Belo Horione 2006
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Fiat Mostra Brasil. Belo Horizonte: Cria!Cultura, 2006. 220p. 22,5cm. ISBN 85-60399-00-3 978-85-60399-00-0 1. Arte contemporânea CDD 700
Impresso no Brasil 2006-2007
Fiat Mostra Brasil Desde sua insalao no pas, a Fia assumiu uma posura de inegrao efeiva à culura brasileira e inensificou, na lima década, iniciaivas que desperassem o orgulho de ser brasileiro. A parir de 1997, foram desenvolvidos projeos socioculurais elaborados com a proposa de insigar reflexões sobre o Brasil e sua realidade.
A Fiat convida você a pensar no futuro Ese foi o ema escolhido por ns para assinalar os rina anos de presena da Fia no Brasil. Nenhuma oura frase espelharia melhor nossa aiude, nossa deciso, nossa escolha de viver o fuuro no presene. O projeo Fia Mosra Brasil se insere nessa perspeciva de anecipao da realidade como forma de conquisar o sucesso. Nos primrdios da informica, um de seus mais brilhanes pioneiros, Alan Kay, afirmava que “a melhor maneira de predier o fuuro é inven-lo”. O nosso convie coninua de pé. Pensemos o fuuro, vivamos o fuuro, invenemos o fuuro na indsria e nas ares, na ecnologia e nos processos policos, na educao e no espore, na sade e na incluso social. Ns, da Fia, buscamos faer a nossa pare. E assim o faremos sempre, porque, daqui a rina anos, o fuuro ainda esar por ser invenado e ns seremos aores dessa nova avenura.
C. Belini Presidene | Fia
Com a criao, em 2006, da Casa Fia de Culura, brao culural da empresa no Brasil, foi adoada uma nova polica de invesimeno culural e os rumos do percurso da brasilidade foram ampliados. Um dos principais objeivos dessa nova polica é a democraiao do acesso às ares por meio da difuso da produo arsica brasileira e mundial. É nese conexo que se insere o projeo Fia Mosra Brasil. Por meio da aberura de um edial nacional, o Fia Mosra Brasil recebeu rabalhos de arisas do pas ineiro. Esses rabalhos foram analisados por uma renomada curadoria, que selecionou rina arisas e suas obras, levando em considerao proposas que visavam “aponar veores da are conemporânea brasileira em derimeno de endncias, assumindo o risco de aposar ambém naquilo que es à margem do circuio da are conemporânea”. Cad a um deles recebeu um prmio no valor de 12 mil reais, oaliando uma premiao de 360 mil reais, a maior j concedida no Brasil nessa caegoria. Com enrada grauia, a Mosra – composa pelas obras dos arisas premiados – ofereceu à cidade de So Paulo a primeira exposio no Poro das Ares da Fundao Bienal. O desenvolvimeno de odas as eapas do projeo pde ser acompanhado por um sie ineraivo e um blog, que esabeleceram um canal de comunicao permanene e democrico do pblico e dos arisas com a curadoria e a organiao do Fia Mosra Brasil. O regisro desse invesimeno culural, que marca os rina anos da Fia no Brasil, pode ser conferido nese calogo-livro e no documenrio do projeo. Assim, o Fia Mosra Brasil deu a sua conribuio ao debae sobre os rumos da are no pas e aproximou o pblico de uma nova linguagem arsica, inovadora e aual.
José Eduardo de Lima Pereira Presidene | Casa Fia de Culura
fiat mostra brasil
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Fiat Mostra Brasil Desde sua insalao no pas, a Fia assumiu uma posura de inegrao efeiva à culura brasileira e inensificou, na lima década, iniciaivas que desperassem o orgulho de ser brasileiro. A parir de 1997, foram desenvolvidos projeos socioculurais elaborados com a proposa de insigar reflexões sobre o Brasil e sua realidade.
A Fiat convida você a pensar no futuro Ese foi o ema escolhido por ns para assinalar os rina anos de presena da Fia no Brasil. Nenhuma oura frase espelharia melhor nossa aiude, nossa deciso, nossa escolha de viver o fuuro no presene. O projeo Fia Mosra Brasil se insere nessa perspeciva de anecipao da realidade como forma de conquisar o sucesso. Nos primrdios da informica, um de seus mais brilhanes pioneiros, Alan Kay, afirmava que “a melhor maneira de predier o fuuro é inven-lo”. O nosso convie coninua de pé. Pensemos o fuuro, vivamos o fuuro, invenemos o fuuro na indsria e nas ares, na ecnologia e nos processos policos, na educao e no espore, na sade e na incluso social. Ns, da Fia, buscamos faer a nossa pare. E assim o faremos sempre, porque, daqui a rina anos, o fuuro ainda esar por ser invenado e ns seremos aores dessa nova avenura.
C. Belini Presidene | Fia
Com a criao, em 2006, da Casa Fia de Culura, brao culural da empresa no Brasil, foi adoada uma nova polica de invesimeno culural e os rumos do percurso da brasilidade foram ampliados. Um dos principais objeivos dessa nova polica é a democraiao do acesso às ares por meio da difuso da produo arsica brasileira e mundial. É nese conexo que se insere o projeo Fia Mosra Brasil. Por meio da aberura de um edial nacional, o Fia Mosra Brasil recebeu rabalhos de arisas do pas ineiro. Esses rabalhos foram analisados por uma renomada curadoria, que selecionou rina arisas e suas obras, levando em considerao proposas que visavam “aponar veores da are conemporânea brasileira em derimeno de endncias, assumindo o risco de aposar ambém naquilo que es à margem do circuio da are conemporânea”. Cad a um deles recebeu um prmio no valor de 12 mil reais, oaliando uma premiao de 360 mil reais, a maior j concedida no Brasil nessa caegoria. Com enrada grauia, a Mosra – composa pelas obras dos arisas premiados – ofereceu à cidade de So Paulo a primeira exposio no Poro das Ares da Fundao Bienal. O desenvolvimeno de odas as eapas do projeo pde ser acompanhado por um sie ineraivo e um blog, que esabeleceram um canal de comunicao permanene e democrico do pblico e dos arisas com a curadoria e a organiao do Fia Mosra Brasil. O regisro desse invesimeno culural, que marca os rina anos da Fia no Brasil, pode ser conferido nese calogo-livro e no documenrio do projeo. Assim, o Fia Mosra Brasil deu a sua conribuio ao debae sobre os rumos da are no pas e aproximou o pblico de uma nova linguagem arsica, inovadora e aual.
José Eduardo de Lima Pereira Presidene | Casa Fia de Culura
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fiat mostra brasil
Histórico Fiat Mostra Brasil 2006 26 de junho 27 de junho 27 de junho a 25 de agoso 22 de seembro 27 de ouubro 6 de novembro 2 de deembro
Lanameno do ho sie Lanameno do edial Inscriões Divulgao dos selecionados Monagem da exposio Aberura Encerrameno
2.221 arisas inscrios 2.833 rabalhos inscrios 30 obras selecionadas 21 pronas 9 projeos R$ 360.000 em prmios oferecidos aos arisas selecionados 96.661 visias ao ho sie (www.fiamosrabrasil.com.br) Exposio: Poro das Ares da Fundao Bienal - So Paulo, SP.
fiat mostra brasil
mosra adriana barreo e bruna mansani (projeo) andrei homa bruno faria crisiano lenhard daniel escobar blog 1 - criérios de seleo fabianawielewicki fabola asca felipe cohen e daniel rench grupo gia (projeo) grupo emprea (projeo) blog 2 - conexo e produo henrique oliveira kaia praes leonora weissmann lui roque filho marcelomoschea blog 3 - o curador marcus basos (projeo) mariana silva da silva mariane roer (projeo) mara neves (projeo) marha gabriel blog 4 - galeria x rua milena ravassos mm no é confee (projeo) nydia negromone (projeo) raquel solf ricardo crisofaro blog 5 - pra-choque rodrigo borges rodrigo freias hais ueda (projeo - uopédia) vera bighei vulgo - wellingon canado e simone coreo equipe de curadores diferenas e aleridades - marcos hill coordenadas em movimeno - eduardo de jesus nos espaos movenes da are - marisa mokarel o risco como esraégia - jred domcio osris conemporâneo - séphane huche para além do plug and play - giselle beiguelman um exo para um conexo: fia mosra brasil - maria ivone dos sanos ficha écnica e agradecimen agradecimenos os
8 14 20 24 28 32 36 38 42 46 50 60 66 68 72 76 80 84 88 90 94 98 102 108 112 114 118 124 130 134 138 140 144 148 152 156 162 164 170 176 182 188 194 202 216
Histórico Fiat Mostra Brasil 2006 26 de junho 27 de junho 27 de junho a 25 de agoso 22 de seembro 27 de ouubro 6 de novembro 2 de deembro
Lanameno do ho sie Lanameno do edial Inscriões Divulgao dos selecionados Monagem da exposio Aberura Encerrameno
2.221 arisas inscrios 2.833 rabalhos inscrios 30 obras selecionadas 21 pronas 9 projeos R$ 360.000 em prmios oferecidos aos arisas selecionados 96.661 visias ao ho sie (www.fiamosrabrasil.com.br) Exposio: Poro das Ares da Fundao Bienal - So Paulo, SP.
fiat mostra brasil
mosra adriana barreo e bruna mansani (projeo) andrei homa bruno faria crisiano lenhard daniel escobar blog 1 - criérios de seleo fabianawielewicki fabola asca felipe cohen e daniel rench grupo gia (projeo) grupo emprea (projeo) blog 2 - conexo e produo henrique oliveira kaia praes leonora weissmann lui roque filho marcelomoschea blog 3 - o curador marcus basos (projeo) mariana silva da silva mariane roer (projeo) mara neves (projeo) marha gabriel blog 4 - galeria x rua milena ravassos mm no é confee (projeo) nydia negromone (projeo) raquel solf ricardo crisofaro blog 5 - pra-choque rodrigo borges rodrigo freias hais ueda (projeo - uopédia) vera bighei vulgo - wellingon canado e simone coreo equipe de curadores diferenas e aleridades - marcos hill coordenadas em movimeno - eduardo de jesus nos espaos movenes da are - marisa mokarel o risco como esraégia - jred domcio osris conemporâneo - séphane huche para além do plug and play - giselle beiguelman um exo para um conexo: fia mosra brasil - maria ivone dos sanos ficha écnica e agradecimen agradecimenos os
8 14 20 24 28 32 36 38 42 46 50 60 66 68 72 76 80 84 88 90 94 98 102 108 112 114 118 124 130 134 138 140 144 148 152 156 162 164 170 176 182 188 194 202 216
| Adriana Barreo | So José dos Campos, SP, 1969 | | Bruna Mansani | Siqueira Campos, PR, 1979 | Graduadas em are e mesrandas em poéicas visuais pela Universidade do Esado de Sana Caarina, realiam em parceria, desde 2004, rabalhos que buscam relaões no sisema das ares e além dele. Pariciparam de workshop de performance realiado durane o 15º Fesival Inernacional de Are Elernica Videobrasil (So Paulo, 2005). Vivem e rabalham em Florianpolis, onde manm o projeo mvel Espaç Cntramã, Cntramã, que propõe inervenões arsicas denro de ambienes domésicos. | | Bruno Aranha | convidado | So Paulo, 1982 | Formado em cinema pela Fundao Armando Alvares Peneado, rabalhou com direo de are e figurino para publicidade e curasmeragens. Esudane de moda na FAAP, ingressa, com Vale lar a sl , no campo das ares visuais. Vive e rabalha em So Paulo. |
OS tRABALHOS DA DUPLA ACIONAM UMA ESPÉCIE DE JOGO-tEIA que procura no apenas o infilrameno no enorno, mas a incluso paricipaiva do pblico, ano da insiuio quano de ouros espaos da cidade. Vale lar a sl inclui sl inclui a criao, o lanameno e o soreio de um vale que d ao vencedor o direio de paricipar de uma performance com as arisas. O conemplado escolhe o lugar do Brasil para onde viajar, com odas as despesas pagas, para passar 24 horas e paricipar da obra. Ganha ainda o direio de er seu nome includo na lisa de paricipanes do Fia Mosra Brasil. Na vola, o rio apresena um regisro da viagem.
adriana barreto e bruna mansani | bruno aranha | convidado fiat mostra brasil
adriana barreto e bruna mansani
14|15
| Adriana Barreo | So José dos Campos, SP, 1969 | | Bruna Mansani | Siqueira Campos, PR, 1979 | Graduadas em are e mesrandas em poéicas visuais pela Universidade do Esado de Sana Caarina, realiam em parceria, desde 2004, rabalhos que buscam relaões no sisema das ares e além dele. Pariciparam de workshop de performance realiado durane o 15º Fesival Inernacional de Are Elernica Videobrasil (So Paulo, 2005). Vivem e rabalham em Florianpolis, onde manm o projeo mvel Espaç Cntramã, Cntramã, que propõe inervenões arsicas denro de ambienes domésicos. | | Bruno Aranha | convidado | So Paulo, 1982 | Formado em cinema pela Fundao Armando Alvares Peneado, rabalhou com direo de are e figurino para publicidade e curasmeragens. Esudane de moda na FAAP, ingressa, com Vale lar a sl , no campo das ares visuais. Vive e rabalha em So Paulo. |
OS tRABALHOS DA DUPLA ACIONAM UMA ESPÉCIE DE JOGO-tEIA que procura no apenas o infilrameno no enorno, mas a incluso paricipaiva do pblico, ano da insiuio quano de ouros espaos da cidade. Vale lar a sl inclui sl inclui a criao, o lanameno e o soreio de um vale que d ao vencedor o direio de paricipar de uma performance com as arisas. O conemplado escolhe o lugar do Brasil para onde viajar, com odas as despesas pagas, para passar 24 horas e paricipar da obra. Ganha ainda o direio de er seu nome includo na lisa de paricipanes do Fia Mosra Brasil. Na vola, o rio apresena um regisro da viagem.
adriana barreto e bruna mansani | bruno aranha | convidado fiat mostra brasil
adriana barreto e bruna mansani
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vale lugar ao sol
| performance | 2006
O projeto Em qual lugar do Brasil voc gosaria de passar um dia enre 2 e 8 de novembro de 2006 com as arisas Adriana Barreo e Bruna Mansani? “A parir de nossa posio de iner-relao social, pensamos, à maneira de Bourriaud, que o lugar de exibio pode ser viso como um espao de coabiao, um cenrio abero aos aconecimenos, onde é possvel ressignificar pequenos aos e colocar em queso os valores da are. Esa ao colaboraiva segue a lgica de uma série de rabalhos nos quais nos apropriamos da siuao (eveno) que nos acolhe para criar uma esraégia bem-humorada de inerao com seu envirnment (organiao, funcionrios, arisas, curadoria, pblico). Denominamos isso Sitatin isso Sitatin Specific, Dispsitiv Relacinal ou Relacinal ou Perfrmance Expandida. Expandida. A série inclui RIFA BENEFICENTE Passe m dia ma nite cnsc (performance na qual buscvamos recursos para financiar nossa ese de concluso de curso) e RIFA BENEFICENTE - 2 Leve das artistas perifricas para m passei em Sã Pal (realiada na enaiva de pagar nossa permanncia em So Paulo durane workshop de performance no Fesival Inernacional de Are Elernica Videobrasil), ambos de 2005. Em Vale lar a sl , inveremos essa lgica, levando em considerao o prolabore oferecido pelo Fia Mosra Brasil. Fomos promooras e financiadoras da siuao criada: um soreio que deu ao vencedor* uma viagem de um dia para qualquer lugar do Brasil em companhia das arisas.” * O soreado foi Bruno Aranha.
fiat mostra brasil
ad ria na b a rre to e b run a ma ns an i
16|17
vale lugar ao sol
| performance | 2006
O projeto Em qual lugar do Brasil voc gosaria de passar um dia enre 2 e 8 de novembro de 2006 com as arisas Adriana Barreo e Bruna Mansani? “A parir de nossa posio de iner-relao social, pensamos, à maneira de Bourriaud, que o lugar de exibio pode ser viso como um espao de coabiao, um cenrio abero aos aconecimenos, onde é possvel ressignificar pequenos aos e colocar em queso os valores da are. Esa ao colaboraiva segue a lgica de uma série de rabalhos nos quais nos apropriamos da siuao (eveno) que nos acolhe para criar uma esraégia bem-humorada de inerao com seu envirnment (organiao, funcionrios, arisas, curadoria, pblico). Denominamos isso Sitatin isso Sitatin Specific, Dispsitiv Relacinal ou Relacinal ou Perfrmance Expandida. Expandida. A série inclui RIFA BENEFICENTE Passe m dia ma nite cnsc (performance na qual buscvamos recursos para financiar nossa ese de concluso de curso) e RIFA BENEFICENTE - 2 Leve das artistas perifricas para m passei em Sã Pal (realiada na enaiva de pagar nossa permanncia em So Paulo durane workshop de performance no Fesival Inernacional de Are Elernica Videobrasil), ambos de 2005. Em Vale lar a sl , inveremos essa lgica, levando em considerao o prolabore oferecido pelo Fia Mosra Brasil. Fomos promooras e financiadoras da siuao criada: um soreio que deu ao vencedor* uma viagem de um dia para qualquer lugar do Brasil em companhia das arisas.” * O soreado foi Bruno Aranha.
fiat mostra brasil
ad ria na b a rre to e b run a ma ns an i
16|17
20|21
fiat mostra brasil
artistas 18|19
20|21
fiat mostra brasil
artistas 18|19
| Andrei thoma | Poro Alegre, 1981 | Mesrando em ares pela Escola de Comunicaões e Ares da USP, desenvolve pesquisa relacionada às manifesaões do labirino nos jogos elernicos. O ema é cenral nos rabalhos de web are que vem criando desde 2000, que exibe em fesivais e exposiões de are elernica no Brasil e no exerior. Vive e rabalha em So Paulo. | www.rgbdesigndigial.com.br | | Marin Dahlsröm-Heuser | convidado | Finlândia, 1979 | Graduou-se em composio pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em 2004. teve composiões apresenadas em reciais pblicos no Brasil, incluindo a XV Bienal de Msica Brasileira Conemporânea, no Rio de Janeiro (2003). Vive na Finlândia. | br.geociies.com/maaaaaaaaaarin/ |
UMA DAS PáGINAS DO LIVRO ThE LANguAgE oF NEw MEDIA , de Lev Manovich, é percorrida por pequenos crculos vermelhos. Cada crculo é acompanhado por um som em looping e possui seu prprio empo de animao. À medida que os crculos enram em cena, novos loopings sonoros, de diferenes duraões, so acionados, ornando ainda mais complexo um resulado que nunca é consane.
andrei thomaz | martin dahlström-heuser | convidado fiat mostra brasil
andrei thomaz
20|21
| Andrei thoma | Poro Alegre, 1981 | Mesrando em ares pela Escola de Comunicaões e Ares da USP, desenvolve pesquisa relacionada às manifesaões do labirino nos jogos elernicos. O ema é cenral nos rabalhos de web are que vem criando desde 2000, que exibe em fesivais e exposiões de are elernica no Brasil e no exerior. Vive e rabalha em So Paulo. | www.rgbdesigndigial.com.br | | Marin Dahlsröm-Heuser | convidado | Finlândia, 1979 | Graduou-se em composio pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em 2004. teve composiões apresenadas em reciais pblicos no Brasil, incluindo a XV Bienal de Msica Brasileira Conemporânea, no Rio de Janeiro (2003). Vive na Finlândia. | br.geociies.com/maaaaaaaaaarin/ |
UMA DAS PáGINAS DO LIVRO ThE LANguAgE oF NEw MEDIA , de Lev Manovich, é percorrida por pequenos crculos vermelhos. Cada crculo é acompanhado por um som em looping e possui seu prprio empo de animao. À medida que os crculos enram em cena, novos loopings sonoros, de diferenes duraões, so acionados, ornando ainda mais complexo um resulado que nunca é consane.
andrei thomaz | martin dahlström-heuser | convidado fiat mostra brasil
andrei thomaz
f i a t m os os t r a b r as as i l
a n d re re i t h o m az az
20|21
quando uma página torna-se um labirinto
| web are | 2006
22|23
f i a t m os os t r a b r as as i l
a n d re re i t h o m az az
quando uma página torna-se um labirinto
| web are | 2006
22|23
| Bruno Faria | Recife, 1981 | É graduando em ares plsicas pela Fundao Armando Alvares Peneado. Vive e rabalha em So Paulo e Recife. |
O tRABALHO ABORDA tEMAS PERtINENtES AO MUNDO DA are, como a queso mercadolgica e a noo de propriedade paricular por rs das coleões. também oca um dos gneros mais recorrenes na hisria da are. Uma paisagem é adquirida em um programa de leilões na tV. Além do regisro da aquisio, o arisa expõe a prpria ela.
bruno faria fiat mostra brasil
bruno faria
24|25
| Bruno Faria | Recife, 1981 | É graduando em ares plsicas pela Fundao Armando Alvares Peneado. Vive e rabalha em So Paulo e Recife. |
O tRABALHO ABORDA tEMAS PERtINENtES AO MUNDO DA are, como a queso mercadolgica e a noo de propriedade paricular por rs das coleões. também oca um dos gneros mais recorrenes na hisria da are. Uma paisagem é adquirida em um programa de leilões na tV. Além do regisro da aquisio, o arisa expõe a prpria ela.
bruno faria fiat mostra brasil
bruno faria
24|25
delivery; coleção particular
fiat mostra brasil
bruno faria
| videoinsalao/eleinerveno | 2006
26|27
delivery; coleção particular
fiat mostra brasil
bruno faria
| Crisiano Lenhard | Iaara, RS, 1975 | Formado em desenho e plsica pela Universidade Federal de Sana Maria (RS), esudou no torreo, em Poro Alegre, sob a orienao do arisa gacho Jailon Moreira. Inegra, desde 2002, o Grupo Laranjas, que realia aões urbanas. Recebeu a Bolsa Prmio do 26° Salo de Ares de Pernambuco (2005). Vive e rabalha em Recife. |
| videoinsalao/eleinerveno | 2006
26|27
O tRABALHO SE INSERE EM UM CONtEXtO EXPANDIDO DE represenao da realidade, deslocando-se para denro da amosfera na qual enfrenamos, com nosso corpo/maéria, udo que nos envolve. Uma bandeira que é colocada, soliria, num conexo vaio de pessoas, numa paisagem desérica ou no aglomerado da mulido, cria uma espécie de conrafluxo, onde se ganha visibilidade acenuada do enorno e a noo de permanncia/exisncia do local ou siuao, independenemene independenemene da presena do especador. especador. Insaura-se, assim, uma reflexo sobre o empo, a permanncia, a iluso e a edio.
cristiano lenhardt fiat mostra brasil
cristiano lenhardt
28|29
| Crisiano Lenhard | Iaara, RS, 1975 | Formado em desenho e plsica pela Universidade Federal de Sana Maria (RS), esudou no torreo, em Poro Alegre, sob a orienao do arisa gacho Jailon Moreira. Inegra, desde 2002, o Grupo Laranjas, que realia aões urbanas. Recebeu a Bolsa Prmio do 26° Salo de Ares de Pernambuco (2005). Vive e rabalha em Recife. |
O tRABALHO SE INSERE EM UM CONtEXtO EXPANDIDO DE represenao da realidade, deslocando-se para denro da amosfera na qual enfrenamos, com nosso corpo/maéria, udo que nos envolve. Uma bandeira que é colocada, soliria, num conexo vaio de pessoas, numa paisagem desérica ou no aglomerado da mulido, cria uma espécie de conrafluxo, onde se ganha visibilidade acenuada do enorno e a noo de permanncia/exisncia do local ou siuao, independenemene independenemene da presena do especador. especador. Insaura-se, assim, uma reflexo sobre o empo, a permanncia, a iluso e a edio.
cristiano lenhardt fiat mostra brasil
cristiano lenhardt
28|29
ao vivo | insalao | 2002
fiat mostra brasil
cristiano lenhardt
30|31
ao vivo | insalao | 2002
fiat mostra brasil
cristiano lenhardt
| Daniel Escobar | Sano Ângelo, RS, 1982 | Graduado em ares visuais pelo Insiuo de Ares da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, paricipou do 19º Salo Jovem do MARGS e foi premiado no 17º Salo de Ares Plsicas da Câmara Municipal de Poro Alegre (2006). Um ano anes, escolhido enre os paricipanes do VI Concurso de Ares Plsicas Conemporâneas do Goehe-Insiu de Poro Alegre, apresenou a individual Pert demais na insiuio. Vive e rabalha em Poro Alegre. |
30|31
A SÉRIE PERTo DEMAIS PARtE DE UMA ALIANçA COM O PROCESSO de um meio de comunicao de massa em ininerrupa muao: o oudoor. O fluxo de sobreposiões indiscriminadas que decorre desse sisema noreia a consruo dessas pinuras, produidas a parir de fragmenos de caraes publicirios. Com a inerferncia de pequenos furos, as imagens so ransformadas ransformadas em grandes rendas que deixam ransparecer suas sucessivas camadas. O rabalho passa a ser deerminado por essa dinâmica geradora de meamorfoses.
daniel escobar fiat mostra brasil
daniel escobar
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| Daniel Escobar | Sano Ângelo, RS, 1982 | Graduado em ares visuais pelo Insiuo de Ares da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, paricipou do 19º Salo Jovem do MARGS e foi premiado no 17º Salo de Ares Plsicas da Câmara Municipal de Poro Alegre (2006). Um ano anes, escolhido enre os paricipanes do VI Concurso de Ares Plsicas Conemporâneas do Goehe-Insiu de Poro Alegre, apresenou a individual Pert demais na insiuio. Vive e rabalha em Poro Alegre. |
A SÉRIE PERTo DEMAIS PARtE DE UMA ALIANçA COM O PROCESSO de um meio de comunicao de massa em ininerrupa muao: o oudoor. O fluxo de sobreposiões indiscriminadas que decorre desse sisema noreia a consruo dessas pinuras, produidas a parir de fragmenos de caraes publicirios. Com a inerferncia de pequenos furos, as imagens so ransformadas ransformadas em grandes rendas que deixam ransparecer suas sucessivas camadas. O rabalho passa a ser deerminado por essa dinâmica geradora de meamorfoses.
daniel escobar fiat mostra brasil
permeável I
daniel escobar
| série pert série pert demais | pinura – papel de oudoor e verni | 3,1 m x 2,25 m | 2006
fia t mos t ra br as i l
daniel escobar
32|33
permeável II
| série pert série pert demais | pinura – papel de oudoor e verni | 1,6 m x 2,2 m | 2006
34|35
permeável I
| série pert série pert demais | pinura – papel de oudoor e verni | 3,1 m x 2,25 m | 2006
fia t mos t ra br as i l
daniel escobar
No vou aqui invesigar a eimologia ou mesmo senido jurdico da palava. Nembrasileiampouco Decidimos aponar veores da oare conemporânea enar descobrir o moivo de ano ineresse por pare do pblico nese ema. A idéia é inra emoderimeno derimen odasdecuradorias, endnespecificamene endncias. cias. Opamos por aassumir risensificar debae a cerca a que gerou Fia MosraoBrasil.
co dedeaposar naquilo que es à margem do circuiAnes mais nadaambém é preciso pensar a produo arsica conemporânea como o erririo da aremvel, conemporânea a galerias, museus, um uma plaaforma(incluindo-se movedia que deslia incessanemene enfesivais e insero midiica). Para policos os cura-e re os mais radicionais diversos e complexos agenciamenos sociais,9 culurais, econmicos enre ouros. No se assemelha em nada a um discurso concludo, dores do Fia Mosra Brasil, esse prmio cumpre um papel de mas sim a um aear consane, uma dvidas vindas se da consoliproduo evidenciar possibilidades eminundao abero,deque podem edar da reflexo arsicas realiadas no sobreudo, domnio do empo presene.erririos. Mliplas lioufora no. Ineressou-nos, liquidificar nhas de caraceriam esas aividades que sempre auam nesa urgncia. Esquecemos, a ordem das previsibilidades Siuaões diversas einencionalmene, em movimeno consane. Are conemporânea alve seja e do suposamene coerene com o mercado de are e seus iso. Se pensarmos neses mesmos ermos sobre a produo ar-
implacveis No se aqui sededesdobrar, conferir, ainda uma sica brasileira,trends alve.seja possvel ver raa o erririo desdobrar 9 mais, ampliando-se em novas e direõespor queum ineviavelmenespécie de ISO 9000 das siuaões ares, aesado grupo de ecuradores. passam pelos inmeros e sociais traa-se, aoproblemas conrrio,policos de invesir no enfrenados arrojo, nos hoje em dia,eque refleem, de uma forma ou de oura, nos modos conceios no debae. 9 Invesimos, nese momeno, em de produo, exibio, conservao e refleir: fomeno9 da produo arsica. e projeos a) Compromisso Aidéias siuo, aqui sim, que é de pudessem exrema urgncia. Quesões curaoriais com pesquisa. Poliiao dosaumenam meios, das formas eem de 9 b) siuaões o exremas como as do Brasil a complexidade seus resulados. relao ao de que “con9 c) Posura uma série pequenos da produo e da reflexo arsica.crica emEm vémdeser” are. que falarBALtIC de fuuro é jogar coma livros bolso o Cenro de Are Conemporânea , da Inglaerra ligado 9 Resolvemos Universidade de New Casle, publicou a ranscrio de enconros curadores probabilidades, incorrer incorrer, , circunsancialmene, emenre erros para epermiir arisas. A resulados conversa, apesar amisosa, mosra a ensões picas chamar do sisemaa nodeprojeados. Ineressou-nos da are conemporânea. Em euma dos debaes a ex-curadora do P.S.1, espao vinaeno para eadedicado idéia prica dos processos, culado ao Moma a are conemporânea, Carolyn encampando Crisov-Bakargiev odassuas as vicissiudes que essa deciso implica. apona nos processos curaoriais e afirma se senir9 maisCuradores conforvel docuradorias Fia dvidas Mosra Brasil. (“blogare”, nas para exposiões individuais do que em 22.09.06, coleivas, j que11h44) acredia tenho vrias uma pergunas o criério de oseleo. 1) “Veores esar desenvolvendo espécie sobre de monografia sobre arisa . Esa analogia desenvolvida aproximando as curadorias de monografias da are” é por umCrisov-Bakargiev nome mais bonio para novas endncias? 2) O queé ineressane para vermos muias possibilidades de de desenvolvimeno curaorial vocs quiseram dier ascom “liquidificao erririos”? (“mouse”, A22.09.06, idéia de desenvolver uma curadoria comoIneressane espao de reflexo e de debae aproximar as o projeo. Penaparece que ser exibido 12h16) idéias de Crisov-Bakargiev das de Jean-Chrisophe Royoux, experiene crico de are e curador num poro feio e escuro, numa cidade fara de opões de are, e no aqui em francs que em uma mesa redonda durane jornada de debaes da 26ª Bienal de So Paulo em Belo aponou Horione, na Casa Fia oucomo nos um espaos cidadejuno carene mosras 2004, o rabalho do curador geradordesa de discursos com de o arisa. Para imporanes. (“romina”, 24.09.06, 7h21) da crica dePensamos emconsiui “veores” Royoux: “o exerccio da curadoria é uma exenso are, e porano uma
permeável II
| série pert série pert demais | pinura – papel de oudoor e verni | 1,6 m x 2,2 m | 2006
34|35
me animou a posura generosa dos fomenadores do Fia Mosra Brasil de respaldar a idéia de aposar no pouco conhecido, no pouco inserido, no pouco “badalado”; além da auonomia dada à curadoria, formada por brasileiros de nore a sul do pas e mais compromeidos com a educao e o fomeno arsico do que com o glamouroso mainstream. (Marcos Hill, 27.09.06, Exisem rabalhos selecionados que eso envol8h56)
vidos em processos inensos de pesquisa e nem por isso so ecnolgicos. Às vees eso ligados a processos arsicos que no se pauam por qualquer queso ecnolgica, como performance ou pinura. E qual o problema em se er formao acadmica e auar como arisa? Arisas auodidaas ou com formao acadmica eso no mesmo barco e podem, cada um a seu modo, denro de suas pesquisas, desenvolver bons rabalhos. (Edu Jesus, 27.09.06, Concordo com o que o Eduardo de Jesus disse. A écnica e a pesquisa 17h34) so muio imporanes na are. Sem pesquisa os irmos Van Dyck no nos rariam a pinura a leo e os renascenisas no resgaariam a perspeciva. Se o empo passa, a are anda com ele, e isso aconece graas à busca que o arisa fa. No impora o caminho. (“mouse”, 28.09.06, 7h32)
* trechos de discusso regisrada no Blogeare, espao virual criado pelos curadores do Fia Mosra Brasil e abero à paricipao de pblico, arisas e organiadores.
porque os rabalhos selecionados represenam fluxos dejuno energia forma de discurso. Uma exposio é um discurso que um curador elabora com odisinarisa” . As posiões expliciam, enre ourosprocessos. ponos, queSobre alguns“liquidificao processos de curaosduas e represenaivos de expressivos de doria se esruuram na enaiva colocar pensameno em ao em ebusca de erririos”, consaamos quedeh uma ogrande experimenao misusiuaões de confrono e de dilogo enre a produo arsica, a vida social e ao ra de erico. gneros, demonsrando queprovocar emos no depblico observar com aeno campo Conseguindo com isso reflexões e aproximaexpanso do faer para além dasexperincia pricas arsicas consolidadas. ões que podem reverberar em uma ampliadora dos senidos (Mae do Qualquer dessaapesar naureria Ivone, 24.09.06, 8h33) na curadoria pensameno. A minha experincia da Fia seleo Mosra Brasil, de aum sempre conar inclusive subjeividade de quem seleciona. ser exposio coleiva, seguiucom esa adireo. Enconramos diver-
sidade, aberuras e conaminaões de oda ordem, No quero isenar-me da possibilidade de erro ou desobreposiões alguma miopiae jusaposiõ jusaposiões es enre o global e oalocal, pesquisas com mais diversos involunria. Quando assumi responsabilidade de os selecionar rina
proposas enre 2800, sabia muio bem dos riscos. Por ouro lado,
f i a t m o s tr tr a br br a s i l b l o g f i a t m o s tr tr a br br a s i l b l o g
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No vou aqui invesigar a eimologia ou mesmo senido jurdico da palava. Nembrasileiampouco Decidimos aponar veores da oare conemporânea enar descobrir o moivo de ano ineresse por pare do pblico nese ema. A idéia é inra em derimen derimeno o de endn endncias. cias. Opamos por assumir risensificar o debae a cerca das curadorias, especificamene a que gerou a Fia MosraoBrasil.
co dedeaposar naquilo que es à margem do circuiAnes mais nadaambém é preciso pensar a produo arsica conemporânea como o erririo da aremvel, conemporânea a galerias, museus, um uma plaaforma(incluindo-se movedia que deslia incessanemene enfesivais e insero midiica). Para policos os cura-e re os mais radicionais diversos e complexos agenciamenos sociais,9 culurais, econmicos ouros. No se assemelha em nadacumpre a um discurso concludo, dores do enre Fia Mosra Brasil, esse prmio um papel de mas sim a um aear consane, uma deque dvidas vindas se da consoliproduo evidenciar possibilidades eminundao abero, podem edar da reflexo arsicas realiadas no domnio do empo presene. Mliplas lioufora no.caraceriam Ineressou-nos, sobreudo, liquidificar erririos. nhas de esas aividades que sempre auam nesa urgncia. Esquecemos, inencionalmene, a ordem das previsibilidades Siuaões diversas e em movimeno consane. Are conemporânea alve seja e do suposamene com oermos mercado are e seus iso. Se pensarmoscoerene neses mesmos sobrede a produo ar-
implacveis No se aqui sededesdobrar, conferir, ainda uma sica brasileira,trends alve.seja possvel ver raa o erririo desdobrar 9 mais, ampliando-se em novas e direõespor queum ineviavelmenespécie de ISO 9000 das siuaões ares, aesado grupo de ecuradores. passam pelos inmeros e sociais traa-se, aoproblemas conrrio,policos de invesir no enfrenados arrojo, nos hoje em dia,eque de uma forma ou de oura, nos modos conceios no refleem, debae. 9 Invesimos, nese momeno, em de produo, exibio, conservao e fomeno da produo arsica. e projeos refleir:Quesões 9 a) Compromisso Aidéias siuo, aqui sim, que é b) de pudessem exrema urgncia. curaoriais com pesquisa. Poliiao dos meios, das formas eem de 9 siuaões o exremas como as do Brasil aumenam a complexidade seus resulados. relao ao de que “con9 c) Posura uma série pequenos da produo e da reflexo arsica.crica emEm vémdeser” are. que falarBALtIC de fuuro é jogar coma livros bolso o Cenro de Are Conemporânea , da Inglaerra ligado 9 Resolvemos Universidade de New Casle, publicou a ranscrio de enconros curadores probabilidades, incorrer incorrer, , circunsancialmene, emenre erros para epermiir arisas. A resulados conversa, apesar de amisosa, mosra a ensões picas do sisema no projeados. Ineressou-nos chamar a da are conemporânea. Em euma dos debaes a ex-curadora do P.S.1, espao vinaeno para eadedicado idéia prica dos processos, culado ao Moma a are conemporânea, Carolyn encampando Crisov-Bakargiev odassuas as vicissiudes que essa deciso implica. apona nos processos curaoriais e afirma se senir9 maisCuradores conforvel docuradorias Fia dvidas Mosra Brasil. (“blogare”, nas para exposiões individuais do que em 22.09.06, coleivas, j que11h44) acredia tenho vrias uma pergunas o criério de oseleo. 1) “Veores esar desenvolvendo espécie sobre de monografia sobre arisa . Esa analogia desenvolvida aproximando as curadorias de monografias da are” é por umCrisov-Bakargiev nome mais bonio para novas endncias? 2) O queé ineressane para vermos muias possibilidades de de desenvolvimeno curaorial vocs quiseram dier ascom “liquidificao erririos”? (“mouse”, A22.09.06, idéia de desenvolver uma curadoria como espao de reflexo e de debae parece aproximar as Ineressane o projeo. Pena que ser exibido 12h16) idéias de Crisov-Bakargiev das de Jean-Chrisophe Royoux, experiene crico de are e curador num poro feio e escuro, numa cidade fara de opões de are, e no aqui em francs que em uma mesa redonda durane jornada de debaes da 26ª Bienal de So Paulo em Belo aponou Horione, na Casa Fia oucomo nos um espaos cidadejuno carene mosras 2004, o rabalho do curador geradordesa de discursos com de o arisa. Para imporanes. (“romina”, 24.09.06, 7h21) da crica dePensamos emconsiui “veores” Royoux: “o exerccio da curadoria é uma exenso are, e porano uma
me animou a posura generosa dos fomenadores do Fia Mosra Brasil de respaldar a idéia de aposar no pouco conhecido, no pouco inserido, no pouco “badalado”; além da auonomia dada à curadoria, formada por brasileiros de nore a sul do pas e mais compromeidos com a educao e o fomeno arsico do que com o glamouroso mainstream. (Marcos Hill, 27.09.06, Exisem rabalhos selecionados que eso envol8h56)
vidos em processos inensos de pesquisa e nem por isso so ecnolgicos. Às vees eso ligados a processos arsicos que no se pauam por qualquer queso ecnolgica, como performance ou pinura. E qual o problema em se er formao acadmica e auar como arisa? Arisas auodidaas ou com formao acadmica eso no mesmo barco e podem, cada um a seu modo, denro de suas pesquisas, desenvolver bons rabalhos. (Edu Jesus, 27.09.06, Concordo com o que o Eduardo de Jesus disse. A écnica e a pesquisa 17h34) so muio imporanes na are. Sem pesquisa os irmos Van Dyck no nos rariam a pinura a leo e os renascenisas no resgaariam a perspeciva. Se o empo passa, a are anda com ele, e isso aconece graas à busca que o arisa fa. No impora o caminho. (“mouse”, 28.09.06, 7h32)
* trechos de discusso regisrada no Blogeare, espao virual criado pelos curadores do Fia Mosra Brasil e abero à paricipao de pblico, arisas e organiadores.
porque os rabalhos selecionados represenam fluxos dejuno energia forma de discurso. Uma exposio é um discurso que um curador elabora com odisinarisa” . As posiões expliciam, enre ourosprocessos. ponos, queSobre alguns“liquidificao processos de curaosduas e represenaivos de expressivos de doria se esruuram na enaiva colocar pensameno em ao em ebusca de erririos”, consaamos quedeh uma ogrande experimenao misusiuaões de confrono e de dilogo enre a produo arsica, a vida social e ao ra de gneros, demonsrando que emos de observar com aeno campo erico. Conseguindo com isso provocar no pblico reflexões e aproximaexpanso do faer para além dasexperincia pricas arsicas consolidadas. ões que podem reverberar em uma ampliadora dos senidos (Mae do Qualquer dessaapesar naureria Ivone, 24.09.06, 8h33) na curadoria pensameno. A minha experincia da Fia seleo Mosra Brasil, de aum sempre conar inclusive subjeividade de quem seleciona. ser exposio coleiva, seguiucom esa adireo. Enconramos diver-
sidade, aberuras e conaminaões de oda ordem, No quero isenar-me da possibilidade de erro ou desobreposiões alguma miopiae jusaposiõ jusaposiões es enre o global e oalocal, pesquisas com mais diversos involunria. Quando assumi responsabilidade de os selecionar rina
proposas enre 2800, sabia muio bem dos riscos. Por ouro lado,
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| Fabiana Wielewicki | Londrina, PR, 1977 | Bacharel em ares plsicas pela Universidade do Esado de Sana Caar ina e mesre em ares visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, produ desde 2000 uma obra na qual uilia arifcios do disposiivo foogrfico para criar siuaões de fico. Enre 2002 e 2006, paricipou de coleivas em Curiiba, Belo Horione, Florianpolis e Poro Alegre. Realiou as individuais Paisaem prramada (Pinacoeca Baro de Sano Ângelo, Poro Alegre, 2005), os sereds da ba ftrafia (MASC, Florianpolis, 2003) e Paralaxe (MIS, Florianpolis, 2001). D aulas de foografia e are conemporânea no SESC SC. Vive e rabalha em Florianpolis. |
36|37
ALGUMAS PAISAGENS IDEALIzADAS NOS REMEtEM À PRóPRIA siuao da foografia: o pr-do-sol, o mar, as monanhas e ouros “emas” regisrados incansavelmene parecem se converer em imagem foogrfica anes mesmo de s erem foografados. A série foi esruurada a parir do ineresse de esabelecer um confrono enre esses “emas” e a paisagem urbana visa da janela de um aparameno em Florianpolis. As imagens de paisagens inseridas nas janelas e na sacada do aparameno m como elemeno comum o mar. O fao de viver em uma ilha insigou a arisa na escolha e na “inveno” de uma ilha frgil no 8º andar de um edifcio, consruda com paisagens de papel ambém frgeis – fsica e conceiualmene. Produidas a parir desse confrono, esampas do mar, visas da cidade e foografias resulam em siuaões de uma segunda naurea.
fabiana wielewicki fiat mostra brasil
fabiana wielewicki
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| Fabiana Wielewicki | Londrina, PR, 1977 | Bacharel em ares plsicas pela Universidade do Esado de Sana Caar ina e mesre em ares visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, produ desde 2000 uma obra na qual uilia arifcios do disposiivo foogrfico para criar siuaões de fico. Enre 2002 e 2006, paricipou de coleivas em Curiiba, Belo Horione, Florianpolis e Poro Alegre. Realiou as individuais Paisaem prramada (Pinacoeca Baro de Sano Ângelo, Poro Alegre, 2005), os sereds da ba ftrafia (MASC, Florianpolis, 2003) e Paralaxe (MIS, Florianpolis, 2001). D aulas de foografia e are conemporânea no SESC SC. Vive e rabalha em Florianpolis. |
ALGUMAS PAISAGENS IDEALIzADAS NOS REMEtEM À PRóPRIA siuao da foografia: o pr-do-sol, o mar, as monanhas e ouros “emas” regisrados incansavelmene parecem se converer em imagem foogrfica anes mesmo de s erem foografados. A série foi esruurada a parir do ineresse de esabelecer um confrono enre esses “emas” e a paisagem urbana visa da janela de um aparameno em Florianpolis. As imagens de paisagens inseridas nas janelas e na sacada do aparameno m como elemeno comum o mar. O fao de viver em uma ilha insigou a arisa na escolha e na “inveno” de uma ilha frgil no 8º andar de um edifcio, consruda com paisagens de papel ambém frgeis – fsica e conceiualmene. Produidas a parir desse confrono, esampas do mar, visas da cidade e foografias resulam em siuaões de uma segunda naurea.
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fabiana wielewicki
sem título
| da série 2ª natreza: 8º andar | foografia | 0,8 m x 1,05 m | 2006
fiat mostra brasil
fabiana wielewicki
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| da série 2ª natreza: 8º andar | foografia | 0,8 m x 1,05 m | 2006
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| da série 2ª natreza: 8º andar | foografia | 0,8 m x 1,05 m | 2006
fiat mostra brasil
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| da série 2ª natreza: 8º andar | foografia | 0,8 m x 1,05 m | 2006
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| da série 2ª natreza: 8º andar | foografia | 1,05 m x 0,8 m | 2006
fabiana wielewicki
| Fabola tasca | Jui de Fora, MG, 1969 | Graduada em psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais e em ares plsicas pela Escola Guignard, em mesrado em ares visuais pela Escola de Belas Ares da UFMG. Iniciou seu percurso arsico por meio de experincias com a pinura. Aua como professora de crica de are na Escola Guignard, onde desenvolve projeo de pesquisa sobre a produo de site de site specifics , financiado pela Fundao de Amparo à Pesquisa do Esado de Minas Gerais (Fapemig). Vive e rabalha em Belo Horione. |
40|41
O INtERESSE PELAS DINÂMICAS DE RELAçãO AUtOR-LEItOR, pelos processos e esraégias de insero do rabalho no sisema da are e pela disposio do projeo arsico em relao a um conexo mais amplo de pricas sociais marca o rabalho da arisa. Escritra é o ulo de um livro que narra seu enconro com um morador de rua de Diamanina chamado Sab. também é o ulo do procedimeno de circulao do livro que, desde janeiro de 2003, vem sendo oferecido a leiores deerminados. O que se expõe é o resulado do endereameno de Escritra: os nomes dos leiores e o perodo de emprésimo. O acesso faciliado ao livro visa envolver os ineressados, ano como usurios quano como ariculadores da hisria.
fabíola tasca fiat mostra brasil
fabíola tasca
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| Fabola tasca | Jui de Fora, MG, 1969 | Graduada em psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais e em ares plsicas pela Escola Guignard, em mesrado em ares visuais pela Escola de Belas Ares da UFMG. Iniciou seu percurso arsico por meio de experincias com a pinura. Aua como professora de crica de are na Escola Guignard, onde desenvolve projeo de pesquisa sobre a produo de site de site specifics , financiado pela Fundao de Amparo à Pesquisa do Esado de Minas Gerais (Fapemig). Vive e rabalha em Belo Horione. |
O INtERESSE PELAS DINÂMICAS DE RELAçãO AUtOR-LEItOR, pelos processos e esraégias de insero do rabalho no sisema da are e pela disposio do projeo arsico em relao a um conexo mais amplo de pricas sociais marca o rabalho da arisa. Escritra é o ulo de um livro que narra seu enconro com um morador de rua de Diamanina chamado Sab. também é o ulo do procedimeno de circulao do livro que, desde janeiro de 2003, vem sendo oferecido a leiores deerminados. O que se expõe é o resulado do endereameno de Escritra: os nomes dos leiores e o perodo de emprésimo. O acesso faciliado ao livro visa envolver os ineressados, ano como usurios quano como ariculadores da hisria.
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escritura
fiat mostra brasil
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| insalao | 2006
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escritura
fiat mostra brasil
fabíola tasca
| Felipe Cohen (direia, foo)| So Paulo, 1976 | É bacharel em ares plsicas pela Fundao Armando Alvares Peneado. Realia objeos, insalaões, desenhos e vdeos. Paricipou do programa de exposiões no Cenro Culural So Paulo em 2002. Apresenou individuais na Galeria Virglio e no Cenro Culural Maria Annia, em So Paulo. Vive e rabalha em So Paulo. | | Daniel trench (esquerda, foo) | So Paulo, 1978 | Bacharel em ares plsicas pela Fundao Armando Alvares Peneado e mesrando em poéicas visuais pela Escola de Comunicaões e Ares da USP, aua como designer grfico e arisa plsico. Realiou individuais no Aeli 397 (2006) e Pao das Ares (2004) e coordenou a insalao grande lina no SESC Pompéia (2005), So Paulo. Eseve na coleiva Brasil em cartaz (Chamoun, cartaz (Chamoun, Frana, 2005) e na Bienal de Design Grfico da ADG (2004-05). Paricipou, como arisa convidado, da seo Cntemprâne, Cntemprâne , da revisa Brav! (2005). Foi selecionado para o Prmio Poro Seguro de Foografia e para o 14º Fesival Inernacional de Are Elernica Videobrasil (2003). Vive e rabalha em So Paulo. |
fiat mostra brasil
felipe cohen e daniel trench
| insalao | 2006
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NA CONtRAMãO DA LINGUAGEM DO VIDEOCLIPE, O tRABALHO em vocao conemplaiva, caracersica que parece aproxim-lo da linguagem da pinura. O formao idescreen do monior refora essa vonade: sua horionalidade nos remee às clssicas proporões da pinura de paisagem.
felipe cohen e daniel trench
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| Felipe Cohen (direia, foo)| So Paulo, 1976 | É bacharel em ares plsicas pela Fundao Armando Alvares Peneado. Realia objeos, insalaões, desenhos e vdeos. Paricipou do programa de exposiões no Cenro Culural So Paulo em 2002. Apresenou individuais na Galeria Virglio e no Cenro Culural Maria Annia, em So Paulo. Vive e rabalha em So Paulo. | | Daniel trench (esquerda, foo) | So Paulo, 1978 | Bacharel em ares plsicas pela Fundao Armando Alvares Peneado e mesrando em poéicas visuais pela Escola de Comunicaões e Ares da USP, aua como designer grfico e arisa plsico. Realiou individuais no Aeli 397 (2006) e Pao das Ares (2004) e coordenou a insalao grande lina no SESC Pompéia (2005), So Paulo. Eseve na coleiva Brasil em cartaz (Chamoun, cartaz (Chamoun, Frana, 2005) e na Bienal de Design Grfico da ADG (2004-05). Paricipou, como arisa convidado, da seo Cntemprâne, Cntemprâne , da revisa Brav! (2005). Foi selecionado para o Prmio Poro Seguro de Foografia e para o 14º Fesival Inernacional de Are Elernica Videobrasil (2003). Vive e rabalha em So Paulo. |
fiat mostra brasil
felipe cohen e daniel trench
NA CONtRAMãO DA LINGUAGEM DO VIDEOCLIPE, O tRABALHO em vocao conemplaiva, caracersica que parece aproxim-lo da linguagem da pinura. O formao idescreen do monior refora essa vonade: sua horionalidade nos remee às clssicas proporões da pinura de paisagem.
felipe cohen e daniel trench
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f i a t m o s t ra ra b r a s i l f e l i p e co co h e n e d an an i e l t r e nc nc h
o sonho de constantino | videoare | 2006
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f i a t m o s t ra ra b r a s i l f e l i p e co co h e n e d an an i e l t r e nc nc h 48|49
o sonho de constantino | videoare | 2006
| Coleivo formado em 2002 em Salvador pelos arisas visuais e designers Crisiano Pion (Salvador, 1979), Everon Marco Sanos (Salvador, 1981), Ludmila Brio (Rio de Janeiro, 1980), Mark Dayves (Aracaju, 1982), Pedro Marighella (Salvador, 1979) e tiago Ribeiro (Conceio do Coié, BA, 1979). Aproximando are e coidiano, busca mdias alernaivas e formas no-oficiais de disseminar reflexões cricas, propor uma apreenso diferenciada do meio urbano e romper a monoonia anesésica do dia-a-dia. Vivem e rabalham em Salvador. |
EM SUAS AçÕES URBANAS, O GIA PROPÕE AOS PASSANtES EXPERIêNCIAS eséicas inesperadas. Apropriando-se da eséica do efmero e do coidiano – e lembrando que “O museu é o mundo”, nas palavras de Hélio Oiicica –, se uilia de insrumenos da are conemporânea como performance, performance, insalao, objeos, aões, inervenões e design grfico para experimenar com o corriqueiro. O espao pblico orna-se propcio a novas experincias sensiivas e o erririo de uma are no-auoral, de siuaões. O grupo ransia pelas margens do circuio oficial como difusor de operaões arsicas efmeras, nas quais o especador em papel aivo e paricipaivo. Projea-se à deriva e caminha por meios nmades, reflexo de sua formao heerognea.
gia grupo de interferência ambiental fiat mostra brasil
gi a
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| Coleivo formado em 2002 em Salvador pelos arisas visuais e designers Crisiano Pion (Salvador, 1979), Everon Marco Sanos (Salvador, 1981), Ludmila Brio (Rio de Janeiro, 1980), Mark Dayves (Aracaju, 1982), Pedro Marighella (Salvador, 1979) e tiago Ribeiro (Conceio do Coié, BA, 1979). Aproximando are e coidiano, busca mdias alernaivas e formas no-oficiais de disseminar reflexões cricas, propor uma apreenso diferenciada do meio urbano e romper a monoonia anesésica do dia-a-dia. Vivem e rabalham em Salvador. |
EM SUAS AçÕES URBANAS, O GIA PROPÕE AOS PASSANtES EXPERIêNCIAS eséicas inesperadas. Apropriando-se da eséica do efmero e do coidiano – e lembrando que “O museu é o mundo”, nas palavras de Hélio Oiicica –, se uilia de insrumenos da are conemporânea como performance, performance, insalao, objeos, aões, inervenões e design grfico para experimenar com o corriqueiro. O espao pblico orna-se propcio a novas experincias sensiivas e o erririo de uma are no-auoral, de siuaões. O grupo ransia pelas margens do circuio oficial como difusor de operaões arsicas efmeras, nas quais o especador em papel aivo e paricipaivo. Projea-se à deriva e caminha por meios nmades, reflexo de sua formao heerognea.
gia grupo de interferência ambiental fiat mostra brasil
gi a
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O projeto “Pret de interferências prev a execuo do reperrio do grupo em novos conexos, apropriando-se de siuaões coidianas para maximiar as possibilidades de inerao e imerso do pblico. Resula de um méodo que o grupo desenvolveu para execuar seus rabalhos em diferenes conexos, conservando caracersicas originais (esruura maerial e ica) e adapando-as às novas imposiões e possibilidades. A ineno é garanir os esgios que inspiram os processos coleivos e permiem a incluso dos ranseunes no universo reinvenado pelo grupo, como co-auores de uma obra que somene assim se complea. A proposa é consruir ambienes efmeros e mveis (Carams (Carams)) que circularo pela cidade servindo de base de apoio ao grupo. Nos ambienes, pblico, amigos e convidados sero esimulados a reproduir o iinerrio de rabalhos do grupo ou faer proposas. Aconecimenos relevanes e os rabalhos sero regisrados. As imagens sero exposas no Caramujo, ao lado de mapas e objeos que componham um dirio e sirvam de sinaliao e agenda para o pblico. Os procedimenos previsos para guiar as siuaões so: Esgio 1 – Aberura dos rabalhos (Samba do GIA) Criao do Caramujo em loc ais de acesso irresrio. Os inegranes do grupo iniciam uma roda de samba e fornecem insrumenos a pessoas que aparecerem e convidados. O aconecimeno servir como apresenao das inenões e pedido simblico de licena do grupo à cidade. Esgio 2 – Execuo do reperrio Os rabalhos devero ser execuados ao longo de quine dias, com inervalo de um dia enre as inerferncias. Sero realiadas nove: Caram, Balões, Fila, Pipca, Nã-prpaanda, A cama, Ra, Pic-nic e Presente.” Presente.”
f i a t m o s tr tr a br br a s i l g i a
ação 1: caramujo | O Caram é uma enda de lona amarela (cor que represena o grupo) cuja funo é quesionar a prpria funo: as pessoas so convidadas a ineragir com ela e aribuir-lhe a uilidade que lhes for conveniene. “A esruura quesiona a funo primria do abrigo, a ocupao de um lugar, o processo de erriorialiao e expecaiva de um espao sem imagem (a fachada represenaiva), sem forma e sem funo (a plana disribuiva de usos e divisões do espao) pré-esabelecidas.” (Alejandra Muño) | Largo So Francisco, dia 7 de novembro.
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O projeto “Pret de interferências prev a execuo do reperrio do grupo em novos conexos, apropriando-se de siuaões coidianas para maximiar as possibilidades de inerao e imerso do pblico. Resula de um méodo que o grupo desenvolveu para execuar seus rabalhos em diferenes conexos, conservando caracersicas originais (esruura maerial e ica) e adapando-as às novas imposiões e possibilidades. A ineno é garanir os esgios que inspiram os processos coleivos e permiem a incluso dos ranseunes no universo reinvenado pelo grupo, como co-auores de uma obra que somene assim se complea. A proposa é consruir ambienes efmeros e mveis (Carams (Carams)) que circularo pela cidade servindo de base de apoio ao grupo. Nos ambienes, pblico, amigos e convidados sero esimulados a reproduir o iinerrio de rabalhos do grupo ou faer proposas. Aconecimenos relevanes e os rabalhos sero regisrados. As imagens sero exposas no Caramujo, ao lado de mapas e objeos que componham um dirio e sirvam de sinaliao e agenda para o pblico. Os procedimenos previsos para guiar as siuaões so: Esgio 1 – Aberura dos rabalhos (Samba do GIA) Criao do Caramujo em loc ais de acesso irresrio. Os inegranes do grupo iniciam uma roda de samba e fornecem insrumenos a pessoas que aparecerem e convidados. O aconecimeno servir como apresenao das inenões e pedido simblico de licena do grupo à cidade. Esgio 2 – Execuo do reperrio Os rabalhos devero ser execuados ao longo de quine dias, com inervalo de um dia enre as inerferncias. Sero realiadas nove: Caram, Balões, Fila, Pipca, Nã-prpaanda, A cama, Ra, Pic-nic e Presente.” Presente.”
ação 1: caramujo | O Caram é uma enda de lona amarela (cor que represena o grupo) cuja funo é quesionar a prpria funo: as pessoas so convidadas a ineragir com ela e aribuir-lhe a uilidade que lhes for conveniene. “A esruura quesiona a funo primria do abrigo, a ocupao de um lugar, o processo de erriorialiao e expecaiva de um espao sem imagem (a fachada represenaiva), sem forma e sem funo (a plana disribuiva de usos e divisões do espao) pré-esabelecidas.” (Alejandra Muño) | Largo So Francisco, dia 7 de novembro.
