Orígenes Lessa Prêmio Mário de Andrade, 1975
Memórias de um Cabo de Vassoura Ilustrações Lee 38a Edição EDIOURO
Vocabulário As explicações contidas nas notas de rodapé
visam um maior entrosamento do leitor com o texto. Muitas vees! durante o decorrer da leitura! palavras ou "ormas de expressão são apenas
Orígenes Lessa Prêmio Mário de Andrade, 1975
Memórias de um Cabo de Vassoura Ilustrações Lee 38a Edição EDIOURO
Vocabulário As explicações contidas nas notas de rodapé
visam um maior entrosamento do leitor com o texto. Muitas vees! durante o decorrer da leitura! palavras ou "ormas de expressão são apenas
par pa r cialm cia lment ente e inter int erpr pret etada adass ou nem me mesm smo o isso acontece. #ssim! o $ue se veri%ca é um mau aproveitamento do tra&al'o liter(rio e! o $ue é pior! um poss)vel desinteresse pela leitura. O&*etivamos! então! dentro de cada texto e d e a c o r d o c o m o c o n t e x t o ! a & r i r n o va va s "ronteiras "ronteiras para o pe$ueno leitor! o"ere o"ere cendo+ l'e m a i o re s e s c l a rec i m e n t o s ! prop propor orci ciona onand ndo+l o+l'e 'e um enri en ri$u $uec ecim imen ento to de voca &ul(rio e! ao mesmo tempo! um aprimoramento de sua "orma de expressão. expressão. ,empre existirão outras "ormas $ue não as usadas para "aer uma criança compreender o $ue leu. Em se tratando de interpretação! o tra&al'o e s t a r ( s e m p r e e m a & e r t o p a r a $ u a i s$u s$ u e r modi%cações. Esperamos! Esperamos! assim! atin-ir nossos propsitos. # E$uipe
Agradecimeno # Editora a-radece / e$uipe de pro"essores! escol'idos criteriosamente em um colé-io $ u e ' ( m u i t o s anos v e m u t i l i a n d o ! sist si ste e m atic aticam ame e nte nte ! os l i vros vros d a E d io iour uro o. Esta e$uipe "oi convidada pela Direção da Empresa para a di")cil tare"a de examinar o voca&ul(rio de cada livro! procurar explicar o s i - n i % ca ca do do s t e rm o s a o n ) v e l d e compreensão compreensão dos alunos e "aer uma classi +
%cação dos diversos livros de acordo com a idade dos presum)veis leitores. ,a&)amos $ue muitas diver-0ncias po + deriam sur-ir e ainda sur-irão no "uturo! especialmente $uanto ao modo de interpre+ tar os voc(&ulos. 1or isso os pro"essores insistiram na idéia de a Editora rever! no "uturo! parte do tra&al'o ora e"etuado. #ssim a Editora espera $ue outros pro + "essores! no manuseio di(rio destes livros! nos enviem su-estões e críticas para que possamos! com o passar do tempo! aper"ei+ çoar o $ue *( "oi "eito. Dese*amos expressar nossos a-radeci + mentos pela tão valiosa cola&oração da e$uipe c'e% ada por 2ett 4immerman.
Orígenes Lessa 1aulista de 5ençis. Or)-enes 5essa nasceu em 67 de *ul'o de 693 e viveu a sua primeira in":ncia em ,ão 5u)s do Maran'ão! onde seu pai! 'istoriador! *ornalista e pastor protestante! esteve / "rente de uma i-re*a local. ; %l'o de
enri$ueta 1in'eiro 5essa. #ps sua estada no Maran'ão! voltou para ,ão 1aulo! em 667. Depois de tentar v(rias carreiras! entre-ou+se de%nitiva+ mente ao ?ornalismo! / 1u&licidade e ( 5ite + ratura! a partir de 678.
#o tomar parte na Revolução @onstitucionalista de 637! "oi preso e removido para o Rio de ?aneiro. Ao pres)dio de Il'a Brande! escreveu a reporta-em Aão >( de ,er Aada...! tra&al'o $ue o pro*etou nos meios liter(rios. Desde 6C9! passou a dedicar+se a literatura in"anto +*uvenil! escrevendo v(rios livros! como Memrias de um @a&o de omens de @avan'a$ue de Fo-o # Escada de Auvens # Floresta #ul # @a&eça de Medusa ?uca ?a&uti! Dona 5eGncia e a ,uper onça 1rocura+se um Rei #s Hrvores #itas e # Multiplicação Mila-rosa @'ore não! =au&até... O Mundo ; #ssim! =au&até #s 5etras Falantes 1odem me @'amar de 2acana ?asão e os @en+ tauros Invis)veis e outros. Ao entanto! Or)-enes 5essa se iniciou na 5iteratura como contista e seu primeiro livro "oi O Escritor Proibido, pu&licado em 67. Entre os livros desse -0nero! citam+ se Omelete em Bombaim; Passa Três; A Desintegraço da !orte; Balbino, "omem do !ar e # !ul$eres% ,eus contos t0m sido
traduidos para diversas l)n-uas e %-uram em inJmeras antolo-ias nacionais e estran-eiras. Destacam+se entre suas novelas e roman+ ces O &ei'o e o (on$o K1r0mio #ntGnio de #lc:ntara Mac'adoL! com mil'ares de exemplares vendidos )ua do (ol K1r0mio @armem Dolores 2ar&osaL A *oite sem
"omem K1r0mio Fernando @'ina-liaL O E+angel$o de L-aro K1r0mio 5u)a @l(udia de ,oua! do 1en @lu& do 2rasilL e Beco da &ome% #lém de *o " de (er *ada%%%, escreveu ainda .l$a /rande, so&re a Revolução
@onstitucionalista. 1u&licou tam&ém um estudo so&re /et0lio 1argas na Literatura de 2ordel%
Maria Eduarda O. 5. Eu *( "ui ca&o de vassoura! con"esso. Um ca&o de vassoura como tantos outros. ,eria lon-o contar tudo o $ue ten'o passado nesta lon-a vida! desde $ue me arrancaram da (rvore em $ue "ui tronco e me levaram a uma o%cina! onde "ui cortado! torneado e mil coisas so"ri! até con'ecer a nova "unção $ue me reservava o destino. Meus irmãos de oresta! muitos corta dos comi-o na mesma ocasião! depois $ue deixaram de ser -al'o ou tronco de (rvore para ser madeira! $ue é como nos c'amam depois do serrote ou do mac'ado! estão espal'ados por esse mundo de Deus. Muitos! 'o*e! são caixas e caixotes. Braças a isso! t0m aca&ado con'ecendo até pa)ses estran-eiros! levando laran*as ou latas de conser+ va. Outros aca&aram mesas! cadeiras! arm(rios! mveis de toda sorte. =en'o primos $ue são portas! *anelas e se contentam ol'ando o movimento da rua. #l-uns! tão or-ul'osos no
tempo das "ol'as! $uando o vento passava e asso&iava no arvoredo! são 'o*e! apenas! soal'o. Fraco destino! para $uem vivia na altura e son'ava! na pior das 'ipteses! ser! pelo menos! teto ou armação de tel'ado! coisa $ue! para ser vista! o&ri-a o &ic'o 'omem a levantar a ca&eça. ,er pisado e repisado o dia inteiro! t(&ua 'umilde de assoal'o! por pés descon'ecidos! de sapato su*o! é triste para $uem *( "oi (rvore e en"rentou raios e ventanias. =en'o visto e ouvido muita $ueixa pela vida a "ora. Mas o triste! mesmo! a suprema 'umil'ação para $uem "oi (rvore! é aca&ar caixão de de"unto. Esse era o -rande terror de meus irmãos de madeira! $uando a-uard(vamos! c'eios de in$uietação! no depsito! o nosso aproveitamento industrial como costumava dier! em nossas conversas noturnas! o pesado portão de pero&a! *( industrialiado e veterano. 5em&ro+me muitas vees do portão a nos -oar N
insensi&ilidade impressionante. 1ensam $ue madeira não tem alma. @lassi%cam+nos entre as coisas Pinanima+ dasP. Os seres animados são eles. Eles e os &ic'os. E $uando "alo &ic'os! di-o desde o leão! $ue é no&re e valente! o ti-re! $ue é li-eiro e "ero! a (-uia! $ue domina os céus! até / co&ra traiçoeira! covarde e venenosa! $ue se arrasta no c'ão! e mesmo a miseriain'as insi-ni%cantes como a pul-a! su-adora de san-ue 'umano em casa onde não '( limpea e DD=! e ao cupim! $ue destri a madeira! principalmente a de naturea mais "r(-il! como é o meu caso! $ue não sou carval'o nem *acarand(! sou apenas pin'o. 1ara o nosso -rande inimi-o Ko 'omem! não o cupimL! ns não passamos de PcoisaP. Que pode ser aproveitada de mil modos! sempre para satis"aer exclusivamente ao seu e-o)smo e aos seus interesses imediatos! com uma indi"erença total pelo $ue possamos sentir. Aunca passou pela ca&eça desses monstros o $ue pode passar pela ca&eça de uma (rvore! ou pelo coração! $uando um 'omem se aproxima de mac'ado em pun'o. E nin-uém pode ter idéia do $ue é! para $ual$uer de ns! depois de corta a$ui e corta ali e desce o mac'ado ou passa a plaina! a visão de um simples pre-o. @omo não temos o dom de %car arrepiados! o so"rimento é puramente espiritual. O pre-o é traido por mão impiedosa! é posto contra ns! em posição vertical! o martelo se er-ue! desce a pancada "atal. 1an 1an O pre-o entrando... # madeira ras-ada... E a ironia de
sa&er $ue o ca&o do martelo ou do mac'ado é de madeira tam&ém...
