres, es, foi preci precisa same mente nte o fato fato de
desfrutar, no desempenho de minhas fun ções de redatorchefe da se
ção de not í cias cias da
ABSIE, de tamanha liberdade de express ão e de a ção, que atingia praticamente uma plena autonomia. Com a finalidade de me livrar, na medida do poss í vel, vel, das preocupa ções, dediquei cada minuto do meu tempo livre a passeios pelas ruas da cidade onde os caprichos da guerra me haviam lan çado. A cidade de Luxemburgo, capital do pequeno pa í s do mesmo
época com uns 60.000 habitantes. Ela teve a sorte de, apesar de sofrer a guerra e a ocupa ção nazista, poder conservar praticamente intacto o seu valioso ícios patrimônio dos edif í c ios históricos, enfeitados de torres medievais de aspecto pitoresco, assim como seus pr édios residenciais, um pouco antiquados, mas de constru ção e linhas sólidas. Uma das caracter í sticas sticas preponderantes do povo de Luxemburgo é um pronunciado senso de independ ência, o qual se reflete no tradicional lema: Mir w ölle bleiwe, wat mer sin
nome contava naquela
(19) (19) Apesar de terem encontrado alguns traidores colaboracionistas colaboracionistas luxemburgueses luxemburgueses recrutados essencialmente nas classes m édia e abastada, os alem ães, mesmo depois de terem efetuado uma reforma total no sistema de ensino do Luxemburgo em moldes nazistas, nunca conseguiram conquistar o esp í rito, rito, e muito menos as simpatias do povo daquela pequena nação que, em surdina, cantava: Es geht alles vor über, es geht alles vorbei im November, im Dezember ass ke Preise me' hei... (20). O "prussiano", no entanto, n ão se contentou em permanecer apenas "at é o fim do ano". E, caso n ão tivesse sido libertado o resto do continente europeu do dom í nio nio nazista, voluntariamente ou n ão o Luxemburgo acabaria sendo definitivamente incorporado ao Terceiro Reich. Os nazistas, ali ás, tinham elaborad elaborado o grandios grandiosos os planos planos para o pequeno pequeno pa í s, s, que oportuname oportunamente nte devia servir de junção para uma projetada e modern í ssima ssima autoestrada, ligando Londres a Berlim, num triângulo de comunica ções altamente importante. Quanto
à cidade de Luxemburgo, iria ser
completamente reconstru í da da e modernizada, de modo a poder agrupar dentro dos seus limites municipais uma popula ção quatro vezes maior ou seja, uns 250.000 habitantes. Porém, felizmente para a Europa e o mundo, a grandiosa rodovia hitlerista, cujo objetivo principal seria o transporte f ácil dos conquistadores nazistas de ponta a ponta numa Europa por eles escravizada, nunca se materializou. Os pacatos e simp áticos habitantes da cidade de Luxemburgo. passeando naquele dia de janeiro de 1945 pela Avenue de La Libert é, contemplando as fotografias da ent ão grã duquesa Charlotte e do Pr í n ncipe cipe Jean, expostas em todas as vitrinas, j á começavam a se esquecer de que apenas alguns meses atr ás aquela via principal ainda se chamava "Adolph Hitler Strasse". O que, porém, não podia ser eliminado muito facilmente era a lembran ça que evocava um pr édio imponente, perto do correiogeral. chamado "Vila Pauli", antigo
ãos de Luxemburgo que, ao erguerem a vista para as quatro torres que guarnecem aquele pr édio de aspecto sinistro, quartelgeneral da temida "Gestapo". Poucos eram os cidad
podiam evitar um arrepio. fora ali que muitos dos seus familiares e amigos tinham sido
às mais cruéis torturas e vexames. Apesar de ter, com a entrada das tropas norteamericanas, se livrado do pesadelo da ocupa ção nazista, Luxemburgo ainda permanecia, naquele m ês de janeiro de 1945, uma aut êntica praça de guerra. Ao norte da cidade, perto de Echternach (cidadezinha luxemburguesa encostada à fronteira alem ã, a uns 30 quil quilômetros metros da capital), capital), conting contingente entess norteame norteamerican ricanos os estavam estavam travan travando do renhidos renhidos combates com tropas alem ãs, concentradas nas proximidades do pequeno Bitburgo. Pelo lado ocidental de Luxemburgo, numa dist ância de apenas 47 quil ômetros, o ex ército ianque estava empenhado numa s érie de combates cuja finalidade era deslocar os alem ães, da
submetidos
cidade de Trier. Tanto as a ções bélicas ao redor de Bitburgo como de Trier eram apenas preparat órias para a futura investida maci ça das tropas do Gen. Patton, cuja intensifica ção deveria ser aumentada de dia para dia, a fim de culminar na ruptura total das linhas inimigas rumo a Coblen ça. Por ocasi ão da minha chegada ao Luxemburgo, por ém, e durant durantee algum algum temp tempo o ainda, ainda, a situa situa ção do III Ex ército rcito norteame norteamerican ricano, o, lutando lutando nas vizinhan ças daquele pa í smirim, smirim, permanecia ainda em pleno fluxo. Circulavam boatos de que estava estava sendo sendo prepara preparada da pelos pelos alem ães uma contraofensiva de grandes propor ções contra a cidade de Luxemburgo. Outros boatos, n ão menos intensos, diziam estar a cidade repleta repleta de francoa francoatira tiradore doress que se teriam teriam infiltrad infiltrado o atrav atrav és das das noss nossas as linh linhas as com com a intenção de semear o p ânico tanto entre a popula ção civil como entre a numerosa guarni ção militar ianque. Confesso que, durante os primeiros dias da minha estada em Luxemburgo, experimentei uma sensa ção assaz desagrad ável apesar do pesado capacete de a ço na cabeça com a expectativa pouco animadora de ser atingido a qualquer instante por uma bala traiçoeira vinda de uma das milhares de janelas das ruas. Sensa ção semelhante, mas em proporções bem mais elevadas, eu devia experimentar alguns meses depois, durante os meus freqüentes passeios a p é, através de cidades e aldeias do territ ório alemão recém conquistado. Nunca cheguei a ser diretamente alvejado, por ém os freqüentes estalos e disparos de carabina ou de pistola, de origem ignorada, fizeramme estremecer de susto, mais de uma vez. Havia na cidade de Luxemburgo, outrossim, uma s érie de outros ru í dos dos bélicos, dos quais, talvez o mais persistente era o eco do fogo de artilharia das batalhas que estavam sendo travadas na vizinhan ça. Parecia um surdo e prolongado rufar de tambores, pontilhado de estrondos violentos. Em seguida, ao diminu í rem rem aqueles latidos furiosamente roucos, ressurg ressurgiam iam novam novamente ente os bramidos bramidos abafado abafados, s, general generalizad izados, os, como como um fundo fundo musical musical
Às vezes, quando aumentava a intensidade do fogo, as vidra ças das janelas estremeciam, especialmente por ocasi ão de explosões mais fortes provocadas por obuses isolados, caindo dentro da pr ópria cidade e permanente: "bbbboouuummm... bbbboouuummm"!
que me lembravam por sua intensidade os estrondos das V1 e mesmo das V2 de Londres. Outros ruí dos dos bélicos com os quais eu j á havia travado conhecimento na capital brit ânica,
éreas, especialmente à noite, e o cantosussurro dos numerosos enxames dos nossos bombardeiros, mal vis í veis veis a olho nu, porém intensamente reconfortantes. Para algu ém que tinha atravessado o inferno do terror de eram as violentas rajadas das baterias antia
Londres, os perigos que Luxemburgo apresentava naquele tempo deveriam parecer relativamente relativamente insignificantes. insignificantes. Por ém os meus nervos j á se achav achavam am tão abalados, que freqüentemen entemente te me sentia sentia invad invadido, ido, mesmo mesmo quando quando se dava davam m explos explos ões relativamente relativamente fracas, por um angustiante sentimento de medo, quase atingindo o p ânico e que, na capital britânica jamais me havia assaltado, mesmo durante os piores bombardeios. Foi logo ap ós a minha chegada a Luxemburgo que tive a oportunidade de encontrar, pela primeira vez, alguns "escravos do trabalho" da m áquina de guerra nazista; ou, melhor, escravas, pois eram duas mo ças, uma chamada Elyena e a outra, Zoya, ambas naturais da Ucrânia, com 16 e 19 anos de idade, respectivamente. Ao ouvilas cantando, desde o amanhece amanhecer, r, quando quando inicia iniciavam vam seus afazer afazeres es de arrumadeir arrumadeiras as do nosso nosso alojame alojamento, nto, era impossí vel vel imaginar que havia poucos meses ainda, elas estavam sujeitas a um rude regime de trabalho for çado. Com os meus conhecimentos da l í ngua ngua russa, n ão tive dificuldade de ganhar a confian ça das duas mo ças, levadas à força pelos alemães, de sua cidade natal de Vorochylovgrad. "Por l á, entretanto, a frente de combate j á passou três vezes", disse Elyena, englobando nesta frase casual, toda a sua preocupa ção por seus pais, um irm ão e três irmãs, que fora obrigada a deixar na sua terra de origem. Quanto ao seu trabalho na Alemanha Alemanha,, que invari invariav avelm elmente ente era executa executado do debaix debaixo o de escolta escolta policial policial,, consis consistia tia inicialmente em transportar cimento em carrinhos de m ão. Como eram mais jovens que as outras mulheres, Elyena e Zoya receberam um pequeno "abatimento" na sua quota habitual de 75 quilos de cimento por viagem, que cada trabalhadora era obrigada a empurrar. Mais tarde elas foram enviadas para uma f ábrica de material b élico, onde eram for çadas a se
às 3 horas da madrugada e com nada mais no est ômago que um KaffeeErsatz (caf é substituto), de gosto atroz, tinham que iniciar a sua árdua e prolongada tarefa diária. Dormiam vinte ou trinta delas numa barraca aquecida apenas por um único forno, ao redor do qual todas as mo ças se reuni reuniam am depoi depoiss do trabal trabalho. ho. Sua Sua vida vida na Alemanha se resumia nas seguintes quatro palavras: "cansa ço, frio, sujeira e pancadas". Foi
levantar diariamente
no quinto dia da minha estada em Luxemburgo que Zoya e Elyena, honrando a amizade que por mim sentiam, se apresentaram vestidas com a "farda" que trajavam durante o seu tempo de trabal trabalho ho for forçado: ado: sapato sapatoss grosse grosseir iros, os, de couro couro pret preto, o, chape chapead ados os de ferro ferro,, cal ças compridas e blusas de cor azulmarinho. Enquanto admirava as florzinhas delicadamente bordadas na blusa de Elyena, tocou a campainha. O visitante era Brewster Morgan, chefe do departamento de r ádio do "Office
of War Information" e fundador da ABSIE, que eu conhecia desde Londres e ao qual, durante um fortuito encontro em Luxemburgo, alguns dias atr ás, revelara o meu descontentamento com o cargo de supervisor de tradutores da R ádio Luxemburgo. Brewster Morgan me havia contado, por ocasi ão daquele encontro, que agora ocupava o cargo de chefe de r ádiocomunica
ções do Departamento da Guerra Psicol ógica do XII Grupo de
Exércitos norteamericanos. Como sempre havia demonstrado um interesse quase paternal pela minha pessoa, n ão hesitei em exporlhe aqueles meus problemas um tanto delicados. Após ter fechado cuidadosamente as portas do quarto e certificarse de que tanto Zoya como Elyena tinham voltado
às suas atividades rotineiras nas depend ências do pr édio,
Brewster, falando ainda mais baixo que de costume, indagou se eu porventura estaria interessado em "mudar de ambiente". Mais cauteloso agora, depois da decep devido
ção que tivera,
à minha presteza manifestada em Londres em aceitar um servi ço desconhecido,
refreei a minha vontade de "aceitar qualquer coisa"; por isso, embora interessado em me afastar do ambiente "tradutor" da R ádio Luxemburgo, pedi ao meu interlocutor explica ções detalhadas sobre o g ênero de trabalho que ele tinha em mente. Apesar da minha insist ência, entretanto, entretanto, Brewster Brewster n ão se abriu abriu total totalme mente nte.. Expli Explico cou u apena apenass que que se trata tratava va de uma uma emissora de r ádio secreta norteamericana para irradiar em l í ngua ngua alemã e cuja equipe consistia de um pequeno grupo, por ém altamente seleto e qualificado.
À certa altura da nossa conversa, com um sorriso um tanto malicioso, Brewster Morgan pediume que o pusesse a par da linha propagandista adotada tanto pela ABSIE como pela Rádio Luxemburgo, em rela ção ao surpreendente avan ço das tropas alem ãs nas Ardenas. Ao ser informado de que ambas se haviam esfor çado em apresentar aquela contra ofensiva alem ã como a "última cartada de Hitler", ou como um "gesto de desespero suicida" da Alemanha nazista e de afirmar que "Hitler, apesar das suas afirma ções, nunca chegaria a Antuérpia", Brewster disse: Posso lhe revelar que a emissora onde voc ê irá trabalhar, se quiser, est á, pelo contr ário, adotando uma posi ção diametralmente oposta. N ão somente ela está anunciando que Hitler vai mesmo entrar em Antu érpia, como promete avan çar além daquela daquela cidade cidade belga. belga. Numa Numa esta esta ção "negra", "negra", tal procedi procedimen mento to
é chamado chamado "armadilha propagandista". Sabemos, de fonte absolutamente segura, que Hitler n ão alcançará o seu objetivo. Estamos, antes de mais nada, elevando propositalmente o moral dos ouvintes
alemães a um grau de esperan ça artificialmente exagerado, com a finalidade de provocar o seu desmoronamento mais violento, pela decep ção que irão ter, ao ficar patente num futuro próximo, o fracasso definitivo da contraofensiva das Ardenas, ordenada pelo seu l í der. der. Aliás, não arriscamos nada. Se, por qualquer motivo imprevis í vel, vel, os exércitos nazistas lograrem, apesar de tudo, chegar a Antu érpia, nós nos sairemos muito bem, pois éramos nós que "tí nhamos nhamos razão", em confiar no g ênio militar do "F ührer". Caso fracassassem no seu intento, ainda conservar í amos amos a plena confian ça dos nossos ouvintes alem ães, pois nenhum deles deles poderia poderia suspeita suspeitarr de que o nosso nosso brado brado constan constante: te: "Chegar "Chegaremos emos a Antu érpia"...
"Ultrapassaremos Antu érpia", teria sido motivado por outra coisa sen ão pelo mais puro e legí timo timo patriotismo. Afinal de contas, Brewster perguntei esta sua esta
ção é alemã ou
ção alemã mas é uma emissora aliada, ou antes, norte americana. De fato, é a primeira esta ção "negra" na Hist ória militar dos Estados Unidos e faz parte do XII Grupo de Ex ércitos... Mas, já falei muito, talvez demais... O resto voc ê conhecer á de "primeira m ão" logo depois de sua apresenta ção na... e sussurrou ao meu aliada? Pretende ser uma esta
ouvido na Avenida Brasseur N
o
. 16.
Capí tulo tulo IX AVENIDA BRASSEUR No. 16 Palacete fidalgo serve de camuflagem para as atividades de uma esta ção secreta Especulações em torno do misterioso reboque fechado da propriedade Tentativa de sabotagem Fotografar as empregadas despidas era o "hobby" do diplomata nazista Caracter í s ticas principais dos programas e do pessoal da 1212. ísticas
O fato de o quartelgeneral de uma r ádio militar secreta ser localizado num palacete, parece um contrasenso. Por ém era l á, na Avenida Brasseur N . 16, situada num o
aristocr ático subúrbio da cidade de Luxemburgo, que funcionou noite ap ós noite, durante uns sete meses, a emissora secreta do ex ército norteamericano, chamada 1212. O contraste entre o ambiente distinto da fidalga mans ão e as atividades temer árias, até mesmo um tanto
úmero de coment ários e apartes irônicos. Bem entendido, coment ários e apartes provenientes da pr ópria equipe da emissora secreta, pois a popula ção de Luxemburgo, com exce ção de algumas altas autoridades, vis, dos seus ocupantes era flagrante e objeto de um semn
ignorava por completo a verdadeira natureza das nossas atividades, sabendo apenas tratarse de um local ocupado por uma reparti ção do exército norteamericano, pois o constante vai evem de gente fardada dava essa impress ão. Não vou t ão longe em afirmar que nenhum habitante da cidade jamais tenha desconfiado de que "alguma coisa" estava sendo tramada atrás do alto muro que cercava o parque imenso, ao redor do pr édio de granito cinzaescuro, de dois dois anda andare res, s, e que que nos nos serv servia ia de reda reda ção, posto posto de escuta escuta,, labora laboratt ório, centro centro interpretativo de dados do Servi ço de Intelig ência e... para alguns dos membros da equipe da 1212, tamb ém de hotel. Poderiam se perguntar qual a finalidade verdadeira do misterioso reboque fechado de cor verdeoliva, cuja silhueta aparecia atrav és dos arbustos do parque. Talvez que alguns dos dos vizinh vizinhos os se tenham tenham aperc aperceb ebido ido mesmo mesmo da cheg chegad adaa daque daquele le ve í culo culo de aspec aspecto to despretensioso que, arrastado por um caminh ão do exército, fora deixado no parque da mansão do N . 16, pouco antes do in í cio cio das irradia ções da 1212. Por ém, o que nem os o
vizinhos e nem os transeuntes podiam ver de fora e nem certamente adivinhariam, era que aquele veí culo culo de aspecto bastante simples escondia no seu interior um completo est údio radiof ônico dotado de modern í ssimo ssimo equipamento. Muito menos ainda, podiam se dar conta de que cabos subterr âneos, escondidos debaixo do reboque, o ligavam diretamente com os transmissores da R ádio Luxemburgo naquela
época uma das mais possantes
emissoras de toda a Europa. Eis assim, em breves linhas, o esbo ço da localização dos dois principais setores de atividades da 1212: uma aristocr ática mans ão de dois andares, no interior da qual se localizava o braintrust da emissora, ou seja, a sua reda ção com todas as facilidades para o preparo dos programas; e, apenas a alguns metros da entrada lateral do pr édio, um reboque fechado de apar ência inocente, escondendo o est údio com a sua aparelhagem. Tudo na sombra protetora das árvores frondosas de um grande jardim e de um alto muro de pedras e grades, grades, que cercav cercavaa a proprieda propriedade. de. Adivinh Adivinhar ar a finalidad finalidadee à qual qual se destina destinavam vam,, era praticamente imposs í vel vel para algu ém de fora. Quanto ao reboque, era ele, durante o dia, propositalmente evitado pela equipe da 1212, dando a perfeita impress ão de completo abandono. O pouco que se via de fora, atrav és das grades do muro e dos arbustos do parque, ção de estúdio. As irradiações nada revelava absolutamente nada de sua verdadeira condi
à noite, noite, com horário rio e freq freqüência ncia difer diferen entes tes da R ádio Lux Luxembur emburgo go,, da qual qual tecnicamente depend í amos. amos. O hor ário noturno adotado pela 1212 entrosavase perfeitamente com o esquema geral da camuflagem e seguran ça indispens áveis para o perfeito funcionamento da emissora secreta. As irradia ções no iní cio cio de suas atividades, ou seja, no fim do m ês de setembro de 1944, come çaram à meianoite. Mais tarde, esse hor ário foi mudado para as 2 da madrugada, sendo uma hora inteira das 2 às 3 reservada ao notici ário, rio, inter interca calad lado o com m úsica sica popula popularr da Ren Ren ânia, nia, e marc marcha hass e outr outros os n úmeros musicais musicais militare militaress alemães, irradiados por meio de discos encontrados em localidades alemãs recentemente capturadas, ou conseguidos na pr ópria Luxemburgo e na B élgica. eram
O noticiário rio da 1212 n ão era o costume costumeiro iro e tradicio tradicional nal boletim boletim informat informativ ivo o geralmente usado em emissoras de tipo comercial, mas antes, uma variedade de fatos apresentados de maneira bastante informal. Assim, por exemplo, as not í cias cias de bombardeios aéreos uma "especialidade" da 1212, sobre a qual faremos um relato detalhado mais
ência apresentadas do ponto de vista de quem se achava embaixo das bombas, ou como dadas por testemunhas oculares ao inv és da descri ção "de cima"
adiante eram de prefer
geralmente usada nos programas de tipo comercial e mesmo na ABSIE ou na BBC. Depois do prefi prefix xo music musical al basea baseado do nas nas notas notas inicia iniciais is de uma uma can can ção popular da Ren ânia, o programa come çava sempre sempre com algumas algumas palavras palavras introdut introdut órias pronunc pronunciada iadass na voz voz amável porém distintamente viril do nosso locutor principal Benno Frank, naquele tempo sargento, e depois promovido a tenente do ex ército nascido na Ren ânia e naturalizado norteamericano. Depois vinham as not í cias cias das frentes ocidental e oriental, notici ário aéreo incluindo quase sempre uma "testemunha ocular"; um prolongado notici ário local, com a menção dos últimos decretos sobre racionamento e pre ços de g êneros e roupas, notí cias cias e comu comunic nicado adoss oficia oficiais is do partid partido o nazis nazista, ta, em que que se inclu inclu í am a m as últimas promoções e uma variedade de outras not í cias cias de interesse tanto dos militares alem ães
como da popula ção inclusive tamb
ém os resultados dos últimos jogos de futebol. Tudo isto, como j á o mencion mencionamos amos,, intercal intercalado ado de alegres alegres m úsicas populares renanas e de marchas marciais alem ãs. Em seguida vinha uma esp écie de "coluna social falada" militar, incluindo as mais recentes anedotas e piadas, a lista cada vez maior de condecora ções, ordensdodia dos comandantes, sugest ões prove proveitos itosas as para os soldado soldadoss em mat éria de saúde, recebime recebimento nto do soldo, soldo, aprov aproveitam eitamento ento das licen licen ças e uma uma mult multid idão de outr outras as informações úteis. A parte final do programa era sempre reservada a uma esp écie de comentário cujo tema principal podia ser, conforme o caso, pol í tica tica ou militar, como por exemplo a utilidade de certas armas ou uma interpreta ção e análise de alguns aspectos de estratégia. A duração total do programa da 1212 era geralmente de duas, ou às vezes de três horas, indo portanto at é às 4 horas e, nas noites escuras de inverno, at é às 5 da manhã. Certas partes do notici ário principal eram repetidas no decorrer da noite por meio de gravações em discos, efetuados durante o curso do programa pelos t écnicos da emissora e incluindo, conforme o caso, tamb ém notí cias cias novas ou ampliadas. Explica Explicarem remos os detalhad detalhadamen amente, te, no cap í tulo tulo segui seguinte nte,, como como a 121 1212 recebi recebiaa o material para confeccionar o seu realista e detalhado programa. Posso esclarecer, desde j á, que por ordem do Alto Comando norteamericano, dezenas de soldados e oficiais das unidade unidadess principai principaiss das frentes frentes de combate combate colabora colaboravam vam ativam ativamente ente com a emissora emissora,, enviando informa ções diárias baseadas em material de imprensa ou outro, encontrado em localidades rec émcapturadas, por telefone militar, r ádio, avião ou qualquer outro meio de comunica ções. Irradiar à noite apresentava outra apreci ável vantagem para uma emissora alemã de cunho militar, como o pretendia ser a 1212, pois a relativa calma reinante durante esse perí odo odo permitia que os seus programas fossem recebidos e ouvidos ainda melhor por seus "clientes" da Wehrmacht, de vez que as tropas, durante a noite, permanecem ainda mais vigilantes. Tal vigil ância era redobrada nas centenas de unidades do ex ército alemão, cada vez mais cercadas e isoladas em gigantescos bols ões, passando os oficiais de seus
ádio, no af ã de captar qualquer informação que lhes pudesse ser útil para aliviar a sua prec ária situação. estadosmaiores, noites a fio "colados" aos receptores de r
Para não atrair a aten ção dos transeuntes que porventura passassem pela Avenida Brasseur naquele hor ário noturno, o "reboqueest údio" era cuidadosamente vedado de ponta a ponta, a fim de que n ão escapasse o menor raio de luz que iluminava o seu interior durante as irradia ções. Quanto às entradas e sa í das das do pessoal pela portinhola do ve í culo, culo, podiam ser efetuadas sem o menor risco, discretamente, por meio de uma cortina dupla semelhante
àquelas usadas nas portas de laborat órios fotográficos. Como era
terminantemente proibido o uso de faroletes, os redatores que eram obrigados a transitar do prédio até o reboque para a entrega de manuscritos aos locutores, logo adquiriam uma espécie de "sexto sentido" que lhes permitia atravessar os dez metros (aproximadamente) da
distância a percorrer, sem maiores conseq üências do que, ocasionalmente, um tornozelo torcido. As rom ânticas noites de luar eram especialmente perigosas, exigindo do pessoal uma série de precauções suplementares para n ão serem vistos, assim como a m áxima rapidez e sil êncio nos movimentos, dignos dos mais h ábeis guerreiros "peles vermelhas". Com tudo isto, s ó um Sherlock Holmes talvez tivesse sido capaz de "deduzir" que aquele reboque fechado, sem finalidade aparente largado no parque que cercava a mans ão da Avenida Brasseur, era na realidade o centro vital daquela possante emissora que tanto intrig intrigav avaa e pertur perturba bava va os servi servi ços secre secretos tos nazi nazista stas. s. N ão tenho tenho pro provas vas que que possa possam m documentar o grau de efici ência da rede de contraespionagem de Hitler em Luxemburgo. Posso afirmar, por ém, que durante toda a atua ção da nossa emissora, houve apenas um
único caso de suspeita de tentativa de sabotagem contra a 1212. Aconteceu um pouco antes das 2 horas da madrugada, numa noite de inverno do m ês de dezembro, quando um sargento, pálido e bastante alterado, voltou do reboque para a sala de reda ção localizada no andar térreo do pr édio principal, uns vinte minutos depois de ter entregue os manuscritos aos locutores. Do seu relato, um tanto incoerente, podiase deduzir o seguinte: Como a noite noite estav estavaa excep excepcion cionalme almente nte escura, escura, o subofici suboficial, al, em flagrante flagrante desobed desobedii ência ncia aos regulamentos, se havia munido de um farolete, sem se preocupar, por outro lado, de levar a sua pistola autom ática. Ao iluminar, por uma fra ção de segundo, os degraus que conduziam à portinhola do ve í culo, culo, percebeu com espanto, um par de p és masculinos, cal çados com sapatos pretos, sobressaindo por detr ás das rodas do reboque. Como estava desarmado, n ão pode pode atirar atirar na dire dire ção do dono dono dos dos sapa sapato tos, s, cujo cujo corp corpo o o ve í culo culo escondi escondia. a. Nestas Nestas circunst âncias, o sargento nada mais pode fazer do que, com um salto r ápido, ganhar o interior do reboqueest údio e alertar o tenente encarregado de supervisionar o programa que estava para "ir ao ar". Este, armado com o regulamentar Colt 45 incontinente pulou para fora. Porém já era tarde. No espa ço perto das rodas do ve í culo, culo, onde, segundos antes o sargento tinha visto o par de p és humanos, nada havia. Resultado negativo teve a "batida" silenciosa organizada em seguida por toda a equipe da 1212 que, com o dedo no gatilho, vasculhou cada cent í metro metro quadrado do vasto parque, bem como todas as suas depend ências, por ém sem encontrar sequer um tra ço de bombarel ógio, mina terrestre ou qual qualqu quer er outro outro engenh engenho o de sabota sabotage gem, m, para para n ão falar alar de algu algum m agen agente te ou agen agente tess encarregados da execu ção do plano de fazer voar pelos ares a 1212. Demorou aproximadamente uma semana para nos desfazermos da "psicose da sabotagem". Era isso um receio agudo, latente (por ém cuidadosamente oculto dos colegas), de se ver repentinamente despeda çado por uma carga de dinamite, porventura deixada de "lembran ça" pelo poss í vel vel anônimo sabotadorfuj ão, ou colocada depois por outro agente secreto nazista talvez melhor sucedido. Por medida de precau ção suplementar, no dia seguinte ap ós a malograda tentativa,
dois gigantescos rapazes da pol í cia cia militar norteamericana assumiram, em car
áter
permanent permanente, e, a guarda guarda da entrada entrada principal principal da Avenida venida Brasseur Brasseur N. ° 16. A residência senhorial senhorial onde se desenr desenrolar olaram am as atividad atividades es essencia essenciais is ao preparo preparo dos program programas as da emissora secreta fora durante certo tempo habitada por um famoso professor de Metalurgia alemão, membro do partido nazista e Conselheiro Secreto da Administra ção de Minas, como pudemos constatar por livros e anota ções por ele deixados. Felizmente para sua reputa ção, não foi ele o último morador da mans ão antes que esta ca í sse sse em nossas m ãos, mas sim, um diplomata do Estadomaior do governador nazista na Fran
ça. Tanta pressa teve
à aproximação das tropas norteamericanas, que deixou de levar consigo três malas repletas de roupas luxuos í ssimas. ssimas. Eram, na sua maioria, fardas, todas confeccionadas pelos melhores alfaiates de Paris e dotadas, sem exce ção, de espartilhos "embutidos" para fazerem o corpo do dono parecer o mais esbelto poss í vel. vel. Quanto ao
aquele senhor, de fugir
smoking, branco, forrado de seda natural, era, assim como o robe, em veludo azul escuro, uma autêntica obra de arte da alta costura. Por ém, o diplomata nazista deixara tamb ém uma outra outra "lembran "lembrança" mais mais pitor pitoresc esca. a. Com Com efeit efeito, o, foi encon encontra trado do no s ótão da casa um laborat ório fotográfico perfeitam perfeitamente ente equipad equipado. o. Continh Continha, a, nos seus seus arquiv arquivos, os, pilhas pilhas de fotografias e negativos de nus mais ou menos art í sticos, sticos, testemunhas do "hobby" favorito do digní ssimo ssimo representante diplom ático de Hitler, que era o de fotografar as suas numerosas empregadas e outras ajudantes femininas, em "trajes de Eva". O andar térreo do prédio era reservado à redação e a outros setores das nossas atividades, como por exemplo, a se ção de estudo e an álise de fotografias a éreas, arquivo e biblioteca, sala reservada ao Servi ço de Inteligência, sala de escuta radiof ônica, e outras. Ali se acha achava vam m tamb tamb ém os dorm dormit itórios rios ocup ocupado adoss por por algun algunss dos dos pouco poucoss habit habitan antes tes permanentes do pr édio, entre os quais o nosso comandante, Cel. C. R. Powell. Este velho oficial se entusiasmara tanto com a id éia da emissora secreta, que voluntariamente abdicou do posto de general de divis ão que de direito lhe pertencia, para aceitar o comando bem inferior em posi ção militar, mas infinitamente superior em fasc í nio nio da Opera
ção "Annie",
como era designada, em c ódigo militar, a 1212. Homem calmo, ponderado, dotado de grande intelig ência e de genu í na na compreens ão dos problemas de seus subalternos, era para o pequ pequen eno o grupo grupo de comp compon onen ente tess da noss nossaa emis emisso sora ra um aut aut êntic ntico o pai pai de fam famí lia. lia.
í cil Domina Dominava, va, como poucos, poucos, a dif í c il arte de nunca descarregar a sua ira ou m ágoa no próximo. Olhando para o seu rosto avermelhado, impregnado de uma bondade muito mal camuflada por uma exagerada express ão de severidade, e ouvindo suas hist órias e piadas, ninguém poderia adivinhar a amargura profunda que o torturava. Havia, com efeito, perdido um de seus filhos durante as a ções bélicas nas vizinhan ças de Luxemburgo. Outro filho, gravemente ferido, estava condenado a ficar aleijado para o resto da vida. Apesar de n ão ser ele um especialista em propaganda radiof ônica, sua opini ão era freqüentemente entemente solicitada, mesmo em quest ões alheias ao seu campo de atividades. Bastava surgir um problema de
vulto, onde quer que fosse, para seu inato bom senso invariavelmente encontrar a solu ção adequ adequada ada.. Esta Estava va a seu carg cargo o a parte parte puram purament entee milit militar ar e admini administr strati ativa va da esta esta ção. Desnecess ário afirmar que desempenhava uma variedade de tarefas contentando a todos inclusive ao Supremo QuartelGeneral com o qual nos ach
ávamos em permanente contato.