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ação 4: pipoca
| Pipoqueiros profissionais convidados vo disribuir mil sacos de pipoca carimbados com mensagens de impaco criadas pelo GIA. | Spa das Ares, Recife, dia 12 de ouubro de 2005 (Dia das Crianas).
ação 5: não-propaganda
| Criicar o consumismo e a submisso do cidado aos veculos publicirios que omam o espao pblico. Em alguma localidade movimenada de So Paulo, sero disribudos panfleos amarelos e um “homem-sanduche” circular carregando uma placa amarela, sem propaganda ou mensagem. | Dia 13 de novembro.
ação 2: balões
| Em 2003, durane a guerra do Iraque, foram solos deenas de balões vermelhos de um edifcio alo de Salvador. Nos balões, as pessoas liam em iras de papel: “E se fosse uma arma qumica?” ou “E se fosse errorismo?” A obra propõe uma bela imagem e quesiona a vulnerabilidade das pessoas diane de uma realidade aparenemene disane, num ao de proeso. Na verso adapada, sero solos mil balões de um edifcio alo, com dieres que esabeleam um dilogo com um aconecimeno da época. | Av. Paulisa, dia 17 de novembro. Ao concebida em parceria com o grupo PORO (Belo Horione).
ação 3: fila
| Consise em formar uma fila desnecessria em frene a algum lugar inusiado. Propõe reflexões sobre a organiao do ambiene e a alienao da vida coidiana. Remee a espera, regras, respeio, democracia. | Praa da Repblica, dia 14 de novembro.
fiat mostra brasil
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ação 4: pipoca
| Pipoqueiros profissionais convidados vo disribuir mil sacos de pipoca carimbados com mensagens de impaco criadas pelo GIA. | Spa das Ares, Recife, dia 12 de ouubro de 2005 (Dia das Crianas).
ação 5: não-propaganda
| Criicar o consumismo e a submisso do cidado aos veculos publicirios que omam o espao pblico. Em alguma localidade movimenada de So Paulo, sero disribudos panfleos amarelos e um “homem-sanduche” circular carregando uma placa amarela, sem propaganda ou mensagem. | Dia 13 de novembro.
ação 2: balões
| Em 2003, durane a guerra do Iraque, foram solos deenas de balões vermelhos de um edifcio alo de Salvador. Nos balões, as pessoas liam em iras de papel: “E se fosse uma arma qumica?” ou “E se fosse errorismo?” A obra propõe uma bela imagem e quesiona a vulnerabilidade das pessoas diane de uma realidade aparenemene disane, num ao de proeso. Na verso adapada, sero solos mil balões de um edifcio alo, com dieres que esabeleam um dilogo com um aconecimeno da época. | Av. Paulisa, dia 17 de novembro. Ao concebida em parceria com o grupo PORO (Belo Horione).
ação 3: fila
| Consise em formar uma fila desnecessria em frene a algum lugar inusiado. Propõe reflexões sobre a organiao do ambiene e a alienao da vida coidiana. Remee a espera, regras, respeio, democracia. | Praa da Repblica, dia 14 de novembro.
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ação 7: régua
| Sero colocadas réguas em banheiros pblicos masculinos de alguns esabelecimenos de So Paulo, como bares, lanchonees ec. Essa ao visa quesionar, de uma forma bem-humorada, o mio do machismo no Brasil. | Banheiros de boecos do cenro da cidade, dia 9 de novembro.
ação 6: a cama
| Uma cama ser posicionada em algum pono de So Paulo, de preferncia pero de moradores de rua. O objeivo é quesionar a condio dessas pessoas, que a sociedade j se acosumou a ver espalhadas pelas ruas. | Cruameno da Av. Paulisa com a Rua da Consolao, dia 16 de novembro.
fiat mostra brasil
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| Sero colocadas réguas em banheiros pblicos masculinos de alguns esabelecimenos de So Paulo, como bares, lanchonees ec. Essa ao visa quesionar, de uma forma bem-humorada, o mio do machismo no Brasil. | Banheiros de boecos do cenro da cidade, dia 9 de novembro.
ação 6: a cama
| Uma cama ser posicionada em algum pono de So Paulo, de preferncia pero de moradores de rua. O objeivo é quesionar a condio dessas pessoas, que a sociedade j se acosumou a ver espalhadas pelas ruas. | Cruameno da Av. Paulisa com a Rua da Consolao, dia 16 de novembro.
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ação 9: presente
| O grupo posiciona um “presene” em algum pono da cidade, deixando o pacoe à merc das possibilidades. O objeivo é insigar a curiosidade do passane diane da possibilidade de haver algo valioso no pacoe. | Mer Vila Mariana, dia 11, e Higienpolis, dia 16 de novembro.
ação 8: pic-nic
| Consise em monar um piquenique (oalha, cesa com alimenos ec.) em algum local da cidade em que desigualdades sociais sejam visveis, e convidar moradores de rua para paricipar. tra à ona a queso da fome e da pobrea generaliada que assola o pas. | Viaduo do Ch, Vale do Anhangaba, dia 15 de novembro.
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agradecimentos
| Grupo Empreza, Riacho, André Mesquia, a, Fernanda Albuquerque, Marco Annio Silva dos Sanos, Dona Ivone Lara, Alexandre Fehr, zeca Ferra, Marcos Kiyoo, EIA, Paloma, moradores de rua de So Paulo (principalmene Sandro) e odos aqueles que ajudaram para a concreiao das inervenões...
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ação 9: presente
| O grupo posiciona um “presene” em algum pono da cidade, deixando o pacoe à merc das possibilidades. O objeivo é insigar a curiosidade do passane diane da possibilidade de haver algo valioso no pacoe. | Mer Vila Mariana, dia 11, e Higienpolis, dia 16 de novembro.
ação 8: pic-nic
| Consise em monar um piquenique (oalha, cesa com alimenos ec.) em algum local da cidade em que desigualdades sociais sejam visveis, e convidar moradores de rua para paricipar. tra à ona a queso da fome e da pobrea generaliada que assola o pas. | Viaduo do Ch, Vale do Anhangaba, dia 15 de novembro.
agradecimentos
| Grupo Empreza, Riacho, André Mesquia, a, Fernanda Albuquerque, Marco Annio Silva dos Sanos, Dona Ivone Lara, Alexandre Fehr, zeca Ferra, Marcos Kiyoo, EIA, Paloma, moradores de rua de So Paulo (principalmene Sandro) e odos aqueles que ajudaram para a concreiao das inervenões...
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| Coleivo composo pelos arisas plsicos Alexandre Pereira (Goiânia; vive em Macap), Babidu (teresina; vive em Goiânia), Bia Miranda (Goiânia; vive em Goiânia), Chrisiane Frauino (Goiânia; vive em Goiânia), Fabio tremone (So Paulo; vive em So Paulo), Fernando Peixoo (Goiânia; vive em Goiânia), Keih Richard (Goiânia; vive em Goiânia), Mariana Marcassa (Bragana Paulisa, SP; vive em So Paulo), Paulo Veiga Jordo (Cidade de Gois, GO; vive em Goiânia). Formado em Goiânia em 2001, se dedica ao esudo e à prica da performance e de ouras linguagens experimenais. O corpo e seus desdobramenos servem de eixo poéico à maioria das aões, que operam com quesões como corpo individual e coleivo, corpo privado e pblico, corpo naural e culural, e quesiona como o corpo se siua nos subsraos da realidade.|
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EM tRêS VIDEOPERFORMANCES REGIStRADAS E EXIBIDAS simulaneamene, o grupo bebe e inerage com a câmera diane do Monumeno do Ipiranga, enquano assise ao filme Independência Mrte, e nos fesejos do Dia da Pria, na Esplanada dos Minisérios. A obra sugere um embae enre o microrriual horional do manuseio coleivo da garrafa e os rios espeaculares e hierrquicos da manipulao do poder e da hisria. Projeados simulaneamene, os vdeos provocam verigem no especador. Sucessivas e progressivas aleraões nas paisagens criam um rimo que reprodu a sensao de embriague.
grupo EmpreZ a fiat mostra brasil
grupo empreza
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| Coleivo composo pelos arisas plsicos Alexandre Pereira (Goiânia; vive em Macap), Babidu (teresina; vive em Goiânia), Bia Miranda (Goiânia; vive em Goiânia), Chrisiane Frauino (Goiânia; vive em Goiânia), Fabio tremone (So Paulo; vive em So Paulo), Fernando Peixoo (Goiânia; vive em Goiânia), Keih Richard (Goiânia; vive em Goiânia), Mariana Marcassa (Bragana Paulisa, SP; vive em So Paulo), Paulo Veiga Jordo (Cidade de Gois, GO; vive em Goiânia). Formado em Goiânia em 2001, se dedica ao esudo e à prica da performance e de ouras linguagens experimenais. O corpo e seus desdobramenos servem de eixo poéico à maioria das aões, que operam com quesões como corpo individual e coleivo, corpo privado e pblico, corpo naural e culural, e quesiona como o corpo se siua nos subsraos da realidade.|
EM tRêS VIDEOPERFORMANCES REGIStRADAS E EXIBIDAS simulaneamene, o grupo bebe e inerage com a câmera diane do Monumeno do Ipiranga, enquano assise ao filme Independência Mrte, e nos fesejos do Dia da Pria, na Esplanada dos Minisérios. A obra sugere um embae enre o microrriual horional do manuseio coleivo da garrafa e os rios espeaculares e hierrquicos da manipulao do poder e da hisria. Projeados simulaneamene, os vdeos provocam verigem no especador. Sucessivas e progressivas aleraões nas paisagens criam um rimo que reprodu a sensao de embriague.
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grupo empreza
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O projeto “Convidados pela Fia a pensar no Brasil e no fuuro, o Grupo Empreza pensa que Salve, que Salve, salve! radu alguns aspecos de sua viso sobre o ema, vendo de forma crica, lrica, românica, sarica, mas sempre polica, os liames emporais e hisricos que faem com que os conflios do passado se arrasem, indefinidamene reciclados, para o presene. Esa seria, alve, uma forma ineligene de se comear a pensar no fuuro. Salve, salve! é uma videoinsalao que se compõe da exibio simulânea, em sala fechada, de rs videoperformances. Os aos sero realiados em dias e locais diferenes, mas consiuem-se da mesma ao bsica, dialogando muuamene e criando uma rama de significados sobre o seu ema comum: represenaões da Independncia do Brasil. A primeira videoperformance ocorreu no Parque do Ipiranga, em So Paulo, diane do Monumeno ao Cenenrio da Independncia, em 7 de julho de 2006. A câmera foi fixada enquadrando o opo do monumeno e, diane da lene, foi colocada uma garrafa cheia de cachaa, o que resulou numa deformao da paisagem enquadrada. Os membros do Grupo Empreza iniciaram, eno, a ao: beber a cachaa, aos poucos, aé o fim, sempre buscando e devolvendo a garrafa para a frene da lene da câmera. Assim, ora o vdeo mosra a paisagem sem inerferncias (quando a garrafa no es l), ora a mosra filrada e disorcida pelo vidro e pelo lquido. O resulado plsico é surpreendenemene picrico. A segunda videoperformance, ainda a ser execuada, se dar diane de um aparelho de eleviso. A câmera enquadrar exaamene a ela de um elevisor, onde esar passando, em looping, uma seqncia do filme Independência Mrte (direo de Carlos Coimbra, 1972, com tarcsio Meira no papel de D. Pedro I). Novamene, uma garrafa com cachaa ser colocada enre a câmera e o elevisor, e os membros do Grupo Empreza iro beber seu conedo, sempre devolvendo-a para a sua marcao em frene à lene da câmera, enquano conversam e assisem ao filme. A erceira videoperformance ocorre durane o desfile de See de Seembro, na Esplanada dos Minisérios, em Braslia. O Grupo Empreza ir para a capial federal e assisir ao desfile. A câmera esar fixa, enquadrando o especulo. Pela erceira ve, os membros do Grupo Empreza iro desilar a paisagem, filrando-a aravés de uma garrafa de cachaa que ser lenamene consumida, enquano aconece o desfile.”
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grupo empreza
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O projeto “Convidados pela Fia a pensar no Brasil e no fuuro, o Grupo Empreza pensa que Salve, que Salve, salve! radu alguns aspecos de sua viso sobre o ema, vendo de forma crica, lrica, românica, sarica, mas sempre polica, os liames emporais e hisricos que faem com que os conflios do passado se arrasem, indefinidamene reciclados, para o presene. Esa seria, alve, uma forma ineligene de se comear a pensar no fuuro. Salve, salve! é uma videoinsalao que se compõe da exibio simulânea, em sala fechada, de rs videoperformances. Os aos sero realiados em dias e locais diferenes, mas consiuem-se da mesma ao bsica, dialogando muuamene e criando uma rama de significados sobre o seu ema comum: represenaões da Independncia do Brasil. A primeira videoperformance ocorreu no Parque do Ipiranga, em So Paulo, diane do Monumeno ao Cenenrio da Independncia, em 7 de julho de 2006. A câmera foi fixada enquadrando o opo do monumeno e, diane da lene, foi colocada uma garrafa cheia de cachaa, o que resulou numa deformao da paisagem enquadrada. Os membros do Grupo Empreza iniciaram, eno, a ao: beber a cachaa, aos poucos, aé o fim, sempre buscando e devolvendo a garrafa para a frene da lene da câmera. Assim, ora o vdeo mosra a paisagem sem inerferncias (quando a garrafa no es l), ora a mosra filrada e disorcida pelo vidro e pelo lquido. O resulado plsico é surpreendenemene picrico. A segunda videoperformance, ainda a ser execuada, se dar diane de um aparelho de eleviso. A câmera enquadrar exaamene a ela de um elevisor, onde esar passando, em looping, uma seqncia do filme Independência Mrte (direo de Carlos Coimbra, 1972, com tarcsio Meira no papel de D. Pedro I). Novamene, uma garrafa com cachaa ser colocada enre a câmera e o elevisor, e os membros do Grupo Empreza iro beber seu conedo, sempre devolvendo-a para a sua marcao em frene à lene da câmera, enquano conversam e assisem ao filme. A erceira videoperformance ocorre durane o desfile de See de Seembro, na Esplanada dos Minisérios, em Braslia. O Grupo Empreza ir para a capial federal e assisir ao desfile. A câmera esar fixa, enquadrando o especulo. Pela erceira ve, os membros do Grupo Empreza iro desilar a paisagem, filrando-a aravés de uma garrafa de cachaa que ser lenamene consumida, enquano aconece o desfile.”
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salve, salve!
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| videoinsalao e performance | 2006
g r u po po e m p r ez ez a
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Como es a produo das ares no Brasil? Qual é o conexo de criao da are brasileira? Como ele influencia a produo? (“blogare”, 03.07.06, 03.07.06, 11h43) Um projeo como
ese, que preende revelar alenos, dar cona de se sobressair por uma forma aniquada de revelao? Levemos para a galeria os “novos arisas brasileiros” e, depois, como isso se susenar? Qual a imporância disso para o “conexo de produo” das ares brasileiras? (Carla Andrade, 04.07.06, 10h15) Essa emica me ra duas quesões: a
diversidade de uma produo que em raros momenos consegue ser visualiada de forma significaiva e um sisema de are que no dialoga com as necessidades do meio arsico. Quando falamos em conexo de produo, esamos raando de algo mais amplo. Como produem nossos arisas? Como veiculam seus resulados? O arisa em hoje de se posicionar no s como realiador, mas como gerenciador da produo. Elaborando porflios, esudando leis e insiuiões para compreender onde invesir seu empo e dinheiro sem ser enganado. Por ouro lado, as insiuiões buscam policas que preservem seus ineresses e novos formaos de esmulo à produo. Ainda emos um eixo Rio-So Paulo que responde pela “cara” da are brasileira, e escolas de are que parecem no acompanhar essas discussões. No vejo soluões claras. Creio que devem vir dos arisas e de suas aões. (Jred Domcio, 08.07.06, 10h41) Concordo que levar novos arisas para uma exposi-
o no é suficiene. Para dar cona do problema dos museus e espaos exposiivos pblicos sem recursos para susenar uma programao, emos de admiir que muias coisas se do fora da ordem. Como mapear essa produo que se d na informalidade e se manifesa nas mais Como a are sodiversas formas? (Maria Ivone, 08.07.06, 16h39) brevive no Brasil, seno por iniciaiva de arisas informais, que recorrem ao prprio subsrao urbano, de ruas e viaduos, como supore e galeria? A produo conemporânea de are consegue se preservar na medida em que se compromee com a sua informalidade. (“fr gesalung”, 09.07.06, 22h58) A produo de are no Brasil vem se desaca ndo
em regiões das quais anes no ouvamos falar. Independenemene do conexo do mercado, a produo arsica difunde suas manobras de insero no circuio. (“raplev”, 11.07.06, 7h56) Como exis-
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surgem por odo o pas. Precisamos de mecanismos eficienes para dar vo a essas esraégias. (Jred Domcio, 12.07.06, 17h17) Em So Paulo, vi caraes colados sobre grafies de
gene conhecida. No eram caraes de shows ou coisa que o valha, mas caraes relaivos ao rabalho de Marcia X censurado por uma insiuio. Eno a are sai do circuio denunciando censura e censurando ouros arisas! Que ironia. (Paulo Io, Desde 1990 os arisas m buscado consruir suas 27.07.06, 12h51) prprias esraégias de visibilidade fora de um programa visando a legiimao de um sisema. Como conrapono, emergem as iniciaivas privadas, ligadas à disribuio de lucros de empresas, que enenderam que a aividade arsica é, para uiliar um ermo do comércio, “um valor agregado”. Ao abordar conexo e produo da are emos de colocar na balana esas vrias realidades. Uma primeira queso se apresena: como criar condiões para que a produo arsica possa ser um valor em si? (Maria Ivone, 01.08.06, 5h25) O conexo de produo no Brasil se ra-
du em rs quesões: recursos, pblico e fomeno. Falam recursos para pesquisa em are. É difcil levar a obra de are ao pblico. O governo no em linha de fomeno para as ares visuais. Mas ns, arisas, seguimos criando. Se no, a vida no vale a pena. (“isabel”, 22.08.06, 15h36) Olhando o ouro lado, seria
ineressane observar como se d a geso pblica na rea da culura. Como se consiuem os programas em aplicao nos museus pblicos? A cena nacional no poderia se reconfigurar com a roca de experincias enre insiuiões? Como é a consiuio funcional de nossos museus? De que forma os acervos pblicos se formam? (Maria Ivone, 01.09.06, 9h34)
Percebemos que num pas onde aspecos bsicos de vida ainda so problema, a are consegue pairar como elemeno vivo e crescene da culura. Pode no ser valoriada economicamene como muios gosariam, mas é inegvel sua boa aceiao sempre que proposa. (Marcos Andruchak, 17.09.06, 13h20)
ir no circuio de are? No basa produir. É necessrio aricular o pensameno sobre a produo e se faer presene. No percebo que “ceras regiões” cenraliam apenas o mercado de are, mas ambém grandes possibilidades (para poucos) de produo e pensameno sobre are. Acredio nas aões independenes que f i a t m o s tr tr a br br a s i l b l o g
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Como es a produo das ares no Brasil? Qual é o conexo de criao da are brasileira? Como ele influencia a produo? (“blogare”, 03.07.06, 03.07.06, 11h43) Um projeo como
ese, que preende revelar alenos, dar cona de se sobressair por uma forma aniquada de revelao? Levemos para a galeria os “novos arisas brasileiros” e, depois, como isso se susenar? Qual a imporância disso para o “conexo de produo” das ares brasileiras? (Carla Andrade, 04.07.06, 10h15) Essa emica me ra duas quesões: a
diversidade de uma produo que em raros momenos consegue ser visualiada de forma significaiva e um sisema de are que no dialoga com as necessidades do meio arsico. Quando falamos em conexo de produo, esamos raando de algo mais amplo. Como produem nossos arisas? Como veiculam seus resulados? O arisa em hoje de se posicionar no s como realiador, mas como gerenciador da produo. Elaborando porflios, esudando leis e insiuiões para compreender onde invesir seu empo e dinheiro sem ser enganado. Por ouro lado, as insiuiões buscam policas que preservem seus ineresses e novos formaos de esmulo à produo. Ainda emos um eixo Rio-So Paulo que responde pela “cara” da are brasileira, e escolas de are que parecem no acompanhar essas discussões. No vejo soluões claras. Creio que devem vir dos arisas e de suas aões. (Jred Domcio, 08.07.06, 10h41) Concordo que levar novos arisas para uma exposi-
o no é suficiene. Para dar cona do problema dos museus e espaos exposiivos pblicos sem recursos para susenar uma programao, emos de admiir que muias coisas se do fora da ordem. Como mapear essa produo que se d na informalidade e se manifesa nas mais Como a are sodiversas formas? (Maria Ivone, 08.07.06, 16h39) brevive no Brasil, seno por iniciaiva de arisas informais, que recorrem ao prprio subsrao urbano, de ruas e viaduos, como supore e galeria? A produo conemporânea de are consegue se preservar na medida em que se compromee com a sua informalidade. (“fr gesalung”, 09.07.06, 22h58) A produo de are no Brasil vem se desaca ndo
em regiões das quais anes no ouvamos falar. Independenemene do conexo do mercado, a produo arsica difunde suas manobras de insero no circuio. (“raplev”, 11.07.06, 7h56) Como exis-
surgem por odo o pas. Precisamos de mecanismos eficienes para dar vo a essas esraégias. (Jred Domcio, 12.07.06, 17h17) Em So Paulo, vi caraes colados sobre grafies de
gene conhecida. No eram caraes de shows ou coisa que o valha, mas caraes relaivos ao rabalho de Marcia X censurado por uma insiuio. Eno a are sai do circuio denunciando censura e censurando ouros arisas! Que ironia. (Paulo Io, Desde 1990 os arisas m buscado consruir suas 27.07.06, 12h51) prprias esraégias de visibilidade fora de um programa visando a legiimao de um sisema. Como conrapono, emergem as iniciaivas privadas, ligadas à disribuio de lucros de empresas, que enenderam que a aividade arsica é, para uiliar um ermo do comércio, “um valor agregado”. Ao abordar conexo e produo da are emos de colocar na balana esas vrias realidades. Uma primeira queso se apresena: como criar condiões para que a produo arsica possa ser um valor em si? (Maria Ivone, 01.08.06, 5h25) O conexo de produo no Brasil se ra-
du em rs quesões: recursos, pblico e fomeno. Falam recursos para pesquisa em are. É difcil levar a obra de are ao pblico. O governo no em linha de fomeno para as ares visuais. Mas ns, arisas, seguimos criando. Se no, a vida no vale a pena. (“isabel”, 22.08.06, 15h36) Olhando o ouro lado, seria
ineressane observar como se d a geso pblica na rea da culura. Como se consiuem os programas em aplicao nos museus pblicos? A cena nacional no poderia se reconfigurar com a roca de experincias enre insiuiões? Como é a consiuio funcional de nossos museus? De que forma os acervos pblicos se formam? (Maria Ivone, 01.09.06, 9h34)
Percebemos que num pas onde aspecos bsicos de vida ainda so problema, a are consegue pairar como elemeno vivo e crescene da culura. Pode no ser valoriada economicamene como muios gosariam, mas é inegvel sua boa aceiao sempre que proposa. (Marcos Andruchak, 17.09.06, 13h20)
ir no circuio de are? No basa produir. É necessrio aricular o pensameno sobre a produo e se faer presene. No percebo que “ceras regiões” cenraliam apenas o mercado de are, mas ambém grandes possibilidades (para poucos) de produo e pensameno sobre are. Acredio nas aões independenes que f i a t m o s tr tr a br br a s i l b l o g
| Henrique Oliveira | Ourinhos, SP, 1973 | Formado pela Universidade de So Paulo e mesra ndo em poéicas visuais pela Escola de Comunicaões e Ares, desenvolve uma produo visual focada na pinura e na relao supore picrico/espao arquienico. Inegrou o esdioresidncia Aelier Amarelo, em So Paulo. Foi um dos ganhadores do Prmio Projéeis Funare de Are Conemporânea (2005). Paricipou do Programa de Exposiões do Cenro Culural So Paulo (2006), do 5º Salo Nacional de Are de Gois (2005), do Projeéis Funare na Frana (2005) e da 9ª Bienal de Ares Visuais de Sanos (2004). Realiou individual na Galeria Bar Cru, So Paulo (2006). tem obras em coleões pariculares e no acervo do Ia Culural (So Paulo). Vive e rabalha em So Paulo. |
66|67
DESENHADOS PARA ESCONDER E PROtEGER O CRESCIMENtO da cidade, os apumes se ransformam em ndices de deeriorao da prpria paisagem meropoliana. meropoliana. Suas camadas de lâminas, ao se despregar e apodrecer, apodrecer, revelam o orgânico submeido à indsria. também criam uma proximidade mais do que alegrica com a pinura modernisa, sempre ocupada com os problemas da maerialidade do pigmeno, da superfcie, do procedimeno. A are sempre disps de meios para represenar a cidade. Aqui, a cidade fornece o corpo capa de sugerir a represenao de uma idéia de are.
henrique oliveira fiat mostra brasil
henrique oliveira
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| Henrique Oliveira | Ourinhos, SP, 1973 | Formado pela Universidade de So Paulo e mesra ndo em poéicas visuais pela Escola de Comunicaões e Ares, desenvolve uma produo visual focada na pinura e na relao supore picrico/espao arquienico. Inegrou o esdioresidncia Aelier Amarelo, em So Paulo. Foi um dos ganhadores do Prmio Projéeis Funare de Are Conemporânea (2005). Paricipou do Programa de Exposiões do Cenro Culural So Paulo (2006), do 5º Salo Nacional de Are de Gois (2005), do Projeéis Funare na Frana (2005) e da 9ª Bienal de Ares Visuais de Sanos (2004). Realiou individual na Galeria Bar Cru, So Paulo (2006). tem obras em coleões pariculares e no acervo do Ia Culural (So Paulo). Vive e rabalha em So Paulo. |
DESENHADOS PARA ESCONDER E PROtEGER O CRESCIMENtO da cidade, os apumes se ransformam em ndices de deeriorao da prpria paisagem meropoliana. meropoliana. Suas camadas de lâminas, ao se despregar e apodrecer, apodrecer, revelam o orgânico submeido à indsria. também criam uma proximidade mais do que alegrica com a pinura modernisa, sempre ocupada com os problemas da maerialidade do pigmeno, da superfcie, do procedimeno. A are sempre disps de meios para represenar a cidade. Aqui, a cidade fornece o corpo capa de sugerir a represenao de uma idéia de are.
henrique oliveira fiat mostra brasil
henrique oliveira
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tapumes
| sie specific | 18,4 m x 4 m x 1,2 m | 2006
f i a t mo mo s t ra ra b r a s ilil
a r t is is t a s 70|71
tapumes
| sie specific | 18,4 m x 4 m x 1,2 m | 2006
f i a t mo mo s t ra ra b r a s ilil
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Kaia Praes | Poro Alegre, 1964 | É mesre em poéicas visuais pelo Insiuo de Ares da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com especialiao em are e ecnologia pela School of he Ar Insiue of Chicago, EUA. Produ séries fechadas em écnicas e maeriais diversos, que mosrou em individuais como Árvres, paisaens, rizntes (Galeria dos Arcos, Poro Alegre, 2006) e Paisaens (Cenro Culural So Paulo, 2003). Exps em coleivas no MARGS e no Museu de Are Conemporânea, em Poro Alegre, na Funare (Rio de Janeiro) e nas mosras Rms Visais do Ia Culural (So Paulo) e Mosra Rioare Conemporânea (MAM-RJ). Vive e rabalha em Poro Alegre. |
O tRABALHO É CONStItUíDO POR IMAGENS DE UM úNICO elemeno, focaliado em cena de naurea. So foografias que surgem do cruameno de dois eixos: a busca pela mais comum das cenas e a aplicao de um core no-usual ao gnero da paisagem. O resulado aconece em imagens do céu diurno. Frene a elas, esamos diane de uma impossvel solide da amosfera, resulado da bidimensionalidade foogrfica, e de uma emanao de cor que parece expandirse no campo visual. A obra propõe um olhar que invesiga o conrase enre o viso e o reraado, enre o reraado e o reconhecido, enre o convencionado e o que ainda escapa à conveno na paisagem.
katia prates fiat mostra brasil
katia prates
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Kaia Praes | Poro Alegre, 1964 | É mesre em poéicas visuais pelo Insiuo de Ares da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com especialiao em are e ecnologia pela School of he Ar Insiue of Chicago, EUA. Produ séries fechadas em écnicas e maeriais diversos, que mosrou em individuais como Árvres, paisaens, rizntes (Galeria dos Arcos, Poro Alegre, 2006) e Paisaens (Cenro Culural So Paulo, 2003). Exps em coleivas no MARGS e no Museu de Are Conemporânea, em Poro Alegre, na Funare (Rio de Janeiro) e nas mosras Rms Visais do Ia Culural (So Paulo) e Mosra Rioare Conemporânea (MAM-RJ). Vive e rabalha em Poro Alegre. |
O tRABALHO É CONStItUíDO POR IMAGENS DE UM úNICO elemeno, focaliado em cena de naurea. So foografias que surgem do cruameno de dois eixos: a busca pela mais comum das cenas e a aplicao de um core no-usual ao gnero da paisagem. O resulado aconece em imagens do céu diurno. Frene a elas, esamos diane de uma impossvel solide da amosfera, resulado da bidimensionalidade foogrfica, e de uma emanao de cor que parece expandirse no campo visual. A obra propõe um olhar que invesiga o conrase enre o viso e o reraado, enre o reraado e o reconhecido, enre o convencionado e o que ainda escapa à conveno na paisagem.
katia prates fiat mostra brasil
katia prates
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paisagens: dia
fiat mostra brasil
katia prates
| foografia analgica | 3 m x 1,8 m cada | 2004
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paisagens: dia
fiat mostra brasil
| foografia analgica | 3 m x 1,8 m cada | 2004
katia prates
| Leonora Weissmann | Belo Horione, 1982 | Bacharel em pinura pela Escola de Belas Ares da Universidade Federal de Minas Gerais, é arisa plsica e canora, além de professora da mesma insiuio. Uiliando principalmene pinura, desenho e objeo, paricipou de individuais e coleivas no pas e no exerior. Inegra o grupo de msica Quebrapedra, o grupo cnico-musical Vo & Cia e a Misurada Orquesra, com os quais conquisou prmio no projeo Cnexã Telemi Cellar 2005 e ouros. Vive e rabalha em Belo Horione. |
74|75
A PAIXãO PELO PODER DE PERSUASãO DA IMAGEM E O INtERESSE PELA liberdade de escolha de elemenos e processos de criao, como a palavra, a cor e a msica, movem a série Crps-paisaem. So auo-reraos e reraos em proporo real de amigos e parenes, feios em ina a leo e/ou acrlica sobre ela. todos encaram o especador e m as cosas viradas para a paisagem que os envolve. Ese dpico reraa Dudu Niccio e Leopoldina, msicos parceiros e amigos. Seus corpos se esruuram na pinura a parir de uma paisagem ldica, que finge ser a mesma, mas que, ao se ornar pinura, duplica-se. Ambos se faem pinura, corpos e paisagens, e ambos so paisagem, pinura e corpos. O especador exerno é responsvel por esse infinio e o orna possvel: s ele v paisagem e figura como uma imagem s.
leonora weissmann fiat mostra brasil
leonora weissmann
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| Leonora Weissmann | Belo Horione, 1982 | Bacharel em pinura pela Escola de Belas Ares da Universidade Federal de Minas Gerais, é arisa plsica e canora, além de professora da mesma insiuio. Uiliando principalmene pinura, desenho e objeo, paricipou de individuais e coleivas no pas e no exerior. Inegra o grupo de msica Quebrapedra, o grupo cnico-musical Vo & Cia e a Misurada Orquesra, com os quais conquisou prmio no projeo Cnexã Telemi Cellar 2005 e ouros. Vive e rabalha em Belo Horione. |
A PAIXãO PELO PODER DE PERSUASãO DA IMAGEM E O INtERESSE PELA liberdade de escolha de elemenos e processos de criao, como a palavra, a cor e a msica, movem a série Crps-paisaem. So auo-reraos e reraos em proporo real de amigos e parenes, feios em ina a leo e/ou acrlica sobre ela. todos encaram o especador e m as cosas viradas para a paisagem que os envolve. Ese dpico reraa Dudu Niccio e Leopoldina, msicos parceiros e amigos. Seus corpos se esruuram na pinura a parir de uma paisagem ldica, que finge ser a mesma, mas que, ao se ornar pinura, duplica-se. Ambos se faem pinura, corpos e paisagens, e ambos so paisagem, pinura e corpos. O especador exerno é responsvel por esse infinio e o orna possvel: s ele v paisagem e figura como uma imagem s.
leonora weissmann fiat mostra brasil
leonora weissmann
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nome da obra
retratos de leopoldina e dudu nicácio sobre a mesma paisagem | dpico | pinura | 1,5 m x 2 m | 2004
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leonora weissmann
| objeo Xerosrud dolupa la feum vel el ea feugiame, qua numsandre veni ven in velenis eugai aua. U acilla coreriusci exer.
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nome da obra
| objeo Xerosrud dolupa la feum vel el ea feugiame, qua numsandre veni ven in velenis eugai aua. U acilla coreriusci exer.
retratos de leopoldina e dudu nicácio sobre a mesma paisagem | dpico | pinura | 1,5 m x 2 m | 2004
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leonora weissmann
| Lui Roque Filho | Cachoeira do Sul, RS, 1979 | trabalha com vdeo, cinema e foografia. Paricipou de coleivas como Mapeament (Poro Alegre, 2005), Territóris(So Territóris (So Paulo, 2005), Cinema diital (Recife, diital (Recife, 2004), Cntemprã (Poro Alegre, 2004) e 45h Compeiion for Film and Video on Japan (tquio, Japo, 2001). Recebeu bolsa do SPA das Ares/MAMAM de Recife para realiar a inerveno urbana Amr urbana Amr na na Praia de Boa Viagem (2004). Foi premiado no 36º Anual de Ares da FAAP (So Paulo, 2004) e um dos realiadores sul-americanos selecionados para o talen Campus, workshop do Fesival de Cinema de Berlim (2005) na Universidad del Cine em Buenos Aires, Argenina. Organiou a mosra Cinema de artista para o fesival Cineesquemanovo (Poro Alegre, 2006). Seu PretVermel foi exibido no 25º Fesival de Cinema e Vdeo Experimenal de zagreb (Crocia, 2006) e no 9º Salo Vicor Meirelles, em Florianpolis. Vive e rabalha em Poro Alegre. |
78|79
PRojETo VERMELho LIDA COM A REPRESENtAçãO DA PAISAGEM, um dos mais anigos emas da hisria da are. A fumaa é uiliada como forma de quebrar o aparene nauralismo das imagens. Inicia-se, com ela, um processo de arificialiao de espaos naurais que leva o especador a apreciar o filme como obra de fico, e no mera represenao da naurea.
luiz roque filho fiat mostra brasil
luiz roque filho
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| Lui Roque Filho | Cachoeira do Sul, RS, 1979 | trabalha com vdeo, cinema e foografia. Paricipou de coleivas como Mapeament (Poro Alegre, 2005), Territóris(So Territóris (So Paulo, 2005), Cinema diital (Recife, diital (Recife, 2004), Cntemprã (Poro Alegre, 2004) e 45h Compeiion for Film and Video on Japan (tquio, Japo, 2001). Recebeu bolsa do SPA das Ares/MAMAM de Recife para realiar a inerveno urbana Amr urbana Amr na na Praia de Boa Viagem (2004). Foi premiado no 36º Anual de Ares da FAAP (So Paulo, 2004) e um dos realiadores sul-americanos selecionados para o talen Campus, workshop do Fesival de Cinema de Berlim (2005) na Universidad del Cine em Buenos Aires, Argenina. Organiou a mosra Cinema de artista para o fesival Cineesquemanovo (Poro Alegre, 2006). Seu PretVermel foi exibido no 25º Fesival de Cinema e Vdeo Experimenal de zagreb (Crocia, 2006) e no 9º Salo Vicor Meirelles, em Florianpolis. Vive e rabalha em Poro Alegre. |
PRojETo VERMELho LIDA COM A REPRESENtAçãO DA PAISAGEM, um dos mais anigos emas da hisria da are. A fumaa é uiliada como forma de quebrar o aparene nauralismo das imagens. Inicia-se, com ela, um processo de arificialiao de espaos naurais que leva o especador a apreciar o filme como obra de fico, e no mera represenao da naurea.
luiz roque filho fiat mostra brasil
luiz roque filho
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projeto vermelho
| videoinsalao | 2006 | Direo, roeiro e produo: Lui Roque Filho | Foografia e câmera: Gusavo Jahn | Monagem e som: Lecia Ramos | Apario: Morgana Rissinger | Realiao: Faenda Roque Ramos |
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luiz roque filho
8 02 | 8 13
projeto vermelho
| videoinsalao | 2006 | Direo, roeiro e produo: Lui Roque Filho | Foografia e câmera: Gusavo Jahn | Monagem e som: Lecia Ramos | Apario: Morgana Rissinger | Realiao: Faenda Roque Ramos |
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luiz roque filho
| Marcelo Moschea | So José do Rio Preo, SP, 1976) | Bacharel em ares plsicas e mesre em ares visuais pela Universidade Esadual de Campinas, suas pesquisas m foco no desenho e sua relao com a foografia. Realiou as individuais Scemata (CCSP, 2006), Desabitads (Fundao Joaquim Nabuco, Recife, 2006), Ntícias da existência d mnd (Fundao Jaime Câmara, Goiânia, 2005) e Sbre e Sbre td qe se deve ardar (MAC Campinas, SP, 2004). Foi premiado na coleiva do Cenro Culural So Paulo (2006), no 12º Salo da Bahia (2005), no 4º Salo Nacional de Are de Gois (2004) e no Edial do MAC Campinas (2003). Finalisa da edio 2006/2007 do Prmio CNI/SESI Marcannio Vilaa, possui obras em coleões pariculares e acervos pblicos, como Coleo Gilbero Chaeaubriand/MAM-RJ e Casa de Las Américas, Havana, Cuba. Inegra o Cenro de Pesquisa em Gravura da Unicamp. Vive e rabalha em Campinas, SP. | www.marcelomoschea.ar.br |
8 02 | 8 13
A IDÉIA DO tRABALHO É A (RE)CONStRUçãO DE PAISAGENS reiradas de velhos carões-posais e de foos de lugares onde o av do arisa (que ele nunca conheceu) nasceu e eseve anes de imigrar para o Brasil, em 1921. Propondo a anlise do prprio processo de consruo e represenao de uma obra, o arisa usa a gravura como meio para discuir as relaões de escala real com o especador e de disância geogrfica e emporal, além de quesões sobre sua muliplicidade e seu dilogo com o universo fragmenado aual e virual.
marcelo moscheta fiat mostra brasil
marcelo moscheta
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| Marcelo Moschea | So José do Rio Preo, SP, 1976) | Bacharel em ares plsicas e mesre em ares visuais pela Universidade Esadual de Campinas, suas pesquisas m foco no desenho e sua relao com a foografia. Realiou as individuais Scemata (CCSP, 2006), Desabitads (Fundao Joaquim Nabuco, Recife, 2006), Ntícias da existência d mnd (Fundao Jaime Câmara, Goiânia, 2005) e Sbre e Sbre td qe se deve ardar (MAC Campinas, SP, 2004). Foi premiado na coleiva do Cenro Culural So Paulo (2006), no 12º Salo da Bahia (2005), no 4º Salo Nacional de Are de Gois (2004) e no Edial do MAC Campinas (2003). Finalisa da edio 2006/2007 do Prmio CNI/SESI Marcannio Vilaa, possui obras em coleões pariculares e acervos pblicos, como Coleo Gilbero Chaeaubriand/MAM-RJ e Casa de Las Américas, Havana, Cuba. Inegra o Cenro de Pesquisa em Gravura da Unicamp. Vive e rabalha em Campinas, SP. | www.marcelomoschea.ar.br |
A IDÉIA DO tRABALHO É A (RE)CONStRUçãO DE PAISAGENS reiradas de velhos carões-posais e de foos de lugares onde o av do arisa (que ele nunca conheceu) nasceu e eseve anes de imigrar para o Brasil, em 1921. Propondo a anlise do prprio processo de consruo e represenao de uma obra, o arisa usa a gravura como meio para discuir as relaões de escala real com o especador e de disância geogrfica e emporal, além de quesões sobre sua muliplicidade e seu dilogo com o universo fragmenado aual e virual.
marcelo moscheta fiat mostra brasil
marcelo moscheta
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refeitório
| gravura em meal sobre poliesireno | 4 m x 2 m | 2006
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marcelo moscheta
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refeitório
| gravura em meal sobre poliesireno | 4 m x 2 m | 2006
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marcelo moscheta
Ao longo de nossa discusso nese blog, vemos que o eor predominane nos emas foi muio o mercado das ares. A figura do curador ambém é imporane nessa discusso. Qual é a sua funo nos dias de hoje? Ele é apenas um filro ou figura deerminane de endncias? Acho que o curador é uma inveno que (“blogare”, 12.08.06, 12h48)
pode ser descarada. Os curadores so pouco arevidos e se escondem em emas e experincias j incorporadas. ter o domnio da liurgia, da oralidade, no garane nada. O curador precisa de conedo, conhecimeno de are. Essa queso do curador no Brasil é imporane s para as insiuiõe insiuiõess que precisam deles. (“alexis”, 10.08.06, 17h14) Na acepo que nos d teixeira Coelho no seu Dicinári crític de plítica cltral , curadoria define-se como: “omar empresado
algo e com ele consruir oura coisa”. Por ouro lado, assume um aspeco pejoraivo. A primeira opo di respeio ao que faemos com o que vemos e de que forma o agenciamos. A segunda, a um poder que nos é ouorgado para decidir por alguém “incapa”. As duas formas coexisem no nosso sisema de ares. Assumo a curadoria como uma arefa de olhar, no horione do visvel, possibilidades de conversa com um arisa. Pensar que uma seleo no acaba na escolha, mas coninua na forma como a exposio (No Fia Mosra se dar. (Maria Ivone, 10.08.06, 21h30) Brasil), vrios arisas faro envio de obras para a inscrio e sero submeidos a uma avaliao por “curadores” que ambém deveriam desenvolverr mais o seu perfil. Gosaria de abrir um salo para avaliadesenvolve o dos curadores, onde possamos ver a relevância dos seus rabalhos. (“alexis”, 11.08.06, 12h01) Além da dimenso conceiual, o
assuno da curadoria em uma dimenso hisrica e polica que paira sobre o circuio arsico sem nunca merecer um raameno crico mais esclarecedor. esclarecedor. No se raa de ignorar ou querer eliminar o curador e a curadoria. No imporando qual seja a “orcida”, curador e curadoria so realidades j basane inrnsecas ao universo da are. (...) Vocs lembram da msica que di: “O sonho acabou. Quem no dormiu no sleeping bag nem sequer sonhou”? Pois é. Aquele sonho das neovanguardas dos anos 1950, 1960 e 1970 de, aravés de um processo revolucionrio revolucionrio socialisa explcio, combaer a injusia social, acabou mesmo. E, ceramene, o curador surge de modo profundamene compromeido compromeido com as necessidades que as corporaões inernacionais passam a er de capialiar, em proveio prprio, odo e qualquer ipo de manifesao culural e arsica. Noem que, a parir dessa conf i a t m o s tr tr a br br a s i l b l o g
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siderao hisrica, as responsabilidades policas dos arisas e dos curadores de hoje so algo muio complicado e devem ser analisadas caso a caso. H arisas e arisas, e curadores Sem arisa e curadores. (Marcos Hill, 14.08.06, 8h)
no exise curador ou curadoria. Sem curador ou curadoria, a are vai coninuar exisene. Isso es na cara de odos. (“nave”, todo mundo no Rio de Janeiro é arisa e curador. Arqui20.08.06, 5h31) eamos e promovemos nossas prprias mosras. O que precisa de curadoria é a macroescala, seno a Bienal de So Paulo seria um feiro de doer. Mas, no dia-a-dia, o curador é oalmene dispensvel. (“isabel”, 22.08.06, 15h44) Nossa, é um alvio
saber que pelo menos pare dos curadores dessa Mosra em a incrvel generosidade de discuir no campo mais democrico possvel quesões o delicadas e nas quais seu prprio rabalho e ideais arsicos so quesionados. (Bruno Gulare Curadores so como os deuses Barreo, 28.08.06, 21h36) no Olimpo das ares. Aqueles que escrevem os de mandamenos e decream a desruio de Sodoma e Gomorra. O que farei para ser abenoado nesse universo??? (annimo, 11.09.06, 7h19)
tenho noado que os curadores vem a are conemporânea apenas sob a ica conceiual. O arisa que no em linguagem conceiual no é selecionado. (annimo, No caso do Fia Mosra Brasil, seria muio 19.09.06, 11h40)
saudvel a roaividade dos curadores nas prximas ediões, para que no se crie uma “idenidade” fixa, e para que ocorra renovao das cabeas pensanes que escolhem quem paricipa. (annimo, 22.09.06, 18h39)
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Ao longo de nossa discusso nese blog, vemos que o eor predominane nos emas foi muio o mercado das ares. A figura do curador ambém é imporane nessa discusso. Qual é a sua funo nos dias de hoje? Ele é apenas um filro ou figura deerminane de endncias? Acho que o curador é uma inveno que (“blogare”, 12.08.06, 12h48)
pode ser descarada. Os curadores so pouco arevidos e se escondem em emas e experincias j incorporadas. ter o domnio da liurgia, da oralidade, no garane nada. O curador precisa de conedo, conhecimeno de are. Essa queso do curador no Brasil é imporane s para as insiuiõe insiuiõess que precisam deles. (“alexis”, 10.08.06, 17h14) Na acepo que nos d teixeira Coelho no seu Dicinári crític de plítica cltral , curadoria define-se como: “omar empresado
algo e com ele consruir oura coisa”. Por ouro lado, assume um aspeco pejoraivo. A primeira opo di respeio ao que faemos com o que vemos e de que forma o agenciamos. A segunda, a um poder que nos é ouorgado para decidir por alguém “incapa”. As duas formas coexisem no nosso sisema de ares. Assumo a curadoria como uma arefa de olhar, no horione do visvel, possibilidades de conversa com um arisa. Pensar que uma seleo no acaba na escolha, mas coninua na forma como a exposio (No Fia Mosra se dar. (Maria Ivone, 10.08.06, 21h30) Brasil), vrios arisas faro envio de obras para a inscrio e sero submeidos a uma avaliao por “curadores” que ambém deveriam desenvolverr mais o seu perfil. Gosaria de abrir um salo para avaliadesenvolve o dos curadores, onde possamos ver a relevância dos seus rabalhos. (“alexis”, 11.08.06, 12h01) Além da dimenso conceiual, o
assuno da curadoria em uma dimenso hisrica e polica que paira sobre o circuio arsico sem nunca merecer um raameno crico mais esclarecedor. esclarecedor. No se raa de ignorar ou querer eliminar o curador e a curadoria. No imporando qual seja a “orcida”, curador e curadoria so realidades j basane inrnsecas ao universo da are. (...) Vocs lembram da msica que di: “O sonho acabou. Quem no dormiu no sleeping bag nem sequer sonhou”? Pois é. Aquele sonho das neovanguardas dos anos 1950, 1960 e 1970 de, aravés de um processo revolucionrio revolucionrio socialisa explcio, combaer a injusia social, acabou mesmo. E, ceramene, o curador surge de modo profundamene compromeido compromeido com as necessidades que as corporaões inernacionais passam a er de capialiar, em proveio prprio, odo e qualquer ipo de manifesao culural e arsica. Noem que, a parir dessa con-
siderao hisrica, as responsabilidades policas dos arisas e dos curadores de hoje so algo muio complicado e devem ser analisadas caso a caso. H arisas e arisas, e curadores Sem arisa e curadores. (Marcos Hill, 14.08.06, 8h)
no exise curador ou curadoria. Sem curador ou curadoria, a are vai coninuar exisene. Isso es na cara de odos. (“nave”, todo mundo no Rio de Janeiro é arisa e curador. Arqui20.08.06, 5h31) eamos e promovemos nossas prprias mosras. O que precisa de curadoria é a macroescala, seno a Bienal de So Paulo seria um feiro de doer. Mas, no dia-a-dia, o curador é oalmene dispensvel. (“isabel”, 22.08.06, 15h44) Nossa, é um alvio
saber que pelo menos pare dos curadores dessa Mosra em a incrvel generosidade de discuir no campo mais democrico possvel quesões o delicadas e nas quais seu prprio rabalho e ideais arsicos so quesionados. (Bruno Gulare Curadores so como os deuses Barreo, 28.08.06, 21h36) no Olimpo das ares. Aqueles que escrevem os de mandamenos e decream a desruio de Sodoma e Gomorra. O que farei para ser abenoado nesse universo??? (annimo, 11.09.06, 7h19)
tenho noado que os curadores vem a are conemporânea apenas sob a ica conceiual. O arisa que no em linguagem conceiual no é selecionado. (annimo, No caso do Fia Mosra Brasil, seria muio 19.09.06, 11h40)
saudvel a roaividade dos curadores nas prximas ediões, para que no se crie uma “idenidade” fixa, e para que ocorra renovao das cabeas pensanes que escolhem quem paricipa. (annimo, 22.09.06, 18h39)
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| Marcus Basos | B auru, SP, 1974 | É douor em comunicao e semiica e professor da Ponifcia Universidade Calica de So Paulo. S eus projeos em novas mdias incluem os banners e vdeos para painel elernico usados na infilrao na mdia Cala (2006), o DVD Mina terra tem palms (2005) e os sies circ-llar (2004), circ-llar (2004), com o grupo Preguia Febril, o livr ds cacs (2002) e webpaisaem0 (2002), com Giselle Beiguelman e Rafael Marchei, nico rabalho brasileiro indicado para o inernaional/media/ar/award 2003 (zKM). Foi selecionado para o Prmio Sergio Moa de Ar e e tecnologia 2005-2006 com o ensaio audiovisual dez ( mais?) mints de liberdade. liberdade . traduiu para o porugus Te Ttbdy Interface Envirnment, Envirnment , de Bill Seaman e Oo Roesler, e o poema Talk Y, Y, pare da insalao Text Rain, Rain, de Camilla Uerback e Romy Achiuv. Vive e rabalha em So Paulo. |
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VíDEO INtERAtIVO EM QUE OS GEStOS SOBRE UMA tELA TouCh screen permiem conrolar a opacidade de suas vrias camadas audiovisuais. O rabalho rene fragmenos de enrevisas, filmes e sons sobre os emas “liberdades”, “imagens” e “rudos”. Os depoimenos foram colhidos em 2006, com inelecuais e annimos que falam sobre uopias liberrias, formas de inerdio e sua relao com as imagens e sons que compõem a paisagem conemporânea. So de fragmenos que surgem como clsters audiovisuais fora de conrole. Ao navegar pelo projeo, o ineraor ajusa o foco de deerminadas imagens e sons. Ao fa-lo, modela da forma que deseja o conedo, em pro cesso que fa do agenciameno do ineraor um mecanismo de exerccio do pensameno crico. Os diferenes emas misuram-se, misuram-se, sem delimiar froneiras claras enre um e ouro.
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| Marcus Basos | B auru, SP, 1974 | É douor em comunicao e semiica e professor da Ponifcia Universidade Calica de So Paulo. S eus projeos em novas mdias incluem os banners e vdeos para painel elernico usados na infilrao na mdia Cala (2006), o DVD Mina terra tem palms (2005) e os sies circ-llar (2004), circ-llar (2004), com o grupo Preguia Febril, o livr ds cacs (2002) e webpaisaem0 (2002), com Giselle Beiguelman e Rafael Marchei, nico rabalho brasileiro indicado para o inernaional/media/ar/award 2003 (zKM). Foi selecionado para o Prmio Sergio Moa de Ar e e tecnologia 2005-2006 com o ensaio audiovisual dez ( mais?) mints de liberdade. liberdade . traduiu para o porugus Te Ttbdy Interface Envirnment, Envirnment , de Bill Seaman e Oo Roesler, e o poema Talk Y, Y, pare da insalao Text Rain, Rain, de Camilla Uerback e Romy Achiuv. Vive e rabalha em So Paulo. |
VíDEO INtERAtIVO EM QUE OS GEStOS SOBRE UMA tELA TouCh screen permiem conrolar a opacidade de suas vrias camadas audiovisuais. O rabalho rene fragmenos de enrevisas, filmes e sons sobre os emas “liberdades”, “imagens” e “rudos”. Os depoimenos foram colhidos em 2006, com inelecuais e annimos que falam sobre uopias liberrias, formas de inerdio e sua relao com as imagens e sons que compõem a paisagem conemporânea. So de fragmenos que surgem como clsters audiovisuais fora de conrole. Ao navegar pelo projeo, o ineraor ajusa o foco de deerminadas imagens e sons. Ao fa-lo, modela da forma que deseja o conedo, em pro cesso que fa do agenciameno do ineraor um mecanismo de exerccio do pensameno crico. Os diferenes emas misuram-se, misuram-se, sem delimiar froneiras claras enre um e ouro.
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O projeto “Nã á diferença entre aqil de qe m livr fala e a maneira cm feit. um livr tampc tem bet. Cnsiderad cm aenciament, ele está smente em cnexã cm trs aenciaments. (Gilles Deleue e Félix Guaari, Mil Platôs) Platôs) Em Interface disfrme, disfrme, janelas de vdeo sobreposas compõem um clster que o ineraor conrola por meio de boões que ajusam o volume dos sons e a opacidade das imagens. O movimeno do mouse sobre a ela permie reorganiar os fragmenos disponveis. O projeo explora emas relacionados à culura digial: piraaria, uopias liberrias esimuladas pela inerne, pricas de vigilância em rede. Consrudo a parir de enrevisas e remixes, remixes, aproxima o processo de sampleagem dos agenciamenos de senido. O sampler O sampler enendido enendido como forma de polifonia, rama de ouros que surgem enquano alguém fala. Interface disfrme esimula a aeno para a vo do ouro, para a aleridade, cada ve mais rara na culura conemporânea, mundialiada, homognea. A inerface oferecida ao usurio é fluida, mas opaca. “É empresa difcil, e mais rdua do que parece, acompanhar o andar do esprio, penerar-lhe as profundeas opacas e os oculos recanos” (Monaigne). S pelo exerccio de buscar as imagens e sons disponveis, o ineraor consegue fruir esse pequeno ensaio em que udo surge quase ao mesmo empo e raramene desaparece (memria inverida em empos de excesso de informao). Os volumes de som e as freqncias revelam surpresas audveis conforme as combinaões so experimenadas. O desenvolvimeno do projeo ser feio a parir de pesquisa mulimdia (no acervo da tV Culura, da tV PUC e na inerne) e de gravaões de udio e vdeo, em locao e esdio. A pesquisa foi iniciada anes, para desenvolvimeno do projeo dez ( mais?) mints de liberdade, liberdade, que recebeu Meno Honrosa no 6º Prmio Culural Sérgio Moa, e do cura-meragem radicais livre/s, livre/s, em desenvolvimeno pelo programa Perobrs Culural 2006/2007.”
interface disforme
| web are | 2006 | Direo e desenvolvimeno: Marcus Basos | tecnologia: Jim Andrews (DIALs for Adobe Direcor) | Produo: Mara Scheider | Msicas: Dudu tsuda | Pesquisa e capao de vdeo: Marcus Basos e Rodrigo Gonijo | Locuo: Daniel Daibem e Joana Ceccao. | Agradecimenos: Cicero Incio da Silva, Daniela Casro, Influena, Jane de Almeida, Joca Reiners terron, Lucas Bamboi, Marcelino Freire, mm no é confee, Nalia Mallo e Nelma Salomo. A gravao de 1973 da conversa domésica enre Ins Knau e Flvio Poro foi genilmene cedida por Joana Ceccao, filha do casal.
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marcus bastos
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O projeto “Nã á diferença entre aqil de qe m livr fala e a maneira cm feit. um livr tampc tem bet. Cnsiderad cm aenciament, ele está smente em cnexã cm trs aenciaments. (Gilles Deleue e Félix Guaari, Mil Platôs) Platôs) Em Interface disfrme, disfrme, janelas de vdeo sobreposas compõem um clster que o ineraor conrola por meio de boões que ajusam o volume dos sons e a opacidade das imagens. O movimeno do mouse sobre a ela permie reorganiar os fragmenos disponveis. O projeo explora emas relacionados à culura digial: piraaria, uopias liberrias esimuladas pela inerne, pricas de vigilância em rede. Consrudo a parir de enrevisas e remixes, remixes, aproxima o processo de sampleagem dos agenciamenos de senido. O sampler O sampler enendido enendido como forma de polifonia, rama de ouros que surgem enquano alguém fala. Interface disfrme esimula a aeno para a vo do ouro, para a aleridade, cada ve mais rara na culura conemporânea, mundialiada, homognea. A inerface oferecida ao usurio é fluida, mas opaca. “É empresa difcil, e mais rdua do que parece, acompanhar o andar do esprio, penerar-lhe as profundeas opacas e os oculos recanos” (Monaigne). S pelo exerccio de buscar as imagens e sons disponveis, o ineraor consegue fruir esse pequeno ensaio em que udo surge quase ao mesmo empo e raramene desaparece (memria inverida em empos de excesso de informao). Os volumes de som e as freqncias revelam surpresas audveis conforme as combinaões so experimenadas. O desenvolvimeno do projeo ser feio a parir de pesquisa mulimdia (no acervo da tV Culura, da tV PUC e na inerne) e de gravaões de udio e vdeo, em locao e esdio. A pesquisa foi iniciada anes, para desenvolvimeno do projeo dez ( mais?) mints de liberdade, liberdade, que recebeu Meno Honrosa no 6º Prmio Culural Sérgio Moa, e do cura-meragem radicais livre/s, livre/s, em desenvolvimeno pelo programa Perobrs Culural 2006/2007.”
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| web are | 2006 | Direo e desenvolvimeno: Marcus Basos | tecnologia: Jim Andrews (DIALs for Adobe Direcor) | Produo: Mara Scheider | Msicas: Dudu tsuda | Pesquisa e capao de vdeo: Marcus Basos e Rodrigo Gonijo | Locuo: Daniel Daibem e Joana Ceccao. | Agradecimenos: Cicero Incio da Silva, Daniela Casro, Influena, Jane de Almeida, Joca Reiners terron, Lucas Bamboi, Marcelino Freire, mm no é confee, Nalia Mallo e Nelma Salomo. A gravao de 1973 da conversa domésica enre Ins Knau e Flvio Poro foi genilmene cedida por Joana Ceccao, filha do casal.
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| Mariana Silva da Silva | Poro Alegre, 1978 | Graduada e mesre em poéicas visuais pelo Insiuo de Ares da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, é arisa plsica e professora da Universidade de Caxias do Sul. trabalha com foografia, vdeo e livro de arisa, e cenra sua pesquisa nos conceios de conao e superfcie. Par icipou das coleivas Peqena distância (Palcio das Ares, Belo Horione, 2006), 9º Salo Vicor Meirelles (Museu de Are de Sana Caarina, Florianpolis, 2006) e 8èmes Renconres Inernaionales Paris/Berlin (Grande Halle de la Villee, Paris, Frana, 2004), e realiou as individuais Litral (Museu Vicor Meirelles, Florianpolis, 2004) e Pnts de cntat (Insiuo Goehe, Poro Alegre, 2001). Em 2004, publicou o livreo de arisa Para preencer m brac, brac , a parir de inerveno realiada em Poro Alegre. Vive em Poro Alegre e rabalha em Caxias do Sul, RS. |
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O tRABALHO NASCE DE UMA INVEStIGAçãO A RESPEItO das froneiras do corpo e sua permeabilidade ao exerior. tena-se mapear uma siuao de froneiras em conao por meio de sua apresenao foogrfica. tocar as froneiras com a pona dos dedos, com as palmas das mos, capurar esse conao: momenaneamene os cabelos adquirem movimeno, fluuam por uma carga elérica permevel a um corpo exerior.
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mariana silva da silva
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| Mariana Silva da Silva | Poro Alegre, 1978 | Graduada e mesre em poéicas visuais pelo Insiuo de Ares da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, é arisa plsica e professora da Universidade de Caxias do Sul. trabalha com foografia, vdeo e livro de arisa, e cenra sua pesquisa nos conceios de conao e superfcie. Par icipou das coleivas Peqena distância (Palcio das Ares, Belo Horione, 2006), 9º Salo Vicor Meirelles (Museu de Are de Sana Caarina, Florianpolis, 2006) e 8èmes Renconres Inernaionales Paris/Berlin (Grande Halle de la Villee, Paris, Frana, 2004), e realiou as individuais Litral (Museu Vicor Meirelles, Florianpolis, 2004) e Pnts de cntat (Insiuo Goehe, Poro Alegre, 2001). Em 2004, publicou o livreo de arisa Para preencer m brac, brac , a parir de inerveno realiada em Poro Alegre. Vive em Poro Alegre e rabalha em Caxias do Sul, RS. |
O tRABALHO NASCE DE UMA INVEStIGAçãO A RESPEItO das froneiras do corpo e sua permeabilidade ao exerior. tena-se mapear uma siuao de froneiras em conao por meio de sua apresenao foogrfica. tocar as froneiras com a pona dos dedos, com as palmas das mos, capurar esse conao: momenaneamene os cabelos adquirem movimeno, fluuam por uma carga elérica permevel a um corpo exerior.
