Questões do ENADE 2009 comentadas pelos professores da Faculdade de Psicologia da PUCRS
Questões Comentadas ENADE QUESTÃO 12: .................................................................................................... 3 QUESTÃO 13: .................................................................................................... 4 QUESTÃO 14: .................................................................................................... 6 QUESTÃO 19: .................................................................................................... 8 QUESTÃO 20: .................................................................................................. 10 QUESTÃO 21 .................................................................................................... 12 QUESTÃO 22: .................................................................................................. 14 QUESTÃO 23: .................................................................................................. 16 QUESTÃO 24: .................................................................................................. 18 QUESTÃO 25: .................................................................................................. 19 QUESTÃO 26: .................................................................................................. 21 QUESTÃO 27: .................................................................................................. 23 QUESTÃO 28: .................................................................................................. 25 QUESTÃO 31: .................................................................................................. 26 QUESTÃO 32: .................................................................................................. 28 QUESTÃO 33: .................................................................................................. 30 QUESTÃO 34: .................................................................................................. 32 QUESTÃO 35: .................................................................................................. 34 QUESTÃO 36: .................................................................................................. 36 QUESTÃO 37: .................................................................................................. 38
Questões Comentadas ENADE QUESTÃO 12: .................................................................................................... 3 QUESTÃO 13: .................................................................................................... 4 QUESTÃO 14: .................................................................................................... 6 QUESTÃO 19: .................................................................................................... 8 QUESTÃO 20: .................................................................................................. 10 QUESTÃO 21 .................................................................................................... 12 QUESTÃO 22: .................................................................................................. 14 QUESTÃO 23: .................................................................................................. 16 QUESTÃO 24: .................................................................................................. 18 QUESTÃO 25: .................................................................................................. 19 QUESTÃO 26: .................................................................................................. 21 QUESTÃO 27: .................................................................................................. 23 QUESTÃO 28: .................................................................................................. 25 QUESTÃO 31: .................................................................................................. 26 QUESTÃO 32: .................................................................................................. 28 QUESTÃO 33: .................................................................................................. 30 QUESTÃO 34: .................................................................................................. 32 QUESTÃO 35: .................................................................................................. 34 QUESTÃO 36: .................................................................................................. 36 QUESTÃO 37: .................................................................................................. 38
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Professora Vivian Roxo Borges QUESTÃO 12: Alternativa Correta: C Média de acertos Brasil: 51,2% FAPSI: 68,1% A psicologia, ao participar do desafio contemporâneo do diálogo inter, multi e transdisciplinar, tem sua definição precária de identidade dissolvida, revelando seu potencial de olhar para a complexidade de seu objeto. Tal situação tem o potencial de propiciar a construção de novas formas e práticas de se pensar o saber psicológico. Todavia, convida à realização de atividades cada vez mais em sintonia com outros saberes. Assim, uma dupla tarefa impõe-se: dialogar, ultrapassando fronteiras antes demarcadas, e sustentar um discurso construtor de uma identidade específica do saber psicológico. Considerando-se o texto, assinale a afirmação CORRETA. A) A identidade emergente da psicologia contemporânea supera as suas dicotomias epistemológicas, ao dialogar com outros saberes, referendando-se neles, pois esses saberes possuem uma maior segurança metodológica. B) A psicologia como ciência foi marcada pela tensão dos projetos de sua constituição, estabelecendo uma epistemologia única que se expressa em múltiplos métodos, que podem dialogar com outros saberes. C) A psicologia, ao participar do diálogo inter, multi e transdisciplinar, têm reconstruído as fronteiras de sua identidade, pois, no contato com saberes diversos, revela sua característica: a complexidade epistemológica e metodológica. metodológica. D) O diálogo inter, multi e transdisciplinar dificulta a definição formal da psicologia como ciência, pois dissolve a identidade já bem constituída do saber psicológico, propondo uma identificação com outras formas do saber sobre o homem. E) O psicólogo tem sido convidado a realizar diálogos que o desafiam a construir uma linguagem inter, multi e transdisciplinar, centrada no discurso epistemológico das ciências exatas, como a física quântica, e das ciências biológicas, como a genética. Este é um grande desafio para todos os saberes na contemporaneidade. Especialmente em relação à Psicologia uma grande mudança de paradigma deu-se em função da abertura do campo de atuação do psicólogo e da necessidade desse profissional sair de um espaço mais reservado e privado, para os campos das políticas públicas e da invenção de novos fazeres. Trabalhar nessa perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade implica, a todo momento, em transitarmos por espaços coletivos (diferentes Campos de atuação) e trocas com outros saberes, bem como defender o espaço de Núcleo (saberes da Psicologia).
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Professor Márcio Englert Barbosa QUESTÃO 13: Alternativa Correta: B Média de acertos No Brasil: 51,2 FAPSI: 56,7 Em relação à visão de homem, contrastante na abordagem comportamental e na psicologia evolutiva, são feitas as seguintes afirmativas: I.
II.
III.
IV.
A abordagem comportamental considera que o homem é ambientalmente determinado pela sequência de comportamentos e de reforços, criando uma ilusão de liberdade. A abordagem comportamental surge como uma modalidade de discurso psicológico crítico da visão monista materialista de homem e da correspondente desvalorização daquilo que ocorre privadamente no indivíduo. A psicologia evolutiva descreve os componentes fundamentais da natureza humana, os quais podem ser compreendidos em termos de mecanismos psicológicos selecionados pelo indivíduo como úteis para a evolução pessoal. A psicologia evolutiva sustenta que o comportamento humano depende de mecanismos psicológicos que foram modelados pela seleção natural no ambiente anterior de adaptação.
Estão CORRETAS somente as afirmativas A) I e II. B) I e IV. C) II e III. D) II e IV. E) III e IV. Questão Comentada: I.
A abordagem comportamental considera que o homem é ambientalmente determinado pela sequência de comportamentos e de reforços, criando uma ilusão de liberdade.
Comentário: A afirmativa é verdadeira. A teoria comportamental, especialmente considerando as propostas Skinnerianas sobre o condicionamento operante propõe que os comportamentos são determinados pelas suas consequências. Os reforços são consequências que levam ao aumento na frequência do comportamento anteriormente apresentado. Dentro desta perspectiva, a consciência não é responsável pela escolha de comportamentos, visto que os mesmos são definidos pelas suas consequências. II - A abordagem comportamental surge como uma modalidade de discurso psicológico crítico da visão monista materialista de homem e da
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correspondente desvalorização daquilo que ocorre privadamente no indivíduo. Comentário: Afirmativa incorreta, pois a abordagem comportamental critica a valorização de fenômenos internos como causas dos comportamentos, detendo-se na relação organismo-ambiente e abandonando o foco nos processos privados do indivíduo. Essa afirmativa necessita que o aluno preste bastante atenção na sua interpretação, visto que ela afirma que a visão comportamental critica a visão monista que desvaloriza os eventos privados. Quando na verdade a visão comportamental compartilha a ideia de desvalorização dos eventos privados.
III - A psicologia evolutiva descreve os componentes fundamentais da natureza humana, os quais podem ser compreendidos em termos de mecanismos psicológicos selecionados pelo indivíduo como úteis para a evolução pessoal. Comentário: A afirmativa é incorreta. A psicologia evolutiva acredita que os mecanismos psicológicos são selecionados através do processo de seleção natural. Esses mecanismos são adaptativos, sendo fundamentais para a sobrevivência e reprodução. Esses mecanismos são selecionados pela natureza, e não pelo indivíduo, sendo úteis para o processo de evolução da espécie e não para uma evolução pessoal.