insens)veis! por naturea! /s nossas mais )ntimas reações. Que são como as dos 'omens! as mais diversas. @omo entre os 'omens! '( madeira para tudo. >( madeira cu*o son'o é ser cadeira! por exemplo. # mim! a coisa sempre repu-nou+ me. Aão -ostaria de ver -ente sentada com a$uela parte em cima de mim... E a verdade é $ue '( madeira $ue -osta de ser pisada! se ale-ra em ser c'ão... >( pau para toda o&ra. >( -osto para tudo. Mas '( madeira $ue pre"eria até ser len'a a ser cano de espin-arda! por exemplo. Em compensação '( pau $ue -osta de a&rir ca&eça de 'omem! mano&rado por outros 'omens! nessa 'orr)vel rivalidade $ue separa os seres 'umanos. Uma coisa eu di-o ten'o visto de tudo. =en'o visto 'omem &ri-ando com 'omem! oprimindo o 'omem! perse-uindo o 'omem. Mas nunca vi madeira &ri-ando com madeira! pau &atendo em pau! a não ser $uando mane*ado por 'omens. Que estes! sim! raramente são or $ue se c'eire... Aão vou contar tudo o $ue vi e so"ri no depsito. Aem na marcenaria para a $ual "ui trans"erido! depois $ue dois ou tr0s su*eitos &i-odudos estiveram discutindo preço e condições ao nosso lado. Fomos vendidos N /s toneladas N como escravos! um carre-amento -i-antesco de pin'o. Aosso aproveitamento industrial estava traçado e ainda não sa&)amos o $ue seria de ns. Eu $uero ser caixote N diia um cole-a meu! um tronco ro&usto $ue ia ser t(&ua! mas não
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sa&ia de $u0. N @omo caixote a -ente tem c'ance de correr o mundo. Eu $ueria ser trans"ormado em piano... o*e eu não $uero nem lem&rar o $ue "oram a$ueles dias de espera. Aem vou contar o $ue passei $uando vi a$ueles tornos mec:nicos! as serras elétricas! todo a$uele instrumental $ue nos iria estraçal'ar. E $uanto so"ri $uando um cara! $ue examinava lote por lote e tronco por tronco! separou o meu e disse... Aão. Aão conto mesmo. ; mel'or passar por cima. Meu vel'o tronco "oi trans"ormado em tron$uin'os! em varin'as %nas e redondas! $ue eu não podia atinar para o $ue podiam servir. ,ei $ue "ui vendido! num -rande lote de tron$uin'os i-uais! a um "a&ricante $ual$uer. Aum camin'ão nos meteram.
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oper(rio e nos carre-ou para a "(&rica. ;ramos *o-ados no c'ão com a maior crueldade. Da) a pouco! torno outra ve. Fieram+me! numa das pontas! uma espécie de pescoço.
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, $uem "oi ca&o de vassoura pode avaliar o $ue eu passei. # mul'er me pe-ou muito sem *eito! v(rias compras numa sacola meio ras-ada! e saiu para a rua. Eu $ueria apreciar o movimento! mas ia de ca&eça pra &aixo. O &i-ode de piaçava estava l( no alto Keu teria de a-entar a$uele cara muito tempo a-arrado a mimL e -oava a min'a 'umil'ação. Ele via e contava. 1ena voc0! a) em&aixo! não poder apreciar...
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Ol'a s $ue casa &onita... #lta pra c'uc'u... Estamos numa rua importante... Eu s via o c'ão e em posição muito incGmoda. 1apéis ras-ados! muito pé de -ente! indo e vindo! su*eiras de toda $ualidade cas$uin'as de sorvete! caixin'as de c'iclete! latas en"erru*adas! pedaços de vidro! cascas de "rutas. #l-uém! um pouco adiante! escorre-ou numa casca de &anana e "oi ao c'ão. Eu vi de perto o dono do escorre-ão! todo mac'ucado.
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; pena voc0 ser a parte de &aixo! meu $uerido. O mundo é uma &elea O &ic'o 'omem sa&e "aer coisas O 'omem é maravil'oso. #s mul'eres! ainda mais... Ela estava diva-ando. Eu $ueria era sa&er o $ue estava na vitrina. Mas não ia dar a con%ança de per-untar. Felimente ela estava na &ase do massacre e "alou tudo. Que vitrina estupenda , &rin$uedos de luxo @oisas %nas @oisas "a&ulosas 2onecas #viões #utomveis @avalos KEra a primeira ve $ue eu ouvia a palavra.L Fo-uetes astron(uticos Eu ouvia tudo a$uilo sem entender muito Kainda não estava 'a&ituado com o mundo dos 'omensL e! no "undo! em&ora 'umil'ado! admirava a capacidade r(pida de con'ecer as coisas 'umanas $ue a min'a parte propriamente vassoura vin'a demonstrando. Aão contive a min'a admiração @omo é $ue voc0 sa&e tudo issoS #) é $ue ela me 'umil'ou de uma ve @r:nio! meu %l'o! cr:nio Eu sou a parte de cima. Eu sou a ca&eça E -ar-al'ava com o maior despreo. Felimente a min'a 'umil'ação não durou muito. Eu! ali(s! tin'a a intuição de $ue assim ia ser. Aossa dona entrou numa casa enorme. KEu! naturalmente! ao contar estas coisas e ao dier+ l'es o nome! não $uero dar a entender $ue *( as con'ecia! "ui aprendendo com o tempo...L. ,u&iu dois de-raus de m(rmore Ko nome eu sou&e depoisL e parou diante de uma espécie de -a&inete! de onde descia um &arul'o crescente e
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sa)a um ventin'o $ue me consolava do calor da rua. Era um elevador $ue &aixava. Eta vassourin'a ordin(ria Aão -ostei da "rase. avia uma outra dona no elevador. # nossa continuava a "alar. Fei*ão é um a&surdo ,a&ão é o preço do presunto! anti-amente E voc0 sa&e $uanto eu pa-uei por esta dro-a de vassoura $ue voc0 est( vendoS Meu complemento vassoura estremeceu! no mais )ntimo dos seus espetin'os de piaçava! $uando a outra dona o ol'ou! com o maior pouco caso Eu sei... Eu comprei uma i-ual. E o pior é $ue não vale nada... Fi$uei / espera de uma reação. Aão veio. Min'a parte vassoura! $ue era o o&*eto de taman'o despreo! %n-iu não ouvir. # mul'er continuava.
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O $ue é $ue a nossa amiade est( diendoS N per-untei com mal)cia... N #$ui em&aixo eu não ouço nada direito... Mas a &ar&a pretensiosa! l( em cima! não $uis responder. =in'a perdido completamente o re&olado... Mas o &om N ou o pior... N viria depois. # dona sa)a do elevador! tocava uma campain'a! uma porta Kessa era pre-uiçosa e resi-nadaL se a&riu. Entre-ou+nos / coin'eira! depois de colocar so&re uma mesa de "rmica Kten'o um no*o de pl(sticos...L a sacola de compras. Eu aca&ava de travar relações com meu primeiro inimi-o a coin'eira. , me reconciliei com ela! tempos depois! $uando a vi $ueixar+se / copeira das dureas de sua vida! um %l'in'o doente! o marido desempre-ado. ,er -ente nem sempre é um céu a&erto. , não precisarmos comer! vestir! %n-ir import:ncia! como acontece com os 'umanos! *( é uma -rande coisa. Muita madeira $ue se $ueixa da vida! se pensasse no $ue acontece com os nossos exploradores! -randes e pe$uenos! ou $ue se enc'e de inve*a $uando os v0 re"estelados numa poltrona a tomar u)s$ue ou &ater papo! %caria muito "eli dentro da sua passiva condição de utilidade doméstica! tantas vees 'umil'ante. Fome! pelo menos! não con'ecemos. Aem dor de &arri-a! $ue é uma das coisas mais "eias $ue eu ten'o visto nos 'umanos. Mas é preciso voltar / min'a coin'eira. Ela me pe-ou pelo meio! ol'ou+me de ca&o a ra&o! ou mel'or! de ca&o / vassoura! e per-untou —_
Aão encontrou coisa mel'or! Dona ,araS # dona tin'a! mesmo! *eito de ,ara. 1ra rimar com ta$uara. =a$uara rac'ada. Era uma vo desa%nada e desa-rad(vel. E "oi com essa vo $ue ela "alou Eram todas i-uais. =udo muito ordin(rio... =ratava+se do meu inimi-o n o 7. Mas o meu inimi-o no 6! a coin'eira! $ue eu aca&ei perdoando mais tarde! como disse! por$ue muito in"eli! atirou+me a um canto! *unto / pia Aunca vi coisa mais no*enta #o lado 'avia uma lata de lixo! repleta de cascas de &atatas! sementes de tomate! restos de comida! leo a escorrer de uma lata de sardin'a! com a l)n-ua pra cima! com ar de "ome ou de sede! um saco vaio de açJcar! &orra de ca"é! &ar&ante! poeira! papel amarrotado! *ornal amassado! um par de sapatos vel'os! de &oca a&erta e &uraco na sola. Dier $ue eu N ou $ue ns... N éramos mais no*entos $ue a$uilo! era muita vontade de o"ender. ,e era isso o $ue ela pretendia! conse-uiu em c'eio. ,orte dela "oi $ue a patroa não entendeu o $ue eu pedia! do "undo das min'as entran'as de ca&o de vassoura Me acerta nela! patroa Ao meio da testa... Me &ota pra $ue&rar... Quando o destino é de ca&eça &aixa! o mel'or é pensar noutra coisa. Ain-uém me tin'a dito nada. Eu sa&ia $ue era vassoura. Ou ca&o de... Mastro de navio! não era. 1au de &andeira tam&ém não. Aem era &andeira... Aão era espada. Aão era —_
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automvel. Aão era avião. Aão morava em Aiteri. Aão tin'a sido tal'ado pelo #lei*adin'o ou por $ual$uer artista importante! para vir -ente do mundo inteiro me con'ecer. Aão era colar em pescoço de madame. Aão era aparel'o de televisão. Aão era taça de c'ampan'a. Aão era *ia. Era a$uela coisa comprida e ma-rela. #penas. =in'a a$uela &ar&a po&re l( em&aixo... #' ,im #-ora a &ar&a de piaçava estava l( em&aixo e eu nem notara Eu! de ca&o! na $uina da parede! ela de "ocin'o no c'ão! ns dois emendados para o resto da vida! a um canto da coin'a! c'eirando a al'o e ce&ola! s podia ser a$uilo... O c'ão de aule*o &arato estava c'eio de restos de tudo. >avia até (-ua e ca"é derramado. Fec'ei os ol'os da alma e procurei mudar meu pensamento.
