Curso de Fa Farmácia Disciplina de Farmacognosia I
Quinonas
Histórico:: Histórico • plantas contendo quinonas usadas por suas atividades biológicas ou como corantes naturais desde a antiguidade (Thomson, 1971).
Histórico:: Histórico • plantas contendo quinonas usadas por suas atividades biológicas ou como corantes naturais desde a antiguidade (Thomson, 1971).
Rubia tinctorum L.
• parte usada: raíz • conhecida e usada no antigo Egito, Pérsia e Índia • considerada um dos primeiros materiais corantes usados pelo homem • usada também na dieta alimentar e como alimento dos animais: ossos com coloração púrpuraavermelhada. • obtenção da antraquinona alizarina d í
• QUINONAS = compostos oxigenados, formados a partir da oxidação de fenóis. Sua principal característica é a presença de 2 grupos carbonílicos formando um sistema conjugado.
• há 3 grupos principais, em função do tipo do ciclo:
• benzoquinonas O
O
O
1,2-benzoquinona (o -benzoquinona)
O
1,4-benzoquinona (p -benzoquinona)
Ainda não foram descobertas aplicações terapêuticas para as benzoquinonas naturais. São encontradas nos artrópodos, sendo raras nos vegetais superiores.
• naftoquinonas : O
O O
1,2-naftoquinona
1,4-naftoquinona
O
Algumas naftoquinonas são antibacterianas e fungicidas, outras apresentam atividades antiprotozoárias e antivirais. Entretanto, nenhuma naftoquinona natural é atualmente utilizada com fins terapêuticos. São encontradas nos fungos, sendo esporádicas nas Angiospermas
• antraquinonas : O
8
9
1 2
7 6
5
10
O
3 4
9,10-antraquinona
Derivadas do antraceno, as antraquinonas (antranóides, derivados antracênicos ou deriv. hidroxiantracênicos) são abundantes na natureza, sendo encontradas em fungos, líquens e nas Angiospermas, principalmente nas Rubiáceas, Fabáceas, Poligonáceas, Rhamnáceas, Liliáceas e Escrofulariáceas. Apresentam importante atividade terapêutica.
Classificação (em resumo): • em função do tipo de ciclo (ex.:antraceno, fenantreno, benzeno, naftaleno etc.) no qual o sistema de ligas duplas e cetonas conjugadas está inserido, têm-se: a. benzoquinonas b. naftoquinonas c. antraquinonas: maior número na natureza e
importância farmacêutica
Antraquinonas • também denominadas: antranóides, derivados antracênicos ou derivados hidroxiantracênicos
• originárias a partir da rota do ácido chiquímico e do acetato
BIOGÊNESE GERAL DO METABOLISMO VEGETAL SECUNDÁRIO (Mann, 1987 & Santos I. R. , 1999)
CO + H O FOTOSSÍNTESE POLIMERIZAÇÃO
GLICOSE
1 – 2 UNID. AÇ CAR + AGLICONA CICLO DAS PENTOSES
Polissacarídeos Heterosídeos
Eritrose 4-fosfato
Fosfoenol piruvato condensação
ÁCIDO CHIQUÍMICO
ACETATO
Ácido gálico
Aminoácidos aromáticos
Taninos hidrolisáveis
ntraquinonas Flavonóides Taninos condensados
Ácidos graxos e Acetogeninas
via Isoprenóides ? terpenóides mevalonato Ciclo do ácido cítrico Aminoácidos
aromáticos
Ornitina e lisina Triptofano
Fenilalanina Ácido cinâmico
Alcalóides Indólicos e Quinolínicos
Fenilpropanóides
Tirosina
Protoalcalóides, lcalóides: soquinolínicos e Benzilisoquinolínicos
lcalóides pirrolidínicos, Tropânicos, Pirrolizidínicos Piperidínicos e Quinolizidínicos
Estrutura Química: • possui o sistema tricíclico do antraceno, com duas funções cetona no anel central
9,10 - antraquinona
FORMAS REDUZIDAS E OXIDADAS DE ANTRAQUINONAS • reconhecidas a partir do grau de oxidação do anel central e de acordo com a condição da planta (fresca ou seca) • formas reduzidas (primitivas): antronas e antranóis (existentes na planta fresca) • forma oxidada (antraquinona propriamente dita) – mais estável, existente na droga vegetal