IV - A psicologia evolutiva sustenta que o comportamento humano depende de mecanismos psicológicos que foram modelados pela seleção natural no ambiente anterior de adaptação. Comentário: Afirmativa correta. Os processos de seleção natural dos processos psicológicos ocorreram em um período pré-histórico em que a nossa espécie era caçadora e coletora, antes do início dos assentamentos, e das nossas sociedades urbanas. O processo de seleção natural necessita de uma grande quantidade de gerações para que ocorra a seleção genética e o período de existência da nossa espécie caracterizado pelas tribos nômades, caçadoras e coletoras supera em muito o período de existência da sociedade urbana.
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Professora Rita de Cássia Petrarca Teixeira QUESTÃO 14: Alternativa Correta: D Média de acertos No Brasil: 26,9% FAPSI: 33,5 % A psicologia como ciência caracteriza-se pela tensão entre recortes epistemológicos e pressupostos ontológicos sobre seu objeto, criando, ao longo de sua história, uma diversidade de abordagens, tal como o cognitivismo e a psicologia fenomenológica. Em relação à concepção da psicologia como ciência nessas duas abordagens, são feitas as seguintes afirmativas: I. II.
III.
IV.
Ambas preconizam uma visão de ciência centrada na concepção de descrição precisa e objetiva dos dados da experiência. O cognitivismo contrapõe-se à psicologia fenomenológica, por considerar que a abordagem científica adequada será do processamento da informação como dado objetivo. Para a psicologia fenomenológica, a experiência é irredutível a uma análise descontextualizada da subjetividade do sujeito; portanto, os métodos experimentais são adequados. O cognitivismo apresenta uma dispersão de métodos que se origina de desdobramentos da abordagem comportamental, da psicologia social e da influência da cibernética e da teoria da informação e da teoria geral dos sistemas.
Estão CORRETAS somente as afirmativas A) I e II. B) I e IV. C) II e III. D) II e IV. E) III e IV. Comentário A partir do nascimento formal da Psicologia com ciência no século XIX, surgiram diferentes definições da natureza da Psicologia, assim como do objeto de estudo e da forma (método) para estudá-lo. Dessa forma, cada escola psicológica apresenta a sua concepção de ciência, divergindo e tentando superar o modelo proposto pelas demais. As abordagens cognitiva e fenomenológica evidenciam essas diferenças. A escola cognitiva retoma a consciência como objeto de estudo, foi influenciada pelo Behaviorismo intencional de Tolman, pela teoria da atribuição da Psicologia Social, pelas teorias da comunicação, pelos estudos sobre Inteligência Artificial, pelas
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teorias de processamento de informação na tomada de decisões e soluções de problemas, sendo uma das escolas mais atuais. Utiliza a metáfora do computador para explicar os processos cognitivos do ser humano.
Já a psicologia
fenomenológica está baseada num modelo de pensamento filosófico que tem Husserl, Merleau-Ponty e Heidegger como figuras expoentes. Essa psicologia é caracterizada pela consideração da experiência enquanto realidade vivida subjetivamente. Interessa a descrição ingênua dos fenômenos tais como acontecem na consciência, sendo estes vividos pelo sujeito sob a forma de estruturas, isto é, sob a forma de relações entre as partes que compõem o todo.
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Professora Lilian Milnitsky Stein QUESTÃO 19: Alternativa Correta: A Média de acertos No Brasil: 47,1% FAPSI: 69,2% Leia o trecho:
O estudo das falsas memórias é útil à expansão do conhecimento da memória em contextos laboratoriais, à psicologia clínica e a diversas áreas do saber que lidam com ela. As recentes investigações denotam que sugerir informações e forçar as pessoas a evocá-las pode aumentar a magnitude dos efeitos das falsas memórias.
ALVES, C.M. 2007 (adaptado) Com base na leitura desse texto, considere as seguintes afirmativas: I. A memória é parte do complexo funcionamento do processo cognitivo e mostra-se mais que simples registro, revelando uma relação entre o recordar e a situação de interação. II. A recordação pode ser falseada quanto ao conteúdo pelo engajamento emocional com o entrevistador, que pode sugerir involuntariamente elementos facilitadores da lembrança reconstruída. III. O processo terapêutico pode evitar o surgimento de falsas memórias, pois o ambiente seguro garante a expressão emocional consistente do indivíduo, incluindo suas lembranças. IV. A repetição da recordação de um episódio aumenta a fidedignidade da recordação, pois a experiência emocional permite afirmar que uma recordação é mais profunda e segura de que sua validade objetiva. Estão CORRETAS somente as afirmativas A) I e II. B) I e IV. C) II e III. D) II e IV. E) III e IV.
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Comentários da Profa. Lilian M. Stein acerca das alternativas corretas: I – A memória, por ser “extraordinariamente eficiente e flexível no armazenamento de informações” (BADDELEY, EISENCK, & ANDERSON, 2011, p. 29), não registra as
informações como uma máquina fotográfica ou filmadora. A memória é suscetível à distorção que pode ser causada por sugestão de informações falsas que são apresentadas, deliberadamente ou por acaso, nas interações do indivíduo com seu ambiente e outras pessoas (Neufeld & Stein, 2001).
II - Em uma entrevista onde se busca um relato de fatos ocorridos, por exemplo, quando uma testemunha é entrevistada, muitas vezes não só o “engajamento emocional” com o entrevistador, mas a utilização de técnicas de entrevistas
inadequadas (por exemplo, uso de perguntas fechadas e que dão opções de resposta a testemunha, s ugestão de informação falsa, por exemplo, “tu ouviu o que o ladrão disse quando apontou o revolver para o caixa do banco?”, quando de fato o ladrão tinha uma faca) (EYSENCK, 2011).
Comentários da Profa. Lilian M. Stein acerca das alternativas incorretas: III - “Uma vez que a psicoterapia visa a reestruturar as crenças dos pacientes, ela pode constituir-se em um cenário propício para as distorções de memória” (PERGHER & GRASSI-OLIVEIRA, 2010, p.231). Ademais, dependendo do tipo de técnica utilizada (por exemplo, imaginação ou até mesmo a interpretação de sonhos (Mazzoni et al.,1999). IV - De fato, a primeira parte da afirmativa está correta, pois quanto mais vezes recordarmos de um episódio que vivemos (testes de recordação livre), a tendência é que essa r ecordação seja fidedigna em função do chamado “efeito de testagem” (Roediger & Karpicke, 2006). Todavia, a emoção, ainda que possa levar a um processamento mais profundo das informações (Baddeley et al., 2011, p. 116), não confere necessariamente uma proteção contra possíveis distorções dessa memória (Rohenkohl, Gomes, Silveira, Pinto e& Santos, 2010). BADDELEY, A., EISENCK, M.W. & ANDERSON, M.C. (2011). Memória. Porto Alegre: Artmed. EISENCK, M.W. (2011). O depoimento da testemunha ocular. Em A. BADDELEY, M.W. EISENCK & M.C. ANDERSON. Memória, cap. 14. Porto Alegre: Artmed. NEUFELD, C. B. & STEIN, L. M. Compreensão da memória segundo diferentes perspectivas teóricas, Campinas, Revista Estudos de Psicologia, 18, n. 2, p. 5063, 2001. Rohenkohl,G. Gomes,C.; Silveira,R.; Pinto, L. & Santos, R. ( 2010).Emoções e falsas memórias. Em STEIN, L. M. e colaboradores. Falsas Memórias: Fundamentos científicos, aplicações clínicas e jurídicas, cap. 4. Porto Alegre: Artmed, 2010.
