LABTARE – DPI – EQ – UFRJ
Relatório Final de Estágio Supervisionado Projeto: TRATAMENTO DE EFLUENTE DE REFINARIA POR PROCESSOS FISICO-QUÌMICOS
Aluno: Thiago de Moraes Moutinho DRE: 105049173 Professor Orientador: Prof. Fabiana Valéria da Fonseca Araújo Profissional Supervisor: DSc. Fabiana Valéria da Fonseca Araújo Professor Supervisor: Prof. Juacyara Carbonelli
Início do estágio: 19/09/2011 Fim do estágio: 16/01/2012 1. IDEN IDENTI TIFI FICA CAÇÃ ÇÃO O 1.1.
ALUNO
Nome: Thiago de Moraes Moutinho DRE: 105049173 Telefone: (21)2462-2426 Email:
[email protected] Curso: Química Industrial Data de Ingresso: 2007/1 Número de Créditos já Cursados: 195 Horas realizadas de estágio: 282 1.2.
EMPRESA
Nome: LABTARE – Laboratório de Tratamento de Águas e Reúso de Efluentes Endere Endereço: ço: Centro Centro de Tecnol Tecnolog ogia ia – EQ/UFR EQ/UFRJJ – Bloco Bloco E – Ilha do Fundão Fundão – CEP 21945-97 – Rio de Janeiro – RJ – Brasil Telefone: (21)2562-7346 Setor de Atividade: Pesquisa/Ensino 1.3. 1.3.
PROFI ROFIS SSIO SIONAL NAL ORIE ORIENT NTAD ADO OR
Nome: Fabiana Valéria da Fonseca Araújo Função: Professora Adjunto Telefone: (21)2562-7595 Email:
[email protected] 1.4.
PROFESSOR SUPERVISOR
Nome: Juacyara Carbonelli Departamento: DPI
2. CONTEXTUALIZAÇÃO
O Laboratório de Tratamento de Águas e Reuso de Efluentes (LATARE) está vinculado ao Departamento de Processos Inorgânicos da Escola de Química da UFRJ, possui cerca 100 m2 destinados a pesquisas na área ambiental voltadas para o tratamento de águas, efluentes industriais e urbanos. O laboratório conta com modernos equipamentos para caracterização e tratamento de águas e efluentes, tais como: analisador de COT, espectrofotômetro de UV, gerador de ozônio, sistemas de membranas e osmose inversa, entre outros. As atividades de pesquisa são voltadas para os cursos de graduação e pós-graduação da Escola de Química e Engenharia Ambiental.
3. ÁREA DE REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO O referido estágio foi realizado na área de pesquisa do LABTARE em um projeto intitulado “TRATAMENTO DE EFLUENTES DE REFINARIA POR PROCESSOS FISICO-QUÌMICOS”. No projeto, o estagiário foi responsável por realizar ensaios de jar-test, avaliar diferentes tipos de coagulantes e verificar qual o mais eficiente, preparar laminocultivos, a fim de verificar a existência de microorganismos no efluente tratado e analisar a concentração de carbono orgânico total. O estudo teve coordenação e supervisão da professora Fabiana Valéria.
4. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES REALIZADAS 4.1.
Introdução
Os efluentes produzidos na refinaria Gabriel Passos (REGAP) são submetidos a um tratamento primário na Estação de Tratamento de Despejos Industriais (EDTI). Em seguida, passa para o tratamento secundário, através de duas lagoas de aeração, sendo uma de mistura completa e a outra, facultativa aerada; em seguida, o efluente destas lagoas é encaminhado para uma lagoa de polimento. Visando a nitrificação do nitrogênio amoniacal que persiste após o tratamento nas lagoas, foi incluída uma etapa de tratamento em sistema de biodiscos. Visando ao reuso do efluente gerado após a etapa do biodisco, em torres de resfriamento, foi desenvolvido um processo de tratamento envolvendo uma etapa de clarificação pelo sistema de clarificação avançada e posterior passagem em um filtro de areia, por gravidade. Posteriormente é quantificado o silte presente ainda no efluente, através do teste de Silt Density Index (SDI). É de grande importância esse teste, uma vez que o efluente com grande quantidade de material siltoso pode comprometer o sistema de membranas do tipo EDR (Eletrodiálise reversa). Estas etapas de tratamento foram compostas em uma Unidade Protótipo construída e alocada na área da REGAP, com o objetivo de testar a eficiência do processo proposto. Este projeto contempla um conjunto de atividades, a serem realizadas em escala de bancada, relacionas à pesquisa das tecnologias citadas anteriormente com o objetivo de dar suporte aos testes realizados em escala piloto na REGAP. O objetivo é avaliar a eficiência de remoção de sólidos de polímeros aniônicos no processo de coagulação do efluente de saída do biodisco atendendo aos limites de turbidez e SDI requeridos na EDR REGAP.
