POEMAS DE HANSHAN
1
1.
V
igas de madeira cobertas de sapé, a moradia de um selvagem!
Diante de meu portão cavalos e seres humanos passam muito muito raramente; A floresta solitária está cheia de passarinhos; 2.
A
s pessoas para sempre se perguntam,
“Qual é o caminho ue desemboca em anshan"# $as não e%iste caminho algum para anshan& ' gelo não derrete mesmo no verão, ( mesmo ue suba o sol, a neblina para sempre o encobre&
3.
)
huang *se nos contou de seu funeral,
)omo o )éu e a *erra seriam o seu cai%ão& +m dia virá a hora de morrer, ( um s salto nos arro-ará ao outro mundo& +ma ve. morto, moscas vare-eiras de mim se alimentarão; /ão vou pedir a ninguém ue chore por mim& mim& Viver 0 mingua no $onte 1hou2ang, 3sto é uma vida cheia de honra, e uma morte cheia de alegria&
4
$estre 5en )hin6s 7em 8apon6s Kanzan9 ue viveu durante o século : D&)&, na região de montanhas do 1udeste da )hina conhecida como T’ien-t’ai, cu-o pico mais elevado se eleva a &<<< metros de altura&
4.
=
enso agora nestes vinte vinte anos ue se escoaram!
Ao considerá>los, considerá>los, )omo fui saindo do *emplo de ?uoch@ing, ( todos todo s no templo comentando sobre mim, “Que perfeito idiota este anshan é!# $as porue será ue eles me chamam de idiota, eu fico imaginando" (u mesmo não chego a nenhuma conclusão sobre este assunto, Visto ue eu mesmo não sei uem este “eu# vem a ser, (ntão como poderiam outros possivelment possivelmentee ter ualuer ideia disto disto ue se-a" alanBo minha cabeBa; do ue adianta ue eles perguntem" Do ue adianta considerar isto" As pessoas v6m e .ombam condescendentemente& 1ei muito bem o ue acham de mim, $as tolo o bastante para disputar com eles eu não sou, =orue e%atamente eles fa.em o ue eu uero ue faBam, e sentem o ue uero ue sintam!
5.
$
inha choupana está locali.ada debai%o de um despenhadeiro verde,
' -ardim nada mais é ue a selvagem cena da montanha; 's cips se dependuram emaranhados, ( velhas formaBCes formaBCes rochosas se erguem sobranceiras e desafiadoras desafiadoras contra o céu& 's macauinhos v6m e pegam os frutos silvestres, A garBa branca apanha os pei%es nos lagos& Debai%o das árvores eu leio alguns livros *aostas; $inha vo. entona as palavras e as frases&
6.
$
oro debai%o de rochas empilhadas empilhadas umas sobre sobre as outras& o utras&
+m caminho adeuado para passarinhos! $as isto positivamente impede ue as pessoas se apro%imem& ' -ardim, EE seria possvel chamar isto de um -ardim" As brancas nuvens abraBam as inefáveis formaBCes rochosas; =or uanto tempo tenho eu vivido vivido neste habitat" =or uantas ve.es vi a primavera ir embora, e o inverno chegar novamente" $as o melhor mesmo mesmo é evitar o status e o lucro deste d este mundo, ue a nada levam& levam&
7.
)
almamente fui prestar uma visita a um famoso monge;
As montanhas se elevavam uma depois das outras pela neblina afora& +ma ve. tendo chegado ali o mestre simplesmente apontou meu caminho de volta novamente; A lua, testemunha silente silente de tudo isto, como um crculo de lu., uedava nos céus&
8.
'
caminho para anshan é deveras esuisito;
Aui não se observam marcas marcas de pneus, ou rastros de cavalos& 's vales se encadeiam com outros vales, infind0velmente, 's picos se soerguem uns depois dos outros, até o hori.onte; As relvas silvestres estão brilhando com o orvalho, ( os pinheiros murmuram docemente com a brisa suave& Até agora não sabes" A realidade é como perguntar para a sombra ual é o caminho&
9.
(
u vivo num lugar muito bom,
=or completo removido do p e do burburinho incessante incessante do mundo& )aminhando entre os matinhos, eu tenho tr6s caminhos possveis; As nuvens ue as ve-o desde longe constituem minhas uatro paredes& =ara a-udar a auto>e%pressão auto> e%pressão da /ature.a ouvimos as vo.es dos passarinhos; passarinhos; Aui ninguém há ue pergunte sobre Filosofia udista& A árvore do mundo ainda está a crescer; $eu peueno perodo de vida, ual e%atamente e%atamente será a duraBão dele, Fico a imaginar&
10.
D
entro da cidadela fortificada e%iste uma cortesã de bele.a inacreditável;
As pérolas brilhantes em sua barriga descansam contra o cetim de sua pele nua& Geclinada num fundo de flores, ela brinca com um papagaio, ( toca o violão sob o luar& Aueles ue sua canBão ouvem não a podem esuecer, mesmo mesmo depois de tr6s meses; 1ua adorável e breve danBa, não há uem não a ueira ver& $as o fato é ue isto não pode durar para sempre; A flor de ltus não aguenta o inverno inverno de gelo&
HAN
SHAN
1
Os poemas reunidos de Han Shan 1) Penhascos altaneiros são a casa que escolhi Rastros de passarinhos além de pistas humanas O que contém meu quintal Nuvens brancas agarradas a escuras rochas Cada ano que aqui vivi Constatei as estações se alternando Todos vocês donos de tripés e sinos Do que valem nomes vazios Comentário: Tripés e sinos eram forjados a um alto custo para serem usados em cerimônias de sacrifícios e os nomes dos ancestrais ou aqueles que os tinham comissionado eram esculpidos em suas superfícies.
2) Todos vocês que lêem meus poemas Guardem suas purezas de coração Deixem que suas cobiças sejam a modéstia Suas adulações honestidade Dêem um fim ao karma ruim Confiem suas próprias e verdadeiras naturezas Encontrem seus corpos de buda hoje Façam-no despachadamente. 3) A Estrada para a Montanha Fria é estranha Não há rastros de carroças ou de cavalos Difícil de lembrar que córrego que se junta Ou dizer que penhasco empilhado Miríades de plantas choram com orvalho Os pinheiros todos sussurram igual Aqui onde a trilha desaparece A forma pergunta à sombra onde ir. 4) Buscando um refúgio A Montanha Fria te manterá seguramente Um vento suave agita os pinheiros escuros Chegue mais perto e o som fica melhor ainda Embaixo deles senta um homem de cabelos grisalhos Cantando textos Taoístas Durante dez anos incapaz de voltar Esqueceu-se do caminho pelo qual veio. 5) Minha mente é como a lua do outono Límpida e brilhante numa piscina de jade Nada se compara a isto O que mais posso dizer. 6) As montanhas são tão frias 2
Não somente agora, mas sempre Penhascos compactados respiram na neve Florestas sem sol respiram neblina Nada cresce até quinze dias antes do solstício de verão Folhas caem quarenta e cinco dias após o solstício Um viajante perdido por aqui Procura debalde pelo céu. 7) Uma moça de pele de porcelana na cidade Como seus brincos repicam Brincando com um papagaio diante das flores Tocando o alaúde debaixo da lua Seu canto ecoa durante meses Muitos olham sua breve dança Mas certamente que isso não durará O hibisco não agüenta o frio do inverno. 8) Um jovem cavalgando Chicoteia os galhos de um salgueiro Não pode ele imaginar a morte Não constrói escadas ou barcos As flores sazonais são adoráveis Até que um dia murcham e se vão A liberação e a liberdade Nada querem dizer uma vez que se tenha morrido. Comentário: O salgueiro é uma metáfora para as senhoras. O termo era aplicado especialmente para prostitutas, que eram com freqüência vistas se reclinando em balcões de certas ruas como galhos de um salgueiro.
9) Queria tanto ter visitado o penhasco do leste Há já vários anos Finalmente agarrei um cipó e subi Mas a meio caminho chegaram nevoeiro e vento A trilha estava estreita demais para roupas O musgo escorregadio demais para sapatos Detive-me debaixo desta árvore de canela E dormi com uma nuvem como travesseiro. 10) Diante dos penhascos me sentei sozinho A lua brilhava no céu Mas onde mil formas apareciam Sua lanterna não fazia sombras O espírito desobstruído é límpido A caverna vazia um mistério Um dedo me apontava a lua A lua é o centro da mente. 11) Dêem-me um redemoinho oculto 3
Uma residência livre de poeira e barulho Trilhas de capim recém pisado Nuvens acima para vizinhos Pássaros para me ajudar a cantar Ninguém pedindo sermões Primavera para esta árvore de Saha Hoje em dia dura muito. Comentário: O mundo que resulta do karma se chama mundo Saha, que é um nome sânscrito.
12) Violões e livros dependem de você Mas a riqueza e o poder de nada valem Envie de volta a carruagem e ouça a esposa sábia O bom filho vai na carruagem coberta O vento sopra pelo chão batido A água derrama de uma uma piscina incubadora Lembre-se do pássaro Em casa num só galho. Comentário: As primeiras três linhas se referem a uma história que aparece no Liehnuchuan: “O Rei de Ch’u ouviu dizer que Ch’en Tzu-chung era uma pessoa virtuosa e pediu que servisse na corte. A esposa de Ch’en disse, ‘Marido, você faz sandálias para ganhar a vida e gosta do violão e de livros em seu tempo de folga. Por que tomar a si os problemas de Ch’u?’ Tzu-chung voltou para dentro e enviou de volta a carruagem”. A carruagem coberta é uma conveniência usada por aqueles de meios modestos e lembram as linhas de T’ao Yuan-ming (365-427), uma outra pessoa que escapou das tentações da vida pública: “Às vezes peço uma carruagem coberta/Às vezes remo um pequeno barco”. As linhas remanescentes sugerem a futilidade de desejar mais do que se pode seguramente utilizar. A linha cinco se refere a Kao Feng, que estava tão atento à sua leitura, que não notou que uma súbita tempestade havia soprado para longe sua colheita de grãos que estava secando. O pássaro representa uma moderação dos desejos, pois se utiliza somente de um galho para seu ninho.
13) Irmãos partilham cinco distritos Pais e filhos três estados Para saber para onde voam os patos selvagens Siga a bandeira da lebre branca Encontre um melão mágico em seus sonhos Roube uma laranja sagrada do palácio Longe de sua terra natal Nada com peixes num riacho. Comentário: As duas primeiras linhas se referem a um poema de Yu Hsin (513-581) e indicam a separação do Imperador Wu da dinastia Liang (502-549) e seus cinco filhos. O imperador estava especialmente interessado na vida depois da morte e na imortalidade. A terceira loinha se refere ao imortal Taoísta Wang Tzu-ch’iao, que voou do palácio num par de patos selvagens (Houhanshu: Seção dos Shamans). Na quarta linha, a lebre branca se fere à lua, onde ela ainda pode ser vista misturando o elixir da imortalidade. O melão mágico e a laranja sagrada eram frutas que conferiam a vida longa. O Imperador Ming da dinastia Han de certa feita provou do melão, mas somente num sonho (Shihyichi: 6). As laranjas cresciam numa árvore mantida por Yuan Shu. Lu Chi (261-303) roubou várias para dar à sua mãe idosa, mas caíram de seu manto enquanto se inclinava para deixar a corte de Yuan Shu (Sankuochih: Lu Chi). A última linha lembra um poema de Ts’ao Chih (192-232) Plantando Feijões: “De certa feita partilhávamos o mesmo lago/agora nadamos em mares diferentes”.
14) Um mestre do pincel e da espada Se encontrou com três senhores ilustres 4
No Leste seu conselho foi ignorado No Oeste seu valor não foi honrado Ele dominou o pincel e a espada Ele dominou a espada e o pincel Hoje, agora que está velho O que sobrou não vale a pena mencionar. 15) Chuang-tzu disse para seu funeral Que céus e a terra sejam meus caixões Sempre que alcanço este estado Tudo que necessito é uma mortalha Que meu corpo alimente as moscas Não se incomode em pedir às gruas que lamentem Prefiro passar fome na Montanha Shouyang Para aqueles que vivem honestamente, a morte também é maravilhosa. Comentário: A segunda linha é de Chuangtzu: 32.14. Os Chineses usam dois e às vezes três caixões, um dentro do outro. A quinta linha é parafraseada do Sankuochih: 57, “Quando eu morrer, que os que lamentam sejam moscas. Se somente uma pessoa no mundo me conhece, então não terei o que lamentar”. Por causa de suas longevidades, as gruas eram associadas com imortais e assim com padres Taoístas, que com freqüência faziam serviços funerais para ganhar dinheiro. A Montanha Shouyang se levanta na margem norte do meio do Rio Amarelo, na outra margem da cidade estratégica de Tungkuan. No começo da dinastia Chou, os dois irmãos Po-yi e Shu-ch’i (1100 AC) foram viver em suas encostas tentando sobreviver duma dieta de samambaias e leite de corças ao invés de comer os produtos do reino, cujo novo regente eles consideravam um usurpador. O diarista viajante Hsu-Hsia-k’o (1586-1641) encontrou suas estátuas num templo abandonado não longe da Montanha Fria e era da opinião que a escultura datava de antes da época de Han Shan. Talvez este poema tenha sido deixado ali por perto.
16) As pessoas perguntam o caminho para a Montanha Fria Mas estradas não chegam à Montanha Fria No verão o gelo não derrete E a neblina matinal é densa demais Como alguém como eu chegou Nossas mentes não são o mesmo Se fosse o mesmo Você estaria aqui. 17) Árvores de trinta metros produzidas pelo Céu São serradas em tábuas gigantes Madeira infeliz de construção É deixada num vale oculto Seu coração permanece forte apesar dos anos Sua casca cai fora dia depois de dia Se alguma pessoa astuta a pegasse Ainda poderia sustentar um estábulo. 18) Eu esporeio meu cavalo passando por ruínas Ruínas movem o coração de um viajante Os velhos parapeitos altos e baixos Os velhos túmulos grandes e pequenos A sombra trêmula dos matos matos ermos 5
O som sereno das árvores gigantes Mas o que lamento são os ossos comuns Não nomeados nos registros dos imortais. 19) Papagaios moram nas terras do oeste Caçadores os trazem usando redes Cortezãs brincam com eles da manhã até a noite Algures atrás de cortinas de palácios São dados uma gaiola dourada Mas trancados sua plumagem esmaece Não como gansos selvagens e cisnes Voando alto nas nuvens. 20) Dentro do Salão de Jade está uma cortina de pérolas Atrás dela vive uma graciosa moça Sua beleza está além dos imortais Sua pele como o pêssego Nevoeiros de primavera se levantam no leste Ventos de outono se movem no oeste Daqui a trinta anos Ela se parecerá à cana moída. 21) Meus pais eram bastante ocupados Não quero a terra de outrem Minha esposa vai tecendo no tear Nosso bebê ri e se agita Eu bato palmas e peço às flores que dancem Apoio o queixo e ouço os passarinhos Quem vem me elogiar Lenhadores com freqüência param por aqui. 22) Minha casa é debaixo de penhascos verdes Não corto mato mais Novos cipós vão em espiral para baixo Antigas rochas se quedam eretas Macacos pegam frutos selvagens Garças arpoam peixes Um ou dois livros de imortais Eu recito debaixo das árvores. 23) O ciclo sazonal nunca pára Acaba um ano e outro começa Dez mil coisas vêm e vão Os Nove Céus não decaem O leste fica brilhante o oeste escuro Flores fenecem e florescem novamente Apenas viajantes para as Fontes Amarelas Partem e não mais voltam. 6
Comentário: Os Chineses consideram anos bem como estações cíclicos e contam um ciclo de sessenta anos. Os sentimentos aqui são tipicamente Chineses e não Budistas. Os Nove Céus incluem o zênite do céu e suas oito direções. As Fontes Amarelas são o destino dos mortos, nomeadas pela rocha sulfúrica visível nas áreas de atividade vulcânica onde a terra se abre.
24) O ano novo encerra um ano de tristezas A primavera encontra tudo fresco fresco novamente As flores da montanha riem com a água verde verde As árvores do penhasco dançam na bruma azul azul Abelhas e borboletas parecem estar tão felizes E pássaros e peixes mais felizes ainda A alegria da companhia nunca cessa Quem conseguiria dormir além da madrugada. 25) Caligrafia desimpedida Físico robusto o suficiente Vivo um corpo com limites Morto um fantasma sem nome Tem sido assim desde os tempos antigos O que mais você pode fazer Junte-se a mim dentro das nuvens Eu lhe ensinarei canções dos cogumelos mágicos. Comentário Durante a dinastia T’ang, entre as qualificações necessárias para o ofício público estavam a caligrafia excelente e a boa saúde. Os antigos Chineses chamavam o cogumelo de topo púrpura, Ganoderman japonicum, “a comida dos deuses”.
26) Já que vim para a Montanha Fria Quantos milhares da anos se passaram Aceitando meu destino eu fuji para para os bosques Para ali morar e fitar em liberdade Ninguém visita os penhascos Para sempre ocultos pelas nuvens O capim macio serve como colchão Minha colcha é o céu azul escuro. Uma pedra dá um belo travesseiro Céus e Terra podem desmoronar e mudar. 27) Uma pessoa que vive em nuvens róseas Evitou os antros habituais por casa Cada estação está igualmente morta O verão é exatamente como o outono Uma torrente escura está sempre a murmurar Um pinheiro imponente suspira Sentando aqui menos que um dia Ele esquece toda uma vida de tristezas. 28) Essa moça é de Hantan 7
Sua canção tem um ritmo animado Use seu refúgio Suas canções nunca acabam. Você está bêbado, não fale de ir embora Fique até que chegue a manhã Onde você dorme hoje à noite Sua colcha bordada enche uma cama de prata. 29) Propele seu galeão de três asas Cavalgue seus cavalos de mil quilômetros Ainda assim não conseguirão chegar na minha casa É chamada de o selvagem mais escuro Minha caverna está numa cordilheira distante Nuvens e trovão duram o dia todo Não sou Mestre Confúcio Não tenho nada para ensinar. Comentário: O navio de guerra descrito neste poema vinha em três tamanhos e era propelido por remos e postes. Era tão rápido que era dito ter asas. Um ch’ien-li-ma (cavalo (cavalo de mil quilômetros) era dito ser capaz de correr mil quilômetros sem descansar.
30) Vocês que são sábios, me ignoram Eu ignoro vocês tolos Nem sábio nem tolo Daqui em diante desaparecerei À noite cantarei para a lua De madrugada dançarei com as nuvens Como posso fazer minha boca e mãos ficarem mudas E sentar ereto com todo este cabelo. 31) Um homem da montanha vive sob sapé Diante de seu portão, raros são cavalos e carruagens c arruagens A floresta está quieta, mas parcial a passarinhos Os rios são amplos e a casa dos peixes Com seu filho ele colhe frutas selvagens Com sua esposa ele cavuca entre as rochas O que tem ele em casa Prateleiras com nada mais que livros. 32) Aquele que toma a estrada da Montanha Fria Pega uma estrada que nunca termina Os rios são compridos e empilhados com pedras As torrentes amplas e entupidas de capim Não é a chuva que faz o musgo escorregadio E não é o vento que faz com que os pinheiros murmurem Quem pode escapar das confusões do mundo E sentar comigo nas nuvens.