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mariana silva da silva
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à distância (elétrico) fiat mostra brasil
mariana silva da silva
| foografia | 0,40 m x 0,60 m cada | 2003/04
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à distância (elétrico) fiat mostra brasil
| foografia | 0,40 m x 0,60 m cada | 2003/04
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| Mariane Roer | Iju, RS, 1975 | Formada em ares plsicas pelo Insiuo de Ares da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e mesranda em ares pela mesma insiuio, d coninuidade ao projeo de graduao Me pnt de vista , que consise em foografar o prprio coidiano com enquadrameno fixo, na alura do horione dos olhos, a 1,30 m do cho. Vive e rabalha em Poro Alegre. |
96|97
UM LIVRO-OBJEtO COM SEQüêNCIAS DE FOtOGRAFIAS QUE CRIAM dilogos enre imagens do coidiano da arisa em Poro Alegre e em So Paulo. Esse dilogo oma oura dimenso no arranjo das imagens e no conao com o pblico, que poder folhear o livro e relacionar seu prprio coidiano àquele capado pela arisa, como que comparilhando uma inimidade comum. Impresso em formao de bolso, o livro passa por um processo de disperso e disseminao: ser exposo, rocado, doado e esquecido em ponos da cidade.
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mariane rotter
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| Mariane Roer | Iju, RS, 1975 | Formada em ares plsicas pelo Insiuo de Ares da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e mesranda em ares pela mesma insiuio, d coninuidade ao projeo de graduao Me pnt de vista , que consise em foografar o prprio coidiano com enquadrameno fixo, na alura do horione dos olhos, a 1,30 m do cho. Vive e rabalha em Poro Alegre. |
UM LIVRO-OBJEtO COM SEQüêNCIAS DE FOtOGRAFIAS QUE CRIAM dilogos enre imagens do coidiano da arisa em Poro Alegre e em So Paulo. Esse dilogo oma oura dimenso no arranjo das imagens e no conao com o pblico, que poder folhear o livro e relacionar seu prprio coidiano àquele capado pela arisa, como que comparilhando uma inimidade comum. Impresso em formao de bolso, o livro passa por um processo de disperso e disseminao: ser exposo, rocado, doado e esquecido em ponos da cidade.
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O projeto “Foografando com uma câmera poril digial, enho agilidade para capurar imagens no dia-a-dia. Revendo foografias produidas desde 2003, reno-as em pares, dpicos de imagens que se relacionam. Reagrupadas, omam novo senido. Muias vees pensei minhas foografias como uma seqncia de gesos, de dealhes revelados pelo core. Ese projeo quer romper com a lgica do uso banal da imagem no conexo do coidiano. Ele quesiona o uso indiscriminado da imagem que no reclama senido, valorao e éica em meio à proliferao de cenas reais e objeivas do mundo conemporâneo. Minha proposa é produir pequenos livros, seqncias de foografias, dilogos em que imagens do projeo me pnt de vista: indtr de percepçã ctidiana formaro dpicos com as novas imagens capadas durane minha esadia em So Paulo. Os livros sero confeccionados em amanho de bolso e impressos em uma iragem que permia dissemin-los: disribu-los, deix-los em biblioecas, esquec-los em bancos de praas, roc-los com arisas e expor exemplares para que sejam manuseados. As aões sero regisradas em imagem, faendo pare do projeo.”
indutor de percepção cotidiana
fiat mostra brasil
mariane rotter
| foografia/livro | 2006
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O projeto “Foografando com uma câmera poril digial, enho agilidade para capurar imagens no dia-a-dia. Revendo foografias produidas desde 2003, reno-as em pares, dpicos de imagens que se relacionam. Reagrupadas, omam novo senido. Muias vees pensei minhas foografias como uma seqncia de gesos, de dealhes revelados pelo core. Ese projeo quer romper com a lgica do uso banal da imagem no conexo do coidiano. Ele quesiona o uso indiscriminado da imagem que no reclama senido, valorao e éica em meio à proliferao de cenas reais e objeivas do mundo conemporâneo. Minha proposa é produir pequenos livros, seqncias de foografias, dilogos em que imagens do projeo me pnt de vista: indtr de percepçã ctidiana formaro dpicos com as novas imagens capadas durane minha esadia em So Paulo. Os livros sero confeccionados em amanho de bolso e impressos em uma iragem que permia dissemin-los: disribu-los, deix-los em biblioecas, esquec-los em bancos de praas, roc-los com arisas e expor exemplares para que sejam manuseados. As aões sero regisradas em imagem, faendo pare do projeo.”
indutor de percepção cotidiana
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| foografia/livro | 2006
mariane rotter
| Mara Neves | Belo Horione, 1964 | É formada em desenho e cinema de animao e mesre em ares plsicas pela Escola de Belas Ares da Universidade Federal de Minas Gerais. Paricipou de evenos e coleivas no Brasil e no exerior. Exps individualmene na Léo Bahia Are Conemporânea (Belo Horione, 2004), Galeria Circo Bonfim (Belo Horione, 2001) e Galeria Bar Senna (So Paulo, 2001). D aulas de eséica na UFMG, no Unicenro Newon Paiva e na Ponifcia Universidade Calica de Minas Gerais. Vive e rabalha em Belo Horione. |
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A ARtIStA DESCREVE SUA AtIVIDADE COMO UMA “tENtAtIVA DE IRONIA e jogo com o serssimo ridculo coidiano”. As 12 tarefas exemplifica sua aproximao com o kitsc, “visiado, revisiado, abraado”. A obra é o regisro em vdeo de uma visia guiada por Elke Maravilha a uma exposio de are conemporânea no Cenro Culural So Paulo, em ouubro de 2006. Os visianes so recruados enre ranseunes da Praa da Sé. Durane o passeio, Elke usa os signos do odaco para relacionar are e vida. As reaões das pessoas e os comenrios filosficos so surpreendenes.
marta neves fiat mostra brasil
marta neves
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| Mara Neves | Belo Horione, 1964 | É formada em desenho e cinema de animao e mesre em ares plsicas pela Escola de Belas Ares da Universidade Federal de Minas Gerais. Paricipou de evenos e coleivas no Brasil e no exerior. Exps individualmene na Léo Bahia Are Conemporânea (Belo Horione, 2004), Galeria Circo Bonfim (Belo Horione, 2001) e Galeria Bar Senna (So Paulo, 2001). D aulas de eséica na UFMG, no Unicenro Newon Paiva e na Ponifcia Universidade Calica de Minas Gerais. Vive e rabalha em Belo Horione. |
A ARtIStA DESCREVE SUA AtIVIDADE COMO UMA “tENtAtIVA DE IRONIA e jogo com o serssimo ridculo coidiano”. As 12 tarefas exemplifica sua aproximao com o kitsc, “visiado, revisiado, abraado”. A obra é o regisro em vdeo de uma visia guiada por Elke Maravilha a uma exposio de are conemporânea no Cenro Culural So Paulo, em ouubro de 2006. Os visianes so recruados enre ranseunes da Praa da Sé. Durane o passeio, Elke usa os signos do odaco para relacionar are e vida. As reaões das pessoas e os comenrios filosficos so surpreendenes.
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marta neves
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O projeto “Quem iria a um museu se fosse convidado? Quem se ineressaria ou se areveria a olhar e julgar livremene as peas exposas? O dilogo da are com o grande pblico er se ornado uma uopia? Que relao o pblico em (em?) com a are denro dos museus e galerias? Para que, afinal, eles servem? E a grande palavra ARtE? D para faer alguma coisa com ela? A parir dessas dvidas surgiu a idéia de faer um jogo com o pblico poencial de uma mosra efmera. talve uma celebridade de unanimidade no burra, como Elke Maravilha, como bdy artist e perfrmer que perfrmer que é (bvio que o pblico no sabe desses conceios acadmicos, embora, ao ver sua figura, inua muio bem do que se raa), pudesse ser suficienemene convincene para seduir umas anas pessoas a enrar numa van e passar alguns minuos numa exposio. Denro do projeo proposo, numa arde de sbado ou domingo, um grupo de pessoas sair com Elke Maravilha para visiar uma pequena exposio, monada de maneira simples, de forma a no impor gasos à insiuio nem danos às obras. A arisa funcionar como moniora da mosra. Cada obra ser apresenada conforme exo que me foi mosrado pela prpria Elke Maravilha, As Maravilha, As 12 tarefas, tarefas , em que fala, de maneira singular e seduora, dos signos do odaco. Cada rabalho orna-se um signo. Como se v, no emos a uma monioria de carer didico: Elke, embora possa mencionar ulo e arisa de cada rabalho apresenado, no discursar sobre a hisria do mesmo ou as inenões de seu criador, nem se arever a se apropriar de exos da crica especialiada. A pone enre as obras de are e o pblico é casual como a circunsância, ou como a prpria vida e sua ausncia de roeiros. Um professor argumenaria: e o que se lucra com uma coisa dessas? Nenhum conhecimeno, nenhuma informao sobre are, nada foi ‘ensinado’. S encenado. No creio de fao que, numa arde somene, alguém v ‘aprender a ver culura’. No é essa a ineno. Mas por que no dier a essas poucas pessoas alguma coisa sobre a vida, sobre as doe arefas dos signos de odos ns que esamos por a, presenes nas criaões humanas, espelho – embora às vees esranho e de difcil aproximao – de nossas menes, projeos, rejeios, o que for? Afinal de conas, no seria mais agradvel, menos presunoso (embora alve upico) mosrar-lhes que, a despeio da esquisiice das obras (e no menos dos arisas, curadores e afins), das faixas de segurana, dos avisos de ‘favor no ocar’, do deleuismo (e eu goso do filsofo, viu?) dos discursos especialiados, o fio conduor enre a are e a vida ainda no se desfe? tarefa difcil, mas agradvel. E no uma s, mas doe.”
2| 3 fiat mostra brasil
marta neves
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O projeto “Quem iria a um museu se fosse convidado? Quem se ineressaria ou se areveria a olhar e julgar livremene as peas exposas? O dilogo da are com o grande pblico er se ornado uma uopia? Que relao o pblico em (em?) com a are denro dos museus e galerias? Para que, afinal, eles servem? E a grande palavra ARtE? D para faer alguma coisa com ela? A parir dessas dvidas surgiu a idéia de faer um jogo com o pblico poencial de uma mosra efmera. talve uma celebridade de unanimidade no burra, como Elke Maravilha, como bdy artist e perfrmer que perfrmer que é (bvio que o pblico no sabe desses conceios acadmicos, embora, ao ver sua figura, inua muio bem do que se raa), pudesse ser suficienemene convincene para seduir umas anas pessoas a enrar numa van e passar alguns minuos numa exposio. Denro do projeo proposo, numa arde de sbado ou domingo, um grupo de pessoas sair com Elke Maravilha para visiar uma pequena exposio, monada de maneira simples, de forma a no impor gasos à insiuio nem danos às obras. A arisa funcionar como moniora da mosra. Cada obra ser apresenada conforme exo que me foi mosrado pela prpria Elke Maravilha, As Maravilha, As 12 tarefas, tarefas , em que fala, de maneira singular e seduora, dos signos do odaco. Cada rabalho orna-se um signo. Como se v, no emos a uma monioria de carer didico: Elke, embora possa mencionar ulo e arisa de cada rabalho apresenado, no discursar sobre a hisria do mesmo ou as inenões de seu criador, nem se arever a se apropriar de exos da crica especialiada. A pone enre as obras de are e o pblico é casual como a circunsância, ou como a prpria vida e sua ausncia de roeiros. Um professor argumenaria: e o que se lucra com uma coisa dessas? Nenhum conhecimeno, nenhuma informao sobre are, nada foi ‘ensinado’. S encenado. No creio de fao que, numa arde somene, alguém v ‘aprender a ver culura’. No é essa a ineno. Mas por que no dier a essas poucas pessoas alguma coisa sobre a vida, sobre as doe arefas dos signos de odos ns que esamos por a, presenes nas criaões humanas, espelho – embora às vees esranho e de difcil aproximao – de nossas menes, projeos, rejeios, o que for? Afinal de conas, no seria mais agradvel, menos presunoso (embora alve upico) mosrar-lhes que, a despeio da esquisiice das obras (e no menos dos arisas, curadores e afins), das faixas de segurana, dos avisos de ‘favor no ocar’, do deleuismo (e eu goso do filsofo, viu?) dos discursos especialiados, o fio conduor enre a are e a vida ainda no se desfe? tarefa difcil, mas agradvel. E no uma s, mas doe.”
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marta neves
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as 12 tarefas
fiat mostra brasil
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| performance | 2006
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as 12 tarefas
fiat mostra brasil
| performance | 2006
marta neves
| Marha Gabriel | So Paulo, 1962 | Engenheira graduada pela Universidade Esadual de Campinas, em ps-graduao em comunicao de markeing pela Escola Superior de Propaganda e Markeing de So Paulo e em design grfico pelo Cenro Universirio Belas Ares de So Paulo. É mesre em ares pela Escola de C omunicaões e Ares da USP. Professora e coordenadora na Universidade Anhembi Morumbi, é direora de ecnologia da NMD ( New Media Developers) e crica da LEA ( Lenard Electrnic Almanac), Almanac), publicao do Massachuses Insiue of technology, EUA. Seus rabalhos e pesquisas na rea de are, cincia e ecnologia foram apresenados em congressos e exposiões inernacionais como SIGGRAPH (Los Angeles) e Consciousness Reframed (Plymouh), EUA. Vive e rabalha em So Paulo. | www.marha.com.br |
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O tRABALHO FAz CONVERGIR VOz E IMAGEM EM UM mosaico visual/aural na web. Pessoas que ineragem por elefone, de qualquer lugar do planea, inegram ao mosaico suas prprias voes e escolhem as cores das pasilhas que o compõem. A inerface acessada via elefone usa snese de fala e reconhecimeno de vo. Cada ligao gera uma pasilha do mosaico. As ineraões visuais e sonoras que geram a obra represenam uma dissoluo de froneiras e uma convergncia da mais aniga rede de comunicao global (o elefone) com a maior rede compuacional do mundo (a inerne).
martha gabriel fiat mostra brasil
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| Marha Gabriel | So Paulo, 1962 | Engenheira graduada pela Universidade Esadual de Campinas, em ps-graduao em comunicao de markeing pela Escola Superior de Propaganda e Markeing de So Paulo e em design grfico pelo Cenro Universirio Belas Ares de So Paulo. É mesre em ares pela Escola de C omunicaões e Ares da USP. Professora e coordenadora na Universidade Anhembi Morumbi, é direora de ecnologia da NMD ( New Media Developers) e crica da LEA ( Lenard Electrnic Almanac), Almanac), publicao do Massachuses Insiue of technology, EUA. Seus rabalhos e pesquisas na rea de are, cincia e ecnologia foram apresenados em congressos e exposiões inernacionais como SIGGRAPH (Los Angeles) e Consciousness Reframed (Plymouh), EUA. Vive e rabalha em So Paulo. | www.marha.com.br |
O tRABALHO FAz CONVERGIR VOz E IMAGEM EM UM mosaico visual/aural na web. Pessoas que ineragem por elefone, de qualquer lugar do planea, inegram ao mosaico suas prprias voes e escolhem as cores das pasilhas que o compõem. A inerface acessada via elefone usa snese de fala e reconhecimeno de vo. Cada ligao gera uma pasilha do mosaico. As ineraões visuais e sonoras que geram a obra represenam uma dissoluo de froneiras e uma convergncia da mais aniga rede de comunicao global (o elefone) com a maior rede compuacional do mundo (a inerne).
martha gabriel fiat mostra brasil
martha gabriel
moZaico de voSes
fiat mostra brasil
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| web are | 2004
martha gabriel
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moZaico de voSes
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| web are | 2004
martha gabriel
Como o mercado influi nas ares e a “rua” influi nas “galerias”? A are pode er seus rumos diados somene pelo mercado? Aé que pono a are brasileira é orienada pelo mercado das ares? É faal que o mercado mande (“blogare”, 17.07.06, 7h59)
nas ares. Acho que as galerias s se do cona da “rua” quando essa é apropriada pelo mercado. Caso de Basquia e Keih Haring. (“mouse”, Creio que é meio demais falar que o mercado MANDA 17.07.06, 10h54) na produo arsica. O que vejo é o mercado se configurando como uma poderosa linha de fora, sobreudo no senido de dar visibilidade. No enano, no creio que oda a produo arsica eseja ligada ao mercado. Acredio que as esraégias arsicas conemporâneas ensionam essa linha de fora. Numa sociedade como a nossa, as lgicas de produo dificilmene se desvinculam do modo de operao do capial, mas algumas vees arisas imporanes conseguem explorar e subverer essa lgica em rabalhos reveladores do esado aual da are e dos modos de subjeivao. (Edu Jesus, 17.07.06, 15h56)
No preciso comprar are para er referncias. Preciso s ser eu mesmo. De forma alguma o mercado dia os rumos da are. Are no é moda, é algo que somene quem fa sabe o que é. (...) (“charleysilva”, 19.07.06, 15h59) Essa diviso mercado / rua é bem esrei-
a para que pensemos a are aual. tem are de rua chegando na galeria. tem galeria legiimando os rabalhos de rua. talve devssemos ampliar o pensameno sobre o que esamos chamando de mercado de are para compreender como se susena a produo arsica no Brasil. No seriam as insiuiões culurais uma oura parcela desse mercado? Muios arisas bancam seus prprios rabalhos. No seria essa ambém uma parcela desse mercado? Na maior pare do pas sequer exise esse mercado de are no formao radicional. Mas o que assusa é o poder de legiimao que foi conferido às galerias. to fore que no se compara a nenhuma esraégia de divulgao da maioria dos arisas. Mesmo o papel dos curadores de muias exposiões fica sujeio ao seu mando. Mesmo assim acredio na posura dos arisas que acabam por subverer essas relaões e propor novos caminhos. (Jred Dom(...) Penso que o ermo “circuio de cio, 23.07.2006, 14h49)
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Mercado de are? Uma linha de produo de obras que ilusrem as convenincias dos curadores. O que impora aos curadores é a viagem que possam faer na escolha, e que garana a harmonia de seus prprios projeos. Eles m o perfil e o empo para garanir a monagem do trpico Conemporâneo: dinheiro, insiuio e arisa insiucional. (anniConcordo com o comenrio acima.(...) Are mo, 09.08.06, 15h35)
verdadeira, AQUELA que s os grandes criadores sabem faer, é somene pra quem em cacife para enender o que é. O que se v hoje é uma parafernlia sem eira nem beira, gene que no em a mnima noo do que a are represena para o desenvolvimeno humano. Uma das nossas posiões é (annimo, 06.09.06, 13h30)
a seguine: buscamos quesionar o esablishmen, mas no preendemos faer isso de fora, no anonimao. Queremos nosso espao para criao e discusso inclusivas! (“adriana e bruna”, 14.10.06, 17h13) Esamos faendo are na nossa relao com o mundo, na forma de esabelecer conao com odas as insâncias nas quais graviamos. tano o mercado quano a rua so espaos possveis, mas no nicos. A queso é saber ransiar. A esruura acadmica e o recene e crescene maior engajameno de arisas nesse meio es propiciando um rânsio, uma mescla e uma comunho de arisas e ericos, discussões descenraliadas, enconros ineressanes!!!!!!!!!! Como criar esraégias de auao social no meio em que se es inserido? Como perceber as brechas de insero, auao, visibilidade e subsisncia? Como consruir um meio alernaivo ao insiudo, que dialogue, que subsisa, mas que ambém quesione? Como rabalhar paralelo com os grandes cenros, consruindo ouras hisrias, ouras vivncias, ouras experincias? Esse é o movimeno... (“adriana e bruna”, 20.10.06, 20h30)
are” pode ser bem ineressane. Exisem muias proposas que circulam e enconram seus pares pela inerne, universidades, correios ec., e que no necessariamene passam pelo mercado de galeria. O que a are na rua es raendo, a meu ver, é um alargameno do circuio, uma busca de auonomia: a galeria no é canal obrigario enre arisa, obra, pblico e ouros arisas. (“ariel”, 31.07.06, 14h33) f i a t m o s tr tr a br br a s i l b l o g
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Como o mercado influi nas ares e a “rua” influi nas “galerias”? A are pode er seus rumos diados somene pelo mercado? Aé que pono a are brasileira é orienada pelo mercado das ares? É faal que o mercado mande (“blogare”, 17.07.06, 7h59)
nas ares. Acho que as galerias s se do cona da “rua” quando essa é apropriada pelo mercado. Caso de Basquia e Keih Haring. (“mouse”, Creio que é meio demais falar que o mercado MANDA 17.07.06, 10h54) na produo arsica. O que vejo é o mercado se configurando como uma poderosa linha de fora, sobreudo no senido de dar visibilidade. No enano, no creio que oda a produo arsica eseja ligada ao mercado. Acredio que as esraégias arsicas conemporâneas ensionam essa linha de fora. Numa sociedade como a nossa, as lgicas de produo dificilmene se desvinculam do modo de operao do capial, mas algumas vees arisas imporanes conseguem explorar e subverer essa lgica em rabalhos reveladores do esado aual da are e dos modos de subjeivao. (Edu Jesus, 17.07.06, 15h56)
No preciso comprar are para er referncias. Preciso s ser eu mesmo. De forma alguma o mercado dia os rumos da are. Are no é moda, é algo que somene quem fa sabe o que é. (...) (“charleysilva”, 19.07.06, 15h59) Essa diviso mercado / rua é bem esrei-
a para que pensemos a are aual. tem are de rua chegando na galeria. tem galeria legiimando os rabalhos de rua. talve devssemos ampliar o pensameno sobre o que esamos chamando de mercado de are para compreender como se susena a produo arsica no Brasil. No seriam as insiuiões culurais uma oura parcela desse mercado? Muios arisas bancam seus prprios rabalhos. No seria essa ambém uma parcela desse mercado? Na maior pare do pas sequer exise esse mercado de are no formao radicional. Mas o que assusa é o poder de legiimao que foi conferido às galerias. to fore que no se compara a nenhuma esraégia de divulgao da maioria dos arisas. Mesmo o papel dos curadores de muias exposiões fica sujeio ao seu mando. Mesmo assim acredio na posura dos arisas que acabam por subverer essas relaões e propor novos caminhos. (Jred Dom(...) Penso que o ermo “circuio de cio, 23.07.2006, 14h49)
Mercado de are? Uma linha de produo de obras que ilusrem as convenincias dos curadores. O que impora aos curadores é a viagem que possam faer na escolha, e que garana a harmonia de seus prprios projeos. Eles m o perfil e o empo para garanir a monagem do trpico Conemporâneo: dinheiro, insiuio e arisa insiucional. (anniConcordo com o comenrio acima.(...) Are mo, 09.08.06, 15h35)
verdadeira, AQUELA que s os grandes criadores sabem faer, é somene pra quem em cacife para enender o que é. O que se v hoje é uma parafernlia sem eira nem beira, gene que no em a mnima noo do que a are represena para o desenvolvimeno humano. Uma das nossas posiões é (annimo, 06.09.06, 13h30)
a seguine: buscamos quesionar o esablishmen, mas no preendemos faer isso de fora, no anonimao. Queremos nosso espao para criao e discusso inclusivas! (“adriana e bruna”, 14.10.06, 17h13) Esamos faendo are na nossa relao com o mundo, na forma de esabelecer conao com odas as insâncias nas quais graviamos. tano o mercado quano a rua so espaos possveis, mas no nicos. A queso é saber ransiar. A esruura acadmica e o recene e crescene maior engajameno de arisas nesse meio es propiciando um rânsio, uma mescla e uma comunho de arisas e ericos, discussões descenraliadas, enconros ineressanes!!!!!!!!!! Como criar esraégias de auao social no meio em que se es inserido? Como perceber as brechas de insero, auao, visibilidade e subsisncia? Como consruir um meio alernaivo ao insiudo, que dialogue, que subsisa, mas que ambém quesione? Como rabalhar paralelo com os grandes cenros, consruindo ouras hisrias, ouras vivncias, ouras experincias? Esse é o movimeno... (“adriana e bruna”, 20.10.06, 20h30)
are” pode ser bem ineressane. Exisem muias proposas que circulam e enconram seus pares pela inerne, universidades, correios ec., e que no necessariamene passam pelo mercado de galeria. O que a are na rua es raendo, a meu ver, é um alargameno do circuio, uma busca de auonomia: a galeria no é canal obrigario enre arisa, obra, pblico e ouros arisas. (“ariel”, 31.07.06, 14h33) f i a t m o s tr tr a br br a s i l b l o g
| Milena travassos | Recife, 1976 | Formada em ares plsicas e filosofia, produ objeos, insalaões e vdeos que pesquisam a ransparncia, o corpo e a desconexualiao. Exps nas individuais um lar fra dele (Galeria do Alpendre - Casa de Are, Pesquisa e Produo, Foralea, 2006), o merl e liações (Cenro Culural Banco do Nordese, Foralea, 2006 e 2003), no 12º Salo da Bahia (Museu de Are Moderna da Bahia, Salvador, 2005), na 25ª Are Par (Museu do Esado do Par, Belém, 2006) e na coleiva Prteis de arte cntemprânea (Galeria do Palcio Gusavo Capanema, Rio de Janeiro, 2006). É coordenadora de ares visuais da Fundao de Culura da Prefeiura de Foralea e do Ncleo de Ares Visuais do Alpendre - Casa de Are, Pesquisa e Produo, em Foralea, onde vive e rabalha. |
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tRAtA-SE DE UMA VIDEOINStALAçãO QUE SE ENCONtRA em meio a uma pesquisa arsica iniulada um lar fra dele. Vertiem apona quesões acerca do corpo, do lugar, do deslocado, do risco; propõe uma oura apreenso do empo e do senido. Ressala um lugar e um corpo que se ornam mais suis e afeveis pelo fora, predisposos a um deslocameno de senido. Paisagens e aões que funcionam como indicaões de um empo expandido em um erririo recorado de seu uso convencional. O corpo e suas aões so pensados para subverer um lcs previamene escolhido e propõem uma oura apreenso da paisagem, por apresenarem uma ao execuada em um erririo ou conexo improvvel.
milena travassos fiat mostra brasil
milena travassos
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| Milena travassos | Recife, 1976 | Formada em ares plsicas e filosofia, produ objeos, insalaões e vdeos que pesquisam a ransparncia, o corpo e a desconexualiao. Exps nas individuais um lar fra dele (Galeria do Alpendre - Casa de Are, Pesquisa e Produo, Foralea, 2006), o merl e liações (Cenro Culural Banco do Nordese, Foralea, 2006 e 2003), no 12º Salo da Bahia (Museu de Are Moderna da Bahia, Salvador, 2005), na 25ª Are Par (Museu do Esado do Par, Belém, 2006) e na coleiva Prteis de arte cntemprânea (Galeria do Palcio Gusavo Capanema, Rio de Janeiro, 2006). É coordenadora de ares visuais da Fundao de Culura da Prefeiura de Foralea e do Ncleo de Ares Visuais do Alpendre - Casa de Are, Pesquisa e Produo, em Foralea, onde vive e rabalha. |
tRAtA-SE DE UMA VIDEOINStALAçãO QUE SE ENCONtRA em meio a uma pesquisa arsica iniulada um lar fra dele. Vertiem apona quesões acerca do corpo, do lugar, do deslocado, do risco; propõe uma oura apreenso do empo e do senido. Ressala um lugar e um corpo que se ornam mais suis e afeveis pelo fora, predisposos a um deslocameno de senido. Paisagens e aões que funcionam como indicaões de um empo expandido em um erririo recorado de seu uso convencional. O corpo e suas aões so pensados para subverer um lcs previamene escolhido e propõem uma oura apreenso da paisagem, por apresenarem uma ao execuada em um erririo ou conexo improvvel.
milena travassos fiat mostra brasil
vertigem
milena travassos
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| videoinsalao | 2006
fiat mostra brasil
milena travassos
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vertigem
| videoinsalao | 2006
fiat mostra brasil
milena travassos
| Mariana K | So Paulo, 1981 | é formada em cinema. | Milena Sz | So Paulo, 1977 |, em processameno de dados, arquieura e urbanismo. Junas, desenvolvem aões de inerveno pblica que podem envolver ares grficas, vdeos, msica, Vjin com sofware livre, camiseas, insalaões e performances, além de esruuras midiicas ineraivas que permiem a paricipao de amigos e do pblico. Criaram o projeo Vj itinerante, itinerante, com mixagens e projeões ao vivo e em empo real em consruões em S o Paulo (2005), pariciparam com performances do iRAP-Nokia trends (So Paulo, 2005) e do 404 - Fesival Inernacional de Are Elernica (Argenina, 2004). Expuseram no MAM-RJ (2004-2005). Vivem e rabalham em So Paulo. |
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O CARRINHO DE CAMELô, OBJEtO CARACtERíStICO DA culura popular de cenros urbanos, ransforma-se em ilha audiovisual mvel, esruura midiica que capa e ransmie, em empo real, depoimenos audiovisuais colhidos nas ruas de So Paulo. A publicao dos depoimenos na inerne ( streamin) apresena a rede ambém como uma espécie de “espao pblico” de “menes coleivas”. O maerial colhido na rua é base para uma performance audiovisual na qual a audincia pode ser o aivaparicipaiva quano os emissores das mensagens. Nessa relao social mediada por sons e imagens, a Sociedade da Vigilância se alia à Sociedade do Especulo.
mm não é confete fiat mostra brasil
mm não é confete
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| Mariana K | So Paulo, 1981 | é formada em cinema. | Milena Sz | So Paulo, 1977 |, em processameno de dados, arquieura e urbanismo. Junas, desenvolvem aões de inerveno pblica que podem envolver ares grficas, vdeos, msica, Vjin com sofware livre, camiseas, insalaões e performances, além de esruuras midiicas ineraivas que permiem a paricipao de amigos e do pblico. Criaram o projeo Vj itinerante, itinerante, com mixagens e projeões ao vivo e em empo real em consruões em S o Paulo (2005), pariciparam com performances do iRAP-Nokia trends (So Paulo, 2005) e do 404 - Fesival Inernacional de Are Elernica (Argenina, 2004). Expuseram no MAM-RJ (2004-2005). Vivem e rabalham em So Paulo. |
O CARRINHO DE CAMELô, OBJEtO CARACtERíStICO DA culura popular de cenros urbanos, ransforma-se em ilha audiovisual mvel, esruura midiica que capa e ransmie, em empo real, depoimenos audiovisuais colhidos nas ruas de So Paulo. A publicao dos depoimenos na inerne ( streamin) apresena a rede ambém como uma espécie de “espao pblico” de “menes coleivas”. O maerial colhido na rua é base para uma performance audiovisual na qual a audincia pode ser o aivaparicipaiva quano os emissores das mensagens. Nessa relao social mediada por sons e imagens, a Sociedade da Vigilância se alia à Sociedade do Especulo.
mm não é confete fiat mostra brasil
mm não é confete
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O projeto “Ese rabalho fa pare de nosso rk in prress Te Everydayness Manifest, Manifest, desenvolvido a parir de pesquisas sobre as flaneries do século XIX (‘As ruas so a moradia coleiva. O coleivo é uma essncia incansvel e eernamene movedia; enre as fachadas dos edifcios, supora, experimena, aprende e sene ano quano indivduos denro da proeo de suas quaro paredes’ - Waler Benjamin) e de esudos que iner-relacionam a Sociedade da Vigilância e a Sociedade do Especulo: ‘O especulo no é um conjuno de imagens, mas uma relao social enre pessoas, mediada por imagens’ (Guy Debord, 1967). A esruura midiica ser levada a espaos pblicos de grande coningncia populacional iinerane, como um canal abero de manifesao para capao e ransmisso de depoimenos audiovisuais para inerao online. Na lima semana da exposio, apresenaremos a performance.”
manifeste-se 2.0
fiat mostra brasil
mm não é confete
| inerveno urbana & live perfrmance | 2006
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O projeto “Ese rabalho fa pare de nosso rk in prress Te Everydayness Manifest, Manifest, desenvolvido a parir de pesquisas sobre as flaneries do século XIX (‘As ruas so a moradia coleiva. O coleivo é uma essncia incansvel e eernamene movedia; enre as fachadas dos edifcios, supora, experimena, aprende e sene ano quano indivduos denro da proeo de suas quaro paredes’ - Waler Benjamin) e de esudos que iner-relacionam a Sociedade da Vigilância e a Sociedade do Especulo: ‘O especulo no é um conjuno de imagens, mas uma relao social enre pessoas, mediada por imagens’ (Guy Debord, 1967). A esruura midiica ser levada a espaos pblicos de grande coningncia populacional iinerane, como um canal abero de manifesao para capao e ransmisso de depoimenos audiovisuais para inerao online. Na lima semana da exposio, apresenaremos a performance.”
manifeste-se 2.0
| inerveno urbana & live perfrmance | 2006
fiat mostra brasil
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fiat mostra brasil
mm não é confete
| Nydia Negromone | Lima, Peru, 1965 – nauraliada brasileira | Graduada em desenho pela Escola de Belas Ares da Universidade Federal de Minas Gerais, em especialiao em gravura pela Faculdade de Belas Ares da Universidade de Barcelona. Foi arisa residene no Aelier HANGAR, de Barcelona, Espanha, em 1999. Paricipou da ARCO Feria Inernacional de Are Conemporneo (Madri) e das coleivas Crp sec (Galeria Sicar, Barcelona) e urbild (Galeria urbild (Galeria Anonio de Barnola, Barcelona). No Brasil, realiou individuais na Galeria thomas Cohn (Rio de Janeiro, 2005), na Galeria Manoel Macedo (Belo Horione, 2004), no torreo (Poro Alegre, 2003), no Cenro Universirio Maria Anonia (So Paulo, 2000) e na Valu Oria Galeria de Are (So Paulo, 1995). Vive e rabalha em Belo Horione. |
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EM REGIME DE REtROALIMENtAçãO, REtROALIMENtAçãO, A OBRA PROPORCIONA PROPORCIONA A IMERSãO DE FLUXOS CONtíNUOS, caalisados pela exrao e disribuio de sucos de fruas variadas. O sisema se move a parir de um eixo cenral: uma caixa d’gua que, susenada pela vericalidade da orre de rabalho (espécie de coluna dorsal), alimena e d supore à ao. Dela, migram rs mesas reangulares, disposas em hélice, cada uma com seu anque, liquidificador e acessrios. Como exenso, gndolas-frueiras, gndolas-frueiras, disposas na parede, so abasecidas periodicamene, convidando o pblico a omar parido do sisema roaivo. O ncleo exraor de sucos, miso de ona de rabalho e espao de convvio, expõe modos de abasecimeno, armaenameno armaenameno e escoameno, sedimenados por meio de relaões esabelecidas e liquidificadas. As aões que inegram a insalao consiuem um grande sisema, que se desenvolve em regime de reroalimenaao. As imagens e o mobilirio uiliados na obra resulam de uma pesquisa sobre modos de faer e incluem resduos de funcionameno de locais semelhanes. A obra consise em: 1. Plo de exrao de suco de fruas: esao de preparo e disribuio de suco de fruas. 2. Audiovisual: exibio de imagens da ao, regisradas ao longo do perodo da exposio, em dois plasmas. 3. Gndolas: mobilirio para o armaenameno das fruas e uenslios nas paredes, com espelhos e lixeira.
nydia negromonte fiat mostra brasil
nydia negromonte
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| Nydia Negromone | Lima, Peru, 1965 – nauraliada brasileira | Graduada em desenho pela Escola de Belas Ares da Universidade Federal de Minas Gerais, em especialiao em gravura pela Faculdade de Belas Ares da Universidade de Barcelona. Foi arisa residene no Aelier HANGAR, de Barcelona, Espanha, em 1999. Paricipou da ARCO Feria Inernacional de Are Conemporneo (Madri) e das coleivas Crp sec (Galeria Sicar, Barcelona) e urbild (Galeria urbild (Galeria Anonio de Barnola, Barcelona). No Brasil, realiou individuais na Galeria thomas Cohn (Rio de Janeiro, 2005), na Galeria Manoel Macedo (Belo Horione, 2004), no torreo (Poro Alegre, 2003), no Cenro Universirio Maria Anonia (So Paulo, 2000) e na Valu Oria Galeria de Are (So Paulo, 1995). Vive e rabalha em Belo Horione. |
EM REGIME DE REtROALIMENtAçãO, REtROALIMENtAçãO, A OBRA PROPORCIONA PROPORCIONA A IMERSãO DE FLUXOS CONtíNUOS, caalisados pela exrao e disribuio de sucos de fruas variadas. O sisema se move a parir de um eixo cenral: uma caixa d’gua que, susenada pela vericalidade da orre de rabalho (espécie de coluna dorsal), alimena e d supore à ao. Dela, migram rs mesas reangulares, disposas em hélice, cada uma com seu anque, liquidificador e acessrios. Como exenso, gndolas-frueiras, gndolas-frueiras, disposas na parede, so abasecidas periodicamene, convidando o pblico a omar parido do sisema roaivo. O ncleo exraor de sucos, miso de ona de rabalho e espao de convvio, expõe modos de abasecimeno, armaenameno armaenameno e escoameno, sedimenados por meio de relaões esabelecidas e liquidificadas. As aões que inegram a insalao consiuem um grande sisema, que se desenvolve em regime de reroalimenaao. As imagens e o mobilirio uiliados na obra resulam de uma pesquisa sobre modos de faer e incluem resduos de funcionameno de locais semelhanes. A obra consise em: 1. Plo de exrao de suco de fruas: esao de preparo e disribuio de suco de fruas. 2. Audiovisual: exibio de imagens da ao, regisradas ao longo do perodo da exposio, em dois plasmas. 3. Gndolas: mobilirio para o armaenameno das fruas e uenslios nas paredes, com espelhos e lixeira.
nydia negromonte fiat mostra brasil
nydia negromonte
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casa das vitaminas II | ao/insalao | 2006
colaboradores | Fernando Maculan, Marcelo Drummond, Marconi Drummond, Francilins, Joo Casilho e Pedro David
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nydia negromonte
casa das vitaminas II | ao/insalao | 2006
colaboradores | Fernando Maculan, Marcelo Drummond, Marconi Drummond, Francilins, Joo Casilho e Pedro David
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nydia negromonte
f i a t mo mo s t ra ra b r a s ilil
a r t is is t a s
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f i a t mo mo s t ra ra b r a s ilil
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a r t is is t a s
| Raquel Solf | Indaial, SC, 1975 | Arisa plsica e escriora, é mesre em poéicas visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e professora de ares plsicas na Universidade do Esado de Sana Caarina. Invesiga inersecões, ressonâncias e esranhamenos enre palavra e silncio em foografias, objeos, insalaões, vdeos, desenhos, livros de arisa, proposiões sonoras e inervenões. Realiou as individuais Pret secret [estadias instáveis] (Cricima, SC, 2005), Fra [d art] (Florianpolis, art] (Florianpolis, 2004) e C reravável (Florianpolis, reravável (Florianpolis, 2003) e paricipou de coleivas como Entrn de perações mentais (Belém, 2006) e Panrama da Arte Brasileira (So Paulo, 2005). Eseve no 15º Fesival Inernacional de Are Elernica Videobrasil (So Paulo, 2005) e no 61º Salo Paranaense (Curiiba, 2005). Coordena a publicao experimenal Sfá e o Projeo de Exenso Membrana, Membrana, na Udesc. Vive e rabalha em Florianpolis. |
A MICROINtERVENçãO SONORA CONSIStE EM VEICULAR o udio de um grilo enre conexos especficos da cidade, por meio de carros de som ou de bicicleas que circulam em diferenes rajeos. Nesse conceio de proposio arsica, siuaões sonoras so proposas em espaos e empos habiadospercorridos por alguém, ora explorando relaões de imerso e insero nos mliplos sons dos e spaos urbanos, ora susciando inerrupões ou pausas sonoras mnimas.
raquel stolf fiat mostra brasil
raquel stolf
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| Raquel Solf | Indaial, SC, 1975 | Arisa plsica e escriora, é mesre em poéicas visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e professora de ares plsicas na Universidade do Esado de Sana Caarina. Invesiga inersecões, ressonâncias e esranhamenos enre palavra e silncio em foografias, objeos, insalaões, vdeos, desenhos, livros de arisa, proposiões sonoras e inervenões. Realiou as individuais Pret secret [estadias instáveis] (Cricima, SC, 2005), Fra [d art] (Florianpolis, art] (Florianpolis, 2004) e C reravável (Florianpolis, reravável (Florianpolis, 2003) e paricipou de coleivas como Entrn de perações mentais (Belém, 2006) e Panrama da Arte Brasileira (So Paulo, 2005). Eseve no 15º Fesival Inernacional de Are Elernica Videobrasil (So Paulo, 2005) e no 61º Salo Paranaense (Curiiba, 2005). Coordena a publicao experimenal Sfá e o Projeo de Exenso Membrana, Membrana, na Udesc. Vive e rabalha em Florianpolis. |
A MICROINtERVENçãO SONORA CONSIStE EM VEICULAR o udio de um grilo enre conexos especficos da cidade, por meio de carros de som ou de bicicleas que circulam em diferenes rajeos. Nesse conceio de proposio arsica, siuaões sonoras so proposas em espaos e empos habiadospercorridos por alguém, ora explorando relaões de imerso e insero nos mliplos sons dos e spaos urbanos, ora susciando inerrupões ou pausas sonoras mnimas.
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grilo
raquel stolf
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| inerveno sonora | 2006
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raquel stolf
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grilo
| inerveno sonora | 2006
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raquel stolf
| Ricardo Crisofaro | Jui de Fora, MG, 1964 | É graduado em ares visuais pela Universidade Federal de Jui de Fora, mesre em are e ecnologia da imagem pela Universidade de Braslia e douorando em ares visuais pelo Insiuo de Ares da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Paricipou do 15º Fesival Inernacional de Are Elernica Videobrasil (2005), do Fesival Inernacional de Vdeo y Ares Elernicas (Cidade do México, 2005), do File - Elecronic Language Inernaional Fesival (So Paulo, 2004) e do 404 Fesival Inernacional de Are Elecronica (Rosrio, Argenina, 2004). Eseve na mosra Cintic diital , no Ia Culural (So Paulo, 2005). Recebeu o 1º Prmio no Fesival de Are Elernica INCUBA, na Argenina (2005) e o Prmio Pesquisa no seor Aremdia do projeo Rms Itaú Cltral (2003). Cltral (2003). Em 2006 realia esgio de douorado no laborario AtI - Ars e technologies de l’Image da Universié Paris 8. É professor do Insiuo de Ares e Design da UFJF. Vive e rabalha em Jui de Fora, MG. |
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O ARtIStA INVEStIGA EStRUtURAS DE REALIDADE VIRtUAL EM sisemas como inerne, CD-ROM e videoinsalao, demarcando e explorando ambienes de percepo ridimensional. Sua “are objeual numérica” é consruda a parir da apropriao, deslocameno e ressignificao de maérias-primas coleadas na inerne. trabalhando com modelagem 3D, edio de imagens e animao, ele reagrupa fragmenos de objeos coidianos, exuras e sons em esruuras cinéicas inslias, que valoriam e conrariam os conexos de percepo. Aqui, dois objeos numéricos faem movimenos de expanso, rerao e roao, consruindo, em dilogos consanes, um processo de reconhecimeno das relaões fsicas, maéricas, formais e funcionais enre eles. Uma performance de incongruncias, redefiniões e indecisões.
ricardo cristofaro fiat mostra brasil
ricardo cristofaro
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| Ricardo Crisofaro | Jui de Fora, MG, 1964 | É graduado em ares visuais pela Universidade Federal de Jui de Fora, mesre em are e ecnologia da imagem pela Universidade de Braslia e douorando em ares visuais pelo Insiuo de Ares da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Paricipou do 15º Fesival Inernacional de Are Elernica Videobrasil (2005), do Fesival Inernacional de Vdeo y Ares Elernicas (Cidade do México, 2005), do File - Elecronic Language Inernaional Fesival (So Paulo, 2004) e do 404 Fesival Inernacional de Are Elecronica (Rosrio, Argenina, 2004). Eseve na mosra Cintic diital , no Ia Culural (So Paulo, 2005). Recebeu o 1º Prmio no Fesival de Are Elernica INCUBA, na Argenina (2005) e o Prmio Pesquisa no seor Aremdia do projeo Rms Itaú Cltral (2003). Cltral (2003). Em 2006 realia esgio de douorado no laborario AtI - Ars e technologies de l’Image da Universié Paris 8. É professor do Insiuo de Ares e Design da UFJF. Vive e rabalha em Jui de Fora, MG. |
O ARtIStA INVEStIGA EStRUtURAS DE REALIDADE VIRtUAL EM sisemas como inerne, CD-ROM e videoinsalao, demarcando e explorando ambienes de percepo ridimensional. Sua “are objeual numérica” é consruda a parir da apropriao, deslocameno e ressignificao de maérias-primas coleadas na inerne. trabalhando com modelagem 3D, edio de imagens e animao, ele reagrupa fragmenos de objeos coidianos, exuras e sons em esruuras cinéicas inslias, que valoriam e conrariam os conexos de percepo. Aqui, dois objeos numéricos faem movimenos de expanso, rerao e roao, consruindo, em dilogos consanes, um processo de reconhecimeno das relaões fsicas, maéricas, formais e funcionais enre eles. Uma performance de incongruncias, redefiniões e indecisões.
ricardo cristofaro fiat mostra brasil
ricardo cristofaro
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objetos ansiosos | videoinsalao/animao numérica | 2005
fiat mostra brasil
ricardo cristofaro
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objetos ansiosos | videoinsalao/animao numérica | 2005
fiat mostra brasil
ricardo cristofaro
Com base na maéria publicada pela Fla de S.Pal no dia 18 de julho, discuiremos nese pico as diferenas enre are digial e are conemporânea. Aé que pono “a are digial es no pra-choque da are conemporânea?” Como es a paricipao da are digial no Por que are digial no é are mercado? (“blogare”, 25.07.06, 9h30)
conemporânea? Conemporâneo no é o aual?? (Monique Scarai, conemporânea? Para mim isso no impora nem um 25.07.06, 13h51)
pouco. Lgico que os arisas plsicos iro defender a are radicional e ridiculariar a are digial e as “facilidades” das écnicas criadas pelos sofwares. Sou mais aquela hisria: “o meio (no) é a mensagem”. (annimo, 27.07.06, 11h17) Realmene essas divisões exisem. talve seja o mesmo que aconeceu com o vdeo, que precisou de alguns anos para enrar no circuio e no mercado das ares. Anes, esava sempre fora, em anexos, como o inflvel que abrigava videoinsalaões videoinsalaões na 22a. Bienal de So Paulo (ao conrrio do que seria raovel, para ciar a Giselle: “Do cubo branco à caixa prea, mais propcia para projeões” projeões”).). Lembro-me de uma complexa insalao ineraiva de Paul Garrin ( wite Devil ),), que funcionava aos rancos e barrancos e j anunciava essa ineraividade possibiliada pela inerface maqunica, basane diferenciada daquilo que Lygia Clark e Oiicica genialmene anunciaram. A rai alve seja a mesma, o que Cucho chama de correne paricipacionisa. Creio que essas separaões sejam pare de um processo de desenvolvimeno. Brevemene, os arisas vo incorporar procedimenos ecnolgicos e/ou cienficos às suas obras, o que vai servir para diminuir essa esranha barreira enre a are conemporânea e digial. (Edu Jesus, 28.07.06, 12h12)
A compuao grfica é apenas uma ferramena. Como um pincel ou um buril. O que se fa com essas ferramenas é que é are o u no. (Ruy So ua, 28.07.06, 20h16) Goso muio
do Eduardo Kac, no apenas porque ele rabalha com ecnologia, mas porque discue quesões éicas, eséicas, sociais, filosficas, arsicas. O rabalho de Kac no é aual simplesmene porque é ecnolgico. Por que segmenaões e nichos que resringem discussões mais amplas? Se arisas que rabalham com compuadores compuadores reclamam da senilidade insiucional, insiucion al, bem-vindos ao ime! (“ariel”, 31.07.06, 15h48)
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Mas que ela exise, exise. Como las bras. (“avaliadordeare”, 02.08.06, 7h46) Gosei muio das consideraões do Ariel. “Se arisas que rabalham com compuadores reclamam da senilidade insiucional, insiucional, bem-vindos ao ime!” No caso da aremdia (ermo mais adequado para dar cona dos desdobramenos das pricas arsicas que usam disposiivos e écnicas digiais e/ou maqunicas), as exposiões so caras e o circuio, resrio. Creio que a aremdia vai precisar de um novo conjuno erico, que ceramene vem de um embaraameno complexo enre o que j exise e as aualiaões. Rupura e, ao mesmo empo, conAinda que a are digial inuidade. (Edu Jesus, 05.08.06, 5h49)
seja ambém conemporânea, o auxlio de uma ferramena que rabalha de acordo com algorimos pré-elaborados e que execua milhões de processos no deve esar no mesmo nvel de um pincel que se limia a armaenar algumas goas de ina. Da mesma forma, um desenho em grafie é diferenciado de um acrlico sobre ela. Um no é melhor ou pior que o ouro, mas so diferenes. (Marcos Andruchak, 17.09.06, 22h41) O que
mais me chamou aeno nessa maéria da Fla foi a queso do arisa que no domina o sofware e por isso é dominado por ele. trabalho com grandes nomes da media ar que no conseguem abrir um e-mail, no conhecem a diferena enre NtSC e PAL, no conseguem faer um pos em um blog. Imagina, eno, conseguir saber como funcionam os algorimos, os modelos 3Ds, os efeios (o abusados pelos que so “dominados” pelo sofware). Acho que a are digial, com mdia elernica, é em geral fraca, cheia de clichs écnicos, burocrica e brua. No exisem olhos para a suilea. Exisem olhos de quem quer faer melhor sem realmene mergulhar no mar escuro... (“f.w.”, 28.09.06, 2h15)
Exise uma programao visual muio elaborada denro da esraégia de markeing do novo produo da rea digial... E nem por isso podemos cham-lo de are. Enquano isso, a are conemporânea pode usar algum meio digial para melhor expresso de sua idéia criaiva. Acho bem nue a linha que separa uma da oura.
f i a t m o s tr tr a br br a s i l b l o g
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Com base na maéria publicada pela Fla de S.Pal no dia 18 de julho, discuiremos nese pico as diferenas enre are digial e are conemporânea. Aé que pono “a are digial es no pra-choque da are conemporânea?” Como es a paricipao da are digial no Por que are digial no é are mercado? (“blogare”, 25.07.06, 9h30)
conemporânea? Conemporâneo no é o aual?? (Monique Scarai, conemporânea? Para mim isso no impora nem um 25.07.06, 13h51)
pouco. Lgico que os arisas plsicos iro defender a are radicional e ridiculariar a are digial e as “facilidades” das écnicas criadas pelos sofwares. Sou mais aquela hisria: “o meio (no) é a mensagem”. (annimo, 27.07.06, 11h17) Realmene essas divisões exisem. talve seja o mesmo que aconeceu com o vdeo, que precisou de alguns anos para enrar no circuio e no mercado das ares. Anes, esava sempre fora, em anexos, como o inflvel que abrigava videoinsalaões videoinsalaões na 22a. Bienal de So Paulo (ao conrrio do que seria raovel, para ciar a Giselle: “Do cubo branco à caixa prea, mais propcia para projeões” projeões”).). Lembro-me de uma complexa insalao ineraiva de Paul Garrin ( wite Devil ),), que funcionava aos rancos e barrancos e j anunciava essa ineraividade possibiliada pela inerface maqunica, basane diferenciada daquilo que Lygia Clark e Oiicica genialmene anunciaram. A rai alve seja a mesma, o que Cucho chama de correne paricipacionisa. Creio que essas separaões sejam pare de um processo de desenvolvimeno. Brevemene, os arisas vo incorporar procedimenos ecnolgicos e/ou cienficos às suas obras, o que vai servir para diminuir essa esranha barreira enre a are conemporânea e digial. (Edu Jesus, 28.07.06, 12h12)
A compuao grfica é apenas uma ferramena. Como um pincel ou um buril. O que se fa com essas ferramenas é que é are o u no. (Ruy So ua, 28.07.06, 20h16) Goso muio
do Eduardo Kac, no apenas porque ele rabalha com ecnologia, mas porque discue quesões éicas, eséicas, sociais, filosficas, arsicas. O rabalho de Kac no é aual simplesmene porque é ecnolgico. Por que segmenaões e nichos que resringem discussões mais amplas? Se arisas que rabalham com compuadores compuadores reclamam da senilidade insiucional, insiucion al, bem-vindos ao ime! (“ariel”, 31.07.06, 15h48)
Mas que ela exise, exise. Como las bras. (“avaliadordeare”, 02.08.06, 7h46) Gosei muio das consideraões do Ariel. “Se arisas que rabalham com compuadores reclamam da senilidade insiucional, insiucional, bem-vindos ao ime!” No caso da aremdia (ermo mais adequado para dar cona dos desdobramenos das pricas arsicas que usam disposiivos e écnicas digiais e/ou maqunicas), as exposiões so caras e o circuio, resrio. Creio que a aremdia vai precisar de um novo conjuno erico, que ceramene vem de um embaraameno complexo enre o que j exise e as aualiaões. Rupura e, ao mesmo empo, conAinda que a are digial inuidade. (Edu Jesus, 05.08.06, 5h49)
seja ambém conemporânea, o auxlio de uma ferramena que rabalha de acordo com algorimos pré-elaborados e que execua milhões de processos no deve esar no mesmo nvel de um pincel que se limia a armaenar algumas goas de ina. Da mesma forma, um desenho em grafie é diferenciado de um acrlico sobre ela. Um no é melhor ou pior que o ouro, mas so diferenes. (Marcos Andruchak, 17.09.06, 22h41) O que
mais me chamou aeno nessa maéria da Fla foi a queso do arisa que no domina o sofware e por isso é dominado por ele. trabalho com grandes nomes da media ar que no conseguem abrir um e-mail, no conhecem a diferena enre NtSC e PAL, no conseguem faer um pos em um blog. Imagina, eno, conseguir saber como funcionam os algorimos, os modelos 3Ds, os efeios (o abusados pelos que so “dominados” pelo sofware). Acho que a are digial, com mdia elernica, é em geral fraca, cheia de clichs écnicos, burocrica e brua. No exisem olhos para a suilea. Exisem olhos de quem quer faer melhor sem realmene mergulhar no mar escuro... (“f.w.”, 28.09.06, 2h15)
Exise uma programao visual muio elaborada denro da esraégia de markeing do novo produo da rea digial... E nem por isso podemos cham-lo de are. Enquano isso, a are conemporânea pode usar algum meio digial para melhor expresso de sua idéia criaiva. Acho bem nue a linha que separa uma da oura.
f i a t m o s tr tr a br br a s i l b l o g
| Rodrigo Borges | Governador Valadares, MG, 1974 | Mesre em ares visuais pela Escola de Belas Ares da Universidade Federal de Minas Gerais, em na prica do desenho seu campo de pesquisa, e desenvolve rabalhos que buscam uma espacialidade capa de aricular novos senidos de envolvimeno do especador. Realiou mosra individual no programa de exposiões 2005 do Cenro Culural S o Paulo e paricipou das coleivas gemetrias impras (Projeo Amplificadores, Recife, 2006), Dispsiçã (Palcio das Ares, Belo Horione, 2005) e Rms da nva arte cntemprânea brasileira (Palcio das Ares, Belo Horione, 2002). Professor da EBA/UFMG, vive e rabalha em Belo Horione. |
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A OBRA É COMPOStA POR FItAS ADESIVAS DE CORES e larguras variadas, esendidas no espao e fixadas na arquieura. Aricula-se aravés do conao da superfcie das fias com a superfcie do cho, da parede e de elemenos esruurais do lugar de insalao, como vigas e colunas. Sua conformao espacial busca envolver o especador em uma experincia sensual, absraa e mais alargada do espao, auando nas relaões enre maerial (fia adesiva) e lugar onde se insala, guardando uma auonomia que lhe permie aderir-se a ouros (novos) espaos.
rodrigo borges fiat mostra brasil
rodrigo borges
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| Rodrigo Borges | Governador Valadares, MG, 1974 | Mesre em ares visuais pela Escola de Belas Ares da Universidade Federal de Minas Gerais, em na prica do desenho seu campo de pesquisa, e desenvolve rabalhos que buscam uma espacialidade capa de aricular novos senidos de envolvimeno do especador. Realiou mosra individual no programa de exposiões 2005 do Cenro Culural S o Paulo e paricipou das coleivas gemetrias impras (Projeo Amplificadores, Recife, 2006), Dispsiçã (Palcio das Ares, Belo Horione, 2005) e Rms da nva arte cntemprânea brasileira (Palcio das Ares, Belo Horione, 2002). Professor da EBA/UFMG, vive e rabalha em Belo Horione. |
A OBRA É COMPOStA POR FItAS ADESIVAS DE CORES e larguras variadas, esendidas no espao e fixadas na arquieura. Aricula-se aravés do conao da superfcie das fias com a superfcie do cho, da parede e de elemenos esruurais do lugar de insalao, como vigas e colunas. Sua conformao espacial busca envolver o especador em uma experincia sensual, absraa e mais alargada do espao, auando nas relaões enre maerial (fia adesiva) e lugar onde se insala, guardando uma auonomia que lhe permie aderir-se a ouros (novos) espaos.
rodrigo borges fiat mostra brasil
rodrigo borges
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entre tem ar | sie specific/insalao | 5,10 m x 3,5 m x 4 m | 2006
f i a t mo mo s t ra ra b r a s ilil
a r t is is t a s 142|143
entre tem ar | sie specific/insalao | 5,10 m x 3,5 m x 4 m | 2006
f i a t mo mo s t ra ra b r a s ilil
a r t is is t a s 142|143
| Rodrigo Freias | Franca, SP, 1983 | Graduado pela Escola de Belas Ares da Universidade Federal de Minas Gerais com habiliao em pinura, desenvolve rabalhos plsicos usando desenho, gravura e pinura em mpera de grande formao. Suas imagens, que evocam paisagens do coidiano, surgem da sobreposio de ouras, desenhadas, foografadas ou escrias. Cursa gravura na EBA-UFMG. Vive e rabalha em Belo Horione. |
PARtE DE SÉRIE DE PINtURAS SOBRE O ESPAçO URBANO, as obras so paisagens pinadas que nascem de percursos pela cidade. No caderno, linhas e manchas se faem pones, prédios, praas. No aeli, a cidade real se funde com ouras, foografadas, escrias, gravadas, compondo o regisro dos lugares conhecidos nos rajeos dirios. Assim, a cidade pinada se consri no incansvel jogo de apresenar-se e ocular-se sob as camadas de ina, como a cidade real, consruda no ininerrupo ciclo de demolio e reconsruo ao longo do empo. As cidades pinadas represenam uma enaiva de apreenso do espao urbano por meio de seus arquéipos possveis e propõe a edificao de novos lugares da memria.
rodrigo freitas fiat mostra brasil
rodrigo freitas
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| Rodrigo Freias | Franca, SP, 1983 | Graduado pela Escola de Belas Ares da Universidade Federal de Minas Gerais com habiliao em pinura, desenvolve rabalhos plsicos usando desenho, gravura e pinura em mpera de grande formao. Suas imagens, que evocam paisagens do coidiano, surgem da sobreposio de ouras, desenhadas, foografadas ou escrias. Cursa gravura na EBA-UFMG. Vive e rabalha em Belo Horione. |
PARtE DE SÉRIE DE PINtURAS SOBRE O ESPAçO URBANO, as obras so paisagens pinadas que nascem de percursos pela cidade. No caderno, linhas e manchas se faem pones, prédios, praas. No aeli, a cidade real se funde com ouras, foografadas, escrias, gravadas, compondo o regisro dos lugares conhecidos nos rajeos dirios. Assim, a cidade pinada se consri no incansvel jogo de apresenar-se e ocular-se sob as camadas de ina, como a cidade real, consruda no ininerrupo ciclo de demolio e reconsruo ao longo do empo. As cidades pinadas represenam uma enaiva de apreenso do espao urbano por meio de seus arquéipos possveis e propõe a edificao de novos lugares da memria.
