História do Teatro Teatro Erica Pedro
[MOLIÈRE] MOLIÈRE] Teatro T eatro Francês Francês
Págin a1
MOLIÈRE Jean-Baptiste Poquelin !ais con"ecido co!o Moli#re $Paris %& de 'aneiro de %()) * %+ de Fe,ereiro de %(+.%/0 1oi u! dra!atur2o 1rancês al3! de ator e encenador considerado u! dos !estres da co!3dia sat4rica5 Te,e u! papel de destaque na dra!atur2ia 1rancesa at3 ent6o !uito dependente da te!7tica da !itolo2ia 2re2a5 Moli#re usou as suas o8ras para criticar os costu!es da 3poca5 9 considerado o 1undador indirecto da :o!3die-Fran;aise5
?o saco rid4culo onde se en,ol,e Escapino n6o recon"e;o !ais o autor de O Misantropo>05 :o!o encenador @cou ta!83! con"ecido pelo seu ri2or e !eticulosidade5 Fil"o de u! artes6o parisiense $JeanBaptiste Poquelin0 Poquelin @cou ór16o da !6e $Marie :ress30 quando ainda era crian;a5 Entrou e! %( na presti2iada escola de Jesu4tas do :oll#2e de :ler!ont onde co!pletou a sua 1or!a;6o acad3!ica e! %(A5 Eiste! ,7rias anedotas so8re a sua estadia no col32io as quais n6o tê! contudo qualquer con@r!a;6o "istórica5 Por ee!plo que o seu pai era !uito ei2enteC que con"eceu a4 o pr4ncipe de :onti ou que 1oi aluno do @lóso1o Pierre Dassendi5 9 certo contudo que 1oi a!i2o 4nti!o do abade La Mot"e Le aer @l"o de Fran;ois de La Mot"e-Le-aer na altura e! que este pu8lica,a as o8ras de seu pai5 Poquelin poder7 ter sido inGuenciado pelos dois5 Entre as suas pri!eiras o8ras encontra,a-se u!a tradu;6o "o'e perdida do
Moli#re nu!a 2ra,ura do 1rontisp4cio das suas >O8ras>
tourn3e pelas aldeias co!o co!ediante itinerante5 Esta ,ida errante durou cerca de % anos durante os quais actuou co! a co!pan"ia de :"arles :a8ala dos 05 ?essa altura 1oi escre,endo al2u!as pequenas pe;as que n6o se distin2ue! !uito na sua o8ra5 E! Lon M!e Qs Preciosas Rid4culas>0 - u!a das suas o8ras pri!as que n6o era !ais que a pri!eira incurs6o do autor na cr4tica dos !aneiris!os e !odos a1ectados que ent6o era! co!uns e! Fran;a e considerados >distintos>5 Q pe;a 1oi inicial!ente proi8ida !as pouco depois rece8eu autoria;6o para ser posta e! cena5 O estilo e conteKdo deste seu pri!eiro sucesso relati,o tornou-se rapida!ente no centro de u!a ,asta contro,3rsia liter7ria5 Qpesar da sua pre1erência pelo 23nero tr72ico Moli#re tornou-se 1a!oso pelas suas 1arsas 2eral!ente de u! só acto e apresentadas depois de u!a tra23dia5 Ql2u!as destas 1arsas era! apenas parcial!ente escritas sendo encenadas ao estilo da commedia dell'arte' com improvisa&o a partir de um canovaccio (esbo&o muito geral da pe&a)* +screveu também duas comédias em verso, mas tiveram pouco sucesso e so consideradas de pouca import-ncia pelos cr.ticos em geral* >Les Pr3cieuses> suscitou interesse e cr4ticas e! rela;6o a Moli#re !as n6o 1oi contudo u! sucesso popular5 Pediu ent6o a a'uda do seu sócio italiano Ti8erio Fiorelli 1a!oso pela sua pe;a cara!ouc"e para se inteirar da t3cnica própria da ommedia dell'arte5 Q sua pe;a de %((U Sganarelle, ou le ocu imaginaire $>O cornudo i!a2in7rio>0 parece u! tri8uto ommedia dell'arte e ao seu !estre5 O te!a das rela;es !atri!oniais era aqui enriquecido pela perspecti,a de Moli#re e! rela;6o 1alsidade das rela;es "u!anas descrita co! u! certo 