OSUN, OSHUN, OCHUN OU OXUM - A RAINHA DAS ÁGUAS DOCES. Na tradição cultural negro africana, como aliás ocorre em diversas outras culturas, a água se reveste sempre de um caráter sagrado, sendo associada à criação da vida. Por isso, é elemento utilizado em inúmeros ritos, principalmente de limpeza e purificação. Mas a água para ser sagrada, tem que vir diretamente da natureza – no caso da água doce, de um manancial, de uma fonte, de um rio, de um lago. E nunca deve ser fervida, pois a ebulição destrói as emanações das forças que moram na água, das divindades aquáticas, como Logun Edé, Inlê e principalmente Oxum. Orixá nagô das águas doces, da riqueza, da beleza e do amor, Oxum é o gênio tutelar do rio Oshun, que nasce em Ekiti, no leste da Nigéria, e passa pela cidade de Oshogbo, onde se localiza o primeiro Santuário desse importante Orixá. Morando em diversos lugares profundos (ibú) do seu rio específico e sendo adorada sob diversos nomes e características, ela é a rainha de todos os rios, cachoeiras, nascentes, lagos não lamacentos e exerce seu poder sobre toda a água doce, sem a qual a vida na Terra seria impossível. Dona do ouro e de todas as ligas metálicas douradas, como o latão e o cobre – o metal mais precioso do país iorubá i orubá nos tempos antigos. Oxum é, pois, a Vênus dos iorubás, famosa por sua beleza e por seu grande cuidado com a aparência. O Festival de Osun é realizado anualmente na cidade de Osogbo, na Nigéria. É tida como um único Orixá que tomaria o nome nome de acordo com a cidade por onde corre o rio, ou que seriam dezesseis e o nome se relacionaria a uma profundidade desse rio. As mais velhas ou mais antigas são encontradas nos locais mais profundos (Ibu), enquanto as mais jovens e guerreiras respondem pelos locais mais rasos. Ex.: Osun Osogbo, Osun Opará ou Apara, Yeye Iponda, Yeye Kare, Yeye Ipetu, etc. No Candomblé, Oxum é cultuada sob as seguintes denominações ou qualidades:
ÒSUN ABALÔ é uma velha Oxum, de culto antigo, considerada Iyá Ominibú, tem ligação com Oyá, Ogun e Oxóssi, veste-se de cores claras, usa abebé e alfange (foice de cabo longo).
ÒSUN IJÍMU ou Ijimú, é outro tipo de Oxum velha. Veste-se de azul claro ou cor de rosa. Leva abèbé e alfange, tem ligação com as Iyamís, é responsável por todos os Otás dos rios.
ÒSUN ABOTÔ ABOTÔ também uma velha Oxum de culto antigo, antigo, ligada as Iyamís, feiticeira, carrega abebê e alfange, tem ligação com Nanã, Oyá de culto Igbalé.
ÒSUN OPARÁ ou Apará seria a mais jovem das Oxum, é um tipo guerreira que acompanha Ògún, vivendo com ele pelas estradas; dança com ele quando se manifestam, juntos numa festa; leva uma espada na mão e pode vestir-se de cor de marronavermelhado,a Senhora da Espada.
ÒSUN AJAGURA ou Ajajira, A jajira, outra Oxum guerreira que leva espada, jovem, tem ligação com Yemanjá e Xangô.
YEYE OKE Oxum jovem guerreira, muito ligada a Oxóssi, carrega ofá (arco) e erukere.
YEYE ÌPONDÁ ÌPONDÁ é também uma Oxum Guerreira Guerreira ligada a Ibuálàmò. Yeye Pondá é rainha da cidade que leva seu nome Ìponda, leva uma espada e veste-se de amarelo ouro e branco quando acompanha Oxaguiã.
YEYE OGA é uma Oxum velha e muito guerreira, carrega abebe e alfange
YEYE KARÉ é um Oxum jovem e guerreira, ligada a Odé Karè, Logun edé.
YEYE IPETU é uma Oxun de culto muito antigo, no interior da floresta, na nascente dos rios, ligada a Ossaiyn e principalmente a Oyá dada a sua ligação com Egun.