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33) Enquanto estivermos ligados pelos Seis Extremos Discutir os Nove Nós é fútil Homens de talento permanecem silvestres Os não habilitados fecham portas rudes Os penhascos ainda estão escuros ao meio dia Os vales permanecem difusos em dias sem nuvens Aqui vocês encontrarão os filhos dos anciãos E nenhum deles têm calças. Comentário: Os Seis Extremos incluem doença, preocupação, pobreza, ódio, fraqueza e vida breve. Os Nove Nós são lealdade, honestidade, reverência, coração, gentileza, amizade, resolução, flexibilidade e uma carreira de serviço. Os “talentosos” se refere àqueles que queriam ser funcionários e “os não habilitados” àqueles sem tais pretensões. Chang-che-tzu (filhos dos anciãos) é um eufemismo para aqueles que são moralmente corretos e com freqüência aparece nos sutras Budistas em referência aos primeiros Budistas. A última linha faz um gracejo com uma roupa Budista tradicional, que consistia de um manto externo e bermudas por baixo. Foi somente nos últimos cem anos que calças longas, amarradas no tornozelo, foram acrescentadas às vestimentas Budsistas e o manto dispensado enquanto fazendo trabalhos da vida cotidiana.
34) Onde brancas nuvens formam rochedos escarpados E a água verde rolando forma ondas escuras Eu ouço um pescador cantando Repetidamente a canção dos seus remos Verso depois de verso eu tento não ouvir Me move à tristeza demais Quem diz que pardais não têm chifres Se eles atravessam minhas paredes. Comentário: Na literatura Chinesa, um pescador é com freqüência usado para representar alguém que conseguiu se tornar desapegado de encargos mortais e ganhou algum acesso aos mistérios do Caminho. Ele aparece desta forma no Pescador de Ch’u Yuan (340-278 AC) bem como em Chuangtzu : 31. As últimas duas linhas são de “Caminhando na Neblina”, um poema no Shihching (Livro (Livro dos Cânticos), onde o pardal representa visitantes não benvindos. Aqui representam memórias não benvindas. Ter deixado a família para a vida sem lar e não ter atingido o Caminho é de fato triste.
35) A trilha da Montanha Fria é indistinta A margem da Torrente Fria Fria é uma selva Passarinhos constantemente estão dialogando Não ouço o som de pessoas Rajadas de vento batem contra meu rosto Lufadas de neve enterram meu corpo Dia após dia sem sol Ano após ano sem primavera. 36) O que faz um jovem se lamentar Ele lamenta que seu cabelo começa a ficar grisalho Além disso o que o faz lamentar Ele lamenta o dia se aproximar Que ele vai ficar num cemitério Ou vai embora para um local dos mortos Como posso agüentar pronunciar estas palavras 9
Estas palavras causam dor a um velho. 37) As pessoas dizem que preocupações nunca terminam Um ditado que eu achava que fosse falso Mas ontem o que evitei Me amarra novamente hoje Os meses vão embora, mas as preocupações permanecem E um ano novo ano quer dizer novas atenções Quem diria que debaixo do grande chapéu Está alguém flagelado de velhas preocupações. 38) Duas tartarugas a bordo de um carroça de bois Tomaram parte num drama drama de estrada Um escorpião veio Pedindo por favor por uma carona Recusar violaria a boa vontade Aceitar os encheria de preocupações Num momento breve demais para descrever Agindo bondosamente elas foram picadas. 39) Em abril quando bichos da seda são pequenos Moças vêm ajuntando flores Cassando borboletas perto da parede Tentando bater nos sapos na água Jogando ameixas maduras em mangas de seda pura Cortando brotos de bambu com pinos de cabelo dourados Outros podem argumentar sobre as boas coisas Este lugar é melhor do que o meu. 40) Uma velha senhora que mora no leste Enriqueceu há alguns anos Antes mais pobre do que eu Ela agora zomba da minha pobreza Ela ri que estou atrás Eu rio que ela está na frente Parece que não podemos parar de rir Do leste e do oeste. 41) Os ricos têm tantas preocupações Que não podem ter tranqüilidade O arroz de seus armazéns pode estar no auge Não emprestam nem um quilo Seus sonhos viram logros Eles escolhem a melhor seda Quando seus dias finais chegarem Seus lamentadores serão moscas. 42) De certa feita me deparei com um brilhante erudito 10
Esperto e de vasto conhecimento sem igual Sua fama de exame ecoava pelo reino todo Seu verso bem regulado superava todos os demais Seus julgamentos excediam todos aqueles do passado Como poderia ele comer o pó de quem ia na frente Agora rico e honrado ele busca a riqueza e a beleza O que se pode dizer sobre telhas quebradas ou gelo derretido. 43) Uma garçabranca leva uma amarga flor Por mil quilômetros sem descansar Ela está destinada aos picos de Penglai Com isso para provisão Não tendo ainda chegado lá, suas penas caem cae m fora Longe de seu bando de pássaros ele suspira Voltando ao seu velho ninho Sua esposa e filhos não mais o conhecem. 44) Geralmente eu vivo em reclusão Mas às vezes vou a Kuoching Para visitar o Venerável Feng-kan Ou para visitar o Mestre Shih-te Mas volto sozinho para o Penhasco Frio Observando um acordo não falado Sigo uma córrego sem fonte A fonte está seca mas não o córrego. 45) Se você era estúpido demais na vida anterior Hoje não estará iluminado E se hoje você é pobre É devido a suas vidas anteriores E se você não se reformar nesta vida Sua próxima vida será o mesmo Em qualquer das duas margens não há balsa de travessia Mas um dia você atravessará o vasto espaço divisório. 46) A linda senhora Lu Há muito tempo atrás era chamada Nunca Triste Ela adorava cavalgar por um jardim Ou remar num lago cheio de lírios Ela ajoelhava num tapete de urso verde E usava um manto de fênix azul Mas se lamentando que em menos que cem anos Não podia evitar acabar nas colinas. 47) A Senhora Tsou de Tiyen E a Senhora Tu de Hantan As duas eram igualmente velhas E partilhando o mesmo amor de rosto 11
Ontem foram a um chá Mas vestidas pobremente tiveram que ficar na parte de trás Porque suas saias estavam puídas Tiveram que comer o bolo bolo que sobrou. 48) Debaixo de altos penhascos vivo sozinho Redemoinhos de nuvens giram o dia inteiro Dentro de minha cabana pode estar escuro Mas em minha mente não ouço ruído algum Passei por um portão dourado num sonho Meu espírito voltou quando atravessei uma ponte de pedra Deixei para trás o peso extra Minha caneca num galho fazia barulho com o vento. 49) Todas as coisas têm seus usos E cada qual tem seu lugar Mas se um uso se perde Fica ausente e deficiente também Um buraco redondo e um trinco quadrado Tais coisas não funcionam Um cavalo de corrida usado para pegar um rato Nunca será comparado a um gato aleijado. 50) Me mostre alguém que não morra A morte permanece imparcial Lembro-me de uma pessoa enorme Que agora virou uma pilha de pó O Mundo de Baixo não n ão conhece madrugadas Plantas gozam de uma nova primavera Aqueles que visitam este local de tristeza O vento do pinheiro mata de tristeza. 51) Um cavalo de crina preta e um chicote de coral Correm pelas estradas de Loyang Um jovem egoísta e elegante Não espera o envelhecimento Mas cabelo branco vai aparecer E rostos rosados não duram muito tempo Observem as Colinas de Peimang Ali está a sua Ilha de Penglai. Comentário: As Colinas de Peimang eram a localização do cemitério. A ilha de Penglai é a casa dos imortais que se foram.
52) Eles agem como bêbados o dia inteiro E passam os anos sem interrupções Mas uma vez enterrados debaixo do mato O sol da manhã é sombrio 12
Suas carnes e ossos desaparecem Suas almas em breve somem Mesmo mandíbulas de aço Não podem cantar sutras então. 53) Uma vez tendo chegado à Montanha Fria Ali fiquei durante trinta anos Recentemente visitando família e amigos A maioria tinha partido para as Fontes Amarelas Aos poucos se apagando como uma vela que morre morre Ou passando repentinamente como uma torrente que flui Hoje encarando minha sombra solitária Subitamente os dois olhos se enchem de lágrimas. 54) Ajuntando lótus nos chamamos Na água maravilhosa e transparente Nos divertindo inconscientes do por do sol Ficamos observando o temporal que se juntava Ondas embalavam os patos selvagens E sacudiam os marrecos também E nós descansando nossos remos Deixando que nossos pensamentos prosseguissem adiante. 55) Os chorões escurecem como a neblina Suas flores levadas pelo vento flutuam como flocos de neve Marido num município sem esposas Esposa numa província sem maridos Cada qual numa margem diferente do céu Quando se encontrarão novamente Escrevam esta linha em torres de observar o luar: Não é permitido redes de pegar andorinhas. Comentário: Andorinhas eram um símbolo da harmonia marital. Como andorinhas em qualquer lugar, fazem os ninhos em torres de onde todos iam ver o luar, que eram um lugar favorito de amigos e de amantes.
56) Chamem amigos para suas casas ao tomarem vinho Chamem vizinhos se houver carne Todos nós estamos indo para as Fontes Amarelas Precisamos agir enquanto somos jovens Um cinto de jade é uma glória transitória Grampos de ouro não são charmes que duram O Velho Senhor Chang e a Velha Senhora Cheng Não mandaram de volta quaisquer novidades. 57) Um camarada excelente e apreciado Fisicamente bastante imponente Não ainda com trinta anos de idade Com milhares de talentos 13
Ele chama os bravos com arreios dourados Ele ajunta boas pessoas com pratos de jade j ade Só lhe falta uma coisa Ele não transmite a lâmpada eterna. 58) O pêssego desabrocharia o verão todo Mas os ventos e a lua podem impedir isso Procure por uma pessoa da dinastia Han Nenhum deles está vivo hoje Dia após dia as pétalas caem Ano após ano vamos adiante Onde levantamos poeira hoje Antigamente era um mar sem fim. 59) Me encontrei com uma moça do leste Sua idade mal chegava aos dezoito anos Homens do oeste quiseram propor para ela Foi chegado a um acordo e se casaram Assaram um carneiro e mais um bando de criaturas Rolaram em devassidão e carnificina Sorriram e riram com alegria Colherão seus julgamentos em lágrimas. 60) Um fazendeiro com hectares de pomares de amora E um estábulo cheio de crias de búfalo Capaz de compreender a causa e o efeito O pateta finalmente morre Seus pressentimentos são todos gastos E cada um por si Com calças de papel e cartolina para bermudas Morrendo de fome e frio no fim de tudo. 61) Eu vejo centenas de cachorros E todos eles desbotados Deitando onde bem querem Vagando por onde seus narizes os levam Mas jogue um osso para eles E vejam como brigam e rosnam Enquanto ossos forem uma raridade Um bando de cachorros não partilha. Comentário: Os cachorros referidos aqui são os membros mais desbotados da comunidade monástica. O mosteiro lhes providenciava com comida e bebida bem como de isenção de taxas e impostos.
62) Apertando os olhos, varre o horizonte Nuvens obscurecem os quatro cantos cardeais Corujas e corvos estão alimentados e calmos A fênix está com fome e ansiosa 14
Belos corcéis são alimentados no deserto Mulas aleijadas são permitidas na corte Os céus estão muito longe para serem ouvidos Os pássaros constroem seus ninhos nas ondas. Comentário: Corujas e corvos representam funcionários cobiçosos. A fênix come somente as sementes do bambu, mas somente uma vez por década. E assim aparece somente quando há um regente virtuoso no trono. Belos corcéis querem dizer funcionários capazes, exilados por criticarem seus colegas corruptos. Este poema pode ter sido escrito com as rebeliões de 781-786 em mente, quando a região ao longo do Rio Han ficaram autônomas e regentes locais foram indicados pelos funcionários mais elevados. Deste ponto de vista, a mula aleijada se referiria a Lu Ch’i, cujas medidas econômicas impopulares e métodos inescrupulosos despertaram antipatia ampla durante estes anos de 780 e cujo nome partilha em Chinês o mesmo som que lu (mula). lu (mula).
63) Em Loyang tantas moças Num dia de primavera mostram seus encantos Em grupos apanhando flores à beira da estrada As colocando nos cabelos Alto em seus cabelos as flores se equilibram Alguém fala e elas olham para baixo Olhando em outras partes para um amor mais gentil Ou pensando em seus maridos em casa. 64) Na primavera as moças se gabam de suas aparências Juntas ao longo da Rua do Sul Diante das flores elas se lamentam dos anos Atrás das árvores elas evitam o vento Um jovem vem caminhando Com um cavalo branco e arreios dourados Por que elas flertam tanto tempo Seus maridos sabem porquê. Comentário: O cavalo branco com arreios dourados sugere alguém da família real, neste caso os flertes das moças estariam mirando a preservação da cabeça dos maridos, senão se não a melhoria de seus status, s tatus, bem como em exercer exe rcer seus poderes de sedução.
65) Um grupo de moças brincando na luz que se esmaece O vento enche a estrada com perfume Suas saias são bordadas com borboletas de ouro Seus cabelos adornados com patos de jade Suas empregadas são vestidas em enfeites vermelhos Seus eunucos em brocado púrpura Observando está alguém que perdeu seu caminho Têmporas brancas e um coração trêmulo. trêmulo. Comentário: Este é o harém imperial.
66) Quem quer que tope com um fantasma ou um espírito Em primeiro lugar não tema Seja firme, não tente agarrá-lo Chame-o por seu nome e irá embora Peça ao Buda com incenso
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Se incline e peça a ajuda de um monge Um mosquito que pousa num machado de ferro Não acha lugar para afundar seu bico. 67) O Rio Amarelo é infindável Fluindo para o leste sem cessar Para sempre aparentemente Enquanto que a duração da vida de todos acaba E se você cavalgasse as nuvens Como você cresceria asas A menos que enquanto seu cabelo for preto preto Você faça um esforço movente ou parado. 68) Abordo deste navio de madeira podre Juntando os frutos da árvore nimba Aqui estamos a mar aberto Onde nunca cessam as ondas Somente com a comida do dia em cima A margem estando a um zilhão de quilômetros quilômetros Qual é a causa de nossa aflição É tudo devido à amargura. Comentário: Os frutos âmagos da árvore nimba, Azadirachta indica, representam os objetos do desejo.
69) Se você ficar quieto e nunca falar O que a posteridade terá para relatar Se você se esconder em bosques e pântanos Como irá sua sabedoria se revelar Murchar não é saudável O vento e o gelo trazem males Um boi de argila arando um campo de pedras Nunca verá o dia da colheita. 70) Um coração de um eremita está pesado Ele se lamenta pelos anos que passam Ele procura raízes e cogumelos Mas busca a vida eterna em vão Seu quintal está limpo e as nuvens se foram Os bosques estão brilhando a lua está cheia Por que ele não vai para casa As árvores de canela o impedem. Comentário: As árvores de canela da montanha Tientai eram especialmente conhecidas pelo seu tamanho.
71) Alguém mora na garganta da montanha Manto de nuvens e ornamentos de por do sol Segurando doces plantas que ele partilharia Mas a estrada é longa e dura 16
Cheia de pesos de dúvidas e arrependimentos Velho e sem realização Chamado por outros de aleijado Ele fica sozinho e firme. 72) Porcos devoram carne humana morta Humanos saboreiam intestinos de porcos mortos Os porcos não se importam com o fedor humano Humanos dizem que os porcos têm um bom cheiro Jogue porcos mortos no rio Enterre corpos humanos profundamente Se jamais pararem de comer um ao outro Os lótus florescerão na sopa fervente. 73) Caos estava feliz Nem comia nem fazia xixi Com que furadeira se encontrou Que lhe deu estes nove buracos Trabalhando dia e noite por comida e roupas Sempre preocupado com aluguéis e impostos Milhares brigam por uma moeda A multidão grita corra por sua vida . Comentário: “O Imperador dos Mares do Sul era a Forma, O Imperador do Mar do Norte era o Sem Forma, e o Imperador da terra entre estas era o Caos. A Forma e o Sem Forma com freqüência se encontravam nas terras do Caos e o Caos os tratava muito graciosamente. A Forma e o Sem Forma discutiram como poderiam repagar o Caos, ‘Todos têm sete buracos para ver, ouvir, comer e respirar. Somente o Caos não tem. Vamos furar-lhe alguns buracos’. buracos’. Então a cada dia furavam um buraco, e no sétimo dia o Caos morreu”. ( Chuangtzu 7:7). Aos sete buracos de Chuang- tzu, Han Shan acrescentou mais dois para a eliminação e reprodução.
74) Para que tanta choradeira cho radeira Lágrimas do tamanho de pérolas A separação é certa E a perda virá novamente A razão pela qual somos tão pobres É que ainda estamos ligados pelo karma Colocar um cadáver no ombro e ir ao cemitério Os Seis Caminhos não me preocupam. Comentário: Os Seis Caminhos do Karma são os habitantes dos vários infernos, demônios famintos, animais, humanos, deuses e os asuras.
75) A esposa ficou cansada de tecer O marido preguiçoso demais para usar a enxada, Ele se divertia com um arco e flecha, Ela dançava e tocava o alaúde Para ossos frios roupas são uma urgência Para um estômago cheio o principal é comida Quem liga para vocês agora
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Chorando de dor para os céus. 76) Eles não trilham o Nobre Caminho Dizem que crêem quando se perdem Suas línguas não se detém diante dos budas Seus corações transbordam de inveja Escondidos comem carne e peixe Em público cantam O-mi-to-fo Se é assim que cultivam Como vão lidar com o desastre. Comentário: O-mi-to-fo é o Buda Amita, o Buda do Paraíso do Ocidente.
77) Existe um tipo de tolo Cabeça dura como um burro Apesar de conhecer o discurso humano Sua cobiça se parece com aquela de um porco Sua traição não pode ser sondada O que diz é sempre falso Se alguém falar com ele Dizem para ele não ficar por aqui. 78) Uma pessoa descendente do Orgulho Chamado Cobiçoso e conhecido por Desonesto A ele falta qualquer tipo de compreensão Dá as costas ao trabalho braçal Detesta a morte e a amargura do ranúnculo Ama a vida e da doçura do do mel Não pode parar de comer peixe E nunca fica cansado de comer carne. 79) Eu escolhi um lugar retirado para morar Tudo está dito na palavra Tientai Macacos bramem e o nevoeiro do rio é frio Uma vista dos picos pode ser vista de minha porta de junco Cortei um pouco de sapé para fazer um teto para uma choupana de pinheiros Fiz uma piscina e canalizei a fonte Feliz de largar tudo finalmente Catando samambaias eu passo os anos que sobram. 80) Se você quiser aumentar sua essência Aquilo seria chamado de um aumento aumento Se você alterasse sua forma Seria uma mudança Capaz de aumentar capaz de alterar Você certamente se juntará à categoria dos imortais imortais Sem tal aumento ou mudança 18
Você não sobreviverá ao trauma da morte. morte. 81) Trabalhei em vão recitando as Três Histórias Desperdicei meu tempo lendo os Cinco Clássicos Envelheci checando livros amarelos Gravando os nomes de todo dia comuns Meu destino foi a Dureza contínua O vazio e o perigo governam minha vida Não posso me equiparar às árvores da beira do rio Todos anos com uma estação verde. Comentário: Era costumeiro quando estudando textos repeti-los em voz alta até que fossem memorizados. Na época de Han Shan, as Três Histórias incluíam Ssu-ma Ch’ien Shihchi ( Registros Registros Históricos ), o Hanshu ( História História de Han ) Han ) e o Houhanshu ( História História da última parte do Han ). Han ). O Cinco Clássicos eram o Yiching ( Yiching ( Livro Livro das Mudanças ), o Shuching ( Livro Livro dos Documentos ), o Shihching ( Livro Livro das Odes ), o Lichi ( Livro Livro dos Ritos ) ) e o Chunchiu ( Anais da Primavera e Outono ).