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STEIN, L. M. e colaboradores. Falsas Memórias: Fundamentos científicos, aplicações clínicas e jurídicas. Porto Alegre: Artmed, 2010. Professora Irani Iracema de Lima Argimon QUESTÃO 20: Alternativa Correta: enquanto a
E¨ essa alternativa obteve 26,2% de escolha
alternativa C (considerada errada) obteve 27,8% Média de acertos No Brasil: 28,6% FAPSI: 26,2% A discussão sobre o envelhecimento tem sido retomada a partir do aumento da expectativa de vida, demandando políticas públicas que orientem e articulem os diferentes segmentos de atendimento a esses grupos, seja na família, na escola, no trabalho, nos serviços médicos ou assistenciais. Quanto às contribuições da psicologia do envelhecimento, são feitas as seguintes afirmativas: I.
II.
III. IV.
A teoria psicológica dispõe de conceitos e de modelos explicativos adequados para tratar do processo de envelhecimento na contemporaneidade. Uma abordagem renovadora implica compreender o envelhecimento como etapa final do ciclo de vida, incorporando contribuições de outras ciências. O estudo do envelhecimento deve incorporar as novas dimensões tecnológicas que incrementam a qualidade de vida e a longevidade. A pesquisa em psicologia deve ampliar os estudos sobre a memória, já que é uma das funções que sofre maior desgaste durante o envelhecer.
Estão CORRETAS somente as afirmativas A) I e II. B) I e III. C) II e III. D) II e IV. E) III e IV.
V.
O estudo do envelhecimento deve incorporar as novas dimensões tecnológicas que incrementam a qualidade de vida e a longevidade. Com o aumento da média de vida devido a novas tecnologias e principalmente o avanço da ciência, destacando-se ai a medicina, as pessoas tem tido uma vida mais longa. Os recursos até aqui foram elaborados e incrementados para uma faixa de idade menos que não a terceira idade, por isso justifica-se que a preocupação atual é de incorporar novas tecnologias e não simplesmente estender as já existentes para incrementar a qualidade de vida dos mais idosos.
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VI.
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A pesquisa em psicologia deve ampliar os estudos sobre a memória, já que é uma das funções que sofre maior desgaste durante o envelhecer. Entre as funções cognitivas, os estudos mostram que a função da memória é mais sensível a um desgaste com o envelhecimento. Este declínio perceptível pode não ser suficiente para caracterizar um prejuízo nesta função, mas um declínio que deve ser melhor estudado para encontrar alternativas de treinamento e reabilitação.Em questões de memória não podem ser descartados situações mais sérias, por exemplo demências onde o sintoma “memória” está presente, apresentando prejuízos muito importantes. Hoje já se dispõe de instrumentos para rastreamento de déficits cognitivos e principalmente da memória que ajudam a pensar em hipóteses diagnósticas.
Referências: Araújo, L. F., Carvalho, C. M. & Carvalho, V. A. (2009). As diversidades do Envelhecer: uma abordagem multidisciplinar. Curitiba: Editora CRV. Areosa, S. V. C. (2012). Envelhecimento Humano: realidade familiar e convívio social de idosos do RGS e da Catalunha. POA:EDIPUCRS. Barlow, D. H. & Durand, V. M. (2008). Psicopatologia, uma abordagem integrada. São Paulo: Cengage Learning.
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Professora Adriane Xavier Arteche QUESTÃO 21: Alternativa Correta: A Média de acertos No Brasil: 74% FAPSI: 84,8% Em um estudo de crianças da zona rural brasileira, Leite (2002) observou que grande parte dos brinquedos disponíveis (bonecas, peteca, casinha, bola) era feita pelas próprias crianças ou havia reapropriação de instrumentos: paus, carrinhos de mão, cabos de vassoura e latas. Elas brincam ao puxar lata, rodar pneu, colher fruta, andar na bicicleta dos pais, catar capim na horta, recolher o gado, cuidar do bebê, amarrar a cabra no pasto, brincar de bola, de comprar na venda, de correr. O trabalhar e o brincar da criança também aparecem em tarefas cotidianas diversas, dando a essas atividades um caráter lúdico e singular. Em uma pesquisa sobre o brincar da criança indígena brasileira, Oliveira e Menandro (2002) observaram brinquedos dos mais variados tipos e naturezas. Eram brinquedos artesanais, como o estilingue, o pião, a zarabatana ou chocalhos. Os autores identificaram uma diversidade de vivências lúdicas que transformam objetos em brinquedos, com base na experimentação e na fantasia. Essas pesquisas estão sintetizadas na afirmativa A) A apropriação de objetos e sua transformação em brinquedo caracterizam a experiência lúdica nos dois grupos, embora sejam brinquedos impregnados pelo contexto cultural. B) A perspectiva acerca da infância e da criança nos estudos culturais é baseada num ideal de pureza e de ingenuidade, que deve ser submetido a estudos experimentais. C) A perspectiva sobre a natureza infantil é homogênea, adotando um modelo que busca enquadrar a criança num universo sociocultural já constituído e marcado pela diversidade. D) As diferenças na vivência da infância aparecem nas pesquisas, pois tanto as crianças da zona rural quanto as indígenas transformam objetos em b rinquedos. E) As transformações nos modos de viver o lúdico na infância mostram a importância dos brinquedos nos centros urbanos das grandes cidades. COMENTÁRIO: Para responder corretamente à questão deve-se lançar mão dos conhecimentos acerca de Psicologia do Desenvolvimento e, mais especificamente, das teorias sobre a evolução e a importância do brincar na infância. Dois conceitos são chave para se chegar à resposta correta: 1) A noção de que o brinquedo infantil faz parte do repertório humano independentemente da cultura e 2) A idéia de que o brinquedo constitui a base da percepção que a criança tem do mundo dos objetos humanos e, portanto, assumirá especificidades conforme o contexto em que a criança está inserida. As elaborações teóricas acerca destes conceitos podem ser encontradas nas teorias de Vygotsky e Leontiev. Para estes autores o brinquedo assume papel
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de destaque no desenvolvimento infantil, oportunizando que a criança se desenvolva cognitivamente. Além disso, é através do brinquedo que a criança se apropria do mundo dos adultos, se relaciona e se integra culturalmente. Nesta medida, o brinquedo humano se diferencia do animal visto que o segundo é uma atividade instintiva, enquanto o primeiro é uma atividade objetiva que envolve a manipulação de recursos disponíveis e objetos pertencentes ao mundo dos adultos utilizados. Assim, a criança compreende o mundo adulto e treina a solução independente de problemas. Referência: Vigotskii, L.S., Luria, A.R., & Leontiev, A.N. (1986). Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. Editora Ícone.
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Professora Angela Leggerini de Figueredo QUESTÃO 22: Alternativa Correta: C essa alternativa (correta) recebeu 38,4% escolha enquanto a alternativa E (considerada errada) obteve 31,2%
de
Média de acertos No Brasil: 31,4% FAPSI: 38,4 Uma paciente de 20 anos de idade, em uma entrevista inicial, relata um quadro diagnosticado como Transtorno de Pânico Sem Agorafobia (DSM IV 300.01): “Doutora, não sei o que eu tenho... estava na minha casa sozinha. Quando
fui à cozinha, comecei a sentir mal! Senti como se algo horrível fosse acontecer. Senti como se estivesse morrendo... Minhas mãos começaram a formigar. Meu coração disparou, mal conseguia respirar. Nada estava acontecendo e eu não sabia o que me acontecia. Achei que meu coração ia parar! Comecei a chorar! O médico me disse que eu não tinha nada. Me receitou um ansiolítico e me mandou para casa. Isso foi há um ano. Isso ocorreu mais de uma vez e sempre de repente! Às vezes, quando menos espero. Eu estou apavorada! Não sei o que acontece, nem quando vai acontecer! Tenho medo de enlouquecer ou de ter um ataque cardíaco! E eu sou atleta! Sei que não tem nada a ver! Nunca tive nada disso! Nunca usei drogas! E o médico me disse que minha saúde está bem. Meus pais estão bem! Minha relação com eles é boa! Tenho namorado! Agora não consigo nem ir à aula na faculdade sem ter medo! Mesmo em casa fico preocupada! O que é que eu tenho? Tem tratamento?”