YEYE AYAALÁ é talvez a mais ancestral dentre todas, veste-se de branco, ligada a Orunmilá e as iyamis, considerada a avó.
YEYE OTIN Oxum com estreita ligação com Ínlè, ligada a caça e usa ofá e abebé.
YEYE IBERÍ ou Merimerin - Oxum nova, concentra a vaidade e toda beleza e elegância de uma Oxum, dizem ser a Oxum de mãe menininha do Gantois.
YEYE MOUWÒ - Oxum ligada a Olokun e Yemanjá, grande poder das iyamís, veste-se de cores claras e usa abebé e ofange.
YEYE POPOLOKUN- Oxum de culto raro, ligado aos lagos e lagoas.
YEYE OLÓKÒ- Oxum guerreira , vive na floresta nos grandes poços de água, padroeira do poço.
Oxum também controla a fecundidade. E esse aspecto de seu poder, conta-se segundo a tradição, neste mito: “Logo após terem criado o mundo, os Orixás desceram até a Terra para
tomar as primeiras providências de organização. Mas só vieram os Orixás masculinos, pois o poder de decisão era vedado às mulheres. Oxum irritou-se com isso e fez um feitiço tornando todas as mulheres estéreis e condenando ao fracasso todas as iniciativas dos homens. Perturbados, os Orixás foram consultar Olodumaré que, ao saber do que havia ocorrido, alertou-os de que Oxum representava o poder da fecundidade, sem o qual nada se realiza. Os Orixás, Ori xás, então, reconsideraram sua atitude, convidando convidando Oxum para participar de seu conciliábulo. Assim, tudo voltou ao normal, com as iniciativas sendo bem sucedidas e as mulheres voltando a ter filhos.”
Dama da mais alta hierarquia, é chamada Ialodê, titulo conferido, entre os iorubás, à mulher mais importante de cada cidade. Além disso é considerada a primeira Iyalorixá, pois foi ela quem criou a galinha d’angola,
uma ave que, por ter o corpo pintado e ostentar um oxu na cabeça é tida como “feita”, iniciada.
Oxum é por excelência, a dona do poder genitor feminino. É a madrinha da procriação e da gestação, que toma sob sua proteção todos os seres humanos desde a concepção até que comecem a falar e a adquirir conhecimento. É ela que faz com que as crianças permaneçam no ventre de suas mães evitando abortos e complicações durante a gravidez, aspecto que é igualmente visto em Inlê.
Insígnias e Símbolos: o Abebe (leque ( leque em forma for ma circular, circul ar, usado por Oxum quando
feito
em latão ou dourado,
alguns
podem
trazer
um espelho no centro). Animais votivos: Pomba-rola Pomba-rola Comida: Omolocum. Ipeté, Quindim, em algumas casas: banana frita, moqueca de peixe e pirão feito feit o com a cabeça do peixe. Plantas votivas: Abóbora, Alamanda, Alfavaquinha-de-cobra, Alubaça (cebola), Baunilha, Erva-capitão (acariçoba), Erva-cidreira, Erva-de-santa-luzia, Folha-de-dez-réis, Folha-de-feiticeira (folha-da-felicidade), Golfo (nenúfar), helecho, Jarrinha (mil-homens, jiboinha), Laranja, Macaçá (catinga-de-mulata), malmequer, mangue, manjericão, Cajueiro, jambu-amarelo,saião, vassourinhade-nossa-senhora. Saudações para Oxum em yorubá: Ora Iêiêo! I êiêo! ASSENTAMENTOS: ASSENTAMENTOS: OXUM AGBALÚ (Yemonja Sagba) Material Necessário:
1 terrina de metal branco/amarelo branco/amarelo
5 moedas amarelas
5 ide de metal amarelo
5 búzios
noz moscada ralada
folhas de oxun
açúcar mascavo
2 okutá de cachoeira
5 luas de metal amarelo e branco
5 ide de metal branco
canela ralada
pixurin ralado
aridan ralado
cravo da índia
azeite doce
azeite de dendê
Animais para Sacrifício:
cabra
4 galinhas
1 pata
1 galinha d'angola
1 adaba
Bebidas:
Água
Alua
Água de flor de laranjeira
Água com mel