82) A água da primavera é pura num córrego esmeralda O luar é branco na Montanha Fria Pensamentos silenciosos e o espírito se tornam claros Focalize o vazio e o mundo pára. 83) Tenho uma capa Nem de seda diáfana nem de sarja Se me perguntar que cor é Nem vermelha nem púrpura No verão serve como um xale No verão e no inverno sempre em uso Somente isso no ano todo. Comentário: É o manto do monge.
84) Vassourinha branca com cabo de sândalo Um perfume que dura o dia todo Macio como o nevoeiro que dobra Revoante como as nuvens que vagam Ajuda durante os ritos do verão Levantado limpa o pó E com freqüência dentro do quarto de dois metros É usado para ajudar às pessoas. Comentário: A vassourinha é um dos símbolos de autoridade do abade, querendo dizer que tem a capacidade de cortar a própria ilusão. Originalmente era algo para espantar insetos.
85) Alguns buscam o prazer no amor Cegos ao que tem que passar um corpo mortal Outros vêem uma bolha ou uma miragem E realizam a impermanência que nos atinge a todos A vontade de um homem de verdade verdade é como o ferro 19
Num coração não-tortuoso o Caminho é verdadeiro Bambus densos e altos na neve Mostram-lhe a mente não usada em vão. 86) Tantos tipos de pessoas existem Centenas de planos de lucro e fama Corações mirando para a glória Sempre querendo ficar ricos Mentes que nunca descansam Correndo daqui para ali como a fumaça Dependentes se ajuntam Um grita, cem cabeças concordam Mas de agora há setenta anos O gelo vira água e as telhas do telhado quebram Morto finalmente todos as preocupações cessam Quem será o herdeiro deles Joguem uma bola de argila na água água E olhem a mente sem consideração. 87) Um homem cobiçoso que empilha a riqueza É como a coruja que ama seus filhos As corujinhas crescem e comem sua mãe A riqueza eventualmente engole seu possuidor Espalhe-a e bênçãos crescem Acumule-a e surge o desastre Bata suas asas no azul. 88) Dez mil quilômetros de distância de casa Espada erguida para bater nos Hun Ganhe a vantagem e você está morto Perca e você está condenado Apesar de você poder desdenhar esta vida vida Porque estar ingrato pela sua Aqui está a forma de sempre ganhar ganhar O truque é não ser cobiçoso. 89) A raiva é um fogo na mente Pode consumir uma floresta de mérito Se você viaja no caminho do Bodhisattva A paciência mantém longe a raiva. Comentário: No Yichiaoching ( Sutra Sutra do Testamento ), o Buda disse: “Uma mente cheia de raiva é pior do que um fogo chamejante. Sempre fiquem em guarda contra isso, e não deixe que isso ganhe de você. Nada lhe rouba mais os méritos do que a raiva”.
90) Todas suas cabeças enterradas e sem senso Preferindo cavernas escuras de demônios Eu sempre encorajo vocês à prática 20
Mas vocês são teimosos e confusos Desdenhando as palavras de Han Shan Volteando no fluxo mais rápido do karma Até que decapitado em dois Você descobre a maldição do corpo. 91) Destinos odiosos encobrem a mente Duplamente escura e sem luz Oitocentos anos humanos Não totalizariam meia noite Todos estes tolos De estados lamentosos demais para contar Eu insto com vocês para deixar Reconheçam o Rei das Coisas. Comentário: De acordo com o Budismo os destinos odiosos incluem o renascimento entre demônios famintos, animais ou os variados infernos – o resultado do Desejo, Raiva e Ilusão.
92) O céu é insondavelmente alto A Terra é infindavelmente profunda profunda Entre os dois estão os seres vivos Dependentes destes Poderes Batendo cabeça por comida e roupas Concebendo planos de se comerem uns aos outros Ainda não esclarecidos sobre a causa e o efeito Cegos perguntando pela cor do leite. Comentário: No Sutra do Nirvana um não praticante tentando compreender as quatro qualidades do Nirvana (permanência, alegria, independência e pureza) é comparado com alguém cego de nascença tentando compreender a cor do leite, quando dizem para ele que se parece com a neve ou com o arroz.
93) Todo tipo de pessoa existe debaixo do Céu Diferentes tipos de beleza prevalecem A Velha Senhora Chia tinha um tipo de marido Huang-ho não tinha esposa Os filhos de Wei eram todos bonitões A Senhorita Chung-li era um terror Se ela fosse para o Oeste Eu me mudaria para o Leste. Comentário: Chia Nan-feng era famosa por libertinagem e intrigas, enquanto que seu marido, o Imperador Hui da dinastia Chin (290-306), era igualmente famoso por sua incompetência mental. Apesar dela ter assassinado Wei Kuan e seus filhos, todos os quais eram conhecidos por serem bonitos, ela mesmo foi assassinada por tentar fazer de seu sobrinho herdeiro do trono ( Shihshuo Shihshuo hsinyu: hsinyu: 10.7). Normalmente Huang-lao se refere a tanto Huang-ti (o Imperador Amarelo) quanto Lao-tzu (autor do Taoteching ). Contudo Huang-ti era casado, enquanto que Lao-tzu nasceu velho e nunca casou. O Rei Hsuan do Período dos Estados em Guerra (342-324 A.C.) escolheu Chung-li para ser sua rainha por causa de sua sagacidade e apesar de sua aparência repulsiva.
94) Um homem sábio não é cobiçoso Um tolo ama um forno Seus campos sobem por cima daqueles de outros 21
A touceira de bambu é dele Ele cansa seus braços juntando riquezas Rilha os dentes e esporeia o pangaré Ele deveria olhar além do portão da cidade Para todos os túmulos abaixo dos pinheiros. 95) Brigando por peixe e carne Levando isso para casa para alimentar sua família Por que você tira a vida de outros Para ter certeza que você sobrevive Isso não é karma que leva aos céus Mais como um peso direto para o inferno Quando Hsu Liu diz para cavar Você saberá que não estava certo. 96) Alguém indigita um pinheiro E o chama de árvore de sândalo Muitos buscaram o Caminho Quão poucos acharam o Nirvana Abandonando ouro e pegando palha Eles se auto tapeiam e aos demais também Pegando um tanto de areia É difícil de fazer disto uma bola. Comentário: O Sutra Nirvana: Nirvana: 9 compara um praticante preguiçoso a um tolo ladrão que ignora o outro e leva palha.
97) Aqueça um pouco de areia para seu jantar Quando você estiver sedento cave um poço Pula um tijolo com todas as forças Ainda assim não sairá daí um espelho O Buda disse que basicamente somos iguais Partilhamos da mesma verdadeira natureza Resolva isso você mesmo E desista desta luta inútil. Comentário: O Sutra Shurangama diz: “Assim, Ananda, se alguém não puser um fim ao desejo, praticar meditação é como cozinhar areia e esperar que saia arroz”. O Suwen sshchi tiaoshen talun diz, “Esperar por uma doença aparecer antes de tomar remédio é como esperar até que você fique sedento antes de cavar um poço”. E de acordo com o Chuantenglu: Chuantenglu: 5, um dia o Mestre Huai-jang perguntou a Ma-tsu, “Por que você pratica a meditação?” E Ma-tsu disse, “Estou tentando virar um Buda”. Huai-jang pegou um tijolo e começou a poli-lo. Ma-tsu lhe perguntou, “O que está fazendo, Mestre?” Huai-jang disse, “Estou tentando fazer um espelho”. E Ma-tsu disse, “Como pode fazer um espelho polindo um tijolo?” E Huai-jang concluiu: “E como você pode esperar se tornar um Buda praticando meditação?”
98) Eles escrutinam assuntos mundanos Querendo todos os detalhes Nada consideram levemente E adoram ganhar uma vantagem Se defendendo, o mal se torna o bem 22
Atacando outros, o certo se torna o errado Assim ouvimos suas línguas aduladoras Pelas costas do outro, é tudo culpa dele Mas quente e frio julgo por mim mesmo Porque deveria confiar nos lábios de escravos? 99) Eruditos desapontados e empobrecidos Conhecem os limites da fome e do frio Desempregados eles gostam de escrever poemas Escrevinhando com a força de seus corações Mas quem coleta as palavras de um zé-ninguém Melhor economizar nos suspiros Escreva-os nos bolos de farinha adormecidos Até viralatas não os tocam. 100) Para uma imagem da vida e morte Considerem o gelo e a água A água congela em gelo O gelo derrete de volta em água O que morre deve viver novamente O que vive está destinado a morrer O gelo e a água não se machucam um ao outro Tanto a vida quanto a morte estão ótimos. 101) Eu me lembro dos dias de minha juventude Caçando perto de Pingling Um trabalho de enviado não era meu desejo Não achava grande coisa dos imortais i mortais Cavalgava um cavalo branco como o vento Cassava lebres e soltava um falcão Subitamente agora sem casa Quem mostrará pena a um velho. 102) Eu me retirei para a beira da floresta E escolhi a vida de fazendeiro Direto em meu comportamento Sem adulação no discurso Prefiro o jade não polido Vocês podem ficar com suas jóias Eu nunca poderia me juntar ao rebanho De patos flutuantes nas ondas. 103) Não há necessidade de atacar os erros dos outros Não há necessidade de ostentar suas próprias virtudes Aja quando for reconhecido Retire-se quando for ignorado Grandes recompensas querem dizer grandes provas Palavras profundas se encontram com mentes superficiais 23
Pense no que ouviu As crianças devem ver por si mesmas. mesmas. Comentário: Esta séria de quatro adágios parafraseia os pontos de vista de Confúcio. Nos Analetos , o Sábio diz, “Ataque seus próprios erros e não os erros e rros dos demais”. Ele também diz, “Aja quando reconhecido e se retire quando ignorado”.
104) Homens ricos se encontraram em salões elegantes As lanternas coloridas brilhavam tão forte Então uma pessoa que não tinha vela Achou que podia sentar ali por perto Ao invés foi cassado embora De volta ao seu lugar no escuro Como poderiam mais olhos arruinar a luz Estranho dar com má vontade raios de luz de sobra. 105) Há uma pessoa brilhante algures Estudando textos difíceis Suas três pontas são únicas Suas seis artes o colocam num outro time Seu espírito voa acima dos outros Suas qualidades transcendem a multidão Mas cego à verdade diante de si Ele cassa todo tipo de distinções. Comentário: As três pontas ( santuan santuan ) são a ponta da espada, e spada, a ponta do pince l e ponta da língua. O liu-yi (seis artes) do cavalheiro Confucionista incluíam ritual, música, arco e flecha, biga, escrever e matemática.
106) O esplendor em camadas das colinas e rios serpenteando Pássaros voam debaixo das nuvens cor de rosa Nevoeiros de montanha umedecem minha bandana de algodão A bruma penetra no meu capote de casca de palmeira palmeira Nos meus pés estão sapatos de viagem Minha mão segura um velho bastão de videira Novamente fito além do mundo empoeirado O que mais poderia eu querer na terra de sonhos. 107) Minhas páginas estão cheias dos poemas dos imortais Meus jarros transbordam com o vinho dos sábios Trabalhando amo olhar as patas dos búfalos Em casa não vou longe E quando o nevoeiro frio umedece minhas cavernas com sapé E o luar ilumina minha viga de barro Bebo uns dois goles E murmuro um verso ou dois. 108) O senhor Shih tinha dois filhos Ofereceram Ch’i e Ch’u suas artes Hábeis em armas e letras
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Ambos deixaram o lar para trabalhar O senhor Meng perguntou seus segredos Então seus filhos aprenderam como se fazia Mas fracassaram em Ch’in e Wei Como aqueles que nunca se encontram. encon tram. Comentário: Ch’i, Ch’u, Ch’in e Wei estavam entre os estados que disputavam a supremacia há 2500 anos atrás. O Senhor Shih, que viveu no pequeno estado de Lu entre Ch’i e Ch’u, tinha dois filhos, um dos quais amava livros e outro que amava armas. O filho erudito foi empregado pelo Duque de Ch’i para ensinar a seus filhos e aquele habilidoso com artes marciais foi empregado pelo Rei de Ch’u para comandar seus exércitos. Os Mengs eram vizinhos dos Shihs, e os filhos de Meng eram tão habilidosos quanto os de Shih. Então o Senhor Meng perguntou aos Shihs para aconselhar a seus filhos a encontrar empregos parecidos. Infelizmente, os filhos de Meng tentaram tentar am suas sortes nos estados est ados errados no momento errado. O filho habilidoso em letras foi castrado e expulso de Ch’in, que estava somente interessado em habilidades militares. E o filho especializado em armas teve seus pés cortados em Wei, que preferia a acomodação à guerra e não queria vê-lo servindo contra eles num outro estado.
109) Patos mandarins sobem no poleiro para passar a noite n oite Uma galinha e um marreco Trazem um ao outro flores flores para comer Então se revezam alisando com o bico seu companheiro E então vão embora para brincar no nevoeiro Voltando para dormir na margem Contentes com o lugar que vivem Não usurpam o lago da fênix. Comentário: Patos mandarins aqui representam a alegria e liberdade trocada pelos que queriam ser funcionários trocavam pela segurança e prestígio do serviço governamental. Durante a dinastia T’ang, a expressão lago da fênix se referia ao trabalho do primeiro ministro e antigamente à do secretariado central.
110) Algumas pessoas zombam de suas práticas Seus talentos superam Confúcio e Chou Observem seus olhos num transe Vejam seus corpos todos duros Puxe-os com uma corda em vão Pregue-os com uma sovela e não adianta Assim como o cisne do Senhor Yang Uma pena ser tão burro. Comentário: Confúcio (551-479 AC) e seu regente ideal, o Duque de Chou (cerca de 1100 AC), eram os principais transmissores das virtudes e tradições acalentadas nos clássicos Chineses. Yang Hu (221-278) tinha um cisne que dançava mas que se recusava a fazê-lo quando hóspedes chegava ( Shihshuo Shihshuo hsinyu: hsinyu: 21-47)
111) Eu levava livros e uma enxada na minha juventude Quando vivia com meus irmãos mais velhos De alguma forma deparei-me com suas reprovações Fui desprezado até pela minha mulher Então deixei para trás o mundo da poeira vermelha Tudo que faço agora é perambular perambular e ler Quem terá de sobra uma concha de água Para salvar um pobre peixe numa pocinha de água.
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112) Não há limites para mudanças Nascimentos e mortes nunca cessam Um corpo de pássaro numa via menor Um peixe dragão num grande pico Num mundo caótico uma cabra montanhesa Em tempos pacíficos um belo cavalo Da última vez um homem rico Desta vez contudo um pobre escrevente. Comentário: As vias menores de renascimento incluem animais, demônios famintos e os que habitam os vários infernos. De acordo com o Shanhaiching : 7, o lung-yu (peixe dragão) vive nas montanhas do norte profundo e é geralmente montado pelos imortais. O wu-yueh (cinco grandes montanhas) incluem: Hengshan (Shansi), Huashan, Shungshan, Taishan, e Hengshan (Hunan). A cabra montanhesa representa o recluso, e o cavalo representa o erudito-funcionário, que devota sua força para o serviço do seu senhor.
113) Meus escritos e julgamentos não são tão ruins Mas um corpo não apropriado não recebe ofício Examinadores me expõe com uma careta Lavam a sujeira e buscam minhas feridas Claro que depende da Vontade dos Céus Mas neste ano tentarei mais uma vez Um cego que tenta atingir o alvo Uma vez pode até acertar. Comentário: Aqueles que quisessem ofício público e que tinham passado o exame metropolitano conduzido pelo Conselho dos Costumes, eram também dados um exame pelo Conselho de Pessoal cobrindo suas caligrafias, julgamento, físico e discurso.
114) Um pobre burro falta uma medida Um cachorro rico tem três litros de sobra Quando a pobreza não igualmente partilhada Nós separamos o conforto da dureza Mas se deixarmos o burro se encher Fazemos com que o cachorro morra de fome Eu pesei isso para você cuidadosamente Me faz ficar deprimido. 115) O marido recém casado Liu tem oitenta e dois A recém casada Lan dezoito Marido e mulher entre eles têm cem anos E amam mas um amor perverso p erverso Brincando com jade está o Tigre Batendo numa telha está a pequena baixinha Quão freqüentemente já vi um velho salgueiro dar flores E então morto pelas Meninas do Azul. Comentário: Meninos eram dados um bastão de jade para brincar parecido com o de um funcionário público, as meninas brincavam com cacos de telha. As Garotas do Azul são o Gelo e a Neve.
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116) De quem é essa casa de vinho acesa na noite Seus vinhos são ricos e fortes Bandeiras coloridas voam acima Seus litros são sempre bonitos Por que então o negócio vai mal Seu lugar está cheio de cães Um camarada vem comprar Os cães ladram e eles saem correndo. Comentário: Paráfrase de uma história no Hanfeitzu: Hanfeitzu: 13, no qual Han Fei conclui que aqueles que tentam iluminar seus soberanos com o Tao, com freqüência são impedidos de o fazer por ferozes funcionários e entraves burocráticos.
117) Deploro este lugar vulgar Onde demônios moram com aqueles veneráveis Dizem que são o mesmo Mas o Tao é imparcial Uma raposa pode pegar emprestado o capote de um leão E dizer que o disfarce é verdadeiro Mas uma vez que minério de chumbo entre no forno Logo veremos se é ouro ou material comum. Comentário: Monges falsos e verdadeiros se misturam.
118) O mês no qual os fazendeiros escapam do calor Quem partilhará uma concha de vinho Coloquei algumas frutas selvagens na mesa E fiz um círculo de copos Com juncos para tapetes E folhas de banana como pratos Uma vez que você esteja bêbado e apoiado em algo Sumeru é somente uma ervilha. Comentário: Sumeru é uma alta montanha budista. No Sutra que leva seu nome, Vimalakirti não tem dificuldades em colocar toda a montanha dentro de uma semente de mostarda.
119) Quem é este pobre sonhador Novamente checando as paredes do Salão do Sul Certamente tem mais de trinta anos Com certeza tentou os exames quatro ou cinco vezes Não há dinheiro em seu bolso Cheio de livros Ele passa por uma ambulante de comida Nem sequer ousa olhar. Comentário: O Salão do Sul era a localização do Conselho do Pessoal na capital da dinastia T’ang, Ch’ang-an. O conselho mudou para lá por 735 e era encarregado encarr egado de distribuir os cargos para aqueles aqu eles que tinham sucesso nos n os exames, cujos nomes eram pregados nas paredes.