4.2.
Metodologia Os polímeros aniônicos utilizados neste estudo foram os seguintes:
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Polímeros aniônicos em emulsão GE: Polyfloc AE1115P, Polyfloc AE1125, Polyfloc AE1138, Polyfloc AE1147 e Polyfloc AE1708;
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Polímeros aniônicos sólidos GE: Polyfloc AP1707, Polyfloc AP1120P, Polyfloc AP1100P e Polyfloc ANP1099; Polímeros aniônicos em emulsão KURITA: Kurifloc LA330 e Kurifloc LA340; Polímeros aniônicos sólidos KURITA : Kurifloc PA322 e Kurifloc PA329; Polímeros aniônicos em emulsão BUCKMAN : Bulab 5650; Polímero não aniônico em emulsão SNF: EM 430;
Foi realizada uma varredura de concentração pra cada tipo de polímero. Para os polímeros sólidos, foi feita uma varredura com 0,25; 0,5; 0,75; 1,0; 1,25 mg/L e para os polímeros em emulsão usou-se uma faixa 0,25 a 10 mg/L.
1.1.1. Jar Test - Coagulação, Floculação e Decantação
Primeiramente é realizada a etapa de coagulação. São preparados 1,5 litros de efluente em cada jarro, onde adiciona-se, sob rápida agitação (140 rpm), o policloreto de alumínio (PAC) de concentração 7 mg/mL. A coagulação envolve o processo de desestabilização das cargas superficiais dos colóides e/ou sólidos em suspensão, permitindo a aglomeração das partículas e a formação de flocos. Nessa etapa o tempo de agitação é de 1 minuto. A agitação passa então para 50 rpm, quando então adiciona-se o polímero (floculante) que está sendo estudado. A formação de flocos grandes e com densidade suficiente para uma boa sedimentação depende do tempo de agitação, dosagem adequada de coagulante, pH entre outros. Os floculantes são compostos com alto peso molecular chamados polieletrólitos, que aumentam a velocidade de sedimentação dos flocos e a resistência às forças de cisalhamento. A agitação lenta na floculação pode ser mecânica ou hidráulica. O tempo de agitação é de 5 minutos. A quantidade ótima de floculante poderá ser vista na etapa de resultados. Finalizado o tempo, o efluente é deixado em repouso durante 6 minutos para que os flocos formados possam decantar.
1.1.2. Determinação de Silt Density Index (SDI)
Após as etapas de coagulação, floculação e decantação, o efluente passa por uma etapa de filtração em uma coluna de areia, para remover as partículas que ainda ficaram em suspensão antes de seguir para o teste de SDI. A incrustação de membranas é a principal causa da diminuição do fluxo de sistemas de osmose reversa. Material particulado de diversos tamanhos entopem os poros dessas membranas. As fontes de incrustações podem ser divididas algumas categorias: silte, bactérias (biofouling) e incrustação orgânica (óleo, gordura). O efluente é composto por partículas em suspensão de todos os tipos que se acumulam na superfície da membrana. Esses materiais particulados geralmente são colóides orgânicos, óxidos de ferro provenientes de corrosão, hidróxido de ferro, algas e material argiloso (silte). SDI é uma medição do potencial de contaminação de sólidos suspensos. A turbidez é uma medida da quantidade de sólidos suspensos. SDI e turbidez não são as mesmas coisas e não há nenhuma correlação direta entre eles. Em termos práticos, quando o efluente que alimenta a membrana tem uma turvação <1 NTU as membranas não sofrem incrustação. Da mesma forma, as membranas mostram incrustação muito baixa para um valor de SDI abaixo de 5. O teste de SDI é usado para prever e, em seguida, impedir a fixação de partículas sobre a superfície da membrana. O teste é definido na norma ASTM D4189. Mede-se o tempo necessário para filtrar um volume fixo de água através de uma membrana de poros 0.45μm (padrão da microfiltração), a uma pressão constante de 30 psi (2,07 bar). A diferença entre o tempo inicial e do tempo de uma segunda medição após 5, 10 e 15 minutos é usada para calcular o valor de SDI. O equipamento utilizado para o teste é mostrado na figura 1.
