ELOGIOS A
O liv li vro ilustrado il ustrado dos maus argumentos argumentos “Eu amei amei este livro. l ivro. É um compêndio compêndio infalível de falhas.” — ALICE ROBERTS, ROBERTS, Ph.D., anatomi anatomista, apresentadora do programa da BBC The Incredible Human Journey
“Maus “Maus argum argumentos, entos, ótimas ótimas ilust il ustrações rações… … Maravilhoso.” Maravil hoso.” — CORY DOCTOROW, DOCTOROW, do do BoingBo BoingBoiing.net ng.net “O livro ilustrado dos maus argumentos deveria fazer parte do currículo escolar. O Twitter seria uma rede social muito mais civilizada.” — KEVIN TANG, TANG, Buzz BuzzFeed.com Feed.com “Um “Uma ótima introdução introdução para qualquer qualquer pessoa p essoa interessada em e m compreender compreender falácias falác ias lógicas… Dê este livro li vro para par a todas as pessoas que adoram um um debate – sejam se jam boas nisso ou não.” não.” — LAUREN DAVIS, do site ion.com
“Agora, “Agora, mais do que nunca, nunca, você precisa pr ecisa deste guia.” guia.” — DAN SALOMON, da da Fast Compan y on-line “Compartil “Compartilhe he este livro l ivro com seus seus am a migos. Incentive Incentive seus s eus famil familiare iaress a folheá-lo. Deixe algun alguns exemplar exemplares es em lugares lugares públicos.” públicos .” — JENNY BRISTOL, BRISTOL, do do site site GeekDad.com GeekDad.com “Um “Uma forma maravi maravilhosa lhosa de aprender a prender sobre sobr e as falácias falácia s lóg l ógicas icas que vêm destruindo destruindo nosso pensamento e a construção do debate.” — RON KRETSCH, do do site site DangerousMi DangerousMinds.n nds.net et “Um “Um ótimo ótimo livro l ivro que todo cientista deveria deveri a ter. Acadêmicos Acadêmicos de todas as áreas ár eas também.” também.” — HOPE JAHREN, autora de Lab Girl
illustra ted book b ook of bad arguments Título original: An illustrated
Copyright © 2014 por Ali Almossawi Copyright da tradução © 2017 por GMT Editores Ltda. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou reproduzida sob quaisquer meios existentes sem autorização por escrito dos editores. tradução: Leila Couceiro reparo de o riginais: Virginie Leite revisão: Ana Grillo, Juliana Souza, Luis Américo Costa e Raphani Margiotta
jandro Giral Giraldo do ilustrações: Ale jandro capa: Ali Almossawi quarta capa: Karen Giangreco adaptação de capa e diagramação: diagramação: Ana Paula Daudt Brandão adaptação para e-book: Marcelo Marc elo Morais Morais
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ A456L Almossawi, Ali O livro ilustrado dos maus argumentos [recurso eletrônico] / Ali Almossawi; ilustração de Alejandro Giraldo. 1. ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2017. recurso digital Tradução de: An illustrated book of bad arguments Formato: ePub Requisitos do sistema: Adobe Digital Editions Modo de acesso: World Wide Web ISBN: 978-85-4310-479-9 (recurso eletrônico) 1. Lógica simbólica e matemática. 2. Lógica. 3. Livros eletrônicos. I. Giraldo, Alejandro. II. Título. 16-38546 Todos os direitos reservados, no Brasil, por GMT Editores Ltda. Rua Voluntários da Pátria, 45 – Gr. 1.404 – Botafogo 22270-000 – Rio de Janeiro – RJ Tel.: (21) 2538-4100 – Fax: (21) 2286-9244 E-mail:
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CDD: CDD : 511.3 511.3 CDU: 510.6
Para Danah: tudo
“O prim pri meiro eir o princípio pri ncípio é não engan enganar ar a si mesmo – e você é a pessoa mais fácil de ser enganada.” – Richard P. P. Feynman
Para quem é este livro? Este livro é dedicado aos iniciantes na área do raciocínio lógico, principalmente àqueles que – para usar uma expressão de Pascal – são feitos de tal maneira que aprendem melhor por meio de imagens. Selecionei os 19 erros de argumentação mais comuns e usei ilustrações claras e divertidas para explicálos, complementando com vários exemplos. Minha expectativa é que o leitor aprenda nestas páginas algum algumas das principais principai s arm ar madilhas adil has encont encontradas radas em discursos discursos e debates, para ent e ntão ão conseguir conseguir identificálas e evitá-las evi tá-las na prática. prática.
Prefácio A literatura sobre lógica e falácias lógicas é ampla e variada. Existem diversos livros que se propõem a ensinar o leitor a utilizar as ferramentas e paradigmas que sustentam um bom raciocínio, de forma a produzir produzir debates mais construtivos. construtivos. No entant entanto, o, ler l er sobre s obre o que não se deve fazer também é muito útil. Em seu livro livr o Sobre Sobre a escrita, Stephen King afirma: “Aprende-se mais claramente o que não se deve fazer por meio da leitura de prosa ruim.” Ele descreve essa experiência terrível como “o equivalente literário da vacina vaci na contra contra a varíol var íola”. a”. Já George Pólya Pólya teria teri a afirmado em uma uma conferência conferência sobre o ensino da matemática atemática que, além alé m de se entender entender bem a disciplina, discipl ina, é necessário necessár io saber sa ber com co mo não enten entendê-l dê-la. a. Este livro l ivro trata fundamentalmente do que não se deve fazer em uma uma argum a rgumentação. entação. O diferencial aqui está no uso de ilustrações bem-humoradas para descrever os erros de raciocínio que assolam o debate público atual. Elas são inspiradas em parte por alegorias como as de A revolução dos Orwel l, e pelo humor humor nonsense nonsense presente nos textos textos de Lewis Carroll Car roll.. Mas, ao bichos, de George Orwell, contrár contrário io do que que acontece nessas obras, obra s, aqui não há um uma história costurando costurando as ilustrações; i lustrações; trata-se de cenas distint dis tintas, as, conectadas conectadas soment somentee pelo pel o estilo estil o e pelo tema. tema. Cada falácia está exposta apenas em um uma página, página, o que, espero, esper o, tornará mais mais fácil que cada falha de argum argumentação entação seja se ja aprendida, a prendida, lem l embrada brada e sirva de referência muitas vezes. Muitos Muitos an a nos atrás, atrá s, trabalhei trabal hei desenvolvendo software. Era Er a uma uma forma intrigant intrigantee de raciocinar raci ocinar por meio da matemática, em