rodrigo freitas fiat mostra brasil
rodrigo freitas
144|145
sem título | pinura, mpera sobre compensado | 2,2 m x 1,6 m | 2005
fiat mostra brasil
rodrigo freitas
sem título | pinura, mpera sobre ela | 2,2 m x 1,5 m | 2005
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sem título | pinura, mpera sobre compensado | 2,2 m x 1,6 m | 2005
fiat mostra brasil
sem título | pinura, mpera sobre ela | 2,2 m x 1,5 m | 2005
rodrigo freitas
| thais Ueda | So Paulo, 1977 | É ilusradora e designer grfica, de web e de objeos. Suas ilusraões so produidas principalmene no compuador, mas ambém fa uso do lex para a pinura de elas e murais, e do kiri-ê, kiri-ê, écnica de ilusrao japonesa baseada em recores de papel. Vive e rabalha em So Paulo. | www.hana-bi.ne/home.hm |
146|147
uToPéDIA VISA AGRUPAR, NA WEB, OS SEtE PRINCIPAIS macroverbees de uma enciclopédia de uopias que se encaixam, de maneira que formem um odo, uma rede de idéias e informaões. Ao convergir, essas informaões compõem um nel do empo capa de nos levar ao fuuro: sonhos e visões coleados em exo, vdeo e udio.
thais ueda fiat mostra brasil
thais ueda
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| thais Ueda | So Paulo, 1977 | É ilusradora e designer grfica, de web e de objeos. Suas ilusraões so produidas principalmene no compuador, mas ambém fa uso do lex para a pinura de elas e murais, e do kiri-ê, kiri-ê, écnica de ilusrao japonesa baseada em recores de papel. Vive e rabalha em So Paulo. | www.hana-bi.ne/home.hm |
uToPéDIA VISA AGRUPAR, NA WEB, OS SEtE PRINCIPAIS macroverbees de uma enciclopédia de uopias que se encaixam, de maneira que formem um odo, uma rede de idéias e informaões. Ao convergir, essas informaões compõem um nel do empo capa de nos levar ao fuuro: sonhos e visões coleados em exo, vdeo e udio.
thais ueda fiat mostra brasil
thais ueda
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O projeto “Home: os macroverbees so agrupados de forma circular. No mse-ver , a sea acende a cor que idenifica o macroverbee, enquano uma foo ou imagem ilusra a ao. Quando se clica no macroverbee, rs submenus se abrem no cenro, formando um nel para novos verbees. Um boo com o sinal + indica que h mais informaões disponveis para quem clic-lo. Uma animao em crculos mosra uma segunda leva de verbees; ao se clicar o boo mais uma ve, surge uma erceira leva, e assim por diane, aé que a primeira leva aparea novamene. Pgina-verbee: as pginas seguiro o mesmo padro, mas sero idenificadas por cores com o macroverbee ao qual perencem. Nessa pgina-emplae, so considerados: mini slide show de imagens, link para vdeo, link para udio (enrevisa ou som relacionado). Busca: por palavra-chave ou avanada.”
utopédia
fiat mostra brasil
thais ueda
| web are | 2006
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O projeto “Home: os macroverbees so agrupados de forma circular. No mse-ver , a sea acende a cor que idenifica o macroverbee, enquano uma foo ou imagem ilusra a ao. Quando se clica no macroverbee, rs submenus se abrem no cenro, formando um nel para novos verbees. Um boo com o sinal + indica que h mais informaões disponveis para quem clic-lo. Uma animao em crculos mosra uma segunda leva de verbees; ao se clicar o boo mais uma ve, surge uma erceira leva, e assim por diane, aé que a primeira leva aparea novamene. Pgina-verbee: as pginas seguiro o mesmo padro, mas sero idenificadas por cores com o macroverbee ao qual perencem. Nessa pgina-emplae, so considerados: mini slide show de imagens, link para vdeo, link para udio (enrevisa ou som relacionado). Busca: por palavra-chave ou avanada.”
utopédia
fiat mostra brasil
thais ueda
| Vera Bighei | So Paulo, 1946 | Mesre e douoranda em mdias digiais pela Ponifcia Universidade Calica de So Paulo, em 1998 migrou das ares plsicas para a pesquisa em ecnologia digial. Desde eno, vem desenvolvendo projeos em are ecnolgica e processos com roinas auogeneraivas. Paricipou da Bienal de Havana, Cuba, do Fesival WebAr da Iugoslvia e do Diesel New Ar Compeiion da Suécia e Dinamarca, além de evenos em museus e cenros de novas mdias como Ruccas.org, Soundoys.ne, Generaive.ne, Rhiome.org, Hipersnica de So Paulo, Inernaional Ars and technology Fesival, Inernaional Conference Informaion Visualiaion. Vive e rabalha em So Paulo. | www.arero.ne |
| web are | 2006
150|151
O COMPUtADOR APRISIONA O OBSERVADOR PELA EStÉtICA, pela inerao, pelas possibilidades de manipulao em empo real. A inerface e sua relao visual permiem um olhar original. O processo de roinas auogeneraivas é seu prprio ndice, capa de ransporar a visualiao dos meios no-verbais. Pare desa experincia es no praer de senir e ver algo que ra um senido do inusiado. As obras demandam um leior ergdico, capa de operar uma configurao fsica e menal para se deixar inerioriar pela imagem-aconecimeno e compreender as regras de inerao com o objeo.
vera bighetti fiat mostra brasil
vera bighetti
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| Vera Bighei | So Paulo, 1946 | Mesre e douoranda em mdias digiais pela Ponifcia Universidade Calica de So Paulo, em 1998 migrou das ares plsicas para a pesquisa em ecnologia digial. Desde eno, vem desenvolvendo projeos em are ecnolgica e processos com roinas auogeneraivas. Paricipou da Bienal de Havana, Cuba, do Fesival WebAr da Iugoslvia e do Diesel New Ar Compeiion da Suécia e Dinamarca, além de evenos em museus e cenros de novas mdias como Ruccas.org, Soundoys.ne, Generaive.ne, Rhiome.org, Hipersnica de So Paulo, Inernaional Ars and technology Fesival, Inernaional Conference Informaion Visualiaion. Vive e rabalha em So Paulo. | www.arero.ne |
O COMPUtADOR APRISIONA O OBSERVADOR PELA EStÉtICA, pela inerao, pelas possibilidades de manipulao em empo real. A inerface e sua relao visual permiem um olhar original. O processo de roinas auogeneraivas é seu prprio ndice, capa de ransporar a visualiao dos meios no-verbais. Pare desa experincia es no praer de senir e ver algo que ra um senido do inusiado. As obras demandam um leior ergdico, capa de operar uma configurao fsica e menal para se deixar inerioriar pela imagem-aconecimeno e compreender as regras de inerao com o objeo.
vera bighetti fiat mostra brasil
vera bighetti
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fullfil fullness
fiat mostra brasil
vera bighetti
| web are | 2006
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fullfil fullness
fiat mostra brasil
vera bighetti
| Vl é uma marca de suprimenos culurais. Dedica-se à convergncia enre o design, a comunicao de massa e a ecologia para a produo e disponibiliao de culura nos mais diversos modos: objeos, imagens, espaos, livros, paisagens, evenos, vdeos, servios, mulimdia ec. | Criada por Simone Coreo (timeo, MG, 1983) e Wellingon Canado (Belo Horione, 1974) em 2006, lanou a série de screen-savers para download Relóis de parede (parceria com tANDE), e produiu o livro Paisaens enarrafadas. enarrafadas. Aualmene desenvolve um projeo para piscinas pblicas em Belo Horione. Vivem e rabalham em Belo Horione. | www.vulgosie.com |
| web are | 2006
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RoTATIVoS É UM PILOtO DE OCUPAçãO tRANSItóRIA E mvel de espaos pblicos. Uma froa de arquieuras ambulanes que, liberadas da inércia ecnica, veiculam programas variados de acesso pblico. Veculos uilirios so ransformados em ambienes ineriores e paisagens sobre rodas e organiados em espaos para descanso, reflexo, diverso e servios variados. Configuram um sisema de agenciameno de aividades culurais e coidianas, que oferece cinema, galeria de are, resaurane e erraos-jardins, além de produir, expor e disponibiliar vdeos, publicaões independenes, rabalhos de arisas e designers, informaões, imagens, sabores, objeos e ouros suprimenos culurais. O projeo age na ocupao de vagas roaivas em horrio comercial em regiões urbanas cenrais, durane cinco dias corridos, por meio da aquisio de aproximadamene aproximadamene 350 carões de zona Aul.
vulgo fiat mostra brasil
vulgo
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| Vl é uma marca de suprimenos culurais. Dedica-se à convergncia enre o design, a comunicao de massa e a ecologia para a produo e disponibiliao de culura nos mais diversos modos: objeos, imagens, espaos, livros, paisagens, evenos, vdeos, servios, mulimdia ec. | Criada por Simone Coreo (timeo, MG, 1983) e Wellingon Canado (Belo Horione, 1974) em 2006, lanou a série de screen-savers para download Relóis de parede (parceria com tANDE), e produiu o livro Paisaens enarrafadas. enarrafadas. Aualmene desenvolve um projeo para piscinas pblicas em Belo Horione. Vivem e rabalham em Belo Horione. | www.vulgosie.com |
RoTATIVoS É UM PILOtO DE OCUPAçãO tRANSItóRIA E mvel de espaos pblicos. Uma froa de arquieuras ambulanes que, liberadas da inércia ecnica, veiculam programas variados de acesso pblico. Veculos uilirios so ransformados em ambienes ineriores e paisagens sobre rodas e organiados em espaos para descanso, reflexo, diverso e servios variados. Configuram um sisema de agenciameno de aividades culurais e coidianas, que oferece cinema, galeria de are, resaurane e erraos-jardins, além de produir, expor e disponibiliar vdeos, publicaões independenes, rabalhos de arisas e designers, informaões, imagens, sabores, objeos e ouros suprimenos culurais. O projeo age na ocupao de vagas roaivas em horrio comercial em regiões urbanas cenrais, durane cinco dias corridos, por meio da aquisio de aproximadamene aproximadamene 350 carões de zona Aul.
vulgo fiat mostra brasil
vulgo
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O projeto “No conexo aual das cidades baseadas na mobilidade e em regras de ocupao urbana diversas, Rtativs surge como uma infilrao que aua nos limies imposos por essas regras. Se as cidades so pensadas e desenhadas pelas vias de rfego, que desenham os veores por onde se circula sem parar, Rtativs é uma ica de uiliao de espaos urbanos privaiados. Uma rea pblica enorme, desinada ao esacionameno cronomerado, à permanncia limiada, à ocupao vigiada e paga. Esse conrao de uiliao (aluguel? licenciameno?) é feio mediane a compra de um documeno que legiima a presena, em um dado inervalo de empo (uma, duas ou cinco horas), naquele lugar. Praicamene odas as capiais brasileiras m um sisema de esacionameno pago para vagas pblicas. Conhecido com Roaivo em vrias cidades, zona Aul em So Paulo, Faixa Aul em Belo Horione, esses espaos so adminisrados em sua maioria por empresas privadas que dem concessões e m como objeivo declarado promover o aumeno da ofera de vagas, melhorar a fluide do rfego, disciplinar o uso do espao pblico, aumenar a circulao de pessoas em deerminadas reas e gerar receia aos cofres do municpio. Belo Horione, por exemplo, em 475 quareirões regulamenados, regulamenados, aproximadamene 60 mil vagas de Faixa Aul. So mais ou menos 70 mil meros quadrados de rea ou seena hecares desinados a vagas pagas, somene na regio delimiada pela Avenida do Conorno, pare planejada da cidade. O Parque Municipal, grande rea verde cenral da cidade, que originalmene possua 62 hecares, hoje es reduido a 18,2 (quase um quaro da rea do Faixa Aul). Grande pare dessa rea pblica foi gradaivamene subsiuda, ao longo de um século, por empreendimenos empreendimenos privados, mas principalmene por
fiat mostra brasil
vulgo
vias de rfego, avenidas e esacionamenos. esacionamenos. Esse processo fulminane de subsiuio dos espaos pblicos por domnios privados e da supremacia da engenharia de rfego, enreano, no é especfico de alguma cidade, endo sido regra geral em vrias regiões meropolianas. O projeo de inerveno Rtativs pare do pressuposo de que as reas pblicas devem ser uiliadas para aividades coleivas de ineresse pblico, sejam elas servios ou jardins. Para ano, Rtativs propõe o aluguel e a ocupao de vagas em horrio comercial nas regiões cenrais, durane see dias corridos, para uma froa de cinco arquieuras ambulanes, aravés da compra de aproximadamene 350 carões de esacionameno roaivo. Os veculos ero, obrigaoriamene, de circular pela cidade, cumprindo os praos mximos de ocupao de cada vaga. No limo dia, a froa se enconrar em algum pono da cidade, de acordo com a disponibilidade de vagas conguas, para uma ocupao coleiva e ariculada que resular num equipameno pblico e numa praa linear suspensa, formados pelo acoplameno dos cinco veculos. O projeo prev a ransformao dos veculos uilirios em espaos adapados aos programas proposos (cinema, galeria de are, errao-jardim ec). A inerveno dever ser compleada pelo rabalho de colaboradores convidados (videoarisas, msicos, chefs de coinha, empresrios, cabeleireiros, escriores, fografos, arisas mulimdia, paisagisas e jardineiros, designers, arquieos), que podero disponibiliar rabalhos prprios ou conribuir com a consruo. todo o processo de consruo, os see dias de inerveno e seus desdobramenos sero documenados e regisrados em vdeo, foografia e (caro)graficamene.”
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O projeto “No conexo aual das cidades baseadas na mobilidade e em regras de ocupao urbana diversas, Rtativs surge como uma infilrao que aua nos limies imposos por essas regras. Se as cidades so pensadas e desenhadas pelas vias de rfego, que desenham os veores por onde se circula sem parar, Rtativs é uma ica de uiliao de espaos urbanos privaiados. Uma rea pblica enorme, desinada ao esacionameno cronomerado, à permanncia limiada, à ocupao vigiada e paga. Esse conrao de uiliao (aluguel? licenciameno?) é feio mediane a compra de um documeno que legiima a presena, em um dado inervalo de empo (uma, duas ou cinco horas), naquele lugar. Praicamene odas as capiais brasileiras m um sisema de esacionameno pago para vagas pblicas. Conhecido com Roaivo em vrias cidades, zona Aul em So Paulo, Faixa Aul em Belo Horione, esses espaos so adminisrados em sua maioria por empresas privadas que dem concessões e m como objeivo declarado promover o aumeno da ofera de vagas, melhorar a fluide do rfego, disciplinar o uso do espao pblico, aumenar a circulao de pessoas em deerminadas reas e gerar receia aos cofres do municpio. Belo Horione, por exemplo, em 475 quareirões regulamenados, regulamenados, aproximadamene 60 mil vagas de Faixa Aul. So mais ou menos 70 mil meros quadrados de rea ou seena hecares desinados a vagas pagas, somene na regio delimiada pela Avenida do Conorno, pare planejada da cidade. O Parque Municipal, grande rea verde cenral da cidade, que originalmene possua 62 hecares, hoje es reduido a 18,2 (quase um quaro da rea do Faixa Aul). Grande pare dessa rea pblica foi gradaivamene subsiuda, ao longo de um século, por empreendimenos empreendimenos privados, mas principalmene por
fiat mostra brasil
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vias de rfego, avenidas e esacionamenos. esacionamenos. Esse processo fulminane de subsiuio dos espaos pblicos por domnios privados e da supremacia da engenharia de rfego, enreano, no é especfico de alguma cidade, endo sido regra geral em vrias regiões meropolianas. O projeo de inerveno Rtativs pare do pressuposo de que as reas pblicas devem ser uiliadas para aividades coleivas de ineresse pblico, sejam elas servios ou jardins. Para ano, Rtativs propõe o aluguel e a ocupao de vagas em horrio comercial nas regiões cenrais, durane see dias corridos, para uma froa de cinco arquieuras ambulanes, aravés da compra de aproximadamene 350 carões de esacionameno roaivo. Os veculos ero, obrigaoriamene, de circular pela cidade, cumprindo os praos mximos de ocupao de cada vaga. No limo dia, a froa se enconrar em algum pono da cidade, de acordo com a disponibilidade de vagas conguas, para uma ocupao coleiva e ariculada que resular num equipameno pblico e numa praa linear suspensa, formados pelo acoplameno dos cinco veculos. O projeo prev a ransformao dos veculos uilirios em espaos adapados aos programas proposos (cinema, galeria de are, errao-jardim ec). A inerveno dever ser compleada pelo rabalho de colaboradores convidados (videoarisas, msicos, chefs de coinha, empresrios, cabeleireiros, escriores, fografos, arisas mulimdia, paisagisas e jardineiros, designers, arquieos), que podero disponibiliar rabalhos prprios ou conribuir com a consruo. todo o processo de consruo, os see dias de inerveno e seus desdobramenos sero documenados e regisrados em vdeo, foografia e (caro)graficamene.”
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rotativos
| inerveno urbana | 2006 | Colaboradores: Dellani Lima [cinema] | Leonardo Canado [resaurane] | Marcelo Maia [circuio tV] | Renaa Marque [galeria de are] | Alber Moreira; Felipe Nuno; Milene Nelson; Viviane Spaco. Arisas paricipanes: Alexandre Milagres, Bruno Miih, Carlo Sansolo, Carlos Magno, Cear Migliorin, Chrisian Caselli, Cinema de Poesia, Cludio Sanos, Dellani Lima, Erika Frankel, Fbio Carvalho, Gabras, Gui Casor, Guiwhi Sanos, Joacélio Baisa, Joo Manoel Feliciano, Kleber Mendona Filho, Louise Gan, Marcellvs L., Marcelo Ikeda, Nilson Primiivo, P. Basos, Peer Baiesorf, thiago Arruda, xplasic.ne [CINEMA] | Adriana Galuppo, André de Soua, Andrea Cosa Gomes, Breno thadeu, Cssia Macieira, Ccero Menees, design 1/1 [Eduardo Campos e Ramilson Noronha], Fernando Maculan, Frederico Pessoa, Guilherme Machado, Guo Laca, Isabela Prado, Josana Maedi, Lorena Cosa Soua, Louise Gan, Marina Noronha, Marlon dos Sanos, Maurcio Leonard, Renaa Mrque, Ronaldo Macedo, superfcie.org [Leandro Arajo e Robero Andrés], Susana Basos [GALERIA DE ARtE] | Moorisas: Gilbero Resende; José Almeida; José dos Sanos | Agradecimenos: IED - Isiuo Europeu de Design, Podium Som e Design.
f i a t m o s tr tr a b ra ra s i l v u l go go
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rotativos
| inerveno urbana | 2006 | Colaboradores: Dellani Lima [cinema] | Leonardo Canado [resaurane] | Marcelo Maia [circuio tV] | Renaa Marque [galeria de are] | Alber Moreira; Felipe Nuno; Milene Nelson; Viviane Spaco. Arisas paricipanes: Alexandre Milagres, Bruno Miih, Carlo Sansolo, Carlos Magno, Cear Migliorin, Chrisian Caselli, Cinema de Poesia, Cludio Sanos, Dellani Lima, Erika Frankel, Fbio Carvalho, Gabras, Gui Casor, Guiwhi Sanos, Joacélio Baisa, Joo Manoel Feliciano, Kleber Mendona Filho, Louise Gan, Marcellvs L., Marcelo Ikeda, Nilson Primiivo, P. Basos, Peer Baiesorf, thiago Arruda, xplasic.ne [CINEMA] | Adriana Galuppo, André de Soua, Andrea Cosa Gomes, Breno thadeu, Cssia Macieira, Ccero Menees, design 1/1 [Eduardo Campos e Ramilson Noronha], Fernando Maculan, Frederico Pessoa, Guilherme Machado, Guo Laca, Isabela Prado, Josana Maedi, Lorena Cosa Soua, Louise Gan, Marina Noronha, Marlon dos Sanos, Maurcio Leonard, Renaa Mrque, Ronaldo Macedo, superfcie.org [Leandro Arajo e Robero Andrés], Susana Basos [GALERIA DE ARtE] | Moorisas: Gilbero Resende; José Almeida; José dos Sanos | Agradecimenos: IED - Isiuo Europeu de Design, Podium Som e Design.
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marcos hill É professor de hisria da are dos cursos de graduao e ps-graduao da Escola de Belas Ares da Universidade Federal de Minas Gerais e coordenador do Cenro de Experimenao e Informao de Are (CEIA), de Belo Horione. Arisa plsico, esudioso e invesigador da imagem, é auor de diversos arigos e livros sobre are conemporânea, como o visível e invisível na arte atal (2003) atal (2003) e Manifestaçã internacinal de perfrmance (2005), erreno no qual se firma como um dos mais imporanes pesquisadores do pas. É bacharel em gravura, mesre em hisria da are e douorando em hisria pela Faculdade de Filosofia e Cincias Humanas da UFMG.
eduardo de jesus É graduado em comunicao social pela Ponifcia Universidade Calica de Minas Gerais (1991), mesre em comunicao social pela Universidade Federal de Minas Gerais (2001) e douorando da Escola de Comunicaões e Ares da Universidade de So Paulo. Professor da Faculdade de Comunicao e Ares da PUC-MG, inegra a comisso de programao do Fesival Inernacional de Are Elernica Videobrasil. Ediou a publicao n-line FF>>Dssier (www.videobrasil.org.br), foi um dos organiadores do livro Cltra em flx (PUC-MG, 2004), com André Brasil, Carlos Falci e Geane Alamora, e é auor de um panorama da produo brasileira conemporânea de aremdia publicado pela Inersociey for he Elecronic Ars (www.isea-web.org/inl/inl100.hml) em 2005.
giselle beiguelman É arisa e pesquisadora. Seus projeos, disponveis no endereo www.desvirual.com.br, envolvem disposiivos de comunicao mvel, como em wp Art (2001), e o acesso pblico a painéis elernicos via web, SMS e MMS, como em escópi (2002), Ptrica (2003) e esc fr escape (2004). Apresenou rabalhos na 25a. Bienal de So Paulo (2002), Arte/Cidade (2002), Net_Cnditin (Alemanha, 1999), el final del eclipse (Espanha, 2001) e Alritmic e Alritmic Revltin (Alemanha, 2005). É professora da ps-graduao em comunicao e semiica da Ponifcia Universidade Calica de So Paulo, ediora da seo Novo Mundo da revisa elernica Trópic. Trópic. Publicou o livr depis d livr (2002) e Link-se (2005) e, como coauora, Ne Media Petics (MIt Press, 2006). Criou o net.art (near.incubadora.fapesp.br), plaaforma de discusso sobre culura de rede e ne are.
járed domício É arisa, conhecido por suas insalaões e inervenões arquienicas. Paricipou da mosra Vizins, cnexões entre artistas d Brasil , Brasil , no Museumsquarier, Viena (2006); do Salo Nacional de Are Conemporânea do Paran, no MAC-Curiiba (2005); do programa de exposiões do Cenro Culural So Paulo (2004); da Bolsa Pampulha, em Minas Gerais (20032004); do projeo Rms Visais, Visais , do Ia Culural (2001-2003); e da Bienal Cear América de Pnta Cabeça (2002). Graduado em cincias sociais pela Universidade Esadual do Cear (2001), foi coordenador de ares visuais da Fundao de Culura, Espore e turismo de Foralea enre 2005 e 2006.
f i a t m os os t r a b r as as i l
c u ra ra d o re re s
maria ivone dos santos É arisa plsica e pesquisadora nas reas de foografia e esculura, com nfase para a ao arsica no espao pblico. Professora do Insiuo de Ares da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, coordena desde 1999 o programa de exenso Frmas de Pensar a Escltra (www.ufrgs.br/ares/esculura), que discue a produo arsica conemporânea e as relaões da are com o espao pblico, e a Galeria da Pinacoeca Baro de Sano Ângelo (www.ufrgs. br/galeria/), que exibe a produo da comunidade ligada ao Deparameno de Ares Visuais e ao Programa de Ps-Graduao em Ares Visuais da UFRGS. Co-organiou o livro A livro A ftrafia ns prcesss artístics cntemprânes (2004).
marisa mokarzel É direora e curadora do Espao Culural Casa das onze janelas, janelas , espao dedicado à are conemporânea e às mosras experimenais em Belém. Foi curadora do programa Rms Visais (2005/2006), do Ia Culural, e da mosra Carne/Terra, Carne/Terra, de Berna Reale, na Galeria Kunshaus, em Wiesbaden, Alemanha (2004). tem auado como curadora em exposiões de jovens arisas do Par. Mesre em hisria da are pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e douora em sociologia pela Universidade Federal do Cear, é professora de hisria da are no curso de Ares Visuais e tecnologia da Imagem da Universidade da Amania.
stéphane huchet É formado em hisria da are e douor pela Escola de Alos Esudos em Cincias Sociais, em Paris. Lecionou na Universidade Paris VIII enre 1991 e 1995, quando ganhou bolsa do Minisério das Relaões Exeriores da Frana para pesquisar a are conemporânea brasileira. Foi professor visiane na Escola de Comunicaões e Ares da Universidade de So Paulo (1996). Publicou Le Tablea d Mnde - une trie de l’art des annes 1920 (Paris, 1999) e arigos para Art para Art Press e Beax-Arts. Beax-Arts. Foi curador das exposiões o cntat (Pao das Ares, So Paulo, 2002) e Cntat (Caselo do Flamengo, Rio, 2004). Pesquisador do CNPQ, é professor da Escola de Arquieura da Universidade Federal de Minas Gerais desde 1988.
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marcos hill É professor de hisria da are dos cursos de graduao e ps-graduao da Escola de Belas Ares da Universidade Federal de Minas Gerais e coordenador do Cenro de Experimenao e Informao de Are (CEIA), de Belo Horione. Arisa plsico, esudioso e invesigador da imagem, é auor de diversos arigos e livros sobre are conemporânea, como o visível e invisível na arte atal (2003) atal (2003) e Manifestaçã internacinal de perfrmance (2005), erreno no qual se firma como um dos mais imporanes pesquisadores do pas. É bacharel em gravura, mesre em hisria da are e douorando em hisria pela Faculdade de Filosofia e Cincias Humanas da UFMG.
eduardo de jesus
maria ivone dos santos
É graduado em comunicao social pela Ponifcia Universidade Calica de Minas Gerais (1991), mesre em comunicao social pela Universidade Federal de Minas Gerais (2001) e douorando da Escola de Comunicaões e Ares da Universidade de So Paulo. Professor da Faculdade de Comunicao e Ares da PUC-MG, inegra a comisso de programao do Fesival Inernacional de Are Elernica Videobrasil. Ediou a publicao n-line FF>>Dssier (www.videobrasil.org.br), foi um dos organiadores do livro Cltra em flx (PUC-MG, 2004), com André Brasil, Carlos Falci e Geane Alamora, e é auor de um panorama da produo brasileira conemporânea de aremdia publicado pela Inersociey for he Elecronic Ars (www.isea-web.org/inl/inl100.hml) em 2005.
É arisa plsica e pesquisadora nas reas de foografia e esculura, com nfase para a ao arsica no espao pblico. Professora do Insiuo de Ares da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, coordena desde 1999 o programa de exenso Frmas de Pensar a Escltra (www.ufrgs.br/ares/esculura), que discue a produo arsica conemporânea e as relaões da are com o espao pblico, e a Galeria da Pinacoeca Baro de Sano Ângelo (www.ufrgs. br/galeria/), que exibe a produo da comunidade ligada ao Deparameno de Ares Visuais e ao Programa de Ps-Graduao em Ares Visuais da UFRGS. Co-organiou o livro A livro A ftrafia ns prcesss artístics cntemprânes (2004).
giselle beiguelman
marisa mokarzel
É arisa e pesquisadora. Seus projeos, disponveis no endereo www.desvirual.com.br, envolvem disposiivos de comunicao mvel, como em wp Art (2001), e o acesso pblico a painéis elernicos via web, SMS e MMS, como em escópi (2002), Ptrica (2003) e esc fr escape (2004). Apresenou rabalhos na 25a. Bienal de So Paulo (2002), Arte/Cidade (2002), Net_Cnditin (Alemanha, 1999), el final del eclipse (Espanha, 2001) e Alritmic e Alritmic Revltin (Alemanha, 2005). É professora da ps-graduao em comunicao e semiica da Ponifcia Universidade Calica de So Paulo, ediora da seo Novo Mundo da revisa elernica Trópic. Trópic. Publicou o livr depis d livr (2002) e Link-se (2005) e, como coauora, Ne Media Petics (MIt Press, 2006). Criou o net.art (near.incubadora.fapesp.br), plaaforma de discusso sobre culura de rede e ne are.
É direora e curadora do Espao Culural Casa das onze janelas, janelas , espao dedicado à are conemporânea e às mosras experimenais em Belém. Foi curadora do programa Rms Visais (2005/2006), do Ia Culural, e da mosra Carne/Terra, Carne/Terra, de Berna Reale, na Galeria Kunshaus, em Wiesbaden, Alemanha (2004). tem auado como curadora em exposiões de jovens arisas do Par. Mesre em hisria da are pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e douora em sociologia pela Universidade Federal do Cear, é professora de hisria da are no curso de Ares Visuais e tecnologia da Imagem da Universidade da Amania.
járed domício
stéphane huchet
É arisa, conhecido por suas insalaões e inervenões arquienicas. Paricipou da mosra Vizins, cnexões entre artistas d Brasil , Brasil , no Museumsquarier, Viena (2006); do Salo Nacional de Are Conemporânea do Paran, no MAC-Curiiba (2005); do programa de exposiões do Cenro Culural So Paulo (2004); da Bolsa Pampulha, em Minas Gerais (20032004); do projeo Rms Visais, Visais , do Ia Culural (2001-2003); e da Bienal Cear América de Pnta Cabeça (2002). Graduado em cincias sociais pela Universidade Esadual do Cear (2001), foi coordenador de ares visuais da Fundao de Culura, Espore e turismo de Foralea enre 2005 e 2006.
f i a t m os os t r a b r as as i l
É formado em hisria da are e douor pela Escola de Alos Esudos em Cincias Sociais, em Paris. Lecionou na Universidade Paris VIII enre 1991 e 1995, quando ganhou bolsa do Minisério das Relaões Exeriores da Frana para pesquisar a are conemporânea brasileira. Foi professor visiane na Escola de Comunicaões e Ares da Universidade de So Paulo (1996). Publicou Le Tablea d Mnde - une trie de l’art des annes 1920 (Paris, 1999) e arigos para Art para Art Press e Beax-Arts. Beax-Arts. Foi curador das exposiões o cntat (Pao das Ares, So Paulo, 2002) e Cntat (Caselo do Flamengo, Rio, 2004). Pesquisador do CNPQ, é professor da Escola de Arquieura da Universidade Federal de Minas Gerais desde 1988.
c u ra ra d o re re s
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Diferenças e alteridades |
Marcos Hill
Nss betiv deve ser sempre de aprimrar cnsmidr, espirital e intelectalmente. | Ivo Mesquia
Há
um cero empo, em eveno ocorrido na cidade de Belo Horione,1 o curador Ivo Mesquia insisiu na diferena enre aões assisencialisas e filanrpicas, propondo uma reflexo crica sobre os modos de auao de insiuiões e iniciaivas no campo da are. Como o prprio curador assinalou, h hoje uma o acenuada mobiliao de parocinadores e consumidores que museus, exposiões e bienais ornaram-se imporanes esraégias financeiras na manueno de ceros programas, insiuiões e mesmo adminisraões, pblicas ou privadas.2
No decorrer de sua fala, Mesquia consaou a fore endncia assisencialisa no conexo polico e culural brasileiro, aponando a possibilidade de neurali-la por meio de proposas que prioriem uma circulao mais efeiva de informaões, propiciando oporunidades emancipadoras e fugindo à regra de apoios que, dissimuladamene, visam maner seus beneficirios em esado de connua dependncia. O que pude absorver do pensameno de Mesquia es ressoando no momeno em que escrevo esas linhas, pois odo o processo no qual me envolvi, ao longo da consolidao do projeo Fia Mosra Brasil, me possibiliou maior convivncia com uma produo culural parocinada pelo capial corporaivo. A experincia foi ineressane na medida em que, longe de qualquer unilaeralidade assisencialisa ou filanrpica, esabeleceu-se um dilogo no qual as pares envolvidas dispuseram-se esponaneamene a conribuir com o melhor para o xio do projeo. tal disponibilidade deve servir como prova de que é possvel esabelecer, no delicado campo da are e da culura, parcerias fruferas enre arisas, produores culurais e a iniciaiva privada. Sendo assim, enquano profissional direamene envolvido com o eveno Fia Mosra Brasil, pude usufruir de suficiene liberdade para, juno com uma valiosa equipe, definir direries cuja moivao principal era a vonade de esimular a poncia criaiva e crica de seus paricipanes. Nesse senido, o projeo se desaca, definindo procedimenos pouco comuns em evenos dessa naurea. Enre eles, podemos ciar a disribuio de um generoso prmio de igual valor aos rina arisas selecionados. Por ouro lado, a incluso de nove vagas para projeos a ser execuados com o apoio maerial da Mosra visou respaldar a pesquisa em are, prioriando o desenvolvimeno de processos em derimeno da usual supervaloriao dos resul ados. f i a t m os os t r a b r as as i l
1 | Seminrio Plíticas Institcinais,Práticas Cratriais; Cratriais; organiao de Rodrigo Moura, Museu de Are da Pampulha, 2004. 2 | MESQUItA, Ivo, “Longe daqui, aqui mesmo: Museus, silncio e conemplao” IN: MOURA, Rodrigo (org.), Plíticas institcinais, práticas cratriais , Belo Horione, Museu de Are da Pampulha, 2004, p. 64.
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Diferenças e alteridades |
Marcos Hill
Nss betiv deve ser sempre de aprimrar cnsmidr, espirital e intelectalmente. | Ivo Mesquia
Há
um cero empo, em eveno ocorrido na cidade de Belo Horione,1 o curador Ivo Mesquia insisiu na diferena enre aões assisencialisas e filanrpicas, propondo uma reflexo crica sobre os modos de auao de insiuiões e iniciaivas no campo da are. Como o prprio curador assinalou, h hoje uma o acenuada mobiliao de parocinadores e consumidores que museus, exposiões e bienais ornaram-se imporanes esraégias financeiras na manueno de ceros programas, insiuiões e mesmo adminisraões, pblicas ou privadas.2
No decorrer de sua fala, Mesquia consaou a fore endncia assisencialisa no conexo polico e culural brasileiro, aponando a possibilidade de neurali-la por meio de proposas que prioriem uma circulao mais efeiva de informaões, propiciando oporunidades emancipadoras e fugindo à regra de apoios que, dissimuladamene, visam maner seus beneficirios em esado de connua dependncia. O que pude absorver do pensameno de Mesquia es ressoando no momeno em que escrevo esas linhas, pois odo o processo no qual me envolvi, ao longo da consolidao do projeo Fia Mosra Brasil, me possibiliou maior convivncia com uma produo culural parocinada pelo capial corporaivo. A experincia foi ineressane na medida em que, longe de qualquer unilaeralidade assisencialisa ou filanrpica, esabeleceu-se um dilogo no qual as pares envolvidas dispuseram-se esponaneamene a conribuir com o melhor para o xio do projeo. tal disponibilidade deve servir como prova de que é possvel esabelecer, no delicado campo da are e da culura, parcerias fruferas enre arisas, produores culurais e a iniciaiva privada. Sendo assim, enquano profissional direamene envolvido com o eveno Fia Mosra Brasil, pude usufruir de suficiene liberdade para, juno com uma valiosa equipe, definir direries cuja moivao principal era a vonade de esimular a poncia criaiva e crica de seus paricipanes. Nesse senido, o projeo se desaca, definindo procedimenos pouco comuns em evenos dessa naurea. Enre eles, podemos ciar a disribuio de um generoso prmio de igual valor aos rina arisas selecionados. Por ouro lado, a incluso de nove vagas para projeos a ser execuados com o apoio maerial da Mosra visou respaldar a pesquisa em are, prioriando o desenvolvimeno de processos em derimeno da usual supervaloriao dos resul ados. f i a t m os os t r a b r as as i l
1 | Seminrio Plíticas Institcinais,Práticas Cratriais; Cratriais; organiao de Rodrigo Moura, Museu de Are da Pampulha, 2004. 2 | MESQUItA, Ivo, “Longe daqui, aqui mesmo: Museus, silncio e conemplao” IN: MOURA, Rodrigo (org.), Plíticas institcinais, práticas cratriais , Belo Horione, Museu de Are da Pampulha, 2004, p. 64.
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Ainda relaiviando valores vigenes no circuio da are, opou-se por ressarcir profissionalmene os curadores convidados com o mesmo monane oferecido aos arisas selecionados. Considero esse um bom comeo para um projeo de ares visuais que, manendo sua periodicidade, pode vir a ampliar pricas de fomeno mais efeivas, definidas por bolsas-residncia para arisas brasileiros, sob a mediao de arisas, curadores, cricos e ericos que, convidados, se disponham a esabelecer inerlocuões moivadoras, animadas por uma iinerância esendida a odo o erririo nacional. Se, por um lado, a dimenso nacional do projeo Fia Mosra Brasil no é inovadora, por ouro, sua inencional abrangncia vem reierar a necessidade sempre aual de buscar conexões proveiosas com a abundane produo arsica brasileira. Desde os anos 1980, a prica do “mapeameno” es presene nos modos de pensar a are, veiculand o quesões da expresso humana ano no âmbio local quano no global. Em meio à mundialiao deerminada pelo adveno da informica, vrias esraégias emergiram, aproximando mercado, produo culural e arsica e ineresses policos de ordem muio variada. Além do aumeno de uma produo crica e erica mais volada para os processos, a inernacionaliao da are, no Brasil, reforou o ineresse em se invenariar a produo arsica no âmbio nacional. H décadas esabelecido, o prprio eixo Rio-So Paulo reconheceu a necessidade desse rasreameno erriorial como possibilidade esraégica de realimenao de um circuio insigado a ampl iar mundialmene sua visibilidade. Sem desconsiderar a imporância hisrica de projeos insiucionais que j realiam leiuras abrangenes do erririo arsico brasileiro, o surgimeno dessa nova iniciaiva revialia o desejo de conecar-se com o desconhecido prximo, superando endncias cenraliadoras das quais nosso conexo culural nunca eseve oalmene a salvo. 3 | www.blogeare. blogspo.com
Desse modo, o Fia Mosra Brasil desobrigou-se de cumprir proocolos j bem esabelecidos no circuio,
f i a t m os os t r a b r as as i l
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ineressando-se mais pela produo de arisas que, independenemene da idade e do “empo de esrada”, demonsraram compromisso objeivo com a pesquisa, permiindo-lhes assim, para além da visibilidade e do glamour, a maerialiao de suas boas idéias. Os criérios definidos pelos see curadores indicam com clarea um direcionameno alernaivo, eviando endncias recorrenes no rand mnde do conemporâneo e aposando na ineligncia de pricas com posura crica diane do que “convém ser” are.
No blog, a perspiccia das focaliaões permiiu no somene um confrono mais imediao com quesões cruciais da are, como possibiliou aos inerlocuores uma inensa roca de ponos de visa e informaões. Assunos ais como o que é a are conemporânea, o conexo da produo arsica no Brasil ou a conroversa figura do curador serviram como provocaões para discussões que configuraram a urgncia de mais dilogo.
Ouro invesimeno moivador foi a incluso do mximo de caegorias midiicas no edial. Longe de querer esgoar ou indexar possibilidades, o reconhecimeno de deoio linguagens valoria a féril permeabilidade écnica da qual se serve a produo arsica conemporânea.
A fala de reperrio por pare de muios visianes remeeu-nos a preocupaões aneriormene raadas pelo curador Mesquia: aé que pono evenos como o Fia Mosra Brasil podem conribuir para a formao de um pblico mais preparado, uma populao mais educada visualmene e sensvel à experincia do olhar como forma de conhecimeno?4
Esse exenso invenrio de linguagens pode inclusive consiuir-se em preexo para uma saluar reflexo sobre a invenividade humana alinhada ao empo presene. Hoje, anigas e novas ecnologias confirmam suas especificidades, em conversas que desconsroem os fundamenos de uma “purea” eséica comprovadamene desnecessria.
Refleir sobre “o que é a are conemporânea” fa emergir um debae imporane que precisa ser manido vivo. Pois os conedos por ele evocados no diem apenas respeio ao arsico. Surgido como uma urgncia éica vivenciada pela gerao sobrevivene à Segunda Guerra Mundial, o mpeo de diluir os limies enre vida e are coninua aualssimo.
tiram proveio dessa oporuna desconsruo os arisas que, sem a preocupao de aprovar ou combaer qualquer linguagem, usufruem de odas, praicando esimulanes graus de conaminao enre os meios.
De l para c, os impacos causados pela imposio de um sisema financeiro vido de lucros especulaivos geraram problemas que nos afeam diariamene, ais com os desasres ecolgicos, a migrao de povos espoliados pela miséria e pelas guerras localiadas, a excluso social, a violncia urbana, o fanaismo religioso, a corrupo esaal, o crime organiado e o errorismo.
Sendo assim, pinuras, gravuras, foografias, colagens, objeos, insalaões, vdeos, performances, ares digiais e inervenões urbanas promovem, no Fia Mosra Brasil, uma insigane aproximao enre aleridades, ensionando os radicionais conceios de obra e espao exposiivo. Visou-se, com isso, a valoriao de dimensões éicas inrnsecas ao arsico que, apesar de j vigorarem em discursos circulanes, ainda aparecem como novidade para a grande maioria dos observadores.
Nesse conexo, proposas arsicas mais sinoniadas com o coidiano passaram a insigar a sociedade planeria no senido de expandir sua conscincia sobre si mesma. A aproximao enre are e vida, faendoas muias vees coincidir, ornou-se eno o indicador de ransformaões percepivas para as quais a simples conemplao eséica j no em mais senido.
Enfrenando o recorrene problema de um pblico pouco preparado e visualmene pouco educado para a experincia do olhar, o blogeare3 da Mosra consiuiu uma das principais inerfaces do projeo, esabelecendo uma direa inerlocuo com seus visianes.
Esamos falando de mudanas provocadas no s pela acelerao do empo, mas ambém pelos movimenos de quesionameno e desconsruo da radio, das grandes narraivas e das caegorias que anes organiavam o conhecimeno.
É exaamene esse lasro sobre o qual se fundamena a produo conemporânea de are que precisa ser mais bem divulgado ao grande pblico, desde que o desejo seja o de criar, no campo da are e da culura, as ais dinâmicas emancipadoras. Mais acessveis, elas podem neuraliar a alienane acelerao do consumo, aproveiando o que de melhor o mundo globaliado pode nos oferecer: uma nova concepo de ns mesmos por meio de experincias de diferenas e aleridades. A fala de reperrio foi igualmene deecada durane a anlise dos mais de 2.800 porflios inscrios. Ao longo do processo seleivo, os curadores consaaram inmeras dificuldades de enendimeno do que é are, desde suas noões mais bsicas. Enquano rasreadores de boas proposas, deparamonos com siuaões dilemicas ponuadas em meio ao volumoso nmero de inscriões. Diversos sinomas emergiram. Em muios casos, foi deecado cero “encurralameno” enre o peso ainda auane de uma radio acadmica mal compreendida e os diames do que é “conemporâneo” para o circuio, impedindo o arisa de desenvolver sua prpria fora expressiva. Apesar de no consiuir nenhuma novidade, a concenrao de poder polico e econmico nas principais capiais brasileiras foi reierada, no apenas pelos diferenes graus de ariculao do discurso arsico, mas igualmene pela verificao de diferenes nveis de familiaridade com as novas ecnologias. Uma avaliao crica dessa concenrao apona para a j conhecida precariedade em que vive uma imporane parcela de brasileiros, no que concerne à redisribuio de bens culurais que permiam uma melhor conscincia percepiva. E isso inclui no apenas a fala de acesso a informaões mais pulsanes como ambém uma série de deficincias do sisema de ensino da are, que lida com dificuldades para melhor preparar consumidores e profissionais desejosos de auar nesa rea. O problema da formao do arisa é crucial porque envolve quesões impregnadas de valores dbios. Convencionalmene, ser arisa é, no melhor dos casos, ser
4 | Idem, ibidem, p. 56.
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Ainda relaiviando valores vigenes no circuio da are, opou-se por ressarcir profissionalmene os curadores convidados com o mesmo monane oferecido aos arisas selecionados. Considero esse um bom comeo para um projeo de ares visuais que, manendo sua periodicidade, pode vir a ampliar pricas de fomeno mais efeivas, definidas por bolsas-residncia para arisas brasileiros, sob a mediao de arisas, curadores, cricos e ericos que, convidados, se disponham a esabelecer inerlocuões moivadoras, animadas por uma iinerância esendida a odo o erririo nacional. Se, por um lado, a dimenso nacional do projeo Fia Mosra Brasil no é inovadora, por ouro, sua inencional abrangncia vem reierar a necessidade sempre aual de buscar conexões proveiosas com a abundane produo arsica brasileira. Desde os anos 1980, a prica do “mapeameno” es presene nos modos de pensar a are, veiculand o quesões da expresso humana ano no âmbio local quano no global. Em meio à mundialiao deerminada pelo adveno da informica, vrias esraégias emergiram, aproximando mercado, produo culural e arsica e ineresses policos de ordem muio variada. Além do aumeno de uma produo crica e erica mais volada para os processos, a inernacionaliao da are, no Brasil, reforou o ineresse em se invenariar a produo arsica no âmbio nacional. H décadas esabelecido, o prprio eixo Rio-So Paulo reconheceu a necessidade desse rasreameno erriorial como possibilidade esraégica de realimenao de um circuio insigado a ampl iar mundialmene sua visibilidade. Sem desconsiderar a imporância hisrica de projeos insiucionais que j realiam leiuras abrangenes do erririo arsico brasileiro, o surgimeno dessa nova iniciaiva revialia o desejo de conecar-se com o desconhecido prximo, superando endncias cenraliadoras das quais nosso conexo culural nunca eseve oalmene a salvo. 3 | www.blogeare. blogspo.com
Desse modo, o Fia Mosra Brasil desobrigou-se de cumprir proocolos j bem esabelecidos no circuio,
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ineressando-se mais pela produo de arisas que, independenemene da idade e do “empo de esrada”, demonsraram compromisso objeivo com a pesquisa, permiindo-lhes assim, para além da visibilidade e do glamour, a maerialiao de suas boas idéias. Os criérios definidos pelos see curadores indicam com clarea um direcionameno alernaivo, eviando endncias recorrenes no rand mnde do conemporâneo e aposando na ineligncia de pricas com posura crica diane do que “convém ser” are.
No blog, a perspiccia das focaliaões permiiu no somene um confrono mais imediao com quesões cruciais da are, como possibiliou aos inerlocuores uma inensa roca de ponos de visa e informaões. Assunos ais como o que é a are conemporânea, o conexo da produo arsica no Brasil ou a conroversa figura do curador serviram como provocaões para discussões que configuraram a urgncia de mais dilogo.
Ouro invesimeno moivador foi a incluso do mximo de caegorias midiicas no edial. Longe de querer esgoar ou indexar possibilidades, o reconhecimeno de deoio linguagens valoria a féril permeabilidade écnica da qual se serve a produo arsica conemporânea.
A fala de reperrio por pare de muios visianes remeeu-nos a preocupaões aneriormene raadas pelo curador Mesquia: aé que pono evenos como o Fia Mosra Brasil podem conribuir para a formao de um pblico mais preparado, uma populao mais educada visualmene e sensvel à experincia do olhar como forma de conhecimeno?4
Esse exenso invenrio de linguagens pode inclusive consiuir-se em preexo para uma saluar reflexo sobre a invenividade humana alinhada ao empo presene. Hoje, anigas e novas ecnologias confirmam suas especificidades, em conversas que desconsroem os fundamenos de uma “purea” eséica comprovadamene desnecessria.
Refleir sobre “o que é a are conemporânea” fa emergir um debae imporane que precisa ser manido vivo. Pois os conedos por ele evocados no diem apenas respeio ao arsico. Surgido como uma urgncia éica vivenciada pela gerao sobrevivene à Segunda Guerra Mundial, o mpeo de diluir os limies enre vida e are coninua aualssimo.
tiram proveio dessa oporuna desconsruo os arisas que, sem a preocupao de aprovar ou combaer qualquer linguagem, usufruem de odas, praicando esimulanes graus de conaminao enre os meios.
De l para c, os impacos causados pela imposio de um sisema financeiro vido de lucros especulaivos geraram problemas que nos afeam diariamene, ais com os desasres ecolgicos, a migrao de povos espoliados pela miséria e pelas guerras localiadas, a excluso social, a violncia urbana, o fanaismo religioso, a corrupo esaal, o crime organiado e o errorismo.
Sendo assim, pinuras, gravuras, foografias, colagens, objeos, insalaões, vdeos, performances, ares digiais e inervenões urbanas promovem, no Fia Mosra Brasil, uma insigane aproximao enre aleridades, ensionando os radicionais conceios de obra e espao exposiivo. Visou-se, com isso, a valoriao de dimensões éicas inrnsecas ao arsico que, apesar de j vigorarem em discursos circulanes, ainda aparecem como novidade para a grande maioria dos observadores.
Nesse conexo, proposas arsicas mais sinoniadas com o coidiano passaram a insigar a sociedade planeria no senido de expandir sua conscincia sobre si mesma. A aproximao enre are e vida, faendoas muias vees coincidir, ornou-se eno o indicador de ransformaões percepivas para as quais a simples conemplao eséica j no em mais senido.
Enfrenando o recorrene problema de um pblico pouco preparado e visualmene pouco educado para a experincia do olhar, o blogeare3 da Mosra consiuiu uma das principais inerfaces do projeo, esabelecendo uma direa inerlocuo com seus visianes.
Esamos falando de mudanas provocadas no s pela acelerao do empo, mas ambém pelos movimenos de quesionameno e desconsruo da radio, das grandes narraivas e das caegorias que anes organiavam o conhecimeno.
É exaamene esse lasro sobre o qual se fundamena a produo conemporânea de are que precisa ser mais bem divulgado ao grande pblico, desde que o desejo seja o de criar, no campo da are e da culura, as ais dinâmicas emancipadoras. Mais acessveis, elas podem neuraliar a alienane acelerao do consumo, aproveiando o que de melhor o mundo globaliado pode nos oferecer: uma nova concepo de ns mesmos por meio de experincias de diferenas e aleridades. A fala de reperrio foi igualmene deecada durane a anlise dos mais de 2.800 porflios inscrios. Ao longo do processo seleivo, os curadores consaaram inmeras dificuldades de enendimeno do que é are, desde suas noões mais bsicas. Enquano rasreadores de boas proposas, deparamonos com siuaões dilemicas ponuadas em meio ao volumoso nmero de inscriões. Diversos sinomas emergiram. Em muios casos, foi deecado cero “encurralameno” enre o peso ainda auane de uma radio acadmica mal compreendida e os diames do que é “conemporâneo” para o circuio, impedindo o arisa de desenvolver sua prpria fora expressiva. Apesar de no consiuir nenhuma novidade, a concenrao de poder polico e econmico nas principais capiais brasileiras foi reierada, no apenas pelos diferenes graus de ariculao do discurso arsico, mas igualmene pela verificao de diferenes nveis de familiaridade com as novas ecnologias. Uma avaliao crica dessa concenrao apona para a j conhecida precariedade em que vive uma imporane parcela de brasileiros, no que concerne à redisribuio de bens culurais que permiam uma melhor conscincia percepiva. E isso inclui no apenas a fala de acesso a informaões mais pulsanes como ambém uma série de deficincias do sisema de ensino da are, que lida com dificuldades para melhor preparar consumidores e profissionais desejosos de auar nesa rea. O problema da formao do arisa é crucial porque envolve quesões impregnadas de valores dbios. Convencionalmene, ser arisa é, no melhor dos casos, ser
4 | Idem, ibidem, p. 56.
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especial, er sucesso e surpreender. Na pior das hipeses, é ser irresponsvel, vagabundo e marginal. Esou raando aqui de consruões moralisas por demais arraigadas nas diversas insiuiões da sociedade conemporânea brasileira. Mesmo no caso das escolas de are com melhores condiões esruurais, a consolidao do campo da are como um campo de produo de conhecimeno é dificulada por um modelo acadmico resriivo. Nele vigora a hegemonia das Cincias tecnolgicas, impondo às ouras reas criérios ecnocricos de avaliao. Criérios que, sendo pouco adequados ao universo arsico, no conribuem para uma formao na qual rigor écnico e compencia na elaborao de conedos possam convergir. Apurando a leiura crica, é imporane ressalar que, denro das mesmas escolas, exisem iniciaivas coleivas e individuais corajosas. traa-se de professores que, confronando a inércia insiucional, procuram resgaar o que de aproveivel ese ensino ainda pode oferecer. Diane da viso ampliada provocada pelo Fia Mosra Brasil, ficam claros o insuficiene aproveiameno de poenciais inerenes a pessoas desejosas de produir are e a imponcia das esruuras de ensino frene à burocracia acadmica. A oporunidade que ivemos de esboar diagnsicos nos reaproximou de problemicas que, longe de serem desesimulanes, nos insigam a coninuar rabalhando como educadores, ericos e fomenadores de agenciamenos conduores de conhecimeno. No Brasil, no h dvidas: esamos lidando com um solo ferilssimo no que ange à produo arsica. É o que se conclui de uma experincia como essa. talve o Fia Mosra Brasil sirva, desde j, como um indicador convincene do ano que, aenuando os impacos da lgica especulaiva, invesimenos culurais privados podem viabiliar aões arsicas e culurais capaes de resgaar a qualidade de vida o necessria a odos os habianes do nosso planea.
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especial, er sucesso e surpreender. Na pior das hipeses, é ser irresponsvel, vagabundo e marginal. Esou raando aqui de consruões moralisas por demais arraigadas nas diversas insiuiões da sociedade conemporânea brasileira. Mesmo no caso das escolas de are com melhores condiões esruurais, a consolidao do campo da are como um campo de produo de conhecimeno é dificulada por um modelo acadmico resriivo. Nele vigora a hegemonia das Cincias tecnolgicas, impondo às ouras reas criérios ecnocricos de avaliao. Criérios que, sendo pouco adequados ao universo arsico, no conribuem para uma formao na qual rigor écnico e compencia na elaborao de conedos possam convergir. Apurando a leiura crica, é imporane ressalar que, denro das mesmas escolas, exisem iniciaivas coleivas e individuais corajosas. traa-se de professores que, confronando a inércia insiucional, procuram resgaar o que de aproveivel ese ensino ainda pode oferecer. Diane da viso ampliada provocada pelo Fia Mosra Brasil, ficam claros o insuficiene aproveiameno de poenciais inerenes a pessoas desejosas de produir are e a imponcia das esruuras de ensino frene à burocracia acadmica. A oporunidade que ivemos de esboar diagnsicos nos reaproximou de problemicas que, longe de serem desesimulanes, nos insigam a coninuar rabalhando como educadores, ericos e fomenadores de agenciamenos conduores de conhecimeno. No Brasil, no h dvidas: esamos lidando com um solo ferilssimo no que ange à produo arsica. É o que se conclui de uma experincia como essa. talve o Fia Mosra Brasil sirva, desde j, como um indicador convincene do ano que, aenuando os impacos da lgica especulaiva, invesimenos culurais privados podem viabiliar aões arsicas e culurais capaes de resgaar a qualidade de vida o necessria a odos os habianes do nosso planea.
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Coordenadas em movimento |
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Eduardo de Jesus
Assim, cntemprâne , de determinada perspectiva, m períd de desrdem infrmativa, ma cndiçã de perfeita entrpia esttica. he nã á mais qalqer limite istóric. Td permitid.| permitid. | Arhur C. Dano
No
blog1 em que iniciamos uma série de debaes aps a divulgao do edial do Fia Mosra Brasil, em junho de 2006, uma das quesões diia respeio ao processo curaorial. A discusso que se seguiu foi basane produiva, aé porque o anonimao permiido pelas inerfaces da comunicao on-line parece er possibiliado maior aberura e radicalismo nos comenrios. É no mnimo sinomico que ese enha sido o segundo pico mais comenado enre odos. No vou aqui invesigar a eimologia ou mesmo o senido jurdico da palavra cradria. cradria. tampouco enar descobrir o moivo de ano ineresse por pare do pblico nese ema. A idéia é inensificar o debae acerca das curadorias, especificamene a que gerou o Fia Mosra Brasil. Anes de mais nada, é preciso pensar a produ o arsica conemporânea como um erririo mvel, uma plaaforma movedia que deslia incessanemene enre os mais diversos e complexos agenciamenos sociais, culurais, policos e econmicos, enre ouros. Algo que no se assemelha em nada a um discurso concludo, mas sim a um aear consane, uma inundao de dvidas vindas da produo e da reflexo arsicas realiadas no domnio do empo presene. Mliplas linhas de fora caraceriam essas aividades, além de uma cera urgncia. Siuaões diversas e em movimeno consane. Are conemporânea alve seja isso. Se pensarmos neses mesmos ermos sobre a produo arsica brasileira, alve seja possvel ver o erririo se desdobrar ainda mais, ampliando-se em novas siuaões e direões que ineviavelmene passam pelos inmeros problemas policos e sociais que enfrenamos hoje, e que se refleem, de uma forma ou de oura, nos modos de produo, exibio, conservao e fomeno à produo arsica. A siuao, aqui sim, é de urgncia. Siuaões exremas, como as que vivemos no Brasil, complexificam ainda mais a produo e a reflexo arsica – e, por conseqncia, as quesões curaoriais. Em uma série de livros de bolso, o Cenro de Are Conemporânea BALtIC, 2 ligado à Universidade de Newcasle, na Inglaerra, publicou ranscriões de enconros enre curadores e arisas. As conversas, apesar de amisosas, mosram as ensões picas do sisema da are conemporânea. Em um dos debaes, Carolyn Crisov-Bakargiev, ex-curadora do P.S.1, espao vinculado ao MoMA de Nova York e dedicado à are conemporânea, apona suas dvidas sobre os processos curaoriais e afirma se senir mais conforvel em curadorias de exposiões individuais do que de coleivas, j que, nas primeiras, acredia esar desenvolvendo uma espécie de monografia sobre o arisa.3 A analogia é ineressane para examinarmos as muias possibilidades de desenvolvimeno curaorial.
1 | www.blogeare. blogspo.com 2 | www.balicmill. com/visi/index.php 3 | HILLER, Susan e MARtIN, Sarah, Te Prdcers:Cntemprary Cratrs in Cnversatin , Gaeshead, BALtIC, 2002.
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Eduardo de Jesus
Assim, cntemprâne , de determinada perspectiva, m períd de desrdem infrmativa, ma cndiçã de perfeita entrpia esttica. he nã á mais qalqer limite istóric. Td permitid.| permitid. | Arhur C. Dano
No
blog1 em que iniciamos uma série de debaes aps a divulgao do edial do Fia Mosra Brasil, em junho de 2006, uma das quesões diia respeio ao processo curaorial. A discusso que se seguiu foi basane produiva, aé porque o anonimao permiido pelas inerfaces da comunicao on-line parece er possibiliado maior aberura e radicalismo nos comenrios. É no mnimo sinomico que ese enha sido o segundo pico mais comenado enre odos. No vou aqui invesigar a eimologia ou mesmo o senido jurdico da palavra cradria. cradria. tampouco enar descobrir o moivo de ano ineresse por pare do pblico nese ema. A idéia é inensificar o debae acerca das curadorias, especificamene a que gerou o Fia Mosra Brasil. Anes de mais nada, é preciso pensar a produ o arsica conemporânea como um erririo mvel, uma plaaforma movedia que deslia incessanemene enre os mais diversos e complexos agenciamenos sociais, culurais, policos e econmicos, enre ouros. Algo que no se assemelha em nada a um discurso concludo, mas sim a um aear consane, uma inundao de dvidas vindas da produo e da reflexo arsicas realiadas no domnio do empo presene. Mliplas linhas de fora caraceriam essas aividades, além de uma cera urgncia. Siuaões diversas e em movimeno consane. Are conemporânea alve seja isso. Se pensarmos neses mesmos ermos sobre a produo arsica brasileira, alve seja possvel ver o erririo se desdobrar ainda mais, ampliando-se em novas siuaões e direões que ineviavelmene passam pelos inmeros problemas policos e sociais que enfrenamos hoje, e que se refleem, de uma forma ou de oura, nos modos de produo, exibio, conservao e fomeno à produo arsica. A siuao, aqui sim, é de urgncia. Siuaões exremas, como as que vivemos no Brasil, complexificam ainda mais a produo e a reflexo arsica – e, por conseqncia, as quesões curaoriais. Em uma série de livros de bolso, o Cenro de Are Conemporânea BALtIC, 2 ligado à Universidade de Newcasle, na Inglaerra, publicou ranscriões de enconros enre curadores e arisas. As conversas, apesar de amisosas, mosram as ensões picas do sisema da are conemporânea. Em um dos debaes, Carolyn Crisov-Bakargiev, ex-curadora do P.S.1, espao vinculado ao MoMA de Nova York e dedicado à are conemporânea, apona suas dvidas sobre os processos curaoriais e afirma se senir mais conforvel em curadorias de exposiões individuais do que de coleivas, j que, nas primeiras, acredia esar desenvolvendo uma espécie de monografia sobre o arisa.3 A analogia é ineressane para examinarmos as muias possibilidades de desenvolvimeno curaorial.