2rau de pessi!is!o5 Isso tornar-se-ia e,idente nas suas o8ras se2uintes e tornar-se-ia a 1onte de inspira;6o de 1uturos dra!atur2os co!o por ee!plo $e ainda que noutro ca!po e a outro n4,el0 Lui2i Pirandello5 E! %((% co! a inten;6o de a2radar ao seu !ecenas $Monsieur0 escre,eu e encenou Dom /arc.a de !avarre, ou le Prince jalou# $>O Pr4ncipe ciu!ento>0 u!a co!3dia "eróica deri,ada de u!a o8ra de :ico2nini5 Monsieur que era P"ilippe Escola de Maridos>0 e de "es 1-cheu# $>Os I!portunos>0 co! o su8t4tulo omédie 2aite pour les divertissements du Roi $:o!3dia para di,erti!ento do Rei0 '7 que 1oi encenada por Págin a3
ocasi6o de u!a s3rie de 1estas dadas por ?icolas Fouquet e! "onra do so8erano5 Estes di,erti!entos dera! ao a que Jean-Baptiste :ol8ert ordenasse a pris6o de Fouquet por 2asto desnecess7rio do er7rio e que ter!inaria co! u!a senten;a de pris6o perp3tua5 E! %(() Moli#re !udou-se para o T"3Ntre du Palais-Roal ainda co! os seus cole2as italianos e casou-se co! Qr!ande acreditando ser ir!6 de Madeleine B3'art - na ,erdade seria sua @l"a ile24ti!a nascida de u! caso passa2eiro co! o Escola de Mul"eres>0 que 3 se! dK,ida u!a das suas o8ras-pri!as5 Tanto a pe;a quanto o casa!ento 1ora! ra6o para cr4ticas5 Moli#re respondeu s cr4ticas que se relaciona,a! co! a pe;a escre,endo duas o8ras !enores !as ainda assi! de interesse recon"ecido= "a ritique de 3l'0cole des 2emmes3 $na qual i!a2ina,a a reac;6o dos espectadores ,endo a pe;a re1erida0 e "'4mpromptu de 5ersailles $>O I!pro,iso de ersal"es>0 $so8re u! i!pro,iso 1eito pela sua co!pan"ia teatral05 Esta,a a8erta a la guerre comique $Duerra có!ica0 onde Moli#re tin"a co!o ri,ais de1eitos> que '7 estaria! a causar e!8ara;os5 Outros acusa,a!-no de se ter casado co! a própria @l"a5 O Pr4ncipe de :onti que o apoiara no seu in4cio de carreira teatral ,oltou-se ta!83! contra ele5 Entre outros ini!i2os podia!-se ainda contar os 'ansenistas e al2uns dra!atur2os da escola tradicional5 Os >de,otos> insur2ia!-se contra a >i!piedade> do autor que ali7s pertencia a u! c4rculo de a!i2os que de1endia ideias epicuristas de acordo co! as teorias de Dassendi05 O rei Lu4s I que l"e tin"a ainda "7 pouco concedido u!a pens6o $pri,il32io pela pri!eira ,e e1ectuado por u! rei a u! co!ediante0 n6o deioucontudo de to!ar o partido de Moli#re5 Mes!o co! a inclus6o de Moli#re no Wnde da Vni,ersidade de Paris Lu4s I decide !ostrar o seu apoio ao tornar-se padrin"o do pri!o23nito do dra!atur2o5 Boileau ta!83! o apoiou co!o se pode ,eri@car e! ,7rias passa2ens da sua 6rt poétique5 "e Tartu7e $>Tartu1o>0 1oi ta!83! encenado e! ersal"es e! %(( tornando-se no !aior escNndalo da carreira art4stica de Moli#re5 Q descri;6o da "ipocrisia 2eral das classes do!inantes e principal!ente do clero 1oi considerada o1ensi,a e i!ediata!ente contestada5 Por inGuência da rain"a-!6e e do Partido dos 0 ou "e 1estin de Pierre $>O Festi! de Pedro>0 para su8stituir >Tartu1o>5 Esta o8ra considerada u!a das !ais inte!porais de Moli#re 8asea,a-se nu!a pe;a de Tirso de Molina passada para prosa inspirada na ,ida de Dio,anni Tenorio5
Págin a4
Pintado por Pierre Mi2nard $%(&0
Moliére como César, em "A Morte de
Pompeía" de Racine.