vez da linguagem falada. Trazia precisão no lugar da ambiguidade em potencial e rigor aonde antes havia um certo improviso. Nessa mesma mesma época, li algun alguns livros l ivros sobre lógica, tanto modernos modernos quanto quanto medievai medievais, s, entre eles el es Nonsense: A Handbook of Logical Fallacies Fallaci es (Nonsense: (Nonsense: Um manu manual al sobre falácias lógicas), lógicas) , de Robert Gula. Esse livro me fez lembrar de uma lista de normas que eu havia anotado uma década antes sobre a arte de argumentar – conclusões que tirei após vários anos debatendo com estranhos na internet – incluindo, incluindo, por exemplo: exemplo: “T “Tent entee não fazer fazer generalizações.” Hoje sei que isso é óbvio, mas, para par a o jovem j ovem estudante que eu era, foi uma descoberta e tanto. Logo ficou evidente para mim que formalizar o raciocínio traz benefícios como clareza de pensamento e expressão, expressã o, aument aumentoo de objetividade objetivi dade e autoconf autoconfiança. iança. A capacidade de analisar anali sar os arg ar gument umentos os dos outros outros também também ajuda ajuda a perceber o moment momentoo certo cer to de se retirar retira r de discussões infrutíf infrutíferas. eras. Hoje, com as redes sociais, há cada vez maior participação no debate público sobre fatos do dia, política, polí tica, liber l iberdades dades civis. ci vis. Mas há um uma notável falta de raciocí r aciocínio nio lógico e fundam fundament entação ação em boa parte desse discurso. Espero contribuir de alguma forma para aprimorar essas discussões. Claro que a lógica não é a única única ferramenta ferramenta usada em debates e é bom estar estar ciente das outras. A retórica retóri ca provavelmen pr ovavelmente te é a mais importante, importante, seguida seguida de conceitos como o ônus ônus da prova e a navalha de Occam (princípio segundo o qual na explicação de um fenômeno devem se apresentar apenas as premissas necessárias, necessári as, elim eli minando inando todas as outras; outras; também também é conhecido conhecido como como o princípio princí pio da
do raciocínio humano. Como afirma o cientista cognitivo Marvin Minsky, é difícil explicar o simples bom senso senso em termos termos de princípios princípi os lógicos, l ógicos, bem como como as analogias. analogias. Ele acresc a crescent enta: a: “A lógica lógica não consegue explicar como pensamos, assim como a gramática não consegue explicar como falamos.” A lógica não gera novas verdades, mas permite que se verifiquem a consistência e a coerência das cadeias de pensamento existentes. Exatamente por isso é uma ferramenta eficaz para a análise e a comunicação de ideias e argumentos. Ali Ali Almossawi, São Francisco, outubro de 2013
Argumento rgumento a partir das consequências cons equências O argum argumento ento a partir das consequências consequências consiste em defender defender ou refutar refutar a veracidade veraci dade de uma declaraçã decl araçãoo apelando às consequências que ela teria se fosse verdadeira (ou falsa). Mas o fato de uma proposição levar a um resultado desfavorável desfavoráve l não sign si gnifica ifica que ela seja sej a falsa. Da mesm mesmaa forma, forma, o simples s imples fato de ter consequências consequências positivas pos itivas não torna torna a afirmação autom automaticamen aticamente te verídica. verí dica. Como Como afirm afir ma o professor David Hackett Hackett Fischer: “Não se deduz que que uma uma qualidade ligada li gada a um efeito seja sej a transferível à sua causa.” Se as consequências consequências forem positivas, positiva s, o argum argumento ento pode alim ali mentar entar esperanças, espera nças, por vezes tomando tomando a forma de pensamento positivo. Já se forem negativas, o argumento pode suscitar temores. Vamos analisar a citação ci tação de Dostoievsk Dostoievs ki: “Se Deus não não existe, então tudo tudo é perm per mitido.” Deixando Deixando de lado l ado as discussões morais, o apelo às consequências sombrias de um mundo puramente materialista não prova nada sobre a existência ou não de Deus. É preciso preci so perceber, per ceber, porém poré m, que tais argum argumentos entos são sã o falaciosos falaci osos som s oment entee quando quando usados para par a afirm afir mar ou negar a veracidade de uma declaração, e não quando dizem respeito a decisões ou políticas públicas (Curtis). Por exemplo, exemplo, um parlam parl ament entar ar pode logicam l ogicament entee se s e opor ao aument aumentoo de impostos impostos por receio recei o de que haja um impacto negativo na vida de seus eleitores. A falácia do argumento a partir das consequências pode ser reconhecida como uma pista falsa f alsa ou manobra de distração, porque sutilmente desvia a discussão da proposição original – neste caso, em direção ao resultado e não ao mérito da proposta em si.
Falácia do espantalho A falácia do espantalho consiste em apresentar de forma caricata o argumento da outra pessoa, com o objetivo de atacar essa falsa ideia i deia em vez do argum argumento ento em si. Deturpar, Deturpar, citar ci tar de maneir maneiraa incorreta, incorre ta, desconstruir e simplificar demais o ponto de vista do adversário são formas de cometer essa falácia. Em geral, o argumento espantalho é mais absurdo que o argumento real, facilitando o ataque. Além disso, acaba levando o oponente oponente a perder tempo tempo defendendo-se defendendo-se da in i nterpretação ridícula ridí cula de seu s eu argum argumento, ento, em vez de sustentar sustentar sua posição posiç ão origin ori ginal. al. Por exemplo, exemplo, um cético em e m relação à teoria de Darwin Darw in poderia poderi a dizer: di zer: “Meu oponent oponentee está es tá tentan tentando do convencer você de que nós evoluímos dos macacos que se balançavam em árvores; uma afirmação realm real mente ente grotesca.” Essa é uma uma deturpação do que a biologia biol ogia evolutiva afirma de fato, que que é a ideia idei a de que humanos e chimpanzés compartilharam um ancestral comum há milhões de anos. Deturpar a ideia é muito mais fácil do que refutar refutar su s uas evidências. e vidências.