Gim
Água de Coco
Comidas:
Uado
Omolokun
Frutas Tropicais
Ipete
Padê de Gema
Akasa de Gemas
Preparo de utensílios: A terrina é branca, com metal amarelo e metal branco, respectivamente, lado esquerdo e lado direito, formando duas luas cheias. Todo o material é lavado l avado com as folhas do orixá. Assentamento: Assentamento: Esta qualidade de Oxum usa 2 abebê em metal amarelo e metal branco vazado, tendo no meio uma lua cheia. Dentro da terrina vão os okutá, as moedas, as luas, os idé, i dé, os búzios, as favas e o açúcar mascavo. Depois de pronto, então começam-se os sacrifícios dos animais. OXUM IJIMÚ (Oya, Oxoguiyan, Ogun e Yemanjá)
Material Necessário:
1 sopeira amarela
1 okutá de rio com cachoeira
5 favas de oxun
Água de cachoeira
5 ide amarelos
Ori
Osun
1 Abebê (espelho)
5 Búzios
Areia de fundo de rio
Folha de Oxun
5 Moedas brancas correntes
Efun
Animais de Sacrifício:
1 cabra
4 galinhas
1 Pata
1 Galinha D'angola branca
1 Adaba
Bebidas:
Água
Aluá
Gim
Água de Coco
Água de arroz
Água de Canjica
Água com mel
Água com rapadura ralada
Água de poço
Água de cachoeira.
Comidas:
Omolokun
Ipete
Akarajé
Preparo do Vasilhame e armação do ajobó: Depois de lavada, a sopeira, nas folhas, unta-se com ori, dentro da sopeira coloca-se areia de fundo de rio, o okutá, os búzios, os idé, as moedas, as favas, água de cachoeira, asun e efun, em seguida sacrificam-se os animais. OXUM IYAOMI (Exu e Yemanjá) Material Necessário:
Louça amarela
5 moedas correntes
1 okutá
favas de oxun
efun
5 Búzios abertos
5 ide amarelos
Areia de rio
Folhas de Oxun
Osun
Waji
Azeite doce
Azeite de dendê
Mel
Animais para sacrifício:
Cabra amarela
4 galinhas amarelas
1 galinha d'angola branca e fêmea
1 paturi
1 adaba
Bebidas:
Água
Alua
Gim
Água com mel
Água com rapadura ralada e flor de laranjeira
Comida:
Omolokun
Padê de ovos
Egbo
Padê de Ori
Peixe assado no azeite doce
Padê de gema crua
Feijão Fradinho mais feijão carioquinha, azeite doce e dendê, camarão seco e cebola ralada
Digbo
Preparo da louça e ajobo: Depois de lavada com as folhas da Orixá Oxum, a louça é untada com ori, bem como são untados com ori, as moedas, os búzios, idé, etc. Na louça amarela, depois de preparada, são colocados, o okutá, as moedas, os búzios, os ide, a areia (no fundo da louça), as favas, efun, osun e waji. Em seguida os animais são sacrificados. OXUM ÓPARÁ (Oya - Ogun - Xangô) Material Necessário:
Atare
1 sopeira amarela
2 colheres de pau
folhas de obi
efun
ikodide
5 moedas
folhas de oxum e do ori xá que a acompanha
2 alguidares de barro
6 pratos de barro
2 okutá
osun
waji
5 búzios
favas de oxun
5 ide de metal amarelo unidos
Ebós que deverão ser feitos para iniciação dos filhos de Opará: Na cachoeira as 10 horas, na lua minguante, numa numa quarta-feira. quarta- feira. Primeira etapa do Ebó:
5 omolokun com 5 espelhos em cada um
5 porções de feijão fradinho torrado t orrado
5 porções de feijão fradinho cozido
5 abanos ornados com búzios
5 carretéis de linha li nha de algodão amarela
5 ovos cozidos
5 ovos crus
Segunda etapa do Ebó: Banho com 3 akasá brancos, 1 akasá de gema, 5 gemas cruas, água da quartinha do orixá patrono da casa e canela ralada. O próprio abian bate essa mistura fazendo seus pedidos, essa mistura é então passada no corpo do abian, que fica semi nú e sentado num apoti, fica no corpo por aproximadamente 90 min, após este período o abian toma banho com sabão da costa, este banho é tomado um dia antes da iniciação e após os 5 ebós na cachoeira.