Embora Embora fossem fossem efetua efetuadas das as comunic comunicaa ções com com a chef chefia ia mili milita tarr por por meio meio de mensagens radiof ônicas cifradas, era tamb ém indispens ável um constante contato pessoal. Esta tarefa de liga ção era atribu í da da ao Major Patrick (Pat) Dolan. Este expansivo e jovial oficial norteamericano havia resolvido o problema de seu transporte de uma forma n
ão
somente prática, como essencialmente c ômoda. Conseguira apenas com o "charme" da sua conversa, que o ex ército levasse o seu autom óvel particular dos Estados Unidos at é o Luxemb Luxemburg urgo, o, onde onde consegui conseguira, ra, al ém da estr estrel elaa bran branca ca do cap cap ô do motor motor,, também a caracter í stica stica pintura verdeoliva dos ve í cculos ulos militares. Dotado assim de um carro luxuoso, que de veí culo culo militar apenas tinha a cor e o distintivo, o competente e pr ático Major Dolan costumava enfrentar, com a maior desenvoltura, qualquer viagem, mesmo distante, bem como como as estra estrada dass mais mais esbu esburac racad adas. as. Isto Isto,, para para grand grandee inve inveja ja daque daqueles les ofici oficiais ais que, que, forçosamente limitados ao uso de ve í culos culos distribu í dos dos pelo pr óprio exército, se viram na grande maioria dos casos, contemplados com um mero jipe, ve í culo culo que naquele tempo ainda constitu í a a grande novidade em transportes militares mas que, apesar dos muitos apetrechos util í ssimos ssimos com os quais se achava dotado, era desprovido de amortecedores. O Major Dolan, além de suas funções de oficial de liga ção, era tamb ém o substituto do Cel. Powell no comando do nosso pequeno grupo, que chegou a contar, no m áximo com uns vinte homens, entre eles se destacando o Major Roy Craft, na vida profissional redator de jornal, e que na 1212 era encarregado da feitura do delicad í ssimo ssimo notici ário militar terrestre, e o Cap. (mais tarde Major) Richard (Dick) Scudder, do jornal "Newark News" da cidade de Newark em Nova Jersey, cuja responsabilidade era a de escrever o notici ário não menos delicado, da frente a érea. Ambos aqueles oficiais, dotados de intelig ência fora do comum, tinham pleno e livre acesso ao War Room (sala de comando) do XII Grupo de Exércitos, recebendo diariamente plenas e detalhad í ssimas ssimas informa ções, não somente sobre a situação militar do momento, mas tamb ém sobre planos de ataques ou avan ços futuros. Desfrutavam merecidamente a total confian ça do alto comando norteamericano, sendo que os notici noticiários por eles redigidos eram deixados ao seu livre crit ério, sem controle ou censura de qualquer esp écie. Escreviam em ingl ês, o que era depois traduzido para o alemão, por redatores especializados: Al Thoombs, tamb ém jornalista profissional, encarregado da coordena ção de informa ções; o excepcional e algo enigm ático Brewster Morgan, um dos mais proeminentes diretores e produtores de r ádio dos Estados Unidos, e
ções de orientador, inspirador, cr í tico, tico, assim como uma s érie de outras atividades, de acordo com a sua condi ção de "eminência parda" da nossa emissora; que na 1212 exercia as fun
um alemão autêntico, conhecido por todos n ós apenas pelo seu primeiro nome, George, natural natural da RenâniaP niaPalatin alatinado ado e ali resid residen ente, te, e que que era um eleme elemento nto util util í ssimo ssimo para imprimir o indispens ável cunho de autenticidade aos nossos programas. George, após uma fuga perigosa e cheia de aventuras, das linhas alem ãs, entregara se aos soldados norteamericanos. Era um antinazista, que passara boa temporada num campo de concentra ção, e exercia as atividades de "conselheiro" na 1212, voluntariamente, porquanto sua í ntima ntima convic ção era de que devia fazer tudo o que fosse poss í vel vel a fim de contribuir para a derrubada do regime nazista, t ão detestado por ele e que considerava uma ruí na na para a Alemanha. No entanto, profundamente religioso e dotado de grande patriotismo, às vezes se sentia como traidor perante o povo alem ão e era assaltado, nessas ocasiões, por profundas crises de melancolia. Havia também um cabo italiano, de nome Alessandro, que era o guardi ão incorruptí vel das das cha chaves da adeg adegaa e cada cada m ês aparec aparecia ia com o seu conta contass corre corrente ntes, s, cobran cobrando do de cada cada um as ref refei ções que, embora a pre ço módico, não eram de gra ça. Conta Contava vam mse ainda ainda uns uns sete sete ou oito oito homens homens a mais, mais, na maior maioria ia sarge sargent ntos os e cabos cabos,, jornalistas, advogados, músicos, comerciantes, distribu í dos dos nos diversos departamentos da 1212 onde, conforme o caso, atuavam como redatores, locutores e monitores. Eram quase todos de descend ência alemã, naturalizados norteamericanos. Quanto a mim, achavame encarregado do setor da frente Oriental, ou seja, da parte noticiosa e dos coment ários do teatro de guerra russo, onde os ex ércitos alemães vinham sofrendo as mais sangrentas derrotas. É f ácil imaginar as dificuldades com que se defronta um redator norteamericano ao preparar para uma esta ção "nazista", notí cias, cias, por natureza catastr óficas, sem se trair por um pessimismo exagerado, ao mesmo tempo que deveria deixar transpirar uma dose de
ânimo dos ouvintes alemães. Apesar de ter sido cada um de n ós enquadrado no seu campo pr óprio de atividades e respons responsabil abilidad idades, es, conv conv ém ress ressal alta tarr o car car áter basta bastante nte frou froux xo dessa dessa "departamentalização". Assim sendo, por exemplo, os redatores encarregados de escrever as notí cias cias e coment ários dedicavam v árias horas do dia a pesquisas e leituras e freqüentemente avan avan çavam vam mesm mesmo o até o próprio prio "fron "front" t" em busca busca do mater material ial para para atualiza ção do programa noticioso. Esse cansativo ac úmulo de funções e serviços, muitas veze vezess irritan irritante, te, era a decorr decorrência ncia natura naturall do caráter eminente eminentemen mente te discret discreto o da nossa nossa operação. Com efeito, mesmo uma pessoa n ão iniciada nos mist érios do cálculo integral pode facilmente chegar a uma conclus ão ditada pelo bom senso, de que, quanto menos suficiente desespero, para poder servir de veneno desmoralizador no
pessoas trabalhassem numa emissora secreta, tanto melhores seriam as possibilidades de salvaguarda da sua condi ção incógnita. Dessa forma, n ão é de estranhar que a atmosfera reinante dentro do pequeno "time"
ém existente nas equipes comerciais, assemelhavase mais a uma fam í lia lia feliz, dentro do lar. A exist ência desse esp í rito rito de uni ão e harmonia absolutas, embora agrad ável para os veteranos, paradoxalmente se afigurava, ao recémchegado, como uma barreira quase intranspon í vel. vel. Apesar de ter sido apresentado da 1212, ultrapassando a cordialidade tamb
aos meus futuros colegas, da maneira mais cordial do que formal, pelo Cel. Powell, umas duas semanas se passaram at é que eu conseguisse "quebrar o gelo". Por ém, uma vez passado esse per í odo odo de inicia ção, pude participar, com toda a desenvoltura, das reuni ões informais ao redor da lareira da sala de jantar, chegando assim a me inteirar, n ão somente da "biografia" detalhada de cada um dos companheiros, como tamb ém de toda a gama de seus problemas í ntimos. ntimos. E viceversa.
Capí tulo tulo X 12 12 IRRADIA... 12 12 IRRADIA... Captar a confian ça dos militares alem ães a fim de prepar álos para acreditar em nossas mentiras Dificuldades que um redator da 1212 teria que enfrentar Reveladas, com abund ância de detalhes, pelo QuartelGeneral norte americano, informações sobre movimentos de tropas no setor da 1212 Truques propagandistas para fins subversivos...
O prefi prefix xo Zwölf Zw ölf send sendet. et... .. Zwölf Zw ölf sendet sendet (121 (1212 2 irradia... irradia... 1212 1212 irradia...) pertencia n ão somente a uma emissora negra, disfar çada de nazista, mas, antes de tudo, a uma esta ção de rádio militar norteamericana cuja principal finalidade eviden evidentem temente ente era a de proporc proporciona ionarr maiores maiores vantag vantagens ens t áticas
às tropas tropas ianques. ianques. Em termos mais concretos, o objetivo final da nossa emissora secreta, tra çada pelo pr óprio QuartelGeneral norteamericano, era de servir como arma auxiliar no gigantesco golpe
final a ser desferido contra a Alemanha e que iria culminar com a conquista, pelos Aliados, daquele s í mbolo mbolo secular do poderio germ ânico que é o Rio Reno, venerado pelos alem ães como uma esp écie de mito, e glorificado em m úsica e versos por alguns dos seus mais célebres compositores e poetas. O tradicional Lieb Vaterland, magst ruhig sein, jest steht und treu die Wacht am Rhein (21) era ent ão uma das mais populares can ções patrióticas da Alemanha. De fato, esse importante curso d' água de 1 326 quil ômetros de comprimento e
í cie com uma superf í cie total atingindo 216 083 quil ômetros quadrados, desempenhava posi ção de papelchave na defesa das fronteiras do Reich, significando a sua travessia, por um exército estrangeiro, quase que automaticamente a queda da pr ópria Alemanha. Assim se explica a resist ência desesperadamente tenaz que encontraram as tropas aliadas nas tr ês primeiras semanas do m ês de fevereiro de 1945, durante uma s érie de violentos ataques preparat órios por elas realizados, que terminaram pela travessia do Reno por tropas do IX Exército norteamericano, procedentes da cidade de D
üsseldorf. Ao mesmo tempo o Gen. Patton, com o seu III Ex ército, conquistava a cidade de Trier, enquanto a vital Col ônia caí a no dia 7 de mar ço. A 1 . de abril, a travessia do Reno, em v ários pontos, por tropas norteamericanas, o
britânicas, canadenses e francesas, estava realizada e consolidada, tornandose inevit
ável a
capitula ção da Alemanha umas seis semanas depois. J á na época da cria ção da 1212, ou seja, em meados de 1944, os chefes militares aliados tinham chegado
à conclus ão de que
nem os bombar bombardei deios os das das cidade cidadess do Reic Reich, h, nem nem as derro derrotas tas sofrid sofridas as pelas pelas trop tropas as da Wehrmacht nas frentes da Europa Ocidental e Oriental seriam suficientes para lograr a almejada almejada e amplame amplamente nte divulga divulgada da rendi rendi ção incondicional da Alemanha. Esta, assim o diziam o bom senso e a estrat égia militar, s ó poderia ser conseguida por meio da conquista do Reno. Reno. Assim Assim sendo sendo,, podem podemos os divid dividir ir a batal batalha ha final final da Alema Alemanha nha em duas duas fase fasess principais: 1) a fase preparat ória aguda, do fim de novembro de 1944 at é fim de março de 1945; 2) a de assalto final contra o Reno, do fim de mar ço at é meados de abril daquele ano. Estas duas fases das opera ções militares na frente do Reno coincidiam aproximadamente com a estrutura geral do plano de atividades da emissora 1212. Com efeito, durante a fase preparat ória de suas irradia ções, seria fun ção da emissora, principalmente, a tarefa de captar a confian ça dos ouvintes militares nazistas por meio da divulgação de notí cias cias escrupulosamente corretas e de teor bastante atraente do ponto de vista estrat égico. Ao iniciarse a segunda fase, a do assalto final passaria a irradiar uma série de mentiras flagrantes. Caso fosse alcan çado o primeiro objetivo, isto é, o de captar a confiança dos dos seus seus ouvi ouvint ntes es,, n ão hav haveria razão para para este estess desco desconfi nfiar arem em do teor teor do notici ário, francamente subversivo, que seria iniciado durante a fase do assalto final contra o Reno. Conseq üentemente, assim raciocinavam os criadores da nossa esta ção secreta, os chefes militares nazistas por n ós visados nesse per í odo odo vital, aceitando as mentiras da 1212 como verdad verdades, es, poderiam poderiam ser induzido induzidoss a cair em ciladas ciladas ardilos ardilosame amente nte prepara preparadas. das. Racioc í nio nio semelhan semelhante te também se aplicaria aplicaria aos habitant habitantes es de cidades cidades e povo povoaa ções localizadas nos territ órios da Ren âniaPalatinado. Esperavase, em decorr
ência do sucesso das atividades preparat órias da 1212, levadas a efeito no meio de vasta regi ão ao alcance de seus possantes transmissores, a propaga ção, na fase final das suas atividades, de um estado de confus ão mais ou menos generalizado, que deveria sobremaneira favorecer a execu ção de certas opera ções bélicas. Entretanto, a miss ão da emissora iria al ém disto. Seria realizado, com efeito efeito,, durante durante a primeira primeira fase fase do seu funciona funcionamen mento, to, concomit concomitante antemen mente te com a irradiação de notí cias cias dignas de f é, um trabalho altamente discreto de subvers ão de espí rito rito dos compon componente entess da Wehrmach ehrmachtt estacio estacionad nados os no territ ório da Ren âniaPalatinado. niaPalatinado. A sutil sutilez ezaa de tal empr empreen eendim dimen ento to corromper
captar captar a confia confian n ça do inim inimig igo o e ao mesm mesmo o temp tempo o
é evidente. Enquadravase, no entanto, perfeitamente dentro do esquema dos
propósitos de um ambicioso programa talvez um pouco ambicioso demais. Confesso que experimentei algumas dificuldades iniciais, decorrentes da reviravolta complet completaa que repres representa entava va o meu novo novo trabalho trabalho em rela ção ao que desempenhava na ABSIE. Mesmo dispondo do grau de imagina ção necessária para me identificar com os
sentime sentimentos ntos e reações do soldad soldado o comu comum m da Wehrma ehrmach chtt (j á assedia assediado do por legí timas timas dúvidas sobre o desfecho da guerra, por ém disposto a sacrificar sua vida a fim de evitar a invasão da "Vaterland") era sumamente dif í cil cil encontrar a forma estil í stica stica adequada para o desempenho da tarefa exigida. Felizmente, meus colegas ajudaram. Contudo, levou algum tempo e bastante esfor ço para eu "pegar" a perfei ção e virtuosidade estil í sticopsicol sticopsicol ógica exigidas de um redator da 1212. Houve, outrossim, uma s érie de dificuldades de ordem
à execução da parte preparat ória dos programas. Embora as 5 horas e tanto tanto de que que oficia oficialm lment entee disp disp únham nhamos os entr entree o iní cio c io do noss nosso o hor horário de traba trabalho lho redacional, às 21 horas, e a irradia ção do programa noticioso às 2 da manh ã parecessem suficient suficientes es para a confec confecção de um "show "show"" notici noticios oso o e come coment ntários de uma hora de duração, trabalhávamos na realidade sob o chicote de uma press ão constante.
material, relativas
Em primeiro lugar, por sofrermos muito mais ainda que na ABSIE, da insufici ência crônica de pessoal adequado. Assim, por exemplo, o eficiente Sarg. Hanosz Burger era respons ável pelo notici ário sobre a frente Ocidental e eu, pela correspondente tarefa sobre a frente Oriental. Entretanto, tamb ém recaí a sobre os nossos ombros, na maioria das vezes, a confecção de grande n úmero de outras not í cias, cias, assim como de coment ários polí tico tico militares. Outra circunst ância que atrasava a realiza ção do trabalho era a aus ência inevitável de secretárias, mensageiros e outros auxiliares, indispens áveis a uma reda ção eficiente e rápida de um programa radiof ônico noticioso. Outrossim, n ão dispúnhamos de teletipo, recebendo em nossas instala ções, por raz ões óbvias reduzidas ao m í nimo nimo necess ário, o material material informa informativ tivo o principa principalmen lmente te por telefo telefones nes militare militares, s, assim assim como por possant possantes es receptores de r ádio sintonizados n ão somente com as principais esta ções do mundo, como tamb ém com o quartelgeneral do Gen. Eisenhower Eisenhower.. Este sistema, exigindo exigindo escuta constante, transcri ção ou grava ção em discos n
ão existia ainda a grava ção em fitas e
decifração das mensagens recebidas, impunha tarefas que, apesar de executadas por pessoal competente, competente, não deix deixav avam am de signif significa icarr outra outra oneros onerosaa perda perda de temp tempo. o. Por Por ém, onde onde estávamos sujeitos a "apanhar" mais, era com os imprevistos que constantemente surgiam em forma de d úvidas, como por exemplo, se dev í amos amos ou n ão usar tal palavra tipicamente nazista, se tal termo t écnico era usual na terminologia militar alem ã, ou se tal express ão era tí pica pica do territ ório da Ren ânia, onde supostamente se localizava a emissora. Apesar de podermos contar com os relevantes servi ços daquela verdadeira enciclop édia ambulante que era George, o fiel fugitivo dos nazistas, seus conhecimentos eram mais da esfera civil, o que nos obrigava a intermin áveis discuss ões e demoradas consultas em nosso arquivo nunca suficientemente equipado. Em suma, chegamos logo
à conclus ão de que o melhor meio de
ganhar o tempo indispens ável para a confec ção adequada do programa, era a de realizar parte dos trabalho trabalhoss prepara preparatt órios rios tamb também dura durant ntee as hora horass da manh manhã ou da tard tarde, e, teoricamente destinadas ao nosso sono e descanso.
A tarefa de ganhar a confian ça dos radioouvintes alem ães, inicialmente outorgada pelo Alto Comando Comando norteamerica norteamericano, no, era realizad realizadaa na primeira primeira fase fase de atividad atividades es da emissora, como j á mencionamos, por meio da divulga ção de notí cias cias não somente corretas, mas também extraordinariamente detalhadas. Deveriam ser t ão minuciosamente corretas, que não deixassem de impressionar os oficiais alem ães que as ouviriam nos seus postos avançados de combate, e isto, a tal ponto, que estes chegassem a supor que as mesmas se originavam de fontes ligadas talvez ao pr óprio QuartelGeneral nazista. Disp
únhamos, para
tal finalidade, de uma s érie de vantagens. Com efeito, como j á foi mencionado, por ordem superior a nossa emissora contava com um regular n úmero de colaboradores nas mais
ários setores da frente renana. Mencionado foi tamb ém o fato de terem os dois redatores, encarregados dos notici ários militares terrestres e a éreos, livre acesso aos centros secretos de planejamento do alto comando do XII Grupo de Ex ércitos. Est ávamos, assim, plenamente equipados para uma diversas unidades norteamericanas que progrediam nos v
das nossas tarefas favoritas: a de anunciar detalhadamente os movimentos agressivos ou defensi defensivo voss de pequena pequenass unidades unidades,, chegan chegando do mesmo mesmo a citar citar freq üentemen entemente te os nomes nomes individuais de soldados e oficiais alem ães que lutavam em lugarejos t ão insignificantes que não constavam sequer dos mapas comuns e que s ó podiam ser localizados, com a ajuda do material cartogr áfico militar. N ão é de admirar que, em vista da exatid ão e dos surpreendentes detalhes divulgados no notici ário, este n ão somente se tornasse bastante atraente para os ouvintes militares alem ães, como realçava a sua qualidade a tal ponto, que praticamente praticamente exclu exclu í a a poss possibi ibilid lidad adee de quais quaisqu quer er d úvidas vidas sobre sobre a sua autentic autenticida idade. de. Evidentemente, tal autenticidade dependia tamb ém do emprego absolutamente correto da lí ngua ngua alemã, assim como da aus ência total de erros no sotaque dos locutores, o qual devia ser essencialmente renano. Um dos nossos maiores receios consistia na presun ção de que algum dos engenh engenheiro eiross norteam norteamerica ericanos nos encarreg encarregados ados de uma variedad variedadee de tarefas tarefas t
écnicas cnicas no
interior do reboque, acidentalmente pronunciasse alguma palavra em ingl ês, que chegasse a ser captada pelo microfone. Com o tempo, o pessoal t écnico elaborou um complicado sistema de sinaliza ção por meio de luzes coloridas, anunciando, sem possibilidade de falha, quando quando o microf microfone one estav estavaa desliga desligado, do, de modo modo que eles pudessem pudessem assim falar falar ingl ingl ês. Quanto aos locutores, era proibido sob pena de morte pronunciar qualquer palavra em outro idioma a n ão ser o alem ão, desde o momento em que entravam no est údio, até sair do mesmo. De fato, arc ávamos com uma imensa responsabilidade, pois o menor erro no emprego das informa ções altamente confidenciais, a menor falha de coordena ção, podia não somente acarretar o fracasso de certas opera ções militares, com a correspondente perda de vidas dos nossos soldados, mas tamb ém significar o fim da emissora. De certo modo, estávamos constantemente brincando com fogo. Talvez por isso mesmo, nunca houve o caso de um erro grave em nossas atividades. Ach ávamosnos de tal modo compenetrados da
nossa responsabilidade, que proced í amos amos com o m áximo de cautela, tanto na feitura como na irradiação dos programas da 1212. Assim mesmo, passeando pelas ruas da pacata cidade de Luxemburgo, envolta no seu manto de neve, eu me sentia
às vezes invadido por
uma estranha sensa ção. Era um misto de receio, consci ência pesada e, paradoxalmente, de
í ntima ntima satisfa ção, o que se manifestava especialmente no centro da cidade, em meio ao vai evem da multid ão de cidad ãos luxemburgueses, os quais, sem qualquer desconfian ça ou malí cia, cia, continuavam na execu ção de suas tarefas di árias. Algo parecido, enfim, ao que se deve passar na mente de um conspirador um tanto novato ainda sem aquele grau de eficiência profissional que o fizesse perder a sua sentimentalidade. O minucioso e confidencial notici ário militar terrestre n ão era, porém, o único anzol de que nos serv í amos amos para conquistar a confian ça dos ouvintes alem ães. Outro "servi ço" com o qual qual os brind brind ávamos, vamos, eram relatos relatos detalha detalhad d í ssimos ssimos sobre sobre os resultad resultados os dos bombardeios de instala ções bélicas alemãs localizadas em pequenas cidades do territ ório da Renânia. Havia, realmente, no mesmo, assim como em toda a Alemanha, um n úmero cada vez maior de pequenas e m édias cidades que, pela descentraliza ção forçada da ind ústria alemã, se viram convertidas em aut ênticos centros de esfor ço bélico nazista. Eviden Evidentem temen ente, te, para para aquel aquelee "dete "detetiv tive" e" que que era era o Cap. Cap. Scudd Scudder er,, era mais mais f ácil obter obter impressionante variedade de pormenores que caracterizava o seu notici ário aéreo, de uma localidade relativamente pequena, que de uma cidade grande. Por outro lado, com o pr óprio fato de divulgar detalhes dos bombardeios de tais cidades, a 1212 n ão só fornecia um autêntico serviço, mas facilitava tamb ém a injeção de "veneno subversivo" nas mentes, tanto da popula ção civil, como dos militares alem ães, estacionados nas diversas frentes de combate. Com efeito, por raz ões óbvias, as esta ções alemãs preferiam divulgar apenas o estritamente necess ário sobre os bombardeios a éreos cada vez mais violentos aos quais estavam sujeitas as cidades do Reich. Al ém disso, os lideres nazistas tinham que fazer um grande esfor ço para explicar a aus ência cada vez mais prolongada do apoio a éreo às forças
à necessidade imperiosa de usar os ca ças na proteção das f ábricas de material bélico, assim como para proteger os lares das pr óprias famí lias lias dos militares. Ouvindo a descri ção de tais bombardeios, fornecidas pela 1212 com tanto realismo e abundância ncia de deta detalh lhes es,, que que n ão deix deixaava nenh nenhum umaa somb sombra ra de d úvida vida sob sobre a sua sua autenticidade, os soldados alem ães não somente tinham que experimentar alguma d úvida sobre sobre a efici eficiência ncia da Luftw Luftwaff affee em prev preven enir ir tais tais ataqu ataques, es, como como tamb tamb ém duvid duvidar ar da sinceridade das outras emissoras alem ãs, que praticamente escondiam tais ocorr ências.
da Wehrmacht, devido
Eis como era efetuado, na pr ática, esse aut êntico jogo de paci ência e de trabalho "detetivesco", que era o preparo de not í cias cias sobre bombardeios a éreos na 1212: Ao receber a informa ção de que alguma cidade da Ren ânia ia ser bombardeada pela For ça Aérea norte americana, o chefe da bem equipada se ção do Servi ço de Intelig ência dispunha pelo menos
de algum algumas as horas horas para para efetu efetuar ar uma uma s érie de pesq pesquis uisas as sobre sobre a mesm mesma. a. Isto Isto era feito eito principalmente no arquivo daquela se ção, sempre renovado e reabastecido, para onde era canaliza canalizado do pelas pelas Forças Armadas Armadas norteam norteamerica ericanas nas um fluxo fluxo constan constante te de plantas plantas de cidades alem ãs, mapas, livros, folhetos, correspond ência oficial nazista, cartas da popula ção em geral, fotografias, boletins informativos e, sobretudo, listas telef ônicas. Ao levantarem v ôo rumo
à cidade a ser bombardeada os avi ões norteamericanos, j á os seus
comandantes se achavam munidos de um pedido rotineiro da 1212 solicitando fotografias aéreas, incluindo fotos de reconhecimento da
área a ser bombardeada, antes, durante e depois da a ção ser levada a efeito. Grandes amplia ções daquelas fotografias eram fornecidas à 1212, no m í nimo nimo de tempo ap ós o bombardeio às vezes, mesmo no prazo de uma hora ou pouco mais. Comparando as fotos com o material informativo previamente compilado, e analisando cada cent í metro metro quadrado das amplia ções com a ajuda de uma lupa, o Cap. Scudder estava capacitado a determinar com exatid ão quase absoluta n ão somente os nomes das ruas e pra ças porventura alcan çadas pelas bombas, como tamb ém o número e o tipo de prédios atingidos, assim como os nomes de seus habitantes. O resultado de todo aquele minucioso trabalho de pesquisa e coordena ção era o texto redacional do programa noturno, com uma not í cia cia do teor mais ou menos como o que segue: "Gangsters do ar, norteamericanos, efetuaram ontem,
às 2:16 da tarde, um ataque
terrorista contra a cidade de... As bombas, evidentemente arremessadas com o intuito visí vel vel de desmoralizar a popula ção civil, caí ram ram principalmente na Horst Wessel Strasse. Sob os escombros dos pr é édios dios de numera ção 18, 20 e 22, ficaram soterradas oito fam í lias, lias,
çougueiro Rudolf Schneider, a do alfaiate KarlHeinz Licht, a do carteiro Franz Liebig, a do m é dico dico oculista Karl Baum, a do dentista Heinrich Schumacher e a da vi úva Maria Stahl. No pr é édio d io 24 da mesma rua, apenas ruiu a parte onde se localizava a loja de ótica pertencente a Paul Steierbeck. Tanto o Sr. Steierbeck como sua fam í lia, lia, que se encontravam no por ão durante o ataque, est ão sãos e salvos. Os locat ários do 2o. andar, Sr. Franz Frieden e a Srta. Anna Spitz, foram feridos por estilhaços de vidros, por é ém sem gravidade. As opera ções de salvamento e de limpeza est ão em curso. Foram derrubadas pela nossa artilharia antia é rea rea pelo menos duas máquinas terroristas norteamericanas." ou seja, a do guardalivros Hans Wichner, a do a
Tal notí cia cia era quase sempre completada por um relato de "testemunha ocular", baseado em dados ver í dicos dicos forneci fornecidos dos por prisionei prisioneiros ros alem ães originários da cidade bombardeada, que puderam observar a a ção pelas janelas de um trem militar, pouco antes de serem capturados pelas for ças norteamericanas. A 1212 tinha alta prioridade em tais depoimentos e costumava receb êlos por telefone ou pelo r ádio, em tempo m í nimo nimo após o pedido ao Alto Comando. Como se v ê, tal reportagem falada era impregnada de um realismo impressionante, por ém tinha os seus riscos, como seja o de que uma ou mais
famí lias lias ou mesmo pessoas por n ós mencionadas, j á se tivessem mudado para outro local ou não se achassem em casa na hora do bombardeio. Por ém, tais equ í vocos, vocos, de modo geral, não eram de natureza a nos desacreditar perante os nossos ouvintes. Afinal de contas, ninguém pode esperar de uma emissora de r ádio, operando no ambiente incerto e flutuante de uma guerra, um notici ário integralmente perfeito. Assim mesmo, apesar do inevit ável coeficiente de erros e enganos fortuitos, demonstr ávamos em geral uma espantosa exatid ão. Tão espantosa, t ão impressionante, que n ão podia deixar de se converter, com o tempo, no melhor ve í culo culo propagandista em favor da 1212, que era o de captar a confian
ça e a
atenção dos ouvintes alem ães por ela visados. Ali ás, isto foi confirmado por prisioneiros em seus relatos e, portanto, ningu ém poderia acreditar que as not í cias cias por n ós veiculadas de maneira detalhada fossem principalmente um "trabalho de reda ção". Não posso negar que havia em tudo isto, algo de lugubremente "antimoral". Mas, a verdade
é que, tanto de um como de outro numa guerra. Dans la guerre c'est comme dans
la guerre, c'est comme dans la guerre, c'est comme dans la guerre
poderia ter dito a
escritora escritora Gertrude Stein. Stein. A impregn impregnaa ção das das not notí cias c ias e come coment ntários rios de um cunh cunho o subversivo, era uma das maiores dificuldades com que se defrontavam os redatores da 12 12. Pretendí amos amos ser, com efeito, uma esta ção emissora da Ren ânia, de car áter militarista. Por Por isso isso mesm mesmo, o, as crí ticas ticas que que tencio tencion n ávamo vamoss dirigi dirigirr ao alto alto coma comando ndo alem alem ão, e principalmente aos chefes do partido nazista respons áveis pelo prosseguimento de uma guerra já praticamente perdida para a Alemanha, nunca poderiam ser feitas de maneira frontal. Um dos meios favoritos empregados pela 1212 neste sentido, era o de irradiar declara ções dos pr óprios chefes do ex ército alemão, que com freq üência e evidentemente sem querer continham material incriminat ório. Para este prop ósito, um dos mais preciosos colaboradores involunt ários da 1212 era o Mal. Walter von Model, brilhante militar, dedicado ao seu chefe supremo Adolph Hitler at é o fanatismo. A folha de servi ço daquele alto oficial inclu í a destacada atua ção em todas as frentes de combate, inclusive na R ússia, de onde fora transferido, em julho de 1944, para a frente Ocidental em obedi ência a um pedido expresso do pr óprio Hitler, já então em grandes apuros e com car ência cada vez mais pronunciada de chefes militares "dignos de confian ça" e onde lhe fora outorgado o comando do importante Grupo de Ex ércitos "B". Apesar de suas altas qualifica ções militares e do seu fanatismo nazista ou talvez devido a este último o Mal. Model, ent
ão com 55 anos de idade, carecia quase totalmente daquele bom senso inato, t ão indispens ável à redação de instru ções escritas para o uso imediato de seus subalternos. Insistia, ao contr ário, em usar uma linguagem cuja simplicidade simplicidade freqüentem entemen ente te ating atingia ia o picare picaresco sco e mesmo mesmo a infan infantil tilida idade de,, como como por por exemplo exemplo aquele trecho trecho de uma "ordem do dia" por ele determinada determinada alguns dias antes do iní cio cio do contraataque das Ardenas: "Cada oportunidade para obter descanso e sono deve
ser plenamente utilizada... Cabe aos comandantes de cada unidade considerar, do ponto de vista t ático, a melhor oportunidade de sono para os seus homens. O pr ó prio soldado encontrar á em seguida a melhor t é cnica cnica para dormir" .