Q a!iade que esta8elecera co! Jean Baptiste Lull le,ou-o a escre,er "e Mariage 2orcé $>O :asa!ento For;ado> de %((0 e "a Princesse d'0lide $>Q Princesa 9lida> co! o su8t4tulo >:o!3die 2alante !êl3e de !usique et dentr3es de 8allet> - >:o!3dia 2alante co! !Ksica e nK!eros de dan;a>0 apresentadas nos >di,ertisse!ents> de ersal"es5 Ta!83! co! !Ksica de Lull Moli#re apresenta depois "'6mour médecin $>O Q!or M3dico>05 :artaes da 3poca indica! que a o8ra tin"a sido pedida >par ordre du Roi> por orde! do Rei o que poder7 eplicar ta!83! o acol"i!ento !ais 1a,or7,el do pK8lico5 E! %((( apresenta "e Misanthrope $>O Misantropo>05 :onsiderada "o'e e! dia u!a das o8ras !ais re@nadas e co! u! conteKdo !oral !ais ele,ado das pe;as de Moli#re 1oi contudo pouco apreciada no seu te!po tendo sido u! 1racasso co!ercial5 Retrata u!a persona2e! que se recusa a inte2rar-se no !undo de,ido sua ei2ência de sinceridade e a,ers6o "ipocrisia5 M3dico For;a>0 para 1aer 1ace ao insucesso da o8ra precedente5 O Pr4ncipe de :onti escre,e nessa altura u! tratado de !oral onde critica o teatro e! 2eral e Moli#re e! particular5 >M3dico 1or;a> 3 no entanto u! sucesso5 Tartu1o> a2ora desi2nado de Panulphe ou "'imposteur 5 Qssi! que o rei deia Paris de,ido a ,ia2e! La!oi2non e o arce8ispo decide! censurar de no,o a pe;a $o rei 1aria i!por o respeito por esta pe;a uns anos !ais tarde quando passou a ter poder a8soluto ta!83! so8re o clero05 Tendo adoecido a produ;6o teatral de Moli#re te,e u!a que8ra na quantidade5 "e Sicilien ou "'6mour peintre $>O iciliano> ou >O Q!or Pintor>0 1oi escrito para as 1esti,idades do castelo de aint-Der!ain tendo sido se2uido e! %(( por 6mphitr9on $>O Qn@tri6o>0 pe;a inspirada na pe;a "o!óni!a de Plauto e co! aluses !ais ou !enos ó8,ias aos casos a!orosos do rei5 Deor2e O Marido :on1undido>0 1oi pouco apreciado na altura !as ,oltou a ter sucesso co! "'6vare $>O Q,arento>0 co!3dia $!ais na 1or!a que no conteKdo0 ainda "o'e !uito representada inspirada na pe;a 6ulularia de Plauto5 :o! Lull a co!por a !Ksica escre,eu ainda Monsieur de Pourceaugnac "es 6mants magni:ques $>Os Ma2n4@cos Q!antes>0 e "e %ourgeois /entilhomme $traduido literal!ente por >O :a,al"eiro Bur2uês> >O Bur2uês Dentil-Ho!e!> ou >O Bur2uês Fidal2o> !as ta!83! con"ecido pela tradu;6o n6o literal de >O Bur2uês Rid4culo>05 Esta Klti!a ta!83! !uito lou,ada pela cr4tica actual 3 considerada por !uitos co!o u! ataque pessoal a :ol8ert o !inistro que condenou o seu anti2o patrocinador Fouquet5 Retrata a classe dos no,os-ricos dese'osos de i!itar os "78itos da no8rea co!o o interesse pelas artes e pelas ar!as5 H7 que! ,e'a inGuências nesta o8ra de >O Fidal2o Págin a5
Qprendi> de <5 Francisco Manuel de Melo $que ,i,eu e! Paris e! %((0 ainda que se possa! indicar outras 1ontes de inspira;6o co!o a >:orti2iana> de Qretino ou a o8ra de Eras!o de Roterd6o >E!erita no8ilitas>5 Q Klti!a cola8ora;6o co! Lull consistiu nu! 8allet tr72ico Psc"3 escrita co! a a'uda de T"o!as :orneille $ir!6o de Pierre05 E! %(+% Madeleine B3'art !orre acrescentando !ais u! !oti,o de dor doen;a que continua,a a a2ra,ar-se5 Mes!o assi! ainda conse2ue escre,er o 8e! sucedido "es 1ourberies de Scapin $>Qs Qrti!an"as de Escapino> ou >Qs el"acarias de capino>0 u!a 1arsa có!ica e! & actos e! estilo italiano5 Q o8ra se2uinte "a omtesse d'+scarbagnas $>Q :ondessa de Escar8a2nas>0 n6o 3 contudo t6o elo2iada5 Passa depois a criticar a so8er8a e a arro2Nncia do c"a!ado >Bel esprit> tipo de "u!or corrosi,o e erudito próprio da alta sociedade 1rancesa