Apelo a uma autoridade irrelevante irrelevante Embasar um argumento na opinião de uma autoridade é um apelo à modéstia das pessoas, ao senso de que sempre haverá outros com maior conhecimento do que nós (Engel) – o que pode até ser verdade, mas nem sempre. Claro que é correto cor reto citar uma uma autoridade competente , como os cient ci entistas istas e acadêm aca dêmicos icos costumam costumam fazer. fazer. A grande grande maioria das coisas co isas em que que acreditam acr editamos, os, com c omoo os átomos átomos e o sistem si stemaa solar, sol ar, são confirmadas confirmadas por aut a utori oridades dades confiáveis, assim assi m como como todos os fatos históricos históric os (na acepção acepçã o de C.S. Lewis). Mas é muito mais provável que o argumento seja falacioso quando há um apelo à opinião de uma autoridade irrelevante, que não é especializada no assunto em questão. Uma falha de argumentação nessa linha é o apelo a uma autoridade vaga, em que uma ideia é atribuída a um coletivo indefinido. Por exemplo: exemplo: “Professores “Professore s na Alemanha Alemanha demonst demonstrara raram m que que isso i sso é verdadeir ver dadeiro.” o.” Um tipo comum comum de apelo apel o a autoridades irrelevantes irr elevantes é o apelo ap elo à sabedoria sabedori a antiga, antiga, onde uma uma ideia ide ia é presumida presumida como como verdadeir ver dadeiraa som s oment entee porque por que foi orig ori ginada num num passado distant di stante. e. Por exemplo: exemplo: “A astrologia era praticada há milênios na China, China, uma uma das civili civi lizações zações tecnologicamen tecnologicamente te mais mais avançadas da Antiguidade.” Esse tipo de apelo costuma ignorar o fato de que o conhecimento científico atual é muito superior e que muitos costumes e normas podem mudar ao longo do tempo. Por exemplo: “Nós não dormimos dormimos o sufici suficient entee hoje em dia. Poucos Poucos séculos s éculos atrás, atrás , as pessoas costumavam costumavam dormir dormir nove horas horas por noite.” Havia uma uma série sér ie de razões pelas pela s quais elas el as dorm dor miam mais mais horas no passado. O sim si mples fato de que dormiam mais não oferece evidências suficientes para sustentar o argumento de que devemos fazer o mesmo hoje em dia.
Equívoco A falácia do equívoco (também chamada de equivocação) explora a ambiguidade da linguagem, alterando o sentido de uma mesma palavra durante o argumento e usando esses significados diferentes para sustentar uma conclusão infundada. (Quando se emprega o mesmo sentido para uma palavra em todo o argumento, ela está sendo usada de modo unívoco ou inequívoco.) Considere o seguinte argumento: “Como você pode dizer que não tem fé, quando age com fé o tempo todo? Fecha negócios, confia em amigos e até fica noivo?” Aqui, o significado da palavra “fé” parte da crença espiritual num criador e depois muda para uma questão de confiança em outras pessoas. Essa falácia é muito utilizada em discussões sobre ciência e religião, onde o termo “por que” pode ser adotado em sentidos diferentes. Num contexto, é a busca de causas – motivadora motivadora da ciência ci ência – e no outro, outro, é a busca de um propósito, de um sentido maior – mais relacionada à moralidade e a questões pessoais em que que a ciência pode não ter respostas. r espostas. Veja este exemplo: exemplo: “A ciência ciência não pode nos dizer por que as coisas coisa s são s ão como são. Por que existimos? existimos? Por que temos temos moral? Portanto, Portanto, nós precisamos prec isamos de outra fonte, fonte, como a religião, para nos dizer por que as coisas acontecem.”
Falso dilema O falso dilema di lema é um argum argumento ento que apresenta apenas duas categoria categoriass possívei poss íveiss e parte p arte do princípio pr incípio de que tudo tudo no âmbito âmbito da discussão deva perten per tencer cer soment somentee a uma uma ou a outra destas possibili possib ilidades dades opostas.1 Assim, ao rejeitar uma das opções, a pessoa não teria alternativa a não ser aceitar a outra. Por exemplo: “Na guerra guerra ao fanatismo, fanatismo, não não há neutrali neutralidade: dade: ou você está do nosso lado, ou está com os extremistas.” extremistas.” Na realidade, há uma terceira opção, a de estar neutro; e uma quarta, de ser contra os dois lados; e ainda uma quinta opção, de concordar com razões de ambos. O livro The Strangest Man, biografia do gênio da física quântica Paul Dirac, escrito por Graham Farmelo, reproduz uma divertida parábola contada pelo físico Ernest Rutherford: Um homem comprou um papagaio num numa loja l oja de animais, animais, mas depois de pois voltou pedindo outro, outro, porqu por quee o pássaro pássar o não falava. O gerente da loja não quis fazer a troca, mas depois de várias outras visitas e reclamações do cliente, ele finalmente cedeu. “Ah, é mesmo! Você queria um papagaio falante. Por favor, me perdoe. Eu lhe dei um papagaio pensante.” pensante.” Rutherf Rutherford ord estava es tava claram clar ament entee alu al udindo à personalidade pers onalidade sil s ilenciosa enciosa e genial de Dirac, mas é possível possí vel im i maginar aginar que alguém usaria tal linh li nhaa de raciocí r aciocínio nio para sug s ugerir erir que ou alguém alguém é silencioso si lencioso e pensador, ou é falante e imbecil.
1 Esta
falácia também é conhecida como terceiro excluído, pensamento preto e branco e falsa dicotomia.
Causa questionável Também conhecida como causa falsa, esta falácia define como causa de um evento, sem provas, uma ocorrência ocorr ência anteri anterior or ou simultânea simultânea àquele evento. evento. A correlação correla ção entre os dois doi s eventos pode ser pura pura coincidência ou resu res ultado de algum algum outro outro fator. Mas sem evidências não é possível possív el concluir concluir que um um evento causou o outro. “O terremoto aconteceu porque nós desobecemos ao rei” não é um argumento válido. Esta falácia tem dois tipos específicos: “depois disso, logo, por causa disso” post (post hoc ergo propter hoc) e “com isso, logo, por causa disso” (cum hoc ergo propter hoc ). No primeiro tipo, o evento anterior é considerado considera do causa do que vem depois. No cum hoc, como os eventos ocorrem ao mesmo tempo, um deles é escolhido como causa do outro. Em várias disciplinas, especialmente pesquisas científicas, esse erro é conhecido conhecido como como confundir correlação com causalidade. O comediante Stewart Lee nos dá um exemplo: “Eu não posso dizer que, como em 1976 eu fiz o desenho de um robô e logo depois Guerra nas Estrelas foi lançado, então eles copiaram a ideia de mim.” Li outro exemplo recentemente num fórum on-line: “Um hacker derrubou o site da companhia ferroviária, daí quando quando fui fui checar o horário dos trens, foi batata, estavam todos atrasados!” O autor autor do post não levou em consider consideração ação que trens podem se atrasar atras ar por vários vári os motivos, motivos, portanto portanto sem provas concretas ou control controlee cient cie ntífico, ífico, a conclusão de que o hacker hacker foi a causa dos atrasos a trasos é infundada. infundada.