Do bolsão do Ruhr onde ora se achava entrincheirado, o Mal. Model continuava a
ção para o papel subversivo da nossa ofensiva psicol ógica. Esse notável chefe militar alem ão, que se suicidou no dia 17 de abril de 1945, preferindo a morte à captura, captura, foi foi portanto portanto um dos nossos nossos "colabora "colaboradore dores". s". Basta Bastava va simplesm simplesmente ente ler ao microfone algumas das suas pitorescas "ordens do dia". Certa ocasi ão, por exemplo, quando a munição de suas tropas se achava praticamente esgotada, e estavam elas sendo castigadas por ataques sever í ssimos ssimos da For ça Aérea Aliada, o Mal. Model expediu uma ordem do dia, ensinando aos seus soldados "como lavar a roupa de baixo, de l ã, sem sabão". De outra vez,
fornecernos farta muni
deu uma receita de "como fazer um gostoso ensopado com serragem de madeira e cascas de batatas". batatas". Lí amos amos tais tais orden ordenss do dia ao microf microfon one, e, sem sem acom acompan panh h álas las do mais mais leve leve comentário. Com o agravamento cada vez mais pronunciado da situa ção militar do Reich, a normalmente impec ável disciplina interna das tropas da Wehrmacht estava se deteriorando dia a dia. Possu í amos, amos, nesse sentido, dados concretos fornecidos pelo Servi ço de Inteligência. Entretanto, mesmo de posse de todo esse material informativo irrefut ável, nunca nos ocorreu, sequer por um instante, afirmar diante dos microfones da 1212: "Vai mal. A disciplina das nossas tropas se acha em franco desmoronamento. Devemos tomar medidas urgentes". N ão. Tal método direto estava óbvia e definitivamente fora de cogita ção. Poderí amos amos simplesmente ler e reler durante algumas noites seguidas a seguinte ordem do dia publicada em forma de folheto pelo nosso "aliado", Mal. Model: ceis, ês t êm comprovado nestes dias dif í í ceis, que são rudes combatentes e bons companheiros. As nossas tarefas presentes n ão permitem burocracia. A frente de combate n ão é um quintal de quartel. Somos todos forjados numa união marcial, ligados uns aos outros pelo respeito m útuo, amizade, presteza em obedecer pela luta, pelo sacrif í ício, c io, em qualquer tempo e circunst âncias, na neve, na lama ou no sol. Este sentimento de solidariedade que nos une, deve, no entanto, ser demonstrado tamb é m de maneira ostensiva, vis í vel. vel. Em vista disso, declaro que considero a atitude de pouco caso e neglig ência durante encontros casuais com os companheiros, uma conduta indigna do espí rito rito guerreiro e do comportamento impec ável esperado dos combatentes da frente Ocidental. Da maneira como ele executa a contin ência, assim é o homem! Da maneira como corresponde à sua sauda ção, assim é o seu companheiro! Precisamente agora, nesse tempo de sofrimentos, voc ês t êm a obrigação de demonstrar a todos, sem sombra de d úvida, o seguinte: que todos os soldados do meu grupo de ex é rcitos rcitos do granadeiro at é o marec marecha hall forma formam m um s ó , indivis indivisí vel conjunto conjunto,, desejoso desejososs de alcan alcan çar a vit ória para para "Combatentes da Eifel e de Aachen: Voc
assegurar o futuro da Alemanha. " Model, GeneralFeldlmarschall QuartelGeneral,
fevereiro de 1945. Pelo simples fato de repetirmos durante noites seguidas essas exorta ções do Mal. Model às suas tropas, devia ficar patente aos ouvintes militares alem ães e aos civis, que nem tudo estava como devia, no campo da disciplina interna dos seus ex ércitos. Desse fato, para os seus pensamentos tomarem um rumo ainda mais pessimista, era apenas um passo. Com efeito, ningu ém melhor do que os alem ães, para deduzir que a falta de disciplina era o primeiro sinal da desintegra ção de um ex ército, pois muitos deles ainda se podiam lembrar do quadro confuso que apresentavam as tropas alem ãs, na véspera da derrota final na Prime Primeira ira Grande Grande Guerra Guerra.. Em certas certas circu circuns nstt ância ncias, s, o mero mero fato ato da outo outorg rgaa de uma uma condecora ção a um oficial alem ão se convertia, para n ós, num barril repleto de muni ção de propaganda subversiva. Assim, certa noite, saiu pelas ondas da 1212 a seguinte not í cia, cia, lida com aquele tom seco e um tanto arrogante que caracterizava a nossa emissora: "Recebeu as insí gnias gnias da Cruz de Cavaleiro, com folhagens de carvalho e espada, o capit ão dos "Panzergrenadiere" Werner Bohler. O Cap. Bohiler fez jus
à alta distin ção por ter, em
pleno dia, conseguido retirar sua companhia, amea çada de envolvimento em algum lugar do territ territ ório do Palatin alatinad ado. o. O Cap. Cap. Bohle Bohlerr, usan usando do as mais mais avan avan çadas adas t é écnicas c nicas de camuflagem, pôde com ê xito despistar a vigilância do inimigo, realizando a sua opera ção com o mí nimo nimo de perdas" .
Apesar do teor aparentemente franco e direto, e de relatar um fato ver í dico dico (até certo ponto), continha esta not í cia, cia, na realidade, duas ciladas psicol ógicosubversivas, uma para os oficiais e outra para os soldados alem ães. Na verdade, por ter de maneira temer ária efetuado à plena luz do dia a retirada de suas for ças, recebera o Cap. Bohler a t ão cobiçada condecora ção de guerra, a "Ritterkreuz" com folhagens de carvalho e espadas. Por ém, estávamos informados, atrav és do nosso Servi ço de Inteligência, terem atingido as perdas sofridas, naquela opera ção, 40 por cento do seu efetivo. Escondemos propositalmente o fato graví ssimo, ssimo, não por delicadeza, mas para induzir outros oficiais a ca í rem rem na traiçoeira cilada oculta naquela not í cia cia aparentemente de mera rotina. De fato, ao inteirarse da relativa facilidade com que o Cap. Bohler conseguira obter aquela alta condecora ção (o sonho dourado de todo oficial da Wehrmacht era obter a "Ritterkreuz", o equivalente
érite r ite" do tempo do Kaiser), seus colegas de nazista ao não menos cobi çado "Pour le M é outras unidades tamb ém criariam ânimo e se abalan çariam a imitar o exemplo levando muitos dos seus subordinados
à morte certa. Quanto aos soldados que porventura ouvissem
a notí cia, cia, só podiam ficar indignados, por saberem que um oficial da Wehrmacht tinha sido condecorado daquela forma ao executar uma retirada de suas tropas durante o dia.
ém estávamos seguramente informados um dos principais motivos de ódio dos soldados alem ães, o saber que suas vidas estavam sendo Era sobre isso tamb
freqüentem entement entee e de manei maneira ra temer temer ária ria post postas as em risc risco, o, com com a
única finalidade finalidade de
proporcionar uma alta condecora ção aos seus ambiciosos superiores. O mesmo sistema relato de incidentes escolhidos us
ávamos, para real çar e estimular o seguinte cortejo de
queixas, reclama ções e rancores que se manifestavam em ritmo cada vez maior em todos os setores da Wehrmacht,
à medida que se acumulavam os reveses sofridos nas frentes de
batalha: erros cometidos pelos oficiais que, seja por nervosismo, seja por desespero, ou por incompet ência, mandavam seus subordinados executar a ções agressivas ou outras, sem a mí nima nima utilidad utilidade; e; carência de tecidos, tecidos, provo provocand cando o interrup interrup ção na distri distribu buii ção de uniformes novos, obrigando os soldados a recorrer ao vergonhoso expediente dos remendos; transfer ência de páraquedistas para a infantaria, fato que era inevit ável devido
à
falta cada vez mais pronunciada de avi ões e também por razões táticoestrat égicas, mas que irritava sobremaneira os orgulhosos "Fallschirmjager"; car ência de cobertura por parte da artilharia (a fim de economizar ao m áximo a munição cada vez mais escassa, o fogo
à noite, deixando, durante o dia, as tropas "a descoberto"); defici ências graví ssimas ssimas no sistema de abastecimento, respons áveis por um estado estado de "fome "fome permanen permanente" te" em certas unidades unidades mais avan çadas do exército alemão (quando, finalmente, a comida chegava, era invariavelmente fria); defici ências no sistema de transportes: assim, por exemplo, um contingente alem ão que chegou de trem at é o Reno, teve que percorrer a p é uma distância de mais de cem quil ômetros que o separava do seu setor de combate; insufici ência flagrante de cobertura a érea durante os ataques executados por tropas mecanizadas ou de infantaria; cis ão entre austr í acos acos e alemães casos onde compon componente entess de tropas tropas da montanha montanha (Gebirg (Gebirgsj sj äger) ger) austr austrí acas acas foram foram insultuosamente insultuosamente taxados taxados,, por oficiais oficiais prussian prussianos, os, como como "Ostm "Ostm ärkische rkische Schwe Schweine" ine" (porcos (porcos da Comarc Comarcaa Oriental designa ção esta dada à Áustria por Hitler logo ap ós a sua anexa ção ao Reich); em seguida, os "Gebirgsj äger" foram mandados para a frente de combate enquanto as tropas da SS da infantaria alem ã puderam ficar comodamente na retaguarda; a grosseria de certos oficiais... além de outras. Para real çar ao máximo toda essa gama de queixas e reclama ções, usávamos não somente a divulga ção de certas ordens do dia apropriadas, como tamb ém inve inventam ntamos os por conta conta própria, pria, discur discursos sos e come coment ntários atribu atribuí dos dos a altos altos dignat dignatários protetor da artilharia era utilizado apenas
nazistas. Assim, por exemplo, para destacar o assunto da comida fria, dizia a 1212: "O Cel. Wollersdorf, numa ordem do dia endere çada ao seu regimento, teve o seguinte a dizer a estes (felizmente poucos) soldados, que recentemente t êm manifestado em altas altas vozes vozes o seu descont descontenta entamen mento to por n ão lhes ter sido servida a sua comida t ão gostosamente quente como estavam acostumados a receb êla na casa da mam ãe: "O fato de alguns poucos chamados chamados soldados alem ães, numa hora hora em que que se decidem decidem a sobrevivência e o destino de sua p átria acharem necess ário queixarse abertamente do fato de serem obrigados a engolir comida fria n ão merece coment ários, mas sim, o desprezo absoluto que lhes
é demonstrado por seus companheiros de armas e os superiores".
Contra as manifesta ções de descontentamento cujo volume sempre maior nos era transmitido fielmente pelo Servi ço de Inteligência, tanto o alto comando alem ão como o chefe todo poderoso da propaganda nazista, Joseph Goebbels, eram impotentes para reagir com eficiência. A chefia da Wehrmacht, j á se achava, a esta altura dos acontecimentos, praticam praticamente ente imposs impossibili ibilitada tada de exerc exercer er uma fiscaliza fiscaliza ção eficient eficientee quanto quanto
à execução
efetiva do número elevado de diretrizes distribu í das das a todos os comandantes com o intuito de manter o "Wehrgeist" (esp í rito rito combativo) de suas tropas. Cito aqui o seguinte par ágrafo tí pico pico contido num folheto intitulado: "Linhas mestras para a educa ção ideológica
vel imaginar a É inconceb í vel
transformação de qualquer soldado em guerreiro decidido e agressivo, sem que receba paralelamente ao seu treino militar, uma expressiva educa ção nacionalsocialista. Muito mais do que qualquer outro cidad ão, é mister que o soldado, portador de armas que é , seja um nacionalsocialista convicto. Por isso mesmo deve ele estar capacitado para julgar e conhecer conhecer as exigências polí ticomilitares ticomilitares em rela
ção ao futuro arcabou ço da Grande Alemanha e o seu espaço vital. Com esta finalidade, deve serlhe explicada a raz ão desta guerra guerra.. Cada soldado soldado deve deve saber saber porque porque ela est á sendo sendo trav travada. ada. Deve ter a certeza certeza absoluta de que esta guerra deve ser, e ser á terminada vitoriosamente." OKH, Gen St d H/ H West Abt. (QuartelGeneral Supremo, EstadoMaior do Ex ército Setor Ocidental.) Por sua vez, o astuto Goebbels esfor çavase por inocular, tanto no povo como nos soldados alemães, a convic ção da imprescind í vel vel necessidade de "ag üentar até ao último homem". Para a çular o entusiasmo de seus concidad ãos, já um tanto abalado a esta altura dos acontecimentos, Goebbels usava a estrat égia do medo e da esperan ça como vigas mestras de sua argumenta ção propagandista. Notadamente nos meses de fevereiro e mar ço de 1945, tanto por meio da extensa rede de suas emissoras radiof ônicas como por milh ões de folhetos e jornais, ele martelou incessantemente, usando exorta ções como a seguinte: "Vocês, povo alem ão, t êm a sagrada obriga ção de agüentar at é é ao último homem, porque mesmo a pior das provações que est ão sofrendo na hora atual, quando comparadas
é insignificante
à indigna ção e humilhações que os esperam durante uma eventual e
permanente ocupação pelos bolchevistas russos e pelas tropas negras norteamericanas, aos quais, irremediavelmente, ser á entregue todo o territ ório do Reich no caso de uma vit ória inimig inimiga. a. Agüente entem, m, pois, pois, homen homenss e mulhe mulhere ress alem alem ães. es. Sua Sua obsti obstina nação ser ser á recompensada quando surgirem as novas armas secretas que est ão sendo preparadas em nossas f ábricas e cujo aparecimento em breve dever
á modificar por completo o curso da
guerra. N ão somente impediremos o inimigo de realizar a conquista da Alemanha, mas rechaçaremo aremoss os rest restos os aniqu aniquila ilados dos de seus seus ex é rcito rcitoss para para alé m de suas pr ó prias
fronteiras."
A reação da 1212 contra tal racioc í n nio io do supremo chefe da propaganda nazista foi
í amos amos feito na ABSIE o absurdo e a futilidade da ordem de "ag üentar até ao último homem", est ávamos, pelo contrário, empenhados em darlhe o m áximo de publicidade. Isto, com a finalidade de provocar coment ários indignados de nossos ouvintes alem ães, como por exemplo: " É f ácil para vocês, chef ões, incitarnos a ag üentar até ao último homem é que, para voc ês, nos seus redutos à prova de bombas, nada falta. Entretanto, as nossas casas est ão ruindo e as nossas famí lias lias estão sendo dizimadas sob o efeito dos bombardeios a éreos inimigos." Sobre o tema "ag üentar até ao último homem" escrevi, como se fosse um discurso do ent ão todo poderoso e tem í vel vel chefe das SS, Heinrich Himmler, o seguinte trecho, irradiado a 28 um tanto sofisticada. Em vez de tentar demonstrar como o ter
de fevereiro de 1945: "Com o prop ósito de manter o esp í rito rito guerreiro do povo alem ão para as futuras gerações,
é obrigação sagrada de todo soldado e civil, impregnarse do seguinte lema Lutaremos at é o último muro. Lutaremos at é é a última bala. Rendermonos, nunca! Mesmo que haja uma possibilidade de sermos esmagados pela superioridade num é rica rica do inimigo, a guerra para n ós nunca estar á perdida, sen ão depois de depormos as armas. J á foram sacrificados milh ões de vidas humanas alem ãs no curso desta guerra. N ão far á diferença que sejam sacrificadas outras cem mil ou mais. Por tr ágico que seja isto, do ponto de vista individual, este sacrif í ício c io supremo ser á realizado com a única finalidade de que possa sobreviver, para as gera ções futuras, esta grandiosa heran ça que é o espí rito rito guerreiro do nosso povo. Os netos e bisnetos daqueles que ora preferem a morte à rendição, lembrarse orgulhosame samente nte de seus antepas antepassado sadoss que, que, pela for for ça de sua sua vont vontade ade,, soube soubera ram m ão orgulho transformar uma derrota material em vit ória moral."
Capí tulo tulo XI PARA A FRENTE EM BUSCA DE MATERIAL As casasfantasmas de Echternach Procuramos seis sacolas de couro repletas de diamantes Em Bitburgo, o fogo dos canh
ões
alemães de 88 mm é incapaz de interromper a avalanche de tropas e material do III Ex é rcito rcito "Nenhum de n
ós quis a guerra".
Em nosso constante empenho de atualizar ao m áximo as opera ções da 1212, era nos indispens ável dispor, al ém de uma organizada corrente de informa ções, também de folhetos, livros, filmes cinematogr áficos e outros materiais de document ário nazista, de publica ção recen recente. te. O fato fato de nos achar acharmo moss a pouca pouca dist dist ância ncia da fren frente te de comb combate ate constitu í a um fator fator fav favorável quanto
às possibilidades de obt êlos. los. Com esta inten ção costumávamos empreender periodicamente expedi ções a localidades alem ãs recentemente conquistadas. A "excurs ão" à cidadezinha de Bitburgo, realizada no dia 6 de mar ço de 1945, narrada no meu "di ário de guerra", dar á uma idéia exata sobre esse lado pr ático das nossas atividades:
ã situada a uns 50 quil ômetros a nordeste de Luxemburgo estava marcada para as 7:30 da manh ã. Viajamos eu, o Sarg. Benno Frank e George. Ao tomar o caf é é da manhã , tive um acesso de riso convulsivo, ao "A partida para Bitburgo pequena cidade alem
notar a chegada do Sarg. Frank, todo preparado para enfrentar os perigos da guerra. Devido ao intenso frio que ainda fazia em Luxemburgo, e que prometia n ão ser amenizado
ão militar Benno tomara a precau ção de envolver o corpo nas seguintes vestes protetoras: um pul ôver; por cima do pul ôver, um casaco de l ã; por cima do casaco de lã , um jaquet ão; e, finalmente, por cima destas tr ês camadas de tecido quente, a felpuda capa militar de cor c áqui. J á normalmente dotado de dimens ões consider áveis, ele adquirira agora propor ções t ão superimponentes, que, para sua grande mágoa, goa, não pude pude deixa deixarr de cumpr cumprime iment nt álo como o Mal. G öring. ring. Quando Quando o assim assim "recheado" Benno se instalou na poltrona do Cel. Powell para, com toda a sua impon ência de potentado oriental tomar o desjejum, eu quase perdi o f ôlego de tanto rir." pelo nosso meio de transporte um jip
As 7:30 em ponto o jip ão nos veio buscar. O Sarg. Frank instalouse na frente, onde
seus largos ombros, coroados que j á estavam por um min úsculo gorrinho de l ã, formavam uma espécie de pico de uma desproporcional montanha, perigosamente inclinada para o lado do chofer, um cabo. George e eu ocupamos o amplo assento traseiro do ve í culo culo que, roncando violentamente, atravessou a cidade de Luxemburgo na costumeira correria "
à
toda". Na saí da da tivemos que parar diante de um posto da Pol í cia cia Militar para o obrigat ório exame de documentos. Logo chegamos às torres transmissoras da R ádio Luxemburgo (que, como dissemos, serviam tamb ém à nossa emissora). As imponentes constru ções, ancoradas
à terra por grossos fios de arame, estendiamse em fila ascendente at é quase o topo da colina onde, num pr édio branco, de linhas modernas, estava instalada a usina el étrica. Observei, andando de um lado para outro, uma sentinela portando um capacete achatado do tipo britânico e carregando um fuzil dotado de comprida baioneta; mas fui incapaz de descobrir a metralhadora pesada que, de acordo com a afirma ção categórica do nosso cabo motorista, achavase atr ás de uma das janelas. Prosseguimos o caminho, atrav és de uma região coberta de bosques. Apesar da chuva que ca í a incessante, o chofer, gra ças aos pneumáticos ticos antiderra antiderrapan pantes tes do jip ão, consegu conseguiu iu manter manter uma velocidad velocidadee m édia assaz assaz elevada. A estrada, que no in í cio cio se apresentava excelente, logo deu para piorar e come çaram a surgir, aos seus lados, filas de cercas com trapos vermelhos dependurados no arame farpa farpado do,, indica indicando ndo perig perigo o de mina minas. s. Quanto Quanto mais mais perto perto cheg cheg ávamos vamos de Echterna Echternach ch (cidadezinha em territ ório luxemburgu ês, a uns 30 quilômetros da capital), tanto mais rastos da guerra pod í amos amos observar: casas derrubadas por disparos de canh ões, com grandes furos na alvenaria; algumas, com as paredes em p é, sem janelas, o interior consumido pelo fogo. ício Na cidade de Echternach a destrui ção era incr í vel. vel. Não houve sequer um s ó edif í c io que tivesse escapado inc ólume ao efeito arrasador da artilharia e das bombas. Alguns dos prédios dios pare parecia ciam, m, vist vistos os da rua, rua, intac intactos tos.. Por Por ém, nada nada mais mais eram eram do que que fach fachada adass fantasmas que escondiam amontoados de destro ços. O cinzento triste da chuva contribu í a ainda mais para aumentar a l úgubre desola ção do ambiente. Algumas das casas tinham sido reduzidas a montes de tijolos, dos quais sobressa í am am coloridos, sujos e umedecidos pela chuva, saias de mulher, como tamb ém pés de mesas, cadeiras e lou ças quebradas. O que sobrava da grande maioria dos pr édios era a fachada, assim mesmo em lastim ável estado: sem janelas, a alvenaria perfurada por gigantescos buracos e salpicada pelos rastos dentados de estilhaços de granada. Aqui ou acol á erguiase metade de uma casa ou parte de uma igreja igreja.. Por Por onde onde quer quer que que f ôssemo ssemos, s, por por todos todos os lados lados nos nos conf confron rontt ávamo vamoss com o semblante feroz da guerra. Através de toda esta desola ção, continuava imperturb ável o tráfego de ve í culos, culos,
à frente. Era um fluxo quase que ininterrupto de possantes caminh ões verdeoliva, tanques, jipes e outros ve í culos culos motorizados. Quanto a n ós, não deixamos Echternach
rumo
imediatamente, pois antes de prosseguir, t í nhamos nhamos que nos desincumbir de um dos encargos que nos tinham sido outorgados por amigos, residentes na cidade de Luxemburgo. Encargos de caráter estritamente particular, ligados às propriedades e coisas que eles tinham deixado atrás, em cidades onde antes residiam, ora engolidas pela voragem da guerra. Com efeito, apesar do teor secreto da miss ão que desempenh ávamos como membros da equipe da 1212 levávamos, dentro das poucos horas vagas de que disp únhamos, uma vida completamente normal, o que acarretava, entre outros fatos, o estabelecimento paulatino de um s ólido cí rculo rculo de amigos no seio da popula ção luxemburguesa. At é hoje sou incapaz de explicar a exatidão quase quase telep telepática tica com a qual qual os nosso nossoss amigo amigoss luxemb luxembur urgue gueses ses cheg chegav avam am a adivinhar a imin ência de uma das nossas repentinas viagens rumo ao "front". Evidentemente desconheciam por completo a verdadeira raz ão, assim como os objetivos daquelas excurs ões. Possuidores de fina educa ção e de um tato por dizer inato, nunca lhes ocorrera sequer, mesmo de forma indireta, tentar obter quaisquer informa ções concretas a esse respeito. Por ém, era natural que, cientes ou esperan çosos de que pud éssemos passar por alguma localidade onde tinham abandonado seus bens, alguns deles nos pedissem encarecidamente que "d éssemos uma olhadinha" para ver como as coisas andavam "por l á" e, principalmente, para nos certificarmos se ainda havia sobrado algo de suas propriedades. A mera tentativa de satisfazer tais desejos constitu í a, a, de nossa parte, uma flagrante viola ção do estrito regulamento militar. Por ém, a verdade seja dita, tais infra ções se produziam regularmente em todas as viagens que efetuamos. Prova de que, tanto em Luxemburgo, como nos Estados Unidos, no Brasil ou em qualquer outro pa í s do mundo, não há obstáculo que não possa ser superado por uma boa e s ólida amizade. Naquele 6 de mar ço de 1945, em Echternach, custounos um pouco descobrir o pr édio de esquina indicado por um dos nossos amigos de Luxemburgo. O edif í cio, cio, parcialmente destru í do, do, portava, como todos os outros daquela cidadezinha, uma placa com a inscri ção NO LOOTING (proibido pilhar). Era uma advert ência aos soldados norteamericanos para que respeitassem as propriedades de cidadãos de um pa í s amigo como era o Luxemburgo, em territ ório do qual se achava a pequena Echternach. No entanto, como viemos freq üentemente a descobrir, tais apelos
à
civilidade e ao cavalheirismo nunca surtiam efeito em tempo de guerra, quando a maioria dos homens perdem o seu equil í brio brio moral, ficando completamente dominados por seus instintos. Assim, foi em v ão que procuramos a mala deixada por um desses amigos, que devia conter uma apreci ável soma em dinheiro e outros valores e que, na precipita ção da fuga, não pudera levar consigo. Encontramos, isto sim, uma incr í vel vel desordem, como se o interior da habita ção, relativamente intacto, tivesse sido vasculhado de baixo para cima pelo próprio GengisKhan e sua coorte da antiga Mong
ólia. Um monte de excrementos humanos em cima da cama de casal no dormit ório da habitação servia de apropriado cart ão de visita dos autores do furto da mala e do triste estado em que se achava o interior do pr édio, o qual milagrosamente havia escapado à ação destruidora da artilharia norteamericana.
Logo depois de passar Echternach, chegamos ao Rio Sauer. Estreito como
é, em
poucos instantes conseguiu o jip ão atravessar a rec émconstru í d daa ponte que se estendia sobre as águas de cor amareloturvo. As isoladas habita
ções de camponeses e sitiantes que
esporadicamente surgiam ao lado da estrada, n ão tiveram melhor sorte que as da cidade de Echternach, com os seus amontoados de destro ços enegrecidos pela fuma ça, e alvenaria crivada de enormes fendas. Observamos regular n úmero de casamatas, algumas camufladas. Uma delas imitava com perfei ção o exterior de uma casa de camponeses. Ao inv és de janelas, mostrava nas grossa grossass parede paredess de ciment cimento o armad armado, o, burac buracos os pelos pelos quai quais, s, havia havia ainda ainda pouco pouco tempo tempo,, apontavam pesadas metralhadoras nazistas. Muitas destas constru ções de aspecto um tanto sinistro, cujas formas quadradas guarneciam as colinas vizinhas, estavam enegrecidas pela fumaça. O terreno ao redor, coberto por crateras de granadas.
Árvores arrancadas, ca í das, das, algumas delas com os troncos perfurados por balas, e as cascas da madeira à mostra. Filas de trincheiras, algumas cheias de água. Aqui e acol á, virado no chão, um arado enferrujado. Um cavalo morto, a barriga inchada, o p êlo sujo e molhado. Outro, um possante animal castanho, achavase ca í do do no fosso ao lado da estrada, para onde aparentemente tinha sido arremessado pelo deslocamento do ar de uma explos ão. A estrada era ali t ão esburacada que forçava o jipão a progred progredir ir vagaro vagarosam samente ente,, por ém ainda ainda com suficiente suficiente impulso impulso para ígado. ado. O asfalto da estrada torturar bastante os meus órgãos internos, especialmente o f í g esta estava va,, em algun algunss luga lugares res,, de ponta ponta a ponta ponta atra atrave vess ssado ado por crater crateras as recent recentem emen ente te entupida entupidas. s. Eram rastos rastos de antigas antigas armadilha armadilhass antitan antitanques ques alem ãs, ao lado lado das das quai quaiss apareciam ocasionalmente os restos retorcidos de v árias de suas v í timas, timas, como tanques, automóveis militares, caminh ões ou jipes. A paisagem era triste e solit ária, de vez em quando interrompida por grupos de soldados norteamericanos empenhados na constru
ção
de alguma ponte ou no conserto de uma linha telef ônica, frouxamente dependurada. A alguns quil ômetros de Echternach deparamos com tr ês fileiras de obst áculos antitanques ainda ainda intactos intactos.. Saliências ncias triangula triangulares res de cimento cimento armado, armado, pintadas pintadas leve levement mentee de cor marrom esverdeada. Tanto esfor ço e dinheiro despendidos inutilmente pelos alem ães na sua constru ção! Estendidas em vasta
área naquela simetria pr éfabricada que caracteriza os cemit érios militares, perdiamse no cinza triste do horizonte as suas intermin áveis colunas.
à f ábrica na qual George ocupara outrora o cargo de gerente. As suas esperan ças de encontrar algo intacto, logo se desvaneceram, quando vimos os destro ços do prédio. Na porta do barrac ão principal, as palavras meio apagadas: "G. I. dead in attic" (22), Por Por dent dentro ro,, fileir fileiras as de m áquinas enferrujadas, parcialmente destru í das das e lugubrem lugubremente ente Chegamos
iluminadas pelo excesso de luz que penetrava nas enormes brechas do telhado. Quanto ao escritório, rio, no prim primei eiro ro anda andarr, nada nada mais mais era era do que que um amon amonto toad ado o conf confus uso, o, com com escrivaninhas tombadas, papelada e cadernos de toda esp écie; as portas do cofre estavam
abertas. O soldado morto no s ótão já havia sido levado. Nossa pr óxima parada foi um castelo perto de uma aldeia. Ali dev í amos amos desempenhar a segunda miss ão esta, colorida pela atmosfera fabulosa de um conto das Mil e Uma Noites. Com efeito, outro dentre os amigos luxemburgueses, dono da magn í fica fica mansão, demonstrando tanto desespero quanto uma f é cega em nossa honestidade, nos encarregara da localiza ção e eventual remo ção para Luxemburgo, de um tesouro de valor inestim ável: meia dúzia de sacolas de couro repletas de diamantes e, conforme suas palavras, escondidas atr ás de uma parede disfar çada, no porão do castelo. O pr édio, de estilo barroco, de cor roxoavermelhada, constru í do do no ano de 1780, estava ainda de p é, apresentando por ém, uma apar ência lastimável. Suas paredes, marcadas já pelo familiar desenho l úgubre dos estilha ços da artilharia, eram coroadas por uma ornamenta ção sui generis , consistindo de um cord ão de figuras de pedra precariamente dependuradas na alvenaria, da qual tinham sido arrancadas pelo impacto do deslocamento de ar proveniente dos disparos. Enquanto o motorista ficou esperando no jip ão, Benno, George eu nos dirigimos para a entrada do por ão. O farolete que tinha trazido comigo provou ser sobremaneira
útil, não somente porque iluminava os degraus de pedra um tanto escorregadios, como tamb ém porque permitia uma revista mais completa do local, para detectar a eventual presen ça de minas terrestres. A coloca ção desses engenhos trai çoeiros e mort í feros feros era uma especialidade dos alem ães em retirada. Aqueles apetrechos diab ólicos, habilmente camuflados, causaram elevado n úmero de ví timas, timas, principalmente entre as tropas de choque dos exércitos aliados. Como n ão existia, aparentemente, viv'alma nas depend ências do castelo, que nos pudesse prestar quaisquer esclarecimentos sobre a nacionalidade dos seus
últimos ocupantes, era claro que, por raz ões de elementar precau ção, deví amos amos esperar o pior ou seja, que se tratava de componentes da Wehrmacht. Entretanto, ao alcan çarmos o porão, após uma descida vagarosa, degrau por degrau, respiramos aliviados ao depararmos, espalhada no ch ão de pedra, grande quantidade de ra ções de emerg ência, assim como sapatos e pe ças de uniforme, todos de proced ência do ex ército dos Estados Unidos. Se, por um lado essa descoberta amenizou o receio das minas alem ãs, por outro aumentou as nossas preocupa ções quanto ao destino dos diamantes. Desde que o por ão, como o provavam os vest í gios gios deixados por esses visitantes, evidentemente tinha sido j á vasculhado pelos aut ênticos "craques" na localiza ção de esconderijos que eram os militares ianques, apenas por um verdadeiro milagre poderiam estar a salvo as pedras preciosas perten pertencen centes tes ao nosso nosso amigo amigo de Luxe Luxemb mbur urgo go.. Segui Seguindo ndo as instru instru ções dest destee último, contamos um certo n úmero de pain éis de madeira, n ão demorando muito para descobrirmos o compartimento secreto. A luz do meu farolete, dirigida para o seu interior, revelou um amontoado de antig üidades empoeiradas consistindo principalmente de pratos de Sèvres ricamente pintados, assim como de algumas pratarias. Dos diamantes nada, nem sinal.