da 3poca e! "es 1emmes savantes $>Qs a8ic"onas> ou >Qs Eruditas>0 de %(+) - u!a o8ra-pri!a nascida perante a possi8ilidade de que o uso da !Ksica e da dan;a 1osse pri,il32io das encena;es oper7ticas de Lull5 E1ecti,a!ente o co!positor o8t3! essa eclusi,idade ao patentear a Ypera e! Fran;a5 O sucesso desta pe;a le,ar7 Klti!a o8ra de Moli#re "e Malade 4maginaire $>O ou >O 0 ta!83! "o'e u!a das suas pe;as !ais con"ecidas5 Trata-se de u! pe;a co! nK!eros !usicais de Marc-Qntoine :"arpentier $u!a ecep;6o dada pelo rei para esta pe;a0 onde a persona2e! desco8re os ,erdadeiros senti!entos de que! co! ele con,i,e ao @n2ir-se de !orto5 V! dos !ais 1a!osos !o!entos da 8io2ra@a de Moli#re 3 a sua !orte que se tornou nu!a re1erência no !eio teatral5 9 dito que !orreu no palco representando o papel principal da sua Klti!a pe;a5 representa;6o do 1also>5 :o!o Moli#re persistiu na ,ida de actor at3 !orte esta,a nessa condi;6o5 Q sua !ul"er Qr!ande pede contudo a Lu4s I que l"e pro,idencie u! 1uneral nor!al5 O !7i!o que o rei conse2ue 1aer 3 o8ter do arce8ispo a autoria;6o para que o enterre! no ce!it3rio reser,ado aos nados-!ortos $n6o 8aptiados05 Qinda assi! o enterro 3 realiado durante a noite5 E! %+ de 'aneiro de %(+ enquanto representa,a no palco o prota2onista de sua Klti!a o8ra "e Malade imaginaire $O doente i!a2in7rio0 Moli#re so1reu u! repentino colapso e !orreu poucas "oras depois e! sua casa de Paris5 :o!o se assinalou co! 1reqZência n6o 3 de estran"ar que o !estre do duplo sentido e da dissi!ula;6o ten"a encerrado a ,ida e a carreira no !o!ento e! que encarna,a u! 1also doente 5 E! %+A) os seus restos !ortais s6o le,ados para o Museu dos Monu!entos Franceses e e! %%+ trans1eridos para o ce!it3rio do P#re Lac"aise e! Paris ao lado da sepultura de La Fontaine5 E! )UU+ 1oi lan;ado o @l!e Molière co! dura;6o de %%( !inutos diri2ido por Laurent Tirard co! roteiro de Laurent Tirard e Dr32oire i2neron5
Págin a6
Q Morte de Moli3re u! óleo de Fla,art5 E! %+ de 'aneiro de %(+ enquanto representa,a no palco o prota2onista de sua Klti!a o8ra Le Malade i!a2inaire $O doente i!a2in7rio0 Moli#re so1reu u! repentino colapso e !orreu poucas "oras depois e! sua casa de Paris5 :o!o se assinalou co! 1reqZência n6o 3 de estran"ar que o !estre do duplo sentido e da dissi!ula;6o ten"a encerrado a ,ida e a carreira no !o!ento e! que encarna,a u! 1also doente5 Jean-Baptiste associou-se a u!a 1a!4lia de atores os B3'arts adotou o pseudoni!o Moli#re e os a'udou a 1undar u!a no,a co!pan"ia >LIllustre T"3Ntre> e! %( que 1aliu %( !eses depois5 Moli#re e os B3'arts deiara! Paris e! %((5 O Qs Preciosas Rid4culas> lan;ou Moli#re co!o diretor5 E! %(( Moli#re casou-se co! Qr!ande B3'art5 Qr!ande era suposta!ente ir!6 !ais no,a de Madeleine !as ini!i2os de Moli#re ale2a,a! que ela era na ,erdade @l"a de Madeleine e portanto que Moli#re seria seu pai5 ?essa 3poca Moli#re tornou-se u! dos autores 1a,oritos do Rei !uitas ,ees estreando na :orte antes !es!o de para o pK8lico e! 2eral5 ?os 1esti,ais de ersailles de%(( estreou Tartu1o5 Essa co!3dia cu'o te!a era a "ipocrisia reli2iosa 1oi i!ediata!ente proscrita e troue pro8le!as para Moli#re5 Moli#re no entanto !ante,e o prest42io 'unto ao Rei '7 que Louis I 1oi padrin"o do %o5@l"o de Moli#re5 Louis I de!onstrou ainda !ais prest42io pelo autor tornando-se patrocinador da trupe5 E! O Moli#re 1aia o papel t4tulo quando ironica!ente te,e u! ataque e! pleno palco durante a a5 apresenta;6o5 Ele 1oi le,ado pra casa e !orreu pouco5 ua esposa Qr!ande te,e que i!plorar ao Rei Louis I que intercedesse 'unto ao Qrce8ispo de Paris para que o pudesse enterrar u! direito ao qual os atores tin"a! de a8dicar ao escol"er tal pro@ss6o Págin a7