Considerando-se a diversidade de abordagens em psicologia para compreender os quadros psicopatológicos e seu diagnóstico, são feitas as seguintes afirmativas: I.
II.
III.
IV.
Para a psicanálise, os sintomas relatados são reveladores de complexos inconscientes relacionados à repressão cultural do corpo e do gênero, levando a um estado regressivo, cujo principal mecanismo de defesa é a projeção; portanto, a psicanálise tem validada sua descrição da psicopatologia no DSM IV. A abordagem comportamental procura, por meio da análise funcional, descrever, neste caso, as relações complexas entre os comportamentos, seus reforçamentos e condicionamentos, considerando que descrições de categorias nosológicas não são úteis, pois não revelam as relações entre variáveis de controle do comportamento. Na perspectiva da abordagem sistêmica, a complexidade dos quadros psicológicos não pode ser reduzida a classificações nosológicas, pois elas ocultam a relação complementar entre o sistema e o sintoma; logo, uma descrição centrada na psicopatologia não revela aspectos de recursividade e de circularidade sistêmicas. Em uma perspectiva fenomenológica existencial, a classificação de quadros psicopatológicos elucida as vivências subjetivas, pois a classificação explica o sintoma e valida o relato do paciente. Assim, a descrição das vivências da paciente é objetivada.
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Estão CORRETAS somente as afirmativas A) I e II. B) I e III. C) II e III. 38,4% D) II e IV. E) III e IV. 31,2% Comentário : I. A afirmativa esta errada, pois o DSM-IV é um manual epidemiológico que visa descrever os fenômenos psicopatológicos apartir da ausência ou presença de determinado sintoma. Já a psicanálise por sua vez, busca a compreensão destes fenômenos a partir de seu corpo teórico de forma explicativa e não descritiva. II. Em TCC uma das principais formas de entender os quadros ansiosos é que ele se deu através do condicionamento operante proposto por Skinner. Tendo em vista tal entendimento a análise funcional do comportamento (modelo advindo do Behaviorismo radical) é a melhor forma de entendermos tal fenômenos de forma teórica. O DSM não seria tão indicado pois trata-se de um manual epidemiológico ateórico. Afirmativa correta III. A teoria sistêmica como as demais abordagens busca entender os fenômenos a partir de seu corpo teórico e não da descrição epidemiológico ateórico do DSM. Afirmativa correta. IV. Afirmativa errada. Primeiramente porque o humanismo não vale-se do DSM para o entendimento dos seis pacientes e sim do seu referencial teórico . Por fim, pois o existencialismo é a antagônico a base epistemológica do DSM que visa a descrição de populações em determinados contextos, este por sua vez enxerga o indivíduo como único em sua existência.
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Professora Jenny Milner Moskovics QUESTÃO 23: Alternativa Correta: E Média de acertos No Brasil: 69,8% FAPSI: 84% Leia o trecho: Mesmo pacientes que seriam considerados psiquiatricamente bastante comprometidos pela ciência acadêmica vigente podem viver num clima de liberdade, de autonomia e de consideração mútua, dependendo apenas de que se lhes respeite a condição de seres humanos. Não se trata absolutamente de tingir a loucura com cores românticas: sem dúvida, são pessoas que vivem experiências difíceis, doloridas, dilacerantes, experiências que, na maior parte das vezes, não encontram uma alocação possível na esfera gregária do sujeito e que resistem às formas de comunicação pelos códigos partilhados. Mas que, nem por isso, são menos humanas, menos passíveis de reconhecimento e de solidariedade. NAFFAH, Neto Alfredo. O estigma da loucura e a perda da autonomia. (s/d) Essa concepção de saúde e de doença mental é identificada em qual abordagem? A)Em uma abordagem analítica, deve-se promover um trabalho de denúncia da ideologia, ligada ao tratamento da loucura e sua manifestação na família em todos os fóruns sociais, dentro e fora do contexto territorial em que a estigmatização do paciente ocorre. B) Em uma abordagem que defenda o fim do internamento do paciente, o qual rompe com as jaulas farmacológicas e terapêuticas que acorrentaram os doentes mentais na história; logo, o fim do uso de psicofármacos e a liberdade sem restrições estão postos para o século XXI. C) Na perspectiva biopsicossocial, em que o sofrimento mental é compreendido como instância produtora de novos sentidos, recupera-se a experiência do portador como um dado de crítica social e aspectos neuropsicológicos. D) Naquela em que o tratamento moral deve ceder pouco a pouco seu lugar para as terapêuticas medicamentosas e psicoterápicas, pois a abordagem deve ser por etapas e acompanhada por diferentes instrumentos de avaliação. E) Naquela em que se deve trabalhar com a tensão entre um conceito de saúde, como o bem-estar biopsicossocial e as suas possibilidades efetivas de realização nas condições concretas dos indivíduos e dos grupos sociais, na busca de garantir a humanidade e a dignidade das pessoas em condição de sofrimento psíquico, apostando na potencialidade humana do paciente. Comentário- Profa. Jenny Milner Moskovics:
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A) Alternativa INCORRETA, já que a promoção de um trabalho de denúncia da ideologia não é abordada em nenhuma abordagem analítica e as ideias expostas não tem nada a ver com a concepção analítica. B) Alternativa INCORRETA, pois o tratamento humano e digno para pessoas portadoras de sofrimento psíquico referido é compatível com o uso de psicofármacos e com o internamento dos pacientes, em determinadas condições. C) Alternativa INCORRETA, pois a perspectiva biopsicossocial não prioriza os aspectos neuropsicológicos. D) Alternativa INCORRETA, pois a abordagem não prioriza terapêuticas medicamentosas e psicoterápicas. E) Alternativa CORRETA, pois esta concepção de saúde mental considera que o sofrimento psíquico deve ser acolhido e tratado no contexto de vida das pessoas, permitindo que as mesmas mantenham seus laços familiares e comunitários. Nesta concepção, existem “mil saúdes” e infinitos papeis sociais possíveis e a ênfase deve estar no projeto de “invenção de saúde” e de “reprodução social do paciente”, não no processo de “cura”.
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Professora Mariana de Medeiros e Albuquerque Barcinski QUESTÃO 24: Alternativa Correta: E - essa alternativa obteve 29,7% alternativa D (considerada errada) obteve 35%
no entanto a
Média de acertos No Brasil: 28,2 FAPSI: 29,7% Leia as afirmativas A contemporaneidade é o cenário no qual novos elementos despontam e convocam posicionamentos subjetivos. É nesse palco que a homossexualidade e a homofobia devem ser vistas e focalizadas, tanto teórica quanto pragmaticamente. PORQUE Autores como Bauman (1998) e Jameson (1997) voltam-se para as transformações sociais como deflagradoras de mudanças subjetivas: fragmentação, superficialidade, heterogeneidade discursiva e espacialização do tempo e fim da unidade e da centralidade típicos da organização subjetiva da modernidade. CREMASCO et al ., 2009. (Adaptado) Analisando-se essas afirmações, é CORRETO afirmar que A) a primeira afirmação é falsa, e a segunda é verdadeira. B) a primeira afirmação é verdadeira, e a segunda é falsa. C) as duas afirmações são falsas. D) as duas afirmações são verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira. E) as duas afirmações são verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira. As duas afirmações tratam de questões similares, a saber as transformações subjetivas resultantes do cenário da contemporaneidade. Neste sentido, as afirmações falam de como as transformações sociais, incluindo a globalização e o encurtamento de fronteiras, por exemplo, resultam em novas subjetividades contemporâneas. No entanto, embora tratem de fenômenos similares, não há entre as afirmações um nexo causal. As duas, portanto, são verdadeiras, mas uma não explica a outra.