Tivemos que nos curvar diante da dura realidade: o tesouro do castelo n ão conseguira
à cobiça dos soldados norteamericanos que, ali ás, não agiram de modo diferente do que qualquer guerreiro conquistador de outras na ções, do passado ou do presente.
escapar
última cidadezinha que nos separava do destino final, que era Bitburgo, fizemos uma r ápida visita a um burgo da BDM (23), organiza ção feminina nazista, dedicada ao aperfei çoamento das qualidades e virtudes consideradas dignas do chamado padr ão da raça germânica, estabelecido por Hitler. O pr édio, como todos os Em Bollingen, a
demais pontos da cidade, achavase vazio e bastante danificado pelos disparos da artilharia norteamericana. Na porta de entrada estava escrita a giz branco: Achtung, Feind schiesst scharf scharf (24). (24). Nos amontoados amontoados de destro destroços empoe empoeira irados dos que que guarn guarneci eciam am os c ômodos, encontrei v ários livros e folhetos. Quanto
às antigas ocupantes do burgo, nada lembrava
mais a sua presen ça a não ser alguns sapatos de baile, sem brilho, amassados e estragados. A medida que nos aproxim ávamos de Bitburgo, cidade natal de George, este come çou a demonstrar vis í veis veis sinais de crescente agita ção e, apontando um monumento cuja silhueta retangular se descortinava no c éu cinza, exclamou: "O monumento dos combatentes ainda está de pé! E também a chamin é da cervejaria". Notavase na voz de George, al ém da compreens í vel vel emoção, também alguns vest í gios gios de esperan ça. Talvez o fato de terem ficado intactos aqueles dois marcos da cidade fosse um press ágio alvissareiro, permitindo a dedução de que talvez a sua casa tamb ém tivesse escapado ilesa. Já na entrad entrada, a, por por ém, tornouse tornouse patente patente que Bitburg Bitburgo o aprese apresenta ntava va um aspecto aspecto idêntico a Echternach. N ão se via um pr édio que não tivesse sofrido a a ção da artilharia. No barro amarelado das ruas, margeadas por fileiras de ru í nas, nas, arrastavase uma ininterrupta corrente de tanques, canh ões, carros, jipes e caminh ões norteamericanos. O pesado tr áfego militar que encontramos em Bitburgo explicavase pelo fato de estar atravessando a cidade, justamente naquela hora, um forte contingente do ex ército do Gen. Patton, incumbido de tentar um ataque maci ço contra as linhas alem ãs com a finalidade de romp êlas, rumo a Coblen ça. Num dos cruzamentos, o tr áfego era t ão intenso que fomos obrigados a parar o nosso jipão. Um major do ex ército, com o capacete inclinado por cima de um grande mapa, dirigia o fluxo incessante dos ve í culos. culos. Enquanto Enquanto discutí amos a mos,, aind aindaa sent sentad ados os no carr carro, o, a poss possib ibil ilid idad adee de desc descer er e segu seguirm irmos os a p é até
à casa de George, George, ressoou ressoou repenti repentinam namente ente um forte forte estampid estampido, o, misturandose ao estalo da explos ão, uma sonoridade levemente melodiosa. . . bbbaenggg! E outra vez bbbaenggg! Ao todo, oito violentos disparos de artilharia, um ap ós o outro, levantandose no local onde os obuses ca í am am a uns 800 metros de nós pequenas nuvens de fuma ça branca. Alguns soldados do caminh ão à nossa frente, ao ressoarem os disparos saltaram do ve í culo, culo, procurando abrigo numa das casas semi
destru í das. das. O som
é de canhão de 80 mm disse George uma das melhores pe ças de artilharia que os alem ães possuem. Estamos perto da frente de combate. Talvez a uns 8 quilômetros... Uma série de violentos estrondos, mais poderosos que os primeiros, fizeram ão no máximo a uns estremecer a terra. Estes s ão os nossos exclamou o chofer est quinhentos metros daqui. Indiferente aos disparos da artilharia, provenientes de ambos os lados, a mar é interminável de homens e material de guerra norteamericana deslocavase em direção a Coblen ça. Gigantescos caminh ões militares, arrastando n ão menos possantes canhões de assalto, os "focinhos" encobertos por tampas protetoras de lona, grudados uns aos outros, outros, esses esses conjunto conjuntoss de artilharia artilharia pesada pesada avan avan çavam, avam, numa prociss ão vagarosa, vagarosa, porém inexor ável. Quando se balan çavam, aos solavancos, produziam um tinido met álico, deixando na sua passagem um rasto com forte cheiro de choque encostado a p árachoque, centenas de caminh
óleo diesel. Atrás deles, pára
ões repletos de tropas de infantaria,
vestindo capacetes toscos, cobertos de redes de camuflagem, a maioria em total apatia, alguns demonstrando palidez nos rostos, por ém iluminados por t í midos midos sorrisos. Tanto as armas como os ve í culos culos careciam do aspecto reluzente que caracteriza os desfiles militares em tempo tempo de paz, paz, porq porqua uant nto o se acha achava vam m visiv visivelm elmen ente te gast gastos os e cobert cobertos os de lama, lama, demonstrando que haviam mantido fortes combates com o inimigo. Estes entram em a ção ainda hoje disse o Sarg. Frank, apontando para os soldados sentados nos caminh ões. A avalan avalanch chee de veí culos culos bélicos era imponente, intermin ável. Um jipe, com uma estrela prateada em fundo vermelho pintada no p árachoques, parou na esquina. Um general brigadeiro observou o chofer. O general desceu. Era baixo e gordo, e trajava uma jaqueta que, para efeitos de camuflagem, ostentava um desenho onde predominavam as cores verde e amarela. O general, rodeado de alguns oficiais, permaneceu bastante tempo naquela esquina, fiscalizando o tr áfego de homens e material. Ouvimos mais alguns disparos de artilharia, vindos do lado dos alem ães. Porém, desta vez, os obuses ca í ram ram mais longe.
à casa de George, onde o esperava uma amarga decep ção, já demonstrada pelo aspecto exterior lastim ável. Ao subirmos a escada coberta de grossa camada de lama, verificamos logo que, al ém da destruição, ela havia sofrido tamb ém os efeitos da pilhagem. Todos os c ômodos estavam cobertos de destro ços e imundí cies. cies. Nada sobrara, exceto algumas pe ças de mob í lia lia quebradas, cobertas de p ó, gavetas puxadas para fora. E um grande sil êncio. Procedí amos amos agora à realiza ção de nossa tarefa principal, ou seja, a de procurar material para nossa emissora. Infelizmente, o pr édio do quartelgeneral do partido nazista da comarca de Bitburgo achavase em estado n ão menos lastim ável que ícios os dema demais is edif edif í c ios da cidade. cidade. Tivem Tivemos os que remexe remexerr montanh montanhas as de pap éis e engo engolir lir Chegamos finalmente
subst substan ancia ciall quan quantid tidad adee de poeir poeira, a, antes antes de desco descobri brirr algum algumas as pilhas pilhas de docum document entos os intactos, assim como umas vinte latas de metal contendo fitas cinematogr áficas de 16 e 35 mm, representando diversas fases das atividades do partido nazista em Bitburgo. No pr édio dos correios localizamos e levamos uma mala postal repleta de correspond ência, escondida
debaixo das grades de um guich ê, camuflada por uma espessa camada de poeira e que
à "curiosidade" das tropas de choque. Na volta paramos numa aldeia aldeia,, diant diantee de um grupo grupo de casas casas semid semides estru tru í das, das, a fim de interr interrog ogar ar alguns alguns dos milagrosamente escapara
habitantes. Ficamos satisfeitos pela oportunidade de podermos conversar com aqueles raros representantes da popula ção civil alemã, pois foram, com exce ção de alguns meninos da "HJ" (25), os únicos que pudemos localizar durante toda a nossa viagem. Prova Provave velme lmente, nte, diante diante do impacto impacto das recentes recentes a ções bélica licas, s, a maio maioria ria dos dos habitantes da regi ão tinha fugido ou estava escondida nos bosques das cercanias. Dirigi a palavra a um homem de bigode eri çado, salpicado de fios brancos: Qual
é a sua profiss ão? Lavrador? Lavrador e trabalhador respondeu o homem, fazendo evidente esfor ço de ser amável. Tanto ele como os dois rapazes a seu lado demonstravam uma docilidade e uma modéstia exagerada ao extremo, para ser sincera. Um dos garotos, que aparentava uns quinze anos, ainda vestia o uniforme da "Juventude Hitlerista", por ém sem a "swastica" ou quaisquer outras ins í gnias gnias nazistas. Admitiu ter pertencido à "HJ". Que pod í amos amos fazer? A gente era for çada. Todo mundo era obrigado a alistarse... E voc ê? indaguei do seu amigo, um garoto de uns onze anos Tamb ém fez parte da "HJ"? Sim concordou ele a gente era for çada... Atravessei a estrada, onde Benno havia entabulado conversa com duas mulheres, paradas à frente de uma casa esburacada. Uma delas, alta e magra, tinha o rosto p álido e arcado por uma boca exageradamente estreita. A outra era gorda e baixota. Ent ão indagava o Sarg. Frank voc ês estavam com medo dos americanos? N ão respondeu a dos lábios finos sab í amos amos que eles n ão nos fariam mal, pois os conhecemos desde a
çucarada: Ainda tenho uma fotografia que me ças de que mostra ao lado de um americano. E depois de uma pausa: Temos esperan ainda veremos dias melhores. Contounos, em seguida, que n ão haviam recebido ordem de evacua ção. Assim, tinham decidido permanecer na aldeia. Enquanto convers ávamos, o ruí do do ensur ensurdec deced edor or de alguns alguns tanqu tanques, es, proce proceden dendo do em meio meio a uma uma colun colunaa de outro outross veí culos, culos, fez com que eu virasse o rosto naquela dire ção. A mulher devera ter percebido a expressão de orgulho que, sem eu querer, iluminara os meus olhos. N ós também disse ela possu í mos mos muitos carros.., s ó que o nosso " Sprit " (26) se esgotou... A senhora Primeira Guerra Mundial. E com a voz a
acredita que a Alemanha ainda pode ganhar a guerra? perguntou Benno. Ela refletiu durante alguns segundos e, sem conseguir ocultar o ódio que engrossava sua voz, retrucou: Sim, cada um de n ós deseja a vit ória do seu próprio paí s. s. E ainda mais n ós, que ternos lutado por seis longos anos... Por ém, a sua amiga gorducha apressouse a acrescentar rapidamente: Ao ver passar todos estes ve í culos, culos, a gente quase come ça a acreditar que a Alemanha não consiga mais ganhar esta guerra. Era evidente que ela pronunciara estas palavras, n ão porque refletissem a sua pr ópria opini ão, mas com o intuito apenas de apagar
a péssima impress ão causada pelo modo de falar da outra mais atrevida, por
ém mais
sincera. Um homem trajando o casaco dos soldados da Wehrmacht, o rosto p álido coberto de pontas de barba, acrescentou em voz conciliat ória: Ningu
ém de nós quis a guerra... E a gorducha, com um sorriso um tanto for çado, concordou: De fato, ningu ém de nós aqui da aldeia quis a guerra...
Capí tulo tulo XII ALEMANHA, ZERO HORA MENOS CINCO Excesso de franqueza pode custar a vida At a aderir ao "Volkssturm" Altos funcion
é os cegos são obrigados
ários nazistas insistem em
seus privil é gios gios Descri
ção detalhada dos resultados de um bombardeio Acabouse: os americanos est ão atravessando Bad Nauheim.
Mencionei, no cap í tulo tulo precede precedente, nte, a satisfa satisfação que sentimos ao descobrir nos
í cio escombros do edif í cio dos correios de Bitburgo, uma mala ainda lacrada do correio alem ão, repleta de cartas. Isto, porque estas constitu í am am a nossa melhor e mais objetiva fonte de informações sobre o estado de esp í rito rito do povo alem ão na iminência do colapso total da resist ência da Wehrmacht ou seja, na "zero hora menos cinco minutos". Os remetentes, j
á
sob o efeito dos constantes bombardeios dos aliados, tinham mandado aquela correspond ência sem muita esperan ça de que chegasse ao destino. Por ém, apesar destas considera ções realistas, ningu ém iria deixar de escrever aos seus parentes e amigos. Podese
época poca na Alema Alemanh nhaa teriam teriam sido sido escri escritas tas e despach despachadas adas tantas tantas cartas. cartas. Mandar Mandar uma correspon correspond d ência era quase sempre a última e mesmo mesmo afirma afirmarr que, que, em nenhu nenhuma ma outra outra
desespe desesperada rada tentativa tentativa de estabel estabelecer ecer contato com um ente querido, talvez talvez perdido perdido na confus ão da reti retira rada da do ex ército rcito derro derrotad tado o ou preso preso nos nos escom escombr bros os de uma uma cidad cidadee devas devastada tada por bombard bombardeios eios a éreos. reos. Escre Escrev ver uma uma carta carta seria seria semp sempre re um "desab "desabaf afo" o" psicol ógico, o meio mais seguro de se livrar, pelo menos temporariamente, da press ão quase insuport ável das preocupa ções do presente e do medo do futuro. Receber uma carta era o melhor e mais caro presente, uma b ênção de Deus, mais promissora que qualquer dinheiro do mundo. Dos muitos milhares de cartas daquela época, que nunca chegaram ao seu destino e que, no desempenho da minha fun ção no Departamento de Guerra Psicol ógica do XII Grupo do Ex ército norteamericano fora obrigado a ler, conservei algumas, a t í tulos tulos de souvenir de guerra. Destas, cito em seguida as mais reveladoras: Carta de uma m ãe menciona meninos de quinze anos de idade chamados pelo exército para cavar trincheiras:
" Bad Nauheim, 26 de mar ço de 1945 Minha Minha cara cara Elfriede Elfriede,, no quarto quarto de Hansge Hansgert rt dormem dormem dois refugiado refugiadoss de Francfo rancforte, rte, parentes da Senhora Stein. Hansgert dorme no div ã. Impedida assim de arrumar a casa, aproveito o tempo para escreverte. Tentarei novamente fazer chegar esta carta a Siegen, de onde, eu espero, te alcan çar á. H á quinze dias atr ás, Marburgo foi alvo de um bombardeio. N ão temos at é é agora, sinal de vida de voc ês. Sabemos apenas o que foi contado pela Srta.
É para desesperar, a gente n ão sabe mais nada sobre os parentes pr ó ximos. De casa, evidentemente, tampouco h á not í í cias. cias. Em nossos pensamentos, estamos constantemente com voc ês. Como vão? E, principalmente, como v ão teus pais? Deve ser terr í í vel vel para ambos, veremse confrontados com os destro ços da obra pelo erguimento da
Zander.
qual trabalharam toda uma vida! E a padaria? Onde moram eles agora e por onde andam tuas irmãs? Caso desejes vir para c á com Wolfgaengchen, posso cederte o quarto do canto o antigo escrit ório. Por é ém, m ,
é melhor não dar palpites. Talvez que n ós mesmos
possivelmente sejamos obrigados a abandonar o nosso lar. Todos os soldados feridos aptos a caminhar caminhar,, recebe recebera ram m alta dos hospitai hospitais. s. Apenas Apenas os grav gravemen emente te ferido feridoss continua continuam m internados. Todos os telhados dos hospitais acabam de ser pintados com enormes cruzes verme vermelha lhas. s. A "Esco "Escola la No. 3" foi foi onte ontem m conve converti rtida da em hospi hospital tal.. A cidad cidadee est est á sendo atravessada por uma torrente de refugiados vindos da regi ão de FrancfortesobreoMeno. At é é hoje ainda estou tonta. Imagina: no s ábado, dia 24 e domingo, 25, os rapazes nascidos em 1929 e 1930, respectivamente, receberam ordem de se reunir. As 19 horas iria um transporte para Dieburgo, perto de Darmstadt, onde deveriam ser cavadas trincheiras. Incr í v el, a agita ção dos pais! Era obrigat ório levar ví veres veres para tr ês dias, inclusive cinco ível, quilos de batatas. No caso do n ão aparecimento de qualquer dos rapazes, seus pais ficam
à lei marcial. Belo e formoso, ap ós uma dura despedida, Hansgert, equipado com uma mochila de 40 quilos de peso, p ôsse em march marcha a às 13 horas. horas. Reunir Reunirams amsee em
sujeitos
Friedberg uns 250 garotos. No meio da chamada, foi dado o alarma, sofrendo Friedberg o seu mais pesado bombardeio a é reo. reo. Contamos aproximadamente 300 avi ões que, com certeza, devem ter arremessado umas 1 200 ou 1 500 bombas sobre a cidade. E as crianças, no meio desta caldeira de bruxas, com apenas algumas trincheiras rasas para proteção! Graças a Deus, sa í ram ram ilesas. Foram ainda t ão inteligentes, que se aproveitaram da primeira calmaria para "dar o pira" em dire ção a Nauheim. Chegaram em casa
às 6
horas da tarde, cobertos de lama, da cabe ça aos pé s, s, e agora n ão os deixamos sair mais. Todos odos nós apro aprove veita itamo moss os sandu sanduí ches das das mochil mochilas as de prov provis is ões. Assegur Assegurot otee que raramente comemos refei ção mais saborosa. O meu Hansgert n ão se cansava de repetir de como estava contente de regressar à casa. Fora isto, ainda estamos todos bem. Se pelo menos pud é éssemos s semos ter not í ícias cias tuas e de Hans... S ábado fala falando ndo pelo pelo r exortou ádio, exortou
à noite o "Gauleiter" Sprenger,
rancforte orte,, Offenbac Offenbach, h, Darmstadt Darmstadt e às populações de Francf arredores, a deixarem suas cidades. Os que ficarem atr ás ser ão considerados traidores.
Que faremos, se tal ordem vier a ser dada tamb é m em Nauheim? N ão o posso crer, por é m, m,
à chegada chegada constante de novos novos hospitais militares. militares. Adeus, minha querida Elfriede. Desejo muita sorte a ti e ao meu pequenino Wolfgang. Sauda ções sinceras a ti, teus pais e tuas irmãs. Tua GRETEL." devido
Aventuras de uma viagem de Berlim a Nauheim: "Nauheim, 27 de mar ço de 1945 Meu querido Hansermann Talvez já tenhas recebido as poucas linhas de sauda ções que pude pude entr entreg egar ar ao passa passage geir iro o de um trem trem que que paro parou u aqui, aqui, cujo cujo desti destino no era era Berl Berlim. im. Entretanto, após uma viagem repleta de aventuras, cheguei anteontem
às 17 horas a Nauheim. Eis o relato da minha peregrinação: Em Berlim, devido à paralisa ção dos transportes p úblicos, eu me pus a caminho da esta ção duas horas antes da sa í da da do trem. Assim mesmo alcancei justamente a tempo, o último carro da composi ção, que já estava em movimento. Dois soldados i çaramme para dentro do carro. A noite toda, o trem, em velocidade fant ástica, não fez sequer uma parada fora das previstas no hor ário. Fui feliz em obter um assento a partir de Erfurt. Em Schweinfurt, onde chegamos às 20:30, tivemos que abandonar o carro, devido a um ataque de avi ões inimigos, voando a baixa altitude. Por é ém, m , tant tanto o eu como o trem trem saí mos mos ilesos. ilesos. Às 10 hora horass fomos fomos notif notifica icados dos de que que prosseguir í í amos amos rumo a Wurzburgo, onde chegamos ao meiodia e trinta. Wurzburgo é uma cidade morta, destru í da da pelo fogo. Nos poucos pr é dios dios que ainda restam de p é , pude distinguir alguns escrit órios do partido, e uma igreja. O aspecto daquela cidade era positivamente desolador. Em Berlim, apesar da destrui ção de certos bairros, h á ainda uma sensação de atividade febril da popula ção, Mas, aquilo l á estava tudo morto e abandonado. S ó ruí nas nas e quase ningu é m nas ruas. Em Wurzburgo fomos informados de que um trem, estacionado na localidade de Zell, iria partir rumo a Aschaffenburgo. E
fomos para lá a p é , evidentemente. Dois senhores que iam para Francforte para retirar suas famí lias, lias, ofereceramme a sua prote
ção. Aceitei grata, pois, viajando com alguma companhia, ainda existe uma possibilidade de atravessar esse caos, s ão e salvo. Uma pessoa sozinha acaba perecendo no caminho. Ent ão principiamos a marcha, eu, com a mochila nas costas, na qual tinha colocado todas as minhas posses mais valiosas (pelo menos 50 kg de peso), os homens carregando as suas malas. Pelo caminho encontramos uma taverna onde fomos felizes em obter um último copo de cerveja Pilsen. Reconfortados, prosseguimos a nossa caminhada em direção a Zell, contornando lindos vinhedos, todos cuidadosamente cultivados (assim h á esperança de que pelo menos vinho teremos este ano). Chegamos às 5 horas da tarde, mas sa í mos mos de Zell apenas às 9 da noite, viajando num trem que ia rumo a Gm ünden, onde chegamos
às 15 para 11. Tivemos que deixar o vagão, pois fomos informados de que os americanos j á haviam alcan çado Aschaffenburgo,
üência, totalmente paralisado o tr á fego ferroviário na cidade de Gmünden. Restavanos agora apenas o recurso de ir a p é , pela rodovia. Após a caminhada de mais ou menos um quil ômetro, consegui parar um caminh ão, cujo motorista era um civil
achandose, em conseq
que ia a Francforte em busca do filho. Disseme que estava sendo obrigado a fazer uma volta bastante grande, pois os americanos j á se achavam na cidade. Sendo a
única mulher
entre os 25 ocupantes daquele ve í culo culo de carga, fui bastante mimada. Confortavelmente sentada, sentada, não cheg cheguei uei a sofre sofrerr tanto tanto os efeit efeitos os da vent ventan ania. ia. Roda Rodamos mos a noit noitee toda toda,, atravessando sucessivamente Spessart, Bad Orb, Gennhausen, Bad Seltz at é Orrenheim. O clarear do dia revelounos um espet áculo entristecedor: as estradas repletas de refugiados;
à beira da estrada os cad áveres dos que morriam de exaust ão ou pela atua ção dos avi ões atacando a baixa altitude; destro ços de autom óveis e caminh ões; cavalos mortos, etc. Um quadro cruel. Sem prestar aten ção aos mortos, procedia o fluxo dos refugiados, e n ós també m. m. De longe ouviase o troar ininterrupto da artilharia. Est ávamos, por conseguinte, não muito longe da frente de combate. A um lado da estrada estendiase a fila sem fim dos refug refugiad iados, os, e seguia seguiam m os prisio prisionei neiro ros. s. O outro outro lado lado esta estava va reserva eservado do aos ve í culos culos militar militares. es. Durant Durantee uma parada, parada, encost encostou ou ao nosso nosso lado um comboio comboio de prisione prisioneiro iross americanos. Estes se aproximaram, oferecendonos an
é is is de ouro e carnes enlatadas em
troca de p ão. Eram, sem exce ção, homens bem nutridos, de aspecto educado. Uma das nossas nossas paradas paradas for çadas adas era era dedicad dedicada a
à busca de lenha para o gasog ênio do nosso caminh ão. Apanham Apanhamola ola,, assim assim como o óleo, sem mais nem menos, de um posto de gasolina abandonado. Numa é poca como a atual, tudo est á mudado, inclusive os padr ões morais e legais. O que importava para n ós era que pud é éssemos s semos continua continuarr a viagem. viagem. Recebem Recebemos os mais tr ês passageiros: meninos de 15 anos de idade, pertencentes ao "Volks "Volkssturm sturm"" (27). (27). Os garo garotos tos acabav acabavam am de ser libertad libertados os pelos pelos american americanos, os, que os haviam prendido apenas o tempo necess ário para despoj álos das suas facas e outras armas e mand álos em seguida (munidos de uma grossa fatia de p
ão), de volta à mamãe. Na segundafeira pela manh ã o tempo piorou. Choveu a c ântaros e ficamos molhados at é aos ossos. N ão pudemos nos banhar e est ávamos sem comida. Por é m ém, , tudo parecia sem import ância. Repartimos os cigarros e criamos novo ânimo. Durante uma das peri ódicas paradas dedicadas às nossas "necessidades fisiol ógicas", o caminh ão encostou à frente de uma casa de camponeses. Os homens se espalharam pelo interior da habita ção, inclusive a privada. Quanto a mim, tive o est ábulo das vacas inteirinho à minha disposi ção. Foi naquela parada que o caminh ão tomou rumo diferente, ficando eu obrigada a continuar a pé o resto resto da viag viagem em.. Sobr Sobrec ecar arre reg gada como como esta estava va pela pela minha minha bag bagagem, agem, os onze onze quilômetros que tive de percorrer at é chegar a Nauheim n ão foram "biscoito". At é agora os meus pé s est ão cheios de bolhas, um dos meus joelhos se acha duro e inchado, e minhas costas cobertas de manchas azuis esverdeadas. Mas valeu a pena chegar quase arrebentada, pois consegui salvar todas as minhas posses preciosas. Apesar de estar agora
aqui em Nauheim, continuo na realidade contigo, pois onde estiveres a
í é o meu lar.
Sempre tentarei voltar e procurarte. Revernosemos, porque nos amamos. Talvez seja esta a última carta que recebas. Beijote intensamente, muitas, in
úmeras vezes. Penso em ti, dia
e noite e continuo juntinho de ti. Sempre, sempre, exclusivamente tua, ERIKA. Espero que um bondoso destino permita que esta carta chegue a tuas m ãos. É isto o que desejo".
A censura nazista fiscaliza as cartas dos pr óprios alemães. Excesso de franqueza pode custar a vida. "Quartafeira, 14 3 45 Meu bom e querido Peter Recebi hoje, para grande alegria minha, tua carta de 282. Agrade çote de todo o cora
ção, por me haveres escrito. J á estava bastante preocupada por tua causa: Imagina, Peter, na segundafeira fomos alvo de um ataque a é reo. reo. Eu estava deitada, quando caiu o "tapete" "tapete" (28) de bombas (aconteceu (aconteceu em alguns segundos), segundos), eram
9:30. Descal ça como me achava, saltei da cama e corri para o por ão. As bombas ca í ram ram logo atr ás da igreja, explodindo, quase todas felizmente, num campo deserto. Com exce ção de alguns soldados mortos e feridos, n ão aconteceu nada mais grave. As crateras das bombas se estendem em linha reta at é a primeira casa da aldeia, onde mora o guardaca
ça
Buellmann, Ser á que aquelas bombas estavam destinadas a Kilburgo? Talvez, devido ao fato de se acharem instalados naquele lugar alguns contingentes de reserva. Ou o ataque foi dirigido contra as estradas? Ou contra os dep ósitos de V1 etc., que est ão espalhados aqui nas imedia ções onde come çam as florestas de Kilburgo? Falase de trai
ção. Correm
boatos insistentes de que tenham sido transmitidos na noite de domingo para segunda feira, sinais luminosos e radiof ônicos por algu é m escondido nas vizinhan ças da floresta (l á onde desce o caminho para Unnau). Ap ós o bombardeio, foram colocados guardas durante a noite, na floresta, por é ém sem resultado. No s ábado caí ram ram 20 bombas pesadas (de retardamento) na estrada que leva a Marienberg, uns 50 metros do local onde a gente se desvia desvia para para Lutzsenb Lutzsenbruec ruecken.. ken.... Pouco a pouco pouco explodi explodira ram m todas todas elas, elas, tendo tendo ficado ficado impedido o tr á fego at é é voar pelos ares a última bomba; houve tamb é m alguns mortos entre os soldados. Assim, podes imaginar o perigo que nos amea ça aqui. Dizem que possivelmente vir ão para cá mais de mil soldados. Artilharia, infantaria, p áraquedistas etc., enfim, todas as categorias de armas. Daqui, os soldados seguem, todas as noites, rumo
à frente. Por isso h á , no per í íodo o do da noite, um extraordin ário movimento de ve í culos. culos.
Faz uns vinte dias, foi publicado um novo decreto para as tropas, que diz o seguinte: "aqueles soldados que declararem ter perdido o contato com as suas unidades ou coisa semelhante, ser ão sumariamente fuzilados." Imagina que coisa horr í vel; vel; isto nada mais
é
que um sinal de fraqueza, Peter. Ultimamente temos tido freq üentemente not í ícias c ias de terem sido fuziladas certas pessoas devido ao teor das cartas que escreveram, e que a censura
pegara. Isto é uma advert ência para n ós, Peter. Devemos ser um pouco mais cautelosos daqui por diante. Assim
é melhor, não achas tamb é m, m, Peter? E n ão te esque ças da tua
Peterle! Eu tamb é m continuarei a pensar sempre e com carinho, no meu querido Peter. Muitos carinhosos beijinhos de boa noite, da tua única PETERLE."
Até os cegos est ão sendo chamados para as fileiras do "Volkssturm". "Bach, 16 de mar ço de 1945 Meu caro senhor Bucher, J á se foram mais algumas semanas desde que recebi sua gentil carta. Por é m, m, a
às nossas constantes mudan ças. N ão creio que o senhor possa me escrever em futuro pr ó ximo para o lugar onde presentemente me acho (estou desde 18 de fevereiro no Westerwald; inicialmente perto de Coblen ça e agora, perto culpa pelo atraso das respostas cabe
de Marienbe Marienberg, rg, no Oberwest Oberwesterwa erwald). ld). Os aviador aviadores es inimigos, inimigos, voando voando a baixa baixa altura, altura, dirigem os seus ataques de maneira concentrada contra as linhas f é rreas rreas como tamb é m contra contra as autoe autoestr strada adass importan importantes tes;; principal principalment mente, e, por é m, m, eles eles tenta tentam m alcan alcançar a "Reic "Reichsau hsautoba tobahn" hn" (29), (29), para, para, desse desse modo, modo, facilita facilitarr o avan avan ço das suas tropas para o interior do Reich. Sim, meu caro senhor Bucher, tive de rir às gargalhadas quando soube que obrigaram o senhor a fazer parte do "Volkssturm"! Constitui realmente um certificado de pobreza o fato de at é os cegos serem obrigados a acudir em defesa do pa í s. s. Soube que aqui, perto de Marienberg, mora um cego ao qual pretendo visitar neste pr ó ximo domingo: dizem que trabalha numa oficina art í stica stica e que
é muito inteligente. Desejolhe melhoras, e
que seja poupado dos ataques a é reos, reos, e que todos nos encontremos outra vez. Com a amizade mais sincera, sua MARIE SCHINDLE. Favor mandar a resposta quanto antes. Antecipadamente, meu muito obrigada!"