Apelo ao medo Esta falácia aposta no medo do público, criando a ameaça de um futuro assustador caso uma determinada proposta seja escolhida. Em vez de oferecer provas concretas de que essa proposta levaria mesmo a tal cenário sombrio, esse e sse tipo de argument argumentoo é baseado bas eado apenas em retórica, ameaças ameaças ou ment mentira irass descaradas desc aradas.. Por exemplo: “Peço que todos os funcionários dessa empresa votem no meu candidato na próxima eleição. elei ção. Se o outro outro candidato ganhar ganhar,, ele el e irá ir á aument aumentar ar im i mpostos e vocês você s irão i rão perder per der seus s eus empregos.” empregos.” Aqui vai um outro exemplo, do livro O processo (Kafka): “É melhor você me entregar todos os seus objetos de valor antes que a polícia chegue aqui. Senão, os policiais vão colocá-los num depósito, e as coisas tendem a se perder no depósito.” Embora seja quase uma ameaça, ainda que sutil, há uma tentativa de argumentação. Ameaças ostensivas ou ordens que não tentem oferecer alguma evidência não podem ser confundidas com esta falácia, mesmo que busquem explorar o medo de alguém (Engel). Quando Quando um um apelo ao medo descreve des creve uma série sér ie de eventos aterrorizan aterror izantes tes que irão ir ão ocorrer ocor rer como como resultado de uma uma determinada determinada opção – sem conexões conexões causais claras cl aras entre entre a proposta e essas consequências –, o argumento fica próximo à falácia da bola de neve. E quando a pessoa fazendo fazendo o apelo ao medo oferece apen ape nas uma uma alternat al ternativa iva à proposta propos ta atacada, a falácia também também pode ser um tipo de falso dilema .
Generalização precipitada precipit ada Esta falácia é cometida quando alguém tira uma conclusão a partir de uma amostra pequena ou específica demais demais para ser s er repres r epresent entativa. ativa. Por exemplo, exemplo, pergu pe rgunt ntar ar a 10 pessoas pessoa s na rua o que elas pensam pe nsam do plano do presidente pres idente para reduz r eduzir ir o déficit não é suficiente para medir o sent s entimen imento to da nação inteira. Embora convenientes, as generalizações precipitadas podem levar a resultados custosos e catastróficos. Por exemplo, exemplo, é possível poss ível que um uma conclusão errada err ada de engenh engenheir eiros os tenha tenha levado l evado à explosão do fogu foguete Ariane 5 durante durante seu prim pri meiro eir o voo-teste: o software de controle controle havia sido testado satisfatoriamente com o modelo anterior, Ariane 4, mas, infelizmente, aqueles testes não cobriram todos os cenários possíveis possí veis para o Ariane 5, portanto foi foi um erro presumir presumir que a programação programação iria i ria funcion funcionar ar da mesma esma forma no no modelo novo. Essas decisõe de cisõess cruciais cr uciais dependem da habilidade habili dade de engenh engenheiros eiros e autoridades para argumentar e tirar conclusões, por isso é tão relevante aprender sobre este e outros exemplos na nossa discussão sobre falácias lógicas. Outra Outra forma forma de generalização apressada apr essada está no capítulo do lago de lágrim l ágrimas as no livro li vro Alice Alice no País das Maravilhas, onde Alice deduz que, como ela está boiando em água salgada, alguma estação de trem – e portanto ajuda ajuda – deve estar es tar por perto: per to: “Alice “Alic e tinha tinha ido à praia prai a apenas uma uma vez na na vida. E tinha tinha chegado chegado à conclusão conclusão de que, em qualquer qualquer lug l ugar ar no litoral inglês, inglês, você encontrari encontrariaa cabines cabi nes de banho, banho, crianças cavando a areia com uma pá, uma fileira de casas de veraneio e, atrás disso tudo, uma estação de trem.” (Carroll)
Apelo à ignorância Este tipo de argumento tenta convencer que algo é verdadeiro simplesmente porque não foi comprovado como como falso. fal so.2 Assim, a ausência de prova é transformada transformada em prova por ausência. Carl Car l Sagan nos nos deu este exemplo: “Não há evidência definitiva de que os OVNIs não estejam visitando a Terra; portanto, os OVNIs existem.” De forma semelhante, antes de se descobrir como foram construídas as pirâmides, alguns concluíram que, na falta de prova em contrário, as estruturas teriam sido erguidas por um poder sobrenatural. sobrenatural. Mas o fato é que o ônus ônus da prova é sempre sempre da pessoa que faz faz a alegação. O posicionamento mais lógico seria questionar o que é mais provável, baseado nas evidências a partir de observações obser vações feitas ao lon l ongo go do tempo. tempo. Ou seja: há probabilidade probabil idade maior de que um objeto voando pelo céu seja um artefato construído pelo homem, algum fenômeno natural, ou alienígenas vindo de outro planeta? Como Como já observam observa mos frequentem frequentement entee os dois doi s prim pri meiros eir os casos cas os – e nunca nunca discos voadores –, é muito mais razoável concluir que OVNIs não sejam extraterrestres vindo do espaço sideral. Uma forma forma específica es pecífica de apelo apel o à ignorância ignorância é o argumento da incredulidade pessoal, onde a incapacidade de entender ou imaginar algo leva a pessoa a acreditar que aquilo é falso. Por exemplo: “É impossível imaginar que o homem realmente pisou na Lua, portanto, isso nunca aconteceu.” Diante de afirmações desse tipo, o ideal é uma resposta sarcástica, como: “É por isso que você não virou cientista da NASA.”
2 A
ilustração para essa falácia foi inspirada na divertida resposta de Neil deGrasse Tyson a uma pergunta sobre OVNIs durante uma palestra: bookofbadarguments.com/video/tyson
Nenhum escocês de verdade Este argumento costuma aparecer quando alguém faz uma generalização sobre um determinado grupo e depois é desafiado desafia do com evidências que o desmentem desmentem.. Em vez de reavali rea valiar ar sua s ua posição ou contestar contestar a evidência, a pessoa foge do desafio redefinindo arbitrariamente o critério para se pertencer àquele grupo.3 Por exemplo, exemplo, algu a lguém ém alega alega que programadores programadores são criaturas cr iaturas antissociais. antissociai s. Se outra pessoa pess oa repudiar essa afirmação dizendo “mas o John é programador e extrovertido, sem dificuldade alguma de se relacionar rel acionar social s ocialm mente”, ente”, isso i sso pode provocar prov ocar a seguinte seguinte resposta: res posta: “Sim “ Sim,, mas o John não não é um programador programador de verdade.” Aqui, não está claro clar o o que ele considera um verdadeiro verdadei ro program pr ogramador; ador; a categ ca tegoria oria não é precisamente definida como, por exemplo, as de pessoas de olhos azuis. A ambiguidade permite que a mente ente teimosa redefina as coisas coi sas a seu bel prazer pra zer.. Essa falácia foi descrita pela primeira vez em 1975 por Antony Flew em seu livro Thinking about Thinking (Pensando sobre pensar), em e m que ele nos dá o seguinte seguinte exem exemplo: plo: Hamish Hamish está lendo l endo o jornal jor nal e se depara com uma notícia sobre um inglês que cometeu um crime hediondo, à qual reage dizendo: “Nenhu “Nenhum m escocês cometeria algo al go tão terrível.” terrível .” No dia di a seguinte, seguinte, ele lê outra outra notícia em que que um escocês é autor de um crime ainda pior. Em vez de mudar sua opinião sobre os escoceses, Hamish afirma: “Nenhum escocês de verdade faria tal coisa” (Flew).