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Devo con"essar! muito enver-on'ado! $ue! $uando senti a &ar&ic'a da piaçava misturada no lixo! es"re-ada com raiva nas su*eiras do c'ão N imundo N eu me lem&rei do $ue ela %era comi-o! na vinda do armaém! e tive um sorriso de vin-ança. # in"eli me -oara na rua! *( contei. ?ul-ava+se mais importante. Estava! no momento! por cima! e se -loriava disso. Aão "oi compan'eira. Falava! or-ul'osa! no $ue estava encontrando! nas
-arotas e vitrinas $ue via! como se ela "osse um ser privile-iado e eu apenas uma coisa por &aixo. N ; pena voc0 ser a parte de &aixo! meu $uerido O mundo é uma &elea E ria! não propriamente na min'a cara! mas na min'a ponta. Ela! a-ora! estava con'ecendo a &elea do mundo... O "ocin'o no aule*o su*o... # poeira a su&ir+l'e pela &ar&a. Ela amassada contra o c'ão. En%a a$ui. En%a ali. #rrasta imund)cie. ,ente o c'eiro dessa meia lama... @on'eceu! papudaS Mas acontece $ue! onde ela ia! eu ia tam&ém. Do lado de cima! mas ia. Era levada contra a su*eira! mas eu ia atr(s. Maria a introduia em&aixo do "o-ão! $ue a patroa comandava a operação+ limpea! eu tin'a $ue acompan'ar sua triste visita. E eu lo-o perce&i $ue a sua 'umil'ação era min'a tam&ém. =alve pior. 1ara todo mundo! ela era PaP vassoura! eu apenas o ca&o. ,em ela eu seria apenas um pedaço de pau e eu ainda me lem&ro! no meu tempo de (rvore! do destino $ue tin'am os pedaços de pau "o-ão de caipira! len'a para o "o-o... ,e ela estava errada antes! $uando se ima-inava por cima! eu erraria a-ora! tendo a mesma atitude. Aa realidade e no "undo! ns não éramos santo de i-re*a! nem trono de rei! nem cadeira de &alanço. Aa sala pe-ada 'avia uma. De pal'in'a e madeira! naturalmente. Braciosa! leve! meio dançando! meio cantando. Quem a-entava o pior dos 'umanos era a pal'in'a do assento. #
parte de madeira &alançava! ia e vin'a! e a -ente $ue nela repousava tin'a um ar de &em+ aventurança de "aer inve*a. Em cadeira de &alanço os 'omens %cam &ons! como em nen'um outro lu-ar. ; pa no rosto! é coração a&erto! é mão tran$ila. E a cadeira vai e a cadeira vem! macia e calma. Que di"erença! meu Deus O "ato é $ue eu não nasci c'eio de curvas acol'edoras! mas reto e ri*o. 1ra cadeira de &alanço não servia. =in'a o destino traçado! no tal aproveitamento industrial de $ue "alava o portão. Fu-ir da vas+ soura eu não podia. Est(vamos intimamente li-ados. Fu-ir /$uele empre-o! tam&ém não. Eu não podia %ntar a coin'eira! $uando ela me pe-asse. Era "aer o $ue ela $uisesse a cara no lixo E s no lixo da coin'a! $ue nos outros cGmodos da casa a "am)lia usava aspirador de p! um aparel'o de vo -rossa e metido a &acana. Esse nem se$uer nos dava con%ança. Estava -uardado num arm(rio em&utido na coin'a e! $uando sa)a para o tra&al'o! nos outros cGmodos da casa! tin'a pra mim N ou pra ns N um ar de pro"undo despreo. #té 'o*e não entendi por $u0. As! pelo menos! não precis(vamos en-olir a su*eira... #ca&ada a$uela primeira operação+ limpea! $ue tanto me atormentou! mas na $ual me identi%$uei com a min'a parte vassoura e passei a sentir por ela uma pro"unda simpatia! tive uma -rande surpresa. # operação "ora dura. Dona ,ara de vo de ta$uara Krac'adaL tin'a sido impiedosa.
Ol'a a$uele canto como est(! Maria. ; s p... 1assa a vassoura... Maria o&edeceu.
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Est( &em! Maria! est( &em. <0 se conserva a-ora a casa limpa... E *( saindo 1õe mais (-ua no arro! criatura. ,e não! ele aca&a $ueimando.
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,orte é $ue a nossa inimi-a n o 6 não entendia l)n-ua de madeira. #li(s! não devia ser muito "orte em lin-ua-em 'umana! por$ue a todo momento eu ouvia a patroa -ritar+l'e N ,er( $ue voc0 não entende! criaturaS =udo o $ue eu mando! voc0 "a ao contr(rio... Mas "oi in*ustiça min'a c'am(+la de inimi-a n o 6. Foi a primeira pessoa cu*a inimiade eu senti! é di"erente. @omeçou lo-o xin-ando! mal eu entrei na coin'a. Mas não era m(. Era uma so"redora.
#cordava cedin'o! antes de todo mundo na casa.
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Aão custava nada usarem o aspirador de p na coin'a tam&ém... Mas a "am)lia não era somente a Maria! Dona ,ara e a arrumadeira! $ue não tra&al'ava na coin'a. =in'a ,eu @onrado! "re-u0s 'a&itual da cadeira de &alanço. =in'a o Renato. =in'a o Marioin'o. Quando eles estavam em casa! de volta da escola! sempre 'avia mais -ente. Bente em começo. @riança. @riança é começo de mul'er ou de 'omem. ; como (rvore crescendo. , $ue (rvore! mesmo $uando pe$uena! não c'ora! não "a &arul'eira! não precisa estudar! não escorre-a! não -rita! não xin-a! não corre! não &rinca! não pula! não deso&edece. @riança! principalmente! deso&edece... 2asta dierem PnãoP! ela "a. E /s vees se d( muito mal... Aão &rin$ue com "o-o. Ela &rinca e se $ueima. Aão atravesse a rua! sem ol'ar antes os automveis... 1or não o&edecer! um ami-o do Marioin'o %cou tr0s meses no 'ospital. N Aão %$ue na c'uva Renato teve uma semana de cama! com uma tal de pneumonia! $ue é uma doença cacete. #li(s! não -osto desse costume dos 'omens de nos usarem como termo de comparação para as coisas desa-rad(veis. Foi sem $uerer $ue eu "alei Pdoença caceteP. @acete é pau! é madeira! é da nossa "am)lia. #prendi com os 'umanos a usar a palavra! mas não ac'o direito. Quando $uerem dier $ue al-uém! da con"raria deles! não tem as+
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sunto! ou "ala demais! ou repete sempre a mesma coisa! diem $ue é um su*eito PcaceteP. Quando se ameaçam entre si! nas suas disputas! "alam em P&aixar o pauP , para nos envolver numa idéia desa-rad(vel! num sentimento desumano! mesmo por$ue 'o*e! nas suas pele*as! eles usam coisas &em mais complicadas. O $ue mais me irrita! porém! é $ue! $uando $uerem c'amar al-uém de c)nico! de mentiroso! diem $ue o in"eli é Pcara+de+pauP @ara+de+pau por $u0S #l-uém *( viu pau mentirS #l-uém *( viu madeira "aer malS ,e o pau desce na ca&eça de al-uém! "oi 'omem $ue o moveu. 1or conta prpria! por maldade prpria! nunca. ,e al-uma ve -al'o de (rvore desa&ou matando -ente! "oi raio! "oi vento! "oi vel'ice! "oi imprud0ncia de $uem %cou em&aixo... ; verdade $ue! vivendo no meio dos 'omens! /s vees a -ente se deixa contaminar por certos maus sentimentos. Eu mesmo ainda '( pouco! ao contar as min'as impressões na coin'a de Dona ,ara! $uando me vi insultado pela Maria! pedi em pensamento / dona da casa PMe acerta Me acerta no meio da testaP Felimente ela não me entendeu nem estava disposta a perder a empre-ada. 1or$ue eu iria %car enver-on'ado para o resto da vida... # -ente nunca deve se-uir os maus exemplos $ue essa raça nos d(. Devemos assistir a tudo o $ue eles "aem de errado N $uando erram! é claro N com a maior cara de pau. Mas no &om sentido...