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Professor Rodrigo Grassi de Oliveira QUESTÃO 25:
Alternativa Correta: D obteve 37,3%, no entanto a alternativa B considerada errada obteve 52% Média de acertos No Brasil: 35,5% FAPSI: 37,3
Estudos sobre um construto chegaram às seguintes conclusões: i)
ii)
iii)
iv)
A fragmentação do núcleo familiar, o baixo grau de instrução e o prévio histórico de internação psiquiátrica são preditores de estresse póstraumático. A ousadia protege, na exposição ao estresse extremo, e tem três dimensões: a motivação para encontrar sentido no cotidiano; a crença em poder influenciar o entorno e os resultados dos eventos; e a crença em poder aprender e a crescer a partir das experiências. A caracterização de um evento como traumático não depende somente do estímulo estressor, mas, entre outros fatores, da tendência do processamento perceptual do indivíduo. Eventos traumáticos em si não são determinantes isolados ou exclusivos do desenvolvimento de transtornos psiquiátricos.
Tais descobertas relacionam-se a estudos sobre A) agressividade. B) processos cognitivos. C) processos grupais. D) resiliência. E) dissonância cognitiva.
A busca em compreender as respostas ao trauma está voltada também para a contribuição da personalidade e dos fatores ambientais. Estudos sugerem que a exposição precedente ao trauma e a intensidade da resposta ao trauma agudo podem afetar o desenvolvimento de TEPT. Os resultados indicam que os indivíduos com sentimentos de insegurança, falta de controle pessoal e alienação aos outros são os mais prováveis a vivenciar elevados níveis de depressão e sintomas de TEPT subsequentes à exposição a eventos traumáticos. As pessoas que são incapazes de confiar nos outros, são sensíveis à rejeição, sentem-se facilmente feridas e possuem dificuldade em fazer amigos experimentam os níveis mais elevados de sofrimento que seguem a um evento potencialmente traumático. Meta-análises revelaram consistentemente diversos preditores de TEPT, incluindo a fragmentação do núcleo familiar, baixo grau de instrução e prévio histórico de internação psiquiátrica.
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O fator crucial ao desenvolvimento da resiliência está em como os indivíduos percebem sua capacidade de lidar com os eventos e controlar seus resultados. A percepção de si mesmo e os diálogos internos após a ocorrência do evento traumático são preditores de resultados psicológicos satisfatórios ou não. Os diálogos internos de autopiedade, desamparo, autovitimização e autodepreciação podem realçar as emoções negativas relacionadas à memória traumática e exacerbar o sofrimento psicológico. As pessoas que cultivam diálogos internos de enfrentamento, procurando modificar o presente positivamente, superam com maior facilidade traumas psicológicos.
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Professora Rita de Cássia Petrarca Teixeira QUESTÃO 26: Alternativa Correta: D Média de acertos No Brasil: 36,2% FAPSI: 63,9% A conceituação de personalidade retrata a complexidade do campo do saber psicológico. A personalidade pode ser definida como o conjunto das características da pessoa que explicam padrões consistentes de sentimentos, de pensamentos e de comportamentos. As teorias de personalidade são estudadas em uma perspectiva pluralista. Sobre as teorias de personalidade, as seguintes afirmativas são feitas: I.
II.
III.
IV.
As teorias cognitivas reforçam a visão da personalidade como um sistema ativo de processamento de informações sobre si e sobre o mundo, uma vez que não é possível abordar cognitivamente as emoções. As teorias psicodinâmicas descrevem a personalidade como um sistema energético marcado por forças conscientes e inconscientes, que, em conflito não resolvido, podem levar aos sintomas psicopatológicos. As teorias humanistas colocam em relevo as características emergentes e irredutíveis do homem, propondo o foco na experiência psicossocial e na cultural, como fontes determinantes da constituição da pessoa. A psicologia evolutiva descreve a personalidade como uma função biopsicológica, com traços geneticamente herdados, cujas características foram selecionadas pela interação com o ambiente evolutivo de adaptação.
Estão CORRETAS somente as afirmativas A) I e II. B) I e IV. C) II e III. D) II e IV. E) III e IV. Comentário A alternativa I está incorreta, pois as emoções, assim como o comportamento, são fortemente influenciadas pelo pensamento. A alternativa II está correta, uma vez que as teorias psicodinâmicas enfatizam a importância de motivos, emoções e forças internas inconscientes como uma parte fundamental e determinante da personalidade que se contrapõe ao sistema consciente na busca de satisfação pulsional. A alternativa III está incorreta, pois o foco não está na experiência psicossocial e cultural e sim na automotivação para mudança que conduz o indivíduo ao desenvolvimento de uma personalidade criativa e saudável.
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A alternativa IV está correta, pois a psicologia evolutiva ou evolucionista afirma que os seres humanos são programados pela evolução para se comportarem, pensarem e aprenderem segundo as formas que favoreceram a sobrevivência ao longo de várias gerações. Esta abordagem está baseada na afirmação de que as pessoas com certas características comportamentais e cognitivas têm mais chance de sobreviver. Tal concepção tem suas origens na Psicologia cognitiva e na Biologia evolutiva.
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Professora Paula Grazziotin Silveira Rava QUESTÃO 27: Alternativa Correta: A Média de acertos No Brasil: 82,3% FAPSI: 90,1% Um professor corrige a tarefa escolar feita por seus alunos. Eles estão sentados individualmente em carteiras enfileiradas e são chamados um a um para levar o caderno até a mesa do professor. Este age batendo um carimbo que associa uma figur a com uma expressão elogiosa como “muito bem”, “ótimo” ou “excelente”. E não usa figura alguma, caso não tenha
feito a tarefa. Em seguida, registra quem fez e quem não fez a tarefa, dizendo que o aluno que cumprir todas as tarefas sem erro receberá um ponto na média final bimestral. Depois, fala à classe que quem não realizou a tarefa deverá fazer durante o horário do recreio. A conduta desse professor é corretamente interpretada pela abordagem A) comportamental, que preconiza a modelagem do comportamento da criança pelo reforço positivo dos comportamentos adequados pela extinção dos inadequados. B) gestáltica, a qual destaca a correção do erro e o controle do comportamento como necessários para que o aluno estabeleça a distinção figura e fundo, criando a boa forma, favorecendo insights (introvisão) e raciocínios específicos sobre os problemas dados na tarefa. C) piagetiana, que preconiza a aprendizagem como envolvendo processos de assimilação e acomodação de novos conteúdos à estrutura cognitiva do aluno, tornada possível, enfatizando o erro cometido. D) rogeriana, a qual compreende a conduta do professor como um convite à heteronomia do aluno como pessoa humana, pois a punição do erro deve acontecer num clima de afetividade e empatia. E) sócio-histórica, que enfatiza o papel do parceiro mais experiente como muito valorizado para a aprendizagem, o que faz com que a correção do erro pelo professor favoreça a zona de desenvolvimento proximal. Comentário: A conduta do professor pode ser adequadamente interpretada de comportamental, pois valoriza os princípios de modelagem a partir do reforço positivo (que visa aumentar a incidência de um comportamento considerado satisfatório que na questão se refere à realização da tarefa). Assim, os comportamentos considerados adaptativos e que o professor deseja manter em seus alunos (fazer a tarefa) têm como consequência o reforço positivo (carimbo com expressão elogiosa e o ponto na média bimestral). O professor visa à extinção dos comportamentos inadequados (não realização da tarefa) utilizando-se de
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consequências negativas como é o caso da punição através do aluno que fica sem recreio, pois têm que cumprir as tarefas. A alternativa B não está correta, pois a abordagem gestáltica propõe que a aprendizagem ocorre por insight e reestruturação cognitiva, mas não prevê como condição necessária para isso o controle do comportamento. A conduta do professor não está de acordo com a abordagem piagetiana, pois o favorecimento da aprendizagem via assimilação e acomodação seria possível devido à análise do erro, buscando-se a compreensão da lógica utilizada na resposta dada pela criança e não pelo simples fato de informar se a resposta é correta ou errada. A alternativa D está errada, pois a abordagem rogeriana não valoriza a heteronomia do aluno. A alternativa E está errada, pois a abordagem sócio-histórica propõe que a zona de desenvolvimento proximal não ocorre simplesmente pela correção do erro. Ela pode ser estabelecida através de pistas, dicas, lembretes.