Como são formadas as antraquinonas? • geralmente a partir das antronas livres, por auto oxidação ou pela ação de enzimas próprias das plantas ( peroxidades ou oxidases)
Propriedades físico-químicas e detecção • muito solúveis em água e misturas hidroalcóolicas quentes. • insolúveis em solventes orgânicos apolares (éter), excetuando as formas livres. • detecção pela reação de Bornträeger (colorimétrica) - formação de ânions fenolatos de coloração púrpura a violeta
Ocorrência e Distribuição :
9 Quinonas
• são conhecidas na natureza mais de 1500 quinonas, encontradas em bactérias, fungos, líquens, gimnospermas e angiospermas (Thomson, 1991)
• animais: ouriços-do-mar, artrópodes (cochonilha), besouros-bombardeadores (Thomson, 1971)
9
Antraquinonas:
• Dicotiledôneas: Rubiaceae, Caesalpiniaceae, Rhamnaceae, Polygonaceae, Verbenaceae, Asphodelaceae • Monocotiledôneas: Liliaceae
Ações Farmacológicas: • efeito laxante (aumento do peristaltismo) • efeito colagogo (favorece a saída da bílis da vesícula biliar) • efeito purgante (doses elevadas e dependente do teor de princípios ativos)
Mecanismos conhecidos para a atividade laxante das antraquinonas • hidrólise e redução das formas livres (antronas e antranóis) no intestino grosso pela ação das ßglicosidades intestinais: formas farmacologicamente ativas que produzem efeito laxante (efeito irritante) • estimulação direta da contração da musculatura lisa do intestino, aumentando a motilidade intestinal (efeito reflexo); possivelmente relacionado com a liberação ou com aumento da síntese de histamina ou outros mediadores. • efeito hidragogo: aumento do aporte de água e eletrólitos a luz intestinal
Metabolismo: INGESTÃO: antraquinonas NO CÓLON: hidrólise (β-glicosidases da flora) e redução
antraquinonas reduzidas
atuação direta nas células epiteliais da mucosa intacta do intestino Obs.: tempo de latência = 6-8 hs.
Indicações: • constipação intestinal não responsiva a outras formas de tratamento.
• pré-intervenções diagnósticas ou cirúrgicas.
Orientaç ões farmacêuticas: • não utilizar por períodos prolongados (mais de 10 dias): poderá ocorrer dependência, diarréias, cólicas, náuseas, vômitos, melanose reto-cólica (escurecimento da mucosa), alterações da mucosa e morfologia do reto e cólon (fissuras anais, prolapsos hemorroidais), atonia, carcinoma colorretal, transtornos hidroeletrolíticos com hipocalemia;
• evitar o uso concomitante com cardiotônicos digitálicos e diuréticos hipocalemiantes;
• não utilizar mais de 2 substâncias antraquinônicas na mesma formulação;
• não utilizar em crianças e durante a gravidez (ocitotóxico) e lactação (passa para o leite materno); há um pot ncial mutagênic
ind
studo.
Drogas Vegetais Clássicas
CÁSCARA-SAGRADA - cascas dessecadas de
purshianus D.C., RHAMNACEAE.
Rhamnus
• originária da costa oeste dos Estados Unidos, atualmente cultivada também noutras regiões e no Canadá • também se encontra na África Ocidental (Kênia) • droga vegetal: constituída de cascas secas do caule e ramos (Farm. Bras. IV) • nomes populares: cáscara, casca-sagrada (Farm. Bras. IV) • padrão
de
aceitação: 8% de heterosídeos hidroxiantracênicos, dos quais, no mínimo, 60% consistem de cascarosídeos, calculados como cascarosídeo A (Farm. Bras. IV).