3 Quando o argumentador maliciosamente redefine uma categoria, sabendo muito bem que, ao fazê-lo,
está deturpando-a deturpando-a de forma proposital, proposital , o ataqu a taquee se torna também também um um tipo tipo de falácia faláci a do espantalho.
Falácia genética A falácia genética é cometida quando um argumento é desvalorizado ou defendido somente por causa de suas origens. Em vez de examinar examinar a valida va lidade de da proposta, pr oposta, ataca-se ataca-s e a sua s ua origem histórica, istóri ca, ou a orig ori gem da pessoa que a defende. Como aponta T. Edward Damer, fica difícil avaliar o mérito do argumento quando se está apeg ape gado em e mocionalment ocionalmentee às origens de uma uma ideia. i deia. Consider Consideree o segu s eguinte inte argum argumento: ento: “Claro que ele apoia a poia os sindicalis si ndicalistas tas em greve; greve; afinal, ele nasceu na na mesma esma comunidade comunidade que eles.” eles .” Aqui, não se avali av aliaa o mérito éri to de apoiar apoi ar a greve; em vez disso, tenta-se levar os outros a concluir que a opinião opi nião do oponente oponente não teria valor val or som s oment entee porque ele veio da mesma esma região que os trabalhadores parados. Veja este outro exemplo: “Estamos no século XXI, não podemos continuar mantendo essas crenças da Idade do Bronze.” Por que não?, poderíamos perguntar. Devemos descartar descar tar todas as ideias i deias originadas na Idade do Bronze simplesment simplesmentee porque por que são muito muito antigas? antigas? Por outro lado, há quem invoque a falácia genética num sentido positivo, para defender uma opinião, dizendo dizendo algo al go como: como: “As “ As visões vis ões de Jack sobre arte não podem ser con c ontestadas. testadas. Ele vem de um uma long l ongaa linh li nhagem agem de artistas ar tistas ilustres.” i lustres.” Assim como como nos exemplos exemplos anterior anteriores, es, também também falta falta evidência e vidência a esse e sse argumento.
Culpa por associação Culpar por associação é desacreditar uma ideia ao associá-la a algum indivíduo ou grupo malvisto em determinados setores sociais. Por exemplo: “Meu oponente quer um sistema de saúde semelhante ao de países socialistas. Claro que isso seria inaceitável.” O fato de o sistema de saúde proposto se assemelhar ou não ao de países socialistas não serve como critério de qualidade do plano; trata-se de um non sequitur total. Ou seja, uma inferência ou conclusão que não é consequência lógica da premissa apresentada. Outro argumento, repetido exaustivamente em algumas sociedades, é o seguinte: “Não podemos deixar as mulheres mulheres dirigire di rigirem m, porque nos países infiéis elas el as têm permiss permissão ão para dirigir diri gir.” .” Essen Esse ncialm cial mente, ente, o que esses exemplos tentam argumentar, sem sucesso, é que um determinado grupo seria tão absolutamente mau que compartil compartilhar har qualquer qualquer atributo com ele tornaria a pessoa pes soa um mem membro bro dessa categoria maléfica.
Afirmação firmação do consequente consequent e Um dos vários argumentos formais válidos é conhecido como modus ponens (modo de afirmar), que tem a seguinte fórmula: Se A, então C; A, portan melhor: “A” é o antecedente antecedente para “C” portanto, to, C. C. Explicando melhor: (consequente). (consequente). Se “A” é verdadeir ver dadeiro, o, então “C” também também será verdadeir ver dadeiro. o. Juntos Juntos formam formam duas duas prem pr emissa issass e uma conclusão. A notação formal em lógica é A C, A C. Exemplo de modus ponens: Pre Pre mis mis sa: Se A, e ntão ntão C Se a água estiver fervendo ao nível do mar, então sua temperatura é de pelo menos 100 oC. A águ a está fe ferven rvendo do ao nível do d o mar; por mar; portanto, tanto, sua temperatura é de pelo menos 100 1 00oC.
Pree mi Pr miss sa: A
Conclusão: C
O argum argumento ento acim aci ma é sóli s ólido, do, além al ém de ser válido. váli do. Já a falácia da afirm afir mação do consequent consequentee subverte o formato formato do modus ponens, presumindo erroneamente que, quando o consequente é verdadeiro, então o antecedente deve ser verdadeiro também, o que muitas muitas vezes não acontece. acontece. Ou seja, seja , a fórmu fórmula passa a ser Se A, então C; C, portan portanto, to, A. A. Por exemplo: “Pessoas que vão para a universidade são bem-sucedidas. John é bem-sucedido, portanto, portanto, ele el e deve ter cursado uma uma faculdade.” O sucesso de John pode ter sido s ido resultado r esultado de sua educação superior, mas mas também também poderia ser devido à sua criação criaçã o ou à sua tenacidade tenacidade em superar circun cir cunstâncias stâncias difíceis. difíc eis. Como Como a escolar es colaridade idade não é o único caminh caminhoo para o sucesso, não se pode dizer que uma pessoa bem-sucedida com certeza deve ter cursado uma uma univer universidade sidade..