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Professor Adolfo Pizzinato QUESTÃO 28: Alternativa Correta: A - no entanto 25% escolheram a considerada errada
alternativa D
Média de acertos No Brasil: 35,3% FAPSI: 47,9% O trânsito é um fenômeno coletivo que explicita o conflito entre desejos individuais e prescrições sociais de condutas. O resultado das ações dos indivíduos tem sido considerado pela Organização Mundial da Saúde como um problema de saúde pública. Há mortos parcialmente contabilizados, mutilados desconhecidos e sofrimento numa dimensão gigantesca. Constitui-se em fenômenos evitáveis, a partir das ações do indivíduo que toma as decisões. Para a tomada de decisões, concorrem diversos fatores conhecidos da psicologia, entre eles, a percepção de risco, que se constitui a partir de fatores sociais, grupais e ideológicos, de fatores intrapessoais e de fatores interpessoais. Qual das afirmativas articula a tensão entre o indivíduo e a sociedade expressa no trânsito? A) As perspectivas individualistas devem incorporar a dimensão coletiva do comportamento individual, e as perspectivas sociais devem considerar o indivíduo como ator. B) As práticas sociais no trânsito interferem nas relações entre classes, demarcando grupos expostos a riscos. C) O aspecto da desigualdade social da relação de gênero determina a interação dos fatores individuais e sociais que se expressam em conflitos no trânsito. D) O estudo do papel social do motorista revela a interação característica do principal ator do trânsito, permitindo intervir na regulação do sistema, a partir do acordo social. E) Perspectivas individualistas focalizam características pessoais que seriam determinantes na harmonia do sistema, subsidiando novos instrumentos de avaliação psicológica. A maioria das teorias sobre a tomada de decisão estão de acordo com a perspectiva de integração entre fatores individuais e contextuais (sociais, culturais, temporais...) nesse processo. A tomada de decisão, sempre prevê uma avaliação em termos de “perdas e ganhos”, isto é, quanto maiores são as trocas, mais
sacrifícios temos de aceitar ao escolher uma opção em detrimento de outra e, consequentemente, maior é o grau de conflito sentido por quem toma uma decisão. De acordo com esta interpretação, o conflito diminui com o tamanho de troca, uma vez que quanto menores são as trocas entre atributos menores são as vantagens de uma opção em comparação com outra e, portanto menos são os argumentos que dispomos para escolher uma opção em detrimento de outra. Ao tratarmos de um fenômeno eminentemente relacional, como o trânsito, não podemos supor que, como indica a alternativa (D), haja uma “ator principal” nesse cenário. Tanto as
decisões de pedestres, legisladores, fiscais e motoristas devem ser equacionadas, especialmente considerando o como cada ator considera os demais.
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Professora Beatriz Gama Menegotto – Genética QUESTÃO 31: Alternativa Correta: C Média de acertos No Brasil: 55% FAPSI: 70,3% Leia o trecho: Embora as estimativas variem, a taxa de concordância
para
esquizofrenia
em
gêmeos idênticos é ao redor de 50% e, para gêmeos dizigóticos, é da ordem de 12%, sendo significativamente maior que o 1% de risco da população geral... BARBOSA DA SILVA, R. C. 2006. (Adaptado) Considerando-se esses dados da pesquisa sobre a etiologia genética da esquizofrenia, é CORRETO afirmar que A) a esquizofrenia se deve ao acaso, já que a chance de um irmão monozigótico desenvolver o transtorno é de 50%, se o outro for portador. A alternativa A é incorreta, pois a Esquizofrenia não se deve ao acaso, tem herança Multifatorial.
B) o ambiente pode proteger o indivíduo do desenvolvimento desse transtorno, uma vez que apenas 1% da população o desenvolve. A alternativa B é incorreta, pois exclui a participação dos fatores genéticos na origem deste transtorno mental.
C) o componente genético existe, mas também ocorre a participação do componente ambiental na esquizofrenia, pois 50% dos gêmeos monozigóticos desenvolvem o transtorno, se o outro for portador. Alternativa C correta, pois destaca a interação dos fatores genéticos e ambientais como causa da Esquizofrenia.
D) o fato de 12% dos gêmeos dizigóticos desenvolverem igualmente o transtorno demonstra o peso dos fatores psicológicos familiares no transtorno. A alternativa D é incorreta, pois a concordância em gêmeos monozigóticos (50%) é superior à concordância em dizigóticos (12%), demonstrando o peso dos fatores genéticos na etiologia desta condição.
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E) os resultados, ao variar em 50% para gêmeos monozigóticos, 12% para gêmeos dizigóticos e apenas 1% para a população em geral, demonstram a ausência de relação entre o ambiente e os fatores genéticos. A Alternativa E é incorreta, pois a herança Multifatorial da Esquizofrenia é o resultado da interação dos fatores genéticos e dos ambientais.
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Professora Vivien Rose Bock QUESTÃO 32: Alternativa Correta: A Média de acertos No Brasil: 69,1% FAPSI: 73% Um psicólogo escolar é chamado pelo diretor de uma escola pública, devido às seguintes queixas: uma das turmas do ensino médio tem se manifestado de forma violenta com colegas e professores, destruindo o patrimônio da escola. Qual afirmativa descreve a atuação apropriada do psicólogo? A) Analisar o processo de constituição da queixa escolar, referenciando-se em estudo diagnóstico que contemple as práticas dos sujeitos em suas relações com as dimensões social, organizacional e pedagógica que participam do fenômeno da violência escolar. B) Encaminhar os alunos indisciplinados para atendimento num Centro de Atendimento Psicossocial ou num Núcleo de Atendimento Psicossocial, para intervenção medicamentosa do comportamento agressivo. C) Indicar psicoterapia individual e grupal, dentro ou fora do ambiente escolar, pois as pesquisas indicam que é a intervenção mais bem-sucedida para lidar com a violência na escola. D) Realizar reuniões com familiares, com os jovens envolvidos em atos de violência, em conjunto com o Conselho Tutelar, caso seja necessário intervir juridicamente sobre o caso. E) Realizar um diagnóstico das dimensões social, organizacional, pedagógica, individual, em uma perspectiva dialógica da psicologia jurídica, que oriente o planejamento, a intervenção e avaliação dos resultados.