Mas eu estava "alando nos meninos. De casa! eram dois. Aa casa! $uando eles estavam! 'avia sempre muito mais. O Iv:in'o. O Ricardin'o. O Fernando. # @l(udia. O Bil
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pelo menos! com um pouco mais de satis"ação. @ertoS
Eu estou a&rindo o coração. @omecei a "alar! vou "alando. Oxal( não me ac'em PcaceteP... ,ou 'o*e um cavalo de pau. O&servo as coisas! procuro entender. Muitas vees não entendo! é claro. Mas é $ue o mundo dos 'omens é mesmo con"uso. ; di")cil de aceitar. ; um mundo terr)vel.
ca&o de vassoura eu via tudo. 1arece $ue a naturea toda é dominada pelo 'omem. Madeira $ue o di-a... Felimente madeira ele não come. Mas é raro o "ruto de (rvore $ue l'e escapa. s vees ele derru&a uma (rvore s para comer o $ue ela tem dentro de si! como acontece com o palmito. Mete a mão em&aixo da terra e arranca! do "undo do c'ão! &atata! in'ame! aipim. s vees! come a coisa crua. Ao -eral! coin'a! "rita! assa! põe no "o-o Ka Maria $ue o di-aL. Fol'as! -rãos! "rutos. E até &ic'os. =riste! $uem nasceu -alin'a In"eli! $uem nasceu &oi ou vaca Des-raçado! $uem cair na rede @aiu na rede é peixe! o 'omem come #té o leite dos &eerrin'os ele toma ?( "ui (rvore. ?( "ui ca&o de vassoura. >o*e sou cavalo de pau. =en'o visto muita coisa. =en'o entendido muito pouco. Ou ser( $ue eu sou &urro e não cavaloS E a tal 'istria... Eu começo a contar uma coisa e me distraio! vou na molea do papo e me distraio! es$ueço o principal. Eu estava "alando no Marioin'o! no Renatin'o! no Ivã! no Bil
# explicação é simples. =em criança no mundo pra c'uc'u. K@'uc'u eles comem tam&ém! vi a Maria descascar e pGr na panela.L Depois serviu com camarão! um &ic'in'o meio avermel'ado $ue eles pe-am no mar. Aem o mar escapa K=iram até o sal da (-ua do marL Mas! como ia diendo! tem um dilJvio de criança no mundo. , "ormi-a tem mais... Mas cada "am)lia tem duas! tr0s! no m(ximo. E como é tudo mais ou menos parecido! pra evitar con"usão e pra não ter $ue dar comida para as crianças dos outros K-ente s pensa em comer...L eles &otam os nomes pra "aer di"erença. @om&inam tudo. PO meu é Fernando! o teu é Bil
tem duas... @on'eci um de uma perna s! mas "oi desastre de automvel. #li(s! deso&edi0ncia. Dona ,ara sempre diia N @uidado $uando atravessarem a rua. 5em&rem+se do $ue aconteceu com 4e$uin'a... ; verdade $ue /s vees '( uns mais claros! outros menos claros. Mas a di"erença é s na cor. O resto é tudo i-ual. Mesmo nJmero de ca&eça! mesmo nJmero de &raços! mesmo nJmero de pés! mesma capacidade de inteli-0ncia! mesma capacidade de comer... E o mesmo direito! é claro. E pra mim! $ue não ten'o preconceito de cor N sou um cavalo de pau inteli-ente! superior a muita -ente &oa... N a semel'ança continua a mesma. Ao meu tempo de (rvore! a -ente %cava o&servando saJva passar. Eu dava um -al'o! dava todas as "ol'as! pra $uem sou&esse me dier $uem era esta! $uem era a$uela. 1assava uma! passava outra! passava mais outra. Uma delas voltava. Era uma! era a outra! era a$uela outra ou era uma nova saJvaS Imposs)vel sa&er. #ssim com as &aratas #ssim com os san'aços. #ssim com os &em+te+vis. #ssim! principalmente! com os uru&us! $ue voavam muito alto! procurando &ic'o morto pra comer Kdevem ter aprendido com os 'omensL. #ssim com as co&ras. #ssim com os la-artos. =in'a $ue ser assim com as crianças... Mas! como eu ia diendo e mais uma ve me perdi! com a pr(tica comecei a distin-uir. E vou "alar no Marioin'o! $ue "oi o meu -rande ami-o no mundo da deso&edi0ncia e da travessura.
,ou 'o*e um vel'o cavalo de pau.
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de madeira e me contava o $ue acontecia l( "oraL com o des-osto do serviço mal"eito. 1or$ue! com o tempo! eu me convenci de uma coisa o $ue a -ente "a tem de ser &em "eito. Um coin'a! outro lava! um arruma! outro varre! um canta! outro estuda! mas o $ue "a deve ser "eito da mel'or maneira poss)vel. E se eu continuava a me c'atear com a$uele ne-cio de meter a cara no lixo! mais c'ateado %cava $uando a varreção era mal"eita. 1arecia incompet0ncia nossa. Aem para varrer eles servem Mas sempre son'ava em ser coisa mel'or! em "aer coisa mel'or! em não viver para ser misturado com o lixo. Esse é o son'o de toda vassoura! pelo menos de todo ca&o de vassoura. ; por isso $ue! para variar! al-uns ca&os de vassoura de mau car(ter -ostam de ser usados na ca&eça dos outros... Foi num dia desses! de pensamento insatis"eito! $ue entrou! pela primeira ve! na coin'a! o Marioin'o. @laro $ue eu sa&ia tudo da vida dele. Ouvia as re"er0ncias de Maria! da arrumadeira! de Dona ,ara! ouvia as -ritarias e travessuras $ue eles "aiam na casa e principalmente o $ue as portas! *anelas e outros meus irmãos de madeira me contavam. Mais de uma ve ele esteve para entrar no cGmodo onde viv)amos! mas! ou al-uém o c'amava! ou al-uém -ritava alto @oin'a não é lu-ar de criança Aesse dia ele entrou. Maria *( ia tocar o -aroto! mas "oi desarmada com uma per-unta —_
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,eu %l'in'o mel'orou! D. MariaS Ela se amoleceu toda e contou uma porção de coisas so&re o %l'o! o Marcos. Eu espiava o -aroto rosado! a camisa saindo da calça! o ol'ar travesso. Quando ele %car &om! a sen'ora tra ele pra &rincar com a -enteS E vão deixar! meu %l'oS N disse Maria com o ol'ar enternecido. Ué Eu deixo Mas a conversa não continuou. Ele aca&ava de me desco&rir.
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pessoalmente a "amosa cadeira de &alanço! os outros mveis! a televisão! o r(dio! os espel'os Kvi+me no espel'o e me ac'ei o maior! -alopando sem sa&er por $u0L! e começava a ter! pela pri+ meira ve! uma sensação de or-ul'o! ao derru&ar com a vassoura coisas encontradas no camin'o! animado por uma espécie de -rito de -uerra Oa Oa 1arecia $ue ele tentava me comunicar al-uma coisa! dando+me uma pancadin'a ami-a no anco! "alando comi-o. #$uele oa oa era "rancamente comi-o. 1ela primeira ve al-uém me diri-ia a palavra! em&ora curta. Foi maravil'oso. 1assamos pela televisão v(rias vees. Estava li-ada.
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=ravessuras do Marioin'o =rans"ormou a vassoura em cavalo de pau! "e uma &a-unça na casa Deixa o menino &rincar N disse Maria! a-ora a min'a ami-a particular n o 6. 1ois se ele %er isso outra ve! vai ter Eu conto tudo a Dona ,ara E saiu resmun-ando. , então avaliei &em o $ue se passara. Era a min'a primeira experi0ncia cavalar. >)pica! se pre"erem. E tin'a -ostado.