Apelo à hipocrisia Também Também conheci conhecida da por p or seu nome nome em e m latim, tu quoque (você também também), ), esta es ta falácia ocorre quando quando se aponta uma suposta contradição entre o argumento da pessoa e suas ações ou afirmações anteriores (Engel). (Engel). Portanto, Portanto, ao rebater reba ter uma uma acusação com outra outra acusação, o objetivo é desviar desvi ar a atenção atenção do mérito do argumento e colocá-la na pessoa que expressou aquela ideia. Essa característica torna o apelo à hipocrisia hipocrisi a um tipo de ataque ataque ad hominem. E, claro, cl aro, mesmo mesmo que haja haja inconsis inconsistên tência cia da pessoa, pess oa, o argum argumento ento dela del a ainda ai nda pode ser correto. corre to. Num episódio do programa Have I Got News for You You, da TV britânica BBC – que, de forma bemhum humorada, faz pergun perguntas tas sobre sobr e notícias a celebri cel ebridades dades –, um dos convidados criticou cri ticou um um protesto protesto em Londres contra a ganância ganância dos empresár empresários ios por cont c ontaa da aparente hipocrisia hipocrisi a dos manifestant anifestantes, es, usando o surrado argumento de que eles não podiam ser contra o capitalismo enquanto usavam smartphones e tomavam café latte. Outro exemplo vem do filme Obrigado por fumar , de Jason Reitman, onde um diálogo com várias falácias tu quoque é concluído concluído da seguinte seguinte maneira maneira por um carism cari smático ático e inescrupuloso inescrupuloso lobista lobi sta da indústria do fumo, Nick Taylor: “Só acho engraçado o senador de Vermont me chamar de hipócrita, quando ele, num mesmo dia, deu uma coletiva de imprensa defendendo a queima de todas as plantações de tabaco no país, para depois pegar um jatinho particular e ir até o festival de rock Farm Aid, onde dirigiu diri giu um um trator trator no palco e lam l ament entou ou o declínio decl ínio do agricultor americano.”
Bola de neve A falácia da bola de neve tenta desacreditar uma proposta argumentando que sua aceitação levará inevitavelmente inevitavelmente a uma uma sequên se quência cia de event eve ntos os indesejáveis i ndesejáveis..4 Embora Embora a sequência sequência de eventos eventos possa poss a até ser plausível – com alguma probabilidade de que cada transição entre eles ocorra –, esse tipo de argumento parte do princípio de que todas as transições são inevitáveis, mas sem oferecer qualquer prova disso. O argum argumento ento da bola de neve tenta tenta inst i nstigar igar medo na na audiência, sendo s endo relacionado relaci onado a outras outras falácias que já mencionamos, com c omoo o apelo ao medo, falso dilema e argumento a partir das consequências. Por exemplo: exemplo: “Nós não deveríamos permitir às pessoas o acesso acess o totalment totalmentee livre li vre à internet. internet. Daqui Daqui a pouco, elas começam a frequentar sites pornográficos, o que irá deteriorar o tecido moral da sociedade, e depois nós seremos reduzidos a meros animais.” animais.” É gritante gritante neste argu ar gum mento ento a falta de evidências. Só apresenta a conjectura infudada de que o acesso livre à internet causaria a decadência moral da sociedade, a partir de pressuposições exageradas sobre o comportamento das pessoas.
4 A
falácia da bola de neve descrita aqui é do tipo causal.
Apelo à popularidade Também conhecido como apelo ao povo, este argumento utiliza o fato de muitas pessoas (ou até mesmo a maioria delas) acreditarem em algo como se fosse prova de que a ideia é verdadeira. Esse tipo de falácia muitas vezes dificultou a aceitação maior de teorias pioneiras. Por exemplo, na época de Galileu, a maioria das pessoas acreditava que o Sol e os planetas orbitavam em torno da Terra, portanto o astrônomo astrônomo foi ridiculari ri dicularizado zado por apoiar apoi ar o modelo de Copérnico, que corretamente corretamente coloca o Sol no centro do nosso sistem si stemaa solar. sol ar. Mais recent r ecentem ement ente, e, o médico Barry Marshall precis pr ecisou ou adotar a medida extrema extrema de se inocular com bactérias H. pylori a fim de convencer convencer a comunidade comunidade cient cie ntífica ífica de que esses esse s organismos organismos causam úlcera péptica pépti ca – uma uma teoria teori a que até então havia havia sido descartada. descar tada. A publicidade frequentemente tenta convencer as pessoas a usar um produto somente pelo motivo de ser popular. Por exemplo: exemplo: “Quem “Quem está na na moda usa usa o gel de cabelo ca belo X. Não fique fora dessa.” dessa .” Embora entrar na moda seja uma oferta atraente, isso não basta para sustentar o imperativo de que alguém deva comprar comprar o produt pr odutoo anunciado. anunciado. Políticos Pol íticos também também adotam muito essa retórica retóri ca – usando usando a popularidade como como se fosse evidência evi dência de que uma uma proposta propos ta é correta cor reta – a fim de impulsi impulsionar onar suas campanhas campanhas e influenciar eleitores.
O argum a rgumento ento ad hominem (do latim l atim “ao hom homem em”) ”) ataca a pessoa, pess oa, em vez da opinião que ela está dando, da ndo, com a intenção intenção de desviar desvi ar a discussão e desacreditar desacr editar a proposta desse des se oponente. oponente. Por exemplo: exemplo: “Você não é historiador; historia dor; por que não não se atém aos assun a ssuntos tos da sua s ua área?” O fato de alguém alguém não não ser se r historiador histori ador não tem qualquer impacto no mérito de seu argumento – a não ser em um caso em que somente historiadores possam estar corretos corr etos sobre o assunto assunto –, portanto, isso não reforça em nada nada a posição posiçã o do atacante. Esse tipo de ataque pessoal é o ad hominem ofensivo. Há um segundo tipo, o ad hominem circunstancial, que ataca a pessoa por motivos cínicos, geralmente ao fazer um juízo negativo de suas intenções. Por Po r exemplo: “V “ Você não se importa real re alm mente em reduz red uzir ir o crim cri me na cidade. cida de. Quer apenas ape nas que as pessoas pes soas votem em você.” Mas mesmo que uma pessoa se beneficie (no caso, com votos) com a aceitação de seu arg ar gument umento, o, isso is so não sign si gnifica ifica que a ideia ide ia seja necessariam necessari ament entee ruim ou incorre incorreta. ta. Um ataque ataq ue ad hominem às vezes ve zes consegu conseguee desviar desvi ar o assunto assunto ao rebaixar rebai xar o debate a uma uma troca de falácias tu quoque. Por exemplo, John diz: “Este homem está errado porque não tem integridade; pergunte a ele por que foi demitido de seu último emprego”, ao que Jack retruca: “Que tal se falarmos do bônus bônus substancial substancial que você recebeu recebe u ano ano passado, passa do, apesar apesa r dos cortes de metade do pessoal pess oal na sua empresa empresa?” ?” Nesse ponto, ponto, a discussão já foi completament completamentee desvirtuada. desvi rtuada. Dito isso, realm real mente ente existem algumas situações em que é legítimo questionar a credibilidade de uma pessoa, como durante um depoimento depoimento judicial. judicial .