A alternativa A está correta pois aborda a situação referida, violência escolar, de forma sistêmica, ou seja, cabe ao psicólogo escolar contemplar todas as variáveis envolvidas no problema. O objetivo é entender a queixa escolar como um todo, evitando a culpabilização dos alunos pela violência observada, pois vários podem ser os motivos que contribuíram para este fenômeno por isso a necessidade de diagnosticar as dimensões social, organizacional e pedagógica. A violência escolar apresentada pelos alunos pode ser entendida como um sintoma de insatisfações, que podem ser originadas em questões sociais do meio em que os estudantes vivem ( como violência doméstica, pobreza); podem também ser provocadas por situações da organização escolar como professores em burnout ou precária infraestrutura e também podem ser resultado de métodos pedagógicos
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desatualizados que não contemplam as necessidades dos jovens. Nenhum desses aspectos exclui o outro e portanto deve-se entender e trabalhar a interdinamicidade destes fatores.
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Professora Vanessa Manfredini QUESTÃO 33: Alternativa Correta: D no entanto a alternativa E (considerada errada) obteve 24% der escolha Média de acertos No Brasil: 25,3% FAPSI: 37,3% Leia o trecho: O conceito de teoria implícita de organização reportase ao conjunto de ideias, crenças e valores sustentados pelos atores acerca de como devem ser as relações envolvidas nos contratos entre indivíduos e organização. A exaustão do sistema clássico de administração de recursos humanos e a ascensão de um modelo de gestão de pessoas, apoiados em novos valores, coincidem com a expansão dos estudos na área da ciência da cognição. O modelo AgencyCommunity articula duas concepções, tradicionalmente opostas acerca dos processos de gestão de pessoas nas organizações. A noção de Agency defende a habilidade de os atores tomarem
decisões e agirem de acordo com seus interesses, tendo no empreendedor autônomo o seu protótipo; já a
noção
de
Community
enfatiza
uma
maior
participação e interdependência dos atores. BASTOS, A.V.B. et al ., 2007. (Adaptado) Qual é a contribuição desse modelo para o campo da psicologia organizacional? A) Aborda perspectivas individuais e sociais, em uma visão de gestão de pessoas que orienta a distinção entre o público e o privado. B) Combina reatividade e proatividade de atores que estão no comando ou na execução da tarefa como competidores. C) Inova na compreensão de aspectos considerados antagônicos, por enfatizar o papel do líder como dialeticamente articulado às demandas do mercado.
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D) Pretende demonstrar a possibilidade de se conciliarem modelos de gestão caracterizados como opostos, irredutíveis e inarticuláveis. E) Renova olhar sobre a psicologia organizacional, após a exaustão das práticas tradicionais pelo modelo taylorista da gestão do trabalho.
Comentário: As diversas transformações que ocorreram e ocorrem nos diversos cenários exigem mudanças no papel e na inserção da gestão de pessoas nas organizações. Uma questão que sempre surge nas abordagens de gestão de pessoas se refere a como reter pessoas nas organizações. A primeira perspectiva refere-se à noção de ação agency , que defende a habilidade dos atores tomarem decisões e agirem de acordo com seus interesses; a noção agency envolve características como autoproteção, autoafirmação e o controle direto sobre o ambiente. Para essa noção as oportunidades são vistas como fontes de flexibilidade e vantagem competitiva para trabalhador habilitado de acordo com segundo as demandas do mercado. Para a ação agency o empreendedor autônomo é o seu protótipo. A segunda perspectiva expõe a noção de community, envolvendo expressões de suporte mútuo, cooperação e adaptação coletiva ao ambiente. Essa noção reforça uma maior participação das pessoas em relações de interdependência, suporte mútuo, aprendizado conjunto, trocas de experiências, cooperação e adaptação coletiva ao ambiente. De acordo com essa teoria caso as duas perspectivas se encontram na organização, constitui-se o modelo de gestão chamado de agency-community e tenta estabelecer o equilíbrio entre características paradoxais. Devido à ideia de carreira sem fronteira, competitividade e pressões constantes no ambiente de trabalho as empresas precisariam de uma visão integrativa de duas lógicas que tradicionalmente seriam opostas. Diante disso a alternativa correta é a letra D, principalmente por referirem teorias aplicadas na gestão de pessoas que seriam opostas.
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Professora Renata de Rezende Lovera Tomasi QUESTÃO 34: Alternativa Correta: E Média de acertos No Brasil: 44% FAPSI: 50,6% Uma empresa de Tecnologia da Informação identifica que os casos de Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT) estão gerando afastamentos de funcionários, o que compromete o gerenciamento organizacional. Qual intervenção deve ser realizada pelo psicólogo nessa organização? A) Identificar os funcionários afastados, realizar entrevistas individuais com foco na execução do trabalho, analisar e informar os aspectos prioritários para intervenção. B) Investigar, com funcionários afastados, os fatores organizacionais e pessoais envolvidos, buscando diferenciar problemas psicológicos individuais de problemas organizacionais, orientando a intervenção. C) Planejar a composição interdisciplinar da equipe para o diagnóstico, focalizando informações sobre número de funcionários envolvidos por atividades, por áreas de atuação, por grupos de trabalho, e caracterizar o problema. D) Planejar o encaminhamento dos casos para acompanhamento psicológico, propor e acompanhar intervenções de ergonomia no ambiente de trabalho, prevenindo futuros afastamentos. E) Realizar o diagnóstico, identificando variáveis contextuais, organizacionais, grupais e individuais; gerar dados e informações que orientem o planejamento e a avaliação da intervenção. Para investigação da relação trabalho saúde-mental precisamos ampliar o foco de entendimento do trabalho como além das pressões físicas, químicas, biológicas ou mesmo psicossensoriais e cognitivas do posto de trabalho, para considerar sim a dimensão organizacional, isto é, a divisão de tarefas e as relações de produção (DEJOURS, ABDOUCHELI, JAYET, 2007). Dificuldades na relação entre trabalhador com a organização podem originar sofrimento, e a energia pulsional que não acha descarga no exercício do trabalho se acumula no aparelho psíquico, ocasionando um sentimento de desprazer e tensão. Entretanto essa energia não pode permanecer no local por muito tempo e quando as capacidades de contenção são transbordadas, a energia recua para o corpo, nele desencadeando perturbações. Compreender as causas das doenças e consequentes afastamentos está relacionado à prática do psicólogo nas organizações, como aponta Sampaio (1998), que considera que dentre as atuações do Psicólogo no contexto do trabalho, estão: as atividades de estudos de estresse ocupacional, assim como realização de diagnóstico organizacional e de trabalhadores, identificação de aspectos psicossociais ligados à segurança no trabalho, entre outros . A partir de
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tais dados, é possível o psicólogo realizar consultoria e intervenções em saúde mental no trabalho (ALVES, 2004), planejando ações, uma vez que frente à angústia do trabalho, assim como contra a insatisfação, os funcionários podem elaborar estratégias defensivas, de maneira que o sofrimento não é imediatamente identificável (DEJOURS, 1992). Cabe também ao profissional avaliar, após a intervenção, o resultado frente aos índices de afastamento na empresa como forma de analisar o impacto de sua intervenção no contexto. REFERÊNCIAS ALVES, M. Absenteísmo e Sofrimento no Trabalho. In: SAMPAIO, J.R.S.(Org.). Qualidade de Vida no Trabalho e Psicologia Social. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004. p. 343-366. DEJOURS, C. A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. São Paulo: Cortez – Oboré, 1992. DEJOURS, C, ABDOUCHELI, E & JAYET, C. Psicodinâmica do Trabalho, contribuições da Escola Dejouriana à análise da relação prazer, sofrimento e trabalho. São Paulo: Atlas, 2007 SAMPAIO, J.R.S. Psicologia do Trabalho em Três Faces. In: GOULART, I.B, & SAMPAIO, .R.S (Org). Psicologia do trabalho e gestão de recursos humanos: estudos contemporâneos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1998. p. 19-40.