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120) Um hóspede freqüente para a fome e o frio Nascido para ser diferente de peixes e bestas Fica vivo na sombra de um moinho E chora do lado da estrada Durante dias ele imagina em vão comida No inverno não sabe o que é um capote Tudo que leva é um tanto de de palha Junto com um litro de zombaria. zombaria. 121) Construir pavilhões da altura do céu é inútil Subir em torres de duzentos metros é em vão Mesmo praticando yoga ainda morrerás cedo Indulgir em livros não o investirá em cargos Por que seguir mestres Taoístas E porque desprezar uma cabeça branca Mesmo que você não seja tão reto quanto uma flecha Pelo menos não seja tão torto quanto um anzol. 122) Onde nuvens e montanhas se empilham no céu A floresta profunda a estrada remota e viajantes viajantes inexistentes Longe vejo o sapo solitário claro e brilhante Próximo ouço um bando de passarinhos trocando notícias Um velho sozinho num penhasco que vai se obscurecendo Me retirando a minha choupana eu aceito o cabelo branco b ranco Mas suspiro que hoje e os anos an os que se foram São sem mente como os rios que fluem para o leste. 123) A riqueza e a posição atraem parentes distantes Tudo por causa de mais arroz e dinheiro A pobreza e a dureza separam a carne e o sangue Não porque sejam menos que irmãos Empurrados a extremos eles voltam para casa O Centro para Veneráveis ainda não abriu Mesmo sapatos de couro acabam se gastando. 124) De certa feita conheci uma pessoa tola Que conseguiu se casar com três ou quatro esposas E criar oito ou nove filhos Todos eles pessoas sem preocupações Mas aqueles que chegaram aos dezoito agora estão no exército E sua riqueza não é mais o que era Quando o rabicho do arreio fica amarelo e amargo Um burro sabe que a dor vai se seguir a isso. 125) Os grãos deste ano ainda estando verdes E os grãos do ano passado que já foram embora Fui pegar emprestado um pouco E acenei fora de um portão 28
O marido saiu e disse para pedir para sua esposa A esposa saiu e disse para pedir para o marido Avarentos não ajudam aqueles em necessidades necessidades E a riqueza somente tem o efeito de torná-los ainda mais estúpidos. 126) De assuntos muito engraçados Mencionarei somente uns poucos O Senhor Chang era uma flor extravagante e fantasioso Mencio era um eixo velho e torto Enquanto anões estejam cheios Quem liga que Fang Shuo morra de fome Todos cantam as canções de Pa Ninguém conhece a Neve Branca. Comentário: Chang Hua (232-300), cujo nome quer dizer “flor” e presidia cerimônias na corte. Mencio (320 AC), cujo nome quer dizer “eixo” que ia por todo reino oferecendo conselho que poucos seguiam. Tung-fang Shuo (154-93 AC), que era incomumente alto bem como uma pessoa que falava diretamente o que achava. Uma vez reclamou com o Imperador Wu que anões nos estábulos reais recebiam tanta comida quanto ele. (Hanshu: 65) Aqui o caractere ju ju (anões), escrito um pouco diferente quer dizer eruditos Confucionistas. Quando o Rei Hsiang de Ch’u perguntou porque ele não era mais elogiado pelo povo, Sung Yu disse que milhares iam ver sempre que cantavam a canção de Pa, usada para levar barcos rio acima, enquanto que poucos conheciam “Neve Branca” escrita para cítara composta por Shih K’uang mais ou menos em 2500 AC. Sempre que era tocado era dito que os deuses desciam à terra.
127) Quando um velho se casa com uma mulher nova Como ela pode agüentar seu cabelo raleado Quando uma velha casa com um mancebo jovem Como ele pode agüentar sua cara murcha Mas quando um velho casa com uma velha Nenhum abandona o outro E quando uma jovem casa com um jovem Ambos demonstram-se afeto mutuamente. mutuamente. 128) Um jovem cavalheiro e elegante Bem versado nos clássicos e histórias As pessoas o chamam de Doutor Todos o chamam de uma sumidade sumidade Mas ainda não encontrou posição E não sabe como trabalhar a aterra No inverno ele usa um manto remendado É assim que livros nos enganam 129) Engraçado este covil das Cinco Sombras Essa dolorosa casa das Quatro Cobras Nenhuma vela ilumina a escuridão Os Três Venenos ficam se instilando Enquanto isso a Gangue dos Seis Ladrões Saqueia nosso tesouro do Dharma Liquide as legiões de Mara E paz será totalmente límpida 29
Comentário: As Cinco Sombras ou skandhas em skandhas em Sânscrito são os constituintes que fazem o indivíduo: forma, sensação, percepção, impulso e consciência. As Quatro Cobras são os elementos que compreendem o corpo: terra, água, vento e fogo. Os Três Venenos são a Ilusão, o Desejo e a Raiva e são a força motriz do karma. Os Seis Ladrões que nos roubam a paz e a liberdade e incluem os seis órgãos dos sentidos: olho, nariz, ouvido, língua, pele e mente. Dharma quer dizer em Sânscrito aquilo que é verdadeiro , verdadeiro , enquanto que Mara é o Rei das Trevas.
130) Vigas pintadas não são para mim A floresta é meu lar Uma vida passa subitamente Não ache que seus cuidados esperarão Aqueles que não constroem uma jangada jangada para atravessar Se afogam enquanto juntam flores A menos que você plante boas raízes hoje Nunca perceberá o broto da flor 131) Nascido há trinta anos Viajei incontáveis quilômetros Ao longo de rios onde juncos verdes balançam Até a fronteira onde a poeira vermelha redemoinhava redemoinhava Fiz elixires e tentei me tornar imortal Li os clássicos e escrevi odes E agora me retirei para a Montanha Fria Para deitar num riacho e lavar meus ouvidos. 132) O mundo está cheio de pessoas ocupadas Bem versados em incontáveis pontos de vista Cegos às suas verdadeiras naturezas Se distanciam do Caminho Se pudessem ver o que é real Não falariam de sonhos vazios Um pensamento responde às suas rezas Revelando um ponto de vista de buda. 133) Quando não agüento mais ver os passarinhos brincar Deito dentro de minha choupana de palha As cerejeiras são rosa brilhante Os salgueiros começando a balançar O sol nascendo engole os picos azuis Nuvens se abrindo lavam um poço verde Quem pensa em deixar o mundo poeirento p oeirento E ir para o sul para a Montanha Fria. 134) Ontem não foi a tanto tempo atrás A cena tão digna de suspiros Acima estava uma trilha de ameixeiras e pessegueiros pessegueiros Abaixo estava uma praia cheia de íris E alguém estava vestida de bela seda E plumas de pássaros em minha casa 30
Nos vimos um ao outro e nos tentamos chamar Olhamos mas não pudemos falar. 135) Não permaneçam pobres amigos Tentem trabalhar se estiverem quebrados quebrados Criem uma só vaca Ela terá cinco bezerros Que também terão bezerros Sua manada nunca terminará Diga ao Senhor Chu de T’ao Que você é exatamente tão rico quanto ele. Comentário: Fan Li trabalhava como assistente para o Rei Kou-chien Kou-chien do antigo estado de Yueh. Quando a intriga política o forçou a fugir para o pequeno estado de T’ao, ele recuperou sua riqueza riq ueza através do comércio e da criação de gado e se tornou conhecido como o Senhor Chu. O Chiminyaoshu o Chiminyaoshu o cita como dizendo: “Se você quer ficar rapidamente rico, crie cinco bezerros”.
136) Esta pessoa é tão incerta Mas escolher um lar requer consideração O Sul tem incontáveis pragas O Norte tem ventos ásperos e gelo Não dá para viver no mato Ou beber água infectada Espírito volte para casa E coma amoras no meu quintal Comentário: “ Esta Esta pessoa” pessoa” é um velho uso do Shihching (Livro das Canções) e se refere a uma moça pronta para o casamento. As últimas últim as duas linhas vêm de um koan. Uma vez um monge perguntou a um ancião, “ Quanto ao ‘Espírito ‘ Espírito volte para casa. Eu como as amoras no meu quintal’, como são essas amoras?” O ancião disse, “Não são comestíveis” e “Vão borrar sua boca”.
137) Na noite passada sonhei que fui para casa E vi minha esposa no seu tear Ela deteve a lançadeira como se estivesse pensativa Então a levantou como se estivesse sem forças Eu a chamei e ela se virou para olhar olh ar Ela olhou mas não me viu Acho que estávamos separados há muitos muitos anos E minhas têmporas não mais estavam de sua velha cor. 138) Uma pessoa vive menos de cem anos Mas abriga preocupações para mil Assumindo que sua riqueza é boa Ele se preocupa com seus herdeiros Para baixo ele olha para os seus brotos de arroz E para cima para suas amoreiras No dia que sua balança cai no mar Ele ainda assim não se deterá até atingir atin gir o fundo Comentário: Folhas da amoreira são usadas para alimentar a larva da seda. Deixar cair sua balança no mar se refere ao resumo final de sua vida conduzido por Yama, rei dos Mortos.
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139) Existe um tipo de pessoa Tão densa quanto um bloco de madeira Ele fala sem compreensão E diz que não liga para nada Mas pergunte sobre o Tao e ele somente olha fixamente Pergunta sobre o Buda e ele somente dá de ombros Descubra em detalhe Uma vasta expansão de desgraça 140) Quando o Mestre Tung era jovem Ele vivia dentro do palácio Seu manto era amarelo ganso Ele parecia um quadro Ele cavalgava um cavalo com patas de neve O pó vermelho se levantava às nuvens Observadores enchiam as estradas Quem por Deus era aquela pessoa Comentário: Tung Hsien era um belo cortesão e um favorito do Imperador Ai (6 AC até 1 DC), que insistia em ter sua companhia dia e noite. Quando o imperador morreu, Tung foi forçado a cometer suicídio. Roupas do amarelo mais pálido e cavalos de patas brancas eram reservados para a família imperial.
141) Quem será essa pessoa Alguém que todos odeiam Sua mente insensata está sempre aborrecida Sua visão carnal completamente apagada Não se inclina diante dos budas que vê Não dá esmolas para os monges Sabe somente como vender carne De outra forma não vale nada. Comentário: A subsistência através da compra e venda de animais é condenada no Budismo.
142) As pessoas acham que o corpo é suas raízes E a mente consideram como sendo seu talo E a mente não deve se afastar da raiz Quando acontece isso acaba a raiz da vida Ainda incapaz de evitar tal destino Não seja preguiçoso demais para olhar no espelho A menos que você leia o Sutra do Diamante Fará um bodhisattva enjoar Comentário: No Nirvana Sutra: 34, o Buda comparou seus sermões a um espelho no qual a verdadeira natureza da pessoa pode estar visível.
143) O velho Chung ao norte da cidade Encheu sua casa de carne e vinho No dia que a esposa do velho Chung faleceu 32
Lamentadores encheram o salão Quando finalmente o velho Chung morreu Ninguém chorou Consumiram sua carne e vinho Mas tinham interiores tão frios 144) Quando pessoas estúpidas lêem meus poemas Nada compreendem e zombam Quando pessoas médias lêem meus poemas Refletem e dizem que é profundo Quando pessoas dotadas lêem meus poemas Eles reagem risonhamente No momento em que Yang Hsiu viu jovem viu jovem mulher mistério. De uma olhada e ele conhecia o mistério. Comentário: As primeiras três duplas de poemas invertem o tratamento de Lao-tzu do mesmo assunto: “Quando uma grande pessoa ouve falar do Caminho/Ele o segue com devoção/quando uma pessoa média ouve falar do Caminho, não sabe se é verdadeiro ou não/quando uma pessoa pequena ouve falar do Caminho/ele ri alto/se ele não risse/não seria o Caminho” ( Taoteching : 41). Yang Hsiu era um adepto em resolver charadas. Ele resolveu esta para Ts’ao Ts’ao ao redor de 200 AC. Quando os caracteres para shao (jovem) shao (jovem) e nu (mulher) nu (mulher) são combinados, o resultado é o caractere para miao (mistério). miao (mistério). ( Shihshuo Shihshuo hsinyu: hsinyu: 11:3)
145) Podem haver pessoas meticulosas Mas não sou do tipo meticuloso Roupas sem forro são boas para dançar Nenhum vinho quer dizer ficar bêbado com as canções Tente manter seu estômago cheio Mas não gaste seus pés Quando matos penetrarem no seu crânio Você lamentará este dia Comentário: Roupas sem forro eram usadas pelos pobres. Lao-tzu diz, “Assim é a regra para o sábio/esvazia a mente/mas enche a barriga”
146) Minha caminhada levou a um velho cemitério E as lágrimas e os suspiros tinham se esvaído Intestinos amarelos espirravam de túmulos Ossos brancos espetados através de caixões Urnas e vasos ali se quedavam tortos Nenhum pincel ou tabuleta se movia O pó e cinzas redemoinhavam no ar Comentário: Intestinos amarelos se refere à cor dourada dos cedros usados para os caixões. Urnas e vasos de pedra eram colocados em frente aos túmulos para serem usados durante visitas por amigos e parentes. Tabuletas de bambu eram seguras por funcionários durante cerimônias na corte como sinais da hierarquia e para gravar instruções com um pincel de escrever afixado do lado.
147) No por do sol desci a encosta oeste As plantas e árvores brilhavam Mas haviam lugares na sombra também Onde pinheiros e cipós conspiravam
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E tigres sem dúvida se agachavam Se eriçando com minha aparição E eu sem nem um facão Tremia todo de medo 148) Uma vez tendo nascido nos confundimos Assuntos mundanos mudam o tempo todo todo Ainda incapaz de escapar da manada Cassamos uns aos outros por aí Recentemente lamentei a morte de Hsu Wu Hoje atendi o funeral de Liu San Dia atrás de dia não temos descanso É por isso que nos lamentamos Comentário: O irmão mais jovem de Hsu Wu, Hsu Liu aparaece no poema 95 também num
149) Se vierem prazeres fique feliz Oportunidades não devem ser desperdiçadas Apesar de falarmos de cem anos Quem pode ter trinta mil dias Alojados temporariamente no mundo somente somente um instante Não tagarele e cricrie sobre dinheiro O capítulo final do Livro da Piedade Coloca com detalhes o fim de tudo Comentário: A linha dois é citada do Shuching: 6 , onde o nde é falada pelo pel o Rei Re i Wu (1123-1115 AC) da dinastia Chou antes de ser s er derrubada pela dinastia Shang. O Hsiao-ching (Livro da Piedade) aconselha sobre que atitudes são adequadas por um filho em relação aos pais. O último capítulo descreve o decoro adequado para o funeral de um pai.
150) Sentando sozinho eu fico deslizando para longe Muito longe com os cuidados do meu coração Nuvens vagueiam pela montanha O vento corre para fora do vale Macacos pulam de galho em galho nas árvores Os passarinhos chamam pela floresta O tempo corre pelas minhas têmporas O fim do ano me encontra velho com arrependimentos. 151) Uma pessoa com uma boa cabeça e barriga Versado em todas as seis artes No Sul é levado ao Norte No Oeste é levado para o Leste Para sempre à deriva como lentilhas d’água Planta que rola e nunca descansa Quem é este por quem você pergunta Um descendente da Pobreza seu nome é Quebrado Comentário: As seis artes são ritual, música, arco e flecha, biga, escrever e matemática. Juntos compreendem o treinamento Confucionista para um cavalheiro. 34
152) Se outros forem dignos aceitem-nos Se não forem, não os aceitem Se você for digno há espaço para outros Se não for não há espaço para p ara você Elogiando os aptos e consolando os ineptos Um discípulo da bondade acha o seu lugar Eu insto com vocês para seguir as palavras de Tzu-chang E ignorarem o conselho de Pu-shang Comentário: Tzu-chang e Pu-shang eram discípulos de Confúcio. As primeiras duas linhas do poema parafraseiam o ponto de vista de Pu-shang sobre entrar num acordo de amizade, enquanto que as duas últimas linhas dão a resposta de Tzu-chang (Lunyu: 19.3). Jen (a bondade) era a virtude suprema ensinada por Confúcio.
153) A pequeneza realmente fica pequena O coração de ninguém é igual O Velho Yin ria do Velho Liu O Velho Liu ria do Velho Yin Por que riam um do outro Ambos tomaram caminhos errôneos Carregando suas carroças cada vez mais Até que colapsaram e ambos ficaram arruinados arruinados 154) Naqueles dias quando tinha dinheiro Eu sempre te emprestava algum Agora que você está cheio e quentinho Nos encontramos mas você não partilha Não te esqueças de que quando você era pobre Você se aferrava a mim como a esperança A propriedade troca de lugar Espero que você avalie bem isso. 155) Para os cem anos da vida humana O Buda pregava um cânone de doze aspectos Mas a compaixão é como um veado selvagem E a raiva como o cachorro da família Não é possível se livrar do cachorro O veado sempre prefere correr Para dominar sua mente de macaco Ouça o rugido do leão Comentário: No Sutra do Nirvana: 14 , o Buda disse: “O cachorro da família não teme as pessoas, p essoas, enquanto enq uanto que o veado selvagem na floresta foge logo que vê alguém. A raiva é difícil de ser expulsa, assim como o cachorro da família. E a compaixão facilmente foge fora, justo como veado selvagem”. se lvagem”.
156) Eu vou contar a vocês uma coisa ou duas Que provarão que sou sábio Não venda sua casa porque está quebrado Quando ficar rico compre terra 35
Um estômago vazio não vai longe Um travesseiro não é somente para dormir Esperando que as pessoas vejam estas palavras As coloquei do lado que pega sol. Comentário: Lao-tzu diz: “Assim é a regra para o sábio/esvazia a mente/mas enche o estômago” ( Taoteching: 3 ). Han Shan está dizendo que um travesseiro é melhor usado para a meditação.
157. A Montanha Fria tem tantas maravilhas Todos os que sobem lá ficam com medo medo A água brilha ao luar As plantas sussuram no vento As ameixeiras murchas desabrocham com a neve Galhos dão folhas de nuvens Tocadas pela chuva todos revivem A menos que o tempo esteja firme não se pode atravessar atravessar 158) Uma árvore cresceu aqui antes do bosque Sua idade é duas vezes maior A terra que se move a fez desenvolver desenvolver raízes torcidas O vento e o gelo queimaram suas folhas As pessoas zombam que está murcha por fora fora Ninguém observa é seu coração bem composto Mas quando sua casca é tirada fora O que permanece é verdadeiro Comentário: No Nirvana Sutra: Sutra: 39, o Buda traça uma distinção entre seu corpo mortal e seu corpo de buda: “Na floresta há um bosque de árvores de fico, e entre elas há uma que estava viva antes do resto. Durante cem anos o dono do bosque aguou e protegeu as árvores. Mas agora está velha e ressequida, suas folhas caíram, e sua casca saiu, revelando aquilo que é realmente verdadeiro. Assim é com o Tathagata”.
159) Na Montanha Fria há um bicho nu Seu corpo é branco sua cabeça preta Suas mãos seguram dois livros Num está o Caminho no outro a Virtude Em casa não acende o fogo Para a estrada não empacota roupas Mas sempre carrega a espada da sabedoria Pronta para ser vibrada em inimigos importunos. Comentário: Na quarta linha, Han Shan está se referindo ao Taoteching de Lao-tzu, que é com freqüência dividido em duas partes: Tao No Sutra Vimalakirti: 11 , Tao (o Caminho) e Te Te (Virtude). No 11 , o Buda diz aos bodhisattvas reunidos, “Pratiquem as virtudes infinitas dos budas e sejam de uma resolução incansável ao usar a espada da sabedoria para ser vibrada em inimigos importunos”.