"Os diabos voam dia e noite. . ." Detalhada descri ção de bombardeios. "19 de fevereiro de 1945 Minha cara Ottie, Embora os "gangsters" estejam me sobrevoando neste instante, estou sentada na escrivaninha para te escrever e assim "bater um papo" contigo. J á chegamos a tal ponto aqui, que somente procuramos ref úgio no por ão, quando as bombas j á est ão caindo ou
é rea. rea. Caso procur ássemos nos proteger realmente, ter í í amos amos que ficar ocultos no por ão ou no abrigo antia é reo reo desde a madrugada at é é à noite. Aqui, os diabos nos sobrevoam antes, durante e depois do alarme a é reo. reo. A quando ouvimos os disparos de artilharia antia
semana passada foi bastante movimentada.., na segundafeira, algumas pancadas de chuva provocaram um acúmulo de 10 cm de água no c ômodo localizado perto do jardim; o forno
soltava tanta fuma ça, que por pouco n ão ficamos asfixiados. Na ter çafeira, a esta
ção de
Hochdorf voou pelos ares, enquanto aqui caí ram ram duas bombas, matando nove pessoas, todas da mesma casa. Na quartafeira, foram atiradas bombas em cima do balne
ário,
perecendo nessa ocasião todas as pessoas que se encontravam no pequeno sal ão (aquele que fica por baixo do sal ão de festas); havendo entre os mortos, principalmente soldados que lá se achavam tomando o caf é da manhã. O balneário é um monte de destro ços. Ontem
à noite passei por l á justamente no momento em que estavam retirando o 12 o. cad áver. Dizem que mais alguns outros se acham desaparecidos. Na quintafeira, o viaduto de Lautenbad foi destruí do do por bombas a é reas reas perecendo nessa ocasi ão cinco soldados da artilharia antia é rrea. ea. Na sexta, foram arremessadas bombas na esta ção, por é ém sem ê xito; uma bomba de f ósforo incendi ário caiu em cima da esta ção de carga, escorregando pelo telhado inclinado e parou no ch ão. A tarde ca í ram ram bombas no antigo Hotel Schwald, do outro lado da esta ção, onde habita muita gente modesta com proles numerosas. Houve um incêndio, por é ém o pr é édio d io (uma estrutura de madeira) n ão desmoronou; mesmo o segundo anda andarr aind ainda a se acha acha em p é . Os solda soldado doss de um trem trem milita militarr que que esta estava va passa passando ndo justamente naquele instante, ajudaram a salvar os bens dos habitantes. Uma granada de artilharia antia é rrea ea pesada derrubou um dos avi ões inimigos. No seu interior havia 7 ferido, ora ora num hospital hospital.. Durant Durantee o último ferido, interrogat ório, ele revelou que tinham ordem de destruir todas as pontes e a esta ção; caso isto não fosse conseguido com bombas isoladas, viria o "tapete". Outrossim, contou ele que est ão fazendo tudo o que é possí vel vel para que os nossos refor ços não cheguem à frente. Os habitantes dos pr é édios d ios situados ao redor da esta ção dormem nos abrigos antia é reos reos situados perto de Waldlust e Waldeck. Na sextafeira, por ocasi ão de dois passeios na cidade, tive que procurar ref úgio em cinco diferentes por ões. Para dizer a verdade, sou for çada a me abrigar incessantemente em por ões e outros esconderijos semelhantes, pois eles voam freq üentemente a v ôos rasos, metralhando os transeuntes e as casas. Outrossim, há o perigo dos estilha ços provenientes da nossa pr ó pria artilharia antia é rea, rea, que atira da estação e dos viadutos. Sim, minha querida, é assim que est ão as coisas aqui! A gente quase não se atreve mais a sair à rua, mesmo quando se trata de alguma incumb ência muito muito importan importante, te, pois repentina repentinament mentee se ouvem ouvem os ru í dos dos familiares, familiares, for çandonos andonos a procurar proteção. O gás de rua é fornecido apenas algumas horas por dia. A venda de carvão a particulares est á praticamente suspensa. Logo terei de enfrentar o problema de "gangste "gangsters" rs" pretos e um branco, branco, este
como continuar cozinhando. Agora, compreendes porque te desaconselhei a visitarnos. Entrementes, as viagens a t í ítulo t ulo particular foram proibidas. Tornouse imposs í vel vel para n ós, reunirmonos aos nossos entes queridos. Achase tamb
é m praticamente interrompido o
intercâmbio postal. Recebi ontem uma carta de uma prima, de Schopfheim (Baden), escrita no dia 21 de dezembro. Imagina, querida, dois meses para aquela carta chegar aqui! Uma carta e um valepostal que mandei no dia 16 de janeiro a Sigfried por ocasi
ão do seu
aniversário, rio, me fora foram m devo devolvi lvido doss em feve fevere reir iro o com uma anot anota a ção dize dizend ndo o ter ter sido sido impossí vel vel a sua entrega o que
é compreensí vel, vel, dada a situa ção reinante no Este. J á faz muito tempo que n ão tenho not í c ias de Kempten. Soube por ti, que Marie, a filha e as ícias crianças se acham em casa de mam ãe, como també m a Gertrude e as filhas dela. N ão sei como mamãe consegue abrigar toda essa gente. Em tua casa, decerto tamb é m haveria lugar para alguns deles, mas quem deseja hoje ir a Stuttgart? Ser á que os "gangsters" visitaram visitaram vocês hoje? Ao meiodia um grupo substancial de avi ões passou por aqui, voltando aproximadamente, um a um, duas horas mais tarde. Magdeburgo deve se achar em triste estado, pois falam de 70.000 mortos; tamb é m Dresden sofreu muito, esses dias. Ontem eles estavam em Linz, onde a Gerda e o seu rapazinho se achavam hospedados na casa da mãe dela. Assim, as coisas continuam andando sem que se possa prever um fim. Voltaste para a loja? Aqui passamos muitos vexames devido
à falta de energia el é trica, trica,
falta de material e de suprimento. Uma é poca horr í vel. Estou muito preocupada por causa í vel. de Helmuth. Apesar de tudo isso, temos de ag üentar. Ainda n ão perdi a esperan ça ou a f é é . Tem que ir, e ir á mesmo, pois o velho Deus ainda n ão morreu. Sauda ções e um beijo manda a tua tia ANNA ".
Moça receia ser chamada para a artilharia antia érea 281 45: "Querida Maria, J á faz tempo que n ão tenho not í cias tuas. Recebi na semana passada duas cartas de í cias
é irregular o correio, hoje em dia. Numa das cartas, Joseph me escreve que estavas doente. Espero que j á tenhas sarado e que n ão tenha sido nada s é rio. rio. Espero que onde est ão não faça tanto frio. Quanto a mim, estou passando este inverno bastante "bem". N ão imaginas em que constante estado de inquieta ção estou vivendo. Em toda parte est ão agora chamando tamb é m as moças para as fileiras da artilharia antia é rea rea (FLAK). Como estou desempregada, j á há dois meses, posso esperar diariamente a ordem de apresentação. N ão imaginas que medo isto me Joseph. Uma de 71 45 e outra de 1811 44. Isso te prova como
inspira. Ajudame a orar para que isto me seja poupado. Quem haveria de pensar em tal coisa, quando nascemos... Agora que estamos ficando maiores de idade, n ão se pode fazer o que a gente quer. Por é m, m, uma coisa
é certa: caso eu tenha que ir, algumas outras desta aldeia ir ão comigo. Ent ão, estejas contente de n ão morar aqui... Muitas sauda ções de todos, especialmente da LOTTE".
Alguns funcion ários nazistas se "arranjaram" para levar boa vida, enquanto o resto do povo passa pelas mais amargas priva ções. "Quintafeira, 15 de mar ço de 1945
Meu querido menino ... o cúmulo que fomos obrigados a assistir aqui, foi a chegada do Conselheiro Municipal de Mayen, junto com o conselheiro distrital, prefeito, veterin ário, etc. Esta gente se apresenta toda importante, passeando de carro por toda a regi ão e exigindo para eles e suas fam í lias lias alojamentos de primeira classe. Possuem cupons que lhes d ão direito a aquisi ção de fog ões, etc., assim como cupons de gasolina
à vontade. O
conselheiro municipal de Westerburgo lhes presta aux í lio. lio. Um deles ostenta a farda de primeiro tenente. O prefeito, evidentemente, deixase amedrontar. Eu, por é m, m, não me pude conter, e dei a entender a um desses o que eu pensava de tudo isso. Aquele fardado de primeiro tenente me disse ontem que necessitava de cupons de racionamento para adquirir vestidos para sua mulher e um terno para ele. Durante a nossa conversa, observei na manga do seu palet ó a braçadeira do "Volkssturm". Indaguei ent ão de como eles tinham conseguido partir assim, sem mais nem menos, apesar da ordem expressa do F ührer no sentido de que especialmente os membros do partido e do "Volkssturm" estavam obrigados a agüentar at é é o fim. Quanto ao seu pedido de cupons de racionamento, respondi que hoje em dia a posse de apenas um terno era considerada plenamente satisfat ória para qualquer homem, não se justificando por raz ões patri óticas de economia popular, a aquisi ção de outros. Ent ão a senhora pretende exigir que eu vista sempre o mesmo terno? respondeu
É isto precisamente o que foi exigido de nossos homens durante os seis longos anos de guerra. Ali ás, se o senhor, como vejo, foi bastante esperto para arranjar condução motorizada para si e sua fam í lia, lia, não lhe faria mal dar uma olhadinha para o modo como s ão obrigados a se locomoverem todos aqueles milhares de refugiados que entopem as estradas. Mas o carro é de minha propriedade particular. N ão sou obrigado a deix álo para tr ás retrucou ele. Os nossos autom óveis disse eu tamb é m eram de nossa propriedade particular, por é m foram confiscados desde o primeiro dia de guerra. E agora, n ós dois. Mesmo com todos estes transtornos, a tua filha sente uma imensa saudade de ti. Sintome t ão jovem e com tanta necessidade de ser amada.. . Em parte, isto talvez seja causado pela primavera. Por é ém, m , fica sossegado, a tua menina se comportar á. Vale para mim o que de ti tamb é m espero. A vida n ão teria sentido se fosse ele irritado. Ao que retruquei:
diferente. Deixa que meus pensamentos te envolvam com carinho e permanece tu, assim como me prometeste. Tua menina".
Uma criança vê sempre o lado alegre e brincalh ão da vida, mesmo numa triste guerra. "Querida mamãe, Como vai voc ê? A sua última carta de 251 chegou aqui antes de ontem. H á uns 15 dias todos os prisioneiros foram transferidos das aldeias das vizinhan ças para o campo dos franceses, a fim de serem vacinados. N ós, crianças, est ávamos justamente brincando na
Hinterburg quando notamos a chegada dos prisioneiros, e corremos para v êlos de perto. Ent ão os russos tiraram das suas sacolas os mais maravilhosos brinquedinhos por eles esculpidos em madeira: galinhas e pombinhos que, ao mais leve toque d ão bicadas no chão, como como se estiv estivess essem em proc procur urand ando o comida comida.. Os russo russoss tamb tamb é m troux trouxera eram m lindos lindos aviõezinhos cujas h é lices lices giram quando a gente corre contra o vento. O pre ço exigido para a aquisi aquisição daquela daquelass coisinha coisinhass t ão lindas era de 20 batatas ou metade de um p ão. Adivinhe o que eu consegui? Adquiri tr ês galinhas com apenas 20 batatas! Possivelmente, logo botar ão ovos. Quando voc ê vier para nos visitar, poder á vêlas... Todos os dias grandes quantidades de avi ões nos sobrevoam. Mas, agora o principal: mam ãezinha, estou muito contente por possuir aquela fotografia sua junto com o papaizinho. Coloqueia numa moldura, com uma florzinha ao lado... Teu Ernst".
"Será que perdemos mesmo a guerra? Esperar, esperar, esperar..." 23 3 45 "Minha querida Rosele, Como é esplêndido, o colorido verdeclaro da primavera que se aproxima... A gente quase não pode acreditar que est á em guerra. No entanto, infelizmente
é assim. Dói o cora ção quando se pensa no futuro. Ser á mesmo que perdemos esta luta? Ser á que tudo foi em vão? N ão posso e n ão quero acredit álo. Ser á que as nossas esposas e filhas ser ão entregues à sanha daquela soldadesca "aliada", essa mistura de ra ças? E nós, homens, seremos for çados a contemplar tudo isto, presos atr ás de fileiras de arame farpado, ou talvez deportados para qualquer lugar long í nquo? nquo? É inacredit ável, por é ém às vezes os meus pensamentos se preocupam com tal eventualidade. Ainda n ão chegou, por é ém, m , esta hora amarga, pois por enquanto o advers ário ainda é obrigado a contar conosco. Ser á que conseguiremos det êlo? Temos que conseguilo! A Alemanha cada vez mais diminui em tamanho. J á a esta hora o Reno se transformou em linha principal de combate. Fomos felizes em poder atravessálo ainda em tempo. Continuamos a combater aqui, por é m, m, na qualidade de soldados de infantaria. O meu caminho em tua dire ção est á ficando cada vez mais curto e mais pr ó ximo. Tenho apenas um desejo: que possamos nos rever de novo. Quanto ao resto, n ão importa que caia em peda ços! Estamos, como me escreveste de maneira t ão bela, prontos a recome çar nossa vida. Se apenas pud é éssemos ssemos ganhar esta guerra! Assim como as coisas est ão agora, não podem continuar. Espero ent ão que o meu caminho me leve em tua dire ção. Esperar, esperar, esperar... Por hoje, minhas sauda ções mais sinceras e os beijinhos mais carinhosos do teu HAENSLE N. B. Esta carta deve alcançarte arte na
é poc poca a da Páscoa. scoa. Por é ém, m , acho que não é aconselh ável mand mandar ar o "chocolatinho" que destinei de presente a voc ês, pois tantas coisas s ão desviadas..." Soldado descreve detalhada e dramaticamente sua última travessia do Reno
"13 de mar ço de 1945 Minha querida e boa Agnes, Antes de tudo, saudações sinceras. Desta vez tive que fazerte esperar um pouco mais que de costume; alegrome, por é m, m, por poder escreverte hoje. Acabo de viver uma semana semana reple repleta ta de aconte acontecimen cimentos tos e de agita agita ção. Na minha
última carta pude darte a
not í ícia c ia tranqüilizadora de que me achava em territ ório situado do lado direito do Reno. Segundafeira, dia 5 do corrente, tive de passar mais uma vez com meu carro para o lado esquerdo, efetuando a travessia perto de Bonn. Prosseguindo a viagem por aquele lado, passei sucessivamente por Bad Godesberg, Koenigswinter, Oberwinter, etc. Do belo Reno, por é é m, m, nada pude ver, pois viajava
à noite; alé m disso, era grande o movimento na estrada, devido ao tr á fego ininterrupto de colunas de ve í culos culos que voltavam. No local onde deví amos amos investir contra o inimigo, j á no primeiro dia o diabo andou às soltas. A fim de evitar o encontro com o "Tommy", tivemos de executar nas horas noturnas uma r á pida mudança de posi ção. Apenas termin ávamos a manobra, e novamente ca í mos mos na ratoeira. Estavam se desvanecendo as nossas esperanças de poder ainda efetuar a travessia do Reno. Entretanto, o "Tommy" tinha progredido rio abaixo, penetrando em Bonn, Remagen, Sinzig e Niederbreisig; do lado sul ele estava em Coblen ça, tendo penetrado tamb é m em Andernach. Assim, tudo o que nos restava era uma pequena cabe ça de ponte, n ão havendo outras vias que permitissem passagem pelo Reno. Na sextafeira alcan
çamos o rio. Ali j á se
achavam algumas centenas de ve í culos. culos. Durante as horas noturnas, a balsa entrou em ação para para efet efetua uarr a trav travess essia ia das das pess pessoas oas e dos carros carros.. Era Era uma balsa de taman tamanho ho pequeno, por isso o tr á fego prosseguia muito vagarosamente. No entanto, est ávamos mais do que contentes por nos ser oferecida ainda esta oportunidade de alcan çar o outro lado do Reno. Esperamos pacientemente a nossa vez na fila, juntos com o nosso carro. V árias vezes, freqüentemente, aos berros, recebemos ordem de voltar. Amanheceu, e todos os veí culos culos da fila tiveram que procurar abrigo, devido aos avi ões inimigos. No decorrer do dia chegavam cada vez mais ve í culos culos e canh ões que tinham prefer ência na travessia. No fim da tard tarde, e, cheg hegamos amos finalm finalmen ente te perto perto da balsa, balsa, com com a esper esperan ança de logo logo pode poder r embarcar. Foi ent ão que, ali pelas 17:30, de uma colina coberta de bosques, o "Tommy" iniciou um fogo concentrado, estalando ininterruptamente tiros de fuzil, metralhadora e canhão. Impressionante era o eco nas montanhas que ladeiam o Reno. Pavoroso, por é m lindo, o espet áculo dos rastos luminosos dos obuses incendi ários e outros. De um e outro lado, ouviamse os disparos da artilharia, sendo ouvidas logo depois as explos grana granadas das no lado oposto. oposto. Ne Nesta stass circun circunst st âncias,
ões das
é evidente evidente que pegamos pegamos as nossas nossas mochilas e procuramos abrigo na margem do rio. Parecia desintegrarse a nossa esperan ça de alcançar o outro lado, mesmo sem os nossos ve í culos, culos, pois a balsa ficou destru í da da pelo fogo da artilharia inimiga. Por conseguinte, como voc ê pode imaginar, o nosso moral caiu abaixo de zero. Os meus p é s estavam inteiramente molhados, ficando eu, em conseq üência,
gelado at é é os ossos. Por é ém, m , nem por um instante tive a impress ão de que algo de mal me pudesse acontecer. Assim mesmo, já me havia resignado mais ou menos com a id é ia ia de que poderia ser feito prisioneiro. Naquelas horas, na noite de s ábado, pensei tamb é m em ti, e me transportei mentalmente para aquela linda temporada da minha licen ça que passamos juntos, há um ano. Finalmente alcan çamos um lugar onde havia alguns botes de borracha que deviam servir para atravessar a infantaria. Como n ão havia equipes de remadores, seis de n ós tiveram que servir alternadamente nessa tarefa, todas as vezes que o bote
á na primeira vez, eu e dois dos meus camaradas conseguimos entrar no barquinho e servimos de remadores. Na travessia seguinte, quando j á nutr í í amos amos esperanças de sermos sermos definitiv definitivamen amente te desembar desembarcado cadoss no outro outro lado, lado, fomos fomos outra outra vez vez deixad deixados os para para tr ás, devid devido o à cheg chegada ada de alguns alguns feridos feridos que evident evidentemen emente te tinham tinham efetuava uma idaevolta. J
prioridade. Demorou para que os botes voltassem. Entretanto, tinham aparecido bastantes
à travessia, e só a muito custo consegui finalmente chegar ao outro lado, juntamente com os meus dois camaradas. N ão superficialmente, mas de todo o cora ção, agradeci ent ão a Deus. Querida Agnes, ficaria imensamente feliz se pudesse ter not í cias cias tuas. A última carta que de ti recebi era datada de 11 de fevereiro. Respons ável é , com certeza, o correio. Sauda ções e felicidades. teu fiel ALOIS". candidatos
Soldado ainda acredita nas "armas secretas" Marienberg, 15 3 45: "Meu benquisto Hansilein ... esperamos cada dia pelo grande contragolpe que est
á
para vir, porque assim não pode mais continuar. Atualmente est ão sendo travadas renhidas lutas no territ ório situado entre Bozzard e Coblen ça. H á boatos, ademais, de que os americanos já alcançaram Bad Kreuznach. Na cidade onde me achava antes, os americanos já entraram també m, m, justamente um dia depois da minha partida. Assim sendo, vamos, com toda a probabilidade, retirarnos ainda mais um pouco ou defender a nossa posi ção, lutando. As nossas tropas do Oeste se encontram em plena forma. O moral dos soldados, com exce ção de alguns pessimistas e "reclamadores"
é excelente. Os americanos ficam às vezes, durante dias e horas, parados diante de uma localidade onde n ão existe sequer um s ó dos nossos soldados. Assim mesmo, eles somente avan çam depois de violento fogo preparat ório de artilharia, e ainda bem hesitantes. De hero í smo, smo, não parece existir entre eles sequer uma sombra! Respons ável pela for ça moment ânea do inimigo é apenas a sua superioridade a é rea. rea. Por é ém eu sei que isso tamb é m mudar á. Ontem almoçamos juntos com o chefe distrital de Luxemburgo. Ele nos contou muitas coisas que fazem prever uma total mudan ça em futuro pr ó ximo. V árias mulheres ficaram do outro lado, recusandose simplesmente a seguir conosco. Por é m eu adverti muitas delas. Tentei inutilmente faz êlas ver que, quando de novo avan çarmos, ser á impossí vel vel impedir que as nossas armas n ão venham venham també m a ceif ceifar ar muita muitass vidas vidas dessa dessa gente ente alem alem ã. Ent ão, nem o caf é é nem o
chocolate dos americanos as poder ão salvar. Tenha coragem, e principalmente confian ça no nosso F ührer. Com beijos afetuosos do seu FRITZ."
Arquivos nazistas s ão incinerados antes da chegada chegada dos americanos Bad Nauheim, Nauheim, 27 3 45: "Meu querido Gansel, Com toda a certeza esta ser á a última carta que de mim receber ás. Aguardamos nos pr ó ximos dias a ocupação. Eles já se acham em Hanau e a meio caminho para Friedberg. Est ão avançando també m no vale do Lahn. Fomos declarados cidade aberta; por isso, não est á havendo luta aqui, o que nos enche de alegria. N ão imaginas quantos refugiados e soldados est ão atravessando Nauheim. A cidade est á irreconhec í vel. vel. Alé m disso, reina um ambiente de p ânico. O dinheiro sumiu. Ontem, cada um recebeu apenas 100 marcos. O Banco Federal em Friedberg cerrou as portas. Junto com mam ãe temos ainda 1.000 marcos, o que nos permite ag üentar um pouco. Dizem que o nosso marco ser á depreciado para 0.17. Por é m não vou quebrar minha cabe ça por causa de ovos que ainda não foram postos. O tempo
é bom conselheiro. N ão podes imaginar quanta gente h á em frente das lojas, à procura de carne, p ão, manteiga e outras mercadorias. Escrevo do por ão, devido aos avi ões de vôo raso, que rodeiam Johannisberg. Conheces a regi ão e dever ás saber por qu ê. No domingo, Friedberg foi atacada por 6 a 8 ondas. Foi terr í vel! vel! A estação e tudo ao redor produzem a impress ão de terem sido revirados por um arado. No mesmo dia chegou a vez de Woelfersheim. De todos os lados elevaramse grossas colunas de fumaça. O "Volkssturm" foi dissolvido a partir de hoje, tendo sido incinerados seus document documentos, os, como tamb tamb é m os da "H. J." J.", etc. tc. Ent ão, Gansc Gansche hen, n, logo logo tudo tudo esta estar r á
É apenas quest ão de dias. Deixame abra çarte e beijarte carinhosamente. Da tua GRETEL e os tr ês meninos." terminado.
Acabouse. Os americanos chegaram! "Bad Nauheim, 29 de mar ço de 1945 Meu querido Willi, A tua carta de 27 de fevereiro, eu a recebi somente no dia 26 de mar ço ou seja, depois depois de quat quatro ro seman semanas as!! Acab Acabou ouse se.. A guerr guerra, a, que que mais mais uma vez perd perdemo emos, s, est est
á
chegando ao fim. S ó o futuro poder á dizer o que ser á de nós. Talvez tudo seja mais f ácil do que parece. Talvez nossos inimigos cheguem a compreender que lutamos apenas para
à liberdade. liberdade. Devemos, por conseguinte, conseguinte, aparentar calma e prud ência. Neste instante, tropas americanas e tanques est ão calmamente atravessando a nossa Nauheim. Elas v êm do Reno e aparentemente seguem em dire ção da autoestrada. defender defender nosso direito direito
N ão pode demorar muito agora talvez apenas alguns dias para Berlim ser obrigada a capitular. Tudo isto
é muito, muito entristecedor, n ão apenas para n ós, mas para a Europa
toda, e talvez para o mundo inteiro. Teu fiel, ERNST."
Capí tulo tulo XIII A ÚLTIMA FASE DA 1212 Captura de generais alem ães "por atacado" simboliza a aproxima ção do fim da guerra Avalanche de mentiras derramada pela 1212 Queremos uma revolu ção antinazista "O inimigo" irrompe em nosso est údio O que ensinou a 1212.
Em 23 de mar ço de 1945, uma descida maci ça de tropas p áraquedistas na margem oriental do Reno foi o prel údio de mais uma travessia daquele rio estrat égico por tropas aliadas no caso, contingentes angloamericanos sob o comando do Gen. Montgomery. O que se dera, com efeito, a partir daquele fim de mar ço de 1945, foi a t ão cuidadosamente preparada invas ão do território da Ren ânia e, concomitantemente, a transcendental fase final das opera ções da nossa emissora secreta. Chegara afinal o momento de colher a 1212, os frutos de sua paciente e delicada tarefa de camuflagem. Poderia agora tirar o m áximo pro proveit veito o da sua sua já estabelecida estabelecida reputação de emiss emissora ora "patri "patriótica alemã", sempre tão "infalivelmente correta" nas informa ções. Estava pronta para iniciar a fase t ática de suas operações, semeando o caos e a confus ão no território inimigo, por meio de uma avalanche de avisos e apelos falsos, assim como outras mentiras que, assim se esperava, deviam ser acreditadas pelos seus ouvintes alem ães. Como j á frisamos no in í cio cio deste livro, n ão se deve devem m esperar esperar milagres milagres dos resultad resultados os da atua ção, em tempo de guerra, de qualquer emissora de r ádio. Outrossim, dada a impossibilidade de avaliar judiciosamente a medida de sucesso da miss ão tática da 1212 ante a confus ão reinante, seria relativamente f ácil aventurarme hoje em afirma ções exageradas, real çando o papel desempenhado pela nossa emissora "alem ã", naquela fase do esmagamento final do Reich. J á pela ausência quase total de provas, num ou noutro sentido, seria praticamente imposs í vel vel me desmentirem. Contudo, não é propósito destas p áginas ginas real realçar os méritos da 121 1212, como como tampouco tampouco é minha intenção propositalmente diminuir a sua import ância. Assim sendo, a conclus ão posso chegar, é que a atua ção da 1212 indubitavelmente fora coroada de
à qual êxito,
manifestandose a utilidade principal da emissora, no seu papel de subverter o moral inimigo, inimigo, função esta esta desem desempen penhad hadaa com com esmer esmero o duran durante te os meses meses da cham chamad adaa fase fase preparat ória. Meu "diário de guerra" do dia 4 de abril de 1945 registra o seguinte:
"Nossa opera ção est á acabando. Quanto muito, mais uns 15 ou 20 dias... a guerra est á cheg chegan ando do ao fim.
É verd verdade ade que estes estes últimos ltimos dias dias e seman semanas as nos pare parece cem m intermináveis. Contemplada pelo prisma da Hist ória, a Alemanha j á est á perdida. Um generaldedivis ão alemão, preso, foi hoje fotografado em nosso jardim. Tinha ele coberto o seu uniforme com uma capa de civil e trazia um chap é u de feltro. Ao chegar ao jardim, tirou aqueles apetrechos de cidad ão, exibindose com todo o seu garbo de general da Wehrmacht. Destacavase contra o fundo verde claro do gramado, acariciada pelo sol da primavera, a sua figura marcial, com as duas faixas vermelhas laterais nas cal ças de cavalaria. No tecido cinza esverdeado da t única reluziam v árias fileiras multicores de fitas e condecora ções: uma preta, branca e vermelha mais larga que as outras e enfiada obliqua obliquament mente, e, repr represen esentav tava a a Cruz de Ferro. erro. O gorro gorro redond redondo o e rech rechonc onchudo hudo que ostentava lhe conferia uma indiscut í vel vel por é ém pat é ética t ica dignidade. Os fot ógrafos entraram em ação. Ao desvanecerse o pipocar do
último "flash", o general vestiu novamente a capa
de paisano e colocou o chap é u de feltro, assumindo como por encanto o aspecto manso de um velho velho fazen fazendei deiro ro ou admin adminis istr trad ador or.. Mesmo Mesmo as botas botas pret pretas as de monta montarr, que que se destacavam por baixo da capa, estavam agora desprovidas de qualquer tra ço de marcialidade. 'Lobo em pele de cordeiro' comentou algu
é m". m".