1 | www.blogeare. blogspo.com 2 | www.balicmill. com/visi/index.php 3 | HILLER, Susan e MARtIN, Sarah, Te Prdcers:Cntemprary Cratrs in Cnversatin , Gaeshead, BALtIC, 2002.
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A idéia de desenvolver uma curadoria como espao de reflexo e de debae parece aproximar as idéias de Crisov-Bakargiev das de Jean-Chrisophe Royoux, experiene crico de are e curador francs que, durane a jornada de debaes4 da 26ª Bienal de So Paulo, em 2004, definiu o curador como alguém que gera discursos em conjuno com o arisa. Para Royoux: “O exerccio da curadoria é uma exenso da crica de are e, porano, consiui uma forma de discurso. Uma exposio é um discurso que um curador elabora juno com o arisa.”5
Confrontos e trocas As duas posiões expliciam, enre ouros ponos, que alguns processos de curadoria se esruuram na enaiva de colocar o pensameno em ao em busca de siuaões de confrono e de dilogo enre a produo arsica, a vida social e o campo erico. Com isso, provocam no pblico reflexões e aproximaões que podem reverberar em uma experincia ampliadora dos senidos e do pensameno. Minha experincia na curadoria do Fia Mosra Brasil seguiu essa direo. Ver as obras, ler os projeos, assisir aos vdeos e ineragir com os rabalhos foi sobreudo um exerccio de compreenso das muias pricas e esraégias que povoam a produo arsica brasileira conemporânea. Enconramos diversidade, aberuras e conaminaões de oda ordem, sobreposiões e jusaposiões enre o global e o local, pesquisas com os mais variados senidos e profundidades, em um erririo ao mesmo empo pulsane e caico.
5 | BRAGA, Paula, “O curador e a insiuio de are”. Disponvel em: www.forumpermanene. incubadora.fapesp. br/poral/.painel/palesras/documen.2004-1005.8927372279.
trabalhos das mais diversas inensidades, com mliplas possibilidades de reconhecimeno e ariculao, revelaram a exisncia de circuios arsicos de pequena escala e de auao local, mas que configuram uma cera siuao da are brasileira e um cero pensameno arsico e crico. Coordenadas em movimeno desenham um espao expandido do qual faem pare odos esses procedimenos. Proposas que vo da oal inocncia e disanciameno em relao às quesões que experimenamos agora aé aquelas que se alinham em orno de enaivas densas de dilogo com os muios aspecos da realidade brasileira. As linhas de froneira dos campos arsicos se abrem, por meio de fricões, para siuaões hbridas nas quais, freqenemene, a possvel especificidade do supore d lugar aos procedimenos experimenais.
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c u ra ra d o re re s
4 | A coberura deses debaes es disponvel no sie do Frum Permanene: Museus de Are; enre o pblico e o privado (www. forumpermanene.incubadora.fapesp.br/poral/. painel/palesras).
Foi denro desse panorama que a seleo dos rabalhos aconeceu. Um processo coleivo, para o qual cada um dos curadores convidados rouxe em sua bagagem disinas visões e experincias ericas e pricas de conao com a produo arsica aual. Um confrono cheio de rocas denro de uma diversidade de pensamenos acabou, por meio de inenso debae, por configurar o Fia Mosra Brasil. Como resulado, a exposio apona para uma cera siuao, e no para uma cerea ou endncia. Aposa em uma circulao de idéias para mosrar os enfrenamenos enre os discursos da are, as pricas arsicas solidificadas, o rompimeno de barreiras enre supores e mdias, o campo erico e a aproximao com os diversos espaos de convvio que experimenamos na vida conemporânea.
Estilhaçamento e renovação Gosaria de chamar a aeno para duas modalidades arsicas denro do processo curaorial. Os rabalhos em mdias digiais (ineraivos) e vdeo demonsram como essas plaaformas m se ornado cada ve mais comuns enre os supores de desenvolvimeno e criao arsica. No enano, no caso das mdias digiais, é fundamenal que se procure um caminho prprio, que ao mesmo empo dialogue com a radio arsica e saiba reirar das especificidades de cada meio o que m de prprio e insigane. A ineraividade precisa se conaminar de processos poéicos que abram alguma possibilidade de fruio para além do simples domnio écnico e, com isso, novas possibilidades de produo e ouras formas de percepo, como observa Coucho:
No caso especfico do vdeo, apesar da rajeria hisrica mais longa, o meio ainda acaba seduindo os mais desavisados com seus frgeis e fceis efeios que, algumas vees, oculam a inconsisncia das proposas arsicas e, em ouras, apenas enfaiam um profundo conhecimeno écnico. Relacionar-se com as imagens em movimeno, ao conrrio do que muios pensam, vem se ornando cada ve mais difcil, sobreudo pelo fao de o real esar omado de imagens, reforando o que afirmava Serge Daney: “filmar é ver ao quadrado”. Nese colapsado circuio de imagens, é imporane que a muliplicidade dos empos e as possibilidades de criao valoriem uma imagem capa de resisir às facilidades dos procedimenos écnicos, garanindo ouros senidos para a imagem em movimeno.
Rede de subjetividades O que houve de mais imporane em odo o processo de concepo do Fia Mosra Brasil foi uma reflexo, que acredio er aravessado odos os curadores, sobre a are brasileira aual e sobre nosso papel na configurao final da exposio. Fugindo da posio de avaliadores da qualidade ou de “cerificadores do ISO 9000 das ares”, como enfaiamos no exo sobre a seleo dos rabalhos, os curadores buscaram
uma reflexo e uma aposa na expanso dos limies da prica arsica para além dos j esabelecidos e consolidados. Nessa perspeciva, possibilidades de conaminao de oda ordem abrem espao para ouras abordagens das quesões sociais ou ecnolgicas que se aproximam da produo arsica brasileira. O prprio limie do espao exposiivo ambém foi ampliado com uma série de obras que dialogam inensamene com a cidade e seus fluxos. Possibilidades de ampliao do fenmeno arsico para além do prprio espao exposiivo. Agora podemos confronar o resulado desa Mosra, buscando nos siuar sobre uma pequena e significaiva parcela da produo arsica nacional. Mesmo que o Fia Mosra Brasil no eseja organiado em represenaões esaduais, que expliciem as bordas do erririo fsico, acaba sendo o resulado dos mliplos agenciamenos nese espao imaginrio e real que é o Brasil. Uma complexa rede de subjeividades em uma cena social enremeada de confronos e ensões. Nesse conexo, a exposio pode revelar, mesmo que com disinas inensidades, uma produo arsica que surpreende ao conseguir criar possibilidades de dilogo, de inerlocuões e de reflexões que nos permiem alcanar novos modos de perceber a vida.
6 | COUCHOt, Edmond, A tecnlia na arte da ftrafia à realidade virtal , Poro Alegre, Ediora da UFRGS, 2003, p. 266.
Lne de intrdzir ma rptra estraçaladra na cntinidade da arte, e permanecend bastante fráil, nmric apenas frnece-le s meis tecnlóics qe le cnvêm. Bem tilizad, sbmetid a m pret esttic cerente, td mdel lóic-matemátic pde ser desviad de sas fnções riinalmente científicas (trnar real inteliível). As práticas artísticas nmricas nã se dispersam, em cnseqüência, nas práticas preexistentes, elas se ibridizam, refrçand se estilaçament e sa renvaçã, nã sem desencandear certs efeits perverss.6
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A idéia de desenvolver uma curadoria como espao de reflexo e de debae parece aproximar as idéias de Crisov-Bakargiev das de Jean-Chrisophe Royoux, experiene crico de are e curador francs que, durane a jornada de debaes4 da 26ª Bienal de So Paulo, em 2004, definiu o curador como alguém que gera discursos em conjuno com o arisa. Para Royoux: “O exerccio da curadoria é uma exenso da crica de are e, porano, consiui uma forma de discurso. Uma exposio é um discurso que um curador elabora juno com o arisa.”5
Confrontos e trocas As duas posiões expliciam, enre ouros ponos, que alguns processos de curadoria se esruuram na enaiva de colocar o pensameno em ao em busca de siuaões de confrono e de dilogo enre a produo arsica, a vida social e o campo erico. Com isso, provocam no pblico reflexões e aproximaões que podem reverberar em uma experincia ampliadora dos senidos e do pensameno. Minha experincia na curadoria do Fia Mosra Brasil seguiu essa direo. Ver as obras, ler os projeos, assisir aos vdeos e ineragir com os rabalhos foi sobreudo um exerccio de compreenso das muias pricas e esraégias que povoam a produo arsica brasileira conemporânea. Enconramos diversidade, aberuras e conaminaões de oda ordem, sobreposiões e jusaposiões enre o global e o local, pesquisas com os mais variados senidos e profundidades, em um erririo ao mesmo empo pulsane e caico.
5 | BRAGA, Paula, “O curador e a insiuio de are”. Disponvel em: www.forumpermanene. incubadora.fapesp. br/poral/.painel/palesras/documen.2004-1005.8927372279.
trabalhos das mais diversas inensidades, com mliplas possibilidades de reconhecimeno e ariculao, revelaram a exisncia de circuios arsicos de pequena escala e de auao local, mas que configuram uma cera siuao da are brasileira e um cero pensameno arsico e crico. Coordenadas em movimeno desenham um espao expandido do qual faem pare odos esses procedimenos. Proposas que vo da oal inocncia e disanciameno em relao às quesões que experimenamos agora aé aquelas que se alinham em orno de enaivas densas de dilogo com os muios aspecos da realidade brasileira. As linhas de froneira dos campos arsicos se abrem, por meio de fricões, para siuaões hbridas nas quais, freqenemene, a possvel especificidade do supore d lugar aos procedimenos experimenais.
f i a t m os os t r a b r as as i l
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4 | A coberura deses debaes es disponvel no sie do Frum Permanene: Museus de Are; enre o pblico e o privado (www. forumpermanene.incubadora.fapesp.br/poral/. painel/palesras).
Foi denro desse panorama que a seleo dos rabalhos aconeceu. Um processo coleivo, para o qual cada um dos curadores convidados rouxe em sua bagagem disinas visões e experincias ericas e pricas de conao com a produo arsica aual. Um confrono cheio de rocas denro de uma diversidade de pensamenos acabou, por meio de inenso debae, por configurar o Fia Mosra Brasil. Como resulado, a exposio apona para uma cera siuao, e no para uma cerea ou endncia. Aposa em uma circulao de idéias para mosrar os enfrenamenos enre os discursos da are, as pricas arsicas solidificadas, o rompimeno de barreiras enre supores e mdias, o campo erico e a aproximao com os diversos espaos de convvio que experimenamos na vida conemporânea.
Estilhaçamento e renovação Gosaria de chamar a aeno para duas modalidades arsicas denro do processo curaorial. Os rabalhos em mdias digiais (ineraivos) e vdeo demonsram como essas plaaformas m se ornado cada ve mais comuns enre os supores de desenvolvimeno e criao arsica. No enano, no caso das mdias digiais, é fundamenal que se procure um caminho prprio, que ao mesmo empo dialogue com a radio arsica e saiba reirar das especificidades de cada meio o que m de prprio e insigane. A ineraividade precisa se conaminar de processos poéicos que abram alguma possibilidade de fruio para além do simples domnio écnico e, com isso, novas possibilidades de produo e ouras formas de percepo, como observa Coucho:
No caso especfico do vdeo, apesar da rajeria hisrica mais longa, o meio ainda acaba seduindo os mais desavisados com seus frgeis e fceis efeios que, algumas vees, oculam a inconsisncia das proposas arsicas e, em ouras, apenas enfaiam um profundo conhecimeno écnico. Relacionar-se com as imagens em movimeno, ao conrrio do que muios pensam, vem se ornando cada ve mais difcil, sobreudo pelo fao de o real esar omado de imagens, reforando o que afirmava Serge Daney: “filmar é ver ao quadrado”. Nese colapsado circuio de imagens, é imporane que a muliplicidade dos empos e as possibilidades de criao valoriem uma imagem capa de resisir às facilidades dos procedimenos écnicos, garanindo ouros senidos para a imagem em movimeno.
Rede de subjetividades O que houve de mais imporane em odo o processo de concepo do Fia Mosra Brasil foi uma reflexo, que acredio er aravessado odos os curadores, sobre a are brasileira aual e sobre nosso papel na configurao final da exposio. Fugindo da posio de avaliadores da qualidade ou de “cerificadores do ISO 9000 das ares”, como enfaiamos no exo sobre a seleo dos rabalhos, os curadores buscaram
uma reflexo e uma aposa na expanso dos limies da prica arsica para além dos j esabelecidos e consolidados. Nessa perspeciva, possibilidades de conaminao de oda ordem abrem espao para ouras abordagens das quesões sociais ou ecnolgicas que se aproximam da produo arsica brasileira. O prprio limie do espao exposiivo ambém foi ampliado com uma série de obras que dialogam inensamene com a cidade e seus fluxos. Possibilidades de ampliao do fenmeno arsico para além do prprio espao exposiivo. Agora podemos confronar o resulado desa Mosra, buscando nos siuar sobre uma pequena e significaiva parcela da produo arsica nacional. Mesmo que o Fia Mosra Brasil no eseja organiado em represenaões esaduais, que expliciem as bordas do erririo fsico, acaba sendo o resulado dos mliplos agenciamenos nese espao imaginrio e real que é o Brasil. Uma complexa rede de subjeividades em uma cena social enremeada de confronos e ensões. Nesse conexo, a exposio pode revelar, mesmo que com disinas inensidades, uma produo arsica que surpreende ao conseguir criar possibilidades de dilogo, de inerlocuões e de reflexões que nos permiem alcanar novos modos de perceber a vida.
6 | COUCHOt, Edmond, A tecnlia na arte da ftrafia à realidade virtal , Poro Alegre, Ediora da UFRGS, 2003, p. 266.
Lne de intrdzir ma rptra estraçaladra na cntinidade da arte, e permanecend bastante fráil, nmric apenas frnece-le s meis tecnlóics qe le cnvêm. Bem tilizad, sbmetid a m pret esttic cerente, td mdel lóic-matemátic pde ser desviad de sas fnções riinalmente científicas (trnar real inteliível). As práticas artísticas nmricas nã se dispersam, em cnseqüência, nas práticas preexistentes, elas se ibridizam, refrçand se estilaçament e sa renvaçã, nã sem desencandear certs efeits perverss.6
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Nos espaços moventes da arte |
Marisa Mokarel
Em
exposiões é comum o visiane locomover-se em vrias direões para olhar, perceber e se relacionar com o objeo que, organiado no espao, se aricula com ouras obras, permiindo, ou no, disinguir um conceio. As relaões que se esabelecem so de vrias ordens, podendo ocorrer enre o visiane, o espao e a obra ou enre os prprios visianes. Movenes desenhos se formam, fornecendo uma dinâmica por onde percorrem sensaões, senimenos, formulaões de pensameno e deslocamenos fsicos. No Fia Mosra Brasil, como em ouras siuaões exposiivas semelhanes, as relaões comeam a ser ecidas bem anes, seja no perodo organiacional, seja no momeno da seleo. No caso especfico desa Mosra, h uma relao visvel que ocorre enre lugares e enre evenos. traa-se de um espao comparilhado por dois grandes aconecimenos arsicos: um que h anos firma-se como um imporane eveno nacional, e ouro que foi recenemene criado. Em ambos se é parcipe de um olhar que se insere na conemporaneidade, revelando as ramas de uma complexa sociedade em que redes culurais, arsicas e econmicas conjugam-se em fluxos dos quais emergem poderes policos e hegemnicas foras se impõem.
O convvio é firmado em um campo de enso, na incera rilha em que insabilidades se insalam e pode-se pergunar “como viver juno”? Nesa perguna enconra-se o fio que inerliga lugares, espaos e evenos. O princpio quesionador proposo por Roland Barhes e adoado pela 27ª Bienal de So Paulo confere o om de aproximao enre are e vida. A linguagem promove o processo comunicador e insiui o lugar da sociabilidade, onde vida coleiva e vida individual enam conciliar-se, ponuando o espao da afeividade e ambém da animosidade. Enre as observaões que Barhes fa sobre o Viver-nt, Viver-nt, enconra-se a afirmao de que “no é conradirio querer viver s e querer viver juno” e que esa convivncia pode ser omada “como fao essencialmene espacial (viver num mesmo lugar)”. Esclarece, porém que “em esado bruo, o Viver-juno é ambém emp oral [...]”.1 No Fia Mosra Brasil, proposas de carer mais individual e subjeivo, que inerpream o mundo por meio de uma poéica inimisa, convivem com ouras cujo om inerpreaivo provém do coleivo e ocupa no somene o espao da exposio, mas se expande além dele, assimilando a viinhana, esabelecendo relaões com a Bienal, com o Parque do Ibirapuera e com a prpria cidade de So Paulo. Em uma reflexo sobre o coidiano e a cidade, Michel de Cereau procura delimiar um campo, propondo uma disino enre lugar e espao. Para o auor, “um lugar é a ordem (seja qual for) segundo a qual se disribuem elemenos nas f i a t m os os t r a b r as as i l
1 | Ese conjuno de afirmaivas de Roland Barhes inegra o livro Cm viver nt: Simlações rmanescas de alns espaçs ctidians, ctidians , So Paulo, Marins Fones, 2003. O livro recebe o mesmo ulo do curso realiado no Collège de France. Os rechos ciados correspondem à aula de 12 de janeiro de 1977, referem-se mais precisamene ao iem fantasia e podem ser enconrados nas pginas 9 a 11.
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Nos espaços moventes da arte |
Marisa Mokarel
Em
exposiões é comum o visiane locomover-se em vrias direões para olhar, perceber e se relacionar com o objeo que, organiado no espao, se aricula com ouras obras, permiindo, ou no, disinguir um conceio. As relaões que se esabelecem so de vrias ordens, podendo ocorrer enre o visiane, o espao e a obra ou enre os prprios visianes. Movenes desenhos se formam, fornecendo uma dinâmica por onde percorrem sensaões, senimenos, formulaões de pensameno e deslocamenos fsicos. No Fia Mosra Brasil, como em ouras siuaões exposiivas semelhanes, as relaões comeam a ser ecidas bem anes, seja no perodo organiacional, seja no momeno da seleo. No caso especfico desa Mosra, h uma relao visvel que ocorre enre lugares e enre evenos. traa-se de um espao comparilhado por dois grandes aconecimenos arsicos: um que h anos firma-se como um imporane eveno nacional, e ouro que foi recenemene criado. Em ambos se é parcipe de um olhar que se insere na conemporaneidade, revelando as ramas de uma complexa sociedade em que redes culurais, arsicas e econmicas conjugam-se em fluxos dos quais emergem poderes policos e hegemnicas foras se impõem.
O convvio é firmado em um campo de enso, na incera rilha em que insabilidades se insalam e pode-se pergunar “como viver juno”? Nesa perguna enconra-se o fio que inerliga lugares, espaos e evenos. O princpio quesionador proposo por Roland Barhes e adoado pela 27ª Bienal de So Paulo confere o om de aproximao enre are e vida. A linguagem promove o processo comunicador e insiui o lugar da sociabilidade, onde vida coleiva e vida individual enam conciliar-se, ponuando o espao da afeividade e ambém da animosidade. Enre as observaões que Barhes fa sobre o Viver-nt, Viver-nt, enconra-se a afirmao de que “no é conradirio querer viver s e querer viver juno” e que esa convivncia pode ser omada “como fao essencialmene espacial (viver num mesmo lugar)”. Esclarece, porém que “em esado bruo, o Viver-juno é ambém emp oral [...]”.1 No Fia Mosra Brasil, proposas de carer mais individual e subjeivo, que inerpream o mundo por meio de uma poéica inimisa, convivem com ouras cujo om inerpreaivo provém do coleivo e ocupa no somene o espao da exposio, mas se expande além dele, assimilando a viinhana, esabelecendo relaões com a Bienal, com o Parque do Ibirapuera e com a prpria cidade de So Paulo. Em uma reflexo sobre o coidiano e a cidade, Michel de Cereau procura delimiar um campo, propondo uma disino enre lugar e espao. Para o auor, “um lugar é a ordem (seja qual for) segundo a qual se disribuem elemenos nas f i a t m os os t r a b r as as i l
1 | Ese conjuno de afirmaivas de Roland Barhes inegra o livro Cm viver nt: Simlações rmanescas de alns espaçs ctidians, ctidians , So Paulo, Marins Fones, 2003. O livro recebe o mesmo ulo do curso realiado no Collège de France. Os rechos ciados correspondem à aula de 12 de janeiro de 1977, referem-se mais precisamene ao iem fantasia e podem ser enconrados nas pginas 9 a 11.
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relaões de coexisncia” e esses elemenos eso disposos lado a lado, sendo que cada um se siua em um lugar prprio. Um lugar significa “porano uma configurao insanânea de posiões. Implica uma indicao de esabilidade”.2 No que concerne ao espao, considera que ese exise “sempre que se omam em cona veores de direo, quanidades de velocidade e a varivel empo. O espao é um cruameno de mveis”.3 Para De Cereau, as ruas so geomericamene definidas por um raado urbano que é ransformado em espao pelo pedesre e é nese espao que se desdobra um conjuno de movimenos.
2 | As afirmaões de Michel de Cereau so provenienes do capulo IX, “Relao de espao” IN: A IN: A invençã d ctidian, v. 1 Artes de fazer , Perpolis, Rio de Janeiro, Ediora Voes, 2001, p. 201. 3 | Idem, p. 202. 4 | Comenrio de Ligia Canongia sobre os arisas neoconcreos IN: o lead ds ans 60 e 70, 70, Rio de Janeiro, Jorge zahar Ed., 2005, p. 39. 5 | Hélio Oiicica apresenou esas quesões durane o seminrio Prpstas 66. 66 . O exo “Siuao da vanguarda no Brasil” foi publicado em So Paulo pela Arte pela Arte em revista, revista, ano I, n° 2, maio-agoso de 1979, p. 31. 6 | Mesmo que ese ermo possa ser subsiudo por ouros e ainda seja basane quesionado, uilio-o baseada em vrios auores que ambém o aplicam, como Andréas Huyssen, Frederic Jamenson, David Harvey, Jean-Franois Lyoard e Perry Anderson. Nas colocaões sobre o ermo ps-moderno, selecionei especificamene as consideraões de David Harvey, Cndiçã pós-mderna, pós-mderna, So Paulo, Ediões Loyola, 1992; e de Perry Anderson, As Anderson, As riens da pós-mdernidade, nidade, Rio de Janeiro, Jorge zahar, 1999.
fia t mos t ra br as i l
Percebe-se que a are conemporânea no mais se resringe aos espaos insiucionais, ao conrrio, lana-se nos espaos urbanos em um processo disane dos monumenos oficiais que, exisenes h séculos, demarcam feios e homenageiam heris. A are formaa hoje geografias, descreve e raa percursos. Cenas coidianas, cenas imaginrias circulam, fixam-se emporariamene em algum lugar, consruindo pares subsanivos que se desdobram em mliplas camadas, deixando visvel um esado laene onde ransiam a vida, a fanasia. Fico e realidade misuram-se, promovem, ou no, narraivas, muias vees desprovidas de uma seqncia lgica, proposioras de inmeras enradas e sadas. Enrecruam-se procedimenos que reverberam além das paredes, absorvem a hibride e, muias vees, infilram-se em campos digiais, navegando labirinos que inerligam o prximo e o disane. Alas ecnologias convivem com produões aresanais, com écnicas milenares, com o refugo. Nese enrelaar cabe o mundo e nese mundo siua-se a rama da are. A paricipao do pblico ocorre juno a performances, inervenões urbanas, obras elernicas ou de oura naurea qualquer. So ineraões que se processam insaurando aiudes j exisenes no percurso da are, aponadas no fuurismo e dadasmo e enfaiadas nas décadas de 1960, 1970. No Brasil, Hélio Oiicica e Lygia Clark propõem levar “o objeo de are para o espao do vivido, espao comparilhado pelo arisa e pelo especador”. 4 Na verdade, como agene da experincia, o pblico roca o lugar de especador pelo de paricipane. O eixo are-vida emerge com mais fora, ganham visibilidade as “vivncias”. Como bem di Oiicica, “no se raa mais de impor um acervo de idéias e esruuras ac abadas [...]”, mas de
cura do res
procurar descenraliar a are, por meio do seu deslocameno. A proposa é ransferir o “campo inelecual racional para o da proposio criaiva vivencial”, dando ao indivduo “a possibilidade de ‘experimenar a criao’, de descobrir pela paricipao, esa de diversas ordens, algo que para ele possua significado”. 5 No século XXI, o pensameno do arisa ainda enconra ecos no processo paricipaivo da are, mas assume esa posura sob ouras roupagens. Afinal, houve um deslocameno de empo e o mundo presenciou roca de valores, queda das crenas universais. A busca pelo significado da are ou da vida, nese momeno labirnico, dilui-se nos vrios lugares, nos mliplos espaos em que a incessane movimenao permie poucas condiões para que algo mais subsancial se fixe e fornea esabilidade. Depara-se com os excessos que provocam o clculo virual em que as somarias de possibilidades e impossibilidades podem se anular e devolver o caos. É nesse esado ilimiado e indefinido que a ordem pode se insalar a qualquer insane, uma ve que se prenuncia e propicia o nascimeno de algo, de uma nova realidade. Resa saber, no enano, que ipo de ordem ser resabelecida e quais valores sero assimilados. Os valores insveis, a desconfiana dos discursos universais e oalianes, a afirmao de um mercado globaliado e a flexibiliao da economia que reverbera em ouras reas, inclusive da are, aponam para a condiops-moderna6 que esava presene bem anes, enconrando ressonância nas ares visuais em meados dos anos 1950, com a Pop Ar. De acordo com Perry Anderson, essa condio, odavia, comea a se difundir de forma mais ampla a parir dos anos 1970. Desde eno, enconramo-nos num campo indefinido, em que o prprio nome pós-mdern nome pós-mdern implica uma relao enre o moderno e o prefixo que lhe agrega ouro significado, podendo dar margem à compreenso de algo que aconece depois, quando uma condio anerior enconra-se de cera forma esgoada.
a fragmenao, o hibridismo, a indeerminao e o ransirio. todas essas condiões remeem-me a um romance inacabado que se passa em 1913. Em deerminado momeno da narraiva, o personagem Ulrich pressene que “nenhuma coisa, nenhum eu, nenhuma forma, nenhum princpio é cero, udo se enconra numa ransformao invisvel e incessane, no insvel h mais fuuro que no esvel, e o presene no é seno uma hipese que ainda no superamos”.7 Com ese argumeno, consrudo no comeo do século XX, pode-se acrediar que alve haja mais proximidade enre a condio moderna e a ps-moderna do que se possa imaginar. O imediaismo e a insabilidade que aualmene nos lanam às incereas do fuuro e à provvel inviabilidade de projeos em longo prao so condiões que j desponavam h empo, mesmo que se acrediasse nas foras redenoras e se pauasse por grandes ideais. “O que é singular na incerea hoje é que ela exise sem qualquer desasre hisrico iminene; ao conrrio, es enremeada nas pricas coidianas de um vigoroso capialismo.”8 A are siua-se nesse conexo em que esraégias mundiais so elaboradas por meio de valores condienes com o consumo exacerbado. A culura e a are ransiam em um campo movedio, coabiando com algo que é alheio a sua naurea e por isso mesmo pode arremess-las a um universo de conradiões e paradoxos. A meu ver, nesse esado de enso a are resise e, apesar de oda insabilidade que a cerca, pode no sucumbir às esraégias de foras hegemnicas que endem a diluir subjeividades e a nivelar odos os seres e coisas pelo consumismo advindo de um “vigoroso capialismo” cujos efeios se alasram em queso de segundos. O empo, na verdade, orna-se o signo da
nossa época e, conraindo-se cada ve mais, se revela na rapide incessane, na impossibilidade de fixar coisas, na sobreposio do prprio espao. No lado oposo, um ouro empo, como um abuleiro de xadre, aguarda lenamene a movimenao das peas, indispondo-se conra os lugares que so ocupados pela agilidade dos corpos e se ransformam em inconrolveis espaos movenes. Precisa-se agora de um empo esendido que permia pensar sem a incansvel corrida em direo a um novo produo, à informao acumulaiva que ransborda, no produ conhecimeno e se disancia da are. Em meio a essiuras de ordem o imposiiva, a are busca reordenar seus prprios valores, uma ve que é irreduvel à economia e se consiui denro de suas especificidades, ainda que esas esejam conaminadas pelos alicerces do capial. A are, mesmo assim, enconra brechas para realiar sua poéica e inerprear o mundo. O esraagema de Viver-nt encaixa-se em uma vonade de enfrenameno, em uma conracorrene que enfaia as relaões humanas e fa com que desemboquem no processo arsico. O Fia Mosra Brasil é uma das enaivas de faer circular um poencial da are que gera proposas e poéicas visuais que, inseridas em seu empo, podem ulrapassar a complexa dinâmica de um perodo de poucas delicadeas e muios excessos. Como se vive a fluide de uma época que nos condu às incereas, poucas condiões apresenam-se para a formulao de asserivas. Com a Mosra, disponibilia-se ao pblico um conjuno de obras que pode projear-se além-muros. todas, conudo, eso exposas a diversos olhares e pensamenos, sujeias a diferenes inerpreaões.
7 | Romance que revela o conexo polico, social, arsico e culural da áusria do comeo do século XX. Escrio por Rober Musil, eve o primeiro volume publicado em 1931. o mem sem qalidades , Rio de Janeiro, Nova Froneira, 1989, p. 181. 8 | Pensameno de Richard Senne enconrado no livro A livro A crrsã d caráter:cnseqüências pessais d trabal n nv capitalism, capitalism, Rio de Janeiro, Record, 2000, p. 33.
David Harvey, por ouro lado, inerprea o ermo psmodernismo como uma espécie de reao ou afasameno do modernismo. Considera que h uma coexisncia, esabelecendo um processo relacional, uma ve que a condio moderna ainda exise quando a oura condio se configura. O ps-modernismo ermina por revelar uma circunsância que poencialia
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relaões de coexisncia” e esses elemenos eso disposos lado a lado, sendo que cada um se siua em um lugar prprio. Um lugar significa “porano uma configurao insanânea de posiões. Implica uma indicao de esabilidade”.2 No que concerne ao espao, considera que ese exise “sempre que se omam em cona veores de direo, quanidades de velocidade e a varivel empo. O espao é um cruameno de mveis”.3 Para De Cereau, as ruas so geomericamene definidas por um raado urbano que é ransformado em espao pelo pedesre e é nese espao que se desdobra um conjuno de movimenos.
2 | As afirmaões de Michel de Cereau so provenienes do capulo IX, “Relao de espao” IN: A IN: A invençã d ctidian, v. 1 Artes de fazer , Perpolis, Rio de Janeiro, Ediora Voes, 2001, p. 201. 3 | Idem, p. 202. 4 | Comenrio de Ligia Canongia sobre os arisas neoconcreos IN: o lead ds ans 60 e 70, 70, Rio de Janeiro, Jorge zahar Ed., 2005, p. 39. 5 | Hélio Oiicica apresenou esas quesões durane o seminrio Prpstas 66. 66 . O exo “Siuao da vanguarda no Brasil” foi publicado em So Paulo pela Arte pela Arte em revista, revista, ano I, n° 2, maio-agoso de 1979, p. 31. 6 | Mesmo que ese ermo possa ser subsiudo por ouros e ainda seja basane quesionado, uilio-o baseada em vrios auores que ambém o aplicam, como Andréas Huyssen, Frederic Jamenson, David Harvey, Jean-Franois Lyoard e Perry Anderson. Nas colocaões sobre o ermo ps-moderno, selecionei especificamene as consideraões de David Harvey, Cndiçã pós-mderna, pós-mderna, So Paulo, Ediões Loyola, 1992; e de Perry Anderson, As Anderson, As riens da pós-mdernidade, nidade, Rio de Janeiro, Jorge zahar, 1999.
Percebe-se que a are conemporânea no mais se resringe aos espaos insiucionais, ao conrrio, lana-se nos espaos urbanos em um processo disane dos monumenos oficiais que, exisenes h séculos, demarcam feios e homenageiam heris. A are formaa hoje geografias, descreve e raa percursos. Cenas coidianas, cenas imaginrias circulam, fixam-se emporariamene em algum lugar, consruindo pares subsanivos que se desdobram em mliplas camadas, deixando visvel um esado laene onde ransiam a vida, a fanasia. Fico e realidade misuram-se, promovem, ou no, narraivas, muias vees desprovidas de uma seqncia lgica, proposioras de inmeras enradas e sadas. Enrecruam-se procedimenos que reverberam além das paredes, absorvem a hibride e, muias vees, infilram-se em campos digiais, navegando labirinos que inerligam o prximo e o disane. Alas ecnologias convivem com produões aresanais, com écnicas milenares, com o refugo. Nese enrelaar cabe o mundo e nese mundo siua-se a rama da are. A paricipao do pblico ocorre juno a performances, inervenões urbanas, obras elernicas ou de oura naurea qualquer. So ineraões que se processam insaurando aiudes j exisenes no percurso da are, aponadas no fuurismo e dadasmo e enfaiadas nas décadas de 1960, 1970. No Brasil, Hélio Oiicica e Lygia Clark propõem levar “o objeo de are para o espao do vivido, espao comparilhado pelo arisa e pelo especador”. 4 Na verdade, como agene da experincia, o pblico roca o lugar de especador pelo de paricipane. O eixo are-vida emerge com mais fora, ganham visibilidade as “vivncias”. Como bem di Oiicica, “no se raa mais de impor um acervo de idéias e esruuras ac abadas [...]”, mas de
procurar descenraliar a are, por meio do seu deslocameno. A proposa é ransferir o “campo inelecual racional para o da proposio criaiva vivencial”, dando ao indivduo “a possibilidade de ‘experimenar a criao’, de descobrir pela paricipao, esa de diversas ordens, algo que para ele possua significado”. 5 No século XXI, o pensameno do arisa ainda enconra ecos no processo paricipaivo da are, mas assume esa posura sob ouras roupagens. Afinal, houve um deslocameno de empo e o mundo presenciou roca de valores, queda das crenas universais. A busca pelo significado da are ou da vida, nese momeno labirnico, dilui-se nos vrios lugares, nos mliplos espaos em que a incessane movimenao permie poucas condiões para que algo mais subsancial se fixe e fornea esabilidade. Depara-se com os excessos que provocam o clculo virual em que as somarias de possibilidades e impossibilidades podem se anular e devolver o caos. É nesse esado ilimiado e indefinido que a ordem pode se insalar a qualquer insane, uma ve que se prenuncia e propicia o nascimeno de algo, de uma nova realidade. Resa saber, no enano, que ipo de ordem ser resabelecida e quais valores sero assimilados. Os valores insveis, a desconfiana dos discursos universais e oalianes, a afirmao de um mercado globaliado e a flexibiliao da economia que reverbera em ouras reas, inclusive da are, aponam para a condiops-moderna6 que esava presene bem anes, enconrando ressonância nas ares visuais em meados dos anos 1950, com a Pop Ar. De acordo com Perry Anderson, essa condio, odavia, comea a se difundir de forma mais ampla a parir dos anos 1970. Desde eno, enconramo-nos num campo indefinido, em que o prprio nome pós-mdern nome pós-mdern implica uma relao enre o moderno e o prefixo que lhe agrega ouro significado, podendo dar margem à compreenso de algo que aconece depois, quando uma condio anerior enconra-se de cera forma esgoada.
a fragmenao, o hibridismo, a indeerminao e o ransirio. todas essas condiões remeem-me a um romance inacabado que se passa em 1913. Em deerminado momeno da narraiva, o personagem Ulrich pressene que “nenhuma coisa, nenhum eu, nenhuma forma, nenhum princpio é cero, udo se enconra numa ransformao invisvel e incessane, no insvel h mais fuuro que no esvel, e o presene no é seno uma hipese que ainda no superamos”.7 Com ese argumeno, consrudo no comeo do século XX, pode-se acrediar que alve haja mais proximidade enre a condio moderna e a ps-moderna do que se possa imaginar. O imediaismo e a insabilidade que aualmene nos lanam às incereas do fuuro e à provvel inviabilidade de projeos em longo prao so condiões que j desponavam h empo, mesmo que se acrediasse nas foras redenoras e se pauasse por grandes ideais. “O que é singular na incerea hoje é que ela exise sem qualquer desasre hisrico iminene; ao conrrio, es enremeada nas pricas coidianas de um vigoroso capialismo.”8 A are siua-se nesse conexo em que esraégias mundiais so elaboradas por meio de valores condienes com o consumo exacerbado. A culura e a are ransiam em um campo movedio, coabiando com algo que é alheio a sua naurea e por isso mesmo pode arremess-las a um universo de conradiões e paradoxos. A meu ver, nesse esado de enso a are resise e, apesar de oda insabilidade que a cerca, pode no sucumbir às esraégias de foras hegemnicas que endem a diluir subjeividades e a nivelar odos os seres e coisas pelo consumismo advindo de um “vigoroso capialismo” cujos efeios se alasram em queso de segundos. O empo, na verdade, orna-se o signo da
nossa época e, conraindo-se cada ve mais, se revela na rapide incessane, na impossibilidade de fixar coisas, na sobreposio do prprio espao. No lado oposo, um ouro empo, como um abuleiro de xadre, aguarda lenamene a movimenao das peas, indispondo-se conra os lugares que so ocupados pela agilidade dos corpos e se ransformam em inconrolveis espaos movenes. Precisa-se agora de um empo esendido que permia pensar sem a incansvel corrida em direo a um novo produo, à informao acumulaiva que ransborda, no produ conhecimeno e se disancia da are. Em meio a essiuras de ordem o imposiiva, a are busca reordenar seus prprios valores, uma ve que é irreduvel à economia e se consiui denro de suas especificidades, ainda que esas esejam conaminadas pelos alicerces do capial. A are, mesmo assim, enconra brechas para realiar sua poéica e inerprear o mundo. O esraagema de Viver-nt encaixa-se em uma vonade de enfrenameno, em uma conracorrene que enfaia as relaões humanas e fa com que desemboquem no processo arsico. O Fia Mosra Brasil é uma das enaivas de faer circular um poencial da are que gera proposas e poéicas visuais que, inseridas em seu empo, podem ulrapassar a complexa dinâmica de um perodo de poucas delicadeas e muios excessos. Como se vive a fluide de uma época que nos condu às incereas, poucas condiões apresenam-se para a formulao de asserivas. Com a Mosra, disponibilia-se ao pblico um conjuno de obras que pode projear-se além-muros. todas, conudo, eso exposas a diversos olhares e pensamenos, sujeias a diferenes inerpreaões.
7 | Romance que revela o conexo polico, social, arsico e culural da áusria do comeo do século XX. Escrio por Rober Musil, eve o primeiro volume publicado em 1931. o mem sem qalidades , Rio de Janeiro, Nova Froneira, 1989, p. 181. 8 | Pensameno de Richard Senne enconrado no livro A livro A crrsã d caráter:cnseqüências pessais d trabal n nv capitalism, capitalism, Rio de Janeiro, Record, 2000, p. 33.
David Harvey, por ouro lado, inerprea o ermo psmodernismo como uma espécie de reao ou afasameno do modernismo. Considera que h uma coexisncia, esabelecendo um processo relacional, uma ve que a condio moderna ainda exise quando a oura condio se configura. O ps-modernismo ermina por revelar uma circunsância que poencialia
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O risco como estratégia |
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do ao simples de rabiscar um papel que muias idéias podem ganhar corpo aé chegar à concreiao. O olhar do arisa percebe a fora daqueles raos iniciais e invese naquele pequeno esboo, consciene de que essa eapa inicial é de vial imporância para o seu processo criaivo. Correr o risco de dar aeno a idéias aparenemene simples pode ser uma aiude esraégica para esabelecer a densidade das quesões que o rabalho apresenar no fuuro. Sendo essa eapa fundamenal para o desenvolvimeno de uma poéica, o ao de criar orna-se uma aposa em cada nova idéia e põe o arisa numa siuao de enso permanene. Cada arisa e cada obra em um empo paricular, no qual a maurao da proposa e suas respecivas conseqncias vo se consruindo a parir das informaões que se agregam ao processo e à vivncia coidiana do rabalho. É nesse empo de concepo, que vamos (no mpeo da criao) nomear mmentateliê, ateliê, que o arisa consegue exercer plena liberdade sobre suas inenões para com a obra a ser desenvolvida. Pode ser que al obra no ainja seus propsios ou que nunca seja execuada, mas é nesse empo de xase criaivo que o arisa se põe a imaginar que riscos es disposo a correr para pr suas idéias em prica. No se raa de propor o risco como esraégia de consruo da are, mas de afirmar que oda obra de are pressupõe a necessidade de arriscar, caso conrrio observaremos somene a repeio de procedimenos e aiudes que resulam em rabalhos isenos do embae criaivo. Analisar uma idéia embrionria e enar, a parir daqueles poucos elemenos, omar uma série de decisões que vo consruindo paralelamene o rabalho e o arisa – que, al qual o esboo de linhas simples, vai ambém assumindo formas mais precisas no que di respeio à sua posura com relao ao seu processo de criao e ao encaminhameno do seu rabalho, no confrono com as diferenes eapas (criao, produo, veiculao e comercialiao), que podem ser assimiladas ou no, segundo seus ideais. É esse o momeno de definio das parcerias que se deseja, de perceber quais as possibilidades do rabalho. Ponuar dvidas e raar meas. O que no significa que, ao longo do caminho, as decisões no se alerem. Arriscar pressupõe dier que algumas das regras que vm sendo seguidas podem ser quebradas a qualquer empo. Regras dos modos de faer e pensar are so reesruuradas para dar margem a ouros caminhos, nos quais o ao de criar e recriar passa a ser um exerccio naural ao arisa. Esse mment-ateliê, mment-ateliê, que no raro provoca angsia em muios arisas, xase em ouros ou, ainda, um miso das duas sensaões, é de fundamenal imporância e ainda pouco enendido e pouco assisido por grande pare das esruuras de incenivo à produo arsica, devido a seu carer nimo e invisvel. Assemelha-se a ficar horas na coinha preparando um delicioso prao. Quem degusa no sabe a maré de odores, sabores, emperauras e um sem-fim de f i a t m os os t r a b r as as i l
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Jred Domcio
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do ao simples de rabiscar um papel que muias idéias podem ganhar corpo aé chegar à concreiao. O olhar do arisa percebe a fora daqueles raos iniciais e invese naquele pequeno esboo, consciene de que essa eapa inicial é de vial imporância para o seu processo criaivo. Correr o risco de dar aeno a idéias aparenemene simples pode ser uma aiude esraégica para esabelecer a densidade das quesões que o rabalho apresenar no fuuro. Sendo essa eapa fundamenal para o desenvolvimeno de uma poéica, o ao de criar orna-se uma aposa em cada nova idéia e põe o arisa numa siuao de enso permanene. Cada arisa e cada obra em um empo paricular, no qual a maurao da proposa e suas respecivas conseqncias vo se consruindo a parir das informaões que se agregam ao processo e à vivncia coidiana do rabalho. É nesse empo de concepo, que vamos (no mpeo da criao) nomear mmentateliê, ateliê, que o arisa consegue exercer plena liberdade sobre suas inenões para com a obra a ser desenvolvida. Pode ser que al obra no ainja seus propsios ou que nunca seja execuada, mas é nesse empo de xase criaivo que o arisa se põe a imaginar que riscos es disposo a correr para pr suas idéias em prica. No se raa de propor o risco como esraégia de consruo da are, mas de afirmar que oda obra de are pressupõe a necessidade de arriscar, caso conrrio observaremos somene a repeio de procedimenos e aiudes que resulam em rabalhos isenos do embae criaivo. Analisar uma idéia embrionria e enar, a parir daqueles poucos elemenos, omar uma série de decisões que vo consruindo paralelamene o rabalho e o arisa – que, al qual o esboo de linhas simples, vai ambém assumindo formas mais precisas no que di respeio à sua posura com relao ao seu processo de criao e ao encaminhameno do seu rabalho, no confrono com as diferenes eapas (criao, produo, veiculao e comercialiao), que podem ser assimiladas ou no, segundo seus ideais. É esse o momeno de definio das parcerias que se deseja, de perceber quais as possibilidades do rabalho. Ponuar dvidas e raar meas. O que no significa que, ao longo do caminho, as decisões no se alerem. Arriscar pressupõe dier que algumas das regras que vm sendo seguidas podem ser quebradas a qualquer empo. Regras dos modos de faer e pensar are so reesruuradas para dar margem a ouros caminhos, nos quais o ao de criar e recriar passa a ser um exerccio naural ao arisa. Esse mment-ateliê, mment-ateliê, que no raro provoca angsia em muios arisas, xase em ouros ou, ainda, um miso das duas sensaões, é de fundamenal imporância e ainda pouco enendido e pouco assisido por grande pare das esruuras de incenivo à produo arsica, devido a seu carer nimo e invisvel. Assemelha-se a ficar horas na coinha preparando um delicioso prao. Quem degusa no sabe a maré de odores, sabores, emperauras e um sem-fim de f i a t m os os t r a b r as as i l
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delicadas percepões que so experimenadas anes que o prao seja poso à mesa para ser consumido. A experincia do arisa de observar, senir, propor, definir maeriais, siuaões, imagens, formas e relaões exige empo para compreender as conexões que podem ser esabelecidas denro dos criérios da poéica a ser consruda.
que nese momeno ocupam os espaos exposiivos acabam por se infilrar em muias reas. A are alimena muias fones. O design das nossas roupas, relgios, carros, as imagens da publicidade, a aparncia dos sofwares e dos compuadores... A informao produida por arisas, depois de assimilada, é incorporada em udo que nos cerca e chega ao coidiano sem que possamos perceber como essa aproximao E, afinal, o que esamos chamando de ares visuais? aconece. Para um pblico acosumado à velocidade Ser que essa designao ainda nos serve? Depois de da eleviso, parar e observar o que es aconecendo observar udo que foi experimenado por Lygia Clark é uma arefa rdua. e Hélio Oiicica, é ineressane imaginar a disância enre a produo conemporânea de are e sua absoro O dilogo enre pblico e espaos de are em ganhapor pare do pblico e de muios profissionais ligados do cada ve mais aeno e as insiuiões, por meio a esse campo. J ulrapassamos alguns cdigos e er- de rabalhos educaivos, oferecem aos visianes alguminologias e ainda assim no soubemos criar ouros mas informaões essenciais para apreciao das obras que pudessem acompanhar de forma coerene essas de are. É de fundamenal imporância colaborar para manifesaões da aualidade. O embae da relao en- que uma exposio possa de fao gerar uma discusre o pblico e as manifesaões conemporâneas de so sobre suas emicas, seja por meio de conversas are ornou-se assuno consane enre as insiuiões com arisas e ericos da are, seja com moniorias, de culura e de educao. oficinas ou publicaões. Caso conrrio, eremos exposiões que no geram conhecimeno nem deixam O fao é que a hisria da are caminhou à pare das marcas do rabalho realiado. Embora seja um pronossas esruuras educacionais e o rabalho de aproxi- cesso leno, o rabalho de insigar o pblico de are mao depois de ano empo s reala o esranhamen- pode ser exremamene favorvel ao desenvolvimeno o j conido na maioria das obras. A cada exposio de um cidado mais crico e malevel com as diferenvisiada, o pblico parece abrir um ba de surpresas, as culurais o comuns ao nosso pas. E quando isso no qual essa “nova” condio da produo arsica li- ocorrer, provavelmene eremos criado um pblico eralmene invade os espaos e cria circunsâncias inu- ainda mais assduo e enusiasmado pelas ares. siadas para aqueles cujo imaginrio de are ainda es ligado às quesões clssicas da pinura e esculura. Nossas insiuiões culurais m ido um papel de desaque como propulsoras da culura. É inegvel o Esas novas relaões com a are so consrudas a rabalho que realiam e as esruuras que possuem parir do conao direo com as obras exposas aos para abrigar as exposiões e acervos. Mas a produo olhares que se dispuserem a vasculhar os dealhes de are brasileira é muio maior do que o nmero de de cada uma delas. O risco, aqui, é esar diane de espaos exisenes para absorv-la. Precisamos eno muios universos diferenes e er de enfrenar alguns olhar para um formao de insiuio mais elemenar abus, siuaões de enso e quesionamenos sobre e de auao mais silenciosa do que aquele das grannossas convicões aparenemene aparenemene o bem esabele- des corporaões, pois nem odos os arisas circulam cidas nos papéis sociais que exercemos no dia-a-dia. das formas ou pelos lugares convencionais. Para que O pblico da are no é somene aquele que aprecia, algumas organiaões de arisas possam garanir sua mas aquele que se areve. Para gosar de are é ne- exisncia e er liberdade de se posicionar como quescessrio QUERER ver are. ionadoras dos organismos gerenciadores da culura, exisem ouros circuios de are que no eso nos jorE are nem sempre é aquilo que queremos ver. Poran- nais, nem na eleviso, mas que funcionam de forma o, cabe ao pblico arriscar o convvio com essas ma- eficiene, em iniciaivas que m na inerne seu maior nifesaões, que podem lhe raer experincias pari- insrumeno de divulgao e possuem uma imensa culares de enendimeno sobre o mundo em odos os capacidade de agir em rede, acionando os coleivos seus aspecos. As informaões da produo arsica de vrias localidades.
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As dimensões do Brasil raem uma série de conseqncias para essas formas de organiao. Cada local acaba por er peculiaridades que passam a deerminar ceras condiões de produo. Para alguns arisas, a presena das condiões adversas gera uma produo que se desenvolve com mais desenvolura e grande liberdade de experimenao. O lugar alernaivo ornase lugar de fao. A idéia de insiuio passa a ser aquela resulane de uma organiao esponânea em busca de ouras maneiras de visibilidade das aões em are. Produir are no Brasil significa saber adapar-se às condiões dadas, renovando-as e dialogando com a produo nacional a parir de cdigos gerais e pariculares. Movimenaões como as dos dois coleivos selecionados para o Fia Mosra Brasil – Grupo Empreza (GO) e GIA, Grupo de Inerferncia Ambienal (BA) – so exemplos de uma produo para a qual a relao com as insiuiões radicionais é apenas um dos elemenos que podem conribuir para a coninuidade dos seus rabalhos, e que pare da cerea de possuir oda auonomia para agir nos mais variados conexos. Exisem por odo o Brasil muias dessas iniciaivas independenes e que respondem por uma boa parcela do que se produ de significaivo em are aqui. Essa posura dos arisas ra uma provocao às formas radicionais de incenivo culural. A crica ao formao exaurido dos salões de are ornou-se lugar-comum, assim como a ansiosa busca por ouros formaos. Vide as aões da Bolsa Pampulha (MG), o Salo de Ares Plsicas de Pernambuco (que, apesar de conservar o ermo “salo”, premia arisas com bolsas) e a Bolsa Marcanonio Vilaa do CNI/SESI, alve uma das aões de maior repercusso nesse senido. tais iniciaivas invesem no processo de formao dos arisas, ao conrrio dos formaos radicionais que focavam sua aeno no eveno. Apesar do formao ainda prximo dos salões radicionais, o edial do Fia Mosra Brasil rouxe uma série de mudanas e muias quesões. tano para os arisas, confusos com as novas regras, quano para oda a equipe de produo, que buscava se adapar às novas demandas. ter o risco como esraégia pressupõe um olhar abero e aeno ao grande acmulo de informaões conidas nos mais de 2.800 porflios analisados. A arefa de avaliar odo aquele maerial em busca
de arisas que pudessem compor um olhar sobre a are brasileira era, de anemo, basane preensiosa. A diversidade de idéias deixava bem claro que poderamos selecionar muio mais do que rina arisas represenaivos e consruir vrios ipos de percepo sobre nossa produo. Mas, eno, conseguimos chegar a uma represenao real do que se produ na are brasileira? Sim, mas no a nica, e nem definiiva. Apenas um olhar sobre a produo nacional a parir de arisas que no so grandes nomes das ares, provavelmene no eso vinculados a grandes galerias e, em alguns casos, possuem obras com caracersicas que dificulam sua insero no mercado de are. So obras e arisas que, por um meio ou ouro, escolheram er o risco como esraégia. Seja um risco com om de delicadea, como nos rabalhos de Mariana Silva da Silva, Felipe Cohen e Daniel trench, Lui Roque Filho, Raquel Solf, Fabiana Wielewicki, Kaia Praes e Milena travassos; seja por uma endncia naural ao risco como processo, como nas obras de Bruno Faria, dos coleivos GIA e Grupo Empreza, de Mara Neves, e das arisas Adriana Barreo e Bruna Mansani. Nos projeos a serem execuados, a aiude no é s aposar na idéia, mas no indivduo que vai execula. Suas inenões e a seriedade com que vem desenvolvendo suas obras. trabalhos como as esculuras de Henrique Oliveira, que parecem engolir os espaos exposiivos, ou o pequeno livro de foos de Mariane Roer so bons exemplos dessas aposas. A ecnologia, enendida como supore das poéicas arsicas, é uiliada em rabalhos insiganes como o “objeo ansioso” de Ricardo Crisofaro ou nas obras de Vera Bighei, Marha Gabriel, Marcus Basos e Andrei thoma. As gravuras do arisa Marcelo Moschea, as pinuras de Leonora Weissmann e as de Rodrigo Freias convivem com a performance de Nydia Negromone, com as “pinuras” de Daniel Escobar e com as insalaões de Fabola tasca e de Rodrigo Borges. Alguns ouros aposam no embae direo com o meio urbano, como nas obras dos coleivos mm no é confee e Vulgo, e de Crisiano Lenhard. temos ainda thais Ueda, selecionada na caegoria tpdia(uma tpdia (uma das novidades do edial). todos compondo uma exposio que ousa ser uma amosra da poncia da are brasileira.
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delicadas percepões que so experimenadas anes que o prao seja poso à mesa para ser consumido. A experincia do arisa de observar, senir, propor, definir maeriais, siuaões, imagens, formas e relaões exige empo para compreender as conexões que podem ser esabelecidas denro dos criérios da poéica a ser consruda.
que nese momeno ocupam os espaos exposiivos acabam por se infilrar em muias reas. A are alimena muias fones. O design das nossas roupas, relgios, carros, as imagens da publicidade, a aparncia dos sofwares e dos compuadores... A informao produida por arisas, depois de assimilada, é incorporada em udo que nos cerca e chega ao coidiano sem que possamos perceber como essa aproximao E, afinal, o que esamos chamando de ares visuais? aconece. Para um pblico acosumado à velocidade Ser que essa designao ainda nos serve? Depois de da eleviso, parar e observar o que es aconecendo observar udo que foi experimenado por Lygia Clark é uma arefa rdua. e Hélio Oiicica, é ineressane imaginar a disância enre a produo conemporânea de are e sua absoro O dilogo enre pblico e espaos de are em ganhapor pare do pblico e de muios profissionais ligados do cada ve mais aeno e as insiuiões, por meio a esse campo. J ulrapassamos alguns cdigos e er- de rabalhos educaivos, oferecem aos visianes alguminologias e ainda assim no soubemos criar ouros mas informaões essenciais para apreciao das obras que pudessem acompanhar de forma coerene essas de are. É de fundamenal imporância colaborar para manifesaões da aualidade. O embae da relao en- que uma exposio possa de fao gerar uma discusre o pblico e as manifesaões conemporâneas de so sobre suas emicas, seja por meio de conversas are ornou-se assuno consane enre as insiuiões com arisas e ericos da are, seja com moniorias, de culura e de educao. oficinas ou publicaões. Caso conrrio, eremos exposiões que no geram conhecimeno nem deixam O fao é que a hisria da are caminhou à pare das marcas do rabalho realiado. Embora seja um pronossas esruuras educacionais e o rabalho de aproxi- cesso leno, o rabalho de insigar o pblico de are mao depois de ano empo s reala o esranhamen- pode ser exremamene favorvel ao desenvolvimeno o j conido na maioria das obras. A cada exposio de um cidado mais crico e malevel com as diferenvisiada, o pblico parece abrir um ba de surpresas, as culurais o comuns ao nosso pas. E quando isso no qual essa “nova” condio da produo arsica li- ocorrer, provavelmene eremos criado um pblico eralmene invade os espaos e cria circunsâncias inu- ainda mais assduo e enusiasmado pelas ares. siadas para aqueles cujo imaginrio de are ainda es ligado às quesões clssicas da pinura e esculura. Nossas insiuiões culurais m ido um papel de desaque como propulsoras da culura. É inegvel o Esas novas relaões com a are so consrudas a rabalho que realiam e as esruuras que possuem parir do conao direo com as obras exposas aos para abrigar as exposiões e acervos. Mas a produo olhares que se dispuserem a vasculhar os dealhes de are brasileira é muio maior do que o nmero de de cada uma delas. O risco, aqui, é esar diane de espaos exisenes para absorv-la. Precisamos eno muios universos diferenes e er de enfrenar alguns olhar para um formao de insiuio mais elemenar abus, siuaões de enso e quesionamenos sobre e de auao mais silenciosa do que aquele das grannossas convicões aparenemene aparenemene o bem esabele- des corporaões, pois nem odos os arisas circulam cidas nos papéis sociais que exercemos no dia-a-dia. das formas ou pelos lugares convencionais. Para que O pblico da are no é somene aquele que aprecia, algumas organiaões de arisas possam garanir sua mas aquele que se areve. Para gosar de are é ne- exisncia e er liberdade de se posicionar como quescessrio QUERER ver are. ionadoras dos organismos gerenciadores da culura, exisem ouros circuios de are que no eso nos jorE are nem sempre é aquilo que queremos ver. Poran- nais, nem na eleviso, mas que funcionam de forma o, cabe ao pblico arriscar o convvio com essas ma- eficiene, em iniciaivas que m na inerne seu maior nifesaões, que podem lhe raer experincias pari- insrumeno de divulgao e possuem uma imensa culares de enendimeno sobre o mundo em odos os capacidade de agir em rede, acionando os coleivos seus aspecos. As informaões da produo arsica de vrias localidades.