160) Algumas pessoas temem uma cabeça branca Não podem abandonar uma corda vermelha Buscam elixires e vida longa em vão Desencavam plantas abandonadamente
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Ano após ano sem sucesso Tolamente zangado e perturbado perturbado Um caçador enverga um kasaya Mas não é para ele que foi feito. Comentário: Membros da nobreza e do governo amarravam seus selos às suas roupas por um intermédio de uma corda. Uma corda vermelha era dada àqueles de mais alto escalão. As duas últimas linhas se referem a quando Shakyamuni, tendo deixado o palácio e entrado a floresta, se deparou com um caçador usando um manto de um monge. Shakyamuni disse, “A roupa que você está a envergar é o uniforme da tranqüilidade e o sinal dos budas. Por que você está usando isso e cometendo esta transgressão?” O caçador explicou que ele usava o manto dos monges para enganar os veados, que estavam acostumados à suavidade dos monges. Mas concordou em trocar a roupa pela seda branca do príncipe. Assim Shakyamuni ganhou a roupa de um monge ( Buddhacharita: ( Buddhacharita: 6 ). O kasaya, kasay a, ou manto de monge, é uma coleção de tiras de roupa costurados num quadrado.
161) Um mero pobretão no passado, Hoje estou completamente quebrado Tudo que tento não funciona Toda estrada é um trabalho trabalho árduo Minhas pernas tremem na lama Meu estômago dói em dias de festival Desde que perdi aquele gato malhado Minha tigela está cercada de ratos 162) Essa criatura celeste e rara Só, sem equivalentes Olhe e não mais está lá Vem e vai mas não através de portas Dá dentro de um centímetro quadrado A menos que você a reconheça A encontrará mas nunca saberá Comentário: O centímetro quadrado é o coração da mente na doutrina budista.
163) Eu tenho uma só caverna, Uma caverna com nada dentro Espaçosa e sem poeiras Cheia de luz que brilha para sempre Uma refeição de plantas alimenta um corpo frágil Um manto de pano mascara uma miragem Que seus mil sábios apareçam Eu tenho o Buda primordial. 164) Garotos e homens feitos Quando agirem não sejam estouvados Sejam firmes e de vontade de ferro Fiquem no Caminho do Bodhi Não se percam em atalhos laterais Se o fizerem sofrerão em vão E não fiquem buscando o Budado Percebam que a mente é o rei. 37
Comentário: Em sânscrito Bodhi quer dizer iluminação.
165) Sem nada o que fazer fui visitar um eminente monge Dentre os dez mil picos cobertos de neblina O mestre ele mesmo indigitou o caminho de volta para casa A lua iluminou tudo testemunha silenciosa. 166) Com nada para fazer subi o Pico das Flores Num dia belo e radiante Por toda parte no céu Brancas nuvens voavam com garças azuis. Comentário: Apesar de estar a menos de mil metros acima do nível do mar ali próximo, o Pico das Flores é o mais alto dos oito picos da cordilheira Tientai.
167) Montanha Fria tem uma casa Sem divisões internas Seis portas se abrem para a esquerda e direita Do salão ele vê o céu azul Onde quer que ele olhe está tudo revelado A parede do leste cumprimenta aquela aquela do oeste Nada há entre elas Não há necessidade que ninguém cuide de nada Ele faz um pequeno fogo quando vem o frio Cozinha plantas quando chega a fome Não é como o velho fazendeiro Aumentando seus campos e barracões Criando nada a não ser karma infernal Uma vez tendo começado não acaba nunca Pense bem nisso Pense e descubra a chave. Comentário: As seis portas se referem aos seis sentidos. Na linha onze, o velho fazendeiro era um tipo sobre o qual se faziam piadas.
168) Um dia eu deixei as montanhas E entrei no portão da cidade E vi um grupo de moças Suas adoráveis e frescas figuras Com cabelos cheios de flores de Shu Rouge de pó de Yen Braceletes dourados decorados de prata Sedas as mais transparentes em tons de púrpura e vermelho Suas faces roseadas pareciam as de deuses E seus perfumes iam até as nuvens Todos os homens se voltavam para olhar A enfatuação obscurecia suas mentes Achando que o mundo nada tinha que se igualasse igualasse àquilo Seus corações e sombras seguiam atrás
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Cães roendo ossos secos Lambendo seus dentes e lábios em vão Não sabendo como refletir Em que eram diferentes de animais E agora as moças são mulheres velhas e encarquilhadas Idosas más e fantasmagóricas É sempre devido aos seus corações de cães Que homens nunca conseguem se libertar Comentário: Shu era o nome do antigo estado que ocupava a metade ocidental da província de Szechuan. De acordo com Li Yi, ficou popular em Shu no fim da dinastia T’ang para as moças m oças usarem cachos de flores flore s variadas em seus cabelos. Yen Y en era o nome do antigo estado que ocupava a maioria da província de Hopei no norte da China.
169) Desde que escapei para a Montanha Fria Vivo de frutas da montanha Que preocupações teria a vida Desta vez estou seguindo o karma Dias e meses são como uma torrente O tempo somente uma fagulha Céus e Terra podem mudar Estou feliz aqui nos penhascos 170) As pessoas que vejo neste mundo Caminham ofuscadas na poeira da estrada Não sabem onde estão Ou como achar o lugar raso para travessia Suas juventudes duram somente tantos dias Seus amados não estão juntos por muito tempo Mesmo que tivesse uma tonelada de ouro Preferiria estar pobre nos bosques. 171) Há muito tempo atrás nos tempos da Liang Os adeptos das Quatro Tradições Mestre Fa-yun e Pao-chih Os Quatro Imortais e o Filósofo Fu Tornaram conhecido o ensinamento da vida E serviram como os enviados do Tathagata Construíram retiros para a Ordem E puseram suas fés no Dharma Tais foram suas realizações Mas ações querem dizer mais problemas E conduzem para longe do Caminho Eles remendaram a parede do leste com a do oeste Não conhecendo o poder da não ação Prejudicaram muito e pouco fizeram de bom Seus nomes permanecem mas não suas formas E onde estão eles hoje.
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Comentário: A dinastia Liang (502-557) durou somente poucos anos após o reino do seu fundador, o Imperador Wu (502-549). O imperador era um grande sustentador do Budismo e por três vezes ele fez de si mesmo seqüestrado, doando o dinheiro para se livrar do seqüestro para a construção de templos e mosteiros. Durante o encontro que Bodhidharma teve com o imperador, ele disse ao imperador que tais ações de nada adiantavam para a liberação final do ser humano do sofrimento. As Quatro Tradições incluem usar roupas feitas de trapos, tr apos, mendigar me ndigar para obter comida, meditar debaixo de árvores e se retirar de contatos mundanos. Pao-chih, Fa-yun Fa-y un e Fu Hsi eram eminentes monges da Liang. Histórias sobre Pao-chih, e Fu Hsi aparecem em tais compilações Zen como o Chuantenglu: 27 , e o Piyenlu: 1, 67. 67. Pao-chih recebe um tratamento mais respeitoso no verso 192. Quanto aos Quatro Imortais, alguns comentaristas incluem entre eles tais Taoístas como T’ao Hung-ching (456-536), enquanto outros acham que os primeiros filósofos Budistas como Kapila são referidos.
172) Sou pobre e ai de mim, estou doente Uma pessoa sem amigos ou parentes Não há arroz na minha tigela E poeira marca minhas panelas Uma cabana de sapé não impede a chuva Uma cama cavada mal me cabe Não imagina que esteja tão acabado Todos estes cuidados desgastam a pessoa. 173) Crie meninas mas não muitas Uma vez nascidas têm que ser treinadas Acariciando suas cabeças e as avisando para tomarem cuidado cuidado Ou dando-lhes palmadas e gritando para pararem E antes que aprendam como costurar Não tocarão uma cesta ou vassoura A velha Senhora Chang avisou às suas moças Vocês são grandes mas não se comparam comigo 174) Uma vontade resoluta não pode ser enrolada Vocês devem saber que não sou um tapete qualquer qualquer Perambulo pelos bosques e montanhas Ou me deito só numa pedra Sofistas vêm tentando me convencer Me oferecendo ouro e jade Cavam na pedra para plantar espinhos Que desperdício de tempo. 175) Para este lugar para o qual me retirei Os mistérios são difíceis de serem explicados Sem qualquer vento os cipós balançam Apesar de não haver nevoeiro os bambus ficam escuros escuros Por que as torrentes da montanha gemem Ou nuvens subitamente se juntam no penhasco Por que estou eu na minha cabana ao meio dia Quando primeiro sinto o calor dos raios do sol. 176) Eu me lembro de lugares onde estive Os belos locais cênicos onde todos vão Louco por montanhas eu subi os grandes picos 40
Adorando água velejei os mil rios Acompanhei amigos ao Vale do Pipa E levei meu violão à Ilha do Papagaio Como poderia saber que debaixo dos pinheiros Esfregaria meus joelhos num vento frígido Comentário: Confúcio disse, “Os sábios gostam das águas. Os virtuosos amam as montanhas. Os sábios são ativos e os virtuosos tranqüilos. Os sábios são alegres e os virtuosos têm vida longa” ( Lunyu: Val e Pipa se junta ao Rio Han na sua parte Lunyu: 6.21 ). O Vale mais alta e marca o fim da trilha para viajantes que iam sul para Chang-an. Dali em diante eles embarcavam em navios e prosseguiam rio abaixo até Hanyang, onde o Han se junta ao Yangtze. A Ilha do Papagaio era visível do Terraço de Violão de Hanyang, onde o grande violonista Wu Po-ya tocava para seu amigo Chung Tzu-ch’i. Quando Tzu-ch’i faleceu, Po-ya quebrou seu violão e nunca mais tocou. Durante a T’ang, a Ilha do Papagaio era um lugar popular para viajantes passarem a noite e poucos poetas deixaram de escrever e screver pelo menos me nos um poema sobre s obre a vista. A ilha desapareceu desaparece u durante durant e uma enchente no século sécul o dezessete, dezesse te, e seu nome transferido para uma outra ilha no começo do século doze.
177) Ei vocês seguidores do Caminho Buscar exaure em vão o espírito Todos possuímos uma criatura miraculosa miraculosa Com nem nome nem forma Chame-a e ela responde claramente Não mora em lugares ocultos Guardem-na bem eu insto com vocês Mantenham-na livre de ferimentos. 178) Quando pássaros cantaram nesta primavera Pensei sobre meus irmãos Quando crisântemos floresceram neste outono Pensei sobre minha juventude Água verde brotava de mil mil lugares Nuvens amarelas enchiam o horizonte Ora, depois de menos de cem anos Lembrar da Capital dói. 179) Quantas pessoas de Tientai Não conhecem o Sábio de Hanshan Incapazes de sondar sua sabedoria Chamam-na de conselhos inúteis. 180) Cheguei à Montanha Fria e todos os cuidados pararam Nenhum pensamento vadio permaneceu na minha cabeça Com nada a fazer escrevo poemas nas pedras E confio na corrente como um barco desatracado. 181) Uma lamentável casa de cem anos Com seus lados derrubados Suas paredes rachadas Seus postes inclinados Suas telhas quebradas Sua decadência não se deterá 41
Melhor deixá-la se quebrar Reconstruir nunca funcionaria Comentário: A metáfora da casa vem do Sutra do Lótus, capítulo da casa em chamas.
182) Não importa o quão elevado seja seu espírito Quão impressionante seu fitar Mesmo que atravessasse sete tábuas Ou lesse cinco linhas de uma só vez Ou dormisse num travesseiro de cabeça de tigre Ou sentasse num leito de marfim Sem qualquer grana Você não será mais quente do que o gelo Comentário: O Tsochuan O Tsochuan diz diz que o Yang Yu-chi era capaz de atravessar sete tábuas com uma só flecha ( Chengkung: ( Chengkung: 16 ). E Ying Ch’ang era capaz de ler cinco linhas de uma só vez ( Sankuochih: Sankuochih: Ying Ch’ang bio ). Um travesseiro de jade na forma da cabeça de um tigre foi desencavado no quarto século durante uma escavação do tesouro imperial do último rei da dinastia Shang ( Shihyichi: Shihyichi: 7 ). Finalmente, um feito de presas de marfim foi de certa feita presenteado a Meng Chang-chun pelo Rei de Ch’u ( Chankuotse: Y en (256-311), que se recusava a mencionar a palavra palav ra “dinheiro” e Chankuotse: Chitse ). Este uso de dinheiro vem de Wang Yen introduziu esta como substituto ( Shihshuo Shihshuo hsinyu: 10.9 )
183) Eles riem de mim, oi garoto do interior Seu rosto está um pouco magro Seu chapéu não está alto o suficiente E seu cinto está muito apertado Não é que eu não conheça a moda Quando você está quebrado não para acompanhar tudo Um dia serei rico E enfiarei uma stupa em minha cabeça Comentário: Chapéus altos eram conferidos a funcionários meritórios durante a primeira parte da T’ang. Uma stupa é uma estrutura cônica erigida sobre as relíquias do buda.
184) Compre carne com sangue ainda pingando Compre peixe ainda se debatendo e retorcendo Traga a punição a si mesmo Para manter a sua família contente Mas uma vez que você tenha morrido sua esposa volta a se casar Como alguém a poderia culpar Um dia você será como uma cama esbodegada E vocês dois finalmente se separarão 185) Quando a ladainha da vida e da morte cessará Cada renascimento fica mais confuso Até descobrirmos a jóia de nossa mente Seremos como mulas cegas seguindo nossos pés. 186) Exaura sua mente pelo lucro e fama Uma cobiça centenária para engrandecer seu corpo
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O sumiço transiente e ilusório de um pavio Enterrado num cemitério, existirá ele ainda. 187) O que é a coisa mais triste do mundo As jangadas de pecado que as pessoas constróem para chegar ao Inferno Ignorando o homem nos penhascos e nuvens n uvens Com um manto fino para as margens de sua vida No outono ele deixa as folhas caírem Na primavera ele deixa que as árvores floresçam Ele dorme pelos Três Reinos despreocupado Com o luar e o vento como sua casa. Comentário: Habitantes do inferno, seres bestiais, demônios famintos são abarcados na segunda linha. Os Três Reinos da Existência são o Desejo, a Forma e o Sem Forma.
188) Alguém suspirou, Han Shan senhor Seus poemas não fazem sentido Eu disse que para os antigos A pobreza não era desgraça A isso ele respondeu rindo Tal conversa está sem bases sólidas Bem senhor, então seja como é Com o dinheiro como sua preocupação 189) Viva sem fazer visitas Morra nem bondoso nem justo Palavras incluem membros e folhas Pensamentos contém mentiras e traições Aqueles que limpam um caminho caminho pequeno Com isso dão origem a um grande engano Dizendo terem feito uma escada para as nuvens Eles a fazem em pedaços Comentário: Próximo ao fim do Taoteching: 80 , Lao-Tzu diz, “Deixe que haja um estado tão próximo/Que as pessoas pe ssoas ouçam seus cães e galinhas/E vivam suas vidas/Sem fazerem uma visita”. Ele também diz, “Quando o Grande Caminho desaparece/Nos deparamos com a bondade e a justiça/Quando a razão aparece/Conhecemos o grande engano”. O ponto da terceira linha é que as palavras nos no s conduzem para longe da raiz rai z e para a confusão dos d os galhos. O Yiching Chitzu Chit zu diz, “A insinceridade no coração das pessoas quer dizer galhos em suas palavras”. De acordo com o discípulo de Confúcio Tzu-hsia, “Apesar de caminhos pequenos terem t erem algumas vantagens, no fim eles acabam conosco. Assim o cavalheiro os evita” ( Lunyu: E m seu se u comentário c omentário a isto, ist o, Chu Hsi Lunyu: 19:4 ). Em lista a jardinagem, cuidar de animais, adivinhações e as artes curativas como pequenos caminhos.
190) Uma garrafa é fundida em ouro Outra é moldada de barro Dêem uma olhada nestas duas Qual delas é que vai durar mais Sabendo que estas garrafas diferem Certamente que você sabe que o karma também Examine as sementes do renascimento O cultivo começa a partir de agora. 43
Comentário: No Sutra do Nirvana: 5 , 5 , o Buda compara seu corpo mortal a uma garrafa de barro e seu corpo de buda a uma feita de ouro.
191) As Colinas de Cinnabar se elevam até as nuvens Cinco Picos fitam para baixo desde o espaço A Pagoda do Ganso Selvagem se ergue ergue num penhasco Um velho salão Zen fica debaixo de um arco íris O vento balança os pinheiros e a Parede Vermelha está limpa O nevoeiro vela os penhascos e escondem a Rota Imortal O céu azul revela mil formidáveis picos Cipó ligado a cipó, rio ligado li gado a rio. Comentário: Colinas de Cinnabar é um dos vários nomes para a terra dos imortais. Dentre os oito maiores picos do Tientai está um chamado Cinco Picos, com cinco pináculos dele mesmo. A Pagoda do Ganso Selvagem se refere à pagoda do sexto século em cima da Parede Vermelha. Esta Parede Vermelha é um pequeno templo entre o Templo Kuoching e a cidade de Tientai. Seu nome vem de seu paredão que se s e parece a uma parede de tijolos. A Rota Imortal Imort al é uma trilha que vai para o norte da Parede Vermelha Verm elha até o Templo de Hukuo e a caminho passa pela Fonte das Flores de Ameixeiras.
192) Ouço dizer que Seng-yao era um homem ho mem talentoso E sortudo de viver durante os tempos Liang Apesar dele poder desenhar um cabelo no ar fino Ele não pode pintar o Mestre Pao-chih. Comentário: Chang Seng-yao viveu durante a dinastia Liang quando a patronagem imperial das artes e das religiões era excepcionalmente generosa. Seng-yao era um pintor tão habilidoso que se conta que às vezes suas pinturas se levantavam e voavam embora. Uma vez, quando foi encomendado um retrato do monge Pao-chih, o monge contorceu sua fisionomia e assumiu os doze diferentes rostos de Avalokitesvara durante a seção de pintura. Finalmente Seng-yao desistiu. Quando o pintor ia embora, o Mestre Pao-chih disse, “Aparentemente você ainda não sabe pintar o espírito”.
193) Quantos outonos eu fiquei na Montanha Fria Cantando canções para mim mesmo sem preocupações Mordiscando uma gatha uma gatha quando quando ficava com fome Amaciando o chão da mente encostado a uma pedra. pedra. Comentário: Em Sânscrito, gatha originalmente gatha originalmente se referia a qualquer remédio que usasse um veneno, como um anti-biótico. Mais tarde os Budistas usavam esta palavra para se referir a um poema de quatro linhas que resumia ensinamentos sagrados e livrava a mente dos venenos da ilusão, raiva e desejo.
194) A multidão de estrelas é a luz da noite Sozinha em cima de um penhasco antes que a lua se ponha A luminescência perfeita o lume não polido Suspensa no céu está minha mente 195) Velho e doentes anos finais de mais de cem Rosto marrom cabeça branca feliz com a vida de montanha Manto bem justo eu aceito o meu karma Por que invejaria os meios espertos de outros
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196) Fogo e fumaça destruindo tudo Uma choupana desmoronante e enorme Perguntei a um bando de meninos Há quanto tempo viviam lá dentro Do lado de fora três carroças aguardavam Ainda assim não partiriam Contentes e gordos Eram realmente de uma tolice total Comentário: No Sutra do Lótus: 3 , o Buda usa a parábola da casa cas a em chamas para representar a existência no mundo.