Aquele general de divis ão, servindo de modelo aos fot ógrafos, era apenas um dos altos oficiais alem ães que diariamente ca í am am nas mãos das tropas aliadas. Capturaram elas generais de divis ão, de exército, de brigada, de todas as gradua ções, tipos e tamanhos. Enfim, generais alem ães "por atacado", representando cada um deles um bols ão do exército ou grupo de ex ércitos eliminados. Um dos mais importantes bols ões assim posto fora de comb combat ate, e, foi o da área indus industria triall do Ruhr Ruhr,, onde onde 18 divis divisões da outro outrora ra inv invencí vel vel Wehrmacht caí ram, ram, quase totalmente intactas, v í timas timas do inexor ável cerco de ferro das forças blindadas do I e IX Ex ércitos norteamericanos. Nestas condi ções, não é de estranhar que o ritmo e o modo de trabalho por n ós realizado naquela fase final das opera ções da 12 12 tenham sofrido modifica ções profunda profundas. s. Evidente Evidentemen mente, te, ainda ainda ag í amos amos em estreita colabora ção com a suprema chefia militar norteamericana, por ém as próprias circunst âncias nos for çavam, mais do que nunca, a tomar decis ões independentes e de agir por nossa conta. Naquela última fase das atividades, t í nhamos nhamos apenas uma finalidade: causar a maior confus ão possí vel vel no exército e no povo alem ães, a fim de apressar o quanto possí vel, v el, o término das hostilid hostilidade ades. s. Irradiamo Irradiamoss not í cias cias de combat combates es que que nunca nunca se travaram. Anunci ávamos que um batalh ão norteamericano se dirigia para determinada cidade cidade,, quand quando o na reali realidad dadee seguia seguia dire dire ção inteir inteiram ament entee opost oposta. a. D ávamo vamoss conta conta de pretensas derrotas dos aliados, onde realmente haviam sido vencedores. Evidentemente, n ão se poderia esperar que tais mentiras surtissem efeito durante um perí odo odo de tempo prolongado. Por ém, quando os acontecimentos b élicos se desenvolvem
em grande rapidez, mesmo pequenos atrasos podem produzir efeitos calamitosos. Com as comunica ções esmagadas pelo assalto violento dos avi ões da nossa For ça Aérea, havia mais
às vezes durante horas a fio com os seus respectivos quart éisgenerais. Em tais circunst âncias, qualquer informa ção era bem recebida, existindo mesmo possibilidade de que uma decis ão tomada na base de uma notí cia cia falsa daquela que anteriormente tinha sido a comprovadamente exata 1212, e mais casos de comandantes de unidades que perdiam contato
poderia poderia conve converter rterse se num desastr desastree fatal. fatal. Que houve houve tais fatos fatos,, ficou posterio posteriorment rmentee comprov comprovado. ado. Começamos, amos, naque naquela la fase fase final final das das opera opera ções da emis emisso sora ra,, a irrad irradia iarr diariamente editoriais onde chor ávamos a sorte da "p átria", e onde admit í amos amos que tamb ém nós estávamos sentindo a press ão cada vez mais intensa das "for ças inimigas". Usando uma série de truques, como por exemplo, varia ções propositais de comprimento de ondas e dificulda dificuldades des t écnicas cnicas artificial artificialmen mente te criadas, criadas, d ávamos vamos a impres impresss ão de que est ávamos mudando de localidade e fugindo do "inimigo". Como resultado de um encontro entre o Gen. Eisenhower e o Gen. Omar Bradley (então comandante do XII Grupo de Ex ércitos norteamericano), na cidade de Namur, na Bélgica, durante o qual foi discutido o rumo que deveriam tomar certas atividades da 1212, chegou a autoriza ção, bastante almejada pelos l í deres deres da nossa emissora, de podermos tentar, tentar, daquela daquela hora hora em diante, diante, provo provocar car uma revo revolu lu ção antin antinazi azist staa na Alema Alemanh nha. a. A primeira irradia ção visando esse resultado, dirigida a pretensos grupos que pertenceriam a uma suposta organiza ção antinazista denominada "Nova Alemanha", foi efetuada durante a noite de 4 de abril de 1945, ou seja, tr ês semanas antes do fim das atividades da emissora. Houve uma seqüência incessante de apelos e instru ções àqueles pretensos grupos revolucionários rios para para que que se orga organiz nizas assem sem,, assum assumiss issem em o gov governo erno de suas suas cidade cidadess e proclamassem a cessa ção das hostilidades em suas regi ões. Só assim a "Vaterland" poderia ressurg ressurgir ir das cinzas da derrota. derrota. Mesmo Mesmo isso, isso, aconselh aconselhando ando a cessa cessa ção da luta, não o fazí amos amos em tom de derrota, mas em "defesa franca e exclusiva do ponto de vista dos verdadeiros alem ães" e apresentando f órmulas e solu ções concretas para encontrar uma saí da da honrosa e de rendi ção que não afetassem o senso de honra dos militares alem ães. Uma das maneiras por n ós inventada para demonstrar que os grupos da "Neues Deutschland" (Nova (Nova Alemanha Alemanha)) estavam estavam em plena plena atividad atividade, e, foi foi a propag propagaa ção do boato de que os membros da "nossa" organiza ção demonstravam a sua lealdade ao movimento, riscando nos cartazes propagand í sticos sticos do partido nazista a segunda, quarta e quinta letras deixando assim, do costumeiro N S D A P (30) apenas as letras N D, ora significando "Neues Deutschland". Entre os motivos de entusiasmo que tivemos dessa atua ção, estava o de que tais instruções foram realmente obedecidas em v árias ocasiões, tendo sido encontrados por nossas tropas, repetidas vezes, cartazes da N S D A P com as letras S A e P riscadas. Outra satisfa ção tivemos, ao recebermos informa ções, no sentido de que diversos
correspondentes estrangeiros estacionados na Alemanha haviam noticiado uma s érie de atividades antinazistas patrocinadas por um movimento denominado "Nova Alemanha". Então, na noite noite de 25 de abri abrill de 1945 1945,, após a irrad irradia iação de mais mais um come coment ntário particularmente insistente sobre o tema "Agora a Paz", come çamos a transmitir o notici ário. Repentinamente os ouvintes perceberam ru í dos dos estranhos no est údio, gritos, barulho de móveis derrubados... Como um gesto de
último desafio, ouviamse as notas iniciais do prefixo musical da nossa esta ção secreta e, antes de chegar a termin álo, a Opera ção "Annie" morreu, saindo definitivamente do ar. Este falso aparecimento de tropas "inimigas"
no estúdio, foi uma esp écie de espet áculo de despedida; o ponto final no
último ato do
"show" destinado a enganar os nazistas. Terminara erminara a Opera Opera ção "Anni "Annie" e" ou simple simplesme sment ntee "Annie "Annie", ", como como era cham chamada ada carinh carinhosa osame mente nte pela pela sua equip equipe. e. Fomo Fomoss um sucess sucesso? o? Logra Lograra ra realme realmente nte engana enganarr os nazistas? Tanto uma como outra dessas respostas n ão podem ser respondidas com um "sim" ou "não" definitivos. Isto, porque, devido ao car áter secreto da emissora, n ão se podia cogitar de estabelecer, em pa í ses ses neutros como a Su íça, postos de escuta e sondagem da opinião pública, que tanto nos haviam ajudado a avaliar o impacto da ABSIE. Por outro lado, no entanto, possu í mos mos a vantagem de ter à nossa disposi ção um fluxo cada vez mais numeroso de prisioneiros alem ães, entre os quais, repetidas vezes, pudemos efetuar uma espécie de "levantamento da opini ão pública" a respeito dos m éritos ou falhas da 1212. De modo modo geral geral,, tomand tomando o por por base base um grupo grupopa padr dr ão compo compost sto o de dez prisio prisionei neiro ros, s, dois dois expressariam certeza de que realmente acreditavam ser a 1212 uma emissora alem ã; um, ao contrário, diria que estava certo da fraude; tr ês declarari declarariam am que, que, por alguns alguns motivo motivos, s, acreditaram ser a 1212 uma emissora alem ã, mas por outras raz ões, no entanto, nutriam dúvidas a esse respeito; enquanto os restantes quatro diriam que nunca a haviam escutado. Uma incerteza ainda maior prevalece quanto aos resultados concretos do lado t ático da missão da 1212. Chegamos, sem d úvida alguma, a desempenhar as nossas atividades na fase final das opera ções, da maneira originalmente prevista, derramando uma verdadeira maré de mentiras e boatos insidiosos. Por ém, tão rapidamente prosseguia o avan ço das tropas aliadas naquela memor ável fase de invas ão da Alemanha, que teria sido ilus ória qualqu qualquer er tentativ tentativaa de realiza realizarr as necess necess árias rias pesqu pesquisa isass sobre sobre o grau grau exato xato da nossa nossa contribuição para o
êxito de determin determinada ada opera opera ção bélica. O que se deu, de maneira impressionante, entre o fim de mar ço e o fim de abril de 1945, foi um colapso total gradativo da resist ência alemã. Houve, certamente, ainda algumas batalhas violentas onde renhidamente se disputava cada palmo de ch ão de determinada colina ou localidade, mas j á não restava dúvida de que o esmagamento final da Wehrmacht se tornara inevit ável. Tanto assim, que as colunas motorizadas aliadas se espalharam pelo territ ório da "Rheinland" numa torrente t ão impetuosa, que às vezes se viram obrigadas a frear o avan ço para evitar a
separa ção de suas fontes de suprimento. Diante de t ão extraordin extraordinária mobilid mobilidade ade das operações militares, teria sido in útil tentarmos estabelecer contatos com os comandantes de determinadas unidades das for ças Armadas norteamericanas, com a finalidade de averiguar qual o efeito das irradia ções da 1212 sobre a rendi
ção de um batalh ão alemão ou a evacua ção prematura de uma cidade, por n ós "ordenada". Que houve tais rendi ções e que um certo n úmero de ordens fict í cias cias de evacua ção foram obedecidas, é indubit ável. O que contudo se pode afirmar de maneira definitiva, é o fato de que a 1212 foi uma esta ção ouvida em toda a Alemanha. E, segundo viemos a saber mais tarde, tivemos durante o m ês e tanto de máxima confus ão que caracterizou a fase final da invas ão da Alemanha, a honra de ter sido ela a emissora mais ouvida, n ão somente pelos grupos de ex ército nazistas cercados, mas tamb ém por substancial parte da popula ção do Reich. Só este fato, em si, j á representa um sucesso.
É licito afirmar, com efeito, que mesmo no caso de certa porcentagem dos ouvintes alemães terem terem nutrido nutrido alguma alguma suspeita suspeita ou desconfi desconfian an ça a respeito da 1212, uma boa quantidade do veneno subversivo por n ós espalhado provavelmente lograra concretizar a sua tarefa de penetra ção. Para finalizar estas conclus ões, posso afirmar sem receio que, dentro de suas falhas e imperfei ções, naturalmente pr óprias de um empreendimento pioneiro, a 12 12 comprovou plenamente a viabilidade intr í nseca nseca do seu arrojado esquema de concep ção. Fico Ficou u patent patente, e, com com efei efeito, to, pela pela sua sua atua atua ção, a exist xistência ncia de reais reais possi possibil bilida idades des de prejudicar e confundir o advers ário por meio de uma emissora secreta camuflada "na farda do inimigo". Apesar de ter a Opera ção "Annie" conquistado o seu lugar na Hist ória militar dos Estados Unidos, muito pouco se tem publicado at é agora a seu respeito. Houve, conforme um dos meus colegas certa vez me revelou em Nova York, interesse de um dos est údios cinematogr áficos de Hollywood em rodar um filme cujo enredo fosse a hist ória verí dica dica da 1212. Por ém, ao que eu saiba, tal plano se realmente existiu, acabou "caindo n' água". Quanto a eventuais atividades de emissoras secretas do futuro, poder ão as mesmas se beneficiar plenamente, n ão só das experi ências da Opera ção "Annie", como tamb ém dos fabulosos fabulosos avan avanços da técnica no campo das r ádiocomunica
ções e da TV. TV. Parece Pareceme me,, í cio porém, que para tirar o m áximo de benef í cio de tal tipo de emissoras "disfar çadas", o seu planejamento e organiza ção devem ser efetuados antecipadamente, com todo o esmero necess ário, ainda em tempo de paz. Caso as autoridades militares ocidentais presentemente encarregadas do setor da guerra psicol ógica estejam trabalhando nesse sentido, a exist ência da emissor emissoraa secreta secreta norteame norteamerican ricanaa 121 1212 j á por isso mesmo teria sido amplamente amplamente
justificada.
Capí tulo tulo XIV MOVIMENTADA VISITA AO SETOR SOVIÉTICO Na qualidade de oficial de ligação, chego a conhecer a enorme quantidade de problemas angustiosos que atormentam as chamadas "pessoas deslocadas" Consigo penetrar no setor sovi
é tico tico para
distribuir jornais a prisioneiros de guerra franceses Aviadora sovié tica tica faz dram ático relato de suas experi ências no campo de concentração Quase perdemos a vida atravessando uma ponte de emergência.
As hostilidades tinham chegado ao fim mas n
ão a minha miss ão junto ao ex ército
norteamericano. Logo ap ós o término das atividades da 1212 fui nomeado oficial de ligação no recémcriado setor de "pessoas deslocadas" do XII Grupo de Ex ércitos. A tarefa daquele daquele setor setor,, cujo quartel quartelge genera nerall se acha achava va localiza localizado do no conhecid conhecido o balne balne ário Bad Bad Nauheim, era zelar pelo bemestar e pela recondu ção, aos seus pa í ses ses de origem, de parte dos milhões de trabalhadores compuls órios estrangeiros e prisioneiros de Hitler, que se achavam espalhados por toda a Alemanha. Como se sabe, os nazistas, na sua arrog ância de quererem transformar a Europa em mera sucursal do Reich, jogavam com o destino de milhões de habitantes das vastas regi ões por eles conquistadas, como se fossem simples peões num gigantesco tabuleiro de xadrez. Os nazistas designavam pelo termo "Fremdarbeiter " (trabalhadores estrangeiros) aqueles que, com exce ção de alguns "voluntários" rios" atra atraí dos dos por por falsa falsass prom promes essas sas de altos altos sal sal ários rios e farta farta alime alimenta ntação, não passavam de escravos da m áquina de guerra de Hitler. Quase todos eles se achavam na Alemanha contra a sua vontade, em substitui ção, nas f ábricas e nos campos, a milh ões, de operários e camponeses alem ães que tiveram de trocar os seus macac ões por uniformes do exército. Recolocar no seu pa í s de origem toda aquela gente, era uma tarefa de grandes proporções, de vez que se apresentavam problemas de transporte, combust í vel vel e alimenta ção, muito semelhantes aos da movimenta ção de um exército. Evidentemente, era impossí vel vel prover suficientes caminh ões ou demais meios de condu ção para efetuar, de uma só vez, o transporte daquela massa humana, dessa forma surgindo a complica ção adicional do alojamento tempor ário em acampamentos provis órios de espera.
Logo apelidadas pelos norteamericanos de " displaced persons " (pessoas desloc deslocada adas) s) ou, de forma orma abre abrevia viada da "DP's" "DP's",, a incr incr í vel vel confus confusão pro provocada ocada por por essa essa aglomera ção de estranhos, impacientes por deixarem a Alemanha e retornar aos seus lares, gerou para o Alto Comando americano uma s érie de dificuldades dificuldades e incrí veis veis transtornos. Uma das mais urgentes tarefas evitar atritos entre os diversos grupos étnicos era a organização de acampam acampamento entoss separad separados os por naciona nacionalida lidades, des, onde deveria deveria reinar reinar uma disci discipli plina na estrit estritam ament entee obser observa vada da,, a fim de se evitar vitar que que eleme elemento ntoss mais mais violen violentos tos deixassem o local, procurando vingan ça pessoal contra a popula ção alemã. Para acalmar o quanto poss í vel vel os ocupantes daqueles acampamentos provis órios, sobremaneira irritados pela penúria das acomoda ções, da comida e dos cuidados m édicos, dois meios terap êuticos ocupa ção e distração deram ótimos resultados. Desde logo ficou patente que ler jornais e revistas era um dos passatempos favoritos das pessoas deslocadas. Foinos relativamente f ácil providenciar t ão almejado material de leitura, pois disp únhamos de grandes quantidades de jornais e revistas a cores, impressas em v ários idiomas pelo "Office of War Information" de Nova York. Esse material, embora contivesse certa dose de propaganda oficial não deixava de ser essencialmente informativo e instrutivo. Fazia parte da minha tarefa como oficial de liga ção do setor de pessoas deslocadas do XII Grupo de Ex ércitos, efetuar a distribui ção daqueles jornais e revistas nos acampamentos que diariamente eu estava encarregado de visitar, assim como de tomar conhecimento das queixas e reclama ções dos seus ocupantes. Para realizar as viagens que me levariam atrav és de consider ável extens ão territorial da Alemanha, eu dispunha de um caminh ão do ex ército, com o respectivo motorista. Percorrer a toda a velocidade, estradas esburacadas num caminh ão militar de molejo duro, não
é exatamente um prazer. No entanto, fiquei amplamente compensado pela beleza da paisagem alemã, mais exuberante que nunca ap ós os seis longos anos de guerra. Por ém, uma satisfa ção ainda maior me era proporcionada pelos rostos sorridentes e alegres das moças e rapazes dos acampamentos, que em grupos ruidosos costumavam rodear o ve í culo culo para disputar o seu conte údo. Cheguei a travar conhecimento com in úmeros dentre eles e inteirarme dos seus problemas, suas preocupa ções e esperan ças. Queixavamse da insuficiência de acomoda ções, em geral apinhadas de gente e for çando a mais chocante promiscuidade, chegando muitos a dormir estendidos no ch ão de cimento. Insufici ência de colchões. Sempre a mesma comida, a mesma sopa e aus ência de sal e a çúcar. Carência de pão. Muitos Muitos deseja desejavam vam reunir reunirse se a parentes parentes,, às vezes vezes localiza localizados dos em acampam acampamento entoss vizinhos, por ém praticamente fora do seu alcance, de vez que havia a proibi ção de deixarem o alojam alojamen ento to sob qualq qualque uerr pret pretex exto, to, a n ão ser quand quando o instal instalado adoss nos nos caminh caminhões de repatriação. Queixavamse, outrossim, da car ência de tabaco, bolas de futebol, aparelhos de rádio e da flagrante insufici ência de cuidados m édicos. Ouvi essas queixas em russo, francês, italiano e numa variedade de outros idiomas, e procurava ent ão, dentro das minhas
possibilidades necessariamente limitadas, fazer o m áximo para aliviar a situa ção. Como os "DP's" de nacionalidade sovi ética constitu í am am a maioria, o meu dom í nio nio da lí ngua ngua russa facilit facilitav avaa
sobrema sobremaneir neiraa
o
contato contato
com
eles, eles,
aumenta aumentando, ndo,
por
outro outro
lado, lado,
proporcionalmente, as minhas responsabilidades. Durante uma dessas visitas rotineiras ao acampamento da cidade de Wetzlar, a enfermeira encarregada de cuidar dos rec émnascidos, aproximouse e em voz exaltada, disse: Soube que o senhor fala russo. Pelo amor de Deus, ajudenos a conseguir alguns bicos de mamadeira. Ainda ontem
à noite faleceu um dos nossos beb ês porque se recusou
terminantemente a aceitar o leite na colher. Passei a tarde inteira tentando descobrir um dono de farm ácia de Wetzlar, que ainda tivesse algum estoque dos t ão raros, naquela época, bicos de mamadeira. Finalmente, ap ós pacientes pesquisas e depois de bater em muitas portas erradas, fui feliz. Voltei com uma d úzia de bicos de mamadeira, todos novinhos em folha, olha, e fui quase quase esmag esmagado ado pelo pelo forte orte abra abra ço de grat gratid idão dispensa dispensado do pela troncud troncudaa enfermeira sovi ética. Havia naquela época, na região de FrancfortesobreoMeno, que constitu í a a minha principal área de ação, aproxi aproximada madamen mente te quinze quinze grandes grandes acampam acampamento entoss de pessoas pessoas desloc deslocada adas, s, com o total total de umas umas 30.00 30.000, 0, das das quais quais apro aproximad ximadam ament entee a meta metade de era constitu í da da de russos e o restante composto de membros de outras nacionalidades da Europa oriental, meridional e ocidental. Al ém dos russos, outro importante importante grupo de pessoas pessoas deslocadas era os de nacionalidade francesa. Havia na Alemanha de Hitler aproximadamente dois milh ões e quinhentos mil franceses, dos quais 750.000 prisioneiros de guerra, uns 900.000 "trabalhadores for çados" e cerca de 40.000 deportados pol í ticos. ticos. Quando cheguei a saber da exist ência de alguns outros acampamentos de prisioneiros de guerra franceses na regi ão das cidades de Riesa e Torgau, localizadas numa
área ocupada pelo exército sovi ético, decidi pedir permiss ão aos meus superiores para levar para l á um caminhão cheio de jornais e revistas em l í ngua ngua francesa, os quais certamente iriam ser muito bem recebidos por aqueles homens, separados h á tanto tempo da p átria. Meu af ã de prestar ajuda aos franceses se explica, ademais, pelos profundos la ços de amizade que me ligam àquele povo desde os meus dias de estudante na cidade de Montpellier. No setor de pessoas deslocadas do XII Grupo de Ex ércitos, havia dois capit ães G. Delahaye e Maurice Péguy (este último, aparentado ao c élebre poeta e escritor franc ês Charles P éguy, que durante a Primeira Guerra Mundial recusou o posto de capit ão, morrendo como simples soldado de infantaria no primeiro dia da grande Batalha do Marne) destacados pelas forças degaull degaullista istass para servirem servirem como oficiais oficiais de liga liga ção. Procure Procureii e logo consegui, consegui, estabelecer s ólida amizade com aqueles dois simp áticos e eficientes colegas franceses, os quais, entre outros, estavam encarregados da reda ção de um jornal franc ês denominado Retour, especialmente dedicado aos prisioneiros de guerra franceses. Esse jornalzinho tinha
apenas duas p áginas, mas era repleto de informa ções úteis. Seu cabe çalho completo era:
ériodique des prisonniers et d éportés français en Allemagne". Conservo, ainda intacto o rar í ssimo ssimo número 1 daquela publica ção, que contém, entre outros t ópicos de interesse, uma mensagem do Gen. Omar Bradley na qual expressa ele absoluta confian ça de que que os prisio prisione neiro iross e deporta deportado doss pudes pudessem sem,, na sua quali qualidad dadee de cidad cidad ãos francese franceses, s, "RETOUR p
permanecer "ombro a ombro com os aliados norteamericanos, assim como os de todas as nações unidas, que lutavam pelo estabelecimento de uma paz duradoura". Ao solicitar a autoriza ção dos meus superiores para levar um substancial n úmero do Retour, e bem assim uma publica ção semelhante denominada Voir, com a finalidade de distribuí los los nos acampamentos de prisioneiros franceses na
área de Riesa e Torgau, eu estava longe de imaginar que a minha viagem para o territ ório ocupado pelo ex ército soviético me iria trazer uma s érie de complica ções graves, inclusive o risco da pr ópria vida. Embora f ôssemos, naquela época, aliados de guerra dos russos, uma viagem para o setor da Alemanha por eles ocupado exigia diversas formalidades, inclusive a autoriza ção prévia do gene general ral russo russo da regi região. Isto Isto porq porque ue,, aliado aliadoss ou n ão, os sovi soviéticos ticos insis insistia tiam m no seu
desconfiado isolacionismo, diante do Ocidente. Alguns dias antes da minha viagem, um alto funcion ário do OWI teve de cancelar a sua visita ao setor sovi ético, diante da recusa terminante do general russo, em fornecer o passe necess ário. No meu caso, por ém, talvez devido a um descuido do oficial norteamericano encarregado da se ção de transportes, as autoridades russas n ão foram consultadas. Assim, parti apenas munido dos documentos necess ários. Como projetava visitar tamb ém outras partes da Alemanha, decidi levar, al ém do caminh ão, também um jipe, o que me proporcionaria maior mobilidade e seguran ça caso o veí culo culo pesado viesse a engui çar. Ao alcançar o posto de controle sovi ético, localizado a uns quinze quil ômetros de Riesa, um capit ão russo, ainda jovem, veio ao nosso encontro, indagando para onde í aamos. mos. Para as cidades de Riesa e Torgau, a fim de entregar "material
ão num gesto largo, para o caminhão estacionado atr ás do meu jipe. Sem se prevalecer do meu convite impl í cito, cito, para investigar a carga do caminh ão, o jovem oficial refletiu um momento e logo depois, em tom militar militar porém cort cortês, disse: disse: Pode Podem m segui seguirr. Ao pros prosseg seguir uirmo moss viage viagem, m, ficou ficou logo logo evidenciado que est ávamos em territ ório ocupado pelos sovi éticos, pois as setas à beira da estrada traziam inscri ções em alfabeto russo. Algumas diziam: "Na zdrastwuyte pobetus pobetuscht chtcha chaya ya Krasna Krasnaya ya Armiya" Armiya" (31). (31). O tr áfego fego nos cruzamentos cruzamentos era dirigido dirigido por a prisioneiros franceses" respondi, estendendo a minha m
guardas militares femininas, as chamadas "Regulyorowchtici". Trajavam blusas e saias cor cáqui, vestiam pesadas botas e tinham a cintura apertada por largas cintas de couro. As costas levavam fuzis, com a boca dirigida para o ch ão. Ao aproximarse um ve í culo, culo, costumavam colocarse em r í gida gida posi ção de "sentido" e, com precis ão militar, levantavam uma das duas bandeirinhas que seguravam nas m ãos. A amarela significava: "pode passar" e a vermelha, "pare".
As casas das aldeias que atravess ávamos achavamse enfeitadas por peda ços de pano vermelho, vermelho, suspensos em varetas r ústicas sticas de madeira madeira.. Havia Havia pouca pouca gente gente nas ruas, demonstrando os mais vivos sinais de alegria ao vernos passar. Numa das localidades, um oficial da cavalaria sovi ética consentiu em deixarse fotografar ao meu lado. O militar, que demonstrava sinais evidentes de ter bebido um trago a mais, tinha alguma dificuldade em segurar o seu cavalo inquieto, enquanto o Sarg. Tak batia a chapa com a minha pequena máquina alemã. No primeiro cruzamento, j á na cidade de Riesa, pedi a uma das mo ças guardas que nos ensinasse o caminho para o acampamento dos prisioneiros franceses. Ela sorriu e mostrouse curiosa por encontrar quem falasse o russo. Era bastante atraente,
às costas, sabia flertar com perfei ção! Com um largo sorriso, deixouse fotografar ao meu lado. No p átio do acampam acampamento ento havia uns 50 caminh caminh ões reple repleto toss de pesso pessoas, as, a maior maioria ia enfe enfeita itada da com apesar do tecido grosseiro de seu uniforme e, mesmo com o fuzil
bandeira bandeirass francesa francesas, s, aparente aparentemen mente te prontas prontas a partir partir rumo oeste. oeste. Sem perda perda de tempo tempo mandei abrir a lona protetora do nosso caminh ão e, após tirar vários fardos do Retour no meu jipe, comecei a percorrer os caminh ões de prisioneiros franceses, distribuindo aos mesmos grande quantidade de jornais. Moi aussi! Moi aussi! gritavam os homens, visivelmente contentes pela aten ção recebida. Apenas uma pequena minoria se mostrava decepcionada, pois esperavam que lev ássemos ví veres veres ou cartas. Ao deixar o acampamento após descarregar mais alguns fardos no pr édio principal, observei os franceses, de p é nos caminh ões, cada um absorvido na leitura do seu exemplar do Retour. Por ém, ao tentar repetir a distribui çãorel âmpago dos jornais franceses num outro campo de prisioneiros, (este já localizado na cidade de Torgau), a coisa come çou a transtornar. Com efeito, um tenente sovi ético, ao deparar com o in í cio cio da opera ção de descarga dos fardos de jornais, indagou em tom severo se eu possu í a a necess ária autorização para levála a efeito. A muito custo custo consegui consegui conve convencer ncer o seu superior superior,, um tenente tenentecor coronel onel bastant bastantee carrancud carrancudo, o, a permitir que deix ássemos alguns fardos do Retour naquele acampamento. Mesmo assim,
ção para distribuir distribuir os jornais jornais diretam diretamente ente aos prisioneiros. Tivemos, bem a contragosto, de deixar os fardos empilhados no escrit ório do acampamento, controlado pelos russos. At é hoje me pergunto se o tenentecoronel sovi ético
foinos foinos terminantemente terminantemente negada negada autoriza
cump cumpriu riu a sua prom promess essaa de zelar zelar pess pessoal oalme mente nte para para que que os nossos nossos jorna jornais is fossem ossem posteriormente distribu í dos dos aos prisioneiros franceses. Visivelmente tranq üilizado pela minha atitude cooperadora, aquele oficial convidou nos para almo çar no refeit ório do quartel dos militares sovi éticos, localizado perto do acampamento. Agradeci, pois t í nhamos nhamos almo çado otimamente, saboreando os deliciosos "blinyi" (panquecas recheadas com nata) havia apenas duas horas, em outro quartel, no caminho de Torgau. Mas os meus protestos de nada valeram, diante da insist ência do oficial russo. Para n ão ofendêlo, tive de aceitar o convite, sendo aquinhoado dessa vez com uma
salada de batatas salpicada de peda ços de carne e bastante cebola crua. A bebida, como tamb ém no almo almoço precede precedente, nte, consist consistia ia numa numa mistura mistura alco ólica de cor leve levemen mente te avermelhada, com um leve cheiro de vodka, por ém composto, conforme me pareceu, de
álcool puro. Achavase Achavase devido à aguda aguda falta falta de garra garrafa fass num num grande grande vidro vidro de tipo tipo farmacêutico, onde em alem ão estavam gravadas as palavras: "Ammoniakgeist Vorsicht" (amoní aco, aco, cuidado). O "rito" de beber entre os russos era sempre o mesmo: os copos de preferência os maiores poss í veis veis cheios at é às bordas com aquela estranha mistura alco ólica, de onde se destacava, al ém do cheiro t í pico pico de vodka, às vezes tamb ém um pronunciado gosto de querosene. Os russos ent ão exclamavam: "Truman!" (como se sabe, na ocasi ão presidente dos Estados Unidos) e, zelando e insistindo para que o seu gesto fosse seguido à risca, esvaziavam cada um o seu copo, at é à última gota. O m í nimo nimo de boa educa ção exigia que os hóspedes norteamericanos, t ão amavelmente brindados, pedissem que os copos fossem cheios novamente para, de sua parte, levant álos em honra de seus anfitri ões, exclamando: "Stalin". Eram quase dez horas da noite quando decidimos continuar a nossa viagem. Logo depois de atravessarmos Torgau, come çou a chover torrencialmente. N ão havia sequer uma viv'al viv'alma ma para para nos nos ensin ensinar ar o camin caminho ho a segui seguir, r, e a chuv chuvaa imped impedia ia a vis ão das setas indicadoras. Preferi regressar ao acampamentoquartel de Torgau e pedir alojamento aos soviéticos. Antes de escoltarnos aos nossos aposentos, o tenente sovi ético que haví amos amos conhecido por ocasi ão da malograda distribui ção do Retour insistiu para que tom ássemos um trago com ele. Estava sem a t única, e vestia uma camisa branca e aberta. No c ômodo para onde nos levou, achavase um outro tenente, em id êntico traje semcerim ônia, de cami camisa sa bran branca ca e cal cal ças milit militare ares, s, senta sentado do numa numa mesa mesa cheia cheia de garra garrafa fass e comida comida,, juntamente com algumas moças. Ao sermos convidados a participar da refei ção, argumentei que "francamente n ão tinha fome", pois n ão somente hav í amos amos jantado, como tamb ém almoçado duas vezes. Mas ningu ém parecia prestar a m í nima nima atenção às minhas palavras. Instantes depois t í nhamos nhamos
à nossa frente v ários pratos de comida variada, assim como os indispens áveis copos de vodka. Os boatos se propagam com a rapidez do rel âmpago, nos quartéis. is. Assi Assim, m, ao sabe saberr que que três militare militaress american americanos os se encontra encontravam vam present presentes es no ício, edif í c io, um tenente tenentecor corone onell que se achav achavaa no andar andar inferio inferiorr mandou mandou um mensag mensageiro eiro,, solicitando a nossa presen ça. Além daquele oficial, de fisionomia nost álgica, havia tamb ém um major, um verdadeiro gigante, cujo peito largo parecia querer rebentarlhe a camisa branca. Seu rosto, um tanto achatado, de formato pronunciadamente mong ólico, ostentava um franco sorriso. Como ficou logo patente, o tenentecoronel de olhar tristonho havia
perdido dois irm ãos e toda a fam í lia lia no decorrer da guerra. Fiquei pasmo, ao inteirarme de que quase todos os russos que encontrava haviam perdido um ou mais entes queridos durante as hostilidades. Anos depois, ao conhecer os dados estat í sticos sticos oficiais da Segunda Guerra Mundial, com espanto verifiquei que as perdas militares da R ússia no conflito
totalizaram cerca de 7 milh ões e meio de homens mortos ou desaparecidos, ou seja, mais que as perdas da Alemanha, Jap ão, Estados Unidos, It ália e França juntos. Na mesa, onde, apesar dos nossos protestos nos foi servida a terceira e, felizmente, a última refei ção da noite achavamse tamb
ém três moças, uma delas trajando o uniforme da aviação militar sovi ética. A aviadora, de nome Ásya, moça delgada, de boca sensual, era a mais bonita e tamb ém a mais inteligente das tr ês. Servia a bordo de um quadrimotor bombardeiro, na qualidade de radiotelegrafista, profiss ão que aprendera rapidamente, ap ós a sua libertação pelo exército sovi ético, do campo de concentra ção. Passara um ano inteiro no temí vel vel campo de morte de Auschwitz. A segunda mocinha, que se achava sentada a meu lado, passara um ano em Auschwitz e mais seis meses em Ravensbrueck, campo n ão menos temí vel vel que o primeiro. A terceira, uma linda mo ça de cabelos castanhos, soltos, tinha conhecido o terror de tr ês campos de concentra ção: Auschwitz, Auschwitz, Ravensbruec Ravensbrueck k e Lyublin. A que se encontrava a meu lado arrega çou a manga da blusa, ficando vis í vel vel no seu braço esquerdo, o n úmero 50719 tatuado em azul por seus algozes. A aviadora Ásya enfiou o dedinho nos cantos de seus lindos l ábios e, forçandoos para tr ás, mostrou que faltavam todos os dentes molares de ambos os lados. Foi a Gestapo que os arrebentou. Na ocasião fiquei dependurada durante quatro horas pelas m ãos atadas nas costas e recebendo soco socoss sem sem para pararr. Cont Contou ou mais mais,, que que ela, ela, assi assim m como como as suas suas cole colega gass do camp campo o de concentra ção eram obrigadas a trabalhar 12 horas por dia. Vestidas em suas saias e blusas listadas de azul e cinza, tinham que permanecer em rigorosa posi ção de sentido, durante horas a fio, na chamada matinal. O menor movimento, a menor infra ção da disciplina diabólica que reinava no campo, eram castigados com dois golpes violent í ssimos ssimos dos cassetetes de madeira, com os quais estavam equipadas as vigias "supervisoras": um golpe de cada lado do rosto. Um dia vi, com os meus pr
óprios olhos, as vigias alem ãs matarem a
golpes de cassetete uma garota russa de apenas 14 anos de idade contou a jovem aviadora. E continuou: Era uma menina franzina, por
ém, apesar do seu f í ísico, s ico, obrigada a trabalhar
numa f ábrica de muni ções. De tanto sofrer, enlouqueceu. Um dia, durante a chamada matinal, recusouse terminantemente a seguir para o trabalho. Chamaram ent
ão a vigia
chefe, que inicialmente desferiu dois fort í ssimos ssimos golpes de cassetete no rosto da garota. Apesar dos seus gritos e gemidos, outros golpes se seguiram, cada vez mais fortes, at é ela cair cair morta morta dian diante te de toda todass n ós. Outr Outro o caso caso vivi vivido do por por
Ásya sya se deu deu no camp campo o de
concentra ção de Auschwitz. Um dia contou uma jovem prisioneira russa, filha de um professor de universidade, recebeu ordem para ajudar na escava ção de uma fossa. Seja porque tamb ém já "não regulava muito bem", ela atirou a p á aos pés da vigia, negandose a cumprir a tarefa, dizendo: "Stalin n ão me educou para manejar uma p á para os alemães." A vigia chamou um miliciano da SS, que logo apareceu, acompanhado de um feroz c ão policial, especialmente adestrado. Ele repetiu a ordem de trabalho, e a mo ça novamente se recusou. Ent ão, ao receber dois violent í ssimos ssimos golpes de cassetete em pleno rosto, apenas
limitouse a responder: "Tenho 19 anos de idade. Stalin n
ão me educou para que eu
manejasse uma p á para os alem ães". Ent
ão você não quer mesmo... gritou furioso o Ásya guarda da SS, soltando o cachorro em cima da mo ça. Eu fechei os olhos continuou mas o meu cora ção disparou ao ouvir os gritos de dor da menina, e seus gemidos de lamento, que mais pareciam os de um animal degolado no matadouro. Enquanto o cachorro dilacerava as pernas da mo ça, as vigias a rodeavam, rindo
às gargalhadas: Levaramna
embora, banhada em sangue.