Figura 1 - Equipamento para teste de SDI
O procedimento é resumido a seguir e a fórmula utilizada para calcular os valores de SDI é mostrada na figura 2. •
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•
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Ligar bomba do equipamento. Iniciar contagem do tempo de teste quando o manômetro alcançar a pressão de 30 psi. Medir tempo de filtração de 100 mL assim que o manômetro marcar a pressão de 30 psi e guardar o tempo (ti). Continuar filtrando o efluente durante 5 minutos. Depois dos 5 min medir tempo de filtração de 100 mL e guardar o tempo de filtração (tf). Anotar o tempo de filtração de 100 mL para 10 e 15 minutos também.
Figura 2 - Cálculo de SDI. T = 5, 10 e 15 minutos.
O SDI de 5 minutos é no máximo igual a 100% dividido por 5 minutos, o que lhe dá 20 unidades SDI. O mesmo para 10 e 15 minutos. A figura 3 mostra a faixa de SDI para cada tempo e a figura 4 os valores de SDI para cada situação da membrana de osmose reversa.
Figura 3 - Faixa de SDI para cada tempo Fonte: Lenntech
Figura 4 - Valores de SDI e indicação para membrana de osmose reversa Fonte: Lenntech
1.1.1. Desinfecção
A cloração é a principal forma de desinfecção, isto é, de extermínio de organismos patogênicos. O cloro, ou agente desinfetante, penetra nas células dos microorganismos e reage com suas enzimas. Como essas enzimas são essenciais aos processos metabólicos das células vivas, estas, sem ação das enzimas, morrem (JORDÃO; PESSOA, 1995).
Foram utilizados quatro tipos de desinfetantes: ClO2, Desinfix (comercial, peroxido de hidrogênio + ácido fórmico) e H2O2. Para cada desinfetante foram realizados estudos com concentrações variadas. A fim de verificar a eficiência desses desinfetantes, foram preparados laminocultivos da marca Laborclin. Os laminocultivos lacrados foram abertos, imersos no efluente bruto e nas amostras com os respectivos desinfetantes em suas respectivas concentrações. Após imerso no efluente esse laminocultivo foi vedado e colocado numa estufa a 35ºC por 48 horas. Após esse tempo foi realizada a contagem desses microorganismos de forma semiquantitativa. Essa contagem é feita por comparação com o gabarito que vem no manual de instruções do kit da Laborclin e é apresentado na figura 5.
Figura 5 - Gabarito para contagem de microorganismos
1.1.2. Carbono Orgânico Total (COT)
Como o elemento químico carbono faz parte das estruturas moleculares das substâncias orgânicas, o teor de carbono é um indicador da presença de matéria orgânica num efluente. O teste empregado na determinação do COT baseiase na oxidação do carbono da matéria orgânica a CO 2e H2O e determinação do CO2 por método instrumental – o analisador COT (TOC analyser). No analisador o CO2 formado é arrastado por corrente de ar sintético é quantificado através de um detector de infravermelho (CAMMAROTA, 2011).
Nesse equipamento é possível determinar o CT (carbono total) e o CI (carbonoinorgânico). No primeiro caso, emprega-se condições mais severas de oxidação, a presençade catalisador e ácido à temperatura elevada garantem que toda a matéria orgânica sejaoxidada a CO2. Enquanto, no último, empregam-se condições mais brandas de oxidação, eo ácido forte à baixa temperatura permite somente a oxidação do C inorgânico (CO3-2,HCO3-, CO2 dissolvido). Por diferença (CT – CI) se obtém o teor de carbono orgânico total (COT), expresso em mg C/L (CAMMAROTA, 2011). Esse método vantagens como ter um tempo de análise curto e estabelecer relações COT – DBO. Há também algumas desvantagens como não medir o potencial real de poluição e eliminar carbono orgânico volátil ao remover o carbono inorgânico. As amostras foram analisadas no tempo 0 (efluente bruto), 30, 60, 90 e 120 minutos.
1.2.
RESULTADOS E DISCUSSÕES 1.2.1. Determinação da concentração ótima de polímero para remoção da turbidez
Nos gráficos 1 ao 6 são observados os perfis de turbidez em relação à concentração de polímero usada no efluente. Para cada grupo de polímero foi traçado um perfil de turbidez em comparação ao Magnafloc, polímero utilizado atualmente pela REGAP.