As dimensões do Brasil raem uma série de conseqncias para essas formas de organiao. Cada local acaba por er peculiaridades que passam a deerminar ceras condiões de produo. Para alguns arisas, a presena das condiões adversas gera uma produo que se desenvolve com mais desenvolura e grande liberdade de experimenao. O lugar alernaivo ornase lugar de fao. A idéia de insiuio passa a ser aquela resulane de uma organiao esponânea em busca de ouras maneiras de visibilidade das aões em are. Produir are no Brasil significa saber adapar-se às condiões dadas, renovando-as e dialogando com a produo nacional a parir de cdigos gerais e pariculares. Movimenaões como as dos dois coleivos selecionados para o Fia Mosra Brasil – Grupo Empreza (GO) e GIA, Grupo de Inerferncia Ambienal (BA) – so exemplos de uma produo para a qual a relao com as insiuiões radicionais é apenas um dos elemenos que podem conribuir para a coninuidade dos seus rabalhos, e que pare da cerea de possuir oda auonomia para agir nos mais variados conexos. Exisem por odo o Brasil muias dessas iniciaivas independenes e que respondem por uma boa parcela do que se produ de significaivo em are aqui. Essa posura dos arisas ra uma provocao às formas radicionais de incenivo culural. A crica ao formao exaurido dos salões de are ornou-se lugar-comum, assim como a ansiosa busca por ouros formaos. Vide as aões da Bolsa Pampulha (MG), o Salo de Ares Plsicas de Pernambuco (que, apesar de conservar o ermo “salo”, premia arisas com bolsas) e a Bolsa Marcanonio Vilaa do CNI/SESI, alve uma das aões de maior repercusso nesse senido. tais iniciaivas invesem no processo de formao dos arisas, ao conrrio dos formaos radicionais que focavam sua aeno no eveno. Apesar do formao ainda prximo dos salões radicionais, o edial do Fia Mosra Brasil rouxe uma série de mudanas e muias quesões. tano para os arisas, confusos com as novas regras, quano para oda a equipe de produo, que buscava se adapar às novas demandas. ter o risco como esraégia pressupõe um olhar abero e aeno ao grande acmulo de informaões conidas nos mais de 2.800 porflios analisados. A arefa de avaliar odo aquele maerial em busca
de arisas que pudessem compor um olhar sobre a are brasileira era, de anemo, basane preensiosa. A diversidade de idéias deixava bem claro que poderamos selecionar muio mais do que rina arisas represenaivos e consruir vrios ipos de percepo sobre nossa produo. Mas, eno, conseguimos chegar a uma represenao real do que se produ na are brasileira? Sim, mas no a nica, e nem definiiva. Apenas um olhar sobre a produo nacional a parir de arisas que no so grandes nomes das ares, provavelmene no eso vinculados a grandes galerias e, em alguns casos, possuem obras com caracersicas que dificulam sua insero no mercado de are. So obras e arisas que, por um meio ou ouro, escolheram er o risco como esraégia. Seja um risco com om de delicadea, como nos rabalhos de Mariana Silva da Silva, Felipe Cohen e Daniel trench, Lui Roque Filho, Raquel Solf, Fabiana Wielewicki, Kaia Praes e Milena travassos; seja por uma endncia naural ao risco como processo, como nas obras de Bruno Faria, dos coleivos GIA e Grupo Empreza, de Mara Neves, e das arisas Adriana Barreo e Bruna Mansani. Nos projeos a serem execuados, a aiude no é s aposar na idéia, mas no indivduo que vai execula. Suas inenões e a seriedade com que vem desenvolvendo suas obras. trabalhos como as esculuras de Henrique Oliveira, que parecem engolir os espaos exposiivos, ou o pequeno livro de foos de Mariane Roer so bons exemplos dessas aposas. A ecnologia, enendida como supore das poéicas arsicas, é uiliada em rabalhos insiganes como o “objeo ansioso” de Ricardo Crisofaro ou nas obras de Vera Bighei, Marha Gabriel, Marcus Basos e Andrei thoma. As gravuras do arisa Marcelo Moschea, as pinuras de Leonora Weissmann e as de Rodrigo Freias convivem com a performance de Nydia Negromone, com as “pinuras” de Daniel Escobar e com as insalaões de Fabola tasca e de Rodrigo Borges. Alguns ouros aposam no embae direo com o meio urbano, como nas obras dos coleivos mm no é confee e Vulgo, e de Crisiano Lenhard. temos ainda thais Ueda, selecionada na caegoria tpdia(uma tpdia (uma das novidades do edial). todos compondo uma exposio que ousa ser uma amosra da poncia da are brasileira.
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Osíris contemporâneo |
Séphane Huche
É
habiual exigir da are que ela inove. Uma grande maioria dos ediais de mosras e salões que esabelecem regras e criérios para a recepo e a seleo de rabalhos arsicos ambém privilegia a noo de novidade – sem, alis, nunca dier o que a define. Muias vees, a lisa das ecnologias mais avanadas de produo arsica fa ofcio de criério. Agora, enregar apenas o cerne do “novo” às caegorias écnicas redu a queso a seus aspecos pricos e leva a uma operao de capura e de ofuscameno da dimenso emporal, hisrica e crica mais complexa com a qual oda obra de are se relaciona ineviavelmene. Pensar que o “novo” depende do uso de recursos ecnolgicos mais recenes para ser averiguado no resolve o eor da inovao, que é, a nosso ver, muio mais de ordem do simblico e de uma concepo crica das relaões criadas pelo rabalho. No fundo, a exigncia ainda obsessiva do “novo” reflee uma siuao sinomica, na qual a diminuio real da inovao na are geraria um miso de reluância e de indisposio ao fao de a crieriologia clara e evidene promulgada pelo modernismo – a hisria é a hisria das rupuras – er perdido sua perinncia hoje. De seis em seis meses, aparece uma chamada de novos rumos, manifesando a espécie de “pânico” subconsciene que oma cona de ceras insâncias curaoriais frene à inexisncia real de inovaões que revolucionariam o cenrio da are. Hoje, muias vees o chamado “novo” no o é e s parece s-lo porque exise um esquecimeno rapidssimo da produo recene e menos recene. traa-se da gerao quase insiucional de um palimpseso que esvaia a memria para melhor preencher na hora seus vaios.
Ao mesmo empo, é da naurea da are criar proposas visuais e plsicas para faer cinilar algo na noie do senido. A siuao é complexa porque o conceio esvaiado de “novo” no d cona de preencher um ouro conceio, o de “are”, ele mesmo submeido desde os anos 1960 a urbulncias incessanes. Esas, hoje, no so em nada rupuras ou quebras, mas configuraões produivas paradoxais. Com efeio, al ou al proposa arsica, sua evenual capacidade de apariçã e de cnvicçã – capacidade que represena um desafio no meio da proliferao das pricas idiossincricas idiossincricas e do grande caleidoscpio arsico hodierno – podem muio bem susenar visualidades e manifesaões impacanes, mas raramene conseguem apagar o senimeno de no erem mais o p oder de se desacarem irreduivelmene das camadas mais leais do espao da are no qual se inserem. “Leal”, o grande pla da are – pla da coabiao e da jusaposio das pricas e dos veculos, pla verdadeiramene assumido e consumado do mltimídia écnico, no qual cabem odas as caegorias proposas no edial do Fia Mosra Brasil, pla no qual as operaões arsicas, e as modificaões que realiam, no podem remover o subsolo hipersaurado da are. f i a t m os os t r a b r as as i l
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Séphane Huche
É
habiual exigir da are que ela inove. Uma grande maioria dos ediais de mosras e salões que esabelecem regras e criérios para a recepo e a seleo de rabalhos arsicos ambém privilegia a noo de novidade – sem, alis, nunca dier o que a define. Muias vees, a lisa das ecnologias mais avanadas de produo arsica fa ofcio de criério. Agora, enregar apenas o cerne do “novo” às caegorias écnicas redu a queso a seus aspecos pricos e leva a uma operao de capura e de ofuscameno da dimenso emporal, hisrica e crica mais complexa com a qual oda obra de are se relaciona ineviavelmene. Pensar que o “novo” depende do uso de recursos ecnolgicos mais recenes para ser averiguado no resolve o eor da inovao, que é, a nosso ver, muio mais de ordem do simblico e de uma concepo crica das relaões criadas pelo rabalho. No fundo, a exigncia ainda obsessiva do “novo” reflee uma siuao sinomica, na qual a diminuio real da inovao na are geraria um miso de reluância e de indisposio ao fao de a crieriologia clara e evidene promulgada pelo modernismo – a hisria é a hisria das rupuras – er perdido sua perinncia hoje. De seis em seis meses, aparece uma chamada de novos rumos, manifesando a espécie de “pânico” subconsciene que oma cona de ceras insâncias curaoriais frene à inexisncia real de inovaões que revolucionariam o cenrio da are. Hoje, muias vees o chamado “novo” no o é e s parece s-lo porque exise um esquecimeno rapidssimo da produo recene e menos recene. traa-se da gerao quase insiucional de um palimpseso que esvaia a memria para melhor preencher na hora seus vaios.
Ao mesmo empo, é da naurea da are criar proposas visuais e plsicas para faer cinilar algo na noie do senido. A siuao é complexa porque o conceio esvaiado de “novo” no d cona de preencher um ouro conceio, o de “are”, ele mesmo submeido desde os anos 1960 a urbulncias incessanes. Esas, hoje, no so em nada rupuras ou quebras, mas configuraões produivas paradoxais. Com efeio, al ou al proposa arsica, sua evenual capacidade de apariçã e de cnvicçã – capacidade que represena um desafio no meio da proliferao das pricas idiossincricas idiossincricas e do grande caleidoscpio arsico hodierno – podem muio bem susenar visualidades e manifesaões impacanes, mas raramene conseguem apagar o senimeno de no erem mais o p oder de se desacarem irreduivelmene das camadas mais leais do espao da are no qual se inserem. “Leal”, o grande pla da are – pla da coabiao e da jusaposio das pricas e dos veculos, pla verdadeiramene assumido e consumado do mltimídia écnico, no qual cabem odas as caegorias proposas no edial do Fia Mosra Brasil, pla no qual as operaões arsicas, e as modificaões que realiam, no podem remover o subsolo hipersaurado da are. f i a t m os os t r a b r as as i l
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Usamos o ermo “modificaões” arsicas porque envolve melhor a idéia de que as diversas proposas hoje em ao no cenrio da are dividem e comparilham um mesmo solo hisrico sobre o qual decidem como invenar e criar modos de diferenciao que permiam configurar um ac-cidene ac-cidene simblico, um event territrial . Por ac-cidene ac-cidene (conservando o sufixo laino), no queremos sugerir a no-necessidade da are, mas o fao de que ela procede hoje à insiuio de uma dinâmica mais breve e elegrfica, na forma – privilegiada desde o romanismo alemo e reinaugurada pela colagem e pela monagem nas vanguardas do incio do século XX – do frament cr(el) e crcial . A are no é mais capa de esruurar uma viso sinéica do mundo. Ela se mosra muio mais ineressada em criar cir-cun-sâncias... A are cerne, circunscreve, circunda; cria rimos icnicos, inervalos cricos, (in) stâncias. stâncias. O que caraceria a are conemporânea é uma pulso performica que procura faer da proposa arsica uma maneira mvel de crrer . Agora, resa saber se a are de hoje, por mais prxima que parea ser das dinâmicas ressaladas por Jean-Franois Lyoard na grande época das experimenaões arsicas – “e se devssemos levar a sério no a apresenao, mas a mera produo; no o apagameno (represenaivo), mas a inscrio; [...] no a significao, mas a energéica [...], a imediaea de produir em qualquer lugar; no a localiao, mas a deslocaliao perpéua?”1 – no as mimeiaria em seu vigor para melhor reerrioriali-las, confirmando que o desafio hoje fica por pare o mesmo, a fora araiva do subsolo endo aumenado muio desde 1972...
1 | LYOtARD, JeanFranois, “Capialisme énergumène” IN: Des dispsitifs plsinnels, plsinnels, Paris, Chrisian Bourgois Edieur, 1980, p. 9. 2 | Ficou claro que esses “proponenes”, aravés de seus objeos, logravam griar para serem ouvidos. Grios usando de recursos formais, imaginrios visuais demonsrando uma oal ausncia de culura no campo da hisria da are, uma ausncia de disanciameno crico, a adoo de referenciais formais oalmene obsoleos.
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A are se propõe ambém a faer irrupo na eia das relaões sociais, no senido amplo do ermo, ariculando as vrias redes que elas desenham. Aqui, poderia enrar em jogo a lisa infinia dos subsanivos, adjeivos e aribuos que a are em por vocao inerrogar, invesigar, diferenciar e espelhar: odas as noões da semânica humana. Quais so os objeos da are hoje? A resposa poderia corresponder à fico borgesiana de um mapa – a resposa ideal – que recobriria por ineiro os erririos que mapeia, seus relevos, seus vales, seus rios, suas cidades, suas eminncias e suas depressões ec., ou caber simplesmene na seguine frase: tda a ex periência mana (e, inclusive, a sobre-humana ou a no-humana). Quais objeos, quais disposiivos, quais
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proposas os arisas põem em circulao? Os Fragmenos do Grande Espelho do Mundo... Neles, o pblico pode (se) ver, iso é, enxergar o que j conhece, o que di j saber ou preender saber do mundo. traase de simulacros. No enano, o pblico pode er um ouro ipo de conao com os mliplos pedaos desse Espelho fragmenado: se os conhecer por seus perfis simblicos coranes, experimenar seu eor dilacerador. O pblico, como ambém os cricos e curadores, podem preferir o reflexo como simulacro ou o perfil dilacerador que queima a recepo. So os arisas que decidem invesir mais um ou ouro aspeco. É o que aconece com os arisas do Fia Mosra Brasil. O que ineressou à equipe curadora foram as possibilidades de mesclar as siuaões e as especificidades a parir de um maerial arsico consiudo pela porcenagem maior de rabalhos que, durane o processo da escolha, se mosraram em condio de se susenarem, conrasando com uma mulido assusadora de proposas oriundas daquilo que os franceses chamam de peintres d dimance. Durane o processo de seleo, cada curador eve a oporunidade de ser confronado com a queso de definir o que é are ou no. A hegemonia do kitsc e das fanasias mais escabrosas em 95% dos dossis mosrou como as monsruosas e fascinanes enranhas do inconsciene pequeno-burgus – quando ese deseja superar o nvel reles da exisncia e a imediaice do sensvel, e invenar alguma simbolicidade – no m a mnima condio de ser depuradas num processo formal e “linguagéico”, porque lhes fala, para isso, a culura arsica e hisrica necessria. 2 No enraremos aqui na queso abissal de saber o que é are – ninguém mais responde a essa perguna –, mas é evidene que cada um de ns precisa pré-solucion-la para poder comear a rabalhar como hisoriador ou crico. Os arisas do Fia Mosra Brasil paricipam odos de um ouro meio da are, iso é, uma microssociedade que em conscincia do que a produo arsica significa em ermos de desafios e de jogos de linguagem com um cero referencial hisrico-crico. É nessa conscincia que odos se enconram e convergem. também é por essa rao que, além das disjunões enre proposas para o espao da exposio e proposas para o espao exerno, os arisas do Fia Mosra Brasil s disribuem suas diferenas denro de um sisema da are. As enaivas de expanso fora dele nunca conse-
guem desru-lo: o sisema vive ambém delas e gosa às insalaões que invesem na inerespecificidade dos dos “filhos prdigos” que esicam o cordo umbilical medims (pinura/esculura, pinura/foografia ec.), à ao exremo sem se decidirem a desamarr-lo defini- presena de resqucios aparenemene irreduveis de ivamene de seu n inicial. Na verdade, o fao de a patterns icnicos de origem picrica e grfica em cer“dissoluo da are na vida” quase nunca ser realiada os rabalhos digiais – precipiados ao mesmo empo pelos arisas em a ver com a lgica arsica. Essa neo-arcaicos e ecnolgicos do cromaismo absrao diluio apagaria ineiramene o rasro da passagem. –, às no-narraivas de algumas foografias e de alEsa lima deixaria de exisir e de se maner minima- guns vdeos, às suas eséicas da desacelerao, da mene visvel. O filsofo Jacques Rancière demonsrou suspenso do empo e da conemplao e às modalimuio bem que a are, para gerar impaco criaivo e dades visuais e semiicas do conceiualismo ec., no produivo na realidade e na vida, no pode renunciar poderamos pergunar se e por que esses rabalhos, à sua auonomia como espao experimenal e labora- exposos denro do cubo branco, seriam finalmene orial. A essncia da operao arsica é de prde pr-duir duir menos “policos” ou eriam inencionalidades menos uma mnima visualidade, de perde per-formar formar uma mnima “policas”? É sempre imporane refleir se, em ceros visibilidade, de in-salar in-salar uma mnima aparncia, de rabalhos arsicos, o “polico” no exisiria ambém mdlar uma mdlar uma mnima apario e expresso para que a na prpria ariculao dos signos, sem depender de proposa consisa, insisa e persisa. uma siuao aparenemene mais prxima do conceio em queso, por exemplo, um conexo como As pricas de grupos e coleivos, as inervenões di- a cidade, uma comunidade ou uma coleividade. Em as urbanas, as performances na margem do empo nome de que negaramos o carer de serem ambém ecnico, as aões ineraivas, as derivas neo-siua- “policos” à lenido, à afirmao da imagem como cionisas, as fascinanes e apaixonanes icas de correlao de uma conemplao, à ransformao da reinveno do coidiano ec. parecem aricular suas imagem em supore de mediao? Em nosso munlgicas e definir parâmeros que ajunariam, como do, oda imagem da desacelerao veicula uma inenpano de fundo, ano a recene “eséica relacional” cionalidade polica, porque j cora o fluxo velo da de Nicolas Bourriaud (anos 2000) quano as “ares do mercadoria e os mecanismos violenos de condicionafaer” de Michel de Cereau (1980), iso é, a aricula- meno e da alienao. o da “linguagem ordinria” e do “lugar-comum”, do “cada um” e do “ninguém”.3 Consiuem encenaões No conjuno das proposas e das siuaões, raa-se, que convocam impliciamene o conceio de “are porano, de diferenas e de uma “polica” intra-arintra-arpolica”, caegoria muio complexa à qual, por fala sica. O Fia Mosra Brasil paricipa do mundo e do de espao, no podemos aqui consagrar as devidas meio da are, com a confirmao de que o deslocaconsideraões. Na hisria da are recene – sem re- meno no escapa à regulao insiucional, ano no gredirmos aé o bufo dadasa – o movimeno Fluxus senido do coninene quano no senido de que cada represena sem dvida uma das mais imporanes ex- proposa institi algo. institi algo. Para mover o grande corpus da perincias de criao, dos “modelos” de ao arsi- are, é preciso haver mliplas icas locais susceca ao carer “polico”. É o que lembra o hisoriador veis. O mundo complexo e amplo da are insiuiu de Waler zanini quando, ressalando a “aualidade de maneira o bem aeiada suas funões sismicas que Fluxus”, cia Ken Friedmann. Ese declara que “Fluxus s resa espao, na inensidade das proposas even[inha] mais valor como idéia e como poencial para uais das quais falamos acima, para movimenos mia mudana social do que como grupo concreo de crolgicos. Micrologias de uma microssociedade cuja pessoas ou como coleo de objeos”, acrescenando paricularidade é ser consiuda por seres que direcioque “a viso que Fluxus [inha] da globalidade ine- nam seu rabalho para o exerccio crico da liberdade. gra um enfoque democrico da culura e da vida”.4 É Saudvel exerccio. Saudvel capacidade de aricular fascinane ver que ais moivaões, caracersicas dos proposas, de pensar seu filro formal e processual, de anos 1960, so hoje ainda paricularmene presenes no base-las apenas na imediaice da sensibilidade, no mundo da are. No enano, devemos pergunar se realiando o devir-consciene necessrio ao ao arsesse carer “polico” é monoplio desse ipo de pr- ico denro de um conhecimeno da culura maerial ica. Com efeio, ser que, frene às insalaões in sit, sit, que a hisria da are é.
3 | Ludwig Wigensein confessava que suas invesigaões filosficas da linguagem ordinria – a “prosa do mundo” – lhe davam o senimeno de se ransformar em “selvagem” enendendo equivocadamene a maneira de se exprimir de homens civiliados. De Cereau comena: essa posio “é aquela que consise em ser um esrangeiro em casa, casa, um ‘selvagem’ no meio da culura ordinria, perdido na complexidade do bem-enendido e do bem-enender comum. E como no se ‘sai’ dessa linguagem, que no se pode enconrar um ouro lugar de onde inerprela, que, porano, no exisem inerpreaões falsas e ouras verdadeiras, mas somene inerpreaões ilusrias, que, em suma, no h saída, saída, resa o fao de ser estraneir dentr mas sem fra e, na linguagem corriqueira, de ‘esbarrar conra seus limies’ (…)”, L’inventin d qtidien - 1. Arts de faire , Paris, Gallimard, col. Folio/Essais, 1990, pp. 29-30. Qual a relao do arisa com a prosa do mundo? Ser que o arisa, quando se ransforma em analisa de ceras pricas ordinrias, no almejaria mimeiar (de) denro da are o “selvagem” analico? 4 | Ciado por zANINI, Waler, “A aualidade de Fluxus”, ARS Fluxus”, ARS,, revisa do Deparameno de Ares Plsicas, ECA/USP, ano 4, nº 3, 2004, p. 18.
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Usamos o ermo “modificaões” arsicas porque envolve melhor a idéia de que as diversas proposas hoje em ao no cenrio da are dividem e comparilham um mesmo solo hisrico sobre o qual decidem como invenar e criar modos de diferenciao que permiam configurar um ac-cidene ac-cidene simblico, um event territrial . Por ac-cidene ac-cidene (conservando o sufixo laino), no queremos sugerir a no-necessidade da are, mas o fao de que ela procede hoje à insiuio de uma dinâmica mais breve e elegrfica, na forma – privilegiada desde o romanismo alemo e reinaugurada pela colagem e pela monagem nas vanguardas do incio do século XX – do frament cr(el) e crcial . A are no é mais capa de esruurar uma viso sinéica do mundo. Ela se mosra muio mais ineressada em criar cir-cun-sâncias... A are cerne, circunscreve, circunda; cria rimos icnicos, inervalos cricos, (in) stâncias. stâncias. O que caraceria a are conemporânea é uma pulso performica que procura faer da proposa arsica uma maneira mvel de crrer . Agora, resa saber se a are de hoje, por mais prxima que parea ser das dinâmicas ressaladas por Jean-Franois Lyoard na grande época das experimenaões arsicas – “e se devssemos levar a sério no a apresenao, mas a mera produo; no o apagameno (represenaivo), mas a inscrio; [...] no a significao, mas a energéica [...], a imediaea de produir em qualquer lugar; no a localiao, mas a deslocaliao perpéua?”1 – no as mimeiaria em seu vigor para melhor reerrioriali-las, confirmando que o desafio hoje fica por pare o mesmo, a fora araiva do subsolo endo aumenado muio desde 1972...
1 | LYOtARD, JeanFranois, “Capialisme énergumène” IN: Des dispsitifs plsinnels, plsinnels, Paris, Chrisian Bourgois Edieur, 1980, p. 9. 2 | Ficou claro que esses “proponenes”, aravés de seus objeos, logravam griar para serem ouvidos. Grios usando de recursos formais, imaginrios visuais demonsrando uma oal ausncia de culura no campo da hisria da are, uma ausncia de disanciameno crico, a adoo de referenciais formais oalmene obsoleos.
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A are se propõe ambém a faer irrupo na eia das relaões sociais, no senido amplo do ermo, ariculando as vrias redes que elas desenham. Aqui, poderia enrar em jogo a lisa infinia dos subsanivos, adjeivos e aribuos que a are em por vocao inerrogar, invesigar, diferenciar e espelhar: odas as noões da semânica humana. Quais so os objeos da are hoje? A resposa poderia corresponder à fico borgesiana de um mapa – a resposa ideal – que recobriria por ineiro os erririos que mapeia, seus relevos, seus vales, seus rios, suas cidades, suas eminncias e suas depressões ec., ou caber simplesmene na seguine frase: tda a ex periência mana (e, inclusive, a sobre-humana ou a no-humana). Quais objeos, quais disposiivos, quais
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proposas os arisas põem em circulao? Os Fragmenos do Grande Espelho do Mundo... Neles, o pblico pode (se) ver, iso é, enxergar o que j conhece, o que di j saber ou preender saber do mundo. traase de simulacros. No enano, o pblico pode er um ouro ipo de conao com os mliplos pedaos desse Espelho fragmenado: se os conhecer por seus perfis simblicos coranes, experimenar seu eor dilacerador. O pblico, como ambém os cricos e curadores, podem preferir o reflexo como simulacro ou o perfil dilacerador que queima a recepo. So os arisas que decidem invesir mais um ou ouro aspeco. É o que aconece com os arisas do Fia Mosra Brasil. O que ineressou à equipe curadora foram as possibilidades de mesclar as siuaões e as especificidades a parir de um maerial arsico consiudo pela porcenagem maior de rabalhos que, durane o processo da escolha, se mosraram em condio de se susenarem, conrasando com uma mulido assusadora de proposas oriundas daquilo que os franceses chamam de peintres d dimance. Durane o processo de seleo, cada curador eve a oporunidade de ser confronado com a queso de definir o que é are ou no. A hegemonia do kitsc e das fanasias mais escabrosas em 95% dos dossis mosrou como as monsruosas e fascinanes enranhas do inconsciene pequeno-burgus – quando ese deseja superar o nvel reles da exisncia e a imediaice do sensvel, e invenar alguma simbolicidade – no m a mnima condio de ser depuradas num processo formal e “linguagéico”, porque lhes fala, para isso, a culura arsica e hisrica necessria. 2 No enraremos aqui na queso abissal de saber o que é are – ninguém mais responde a essa perguna –, mas é evidene que cada um de ns precisa pré-solucion-la para poder comear a rabalhar como hisoriador ou crico. Os arisas do Fia Mosra Brasil paricipam odos de um ouro meio da are, iso é, uma microssociedade que em conscincia do que a produo arsica significa em ermos de desafios e de jogos de linguagem com um cero referencial hisrico-crico. É nessa conscincia que odos se enconram e convergem. também é por essa rao que, além das disjunões enre proposas para o espao da exposio e proposas para o espao exerno, os arisas do Fia Mosra Brasil s disribuem suas diferenas denro de um sisema da are. As enaivas de expanso fora dele nunca conse-
guem desru-lo: o sisema vive ambém delas e gosa às insalaões que invesem na inerespecificidade dos dos “filhos prdigos” que esicam o cordo umbilical medims (pinura/esculura, pinura/foografia ec.), à ao exremo sem se decidirem a desamarr-lo defini- presena de resqucios aparenemene irreduveis de ivamene de seu n inicial. Na verdade, o fao de a patterns icnicos de origem picrica e grfica em cer“dissoluo da are na vida” quase nunca ser realiada os rabalhos digiais – precipiados ao mesmo empo pelos arisas em a ver com a lgica arsica. Essa neo-arcaicos e ecnolgicos do cromaismo absrao diluio apagaria ineiramene o rasro da passagem. –, às no-narraivas de algumas foografias e de alEsa lima deixaria de exisir e de se maner minima- guns vdeos, às suas eséicas da desacelerao, da mene visvel. O filsofo Jacques Rancière demonsrou suspenso do empo e da conemplao e às modalimuio bem que a are, para gerar impaco criaivo e dades visuais e semiicas do conceiualismo ec., no produivo na realidade e na vida, no pode renunciar poderamos pergunar se e por que esses rabalhos, à sua auonomia como espao experimenal e labora- exposos denro do cubo branco, seriam finalmene orial. A essncia da operao arsica é de prde pr-duir duir menos “policos” ou eriam inencionalidades menos uma mnima visualidade, de perde per-formar formar uma mnima “policas”? É sempre imporane refleir se, em ceros visibilidade, de in-salar in-salar uma mnima aparncia, de rabalhos arsicos, o “polico” no exisiria ambém mdlar uma mdlar uma mnima apario e expresso para que a na prpria ariculao dos signos, sem depender de proposa consisa, insisa e persisa. uma siuao aparenemene mais prxima do conceio em queso, por exemplo, um conexo como As pricas de grupos e coleivos, as inervenões di- a cidade, uma comunidade ou uma coleividade. Em as urbanas, as performances na margem do empo nome de que negaramos o carer de serem ambém ecnico, as aões ineraivas, as derivas neo-siua- “policos” à lenido, à afirmao da imagem como cionisas, as fascinanes e apaixonanes icas de correlao de uma conemplao, à ransformao da reinveno do coidiano ec. parecem aricular suas imagem em supore de mediao? Em nosso munlgicas e definir parâmeros que ajunariam, como do, oda imagem da desacelerao veicula uma inenpano de fundo, ano a recene “eséica relacional” cionalidade polica, porque j cora o fluxo velo da de Nicolas Bourriaud (anos 2000) quano as “ares do mercadoria e os mecanismos violenos de condicionafaer” de Michel de Cereau (1980), iso é, a aricula- meno e da alienao. o da “linguagem ordinria” e do “lugar-comum”, do “cada um” e do “ninguém”.3 Consiuem encenaões No conjuno das proposas e das siuaões, raa-se, que convocam impliciamene o conceio de “are porano, de diferenas e de uma “polica” intra-arintra-arpolica”, caegoria muio complexa à qual, por fala sica. O Fia Mosra Brasil paricipa do mundo e do de espao, no podemos aqui consagrar as devidas meio da are, com a confirmao de que o deslocaconsideraões. Na hisria da are recene – sem re- meno no escapa à regulao insiucional, ano no gredirmos aé o bufo dadasa – o movimeno Fluxus senido do coninene quano no senido de que cada represena sem dvida uma das mais imporanes ex- proposa institi algo. institi algo. Para mover o grande corpus da perincias de criao, dos “modelos” de ao arsi- are, é preciso haver mliplas icas locais susceca ao carer “polico”. É o que lembra o hisoriador veis. O mundo complexo e amplo da are insiuiu de Waler zanini quando, ressalando a “aualidade de maneira o bem aeiada suas funões sismicas que Fluxus”, cia Ken Friedmann. Ese declara que “Fluxus s resa espao, na inensidade das proposas even[inha] mais valor como idéia e como poencial para uais das quais falamos acima, para movimenos mia mudana social do que como grupo concreo de crolgicos. Micrologias de uma microssociedade cuja pessoas ou como coleo de objeos”, acrescenando paricularidade é ser consiuda por seres que direcioque “a viso que Fluxus [inha] da globalidade ine- nam seu rabalho para o exerccio crico da liberdade. gra um enfoque democrico da culura e da vida”.4 É Saudvel exerccio. Saudvel capacidade de aricular fascinane ver que ais moivaões, caracersicas dos proposas, de pensar seu filro formal e processual, de anos 1960, so hoje ainda paricularmene presenes no base-las apenas na imediaice da sensibilidade, no mundo da are. No enano, devemos pergunar se realiando o devir-consciene necessrio ao ao arsesse carer “polico” é monoplio desse ipo de pr- ico denro de um conhecimeno da culura maerial ica. Com efeio, ser que, frene às insalaões in sit, sit, que a hisria da are é.
3 | Ludwig Wigensein confessava que suas invesigaões filosficas da linguagem ordinria – a “prosa do mundo” – lhe davam o senimeno de se ransformar em “selvagem” enendendo equivocadamene a maneira de se exprimir de homens civiliados. De Cereau comena: essa posio “é aquela que consise em ser um esrangeiro em casa, casa, um ‘selvagem’ no meio da culura ordinria, perdido na complexidade do bem-enendido e do bem-enender comum. E como no se ‘sai’ dessa linguagem, que no se pode enconrar um ouro lugar de onde inerprela, que, porano, no exisem inerpreaões falsas e ouras verdadeiras, mas somene inerpreaões ilusrias, que, em suma, no h saída, saída, resa o fao de ser estraneir dentr mas sem fra e, na linguagem corriqueira, de ‘esbarrar conra seus limies’ (…)”, L’inventin d qtidien - 1. Arts de faire , Paris, Gallimard, col. Folio/Essais, 1990, pp. 29-30. Qual a relao do arisa com a prosa do mundo? Ser que o arisa, quando se ransforma em analisa de ceras pricas ordinrias, no almejaria mimeiar (de) denro da are o “selvagem” analico? 4 | Ciado por zANINI, Waler, “A aualidade de Fluxus”, ARS Fluxus”, ARS,, revisa do Deparameno de Ares Plsicas, ECA/USP, ano 4, nº 3, 2004, p. 18.
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O grande corpus da are vive precisamene de seus deslocamenos inernos, o corpus global acolhendo perfeiamene as movimenaões inernas. O sisema da are é como um grande mecanismo de graviao universal que pode ser de cera maneira manejado se as enaivas de “voar” nele almejarem um ipo de andadura e de energia programicas ainda prximas – sim – daquelas que Lyoard definia em 1972 quando diia: “o empo es chegando de servir e encorajar as divagaões, errando sobre odas as superfcies e fendas imediaas, enchenes de corpo, de hisria, de erra, de linguagem...”5 A are conemporânea parece com o corpo de Osris – o deus egpcio que renasce de seus fragmenos e da noie – fluuando enre as guas dos senidos e o céu da anlise como a anada a anada da medsa. medsa. 5 | LYOtARD, Jean-Franois, op. ci., p. 10.
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O grande corpus da are vive precisamene de seus deslocamenos inernos, o corpus global acolhendo perfeiamene as movimenaões inernas. O sisema da are é como um grande mecanismo de graviao universal que pode ser de cera maneira manejado se as enaivas de “voar” nele almejarem um ipo de andadura e de energia programicas ainda prximas – sim – daquelas que Lyoard definia em 1972 quando diia: “o empo es chegando de servir e encorajar as divagaões, errando sobre odas as superfcies e fendas imediaas, enchenes de corpo, de hisria, de erra, de linguagem...”5 A are conemporânea parece com o corpo de Osris – o deus egpcio que renasce de seus fragmenos e da noie – fluuando enre as guas dos senidos e o céu da anlise como a anada a anada da medsa. medsa. 5 | LYOtARD, Jean-Franois, op. ci., p. 10.
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Para além do plug and play |
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Giselle Beiguelman
A
populariao dos meios digiais na produo arsica imps a reflexo, cara ao filsofo Bruno Laour,1 sobre a necessidade de pensar novos formaos policos capaes de lidar com o ransirio e os arranjos momenâneos; colocou em desaque as esraégias de comparilhameno, em derimeno das relaões ineraivas; fomenou o debae sobre a desmaerialiao da are – mas eve alguns efeios perversos. Por meio do ermo “novas mdias”, revalidou um paradigma incmodo das chamadas “vanguardas” modernisas: a noo de novidade como parâmero crico de anlise. Absorvendo sem criério nomenclauras fceis provenienes de releases “pr-à-porer”, misificou o binmio are/ecnologia, conferindo-lhe um aribuo de marco da conemporaneidade. Fala-se em “novas mdias” como se o adjeivo “novo” fosse capa de definir um reperrio ou uma modalidade de criao. toda mdia, quando surge, é nova. E no é sua novidade o que implica mudana ou ransformaões culurais, episemolgicas e eséicas, mas sim, como evidenciou Guaari,2 os graus de complexidade e pluralidade simblica que agenciam na relao homem/mquina. No que di respeio ao binmio are/ecnologia, como suficiene para idenificar uma deerminada produo conemporânea, é preciso ignorar pelo menos quinhenos anos de hisria e esquecer que a problemaiao da ecnologia no campo da are remona às “mquinas perspécicas” do século XVI3 e, porano, em nada é riburia ao adveno da informica e seus desdobramenos. Diversos projeos presenes no Fia Mosra Brasil parecem confronar essas noões. Ao no ceder ao vaio de nomenclauras do ipo “novas mdias” ou “are/ ecnologia”, obrigam-nos a pensar que esses ermos escondem a dificuldade do sisema de are conemporâneo em absorver a culura de rede e a digialiao do coidiano nas suas expressões mais radicais. Afinal, so definiões que pouco se presam a uma aividade reflexiva que ponha em queso os ranslimies da inerface, as esraégias icas, as pricas de sampleagem e comparilhameno e os desafios da are generaiva.
Interface disfrme, disfrme, de Marcus Basos, é um pono de parida para essas discussões. traa-se de um vdeo ineraivo que disponibilia em um erminal sons e imagens disribudos por camadas sobreposas, num clster audiovisual clster audiovisual em que os fragmenos reunidos resulam num odo irregular. So enrevisas, remixes, remixes, arquivos copiados da inerne e gravaões de vdeo digial, além de sons criados a parir de fragmenos de fala, rudo ambiene, locuões e exuras produidos a parir de frases de inelecuais e annimos.
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1 | LAtOUR, B., “From Realpoliik o Dingpoliik – Or How o Make things Public” IN: Bruno Laour & Peer Weibel orgs., Makin Tins Pblic - Atmsperes f Demcracy , zKM/MIt Press, 2005, pp. 4-32. 2 | GUAttARI, F., Casmse – um nv paradimaesttic , rad. Ana Lcia Oliveira e Lcia Cludia Leo, So Paulo, ediora 34, 1992, pp. 45-71. 3 | MANOVICH, L., “the Auomaion of Sigh: From Phoography o Compuer Vision” IN: timohy Druckery, org., Electrnic Cltre – Tecnly and Visal Representatin, Representatin, Onario, Aperure Foundaion, 1996, pp. 229-239.
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Para além do plug and play |
Giselle Beiguelman
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populariao dos meios digiais na produo arsica imps a reflexo, cara ao filsofo Bruno Laour,1 sobre a necessidade de pensar novos formaos policos capaes de lidar com o ransirio e os arranjos momenâneos; colocou em desaque as esraégias de comparilhameno, em derimeno das relaões ineraivas; fomenou o debae sobre a desmaerialiao da are – mas eve alguns efeios perversos. Por meio do ermo “novas mdias”, revalidou um paradigma incmodo das chamadas “vanguardas” modernisas: a noo de novidade como parâmero crico de anlise. Absorvendo sem criério nomenclauras fceis provenienes de releases “pr-à-porer”, misificou o binmio are/ecnologia, conferindo-lhe um aribuo de marco da conemporaneidade. Fala-se em “novas mdias” como se o adjeivo “novo” fosse capa de definir um reperrio ou uma modalidade de criao. toda mdia, quando surge, é nova. E no é sua novidade o que implica mudana ou ransformaões culurais, episemolgicas e eséicas, mas sim, como evidenciou Guaari,2 os graus de complexidade e pluralidade simblica que agenciam na relao homem/mquina. No que di respeio ao binmio are/ecnologia, como suficiene para idenificar uma deerminada produo conemporânea, é preciso ignorar pelo menos quinhenos anos de hisria e esquecer que a problemaiao da ecnologia no campo da are remona às “mquinas perspécicas” do século XVI3 e, porano, em nada é riburia ao adveno da informica e seus desdobramenos. Diversos projeos presenes no Fia Mosra Brasil parecem confronar essas noões. Ao no ceder ao vaio de nomenclauras do ipo “novas mdias” ou “are/ ecnologia”, obrigam-nos a pensar que esses ermos escondem a dificuldade do sisema de are conemporâneo em absorver a culura de rede e a digialiao do coidiano nas suas expressões mais radicais. Afinal, so definiões que pouco se presam a uma aividade reflexiva que ponha em queso os ranslimies da inerface, as esraégias icas, as pricas de sampleagem e comparilhameno e os desafios da are generaiva.
Interface disfrme, disfrme, de Marcus Basos, é um pono de parida para essas discussões. traa-se de um vdeo ineraivo que disponibilia em um erminal sons e imagens disribudos por camadas sobreposas, num clster audiovisual clster audiovisual em que os fragmenos reunidos resulam num odo irregular. So enrevisas, remixes, remixes, arquivos copiados da inerne e gravaões de vdeo digial, além de sons criados a parir de fragmenos de fala, rudo ambiene, locuões e exuras produidos a parir de frases de inelecuais e annimos.
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1 | LAtOUR, B., “From Realpoliik o Dingpoliik – Or How o Make things Public” IN: Bruno Laour & Peer Weibel orgs., Makin Tins Pblic - Atmsperes f Demcracy , zKM/MIt Press, 2005, pp. 4-32. 2 | GUAttARI, F., Casmse – um nv paradimaesttic , rad. Ana Lcia Oliveira e Lcia Cludia Leo, So Paulo, ediora 34, 1992, pp. 45-71. 3 | MANOVICH, L., “the Auomaion of Sigh: From Phoography o Compuer Vision” IN: timohy Druckery, org., Electrnic Cltre – Tecnly and Visal Representatin, Representatin, Onario, Aperure Foundaion, 1996, pp. 229-239.
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Ao mover o mouse sobre a ela, o ineraor aiva a “selva” de camadas midiicas ali deposiadas, obrigando-nos a lidar com o caos resulane de pricas diversas e simulâneas como a piraaria, as uopias liberrias, as modalidades de rasreameno e a saurao de informaões. Impõe-se a um conjuno de ambienes de froneiras difusas que, ao permiir a navegao por sons e vdeos sobre “erririos”, “inerdiões”, “liberdade” e “rudos”, desafia-nos a explorar formas de alerar e combinar imagem e som que esejam além das roineiras experincias relacionadas ao uso do sampler do sampler por por DJs e VJs. Isso porque o projeo esimula a aeno à vo e ao olhar do ouro. Ao consruir uma rama de falas e imagens em movimeno, apaga o regisro auoral, em favor da pluralidade de perspecivas. Basos comena: o acúml de elements n espaç prdz se estilaçament (simltaneidade a invs da seqüência – avess ds livrs: páina, páina, pá ina; avess ds filmes: frame, frame, frame). é pel irar de btões e pel rastr d crsr qe percrre a tela qe interatr fri este ensai em qe td sre e desaparece de maneira inesperada. o, cm diria jre Lis Bres: ‘Nã tem fim. Sabems, sim, qe ve m dia’.
4 | LUNENFELD, P., “Ar Pos-Hisory – Digial Phoography & Elecronic Semioics” IN: Ptra py after Ptrapy: Memry and Representatin in te Diital Ae , Amserdam, G+B Ars, 1996, pp. 92-98. 5 | CRItICAL ARt ENSEMBLE, Plái tópic, ipertextalidade e prdçã cltral eletrônica. Distúrbi eletrônic, eletrônic, So Paulo, Conrad, 2001, pp. 83-100.
E, com esse comenrio, evidencia a fragilidade de pensar que é possvel refleir sobre os meios, supondo que eriam algo a nos dier porque so “novos”, redirecionando a discusso para a inerrogao sobre as paricularidades ou o esauo disino das mdias digiais em relao às mdias analgicas. Uma primeira disino reside no fao de que as mdias digiais lidam com originais de segunda gerao. No h perda (de definio, qualidade, aura) enre o original e a cpia. Salve um mesmo arquivo com dois nomes no seu compuador. Qual é original? Qual é a cpia. Nenhum, ou melhor: ambos.
6 | Idem, ibidem.
A informica em si é ecnologia de replicao, clonagem. Ao mesmo empo em que permie a produo de idni-
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cos mliplos pela cpia do cdigo, engendra o fenmeno culural e eséico do “original de segunda gerao”.4 No exise perda de auenicidade no campo da are digial, e a are produida para a inerne leva essa afirmao ao limie exremo. O “aqui e agora” se fa pelo fluxo, no deslocameno dos arquivos pela rede. A obra efeiva-se pela linkagem, perde a preciso de seus limies. O plgio ransforma-se em uma esraégia recombinaria. Põe em curso uma chamada, para que se abra a base de dados culural, a fim de deixar que a ecnologia de produo exual, sonora e visual seja usada aé sua poncia mxima.5 Nesse senido, resaura a deriva dinâmica do significado que o jogo ideolgico do mercado ocula sob o domnio da ciao auoriada, arremessando essa dinâmica em uma rede de muliusurios e colocando agora as esraégias de recombinao e reciclagem como condio de uma “episemologia anrquica”.6 No se raa de uma apologia da barbrie, da apropriao pura e simples, mas da revalidao da auoria para além de seus nexos biolgicos e onolgicos, e de esraégias de redirecionameno das condiões de fomeno à criao e circulao do conhecimeno. Esa é a paua que es em jogo em inervenões como Manifeste-se 2.0, 2.0, da dupla Milena Sz e Mariana K, conhecida como mm no é confee, e Delivery; cleçã particlar , de Bruno Faria. Manifeste-se 2.0 assume o lugar das redes como espao pblico e procura evidenciar suas relaões com o espao urbano. As “mms” consroem, no mesmo inuio, uma ilha audiovisual mvel para inerao com o pblico nas ruas, uiliando um carrinho de camel, que omam como objeo caracersico da culura popular de cenros meropolianos. Essa ilha mvel funciona ambém como um aparelho de infilrao no ecido das elecomunicaões, uma ve que odo o conedo das conesaões pblicas é ransmiido e veiculado na inerne. Em Delivery; cleçã particlar , Bruno Faria enfoca a conramo dos espaos de circulao da culura e põe em evidncia a banaliao da are ransformada em signo de consumo. Ele propõe aplicar seu prmio
na compra de “obras de are” ( sic) sic) vendidas em “eleleilões” e gravar sua negociao em vdeo, para expor, no Poro das Ares da Bienal de So Paulo, as obras adquiridas e o regisro de sua negociao. Sem concessões, ironia o mercado de are em odos os seus nveis (feichismo da obra, dos valores de premiao, dos lugares de exposio, das formas de consumo e circulao), refrescando o que mdia ica, para além do ype, ype, significa. Se mdia ica é o uso da mdia e de seu poencial aé o limie exremo, a incorporao inencional de seus proocolos, em um nvel o radical que leva à prpria quebra desses proocolos, conforme definiu Alex Galloway,7 eno sua cerido de nascimeno precede o arivismo em algumas décadas, deve muio a Orson Welles 8 e em em Bruno Faria um de seus nomes emergenes mais expressivos. Orson Welles, para quem no lembra, enrou para a hisria do cinema com Cidadã Kane, Kane, mas ficou famoso com com A erra ds mnds, mnds, um exerccio de radiodramaurgia baseado no romance homnimo de H. G. Wells, publicado em 1898. Era véspera de Halloween, 30 de ouubro de 1938, e os prenncios da ecloso da Segunda Guerra Mundial, fundados no paco de Munique, firmado um ms anes, criavam um cenrio de enso nada desprevel. Afinal, Inglaerra e Frana enregavam a tchecoslovquia a Hiler e vrios analisas do perodo aleravam que esse acordo no esancaria o expansionismo naisa. As nocias sobre a siuao européia inerrompiam a programao das rdios coninuamene e a incerea sobre a posura noreamericana deixava apreensivos os ouvines. Nesse conexo é que o grupo de earo Mercury, liderado por Welles, eno com 23 anos, enrou no ar e levou ao pânico mais de 1 milho de pessoas nos EUA, provocando fugas, abandonos de lares e umas anas quebradeiras. Welles virou nocia no pas odo e, diane das pressões e resulados, declarou que nada havia sido inencional. Em 1955, conudo, em um especial da BBC (orsn welles Sketcbk), Sketcbk), assumiria que o programa no foi o inocene assim.
O mundo lhe parecia ser alimenado por udo que saa daquela “caixa mgica” (o rdio, a al da nova mdia de eno) e nesse senido a ransmisso era, nas palavras de Welles, “um assalo à credibilidade daquela mquina” e um alera para que as pessoas deixassem de se orienar por opiniões pré-formaadas, “viessem elas do rdio ou no”. Em sua ao ica, Bruno, o jovem quano Welles na época de A de A erra ds mnds, mnds, decide deixar nus alguns mecanismos perversos do circuio da are conemporânea, revalidando o “Who Is Who”, o “dom”, a originalidade e faendo picadinho (no h ouro ermo mais nobre) das esraégias de curadoria, premiao, insero e recepo das obras. Em oposio à ironia guerrilheira dessa endncia, Ricardo Crisofaro pede-nos que deixemos esar. Sussurra, cheio de delicadeas, que h muios silncios ainda por escuar. Com seus obets ansiss, ansiss, releganos a uma imobilidade do no-agir. Ricardo desafia-nos a ser capaes de ler a Casmse, Casmse, de Félix Guaari, demandando um especro semiico ampliado, no qual a subjeividade é produida no s psicolgica, social e psiquicamene, mas ambém por diferenes enunciados no-humanos, em mdulos de inensidade variada. Ele nos pede, num murmrio muio audvel: NãO parem as mquinas! Escuem. Elas, por vees, m algo a dier. Como no Msaic de vzes de Marha Carrer Cru Gabriel (ou mZaic de vSes, vSes, como ela prefere). traa-se de um websie cuja homepage é produida pela ao dos paricipanes que, ao enviarem mensagens por elefone, so adicionados à pgina. Cada pasilha no mosaico represena uma pessoa. É possvel escuar as mensagens gravadas pelas pessoas que formam o mosaico e locali-las pelo nmero do elefone de onde elas gravaram as mensagens. A busca permie que se enconre no s a prpria mensagem, mas ambém odas as pessoas de uma mesma rea, faendo a pesquisa apenas pelo DDD (e deixando o nmero do elefone em branco). O resulado, sempre movedio, dessa ao disforme é um corpo remoo difuso que ece ouro corpo, num
7 | GALLOWAY, A. P., Prtcl: h Cntrl Exists after Decentralizatin, tin, Cambridge/Mass., MIt Press, 2004. 8 | BEIGUELMAN, G., “O pai da mdia ica” IN: Link-se (arte/mídia/plítica/cibercltra), lítica/cibercltra), So Paulo, Peirpolis, 2005, pp. 112-115.
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Ao mover o mouse sobre a ela, o ineraor aiva a “selva” de camadas midiicas ali deposiadas, obrigando-nos a lidar com o caos resulane de pricas diversas e simulâneas como a piraaria, as uopias liberrias, as modalidades de rasreameno e a saurao de informaões. Impõe-se a um conjuno de ambienes de froneiras difusas que, ao permiir a navegao por sons e vdeos sobre “erririos”, “inerdiões”, “liberdade” e “rudos”, desafia-nos a explorar formas de alerar e combinar imagem e som que esejam além das roineiras experincias relacionadas ao uso do sampler do sampler por por DJs e VJs. Isso porque o projeo esimula a aeno à vo e ao olhar do ouro. Ao consruir uma rama de falas e imagens em movimeno, apaga o regisro auoral, em favor da pluralidade de perspecivas. Basos comena: o acúml de elements n espaç prdz se estilaçament (simltaneidade a invs da seqüência – avess ds livrs: páina, páina, pá ina; avess ds filmes: frame, frame, frame). é pel irar de btões e pel rastr d crsr qe percrre a tela qe interatr fri este ensai em qe td sre e desaparece de maneira inesperada. o, cm diria jre Lis Bres: ‘Nã tem fim. Sabems, sim, qe ve m dia’.
4 | LUNENFELD, P., “Ar Pos-Hisory – Digial Phoography & Elecronic Semioics” IN: Ptra py after Ptrapy: Memry and Representatin in te Diital Ae , Amserdam, G+B Ars, 1996, pp. 92-98. 5 | CRItICAL ARt ENSEMBLE, Plái tópic, ipertextalidade e prdçã cltral eletrônica. Distúrbi eletrônic, eletrônic, So Paulo, Conrad, 2001, pp. 83-100.
E, com esse comenrio, evidencia a fragilidade de pensar que é possvel refleir sobre os meios, supondo que eriam algo a nos dier porque so “novos”, redirecionando a discusso para a inerrogao sobre as paricularidades ou o esauo disino das mdias digiais em relao às mdias analgicas. Uma primeira disino reside no fao de que as mdias digiais lidam com originais de segunda gerao. No h perda (de definio, qualidade, aura) enre o original e a cpia. Salve um mesmo arquivo com dois nomes no seu compuador. Qual é original? Qual é a cpia. Nenhum, ou melhor: ambos.
6 | Idem, ibidem.
A informica em si é ecnologia de replicao, clonagem. Ao mesmo empo em que permie a produo de idni-
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c u ra ra d o re re s
ric de inconveis aleridades, que se expressam e se conjugam, ou no, num mosaico capa de lidar com as inerrupões e a lgica do inervalo. Lgica do inervalo que aparece no livro mgico de Andrei thoma, arquieo de inerfaces labirnicas que no presumem ponos de parida nem chegada. Seu Qand ma páina trna-se m labirint exibe uma das pginas de um exo seminal na hisria da crica de are digial (“the Language of New Media”, de Lev Manovich). A pgina, escaneada, é dada na superfcie da ela a uma leiura cil-visual, que permie percorr-la por meio de diversos pequenos crculos vermelhos. Cada crculo é acompanhado por um som em loop, sendo que a durao do loop corresponde à durao dos movimenos dos crculos (cada um possui seu prprio empo de animao), explica-me Andrei. A leiura que era, no incio, exerccio cil-visual, ganha volume. A pgina orna-se escriura. À medida que os crculos vo enrando em cena, novos loops de som so execuados, raando caminhos inusiados enre as linhas, conclamando, sem desenhar, a imagem da elipse que Derrida 9 escolheu como sinnimo do processo de leiura/concreude da escriura. Diia o filsofo:
9 | DERRIDA, J., “Elipse” IN: A IN: A escritra e a diferença, rença, rad. Maria Beari Nia da Silva, So Paulo, Perspeciva, 1971, pp. 73-83. 10 | AARSEtH, E., Cybertext – Perspectives n Erdic Literatre , Balimore, the Johns Hopkins Universiy Press, 1997.
Aqi ali, discernims a escritra: ma partila sem simetria desenava de m lad fecament d livr, d tr a abertra d text. De m lad a enciclpdia telóica telóica e, send se mdel, livr d mem. D tr, ma rede de traçs marcand desa pareciment de m Des extenad de m mem eliminad. A qestã da escritra só se pderia iniciar cm livr fecad. A alere errância d ‘rapein’ era entã im pssível. A abertra d text era a aventra, ast sem reserva.
11 | GIANEttI, C., End-Aestetics (Frm ntlical discrse t systemic armentatin), tin), 2004. Disponvel em: near.incubadora. fapesp.br/poral/referencias/endoaesheics. pdf/file_view.
Visualmene, o rabalho ena revelar o desenho formado pelos espaos em branco enre as palavras de uma pgina de exo, desenho que é um ano labirnico, e parecido com os mapas urbanos. O rabalho com o som preende reforar esa experincia labirn-
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cos mliplos pela cpia do cdigo, engendra o fenmeno culural e eséico do “original de segunda gerao”.4 No exise perda de auenicidade no campo da are digial, e a are produida para a inerne leva essa afirmao ao limie exremo. O “aqui e agora” se fa pelo fluxo, no deslocameno dos arquivos pela rede. A obra efeiva-se pela linkagem, perde a preciso de seus limies. O plgio ransforma-se em uma esraégia recombinaria. Põe em curso uma chamada, para que se abra a base de dados culural, a fim de deixar que a ecnologia de produo exual, sonora e visual seja usada aé sua poncia mxima.5 Nesse senido, resaura a deriva dinâmica do significado que o jogo ideolgico do mercado ocula sob o domnio da ciao auoriada, arremessando essa dinâmica em uma rede de muliusurios e colocando agora as esraégias de recombinao e reciclagem como condio de uma “episemologia anrquica”.6 No se raa de uma apologia da barbrie, da apropriao pura e simples, mas da revalidao da auoria para além de seus nexos biolgicos e onolgicos, e de esraégias de redirecionameno das condiões de fomeno à criao e circulao do conhecimeno. Esa é a paua que es em jogo em inervenões como Manifeste-se 2.0, 2.0, da dupla Milena Sz e Mariana K, conhecida como mm no é confee, e Delivery; cleçã particlar , de Bruno Faria. Manifeste-se 2.0 assume o lugar das redes como espao pblico e procura evidenciar suas relaões com o espao urbano. As “mms” consroem, no mesmo inuio, uma ilha audiovisual mvel para inerao com o pblico nas ruas, uiliando um carrinho de camel, que omam como objeo caracersico da culura popular de cenros meropolianos. Essa ilha mvel funciona ambém como um aparelho de infilrao no ecido das elecomunicaões, uma ve que odo o conedo das conesaões pblicas é ransmiido e veiculado na inerne. Em Delivery; cleçã particlar , Bruno Faria enfoca a conramo dos espaos de circulao da culura e põe em evidncia a banaliao da are ransformada em signo de consumo. Ele propõe aplicar seu prmio
na compra de “obras de are” ( sic) sic) vendidas em “eleleilões” e gravar sua negociao em vdeo, para expor, no Poro das Ares da Bienal de So Paulo, as obras adquiridas e o regisro de sua negociao. Sem concessões, ironia o mercado de are em odos os seus nveis (feichismo da obra, dos valores de premiao, dos lugares de exposio, das formas de consumo e circulao), refrescando o que mdia ica, para além do ype, ype, significa. Se mdia ica é o uso da mdia e de seu poencial aé o limie exremo, a incorporao inencional de seus proocolos, em um nvel o radical que leva à prpria quebra desses proocolos, conforme definiu Alex Galloway,7 eno sua cerido de nascimeno precede o arivismo em algumas décadas, deve muio a Orson Welles 8 e em em Bruno Faria um de seus nomes emergenes mais expressivos. Orson Welles, para quem no lembra, enrou para a hisria do cinema com Cidadã Kane, Kane, mas ficou famoso com com A erra ds mnds, mnds, um exerccio de radiodramaurgia baseado no romance homnimo de H. G. Wells, publicado em 1898. Era véspera de Halloween, 30 de ouubro de 1938, e os prenncios da ecloso da Segunda Guerra Mundial, fundados no paco de Munique, firmado um ms anes, criavam um cenrio de enso nada desprevel. Afinal, Inglaerra e Frana enregavam a tchecoslovquia a Hiler e vrios analisas do perodo aleravam que esse acordo no esancaria o expansionismo naisa. As nocias sobre a siuao européia inerrompiam a programao das rdios coninuamene e a incerea sobre a posura noreamericana deixava apreensivos os ouvines. Nesse conexo é que o grupo de earo Mercury, liderado por Welles, eno com 23 anos, enrou no ar e levou ao pânico mais de 1 milho de pessoas nos EUA, provocando fugas, abandonos de lares e umas anas quebradeiras. Welles virou nocia no pas odo e, diane das pressões e resulados, declarou que nada havia sido inencional. Em 1955, conudo, em um especial da BBC (orsn welles Sketcbk), Sketcbk), assumiria que o programa no foi o inocene assim.
O mundo lhe parecia ser alimenado por udo que saa daquela “caixa mgica” (o rdio, a al da nova mdia de eno) e nesse senido a ransmisso era, nas palavras de Welles, “um assalo à credibilidade daquela mquina” e um alera para que as pessoas deixassem de se orienar por opiniões pré-formaadas, “viessem elas do rdio ou no”. Em sua ao ica, Bruno, o jovem quano Welles na época de A de A erra ds mnds, mnds, decide deixar nus alguns mecanismos perversos do circuio da are conemporânea, revalidando o “Who Is Who”, o “dom”, a originalidade e faendo picadinho (no h ouro ermo mais nobre) das esraégias de curadoria, premiao, insero e recepo das obras. Em oposio à ironia guerrilheira dessa endncia, Ricardo Crisofaro pede-nos que deixemos esar. Sussurra, cheio de delicadeas, que h muios silncios ainda por escuar. Com seus obets ansiss, ansiss, releganos a uma imobilidade do no-agir. Ricardo desafia-nos a ser capaes de ler a Casmse, Casmse, de Félix Guaari, demandando um especro semiico ampliado, no qual a subjeividade é produida no s psicolgica, social e psiquicamene, mas ambém por diferenes enunciados no-humanos, em mdulos de inensidade variada. Ele nos pede, num murmrio muio audvel: NãO parem as mquinas! Escuem. Elas, por vees, m algo a dier. Como no Msaic de vzes de Marha Carrer Cru Gabriel (ou mZaic de vSes, vSes, como ela prefere). traa-se de um websie cuja homepage é produida pela ao dos paricipanes que, ao enviarem mensagens por elefone, so adicionados à pgina. Cada pasilha no mosaico represena uma pessoa. É possvel escuar as mensagens gravadas pelas pessoas que formam o mosaico e locali-las pelo nmero do elefone de onde elas gravaram as mensagens. A busca permie que se enconre no s a prpria mensagem, mas ambém odas as pessoas de uma mesma rea, faendo a pesquisa apenas pelo DDD (e deixando o nmero do elefone em branco). O resulado, sempre movedio, dessa ao disforme é um corpo remoo difuso que ece ouro corpo, num
7 | GALLOWAY, A. P., Prtcl: h Cntrl Exists after Decentralizatin, tin, Cambridge/Mass., MIt Press, 2004. 8 | BEIGUELMAN, G., “O pai da mdia ica” IN: Link-se (arte/mídia/plítica/cibercltra), lítica/cibercltra), So Paulo, Peirpolis, 2005, pp. 112-115.
