Introdução ao controle estatístico de qualidade Capitulo 1 – MONTGOMERY 1. QUALIDADE: Algo relacionado a uma ou mais características desejáveis que um produto ou serviço deva apresentar. Fator de decisão dos consumidores na seleção de produtos e serviços que competem entre si. 2. DIMENSÕES DA QUALIDADE: i. DESEMPENHO: O produto realizará a tarefa pretendida? Quão bem ele as desempenhará? ii. CONFIABILIDADE: Qual a frequência de falhas do produto? iii. DURABILIDADE: Quanto tempo o produto durará? Espera-se um desempenho satisfatório por um longo período de tempo. iv. ASSISTÊNCIA TECNICA: Qual a facilidade para se concertar o produto? (A visão de qualidade do consumidor é influenciada pela rapidez e economia com que um reparo ou manutenção de rotina pode ser feito) v. ESTETICA: Qual a aparência do produto? – Apelo visual: estilo, forma, cor, embalagem, características táteis e aspectos sensoriais. vi. CARACTERISTICAS: O que o produto faz? Qual a sua funcionalidade? – “Característica a mais” além do desempenho dos competidores. vii. QUALIDADE PERCEBIDA: Qual é a reputação da companhia e/ou de seus produtos? Imagem da empresa? (Qualidade percebida, lealdade do consumidor e negócios repetidos estão fortemente relacionados) viii. CONFORMIDADE COM ESPECIFICACÕES: O projeto é feito como o projetista pretendia? Apresenta exatamente as especificações a ele destinadas? Quão bons são os ajustes?
Qualidade = adequação para o uso. Há dois aspectos a serem observados: qualidade de projeto e qualidade de ajustamento. Qualidade do projeto – nível de qualidade desejado: tipo de material utilizado, especificações dos o componentes, confiabilidade, acessórios, etc. (diferenças intencionais de projeto em relação aos concorrentes) Qualidade de ajustamento: Como o produto corresponde às especificações exigidas pelo projeto? o (adequação para o uso)
Qualidade é inversamente proporcional à variabilidade. Se a variabilidade nas características importantes de um produto decresce, a qualidade do produto o aumenta. A redução da variabilidade também implica a redução de custos (de produção e de reparo, por o exemplo). Menos reparos em termos de garantia significam menos retrabalho e redução no gasto de tempo, o esforço e dinheiro.
Melhoria da qualidade é a redução da variabilidade nos processos e nos produtos. A variabilidade excessiva no desempenho de um processo resulta, em geral, em desperdício. o A melhoria da qualidade é a redução de desperdícios. o
3. A ENGENHARIA DA QUALIDADE: A engenharia da qualidade é o conjunto de atividades operacionais, de gerenciamento e de engenharia que uma companhia usa para garantir que as características da qualidade de um produto estejam nos níveis nominais ou exigidos. O objetivo primeiro dos esforços da engenharia da qualidade é a redução sistemática da variabilidade . Engenharia simultânea – abordagem de equipe de projeto (especialistas de manufatura, qualidade, projetistas, etc. trabalhando juntos desde o inicio do projeto. Características da qualidade: Físicas: comprimento, largura, voltagem, viscosidade, etc. o
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Sensoriais: gosto, aparência, cor, etc. Orientação temporal: confiabilidade, durabilidade, praticidade.