Raciocínio circular circular O raciocínio circu ci rcular lar é um dos quatro tipos de argumentos falaciosos conhecidos como petição petiç ão de rincípio (Damer), em que a conclusão é tomada, implícita ou explicitamente, em uma ou mais das premissas. No raciocínio racioc ínio circular, cir cular, ou a conclusão aparece de forma forma óbvia óbvi a como premiss premissa, a, ou – como como é mais comum comum – é uma uma repetiç rep etição ão da premissa pr emissa,, mas mas usando palavr pal avras as diferentes. di ferentes. Por exemplo exemplo:: “Você “Você está es tá completamen completamente te equivocado, pois poi s o que falou não não faz o menor menor sentido.” Nesse caso, as duas proposiçõe pr oposiçõess significam a mesma coisa, já que estar errado e não fazer sentido têm o mesmo significado nesse contexto. O argumento está simplesmente afirmando que “por causa de x, portanto x”, o que não significa nada. O argumento circular às vezes depende de premissas não declaradas, o que pode torná-lo mais difícil de detectar. Considere algu a lguém ém que que diz di z a um ateu que que ele el e deveria dever ia acreditar acredi tar em Deus Deus porque, por que, do contrári contrário, o, irá para o inferno. inferno. A premissa premissa não declarada decl arada por trás de algu al guém ém ir para o inferno inferno é a de que existe existe um Deus capaz de mandá-lo para lá. Portanto, a premissa “existe um Deus que manda os descrentes para o inferno” inferno” é usada para apoiar a conclusão de que “Deus existe”. É como disse diss e o com c omediante ediante Josh Thom Thomas as à personagem Peg no seriado da TV australiana Please Like Me M e: “Você não pode ameaçar um ateu com o inferno, Peg. Não faz nenhum sentido. É como um hippie ameaçando socar a sua aura.”
Composição e div di visão Uma pessoa comete a falácia da composição ao inferir que, como as partes de um todo têm um determinado atributo, então o todo também deve ter aquele mesmo atributo. Mas, parafraseando Peter Millican, se cada ovelha num rebanho tem uma mãe, não se deduz que o rebanho tem uma mãe. Veja outro exemplo: exemplo: “Cada módulo módulo desse sistem sis temaa de software foi submetido submetido a testes de unidade unidade e passou pas sou em todos. Portanto, Portanto, quando quando os módulos forem integ integrados, rados, o sistem si stemaa in i nteiro não irá violar viol ar qualquer das invariantes verificadas pelos testes das unidades.” Na realidade, juntar as partes individuais para formar um sistema introduz introduz um um outro outro nível de complexidade, devido devi do à interação entre as partes, o que poderá apresent aprese ntar ar novas possibilidades de erros. er ros. Na falácia da divisão, divi são, acont ac ontece ece o inverso. i nverso. É cometida cometida quando quando se infere infere que as partes devem deve m ter um atributo que que perten per tence ce ao todo. Por exem e xemplo: plo: “Nosso time é im i mbatível. Cada um dos nossos jogadores j ogadores conseguirá se destacar mais que qualquer jogador do time adversário.” Embora possa ser verdade que o time como um todo seja invencível, isso poderia ser resultado de como as habilidades de cada jogador funcionam juntas , em equipe equipe – portanto, não não se pode usar o sucesso do time time como evidência de que o talento individual de cada jogador seja imbatível por si só.
Considerações Considerações finais Há muitos anos, ouvi um professor explicar o significado de argumentos dedutivos usando uma excelente metáfora, descrevendo-os como tubulações sem furos ou vazamentos, onde a verdade entra por uma extremidade e continua sendo verdade ao sair pela outra. Aliás, essa imagem foi a inspiração para a capa do livro. Agora que você chegou até aqui, espero que termine a leitura não só com uma noção melhor dos benefícios de uma argumentação sólida para a confirmação e expansão do conhecimento, como também das com c omplexidades plexidades dos argu ar gum mentos entos indu i ndutivos, tivos, onde as probabili probabi lidades dades entram entram em jogo. Com relação rel ação aos indutivos, indutivos, em particular, o pensament pensamentoo crítico cr ítico se revela r evela uma uma ferram ferr ament entaa in i ndispen dispe nsável. sável . Acima de tudo, tudo, espero esper o que você adquira uma uma percepção per cepção mais agu a guçada çada do perigo peri go de argum argumentos entos frágeis e de como como são frequentes em nosso cotidiano. Gostaria de concluir agradecendo às pessoas com quem tive o prazer de compartilhar este projeto, desde seu estágio embrionário embrionário até o ponto de alçar al çar voo. Obrigado Obri gado a todos que dedicaram dedic aram seu tempo tempo para par a me ajudar com seus comentários e críticas – o que sem dúvida aprimorou este livro: os 700 mil leitores da edição on-line; os quase 4 mil leitores que apoiaram o projeto com doações ou comprando a primeira edição; as livrarias que apostaram no livro, embora fosse desconhecido na época; e especialmente, os voluntários voluntários que traduziram traduziram a edição on-li on-line ne para suas s uas próprias própri as líng l ínguas. uas. Tem Tem sido uma uma jornada j ornada maravilhosa, e tenho fé de que esta seja apenas uma entre muitas ainda por vir.