O a,arento de !olli#re e a corte de Luis I\Fran;a 3culo II - Q no8rea i!pera O rei Lu4s I dedicou !uito de seu te!po de reinado patrocinando artistas escritores pintores !Ksicos atores escultores cientistas e arquitetos5 O rei ol co!o era c"a!ado 1oi o respons7,el pela constru;6o do pal7cio de ersal"es pela acade!ia de pintura e escultura o o8ser,atório de Paris a acade!ia de literatura e a @nalia;6o da constru;6o do !useu Lou,re5 Fortunas 1ora! 2astas pelo rei para trans1or!ar a Fran;a que esta,a ,i,endo seu per4odo pos !edie,al e! u! pa4s que se tornou sinSni!o de 8o! 2osto classe e etiqueta at3 "o'e5 Lu4s I 1oi u! rei e2ocêntrico e etre!a!ente ,aidoso c"e2ando a criar dentro do per4odo 8arroco seu próprio estilo de decora;6o utiliando !7r!ores 8rocados ,er!el"os ouro e !uita etra,a2Nncia5 Ele 1oi o respons7,el pela decora;6o e cont4nuas re1or!as na estrutura do pal7cio de ersal"es que at3 "o'e 3 considerado u! dos locais !ais 8onitos do !undo para ser ,isitado5 O pal7cio era ocupado por no8res 1ranceses que era! o8ri2ados a se2uir u!a lista de re2ras de ,esti!enta !o,i!entos e etiqueta5 Q posi;6o social era deter!inada pelo aper1ei;oa!ento no cu!pri!ento dessas nor!as pois quanto !el"or o dese!pen"o do no8re !aior seria a sua ascens6o social aproi!ando sua rela;6o co! o rei5 Para ser considerado u! !e!8ro inGuente da aristocracia a pessoa tin"a que ser con,idada para 1aer parte dos rituais di7rios e ]pri,ados^ do rei5 O pri!eiro era o de aco!pan"ar o despertar a'udando o rei a se ,estir de !an"65 :erca de sete no8res das !ais altas ca!adas disputa,a! espa;o para a'udar o rei a colocar sua ca!isa por3! ainda !ais i!portante que a'udar no ritual !atinal era to!ar parte no se2undo ritual que consistia e! auiliar o rei a se despir e a colocar a sua roupa de dor!ir5 Esses rituais di7rios era! s ,ees aco!pan"ados por at3 %UU inte2rantes da aristocracia e acredite ou n6o !as a "onra de 1aer co!pan"ia ao rei Lu4s I enquanto ele de1eca,a era considerada ini2ual7,el e inco!par7,el5 er con,idado para u! 'antar co! o rei era u! pri,ile2io de poucos e ta!83! u! 1ardo pois esse aconteci!ento que 2eral!ente dura,a cerca de % "oras era rec"eado de e,entos co!o 'o2os co!ida teatro e 8ailes5 Esses e,entos ser,ia! co!o u! teste para sa8er se a pessoa era !erecedora de ser parte da no8rea e "a8itar o pal7cio5 ?a !aioria das ,ees esses 'antares n6o ter!ina,a! e! u!a !aneira !uito a2rad7,el= a pessoa no dia se2uinte rece8eria u!a carta do rei con,idando a se retirar do pal7cio de ersailles e tendo seu titulo re,o2ado de,ido al2u!a 2a1e co!etida na conduta de etiqueta5 :o!o ,i,er na Fran;a do 3culo II $para !ul"eres555 ricas05 Q sil"ueta para a!8os os seos era es2uia e ele2ante co! !o,i!entos delicados e !uitas ,ees 8aseados e! !o,i!entos de 8allet5 O corpo da !ul"er era desen"ado co! a cintura @na o 8usto 2rande5 Q delicadea e a 2raciosidade era! o ideal 1e!inino da 3poca5 Q ,esti!enta era etra,a2ante e eu8erante co! corseletes e ,estidos !uito ca,ados co! a cauda inteira!ente 8ordado a !6o5 Qs !an2as dos ,estidos co8ria! at3 o coto,elo e o aca8a!ento era 1eito co! as !ais delicadas rendas5 Os sapatos era! de salto alto sendo que o !ais i!portante dos assessórios era o leque que tin"a toda u!a etiqueta para ser usado propria!ente5 Q 1or!a de !ostrar re,erência era ta!83! parte das nor!as de conduta do pal7cio5 :ada tipo de e,ento encontro ou passa2e! requeria u!a !o,i!enta;6o di1erente por3! se!pre e1etuados co! a le,ea de u!a 8ailarina e o porte de u!a rain"a5 Págin a8