Gráfico 1 - Comparação do efeito da concentração dos polímeros em emulsão da GE e Magnafloc
Gráfico 2 - Comparação do efeito da concentração dos polímeros sólidos da GE e Magnafloc
Gráfico 3 - Comparação do efeito da concentração dos polímeros em emulsão da KURITA e Magnafloc
Gráfico 4 - Comparação do efeito da concentração dos polímeros sólidos da KURITA e Magnafloc
Gráfico 5 - Comparação do efeito da concentração do polímero Bulab 5650 e Magnafloc
Gráfico 6 - Comparação do efeito da concentração do polímero EM 430 e Magnafloc
Como se pode observar, para a marca GE, nenhum polímero em emulsão obteve melhor resultado de turbidez que o Magnafloc. Já em relação aos polímeros sólidos, o AP1120P e ANP1707 obtiveram resultados melhores que o Magnafloc nas concentrações 0,5 e 0,75 mg/L e o ANP1099 somente na concentração de 0,75 mg/L. Para a marca Kurita, os polímeros aniônicos sólidos se mostraram mais eficientes que os em emulsão. O polímero PA329 se mostrou o mais eficiente da marca, já que na mais baixa concentração (0,25 mg/L) obteve-se menor turbidez. Assim, os polímeros escolhidos para seguirem para a próxima etapa são: Polyfloc AP1120P, Polyfloc AP1707, Kurifloc PA329, EM430 e Magnafloc.
1.2.2. Determinação da melhor condição de coagulação/floculação para
cada polímero para remover SDI
A Tabela 1 mostra os cinco testes realizados com cada um dos cinco polímeros escolhidos. Os reagentes estão em ordem de adição no efluente e nos
testes onde há uma segunda adição de PAC, esta é feita imediatamente antes da filtração do efluente. Tabela 1 - Testes realizados com cada polímero.
Teste 1
Teste 2
Teste 3
Teste 4
Teste 5
PAC (7mg/L)
PAC (7mg/L)
PAC (7mg/L)
PAC (7 mg/L)
PAC (7 mg/L)
Polímero
Hydrex (3mg/L) Polímero
Hydrex (3 mg/L) Polímero
Polímero
Polímero
PAC (2mg/L)
PAC (4mg/L)
PAC (2mg/L)
Em cada teste, foi medido o tempo de filtração de 100 mL após 5, 10 e 15 minutos de filtração. Os gráficos 7-16 mostram o tempo de filtração, para cada polímero e cada teste, o SDI e o volume total filtrado. O foco do estudo é no tempo de filtração e no volume filtrado, que retornaram resultados consistentes conforme esperado, enquanto os resultados de SDI não ficaram consistentes e não há estudos conclusivos na literatura aos quais os resultados obtidos possam ser comparados. Os gráficos 7, 8 e 9 são referentes aos cinco testes realizados utilizando Magnafloc em sua condição ótima, determinada na etapa anterior. O melhor resultado para o Magnafloc foi obtido no teste 4, onde obteve o melhor tempo de filtração de 100 mL e os melhores resultados de SDI. Contudo, o maior volume total filtrado foi obtido no teste 3, sem Hydrex.
Gráfico 7 - Tempo de filtração de 100 mL
Gráfico 8 - Valores de SDI
Gráfico 9 - Volume total filtrado
A diferença entre os resultados obtidos entre o teste 3 e 4 para SDI e volume total filtrado é muito pequena, não justificando o emprego de Hydrex em escala industrial. O perfil de filtração do efluente usando o polímero Kurifloc PA329 pode ser observado nos gráficos 10, 11 e 12.
Gráfico 10 - Tempo de filtração de 100 mL para PA329
Gráfico 11 - Valores de SDI para PA329
Gráfico 12 - Volume total filtrado de efluente tratado com PA329
Como pode-se observar nos gráficos 10, 11 e 12 os melhores resultados foram obtidos para o teste 4. Nos gráficos 13, 14 e 15 são representados os perfis de filtração do efluente tratado com EM430. Nesse caso, os melhores resultados foram observados no teste 5.
Gráfico 13 - Tempo de filtração de 100 mL com EM430
Gráfico 14 - Valores de SDI com EM430
Gráfico 15 - Volume total filtrado com EM430
Nos gráficos 16, 17 e 18 observa-se o perfil do efluente tratado com Polyfloc AP1120P. Novamente no teste 5 foram obtidos os melhores resultados como pode-se ver a seguir.