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Mas como so"ri depois! devolvido / min'a anti-a condição de ca&o de vassoura #ps 'aver con'ecido o esplendor de caval-ar! imponente e "o-oso N Oa Oa Oa N a$uele re-resso ao mundin'o do lixo! um mundo imundo! "oi um lon-o inverno amar-urado. Marioin'o não "oi mais visto na coin'a. #li(s! andou até de casti-o. Min'a ami-a porta! no seu eterno ir e vir! prisioneira dos -onos! me contou. # arrumadeira tin'a dado parte. Dona ,ara voltava das compras! ouviu tudo de cara amarrada! pintou o sete com meu novo ami-o. Que não se "aia uma coisa da$uelas... Que não se desarrumava a casa da$uele *eito... Que ele estava estra-ando a vassoura... Que ela não tin'a din'eiro para comprar outra... Kser( $ue eu sou caroSL Que ele *( tin'a &rin$uedo demais e não precisava inutiliar uma coisa tão Jtil Ka-ora ela recon'ecia...L. E $ue ele estava proi&ido! a$uele
dia! de ver a televisão K-aranto $ue não perdeu -rande coisa...L. @on%nado na coin'a de novo Ks $uem tin'a o privilé-io de rever todos os dias o resto da casa era o papa+lixo do aspirador metido a -ran"aL eu me consolava com a idéia de $ue um dia Marioin'o me 'avia pre"erido a todos os &rin$uedos caros Kpass(ramos por cima de muitos! com a maior altive...L e me passeara pelo apartamento todo! num -alope -enial... N Oa Oa Oa Mas a-ora eu era apenas ca&o de vassoura e recordava com saudade a$uela experi0ncia -loriosa. #'! se ele aparecesse a$ui outra ve Que &elea sair pela casa num -alope le-al! vendo! pisando! revirando as coisas Mas não aparecia. Eu %cava todo murc'o no meu canto! conversando com a parte de &aixo Kera outro material! piaçava! era outra vida! em&ora identi%cada comi-oL. E a min'a parte vassoura participava da mesma sensação. Ela tam&ém tivera o -osto! não de varrer! mas apenas de revolver o lixo encontrado! &a-unçando tudo! deixando mais tra&al'o para o vaidoso en-ole+ poeira e para a enceradeira! cu*o tra&al'o tam&ém era de "ocin'o no c'ão. K#'! se al-uém me encerasseL Marioin'o estava ri-orosamente proi&ido de aparecer em nossos dom)nios. =)n'amos not)cia dele pela conversa das pessoas de carne e osso e dos meus con"rades de madeira. ,a&)amos de
seus &rin$uedos! correrias e travessuras. ,a&)amos de seus estudos! passeios e casti-os. =omara $ue ele %$ue lo-o doutor como o pai s vees diiam $ue ele ia ser médico. Outras contavam $ue ele $ueria ser c'o"er de praça! depois mudava de pro*eto! $ueria ser aviador. =eve uma ocasião em $ue c'e-ou a not)cia de $ue ele $ueria crescer e virar astronauta. Uma ve N $uem me contou "oi a porta! onde um dia me encostaram N Marioin'o mudara de idéia $ueria tra&al'ar com carrin'o de vender sorvete! pra tomar sorvete sem pa-ar. E um dia eu %$uei todo derretido de ternura. ,ou&e $ue ele não $ueria mais ser nem médico! nem motorista! nem astronauta! nem sorveteiro. Queria! $uando crescesse! virar soldado de cavalaria... #'! é $ue ele -ostou de montar no papai E a$uilo me consolou do muito varrer e nos levou N a mim e / parte de &aixo N a ter outra ve o -osto anti-o de capric'ar na limpea. 1or$ue a o&ri-ação de cada um deve ser sempre cumprida da mel'or maneira >avia um cartãoin'o na parede! posto por Dona ,ara! e eu vi a patroa ler uma ve em vo alta o $ue ele diia P,0 per"eito em tudo o $ue %eres...P Era uma direta para a Maria e uma indireta para ns... E pensando no Marioin'o e sa&endo $ue a nossa coin'a era a coin'a da casa dele! s $uer)amos $ue a Maria tra&al'asse &em. P
arrumadeira se $ueixando da muita &a-unça e dos muitos Renatin'os! Bil
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$ue ser com o prédio inteiro. E isso era di")cil... Que inve*a da mesa ,empre parada. ,empre a-entando peso de pratos! panelas e compras. Mas -arantidona... Mesa não se *o-a "ora! não se põe no "o-o. ,e %ca vel'a! vende+se ou d(+se... # mesa continua sempre. E o assoal'oS 1ata 'umana! casco de visitante no lom&o o dia inteiro... Bente indo e vindo! pisando! pisando. Mas o assoal'o %rme! não varrendo! mas varrido... Mais ainda de aspirador su-ando+l'e os su*os. E o $ue é maravil'oso sempre de cara luidia! com a enceradeira renovando tudo... Est(s %cando um cacareco! 'em! meu vel'oS Era a mesin'a $ue "alava. #$uilo me doeu. Eu! não. # vassoura. E da)S @a&o de vassoura! vassoura é... Fi como o aspirador de p. En-oli o insulto. E l( comi-o P;... O ne-cio vai mal... ,e eu ten'o de morrer na or dos anos! se Marioin'o deso&edece em tanta coisa! por $ue é $ue ele não arran*a uma deso&edi0ncia comi-oSP ,im! eu não $ueria morrer antes de um -alope %nal! ouvindo o Marioin'o no seu -rito de -uerra Oa! oa! oa! meu cavalo de pau
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O dia tão temido c'e-ou. Maria passou+nos pelo c'ão! a su*eira %cou. 1assou outra ve. @om "orça. Aada... N >o*e eu "alo com Dona ,ara. Ou ela me d( vassoura nova! ou não "aço mais a limpea. Esta não vale nada
E a&riu a porta $ue dava para o corredor de serviço. P#deus! min'a -enteP! pensei eu. Mas "oi tal a tristea de tudo o $ue era madeira na casa! tão -rande o protesto mudo de todos Kmudo para os 'umanos! ou mel'or! para os desumanosL! $ue provocou uma espécie de "orça no ar! $ue conteve Maria. Ela parou! *( no corredor! pensou um pouco e voltou! deixando+nos outra ve no arm(rio em&utido. ; mel'or mostrar primeiro / Dona ,ara. ,e não! ela pensa $ue eu *o-uei "ora uma vassoura de luxo! toda de %os de ouro... Ela $ue resolva. 1atroa é patroa N disse eu / piaçava! $ue não tin'a idéia do $ue poderia ter acontecido! mas concordou plenamente. Est(vamos no arm(rio "ec'ado! a-uardando a tra-édia. # porta me ol'ava com uma pena in%nita. Que c'ato! 'emS ; da vida N murmurei N de alma na Jltima lona. #té o aspirador de p me ol'ava com simpatia. #%nal! a vassoura varria o pior lixo da casa. Ele não con"essava! mas ac'ava sua missão muito triste. Ficava /s vees de &arri-a estu"ada e era preciso uma operação+limpea! $ue enver-on'ava $ual$uer um. E se não comprassem outra vassouraS E se resolvessem $ue ele! soin'o! devia cuidar da coin'a tam&émS #%nal! ouvi conversa "ora.
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Dona ,ara voltava de visitar uma parenta. # prosa s podia ser a nosso respeito. Era. # vo de ta$uara rac'ada reclamava contra a su*eira. # culpa não é min'a N disse Maria.
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despesa...
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Quando eu morrer Aão $uero c'oro nem vela! Quero uma %ta amarela Bravada com o nome dela... @om o nome dela eu não $ueria. Aem de Dona ,ara. Mas do Marioin'o aceitava. ?uro $ue aceitava e morria "eli...
Felimente não morri. Marioin'o não podia "al'ar. #ca&ava de entrar. Maria As *( )amos saindo! $uando a$uela vo iluminou a terra... 1arecia um cantor...
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Maria voltou+se Que é $ue '(! meu %l'oS Os ol'os de Marioin'o estavam em mim.
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Mas nin-uém morre na véspera. En$uanto não c'e-a a 'ora da -ente! todos os santos a*udam. Maria não conse-uiu a&rir a porta da lixeira. Estava emperrada. 1uxou! puxou! nada. Que dro-a de porta ?( en-uiçou outra ve Estou cansada de reclamar com o elador. ; todo dia a mesma coisa... =ornou a puxar. =ornou a "aer "orça. # porta %rme. Resmun-ou. Reclamou. 1rotestou. De repente! viu a *anela e teve uma idéia. Er-ueu+me no ar e *( ia me atirar pela *anela! $uando Dona ,ara! com uma vo divina! -ritou Aão "aça isso! Maria. 1ode cair na ca&eça de al-uém Eu até não sei como é $ue Maria teve uma idéia da$uelas. ?( pensouS Me atirar pela *anela E se eu "osse cair na ca&eça de um coitado $ue não "e mal a nin-uém! uma criança $ue não tin'a deso&edecido ã mãe! um elador de edi")cio dando duro para sustentar a "am)liaS #inda &em $ue Dona ,ara! com a$uela vo maravil'osa! pensava em tudo isso.
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sua vo tão rara! tão clara K'( muita rima linda pra ,ara! eu a-ora via...L! con%rmava Eu dei licença! Maria. 1ode dar a vassoura para o Marioin'o. Ele pediu... E entre-ando+me ao meu novo sen'or! "uturo capitão de cavalaria! ou marec'al Mas nada de montar a$ui dentro. Aão me "aça desordem na casa. <( &rincar no *ardim ou na calçada! entendidoS Dona ,ara! de vo rara! de vo clara! me salvara... Foi um ololG! um eiel0! um alal( Oa! oa! oa ;ramos donos do mundo @aval-(vamos! "e&ris! pela calçada. Oa! Aapoleão Me c'amava de Aapoleão Aapoleão tin'a sido um -rande imperador! eu ouvira essa conversa uma ve. E eu me sentia o prprio imperador dos cavalos de pau. 1le$ue! ple$ue! ple$ue... 1la$ue! pla$ue! pla$ue... 1lo$ue! plo$ue! plo$ue... Que corrida maravil'osa @omo a vida era &ela @omo era &om -alopar @omo passavam! &uinando! meus cole-as de rodas >omens passavam a pé. Deus l'es desse um dia um &om cavalo de pau ou pelo menos um automvel... Estava um -uarda na es$uina. @oitado... In"antaria...
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Uma criança ol'ava! triste! da *anela... Aão devia perder a esperança. ,e não deso&edecesse mais! não %caria de casti-o... 1assou uma carrocin'a de sorvete! Marioin'o nem li-ou. Ele e Aapoleão -alopavam "elies... 1assou! muito carre-ada de em&rul'os! uma empre-ada do prédio! $ue / noite ia &ater papo com a Maria! terminado o tra&al'o. Frutas! &atatas! ovos! &acal'au... E apertada com o &raço! contra o corpo! uma vassoura nova. =ive a impressão de $ue a recon'ecia! dos meus tempos de armaém. Mal deu tempo de "alar! eu -alopava.