197) Há um si mesmo ou não Isso sou eu ou não É isso que eu contemplo Sentado num transe acima de um penhasco Entre meus pés a relva verde cresce E na minha cabeça o pó vermelho assenta Até vi peregrinos Deixando oferendas no meu ataúde 198) Vi algumas árvores na margem do rio Mais desgastadas do que é possível descrever Dois troncos ainda estavam de pé Com mil marcas de machadadas Suas folhas amarelas foram tiradas pelo gelo Suas raízes poderes desgastada pelas ondas Mas é assim que os habitates são Por que culpar céus e terras Comentário: Este poema foi claramente inspirado pelas observações de Kuei Ku (quarto século AC) para seus alunos Su Ch’in e Chang Yi: “Vocês cavalheiros nunca notaram as árvores nas margens do rio? Condutores de carroças quebram seus membros e o rio expõe suas raízes. Não têm nem um metro de sombra por cima, e seus troncos são marcados por mil feridas. E por que não culpa Céus e Terras por isso? Porque simplesmente é seus habitates” ( Yiwen leichu: 36 )
199) Em velhas rochas estão pegadas antigas Abaixo dos altos penhascos há um clareira Sempre brilhante quando a lua brilhante brilha Não há necessidade de perguntar se é para a esquerda ou para a direita. 200) A infeliz desordem humana Um paladar que nunca cansa De porquinhos assados no alho De pato assado com pimenta e sal De peixe cru sem espinhas picado De bochecha de porco assado sem pele Inconsciente da amargura da vida alheia Enquanto a deles mesmo for doce. 201) Ler não nos salvará da morte 45
E ler não nos salvará da necessidade Então porque este amor da literatura Os literatos têm melhor vida do que os outros Uma pessoa incapaz de ler Nunca encontra paz Esprema suco de alho na jurubeba E você esquecerá a amargura Comentário: A jurubeba é amarga, e o alho picante, e mascara o sabor da jurubeba. Neste caso, a jurubeba é usada para representar a dificuldade e o alho os literatos.
202) Vejo alguém enganando outros Correndo com um cesto de água Levando-o para casa em uma só respiração Mas o que sobrou na cesta E eu vejo alguém enganado por outros Assim como um alho-poró no jardim Dia a dia cortado por uma faca Ainda retendo sua vida natural Comentário: Em seu Pentsao kangmu: 26 , Li Shih-chen nota: “O alho-poró a lho-poró é também chamado de “imortal alho-poró” porque por que cresce novamente depois de ser cortado.
203) Acima da Montanha Fria a lua brilha sozinha No límpido céu não ilumina nada absolutamente Jóia preciosa celeste e sem preço Enterrada nos skandhas submergida no corpo Comentário: Os cinco skandhas são skandhas são agregados que compõe o ser humano: forma, sensação, percepção, vontade e consciência.
204) Pelo rio abaixo para observar o fluxo de jade Ou de volta ao penhasco para sentar numa pedra Minha mente como uma nuvem n uvem permanece desapegada Do que necessito no longínquo mundo. 205) Meu verdadeiro lar está na Montanha Fria Empoleirado nos penhascos além do alcance dos problemas As imagens não deixam impressões uma vez que se vão Eu vagueio por todo o universo daqui Luzes e sombras lampejam por minha mente Nem só um dharma aparece diante de mim Desde que achei a pérola mágica Posso ir a qualquer lugar, qualquer lugar está perfeito 206) O que há nas pessoas que me faz suspirar Seus infindáveis encontros com a dor e a felicidade Suas rotações de kalpa inteiro de nascimentos e mortes 207) As Montanhas Tientai são meu lar 46
Entre trilhas cobertas de nevoeiros em meio a nuvens Isso mantém hóspedes longe Penhascos de mil metros fazem se esconder fácil Acima de uma quina rochosa entre dez dez mil córregos Com um manto de cânhamo e bastão de caruru eu contorno os picos Uma vez que você tenha enxergado além da impermanência e ilusão As alegrias de vagar livremente são de fato maravilhosas. maravilhosas. 208) Não mais vemos o orvalho de hoje de manhã Na luz da madrugada desapareceu O corpo humano não é diferente E Jambu tão somente uma residência temporária Não os siga Deixe que os Três Venenos vão embora A iluminação é a aflição Que nada sobre finalmente Comentário: Dos quatro continentes de acordo com a mitologia Budista, situados no mar salgado que cerca as sete cordilheiras de montanhas que cercam o monte Sumeru, Jambu (ou Jambudvipa) se situa ao sul. É onde moram seres humanos e é o continente onde floresce o Budismo. Os Três Venenos são a raiva, a ilusão e o desejo.
209) Quando a água é tão límpida ela cintila É possível sem esforço ver o fundo Quando sua mente não tem um objetivo Nenhuma circunstância pode lhe distrair Uma vez que sua mente não casse ilusões Mesmo um kalpa não traz mudanças Se puder ter consciência disto Nada se oculta a tal consciência 210) Falar sobre comida não satisfaz a fome Falar sobre roupas não aquece a pessoa Somente comer comida satisfaz Somente usar roupas aquece As pessoas que não sabem raciocinar Somente dizem que buda é difícil de achar Olhe dentro de sua mente ali existe buda Não olhe do lado de fora Comentário: No Shurangama Sutra , o Buda diz, “Mesmo que vocês tenham ouvido a verdade, se não a praticarem, é o mesmo que não a ter ouvido. É como alguém que somente fala de comida. Tal pessoa nunca se satisfaz”. Em seu Sermão da Linha Vital , , Bodhidharma diz, “Os seres são confusos. Estão inconscientes que suas próprias mentes são o Buda. Se soubessem que suas próprias mentes são o Buda, não buscariam o Buda fora de suas mentes”.
211) O sofrimento da Roda é interminável Para frente e para trás levantando poeira A patrulha das formigas está em suas rondas rondas sem fim Os Seis Caminhos nada mais são que confusões Mudar de cabeças e trocando rostos 47
Não livra de nós mesmos Traga este inferno de escuridão a um fim Não deixe que sua mente vá se apagando Comentário: Diagramas da Roda do Renascimento são geralmente divididos em seis aros em seções que representam os Seis Caminhos do Karma.
212) A Roda de Três Eixos é inexorável Pensamento após pensamento, nunca se detém Justo quando parece que você você escapou É arrastado de volta para lá Mesmo que você vá além do não-pensamento Tal karma ainda tem seus limites O que não é parecido com achar sua verdadeira fonte Uma vez lá, para sempre lá Comentário: Diferentemente do poema anterior, esta construção da Roda divide a existência em três estados caracterizados pelo desejo, forma e o sem forma. Aqueles que moram no mais alto dos Quatro Céus do Sem Forma são descritos como estando além do pensamento bem como do não-pensamento. não-pe nsamento.
213) Ontem subi até o cume E fitei para baixo de um penhasco de mil metros Uma árvore se quedava na quina O vento desnudou seus dois membros A chuva arrancou suas folhas O sol a secou como o pó Ai de mim que uma coisa que que verdejava tanto É agora uma pilha de cinzas Comentário: No Nirvana Sutra: 38 , o Buda diz, “Aqueles que q ue são sábios sá bios vêem a vida como uma árvore na quina de um penhasco ou da margem de um rio”.
214) Quantos sábios antigos Nos ensinaram a nos voltar para nós mesmos Mas cada uma de nossas raízes é diferente Em profundidade e sensibilidade Até acharmos o verdadeiro buda Lutamos e sofremos em vão Inconscientes que uma mente límpida e pura É marca do Rei das Coisas 215) Ouvi dizer que no Monte Tientai Existe algures árvores de jade Apesar de dizer que eu procurarei procurarei Uma ponte de pedra bloqueia o caminho É por isso que estou aflito Meus bons dias quase se foram Hoje quando olhei num espelho Tudo que vi foram tufos de branco 48
Comentário: Em seu Yutientaifu seu Yutientaifu ( Rapsódia Rapsódia a uma Viagem ao Tientai ), ), Sun Ch’o (314-371) escreveu: “De árvores de jade se dependuram jóias lustrosas”. Taoístas colecionavam jóias para moer como parte de elixires. A ponte de pedra é um arco natural que cobre o vão entre duas cataratas no Tientai. Apesar de somente de trinta centímetros de largura e dez metros de comprimento, peregrinos determinados tais como Hsu Hsia-k’o (1586-1641) (1586-1 641) a atravessavam. atravessav am.
216) Uma criança que não tem um professor Nunca pegará um rato de cidade Como poderia se encontrar com pessoas virtuosas E muito menos ainda ouvir a conversa dos anciãos Porque estamos manchados por aromas ao redor de nós Devemos escolher nossos amigos cuidadosamente Se você vender peixe fresco no verão Não se torne objeto de zombarias 217) Eu fecho minha porta em vão Meses e anos continuam a se escoar Somente ouvi falar de pessoas virando fantasmas Nunca vi uma garça virar imortal O que então posso aconselhar Aceite seu karma e fique contente Olhe além das paredes da cidade Os velhos túmulos são arados em campos Comentário: Monges Taoístas são com freqüência comparados a garças, que se achava que viviam até centenas de anos e em cujas costas às vezes eram vistos voando para a terra dos imortais. Por razões geomânticas, cemitérios eram geralmente localizados justo fora dos portões norte ou oeste das paredes que cercavam e protegiam cidades de bandidos, invasores e enchentes.
218) Aqueles que conhecem Han Shan, a Montanha Fria Todos dizem que ele é louco Seu rosto não vale a pena olhar Seu corpo coberto de trapos Não compreendem minhas palavras Suas palavras não falarei Isso é para aqueles que estão por vir Visitem a Montanha Fria em algum momento 219) Aqueles que vagam entre nuvens Não têm que comprar colinas Para descidas íngremes um bastão se torna necessário E um cipó para subidas mais puxadas Pinheiros ao longo dos rios são sempre verdes Rochas ao longo do rio de todas as cores Apesar de amigos se manterem distantes Na primavera os pássaros dizem kuan-kuan Comentário: O monge Chih Tun (314-366) de certa feita tentou comprar uma montanha de um eremita que ali vivia. O eremita disse que nunca havia ouvido falar de um recluso tentando comprar terra numa montanha e Chih Tun podia ficar com ela se realmente a queria tanto ( Shihshuo Shihshuo hsinyu: 21.28 ). Kuan-kuan é a voz das águias pescadoras num poema de amor que inicia o Livro das Canções. Canções. 49
220) Enquanto permanecer no vilarejo As pessoas acham que ninguém se compara comigo Ontem fui à cidade Até os cachorros me atacavam Alguns diziam que minhas calças eram curtas curtas demais Outros reclamavam que minha camisa era comprida demais Cubra os olhos dos gaviões E tico-ticos dançam como senhores 221) O nascimento e a morte são decretados A riqueza e a fama são concedidos pelos Céus Estes são ditos dos antigos Não estou passando adiante mentiras Gênios todos morrem cedo Tolos gozam de longas vidas Criaturas estúpidas são ricas E eruditos brilhantes estão quebrados Comentário: As duas primeiras linhas já eram ditos populares no tempo de Confúcio: “Um dia Ssu-ma Niu disse preocupado, ‘Todos têm irmãos. Somente eu não tenho nenhum’. Tzu-hsia replicou, ‘Ouvi as pessoas dizendo, “A vida e a morte são decretados. A riqueza e a fama são concedidos pelos Céus”. Enquanto um cavalheiro mantém sua dignidade e trata os demais com o respeito adequado, todos dentro dos Quatro Mares são seu irmão. Por que um cavalheiro deveria se preocupar em não ter irmãos?’” ( Lunyu:12.5 anti gos. Lunyu:12.5 ) O ponto de Han Shan é ele questiona tais ditados antigos.
222) Um estado se baseia em seu povo Assim como uma árvore depende da terra terra Se o solo for profundo, vai adiante Se o solo for ralo, murcha E se suas raízes forem expostas Seus membros não produzem frutos Drenando um lago para pegar peixes Ganha somente um lucro temporário Comentário: As últimas quatro linhas se referem à taxação excessiva e suas conseqüências.
223) As pessoas não podem explicar Por que são tão loucas Os dois pássaros malignos em cima de suas cabeças As três cobras venenosas dentro de seus corações Um ou o outro bloqueiam seus caminhos Tornando as coisas difíceis de lidar Levantem suas mãos e estalem os dedos Homenagem ao Buda Comentário: A segunda linha se refere ao pássaro de duas cabeças que aparece no sutra Abhinishkramana. Abhinishkramana. Uma das cabeças come somente frutas doces, enquanto que a outra é tão invejosa e ciumenta que come somente frutos venenosos até que ambos morrem. As três cobras são a ilusão, o desejo e a raiva.
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224) Eu aprecio o caminho simples Entre obscuros cipós e cavernas de montanha O deserto tem amplo espaço para se vaguear Com nuvens brancas como companheiras Há uma estrada mas não para a cidade Somente pessoas sem mente podem subir À noite eu sento nas rochas sozinho Até que a lua suba a Montanha Fria 225) O Grande Mar não tem limites Peixes e dragões aos bilhões Todos comendo um ao outro outro Ocupados e estúpidos montes de carne Porque a mente nunca pára Ilusões se erguem como nevoeiros A lua de nossa natureza é límpida e brilhante No aberto brilha sem limites 226) Eu vejo o cume do Tientai Se elevando alto acima da multidão A rima de bambu e pinheiros no vento O timo da maré no luar Eu vejo o verde do bosque da montanha abaixo Brancas nuvens discutindo o não visto O selvagem quer dizer montanhas e águas Eu sempre amei amigos do Caminho 227) Quatro ou cinco idiotas pretenciosos Fazem coisas sem razões Antes que tenham lido uma dúzia dúzia de livros Insistem em tinta amarela O capítulo Conduta dos Eruditos Eles rotulam Código de Ladrões Eles mudam como peixes de prata E comem a encadernação de outros o utros Comentário: Dentre os capítulos do Lichi ( Livro ), o número quarenta quare nta é chamado c hamado Juhsing ( Conduta Livro dos Ritos ), Juhsing ( Conduta dos Eruditos ). O Tseitaolu ( Código do Tanglu ( Código Código de Ladrões ) se refere à seção do Tanglu Código Penal T’ang ). Nos dias de Montanha Fria, livros ainda escritos à mão em papel amarelo, e tinta amarela era usada para fazer correção onde leitores suspeitavam erros de copiadores. Os linhos Chineses não tinham uma espinha. Então, a encadernação aqui se refere às caixas protetoras construídas de uma série de dobras que eram finalmente encaixados numa tranca.
228) Sua mente é como um grande pico Seu ego não se inclina a outros Ele pode palestrar sobre os Veda Ou discutir as Três Religiões Em seu coração não sente vergonha alguma Zombando de regras e quebrando preceitos Ele se vangloria de uma lei para homens superiores 51
Dos quais ele é obviamente o patriarca Tolos todos cantam seu louvor Sábios batem palmas e riem Uma flor no espaço à toa Como pode ele evitar o envelhecimento Melhor não saber nada Sentar e não falar e não ter preocupações Comentário: Os Vedas Vedas incluem a literatura sagrada do Hinduísmo. O San-chiao ( Três Religiões ) geralmente incluem o Confucionismo, o Taoísmo e o Budismo, mas o termo também era usado durante a T’ang ao se referir ao realismo, niilismo e ao caminho do meio entre eles. O Vinaya O Vinaya é aquela porção do cânone Budista que lida com os preceitos morais ou regras usadas para governar a conduta entre monges e monjas, bem como entre os leigos. Flor no céu é um outro nome para uma ilusão. Sentar em silêncio geralmente se refere a estar sentado em meditação.
229) Todos vocês são jóias preciosas Abordo de um navio apodrecido apodrecido no mar Em frente o mastro se foi Atrás não há leme Conduzido para onde o vento o leva Se movendo com as ondas Como você chegará à margem Não sente aí somente como um poste Comentário: A metáfora do navio apodrecido está no Sutra do Nirvana: 27.
230) Tudo que vejo são tolos Empilhando mais e mais alto ouro e grãos Ficando bêbados e comendo criaturas Imaginando que estão se dando bem Inconscientes do abismo do Inferno Buscando apenas a felicidade dos Céus Mas com karmas como Vipula Como podem escapar do desastre Subitamente quando o homem rico morrer As pessoas se acotovelam ao redor se debulhando em lágrimas lágrimas Então contratam algum monge para cantar Apesar de tal paga fantasmagórica ser nula E providenciar bênçãos futuras Por que sustentar os carecas Melhor despertar ainda a tempo Não crie um inferno de escuridão Seja uma árvore que não teme vento algum Firme e imovível pelo destino Diga aos tolos que for encontrando por aí Que dêem ao menos umas duas lidas nisto Comentário: Vipula Comentário: Vipula é é nome de uma montanha na Índia. Quer dizer “enorme” em Sânscrito e era com freqüência usada pelo Buda como uma metáfora para coisas que eram sem limite aparente.
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231) Filhos do Mundo Triplo Não façam o que não é correto A quem falta este ninguém agüenta E àquele que vai longe demais é dado um basta Todas as pessoas iludidas do mundo Se aglomeram como um angu de milho Não constatam aquela pessoa que não tem preocupações Por si mesmo além do alcance deles Volte imediatamente à fonte agora mesmo Deixe que os Três Mundos se levantem e caiam Nade no Rio da Talidade Não beba a Água da Escuridão Comentário: O Mundo Triplo são os reinos do Desejo, Forma e Não Forma. A talidade quer talidade quer dizer ver as coisas tal qual são (tal de talidade), um dos epítetos do Buda, aquele que vem tal qual vem, Tathagata vem, Tathagata em em sânscrito. A escuridão é o primeiro dos doze elos da causalidade que nos ata à roda da vida.
232) Os Três Mundos estão cheios de gente Os Seis Caminhos pulula de pessoas Cobiçando a riqueza indulgindo em sua lascívia Seus corações tão maus quanto cães rábidos Mas o inferno é como uma flecha sibilante sibi lante Trazendo dores a quem atinge Num transe da madrugada até o crepúsculo Ninguém distingue o sábio Nem podem separar o bem do mal São como porcos ou carneiros É o mesmo conversar com pedras São insanamente invejosos Nem admitem seus erros Justo como porcos dentro do chiqueiro Inconscientes que suas dívidas serão chamadas Eles zombam do boi que trabalha no moinho Comentário: Os Três Mundos são o mundo do Desejo, da Forma e do Sem Forma. Os Seis Caminhos da existência incluem os habitantes dos vários infernos, demônios famintos, seres bestiais, humanos, deuses e asuras , semi-deuses que guerreiam os demais deuses. O boi representa aqueles que praticam uma disciplina espiritual.
233) Nossas vidas são circunscritas pelo pó Somos como insetos dentro de uma tigela Rodando em círculos o dia inteiro Nunca deixando nossa tigela A vida eterna está além de nosso alcance As aflições não cessam nunca Meses e anos se escoam Subitamente somos velhos 234) A Montanha Fria fala estas palavras Como se fosse um louco 53
Diz às pessoas o que acha Assim ganha o ódio deles Mas uma mente reta quer dizer palavras retas Uma mente reta não esconde nada Atravessando o Rio da Morte Quem é aquele tolo tagarela A estrada para o túmulo é larga E o karma segura as rédeas Comentário: O Naiho ( Rio Rio da Morte ) separa esta vida do purgatório purgat ório de Yama.