• uso como laxante muito popular nos Estados Unidos, onde existem vários medicamentos de venda livre contendo extratos desta planta.
• considerada a mais suave entre as drogas laxantes contendo derivados antracênicos (Tyler, 1994)
Dados importantes sobre a utilização da cáscara-sagrada • não deve ser utilizada antes de decorrido um ano de sua coleta salvo se for submetida a processo de oxidação acelerada, em estufa a 100-105 C., durante 1 hora (Farm. Bras. IV) °
• a droga vegetal recentemente coletada contém antronas, podendo provocar fortes vômitos e até espasmos nos usuários (Wicht, 1989)
FRÂNGULA - cascas dessecadas de (Frangula alnus Mill.), RHAMNACEAE.
Rhamnus frangula L.
• também conhecida como amieiro-preto, é originária da
Europa e Ásia;
• devem ser aquecidos a 100oC por 1 a 2 hs ou estocados por no mínimo 1 ano antes do uso, como a cáscara-sagrada;
•tem os mesmos usos que a cáscara-sagrada, tendo, no entanto, ação mais suave.
SENE - folíolos e frutos de Senna alexandrina Mill.: Cassia senna L. (C. acutifolia Delile) = sene-de-Alexandria), C. Vahl. = sene-de-Tinnevelly, angustifolia
CAESALPINIACEAE / LEGUMINOSAE.
•introduzido na medicina pelos árabes no século IX ou X; •principais componentes ativos: glicosídeos diméricos (diantronas): senosídeos A e B; • Farm. Bras. IV: frutos dessecados devem conter no mínimo, 4% de derivados hidroxiantracênicos, calculados em senosídeo A; folíolos dessecados devem conter, no mínimo, 2,5% de glicosídeos, calculados em senosídeo B. •não deve ser utilizado antes de um ano após sua coleta (Farm. Bras. IV)
RUIBARBO - raízes e rizomas descascados de
Rheum
palmatum L. e Rheum officinale Baill., POLYGONACEAE.
•originário da China e do Tibete, é uma das plantas antigas e conhecidas da medicina tradicional chinesa;
mais
• contém 3 a 12% de derivados antracênicos, sendo 60 a 80% glicosídeos de antraquinonas; • entre outros, contém taninos, o que pode induzir a prisão de ventre após a ação laxativa; • é também utilizado no tratamento tópico de inflamações e infecções da mucosa oral; • pode ser falsificado por ruibarbo rapôntico (principalmente R. rhaponticum L.) que, além de apresentar teores bem menores de antraquinonas, pode causar intoxicação grave, inclusive fatal (alto conteúdo de ácido oxálico corrosivo).
BABOSA - suco desidratado das folhas de Aloe
vera L. ( Aloe barbadensis Mill.) = aloés-de-Curaçao e Aloe ferox Mill. e seus híbridos com A. africana Mill. e A. spicata
Baker = aloés-do-Cabo, ASPHODELACEAE / LILIACEAE.
Partes utilizadas:
Gel (Gel de aloe verdadeiro ou mucilagem de aloe) - natureza polissacarídica Látex ou suco dessecado das folhas (aloés) - natureza antraquinônica (aloínas)
•apresenta-se como massas opacas de cor pretoavermelhada, preto-castanho ou marrom escuro; sabor nauseante e amargo e odor característico e desagradável; • obtido a partir do látex amarelado produzido por células secretoras localizadas abaixo da epiderme, o qual é concentrado até a secura; • tem maior atividade laxante que as demais drogas; • apresentam C-glicosídeos antraquinônicos - aloína A e B: 25 a 40% no aloés-de-Curaçao e 13 a 27% no aloésdo-Cabo; • pode causar dores abdominais e irritação gastrintestinal e em altas doses, nefrite, diarréia com sangue e gastrite hemorrágica.