:o!o ,i,er na Fran;a do 3culo II $para "o!ens555 ricos05 Q !o,i!enta;6o das pernas e dos 8ra;os dos "o!ens 'unta!ente co! as ,esti!entas ta!83! era! 8aseados no 8allet dan;a !uito apreciada e praticada por Lu4s I5 Q es2ri!a esporte que tin"a que ser do!inado por todos os "o!ens de 8oa posi;6o social e reputa;6o ta!83! inGuencia,a na !o,i!enta;6o e 2esticula;6o dos !e!8ros !asculinos da corte5 Os sapatos para "o!ens era! de 8ico quadrado salto alto e adornados co! la;os 1eitos das !ais no8res @tas de seda5 O andar para ser considerado apropriado tin"a que ser si!ilar a o de u!a pessoa andando nas pontas dos p3s o que da,a a os "o!ens u! 'eito delicado e quase a1e!inado5 Perucas de cac"os lon2os e c"ap3us ta!83! 1aia! parte da ,esti!enta por3! c"ap3us nunca poderia! ser utiliados perante o rei que criou inclusi,e a etiqueta de co!o se retirar o c"ap3u propria!ente perante a sua pessoa5 Qs cal;as era! 1eitas de seda e era! usadas etre!a!ente 'ustas ao corpo co! !eias 8rancas que deia,a! os calcan"ares a !ostra parte que era considerada etre!a!ente se no corpo !asculino5 O colete 2eral!ente de cores ,i,as se!pre co!8ina,a co! a 'aqueta a'ustada e a ca!isa era co8erta pela cra,ata u! len;o de seda co! ,7rios 8a8ados e o aca8a!ento 1eito e! renda5 Outras três pe;as 1unda!entais na ,esti!enta !asculina era! as 8en2alas co! la;os co!8inando co! os dos sapatosC len;os 2randes e quadrados de tecido co! renda nas 8ordasC e as espadas tra8al"adas e orna!entadas usadas co!o adorno na lateral do corpo na altura da cintura5 Moli#re= o queridin"o do rei5 Foi nesse conteto que no dia %& de 'aneiro de %()) nasceu Jean-Baptiste Poquelin @l"o de u! dos tapeceiros reais5
Muitas pe;as de Moli#re era! cr4ticas diretas a sociedade de costu!es da 3poca5 Retratando as pessoas e suas particularidades de !aneira sarc7stica e na !aioria das ,ees cS!icas Moli#re 1or!ulou a epress6o >ridendo casti2at !ores> $rindo se casti2a! - ou critica! - os costu!es0 o que troue para ele u!a 8oa 2a!a de ini!i2os poderosos na corte5 Por3! se! nen"u!a ra6o aparente Moli#re esta,a na lista dos queridos de Lu4s I que !es!o tendo que autoriar o 1ec"a!ento do HStel du Petit Bour8on concedeu o uso do T"3Ntre du Palais Roal onde Moli#re escre,eu diri2iu e atuou suas pe;as ate $literal!ente0 o dia de sua !orte e! %+ de 1e,ereiro de %(+5 Moli3re escre,eu u!a quantidade enor!e de !onólo2os dra!as 1arsas co!3dias e al2uns poucos poe!as5
Q !onta2e! atual de ^O Q,arento^ co! dire;6o Felipe Hirsc"5 9 claro que eu ,ou co!e;ar a contar so8re a pe;a 1alando do prota2onista Paulo Qutran que no au2e dos seus anos continua sendo co! certea u! dos !el"ores atores de teatro de todas as 2era;es5 Para a pe;a que co!e!ora a sua nona23si!a produ;6o teatral Qutran co!pSs seu persona2e! de 1or!a !a2n4@ca5 O 1ato do ator '7 ter participado de outras quatro !onta2ens de pe;as de Moli#re $O Bur2uês Fidal2o e! %A(C Qs a8ic"onas e! %A+%C e Tar1u2o e! %A&0 deu a ele u!a ,anta2e! incr4,el no !o!ento de dar ,ida ao Q,arento pois o ator '7 con"ece na inti!idade o !undo e a !ente de ,7rios persona2ens criados pelo teatrólo2o5 Q i!press6o que eu ti,e 3 que Paulo Qutran conse2uiu transcender a 8arreira do te!po que separa o escritor do ator e troue para o palco u! persona2e! c"eio de di!enses e 1aces aconteci!ento que só pode ser 1ruto de u! entendi!ento 4nti!o do