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Professora Gabriela Quadros de Lima Stenzel QUESTÃO 35: Alternativa Correta: C Média de acertos No Brasil: 63,2% FAPSI: 73,8% A psicologia jurídica tem tratado questões que envolvem a família no contexto das demandas legais. Mudanças na construção metodológica do parecer técnico incorporaram a dinâmica familiar e o potencial das famílias no encaminhamento de resolução dos conflitos. Tais mudanças oferecem subsídios para audiências conjuntas com o juiz e o técnico psicossocial. Assim, tem-se adotado na elaboração de um laudo uma ênfase maior na dimensão compreensiva do conflito do que na disputa entre querelantes. Por outro lado, a resolução CFP 07 de 2003 determina o que um laudo psicológico deve possuir como elementos mínimos. Com base na leitura desse texto, é CORRETO afirmar que A) o processo psicodiagnóstico produz um documento que responde às determinações formais da resolução do CFP, focalizando as questões jurídicas familiares. B) a realização do processo psicodiagnóstico na situação familiar implica a flexibilização da apresentação formal de um laudo, pois prejudicaria o processo de intervenção familiar, orientada pelo juiz. C) a avaliação psicológica inclui a identificação, o levantamento da demanda e o uso de instrumentos psicológicos, organizando a análise de resultados a qual deve subsidiar decisões judiciais em relação à dinâmica do caso. D) o laudo psicológico se caracteriza pelo uso de entrevistas e da opinião da família, pois as demais técnicas de avaliação não se prestam à compreensão do vivido pela família, e podem distorcer a decisão judicial. E) a resolução do CFP obriga o profissional a relatar todos os aspectos psicológicos levantados durante a entrevista, pois revelam dados jurídicos aparentemente desconexos, mas importantes para a demanda judicial. Considerando que os elementos mínimos que devem constar em um laudo estão claramente descritos na referida resolução, a alternativa “c” é a única que pode ser
considerada correta, pois apresenta esses elementos e justifica a importância dos mesmos, tornando evidente que os resultados apresentados por um profissional da psicologia para subsidiar decisões só podem ser decorrentes de uma avaliação psicológica realizada a partir de um planejamento cuidadoso, levando em consideração, justamente, a demanda que se apresenta e os instrumentos psicológicos utilizados, pois uma bateria de testes e/ou métodos utilizados em qualquer processo de avaliação dependem da referida demanda, assim como das características da pessoa avaliada (idade, por exemplo). Ressalta-se que na área da
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Psicologia Jurídica não é diferente, mas torna ainda mais evidente a responsabilidade e o compromisso ético do profissional, pois se trata de um processo resultante de um encaminhamento formal (através da solicitação, por exemplo, de um juiz de direito) que subsidiará decisões como a da disputa de guarda. Contudo, como na realização de qualquer avaliação psicológica, ligada a qualquer área da psicologia, o profissional somente informará no laudo psicológico as informações relevantes para esclarecer a demanda de avaliação solicitada e nunca considerará a mera opinião das pessoas envolvidas no processo de avaliação como um dado fidedigno, sem a devida investigação por meios técnicos e reconhecidos cientificamente. Ainda, o psicodiagnóstico diz respeito à definição de uma avaliação psicológica realizada no contexto clínico, que difere da área jurídica por diversos fatores (tipo de demanda, prazos, consequências/decisões tomadas), sendo mais adequado o uso da expressão “avaliação psicológica” que abarca as
especificidades deste contexto.
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Professora Katia Bones Rocha QUESTÃO 36: Alternativa Correta: A Média de acertos No Brasil: 57,1% FAPSI: 65% O psicólogo que trabalha com grupos atendidos pelo Programa de Atenção Integral à Família (PAIF), do Centro de Referência e Assistência Social (CRAS), atua no atendimento à população em situação de vulnerabilidade social. Os objetivos do PAIF são: a prevenção e o enfrentamento de situações de risco social; fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários; promoção de aquisições sociais e materiais às famílias, visando fortalecer o protagonismo e a autonomia das famílias e de comunidades. É CORRETO afirmar que, nesse programa, cabe ao psicólogo a análise A) da demanda; caracterização do grupo; planejamento conjunto das atividades; escolha de técnicas de dinâmica de grupo que estimulem a participação; acompanhamento e avaliação das atividades grupais; e avaliação do programa social. B) da integração regional das ações, no campo do micro e macrossistema de atendimento às populações em situação de vulnerabilidade, compatibilizando ações no campo da psicologia social e intervenções econômicas. C) da normatização das atividades de atendimento às populações em situação de vulnerabilidade social e das contribuições dos movimentos sociais, identificando alternativas psicológicas de intervenção. D) de políticas públicas dirigidas para o setor, conhecimento das características do bairro para definir o público-alvo; análise do cronograma de desembolso financeiro dos órgãos de fomento e definição de proposta avaliativa. E) dos trabalhos desenvolvidos nos ambulatórios que dão suporte para a saúde da população atendida, bem como sua articulação com o planejamento de atividades. Comentário: A) A alternativa A está fundamentada pelos princípios de intervenção do psicólogo desde a perspectiva psicossocial comunitária que inclui a análise da demanda da comunidade, que pode ser realizada a partir de um levantamento de necessidades. O conhecimento e a caracterização da comunidade com a qual se pretende trabalhar são de extrema importância para o planejamento das atividades. Diferentes técnicas podem ser utilizadas nesta etapa, como entrevistas com informantes chaves e líderes comunitários, grupos focais. O planejamento das atividades em conjunto com a comunidade destaca a importância do empoderamento dos diferentes atores sociais no planejamento e execução das atividades. As atividades são definidas em conjunto com a
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comunidade e não apenas pelos técnicos de saúde, estabelecendo um tipo de relação mais horizontal entre profissionais e usuários. Os processos participativos a nível comunitário geram maior autonomia e comprometimento da população com as intervenções propostas. As atividades de grupo são extremamente efetivas nas intervenções comunitárias já que permitem uma maior conscientização do grupo sobre os problemas associados ao seu contexto social, o que auxilia no processo de pensar estratégias coletivas para a solução de problemas comuns. Além disso, a intervenção grupal permite um confronto de identidades, o que auxilia no processo de identificação grupal e, ao mesmo tempo, em um processo de maior subjetivação individual. Os psicólogos têm um papel ativo e, assim como a comunidade, transformador. Assim, deve existir um espaço de crítica e construção dos programas sociais para esta população específica. B) Não poderia ser a letra B, principalmente, em função das “intervenções econômicas”, que não são responsabilidade dos psicólogos no SUAS.
C) A idéia não é normatizar as atividades de atendimento e muito menos normatizar as contribuições dos movimentos sociais, que tem sua autonomia e história. A idéia, ao contrário, é a promoção e criação de novos espaços e formas de cuidado. D) O objetivo do trabalho dos psicólogos no PAIF não está associado à análise do cronograma de desembolso financeiro dos órgãos de fomento e definição de proposta avaliativa. A parte financeira e de avaliação econômica para o SUAS não é de responsabilidade dos psicólogos que trabalham na assistência. E) O trabalho do psicólogo dentro dos CRAS não está associado a uma atenção ambulatorial dos problemas de saúde. Este trabalho deve ser realizado pelos psicólogos que trabalham no âmbito da saúde.