Animais para sacrifício:
odá (bode castrado)
6 galinhas amarelas
1 adaba
1 pato
Bebidas:
Alua
Gim
Água
Comidas:
Padê de Ori
Padê de mel
Padê de azeite de dendê
5 kolobo com: arroz cozido, feijão fradinho, padê de ori, padê de dendê e padê mel
oriripepe refogado com azeite de dendê, azeite doce, camarão e cebola ralada.
Assentamento: Assentamento: Lavar as louças com folhas de Oxun, a sopeira é colocada dentro do alguidar com três pratos virados para dentro e três virados para fora, as colheres de pau, os okutá, as folhas de obi, as moedas, os búzios, as favas de oxun, osun, efun, waji, os ikodide e os 5 ide de metal amarelo são arrumados e é feito o sacrifício dos animais. OXUM IPONDÁ (Ogun e Odé) Material Necessário:
Sopeira de louça amarela
favas de oxun
ori
osun
atare
5 moedas
folhas de oxun
azeite de dendê
azeite doce
otá de cachoeira
1 espada em metal amarelo
1 abebe de latão amarelo
mel de abelha
Animais para sacrifício:
Cabra amarela
Igbin
4 galinhas d'angola
1 adaba
1 pato
Bebidas:
Alua
Água
Água de coco
Comidas:
Omolokun
Akasa de gemas
frutas
egbo
Padê de água de coco
Assentamento: Assentamento: Os utensílios são lavados nas folhas de Oxun, depois untados com Ori, Okutá, Búzios, Moedas e demais objetos e favas dentro da sopeira, em seguida coloca-se um pouco de mel de abelha, ori, azeite de dendê, azeite doce por cima de tudo. Faz-se o sacrifício dos animais. Dia da semana: Sábado.
Número simbólico: 16 Arquétipos dos “filhos” de Oxum: Dão muito valor à opinião pública,
fazem qualquer coisa para não chocá-la, preferindo contornar as suas diferenças com habilidade e diplomacia. São obstinadas na procura dos seus objetivos. São aqueles que agem com estratégia, que jamais esquecem as suas finalidades; atrás da sua imagem doce esconde-se uma forte determinação e um grande desejo de ascensão social. Têm certa tendência para engordar, a imagem do gordinho risonho e bem-humorado combina com eles. Gostam de festas, vida social e de outros prazeres que a vida lhes possa oferecer. Tendem a uma vida sexual intensa, mas com muita discrição, pois detestam escândalos. Não se desesperam por paixões impossíveis, por mais que gostem de uma pessoa, o seu amor-próprio é muito maior. Eles são narcisistas demais para gostar muito de alguém. Graça, vaidade, elegância, certa preguiça, charme e beleza definem os filhos de Oxum, que gostam de joias, perfumes, roupas vistosas e de tudo que é bom e caro. O lado espiritual dos filhos de Oxum é bastante aguçado. Talvez por isso, algumas das maiores Yalorixás da história do Candomblé, tenham sido ou sejam de Oxum. REFERÊNCIAS:
OXUN. Disponível no site: ocandomble.wordpress.com/os-ori ocandomble.wordpress.com/os-orixas/oxum xas/oxum// Aceso em 18/08/2012 às 00:18. QUALIDADES DE OXUN. Disponível no site: ocandomble.wordpress.com/2008/10/23/qualidades-do-orixa-oxum ocandomble.wordpress.com /2008/10/23/qualidades-do-orixa-oxum// Acesso em em 18/08/2012 às 00:30. LOPES, Nei. Logunedé: "Santo menino que velho respeita". r espeita". 2 ed. Rio de Janeiro: Pallas, 2002.