conteto "istórico e! que a o8ra 1oi escrita e con"eci!ento pleno do tra8al"o do autor e da pe;a que ,ai ser interpretada5 Qutran que "7 !uitos anos atr7s deiou sua carreira de ad,o2ado para ilu!inar os palcos !ostra o prota2onista criado por Moli#re na !edida certa5 eu persona2e! Harpa26o o prota2onista que 3 !ais con"ecido co!o o a,arento 1a o pK8lico rir de u!a !aneira in2ênua e praerosa co! u!a seqZência r7pida de aconteci!entos que o8strui a capacidade ló2ica do espectador de 'ul2ar o que sente pelo persona2e!5 ?os ol"ares da plat3ia ,e!os ,7rios tipos de e!o;es !isturadas tal,e pena e rai,a se'a! os dois senti!entos !ais e,identes por3! nen"u!a das pessoas presentes no teatro pode questionar a "onestidade do persona2e! que 3 eposta de !aneira "il7ria quando ele assu!e o seu a!or incondicional por din"eiro o que !e le,a a i!a2inar e dese'ar que u! dia nós tere!os o praer de ,er Paulo Qutran atuando e! o Mercador de enea de _illia! "a`espeare5:o! u! te!po i!pec7,el os di7lo2os da pe;a s6o etre!a!ente 8e! reproduidos n6o só por Qutran !ais por todo o elenco que tra8al"a e! per1eita sincronia e "ar!onia5 :leanto @l"o do a,arento interpretado por Dusta,o Mac"ado !ostra a caricatura dos no8res que pretendia! 1reqZentar a corte de Lu4s I e que para isso se2uia! todas as nor!as de etiqueta e !o,i!enta;6o apropriada ditadas pelo rei5
Págin a 10
Elisa $interpretada por :laudia Missura0 3 a outra @l"a do a,arento5 eu persona2e! !ostra o lado ea2erado de u!a 'o,e! da!a do s3culo II que e! se2redo se apaiona por u! criado5 9 in'usto citar apenas al2uns dos persona2ens da pe;a sendo que todo elenco atua de !aneira que só pode ser descrita co! elo2ios5 Q pe;a conta a "istória de u! "o!e! a,arento que te! u!a 1ortuna escondida e! seu 'ardi! e sua rela;6o dani@cada co! seus @l"os por causa de sua !esquin"e5 Entre encontros e desencontros a!orosos a pe;a en1oca te!as co!o lealdade "onestidade solid6o a,area e !anipula;6o "u!ana5 Q pe;a 3 u!a o8ra tra2i-cS!ica que co! !uito "u!or tr7s u!a 1orte cr4tica a sociedade5 Mes!o os epectadores !ais di14ceis de i!pressionar e a 1ac;6o de n6o a!antes de Moli#re ,6o ac"ar al2o para ser apreciado nessa !onta2e! de ]O a,arento^5 :"a!o a aten;6o dos leitores para o @2urino que 3 !uito 8e! !ontado e para co!pletar essa pe;a que '7 ,eio co! tudo para arrasar 1altou apenas dier que o cen7rio só pode ser descrito co!o !ara,il"oso Q pri!eira cena da pe;a onde todos os persona2ens s6o ]encaiotados^ dentro do cen7rio 3 de tirar o 1Sle2o e pro,a,el!ente inesquec4,el5 In1eli!ente O Q,arento ,ai @car e! carta por apenas !ais quatro se!anas e se ,ocê correr e ti,er sorte pode ser que ainda consi2a u! in2resso para assistir a pe;a que e! todas as apresenta;es te! !antido o teatro lotado $e satis1eito05 Q,area= ape2o ecessi,o s riqueasC !esquin"e so,inice5 Q,arento= ecessi,a!ente ape2ado ao din"eiro so,ina5 O dicion7rio o1erece as de@ni;es eatas do pecado e do pecador5 Mas a !et71ora do se2undo na lista dos sete pecados capitais tal,e nunca ten"a sido t6o 8e! retratada especi@ca!ente no teatro do que pelo dra!atur2o 1rancês Moli#re $%())-%(+05:on"ecido por a8ordar te!as reli2iosos e cotidianos !isturando dra!as ,is6o sat4rica dos "78itos da sociedade 1rancesa do s3culo %+ e! ]O Q,arento^ $LbQ,are de %((0 o autor cria o prota2onista Harpa2on u! ,el"o !6o-de-,aca que carre2a os @l"os para a sua !esquin"aria e descon@a da lealdade de todos5 Por tr7s das passa2ens cS!icas @ca a 1arsa "ilariante a!842ua re,elando as 1ra2ilidades "u!anas5 Harpa2on n6o