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ica, ao apresenar sons que no incio possuem esruura reconhecvel, mas que, devido à proximidade de essiura de cada linha meldica, se ornam cada ve menos reconhecidos individualmene à medida que a obra se desenrola. Na segunda pare do rabalho, emos o desaparecimeno gradual das palavras da pgina, e a enrada em cena de novos crculos, acompanhados por novos sons. À medida que as palavras somem, o percurso dos crculos orna-se mais visvel, e os sons so rocados gradualmene. Por fim, emos a opo de revelar novamene a pgina inicial, sem sons, à espera da inerveno do usurio, para que o rabalho recomece. tudo sem inerao. Apenas colocando em paua um gaso de energia, que demanda um leior capa de operar um invesimeno de configurao fsica e menal, que se deixa levar pela prpria imagem-aconecimeno e compreende as regras do objeo com o qual se relaciona.10
Baudrillard,12 a respeio disso, ponua: o atmatism assim cm qe m fecament, ma redndância fncinal qe ex plsa mem em ma irrespnsabilidade espectadra. é sn de m mnd dmi nad, de ma tecnicidade frmalmente exectada a serviç de ma manidade inerte e snadra. Inércia que Crisiano Lenhard põe em queso com a insalao A insalao A viv, viv , consiuda por um vdeo com o regisro de uma bandeira. A bandeira es haseada sobre o Copan (um dos edifcios-smbolo de So Paulo, mas ambém um condomnio pelo qual ransiam milhares de pessoas odos os dias, enre moradores e passanes) e nela se l a inscrio “Ao Vivo”. Nada mais aconece.
E, nesse no-aconecimeno, iluminam-se o vaio da imagem e a aglomerao humana, o infundado do “empo real”, enre ouras variveis que expliciam os regimes de espeaculariao do coidiano, fomenados pelo consumo de câmeras e disribuio massiva de imagens. Nesse conexo, em que udo parece ser fabricado para regisrar, maquiar e ornar pblico, os pseudofaos se muliplicam, desenhando uma arquieura overmidiica, que Crisiano enquadra suilmene. E com essa suilea, fa lembrar uma chamada – que se orna urgene – feia h alguns anos pela crica Ivana Benes:13 é hora de iniciar a Guerrilha do Sof. A rilha abera por esses arisas pode ser um bom comeo.
12 | BAUDRILLARD, J., o sistema ds bets , rad. zulmira Ribeiro tavares, 4ª ed., So Paulo, Perspeciva, 2002, p. 119. 13 | BENtES, I., gerrila de sfá A imaem nv capital , capital , 2002. Disponvel em: hp://www.bocc.ubi. p/pag/benes-ivana-elevisao-guerrilha.pdf.
Como na obra de are generaiva FllFil Fllness, Fllness, de Vera Bighei. A are generaiva baseia-se em insruões maemicas que agenciam roinas, no caso de Vera, visuais, que podem correr auonomamene, ou ser aleradas pela presena do ineraor. A arisa aposa nessa endncia mais complexa, exigindo o desempenho de um “endoespecador”, aquele que se inegra a um sisema como observador inerno,11 doado de olhos em disinas pares do corpo, que se configura e se d ao rabalho de ser formaado para uma experincia passageira. Para compreender suas geomerias insveis, é preciso deixar-se levar por um mundo sem figuras e sem palavras, imergir, submergir e emergir de um esado de orpor que põe em xeque a anesesia dos porais e seus infindveis “clique aqui para isso e aquilo”. É preciso ainda ornar-se cmplice da mquina e ceder à lgica das parcerias que jogam com a aleridade de papéis de criador e criaura, enfrenando as ambivalncias enre o visvel e o invisvel, o lugar do cdigo e o lugar da imagem, sem concessões aos reperrios meramene auomicos.
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ric de inconveis aleridades, que se expressam e se conjugam, ou no, num mosaico capa de lidar com as inerrupões e a lgica do inervalo. Lgica do inervalo que aparece no livro mgico de Andrei thoma, arquieo de inerfaces labirnicas que no presumem ponos de parida nem chegada. Seu Qand ma páina trna-se m labirint exibe uma das pginas de um exo seminal na hisria da crica de are digial (“the Language of New Media”, de Lev Manovich). A pgina, escaneada, é dada na superfcie da ela a uma leiura cil-visual, que permie percorr-la por meio de diversos pequenos crculos vermelhos. Cada crculo é acompanhado por um som em loop, sendo que a durao do loop corresponde à durao dos movimenos dos crculos (cada um possui seu prprio empo de animao), explica-me Andrei. A leiura que era, no incio, exerccio cil-visual, ganha volume. A pgina orna-se escriura. À medida que os crculos vo enrando em cena, novos loops de som so execuados, raando caminhos inusiados enre as linhas, conclamando, sem desenhar, a imagem da elipse que Derrida 9 escolheu como sinnimo do processo de leiura/concreude da escriura. Diia o filsofo:
9 | DERRIDA, J., “Elipse” IN: A IN: A escritra e a diferença, rença, rad. Maria Beari Nia da Silva, So Paulo, Perspeciva, 1971, pp. 73-83. 10 | AARSEtH, E., Cybertext – Perspectives n Erdic Literatre , Balimore, the Johns Hopkins Universiy Press, 1997.
Aqi ali, discernims a escritra: ma partila sem simetria desenava de m lad fecament d livr, d tr a abertra d text. De m lad a enciclpdia telóica telóica e, send se mdel, livr d mem. D tr, ma rede de traçs marcand desa pareciment de m Des extenad de m mem eliminad. A qestã da escritra só se pderia iniciar cm livr fecad. A alere errância d ‘rapein’ era entã im pssível. A abertra d text era a aventra, ast sem reserva.
ica, ao apresenar sons que no incio possuem esruura reconhecvel, mas que, devido à proximidade de essiura de cada linha meldica, se ornam cada ve menos reconhecidos individualmene à medida que a obra se desenrola. Na segunda pare do rabalho, emos o desaparecimeno gradual das palavras da pgina, e a enrada em cena de novos crculos, acompanhados por novos sons. À medida que as palavras somem, o percurso dos crculos orna-se mais visvel, e os sons so rocados gradualmene. Por fim, emos a opo de revelar novamene a pgina inicial, sem sons, à espera da inerveno do usurio, para que o rabalho recomece. tudo sem inerao. Apenas colocando em paua um gaso de energia, que demanda um leior capa de operar um invesimeno de configurao fsica e menal, que se deixa levar pela prpria imagem-aconecimeno e compreende as regras do objeo com o qual se relaciona.10
Baudrillard,12 a respeio disso, ponua: o atmatism assim cm qe m fecament, ma redndância fncinal qe ex plsa mem em ma irrespnsabilidade espectadra. é sn de m mnd dmi nad, de ma tecnicidade frmalmente exectada a serviç de ma manidade inerte e snadra. Inércia que Crisiano Lenhard põe em queso com a insalao A insalao A viv, viv , consiuda por um vdeo com o regisro de uma bandeira. A bandeira es haseada sobre o Copan (um dos edifcios-smbolo de So Paulo, mas ambém um condomnio pelo qual ransiam milhares de pessoas odos os dias, enre moradores e passanes) e nela se l a inscrio “Ao Vivo”. Nada mais aconece.
E, nesse no-aconecimeno, iluminam-se o vaio da imagem e a aglomerao humana, o infundado do “empo real”, enre ouras variveis que expliciam os regimes de espeaculariao do coidiano, fomenados pelo consumo de câmeras e disribuio massiva de imagens. Nesse conexo, em que udo parece ser fabricado para regisrar, maquiar e ornar pblico, os pseudofaos se muliplicam, desenhando uma arquieura overmidiica, que Crisiano enquadra suilmene. E com essa suilea, fa lembrar uma chamada – que se orna urgene – feia h alguns anos pela crica Ivana Benes:13 é hora de iniciar a Guerrilha do Sof. A rilha abera por esses arisas pode ser um bom comeo.
12 | BAUDRILLARD, J., o sistema ds bets , rad. zulmira Ribeiro tavares, 4ª ed., So Paulo, Perspeciva, 2002, p. 119. 13 | BENtES, I., gerrila de sfá A imaem nv capital , capital , 2002. Disponvel em: hp://www.bocc.ubi. p/pag/benes-ivana-elevisao-guerrilha.pdf.
Como na obra de are generaiva FllFil Fllness, Fllness, de Vera Bighei. A are generaiva baseia-se em insruões maemicas que agenciam roinas, no caso de Vera, visuais, que podem correr auonomamene, ou ser aleradas pela presena do ineraor. A arisa aposa nessa endncia mais complexa, exigindo o desempenho de um “endoespecador”, aquele que se inegra a um sisema como observador inerno,11 doado de olhos em disinas pares do corpo, que se configura e se d ao rabalho de ser formaado para uma experincia passageira. Para compreender suas geomerias insveis, é preciso deixar-se levar por um mundo sem figuras e sem palavras, imergir, submergir e emergir de um esado de orpor que põe em xeque a anesesia dos porais e seus infindveis “clique aqui para isso e aquilo”. É preciso ainda ornar-se cmplice da mquina e ceder à lgica das parcerias que jogam com a aleridade de papéis de criador e criaura, enfrenando as ambivalncias enre o visvel e o invisvel, o lugar do cdigo e o lugar da imagem, sem concessões aos reperrios meramene auomicos.
11 | GIANEttI, C., End-Aestetics (Frm ntlical discrse t systemic armentatin), tin), 2004. Disponvel em: near.incubadora. fapesp.br/poral/referencias/endoaesheics. pdf/file_view.
Visualmene, o rabalho ena revelar o desenho formado pelos espaos em branco enre as palavras de uma pgina de exo, desenho que é um ano labirnico, e parecido com os mapas urbanos. O rabalho com o som preende reforar esa experincia labirn-
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Quem
acompanhou as conversas e dilogos ornados pblicos no espao do blog criado como ane-sala do Fia Mosra Brasil pde er uma idéia das inquieaões que anecederam o processo seleivo desa Mosra e que seguem ocorrendo.2 Conversamos sobre a produo arsica conemporânea brasileira e seu conexo de difuso (formao do arisa e do pblico) abordando a complexa siuao da are em nosso pas. As policas para a rea de ares diferem enre os esados, e o sudese do pas concenra um ‘sisema de ares’ (“o produor, o comprador _ colecionador ou o aficionado _
passando pelos cricos, publicirios, curadores, conservadores, as insiuiões, os museus...”)3 que no reflee necessariamene a realidade de nossas sensveis diferenas locais. Iso fa com que, em disinos esados dese pas, enhamos cada qual que reagir às nossas realidades e circunsâncias prprias. Observamos que muias iniciaivas exravasam para além de uma lgica mercanilisa e fora do apoio do esado, em aões e expansões do faer arsico. Algumas logrando ser efeivamene ransformadoras e insauradoras de inusiadas formas de viver a are e de ‘ouros sisemas’. A aual eapa, e diane das proposiões dos rina arisas escolhidos, nos impõe um rabalho basane desafiador: observar ese conjuno, operar disinões quando olhamos cada obra, discernindo as passagens enre os meios, assim como as vias aberas pela informao e por obras veiculadas em rede, aproximando-as das proposiões realiadas em colaborao e das aões de coleivos. Como os arisas elaboram as quesões inernas, inerenes às suas obras, com as quesões que se relacionam aos conexos de vida e aos modos de organiao e difuso de suas produões no Brasil hoje? Na seqncia dese exo darei coninuidade àquelas conversas para expandir e comparilhar a experincia de curadoria, assim como para compreender o que junas problemaiam.
Processos artísticos como pesquisa
Um texto para um contexto: Fiat Mostra Brasil | Maria Ivone dos Sanos
Chamaremos de are como pesquisa o esabelecimeno de regras sensveis e de objeivos que se apresenam primeiramene como uma necessidade para o arisa, e a siuao na qual a anlise do que ocorre enre as obras em processo o auxilia a definir os caminhos para o seu faer. Isso implica num olhar mais amplo sobre o que vem a ser a prica arsica, levando em cona a movimenao que o arisa produ, as linguagens convocadas e o conjuno de moivaões que aricula.
1 | PEREC, Georges, Espèce d’espace, d’espace, Paris, Galilée, 1974, p. 122. (raduo de Mariana Silva da Silva).
Esa exposio ra à cena um recore significaivo da uiliao da foografia na are brasileira. As especificidades do meio sendo exploradas pelas poencialidades analicas da capura so um rao comum a algumas pesquisas que dealharemos na seqncia.
3 | CAUQUELIN, Anne, Arte cntemprânea: ma intrdçã, intrdçã, So Paulo: Marins, 2005, p. 15.
2 | hp://blogeare. blogspo.com
Vive-se em alm lar? Em m país, em ma cidade deste país, em m bairr desta cidade, em ma ra deste bairr, em m apartament deste prdi.(...) o espaç está em dúvida: precis incessantemente qe e marqe, qe desine; ele nnca me, ele nnca me fi dad, precis qe cnqiste.1 202|203
Quem
acompanhou as conversas e dilogos ornados pblicos no espao do blog criado como ane-sala do Fia Mosra Brasil pde er uma idéia das inquieaões que anecederam o processo seleivo desa Mosra e que seguem ocorrendo.2 Conversamos sobre a produo arsica conemporânea brasileira e seu conexo de difuso (formao do arisa e do pblico) abordando a complexa siuao da are em nosso pas. As policas para a rea de ares diferem enre os esados, e o sudese do pas concenra um ‘sisema de ares’ (“o produor, o comprador _ colecionador ou o aficionado _ passando pelos cricos, publicirios, curadores, conservadores, as insiuiões, os museus...”)3 que no reflee necessariamene a realidade de nossas sensveis diferenas locais. Iso fa com que, em disinos esados dese pas, enhamos cada qual que reagir às nossas realidades e circunsâncias prprias. Observamos que muias iniciaivas exravasam para além de uma lgica mercanilisa e fora do apoio do esado, em aões e expansões do faer arsico. Algumas logrando ser efeivamene ransformadoras e insauradoras de inusiadas formas de viver a are e de ‘ouros sisemas’. A aual eapa, e diane das proposiões dos rina arisas escolhidos, nos impõe um rabalho basane desafiador: observar ese conjuno, operar disinões quando olhamos cada obra, discernindo as passagens enre os meios, assim como as vias aberas pela informao e por obras veiculadas em rede, aproximando-as das proposiões realiadas em colaborao e das aões de coleivos. Como os arisas elaboram as quesões inernas, inerenes às suas obras, com as quesões que se relacionam aos conexos de vida e aos modos de organiao e difuso de suas produões no Brasil hoje? Na seqncia dese exo darei coninuidade àquelas conversas para expandir e comparilhar a experincia de curadoria, assim como para compreender o que junas problemaiam.
Processos artísticos como pesquisa
Um texto para um contexto: Fiat Mostra Brasil | Maria Ivone dos Sanos
Chamaremos de are como pesquisa o esabelecimeno de regras sensveis e de objeivos que se apresenam primeiramene como uma necessidade para o arisa, e a siuao na qual a anlise do que ocorre enre as obras em processo o auxilia a definir os caminhos para o seu faer. Isso implica num olhar mais amplo sobre o que vem a ser a prica arsica, levando em cona a movimenao que o arisa produ, as linguagens convocadas e o conjuno de moivaões que aricula.
1 | PEREC, Georges, Espèce d’espace, d’espace, Paris, Galilée, 1974, p. 122. (raduo de Mariana Silva da Silva).
Esa exposio ra à cena um recore significaivo da uiliao da foografia na are brasileira. As especificidades do meio sendo exploradas pelas poencialidades analicas da capura so um rao comum a algumas pesquisas que dealharemos na seqncia.
3 | CAUQUELIN, Anne, Arte cntemprânea: ma intrdçã, intrdçã, So Paulo: Marins, 2005, p. 15.
2 | hp://blogeare. blogspo.com
Vive-se em alm lar? Em m país, em ma cidade deste país, em m bairr desta cidade, em ma ra deste bairr, em m apartament deste prdi.(...) o espaç está em dúvida: precis incessantemente qe e marqe, qe desine; ele nnca me, ele nnca me fi dad, precis qe cnqiste.1 202|203
4 | SILVA DA SILVA, Mariana, “Superfcies do conao: froneiras e espaamenos.” Disserao de mesrado, Programa de PsGraduao em Ares Visuais, Insiuo de Ares, UFRGS, Poro Alegre, 2005. 5 | WIELEWICKI, Fabiana, “Invesigaões foogrficas:paisagem programada.” Disserao de mesrado, Programa de Ps-Graduao em Ares Visuais, Insiuo de Ares, UFRGS, Poro Alegre, 2005. 6 | VINCI, Leonardo Da, Tratad de la Pintra , Buenos Aires, Ediorial y Librera Goncour, 1975. 7 | MONIER, Geneviève, “Brève hisoire de bleu” IN: Artstdi IN: Artstdi,, n° 16, Monocrome, Paris, 1990, p. 36. Nese exo a auora fa um apanhado de obras envolvendo a cor aul, de Gioo a arisas mais conemporâneos, como Yves Klein, que paeneou seu aul IKB. 8 | Pret vermel, vermel , de Lui Roque Filho, insalao produida para a exposio homnima (2006). Curadoria de Marcos Sari e Ricardo Barberena, Galeria da Pinacoeca
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Mariana Silva da Silva, com fina propriedade, nos inrodu a essa queso com seu rabalho À distância (eltric):“tocar (eltric): “tocar com a pona dos dedos e com as palmas das mos, ocar as froneiras rarefeias, conempl-las e observ-las. tenar alcan-las e cona-las. Capurar esse conao, apresen-lo, se possvel. Fixar o volil? À volil? À distância (eltric) mapeia o percurso de uma siuao de froneiras do conao aravés de sua apresenao foogrfica. O rabalho consise em duas foografias disposas lado a lado em uma parede, de forma que haja uma espécie de movimeno de um mesmo fao”.4 Conemplar esses pnts esses pnts de cntat: a foografia como meio de reeno de um insane e de descrio da diferena suil enre dois enquadramenos de uma ao mediada. Quem es por rs da imagem e que pensamenos e premediaões culminaram nessas omadas? A arisa aqui expõe no somene uma capao, mas os resulados de um geso deliberado, pois proagonia a ao figurada. Discue com o paradigma do insane decisivo, e demonsra, sem di-lo, a exisncia de um disposiivo de regisro e de um c ero enquadrameno. Praica o cntat consciene de que se enconra ao mesmo empo dentr e fra do seu faer.
senes na prica da are. Apresena-nos diane de dois grandes formaos, Paisaens: dia. Esas imagens de 2004, cujas ampliaões resulam do processo analgico, inegram séries fechadas e enquadramenos de céu ou da paisagem. Ampliadas nesse formao monumenal, os dois monocromos inciam-nos igualmene a um suil jogo de diferenas enre auis. So insauradores de um ipo de relao sensvel produido em presena dessa cor. Isso fa com que esqueamos por insanes que esamos diane de foografias e nos pergunemos: o que é o aul? Esa vasa queso se apresena novamene, ransiando enre meios e linguagens, ao longo da hisria da are. Lembremos dos imensos planos de imaerialidade que ano moivaram Gioo (12661337), da cor que fugia diane dos olhos aenos de Da Vinci (1452-1519),6 que enava em vo fixar na ela um céu em consane alerao cromica. Bachelard, ciado na ‘Breve hisria do aul’ de Geneviève Monier, nos esclarece um pouco sobre a emoo do aul: “Primeiro no h nada, depois vem um nada profundo, em seguida h uma profundidade aul”.7 A cor em queso sendo analisada por sua poncia enquano fenmeno. (Acima - dealhe de pinura de Gioo e céu.)
Podemos reconhecer essa mesma aiude invesigaiva nas proposiões de Fabiana Wielewicki. Na série 2ª natreza: 8º andar , rabalha seguindo um proocolo. A foografia a auxilia, nese caso, a desenvolver a ariculao dos emas que lhe so caros: o enquadrameno e a paisagem. Esa série de imagens, colocadas lado a lado, exibe uma movimenao da arisa diane de sua janela, ora incluindo no enquadrameno uma pinura, ora incluindo oura. Parece demonsrar o que ocorre nese jogo: uma paisagem idealiada, um lugar comum da paisagem e a cidade como pano de fundo. Em um exo recene, Fabiana discorre sobre o que cosuma pauar suas proposiões: “Elaborar algumas direries – pequenas regras – raadas para organiar e conduir eapas”. Segundo ela, essas regras permiem “organiar as eapas de rabalho, manendo uma relao inrnseca que esruura conceios e soluões formais no processo arsico”. 5 Se pudermos deduir o jogo por ela lanado nesa série, veremos que esse sisema de enquadramenos e de reenvios inrodu ambém o especador, virualmene includo na cena no ‘enquadrameno’ de uma exposio.
Lui Roque Filho, num vdeo realiado na foralea de Cambar do Sul, no Rio Grande do Sul, espao naural caraceriado por sua vasido e silncio, parece rabalhar ambém sob o impaco de uma cor.8 A insalao Pret vermel mosra o arisa acionando um sinaliador que dispersa uma nuvem de pigmenos vermelhos na paisagem. O vdeo exibe a magniude dessas paragens marcadas pela presena da nuvem de cor que emerge do cenro do enquadrameno da imagem pela ao do arisa. Lui se insere igualmene no inerior de seu enquadrameno e, seguindo a mesma preocupao de Kaia, explora no espao exposiivo a imerso produida pela imagem projeada num formao de cinema, que ocupa um plano da insalao. Cenra-se na denoao culural e simblica desa cor e nos coloca, pelo seu geso de passagem, diane da poncia do vermelho.
Kaia Praes segue a via de uma foografia mais analica, que vai, porém, convocar quesões sempre pre-
c u ra ra d o re re s
Se nos aivermos aos aspecos fsicos da cor vermelha, poderemos observar que a mesma possui uma exenso sobre o plano visual. Segundo Schefer, “O vermelho da pinura (de quase oda a pinura) no fa o corpo das coisas vermelhas: ele as fa vir o mais prximo da superfcie. De que superfcie? Da superfcie que ns nos ornamos quando olhamos o vermelho.
E esas coisas disposas em vermelho no agem, no se anunciam, elas diem: Iso!”9 O efeio sonoro que acompanha o desenrolar da imagem no vdeo de Lui Roque Filho parece colaborar com essa indexao cromica. Enramos em um universo de imagens espaosas e ese rabalho poderia inscrever-se igualmene em uma ‘hisria do vermelho na are brasileira’, da qual nos vm rapidamene ao esprio a insalao Desvi para vermel, vermel, de Cildo Meireles (1968-84), as foografias da Srie Vermela(2001), Vermela (2001), apropriadas e ressignificadas pela cor por Rosângela Renn, assim como ouras obras cinemaogrficas que ano alimenam o imaginrio de Lui Roque Filho.
semelhava muio ao vdeo. Acima da enda, um anjo vem anunciar ao imperador a viria na guerra caso ele se convera ao crisianismo. Ou seja, exise a a idéia da revelao. A verdade, no caso dessa imagem, enra pela aberura da enda. Achei que inha a um paralelo rico com nosso vdeo, no qual algo ambém é revelado: uma paisagem.” (À direia - dealhe da pnura.)
N’o N’o sn de Cnstantin, Cnstantin, vdeo de Felipe Cohen realiado em colaborao com Daniel trench, enconrei caracersicas coincidenes, no plano eséico, com algumas das mencionadas acima. Nese formao de janela, o vdeo parece induir a uma parada. Queremos ver o que h ars dessa corina, o que nos obriga a parar diane dela. A imagem é que “nos escolhe”. escolhe”. Pude enrar nos meandros dessa proposio, cuja lenido parece conribuir para uma aiude mais conemplaiva. Pergunei ao arisa como ele via esse aspeco ligado a uma conemplao do mundo e ao resabelecimeno de cera disância de produões mais ruidosas que rabalham a linguagem do vdeo. “Conemplar no senido filosfico do ermo. A paisagem deve ser enendida como smbolo de algo maior e o sujeio, alguém que a conempla e procura desvend-la e decifr-la. Essa relao com o mundo, ou seja, a variao de uma posura conemplaiva na qual voc aceia o mundo com seus misérios e conradiões. Acho que é a parir dessa vagarea, desse empo que no nos disrai, que a paisagem nos evoca para pensarmos sobre sua presena e principalmene a esranharmos.”10 Fiquei ineressada em saber mais sobre a reomada de um ema raado por Piero della Francesca, mas deslocado do conexo da pinura. Pergunei ao arisa se seu sonho (e de Daniel) remeia ao figurado naquela pinura do século XV (Il (Il sn di Cnstantin, Cnstantin, Piero della Francesca, Baslica de San Francesco, Areo, ca. 1455). “O ulo da obra veio depois do rabalho. Esava folheando um livro de hisria da are quando me deparei com a imagem da pinura o sn de Cnstantin. O que me chamou a aeno primeiro foi a prpria imagem da pinura de Piero della Francesca, na qual o elemeno mais fore é a enda enreabera onde Consanino dorme, e que formalmene se as-
Observamos a recorrncia do ineresse pelo gnero rerao e pela paisagem, por meios deliberadamene mais lenos; a pinura, por exemplo. Leonora Weissmann propõe-nos dois grandes reraos que denomina Retrats de Lepldina e Dd Nicáci sbre a mesma paisaem. paisaem. Busquei saber mais sobre o envolvimeno da arisa com a pinura, pois, para muios, pinar é “quase” um sinnimo de faer are. Obive a insigane colocao: “(...) a pinura se ransformou e ganhou nova dimenso, se ornou mais corajosa. Na verdade, aps essa profuso de novas pricas, no é possvel olhar para a pinura na hisria da are com os mesmos olhos. E isso é maravilhoso: o presene modificando nosso olhar para o passado”.
Esas e ouras pesquisas aqui apresenadas rabalham a idéia de suspenso, uiliando a foografia e o vdeo. Colocando-se diane do embae com a prica, os arisas apreciam o envolvimeno proporcionado por esses meios na consruo de suas imagens.
Se considerarmos que ela nos di na seqncia, que uma pinura se complemena na oura, vemos como a prica do aeli guarda para ela sua poncia de laborario e de orario. O aeli como lugar de um embae enre o arisa, seu coidiano e seu mundo, numa ao coninuada, fsica, que enconra, habia e desloca-se sobre um supore e coninua em oura pinura. “No caso dos rabalhos selecionados, isso se orna um pouco mais especfico. Dudu Niccio e Leopoldina, msicos parceiros e amigos, foram reraados e passaram a faer pare dos corpos-paisagem. Seus corpos se esruuram na pinura a parir de uma paisagem ldica, que finge ser a mesma, mas que, quando se orna pinura, muliplica-se. Fico me pergunando: seus corpos eso sobre a mesma paisagem? Seus corpos so a paisagem? Ambos se faem pinura, os corpos e as paisagens, e ambos so paisagem, a pinura e os corpos. O corpo exerno à imagem, que observa, é responsvel por esse infinio, o orna possvel. So corpos ilusoriamene eerniados por um pono de visa que é mliplo.”
Baro de Sano Ângelo, Insiuo de Ares da UFRGS, Poro Alegre, RS. Essa exposio reunia ouras proposiões e foi acompanhada de um ciclo de palesras discuindo disinos enfoques da cor vermelha na are conemporânea. Disponvel em: www. ufrgs.br/galeria/ ANO2006_1.hml 9 | SCHEFER, J. Louis, “Quelles son les choses rouges?” IN: Artstdi IN: Artstdi,, n° 16, Monocrome, Paris, 1990, p. 19. 10 | Dados colhidos em enrevisa que realiei com o arisa em ouubro de 2006.
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4 | SILVA DA SILVA, Mariana, “Superfcies do conao: froneiras e espaamenos.” Disserao de mesrado, Programa de PsGraduao em Ares Visuais, Insiuo de Ares, UFRGS, Poro Alegre, 2005. 5 | WIELEWICKI, Fabiana, “Invesigaões foogrficas:paisagem programada.” Disserao de mesrado, Programa de Ps-Graduao em Ares Visuais, Insiuo de Ares, UFRGS, Poro Alegre, 2005. 6 | VINCI, Leonardo Da, Tratad de la Pintra , Buenos Aires, Ediorial y Librera Goncour, 1975. 7 | MONIER, Geneviève, “Brève hisoire de bleu” IN: Artstdi IN: Artstdi,, n° 16, Monocrome, Paris, 1990, p. 36. Nese exo a auora fa um apanhado de obras envolvendo a cor aul, de Gioo a arisas mais conemporâneos, como Yves Klein, que paeneou seu aul IKB. 8 | Pret vermel, vermel , de Lui Roque Filho, insalao produida para a exposio homnima (2006). Curadoria de Marcos Sari e Ricardo Barberena, Galeria da Pinacoeca
f i a t m os os t r a b r as as i l
Mariana Silva da Silva, com fina propriedade, nos inrodu a essa queso com seu rabalho À distância (eltric):“tocar (eltric): “tocar com a pona dos dedos e com as palmas das mos, ocar as froneiras rarefeias, conempl-las e observ-las. tenar alcan-las e cona-las. Capurar esse conao, apresen-lo, se possvel. Fixar o volil? À volil? À distância (eltric) mapeia o percurso de uma siuao de froneiras do conao aravés de sua apresenao foogrfica. O rabalho consise em duas foografias disposas lado a lado em uma parede, de forma que haja uma espécie de movimeno de um mesmo fao”.4 Conemplar esses pnts esses pnts de cntat: a foografia como meio de reeno de um insane e de descrio da diferena suil enre dois enquadramenos de uma ao mediada. Quem es por rs da imagem e que pensamenos e premediaões culminaram nessas omadas? A arisa aqui expõe no somene uma capao, mas os resulados de um geso deliberado, pois proagonia a ao figurada. Discue com o paradigma do insane decisivo, e demonsra, sem di-lo, a exisncia de um disposiivo de regisro e de um c ero enquadrameno. Praica o cntat consciene de que se enconra ao mesmo empo dentr e fra do seu faer.
senes na prica da are. Apresena-nos diane de dois grandes formaos, Paisaens: dia. Esas imagens de 2004, cujas ampliaões resulam do processo analgico, inegram séries fechadas e enquadramenos de céu ou da paisagem. Ampliadas nesse formao monumenal, os dois monocromos inciam-nos igualmene a um suil jogo de diferenas enre auis. So insauradores de um ipo de relao sensvel produido em presena dessa cor. Isso fa com que esqueamos por insanes que esamos diane de foografias e nos pergunemos: o que é o aul? Esa vasa queso se apresena novamene, ransiando enre meios e linguagens, ao longo da hisria da are. Lembremos dos imensos planos de imaerialidade que ano moivaram Gioo (12661337), da cor que fugia diane dos olhos aenos de Da Vinci (1452-1519),6 que enava em vo fixar na ela um céu em consane alerao cromica. Bachelard, ciado na ‘Breve hisria do aul’ de Geneviève Monier, nos esclarece um pouco sobre a emoo do aul: “Primeiro no h nada, depois vem um nada profundo, em seguida h uma profundidade aul”.7 A cor em queso sendo analisada por sua poncia enquano fenmeno. (Acima - dealhe de pinura de Gioo e céu.)
Podemos reconhecer essa mesma aiude invesigaiva nas proposiões de Fabiana Wielewicki. Na série 2ª natreza: 8º andar , rabalha seguindo um proocolo. A foografia a auxilia, nese caso, a desenvolver a ariculao dos emas que lhe so caros: o enquadrameno e a paisagem. Esa série de imagens, colocadas lado a lado, exibe uma movimenao da arisa diane de sua janela, ora incluindo no enquadrameno uma pinura, ora incluindo oura. Parece demonsrar o que ocorre nese jogo: uma paisagem idealiada, um lugar comum da paisagem e a cidade como pano de fundo. Em um exo recene, Fabiana discorre sobre o que cosuma pauar suas proposiões: “Elaborar algumas direries – pequenas regras – raadas para organiar e conduir eapas”. Segundo ela, essas regras permiem “organiar as eapas de rabalho, manendo uma relao inrnseca que esruura conceios e soluões formais no processo arsico”. 5 Se pudermos deduir o jogo por ela lanado nesa série, veremos que esse sisema de enquadramenos e de reenvios inrodu ambém o especador, virualmene includo na cena no ‘enquadrameno’ de uma exposio.
Lui Roque Filho, num vdeo realiado na foralea de Cambar do Sul, no Rio Grande do Sul, espao naural caraceriado por sua vasido e silncio, parece rabalhar ambém sob o impaco de uma cor.8 A insalao Pret vermel mosra o arisa acionando um sinaliador que dispersa uma nuvem de pigmenos vermelhos na paisagem. O vdeo exibe a magniude dessas paragens marcadas pela presena da nuvem de cor que emerge do cenro do enquadrameno da imagem pela ao do arisa. Lui se insere igualmene no inerior de seu enquadrameno e, seguindo a mesma preocupao de Kaia, explora no espao exposiivo a imerso produida pela imagem projeada num formao de cinema, que ocupa um plano da insalao. Cenra-se na denoao culural e simblica desa cor e nos coloca, pelo seu geso de passagem, diane da poncia do vermelho.
Kaia Praes segue a via de uma foografia mais analica, que vai, porém, convocar quesões sempre pre-
Se nos aivermos aos aspecos fsicos da cor vermelha, poderemos observar que a mesma possui uma exenso sobre o plano visual. Segundo Schefer, “O vermelho da pinura (de quase oda a pinura) no fa o corpo das coisas vermelhas: ele as fa vir o mais prximo da superfcie. De que superfcie? Da superfcie que ns nos ornamos quando olhamos o vermelho.
13 | KLüSER, Bernd, HEGEWISCH, Caarina, (raduido para o francs por Denis trieweiller), L’Art de la expsitin. une dcmentatin sr trente expsitins exemplaires d XXe siècle, siècle, Paris, Ediion du Regard, 1998. No arigo dedicado a analisar o espao dos absraos de El Lissiky, Beari Nobis levana a imporância da obra de Schwiers que se aplicava a esabelecer uma relao obsessiva com os espaos nos quais se inscrevia.
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12 | OLIVEIRA, Henrique, “Maéria e imagem”, ARS imagem”, ARS,, Revisa do Deparameno de Ares Plsicas, n. 6, ano 3, 2005, pp. 66-77. Nese arigo recenemene publicado o arisa desenvolve a exisncia de um fio conduor que mosra a passagem da pinura por vrias provas que culminam nas novas aões arsicas. Parece haver um ineresse na reomada de um olhar a parir dese gnero para reposicionar as quesões colocadas pela diversidade de pricas e gneros.
semelhava muio ao vdeo. Acima da enda, um anjo vem anunciar ao imperador a viria na guerra caso ele se convera ao crisianismo. Ou seja, exise a a idéia da revelao. A verdade, no caso dessa imagem, enra pela aberura da enda. Achei que inha a um paralelo rico com nosso vdeo, no qual algo ambém é revelado: uma paisagem.” (À direia - dealhe da pnura.)
N’o N’o sn de Cnstantin, Cnstantin, vdeo de Felipe Cohen realiado em colaborao com Daniel trench, enconrei caracersicas coincidenes, no plano eséico, com algumas das mencionadas acima. Nese formao de janela, o vdeo parece induir a uma parada. Queremos ver o que h ars dessa corina, o que nos obriga a parar diane dela. A imagem é que “nos escolhe”. escolhe”. Pude enrar nos meandros dessa proposio, cuja lenido parece conribuir para uma aiude mais conemplaiva. Pergunei ao arisa como ele via esse aspeco ligado a uma conemplao do mundo e ao resabelecimeno de cera disância de produões mais ruidosas que rabalham a linguagem do vdeo. “Conemplar no senido filosfico do ermo. A paisagem deve ser enendida como smbolo de algo maior e o sujeio, alguém que a conempla e procura desvend-la e decifr-la. Essa relao com o mundo, ou seja, a variao de uma posura conemplaiva na qual voc aceia o mundo com seus misérios e conradiões. Acho que é a parir dessa vagarea, desse empo que no nos disrai, que a paisagem nos evoca para pensarmos sobre sua presena e principalmene a esranharmos.”10 Fiquei ineressada em saber mais sobre a reomada de um ema raado por Piero della Francesca, mas deslocado do conexo da pinura. Pergunei ao arisa se seu sonho (e de Daniel) remeia ao figurado naquela pinura do século XV (Il (Il sn di Cnstantin, Cnstantin, Piero della Francesca, Baslica de San Francesco, Areo, ca. 1455). “O ulo da obra veio depois do rabalho. Esava folheando um livro de hisria da are quando me deparei com a imagem da pinura o sn de Cnstantin. O que me chamou a aeno primeiro foi a prpria imagem da pinura de Piero della Francesca, na qual o elemeno mais fore é a enda enreabera onde Consanino dorme, e que formalmene se as-
Observamos a recorrncia do ineresse pelo gnero rerao e pela paisagem, por meios deliberadamene mais lenos; a pinura, por exemplo. Leonora Weissmann propõe-nos dois grandes reraos que denomina Retrats de Lepldina e Dd Nicáci sbre a mesma paisaem. paisaem. Busquei saber mais sobre o envolvimeno da arisa com a pinura, pois, para muios, pinar é “quase” um sinnimo de faer are. Obive a insigane colocao: “(...) a pinura se ransformou e ganhou nova dimenso, se ornou mais corajosa. Na verdade, aps essa profuso de novas pricas, no é possvel olhar para a pinura na hisria da are com os mesmos olhos. E isso é maravilhoso: o presene modificando nosso olhar para o passado”.
Esas e ouras pesquisas aqui apresenadas rabalham a idéia de suspenso, uiliando a foografia e o vdeo. Colocando-se diane do embae com a prica, os arisas apreciam o envolvimeno proporcionado por esses meios na consruo de suas imagens.
Se considerarmos que ela nos di na seqncia, que uma pinura se complemena na oura, vemos como a prica do aeli guarda para ela sua poncia de laborario e de orario. O aeli como lugar de um embae enre o arisa, seu coidiano e seu mundo, numa ao coninuada, fsica, que enconra, habia e desloca-se sobre um supore e coninua em oura pinura. “No caso dos rabalhos selecionados, isso se orna um pouco mais especfico. Dudu Niccio e Leopoldina, msicos parceiros e amigos, foram reraados e passaram a faer pare dos corpos-paisagem. Seus corpos se esruuram na pinura a parir de uma paisagem ldica, que finge ser a mesma, mas que, quando se orna pinura, muliplica-se. Fico me pergunando: seus corpos eso sobre a mesma paisagem? Seus corpos so a paisagem? Ambos se faem pinura, os corpos e as paisagens, e ambos so paisagem, a pinura e os corpos. O corpo exerno à imagem, que observa, é responsvel por esse infinio, o orna possvel. So corpos ilusoriamene eerniados por um pono de visa que é mliplo.”
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Rodrigo Freias recorre aos grandes formaos em suas a web are; da pinura para o vdeo e cinema. Para pinuras, nas quais organia um crierioso jogo sele- além do meio escolhido, o que se joga neses casos ivo de emas reirados do seu coidiano na grande so quesões que confirmam as aiudes invesigaivas cidade (Belo Horione), parindo de uma pesquisa dos arisas, ou seja, a busca de amadurecimeno de anerior com desenhos e foografia. “Ineressa-me uma prica calcada na observao de fenmenos de o fluxo consane da cidade, seu incessane ciclo de passaem. passaem. Esses arisas parecem pergunar-se: o que desruio e reconsruo e, conseqenemene, a ocorre quando desloco uma siuao de um conexo convivncia de diferenes empos (passado e presen- a ouro? Isso denro da prica de aeli ou na passae) num mesmo local. Comecei a invesigar lugares gem de conexos de veiculao. e elemenos urbanos que causavam esranhameno e disanciameno à maioria das pessoas. O aspeco Os Tapmes que Henrique Oliveira nos apresena nessublime da paisagem me ineressa. Essas idéias se a Mosra, uma insalao in sit, sit, foram feios pela ornaram mais consisenes a parir das pinuras que aplicao de camadas de lâminas de madeira comrepresenam um viaduo e o cho de uma praa. O pensada sobreposas no plano modificado da parede processo de feiura da pinura (mpera em grossas do poro da Bienal. A obra coloca de maneira exemcamadas) de cera forma dialoga com esse rimo de plar a queso da passagem enre meios. A hisria da consruo da prpria cidade, em que as camadas are do século XX, suas invenões e ransgressões nos de pigmeno se sobrepõem e velam imagens ane- permiem hoje reraar a ampliao efeiva da prica riores. Embora nasam da foografia, no busco nas arsica, queso iniciada pela incluso de procedipinuras uma fidelidade foogrfica. Ao conrrio, a menos alheios à pinura, como as colagens. O muro foografia é um esmulo inicial e as paisagens pic- que nos propõe Henrique Oliveira expõe as exuras ricas se consroem no prprio faer, com as sucessi- da maéria uiliada e apresena efeios visuais impresvas camadas de ina.” sionanes, que nos do a sensao de esarmos diane de um corpo vivo, que incha e se rerai. O arisa disExala-se aqui o envolvimeno dos arisas em seus cue e se bae com esse “plano” de inerveno, um disinos processos de rabalho, cuja revelao ornou plano da pinura, inicialmene. Parece consciene que possvel sinaliar a recorrncia de ineresses e emas.11 es diane de um erceiro ermo, mesmo se mosra Vimos que possuem em comum uma pesquisa me- apego às referncias do gnero do qual pariu e que dica, que se esende do faer à exposio e apona lhe serve de parâmero de anlise.12 Tapmes convipara uma conscincia maior de seu papel. Percebe- da-nos porém a refleir sobre o que ocorre quando a mos que muios seguem reaualiando, por disinos obra adere ao espao exposiivo e, por conseqncia, meios, emas fundamenais na hisria da are: a con- o ransforma. Pede que a analisemos nos conexos emplao do mundo, a paisagem, as mediaões. O nos quais é apresenada, pois nesse embae parece espao de vida surge como ema e aparece, em algu- ganhar organicidade, aparecendo criicamene ao pmas obras, desvendando ouras quesões problem- blico como um corpo esranho. icas de seus coidianos, como se pde consaar nas pinuras de Rodrigo e de Leonora, assim como nos A conjuno da obra com o seu local exposiivo é vdeos e foografias. igualmene colocada por Rodrigo Borges, que dialoga com as caracersicas inerenes desse espao (ipologia, morfologia, fluxos) para com elas desenhar e demarcar inervalos. torna cada proposio Passagens entre meios pare indissocivel dessa arquieura, acenuada pela enso provocada pela fragilidade do maerial emOs arisas, desde o incio da modernidade e do apa- pregado: fias adesivas. Ambas as pricas, de Henrecimeno das imagens écnicas, vm produindo rique e de Rodrigo, se faem a parir da pinura e do deslocamenos enre meios e agregando, por meio lugar especfico, dialogando e propondo inusiadas desa mobilidade, elemenos e diferenas em suas relaões percepivas, ambicionando e dando conipricas: da foografia à pinura; da foografia para a nuidade a uma problemica reomada por inmeros gravura; da pinura para a esculura; da esculura para arisas, da are oal de Kur Schwiers, com a sua
11 | As falas dos arisas raidas a ese exo foram colhidas aravés de enrevisas endereadas por e-mail enre os meses de ouubro e novembro, coincidindo com o processo de escria dese exo que efeivamene se alimenou dessa inerlocuo. Buscaremos disponibili-las na negra no sie: www. ufrgs.br/ares/esculura, no qual recolho as informaões que concernem à minha paricipao nese processo de curadoria, como uma das aões do Programa Formas de Pensar a Esculura, DAV-Insiuo de Ares da UFRGS.
E esas coisas disposas em vermelho no agem, no se anunciam, elas diem: Iso!”9 O efeio sonoro que acompanha o desenrolar da imagem no vdeo de Lui Roque Filho parece colaborar com essa indexao cromica. Enramos em um universo de imagens espaosas e ese rabalho poderia inscrever-se igualmene em uma ‘hisria do vermelho na are brasileira’, da qual nos vm rapidamene ao esprio a insalao Desvi para vermel, vermel, de Cildo Meireles (1968-84), as foografias da Srie Vermela(2001), Vermela (2001), apropriadas e ressignificadas pela cor por Rosângela Renn, assim como ouras obras cinemaogrficas que ano alimenam o imaginrio de Lui Roque Filho.
Baro de Sano Ângelo, Insiuo de Ares da UFRGS, Poro Alegre, RS. Essa exposio reunia ouras proposiões e foi acompanhada de um ciclo de palesras discuindo disinos enfoques da cor vermelha na are conemporânea. Disponvel em: www. ufrgs.br/galeria/ ANO2006_1.hml 9 | SCHEFER, J. Louis, “Quelles son les choses rouges?” IN: Artstdi IN: Artstdi,, n° 16, Monocrome, Paris, 1990, p. 19. 10 | Dados colhidos em enrevisa que realiei com o arisa em ouubro de 2006.
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obra MERZBAu (1920),13 às ponuaões de Daniel Buren (1968 aé nossos dias). 14
O lugar expositivo face aos veículos da arte
As quesões do rânsio enre meios aparece disinamene nos obets ansiss de Ricardo Crisofaro, que passa da prica esculrica para a modelagem digial. Nesa insalao ele propõe a projeo de animaões de objeos, onde algumas funões so prioriadas, que guardam aspecos que lembram os objeos manufaurados.15
Diane da profuso de meios arsicos e de modos de recepo igualmene variados, parece imporane raar das disinões que se operam enre as obras no espao exposiivo. Como cada obra se propõe como uma ona de comparilhameno e que modos de recepo implica? Como ganham nexo? Se no caso da insalao, vemos que o arisa busca recriar uma ona de visibilidade para suas imagens menais, como em ouras pricas da are conemporânea é reposicionada a queso do conao enre o pensameno do arisa e seu pblico?
Em Refeitóri, Refeitóri, Marcelo Moschea opera a passagem de uma imagem de um meio para o ouro. O arisa observa o que ocorre quando ranspõe uma foografia apropriada de arquivo para a gravura, pacienemene analisada no que di respeio às suas qualidades onais. Parindo dese formao porvel, busca reenconrar as dimensões originais da cena. O meio escolhido pelo arisa é a gravura. Quem conhece ese procedimeno de reproduo pode medir a arefa.16 O faer arsico aqui em o seu sisema inerno cenrado na queso da passagem e da ranscrio da imagem do refeirio e na devoluo da mesma, como uma cena, ao local da exposio. As pequenas parcelas onais so monadas lado a lado, como um mosaico, buscando reconsiuir o efeio onal da imagem original. Refeitóri parece desvendar uma preocupao do arisa em elaborar o descare de nossa sociedade em suas mais diversas formas. O que o levaria a passar ano empo na realiao de uma obra se no o envolvimeno com uma cera resisncia ao desgase de imagens abandonadas? Daniel Escobar apresena dois grandes formaos – série Pert demais: Permeável I e Permeável II –, inscrios na caegoria pinura. trama os supores, resduos de oudoors ambém recuperados de campanhas publicirias com seus gesos de inerferncia. Ao perfurar obsessivamene a superfcie desses papéis, produ cosuras visuais, ceriduras e rendas, nas quais as imagens sobreposas criam ouras ramas, faendo com que o que es figurado numa camada do fundo aparea na superfcie. A delicadea e a fragilidade dessas folhas so algo incompavel com o imenso painel que mobilia nossa aeno. Aqui, uma ve mais, os resduos de imagens publicirias so ressemaniados por um empo dos gesos lenos, e por um real envolvimeno do arisa com o seu faer. A queso écnica e dos maeriais arsicos cede, nese caso, lugar a uma coreografia de gesos que fa obra.
Vejamos como abordar o livro de arisa, a web are, as aões que agenciam regisros de informao e de difuso e as que raam da queso éica de ornar pblico um rabalho, sem excluso de meios. Pode-se deecar nesas aiudes um movimeno e uma vonade do arisa de abrir ouras vias exposiivas, conrapondo-se à hegemonia do culural e ao poder das mdias da comunicao? O Brasil apresena um incremeno de aparelhos de comunicao e de compuadores domésicos conecados em rede. Se no podemos ainda medir as conseqncias desa rede para a criao, desmisificao e democraiao do circuio da are, vemos que os arisas dela m se apropriado muio rapidamene. A inerne em poencialiado a energia de rocas de informao e é hoje ambém um canal de veiculao de rabalhos de are. Abrindo-se para o conrafluxo de opiniões e de ineraões, ela segue sendo esse riomico espao de conversas e assume-se, em ceras circunsâncias, como lugar exposiivo. Poderamos, como se avenura Anne Cauquelin, levanar ouro caso, o significado dos Sites dos Sites artístics17 como espaos de rocas enre arisas e como onas de comparilhameno de suas produões. Uma expressiva parcela dos selecionados ensiona o aparao exposiivo, o museu e as curadorias, consideradas insâncias de sacraliao para a are. Arisas que se idenificam com o espao da web, assim como os que desenvolvem aões em conexos urbanos, individualmene ou em coleivos, eso ineressados em implicar um ouro pblico. Ampliam consideravelmene a queso sobre os modos de veiculao de
14 | DUARtE, Paulo Sergio (org.), Daniel Bren: texts e entrevistasesclids (1967-2000), (1967-2000), Rio de Janeiro, Cenro de Are Hélio Oiicica, 2001. 15 | hp://www.ares. ufjf.br/crisofaro/ 16 | As écnicas guafore, gua-ina e pona seca possibiliam a explorao de nuances de om e qualidades de linha basane sofisicadas. Inegram o conhecimeno da gravura em meal. A imagem final é obida por eninagem e impresso da mari rabalhada. (Acima, regisros do processo de rabalho de Marcelo Moschea.) 17 | CAUQUELIN, Anne, Arte cntemprânea: ma intrdçã, intrdçã , So Paulo, Marins, 2005, p. 159. “A idéia que es por rs dessa insalao em rede é a organiao de um local para o enconro de arisas, para a roca ineraiva de projeos em curso, para a consruo de uma obra comum, na qual possam inervir os ‘suposos’ uiliadores, que acabariam se ornando os verdadeiros arisas.”
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13 | KLüSER, Bernd, HEGEWISCH, Caarina, (raduido para o francs por Denis trieweiller), L’Art de la expsitin. une dcmentatin sr trente expsitins exemplaires d XXe siècle, siècle, Paris, Ediion du Regard, 1998. No arigo dedicado a analisar o espao dos absraos de El Lissiky, Beari Nobis levana a imporância da obra de Schwiers que se aplicava a esabelecer uma relao obsessiva com os espaos nos quais se inscrevia.
Rodrigo Freias recorre aos grandes formaos em suas a web are; da pinura para o vdeo e cinema. Para pinuras, nas quais organia um crierioso jogo sele- além do meio escolhido, o que se joga neses casos ivo de emas reirados do seu coidiano na grande so quesões que confirmam as aiudes invesigaivas cidade (Belo Horione), parindo de uma pesquisa dos arisas, ou seja, a busca de amadurecimeno de anerior com desenhos e foografia. “Ineressa-me uma prica calcada na observao de fenmenos de o fluxo consane da cidade, seu incessane ciclo de passaem. passaem. Esses arisas parecem pergunar-se: o que desruio e reconsruo e, conseqenemene, a ocorre quando desloco uma siuao de um conexo convivncia de diferenes empos (passado e presen- a ouro? Isso denro da prica de aeli ou na passae) num mesmo local. Comecei a invesigar lugares gem de conexos de veiculao. e elemenos urbanos que causavam esranhameno e disanciameno à maioria das pessoas. O aspeco Os Tapmes que Henrique Oliveira nos apresena nessublime da paisagem me ineressa. Essas idéias se a Mosra, uma insalao in sit, sit, foram feios pela ornaram mais consisenes a parir das pinuras que aplicao de camadas de lâminas de madeira comrepresenam um viaduo e o cho de uma praa. O pensada sobreposas no plano modificado da parede processo de feiura da pinura (mpera em grossas do poro da Bienal. A obra coloca de maneira exemcamadas) de cera forma dialoga com esse rimo de plar a queso da passagem enre meios. A hisria da consruo da prpria cidade, em que as camadas are do século XX, suas invenões e ransgressões nos de pigmeno se sobrepõem e velam imagens ane- permiem hoje reraar a ampliao efeiva da prica riores. Embora nasam da foografia, no busco nas arsica, queso iniciada pela incluso de procedipinuras uma fidelidade foogrfica. Ao conrrio, a menos alheios à pinura, como as colagens. O muro foografia é um esmulo inicial e as paisagens pic- que nos propõe Henrique Oliveira expõe as exuras ricas se consroem no prprio faer, com as sucessi- da maéria uiliada e apresena efeios visuais impresvas camadas de ina.” sionanes, que nos do a sensao de esarmos diane de um corpo vivo, que incha e se rerai. O arisa disExala-se aqui o envolvimeno dos arisas em seus cue e se bae com esse “plano” de inerveno, um disinos processos de rabalho, cuja revelao ornou plano da pinura, inicialmene. Parece consciene que possvel sinaliar a recorrncia de ineresses e emas.11 es diane de um erceiro ermo, mesmo se mosra Vimos que possuem em comum uma pesquisa me- apego às referncias do gnero do qual pariu e que dica, que se esende do faer à exposio e apona lhe serve de parâmero de anlise.12 Tapmes convipara uma conscincia maior de seu papel. Percebe- da-nos porém a refleir sobre o que ocorre quando a mos que muios seguem reaualiando, por disinos obra adere ao espao exposiivo e, por conseqncia, meios, emas fundamenais na hisria da are: a con- o ransforma. Pede que a analisemos nos conexos emplao do mundo, a paisagem, as mediaões. O nos quais é apresenada, pois nesse embae parece espao de vida surge como ema e aparece, em algu- ganhar organicidade, aparecendo criicamene ao pmas obras, desvendando ouras quesões problem- blico como um corpo esranho. icas de seus coidianos, como se pde consaar nas pinuras de Rodrigo e de Leonora, assim como nos A conjuno da obra com o seu local exposiivo é vdeos e foografias. igualmene colocada por Rodrigo Borges, que dialoga com as caracersicas inerenes desse espao (ipologia, morfologia, fluxos) para com elas desenhar e demarcar inervalos. torna cada proposio Passagens entre meios pare indissocivel dessa arquieura, acenuada pela enso provocada pela fragilidade do maerial emOs arisas, desde o incio da modernidade e do apa- pregado: fias adesivas. Ambas as pricas, de Henrecimeno das imagens écnicas, vm produindo rique e de Rodrigo, se faem a parir da pinura e do deslocamenos enre meios e agregando, por meio lugar especfico, dialogando e propondo inusiadas desa mobilidade, elemenos e diferenas em suas relaões percepivas, ambicionando e dando conipricas: da foografia à pinura; da foografia para a nuidade a uma problemica reomada por inmeros gravura; da pinura para a esculura; da esculura para arisas, da are oal de Kur Schwiers, com a sua
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11 | As falas dos arisas raidas a ese exo foram colhidas aravés de enrevisas endereadas por e-mail enre os meses de ouubro e novembro, coincidindo com o processo de escria dese exo que efeivamene se alimenou dessa inerlocuo. Buscaremos disponibili-las na negra no sie: www. ufrgs.br/ares/esculura, no qual recolho as informaões que concernem à minha paricipao nese processo de curadoria, como uma das aões do Programa Formas de Pensar a Esculura, DAV-Insiuo de Ares da UFRGS. 12 | OLIVEIRA, Henrique, “Maéria e imagem”, ARS imagem”, ARS,, Revisa do Deparameno de Ares Plsicas, n. 6, ano 3, 2005, pp. 66-77. Nese arigo recenemene publicado o arisa desenvolve a exisncia de um fio conduor que mosra a passagem da pinura por vrias provas que culminam nas novas aões arsicas. Parece haver um ineresse na reomada de um olhar a parir dese gnero para reposicionar as quesões colocadas pela diversidade de pricas e gneros.
obra MERZBAu (1920),13 às ponuaões de Daniel Buren (1968 aé nossos dias). 14
O lugar expositivo face aos veículos da arte
As quesões do rânsio enre meios aparece disinamene nos obets ansiss de Ricardo Crisofaro, que passa da prica esculrica para a modelagem digial. Nesa insalao ele propõe a projeo de animaões de objeos, onde algumas funões so prioriadas, que guardam aspecos que lembram os objeos manufaurados.15
Diane da profuso de meios arsicos e de modos de recepo igualmene variados, parece imporane raar das disinões que se operam enre as obras no espao exposiivo. Como cada obra se propõe como uma ona de comparilhameno e que modos de recepo implica? Como ganham nexo? Se no caso da insalao, vemos que o arisa busca recriar uma ona de visibilidade para suas imagens menais, como em ouras pricas da are conemporânea é reposicionada a queso do conao enre o pensameno do arisa e seu pblico?
Em Refeitóri, Refeitóri, Marcelo Moschea opera a passagem de uma imagem de um meio para o ouro. O arisa observa o que ocorre quando ranspõe uma foografia apropriada de arquivo para a gravura, pacienemene analisada no que di respeio às suas qualidades onais. Parindo dese formao porvel, busca reenconrar as dimensões originais da cena. O meio escolhido pelo arisa é a gravura. Quem conhece ese procedimeno de reproduo pode medir a arefa.16 O faer arsico aqui em o seu sisema inerno cenrado na queso da passagem e da ranscrio da imagem do refeirio e na devoluo da mesma, como uma cena, ao local da exposio. As pequenas parcelas onais so monadas lado a lado, como um mosaico, buscando reconsiuir o efeio onal da imagem original. Refeitóri parece desvendar uma preocupao do arisa em elaborar o descare de nossa sociedade em suas mais diversas formas. O que o levaria a passar ano empo na realiao de uma obra se no o envolvimeno com uma cera resisncia ao desgase de imagens abandonadas? Daniel Escobar apresena dois grandes formaos – série Pert demais: Permeável I e Permeável II –, inscrios na caegoria pinura. trama os supores, resduos de oudoors ambém recuperados de campanhas publicirias com seus gesos de inerferncia. Ao perfurar obsessivamene a superfcie desses papéis, produ cosuras visuais, ceriduras e rendas, nas quais as imagens sobreposas criam ouras ramas, faendo com que o que es figurado numa camada do fundo aparea na superfcie. A delicadea e a fragilidade dessas folhas so algo incompavel com o imenso painel que mobilia nossa aeno. Aqui, uma ve mais, os resduos de imagens publicirias so ressemaniados por um empo dos gesos lenos, e por um real envolvimeno do arisa com o seu faer. A queso écnica e dos maeriais arsicos cede, nese caso, lugar a uma coreografia de gesos que fa obra.
Vejamos como abordar o livro de arisa, a web are, as aões que agenciam regisros de informao e de difuso e as que raam da queso éica de ornar pblico um rabalho, sem excluso de meios. Pode-se deecar nesas aiudes um movimeno e uma vonade do arisa de abrir ouras vias exposiivas, conrapondo-se à hegemonia do culural e ao poder das mdias da comunicao? O Brasil apresena um incremeno de aparelhos de comunicao e de compuadores domésicos conecados em rede. Se no podemos ainda medir as conseqncias desa rede para a criao, desmisificao e democraiao do circuio da are, vemos que os arisas dela m se apropriado muio rapidamene. A inerne em poencialiado a energia de rocas de informao e é hoje ambém um canal de veiculao de rabalhos de are. Abrindo-se para o conrafluxo de opiniões e de ineraões, ela segue sendo esse riomico espao de conversas e assume-se, em ceras circunsâncias, como lugar exposiivo. Poderamos, como se avenura Anne Cauquelin, levanar ouro caso, o significado dos Sites dos Sites artístics17 como espaos de rocas enre arisas e como onas de comparilhameno de suas produões. Uma expressiva parcela dos selecionados ensiona o aparao exposiivo, o museu e as curadorias, consideradas insâncias de sacraliao para a are. Arisas que se idenificam com o espao da web, assim como os que desenvolvem aões em conexos urbanos, individualmene ou em coleivos, eso ineressados em implicar um ouro pblico. Ampliam consideravelmene a queso sobre os modos de veiculao de
14 | DUARtE, Paulo Sergio (org.), Daniel Bren: texts e entrevistasesclids (1967-2000), (1967-2000), Rio de Janeiro, Cenro de Are Hélio Oiicica, 2001. 15 | hp://www.ares. ufjf.br/crisofaro/ 16 | As écnicas guafore, gua-ina e pona seca possibiliam a explorao de nuances de om e qualidades de linha basane sofisicadas. Inegram o conhecimeno da gravura em meal. A imagem final é obida por eninagem e impresso da mari rabalhada. (Acima, regisros do processo de rabalho de Marcelo Moschea.) 17 | CAUQUELIN, Anne, Arte cntemprânea: ma intrdçã, intrdçã , So Paulo, Marins, 2005, p. 159. “A idéia que es por rs dessa insalao em rede é a organiao de um local para o enconro de arisas, para a roca ineraiva de projeos em curso, para a consruo de uma obra comum, na qual possam inervir os ‘suposos’ uiliadores, que acabariam se ornando os verdadeiros arisas.”