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Aão '( &em $ue sempre dure. =odo -alope tem %m. Aão atropelamos nin-uém! nin-uém
reclamava contra ns Ka 'umanidade não "a outra coisa senão reclamar! tudo é pretexto...L! mas no mel'or da "esta apareceu Renatin'o. Era o irmão de meu ami-o e sen'or. Mamãe est( c'amando. >ora de lanc'e... Di $ue depois a -ente so&e. Ela disse pra voc0 su&ir soin'o. O $u0S 1ra deixar o ca&o de vassoura. @a&o de vassouraS N per-untou Marioin'o muito espantado. N Que ca&o de vassouraS Ué Esse a) , então perce&emos $ue era de mim $ue ele "alava. #'! isso não 1re%ro %car sem lanc'e. @omo é $ue eu não 'avia de -ostar de Marioin'oS 1re"eria morrer de "ome a me perder @oisa $ue s se encontra na oresta... #miade de (rvore vel'a! de madeira de lei Ela disse $ue est( passando da 'ora. Que voc0 tem de su&ir... ,oin'o eu não su&o. , com o Aapoleão... E indi"erente aos consel'os de Renati+ n'o! num trote mais modesto! entrou no pla-round do edi")cio! "oi até a entrada de serviço e c'amou o elevador. Eta cavalin'o &acana Buarde o &ic'o na -ara-em N su-eriu Renatin'o. N #ssim mamãe não &ron$ueia. Eu começava a ac'ar Renatin'o mais inteli-ente. ; peri-oso. #l-uém pode rou&ar. Renatin'o riu. Rou&ar essa &esteiraS
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Renatin'o me pareceu o mais per"eito &o&o+ ale-re do mundo. 2esteira por $u0S Marioin'o era o maior Eu estou &rincando com voc0. Ele até $ue é um cavalo le-al. Renatin'o parecia &urro! mas não era. Estava na cara. ,a&ia dar valor a $uem o tin'a. Eu su&o com ele! de $ual$uer *eito N disse Marioin'o. Ele estava disposto a arriscar a vida por min'a causa. #$uilo me comoveu. #c'o &om não "aer isso! Marioin'o. Mamãe "alou &em claro. Deixar a$ui em&aixo. # casa est( c'eia de cacareco... Eu não podia entender como a$uela vo tão linda de Dona ,ara podia ter dito palavras tão duras contra o no&re imperador dos cavalos de pau... Marioin'o continuava em dJvida. Aão podia deso&edecer. ,e deso&edecesse! seria pior. Foi até / -ara-em escol'er um lu-ar mais se-uro. Eu estava de coração mais pe$uenino $ue uma pul-a. Aisso! Marioin'o teve uma idéia. 1er-untou ao mano ,eu lanc'e voc0 *( tomouS ?(. =omei um copo de vitaminas de todas as letras #! 2! @! D! E! F! B...
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Depois de uma r(pida 'esitação! Renatin'o per-untou 1osso dar uma voltin'a com eleS 1ode. Mas sem sair da calçada! t(S Aão v( cair Eu! 'emS Os dois entraram de acordo! Marioin'o su&iu! Renatin'o me acariciou com simpatia! montou! deu+me um tapa no lom&o
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Eu -ostava de Marioin'o não s por ser &om cavaleiro. Era pela inteli-0ncia. Ele levava todo o mundo na conversa. Quando desceu! minutos depois! *( voltava com permissão para me -uardar no arm(rio dos &rin$uedos. N Mamãe disse $ue eu s não podia montar dentro do apartamento. , pode ser na calçada... Eu até ac'ei -raça... Que interesse tin'a eu em -alopar num apartamento! $ue era mais apertamento $ue outra coisa! como diia a arrumadeiraS Eu $ueria era espaço! $ueria a rua Quem nasceu na oresta! $uem dominou as (rvores! como pin'eiro! precisa de amplidão E o -ostoso era estar ali "ora! vendo os cole-as de $uatro rodas se perse-uindo na rua! vendo os pedestres correrem! assistindo ao -rande espet(culo do mundo Marioin'o participava da mesma opinião e %cou até "eli. =in'a pretexto para descer mais vees!
por$ue precisava passear a cavalo para "aer exerc)cio... Foi assim $ue eu passei a viver o mel'or tempo da min'a vida. Fora promovido a cavalo. De pau! mas cavalo. De &rin$uedo! mas cavalo. =in'a! a%nal! um nome! como todas as crianças! como -ente 'umana. E um nome de enc'er a &oca. =odo mundo con'ecia. Eu vi isso! $uando os mais vel'os e os mais novos! da raça de Marioin'o! %cavam sa&endo $ue eu tin'a sido &atiado de Aapoleão. Eles davam risadas! mas ac'avam o nome &onito. E "alavam! com respeito! do primeiro Aapoleão. =in'a sido imperador de um pa)s c'amado França. Deu surra numa porção de pa)ses. Ban'ou da #leman'a! da Hustria! da It(lia! pa)ses $ue eu não con'ecia Keu sou cavalo de pau! não ten'o o&ri-ação de sa&er Beo-ra%aL. Ban'ou da Espan'a! -an'ou de 1ortu-al. Deu de -oleada na In-laterra. Faia todas as -uerras montado num cavalo &ranco! meu cole-a. ,e era &ranco! não tin'a sido encerado! a coisa $ue eu mais dese*ei a vida toda... Quando ia atacar um pa)s! mandava &uscar o cavalo no pasto! montava e sa)a correndo na "rente das tropas N #vante! pessoal Ain-uém a-entava a parada. Fu-ia todo mundo. Os reis ca)am do cavalo! pedindo perdão! ele &otava outros reis no lu-ar deles. #rran*ou empre-o de rei para toda a "am)lia. Os irmãos! os primos! os cun'ados. KEu ainda vou arran*ar um lu-ar de cavalo para o ca&o da$uela vassoura $ue encontrei! a 7C do meu anti-o lote no armaém...L Aem 1elé "oi tão importante. KEra
outro rei $ue o pessoal citava muito na casa de Marioin'o.L De modo $ue eu tin'a raão de -ostar da$uele nome e de me sentir um cavalo de pau realiado e "eli. , de uma coisa eu não -ostava. ,empre $ue o pessoal "alava em Aapoleão! al-uém lem&rava $ue ele tin'a aca&ado muito mal. Ao %m da vida! %eram uma su*eira com ele. Ele estava com um exército pe$ueno e cansado. elena. 1or sinal $ue >elena! além de nome de uma santa e de uma il'a! era tam&ém o de uma tia de Marioin'o. s vees aparecia na casa e nunca me ol'ava com &ons ol'os... =odo Aapoleão tem seu dia de ,anta >elena. Eu tive muitos. Estava no arm(rio! de volta do meu "o-oso -alopar na calçada! e pensava lo-o no meu -rande cole-a! derru&ador e "aedor de reis... Depois de con'ecer as ale-rias do -alope ou do trote! das "readas &ruscas! para não atropelar uma criança ou uma vel'a sen'ora! $ue *( não podia montar! ser "ec'ado num arm(rio sem lu Ktin'a l:mpada! mas estava $ueimadaL era um casti-o cruel. Diem $ue os meus cole-as de $uatro patas Knão me re%ro a Aapoleão $ue s tin'a duas! di-o! dois pés! como em -eral todo -0nero 'umanoL! diem $ue! depois do -alope! esses cole-as são recol'idos em casas especiais "eitas para o seu *usto descanso. @oc'eiras! cavalariças!
estre&arias! sei l(... @om -ente para lavar+l'es o corpo! enxu-ar+l'es o suor! traer comida. Eu não $ueria tanto. Felimente não preciso comer. De empre-ados tam&ém não preciso. #li(s! dispenso com muito praer. Min'a vida! $uando tin'a contato com a Maria e particularmente a Marlene! era c'eia de altos e &aixos! mais &aixos $ue altos! di-a+se a verdade... Mas a escuridão da$uele $uartin'o apertado era de morte... 1ior $ue a escuridão! a con"usão... >avia de tudo. 2rin$uedos vel'os! sempre ameaçados pela arrumadeira de serem *o-ados no lixo. Os coitados so"riam... ,er( 'o*e o meu diaS Ouvia sempre essa conversa l( dentro. 1odiam! pelo menos! dar a -ente para al-uma criança mais po&re N 'avia sempre al-uém diendo. Era um automovin'o arre&entado! um ursin'o de &arri-a ras-ada! uma &ola "urada! uma locomotiva sem rodas! um avião $ue não "uncionava! um revlver $ue&rado! uns cacarecos de matéria pl(stica. =odos eles tremiam de medo $uando a Marlene a&ria a porta do arm(rio e envenenava a ale-ria da lu $ue traia com a eterna $ueixa Eu não sei $ue mania t0m estes meninos de -uardar tanto &rin$uedo vel'o... , para dar tra&al'o... Os po&rein'os %cavam -elados. Mas 'avia tam&ém &rin$uedos novos! em&ora não muito importantes. ,eu @onrado! ali(s! Dr. =oledo! como as empre-adas diiam! era um mão —_
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a&erta. Dava sempre din'eiro pra &rin$uedo novo! $ue "acilmente envel'ecia. elena era de amar-ar. Ain-uém $ueria me recon'ecer como &rin$uedo. Aem como cavalo. Muito menos como Aapoleão. 1ara a$ueles cacarecos vel'os eu não passava de um simples ca&o de vassoura! indi-no da menor atenção. —_
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s vees li-ava+se o r(dio l( "ora e uma vo meio triste c'e-ava até ns. 1arecia traduir o $ue eu sentia na$uele amar-o isolamento Ain-uém me ama! Ain-uém me $uer! Ain-uém me c'ama De meu amor... Ain-uém ali dentro! é claro. E é claro $ue por puro despeito. Inve*a. Aunca nen'um deles era levado / calçada. Aunca nen'um tomava o elevador com Marioin'o. Aem com Renato. , o papai... , eu... , eu tin'a nome. ?( contei $ual era. E! s $uando me via! o rosto de Marioin'o se iluminava de satis"ação. Eles %cavam tinindo de raiva. Fin-iam não me ver e %cavam contando vanta-em. #té o urso de &arri-a ras-ada ,ou de pelJcia importada N diia ele ao trenin'o sem rodas. N Material %n)ssimo... E voc0S 2em! eu sou todo de "a&ricação nacional... Mas a indJstria &rasileira não %ca devendo nada a $ual$uer indJstria estran-eira N respondia o trenin'o! aproveitando a ocasião para ol'ar com despreo o astronauta. N Meu aar "oi $ue! outro dia! o Bil
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Mas sempre é mel'or ter nascido &rin$uedo N diia o avião de asa partida. N ; outra coisa... # indireta era comi-o. ; claro N diia o ursin'o de pelJcia. N =em urso de verdade e tem urso de pelJcia. =em avião de verdade e tem avião de "a de conta... Ol'a tem até cavalin'o de &rin$uedo...