4. LINHA DO TEMPO DOS METODOS DE QUALIDADE:
1700 – 1900: A qualidade é determinada pelo nível de esforços do artesão. Início da introdução de partes padronizadas e intercambiáveis para facilitar a montagem 1875: “Gerenciamento científico”, divisão do trabalho, simplificação do trabalho. Taylor, Gilbret e Gantt. 1900 – 1930: Linha de montagem de Ford – refinamentos dos métodos de trabalho para aumentar a produtividade e qualidade. Conceitos de erro-prova da montagem, auto-inspeção e inspeção durante o processo 1901: Primeiros laboratórios padrões na Inglaterra 1924: Conceito do gráfico de controle – Shewhart 1944: Industrial Quality Control 1950: O professor Ishikawa introduz o diagrama de causa-e-efeito 1951: Total Quality Control de Feigenbaum / Prémio Deming para resultados significativos em controle e metodologia da qualidade 1960: Cursos sobre controle estatístico da qualidade tornam-se obrigatórios nos currículos acadêmicos de Engenharia Industrial 1989: Começa a iniciativa seis-sigma da Motorola 5. METODOS ESTATISTICOS PARA O CONTROLE E A MELHORIA DA QUALIDADE: Três áreas principais: controle estatístico de processo, planejamento de experimentos e amostragem de aceitação. Controle estatístico de processo (CEP): a principal técnica de monitoramento do processo é o gráfico de controle. O uso sistemático do gráfico de controle é um excelente modo de reduzir a variabilidade. A linha central – LM, representa onde a “caraterística de qualidade” do processo deveria estar se não o estivessem presentes fontes de variabilidade. Os limites (superior e inferior) de controle são determinados a partir de algumas considerações*** o Um experimento planejado e útil na descoberta das variáveis-chave que influenciam as características da qualidade de interesse no processo. A amostragem de aceitação ocorre em dois pontos do processo: entrada de MP ou componentes e/ou na produção final (imediatamente apos a finalização do produto) – lotes dos quais se extraiam amostras podem ser aceitos ou rejeitados.
A introdução do controle estatístico do processo estabilizará o processo e reduzirá a variabilidade. Entretanto não é satisfatório apenas satisfazer as exigências – a redução da variabilidade leva a um melhor desempenho do produto e a uma melhor posição de competitividade.
6. GERENCIAMENTO DA QUALIDADE TOTAL (GQT) – FILOSOFIA DA QUALIDADE E ESTRATEGIAS DE GERENCIAMENTO Prêmio Deming para a melhoria da qualidade. Os 14 pontos do Dr. Deming: a. Tente, constantemente, melhorar o projeto e desempenho do produto. b. Adote uma filosofia de rejeição: O custo para produzir uma unidade defeituosa é igual ou superior ao custo de produzir uma unidade boa. O custo de lidar com sucata, retrabalho, e outras perdas criadas por itens defeituosos pode ser alto. c. Não confie em inspeção em massa para “controlar” a qualidade: A qualidade resulta da prevenção de itens defeituosos através da melhoria do processo, e não de inspeção. d. Negocie com os fornecedores o preço e a qualidade: Deve-se considerar o custo total do item, e não apenas o preço de venda. Deve-se dar preferência aos fornecedores que usam métodos modernos de melhoria da qualidade em seus negócios, e que podem demonstrar controle e capacidade do processo. e. Concentre-se no aprimoramento contínuo: melhorar o sistema de produção e serviço continuamente.
f. g. h. i. j. k.
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m. n.
Pratique métodos de treinamento modernos, e treine todos os empregados: o treinamento deve encorajar os funcionários a praticar os métodos diariamente. Praticar métodos modernos de supervisão: O objetivo 1° da supervisão deve ser melhorar o sistema de trabalho e o produto. Afaste o medo: é preciso estimular a participação dos funcionários na identificação de problemas, questionamentos, compreensão dos processos, etc. Estimule o trabalho em equipe. Elimine alvos, slogans e objetivos numéricos para os empregados: um alvo como “zero defeito” é inútil sem um plano para a execução de tal objetivo. Elimine quotas numéricas e padrões de trabalho: os padrões de trabalho são, em geral, sinónimos da incapacidade gerencial de entender o processo de trabalho e de propiciar um sistema de gerenciamento efetivo centrado na melhoria de processos. Remova as barreiras que desencorajam os empregados a fazerem seus trabalhos: a gerência deve ouvir as sugestões, cometários e reclamações dos funcionários. A pessoa que esta executando a tarefa é quem sabe mais sobre ela. Institua um programa permanente de treinamento e educação para todos os funcionários: é uma forma eficaz de tornar todos parceiros no processo de melhoria da qualidade. Crie uma estrutura no nível mais alto da gerência que defenderá todos esses pontos.
Observa-se a ênfase na mudança e o papel da gerência nesse processo.
Dr. Joseph M. JURAN Um dos criadores do controle estatístico da qualidade e co-autor do Quality Control Handbook . o A filosofia de Juram baseia-se na organização para mudança e implementação da melhoria através o que ele denomina “avanço gerencial” (processo estruturado de resolução de problemas).