Gráfico 16 - Tempo de filtração de 100 mL com Polyfloc AP1120P
Gráfico 17 - Valores de SDI usando Polyfloc AP1120P
Gráfico 18 - Volume total de filtração com Polyfloc AP1120P
Os gráficos 19, 20 e 21 mostra o perfil do efluente tratado com Polyfloc AP1707.
Gráfico 19 - Tempo de filtração de 100 mL com Polyfloc AP1707
Gráfico 20 - Valores de SDI com Polyfloc AP1707
Gráfico 21 - Volume total filtrado com Polyfloc AP1707
Como foi observado, os melhores resultados foram mais frequentes para a condição do teste 5, PAC (7mg/L) + Polímero + PAC (4mg/L) antes da filtração. Assim, essa condição foi escolhida como a melhor condição de coagulação e a partir dessa escolha, foi feita uma comparação entre os polímeros na mesma condição de operação. Como para fins de projeto o SDI15 é considerado o mais importante, foi feita uma comparação apenas para o tempo de 15 minutos.
Nos gráficos 22, 23 e 24 pode-se ver a comparação entre os polímeros utilizados, nas mesmas condições, em diferentes dias.
Gráfico 22 - Tempo de filtração de 100 mL após 15 minutos de filtração
Gráfico 23 - SDI para 15 minutos
Gráfico 24 - Volume de filtração
Segundo a literatura a o valor de SDI comumente encontrado para um efluente com as características do estudado, após a filtração, seria entre 3 e 5. Como os resultados obtidos foram acima dessa faixa, os resultados que foram levados em consideração foram o volume de 100 mL após 5, 10 e 15 minutos e o volume total filtrado. Baseando-se na média dos 3 dias, o polímero que apresentou as melhores propriedades coagulante foi o Magnafloc, teve o menor tempo de filtração de 100 mL após 15 minutos, o melhor valor de SDI e o maior volume filtrado. Assim, a empresa, que já usava o Magnafloc em seu processo de tratamento, comprovou sua eficiência, dispensando a troca por outro polímero.
1.2.3. Desinfecção
As Tabelas 2, 3, 4 e 5 apresentam os resultados do teste de desinfecção para cada desinfetante em diferentes concentrações. Após 48h na estufa, os
laminocultivos foram comparados ao gabarito e foi possível então quantificar os microorganismos. Tabela 2 - Contagem de microorganismos utilizando ClO2 como desinfetante ClO2 (mg/L) 2
BHT (Bactérias Heterotróficas Totais) 0 min 30 min 60 min 90 min 120 min 4 5 104 - 105 104 - 105 104 - 105 10 5 10 - 10
4
10
5
103 - 104
103 - 104
103 - 104
103 - 104
6
10
5
103 - 104
103 - 104
103 - 104
103 - 104
8
10
5
102 - 103
102 - 103
102 - 103
102 - 103
10
10
5
102 - 103
< 102
< 102
< 102
15
10
5
102 - 103
< 102
< 102
< 102
20
10
5
< 102
< 102
< 102
< 102
25
10
5
< 102
< 102
< 102
< 102
Pode-se observar que a partir de 20 mg/L a quantidade de microorganismo se mantem constante. Logo, para o ClO2, a concentração ótima é 20 mg/L. Tabela 3 - Contagem de microorganismos utilizando Desinfix como desinfetante Desinfix (mg/L)
BHT (Bactérias heterotróficas totais) 0 min 30 min 60 min 90 min 120 min
1
104 - 105
102 - 103
102 - 103
102 - 103
102 - 103
2
104 - 105
102 - 103
102 - 103
102 - 103
102 - 103
3
104 - 105
102 - 103
102 - 103
102 - 103
102 - 103
4
104 - 105
103 - 104
102 - 103
102 - 103
102 - 103
Para todas as concentrações utilizadas o desinfetante comercial Desinfix obteve os mesmos resultados. Assim, a concentração ótima nesse caso é de 1 mg/L.
