Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Tecnologia – Departamento de Arquitetura Curso de Arquitetura e Urbanismo Disciplina: Projeto e Planejamento Urbano e Regional 02 Docente: Ruth Maria da Costa Discente: Lívia Nobre de Oliveira
Resenha sobre “Tipologias” PANERAI, Philippe. Análise Urbana . Brasília: Ed. UNB. 2006. Capítulo 5. “Tipologias”. Panerai aborda em seu capítulo “Tipologias” do livro “Análise Urbana” as conclusões de vários autores acerca dos conceitos de tipos e tipologias. Conceitos esses bastante amplos e controversos. Além disso, ele também nos mostra o modo como esse assunto foi estudado e aplicado durante vários momentos históricos. Ele começa ressaltando que o tipo não é um objeto a ser imitado, um módulo reproduzível, mas um meio concreto de reprodução. Ele está sobretudo ligado à idéia de classificação, extraindo do objeto os caracteres genéricos. Relaciona essas classificações com as classificações biológicas, visto que as primeiras manifestações conscientes da tipologia surgiram advindas da ciência. Durand, autor analisado por Panerai, buscava agrupar objetos essenciais em um só volume e obter assim um quadro geral menos complexo. Ele possui dois métodos de caracterizar tipologias. Sua tipologia analítica visa propriedades geométricas de lado e sem revelar os esquemas básicos de classificação (pg. 111). A tipologia generativa tenta elaborar como se fosse um catálogo com manual para empregá-las e interpretálas (pg. 113).
Panerai trata no capítulo 5: “Tipologias” de sua obra “Análise Urbana”, algumas noções do que são tipos e tipologias, seus problemas de classificação, e como foram utilizadas por outros autores e intervenções ao longo da história. O autor não pretende, porém, fixar o significado dessas classificações, visto que são ferramentas bastante controversas (p. 109) Afirma-se no texto, que o tipo não é o objeto ou a figura a ser imitado, mas o meio de reprodução, como um modelo que se confunde com um molde. Seu conceito está ligado à essência de um conjunto de objetos edificados. Desse modo, a tipologia apaga os caracteres particulares dos objetos para deles reter apenas os traços genéricos, resultando em uma classificação de vários níveis (p.109-110). Essa classificação adveio da expansão da construção civil francesa que demandava um maior número de edificações quando não se tinha profissionais capazes de projetá-las. Histor Historica icamen mente te alguns alguns tipos tipos foram foram consag consagrad rados, os, as necess necessida idades des e o contexto onde estava inserida cada edificação estabeleciam convergências e convenções. A criação arquitetônica se apoiou sobre esses tipos estáveis por
muito tempo. Enquanto surgiam novos tipos, os consagrados ainda se mantinham, e todos eles funcionavam como ferramentas de produção do espaço construído (pg. 115). De tal modo, o trabalho de Durand, para Panerai, não levaria muito em consideração a diversidade cultura e as variações das condições onde estão inseridas cada produção arquitetônica. A esquematização e a produção residencial em série foi retomada com muita ênfase posteriormente pelos arquitetos do movimento moderno. Buscavam-se protótipos e séries que pudessem ser reproduzidos infinitas vezes. Sem diferenciações, as áreas poderiam ser diminuídas e a urgência pela produção em larga escala de residências justificaria esses modelos. Conclui-se que nesse contexto, tipo “designa um modelo particular proposto para a reprodução ou para a aquisição” (pq. 119). Mas para Panerai a noção de tipo ainda parece confusa e desvinculada de seu sentido de origem, designando nada além de objetos normatizados. Panerai argumenta que a análise tipológica deveria evitar a classificação puramente abstrata e que não se confine em apenas contemplação estética. Ela deveria considerar o tecido urbano como um grande componente edificado, no qual as edificações são apenas um dos elementos. É necessário inserir a análise no contexto de estrutura urbana. Superada a visão isolada do edifício como objeto, o reconhecimento de arquétipos é necessário para uma análise concreta do tecido (pg. 123). A tipologia edilizada caracteriza o tecido construído e a forma urbana, servindo de instrumento para caracterizar a cidade como conjunto. A tipologia, aliás, seria um instrumento, e não uma categoria. Assim, não se pode ater-se a uma definição única, mas atentar sempre as redefinições em função da pesquisa (pg. 124), Para definir sua proposta de método de análise tipológica, Panerai inicia colocando que é necessário um conhecimento do objeto antes de ir para a sua observação. A definição de abrangência (o que irá ser estudado), é o primeiro passo a ser dado, devendo-se “classificar os objetos que pertencem a um mesmo nível de leitura do tecido urbano (pg. 128). Delimitada a zona de estudo, inicia-se uma análise mais minuciosa, onde pode ser que todos os objetos sejam considerados em detalhes, ou pode ser que sejam escolhidas amostras para esse processo. Inventariar as edificações é onde se lista as características de cada uma delas, deixando claro aquilo que as distingue e estabelecendo critérios para classificá-las. Dessa primeira etapa podemos dividir em famílias, prestando atenção se objetos pertencentes a famílias distintas, são mais diferentes entre si do que os que estão na mesma família (pg. 132). Esse primeiro agrupamento é o que vai nos levar aos tipos. Explicitando as propriedades que cada objeto possui, podemos reuni-los em grupos com características convergentes, e dentro de cada grupo desse, aquele que não corresponde em alguma característica, pode ser uma variação dentro desse possível tipo. Se trabalhada de modo
suficientemente elaborado, as equivalências e as hierarquias tipológicas mostram que estruturam a forma urbana.