Definições Série de pro posições com o intuito intuito de persuadir por meio do raciocí rac iocínnio. Num ARGUMENTO: ARGUMENTO: Série argumento, um subgrupo de proposições, chamadas premissas premissas,, apoia outra proposição, chamada conclusão. Afirmação que pode ser se r verdadeir ver dadeiraa ou falsa, mas não não as duas duas coisas coi sas ao a o mesm mesmoo tempo. tempo. Por roposição: Afirmação exemplo: exemplo: “Boston é a maior maior cidade de Massachusetts.” Massachusetts.” remissa: Proposição remissa: Proposição que dá apoio à conclusão de um argumento. Pode haver uma ou mais premissas para cada argumento. falseabilidade: Uma proposição é falseável se puder ser refutada e desmentida por meio da observação ou de um experiment experimento. o. Por exemplo, exemplo, a asserçã as serçãoo “todas as a s folhas são sã o verdes” verde s” pode ser facilmente facilmente refutada refutada ao se apontar apontar para par a uma uma folha que que não seja verde. Mas, quando quando uma uma teoria teori a resiste res iste à refutação refutação pela pel a experiência, então pode ser considerada comprovada. Por isso, a falseabilidade é um sinal de força do argumento argumento e não de d e sua s ua fraqueza. rac iocínio nio usado usado para par a fazer a transição de uma uma proposição para a outra, FALÁCIA LÓGICA: Erro LÓGICA: Erro no raciocí resultando num argumento falho. Falácias lógicas violam um ou mais dos princípios que constituem um bom argumento, como boa estrutura, consistência, clareza, ordem, relevância e completude. É importante observar que encontrar uma falácia num argumento não equivale a provar que a conclusão é falsa – a conclusão pode ser verdadeira, mas necessitar de um raciocínio melhor para embasá-la. falácia formal: Erro Err o que torna o raciocínio raci ocínio ilógico i lógico devido devi do a uma falha em sua sua estru es trutu tura. ra. A falácia pode ser identificada apenas pela pe la análise da forma do argum argumento, ento, antes mesm mesmoo de se avali a valiar ar seu conteúdo. conteúdo. (Por exemplo, exemplo, afirmação do consequente). falácia informal: Erro que que torna o raciocínio raci ocínio ilógico il ógico devido a seu conteúdo conteúdo e a seu context contextoo e não à sua forma. forma. Nesse caso, as premissas do argu ar gum mento ento não oferecem evidências sufici suficient entes es para pa ra sustentar sustentar a conclusão apresentada. (Quase todas as falácias discutidas neste livro são informais.) a rgum mento, ento, se as prem pr emissa issass são verdadeiras, verdadei ras, então então a ARGUMENTO DEDUTIVO: Neste DEDUTIVO: Neste tipo de argu conclusão certamente também é. A conclusão decorre necessariamente das premissas, como sua consequência lógica. Por exemplo: “Todos os homens são mortais. Sócrates é um homem. Portanto, Sócrates é mortal.” Um argumento dedutivo tem a intenção de ser válido, mas isso nem sempre acontece. válido: O argumento dedutivo é válido se a sua conclusão decorre logicamente de suas premissas premissas . Do contrário, contrário, será inválido. As descrições “válido” “váli do” e “in “i nválido” se aplicam apenas apenas aos argumentos e não às roposições. sólido: Um Um argumento dedutivo é sólido sóli do se for válido e suas premissas premissas forem verdadeiras. verdadeir as. Se uma uma
ARGUMENTO INDUTIVO: Neste INDUTIVO: Neste argumento, se as premissas são verdadeiras, então é provável que a conclusão também também seja verdadeir verda deira. a.5 A conclusão não é derivada das premissas por necessidade lógica, mas sim si m por probabil pr obabilidade. idade. Por exemplo: exemplo: “T “Toda oda vez que medimos medimos a velocidade veloci dade da luz no vácuo, vácuo, ela el a é 3x108 m/s. Portanto, a velocidade da luz no vácuo é uma constante universal.” Argumentos indutivos normalmente partem de premissas específicas para chegarem a uma conclusão geral. forte: O argumento indutivo é forte quando suas premissas premissas são verdadeiras e então é altamente provável que sua conclusão também seja. Mas quando é improvável que a conclusão seja verdadeira, o argumento é fraco. Como dependem de probabilidade, os argumentos indutivos não chegam obrigatoriamente a uma conclusão verdadeira mesmo que as premissas sejam verdadeiras. cogente: Um Um argumento indutivo é cogente se for forte e as premissas premissas forem verdadeiras – ou seja, de acordo com fatos verificáveis. irrefutabilidade: Um Um argumento indutivo é irrefutável i rrefutável se for forte e suas premissas forem realmente realmente verdadeiras, isto é, condizentes com os fatos. Caso contrário, ele é considerado duvidoso.
5 Na
ciência, os pesquisadores geralmente procedem indutivamente dos dados para as leis e destas para as teorias, teori as, por isso a indução é a base de grande parte da ciência. ci ência. A indução indução é geralment geralmentee entendida entendida ou como como o teste de uma uma proposição propos ição em um uma amostra (porqu (por quee seria se ria impraticável testá-la de maneir maneiraa ain ai nda mais extensa) ou usando apenas a razão (nos casos em que é impossível realizar testes de laboratório).
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Sobre o autor e o ilustrador Ali Almossawi tem Almossawi tem mestrado em Engenharia de Sistemas pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e mestrado em Engenharia de Software pela Universidade de Carnegie Mellon. Ele mora com a mulher e a filh fil ha em São Francisco, onde trabalha como como design desi gner er de visualização visuali zação de dados na equipe de métrica do Mozil Mozilla, la, e também também como como colaborador col aborador do Laboratório de Mídia do MIT MIT. Antes Antes disso, di sso, Ali desenvolveu pesquisas em Harvar Harvardd e no Institu Instituto to de Engen Engenharia haria de Softwar Softwaree (SEI), ( SEI), criando cri ando modelos modelos para prever a qualidade de códig códi gos-fonte. os-fonte. Seu trabalh trabal ho já j á foi mencionado mencionado em artigos na na Scientific American , e outras publicações. Wired, The New York Times, Fast Fast Company e outras Almossawi.com A lmossawi.com
Alejandro Giraldo formou-se Giraldo formou-se em Design Gráfico na UPB Medellín e fez mestrado em Direção de Arte na ELISAVA (Escola de Design e Engenharia e Engenharia de de Barcelona). Ele mora em Medell Medellín, ín, na Colômbia, Colômbia, onde trabalha como freelancer em vários projetos. AlejoGiral A lejoGiraldo.com do.com
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Sumário Créditos Para quem é este livro? Prefácio Falácias lógicas Argum rgumento ento a partir das consequências cons equências Falácia do espantalho espantalho Apelo a uma autoridade irrelev irrelevante ante Equívoco Falso dilema Causa questionável Apelo ao medo medo Generalização precipitada precipitada Apelo à ignorância ignorância Nenhum escocês escocês de verdade Falácia genética Culpa por associação associação Afirm firmação ação do consequent consequentee Apelo à hipocrisia Bola de neve Apelo à popularidade Ad Hominem Raciocínio circ circular ular Composição e div di visão Consideraçõess finais Consideraçõe Definições Bibliografia Sobre o autor e o ilustrador
Table of Contents Créditos Para quem é este livro? Prefácio Falácias lóg l ógicas icas Argumento a partir das consequências Falácia do espantalho Apelo a uma uma autoridade irrel i rrelevant evantee Equívoco Falso dilema Causa questionável Apelo ao medo Generalização precipitada Apelo à ign ignorância orância Nenhum escocês de verdade Falácia genética Culpa Cu lpa por associação Afirmação do consequente Apelo à hipocrisia Bola de neve Apelo à popularidade Ad Hominem Raciocínio circular Composição e divisão Considerações finais Definições Bibliografia Sobre o autor e o ilustrador