descansa co! !edo de ser rou8ado pois 2uarda todo seu din"eiro e! casa e na ,i24lia para que os @l"os n6o case! co! al2u3! se! dotes5 O ape2o !aterial tra a tona o que Doet"e de@niu co!o pe;a tr72ica5 iK,o o persona2e! 3 solit7rio !al"u!orado in1eli5 E! u! trec"o do teto seu @l"o :leanto resu!e a cr4tica ao co!porta!ento do a,arento5 ]O Bur2uês Fidal2o> e >Qs a8ic"onas> nos anos (UC e >Tartu1o> nos anos U5 Le,ando-se e! conta os anos de idade do prota2onista na 3poca a dire;6o de Hirsc" poupa,a 2randes !o,i!entos do ator5 O cen7rio era co!posto por caias de papel6o de onde saia! os outros inte2rantes do elenco5 In1eli!ente 1oi durante a te!porada do espet7culo que Paulo Qutran sentiu-se !al e nunca !ais ,oltou a pisar e! u! palco5 e o teto de Moli#re ainda 2an"a constantes ,erses5 ?o Festi,al de :uriti8a )U%U co! in4cio e! %( de !ar;o a pe;a ser7 apresentada so8 dire;6o de Rei`rauss Págin a 11
Bene!ond e 2rande elenco5 Qpesar de ter quatro s3culos de eistência ]O Q,arento^ nunca deiar7 de ser atual '7 que so,inas e inescrupulosos continuar6o a rondar nossas ,idas5 :o!o Paulo Qutran 8e! disse e! entre,ista >Fol"a de 5 Paulo> >nu! certo sentido Harpa2on se parece !uito co! al2uns pol4ticos que a 2ente con"ece>5 %reve Sinopse de ;< 6varento=
Q a;6o decorre e! Paris no 3culo II5 Harpa26o 3 u! ,el"o ,iK,o pai de 1a!4lia o qual !ant3! 8e! 1ec"ados os cordes 8olsa5 ?6o que se'a indi2ente= 2an"a 8astante 8e! a ,ida co!o usu7rio5 f sua 1a!4lia i!pe o peso duplo de u!a a8surda po8rea e de u!a ,i,ência quase clandestina5 ?o dia e! que anuncia o casa!ento da sua @l"a co! o ,el"o co! que a co!pro!etera se! ela sa8er e destinado ao seu @l"o a u!a ,iK,a qualquer ta!83! se! o seu consenti!ento a re,olta co!e;a a soar na sua casa5 Porque os @l"os de Harpa26o '7 n6o pode! !ais co! a tirania do pai a qual co!e;a a ressentir-se na sua ,ida a!orosa Re,er ]Lbg,are^ de Moli#re 3 percorrer co! u! ol"ar cr4tico a nossa conte!poraneidade5 O ,i,er si!ples!ente se! dessa !es!a eistência e!er2ire! preocupa;es de 4ndole @losó@ca isto 3 e,itando o irro!per da racionalidade especi@ca!ente "u!anaC a i!ediate da a;6o e! 1un;6o dir4a!os nós quase do acaso e de ,alores !enores $o din"eiro a pai6o e o dese'o0C a de2rada;6o acentuada das rela;es "u!anas apenas sustentadas na 8ase de u! !ercantilis!o le,ado ao etre!oC a i!posi;6o e so8reposi;6o de ,ontades que siste!atica!ente se crua! co! consequências có!icas no caso da pe;a encenada ne1astas e tr72icas nos nossos diasC tudo 3 perpassado co! o ol"ar cr4tico e irónico de Moli#re $contetualiado nu!a 3poca espec4@ca0 e o8ri2atoria!ente do espectador que 1ace ao teto e representa;6o desta o8ra n6o de,er7 deiar passar a oportunidade de ser reGetida a sua ,ida quotidiana co! os sues ,4cios e ,irtudes ,ida esta 'o2ada e! palco e quase se!pre ne2ada consciência5
"ista de obras principais - Qs preciosas rid4culas $%(&A0 - Q Escola de Mul"eres $%(()0 - Tartu1o $%((0 - O Misantropo $%((&0 - M3dico a 1or;a $%(((0 - O Q,arento $%((0 Págin a 12
- Qn@tri6o $%((0 - O 8ur2uês @dal2o $%(+U0 - Qs sa8ic"onas $%(+)0 1rases de Molière - >Para que! ac"a os c"i1res a supre!a ,er2on"a n6o casar 3 a Knica 1or!a de estar se2uro>5 - >E! qualquer ne2ócio o din"eiro 3 a c"a,e !estra5> - >ue! ri o que quer 3 rido o que n6o quer5> - V! tolo que n6o di pala,ra n6o se di1erencia de u! s78io que se cala>5 - >Todos os ,4cios quando est6o na !oda passa! por ,irtudes>5 - >Qntes ,i,er dois dias na terra do que !il anos na "istória>5 MOLIÈRE\O QQRE?TO HQRPQDhO
Págin a 13
Págin a 14