Ásya e suas amigas tinham sido salvas quando os aliados entraram em Auschwitz. Um dia, já num acampamento de pessoas deslocadas, soldados norteamericanos trouxeram um guarda SS russo (havia SS de v árias nacionalidades, inclusive russos). Pedi aos americanos prosseguiu ela que me deixassem assestar apenas dois golpes naquele homem.. apenas "dois socos"... Levaram o homem, cujo rosto j á estava todo azul de tanto apanhar, para um c ômodo situado no primeiro andar, onde fecharam as janelas. Gritei para ele: "De joelhos, traidor!" E, imaginem, ele se ajoelhou mesmo, diante de mim, uma mulher. Da mesma forma como tantas vezes tinha visto os SS agir contra prisioneiros indefes indefesos os nos campos campos de concentr concentraa ção, desfe desferi rilhe lhe,, com o meu meu joelho joelho dobra dobrado, do, um violent í ssimo ssimo golpe no queixo. Em seguida arremessei com toda a for ça o meu cotovelo em sua boca, quebrandolhe todos os dentes dianteiros como vingan ça pelos meus molares perdidos. Finalmente, usando o anel do meu dedo, e com a m ão fechada, quebreilhe o
Ásya já completamente nariz.., quebreilhe o nariz repetiu completamente exausta exausta pela narrativa. E, subitamente, escondendo o rosto nas m ãos, irrompeu num choro convulsivo. No dia seguinte as mo ças nos acompanharam ao p átio do acampamento. Quando j á
Ásya entregoume o texto da "Can ção do Campo de Concentra ção" que as mo ças haviam cantado para n ós na noite passada. A meu pedido, ela havia copiado as palavras melanc ólicas que contavam a triste vida das jovens nas "trinta e duas barracas
me encontrava no jipe,
de madeira" do "KonzLager" (32), com a sua cerca carregada de eletricidade. Apesar de termos termos ainda ainda metade metade do nosso nosso carregam carregamento ento de jornais jornais e revist revistas, as, decidi decidi suspend suspender er a distribuição no seto setorr russ russo o e segu seguir ir rumo rumo
à cidade cidade de Dessau, Dessau, ocupada ocupada pelos pelos norte americanos. O nosso comboiomirim, com o jipe à frente, deslizava em alt í ssima ssima velocidade pela "Autobahn" (autoestrada). Um pouco antes de alcan çar Dessau, mas ainda no seto setorr russo russo,, cheg chegam amos os a uma uma comp comprid ridaa ponte ponte de emer emerg g ência, ncia, formad ormadaa de botes botes transversalmente amarrados uns aos outros e cobertos de pranchas. Era bastante movedi ça e de aspecto bem fr ágil. Atravesseia primeiro de jipe, para verificar se ag üentava e voltei bastante preocupado, pois mesmo com o leve peso do pequeno ve í culo, culo, ela parecia frouxa. Porém, tanto Ray como Tak insistiam em voltar para. o setor norteamericano, pois j á estavam fartos de "tanta comida e de vodka". Decidi ent ão assumir o risco e dei o sinal de partida. Mal o caminh ão subira na rampa da ponte de emerg ência, surgiu correndo um
tenente russo, gritando agitado: "Parem! Voltem, o caminh ão não pode seguir. Intimado por ele a exibir os documentos, mostrei, al ém dos nossos documentos de identidade, tamb ém a ordem de viagem expedida pelas autoridades militares ianques. O tenente examinou tudo com desconfian ça evidente, e ao devolverme os pap éis, indagou em tom severo: E a sua autorização de passar pelo setor sovi ético, onde est á? Exibi novamente a minha ordem de viagem norteamericana. N
ão, não é isto.., quero a autoriza ção do general sovi ético! Ele
ainda estava ponderando a minha negativa, quando um idoso tenentecoronel se destacou do grupo grupo de sold soldad ados os russo russoss que que se havi haviaa forma ormado do ao noss nosso o redo redorr. Ap ós pass passar ar uma uma reprimenda no tenente, por ter deixado inicialmente passar o jipe pela ponte de emerg ência, perguntoume bruscamente o que est ávamos nós conduzindo dentro do caminh ão. Ao ficar ciente de que lev ávamos jornais e revistas, ficou furioso. O senhor quer me dizer que ignorava o fato de ser estritamente proibido levar material impresso de qualquer natureza para o nosso setor sem uma autoriza ção especial das autoridades sovi éticas competentes? Num caso como este, talvez mesmo de Moscou... declaro os senhores presos. A passos de tartaruga o jipe e o caminh ão foram obrigados a seguir um soldado armado de fuzil automático que, montado numa bicicleta, nos precedeu rumo ao quartel sovi ético. Enquanto ficamos esperando, sentados dentro dos nossos ve í culos, culos, pelos resultados dos telefonemas a respeito, que deviam estar fazendo, lembreime, com alguma apreens ão, da minha pequena máquina fotogr fotográfica, com alguns filmes ainda n ão reve revelado lados, s, contend contendo o vistas vistas do setor setor soviético. Caso os russos dessem uma busca em nossa bagagem particular e descobrissem ainda o material fotogr áfico, talvez nos taxassem de espi ões. Enquanto vislumbrava as possibilidades bastante desagrad áveis de um incidente diplom ático e a perspectiva nada agradável de ficarmos como "h óspedes" de uma pris ão militar russa pelo tempo necess ário à solução do incidente, Ray, no caminh ão parado atr ás do meu jipe gritava uma s érie de impropérios definitivamente impublic áveis contra os sovi éticos, o que ainda aumentava mais o meu receio. Felizmente nenhum dos soldados russos que nos rodeavam, parados a uma distância respeitosa, parecia entender ingl ês. Depois de aproximadamente duas horas de tensa espera, um tenente acompanhado de quatro soldados armados de fuzis metralhadora surgiram na entrada principal. Sem proferir uma s ó palavra, mandou que dois dos militares se instalassem no banco traseiro do jipe e os dois outros compartilhassem o assento largo da cabina do caminh ão onde se achava Ray. Apontando para uma motocicleta pilotada por um capit ão cujo rosto queimado pelo sol denotava uma express ão severa,
í a um pequeno sidecar para um passageiro, procedeunos com um estrondo infernal, rumo a um destino ignorado. Ap ós uns vinte mandounos seguilo. A motocicleta, que possu
minutos de viagem a toda a velocidade, entramos numa pequena cidade, onde a motocicleta parou diante de um pr édio que abrigava a administra ção militar da regi ão. Só então o capitão me informou de que eu ia ter uma "conversa particular" com o coronelcomandante. Porém, este este se achav achavaa ausente ausente no momento momento e, assim assim sendo, sendo, instala instalamon monos os em nossos nossos veí culos, culos, diante do pr édio, para o per í odo odo de espera.
Durante as tr ês horas que passamos diante da "Kommandatura", travamos excelentes relações de amizade com os militares sovi éticos da nossa escolta. O capit ão contoume que perdera cinco irm ãos na guerra, assim como toda a sua fam í lia. lia. Mostroume, detalhadamente, e com aparente orgulho, a sua motocicleta triciclo, real çando o fato de que ela chegava a alcan çar 120 quil ômetros horários com um consumo de 1 litro de gasolina para 100 quil ômetros. A um tenente que se aproximava, tamb ém de motocicleta, cedemos algum combust í vel vel para o seu ve í culo. culo. Como est
á a situação aqui? indaguei Voc ês ainda têm dificuldades com a popula ção civil? À noite sempre h á tiroteios nas cidades e ção com a máxima aldeias respondeu o tenente. Recebemos ordens de tratar a popula delicadeza poss í vel. vel. Ao deparar com duas mo ças alemãs que nos observavam da janela da casa em frente, o tenente acrescentou: Estamos estritamente proibidos de travar amizade com as moças alemãs, e nos arriscamos, em caso de contraven ção, a prisão severa. A isto, expliquei que tamb ém no setor americano existia semelhante ordem de "n ão confraternização". H á linda lindass moças na Alem Aleman anha ha.. .... diss dissee o tene tenent nte, e, como como que que meditando. ... e muitos soldados e oficiais na pris ão por causa delas acrescentei. Um grupo de soldados russos estavam rodeando os nossos dois ve í culos. culos. Tak, com evidente orgulho orgulho,, mostra mostrava valhes lhes o jipe, jipe, engatan engatando do e desenga desengatando tando as marcha marchass reduzid reduzidas. as. Ray Ray, entretanto, exibia o seu fuzil, desmontandoo pe ça por peça. Um civil alem ão, conduzindo alguns embrulhos, aproximouse, pedindome que o levasse "para o outro lado". Ignorando a minha resposta negativa, de que "isto era terminantemente proibido", o alem ão, homem de uns 40 anos de idade, insistiu, argumentando que tinha direito de ir aonde quisesse, pois havia passado cinco anos no campo de concentra ção de Buchenwald. Fora, saia daqui! gritou o capit ão soviético. Para onde e como? respondeu o homem cinco longos anos
é de desesperar... tenho vontade de me enforcar! Finalmente chegou o coron coronel, el, homem homem já idos idoso, o, de porte porte e dist distin inção arist aristocr ocrático ticos. s. Ao ouvi ouvirr as minh minhas as explicações, de que que esta estava va distri distribu buind indo o jornai jornaiss e revis revistas tas aos aos prisio prisione neir iros os de guerra guerra franceses no setor sovi ético, levado unicamente por raz ões de solidariedade humana, e que ignorava o fato de ser necess ária também uma autoriza ção "dos nossos aliados", o coronel sorriu e, meio brincalh ão, meio sério, disse: Para um homem que fala o russo assim como o senhor, era sua obriga ção conhecer os nossos regulamentos um pouco melhor. No entanto, em Buchenwald...
admitind admitindo o que somos realmen realmente te aliados, aliados, por esta vez prefiro prefiro fecha fecharr os olhos. olhos. Podem Podem seguir... Quando chegamos de volta
à ponte de emerg ência que se estendia atrav és do Rio
Mulde na conflu ência com o Elba, e onde, no lado oposto se achava a "nossa" cidade de Dessau, o mesmo tenente que havia impedido a nossa primeira tentativa de atravess ála com o caminhão, perguntou a Ray qual era o peso total do ve í culo, culo, juntamente com a carga. Antes que ele abrisse a boca para responder, indaguei do oficial sovi ético: Qual o peso máximo permitido na ponte de emerg ência? Cinco toneladas foi a resposta. O caminh ão, juntamente com a carga, deve pesar umas cinco toneladas e meia, disse Ray
então, recebendo, a seguir, ordem do tenente para descarregar meia tonelada de jornais e leválos separadamente no jipe, mesmo que fosse necess
ária mais de uma viagem, para o
outro lado. No entanto, mesmo tendo realizado duas viagens de ida e volta, ainda faltava bastante para reduzir o peso do caminh ão ao máximo permitido. E j á estava come çando a escurecer. Tanto Ray e Tak, quanto eu, est ávamos impacientes por voltar para o setor norte americano, mormente devido
à possibilidade ainda de os sovi éticos mudarem de opini ão e
nos deterem por ordem de qualquer general que pudesse surgir de repente. Por outro lado, ao ordenar que o caminh ão, sobrecarregado como estava, seguisse por cima daquela fr ágil ponte eu teria que assumir uma responsabilidade muito grande por qualquer desastre que porventura pudesse resultar do excesso de peso. Que tal? perguntei a Ray. Vamonos embora! foi a resposta. Ap
ós mandar Tak com o jipe para a outra margem, tomei assento
no caminhão ao lado do motorista, orando silenciosamente para que tudo acabasse bem. Ouvi Ray engatar a primeira, enquanto o caminh ão, roncando ferozmente, subia a rampa. Mal haví amos amos percorrido alguns metros, senti a traseira do pesado ve í culo culo afundarse, enquanto a frente se levantava num ângulo assustador. Acima do ronco do motor, pude ouvir um grito de espanto que partia da aglomera ção de soldados e civis do lado russo, e no qual distintamente se destacavam as palavras: "Est ão se afundando! Est ão se afundando!" Acelere! Acelere! gritou uma voz que reconheci como sendo a do tenente "implicante". Ray pisou no acelerador at é o fundo, e o caminh ão, num esfor ço violento, conseguiu subir pelas pranchas perigosamente inclinadas, reconquistando momentaneamente o seu equilí brio. brio. Instantes depois senti que as rodas traseiras do caminh ão se afundavam de novo. Umas seis ou sete vezes repetiuse aquela agonia, enquanto os gritos na margem do rio ressoavam cada vez mais fracos, para finalmente silenciarem de uma vez. Na sua última arrancada a cabina do ve í culo culo enroscou na parte superior do arco de boas vindas que se erguia do outro lado da ponte, j á no setor norteamericano. Tak, que l estava não menos p álido que Ray e eu. N
á esperava ansioso,
ão podia imaginar que apenas meia tonelada de
sobrecarga quase fizesse ruir a ponte exclamei. Ao que Ray exclamou, com um sorriso de malí cia, cia, passando a m ão pela fronte molhada de suor: Meia tonelada, coisa nenhuma!
ão e mais o que sobrou da carga de jornais, é pelo menos de dez toneladas, ou seja, o dobro do m áximo permitido nessa ponte miser ável. Tive que mentir, pois, caso contr ário, ainda estar í amos amos do lado dos "russkiy", talvez desmontando o caminhão para transport álo, pe ça por peça, para o lado de c á... disse ele. O peso do caminh
Capí tulo tulo XV OS CAMPOS DE MORTE DE HITLER H á um gr ão de verdade em cada uma das numerosas teorias tentando explicar o surgimento do nazismo Organismo internacional para impedir crimes de genoc í dio dio Visita ao campo de concentra Buchenwald Relato em primeira m
ção de
ão, de como funcionavam as
câmaras de gás de Auschwitz.
Suponhamos que Hitler tivesse ganho a Segunda Guerra Mundial. Isto n ão seria nada imposs í vel, vel, pois os cientistas alem ães por pouco n ão conseguiram fabricar a bomba atômica antes dos americanos. E, com Hitler vitorioso, é viável supor que as c âmaras de gás de seus campos de morte estivessem ainda hoje em pleno funcionamento. Podese imaginar, outrossim, que uma vez esgotado o "combust í vel vel judeu", o nazismo teria arranjado outra nação para servir de bode expiat ório e ser condenada ao exterm í nio nio por aquele processo aparentemente infal í vel, vel, que eram as c âmaras de g ás do Führer. O fato de que tamanha monstruosidade pudesse surgir no s éculo XX, é no fundo t ão inexplicável como o pr óprio nascimento do fen ômeno nazista em geral. Gabriel Marcel, fil ósofo francês, explica o surgimento do nazismo como um dos muitos resultados negativos do superdesenvolvimento técnico da nossa era, que mecanizou tamb ém as relações humanas, destruindo, entre outros, os sentimentos de responsabilidade do homem para com os seus semelhantes. Por outro lado, a falecida escritora norueguesa Sigrid Undset, detentora do Pr êmio Nobel, numa entrevista concedida ao autor deste livro, em Nova York no ano de 1941, expressou a opinião de que o desenvolvimento do nazismo na Alemanha se devia
à loucura coletiva do povo alemão. Sugeriu ela que fossem mandados para a Alemanha ap ós a guerra, milhares de psiquiatras para tentar a cura dos "instintos perversos" daquele povo a fim de prevenir o renascim renascimento ento do nazismo nazismo sob qualqu qualquer er outra outra forma forma no futuro. futuro. Freq Freq üentemente entemente citada tamb ém, como uma das principais causas que facilitaram o aparecimento dessa ideologia na
é a calamito calamitosa sa situa situa ção econ econômica mica daquel daquelee paí s na época imediatamente imediatamente anterior ao advento de Hitler, e simbolizada por sete milh ões de desempregados, ou seja, de acordo com as estat í sticas sticas da época, um em cada sete habitantes. Se o termo "loucura", ventilado por Sigrid Undset pode parecer um tanto violento, é inegável que Hitler grande psicólogo do "negativo" que era conseguiu, com a mera for ça de sua oratória espetacular, Alemanha,
obter a vitória do instinto sobre a raz ão, de um povo inteiro. Isto constitui uma advert ência espantosa da sobreviv ência, no homem civilizado, de uma perigosa heran ça animal e da relativa fragilidade e superficialidade da camada de cultura, de que tanto nos orgulhamos ter adquirido com o perpassar dos s éculos. Seja como for, certamente numerosas outras teorias para tentar explicar o complexo fen ômeno nazista ser ão ventiladas com o correr do tempo, tempo, podendo podendose se admitir admitir que talve talvezz haja haja um gr ão de verdade em todas elas. Outro fenômeno que,
à primeira vista parece inexplic ável, é a falta de resist ência e a incapacidade de reagir dos judeus e outras v í timas timas do nazismo. Entretanto, a meu ver, n ão é às ví timas timas do crime de genoc í dio dio desarmadas e paralisadas de terror como estavam, que cabia o dever de reação, mas aos seus irm ãos humanos fora do alcance desses carrascos. Muito se tem falado, e ainda est á sendo debatido, o grau de responsabilidade do povo alemão nos crimes cometidos pelos nazistas. Por ém, praticamente, pouco ou nada tem sido ventilado sobre a responsabilidade dos povos livres cujos governos, j á naquela época, estavam amplamente informados acerca do assassinato em massa praticado pelos nazistas nos seus malfadados campos de concentra ção. Colocado assim o problema da responsabilidade em plano mais elevado, podese afirmar que n ão é com vingança, ou seja, acumulando outro crime ao j á cometido, que deve ser lavado o rastro de sangue e l ágrimas deixado pelo nacionalsocialismo, mas com o aperfei çoamento cada vez mais amplo dos dispositivos legais internacionais. Todo o poss í vel vel deve ser feito para que estes, futuramente, atinjam uma grande perfei ção que permita n ão apenas em teoria, mas na prática uma garantia eficaz, para que sejam plenamente respeitados, por todos os povos do mundo, aqueles t ão amplamente proclamados "direitos humanos". Isto, evidentemente, s ó poder á ser alcan alcançado ado por por meio meio da exist xist ência, ncia, no futu futuro, ro, de um poder poderos oso o e eficie eficiente nte organismo internacional do qual a ONU
é um esperançoso mas ainda t í mido mido precursor. Tal
organis organismo mo deve deve estar estar plename plenamente nte capacita capacitado do para agir imediata imediatamen mente te onde onde se tornar tornar necess ário, para impedir por qualquer meio cab í vel, vel, não somente a realiza ção de crimes de genocí dio, dio, mas também de qualquer caso grave de persegui ção racial ou religiosa mesmo que isso signifique interfer ência direta nos assuntos duma na ção. Com efeito,
é
indispens ável que a exist ência de um eficaz eficaz organis organismo mo internaci internaciona onall de prote prote ção dos direitos humanos, seja vinculado a um direito internacional de concep ção arrojadamente avançada, prevendo, entre outros, a extin ção automática da soberania do pa í s que, por fraqueza ou conscientemente, permita que se efetuem no seu territ ório crimes de genoc í dio dio ou de persegui ção racial ou religiosa. Esse organismo ter á atingido o seu m áximo de perfeição quando chegar o dia em que seja capaz de impedir que qualquer ser humano em qualquer lugar do mundo possa ser dominado contra a sua vontade pelo terror exercido por uma minoria armada possu í da da de instintos criminosos, ou humilhado e perseguido por uma maioria, cega pelo ódio artificialmente criado por l í deres deres inescrupulosos ou enraizado em costumes perigosamente antiquados.
Nada melhor do que uma visita a um campo de morte de Hitler, para demonstrar a que ponto pode chegar uma ditadura, ap ós ter atirado por terra todas as no ções de cultura e humanidade. Eis o que conta o meu "di ário de guerra", do dia 17 de maio de 1945: "Deixamos Bad Nauheim às 14:30 horas. Destino: o campo de concentra
ção de Buchenwald. Em nosso jipe militar viajávamos eu, o motorista e os capit ães do exé rcito rcito francês Dela Delaha hayye e Pé guy. guy. A rodo rodovia via de Asfe Asfeld ld a Hersf Hersfeld eld era era ótima. tima. Só uma vez vez encontramos um desvio. À margem da estrada jaziam numerosos ve í culos culos destru í dos dos pelos efeitos de balas e obuses. No caminho, em grotescas posi ções, encontrei quatro tanques norteamericanos. norteamericanos. Numa floresta, floresta, fazendo fazendo uma fila ligeirament ligeiramentee curva, achavamse achavamse os restos retorcidos de dez autom óveis militares da Wehrmacht."
Mais expres expressiv sivo, o, porém, do que que essas essas teste testemu munha nhass muda mudass e im óveis veis da sorte sorte variável da guerra, era o quadro vivo que observamos durante todo o percurso. Encontr ávamosnos, parecia, no meio de uma verdadeira migra ção de povos. A estrada inteira inteira achav achavase ase repleta de gente gente puxando puxando ou empurran empurrando do ve í culos culos de toda toda esp espécie, carregados de malas e outros pertences. Especialmente numerosos eram os carrinhos de bebês, onde se amontoavam embrulhos e malas. Carrinhos e carretas de todos os tipos e formatos. Motocicletas do tipo antigo (as mais modernas, assim como os carros particulares, tinham sido apreendidos pelas autoridades militares alem ãs, já no iní cio cio da guerra), os pneum áticos praticamente no ch ão devido ao peso exagerado, muitas delas com fl âmulas. mulas. Biciclet Bicicletas as com enormes enormes malas malas amarradas amarradas dos dois lados, empurrad empurradas as pelos pelos donos. Mesmo um digno carro f únebre preto, com uma coroa prateada pintada ao lado, n ão
à obsessão locomotriz do povo alem ão: cheio de bagagens variad í ssimas ssimas e de gente, avan çava no seu ritmo lento, caracter í stico. stico. Aquela devia ser uma das raras vezes em que os ocupantes de um carro f únebre deviam estar contentes. De fato, pareciam todos satisfeit í ssimos ssimos pela sorte de poderem escapar rumo a oeste, antes que os russos invadissem a região. Era esta a raz ão principal da desesperada pressa de toda aquela gente, que temporariamente converteu a Alemanha num pa í s de nômades: o medo dos russos, que estavam chegando. Medo mais forte que o amor à cidade ou aldeia natal. Eis porque at é mulheres e crian ças não hesitaram em empreender a longa caminhada, enfrentando as intemp éries, a fadiga e um futuro incerto. Vestiam, principalmente, cal ças compridas, tipo rancheiro. Algumas sorriam; por ém, a expressão predominante nos rostos queimados pelo sol, era de séria compenetra ção. De longe, destacavamse alguns carrinhos estrangeiros, marcados pelas respectivas bandeiras. Pertenciam a oper ários do trabalho for çado, trazidos pelos alemães dos paí ses ses mais distantes, para ajudar na movimenta ção da enorme m áquina industrial nazista, e que agora procuravam alcan çar a pátria por seus pr óprios meios, sem a escapara
passagem enfadonha pelos campos de reagrupamento, onde normalmente deviam aguardar
a repatriação. Era ir ônico vêlos ali no meio da multid ão alemã. Donos e escravos, unidos na mesma mis éria. Os francese franceses, s, atraí dos dos pelo quep quepee vermelh ermelho o e bord bordad ado o a ouro, ouro, do idoso idoso Cap. Cap. Delahaye, acenavam alegremente. Este ocupava o banco da frente para, de vez em quando, apontar apontar seu fuzil fuzil para alguma nuvem nuvem passag passageira eira,, por ém sem atira atirarr. Crian Crianças louras, louras,
à beira da estrada, acenavam. Algumas faziam o sinal vitorioso de Churchill, o "V" com os dedos. Outras mostravam pap éis de balas como se quisessem explicar que a provisão se esgotara e que necessitavam de mais... J á anoitecia quando chegamos à cidade
postadas
de Eisena Eisenach ch,, onde onde decid decidii pass passarm armos os a noite noite.. Perno Pernoita itamo moss no Hotel Hotel Thuer Thuerin inge gerr Hof, Hof, ocupando eu o quarto 44. N ão tive sorte. O meu vizinho era um oficial, possuidor de uma rádiovitrola, e aficionado da can
ção "Parlezmoi d'amour", que ele tocava à toda, sem parar. Não conseguindo dormir, decidi descer ao sagu ão, onde travei conhecimento com um oficial belga que perdera dois membros de sua fam í lia lia em Buchenwald. As esposas das ví timas, timas, que viviam na B élgica, alimentavam a certeza de que elas passavam muito bem. Pelo menos assim o diziam as cartas breves que recebiam do campo de concentra ção. O oficial belga faloume tamb ém da f ábrica de foguetes V2, a mal afamada "Dora" que era subterrânea, e onde muitos judeus tinham sido empregados nos trabalhos mais penosos. Havia lá um túnel com v ários guindastes. Às vezes, quando os guardas SS estavam ávidos de um divertimento diferente, mandavam esticar uma travessa de a ço entre as pontas dos dois guindastes. Dependuradas nas travessas, achavamse trinta cordas com os respectivos laços, onde trinta v í timas timas escolhidas tinham de enfiar suas cabe ças. Então, aos sons alegres de uma valsa de Strauss, apertavase um bot ão. Os dois guindastes levantavamse juntos, carregando entre eles os corpos bamboleantes de trinta enforcados. Ao sair do hotel no dia seguinte para tomar assento no jipe, um garoto alem ão aproximouse de mim, e em voz baixa, disse: Agora mesmo observei um nazista esconder uma pistola embaixo de um arbusto. Dirigime com ele at
é uma pracinha em frente ao hotel
e, de fato, bem escondida entre a folhagem, encontramos uma pistola Luger do ano de 1916; embora velha, achavase em perfeito estado o cano e o resto do mecanismo cuidadosamente lubrificados, juntamente com umas duas d úzias de balas. Devido
à minha
condi ção de oficial "assimilado", n ão me era permitido portar armas. Assim sendo, nem eu e nem os meus colegas pod í amos amos obter o regulamentar Colt 45, do arsenal do ex
ército, o
que nos obrigava ao expediente de "liberar" pistolas alem ãs, assim que se apresentasse ocasião. Tí nhamos, nhamos, outrossi outrossim, m, tentado tentado repetid repetidas as vezes vezes consegui conseguirr permiss permiss ão das das alta altass autoridades militares norteamericanas, para andar armados, devido ao constante perigo que representavam os francoatiradores. No entanto, apesar dos esfor
ços renhidos feitos neste
sentid sentido o pelo pelo nosso nosso Cel. Cel. Powel owell, l, a respo resposta sta era era semp sempre re negati negativa va,, pois pois andar andar armad armado o significaria infringir as disposi ções internacionais. Confesso, por ém, que apesar de tudo,
sempre conduzi uma pistola, assim como uma boa quantidade de balas no coldre, sem que jamais ouvisse uma observação dos meus superiores, que preferiam "fechar os olhos" a respeito. Logo depois de ter encontrado a Luger, deixamos Eisenach, rumo a Weimar, cidade que tí nhamos nhamos de atravessar, antes de chegarmos a Buchenwald. Constitui mais uma das estranhas ironias freq üentes no decorrer da Segunda Guerra Mundial, o fato de que o campo de concentra ção de Buchenwald se achasse localizado apenas a uns quinze quil ômetros do perí metro metro urbano da famosa cidade de Weimar, considerada outrora o centro do liberalismo na Alemanha. O gênio de Johann Wolfgang von Goethe, supergigante da literatura alem
ã, lá passou o meio s éculo mais frut í fero fero de sua brilhante exist ência de 1782 a 1832. O n ão menos genial poeta e dramaturgo Friedrich von Schiller morava em Weimar e l á, jovem ainda, morreu. A "avant premiere" de numerosas óperas do célebre compositor Richard Wagner, agner, "aconteceu" "aconteceu" em Weimar. eimar. É lí cito cito supor que, que, tanto tanto Goethe Goethe como Schiller Schiller,, repousando lado a lado no jazigo dos Gr ãoduques de Sax ôniaWeimar, no cemit ério da cidade, se tenham revirado mais de uma vez em suas sepulturas, ultrajados por mais este
desafio de Hitler, em escolher justamente as vizinhan ças de "sua" cidade para erguer um dos mais mort í feros feros campos de concentra ção da Alemanha nazista. Alcançamos Buchenwald antes do meiodia de 18 de maio de 1945. Fazendo jus ao seu nome de "Buchenwald" o que traduzido para o portugu ês significa floresta de faias o temí vel vel campo de concentra ção achavase rodeado de uma grande quantidade daquelas formosas árvores. Formava um contraste chocante com o sol primaveril que iluminava as suas cercanias verdejantes. A entrada era constitu í da da por uma imensa torre quadrangular, de cor cinza, em cujo topo, ainda h á pouco tempo, se achavam os temidos guardas SS com as suas metralhadoras. Agora, o que restava eram apenas as arma ções dessas armas e v ários poderosos altofalantes. Uma alta cerca de arame rodeava o campo. A fila intermin
ável de
seus mur ões de cimento armado, com a sua beirada superior dobrada para dentro, tinha um aspecto sinistramente sinistramente elegante. Ao longo dessa barreira de arame farpado, outrora carregada de eletricidade, estavam grandes quebraluzes de cor preta dirigindo para baixo a luz dos holofotes. Aproximadamente a cada 100 metros havia torres menores, de cor cinza, como a torre gigante da entrada. Da torre principal avistavase todo o campo: na frente, uma extensa pra ça cimentada, na qual se achavam, na ocasi ão, numerosos ônibus estacionados, estacionados, com a cruz vermelha pintada nos p áralamas. Tamb ém se viam as ru í nas nas da antiga f ábrica de peças de avião, onde muitos dos encarcerados foram obrigados a trabalhar. Marginando a praça cimentada, do lado direito e esquerdo apareciam os barrac ões dos presos, de cor roxo
à direita, um pequeno pr édio igualmente cinzento, com uma chaminé quadrangular de tijolos e degraus de ferro encravados ao lado: era o cremat ório. avermelhada. Bem ao fundo,
Um garotinho de cabe ça raspada, cal ças curtas feitas de tecido grosseiro, veio ao meu encontro. Olhou silenciosamente para a minha farda de oficial, de alto a baixo como se quisesse certificarse de que n ão se tratava de um sonho. Com certeza ele j á tinha visto outros uniformes norteamericanos, pertencentes
àqueles soldados que haviam libertado
Buchenwald. No entanto, continuando a permanecer ali, juntamente com mais umas 4.000 crianças, cada farda americana que aparecia era devorada com os olhos e admirada com uma incredulidade ing ênua, num misto de l ágrimas e de riso. Encorajado pelo meu sorriso, o menino menino tomou tomou uma das minh minhas as m ãos e, ainda em sil êncio, ncio, começou a acarici ála
ó na garganta. Dez anos. á? Quantos anos passaste no campo? Quatro... de um para o outro... O que fizeste l Trabalhei. Onde? Na f ábrica de muni ções. Onde se encontra teu pai? Aqui. E tua mãe? Houve um momento de hesita ção. No cremat ório... Alguns outros garotos tinham respostas quase id ênticas. Haviam passado v ários anos em diversos campos de concentra ção, o que na sua tenra idade representava pelo menos a metade de sua exist ência. Os pais de alguns ainda estavam vivos. As m ães, invariavelmente, no cremat ório. vagarosamente. Que idade tens? perguntei, sentindo um n
Nosso guia encarregado de nos mostrar o campo era um franc ês que ali havia passado muitos anos e conhecia todos os recantos. Entre os visitantes, havia soldados norte americanos e um grupo de civis alem ães. Encontramos esses alem ães no laborat ório, um pequeno cômodo forrado at é o teto, com azulejos brancos. Um dos guias estava contando a prática dos médicos da SS em usar os internados do campo como cobaias humanas para uma grande diversidade de experi ências "cientí ficas", ficas", especialmente para inje ções do ví rus rus do tifo para obten ção, à custa dessas v í timas, timas, de soro antit í fico fico para as tropas alem ãs. Ser á que isto aconteceu mesmo? exclamou em tom incr édulo uma mo ça loura, de nacionalidade alemã. Foi também no laborat ório de Buchenwald que um m édico SS, usando um dos prisioneiros como cobaia, descobriu ser poss í vel vel puxar o olho humano a um dist ância de 1,80 m do corpo at é ser arrancado definitivamente. No pátio, em caminho para o cremat ório, passamos por uma arma ção simples de madeira, com quatro ganchos: a forca. O edif í cio cio do cremat ório era de um s ó andar, ainda de cor cinzenta, com o teto roxo avermelhado. Do lado de fora achavamse dependuradas duas coroas de flores murchas, uma delas enfeitada com uma fita nas cores da bandeira
à porta de entrada, duas macas de ferro, enferrujadas e luvas sem í cio dedos, sujas. Um pequeno c ômodo situado nesse mesmo edif í cio servia de "sala de estar"
polonesa. Encostadas
para os SS, onde eles costumavam ficar sentados ao redor de uma mesa. Ao chegar um
à morte, usavam convid álo para uma partida de baralho. Conforme o número de pontos que fizesse no jogo, podia ganhar apenas a permiss ão de escolher uma das seguintes modalidades de execu ção: 1) injeção letal aplicada pela pr ópria ví tima; tima; 2) ingerir cianeto de c áli; 3) enforcado; 4) ser amarrado à cerca e chicoteado at é à morte.