Dr. Armand V. Feigenbaum Foi o primeiro a introduzir o conceito de controle da qualidade por toda a companhia – Total Quality o Control, 1951. Feigenbaum se preocupava mais com a estrutura organizacional e com a abordagem de sistemas para o a melhoria da qualidade do que com métodos estatísticos.
Todos
esses três pioneiros acentuam a importância da qualidade como uma arma competitiva essencial, o papel importante que a gerência deve ter na implementação da melhoria da qualidade, e a importância das técnicas e métodos estatísticos na “transformação da qualidade” em uma o rganização.
GERENCIAMENTO DA QUALIDADE TOTAL – GQT Estratégia para implementação e gerenciamento das atividades de melhoria da qualidade em toda a o organização. (anos 80) Foco no cliente, melhoria da qualidade do fornecedor, integração do sistema de qualidade com os o objetivos da empresa, cultura do trabalho, etc. Fatores que podem levar ao não sucesso do GQT: falta de gerenciamento e envolvimento de cima o para baixo, uso inadequado de métodos estatísticos e reconhecimento insuficiente da redução da variabilidade como objetivo 1°, objetivos difusos ou contraditórios, ênfase excessiva ao treinamento em larga escala.
PADRÕES E REGISTRO DA QUALIDADE ISO – International Standards Organization o Padrões de qualidade focados na qualidade do sistema, incluindo componentes como: o Responsabilidade da gerência pela qualidade Controle do planejamento Controle de documentos e dados Gerência de compras e contratos
Identificação e rastreamento de produtos Inspeção e teste Controle do processo Tratamento dos produtos não-conformes (ações corretivas e preventivas) Manuseio, estocagem, embalagem, entrega do produto, etc. Controle dos registros de qualidade Auditorias internas Treinamento Metodologia estatística
SEIS-SIGMA Foco na redução da variabilidade nas principais características do produto, ao nível no qual falhas e o defeitos são extremamente improváveis. “Reduzir a variabilidade do processo de modo que os limites estejam a seis desvios padrão da média. o O desempenho do processo não e previsível a menos que o comportamento seja estável. o Especial atenção em relação a redução dos custos. o
7. QUALIDADE E PRODUTIVIDADE A melhoria efetiva da qualidade pode contribuir para o aumento da produtividade e a redução dos custos. A excessiva variabilidade do processo é responsável pela quantidade extremamente alta de não-conformes. 8. CUSTOS DA QUALIDADE Os custos da qualidade são aquelas categorias de custos que estão associadas a produzir, identificar, evitar ou reparar produtos que não correspondem às especificações. Custos de prevenção - Planejamento e engenharia da qualidade - Exame de novos produtos - Planejamento do produto/processo - Controle do processo - Treinamento - Aquisição e análise de dados da qualidade Custos de avaliação - Inspeção e teste de material de insumo - Inspeção e teste do produto - Materiais e serviços gastos - Manutenção da precisão do equipamento de teste
Custos de falha interna - Sucata - Retrabalho - Reteste - Análise de falhas - Tempo ocioso - Perdas de rendimento - Depreciação Custos de falha externa - Adaptação à reclamação - Produto/material devolvido - Despesas de garantia - Custos de responsabilidade - Custos indiretos
A análise dos custos tem como principal objetivo a redução do custo através da identificação de oportunidades de melhoria – Análise de Pareto (identificação dos custos da qualidade por categoria, ou por tipo de defeito, não-conformidade).
9. ASPECTOS LEGAIS DA QUALIDADE A proteção ao consumidor e a credibilidade do produto são razões importantes para o surgimento da garantia da qualidade como uma estratégia importante nos negócios. Consumidores mais atentos e exigentes. o O aumento do volume de produção ocasiona um aumento na exposição da credibilidade do fabricante. A credibilidade do produto é uma grande força social, de mercado e econômica.
Responsabilidade pelo uso final do produto / uso efetivo do produto – receptividade imediata à qualidade insatisfatória: manutenção, reparo ou substituição. Todas as afirmações da propaganda devem ser sustentáveis pela qualidade da companhia.
10. IMPLEMENTACÃO DA MELHORIA DA QUALIDADE A função qualidade não é responsável pela qualidade – A organização da qualidade não projeta, fabrica, distribui ou da manutenção ao produto. Assim, a responsabilidade pela qualidade é distribuída por toda a organização.