Tabela 4 - Contagem de microorganismos utilizando H2O2 como desinfetante H2O2 (mg/L) 2 4
BHT (Bactérias heterotróficas totais) 0 min 30 min 60 min 90 min 120 min 4 5 104 - 105 104 - 105 104 - 105 10 6 10 - 10 4 5 104 - 105 104 - 105 104 - 105 10 6 10 - 10
6
10
6
104 - 105
104 - 105
104 - 105
104 - 105
8
10
6
104 - 105
104 - 105
104 - 105
104 - 105
Para todas as concentrações de H2O2, a partir de 30 minutos, foram obtidas as mesmas quantidades de microorganismos. Tabela 5 - Contagem de microorganismos utilizando Cl2 como desinfetante Cl2 (mg/L) 2
BHT (Bactérias heterotróficas totais) 0 min 30 min 60 min 90 min 120 min 4 5 4 5 4 5 10 - 10 10 - 10 104 - 105 10 6 10 - 10
4
10
6
6
10
6
8
10
6
10
10
15
10
103 - 104 104 - 105
103 - 104
103 - 104
102 - 103
103 - 104
102 - 103 < 102
102 - 103 < 102
102 - 103 < 102
6
102 - 103
< 102
< 102
< 102
6
102 - 103
< 102
< 102
< 102
A concentração de 10 mg/L se mostrou a mais eficiente para o Cl2. É interessante observar que a variável tempo não tem muita influência sobre a ação desinfetante para baixas concentrações. No caso do ClO2 e Cl2 o tempo possui mais influência nas concentrações mais altas. Comparando os quatro desinfetantes para mesma concentração, podemos concluir que para concentração de 2 e 4 mg/L o desinfetante mais eficiente foi o Desinfix que em um menor intervalo de tempo matou mais bactérias. Para a concentração de 6 e 8 mg/L o Cl2 foi mais eficiente. A partir de 10 mg/L o Cl2 e ClO2 se mostraram igualmente eficientes, matando um numero maior de bactérias em menor tempo.
1.2.4. Carbono Orgânico Total
Outra forma de avaliar a eficiência de um desinfetante é através da análise da concentração de Carbono Orgânico Total (COT, ou TOC em inglês). Os gráficos 25, 26 e 27, mostram a variação da concentração de COT em função do tempo para cada curva de concentração.
Gráfico 25 - Concentração de TOC em função do tempo usando ClO2 como desinfetante.
Gráfico 26 - Concentração de TOC em função do tempo utilizando Desinfix
Gráfico 27 - Concentração de TOC em função do tempo utilizando H2O2
O teste utilizando Cl2 como desinfetante não foi realizado devido a problemas no equipamento que analisa TOC. Analisando o gráfico 25, pode-se observar que a concentração que apresenta maior eficiência é a de 15 mg/L. Quanto maior a concentração de TOC, mais eficiente a desinfecção, pois os microoganismos não atuaram na degradação da matéria orgânica. Entre 60 e 90 minutos a concentração se mantem constante e de 90 até 120 há verifica-se um aumento na concentração de TOC. No tempo de 60 minutos observa-se uma queda na concentração de TOC, mostrando a eficiência do dióxido de cloro, que é um desinfetante potente. O mesmo comportamento pode ser observado no gráfico 26, onde para a concentração mais alta de Desinfix observa-se maior concentração de TOC, enquanto para concentração de 2 mg/L tem-se menor concentração de TOC. Essa concentração mantem-se praticamente constante devido a estabilidade do Desinfix, causada pelo ácido fórmico.
O gráfico 27 não possui o comportamento esperado, o que pode ser explicado pela ineficiência do H 2O2 ou até mesmo por problemas de leitura do equipamento. 2.
Análise comparativa das atividades realizadas e previstas no plano de trabalho
O cronograma de trabalho previsto inicialmente pode ser visualizado na tabela 6. Constata-se que o cronograma atual foi inteiramente cumprido. Contudo, o cronograma inicial do plano de trabalho não foi inteiramente respeitado devido à demanda da Petrobrás, logo, parte das atividades inicialmente previstas não foram realizadas, sendo outras colocadas em prática, como os testes de desinfecção e TOC. Tabela 6 - Cronograma de atividades
Período (meses) Meta Jar-test SDI Regeneração de carvão (previsto) / Desinfecção (feito) Adsorção em carvão (previsto) / TOC (feito) Elaboração do Relatório
set out
no v
de jan z
3.
Referências Bibliográficas
Cammarota, M. C. Notas de Aula: Tratamento de Efluentes Líquidos. 3ª edição, 2011. Jordão, E. P.; Pessoa, C. A. Tratamento de esgotos domésticos. 3ª edição. Rio de Janeiro: Abes, 1995. 720 p. http://www.lenntech.com/sdi.htm, acessado em 12 de janeiro de 2012.
Declaro para os devidos fins estar ciente das informações contidas neste relatório de estágio.
Rio de Janeiro, 14 de fevereiro de 2012
__________________________________ Thiago de Moraes Moutinho Estagiário
__________________________________ Fabiana Valéria da Fonseca Araújo Professora Adjunto