235) Aqui vai uma mensagem para os crentes O que é aquilo que vocês apreciam Encontrar o Caminho para ver suas naturezas Suas naturezas é naturalmente assim, desta forma, O que os Céus dão é perfeito O que conduz para fora do Caminho é a busca de provas Deixando o tronco para procurar em gravetos Tudo que se tornam é estúpidos estúpidos 236) Existe um tipo de pessoa Nem boa nem ruim Não reconhece o anfitrião Ele se volta para cada hóspede Ele sobrevive aquiescendo Um pedaço de carne completamente estúpido Apesar de possuir a torre do espírito Age como um empregado 237) Dizem que quando primeiro Shakyamuni Ouviu a profecia de Dipamkara Dipamkara e Shakyamuni Falaram somente de sábios do passado e do futuro Corpos passados e futuros não importavam Como eles diferiam não diferia Para todo e cada buda A mente é o reino do tathagata Comentário: Numa existência prévia, Shakyamuni espalhou flores de lótus e deitou seu próprio cabelo diante do Buda Dipamkara para que este último não tivesse que pisar na lama. Em seguida a isso, Dipamkara profetizou o budado futuro de Shakyamuni ( Juiying penchi Sutra ) e procedeu a listar budas prévios e entre os dois. O Sutra Avatamsaka diz, “Todos os tathagatas partilham do mesmo corpo do dharma, da mesma mente, da mesma sabedoria”.
238) Ouvimos falar dos ministros de estado Seus ornamentos vermelhos e púrpuras de hierarquia h ierarquia Suas riquezas ilimitadas e incontáveis honras Suas buscas de glória e resistência à vergonha Seus pátios cheios de escravos e estábulos de cavalos Seus cofres cheios de prata e ouro 54
Mas o paraíso de um tolo é breve consolação Para alguém que constrói seu próprio inferno Ele subitamente morre e todos os planos param Filhos e filhas se ajuntam para chorar Inconscientes do desastre iminente Porque se apressava tanto Sua família está arruinada e espalhada Sem qualquer comida para comer Com frio e fome e miseráveis E tudo devido à ignorância 239) A mente da pessoa superiora é terrivelmente aguçada Ele ouve e conhece o mistério A mente da pessoa média é clara bastante Ele pensa e diz que é profundo A mente da pessoa inferiora é obtusa e turva Um imbecil é difícil de quebrar Somente quando sua cabeça está ensangüentada É que percebe que está falido Ele vê o culpado que abriu seus olhos Toda a cidade se ajunta para o julgamento Mas então tratam seu cadáver como pó E então para quem ele dirá Meninos e homens crescidos Uma cortada decepa em dois Um rosto humano e um coração de animal Quando terminará a criação Comentário: As pessoas condenadas à morte eram executadas e seus corpos colocados à mostra na praça do mercado.
240) Tenho seis irmãos E um deles é ruim Eu bateria nele se pudesse Eu ralharia com ele mas não posso Onde quer que vá é inútil Tudo que quer é riqueza riqueza e sexo Uma olhada e ele se apaixonou Sua luxúria excede aquela dos rakshasas Nosso pai odeia lhe ver Nossa mãe não está feliz com isso Finalmente eu o peguei E lhe xinguei e bati forte Levei-lhe a um lugar deserto E lhe disse cara a cara Você tem que mudar seus caminhos Uma carroça capotada tem que mudar de trilhos Se você não acreditar nisso Nós nos destruiremos mutuamente 55
Se você aceitar minha advertência Sobreviveremos de alguma forma Desde então nos tornamos amigos Melhor do que bodhisattvas Que aprende como fazer metal Refina três montanhas de minério No meio tempo a harmonia É o que todo mundo elogia. Comentário: Dos seis sentidos, a mente é o mais ingovernável. Há uma consciência separada associada com cada um destes sentidos bem como um sétimo (o pai) para o cálculo e um oitavo (a mãe) para a provisão. Os rakshasas são rakshasas são uma variedade de demônios associados com a luxúria. As três montanhas se referem ao karma criado pelas ações do corpo, boca e mente, enquanto que o metal se refere à natureza de buda dentro de nós.
241) Vejo as pessoas por toda parte Dignas e amantes da forma Não retribuindo a bondade de seus pais Com mentes pequenas Incorrendo em dívidas com outros Não embaraçados até que tenham cascos Cuidando de esposas e filhos Não sustentando seus pais Tratando irmãos como inimigos Sempre aborrecidos Lembrando de quando eram jovens Pedindo aos deuses que os façam mais velhos E agora são filhos indignos Dos quais o mundo tem grande estoque Compram carne e nunca dividem Limpam os lábios e dizem que estão bem Falam sobre si mesmos Suas sabedorias não conhecem rivais O velho touro fita zangado Quando vê que seu tempo acabou Ele pega um buda para venerar E escolhe um monge para sustentar Mas quando um arhat mendiga comida Ele o expulsa de sua porta Inconsciente daquela pessoa que não faz esforços Que nunca assume forma alguma Ele convida clérigos eminentes E lhes dá esmolas e dinheiro Mestres do Dharma como Yun-kuang Com chifres na cabeça A menos que sua mente seja imparcial Nenhum sábio aparecerá Tolos e sábios são o mesmo Termine o seu apego à forma
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Comentário: As linhas cinco e seis se referem a Lu Po-ta, que pegou emprestado dinheiro e jurou diante de uma estátua de um buda que se deixasse de pagar o empréstimo, renasceria como um boi. Ele deixou de pagar e faleceu um ano mais tarde. Subseqüentemente, um bezerro com o nome de Lu Po-ta em sua testa nasceu no rebanho de seu credor. Arhats são Arhats são monges. Yun-kuang era um monge que achava que ele era bom demais para ser limitado pelos preceitos. Ele também renasceu como um boi.
242) Vejo um pássaro de cinco cores Comendo sementes de bambu numa árvore paulownia Se movendo com graça de dignidade Cantando cada nota na escala musical Por que ele finalmente veio Aparecendo brevemente diante de mim mim Sempre que ouve o som de instrumento de cordas Dança e desfruta do dia Comentário: Talvez as cinco cores se refiram aos poemas de cinco caracteres de Montanha Fria, dos quais temos estes trezentos exemplos. A descrição das primeiras quatro linhas se referem ao fênix de cor do arco íris, que somente pousa nos galhos da paulownia, somente come semente de bambu e somente aparece àqueles que cultivam a virtude.
243) Era tão pobre no passado Toda noite contava o tesouro de outros outros Hoje finalmente cheguei à conclusão Que precisava trabalhar para mim mesmo Então cavei e descobri um tesouro Consistindo em nada mais do que cristais Então um estrangeiro de olhos azuis Me fez uma oferenda secreta Eu lhe disse imediatamente Essas jóias não estão à venda Comentário: As primeiras duas linhas são parafraseadas do Sutra Avatamsaka: 10. 10. O estrangeiro de olhos azuis é Bodhidharma, o Patriarca que transmitiu a meditação na China.
244) Toda minha vida preguiçoso demais para trabalhar Favorecendo o leve sobre o pesado Outros tomam a si uma carreira Eu seguro um sutra Um rolo de papel com nada dentro Eu o abro onde quer que esteja Para toda doença tem uma cura Cura com qualquer coisa funciona Uma vez que sua mente não tenha um plano Onde quer que você esteja, está alerta 245) Os sem casa que eu conheço Não praticam a profissão dos sem casa Você sabe quando a pessoa é sem casa Suas mentes são puras e desapegadas Transparentes e sem segredos 57
Livres e naturalmente assim Os Três Reinos não as afetam Os Quatro Nascimentos não os restringe Sem quaisquer planos ou cuidados Eles vagueiam para sempre contentes Comentário: Os Três Reinos são o Desejo, a Forma e o Sem Forma. Os Quatro Nascimentos incluem nascimento por ovo, por feto, por humidade (vermes e peixes), e metamorfose (devas e os primeiros seres ser es de todos os mundos).
246) Recentemente fui a um templo nas nuvens E me encontrei com alguns padres Taoístas Seus chapéus de estrelas e capas como a lua l ua tortas Eles explicaram que viviam nos lugares selvagens Eu lhes perguntei sobre a arte da transcendência Eles disseram que estava além da comparação E a chamaram de o poder incomparável O elixir enquanto isso era o segredo dos deuses E estavam aguardando uma garça quando morressem Ou alguns diziam que iam embora cavalgando um peixe Depois pensei sobre isso E conclui que eram todos tolos Vejam uma flecha que é atirada atirada para os céus Que rapidamente volta para a terra Mesmo que pudessem ser imortais Seriam como fantasmas do cemitério Enquanto a lua de nossa mente brilha brilhante Como podem fenômenos se comparar Quanto à chave da imortalidade i mortalidade Dentro de nós está o chefe dos espíritos Não siga o Senhor do Turbante Amarelo Persistindo na idiotice, segurando dúvidas Comentário: Durante a T’ang, chapéus Taoístas eram às vezes decorados com pedaços de jade para indicar constelações importantes para o usuário. Aparentemente suas capas eram similarmente decoradas com a lua. Os Turbantes Turbant es Amarelos eram uma seita seit a Taoísta da dinastia Han cujo nome mais tarde ficou associado com aqueles que praticavam alquimia e mágica. O imortal Taoísta Wang Tzu- ch’iao cavalgou numa garça para a terra dos imortais, enquanto que Ch’in Kao cavalgou numa carpa.
247) Neste vilarejo há uma casa Uma casa sem dono Na terra já está brotando capim A água aparece como gotas de orvalho O fogo acende um bando de ladrões O vento cata uma nuvem escura de chuva Busque lá dentro pelo ocupante Uma pérola escondida entre trapos Comentário: O bando de ladrões são os seis sentidos. No Sutra Lankavatara: 28, a pérola escondida em trapos se refere à mente cósmica.
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248) Aqui está um poema para vocês jovens senhores Ouçam a história de Shih Ch’i-nu Seus oitocentos servos E trinta engenhos de água Na parte de baixo ele criava peixes e pássaros Na parte de cima ele soprava flautas e trombones Na guilhotina ele esticou seu pescoço Ele era louco por Pérola Azul. Comentário: Shih Ch’i-nu (249-300) era fabulosamente rico e tinha dúzias de amantes, mas ele amava somente Pérola Azul. Quando o poderoso Sun Hsiu enviou uma mensagem requisitando a sua presença, Shih se recusou a cedê-la. O que resultou na execução de Shih ( Shihshuo Shihshuo hsinyu: 36:1 )
249) Por que estou tão inquieto A vida é um cogumelo que que dura somente um dia Do que vale uma outra década Com amigos e família tendo ido embora Pensando nisto eu fico triste E a tristeza eu não agüento O que farei então Me confiarei à montanhas para sempre Comentário: Chuang-Tzu diz, “O cogumelo de um dia só nada sabe de madrugada ou entardecer”
250) Seus trapos são devidos às suas ações passadas Não culpe seu corpo presente Quem insiste que são de um túmulo É um tolo maior ainda Quando finalmente virar um fantasma Você empobrecerá seus herdeiros A resposta é simples e direta Porque você está tão pálido Comentário: As linhas três até seis se referem à crença Chinesa que a localização do túmulo tem influência sobre as vidas dos membros da família que sobreviverem. Também os gastos com um funeral podem ser muito altos.
251) Vejo o Rio Amarelo E quantas vezes fica límpido Sua correnteza como uma flecha Nossas vidas como tantas lentilhas d’água Nossa ignorância provém do karma Nossa ilusão vales de tristeza Revolvemos por incontáveis kalpas Porque nos mantemos cegos Comentário: Mais ou menos de cem em cem anos o Rio Amarelo fica límpido, geralmente devido a uma seca prolongada. Era uma ocorrência suficientemente rara para ligar à aparição de um sábio no trono.
252) Seus dois aspectos são aberto e fechadod 59
Entre os quais todos nós vivemos Ele nos engana com nevoeiro Ele nos acorda com vento Ele cuida de nós com riquezas Ele nos dá a pobreza Para o tipo de pessoa comum Tudo vem do Senhor dos dos Céus 253) Crianças eu imploro a vocês Saiam da casa em chamas agora Três carroças aguardam do do lado de fora Para salvar-lhes de uma vida sem casa Relaxem na praça da aldeia Diante do céu tudo é vazio Nenhuma direção é melhor ou pior O leste é tão bom quanto o oeste Aqueles que conhecem o significado disto São livres para ir onde quiserem 254) Tristes criaturas de uma existência transitória Vida depois de vida infindávelmente Dia depois de dia sem qualquer descanso Ano depois de ano ficando velho inconscientemente Sempre trabalhando para comida e roupas Aborrecendo suas mentes com aflições Indo em círculos por milhões de anos Para frente e para trás nos três caminhos odiosos Comentário: Os três caminhos odiosos são aqueles que levam ao renascimento como seres bestiais, demônios famintos ou habitantes dos vários infernos.
255) As pessoas buscam estradas de nuvens Mas estradas de nuvens não podem ser achadas Os picos são altos e escarpados As torrentes são amplas e escuras Penhascos se elevam por toda parte Nuvens se deslocam pelo leste e oeste Eu lhes direi onde estão estradas nas nuvens Estradas nas nuvens estão no espaço Comentário: Nuvens se referem ao reino dos Taoístas, que buscam transcender este corpo mortal e cavalgar seus espíritos imortais pelos céus para a terra dos imortais.
256) Onde Montanha Fria mora em paz Não é uma estrada viajada Quando ele se depara com pássaros na floresta Cada um canta sua cantiga de montanha Plantas sagradas se alinham pelos rios
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Velhos pinheiros se agarram a penhascos Ali está ele sem cuidados Descansando numa perigosa lage 257) Os Cinco Picos viram pó Sumeru se torna uma colina de um centímetro O oceano vira uma gota d’água Chupada no campo de mente Onde uma semente bodhi brota e cresce O deus entre deuses que tudo abarca Todos vocês amigos do Caminho Tenham a certeza de não atar os Dez Nós Nós Comentário: Os Cinco Picos se referem às cinco montanhas escolhidas para veneração especial pelos Chineses de acordo com a teoria dos cinco estados de existência: água: Hengshan (Shansi), madeira: Taishan (Shantung), fogo: Hengshan (Hunan), metal: Huashan (Shensi), terra: Sungshan (Honan). O Monte Sumeru é o centro deste mundo de acordo com sutra budista e tem tantas léguas de altura quanto as areias do rio Ganges. Bodhi é Bodhi é Sânscrito para “iluminação”, e uma semente de bodhi se refere ao “fruto” da árvore sobre a qual Shakyamuni se iluminou. Um deus entre deuses se refere à árvore completamente crescida bem como ao buda. Os Dez Nós nos impedem de escapar dos liames do sofrimento e incluem falta de vergonha interna, falta de vergonha externa, inveja, mesquinharia, arrependimentos, preguiça, atividade, estupidez, raiva e segredos.
258) Pegue suas roupas se tiver frio Não peça um manto a uma raposa Ache sua própria comida se tiver fome Não peça a uma cabra por uma refeição Fiando-se em carne e peles Você terá arrependimentos e tristezas tristezas Uma vez tendo ido embora a consciência Não há nunca bastante comida e roupas. Comentário: Linhas dois e quatro são parafraseadas de histórias que não existem mais, mas que foram citadas no Peiwen yunfu: no Taiping yulan: 208 , no qual a raposa e a cabra fogem e se escondem esc ondem quando alguém se aproxima delas e lhes oferece ouro 26 e no Taiping por suas peles e carnes. carn es.
259) Eu amo as alegrias das montanhas Perambulando completamente livre Dando a um corpo aleijado mais um dia Pensando pensamentos que não levam a nada Às vezes abro um velho sutra Com mais freqüência subo numa torre de pedra E fito a distância do penhasco de mais de mil metros Ou vou para cima até onde as nuvens se enroscam Onde a lua de inverno soprada pelos ventos Se parece com uma garça voando solitária 260) Imaginem um rei da roda Cercado por mil filhos Transformando o reino com boas ações Adornado com as sete jóias
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As sete jóias onde quer que ele vá Adornado por toda maravilha Até que um dia suas bênçãos acabam Como um passarinho que nidifica nas correntezas Ou um besouro no pescoço de um búfalo Qualquer um dos Seis Caminhos do Karma Quão menos podem as pessoas comuns Manter o que não dura A vida e a morte são como tochas rodopiando Renascimentos tão incontáveis quanto sementes de cânhamo A menos que você acorde em breve breve Terá desperdiçado estes anos humanos humanos Comentário: Na Índia, um cakravartin (rei cakravartin (rei da roda) era um regente cuja carruagem podia viajar em qualquer direção sem encontrar uma fronteira. Tal rei era descrito como tendo mil filhos e possuindo os sete tesouros: a roda de ouro, elefantes, cavalos rápidos, a gema que realiza os desejos, ministros capazes, mulheres lindas, e ministros leais. Uma tocha, quando girada em círculo, dá a impressão de uma roda de fogo, que é uma ilusão. Em seus sermões, o Buda com freqüência lembrava a seus discípulos o quão raro é nascer como humano e quão mais raro ainda é ouvir o Dharma.
261) O rio da planície inundada é amplo As Colinas Cinnabar se estendem às Quatro Visões A Cidade dos Imortais é uma flor no céu A multidão de picos é uma tela vasta e verde Ao longe não importa onde fite Penhascos todos se inclinam me dando boas vindas O farol solitário além da quina do mar Para toda parte espalha sua fama Comentário: As primeiras três linhas apresentam a vista do cume do Tientaishan. Na linha um, olhando para o sudoeste a pessoa pode ver o Rio Shihfeng serpenteando serpent eando em direção a Linhai, há trinta quilômetros quilômetr os de distância, onde se encontra encont ra com o Rio Yungan e se torna o Rio Chiao. Enquanto o Chiao continua para o leste por outros cinqüenta quilômetros até o mar, as chuvas de verão expandem sua largura por mais de dois quilômetros. Na linha dois, a fitada do observador começa com o Tanchiu Tanchiu (Colinas do Cinnabar) trinta quilômetros ao sudeste justo ao norte da planície inundada e continua para o norte por cinquenta quilômetros até o Ssuming (Quatro (Quatro Vistas). Finalmente, na linha três, o espiral solitário Hsientu (Cidade Hsientu (Cidade dos Imortais) fica quase visível há cem quilômetros para o sudoeste. As últimas duas linhas se referem ao Tientai, mas aqui Montanha Fria está aplicando o nome a uma grande cordilheira que abarca todos os picos que podem ser se r vistos do cume.
262) Todas as pessoas que vejo Vivem durante um tempo tempo e depois morrem Dezesseis apenas ontem Uma juventude forte e apaixonada Hoje com mais de setenta Sua força e aparência há muito tempo perdidas Justo como uma flor de primavera primavera Desabrochando de madrugada e no crepúsculo desaparecida 263) Se elevando além do céu Uma estrada enrosca-se pelas nuvens Uma torrente cai numa cachoeira de trezentos metros Parece uma cascata de seda 62
Abaixo está a Caverna do Refúgio Refúgio Através fica a Ponte do Destino Tientai não tem comparações Comentário: Próximo ao cume do Tientai, duas torrentes se juntam e formam uma cachoeira com mais de trezentos metros de altura. No topo da cachoeira está uma ponte natural de pedra que fica estreita até chegar a trinta centímetros. Aqueles Aquel es que a atravessam são ditos colocar suas vidas nas mãos do destino.