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respeito.
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Min'a vin-ança era completa Eu não resisti / tentação... E voltando+me para o astronauta! antes de começar o -alope! -ritei+l'e N @on'eceu! Aa-as($uiS =( me estran'ando! ari-atGS Era tudo o $ue eu sa&ia de *apon0s. Mas ele! mesmo com a corda aca&ada! virou o rosto com despreo. #c'o $ue a min'a pronJncia estava errada. Mas eu sempre voltava para o arm(rio em&utido como o primeiro de meu nome para ,anta >elena. @om uma di"erença a "avor. O outro! $ue nascera tam&ém numa il'a! a @rse-a! "oi para ,anta >elena e %cou l( até morrer. Estava muito &em -uardado por soldados in-leses. @om soldado in-l0s não se &rinca. Aão é soldadin'o de c'um&o Ko arm(rio estava c'eio delesL! muito menos de matéria pl(stica. ; osso duro de roer. Aaturalmente ele son'ou "u-ir a vida inteira. Mas nunca 'ouve um cara de "ora $ue o a*udasse. @omi-o não. >avia o Marioin'o. >avendo Marioin'o! a calçada era min'a! o pla-round do prédio! a aventura pelo mundo... ,anta >elena! para mim! era um compasso de espera! mais nada. s vees! um! dois! tr0s dias. Mas eu sa&ia $ue! mais cedo ou mais tarde! Marioin'o voltava. @om o tempo ad$uiri esta certea. Aão me preocupava com o despeito! as indiretas! as "o"ocas. =oda a$uela cacarecada podia resmun-ar / vontade! ale-ar $ue tin'a sido "eita em "(&rica de &rin$uedos e não de vassoura! dier $ue tin'a con'ecido trenin'os
elétricos! com tril'os! tJneis! estações e sinaleiras autom(ticas! lem&rar $ue 'avia con'ecido &one$uin'as louras! $ue seriam verdadeiras estrelas de cinema. Aão s de a&rir e "ec'ar os ol'os! como a $ue @laudin'a traia al-umas vees! ou de c'orar "an'oso como a da linda #lexandra! prima dela. 2onecas de andar! de sentar! de er-uer os &raços! até de "alar e cantar. Eu a-ora não dava a menor con%ança. Deixa pra l( E como eles sentiam o meu pouco caso e recon'eciam o meu carta *unto a Marioin'o e Renato Kde ve em $uando ele vin'a pedir uma caronaL aos poucos o pessoal "oi mudando. Uma tarde em $ue voltava! muito excitado! das aventuras da rua! o da &arri-a "urada! o tal ursin'o de pelJcia importada! me "alou =ava &oa a rua! cavalin'oS @on"esso $ue a per-unta me surpreendeu. PElesP não me li-avam... Estavam $uerendo se c'e-ar. E eu ac'ei &om. Mas respondi com a maior superioridade Eu ten'o nome. Ele não %cou an-ado por isso. =in'a muito movimento! AapoleãoS Muita -enteS , AapoleãoS Do&re a l)n-ua. Aão "omos criados na mesma lo*a de &rin$uedos. Mais respeito. 1ois não! ,eu Aapoleão...
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O &ic'in'o estava mesmo procurando assunto e $ueria a-radar. @'e-ara a min'a ve de "aer o durão.
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#té $ue ele tin'a raão. Mas a culpa não é dos automveis! é de $uem diri-e. #utomvel &em -uiado não "a mal a nin-uém. # culpa é dos motoristas N disse eu! usando as min'as o&servações da calçada. N Ao dia em $ue o &ic'o 'omem compreender $ue automvel é meio de transporte e não de morte! tudo vai mudar... #$uele pensamento causou pro"unda impressão. O pensamento é seuS N per-untou! com a maior admiração! o tam&orin'o "urado. ; nosso... Eu tin'a ouvido a$uilo numa conversa do Dr. =oledo. —_
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Meu carta "oi aumentando. # tal ponto! $ue eu *( nem sentia muito a min'a prisão no arm(rio em&utido. ?( não estava mais na Il'a de ,anta >elena. 1arecia mais uma Il'a de 1a$uet(! $ue é toda ores! a mais linda da 2a)a da Buana&ara. K1restar atenção na conversa dos outros ensina muita coisa...L E como eu traia sempre a experi0ncia do mundo exterior K/s vees o Marioin'o me es$uecia na sala e s me -uardava $uando a vo tão doce de Dona ,ara l'e diia Pol'a! voc0 se es$ueceu de recol'er o Aapoleão...PL! como sempre eu traia as novidades! "ui aca&ando! mesmo! uma espécie de imperador do arm(rio em&utido. @onta as coisas N diiam N mal eu vin'a c'e-ando.
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Renatin'o ainda est( namorando a #lexandraS Aão. Ele a-ora est( apaixonado pela Maria ?oão. Maria ?oãoS Ué =em Maria ?osé por $ue não '( de ter Maria ?oãoS =odos ac'aram -raça! as per-untas continuavam. # Marlene ainda não "oi despedidaS De *eito nen'um Dona ,ara tem um coração de ouro! não é capa de "aer mal a nin-uém. Eu não podia es$uecer $ue! -raças a Dona ,ara! de vo rara! de vo clara! do incinerador eu escapara... E o mais en-raçado é $ue o pessoal começava a me pedir proteção! pedir "avores. ,er( $ue voc0 me arran*a um passeio na calçadaS Eu não sou or-ul'oso! deixava a-ora eles me c'amarem de Pvoc0P. #%nal! eu era imperador apenas de &rincadeirin'a. 1ede para o Marioin'o me tocar de ve em $uando N suplicava o tam&orin'o "urado. N De um lado eu ainda "unciono... Eu não "aço $uestão $ue eles &rin$uem comi-o N diia o ursin'o da &arri-a ras-ada. N Meu tempo *( passou. Eu s $ueria! uma ve ou outra! dar uma ol'ada l( "ora... <0 se conse-ue! t(S Eu não $ueria desiludir os in"elies. Eu sei o $ue so"re &rin$uedo despreado. ,e der *eito! eu "alo com ele... ,erve mesmo o Renatin'o N diia o tam&or. Renatin'o não tin'a o mesmo carta do mano mais vel'o. Mas servia... O pro&lema deles era sair do arm(rio! viver... —_
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O urso! coitado! com toda a$uela pelJcia importada Ke ras-adaL! topava $ual$uer ne-cio. Fala com os meninos! Aapoleão. Di pra eles me darem pro Bil o*e não deu *eito. Estive ocupado o tempo todo. Foi um tal de -alopar... Mas voc0s não pararam nem uma veS Aão é poss)vel # -ente parava! sim. Mas $uando Marioin'o encontrava al-um cole-a. E entãoS ;! mas! em primeiro lu-ar! eu não vou me meter na conversa dos outros. Educação é educação... E! depois! não posso comprometer o -aroto... Eles pensavam $ue era m( vontade! mas não era. Aão %cava &em contar! diante dos ami-os! $ue! a não ser eu! todos os &rin$uedos dele estavam na Jltima lona...
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=odos! não. >avia o astronauta. 2rin$uedo caro. ,a)a sempre o retrato dos cole-as dele no *ornal. =in'a até al-uns $ue tra&al'avam na televisão. Uma ve me es$ueceram na sala da =o*e o 'omem desce na 5ua N diia ,eu @onrado! ali(s! Doutor =oledo. # "am)lia estava tão a-itada $ue nin-uém pensava em mim. Fi$uei assistindo / pal'açada. Uma conversa muito con"usa com o pessoal do apartamento viin'o! com as prprias crianças! "alando em "o-uete! em mdulo! uma porção de coisas complicadas. Aão moro muito em matéria de ci0ncia. Aão é especialidade min'a. Aão passo de um cavalo de pau. Decente.