prisioneiro condenado
O imenso forno principal do cremat ório era de formato retangular e constru í do do de tijolos. Numa das suas paredes liase em letras pretas: Betriebsvorschrift des koksbeheizten Topf Dreimuffel Ein äscherungsofens (33). Havia quatro bocas de forno. Em cada uma delas desembocava, num trilho, uma maca de ferro (agora toda enferrujada), que deslizava sobre rodas de a ço lustrosas pelo atrito. O guia franc ês retirou uma das macas do forno e em seguida empurroua de novo para dentro. Em geral vinham tr
ês corpos em cada maca. A
maioria dos cad áveres raquí ticos ticos eram t ão leves que um guarda podia facilmente levantar um em cada m ão, atirando dois dos corpos enrijecidos de uma vez, na maca. Esta era empurrada para dentro da boca do forno, exatamente como o nosso guia demonstrava. Eis o resultado disse ele, levantando um pequeno pote de metal enferrujado, de aproximadamente um litro. Estava repleto, at é
à boca, de í nfimas nfimas lasquinhas de ossos, de
cor branca ou amarelada. Alguns pedacinhos eram levemente porosos. Isto continuou o guia era, uma vez, duas pessoas... Um grupo de soldados norteamericanos entrou na sala. Um ex prisioneiro, de rosto p álido, magro, pegou o pote com os ossos, sentouse perto da boca do forno e, segurandoo com as m ãos, deixouse fotografar. Visitamos tamb ém o "pequeno acampamento" (Das kleine Lager), que servia de prisão para os chamados "in úteis" (Nutzlose). Moravam eles em compridas barracas de madeira, contendo, ao inv és de camas, ásperas tábuas formando quatro divis ões, umas por cima das outras e separadas por vigas de madeira. Cada "andar" tinha mais ou menos 50 cm de altura, abrigando dezesseis homens literalmente amontoados. Um mau cheiro nauseabundo pairava no local. A privada era um r ústico bloco de cimento, que ainda exalava um forte cheiro de excrementos. Os homens do "pequeno acampamento" passavam os dias num estado de fome cont í nua. nua. Emagrecidos at é aos ossos, pareciam esqueletos ambulantes. Corriam, empurrandose uns aos outros, no seu curral de arame farpado, como um rebanho miser ável, choramingando para os "privilegiados" do "grande acampamento": "pão... pão... por favor, um pedacinho de p ão.. ." Estavam t ão fracos que um simples esbarro seria suficiente para derrub álos. Em todas as depend ências do campo, tanto por dentro como por fora, encontramos
á ainda ainda permanec permaneciam, iam, aguarda aguardando ndo a repatria repatria ção. Trajavam cal ças listradas de azul marinho e branco. Alguns vestiam palet ós enfeitados com grupos grupos de ex prisio prisione neir iros os que que por por l
um pano triangular de cor vermelha, no meio do qual se achava uma letra preta, indicativa do paí s de origem do portador: F, significando Fran ça, por exemplo. Esse distintivo era reservado aos presos pol í ticos ticos que gozavam de certos privil égios. No dia seguinte, encontrei na cidade de Weimar, onde havia decidido permanecer por mais algum tempo, um n úmero apreci ável de ex cativos de Buchenwald. Estes, conforme eu soube, costumavam agora vir constantemente
àquela quela cidade cidade vizinha vizinha onde, ostenta ostentando ndo os seus seus trajes trajes listrad listrados os de ex
prisioneiros, perambulavam em atitudes provocantes no meio da popula ção civil alemã. Encontrei alguns deles tamb ém no "Residenzkaffee", o sal ão de chá mais elegante de Weimar eimar,, onde a sua presen presença criava um vis í vel vel embaraço no meio meio dos dos bem vestid vestidos os freqüentadore entadoress alemães. Foi no "Residenzkaffee" "Residenzkaffee" que travei travei conhecimento com um engenheiro engenheiro alemão que que duran durante te a guerra guerra esti estive vera ra encar encarre rega gado do de algum algumas as obras obras de constru ção, localizadas nas proximidades de um campo de execu ção em massa de judeus. Contou Contoume me que certa vez vez observar observaraa um soldado soldado SS armado armado de um fuzilm fuzilmetra etralhad lhadora ora sentado diante da imensa valeta para onde estavam sendo levadas centenas de judeus para serem mortos a tiros. Uma velha av ó, aparentemente enlouquecida, levando o seu netinho pela mão, cantava e dan çava ao ser empurrada rumo
à valeta. "Coloquem um pano na cabeça da velha" gritou o guarda SS aos seus colegas que, às gargalhadas, executaram o pedido. Tanto a velha senhora como todos os que eram conduzidos foram obrigados a se despir e, a chicotadas, for çados a pisar por cima dos cad áveres dos que os haviam precedido
última ltima caminha caminhada. da. No dia seguinte seguinte o engenhe engenheiro iro alem ão notou alguns feridos arrastandose para fora do monte ensang üentado de mortos. Entre eles havia uma mo ça, jovem e bonita. À indagação do engenheiro, se podia fazer algo para ajud ála, respondeu naquela
ela: "Caso o senhor possa me conseguir umas roupas para me vestir, eu talvez tenha alguma possibilidade de escapar. . . mas assim. . . nua, é impossí vel. vel. . . prefiro voltar e morrer." Neste instante chegou o guarda SS e mandou o engenheiro embora. Logo depois ouviase um disparo. Weimar sofrera alguns danos causados pelos bombardeios a éreos, especialmente o centro, bastante danificado por dois ataques maci ços no mês de abril, um pouco antes das tropas norteamericanas entrarem na cidade. Diante da C âmara Municipal ainda intacta, vi um amontoado de destro ços, entre os quais uma bandeira amassada, cordas met álicas de um piano, partes de um fog ão e colchões sujos, de cor avermelhada, tudo isto cercado por montes de peda ços de ferro enferrujados e retorcidos, assim como tijolos quebrados. Alguns dias mais tarde, tamb ém em Weimar, cheguei a conhecer um mo ço de nome Israel e fui um dos primeiros a receber um relato aut êntico das famigeradas c âmaras de g ás de Auschwitz. Conhecio por acaso. Achavame naquele dia, 22 de maio de 1945, na sala de espera do Governo Militar de Weimar aguardando um tenente norteamericano para discutir com ele um assunto de liga ção. Para Para me distrai distrair, r, fiquei fiquei observa observando ndo as demais demais pessoas pessoas presente presentes, s, notando notando com especial interesse um homem ainda mo ço, em trajes civis, que conversava em alem ão com outro civil. Aquele que chamara minha aten ção estava vestido com um terno novo de cor verde, vendose por cima do bolso esquerdo superior do palet
ó mal assentado, um peda ço
de fazenda cinza, com um algarismo bastante comprido. O pano estava bem gasto e as cifras, um tanto apagadas. Por ém o homem carregava aquele modesto trapo com evidente
orgulho, como se fosse uma preciosa condecora ção de guerra. No bra ço esquerdo, uma braçadeira rudemente confeccionada, trazendo em letras vermelhas a palavra: "Buchenwald". O cabelo castanho de sua cabe ça raspada estava come çando a nascer outra vez, mas ainda n ão chegara o ponto de poder ser penteado. O rosto era magro e um pouco queimado pelo sol. Em cima do nariz proeminente, agressivamente curvado, um par de
óculos, de formato antigo. Os olhos castanhos brilhavam intensamente, indicando vivacidade e intelig ência e um "qu ê" de fanatismo. A impress ão que transmitia era a de um gerente de loja algo ambicioso, ou de um estudante. N ão se passou muito tempo e l á estava eu conversando com o mo ço do terno verde. Pol ônia? indaguei apontando para o triângulo vermelho com o "P" ' preto no meio, que ele trazia tamb ém costurado no palet ó. Sim. Quanto tempo permaneceu em Buchenwald? Apenas quatro semanas... sou de Auschwitz. Com isso, ele arrega çou a manga do bra ço direito, onde se achava tatuado em cifras pequenas e azuladas, o n úmero 137486. Tenho um n
úmero muito baixo explicou o
moço N ão há muitos sobreviventes na categoria da primeira centena de milhar. No ano passado a numera ção já havia passado o milh ão e tinham iniciado a s érie "B". Como escapou à morte? Trabalhei no cremat ório. Simples golpe de sorte. Que fazia l á? Queimava os corpos que sa í am am das câmaras de g ás. Voc ê, um judeu, queimando judeus? O moço de terno verde encolheu os ombros. Que é que o senhor quer? Era assim. Ou obedec í amos amos ou éramos castigados pelos guardas SS. Era executar a tarefa ou morrer. Se o senhor quiser, pode visitarme hoje à noite, no meu quarto, caso esteja interessado em ouvir os detalhes detalhes.. Francam Francament ente, e, eu n ão esta estava va com muita vontade ontade.. J á vira vira e ouvira ouvira tantos tantos horrores! Mas n ão podia perder a oportunidade de registrar aquele testemunho de primeira mão sobre as c âmara de gás de Auschwitz. À noite, logo depois do jantar, dirigime para a Praça Wieland Wieland (Wieland (Wielandspla splatz). tz). Um guarda guarda alemão me fez fez cont contin inência e, vendo vendome me espreitar o n úmero de uma das casas escondidas na escurid ão, ofereceuse para ajudarme. Não havia necessidade. Achavame em frente do pr
édio que procurava. A porta estava aberta. Como n ão tinha o farolete, foi a custo de v ários tropeções que subi a escada curva e estreita que dava acesso a um c ômodo do primeiro andar, onde Israel j á se achava à minha ônico, apontando para um rel ógiocuco espera. Atrasouse um bocado notou um pouco ir dependurado numa das paredes do quarto. Ele mudara de traje e estava agora com um par
à moda dos SS e vestia cal ças militares alem ãs, de cor verde, tudo novo em folha. A sala onde nos encontr ávamos era tipicamente burguesa, limpa, com algumas porcelanas e um r ádio. Tirando o bloco de papel que levara comigo, logo me atirei à tarefa de anotar as declara ções de Israel. Escrevi febrilmente como um alucinado. Às vezes, parava por alguns instantes para fazer perguntas ou pedirlhe para de botas pretas, imaculadamente polidas,
soletrar um nome ou repetir algum detalhe que me tivesse escapado. Por sua vez, Israel, tamb ém de vez em quando, interrompia a narrativa. Era com o intuito de acender um cigarro ou preparar uma x í cara cara de caf é. Ambos com rótulos norteamericanos. Ofereceume caf é, porém alguma relut ância estranha me impedia de tom álo. Minha x í cara cara grande,
branca, exalando um cheiro revigorante, permaneceu cheia at é o fim. Unicamente para n ão ofendêlo, eu fazia de vez em quando um gesto de que ia tomar um gole ou dois, mas com uma sensação de repugnância e náusea. O meu interlocutor t ão amável pertencera, at é alguns meses atr ás, a uma turma do chamado "comando especial" do campo de concentra ção de Auschwitz. Ele e mais 21 compan companheir heiros, os, trabalha trabalhando ndo dois a dois, dois, eram encarregad encarregados os de colocare colocarem m os cad áveres vindos das c âmaras de g ás nos carrinhosmacas de ferro tr ês corpos em cada carrinho empurr álos ao longo dos trilhos que conduziam ao cremat
ório, e lá despejar a carga humana nas bocas ávidas do forno, onde ardia um fogo feroz e implac ável. Havia outras turmas englobadas no "comando especial", dedicados todos à execução de uma s érie de tarefas macabras, entre os quais o "dentista" para arrancar os dentes de ouro dos cad áveres e o "homem dos an éis", encarregado de retirar alian ças e anéis dos dedos gelados e r í gidos, gidos, o qual, qual, com com a press pressa, a, freq freqüentem entemen ente te corta cortava va o dedo dedo inteir inteiro. o. As difer diferen entes tes turmas turmas do "comando especial", perfazendo um total de 200 homens s ó podiam penetrar nas c âmaras de gás onde jazia o amontoado de cad áveres, após expelido o ar envenenado pelo g ás letal, por meio de possantes ventiladores. Quando estes paravam e o ar se purificava, ent ão Israel se aproximava da porta da c âmara. Era a de n úmero 2, uma das mais antigas, e na forma de uma comprida garagem. As c âmaras de gás eram constru ções estreitas, alongadas, da altura de um homem, com capacidade para dois ou tr ês mil corpos humanos cada. Havia quatro, no campo de concentra ção de Auschwitz. As de n úmero 1 e 2 eram modelos antiquados, ície. constru í das das na superf í c ie. As de números 3 e 4 eram mais modernas, subterr âneas, com uma pista inclinada de cimento levando à entrada. Eram tamb ém maiores. O interior de todas elas pintado de branco. Como as emana ções de gás logo amarelavam as paredes, renovavase a pintura a intervalos regulares. Impelidas por golpes e invectivas dos guardas SS, as ví timas timas homens, mulheres e crian
ças se precipitavam, numa corrida fren ética,
rumo ao port ão aberto da c âmara. Os que vinham diretamente do trem de transporte e ainda se achavam vestidos, recebiam ordem de se despirem e empilhar as vestes ao seu lado, no chão cimen cimentad tado o e frio. frio. O pret preteexto xto para para esta esta formal ormalida idade de (que (que ali ás apresen apresenta tava va certa utilidade pr ática, por permitir que os gases agissem ao mesmo tempo como desinfetante das roupas) era o de que iam tomar um banho de chuveiro. Com o c úmulo do cinismo, alguns até recebiam toalhas. Mas s ó muito poucos foram enganados.
É impossí vel vel disse Israel
descrever a triste agonia daquela massa humana que, em pranto e aos gritos, era engolida pelas câmaras de gás. Uma vez repletas as c âmaras, ressoava a ordem que mandava os componentes dos diferentes "esquadr ões", do "comando especial" que, conforme contara Israel, executavam toda uma s érie de "tarefas auxiliares" tamb ém dentro das c âmaras a deixarem o recinto: "H äftlinge raus" (Prisioneiros, para fora). Incontinente, os pesados portões
eram
hermetic hermeticame amente nte
fecha fechados dos
com
enormes enormes
parafuso parafusos, s,
apagando apagandose se
automaticamente as luzes dentro do recinto. Em cada uma havia um postigo, que nas
câmaras maras antiga antigass se acha achava va de lado lado e nas moder modernas nas subterr subterr âneas, em cima. Uma vez fechados os port ões, um guarda SS colocado junto aos postigos apanhava uma caixa de uns cinqüenta centí metros metros de comprimento, cheia de gr ãos cinzentos, arredondados e marcados com uma caveira branca e a palavra "g ás". Assemelhandose no aspecto geral a uma caixa de bombons, continha aproximadamente 5 quilos da subst ância letal o suficiente para matar a lotação inteira de uma c âmara, ou seja, um total de duas a tr ês mil pessoas. Entrementes, o aquecimento era aberto a todo o vapor, desenvolvendo um calor intenso para facilitar "a expans ão rápida dos gases". Rapidez deliberadamente estudada e executada, n ão com a finalidade de abreviar o sofrimento das v í timas, timas, mas para poder matar o maior número de pessoas no menor espa ço de tempo, o que aumentava a efici ência daquela diabólica linha de montagem da morte. Ent ão, abrindo o postigo, num gesto r ápido e preciso, o guarda atirava a caixinha para dentro do compartimento, fechandoo imediatamente depois. Por ém esse curto intervalo era suficiente para deixar passar o grito aterrorizado dos condenados
à morte. Nunca disse Israel poderei esquecer aquele
terrí vel vel grito coletivo de morte. Seu som agudo me perseguiu durante semanas e semanas. Várias vezes vezes tive tive inten inten ção de me suicidar. Uma vez limpa a c âmara pelos pelos possante possantess ventiladores come çava a verdadeira tarefa de Israel, isto é, o transporte dos mortos para os fornos cremat órios. As vezes pegavaos pelas pernas, outras vezes pela cabe ça. Era como vinham. vinham. O companh companheiro eiro ajudando. ajudando. O guarda guarda SS berrando berrando,, fazendo fazendo voar o cassetet cassetete: e: "Depressa! Depressa, porcos!" Da fronte de Israel, o suor escorria em gotas grossas e frias enquanto pegava os corpos, balan çandoos sempre da mesma maneira: um de cada lado, o terceiro em cima, no carrinhomaca. Corpos de velhos, corpos emagrecidos pela fome, corpos corpos de mulhe mulheres res jov jovens, ens, de mulhe mulhere ress velha velhas, s, de crian crian ças. Milhares Milhares de corpo corpos. s. A expressão, na maioria dos rostos, era de serenidade. Alguns tinham as bocas abertas como num último brado de terror. Israel j á tinha visto muitos rostos. De fato, fazia quest ão de sempre lançar um olhar r ápido na face pertencente ao corpo que manejava, antes de atir álo no carrinho. Quest ão de hábito. Um ritual autom ático, que lhe permitia saber se a v í tima tima seria, por acaso, de sua cidade natal. Realmente, j á queimara muitos habitantes de Radom, a cidade onde nascera. O alfaiate Wichszniansky, por exemplo, com as suas sobrancelhas brancas e espessas; a senhora Ljublyanskaya, esposa do fabricante de tecidos que, por incrí vel vel que pare ça, escapara com o seu brilhante "solit ário" intacto; os seus dois primos. Ele ainda podia podia lembrar lembrarse se das pergunt perguntas as ansiosa ansiosass no dia em que haviam haviam chegad chegado o a Auschwitz: Auschwitz: "Será verdad verdadee que vamos vamos ser queimad queimados? os? Ser á verd verdade ade mesm mesmo o que que nos nos trouxeram para c á para sermos exterminados?" Israel nunca lhes dissera a verdade. Em primeiro lugar: era estritamente proibido relatar o que estava acontecendo em Auschwitz; em segundo: para qu ê? Pensando bem, era talvez melhor que as v í timas timas permanecessem na ignorância ncia de seu trist tristee dest destino ino.. Assim, Assim, procur procurand ando o acalm acalm álos, los, ele costuma costumava va dizer: dizer: "Olhem para mim. Voc ês sabem h á quanto tempo estou aqui e podem ver que estou bem vivo. Vocês também têm probabilidade de sobreviver. . " E nos olhos deles se acendia a
chama de uma nova esperan ça. Estranho disse Israel com que felicidade revive a esperan ça, mesmo naqueles que esperam a morte certa. N ão há pessoa mais cr édula do que
és uma velha mulher, olhando como de costume para o seu rosto, ao atir ála na carreta. E o meu cora ção quase parou. Era minha m ãe. Agarrou os p és de sua mãe como se estivesse fazendo um esforço inútil para segur ála. No mesmo instante sentiu o golpe feroz do cassetete do guarda um homem condenado. Um dia, murmurou ele acabava de pegar pelos p
SS, quase desfalecendo de dor: "Depressa, cachorro! Depressa, depressa, porco imundo!" Agora, o corpo da m ãe de Israel se encontrava dentro do carrinho de ferro. Os vinte metros que separavam do forno cremat ório pareciam uma dist ância sem fim. Ele o empurrava. N ão podia tirar os olhos do rosto azul e inchado. Mesmo na agonia da morte, era o rosto familiar que tão bem conhecia: os olhos castanhos abertos, a bemamada face enrugada por anos e anos de trabalho e sofrimentos. Sua m ãe. A querida mãezinha. E ele n ão estava ficando louco! E ele n ão estava chorando! A passos mudos e cansados estava correndo ao lado do carrinho de ferro que avan çava inexoravelmente em dire ção ao forno cremat ório... Levava de doze a quatorze horas o trabalho de queimar de dois a tr ês mil corpos, o "carregamento" ápida. Corpos de uma câmara de gás. A crema ção explicou Israel processavase r humanos ardem sozinhos. Os de mais f ácil combustão eram os corpos relativamente bem nutridos das v í timas timas que vinham diretamente dos trens de fora. E tamb ém os de crian ças. Os que demoravam a consumirse e exigiam bastante carv ão, eram os corpos magros dos prisioneiros de Auschwitz. Demorava aproximadamente uma hora reduzir a cinzas os tr ês corpos que perfaziam o carregamento do carrinho de ferro. Quanto aos cacos de ossos, "produto final" da queima, eram puxados com uma p á de ferro e usados para encher buracos dos caminhos em volta do cremat ório. Israel ignorava se eram usados tamb ém como fertilizantes das terras de Auschwitz, conforme corriam boatos. Gente que arde
ão expele fumaça. Era uma chama avermelhada, saindo dia e noite da chaminé do crematório, que indicava o sinistro trabalho. E o cheiro horr í vel, vel, insuportável,
explicou ele n
de carne e ossos queimados. O caminho para as c âmaras de gás do campo campo de conce concentr ntraa ção de Auschw Auschwitz, itz, localizado no extremo sudoeste da Pol ônia, perto da fronteira alem ã na cidadezinha de Oswiecim (em alem ão, Auschwitz) principiava na esta ção da estrada de ferro, onde se efetu efetuav avaa uma espécie de triag triagem em preli prelimin minar ar.. Sele Sele ção fria, fria, real realiz izad adaa com com t ão efica eficazz objetividade, como se fosse um lote de gado destinado ao corte. As v í timas timas em potencial chegavam de v árias partes da Europa, encurraladas em vag ões de carga. Prensados uns contra os outros, pisados, quase asfixiados pela longa viagem no escuro, vagamente sentiam o trem penetrar na esta ção. Podiam perceber, se ainda eram capazes de algum racioc í nio, nio, que a locomotiva executava uma manobra. N ão podiam por ém saber que o trilho especial pelo qual agora rodava lentamente o trem da morte, estava conduzindo diretamente
às
câmaras de g ás. Esperavaos a "comiss ão de seleção", composta de alguns guardas SS e o
temido Schillinger, acompanhado do m édico do campo de Auschwitz, Dr. Senker, ambos trajando o uniforme preto da SS. Caso n ão houvesse necessidade de trabalhadores, todos os compon componente entess da miser miser ável vel massa massa humana, humana, a qual qual se aglom aglomera erava va no p átio da esta ção impro improvisa visada, da, automat automaticam icamente ente seguiam seguiam para as c âmara marass de gás. Caso Caso contr contrário, rio, uns uns duzentos homens de apar ência robusta eram separados para serem distribu í dos dos nos diversos setores do campo, onde havia escassez de m ão de obra. Por ém, o mero fato de ser admitido não significava que o espectro amea çador da câmara de g ás estivesse estivesse definitivamente definitivamente afastado. Havia ainda as "sele ções mensais" dentro do pr óprio campo, que se iniciavam com a chamada "Blocksperre" (proibi ção de deixar as quadras formadas pelas barracas onde se acha achava vam m os pres presos) os).. No dia da "Bloc "Blocks ksperr perre", e", a vigil vigil ância ncia dos dos SS era redob redobrad rada. a. Caminhando de barraca em barraca, a sinistra figura do Dr. Senker se postava nas entradas, obrigando todo mundo a desfilar diante dele. Todos despidos, eram obrigados a mostrar a lí ngua ngua e dar uma volta. A menor mancha vermelha no corpo, o menor sinal de doen ça ou mesmo de fraqueza. .. e a voz seca do doutor ressoava: "Para a esquerda". Era a condena
ção
à câmara de gás. "À direita" significava a salva ção temporária. Que alí vio vio sentiam aqueles que ouviam estas palavras! Ser posto do lado esquerdo, no entanto, era a morte. O escolhido (homem ou mulher) era obrigado a entregar o cart ão de identifica ção e seu n úmero anotado. Não havia nenhuma rea ção violenta por parte das v í timas. timas. O negócio era uma esp écie de triste rotina. Ap ático, quase resignado, o escolhido falava: "Acabei de ser anotado". Uma vez condenados à morte, os infelizes eram entulhados em barracas especiais. Ali, os seus corpos nus esperavam a hora de serem levados para as c âmaras. Dez cercas conc êntricas de arame arame farpado farpado carregad carregado o de eletricid eletricidade ade,, assim assim como como numero numerosas sas torres torres de observa observa ção guarnecidas de metralhadoras e possantes holofotes, impossibilitavam qualquer tentativa de fuga ao destino implac ável que esperava os condenados, os quais come çavam então a sentir todo o desespero da situa ção. Entreolhandose, os presos murmuravam: "Estamos todos perdidos". A nudez e a mis éria já de há muito tinham apagado as diferen ças profissionais e
único e último denominador. Esqueciam que outrora tinham sido m édicos, professores, comerciantes, industriais, sapateiros, alfaiates, oper ários. Só sabiam que iam morrer pelo "crime" único de serem judeus. Alguns invocavam o nome de Deus e outros resmungavam: "Eu vou resistir. Eles n ão me deter ão. Hei de fugir!" De fato, como por milagre, alguns conseguiam iludir a vigil ância dos guardas SS e escapar at é à cerca de arame farpado. Atirando os corpos nus contra as pontas afiadas, carregadas de alta tensão, morriam morriam eletrocu eletrocutado tados. s. Então, uma uma noite noite,, apare aparecia ciam m os caminh caminhões. es. Cem Cem pessoas eram empilhadas em cada ve í culo. culo. Se eram capazes de se movimentar, tinham de entrar correndo. Caso contr ário, eram agarradas pelos p és e pela cabe ça raspada, e atirados dentro do caminh ão que as levava para a morte. de classe. Haviam chegado todos ao
Foram três os principais grupos de v í timas timas que morreram nas c âmaras de gás de Auschwitz: os componentes da malograda revolta dos judeus de Vars óvia; judeus h úngaros
e de outros pa í ses, ses, e doze mil ciganos. Os
últimos se achavam localizados num campo
vizinho, onde tinham permanecido durante quatro anos e meio quando, de repente, chegou a ordem de extermin álos. Ao receberem a not í ccia, ia, um impressionante grito se levantou do acampamento, perdurando toda a noite e impedindo o sono dos demais prisioneiros de Auschwitz. Era in útil. Foram exterminados naquela mesma noite todos os ciganos. Assim funcionavam as c âmaras de g ás de Adolph Hitler em Auschwitz. (34) Antes de se retirarem, os alem ães as minaram e as fizeram voar pelos ares. Eram quase três horas da madrugada quando deixei o quarto de Israel. Depois da atmosfera carregada de fuma ça dos cigarros e dos vapores de caf é, o ar fresco da noite primaveril de Weimar foi um t ônico revigorador mais do que bemvindo. O eco dos meus passos nas ruas desertas da cidade de Goethe ressoava estranhamente barulhento. Dirigindo meu olhar para o céu coberto de estrelas, e contemplando os pr édios sombrios da cidade adormecida, eu me perguntei: "N ão teria sido apenas um pesadelo tudo isto que acabei de ouvir?" Mas, ali mesmo, no bolso da minha farda, pude apalpar o ma ço de páginas que continham as minhas anota ções do relato estarrecedor do ex componente do "comando especial" de Auschwitz. Sentime cansado e acabrunhado. Naquela madrugada, em Weimar, enquanto perambulava pelas ruas solit árias da cidade, vislumbrei a id éia do erguimento, em cada pa í s do mundo, em lugar proeminente, de um monumento dedicado "ao an ônimo prisioneiro dos campos de concentra ção", semelhante ao t úmulo do "Soldat Inconnu " em Paris, dedicado aos soldados mortos durante a Primeira Guerra Mundial. Hoje, no entanto, pareceme que talvez a melhor maneira de honrar a mem ória daqueles que tiveram morte t ão infame, seria o nascimento, em cada um de n ós, de uma centelha de responsabilidade pelo ocorrido. S ó assim poderemos ter a esperan ça de que a humanidade nunca mais ser á degradada por outro "retorno
à Idade Média", e que os horrores relatados nestas p áginas jamais se repetir ão. FIM
NOTAS 1. Office of Strategic Services. 2. Office of War Information. 3. Condecoração outorgada por servi ços notáveis no setor da avia ção de guerra. 4. Alcunha dos soldados alem ães na Inglaterra. 5. Referência jocosa às Fortalezas Voadoras. 6. "Onde está a Força Aérea Alemã?" 7. Moeda norteamericana de cinco centavos, representando, assim, algo de pouco valor. 8. "Minha honra se chama fidelidade". 9. "Condutos voadores de g ás". 10. "Armas de repres ália". 11. A chamada Muralha Ocidental, linha principal de fortifica ções construí da da por Hitler. 12. A princí pio, pio, obrigatoriam obrigatoriamente ente usada pelos pelos membro membross do partido partido nazista nazista e depois, depois, paulatinamente tamb ém introduzida nas For ças Armadas. 13. Psychological Warfare Department. 14. Supreme Headquarters Allied Expeditionary Force. 15. Basic Training Company 9. 16. Boina. 17. Forces Fran çaises Int érieures. 18. Termo pejorativo para designar os soldados alem ães, e usado pelos norteamericanos e ingleses; derivado da palavra alem ã Sauerkraut cujo sentido é chucrute. 19. "Nós queremos permanecer o que somos". 20. "Tudo passa, tudo se vai: em novembro e dezembro n ão haverá mais nenhum prussiano aqui." 21. Pátria querida, fica sossegada Pois, firme e fiel est á postada A guarda do Reno. 22. "Soldado americano morto no s ótão". As iniciais G. I. significam "Government Issue", isto é, suprimento de uniformes pelo governo e, por analogia, o pr óprio soldado. 23. Bund Deutscher M ädel "Uni
ão de Moças Alemãs." 24. "Atenção, o inimigo atira com precis ão". 25. HitlerJugend "Juventude Hitlerista".
26. Designação popular da gasolina. 27. 27. Batalhões popu popular lares es de civis civis,, formado ormadoss por por Hitler Hitler como como os
últimos ltimos recurso recursoss de
resist ência. 28. Muitas bombas atiradas simultaneamente, dando a id éia de um tapete. 29. Extensa rede de rodovias constru í das das por Hitler. 30. Nationa Nationalsoz lsoziali ialistis stische che Deutsch Deutschee Arbeiterpa Arbeiterpartei rtei
Partido Partido Oper ário Alemão Nacional
Socialista. 31. "Salve, o vitorioso Ex ército Vermelho". 32. Abreviatura popular de "Campo de Concentra ção". 33. "Instruções para uso do forno cremat ório aquecido a coque, tipo Topf Dreimuffel". 34. 34. Estim Estimaase que que dos seis seis milh milh sucumbiu em Auschwitz.
ões de judeus v í timas timas do nazism nazismo, o, mais mais da metad metadee
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