264) Eu sento em cima de uma pedra A torrente está gelada Alegrias calmas têm charmes especiais Penhascos nus no nevoeiro encantam Este é um lugar de tanto descanso O sol se põe e as sombras das árvores crescem Eu observo o chão de minha mente E um lótus nasce da lama 265) Quando eremitas se escondem da sociedade A maioria vai para as montanhas Onde cipós verdes encobrem as encostas E torrentes de jade dão um eco que não é quebrado Onde reina a felicidade E o contentamento dura Onde mentes de puro lótus branco Não são manchadas pelo mundo enlameado Comentário: O lótus branco é o mais raro e fragrante de todos.
266) Aqui está um conselho para aqueles que comem carne Que comem sem refletir Coisas vivas eram originalmente sementes O futuro depende de ações presentes Tomando alegrias presentes Sem temor de tristezas vindouras Um rato entra dentro de um jarro Mas não pode sair quando está saciado 267) Desde que saí de casa Desenvolvi um interesse em ioga Contraindo e alongando o Todo dos quatro membros Observando atentamente o Completo dos seis sentidos Usando roupas toscas o ano todo Comendo comida rústica de manhã e de noite Completamente no caminho até agora Estou esperando encontrar com um buda b uda Comentário: Budistas acrescentam a mente aos seis sentidos.
268) Meus poemas de cinco palavras eram em número de quinhentos 63
Meus poemas de sete palavras sententa e nove Meus poemas de três palavras vinte e um No total seiscentas rimas Geralmente os escrevo em penhascos Me gabando de boa caligrafia Quem puder sondar meus versos É verdadeiramente a mãe dos budas 269) Preocupações diárias são sem fim O apego à vida nunca pára Esfalfantemente trabalhando a rocha da terra Ninguém tem descanso As estações murcham e mudam Festivais subitamente passam Responda o dono da casa em chamas Cavalgue o touro branco do lado de fora Comentário: Em seus ciclos anuais solares, os Chineses contam oito chieh (festivais): chieh (festivais): o primeiro dia de cada uma das quatro estações e o meio delas. Nas últimas duas linhas, Montanha Fria novamente lembra a parábola da casa em chamas do Sutra do Lótus: 3. A casa em chamas é o mundo, e saímos dela através da prática da meditação.
270) O Imperador Wu da Han dizem E o Primeiro Imperador da Ch’in Ambos apreciavam artes alquimistas Mas não conseguiram prolongar a vida A Torre de Ouro foi derribada derribada O Monte de Areia não mais existe Maoling e Liyueh Hoje nada mais são que ervas daninhas Comentário: O Imperador Wu da dinastia Han (141-87 AC) construiu a Chintai (Torre Chintai (Torre de Ouro) para se comunicar com os imortais e coletar orvalho puro na esperança que prolongaria sua vida. A torre foi erigida próxima à velha capital de Hsienyang e tinha mais de trinta metros de altura. O Imperador Wu foi enterrado em Maoling, a vinte quilômetros ao oeste de Hsienyang. O Primeiro Imperador da dinastia Ch’in (247-219 AC) faleceu em Shachiu Shachiu (Monte de Areia) enquanto viajava da costa para Hsienyang. Ele foi enterrado a cinqüenta quilômetros a leste da capital aos pés de Liyueh. Ambos imperadores eram conhecidos como interessados em elixires que prolongassem a vida e contudo suas ingestões de tais substâncias como sulfeto de mercúrio podem ter sido a causa de suas mortes.
271) Eu me lembro vinte anos atrás Meus passos vagarosos que se detiveram em Kuoching As pessoas no Templo de Kuoching Todos concordaram que que Montanha Fria era um tolo E por que era eu um tolo Porque não podia raciocinar Mas eu não sabia quem eu era Muito menos ainda podiam eles saber Somente inclinei minha cabeça e não perguntei Por que perguntar de qualquer forma As pessoas ainda assim me repreendiam
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Isso é algo que conheço bem E apesar de não responder Acabei levando vantagem Comentário: O templo de Kuoching foi primeiramente construído em 598 no local da choupana de Chih-yi no ano seguinte à sua morte. Chih-yi foi um dos fundadores da seita Tientai e o templo era inicialmente chamado de mosteiro de Tientai. Seu nome foi alterado para Kuoching em 605. Durante as dinastias T’ang e Sung era um dos mais importantes e bem financiados centros monásticos da China.
272) Ei vocês que deixam o lar O que quer dizer deixar a casa Uma coisa muito útil para ficar famoso Adotando um outro nome de família família Com discurso adocicado e lábios aduladores Corações obsequiosos como ganchos políticos O dia todo em seus salões de templos Recitando sutras e conduzindo cerimônias Queimando incenso para os budas Tocando sinos e cantando Fazendo coisas da manhã à noite Não se deitando à noite Tudo porque você ainda adora adora o dinheiro Então suas mentes não estão livres Alguém no Caminho Superior Por outro lado vocês zombam e menosprezam Cocô de burro disfarçado de almíscar Grande Buda Sofredor Comentário: Deixar a casa quer dizer virar monge ou monja. Aqui quer dizer que o caminho superior está numa coisa interna e não em práticas externas.
273) Novamente vejo aqueles que deixaram o lar Tanto os capazes quanto os fracos Aqueles de conduta imaculada Deuses e espíritos louvam suas condutas Regentes partilham seus assentos Nobres os escoltam e dão as boas vindas Enquadrados para servir campos de bênçãos São protegidos pelo mundo Enquanto isso àqueles a quem toda sabedoria falta Lidam em mentiras e cobiça infindável Renomados por corrupção Encantados pela beleza e riqueza Usam os mantos dos abençoados Ainda buscam status e lucro Dão empréstimos com grandes juros Não são justos no que fazem Todo dia um novo crime Suas costas sempre em chagas 65
Ainda assim não imaginam As dores infindáveis do Inferno Até que um dia submetidos à doença doença Deitam doentes três longos anos Apesar de terem a natureza de Buda Buda Se tornou o ladrão das trevas Homenagem ao Buda Eles buscam Maitreya em outras partes Comentário: Monges são às vezes chamados de campos de benção, porque dão a outros a oportunidade de ganhar méritos. Maitreya é o buda do futuro.
274) O que eu aprecio no Penhasco Frio é como é remoto Ninguém vem para cá nestas bandas Um grande pico penetra as nuvens Um grande macaco urra no cume O que poderia me agradar mais Meu coração contente eu gozo da velhice As estações alteram minha aparência Mas a pérola de minha mente é mantida segura 275) Sempre amei amigos do Caminho Sempre dei a máxima atenção a amigos do Caminho Encontrando um viajante com uma fonte silenciosa Ou cumprimentando um hóspede falando sobre o Zen Falando do não visto numa noite enluarada enl uarada Buscando a verdade até a madrugada Quando as dez mil razões desaparecem Finalmente vemos quem somos 276) Vocês não são realmente eremitas Somente se chamam de reclusos Aqueles outros nunca usariam seda Prefereriam uma bandana de cânhamo Tome o caso de Ch’ao e Hsu Com vergonha de servirem Yao e Shun Vocês são como macacos com aqueles chapéus Macaqueando aqueles que têm vergonha do pó e do vento Comentário: Durante a dinastia T’ang, ficou bastante comum para aqueles buscando postos oficiais de se “retirarem” para o campo para serem se rem notados na corte c orte por p or suas “purezas”. Ch’ao Fu F u e Hsu Yu eram dois reclusos que viveram há mais de quatro mil anos atrás durante os reinos dos imperadores sábios Yao e Shun. Ambos declinaram pedidos de tomarem os tronos de seus regentes respectivos.
277) Dentre os sábios do passado Houveram quantos que sobreviveram Viveram e então morreram Todos viraram cinzas e pó Seus ossos empilhados seriam da altura do Vipula 66
Suas lágrimas de despedida formariam um mar Somente sobram seus nomes vazios Nenhum escapou da Roda do Nascimento e da Morte Comentário: No Sutra do Nirvana: 22, o Buda diz, “Todo ser no decurso de um kalpa empilha ossos suficientes para rivalizar com o Monte Vipula de Rajgir”.
278) Hoje sentei diante dos penhascos Sentei até que a neblina fosse embora Uma só torrente de cristal Um só cume de jade A sombra de uma nuvem da da madrugada não ainda se movendo movendo A luz da lua à noite ainda à deriva Um corpo livre do pó Uma mente sem preocupações 279) Dentre mil nuvens e torrentes Há um homem desocupado algures Vagando pela montanha durante o dia Dormindo debaixo dos penhascos à noite Observando primaveras e outonos passarem Livre de preocupações e lidas mundanas Feliz montado no nada Silencioso como um rio no outono 280) Detenham-se imediatamente eu imploro a vocês Não provoquem o velho Yama Um erro e para baixo vão Esmagados por mil golpes E no Inferno ficarão muito tempo Separados para sempre desta vida Levem a sério minhas palavras eu friso Encontre a jóia que já está dentro de suas roupas Comentário: Yama é o juiz dos mortos. A jóia dentro da roupa se refere ao Sutra do Lótus: 8, onde um homem pobre fica bêbado na casa de um amigo rico. Esse tece uma jóia dentro do casaco do pobre e vai embora e quando o pobre acorda não acha a jóia e vive na pobreza ainda muito tempo até encontrar novamente o amigo rico, que lhe pergunta: “Mas por que você ainda está pobre, e aquela jóia de valor incalculável que costurei na sua roupa?”
281) Existe um tipo de pessoa Que merece nossas risadas Ele deixa o lar disfarçado Fazendo leigos acharem que ele é sábio Apesar de suas roupas estarem livres do pó Embaixo delas está cheio de pulgas e piolhos Ele ficaria melhor em uma casa Descobrindo sua mente interna 282) Desde um elevado pico da montanha 67
A vista se estende para sempre Sento aqui desconhecido A lua solitária ilumina a Montanha Fria Na primavera não há lua A lua está no céu Canto essa cantiga única Uma canção na qual não há Zen 283) O Senhor Wang o Graduado Ri de minha pobre versificação Não conheço a cintura de uma vespa Nem muito menos o joelho de uma garça Não consigo manter meus tons bemóis direito Todas minhas palavras vêm atrapalhadas Rio dos poemas que ele escreve As canções de um cego sobre o sol Comentário: Um graduado era a designação aplicada a alguém que havia passado o primeiro de vários exames que conduziam a uma indicação a um cargo oficial. Dentre os oito erros de versificação identificados por Shen Yueh (441-513), a cintura de uma vespa se referia a casos onde a segunda e quinta palavras de uma linha de cinco palavras tinham o mesmo tom. O joelho de uma garça se referia a quando a última palavra da primeira e terceira linhas tinham o mesmo tom. Aqui, as linhas dois, quatro e cinco todas traem o primeiro erro, enquanto que o joelho da garça aparece nas linhas um e três. O verso regulado reconhecia dois tons básicos: bemóis e modulados. Todas as palavras de rima deviam ser em bemóis, e Montanha Fria ignora essa regra também.
284) Em vivo no campo Sem pai nem mãe Sem nome e hierarquia As pessoas me chamam de Chang ou Wang Ninguém quer ser meu amigo Sou pobre e comum Mas contente que minha mente seja verdadeira Tão dura quanto o diamante diamante Comentário: Chang ou Wang são nomes comuns
285) Montanha Fria fala estas palavras Nestas palavras ninguém acredita O mel desce fácil A jurubeba é difícil de engolir A concórdia faz com que todos fiquem fiquem felizes A oposição os enlouquece Todos que vejo são como bonecos Representando uma outra tragédia 286) Vejo pessoas cantando sutras Se baseando nas palavras de outros Bocas funcionando sem suas mentes Bocas e mentes díspares A mente na verdade na verdade verdade não contém confusões 68
Não cria paredes ou correntes Somente examine a si mesmo Não procure um substituto Aquele que domina sua própria boca Não conhece dentro ou fora. Comentário: Era comum empregar um substituto para fazer o serviço militar ou até para sofrer certos tipos de punição legal.
287) A Montanha Fria nada mais é que nuvens Isolada e livre de poeira Um eremita tem um colchão de palha A lua é sua lâmpada solitária Sua cama de pedra contempla de cima uma piscina Seus vizinhos são tigres e veados Preferindo as alegrias da solidão Ele permanece sendo uma pessoa além da forma 288) Os veados moram fundo nas montanhas Sobrevivendo e água e capim Se esticando debaixo das árvores para dormir Que maravilha não ter preocupações Mas amarre-os num salão sofisticadod E lhes dê da melhor comida E não darão uma só mordida o dia inteiro E logo acaba suas graças 289) Um papa-figo num galho florido Kuan-kuan encanta seu som Uma beleza com rosto de jade Responde com cordas cantantes Ela nunca cansa de tocar Tal amor é para os anos de dentes de leite Mas flores se vão e pássaros criam asas asa s E lágrimas tombam no vento da primavera Comentário: Kuan-kuan é o som atribuído a pássaros no Livro das Odes ( Shihching Shihching ), onde o amor também é o tema. Aqui o papa-figo representa o amante d a moça, que vai embora logo que suas flores se vão.
290) Relaxando abaixo da Montanha Fria As surpresas são bem especiais Pegando uma cesta para juntar plantas selvagens Trazendo-a de volta cheia de frutas frutas Espalhando capim fresco para uma refeição simples Mordendo cogumelos mágicos Lavando minha colher e tigela numa piscina Fazendo um cozido de sobras Sentando no sol enrolado num manto Lendo os poemas dos antigos 69
291) Aqui onde me quedei de certa feita Já se passaram sete décadas As pessoas que conhecia se foram Enterradas em velhos montes Desde então minha cabeça ficou branca E ainda freqüento uma montanha de nuvens Aqui vai uma mensagem àqueles àqueles que virão Por que não ler algumas velhas linhas 292) As pessoas de pensamento rápido com que me deparo Olham e sabem o significado Não ligam para escrituras Vão direto para o estágio de buda Seus corações não caçam conexões Suas mentes não formam ilusões Uma vez que coração e mente estejam tranqüilos Todo trabalho está acabado dentro e fora 293) Vestidos em roupas de flores do céu Usando sapatos de cabelo de tartaruga Agarrando arcos de chifre de de coelho Caçam os fantasmas das ilusões Comentário: Flores no céu, cabelo de tartaruga e chifres de coelho são metáforas Budistas para a natureza ilusória dos fenômenos.
294) Olhe a flor entre as folhas Por quanto tempo existirá Com medo da mão de alguém hoje Temendo aqueles com uma vassoura vassoura amanhã O infeliz amor da graça Os anos vêm e envelhecemos Compare sua vida com a de uma flor Bochechas rosadas não duram muito tempo 295) Vá adiante e estoque chifres de rinoceronte Use olhos de tigre se quiser Use um galho de pessegueiro para afastar o mal Use dentes de alho como contas Aqueça sua barriga com vinhos medicinais medicinais Alegre seu coração com sopas longevas Ainda assim não se pode escapar do fim Tentar viver para sempre é em vão Comentário: Chifre de rinoceronte, olhos de tigres secos, madeira de pessegueiro e dentes de alho eram usados para exorcismo.
296) Como humanos temos necessidades Mas que nossos amores sejam poucos 70
Envelhecemos mas não ficamos livres Aos poucos somos expulsos Para algumas colinas desoladas Onde uma vida de sonhos é jogada fora Por que cercar o lugar depois que as ovelhas se foram Os corações partidos nunca cessam 297) A Montanha Fria é um penhasco à prova de vazamentos Um penhasco que faz um porto perfeito Os oito ventos sopram sem efeito As eras tornaram conhecidas suas belezas Solidão e descanso bem vindo Liberdade de multidões e escárnios A lua solitária brilha à noite O sol redondo geralmente brilha A Colina do Tigre e a Torrente do Tigre Tigre Não são bons exemplos Os tutores reais da época Não podem se comparar com Chou ou Shao Desde que me retirei para o Penhasco Frio Fico contente de rir e cantar Comentário: Budistas Chineses usam a palavra lou (vazamento) lou (vazamento) para traduzir asvara ou klesha do klesha do Sânscrito, que se referem à Torrente da Transmigração bem como as paixões responsáveis por nos manter na Torrente. Os oito ventos são: ganho e perda, fama e vergonha, elogio e repreensão, alegria e tristeza. A Colina do Tigre em Suchou e a Torrente do Tigre em Lushan eram localizações de bem conhecidos centros Budistas. Os duques de Chou e Shao eram regentes virtuosos da dinastia Chou que dividiram o reino entre eles até que seus sobrinho fosse de idade para ascender o trono como o Rei Ch’eng.
298) Monges Budistas não mantém seus preceitos Padres Taoístas não tomam suas pílulas Contem os sábios que viveram Estão todos ao sopé da colina 299) As pessoas riem de meus poemas Meus poemas são suficientemente elegantes Não necessitam dos comentários de Cheng Hsuan Muito menos das explicações de Mao Heng Não me importo que poucos me compreendam Aqueles que conhecem a própria própria voz são raros Se não tivéssemos nem fá nem sol Minha doença com certeza se espalharia Um dia encontrarei alguém com olhos Então meus poemas infestarão o mundo Comentário: Cheng Hsuan e Mao Heng ambos viveram durante a dinastia Han e eram conhecidos por seus comentários ao his tória sobre Yu Po-ya e Chung Tzu-ch’i, que aparece no Shihching ( Shihching ( Livro Livro das Canções ). Conhecer a própria voz se refere à história Liehtzu: 5. 5. Tzu-ch’i sempre sabia o que Po-ya estava pensando sempre que Po-ya tocava seu alaúde. Quando Tzu-ch’i faleceu, Po-ya esmagou seu alaúde e nunca mais tocou. Kung (fa) e Shang (sol) são notas na escala Chinesa pentatônica. A doença de Montanha Fria é uma deficiência na habilidade tonal.
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300) Na Estrada da Montanha Fria Ninguém vem Aqueles que a atravessam São chamados de dez nomes Cigarras cantam Corvos não gritam Folhas amarelas caem Nuvens brancas varrem Rochas são gigantescas Bosques profundos Vivo aqui sozinho Sou chamado o Guia Olhem ao redor O que são meus sinais Comentário: Um buda tem dez títulos tais como tathagata (o que vem como vem), arhat, bhagavat (Honrado pelo Mundo) etc.
301) A Montanha Fria é tão fria Que o gelo permanece nas rochas Escondendo o verde das montanhas Revelando o branco do inverno Então o sol brilha E o gelo começa a derreter Desta quentura Sobrevive um velho 302) A montanha em que vivo Ninguém conhece Dentro das nuvens Está sempre deserta 303) O remoto da Montanha Fria É adequada à minha mente Puras rochas brancas Sem o amarelo do ouro O eco de uma fonte O som do alaúde de Po-ya Se Tzu-ch’i estivesse aqui Ele saberia o tom Comentário: Ver comentário 299 para Po-ya e Tzu-ch’i.
304) Entre altos penhascos Há suficientes brisas Não há necessidade de leques O ar fresco atravessa tudo Iluminado pela lua 72
Cercado de nuvens Sento sozinho Um velho de cabelo branco 305) O Sábio da Montanha Fria Estou sempre assim Aqui sozinho Nem morto nem vivo
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