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por$ue os 'omens da =< não paravam de "alarL! numa 'ora destas... Eu con"esso $ue estava meio atordoado com tudo a$uilo. Mas dava para perce&er $ue uns tais de americanos tin'am sa)do da =erra! e! na$uele momento! deviam estar desem&arcando na 5ua. 5ua! pelo *eito! era um ne-cio $ue 'avia nos con%ns do céu. Um ne-cio $ue /s vees enc'ia! /s vees esvaiava. ?( tin'a ouvido "alar na$uela 'istria. Aunca o 'omem tin'a estado l(. Mas estava c'e-ando... Ol'em... Ol'em... ; a-ora Eu estava pensando $ue era a coisa mais importante do mundo. Mas depois eu vi $ue era um pro-rama de televisão... @'e-aram... Estão descendo... =odo mundo ol'ou. Eu ol'ei tam&ém. Aão era nada da$uilo. Em ve de 'omens! eram uns astronautas! andando muito deva-ar! como $uem nunca tin'a tra&al'ado antes na =avia tempo $ue ele andava me ol'ando com vontade de puxar prosa. Eu tam&ém estava. #proveitei a ocasião. —_
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Estive assistindo a uns cole-as seus na =<. Aão -ostei. #c'o voc0 muito mais... muito mel'or de movimento... &em mais desem&araçado.
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1or $u0S N per-untaram os outros. O tam&orin'o explicou. Ele tin'a c'e-ado no Aatal anterior. Uma "esta maravil'osa na casa. 5ues! &olas! doces! crianças dos outros apartamentos! primos! tios! tias Kcom certea a$uela tia >elena! $ue nunca me viu com &ons ol'osL! e uma (rvore linda no meio da sala! com &olin'as coloridas e velas acesas e em&rul'os de presentes em&aixo! amarrados com %tas de cor. Do "undo de seus em&rul'os os &rin$uedos sa&iam tudo o $ue se passava na sala. # prpria (rvore contava. Este é o dia mais -lorioso do ano O dia do amor universal. =odo mundo %ca &om... =odo mundo d( presente.
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rataplan! pan! pan! rataplan N com tanto entu+ siasmo e com tanto &arul'o! $ue o pessoal %cou meio surdo. P1arece um tam&orin'o do exército de AapoleãoP! disse o pai do Bil istria Universal... O tam&orin'o continuava contando. Descrevia a "esta como um deslum&ramento Mas então vale a pena esperar! meu $uerido N disse o ursin'o de &arri-a ras-ada. N As vamos ver uma &elea. Ou! pelo menos! ouvir... O tam&orin'o %cou sério. ; o $ue voc0s pensam... >ouve uma pe$uena pausa. E depois! com vo meio rouca Ao dia se-uinte ns todos N era uma multidão de &rin$uedos novos! todos lindos N sou&emos $ue a nossa casa seria este arm(rio em&utido. # -ente sa)a para &rincar com os meninos. #ca&ada a &rincadeira! arm(rio... #té a) est( certo N disse eu. N @asa precisa de ordem. @riança tam&ém. >ora de comer! comer. >ora de estudar! estudar. >ora de &rincar! &rincar. >ora de arm(rio! arm(rio... Eu sei N disse o vel'o tam&or. N Eu sei... Mas! na primeira ve $ue viemos para o arm(rio! o arm(rio estava como a-ora c'eio de &rin$uedo vel'o... E da)S N per-untou! tr0mulo! um pe$uenino can'ão de matéria pl(stica.
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Da)S 1ara nos arran*ar a moradia! a arrumadeira Kainda não era a MarleneL desocupou o arm(rio... @omo assimS ?o-ou toda a$uela ca$ueirada na lixeira. Um sil0ncio pesado &aixou so&re ns. O Aatal se aproximava! com uma nova -eração de &rin$uedos... O ursin'o enxu-ou uma l(-rima de "a+de+conta. O astronauta suspirou pro"undamente. O tam&orin'o o tran$iliou elena vem sempre /s "estas de AatalS N per-untei. 1elo menos no ano passado ela estava. Aão sou de sentir "rio na espin'a. Dessa ve eu senti.
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# aproximação do Aatal mo&iliara a casa inteira. Aão se "alava noutro assunto. Mandavam+se cartões de 2oas+Festas. Rece&iam+se cartões de 2oas+Festas. Faiam+se pro*etos. Os -arotos levantavam os ol'os son'adores Que ser( $ue eu vou -an'arS ,er( $ue 1apai Aoel me arran*a um automvel de verdadeS Que &o&a-em! Renato... Quem precisa de automvel de verdade é papai. O "usca dele t( pedindo Parre-loP. ?( não d( mais nada...
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Eu di-o de verdade! mas de &rin$uedo. De a -ente poder entrar e rodar! a -ente empurrando o pedal! o pedal tocando as $uatro rodas... #' Isso sim... Fala com 1apai Aoel... #$uele da lo*aS Aão. 1apai Aoel &om é o pai da -ente. ; ele $ue compra. O outro é s pra ver se os pais da -ente entram na lo*a... Aesse ne-cio de 1apai Aoel eu moro... Quer dier $ue... 1apai Aoel é "a+de+conta... Então como é $ue voc0 pediu pra papai "alar com 1apai Aoel encomendando a &icicletaS Quando ele "alou em &icicleta Keu estava em&aixo da mesaL con"esso $ue senti outra ve a$uele "rio na espin'a... Mas continuei acompan'ando a conversa. Marioin'o explicava 1edir a 1apai Aoel é um *eito do pai da -ente não poder recusar. ,e a -ente pede direto! ele pode dier $ue a situação est( di")cil e tal e coisa e tira o corpo... As sa&emos muito &em $ue o din'eiro anda pouco... E a -ente tem de concordar. Mas se o pro&lema é de 1apai Aoel N t(s me entendendoS N a coisa muda de %-ura. O Pvel'oP $ue se vire... Mas não somente os meninos. O Doutor =oledo conversava com Dona ,ara! as ami-as "alavam com ela. Era um tal de "aer pro*etos! de "alar nas compras! de se $ueixar contra os preços! como eu nunca vi. Quando eu ouvia Dona ,ara se $ueixar dos preços! eu ainda %cava um pouco animado. 1odia não 'aver din'eiro &astante para os &rin$uedos
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novos. Mas o tam&orin'o! nessas coisas! tin'a mais experi0ncia. 1ra Aatal eles arran*am... Faem $ual$uer sacri")cio. E depois! 'o*e compra+ se tudo a prestações. #té &icicletaS 1rincipalmente &icicleta! meu $uerido... 2icicleta na calçada é uma coisa tão peri-osa... N disse eu! pensativo. Mas não para um cavaleiro como Marioin'o... 2om... l( isso é... Meu compadre é o maior... O "ato é $ue a$uele Aatal parecia o %m do mundo. Quando eu "alo nos &rin$uedos do arm(rio em&utido! posso dar a impressão de $ue eles tin'am vivido sempre a&andonados. Aão era &em assim. Uma ve ou outra eles "uncionavam. #penas eu tin'a um pouco mais de sorte. Mas a-ora a crise era total. Era a&andono mesmo. # -ente passava dias no escuro! s escutando as conversas na sala. Raramente Marioin'o dava as caras. E numa dessas Jltimas vees! antes não tivesse dado... 1or$ue ele veio! me pe-ou! *( entrou no elevador montado no papai Keu tão emocionado...L! mas! $uando c'e-amos / calçada! o Ivãin'o estava l(! numa &icicleta nova! todo "eli. Marioin'o %cou deslum&rado e pediu para dar uma voltin'a. O -aroto deixou. Marioin'o me deixou no c'ão! deitado *unto ao murin'o do *ardim! su&iu na &icicleta e saiu pedalando. Aunca passei 'umil'ação maior... Aem $uando varri pela primeira ve! vendo a min'a parte vassoura es"re-ada no lixo...
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Mar Mario ioin'o in'o ia! vol olta tava va!! peda pedala land ndo o co com m -os osto to.. Depois! o Ivãin'o pediu a &icicleta! ele devolveu! a-radecendo muito! %cou ol'ando o ami-o &icicletar com uma inve*a in%nita e depois resolveu su&ir para o apartamento. apar tamento.
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Faltavam s dois dias. Est( claro $ue nin-uém se lem&rou! na$ueles dias! de a&rir o arm(rio em&u em &uti tido do.. @'e@'e-av avam am em em&r &rul ul'o 'oss e ca caix ixas as.. Era Era a-itação pela casa. Que ser(S Que não ser(S As! encostados / porta! acompan'(vamos tudo. O prprio astronauta! um pouco assustado! $ueria sa&er o $ue se passava e nos contava o $ue ouvia.
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?( estava "alando &em o P&asilelo...P P&asilelo...P Ko pro"essor! pro"essor! modéstia / parte! era &om...L E "oi ele $ue transmitiu a not)cia $ue "e a ale-r e-ria dos &rin$uedos vel'os. =in'a ouvido a Maria a "alar com Dona ,ara. O %l'o dela! $ue morava em 1arada de 5ucas! *( %cara &om e devia comparecer comparecer tam&ém / "esta de Aatal. O $ue é $ue vão "aer com os &rin$uedos vel'osS N per-untou Maria. #c'o $ue! salvo o astronauta! o resto *( não vale nada... <ão *o-ar "oraS Que é $ue a -ente pode "aerS #) é $ue veio o pedido. 1or $ue é $ue a sen'ora não d( para o MarcosS Ele pode pode aproveitar aproveit ar... ...
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#'! &em...
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&rin$uedos! o mundo. Eu não conse-uia.
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Ia passando Dona ,ara! $ue *( tantas vees me salvara.
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