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18 | Depoimeno colhido por e-mail, daado de 06/10/2006, respondendo a uma queso por mim colocada. MI: “Como pensar a exposio dessas proposiões, viso que o objeo es sinaliado pelos leiores, mas ausene do conexo exposiivo? O que u realmene apresena?” Ft: “Assim, acho que o mais imporane a ser fixado seria a queso do convie, uma ve que isso es presene em odo o processo, o convie ao Sab, o convie aos leiores que conaei, o convie aos visianes da galeria. todos esses convies implicando em um rabalho de leiura daquele que o aceia, que é ambém o rabalho de er que se deslocar por Diamanina, er que ir ao correio, er que ir à biblioeca.” 19 | Exrado do projeo avaliado pelos curadores do FMB: Fabola tasca, Escritra, Escritra, 2006. “‘Escriura’ é, porano, o ulo desse livro que narra o meu enconro com Sab, bem como as siuaões configuradas a parir de eno. ‘Escriura’ é ambém o ulo do procedimeno de circulao desse livro que, desde janeiro de 2003, venho oferecendo a alguns leiores. O livro segue acompanhado de uma ficha de leiura na qual os leiores que auoriam a exposio de seus nomes regisram suas assinauras. (...)”
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suas poéicas e em alguns casos reornam ao museu, pois é a parir desse lugar que se segue produindo discursos de discernimeno do pblico. Segundo Andrei thoma, um dos arisas selecionados, “os rabalhos de web are acabam aingindo pessoas que no faem pare do pblico de are conemporânea. Mas me preocupa que os rabalhos no sejam percebidos como produões arsicas. Por mais que alguns arisas considerem o sisema arsico um aparao insiucional desnecessrio, me parece imporane que eles sejam visos denro do conexo da produo arsica, e que ponos de conao com ouras produões, sejam conemporâneas ou de séculos aneriores, possam ser idenificados e esabelecidos pelos fruidores”. Ao lado de pinuras e obras pronas, enconramos na exposio proposiões e projeos envolvendo regisro e ransmisso e implicando ouros ipos de deslocameno, viruais e reais. A funo dese espao se alera. A exposio orna-se uma ona de comparilhameno da diversidade, que no anula as diferenas consiuivas de cada uma das proposiões, mas que, ao conrrio, propõe ao visiane um exerccio de discernimeno. tal como es sendo posa a queso, essa compreenso conribui para enender que o papel de especador diane de formaos exposiivos mudou muio, pois ali ele pode ser passivo ou sujeio deliberane. A exposio da are conemporânea apresenando-se como um sofisicado sisema de mliplos modos cogniivos de recepo. Convocando eses paradoxos, o rabalho de Bruno Faria, Delivery; cleçã particlar , ponua com fina ironia a siuao banaliada pelas mdias, na qual qualquer um pode adquirir uma obra de are pela eleviso a parir de sua prpria casa. Ele adquire uma pinura, que dispõe lado a lado com o regisro videogrfico do lance, para quem quiser conferir. Cenra-se no que efeivamene es querendo mosrar, inscrevendo esse conjuno de operaões, um aponameno polico de uma siuao pinada no coidiano, no prmio Fia Mosra Brasil. “Meus rabalhos eso em supores disinos, comeando no desenho, passando pela esculura e migrando para qualquer ouro ipo de mdia que seja necessria. Cada rabalho pede um supore por uma necessidade especfica. Mas o que os rabalhos m em comum é uma reflexo, um quesionameno que,
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na maioria das vees, pode er uma leiura como um aponameno polico, por querer mosrar alguma siuao para o ouro, algo que eseja no nosso coidiano.” O arisa aposa no ao de “exposio do sisema”, que permie que uma pinura adquirida em um leilo elevisivo inegre uma proposio sua, para com ela produir um esranhameno crico que, por sua ve, expõe problemas mais amplos. J Fabola tasca exibe numa parede a lisa de leiores do livro Escritra, Escritra, produido por ela, e fruo de “uma dinâmica de relaões inerpessoais”. O livro no se enconra no espao exposiivo propriamene dio. Segundo a arisa, a experincia da obra ocorre no deslocameno e no espao enre dois ponos: “No se raa de proceder com visas a equacionar uma apreenso complea, oaliane, mas de invesir em salienar a dimenso de incompleude. Da o deslocameno enre os espaos, enre as eapas às quais o leior é conduido/convidado. Ao convocar esraégias algo anmalas em relao a uma concepo da are como ‘revelao da subjeividade’, alve o rabalho diga que isso de subjeividade s exise no enre.” Fabola pensa no formao “exposio” como lugar para enderear um convie, vivendo-o como insância que “remee” a oura experincia que ela deseja comparilhar: “A galeria e o empo de exposio funcionam como um momeno de publiciao de conaos pariculares (quase um oudoor, quem sabe...), enquano a biblioeca e o possvel enconro do leior com o livro funcionariam como uma conversa ao pé do ouvido, do ipo que se pode er em uma biblioeca, onde se supõe que a gene fale baixinho”.18 Ao divulgar o crculo de leiores dessa obra, a exposio orna-se o lugar desse circuio de relaões, ficando ao visiane a iniciaiva de inegrar-se ou no a essa comunidade de leiores.19 J no caso do rabalho Indtr de percepçã ctidiana, na, de Mariane Roer, o livro parece ser o lugar do conao irreduvel enre o pblico e a sua experincia. Mas ela aposa na esraégia de dissemin-lo anonimamene em alguns ponos de apoio pré-deerminados da cidade de So Paulo. Na exposio, ele esar ao lado de ouras proposiões, em meio a linguagens, aponando sobre a irreduibilidade dessa forma de conao mais inimisa e que busca um leior e uma posio de leiura. No volume apresenado, ela recolhe e organia foografias de seu coidiano, recores
de seu dia-a-dia em Poro Alegre. Ineressa-lhe rabalhar o agenciameno de narraivas visuais insauradas pelo encadeameno das imagens foogrficas na pgina, enre pginas, assim como explorar o geso de folhe-lo. Segundo Paulo Silveira, esudioso das narraivas de arisas que uiliam a foografia no livro, “A palavra-chave que une livros o especiais alve seja o nexo, que pode ser o vnculo ou a relao de pares enre si, ou da pare com o odo, ou do eveno e sua circunsância, mesmo que qualquer varivel seja absraa, impalpvel. Ese nexo, parido de um dado propsio, ir consiuir o sisema formador do livro. A foografia no esar ali passivamene”.20 A queso que se coloca nese caso é que ceras imagens foogrficas “vivem melhor” na inimidade de um livro do que em uma exposio, desconecadas de sua ordem.
ao da are, para além das mapeadas nesa Mosra, mas omando como pono de parida as proposiões coleivas aqui apresenadas. Observemos de que forma dois coleivos e dois rabalhos auorais inercepam os funcionamenos da vida social. As aões pblicas do Grupo de Inerferncia Ambienal (GIA) conclamam uma apresenao pormenoriada. O Caram é uma esruura de base, realiada com lonas plsicas amarelas, e que se adapa a lugares e siuaões as mais inusiadas, podendo ser amarrado a uma grade do passeio, numa calada ou enre rvores de um parque. Nesse abrigo, insala-se provisoriamene uma sede de ineraões com os passanes, nauralmene arados pelo esprio fesivo do coleivo. As proposas deses arisas, que vivem, esudam e rabalham em Salvador, so embaladas por percussões e seguidas pelas mximas publicadas na base de seus panfleos programicos: Acredite programicos: Acredite nas sas ações. ações.
Para gril, gril, de Raquel Solf, por exemplo, o espao exposiivo é o lugar lieral de esacionameno de bicicleas preparadas para que o “usurio” faa uma deriva pelo Parque do Ibirapuera ou no seu enorno. O rabalho se d em movimeno e a arisa nos propõe Fila, Fila, por exemplo, é uma proposio um ano nnuma imerso poéico-crica, embalada pela sonori- sense. sense. O grupo percebe a facilidade com a qual as pesdade invocadora do conexo rural. “Esa proposio soas enram em condicionamenos sociais ao examinar inegra o projeo FoRA [Do AR] , desenvolvido desde como se forma uma fila e o que ela gera como campo 2002, consiuindo a primeira faixa de um CD-objeo de relaões. Colocam-se em linha e rapidamene os com proposiões sonoras que podem se desdobrar passanes se posam ars, para ver, por exemplo, o em inervenões urbanas, microinervenões domés- pr-do-sol de Salvador. Os arisas observam e aponicas, inserões em rdios, insalaões, vdeos, obje- am suas conradiões, diverem-se reirando esses os, exos e imagens.” 21 Raquel inrodu um modo condicionamenos de sua funo para provocar oude deslocameno da sua proposio em direo aos ras cenas em ouros conexos. espaos da vida, aos quais, a cada dia mais, os arisas parecem dirigir-se para inervir.22 Como em uma Em oura proposio, Nã-prpaanda, Nã-prpaanda, organiam-se avenura, coninuemos a perseguir a are pelo cami- e saem às ruas de Salvador empunhando caraes sem nho que ela nos indica, numa conduo cuidadosa mensagem, na sua purea original de plsico amaredos faos, para eviar aropelos em seus fluxos, pois lo. Por meio dessa apropriao dos meios e disposiinesses lugares enramos em ouros sisemas, comple- vos de mdias publicirias, eles se exibem formando xos e movedios. uma fesiva manifesao monocromica. Os reângulos amarelos ponuam o espao urbano por onde passam. Ao acercar-me dessa proposio, em paricular, no posso deixar de lembrar a referncia que ela Ações coletivas e o espaço relacional evoca: os Núcles de Hélio Oiicica e sua mxima, o mse mnd. mnd. Reive de Pedro, um dos inegranO que pode a ar e?23 Fixo-me paricularmene nesa es do GIA, a seguine observao: “Os rabalhos no queso levanada por Suely Rolnik no exo “Geo- exisem soinhos. Eles s exisem com um conexo”. polica da cafeinagem”, pois alguns projeos se- Em Salvador, o grupo escolhe o conexo do Carnaval, lecionados para o Fia Mosra Brasil discuem com quando as pessoas eso mais disponveis e flexveis. 24 propriedade aspecos da realidade social brasileira. Maném-se como grupo, mas as formas de insero Pensemos junos sobre a expanso do campo de de suas proposiões lhes demandam conversas cir-
20 | SILVEIRA, Paulo, “A foografia e o livro de arisa” IN: SANtOS, Alexandre e DOS SANtOS, Maria Ivone (orgs.), (orgs.), A ftrafia ns prcesss artístics cntemprânes, cntemprânes, Poro Alegre, Unidade Ediorial da Secrearia Municipal de Culura/Ediora da UFRGS, 2004, p. 150. 21 | hp://www6.ufrgs. br/esculura/fsm2005/ inervencoes.hm A inerveno sonora gril consisia em veicular em carro de som o udio de um grilo, em fins de arde, em rajeos do cenro de algumas cidades. Foi realiada no dia 30 de janeiro enre 18 e 20 horas, no enorno do Parque da Redeno em Poro Alegre, durane o V Frum Social Mundial de Poro Alegre em 2005. Ese rabalho foi reapresenado com a verso documenao no Salo de Joinville e em ouras ocasiões. 22 | HUCHEt, Séphane, “Osris conemporâneo”, em arigo inegrane desa publicao, apresena o argumeno de que esas proposiões inegram um campo gerado pela are, seguindo um esprio Fluxus. 23 | ROLNIK, Suely, “Geopolica da cafeinagem” IN: SCHüLER, Fernando e AXt, Guner, Brasil cntemprâne: crônicas de m país incónit, incónit , Poro Alegre, Ares e Ofcios, 2006, pp. 319-334. 24 | Enrevisa de 24 pginas, publicada na negra no crierioso esudo realiado por Fernanda Carvalho de Albuquerque. Disserao de mesrado em Hisria teoria e Crica, orienada pela Profa. Dra. Blanca Bries e defendida em julho de 2006, no PPGAV do Insiuo de Ares da UFRGS em Poro Alegre, 2006, p. 251.
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18 | Depoimeno colhido por e-mail, daado de 06/10/2006, respondendo a uma queso por mim colocada. MI: “Como pensar a exposio dessas proposiões, viso que o objeo es sinaliado pelos leiores, mas ausene do conexo exposiivo? O que u realmene apresena?” Ft: “Assim, acho que o mais imporane a ser fixado seria a queso do convie, uma ve que isso es presene em odo o processo, o convie ao Sab, o convie aos leiores que conaei, o convie aos visianes da galeria. todos esses convies implicando em um rabalho de leiura daquele que o aceia, que é ambém o rabalho de er que se deslocar por Diamanina, er que ir ao correio, er que ir à biblioeca.” 19 | Exrado do projeo avaliado pelos curadores do FMB: Fabola tasca, Escritra, Escritra, 2006. “‘Escriura’ é, porano, o ulo desse livro que narra o meu enconro com Sab, bem como as siuaões configuradas a parir de eno. ‘Escriura’ é ambém o ulo do procedimeno de circulao desse livro que, desde janeiro de 2003, venho oferecendo a alguns leiores. O livro segue acompanhado de uma ficha de leiura na qual os leiores que auoriam a exposio de seus nomes regisram suas assinauras. (...)”
f i a t m os os t r a b r as as i l
suas poéicas e em alguns casos reornam ao museu, pois é a parir desse lugar que se segue produindo discursos de discernimeno do pblico. Segundo Andrei thoma, um dos arisas selecionados, “os rabalhos de web are acabam aingindo pessoas que no faem pare do pblico de are conemporânea. Mas me preocupa que os rabalhos no sejam percebidos como produões arsicas. Por mais que alguns arisas considerem o sisema arsico um aparao insiucional desnecessrio, me parece imporane que eles sejam visos denro do conexo da produo arsica, e que ponos de conao com ouras produões, sejam conemporâneas ou de séculos aneriores, possam ser idenificados e esabelecidos pelos fruidores”. Ao lado de pinuras e obras pronas, enconramos na exposio proposiões e projeos envolvendo regisro e ransmisso e implicando ouros ipos de deslocameno, viruais e reais. A funo dese espao se alera. A exposio orna-se uma ona de comparilhameno da diversidade, que no anula as diferenas consiuivas de cada uma das proposiões, mas que, ao conrrio, propõe ao visiane um exerccio de discernimeno. tal como es sendo posa a queso, essa compreenso conribui para enender que o papel de especador diane de formaos exposiivos mudou muio, pois ali ele pode ser passivo ou sujeio deliberane. A exposio da are conemporânea apresenando-se como um sofisicado sisema de mliplos modos cogniivos de recepo. Convocando eses paradoxos, o rabalho de Bruno Faria, Delivery; cleçã particlar , ponua com fina ironia a siuao banaliada pelas mdias, na qual qualquer um pode adquirir uma obra de are pela eleviso a parir de sua prpria casa. Ele adquire uma pinura, que dispõe lado a lado com o regisro videogrfico do lance, para quem quiser conferir. Cenra-se no que efeivamene es querendo mosrar, inscrevendo esse conjuno de operaões, um aponameno polico de uma siuao pinada no coidiano, no prmio Fia Mosra Brasil. “Meus rabalhos eso em supores disinos, comeando no desenho, passando pela esculura e migrando para qualquer ouro ipo de mdia que seja necessria. Cada rabalho pede um supore por uma necessidade especfica. Mas o que os rabalhos m em comum é uma reflexo, um quesionameno que,
na maioria das vees, pode er uma leiura como um aponameno polico, por querer mosrar alguma siuao para o ouro, algo que eseja no nosso coidiano.” O arisa aposa no ao de “exposio do sisema”, que permie que uma pinura adquirida em um leilo elevisivo inegre uma proposio sua, para com ela produir um esranhameno crico que, por sua ve, expõe problemas mais amplos. J Fabola tasca exibe numa parede a lisa de leiores do livro Escritra, Escritra, produido por ela, e fruo de “uma dinâmica de relaões inerpessoais”. O livro no se enconra no espao exposiivo propriamene dio. Segundo a arisa, a experincia da obra ocorre no deslocameno e no espao enre dois ponos: “No se raa de proceder com visas a equacionar uma apreenso complea, oaliane, mas de invesir em salienar a dimenso de incompleude. Da o deslocameno enre os espaos, enre as eapas às quais o leior é conduido/convidado. Ao convocar esraégias algo anmalas em relao a uma concepo da are como ‘revelao da subjeividade’, alve o rabalho diga que isso de subjeividade s exise no enre.” Fabola pensa no formao “exposio” como lugar para enderear um convie, vivendo-o como insância que “remee” a oura experincia que ela deseja comparilhar: “A galeria e o empo de exposio funcionam como um momeno de publiciao de conaos pariculares (quase um oudoor, quem sabe...), enquano a biblioeca e o possvel enconro do leior com o livro funcionariam como uma conversa ao pé do ouvido, do ipo que se pode er em uma biblioeca, onde se supõe que a gene fale baixinho”.18 Ao divulgar o crculo de leiores dessa obra, a exposio orna-se o lugar desse circuio de relaões, ficando ao visiane a iniciaiva de inegrar-se ou no a essa comunidade de leiores.19 J no caso do rabalho Indtr de percepçã ctidiana, na, de Mariane Roer, o livro parece ser o lugar do conao irreduvel enre o pblico e a sua experincia. Mas ela aposa na esraégia de dissemin-lo anonimamene em alguns ponos de apoio pré-deerminados da cidade de So Paulo. Na exposio, ele esar ao lado de ouras proposiões, em meio a linguagens, aponando sobre a irreduibilidade dessa forma de conao mais inimisa e que busca um leior e uma posio de leiura. No volume apresenado, ela recolhe e organia foografias de seu coidiano, recores
de seu dia-a-dia em Poro Alegre. Ineressa-lhe rabalhar o agenciameno de narraivas visuais insauradas pelo encadeameno das imagens foogrficas na pgina, enre pginas, assim como explorar o geso de folhe-lo. Segundo Paulo Silveira, esudioso das narraivas de arisas que uiliam a foografia no livro, “A palavra-chave que une livros o especiais alve seja o nexo, que pode ser o vnculo ou a relao de pares enre si, ou da pare com o odo, ou do eveno e sua circunsância, mesmo que qualquer varivel seja absraa, impalpvel. Ese nexo, parido de um dado propsio, ir consiuir o sisema formador do livro. A foografia no esar ali passivamene”.20 A queso que se coloca nese caso é que ceras imagens foogrficas “vivem melhor” na inimidade de um livro do que em uma exposio, desconecadas de sua ordem.
ao da are, para além das mapeadas nesa Mosra, mas omando como pono de parida as proposiões coleivas aqui apresenadas. Observemos de que forma dois coleivos e dois rabalhos auorais inercepam os funcionamenos da vida social. As aões pblicas do Grupo de Inerferncia Ambienal (GIA) conclamam uma apresenao pormenoriada. O Caram é uma esruura de base, realiada com lonas plsicas amarelas, e que se adapa a lugares e siuaões as mais inusiadas, podendo ser amarrado a uma grade do passeio, numa calada ou enre rvores de um parque. Nesse abrigo, insala-se provisoriamene uma sede de ineraões com os passanes, nauralmene arados pelo esprio fesivo do coleivo. As proposas deses arisas, que vivem, esudam e rabalham em Salvador, so embaladas por percussões e seguidas pelas mximas publicadas na base de seus panfleos programicos: Acredite programicos: Acredite nas sas ações. ações.
Para gril, gril, de Raquel Solf, por exemplo, o espao exposiivo é o lugar lieral de esacionameno de bicicleas preparadas para que o “usurio” faa uma deriva pelo Parque do Ibirapuera ou no seu enorno. O rabalho se d em movimeno e a arisa nos propõe Fila, Fila, por exemplo, é uma proposio um ano nnuma imerso poéico-crica, embalada pela sonori- sense. sense. O grupo percebe a facilidade com a qual as pesdade invocadora do conexo rural. “Esa proposio soas enram em condicionamenos sociais ao examinar inegra o projeo FoRA [Do AR] , desenvolvido desde como se forma uma fila e o que ela gera como campo 2002, consiuindo a primeira faixa de um CD-objeo de relaões. Colocam-se em linha e rapidamene os com proposiões sonoras que podem se desdobrar passanes se posam ars, para ver, por exemplo, o em inervenões urbanas, microinervenões domés- pr-do-sol de Salvador. Os arisas observam e aponicas, inserões em rdios, insalaões, vdeos, obje- am suas conradiões, diverem-se reirando esses os, exos e imagens.” 21 Raquel inrodu um modo condicionamenos de sua funo para provocar oude deslocameno da sua proposio em direo aos ras cenas em ouros conexos. espaos da vida, aos quais, a cada dia mais, os arisas parecem dirigir-se para inervir.22 Como em uma Em oura proposio, Nã-prpaanda, Nã-prpaanda, organiam-se avenura, coninuemos a perseguir a are pelo cami- e saem às ruas de Salvador empunhando caraes sem nho que ela nos indica, numa conduo cuidadosa mensagem, na sua purea original de plsico amaredos faos, para eviar aropelos em seus fluxos, pois lo. Por meio dessa apropriao dos meios e disposiinesses lugares enramos em ouros sisemas, comple- vos de mdias publicirias, eles se exibem formando xos e movedios. uma fesiva manifesao monocromica. Os reângulos amarelos ponuam o espao urbano por onde passam. Ao acercar-me dessa proposio, em paricular, no posso deixar de lembrar a referncia que ela Ações coletivas e o espaço relacional evoca: os Núcles de Hélio Oiicica e sua mxima, o mse mnd. mnd. Reive de Pedro, um dos inegranO que pode a ar e?23 Fixo-me paricularmene nesa es do GIA, a seguine observao: “Os rabalhos no queso levanada por Suely Rolnik no exo “Geo- exisem soinhos. Eles s exisem com um conexo”. polica da cafeinagem”, pois alguns projeos se- Em Salvador, o grupo escolhe o conexo do Carnaval, lecionados para o Fia Mosra Brasil discuem com quando as pessoas eso mais disponveis e flexveis. 24 propriedade aspecos da realidade social brasileira. Maném-se como grupo, mas as formas de insero Pensemos junos sobre a expanso do campo de de suas proposiões lhes demandam conversas cir-
c u ra ra d o re re s
cunsanciadas, conforme a queso acima enunciada. No Fia Mosra Brasil, o GIA enfrena o desafio de acampar seu caramujo em So Paulo, esando as diferenas sociais e conjunurais de ocupao de espaos escolhidos na maior merpole da América Laina. O Grupo Empreza, por sua ve, negocia com o formao exposio para, nessa insância de visibilidade, agenciar a insalao de uma ao performico-exisencial. Ao escolher como pano de fundo o Monumeno da Independncia, para dali moniorar a paulaina perda de conrole do grupo sobre seus aos aps a ingeso de uma legima cachaa nacional, e ao apresenar no espao exposiivo a passagem crica desse desconrole, ao lado de ouras imagens relacionadas com as daas nacionais, expõem o violeno e incmodo do esado de ânimo de um brasileiro nos dias de hoje.
25 | COCCHIARALE, Fernando, “A (oura) are conemporânea brasileira”, Arte & Ensais, Ensais, ano X, nmero 11, Rio de Janeiro, 2004.
Disinos enre si, esses dois grupos m em comum a perda da idenidade dos inegranes em prol de uma ao coleiva discuida e mediada. Ao abdicar da auoria, podem pensar nas agluinaões de energia como forma de proeo mua e como ica gregria, indo da diluio da responsabilidade civil à reunio de foras obidas pelo muiro e pela prica de discusso coleiva. Ambos rabalham a noo de perencer, reirando da energia das rocas e da amiade subsraos para esar os limies de suas onas de conflio. Como foi levanado aneriormene por ouros esudos, haveria um foco a ser explorado eoricamene que ligaria alguns desses grupos numa filiao ideolgica com as aiudes polico-anrquicas de arisas e de movimenos (Siuacionismo inernacional e, no Brasil, a Nova objeividade brasileira). Movimenos que coincidem com o incio da are conemporânea.25 Nos anos 1960 esas posiões basane radicais raiam ânimo a uma idéia de “um ouro mundo”. Vivemos, é cero, um perodo no qual as “diluiões das cereas” m produido como conseqncia a sensao de um esvaiameno de senido no campo social, que, por sua ve parece nurir um foco de resisncia como paua da are. (Vide imagem acima, à esquerda.)
26 | ROSAS, Ricardo, “Hibridismo coleivo no Brasil: ransversalidade ou coopao”, publicada no Canal Conemporâneo da quina-feira, 22 de seembro de 2005, às 11h49.
Neses grupos, e em conscincias operanes, alve eseja ressurgindo, de forma sorraeira, como nos diia Rolnik, uma oura éica para a polica e, por conseqncia, as bases para se escrever uma oura hisria da are. Podemos pensar que a hisria da are, prin-
fia t mos t ra br as i l
cura do res
20 | SILVEIRA, Paulo, “A foografia e o livro de arisa” IN: SANtOS, Alexandre e DOS SANtOS, Maria Ivone (orgs.), (orgs.), A ftrafia ns prcesss artístics cntemprânes, cntemprânes, Poro Alegre, Unidade Ediorial da Secrearia Municipal de Culura/Ediora da UFRGS, 2004, p. 150. 21 | hp://www6.ufrgs. br/esculura/fsm2005/ inervencoes.hm A inerveno sonora gril consisia em veicular em carro de som o udio de um grilo, em fins de arde, em rajeos do cenro de algumas cidades. Foi realiada no dia 30 de janeiro enre 18 e 20 horas, no enorno do Parque da Redeno em Poro Alegre, durane o V Frum Social Mundial de Poro Alegre em 2005. Ese rabalho foi reapresenado com a verso documenao no Salo de Joinville e em ouras ocasiões. 22 | HUCHEt, Séphane, “Osris conemporâneo”, em arigo inegrane desa publicao, apresena o argumeno de que esas proposiões inegram um campo gerado pela are, seguindo um esprio Fluxus. 23 | ROLNIK, Suely, “Geopolica da cafeinagem” IN: SCHüLER, Fernando e AXt, Guner, Brasil cntemprâne: crônicas de m país incónit, incónit , Poro Alegre, Ares e Ofcios, 2006, pp. 319-334. 24 | Enrevisa de 24 pginas, publicada na negra no crierioso esudo realiado por Fernanda Carvalho de Albuquerque. Disserao de mesrado em Hisria teoria e Crica, orienada pela Profa. Dra. Blanca Bries e defendida em julho de 2006, no PPGAV do Insiuo de Ares da UFRGS em Poro Alegre, 2006, p. 251.
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cipalmene durane o modernismo, pecou ao produir algumas opacidades do processo. Focando-se somene sobre a auonomia da obra, sem levar em cona o conexo dessas produões, o que exalou a iluso de um sisema. J esa are de processo, que remona ao incio da are conemporânea (anos 60) como recore hisrico, alasra-se e pede que ousemos prospecar de forma complexa as passagens ransformadoras da are nos espaos de vida. Essas passagens aponam, enre ouras coisas, para a ampliao do campo da are e, em alguns casos, para o papel social do arisa, ao expor, para além da idéia de obra, os nossos conexos de vida e seus paradoxos. O Brasil em assisido à emergncia de fenmenos de coleivos na are, grupos que endem a esabelecer seus prprios sisemas, propondo vias paralelas. Como ica de sobrevivncia à adversidade, parecem reagir ao caos e à mais complea informalidade propondo ouros espaos de convvio e ouras formas de pensar a vida. Inercepam igualmene o corpo social, respondendo, como ocorre nos casos de ouras formas coleivas que vemos emergir na sociedade brasileira, a uma demanda inerna reprimida. Ineressa-nos incluir esas quesões mais polmicas no debae eséico, pois essas ouras “formas de vida” e de redisribuio de energias, ao agir na diferena e no conao carnal com o erreno, com o conexo de vida, dialogando com o enorno, com fluxos e com pessoas reais, resauram possibilidades upicas e invenivas imporanes para pensar o pas que vivemos. “H inegavelmene uma carga crica imanene mesmo em grupos descompromissados com qualquer agenda polica, e isso devido ao fao do surgimeno dos coleivos ser algo ainda incompreendido (ou mal-compreendido) nos meios arsicos e culurais e, com cerea, em sua maioria, alheios a suas insiuiões. O meio das ares ainda no compreendeu a queso da coleividade em sua profundidade e muliplicidade, porque a lgica da produo coleiva segue padrões de criao, veiculao e fruio oalmene fora dos padrões usuais das insiuiões arsicas radicionais.”26 Mesmo se agem nos seus espaos de vida, alguns coleivos podem, em circunsâncias que lhes convenham, reornar ao campo da are para ension-lo. Qual é efeivamene o lugar da crica e da polica neses novos empos da are conemporânea do Brasil? Como
essas aiudes provocam e esam a hegemonia da informao e como enfrenam o “campo” de ensões do espao urbano? Lembremos das palavras de Henri Lefebvre (1901-1991) nos adverindo de que o espao urbano no é neuro, mas um espao polico. Enendemos necessrio conceber ese ermo em sua acepo ampla, como lugar das negociaões apoiadas pelos que geram os meios de deciso e ensionadas pelos que “foram ouros ipos de ocupaões”. 27 Nessa arena, enconram-se ambém os arisas. Para finaliar ese bloco de siuaões, observando as disinões enre as pricas arsicas que mapeamos nesa Mosra, lancemos um olhar sobre mais rs projeos. Rtativs, Rtativs, proposa assinada pelo codinome Vulgo, ineressa-se por problemas urbanos concreos e invesiga a adapao social face à informalidade insaurada, mapeada como sinoma de uma ransformao inerna da sociedade. Essa dupla de arisasarquieos procede de reas mais uiliarisas, mas ousam lanar suas proposas em uma arena de discusso da are conemporânea. Enfrenando fronalmene os paradoxos da vida urbana, Rtativs no lua conra a “ordem fora da ordem da informalidade”, mas propõe olh-la aravés da are. “A informalidade no é, porano, um méodo geral a ser aplicado (assim como a ‘formalidade’ em sido para arquieos em seus ‘daascapes’), mas um campo de ‘formas prospecivas de viver’ disponveis para os ineressados em uma ransformao sensvel das relaões urbanas.” Observando as icas do comércio ambulane, os arisas pergunam-se o que seria assumir essa informalidade e considerar a mobilidade como uma condio necessria ao Brasil. Imaginem uma caminhonee com uma hora suspensa – veculos aparelhados com disinas funões e posicionados em vagas de esacionameno emporrio. Eses aparecem como “equipamenos auanes” denro do cenrio urbano e evidenciam um “duplo esacionameno”: na are e na vida. O campo da are os arai: “O universo da are, e especialmene da are conemporânea, parece favorecer processos dinâmicos e poenes de reinveno das pricas e procedimenos e se aproxima da arquieura, desafiando seus limies. Por ouro lado (ou do mesmo?), as empresas movidas pela necessidade de inovao aplicada e pela busca frenéica por novos consumidores conseguem alcanar rincões jamais ocados (e imaginados) por arisas e arquieos. Eno
emos empresas eficienes e poderosamene infilradas na vida coidiana por meio de suas marcas e produos, emos amosras ponuais e ainda eliisas de reinveno do mundo pela are, e emos um enorme poencial de ransformao das roinas desperdiado em edifcios ponuais e agendas irrelevanes. É na poencialiao dessas caracersicas especficas que preendemos auar, convergindo para uma prica hbrida, insersicial, mas no marginal”. O aeli é o esdio onde organiam os dados, o lugar onde se lanam no desenvolvimeno de idéias que implicam o coidiano, a geografia e o design, a arquieura e o urbanismo. trabalham avaliando poeicamene fluxos e conexos de ao, buscando conaar seus usurios. Ao inquiri-los sobre as diferenas enre a prica da arquieura e a arsica pude consaar o quano se ensionam: “Mais do que a ‘possibilidade de insero no circuio da are’, nos ineressa no Fia Mosra Brasil a possibilidade de esar siuaões em conexos disinos, confliuosos e ambém informais, bem como desvendar os limies de ransformao real das roinas, dos espaos e das pricas. Além disso, a Mosra apresena uma qualidade especfica, no nosso enendimeno, que é se abrir para projeos, além das radicionais obras pronas dos salões de are, bem como conemplar a caegoria inerveno urbana. tano projeo quano inerveno urbana so, se no quesões, ermos basane familiares a arquieos, urbanisas e ouros uiliarisas. Enreano, os procedimenos de se projear e inervir no espao e no coidiano urbano parecem, cada ve mais, no s ineficienes, como agenes de uma brualiao objeiva e mediocriane da vida, principalmene a coleiva. Para auar nesse conexo, emos de lidar com a disfuno, o imprevisvel, o ico, o concreo, a pequena escala, a roina, muio mais do que com o projeo absrao do planejameno insiucional”. Pensemos no que implica para os arisas e coleivos agir sobre o erreno do urbano, enfrenando seus fluxos, num corpo-a-corpo com problemas reais. Pensemos no que significa chegar sem avisar o que é are, sem ser apresenado, sem esar sob a égide da experincia eséica, ocando num âmbio mais annimo e relacional, no qual o arisa se funde ao cidado e ambos se confundem com o cenrio de suas inervenões. Busca-se alve, por meio da are, operar pequenas frauras, propondo modos de viver comparilhados, abrindo-se à diferena e quesionando modos de
27 | LEFEBVRE, Henri, A Henri, A revlçã rbana, rbana , Belo Horione, Ed. UFMG, 1999, p. 47. “O urbano? Um campo de ensões alamene complexo; uma virualidade, um possvel-impossvel que arai para si o realiado, uma presena-ausncia sempre renovada, sempre exigene. A cegueira consise em no se ver a forma do urbano, os veores e ensões inerenes ao campo, sua lgica e seu movimeno dialéico, a exigncia imanene; no fao de s se ver coisas, operaões, objeos (funcionais e/ou significanes de uma maneira plenamene consumada). No que concerne ao urbano, h uma dupla cegueira. Seu vaio e sua virualidade so oculos pelo preenchimeno. O fao do seu preenchimeno er o nome de urbanismo ofusca o cego mais cruelmene.”
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cunsanciadas, conforme a queso acima enunciada. No Fia Mosra Brasil, o GIA enfrena o desafio de acampar seu caramujo em So Paulo, esando as diferenas sociais e conjunurais de ocupao de espaos escolhidos na maior merpole da América Laina. O Grupo Empreza, por sua ve, negocia com o formao exposio para, nessa insância de visibilidade, agenciar a insalao de uma ao performico-exisencial. Ao escolher como pano de fundo o Monumeno da Independncia, para dali moniorar a paulaina perda de conrole do grupo sobre seus aos aps a ingeso de uma legima cachaa nacional, e ao apresenar no espao exposiivo a passagem crica desse desconrole, ao lado de ouras imagens relacionadas com as daas nacionais, expõem o violeno e incmodo do esado de ânimo de um brasileiro nos dias de hoje.
25 | COCCHIARALE, Fernando, “A (oura) are conemporânea brasileira”, Arte & Ensais, Ensais, ano X, nmero 11, Rio de Janeiro, 2004.
Disinos enre si, esses dois grupos m em comum a perda da idenidade dos inegranes em prol de uma ao coleiva discuida e mediada. Ao abdicar da auoria, podem pensar nas agluinaões de energia como forma de proeo mua e como ica gregria, indo da diluio da responsabilidade civil à reunio de foras obidas pelo muiro e pela prica de discusso coleiva. Ambos rabalham a noo de perencer, reirando da energia das rocas e da amiade subsraos para esar os limies de suas onas de conflio. Como foi levanado aneriormene por ouros esudos, haveria um foco a ser explorado eoricamene que ligaria alguns desses grupos numa filiao ideolgica com as aiudes polico-anrquicas de arisas e de movimenos (Siuacionismo inernacional e, no Brasil, a Nova objeividade brasileira). Movimenos que coincidem com o incio da are conemporânea.25 Nos anos 1960 esas posiões basane radicais raiam ânimo a uma idéia de “um ouro mundo”. Vivemos, é cero, um perodo no qual as “diluiões das cereas” m produido como conseqncia a sensao de um esvaiameno de senido no campo social, que, por sua ve parece nurir um foco de resisncia como paua da are. (Vide imagem acima, à esquerda.)
26 | ROSAS, Ricardo, “Hibridismo coleivo no Brasil: ransversalidade ou coopao”, publicada no Canal Conemporâneo da quina-feira, 22 de seembro de 2005, às 11h49.
Neses grupos, e em conscincias operanes, alve eseja ressurgindo, de forma sorraeira, como nos diia Rolnik, uma oura éica para a polica e, por conseqncia, as bases para se escrever uma oura hisria da are. Podemos pensar que a hisria da are, prin-
fia t mos t ra br as i l
cura do res
cipalmene durane o modernismo, pecou ao produir algumas opacidades do processo. Focando-se somene sobre a auonomia da obra, sem levar em cona o conexo dessas produões, o que exalou a iluso de um sisema. J esa are de processo, que remona ao incio da are conemporânea (anos 60) como recore hisrico, alasra-se e pede que ousemos prospecar de forma complexa as passagens ransformadoras da are nos espaos de vida. Essas passagens aponam, enre ouras coisas, para a ampliao do campo da are e, em alguns casos, para o papel social do arisa, ao expor, para além da idéia de obra, os nossos conexos de vida e seus paradoxos. O Brasil em assisido à emergncia de fenmenos de coleivos na are, grupos que endem a esabelecer seus prprios sisemas, propondo vias paralelas. Como ica de sobrevivncia à adversidade, parecem reagir ao caos e à mais complea informalidade propondo ouros espaos de convvio e ouras formas de pensar a vida. Inercepam igualmene o corpo social, respondendo, como ocorre nos casos de ouras formas coleivas que vemos emergir na sociedade brasileira, a uma demanda inerna reprimida. Ineressa-nos incluir esas quesões mais polmicas no debae eséico, pois essas ouras “formas de vida” e de redisribuio de energias, ao agir na diferena e no conao carnal com o erreno, com o conexo de vida, dialogando com o enorno, com fluxos e com pessoas reais, resauram possibilidades upicas e invenivas imporanes para pensar o pas que vivemos. “H inegavelmene uma carga crica imanene mesmo em grupos descompromissados com qualquer agenda polica, e isso devido ao fao do surgimeno dos coleivos ser algo ainda incompreendido (ou mal-compreendido) nos meios arsicos e culurais e, com cerea, em sua maioria, alheios a suas insiuiões. O meio das ares ainda no compreendeu a queso da coleividade em sua profundidade e muliplicidade, porque a lgica da produo coleiva segue padrões de criao, veiculao e fruio oalmene fora dos padrões usuais das insiuiões arsicas radicionais.”26 Mesmo se agem nos seus espaos de vida, alguns coleivos podem, em circunsâncias que lhes convenham, reornar ao campo da are para ension-lo. Qual é efeivamene o lugar da crica e da polica neses novos empos da are conemporânea do Brasil? Como
30 | FERVENzA, Hélio, “Consideraões da are que no se parece com a are” IN: MARtINS, Alice Fima; COStA, Edegar; MOtEIRO, Rosana H. (orgs.), Cltra visal e desafis da pesqisa em arte, arte , Goiânia, ANPAP, 2005, pp. 79, 90.
vida regrados por um moo connuo e por uma roina humor e um desaque para aões imprevisas e para o reduora de nossas capacidades cricas. Jacques Ran- espao das relaões. As arisas implemenam, em seu cière, no prlogo do livro A livro A partila d sensível , nos processo, esraégias de markeing para desencadeadi: “A polica ocupa-se do que se v e do que se rem processos que inegram a pessoa que se dips a pode dier sobre o viso, de quem em compencia jogar o jogo de suas proposiões. Iso poder ser compara ver e qualidade para dier, das propriedades do provado na documenao foogrfica e nos relaos da espao e dos possveis empos. (...) A parilha demo- viagem que sero ornados pblicos no espao a elas crica do sensvel fa do rabalhador um ser duplo. reservado no decorrer da exposio. Ela ira o areso do seu lugar, o espao domésico do rabalho, e lhe d o ‘empo’ de esar no espao Diane desas proposiões, e pensando nos limies endas discussões pblicas e na idenidade do cidado re are e vida, rago a esa conversa as quesões ledeliberane. (...) Qualquer que seja a especificidade vanadas por Hélio Fervena em seu exo “Considerados circuios econmicos nos quais se inserem, as pr- ões da are que no se parece com a are”: “Aé que icas arsicas no consiuem uma exceo às ouras pono uma parcela abrangene da are que se produ pricas. Elas represenam e reconfiguram as parilhas hoje ainda é idenificvel como are? Ser que o arisdessas aividades”.28 a é ainda reconhecvel e idenificvel? E com o qu, exaamene?” (...) A maneira como a are que no se No coidiano, a are, na exposio, a vida: inversa- parece com are se relaciona com a sociedade passa mene ao Vulgo, que penera nas conradiões da pela aeno a qualquer aspeco das formas, meios e vida coidiana da cidade (Belo Horione, So Paulo), a siuaões de vida dessa sociedade. A auao desse proposio de Nydia Negromone parece abandonar ipo de are se produ aravés da vida social.30 os meios da are para, nos seus espaos de rânsio especfico, ponuar um ciclo de vida e de ransformao. trouxemos para o nosso horione crico anas quesEnunciando a gua e a alimenao como fones da ões e formas de viver a are na conemporaneidade, vida, ela busca siuar duas insâncias (sobrevivncia e reaualiando emas ou propondo uma ampliao do alimeno), unificando-as. Nydia propõe que sua praa campo da prpria are na sua relao com a sociedade alimenao fique no espao exposiivo, à disposi- de. todo o conexo gerado por essa Mosra pode ser o, prona para funcionar. O aparao inclui as fruas, viso como um grande laborario crico, resulado de mesas e demais objeos de uso, para que as pessoas um voo de confiana duplo. Foi dada aos curadores possam processar sucos e se servir deles. Pergunei à e aos arisas a possibilidade de colocar em visibiliarisa sobre esse aparao, cuja forma helicoidal evoca dade suas reflexões, obras e projeos. Esa mais do a do ao de ransformao, seu movimeno. Nydia me que conversa, envolvendo a relao inrnseca enre respondeu: “A ao preende abranger odo o funcio- aspecos consiuivos da nossa are e suas formas de nameno da praa. Chegada das fruas, lavagem, se- conao com o seu pblico, para a plaéia geral, para cagem, preparo e disribuio do suco. A esruura em arisas e para especialisas que observam a are, esa funcionameno é a ao-insalao. É uma esruura ‘nossa are’ abre igualmene perspecivas de aprofundesenhada, passvel de inerferncia, permevel à par- dameno de emas, que daro cona na seqncia dos icipao. Minha ineno é propiciar, dar condiões desafios do que ‘pode a are’ no Brasil. Coninuemos para que a ao seja disparada. A esruura é pensada praicando junos ‘oura polica das idéias’, que assupara faciliar e provocar seu funcionameno”.29 ma a complexidade que nos caraceria. Diane dos faos aqui apresenados, o Fia Mosra Brasil responde Adriana Barreo e Bruna Mansani abrem o espao a uma queso lanada em um debae ocorrido na exposiivo para inusiados enconros e experincias, Casa Fia, em Belo Horione, em seembro de 2006: ainda sem roeiro e forma. A proposa apresenada a nossa are conemporânea é efeivamene conemconsise em sorear um bnus dando direio ao ‘lu- porânea do Brasil, pois se mosra, sem reducionismo, gar ao sol’, sendo o prmio uma viagem de um dia, capa de ocar com perinncia em verdades consicom as arisas, para ‘ese lugar’ escolhido pelos rs. uivas dos nossos conexos, exibindo-se como um Aqui, uma ve mais, observa-se um apurado senso de processo criaivo e crico, vivo e pulsane.
f i a t m os os t r a b r as as i l
c u ra ra d o re re s
28 | RANCIÈRE, Jacques, A Jacques, A partila d sensível , So Paulo, EXO experimenal (org.) / Ed. 34, 2005. 29 | Nydia Negromone responde às quesões colocadas por mim por email no dia 19/10/2006.
essas aiudes provocam e esam a hegemonia da informao e como enfrenam o “campo” de ensões do espao urbano? Lembremos das palavras de Henri Lefebvre (1901-1991) nos adverindo de que o espao urbano no é neuro, mas um espao polico. Enendemos necessrio conceber ese ermo em sua acepo ampla, como lugar das negociaões apoiadas pelos que geram os meios de deciso e ensionadas pelos que “foram ouros ipos de ocupaões”. 27 Nessa arena, enconram-se ambém os arisas. Para finaliar ese bloco de siuaões, observando as disinões enre as pricas arsicas que mapeamos nesa Mosra, lancemos um olhar sobre mais rs projeos. Rtativs, Rtativs, proposa assinada pelo codinome Vulgo, ineressa-se por problemas urbanos concreos e invesiga a adapao social face à informalidade insaurada, mapeada como sinoma de uma ransformao inerna da sociedade. Essa dupla de arisasarquieos procede de reas mais uiliarisas, mas ousam lanar suas proposas em uma arena de discusso da are conemporânea. Enfrenando fronalmene os paradoxos da vida urbana, Rtativs no lua conra a “ordem fora da ordem da informalidade”, mas propõe olh-la aravés da are. “A informalidade no é, porano, um méodo geral a ser aplicado (assim como a ‘formalidade’ em sido para arquieos em seus ‘daascapes’), mas um campo de ‘formas prospecivas de viver’ disponveis para os ineressados em uma ransformao sensvel das relaões urbanas.” Observando as icas do comércio ambulane, os arisas pergunam-se o que seria assumir essa informalidade e considerar a mobilidade como uma condio necessria ao Brasil. Imaginem uma caminhonee com uma hora suspensa – veculos aparelhados com disinas funões e posicionados em vagas de esacionameno emporrio. Eses aparecem como “equipamenos auanes” denro do cenrio urbano e evidenciam um “duplo esacionameno”: na are e na vida. O campo da are os arai: “O universo da are, e especialmene da are conemporânea, parece favorecer processos dinâmicos e poenes de reinveno das pricas e procedimenos e se aproxima da arquieura, desafiando seus limies. Por ouro lado (ou do mesmo?), as empresas movidas pela necessidade de inovao aplicada e pela busca frenéica por novos consumidores conseguem alcanar rincões jamais ocados (e imaginados) por arisas e arquieos. Eno
emos empresas eficienes e poderosamene infilradas na vida coidiana por meio de suas marcas e produos, emos amosras ponuais e ainda eliisas de reinveno do mundo pela are, e emos um enorme poencial de ransformao das roinas desperdiado em edifcios ponuais e agendas irrelevanes. É na poencialiao dessas caracersicas especficas que preendemos auar, convergindo para uma prica hbrida, insersicial, mas no marginal”. O aeli é o esdio onde organiam os dados, o lugar onde se lanam no desenvolvimeno de idéias que implicam o coidiano, a geografia e o design, a arquieura e o urbanismo. trabalham avaliando poeicamene fluxos e conexos de ao, buscando conaar seus usurios. Ao inquiri-los sobre as diferenas enre a prica da arquieura e a arsica pude consaar o quano se ensionam: “Mais do que a ‘possibilidade de insero no circuio da are’, nos ineressa no Fia Mosra Brasil a possibilidade de esar siuaões em conexos disinos, confliuosos e ambém informais, bem como desvendar os limies de ransformao real das roinas, dos espaos e das pricas. Além disso, a Mosra apresena uma qualidade especfica, no nosso enendimeno, que é se abrir para projeos, além das radicionais obras pronas dos salões de are, bem como conemplar a caegoria inerveno urbana. tano projeo quano inerveno urbana so, se no quesões, ermos basane familiares a arquieos, urbanisas e ouros uiliarisas. Enreano, os procedimenos de se projear e inervir no espao e no coidiano urbano parecem, cada ve mais, no s ineficienes, como agenes de uma brualiao objeiva e mediocriane da vida, principalmene a coleiva. Para auar nesse conexo, emos de lidar com a disfuno, o imprevisvel, o ico, o concreo, a pequena escala, a roina, muio mais do que com o projeo absrao do planejameno insiucional”. Pensemos no que implica para os arisas e coleivos agir sobre o erreno do urbano, enfrenando seus fluxos, num corpo-a-corpo com problemas reais. Pensemos no que significa chegar sem avisar o que é are, sem ser apresenado, sem esar sob a égide da experincia eséica, ocando num âmbio mais annimo e relacional, no qual o arisa se funde ao cidado e ambos se confundem com o cenrio de suas inervenões. Busca-se alve, por meio da are, operar pequenas frauras, propondo modos de viver comparilhados, abrindo-se à diferena e quesionando modos de
27 | LEFEBVRE, Henri, A Henri, A revlçã rbana, rbana , Belo Horione, Ed. UFMG, 1999, p. 47. “O urbano? Um campo de ensões alamene complexo; uma virualidade, um possvel-impossvel que arai para si o realiado, uma presena-ausncia sempre renovada, sempre exigene. A cegueira consise em no se ver a forma do urbano, os veores e ensões inerenes ao campo, sua lgica e seu movimeno dialéico, a exigncia imanene; no fao de s se ver coisas, operaões, objeos (funcionais e/ou significanes de uma maneira plenamene consumada). No que concerne ao urbano, h uma dupla cegueira. Seu vaio e sua virualidade so oculos pelo preenchimeno. O fao do seu preenchimeno er o nome de urbanismo ofusca o cego mais cruelmene.”
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30 | FERVENzA, Hélio, “Consideraões da are que no se parece com a are” IN: MARtINS, Alice Fima; COStA, Edegar; MOtEIRO, Rosana H. (orgs.), Cltra visal e desafis da pesqisa em arte, arte , Goiânia, ANPAP, 2005, pp. 79, 90.
vida regrados por um moo connuo e por uma roina humor e um desaque para aões imprevisas e para o reduora de nossas capacidades cricas. Jacques Ran- espao das relaões. As arisas implemenam, em seu cière, no prlogo do livro A livro A partila d sensível , nos processo, esraégias de markeing para desencadeadi: “A polica ocupa-se do que se v e do que se rem processos que inegram a pessoa que se dips a pode dier sobre o viso, de quem em compencia jogar o jogo de suas proposiões. Iso poder ser compara ver e qualidade para dier, das propriedades do provado na documenao foogrfica e nos relaos da espao e dos possveis empos. (...) A parilha demo- viagem que sero ornados pblicos no espao a elas crica do sensvel fa do rabalhador um ser duplo. reservado no decorrer da exposio. Ela ira o areso do seu lugar, o espao domésico do rabalho, e lhe d o ‘empo’ de esar no espao Diane desas proposiões, e pensando nos limies endas discussões pblicas e na idenidade do cidado re are e vida, rago a esa conversa as quesões ledeliberane. (...) Qualquer que seja a especificidade vanadas por Hélio Fervena em seu exo “Considerados circuios econmicos nos quais se inserem, as pr- ões da are que no se parece com a are”: “Aé que icas arsicas no consiuem uma exceo às ouras pono uma parcela abrangene da are que se produ pricas. Elas represenam e reconfiguram as parilhas hoje ainda é idenificvel como are? Ser que o arisdessas aividades”.28 a é ainda reconhecvel e idenificvel? E com o qu, exaamene?” (...) A maneira como a are que no se No coidiano, a are, na exposio, a vida: inversa- parece com are se relaciona com a sociedade passa mene ao Vulgo, que penera nas conradiões da pela aeno a qualquer aspeco das formas, meios e vida coidiana da cidade (Belo Horione, So Paulo), a siuaões de vida dessa sociedade. A auao desse proposio de Nydia Negromone parece abandonar ipo de are se produ aravés da vida social.30 os meios da are para, nos seus espaos de rânsio especfico, ponuar um ciclo de vida e de ransformao. trouxemos para o nosso horione crico anas quesEnunciando a gua e a alimenao como fones da ões e formas de viver a are na conemporaneidade, vida, ela busca siuar duas insâncias (sobrevivncia e reaualiando emas ou propondo uma ampliao do alimeno), unificando-as. Nydia propõe que sua praa campo da prpria are na sua relao com a sociedade alimenao fique no espao exposiivo, à disposi- de. todo o conexo gerado por essa Mosra pode ser o, prona para funcionar. O aparao inclui as fruas, viso como um grande laborario crico, resulado de mesas e demais objeos de uso, para que as pessoas um voo de confiana duplo. Foi dada aos curadores possam processar sucos e se servir deles. Pergunei à e aos arisas a possibilidade de colocar em visibiliarisa sobre esse aparao, cuja forma helicoidal evoca dade suas reflexões, obras e projeos. Esa mais do a do ao de ransformao, seu movimeno. Nydia me que conversa, envolvendo a relao inrnseca enre respondeu: “A ao preende abranger odo o funcio- aspecos consiuivos da nossa are e suas formas de nameno da praa. Chegada das fruas, lavagem, se- conao com o seu pblico, para a plaéia geral, para cagem, preparo e disribuio do suco. A esruura em arisas e para especialisas que observam a are, esa funcionameno é a ao-insalao. É uma esruura ‘nossa are’ abre igualmene perspecivas de aprofundesenhada, passvel de inerferncia, permevel à par- dameno de emas, que daro cona na seqncia dos icipao. Minha ineno é propiciar, dar condiões desafios do que ‘pode a are’ no Brasil. Coninuemos para que a ao seja disparada. A esruura é pensada praicando junos ‘oura polica das idéias’, que assupara faciliar e provocar seu funcionameno”.29 ma a complexidade que nos caraceria. Diane dos faos aqui apresenados, o Fia Mosra Brasil responde Adriana Barreo e Bruna Mansani abrem o espao a uma queso lanada em um debae ocorrido na exposiivo para inusiados enconros e experincias, Casa Fia, em Belo Horione, em seembro de 2006: ainda sem roeiro e forma. A proposa apresenada a nossa are conemporânea é efeivamene conemconsise em sorear um bnus dando direio ao ‘lu- porânea do Brasil, pois se mosra, sem reducionismo, gar ao sol’, sendo o prmio uma viagem de um dia, capa de ocar com perinncia em verdades consicom as arisas, para ‘ese lugar’ escolhido pelos rs. uivas dos nossos conexos, exibindo-se como um Aqui, uma ve mais, observa-se um apurado senso de processo criaivo e crico, vivo e pulsane.
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28 | RANCIÈRE, Jacques, A Jacques, A partila d sensível , So Paulo, EXO experimenal (org.) / Ed. 34, 2005. 29 | Nydia Negromone responde às quesões colocadas por mim por email no dia 19/10/2006.
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Serviço Educativo Coordenação Coordenadoras Monitores e Assistentes Casa Fia de Culura (www.casafiadeculura.com.br)
Direor Presidene Direor Vice-Presidene Direor de Relaões Insiucionais Direor Adminisraivo e Financeiro Gesora de Culura
José Eduardo de Lima Pereira Marco Antônio Lage Marco Piquini Gilson de Oliveira Carvalho Ana Vilela
Fia Mosra Brasil Curadoria
Eduardo de Jesus Giselle Beiguelman Járed Domício Marcos Hill Maria Ivone dos Santos Marisa Mokarzel Stéphane Huchet Concepo e Coordenao Geral Maurílio “Kuru” Lima Produo Execuiva Cria! Cultura: Ana Carolina Antunes, Carolina Macedo, Eduarda Gruppi, Elida Ribeiro, Eliza Albuquerque, Geraldim, Julia Moysés, Leonardo Beltrão, Marina Gazire, Osmar dos Santos, Rodrigo Diniz, Sergim Bahia Consuloria CEIA [Centro de Experimentação e Informação de Arte] Cenografia e Coordenao de Monagem Gilberto Todt e Luciana Monte-Mór Monagem Vasco Caldeira Arquitetura Iluminao Luís Carlos Nem
fiat mostra brasil
IED – Isiuo Europeo di Design Rachel Brumana e Robera Alvarenga Alber Lui Moreira, Ana Abreu, André Giacomucci, Anonio Marinho, Bianca Verdelone, Carolina Gasbarro, Cssia Carneiro, Clarissa Cardoso Sanos, Clarissa Mansour, Cleber Vieira, Dane Nicola Perarca, Denise Lara, Felipe Nuno Rodrigues, Felipe Soares, Fernanda Cosa, Fernanda Gonalves, Fernando Rodorigo, Filipe Ferreira, Flvia Brio, Giovana Franco, Guilherme Carborich, Gusavo Albino, Jonas Neo, Juliana Morari, Juliane de Soua, Kamila Oliveira, Karoliny Cosa, Luana Augusa da Silva, Lucia Lima, Luciana Haddad, Maria Clara Moraes, Maria Crisina Bao, Mariana Waler, Marina Elias, Marina Pikel, Mayra Carvalho, Michele Belroni, Milene Nelson, Nalia Ferui, Nahaly Maar, Olvia Arajo, Paloma de Oliveira, Priscila Masuaka, Rachel de Moraes, Rafael taraia, Rafael zanoe, Renaa Oshiro, Robero Oaviano, Rodrigo Aevedo, Rodrigo Gracindo, tainara Ajaj, tâmara da Silva, tânia von Chrismar, terea Crisina Paio, Viviane Spaco
Catálogo-Livro Coordenação e Produção Editorial Projeto Editorial e Edição Direção de Arte Fotografia
Viviane Gandra teé Marinho e Viviane Gandra Viviane Gandra Joo Casilho e Pedro David [Caixa Prea Agncia de Foografia] Exceo foo Marisa Mokarel (Esdio Lui Braga); aões GIA fora de So Paulo (arquivo do grupo); viagem Vale lar a sl e processo gravura Marcelo Moschea (imagens cedidas pelos arisas); pinuras ciadas por Maria Ivone dos Sanos (arquivo)
Assistência de Produção Editorial Assistência de Produção Executiva Projeto Gráfico Design e Composição Arte Final Revisão
Paloma Parenoni Alex Funghi Pedro Miranda, Rodrigo Furini e Viviane Gandra Brgida Campbell, Pedro Miranda e Rodrigo Furini Pedro Miranda e Viviane Gandra Regina Socklen
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IED – Isiuo Europeo di Design Rachel Brumana e Robera Alvarenga Alber Lui Moreira, Ana Abreu, André Giacomucci, Anonio Marinho, Bianca Verdelone, Carolina Gasbarro, Cssia Carneiro, Clarissa Cardoso Sanos, Clarissa Mansour, Cleber Vieira, Dane Nicola Perarca, Denise Lara, Felipe Nuno Rodrigues, Felipe Soares, Fernanda Cosa, Fernanda Gonalves, Fernando Rodorigo, Filipe Ferreira, Flvia Brio, Giovana Franco, Guilherme Carborich, Gusavo Albino, Jonas Neo, Juliana Morari, Juliane de Soua, Kamila Oliveira, Karoliny Cosa, Luana Augusa da Silva, Lucia Lima, Luciana Haddad, Maria Clara Moraes, Maria Crisina Bao, Mariana Waler, Marina Elias, Marina Pikel, Mayra Carvalho, Michele Belroni, Milene Nelson, Nalia Ferui, Nahaly Maar, Olvia Arajo, Paloma de Oliveira, Priscila Masuaka, Rachel de Moraes, Rafael taraia, Rafael zanoe, Renaa Oshiro, Robero Oaviano, Rodrigo Aevedo, Rodrigo Gracindo, tainara Ajaj, tâmara da Silva, tânia von Chrismar, terea Crisina Paio, Viviane Spaco
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Viviane Gandra teé Marinho e Viviane Gandra Viviane Gandra Joo Casilho e Pedro David [Caixa Prea Agncia de Foografia] Exceo foo Marisa Mokarel (Esdio Lui Braga); aões GIA fora de So Paulo (arquivo do grupo); viagem Vale lar a sl e processo gravura Marcelo Moschea (imagens cedidas pelos arisas); pinuras ciadas por Maria Ivone dos Sanos (arquivo)
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A Fia agradece a odos os profissionais e colaboradores que se envolveram direa ou indireamene na realiao do Fia Mosra Brasil.
Apresenao
Parocnio
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Catálogo-livro Fiat Mostra Brasil Formao: 22,5x26cm (frene), 220 pginas. Composo com ipos famlia Humanis 777 Bt e Plane Esyle (corpos diversos). Miolo: papel couché fosco 115g. Capa, guardas e sobrecapa: papel couché fosco 170g. Impresso em Belo Horione (MG, Brasil), em 2006-2007, pela Rona Ediora.